PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRAQUARA SECRETARIA MUNICIPAL DE ... · da cultura corporal de movimento...

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PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRAQUARA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO FÍSICA ELABORAÇÃO Alexandre França Salomão Sandra Mara Kuchnir da Silva COLABORAÇÃO Daniele Fabiana R. Dalbianco Micheli Borges de Souza Patrícia Almeida dos Santos Ronaldo Antonio do Nascimento Farias Rosangela Rodrigues Leite Simone do Rocio Baptista Salgueiro Sueli do Rocio M. Krsizanowski COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DE EDUCAÇÃO FÍSICA Sandra Mara Kuchnir da Silva (2007) Jimmy Schlettz Fernandes (1º semestre/ 2008) Luciney Pereira de Souza Duarte (a partir do 2º semestre/ 2008) CONSULTORIA Alexandre Salomão PIRAQUARA

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PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRAQUARASECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO FÍSICA

ELABORAÇÃOAlexandre França Salomão

Sandra Mara Kuchnir da Silva

COLABORAÇÃODaniele Fabiana R. Dalbianco

Micheli Borges de Souza

Patrícia Almeida dos Santos

Ronaldo Antonio do Nascimento Farias

Rosangela Rodrigues Leite

Simone do Rocio Baptista Salgueiro

Sueli do Rocio M. Krsizanowski

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DE EDUCAÇÃO FÍSICASandra Mara Kuchnir da Silva (2007)

Jimmy Schlettz Fernandes (1º semestre/ 2008)

Luciney Pereira de Souza Duarte (a partir do 2º semestre/ 2008)

CONSULTORIAAlexandre Salomão

PIRAQUARA

2.3 EDUCAÇÃO FÍSICA2.3.1 FUNDAMENTOS TEÓRICO – METODOLÓGICOS

Em busca da justificativa para o ensino da Educação Física no Ensino

Fundamental são vários os questionamentos que surgem como, por exemplo: Qual

a importância do ensino da Educação Física? Quais são os caminhos para tal

ensino? O que de fato deve ser ensinado aos alunos do Ensino Fundamental?

Estes são alguns de muitos questionamentos que encontramos quando

conversamos com professores da rede pública e que a própria área vem

pesquisando e se preocupando. Procuraremos no decorrer da escrita da proposta

esclarecer algumas destas dúvidas, primeiramente gostaríamos de tentar firmar a

importância de tal área do conhecimento no currículo escolar.

A Educação Física na escola é um espaço de aprendizagem e, portanto, de

ensino. E o que ela ensina? Historicamente a Educação Física tem se apropriado

dos temas: JOGO, GINÁSTICA, LUTAS, DANÇA, ESPORTES, então poderíamos

afirmar que estes são conteúdos clássicos, pois, permaneceram através do tempo

transformando inúmeros de seus aspectos para se firmar como elementos da

cultura, como linguagem singular do homem no tempo. As atividades físicas

tematizadas pela Educação Física se firmaram como linguagens e comunicaram

sempre significados e sentidos, onde significados são as possibilidades de

entendimento do movimento ou do fenômeno e sentido seria o momento judicativo

de opção de determinado significado e suas articulações, logo o conhecimento toma

também caráter de movimento, podendo ser re-articulado, a partir de outros

contextos. Este pensamento justifica a passagem do homem pelo mundo, o que

caracteriza a constituição de acervos, patrimônios estes que devem ser tratados

pela escola. E como afirma VAGO (1995), a contribuição da Educação Física, neste

caso, será a de colocar os alunos diante desse patrimônio da humanidade.

A Educação Física é um componente importante na construção da cidadania,

na medida em que seu objeto de estudo é a produção cultural da sociedade

expressa no movimento corporal humano, da qual os cidadãos têm o direito de se

apropriar. Neste sentido, entende-se a Educação Física como uma área de

conhecimento que trata em especifico da cultura corporal de movimento e o aluno

precisa ser apresentado a tal conhecimento, integrando-se da cultura produzida

historicamente pela humanidade, formando o cidadão que vai estudá-la, entendê-la,

produzi-la, reproduzi-la, recria-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir

da cultura corporal de movimento (jogos, esportes, danças, lutas, ginásticas, entre

outras) em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de

vida.

Os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise crítica dos

valores sociais, como os padrões de beleza e saúde, desempenho, competição

exacerbada, que se tornaram dominantes na sociedade, e o seu papel como

instrumento de exclusão e discriminação social.

Para isto é necessário definirmos com qual concepção de Educação Física

queremos trabalhar no interior da escola, sendo assim acreditamos ser relevante

apontarmos características que estiveram presentes ao longo da história.

A Educação Física absorveu modelos pedagógicos historicamente

construídos a favor de determinados interesses políticos, econômicos e sociais. O

Corpo quando visto como objeto onde este devia servir a uma conduta disciplinadora

e submissa “... nesse sentido, o corpo sofre a ação, sofre várias intervenções com a

finalidade de adaptá-lo às exigências das formas sociais de organização da

produção e da reprodução da vida. Alvo das necessidades produtivas (corpo

produtivo), das necessidades sanitárias (corpo “saudável”), das necessidades

morais (corpo deserotizado), das necessidades de adaptação e controle social

(corpo dócil).” (BRACHT,1999 p. 71-72). Desta forma a Educação Física não

formava um aluno participativo e critico, impedindo uma educação para a autonomia

e tomada de decisões. “No que diz respeito à Educação Física pode se afirmar que a prática dos professores esteve freqüentemente ligada à educação tradicional por meio de reprodução de modelos de ensino fundamentados no desenvolvimento das aptidões físico-motoras e das habilidades desportivas, cuja estratégia principal de avaliação é comparar, classificar e selecionar o aluno com base no seu desempenho físico e biométrico” (Pallafox)

Através dos tempos a Educação Física apresentou tentativas de superar tal

visão e para isto surgiram várias correntes, destacamos dentre elas a

psicomotricidade, que coloca o movimento/práticas corporais como instrumento para

o desenvolvimento da cognição, ou seja, a Educação Física torna-se uma disciplina

sem conteúdos próprios. Ela trabalha como auxiliar das demais áreas do

conhecimento tendo como meta desenvolver exercícios físicos que estimulem o

aluno a desenvolver sua coordenação motora ampla, equilíbrio, coordenação viso-

motora, entre outras nomenclaturas. Acreditamos não ser este o papel da Educação

Física no interior da Escola, pois esta tem conteúdos próprios do grau de

importância e seriedade como qualquer outra área do conhecimento. A corrente da

psicomotricidade promoveu o esvaziamento pedagógico dos conteúdos da área de

conhecimento da Educação Física.

Para explicitar melhor esta corrente podemos dizer que: as intervenções feitas

por ela baseavam-se na insistência e repetição de movimentos para o

aperfeiçoamento do gesto psico-motor desconsiderando aspectos fundamentais

como o cultural e o social, isto é, os aspectos individuais e societários eram

colocados em segundo plano, desconsiderando o aparato que cada indivíduo

apresentava. Vale lembrar que ocorre nesta corrente uma tentativa de naturalização

do desenvolvimento humano, onde se parte do princípio que os movimentos

fundamentais do equilibrar, locomover e manipular surgem naturalmente nos seres

humanos, justificados por teorias antropológicas, sociológicas e biológicas. Assim,

estas correntes colocavam os comportamentos sociais como naturais e que

haveriam hierarquias culturais em graus distintos. Isso de fato concretizou-se de

forma diferente, tornou-se no interior das Instituições uma metodologia a ser

utilizada também nas aulas. Além disso, trouxe-nos outro problema, colocou a

Educação Física, portanto as práticas corporais, em segundo plano na escola,

esvaziando seus conhecimentos próprios. Sendo que nesta área do conhecimento

os alunos deveriam desenvolver princípios como a lateralidade, coordenação óculo-

manual, entre outras, para após garantir a aprendizagem cognitiva, permitindo assim

que os indivíduos se ajustassem e se adaptassem ao meio em que estavam

inseridos. Segundo SAYÃO (2002), na infância o brincar caracteriza a satisfação de

uma necessidade básica que é nada mais do que viver a brincadeira, muitas

vezes os educadores na ânsia de criar “funções pedagógicas” para satisfazer e

atender a defasagem escolar que a criança apresenta, acabam atribuindo à

brincadeira um caráter funcionalista, negando às crianças suas possibilidades de

criarem e recriarem suas expressões e maneiras de brincar, resolvendo de

diferentes formas os conflitos que venham a surgir

“Por exemplo, quando as crianças brincam de bolinha de

gude, elas não estão preocupadas com a coordenação

manual que desenvolvem no exercício de jogar a bolinha.

Elas vão experimentando formas diferentes de jogá-la até

acharem a mais adequada para a jogada que desejam fazer.

Esta experiência de jogar de diferentes formas produz um

repertório de movimentos que só pode ser conquistado pela

própria experiência de jogar. Não faz sentido para as

crianças somente jogar a bolinha para ‘adquirir’

coordenação manual, como desejam muitos/as

especialistas, fazendo-as repetir os movimentos até ‘acertar’

”(SAYÃO,2002 p.58).

Esse processo não se deu de forma homogênea, foi demarcado por avanços

e retrocessos que refletem conformismo e resistência. Nesse sentido a Educação

Física constrói novas proposições a partir das teorias críticas da educação,

voltadas para a formação de um aluno crítico e participativo.

