Premio Criança 2006

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Patrocínio Master Patrocínio

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Patrocínio Master Patrocínio

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Estatueta criada pelos designers Elizabeth e Eduardo Prado

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DiretoriaDiretor Presidente: Daniel TrevisanDiretor Vice-presidente: Carlos Eduardo Moreira FerreiraDiretor Tesoureiro: Synésio Batista da Costa

Conselho de AdministraçãoPresidente: Carlos Antonio TilkianSecretária: Maria Ignês BierrenbachMembros Efetivos: Antonio Carlos Ronca, Boris Tabacof, Eduardo José Bernini, Heloisa Sampaio Machado, João Nagano Júnior, José Eduardo P. Pañella, José Roberto Nicolau, Lourival Kiçula, Paulo Afonso Garrido de Paula, Paulo Saab, Regina Helena Scripilliti Velloso, Renata Camargo Nascimento, Roberto Teixeira da Costa, Therezinha Fram e Vitor Gonçalo SeravalliMembros Suplentes: Albertina Duarte Takiuti, Eduardo Resende Melo, José Carlos Grubisich e Luiz Henrique Proença Soares

Conselho FiscalMembros Efetivos: Francisco da Silva Coelho e Márcio PonziniMembros Suplentes: Audir Queixa Giovanni e José Francisco Gresenberg Neto

Conselho ConsultivoPresidente: Jorge BroideVice-presidente: Miriam Debieux Rosa Membros Efetivos: Antônio Carlos Gomes da Costa, Araceli Martins Elman, Dalmo de Abreu Dallari, Edda Bomtempo, Isa Guará, João Benedicto de Azevedo Marques, Lélio Bentes Corrêa, Lídia Izecson de Carvalho, Magnólia Gripp Bastos, Mara Cardeal, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto, Maria de Lourdes Trassi Teixeira, Maria Machado Malta Campos, Marlova Jovchelovitch Noleto, Melanie Farkas, Munir Cury, Norma Jorge Kyriakos, Oris de Oliveira, Percival Caropreso, Rachel Gevertz, Rosa Moyses, Rubens Naves, Silvia Gomara Daffre, Tatiana Belinky e Vital Didonet

Superintendência ExecutivaSuperintendente: Sandra Amaral de Oliveira Faria

Área de Direito à Proteção IntegralGerente: Rosemary Ferreira de Souza PereiraCoordenadores: Abigail Silvestre Torres (programa Prefeito Amigo da Criança e projetos De Olho no Orçamento Criança e Presidente Amigo da Criança) e José Carlos Bimbatte Jr (programas Empresa Amiga da Criança; Adotei um Sorriso e Prêmio Criança)Equipe: Adelaide Jóia, Ana Aparecida Frabetti Valim Alberti, Andrea Santoro Silveira, Daniela Queiroz Lino, Elaine Cristina Rodrigues Barros, Eliana Maria Ribeiro Garrafa, Francisco Cesar Rodrigues, Ivone Aparecida da Silva, Márcia Cristina Pereira da Silva Thomazinho, Maria Francisca Palma Pinto, Mônica Takeda, Priscila de Andrade Fernandes e Roberta Soares Rossi

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Qual o Brasil que desejamos? Temos a certeza de que um dos caminhos mais importantes para tornar nosso país mais justo é proporcionar a devida atenção à infância desde seu início. E isso é possível. A experiência internacional e nossas próprias experiências o comprovam. Por isso, o desafio de colocar a primeira infância em primeiro lugar, mais uma vez, impulsiona a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente a realizar o Prêmio Criança 2006.

A premiação é dedicada desde 2002 a iniciativas de atenção às crianças com idade entre 0 e 6 anos. Visa, dessa forma, contribuir para a mudança de mentalidade da sociedade brasileira e alertar sobre a situação de abandono das crianças pequenas. Há décadas, elas vêm sofrendo as conseqüências da falta de respeito aos seus direitos e necessidades. No entanto, é justamente nessa fase da vida que os investimentos e as oportunidades se fazem decisivos para garantir pleno desenvolvimento, presente e futuro. Investir nessa faixa etária é, portanto, uma política prioritária para romper um persistente ciclo de exclusão e injustiça social.

Realizado desde 1989, o prêmio tem permitido à Fundação Abrinq ampliar e aprofundar seu olhar em relação às urgências trazidas pela realidade e às estratégias de mudança que podem ser construídas para alterar esse quadro. Em constante renovação, o evento chega à sua 15º edição propondo Princípios Norteadores para a atuação junto à primeira infância. Esses princípios são diretrizes que mostram o que entendemos como requisitos para atender a criança pequena com qualidade. Eles incorporam tanto o apoio à família e o envolvimento da comunidade como indicadores de boa gestão, em que há planejamento e as ações são monitoradas. Quanto melhor for o trabalho da organização com esse conjunto de princípios, melhor será seu resultado na proteção integral e na garantia dos direitos da criança.

Acreditamos que as experiências finalistas, apresentadas nesta publicação, têm grande potencial de disseminação. É urgente sistematizar e socializar as iniciativas que dão certo e que podem inspirar outras, principalmente no campo das políticas públicas. As ações em prol da primeira infância precisam se fortalecer e ganhar escala e abrangência.

Não é por acaso que a premiação dos vencedores de 2006 ocorre durante o Seminário América Latina e Caribe — A primeira infância vem primeiro, que reúne especialistas de vários países para discutir e trocar experiências sobre a realidade da criança pequena. Ao organizar esse evento, a Fundação Abrinq, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Organização Pan-americana de Saúde iniciam um processo de articulação regional, comprometido em aprofundar o conhecimento sobre essa fase da vida, aprimorar programas e projetos e reivindicar os investimentos necessários, além de monitorá-los. Estamos certos de que, ao cuidar da primeira infância, começaremos, juntos, uma história diferente.

A primeira infância vem primeiro

Carlos TilkianPresidente do Conselho de Administração

Sandra FariaSuperintendente

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Índice

Prêmio Criança 2006

Princípios norteadores

Primeira infância

Iniciativas finalistas

Brinquedoteca Viva Criança - Conselho de Pais de Campos Sales

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Berçário Anjo da Guarda / Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do IpirangaCarinha de Anjo -

Centro de Educação e Desenvolvimento “Harry Fromer” -Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar

Centro de Intervenção Precoce - Instituto de Cegos da Bahia

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Educação Infantil “Viver e Aprender” - Casa do Sol Padre Luís Lintner

Grupo de Estimulação para Aprendizagem - Sociedade Pestalozzi de São Paulo

Programa Brasileirinho - RioVoluntário

Reestruturação Familiar - Associação Saúde Criança Renascer

Sala de Apoio Pedagógico - Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva

Experiências sistematizadas

Linha do tempo 1989 - 2004

Créditos

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Prêmio Criança 2006

Incentivar, fortalecer e disseminar iniciativas que contribuam para um início de vida seguro, feliz e saudável a todas as crianças brasileiras. Essa é a proposta do Prêmio Criança 2006, que mais uma vez dedica toda sua atenção aos primeiros anos de vida. Realizado pela Fundação Abrinq desde 1989, o prêmio traça o caminho para novas posturas em relação à garantia de direitos e proteção integral da criança de 0 a 6 anos. Essa é uma fase incomparável da vida, quando cuidados e estímulos adequados têm impacto decisivo para o desenvolvimento da pessoa.

De todo o país, as iniciativas inscritas na premiação revelam variadas soluções que indivíduos, empresas e organizações sociais constróem para garantir oportunidades de proteção e desenvolvimento integral à primeira infância. Muitas delas mostram que, tão possível quanto urgente, o atendimento de qualidade já faz a diferença na vida das crianças, suas famílias e comunidades.

O Prêmio Criança chega à sua 15ª edição e traz uma nova contribuição para quem atua junto às crianças. Até 2004, ele se organizava em categorias temáticas, dando visibilidade a ações em diferentes áreas. Firmou-se, entretanto, a necessidade de definir posturas e práticas comuns que pudessem nortear toda ação comprometida com o desenvolvimento das crianças, independentemente do foco temático. Nessa direção, foram criados os Princípios Norteadores — Diretrizes para atuação junto à primeira infância. (pág. 04).

Especialistas, conselheiros da Fundação Abrinq e organizações parceiras colaboraram com seus conhecimentos em dois encontros realizados na sede da Fundação, em São Paulo, durante o primeiro semestre de 2005.

Construiu-se assim um conjunto de princípios — complementares e interdependentes — que se referem ao atendimento às crianças, à relação com a família e a comunidade, à composição da equipe e à gestão da iniciativa. A seleção dos finalistas ao Prêmio Criança 2006 foi orientada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Diretrizes e Bases, a Lei Orgânica da Assistência Social, a Lei do Serviço Único de Saúde e os Princípios Norteadores — Diretrizes para atuação junto à primeira infância.

Ao todo, 333 iniciativas, das cinco regiões do país, se inscreveram para participar desta edição. Depois de um longo processo seletivo, realizado por pareceristas especializados, e validado por um Comitê Técnico também de especialistas em temas relacionados à primeira infância, por visitas técnicas e por uma Comissão Julgadora composta por membros do Conselho de Administração, Conselho Consultivo, Superintendência da Fundação Abrinq, patrocinadores do Prêmio Criança 2006, representantes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), foram seleciona-das nove experiências como finalistas.

Apresentadas nesta publicação, elas for-mam um conjunto de boas práticas que po-

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Homenagem da Fundação Abrinq àqueles que estão fazendo uma grande diferença na vida de crianças pequenas no País!

dem inspirar tantas outras para a realização da idéia central do Prêmio Criança 2006: “A primeira infância vem primeiro”.

Na cidade do Rio de Janeiro, o Programa Brasileirinho sobe os morros e fortalece as creches comunitárias como espaços de cuidado e proteção das crianças pequenas. Na periferia de Salvador, o Projeto Viver e Aprender assume a educação das crianças de 3 a 6 anos da comunidade de Cajazeiras, valorizando a cultura e a história local. Na região do Ipiranga, na capital paulista, o berçário Anjo da Guarda, por sua vez, acolhe integralmente bebês em seus primeiros três anos de vida. Em Campos Sales, no interior cearense, meninos e meninas de baixa renda encontram espaço de acolhida e estimulação na Brinquedoteca Viva Criança.

O encontro, a troca e o aprendizado afirmam-se como essenciais para todas as crianças, em todas suas diferenças. Na capital paulista, o Grupo de Estimulação para Aprendizagem dedica-se às crianças

com deficiência intelectual. Em Salvador, o Centro de Intervenção Precoce garante que crianças cegas ou com baixa visão tenham o atendimento necessário, desde o início da vida, para sua inclusão escolar e pleno desenvolvimento. Durante todo o tratamento de câncer, a Sala de Apoio Pedagógico, sediada em Natal (RN), possibilita que as crianças não deixem de brincar, se relacionar e aprender. O Centro de Educação e Desenvolvimento, de São Paulo, renova sua proposta de educação infantil e passa a atender não só crianças com necessidades especiais, mas todas que o procuram.

