Pré diabetes

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INSTITUTO TECNOLÓGICO DA PARAÍBA – ITEC CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM DIABETES PROFª WALNARA ARNAUD POMBAL-PB 2011

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INSTITUTO TECNOLÓGICO DA PARAÍBA – ITEC CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM

DIABETES

PROFª WALNARA ARNAUD

POMBAL-PB 2011

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CRISTIANE HÍRIA MARIA ELANIA MARINA PATRICIA DANTAS RAIMUNDA SILVIA VALDICLEIDE

DIABETES

Trabalho apresentado à Professora Walnara Arnaud, como requisito parcial para avaliação da disciplina de Nutrição e Dietética.

POMBAL-PB 2011

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1 INTRODUÇÃO

A glicose é o principal combustível utilizado pelo organismo humano e a principal fonte de energia para o cérebro. Desse modo, os níveis de glicose no sangue são estritamente controlados, mantendo-se em condições normais, na faixa de 70 a 99 mg/dL estando o paciente em jejum.

O pré-diabetes, basicamente significa que o seu organismo já começou a perder a capacidade de tomar açúcares em células de energia. É uma condição clínica caracterizada por uma alteração da glicemia de jejum e/ou alteração da tolerância à glicose, podendo ser classificado como uma condição intermediária entre níveis normais de tolerância à glicose e o diabetes tipo 2. Glicemia de jejum alterada (GJA) é, atualmente, definida por uma concentração de glicose no sangue maior ou igual a 100 mg/dL e menor que 126 mg/dL estando o paciente em jejum. Tolerância à glicose diminuída (TGD) caracteriza-se por uma glicemia elevada (140 e < 200 mg/dL) duas horas após o teste oral de tolerância à glicose (TOTG), e a tolerância normal à glicose é estabelecida com a constatação de uma glicemia de jejum menor que 100 mg/dL e pós-prandial menor que 140 mg/dL após 120 minutos de sobrecarga de glicose. O pré-diabético pode ser considerado, portanto, um indivíduo com glicemia de jejum elevada e resposta normal à sobrecarga de glicose ou um indivíduo com glicemias pós-prandiais aumentadas, mas com glicemias normais em jejum ou, ainda, ambas as condições associadas (15% a 20% de todos os casos de pré-diabetes).

Indivíduos com intolerância à glicose são considerados de alto risco para desenvolver diabetes, sendo que 70% deles podem desenvolver a doença se não houver intervenção no estilo de vida, sendo em alguns casos a abordagem farmacológica adicional pertinente.

A progressão do pré-diabetes para o diabetes tipo 2 é lenta e insidiosa, contribuindo para o aumento da prevalência de casos subdiagnosticados de diabetes tipo 2 e aumento da prevalência das complicações da doença, principalmente o risco de doença cardiovascular.

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2 PRÉ-DIABETES

Estima-se que em 2025, 5,4% da população adulta mundial será atingida

pelo diabetes, sendo que o aumento maior de prevalência deverá ocorrer nos países em desenvolvimento na faixa etária de 45 a 64 anos, estimando-se, ainda, que cerca de 472 milhões de pessoas terão pré-diabetes.

No Brasil, no final da década de 1980, estimou-se a prevalência de diabetes tipo 2 em 8% da população com mais de 30 anos, e a tolerância à glicose diminuída foi igualmente observada em 8% desta população, variando entre 6% e 11%. Em 2005, o Ministério da Saúde estimou que 11% da população igual ou superior a 40 anos teria diabetes mellitus do tipo 2 no Brasil. Este número tende a aumentar, devido ao crescimento e ao envelhecimento populacional, alteração dos hábitos alimentares e a crescente prevalência da obesidade, que associados ao sedentarismo e nível de estresse aumentado, levam ainda a dislipidemia e hipertensão e desenvolvimento do diabetes em indivíduos com predisposição genética para a doença.

Estudos epidemiológicos sugerem que também a prevalência de TGD e GJA varia com o grupo étnico e a idade do paciente, sendo a idade fator decisivo para uma maior prevalência. A TGD é mais freqüente em mulheres com idade menor que 55 anos e GJA é duas vezes mais freqüente em homens. Trata-se, então, de duas entidades com prevalências distintas que, quando associadas, oferecem risco maior de desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) .

Estudos têm revelado que a TGD isoladamente constitui um fator de risco para doença cardiovascular (DCV), maior que a GJA. Contudo, a presença de diabetes por si só aumenta o risco de DCV de duas a três vezes, comparado aos não diabéticos. Além disso, o risco de infarto agudo do miocárdio (IAM) é cinco vezes maior em mulheres diabéticas e a doença arterial coronariana (DAC) é a maior causa de morbidade/mortalidade e custos médicos nos diabéticos. Sendo assim, o diagnóstico precoce é importante na evolução e prevenção deste tipo de evento clínico, uma vez que indivíduos com pré-diabetes têm 34% mais chance de morrer de DCV que indivíduos sadios.

A relação entre hiperglicemia e doença cardiovascular vem sendo alvo de vários estudos clínicos e epidemiológicos.

Contudo, recentemente, três grandes trabalhos correlacionaram os estados de intolerância à glicose – chamados também de “disglicemia” com a doença cardiovascular. Estes estudos conduziram a reflexão da necessidade de novas diretrizes para o manejo do pré-diabetes. No estudo DIGAMI – Glucose Tolerance in Patients with Acute Myocardial Infarction, tolerância anormal à glicose foi constatada em 66% de indivíduos admitidos em Unidade de Terapia Intensiva em decorrência de doença coronariana aguda destes, cerca de 35% foram diagnosticados como pré-diabéticos em decorrência de TGD, admitindo os autores que as alterações no metabolismo da glicose podem significar sintomas de uma disfunção metabólica no paciente com doença cardiovascular.

No Euro Heart Survey Diabetes and The Heart, desenvolvido em 110 centros de 25 países europeus, evidenciou-se que alteração na tolerância à glicose estava presente em 37% dos indivíduos com doença arterial coronariana (DAC), sendo que TGD foi constatado em 32% deles, e apenas 50% dos pacientes admitidos para tratamento de DAC tinham teste normal de tolerância à glicose.

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Conclusões semelhantes foram constatadas no China Heart Survey, no qual a disglicemia foi uma evidência em dois terços dos pacientes com DCV quando submetidos ao TOTG. Dos pré-diabéticos, 87% não teriam sido diagnosticados sem o teste de tolerância à glicose.

Os dois principais estudos levaram à EASD (European Association for The Study of Diabetes) e a ESC (European Society of Cardiology) a recomendarem novas diretrizes para disglicemia e DCV, admitindo que os estados de pré-diabetes devem ser considerados como níveis de risco para complicações cardiovasculares, devendo ser rastreados em pacientes assintomáticos através do TOTG.