Numa Educação Física na perspectiva crítica deve-se problematizar questões

como: a estética, a sensibilidade, a qualidade de vida, e outros existentes que

permeiam as práticas corporais, desta forma afirma-se que o papel da Educação

Física na escola está muito além do movimento pelo movimento, bem como a

educação corporal deve ser feita pelo conjunto de relações que se estabelecem na

comunidade escolar, não sendo algo exclusivo apenas da Educação Física. Isto

ocorre devido à busca por compreender as normas e valores que orientam gestos,

preferências e que determinam a relação dos seres humanos com o mundo em que

vivem. Sendo assim, propõe o trabalho com uma educação que parta da análise

crítica das realidades sociais. Para isto colocamos como a tendência a ser seguida a

Histórico-Crítica a qual tem como primor a formação de sujeitos conscientes de sua

ação transformadora na construção de uma sociedade mais justa.

“A tendência da pedagogia critico–social dos conteúdos

propõe uma síntese superadora das pedagogias tradicional

e renovada, valorizando a ação pedagógica enquanto

inserida na prática social concreta. Entende a escola como

mediação entre o individual e o social, exercendo aí a

articulação entre a transmissão dos conteúdos e assimilação

ativa por parte de um aluno concreto (inserido num contexto

de relações sociais); dessa articulação resulta o saber

criticamente elaborado.” (LUCKESI 1991, p. 64)

A Educação Física nesta perspectiva deve trabalhar com o corpo em

movimento, a cultura corporal de movimento inscrita no corpo, objetivando sempre

de forma concreta a atender os anseios da sociedade.

“Entendemos que o movimento humano é a expressão

objetivada da consciência corporal, formada pelo conjunto das

relações que compõem uma determinada sociedade e dos

saberes sistematizados pela classe dominante sobre esta

consciência corporal”. (CURRICULO BÁSICO PARA ESCOLA

PUBLICA DO PARANA. 1990, p. 176).

Considerando que “o corpo é um dos mais fortes vetores de construção de

identidade no mundo contemporâneo, expressão de diferentes linguagens que

encontram lugar, entre outros, nas ciências, nas artes e nos esportes” (VAZ 2002,

p.23) temos clareza de que a Educação Física enquanto área de conhecimento a ser

sistematizada deve ter como objeto de estudo a reflexão sobre este corpo inserido

em uma sociedade a qual apresenta uma cultura corporal de movimento, ou seja, as

várias manifestações corporais humanas entendidas e reconhecidas como

construções históricas.

Dessa forma, os conteúdos trabalhados pela Educação Física são frutos de

um longo processo sócio-histórico. Neste caso, a cultura corporal de movimento

como patrimônio da humanidade enfatiza a idéia de que os conhecimentos

produzidos pelo ser humano ao longo de sua história vão sendo atualizados e re-

significados na dinâmica de sua realidade social. Por exemplo: a sua maior

expressão está calcada no modo de produção capitalista, que mais do que produzir

bens, também necessita produzir subjetividades, (exacerbação do consumo, a

exploração do homem pelo homem, a violência como método e tornar exaurido o

meio ambiente com danos naturais) logo precisando ser compreendido e explicitado

em suas contradições na busca de sua superação.

Assim, o papel da Educação Física, enquanto área de conhecimento, tem a

sua fundamental importância para trazer também dentro da sala de aula estas

discussões que estão acontecendo e se fazendo realidade dentro do seio da

sociedade.

Entendendo que as práticas corporais apresentam uma linguagem corporal,

que expressam os sentimentos e a forma de entendimento do ser humano sobre o

mundo é afirmativo que a instrumentalização através da reflexão e leitura da

realidade proporciona aos alunos/as esse entendimento, abrindo-lhes a

possibilidade desse “vir a ser” um agente de transformação. Sendo assim, o objeto

de estudo a ser sistematizado pela área de conhecimento da Educação Física trata-

se da CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO, entendida como expressão

corporal, portanto uma forma de linguagem, porém vale ressaltar que o ser humano

é capaz de interpretar a realidade através de várias formas de linguagem não sendo

possível negar nenhuma delas. Salientamos que o ensino da Educação Física não

pode privilegiar somente o movimento mesmo sendo este considerado o objeto de

estudo da Educação Física é necessário superar as proposições consideradas

reducionistas e mecânicas que vem norteando o trabalho pedagógico da Educação

Física (fundamentalmente, a aptidão física e a preparação esportiva), associamo-

nos à tendência conceitual que concebe a educação física na perspectiva da cultura

corporal de movimento, privilegiando, em termos específicos, a socialização do

homem no campo do lazer da cultura e da qualidade de vida. Cabe esclarecer que a

expressão cultura corporal de movimento não pressupõe uma visão fragmentada

do homem "porque é difícil imaginar uma atividade humana que não seja

culturalmente produzida pelo homem, assim como é difícil imaginar uma atividade

cultural manifesta que não seja corporal. O sentido do termo corporal, na

perspectiva apresentada, é de unidade/totalidade, na medida em que as produções

intelectuais ou cognoscitivas e sócio-afetivas são materializadas e difundidas

corporalmente" (Resende & Soares, 1995, p.11). Assim quando falamos em

expressão consideramos toda e qualquer forma de linguagem usada pelo ser

humano.

A cultura corporal de movimento deve ser interpretada como um diálogo entre

o ser humano e o mundo, uma vez que é através deste que ele percebe, sente,

interage com os outros, atuando como ser capaz de produzir e atuar na sociedade. A

relação Homem/Mundo é construída no conjunto de significados que darão sentido

às ações humanas, conjunto este que não se encontra nem no homem, nem no

mundo, mas na inter-relação entre os dois.

Neste sentido a Educação Física enquanto práxis social mantém estreita

relação no plano social, cultural, político e econômico, uma vez que deve partir do

mundo de movimento, vivido pelo aluno. Entendendo a cultura corporal como

instrumento para o entendimento da relação Homem/Mundo, cabe à Educação

Física Escolar desenvolver uma proposta de trabalho que faça a interpretação do

movimento humano. Com isto oportunizará ao aluno as bases para entender e, se

necessário re-significar esta cultura corporal de movimento, uma vez que é através

deste que o ser humano percebe e interage no mundo em que vive.

A perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem deve buscar o

desenvolvimento da autonomia, a cooperação, a participação social e a afirmação

de valores e princípios democráticos. Desta forma a Educação Física deixa de “...

ser considerada como mera “atividade”, relegada a algo sem importância no

conjunto das disciplinas curriculares, restando-lhe o papel de mera executora de

tarefas...”(SOUZA JÚNIOR, 1999) passando a assumir um papel de

instrumentalização do aluno para aquisição, apreensão e modificação dos conteúdos

já existentes.

No sentido de fazer entender as relações existentes entre o conhecimento

social global e a prática da cultura corporal de movimento, entende-se que é

necessário que tais conhecimentos sejam “pedagogizados” e que para isto

acredita-se que a escola é o lugar onde diversas culturas interagem, produzindo

conflitos/contradições/discriminações. Ela tem como papel organizar e sistematizar

uma cultura específica que envolve professores/as, alunos/as e a sociedade em

geral. Sendo assim cabe à escola a função político-social de possibilitar a

conservação e a renovação dos conhecimentos produzidos e acumulados, para

que as novas gerações assumam a responsabilidade de continuarem a construção

de uma sociedade, no sentido de promover o desenvolvimento científico,

tecnológico e cultural, estes pontos de referência garantiram sobremaneira o bem-

estar e a qualidade coletiva de vida, de modo igualitário.

A função clássica da instituição escolar é garantir o processo de

transmissão, sistematização e assimilação de conhecimentos/práticas produzidos

historicamente pela humanidade, de modo a permitir que os seres humanos

venham a interagir e intervir na sociedade. Os conhecimentos/habilidades sejam

técnicos, científicos, estéticos, artísticos ou culturais, constituem o que se entende

por patrimônio construído pela humanidade. Este patrimônio sócio-cultural possui

dimensões universais, quando tem significado, abrangência e representatividade

independentemente de lugar geográfico, político e social, e particulares, quando

representativos de determinadas sociedades ou comunidades. Os

conhecimentos/práticas que constituem o que estamos denominando de patrimônio

cultural devem ser socializados com as novas gerações, independentemente da

classe social, faixa etária, crença religiosa, convicção ideológica, raça e sexo.

“Como disciplina escolar a Educação Física é uma das ‘ entidades culturais’ da escola. Nessa condição, assume o caráter específico desse lugar, encarnando-o. Noutras palavras, ela é uma propriedade e um produto do ambiente escolar: a ele pertence, por ele se define, nele se constitui e se realiza - é então que se pode falar em uma cultura escolar de Educação Física” (VAGO, 1999, p.21)

Neste sentido a atividade escolar deve ser centrada na discussão da prática

social, em que professor e aluno analisam problemas e realidades do meio e da

sociedade em que vivem. A escola adota então a função de instrumentalização

cientifica para melhor compreensão da realidade social.

Os conflitos resultantes dessas relações devem propiciar ao aluno tirar suas

“próprias conclusões” e posicionamentos. Importante ressaltar que a mídia tem

influenciado tanto na forma como no conteúdo da Educação Física, tornando-se

necessário refletir sobre essa influência, pedagogizando isso como parte do próprio

conteúdo. Deste modo, cabe à escola promover uma seleção e organização de

conteúdos que tratam a realidade como um todo.