O fortalecimento da família e a parceria com os serviços locais também são parte da busca constante do Projeto Reestruturação Familiar, na capital carioca, que permite às crianças se recuperarem plenamente após um período de internação hospitalar e romperem o ciclo de miséria.

Com ênfase em educação, saúde ou assistência social, todas as experiências

percebem a criança com um ser integral, merecedora de cuidados e oportunidades diversificadas para garantir seu desenvolvi-mento pleno. Entre elas, quatro iniciativas vencedoras — reveladas durante a cerimônia do Prêmio Criança 2006 — destacam-se pela originalidade e metodologia, compatibilidade de custos, impacto social e grande possibilidade de disseminação.

A disseminação é nosso maior objetivo ao destacar as quatro vencedoras e, para isso, a iniciativa é sistematizada. A sistematização é uma oportunidade de refletir sobre a prática, registrar e produzir conhecimento coletivo. Ao todo, oito publicações e outras formas de dissemi-nação (páginas 30 e 31) já foram ou estão sendo produzidas e encaminhadas. Cada qual com sua identidade, especialidade e cor local, as experiências finalistas do Prêmio Criança 2006 vêm enriquecer o mapa de soluções para as questões postas para a primeira infância brasileira, e apontam caminhos valiosos para a efetivação dos direitos da criança de 0 a 6 anos.

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Princípios norteadores

Quanto ao atendimento à criança

1. Promovam um atendimento que possibilite a atenção integral à criança (direito à educação, à saúde física, mental e emocional), estimulando o seu pleno desenvolvimento.

2. Dêem à criança meios de se expressar, de ser ouvida e de ser parceira de seu processo educativo.

3. Desenvolvam ações para a promoção da cidadania da criança, como a identificação legal (registro civil), matrícula e permanência na escola, entre outras.

4. Estimulem práticas preventivas pré e pós-natais de detecção precoce de doenças (teste do pezinho, triagem auditiva, entre outras), contribuindo para um parto seguro e o melhor desenvolvimento físico e mental da criança.

5. Estimulem a amamentação, inclusive pelas mães trabalhadoras e mães detentas.

6. Promovam os cuidados necessários ao de-senvolvimento emocional do bebê e à quali-dade do vínculo mãe–cuidador(a)–bebê.

7. Concebam a desnutrição como conseqüência de diversas causas (infraestrutura, renda das famílias etc), propondo intervenções a elas relacionadas.

8. Tenham a diversidade como valor, promovendo a inclusão e a convivência construtiva de relações de respeito entre crianças, considerando diferenças de gênero, origem, etnia, religião, classe social etc.

9. Percebam a criança como agente transformador dos próprios hábitos e também dos da família.

10. Realizem ações de inclusão da criança com deficiência.

11. Realizem acolhimento institucional observando o caráter provisório e excepcional da medida, oferecendo atendimento personalizado à criança e promovendo sua inserção na comunidade.

Diretrizes para atuação junto à

primeira infância

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Quanto melhor o trabalho com os princípios, melhor será o resultado na proteção e garantia dos direitos da criança

Quanto à ação junto à família da criança

1. Valorizem e apóiem a rede de proteção básica da criança, para além da visão nuclear de família — pai, mãe e filho(a).

2. Promovam ações socioeducacionais de apoio e orientação às famílias, tanto em relação à educação e ao cuidado integral das crianças como na melhoria de suas condições de vida.

3. Estimulem a participação do pai ou de outros familiares, valorizando também a presença masculina na educação da criança.

4. Realizem acolhimento institucional observando o caráter provisório e excepcional da medida e promovendo, quando indicado, os vínculos com a família de origem.

5. Esgotadas as possibilidades de permanência na família de origem, estimulem a vivência da criança em outras formas de convivência familiar (família substituta, adoção, tutela etc).

6. Invistam em ações estruturantes que representem melhoria da condição de vida da família com crianças pequenas: construção de cisternas, inclusão em programas oficiais de geração de emprego e renda, em programas para dependentes químicos, portadores de HIV etc.

Quanto à ação junto à comunidade:

1. Atuem na comunidade, visando estimular a efetiva participação de seus membros na iniciativa.

2. Incluam em sua proposta político-pedagógica o conhecimento e a valorização da comunidade, considerando aspectos históricos, culturais, ambientais, geográficos, étnico-raciais e de gênero.

3. Levem em conta as condições culturais e sociais da criança, suas famílias e sua comunidade, respeitando a diversidade.

4. Estimulem o ato coletivo de brincar dentro da comunidade, promovendo ações lúdicas e criando espaços físicos a elas destinados.

5. Estimulem o cuidado coletivo na comunidade, promovendo a idéia de que as crianças são responsabilidade de todos os adultos.

Quanto à equipe profissional

1. Desenvolvam uma ação integrada multiprofissional.

2. Concebam a formação como um processo contínuo e como uma relação dinâmica entre o conhecimento do formador e a prática dos profissionais envolvidos.

3. Incluam no plano de formação a importância de brincar, as fases de desenvolvimento da criança, a atenção

integral (saúde, higiene, meio ambiente etc), e busquem juntar o cuidado e a educação das crianças em toda e qualquer atividade que realizem com elas.

4. Promovam formação para todos os profissionais que atuam no atendimento à criança, inclusive o pessoal de limpeza, da cozinha, da administração etc.

5. Proporcionem uma relação adequada entre a quantidade de crianças atendidas e de adultos responsáveis pelo serviço oferecido, garantindo a qualidade do atendimento.

6. Proporcionem formação com foco no atendimento e na inclusão da criança com deficiência.

Quanto à gestão

1. Apresentem estratégias de articulação com os atores sociais e o poder público envolvidos no seu tema de atuação.

2. Realizem planejamento e possuam meto-dologia e instrumentos de registro, monitora-mento e avaliação do trabalho realizado.

3. Demonstrem resultados que possam ser analisados quantitativa e qualitativamente.

4. Apresentem custos coerentes e viáveis.

5. Planejem e assegurem a continuidade da ação.

6. Sejam avaliadas como passíveis de disseminação.

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Primeira infância

No Brasil de hoje, em que lugar está a primeira infância? Começando pelo primordial direito à vida, ela ainda está longe de ocupar o primeiro lugar. De acordo com o último censo oficial, o país tem 61 milhões de crianças e adolescentes, sendo mais de um terço — 23,1 milhões — entre 0 e 6 anos. Mas muitas delas nem completam um ano de vida: em 2004, o índice de mortalidade infantil foi de 26,6 crianças por mil nascidas vivas.

É fato que, em 1994, essa taxa era maior, chegando a 39,5. Apesar da importante melhoria, dez anos depois ainda temos uma situação pior que a de países de PIB muito inferior ao nosso, fato que se agrava com as diferenças regionais e étnicas. Segundo dados de 2002, a mortalidade infantil no

A situação da criança de

0 a 6 anos no Brasil e a Fundação

Abrinq

Nordeste chegava a ser o dobro do que no Sudeste. E, em 2000, o número de mortes a cada mil nascidos vivos foi de 22,9 entre mães brancas, 38 entre mães negras e 94 entre mães indígenas! Outro dado alarmante é que, em 2003, quase 65% da mortalidade infantil se concentrou no primeiro mês de vida — situação que poderia ser prevenida com adequada assistência de saúde à mulher e ao seu bebê durante o pré-natal, parto e pós-parto.

De 1 a 6 anos de vida, muitas mortes também poderiam ser evitadas. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 1996 e 2003, nessa faixa etária, cerca de 21% das mortes foi por causa da violência ou de acidentes, 17% por doenças do aparelho respiratório e 15% por doenças infecciosas e parasitárias. Essas perdas estão ligadas aos altos índices de desnutrição infantil, que continuam em queda, mas ainda são muito preocupantes.

Entre 1999 e 2004, a porcentagem de crianças com baixo peso em relação à idade caiu de 10,1% para 3,6% no primeiro ano de idade, e de 19,8% para 7,7% no segundo ano. Entretanto, mais uma vez, o que alarma é o disparate regional: em todo semi-árido, que inclui os estados do Nordeste, além do Norte do Espírito Santo e de Minas Gerais, a proporção de crianças menores de dois anos desnutridas é quase quatro vezes maior que na região Sul.

Além da saúde, a primeira infância também não está no centro das atenções da educação. Há uma década, em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional reconheceu a educação infantil como direito da criança e parte da educação básica. Entretanto, segundo o IBGE, entre os

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20% brasileiros mais pobres em 2004, nem 30% dos meninos e meninas até 6 anos freqüentavam creches ou pré-escolas. Já entre os 20% mais ricos, mais de 50% estão inseridos na educação. Dados do censo de 2000 revelam mais disparidades: na área urbana, 40% das crianças com essa idade freqüentam a escola, enquanto na área rural, apenas 27%.

Milhares de crianças também têm sido apar-tadas, logo no início da vida, do direito ao registro civil. Anualmente, segundo o IBGE, quase 750 mil crianças, ou mais de 20% dos recém-nascidos, completam o primeiro ano de vida sem a certidão de nascimento, documento essencial para acessar uma série de serviços e benefícios para o bebê.

Para além da urgência dos direitos básicos, transformar a primeira infância em priori-dade exige um olhar ampliado para outras necessidades essenciais dessa fase da vida. Mais que a sobrevivência, o país precisa garantir a oportunidade de desenvolvimento pleno de suas crianças. Essa visão exige uma mudança de entendimento sobre a criança, bem como a efetiva atuação dos adultos e instituições. Essa mudança, difícil de medir em estatísticas, está apenas começando.

A compreensão da primeira infância é uma construção política e cultural contínua. Na história recente, o Estatuto da Criança e do Adolescente propôs uma mudança mar-cante de concepção: a criança como sujeito de direitos. Nesse sentido, foi necessário inicialmente enfatizar essa idéia. Mas, cada vez mais, também se revela essencial possibilitar a construção da sua subjeti-vidade. Certamente, os direitos devem ser iguais, mas as crianças são sempre

diferentes. Cada uma é um ser singular com história, potencialidades e desejos.

Se os direitos básicos à alimentação, à segurança, à saúde e à moradia podem ser providos de fora para dentro, por iniciativa do adulto, outras dimensões do desenvol-vimento infantil precisam ocorrer de dentro para fora, a partir da própria criança. As condições precisam ser garantidas pela família, sociedade e governo, mas a perspectiva da “falta” e da “carência” precisa dar lugar à perspectiva da “potência”.

Cada criança, afinal, detém o poder de desenvolver-se plenamente. Desde o primeiro momento da sua vida, ela constrói conhecimento, produz cultura, interage, age e reage. É protagonista do seu crescimento, o que não significa avançar num caminho esta-belecido, mas poder criá-lo e transformá-lo.

Devem ser ouvidas e consideradas as necessidades internas de cada menino e menina. É essencial o afeto, a escuta, o a companhia do outro. Torna-se obriga-tório investir em espaços de expressão, brincadeira e troca. O movimento, os jogos, as artes ganham importância e não apenas como atividades para preencher o tempo, mas como condições essenciais para construir a identidade de cada um. Especialmente nos primeiros anos de vida, a criança precisa de estímulo e apoio para desenvolver o seu mundo simbólico e afeti-vo. Precisa ter direito à espontaneidade, ao ritmo próprio, ao riso, ao toque e à visão.

