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  • PREFIZIO ............................................... 13

    MANUAL DE INSTRUCÇÕES .................................. 17

    INTRODUÇÃO ............................................. 22

    PÁGINA DE AGRADECIMENTOS ............................... 25

    PÁGINA DE DEDICATÓRIAS ................................. 27

    VELHA ÉPOCA ............................................ 28

    A HISTÓRIA DO PEQUENO JOÃO ....................... 30

    O PEQUENO JOÃO E O GRANDE PÉ DE AGRIÃO ENORME .... 32

    O PEQUENO JOÃO E OS RAPAZES PIRO-TÉCNICOS ........ 35

    O PEQUENO JOÃO E O PEQUENO ANIKIN BÓBÓ ........... 41

    GLOSSÁRIO ........................................ 46

    O PEQUENO JOÃO E A SUA PÁGINALAR ................. 48

    O PEQUENO JOÃO E O PEQUENO ÍNDIO JAHRKARI ........ 52

    O PEQUENO JOÃO E A GRANDE I.U.R.D. ............... 56

    O PEQUENO JOÃO E O RAPAZ DO QUISTO ............... 60

    O PEQUENO JOÃO NO PROGRAMA DA FÁTIMA LOPEZ ....... 68

    O PEQUENO JOÃO E A PEQUENA RAPARIGA DO STRESS .... 79

    O PEQUENO JOÃO JÁ NÃO É PEQUENO .................. 83

    NOVA ÉPOCA ............................................. 94

    AS AVENTURAS DO PEQUENO GRANDE JOÃO .............. 96

    O PEQUENO GRANDE JOÃO E O MENINO TOINECAS ....... 100

    O PEQUENO GRANDE JOÃO CONTRA OS PIRATAS ......... 108

    O PEQUENO GRANDE JOÃO E O SEU GRANDE PÉ ......... 115

    O PEQUENO GRANDE JOÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS ........ 120

    O PEQUENO GRANDE JOÃO EM TREBLINKA .............. 130

    O PEQUENO GRANDE JOÃO NO CAIS DO SODRÉ .......... 134

    O PEQUENO GRANDE JOÃO E A RAPARIGA DO CASACO VERMELHO

    COM MEDO DE ARANHAS E DE PÃES COM CHOURIÇO COM RECHEIO

    DE CHOCOLATE DE MENTOL .......................... 138

    O PEQUENO GRANDE JOÃO NO PONTO DE DESENCONTRO ... 142

    O PEQUENO GRANDE JOÃO E OS EMPIRISTAS DE ÂNGULO SEXO-

    SÓNICO .......................................... 153

    O PEQUENO GRANDE JOÃO FICA PEQUENO OUTRA VEZ .... 158

  • NOVA VELHA ÉPOCA ...................................... 166

    AS AVENTURAS DO NOVO PEQUENO JOÃO ............... 168

    O NOVO PEQUENO JOÃO NO PINHAL DE COINA .......... 172

    O ANIVERSÁRIO DO NOVO PEQUENO JOÃO .............. 175

    O NOVO PEQUENO JOÃO E OS TRÊS REIS GAGOS ........ 178

    O PERFUME DO NOVO PEQUENO JOÃO .................. 182

    O NOVO PEQUENO JOÃO E O BEHAVIORISMO ............ 185

    O NOVO PEQUENO JOÃO EM AUSCHWITZ ................ 191

    O NOVO PEQUENO JOÃO NO PLANETA DOS SÍMIOS FALANTES195

    O NOVO PEQUENO JOÃO NA LANCHONETE DO PATO ESCOCÊS 200

    O NOVO PEQUENO JOÃO TEM UM ENCONTRO SUPER-IMEDIATO204

    O NOVO PEQUENO JOÃO TORNA-SE ESCRITOR ........... 214

    O NOVO PEQUENO JOÃO VOLTA A SER GRANDE .......... 217

    ÉPOCA CONTEMPORÂNEA ................................... 220

    AS AVENTURAS DO NOVO PEQUENO GRANDE JOÃO ........ 222

    O NOVO PEQUENO GRANDE JOÃO E O TOM CHAINSAWYER .. 225

    O NOVO PEQUENO GRANDE JOÃO NO CÉU ............... 229

    O NOVO PEQUENO GRANDE JOÃO E O PEQUENO VICHKYIE . 232

    O NOVO PEQUENO GRANDE JOÃO E O FREI LUÍS NESPEREIRA DE

    SOUSA ........................................... 235

    O NOVO PEQUENO GRANDE JOÃO E O GRANDE NOSTRADAMUS 238

    O NOVO PEQUENO GRANDE JOÃO E O TIO BARRY FINN ... 242

    O NOVO PEQUENO GRANDE JOÃO NO ALHOTOON .......... 246

    O NOVO PEQUENO GRANDE JOÃO E O PEQUENO OLÍVIO TORCE249

    O NOVO PEQUENO GRANDE JOÃO VOLTA A SER PEQUENO .. 252

    ÉPOCA FUTURÍSTICA ..................................... 258

    AS AVENTURAS DO NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO É GRANDE260

    A INICIAÇÃO SEXUAL DO NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO É

    GRANDE .......................................... 263

    O NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO É GRANDE E OS HOMENS DE

    NEGRO ........................................... 266

    O NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO É GRANDE ENCONTRA O

    PADRE FREDERICO ................................. 267

    O NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO É GRANDE E O GRANDE

    DARTE VEITER ....................................... 272

    O NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO É GRANDE E O GRANDE

    CALÍGULA ........................................... 276

    O NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO É GRANDE E O ESTRANHO

    ESPÉCIME LOBUS BROCUS BOCUS AVOZIS ................. 279

  • O NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO É GRANDE UND DER GROSS

    HITLER ............................................. 282

    O NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO É GRANDE NO PAÍS DO

    NATAL .............................................. 287

    O NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO É GRANDE NÃO SABE SE É

    GRANDE OU PEQUENO .................................. 292

    ÉPOCA SURREALISTA ..................................... 296

    AS AVENTURAS DO JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU

    PEQUENO ......................................... 298

    O JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU PEQUENO NO

    PORTUDIZNER ..................................... 302

    O JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU PEQUENO NO

    INTENDENTE ...................................... 306

    O JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU PEQUENO NO VELHO

    OESTE SELVAGEM .................................. 309

    O JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU PEQUENO NO TIBETE315

    O NOVO PEQUENO JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU

    PEQUENO E A GRANDE MÁQUINA DO STRESS ............ 319

    O JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU PEQUENO EM

    ESPANHA OU O JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU

    PEQUENO E O JOVEM HISPÂNICO-MASOQUISTA PARTE 1 (DE 2)323

    O JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU PEQUENO E A

    RAPARIGA DA CAMISOLA BRANCA COM MEDO DE PIPOCAS . 326

    O JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU PEQUENO NO

    PARAÍSO ......................................... 334

    A MORTE DO JOÃO QUE JÁ NÃO SABE SE É GRANDE OU PEQUENO338

    DIGA ONÓSTICO ......................................... 343

    PÁGINA DO PASSATEMPO .................................. 349

    A ÚLTIMA PÁGINA ....................................... 351

    LOGO A COMEÇAR PELO ÍNDICE, ISTO PROMETE.

  • ADVERTÊNCIASEMESPAÇOSECOMUMHÍFEN

    ASPÁGINASQUESESEGUEMSÃODAEXCLUSIVAAUTORIADEQUEMAESCREVEUDEMODOQUEQUEMQUI

    SERFAZERCOMENTÁRIOSDEVEDIRIGIR-SEÚNICAEEXCLUSIVAMENTEAOAUTORDESTAOBR

    AENÃOAQUALQUERPESSOA.OBRIGADO.

  • Desisto!

    Atenção! Está prestes a consumir um produto perigoso! As

    próximas páginas poderão afectá-lo(a) muito. Até que ponto,

    não posso dizer – depende da sua sensibilidade.

    Mas antes de partir à descoberta, sinto-me no dever de o/a

    avisar sobre os perigos que podem surgir devido ao consumo

    em doses excessivas deste produto. Se você for uma pessoa

    alegre e bem disposta, este livro será muito agradável de ler

    (desde que tenha compreensão suficiente para não complicar o

    que é simples).

    Se, pelo contrário, você for uma pessoa triste, depressiva (o

    tipo de pessoas que sofre de um vírus muito frequente nos

    tempos modernos: quemmederaterumapistolaàmãoparapoder-

    darumtironacabeçaporqueestavidaéumamerda1, conhecido no

    meio científico simplesmente como QMDTUPAMPPDUTNC-

    PEVEUM), sugiro que siga à risca as seguintes recomendações

    que enumerarei já de seguida.

    Antes de passar às recomendações propriamente ditas,

    volto a advertir sobre as consequências deste produto. As suas

    emoções serão manipuladas e levadas a extremos que nunca

    1 Do latim: quiumderameunosfacumadmanumparumpoderumdarum-

    unumtirumcabeçumporcumvidaesedmerdum. (N. A.) No tempo dos

    romanos não existiam pistolas, por isso aqui surge a doença tal como

    era conhecida quando foi inventado o nome pelos romanos.

  • considerou serem possíveis de existir.

    Aqui vão as recomendações, sugiro que as leia atentamente

    e que as siga com cautela:

    1 – Não inicie o consumo sem antes procurar um sítio es-

    tável para se sentar. Não escolha cadeiras de balanço. Opte por

    sítios onde possa ter o corpo bem seguro, sem perigo de cair (os

    bancos sem encosto estão desde já eliminados). Dê preferência

    ao confortável e prático. Atenção: nunca fique com a cabeça en-

    costada à parede. Existem casos de pessoas que não resistiram e

    tiveram o que se chama uma QEOZCAVPAINP2. Quase todos

    os casos foram terminais e os que sobreviveram à morte nunca

    mais foram os mesmos. Se estiver bem instalado(a) siga para o

    ponto 2.

    2 – Certifique-se que os seus níveis de depressão estão o

    mais alto possível, afim de que este produto faça o maior efeito

    possível. Aconselho que inicie o seu consumo após o término de

    uma relação amorosa ou quando descobrir que o(a) seu/sua

    namorado(a) é um(a) mulher/homem. Em suma, é necessário

    que esteja completamente abatido(a) e a sofrer de uma variação

    virulógica muito comum do vírus quemmederaterumapis-

    tolaàmãoparapoderdarumtironacabeçaporqueestavi-daéuma-

    merda (QMDTUPAPPDUTNCPEVEUM), conhecida por:

    descobriqueandeiestetempotodoaserfodidopelocabrãodeumpa-

    nascaetoutãofodidodacabeçaquesómeapetecepegarnumapistola

    edarumtironacabeçadessecabrãodamerda3 (conhecido no meio

    2 Quebra da Estrutura Óssea da Zona Craniana Após Violenta

    Pancada Auto Infligida Numa Parede (sem termo em latim) (N. A.) 3 Esta doença surgiu já depois do desaparecimento dos romanos. Não

    disponho por isso de quaisquer dispositivos que me possibilitem a

    nomeação desta doença em latim. Ignoro também se algum romano

    sofreu desta doença. Por este facto, ao qual sou totalmente alheio e

    desprovido de culpa, peço as minhas desculpas. Na verdade, não

    tenho nada que pedir desculpas se não tenho culpa de nada, mas a

  • científico simplesmente por: DQAETTASFPCDUPETTFDC-

    QSMAPNPEDUTNCDCDM.