Embora existam avanços no tratamento da hiperglicemia, da doença cardiovascular e de outras complicações do diabetes, o DM2 continua sendo uma condição crônica e degenerativa cujo controle ideal é por vezes difícil de ser alcançado, levando à elevada morbimortalidade. Por isso, a prevenção do diabetes é considerada de suma importância, especialmente considerando-se que a pandemia do diabetes está diretamente relacionada ao estilo de vida contemporâneo.

Contudo, estudos randomizados já evidenciam que a progressão da TGD e GJA para o diabetes tipo 2 e suas complicações pode ser prevenida através de mudanças de estilo de vida (dieta e exercício físico) e com associação de drogas anti-hiperglicemiantes. 2.1 Fatores de Risco

Existem fatores que são considerados de risco para o desenvolvimento do diabetes. Entre eles estão: o fator da idade (estar acima de 45 anos); o excesso de peso; o sedentarismo; a hipertensão arterial e as alterações nas taxas de colesterol e triglicérides sangüíneos e a história familiar de diabetes .

Isso serve para ambos os sexos. Mulheres que geraram filhos com mais de 4 kg ou que sejam portadoras de Síndrome dos Ovários Policísticos também têm risco aumentado.

Nesses casos, preconiza-se a realização da dosagem de glicemia de jejum ou a realização do teste oral de sobrecarga com glicose, para possível detecção de pré-diabetes ou mesmo diabetes.

A melhor maneira de identificar o pré-diabetes é através da dosagem da glicemia. Sua definição laboratorial dá-se quando a taxa de glicemia de jejum (mínimo de oito horas) encontra-se entre 100 e 125 mg/dl e/ou quando o valor de glicemia na segunda hora do teste de sobrecarga oral à glicose (também chamado de curva glicêmica) está entre 140 e 199 mg/dl (indivíduos classificados também como intolerantes à glicose).

A quantidade de pessoas que evoluem para o diabetes é parecida nos grupos que têm glicemia de jejum alterada e os que apresentam alterações nas taxas de glicemia na segunda hora do teste oral. No mais, apesar de ser raro, outros grupos que não apresentarem essas condições e nem fatores de risco,também podem desenvolver diabetes no futuro.

Ou seja, no geral existem muitas evidências de que o diabetes tipo 2 pode ser prevenido ou ter seu início retardado. Os indivíduos com pré-diabetes podem ser facilmente identificados. Alterações no estilo de vida, especialmente redução moderada do peso e aumento da atividade física são indicadas, além de promoverem efeito positivo adicional na saúde como um todo.

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2.2 Diagnóstico

O diagnóstico de pré-diabetes pode ser feito através da glicemia de jejum (no caso dos pacientes com GJA) ou a partir do teste oral de tolerância à glicose (TOTG). Este teste é um método laboratorial, cujo fundamento se baseia em avaliar à capacidade pancreática de liberação de insulina mediante sobrecarga de glicose.

Para realizar o teste o paciente deve estar em jejum por no mínimo 8 horas, quando terá sua glicemia de jejum dosada. Após este procedimento, o paciente deverá ingerir uma solução contendo 75g de glicose e a glicemia é medida então 120 minutos após, sendo os resultados avaliados conforme descrição na Tabela 1.

2.3 Tratamento

O tratamento do pré-diabetes se baseia na adoção de medidas que busquem a prevenção do DM2.

Os desafios no tratamento do pré-diabetes consistem, primariamente, na identificação dos indivíduos suscetíveis, uma vez que um terço dos casos subdiagnosticados poderá evoluir para o diabetes. A garantia de que as intervenções intensivas no estilo de vida, a serem implementadas pelo paciente, reflete um destes grandes desafios. Estudos têm demonstrado que as intervenções intensas no estilo de vida do paciente com TGD podem levar à redução de incidência de DM2 de forma importante. A modificação do estilo de vida deve ser considerada o passo inicial para prevenção do DM, visto que a perda ponderal, associada à prática regular de exercícios físicos também o levarão a perda ponderal, redução de lípides e pressão arterial, diminuindo o risco cardiovascular.

Com a modificação no padrão alimentar e incorporação de no mínimo quatro horas de atividade física por semana, houve uma redução de 58% do risco de diabetes durante cinco anos do estudo Finish Diabetes Prevention Study. A avaliação desta mesma população mostrou que o efeito da redução de risco se manteve após quatro anos do termino do estudo com redução de 35% de novos casos de DM2 em indivíduos com TGD(21).

A prática de atividade física deve ser vigorosamente estimulada, contudo, impõe-se uma avaliação cardiovascular criteriosa prévia.

A Tabela 2 demonstra opções de Programas de Atividade Física – Aeróbicos e de Resistência – que poderão ser recomendados.

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3 DIABETES MELLITUS TIPO 1

No caso da Diabetes mellitus tipo 1, esta aparece quando o sistema imunitário do doente ataca as células beta do pâncreas. A causa desta confusão ainda não foi definida, apesar de parecer estar associada a casos de constipações e outras doenças. O tipo de alimentação, o estilo de vida, etc. não têm qualquer influência no aparecimento deste tipo de diabetes.

Normalmente se inicia na infância ou adolescência, e se caracteriza por um déficit de insulina, devido à destruição das células beta do pâncreas por processos auto-imunes ou idiopáticos. Só cerca de 1 em 20 pessoas diabéticas tem diabetes tipo 1, a qual se apresenta mais freqüentemente entre jovens e crianças. Este tipo de diabetes se conhecia como diabetes mellitus insulino-dependente ou diabetes infantil. Nela, o corpo produz pouca ou nenhuma insulina. As pessoas que padecem dela devem receber injeções diárias de insulina. A quantidade de injeções diárias é variável em função do tratamento escolhido pelo endocrinologista e também em

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função da quantidade de insulina produzida pelo pâncreas. A insulina sintética pode ser de ação lenta ou rápida: a de ação lenta é ministrada ao acordar e ao dormir; a de ação rápida é indicada logo após grandes refeições. Para controlar este tipo de diabetes é necessário o equilíbrio de três fatores: a insulina, a alimentação e o exercício.

Sobre a alimentação é preciso ter vários fatores em conta. Apesar de ser necessário algum rigor na alimentação, há de lembrar que este tipo de diabetes atinge essencialmente jovens, e esses jovens estão muitas vezes em crescimento e têm vidas ativas. Assim, o plano alimentar deve ser concebido com isso em vista, uma vez que muitas vezes se faz uma dieta demasiado limitada para a idade e atividade do doente. Para o dia a dia, é desaconselhável a ingestão de carboidratos de ação rápida (sumos, bolos, cremes) e incentivado os de ação lenta (pão, bolachas, arroz, massa...) de modo a evitar picos de glicemia.

