Precursores Petty Hume Idéias a Smith Início

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1 4. Escola Clássica 4. Escola Clássica 4. Escola Clássica 4. Escola Clássica 4.1. Avanço do capitalismo e 4.1. Avanço do capitalismo e 4.1. Avanço do capitalismo e 4.1. Avanço do capitalismo e nascimento da Economia Política nascimento da Economia Política nascimento da Economia Política nascimento da Economia Política ... ... ... ... 4.1.3. Perspectiva e idéias principais 4.1.3. Perspectiva e idéias principais 4.1.3. Perspectiva e idéias principais 4.1.3. Perspectiva e idéias principais 4.2. Precursores da Escola Clássica 4.2. Precursores da Escola Clássica 4.2. Precursores da Escola Clássica 4.2. Precursores da Escola Clássica 4.2.1. William Petty 4.2.1. William Petty 4.2.1. William Petty 4.2.1. William Petty 4.2.2. David Hume 4.2.2. David Hume 4.2.2. David Hume 4.2.2. David Hume

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4. Escola Clássica4. Escola Clássica4. Escola Clássica4. Escola Clássica

4.1. Avanço do capitalismo e 4.1. Avanço do capitalismo e 4.1. Avanço do capitalismo e 4.1. Avanço do capitalismo e nascimento da Economia Política nascimento da Economia Política nascimento da Economia Política nascimento da Economia Política ............

4.1.3. Perspectiva e idéias principais4.1.3. Perspectiva e idéias principais4.1.3. Perspectiva e idéias principais4.1.3. Perspectiva e idéias principais

4.2. Precursores da Escola Clássica4.2. Precursores da Escola Clássica4.2. Precursores da Escola Clássica4.2. Precursores da Escola Clássica

4.2.1. William Petty4.2.1. William Petty4.2.1. William Petty4.2.1. William Petty

4.2.2. David Hume4.2.2. David Hume4.2.2. David Hume4.2.2. David Hume

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4.2. Precursores da Escola Clássica4.2. Precursores da Escola Clássica4.2. Precursores da Escola Clássica4.2. Precursores da Escola Clássica

4.2.1. Willi4.2.1. Willi4.2.1. Willi4.2.1. William Petty am Petty am Petty am Petty [complemento] ● 1623-1687

● impostos proporcionais não afetam riqueza pessoal - teoria da tributação benéfica: contribuição de acordo com propriedades e riqueza - uso dos impostos em geral para regular o comércio e o consumo; preferência pela tributação do gasto e não dos ganhos

● idéias sobre velocidade de circulação da moeda: tão importante quanto à quantidade de dinheiro

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- pode haver excesso ou falta; deve-se vender (ou derreter) o excesso de metais (contra a proibição de saída, “fútil e tola”) - dinheiro é a “gordura do corpo político”, em excesso impede a agilidade, escassez provoca doença - doutrina das necessidades do comércio: há certa medida e proporção do dinheiro necessário para movimentar o comércio de uma nação

● contra a fixação de limites legais para taxa de juros e fixação por lei da taxa de câmbio

● divisão do trabalho

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● teoria primitiva da renda como resíduo - para determinar de que modo taxar a renda, trata de definir o que é a renda: descontados o sustento do trabalhador (individual), com produtos diretos da lavoura e os trocados, e as sementes de reposição, o restante é a “renda natural” [não distingue a renda da terra do retorno da aplicação de capital] - definida a renda em produto, é preciso apurar seu valor em dinheiro inglês: renda vale tanto dinheiro quanto outro homem pudesse obter se tratasse de extrair prata e produzir dinheiro

● importância do “capital” (arte x trabalho comum): “arte” (estudo da maneira mais eficiente de produção, incluindo uso de ferramentas) exige tempo, mas

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multiplica a produtividade do trabalho; o tempo gasto na “arte” equivale ao trabalho poupado

● como precursor dos clássicos, destaca-se pela ênfase no capital e na produção - busca de uma teoria do valor e da riqueza: “O trabalho é o Pai e o princípio ativo da Riqueza, assim como as Terras são a Mãe desta” - riqueza como “efeito do trabalho passado” - o trabalho necessário à produção e também a terra (ou ambos) são a medida do valor [oposto ao conceito metalista] - salário de subsistência: “lei determina ... o bastante para viver”, do contrário, trabalha-se menos e perde o público