    Se está bem deprimido(a) siga para o ponto 3

    3 – Se seguiu as duas primeiras recomendações à letra,

    assumo que neste momento está confortavelmente instalado(a) e

    a pensar “o que é que eu 'tou a fazer com esta merda de livro na

    mão?”. Se for esse caso, óptimo. Porém, antes de passar ao

    consumo do produto, deve antes passar ao estágio emocional

    seguinte: a disposição para sair do desespero depressivo. Quan-

    do tiver atingido o estágio seguinte passe para o ponto 4.

    4 – Se já conseguiu ter disposição para fugir à depressão é

    tempo de se interrogar mais uma vez: “porque é que ainda estou

    com merda na mão?”. Não desespere (muito). Segure o produto

    com as duas mãos e comece a consumi-lo. Siga para o ponto 5.

    5 – Não existem doses pré–programadas de consumo. Tudo

    depende da resistência de cada um(a). Pode optar por consumir

    um pouco todos os dias, de modo a fazer durar. Ou pode

    consumir tudo de uma vez. Aviso que esse tipo de consumo ex-

    cessivo é perigoso e pode ter consequências irreversíveis, no-

    meadamente a frustração de não poder superar o prazer da pri-

    meira vez4. Siga para o ponto 6.

    6 – Está prestes a ler o manual de instruções. Após ler isso,

    respire fundo e mergulhe, perdão, entre num novo universo de

    prazer.

    ética social é uma coisa muito complexa. (N. A.) 4 Infelizmente, como em tudo na vida, só podemos experimentar

    qualquer coisa pela primeira vez apenas uma vez na vida. É triste,

    mas é verdade. (N. C. A. P. C. ) (Nota de consolo do autor a um

    possível consumidor)

  • Siga atentamente as recomendações anteriores. Em caso de

    dúvida ou persistência dos sintomas depressivos, desista. Se

    o produto não fizer efeito, você é um caso perdido. Mais

    vale deixar-se contaminar pelo novo vírus: jánadafa-

    zsentidoparamimvoupegarnumapistolaedarumtironacabeça

    demeiadúziadepe-ssoasedepoismatome (conhecido por

    JNFSPMVPNPEDUTNCD-MDDPEDM.

    Antes de iniciar o seu consumo, queria colocar várias

    críticas (positivas e negativas) de pessoas e/ou animais que

    consumiram o produto de modo a poder prever melhor os

    efeitos que ele pode ter em si.

    “Um agradável subterfúgio para uma realidade

    agonizante.”

    Comentador especializado

    “Ão! Ão!”

    Bóbi (mais conhecido por Alex)

    “Fiquei maravilhado!”

    Velho reformado e incógnito que se tornou conhecido

    em Portugal e no Mundo graças à linha da tele-amizade.

    Estas são apenas algumas opiniões. Atenção à

    contagem decrescente! (do maior para o mais pequenino)

    3……………..2………………1………………....................

    ....................................vire a página.

  • Aqui está. A introdução era a única coisa que faltava. E só a

    estou a escrever para ocupar espaço porque, sinceramente,

    já não sei que dizer mais. Já fui inovador o suficiente para

    colocar um manual de instruções, já coloquei um prefizio

    prefilo prefasso, qualquer coisa. Enfim, a necessidade de

    escrever esta introdução forçada deve-se ao facto de todos

    os livros terem uma introdução. E este caso não é excepção.

    Devia ser nesta altura que eu escrevia obrigado a todos

    pelo vosso apoio. Devia, mas não escrevo. As pessoas que

    eu tenho para agradecer, irão ser agradecidas na página dos

    agradecimentos. (Boa! Vou fazer uma página de

    agradecimentos! Não me estava a lembrar dessa! Qualquer

    livro, perdão, qualquer bom livro tem que ter uma página

    de agradecimentos! Ah! E uma página de dedicatórias

    também!)

    Não se desiludam se chegarem ao fim da introdução e

    ficarem desiludidos. Porque se ficarem desiludidos não vale

    a pena desiludirem-se, porque já estarão desiludidos.

    E aqui está. Chegaram ao fim da introdução. Eu avisei

    que não valia a pena continuar a ler, mas foram teimosos.

    Azar! Ninguém vos mandou serem teimosos!

    Atenciosamente, (ou razoavelmente perto)

    O Autor

    (quem perdeu tempo a escrever isto, neste caso, eu)

    Joel G. Gomes

  • PROIBIDO AFIXAR

    PUBLICIDADE NESTA PÁGINA

  • Gostaria de agradecer a mim próprio por todo o trabalho (e

    paciência que tive): “Obrigado, és o maior!5”

    Gostaria também de agradecer a uma pessoa em parti-

    cular: Paulo Lameira, co-autor da primeira história do pe-

    queno João escrita há… alguns anos atrás. Essa história,

    para quem não sabe, chamava-se precisamente – A HISTÓ-

    RIA DO PEQUENO JOÃO. Continha também uma versão

    inédita em inglês. Na verdade, a minha intenção era fazer os

    originais em inglês e depois fazer a dobragem, mas isso iria

    levar o dobro do tempo. Por isso, desisti dessa ideia.

    Gostaria também de agradecer a todas pessoas que de

    algum modo inspiraram a criação de muitos dos persona-

    gens secundários. Obrigado por existirem, obrigado por se-

    rem assim (não digo se isso é bom ou mau) e obrigado por

    não se queixarem quando eu gozo com a vossa cara. A to-

    dos vós, muito obrigado.

    Nota: A próxima página é a página das dedicatórias.

    Também não tem nada de interessante para ler. Por isso, não

    me importo que passem à frente.

    5 É verdade! (N. A. P. C. S. E.) (Nota do autor só para confirmar o

    seu egocentrismo)

  • Bolas, vocês querem mesmo ler tudo! É incrível!

    Bom, aqui vai.

    Este trabalho é dedicado a:

    Mim, para compensar todo o esforço que eu fiz durante

    a sua realização. (Muito obrigado a mim!)

    A todas as pessoas que contribuíram de qualquer modo

    para que este fosse possível.

    E a todos os que lerem e gostarem.

    Se alguém ler e não gostar fica excluído desta página.

    E assim termina a página de dedicatórias.

    Do que é que se estão a queixar? Eu disse-vos para não

    lerem!

  • Num belo dia de Verão, o pequeno João estava andando pe-

    las ruas tentando arranjar algum dinheiro. De repente, uma

    velha senhora apareceu e o pequeno João tirou-lhe o seu di-

    nheiro. Depois, o pequeno João fugiu. Ele parou junto da

    Lanchonete do Pato Escocês e olhou para o céu. Ele pen-

    sou: "Eu tenho alguma grana, mas ainda não é o bastante.

    Preciso de mais."

    E o pequeno João desapareceu no ar. E ele foi para o

    Céu. E lá, ele conheceu o pequeno garoto Jesus que não ti-

    nha um hambúrguer para o pequeno João. Mas o pequeno

    João era mais esperto e espancou o pequeno garoto Jesus.

    Mas depois, veio o grande pai Deus e expulsou ao pontapé

    o pobre pequeno João do Céu.

    E depois, o pequeno João foi para o Inferno, onde ele

    conheceu o pequeno demónio Satã. Mas o pequeno demó-

    nio Satã também não tinha nenhuma comida. E o pequeno

    João cortou a cauda do pequeno demónio Satã. O pequeno

    demónio Satã ficou muito danado e o pequeno João foi en-

    viado de volta para a terra.

    Quando ele chegou lá, ele foi a uma casa de velhada e

    roubou alguns vovôs e vovós. E depois, o pequeno João foi

    para a Lanchonete do Pato Escocês e tomou um belo

    pequeno–almoço às seis da tarde.

    FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

  • Num belo dia de Verão, o pequeno João estava passeando

    no seu habitat natural6 quando bateu com o nariz em algo. O

    pequeno João, furioso, deixou sair alguns impropérios

    impróprios para a sua idade:

    – Droga!

    Então, o pequeno João olhou em frente e viu um grande

    pé de agrião enorme à sua frente. Olhou para cima e não viu

    nada. O pequeno João resolveu subir o grande pé de agrião

    enorme e dar uma surra no safado que tinha posto aquele

    grande pé de agrião enorme no seu caminho.

    O pequeno João foi subindo, foi subindo, foi subindo,

    foi subindo, foi subindo, foi subindo, foi subindo7… O pe-

    queno João foi subindo e enquanto ia subindo ouviu tocar

    as treze badaladas da uma da tarde8. Perdão. Como eu ia

    dizendo, o pequeno João foi subindo, foi subindo, foi subin-

    do, até que... chegou ao cimo do pé. Estava agora no de-

    dão.9

    Quando chegou lá em cima, o pequeno João começou

    caminhando através do nevoeiro e pensou:

    "Estou em Londres."

    6 A selva urbana. (N. A.)

    7 Era um grande pé de agrião enorme, não esquecer. (N. A.)

    8 Desculpem. Enganei-me na história. (N. A.

    9 Foi uma pequena piada apenas, não levem a sério. Ele queria dizer

    calcanhar. (N. A.)

  • Então ouviu umas vozes cantarolando. O pequeno João

    escondeu-se atrás de uma moita e ficou esperando que o

    perigo passasse. E então apareceram os sete anões mortais.

    O pequeno João ficou cheio de medo e ao mesmo tempo

    pensando.

    "Devia estar aqui um gigante."

    Então o pequeno João cheio de coragem se dirige aos

    sete anões mortais10 e lhes pergunta:

    – Onde é que está o gigante?

    Os sete anões mortais olham uns para os outros e de-

    pois olham para o pequeno João.

    – Comemo-lo.

    O pequeno João não queria acreditar. Eles só podiam

    estar brincando. Como é que sete anões (mesmo mortais) ti-

    nham comido um gigante?

    – E agora vamos comer-te a ti.

    O pequeno João começou fugindo dos sete anões

    mortais e chegou ao sítio donde tinha vindo. Sem pensar

    duas vezes (que isso era difícil para ele) o pequeno João se

    atirou para o abismo à sua frente e chegou são e salvo de

    volta ao seu habitat natural.

    FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

    10

    Eram mortais, porque podiam morrer. (N. A.)

  • Numa bela noite de Verão11 o pequeno João ia passeando na

    maior por uma zona cheia de miudagem brincando. Quan-

    do, de repente… Pum! Um enorme estrondo bagunçou a

    sua cabeça.