Muitas vezes se ouve que o diabético não pode praticar exercício. Esta afirmação é completamente falsa, já que o exercício contribui para um melhor controle da diabetes, queimando excesso de açúcar, gorduras e melhorando a qualidade de vida. Por vezes, torna-se necessário dobrar um pouco as regras: para praticar exercícios que requerem muita energia é preciso consumir muita energia, ou seja, consumir carboidratos lentos e rápidos. 3.1 Tratamento

O tratamento do diabetes tipo 1, na maioria dos casos, consiste na aplicação diária de insulina, dieta e exercícios , uma vez que o organismo não produz mais o hormônio. A quantidade de insulina necessária dependerá do nível glicêmico. Naturalmente, a alimentação também é muito importante, pois ela contribui para a determinação dos níveis glicêmicos. Os exercícios físicos baixam os níveis, diminuindo, assim, a necessidade de insulina.

Existem diferentes tipos de preparação de insulina, que distinguem-se pela velocidade com que é absorvida do tecido subcutâneo para o sangue (início da ação) e pelo tempo necessário para que toda a insulina injetada seja absorvida (duração da ação).

3.1.1 Insulina de ação rápida

Esta é uma solução límpida (transparente) de insulina que possui rápido início e uma curta duração de ação. As insulinas de ação rápida atingem o sangue e começam a reduzir o açúcar sangüíneo aproximadamente ½ hora após a injeção. Porém, como os nutrientes dos alimentos são absorvidos ainda mais rapidamente do intestino para a corrente sangüínea, a insulina deve ser injetada ½ hora antes de uma refeição.

3.1.2 Insulina de ação ultra-rápida

Assemelha-se à água de rocha, cristalina e transparente. Sua ação se inicia em 1 a 5 minutos, atinge o pico em 30 minutos, período máximo de ação persistente até 2,5 horas e dura de 3 a 4 horas. Não contém protamina ou zinco. Age de maneira mais semelhante à produzida pelo pâncreas normal.

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3.1.3 Insulina de ação lenta

O conteúdo é leitoso, turvo, em decorrência de substâncias que retardam a absorção e prolongam seus efeitos. A insulina é preparada com zinco. Sua ação inicia-se em 1 a 3 horas, atinge o máximo no sangue (pico) em 8 a 12 horas e dura de 20 a 24 horas. É a insulina que mais se aproxima do ideal no controle rotineiro do diabetes.

3.1.4 Insulina de ação ultralenta

Tem aspecto leitoso e também é preparada com zinco. Sua ação tem início em 4 a 6 horas. Seu pico acontece após 12/16 horas e tem duração de 24 horas, podendo atingir 36 horas.

3.1.5 Insulina de ação intermediária

Esta insulina é obtida pela adição de uma substância que retarda a absorção da insulina. A combinação da insulina com uma substância de retardo geralmente resulta na formação de cristais que dão ao liquido uma aparência turva.

Os cristais de insulina devem ser misturados de forma homogênea no líquido antes de cada injeção. As insulinas de ação intermediária levam aproximadamente 1 ½ hora antes de começarem a produzir um efeito. O maior efeito ocorre entre 4 e 12 horas após a injeção, e aproximadamente após 18 a 24 horas a dose terá sido completamente absorvida.

3.1.6 Insulina pré-mistura

Existem também misturas prontas de insulinas de ação rápida e de ação intermediária. Estas pré-misturas são apresentadas em várias e diferentes combinações pré-misturadas, contendo de 10 - 50% de insulina de ação rápida e de 90 a 50% de insulina de ação intermediária.

3.1.7 Insulina de ação prolongada

Finalmente, há insulinas de ação prolongada, feitas através de técnicas de recombinação genética, que possuem uma duração em torno de 24 horas. São as insulinas mais atuais, e tentam aproximar-se da insulina basal ideal.

É importante observar que os tempos de duração e absorção aqui descritos são apenas aproximados. A absorção da insulina sempre depende de fatores individuais. O tamanho da dose é outro fator: quanto maior a dose, maior a duração.

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4 DIABETES MELLITUS TIPO 2

Já não se deve usar o termo Diabetes Não Insulino-dependente, mas sim Diabetes Tardio, tem mecanismo fisiopatológico complexo e não completamente elucidado. Parece haver uma diminuição na resposta dos receptores de glicose presentes no tecido periférico à insulina, levando ao fenômeno de resistência à insulina. As células beta do pâncreas aumentam a produção de insulina e, ao longo dos anos, a resistência à insulina acaba por levar as células beta à exaustão.

Esse tipo de diabetes ocorre quando a insulina produzida pelas células do pâncreas não é suficiente ou não age adequadamente O pâncreas passa a produzir pouca insulina para as necessidades do organismo, tornando os sintomas perceptíveis.

Desenvolve-se freqüentemente em etapas adultas da vida e é muito freqüente a associação com a obesidade e idosos; anteriormente denominada diabetes do adulto, diabetes relacionada com a obesidade, diabetes não insulino-dependente. Vários fármacos e outras causas podem, contudo, causar este tipo de diabetes. É muito freqüente a diabetes tipo 2 associada ao uso prolongado de corticóides, freqüentemente associada à hemocromatose não tratada.

As causas do diabetes tipo 2 podem ser diferentes de uma pessoa para outra. 4.1 Os principais fatores de risco para o desenvolvimento - Histórico familiar de diabetes tipo 2; - Idade acima de 45 anos; - Evidência de tolerância à glicose comprometida; - Falta de atividade física; - Sobrepeso.

Mulheres que desenvolvem diabetes durante a gestação são mais propensas à doença posteriormente em idade mais avançada.

4.1.1 O que provoca o diabetes Tipo 2?

O diabetes tipo 2 representa 90% de todos os casos registrados da doença. O organismo do portador de diabetes tipo 2 pode produzir alguma quantidade de insulina, mas ela não consegue agir adequadamente para transformar a glicose em energia.

Quando o pâncreas trabalha normalmente, ele produz dois hormônios, a insulina e o glucagon, tais hormônios mantém os níveis adequados de açúcar no sangue durante o dia e a noite. Após as refeições, o nível de açúcar aumenta, a insulina é liberada no sangue para eliminar o excesso de açúcar que você ingeriu e fazer o transporte, fornecendo energia para todas as células do corpo.

Portadores de diabetes podem apresentar muita sede, urina em excesso e perda de peso sem explicação. Como as condições descritas acima podem estar presentes em outros tipos de doença, é fundamental que você procure seu médico para que os diagnósticos clínico e laboratorial (por meio de exames de sangue) sejam feitos de forma adequada.