A totalidade, fruto das relações estabelecidas no meio social, devem ser

compreendidas a partir dos nexos que as significam, isto é, devemos olhar para a

cultura corporal de movimento como manifestações produzidas pelos homens e

mulheres ao longo da história. “Assim o conteúdo da Educação Física possui um

duplo caráter:” a) ser um saber que se traduz num saber fazer, num realizar

“corporal”; b) um saber sobre este realizar corporal” (BRACHT, 1997, p.18). Desta

forma, é possível entender através da práxis corporal que o movimento e o

conhecimento estão interligados, são interdependentes, fruto continuo das

manifestações corporais de uma sociedade.

Entendendo a Educação Física como um saber escolar, é de fundamental

importância que seja organizada uma proposta de conteúdos, que leve em conta a

origem do conteúdo e o conhecimento sobre o que “determinou a necessidade do

seu ensino” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.69).

É importante ter claro quais os objetivos a serem alcançados ao tratar dos

conteúdos, no sentido de extrapolar a mera reprodução, gerando a apropriação do

conhecimento e suas diversas possibilidades de re-significação. Pois é necessário

entender que o movimento humano apresenta Sentidos/Significados distintos e

coerentes com o momento e a situação em que são utilizados para melhor

exemplificar nos utilizaremos do esclarecimento na integra que KUNZ (2004, p.165

- 166) apresenta: “ Sentido Comparativo – típico dos esportes normatizados cujo único

objetivo é o rendimento, a competição e a vitória esportiva.

Sentido Explorativo – manifesta-se nos movimentos com a intenção

de conhecer e interpretar objetos materiais pelo seu uso, pelo contato

com os mesmos e com o Mundo material e social. Neste sentido o

movimento realizado não tem a intenção de melhorar

especificamente o rendimento esportivo, mas apenas busca explorar

novas formas de movimentos e jogos.

Sentido Produtivo – o Movimento manifesta-se especialmente na

produção de obras artísticas e objetos de valor utilitário. Como os

materiais usados nas práticas esportivas na Educação Física são

geralmente materiais normatizados e padronizados, existe pouco

espaço na Educação Física para explorar o sentido produtivo do

movimento. Podemos encontrá-lo, provavelmente, muito mais

presente na disciplina de Educação Artística.

Sentido Comunicativo – manifesta-se especialmente em

atividades/gestos humanos com a finalidade de expressar alguma

intenção, saudação ou idéia, enfim, a comunicação corporal. No

cotidiano, encontramos este sentido nos gestos de cortesia, de

cumprimento, de despedida; nos esportes ele se expressa

especialmente nos jogos coletivos. A ação coletiva de impedir um

ataque adversário pode realizar-se apenas pelo sentido comunicativo

do movimento iniciado por um ou mais elementos do grupo. Mas

onde certamente mais se manifesta o sentido Comunicativo do

Movimento é, sem dúvida, na dança, onde ele é intencionalmente

explorado. Mas em todas estas manifestações é necessário o

conhecimento de um determinado sistema de símbolos e sinais como

base no entendimento da comunicação pelo movimento.

Sentido Expressivo – finalmente, este se manifesta especialmente

pela expressão de emoções, sentimentos, impressões, gestos,

atividades esportivas, artísticas, ou pela própria expressão corporal

(...)”.

É fundamental que a ação pedagógica não se dê apenas por atividades

práticas, mas pela relação teoria e prática, utilizando-se de diferentes formas de

linguagem.

Para tal alcance deve-se levar em consideração: a) os sujeitos da escola; b)

a comunidade onde a escola está inserida; c) seus interesses e necessidade e a

origem destes; d) as condições materiais da escola; e) organização espaço-tempo;

f) formação dos professores; entre outros.

Cabe ao professor organizar suas aulas de forma que seu aluno vivencie um

processo sócio-histórico acerca dos conteúdos propostos, podendo utilizar para isto

diferentes materiais. Possibilitando ao aluno atuar de forma crítica e participativa.

As práticas físicas sistematizadas em torno da ginástica, do Atletismo, dos

Jogos, dos Esportes, da Dança, das Lutas entre outras possuem características

especiais e específicas. Modificam-se pela técnica, pela ciência e, sobretudo, pelas

dinâmicas sociais, culturais, políticas e econômicas. Portanto, estas práticas

formam um interessante acervo histórico do homem e constituem-se em objeto de

estudo, pesquisa e ensino, para isto necessitam ser “pedagogizados”. É necessário

entender e reconhecer tais práticas corporais como sendo construções e processos

de transformações da humanidade não merecem o desprezo que o olhar superficial

sugere, não se esgotam assim nos jargões utilizados como, por exemplo: “são

movimentos estereotipados”, “são movimentos repetitivos”, “são movimentos e

termos técnicos”, “são para poucos”. O que se propõe é uma abordagem histórica

que contribua para que o aluno reconheça nesta área do conhecimento a dinâmica

de “se movimentar humano”, o conhecimento do homem implica em saber que a

sua subjetividade e razão se instalam em seu corpo e as linguagens corporais

constituem-se em respostas a esta compreensão. Sendo assim, afirmamos que é

necessário a retomada da Educação Física como lugar de aprender Ginástica,

Jogos, Esportes, Dança, Lutas.

Devemos romper com a visão tecnicista e mergulhar no conteúdo em suas

várias formas de abordagem dando possibilidades diversificadas de aprendizagem.

De posse destas atividades codificadas pelo homem em sua história é necessário

valer-se criativamente, de metodologias que encerrem valores mais solidários, que

apontem para uma saudável relação entre indivíduo e sociedade. O ensino da

Ginástica ou de qualquer Esporte, por exemplo, sempre encerrará em seu interior

uma dimensão técnica. Mas uma dimensão técnica não significa nem tecnicismo

nem “performance”, pois o lugar da “performance” não é na escola. Deste modo

pode-se afirmar que o caráter lúdico deve prevalecer nas aulas de Educação

Física, isto é, deve ser um espaço organizado com a intenção de possibilitar a

direção para apreensão do conhecimento específico da Educação Física e dos

diversos aspectos das suas práticas na realidade social.

É possível apontar alguns caminhos que orientem a prática docente, dentre

eles podemos citar:

- questionamentos feitos por alunos;

- alterações enquanto estabelecimento de novas regras;

- análises e compreensões dos sentidos e significados construídos nos

diferentes tempos da sociedade;

- reflexões das influências que a mídia estabelece;

- aceitação da comunidade escolar por determinado conteúdo e as diferentes

formas de abordagem;

- valores e relações sociais presentes na realidade escolar; entre outros;

- leitura, estudo e pesquisa sobre a origem, a história, regras/organização do

conteúdo a ser trabalhado;

- enquête, pesquisa sobre como determinado conteúdo se apresenta na

comunidade escolar e local;

- atividades problematizadas que levem os alunos a expor o que já

conhecem a respeito do conteúdo a ser trabalhado, bem como verificar as

curiosidades, o que os alunos querem saber a mais sobre tal conteúdo;

- análise/interpretação de imagens (figuras, obras de artes, fotos, etc), filmes,

músicas, danças relacionadas ao conteúdo a ser trabalhado;

- entrevista, palestra, conversa dirigida com profissionais ou atletas que

entendam/trabalhem/dominem o conteúdo trabalhado;

- aulas de campo a espaços em que o conteúdo trabalhado possa ser

vivenciado de maneira prática;

- (re) construção de regras/organização de conteúdos trabalhados.

Dessa forma reitera-se o trabalho da Educação Física como um trabalho

consciente e sistematizado enquanto prática social. A seguir elencamos os

conteúdos a serem trabalhados

2.3.2 CONTEÚDOSCONTEÚDOS GERAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA – ORGANIZADOS POR EIXOS

ESPORTE GINÁSTICAJOGOS /

BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS

DANÇA LUTAS

• ATLETISMO

• HANDEBOL

• FUTEBOL

• VOLEIBOL

• BASQUETE

• TENIS DE MESA

• Outros Esportes

Olímpicos

• MOVIMENTOS

ACROBATICOS

• ACROBACIAS COM AS

MÃOS E/OU UTILIZANDO

OBJETOS

• ACROBACIAS COM OS

PÉS E/OU UTILIZANDO

OBJETOS

• MALABARISMO COM

PÉS E/OU MÃOS

UTILIZANDO OBJETOS

• ACROBACIAS

INDIVIDUAIS UTILIZANDO-SE

DO CORPO

• ACROBACIAS

COLETIVAS

• GINASTICA

OLIMPICA - GO

• GINASTICA RITMICA

ARTISTICA - GRD

• CANTIGAS DE RODA

• BRINQUEDOS

CANTADOS

• JOGOS FOLCLORICOS E

POPULARES

• BRINQUEDOS E

BRINCADEIRAS DA

COMUNIDADE DE HOJE E

DE OUTROS TEMPOS

• JOGOS REGIONAIS

• BRINCADEIRAS DE RUA

• JOGOS

COOPERATIVOS;

• EXPRESSÃO

CORPORAL

• IMPROVISAÇÃO

• DANÇA ÉTNICA E

CULTURAS NATIVAS

• DANÇAS FOLCLORICAS

• DANÇAS POPULARES E/OU TRADICIONAIS

• LUTAS ORIENTAIS

(JUDO, Karate, Kung Fu, Hap

Ki Do, entre ouros)

• LUTAS OCIDENTAIS

CONTEÚDOS ORGANIZADOS POR ANO

1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO

ESPORTEATLETISMO

- Corridas

- Salto

- Arremesso com as mãos;

FUTEBOL

- Jogos com os pés;

HANDEBOL

- Jogos com as mãos;

GINÁSTICA

ESPORTEAtletismo:

- Corridas

- Salto

- Arremesso com as mãos;

