Pré Implantação do Sistema de Gestão Ambiental em uma indústria de beneficiamento de pescados....
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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI
INSTITUTO CATARINENSE DE PÓS-GRADUAÇÃO – ICPG
FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA – FUNIBER
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL
Avaliação Ambiental Inicial como subsídio para futura
implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em
uma indústria de beneficiamento de moluscos em Santa
Catarina: estudo de caso da Cooperativa de Maricultores de
Penha (COOPERMAPE)
Gabriela Garbinatto Chevarria
Florianópolis, Brasil
2011
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI
INSTITUTO CATARINENSE DE PÓS-GRADUAÇÃO – ICPG
FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA – FUNIBER
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL
Avaliação Ambiental Inicial como subsídio para futura
implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em
uma indústria de beneficiamento de moluscos em Santa
Catarina: Estudo de Caso da Cooperativa de Maricultores de
Penha (COOPERMAPE)
Gabriela Garbinatto Chevarria
Monografia apresentada como requisito parcial
para obtenção de título de Especialista em Gestão e
Auditoria Ambiental pelo Centro Universitário
Leonardo da Vinci.
Orientador: Dr. Gilberto Caetano Manzoni
Florianópolis, Brasil
2011
TERMO DE APROVAÇÃO
Avaliação Ambiental Inicial como subsídio para futura implantação de um Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) em uma indústria de beneficiamento de moluscos em Santa Catarina:
estudo de caso da Cooperativa de Maricultores de Penha (COOPERMAPE).
Gabriela Garbinatto Chevarria
Monografia submetida ao corpo docente do Programa de Especialização em Gestão e
Auditorias Ambientais do Instituto de Pós-graduação – ICPG da UNIASSELVI, fomentado
pela Fundação Universitária Iberoamericana - FUNIBER, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de
ESPECIALISTA EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL
Aprovada com revisões por banca coordenada pelos Professores (as) Dra. Naná
Minnini Medina, Msc. Andréia de Bem Machado e Msc. Érick Simões, com resultado
divulgado em 20 de maio de 2011.
______________________________
Dr. Gilberto Caetano Manzoni
Orientador
______________________________
Dra. Naná Minnini Medina
______________________________
Msc. Andréia de Bem Machado
______________________________
Msc. Érick Simões
É a verdade que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói
(Renato Russo)
i
RESUMO
As atividades de produção e consumo têm resultado em alterações ambientais preocupantes
levando a cobranças por parte da sociedade sobre os empreendimentos que não considerem os
impactos ambientais gerados em suas atividades. Neste contexto, as implementações de
sistemas de gestão ambiental (SGA) têm sido adotadas para controlar e minimizar os impactos
ambientais negativos decorrentes dos empreendimentos. Na atividade de maricultura não é
diferente, principalmente em Santa Catarina que é destaque nacional pela sua elevada
produção de moluscos. Este estudo teve como objetivo realizar uma avaliação ambiental
inicial na unidade de beneficiamento de moluscos da Cooperativa de Maricultores de Penha
(SC), uma vez que esta é uma etapa primordial para a implantação de um SGA. Para isso,
inicialmente foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os cooperados a fim de
verificar suas percepções em relação às questões ambientais da atividade de maricultura e à
própria cooperativa. Em seguida foram realizadas a caracterização da empresa, a descrição e o
mapeamento dos processos produtivos da unidade de beneficiamento, a identificação das
entradas e saídas dos processos e a avaliação dos aspectos e impactos ambientais identificados
em cada setor/atividade e sua correlação com a legislação ambiental aplicável.
Complementarmente, para uma análise quantitativa, foram coletados dados de consumo de
água, energia elétrica e de geração de resíduos dos mexilhões relacionando-os aos dados de
produção da cooperativa, elaborando assim, indicadores de desempenho ambiental para estes
parâmetros. Por fim, foram sugeridas medidas que possam trazer um melhor desempenho
ambiental em função dos aspectos ambientais identificados neste empreendimento. Entre os
resultados obtidos pode-se destacar: 1) os cooperados se mostraram favoráveis a implantação
do SGA na cooperativa; 2) a avaliação ambiental inicial apontou aspectos ambientais
prioritários na unidade, como os relacionados à falta de um plano de emergência para o risco
de incêndio, a disposição de parte dos resíduos sólidos e líquidos e o elevado consumo de
água e energia elétrica; e 3) os indicadores ambientais, para o período abordado, apresentaram
valores iguais a 0.024 m3/kg para água, 0.28 kWh/kg para eletricidade e 3,18 kg/kg para os
resíduos oriundos dos mexilhões.
Palavras-chave: Avaliação Ambiental Inicial, Maricultura, Gestão Ambiental.
ii
ABSTRACT
The activities of production and consumption have resulted in alarming environmental
changes leading to society holding responsible the enterprises that do not consider the
environmental impacts generated by their activities. In this context, the implementations of
environmental management systems (EMS) have been adopted to control and minimize the
negative environmental impacts of enterprises. In mariculture activity it is no different,
especially in Santa Catarina which is nationally renowned for its high production of mollusks.
This study aimed to perform an initial environmental evaluation in the processing unit of
shellfish of Cooperativa de Maricultores de Penha (SC), since this is an essential step for the
implementing an EMS in organizations. Therefore, initially semi-structured interviews were
conducted with the cooperative members in order to ascertain their perceptions regarding
environmental issues of mariculture activity and the cooperative itself. Next, in order to
characterize the companies, descriptions and mapping of the facility processes, identification
of inputs and outputs of processes, and evaluation of environmental aspects and impacts
identified in each sector / activity, correlating them with environmental legislation.
Additiinally, for a quantitative analysis, data were collected on water and electrical
consumption and waste generation of mussels linking them to data from the cooperative
production, producing environmental performance indicators. Finally, measures were
suggested that might bring a better environmental performance in relation to the
environmental aspects identified in this company. Among the results can be noted are: 1) The
cooperative members are in favor of the EMS in the cooperative, 2) The environmental
assessment reviews pointed out the environmental priorities of the unit (such as those related
to the lack of an emergency plan for fire risk, the disposal of part of the solid and liquid waste
and the high consumption of water and electricity) and 3) The values of environmental index
for the period covered were equal to 0.024 m3/kg for water, 0.28 kWh / kg for electricity and
3.18 kg / kg for waste from the mussels.
Keywords: Initial Environmental Evaluation, Mariculture, Environmental Management.
iii
SUMÁRIO
Resumo.................................................................................................................................. i
Abstract................................................................................................................................... ii
Sumário................................................................................................................................... iii
Lista de Figuras....................................................................................................................... v
Lista de Tabelas....................................................................................................................... viii
Lista de Abreviaturas.............................................................................................................. x
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 1
1.1 Contextualização e Justificativa................................................................................. 2
1.2 Objetivos.................................................................................................................... 5
1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................................... 5
1.2.2 Objetivos Específicos......................................................................................... 5
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 6
2.1 Desenvolvimento Sustentável.................................................................................... 6
2.2 Gestão Ambiental e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na empresa.................. 7
2.3 Normatização e Certificação do SGA........................................................................ 9
2.4 Avaliação Ambiental Inicial....................................................................................... 15
2.5 Indicadores de Desempenho Ambiental..................................................................... 17
3. METODOLOGIA............................................................................................................... 21
3.1 Área de Estudo............................................................................................................ 21
3.2 Procedimentos e Caracterização do Estudo................................................................ 21
3.3 Roteiro para elaboração da Avaliação Ambiental Inicial........................................... 22
3.4 Elaboração dos Indicadores de Desempenho Ambiental............................................ 25
3.5 Avaliação Ambiental Inicial da Coopermape............................................................. 27
4. ESTUDO DE CASO – Cooperativa de Maricultores de Penha.......................................... 28
4.1 Caracterização da Empresa......................................................................................... 28
4.2 Organograma da Empresa......................................................................................... 29
4.3 Caracterização dos Cooperados.................................................................................. 31
4.3.1 Perfil Social....................................................................................................... 31
4.3.2 Perfil Profissional.............................................................................................. 33
iv
4.3.3 Perfil Cooperativista.......................................................................................... 42
4.3.4 Percepção Ambiental........................................................................................ 44
4.4 Descrição do Processo Produtivo................................................................................ 49
4.4.1 Origem da Matéria Prima.................................................................................. 50
4.4.2 Recepção........................................................................................................... 52
4.4.3 Cozimento......................................................................................................... 53
4.4.4 Desconche......................................................................................................... 54
4.4.5 Embalagem........................................................................................................ 55
4.4.6 Armazenamento................................................................................................ 56
4.4.7 Expedição.......................................................................................................... 57
4.5 Processos Complementares......................................................................................... 57
4.5.1 Limpeza e Sanitização....................................................................................... 57
4.5.2 Gestão dos Resíduos Sólidos............................................................................ 58
4.5.3 Gestão das Águas Residuárias.......................................................................... 59
4.6 Identificação dos fluxos de entrada e saída dos processos......................................... 60
4.7 Avaliação dos Aspectos e Impactos Ambientais......................................................... 63
4.8 Indicadores de Desempenho Ambiental (IDAs)......................................................... 80
4.8.1 Avaliação dos IDAs propostos........................................................................... 83
4.8.1.1 Índice de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Água –
IDACA...............................................................................................................
83
4.8.1.2 Índice de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Energia
Elétrica – IDACEE.............................................................................................
84
4.8.1.3 Índice de Desempenho Ambiental referente à Geração de Resíduos da
Seleção (IDAGRS) e à Geração de Resíduos de Conchas (IDAGRC)..............
85
4.9 Proposições de Melhorias relacionadas aos Aspectos/Impactos Ambientais
Identificados......................................................................................................................
90
5. CONCLUSÃO.................................................................................................................... 92
5.1 Conclusões sobre os objetivos propostos.................................................................... 93
5.2 Considerações Finais................................................................................................... 95
5.3 Recomendações........................................................................................................... 96
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 97
ANEXOS.............................................................................................................................. 100
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Terreno desocupado, próximo à Coopermape, sendo utilizado para disposição de
resíduos, inclusive de conchas de mexilhões, sugerindo a presença de salgas (concorrência)
em área próxima........................................................................................................................ 4
Figura 2: Esquema ideal de uma empresa que respeita o meio ambiente............................... 8
Figura 3: Modelo ISO 14001 e suas correlações com as demais normas da série 14000....... 11
Figura 4: Modelo de sistema de gestão ambiental para norma ISO 14001............................. 11
Figura 5: Interdependência do SGA com os aspectos ambientais.......................................... 17
Figura 6: Modelo usado para identificação das entradas e saídas........................................... 22
Figura 7: Planilha de Avaliação Ambiental............................................................................ 23
Figura 8: Fotos da fachada da unidade de beneficiamento da Coopermape........................... 29
Figura 9: Organograma da Coopermape................................................................................. 29
Figura 10: Distribuição dos cooperados entrevistados por faixa etária.................................. 31
Figura 11: Naturalidade dos maricultores cooperados entrevistados...................................... 32
Figura 12: Nível de escolaridade dos maricultores cooperados entrevistados........................ 32
Figura 13: Ano de início da atividade de maricultura............................................................. 33
Figura 14: Porcentagem da renda familiar oriunda da maricultura, de cooperados que
atuam ou não em outra profissão e distribuição de atividades (profissões) exercidas além
da maricultura.......................................................................................................................... 34
Figura 15: Porcentagem das respostas para o número de membros familiares e de
ajudantes na atividade de maricultura..................................................................................... 35
Figura 16: Porcentagem de entrevistados que fazem venda direta ao consumidor e que
vendem o produto desconchado.............................................................................................. 39
Figura 17: Porcentagem de respostas dos entrevistados quanto ao nível de satisfação e de
confiança pela COOPERMAPE.............................................................................................. 43
Figura 18: Distribuição das respostas dos entrevistados com relação ao tipo de reclamação
recebida em função da atividade de maricultura..................................................................... 45
Figura 19: Distribuição das respostas dos entrevistados com relação ao conhecimento ou
não do SGA e quanto ao seu comprometimento caso o SGA fosse implementado na
Coopermape............................................................................................................................ 46
Figura 20: Fluxograma do processo de beneficiamento de mexilhões na unidade da
Coopermape............................................................................................................................ 49
vi
Figura 21: (A) Cordas com sementes de mariscos para “plantio”; (B) Long Line com
cordas de mexilhão em crescimento; (C) Seleção de mexilhões pelo maricultor utilizando
mesa gradeada; (D) Mexilhões selecionados acondicionados em caixa para transporte por
embarcação até a praia; (E) Transferência das caixas com mexilhões para o caminhão da
Coopermape............................................................................................................................
51
Figura 22: (A) Lavagem, (B) seleção e (C) transferência dos mexilhões do setor de
recepção ao de cozimento por óculo específico...................................................................... 52
Figura 23: Setor de cozimento – (A) Acondicionamento em cesto inox; (B) Cozimento na
cuba e (C) Choque térmico..................................................................................................... 53
Figura 24: (A) Tranferência dos mexilhões cozidos do setor de cozimento para a esteira
por óculo específico e (B) Manipulação para retirada das conchas e bisso do mexilhão e
(C) Pesagem............................................................................................................................ 54
Figura 25: (A) Caixas gradeadas na área externa onde vão sendo depositadas as conchas
enviadas pelo sistema da esteira da área do desconche e (B) colaborador do setor pesando
as caixas com conchas para controle antes de triturá-las........................................................ 55
Figura 26: Pesagem do produto na embalagem e produto embalado e rotulado na seladora
à vácuo.................................................................................................................................... 56
Figura 27: Mexilhões embalados acondicionados em pallets dentro da câmara fria.............. 56
Figura 28: Caminhão acoplado ao óculo da expedição da câmara de resfriamento e
colaborador colocando as caixas com produto e gelo no baú do caminhão............................ 57
Figura 29: Triturador de conchas e caçamba para disposição das conchas trituradas............ 58
Figura 30a: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos
setores / atividades da Coopermape: Recepção e Cozimento................................................. 60
Figura 30b: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos
setores / atividades da Coopermape: Desconche, Drenagem e Emgalagem......................... 61
Figura 30c: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos
setores / atividades da Coopermape: Armazenamento, Expedição, Limpeza (área interna)
e Área Externa (incluindo limpeza)........................................................................................ 62
Figura 30d: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos
setores/atividades da Coopermape: Administrativo e Ocupacional........................................ 63
Figura 31: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Recepção....................................... 64
Figura 32: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Cozimento..................................... 65
Figura 33: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Manipulação (desconche).............. 66
Figura 34: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Pesagem e Emabalagem................ 67
vii
Figura 35: Planilha de Avaliação Ambiental dos setores de Armazenamento e Expedição... 68
Figura 36: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de Limpeza e Higienização...... 69
Figura 37: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de Trituração e Limpeza (área
externa).................................................................................................................................... 70
Figura 38: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de apoio (Administração, S.IF
e Almoxarifado)...................................................................................................................... 71
Figura 39: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de apoio Ocupacional (banheiro,
vestiário e cozinha)................................................................................................................. 77
Figura 40: Evolução mensal do consumo de água (m3) e da produção de “carne” (kg) na
Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de 2010..........................................................
82
Figura 41: Evolução mensal do consumo de energia elétrica (kWh) e da produção de
“carne” (kg) na Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de 2010................................ 82
Figura 42: Evolução mensal em quilos da produção de “carne” e a geração de resíduos da
seleção e de conchas da manipulação na Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de
2010......................................................................................................................................... 82
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação dos indicadores de Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA)
conforme a ISO 14031............................................................................................................ 19
Tabela 2: Critérios e escala de valores para avaliação dos impactos ambientais.................... 23
Tabela 3: Critérios para priorização dos impactos ambientais a partir de sua classificação
de Significância....................................................................................................................... 25
Tabela 4: Membros do mandato atual (2009 – 2012) que formam o Conselho
Administrativo da Coopermape.............................................................................................. 30
Tabela 5: Número e porcentagem das respostas dos entrevistados quanto à sociedade na
atividade de maricultura e ao número de sócios...................................................................... 34
Tabela 6: Número e porcentagem das respostas dos 20 entrevistados quanto ao número de
meses, número de dias da semana e horas por dia dedicadas a atividade de maricultura, em
média....................................................................................................................................... 36
Tabela 7: Número e porcentagem das respostas dos 20 entrevistados quanto ao número de
áreas de cultivo e de linhas (long-lines) que utilizam e quanto à aquisição ou não de áreas
de terceiros.............................................................................................................................. 37
Tabela 8: Número e porcentagem das respostas dos 18 entrevistados que produziram
mexilhão quanto à quantidade de cordas de sementes plantadas em 2010............................. 39
Tabela 9: Número e porcentagem das citações realizadas pelos 20 entrevistados quanto às
dificuldades na atividade de maricultura................................................................................. 40
Tabela 10: Número e porcentagem das citações realizadas pelos 20 entrevistados quanto
às necessidades para evoluir na atividade de maricultura....................................................... 42
Tabela 11: Número e porcentagem das respostas dos 18 entrevistados que produziram
mexilhão quanto à porcentagem de sua produção que foi entregue a Coopermape e o
porquê deste valor................................................................................................................... 43
Tabela 12: Número e porcentagem das sugestões dadas pelos entrevistados quanto as
medidas que facilitariam o seu comprometimento com o SGA da Coopermape enquanto
fornecedor............................................................................................................................... 47
Tabela 13: Relação dos Aspectos e Impactos Ambientais classificados como Importantes
em função da sua classificação de Significância................................................................... 73
ix
Tabela 14: Relação dos Aspectos e Impactos Ambientais classificados como Significantes
em função da sua classificação de Significância..................................................................... 76
Tabela 15: Dados coletados mensais, total e média referentes a produção de mexilhão
desconchado (Kg), consumo de água (m3) e energia elétrica (kWh) e quantidade gerada de
resíduos da seleção e de conchas (Kg) entre setembro de 2009 e agosto de 2010 na
Coopermape............................................................................................................................ 80
Tabela 16: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental referentes ao
consumo de água (IDACA)..................................................................................................... 83
Tabela 17: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental referentes ao
consumo de energia elétrica (IDACEE).................................................................................. 85
Tabela 18: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental referentes à
geração de resíduos da seleção e da manipulação (conchas).................................................. 86
Tabela 19: Valores médios obtidos para o período dos indicadores de desempenho
ambiental na Coopermape....................................................................................................... 87
Tabela 20: Comparação entre os IDAs da Coopermape e os obtidos em empresas de
beneficiamento de pescados.................................................................................................... 88
x
LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADA - Avaliação do Desempenho Ambiental
AMAP – Associação dos Maricultores de Penha
CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento
CEMar – Centro Experimental de Maricultura
COOPERMAPE – Cooperativa de Maricultores de Penha
CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente
EMAS – Eco Management System
ETE - Estação de Tratamento de Efluentes
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
FAMASC – Federação das Associações de Maricultores de Santa Catarina
FUNIBER – Fundação Universitária Iberoamericana
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
ICA - Indicador de Condição Ambiental
IDA - Indicador de Desempenho Ambiental
IDACA - Indicador de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Água
IDACEE - Indicador de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Energia Elétrica
IDAGRS - Indicador de Desempenho Ambiental referente a Geração de Resíduos na Seleção
IDAGRC - Indicador de Desempenho Ambiental referente a Geração de Resíduos de Conchas
IDG - Indicador de Desempenho Gerencial
IDO - Indicador de Desempenho Operacional
ISO - International Organization for Standardization
MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura
SGA – Sistema de Gestão Ambiental
SIF – Serviço de Inspeção Federal
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí
1
1. INTRODUÇÃO
O aquecimento global e as mudanças climáticas têm sido os termos ambientais com
maior destaque na mídia ultimamente, enquanto que há tempos vimos surgir o termo
“desenvolvimento sustentável” como forma de promover o crescimento econômico aliado ao
bem estar social e a preservação do meio ambiente, de forma a evitar os possíveis colapsos
dos sistemas e recursos naturais do planeta, resultantes da degradação gerada por este
crescimento.
Além do aquecimento global, gerado pela emissão de poluentes atmosféricos como o
dióxido de carbônico (CO2), principalmente resultante da queima de combustíveis fósseis,
existem outros graves problemas ambientais globais que necessitam ser controlados e
mitigados, como: degradação e desertificação dos solos, contaminação e acidificação dos
recursos hídricos, degradação de ecossistemas e perda de biodiversidade, entre outros. Todos
estes problemas são gerados, principalmente, pela ação antrópica.
Estas conseqüências ambientais retornam como perda de qualidade de vida a
sociedade, assim como prejuízos econômicos tanto para sua recuperação quanto na saúde
pública. Em função destas evidentes perdas, encontros mundiais dos mais variados temas
ambientais vem sendo realizados regularmente entre líderes de diversos países, para que se
avance nas medidas corretivas e preventivas, aliando o desenvolvimento econômico com
responsabilidade social e ambiental. Também se pode destacar a maior preocupação e
consciência ambiental da população, a crescente quantidade de organizações não-
governamentais (ONG‟s) atuando em prol do respeito à legislação ambiental e a ampliação e
revisão desta legislação aplicada ao tema ambiental por parte do poder público.
Segundo o relatório “a economia dos ecossistemas e da biodiversidade”, divulgado
neste ano pela ONU, mais de 60% dos serviços naturais do mundo foram degradados nos
últimos 50 anos e a demanda por recursos naturais é 35% maior que a capacidade do planeta
de renovar estes recursos (RIBEIRO, 2010). Há ainda, conforme levantado pela mesma
autora, um estudo que estimou os custos e danos ambientais das 3 mil maiores empresas do
mundo na ordem de U$2,2 trilhões em 2008, sendo que se estas companhias tivessem que
pagar por este prejuízo gerado ao planeta teriam que desembolsar um terço do seu lucro, algo
em torno de 6% e 7% do volume de negócios. Mais da metade destes danos é referente a
2
emissão de gases causadores do efeito estufa e o restante relacionado a poluição do ar e do
uso de água nos processos produtivos.
Desta forma, as empresas têm se defrontado com um processo crescente de cobrança
para adotarem uma postura responsável e de comprometimento com o meio ambiente
(EMBRAPA, 2004) para manterem-se no atual mercado competitivo, uma vez que toda
empresa e/ou atividade possui uma repercussão ambiental, seja pela emissão de poluentes e
resíduos ou pelo consumo de matérias-primas e energia.
Com tantas pressões sobre as atividades produtivas de bens e serviços, o sistema de
gestão ambiental na empresa vem de encontro com as aspirações de um desenvolvimento
sustentável, já que a mesma assume sua responsabilidade para com o meio ambiente, pois
segundo DONNAIRE (1995), gestão ambiental é o conjunto de medidas e procedimentos bem
definidos e adequadamente aplicados que visam reduzir e controlar os impactos introduzidos
por um empreendimento sobre o meio ambiente.
1.1 Contextualização e Justificativa
A evolução da produção de moluscos em Santa Catarina é nacionalmente reconhecida,
passando de 190 toneladas em 1990 à 12.462 t em 2009 (EPAGRI, 2010), o equivalente a
6.559% de aumento na produção em 20 anos de desenvolvimento desta atividade. O
município de Penha, já foi o maior produtor de mexilhões, ocupando atualmente a 2ª posição
no “ranking”, com a produção de 1755 toneladas em 2009 (EPAGRI, 2010), sendo Palhoça o
maior produtor estadual atualmente com 5930 t.
No entanto, este incremento nas atividades de produção de moluscos no estado não
vem sendo acompanhado com políticas públicas e regulatórias para o setor a contento, pois
além de ser muito rápida e expressiva (a produção), e com fomento de instituições de pesquisa
e extensão, principalmente pelas Universidades Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Vale
do Itajaí (UNIVALI) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina S.A. (EPAGRI), é notória a morosidade do estado em função de sua burocracia para
resolução de problemas, sem contar a falta de planejamento e de medidas preventivas das
políticas públicas.
