pre-escolar regionalismo musical brasileiro

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17 e 18 de maio de 2016 ISSN 2358-0070 PRÉESCOLA: Regionalismo Musical Brasileiro Gleiceane Souza de Jesus Fabiana Aparecida Angelo da Silva RESUMO O presente artigo foi criado com âmbito de reconhecimento e incentivo da cultura popular brasileira nos ambientes escolares, mais especificamente a "música" e suas contemplações, com objetivo geral de incentivar os alunos ao convívio com a diversidade cultural e musical das regiões brasileiras. Os objetivos específicos foram: conhecer as diversidades musicais das regiões brasileiras; introduzir momentos lúdicos junto às culturas regionais; aplicar conteúdos com o reconhecimento regional; identificar e respeitar as individualidades dos grupos regionais; aprender a escutar os sons do cotidiano. Questões de pesquisa: De que forma a música pode auxiliar o professor em sala de aula? Como despertar o interesse das crianças em aprender sobre sua cultura através da música? Como metodologia utilizou-se os princípios da pesquisa-ação de caráter qualitativo. Com base em pesquisas bibliográficas de autores como: Teca Alencar Brito, Marlene Carvalho, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, artigos científicos encontrados na internet, revistas e dissertações de autores reconhecidos cientificamente. Concluiu-se que a inserção do conhecimento musical estimula a aprendizagem em captar as intervenções culturais do respectivo grupo social de convívio, culminando na exploração de respostas. Palavras-chave: Música. Regiões. Educação Infantil. ABSTRACT This article was created with the scope of recognition and encouragement of Brazilian popular culture in school environments, specifically the "music" and his contemplations. With the general aim of encouraging students to living with cultural diversity and music of the Brazilian regions. The specific objectives were: to know the musical diversity of the Brazilian regions; introduce playful moments together regional cultures; apply content with regional recognition; identify and respect the individualities of the regional groups; learn to listen to the sounds of everyday life. Research questions: How music can help the teacher in the classroom? How to awaken children's interest in learning about their culture through music? The methodology we used the principles of character action research qualitativo.Com based on bibliographic research of authors such as: Teca Alencar Brito, Marlene Carvalho, National Referential Curriculum for Early Childhood Education - v.3, scientific articles found on the internet, magazines and essays by renowned authors scientifically. It was concluded that the inclusion of musical knowledge stimulates learning

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17 e 18 de maio de 2016

ISSN 2358-0070

PRÉ–ESCOLA: Regionalismo Musical Brasileiro

Gleiceane Souza de Jesus

Fabiana Aparecida Angelo da Silva

RESUMO

O presente artigo foi criado com âmbito de reconhecimento e incentivo da cultura popular brasileira nos ambientes escolares, mais especificamente a "música" e suas contemplações, com objetivo geral de incentivar os alunos ao convívio com a diversidade cultural e musical das regiões brasileiras. Os objetivos específicos foram: conhecer as diversidades musicais das regiões brasileiras; introduzir momentos lúdicos junto às culturas regionais; aplicar conteúdos com o reconhecimento regional; identificar e respeitar as individualidades dos grupos regionais; aprender a escutar os sons do cotidiano. Questões de pesquisa: De que forma a música pode auxiliar o professor em sala de aula? Como despertar o interesse das crianças em aprender sobre sua cultura através da música? Como metodologia utilizou-se os princípios da pesquisa-ação de caráter qualitativo. Com base em pesquisas bibliográficas de autores como: Teca Alencar Brito, Marlene Carvalho, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, artigos científicos encontrados na internet, revistas e dissertações de autores reconhecidos cientificamente. Concluiu-se que a inserção do conhecimento musical estimula a aprendizagem em captar as intervenções culturais do respectivo grupo social de convívio, culminando na exploração de respostas. Palavras-chave: Música. Regiões. Educação Infantil.