Crianças protegidas, bem alimentadas, saudáveis e, ao mesmo tempo, atuantes, criativas, sonhadoras e felizes. É por isso que todos nós, brasileiros, precisamos lutar.

Os dados apresentados neste texto são dos relatórios Situação Mundial de Infância 2006 e Situação da Infância Brasileira 2006, do Unicef.

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Iniciativas finalistas

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Brincar é viver

As crianças da cidade de Campos Sales, no interior do Ceará, sabem o que é brincar. Apesar da dificuldade de sobrevivência de suas famílias e a escassez de recursos públicos, elas conquistaram um espaço onde a brincadeira, o riso e a imaginação são estimulados e garantidos. Desdepequeninas, vivenciam o afeto, a troca e o aprendizado.

A Brinquedoteca Viva Criança nasceu em 2001, por iniciativa do Conselho de Pais de Campos Sales. Dedicada ao atendimento gratuito nas áreas de educação, cultura e saúde, com prioridade para a criança e o adolescente, a organização atua desde 1985 junto a comunidades de baixa renda da cidade e da zona rural.

A brinquedoteca interage com outros espaços e atividades da organização, como a creche, a pré-escola, o berçário, o apoio escolar e as oficinas educativas e

artísticas. De 2001 a 2005, já beneficiou 5.051 crianças de 0 a 6 anos, e quase 3.900 entre 7 e 12 anos.

Ano a ano, a iniciativa tem se firmado como centro de referência na comunidade, permitindo que as crianças brinquem, aprendam e desenvolvam novas amizades, bem como convivam com as demais gera-ções. Dia a dia, favorece o relacionamento entre pais, filhos e educadores em um ambiente alegre e harmonioso.

A cultura popular tem espaço garantido, e é continuamente estimulada e valori-zada. Tradições locais, como o Reisado, em que lendas de diversos personagens da cultura nordestina são recontadas por meio de danças, fazem parte do repertório de atividades. Os mais velhos também compartilham com as crianças brincadeiras e brinquedos da sua infância. Um dos momentos marcantes dessa interação é

Jogos, danças, brincadeiras e histórias fazem brilhar a infância de Campos Sales (CE).

Desde 2001, a Brinquedoteca

Viva Criança atende meninos e meninas

de famílias de baixa renda, que

“cirandam” de mãos dadas com a comunidade.

Brinquedoteca Viva Criança - Conselho de Pais de Campos Sales

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“O que mais chama a atenção é o envolvimento de todos. Concebida e desenvolvida pela comunidade, a brinquedoteca

tornou-se uma referência de vida comunitária e participativa.”

José Carlos Bimbatte Júnior, visitador do Prêmio Criança 2006

Dados Gerais

Iniciativa: Brinquedoteca Viva CriançaLocal de atuação: Município de Campos SalesOrganização: Conselho de Pais de Campos Sales

Público atendido pela iniciativa em 20051-1 ano: 168 2-3 anos: 356 4-6 anos: 576 Famílias: 643 Outros: Nutrizes 193, Crianças e Adolescentes 7 a 17 anos 1.795,Adultos 532, idosos 58.

Principais parceiros da organizaçãoFundo Cristão para CriançasBanco do Brasil S/AUniversidade Regional do Cariri - URCAPrefeitura Municipal de Campos SalesPrograma Assistência Integral à Família - PAIF

Principais parceiros da iniciativaFundo Cristão para CriançasPrefeitura Municipal de Campos SalesSecretaria de Trabalho e Inclusão Social MunicipalSecretaria da Ação Social do Estado do Ceará

Conselho de Pais de Campos SalesRua José Alves de Oliveira, 150Alto AlegreCampos Sales - CECep: 63150-000Tel/Fax: (88) 3533-1143E-mail: [email protected]

quando as crianças param para ouvir, atentamente, cantigas tradicionais cantadas por senhoras da comunidade.

As crianças freqüentam o local semanalmente, por cerca de duas horas. Dividem-se entre os diversos brinquedos e jogos disponíveis, com o apoio de uma educadora ou um educador, chamado de brinquedista, que estimula e apóia as brincadeiras. O Cantinho dos Sonhos, por exemplo, oferece livros de literatura infanto-juvenil. Nesse espaço acontecem rodas de história, cantorias e dramatizações, com o objetivo de incentivar a leitura, a criatividade e a expressão artística de todos. Há ainda as Oficinas de Artes e Esporte com atividades de violino, teclado, violão, percussão, futebol de salão e capoeira.

Também faz sucesso a Mala da Fantasia — uma atividade itinerante que leva a brinquedoteca para as ruas, praças, escolas

e outros espaços sociais e comunitários, num encontro de alegria e poesia. Com apresentações de sanfoneiros e cordelistas, “contação” de histórias e jogos cooperati-vos, o evento ocorre pelo menos uma vez por mês na cidade, além de sempre marcar presença em datas comemorativas do local. Pioneira na comunidade, a Brinquedoteca Viva Criança valoriza a relação entre a brincadeira e o aprendizado, estimula a autonomia, a criatividade e a interação das crianças. Com respeito às diferenças e histórias de cada um, semeia uma cultura de cuidado com a infância. Ao mesmo tempo, a experiência tem contribuído com uma nova postura política de participação, transparência e responsabilidade. As portas estão sempre abertas à comunidade, que é incluída na discussão e na tomada de decisões sobre a gestão e a aplicação dos recursos. Dessa forma, todos fazem parte do presente e do futuro da iniciativa.

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A Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga atua desde 1896 na região do Ipiranga, Zona Sul da capital paulista. Com a explosão populacional urbana ocorrida na cidade a partir da segunda metade do século 20, vivem hoje nos quatro bairros da região cerca de 430 mil habitantes, sendo aproximadamente 62 mil em 39 favelas. É para garantir o desenvolvimento integral para crianças e adolescentes dessas comunidades que a instituição oferece atendimento gratuito na área de educação e saúde, além de orientação e apoio social às famílias.

No início de 2000, a Fundação percebeu a urgência de atuar em benefício da criança pequena. Isso porque, ao visitar as famílias, freqüentemente a equipe observava que, enquanto as crianças maiores participavam de atividades na organização, seus irmãos menores ficavam em casa, muitas vezes sozinhos. Sem opções, os familiares se queixavam da falta de serviços com alimentação adequada, educação de qualidade e segurança para deixar seus filhos enquanto trabalhavam.

Foi assim que a Fundação inaugurou, em 2004, o Berçário Anjo da Guarda. Com capacidade para atender 50 bebês, de 4 meses a 2 anos e meio, em período integral, o local atende em sua maioria moradores da favela de Heliópolis em situação de extrema pobreza. No total, 76% das famílias acolhidas recebem menos de um salário mínimo, 14% ganham um salário mínimo e 10% não têm renda. São famílias que convivem com problemas como alcoolismo e drogadição e cujo sustento, quando é possível, acontece por meio de “bicos” ou trabalhos mal remunerados.

Idealizado por arquitetos e educadores, com o olhar específico para a criança pequena, o berçário se distribui em dois andares, com salas iluminadas e agradáveis. Constitui-se num ambiente educativo que desperta o conhecimento pessoal, a vivência em grupo, a troca construtiva de experiências, a incorporação de normas e limites, e estimula a expressão verbal.

No dia-a-dia, a equipe utiliza a dinâmica da arte-educação, seguindo a metodologia de

Na região do Ipiranga, na

capital paulista, o Berçário

Anjo da Guarda atende em período integral meninos

e meninas de 4 meses a

2 anos e meio. Promove um início de vida saudável

e alegre, em parceria com as famílias.

Começo felizCarinha de Anjo - Berçário Anjo da Guarda / Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga

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Dados Gerais

Iniciativa: Projeto Carinha de Anjo / Berçário Anjo da GuardaLocal de atuação: Bairros do Ipiranga, Heliópolis e SacomãOrganização: Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga

Público atendido pela iniciativa em 20050-1 ano: 82-3 anos: 42Famílias: 41 (2 mães gestantes)Familiares: 175Crianças e Adolescentes em outras iniciativas: 429 Principais parceiros da organização23 entidades conveniadas

Parceria de apoio:Centro de Capacitação e Incentivo à Formação - CEAF Circo NavegadorProjeto SemearCentro de Resignificação HumanaClínica Odontológica Theodoro RatisbonneBalneário do IpirangaEspaço Aprender São CamiloProjeto Sonhar AcordadoProjeto Teu Sonho Meu SonhoProjeto AlegriaEscola SENAI “Maria Angelina Vicente de Azevedo FranceschiniEscola SENAI “Conde José Vicente de Azevedo”Conselho TutelarPastoral do menorProjeto Saúde & Alegria - ABENSENACentro de Referência da Assistência Social - CRASComerciantes da região

Principais parceiros da iniciativaParceria de apoio:Escola SENAI “Maria Angelina Vicente de Azevedo Franceschini” (pais)Projeto “Saúde & Alegria - ABENSENAProgramas da Comunidade: Meu Primeiro Emprego; Viva Leite Criança;

Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do IpirangaRua Gama Lobo, 822 - Vila Dom Pedro I São Paulo – SP - Cep: 04269-000Tel: (11) 3388-5600Fax: (11) 6163-3466E-mail: [email protected]: www.funsai.org.br

projetos. Com bebês até 1 ano e meio, são desenvolvidas várias atividades de estimulação. Uma vez por semana, por exemplo, uma psicóloga ensina às mães a técnica da Shantala — massagem de origem indiana que proporciona segurança, relaxamento, proximidade, além de estímulo muscular, circulatório e tátil. O afeto e a interação social também ganham vez com as brincadeiras, músicas e jogos pedagógicos propostos de acordo com a faixa etária.

As crianças de 1 ano e meio a 2 anos e meio participam de atividades psicomotoras, brincadeiras, músicas, jogos pedagógicos e teatro, que estimulam a fantasia, a linguagem e o raciocínio lógico-matemático, ensinam a convivência em grupo e fazem com que as crianças percebam e respeitem as diferenças.

Em todas as turmas, destaca-se o cuidado com a saúde e o bem-estar da criança. Começa com a alimentação diária balanceada, definida com a ajuda de uma nutricionista. O berçário também conta com pediatra, técnica de enfermagem e dentista, que

acompanham cada criança periodicamente e orientam as famílias, em especial as mães que estão amamentando.

Em conjunto com as famílias são organizadas reuniões periódicas e palestras sobre temas variados, como busca de emprego, auto-estima, orçamento doméstico e alimentação saudável. A equipe também faz visitas domiciliares regulares, que permitem conhecer e acompanhar as dificuldades e conquistas das famílias. Se necessário, elas recebem doação de cestas básicas ou são encaminhadas para atendimento médico e psicológico gratuito na comunidade, bem como para cursos profissionalizantes e oportunidades de trabalho.

