Prémio, Edição de Março, 2010

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PRÉMIO MARÇO DE 2010 • ANO VII • DIRECTOR ÁLVARO MENDONÇA ENERGIA EDP RENOVÁVEIS a empresa dirigida por ana maria fernandes já está presente em 10 países e estuda a entrada em novos mercados cocan taça africana das nações orange angola 2010 congresso advogados lusófonos reúnem-se em lisboa Entrevista Manuel Lemos PRESIDENTE DA UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS bcp Millennium bcp dribla a crise inapa Grupo liderado por José Morgado no PSI 20

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EDPRENOVÁVEISa empresa dirigida por ana maria fernandes já está presente em 10 países e estuda a entrada em novos mercados

cocan taça africana das nações orange angola 2010

congresso advogados lusófonos reúnem-se em lisboa

Entrevista

Manuel Lemos PRESIDENTE DA UNIÃO

DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS

bcp

Millennium bcpdribla a crise

inapa

Grupo liderado por José Morgado no PSI 20

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Março 2010 » PRÉMIO » 3

SUMÁRIO CAPAA empresa liderada por Ana Maria Fernandes está a estudar a entrada em novas geografias.

FICHATÉCNICA

MARÇO2010

DIRECTOR Álvaro MendonçaIMPRESSÃO SIG- Sociedade Indústrial Gráfica, LdaPROPRIEDADE Just Leader, SA

CONTRIBUINTE 506 567 516CRC LISBOA 13538-01REGISTO ICS 124 353

3 SUMÁRIO

4 EDITORIAL

6 OPINIÃO António Cunha Vaz

8 A ABRIR

12 EDP RENOVÁVEIS Gigante Eólico

conquista o mar

16 MILLENNIUM BCP Apresentação dos

resultados do 4.º trimestre de 2009

20 INAPA Grupo papeleiro

integra PSI 20

22 VISTA ALEGRE Uma marca com

185 anos de história

26 ONGOING A Heidrick &

Struggles aposta em Angola

30 APRENDER A EMPREENDER

Uma associação para fomentar o espírito empreendedor

32 EUPPORTUNITY Consultora em

assuntos europeus

34 URBANOS Eleita a Melhor

Empresa para Trabalhar

36 ECONOMIA Análise económica

40 OPINIÃO Lourenço Bray

42 MOÇAMBIQUE Turismo de

Moçambique com forte crescimento

50 CAN Taça Africana das

Nações Orange Angola 2010

54 OPINIÃO Ângelo Ramalho

56 UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS Uma missão com

meio milhar de anos

64 ANMP Fernando Ruas

reeleito

66 ADVOGADOS DE LÍNGUA PORTUGUESA I Congresso

Internacional em Lisboa

68 FÓRUM ADMINISTRADORES EMPRESAS

Orçamento de Estado em análise

72 CONFERÊNCIAS Palácio da Bolsa

recebe Gestores de Portugal em 2010

76 GILEAD Norbert

Bischofberger em entrevista

80 CENTROMARCA A força das marcas

84 FREEPORT Novo espaço

premium

86 HPP Saúde da Nova

Geração

88 CÁ DENTRO Montebelo

Aguieira Lake Resort & SPA

92 NOVA IORQUE A Cidade que

Nunca Dorme

98 AUTOMÓVEIS Para toda a família

104 TECNOLOGIAS Produtos Cisco

106 EXPOSIÇÃO Fundação Millennium bcp

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Editorial

4 » PRÉMIO » Março 2010

A VIA DO ATLÂNTICO

O Banco de Espanha prevê para este ano uma contracção de 0,5% da economia espanhola, o que exclui de vez a hipótese de criação de novos empregos e de uma retoma da actividade no país. Mais grave é o facto do défice das contas públicas

poder atingir os 9% do PIB e da dívida subir aos 67% do PIB.Num momento em que os mercados apostam na

“greciarização” da Península, antecipando uma eventual entrada de Espanha e Portugal em ruptura de pagamentos, as projecções do banco central espanhol agravam o já de si pessimista cenário de previsões do próprio governo espanhol.

A importância da economia espanhola para o crescimento do PIB português é enorme. A Espanha é o maior parceiro comercial de Portugal e a maior fonte de receitas do turismo. Uma parcela importante do sistema bancário português está nas mãos de capitais espanhóis e a dívida dos bancos portugueses com o exterior está, também ela, maioritariamente colocada junto de bancos espanhóis.

Segundo o FMI, por cada ponto a menos no crescimento do PIB espanhol, Portugal perde imediatamente 0,2 pontos. Ou seja, 20% do impacto espanhol. Num país onde desde o arranque do século o crescimento da Economia se discute pelas décimas, a quebra de qualquer ponto percentual representa um enorme desafio.

A juntar à dependência espanhola, Portugal tem ainda problemas estruturais que desgastam o seu crescimento: do gigantismo do aparelho do Estado à baixa produtividade e à fraca especialização da maioria das empresas privadas.

O que acaba por resultar num acumular de défice e de dívida públicos e num crescente endividamento perante o exterior.

Se neste contexto europeu e ibérico Portugal perde protagonismo, talvez seja o momento de relançar a questão do Atlantismo. Sendo o mais ocidental país da União Europeia e tendo relações históricas com países do Atlântico, talvez possa recentrar o foco dos seus interesses para o Brasil, Angola, Cabo Verde ou Moçambique. O Brasil é hoje reconhecido como uma potência económica mundial. Angola é a segunda maior economia de África e uma das que mais cresce no mundo. Moçambique está entre os países com maior potencial no futuro. Cabo Verde é uma plataforma central e estável, e com uma localização chave para servir de pivô nas ligações entre o Atlântico Sul, África e a Europa.

Portugal como o mais periférico dos países europeus, ou como o mais atlântico? Falta apenas optar.

Álvaro Mendonça

Se neste contexto europeu e ibérico Portugal perde protagonismo, talvez seja o momento de relançar a questão do Atlantismo.

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Opinião

6 » PRÉMIO » Março 2010

O PAÍS QUE SOMOS E O PAÍS QUE VIVEMOS

São dois os Países que se vivem em Portugal. O de glórias, assente num passado já distante, conquistado aos Espanhóis pela força de um Filho, reconquistado aos mesmos por razões de traições diversas, glorificado por espalhar a Fé e o

Império, quando disso era tempo e de tal feito advinham louros, amaldiçoado por iguais razões quando os tempos mudaram, Grande como poucos e culturalmente imenso como Camões, Pessoa, Torga, Eugénio de Andrade e, mais recentemente, Agustina ou Lobo Antunes. O do presente, policial, com escutas - tristemente falsas -, violações de segredos de justiça e outras, luvas, “crianças” das “jotas” promovidas a cargos públicos, ofensas ao bom nome de cidadãos na praça pública – servindo não se sabe que fins (ou, se calhar, sabe), julgamentos mediáticos, protagonismos policiais e do Ministério Público, de Juízes e Procuradores, de Assessores e adjuntos, corrupções e tráficos de influência, um país que se deixa enxovalhar por outros, que permite que certas gentes se riam de si ao abrigo de uma qualquer lei de extradição e se quedem no Reino Unido passeando-se de Bentley e concedendo entrevistas a televisões, que permite que outros se “ausentem” do País e regressem para uma condenação com pena suspensa, que deixa arguidos sair do seu território e ir até ao Reino Unido onde concedem entrevistas dizendo que só voltam se quiserem, o mesmo País em que os meios de comunicação social, na ânsia de venderem mais que o vizinho do lado, publicam o que quer que seja e impunemente, enfim, um país em que indivíduos que não passam recibos de dinheiros que lhes foram entregues para campanhas eleitorais se arvoram em defensores da moral pública, em que outros são os reconhecidos combatentes anti-corrupção, passando e fazendo passar uma esponja sobre

o seu passado de Governantes e, por último mas com muito maior relevância, um País – ou será um país – em que há coisas e pessoas que se compram e vendem ao desbarato por uns minutos de glória.

Escolha!! Mas escolha bem!! É que até agora tem escolhido sempre os mesmos. Sim, aqueles que intervaladamente nos chegam aos ecrãs a explicar como tudo deve ser feito para ser bem feito, esquecendo-se de que já lá estiveram antes e nada ou pouco fizeram.

Do nosso lado, como estamos no mercado, não podemos escolher. Comemos e calamos. Mas assumimos!

António Cunha Vaz, CEO da Cunha Vaz & Associados

Um país que se deixa enxovalhar por outros, que permite que certas gentes se riam de si ao abrigo de uma qualquer lei de extradição.

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- 70 mil clientes - 1 milhão de toneladas de papel distribuídas - 12 mil referências em stock - 1 bilião de euros de volume de negócios- 1500 colaboradores

| [email protected] | www.inapa.pt |

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8 » PRÉMIO » Março 2010

A abrir» BREVESMédis premeia investigação na área da SaúdeA Médis vai lançar o “Pré-mio Médis de Excelência em Investigação na Saúde”, o qual visa distinguir um trabalho de investigação em ciências da saúde, que contribua para o de-senvolvimento social e humano no domínio da saúde.

No valor de 25 mil euros e de carácter anual, o prémio vai distinguir a melhor obra intelectual, escrita e iné-dita, elabo-rada por um investigador ou por uma equipa de investiga-dores, de nacionalida-de portugue-sa ou que residam e exerçam a

sua actividade em Portugal. As candidaturas ao Prémio, que abrangem todas as áreas de investigação nas ciências da Saúde, podem ser apresentadas até ao próximo dia 31 de Março de 2010, sendo avaliadas em concurso por um júri presi-dido pelo Prof. Dr. João Lobo Antunes, membro do Conselho Médico da Médis.Com este Prémio, a Médis lan-ça aos investigadores o desafio de contribuírem para o desen-volvimento do empreendedoris-mo nacional na área da saúde e para o fomento do espírito de iniciativa neste sector.

Na UE-27 a parcela total do milho oscila entre 13 e 14 milhões de hectares em

função dos anos, em que 8 a 9 milhões de hectares são milho grão e 5 milhões

de hectares milho forrageiro.

Em 2009, a superfície total consagrada ao milho alcançou os 13.7 milhões de

hectares, em que 8.5 milhões de hectares de milho grão (62% do total), 5 mi-

lhões de hectares de milho forrageiro (36% do total), e respectivamente 144 000

hectares e 64 000 hectares para o milho semente e o milho doce.

Para 2010, as primeiras estimativas anunciam superfícies 2010 de milho com

um recuo de -2% (8.3 Mha) e superfícies de milho forrageiro estáveis (5.2 Mha),

o milho para semente regressa a um patamar de 97 a 103 000 ha pós uma

reconstituição de stocks.

A CULTURA COM MAIOR EXPRESSÃO NO REGADIO NACIONAL

O NÚMERO

Milho

O milho tem sido, ao longo dos últimos anos, a cultura arvense mais repre-sentativa da agricultura de regadio

nacional. No último quinquénio, semearam--se em média em Portugal cerca de 190.000

hectares, dos quais 135.000 hectares foram para grão e 55.000 mil hectares para silagem.

Numa altura em que o Alqueva vai dispo-nibilizando áreas infra-estruturadas para rega, a caminho dos 110.000 hectares previstos

14 milhões hectares

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em projecto, o milho afigura- -se como a única cultura capaz de, em extensão, vir a ocupar uma parte significativa dessa área. Também por esta razão, o milho assume particular im-portância no contexto da agri-cultura nacional.

Para além disto, as inúme-ras utilizações que actualmente podem ser dadas ao milho, tais como a silagem, ou no caso do

grão, os alimentos compostos para animais, a alimentação humana (amidos, gritz, farinhas, etc...) ou, mais recentemente, a produção de energias renováveis (bioetanol e biogás) e ma-teriais biodegradáveis (bioplásticos e fibras) fazem que esta cultura seja única na grande diversidade de aproveitamentos que lhe são dados.

Em termos económicos, o sector repre-senta em Portugal, no caso de milho grão, cerca de 110 milhões de euros e no caso da produção de leite (na qual a silagem de milho é a base da alimentação dos animais) perto de 750 milhões de euros (fonte FENALAC).

Em relação à estrutura comercial desta fileira, os Agrupamentos de Produtores asso-ciados da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS) representam uma parte muito significativa do volume de produção de milho em Portugal.

Em Portugal, semearam-se em média cerca de 190.000 ha de milho nos últimos 5 anos.

“Tenho uma perspectiva muito pessimista para Portugal” Vítor ConstâncioGovernador do Banco de Portugal

O GOVERNADOR do Banco de Portugal, Vítor Constân-cio, disse na conferência sobre “O Estado e a Com-petitividade da Economia”, organizada pela Antena 1 e pelo Negócios, que tem uma perspectiva “muito pessimista” sobre a evolu-ção próxima da economia portuguesa. Constâncio frisou que os ajustamentos que temos que fazer são de algum significado e que

não é fácil falar actualmente sobre a economia em geral. Adiantando ainda que “os bancos são os grandes deve-dores ao exterior”, já que têm uma dívida equivalente a 47,1% do PIB, determinan-do em 105,3% do PIB o total da dívida de Portugal ao exterior. Também algumas empresas não financeiras têm uma dívida com o exte-rior que representa 24,2% do PIB português, enquanto

as famílias têm um saldo positivo de 12 por cento. Relativamente ao endivida-mento, o governador Vítor Constâncio é de opinião que “temos que olhar para estas questões com frieza”, mas não partilha de um certo pânico que existe em alguns portugueses nesta matéria.

INDRA ESTABELECE PROTOCOLO COM A AGEFE

A Indra em Portugal, uma das principais multinacionais de TI da Europa, e a AGEFE (Associação Empresarial dos Sectores Eléctrico, Electrodoméstico, Fotográfico e

Electrónico) celebraram um protocolo de colaboração que tem como objectivo dinamizar a utilização da factura electrónica no sector de material eléctrico, elec-

trónico, electrodomésticos e fotografia em Portugal.A celebração deste protocolo para a dinami-zação da factura electrónica vem na conti-nuidade da relação comercial existente entre a Indra e a AGEFE desde 2001 e do conjunto de serviços que a Indra já presta a esta as-sociação e à sua comunidade associativa na área do EDI – intercâmbio electrónico de do-cumentos e dados e catálogos electrónicos, os quais facilitam e normalizam a comunica-ção entre fabricantes e grossistas tornando mais eficaz a sua cadeia de fornecimento.Na opinião destes responsáveis, a adopção da factura electrónica induz uma enorme eficiência nas organizações, com um forte impacto não só entre os intervenientes que a implementam mas também a um nível macroeconómico, atendendo aos ganhos de produtividade que proporciona.

O MILHO NA UE EM 2009

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10 » PRÉMIO » Março 2010

A abrir» BREVESBarril Sagres 5 Lts eleito Produto do AnoO Barril Sagres 5 Lts. acaba de ser foi distinguido como um dos produtos mais inovadores do mercado pelos consumido-res, na 6.ª edição do Grande Prémio de Marketing Inovação “Produto do Ano”, na categoria de Cervejas Especiais. Num total de 44 categorias foram escolhidos os produtos mais inovadores em cada uma das categorias, que vão poder utilizar o logótipo “Produto do Ano” durante um ano.O Barril Sagres 5 Lts. possui um sistema inovador, sendo fácil de transportar e prático de utilizar, dado que não necessita de máquina. Para além disso, permite servir cerca de 25 copos de cerveja Sagres à pres-são, com a mesma qualidade e sabor de uma cerveja de pres-são tradicional, sendo para isso apenas necessário refrigerar durante cerca de 10 horas antes de servir. Esta embalagem ino-vadora é descartável e cumpre todos os requisitos ambientais e de segurança.

A Centromarca, Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, acaba de nomear João Paulo Girbal para as funções de presi-dente da direcção. João Paulo Girbal foi director-geral da Microsoft

Portugal durante cinco anos, empresa na qual trabalhou durante de-zasseis anos, entre Portugal, os Estados Unidos e a Europa Ocidental.

Fundada em 1994, a Centromarca é uma associação empresarial que define a sua missão como “criar para as marcas um ambiente de concorrência leal e intensa que encoraje a inovação e que garanta um máximo de valor para os consumidores”. Actualmente é constituída

por 54 associados – empresas detentoras de cerca de 800 mar-cas de produtos de grande consumo – que têm um volume de vendas em Portugal da ordem dos 6000 milhões de euros (aproximadamente 4% do PIB nacional) e que são responsáveis por investimentos em comunicação comer-cial da ordem dos 1000 milhões de euros.

“Acredito que é através da inovação que as empresas entregam valor aos consumidores e que a sociedade evolui. A Centromarca é um instrumento ao serviço dos consumidores portugueses, garantindo que existe variedade na escolha, qualidade e inovação nos produtos, através da defesa das Marcas Originais, e com isso contri-

buindo para o desenvolvimento equilibrado da economia nacional. É com esta convicção que abraço este projecto

e procurarei assegurar que a estratégia iniciada pela direc-ção da Centromarca em anos anteriores ganhe a necessária

dimensão e sirva, cada vez mais e melhor os interesses dos consumidores”, afirma João Paulo Girbal.

A Pinhal da Torre, produtora de vinhos da região do Tejo, iniciou a sua expansão para o continente africa-no, entrando em Janeiro deste ano nos mercados de Angola e Cabo Verde. Esta decisão na estratégia de internacionalização dos vinhos da Pinhal da Torre está relacionada com as oportunidades de mercado existentes em Angola e Cabo Verde, às quais se somam os laços de amizade entre os dois países africanos e Portugal e a elevada presença de portugueses em ambos os países.

A Pinhal da Torre optou por uma estratégia de dis-tribuição que conseguisse abarcar geograficamente várias cidades, abrangendo o canal Horeca (hotéis, restaurantes e cafés) e também a distribuição moder-na em ambos os países.Desta forma, desde Janeiro de 2010, pode encontrar--se nestes mercados desde o vinho do dia-a-dia - “Nova Safra” -, vinhos Premium - “2 Worlds” -, e também vinhos Prestige - “Quinta do Alqueve Touri-ga Nacional + Syrah”.

O Millennium bcp doou um acervo documental à Biblioteca Central de Estudos Africanos do ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa), composto por diversas colecções de obras nacionais e estrangeiras relativas ao período

colonial português. Este acervo retrata um período muito rico da história de Portugal e de África, numa viagem documental por países como Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné e São Tomé e Príncipe.

JOÃO PAULO GIRBAL NOMEADO PRESIDENTE DA CENTROMARCA

João Paulo Girbal, novo presidente da Centromarca

VINHOS PINHAL DA TORRE EM ANGOLA E CABO VERDE

MILLENNIUM BCP DOA ACERVO DOCUMENTAL AO ISCTE

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Março 2010 » PRÉMIO » 11

A AMADEUS, líder global

em soluções de tecnologia e

distribuição para a indústria de

viagens e turismo, tem vindo a

desenvolver diversos estudos

de interesse para o sector. O

mais recente tem por base

uma pesquisa feita a 2.719

profissionais de viagens e 30

líderes de opinião e executivos

sénior de empresas, como a

Kayak e a Qatar Airways. O

relatório avança a descoberta

de um novo tipo de passageiro,

o “Amateur-Expert Traveller”,

que vai ajudar a mudar a

indústria de viagens na época

da pós-recessão. As conclusões

do estudo referem três

desenvolvimentos significativos.

Uma grande percentagem dos

profissionais de negócio (73%)

acredita que os “Amateur-Expert

Travellers” vão criar novas

oportunidades para as viagens

de negócios. Mais de metade dos

inquiridos (62%) consideram

que a experiência de viagem

está preparada para a inovação

tecnológica. Os entrevistados

identificaram turismo de

aventura (83%), religioso (55%)

e casamentos

(45%) como as

principais

áreas de

crescimento

para férias

de nicho.

AMADEUS APRESENTA

“AMATEUR-EXPERT TRAVELLER”

GRUPO INSPIRA INAUGURA HOTEL EM PORTUGAL

O GRUPO INSPIRA, em conjunto com a Cisco, acabou de inaugurar um hotel tecnológico em Portugal, o Inspira San-ta Marta Hotel, em Lisboa. As soluções da Cisco foram implementadas com vista a criar uma maior sustentabili-dade, quer em termos de redução de custos quer na simplicidade da gestão/manutenção dos sistemas tecnológicos.O conceito de “Hotelaria Sustentável” que o Grupo Inspira está a desenvolver, que vai desde o uso de matéria-prima, à disponibilização de produtos amigos do ambiente e do uso da tecnologia de ponta da Cisco, introduz um novo con-ceito de fazer Hotelaria e de se tornar líder em sustentabilidade ambiental no seu sector.As soluções Cisco, que visam a redução das diversas redes de telecomunicações numa única rede IP para todo o hotel, com possibilidade de suportar vários serviços (telefonia, PMS, acesso inter-net, video-on-demand, vídeo-vigilância, gestão técnica, etc.) traduzem-se numa diminuição de custos significativa na aquisição da tecnologia e nos custos de gestão e manutenção que serão impu-tados ao longo da operação.

EUGENIO PRIETO ASSUME LIDERANÇA EM PORTUGAL E ESPANHA

A.T. Kearney

Eugenio Prieto, vice-presidente da A.T. Kearney e membro do Comité Europeu da consultora, assume agora a liderança da A.T. Kearney Portugal e Espanha.O actual vice-presidente e managing partner da A.T. Kearney para os escritórios da consultora na Península Ibérica, João Rodrigues Pena, deixa as suas funções em Portugal e Espanha e no Comité Europeu da consultora, para abraçar um novo desafio profissional. O novo managing partner, Eugenio Prieto, é licenciado em Engenharia Civil pela Universidade Politécnica de Madrid e possui um MBA pelo Instituto de Empresa. Conta

com mais de 18 anos de experiência em consultoria, com uma forte especialização funcional em Desenvolvimento Estratégico e Organizacional, Transformação Empresarial e Gestão de Mudança. Eugenio Prieto detém uma longa e intensa actividade em Portugal, aconselhando pessoalmente várias empresas nacionais de referência.

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Tema de capa

12 » PRÉMIO » Março 2010

O GIGANTE EÓLICO CONQUISTA O MAR

EDP RENOVÁVEIS

Num ano marcado desfavorável para os negócios, a EDP Renováveis (EDPR) manteve a sua estratégia de cresci-mento, reforçando a sua capacidade instalada bruta em 23%, para 6,2 Gigawatt (GW), o que representa uma im-pressionante taxa composta de crescimento anual supe-

rior a 40% desde 2006. Os projectos em carteira aumentaram 3,9 GW, para 32,1 GW, dos

quais 739 MW estão já em construção. O valor total de investimento em 2009 somou 1846 milhões de euros, dos quais 826 milhões (45%) foram canalizados para projectos nos EUA e 1020 milhões (55%) para a Europa.

A terceira maior produtora de energia eólica do mundo continua a equilibrar o seu portfólio de activos em regiões e em enquadramentos reguladores que permitem a maior eficiência de crescimento e de per-formance, tal como se pode observar na aquisição de projectos e ac-tivos no Brasil e nos EUA. Já este ano, a EDPR anunciou novos projectos em Itália e num parque eólico offshore do Reino Unido, com capacidade de 1,3 GW, em parceria com a SeaEnergy.

A produção de electricidade subiu 40%, para 10,9 Gigawatt hour (GWh), dos quais 54% tiveram origem nos EUA, 30% em Espanha e 16% em Portugal. A EDPR manteve uma estra-

Indiferente à crise mundial, a EDP Renováveis registou ao longo do ano passado um crescimento a dois dígitos na sua actividade e nos seus resultados operacionais. A empresa liderada por Ana Maria Fernandes já está presente em 10 países e estuda a entrada em novas geografias.

tégia focada na assinatura de contratos de longo prazo, que permitem estabilizar os preços e facilitam o planeamento financeiro e operacional da empresa.

Contrato em eolo-dólaresUm bom exemplo da estratégia é o contrato de venda de energia – Power Purchase Agreement (PPA) – assinado recentemente com a Tennessee Valley Authority (TVA). Em meados de Fevereiro, a EDPR, através da sua subsidiária americana Horizon Wind Energy, fechou com a TVA um con-trato a 20 anos para a venda de 115 Megawatt (MW) de energia eólica, da primeira fase do parque eólico de Pioneer Prairie, no Iowa. A TVA é uma empresa estatal dos EUA que fornece electricidade a 156 distribuidores locais de energia, servindo nove milhões de habitantes em sete Es-tados da região sudeste do país, a preços abaixo da média na-cional. O Pioneer Prairie Wind Farm estende-se ao longo da fronteira do Iowa com o Estado do Minnesota, nos condados de Howard e Mitchell, e tem uma capacidade instalada de 300 MW, ge-rando energia suficiente para o con-sumo anual de 90 mil lares.

A EDPR registo

u uma taxa compos

ta de

crescim

ento anual su

perior a

40% des

de 2006.

“Estamos muito satis-feitos por este negócio marcar o

nosso primeiro PPA com a TVA”, refe-riu na altura Ana Maria Fernandes, a CEO da

EDPR“. “Assinámos uma parceria duradoura com a TVA para o fornecimento dos seus clientes com a ener-

gia não poluente resultante do vento”. A EDP Renewables Nor-th America, através da subsidiária Horizon Wind Energy, tem ainda em vigor um PPA para a venda de 102,3 MW de energia

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Março 2010 » PRÉMIO » 13

renovável, da segunda fase da Pioneer Prairie Wind Farm

à AmerenUE.Com mais de 20 escritórios e 22 par-

ques eólicos nos Estados Unidos, a EDP Re-newables North America desenvolveu parques com

uma capacidade superior a 3.400 MW e dispõe de uma operação corrente de 2.800 MW.