ABSTRACT

This article was created with the scope of recognition and encouragement of Brazilian popular culture in school environments, specifically the "music" and his contemplations. With the general aim of encouraging students to living with cultural diversity and music of the Brazilian regions. The specific objectives were: to know the musical diversity of the Brazilian regions; introduce playful moments together regional cultures; apply content with regional recognition; identify and respect the individualities of the regional groups; learn to listen to the sounds of everyday life. Research questions: How music can help the teacher in the classroom? How to awaken children's interest in learning about their culture through music? The methodology we used the principles of character action research qualitativo.Com based on bibliographic research of authors such as: Teca Alencar Brito, Marlene Carvalho, National Referential Curriculum for Early Childhood Education - v.3, scientific articles found on the internet, magazines and essays by renowned authors scientifically. It was concluded that the inclusion of musical knowledge stimulates learning

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to grasp the cultural interventions of their social group interaction, culminating in exploring answers. Keywords: Music; regions; childhood education.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi criado com âmbito de reconhecimento e incentivo da cultura

popular brasileira nos ambientes escolares, mais especificamente a "música" e suas

contemplações. Identificou com os alunos aspectos sobre sua cultura, ampliando o

vocábulo oral e auditivo, além da construção do cognitivo sensorial. Constou de um

Projeto Didático das Disciplinas Linguagem Oral e Escrita e Natureza - Sociedade

predisposto para o ensino pré-escolar, em que as crianças de 04 (quatro) e 05 (cinco)

anos foram o público alvo para execução da sequência didática. Utilizamos o manejo de

materiais e a prática exercida por estímulo do uso de músicas regionais, interpretadas de

forma a apreciar e observar as individualidades de como as crianças reagem e o

professor utiliza os instrumentos musicais, um construtor e sensibilizador do ser.

Identificamos músicas características de determinadas regiões, comparamos os

sons introduzidos nas rodas de conversas. Instruímos os alunos a observações e

questionamentos sobre os momentos musicais e relações com os conteúdos curriculares

e conteúdos individuais familiares.

Dentro desse contexto, questionou-se: De que forma a música pode auxiliar o

professor em sala de aula? Como despertar o interesse das crianças em aprender sobre

sua cultura através da música?

Nesse sentido o presente trabalho teve como objetivos: analisar o que e como

introduzir as músicas regionais de forma lúdica e interessante para a criança, incentivar

ao convívio com a diversidade, aplicar conteúdos com o reconhecimento regional,

identificar e respeitar as individualidades dos grupos regionais.

Justifica-se a pesquisa no âmbito de adquirir conhecimento a cerca da temática da

musicalização na educação infantil, atribuída com a cultura local, para que desde os anos

iniciais junto ao ambiente escolar, as crianças percebam a liberdade do conhecer e

construir e sua própria história, e por sua vez, a música reflete o pensamento das

particularidades de um determinado grupo regional por meio das letras e melodias em que

são compostas.

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Os procedimentos metodológicos utilizados foram fundamentados nos princípios da

pesquisa-ação de caráter qualitativo com base em pesquisas bibliográficas de autores

como: Teca Alencar Brito, Marlene Carvalho, Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil, artigos científicos encontrados na internet, revistas e dissertações de

autores reconhecidos cientificamente.

2 RELAÇÕES DA DISCIPLINA NATUREZA E SOCIEDADE COM A MUSICALIZAÇÃO

REGIONAL

2.1 Natureza e Sociedade

Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, vol. 3, p. 163), o eixo de trabalho Natureza e

Sociedade reúne temas pertencentes ao mundo social e natural. As crianças interessam-

se por temas variados: animais, tempestades, dinossauros, tubarões, castelos, programas

de TV e etc., além dos lugares, a natureza que as cercam, atribuído aos campos de

estudos as Ciências Humanas e Naturais.

A educação de natureza e sociedade entre as crianças de 04 e 05 anos comprova

que elas são capazes de gerar observações e hipóteses à cerca do social e da natureza.

Experiências do cotidiano com crianças de 04 anos induzem a percepção de que são

capazes de formar suposições, identificando objetos no espaço e as funções que cada

objeto obtém no diário, como exemplo: encontrar escova de dente no banheiro e colocar

pasta de dente para escovação. (Revista Nova Escola).

O meio social pode-se complementar com a convivência de crianças com costumes

culturais e sociais diferentes e que o respeito ao diferente, é uma temática também

importante para a escola trabalhar. Por meio de atividades em que as crianças analisem e

conheçam os objetos e espaços de convivências, em que estas farão levantamento de

hipóteses e questionamentos, observam as funções dos objetos na natureza e na

sociedade. O professor incentiva questionamentos à exemplo, "Qual a função dos animais

na natureza? "E as flores para que servem?" Assim, desenvolve o valorizar e o respeitar

as diferenças que são encontradas.