Além disso, conforme noticiado no Diário Catarinense (2008), Santa Catarina é um
estado também reconhecido nacionalmente pelo 2° pior índice em saneamento básico
3
refletindo na alteração da qualidade de água da região costeira. Por outro lado está em
andamento o projeto “Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves no Litoral de Santa
Catarina”, pioneiro no País, que é executado pela Epagri com recursos do Ministério da Pesca
e Aqüicultura (MPA) e da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento (FREITAS,
2010). Conforme descrito pela mesma autora, este projeto prevê análises microbiológicas de
água e de moluscos, de metais pesados, de parâmetros físico-químicos da água, além do
monitoramento das florações de algas nocivas e da presença de ficotoxinas nos moluscos
produzidos. No entanto, apenas os resultados das florações de algas tóxicas são divulgados
periodicamente.
Assim, o que se verifica atualmente de demandas a serem solucionadas em relação à
atividade de maricultura em Santa Catarina, são:
Ocupação de áreas costeiras, sem nenhum termo de cessão de uso por parte da União
(afinal, o mar é “território” da União);
Atividade de produção de moluscos em áreas de qualidade ambiental duvidosas;
Coleta de sementes (indivíduos jovens) nos costões de forma irregular/predatória e até
em épocas de defeso;
Beneficiamento (desconche) em ambientes inadequados, sem inspeção de qualidade;
Descarte inadequado dos resíduos das atividades produtivas no mar, e de
beneficiamento (em terrenos baldios ou áreas verdes), principalmente as conchas e/ou
fauna acompanhante (cracas, ascídeas, etc);
Conflito de usos dos espaços aquáticos;
Cabe ressaltar que, com exceção do termo de cessão de uso das áreas de cultivo, estas
demandas não são uma situação generalizada em SC, mas variam em intensidade em função
das localidades e das espécies cultivadas, sendo que as próprias instituições que vêem
fomentando esta atividade também procuram buscar soluções aos problemas que vêem
surgindo. No entanto, a fiscalização e apreensão de infratores nos costões, dos produtos
beneficiados de forma irregular, a cessão e fiscalização das áreas costeiras, inclusive com
relação à qualidade ambiental (se é propícia ou não atividade de maricultura) tem que vir do
papel do estado, para que sejam repreendidas de forma mais eficiente quando irregulares,
trazendo incentivo e confiança aos consumidores e aos produtores que agem dentro da
legalidade, além de maior controle sobre os recursos naturais. Ou seja, é função do estado
4
atuar na regulamentação e ordenamento da cadeia produtiva da maricultura, desde a etapa de
produção até o beneficiamento e comercialização.
Com relação a comercialização e beneficiamento, sabe-se que boa parte da produção
de moluscos do município de Penha, e até de Santa Catarina, é escoada na informalidade,
tanto no varejo (venda direta ao consumidor final), quanto no atacado (venda para
intermediários), sendo este último fornecido muitas vezes pelas as chamadas “salgas” que, em
sua maioria, beneficiam pescados sem as devidas licenças de operação e sem inspeção
sanitária, colocando em risco a qualidade do produto a ser oferecido ao mercado consumidor.
Além disso, as salgas não possuem uma gestão adequada dos resíduos resultantes do
beneficiamento, principalmente com relação às conchas, que tendem a ser depositadas em
terrenos desocupados (figura 1) causando impacto visual e mau odor para a vizinhança.
Figura 1: Terreno desocupado, próximo à Coopermape, sendo utilizado para disposição de resíduos,
inclusive de conchas de mexilhões, sugerindo a presença de salgas (concorrência) em área próxima.
Em função desta comercialização precária, começaram a ser construídas em 1997,
unidades de beneficiamento de moluscos com financiamento do Banco mundial através do
Programa de Execução Descentralizada (PED) com gerenciamento da Epagri (MANZONI,
2005).
A Cooperativa de Maricultores de Penha (COOPERMAPE), localizada no município
de Penha em Santa Catarina, é responsável pela administração de uma das unidades de
beneficiamento de moluscos entregues pelo PED, mas recebeu sua unidade inacabada, tendo
que realocar recursos do governo do estado e dos próprios cooperados para finalização da
obra. Após as adequações, o empreendimento começou a operar em 2000 tornando a ficar
5
inativo pelos cooperados em fevereiro de 2004 por problemas administrativos (MANZONI,
2005), reiniciando suas atividades de produção em maio de 2009, após a instalação do Serviço
de Inspeção Federal (SIF).
Neste sentido, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) aplicado a uma unidade de
beneficiamento de moluscos, que é o que se pretende com este estudo para a Cooperativa de
maricultores de Penha, é recomendável por vários aspectos, pois além de trazer benefícios
como: diminuição dos custos devido à maior eficiência dos processos e redução do
desperdício; menor risco de acidentes pelo amplo conhecimento dos processos, treinamentos e
auto-avaliações periódicas; melhor acesso ao capital de baixo custo; alcance ao mercado
consumidor exigente com o comprometimento ambiental; melhoria de imagem pública e de
relacionamento com a vizinhança (SPERDUTI, 2003); pode também exigir que seus
fornecedores e cooperados cumpram metas ambientais e/ou apresentem garantias sobre seu
desempenho ambiental, induzindo assim à sustentabilidade ambiental em toda cadeia
produtiva.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar os aspectos e impactos ambientais da unidade de beneficiamento de moluscos da
COOPERMAPE, com a finalidade de realizar uma avaliação ambiental inicial, etapa esta necessária
para uma futura implantação do Sistema de Gestão Ambiental.
1.1.2 Objetivos Específicos
Verificar a percepção dos maricultores, em relação às questões ambientais e à própria
cooperativa;
Descrever a estrutura da unidade de beneficiamento de moluscos da COOPERMAPE;
Identificar as principais entradas e saídas do processo produtivo de uma unidade de
beneficiamento de moluscos;
Analisar os principais impactos ambientais resultantes do processo de beneficiamento de
moluscos;
Verificar o atendimento à legislação ambiental pertinente;
Determinar indicadores de desempenho ambiental;
Propor melhorias com relação aos aspectos/impactos ambientais identificados.
6
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Desenvolvimento Sustentável
O desenvolvimento sempre foi sinônimo de crescimento econômico e aumento do
Produto Interno Bruto (PIB), principalmente ao classificar os países em desenvolvidos, em
desenvolvimento e subdesenvolvidos. Os países não desenvolvidos buscavam (e ainda
buscam) a industrialização para obter seu crescimento econômico e seu status internacional.
No entanto, em 1972 com o primeiro relatório do clube de Roma, intitulado Limites do
Crescimento começa-se a questionar o desenvolvimento infinito com recursos finitos. No fim
da década de 70, começam a surgir críticas quanto a este modelo de crescimento devido à
preocupante degradação ambiental resultante.
Somando-se a esta nova reflexão sobre o desenvolvimento, um contexto de crise
econômica, surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável que inclui a questão ambiental,
além da econômica e social no processo de desenvolvimento.
Este termo, desenvolvimento sustentável, foi estabelecido pela International Union for
the Conservation of Nature (IUCN), e é definido como: “um desenvolvimento que satisfaz as
necessidades atuais sem comprometer a capacidade de futuras gerações de satisfazer suas
próprias necessidades”. O Relatório Brundtland (1987) que foi apresentado pela Comissão
Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) como “Nosso Futuro Comum”
introduziu este conceito, afirmando ainda que o crescimento deve estar em consonância com o
caráter esgotável dos recursos do planeta.
A Primeira Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, simultaneamente à
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, foi até então a
maior reunião de dirigentes mundiais já organizada. Neste evento foram criados cinco
documentos, dentre eles destaca-se a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento que estabelece as bases para o desenvolvimento sustentável, ampliando
largamente este conceito e expondo-o as políticas socioeconômicas internacionais. Neste
documento, o desenvolvimento sustentável abrange fortes aspectos sociais, além de políticas
ambientais e de fomento da produção limpa, como: a erradicação da pobreza, a participação
dos cidadãos as questões ambientais, o acesso a informação, a participação de mulheres,
jovens, povos indígenas e comunidades locais na consecução do desenvolvimento sustentável.
7
Atualmente, pode-se afirmar que o desenvolvimento sustentável é um processo e não
uma meta, em busca da equidade e de uma melhor qualidade de vida com proteção do
ambiente, que inclui transformações econômicas, culturais e políticas; que requer modificação
nas linhas produtivas, de distribuição e de consumo, e superação do déficit social (FUNIBER,
2008).
2.2 Gestão Ambiental e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na empresa.
O termo gestão, segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa (FERREIRA,
1993), é o ato de gerir, gerenciar; administrar; e meio-ambiente é definido como o conjunto de
fatores físicos, químicos e biológicos que agem sobre um ser vivo ou uma comunidade
ecológica e podem determinar sua sobrevivência. Gerir o meio-ambiente então, de acordo
com estas definições, seria atuar de forma a manter o equilíbrio destes fatores ambientais,
garantindo assim a nossa própria sobrevivência.
Pode ser uma definição um tanto alarmista/catastrófica, mas como já comentado no
capítulo introdutório, não são poucos os problemas ambientais globais decorrentes do modelo
de produção e consumo adotados no último século. A solução para todos estes problemas
então, está na busca do desenvolvimento sustentável, que busca o crescimento econômico
aliado às responsabilidades social e ambiental. No entanto, esta responsabilidade não está
somente nas mãos do mundo coorporativo e do poder público, mas principalmente do
indivíduo, que deve ter esta consciência ambiental, praticá-la no seu cotidiano e exigir o
mesmo da sua rede social.
Segundo Sanches e Arruda (2008) o objetivo de uma empresa é atender as
necessidades dos seus consumidores, ou seja, o produto deve satisfazer o cliente, o preço deve
ser justo e acessível e o produto tem que oferecer uma boa condição de entrega, além disso, a
proteção ambiental vem se tornando uma necessidade dos clientes, e um fator decisivo na
hora de optar por uma empresa ou outra, sendo que o lucro não é o fim maior do seu trabalho
(empresa), mas sim a conseqüência de sua competência medida em números.
. Sob estas condições de pressão de mercado, e também dos órgãos reguladores e
fiscalizadores, das organizações não governamentais e até de financiadoras e seguradoras as
empresas têm procurado estabelecer formas de gestão com objetivos explícitos de controle da
poluição e de redução das taxas de efluentes, controlando e/ou minimizando os impactos
8
ambientais, como também otimizando o uso de recursos naturais – controle de uso da água,
energia, outros insumos, etc. sendo que uma das formas de gerenciamento ambiental de maior
adoção pelas empresas tem sido a implementação de um sistema de gestão ambiental,
segundo as normas internacionais Série ISO 14000, visando à obtenção de uma certificação
(EMBRAPA, 2004).
Mengels (2010) define gestão ambiental como o campo da atuação humana que busca
equilibrar a demanda por recursos naturais, energia e espaço físico com a capacidade do
ambiente, natural ou modificado, de fornecer ou propiciar ao ser humano o aproveitamento de
tais recursos de modo sustentável.
O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas empresas é de caráter voluntário e segundo a
ABNT NBR ISO 1400 (2004), o SGA é a parte de um sistema da gestão de uma organização utilizada
para desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais.
Desta forma o SGA implica na busca de um melhor desempenho ambiental da empresa além do
simples cumprimento das obrigações legais a ela impostas. A figura 2 apresenta um esquema ideal de
funcionamento de uma empresa comprometida com o meio ambiente, orientando os princípios de um
empreendimento ambientalmente correto.
Figura 2: Esquema ideal de uma empresa que respeita o meio ambiente.
Fonte: Adaptado de FUNIBER, 2008.
PROCESSO
PRODUTIVO
(máxima
segurança)
Emissões Atmosféricas
(Volume mínimo)
Efluentes
(mínimo e com tratamento)
Resíduos
(Vol. mínimo e não perigosos,
recicláveis ou valoráveis)
Produto
Máxima duração, mínimo de embalagem.
Mínimo impacto em fazer-se resíduo
reciclável ou valorizável
Energia
(baixo consumo)
Água
(consumo mínimo)
Matérias-Primas
(utilização de materiais
reciclados ou renováveis)
ENTRADAS SAÍDAS
9
2.3 Normatização e Certificação do SGA
Segundo definição da Confederação Nacional da Indústria (www.fiescnet.com.br),
uma norma ambiental internacional é a tentativa de homogeneizar conceitos, ordenar
atividades e criar padrões e procedimentos que sejam reconhecidos por aqueles que estejam
envolvidos com alguma atividade produtora que gere impactos ambientais. A adesão a estas
normas é voluntária e está aberta a todos os setores econômicos, incluindo serviços públicos e
privados.
O conjunto pioneiro de normas compondo um sistema de gestão ambiental foi lançado
em 1992, pela British Standard Institution – BSI, que criou a BS 7750 – aplicável às empresas
do Reino Unido.
Em 1995, neste mesmo sentido é criado o Sistema Comunitário de Ecogestão e
Auditoria (EMAS – Eco Management and Audit Scheme), disponibilizado para a participação
inicialmente restrita a empresas de setores industriais da Comunidade Européia. Em 2001, o
EMAS amplia sua atuação para todos os setores econômicos e se integra a norma EN/ISO
14000. Em 2010 entrou em vigor 3ª revisão do EMAS. O EMAS III é reforçado pela
introdução de indicadores ambientais essenciais, com o qual o desempenho ambiental pode
ser exaustivamente documentado e há a possibilidade de usar um registro coletivo único
diminuindo os encargos administrativos e financeiros em organizações locais com sede em
mais de um país (ECE, 2010).
A Organização Internacional de Padronização (ISO - International Organization for
Standardization) é uma organização não-governamental, constituída em fevereiro de 1947,
em Genebra, Suíça, com o objetivo principal de criar normas internacionais que são
elaboradas por vários comitês técnicos (TCs), compostos por especialistas dos diversos
países-membros (ISO, 2009), sendo a norma Série ISO 9000 – Sistema de Gestão da
Qualidade a mais famosa e difundida internacionalmente. A partir da “ECO-92” no Rio de
Janeiro tem-se a criação de um grupo especial para estudar a elaboração de normas de gestão
ambiental, com o intuito de serem internacionalmente reconhecidas, sendo instalado em 1993
o Comitê Técnico 207 – Gestão Ambiental (ISO/TC-207) da qual a Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT participa como membro com direito a voto (sendo também a única
10
representante da ISO no Brasil) e em 1996 ocorre a primeira publicação das normas da família
ISO 14000 – Sistema de Gestão Ambiental.
Segundo a ABNT NBR ISO 14001:2004
As normas de gestão ambiental têm por objetivo prover as
organizações de elementos de um sistema da gestão ambiental (SGA)
eficaz que possam ser integrados a outros requisitos da gestão, e
auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos. Não se
pretende que estas Normas, tais como outras Normas, sejam utilizadas
para criar barreiras comerciais não-tarifárias, nem para ampliar ou
alterar as obrigações legais de uma organização.
Segundo EMBRAPA (2004), a NBR ISO 14000 é um conjunto de normas técnicas
que fornecem ferramentas e estabelecem um padrão de Sistema de Gestão Ambiental,
abrangendo seis áreas bem definidas: Sistemas de Gestão Ambiental (Série ISO 14001 e
14004), Auditorias Ambientais (ISO 19011 - substituindo a série ISO 14010, 14011, 14012),
Rotulagem Ambiental (Série ISO 14020, 14021, 14024 e 14025), Avaliação de Desempenho
Ambiental (Série ISO 14031 e 14032), Avaliação do Ciclo de Vida de Produto (Série ISO
14040, 14041, 14042 e 14043) e Termos e Definições (Série ISO 14050).
Sobre a série ISO que lida com sistemas de gestão ambiental, a norma ISO 14001
descreve os requisitos do sistema da gestão ambiental de uma organização que podem ser
utilizados para certificação/registro ambiental e/ou uma autodeclaração do SGA de uma
organização e a ISO 14004 fornece orientações sobre os elementos de um sistema de gestão
ambiental e sua implementação, e discute as principais questões envolvidas (ISO, 2009).
As normas da série ISO 14000 são autônomas, podendo ser implementadas de modo
isolado, porém há uma expectativa de que os melhores resultados venham a ser obtidos na
medida em que as normas sejam usadas de modo articulado, como pode ser observado na
figura 3 em relação a implantação e manutenção de um SGA com base na ISO 14001 e ISO
14004 (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2004).
11
PLAN
DOCHECK
ACTION
ISO
14
00
1 e
IS
O 1
40
04
Sis
tem
a d
e G
ere
nc
iam
en
to A
mb
ien
tal
Série ISO 14040
Análise do Ciclo de Vida
ISO 14062
Design
Descrição
do desempenho
ambiental dos
Produtos.
Priorização
dos aspectos
ambientais
Integração dos
aspectos
ambientais no
projeto e
desenvolvimento
Melhoria do
desempenho
ambiental
dos produtos.
Série 14020
Selos e declarações
ambientais
Série 14063
Comunicações
Ambientais
Comunicação
do
desempenho
ambiental
Informações
sobre aspectos
ambientais dos
Produtos.
Comunicação do
desempenho
ambiental.
Série 14030
Avaliação do desempenho
ambiental
Série 19011
Auditorias do sistema de
gerenciamento
ambiental
Monitoração
do
desempenho
ambiental
Descrição do
desempenho
ambiental.
Informações sobre o
Desempenho do sistema
de gerenciamento
ambiental.
PLAN
DOCHECK
ACTION
ISO
14
00
1 e
IS
O 1
40
04
Sis
tem
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tal
Série ISO 14040
Análise do Ciclo de Vida
ISO 14062
Design
Descrição
do desempenho
ambiental dos
Produtos.
Priorização
dos aspectos
ambientais
Integração dos
aspectos
ambientais no
projeto e
desenvolvimento
Melhoria do
desempenho
ambiental
dos produtos.
Série 14020
Selos e declarações
ambientais
Série 14063
Comunicações
Ambientais
Comunicação
do
desempenho
ambiental
Informações
sobre aspectos
ambientais dos
Produtos.
Comunicação do
desempenho
ambiental.
Série 14030
Avaliação do desempenho
ambiental
Série 19011
Auditorias do sistema de
gerenciamento
ambiental
Monitoração
do
desempenho
ambiental
Descrição do
desempenho
ambiental.
Informações sobre o
Desempenho do sistema
de gerenciamento
ambiental.
Figura 3: Modelo ISO 14001 e suas correlações com as demais normas da série 14000.
Fonte: BARBIERI e CAJAZEIRA, 2004
A norma ISO 14001, assim como a ISO 9001, foi baseada na metodologia conhecida
como Plan – Do – Check - Act (PDCA) / (Planejar–Executar–Verificar–Agir), de forma a
compatibilizar a implementação dos dois sistemas e de garantir a melhoria contínua, na qual a
organização compromete-se a analisar e avaliar seu sistema periodicamente, para identificar
oportunidades de melhoria e implementá-las (ABNT NBR ISSO 14001:2004), como pode ser
observado na figura 3.
Figura 4: Modelo de sistema de gestão ambiental para norma ISO 14001. Fonte: ABNT, 2004.
Melhoria Contínua
Análise pela
Administração
Política Ambiental
Planejamento
Implementação e
Operação
Verificação
12
Desta forma, segundo o capítulo 4 da norma ABNT NBR 14001:2004, os seguintes
requisitos devem ser considerados em um SGA:
I. Política Ambiental: é a carta de compromisso da empresa definida pela alta
administração, contendo declarações de princípios e de intenções, fixando objetivos e
metas a serem cumpridos, os programas ambientais que serão aplicados, assegurando
ainda o comprometimento com a melhoria contínua, com a prevenção da poluição, o
atendimento aos requisitos legais e outros aplicáveis, devendo ser documentada,
implementada, mantida e comunicada.
II. Planejamento:
II. 1. Aspectos Ambientais: a empresa deve identificar os aspectos ambientais dos seus
produtos, atividades e serviços e determinar aqueles que podem ter impactos mais
significativos ao meio ambiente, devendo documentá-los e assegurando que sejam
tratados prioritariamente pelo sistema de gestão ambiental da organização.
II. 2. Requisitos legais e outros: a organização necessita identificar e ter acesso aos
requisitos legais que são aplicáveis aos seus aspectos ambientais e outros requisitos a
que ela subscreve, assegurando que estes serão levados em consideração no
estabelecimento, implementação e manutenção de seu SGA.
II. 3. Objetivos, metas e programa(s): é necessário estabelecer objetivos e metas
específicas e, sempre que possível, mensuráveis, considerando questões de curto e de
longo prazo, em consonância com sua política, os aspectos e impactos ambientais
significativos, as opiniões das partes interessadas e outros fatores pertinentes. Os
programas devem descrever como os objetivos e metas da organização serão
atingidos, incluindo-se cronogramas, recursos necessários e pessoal responsável pela
implementação do(s) programa(s).
III. Implementação e Operação:
III. 1. Recursos, funções, responsabilidades e autoridades: a alta administração deve
designar seu(s) representante(s) específico(s), com responsabilidade e autoridade
definidas para a implementação do sistema da gestão ambiental comunicando a todos,
assim como assegurar os recursos apropriados, tais como infra-estrutura
13
organizacional para garantir que o sistema da gestão ambiental seja estabelecido,
implementado e mantido.
III. 2. Competência, treinamento e conscientização: a organização deve assegurar que
seus funcionários são treinados e capazes de realizar as tarefas a que foram
designados, e que estão conscientes da política ambiental, do sistema da gestão
ambiental e dos aspectos e impactos ambientais das atividades, produtos e serviços da
organização que possam ser afetados pelo seu trabalho.
III. 3. Comunicação: é necessário estabelecer processos eficazes de comunicação
interna e externa, sendo importante implementar um procedimento para receber,
documentar e responder às comunicações relevantes das partes interessadas, referentes
aos aspectos e impactos ambientais e ao próprio SGA da organização.
III. 4. Documentação: é recomendado que o nível de detalhamento da documentação
seja suficiente para descrever os elementos principais do sistema da gestão ambiental e
sua interação, fornecendo orientação sobre fontes de informação mais detalhadas sobre
o funcionamento de partes específicas do sistema da gestão ambiental.
III. 5. Controle de documentos: é necessário manter o controle dos documentos
requeridos pelo SGA e por esta norma, garantindo sua identificação e atualização.
III. 6. Controle operacional: significa que a empresa deve identificar, planejar e
gerenciar suas operações e atividades mais relevantes frente às diretrizes de sua
política ambiental assegurando seu cumprimento, assim como de seus objetivos e
metas, ou seja, garantindo seu desempenho ambiental.
III. 7. Preparação e respostas a emergências: a organização deve ser responsável por
identificar as potenciais situações de emergências e de acidentes que possam ter
impacto sobre o meio ambiente e desenvolver procedimentos para prevenir e
responder a estas situações.
IV. Verificação:
IV. 1. Monitoramento e medição: monitorar os aspectos ambientais significativos,
assegurando seu desempenho para atingir os objetivos e metas estabelecidos para o
período estipulado. As informações obtidas podem ser usadas na implementação de
medidas corretivas e preventivas.
14
IV. 2. Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros: é necessário conduzir
avaliações periódicas para o cumprimento dos requisitos legais e outros subscritos
pela organização.
IV. 3. Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva: consiste em identificar
desvios dos padrões estabelecidos e suas causas potenciais, corrigi-los e criar
procedimentos que evitem sua reincidência.