Há também um grupo de vivência mediado por uma psicóloga, que orienta pais, mães, avós, avôs, entre outros familiares, nos desafios que eles encontram para a formação da criança. O objetivo é incentivar a responsabilidade dos adultos. Ao envolver a família e outros serviços locais, o berçário articula e fortalece uma rede de cuidado e proteção às crianças, para que elas comecem a vida de uma maneira mais feliz e saudável.

“O trabalho com as crianças pequenas responde ao desenvolvimento integral. O atendimento às famílias tem resultados muito positivos,

e a participação da comunidade é visível.”

Silvia Daffre, visitadora do Prêmio Criança 2006

Page 20: Premio Criança 2006

14

O Centro de Educação e Desenvolvimento Harry Fromer surgiu, na capital paulista, para atender alunos com deficiência intelectual.* Nos últimos anos, no entanto, o centro começou a ser procurado por famílias em geral que não conseguiam vagas nas escolas públicas para seus filhos. Essa situação levou a equipe a repensar o seu projeto de Educação Infantil e perceber que, para atingir o desejado modelo de educação para todos, deveria abrir suas portas para toda criança, deficiente ou não.

Assim, em 2000, o centro iniciou o “Programa de Educação Infantil — Inclusão às Avessas” e passou a atender meninos e meninas, com ou sem deficiência, visando promover seu desenvolvimento integral. Em 2005, foram atendidas 45 crianças de 1 ano e meio a 6 anos de idade, sendo 65% com bolsa integral. Também foram beneficiados 900 profissionais de 21 escolas públicas da capital paulista, e de Osasco e Carapicuíba, na Grande São Paulo. Isso porque, em paralelo ao atendimento direto às crianças, o centro trabalha no sentido de sensibilizar e apoiar as escolas regulares para que também possam realizar uma inclusão responsável.

Além da Educação Infantil, o centro desenvolve outros projetos de assistência médica e psicopedagógica. A instituição é mantida pelo Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar (CIAM), que atua em benefício da inclusão social de pessoas com deficiência e seus familiares.

O centro está situado no bairro do Jaguaré, Zona Oeste da capital, em uma chácara com muito verde e ampla área de lazer, incluindo quadra de esportes e piscina coberta para hidroterapia. A Educação Infantil acontece em um espaço recentemente reorganizado em atrativas salas-ambiente. A disposição convencional de lousa e carteiras deu lugar a novos arranjos com móveis, equipamentos, murais, brinquedos e outros recursos didáticos e pedagógicos, buscando um aprendizado mais variado, criativo e dinâmico.

O Centro de Educação e Desenvolvimento Harry Fromer, que atua desde

1959 em São Paulo, renovou sua proposta de Educação Infantil e passou a atender não

só crianças com deficiência, mas todas

que o procuram.

Inclusão às avessas Centro de Educação e Desenvolvimento “Harry Fromer” - Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar

Page 21: Premio Criança 2006

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Dados Gerais

Iniciativa: Centro de Educação e Desenvolvimento “Harry Fromer”Local de atuação: Municípios de São Paulo, Carapicuíba, Osasco e Taboão da SerraOrganização: Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar - CIAM

Público atendido pela iniciativa em 20050-1 ano: 2 2-3 anos: 17 4-6 anos: 26 Famílias: 500Profissionais: 900Crianças a partir de 7 anos: 95

Principais parceiros da organizaçãoBanco BradescoBanco SafraCitibankFundação Elijass Gliksmanis.

Principais parceiros da iniciativaSecretaria Municipal de EducaçãoSecretaria Municipal de AbastecimentoCoordenadoria de Educação de PiritubaAsea Brown Boveri Brasil - ABB / Brasil

Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar (CIAM)R Irmã Pia, 78Jaguaré – São Paulo - SPCep: 05335-050Tel: (11) 3714-0688Fax: (11) 3719-3802E-mail: [email protected] Site: www.ciam.org.br

Centro de Educação e Desenvolvimento “Harry Fromer” - Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar

Há, por exemplo, a Sala de Multimeios, que inclui o Cantinho da Videoteca, o Cantinho dos Fantoches e o Cantinho da Informática. A Sala de Apoio, por sua vez, é um espaço livre, com armários para as mochilas, trocador, colchões para soneca, baús com brinquedos. Na Sala de Ativida-des Pedagógicas, ficam o quadro de avisos, jogos, cartazes, sucatas e outros materiais para serem usados em atividades que o professor e as crianças podem criar juntos. A Sala de Alfabetização reproduz uma sala de aula do Ensino Fundamental regular, com o objetivo de aproximar a turma desse ambiente. Há também uma Brinquedoteca, uma Biblioteca, uma Cozinha Experimental, além de espaços para música, teatro, artes plásticas, educação física e esportes.

Distribuídas em um cronograma semanal, as atividades da Educação Infantil ocorrem no período da tarde. A metodologia norteia-se por atividades grupais com duração mínima de 50 minutos para garantir a atenção e a concentração da turma. Para completar, quando necessário, as crianças têm atendimento psicológico,

fonoaudiológico, assessoria psicopeda-gógica e terapia ocupacional. Na área terapêutica, há um profissional para cada cinco crianças; na área educacional, a proporção é de um para 10 a 12 alunos.

Momentos de encontro e integração são organizados com as famílias, por meio de dinâmicas mediadas pela equipe. Diferentes comemorações e passeios também proporcionam um prazeroso convívio entre adultos e crianças. E, sempre que solicitado, ocorre atendimento individualizado com os familiares.

Ao concluir a Educação Infantil, as famílias são orientadas a matricular seus filhos no sistema regular de ensino. Para facilitar e qualificar essa inclusão, o centro mantém um programa de orientação e apoio às escolas da rede municipal e particular. Atualmente, são 36 instituições envolvidas. Destaca-se o acompanhamento desenvolvido quinzenalmente com os professores, entendidos como multiplicadores de uma postura inclusiva, que valorize a diversidade.

“A diversidade é um dos desafios norteadores deste trabalho, que é garantido com novas abordagens pedagógicas e tecnológicas,

respeitando o desenvolvimento integral dos educandos.”

Edna Antônia de Mattos, visitadora do Prêmio Criança 2006

* A deficiência intelectual é caracterizada pela incapacidade de resolver os problemas da vida diária, o que pode ir desde a inabilidade na comunicação oral e nas relações interpessoais até dificuldades no entendimento de regras e limites, e no cuidado pessoal.

Page 22: Premio Criança 2006

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O Instituto de Cegos da Bahia, que atua desde 1933 junto a crianças e adolescentes na cidade de Salvador (BA), visa promover a inclusão da pessoa com deficiência visual na sociedade, potencializando sua autonomia e sua independência.

Em 1998, atento à demanda de atendi-mento à primeira infância, o instituto criou o Centro de Intervenção Precoce. Até então, não existia na capital ou em qualquer outra cidade do Nordeste uma instituição que acolhesse crianças com deficiência visual com menos de 6 anos de idade e em situação de vulnerabilidade social. Apesar de o Norte e o Nordeste concentrarem a maior parte das pessoas com deficiência no país, os serviços especializados são encontrados em maior número no Sul e no Sudeste.

Por falta de orientação e de atendimento, essas crianças eram mantidas em suas casas até completar 6 ou 7 anos para, só então, serem inseridas nos serviços especializados locais. Perdiam importantes oportunidades de estimulação nos primeiros anos

de vida — considerados cruciais para uma criança com deficiência visual adqui-rir habilidades básicas como andar e falar. Não apoiados de forma eficaz, dificilmente mães e pais conseguiam compreender sozinhos as especificidades de seus filhos.

Essa realidade vem mudando para as crianças pequenas cegas ou com baixa visão desde que o Centro de Intervenção Precoce surgiu. Com o objetivo de prevenir o surgimento de alterações físicas ou psicológicas que possam atrapalhar o desenvolvimento integral, estimular o uso da visão residual e favorecer a inclusão escolar, a instituição já beneficiou 600 meninos e meninas da região. A cada ano, novas crianças são atendidas. Em 2005, 230 meninas e meninos de 0 a 6 anos de idade receberam acompanhamento técnico pedagógico. Com idade de 0 a 3 foram 160 —total 30% maior em relação ao ano anterior. Esse aumento é atribuído aos encaminhamentos cada vez mais precoces das crianças, graças a parcerias firmadas com maternidades da região.

Pioneiro em todo o Nordeste, o Centro

de Intervenção Precoce garante

que crianças cegas ou com baixa visão

tenham desde o início de sua vida

a acolhida e o atendimento

necessário para sua inclusão escolar

e seu pleno desenvolvimento.

Quanto antes, melhorCentro de Intervenção Precoce - Instituto de Cegos da Bahia

Page 23: Premio Criança 2006

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Dados Gerais

Iniciativa: Centro de Intervenção PrecoceLocal de atuação: Estado da BahiaOrganização: Instituto de Cegos da Bahia Público atendido pela iniciativa em 20050 - 1 ano: 50 2 - 3 anos: 1104 - 6 anos: 70Famílias: 230Outros: apoio a 38 escolas de Educacação Infantil Principais parceiros da organização Projeto Ágata EsmeraldaInstituto Sindacali Per La Cooperazione Allo Svilupto - ISCOSFundação Jesus Maria José Principais parceiros da iniciativaProjeto Ágata Esmeralda

Instituto de Cegos da BahiaRua São José de Baixo, 55Barbalho Salvador-BACEP: 40300-770Tel:(71) 3242-1073Fax:(71) 3241-1044E-mail:[email protected]:www.institutodecegos.org.br

Quando chega uma nova criança, é marcada com a família o dia da avaliação oftalmológica. Confirmada a deficiência, o assistente social e o psicólogo da equipe passam a acolher os familiares, para conhecê-los melhor e orientá-los. São defini-das, então, as estratégias de atendimento.

Em uma avaliação funcional e pedagógica da criança, feita pela terapeuta ocupacio-nal e pela pedagoga, verificam-se suas possibilidades e necessidades. A equipe discute o caso, levantando as prioridades de sua terapia. São devolvidas as primeiras impressões para a família, que é escutada. Por fim, é desenhado o projeto terapêutico.

A criança passa a ser atendida individualmente por um profissional de referência com o apoio do restante da equipe. Vista de forma integral e singular, é ela que impõe seu ritmo, sendo essencial a criação de vínculo com o profissional. Assim, ouvir a criança, estimular sua autonomia e fortalecer sua auto-estima são ações que compõem o objetivo central do atendimento.

Nesse processo, a família é a principal parceira da equipe. Sua adesão ao programa e sua postura diante da criança são os grandes diferenciais do trabalho. Em 90% dos casos, os pequenos chegam na companhia de mulheres: 60% mães, 20% avós, 5% tias, 5% madrastas e 10% de amigas, vizinhas ou irmãs mais velhas. De um modo geral, esses adultos chegam fragilizados e relatam dificuldades em enfrentar o preconceito, a rejeição, a falta de condição financeira e as falhas do sistema de saúde pública.

Para atuar sobre essa situação, além de promover encontros coletivos e individuais com a família, a equipe visita as residências para conhecer sua realidade e orientar, por exemplo, sobre adaptações no espaço físico. Mães, pais, avós, avôs, entre outros, são também convidados a participar de cursos de Braille e de adaptação de material lúdico-pedagógico para ser utilizado em casa e na escola, além de palestras sobre os direitos da pessoa com deficiência.