    Quando o pequeno João olhou para o local da explosão,

    viu três caras, distintos, dois de laranja e um de rosa. Aí o

    pequeno João se aproximou deles e perguntou:

    – Que negócio é esse, hein? Eu não gostei, não!

    Aí um deles (o de rosa e pele escura) se virou e disse:

    – Nós somos os Rapazes Piro-técnicos Se te metes

    connosco, acabamos contigo.

    – E que fazem vocês?

    – Bombas.

    – E porque você é diferente deles os dois, hein?

    – Porque… bem… hã…

    Aí, um dos outros (o de cabelo curto) interrompeu:

    – Esse aí é um aprendiz. Não vês que a cor é diferente?

    – A cor do quê? Do fato ou da cara?

    Responde o outro (o de cabelo comprido):

    – A do fato.

    – E a cara?

    – Foi um acidente com a sua primeira bomba de tinta.

    Foi permanente.

    11

    Calma, isto de ser noite tem uma razão muito simples que passarei

    a explicar de seguida: não é dia. (N. A.)

  • – E o que querem vocês fazer aqui?

    – Nós vamos sair por aí.

    – Posso ir com vocês?

    – Claro!

    E assim foi. O pequeno João e os Rapazes Piro-técnicos

    saíram pela cidade. Pararam junto de um Mini-mercado e o

    pequeno João perguntou:

    – Vamos aprontar aí?

    – Não. Vamos comprar material.

    Entraram e foram à secção de higiene. O de pele escura

    pegou num rolo de papel higiénico e disse:

    – Já temos um rastilho!

    Os outros dois olharam para ele, depois para o papel

    higiénico e novamente para ele e começaram espancado-o.

    O pequeno João sem saber o que fazer começa também es-

    pancando.

    – Mas estamos batendo nele porquê?

    – Já o avisámos que não queremos nada com a Revelha.

    – Pois é, papel higiénico é só da Cagolar.

    – Perdão! Peço perdão!

    – É a última vez!

    – Sim, mestre! Obrigado!

    Pegaram num rolo da Cagolar e foram para a secção de

    bebidas alcoólicas. O de cabelo comprido pegou numa

    garrafa e disse com um sorriso de orelha a orelha:

    – Rum!

    Todos olharam para ele.

    – O rum arde bem. Tem bons potenciais como explo-

    sivo.

    Aí, o de cabelo curto disse:

    – Tá bem, levamos essa e uma de refrigerante gaseifi-

  • cado com sabor a caramelo.12

    – De refrigerante gaseificado com sabor a caramelo?13

    – perguntou o pequeno João.

    – É por causa do gás.

    – E agora, vamos fazer uma bomba.

    Saíram do Mini-mercado e foram para junto de uma

    área povoada. O de cabelo curto pegou numa garrafa vazia

    e encheu-a com refrigerante gaseificado com sabor a cara-

    melo e rum.

    – Já temos o pós–bomba. Se resultar é para comemorar.

    Senão, é para ajudar a esquecer.

    O de cabelo comprido pegou noutra garrafa e encheu–a

    com o resto de rum e de refrigerante gaseificado com sabor

    a caramelo.14

    – Toma, dou-te a honra!

    E entregou a garrafa ao de pele escura. Este, emocio-

    nado, começou agitando15 muito contente.

    Estava pronto o explosivo. O pequeno João pegou num

    bocado de papel higiénico e tapou o gargalo da garrafa com

    ele16. Depois o de cabelo comprido foi buscar fogo para

    acender o rastilho. Depois acenderam o rastilho e lançaram

    a garrafa no ar.

    E… crás!!! A garrafa caiu junto de uma bomba de ga-

    solina e foi o maior estrondo que se possa imaginar. Aí, diz

    o de pele escura:

    – Foi melhor do que imaginávamos! Não achas, ó puto?

    – Sim!

    12

    Tanta coisa para não dizer o nome. (N. A.) 13

    Isto soa mesmo ridículo, não soa? (N. A.) 14

    Se não fosse a última vez que faço referência a isto, deixava de

    escrever, mas como é, vou mesmo deixar de fazer. (N. A.) 15

    A garrafa. Suas mentes perversas. (N. A.) 16

    Com ele, o bocado de rolo. Não ele próprio. (N. A.)

  • Aí, disse o de cabelo comprido:

    – Vamos fazer outra!

    Foram outra vez ao Mini-mercado e trouxeram uma

    boneca insuflável tipo Pamela Anderson. Colocaram-na no

    chão e abriram-na.

    – Vamos enchê-la de silicone. O silicone é um bom

    explosivo.17

    – Mas ela já está cheia!

    – Então, tiramos e voltamos a pôr! Bolas! Assim nunca

    deixarás de ser um aprendiz. A nossa primeira regra é…

    – Eu sei: os mestres têm sempre razão.

    – Vá, acende o fósforo e despacha-te!

    O de pele escura segura no fósforo e deixa–o cair antes

    do tempo.

    – Seu idiota!

    Uma enorme explosão, lança o pequeno João pelo te-

    lhado, onde vai cair em cima de um monte de feno.

    Os outros três estão no meio do que resta da sala a

    olhar uns para outros.

    Diz o de pele escura:

    – Não foi assim tão mau, pois não, puto?

    Mas o “puto” que era o pequeno João já tinha desa-

    parecido rumo a outra aventura.

    FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

    17

    Isto foi cientificamente comprovado. Uma em cada duas mulheres

    têm tendências a explodir se forem demasiado “enchidas”. É o

    chamado “efeito-balão”. (N. A.)

  • Num belo dia de Verão, encontrava-se o jovem pequeno

    João a desfrutar de agradáveis momentos de lazer, cami-

    nhando pelas ruas da cidade. O sol brilhava com fulgor e

    forte luminosidade. Os pássaros chilreavam alegremente

    nas árvores. As pessoas sorriam pelas ruas. Estava um lindo

    dia.

    Era neste ambiente de felicidade quase onírica que se o

    jovem pequeno João se deslocava. Ciente de que ele pró-

    prio se sentia bem, achou estranho quando notou uma pre-

    sença negativa que contrastava em muito com aquele

    ambiente de felicidade que naquele momento todos vivi-

    am.

    Todos… não. Havia um rapaz, um pequeno rapaz, en-

    costado a uma parede, que não aparentava quaisquer vestí-

    gios de paz. Muito pelo contrário, o seu semblante estava,

    de certo modo, muito taciturno, carregado de uma grande

    dose de amargura e desgosto. O jovem pequeno João, mes-

    mo sendo ingénuo e sem grandes aptidões mentais, perce-

    beu que aquele rapaz estava triste. Foi nesse momento que o

    jovem pequeno João resolveu interpelá-lo.

    Aproximou-se do pequeno rapaz com cuidado. Foi

    nesse breve instante, esse que antecedeu e logo de segui-

    da anulou a sua fala, que o jovem pequeno João reparou

    que o pequeno rapaz tinha um olhar hirto como se fitasse o

    vazio. Seguiu a linha do seu olhar em busca do que o pe-

    queno rapaz estaria a observar. Era uma parede! Nada mais

  • que uma simples parede. O jovem pequeno João começou a

    sentir muitas dúvidas. O que poderia atormentar tanto aque-

    la pobre alma atormentada? Estava cansado de tentar adivi-

    nhar por isso resolveu perguntar:

    – Oi, cara! O que é que cê tá vendo, hein?

    O pequeno rapaz não respondeu, mantendo o silêncio.

    Parecia que, embora o seu corpo estivesse ali, a sua mente

    encontrava-se noutro local, fora do tempo e do espaço co-

    nhecidos pelo Homem.

    – Oi? Cê tá me ouvindo?

    O pequeno rapaz não respondeu. Em vez disso, fez si-

    nal ao pequeno João para ele se calar. O jovem pequeno

    João obedeceu. Era perfeitamente claro agora que aquele ra-

    paz não estava triste; estava, isso sim, muito concentrado no

    que observava.

    Infelizmente, o jovem pequeno João não conseguia

    compreender o que é que poderia haver naquela parede que

    merecesse uma observação tão atenta? Seria a cor? Não, a

    cor não podia ser. A parede era branca, de um branco claro,

    mas ligeiramente manchado pela sujidade.

    Seria o tipo de material? Não, aquela parede era uma

    parede igual a tantas outras iguais àquela. Então, o que é

    que poderia existir naquela parede que despertasse tanto o

    interesse daquele pequeno rapaz?

    O jovem pequeno João resolveu questionar o pequeno

    rapaz novamente, sem tomar em consideração o seu

    pedido anterior.

    – Me desculpe, mas eu gostava muito de ver o que você

    está vendo.

    Então, o pequeno rapaz suspirou e pela primeira desde

    que o vira, o jovem pequeno João ouviu a sua voz.Tinha um

    tom grave e monocórdico, tendo grande cuidado na

    pronúncia das palavras.

  • – Estás a ver aquela parede?

    – Sim.

    – Muito bem. Estás a ver aqueles dois pontos negros?

    O jovem pequeno João olhou para a parede.

    De facto, no meio do forte brilho daquele luminosidade

    branca estavam dois minúsculos pontos negros. Mas eram

    tão pequenos que eram quase imperceptíveis a olho nu.

    – Estou vendo, sim. E daí? O que é que isso aí tem de

    especial?

    – Cala-te zote!

    – O que é que você me chamou?

    – Qualquer coisa que agora não me lembro18! Mas

    adiante… Aqueles dois pontos negros é um casal de pulgas

    a ter relações sexuais. É um momento único na natureza.

    Por isso, se quiseres, podes ficar aqui comigo e observar,

    desde que mantenhas o silêncio, é claro; ou podes te ir em-

    bora e, nesse caso, peço-te que o faças o mais rápida e si-

    lenciosamente possível.

    O jovem pequeno João pensou. O que fazer? Ficar ali

    com aquele pequeno rapaz e observar aquele casal de

    pulgas a ter relações sexuais; ou ir-se embora para

    desfrutar das actividades recreativas próprias dos jo-

    vens da sua idade? Era uma decisão difícil. Aí, o pequeno

    rapaz perguntou:

    – E então? Ficas ou vais?

    O jovem pequeno João respondeu:

    – Fico.

    E assim fez. O jovem pequeno João e aquele pequeno

    rapaz, de seu nome Anikin Bóbó, ficaram ali por horas e

    horas, alheios ao tempo e ao espaço, a observar aquele

    magnífico ritual da natureza.

    18

    Ver nota 1. (N. A.)

  • FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

    NOTA 1: Este texto encontra-se escrito de uma forma mui-

    to mais sóbria e cuidada que o restantes das outras histórias

    do pequeno João. A razão de tal facto prende-se com a per-

    sonagem central desta história. O pequeno Anikin Bóbó é

    baseado num filme do cineasta Manoel de Oliveira. Embora

    não tenha visto o filme, quis criar esta personagem calma,

    concentrada e algo estranha e, para tal, a linguagem a ser

    usada teria obrigatoriamente que fugir aos parâmetros habi-

    tuais da minha escrita.