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● teoria dos preços, três categorias (elevado nível de abstração): - preço natural: de equilíbrio, depende do trabalho despendido; determinado por um princípio constitutivo inerente ao sistema econômico - preço político: cobre interesses extraordinários, quando mercadoria contém mais trabalho que o mínimo - preço corrente: expressão do preço político em dinheiro

● preços estão referidos não apenas a oferta e demanda, mas ao conjunto do sistema de produção (cadeias produtivas e custos sociais) [sem vislumbrar relação capitalista e taxa de lucro]

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● teoria do valor implícita encaminha noção de excedente propiciado pelo trabalho - mas terras também dão origem ao excedente - o elemento mais importante é a força produtiva do trabalho (as criaturas = população)

● temáticas de Petty são próprias da época mercantilista - absorto nos problemas do Estado e da riqueza do soberano, extrai das considerações sobre administração e tributos conclusões que dão origem a novas linhas de raciocínio e antecipam contribuições da economia política clássica

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● Richard Cantillon (1680?-1734), posterior a Petty

- irlandês, radicou-se em Paris, banqueiro rico - discordou dos planos de John Law, a quem era ligado, e teve de deixar a França - precursor dos fisiocratas: “empresário” (risco remunerado pelo lucro, normal) e teoria do valor (papel da terra e do trabalho, oferta e demanda) - Essai sur la nature du commercen em général, ([1730-34] 1755): diálogo com Locke (questões monetárias) e Petty (conceitos de renda e riqueza); possivelmente o primeiro tratado de economia política - dinheiro como meio de circulação do produto nacional entre as classes

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● excedente de exportação é positivo, porque o ingresso de metais (não a descoberta) favorece o comércio, emprego e consumo - contudo, cedo ou tarde, há reversão do saldo positivo, pois aumentam os preços e as importações - o excesso de metais conduz ao empobrecimento da nação (Espanha) ● a seqüência Petty-Cantillon-Quesnay - herdam de Petty o problema do par terra-trabalho, em oposição ao metalismo - naturalização das relações econômicas fundamentais: riqueza e produtividade dependem dos poderes criativos da terra (naturalismo agrícola)

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- Petty: riqueza é produção de mercadorias, vinculada ao trabalho (população; esforço/sacrifício), que determina o preço natural e o preço (valor do dinheiro); mas o valor mede-se por trabalho e/ou por terra (que também é fonte da riqueza) - Cantillon: riqueza = mercadorias; valor = terra e trabalho - terra é fonte ou matéria para extração da riqueza (coisas úteis e conforto); trabalho é a forma de produzir riqueza ● Cantillon quer estudar a riqueza pelo comércio - começa por explicar o direito à propriedade e à renda excedente da produção agrícola

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- distingue os grupos sociais por sua função no processo produtivo e sua parcela na apropriação - terra dá origem a três rendas: da terra propriamente, cabe aos proprietários; sustento do empresário rural e seus trabalhadores e animais; lucro do arrendatário - rendas são gastas no próprio estabelecimento (consumidas) ou circulam por toda economia

● teoria do valor e do preço: - papel da terra e do trabalho como custos e medida do valor intrínseco (natural) - oferta e demanda determinam flutuações do preço de mercado em torno ao valor intrínseco - preço de mercado: depende de proporção entre a quantidade disponível e o dinheiro oferecido

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- valor intrínseco: medida da quantidade de terra (fertilidade) e de trabalho (quantidade) que entra na produção - valores intrínsecos não variam; preços de mercado tem variação diária

● diferenças de Cantillon (frente a Petty): - valor intrínseco (terra e trabalho) é apenas unidade de medida - trabalho = custo de subsistência, equivalente à quantidade de terra necessária para gerá-la (dado o estado da técnica) - não refere população à riqueza nem trabalho (sacrifício) ao valor