A aprendizagem é contínua e quando envolve elementos naturais e sociais,

estimulam-se outros aspectos, a linguagem oral e escrita, que contribuem para o

enriquecimento do vocabulário individual. Outro aspecto é a valorização cultural, segundo

o Referencial Curricular Nacional (BRASIL, 1998) em relação aos índios brasileiros, as

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crianças acabam tendo uma visão equivocada do índio brasileiro, em que são

apresentados que todos os índios possuem os mesmos costumes. No Brasil há várias

tribos, com diferenças entre elas.

O trabalho com este eixo, portanto, deve propiciar experiências que possibilitem uma aproximação ao conhecimento das diversas formas de representação e explicação do mundo social e natural para que as crianças possam estabelecer progressivamente a diferenciação que existe entre mitos, lendas, explicações provenientes do "senso comum" e conhecimentos científicos." (BRASIL, 1998, v. 3, p. 167)

2.2 Linguagem Oral e Escrita

A aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos elementos importantes para as crianças ampliarem suas possibilidades de inserção e de participação nas diversas práticas sociais. O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na educação infantil, dada sua importância para a formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas, na orientação das ações das crianças, na construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento. (RCNEI, 1998, v. 3. p. 117)

Transformações acontecem devido ao contato com o conhecimento, seja por meios

físicos, em que é possível tocar algo, ou por meio de observações comportamentais e

atitudinais. Na educação infantil, ao promover experiências significativas de aprendizagem

da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um

dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao

mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento

gradativo das capacidades associadas as quatro competências linguísticas básicas: falar,

escutar, ler e escrever." (RCNEI, 1998, v. 3, p. 119). Por meio das linguagens podemos

conversar e entender os ideais da outra pessoa. O Referencial Curricular nacional para

educação infantil, no volume 3, p. 122, (BRASIL, 1998), demonstra algumas observações

à cerca das linguagens: "A linguagem oral possibilita comunicar ideias, pensamentos e

intenções de diversas naturezas, influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais”.

A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que tenham tido muitas oportunidades na instituição de educação infantil de vivenciar experiências envolvendo a linguagem oral e escrita, pode-se esperar que as crianças participem de conversas, utilizando-se de diferentes recursos necessários ao diálogo; manuseiem materiais escritos, interessando-se por ler e por ouvir a leitura de histórias e experimentem escrever situações nas quais isso se faça necessário, como, por exemplo, marcar seu nome nos desenhos. (RCNEI, 1998, v.3, p.158)

3 CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO

A base do construtivismo proposta por Jean Piaget, Emília Ferreiro e seus

colaboradores, produziram uma teoria para melhor compreensão da condição pela qual

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as crianças aprendem a língua escrita (psicogênese da língua escrita), em que não

propuseram recomendações metodológicas, consentindo este assunto para a didática da

alfabetização. A prática do construtivismo conduziu os professores a tratar de obter

informações. Que para muitos gerou e gera distorções, pela necessidade de tempo de

estudo e reflexão, o que os docentes alegam, devido a necessidade de ter mais de uma

turma, e a falta de estrutura em ambientes escolares, não conseguem ter uma melhor

dedicação. Um livro não sendo utilizado, mas diversas fontes de informação, para que

haja uma melhor reflexão. (CARVALHO, 2013).

Na educação infantil, o lúdico permeia todas as atividades da criança. No instante em que está criando um desenho, toda sua imaginação está voltada para aquela ação. Muitas vezes, o ato de desenhar vem acompanhado por sons e movimentos corporais nos quais a criança integra suas percepções acerca daquela criação. (PONSO, 2011, p. 47)

De acordo com HAIDT (2000 p. 35) a teoria piagetiana é uma construção de

processo do conhecimento em que a inteligência e a aprendizagem estão articuladas e

correlatas. Estão vinculados aos processos de assimilação e acomodação e caminham

sempre na direção de uma equilibração progressiva, isto é, tendem para um

reajustamento ou reorganização, o que acarreta uma mudança no indivíduo.

O ser humano, durante o seu crescimento, passa por estágios sucessivos de desenvolvimento mental e, em cada estágio, apresenta estruturas mentais diferentes. Portanto, as crianças têm estruturas mentais diferentes das dos adultos. É por isso que Piaget diz que a criança é estruturalmente diferente do adulto. No entanto, a criança é funcionalmente idêntica ao adulto, pois ambos agem em função de necessidades e interesses, e a inteligência, tanto da criança como do adulto, cumpre uma função adaptativa. (HAIDT, 2000, p. 36).