    Para saciar as dúvidas de alguns, esta história irá ter,

    em anexo, um glossário de palavras e expressões que

    possam ser consideradas de mais difícil compreensão.

    Muito obrigado pela vossa preferência,

    O Autor

    NOTA à NOTA 1: O glossário não irá incluir o texto da

    primeira nota.

  • Este glossário ao conto antecedente: O PEQUENO JOÃO E

    O PEQUENO ANIKIN BÓBÓ. Notem que os significados

    atribuídos a certas palavras ou expressões não é o mais cor-

    recto. Porém, é mais simples assim para poderem compre-

    ender o seu significado.

    A DESFRUTAR DE AGRADÁVEIS MOMENTOS DE LAZER – na boa vida.

    FULGOR / LUMINOSIDADE – acessório linguístico. Bastava-me escrever: “O sol brilhava.”

    CHILREAVAM – faziam barulho ONÍRICA – do mundo da lua CIENTE – consciente UMA PRESENÇA NEGATIVA QUE CONTRASTAVA EM

    MUITO COM AQUELE AMBIENTE DE FELICIDADE QUE

    NAQUELE MOMENTO TODOS VIVIAM – quando tudo tá bem,

    tem que aparecer sempre alguém para estragar a festa.

    SEMBLANTE – focinho TACITURNO – calado SEM GRANDES APTIDÕES MENTAIS – burro FOI NESSE BREVE INSTANTE, ESSE QUE ANTECEDEU E

    LOGO DE SEGUIDA ANULOU A SUA FALA – Aí, o jovem

    pequeno João calou-se e não perguntou nada.

    HIRTO – imóvel LINHA DO SEU OLHAR – não existe definição para esta

    expressão. É qualquer coisa como: “olhou para ver para

    onde é que estava a olhar”

  • AQUELA PAREDE ERA UMA PAREDE IGUAL A TANTAS OUTRAS IGUAIS ÀQUELA – era uma parede qualquer

    QUESTIONAR – perguntar SEM TOMAR EM CONSIDERAÇÃO O SEU PEDIDO

    ANTERIOR – cagou na cena

    MONOCÓRDICO – chato como o caraças GRANDE CUIDADO NA PRONÚNCIA DAS PALAVRAS –

    sabia falar

    IMPERCEPTÍVEIS – não se via a ponto de um corno ZOTE – idiota OU PODES TE IR EMBORA E, NESSE CASO, PEÇO-TE

    QUE O FAÇAS O MAIS RÁPIDA E SILENCIOSAMENTE

    POSSÍVEL – ou ficas aqui calado, ou bazas sem dar um pio!

    DESFRUTAR DAS ACTIVIDADES RECREATIVAS PRÓPRIAS DOS JOVENS DA SUA IDADE – ir para a borga

    ALHEIOS AO TEMPO E AO ESPAÇO – na deles

  • Num belo dia de Verão, o pequeno João estava passeando

    por um sítio escuro e com umas luzes muito esquisitas. Aí,

    o pequeno João passou em frente20 a um café e viu um le-

    treiro luminoso piscando muito. Aí, o pequeno João tentou

    ler o que estava escrito, mas aquilo brilhava muito e o pe-

    queno João estava ficando com uma tremenda enxaqueca!

    Desistiu de ler, mas resolveu entrar à mesma.

    “Que negócio esquisito!”

    E era verdade. Aquilo era mesmo esquisito. E não estou

    a escrever isto apenas por ser o autor. Aquilo era mesmo

    estranho. (Como é que eu consegui imaginar então?)

    Continuando…

    O som era nulo21 e a luz iluminava22. Nas mesas esta-

    vam objectos estranhos, parecidos com uma televisão e uma

    máquina de escrever misturados! Que grande confusão! O

    pequeno João estava muito curioso e resolveu aprontar um

    negócio bem legal!

    Aí, quando o pequeno João ia começar mexendo nesse

    estranho aparelho, um empregado chegou-se junto do pe-

    queno João e aí o empregado explicou ao pequeno João o

    19

    Homepage (N. A. P. F. N. (Nota do Autor com Pretensões de

    Falso Nacionalismo) 20

    Na verdade, foi ao lado. O café ficava numa esquina. (N. A.) 21

    Não havia som, portanto. (N. O. A.) (Nota Óbvia do Autor) 22

    Ou seja, havia luz. (N. O. A.) (Nota Óbvia do Autor)

  • que era aquilo e para que servia. Mas a explicação demorou

    muito tempo. Dois anos se passaram23…

    O pequeno João estava agora pronto para mexer num

    computador! Após, dois anos de intensa aprendizagem, o

    pequeno João aprendera que aquele aparelho não era nenhu-

    ma mistura de televisão com máquina de escrever, mas sim

    um computador! O pequeno João estava muito contente!

    Aí, o pequeno João resolveu ir aprontar na Internet.

    Conforme o empregado lhe tinha dito:

    “A Internet é um sítio bem bacana onde você pode fa-

    zer tudo o que quiser!”24

    E assim, o pequeno João começou explorando e

    aprontando. Aqui fica o resultado.

    010101010101010101010010000101010010010010010010

    010010100100010011011011111010101011101010101010

    101010001100101010100010010000101001001001001000

    100100100010000001001000100010010101000100101000

    11010100101101010101100110110110101011001

    Quando acabou de brincar25, o pequeno João estava

    muito cansado. Aí, o pequeno João resolveu sair do café e ir

    procurar um sítio para dormir.

    FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

    23

    Não tinha tempo nem paciência para descrever os dois anos de

    aprendizagem. (N. A.) 24

    É claro que o empregado não usou este tipo de discurso. Mas,

    como o pequeno João não consegue pensar noutra língua sem ser a

    dele… (N. A.) 25

    Neste momento, devem estar a pensar: “O que é que está aqui

    escrito?” Pois é... Eu também. (N. A.)

  • Num belo dia de Verão, o pequeno João estava à procura de

    um sítio bem legal para comer. Foi caminhando, foi cami-

    nhando até que chegou num sítio muito estranho, cheio de

    poeira e areia. Parecia um deserto, mas não era. No deserto

    não se ouviam gritos26 e ele estava ouvindo. Aquilo não po-

    dia ser um deserto! Não podia não!

    Aí, o pequeno João olhou para o horizonte, bem lá no

    fundo e aí o pequeno João viu uma baita nuvem de fumaça.

    “Que legal! Alguém deve estar fazendo um churrasco!

    Vou até lá!”

    E assim fez. Infelizmente o pobre pequeno João não

    sabia que aquilo não era nenhum churrasco. Na verdade

    aquilo era um… Não! Não posso dizer! Se eu disser não

    tem graça nenhuma!

    Tá bom, eu digo! Mas não contem pra ele, tá bem?

    Aquilo era um ritual índio feito pelos índios da tribo do

    pequeno índio Jahrkari. Era um ritual de iniciação – o

    pequeno índio Jahrkari ia deixar de ser chamado pequeno

    índio Jahrkari e ia passar a ser chamado índio Jahrkari que

    já foi pequeno índio Jahrkari mas depois de passar o ritual

    de iniciação deixou de ser pequeno índio Jahrkari.

    Onde é que vou arranjar paciência para escrever estes

    26

    Bem, se estivermos perdidos no deserto até ouvimos música

    clássica. (N. F. P. A. A. D. N. T. E. P. D.) (Nota forçada da parte do

    autor apesar deste nunca ter estado perdido no deserto)

  • nomes?27

    Adiante…

    Quando chegou lá ao local do churrasco, o pequeno

    João viu um bando de gente esquisita aos saltos à volta de

    uma fogueira. E mais esquisito ainda, estava um pequeno

    índio pendurado de cabeça para baixo numa árvore, com a

    cabeça bem em cima da fogueira.

    “Que horror! São canibais!”

    Aí, o pequeno João começou sentindo muitas dúvidas.

    Será que devia salvar o rapaz? Eles eram muitos e grandes.

    O pequeno João podia acabar também na fogueira e ele não

    queria que isso acontecesse. Talvez porque já tivesse

    recorrido ao auto–canibalismo28 e soubesse que sabia

    mesmo mal e por isso não queria dar uma dor de barriga

    àqueles pobres índios.

    Mas enquanto o pequeno João pensava. Um velho ín-

    dio, talvez o feiticeiro da tribo, sentiu a presença de um es-

    tranho naquelas terras e ordenou que capturassem o peque-

    no João29.

    Aí, o pequeno João foi levado para para o meio dos

    27

    Desabafo(N. D. A. Q. R. A. T. M. H. A. A. E. L.) (Nota de

    desespero do autor quando reparou que ainda tinha muitas histórias

    até acabar de escrever o livro) 28

    Facto ocorrido numa história não inventada do pequeno João que

    devido ao seu elevado grau de violência e complexidade paradoxal

    não irá ser inventada. Pelo menos agora. (N. A.) 29

    Não estão à espera que eu escreva tudo ao pormenor, pois não? se

    calhar queriam que eu escrevesse: “após uma cuidadosa meditação, o

    velho feiticeiro assumiu que estava um intruso nas terras sagradas e

    portanto resolveu erguer-se do chão onde estava sentado e dirigir-se

    ao chefe da tribo. Quando chegou ao chefe da tribo, o velho feiticeiro

    índio disse:…” não pensem que eu escreveria isto. Se escrevi, foi só

    para vos mostrar o que é que eu não ia escrever. Ainda por cima, eu

    não falo indianês, ou seja lá o que for que eles lhe chamem. (N. A.)

  • índios. O pequeno João finalmente tinha percebido que eles

    não o iam comer. “Ainda bem!”, pensou ele.

    Os índios colocaram o pequeno João igualzinho ao

    pequeno índio Jahrkari.

    Dois dias se passaram. O pequeno João estava se sen-

    tindo esfomeado! Tinha tanta fome que não conseguia evi-

    tar os ruídos que o seu estômago fazia. E o pequeno índio

    Jahrkari também não. Era uma confusão enorme! E um ba-

    rulho que ninguém suportava!

    Brrr. Brrr. Brrr30.

    Os índios começaram gritando. E estavam gritando de

    alegria! Aí, os índios soltaram os dois e fizeram uma enor-

    me festa.

    O espírito sagrado estava nos dois! A partir desse mo-

    mento, o pequeno índio Jahrkari e o pequeno João estavam

    unidos em espírito para sempre. E o índio Jahrkari deixou

    de ser chamado pequeno índio Jahrkari e passou a ser

    chamado índio Jahrkari que já foi pequeno índio Jahrkari

    mas que depois de passar o ritual de iniciação deixou de ser

    pequeno índio Jahrkari.

    FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

    30

    Detesto onomatopeias. Ou será que é onamatopeias? Bom, não

    interessa como é que se escreve. Só sei que não gosto! Porque não

    inventam um processador de texto com som? ou um tipo de papel

    com fita magnética? E, já agora, uma impressora sonora? (N. A.)