Para completar, a equipe da iniciativa acre-dita que a criança com deficiência visual pode ser incluída em escolas regulares. Assim, realiza um trabalho de sensibiliza-ção das escolas do bairro, no sentido de que acompanhem com responsabilidade o processo inclusivo da criança, adaptando o currículo, formando o professor e apoiando a família. Ao longo dos oito anos de atua-ção, 95 escolas de educação infantil foram envolvidas, com formação continuada de cem professores, garantindo a inclusão no ensino regular de 103 crianças entre 3 e 6 anos de idade.

Afirmou-se, assim, a certeza de que quanto mais precocemente a família tem acesso às informações sobre as particularidades de seus filhos, maiores são as possibilidades de um desenvolvimento saudável.

“É uma prática efetiva e eficaz de prevenção. Promove também a

inclusão muito seriamente, pondo-se ao lado da criança,

da família e da escola.”

Claudia Mascarenhas, visitadora do Prêmio Criança 2006

Page 24: Premio Criança 2006

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Os primeiros moradores do bairro de Cajazeiras, na periferia de Salvador, foram funcionários públicos estaduais, que foram morar em conjuntos habitacionais. Aos poucos, entretanto, as encostas dos morros foram sendo ocupadas por famílias, na sua maioria afro-descendentes, vindas do meio rural ou de outras periferias da cidade. Marcados pela exclusão e pelo preconceito, os moradores da região sobrevivem sem saneamento básico nem urbanização, e com oportunidades precárias de estudo e trabalho. Convivem também, e cada vez mais, com a violência.

O segmento mais atingido é o das crianças, que estão sujeitas à desnutrição, a doenças e à falta de perspectivas de vida. Para elas, a educação quase sempre foi um sonho. Justamente devido à ausência de creches no local, a Casa do Sol Padre Luís Lintner criou, em 1997, o Projeto de Educação Infantil “Viver e Aprender”. O nome da instituição homenageia o fundador da casa, assassinado em 2002 em decorrência de represálias por sua atuação social na comunidade. Desde 1986, a Casa do Sol

busca proporcionar um espaço que favoreça o desenvolvimento dos moradores mais pobres do bairro, visando à conquista de seus direitos e à sua participação social e política.

O “Viver e Aprender” atende 52 crianças por ano. Elas ingressam aos 3 anos completos e permanecem até os 6, quando ingressam na rede pública de ensino. A turma é formada a partir da identificação das crianças que necessitam de uma vaga no projeto por pessoas que atuam em diferentes grupos e projetos das comunidades. Elas são pré-inscritas e, então, as famílias são visitadas. Nessa ocasião, a equipe observa as relações existentes e a situação socioeconômica do grupo. Após esse levantamento, são selecionadas para ingressar no projeto as crianças que vivem em situação de risco e pior situação socioeconômica.

Para o projeto, os principais objetivos estão claros: acompanhar integralmente essas crianças; garantir seu crescimento saudável e harmonioso com o desenvolvimento de

A Casa do Sol, no bairro das Cajazeiras, em

Salvador (BA), atende meninos e meninas de 3 a 6 anos no projeto “Viver e Aprender”. Unindo educação e cuidado, valoriza a

cultura, a história local e o saber de cada criança.

No sol das CajazeirasEducação Infantil “Viver e Aprender” - Casa do Sol Padre Luís Lintner

Page 25: Premio Criança 2006

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Dados Gerais

Iniciativa: Educação Infantil Viver e AprenderLocal de atuação: Município de SalvadorOrganização: Casa do Sol Padre Luís Lintner

Público atendido pela iniciativa em 20052-3 anos: 214-6 anos: 54Famílias: 74Reforço escolar: 70Adolescentes: 84

Principais parceiros da organizaçãoAssociação Beneficente Ágata EsmeraldaAssociação Italiana Casa do SolAssociação sócio-cultural Patí – Centro de Formação, Estudos e Pesquisa Sócio-Comunitária – SalvadorDepartamento de Educação da Universidade Estadual da BahiaSecretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social da Prefeitura de Salvador - SEDES

Principais parceiros da iniciativaAssociação Beneficente Ágata EsmeraldaAssociação Italiana Casa do SolAssociação sócio-cultural - Patí - Centro de Formação, Estudos e Pesquisa Sócio-Comunitária - SalvadorBauduccoUniversidade Estadual da Bahia - UNEBUniversidade Federal da Bahia - UFBA

Casa do Sol Padre Luís LintnerRua Padre Luís Lintner, 01Cajazeiras VSalvador - BACep: 41340-020Tel: (71) 3309-5593Fax: (71) 3309-3274E-mail: [email protected]

todas suas capacidades; construir uma identidade individual baseada na auto-estima e no reconhecimento das raízes culturais e históricas.

Outra crença é a de que a educação da criança pequena envolve simultaneamente dois processos, compreendidos como complementares e indissociáveis: educar e cuidar. Entende-se também que, nos primeiros anos de vida, predominam o sonho, a fantasia, a afetividade, a brincadeira, as manifestações de caráter subjetivo. Portanto, para o projeto, a arte é um instrumento valioso no processo de desenvolvimento infantil.

No dia-a-dia, são trabalhados conteúdos a partir da experiência e da realidade das crianças, incluindo conhecimento de si e do próprio corpo (jogo e movimento), cuidado de si (alimentação, higiene) e do ambiente (limpeza, ordem), descoberta do meio natural e social, linguagem verbal, linguagem matemática, noções de temporalidade e espaço. A cultura e a história local também são trabalhadas e fortalecidas por meio de atividades que resgatam as tradições comunitárias, valorizando a identidade negra. É priorizado o trabalho por projetos, podendo, juntos, criança e educador, planejar e executar as ações pertinentes ao processo ensino-aprendizagem. Aberta diariamente, inclusive nos feriados,

a casa tornou-se também um ponto de encontro na comunidade. As mães ajudam a arrumar e conservar o espaço e fazem pão, remédios fitoterápicos e artesanato para vender. Os homens ainda participam menos que as mulheres, mas sempre são solicitados, e alguns ajudam em serviços internos. A comunidade em geral, por sua vez, freqüenta diferentes iniciativas, como a montagem da biblioteca, além de participar do conselho da instituição com críticas e sugestões.

Hoje, as primeiras crianças que entraram na Casa do Sol, em 1997, têm em média 12 anos e freqüentam a escola pública com resultados satisfatórios, além disso, esses adolescentes vêm se destacando por sua postura responsável e seu compromisso social. Alguns deles se organizaram para acompanhar as crianças menores da comunidade, criando grupos que, nas horas livres depois da escola, participam da Casa do Sol apoiando seus profissionais nos cuidados com os pequenos. As famílias, do seu lado, conquistaram maior compreensão e respeito dos filhos, além de uma consciência mais clara sobre suas responsabilidades. A equipe do projeto comemora que, acolhidas e fortalecidas em grupo, as mães tornaram-se agentes multiplicadoras desses saberes na família e na vizinhança, e os pais começaram a participar mais na educação dos filhos. Sentindo-se valorizados e potentes, todos passaram a assumir novos espaços na comunidade.

“A grande inovação desta iniciativa parece ser o poder de transmitir valores sociais, comunitários, humanos e cidadãos de forma

muito eficiente — vemos de imediato o seu efeito.”

Claudia Mascarenhas, visitadora do Prêmio Criança 2006

Page 26: Premio Criança 2006

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Poucas crianças com deficiência têm acesso à educação infantil no país. Entre aquelas de 3 a 6 anos de idade, somente 1,5% freqüenta creches e 17,5% pré-escola, segundo a pesquisa “Retratos da Deficiência”, realizada pela Fundação Getulio Vargas em 2003. Ainda assim, são enormes as dificuldades dos professores em acolher esses alunos, e das famílias em apoiar o processo de aprendizagem de seus filhos.

Atenta a essa situação de exclusão, a Sociedade Pestalozzi de São Paulo criou o Grupo de Estimulação para Aprendizagem (GEA), destinado a meninos e meninas de 4 a 6 anos de idade com deficiência intelectual* decorrente de síndromes genéticas ou neurológicas, entre outras.

Fundada em 1972, a Sociedade Pestalozzi de São Paulo é hoje referência em atendimento nas áreas de saúde, educação e capacitação profissional de crianças e adolescentes com deficiência, visando favorecer sua inclusão social e o exercício de sua cidadania. Ela está sediada na Zona Norte da capital, mas atende crianças de outros bairros e também de cidades vizinhas.

Uma equipe de pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais recebe as crianças com deficiência e suas famílias, e atua junto às escolas das comunidades de origem das mesmas. A autonomia da criança passa a ser estimulada, a família acolhida e valorizada no seu papel de proteção e a escola apoiada para uma inclusão satisfatória dessa criança.

Ao chegar à instituição, as crianças e seus familiares são acolhidos e passam por uma avaliação médica e psicossocial. Confirmada a necessidade do atendimento, a família é esclarecida sobre o valor essencial de sua participação. Ao menos um adulto responsável deve se envolver na rotina do projeto. Nessa fase, a família recebe uma visita da equipe, que faz a ponte necessária com outros serviços de saúde, assistência social e educação dos quais a criança necessitará.

A partir daí, toda semana as crianças e seus acompanhantes vão até a sede da organização. O atendimento às crianças, entendidas como agentes transformadoras dos próprios hábitos e dos da família, tem

Estimular o aprendizado de crianças de 4 a 6 anos com

deficiência intelectual e garantir sua

inclusão na escola e na comunidade. Essa é a conquista do Grupo de Estimulação para Aprendizagem, que

atua na capital paulista.

Aprendizado para todosGrupo de Estimulação e Aprendizagem - Sociedade Pestalozzi de São Paulo

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Dados Gerais

Iniciativa: Grupo de Estimulação para Aprendizagem (GEA)Local de atuação: Zona Norte de São Paulo e Grande São PauloOrganização: Sociedade Pestalozzi de São Paulo

Público atendido pela iniciativa em 20054-6 anos: 9 Famílias: 9 Outros: 8 educadores orientados - diretamente16 escolas orientadas via relatório - indiretamente

Principais parceiros da organizaçãoCentro de Integração Empresa Escola - CIEEInstituto Hedging GriffoMakro Atacadista – Vila Maria Rede Record de Rádio e TelevisãoSecretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social de São PauloSecretaria Municipal de Educação de São Paulo

Principais parceiros da iniciativaEmpresa Sambaíba de TransportesGoverno FederalPessoas físicasRede Record de TV

Sociedade Pestalozzi de São PauloAvenida Morvan Dias de Figueiredo, 2801Vila GuilhermeSão Paulo - SPCep: 02063-000Tel: (11) 6905-3048Fax: (11) 6905-3047E-mail: [email protected]: www.pestalozzisp.org.br

como inspiração a rotina escolar. A equipe, preparada para atender grupos de 14 crianças, realiza então um caloroso momento de boas-vindas: canta uma música, chama cada criança pelo nome e entrega a ela um “crachá”, que deverá ser colocado em um painel com figura de menino e menina. A seqüência de atividades do dia é apresentada por meio de figuras representativas. Ganham espaço diferentes linguagens e estímulos — pode ser uma dramatização, um vídeo ou ainda a leitura de uma das histórias de um “livro gigante” confeccionado pelas terapeutas junto com as crianças e famílias. Os conteúdos são então trabalhados em atividades grafo-motoras e motoras. Em seguida, vêm as atividades da “vida diária”.