Segundo Brito (2013 p. 17) a percepção dos sons faz parte do mundo em que

vivemos, o barulho dos pássaros cantarolando, as folhas das árvores balançando, os

carros e motos nas ruas, tudo isso são sons, que a combinação certa podemos

transformar em músicas. O som possui qualidades: altura, duração, intensidade, timbre e

densidade, por meio da audição fazemos uma leitura do mundo, traduzindo informações

audíveis em respectivos significados.

A música faz parte do nosso dia a dia, as crianças no ambiente escolar têm a

oportunidade de aprender por concepções diferentes, em que a utilização de temáticas

pedagógicas auxiliadas a aprendizagem da criança, se as crianças absorvem informações

do seu entorno, recursos que estimulem a curiosidade e interaja entre as diferentes

possibilidades.

Música não é melodia, ritmo ou harmonia, ainda que esses elementos estejam muito presentes na produção musical com a qual nos relacionamos cotidianamente. Música é também melodia, ritmo, harmonia, dentre outras possibilidades de organização do material sonoro. (BRITO, 2013, p.26).

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As variações musicais são extensas, se falando apenas do Brasil os estilos

musicais são ainda mais variados (samba, pagode, axé, forró, vaneirão)

[...] o samba ou o maracatu brasileiros, o blues e o jazz norte-americanos, a valsa, o rap, a sinfonia clássica européia, o canto gregoriano medieval, o canto dos monges budistas, a música concreta, a música aleatória, a música cultura infantil, entre muitos outras possibilidades - são expressões sonoras que refletem a consciência, o modo de perceber, pensar e sentir de indivíduos, comunidades, culturas, regiões em seu processo sócio-histórico. (BRITO, 2013, p.28)

Segundo BRITO (2013, p. 31) François Delalande agrupou as formas de atividade

lúdica infantil propostas por Jean Piaget em três dimensões presentes na música:

Jogo sensório-motor - vinculado à exploração do som e do gesto;

Jogo simbólico - vinculado ao valor expressivo e à significação mesma do

discurso musical;

Jogo com regras - vinculado à organização e à estruturação da linguagem

musical.

4 METODOLOGIA

O projeto foi desenvolvido em três (03) etapas:

ETAPA 1

Iniciamos com um diálogo para entendermos o nível dos conhecimentos prévios

dos alunos sobre sons, com perguntas sobre o tema música: O que é música? Para que

serve? Onde ela está? Após as respostas preparamos um “Momento Musical”, com os

alunos sentados em roda numa sala.

Professora: O que é música? (Figura 01)

Criança G.: Música é uma música que escuto! Lá em casa meu pai coloca um

monte de música.

Criança V.: Ahhhh! Eu sei! A música e a música da galinha pintadinha!

Professora: Escutem! Olhem pela janela o cantarolar dos pássaros, eles estão

cantando!

Criança G.: O pássaro cantar é música tia?

Professora: O cantarolar dos pássaros, as batidas nas garrafas (garrafas vazias de

amaciante), as palmas...são música. (Figura 02)

Criança A.: Tia, Pablo é música?

Professora: Sim, porque existe uma melodia, ou seja, sons de instrumentos

musicais, a voz do cantor, que juntas torna-se uma música.

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Figura 01 - Acolhida Figura 02 – O que é música?

Fonte: própria autora Fonte: própria autora

Aproveitando o momento de conversa, introduzimos imagens para percebermos as

reações. (Figuras 3 e 4)

Figura 03 – “Vapor de Cachoeira, 190 anos” Figura 04 – capa do livro “O Vaporzinho”

Fonte: Blog – jeito baiano Fonte: Blog – jeito baiana

Continuando com a roda de conversa, colocamos algumas músicas com sons de

estilos musicais variados (clássicas; canto de pássaros; barulho de água; músicas infantis

– rondas; parlenda; músicas de canções populares regionais), durante a audição das

músicas inicia-se questionamentos e hipóteses sobre o que eles escutaram.

Professora: Quais sons destes que vocês ouviram, conhecem?

Criança G.: O barulhinho da água.

Criança P.: Um apito de trem.