A promessa italianaEm Janeiro, a EDPR adquiriu uma participação accio-nista de 85% na ItalianWind srl, empresa do grupo Co-Ver, um conglomerado industrial situado no norte de Itália, juntando assim ao seu portfólio de projectos eólicos 520 MW no mercado italiano. Estes projectos encontram-se em diferentes estados de desenvolvimen-to e situam-se em localizações com bom recurso eólico. A eléctrica portuguesa pagou 12 milhões de euros pela participação accionista, prevendo-se o ajuste do preço mediante posteriores sucess fees, condicionados à obten-ção de determinados objectivos previamente definidos.

Com esta operação, a EDPR adquiriu um pipeline de valor acrescentado em Itália e incorporou uma equipa

com um elevado conhecimento do mercado italiano de energias renováveis, bem como com uma experiência

acumulada no desenvolvimento e construção de projectos com uma capacidade de cerca de 125 MW.

A entrada no mercado eólico italiano irá permitir à EDPR operar num dos países com maior potencial da Europa. Com 4,9 GW de capacidade eólica instalada em

2009 ( mais 1,1 GW face a 2008), a Itália é um dos mercados eólicos mais promissores na Europa. A

quota de energia renovável imposta pelo Governo situou-se em 2009 nos 5,3% do total de electri-

cidade fornecida. E em 2012, a percentagem de electricidade produzida com recurso a

energias renováveis subirá para 7,6%, o que exigirá implicitamente uma capa-

cidade eólica instalada estimada en-tre 10,5 GW e 13,5 GW.

Itália é um mercado par-ticularmente relevante para

a EDPR por causa do seu

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Tema de capa

14 » PRÉMIO » Março 2010

atractivo esquema remuneratório pois, além do preço da electricidade, o modelo italiano prevê a atribuição, nos primeiros 15 anos de operação de cada parque eólico, de certificados verdes que podem ser transaccionados, gerando mais-valias financeiras para a empresa.

A leste tudo de novoEm Espanha, e também em Janeiro, a EDPR adquiriu, através da sua participada Sinae, 30% da Parque Eólico Altos del Voltoya à Fersa Ener-gias Renovables. A transacção envolveu 10 milhões de euros. A empresa adquirida detém cinco parques eólicos em Ávila e Segóvia, com uma potência total de 62 MW. Estes parques entraram em exploração no iní-cio da década. A espanhola Fersa pretende apostar em mercados do leste europeu e também na Índia, alargando os interesses do grupo portu-guês para o Leste.

Na Polónia, a EDPR tem uma unidade com capacidade de 120

MW e um investimento previsto que pode ultrapassar os 270 milhões de euros, com o apoio do Banco Europeu de Reestruturação e Desen-volvimento. A operação ficará concluída neste trimestre. O Parque de Margonin obrigou a EDPR a fazer, para já, um investimento de 160 milhões de euros e a solução em termos de project finance acabou por ser ajudada pela assinatura de um contrato por 15 anos com a pola-ca Energa Obrót, para a venda de certificados verdes que resultam do referido parque. O contrato permite assegurar uma parte importante da sua “linha de receitas na Polónia e irá proporcionar um fluxo de caixa de maior visibilidade a longo prazo”, explica um comunicado da EDPR. A empresa tem estimado que a produção na qual se baseará a atribuição de certificados venha a ser da ordem dos 250 mil MWh/ano. O mercado polaco de energia eólica está em crescimento acelerado. Este tipo de energia pesa 6% no mix das renováveis do país, mas o objectivo governamental é chegar aos 30 por cento. Em termos futu-ros, este poderá ser na Europa um dos activos estratégicos da empresa

liderada por Ana Maria Fernandes.

Da terra para o MarA aposta nas eólicas offshore, no Reino Unido, é um novo marco na vida da EDPR. O investimento inicial é da ordem dos nove milhões de euros, incluindo os estudo dos desenvolvimentos dos projectos na Escócia que se poderão pro-longar por cinco anos, mas o investimento conjunto com uma entidade local poderá atingir os quatro mil milhões de euros.

Foi em Janeiro que a empresa ganhou os direitos de exploração de uma das nove zonas licenciadas pelo Reino Unido para as eólicas offshore. A EDPR concorreu em parceria com a escocesa SeaEnergy, tendo ganho a concessão de Moray Firth, uma área de 522 Km2 ao largo da costa noroeste da Escócia onde poderá desenvolver parques até aos 1.300 MW de potência. Sobre os custos, os responsáveis da EDPR acreditam que o desenvolvimento tecnológico e a di-mensão dos projectos no Reino Unido poderão permitir economias de escala.

No concurso, a EDPR ficou com 75% do projecto e a SeaEnergy com o restante. Entrar neste projecto vai fazer parte da história da Europa em termos de

transformação do modelo energético. Cada um dos nove parques superará em potência, o maior dos complexos eólicos de todo mundo.

“A energia eólica offshore constitui uma das maiores fontes de energia re-novável do planeta e continua a ser muito pouco aproveitada. O UK Round 3 é o maior concurso para energias renováveis de sempre e assinala o compro-misso definitivo do Reino Unido em relação a uma fonte energética que não só é limpa, como também economicamente viável. É, por isso, com grande prazer que a EDP Renováveis, como uma das empresas de energia eólica mais importantes do mundo, vai liderar o desenvolvimento do parque eólico do Es-tuário de Moray com o nosso parceiro SeaEnergy. Este novo projecto encaixa perfeitamente na carteira de projectos da EDPR, acrescentando diversificação geográfica e tecnológica numa das nações de menor risco e mais favoráveis ao negócio em todo o mundo”, explica António Mexia, presidente do grupo EDP.

Ana Maria Fernandes, CEO da EDP Renováveis

“A energia eólica offshore constitui uma das maiores fontes de energia renovável do planeta e continua a ser pouco aproveitada.”

RESULTADOS 2009 (valores em milhares de euros)

2009 2008 variação(%)

Margem bruta 642 520,2 23,4

Margem bruta ajustada 724,7 581,4 24,6

Custos operacionais 182,1 143,5 26,9

EBITDA 542,6 437,9 23,9

Resultados antes de impostos 162,5 161,2 0,8

Resultado líquido 117,8 112,2 5,0

Fonte: EDPR

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UMAEMPRESAMUITORECOMENDADA

Março 2010 » PRÉMIO » 15

O BPI subiu, no final de Fevereiro, a sua recomenda-ção da EDPR de “acumular” para “comprar”, reflectindo a recente descida do preço das acções da empresa. O target em termos de preços mantém-se nos 8,15 euros (a cotação de final de Fevereiro oscilava em torno dos seis euros, o que conferia um potencial de subida da ordem dos 38%), mantendo-se

inalterado relativamente à cotação avançada anterior-mente. Aquando da emissão desta recomendação ainda não eram conhecidas as con-tas anuais da EDP Renová-veis. Mas os analistas do BPI esperavam o lucro a cair 7%, pressionado pela operação na Europa. Adiantam que com as cotações da última semana de Fevereiro, a empresa está a negociar a desconto, em-bora ligeiro, face à congénere Iberdrola, embora a empresa

espanhola, sendo líder, deva negociar com um prémio, avançam as mesmas fontes. Esta empresa venceu ainda concursos recentes nos EUA e no Reino Unido. Os analistas afirmam que quer a Iberdrola Renovavles, quer a EDPR, são títulos interessantes e cons-tituem uma oportunidade de investimento.Já no final de Janeiro, o Santander tinha subido a re-comendação para “comprar” para a EDPR, afirmando que as “más notícias” já estavam reflectidas na cotação, que se situava nos 6,40 por cento. O preço-alvo do Santander era de 7,8 euros tendo, na altura, revisto em baixa as estimati-vas para as contas da EDPR, de forma a poderem reflectir os preços da electricidade mais reduzidos em Espanha. No preço-alvo já estão incor-poradas as incertezas com os preços da electricidade para 2010 e o resultado das nego-ciações relacionadas com os PPA para 2009 (contratos de aquisição de energia) e para 2010. O Santander avaliava, em Janeiro, a capacidade instalada da EDPR em 1,45 milhões de euros por MW, o que representa 77% da avaliação total, de acordo com uma informação do JN. Já em meados de Fevereiro, os analistas do Santander afirmavam que a desvalori-zação da EDPR, e que anula a apreciação das Energias do Brasil, levava o Santander a descer o target da empresa-mãe, a EDP – Energias de Portugal de 3,75 euros para 3,45 euros por acção, embora tivessem mantido a recomen-dação da compra. A pressão sobre a casa-mãe poderá estar

igualmente relacionada com outros factos, nomeadamente com o Outlook negativo da dívida pública nacional.O Deutsche Bank fez, por seu lado, uma revisão em baixa no início de Fevereiro, alterando de “comprar” para “manter” e fixando o target em 7,6 euros. Na mesma semana, os analis-tas do HSBC reviam em alta a recomendação da EDPR, passando-a de “neutral” para “overweight”, mas mantendo o preço nos oito euros por acção. Também na mesma altura, a ESER descia a reco-mendação de “comprar” para “neutral” e reduzia o preço-alvo de 7,9 euros para 7,7 eu-ros. Estes analistas explicaram a opção com uma avaliação menos performante dos mercados eólicos espanhol e norte-americano. Os analistas da Espírito Santo acreditam que a descida dos preços de retalho nos EUA leve a baixa do valor da EDPR. Em nota de research, aquela casa estimava que o diferencial de preço en-tre os contratos de aquisição de energia no retalho possa atingir os 30 US dólares MW/hora. Afirmava a mesma casa esperar uma melhoria da situação nos EUA, com a assinatura de contratos de aquisição de energia a melho-res preços do que os actuais. A ESER continuava, no final de Janeiro/início de Fevereiro, a preferir as utilities reguladas, seguidas das renováveis, sendo que as integradas são as mais desinteressantes.Dentro desta óptica foi interessante ver a reacção do mercado financeiro à assinatura do contrato de venda de energia com a utility norte-americana Tennessee

Valley Authority, TVA. O contrato assinado pela EDPR é válido por 20 anos e envolve a energia renovável produ-zida pela primeira fase do parque eólico Pioneer Prairie, localizado no Estado do Iowa, refere uma nota da empresa enviada à CMVM. Os 115 MW de energia contratados serão distribuídos pela TVA em sete Estados do sudeste dos EUA. Recorde-se que o Pioneer Prairie é um dos 22 parques eólicos que a EDPR tem em operação nos EUA, que totalizam 2.800 MW em operação. Por outro lado, em desenvolvimento no país, a empresa tem mais 3.400 MW. Esta notícia fez o mercado su-bir o título em 3% em meados de Fevereiro. A Espírito Santo Investment Research referiu que se tratava de uma noticia muito positiva e alterou as preferências relativamente à Iberdrola Renovables, colocando a empresa liderada por Ana Maria Fernandes em primeiro lugar. Também os analistas do Caixa BI afirmaram que a noticia foi positiva e acrescentaram que esta informação contraria o facto de constatar maiores di-ficuldades em concluir novos PPA. Este tem sido o factor de maior pressão sobre a acção durante o primeiro trimestre de 2010. Os analistas do BPI salientaram que este contrato acaba por retirar algumas das preocupações do mercado quanto à posição da EDPR no mercado liberalizado dos EUA.

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Negócios resultados

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DRIBLA A CRISEMILLENNIUM BCP

Em ano de aperto financeiro, o Millennium bcp surpreendeu os analistas com um resultado de 225 milhões de euros, 12% superiores aos de 2008 e bem acima das expectativas. Para este bom desempenho contribuíram a mais-valia de 21,2 mi-lhões com a venda de uma parte do capital do Banco Mil-

lennium Angola e os 57,2 milhões de ganhos com a alienação de activos (entre os quais a participação de 9,7% no rival Banco BPI), bem como a redução dos custos operacionais.

O resultado nas operações em Portugal somou 213,8 milhões de eu-ros, quase 90% acima dos registos de 2008. Esta evolução reflecte o cres-cimento do produto bancário, positivamente influenciado pela melhoria dos resultados em operações financeiras, fortemente afectadas em 2008 pelas perdas de 268,1 milhões de euros com imparidades resultantes da desvalorização da referida participação no BPI.

Na actividade internacional, o resultado líquido incorporou os efeitos da redução dos custos operacionais, sobretudo no Bank Millennium na

Polónia, onde o downsizing das operações se reflectiu numa diminuição muito forte dos custos com pessoal.

Crise desgasta margensA diminuição das taxas de juro activas e passivas levou à redução da taxa de margem financeira, que recuou de 2,06%, em 2008, para 1,57 por cento. A nível global, a volatilidade e a incerteza nos mercados financeiros agravou os custos de financiamento da banca, o que, conjugado com o estreitamento dos spreads dos depósitos de clientes, justificou o recuo da margem financeira.

Num ano marcado pela maior dificuldade de captação de recursos, o Millennium bcp teve de alinhar pela concorrência a aceitar menores mar-gens nas operações passivas. O problema foi parcialmente compensado pelo progressivo aumento dos spreads das operações de crédito, de modo a repercutir o aumento do custo de risco implícito dos clientes, à medida que a crise se alargava às empresas e famílias.

O Millennium bcp fechou 2009 com um resultado líquido consolidado de 225 milhões de euros, 12% acima dos registados no exercício anterior. No ano que marcou a mais grave recessão mundial dos últimos oitenta anos, o maior grupo privado português mostrou como driblar a crise.

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VENDA DO MILLENNIUM BANK TURQUIA RENDE 61,8 MILHÕES

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O MILLENNIUM BCP anunciou a 10 de Fevereiro a venda de 95% do capital doMillennium Bank, na Turquia, por 61,8 milhões de euros. Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o BCP explica que, tendo presente a estratégia de “enfoque nos mercados prioritários”, assinou um acordo com a instituição financeira Credit Europe Bank, detida pelo grupo financeiro Fiba Hol-ding, com vista à operação de alienação. Saímos no mercado turco “com pena” porque o banco não tem os recursos necessários para investir no país, explicou o presidente da instituição. “A Turquia é um excelente mercado, mas onde o Millen-nium bcp tinha apenas 16 su-cursais, que é uma dimensão muito pequena para aquele mercado”, explicou Santos Ferreira. “Não temos recur-sos infindáveis”, sublinhou, explicando que a opção passou por “alienar a opera-

ção na Turquia e reforçar a operação na Polónia”, onde o Bank Millennium local concluiu na primeira semana de Fevereiro o reforço do seu capital social em 240 milhões de euros.O grupo português manterá uma participação de 5,0% no Millennium Bank turco, tendo estabelecido com o comprador um mecanismo de opções de compra e de venda que prevê a possibi-lidade de alienação da sua participação a um preço por acção “não inferior ao agora acordado”, refere o comunicado.A venda na Turquia permitirá realizar uma mais-valia antes de impostos de aproximada-mente 5,4 milhões de euros e terá um impacto positivo de 6 pontos base no rácio de capital Tier I do BCP.

bcp

O impacto da diminuição da margem financeira foi ainda atenua-do pelo aumento do volume de negócios do banco, quer na captação de depósitos, quer na concessão de crédito a empresas e particulares, neste caso sobretudo de crédito para a compra de habitação.

O crédito a clientes aumentou 1,5%, face ao ano anterior, com subidas de 0,8% em Portugal e de 4,1% na actividade internacional, em particular das subsidiárias na Grécia, Moçambique e Polónia.

Em Portugal, o aumento do crédito concedido teve maior expressão no segmento do crédito à habitação, que cresceu 3,0% face aos valores de 2008. Os recursos totais de clientes, por seu lado, subiram 1,8%, alimen-tados pelos crescimentos de 3,9% dos depósitos de clientes e de 15,2% dos seguros de capitalização, que mais do que compensaram a quebra de 30,8% dos depósitos para com clientes titulados.

No quarto trimestre do ano, a tendência de redução da margem finan-ceira inverteu-se, reflectindo já a estabilização dos mercados financeiros e os

Conselho de administração do Millennium bcp durante a apresentação dos resultados

do 4.º trimestre de 2009

INDICADORES DE ACTIVIDADE (valores em milhões de euros)

2009 2008 variação

Margem financeira 1334,2 1721,0 -22,5%

Comissões e outros proveitos 864,0 807,0 7,1%

Resultados em oper. financeiras 225,4 18,1 1145,3%

Produto bancário 2602,0 2493,2 4,4%

Proveitos operacionais 2352,0 2591,4 -9,2%

Custos operacionais 1540,3 1670,8 -7,8%

- custos com pessoal 865,3 915,3 -5,5%

- outros gastos administrativos 570,2 642,6 -11,3%

Resultado operacional 154,3 331,3 -53,4%

Resultado líquido 225,2 201,2 11,9%

- em Portugal 213,8 116,7 83,2%

- operações internacionais 11,4 84,5 -86,5%

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Negócios resultados

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primeiros sinais de reanimação da economia. Face ao terceiro trimestre, a margem financeira e as comissões subiram 4,1% e 5,8%, respectivamente.

Mais sólidoEm ano de crise, a administração do Millennium bcp concentrou parte dos seus esforços na contenção dos custos, ao mesmo tempo que focava as suas operações na banca de retalho e nos países onde possa ter uma presença competitiva. Esta estratégia levou a reestruturações das opera-ções na Polónia, Grécia e Roménia e à alienação, já no decurso deste ano, de 95% do capital do Bank Millennium, na Turquia (ver caixa).

Em termos consolidados, os custos operacionais baixaram 7,8% face a 2008. “Este desempenho favorável foi influenciado pela redução em todos os agradados, em particular nos custos com pessoal (menos 5,5%) e dos outros gastos administrativos (11,3%)”, explica o banco no relatório que acompanha as contas referentes a 2009. Em Portugal, o corte de cus-tos operacionais foi de 7,7%, enquanto na actividade internacional o recuo subiu a 12,2 por cento.

“Apesar do enquadramento adverso, o enfoque colocado na discipli-na e gestão do capital e da liquidez possibilitou o alcance de níveis ade-quados de liquidez e o reforço dos rácios de capital”, refere o banco, no comunicado sobre a apresentação das suas contas. A 31 de Dezembro, o rácio de solvabilidade consolidado subira para 11,5%, o rácio Tier 1 fixara- -se em 9,3% e o Core Tier 1 também melhorara, aumentando para 6,4 por cento. “O Tier 1 mais elevado entre os bancos portugueses e os mais elevados do banco na última década”, faz questão de salientar o presidente do banco, Carlos Santos Ferreira. Para este resultado contribuiu a emissão de mil milhões de euros de valores mobiliários perpétuos. Aproveitando as condições do mercado, o banco decidiu também antecipar o plano de financiamento de 2010, com 5,6 mil milhões de euros de dívida de médio e longo prazo emitida ainda em 2009. O que garante que 47% das neces-sidades de refinanciamento da dívida de longo prazo a vencer em 2009, estão já refinanciados

A qualidade da carteira de crédito reflectiu os efeitos da profunda re-cessão que marcou todo o ano de 2009. O peso do crédito vencido há mais de 90 dias em relação ao crédito total, subiu de 0,9%, em 2008, para 2,3 por cento. E o rácio de cobertura do crédito vencido há mais de 90 dias situou-se em 119,0%, no final de 2009, o que compara com os 211,6% de 2008.

Nova estratégia no exteriorA contribuição líquida dos negócios fora de Portugal ascendeu a 11,8 mi-lhões, registando uma baixa de 90,4% face aos valores de 2008. Esta quebra reflecte a diminuição na margem financeira na Polónia, devido à evolução desfavorável das taxas de juro e ao reforço das dotações para imparidades, associadas à reestruturação da actividade do grupo neste país. A dimensão da operação polaca (o Bank Millennium da Polónia é o 18ª maior banco da Europa de leste), acabou por esmagar os ganhos na margem gerados pelo aumento do volume de negócios em Angola, Moçambique, Roménia e Grécia, onde o Millennium procura consolidar a sua presença.

Mais forte e mais lucrativo, o Millennium bcp quer agora afirmar-se como um banco universal focado no retalho em todas as geografias onde está presente. E a avaliar pelos passos dados em 2009, parece que atingirá esses objectivos muito antes do previsto. Surpreendendo de novo todos os analistas.

O Millennium bcp quer afirmar-se como um banco universal focado no retalho.

INDICADORES DE BALANÇO (valores em milhares de euros)

2009 2008 variação

Crédito a clientes (bruto) 77.348 76.233 1,5%

- crédito à habitação 29.068 28.294 2,7%

- crédito ao consumo 5.089 4.834 5,3%

- crédito a empresas 43.191 43.105 0,2%

Recursos de clientes 67.002 65.803 1,8%

- recursos fora de Balanço 16.009 14.467 10,7%

- outros recursos de Balanço 4.686 6.775 -30,8%

- depósitos de clientes 46.307 44.561 3,9%

RÁCIO DE SOLVABILIDADE

INDICADORES DE SOLVABILIDADE

Dec-09 Dec-08

Core Tier1 6,4% 5,8%

Tier 1 9,3% 7,1%

Rácio de Solvabilidade geral 11,5% 10,5%

INDICADORES DE RISCO DE CRÉDITO

Dec-09 Dec-08

Rácio de crédito vencido 2,60% 1,10%

Cobertura de imparidades 106,10% 173,90%

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A APOSTA AFRICANA

Março 2010 » PRÉMIO » 19

A manutenção dos planos de expansão em Angola e Moçambique foi uma das ga-rantias dadas pelo presidente do Millennium bcp, Carlos Santos Ferreira, durante a apresentação das contas anuais de 2009. “Continuare-mos a apostar em mercados europeus que assegurem uma presença competitiva e em mercados de afinida-de”, como é o caso dos dois países africanos, assegura Santos Ferreira.Em Maio do ano passado, no decurso de uma Conferência sobre Relações Económicas

Portugal-Angola, organiza-da em Lisboa pelo Diário Económico, a administração do grupo anunciou que o Mil-lennium BCP Angola pretende criar uma rede bancária ao nível dos principais bancos presentes no mercado ango-lano, investindo 250 milhões de dólares até 2012, num plano que passa por atingir a centena de balcões e que resultará na criação de 1200 novos postos de trabalho.O Millennium Angola conta já com 23 sucursais, mais sete do que em 2008. Em Moçam-bique, o Millennium bim tem

116 agências, mais 16 face a 2008 e ocupa a 74ª posição do ranking dos 100 maiores bancos africanos, elaborado pela revista African Business, marcando a única presença moçambicana nesta lista.Em conjunto, as operações em Angola e Moçambique geraram em 2009 um resul-tado líquido de 66,6 milhões de euros, que corresponde a uma subida anual homóloga de 19,3 por cento.O Millennium Angola registou no ano passado um resultado líquido de 14,6 milhões de euros, mais do que triplicando

os lucros de 2008. Para 2010, Carlos Santos Ferreira espera um desempenho em linha com o registado em 2009, o que tornará Luanda num im-portante centro de resultados para o grupo.

bcp

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O Millennium Angola conta já com 23 sucursais, mais sete do que em 2008.

o presidente do Millennium bcp, Carlos Santos Ferreira, garante a manutenção dos planos de

expansão em Angola e Moçambique

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Negócios empresas

20 » PRÉMIO » Março 2010

INAPA PASSA A BLUE CHIP

ENTRADA NO PSI 20

A revisão anual dos 20 títulos que compõem o PSI (de Portu-guese Stock Index) ditou a exclusão da construtora Teixeira Duarte e a entrada do grupo papeleiro liderado por José Morgado.

A liquidez dos títulos, medida pelo volume negociado, é o critério mais importante para a revisão, embora entrem também em consideração factores como a dispersão e as expectativas para o compor-tamento da empresa em bolsa. A inclusão da Inapa já era antecipada pelo mercado, depois de o research do Millennium bcp a ter considerado muito provável, no final de Dezembro. Em 31 de Dezembro de 2008, a capitali-zação bolsista da Inapa ascendia a 51 milhões de euros e as quase 196 mil transacções efecutadas garantiam-lhe a 12ª posição entre os títulos mais líquidos da Euronext Lisboa, com um valor negociado de 139,4 milhões de euros. Segundo o BPI, com esta promoção ao PSI 20, a Inapa “vai beneficiar de uma maior visibilidade de mercado, o que poderá ter um impacto positivo na sua liquidez”.

A Inapa integra agora o PSI 20, o mais importante índice da Euronext Lisboa, passando a pertencer à primeira liga das empresas com acções cotadas na Bolsa de Valores portuguesa, as denominadas blue chips.

José Morgado, presidente

da Comissão Executiva do Grupo Inapa

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O QUE É PSI 20?

Março 2010 » PRÉMIO » 21

O PSI 20 é o principal índice da Euronext Lisboa e integra as maiores empresas, fun-cionando como referência do mercado português. O valor base do índice foi fixado em 3000 pontos e remonta a 31 de Dezembro de 1992.A capitalização bolsista dos

títulos que compõem o índice PSI 20 é ajustada pelo free float, não podendo cada emissão ter uma ponderação superior a 20% nas datas de revisão periódica da carteira. O PSI 20 foi lançado com uma dupla finalidade: para servir de indicador da evolu-

ção do mercado accionista português e de suporte à negociação de contratos de futuros e opções. Devido às suas características, o índice PSI 20 tem vindo a ser seleccionado pelo mercado para servir de subjacente a produtos estruturados, cuja

rentabilidade depende, de uma ou de outra forma, do comportamento do mercado bolsista português.