  • Uma vez, num belo dia de Verão (como não podia deixar de

    ser) o pequeno João ia tranquilamente a fugir de uma gran-

    de formiga má quando acertou numa grande velha com a

    cabeça. A grande velha disse:

    – Oh, merda!

    O pequeno João pensou que ela se estava queixando de

    alguma doença venérea e levou–a para ajudá-la.

    Alguns quarteirões depois ele encontrou uma igreja

    com um cartaz dizendo: IGREJA UNIVERSAL DO REINO

    DE DEUS. “Curamos qualquer coisa ou você não terá o seu

    dinheiro de volta.”

    Quando lá chegaram, o porteiro pediu-lhes um pequeno

    dízimo e o pequeno João deu-lhe o dinheiro que tinha tirado

    a um miúdo cego e foram através de uma grande porta

    negra e chegaram a um pequeno minúsculo corredor com

    milhares de pessoas em fila para se queixarem de tudo.

    No fim do corredor estava uma pequena janela. O pe-

    queno João deixou a grande velha (que entretanto tinha

    morrido de uma doença mental) e foi espreitar o que se es-

    tava passando no outro lado. Colocou sua cabeça junto do

    vidro e escutou.

    Fiel: Eu estava tendo problemas com álcool. Gastei

    muito dinheiro. Graças a Deus, fui espancado por alguns

    padres heréticos e fiquei cego e paraplégico e, por isso, os

    médicos tiveram que me cortar os braços e as pernas. A par-

    tir desse dia, nunca mais toquei ou olhei para o álcool outra

  • vez.

    Pastor Renato: Graças a Deus! E se você contribuir

    com um pequeno dízimo, em breve você poderá andar de

    moto!

    Fiel: Obrigado, Senhor!

    Pastor Renato: Graças a Deus!

    Fiel: Graças a Deus!

    Pastor Renato: Agora pague o dízimo e ficará curado.

    O fiel pede a alguém para colocar a mão no bolso, tirar

    uma nota de 5000$00 e entregá-la ao pastor.

    Pastor Renato: O que você quer que eu faça com isto?

    Fiel: Eu quero que você me cure.

    Pastor Renato: Com isto? Eu estava pensando que isto

    fosse uma gorjeta. Isto não dá para curar tudo. Isto dá para

    você mexer um dedo.

    Fiel: Um dedo? Espere aí.

    O outro volta a colocar a mão no bolso e tira a carteira.

    Fiel: Tome! Veja lá o que pode fazer.

    Pastor Renato: Vamos ver.

    O pastor pega na carteira e começa a contar o dinheiro,

    a ver o saldo bancário.

    Pastor Renato: Você tem que me entregar o seu código

    bancário se quiser ficar curado a 100%.

    Fiel: Está bem! É o 1258.

    O pastor aponta o código num papel.

    Pastor Renato: Você está curado! Pode-se ir embora.

    Fiel: Não estou, não!

    Pastor Renato: Está sim!

    Fiel: Não estou não!

    Pastor Renato: Está sim. É melhor pensar que está.

    Lembre-se você não terá o seu dinheiro de volta.

    Fiel: Não?

    Pastor Renato: É o que o cartaz lá fora diz.

  • O fiel pensa por um segundo.

    Fiel: Estou curado!

    Pastor Renato: Está sim!

    Fiel: Eu consigo ver!

    Pastor Renato: Consegue, sim!

    Fiel: Graças a Deus!

    Pastor Renato: Graças a Deus!

    Fiel: Eu consigo andar!

    Pastor Renato: Consegue, sim!

    Aí, o fiel tentou se mexer e caiu da cadeira; partiu o

    pescoço e morreu imediatamente. Aí, então, O pastor e ou-

    tros padres juntaram-se à volta do cadáver fresco e começa-

    ram a comê-lo.

    O pequeno João afastou-se com náuseas e correu até

    um balde com água de lavar os pés, a sagrada água pezida e

    vomitou lá para dentro. Depois saiu a correr da igreja e foi

    dormir um pouco.

    FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

  • Num belo dia de Verão, o pequeno João estava passeando

    pela cidade quando se lembrou de ir a um Supermercado31.

    Porque ele queria… Porque ele queria… ser filmado e

    seleccionado para apresentar um programa televisivo de

    música portuguesa. É! É isso mesmo!32 É sim!33 Está bem!

    Eu sou o autor e eu quero que ele vá ao Supermercado!34

    Para comprar qualquer coisa! Eu é que estou a contar a

    história! Não és tu!35

    Bom, continuando… Aí o pequeno João foi até ao

    Supermercado mais próximo. Quando entrou lá dentro, o

    pequeno João disse:

    – Puxa vida! Isso aqui é mesmo grande! Tou maravi-

    lhado!

    Aí, o pequeno João foi caminhando pelas várias sec-

    ções à procura de uma câmara, perdão, à procura de algo

    para comprar.36 Enganei-me!37

    Bom, o pequeno João estava à procura de qualquer

    coisa para comprar. Foi então que apareceu uma figura mui-

    31

    Porquê? Tens que dizer porquê. (N. A.) 32

    Mas isso não é razão. (N. A.) 33

    Não é! Eles não fazem castings nos supermercados! (N. A.) 34

    Para quê? (N. A.) 35

    Mal-agradecido! (N. A.) 36

    Tinhas que insistir na história dos castings! (N. A.) 37

    Desta vez passa! Mas eu estou-te a ler! (N. A.)

  • to estranha. Estava toda vestida de preto, à excepção da ca-

    misola interior que era branca. O seu sorriso imaculado fa-

    zia lembrar um vendedor de carros usados ou um

    astrólogo.38 Na verdade, era um vendedor de carros usados

    que era astrólogo nas horas vagas.39

    Obrigado. Aí, ele estendeu o braço direito em sinal de

    cumprimento e disse:

    – Olá! Eu sou o rapaz do quisto e tenho um quisto!

    O pequeno João sentiu uma certa inquietação, mas re-

    tribuiu o gesto e cumprimentou–o.

    – Eu sou o pequeno João.

    – Os médicos dizem que a operação para remover o

    quisto será dolorosa e terá de ser feita através do ânus.

    O pequeno João sentiu um arrepio percorrer a espinha

    de cima a baixo40. Ou de baixo a cima! És capaz de estar

    calado?41

    Aí, o pequeno João disse ao rapaz do quisto:

    – Pare com isso! Você tá me fazendo impressão!

    – A sério?

    – Porque você tá me contando isso? Eu não conheço

    você de lado nenhum!

    – É o seguinte, os meus amigos parece que tentam me

    evitar.

    – Eu acho que sei porquê! Se você conta isso a um

    desconhecido, nem quero imaginar o que conta ao seus ami-

    gos! Coitados!

    – Pois é…

    – Porque você conta isso para todo o mundo?

    38

    Ou uma coisa ou outra! Decide-te! (N. A.) 39

    Assim tá melhor! (N. A.) 40

    Ou de baixo a cima. (N. A.) 41

    Só queria ajudar! Para a próxima não digo nada! (N. A.)

  • – Sei lá! Acho que é para as pessoas terem pena de

    mim.

    – Eu acho que as pessoas têm pena, sim! Mas não da

    maneira que você pensa!

    – Hum!

    – Então, o que o traz aqui?

    – Bom, eu estive a fazer uma introspecção pessoal e

    conclui que o meu grande problema é não ter uma persona-

    lidade definida. Sou uma pessoa modelada pelas exigências

    sociais e comportamentais dos outros.

    – Isso é óbvio! E daí?

    – Daí que eu resolvi vir aqui e tentar comprar uma

    personalidade.

    – Legal! Boa ideia! Se importa que eu vá com você?

    – Não! Á vontade! Podes vir comigo! A partir de agora

    somos amigos!

    O pequeno João recuou para trás assustado.

    – Isso não! Amigos não! Conhecidos, talvez! Desco-

    nhecidos, sim!

    – Mas nós não somos desconhecidos!

    – Porque não?

    – Porque somos conhecidos e já nos conhecemos!

    – Bom, então somos só conhecidos!

    – Tá bem!

    – Não somos amigos, somos conhecidos! Porque se

    formos amigos e não conhecidos, eu vou-me embora já!

    – Olha, vens comigo ou não… conhecido?

    – Vou!42

    Aí, o pequeno João e o rapaz do quisto seguiram para a

    secção de personalidades. Quando lá chegaram o rapaz do

    quisto exclamou:

    42

    É só para dizer que ainda estou aqui. (N. A.)

  • – Uau! Tantas personalidades diferente! Nem sei por

    onde começar!

    – É melhor pedir ajuda a um empregado!

    – Tens razão!

    Aí, o rapaz do quisto chamou o empregado.

    – Diga!

    – Eu queria comprar uma personalidade!

    – Muito bem! Que tipo de personalidade é que deseja?

    – Não sei! Estava à espera que me pudesse ajudar a

    escolher.

    – Bem, vamos fazer o seguinte: eu vou escolher várias

    personalidades. Vou escolher aquelas que se usam mais e

    depois você vai dizer se gosta ou não. Está bem assim?

    – Sim! Mostre-me lá!

    O pequeno João estava observando tudo com ar fasci-

    nado.

    O empregado pegou em vários frascos e levou–os até

    ao rapaz do quisto.

    – Temos aqui várias personalidades. Eu optei por

    mostrar no formato líquido, porque é o que está mais à mão.

    Se quiser pode tomar a sua personalidade também através

    de comprimidos, injecções ou por inalação. Pode tomar

    dias, só não se pode esquecer da receita médica!

    – Não me esqueci! Tenho aqui!

    – Óptimo! Entregue depois na caixa quando for pagar!

    Bem, cada garrafa contém um líquido diferente. Cada cor

    corresponde a um tipo de personalidade. A branca é uma

    personalidade boa. A preta é uma personalidade má. A verde

    é uma personalidade esperançosa, ou ingénua se preferir. A

    azul é uma personalidade desastrada, do género “só mete

    água”. A cor–de–rosa é uma personalidade invertida. A

    vermelha é uma personalidade violenta. A amarela é uma

    personalidade cobarde. A roxa é uma personalidade doente.

  • E a transparente é uma personalidade neutra. Qual é que vai

    querer?

    – Estou indeciso entre três.

    – Quais são?

    – A branca, a preta e a transparente.

    – A branca, a preta e a transparente?

    – Sim.

    – Portanto, posso guardar as outras?

    – Pode.

    Aí, o empregado foi guardar as outras garrafas e depois

    perguntou ao rapaz do quisto:

    – E agora das três, qual é que escolhe?

    – Não posso escolher duas?

    – Poder, pode, mas é mais caro. Será que pode pagar a

    despesa?

    – Quanto é que é?

    – Dez vezes mais caro. Pode pagar?

    – Não.

    – Então qual é que vai ser?

    – Não sei.

    Aí, o rapaz do quisto perguntou ao pequeno João o que

    ele achava:

    – O que é tu achas?43

    – Não sei não! Acho que a preta não deve ser.

    – Porquê?

    – Porque você não é mau. Você é só chato.