Em alguns casos, no entanto, a doença pode ser assintomática e retardar o diagnóstico e o tratamento. Para o médico determinar que o paciente tem diabetes

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é necessário realizar uma avaliação do paciente com base no histórico familiar e de vida, além de um exame físico e testes específicos, como um exame de dosagem da glicose no sangue. 4.2 Cura do Diabetes Mellitus Tipo 2 por Cirurgia

Um estudo feito por médicos franceses publicado na ScienceDirect, confirmou o que médicos já haviam observado, a cirurgia de redução de estomago (Gastroplastia) usada no tratamento da obesidade mórbida ajuda a controlar o diabetes mellitus tipo 2, um estudo mais aprofundado feito por Francesco Rubino, levou à criação de uma cirurgia no intestino que tem alta eficiência no tratamento da diabetes tipo 2 para pessoas não obesas.

4.2.1 Prevenção

Como pouco se sabe sobre o mecanismo exato pelo qual a diabetes tipo 1 se

desenvolve, não existem medidas preventivas disponíveis para esta forma de diabetes. Alguns estudos atribuíram um efeito de prevenção da amamentação em relação ao desenvolvimento da diabetes tipo 1. Os riscos da diabetes tipo 2 podem ser reduzidos com mudanças na dieta e com o aumento da atividade física.

4.2.2 Prevenção das complicações

De fato, quanto melhor o controle, menor será o risco de complicações. Desta maneira, a educação do paciente, entendimento e participação é vital. Os profissionais da saúde que tratam diabetes também tentam conscientizar o paciente a se livrar certos hábitos que sejam prejudiciais à diabetes. Estes incluem o tabagismo, colesterol elevado (controle ou redução da dieta, exercícios e medicações), obesidade (mesmo uma perda modesta de peso pode ser benéfica), pressão sanguínea alta (exercício e medicações, se necessário) e sedentarismo.

Um artigo da Associação Americana de Diabetes recomenda manter um peso saudável, e ter no mínimo 2½ horas de exercício por semana (uma simples caminhada basta), não ingerir muita gordura, e comer uma boa quantidade de fibras e grãos. Embora eles não recomendem o consumo de álcool, eles citam que o consumo moderado de álcool pode reduzir o risco. 4.3 Tratamento

Atualmente, existem várias substâncias que auxiliam o tratamento do diabetes Tipo 2, diferenciadas pela maneira como agem no organismo. Como são muitas e algumas possuem a mesma finalidade, vamos caracterizá-las em três grupos de medicamentos: 1) os que auxiliam a secreção de insulina; 2) os que diminuem a resistência insulínica e 3) aqueles que diminuem a velocidade de digestão dos carboidratos.

Hoje, existem remédios que misturam duas dessas características num único comprimido. Contudo, não se preocupe com a escolha de algum deles, pois ficará a critério do seu médico. Vale lembrar que o uso desses compostos não será suficiente, caso não sejam combinados com uma boa alimentação e exercícios físicos.

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4.3.1 Medicamentos que Estimulam a Secreção de Insulina

Existe um grupo de células localizadas no pâncreas, conhecidas como células beta, que são responsáveis pela produção de insulina no organismo. No diabetes Tipo 2, essa função fica debilitada ou, digamos, diminuída. É exatamente por isso que as pessoas com diabetes sentem cansaço, muita fome, sede etc.

Afinal, boa parte da energia dos alimentos não é absorvida. Com isso, precisa-se de medicamentos que estimulem a produção de insulina, ajudando a normalizar este quadro. As substâncias mais conhecidas neste tratamento, basicamente, se dividem em dois grupos: I) o das Sulfoniluréias (Clorpropamida, Glibencamida, Glicazida, Glimepirida, entre outros) que atuam entre 8h, 12h e até 24h no organismo; e o II) das Glinidas (Repaglinida e Nateglinida), que são mais recentes e agem durante no máximo 4h.

A principal diferença está justamente no tempo de ação. No primeiro grupo, caso o indivíduo esqueça de se alimentar durante o dia, as chances de ocorrer uma hipoglicemia (falta de glicose no sangue) aumentam. Isso ocorre porque o estímulo à produção de insulina continua, mesmo que não haja energia (dos alimentos) para ser levada às células.

O mesmo já não acontece com o grupo das Glinidas, pois são utilizadas sempre antes das refeições. Por exemplo: se o indivíduo não almoçar, não precisa ingerir o medicamento ou se por algum motivo perder uma refeição, não correrá riscos porque a ação desta substância é curta.

4.3.2 Medicamentos que Diminuem a Resistência para a Ação da Insulina

A resistência à insulina ocorre quando existe dificuldades para insulina se

ligar aos receptores que existem nas células do organismo, como se fosse uma "chave" que não consegue se ligar à "fechadura". Para entender melhor, vamos pensar na seguinte situação: imagine que o organismo é uma casa que está trancada.

A única "chave" que pode abrí-la é a insulina. No entanto, algum problema está acontecendo, porque ninguém está conseguindo destrancar a fechadura para permitir a entrada da glicose que vem dos alimentos.

É nesta situação que os especialistas receitam os medicamentos que diminuem à resistência para a ação da insulina. Existem dois grupos de substâncias que auxiliam neste tratamento: o das I) Biguanidas (Metformina) e o das II) Glitazonas (Roziglitazona e Pioglitazona).

Ambos os grupos aumentam a sensibilidade da insulina nas células, principalmente no fígado, e, diminuem a resistência para a ação da insulina nos tecidos muscular, hepático e adiposo.

4.3.3 Medicamentos que Diminuem a Velocidade de Digestão dos Carboidratos

O objetivo desses medicamentos é diminuir a glicemia após as refeições,

através da diminuição da velocidade da digestão dos carboidratos. Deve ser ingerido no momento exato da alimentação e está indicado nos casos de

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diagnóstico recente em que, apesar da dieta e do exercício, ocorre hiperglicemia, sobretudo pós-prandial (após a alimentação).

No Brasil, a única substância existente para este tipo de tratamento é a Acarbose. Um inibidor intestinal das enzimas chamadas "alfa glicosidases" que agem diminuindo a velocidade de digestão dos carboidratos (contidos nas massas, arroz, pães) e, com isso, a entrada de glicose na circulação. 5 DIABETES GESTACIONAL

Diabetes mellitus gestacional (DMG) é definida como algum grau de intolerância a glicose que foi primeiramente reconhecida durante a gravidez. Várias são as mudanças metabólicas e hormonais que ocorrem na gestação. Uma delas é o aumento da produção de hormônios, principalmente o hormônio lactogênio placentário, que pode prejudicar - ou até mesmo bloquear - a ação da insulina materna. Para a maioria das gestantes isso não chega a ser um problema, pois o próprio corpo compensa o desequilíbrio, aumentando a fabricação de insulina. Entretanto, nem todas as mulheres reagem desta maneira e algumas delas desenvolvem as elevações glicêmicas características do diabetes gestacional. Por isso, é tão importante detectar o distúrbio, o mais cedo possível, para preservar a saúde da mãe e do bebê. O tratamento do diabetes gestacional tem por objetivo diminuir a taxa de macrossomia – os grandes bebês filhos de mães diabéticas – evitar a queda do açúcar do sangue do bebê ao nascer e diminuir a incidência da cesareana. Para a mãe, além de aumento do risco de cesareana, o diabetes gestacional pode estar associado à toxemia, uma condição da gravidez que provoca pressão alta e geralmente pode ser detectado pelo aparecimento de um inocente inchaço das pernas, mas que pode evoluir para a eclâmpsia, com elevado risco de mortalidade materno-fetal e parto prematuro. 5.1 Fisiopatologia