Inap

a

Em 2010 a Euronex Lisboa fica marcada pela entrada da Inapa e pela exclusão da construtora Teixeira Duarte.

Um gigante na EuropaA Inapa é o maior grupo papeleiro português, com uma quota de 50% do mercado, e o quarto maior distribuidor de papel da Europa, disper-sando as suas actividades por seis mercados pincipais – Portugal, Alemanha, França, Suiça, Espanha e Bélgica. No ano passado, entrou no mercado angolano, instalando em Luanda um escritório de representação e um armazém.

Desde 2006, a administração presidida por José Morgado consolidou o turnaround da companhia, recuperando de um prejuízo de 50 milhões para lucros superior a 1,1 milhões, em 2008, registando vendas superiores a mil mi-lhões de euros.

Os resultados operacionais (EBIT) atingi-

ram os 32,9 milhões de euros, 22,3% acima dos apurados em 2007, devido sobretudo ao aumento do preço médio de venda, à melhoria do mix de vendas e da carteira de produtos, me-diante o enfoque em produtos de maior valor e ao aumento de 93% das vendas de produtos complementares e de maior valor acrescenta-do, nomeadamente consumíveis gráficos e de escritório, materiais de embalagem e comuni-cação visual.

Os bons resultado têm entretanto atirado o nome do grupo -, onde o Estado com 1/3 das ac-ções e o Millennium bcp com mais de 10% con-trolam o capital - para o calendário das privati-zações. Mais uma razão para manter as acções da empresa debaixo do olho dos investidores.

RESULTADO LÍQUIDO 500 mil euros (+5,4% face a 2008)

VOLUME DE NEGÓCIOS702 milhões de euros (-10% que em 2008)

CAPITAL SOCIAL150.000.000 euros

ESTRUTURA ACCIONISTA Parpública: 32,7%BCP: 18,2%Albano Alves: 2,0%

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Negócios empresas

22 » PRÉMIO » Março 2010

UM CASO SÉRIO NA CERÂMICA!

VISTA ALEGRE

São usados oficialmente pelo Presidente da República Portu-guesa, mas também na Casa Branca. Pela Rainha Isabel II de Inglaterra, o Rei Juan Carlos de Espanha, a Rainha Beatriz da Holanda ou o presidente Lula da Silva.

No ano em que celebra 186 anos sobre a sua fundação, a Vista Alegre continua a ter os seus serviços colocados nas melhores mesas. O que se confirma quando se sabe que a marca assumiu, ainda em Novembro, o estatuto de fabricante oficial de loiça das embaixadas de Espanha em todo o mundo. À data, são já mais de 40 os pedidos de produção oriundos de vários países.

Depois da falência da Campeans, antiga fabricante dos serviços a uso nas embaixadas espanholas, tornou-se imperativo encontrar um substitu-to. A selecção foi feita através de um concurso público, que contou com três participantes, do qual a Vista Alegre saiu vencedora. Algo que não é de estranhar, tendo em conta que por trás das peças de porcelana se escon-

de uma verdadeira história de marca.Desde há um ano nas mãos da Visabeira – após uma OPA por parte

da Cerutil – a verdade é que a Vista Alegre se manteve perto de 200 anos sempre nas mãos da família Pinto Basto. Sem nunca ter feito grandes investimentos a nível de marketing e publicidade, a Vista Alegre conse-guiu criar uma imagem forte e um nível de notoriedade perto dos 100% (segundo alguns dos últimos estudos da marca).

É um facto que, quando foi fundada (em 1824), a marca de Aveiro não teve que enfrentar concorrentes no mercado português. O que rapi-damente fez disparar as suas vendas e aumentar o seu índice de reconhe-cimento, já que em pouco tempo passou a equipar grande parte dos lares portugueses.

Produção de elevada qualidade a preços competitivos foram, então, os drivers que ditaram o sucesso. A isto, Pinto Basto – que tinha já tido experiência de empresário na venda de tabacos – acrescentou uma rede

Esteve e está nas melhores mesas de todo o mundo. Já passou por processos de fusão, expansão e decréscimo. Hoje, a Vista Alegre Atlantis está integra-da no Grupo Visabeira, após processo de fusão ocorrido o ano passado.

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VISTA ALEGRE PRESENTE EM CERTAMES INTERNACIONAIS

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A Vista Alegre Atlantis iniciou o novo ano com a presença em duas importantes feiras do sector, nomeadamente a Maison & Objet, em Paris – onde a marca apresenta, sob a direcção artística de Sam Barom, um conjunto de projectos baseados em três conceitos: saber viver, saber fazer e saber receber. Presente no hall Now, reserva-do ao melhor do design para a casa, a Vista Alegre Atlantis apresenta projectos inovado-res assinados por reputados designers e fabricados com

os mais altos standards de qualidade. Em Fevereiro é altura para se fazer representar na Am-biente 2010, a principal Feira Internacional para artigos de mesa, cozinha, utensílios para a casa, ofertas, decoração e acessórios para o lar, que terá lugar em Frankfurt. A Maison & Objet é uma feira de referência mundial do sector da decoração que inclui a “Now Design à Vivre”, “Maison & Objet Editeurs”,

“Maison & Objet Projets”, “Maison & Objet Outdoor/In-door”, “Maison & Objet Mu-sées” e “Scènes d’Intérieurs”. De sublinhar é que, este ano, a participação de Portugal na Maison & Objet é a mais importante de sempre com 58 empresas presentes. A representação portuguesa na Maison & Objet inclui empre-sas com actividades diversas que vão desde a cerâmica ao mobiliário cutelaria, têxteis-lar e iluminação.A Maison & Objet é um evento posicionado como

feira de tendências que aposta numa estratégia baseada na qualidade (tanto nos produtos expostos como na decoração dos stands), no know-how e em índices de criatividade muito elevados atraindo, as-sim, criadores de tendências e um grande leque de compra-dores internacionais.

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de distribuição estendida um pouco por todo o país e a criação de um conjunto alargado de lugares de depósito.

Mas nem tudo correu bem na vida da Vista Alegre, com o responsável da empresa a constatar rapidamente a falta de domínio da matéria-prima. Aliás, enquanto não encontraram jazidas de caulino apenas foi produzida loiça de pedra. Pinto Basto decide então pedir ao Rei o exclusivo da fábrica por 20 anos e o direito de livre circulação dos produtos que fabricasse, por todo o reino. Estes passariam a ser marcados com as armas reais e o selo Real Fábrica da Vista Alegre. O Rei acedeu. A primeira fornada de porce-lanas, essa sai da fábrica de Aveiro em 1827.

Nos anos que se seguiram, o trabalho foi apurando e a oferta refi-nando. Para isso, contratados foram alguns designers estrangeiros, como Victor Chartier Rousseau que se destaca pela perfeição nos desenhos e o preciosismo na combinação de cores. Já depois da morte de Rousseau, chegaria Fortier que inicia a pintura à pena e generaliza a oferta de peças com paisagens.

Apenas em 1832, com a descoberta de caulino – que permitiu refor-çar o volume de produção – a Vista Alegre começa a poder baixar preços. Oito anos depois, o aumento entretanto verificado ao nível da procura leva mesmo à instalação de mais dois fornos na fábrica de Aveiro. E, em 1845, a empresa concentra-se apenas na porcelana, abandonando o fabrico de vidro!

Desenvolvimento produtivo e renovação artísticaÀ passagem do centenário, a Vista Alegre inicia uma reestruturação que visa a transformação da empresa numa sociedade por quotas, a moder-nização das estruturas da fábrica e a renovação de serviços. Em paralelo com o desenvolvimento produtivo e tecnológico assiste-se a uma renova-ção artística. A alguns mestres de pintura como Duarte Magalhães, Ân-gelo Chuva ou Palmiro Peixe, que garantem a tradição, a inovação e a qualidade da técnica de pintura, juntam-se artistas plásticos de renome que trazem consigo novas ideias e modelos para a Escola de Pintura. As peças atingem neste período o nível das suas mais notáveis congéneres europeias.

A partir de 1947 e até 1968, os contactos internacionais, a formação de quadros técnicos especializados, a aquisição de outras empresas, levam a empresa ao desenvolvimento técnico e industrial e à entrada a novos mer-cados. É ainda por esta altura que se inicia o fabrico de peças únicas feitas para grandes personalidades como o serviço da Rainha de Inglaterra.

Já na década de 70 do séc. XX, após uma fase de crise interna, nacio-nal e internacional, é dado novo impulso à modernização e ampliação dos meios produtivos. Surgem as primeiras séries limitadas e as reprodu-ções para museus. Realizam-se ainda algumas exposições como: a “Vista Alegre - Porcelanas Portuguesas” (1983-84) Madrid, Barcelona, Milão e Copenhaga, e a “Portugal and Porcelain” (1984-85) realizada em parceria com o Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque.

Novos mercados e reestruturação do negócio serão dois dos passos a dar pela marca.

Algumas peças emblemáticas da Vista Alegre atingem valores muito elevados no mercado de leilões

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Durante os anos 70 e 80 manteve-se uma estratégia de vendas foca-lizada no mercado nacional, sendo que a capacidade excedentária seria utilizada para servir de forma selectiva um número limitado de clientes.

Entrada em novos mercadosÉ pelo final da década de 1980 que o crescimento da marca em Portugal começa a registar aumentos progressivamente decrescentes. Aliado a isto, o facto de este ser um mercado de dimensão reduzida e em fase de matu-ridade, leva a Vista Alegre a olhar para novos mercados.

“Os principais vectores da estratégia de internacionalização nesta épo-ca assentam na identificação de mercados com afinidades culturais e/ou proximidade geográfica que paralelamente apresentassem parâmetros de crescimento, dimensão e nível concorrencial com potencial para seguir uma postura de Investimento”, lê-se no site da marca.

Em 1997 concretiza-se a fusão com o grupo cerâmico Cerexport que originou quase a duplicação do volume de negócios da VAA, nomeada-mente nos mercados internacionais.

Também o vidro haveria de voltar a ser comercializado e distribuído pela Vista Alegre. Em Maio de 2001 inicia-se o processo de fusão com a Atlantis – de fabrico de cristais e vidros de prestígio – de que resulta a Vista Alegre Atlantis. Alarga-se a oferta, aumenta-se o número de pontos de venda e reforça-se as vendas com um portfólio mais alargado. Aliás, este passa mesmo a ser considerado o maior grupo nacional de Tableware e

sexto maior do mundo nesse sector: o Grupo Vista Alegre Atlantis, com a holding resultante a actuar em áreas tão diversas como porcelana de mesa, decorativa e de hotel, faiança, louça de forno, cristal, vidro manual e redes de retalho e distribuição.

O passo seguinte seria na direcção da empresa britânica de porcelana Royal Worcester and Spode, e na aquisição de 25% do seu capital. Já em finais de 2002, adquire a francesa Cristal de Sèvres, marca essa que tanto a tinha influenciado!

Entretanto, e com a entrada de novas marcas no mercado português, a Vista Alegre foi adaptando a sua oferta e reformulando o portefólio. Seg-mentou e apresentou soluções para diferentes tipos de consumidores. A isto, acrescentou ainda o factor conveniência, ao facilitar a reposição de peças de um qualquer serviço. Além de ter apostado na exploração de no-vos caminhos criativos, com o estabelecimento de parcerias com alguns designers.

No ano em que celebra 185 anos sobre a sua fundação, a Vista Alegre continua a aumentar a sua notoriedade e reconhecimento a nível interna-cional. E deverá reforçar mais ainda, tendo em conta que um dos objecti-vos declarado pelo grupo industrial de Viseu – aquando da OPA – passa por levar a Vista Alegre para alguns dos mercados internacionais onde a Visabeira já actua, mas onde a empresa de cerâmicas não está ainda presente. Reestruturar negócio e potenciar crescimento são outros dois objectivos declarado.

Até onde irá a mais antiga marca de cerâmica portuguesa?

Vista Alegre Atlantis

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HEIDRICK & STRUGGLES APOSTA EM ANGOLA

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Localizado no 18.º andar do maior arranha-céus de Luanda, o escritório da Heidrick & Struggles é o símbolo visível de uma ambição, que a partner do escritório de Lisboa, Felipa Xara--Brasil traduz por palavras: “O facto de sermos quem somos implica ter padrões de exigência muito elevados. São esses

padrões e essa credibilidade que queremos impor em qualquer mercado em que actuemos”.

A abertura do escritório, em Setembro de 2009, em simultâneo com a inauguração da ultramoderna torre em aço e betão revestido por placas leves de zinco titânico da Escom, faz da Heidrick & Struggles umas das primeiras empresas de gestão integrada de capital humano a instalar-se em Angola, o que lhe dá clara vantagem competitiva relativamente à concorrência. Este investimento culmina, de facto, um longo e produtivo trabalho de campo.

Foi em 2005 que o escritório de Lisboa da Heidrick & Struggles, em-presa detida pelo grupo português Ongoing, num alinhamento vincada-mente internacional, fez deslocar para o terreno angolano uma equipa de head hunters, que tinha como missão encontrar o director-geral para uma grande empresa. Encontraram-no, mas encontraram mais. “Logo nessa al-tura, identificámos o potencial enorme do mercado angolano, quer pelas

circunstâncias políticas, quer pelas económicas e de crescimento”, explica Felipa Xara-Brasil. O escritório de Luanda, que fica na rua Marechal Brós Tito, no bairro das Ingombotas, tem como directora executiva Noelma Vie-gas d’Abreu, licenciada pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Clássica de Lisboa e professora e directora do Centro de Investigação na Universidade Católica Angolana. É esta antiga consultora da KPMG e ex-directora de Recursos Humanos Corporativos do grupo cer-vejeiro SABMiller que lidera uma equipa angolana altamente especializada. “A equipa está a crescer”, adianta Felipa Xara-Brasil, acrescentando que esse crescimento será sempre proporcional à evolução do próprio negócio.

Foi aliás o crescimento gradual e sustentado do negócio em Angola que justificou o passo, dado em Setembro, de abertura do escritório local. “Co-meçámos a criar nome no mercado e fomo-lo cimentando, projecto após projecto, ano após ano. Há cinco anos íamos para Angola trabalhar fazen-do um comutting. Hoje, estamos em Angola a trabalhar com uma equipa 100% angolana, o que faz toda a diferença”, adianta Felipa Xara-Brasil.

A empresa, que opera nas áreas de executive search, consultoria de capi-tal humano e sustentabilidade de Recursos Humanos, conta entre os seus clientes não só com empresas portuguesas que actuam no mercado ango-

A Heidrick & Struggles, detida em Portugal pelo grupo Ongoing, foi a primeira multinacional de consultoria de capital humano a instalar-se em Angola. O escritório conta com uma equipa 100% nacional.

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ONGOING, UM GRUPO EM ASCENÇÃO

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Criada em 2004 por Nuno Rocha dos Santos de Almeida e Vasconcellos, terceira geração de Rocha dos Santos nos negócios, para agregar os investimentos da família, a Ongoing Strategy Investments definiu como estratégicos os sectores de telecomunicações, media e tecnologia (TMT), tendo-se tornado rapidamente um importante player nestas áreas em Portugal.A Ongoing é um accionista de referência da Portugal Tele-com (PT), maior empresa do sector das telecomunicações em Portugal e com um forte processo de internacionali-zação em países que falam português.No sector de media, o grupo detém o Diário Económi-co, líder do mercado de informação económica, com influência alargada à Internet, que tem em preparação a entrada no sector da televisão. A Económico TV, cujo lança-mento está para breve, vai ser o primeiro canal nacional

dedicado à informação econó-mica e política.O objectivo de ser líder do mercado de informação económica em português concretiza-se em Portugal, mas também tem em vista o Brasil, onde o grupo lançou em Outubro de 2009 o jornal Brasil Econômico, primeiro passo efectivo da sua interna-cionalização.Na televisão, a Ongoing reestrutura a sua participação, com uma oferta em curso para a aquisição de 35% do capital da Media Capital, que controla a TVI, líder do merca-do de televisão em Portugal e senhora da maior produtora europeia de dramaturgia, com 1.000 horas de produção anuais. Paralelamente, está em processo de venda da sua participação de mais de 20% na Impresa, o grupo liderado por Francisco Pinto Balsemão e que controla a estação televisiva SIC, o semanário Expresso, a news magazine Visão e mais duas dezenas de

títulos de imprensa.O primeiro objectivo da Ongoing é ser global e dar prioridade à lusofonia como mercado. Para dar corpo a esta estratégia no mercado da televisão criou a CTN – Conte-údos Transnacionais, liderada pelo ex-director-geral da RTP e TVI, José Eduardo Moniz, que vai operar na concepção, produção e distribuição de conteúdos para televisão, com capacidade de intervir em todos os passos da cadeia de valor.No mundo da lusofonia, a Ongoing tem ainda uma parceria com o grupo ango-lano Score Media, que visa a troca de conteúdos entre o português Diário Económico e o semanário económico angolano Expansão. Expressão actual de um percurso empresarial iniciado no final do século XIX, com o seu apogeu na Sociedade Nacional de Sabões (SNS), que após a Revolução de 25 de Abril de 1974 chegou a

ser o maior grupo privado português, a Ongoing detém ainda interesses em empre-sas de relevo, presentes em diferentes sectores de activi-dade, desde o imobiliário às telecomunicações, passando pelos sectores financeiro, serviços de valor acrescentado e recursos humanos. Foi, aliás, nesta última área que Nuno Vasconcellos, formado em Gestão de Empresas por Boston e filho de Luís Vasconcellos (a eminência parda do império Balsemão), realizou o seu primeiro negócio. Estávamos em meados da década de noventa quando, juntamente com Rafael Mora (o actual vice-presidente da Ongoing) trouxe para Portugal a mul-tinacional norte-americana Heidrick & Struggles.

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lano e que foram a sua base de lançamento, mas também com um número significativo de empresas angolanas.

Em Angola há “profissionais brilhantes a nível de topo”, garante Felipa Xara-Brasil, bem como óptimas organizações. São, assim, nos níveis inter-médios de chefia e quadros de topo que se verificam as maiores necessi-dades de capital humano. Neste negócio, a mais-valia para os clientes da Heidrick & Struggles é a de poderem usufruir à escala local de todo o ben-chmarketing internacional do grupo e incuti-lo nas organizações angolanas, sustentada numa equipa angolana. Felipa Xara-Brasil salienta a propósito: “O que a H&S pretende é dotar as organizações de todos os procedimentos, ferramentas e know-how de capital humano, de modo a que os seus profis-sionais cheguem ao topo da organização do modo sustentado”.

A carteira de clientes abrange empresas provenientes dos principais sectores de actividade, desde a indústria às telecomunicações, passando pela consultoria e outras áreas de serviços.

Lisboa, o centro de competênciasEm Lisboa, o escritório da Heidrick & Struggles fica num sóbrio e centená-rio edifício entre o Chiado e a Baixa da cidade. A multinacional norte-americana instalou-se em Portugal em 1997. No início eram apenas quatro pessoas, hoje são 25. A equipa, “muito madura e heterogénea”, inclui engenheiros, gestores, economistas e uma médica, que dinamiza entre outros, programas de coaching a executivos de topo e trabalha jovens de elevado potencial de maneira a garantir que estes terão as competências certas quando assumirem posições chave dentro da organiza-

ção. “O que nos diferencia, de facto, dos nossos concor-rentes é a senioridade e a qualidade da equipa”, des-taca a partner da H&S.

A empresa faz alicerçar o crescimento dos recursos humanos internos no crescimento do negócio. “Tem sido exponencial” – salienta – “ temos angariado clientes em vários sectores de actividade, especialmente sectores que estão na vanguarda das organizações e na vanguarda do capital humano”.

Visivelmente orgulhosa, Felipa Xara-Brasil conta que foi em Lisboa que nasceu o gérmen que deu origem ao actual posicionamento da empresa a ní-vel mundial, a consultoria de capital humano. “O nosso escritório foi defini-do como o centro de competências da Heidrick & Struggles para desenvolver todo o conhecimento na área de capital humano a nível interno”. Foi em 2001 e em 2002 e o facto valeu-lhe o Special Global Quality Award de excelente qualidade. A partner explica como tudo aconteceu: “Por norma, as empresas de executive search só fazem executive search. Porém, as necessidades dos nos-sos clientes, o nosso inconformismo e a nossa capacidade de inovar levaram- -nos a delinear outra visão”. Oito anos depois do trabalho iniciado em Lis-boa, a casa-mãe decidiu mudar de paradigma e optar por outra designação. Deixou de ser a Heidrick & Struggles, empresa de executive search pura e dura, para se tornar, já este ano, na Heidrick & Struggles Client Adviser, dando início a um novo ciclo de desenvolvimento.

A Heidrick & Struggles define-se agora como empresa de consultoria

Felipa Xara-Brasil defende que o que diferencia a H&S dos seus concorrentes é a senioridade e a qualidade da equipa

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de gestão de capital humano, com um âmbito de actuação que abrange tudo o que esteja relacionado com a vasta área dos recursos humanos. “O nosso objectivo como empresa que dispõe de todas as ferramentas e termos de capital humano é garantir que a empresa está maximizada para o accionista e que os seus colaboradores estão felizes por trabalharem nela”.

A consultoria de capital humano vai desde a estratégia de recursos hu-manos ao executive search. Isto é, desde como a empresa deve estar organi-zada em termos de quem faz até ao seu plano estratégico. A H&S actua, as-sim, sempre em alinhamento com o negócio da empresa sua cliente, ou sua parceira, como Felipa Xara-Brasil gosta de dizer. “Não conseguíamos traba-lhar se não soubéssemos qual é o negócio da empresa e qual é o seu plano

estratégico. Só depois definimos a característica que o capital humano tem que ter, de forma ao CEO conseguir atingir os objectivos a que se propôs”.

Pioneira na sustentabilidadeA postura agressiva do escritório de Lisboa permitiu-lhe também ser pionei-ro no desenvolvimento de uma outra área de negócio: a Sustentabilidade de capital humano. Em 2004, a empresa contactou o Sam-Group, instituição de asset management que gere o Dow Jones Sustentability Index, a quem explicou qual era a sua postura a nível do acompanhamento do cliente para trabalhar esta área “Estamos em contacto directo com esta entidade que nos acompanha e a quem acompanhamos na área de sustentabilidade com o activo humano dentro das organizações, que é também uma novidade na Heidrick & Struggles, quer a nível interno, quer externo”.

Neste âmbito inscrevem-se duas iniciativas particularmente bem suce-didas: o prémio da Sustentabilidade, lançado há dois anos, e o Prémio das Melhores Empresas para Trabalhar, lançado há quatro anos, que este ano contou com 85 empresas finalistas e alargou o seu ranking de posiciona-mento aos segmentos de Grandes, Médias e Pequenas e Micro Empresas.

O posicionamento alargado do negócio, os resultados de excelência e a sua postura agressiva permitem à H&S ter entre os seus clientes 50% das empresas do PSI 20. Com uma base de dados mundial, a estratégia da empresa impõe a qualquer candidato off limits. “A estratégia é idêntica em todos os países. Dentro de um determinado conjunto de empresas topo escolhemos uma para trabalhar e outra para irmos buscar candidatos”.

A H&S, uma das primeiras empresas de executive search nascida nos

Estados Unidos, opera com cerca de 62 escritórios, o que lhe confere uma representação global e presença em todas as principais indústrias.

Meio século de históriaA história da organização começa em 1953 e foi escrita por Gardner Stru-ggles e John Heidrick, que a lançaram em Chicago, Illinois, Centro-Oeste dos EUA com a designação de Heidrick & Struggles. Apresentados por um amigo comum, Gardner e John assumiram, desde o início, o seu compro-misso com “a qualidade, atendimento ao cliente, trabalho em equipa, in-tegridade e uma unidade de excelência”. Em 1957, a empresa registou os primeiros clientes fora do Centro-Oeste. Os anos seguintes foram de rápido crescimento. Em breve chegaria a Los Angeles e San Francisco, na costa Leste dos EUA e ao seu coração económico e financeiros Nova Iorque. Em 1968 saiu para fora do país, estabelecendo o seu primeiro escritório no Rei-no Unido.

A H&S continuou a sua expansão nas décadas seguintes para as princi-pais cidades da América do Norte e Europa e, depois, para a Ásia-Pacífico e América Latina. O desenvolvimento industrial dos anos setenta criou novas necessidades no mercado e nos clientes, fazendo prosperar o negócio de executive search.

Em 1983, a Heidrick & Struggles International separou as suas opera-ções europeias. No entanto, em 1999, as duas empresas reuniram-se para formar a empresa global integrada de hoje. Nesse mesmo ano, Heidrick & Struggles International, Inc. (HSII) tornou-se uma empresa de capital aberto, estando desde então cotada na Bolsa de Nova Iorque - NASDAQ.

Parceira dos clientesA estratégia da Heidrick & Struggles em Angola, Portugal ou em qualquer um dos 62 escritórios do mundo onde está presente, é única e indivisível, assentando no desenvolvimento de uma relação de parceria com o cliente, de forma a garantir na agenda do CEO o lugar de board adviser em matéria de capital humano dentro da organização. Isso consegue-se através das rela-ções de parceria, das relações de credibilidade e de confiança que mantemos com os nossos clientes”, explica Felipa Xara-Brasil, sublinhando: “A postura Heidrick é a postura Heidrick em qualquer parte do mundo.”