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ETAPA 2

Personificação de músicas utilizando movimentos corporais. As crianças foram

expostas a sons de instrumentos musicais, em que fora pedido que imitassem os

movimentos utilizando o próprio corpo. Após realização das imitações dos sons

instrumentais, as crianças foram apresentadas a trechos de músicas sobre canções

regionais brasileiras: “Congo da Maria Amada - MG”, “Nandaia – MT”, “Xique Xique – SE”

e “O vapor de cachoeira – BA”, todas as músicas interpretada pelo grupo musical Palavra

Cantada. As crianças devem se sentir à vontade para interpretar as músicas utilizando os

movimentos corporais ou orais. (Figura 5)

Figura 05 – Conversando sobre música

Fonte: própria autora

ETAPA 3

Interpretação por meio de história da música “O vapor de cachoeira – BA”, as

crianças foram apresentadas a história que originou a música, em que por meio de texto

científico (Anexo A) fora contada uma história ludicamente, e aproveitando, uma

interpretação da letra da música, em que eles reconheceram letras e palavras que já

conheciam, acontecendo o processo de alfabetização lúdica.

"VAPOR DE CACHOEIRA"

O vapor de cachoeira

Não navega mais pro mar.

Levanta a corda, bate o búzio,

Nós queremos navegar.

Ai, ai, ai, nós queremos navegar.

Minha mãe não quer

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Que eu vá lá na casa

Do meu amor.

Vou perguntar pra ela

Se ela nunca namorou.

Ai, ai, ai, se ela nunca namorou.

Eu não sei se corro pro campo

Ou se corro pra cidade.

Mas onde quer que eu vá

Vou cheinho de saudade.

Se eu escrevesse na água

Como escrevo na areia,

Escreveria seu nome

No sangue da minha veia.

Lá, iá, iá, nós queremos navegar

(Interpretada por Palavra Cantada)

Por meio de observação verificar se os alunos compreenderam os conteúdos e se

os objetivos foram alcançados. Os registros feitos pelas crianças, que serão as conversas

e desenhos, serão uma forma de avaliação. (Figura 06) Sendo de extrema importância a

valorização individual de cada aluno, com relação as capacidades cognitivas de

percepção de sons e movimentos.

Figura 06 - Desenhando o “Vapor de Cachoeira”

Fonte: própria autora

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CONCLUSÃO

O trabalho apresentado retratou a elaboração e execução de um Projeto Didático

na educação infantil realizado numa escola pública no bairro Santa Maria em Aracaju -

SE. Com plena participação das crianças em conjunto conosco, os questionamentos

foram executados, com discussões sobre hipóteses levantadas nas conversas, e

respostas encontradas.

Apesar do curto tempo de aplicação do projeto, foi perceptível que as crianças

aproveitaram as atividades de aprendizagem, sendo os nossos objetivos alcançados.

Deixando claro que, este projeto continuou sendo trabalhado pela professora da turma

que utilizou de métodos e questionamentos que as crianças levantaram durante nossa

passagem junto delas. Transformando assim os conteúdos culturais e musicais,

participativos dos desenvolvimentos das aulas e conciliada com temas essenciais para o

desenvolvimento intelectual.

Dentre tantas conversas e observações junto as crianças, pudemos perceber a

alegria delas entenderem a aprendizagem que o texto, as imagens, e as músicas

retrataram. Afloraram-se as percepções à cerda do imaginário criativo e a ludicidade, em

que elas puderam fazer a ligação da imaginação com relação a alfabetização de

letramento, e também a relação com a natureza e sociedade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - Conhecimento de mundo. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, v. 3, Conhecimento de Mundo. MEC/SEF, 1998 BRITO, T. A. Música na educação infantil - proposta para a formação integral da criança. São Paulo: Editora Petrópolis, 2013. CARVALHO, M. Alfabetizar e Letrar - um diálogo entre a teoria e a prática. 10. ed. -

Petrópolis, RJ : Editora Vozes, 2013. HAIDT, Regina. C. C. Curso de Didática Geral. 7. ed. - São Paulo, SP: Editora Ática, 2000. PONSO, Caroline Cao. Música em diálogo: ações interdisciplinares na educação infantil. 2. ed. - Porto Alegre, RS: Editora Sulina. 2008.

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REVISTA NOVA ESCOLA. O que é natureza e sociedade? Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/creche-pre-escola/natureza-sociedade-pre-escola-636865.shtml?page=1>. Acesso em: 25 ago. 2015. IBGE. Divisão Regional. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/default_div_int.shtm?c=1>. Acesso em: 16 nov. 2015. Vapor de Cachoeira, 190 anos. Jorginho Ramos, out. 2009. Disponível em: <https://jeitobaiano.wordpress.com/2009/10/04/vapor-de-cachoeira-190-anos/>. Acesso em: 06 set. 2015.