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- par terra-trabalho serve à tentativa de estabelecer medida rigorosa de valor em terra - medida interessa pela concepção de excedente baseada nos poderes produtivos da agricultura (base do sistema fisiocrático) - articula produção do excedente com os fluxos produtivos e de rendimentos; estes últimos relacionam-se com a circulação monetária

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4.2.2. David Hume4.2.2. David Hume4.2.2. David Hume4.2.2. David Hume

● 1711-1776, Escócia, nasce 12 anos antes de seu amigo A. Smith e morre semanas após a publicação de A riqueza das nações - de espírito cético e pensamento não-ortodoxo, foi recusado duas vezes em Edimburgo e quase provoca expulsão de Smith de Oxford (porque tinha um livro dele) - viveu como tutor de um marquês e funcionário inferior do governo; aposentado, escreveu prolificamente em sua terra natal, tendo enriquecido com os direitos autorais

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- filósofo, lógico, historiador e economista; escritor de transição do período mercantilista para a escola clássica e o liberalismo - exerce influência indireta sobre Smith (deísta como Hutcheson), pois era um crítico dos conceitos éticos e metafísicos - enquanto Hutcheson propõe um senso moral do homem que distingue o certo do errado, Hume entende que o homem busca o que é útil (para si e os demais); Smith vai dar sua própria resposta

● Political Discourses, 1752 (supõe-se que teria chegado ao topo, se houvesse elaborado um tratado completo e sistemático)

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● economia política é: investigação sobre a natureza do comércio e da riqueza e seus efeitos na grandeza do Estado e na felicidade dos indivíduos: “as nossas paixões são a causa única do trabalho, e o trabalho (que inclui todos os esforços mentais e físicos) é o meio de comprar da natureza toda a riqueza do mundo”

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[seminário] David HumeDavid HumeDavid HumeDavid Hume Escritos econômicos: I – Sobre o Comércio V – Sobre a Balança Comercial VI – Sobre o Ciúme do Comércio

in Discursos Políticos (1752-58)

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● oposição aberta aos dogmas mercantilistas, com influência considerável em sua derrocada: defensor do comércio livre (teoria do comércio internacional – mecanismo de preço-fluxo de moeda, relacionado com teoria quantitativa da moeda) - conforme Cantillon, entrada de metais levaria ao ocaso econômico nacional, cedo ou tarde ● Hume segue teoria monetária de Locke para propor a existência de um mecanismo de equilíbrio internacional, que opera sem a intervenção do governo - entrada (ou saída) de metais, com o tempo, eleva (ou diminui) preços, aumentando importações e reduzindo exportações (ou o contrário); alternativamente, pode

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haver ajuste via taxa de câmbio, se flutua livremente (sobra ou escassez de divisas externas faz seu valor cair ou aumentar, frente à moeda nacional) - esse mecanismo é o pensamento da lei natural: economia retorna ao equilíbrio ● comércio livre beneficia a todos; no longo prazo diminuem as diferenças entre as nações, porque as mais pobres podem concorrer com melhores preços nos artigos mais simples, depois mais complexos - [tema atual da convergência a longo prazo, nações tornam-se igualmente ricas; elaboração de Hume remete ao internacionalismo da sociedade mercantil]

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- no longo prazo, crescimento é estimulado pela entrada de metais; progresso da indústria e do comércio, com altos lucros, eleva os juros no curto prazo; a longo prazo, a maior produção reduz lucros e juros, conduz à maior auto-suficiência - [teoria dos juros desvinculada da quantidade de dinheiro]

- [tendência ao declínio de lucros e juros]

● homens e mercadorias são a verdadeira força econômica, a “grande roda da circulação”; dinheiro é apenas um “óleo lubrificante”

● agricultura e indústria são mutuamente necessárias e comércio cresce com elas

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● elasticidade da demanda: esboço do conceito, na discussão do impacto dos impostos: se reduzir impostos do vinho, a arrecadação vai aumentar; entretanto, não aplicou essa noção ao comércio internacional (mecanismo preço-fluxo de moeda funciona apenas se demanda pelos bens do país for elástica, respondendo à variação de preço)