Treze anos depois de se ter instalado em Portugal, a empresa orgulha-se da sua posição de liderança no mercado, onde tem vindo a desenvolver par-cerias em todos os sectores de actividade importantes do país: banca, indús-tria, media, tecnologia, telecomunicações, energia, construção. “As nossas parceiras são claramente aquelas que trazem mais valor acrescentado na definição de métricas e ferramentas na área do activo humano”.

Felipa Xara-Brasil diz que “os objectivos de crescimento do escritório português são grandes”, sustentados por variadíssimas oportunidades.

No horizonte da H&S não está prevista a abertura de nenhum escritório em território da lusofonia, até porque a empresa já tem escritório aberto no Brasil e globalmente funciona em rede. “Não temos necessidade de estar-mos presentes fisicamente no mundo inteiro. Quando há uma necessidade numa determinada localização geográfica é o escritório desse país que tra-balha essa necessidade, ele é que tem o know how para criar o best team”. Em Cabo Verde, por exemplo, não há escritório H&S, nem em Moçambique. Tal facto não significa que não haja trabalho e que não se ganhe negócio. “Temos propostas em Cabo Verde, que são propostas de clientes que estão ou em Angola ou em Portugal, mas com operações nesse país”.

A decisão de abrir um escritório é ultra ponderada e tem para a Heidrick & Struggles o significado de mais uma geografia conquistada.

Em Lisboa, o escritório da Heidrick & Struggles está localizado num edifício centenário entre o Chiado e a Baixa da cidade.

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Negócios associativismo

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O SEGREDO DO SUCESSO

APRENDER A EMPREENDER

Transmitir conceitos e bases essenciais para desenvol-ver o espírito empreendedor nas novas gerações é o objectivo da Aprender a Empreender, a congénere portuguesa de uma organização mundial sem fins lucrativos na área da Educação denominada Junior

Achievement (JA), que fomenta o espírito empreendedor desde ten-ra idade, dos 5 aos 25 anos.

Presente em mais de 120 países e com uma abrangência de cer-ca de 10 milhões de alunos todos os anos, a JA está em Portugal des-de Setembro de 2005 e conta com mais de 57 mil alunos formados, em cerca de 300 escolas e com um total de 2500 voluntários.

Através de programas educativos, a JAP chega a várias escolas no país e muda a atitude de vários jovens, contextualizando a apren-

dizagem em dimensões como a cidadania, ética, literacia financeira e desenvolvimento da vida profissional.

Os voluntários são empresas associadas que contribuem para o crescimento e maturação da organização com quotas anuais e per-mitem aos colaboradores chegarem até nós.

O envolvimento das Câmaras Municipais nesta iniciativa é um caso de sucesso. São parceiras da Junior Achievement Portugal a Câ-mara Municipal do Porto, Caminha, Torres Vedras, Loures e, mais recentemente, a Câmara Municipal de Famalicão, São João da Ma-deira e Amarante, estando mais em processo de desenvolvimento.

A JA conta ainda com várias empresas associadas em Portugal, nomeadamente, Jerónimo Martins, Accenture, Sonae, Millennium BCP, Montepio, CitiBank, Banif, Axa, Euronext, entre muitas mais.

EVENTO INTERNACIONAL DA JA EM PORTUGAL

A associação tem como objectivo fomentar o espírito empreendedor nas gerações mais novas.

Alunos vencedores do programa “A Empresa”, edição de 2009, com a ajuda de um professor e de um voluntário

A Associação Aprender a Em-preender (AAE) foi convidada, através da Junior Achievement, a acolher a JA-YE Europe Trade Fair em 2010, inserida no programa “A Empresa” da AAE. Esta feira, a decorrer entre os dias 19, 20 e 21 de Março, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, é dirigida a alunos do ensino secundário e tem como objectivo desenvolver uma

atitude empreendedora entre os jovens, através da experiência concreta de criação e gestão de pequenos negócios empresa-riais pelos alunos, durante um ano lectivo. Uma das componentes essen-ciais do programa é a Feira Ilimi-tada, a nível nacional, constituin-do o primeiro momento em que os alunos têm a oportunidade de mostrarem os seus produtos

ou serviços a um público mais alargado. Internacionalmen-te, o formato do programa (Company Program) contempla igualmente a realização desta Feira (Trade Fair), preferencial-mente em espaços comerciais de grande afluência e circulação de pessoas.Desta forma professores, volun-tários, outros convidados, mas principalmente jovens de toda

a Europa, reúnem-se num mes-mo espaço e na mesma altura para partilharem experiências, aplicarem as suas competências e aptidões e aprenderem a fazer negócio num ambiente inter-nacional. Para além disto vão realizar-se também actividade de Ice-Breaking para alunos e professores, com o intuito de se conhecerem entre si e se divertirem.

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Negócios consultoria

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EUPPORTUNITY FAZ LOBBY NA UE

ASSUNTOS EUROPEUS

As empresas portuguesas interessadas em entrar no cir-cuito europeu podem agora recorrer aos serviços da Eu-pportunity, uma empresa portuguesa de consultoria em assuntos europeus, fundada por Luís Queiró, advogado e ex-deputado ao Parlamento Europeu (1999–2009) e à

Assembleia da República (1995–1999), e pelo antigo jornalista Henrique Burnay, ex-consultor político no Parlamento Europeu (2004–2009) e as-sessor de imprensa da Ministra da Justiça, (2002–2004).

Certos da existência de um mercado por explorar, os dois profissio-nais criaram a Eupportunity - european affairs consulting -, com sede em Portugal e escritório em Bruxelas, que oferece serviços de intelligence, aná-lise política, aconselhamento estratégico e apoio à candidatura a fundos comunitários.

A empresa, com capitais inteiramente portugueses, dispõe de uma equi-pa com ampla experiência em assuntos europeus, políticas europeias, direito comunitário e comunicação. A equipa de consultores é composta por uma rede activa de especialistas em políticas comunitárias, com valências nas áreas das empresas e indústria, transportes e turismo, energia, ambiente, orçamen-tos, política regional, agricultura e pescas, mercado interno e serviços, saúde,

ciências e Investigação, alimentação e bebidas, protecção do consumidor, so-ciedade da informação e meios de comunicação, educação, cultura e juventu-de, informática, novas tecnologias e propriedade intelectual.

“Quando cerca de 60% do direito na Europa tem actualmente a sua origem na União Europeia e cerca de 70% do Direito Comunitário afecta, directa ou indirectamente, a actividade das empresas, é necessário que as empresas e instituições portuguesas saibam atempadamente o que se prepara em Bruxelas, que decisões vão ser tomadas e como é possível participar da sua formação. Ao mesmo tempo, há financiamentos comu-nitários atribuídos directamente em Bruxelas de que as empresas e outras entidades portuguesas pouco têm beneficiado”, referem os responsáveis pela Eupportunity.

Henrique Burnay destaca ainda a importância de José Manuel Durão Barroso ser o presidente da Comissão Europeia e o que chama “o efeito Barroso”, que tornou os temas europeus mais próximos dos portugueses e fez com que haja actualmente mais portugueses em lugares relevantes em Bruxelas. “Parte deste efeito desaparecerá daqui a cinco anos e portan-to, há que aproveitar esta oportunidade”, explica Burnay. “Seremos uma antena em Bruxelas “, conclui.

Luís Queiró e Henrique Burnay fundam a Eupportunity, uma empresa que presta consultoria em análise política e intelligence.

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Negócios logística

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POR QUE É QUE A URBANOS É A MELHOR PME PARA TRABALHAR?

URBANOS

Fundada há 18 anos, a Urbanos tem vindo a evoluir e a desta-car-se na sua gestão de Recusos Humanos, o que explica por que é que este ano foi eleita a melhor empresa para trabalhar em Portugal, na categoria PME, pela revista Exame e a con-sultora Heidrick & Struggles.

“Ser a melhor empresa para trabalhar é o resultado de muitas coisas. Da fruta fresca e água mineral diária e gratuita para todos, à dispensa, sem perda de remuneração, para dar apoio às famílias dos que lá trabalham. Dos investimentos na educação e na qualificação profissional, através da “Academia Urbanos”, que permitem a cada um aprender o que quer e precisa para chegar até onde tiver vontade. À partilha regular de saberes e experiências, com as próprias famílias, como o “Urbanos Summer Event” ou a “Gala Urbanos” e à participação em projectos de responsabilidade social em que toda a Urbanos está envolvida, como a “Novo Futuro” para crianças desfavorecidas ou a “Cedema” para a Trissomia 21”, explicava o presidente do Conselho de Administração da Urbanos, Alfredo Casimiro, durante a cerimónia de entrega do galardão.

A distinção resultou de um estudo do clima social da organização e materializou-se num inquérito anónimo aos colaboradores, num inqué-rito efectuado à gestão de Topo e numa visita/auditoria da Exame que verificou in loco as práticas de gestão de Recursos Humanos. Mais con-cretamente, numa primeira fase é enviado um inquérito ao colectivo de colaboradores de cada empresa, no qual se pede a opinião anónima sobre diversos temas, desde a transmissão de informação e relação com a chefia até à aposta na formação ou responsabilidade social.

Segue-se o inquérito à equipa de gestão, onde se questionam as prá-ticas de recursos humanos na empresa. Finalmente, cabe então à consul-

tora Heidrick & Struggles analisar os dados e, depois, aos jornalistas da Exame confirmarem as informações junto de cada empresa.

Rumo ao primeiro lugarO ano passado a Urbanos tinha ficado no 4.º lugar do ranking (nesta ca-tegoria). A subida ao primeiro lugar explica-se, segundo a empresa, pela contínua e continuada aposta na educação e qualificação profissional, a criação da academia Urbanos – que tem como objectivo formar e incenti-var os colaboradores –, as condições de trabalho e o incentivo à criação de momentos extra laborais para colaboradores e família. “A Urbanos é uma empresa que premeia o mérito dos seus colaboradores, proporcionando um ambiente competitivo, justo e livre, onde todos têm espaço para ex-pressar as suas capacidades individuais. O incentivo à progressão e o de-safio a uma constante aprendizagem fazem parte da cultura da empresa, que defende o equilíbrio pessoal e profissional como o melhor alicerce para o sucesso”, informa a Urbanos em comunicado enviado à imprensa, reforçando que o lema da empresa – We make it possible – não se dirige apenas aos clientes.

O Grupo Urbanos, fundado em 1991, conta hoje com perto de 300 colaboradores, uma frota de 100 viaturas e uma capacidade de armazena-gem superior a 50 mil metros quadrados de área coberta, que asseguram à sua carteira de clientes soluções logísticas chave-na-mão focada no out-sourcing, nomeadamente para banca e seguros, telecomunicações, tecno-logias de informação, indústria farmacêutica e empresas de serviços.

Soluções logísticas, distribuição expresso, division of fine arts e agora trans-porte de mercadorias expresso após a compra da TEX são as áreas de negócio.

O ano passado, a Urbanos tinha ficado em 4.º lugar no ranking das melhores empresas para trabalhar, desenvolvido pela revista Exame e a consultora Heidrick & Struggles. Este ano, subiu ao primeiro lugar.

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O QUE FAZ A DIFERENÇA?

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1 ACADEMIA URBANOSA Academia Urbanos tem como principais objectivos ser um veículo de desenvol-vimento, motivação e envol-vimento de todos os qua-dros do Grupo, na melhoria das suas competências. O conceito da Academia Ur-banos encontra-se fundado na implementação de uma Universidade Corporativa, que permite aos alunos obterem uma mais-valia em matérias relacionadas com o dia-a-dia das suas activida-des/operações.

2 ACTIVIDADES DE TEAM BUILDINGAnualmente, a Urbanos realiza actividades de Team Building, em que diferentes elementos de todas as Unida-des de Negócio trabalham em equipa face a um objectivo comum, seja através de uma prova de orientação, do cum-primento de provas baseadas em jogos tradicionais, (com o objectivo de montar uma bicicleta para uma corrida de BTT), ou actividades de escalada ou matraquilhos humanos.

3 SUMMER EVENTAnualmente, a Urbanos leva a cabo um evento de Verão de Convívio e interacção entre todos os seus colaboradores, que pretende estimular o relacionamento interpessoal da equipa fora do contexto habitu-al de trabalho. O convite para a actividade é estendido aos familiares dos colaboradores de forma a maximizar o senti-mento e ligação emocional dos colaboradores à organização, através da comunicação da sua cultura com elementos da marca presentes no evento.Em cada uma das edições existe um tema adjacente ao Summer Event, que se en-contra relacionado com um determinado projecto que esteja a ser implementado pela Urbanos no momento da sua ocorrência.

4 GALA URBANOSIgualmente, todos os anos é realizada a Gala Urbanos, que consiste numa reunião global de todos os colaboradores da organização onde são comu-nicados os resultados anuais e indicadores das várias áreas da organização, bem como a definição dos objectivos e projectos para o próximo ano. A Gala Urbanos tem ainda como objectivo reconhecer formalmente os colaborado-res que melhor desempenho registam ao longo do último ano, através da atribuição dos Troféus Urbanos para diversas categorias.

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anos

O Grupo Urbanos, fundado em 1991, conta hoje com cerca de 300 colaboradores.

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Economia análise

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UM ANO DE GRANDE ESFORÇO

ECONOMIA PORTUGUESA

A crise económica global afectou severamente a econo-mia portuguesa, com o Produto Interno Bruto (PIB) a recuar quase 3% em 2009, devido à quebra profunda das exportações e do investimento privado. As estimati-vas mais recentes do Banco de Portugal apontam para

um recuo de 12,5% nas exportações e para um corte de 11,7% nos níveis de investimento.

“Alguns sinais de ajustamento estão a emergir -- os preços estão a descer mais rapidamente do que nos outros países do euro, as famílias estão a poupar mais e o défice das contas correntes está a diminuir –-, mas o crescimento da economia deverá manter-se débil nos próximos anos e a recuperação será frágil, refere o Fundo Monetário Internacio-

nal (FMI), na sua última análise à economia portuguesa, divulgada no final de Janeiro. O FMI avança com um crescimento de apenas 0,5% do PIB, em 2010, em linha com as projecções do Boletim Económico de Inverno do Banco de Portugal, que aponta para 0,7 por cento.

As perspectivas são assim pouco brilhantes a prazo, com Portugal a continuar a crescer abaixo da média da zona euro e a não conseguir resolver o problema dos elevados níveis de desemprego.

“Embora o cenário mais provável seja um ajustamento gradual dos desequilíbrios da economia, o certo é que quanto mais tempo eles per-sistirem maior será o risco do ajustamento se tornar disruptivo”, alerta o FMI. A ameaça de uma ruptura grave exige uma ambiciosa resposta das políticas, requerendo uma base de apoio político generalizada e uma

A economia portuguesa vai demorar a “curar a ressaca” da crise de 2009. O principal problema agora é controlar o défice do orçamento, engordado no ano passado com as medidas de reanimação da economia.

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PROJECÇÕES PARA A ECONOMIA EM 2010 FMI BDP GOVERNO 2009 2010 2010 2010Economia(variaçãoem%) PIB real -2,6 0,5 0,7 0,7Consumo privado -0,9 0,3 1,0 1,0Consumo público 2,6 0,7 0,7 -0,9Investimento (FBCF) -11,8 -3,4 -1,1Procura interna -2,9 0,3 0,3 0,3Exportações -12 1,3 1,7 3,5Importações -10,7 0,6 0,3 1,5Inflação média (índice harmonizado) -0,8 0,8 0,7 0,8Taxa de desemprego (%) 9,5 11 9,8Finançaspúblicas(em%doPIB) Défice público 9,3 -8,6 -8,3Saldo primário (2) -6,4 -5,2 -5,2Dívida pública 76,6 83,3 85,4Contasexternas(em%doPIB) Balança corrente e de capital -8,2 -10,1 -9,8 Balança de bens e serviços -6,5 -8,9 -6,8

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liderança determinada nos próximos anos. “Até porque os resultados des-sas políticas demorarão muito a tempo a materializarem-se”, asseguram os analistas do Fundo.

Desemprego a dois dígitosA situação é agravada pelo facto da crise de 2009 poder “ter tido um efeito negativo persistente, tanto sobre o nível, como sobre o crescimento poten-cial da economia, em particular por via de uma maior obsolescência do capital instalado, com impacto na produtividade de longo prazo”, refere o Banco de Portugal. Ou seja, alguns sectores da economia não recuperarão tão depressa os seus níveis de actividade pré-recessão, enquanto outros ficaram para sempre obsoletos e sem capacidade de investimento para se reequiparem. O corolário é lógico: menor acumulação de capital e aumen-to do desemprego estrutural. A evolução do emprego num horizonte até ao final de 2011 continuará marcada pela forte contracção da actividade económica em 2009, “reflectindo o habitual desfasamento entre os ciclos

do produto e do emprego”, explica o Banco de Portugal.Deste modo, após uma contracção de 2,8% em 2009, o emprego deve-

rá diminuir 1,3% em 2010 e recuperar ligeiramente (0,4%), em 2011, prevê o banco central. Todas as projecções concordam que a taxa de desemprego chegará aos dois dígitos, atingindo um nível recorde em Portugal.

Foco no controlo do orçamentoA consolidação orçamental é crítica para prevenir mais deteriorações e preservar a credibilidade externa do país, duramente conquistada. Apesar da impressionante consolidação dos últimos anos, o défice orçamental atingiu os 9,3% do PIB em 2009. Um valor sem precedentes.

Sem novas medidas, alerta o FMI, o défice deverá engordar em 2010, antes de cair para valores a rondar os 5-6% do PIB, em 2013. Grosso modo, o dobro do limite máximo de 3,0% admitido pela Comissão Euro-peia. Tão grave como a dimensão do défice, é o facto da dívida pública se acercar dos 100% do PIB (ver caixa).

Dada a continuada fraqueza da econo-mia ao longo de 2010, a manutenção de algumas medidas de apoio social e de rea-nimação da economia poderá justificar-se, mas o processo da consolidação deverá, ain-da assim, dar os seus primeiros passos este ano. Especificamente, será importante que o défice de 2010 pelo menos não aumente,

Economia análise

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As perspectivas são pouco brilhantes a prazo, com Portugal a continuar a crescer abaixo da média da zona euro.

AAMEAÇAESPANHOLAUMDOSRISCOS principais para a economia portugue-sa é a duração e profundi-dade da crise em Espanha, dada a fortíssima inter- -relação entre os dois paí-ses. Espanha é o maior par-ceiro comercial de Portugal, sendo o destino de 25% das exportações de produtos portugueses e de 15% das exportações de serviços. Além disso, Espanha vale 15% das receitas de turismo de Portugal.No final de Março de 2009, 30% das responsabilidades da banca portuguesa com o exterior, em financiamen-tos externos, estavam em bancos espanhóis. Cálculos do FMI referem que um eventual colapso na banca espanhola faria desapare-cer 25% dos capitais dos

bancos portugueses.Os estudos existentes com-provam também a existên-cia de uma forte correlação entre o prémio de risco dos mercados português e es-panhol. O que significa que a dívida pública portuguesa será fortemente penalizada, em termos de agravamen-to das taxas de juro, se o risco da dívida espanhola aumentar.As simulações feitas pelo FMI sugerem que a descida de 1,0% do PIB espanhol, como consequência de uma baixa do consumo e do investimento, faz imedia-tamente baixar em 0,2% o PIB português e duplica este efeito negativo nos anos seguintes.

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OPROBLEMADADÍVIDA

(PercentofGDP,2008)

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SISTEMABANCÁRIOSÓLIDO

AECONOMIAPORTUGUESA é uma das mais endividadas na zona euro. A dívida pública au-mentou muito na última década, e alavancagem financeira das empresas também aumentou, enquanto o endividamento das famílias, alimentado pelos baixos níveis de poupança, está entre os maiores da zona euro. Tudo isto se reflectiu na acumulação de um enorme défice da balança corrente, financiado principal-mente por empréstimos da banca no exterior e que caminha para os 10% do PIB, se incluirmos as transferências de capital. Um dos piores desempenhos entre as

economias desenvolvidas.O aumento da dívida, no contexto de uma forte crise internacional, fez aumentar os prémios de risco. Os spreads da dívida soberana têm mostrado uma grande volati-lidade desde o início da crise, em linha com o que se passou nou-tros países periféricos da zona euro, como a Grécia e a Irlanda. No início de 2009, o spread Obri-gações do Tesouro português face aos Bunds alemães atingiu os 175 pontos base para as emissões a dez anos.

O sistema bancário superou relativamente bem a crise financeira mundial, reflectindo pontos fortes pré-existentes, como uma exposição limitada a activos tóxicos, a ausência de bolha no sector imobiliário, modelos de negócio baseados no retalho, e um quadro regulamentar e de supervisão sólido. Porém, algumas vulnerabilidades aumentaram, à medida que as carteiras de investimento eram afectadas, a qualidade de crédito diminuía, tornava-se mais difícil dar resposta às elevadas necessidades de

financiamento por grosso e aumentava a já elevada concentração de empréstimos a grandes exposições. As autoridades tomaram medidas decisivas para fazer face a estas vulnerabilidades, nomeadamente aumentando o limite de cobertura para a garantia dos depósitos, estabelecendo facilidades para recapitalizar os bancos e garantir o seu financiamento e recomen-dando que todos os bancos aumentassem os rácios de capital Tier1 para 8% até Setembro de 2009.

Novas medidas pró-activas fazem já parte da agenda das autoridades – incluindo a introdução de rácios de liquidez mínimos, que deverão ser implementados no contex-to dos desenvolvimentos da arquitectura financeira europeia e internacional. Em particular, o FMI refere a introdução de rácios de liquidez mínimos, uma regulação mais apertada sobre a qualidade do capital e uma maior cooperação entre os organis-mos supervisores.

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o que exigirá um aperto de pelo menos 1% do PIB, face a 2009.O ajustamento nos salários da Administração Pública, que o Governo na

sua proposta de Orçamento de Estado já anunciou não pretender aumentar, será um elemento-chave, quer em termos de credibilidade, quer em termos de sustentabilidade da consolidação orçamental. Será necessário que o Go-verno adopte uma estratégia credível a médio-prazo baseada em projecções realistas e medidas concretas. Na proposta de Orçamento de Estado para este ano, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, integrou o novo sistema plurianual de planeamento e limitação das despesas de cada Ministério. Cada gabinete ministerial passa agora a ter de sujeitar-se ao visto prévio para poder aumentar a despesa autorizada e alargar os quadros de pessoal.

A consolidação orçamental deverá focar-se na redução da despesa cor-rente primária, especialmente dos salários da administração pública e das transferências sociais. Mas a escala deste esforço é tão grande que um

aumento das receitas fiscais deverá também ser considerado, através do alargamento da base de contribuintes. Se as outras medidas falharem, o aumento da taxa normal do IVA pode ser uma opção de recurso, sugere o FMI. Também será vital que as políticas existentes para apoio da conso-lidação a médio prazo sejam integralmente implementadas. Neste sen-tido, é importante que a alteração à fórmula de actualização do valor das pensões (o Governo anunciou para 2010 um aumento extraordinário das pensões de valor mais baixo) seja de facto excepcional e que os custos ine-rentes para o Orçamento de Estado sejam depois recuperados no futuro.

As políticas actuais parecem não chegar para cumprir o compromisso do Governo com a União Europeia, de atingir um défice público equiva-lente a 3,0% do PIB, em 2013. As estimativas do FMI indicam que, sem medidas adicionais, o défice de 2013 andará pelos 5,75% do PIB. É preciso fazer mais, alerta o Fundo.

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Opinião

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O SEGREDO DA LONGEVIDADE

Que segredo está por trás das marcas que sobrevivem no muito longo prazo? O Japão é um dos países do mundo com marcas mais antigas. Um levantamento identificou que o Japão tem mais de 20 mil marcas com mais de 100 anos e oito têm mais de 1000 anos,

num universo de quase dois milhões de empresas. Criadas bem antes da revolução industrial, na grande maioria são retalhistas ou pequenos negócios familiares. Uma das características que parece explicar a longevidade destas empresas japonesas e das suas marcas é um estilo de gestão tradicional, familiar, focada nos funcionários e na excelência do serviço. O objectivo é fazer algo muito bem (o melhor) em vez de fazer algo mediano ou medíocre muitas vezes. Esta postura reflecte-se numa reputação elevada, muito ligada aos conceitos de honra que tão importantes são no Japão. No sector automóvel podemos ver na Ferrari um posicionamento deste tipo.

Em Portugal há exemplos de marcas centenárias, como as marcas de vinho do Porto, criadas nos séculos XVII e XVIII, marcas de estabelecimentos como o café Martinho da Arcada (1782) ou o restaurante Tavares (1823) e marcas como a Vista Alegre, criada em 1824. Sobreviveram até hoje porque primaram por uma reputação assente na excelência e por posicionamentos únicos e muito diferenciadores, não enveredando pela massificação (em muitos casos, impossível até).

O que há em comum com todas estas marcas é a ideia de que os seus produtos são únicos e, como tal, as marcas conseguem brand equity muito elevados junto dos seus consumidores. Como sobreviveram durante muito tempo, a própria associação de antiguidade e tradição que estas marcas geram é um ponto forte, impossível de copiar por novos concorrentes. Existem também marcas massificadas capazes de criar este tipo de reputação. A Coca-Cola, pressionada por blind tests que indicavam que a Pepsi era preferida, alterou a sua fórmula de produto. Os consumidores rejeitaram essa mudança e a Coca-Cola recuou para a fórmula antiga, a mesma forma que sempre consumiram, de geração em geração.