- Lançamento;

FUTEBOL

- Jogos com os pés;

HANDEBOL

- Jogos com as mãos;

BASQUETE

- jogos com quicar bola;

GINÁSTICA

ESPORTEAtletismo:

- Corridas

- Salto

- Arremesso com as mãos;

- Lançamento;

FUTEBOL

- Jogos com os pés;

HANDEBOL

- Jogos com as mãos;

BASQUETE

- jogos com quicar bola;

VOLEIBOL

- jogos com as mãos e bola ao

ar;

GINÁSTICA

ESPORTEAtletismo:

- Corridas

- Salto

- Arremesso com as mãos;

- Lançamento;

- FUTEBOL

- Jogos com os pés;

- Regras;

HANDEBOL

- Jogos com as mãos;

- Regras;

BASQUETE

- jogos com quicar bola;

- Regras;

VOLEIBOL

- jogos com as mãos e bola ao

ar;

- Regras;

TÊNIS DE MESA

ESPORTEAtletismo:

- Corridas

- Salto

- Arremesso com as mãos;

- Lançamento;

FUTEBOL

- Jogos com os pés;

- Regras;

- Noção de sistemas táticos;

HANDEBOL

- Jogos com as mãos;

- Regras;

- Noção de sistemas táticos;

BASQUETE

- jogos com quicar bola;

- Regras;

- Noção de sistemas táticos;

VOLEIBOL

- jogos com as mãos e bola ao ar;

- Regras;

- Noção de sistemas táticoTÊNIS DE MESA

GINÁSTICA

-Movimentos acrobaticos

- Acrobacias com as mãos e/ou

utilizando objetos

- Acrobacias com os pés e/ou

utilizando objetos

- Malabarismo com pés e/ou

mãos utilizando objetos

JOGOS/BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS- Cantigas de roda;

- Brinquedos cantados;

- Brinquedos de hoje e de

outros tempos;

- Jogos folclóricos e populares;

- Jogos cooperativos.

DANÇA- Expressão Corporal;

- Movimentos acrobaticos

- Acrobacias com as mãos e/ou

utilizando objetos

- Acrobacias com os pés e/ou

utilizando objetos

- Malabarismo com pés e/ou

mãos utilizando objetos

JOGOS/BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS- Cantigas de roda;

- Brinquedos cantados;

-Brinquedos de hoje e de outros

tempos;

- Jogos folclóricos e populares;

- Jogos cooperativos.

DANÇA

• Movimentos acrobaticos

• Acrobacias com as mãos

e/ou utilizando objetos

• Acrobacias com os pés

e/ou utilizando objetos

• Malabarismo com pés e/ou

mãos utilizando objetos

• Acrobacias individuais

utilizando-se do corpo

JOGOS/BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS- Cantigas de roda;

- Brinquedos cantados;

- Brinquedos de hoje e de

outros tempos;

- Jogos folclóricos e populares;

- Brincadeiras de Rua;

- Jogos cooperativos.

DANÇA

GINÁSTICA- Movimentos acrobaticos

- Acrobacias com as mãos e/ou

utilizando objetos

- Acrobacias com os pés e/ou

utilizando objetos

- Malabarismo com pés e/ou

mãos utilizando objetos

- Acrobacias individuais

utilizando-se do corpo

- Acrobacias coletivas

JOGOS/BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS- Cantigas de roda;

- Brinquedos cantados;

- Brinquedos de hoje e de

outros tempos;

- Jogos folclóricos e populares;

- Brincadeiras de Rua;

- Jogos regionais;

- Jogos cooperativos.

- Movimentos acrobaticos

- Acrobacias com as mãos e/ou

utilizando objetos

- Acrobacias com os pés e/ou

utilizando objetos

- Malabarismo com pés e/ou

mãos utilizando objetos

- Acrobacias individuais utilizando-

se do corpo

- Acrobacias coletivas

- Ginastica olimpica - go-Ginastica ritmica artistica grd

JOGOS/BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS- Cantigas de roda;

- Brinquedos cantados;

- Brinquedos de hoje e de outros

tempos;

- Jogos folclóricos e populares;

- Brincadeiras de Rua;

- Jogos regionais;

- - Jogos cooperativos.

DANÇA- Expressão corporal;

- Improvisação;

- Danças Folclóricas;

LUTAS----------------

- Expressão corporal;

- Improvisação;

-Dança étnica e culturas

nativas;

-Danças folcloricas

LUTAS- Capoeira

- Expressão corporal;

- Improvisação;

-Dança étnica e culturas

nativas;

-Danças folclóricas;

-Danças populares e/ou tradicionais

LUTAS- Capoeira

DANÇA- Expressão corporal;

- Improvisação;

-Dança étnica e culturas

nativas;

-Danças folclóricas;

- Danças populares e/ou tradicionais

LUTAS- Capoeira;

- Lutas orientais

- Improvisação;

-Dança étnica e culturas nativas;

-Danças folclóricas;

-Danças populares e/ou tradicionais

LUTAS- Capoeira

- Lutas orientais

ABORDAGEM DOS EIXOS QUE ORGANIZAM OS CONTEÚDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

ESPORTE

O esporte deve ser entendido como prática social, fruto da ludicidade

de um determinado povo em um dado momento histórico, apresentando em sua

composição códigos, sentidos e significados característicos da sociedade que o

cria, pratica e o recria caracterizando-o desta forma como uma produção histórico-

social. Se o Esporte é entendido como um fenômeno social, este é resultante da

cultura corporal de movimento, sendo assim, quando colocamos este tema para ser

pedagógico é necessário o questionamento das normas (regras) que o

garantem/justificando presente na realidade social/cultural econômica e política da

comunidade que o pratica. Assim a escola, em específico a área de conhecimento

da Educação Física, deve garantir o processo de ensino-aprendizagem sobre tal

tema.

A Educação Física e o esporte são muitas vezes confundidos, é

comum que os alunos esperem as aulas de Educação Física para “jogar bola”, ou

melhor, dizendo ”futebol”, mas queremos apresentar o esporte como uma das

possibilidades de se trabalhar com a cultura corporal de movimento, pois como nos

diz, Kunz (1989) o esporte por si só não é considerado educativo, a menos que seja

“pedagogicamente transformado”. O que é necessário entender é que o esporte na

escola se apresenta desde meados da década de cinqüenta e reforçada a partir

dos anos sessenta, então não é de hoje que o esporte vem sendo aplicado nas

aulas de Educação Física. Como já mencionado anteriormente o Esporte apresenta

grande repertório de possibilidades e objetivos que estão associados a um vasto

mundo de movimentos, ações e vivências o que permite ao aluno desenvolver sua

atitude e capacidade de ação. Para que este trabalho seja realizado é de extrema

importância a diferenciação do “Esporte na Escola” e do “Esporte da Escola”. O

“Esporte da Escola” deve ter como meta uma ação inclusiva, que garanta a

participação e aprendizagem de todos o que contribuirá para que o aluno aprenda a

atuar em conjunto, valorizando o coletivo, sua equipe e também seus adversários, o

que desenvolve o espírito de equipe e cooperação. Já o “Esporte na Escola” visa

somente o jogar por jogar, ou seja, a reprodução de movimentos e regras. O que o

torna excludente e seletivo.

O “Esporte da Escola” deve superar a aprendizagem mecânica do Esporte

valorizando somente as técnicas e as regras. As regras existentes no esporte

devem servir para criar situações a serem resolvidas pelos alunos de maneira a

contribuir para sua vivência e participação social. Assim o trabalho com o Esporte

deve propiciar ao aluno uma compreensão mais ampla sobre as relações sociais,

para que este possa entendê-las de forma mais critica e autônoma, tendo a sua

própria opinião, assim sugere-se que os Esportes a serem trabalhados sejam:

Futebol, Basquete, Handebol, Voleibol e Tênis de mesa, Esportes Olímpicos, e todo

e qualquer um que as condições contextuais, teóricas, materiais possibilitem

compreender o fenômeno esporte em sua amplitude. Pois a ampliação do acervo

cultural do esporte implica numa possibilidade cada vez mais ampla de se atribuir

significados e sentidos à prática esportiva, por exemplo, se uma escola rural possui

cavalos por que não tratar do hipismo e suas formas mais próximas em termos de

cultura local: pencas, tambor, etc. o que se sugere é que se proponha os modos

clássico como ponto de partida, mas são as condições contextuais, do lócus

especifico da comunidade e suas tradições que devem balizar e muito as opções

entre o local e o geral, entre o específico e o universal, a isto chamamos de

movimento dialético da compreensão dos fenômenos da cultura local, cultura geral,

CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO, sua historicidade e valores, significados

e sentidos, economia e política, crítica e superação. A análise dos grandes eventos

Esportivos deve ser alvo de reflexões e temas a serem abordados nas aulas.

Esportes estes presentes em grandes competições imbuídos de regras e

normas a serem aprendidas, entendidas e adaptadas ao grupo que o pratica. No

ensino dos conteúdos do eixo Esporte deve se garantir(...) a exigência de

“desmistificá-lo” através da oferta, na escola, do conhecimento que permite aos

alunos critica-lo dentro de um determinado contexto sócio - econômico – político -

cultural. Esse conhecimento deve promover, também, a compreensão de que a

prática esportiva deve ter o significado de valores e normas que assegurem à

pratica do esporte”. (Coletivo, 1994, p.71).