IV. 4. Controle de registros: manter e gerenciar os registros das atividades do SGA.
IV. 5. Auditoria interna: verificar, periodicamente, com imparcialidade e objetividade,
a conformidade do SGA com os arranjos planejados, incluindo as etapas de
implantação e sua manutenção, assim como o cumprimento dos requisitos da norma,
informando os resultados à administração.
V. Análise pela administração: consiste em análises críticas pela administração,
avaliando, periodicamente, oportunidades de melhoria e a necessidade de alterações
no SGA, inclusive da política ambiental e dos objetivos e metas ambientais,
assegurando sua continuada adequação, pertinência e eficácia, ou seja, executando o
processo de melhoria contínua do SGA.
Comprovando-se a eficácia do SGA e o cumprimento dos requisitos estabelecidos na
norma ISO 14.001:2004 através de auditoria externa realizada por um organismo de
certificação credenciado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial) na área de Sistemas de Gestão Ambiental, é concedido à empresa a
certificação ambiental, e mediante o pagamento das taxas correspondentes, um número de
registro e a permissão para uso do logotipo do órgão certificador credenciado. A manutenção
da certificação ambiental de conformidade com a Norma ISO 14001 é garantida através de
auditorias anuais que são baseadas nas auditorias internas da empresa, desde que não existam
atas de infração da norma ambiental (FUNIBER, 2008).
Segundo a ABNT (www.abnt.org.br):
Certificar um Sistema de Gestão Ambiental significa comprovar junto
ao mercado e a sociedade que a organização adota um conjunto de
práticas destinadas a minimizar impactos que imponham riscos à
preservação da biodiversidade, contribuindo assim com o equilíbrio
ambiental e a qualidade de vida da população, além de
as organizações obterem um considerável diferencial competitivo
fortalecendo sua ação no mercado.
15
2.4 Avaliação Ambiental Inicial
Um empreendimento pode implantar um SGA, sem solicitar sua certificação e/ou
formalização frente às normas do tema. Independentemente do caso, é imprescindível que se
faça uma avaliação ambiental inicial que consiste em uma revisão que permita identificar em
que nível a organização se encontra em relação às questões ambientais, neste caso, podendo
contemplar os requisitos 4.3.1 e 4.3.2 da Norma ISO 14001 referente aos aspectos ambientais
e aos requisitos legais e outros, respectivamente, inseridos na fase de planejamento.
Segundo os requisitos gerais expostos no Anexo A da ABNT NBR ISO 14001:2004 e
no item 4.1.4 da ABNT NBR ISO 14004:2005 que trata da Análise Ambiental Inicial:
Recomenda-se que uma organização que não tenha um sistema da gestão ambiental
estabeleça inicialmente sua situação presente em relação ao meio ambiente por meio de
uma análise. O objetivo desta análise deve ser considerar todos os aspectos ambientais da
organização, como uma base para estabelecer seu sistema da gestão ambiental.
Recomenda-se que a análise cubra quatro áreas principais:
identificação de aspectos ambientais, incluindo aqueles associados às condições normais
de operação e condições anormais, incluindo partida e parada, situações de emergência e
acidentes
identificação de requisitos legais aplicáveis e outros subscritos pela organização;
exame de todas as práticas e procedimentos da gestão ambiental existentes, incluindo
aqueles associados com as atividades de aquisição e de contratação de serviços;
avaliação de situações de emergência e acidentes anteriores.
A análise pode ser conduzida utilizando-se listas de verificação, fluxogramas de processo,
entrevistas, inspeção direta e medição passada e presente, resultados de auditorias anteriores
ou outras análises, dependendo da natureza das atividades. Recomenda-se que os resultados
das análises sejam documentados, de forma a poderem contribuir na definição do escopo e no
estabelecimento e aprimoramento do SGA da organização, incluindo sua política ambiental.
Aspectos ambientais, segundo definição da referida norma, são elementos das
atividades ou produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio
ambiente, sendo considerados significativos aqueles que têm ou podem ter um impacto
ambiental significativo. Impacto ambiental, por sua vez, é definido como qualquer
modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos
aspectos ambientais da organização.
16
Segundo a Resolução CONAMA n.º 001/86, impacto ambiental é definido como:
...qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a
segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e
econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais.
Para VITERBO Jr (1998), os aspectos ambientais podem ser classificados em dois
grandes grupos:
a) os que possuem relação direta com a legislação e regulamentos aplicáveis,
como o lançamento de efluentes líquidos, emissões para atmosfera, ruídos, etc; e
b) os “não regulamentados”, como os consumos de água, energia e
combustíveis fósseis, liberação de CO2, disposição de resíduos não perigosos (lixo comum),
entre outros.
Assim, após a identificação dos aspectos ambientais e seus impactos associados, é
necessário realizar uma avaliação da relevância dos mesmos, determinando então, quais os
aspectos e/ou impactos ambientais são significativos, e em que condições eles ocorrem ou
podem ocorrer (condições normais, anormais ou de emergência), podendo ainda considerar
não só os aspectos ambientais que a organização pode controlar diretamente, mas também os
aspectos que ela possa influenciar.
Um aspecto gerador de impacto ambiental que esteja infringindo uma legislação é
automaticamente considerado como significativo e prioritário como objetivo e meta a ser
atingida, como a emissão de efluentes líquidos fora dos padrões legais, por exemplo.
Ademais, cabe a organização definir os critérios que serão utilizados para avaliar a
significância de seus aspectos ambientais, no entanto a ABNT NBR ISO 14004, recomenda
que a organização considere os seguintes critérios:
critérios ambientais (tais como escala, severidade e duração do impacto, ou
tamanho e freqüência de um aspecto ambiental);
requisitos legais aplicáveis (tais como limites de emissão e lançamentos em
autorizações ou regulamentos etc.); e
17
as preocupações das partes interessadas, internas e externas (tais como aquelas
relacionadas aos valores da organização, sua imagem pública, ruído, odor ou
degradação visual).
Para VITERBO Jr (1998), a identificação dos aspectos ambientais e os impactos
decorrentes é o requisito mais importante de toda norma, pois todos os demais (requisitos)
têm relação de interdependência com ele, como pode ser observado na figura 5, uma vez que:
a política deve ser adequada aos aspectos, a legislação deve ser estudada à luz dos aspectos,
os objetivos e metas advêm dos impactos (originados dos aspectos) e o treinamento, a
conscientização e o controle operacional são estabelecidos em função dos aspectos.
Figura 5: Interdependência do SGA com os aspectos ambientais.
Fonte: VITERBO Jr (1998, p.83)
2.5 Indicadores de Desempenho Ambiental
Como abordado por FIESP/CIESP (2003):
Diferentes indicadores têm sido formulados para qualificar e/ou
quantificar a situação das mais diversas áreas de interesse humano,
tais como na saúde (índice de natalidade), educação (índice de
analfabetismo), economia (renda per capita), sociologia (índice de
desenvolvimento humano) e no meio ambiente (qualidade do ar).
Estes indicadores não espelham a qualidade dos temas em sua
totalidade, mas indiretamente servem de referência para abordá-los e
tratá-los em seus aspectos mais sensíveis.
,
Avaliação dos Aspectos Ambientais
Treinamento e
Conscientização
Objetivos
e Metas
Controle
Operacional
Legislação Ambiental
Política
Ambiental
18
Segundo a norma ABNT NBR ISO 14031:2004 apud GAMBOA (2005) desempenho
ambiental é definido como “resultados do gerenciamento ambiental dos aspectos ambientais
de uma organização” e Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA) como “um processo que
visa facilitar decisões gerenciais sobre o desempenho ambiental de uma organização por meio
da seleção de indicadores, coleta e análise de dados, avaliação de informações de acordo com
critérios de desempenho ambiental, divulgação, revisão e aperfeiçoamento desse processo”.
Para MORAES et al. (2003) apud OLIVEIRA et al (2005), a comparação da
utilização dos recursos com os produtos elaborados e resíduos devolvidos ao meio ambiente
de um período para o outro é um grande indicador da política da empresa na adoção de
processos que otimizem o consumo dos recursos, reaproveitamento, reciclagem e tratamento
dos resíduos e a utilização de recursos alternativos que evitem poluir o meio ambiente. Neste
contexto, os indicadores ambientais permitem avaliar, comparativamente, o desempenho
ambiental de uma organização com os diferentes aspectos ambientais, como consumo de
água, de energia elétrica e a geração de resíduos (FIRJAN, 2008).
Desta forma, os indicadores de desempenho ambiental devem ser formulados
considerando os diversos aspectos da relação de dependência e interferência entre a
organização e o meio ambiente (FIESP/CIESP, 2003) e segundo FIRJAN (2008) devem
apresentar as seguintes características:
Ser simples, de fácil interpretação e capazes de demonstrar tendências;
Ser relevantes em termos das questões e dos valores ambientais;
Devem facilitar o entendimento dos SGAs implementados;
Ter uma base científica;
Considerar as dificuldades de monitoramento (tempo, tecnologia, custos); e
Proporcionar bases sólidas para comparações e tomadas de decisão
Assim, a implementação da ADA é pautada no uso de indicadores, que conforme a
NBR ISO 14031, são classificados em duas categorias: ICA – Indicador de Condição
Ambiental e IDA – Indicador de Desempenhos Ambiental.
O ICA fornece informações sobre a qualidade do meio ambiente onde se localiza a
empresa, sob forma de resultados de medições efetuadas de acordo com os padrões e regras
19
ambientais estabelecidos pelas normas e dispositivos legais (índices de qualidade do ar e da
água, por exemplo).
O IDA analisa a eficiência da empresa em relação a seus principais aspectos
ambientais, sendo também classificados em dois tipos: IDO – Indicador de Desempenho
Operacional que proporciona informações relacionadas as operações do processo produtivo da
empresa (entradas e saídas de materiais, fornecimento de insumos, etc.) e o IDG – Indicador
de Desempenho de Gestão que fornecem informações dos resultados dos esforços de gestão
da empresa (atendimento aos requisitos legais, treinamentos, etc.).
Tabela 1: Classificação dos indicadores de Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA) conforme a
ISO 14031.
Categoria Tipo Aspecto Ambiental Exemplo
Indicador de
Desempenho
Ambiental
(IDA)
Indicador de
Desempenho
Operacional
(IDO)
Consumo de
energia
- Consumo total de energia por
ano ou por unidade do produto
Consumo de matéria
prima
- Quantidade de materiais para
embalagens (Kg) por ano ou por
unidade produzida
Indicador de
Desempenho
de Gestão
(IDG)
Consumo de
materiais
- Materiais usados / produto
- % de materiais usados
provenientes da reciclagem
Gestão da
conformidade
ambiental
- Nº certificações obtidas
- Grau de atendimento a
regulamentos
Indicador de
Condição Ambiental
(ICA)
Índice de qualidade de água; Índice de qualidade do ar
Fonte: Adaptado de FIESP/CIESP (2003)
20
Assim, considerando o que foi abordado até então, pode-se afirmar que as relações
entre o homem e a natureza, principalmente as atividades de produção e consumo, não tem se
mostrado equilibradas ao longo dos tempos, levando a maiores preocupações da sociedade
como um todo na busca de melhores estratégias para esta harmonização com o meio, sendo o
processo de desenvolvimento sustentável uma abordagem internacionalmente reconhecida.
Com o intuito de realizar uma avaliação ambiental inicial em uma cooperativa de
beneficiamento de mexilhões, foram apontados alguns aspectos da cadeia produtiva de
mexilhões em Santa Catarina e abordados os temas referentes aos sistemas de gestão
ambiental nas organizações com ênfase as normas da série ISO 14000 que possuem a maior
aceitação em todo mundo (STAPLETON e GLOVER, 2001), além de proporcionarem um
contínuo melhoramento do desempenho ambiental das empresas.
No entanto, um dos fatores que limitam a implementação e certificação dos SGAs nas
empresas, principalmente as nacionais de pequeno porte, do setor primário e que atendem
somente ao mercado interno (EMBRAPA, 2004; SILVA Fº, et al, 2008) são os altos custos e
a necessidade de pessoal disponível e capacitado para tal (BRAUNS, 2007; MILES, et al,
apud ZAMBRANO e MARTINS, 2007).
Independente do método aplicado, os aspectos ambientais das empresas devem ser
considerados na administração das mesmas, assim como os aspectos financeiros e
organizacionais, por exemplo, refletindo na responsabilidade ambiental em toda a cadeia
produtiva até o consumidor final. Isto deve ser levado em conta, principalmente se
considerarmos que no Brasil grande parte das empresas formais na indústria, comércio e
serviços, são formadas por empresas de pequeno porte (representavam 99% em 2006)
tornando o impacto ambiental gerado por estas, coletivamente, significativo (SEBRAE, 2006
apud ZAMBRANO e MARTINS, 2007), e é o que se pretende com este estudo para a
COOPERMAPE.
21
3. METODOLOGIA
3.1 Área de Estudo
Este trabalho foi realizado no município de Penha, localizado no litoral centro-norte de
Santa Catarina, onde está situada a Cooperativa de maricultores de Penha (COOPERMAPE).
O local foi escolhido como apropriado para o estudo, uma vez que a maricultura é
destaque na estrutura sócio-econômica local. Além disso, a proposta recebeu o apoio dos
dirigentes da COOPERMAPE e da UNIVALI, na pessoa do Dr. Gilberto Caetano Manzoni
que coordena o Centro Experimental de Maricultura (CEMar) e presta assistência técnica a
este empreendimento.
3.2 Procedimentos e Caracterização do Estudo
Para atingir os objetivos propostos foram realizadas as seguintes atividades:
Revisão bibliográfica sobre o tema em artigos, livros, teses, dissertações,
monografias e material disponibilizado na internet, para obter uma melhor compreensão
do objeto de estudo e fundamentar a teoria metodológica para realização do processo de
avaliação dos aspectos e impactos ambientais da Coopermape;
Com auxílio de uma lista de presença usada em Assembléias da Coopermape,
contendo a relação de nomes de cooperados aptos a votar, foram realizadas entrevistas
semi-estruturadas (anexo 1) com 23 dos 37 cooperados relacionados, excluindo-se
aqueles que não estavam produzindo mexilhão desde 2009 e/ou que não tinham
interesse em fornecer mexilhões para Coopermape. As entrevistas tinham como objetivo
traçar o perfil dos cooperados ativos, analisar sua percepção ambiental quanto à
produção de moluscos e verificar sua aceitação quanto a uma possível implantação do
SGA na Coopermape, uma vez que os cooperados são fornecedores de matéria-prima,
sócios do empreendimento e podem vir a fazer parte do Conselho Administrativo da
mesma no futuro.
22
Visitas técnicas à Cooperativa para observação dos processos produtivos,
realização de entrevistas semi-estruturadas aos colaboradores, diretores da
Coopermape e vizinhos e obtenção de documentos, realizando assim a coleta de dados
para elaboração da Avaliação Ambiental Inicial e dos indicadores de desempenho
ambiental deste empreendimento;
Levantamento da legislação aplicável à Coopermape com relação aos quesitos
ambientais para verificar seu atendimento ou não.
Desta forma, esta pesquisa envolve o levantamento bibliográfico, coleta de dados
qualitativos e quantitativos em campo e realização de entrevistas com algumas das partes
interessadas e pode se caracterizar como um estudo de caso, pois conforme Gil (apud SILVA
e MENEZES, 2001), é quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
3.3 Roteiro para a elaboração da Avaliação Ambiental Inicial
Após as visitas técnicas e com base no Programa de Autocontrole da Coopermape foi
realizada a descrição dos processos produtivos, seguida pela confecção de um fluxograma de
todo processo produtivo para se ter uma ampla visualização do mesmo, pois segundo
HENKELS (2002), esta atividade objetiva conhecer as etapas do processamento do produto e
preparar a próxima atividade que é o estudo das entradas e saídas.
Posteriormente, foram elaborados fluxogramas (figura 6) identificando as entradas
(matéria-prima, insumos, etc.) e as saídas (produto final, resíduos, etc.) de cada setor e/ou
processo facilitando a identificação dos aspectos ambientais e o destino dado aos aspectos
identificados, uma vez que o desenvolvimento dos fluxogramas é a base para a identificação
dos aspectos e fornecem informações sobre as saídas de poluentes, as suas fontes geradoras e
o seu destino final (HENKELS, 2002), assim como informações das entradas e seus
consequentes usos de recursos naturais.
Figura 6: Modelo usado para identificação das entradas e saídas.
ENTRADAS
Setor /
Atividade
(Processo)
SAÍDAS Destino Final
23
Após a identificação dos aspectos e seus respectivos impactos ambientais, estes foram
avaliados de acordo com critérios valoráveis através do preenchimento de uma planilha de
avaliação ambiental (Figura 7). A planilha foi construída com base no método referenciado
em FIESP (2007), sofrendo algumas adaptações, onde as 4 primeiras colunas (atividade,
aspecto, destino e impacto) são preenchidas com os dados obtidos no mapeamento das
entradas e saídas (fluxogramas) elaboradas para cada setor/atividade da empresa.
Figura 7: Planilha de Avaliação Ambiental.
Nas colunas referentes à Avaliação, foram adotados os critérios: situação,
frequência/probabilidade, severidade, escala e detecção, para valorar os aspectos e impactos
ambientais seguindo uma escala de valores (1, 2 ou 3). Estes critérios são semelhantes aos
utilizados em outros estudos (HENKELS, 2002; Vandenbrada apud MATTAR, 2009) e a
descrição detalhada encontra-se na tabela 2 abaixo.
Tabela 2: Critérios e escala de valores para avaliação dos impactos ambientais.
SITUAÇÃO
Classificação
quanto às
condições de
operação.
NORMAL (N)
O impacto ambiental
ocorre ou pode
ocorrer em condições
esperadas de
produtividade.
ANORMAL (A)
O impacto ambiental
ocorre ou pode
ocorrer em condições
de falha, baixa e/ou
alta produção.
EMERGÊNCIA (E)
O impacto ambiental
ocorre ou pode
ocorrer em condições
de emergência ou em
função de um
acidente.
Planilha de Avaliação Ambiental n°
Setor: Avaliador: Data:
Avaliação Priorização
Atividade Aspecto Destino Impacto S
itua
ção
Fre
qüên
cia
/
Pro
ba
bab
ilid
ad
e
Se
ve
rid
ad
e
Esca
la
De
tecção
Re
su
lta
do
Leg
isla
çã
o
Sig
nific
ân
cia
24
FREQUÊNCIA / PROBABILIDADE
Grau 1 2 3
Freqüência ou
probabilidade de
vezes que um
impacto ocorre ou
pode ocorrer.
BAIXA
A ocorrência ou
probabilidade de
ocorrência do
impacto ambiental é
esporádica / anual.
MÉDIA
A ocorrência ou
probabilidade de
ocorrência do
impacto ambiental é
intermitente / mensal.
ALTA
A ocorrência ou
probabilidade de
ocorrência do
impacto ambiental é
constante / diária ou
semanal.
SEVERIDADE
Grau 1 2 3
Criticidade do
impacto em
relação ao meio
ambiente.
SEM DANO
Causa danos
ambientais mínimos
ou imperceptíveis.
LEVE
Causa danos
ambientais reversíveis
ou contornáveis e/ou
ameaça a saúde dos
seres humanos
externos à empresa.
SEVERO
Causa danos
ambientais
irreversíveis, críticos
ou de difícil reversão
e/ou põem em perigo
a vida a dos seres
humanos externos à
empresa.
ESCALA
Grau 1 2 3
Tamanho da área
geográfica afetada
pelo impacto.
ISOLADA
Restrita aos limites da
propriedade da
empresa.
LIMITADA
Alastra-se para além
dos limites da
empresa, mas limita-
se à região de
vizinhança.
AMPLA
Alastra-se para
fronteiras amplas e
desconhecidas.
DETECÇÃO
Grau 1 2 3
Tempo e método
de detecção do
impacto ambiental
FÁCIL
O impacto ambiental
(real ou potencial)
pode ser detectado
com facilidade e
rapidez.
MODERADO
O impacto ambiental
(real ou potencial)
pode ser detectado em
um período razoável
de tempo.
DIFÍCIL
O impacto ambiental
(real ou potencial) é
dificilmente
detectado.
25
As últimas três colunas da Planilha de Avaliação Ambiental estão relacionadas a
priorização dos aspectos ambientais e seus respectivos impactos. A significância é
classificada como desprezível (D), significante (S) ou importante (I) de acordo com o
resultado da pontuação obtida com a valoração dos critérios, onde “Resultado” é igual ao
produto da multiplicação dos valores atribuídos a cada critério (Resultado = Freqüência x
Severidade x Escala x Detecção) e conforme o atendimento (S) ou não (S!) à legislação
aplicada ao aspecto/impacto em questão, como pode ser observado na tabela 3 a seguir.
Tabela 3: Critérios para priorização dos impactos ambientais a partir de sua classificação de
Significância.
SIGNIFICÂNCIA
Grau Desprezível (D) Significante (S) Importante (I)
Valor do Resultado
(R = F x S x E x D) 0 - 6 8 - 16
Igual ou acima de 18
pontos
Legislação
NÃO (N)
Não existe uma
legislação
aplicável.
SIM (S)
Existe uma legislação
aplicável e esta sendo
atendida.
SIM (S!)
Existe uma legislação
aplicável e não esta
sendo atendida.
Desta forma, para se efetivar a priorização dos impactos ambientais identificados de
acordo com seu grau de significância, foi realizado um levantamento da legislação ambiental
aplicável com relação aos aspectos identificados.
3.4 Elaboração dos Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA)
Para elaboração dos IDAs foram coletados dados mensais das entradas e saídas que
possuíam registro de controle permanente, como as entradas de mexilhão in natura e as saídas
na forma de resíduos da atividade de seleção (mexilhões pequenos, quebrados e fauna
acompanhante.) e de conchas geradas na atividade de manipulação (desconche). Também
foram coletados dados mensais de consumo de água e energia elétrica pela sua facilidade de
obtenção.
Os indicadores de desempenho ambiental (IDA) foram determinados através das
seguintes fórmulas referenciadas em FERREIRA apud MATTAR (2009) e PEREIRA
(2008):
26
IDACA – Índice de desempenho ambiental referente ao consumo de Água
IDACA (m3/Kg) =
IDACEE – Índice de desempenho ambiental referente ao consumo de Energia Elétrica
IDACEE (KWh/Kg) =
IDAGRS - Índice de desempenho ambiental referente à Geração de Resíduos da Seleção
IDAGRS (Kg/Kg) =
IDAGRC - Índice de desempenho ambiental referente à Geração de Resíduos de Conchas
IDAGRC (Kg/Kg) =
Os indicadores ambientais foram determinados para que se possa avaliar no futuro o
desempenho ambiental da Coopermape com relação ao seu consumo de água, energia elétrica
e geração de resíduos do processamento do mexilhão por quantidade de “carne” produzida
(mexilhão desconchado, também chamado de carne) e também para efeitos comparativos com
outros estudos.
Quantidade de água consumida (m3/mês)
Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês)
Quantidade de energia elétrica consumida (KWh/mês)
Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês)
Quantidade de resíduo de concha gerado (Kg/mês)
Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês)
Quantidade de resíduo da seleção gerado (Kg/mês)
Quantidade de mexilhão produzido (Kg/mês)
27
3.5 Avaliação Ambiental Inicial da Coopermape
A descrição de todas as etapas realizadas para o desenvolvimento deste trabalho os
resultados e a discussão esta exposta no capítulo 4 - Estudo de Caso: Cooperativa de
Maricultores de Penha - e pode ser caracterizado como um documento contendo a Avaliação
Ambiental Inicial da Coopermape, uma vez que neste são apresentados: a caracterização da
empresa e dos cooperados, a descrição do processo produtivo, a identificação das entradas e
saídas dos setores/atividades da cooperativa, a identificação, avaliação e priorização dos
aspectos e impactos ambientais dos setores/ atividades e levantamento da legislação aplicável,
a elaboração dos indicadores de desempenho ambiental e a proposição de medidas que podem
mitigar e/ou melhorar o desempenho ambiental da Coopermape.