    – Pois… nesse caso, acho que a branca também não

    pode ser. Ser chato não é coisa boa, não achas?

    – É… tem razão!

    – Sendo assim, vou escolher a transparente.

    43

    Porque é que fizeste a pergunta? Já tinhas feito uma afirmação

    interrogativa, não era preciso fazeres a pergunta. (N. A.)

  • – Portanto, é a transparente que o senhor vai levar?

    – É.

    – Muito bem! Prefere levar a sua personalidade, em

    injecções, em pó, em líquido, em comprimidos ou em

    spray?

    – Levo mesmo em líquido. Assim sempre posso beber

    às refeições.

    – Certo. Mas tenha cuidado. Não pode tomar esse tipo

    de personalidade com alimentos muito gordurosos.

    – Certo! Bom, sendo assim, vou levar esta!

    Aí, o rapaz do quisto pegou na garrafa com a sua nova

    personalidade. Depois, o rapaz do quisto e o pequeno João

    saíram do Supermercado. Então, o rapaz do quisto disse:

    – Bolas! Esqueci-me de comprar uma opinião! Tenho

    que voltar lá para dentro! Vens comigo, amigo, perdão, co-

    nhecido?

    O pequeno João não respondeu. Aí, o rapaz do quisto

    olhou à sua volta e viu que o pequeno João tinha.

    “É estranho! Será que foi tudo um sonho?”

    Mas não tinha sido. Na sua mão ainda estava a garrafa

    com a sua personalidade. A partir nunca mais seria influ-

    enciado por ninguém44.

    FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

    44

    É uma piada de mau gosto. Tens que admitir que é verdade. Tanto

    trabalho e ele fica na mesma. (N. A.)

  • Num belo dia de Verão, o pequeno João estava vendo tele-

    visão através da vitrina de uma loja de televisões. Aí, o

    locutor disse:

    – Tema para amanhã: “Sou pequeno e chamo-me João.”

    Aí, o pequeno João suspirou:

    – Que pena! Eu gostava tanto de ir à televisão!

    Aí, o pequeno João reparou:

    – Ei! Espere aí! Eu sou pequeno e chamo-me João! Eu

    vou a esse programa! Vou sim! Vou aparecer na televisão!

    Aí, o locutor disse:

    – Não perca! De segunda a sexta–feira, Fátima Lopez!

    Aí, o pequeno João exclamou:

    – Fátima Lopez! É claro! Tinha que ser! Só mesmo um

    programa tão bacana para ter um tema tão legal como esse!

    Puxa vida! Que bom!

    Então, o pequeno João foi até ao Parque Municipal

    comer uns pombos45 e beber água do chafariz. Depois, o pe-

    queno João aproveitou que estava começando a chover para

    tomar um bom banho46. Depois, o pequeno João foi

    procurar um canto para dormir e dormiu mesmo.

    No dia seguinte, o pequeno João acordou. Depois, o

    45

    Ele tinha que estar bem alimentado. (N. A.)a 46

    Tudo bem, não era Sábado, mas era uma ocasião ainda mais

    importante na vida social e humana que o fim-de-semana: o pequeno

    João ia ao programa da Fátima Lopez. (N. A.)

  • pequeno João levantou-se e seguiu para o estúdio de televi-

    são. Quando chegou ao estúdio, um cara grande mas um

    pouco babaca disse ao pequeno João :

    – Oiça aqui!

    – Aí? Aí não posso!

    – Porquê?

    – Porque você já tá aí! Se você sair daí, então eu posso

    ir para aí e ouvir aí o que você tem para me dizer de outro

    sítio. Senão, vou ter que ouvir aqui o que você disser daí.

    – Não é isso! Oiça o que eu tenho para dizer!

    – Ah! Já percebi!

    O cara pegou numa folha de papel e disse:

    – Vou-lhe fazer um inquérito muito intensivo, intenso e

    intensificado! Está pronto?

    – Sim!

    Aí, o cara tirou um relógio do bolso e começou a contar

    o tempo.

    – Primeira pergunta, o que é que o traz aqui?

    – Eu vim para participar no programa da Fátima Lopez.

    – Segunda pergunta, você é testemunhante ou assis-

    tente?

    – Sou testemunhante.

    – Portanto, vem testemunhar. Certo?

    – Hã… Sim. Acho que sim.

    – Terceira pergunta, sabe qual é o tema?

    – Sei.

    – Quarta pergunta, qual é o tema?

    – Mas eu já disse que sabia.

    – Pois, mas tem de responder à pergunta.

    – O tema é: “sou pequeno e chamo-me João”.

    – Certo. Quinta pergunta, como é que se chama?

    – Mas eu já disse!

    – Não disse não! Você disse o tema! Como é que se

  • chama?

    – João!

    Aí, o cara olhou para o pequeno João de alto a baixo e

    disse:

    – Você sabe que é pequeno, não sabe?

    – Claro que sei! Se eu não soubesse que era pequeno

    não tinha vindo aqui!

    – Muito bem! Pode entrar por aquela porta branca!

    Aí, o pequeno João entrou pela porta branca e viu-se47

    no estúdio do programa da Fátima Lopez. Um montão de

    luzes brilhantes iluminava o estúdio. O programa estava

    prestes a entrar no ar. Aí, a apresentadora chamou o peque-

    no João:

    – O nosso primeiro convidado é o pequeno João! Uma

    grande salva de palmas para ele!

    O público começou aplaudindo à medida que o pe-

    queno João aparece. O pequeno João senta-se numa cadeira

    de madeira.

    – Boa tarde, João! Posso tratá-lo por João?

    – Pode.

    – É incrível, você é mesmo pequeno!

    – Pois, sabe… eu vi o anúncio na televisão e aí eu

    pensei: “Ei! Eu sou pequeno e chamo-me João! Eu tenho

    que ir lá!”

    – E fez muito bem em vir!

    O público aplaude.

    – Agora conte-nos a sua história!

    – Qual delas?

    – Como assim?

    47

    Ele não se viu. Ele imaginou como seria se estivesse a ver o

    programa pela televisão e visse aparecer alguém igual (ou muito

    parecido) com ele. (N. A.)

  • – É que eu tenho muitas histórias para contar!

    – Ah, sim? Óptimo!

    O público aplaude.

    – Diga-me, que tipo de histórias é que tem para contar?

    – Bem, tenho histórias alegres, histórias tristes, histó-

    rias horríveis, etc.

    Aí, a apresentadora pensou um pouco e disse:

    – Faça assim: conte uma história triste que seja horrí-

    vel.

    – Porque é que tem que ser uma história triste e horrí-

    vel?

    – Porque sim!

    – Mas porquê?

    – Porque o programa é meu e eu faço o que quiser.

    – Tudo bem. Mas eu conheço muitas histórias alegres.

    – Não me interessa! As histórias alegres não interes-

    sam!

    – Tá bom! Eu vou contar uma história triste e horrível.

    Mas antes, queria perguntar uma coisinha.

    – Sim?

    – Posso inventar uma história?

    Aí, a apresentadora e todo o mundo no estúdio come-

    çou rindo do pequeno João. E o pequeno João imaginou que

    também todo o mundo que estava a ver o programa da tele-

    visão estava se rindo dele! Que vexame! O pequeno João

    estava muito envergonhado!

    – O que foi que eu disse?

    A apresentadora acalma-se e responde:

    – Desculpa, mas é a primeira vez que alguém faz essa

    pergunta!

    – E daí?

    – Daí, que todas as histórias que são aqui contadas são

    quase sempre inventadas. Nem todas, mas uma grande

  • percentagem é inventada.

    – E o público não sabe disso?

    – Agora já sabe! Não faz mal! Eu transformo isto num

    concurso que oferece 200 mil contos a quem contar a

    história mais insólita e eles esquecem-se logo do que eu dis-

    se!

    – Ah!

    – Bom, como eu ia a dizer, quando uma pessoa es-

    quece-se da sua história, temos várias histórias preparadas

    previamente pela nossa equipa de guionistas e a pessoa

    escolhe uma.

    – Eu não sabia!

    – Não faz mal! Bom, então como é que vai ser? Tem

    alguma história horrível e triste para contar ou prefere que

    escolhamos uma para si?

    – Você disse horrível e triste.

    – Sim. E depois?

    – Pensava que a história fosse triste e horrível. Se for

    horrível e triste vou ter que pensar noutra história para con-

    tar!

    – Mas qual é a diferença?

    – É o factor dominante. Você quer tristeza com horror

    ou quer horror com tristeza?

    – Ai! Que dilema! E agora?

    Aí, a apresentadora começou se engasgando. O seu

    corpo estava suando muito. A sua decisão poderia determi-

    nar uma ascensão até ao topo da tabela das audiências ou

    condenar o programa a uma queda vertiginosa num abismo

    sem fundo48.

    – O que é que eu faço?

    Aí, o público começou vaiando a apresentadora, ati-

    48

    É demasiado poético, não é? (N. A.)

  • rando tomates e exibindo placas com notas de avaliação ne-

    gativas:

    – Fora! Fora! Ela não sabe o fazer! Arranjem outra

    apresentadora!

    Aí, o pequeno João perguntou:

    – E então? O que vai ser?

    A apresentadora engoliu em seco e respondeu:

    – Conte uma história que tenha tanto horror como

    tristeza!

    Todo o mundo suspirou aliviado, incluindo a apresen-

    tadora. Ela tinha feito a escolha certa!

    – Bom, sendo assim, eu vou começar. É uma história

    real! Aconteceu mesmo!

    Aí, o público e a apresentadora começaram se rindo.

    – Qual é a cena, hein?

    – Desculpe!

    – Bom, isso aqui aconteceu num dia Verão há algum

    tempo atrás. Eu levei uma velhota a uma sede de milagres

    da I.U.R.D. para curar uma doença venerável, perdão, vené-

    rea que ela tinha e depois dela pagar o dízimo e morrer de

    uma doença mental incurável, fui espreitar uma sala onde

    estavam vários pastores, mais um fiel e o seu criado.

    – Portanto, você levou essa senhora a essa sede da

    I.U.R.D. para tentar curar a doença venérea que ela tinha,

    depois ela pagou o dízimo e morreu de uma doença mental

    incurável. Depois, foi espreitar uma sala onde estavam vári-

    os pastores, mais um fiel e o seu criado. Foi isso, não foi?

    – A senhora não ouviu o que eu disse?

    – Ouvi…

    – Então porque é que tá repetindo tudo feito papagaio?

    – Porque… porque… Não sei, mas também não inte-

    ressa! Continue, por favor!

    – Aí, os pastores pediram todo o dinheiro que o fiel

  • tinha e o código do cartão de crédito. Depois convenceram

    o cara que estava curado.

    – E estava?

    – Claro que não! Mas como eles não faziam devolu-

    ções, ele preferiu acreditar que estava curado.

    – E depois, o que é que aconteceu?

    – Depois, ele tentou se levantar. Aí, ele caiu e partiu o

    pescoço.