Antes da despedida com música, todos recordam o que fizeram durante o dia. Os familiares ao mesmo tempo se reúnem para orientação, discussão e troca deexperiências. É um espaço importante para desfazer medos e fantasias em relação à deficiência dos filhos, compreendendo melhor suas reais dificuldades e potencialidades. Entre mães e avós, destacam-se algumas figuras masculinas,

cuja presença é estimulada e valorizada pelo projeto. A família, como um todo, é entendida como agente multiplicador e facilitador do processo de inclusão e contribui com a disseminação de informações sobre a deficiência nas escolas e na comunidade.

Há um pequeno intervalo, quando adultos e crianças tomam lanche. Em seguida, é proposta uma atividade de interação e vivência. Eles brincam juntos, constroem brinquedos e fazem outras atividades. Esse momento é de acolhimento e reflexão sobre a relação entre pais e filhos.

A atuação junto às suas comunidades, especialmente as escolas, acontece pela sensibilização e apoio técnico aos professores, funcionários e diretores, e inclui palestras, discussão e acompanhamento da trajetória de cada criança. O grande desafio é promover uma educação inclusiva plena, que vai além da colocação das crianças com deficiência na sala de aula regular — uma escola onde pessoas com e sem deficiência possam conviver e estudar, aprendendo a lidar com a diversidade e com a diferença.

O trabalho começou em 1997 e, até janeiro de 2006, alcançou 94 crianças e famílias, quase sempre de baixa renda. Nesse período, a inclusão na educação infantil cresceu 75%, caindo gradativamente o número de encaminhamentos para escolas especiais e aumentando em 25% a inclusão na rede regular de ensino. No total, 65 escolas foram envolvidas.

“É um trabalho de grande importância que garante o desenvolvimento das crianças, resgata a auto-estima dos

pais e sensibiliza professores.”

Priscila de Andrade Fernandes, visitadora do Prêmio Criança 2006

* A deficiência intelectual é caracterizada pela incapacidade de resolver os problemas da vida diária, o que pode ir desde a inabilidade na comunicação oral e nas relações interpessoais até dificuldades no entendimento de regras e limites, e no cuidado pessoal.

Page 28: Premio Criança 2006

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Todo dia, quando vão para a creche, as crianças do Programa Brasileirinho encontram um espaço acolhedor, saudável e estimulante para brincar, aprender e se desenvolver. São quase 490 meninos e meninas, de 0 a 4 anos, moradores das favelas da Mangueira, Canta Galo, Rocinha, Copacabana, entre outras, localizadas na cidade do Rio de Janeiro. Num ambiente com poucas oportunidades de desenvolvimento, as crianças encontram na creche proteção, cuidado e aprendizagem.

Na cidade inteira, segundo a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, vivem cerca de 360 mil crianças em idade de freqüentar uma creche, ou seja, com menos de 4 anos de idade. Desse total, somente 12% delas são atendidas em serviços mantidos ou apoiados por recursos públicos — metade

em creches municipais, metade em conveniadas. O Programa Brasileirinho atua justamente para fortalecer esse segundo grupo. Hoje, apóia dez creches privadas, comunitárias e sem fins lucrativos que recebem recursos da prefeitura para ajudar a manter suas atividades.

Com o desafio de garantir que as crianças tenham um melhor atendimento nessa fase primordial da vida, o Brasileirinho mobilizou os educadores e gestores das creches, os familiares e os vizinhos das crianças, além de empresários, voluntários e prefeitura, para dar um salto de qualidade no trabalho das organizações. Desse modo, uma ampla rede de proteção social à primeira infância foi construída.

O trabalho começou em 2000 por iniciativa da RioVoluntário, instituição que se dedica a difundir, promover e qualificar o voluntariado e a educação infantil na cidade do Rio de Janeiro. A atuação do Brasileirinho se dá por meio de três frentes principais. A primeira delas é a reforma física das creches. Engenheiros e arquitetos voluntários são envolvidos para planejar e acompanhar o plano da obra, que ganha vida com a contratação de empreiteiros da comunidade. Dependendo do terreno e da localização, a construção muda, mas todas são bem arejadas, iluminadas, com diversidade de ambientes (biblioteca, brinquedoteca, lactário, refeitório, salas). Todas as instalações e o mobiliário são adequados para crianças pequenas.

A segunda frente de atuação do Brasileirinho é o investimento no trabalho pedagógico. Os educadores das creches recebem formação e orientação técnica para planejar, realizar e

O Programa Brasileirinho sobe os morros cariocas

para cuidar de dez creches comunitárias.

Reforma o espaço, investe na formação da equipe e acolhe as famílias, articulando

uma rede de proteção às crianças de 0 a 4 anos.

No alto do morroPrograma Brasileirinho - RioVoluntário

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Dados Gerais

Iniciativa: Programa BrasileirinhoLocal de atuação: Municípios do Rio de JaneiroOrganização: RioVoluntário

Público atendido pela iniciativa em 20050-1 ano: 292-3 anos: 374-6 anos: 471Famílias: 1500 Educadores: 74Gestores: 17Auxiliar Geral: 4

Principais parceiros da organizaçãoCeras JohnsonFirjanFundação CesgranrioGerdauInstituto UnibancoPrice Wat Terhouse CoopersSymnetics

Principais parceiros da iniciativaFirjanFundação CesgranrioGerdauGoverno Federal- MADS – Ministério de Assistência e Desenvolvimento SocialGoverno Municipal – SMS – Secretaria Municipal da SaúdeIFC/ODEBRECHTInstituto Unibanco

RioVoluntárioAvenida General Justo, 275 – loja b – sobrelojaCentro – Rio de Janeiro - RJCep: 20021-130Tel/Fax: (21) 2262-1110E-mail: [email protected]: www.riovoluntario.org.br

avaliar as atividades do dia-a-dia com as crianças. O objetivo é desenvolver integralmente o potencial cognitivo, psicomotor, lingüístico, social e afetivo dos pequenos, com atividades específicas e materiais e estímulos adequados para as várias idades. Em paralelo, trabalha-se com os gestores das creches temas como elaboração de projetos, captação de recursos, prestação de contas, entre outros, para que encontrem alternativas de sustentabilidade financeira para as instituições.

A terceira frente de atuação fecha o circuito do programa: envolve o atendimento e o apoio às famílias. Semanalmente, mães, pais, avôs, avós, tios e tias se encontram nas creches para conversar sobre a criança, o desenvolvimento infantil, os conflitos e as dificuldades familiares. A idéia principal é promover a troca de experiências e informações entre eles, estimulando a integração, o diálogo e o apoio mútuo. Se necessário, há apoio individual aos familiares, especialmente para as mães e as avós. As famílias também participam do monitoramento e da avaliação do programa.

Essa participação da comunidade na gestão da iniciativa é outro ponto de destaque. Os gestores da creche contam com o apoio de lideranças comunitárias — como os presidentes das associações de moradores — para dialogar com a

prefeitura, bem como com financiadores, doadores e voluntários do programa.

Fortalecer e articular os atores locais são ações que revelam um caminho essencial para garantir frutos permanentes. Depois de cinco anos, as creches envolvidas continuam a participar da Rede Brasileirinho, mas não recebem mais apoio financeiro ou pedagógico direto. Uma ação importante dessa rede tem sido a construção de um banco de dados com o cadastro das crianças e suas famílias. A proposta é acompanhar as crianças que deixam as creches e comprovar o impacto desse atendimento na sua vida futura.

Até janeiro de 2006, o programa atendeu 1.614 crianças de 0 a 4 anos, além de 111 educadoras e 20 gestores de creches. Também beneficiou cerca de 600 voluntários e aproximadamente 250 famílias. Um dos resultados mais importantes, comemorado pelo projeto, é encontrar crianças mais alegres, felizes, concentradas nas atividades, que apresentam maior desenvolvimento motor e lingüístico, e estão emocionalmente mais equilibradas.

Para a equipe do programa está claro que garantir uma oportunidade de desenvolvi-mento pleno desde a primeira fase da vida pode ser o início de uma grande transfor-mação, tanto para a criança e sua família quanto para a sociedade como um todo.

“A comunidade participa, buscando construir uma nova cidadania para aqueles que estão vivendo o primeiro ciclo de suas vidas. Dentro de uma

perspectiva ética de resistência, a idéia é garantir o cuidado e a brincadeira para a realização de um sonho de que um dia aquela realidade vai melhorar.”

Maria Stela Graciana, consultora do Prêmio Criança 2006

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“Imagina uma pessoa sem esperança. Era eu, bem pior. Minha filha internada, quase morrendo e eu sem reagir. Do hospital, vim parar aqui e tudo mudou. Aqui tinha gente para me ver, me ouvir. Nunca tive nem o sonho de ter uma profissão. Minha casa tinha buraco grande assim, do chão saía cada lacraia desse tamanho, passava rato e eu morria de medo. Hoje minha filha já não tem perigo de morrer. Eu virei cabeleireira e atendo na sala da minha casa... ganhei tudo para começar o meu salão, ganho o meu dinheiro e não preciso pagar ninguém para olhar os meninos.”

Esse relato de uma mãe de 30 anos e quatro filhos mostra o grau de transformação alcançado pelo Projeto Reestruturação Familiar, da Associação Saúde Criança Renascer, sediada na capital carioca. Sua filha é uma das quase 8 mil crianças já atendidas pelo projeto, desde seu lançamento em 1991, quando nasceu a instituição. Antes de o projeto existir, as crianças internadas no Hospital da Lagoa — centro pediátrico de referência no Estado — se recuperavam, tinham tratamento e alimentação adequados, mas ao receberem alta voltavam à situação de miséria

na qual haviam adoecido. Sem fonte de renda ou qualificação profissional, a grande maioria dos familiares não conseguia zelar pela continuidade do tratamento dos filhos. Sem alimentação, cuidados, medicação e ambiente adequado, as crianças voltavam a adoecer em casa e, pouco tempo depois, necessitavam ser internadas novamente, em um processo que tornava sua saúde ainda mais frágil.

Era, portanto, mais do que urgente romper esse ciclo vicioso de miséria, doença, internação, reinternação e morte das crianças. Assim surgiu a Associação Renascer e o Projeto Reestruturação Familiar.

No início, a principal ação do projeto era doar remédios e alimentos para as famílias, mas logo se percebeu que era necessário um apoio mais ousado. Ficou claro que, para melhorar a saúde de quem vive abaixo da linha da pobreza, era preciso mudar a condição de vida dessas pessoas. A iniciativa começou, então, a estruturar cinco frentes de ação — Saúde, Renda Familiar, Moradia, Educação e Cidadania – que permitissem à família conquistar uma nova situação de vida.