28
4. ESTUDO DE CASO: Cooperativa de Maricultores de Penha
4.1 Caracterização da Empresa
A Cooperativa de Maricultores de Penha – COOPERMAPE – foi fundada no ano 2000
e tem por objetivo a defesa econômica e social dos seus cooperados, sendo o beneficiamento e
comercialização dos moluscos provenientes da atividade de mitilicultura (cultivo de
mexilhões) dos maricultores cooperados sua principal atividade.
A unidade de beneficiamento (figura 8), assim como a sede administrativa da
Coopermape, localizada na rua Lourival de Souza, nº 1700, Loteamento Fernanda - Bairro
Armação do Itapocoroy, município de Penha em Santa Catarina (Brasil), foi construída
através do Programa de Execução Descentralizada (PED) com financiamento do Banco
Mundial em 1997. No entanto, em 2008 com apoio financeiro e de técnicos contratados pela
Federação das Associações de Maricultores de Santa Catarina (FAMASC) e através de um
convênio firmado em março do mesmo ano entre o Estado de Santa Catarina, através da
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional (Itajaí) e a AMAP (Associação de
Maricultores de Penha), com interveniência da Prefeitura Municipal de Penha (SC) para
disponibilizar recursos financeiros, foi possível a readequação da unidade de beneficiamento
para instalação do SIF.
Atualmente, a Cooperativa ocupa uma área total de 174.645 m2, sendo divida em 2
prédios principais: uma edificação de aproximadamente 10 m2 com os setores administrativo,
sala do SIF e de apoio aos colaboradores (2 vestiários, 2 banheiros e 1 refeitório) e uma
edificação de aproximadamente 150 m2 para o setor produtivo, fabricação de gelo, câmara
fria e almoxarifado.
A Coopermape retomou suas atividades produtivas em maio de 2009, ainda na fase de
teste operacional e organização estrutural, após a instalação do SIF sob n° 3389 para
comercialização de mexilhão desconchado resfriado. Efetivamente, a Coopermape iniciou
suas atividades produtivas com funcionamento diário em novembro de 2009.
No dia 06 de setembro de 2010 a Coopermape obteve aprovação do SIF para seu
rótulo n° 2 que consiste na produção de mexilhão meia concha resfriado, no entanto este
processo ainda não entrou em operação até a data desta publicação. Desta forma, o único
produto até então comercializado pela Coopermape é o mexilhão desconchado resfriado, que
abastece principalmente alguns restaurantes e algumas indústrias de beneficiamento de
29
Conselho Administrativo e
Fiscal
SIFGerente
Produção
Colaboradores
Responsável Técnico
Gerente Administrativo
pescados da região ao entorno, como na cidade de Itajaí (SC), que por sua vez revendem o
produto congelado. O produto da Coopermape só é vendido para o consumidor final em feiras
que ela participa ou quando procurado na própria fábrica (e se há no estoque).
O faturamento no primeiro ano de atividade da Coopermape (setembro/2009 a
agosto/2010) foi de R$ 246.237,94 com a produção e comercialização de 40.626 quilos de
mexilhões desconchados resfriados.
Figura 8: Fotos da fachada da unidade de beneficiamento da Coopermape
4.2 Organograma
Figura 9: Organograma da Coopermape.
30
A estrutura organizacional da Coopermape, como compete a toda cooperativa, conta
com um Conselho Administrativo (tabela 4) formado por sete membros, a saber: Diretor
Presidente, Diretor Administrativo, Diretor Financeiro e 4 Diretores Conselheiros; e um
Conselho Fiscal constituído por 3 membros efetivos e suplentes, com a função de fiscalizar as
atividades e operações da coopertaiva. Os membros que formam os Conselhos são eleitos em
Assembléia Geral e cumprem um mandato de 3 anos.
Tabela 4 : Membros do mandato atual (2009 – 2012) que formam o Conselho Administrativa da
Copermape
Conselho Administrativo
Diretor Presidente Hermínio de Souza
Diretor Financeiro Antônio Sérgio Dias
Diretor Administrativo David Santos Stolfa
Diretores Conselheiros
Gilberto Caetano Manzoni
Pedro da Silva
José Manoel Modolon
Eduardo Wojciechowski Junior
O Serviço de Inspeção Federal (SIF) atua na inspeção de qualidade de todo o processo
produtivo auxiliando assim no planejamento e controle do mesmo. O gerente de produção é
responsável por verificar a adequação de todo o processo produtivo desde a recepeção até a
expedição, assim como de todo pessoal que trabalha neste prédio, incluindo os responsáveis
pela limpeza, produção de gelo, almoxarifado e destinação de resíduos com as normas do SIF,
elaborando relatórios de controle. O Gerente de Admistrativo é responsável pelo
departamento pessoal, compras, vendas e contabilidade e o Responsável Técnico é o
profissional responsável em apresentar soluções aos entraves produtivos assim como por
checar os controles de qualidade.
Os demais colaboradores realizam atividades no setor de produção e estão divididos
em: 14 manipuladoras que trabalham no desconche, 1 “cozinheiro”, 3 auxliares gerais
(recepção, gelo, resíduos), 1 motorista e 1 encarregado pelo almoxarifado e embalagem.
31
4.3 Caracterização dos Cooperados
A Coopermape conta com 60 maricultores cooperados cadastrados, entretanto apenas 37
destes estão aptos a fornecer mexilhões para beneficiamento, por estarem em dia com as
obrigações estabelecidas no estatuto da cooperativa como a quitação de débitos para aquisição
de cotas-partes. Entre estes 37 foi verificado que 8 cooperados não tem atuado na atividade de
maricultura atualmente e 6 cooperados atuam na atividade mas não têm interesse de fornecer
mexilhão para cooperativa, pois realizam o beneficiamento em suas residências ou empresa
(salgas) ou estão ligados à estas como fornecedores. Portanto, foram identificados 23
cooperados que fornecem ou apresentam interesse em fornecer mexilhões a Coopermape e
dentre estes, 20 foram entrevistados com o intuito de verificar a percepção destes maricultores
com relação a algumas questões ambientais e à própria cooperativa. Dos 3 cooperados
faltantes, dois possuem sociedade e seus sócios foram entrevistados, e ainda, 2 destes
cooperados não apresentavam bom estado de saúde para conceder a entrevista.
4.3.1. Perfil Social
Dos 20 sócio-cooperados entrevistados no município de Penha foi verificado que a
idade média é de 46 anos, e que 50% estão distribuídos nesta faixa de idade (entre 41 e 50
anos), como mostra a figura 10, sendo que o indivíduo mais novo e o mais idoso apresentaram
idade de 29 e 67 anos, respectivamente.
Figura 10: Distribuição dos cooperados entrevistados por faixa etária.
A grande maioria dos entrevistados (17) é casada e 15 possuem filhos. Com relação à
naturalidade, como pode se observar na figura 11, 47% dos cooperados são do próprio
5%
30%
50%
15% 20-30 anos
31-40 anos
41-50 anos
acima 50
anos
32
município de Penha, 32% são de outras cidades de Santa Catarina, enquanto 21% são naturais
de outros estados (16% do Paraná e 5% do Rio Grande do Sul).
Figura 11: Naturalidade dos maricultores cooperados entrevistados.
Com relação ao nível de escolaridade (figura 12), 45% dos entrevistados afirmaram ter
concluído o ensino médio, 35% o ensino fundamental, 5% o ensino superior e 5% a pós-
graduação. Apenas 10% dos entrevistados não concluíram o ensino fundamental. Delong
(2005), em entrevistas realizadas com maricultores de Penha, verificou que 53% dos
entrevistados possuíam o ensino fundamental incompleto, enquanto que Cunha (2006), em
estudo semelhante na mesma região, chegou ao índice de 39,04%. Desta forma pode-se
concluir que os maricultores sócio-cooperados apresentam um maior nível de escolaridade
que os demais, ou ampliaram seu tempo de estudo de 2005 a 2010.
Figura 12: Nível de escolaridade dos maricultores cooperados entrevistados.
47%
32%
16%
5%Penha
outras
cidades SC
PR
RS
10%
35%
45%
5%5%
Ens.Fundamental incompleto
Ens.Fundamental
Ens. Médio
Ens. Superior
Pós Graduação
33
4.3.2 Perfil Profissional
Dentre os 20 entrevistados, 12 (60%) iniciaram na mitilicultura no início dos anos 90,
6 (30%) entre os anos de 1996 e 2000 e apenas 1 após o ano 2000, mais precisamente em
2002 (figura 13). Neste sentido, pode-se concluir que estes já estão na atividade de produção
de moluscos há bastante tempo. Além disso, 20% se dedicam exclusivamente à esta atividade
e 80% atuam também em outras profissões, sendo que 7 cooperados (43%) atuam na pesca, 3
(19%) possuem outro empreendimento, 2 (13%) trabalham em Macaé como marinheiro de
convés e 4 (25%) atuam em outras atividades (motorista, zelador, professor e administrador).
Quanto à porcentagem da renda familiar que é proveniente da atividade de maricultura
(figura 14), apenas 2 (10%) entrevistados consideraram ser um renda complementar entre 10 e
30% do total da renda familiar. Desta forma, 80% dos entrevistados declararam que obtêm no
mínimo 50% de sua renda familiar na atividade de maricultura, sendo que destes, 5
entrevistados (25%) informaram que 100% de sua renda é oriunda desta atividade.
Cunha (2006) verificou que 60,6% dos produtores entrevistados em Penha não
possuíam outras ocupações ou fonte de renda - situação bem diferente da atual com relação
aos maricultores cooperados - e que dos 39,4% que informaram possuir outra ocupação,
38,46% tinham a pesca como atividade complementar ao cultivo, neste caso resultado
semelhante ao encontrado atualmente.
Figura 13: Ano de início da atividade de maricultura.
0
2
4
6
8
10
12
14
1990-1995 1996-2000 2001-2005
Ano
N°
Co
op
era
do
s
34
Figura 14: Porcentagem da renda familiar oriunda da maricultura, de cooperados que atuam ou
não em outra profissão e distribuição de atividades (profissões) exercidas além da maricultura.
Conforme apresentado na tabela 5, 11 entrevistados informaram não trabalhar em
sociedade, enquanto 9 informaram que sim, e destes, 5 possuem 1 sócio e 4 possuem 2 sócios.
Tabela 5: Número e porcentagem das respostas dos entrevistados quanto
à sociedade na atividade de maricultura e ao número de sócios.
Possui sociedade Nº entrevistados Porcentagem
sim 9 45%
não 11 55%
N° de sócios
1 5 55,6%
2 4 44,4%
Tem outra profissão?
80%
20%
sim não
Qual outra profissão?
43%
19%
13%
25%
pescador
comércio / empresa
marinheiro de convés
outras
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
10%
30%
50%
70%
80%
90%
100%
%
Renda
% Entrevistados
Familiar
35
Com relação à capacitação, 15 entrevistados informaram ter realizado cursos
promovidos principalmente pela Epagri e/ou Univali. Dos 5 entrevistados que não realizaram
curso de capacitação na área, 2 informaram que os filhos fizeram.
No que se refere a participação familiar na atividade de maricultura, apenas 3
entrevistados (15%) informaram não haver participação de algum membro familiar na
atividade de maricultura, e os demais apresentaram de 1 membro (30%) à 5 membros
familiares (10%) auxiliando na atividade (figura 15). Com relação à contratação de auxiliares,
todos entrevistados afirmaram necessitar de mão de obra extra nos períodos de plantio e
colheita, sendo que alguns possuem auxiliares permanentes ao longo do ano. 60% dos
entrevistados informaram contratar entre 2 e 3 ajudantes, 20% até 4 ajudantes, 10% até 6, 5%
1 e 5% 5 ajudantes.
Figura 15: Porcentagem das respostas para o número de membros familiares e de ajudantes na
atividade de maricultura
Com relação ao tempo médio que se dedicam ao cultivo, conforme pode se observar
com maiores detalhes na tabela 6, 95% dos entrevistados se dedicam à maricultura todos os
meses do ano, 30% ocupam 4 dias da semana a esta atividade e 50% dos entrevistados
trabalham de 5 a 6 horas por dia nesta atividade.
N° ajudantes
20%
30% 30%
5%
5%
10%
1 2 3 4 5 6
c
Nº familiares que participam na
maricultura
15%
30%
25%
10%
10%
10%
nenhum 1 2 3 4 5
36
Tabela 6: Número e porcentagem das respostas dos 20 entrevistados quanto ao número de
meses, número de dias da semana e horas por dia dedicadas a atividade de maricultura,
em média.
Nº meses Nº entrevistados Porcentagem
6 meses 1 5%
12 meses 19 95%
N° dias na semana
2 dias 2 10%
3 dias 5 25%
4 dias 6 30%
5 dias 2 10%
6 dias 5 25%
Horas por dia
3h 1 5%
5-6h 10 50%
7-8h 5 25%
10-11h 4 20%
No que se refere ao tipo de equipamentos utilizados na atividade produtiva, todos os
vinte entrevistados afirmaram que possuem barco, sendo que 60% possuem até duas
embarcações, geralmente uma com motor de popa e uma “batera” à remo (barco pequeno),
utilizada para chegar na outra embarcação que fica ancorada na praia, e os maricultores que
também tiram da pesca seu sustento informaram ter no mínimo uma embarcação com motor
de centro. A utilização de balsas de manejo foi mencionada por 90% dos entrevistados e todos
afirmaram possuir algum equipamento para ajudar na seleção de tamanho do mexilhão na
balsa como mesa gradeada, tela de ferro ou máquina selecionadora.
Com relação a área de cultivo, todos entrevistados informaram que possuem o Termo
de Ajustamento de Conduta (TAC) concedido pelo IBAMA em 2005 através da Instrução
Normativa n° 107/2006 (renovação da TAC por 2 anos) para a sua área de cultivo original.
Apesar de 55% dos entrevistados afirmarem que possuem apenas uma área de cultivo, 45%
produzem mexilhões em mais de uma área, sendo que 30% informaram ter adquirido
(comprou, trocou e/ou ocupou) área de outros maricultores que atualmente não estão atuando
na atividade, além dos que utilizam áreas que estão em nome de familiares.
MANZONI (2005) verificou em seu estudo realizado na mesma região, que 11 de 45
maricultores entrevistados haviam comprado áreas de cultivo de outros maricultores em
37
Penha e destaca que esta é uma prática ilegal, pois conforme o Decreto nº 4895/2003 o
maricultor com a cessão do uso da área, quando desiste da atividade, deve comunicar ao MPA
(antigo SEAP/PR), retirar as estruturas da água e devolver este espaço marinho formalmente à
União, ou seja, a área é inegociável. Além disso, o comprador da área não conseguirá a
documentação de legalização da mesma, já que a cessão de uso do espaço aquícola estará em
nome do “vendedor” da área.
No entanto, cabe destacar que atualmente todos maricultores estão irregulares, uma
vez não houve renovação de prazo para as TACs concedidas, sendo esta uma situação que
envolve todos maricultores de Santa Catarina.
O número de linhas de cultivo (Long Lines) por sua vez, foi muito variável por
entrevistado, como pode se observar na tabela 7, sendo o mínimo de 4 e o máximo de 36 long
lines disponíveis para a produção de moluscos por sócio-cooperado.
Tabela 7: Número e porcentagem das respostas dos 20 entrevistados quanto ao número de
áreas de cultivo e de linhas (Long Lines) que utilizam e quanto a aquisição ou não de áreas de
terceiros.
Nº áreas de cultivo Nº entrevistados Porcentagem
1 área 11 55%
2 áreas 4 20%
3 áreas 4 20%
4 áreas 1 5%
Adquiriu área de terceiros
Sim 6 30%
Não 14 70%
N° de linhas de cultivo
(Long Lines)
4 1 5%
5 1 5%
6 2 10%
7 3 15%
9 2 10%
10 1 5%
12 3 15%
13 2 10%
16 1 5%
22 1 5%
23 1 5%
24 1 5%
33 1 5%
36 1 5%
38
Quando perguntados sobre as espécies que cultivam, 17 entrevistados (85%)
informaram que só cultivam mexilhão, 1 (5%) informou que cultiva mexilhão e ostra, mas
pretende parar com a produção de ostra e 2 (10%) informaram que não cultivam mexilhão,
somente ostras e vieiras. Quanto à obtenção de sementes (indivíduos jovens) para iniciar o
cultivo (plantio), 89% dos 18 entrevistados que cultivam mexilhão informaram que obtém
suas sementes nos bancos naturais, coletando diretamente nos costões ou comprando de quem
realiza esta coleta, além de praticarem o repique (replantio de indivíduos que não atingiram o
tamanho comercial na hora da colheita), sendo que 45% destes, também utilizam coletores
(estruturas flutuantes para captação de sementes) e 2 entrevistados (11%) informaram obter
sementes de mexilhão somente através de coletores.
Cabe ressaltar, que a maioria dos entrevistados que informaram não usar coletores, não
o fazem afirmando que em sua área a semente não pega, sendo que ainda foi comentado que
isto pode ser consequência das manchas de óleo geradas pela limpeza de porão de
embarcações de pesca industrial que ancoram na região, principalmente nos dias de mau
tempo (entrada de frentes frias oceânicas, por exemplo).
No que se refere a capacidade de produção, ou plantio como se referem os
maricultores, pode se perceber uma diferença entre as quantidades de mexilhões “plantadas”
pelos entrevistados, como mostra a tabela 8, onde a menor quantidade plantada foi de 500
cordas e a maior foi de 8000 cordas, sendo que a maioria (33,3%) plantou entre 1500 e 1700
cordas de sementes de mexilhões em 2010. Como comentado por um maricultor, “hoje
poderíamos classificar o maricultor em artesanal e industrial”, fazendo referência à
diferenciação entre as classes de pescadores, sendo que o artesanal seria aquele que possui
uma área que por sua vez comportaria até dez linhas (Long Lines) e o industrial seria aquele
correspondente ao entrevistado que plantou 8000 cordas, por exemplo, distribuídas em 4 áreas
com nove linhas cada. Além disso, os dois entrevistados que afirmaram não ter realizado o
plantio em 2010, não o fizeram pela falta de licença de semente, e como fazem parte do
conselho administrativo da AMAP e Coopermape, consideraram esta uma atitude exemplar
para os demais.
39
Tabela 8: Número e porcentagem das respostas dos 18 entrevistados que produziram
mexilhão quanto à quantidade de cordas de sementes plantadas em 2010.
Quantidade “plantada” em 2010 Nº entrevistados %
não plantou 2 11,1%
500 a 750 cordas 3 16,7%
1500 a 1700 cordas 6 33,3%
2000 a 2500 cordas 3 16,7%
3250 cordas 1 5,6%
5000 cordas 2 11,1%
8000 cordas 1 5,6%
Total 18 100%
Quanto à comercialização (figura 16), 75% dos sócios cooperados entrevistados
informaram que realizam a venda direta ao consumidor final (varejo) com preços, do produto
in natura, que variam entre R$1,50 a 2,50 por quilo e 25% somente realiza a venda em grande
quantidade (atacado) a um preço médio de R$ 1,10 por quilo, sendo a Coopermape o “cliente”
mais citado. No entanto, apesar de sócio-cooperados, 35% dos entrevistados informaram que
realizam o beneficiamento de parte de sua produção, vendendo também o produto
desconchado para empresas concorrentes à Coopermape a um preço que varia entre R$ 9,00 e
R$12,00 o quilo. 30% dos entrevistados informaram que às vezes realizam o beneficiamento
(desconche), ou para “não perder” o cliente, ou para aproveitar o que foi exposto para venda
no varejo e não foi vendido. Estes resultados indicam haver um comprometimento parcial dos
cooperados com a Coopermape.
Figura 16: Porcentagem de entrevistados que fazem venda direta ao consumidor e que
vendem o produto desconchado.
Vende direto p/
consumidor?
75%
25%
sim não
Beneficia o produto?
35%
35%
30%
sim não as vezes
40
A relação de dificuldades enfrentadas na atividade de maricultura citadas pelos
entrevistados está listada na tabela 8. Pode-se perceber que a grande maioria dos entrevistados
(65%) fez referência a dificuldades relacionadas à “semente”, seja pela falta de semente ou
pela falta de licença para retirar semente do costão, fazendo do maricultor que realiza esta
prática um contraventor. Outra dificuldade apontada pelos entrevistados foi com relação ao
acesso ao crédito pelo banco (ou renovação), já que 60% dos entrevistados informaram já ter
tido acesso a crédito (PRONAF – Programa Nacional da Agricultura Familiar - que é
concedido pelo Banco do Brasil) para investimento na atividade, e atualmente não conseguem
pela falta de um documento legal que comprove sua atividade e sua capacidade produtiva.
Também pode se destacar a venda do produto como uma dificuldade, pois a estagnação do
preço e a inflação dos insumos fazem com que o maricultor ganhe menos com sua produção a
cada ano. Por outro lado, a falta de políticas públicas, apoio, regularização e fiscalização da
atividade também foram citados como fatores que dificultam a atividade, uma vez que estas
influenciariam na resolução das demais dificuldades.
É interessante destacar que 35% dos maricultores cooperadas salientaram as
dificuldades inerentes ao trabalho produtivo, uma vez que este é realizado no ambiente natural
marinho, sujeito a variações climáticas e oceanográficas, que podem tornar o trabalho ainda
mais cansativo, além de dificultar a visualização da produção principalmente quanto às causas
das perdas ocasionais e/ou mortalidade dos mexilhões. Além disso, as dificuldades
relacionadas à aquisição de equipamentos, principalmente pela pouca oferta de inovações
tecnológicas impedem que haja diminuição deste esforço braçal exigido na atividade.
Tabela 9: Número e porcentagem das citações realizadas pelos 20 entrevistados quanto às
dificuldades na atividade de maricultura.
Dificuldades na atividade de maricultura Nº
Entrevistados
%
Relacionadas à semente:
- Falta de licença para retirar semente;
- Falta de semente/ não pode retirar de qualquer lugar / não
pega nos coletores;
- Quem tem dinheiro compra toda semente disponível, quem
não tem muito dinheiro acaba ficando sem;
- Maricultores que compram muita semente, fazem o preço
dela subir e ainda não dão conta de plantar tudo (sementes
acabam morrendo);
13 65%
41
Relacionada ao crédito:
- Falta crédito para o maricultor
- Não existe linha de crédito específica para a atividade, nem
seguro para safra.
- Falta subsídio para compra de equipamentos, óleo, etc.
5 25%
Relacionada ao trabalho produtivo:
- Serviço é muito pesado;
- Dificuldade em lidar com a natureza;
- Ocorrência de eventos de grande mortalidade ainda sem
explicação;
7 35%
Relacionada à venda:
- Perda da produção por não ter pra quem vender (o mexilhão
acaba se soltando das redes);
- 2 a 3 atravessadores que controlam o preço;
- Preço do mexilhão ta estagnado. O preço de tudo aumenta,
mas o do mexilhão não acompanha;
7 35%
Relacionado aos equipamentos:
- Dificuldade em conseguir material para a produção (bóias,
cabo, bombonas, redes, etc) e o preço é muito caro;
- Falta de interesse da indústria em produzir equipamentos
para a atividade, com mais tecnologia e que sejam mais
resistentes;
5 25%
Relacionada aos órgãos públicos:
- Falta de definição de políticas públicas para a atividade;
- Falta da legalização das áreas;
- Com a TAC vencida, fica sem garantia para se manter na
atividade e não consegue crédito;
- Medo que a área de cultivo fique imprópria pela falta de
saneamento;
- Não cumprimento da legislação e falta de fiscalização
6 30%
Apesar de parecer redundante, os sócio-cooperados também foram questionados
quanto ao que achavam necessário para evoluir na atividade (as perguntas não foram feitas na
sequência como agora se apresentam as respostas) e neste caso, além de solucionar as
dificuldades acima citadas, novas medidas foram apontadas, como mostra a tabela 10.