É certo que nem todas as marcas têm o objectivo de sobreviver muito tempo, existindo uma diferença entre a “empresa” e as suas marcas. O portefólio pode ser gerido de forma a ter a marca certa para momentos específicos no tempo. Contudo, a maior parte das empresas gostaria bastante de manter a mesma marca e torná-la cada vez mais forte, premiando a capacidade de sobrevivência nos competitivos e voláteis mercados de hoje. Mesmo marcas em mercados tão voláteis como tecnologia e software, como a Google ou a Apple, fazem da constante inovação um eixo fundamental do seu posicionamento. É difícil pensar em “tradição” nestes mercados, mas talvez daqui a 50 anos os consumidores possam ficar furiosos se Google alterar o algoritmo de busca da Internet, o mesmo que já usavam há gerações.

Uma gestão focada na criação de brand equity e de reputação é essencial. Uma gestão focada nestes objectivos garante que o médio e longo prazo está acima das pressões e exigências de curto prazo e pode garantir um crescimento sustentado e seguro. Uma das principais pressões de curto prazo das empresas de hoje em dia está nos accionistas. Ingvar Kamprad, fundador da IKEA, referiu diversas vezes que o segredo do sucesso da IKEA era ser controlada familiarmente e que, caso fosse detida por accionistas anónimos, teria acabado em 73, na crise do petróleo e em plena explosão de inflação, quando decidiu manter os preços fixos e sacrificar os lucros daquele ano, em prol do brand equity e da reputação da sua marca.

Para poder transformar o brand equity numa ferramenta de gestão é necessário monitorizá-lo de forma rigorosa e consistente, tendo bem presente que a performance financeira de uma empresa é bem distinta da sua performance enquanto fornecedora de produtos e serviços. Uma empresa pode durante algum tempo ter lucros e ter consumidores insatisfeitos ou pouco envolvidos, bastando uma alteração de condições de mercado para fechar portas. Por outro lado, uma marca pode apresentar prejuízos devido a uma conjuntura difícil, mas ter consumidores cada vez mais dedicados à sua marca, à espera de tempos melhores para a consumir.

Lourenço Bray Director da MYBRAND INTELLIGENCE UNIT

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» Internacional

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TERRA DE SORRISOS À ESPERA

DO MUNDIAL 2010

MOÇAMBIQUE

O turismo de Moçambique tem registado um forte crescimento nos últimos anos devido, principalmente, a uma aposta na diversificação do seu produto turístico (praias e eco-turismo) e cultural. Este ano esta expansão será ainda

mais evidente com o Mundial de Futebol 2010.

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Março 2010 » PRÉMIO » 43

BERNARDO DRAMOSDIRECTOR-GERAL DO INSTITUTO NACIONAL DO TURISMO

Entrevista

“Moçambique está a crescer acima das

expectativas”

Bernardo Dramos esteve presente durante a Bolsa de Turismo de Lisboa, no início do ano, e falou à PRÉMIO sobre os projectos em desenvolvimento em Moçambique. O que está a ser preparado para o Mundial 2010, investimentos e atractivos turís-ticos para captar mais visitantes a um país onde as praias e o eco-turismo continuam a marcar pontos…

Moçambique tem registado crescimento no turismo?Moçambique está a crescer bastante, em certos casos acima das expec-tativas, o que nos agrada bastante pois temos vindo a fazer um esforço elevado para que isso aconteça. Por exemplo, o ano passado – embora não existam ainda dados finais –, tudo indica que tenhamos um crescimen-to de cerca de 14% em relação ao ano anterior e uma facturação acima de 190 milhões de dólares. São números ainda por confirmar, mas que nos dão conta de um claro crescimento neste sector. É importante referir que este crescimento no turismo se registou nos últimos 4 a 5 anos. Por

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»

PACOTES TURÍSTICOS 3 EM 1 JÁ PARA O MUNDIAL 2010

MOÇAMBIQUE, África do Sul e Suazilândia acabam de assinar um memorando de entendimento para a criação de um produto regional, que ofereça aos turistas a possibilidade de visitarem três destinos num só pacote. Para já há ainda alguns pormenores a serem ultimados, mas o director-geral do Instituto Nacional do Turismo de Moçambique, Bernardo Dramos, garante que os pacotes estarão disponíveis a tempo do Mundial 2010.

“Vamos fazer um marketing conjugado. A nova marca será revelada em Moçambique, em Abril. Depois lançaremos os pacotes na Feira de Turismo de INDABA, na província do Natal, na África do Sul”, sublinha.

A ideia é proporcionar aos viajantes três destinos num único pacote, usufruindo de dois ou três dias em Mpumalanga com o eco-turismo do Kruger Park (África do Sul), dois ou três dias nas reservas, praias e nas noites vibrantes de Maputo, e três ou quatro dias na cultura ancestral do reinado na Suazilândia. Estes pacotes estão a ser desenvolvidos pelos institutos de turismo dos três países e em breve vão ser lançados a vários operadores turísticos para que os possam vender. “Achamos que esta é uma grande plataforma para os turistas portugueses poderem usufruir de Moçambique, em que temos a mesma língua e aproximação histórica, mas também dos outros destinos”, conclui Bernardo Dramos.

Internacional moçambiquedo a fazer um trabalho de ampliação nas suas operações, o que é um sinal positivo, pois significa que reconhecem que há um bom ambiente para fazerem negócio, por outro lado também reconhecem que há oportunida-des de negócio. Continuamos a receber vários pedidos e demonstrações de interesse de outros investidores portugueses, no sentido de perceber melhor aquilo que é a política de investimento estrangeiro e as nossas condições de fazer negócios. Isso é um bom sinal e acredito que neste ano e no próximo teremos outros portugueses a fazerem os seus investi-mentos em Moçambique. Agora mesmo na BTL tivemos vários contactos de investidores, que nos procuraram para saber quais as nossas regras, incentivos e benefícios fiscais.

São bons os incentivos e benefícios dados em Moçambique? É importante referir que Moçambique detém, neste momento, uma das melhores plataformas de incentivos fiscais de África. O Governo de tão preocupado com o investimento estrangeiro no sector do turismo apro-vou uma nova lei de incentivos fiscais e de benefícios fiscais, inclusive de facilitação de acomodação e de visto de permanência. Condições que são catalisadoras e de grande interesse por parte dos investidores.

Quantas camas existem, actualmente, em Moçambique?Nesta altura a nossa estatística fala-nos em 17 mil camas. Temos vindo a fazer um trabalho em Maputo para poder acomodar o que são os interes-ses do Mundial 2010, ampliando algumas estâncias e construindo novas. Acreditamos que antes do Mundial teremos um incremento de duas mil camas extras.

Em que consiste o projecto Coplana?Este é um dos melhores projectos que o sector de turismo tem neste mo-mento. É uma marca nacional, uma cadeia nacional de hotéis genuina-mente moçambicana, que foi desenvolvida pelo Governo de Moçambique e que está a ser construída e gerida pelo Instituto Nacional do Turismo. Pressupõe a construção hoteleira de nível médio, em distritos sobretudo

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exemplo em 2005, 2006, o número de turistas estava na casa dos 700 mil. Neste momento estamos acima dos dois milhões.

Quantos oriundos de Portugal?Em 2008 tivemos cerca de 200 mil turistas portugueses a visitar Moçam-bique, acreditamos que em 2009 tenha havido um crescimento substan-cial e em 2010, sendo um ano sui generis devido ao Mundial de Futebol, o número deverá extrapolar.

O que é que tem contribuído para esse crescimento?Uma das contribuições importantes para este crescimento é o aumento da capacidade de acomodação. Tem-se registado um investimento tanto do sector público como do privado, inclusive de investidores e empresá-rios portugueses que têm contribuído para o incremento da capacidade de acomodação. Por outro lado, o Governo também tem feito um esforço de estruturar a operação no sector do turismo, o que tem atraído e discipli-nado de certa forma a melhores práticas do turismo, o que contribui para um melhor conforto para os turistas.

Já são muitos os grupos hoteleiros portugueses a investir em Moçam-bique, nomeadamente a Visabeira, o Pestana ou o VIP, entre outros. Há mais investidores a avançar com projectos?Em primeiro lugar devemos referir que os grupos que já lá estão têm vin-

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» Internacional moçambique

Moçambique detém, neste momento, uma das melhores plataformas de incentivos fiscais de África.

do interior e onde não há tanto poder de acomodação. Coplana é uma peça de indumentária feminina, que hoje em dia está massificada e é uti-lizada também pelos homens. Quando a mulher moçambicana viaja leva sempre uma coplana consigo envolta na sua cintura ou na sua bolsa para poder estender e sentar-se. Quando tem um bebé serve para amarrá-lo. Então a coplana é uma peça extremamente importante do vestuário, boni-ta, acolhedora, que acarinha e conforta. E nós achamos que esta cadeia de hotéis é dignamente identificada usando a designação Coplana.

Como se vai desenvolver este projecto?Acabámos de lançar a primeira unidade Coplana num distrito dos arre-dores da cidade Maputo – em Moamba, no passado dia 21 de Dezembro. Outras três unidades serão inauguradas nos próximos meses de Feve-reiro e Março. Entretanto, ainda este ano daremos início à construção de mais 20 unidades, que deverão estar concluídas até ao final de 2010. Nessa altura mais 20 unidades terão início para estarem concluídas em meados de 2011. Outras 20 unidades se seguirão. O objectivo é que seja construído um total de 60 unidades por todo o país.

Como são as unidades Coplana?O Coplana é um hotel de padrão médio (2 a 3 estrelas), o menor tem 8 quartos – 16 camas, mas em função das oportunidades específicas estra-tégicas das unidades, da sua localização podem ser flexíveis, aumentando a capacidade de 8 para 12, de 12 para 16 e de 16 para 24 quartos. Essa é a estrutura arquitectónica para o Coplana.

Qual é o investimento deste projecto?As infra-estruturas que são criadas em alguns destes distritos fazem va-riar o preço unitário de cada hotel, até porque há zonas em que a água e a luz são inexistentes, o que obriga a obras de saneamento básico. No entanto, pensamos que o valor mínimo ronda os 450 a 600 mil dólares por unidade, com apetrechamento e tudo.

Para além do reestruturado Parque Nacional da Gorongosa, que outros atractivos encontram os turistas em Moçambique?Temos uma costa com cerca de 3 mil quilómetros de praia, de águas quentes e areia branca. Este é sem dúvida um dos produtos âncora, mas também o eco-turismo, onde é possível encontrarem-se extensas áreas de parques e reservas nacionais, como a Reserva Especial de Maputo, a sul da cidade de Maputo, a Reserva do Limpopo que, combinada com o Kru-ger Park e a parte do Zimbabué, chamamos de Grande Limpopo. Temos a reserva de Chimanimani, a Reserva do Gilé, do Parque da Gorongosa. Só para citar algumas, pois temos muitos outros parques e cotadas.

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Temos parques com uma reserva faunística de pássaros e borboletas para observação e estu-dos científicos. Mas também temos a parte das montanhas, dos lagos, as serras para o turismo de aventura. Temos uma gastronomia fabulosa e temos vindo a desenvolver o turismo cultural, onde podemos referir a Casa do Escritor Cravei-rinha, que já é um dos pontos turísticos mais vi-sitados. De destacar ainda o bairro da Mafalala, com a sua construção do tempo dos povos indí-genas, onde a madeira e o zinco se misturam.

O que está a ser preparado em termos do Mundial 2010? Uma vez que a província do Mpumalanga, na África do Sul, vai ser um dos hospedeiros de grande parte dos jogos do Mundial, estamos a trabalhar em conjunto, no sentido de fazer com que os turistas possam ficar sediados no Mapu-to, porque ficam apenas a duas horas de carro daquela província sul-africana.

Mas também está a fazer-se um trabalho in-terno, no incremento de camas, nomeadamen-te com a possibilidade de serem colocados pa-quetes na Baía de Maputo, se assim se justificar.

E em termos de acessibilidades?Sei que haverá um incremento de voos Lisboa/Maputo/Lisboa, tenho essa informação, para

Parque da Gorongosa, um paraíso perdido“AFRICA’S LOST EDEN” é o nome do docu-mentário realizado pela National Geographic Television sobre o projecto de restauração do Parque Nacional da Gorongosa. Uma inicia-tiva conjunta do Governo moçambicano e do filantropo americano Greg Carr, que visa dar a conhecer a dura realidade daquele parque que nos anos 60 era reserva de referência internacional, e que acabou por ser devastado durante os anos da Guerra da Independência e da Guerra Civil.

O acordo entre o Governo de Moçam-bique e Greg Carr tem uma duração de 20 anos e prevê um investimento total de 40 milhões de dólares. Até lá muito há a realizar, apesar do muito que já foi feito, sendo que o investimento será utilizado de forma faseada na construção de zonas hoteleiras, parque de campismo, áreas de serviços (restauran-tes, piscinas, centro interpretativo, centro de conferências, loja de artesanato, entre outros) e programas de actividades que incluem os

safaris, visitas a comunidades, caminhadas na montanha, passeios de observação de pás-saros e de outras espécies.

Em 2009 registou-se um aumento de visitas na ordem dos 40%, estando previsto um cresci-mento similar para 2010. De acordo com a legis-lação vigente em Moçambique 20% das receitas do Turismo do Parque revertem para o Estado, e os restantes 80% serão dedicados à gestão do Parque e ao desenvolvimento das comunidades locais. Para já está em funcionamento o primeiro complexo turístico do Parque, o “Acampamento de Safaris de Chitengo”, que dispõe de nove cabanas climatizadas, num total de 18 quartos com capacidade para receber 36 pessoas, um restaurante/bar, duas piscinas exteriores, uma loja de artesanato e serviço de lavandaria.

Outras estruturas hoteleiras estão já em projecto, em zonas não exploradas do Parque bem como na Serra da Gorongosa, que serão adequadas a safaris, mas com reduzido impacto ambiental.

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além dos voos habituais. Eu sei que a TAP e LAM irão encontrar uma platafor-ma de melhor acesso. Estamos também a aumentar o número de voos via Mapu-to, Cape Town, Joanesburgo.

E a segurança como está a ser tratada?Moçambique é um país que está em paz, que tem um povo bastante hospi-taleiro, com um sorriso rasgado, o mo-çambicano é uma pessoa de fácil acesso. A cidade de Maputo é bastante segura e onde se pode andar à noite, obviamen-te com todas as cautelas necessárias. O Conselho Municipal está a trabalhar seriamente para aumentar as condições de segurança, o Instituto Nacional de Turismo junto com os operadores está a trabalhar para aumentar os transportes turísticos, isto é aumentar consideravel-mente o número de táxis, de mini bus e de mega bus de luxo para turistas.

E quanto à formação?Uma das responsabilidades do Insti-tuto Nacional de Turismo é a formação, e nós temos vindo a fazer um trabalho muito forte nesta área. No ano passado, por exemplo, fizemos uma campanha de formação de formadores, formámos cer-ca de 270 formadores e continuaremos a trabalhar em várias áreas. Formadores em matéria de higiene alimentar, de gestão de quartos, gestão hoteleira. Gerimos uma escola de formação em Maputo que tem servido de alavancagem. Temos parcerias importantes com o Brasil que nos tem vindo ajudar e com o Turismo de Portugal. O turismo está a crescer muito e toda a formação que damos é absorvida imedia-tamente pelo mercado, que tem bastante sede de profissionais capazes e hábeis para poder atender à procura do turismo. Moçambique irá receber os Jogos Pan Africanos 2011. Estão a ser pensados novos projectos para receber este evento?Actualmente Moçambique entrou num nível que não pode ter retrocesso. Encontrámos desafios para fazer uma série de coisas, nesta altura estão feitas, começamos a criar as alavancagens e, neste momento, estamos a preparar-nos para receber condignamente a avalanche do Mundial. Em simultâneo estamos a aprontar-nos para melhor atender os Jogos Pan

Africanos que terão lugar em 2011. Para isso estamos a construir novos estádios, centros de acomodação para atletas, campus olímpi-cos e tudo isto é também acompanhado em matéria de turismo, acomodação hoteleira, lojas, restauração, casinos, etc. Daqui em diante estamos numa fase em que vamos em cadeia, temos o Mundial, depois os Jogos Pan Africanos, o Mundial do Hóquei em Pa-tins, Campeonato de Xadrez. Enfim, come-

çamos a ser um país onde se podem realizar grandes eventos, tanto a nível de África como do mundo.

Vão marcar presença em outras feiras de tu-rismo este ano?Nós temos um ca-lendário de presença significativa em vários pontos e feiras de tu-rismo. Estaremos na FITUR, em Madrid, na ITB (Alemanha), no INDABA (Áfri-ca do Sul), na WTM (Londres). Apostamos

também entrar em novos mercados, temos mercados importantes em matéria de turis-mo, como o russo.

Se pudesse endereçar um convite aos portu-gueses, o que lhes diria?Gostava de convidar os portugueses, se-jam eles empresários ou cidadãos comuns que queiram fazer turismo, a fazer uso de Moçambique como um destino turístico. Temos todas as condições de conforto e continuamos a criar ainda mais.

Consideramos que por razões cultu-rais, linguísticas e de outra natureza somos um destino preferencial dos turistas por-tugueses. Achamos também que podemos ser um destino de alavancagem do turismo dos Palop’s: Moçambique detém um poten-cial turístico elevadíssimo.

Ao mesmo tempo queria convidar os investidores portugueses e ope-radores a investir em Moçambique. Moçambique é um país imenso do ponto de vista geográfico e do ponto de vista de potencialidades. É um país de coração grande do ponto de vista de acolhimento. Temos 3500 km de praia, dos quais mais de 50% são costa virgem. No interior temos lagos, montanhas, rios. Eu costumo dizer que em Moçambique é possível fazer qualquer tipo de turismo, menos esquiar na neve.

Miguel Mkaima, Embaixador de Moçambique em Lisboa, esteve

presente na BTL em Lisboa

A formação em diversas áreas ligadas ao turismo tem sido uma das grandes apostas do Instituto Nacional de Turismo.

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TAÇA AFRICANA DAS NAÇÕES ORANGE

ANGOLA 2010

O Egipto consagrou-se campeão, pela sétima vez, na final da Taça de África das Nações Orange Angola 2010, que decorreu entre os dias 10 e 31 de

Janeiro, nas cidades de Luanda, Cabinda, Benguela e Lubango.Por ACV

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Quando, em Maio de 2008, o Fernando Fernandes, da C&C, e eu mesmo nos deslocámos a Angola para apresentar o esboço do que seria a nossa ideia para um Campeonato perfeito, está-vamos longe de saber duas coisas: a primeira, que ganharía-

mos o concurso aberto pelas autoridades angolanas – e em que extensão o ganharíamos – e, a segunda, se seríamos bem sucedidos na montagem dos projectos, caso ganhássemos as cerimónias, pois trabalhar num continente diferente parecia-nos um desafio interessante mas arriscado.

Um ano passado, quando finalmente nos adjudicaram os trabalhos aos quais as autoridades angolanas entenderam que poderíamos trazer valor acrescentado, ficámos com uma tarefa hercúlea entre mãos. O tempo era escasso, a definição do que se pretendia que fossem as cerimónias não era clara – quer entre ministérios em Angola, quer entre estes e a Confederação Africana de Futebol e, portanto, o desafio interessante mas arriscado passou definitivamente a arriscadíssimo e perigoso para a nossa reputação.

Nesta altura tínhamos junto à equipa duas outras empresas parceiras e uma pessoa que nos ajudou e muito a ganhar a confiança dos nossos in-terlocutores angolanos: a Puromix, do meu velho e querido amigo Vicente Carvalho, a Realizar, entidade com créditos firmados na matéria e com a qual cedo nos entendemos sobre o facto de precisarmos uns dos outros e, claro, o Carlos Silva, o nosso 3D man, com o qual estabeleci uma empatia imediata.

O Vicente ficou encarregue de dirigir todo o projecto na minha ausên-cia – e dirigiu-o como eu não saberia fazê-lo -, o Paulo Pereira soube, como ninguém, pegar nas minhas ideias iniciais e transformá-las em cerimónias factíveis e belas, juntando-lhes criatividade, arquitectando soluções para as transpor para o terreno, o Carlos Silva aprimorava as apresentações - e se elas foram precisas – e por aqui nos ficámos... As outras vertentes do projecto perfeito por nós apresentado não foram retidas pelo Comité Organizador e, algumas, acabaram por não ser realizadas. Mas delas não rezará a história.

Em Julho as equipas do Ministério da Cultura e do COCAN chegam à

O encerramento do espectáculo ficou marcado por um espectáculo de pirotecnia que deu ainda mais brilho ao estádio

11 de Novembro, em Luanda

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conclusão de que desenho pretendiam e de que aspectos culturais seriam de destacar – o que era para nós essencial, pois sem a Cultura a intervir tí-nhamos pouco conhecimento da realidade Angolana -, começam os ensaios, começa a produção de roupas, calçado, o Adriano toma conta da logística de toda a operação com o Vicente e, devidamente auxiliado pelo Manuel Palmei-ro e pelo Nuno Van Uden, as equipas de motoristas lideradas pelo Agostinho Panda tornam-se cada vez mais imprescindíveis.

Chegava-se a Outubro (a data do sorteio era fixada a 20 de Novembro) e surge a primeira prova da real importância do Carlos Silva: somos chama-dos a apresentar o projecto em Conselho de Ministros e só tínhamos que ser consistentes e o mais possível fiéis ao que iríamos apresentar na realidade.

Veio o sorteio, que correu bem, com meia dúzia de percalços que – como dizemos na nossa profissão – só nós é que percebemos terem existido. Co-meçou o frenesim da preparação da abertura, os problemas de transportes, de vistos, de seguros de saúde, de alojamentos, de alimentações, de serviços de terceiros – e foram muitos os que contratámos em Angola -, a aquisição da fibra óptica e os geradores de suporte à boa execução dos projectos, enfim, tanta e tanta coisa que ia surgindo no dia-a-dia e que eu ia conhecendo a espa-ços, pois as equipas pouparam-me a muito.

A abertura foi – peço desculpa pela vaidade – muito bonita. Integraram- -se os valores culturais e civilizacionais que o Ministério da Cultura entendeu relevantes com as tecnologias e sistemas de exibição que a nossa equipa de trabalho pensou e construiu e, repito, África gostou e os angolanos percebe-ram que cumpríamos o prometido.

Começou, então, a aventura que levaria o Egipto à sua séptima consagra-ção como campeão de África em futebol. Angola, tal como se previra, lutou com galhardia e o jogo que perdeu com o Gana soube a pouco. Estivesse Manucho mais inspirado e a história seria contada de outra forma.

Mas os angolanos não desarmaram e a presença nos estádios, o apoio às selecções que ainda estavam em prova, o respeito por Suas Excelências o Ministro da Juventude e Desportos e a Ministra da Cultura ganhavam outra dimensão, mesmo por parte de quem os quis criticar antes de tempo.

A última prova estava prestes a acontecer. Se tudo corresse bem as au-toridades angolanas veriam que o que fazemos é com seriedade e Angola ficaria com uma imagem muito positiva aos olhos do Mundo a que a força das televisões leva as imagens. E, uma vez mais, as equipas que no terreno montaram a operação – entre os dois ministérios e a Cunha Vaz & Associa-dos e seus parceiros (Puromix, Realizar e C&C) – mostraram o nível a que se pode actuar. Angola mostrou que é capaz e criou uma imagem de qualidade que é definitivamente outro padrão na história da competição.

Não posso nem seria justo terminar este texto sem um sentido agrade-cimento a todas as autoridades angolanas que connosco colaboraram e ao nosso Colega e Amigo Carlos Garcia. Sem o Carlos e toda a sua intervenção junto de todos e cada um dos interlocutores nada teria sido possível.

Quanto ao resto, as imagens falam por si.

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África gostou e os angolanos perceberam que cumpríamos com o prometido.

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Opinião

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MOBILIDADE

No ano 2000, o tráfego na ponte 25 de Abril continuou a crescer, apesar do comboio na ponte ter entrado em serviço um ano antes, da ponte Vasco da Gama ter entrado em serviço dois anos antes e de estar a exceder todas as expectativas iniciais de tráfego. Afinal, que

fenómeno ou fenómenos se passam? Um é de diagnóstico imediato: mesmo existindo transporte público a intermodalidade entre meios de transporte não existe, logo os meios de transporte públicos tornam-se inconvenientes porque desconfortáveis em sentido lato. E se há reforço da opção rodoviária a escolha do meio de transporte individual torna-se evidente. Como as cidades não comportam os incrementos de fluxo rodoviário, os congestionamentos de tráfego são permanentes e os engarrafamentos não são apenas desastrosos para os nervos, custam caro à produtividade Europeia, ainda mais em Portugal onde a produtividade (valor acrescentado) é baixa. Estima-se que na União Europeia os custos de congestionamento de tráfego rodoviário representem 0,5% do PIB.

Consideremos três áreas metropolitanas da península, as que nos são mais próximas: Lisboa, Porto e Vigo. A mobilidade “interna” deste eixo oeste/atlântico Lisboa - Porto - Vigo, é especialmente baixa quantitativa e qualitativamente, sobretudo quando nos estamos a referir a uma área relativamente pequena (uma faixa de 450x50 Kms) mas que é uma das zonas mais densamente habitadas da Europa, com cerca de oito milhões de pessoas. Hoje, são necessárias sete horas para ser percorrida longitudinalmente, utilizando meio(s) de transporte público! Assim, não é possível que estas áreas metropolitanas actuem entre si, de forma colaborativa, potenciando o desenvolvimento desta região.