Ao romper o ciclo vicioso de miséria,

doença e internação, o Projeto Reestruturação

Familiar, realizado na capital carioca, permite que as crianças e suas famílias “renasçam”,

com maior oportunidade de desenvolvimento.

Prontos para viverReestruturação Familiar - Associação Saúde Criança Renascer

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Dados Gerais

Iniciativa: Reestruturação FamiliarLocal de atuação: Associação Saúde Criança Renascer – Rio de Janeiro (Rede Saúde Criança: Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Santa Catarina)Organização: Associação Saúde Criança Renascer

Público atendido pela iniciativa em 20050-1 ano: 156 2-3 anos: 187 4-6 anos: 234 Famílias: 363

Principais parceiros da organizaçãoUnimedQueiroz GalvãoWhite Martins/PraxairJohnson &JohnsonInstituto KinderL’OréalAvinaAshokaSchwab Skoll FoundationPadrinhosSócios

Principais parceiros da iniciativaWhite Martins/PraxairUnimedQueiroz GalvãoInstituto KinderJohnson&Johnson

Associação Saúde Criança RenascerR Jardim Botânico, 86Jardim BotânicoRio de Janeiro - RJCep: 22461-000Tel/Fax: (21) 2266-1446E-mail: [email protected]: www.criancarenascer.org.br

A média mensal de famílias em atendi-mento é de 240. A maioria delas é chefiada por mulheres de baixa escolaridade e com uma média de quatro filhos, moradoras de grandes áreas de pobreza da região metropolitana do Rio de Janeiro. A primeira experiência já motivou o surgimento de outros 16 núcleos da Rede Renascer, ligados a hospitais públicos da cidade do Rio de Janeiro e de outras cidades do país, integrando um público beneficiado de cerca de 20 mil pessoas.

No Hospital da Lagoa, o trabalho começa dentro da ala de Pediatria, numa sala de recreação. Uma equipe multidisciplinar formada por profissionais do hospital, do projeto e voluntários identifica quais famílias precisam de apoio para garantir plena recuperação de suas crianças após a alta.

As famílias selecionadas são recebidas na sede da instituição, que é vizinha do hospital. A partir de uma primeira entrevista, seguida de uma visita domiciliar, são detectadas as ações necessárias à sua reorganização.

De acordo com a situação, a família pode receber atendimento psicológico, psiquiátrico, nutricional ou jurídico, que acontece na própria sede da instituição. Se necessário, medicamentos, cestas básicas ou vale-transporte são doados. Há também orientação sobre documentação, bem como apoio para matrícula da criança em escola ou creche. No mesmo bairro, é mantida a Casa das Oficinas, que oferece alternativas para a profissionalização de mães, pais ou outros

adultos responsáveis pelo cuidado com as crianças. Há, por exemplo, um salão-escola de beleza, uma cozinha industrial e cursos de artesanato. Pronta para desenvolver um ofício rentável, a família é apoiada com a doação de equipamentos de trabalho, como máquinas de costura, batedeiras ou instrumentos de marcenaria e elétrica.

Para completar, a casa da família pode ser reformada com ajuda do projeto. Muitas vezes, as infiltrações na parede, o chão de terra ou a precariedade do banheiro comprometem a saúde dos moradores e a recuperação da criança. Nesses casos, é feita a reforma necessária para garantir condições mínimas de salubridade na moradia.Mês a mês, cada história é acompanhada pela equipe da Renascer. O processo costuma durar um ano, podendo ser alongado, prin-cipalmente nos casos de doenças crônicas graves. Todas as informações são lançadas, periodicamente, num banco de dados, e a mudança na vida daquela família é mensurada, então, ao final do atendimento.

Entre os resultados mais importantes do projeto está a diminuição do número de mortes entre as crianças atendidas, e o estado geral da saúde familiar melhorado. As reinternações foram reduzidas a níveis mínimos, e todas as crianças aptas a freqüentar a escola estão estudando. Além disso, com os cursos profissionalizantes, a maior parte das famílias conseguiu aumentar a renda e se relacionar de forma mais harmoniosa. Dia a dia, as crianças renascem com as suas famílias.

“Surpreende a simplicidade das ações e o enorme impacto que há na vida das famílias gerando uma mudança nas condições de vida dessas crianças.”

Sandra Souza, visitadora do Prêmio Criança 2006

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Sair de casa, deixar os irmãos, os amigos, ir para a capital e enfrentar uma rotina de exames, medicamentos e consultas. Para os familiares e especialmente para as crianças, o tratamento de câncer costuma ser uma experiência de muitas dúvidas, medos e angústias. Desde 1995, a Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, situada na cidade de Natal (RN), busca ser um espaço de acolhida e apoio a meninos e meninas com câncer e também a seus familiares, contribuindo com a conquista de saúde, qualidade de vida e cidadania.

No decorrer dos anos, a equipe da Casa de Apoio começou a observar que muitas das crianças deixavam de estudar e até mesmo de brincar durante o tratamento. Algumas vezes, mesmo já recebendo autorização médica para voltar à escola e sua rotina, elas ficavam desmotivadas. A equipe percebeu também que a maioria das crianças com idade entre 0 e 6 anos apesar de estarem na época de freqüentar a educação infantil, nunca haviam ido a uma creche ou escola.

A inquietação dos profissionais da casa aumentava ao saber que o aprendizado, o estímulo, a brincadeira e a interação social constituem uma vivência essencial para a superação das dificuldades e garantia de bem-estar da criança em tratamento de saúde. Para garantir esse direito às crianças atendidas, em 1998, a Casa de Apoio criou a Sala de Apoio Pedagógico. O ponto de partida era um só: o tratamento não devia impedir que as crianças brincassem, estudassem e se relacionassem com outras meninas e meninos, ou seja, elas deviam ser estimuladas a seguir sua trajetória de desenvolvimento pleno.

Todas as crianças acolhidas pela instituição começaram, então, a freqüentar a Sala de Apoio. No começo de 2006, 520 crianças e adolescentes foram atendidos, sendo 97 com menos de 6 anos de idade. Quase 80% delas vêm do interior do semi-árido e são filhos de pequenos agricultores. Os demais são filhos de pais desempregados, moradores da capital. Ao todo, são atendi-dos meninos e meninas de 121 municípios do Rio Grande do Norte e Paraíba.

Durante todo o tratamento de câncer, a

Sala de Apoio Pedagógico, sediada em Natal (RN), garante que as crianças não deixem de brincar,

se relacionar e aprender. Para muitas delas,

vindas do semi-árido, é a primeira vivência de educação infantil.

Uma ponte com a escolaSala de Apoio Pedagógico - Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva

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Dados Gerais

Iniciativa: Sala de Apoio PedagógicoLocal de atuação: Estados da Paraíba e Rio Grande do NorteOrganização: Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva

Público atendido pela iniciativa em 20051-1 ano: 11 2-3 anos: 29 4-6 anos: 57Crianças e adolescentes de outra faixa etária: 531

Principais parceiros da organizaçãoInstituto Fal - OperatInstituto Ronald Mc Donald Rede Mais SupermercadoBanco do BrasilSter BomHotel ImiráShopping Via DiretaRota Mídia – Trampolim da Vitória

Principais parceiros da iniciativaSecretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Norte

Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva R Clementino Câmara, 234Barro VermelhoNatal – Rio Grande do NorteCep: 59030-330Tel: (84) 4006-1600Fax: (84) 4006-1601E-mail: [email protected]: www.caccdurvalpaiva.org.br

A Sala atende em média 15 crianças por dia. As atividades — planejadas para as várias faixas etárias — acontecem de segunda à sexta-feira, no período da tarde, uma vez que na parte da manhã as crianças estão em tratamento.

De segunda à quarta, a proposta se parece com a rotina de uma escola de educação infantil. São utilizados projetos temáticos, com atividades de recorte e colagem, oficinas com sucata, rodas de histórias, leitura e escri-ta, filmes, jogos teatrais, jogos educativos e informática. O trabalho envolve a expressão corporal, a linguagem oral e a escrita, além do raciocínio lógico-matemático.

Na quinta-feira, acontece o Passeio Terapia: um momento de descontração e aprendizado, em que as crianças e seus familiares saem do ambiente hospitalar e visitam museus, parques, shoppings, teatros, escolas, entre outros espaços da cidade. Na sexta-feira, participam do ensaio do coral, desenvolvido em parceria com outra organização local. O impacto do trabalho vai então se revelando em

diferentes conquistas diárias. Pela primeira vez, muitas crianças pegam um livro e conseguem ler uma história. Outras que eram extremamente retraídas começam a expressar sua opinião sem medo de errar. Crianças que eram agressivas se mostram carinhosas e prestativas, e algumas passam a ter atitudes positivas e a refletir sobre o outro.

A equipe comemora que o envolvimento das crianças em uma realidade de aprendizado e socialização permite que elas se desliguem da doença e criem a perspectiva de que possuem uma rotina de estímulo de seus potenciais. Na Sala de Apoio, elas se divertem, elaboram saberes e competências e estabelecem vínculos afetivos com outras crianças e adultos. Para completar a proposta e facilitar o acompanhamento e a reinserção na rotina escolar após a alta, a equipe da Sala de Apoio Pedagógico firma parcerias com as escolas em que as crianças estão matriculadas. Ao construir uma ponte com a escola, a iniciativa aponta o caminho de uma educação repleta de vida.

“O trabalho se apóia numa concepção de educação que abre horizontes e transforma uma realidade, onde as crianças são de fato incluídas

e incentivadas à inserção na escola formal.”

Emília Cipriano, visitadora do Prêmio Criança 2006

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Experiênciassistematizadas

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Publicações do Prêmio Criança

Comunidade Lua NovaUma Experiência de Acolhimento a Jovens Mães em Situação de Risco Social

A organização Lua Nova, de Araçoiaba da Serra, interior de São Paulo, venceu o Prêmio Criança 2002 na categoria Convivência Familiar e Comunitária. A iniciativa apóia adolescentes grávidas em situação de risco e lhes garante condições de viver com seus filhos provisoriamen-te até conseguirem criá-los com autonomia. Uma vez acolhidos, mães e filhos participam de um trabalho que resgata seus vínculos, salvaguarda a integridade física e psíquica de ambos e proporciona geração de renda para que as beneficiadas possam reformular suas vidas e assumir seus filhos.

Muito Além da CadeiraA Experiência de Humanização Hospitalar do Programa Família Participante do Hospital Pequeno Príncipe

O índice de reinternação de crianças diminuído pela metade é apenas um dosresultados mais visíveis do Programa Família Participante do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba, Paraná. O princípio do programa é simples: fazer valer o artigo 12 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que define que “os estabelecimentos de atendimento à saúde deve-rão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsá-vel, nos casos de internação da criança e do ado-lescente”. A experiência venceu o Prêmio Criança 2002 na categoria Saúde da mãe e do bebê.