É interessante perceber que para evoluir na atividade, 85% dos entrevistados citaram
alguma ação relacionada aos órgãos públicos, 40% consideraram a necessidade da criação de
42
novos equipamentos, 35% a necessidade de investimentos e linhas de crédito para o setor e
35% também consideraram a melhoria do processo de comercialização, entre outros menos
citados.
Tabela 10: Número e porcentagem das citações realizadas pelos 20 entrevistados quanto às
necessidades para evoluir na atividade de maricultura.
Necessidades para evoluir na atividade de maricultura Nº
Entrevistados %
Relacionada aos órgãos públicos:
Regulamentação da atividade (3) / definição de políticas públicas
para o setor (2) / Organização do setor (2) / diminuição da
burocracia (2) / compreensão das autoridades (2) / liberação de
mais áreas de cultivo para poder aumentar a produção (2) /
subsídio para compra de insumos (1) / restrição de cultivo em
áreas sem qualidade (1) / restrição da comercialização do marisco
do Chile pela indústria (2)
17
85%
Equipamentos / novas tecnologias 8 40%
Investimentos / linhas de crédito 7 35%
Relacionados à venda:
Local para venda / garantia de venda / melhorar o preço de venda 7 35%
Garantia de semente 2 10%
Capacitação 2 10%
Mão de obra 2 10%
Investimento na cooperativa para beneficiar mais produtos 1 10%
4.3.3 Perfil Cooperativista
Dos 20 entrevistados, 5 não forneceram mexilhão para Coopermape, sendo que 2 não
produzem mais mexilhão, 2 porque usaram toda sua produção para venda direta (inclusive
para venda na forma de produto desconchado, ou seja, fazendo concorrência a própria
cooperativa) e 1 alegou que a cooperativa pega muito pouco mexilhão. Entre os 15
entrevistados que afirmaram ter fornecido mexilhão para Coopermape a partir de sua
reativação em 2009, a porcentagem do total produzido que foi entregue para cooperativa por
cooperado está demonstrado na tabela 11, sendo que o principal motivo por não fornecer mais
mexilhão para a cooperativa foi o fato dela não ter capacidade de processar maior quantidade,
ou seja, pega pouca quantidade de mexilhão por dia.
43
Tabela 11: Número e porcentagem das respostas dos 18 entrevistados que produziram mexilhão
quanto à porcentagem de sua produção que foi entregue a Coopermape e o porquê deste valor.
% da produção
entregue a
Coopermape
Nº
entrevistados % Por quê?
0% 3 16,7% - Já tinha pra quem vender
- Coopermape pega muito pouco
5 a 20% 5 27,8% - Usou para venda direta
- Coopermape pega muito pouco
- Coopermape não conseguiu pegar mais
50% 5 27,8%
70% 2 11,1%
90% 1 5,6%
100% 2 11,1%
Total 18 100%
Todos os sócio-cooperados entrevistados também fazem parte da Associação de
Maricutores de Penha (AMAP) e quando questionados quanto à participação nas reuniões da
AMAP e nas assembléias da COOPERMAPE, 40% afirmaram frequentar estes eventos, 45%
informaram que às vezes participam e 15% dos entrevistados perderam o interesse em
participar das reuniões e assembléias das instituições que se associaram.
Quanto ao nível de satisfação e de confiança pela COOPERMAPE, 90% dos
entrevistados afirmaram estar satisfeitos e confiantes, sendo que os 10% restantes informaram
um nível médio e regular, o que indica uma ótima aceitação dos cooperados pela forma que
vem sendo conduzidos os trabalhos pelo Conselho Administrativo, uma vez que ninguém
citou um nível de satisfação como ruim ou péssimo e de confiança baixo ou muito baixo com
relação à cooperativa.
Figura 17: Porcentagem de respostas dos entrevistados quanto ao nível de satisfação e de
confiança pela COOPERMAPE.
Nível de Satisfação pela
Coopermape
30%
60%
10%
Ótimo Bom Regular
Nível de Confiança pela
Coopermape
40%
50%
10%
Muito Alto Alto Médio
44
4.3.4 Percepção Ambiental
Quando questionados se sabiam o que eram as Boas Práticas de Manejo (BPM), 65%
dos entrevistados consideraram que sim. Aos 35% que não sabiam o que eram as BPMs, era
dada uma explicação para então responderem a questão seguinte, se praticam na sua atividade,
neste caso 90% dos entrevistados afirmaram realizar as BPMs e 10% consideraram que às
vezes praticam. Então foram solicitados a informar quais boas práticas de manejo realizavam
e 14 entrevistados (70%) informaram trazer os resíduos sólidos inorgânicos (restos de cabos,
garrafas pet, etc.) do manejo no mar para descartar em terra, 6 (30%) disseram vender as
bombonas usadas aos recicladores, 4 (20%) citaram que realizam a retirada do lixo que
aparece na praia, 1 (5%) reutiliza restos de cabos e redes para confecção de coletores, 1 (5%)
afirmou utilizar bóias ao invés de bombonas e 1 (5%) disse seguir as orientações que são
dadas pelos técnicos especialistas na área.
No site do Ministério da Pesca e Aqüicultura (www.mpa.gov.br) esta disponível para
download uma versão preliminar do “Código de conduta para o desenvolvimento sustentável
e responsável da malacocultura brasileira”, sendo que este documento (apesar de ser uma
versão preliminar desde 2004) apresenta várias recomendações a serem seguidas com relação
à sustentabilidade que não foram citadas pelos entrevistados, que inclusive não tinham
conhecimento da existência do mesmo, quando mencionado. Dentre as medidas a serem
seguidas, de acordo com este código de conduta, cabe destacar que os resíduos sólidos
removidos das estruturas, incluindo conchas e organismos, não devem em hipótese alguma,
serem lançados ao mar, mas que organismos competidores incrustados, quando removidos
não podem ser descartados fora dos limites da fazenda marinha, e quando possível evitado.
Esta prática não foi mencionada, tampouco é realizada pelos entrevistados, uma vez que 90%
dos cooperados que receberam devolução de resíduos pela Coopermape informaram que as
devolveram ao mar, e 10% lançaram em aterro.
Com relação à questão: O ambiente em que está inserido o seu cultivo é de qualidade
o ano todo? 85% dos sócios cooperados consideraram que sim e quando questionados sobre
quais eventos que poderiam torná-lo impróprio para o cultivo, 20% responderam ser a maré
vermelha, 10% consideraram os períodos de chuva intensa e 5% considerou a manutenção dos
barcos de pesca artesanal e industrial.
45
Para a questão: Como você fica sabendo se há floração de algas tóxicas? Algumas
opções de repostas foram: pela Epagri, por familiares, pela internet, visualização da mancha
in loco, no entanto 15 entrevistados (75%) mencionaram a Univali como fonte de informação.
Quando questionados como atestariam a qualidade do produto cultivado, 85% dos
sócio-cooperados declararam que a qualidade de seu produto era boa ou ótima, e apenas 15%
informaram como poderiam atestar esta qualidade - através de análises da qualidade da água.
Cabe salientar que esta é uma medida indireta, sendo a análise da carne do mexilhão, a melhor
forma de atestá-la.
Questionados quanto ao recebimento de reclamações em função da atividade de
maricultura, 75% dos entrevistados afirmaram ter recebido reclamações, sendo que as
principais foram: Poluição visual gerada pelas estruturas de cultivo e balsas de manejo (29%),
lixo na praia (26%), depredação dos costões em função da retirada de sementes (15%),
poluição do mar (11%), dificuldade de navegação (11%) devido a grande quantidade de áreas
de cultivo e pela falta de demarcação das mesmas, mau cheiro (4%) gerado pelos resíduos
orgânicos como conchas e pela manutenção das estruturas com a técnica de castigo e secagem
ao sol e invasão de áreas marinhas (4%) gerando o aumento irregular de espaços aquícolas
(figura 18)
Figura 18: Distribuição das respostas dos entrevistados com relação ao tipo de reclamação
recebida em função da atividade de maricultura.
15%
29%
26%
11%
11%
4% 4%
depredação do costão
poluição visual
lixo na praia
poluição do mar
dificuldade navegação
mau cheiro
invasão de áreas no mar
46
Delong (2005) verificou com entrevistas aplicadas aos turistas, moradores e
representantes do poder público no município de Penha, que os impactos negativos desta
atividade, conforme declarações dos entrevistados foram as mesmas citadas como
reclamações pelos cooperados, acrescentando-se ainda o depósito de conchas (resíduos do
beneficiamento do mexilhão) em locais inadequados, citado por 75% dos entrevistados
representantes do poder público.
Foram realizadas 4 questões relacionadas ao Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na
empresa. A primeira era se sabia ou se já tinha ouvido falar em SGA e 70% dos entrevistados
informaram que sim (figura 19). Independentemente da resposta, sim ou não, os entrevistados
eram informados com maior profundidade sobre o assunto, motivo pelo qual a entrevista
estava sendo realizada e seguia-se para a segunda questão: Gostaria que a Coopermape
implantasse um SGA na unidade de beneficiamento? E neste caso 100% dos entrevistados
responderam sim. Então uma nova intervenção era feita, explicando que não adiantava a
indústria ter um SGA implementado se seus sócios, principais fornecedores de matéria prima,
não estivessem comprometidos com a questão ambiental, e seguia-se para a seguinte questão:
Você se esforçaria para se tornar um fornecedor comprometido com o SGA? Como mostra a
figura 19, para esta questão 17 sócios cooperados (85%) responderam que sim.
Figura 19: Distribuição das respostas dos entrevistados com relação ao conhecimento ou não
do SGA e quanto ao seu comprometimento caso o SGA fosse implementado na Coopermape.
Sabe o que é SGA?
70%
30%
sim não
Se tornaria um fornecedor
comprometido com o SGA?
85%
15%
sim
não
47
Para finalizar, foi solicitado aos entrevistados que apresentassem sugestões de ações
que facilitariam seu engajamento ao SGA enquanto fornecedor. Dentre os 20 entrevistados, 3
não deram sugestões e os demais opinaram com até cinco sugestões. Todas as medidas
sugeridas estão relacionadas na tabela 10 e foram agrupadas por assunto principal. Pode-se
perceber que a grande maioria (35%) citou medidas relacionadas à fiscalização e punição,
seguido de medidas relacionadas à solução para a disposição de resíduos originários da
atividade de maricultura (30%). Medidas relacionadas à distribuição do conhecimento foram
sugeridas por 20% dos entrevistados, assim como medidas de motivação.
Tabela 12: Número e porcentagem das sugestões dadas pelos entrevistados quanto às medidas que
facilitariam o seu comprometimento com o SGA da Coopermape enquanto fornecedor.
Sugestões dadas pelos entrevistados Nº
entrevistados %
Relacionados à Capacitação:
- Realização de cursos e capacitação em SGA.
- Distribuição de procedimentos definidos que apresentem o que
e como proceder.
4
3
1
20%
15%
5%
Relacionados à disposição de resíduos:
- AMAP/Coopermape poderiam disponibilizar tanques de
reciclagem nas balsas de manejo;
- Prefeitura poderia colocar containeres de lixo na praia
específicos para resíduos das atividades de pesca e maricultura;
6
3
3
30%
15%
15%
Relacionadas à fiscalização/ controle / punição:
- Controle / fiscalização do lançamento de lixo no mar;
- Fiscalização para verificar se as BPMs estão sendo seguidas;
- Expulsar da AMAP/Coopermape quem não segue as regras;
- Deveria ser proibido o uso de bombonas de produtos químicos
para uso como flutuadores.
7
3
1
1
2
35%
15%
5%
5%
10%
Relacionadas à motivação:
- Deveriam ter medidas de incentivo;
- Coopermape poderia pagar um valor diferenciado ao
fornecedor comprometido com o SGA
2
1
1
20%
5%
5%
Outros
- Coopermape poderia disponibilizar balsa, equipamentos e
pessoal capacitado para seguir as regras da SGA e de higiene na
colheita;
- Incentivar a união dos maricultores para juntos atuarem na
resolução dos problemas ambientais;
- Movimento para manter praia limpa;
- Facilitar a obtenção de sementes;
7
1
1
1
1
35%
5%
5%
5%
5%
48
- Obter tecnologia para reaproveitar cabos
(polietileno/polipropileno), pois sobram muitos;
- Demarcação das áreas de cultivo e organização espacial das
balsas p/ diminuir a poluição visual;
- Mapeamento das áreas e criação de grupos de maricultores
que seriam responsáveis pela manutenção da limpeza de suas
áreas (mar e praia);
- Utilizar resíduos das conchas para fins sociais (tijolo, lajota,
artesanato, fertilizante, etc.);
- Diversificar a produção com outras espécies de moluscos,
inclusive na cooperativa
1
1
1
1
1
5%
5%
5%
5%
5%
Os resultados obtidos com as questões sobre SGA sugerem claramente que a maioria
dos entrevistados está disposta a melhorar seu desempenho ambiental na produção, mesmo
que isso seja uma restrição para fornecer mexilhão para a cooperativa, o que é muito positivo,
uma vez que muitos alegaram não ter fornecido maior porcentagem de sua produção para a
Coopermape pela incapacidade da mesma em absorver esta produção.
De maneira geral, pode-se observar que os entrevistados, apesar de estarem na
atividade produtiva desde a década de 90, ou seja, antes da implantação da Coopermape no
ano 2000, acredita que a mesma pode dar vazão à produção e a alguns entraves produtivos
como a questão da disposição dos resíduos oriundos da atividade. Por outro lado, caberia ao
poder público municipal, fomentador do turismo e atual organizador da Festa Nacional do
Marisco, auxiliar na questão dos resíduos oriundos da maricultura e também da pesca,
principalmente os provenientes das atividades de manutenção das embarcações e dos
petrechos de pesca realizados no mar e na praia. A colocação de containeres e a coleta destes
resíduos seria um motivador a mais para que se minimizem os impactos e as reclamações
oriundas da atividade com relação à sujeira na praia, poluição do mar e mau cheiro. Além
disso, alguns maricultores comentam que trazem o lixo gerado nas atividades realizadas no
mar, colocam em sacos de 100 litros e dispõem no final da via de acesso à praia, mas não é
feita a coleta pela empresa contratada, desestimulando esta prática.
A falta de atenção dos órgãos públicos com relação à regulamentação da atividade, das
áreas de cultivo e a consequente não expedição de licença para retirada de sementes pelo
IBAMA neste ano de 2010, impedem o desenvolvimento legal e sustentável da atividade
impossibilitando também a obtenção e/ou renovação de crédito para a atividade, dificuldades
estas citadas por grande parte dos cooperados
49
4.4 Descrição do Processo Produtivo
As etapas de processamento que transformam o mexilhão in natura (matéria prima)
em mexilhão desconchado resfriado estão representadas de forma seqüencial na figura 20. As
caixas em destaque no fluxograma do processo (figura 20) indicam os principais setores do
processamento envolvendo as atividades que serão descritas.
Figura 20: Fluxograma do processo de beneficiamento de mexilhões na unidade da Coopermape.
Apesar da etapa “origem da matéria prima” (que gera a entrada de mexilhão in natura
para beneficiamento na Coopermape) não ocorrer dentro da unidade de beneficiamento, sua
descrição será feita, uma vez que os mexilhões são cultivados e fornecidos pelos maricultores
cooperados, e o entendimento deste processo é importante para se conhecer os aspectos
ambientais desta etapa pré-beneficiamento.
Matéria Prima
Recepção
Lavagem
Seleção
Choque Térmico
Desconche
Expedição
Embalagem
Drenagem
Cozimento
Pesagem
Armazenamento
50
4.4.1 Origem da Matéria Prima
A matéria prima fresca, mexilhão da espécie Perna perna, é oriunda dos cultivos de
maricultores cooperados e com cadastro atualizado na Coopermape.
O cultivo deste molusco é realizado no ambiente natural costeiro pelo sistema
flutuante fixo denominado Long-Line ou Espinhel, que consiste em um cabo de poliéster
mantido suspenso por flutuadores e ancorado nas extremidades, ao longo do qual ficam
amarradas as redes de cultivo (MARENZI e BRANCO, 2006). O cultivo (ou “plantio”) inicia-
se com a preparação de cordas/redes de cultivo com mexilhões jovens de 2 a 3 cm de
comprimento, denominados de sementes (MANZONI, 2005; MARENZI e BRANCO, 2006),
geralmente oriundas dos costões rochosos ou captadas em estruturas destinadas a este fim
denominadas coletores. Após 6 a 8 meses, período definido como de engorda, os mexilhões
atingem o tamanho ideal de venda que é entre 7 e 8 centímetros quando então é feita a
colheita.
Durante a colheita, as cordas de mexilhões são recolhidas através de embarcações e
conduzidas para uma balsa de manejo, sendo então submetidas ao “despencamento”
(separação do marisco das cordas de sustentação). Posteriormente, os mexilhões são
transferidos para a grade de seleção, onde ocorre a separação dos mexilhões com tamanho
comercial dos organismos menores. Nesta etapa também ocorre a remoção de indivíduos
mortos, que apresentam alterações como conchas quebradas e da fauna associada e/ou
incrustante. Alguns maricultores utilizam cilindros mecânicos e giratórios com o objetivo de
remover organismos fixos à valva (concha), como cracas, algas, briozoários e ascídias. Na
sequência, os mexilhões pré-selecionados são acondicionados em caixas plásticas gradeadas e
submetidos à lavação com água salgada pressurizada onde são eliminados resíduos de areia,
lodo e parte da fauna associada que não foi removida na etapa anterior, para então serem
transportados através de embarcação até a praia.
Na praia, as caixas com mexilhões são transferidas do barco para o caminhão baú
isotérmico da Coopermape que lá fica aguardando com a Guia de Transporte Animal (GTA)
do referido maricultor. Este caminhão é higienizado diariamente e transporta, até a unidade de
beneficiamento, somente mexilhões de áreas monitoradas pelo Programa de Controle
Sanitário de Moluscos Bivalves de Santa Catarina.
51
Figura 21: (A) Cordas com sementes de mariscos para “plantio”; (B) Long Line com cordas de
mexilhão em crescimento; (C) Seleção de mexilhões pelo maricultor utilizando mesa gradeada; (D)
Mexilhões selecionados acondicionados em caixa para transporte por embarcação até a praia; (E)
Transferência das caixas com mexilhões para o caminhão da Coopermape.
A B
C D
E
52
4.4.2 Recepção
Na recepção dos mexilhões na Coopermape para serem beneficiados o produto é
recebido por um profissional que é responsável pela realização da inspeção de qualidade da
matéria prima pelo método organoléptico (sensorial), assim como pela verificação de
conformidade da condição higiênica do veículo e das caixas, fazendo o registro destes dados
em uma planilha de controle. Após a inspeção, os mexilhões são pesados, e ficam
armazenados nas caixas (tempo de espera) até serem transferidos para a grade selecionadora
(mesa de inox), onde são lavados com jatos da água hiperclorada (5 ppm de cloro residual
livre) e passam por mais uma inspeção, eliminando eventuais organismos pequenos, mortos
e/ou com conchas quebradas, assim como organismos acompanhantes (cracas, briozoários,
etc.). Estes resíduos são pesados e devolvidos ao maricultor cooperado, para que o mesmo
tenha controle da quantidade (peso) que será descontado do peso bruto do produto que foi
entregue a Coopermape.
Figura 22: (A) Lavagem, (B) seleção e (C) transferência dos mexilhões do setor de recepção ao
de cozimento por óculo específico.
A B
C
53
4.4.3 Cozimento
Os mexilhões selecionados são transferidos com auxílio de caixas plásticas
gradeadas através de óculo específico diretamente para a sala de cozimento ficando,
inicialmente, sobre estrados plásticos. Em seguida, com auxílio de uma pá de inox são
acondicionados em cestos de aço inox e conduzidos até a cuba de cozimento (também de aço
inox). Nesta cuba de cozimento, aberta, provida de água fervente (vapor sem pressão), os
mexilhões são submetidos a calor por até 2 minutos com temperatura entre 90 e 102ºC. A
seguir o mexilhão (acondicionado em cesto inox) é submetido a um choque térmico através de
imersão em um tanque inoxidável específico preenchido com água e gelo durante até 60
segundos a uma temperatura entre 0 e 1ºC, evitando-se um indesejável aumento da textura e
uma adequada inativação enzimática.
Figura 23: Setor de cozimento – (A) Acondicionamento em cesto inox; (B) Cozimento na cuba e (C)
Choque térmico.
O aquecimento da água da cuba é feito com a queima de serragem. Há um
equipamento – alimentador – que conduz continuamente a serragem para queima embaixo da
cuba.
O gelo, por sua vez, é produzido na própria cooperativa através de uma máquina
fabricadora de gelo em escamas instalada na unidade com capacidade para fabricar 1000
quilos de gelo por dia.
A
B C
54
4.4.4 Desconche
Os mexilhões cozidos e resfriados são então transferidos dos cestos inox para caixas
plásticas gradeadas e passam para a sala de desconche através de óculo específico, sendo
descarregados diretamente na esteira semi-automática que fará a distribuição para as
manipuladoras.
O desconche ou separação das valvas (conchas) é realizado manualmente por
manipuladoras com auxílio de facas inox. Também é realizada a retirada do bisso que é um
filamento protéico que o mexilhão sintetiza para se fixar ao substrato. A carne ou polpa do
mexilhão, separada das conchas pelas manipuladoras, é acondicionada em recipiente de
inox/plástico até acumular uma determinada quantidade para serem pesados em bandejas
plásticas em balança digital (este procedimento é necessário, pois as manipuladoras recebem
remuneração proporcional à produção). Em seguida os mexilhões são transferidos para a
câmara fria em caixas pláticas gradeadas sobrepostas a caixas plásticas monobloco para
drenagem antes de serem embalados.
Figura 24: (A) Tranferência dos mexilhões cozidos do setor de cozimento para a esteira por óculo
específico e (B) Manipulação para retirada das conchas e bisso do mexilhão e (C) Pesagem.
A B
C
55
As conchas e os bissos (resíduos) são transferidas da parte superior da mesa de
desconche para a parte inferior por uma abertura circular e ficam depositadas numa esteira.
Esta esteira quando acionada direciona as conchas para a parte final, que em seguida são
direcionadas para a parte externa da unidade, por um sistema de “rosca sem fim” depositando
as conchas em caixas plásticas vazadas específicas para este fim.
Figura 25: (A) Caixas gradeadas na área externa onde vão sendo depositadas as conchas
enviadas pelo sistema da esteira da área do desconche e (B) colaborador do setor pesando as
caixas com conchas para controle antes de triturá-las.
4.4.5 Embalagem
As “polpas” (carnes) dos mexilhões são conduzidas manualmente (no conjunto caixa
gradeada + caixas monoblocos) da câmara fria para o processamento de rotulagem, onde são
pesados e acondicionados em embalagem nylon-poli à vácuo de 500g, 1000g e/ou 5000g e
rotulados com etiqueta adesiva.
As embalagens e a quantidade de rótulos já impressos com as informações de lote,
data de fabricação e de validade são fornecidas por um óculo de passagem da sala de
almoxarifado para o setor de embalagem.
A
B
56
Figura 26: Pesagem do produto na embalagem e produto embalado e rotulado na seladora à vácuo.