DMG é fisiopatologicamente similar ao Diabetes Mellitus tipo 2. Aproximadamente 90% das pacientes com DMG tem uma deficiência de receptores de insulina (prévia a gestação). Como na DM tipo 2, as mulheres que desenvolvem a DMG são aquelas com sobrepeso ou obesidade. As pacientes têm um apetite aumentado, secundário ao excesso de insulina. Assim, um círculo vicioso de excesso de apetite com um ganho de peso ocorre. 5.2 Rastreamento

Todas as mulheres grávidas devem realizar exame de dosagem de glicose plasmática em jejum (GPJ) na primeira consulta de pré-natal. As que apresentarem GPJ acima de 126 mg/dl, confirmado em outro exame no dia subsequente, têm o critério de diabetes gestacional. As pacientes que apresentarem GPJ acima de 85 mg/dl, independente dos fatores de risco, devem ser submetidas ao Teste Oral de Tolerância a Glicose, para confirmação diagnóstica. Mulheres que integram o grupo de risco do Diabetes devem fazer o teste de tolerância glicêmica a partir da 12° semana de gestação.

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5.3 Tratamento

O tratamento geralmente é dieta e exercício. Nos poucos casos em que a dieta e o exercício não são suficientes para o controle glicêmico, o tratamento é realizado com insulina. O uso de hipoglicemiantes orais é contra-indicado durante a gravidez. A gestante deve ser acompanhanda no pré-natal de alto risco. 5.4 Resultados para o bebê

Os bebês nascem em média com 3,5 Kg, mas as pacientes portadoras de DMG pode ter seu filho chegando até 5 Kg. O controle da alimentação deve ser feito com um profissional capacitado, pois dietas mal elaboradas pode interferir no desenvolvimento do feto. O aumento de peso do Bebê acontece, pois a taxa de insulina e glicose estão altas, propiciando o aumento de peso. As pacientes portadoras da DMG por ter excesso de glicose no sangue acabam transmitindo um nível muito alto deste substrato para o bebê, obrigando-o a produzir muita insulina, fato que o protege da hiperglicemia durante a gravidez. Ao termino da 36º semana, se a taxa de glicemia materna continuar fora dos padrões gestacionais, significa que o nível de insulina produzidos pelo bebê estão altos também. Após o trabalho de parto, com o corte do cordão umbilical, ele não mais receberá o alto nível de glicose(da mãe), mas ainda terá um alto nível de insulina, o que provocará a hipoglicemia, podendo causar a morte do bebê.

6 DIAGNÓSTICO E SINTOMAS

Quando há o diagnóstico de diabetes, significa que o organismo não está produzindo a quantidade necessária de insulina. E como conseqüência, ele começa a mostrar que está faltando energia nas células do corpo, por isso um dos sintomas do diabetes é o cansaço excessivo. Como o açúcar não entra nas células, ele se acumula na corrente sanguínea causando o nível elevado de açúcar.

Outros sintomas comuns em pessoas com diabetes são: sede excessiva e necessidade de urinar freqüentemente. Isso ocorre porque com o nível alto de açúcar no sangue, o açúcar encontra nos rins um caminho para ser eliminado aumentando também volume urinário. Os rins ficam sobrecarregados fazendo com que a pessoa sinta sede e beba muita água. Isso faz com que o portador de diabetes se depare com mais um sintoma comum que antecede o diagnóstico, a perda de peso.

O diabetes é diagnosticado pelos seguintes resultados laboratoriais, mas lembre-se que tanto o diagnóstico quanto a interpretação dos exames deve ser feita sempre pelo médico, pois diversos fatores podem influenciar os resultados.

- Glicemia após 8 horas de jejum: resultado igual ou maior que 126 g/dL. - Glicemia após 2 horas de ingestão de glicose (75 g): resultado igual ou maior que 200 mg/dL. - Glicemia em qualquer momento: resultado igual ou maior que 200 mg/dL, com sintomas do diabetes. - Glicemias acima da normalidade (pré-diabetes): Glicemia de jejum: 100 a 125 mg/dL. Glicemia após ingestão de glicose: 140 a 200 mg/dL

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7 HIPERGLICEMIA

A hiperglicemia ocorre quando o nível de açúcar no sangue fica acima do normal. Ela pode ocorrer após a ingestão de alguns tipos de refeições ou se você estiver doente.

Longos períodos de nível alto de açúcar no sangue podem causar complicações futuras do diabetes. 7.1 Você pode ter hiperglicemia se: - tiver pouca insulina no organismo; - comer demais; - fizer menos exercícios que o de costume; - apresentar estresse físico ou emocional. 7.2 Para evitar o aumento de nível de açúcar no sangue: - mantenha seu tratamento medicamentoso, alimentação saudável e exercícios físicos, conforme orientação médica. - teste com frequência o nível de açúcar no seu sangue e ajuste a dose de insulina de acordo com sua alimentação e rotina de exercícios, seguindo sempre a orientação do seu médico.

A hiperglicemia pode e deve ser combatida para evitar complicações crônicas do diabetes. Um programa regular de alimentação, exercícios e medicamentos devem melhorar a qualidade de vida e reduzir as chances dos problemas futuros relacionados ao diabetes. 8 HIPOGLICEMIA

Hipoglicemia é a queda excessiva do nível de açúcar no sangue. Considera-se hipoglicemia quando os níveis de glicose no sangue ficam abaixo de 70 mg/dL. A aparição dos sintomas em geral é rápida, mas pode, eventualmente, ocorrer a hipoglicemia sem a apresentação de sintomas (hipoglicemia assintomática). A hipoglicemia é a complicação mais freqüente para pacientes com diabetes que utilizam medicamentos, sejam eles comprimidos ou insulina. 8.1 Causas da Hipoglicemia: - Excesso de exercício físico. - Falta ou atraso de uma refeição regular. - Pouca quantidade de alimentos. - Vômitos ou diarréia. - Uso de medicações que diminuem a glicemia. - Consumo de bebidas alcoólicas.

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8.2 Possíveis sintomas: - Fome súbita; - Fadiga; - Tremores; - Tontura; - Palpitação ; - Suores; - Irritabilidade; - Desorientação; - Convulsões; - Pele fria, pálida e úmida; - Visão embaçada ou dupla; - Dor de cabeça; - Dormência nos lábios e língua; - Mudança de comportamento.