No respeitante estritamente ao caso português, trata-se mesmo de uma questão de coesão territorial, uma vez que, dentro em pouco, Vigo e Madrid estarão ligados em Alta Velocidade Ferroviária. Quando falo em coesão territorial, falo particularmente em igualdade de oportunidades entre as regiões norte e sul do país: Lisboa tornou-se uma região auto-suficiente com níveis de rendimentos próximos da média europeia, a região do Porto, e do Norte, tornaram-se das mais pobres do país, da Península e da Europa, deprimida e fechada sobre si própria porque ferida no seu orgulho, com dificuldade em encontrar soluções para desenvolver o seu network, as suas ligações potenciadoras de desenvolvimento económico e consequente desenvolvimento social, no mínimo recuperar

rapidamente a posição relativa que ocuparam até ao final dos anos 80. Na Europa, a Alta Velocidade Ferroviária permitiu o aparecimento

de um novo perfil de utilizador: passageiro frequente de longa distância. Nos países onde a AVF existe é agora possível trabalhar numa região e viver noutra! Resulta daqui evidente melhoria da qualidade de vida das pessoas e consequente mudança das tendências urbanas e económicas. O exemplo está já aqui ao lado. O corredor Madrid-Sevilha (471km em 2h 30m de viagem) serve 7,7 milhões de pessoas, passando por Cuidad Real e Córdoba. Este corredor movimenta cerca de 6 milhões de passageiros por ano. Cuidad Real, uma localidade a cerca de 170 Km de Madrid insignificante até ao aparecimento do AVE, Alta velocidade Espanhola, tornou-se num novo “dormitório” de Madrid, numa cidade nova, bem planeada urbanisticamente, onde se pode viver com qualidade “ao lado” do local em que se trabalha.

Como comparação, o caso português da actual ligação Lisboa-Porto no serviço mais rápido disponibilizado pela CP: o Alfa Pendular. A dimensão populacional é idêntica, cerca de 7 milhões de pessoas, a distância de 300 km é significativamente mais curta. A CP oferece o melhor tempo de deslocação em 2h 35m; mas sem qualquer garantia ao utente. Os atrasos são frequentes e às vezes significativos, não porque o Alfa Pendular não seja um comboio excelente, mas porque não há via disponível para este circular nos tempos requeridos; a via está saturada e os comboios não se ultrapassam uns aos outros! E o fluxo entre as duas cidades no Alfa-Pendular é de apenas 1,2 milhões de passageiros ano, que compara com 6 milhões do AVE Madrid-Sevilha!!! Os números são elucidativos e suportam a óbvia conclusão que se pode tirar.

Os projectos estruturantes, nomeadamente os ferroviários, grandes ou pequenos, são sempre projectos de ciclo longo, desde as suas fases de desenvolvimento e planeamento, passando pela alocação de recursos e, naquilo que é mais visível, a sua implementação. São de capital intensivo e de financiamento sempre alavancado pelos estados promotores, qualquer que seja o modelo em qualquer parte do mundo. Como tal, não são compressíveis em ciclos eleitorais. É no respeito pelos seus principais beneficiários, indubitavelmente as gerações futuras, que se requerem processos de decisão maturados, e que todas as partes envolvidas assumam o seu posicionamento de forma coerente, transparente e que os processos, uma vez consolidados, sejam consequentes.

Ângelo Ramalho Presidente da Alstom Portugal

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Sociedade instituição

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O DESAFIO DE UMA MISSÃO COM MEIO MILHAR DE ANOS

UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS

A UMP, ou União das Misericórdias Portuguesas, agrega um conjunto de 392 Misericórdias em Portugal, uma estrutura cuja missão é a ajuda a terceiros e com assumidos objectivos altruístas.Por Vítor Norinha

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Dito isto, pergunta-se como conseguiu esta estrutura sobrevi-ver aos últimos 50 anos, tendo passado pelos Descobrimen-tos, pelo caminho marítimo para a Índia, pelas invasões napoleónicas, pelo advento do liberalismo, pelos conflitos sociais do final do século XIX, pela implantação da Repú-

blica, pelo salazarismo, pela guerra colonial e, mais recentemente pelo 25 de Abril.

As instituições funcionam autonomamente, mas são representadas pela União, liderada por Manuel Lemos.

O universo das Misericórdias em número é impressionante, pois em-prega mais de 50 mil pessoas, o que significa quase 500 milhões de euros de salários anualmente e um orçamento de exploração que atingiria 800 milhões de euros, se fosse consolidado. Tem activos tão diferentes como hos-pitais (19), farmácias (837), uma escola superior, um laboratório clínico e até uma posição num banco.

A actividade destas instituições tem-se alargado nos últimos anos, com o envolvimento no turismo e hotelaria, ou na pequena produção ao nível da

agro-indústria, ou ainda nas energias renováveis.Mas, a crise recente obrigou as Misericórdias a recentrarem--se naquilo que sabem fazer melhor: ajudar os carenciados e

actuar na vertente da saúde, com destaque para os cuida-dos continuados.

Os problemas sociais, o desemprego de mais de meio milhão de pessoas, as dificuldades

dos jovens, o aparecimento de uma nova classe de pobres, que antes chegaram a

ser classe média, o não saber o que fazer aos idosos e, muitas vezes, o seu abandono,

ou ainda as crianças abandonadas por famílias desestruturadas, são missões para as Misericórdias.Vivem das contribuições do Estado, via Segurança

Social, mas também de donativos, da exploração do respectivo património imobiliário, mas também de contribuições familiares em algumas das valên-cias. É uma estrutura muito pesada porque acaba por fazer aquilo que não é economicamente rentável e, logo, entra na missão altruísta de ajudar.

A UMP tem lançado desafios para o interior da estrutura, mas tem lan-çado reptos, muito em particular, ao Governo. Criar emprego será um dos papéis cruciais destas estruturas nos tempos mais próximos. Com o desem-prego a superar as 550 mil pessoas em idade activa, o programa “Iniciativa Emprego 2009” permite às instituições de solidariedade social apoiar o Go-verno no objectivo de atenuar o flagelo da década. O trabalhos das Santas Casas e da IPSIS no apoio comunitário está a crescer, em proporção com a crise social, e a formação de novos colaboradores para o preenchimento de vagas tem permitido encolher a vasta lista de pedidos de emprego que estão na Segurança Social. O desemprego passou, entretanto, a assumir contornos novos, sendo que os jovens, licenciados ou não, são os primeiros a sofrer, mas também pessoas em idade activa e com algumas dezenas de anos de profissão. A resposta, via a empregabilidade por estas Instituições, acaba por evitar que as famílias entrem em colapso ou engrossem os “exércitos” dos necessitados.

As valências das IPSIS e das Misericórdias vão adaptando às necessida-des, com a oferta de refeições diárias a subir rapidamente. As mesmas famí-lias estão a sentir-se incapazes de responder a outras necessidades, como seja o pagamento de creches e jardins-de-infância que são geridos pelas Miseri-córdias e a solução encontrada pelos pais é pedir uma redução das mensali-dades. O problema tende a agravar-se a as instituições de solidariedadeterão de rapidamente encontrar alternativas de financiamento, sob pena do colap-so atingir quem ajuda.

Manuel Lemos explica, na entrevista, esta problemática de pedidos de ajuda para redução do esforço mensal, que se estende também os utentes seniores. O presidente da UMP diz que ainda não sentiu as famílias a reti-rarem filhos ou pais das instituições por falta de condições económicas para suportarem os custos mensais. Mas informações de Misericórdias vão no sentido de que essa é uma das opções das famílias perante o crescimento das dificuldades.

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Sociedade

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Manuel Lemos tem alertado, várias vezes, para a sustentabilidade das instituições de so-lidariedade. Tem afirmado: “Não nos estran-gulem”, e à PRÉMIO afirma que o Estado tem comparticipado, embora tardiamente, na ques-tão dos cuidados continuados.

As Misericórdias não pretendem substi-tuir-se ao Estado, até porque não querem, não têm vocação e historicamente apareceram para “ajudar o próximo” e não para consolidar regi-mes. As suas valências nas áreas da Saúde e as-sistência a crianças ou a idosos são, no entanto, cruciais nos tempos que correm, até porque es-tão organizados, têm o know-how, têm os técni-cos e conseguem responder com custos baixos, devido à sua estrutura não lucrativa, mas que pretende apenas manter-se financeiramente equilibrada.

Negócios possíveisA Turicórdia foi uma iniciativa do Padre Vítor Milícias dentro da UMP e que Manuel Lemos tem mantido e incentivado. O actual presidente diz que o projecto ligado ao lazer e turismo é um sucesso e, na verdade, a área Assistencial tem massa crítica para criar um modelo de lazer e turismo vocacionado para a população sénior. Na prática, o lazer faz parte das suas obrigações e serviços e a criação de uma estrutura própria pode significar agilidade na pesquisa de rotas, itinerários, hotéis, soluções e respostas. Ate há pouco tempo, estavam envolvidas 15 Misericór-dias na promoção do turismo local, sendo que seis eram detentoras de unidades hoteleiras, caso de Trancoso, Arruda dos Vinhos, Golegã, Vieira do Minho, Albufeira e Palmela. A Turi-córdia nunca pretendeu criar unidades hotelei-ras, mas sim dar resposta a programa turístico e que sem colocar em causa a sustentabilidade das Santas Casas, beneficiem idosos e jovens que usufruem de respostas sociais.

Os activos imobiliários das várias Miseri-córdias poderão servir de suporte a este negó-cio, que pode ser entendida na vertente social para os utentes das instituições e que poderá ter uma valência lucrativa para outros eventu-ais interessados.

Conjugado com este negócio promissor es-tão outras actividades, como a área de seguros onde a Securicórdia presta, há 25 anos, soluções neste nicho de mercado. As Misericórdias têm tido protocolos interessantes com a banca, o que tem, na prática, tornado desnecessário o envol-vimento neste tipo de projectos. Manuel Lemos refere, na entrevista, que nas Misericórdias as coisas acontecem devagar e “saem de baixo para

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“Sem o sector social não sairemos da crise”As Misericórdias começaram por ser necessárias e hoje são imprescindíveis porque são ágeis e flexíveis e têm valores. É desta forma que Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), antevê o futuro desta organização com quase 500 anos.

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A actuação das Misericórdias centra-se no sector social, com destaque para a saúde. A crise económica acentuou a neces-sidade de ajuda às famílias e de respostas rápidas. Mas, Ma-nuel Lemos, presidente da UMP, frisa nesta entrevista que as Misericórdias não se querem substituir ao Estado. Cada

um tem o seu papel, sublinhou. O gestor é crítico em algumas situações, caso da aplicação correcta do princípio da complementaridade para a vertente da Saúde, ou ainda nos atrasos ao nível das comparticipações nos cuidados con-tinuados. Manuel Lemos defende uma organização virada para o futuro. O turismo sénior é uma vertente que a Turicórdia, lançada por Vítor Melícias, e que Manuel Lemos diz ter resultados surpreendentes, ou ainda a exploração do potencial das energias renováveis, para além do caso dos serviços partilha-dos, cujo melhor exemplo é a associação de algumas Misericórdias ao SUCH. O rico património de muitas das quase 400 Misericórdias existentes levou o presidente da União a defender a ideia de um Museu Nacional Virtual.

O que é hoje o conjunto das Misericórdias em números, em valores movimen-

tados, activos de que são proprietários e participações sociais em empresas?É impossível descrever em algumas linhas o que são hoje as Misericórdias. Só posso dizer que assumiram uma importância e dimensão que nunca tive-ram antes. No passado, eram necessárias, hoje, são imprescindíveis.

Deixo, apenas, dois números: cerca de 50 mil empregos directos e outros tantos indirectos. E se fosse possível consolidar um único orçamento de ex-ploração, os orçamentos das cerca 400 Misericórdias, estaríamos a falar em 800 milhões de euros/ano.

Felizmente, não é!

Que investimento é feito anualmente pelas Misericórdias em formação? De que forma têm aproveitado os fundos públicos? Que papel tem tido a UMP na vertente formativa?A preocupação e o desígnio da qualidade levou-nos a fazer da Formação um instrumento decisivo em termos de acrescentar valor à nossa Missão. Nes-se quadro, julgo que temos aproveitado bastante bem os fundos públicos. A UMP tem um departamento de Formação próprio que se revê na sua coope-ração com o Estado e que as Misericórdias acarinham.

Em que áreas está a União das Misericórdias mais activa e de que forma as várias Misericórdias são sensíveis às propostas da UMP?As nossas áreas core são: as Respostas Sociais (a vulgarmente designada área de Assistência Solidária), a Saúde e o Património Cultural. Considero que a sensibilidade das Misericórdias às propostas da UMP é muito positiva e aumenta todos os dias, porque procuramos responder às suas necessidades. Não actuamos de cima para baixo, mas sempre de baixo para cima, isto é, conversamos com as Misericórdias antes de lançar as propostas para que es-tas se adequem ao que as Misericórdias pretendem.

Que ligação tem a UMP com congéneres nos países de expressão portu-guesa?Fazemos parte da C.I.M. (Confederação Internacional das Misericórdias), a que me honro de presidir e que é um importante espaço de dialogo universal.

Qual o papel do sector social na actual crise de solidariedade, de emprego e de valores?O papel do Sector Social na actual crise é determinante. Direi mesmo que, sem ele, não sairemos da crise. Os grandes fóruns mundiais, formais e infor-mais, têm hoje clara consciência disso. Da União Europeia a Davos, de Barak Obama a Durão Barroso, todos apostam no Sector Social para sair da crise.

Como estão as Misericórdias a reagir ao aumento da procura de serviços por carenciados, alguns dos quais nunca necessitaram de ajuda alimentar, médica e outras?O melhor que podem! Mas, não queremos substituirmo-nos ao Estado. Quando não havia Estado era uma coisa! Agora felizmente as responsabi-lidades pertencem em primeiro lugar ao Estado, de acordo com o quadro constitucional. Somos complementares e sentimo-nos bem assim.

Considera que há bolsas de pobreza sérias em algumas regiões do país? E em que classes e faixas etárias é mais nítido?Existe a pobreza tradicional muito ligada ao envelhecimento, no Portugal in-terior, e cada vez mais uma nova pobreza, mais urbana e jovem, no litoral.

As Misericórdias estão a sofrer com a perda de utentes nas creches, jardins

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Sociedade entrevista

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de infância e lares de idosos? As famílias estão a retirar os utentes por questões económicas?Neste momento não registamos perda de utentes por razões económicas. O que temos é famílias a solicitar ajustes nas com-participações.

O Dr. Manuel Lemos disse, em tempos, que as Misericórdias funcionam em contra-ciclo, mas o seu equilíbrio não pode ser prejudicado pelo Governo e referiu a Saúde. Referia-se a quê, concretamente?O que está em causa é a aplicação correcta do princípio da com-plementaridade. Num país pobre e com um défice elevadíssi-mo como o nosso não faz sentido, em saúde, aumentar a despesa pública quando o Estado pode recorrer e obter “ganhos em saúde” nas Misericórdias. Não faz pois sentido que num momento difícil o Estado crie dificuldades à nossa actividade, porque, em boa verdade, o que está é a criar dificuldades aos cidadãos.

O ministério da Saúde está, ou não, a assumir as suas comparticipações a nível dos cuidados continuados?Está sim! Com atrasos, mas está!

A diversificação de investimentos, para a área da hotelaria e turismo, foi uma das ideias lançadas oportunamente? Existem Misericórdias que já começaram a aproveitar o respectivo património imobiliário para avançar para estes negócios?Um dos must do século XXI vai ser o lazer. As Misericórdias limitam-se a acompanhar esse must, como de resto muitas ONG o fazem por essa Europa fora. Quando o Dr. Vítor Melicias lançou a Turicórdia foi com esse objectivo. E de facto, já várias Misericórdias lançaram algumas experiências nessa área,

embora o nosso objectivo não seja tanto esse, mas o de apoiar a circulação de pessoas em sede de lazer.

Que resultados apresenta a Tu-ricórdia?A Turicórdia é um projecto de longo prazo, precisamente para apoiar as Misericórdias em ter-mos de lazer. Surpreendente-mente, ou talvez não, os resulta-dos são muito positivos.

Existem ou estão a ser nego-ciados protocolos na área do turismo com outras entidades locais sem fins lucrativos, caso de mutualidades ou entidades de capital público?Como disse atrás, e de resto é tradição das Misericórdias, nada acontece a correr. “Piano, piano, se va lontano”.

A área da banca e seguros é interessante para a UMP?Na banca, temos vários protocolos com várias entidades financeiras, desde o BES à CGD. Nos seguros, temos, há mais de 25 anos, uma participação maio-ritária na Securicórdia, que é mais um instrumento de apoio às Misericórdias.

Existem outros negócios potenciais, caso das energias sustentáveis ou de indústrias locais, onde o sector social poderá entrar?O Sector Social e a Economia Social podem desenvolver-se em qualquer sec-tor da actividade humana. As Misericórdias têm uma longa tradição de diver-sificação de actividade. Mas faz todo o sentido aproveitar o sector social para produzir energias renováveis. Não tanto em termos de se associar em termos societários, mas de utilização dos seus espaços.

O Governo continua a não autorizar as Misericórdias a explorarem energia fotovoltaica nas suas instalações e em condições semelhantes às da Par-que Escolar?É, de facto, assim. Mas a UMP continuará a insistir com o Governo no senti-do de encontrar soluções no âmbito da cooperação mútua.

As Misericórdias sobreviverão enquanto preservarem a sua identidade, a sua natureza e a sua autonomia em relação a todos os poderes.

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cima”, ou seja, as grandes orientações não são propostas e muito menos impos-tas, mas discutidas entre as Misericórdias e, em caso de consenso, são lançados os projectos. Trata-se da “democratização” da actividade social.

Mas têm surgido ideias mais arrojadas, como foi a entrada no negócio das energias alternativas. Manuel Lemos confirmou que continua à espera de ter o mesmo tratamento que a Parque Escolar para entrar na energia foto-voltaica, afastando o modelo dos painéis solares por serem uma solução ultra-passada. Na prática, aquilo que se pretende é usar o espaço e a localização e a diversificação geográfica das várias estruturas para as colocar na produção de energia limpa que seria revendida à incumbente nacional, reduzindo desta forma os custos energéticos das estruturas. São ideias que vão surgindo entre as Misericórdias.

O aproveitamento do espólio cultural e religioso que várias Misericórdias possuem é algo que tem passado pela discussão dentro da União. Manuel Lemos duvida da capacidade desse património se transformar num activo capaz de gerar um novo negócio. Frisa que o património é de cada uma das Misericórdias, que vão cuidando dele e tem vindo dentro da UMP a criar algo que parece exequível e que não é mais do que um Museu Virtual com esse património e que estaria acessível a todos, sem deixar de ser património de cada uma das Santa Casas. É uma solução para algo que está muito disperso e que envolve grandes custos de manutenção.

Por último, a entrada na agro-indústria tem sido tentada por várias Misericórdias, aproveitando especialidades locais e, muitas vezes, ligadas a produções reduzidas e familiares. Um exemplo recente é a Misericórdia de

Vila Verde com a produção de pão, enquanto Amares coloca compotas no mercado, o Vimieiro está nos enchidos e Valpaços está na criação de animais (javali). São exemplos ímpares de iniciativas diferentes e arrojadas.

Manuel Lemos tem frisado o objectivo de Missão das Misericórdias por-tuguesas e, em várias ocasiões tem sublinhado que não se deve confundir desenvolvimento económico, com combate à pobreza, com emprego e com satisfação das pessoas. As Misericórdias têm respondido, não apenas nos quase quinhentos anos de existência desde o seu nascimento mas, muito em particular nos últimos anos em que a crise económica se transformou numa brutal crise social. A resposta continua ser baseada na Missão de servir o próximo, numa missão altruísta.

A “corrida” às Misericórdias começou há muito e as respostas vão depen-der de ajudas estatais, mas também da solidariedade. No entanto, a inovação, a exploração do potencial do património e as pessoas que compõem esta es-trutura secular são a “chave” de uma resposta ágil e séria. A UMP tem feito chegar as mensagens aos decisores e tem obrigado a recordar que a Missão de ajudar sempre foi útil e bem aceite. A pobreza que se instalou em largas franjas da população nacional foi ser atenuada pela Missão, até que a econo-mia faça o seu trabalho de reintegração dos elementos activos e volte a recom-por famílias e empresas.

A vertente de saúde lucrativa está a ser devidamente explorada pelas Misericórdias?Não. As Misericórdias não olham para a Saúde como um negócio. “As-sistir aos Enfermos” é uma Obra de Misericórdia e é nesse plano que as Misericórdias se movem. Os portugueses percebem isso bem.

Existe o eventual problema de incompatibilidade entre a missão das Misericórdias e a actividade do negócio lucrativo?As Misericórdias, enquanto Instituições de Economia Social, não visam lucro. O lucro é a remuneração de capitais. Ora, as Misericórdias não têm capital, o que têm é Fundo Social. Mas, as Misericórdias devem, em nome da sua sustentabilidade ao longo dos séculos, perseguir o objectivo de ob-ter resultados positivos da actividade.

Existe algum projecto para o lançamento de empresas para serviços partilhados entre as Misericórdias, caso de área de contabilidade, sof-tware, viagens, frota e gestão automóvel e outras?Ainda não. Mas como sabe os hospitais estão já a desenvolver esse caminho através do SUCH, e muitas Misericórdias são também associadas do SUCH.

A suspensão do Código Contributo foi um alívio para as Misericórdias em termos de taxa social única?Não coloco o problema nesses termos. As Misericórdias tinham alcançado um acordo prévio com o Governo que consideraram justo.

Quais os resultados do protocolo assinado há um ano com o Governo no âmbito da “Iniciativa Emprego 2009”?Ainda não dispomos de números fiá-veis sobre essa matéria.

De quem é a responsabilidade do restauro e preservação do vasto pa-trimónio artístico, arqueológico, his-tórico e religioso das Misericórdias? Seria útil a criação de um museu na-cional do espólio das Misericórdias?De cada uma das Misericórdias envolvidas. Tenho muitas dúvidas sobre essa utilidade embora já tenha ouvido referências a ele. O Património de cada Misericórdia pertence à sua Comunidade e, por isso, faz sentido que cada uma delas disponha de um espaço para que a Comunidade se reveja na sua Misericórdia. Mas, acho muito bem vinda a ideia de um Museu Nacional Virtual. Estamos a trabalhar nisso.

Acredita que as Misericórdias terão mais 500 anos de missão social?Só mais 500 anos? Como disse um dia o Rei Luís XIII, de França, quando fez 90 anos, a um gentil homem que lhe desejava que atingisse os 100: “Meu filho, não ponhamos limites à bondade de Deus.”

Um pouco mais a sério, sempre direi que as Misericórdias sobreviverão enquanto preservarem a sua identidade, a sua natureza e a sua autonomia em relação a todos os poderes. Como disse atrás as Misericórdias começaram por ser necessárias e hoje são imprescindíveis. E são imprescindíveis porque estão ao serviço das pessoas, são ágeis e flexíveis, têm valores e encaram a sua Missão como um fim em si mesmo.

Conversamos com as Misericórdias antes de lançarmos propostas, para que estas se adeqúem.

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Sociedade congresso

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FERNANDO RUAS REELEITOXVIII CONGRESSO DA ANMP

A necessidade de transferência de novas competências para as Autarquias e o envolvimento local no investimento pú-blico indispensável ao desenvolvimento de Portugal são duas das propostas apresentadas pelo presidente Fernan-do Ruas, na abertura do XVIII Congresso da ANMP.

A revisão da Lei das Finanças Locais deve orientar-se no sentido do desenvolvimento mais equilibrado do todo nacional, avança Fernando Ruas, acrescentando que a nova legislação sobre Atribuições e Competên-cias deverá abordar a questão da inelegibilidades e incompatibilidades dos

eleitos do poder local.Sob o tema geral “Investir nas Pessoas, Desenvolver Portugal”, o XVIII

Congresso da ANMP foi a maior reunião magna de sempre, com mais de oito centenas de congressistas em representação de 281 Municípios,

Fernando Ruas foi reeleito como presidente do Conselho Directivo da associação.

Mário de Almeida, presidente do Congresso, e Vitor Borrego, presi-dente do Conselho Fiscal, integram também a cúpula dos novos orgãos sociais da ANMP.

A transferência de competências para as autarquias “tem que ter uma evolução em linha com a cobrança dos impostos de referência”, propõe o reeleito presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Fernando Ruas.

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NOVA EQUIPA NO FORAL CPLP

O Foral, que propõe-se potenciar e dinamizar o estabelecimento de pontes entre o empresariado

e as autoridades locais, juntou em Viseu mais de 60 presidentes e vereadores de Câmaras Municipais.