4.4.6 Armazenamento
Depois de prontas as embalagens são armazenados horizontalmente em pallets
plásticos de 1,00 x 1,20 m na câmara de resfriamento em quantidade de 10 Kg (20 x 500g,
10x1000g, 5x2000g e 2 x 5000g), a uma temperatura de 0 a 2 ºC até o momento de expedição,
que normalmente ocorre entre 24 e 72hs.
Figura 27: Mexilhões embalados acondicionados em pallets dentro da câmara fria.
57
4.4.7 Expedição
O processo de expedição do produto inicia com a transferência do mexilhão da câmara
de resfriamento, através de um óculo específico, para o interior do caminhão baú isotérmico.
O transporte do produto é feito em caixas monobloco com gelo, que são depositadas em cima
de pallets plásticos.
É realizado um controle de expedição através de registro em planilha específica onde
são observadas as características e condições higiênicas do veículo, data e horário de
carregamento, destino do produto, verificação de temperatura e de integridade das
embalagens, assim como informações sobre a quantidade total de embalagens (e quilos) e
seus respectivos lotes.
Figura 28: Caminhão acoplado ao óculo da expedição da câmara de resfriamento e colaborador
colocando as caixas com produto e gelo no baú do caminhão.
4.5 Processos Complementares
4.5.1 Limpeza e Sanitização
A higienização dos diferentes setores da unidade de beneficiamento é realizada
diariamente no mínimo duas vezes ao dia, sendo uma antes do início das atividades e outra no
encerramento, seguindo o Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO). Este
procedimento é realizado com auxílio de lavadora de alta pressão e água clorada.
No setor de desconche, a higienização do ambiente também ocorre durante o período
de intervalo para o almoço.
58
Os utensílios do setor de cozimento (pás, cestos inox) e de manipulação (facas,
bandeijas, etc) do setor de desconche, são limpos com esponja e solução detergente no final
do expediente e colocados em tanque com água hiperclorada à 200 ppm. A cuba de cozimento
e a esteira de manipulação também passam por higienização com solução de detergente, além
de jatos de água clorada pressurizada no final do expediente.
Também pode-se considerar neste processo, o Gabinete de Higienização, que é uma
barreira sanitária que controla o acesso dos colaboradores que fazem a manipulação do
mexilhão (cozimento, desconche, embalagem e armazenamento) da área externa para a área
interna da unidade de beneficiamento. Esta área conta com esguichos e escovas para lavação
das botas, 4 pias com lava-mãos automáticos e recipientes com álcool gel e pedilúvio com
água hiperclorada à 200 ppm.
4.5.2 Gestão dos Resíduos Sólidos
As conchas resultantes do processo de desconche seguem para uma área externa e
coberta e vão sendo acondicionadas em caixas específicas (fig.25). Nesta área encontra-se
uma máquina trituradora (fig.29). As conchas, após trituradas são depositadas em caçambas
de entulho, específicas para este resíduo, para secagem ao sol (fig.29). Quando a caçamba
atingir sua capacidade máxima de armazenamento deverá ser recolhida por empresa
terceirzada para um destino ainda indefinido.
Figura 29: Triturador de conchas e caçamba para disposição das conchas trituradas.
59
Os resíduos de conchas (trituradas) gerados até outubro de 2010, foram utilizados na
cobertura do solo da área externa (pátio) da unidade. No futuro, pretende-se levar estes
resíduos para uma escola agrícola situada em Gaspar para realização de estudos sobre seu
potencial uso na produção de leguminosas com raíz.
Os resíduos sólidos recicláveis (papéis, embalagens plásticas e de papelão, copos
descartáveis) são separados em uma lixeira específica e recolhidas por carroceiros residentes
na vizinhança. Os demais resíduos sólidos são acondicionados em lixeiras e depois recolhidos
pela coleta municipal.
4.5.3 Gestão das Águas Residuárias
As águas residuais originárias do setor de recepção (lavagem e seleção da matéria
prima), cozimento e da limpeza das instalações e dos materiais (caixas gradeadas, pallets, etc),
são recolhidas pelo sistema de calhas e tranferidas para unidade de tratamento de efluentes
(ETE). Primeiramente seguem para um tanque de resíduos, e através de bomba de sucção são
elevadas a um tanque reator DAFA, que por precipitação separa o material particulado do
líquido, sendo que o líquido segue para um tanque de filtragem e então para um sumidouro. O
tanque de resíduos, onde precipita o material particulado, é limpo por empresa terceirizada
(por caminhão tipo limpa-fossa) periodicamente.
As águas residuais dos banheiros e da cozinha também seguem para a ETE. Já as
águas residuais geradas na área externa, como as da lavagem das caixas que recebem as
conchas do setor de desconche na área de trituração e da higienização do caminhão são
absorvidas diretamente no solo, devido a falta de canaletas para condução destes efluentes até
a ETE.
60
4.6 Identificação dos fluxos de Entrada e Saída dos processos.
A partir do detalhamento da estrutura e dos processos de funcionamento da
Coopermape, foram elaborados fluxogramas representando as entradas (matérias-primas,
insumos, etc) e as saídas (resíduos, produto final, etc) por setor e/ou atividade da indústria. Os
fluxogramas gerados auxiliam na melhor visualização e entendimento dos processos
produtivos e facilitam a identificação dos aspectos e os impactos ambientais originários dos
diferentes setores deste empreendimento.
Figura 30a: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos setores
/ atividades da Coopermape: Recepção e Cozimento.
RECEPÇÃO
Lavagem,
Seleção
Água clorada 5 ppm
Energia
Água Residual ETE
Volátil (cloro) Ar
Utensílios sujos Utensílios limpos
Espera
Resíduos sólidos Maricultor/Mar
Mexilhões
Combustível
Emissões Atm. Ar
Ruídos. Ar
ENTRADAS Setor /
Atividade
SAÍDAS Destino Final
COZIMENTO
e
Choque
térmico
Água clorada 5 ppm
Gelo
Água Residual quente e
rica em MO ETE
ETE
Volátil Ar
Energia
Utensílios limpos
Água Residual ETE
Utensílios sujos Limpeza
Emissões Atm.
(chaminé) Ar
Serragem
Mexilhões Mexilhões Cozidos
Desconche
61
Figura 30b: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos setores
/ atividades da Coopermape: Desconche, Drenagem e Emgalagem.
EMBALAGEM
Pesagem,
Rotulagem
Mexilhões cozidos,
desconchados e
drenados
Energia
Utensílios
Utensílios sujos Limpeza
Embalagem (plástico)
Rótulo (papel)
Mexilhões embalados
e rotulados Armazenamento
Resíduo plástico Coleta Seletiva
/ Lixo Resíduo papel
Coleta Seletiva
/ Lixo
DRENAGEM
e
Pré-
armazenamento
Mexilhões cozidos e
desconchados
Energia
Utensílios limpos Utensílios sujos Limpeza
Mexilhões cozidos,
desconchados e
drenados Embalagem
Água Residual ETE
DESCONCHE
Energia
Resíduos sólidos Trituração
Água Residual ETE
Volátil (cloro) Atm
Utensílios limpos
Utensílios sujos Limpeza
Mexilhões desconchados Drenagem
Mexilhões cozidos
62
Figura 30c: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos setores
/ atividades da Coopermape: Armazenamento, Expedição, Limpeza (área interna) e Área
Externa (incluindo limpeza).
ÁREA
EXTERNA
Trituração
Caminhão
(incluindo
limpeza)
Água clorada
5 ppm (poço)
Conchas Trituradas Pátio/Caçamba
Energia
Utensílios sujos Utensílios limpos
Produção
Voláteis Ar
Água Residual Solo
Conchas (Res.
Desconche)
Filtros usados Lixo / Aterro
Utensílios limpos Produção
LIMPEZA
Área interna
e
Gabinete
Higienização
Energia
Utensílios sujos
Voláteis Ar
Água Residual ETE
Água clorada
5 e 200 ppm
Detergente Embalagens Vazias Coleta
Seletiva /
Lixo
EXPEDIÇÃO
Energia
Utensílios limpos Utensílios sujos
Limpeza
Combustível
Gelo
Emissões Atm. Ar
Água Residual Ambiente
Mexilhões embalados,
rotulados e resfriados Dividendos Administrativo
ARMAZENA-
MENTO
Energia
Utensílios limpos Utensílios sujos
Limpeza
Mexilhões embalados
e rotulados Mexilhões embalados,
rotulados e resfriados Expedição
63
Figura 30d: Fluxograma com a identificação das entradas, saídas e destino final dos
setores/atividades da Coopermape: Administrativo e Ocupacional.
4.7 Avaliação dos Aspectos e Impactos Ambientais
A partir da identificação das entradas e saídas dos setores / atividades da Coopermape,
foi então realizado o registro dos aspectos ambientais identificados nas planilhas de avaliação
ambiental, onde estavam inseridos os critérios de avaliação dos aspectos e impactos
ambientais a serem julgados. Com a realização desta avaliação, foi possível identificar os
principais impactos ambientais gerados de acordo com o resultado final obtido (que é a
multiplicação das pontuações atribuídas aos critérios) e/ou quando é identificado que há uma
legislação aplicável que não está sendo atendida.
A seguir encontram-se as Planilhas de Avaliação Ambiental preenchidas de acordo
com o setor/atividade e com os resultados de priorização dos aspectos/impactos obtidos.
Energia
Mat. Limpeza
Resíduos Sólidos Lixo
Resíduos Recicláveis Coleta
Seletiva
Lixo
Água
Materiais Diversos
Embalagens usadas Lixo
OCUPACI-
ONAL
Cozinha,
banheiros,
vestiário
Água Residual ETE
EPIs
Energia
Mat. Limpeza
Resíduos Sólidos Lixo
Resíduos Recicláveis Coleta
Seletiva
Papel
Mat. Escritório
Embalagens usadas Lixo
ADMINISTRA-
TIVO
S.I.F,
Almoxarifado
64
Planilha Avaliação Ambiental Ficha n° 01
Setor: RECEPÇÃO Data: 15/9/2010
Atividade Aspecto Destino Impacto
Avaliação Priorização
Sit
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Fre
quên
cia/
P
robab
.
Sev
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Esc
ala
Det
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o
Res
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Leg
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Sig
nif
icân
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Transporte e
Recebimento de
matérias primas
Emissão de gases poluentes e
partículas dos escapamentos Ar
Alteração da qualidade do
Ar N 3 2 2 1 12 S S
Emissão de ruídos Ar Poluição Sonora N 3 2 2 1 12 S S
Consumo de óleo e
Combustível -
Comprometimento dos
recursos naturais N 3 2 2 1 12 S S
Vazamento de óleo Solo
Alteração da qualidade do
solo e das águas
subterrâneas
A 2 2 2 1 8 S S
Lavagem e
Seleção dos
mexilhões
Consumo de Água - Comprometimento dos
recursos naturais N 3 2 3 1 18 N I
Consumo de Energia - Comprometimento dos
recursos naturais N 3 2 3 1 18 N I
Geração Águas Residuais
ETE Alteração da qualidade do
Solo A 2 1 2 3 12 S S
ETE Alteração da qualidade das
águas subterrâneas A 2 1 2 3 12 S S
Geração de Resíduos
Orgânicos
Maricultor Cooperado
>> Mar
Incremento de M.O. no
ambiente marinho N 3 1 2 2 12 S! I
Emissão Voláteis Cloro Ar Alteração da qualidade do
Ar N 3 1 1 1 3 N D
Figura 31: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Recepção.
65
Planilha de Avaliação Ambiental Ficha n° 02
Setor: COZIMENTO Data: 15/09/2010
Atividade Aspecto Destino Impacto
Avaliação Priorização
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a/P
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ção
Sig
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cia
Aquecimento da
Água
Geração de gases poluentes
da queima de Serragem Chaminé com Filtro - Ar
Alteração da qualidade do
Ar A 2 1 2 2 8 S S
Possibilidade de Incêndio Ar Alteração da qualidade do
Ar E 2 2 3 2 24 S I
Cozimento
Consumo de Água - Uso de Recursos Naturais N 2 2 2 1 8 N S
Geração Águas Residuais
ETE Alteração da qualidade das
águas subterrâneas A 2 1 2 3 12 S S
ETE Contaminação do Solo A 2 1 2 3 12 S S
Emissão Voláteis Cloro Ar Alteração qualidade do Ar N 2 1 1 1 2 N D
Fabricação Gelo Consumo de Água/Energia - Comprometimento dos
recursos naturais N 3 2 2 2 18 N I
Choque térmico Geração Águas Residuais ETE
Alteração da qualidade do
solo e das águas
subterrâneas
A 1 1 2 2 4 S D
Figura 32: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Cozimento.
66
Planilha de Avaliação Ambiental Ficha n° 03
Setor: MANIPULAÇÃO
Data: 15/9/2010
Atividade Aspecto Destino Impacto
Avaliação Priorização
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a/P
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Sig
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Desconche
Geração de Resíduos
Orgânicos Trituração Tratamento do Resíduo N 0
Consumo de Energia - Comprometimento dos
recursos naturais N 3 2 3 1 18 N I
Drenagem Geração Águas Residuais ETE
Alteração da qualidade das
águas subsuperficiais e do
solo
A 1 1 2 2 4 S D
Pré-
Armazenamento Consumo de Energia -
Comprometimento dos
recursos naturais N 3 2 3 1 18 N I
Figura 33: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Manipulação (desconche).
67
Planilha de Avaliação Ambiental Ficha n° 04
Setor: PESAGEM e EMBALAGEM Data: 15/09/2010
Atividade Aspecto Destino Impacto
Avaliação Priorização
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Sig
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Pesagem Consumo de Energia - Comprometimento dos
recursos naturais N 2 2 2 1 8 N S
Embalagem
Geração de Resíduos Sólidos
(plástico e rótulos não
aproveitados)
Coleta seletiva Valoração do resíduo N 0
Caçamba / Aterro Contaminação do Solo A 1 2 2 1 4 S D
Consumo de Energia - Comprometimento dos
recursos naturais N 2 2 2 1 8 N S
Figura 34: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de Pesagem e Emabalagem.
68
Planilha de Avaliação Ambiental Ficha n° 05
Setor: ARMAZENAMENTO e EXPEDIÇÃO Data: 15/09/2010
Atividade Aspecto Destino Impacto
Avaliação Priorização
Sit
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Armazenamento Consumo de Energia - Comprometimento dos
recursos naturais N 3 2 3 1 18 N I
Expedição
Emissão de gases poluentes e
partículas dos escapamentos Ar
Alteração da qualidade do
Ar N 3 2 2 1 12 S S
Consumo de óleo e
Combustível -
Comprometimento dos
recursos naturais N 2 2 3 1 12 S S
Vazamento de óleo Solo
Contaminação do Solo /
Alteração da qualidade das
águas subterrâneas
A 2 2 2 1 8 S S
Emissão de ruídos Ar Poluição Sonora N 3 2 2 1 12 S S
Figura 35: Planilha de Avaliação Ambiental dos setores de Armazenamento e Expedição.
69
Planilha de Avaliação Ambiental Ficha n° 06
Setor: LIMPEZA e GABINETE DE HIGIENIZAÇÃO Data: 15/09/2010
Atividade Aspecto Destino Impacto
Avaliação Priorização
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Sig
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Limpeza e
Higienização
Consumo de Água / Energia - Comprometimento dos
recursos naturais N 3 2 3 1 18 N I
Geração Águas Residuais ETE Alteração da qualidade das
águas subterrâneas e do solo A 1 2 2 2 8 S S
Geração de Resíduos Sólidos
(Recipientes
Cloro/Detergente)
Reutilização / Coleta
Seletiva Valoração do Resíduo N N D
Emissão Voláteis Cloro Ar Alteração qualidade do Ar N 3 1 1 1 3 N D
Geração de Resíduos Sólidos
(papéis toalhas, esponjas) Lixo/Aterro Contaminação do Solo N 2 2 2 1 8 S S
Figura 36: Planilha de Avaliação Ambiental das atidades de Limpeza e Higienização.
70
Planilha de Avaliação Ambiental Ficha n° 07
Setor: Área Externa - Trituração e Limpeza (inclusive do Caminhão) Data: 15/09/2010
Atividade Aspecto Destino Impacto
Avaliação Priorização
Sit
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Esc
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Sig
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cia
Trituração
Consumo de Energia - Comprometimento dos
recursos naturais N 3 2 3 1 18 N I
Emissão de ruídos Ar Poluição Sonora N 3 2 2 1 12 S S
Geração Resíduos Sólidos
Triturados
Caçamba/Aterro
Alteração da qualidade do
solo e das águas
subterrâneas
N 2 1 2 1 4 S D
Col. Agrícola Valoração do Resíduo A 0
Limpeza
Consumo de Água (poço) - Comprometimento dos
recursos naturais N 2 2 2 1 8 N S
Geração Águas Residuais Solo
Alteração da qualidade do
solo e das águas
subterrâneas
N 2 2 2 2 16 S! I
Geração de Resíduos Sólidos
(Recipientes
Cloro/Detergente)
Reutilização / Coleta Seletiva Contaminação do Solo N N D
Geração resíduos do
tratamento prévio da água
(filtros usados)
Lixo/Aterro Contaminação do Solo N 1 2 2 1 4 N D
Emissão Voláteis Cloro Ar Alteração qualidade do Ar N 3 1 1 1 3 N D
Figura 37: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de Trituração e Limpeza (área externa).
71
Planilha de Avaliação Ambiental Ficha n° 08
Setor: ADMINISTRATIVO / SALA S.I.F. / ALMOXARIFADO Data: 15/09/2010
Atividade Aspecto Destino Impacto
Avaliação Priorização
Sit
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ão
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Pro
bab
.
Sev
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ade
Esc
ala
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Res
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Leg
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ção
Sig
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cia
Atividades de
Escritório
Consumo de Bens Materiais
(Papel, Cartucho p/
impressão, Canetas)
- Comprometimento dos
recursos naturais N 1 1 2 1 2 N D
Geração de Resíduos Sólidos
Recicláveis (papéis,
cartuchos, embalagens, etc)
Coleta Seletiva Valoração do Resíduo N 0
Geração de Resíduos Sólidos
(varrição, limpeza) Lixo/Aterro Contaminação do Solo N 2 1 2 1 4 S D
Consumo de Energia -
Comprometimento dos
recursos naturais N 2 2 3 1 12 N S
Figura 38: Planilha de Avaliação Ambiental das atividades de apoio (Administração, S.IF e Almoxarifado).
72
Planilha de Avaliação Ambiental Ficha n° 09
Setor: Banheiro / Vestiário / Cozinha (Ocupacional) Avaliador: Data: 15/09/2010
Atividade Aspecto Destino Impacto
Avaliação Priorização
Sit
uaç
ão
Fre
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ênci
a /
Pro
bab
.
Sev
erid
ade
Esc
ala
Det
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Res
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Leg
isla
ção
Sig
nif
icân
cia
Consumo de Água / Energia - Comprometimento dos
recursos naturais N 2 2 2 1 8 N S
Ocupacional de Uso
Comum
Consumo de Bens Materiais
(papel higiênico, papel
toalha, detergente, copos
plásticos, EPIs)
- Comprometimento dos
recursos naturais N 2 2 2 1 8 N S
Geração de Resíduos Sólidos
Recicláveis (copos plásticos,
embalagens, etc)
Coleta Seletiva Valorização do Resíduo N 0
Lixo/Aterro Contaminação do Solo N 2 2 2 1 8 S S
Geração de Resíduos Sólidos
(papel toalha, varrição, EPIs,
orgânicos)
Lixo/Aterro Contaminação do Solo N 2 2 2 1 8 S S
Geração Águas Residuais ETE
Alteração da qualidade do
solo e das águas
subterrâneas
A 2 1 2 2 8 S S
Figura 39: Planilha de Avaliação Ambiental do setor de apoio Ocupacional (banheiro, vestiário e cozinha).
73
Pode-se observar a partir destas análises, e resumidamente nas tabelas 13 e 14, que os
impactos classificados com maior ocorrência estão associados ao consumo de água e
energia. O consumo de água e energia atingiu pontuação para classificação de significância
máxima – importante (I) nos processos de lavagem e seleção de mexilhão e fabricação de gelo
e somente de energia nos processos de pré-armazenamento e armazenamento. Esta alta
significância está relacionada à observação in loco do consumo elevado e frequente destes
recursos ambientais nestes setores/atividades, apesar de não ter sido possível a medição exata
de consumo por setor e/ou atividade no empreendimento.
Tabela 13: Relação dos Aspectos e Impactos Ambientais classificados como Importantes em função
da sua classificação de Significância.
Atividade Aspecto Impacto
Sit
uaç
ão
Res
ult
ado
Leg
isla
ção
Sig
nif
icân
cia
Aquecimento da Água
através da queima da
serragem
Possibilidade de
Incêndio
Alteração da qualidade
do Ar E 24 S I
Lavagem e Seleção dos
mexilhões Consumo de Água
Comprometimento dos
recursos naturais N 18 N I
Lavagem e Seleção dos
mexilhões Consumo de Energia
Comprometimento dos
recursos naturais N 18 N I
Fabricação Gelo Consumo de Água Comprometimento dos
recursos naturais N 18 N I
Fabricação Gelo Consumo de Energia Comprometimento dos
recursos naturais N 18 N I
Armazenamento Consumo de Energia Comprometimento dos
recursos naturais N 18 N I
Limpeza (Área Externa
e Caminhão)
Geração Águas
Residuais
Alteração da qualidade
do solo e das águas
subterrâneas
N 16 S! I
Lavagem e Seleção dos
mexilhões
Geração de Resíduos
Orgânicos
Incremento de M.O. no
ambiente marinho N 12 S! I
Com relação ao impacto de comprometimento dos rescursos naturais, cabe destacar
que o recurso hídrico (água), apesar de ser renovável, é um recurso natural limitado (Lei
9433/1997), portanto sua disponibilidade, principalmente com qualidade para consumo, está
74
diminuindo, tornando o consumo excessivo um impacto com severidade média, pois com o
uso racional pode ser reversível, e com escala ampla, pois a diminuição da disponibilidade
atinge fronteiras desconhecidas. Além disso, a água é um recurso essencial aos seres vivos e
ao equilíbrio dos ecossistemas, e pela Lei 9433/1997 foi instituída como bem de domínio
público, dotada de valor econômico, sendo que sua cobrança pelo uso objetiva reconhecer
estas características e incentivar seu uso racional (a cobrança pelo uso da água de acordo com
esta lei só está instituída no estado do Ceará, por enquanto).
Já o aspecto consumo de energia com impacto ambiental também associado ao
comprometimento dos rescursos naturais se deve ao fato de a matriz energética brasileira ser
principalmente oriunda de hidroelétricas, e estas para sua instalação requerem grandes áreas
de inundação, comprometendo a biodiversidade, as comunidades ribeirinhas, alterando o
curso, os processos de sedimentação e erosão nas encostas dos rios, entre outros impactos, ou
seja, também foi considerado um impacto com severidade média e com fronteiras
desconhecidas.
No entanto o aspecto/impacto que obteve maior pontuação (24) foi a possibilidade de
incêndio através da queima da serragem no setor de cozimento, já que no caso da ocorrência
deste incidente (situação de emergência) o impacto ambiental relacionado à alteração da
qualidade do ar aumenta em severidade e escala, uma vez que a queima seria de outros
materiais além da serragem e a emissão de poluentes e partículas em suspensão não passariam
pelo filtro da chaminé, além de colocar em perigo a vida dos trabalhadores A única norma
aplicável a este caso encontrada é a NR 23 – Proteção contra Incêndios, que é uma norma
regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego relacionada à segurança e saúde no
trabalho. Esta norma diz, em suas disposições gerais, que todas empresas devem possuir:
proteção contra incêndio; saídas suficientes para a rápida retirada do pessoal em serviço, em
caso de incêndio; equipamento suficiente para combater o fogo em seu início e pessoas
treinadas no uso correto desses equipamentos.