Em alguns casos, esses sintomas não são percebidos. A diminuição do açúcar no sangue pode causar efeitos diferentes de pessoa para pessoa. O importante é que você reconheça os seus sinais de alarme.

Se você sentir que está com baixo nível de açúcar no sangue, você deve comer ou beber algo que contenha açúcar, imediatamente. Ensine seus familiares e amigos a reconhecer os sintomas e como agir, caso você tenha uma hipoglicemia. Imediatamente, você deve ingerir um suco de frutas ou açúcar com algum líquido, mas somente se estiver consciente.

Se você não se sentir melhor depois de 20 minutos, teste o nível de açúcar no sangue, se ainda estiver baixo, repita o procedimento e entre em contato com o seu médico para que ele lhe indique a ação mais adequada.

Portadores de diabetes também podem sentir sinais de hipoglicemia caso: - A dose e o número de aplicações de insulina tenham sido alterados; - Tenha havido mudança de insulina; - Esteja adaptado a níveis elevados de glicemia. Nesta situação os sintomas da hipoglicemia podem ocorrer na presença de glicemias normais. Sempre veja quais são as orientações do seu médico nestes casos. 8.3 Dicas para lidar com a hipoglicemia: - Carregue sempre um alimento ou bebida que tenha carboidrato (açúcar) de absorção rápida; - Leve sempre com você o cartão de identidade de diabetes e caso ocorra a hipoglicemia, diga às pessoas que estão a sua volta como elas podem te ajudar. - Teste regularmente o seu nível de açúcar no sangue. - Se você ingerir bebida alcoólica lembre-se de comer alguma coisa para acompanhar. - Se apresentar sintomas de hipoglicemia, evite dirigir automóvel.

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Diferenças entre hipoglicemia e hiperglicemia: Sintomas Hiperglicemia (alta de açúcar) Hipoglicemia (baixa de açúcar) Início Lento Súbito (minutos) Sede Muita Inalterada Urina Muita quantidade Inalterada Fome Muita Muita ou normal Perda de peso Freqüente Não Pele Seca Normal ou úmida Mucosa da Boca Seca Normal Suores Ausentes Freqüentes e frios Tremores Ausentes Freqüentes Fraqueza Presente Sim ou não Cansaço Presente Presente Glicose no sangue Superior a 200 mg% 40 a 60 mg% ou menos hálito cetônico Presente ou ausente Ausente 9 CONTROLE GLICÊMICO

Quando se tem diabetes significa que você precisa ajudar o seu organismo a controlar o nível de açúcar no sangue. Antes de desenvolver o diabetes, o pâncreas desempenhava o seu papel, mantinha o nível normal de açúcar no seu sangue, produzindo a quantidade certa de insulina.

Agora é você e o seu médico que, juntos, vão gerenciar isso, para que seu organismo funcione corretamente. Não é tão difícil quanto parece. Você conhece melhor que ninguém seu corpo e vai aprender os momentos exatos que seu organismo precisará de ajuda. 9.1 Teste do açúcar no sangue

Testar o nível de açúcar no sangue é muito importante, pois com o resultado do teste você poderá controlar melhor seu diabetes. Faça-o de acordo com a orientação do seu médico, sendo uma boa atitude a averiguação frequente ao longo do seu dia, para ajustar corretamente a sua dose de insulina. Anote todos os resultados no diário de glicemia.

Um bom controle do nível de açúcar no seu sangue ajudará você a se sentir melhor no seu dia a dia.

O seu médico lhe orientará sobre quais os níveis adequados de açúcar no sangue e com qual freqüência você deverá fazer o teste sanguíneo. Outros exemplos de quando o teste pode ser útil: - antes, durante e após os exercícios; - madrugada; - sempre que você suspeitar que o nível de açúcar no sangue pode estar baixo ou alto; - quando estiver doente; - outras situações indicadas pelo seu médico.

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9.2 HbA1c

A HbA1c é um índice de controle de glicemia, também chamada de hemoglobina glicada. Ela indica o controle do açúcar no sangue de um paciente nos últimos 2 a 3 meses. É formada quando a glicose no sangue se liga irreversivelmente à hemoglobina que está presente no interior das células vermelhas do sangue, para formar um complexo estável de hemoglobina glicada. Como a duração normal de vida das células vermelhas no sangue é de 90 a 120 dias, a HbA1c somente será eliminada quando as células vermelhas forem substituídas.

Os valores da hemoglobina glicada são diretamente proporcionais à concentração de glicose no sangue durante a vida das células vermelhas no sangue.

A sua glicemia média pode ser determinada, utilizando o valor do HbA1c e a fórmula:

28,7 x HbA1c = glicemia média estimada 9.3 Diário de diabetes

Manter um diário com todas as informações sobre o seu diabetes é uma excelente maneira de fazer um registro dos seus níveis de açúcar no sangue e de perceber os padrões de comportamento da sua glicemia, em momentos diferentes do dia.

9.3.1 Como montar: - anote a data, o horário e o valor de cada teste de glicemia que você fizer; - anote a dose e o tipo de insulina; - faça anotações pessoais sobre o que pode ter afetado o nível de açúcar no seu sangue, por exemplo, exercícios, alimentos ingeridos, dias de doença, estresse etc. 9.4 Complicações Crônicas

Com o passar dos anos, o diabetes mal controlado pode causar complicações nos rins, olhos, nervos, coração, vasos cerebrais e pés.

9.4.1 Rins

Para manter os rins saudáveis: - Mantenha o controle do nível de açúcar do seu sangue e da pressão arterial; - Faça uma dieta com quantidades adequadas de proteína e carboidratos; - Não fume; - Pratique exercícios físicos regularmente.

9.4.2 Olhos

A glicemia elevada pode causar turvação (embaçamento) visual que regride após normalização do controle glicêmico. Por isto, não é adequado avaliar a necessidade de óculos de correção com o controle glicêmico inadequado. Faça uma avaliação do fundo de olho, anual ou semestral, conforme indicado pelo seu

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oftalmologista, para que seus olhos tenham tratamento precoce, evitando um comprometimento visual grave.

9.4.3 Nervos

O controle do nível de açúcar no sangue também ajuda a prevenir a neuropatia diabética (danos nos nervos). As alterações nos nervos podem provocar sensações de formigamento ou agulhadas, diminuição da sensibilidade e dor, principalmente em pés, mas que também podem acometer as mãos. Geralmente, estes sintomas são bilaterais. Converse com o seu médico, caso estes sintomas estejam presentes.

9.4.4 Coração

Quando se tem diabetes é necessário manter sob controle, além da glicemia, a pressão arterial e os níveis de colesterol e triglicérides no sangue para reduzir o risco de desenvolvimento de doenças como o infarto e a angina. Este risco aumenta se o portador de diabetes for fumante e sedentário, deixando o paciente mais exposto ao surgimento de doenças causadas por obstruções de grandes vasos, como coronárias, vasos cerebrais e vasos dos membros inferiores.