    – E depois?

    – Depois, os padres e o criado aproximaram-se dele e

    começaram a comer o cadáver.

    – E depois?

    – Depois nada. Vomitei para uma tina com água que

    estava ao pé de mim e fui-me embora!

    – E depois?

    – Depois o quê? Tenho que contar a história da minha

    vida? Se tiver que contar, eu conto, mas vai demorar muito.

    – Deixe lá. Portanto, você não foi espancado, nem

    burlado, nem sequer psicologicamente agredido?

    – Não. Mas já fiz isso tudo a muita gente!

    – Pois, mas isso não interessa.

    – Não?

    – Não. Nós não queremos histórias de pessoas que fi-

    zeram coisas más! Nós queremos as histórias das pessoas

    que sofreram coisas más! E a única coisa má que lhe acon-

    teceu foi vomitar! E ninguém o obrigou a vomitar!

    – Eu vomitei por causa deles!

    – Você viu aquilo porque quis! E o auto-sofrimento é

    algo que nós reprovamos completamente!

    – Eu não sabia!

    – Não me interessa! Não pode ficar aqui!

    Aí, a apresentadora virou-se para outra câmara.

    – Não saia do seu lugar! Voltamos depois do intervalo!

  • Depois, a apresentadora fez sinal e surgiram dois caras

    enormes que levaram o pequeno João para fora do estúdio.

    Uma vez lá fora, o pequeno João pensou:

    “Bom, pelo menos fui ao programa da Fátima Lopez e

    apareci na televisão!”

    Infelizmente, o pequeno João não sabia que aquele

    programa não estava a ser transmitido em directo e que a

    sua pequena participação nunca iria ser transmitida. Mas ele

    não sabia disso, nem nunca iria saber!

    FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

  • Num belo dia de Verão, o pequeno João estava passeando

    pela cidade quando viu uma pequena rapariga com ar muito

    nervoso.

    O pequeno João se aproximou dela e perguntou:

    – Cê tá bem?

    Ela olhou para ele e disse:

    – Ó pá! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Eu não tou

    nervosa! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Eu não 'tou nervosa!

    – Mas eu só perguntei...

    – Ó pá! Ó pá! Ó pá! Não 'tou! Não 'tou! Não 'tou!

    Aí, o pequeno João ficou assustado. Aquela pequena

    rapariga estava libertando vapor através dos poros.

    O pequeno João ficou sem saber o que fazer.

    – O que se passa com você?

    Aí, a pequena rapariga começou aos saltinhos.

    – Ó pá! Ó pá! Ó pá! Eles dizem que eu sou nervosa.

    Eles vão ver! Ó pá! Ó pá! Ó pá!

    De repente, houve uma explosão luminosa que cegou

    todo mundo.

    Quando o pequeno João se recuperou, olhou para a

    pequena rapariga e ficou espantado. A pequena rapariga ti-

    nha-se transformado completamente.

    Estava com uma roupa diferente e um chapéu na ca-

    beça. Tanto na roupa, como no chapéu estava um símbolo

    com as letras "RS".

    O pequeno João perguntou-lhe:

  • – Cê tá bem?

    A pequena rapariga sorriu.

    – Agora sim! Agora o mundo vai conhecer a... Rapariga

    do Stress.

    – O quê?!

    – Sim. Se eu não consigo ser como os outros, então vão

    todos ser como eu. O meu chapéu emite vibrações nervosas

    que não vão deixar ninguém se acalmar. O vírus do stress

    vai-se espalhar pela atmosfera e contaminar todos aqueles

    que o respirem.

    – Em quanto tempo?

    – Já estás a respirá-lo.

    O pequeno João ficou com medo. Alguém tinha que

    fazer alguma coisa. Ele não queria ficar com stress. Mas

    quem?

    – Não! Não! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Não! Não!

    E então, o pequeno João reparou: ele já estava afectado

    pelo vírus do stress. Assim como todo o mundo. O stress

    estava em todo o lado. Não havia nada a fazer. A não ser

    que...

    Aí, o pequeno João se lembrou:

    – O chapéu! É isso! Vou-lhe tirar o chapéu!

    O pequeno João tirou o chapéu da Rapariga do Stress e

    esta, aparentemente, começou se acalmando.

    Quando de repente...

    – Ó pá! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Não me ven-

    ceste! Ainda tenho o meu telemóvel do stress. Vou usá-lo

    contra ti!

    A Rapariga do Stress começou carregando nos botões

    muito depressa.

    – Ó pá! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Ó pá! Acabaram-se as

    pilhas! Eu sabia que devia ter comprado pilhas Duracell!

    Merda de pilhas espanholas!

  • O pequeno João viu um botão no chapéu do stress e

    carregou nele. Aí, a Rapariga do Stress foi realmente se

    acalmando. E todo o mundo foi também se acalmando.

    Estavam livres do terror do stress.

    O pequeno João deitou o chapéu fora e foi-se embora.

    Quanto à Rapariga do Stress, já estava preparando novas

    armas para contra–atacar: o chapéu–de–chuva do stress, o

    cachecol do stress e as luvas do stress.

    FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

  • Num belo dia de Verão, o pequeno João estava passeando

    por um sítio muito escuro. Seria noite ou seria um eclipse?

    O pequeno João não sabia. A única coisa que o pequeno

    João sabia era que aquele sítio cheirava muito mal. Muito

    mal mesmo! Tinha um fedor insuportável!

    Aí, o pequeno João pensou:

    “…”

    Quer dizer, ele tentou pensar, ele tentou, mas o cheiro

    era tão mau que não conseguiu.

    “Droga!49 Cheira mal!

    Agora sim! Custou, mas foi! Ele pensou!

    Quando se estava preparando para ir embora, o pe-

    queno João sentiu alguém agarrando seu braço. Aí, o peque-

    no João olhou e viu um cara com uma armadura azul com

    listras amarelas agarrando o seu braço.

    – Qual é? Me larga! Me larga!

    – Não! Tu és um espião do conde de Travassos! És

    inimigo do rei!

    – Quem? Eu? Cê tá piradão! Não existem reis hoje em

    dia!

    – Não? O que é que dizes do Emanuel, do D. Duarte?

    Hã?

    O pequeno João não respondeu. Apesar de burro, sabia

    que era inútil contrariar a vontade do povo. Não lhe fazia

    diferença o Emanuel e o D. Duarte serem reis, a única coisa

    49

    Isto não é um impropério. Ou melhor, é. Só que não gosto de

    repetir piadas usadas. (Salvo algumas excepções) (N. A.)

  • que lhe interessava era sair dali.

    – Não acreditas que existam reis hoje em dia, não é?

    – É.

    – Então? Acreditas ou não?

    – Não.

    – Então, deixa-me mostrar-te isto.

    Aí, o cara da armadura azul com listras amarelas tirou

    uma fotografia do bolso da sua armadura azul com listras

    amarelas e entregou–a ao pequeno João.

    – E agora? O que é que dizes?

    Aí, o pequeno João olhou para o fotografia. Lá tinha

    uma garota toda pelada.

    – Eu não posso ver isso! Eu ainda sou pequeno!

    – Hã?

    Aí, o cara da armadura azul com listras amarelas olhou

    para a fotografia e ficou vermelhão que nem um tomate

    vermelho ou que nem um pimento vermelho ou que nem

    um extintor vermelho50 (ou encarnado ou escarlate) ou que

    nem qualquer coisa natural ou artificial de cor vermelha ou

    encarnada ou escarlate.

    Então, o cara da armadura azul com listras amarelas

    guardou aquela fotografia.

    – Desculpa, era a minha prima. Era esta que eu te

    queria mostrar.

    Então, o cara da armadura azul com listras amarelas

    tirou outra fotografia da sua armadura azul com listras ama-

    relas e entregou–a ao pequeno João. O pequeno João olhou

    para a fotografia e viu um cara bem barbudo, com roupas de

    cabedal e uma coroa de latão na cabeça.

    O pequeno João não conseguiu deixar de notar a

    50

    Até parece que os há noutras cores. (N. A.)

  • incrível semelhança51 e perguntou:

    – Quem é? Seu tio? Seu pai?

    – Não! É o rei!

    – Esse cara não tem cara de rei!

    – Mas é! É um rei dos tempos modernos!

    – Não pode ser! No tempo dos reis não haviam má-

    quinas fotográficas!

    – Pois não! As fotografias eram desenhadas à mão. Mas

    hoje existem máquinas fotográficas e existem também reis!

    – Você é biruta! Eu me vou embora!

    O pequeno João tentou se ir embora, mas o cara da

    armadura azul com listras amarelas continuava agarrando o

    braço do pequeno João.

    – Ahá! Não te vais embora assim! Vens comigo!

    O pequeno João protestou, barafustou, gritou, esper-

    neou, bracejou até se recusou a ir! Mas o cara da armadura

    azul com listras amarelas levou–o para um castelo no cimo

    de uma montanha.

    Quando lá chegaram, o cara da armadura azul com

    listras amarelas e mais dois sujeitos vestidos de negro e

    máscaras cor–de-laranja colocaram o pequeno João em

    cima de uma mesa de madeira bem estranha52. Então, pren-

    deram os braços e as pernas do pequeno João com umas

    cordas. O pequeno João não se conseguia mexer! E logo

    agora que tinha que comichão no nariz!

    – Eu não fiz nada! Eu não fiz nada! O que me vão fa-

    51

    Embora com algumas diferenças, a começar pelos olhos, nariz,

    boca, orelhas, a cara em geral e o corpo em geral. Pronto, não

    haviam semelhanças, mas ele achou que haviam. O que é que eu

    posso fazer? Ele é a personagem principal! Eu sou um miserável

    criador! Ajudem-me! (N. A.) 52

    A mesa é que era estranha, e não a madeira (embora esta fosse

    proveniente da Amazónia, o que era curioso) (N. A.)

  • zer?

    Aí, um dos caras vestidos de negro com máscara cor–

    de-laranja disse ao pequeno João, ou melhor, perguntou:

    – Já viste “O IRREVERSÍVEL”?

    O pequeno João tentou se lembrar e então lembrou-se

    da cena da violação no bar. O pequeno João ficou apavora-

    do!

    – ISSO NÃO! EU NÃO SOU MULHER! VÃO TER

    COM A PRIMA DELE!

    – Hã? O que é que estás a dizer? Eu só perguntei se

    viste o filme.

    – Vi, sim53! Porquê?

    – Por nada. É só para saber.

    – Ah! Mas ainda não me disseram o que me vão fazer!

    – Vamos torturar-te!

    – Legal! Quero dizer, droga! SOCORRO! SOCORRO!

    S.O.P.J.!54

    O pequeno João estava gritando tão alto que os seus

    captores estavam ficando com uma grande enxaqueca! E

    embora aquela zona fosse desabitada e não houvesse nin-

    guém para socorrer, decidiram colocar uma mordaça no pe-

    queno João.

    – Agora ficas calado!