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A Assembleia-Geral do Fórum das Autoridades Locais da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (Foral), que reuniu em Viseu na sequência do XVIII Congresso da ANMP, deu posse aos membros indicados por cada uma das entidades representativas dos oito países do Fórum. Como presidente da Mesa do Foral foi eleito Arão Nhancale, de Matola, Moçambique, tendo como vice-presidentes Júlio Correia, de Mosteiros, em Cabo-Verde, António Rodri-gues, da localidade portuguesa de Torres Novas, o angolano

Francisco Capassola, de Porto Amboim, o brasileiro Marcelo Dutra, de Manaus, o guine-ense Mário Lopes, e Hélder Menezes, de Mé-Zochi, em São Tomé e Príncipe. O Foral, que propõe-se poten-ciar e dinamizar o estabele-cimento de pontes entre o empresariado e as autoridades locais, juntou em Viseu mais de 60 presidentes e vereado-res de Câmaras Municipais e aprovou por unanimidade, a adesão dos primeiros Associa-dos Cooperantes: 30 empresas portuguesas, 20 angolanas e duas instituições brasileiras.

Os Municípios pretendem integrar o Conselho de Estado, colocando a voz do Poder local no principal órgão de consulta política do Presiden-te da República. Além disso, a ANMP pretende vir a suscitar, perante o Tribunal Constitucional, a fiscalização abstracta e sucessiva da constitu-cionalidade de normas e iniciativas legislativas, que, segundo Fernando Ruas, não pode “estar dependente da vontade política de terceiros”.

Ao defender que a legislação fundamental que rege o Poder Local tem de adquirir o valor de leis orgânicas, que “assegurem a estabilidade que garante a autonomia municipal de que nunca abdicaremos”, Fernando Ruas questiona que estabilidade política se pode conseguir, quando a le-gislação estruturante, como as Leis das Finanças Locais ou das Atribui-ções e Competências, “são alteradas por maioria, através da Lei do Orça-mento de Estado”.

A ANMP defende ainda que o Quadro de Referência Estratégica Na-cional (QREN), “tem de deixar de ser um mero slogan, para se transfor-mar num instrumento de trabalho ao serviço do desenvolvimento”, recla-mando a adopção de medidas de simplificação processual que agilizem o pagamento da comparticipação comunitária no esforço de investimento dos Municípios.

O papel dos Municípios nas alterações climáticas, os compromissos assumidos no V Fórum Mundial da Água, os Planos de Ordenamento da Orla Costeira, a revisão e implementação do Plano Rodoviário Nacional, a construção das infra-estruturas para as redes de nova geração, e o papel do Poder Local nas novas tecnologias de informação e comunicação, fo-ram outros dos pontos da agenda do Congresso da ANMP.

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Sociedade eventos

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I CONGRESSO INTERNACIONAL EM LISBOA

UNIÃO DOS ADVOGADOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Lisboa foi a cidade escolhida para acolher o I Congresso Internacional de Advogados de Língua Portuguesa, nos próximos dias 22, 23 e 24 de Março.

A União dos Advogados de Língua Portuguesa (UALP) vai realizar em Lisboa, nos próximos dias 22, 23 e 24 de Março, o I Congresso Internacional de Advogados de Língua Por-tuguesa, sob o lema “Os Desafios da Advocacia de Língua Portuguesa no Mundo Sem Fronteiras”. A UALP integra

as Ordens dos Advogados de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, da Guiné- -Bissau, de Moçambique, de Portugal e de São Tomé e Príncipe, bem como a Associação dos Advogados de Macau.

O encontro vai reunir várias centenas de advogados provenientes dos oito países de expressão oficial portuguesa, e ainda do território de Macau, que irão debater um amplo leque de temas relativos ao papel do Advogado e ao funcionamento dos sistemas de Justiça nesses países.

“As Prerrogativas dos Advogados como Garantias dos Cidadãos”, “O Si-gilo Profissional do Advogado” e “A Inscrição Obrigatória” são os temas das três sessões plenárias.

A Comissão de Honra do Congresso é presidida pelo Presidente da Re-pública português, da qual fazem parte os Chefes de Estado dos oito países que integram a UALP e os antigos presidentes desta Associação. A Comis-são Organizadora é composta pelos Bastonários das Ordens dos Advogados de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, de Portugal e de São Tomé e Príncipe, bem como pelo Presidente da Associa-ção dos Advogados de Macau. São também convidados os presidentes dos Tribunais Supremos dos países representados na UALP e dos respectivos procuradores-gerais.

Comissão executiva do I Congresso Internacional de Advogados de Língua Portuguesa

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“O mercado internacional da advocacia lusófona já existe”

AGOSTINHO PEREIRA DE MIRANDA

COORDENADOR DA COMISSÃO EXECUTIVA DO CONGRESSO

Março 2010 » PRÉMIO » 67

AGOSTINHO PEREIRA DE MIRANDA

AGOSTINHO PEREIRA DE MIRANDA (nascido em 1948) é sócio presidente e fundador da Miranda Correia Amendoeira & Associados. Licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1974), concluiu uma pós-graduação em Direito Comparado pelo “Institute for International and Comparative Law”, Dallas, Texas. Inscrito na Ordem dos Advogados desde 1978.Após a conclusão da licenciatura em Direito, regressou a Angola para leccionar Direito Comercial na Faculdade de

Economia de Luanda. Também viveu e trabalhou em Lisboa, Londres, Houston e São Francisco. Durante cerca de seis anos trabalhou na “Gulf Oil Corporation” e na “Chevron Overseas Petroleum Inc.”, nos Estados Unidos. Em ambas as empresas foi responsável pelos aspectos legais das suas operações em Angola, Zaire (presentemente República Democrática do Congo), Gabão e Brasil.Desde 1987, Agostinho Miranda tem vindo a prestar assessoria jurídica e fiscal a diversas empresas nacionais

e internacionais com actividade em Portugal, Angola e Moçambique nas áreas da exploração petrolífera, mineira, banca, construção civil, pescas, etc. Mais recentemente tem representado diversas empresas multinacionais em processos arbitrais realizados em Portugal, Brasil e vários países africanos. É ainda consultor do World Bank, do USAID, da OPIC e de outras organizações internacionais. Desde 2004 é membro da Comissão Executiva da “Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola”.

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O Dr. Agostinho Miranda está directamente envolvido na organização do 1.º Congresso Internacional dos Advogados de Língua Portuguesa, que se realiza em Lisboa de 22 a 24 de Março. Que objectivos tem este evento e que vantagens traz a sua realização?O objectivo do Congresso consiste em colocar os advogados da Luso-fonia a partilhar experiências e a discutir um conjunto de questões re-lativas ao seu papel na administração da Justiça dos respectivos países. É a primeira vez que os advogados dos oito países de expressão portu-guesa se reúnem em Congresso, unidos pelo desejo de dignificação da profissão, em particular, e da Justiça em geral.

Para além dessas vantagens, que se poderiam classificar como genéri-cas, julga que este Congresso pode também trazer vantagens práticas e concretas aos advogados que nele participarem?Estou certo de que após o Congresso nos conheceremos melhor e ve-remos mais claramente aquilo que nos une. Em certos casos haverá certamente lugar para o estabelecimento de relações de colaboração, e até de parcerias, entre advogados e escritórios de diferentes países.

Algumas firmas portuguesas estão já implantadas nos mercados dos vários países de língua por-tuguesa. Pode dizer-se que a língua constituiu neste caso um vector de internacionalização?A língua e, com ela, o património jurídico co-

mum são os veículos que permitiram a internacionalização dos escritó-rios no interior do espaço lusófono. Não são só escritórios portugueses que estabelecem parcerias com escritórios angolanos; o inverso tam-bém está, felizmente, a acontecer. De facto, esse movimento de inter-nacionalização intra-lusófono começou com os escritórios brasileiros que se instalaram em Portugal nos anos 80.

Acredita que poderá vir a existir um verdadeiro mercado internacional de advocacia em língua portuguesa?O mercado internacional da advocacia lusófona já existe e vai continuar a crescer. Basta dizer, por exemplo, que três sociedades portuguesas não hesitaram em deslocar os seus colaboradores para um país tão longínquo quanto Timor-Leste. Isto é um sinal de grande vitalidade da advocacia portuguesa.

Há quanto tempo e como surgiu a UALP?A UALP foi constituída a 13 de Maio de 2002, sendo seus membros as Ordens dos Advogados de todos os países de expressão portuguesa, com excepção de Timor-Leste (por ainda não ter sido formada a respec-tiva Ordem), e inclui também a Região de Macau. A UALP representa, assim, cerca de 600.000 advogados.

Quantas pessoas são esperadas neste congresso?Entre congressistas e convidados, são esperados 300 a 500 participantes.

O objectivo é colocar os advogados da Lusofonia a partilhar experiências.

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Sociedade debate

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ORÇAMENTO DE ESTADO EM ANÁLISE

FÓRUM DOS ADMINISTRADORES DE EMPRESAS

Conselho de administração do Millennium bcp durante a apresentação dos resultados do 4.º trimestre de 2009

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Já é uma tradição. Todos os anos, logo depois de apresentada a proposta do Orçamento de Estado, o Fórum dos Administradores de Empresas, um think thank dos gestores e administradores, analisa o docu-mento, destaca as medidas de apoio ao sector privado

e encaixa as exigências de uma Administração Pública que, nestes últimos quinze anos, nunca parou de crescer.

Este ano, a proposta do Governo integra ainda os efei-tos da recessão económica mundial do ano passado, a mais grave desde a grande depressão de 1929, que atirou o défice público para um valor equivalente a 9,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e fez disparar a dívida para 76,6 por cento.

A ténue recuperação prevista para 2010, não deixa muita margem de manobra ao Estado, forçado a manter algumas medidas de apoio à economia e a aceitar um aumento dos encargos sociais com pensões e subsídios de desemprego. A factura pós-crise não permitirá recuperar mais do que um ponto do défice das Administrações Públicas, para 8,3% do PIB. Mas o Governo mantém o compromisso com a União

Europeia de reduzir o seu défice para abaixo dos 3,0% do PIB, até 2013.

Na proposta de Orçamento para 2010, o ministro das Fi-nanças, Teixeira dos Santos, explica “que os sinais de recupera-ção económica já são visíveis, mas os riscos e a incerteza ainda existentes aconselham a que sejam mantidas políticas de apoio às empresas, ao emprego e ao relançamento da economia”.

Entre outras medidas com relevância para a tesouraria das empresas, adianta, “permitir-se-á a compensação de dí-vidas fiscais, recorrendo a créditos não fiscais e mantendo-se o crédito fiscal ao investimento”. Será também eliminado o imposto de selo incidente sobre um número significativo de actos das empresas.

Para promover o crescimento da economia, o Governo promete reforçar o apoio à internacionalização das empre-sas portuguesas, através da criação de um Fundo de Apoio à Internacionalização e de medidas que reforçam a compe-titividade das empresas e a integração de quadros jovens em empresas exportadoras.

Um défice de 8,3% do PIB e uma dívida pública que vai subir aos 85,4 por cento. A despesa total do Estado a absorver metade da produção do país, num ano em que as medidas de combate à maior recessão dos últimos oitenta anos ainda se justificam. Temas quentes a justificar mais uma conferência anual do Fórum dos Administradores de Empresas, para análise ao Orçamento de Estado.

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UM FÓRUM QUE REÚNE A NATA DOS GESTORES

O Fórum de Administradores de Empresas (FAE) é um think thank que reúne a nata dos gestores e administradores de empresas em Portugal. Foi fundada em 1979, tendo por objectivo promover o conhe-cimento e o desenvolvimento empresarial e a troca de infor-mações e experiências entre os seus membros, desenvolver a investigação científica e técnica para a concretização de estu-dos e iniciativas de interesse

para o aperfeiçoamento de gestão das empresas e estabe-lecer ligações entre os sectores público e privado e uma rela-ção com os governantes.O FAE conta hoje com cerca de 3000 associados, entre os quais os CEOs das principais empresas e bancos portugue-ses e das multinacionais pre-sentes em Portugal, incluindo alguns antigos ministros e secretários de Estado. A actual direcção é composta

por um conjunto de notáveis da administração empresarial de Portugal e tomou posse em Maior de 2007. Os novos orgãos sociais deverão ser eleitos este ano. A associação assinou recentemente protoco-los de colaboração, quer com o Programa MIT-Portugal, quer com o World Economic Forum (WEF), tornando-se parceiro Institucional de ambas as entidades. Além destas parce-rias, o FAE integra, há alguns

anos, uma rede internacional de Associações Privadas de Executivos, integrada por países de todo o mundo como a Espanha, a França, a Alemanha, o Brasil, o Japão, os Estados Unidos da América, a China e outros.

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Sociedade debate

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“Mais impostos sobre as famílias e empresas irão asfixiar o que resta da nossa economia”

Nesta primeira fase pós-recessão, qual o maior desafio do Governo em 2010?O maior desafio do Governo é o mesmo dos últimos anos: re-vitalizar a Economia, de forma a retomar a criação de emprego e viabilizar maior parte do nosso tecido empresarial.

Como gestor, de que lado da barricada está na apreciação da proposta de Orçamento de Estado para 2010 – do lado expansionista, dos que garantem que os incentivos à eco-nomia não podem ser retirados, para evitar uma nova re-cessão? Ou do lado dos que defendem que a prioridades é combater o défice a dívida pública?Como gestor, acredito que não existem duas barricadas, mas

duas dimensões que importam cuidar em simultâneo. Uma, mais imediata, mais urgente, mas também menos estrutural, e que é o combate ao défice para não entrarmos em colapso. Outra, mais de fundo, mais estrutural, que é a revitalização da Economia. Temos um doente cardíaco e com febre. Temos que tratar de ambas as coisas: da febre, no imediato, e do pro-blema cardíaco de forma continuada.

A redução do défice de 9,3% do PIB para valores abaixo dos 3,0%, em quatro anos, é possível?Parece-me muito ambicioso tendo em conta o nosso fraco track-record e a pouca profundidade das medidas inscritas no plano.

O director do FAE é de opinião que o maior desafio do Governo é revitalizar a Economia, retomando a criação de emprego e viabilizando maior parte do tecido empresarial.

PEDRO CARMO COSTA, DIRECTOR DO FAE

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Sócios honoráriosJacques Delors (antigo presidente da Comissão Europeia) e Mário Soares (antigo Presidente da República) Membros natosLuís Filipe de Moura Vicente, João Bártolo, Rui Leão Martinho e Vera Pires Coelho

Conselho GeralFrederico de Melo Franco (presi-dente), Fernando Faria de Oliveira, António de Sousa Gomes, Jorge Jardim Gonçalves, Artur Santos Silva, João Salgueiro, Francisco Murtei-ra Nabo, Eduardo Catroga, Vítor Martins, Carlos de Melo Ribeiro, Ma-nuel Ferreira de Oliveira e Estela Barbot

Mesa da Assem-bleia-GeralNuno Caldeira da Silva (presiden-te), José António Arez Romão (vice-presidente) e Margarida Sá Costa (secretária) Comissão de Ad-missão e DisciplinaTristão da Cunha (presidente), Vic-tor Pereira Dias, Luís Redondo Lopes, Manuel Alves Monteiro e Noronha Lopes (vogais)

DirecçãoEsmeralda Dourado (presidente), Gracinda Raposo e Eduardo Costa (vice-presidentes), Paulo José Ferreira Morgado, Paulo Carmona, Pedro Carmo Costa e Gilberto Jordan (vogais)

Conselho FiscalPriceWaterhou-se Coopers (presidente, representada por César Gonçalves), Mário Quina, Elsa Roncon Santos (vogais) e João António de Sousa Uva (suplente)

Dr. Eduardo Costa, vice- -presidente do Banco Finantia:Este orçamento deverá ser visto como o primeiro passo (embora curto) num plano de ajuste a médio prazo. Nesse contexto talvez seja o orçamen-to possível.Não é realista uma redução brusca do deficit sem afectar ainda mais o já débil cres-cimento da economia (em especial no contexto inter-nacional actual). É um jogo de equilíbrio entre manter os estímulos à economia à custa de um deficit elevado e cortar despesas de forma a permitir o equilíbrio sustentável das

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AS CONTAS DO ESTADO (valores em % do PIB)

2008 2009 2010(p)

Receita total 43,2 39,7 40,2

Receita fiscal e contributiva 36,4 32,6 32,6

Despesa total 45,9 49,1 48,5

Despesa corrente primária 40,3 42 42

Despesa primária 43 46,2 45,3

Saldo -2,7 -9,3 -8,3

Saldo corrente primário 2 -3,5 -3,2

Saldo primário 0,2 -6,4 -5,2

Saldo estrutural (a) -2,7 -8,1 -7,1

Saldo primário estrutural (a) 0,2 -5,2 -4

Investimento 2,2 2,6 2,7

Dívida Pública 66,33 76,6 85,4

Notas: (a) incluindo as medidas anti-crise; (e) estimativa; (p) previsão Fontes: INE e Ministério das Finanças e Administração Pública

Que medidas estruturais tem de ser tomadas para obter esse resultado? Concorda com a redução dos salários na Função Pública, como foi pro-posto pelos Governos espanhol, grego e irlandês?Infelizmente parece-me que a redução dos salários da Função Pública é uma medida tão injusta quando inevitável. Se no primeiro ou segundo ano não conseguimos atingir a redução do défice conforme o plano, pare-ce-me que esta medida será uma inevitabilidade.

Do lado da receita pública, ainda há margem para novos agravamentos de impostos? Sobre as empresas ou sobre as famílias? Se for mes-mo necessário, qual o imposto que poderia ser agravado com menores danos para a eco-nomia?Sinceramente creio que mais impostos sobre as empresas ou sobre as famílias irão asfixiar o que resta da nossa Economia. Não me parece que exista espaço de manobra para aumento de impostos. No máximo fazer regres-sar o IVA dos 20 para os 21%... Parece-me que nova receita só poderá vir da alienação de mais activos sob a alçada dos Estado como património e parti-cipações sociais.

Pedro Carmo costa. director do FAE

contas públicas (satisfazendo os critérios das agências de rating e evitando um aumento do custo da dívida). Tudo isto mantendo o país fiscalmente competitivo face aos nossos congéneres.Acho que o orçamento consegue equilibrar vários destes objectivos conflituantes. Possivelmente irá pecar, em particular no que toca ao mercado e às agências de rating, por ser um ajuste demasiado pequeno e não atacar deficiências estruturais.Embora esta não seja a melhor altura para grandes ajustes e correc-ções estruturais, seria importante desde já anunciar ao mercado qual o plano (e as medidas) que permiti-rão atingir o equilíbrio orçamental a médio prazo.

Dr. Paulo Carmona, director-geral da Executive DigestÉ um orçamento no caminho certo e com a liberdade que nos dão os mercados financeiros. Pode-se argumentar que o esforço é maior ou menor mas é visível a seriedade com que é feito. Ao adiar para 2011 algum do importante ajustamento necessário, aposta num maior crescimento do PIB nesse ano que alivie os custos sociais do com-bate ao défice, mas comporta os riscos de uma maior dificuldade de promover atitudes mais duras se o ciclo politico trouxer instabilidade.

Dr. António Ramalho, CEO da UnicreO Orçamento 201O é um Orça-mento em 3 C’s.É um Orçamento de contenção - - congelando despesa política, nomeadamente salários e despesa social. É um Orçamento de conti-nuidade, mantendo os estímulos às empresas e ao emprego e, desta forma, mantendo um elevado deficit. E é um Orçamento de confiança, porque acredita num crescimento induzido por estímulos públicos dado o pouco estímulo ao consu-mo privado e a queda do consumo público.Pessoalmente, e tanto quanto me foi dado perceber estamos perante um exercício orçamental sério,

mas não sei se estes 3 C’s serão suficientes para inverter a tendência do último ano, que criou um círculo vicioso em 3 D’s: Mais Despesa, Mais Deficit e Mais Dívida. Seria ainda mais sério se resistisse à demagogia americanizada do anti-banca tão dispensável como inadequada.

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Sociedade eventos

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O MUNDO NO PORTOCONFERÊNCIAS DO PALÁCIO

Os embaixadores de Espanha, Reino Unido, EUA, Brasil, Rússia e Israel traçaram o presente e o futuro das relações económicas, políticas e sociais das nações num cenário de globalização.

Ehud Gol e Alberto Navarro com o anfitrião, Rui Moreira. presidente da Associação Comercial do Porto

As Conferências do Palácio 2009, uma iniciativa da Cunha Vaz & Associados e da Associação Comercial do Porto, trou-xeram ao Palácio da Bolsa os líderes diplomáticos das princi-pais potências mundiais.

Mais de 600 empresários, gestores, políticos, advoga-dos, líderes autárquicos e jornalistas tiveram a oportunidade de escutar as ideias de futuro, nos campos económico, político e social, que os embai-xadores de Espanha, Reino Unido, EUA, Brasil, Rússia e Israel deixaram na cidade Invicta.

Alberto Navarro, embaixador de Espanha em Portugal, estreou o debate com a exortação do modelo de regionalização espanhol, uma decisão “muito positiva para o país”. Além disso, o diplomata sublinhou a importância que o TGV teve para Espanha.

“Portugal não deve perder a oportunidade do TGV. Ele mudou as cidades de Espanha por onde passa e, por isso, continuamos a investir naquela que é uma das maiores redes do mundo de comboios rápidos”, sublinhou o embai-xador de Espanha.

Navarra acabou ainda por abordar outra questão não menos pertinente. “Não entendo como a gasolina pode ser tão cara em Portugal”, rematou no Palácio da Bolsa.

“A Nova Ordem Mundial” foi o tema escolhido por Alexander Wykeham Ellis, embaixador do Reino Unido. O líder da embaixada britânica em Lisboa, fluente em português, abriu a segunda conferência afirmando que “vai ser complicado desfazer a Globalização”, mesmo apesar da crise económica que alastra a todo o mundo.

O diplomata destacou a importância que as alterações climáticas vão ter no séc. XXI. “A temperatura média de Portugal vai subir cinco graus centígra-dos. O vosso clima será idêntico ao do sul de Marrocos e a indústria de Vinho do Porto terá de sofrer uma transformação”, referiu Wykeham Ellis.

Sobre o seu país, o embaixador do Reino Unido explicou que “não será trágico ver o Reino Unido descer do quinto para o décimo lugar das maiores economias mundiais. Será o século da incerteza”.

A inteligência humana em oposição à força militar, o crescente apoio ao desenvolvimento dos países mais necessitados e a manutenção da libra en-

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Alberto Navarro e Celso Vieira de Souza, embaixadores de Espanha e do Brasil em Portugal

quanto faça sentido foram mais algumas ideias deixadas no Palácio da Bolsa do Porto.

A visão de Wykeham Ellis foi seguida do pragmatismo de Thomas Ste-phenson, embaixador dos Estados Unidos da América.

O norte-americano traçou um panorama global negativo da conjuntura internacional, sem deixar de sublinhar a importância que teve o novo presi-dente dos EUA, Barack Obama, na conjugação de esforços globais para iniciar um movimento de força para ultrapassar a crise económica mundial.

“A nova administração percebeu que estamos todos juntos na luta contra

esta adversidade”, afirmou Thomas Stephenson.Mas o embaixador dos EUA em Portugal aproveitou a presença de mais

de 120 convidados nas “Conferências do Palácio 2009” para transmitir uma mensagem de esperança para o futuro próximo.

“Recentemente, tive a oportunidade de tomar o pequeno-almoço com alguns banqueiros amigos, em Lisboa, e eles davam sinais de estar mais opti-mistas do que algumas semanas antes”, adiantou.

Do Brasil, o embaixador Celso Vieira de Souza trouxe dados surpreenden-tes: Portugal é o nono maior investidor externo no Brasil.

Conferências do Palácio 2009

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Sociedade eventos

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Finanças, telecomunicações, indústria e turismo são as principais áre-as de investimento luso por terras brasileiras. “O Brasil está numa recessão branda, mas tem um fluxo cambial positivo”, sublinhou no Palácio da Bolsa do Porto, perante uma plateia de 150 pessoas.

O diplomata brasileiro, neto de portugueses, acredita que o futuro das re-lações luso-brasileiras passa por um maior aprofundamento do conhecimen-to mútuo e pelo aproveitamento das ligações à União Europeia e ao Mercosul.

“Vivemos num mundo cada vez mais multi-polarizado, do ponto de vista económico. Em termos globais, julgo que caminhamos para uma nova go-vernança, por isso, uma forte aliança Portugal-Brasil seria muito vantajosa”, afirmou Celso Vieira de Souza.

O embaixador do Brasil em Portugal destacou ainda a importância do desafio da finitude dos recursos energéticos e não deixou de elogiar o país de origem, nomeadamente, o facto de 22 milhões de brasileiros terem subido à classe média. “O Brasil não é mais o país do futuro. O Brasil é o país do pre-sente”, concluiu.

Do frio do Norte, o Embaixador Pavel Fiodorovitch Petrovskiy trouxe-nos um quadro claro das transformações ocorridas na Rússia.

“A sociedade russa estava habituada ao paternalismo do Estado, porque infelizmente na União Soviética os problemas eram resolvidos pelo Estado ou por outra pessoa que não o cidadão”, defendeu no jantar-debate no Palácio da Bolsa.

O diplomata frisou ainda que “a crise teve uma influência negativa no país, levou ao congelamento de projectos e evidenciou problemas antigos. A Rússia precisa de primeiro resolver as dependências das matérias-primas e das exportações. E deve tornar-se num país líder na transformação e produção de energia”.

Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, mostrou acreditar que “a paz e o crescimento da Europa dependem do bom relaciona-mento com a Rússia. Claro que Portugal não tem dimensão para falar com a Rússia. Ela é o grande urso e as negociações devem decorrer com a União Europeia”.