9.4.5 Pés

Ter diabetes significa que você tem que ter cuidado com seus pés, pois eles se tornam mais suscetíveis a lesões e infecções. Isto ocorre, principalmente, quando há associação da neuropatia diabética e de má circulação sanguínea, também comum em portadores de diabetes. 10 ALIMENTAÇÃO E DIABETES

A alimentação que se recomenda para as pessoas com diabetes deve incluir alimentos variados, em quantidades adequadas para alcançar e manter o peso corpóreo ideal, evitar o aumento de glicemia, do colesterol e de outras gorduras no sangue, além de prevenir complicações, contribuindo para o bem estar e a qualidade de vida.

Para atingir esses objetivos, é necessário consumir diariamente e na medida certa para cada pessoa: Alimentos Energéticos: Fontes de carboidratos complexos (pães, cereais, massas e raízes). Alimentos Reguladores: Fontes de carboidratos, vitaminas, minerais e fibras (verduras, legumes e frutas). Alimentos Construtores: Fontes de proteínas e cálcio (leite e derivados) e proteínas e ferro (carnes magras, ovos, feijões).

Uma boa dica para todas as pessoas é incluir, em cada refeição, alimentos dos três grupos. É importante que se diga que o plano alimentar atualmente

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recomendado às pessoas com diabetes, de forma geral, é o mesmo que orienta a alimentação de quem não tem diabetes.

Recomenda-se que as pessoas com diabetes evitem açúcares, doces, pães, farinhas e massas em excesso, bem como bebidas com açúcar ou alcoólicas. Entretanto, pessoas cujo diabetes esteja bem controlado, peso adequado, e seguem um tratamento intensivo e contagem de carboidratos, podem até usar pequenas quantidades de açúcares junto com refeições equilibradas.

Para tanto, é indispensável conversar com o nutricionista, que poderá orientar o planejamento alimentar com a contagem dos carboidratos e com o médico que irá prescrever o tipo e dosagem de insulina adequada, quando necessária.

Dúvidas mais comuns sobre alimentação e diabetes: É verdade que o mel também faz subir a glicemia?

Sim! O mel também contém sacarose, além de outros tipos de açúcar (frutose e glicose), sendo desaconselhado o seu uso generalizado como substituto do açúcar comum. Em excesso o mel, assim como o açúcar cristal, mascavo ou demerara, também engorda e faz subir o açúcar no sangue.

O pão de glúten, centeio ou integral, as bolachas salgadas e as torradas podem ser usadas à vontade?

Não! Como qualquer outro tipo de pão, eles contêm amido que se transformará em açúcar no sangue, não podendo ser usados à vontade. Podem ser consumidos de maneira moderada, assim como o pão comum. Ressalte-se que o pão torrado e os biscoitos de água e sal têm seu amido transformado em açúcar mais rápido que o pão fresco, ou seja, fazem subir a glicemia mais rápido que os pães não torrados. Pães ricos em fibras, como os de aveia, trigo integral e centeio são os mais indicados, mas não podem ser consumidos em excesso.

A pessoa que tem diabetes pode comer macarrão (massas em geral) ou pão fresco?

Sim! Estes alimentos têm composição semelhante ao arroz e podem ser consumidos, desde que em quantidades não excessivas e em refeições mistas, complementadas com alimentos ricos em proteínas (como as carnes magras, peixes e aves; as leguminosas, como soja, feijão, lentilha, grão de bico, ou ovos) e ricos em fibras (como as hortaliças cruas e cozidas). Sempre que possível, deve-se dar preferência às massas e pães integrais, assim como arroz integral (os cereais integrais e seus derivados contêm fibras, que dentre outros efeitos benéficos retardam a passagem de glicose derivada da digestão do amido para o sangue. Massas, pães integrais e arroz integral podem ser substituídos por outros cereais integrais, como aveia ou milho ou ainda por raízes como cará, mandioca, batata ou inhame).

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Os produtos dietéticos (alimentos “diet” ou “light”) podem ser usados à vontade?

Não! Alguns produtos dietéticos não contêm açúcar, outros contêm. Alguns, como os chocolates dietéticos, mesmo não contendo açúcar são desaconselhados para quem precisa emagrecer, pelo alto valor calórico. É importante sempre ler os rótulos dos produtos com muita atenção para saber se eles contêm ou não açúcar, qual a quantidade de carboidratos que contêm e qual seu valor calórico. (Um chocolate normal tem entre 440 e 550 calorias em 100 gramas; um chocolate “diet” de 100 gramas tem cerca de 530 calorias).

Todas as frutas são permitidas para as pessoas com diabetes?

Sim! As frutas contêm o açúcar natural, mas não prejudicam a saúde da pessoa que tem diabetes, desde que usadas em quantidades adequadas. Isso significa que uma criança poderá ingerir cerca de 3 frutas por dia; um adolescente ativo ou uma gestante, até 4 frutas; um adulto magro entre 2 e 4 frutas, dependendo de sua atividade física; e um obeso poderá ter seu limite fixado em 2 frutas ao dia. É importante lembrar que as frutas devem ser de tamanho pequeno ou médio e devem ser consumidas com casca e bagaço, sempre que possível. Vale destacar, também, que algumas frutas (como a uva, o caqui, a manga, e a banana nanica) têm mais açúcar que outras, o que não proíbe o consumo, mas indica a necessidade de controlar o tamanho da porção a ser ingerida. O abacate, por sua vez, quase não tem açúcar e é muito rico em um tipo de gordura que aumenta o bom colesterol, mas tem um valor calórico muito alto, o que recomenda consumo em quantidade pequena pelas pessoas com excesso de peso.

As carnes, ovos e queijos não contêm açúcar. Podem, então, ser

usados à vontade?

Não! Carnes, ovos e queijos não contêm açúcar, mas possuem proteínas que, em excesso, também alteram a glicemia e sobrecarregam os rins. Esses alimentos também têm gorduras saturadas e colesterol que, em excesso, podem comprometer o sistema cardiovascular de quem tem diabetes e levar às complicações crônicas (pressão alta, doença renal, ou doenças cardíacas).

O leite e o iogurte devem ser consumidos pela pessoa que tem diabetes?

Sim! Leite e iogurte são alimentos fontes de proteínas e de cálcio, importantes não só para o crescimento da criança, como para a boa formação dos ossos do adolescente e para evitar perdas ósseas no adulto e idoso. Recomenda-se para o adulto a ingestão de 2 a 3 porções desses alimentos, diariamente. Gestantes, nutrizes e crianças pequenas podem precisar de 3 a 4 porções diárias. Para crianças até os 12 anos de idade, recomenda-se leite integral. Para os adultos leite desnatado. Uma observação que vale a pena ser feita é que o leite contém, naturalmente, um açúcar (a lactose) que também eleva a glicemia. Portanto, o leite também não pode ser ingerido em excesso, mesmo que desnatado. O iogurte também contem lactose, ainda que em menor quantidade. Já o queijo não a

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contem, sendo um bom substituto do leite, desde que branco ou magro (uma fatia grossa substituindo um copo de leite).