FUTEBOL - É necessário localizar tal modalidade esportiva na história, ou seja,

discutir sua trajetória, seu surgimento, seu passado “nobre” até sua chegada e

incorporação na cultura brasileira. Explorar a popularização do futebol, quando este

passa a ser jogado não só pela elite mas pelo povo nas várzeas. Existe uma real

necessidade de se trabalhar com a identidade do movimento Futebol dentro de uma

nação capaz de reunir pessoas das mais diversas situações econômicas, sociais,

políticas e culturais. O fenômeno futebol também deve ser entendido como um

promissor “mercado de trabalho” para alguns atletas. Ao trabalharmos questões

como estas, estaremos contribuindo para que nosso aluno perceba para além do

campo, ou seja, tudo aquilo que envolve uma partida de futebol espetáculo, o

mercado de trabalho e suas relações, questões políticas, as relações entre poder

esportivo e poder econômico, assim, trabalhar com o futebol é ir além do jogar

futebol é buscar entender o que o legitima como esporte característico de uma

nação. Em uma aula de Educação Física é possível estabelecer tais relações a partir

de atividades que envolvam meninos e meninas, assim mais um apontamento para

reflexão são as questões de gênero presentes neste esporte, como por exemplo a

supremacia masculina na ocupação das funções de juizes de campo e linha, o

preconceito existente com a figura feminina que prática ou que exerce função de

árbitros. Para trabalhar com futebol nesta perspectiva é necessário abordarmos

temas como:

• “Futebol enquanto jogo com suas normas , regras e exigências físicas, técnicas e

táticas;

• O futebol enquanto espetáculo esportivo;

• O futebol enquanto processo de trabalho que se diversifica e gera mercados

específicos de atuação profissional;

• O futebol enquanto jogo popularmente praticado;

• O futebol enquanto fenômeno cultural que inebria milhões e milhões de pessoas

em todo mundo, e em especial, no Brasil”. (Coletivo de Autores – 1994, p.72)

• A exploração da mídia com relação ao futebol;

• A exploração e exposição dos atletas na mídia.

Todos os temas aqui sugeridos devem ser trabalhados através de

atividades práticas, ou seja, jogos na quadra poli esportiva onde alunos precisem se

organizar em grupos discutir questões postas pelo professor o qual deve estar

mediando e interferindo a todo momento na atividade, isto é necessário para criar

situações de dúvida e conflito essenciais para a exploração dos temas. A teorização

dos temas é necessária e fundamental, mas é preciso ter cautela para que não

sobreponha em demasia às atividades práticas, pois é mais prazeroso e

interessante aprender participando sendo autor e co-autor dos fatos.

As demais modalidades esportivas como o voleibol, o handebol, o basquete e o

tênis de mesa devem ser tratados como o futebol claro que deve ser respeitada a

particularidade de cada um. O que é essencial é que o educador propicie várias

atividades que oportunizem o aluno a conhecer o esporte em questão e que

principalmente atenda as necessidades de sua idade, interesse. Para isto a prática

de grandes jogos que envolvam fundamentos, regras e materiais do esporte são de

grande importância. O professor também tem a possibilidade de trabalhar com

outros esportes aqui denominamos de Esportes Olímpicos, ou seja, todo e qualquer

esporte que se apresente e desperte o interesse dos alunos como por exemplo:

triatlon o professor pode junto com os alunos desenvolver pesquisas e vivenciar as

modalidades possíveis na escola como a corrida e o andar de bicicleta.

GINÁSTICA

A ginástica pode ser entendida como uma das maneiras que a humanidade

encontrou para se servir de seus corpos. Para melhor entendermos devemos

resgatar sua origem, ou seja, entender a partir de quando tal manifestação da

cultura corporal começa a fazer parte da humanidade. A ginástica remonta as

atividades desenvolvidas pelas artes circenses, tornando-se um saber sistematizado

somente no século XIX. O contexto no qual a ginástica surge é de fundamental

importância, pois é o período onde a burguesia ascende ao poder e a ciência recebe

um novo “status” social. Assim, podemos verificar o aparecimento de formas de

sistematizar a intervenção sobre o corpo, baseadas no conhecimento científico: a

ginástica européia (especialmente nas tendências: alemã, francesa e sueca).

O que torna a ginástica um conteúdo da Educação Física é o fato dela poder

nos explicar a origem da própria Educação Física, além de desnudar o forte

ingrediente de dominação que está embutido em sua prática na forma, por exemplo,

da ginástica laboral. Ou ainda, da conformação aos padrões de beleza que estão

implícitos nas ginásticas de academia. Não se trata de pensar esse conteúdo

somente por sua capacidade de gerar alterações no metabolismo, mas de buscar,

com isso, compreender a realidade social em que vivemos. Outro argumento refere-

se as diferentes experiências corporais, que através das manifestações ginásticas,

podemos proporcionar aos nossos alunos enriquecendo sua cultura corporal de

movimento.

No caso específico da proposta curricular municipal necessitamos demarcar

algumas manifestações para serem trabalhadas, pois o tempo destinado para a

disciplina de Educação Física é bastante reduzido, fazendo com que tenhamos que

delimitar seus conteúdos a partir daquilo que é essencial para formação do

cidadão. Assim nosso recorte para o ensino fundamental regular engloba as

seguintes manifestações ginásticas: movimentos acrobáticos, acrobacias com as

mãos e/ou utilizando objetos, acrobacias com os pés e/ou utilizando objetos,

malabarismo com pés e/ou mãos utilizando objetos, acrobacias individuais

utilizando-se do corpo, acrobacias coletivas, ginástica olímpica - GO, ginástica

rítmica desportiva - GRD. Não pretendemos aqui que nossos alunos dominem toda

e qualquer manifestação ginástica, mas que reconheçam as várias formas de

manifestação da cultura corporal de movimentos existentes no conteúdo da

ginástica.

São propostos como conteúdos recortes da abordagem do tema de ginástica

aqui explorada, acredita-se que é necessário que os alunos vivenciem suas

possibilidades corporais seja individual ou coletivamente, o uso de materiais é

necessário quando fala-se em ginástica de equilíbrio, agilidade, coordenação etc.

Sendo assim propomos conteúdos básicos para que o aluno possa experimentar os

fundamentos básicos da ginástica.

• Movimentos acrobáticos – rolar, trepar, equilibrar, saltar, girar utilizando-se do

próprio corpo para transpor ou não um obstáculo são formas de movimentos

acrobáticos que podem ser desenvolvidos.

• Acrobacias individuais utilizando-se do corpo – criar situações para que o

aluno desenvolva rolamentos, pardas de mão, entre outros, pode ser uma ótima

forma de desafio.

• Acrobacias coletivas – em pequenos grupos é possível trabalhar com

organização diferenciadas de agrupamento um exemplo que pode ser apontado é

pirâmide humana, mas os alunos ainda podem ser desafiados a construírem

diferentes formas tendo como tema a natureza.

• Malabarismo com as mãos e/ou utilizando objetos – é muito comum crianças

manipularem objetos como bolas, bastões, frutas, arcos entre outros é uma ótima

atividade para trabalharmos com tal conteúdo.

• Malabarismo com os pés e/ou utilizando objetos – Pernas de lata, pernas de

pau, atividades com bola, corda, bastão, arcos podem ser situações de atividades a

serem desenvolvidas.

Os conteúdos acima estão intimamente ligados às atividades circenses que,

como já citado, podem ser consideradas como o princípio da história da ginástica,

pois nas artes circenses é possível visualizarmos o trabalho com a ginástica que se

utiliza dos fundamentos básicos do ser humano: andar, correr, saltar, equilibrar os

quais formam o movimento humano, movimento este que ganha novo

sentido/significado se visualizado a partir do espetáculo, assim não podemos deixar

de fora atividades complexas e com uma riqueza imensurável de detalhes e

movimentos. A busca por desafios de superação do próprio corpo acompanha o ser

humano ao longo de sua história, então quando falamos em atividades circenses

falamos não só dos números tradicionais apresentados nos picadeiros enquanto

espetáculo, mas nos referimos a algo muito maior que diz respeito à superação de

limites , à re-significação dos movimentos, ao sentido/significado dado a um

“simples” saltar ou caminhar sobre um obstáculo, ou seja, é transformar o

movimento criado e recriado pelo ser humano em arte, em espetáculo. É utilizar –

se do corpo para transmitir uma mensagem, é dar um novo sentido ao fundamento

do equilibrar, do manipular um objeto, é criar e recriar formas com sentidos e

significados próprios.

• Ginástica Olímpica (GO) – trabalhar com os fundamentos básicos da ginástica

é importante para que o aluno tenha a compreensão sobre os aparelhos a serem

utilizados em tal modalidade assim como os exercícios de solo.

• Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) – a visualização a GRD como esporte é

um ótimo ponto de partida, ou seja, conhecer o que envolve e forma tal modalidade

o uso dos materiais, as coreografias, entre as regras, os passos. Proporcionar aos

alunos que explorem tais materiais é de extrema importância para a aplicação das

atividades.

JOGOS/ BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS

Quando se fala em jogo/brincadeira e brinquedo nos referimos à poderosa e

salutar “arma” educativa e recreativa, estas são sem dúvida as mais completas

formas de preparação para a vida real, um dos melhores e mais eficazes meios para

a formação do caráter integral da criança, do adolescente, enfim do educando.

Tendo como pressuposto que o ser humano é agente de transformação por meio da

interação com o meio, objetos e outros seres que o cercam, entendemos ser de

extrema importância a abordagem na escola em especifico nas aulas de Educação

Física o tema JOGOS/BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS, pois como já mencionado

são atividades que podem vir a contribuir para a formação de um adulto mais

consciente de suas ações.