A Colheita da Fazenda Escola FundamarUma Experiência Premiada de Educação Infantil no Campo

Na Escola Fundamar, localizada em uma fazenda em Paraguaçu. Minas Gerais, as salas de aula são específicas para cada série e, fora do horário das aulas, as crianças podem participar de oficinas de informática e artes, entre outras. Recebendo educação em período integral, os pequenos ficam livres da necessidade de acompanhar seus pais no trabalho da roça. O transporte até a escola é garantido por ônibus, que buscam alunos de bairros rurais, fazendas e outros dois distritos localizados nas periferias da região. O material didático é criado pelas próprias crianças e adaptado à realidade de suas vidas. A iniciativa foi vencedora do Prêmio Criança 2002 na categoria Educação Infantil.

O Fim da OmissãoA Implementação de Pólos de Prevenção à Violência Doméstica

A experiência do Centro de Referência às Vítimas da Violência, do Instituto SedesSapientiae, de São Paulo, venceu o Prêmio Criança 2002 na categoria Violência Doméstica. Seu trabalho é implementar “pólos de prevenção à violência”: centros de atendimento à comunidade, que participa de atividades como oficinas, palestras, debates e fóruns. Os pólos representam uma nova forma de enfrentamento do fenômeno da violência doméstica contra crianças e adolescentes, baseada fundamentalmente na prevenção.

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Publicações do Prêmio Criança

Bons Ventos no Semi-ÁridoA experiência da ONG Catavento Comunicação e Educação Ambiental na mobilização de radialistas do interior cearense pelos direitos da primeira infância

A publicação é fruto da sistematização da experiência Comunicando Saberes,Realizando Sonhos: o Rádio no Fortalecimento das Competências Familiares, da ONG Catavento Comunicação e Educação Ambiental, de Fortaleza, Ceará. Vencedora do Prêmio Criança 2004 na categoria Saúde do Bebê, da Gestante e da Criança, a organização dedica-se à mobilização de radialistas da região do semi-árido cearense para que incluam, nas programações de suas emissoras, conteúdos so-bre a importância das “competências familiares” na vida da criança de 0 a 6 anos. Um dos frutos mais importantes desse trabalho é o programa Conversa em Família, produzido a partir de conversas com as famílias do semi-árido.

A Infância no Centro da RodaUm programa de formação para educadores infantis integrado ao desenvolvimento comunitário rural

Coordenado pelo Fundo Cristão para Crianças, de Belo Horizonte, Minas Gerais, o Programa de Formação em Serviço para Educadores Infantis das Associações Comunitárias Rurais do Vale do Jequitinhonha venceu o Prêmio Criança 2004 na categoria Educação Infantil. Por meio de atividades como o compartilhamento de experiências e o relato de práticas, a iniciativa revoluciona a visão de educação infantil entre educadores de creches do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Os resultados da experiência vão desde a mudança da prática dos educadores, passando pela renovação das creches, pelo resgate de brincadeiras e tradições locais, até a transformação do olhar dos pais sobre seus filhos.

Compartilhando a Arte de BrincarA experiência do Espaço Compartilharte no fortalecimento da convivência comunitária

Pelo Programa Compartilhando a Arte de Brincar, o Espaço Compartilharte recebeu o Prêmio Criança 2004 na categoria Convivência Comunitária. A iniciativa atua em Canoas, zona rural de Teresópolis, Rio de Janeiro, incorporando à vida da comunidade local a arte, a cultura e a brincadeira, em um contexto de escassez quase total de espaços e oportunidades para o exercício destes direitos fundamentais da criança. O destaque da experiência é o envolvimento de toda a comunidade - crianças, famílias e moradores da comunidade, professores, educadores populares, profissionais e voluntários da educação - em atividades que ensinam novas formas de brincar e conviver. Um dos resultados mais interessantes do programa é a mudança de postura dos adultos. Eles redescobrem a brincadeira e passam a enxergá-la como estratégia fundamental para o desenvolvimento de seus filhos.

De Volta pra CasaA experiência da Casa Novella no fortalecimento da convivência familiar

No Jardim Felicidade, em Belo Horizonte (MG), o direito à convivência familiar é garantido de maneira completa. Começa com o apoio às famílias, para que as crianças não precisem ser tiradas de casa. Continua com o resgate do vínculo familiar, quando elas são excepcionalmente abrigadas. E permanece com o acompanhamento da família, após a volta das crianças para casa. Este é o resumo do trabalho realizado pela Casa de Acolhida Novella, vencedor do Prêmio Criança 2004 na categoria Convivência Familiar. O sucesso do programa está em inverter a lógica clássica do abrigamento. Do alerta sobre a situação de risco, passando pela confirmação da agressão e a necessidade de abrigamento da criança, até o retorno para sua casa, a família é o tempo todo envolvida, ouvida e apoiada.

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Linha do tempo1989 - 2004

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1991

19921993 1994

1990

Ana Vasconcelos, da Casa de Passagem de Pernambuco (PE); Benedito Rodrigues dos Santos, do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (DF); Associação Santa Theresinha (SP) e Programa Rá-Tim-Bum, da TV Cultura (SP).

Federação Nacional dos Jornalistas (DF); Escola do Quero-Quero (SP); Maternidade-Escola Vila Nova Cachoeirinha (SP) e Júlio Gouveia (in memoriam) e Tatiana Belinky (SP).

Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (DF); Projeto Casa Vida (SP); Fundação Clube de Diretores Lojistas de Amparo ao Menor (BH) e Maria Clara Machado (RJ).

Projeto Pescar, da Empresa Linck S/A (RS); Projeto Brincar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ); Irmã Angela Mary (SP) e Lúcio José Siqueira, da Fundação Laura de Andrade (MG).

Herbert de Souza – Betinho (RJ); Projeto Axé (BA); Instituto C&A de Desenvolvimento Social (SP); Hélio de Oliveira Santos, dos Centros Regionais de Atendimento a Crianças Vítimas de Violência Doméstica (SP).

1989

Contemplados com o Prêmio Criança 1989 - 2004

Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef (DF); Pastoral do Menor, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (DF); Secretaria do Menor do Governo do Estado de São Paulo (SP) e Sociedade Brasileira de Pediatria (RJ).

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1995

1996

1997

1998

1999

2000

2002

Centro de Referência Integral de Adolescentes - CRIA (BA); Centro Regional de Atenção aos Maus-Tratos na Infância do ABCD - CRAMI (SP); Conselho de Monitoramento para Erradicação do Trabalho Infantil no Garimpo Bom Futuro (RO) e Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE (RJ).

Associação Comunitária Monte Azul (SP); Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Padre Marcos Passerini (MA); Projeto Nascer em Curitiba Vale a Vida, da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba (PR) e Luiz Carlos de Barros Figueiredo, da 2a Vara da Infância e Adolescência do Recife (PE).

Associação de Assistência à Criança Defeituosa – AACD (SP); Agência de Notícias dos Direitos da Infância – ANDI (DF); Pacto de Minas pela Educação (MG) e Instituto de Prevenção à Desnutrição e à Excepcionalidade - Iprede (CE).

Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual - Laramara (SP); Programa Carretel de Invenções (MG); Fundação Projeto Sorria (MG) e Sebastião Rocha (ES).

Escola de Dança e Integração Social para Crianças e Adolescentes – Edisca (CE); Doutores da Alegria (SP); Projeto O Ouvidor Mirim, da Ouvidoria Geral do Estado do Paraná (PR) e Renè Schärer (CE).

2004

Centro de Referência às Vítimas de Violência - CNRVV, do Instituto Sedes Sapientiae (SP); Programa de Educação Infantil, da Fundação 18 de Março - Fundamar (MG); Programa de Atenção a Mães e Filhos, da Associação Lua Nova (SP) e Programa Família Participante, do Hospital Pequeno Príncipe (PR).

Programa Comunicando Saberes, Realizando Sonhos, do Catavento Comunicação e Educação Ambiental (CE); Programa de Formação para Educadores Infantis do Vale do Jequetinhonha, do Fundo Cristão para Crianças (MG); Programa de Prevenção do Abandono, Acolhida e Reinserção Familiar da Criança em Situação de Risco, da Casa de Acolhida Novella (MG) e Programa Compartilhando a Arte de Brincar, do Espaço Compartilharte (RJ).

Comitê para Democratização da Informática – CDI (RJ); Fundo Paulista de Defesa da Citricultura (SP); Projeto Quixote (SP) e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime (DF).

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Realização

Equipe responsável pelo processo seletivo

SuperintendênciaSandra Amaral Faria

Área de Direito à Proteção Integral

GerênciaRosemary Ferreira de Souza Pereira

CoordenaçãoJosé Carlos Bimbatte Júnior

EquipeDaniela Queiroz LinoPriscila de Andrade Fernandes

Comitê TécnicoAdriana FriedmanCecília V. Holland Cláudia Mascarenhas Fernandes Daphne Rattner Daniel Klotzel Edna Antonia de MatosEmília CiprianoHalim GiradeJane dos SantosLídia Izecson de Carvalho Magnólia Gripp BastosMaria de Lourdes Trassi TeixeiraMaria Lúcia Carr GulassaMaria Stela Santos GracianiPaulo Rogério GalloSandra Regina de SouzaSilvia Gomara DaffreRachel GevertzTania Amares BuenoVera Lion

Pareceristas 1ª etapaCélia Terumi SandaEloísa De BlassisMaria Cristina RochaMarina de Nazareth PompéiaNazira ArbacheSonia LondonVanda Noventa Vera Dobbeck

Visitas TécnicasAbigail Torres SilvestreCláudia Mascarenhas FernandesDaniela Queiroz LinoEdna Antonia de MatosEmília CiprianoJosé Carlos Bimbatte JuniorMaria Lúcia Carr GulassaMaria Stela Santos GracianiPriscila de Andrade FernandesRaul de CarvalhoRosemary Ferreira de Souza PereiraSandra Regina de SouzaSilvia Gomara Daffre

Comitê JulgadorFrancisca Maria Oliveira Andrade – UNICEFJosé Eduardo Elias Romão – CONANDAMagnólia Gripp Bastos – Conselho Consultivo Fundação Abrinq Maria Ignês Bierrenbach – Conselho Administrativo Fundação AbrinqRegina Helena Scripilliti Velloso - Conselho Administrativo Fundação AbrinqSandra Amaral Faria – Superintendente Fundação AbrinqSilvia Daffre – Conselho Consultivo Fundação AbrinqVanda Pitta – Representante Banco Santander Banespa – patrocinador

Prêmio Criança 2006 – A primeira infância vem primeiro é uma publicação da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente distribuída gratuitamente aos seus associados, contribuintes, apoiadores e parceiros, como também aos participantes da premiação.

São Paulo, novembro de 2006.

RedaçãoImmaculada Lopez

Edição e produçãoFernanda Favaro e Solange Tassotti

RevisãoVerba Editorial

FotografiaCapa, Estatueta e Aberturas - Pedro RubensIniciativas - Arquivo das Organizações

Projeto e produção gráficaPriscila Hlodan

ImpressãoAWA Gráfica, Editora e Logística

Os textos sobre as iniciativas foram elaborados a partir das informações apresentadas pelas próprias organizações, bem como dos pareceres técnicos e relatórios de visitas realizados durante o processo seletivo. As imagens publicadas foram cedidas pelas organizações.

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Av. Santo Amaro, 1386 - 1º andar 04506-001 São Paulo/SP

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