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ANEXO

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Anexo A - Vapor de Cachoeira 190 anos

Há 190 anos, exatamente em 4 de outubro de 1819, foi realizada a viagem inaugural do

Vapor de Cachoeira, uma revolução tecnológica para a época. Pela primeira vez na

América do Sul viajava-se sem a necessidade dos ventos para impulsionar as

embarcações.

A proeza foi uma conquista do Marechal de Campo Felisberto Caldeira Brant – mais tarde

agraciado com o título de Marquês de Barbacena –, o seu cunhado Pedro Rodrigues

Bandeira e Manoel Bento Guimarães. No ano anterior eles tinham recebido de Dom João

VI a carta régia que os autorizava a implantar como um “privilégio real” a navegação a

vapor. Receberam também a exclusividade na exploração do serviço de navegação na

costa da Bahia e em seus rios, por um prazo de 14 anos. Logo, mandaram vir da

Inglaterra uma máquina a vapor e adaptaram-na a uma embarcação que mandaram

construir no Estaleiro da Preguiça.

O jornal “A Idade d’Ouro do Brasil”, o primeiro a ser publicado em Salvador, defendia o

empreendimento afirmando que na Europa “já não mais se fabricam barcos de outra

espécie para a navegação dos rios”. E justificava: ”Os rios do Recôncavo desta cidade

são todos bordados de altos morros que abafam o vento às embarcações e lhes retarda a

viagem. A introdução, pois, dos barcos a vapor será aqui de incalculável proveito e,

segundo os avisos anteriormente feitos nesta folha, temos de ver esta introdução muito

brevemente”.

Na viagem inaugural entre Salvador e Cachoeira, ponto final de navegabilidade no Rio

Paraguaçu, o barco a vapor conduzia as principais autoridades e “pessoas gradas” como

o Conde da Ponte, então governador, os empreendedores, magistrados e outros

convidados. Saíram de Salvador às 11 da manhã, atravessaram a Baía de Todos os

Santos e entraram rio adentro, chegando às oito da noite à Vila de Cachoeira, então em

festas. Foi feita em nove horas uma viagem que durava às vezes até cinco dias.

Logo o Vapor de Cachoeira se incorporou à vida baiana, e não só pelo aspecto

econômico, com a redução do tempo de viagem entra a Cidade da Bahia e Cachoeira, na

época entreposto comercial. O Vapor de Cachoeira e outras embarcações, como os

saveiros, eram o principal meio de ligação entre o litoral e o sertão da Bahia. Além de

pessoas, transportavam principalmente mercadorias e notícias. Os produtos

manufaturados seguiam até Cachoeira e da lá eram levados em tropas de burros – e mais

tarde de trem – para abastecer o interior da Bahia. Na rota inversa trazia para a capital a

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produção dos engenhos de açúcar, de fumo, algodão e tudo mais que o sertão

produzisse.

A embarcação original foi destruída anos depois. Alguns dizem que, durante um temporal,

foi destroçada em Mont Serrat. Outros, que foi destruída em 1823 por soldados de

Madeira de Melo, durante a guerra pela Independência.

Certo mesmo é que a navegação a vapor foi interrompida durante muitos anos. Consta

que essa ausência originou os primeiros versos da célebre cantiga popular, como uma

ironia dos mestres saveiristas a realçar a excelência dos seus barcos a remo, em

contraponto ao barco a vapor. Tornou-se lendário, a inspirar artistas, namorados e

cantores nas muitas variações de sua quadrinha mais célebre:

“O Vapor de Cachoeira/ Não navega mais no mar/ Arriba o pano, toca o búzio/ Nós

queremos navegar”

É uma evidência de que o Vapor de Cachoeira já tinha sido incorporado à cultura popular

e entrado para o folclore. Anos depois, em 1836, a navegação a vapor na Bahia foi

reativada e ele renasceu para viver sua fase áurea até a década de 60 do século XX,

quando a navegação até Cachoeira foi extinta. Mas está presente até hoje na História do

Brasil, na literatura e, principalmente, eternizada na memória do povo.

O aniversário do Vapor de Cachoeira pode ser uma oportunidade não só para se discutir

a sua importância histórica e cultural, mas também para divulgar a ideia de que o turismo

histórico e sustentável pode ser mais uma opção econômica e social para o Recôncavo.

Esperemos que a Rota do Paraguaçu, trecho por onde o Vapor de Cachoeira circulou,

possa em breve vir a ser reconhecida pela Unesco como patrimônio da humanidade.