● impostos indiretos recaem sobre assalariados e não sobre o produto líquido dos proprietários, porque salários dependem de oferta e demanda de trabalho; trabalhadores pagam reduzindo seu consumo ou aumentando seu trabalho

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4.1.3. Perspectiva e idéias princ4.1.3. Perspectiva e idéias princ4.1.3. Perspectiva e idéias princ4.1.3. Perspectiva e idéias principaisipaisipaisipais

● Estado mínimo - liberalismo econômico: liberdade pessoal, propriedade privada, iniciativa privada - forças do mercado competitivo guiam produção, troca, distribuição - funções do Governo: direitos de propriedade, defesa nacional, educação pública

● natureza humana: ações guiadas pelo auto-interesse - produtores e mercadores: lucro - trabalhadores e consumidores: salários e satisfação

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● harmonia de interesses - harmonia natural das trocas no mercado [não Ricardo] - coincidência da busca individual com o melhor social

● riqueza da sociedade depende de todos os recursos - terra, trabalho produtivo, capital, empresário - todas as atividades contribuem para a riqueza nacional - trabalho tem lugar especial (fonte e medida da riqueza e do valor [de troca]) ● leis naturais governam a atividade econômicas: - leis universais e imutáveis [não Stuart Mill] - rendimentos decrescentes na agricultura e teoria da determinação da renda da terra

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- lei dos mercados (crescimento econômico sem crise) - teoria quantitativa da moeda - teoria das trocas conforme o valor-trabalho, teoria das trocas internacionais - lei da população - determinantes e tendências do crescimento econômico (acúmulo de riqueza, queda da taxa de lucro, estado estacionário) ● comparação com características da Fisiocracia: - ordem natural (embora não a partir do indivíduo e da natureza humana), leis naturais (na economia) - liberalismo, harmonia (funcionalismo: funções das classes sociais)

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- exclusivismo da agricultura, economia como sistema de inter-relações ● a quem beneficiou a escola clássica: - atendeu às exigências da época, estímulo à acumulação e ao crescimento, que não trouxe benefícios iguais a todos - respeitabilidade dos empresários de comércio e indústria - idéias promovem clima político pró-liberal - custos da acumulação promovida recaíram sobre os trabalhadores, que a longo prazo melhoram de vida, graças ao progresso (e suas lutas sociais)

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● validade da teoria clássica em sua época: - racionalizava as práticas na sociedade mercantil, justificando a queda das restrições mercantilistas e do direito feudal, o que criava melhores condições para o empreendimento privado - privatização das terras comuns (= garantia de crédito) liberou capitais e mão-de-obra - confiança na concorrência, fenômeno crescente, em confronto com governos esbanjadores e corruptos - projeção do setor privado atendeu às necessidades de acumulação (lucros: sustentados nos salários de subsistência concomitantes ao crescimento da produtividade)

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- promoveu extensão dos mercados (interno e externo), com urbanização e mercantilização da produção agrícola

● contribuições duradouras: - lei dos rendimentos decrescentes - lei das vantagens comparativas no comércio internacional - noção de soberania do consumidor - importância da acumulação de capital para o crescimento - mercado como mecanismo de conciliação dos interesses individuais e desses com os interesses da sociedade

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● erros e fraquezas: - política pública não pode seguir princípio liberal para enfrentar depressões (por que ocorrem?), monopólios, monopsônios, externalidades, bens públicos - liberalismo extremado por vezes chegou a absurdos (esfera em que se admite a legitimidade da intervenção do Estado vai se modificando após a escola clássica) - não considerou o papel da alteração tecnológica na produção agrícola - não reconheceu importância na utilidade e na demanda para determinação dos preços

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4.3. Adam Smith4.3. Adam Smith4.3. Adam Smith4.3. Adam Smith

4.3.1. Dados biobibliográficos4.3.1. Dados biobibliográficos4.3.1. Dados biobibliográficos4.3.1. Dados biobibliográficos

4.3.2. Teorias filosóficas4.3.2. Teorias filosóficas4.3.2. Teorias filosóficas4.3.2. Teorias filosóficas e origens do e origens do e origens do e origens do pensamento econômico smithianopensamento econômico smithianopensamento econômico smithianopensamento econômico smithiano