O aspecto geração de águas residuais referente a atividade de limpeza na área externa
alcançou pontuação significante (16), mas foi classificado como importante pelo possível não
atendimento à legislação (Lei Estadual 14.675/2009; Res. CONAMA 396/2008; Res. CNRH
92/2008) uma vez que nesta área (externa) não há canaletas para drenagem da água residual
até a ETE, sendo esta assimilidada diretamente no solo, podendo atingir as águas subterrâneas
onde é feita a própria captação da água. Entretanto, não é possível afirmar o não cumprimento
75
destas legislações no que se referem às emissão de efluentes líquidos que possam atingir
águas subterrâneas, pois o aquífero em questão não foi classificado para enquadramento em
Classes, assim como não foram realizadas análises para caracterização do efluente gerado. Em
uma análise preliminar realizada pela Coopermape para caracterização da água subterrânea
captada (communicação pessoal com dirigente administrativo) foi detectada a presença de
coliformes e concentrações excessivas de ferro, características que poderiam enquadrar este
corpo hídrico como Classe 3, e motivo pelo qual a água captada somente é usada para limpeza
de caixas e utensílos usados na área externa e do caminhão, e motivo pelo qual ela passa por
tratamento prévio (decantação, filtro e cloração) antes do uso. Cabe ressaltar ainda, que não
há rede coletora de esgoto no município e esta possível contaminação da água subterrânea
pode ser originária do processo histórico de infiltração subterrânea das águas residuárias de
todo o bairro, por exemplo.
Resolução CONAMA 396/2008
Classe 3: águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção
desses, com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas,
para as quais não é necessário o tratamento em função dessas
alterações, mas que podem exigir tratamento adequado, dependendo
do uso preponderante, devido as suas características
hidrogeoquímicas naturais;
Lei Estadual 14.675/2009 (Código Ambiental de SC):
Art. 236: Nas ocupações em área de ocorrência de aqüífero poroso
deve ser exigido o tratamento do esgoto, de forma que não
comprometa a sua qualidade e as medidas de preservação do nível do
aquífero, sem prejuízo da incidência das normas dos sistemas de
recursos hídricos.
O não atendimento da legislação foi verificado para o aspecto geração de resíduos
sólidos (orgânicos) no setor de recepção (lavagem e seleção de mexilhões), pois 90% dos
fornecedores cooperados, como verificado nas entrevistas que possibilitaram a caraterização
dos coooperados (item 4.3), afirmaram devolver estes resíduos ao mar, o que é proibido de
acordo com a Instrução Normativa do Ibama n° 105/2006, sendo que os 10% restantes
afirmaram depositar estes resíduos em aterros, neste caso não recomendado pela Lei
14.675/2009.
76
Lei Estadual 14.675/2009 (Código Ambiental de SC):
Art. 244: O solo somente pode ser utilizado para destino final de
resíduos de qualquer natureza, desde que sua disposição seja
devidamente autorizada pelo órgão ambiental, ficando vedados a
simples descarga ou depósito, seja em propriedade pública ou
particular.
Os aspestos/impactos ambientais que atingiram entre 8 e 16 pontos no resultado da
avaliação e que atendem a legislação aplicável, como explicado na metodologia, foram
considerados significantes (S) e estão apresentados na tabela 14 a seguir.
Tabela 14: Relação dos Aspectos e Impactos Ambientais classificados como Significantes em
função da sua classificação de Significância.
Atividade Aspecto Impacto
Sit
uaç
ão
Res
ult
ado
Leg
isla
ção
Sig
nif
icân
cia
Transporte e
Recebimento de matérias
primas / Expedição
Emissão de gases
poluentes e partículas
dos escapamentos
Alteração da qualidade
do Ar N 12 S S
Emissão de ruídos Poluição Sonora N 12 S S
Consumo de óleo e
Combustível
Comprometimento dos
recursos naturais N 12 S S
Vazamento de óleo
Alteração da qualidade
do solo e das águas
subterrâneas
A 8 S S
Lavagem e Seleção dos
mexilhões
Geração Águas
Residuais
Alteração da qualidade
do solo e das águas
subterrâneas
A 12 S S
Desconche Consumo de Energia Comprometimento dos
recursos naturais N 12 N S
Pesagem e Embalagem Consumo de Energia Comprometimento dos
recursos naturais N 8 N S
Limpeza
e
Higienização
(área interna)
Geração Águas
Residuais
Alteração da qualidade
das águas subterrâneas
e do solo
A 8 S S
Geração de Resíduos
Sólidos (papéis toalhas,
esponjas)
Contaminação do Solo N 8 S S
77
Trituração
Consumo de Energia Comprometimento dos
recursos naturais N 12 N S
Emissão de ruídos Poluição Sonora N 12 S S
Limpeza área
externa/caminhão
Consumo de Água
(poço)
Comprometimento dos
recursos naturais N 8 N S
Administrativo Consumo de Energia Comprometimento dos
recursos naturais N 12 N S
Ocupacional
de
Uso Comum
Consumo de Água /
Energia
Comprometimento dos
recursos naturais N 8 N S
Consumo de Bens
Materiais (papel
higiênico, papel toalha,
detergente, copos
plásticos, EPIs)
Comprometimento dos
recursos naturais N 8 N S
Geração de Resíduos
Sólidos Recicláveis
(copos plásticos,
embalagens, etc)
Contaminação do Solo A 8 S S
Geração de Resíduos
Sólidos (papel toalha,
varrição, EPIs,
orgânicos)
Contaminação do Solo N 8 S S
Geração Águas
Residuais
Alteração da qualidade
do solo e das águas
subterrâneas
A 8 S S
Como pode se observar, o aspecto geração de água residuais e sua consequente
alteração da qualidade do solo e das águas subterrâneas foram classificadas como
siginificantes em caso de situação anormal, uma vez que estes efluentes seguem para uma
ETE, sendo sua probabilidade de ocorrência baixa, mas de detecção moderada. Os resultados
de pontuação para este aspecto/impacto variaram entre 8 e 12 pontos em função da diferença
de severidade entre os setores que a geram (mais severo onde gera naior volume de efluente).
Os consumos de água e energia nos setores/atividades que não atingiram significância
importante também obtiveram resultados de pontuação menores, variando entre 8 e 12 pontos
entre os mesmos (Tabela 14), devido a seu menor consumo.
No caso das atividades de transporte para recepção de matéria prima e expedição da
produção, foram detectados aspectos/impactos significantes em situação normal de atividade
78
com relação a emissão de poluentes atmosféricos, de ruídos e consumo de combustível
(recurso não renovável). As emissões de poluentes e ruídos foram considerados dentro dos
requisitos das legislações aplicáveis pela avaliação sensorial, uma vez que não foram
realizadas análises laboratoriais, e também pelo fato do veículo estar licenciado junto a
autoridade de trânsito. O Decreto Estadual n° 1.136/2003 que regulamenta os dispositivos da
Lei nº 11.845/2001 sobre o Programa de Inspeção de Emissões e Ruído de Veículos em Uso
no Estado de Santa Catarina e homologa o Plano de Controle de Poluição por Veículo em Uso
– PCPV – estão vinculados à Resoluções do Conama n° 5 de 1989 sobre o Programa Nacional
de Controle da Qualidade do Ar-PRONAR, bem como do Programa de Controle da Poluição
do Ar por Veículos Automotores-PROCONVE, criado pela Resolução CONAMA 18/1986 e
do Programa Nacional de Controle de Ruído de Veículos, nos termos das Resoluções
CONAMA nºs 1 e 2 de 1993, entre outras, não está em operação, uma vez que o PCPV-SC
vincular-se-á ao sistema de registro e licenciamento anual, de tal forma que, os veículos
reprovados na inspeção, não poderão ser licenciados (Decreto Estadual n° 1.136/2003) o que
não é observado na atualidade.
Para as atividades relacionadas ao transporte veicular ainda, foi constatado como
aspecto ambiental um possível vazamento de óleo, sendo esta situação caracterizada como
uma ocorrência em condições anormais de operação. Desta forma foi avaliada com
probalidade de ocorrência média, podendo gerar um impacto relacionado a contaminação do
solo, que seria de severidade mediana pela característica tóxica do produto, mas no entanto o
aspecto é facilmente detectável para correção e manutenção da normalidade.
Com relação aos ruídos, foram realizadas medições pela empresa de saúde
ocupacional nos locais onde os colaboradores realizam suas atividades, sendo que a trituração
obteve o valor de ruído mais alto do empreendimento e esta ativividade é realizada na área
externa. A geração de ruído na atividade de trituração das conchas foi medida em 89 decibéis,
sendo este um ruído contínuo (não de impacto) e intermitente e com valor compatível com a
Norma Regulamentadora n° 15 (NR-15) do Ministério do Trabalho que estabelece um nível
de 85 dB (A) para oito horas de trabalho com acréscimo de 5dB(A) quando há divisão por
dois tempos de exposição (turnos), que é o caso. Cabe salientar que a Organização Mundial
de Saúde (OMS) recomenda um limite de 75 dB(A) para um profissional que trabalha em um
período de 8 horas e que, de toda forma, o profissional que trabalha nesta atividade deve
utilizar (e utiliza) protetores auriculares. No entanto, não foram realizadas medições de ruído
79
fora dos limites da Coopermape (externas) para verificar se este aspecto, no geral, está em
consonância com o apresentado na norma da ABNT que estabelece níveis de ruído em áreas
habitadas visando o conforto acústico da comunidade (NBR 10.152/2000). De acordo com
esta norma, esta região poderia ser classificada como Área mista até 40 m ao longo das
laterais de um corredor de trânsito, já que apesar de ser um bairro predominantemente
residencial, possui serralheria, fábrica de artefatos de cimento (blocos), escola, loja de
utilidades, bares, mercearias e igrejas “do tipo evangélica” e neste caso os ruídos externos
poderiam alcançar 70dB(A) durante o dia e 55dB(A) durante a noite.
De acordo com a análise sensorial pessoal e com entrevistas aos vizinhos (a
Coopermape fica localizada em uma esquina, possuindo somente uma residência como
vizinho direto, pois o outro terreno limítrofe está desocupado), não foi verificado nem
reclamado de desconforto acústico gerado por este empreendimento. Entretanto, cabe destacar
que foi comentado por um morador do bairro, e percebido durante a entrevista na rua em
frente à Coopermape, o ruído que advém de um show de manobras com carros realizado no
Parque Beto Carreiro World, que estava ocorrendo a uma distância significativa
(aproximadamente 4 km) da Coopermape.
Durante estas entrevistas não estruturadas (conversas informais) realizadas com
moradores do entorno da Coopermape, também foi verificado que não há desconforto com
relação ao cheiro, mas sim um apreço pela reativação da Coopermape, pois segundo a
declaração dos entrevistados, o funcionamento da cooperativa gera “movimento” de pessoas e
traz oportunidade de emprego e renda para a comunidade.
Com relação à geração de resíduos sólidos inorgânicos e/ou recicláveis que acabam
sendo dispostos em lixo comum, o impacto ambiental associado a este aspecto, contaminação
do solo, está relacionado à sua disposição final em aterro sanitário realizado pela
concessionária da Prefeitura Municipal, assim como sua coleta e transporte. Neste caso, assim
como no aspecto de consumo de bens materiais e o impacto associado ao comprometimento
de recursos naturais, cabe a Coopermape estimular o uso racional destes recursos e a
disposição adequada destes resíduos seguindo as recomendações de redução, reutilização e
reciclagem.
80
4.8 Indicadores de Desempenho Ambiental (IDAs)
Os indicadores ambientais são ferramentas que auxiliam na avaliação do desempenho
ambiental da empresa e o seu monitoramento contínuo permite verificar sua evolução de
desempenho ao longo do tempo.
Conforme descrito na metodologia, para a formulação dos indicadores de desempenho
ambiental (IDAs) foram utilizados os dados mensais disponíveis, de medição constante e de
fácil obtenção, tais como: consumo de água (IDACA) e energia elétrica (IDACEE), geração
de resíduos de seleção (IDAGRS) e de conchas (IDAGRC), que foram relacionados com
produção de mexilhões desconchados (carne). Na tabela 13, estão relacionados os dados
coletados referentes a um período anual após o reinício de atividades produtivas da
Coopermape, entre setembro de 2009 e agosto de 2010.
Tabela 15: Dados coletados mensais, total e média do período (setembro de 2009 a agosto de 2010)
referentes a produção de carne (mexilhão desconchado em Kg), consumo de água (m3) e energia
elétrica (kWh) e quantidade gerada de resíduos da seleção e de conchas (Kg) na Coopermape.
Mês/ano Carne
(Kg)
Água
(m3)
Energia
(kWh)
Resíduo
Seleção (Kg)
Resíduo
Conchas (Kg)
set/09 65,59 10 142 39,22 169,06
out/09 0 10 243 0 0
nov/09 463,42 10 215 277,14 1.194,46
dez/09 1.469,58 52 726 878,84 3.787,84
jan/10 3.442,40 74 840 2.042,1 10.261,8
fev/10 3.949,13 118 1696 1.881,4 11.519,6
mar/10 6.890,69 192 2307 4.458,0 17.983,6
abr/10 11.865,76 231 2487 8.255,0 29.931,6
mai/10 3.973,06 157 1589 1.984,0 9.442,0
jun/10 8.506,92 160 1817 4.480,0 20.425,0
jul/10 0 89 787 0 0
ago/10 0 32 349 0 0
Total 40.626,55 1135 13198 24.295,61 104.714,90
Média/mês 4.514,06 95 1100 2.699,51 11.634,99
81
Conforme pode se observar na tabela 13, o mês de abril de 2010 foi o que apresentou
os maiores valores de produção de “carne” (mexilhão desconchado) com 11.865,76 Kg (11.86
t), sendo acompanhado pelos maiores valores de consumo de água (231m3) e de energia
elétrica (2487 kWh) e pela geração das maiores quantidades de resíduos da seleção (8.255Kg
ou 8.2 t) e de conchas (29.931,6 Kg ou 29.9 t) do período abordado.
Os valores totais de consumo de água (abastecimento da concessionária - CASAN) e
energia elétrica neste período foram de 1.135 m3 e 13.198 kWh, respectivamente, com médias
de consumo mensal de 95 m3 para água e 1.100kWh para energia elétrica.
O total de “carne” produzida e de resíduos gerados na atividade de seleção (setor
recepção) e de manipulação (desconche) no período (setembro de 2009 a agosto de 2010) foi
de 40.6, 24.3 e 104.7 toneladas, respectivamente, gerando uma média mensal de 4.5, 2.7, 11.6
toneladas para estes parâmetros.
Entretanto é importante destacar que este ciclo anual de coleta de dados, como pode se
observar nas figuras 40, 41 e 42, apresentou 3 etapas distintas de operação, a saber:
I - Entre setembro a dezembro de 2009, as atividades produtivas da Coopermape
estavam reiniciando após o inverno (julho e agosto) do mesmo ano e a organização ainda
estava em fase de estruturação e adequação com as normas de inspeção do S.I.F. (Serviço de
Inspeção Federal), podendo-se considerar este período como de produção experimental, onde
a Coopermape buscava por clientes, colaboradores e fornecedores e motivo pela qual os dados
de produção se mostraram baixos. O valor da produção de outubro ficou diluído entre os
meses de setembro e novembro, apesar de estar apresentada na tabela 13 como zero (Kg), uma
vez que até os métodos de controle dos dados de entrada (mexilhão in natura), produção
(carne ou mexilhão desconchado) e saída (resíduos) estavam sendo aperfeiçoados tornando os
dados pouco confiáveis, além de não refletir a realidade de uma organização efetivamente
produtiva.
II – Entre janeiro e junho de 2010 foi observado o período que representa uma melhor
capacidade produtiva da Coopermape, refletindo sua melhor estruturação para funcionamento.
III - Em função da sazonalidade da produção dos moluscos na água (cultivo), não
houve produção na Coopermape nos meses de julho e agosto de 2010. Este período pode ser
considerado como de entressafra, uma vez que não houve disponibilidade de mexilhões em
tamanho comercial nesta época para fornecimento. Além disso, estes moluscos tendem a
82
liberar seu material reprodutivo (“desovar”) fazendo com que percam massa corporal e com
isso também perdem em peso e em qualidade para comercialização e consumo. Este período,
inverno, também há uma tendência à diminuição da taxa de crescimento do mexilhão em
função das baixas temperaturas.
Figura 40: Evolução mensal do consumo de água (m
3) e da produção de “carne” (kg) na
Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de 2010.
Figura 41: Evolução mensal do consumo de energia elétrica (kWh) e da produção de “carne” (kg)
na Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de 2010.
Figura 42: Evolução mensal em quilos da produção de “carne” e a geração de resíduos da seleção
e de conchas da manipulação na Coopermape entre setembro de 2009 e agosto de 2010.
0
3000
6000
9000
12000
15000
set/0
9
out/0
9
nov/
09
dez/
09
jan/
10
fev/10
mar
/10
abr/1
0
mai/1
0
jun/
10
jul/1
0
ago/
10
Kg
s
0
50
100
150
200
250
m3
Produção carne Água
0
500
1000
1500
2000
2500
set/0
9
out/0
9
nov/
09
dez/
09
jan/
10
fev/10
mar
/10
abr/1
0
mai/1
0
jun/
10
jul/1
0
ago/
10
KgK
W
0
3000
6000
9000
12000
Energia Produção carne
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
set/0
9
out/0
9
nov/
09
dez/
09
jan/
10
fev/10
mar
/10
abr/1
0
mai/1
0
jun/
10
jul/1
0
ago/
10
KgK
g
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Res. Conchas Res. Seleção Produção carne
83
Além disso, foi constatado que o início da utilização da água captada pela perfuração
de um poço (captação de água subterrânea), para uso na área externa, foi iniciada em meados
de maio de 2010 sem que haja medição deste consumo, impedindo o cálculo de IDACA a
partir deste mês. Este fato pode ser verificado na tabela 13, onde a produção de carne em
junho/2010 (8.506,92 kg) foi maior que a de março/2010 (6.890,69 kg), mas com um menor
consumo de água: 160 m3 (jun/09) x 192 m
3 (mar/10).
Em função das variações operacionais apontadas como exposto nos parágrafos acima,
para cálculo dos indicadores de desempenho ambiental, optou-se por utilizar os dados
referentes ao período entre janeiro e junho de 2010 (Etapa II), que representam com maior
fidelidade uma situação de produção estruturada, sendo que para o cálculo do IDACA, foram
utilizados os dados entre janeiro e abril de 2010, já que a partir do mês de maio/2010 não há o
registro do consumo total de água na Coopermape.
4.8.1 Avaliação dos IDAs propostos
4.8.1.1 Índice de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Água -
IDACA
Conforme já salientado, para o cálculo do IDACA foram utilizados os valores de
produção de carne e consumo de água entre os meses de janeiro e abril de 2010 (tabela 16),
já que a partir de maio entrou no processo o consumo de água subterrânea, reduzindo o valor
consumido que é abastecido pela concessionária municipal (CASAN) origem da coleta dos
dados de consumo de água.
Tabela 16: Valores mensais dos indicadores de desempenho
ambiental referentes ao consumo de água (IDACA).
Mês
Prod.
Carne (kg)
Cons. Água
(m³)
IDACA
(m³/kg)
jan/10 3.442,40 74 0,021
fev/10 3.949,13 118 0,030
mar/10 6.890,69 192 0,028
abr/10 11.865,76 231 0,019
Total 26.147,98 615 0,024
84
A partir dos valores apresentados na tabela 16, pode-se observar que os resultados
mensais obtidos para o IDACA foram variáveis, sendo verificado um menor valor (0,019
m3/kg) no mês de abril de 2010 que também apresentou o maior valor de produção de carne
(11.8 toneladas), refletindo então o melhor desempenho ambiental para a relação entre o
consumo de água e a produção de carne neste mês. No entanto, em função do pequeno
período de avaliação, não foi possível verificar uma relação de causa e efeito entre os
resultados apresentados, uma vez que devido aos processos de limpeza interna e externa e
higienização dos utensílios, ocorre um consumo mínimo permanente de água para realização
dos mesmos independente da quantidade produzida.
Considerando a relação entre o total de consumo de água (615 m3) e da produção de
carne (26.147,98 Kg) do período analisado, o valor médio do IDACA foi igual a 0,024
m3/Kg, indicando que foram consumidos 24 litros de água por quilo de carne produzida. Este
valor, 24 litros/Kg, é bem menor que o gerado para o processamento de 1Kg de açúcar e 1Kg
de papel, por exemplo, que conforme a FECOMÉRCIO (2010) consomem 100 e 250 litros
de água, respectivamente.
No entanto, para uma melhor avaliação deste indicador, deve-se continuar
monitorando estes dados e, preferencialmente, instalar um hidrômetro para medição da
quantidade de água subterrânea captada mensalmente.
4.8.1.2 Índice de Desempenho Ambiental referente ao Consumo de Energia
Elétrica – IDACEE
Para o cálculo do IDACEE, foram utilizados os valores de produção de carne e
consumo de energia elétrica entre os meses de janeiro e junho de 2010, como mostra a tabela
17.
Os valores mais altos de IDACEE foram verificados em fevereiro (0,43) e maio (0,40)
de 2010, coincidindo com valores semelhantes de produção de carne, 3.949,13 e 3.973,06
quilos, respectivamente, indicando um baixo desempenho ambiental para este parâmetro
nestes meses. Esta situação pode ser decorrente do alto consumo de energia da câmara de
resfriamento para manutenção de sua temperatura, que independe da quantidade de carne
produzida ou estocada. O fato de janeiro ter apresentado um bom índice com valor de 0,24
kWh/kg, apesar de apresentar um valor de produção semelhante (3.442,40 Kg), pode estar
85
relacionado à expedição direta do produto quando finalizada a produção dos pedidos de
compra, reduzindo o tempo de estocagem na câmara de resfriamento, possibilitando seu
desligamento nos finais de semana, por exemplo, e com isso reduzindo o consumo de energia
elétrica.
Tabela 17: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental
referentes ao consumo de energia elétrica (IDACEE).
Mês Prod.
Carne (kg)
Com. E.
Elétrica (kWh)
IDACEE
(kWh/kg)
jan/10 3.442,40 840 0,24
fev/10 3.949,13 1.696 0,43
mar/10 6.890,69 2.307 0,33
abr/10 11.865,76 2.487 0,21
mai/10 3.973,06 1.589 0,40
jun/10 8.506,92 1.817 0,21
Total 38.627,96 10.736 0,28
Os melhores índices para este parâmetro, com valor de 0,21 kWh/kg foram verificados
nos meses de abril e junho de 2010, que também apresentaram os maiores valores de
produção de carne (11.8 e 8.5 toneladas, respectivamente), refletindo assim os melhores
desempenhos ambientais para este parâmetro.
Com relação aos valores totais, pode-se estimar que para cada 1 quilo de produto
pronto para venda foi consumido 0,28 kWh de energia elétrica, valor este correspondente ao
indicador de desempenho ambiental referente ao consumo e energia elétrica (IDACEE) do
período analisado.
4.8.1.2 Índice de Desempenho Ambiental referente à Geração de Resíduos da
Seleção (IDAGRS) à Geração de Resíduos de Conchas (IDAGRC)
Na tabela 18 estão relacionados os dados de produção de carne e geração dos resíduos
da seleção e de conchas do período utilizado para o cálculo dos índices correspondentes,
IDAGRS e IDAGRC.
86
Tabela 18: Valores mensais dos indicadores de desempenho ambiental referentes à
geração de resíduos da seleção e da manipulação (conchas).