O jogo, por exemplo, desenvolve a capacidade do aluno em reconhecer,

organizar e agir em diversas situações sejam elas do cotidiano ou do imaginário. É

importante que o aluno entenda que a atividade do jogo depende do outro e que o

jogo só adquire sentido através do significado que nele é colocado. Torna-se

importante que educadores reconheçam que o jogo representa para a criança o

papel que o trabalho representa para o adulto e são situações que favorecem ou não

sua auto-afirmação, ou seja, trabalhar com o sentido do jogar com o colega e contra

o colega são conceitos que precisam ser explorados buscando desta forma não

trabalhar somente a competitividade, mas a cooperação, a sensibilidade e o

respeito, resgatando valores que privilegiam o coletivo sobre o individual. Em

atividades relacionadas aos jogos e brincadeiras a criança tem a oportunidade de

criar situações imaginárias dando vida a objetos, transformando-os em personagens.

A contribuição principal do jogo e da brincadeira é sua contribuição no

estabelecimento de regras. O que ajuda a criança a se organizar e entender o

sentido da atividade coletiva.

Com a abordagem do tema Jogos/Brincadeiras e Brinquedos procura-se

estabelecer as relações que o homem faz ao longo da história na sociedade, ou

seja, as diferenças entre brincadeiras e jogos de hoje e em outros tempos, assim

como a diversidade por região suas características, nomenclaturas, objetivos, entre

outros.

A cultura corporal de movimento presente nestes eixos proporciona ao aluno

a reflexão sobre as expressões corporais entendidas como formas de linguagem e a

partir desta reflexão e sistematização do conhecimento elaborado e acumulado ao

longo do tempo.

Em específico o conteúdo referente a Jogos/Brincadeiras e Brinquedos tem

intima relação com a cultura infantil, como a criança começa a estruturar e

estabelecer relações com o mundo que a cerca, as problematizações feitas com o

conteúdo são de extrema importância para que o aluno estabeleça os limites entre

aquilo que vivência e que seus pais, avós vivenciaram em outros tempos.

Compreender esta cultura possibilita o confronto do real com o imaginário e ainda

mais favorece a compreensão que a cultura corporal de movimento é dinâmica., ou

seja, “(…) a expressão corporal é uma linguagem, um conhecimento universal,

patrimônio da humanidade que igualmente precisa ser transmitido e assimilado

pelos alunos na escola. A sua ausência impede que o homem e a realidade sejam

entendidos dentro de uma visão de totalidade(…)."(COLETIVO DE AUTORES, 1992

p. 42.)

O acervo de possibilidades para o trabalho com tal tema pode ser

considerado infinito para uma melhor organização nos permitindo fazer recortes e

caracteriza-los como conteúdos, assim elencamos algumas possíveis situações que

podem ser trabalhadas neste tema.

BRINCADEIRAS DE RUA - Caracterizam-se por serem brincadeiras realizadas em grandes espaços e

sua essência traz a reunião de colegas. Pode-se citar como exemplos destas

brincadeiras o esconde-esconde, mãe-cola, mãe-pega, entre outras conhecidas na

comunidade onde a escola esteja localizada. O intuito em trabalhar com tal

possibilidade não sugere apenas a prática das brincadeiras existentes mas a

necessidade de mudança em suas regras e até mesmo o levantamento do por que

antes eram consideradas como brincadeiras de rua e hoje em dia não se vê mais

com tanta freqüência crianças brincando na rua, podem ser levantados questões

que influenciaram direta ou indiretamente a mudança deste hábito. Fatos como a

falta de segurança, o progresso, a tecnologia, a modernidade, entre outros, podem e

devem ser alvos de questionamentos.

BRINQUEDOS CANTADOS- São brincadeiras com características musicais que envolvem encenações,

lenga-lengas, ladainhas, acalantos, parlendas, trava-línguas, ou seja, canções que

motivam e dão sentido ao brincar como por exemplo: o bom barqueiro, o pobre e o

rico, boi da cara preta, serra-serra-serrador, gato e rato, escravos de jó, lenço atrás,

entre outros. São brincadeiras a serem exploradas tanto na cantiga como na forma

do brincar, podendo ser recriada tanto a letra como a encenação, isto vale também

para as variações existentes de região para região, este trabalho é muito

interessante e valioso desde que a criança conheça a forma original do brinquedo

cantado em sua região. É interessante que se faça uma abordagem sobre questões

de gênero levantando a possibilidade de meninos e meninas brincarem com tal

conteúdo.

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DA COMUNIDADE DE HOJE E DE OUTROS TEMPOS

- A criança tem a oportunidade de trazer para a escola situações vividas por ela

em sua casa, em seu bairro, enfim brinquedos que apresentem alguma simbologia

para a comunidade onde a escola esteja inserida. Pesquisa de brinquedos de hoje e

outras épocas assim, como as brincadeiras com a proposta de conhecê-las e de

recriá-las para atenderem a necessidade do momento. Tal conteúdo explora os

brinquedos de convívio da criança assim como os brinquedos que seus pais, avós,

irmãos mais velhos e mais novos brincaram e brincam. Resgatando as diferenças e

semelhanças nos mesmos assim como a importância de tais brinquedos.

A confecção de brinquedos com sucata e materiais alternativos pré

estabelecidos pelo professor faz se necessário, assim como brinquedos criados

pelos alunos nos quais tenham a liberdade de dar sentido e significados, criando

características próprias de seus brinquedos.

Neste caso é interessante resgatar de forma lúdica a história do brinquedo,

seu nome, origem, significado para determinadas regiões e como se brinca com tal

objeto. Quais as regras implícitas no brinquedo.

CANTIGAS DE RODA

A cultura e a tradição implícitas nas cantigas de roda fazem parte de uma

cultura específica e a criança necessita deste contato. A magia , o ritmo e a

harmonia tem um efeito de grande importância para as crianças.

As cantigas de roda, com suas variações regionais traduzem tradições e

culturas distintas conferindo uma grande carga efetiva ao brinquedo. Quando a

criança participa das brincadeiras de roda, representa espontaneamente o enredo

contado e expressa seus sentimentos. As cantigas de roda estimulam a criatividade

e a partir delas novas cantigas podem ser criadas.

Atualmente a mídia incentiva a cópia de modelos (certos estereótipos) e não a

criação de expressões espontâneas. Quando as cantigas deixam de serem cantadas

e brincadas, caem no esquecimento dos traços culturais.

“A cantiga de roda propicia uma noção de conjunto a criança que se

vê integrada com todos os participantes da brincadeira. Nas cantigas,

todos têm sua vez de ser o centro das atenções. A criança descobre

que sua presença é importante e que ao mesmo tempo necessita dos

outros para completar a tarefa que estão realizando. A identificação da

criança na brincadeira é um fator muito importante neste aspecto.”

(FERREIRA 1999, p. 07)

JOGOS FOLCLÓRICOS E POPULARES

Os jogos folclóricos são jogos passados de geração a geração, nestes jogos

existem regras pré-estabelecidas e que podem variar de acordo com a região

onde este seja praticado. Na maioria das vezes tais jogos podem apresentar

nomes diferentes, mas as mesmas características.

Como exemplos podem citar a amarelinha, pião, bolinha de gude, cinco

marias, peteca, jogos cantados como: uni-duni-tê, pimponeta, entre outros. Os

jogos folclóricos podem ser conhecidos também como jogos populares, ou seja,

apresentam na sua organização regras próprias da região onde este é praticado.

Os alunos precisam conhecer os diversos jogos folclóricos e populares e para

então adaptá-los para atender a sua realidade, satisfazer as necessidades do

grupo que o esteja praticando neste momento.

JOGOS REGIONAIS

São jogos folclóricos divididos por regiões. Sendo que é importante

destacarmos quais regiões tiveram uma maior influência na conformação da

comunidade que envolve a escola, priorizando essa cultura do jogo e podendo

confrontá-la com outras regiões de colonizações diferentes. Exemplos: Mora

(característicos de regiões colonizados por Italianos);

Bocha (característico de regiões com influência alemã);

JOGOS COOPERATIVOS

A importância do trabalho com os jogos cooperativos é a possibilidade de

encontrar nestes uma forte relação com as questões políticas das classes sociais

desfavorecidas. Com a possibilidade de conhecer os jogos cooperativos os alunos

ganham uma visão e um papel transformador, Vale destacar a importância que os

Jogos Cooperativos apresentam para o rompimento da competição, pois o

interesse se volta para a participação, eliminando a pressão de ganhar ou perder

produzida pela competição, rompe também com a eliminação, pois procura incluir

e integrar todos, evitar a eliminação dos mais fracos, mais lentos, menos

habilidosos, incentivando atividades criativas, pois criar significa construir,

exigindo colaboração, permitindo a flexibilização das regras e mudando a rigidez

das mesmas adequando o jogo para o público que esta jogando criando desta

forma infinitas maneiras de garantir a participação de todos os envolvidos de

maneira prazerosa e significativa para a aprendizagem.

De acordo com tal conceito de jogos cooperativos elencamos quatro

possibilidades de organização, a serem utilizadas para uma melhor compreensão

e organização das atividades:

Jogos cooperativos sem perdedores – São jogos plenamente cooperativos, pois todos jogam juntos e não há perdedores;

Jogos cooperativos de resultado coletivo – Existe a divisão em duas ou mais equipes, mas o objetivo do jogo só é alcançado com todos jogando juntos;Jogos cooperativos de inversão – envolvem equipes, mas os jogadores trocam de equipe a todo instante, dificultando reconhecer vencedores e perdedores;Jogos semi-cooperativos – visam estimular a participação daqueles que normalmente não participam de um jogo devido a uma menor habilidade criando regras para facilitar a participação de todos.