4.3.3. Teoria da Hist4.3.3. Teoria da Hist4.3.3. Teoria da Hist4.3.3. Teoria da História e Sociologiaória e Sociologiaória e Sociologiaória e Sociologia

4.3.4. 4.3.4. 4.3.4. 4.3.4. até 4.3.10.4.3.10.4.3.10.4.3.10. temas econômicos de A Riqueza das Nações

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4.3.1. Dados biobibliográficos4.3.1. Dados biobibliográficos4.3.1. Dados biobibliográficos4.3.1. Dados biobibliográficos ● 1723 († 1790), o “brilhante e amável fundador da escola clássica” nasceu em Kirkcaldy, cidade portuária da Escócia; filho de funcionário público (arrecadador de alfândega); pai falece antes do seu nascimento

● 1737-1746: estudos nas universidades de Glasgow (14 anos) e Oxford (ciência moral e política, línguas; 17 anos, quando conhece Hume, com 29)

● 1749-1764: professor de Lógica (26 anos) e depois Filosofia Moral (1750) em Glasgow - a disciplina de Filosofia Moral englobava: teologia natural, ética, jurisprudência e economia política

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● obras: - Teoria dos sentimentos morais (TSM) (1759) - Conferências de Glasgow (CG) [1763] - Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações (RN) (1776) ● 1765-66: viagem à França, como tutor do enteado do ministro das finanças inglês (tutoria = curso universitário informal, desenvolvido com viagens) - trava contato com fisiocratas, inicia a redação da RN ● aposenta-se no retorno à Escócia

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● seis edições em vida da TSM, obra paralela com RN - confere-lhe reputação no meio acadêmico (comentário irônico de Hume, in Brue, p.59) ● A riqueza das nações - livro de leitura fácil e agradável; tratado de 900 p. - sucesso imediato; cinco edições em vida; Smith obteve fama rapidamente (foi morar 2 anos em Londres); reputação para sempre - obra é um libelo contra as regulamentações que barravam o dinamismo empresarial já estabelecido na Inglaterra - ataque cerrado à política mercantilista: contra a intervenção excessiva do governo na economia, contra

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o monopólio concedido pelo Estado a algumas grandes companhias e contra as leis que dificultavam a mobilidade da força de trabalho - leis dos pobres - argumentação era convincente por apoiar-se numa visão global e coerente do sistema econômico - argumentando em favor da livre iniciativa, ganhou apoio do empresariado que estava lutando por isso ● vivenciou a ascensão econômica da Inglaterra, superando a Holanda (comércio) e a França (manufaturas) - economia mercantil estabelecida, crescimento expressivo das manufaturas, comércio e invenções;

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primeiros estágios da Revolução Industrial (fábricas com 150 a 600 pessoas) - peculiaridade da manufatura: organização e comando capitalista do trabalho, técnicas artesanais - grande expansão do comércio exterior (x interno): - busca do lucro oriundo do mercado externo motivou inovações tecnológicas (invenções mecânicas: têxtil, siderurgia e mineração) ● “primeiro” sistema teórico abstrato (completo) da economia; clara distinção do lucro do capital industrial e comercial; três categorias funcionais da renda em correspondência com as três classes principais

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● nunca se casou e viveu sempre, com a mãe, uma vida de classe média alta; recebia amigos em sua casa para famosos jantares aos domingos ● final da vida: como o pai, comissário de alfândega, em Edimburgo - supõe-se que grande parte dos recursos acumulados em vida por Smith foram dedicados à caridade; antes de morrer, por sua solicitação foram queimados seus manuscritos - morre em 1790, Edimburgo, Escócia

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4.3.2. Teorias filosóficas e origens do 4.3.2. Teorias filosóficas e origens do 4.3.2. Teorias filosóficas e origens do 4.3.2. Teorias filosóficas e origens do pensamento econômico smithianopensamento econômico smithianopensamento econômico smithianopensamento econômico smithiano ● nas suas obras, Smith preocupa-se com três problemas básicos: a) que fatores são responsáveis pela riqueza das nações e como se dá o crescimento econômico? b) que fatores impedem o desmoronamento da sociedade, composta por pessoas essencialmente egoístas? ou seja, como explicar a coesão social num mundo onde todos buscam os próprios interesses? c) para onde caminha a sociedade? em que direção ela se move?