    – Agora vais responder ao que nós te perguntarmos

    senão…

    Então o cara da armadura azul Aí, o cara da armadura

    azul com listras amarelas carregou num botão e a mesa co-

    meçou se movendo. O pequeno João estava sentindo os bra-

    ços e as pernas ficando maiores. Então, o cara da armadura

    53

    Será que isto é uma contradição? (N. A.) 54

    Salvem o pequeno João - ou em americano, S.O.L.J (Save Our

    Little John) (N. A.)

  • azul com listras amarelas voltou a carregar no botão e a

    mesa parou.

    – Já percebeste?

    O pequeno João fez que sim com a cabeça.

    – Óptimo! Vocês os dois podem sair! Passem pela caixa

    à entrada para receber o pagamento.

    Os outros dois caras vestidos de negro com máscaras

    cor–de-laranja saíram da sala. O pequeno João lançou um

    olhar de dúvida55 ao cara da armadura azul com listras ama-

    relas.

    – Eram figurantes. Já não fazem parte da história.

    Aí, o pequeno João pensou:

    “Esse cara é mesmo maluco! Eu não lhe perguntei

    nada! Quero lá saber que eles fossem figurantes!”

    – Bom, vamos lá começar! És um espião do conde de

    Travassos? Sim ou não?

    O pequeno João tentou responder, mas a mordaça não o

    deixava falar.

    – Não respondes? Então aqui vai!

    O cara da armadura azul com listras amarelas carregou

    no botão de novo e a mesa se moveu novamente. O pe-

    queno João sentia os seus braços e as suas pernas esticando

    cada vez mais. Então, o cara da armadura azul com listras

    amarelas voltou a carregar no botão e a mesa parou.

    – Vou perguntar outra vez! És um espião do conde de

    55

    Ora aqui está uma coisa interessante. Gostava que me explicassem

    o que é isto: “Lançou um olhar de dúvida”. Quem é que escreve isto?

    Ninguém escreve assim. Certas pessoas deviam aprender a ler e

    escrever antes de sequer pensar em escrever. “Lançou um olhar de

    dúvida” Ha! O que é que se segue? Catapultou uma fala muda? Não

    sei. Sinceramente não sei o que leva esta gente a escrever. Ainda por

    cima, coisas complemente desproporcionadas, sem nexo e sem

    sentido. (N. A.)

  • Travassos? Sim ou não?

    O pequeno João nem sequer tentou responder. Já sabia

    que o cara da armadura azul com listras amarelas não ia

    ouvir.56 Então o cara da armadura azul com listras amarelas

    antes de carregar no botão reparou que o pequeno João ti-

    nha a mordaça na boca.

    – É claro! Assim nunca poderia responder! Figurantes

    da tanga! Esquecem-se dos adereços em qualquer lado!

    Aí, o cara da armadura azul com listras amarelas tirou a

    mordaça da boca do pequeno João. O pequeno João não

    tinha reparado ainda, mas já estava ficando sem ar!

    – Ufa! Que sufoco! Poxa!

    – E agora? Vais dizer a verdade?

    – Eu já disse que não sou espião!

    – Quando é que disseste isso?

    – Agora mesmo!

    – E antes disso?

    – Na primeira pergunta.

    – Eu não ouvi nada.

    – Ouviu sim! Só que não percebeu.

    – Ah! Não queres responder!

    – Se eu disser que não, o que é que você me faz?

    – Torturo-te até te matar!

    – E se eu disser que sim?

    – Mato-te já! O rei ordenou-me que matasse todos os

    espiões do conde de Travassos!

    O pequeno João estava aflito. Não havia hipótese de

    fugir! Estava preso! Estava encurralado! E pior que tudo, ti-

    nha comichão no nariz!

    – Agora, prepara-te!

    56

    Melhor dizendo, ele até podia ouvir, mas não valia a pena, pois

    não se percebia nada. (N. A.)

  • Foi então que surgiu o velho amigo…

    – Amigo não! Conhecido!

    Perdão, conhecido do pequeno João – o rapaz do

    quisto.

    – O que você faz aqui?

    – Estava à procura dos meus amigos. Eles disseram que

    estavam aqui.

    O cara da armadura azul com listras amarelas estava

    confuso e ao mesmo tempo furioso.

    – Aqui não está ninguém! Rua! Põe-te a andar!

    Aí, o rapaz do quisto percebeu que o pequeno João

    estava preso contra a sua vontade57 e tentou libertá-lo.

    – O que é que estás a fazer?

    O cara da armadura azul com listras amarelas tentou

    impedir o rapaz do quisto mas este usou o seu poder impla-

    cável de persuasão e lançou–o contra o mecanismo da

    mesa. A mesa começou se mexendo tanto que o pequeno

    João já nem sentia os braços nem as pernas.

    Quando o rapaz do quisto conseguiu parar a mesa o

    pequeno João tinha mudado completamente. Estava grande!

    Muito grande! Muito grande mesmo!

    Aí, o rapaz do quisto perguntou:

    – Estás bem?

    – Acho que sim.

    – Vamos embora?

    Ainda meio tonto, o pequeno João respondeu:

    – Vamos.

    Quando estavam a sair da sala, o rapaz do quisto olhou

    para um objecto estranho, cilíndrico, de ferro. Sentiu-se

    fascinado. Aí, foi ter com a cara da armadura azul com

    listras amarelas e perguntou:

    57

    É tão inteligente, não é ? (N. A.)

  • – Aquilo ali é o quê?

    – Aquilo? É o “parafuso”.

    – E como é que funciona?

    – Então… sentamos a vítima, perdão, o paciente em

    cima e depois… zás… giramos!

    – E depois?

    – E depois… plogh!

    – Plogh?

    – Plogh!

    O rapaz do quisto sorriu:

    – É mesmo o que eu preciso para o meu quisto, não

    achas?

    Aí, o rapaz do quisto virou-se para trás para perguntar

    ao pequeno João o que já tinha perguntado quando estava

    virado para frente. Mas como era hábito, o pequeno João já

    tinha fugido sem deixar rasto.

    Cá fora, a correr, o pequeno João pensava:

    “Quero lá saber do quisto dele! Eles que se aturem!

    Fazem um bom par!”

    Continuou correndo, mas uma preocupação assaltava a

    sua mente.

    “O que faço agora? Estou completamente diferente! Já

    não posso ser mais o pequeno João! O que é que eu faço?”

    Aí, o pequeno João parou de correr. Pensou um pouco e

    descobriu a solução.

    – Se sou grande agora, se já não sou pequeno e se as

    pessoas me conhecem por pequeno João… então, a partir de

    hoje serei o pequeno grande João!

    FIM

    Versão original: Lord F. Ullman C. Koko

    Versão mal traduzida: Humberto Ricardo

  • Num belo dia de Verão, o pequeno grande João estava sen-

    tado vendo o tempo a passar58. Aí, o pequeno grande João

    ouviu uma música bem alta59. Era um circo que estava che-

    gando! Mas não era um circo qualquer – era o circo

    “Tché!”!

    Aí, o pequeno grande João resolveu ir espreitar e ver60

    o que se passava no meio daquele ambiente tão insólito e

    animalmente inóspito61. No meio das jaulas62 quase cheias

    de animais estavam presos leões, tigres, ursos, elefantes, gi-

    rafas, etc. Os animais estavam tristes e desolados, reduzidos

    à sua pobre e miserável existência.

    O pequeno grande João não estava gostando daquilo!

    Ele podia ser chato, burro, insensível e outros disfemismos,

    mas era também o maior amigo dos animais (fossem selva-

    gens ou domésticos) e não gostava de os animais serem usa-

    dos como brinquedos ou como máquinas de fazer dinheiro.

    Aquilo não podia ficar assim! Não podia não! O pequeno

    58

    Como é que ele consegue fazer estas coisas? Não percebo! (D. A.)

    (dúvida do Autor) 59

    Não percebo nada de música, notas ou pautas, por isso não vou

    colocar o ritmo. Até mesmo porque não seria possível ouvir. (E. A.)

    (Esclarecimento do Autor) 60

    Esta redundância era desnecessária, não era? (P. A.) (Pergunta do

    Autor) 61

    Hostil (A. L. A.) (Antecipação Literária do Autor) 62

    Ou melhor, no total da sua área interior. (N. A.)

  • grande João tinha que fazer qualquer coisa!

    Aí, o pequeno grande João pensou:

    “O espectáculo de abertura é só logo à noite. Eles vão

    ter uma surpresa! Ai se vão!”

    Aí, o pequeno grande João foi descansar, ou seja, reunir

    forças para poder empreender à noite o plano que tinha em

    mente.

    À noite…

    A tenda estava bem armada63 e cheia. Apesar de tudo, o

    pequeno grande João tinha que admitir: o circo “Tché!” era

    um espectáculo consagrado a nível mundial e era detentor

    da maior envergadura64 circense jamais vista.

    O espectáculo estava prestes a começar. O momento

    decisivo estava quase a chegar.

    O apresentador estava no meio da pista anunciando as

    várias atracções.

    – Senhoras e senhores! Sejam bem-vindos ao maior

    espectáculo do mundo! Temos os melhores palhaços! Te-

    mos os melhores acrobatas! E temos os melhores domado-

    res!

    Aí, entraram todos os artistas. Primeiros os palhaços,

    depois os acrobatas, e depois os domadores, seguidos dos

    animais.

    O público estava contente! O pequeno grande João

    também! Mas não era por causa do espectáculo, não! Era

    63

    Quer dizer… (E. I. A. A. D. S. A. D. E.) (Expressão de indignação

    do autor apesar dele ser o autor destes escrevinhamentos) 64

    Depois queixam-se. Com palavras destas, quem é que pode evitar

    falar nisso? Já repararam na forte componente desta palavra? Não?

    Então reparem: en_verga_dura. E agora? É terrível, não é? (N. E. A.)

    (Nota de Esclarecimento do Autor)

  • por causa do que ia acontecer.

    Estavam cinco elefantes bem no centro da pista. Se

    alguma coisa os pusesse nervosos o espectáculo iria termi-

    nar. Aí, o pequeno grande João sorriu e pensou:

    “É agora!”

    Aí, o pequeno grande João saiu do seu esconderijo

    debaixo das bancadas e correu para o centro da pista. Ele

    estava com a cara pintada e como agora era grande, todo o

    mundo pensou que ele fosse um palhaço. Aí, o pequeno

    grande João saltou para cima de um dos elefantes e tirou um

    frasco de vidro do bolso das calças. Aí, o pequeno grande

    João abriu o frasco e espalhou–o sobre os elefantes. Aí, os

    elefantes começaram aos saltos! Eram formigas! Muitas

    formigas!

    Mas o pequeno grande João ainda não tinha terminado.

    No bolso do seu casaco tirou cinco pequenos ratos e co-

    locou–os no meio da pista.

    Aí, os elefantes ficaram apavorados e começaram

    destruindo tudo. A tenda estava começando a cair. O públi-

    co já tinha ido embora e os domadores tentavam acalmar os