DANÇA

A dança pode ser entendida como comunicação e expressão de sentimentos,

idéias e sensações ela faz parte da cultura de um povo, seja para festejar ou

celebrar. Quando a dança é entendida como bagagem cultural do ser humano ela

pode transmitir e transformar significados, valores e conhecimentos. A dança

simboliza assim, contextos históricos coletivos e individuais repletos de sentidos e

significados. É necessário entender a origem de tal linguagem corporal e ter a

sensibilidade de desvendar seus sentidos e significados.

O ensino da dança é relevante desde que reconheçamos nela uma forma de

expressão corporal, sendo assim, a dança possibilita aos seres humanos

conhecerem a si mesmo, quando trabalhada a partir da ação e reflexão.

Pretendemos com o ensino da dança desnudar o próprio ser humano que a pratica,

bem como, a realidade que o cerca. Através dos diversos olhares que a arte nos

possibilita podemos apresentar, subverter ou recriar a realidade social, permitindo

que não ocorra a simples conformação aos padrões impostos, mas os

questionamentos dos mesmos.

Entendendo a dança como uma forma de linguagem está deve desenvolver-

se "...num continuum de experiências que se iniciam na interpretação espontânea ou

livre, evoluindo para a interpretação de temas da dança formalizada, onde

conscientemente o corpo é o suporte da comunicação". (COLETIVO DE AUTORES

1994, p. 83).

A dança deve também ser entendida como um resgate da cultura brasileira e

que nela estão inseridos os aspectos da própria cultura e realidade como pobreza,

dominação, medo, opressão, religião. E, para isto deve-se explorar a cultura

indígena, a dos negros, dos brancos, para reconhecer a identidade brasileira, que é

a miscigenação, desenvolvendo a criticidade.

Mas o que ensinar ao nosso aluno? É necessário que os conteúdos não

acompanhem a moda, ou seja, privilegiar somente o que a mídia nos impõe, isto

seria negativo, pois devemos ter clareza de que a cultura corporal de movimento é

muito mais do que reproduzir os modismos impostos pela mídia, pois “a dança não

significa reproduzir apenas formas. A forma pura é fria, estática, repetitiva. Dançar é

muito mais aventurar-se na grande viagem do movimento da vida (...)” (Klaus 1991,

p. 45). Dançar se aprende pelo contato direto entre indivíduos, por meio da

observação, da imitação, mas existe também a forma livre de se expressar e para

isto também é necessário o estímulo e a orientação de um professor que conduza e

acompanhe o aprendizado. Existem inúmeras manifestações da dança e é de

extrema importância que o aluno interaja com tais manifestações, sendo assim,

elencamos algumas manifestações que acreditamos ser importantes e interessantes

para o aprendizado:

- Danças Étnicas e Culturas Nativas;

- Danças Folclóricas;

- Improvisação;

- Expressão Corporal;

Dança Étnica e Culturas Nativas – É a dança produzida por uma comunidade

racial e culturalmente homogênea, transmitida de geração em geração, com

mínimos acréscimos ou modificações. Poderíamos citar as danças tribais, ou seja,

aquelas tribos que ainda permanecem de certa forma isolados, mantendo seus

costumes, também comunidades negras que perpetuam suas crenças, costumes e

valores, resistindo ao tempo e a interferência da mídia e demais culturas.

Dança Folclórica – É aquela produzida numa comunidade com laços culturais em

comum, resultantes do convívio e da troca de experiências. Funciona como fator de

integração e perpetuação de características trazidas por colonizadores a quais tem a

característica marcante de celebrar eventos.

Sendo o Brasil uma mistura de raças não é difícil de encontrar uma gama de

danças folclóricas que em cada região do Brasil apresentam características próprias

do colonizador. Podemos citar algumas culturas existentes no Brasil para que

entendamos a diversidade entre elas, podemos citar: os índios, portugueses,

espanhóis, negros, italianos, poloneses, ucranianos, árabes, alemães, japoneses,

entre outros. Todas estas culturas, em maior ou menor escala, influenciaram nossos

usos e costumes, sendo assim, pode-se afirmar que nossa herança folclórica

provém de todas essas influencias. Podemos caracterizar a Dança Folclórica como

sendo uma historia dinâmica e condensada da cultura e ao mesmo tempo um

produto cultural da história.

Citaremos por região algumas danças folclóricas existentes no Brasil.

Região Sul: Chote Carreirinha, Maçanico, Pezinho, Tirana do lenço, Pezinho

da Vila;

Região Sudeste: Batuque, Catira, Congada, Congo, Pau de Fitas, Tamboril,

Fandango.

Região Nordeste: Araruna, Caninha Verde do Ceará, Frevo, Bumba-meu-boi,

Maracatu, Baião, Capoeira, congada, carvalhada, cirandas., Chote Batido , .

Região Centro-Oeste: Tapiocas, Congada, reisado, folia de reis, tambor e

Cururu.

Região Norte: Marujada, Carimbó, Boi-bumba, Ciranda.

Também existe os Bois:

- Boi-Bumba – Amazonas

- Boi de Reis – Maranhão

- Boi Surubi – Ceará

- Boi Calemba – Rio Grande do Norte

- Boi de Mamão – Santa Catarina

- Boizinho – Rio Grande do Sul

- Bumba-meu-boi – Pernambuco

Improvisação – Utilizar de temas e problematizações que apresentem desafios a

serem superados, e que para isto o aluno possa agir com suas possibilidades

corporais, quebrar com padrões, desfazer os esteriotipos e possibilitar a criação a

partir das possibilidades coletivas e individuais, respeitando as particularidades na

busca do fazer sem prender-se a coreografias já prontas. Ter como principio o

movimento entendendo este como uma possibilidade de linguagem.

Expressão Corporal – É importante que o aluno perceba e reconheça seu corpo

enquanto uma possibilidade de expressão, criar a partir de movimentos uma

linguagem com o mundo que o cerca, trabalhar com a linguagem corporal e

entender que é possível se expressar através dos movimentos corporais realizados

individual ou coletivamente. A expressão corporal pode ser trabalhada a partir de

estímulos internos (os sentimentos) como por estímulos externos (situações

presenciadas e/ou vividas no cotidiano).

Podemos representar através do movimento:

- ações da vida diária;

- ações dos seres e fenômenos da natureza: mundo animal, vegetal e mineral;

- as sensações corporais;

- estados afetivos;

Entre outros.

Danças Populares e/ou Tradicionais – Neste tema busca-se abordar danças

características de determinadas épocas e localidades, reconhecidas muitas vezes

por “modismos” O que se pretende é abordar tais danças resgatando-as em seus

momentos históricos para uma reflexão. As primeiras danças populares, conhecidas

como danças da corte, originaram-se entre os nobres europeus do século XII, a

partir das danças folclóricas dos camponeses. É a dança dos bailes, festas e outras

reuniões sociais e incluem tanto as danças antigas, como a valsa, até as da moda

da época atual. Existem diversas danças que são próprias de certas regiões e que

se mantêm vivas. A maioria das danças populares representa uma moda passageira

e fica ligada à época em que teve maior sucesso, às vezes é esquecida no período

seguinte. Como sugestão para a abordagem cita-se danças como:

- Danças em par (valsa, bolero, tango, salsa, forró, entre outras);

- Danças de rua (street, break, entre outras);

- Danças Populares (samba, funk, pagode, entre outras);

- Danças clássicas (balé, entre outras);

Ressalta-se que outras danças podem ser incorporadas a este tema devido

as constantes inovações na dança.

LUTAS

Muitas vezes poderemos ser questionados do porque ensinar lutas, pois os

alunos já são agitados, brigam com freqüência e pelo fato de abordarmos lutas no

currículo de Educação Física estaremos contribuindo com a violência. Enquanto

professores devem ter clareza de que meios e principalmente qual a finalidade da

abordagem deste tema, se entendermos que a Educação Física é uma das

disciplinas que tem como objetivo tratar das diferentes formas de manifestação da

cultura corporal de movimento então teremos respaldo para apontar e defender as

lutas como sendo uma forma de manifestação da cultura corporal de movimento a

qual esteve presente na historia da humanidade

Tendo surgido nas formas primitivas de defesa, e evoluído historicamente com

a humanidade, as várias lutas representam uma das formas de manifestações da

cultura corporal de movimento, podemos até mesmo dizer que é talvez uma das

mais expressivas. Pois se entendermos as lutas a partir da Educação Física Escolar,

reconheceremos que este tema reúne um conjunto de conteúdos e oportunidades

que podem vir a contribuir com o desenvolvimento integral do educando, ou seja, tal

tema traz uma rica contribuição para o entendimento da ação corporal exclusiva, sua

natureza histórica, e o rico acervo cultural que traz dos seus povos de origem. Pois

não podemos negar que quando tratamos do tema lutas estamos abordando

diferentes povos e culturas, os quais merecem destaques por sua contribuição ao

movimento humano.

Quando se propõe o trabalho com o tema de lutas significa buscar neste sua

origem e seu significado, pois quando abrimos a possibilidade do trabalho com tal

tema estamos apontando para diferentes manifestações, por exemplo, cultura

oriental e ocidental, se tratarmos a capoeira como luta estaremos tratando de uma

cultura ocidental, assim como, se tratarmos de karatê, judô, jiu jitsu entre outras

estaremos tratando da cultura oriental. O que de fato não podemos perder de foco é

a discussão sobre a contribuição que cada luta tem na construção da cultura

corporal de movimento.