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● origem do pensamento (moral e econômico) de Smith é melhor compreendida quando referida ao debate filosófico inglês de sua época, bem como à sua aproximação com a fisiocracia A posição de Smith frente ao debate filosófico

Idéias econômicas nas Conferências de Glasgow

Contato e influências da Fisiocracia

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A posição de Smith frente ao debate filosófico

● posição de Francis Hutcheson, mestre de Smith na Universidade de Glasgow e a quem sucederá na cadeira de filosofia moral: - como outros filósofos da época, busca formular uma ética social independente de religião; segue uma perspectiva naturalista da moral - defende a liberdade política e religiosa - as pessoas podem descobrir o que é eticamente bom (a vontade de Deus), ao descobrir ações que servem para o bem da humanidade - reivindica a originalidade do sentimento moral, que orienta os juízos de valor

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- sentimentos morais prescrevem regras de conduta que se impõem como se fossem ordens e leis divinas - ações humanas estão referidas a dois objetivos independentes: egoísmo e altruísmo (simpatia) - ambos correspondem a verdadeira essência do homem (porque perceptível em sua vida prática) - esse dualismo é insuperável, constitui a essência natural do homem, que não é passível de ulterior julgamento moral ● em Hume os propósitos de beneficio pessoal estavam incluídos na simpatia

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- a simpatia, sentimento inerente ao homem, leva a cada um a desejar o que é bom (útil ou agradável para si e para os demais, para o convívio social) - neste autor, a dificuldade – um dualismo insuperável entre egoísmo e altruísmo – estava apenas implícita ● Hutcheson não tem meios de superar esse dualismo, pois tais sentimentos morais são considerados os “dados últimos” do problema, a própria fonte de todos os juízos de valor - como Hutcheson poderia julgá-los, um sendo bom e o outro ruim? e qual?

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- a simpatia (altruísmo) era considerada virtuosa por atender as necessidades de construção da vida em sociedade - a apresentação do egoísmo estava privada dessa virtude, mas não parecia possível prescindir da sua operação e conseqüências na história da sociedade ● Mandeville (1714) na Fábula das abelhas: - demonstrava que a busca egoísta do interesse particular individual impedia o estancamento da vida e promovia a aquisição da riqueza - a civilização, na sua dimensão material, seria o fruto do egoísmo (vícios privados, virtudes públicas)

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● a percepção do egoísmo como um dos sentimentos morais inatos ao homem recolocava o tema esquecido em Hume, da relação entre o direito natural e o direito positivo (vale dizer, relação entre os direitos inerentes à natureza humana e o direito posto pelo Estado) ● para justificar a legitimidade do Estado, a perspectiva empirista inglesa (Locke, Hume, Hutcheson) não podia aceitar a proposição de Hobbes, do egoísmo (luta pela sobrevivência) e da guerra permanente de todos contra todos no estado de natureza, pois este último não se verifica na história, não é um dado da experiência

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● pelos mesmos motivos, não seria igualmente possível aceitar a proposição de Locke, que supõe: - uma lei de razão operando no estado de natureza, em que os homens teriam uma tendência natural à busca da felicidade (portanto não travariam uma guerra eterna) e racionalmente estabeleceriam o Estado ● o empirismo inglês (filosofia da atividade prática) encontrara com Hume a afirmação plena da autonomia da moralidade, como esfera distinta e não sujeita à crítica racional - nessa perspectiva, não era mais possível conceber o Estado, fosse como elemento fundador da sociedade

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justificado por um estado de natureza idealmente suposto, fosse como resultante do acordo dos indivíduos por uma razão natural em busca da felicidade ● o pensamento de Smith encontra seu lugar no tratamento do problema filosófico mais importante: o dualismo egoísmo-altruísmo - contribui também para oferecer uma solução ao problema do poder de Estado, coerente com a perspectiva empirista da moralidade de Hume e Hutcheson - sua operação consiste em atribuir um papel socialmente positivo ao egoísmo