Feijão faz bem para quem tem diabetes?

Sim! O feijão é um alimento rico em proteínas vegetais, amido e fibras, substâncias importantes para a saúde das pessoas com diabetes. O excesso de feijão, assim como de qualquer outro alimento, deve ser evitado. O efeito da mistura arroz-feijão sobre a glicemia é melhor que o arroz sem feijão (ou seja, a mistura arroz-feijão faz subir menos o açúcar no sangue que o arroz puro). Se a refeição for complementada com verduras cruas e cozidas e carne magra, melhor ainda!

É verdade que tudo que nasce embaixo da terra (cenoura, beterraba, mandioca e batata) aumenta a glicemia?

Não! Essas raízes contêm carboidratos, que se transformam em açúcar (glicose) em nosso organismo. Mas isso não quer dizer que não possam ser utilizados pela pessoa com diabetes. A cenoura e a beterraba podem ser usadas para variar as saladas mistas, cruas ou cozidas (1 pires dos de chá por refeição). Já a batata, a mandioca, o cará e o inhame devem ser utilizados no lugar do arroz ou do macarrão, em quantidades não excessivas. Para saber a quantidade adequada para cada pessoa, avaliação e cálculos individualizados são necessários. Se seu peso e sua glicemia estão adequados, provavelmente as quantidades que você ingere estão corretas.

Quem tem diabetes pode consumir bebidas alcoólicas?

Depende! Alguns estudos sugerem que bebidas alcoólicas, usadas com moderação (1 a 2 taças de vinho por dia) fazem bem para o coração. Entretanto, vale ressaltar que bebidas alcoólicas são ricas em calorias, provenientes do álcool e do açúcar que algumas contêm. Isso faz que não sejam recomendadas para pessoas com excesso de peso. Por outro lado, o álcool pode provocar efeitos adversos quando combinado com alguns hipoglicemiantes orais. Também pode provocar hipoglicemia, mesmo que a pessoa não faça uso de insulina ou medicação oral, aumento do triglicérides no sangue e agravamento de várias complicações do diabetes. Logo, seu uso deve ser bem orientado pelo médico e pelo nutricionista.

Existem planos alimentares para diferentes faixas etárias (crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes)?

A alimentação de crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes, diabéticos ou não, deve seguir planos diferenciados para atender as necessidades do crescimento, do envelhecimento ou da gestação. Os planos alimentares devem ser diferenciados pela idade ou estado fisiológico, mas as orientações gerais relativas ao diabetes são válidas para todos. É claro que quanto mais vulnerável o estado fisiológico, maior a necessidade de individualização do plano alimentar para a pessoa com diabetes.

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Por que o consumo de gorduras deve ser controlado?

Gorduras devem ser utilizadas com moderação porque contribuem para o aumento de peso e para o aumento das gorduras do sangue (colesterol e triglicérides), agravando o risco de aterosclerose e doenças do coração. É bom esclarecer que nem todas as gorduras são igualmente perigosas. As mais prejudiciais são as de origem animal: carnes gordurosas, gema de ovo, banha de porco, toucinho, bacon, manteiga, creme de leite, maionese, ricas em colesterol ou nas chamadas gorduras saturadas, que aumentam a produção do colesterol em nosso organismo. As gorduras vegetais, como os óleos de milho, girassol, arroz e soja não contêm colesterol. Além disso, essas gorduras são insaturadas, o que contribui para evitar a aterosclerose. O azeite de oliva, óleo de canola e as gorduras dos peixes, por sua vez, ricos nos chamados ácidos graxos ômega 3 até ajudam a diminuir o colesterol total.

O azeite de dendê, o leite de coco e a gordura de coco são exemplos de gorduras vegetais saturadas, que aumentam o colesterol do sangue. As margarinas vegetais, em grande parte dos casos, são quase tão prejudiciais quanto a manteiga, pois se tornam saturadas no processo de hidrogenação. Há exceções, as margarinas cremosas pouco hidrogenadas (mais moles ou menos firmes que a maioria), produzidas com óleos insaturados, e em alguns casos enriquecidas com ômega 3. Todas as gorduras e óleos, se usados em excesso, engordam!

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11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O pré-diabetes é uma condição clínica que requer atenção especial dos profissionais de saúde. A identificação de indivíduos no estado de tolerância anormal à glicose requer intervenção terapêutica precoce, visando a prevenção do diabetes e de doença cardiovascular.

Modificações de estilo de vida, com adoção de hábitos alimentares saudáveis e prática de exercícios físicos rotineiros, deve ser sempre recomendado prioritariamente. A redução de 5% a 7% do peso deve ser estimulada.

Existem evidências científicas para apoiar o uso de drogas anti-hiperglicemiantes nos pacientes com pré-diabetes, que não conseguem atingir ou manter mudanças nos hábitos de vida. Contudo, o uso rotineiro de drogas deve ser ponderado e restrito aos pacientes que não obtêm êxito com as medidas não farmacológicas instituídas.

Monitoramento para detectar precocemente a evolução para DM2 deve ser feito a cada um ou dois anos, e atenção deve ser dada à presença de outros fatores de risco cardiovascular que deverão motivar uma intervenção terapêutica mais contundente.

Infelizmente, a intervenção farmacológica ainda não tem se mostrado sustentável após a suspensão das drogas.

Maiores estudos se tornam necessários para constatar se o tratamento precoce do pré-diabetes poderá adiar ou minimizar as complicações micro e macrovasculares relacionadas ao diabetes.

Finalizando, enfatizamos que, embora não exista consenso, ao tratarmos o pré-diabetes, estaremos prevenindo ou retardando o diagnóstico de Diabetes Mellitus, a importância de intervir precocemente neste estado metabólico poderá evitar que “o doce açúcar possa amargar o coração”.

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12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Geloneze B. Pré-diabetes: Tratar ou não tratar? Magazine Cardiometabolismo. 2007 N1, 12-13. Brasil. Diabetes Mellitus / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica - Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 56 p.il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 16). (Série A. Normas e Manuais Técnicos, 2006). Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?127> Acessos em 27 de set. 2011. Disponível em: www.diabetes.org.br> Acessos em 27 de set. 2011. Disponível em: http://www.diabetesnoscuidamos.com.br/diabetes.aspx?id=18>. Acessos em 27 de set. 2011. Disponível em: http://www.dpgarcia.com/sp_int.php?ses=65> Acessos em 27 de set. 2011. Disponível em: http://www.diabete.com.br/biblio/alimento3.html. Acessos em 27 de set. 2011.