Para trabalhar com tal tema sugere-se: a capoeira, e outras lutas que o

professor queira fazer a abordagem com seus alunos desde que sejam respeitados

os princípios já descritos. A utilização de materiais áudios-visuais é interessante,

mas é necessário que o professor não prepare uma aula que privilegie tão somente

a teoria pois não podemos esquecer que a Educação Física trata do Movimento.

Capoeira Para melhor compreender o trabalho a ser realizado com a capoeira nos ser-

viremos do texto contido na Proposta Curricular de Jovens e Adultos que diz:A capoeira, segundo Pinto “é fruto da luta da nação negra pela sua libertação. Aborda todas as especificidades da cultura corporal e possibilita o entendimento da história brasileira, vista por outro ângulo, diferente daquele que normalmente é veiculado nas escolas. O movimento humano na capoeira tem um significado e um sentido próprio” ((1995, p.25). A sua história nos revela essas contradições que, com a escravidão dos negros trazidos da África e submetidos a um duro sistema de opressão, foram capazes de criar uma forma de luta com a aparência de uma dança. Segundo Pinho o negro africano no Brasil “não aceitava a condição de escravo, por isso, não era passivo e lutava pela liberdade. Aqueles que obtinham sucesso em suas fugas foram formando os quilombos, que perduraram como forma de organização de sua resistência até a abolição da escravatura,”Sem liberdade e sem condições de produzirem seu sustento, surgem os maltas que “roubavam e empregavam-se como mercenários, a mando de políticos e ‘nobres’ da época” (Pinho, 1993, p.7). Assim os capoeiristas começam a ser vistos como marginais, sendo perseguidos pelo governo brasileiro e tendo sua prática proibida. É por volta de 1930 que o mestre Bimba cria a capoeira regional – que na época foi denominada como “Luta Regional Baiana” -, que, na busca de uma melhor eficiência, incorpora vários elementos das lutas marciais advindas do oriente. Sendo que o modelo de luta oriental na qual a capoeira vai se espelhar, é resultado de um processo de ocidentalização, pelo qual passaram as lutas orientais, assumindo novos códigos – o que, na maioria das vezes, resultou numa desassociação de seu legado filosófico -, mas que nesse contato entre as culturas também deixa seu legado para a cultura ocidental. A hierarquia é uma característica da cultura oriental, que, em suas lutas, aparece representada na forma de faixas, que não se referiam somente à capacidade de executar determinados gestos técnicos, mas respeitavam critérios de sabedoria, vinculada a uma forma de ver o mundo. Esse aspecto fica excluído na perspectiva ocidentalizada que é a que passa a ser comercializada. Então, a própria graduação, que na capoeira hoje é feita com cordéis e nas outras artes marciais é feita com faixas, mostra o processo pelo qual a capoeira, para sobreviver num mundo onde civilização é a cultura ocidental, precisa descaracterizar a sua própria cultura.

Ocorre, também, que alguns grupos de capoeira não abrem mão de sua origem, do sentido de luta contra a opressão e continuam mantendo viva a luta pela libertação, desenvolvendo um trabalho de capoeira angola, que além da prática de movimentos fazem um trabalho de reflexão sobre a sua história, tendo como eixo central a luta de classe, colocando-se na perspectiva da classe que vive do trabalho. (Proposta Curricular Educação de Jovens e Adultos, 2004, p.

204-205

Neste sentido o trabalho com a capoeira deve ser entendido como uma

expressão na luta por direitos igualitários, inclusão social, cidadania, tendo como

foco de discussão e reflexão principal as classes menos favorecidas da sociedade

capitalista.

Esta reflexão tem sua base nos movimentos criados culturalmente na

capoeira, desta forma, o professor deve através dos elementos que compõe a

capoeira trabalhar para análise das questões relacionadas as desigualdades sociais,

e as alternativas distintas de superação. Assim como nos demais temas coloca-se o

movimento como principio para tal abordagem, assim, os conteúdos a sererm

abordados no tema da capoeira são: a ginga, os golpes (ataque e defesa), a

instrumentalização; as cantigas e os rituais da roda.

Nessa direção a avaliação, é parte integrante do processo ensino

aprendizagem. Assume a função diagnóstica, ou seja, é continua, cumulativa e

permanente. Isto permite que a apropriação do conhecimento sistematizado, pelo

aluno, seja avaliada durante todo o seu processo de aquisição.

Sendo assim, o professor na avaliação deve levar em consideração:

• a totalidade da conduta humana;

• a perspectiva dialógica, comunicativa, criativa, reinterativa, que permita a partici-

pação de todos envolvidos no processo de avaliação;

• a ludicidade e a criatividade;

• a possibilidade de reinterpretação e redefinição de valores e normas;

• se o tempo destinado a apreensão de um dado conteúdo ou uma dada proble-

matização é suficiente para o aprendizado da turma. Pois é preciso levar em con-

sideração os ritmos diferenciados dos alunos;

• a elaboração dos instrumentos, “como estímulo e desafio ao interesse e à curio-

sidade dos alunos, empregando os dados coletados com finalidades precisas, di-

vulgando os resultados com registros sistemáticos em fichários cumulativos;”

(Coletivo de Autores, 1992, p.109)

• o erro como parte da construção de novos conhecimentos ou do seu aprimora-

mento, bem como do aprendizado de habilidades e atitudes. Portanto, compõe o

processo de aprendizagem;

• a compreensão crítica da realidade, sendo necessário para tal, revelar os con-

frontos e contradições dessa mesma realidade. Os educandos devem possuir di-

ferentes entendimentos a cerca de um mesmo assunto para que eles possam fa-

zer suas próprias opções;

• a explicitação das intencionalidades que estão orientando as nossas ações, bem

como, permitir que os educandos também revelem as suas intenções.

• A construção de um processo de substituição da nota por uma síntese qualitativa

do aluno em relação ao processo de ensino-aprendizagem.

Pois cabe ao professor o discernimento e a percepção de entender a realidade

trazida pelos alunos, que ao ingressarem na escola, trazem consigo marcas de uma

sociedade capitalista, amplamente excludente e seletiva. Na área de conhecimento

da Educação Física, dentre suas inúmeras funções, deve conduzir o aluno a uma

interpretação, compreensão, elaboração de sínteses da realidade em que está

inserido e de sobremaneira a respeito da cultura corporal de movimento presente

nas suas relações cotidianas. Esta analise e compreensão são necessárias não

apenas para o entendimento destas situações, mas para auxiliar no

desenvolvimento do senso crítico com a finalidade de despertar o interesse, a

necessidade e a consciência de intervir no curso da situação atual.

Para que a avaliação efetive-se de forma a satisfazer os objetivos e metas

traçados na proposta curricular, com caráter transformador da prática de ensino-

aprendizagem, os momentos avaliativos assumem vital importância. Estes são

necessários para a discussão de situações presentes no cotidiano, analisadas

através de atividades ou projetos que contenham normas, valores, regras e padrões.

Com este procedimento, as aulas de Educação Física permitem a participação

crítica do aluno, levando-o a refletir, analisar, interpretar e redefinir valores e

procedimentos que sustentam a conduta humana dentro da cultura corporal de

movimento.

Com esta concepção, os educadores devem levar em consideração, na

avaliação da disciplina de Educação Física, questões relacionadas a compreensão

da cultura corporal de movimento. A participação do aluno, neste processo, conduz a

uma ação reflexiva criando elementos para uma ação coletiva transformadora.

A função da avaliação para a Educação Física, neste aspecto, é fazer com

que esta etapa do processo de ensino aprendizagem sirva de referência nas

análises da apropriação do conhecimento sistematizado, ou seja, é a reflexão

daquilo que se ensina e daquilo que se aprende numa mútua interação.

O processo de avaliação não deve restringir-se a avaliar a aprendizagem do

aluno responsabilizando-o sobre a apropriação ou não do conhecimento o que nos

leva a definir a avaliação então como classificatória. Pois, na avaliação diagnóstica

avalia-se a aprendizagem do aluno para se redimensionar a prática. Com isto, esta

prática de avaliação tem importante papel no processo de ensino-aprendizagem,

possibilitando uma maior interação entre teoria e prática, proporcionando

"...mobilizar plenamente a consciência dos alunos, seus saberes e suas capacidades

cognitivas, habilidades e atitudes para enfrentar problemas e necessidades,

buscando novas soluções para as relações consigo mesmo, com os outros e com a

natureza, e que estas soluções criativamente encontradas sejam estendidas a

outras situações semelhantes". (WAISELFISZ, 1990 p. 60 in COLETIVO DE

AUTORES, 1992 p.104)

Portanto, a avaliação deve ser um processo contínuo onde acontece a

construção e reconstrução do próprio conhecimento, através da vivência do aluno

com a interferência do professor neste contexto, oportunizando entre outros, o

espaço de argumentação e questionamentos. É uma ação interativa que valoriza

ambas as partes para o desenvolvimento das relações entre professor – aluno e

aluno-aluno.

Assim, afirmamos que a avaliação da aprendizagem escolar é uma totalidade

dinâmica que provoca a participação efetiva do aluno em contextos onde o professor

deve ser diretivo, promovendo desafios, reflexões e diálogos permanentes, ao

mesmo tempo deve ser sensível a acatar sugestões dos alunos para redimensionar

sua prática pedagógica.

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