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● na TSM, Smith descreve as forças morais que permitem os homens viverem em sociedade: - encontra o fundamento da moralidade na utilidade de Hume, sendo a simpatia (desejo de merecer a aprovação dos outros) a origem dos juízos e comportamentos morais - existe interesse pelo sucesso dos outros; felicidade alheia é necessária para nós - há paixões sociais e não sociais; temos simpatia pelas paixões benevolentes; frente às paixões não sociais, nos compadecemos - existe também o sentimento do egoísmo ou instinto aquisitivo primário

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- como os demais filósofos, Smith encontra esses sentimentos na introspecção, é auto-percepção (recurso válido da experiência para obter conhecimento) ● somente em sociedade, as pessoas podem existir - todos precisam de ajuda - mesmo sem afeição e amor mútuos, sociedade é útil - mas a justiça é requerida obrigatoriamente para impedir os que pretendem prejudicar e ofender o outro ● para a vida em sociedade, a esfera moral, guiada pela simpatia, impõe regras de conduta

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- a reflexão racional do indivíduo expõe a relação de uns com os outros; nela reside o nexo fundamental da sociedade ● Smith define uma esfera das ações humanas na qual um comportamento correspondente ao objetivo egoísta justifica-se, tomando por base o princípio da utilidade - na esfera econômica (da formação e desenvolvimento da riqueza), a busca da maior vantagem pessoal na troca vai além da própria vontade (ganho individual), aumentando a disponibilidade de bens para todos

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● o dualismo ético se cristaliza: há campo para os dois sentimentos, duas áreas: - em uma área, a moralidade, a utilidade dos indivíduos e da sociedade é obtida através do exercício da simpatia - na outra área, a economia, a mesma utilidade é obtida através do exercício do egoísmo - o dualismo ético (próprio da ética psicológica inglesa) está redimido, evita-se o conflito entre as duas faculdades

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● os “vícios privados”, referidos por Mandeville, sequer eram vícios, pois no plano privado representavam uma tendência positiva, desde que aplicados à esfera própria - progresso da sociedade também repousa na esfera da moral, em que os homens são guiados pela simpatia ● em si, o egoísmo não é um elemento de ordem ou desordem - sua positividade pode operar, desde que ninguém, na busca de seu próprio interesse, impeça aos demais a obtenção de seus interesses; não pode haver privilégios e o uso da força

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- satisfeita essa condição, A Riqueza das Nações trata de demonstrar a positividade do egoísmo na esfera econômica, evidenciando como o livre desenvolvimento das forças individuais na produção da vida material leva à formação e desenvolvimento da sociedade econômica ● em Smith, reconciliam-se: - sociedade política (Estado, garante propriedade e liberdade) com a liberdade individual; - o individualismo (egoísmo) com o contrato (Estado) - o interesse individual com o interesse da sociedade, pois a busca do benefício privado favorece o indivíduo e a coletividade (atende ao critério de Hume)

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● no mesmo movimento do pensamento, Smith estabelece também a autonomia do pensamento econômico ● economia situa-se como verdadeiro fundamento da sociedade civil e requer a realidade do Estado, que garante as condições necessárias para o exercício ordenado da produção, da troca e do consumo - o liberalismo de Locke (liberdade dos proprietários) é confirmado, fundamentado por um princípio diverso (moralidade natural do homem) e compatível com o fim da exclusão

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● tendência de todos os seres humanos a dirigirem-se aos seus semelhantes como elementos necessários para seu próprio desenvolvimento - por sua natureza, os homens tendem à integração em sociedade - perspectiva contrária ao isolamento vislumbrado por Hobbes, contrária à idéia de uma natureza desagregadora - integração social como fato natural está presente em toda a obra de Smith

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● até que ponto a realidade histórica converge com o dado natural? - em Smith e em Ricardo há a tomada de consciência do fato de que a história apresentava problemas complexos quanto à integração em sociedade - não no campo da racionalidade natural, mas no campo das instituições históricas ● elementos de contraste e oposição, que Smith exclui do plano da natureza (naturalidade das relações econômicas, reaparecem em Ricardo e principalmente em Marx