Mês Prod. Carne
(kg)
Res. Seleção
(Kg)
IDAGRS
(kg/kg)
Res. Conchas
(kg)
IDAGRC
(kg/kg)
jan/10 3.442,40 2.042,1 0,59 10.261,84 2,98
fev/10 3.949,13 1.881,4 0,48 11.519,59 2,92
mar/10 6.890,69 4.458,0 0,65 17.983,56 2,61
abr/10 11.865,76 8.255,0 0,70 29.931,56 2,52
mai/10 3.973,06 1.984,0 0,50 9.442,00 2,38
jun/10 8.506,92 4.480,0 0,53 20.425,00 2,40
Total 38.627,96 23.100,41 0,60 99.563,55 2,58
Os índices referentes à geração de resíduos na atividade de seleção (IDAGRS), como
se pode observar na tabela 18, apresentaram melhor e pior desempenho para este parâmetro
nos meses de fevereiro de 2010 (0,48) e abril de 2010 (0,70), respectivamente. Os resíduos da
seleção são formados por mexilhões pequenos, quebrados e/ou mortos assim como possível
fauna acompanhante como cracas e briozoários, logo está diretamente relacionado com a pré-
seleção do mexilhão in natura a ser entregue pelo cooperado fornecedor. Desta forma, para
melhorar o desempenho deste parâmetro, deve-se solicitar que o cooperado fornecedor realize
uma boa pré-seleção e limpeza dos mexilhões a ser entregues na Coopermape, o que também
geraria uma redução de tempo com esta atividade no setor de recepção da mesma.
Com relação ao IDAGRC, este apresentou o melhor desempenho (2,38) em maio de
2010 e o pior (2,98) em janeiro de 2010. Este índice está diretamente relacionado a qualidade
do mexilhão medido em volume de carne, ou como preferem dizer os maricultores: o
mexilhão deve estar “gordo” para gerar maior peso de carne, uma vez que o peso da concha
não sofre variação com o metabolismo deste organismo, quando adulto, em função dos
processos reprodutivos (desova), principalmente quando desencadeados por condições
meteorológicas e oceanográficas adversas. Neste caso então, é difícil controlar o desempenho
ambiental deste parâmetro, pois o que ocorre é que a grande maioria destes organismos, por
estarem sendo cultivados em regiões muito próximas, atinge esta mesma característica
87
“gordo” ou „magro” ao mesmo tempo em função do mesmo evento, impedindo até o
fornecimento de mexilhões para a Coopermape enquanto estão “magros”, prejudicando assim
seu funcionamento ao longo do mês e do ano, e interferindo também no desempenho de
outros parâmetros, como verificado para o IDACA e IDACEE, quando seu fornecimento é
interrompido ao longo do mês.
Considerando ainda estes valores, pode-se estimar que para cada 1 quilo de produto
(carne), foram gerados 600 gramas de resíduos na seleção e 2,5 quilos de conchas, sendo os
valores de indicadores de desempenho ambiental referente à geração dos resíduos na seleção –
IDAGRS igual a 0.6 kg/kg e de conchas na manipulação – IDAGRC igual a 2.5 kg/kg, para o
período.
Considerando que as conchas representam 75% a 90% do peso dos mexilhões
(SILVA, 2007), há então uma relação mínima de proporção entre o peso da concha do
mexilhão e o peso de carne, com uma variação de até 25%, e assim sempre haverá uma
relação mínima para o valor do IDGRC, resultando também em uma geração mínima de
resíduos de concha por quilo de mexilhão desconchado produzido. Desta forma, para
melhorar o desempenho ambiental da geração de resíduos de conchas, deve-se, além de
processar mexilhão “gordo” (melhor relação entre peso de carne e concha), utilizar a concha
no beneficiamento do produto, como no caso do mexilhão em meia concha, por exemplo,
que teve sua produção iniciada na Coopermape em novembro de 2010.
A tabela 19 a seguir mostra um resumo dos valores médios para o período obtidos
para todos os indicadores de desempenho ambiental abordados.
Tabela 19: Valores médios obtidos para o período dos indicadores
de desempenho ambiental na Coopermape.
IDA Valor médio
IDACA (m3/kg) 0,024
IDACEE (kWh/ kg) 0,28
IDAGRS (kg/kg) 0,60
IDAGRC (kg/kg) 2,58
88
Comparando-se a média dos índices de desempenho obtidos em função dos consumos
de água e de energia elétrica e de geração de resíduos da seleção e do beneficiamento (tabela
20) com os obtidos em outros estudos sobre o tema (MATTAR, 2009 e PEREIRA, 2008) em
empresas semelhantes – entrepostos de pescado – pode-se perceber que a Coopermape só
apresentou um melhor desempenho no IDACEE em relação a empresa Mares do Sul. Esta
melhor relação entre o consumo de energia elétrica e a produção em quilos (kWh/kg) na
Coopermape possivelmente deve estar relacionado ao fato de que a mesma não possui túnel e
câmara de congelamento, despendendo menos energia na manutenção do estoque da
produção, uma vez que a Coopermape só produz mexilhão desconchado resfriado,
apresentando validade máxima de 30 dias quando em embalagem à vácuo. A empresa
Kowalsky, por sua vez, possui uma produção muito superior a da Coopermape, com média de
254 toneladas de pescados processados por mês, possuindo então uma melhor relação entre o
consumo de energia elétrica e de água e a produção de pescados. Entretanto estes valores
devem ser observados com cautela, pois os produtos beneficiados (mexilhão x peixes) e os
processos utilizados (desconche x filetagem) são distintos.
Tabela 20: Comparação entre os IDAs da Coopermape e os obtidos em empresas de
beneficiamento de pescados.
Coopermape
Mares do Sul
(Mattar, 2009)
Kowalsky
(Pereira, 2008)
IDACA (m³/t) 24,00 4,25
IDACEE (kWh/kg) 0,28 0,68
IDACEE (kWh/t) 278,00 0,13
IDAGRS+IDAGRC (kg/kg) 3,18 0,11 0,37
89
4.9 Proposições de Melhorias relacionadas aos Aspectos/Impactos
Ambientais Identificados
De acordo com os aspectos e impactos ambientais verificados para este
empreendimento nas etapas de avaliação ambiental inicial e na elaboração de indicadores de
desempenho ambiental, serão sugeridas algumas medidas práticas com a finalidade de
melhorar o gerenciamento e o desempenho ambiental da Coopermape.
Consumo de Água
Instalação de hidrômetros na entrada de água dos processos do setor de seleção,
fabricação de gelo e na área interna para as atividades de limpeza, para verificar o consumo
de cada processo facilitando o monitoramento de cada setor, inclusive na captação de água
subterrânea;
Realizar manutenções periódicas preventivas, ou corretivas assim que for verificado
vazamentos, em todos os equipamentos relacionados ao abastecimento de água (torneiras,
registros, reservatório, bomba d‟água, etc.), assim como checagem de vazamentos na rede
interna, evitando perdas do recurso.
Realizar estudos de viabilidade técnica e econômica para dispor de sistemas de coleta
de água da chuva e/ou reaproveitamento da água do(s) processo(s) para fins menos nobres
(setor de trituração, descarga de banheiros, etc.); onde segundo a Lei Estadual (SC)
14.675/2009, art. 218: as atividades/empreendimentos licenciáveis, quando usuários de
recursos hídricos, devem prever sistemas para coleta de água de chuva para usos diversos;
Consumo de Energia
Instalar placa/cartaz informativo na ante-sala da câmara de resfriamento sobre os
procedimentos de operação neste setor, para evitar perdas de temperatura com o não
fechamento da porta da ante-sala, com excesso de pessoas nesse ambiente, etc.;
Realizar estudo verificando o custo/benefício da instalação de sensores de presença,
nos banheiros, vestiários, refeitório, almoxarifado e gabinete de higienização, para o
desligamento automático da iluminação;
90
Verificar, quando na compra de um novo equipamento, sua eficiência energética,
sendo que um investimento maior na compra de um produto com menor consumo de energia
elétrica pode refletir em economia com este custo em longo prazo;
Verificar nos manuais dos equipamentos que mais consomem energia – motores da
fabricação de gelo, câmara fria e lavadora de alta pressão – a necessidade de revisões
periódicas destes equipamentos, e mesmo sem este requisito e/ou sem os manuais, traçar um
cronograma de manutenção preventiva, principalmente nos períodos de parada de produção,
evitando não só um possível consumo excessivo de energia, mas os custos para manter a
produção sem estes equipamentos (aluguel, compra de gelo de terceiros, etc.) e/ou até a
parada da produção pela falta dos mesmos.
Gestão dos Resíduos Sólidos
Instalar coletores identificados nos setores em que se observa a maior produção de
resíduos recicláveis (setor de embalagem, cozinha, escritório) facilitando sua identificação e
coletores padronizados conforme o sistema de cores da Resolução CONAMA 275/2001 para
disposição final dos mesmos antes da coleta;
Verificar a possibilidade de dar um destino final apropriado aos resíduos gerados na
atividade de seleção, evitando o retorno dos mesmos para o maricultor cooperado e deste
para o mar;
Consolidar parcerias para a destinação final dos resíduos de conchas trituradas que
possam de fato valorar este resíduo que é, comprovadamente, fonte de carbonato de cálcio,
podendo ser usado na correção do pH de solos e até na construção civil, mas nesse caso
demandando certa tecnologia para eliminação completa da matéria orgânica;
Ou, verificar a possibilidade de uso destas conchas trituradas na aplicação da camada
de isolamento da disposição diária de lixo nos aterros sanitários;
Gestão das Águas Residuárias
Instalar canaletas coletoras de água na área externa onde ocorre a limpeza dos
utensílios da trituração e do caminhão, para conduzir estes efluentes para ETE;
91
Realizar medições regulares dos parâmetros de qualificação das águas residuárias após
passagem na ETE, conforme especificações regulamentares, para verificar a eficiência da
mesma.
Prevenção à Poluição Atmosférica
Elaborar plano de emergência para contenção de incêndios, disponibilizar os
equipamentos necessários e suficientes e realizar treinamentos para execução do mesmo;
Realizar medições regulares dos parâmetros de qualificação das emissões atmosféricas
da chaminé, verificando a eficiência de funcionamento do filtro da mesma;
Realizar manutenção periódica e preventiva do caminhão de transporte evitando
emissões atmosféricas fora dos padrões estabelecidos, e o consumo excessivo de
combustíveis;
Finalmente, para realização destas melhorias recomenda-se a elaboração de Programas
de Gestão Ambiental (PGAs), tipo planos de ação, contendo algumas informações básicas,
como: ação (procedimento, monitoramento, treinamento, etc.) que será realizada; pessoa
responsável pela ação; modo e ferramentas que serão utilizadas para realizar a ação e prazo
para conclusão da mesma.
Independente do setor, atividade e/ou aspecto ambiental identificado, é extremamente
importante para a consolidação de melhorias no desempenho ambiental da organização, o
comprometimento de todos os envolvidos, desde a alta administração até, de preferência, os
fornecedores. Para isto, é necessário que haja a comunicação e conscientização de todas as
pessoas envolvidas com as atividades da Coopermape.
Não menos importante é a realização de palestras de sensibilização e treinamentos
sobre os procedimentos operacionais, principalmente com os colabores diretamente
envolvidos com os aspectos ambientais identificados como importantes na avaliação
ambiental inicial, podendo desde então, refletir em melhorias no desempenho ambiental da
cooperativa no futuro, pois segundo SOUZA (2009), o mais importante para o sistema de
gestão é que o colaborador conheça seus impactos, tenha conhecimento de como eles devem
ser controlados e saibam quais ações devem ser tomadas para minimizá-los.
92
5. CONCLUSÃO
Este trabalho foi proposto com a finalidade de realizar uma avaliação ambiental inicial
da unidade de beneficiamento de moluscos da Cooperativa de Maricultores de Penha, de
forma a auxiliar em uma futura implantação de um sistema de gestão ambiental nesta
organização, de forma a comprovar sua busca por um melhor desempenho ambiental
tornando-a apta a exigir que seus fornecedores e cooperados cumpram metas ambientais e/ou
apresentem garantias sobre seu desempenho ambiental, induzindo assim à sustentabilidade
ambiental em toda cadeia produtiva.
De maneira geral este estudo reuniu bastante informação a cerca da atividade de
maricultura realizada pelos cooperados e das atividades realizadas na unidade de
beneficiamento da Coopermape, servindo como base para a implantação de processos de
coleta de dados para dar continuidade à avaliação de desempenho, apontando os aspectos
ambientais e seus respectivos impactos e sugerindo algumas medidas que podem vir a trazer
melhorias com relação à sustentabilidade da organização.
De toda forma, cabe lembrar que um SGA não é feito só no papel, necessitando de
ampla divulgação, conscientização entre os envolvidos na cooperativa e vontade para fazer
acontecer.
5.1 Conclusões sobre os objetivos propostos
Com relação à caracterização dos cooperados foi verificado que o cultivo de moluscos
praticado por estes maricultores teve início na década de 90, apresenta característica familiar e
é uma importante fonte de renda para estes maricultores. No entanto, a Coopermape não é o
principal canal de comercialização do produto cultivado, devido à baixa capacidade
operacional da mesma, além do fato de os cooperados já possuírem sua rede de
comercialização direta, tanto no varejo, quanto no atacado para intermediários e até para as
indústrias, muitas vezes fazendo concorrência à própria cooperativa.
Outro aspecto de destaque é com relação ao nível de satisfação e de confiança
demonstrado pela Coopermape, que foi considerado bom e alto por 60% e 50% dos
entrevistados, respectivamente, sendo este um importante passo para a consolidação e
fortalecimento deste empreendimento.
93
Em referência a percepção ambiental, a maioria dos entrevistados afirmou conhecer e
realizar as Boas Práticas de Manejo (BPMs), principalmente o recolhimento dos resíduos
inorgânicos (bóias, cabos, sacos, garrafas pet, etc.) em mar para disposição em terra, no
entanto nenhum dos cooperados tinha ouvido falar no código de conduta para o
desenvolvimento sustentável e responsável da malacocultura brasileira elaborado pelo MPA.
Com relação ao SGA, 70% afirmaram conhecer o que era, 100% afirmaram que
gostariam que a Coopermape implantasse um SGA e 85% afirmaram que se esforçariam para
se tornar um fornecedor comprometido com o SGA. Como sugestão para facilitar este
comprometimento como fornecedor, os cooperados citaram principalmente medidas
relacionadas com a fiscalização e punição para quem não seguir as “regras” e a necessidade
de uma solução para a disposição correta dos resíduos da atividade.
Desta forma a implantação de um SGA na Coopermape e a exigência de um
comprometimento ambiental por parte dos fornecedores cooperados não seria um motivo
impeditivo para que estes continuassem a fornecer mexilhões para a unidade, mas sim a sua
própria falta de capacidade em processar maior quantidade.
Com relação à Avaliação Ambiental Inicial na unidade de beneficiamento de
mexilhões da Coopermape, foram apontados os aspectos e impactos ambientais mais
importantes (significativos), e que por isso merecem maior atenção, tais como:
a. A falta de um plano de emergência em função do aquecimento de água da atividade de
cozimento dos mexilhões ser realizada através da queima de serragem, gerando um
risco de possibilidade de incêndio;
b. A falta de canaletas que conduzam as água residuais das atividades de limpeza da área
externa (setor de trituração) e do caminhão para a ETE;
c. A devolução dos resíduos da atividade de seleção para o maricultor cooperado e deste
para o mar;
d. O elevado consumo de água exigido no processo, principalmente devido às atividades
de lavagem dos mexilhões no setor de recepção, fabricação de gelo e de limpeza diária
interna e externa; e
94
e. O elevado consumo de energia elétrica, principalmente em decorrência de fabricação
de gelo, câmara de resfriamento e máquina lavadora de alta pressão para a limpeza
interna e no setor de recepção;
Com relação aos indicadores de desempenho ambiental, foi verificado que os valores
médios para os períodos correspondentes de avaliação do IDACA, IDACEE, IDAGRS e
IDAGRC foram iguais a 0.024 m3/kg, 0.28 kWh/kg, 0.60 kg/kg e 2.58 kg/kg,
respectivamente.
5.2 Considerações Finais
As entrevistas semi-estruturadas realizadas com os maricultores cooperados poderiam
ter sido menos extensas, tornando-as menos cansativas e despendendo menos tempo de
realização para o maricultor, uma vez que a parte mais significativa para este estudo
encontrava-se no final com as questões relativas à percepção ambiental e o SGA, mas de
maneira geral os entrevistados foram solícitos em respondê-las inclusive com sugestões sem
interferência da entrevistadora.
O método aplicado para avaliação e priorização dos aspectos e impactos ambientais se
mostrou um pouco subjetivo, talvez devido a pequena graduação (1, 2 ou 3) dada aos
critérios. Por outro lado, foi bastante positiva a questão de priorização de cada
aspecto/impacto ambiental identificado em função do atendimento ou não da legislação,
juntamente e independentemente do resultado alcançado com a soma da pontuação obtida
com os critérios avaliados.
Também seria interessante a continuação deste estudo, com a aplicação de outro
método de avaliação ambiental inicial ou com a proposição de outros métodos de gestão
ambiental como avaliação do ciclo de vida do produto, produção mais limpa, eco-eficiência,
entre outros disponíveis, tanto para efeito comparativo, quanto para realizar esta avaliação
com dados temporais mais longos, uma vez que a cooperativa até então não apresentava
ampla estruturação para funcionamento e para o registro das informações.
95
5.3 Recomendações
Considerando que a disposição correta dos resíduos da atividade da maricultura é uma
das dificuldades mais citadas pelos maricultores e até motivo de reclamação como apontado
pelos mesmos e também verificado em outros trabalhos e in loco, creio que é de suma
importância juntar esforços entre AMAP, COOPERMAPE e Prefeitura Municipal para que
sejam disponibilizados containeres para a disposição destes resíduos em áreas a serem
definidas (podendo até ser em balsas flutuantes) e que se realize a coleta regular dos mesmos,
reforçando a vontade dos próprios maricultores em minimizar este impacto da atividade no
município de Penha.
Ainda neste tema de resíduos, mas agora em relação à disposição dos mesmos no mar,
principalmente bombonas usadas como flutuadores e cabos, que são muitas vezes arrancados
pelas condições climáticas e oceanográficas adversas, acabando no fundo do mar e/ou
aparecendo na praia em função das correntes, poderia ser realizado um projeto para o
pagamento por serviços ambientais que poderiam ser realizados pelos pescadores ao recolher
estes resíduos (além de outros oriundos de outras fontes, como pela drenagem continental)
em suas pescarias de arrasto de fundo. Esta idéia foi dada por um pescador após presenciar a
realização de uma entrevista com um maricultor cooperado na orla da Praia da Armação,
onde ele narrou que muitas vezes acabam sendo “capturados” estes resíduos durante a
pescaria do camarão, mas que estes acabam sendo devolvidos no mar, para não encher o
barco de lixo, faltando um estímulo a mais para que se faça este recolhimento. Um projeto
deste tipo pode ser pautado na Lei estadual n° 15.133 de 19 de janeiro de 2010 que prevê em
suas diretrizes a utilização do pagamento por serviços ambientais como instrumento de
promoção do desenvolvimento sustentável; o restabelecimento, recuperação, proteção,
preservação, manutenção ou melhoramento de áreas prioritárias para conservação da
biodiversidade ou para preservação da beleza cênica; entre outros.
96
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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97
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ANEXO
Anexo 1: Questionário pré-elaborado para realização das entrevistas com os cooperados.
Nome Maricultor(a): ..............................................................................................................
Idade:.......................................... Naturalidade:...........................................................................
Grau de Escolaridade:...................................................................................................................
Qdo iniciou na maricultura?..........................................................................................................
Fez curso técnico na área? ( ) não ( ) sim
Qual?............................................................................................ Qdo? ......................................
Quem promoveu? .........................................................................................................................
casado(a) ( ) solteiro(a) ( ) viúvo(a) ( ) Tem filhos ( ) sim ( ) não
N° membros familiares participam na maricultura .....................................................................
Possui empregados/ajudantes? ( ) sim ( ) não Qts?...............................................................
Tem outra profissão que atua: ( ) sim ( ) não Qual?..............................................................
Tempo que se dedica ao cultivo?
Quais meses..................................................................................................................................
Qts dias na semana...................................................Qts horas / dia..............................................
Local do cultivo:................................................................. Qts áreas:.........................................
Quantas linhas:................................................... Origem das áreas............................................. Já
adquiriu área de 3ºs? ..................................................................Possui TAC ( ) sim ( ) não
Produção ( ) mexilhão ( ) ostras ( ) vieiras ( ) outra sp ........................................................
Semente: ( ) pega costão ( ) compra >> de quem/onde............................................................
Usa coletores? ( ) sim ( ) não Faz repique ( ) sim ( ) não Qtde “plantada” em 2010:.........
............................................................................... Tem comprador pra safra ( ) sim ( ) não
Quem é................................................................... Preço...................................
Vende direto ( ) sim ( ) não Preço............................... Beneficia ( ) não ( ) sim > Qual
produto final? .................................................................................... Preços........................................
% Renda familiar proveniente da maricultura..........................
Quais dificuldades na atividade?.................................................................................................
.......................................................................................................................................................
Você pertence a ( ) AMAP ( ) COOPERMAPE ( ) nenhuma ( ) outra ..............................
Há qto tempo? ............................................................. Quais benefícios que trazem?................
....................................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................... Quais
benefícios poderiam trazer?................................................................................................
....................................................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
Você sabe qual a missão/ papel da Cooperativa? ( ) sim ( ) não
Qual?............................................................................................................................................
Você forneceu mexilhão para Coopermape? ( ) sim ( ) não Qto % da produção.................
PQ?................................................................................................................................................
O que fez com a devolução do resíduo? ......................................................................................
Participa das reuniões e assembléias? ( ) sim ( ) não PQ?.....................................................
.......................................................................................................................................................
Nível de Satisfação pela Coopermape ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
Nível de Confiança pela Coopermape ( ) Muito Alto ( ) Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( ) M. Baixo
Você sabe o que é BPM? ( ) sim ( ) não
Vc pratica na sua atividade? ( ) sim ( ) não >> gostaria de conhecer? .................................
Se sim, quais medidas?.................................................................................................................
Utiliza balsa para manejo (plantio e colheita) ( ) sim ( ) não Quais equipamentos possui na balsa
(bomba d‟água, rolo, grade).............................................................................................
Possui barco ( )sim ( )não Qts............................. motor ( ) centro ( ) popa ( ) .....................
O que faz com o resíduo?.............................................................................................................
O ambiente em que está inserido seu cultivo é de qualidade o ano todo? ( ) sim ( ) não > Que eventos
o tornam impróprio?.................................................................................................
Como vc fica sabendo se há floração de algas tóxicas?...............................................................
Como vc atestaria a qualidade do seu produto? ..........................................................................
O que vc acha necessário para evoluir na atividade? (capacitação, equipamentos, investimentos,
auxiliares, local para beneficiamento/venda, etc) ...............................................
.......................................................................................................................................................
Já recebeu alguma reclamação em fç da atividade? ( ) sim ( ) não Q tipo.................................
.......................................................................................................................................................
Vc já teve acesso a crédito p/ maricultura (PRONAF)? ( ) sim ( ) não
Você sabe ou já ouviu falar em SGA? ( ) sim ( ) não
Gostaria que a Coopermape implementasse um SGA na indústria? ( ) sim ( ) não
E vc se esforçaria para se tornar fornecedor comprometido com o SGA? ( ) sim ( ) não
Teria sugestões de ações que facilitariam esta medida...............................................................................
....................................................................................................................................................................
....................................................................................................................................................................
Data ........../........... /............ Município:.............................................................
Responsável: ......................................................................................................................