A fechar o ano de 2009, Israel. O embaixador Ehud Gol sugeriu o res-tabelecimento prioritário da ligação aérea directa entre Portugal e Israel como forma de relançar o relaciona-

mento económico entre ambos os países.O diplomata sustentou que “a barreira que existe entre nós (Israel) e os

Palestinianos é para evitar o terrorismo, não um muro, é uma barreira de segurança, ponto”, e defendeu que “quando for possível acabar com o terro-rismo não acho necessário continuar com essa barreira”.

Ehud Gol frisou ainda que “a barreira tem tido bons resultados práticos”, destacando que “gradualmente foi possível minimizar e criar uma nova situ-ação sem atentados dentro de Israel”. E sustentou que “a possibilidade, para nós, de salvar a vida a israelitas vale a pena”. Recusou sempre a denominação de “muro” para a barreira que as autoridades do seu país ergueram na fron-teira com a Cisjordânia, em prol da segurança. E finalizou referindo que “a barreira é reversível e podemos destruí-la em dois minutos, mas as vidas não as podemos recuperar”.

A balança comercial entre Portugal e Israel movimenta anualmente mais de 100 milhões de euros, tendência que se mantém desde 2005 e, ao que tudo indica, será para manter.

As Conferências do Palácio 2009 terminam no novo ano com a parti-cipação de Angola e com a sessão de encerramento a cargo do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luís Amado. Mas os grandes debates do Palácio da Bolsa do Porto vão continuar.

Para 2010, a Associação Comercial do Porto e a Cunha Vaz & Associados preparam o segundo ano das Conferências do Palácio, desta vez com as ilus-tres figuras do panorama da Gestão e das Empresas em Portugal, das Teleco-municações à Energia, do Retalho às Obras Públicas, das Bebidas ao Sector Financeiro.

Os CEO dos principais grupos económicos a actuar em Portugal vão discutir estratégias, conjuntura, mercados e tácticas empresariais com um vasto painel de grandes personalidades locais e nacionais, gestores e empresários, figuras da sociedade civil e da política, bem como opinion makers e jornalistas.

O desafio está relançado.

Em 2010, as Conferências do Palácio vão ser protagonizadas por ilustres figuras do panorama da Gestão e das Empresas em Portugal.

O presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, acredita que, “a paz e o crescimento da Europa dependem do bom relacionamento com a Rússia

Pavel Petrovskiy, Thomas Stephenson e Wykeham Ellis foram alguns dos embaixadores convidados para as Conferências do Palácio 2009

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“É surpreendente a diferença que se pode fazer com os medicamentos”

NORBERT BISCHOFBERGER

Tem no currículo cerca de 30 patentes na área da indústria farmacêutica e a participação na descoberta do Tamiflu. En-trou para a Gilead, uma farmacêutica especializada em tra-tamentos anti-virais, em 1990, onde exerce actualmente as funções de vice-presidente executivo e de director-geral do

Departamento Científico. A Gilead tem em curso um ambicioso progra-ma de combate ao HIV/Sida em 130 países menos desenvolvidos, incluin-do todos os de África, a quem fornece os medicamentos a preço de custo e sem qualquer tipo de lucro.

Para este austríaco de 53 anos, que esteve em Lisboa para participar numa conferência sobre o HIV/Sida, todas as doenças virais têm cura, embora por vezes o milagre farmacêutico possa demorar anos a concretizar-se.

Entrou na Gilead em 1990, depois de passar pela Genentech. O que é que mudou na farmacêutica desde essa altura?Quando entrei na empresa éramos cerca de trinta pessoas, a maioria das quais cientistas. Agora temos quatro mil colaboradores e escritórios no mundo inteiro. Somos, por capitalização, a segunda maior empresa

Se não forem tomadas medidas urgentes para combater a propagação do HIV/Sida em África, a humanidade neste continente corre o risco de desaparecer, alerta o cientista Norbert Bischofberger, vice-presidente executivo e director-geral do Departamento Científico da Gilead, um dos grupos farmacêuticos de vanguarda na investigação e produção de tratamentos anti-virais.

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biotecnológica do mundo, depois da Amgen. Somos maiores do que a Bristol Myers Squibb e do que a Schering. No entanto, comparativamen-te com estas biotecnológicas, não temos muitos empregados. A Bristol Myers Squibb, por exemplo, tem cerca de 30 mil empregados. Quantos cientistas têm actualmente?Cerca de metade da empresa dedica-se à área de pesquisa e desenvolvi-mento. A restante está ligada às vendas e ao marketing. O que é que mudou na pesquisa farmacêutica nestes 20 anos?Muito, principalmente no que se refere às tecnologias. Nem sequer é preciso entrar no campo da investigação farmacêutica. Basta olhar para as tecnologias da informação e comunicação. Hoje pode fazer-se em três meses o que era habitual demorar cinco anos. É tudo muito mais rápido porque está tudo robotizado. Muita da informação é analisada através de computadores. É realmente fantástico ver o que aconteceu neste espaço de tempo. Quanto investem anualmente em investigação e desenvolvimento?No ano passado investimos cerca de 840 milhões de dólares. É muito dinheiro.

Por que é que a Gilead se focalizou na pesquisa de medicamentos na área anti-viral?Porque é muito mais simples dos pontos de vista comercial e da regu-lação. Muitas farmacêuticas dedicaram-se à pesquisa na área das gran-des doenças cardiovasculares, como a hipertensão, e, neste momento, há inúmeros medicamentos no mercado. Só a título de exemplo, o mercado norte-americano tem actualmente uma dúzia de inibidores da ACE (para

o tratamento da hipertensão e da insuficiência cardíaca), pelo que será difícil diferenciá-los uns dos outros, e a maioria destes medica-

mentos são baratos e genéricos. Sempre sentimos que, ao foca-lizarmo-nos, em áreas de maior necessidade, daríamos um

contributo maior à sociedade. Além de ser mais simples do ponto de vista regulador, porque estes novos me-

dicamentos ajudam as pessoas e são necessários.

Foi por isso que se dedicaram à pesquisa de me-dicamentos no combate ao HIV/Sida?

Se olharmos para a história da Sida, ela foi primeiro descrita em 1981 e as pessoas

ainda morriam dela em meados dos anos 90. Depois tivemos a primei-

ra combinação de medicamen-tos aprovada, mas não era

tolerada. Hoje em dia há apenas um comprimido

que se toma uma vez ao dia, que permite que se

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Sociedade entrevista

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viva uma vida normal durante décadas. É surpreendente a diferença que se pode fazer com os medicamentos. A área oncológica não é menos sur-preendente. Há cancros que não podiam ser tratados antes e para os quais há agora a ajuda de medicamentos. O cancro é ainda um grande problema, mas estamos a fazer progressos. Em que nível está a luta contra o HIV/Sida no que se refere à pesquisa?Se recuarmos uns anos, pensou-se muitas vezes que o problema estava resolvido. Mas depois houve sempre alguma coisa que fazia esta ideia cair por terra, como os efeitos secundários a longo prazo. Um projecto em que estamos a trabalhar é na cura e acredito, embora esteja ainda num estádio muito prematuro e não queira dar esperanças a ninguém, que o objectivo último da investigação no campo do HIV será encontrar a cura. Curar alguém não vai ser possível num futuro próximo, mas seria uma grande conquista. Portanto não irá acontecer tão cedo…Não, não acredito nisso. Está a ser dispendido muito esforço em vacinas

mas também não parecem muito promissoras. Pessoalmente não acre-dito que vá existir uma vacina num futuro previsível. Se perguntasse a alguém há 10 anos atrás quanto tempo demoraria até existir uma vacina, a resposta seria: dentro de 15 anos. Se perguntar fizer a mesma pergunta hoje, a resposta será a mesma: dentro de 15 anos. E se perguntar a alguém em 2020 vão responder-lhe que talvez dentro de 15 anos... Em 2003, a Gilead criou um Programa de Acesso. Em que é que consiste este programa?Percebemos que as pessoas fizeram um trabalho muito bom com os me-dicamentos que temos nos países desenvolvidos, na Europa e na América. Agora é possível diagnosticar os pacientes, tratá-los, e eles podem recupe-rar e levar uma vida normal. Mas no mundo em desenvolvimento a si- tuação é devastadora. Estive em Moçambique há cerca de um ano e a taxa de prevalência do vírus HIV é de cerca de 16 por cento. Em Maputo, estes valores ascendem aos 25 por cento. É impressionante, mas uma em cada quatro pessoas é HIV positiva. E estes países não têm o dinheiro, os re-cursos ou as infraestruturas necessárias para combater a doença, pelo que sentimos que é nossa responsabilidade dar um contributo para ajudar.

De que forma?O que fazemos é fornecermos os nossos medicamentos de HIV a 130 dos países menos desenvolvidos, incluindo todos os países em África, a preço de custo. Não temos qualquer tipo de lucro. O que custa produzir os me-dicamentos é o preço a que vendemos a esses países. Actualmente temos nos países desenvolvidos quase um milhão de pessoas a tomar os nossos medicamentos de HIV. Mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Há 40 milhões de pessoas infectadas com o vírus HIV no mundo em desenvolvimento e apenas um, dois, ou três milhões recebem tratamento. Para os países africanos, isto é um desastre económico e humanitário. Se não forem tomadas medidas, o continente africano pode desaparecer. Não é possível sustentar uma sociedade com esses números. A título de referência, a prevalência de HIV positivo em Portugal é de 0,5%, o que ainda é alto. Nos EUA anda em torno dos 0,2 por cento. Como é que as farmacêuticas reagem às pandemias? Há medicamentos em pipeline prontos a sair para o mercado?As pandemias são muito difíceis de antecipar. É quase impossível. No caso

da gripe, é uma questão de tempo, porque o vírus tem uma história muito longa. Em 1918, a gripe espanhola matou 40 milhões de pessoas em apenas alguns meses. A cada 25 anos há uma pandemia de gripe. Como tal era claro que haveria outra. Por isso trabalhamos nesta área. O Tamiflu foi des-coberto e desenvolvido por nós. O SARS, há cerca de cinco anos, não podia ser antecipado, porque é um vírus diferentes. Não é possível prever como é que o próximo vírus vai ser, mas estou absolutamente certo de que vai haver mais vírus que se tornam mais virulentos, ou que passam dos animais para os humanos e são causadores de pandemias. Por que venderam os direitos de comercialização do Tamiflu à Roche?Esse negócio foi realizado em 1996, quando a Gilead era uma empresa muito pequena. A gripe sazonal é um desafio em termos de vendas e marketing, porque só prevalece durante alguns meses. A gripe pode che-gar em Janeiro e desaparecer no final de Fevereiro. Para ter essa infra- -estrutura de vendas e marketing é necessário ter outros produtos, e nós não os tínhamos, pelo que, durante sete meses do ano, a força de vendas não teria mais nada para fazer. Além disso, no caso do Tamiflu é neces-sário chegar individualmente a quem está habilitado a medicar e nós não

Quem é Norbert Bischofberger“Actualmente estamos a focalizar-nos na hepatite C

e na hepatite B”, refere Norbert Bischofberger

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tínhamos essa equipa. Em quase todos os países em que estamos presen-tes, incluindo Portugal, trabalhamos essencialmente com os hospitais e não directamente com os médicos. E a Roche era uma empresa que tinha uma grande organização de vendas, por isso acho que foi a atitude certa a tomar. Quais são os maiores desafios da indústria farmacêutica na área dos anti--virais?A área em que nos estamos a focalizar actualmente é a da hepatite C, que era tratada com o Interferon, um medicamento mal tolerado. Outra área é a hepatite B. Esta é uma doença que pode ser curada. Também há um número de outras doenças que as pessoas suspeitam que são causadas por vírus. Há poucos dias li que a apendicite é causada por um vírus, mas isto ainda é muito especulativo. Ainda assim, os vírus desempenham um papel muito maior numa variedade de doenças que ainda não sabemos. Também há vários vírus que estão implicados em cancros. Os desafios são identificar as relações causais dos vírus numa determinada doença e identificar formas de interferir com agentes farmacêuticos.

Enquanto investigador, qual é a sua posição perante os genéricos?É um bom sistema. Um cientista, quando faz uma descoberta, paten-teia essa informação durante um período de tempo que, no caso dos EUA, são 20 anos, mas, quando a patente expira, podem ser fabricados genéricos. É um sistema justo e positivo porque permite a essas farma-cêuticas produzir genéricos de forma muito barata, além de ajudar o sistema de saúde, e dizer às empresas inovadoras que têm de continuar a inovar e não apenas ficarem sentadas e dizerem que já fizeram o seu trabalho. Isso aconteceu a muitas companhias. Quando as principais patentes expiram, muitas vezes essas empresas têm de ser compradas ou então desaparecem. Talvez esse seja o maior desafio para a indústria farmacêutica, já que há um grande número de patentes a expirar. Quantas patentes registadas tem?Pessoalmente tenho trinta. A empresa tem centenas. Mas nem todas as patentes são válidas. Se um componente não passar os estádios clínicos e não for aprovado, a patente não serve de muito. Mas assim que se desco-bre alguma coisa, faz-se o pedido de patente.

COMBATE AO HIV: PORTUGAL ABAIXO DA EUROPAO NÚMERO de novas infecções por HIV recuou 17% nos últimos oito anos devido, parcialmente, às campanhas de prevenção, de acordo com o último Relatório Global sobre a Epidemia de SIDA da ONUSIDA, o Programa Conjunto das Nações Unidas e da Organização Mundial da Saúde para HIV/Sida.Em 2008, havia cerca de 33,4 milhões de pessoas infecta-das com o vírus HIV, das quais 15,7 milhões eram quais mulheres e 2,1 milhões crianças, refere o relatório. O número de novos infectados subiu a 2,7 milhões e o total de mortes em resultado do vírus somou dois milhões.O total de infectados cresceu 20% face a 2000 e a taxa de prevalência, a percentagem de portadores do vírus em relação à população é agora quase três vezes mais elevada do que em 1990.Em Portugal, a taxa de prevalência do HIV/Sida é de 0,5% na população entre os 15 e os 49 anos, um valor que fica 0,3 pontos acima da média europeia, sendo o país da Europa ocidental e central com mais notificações de HIV/Sida.Segundo a ONU, o aumento da percentagem de pessoas infectadas que sobrevive resulta do impacto benéfico das terapias anti-retrovirais. Desde Dezembro de 2008, cerca de quatro milhões de habitantes de países subdesenvolvi-dos e em desenvolvimento estavam a receber tratamentos anti-retrovirais. Um número dez vezes superior ao de 2003.A cobertura dos tratamentos anti-retrovirais aumentou de 7%, em 2003, para 42%, em 2008, com especial incidência na África oriental e austral. O relatório da ONU acrescenta que a rápida expansão do acesso à terapia anti-retroviral está a ajudar a reduzir as taxas de mortalidade relacionadas com a Sida em vários países e regiões. Aparentemente, a epidemia parece ter estabilizado na maioria das regiões do globo, embora a prevalência continue a aumentar na Europa de leste e na Ásia central, devido ao grande número de novos infectados com HIV. A região mais afectada continua a ser a África Subsariana, que esteve na origem de 71% dos novos casos registados em 2008.De acordo com a ONU, o acesso aos tratamentos anti--retrovirais nos países desenvolvidos teve um impacto ex-traordinário na taxa de mortalidade relacionada com o HIV. Num estudo levado a cabo em 12 países desenvolvidos, o rácio de excesso de mortalidade entre pessoas que viviam com o HIV e a população não infectada recuou 85% após a introdução de tratamentos com anti- -retrovirais altamente activos.

Gile

adNORBERT BISCHOFBERGER, 53 anos, tem no currículo cerca de 30 patentes e a participação na descoberta do Tamiflu. Este cientista austríaco estudou Química na Universidade de Innsbruck, na Áustria, e obteve o doutoramento em 1983 na Eidgenossische Technische Hochschule, a Universidade de Ciência e Tecnologia de Zurique, na Suíça. Concluiu pós-graduações em Syntex (Palo Alto, Califórnia) e na Universidade de Harvard (Cambridge, Massachussetts). Posteriormente integrou o Departamento de Biologia Molecular da Genentech. Em 1990 entrou para a Gilead, onde exerce actualmente as funções de vice-presidente executivo e de director-geral do Departamento Científico. Além disso, Norbert Bischofberger é responsável por todas as actividades de Investigação & Desenvolvimento da farmacêutica biotecnológica norte- -americana, presente em Portugal desde 1996.

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Marketing empresas

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A FORÇA DAS MARCAS ORIGINAIS

CENTROMARCA

Numa altura em que as marcas próprias de distribuidor continuam a ganhar espaço nos lineares de supers e hi-permercados, representando já um terço do valor gasto pelos lares portugueses em fast moving consumer goods, a Centromarca, Associação Portuguesa de Empresas

de Produtos de Marca, lança uma “pedrada no charco”. Naquela que é a primeira campanha publicitária de marcas de sempre, vem chamar a atenção para o valor das marcas originais, aquelas que investigam, desen-volvem e investem na inovação.

Um grito de alerta, num momento em que um conjunto de marcas corre o risco de desaparecer. E que faz tanto ou mais sentido quando é missão declarada e reconhecida da associação “criar para as marcas um ambiente de concorrência leal e intensa que encoraje a inovação e garanta

um máximo de valor para os consumidores”. Conforme refere a directora-geral da Centromarca, Beatriz Imperato-

ri, “o impacto económico das marcas ultrapassa a mera questão do empre-go, da produção e das exportações. As empresas que produzem marcas originais inovam mais, contribuindo para um maior crescimento da eco-nomia e do emprego”. E vai ainda mais longe ao lembrar que “as marcas são o principal património da empresa e os alicerces do negócio. São fonte de rendimento e de rendibilidade e a chave da prosperidade futura”. As marcas são razão pela qual “os consumidores escolhem uma empresa e não a concorrente e são elas que dão ao consumidor confiança e garantia, oferecendo escolha e relevância para a necessidade de cada um”, adianta Beatriz Imperatori.

A sensibilização dos consumidores para as marcas originais não será

O objectivo é claro: chamar a atenção do consumidor para o valor das marcas originais e para todo o trabalho de investigação e inovação por detrás do seu desenvolvimento. Isto, quando as marcas próprias da distribuição continuam a ganhar quota.

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CHEGOU A HORA DE COMUNICAR COM O CONSUMIDORA CENTROMARCA iniciou em 2009 um novo ciclo de comunicação. “Tínhamos dois grandes objectivos: ter uma comunicação proactiva e criar um espaço próprio de agenda nos meios. Ao longo do ano, a comunica-ção dirigiu-se sobretudo a empresas do sector e outras organizações que connosco interagem, sejam públicas ou privadas”, esclarece Beatriz Imperatori.A estratégia para 2010 tem como desafio comunicar mais com o consumidor, o que exige um projecto totalmente inovador. “Por acreditarmos no valor único das marcas e no que proporcionam de diferente e enriquecedor no nosso dia-a-dia, quisemos transmitir a mensagem ao consumidor de que existem marcas originais, que in- vestem, investigam e inovam

todos os dias a pensar nele. O resultado desta vontade é esta campanha ‘Marcas Originais’”. A campanha, que arrancou em meados de Janeiro com uma duração prevista de seis semanas, é um trabalho conjunto da Centromarca e dos seus 54 associados. A ideia começou a ser desen-volvida ainda em 2009 com a MSTF Partners que “ajudou a percorrer este caminho num projecto criativo e persistente e nem sempre foi óbvio”, refere Beatriz Imperatori. Em Dezembro, a proposta foi então partilhada com os associados. A reacção, “extremamente positiva e encorajadora”.

Pensada para televisão e imprensa escrita, a campanha “Marcas Originais” tem ainda presença na internet e em alguns outros suportes, mas, sempre com uma utilização complementar. “Para já, decidimos centrar-nos em televisão, uma vez que a utilização dos outros meios não é feita com a mesma intensidade. No entanto, consideramos a hipótese de reforçar a comunicação com o consumidor através de ou-tras formas, após o balanço da campanha”.“O nosso primeiro objectivo é reforçar o valor das marcas através do conceito marcas originais, ou seja, conseguir que o consumidor valorize este atributo no momento da escolha. O segundo objectivo é dar a conhecer a Centromar-ca como uma Associação de Marcas que une um conjunto

de empresas que tem nas suas marcas os seus activos mais valiosos”.“Também estamos a apre-sentar o novo logótipo da Centromarca que inclui como elemento essencial o ®, de marca registada. Com os verdes como cor de su-porte, conferimos um tom de frescura e renovação ao nosso logo, transmitindo ao mesmo tempo uma imagem de sustentabilidade projectada para o futuro. O contraste do preto e do verde conferem-lhe uma imagem forte, moderna e relevante”.

A campanha “Marcas Originais”, que arrancou em meados de Janeiro, é um trabalho conjunto da Centromarca e dos seus 54 associados

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Cen

trom

arca

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Marketing empresas

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“O nosso valor mais forte, onde tudo se reflecte, é a originalidade.”

Beatriz Imperatori, directora-geral da Centromarca, defende que o

consumidor sabe o que são e valoriza as marcas originais

CENTROMARCA VALE 3,6% DO PIB

A CENTROMARCA tem actualmente 54

associados que representaram seis mil milhões

de euros em volume de vendas em 2008,

o equivalente a 3,6% do Produto Interno

Bruto (PIB) português. Os 54 associados da

Centromarca respondem por 27% do mercado

publicitário (dados de 2008/2009) e contribuem

aproximadamente com 6% de receitas fiscais

do Estado.

contudo tão linear, tendo em conta o movimento contrário que se tem vindo a acentuar e que passou a valorizar o preço como um dos principais items a ter em conta no momento de compra. Mas Beatriz Imperatori acredita ainda ser possível fazer a diferença. “As marcas originais são quem nos acompanha no dia-a-dia. São elas que se transformam para nos acompanhar. Sabemos que o consumidor reconhece o seu valor in-dividualmente e acreditamos que em conjunto esse valor sai reforçado, e que portanto a identidade das marcas originais faz todo o sentido para o consumidor, e por esta razão é sempre possível reforçá-lo”, defende.

Um estudo que remonta a 2007, desenvolvido pelo CIDEC, o Centro Interdisciplinar de Estudos Económicos, concluiu que 10% dos consumi-dores se sentia lesado com as cópias por já terem comprado um produ-to de distribuidor, por engano, achando que este era da sua marca. “Isto demonstra que o consumidor gosta das marcas, das quais não abdica, e com as quais mantém uma ligação emocional”, alerta a responsável pela Centromarca. No estudo que a associação fez em 2009, para preparar a campanha actual, o consumidor sublinhava que “reconhecia nas marcas originais três características: níveis de qualidade e preço superiores e uma capacidade de inovação diferente”.

A partir daqui seria então fácil consolidar a ideia de que o consumidor sabe o que são e valoriza marcas originais.

O objectivo da campanha em curso não podia ser mais simples: sen-sibilizar esse mesmo consumidor para o valor das marcas. “Afirmamos o nosso valor mais forte, aquele, onde tudo se reflecte: a originalidade”, explica Beatriz Imperatori, sublinhando o facto de a campanha interpe-

lar o consumidor pedindo-lhe que se lembre do que são para si marcas originais.

“Sabemos que actualmente, dado o contexto económico em que vive-mos, o consumidor tem uma restrição orçamental que influencia as suas escolhas e é natural que assim seja. Ao pedirmos ao consumidor para na próxima vez que for às compras se lembrar das marcas originais, estamos a reforçar positivamente a nossa relação com o consumidor. A reforçar a nossa presença e implicitamente a dizer que o acompanhamos indepen-dentemente do seu contexto e dos seus compromissos”, explica.

No final, claro, o movimento no tabuleiro do xadrez será sempre dita-do pelo jogador. Será sempre o consumidor o grande decisor.

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A fotografia e a pintura marcam encontro no Casino Estoril. Há meio século a apostar nas artes.

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Marketing smart shopping

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A ZONA CHIQUE FREEPORT

Com um carácter inovador, o novo espaço valoriza a comodi-dade e coloca em evidência a sofisticação de marcas como a Burberry, Carolina Herrera, Diesel, Gateone, Hugo Boss, Purificacion Garcia, Spazio by Dolce&Gabbana e Versace, que se encontram agora lado-a-lado na Avenida da Fonte,

de modo a facilitar as compras dos consumidores mais exigentes. A inauguração deste espaço premium decorreu em simultâneo com

a abertura das lojas da Gateone, Spazio by Dolce & Gabbana e Diesel. A área Premium reflecte o enfoque no bem-estar do consumidor e compro-va a ambição do projecto que, em constante mutação, procura conquistar

um público sofisticado que se desloca ao Freeport para fazer smart shop-ping. O espaço premium em Alcochete é uma estreia absoluta no sector dos outlets portugueses que até hoje não se focavam na atracção de con-sumidores de marcas de luxo, limitando a sua estratégia ao factor preço.

A aposta em marcas internacionais tem singrado e os objectivos são comprovados pelas performances positivas e pela notoriedade que o es-paço tem vindo a ganhar junto dos consumidores, que, segundo um es-tudo realizado pela Cushman & Wakefield, elegem o Freeport como a sua principal escolha no sector dos outlets.

Resultante da relocalização de algumas lojas já existentes e da entrada de novas marcas de luxo, o Freeport de Alcochete apresenta agora um novo espaço premium, exclusivo para marcas de prestígio internacional.

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Free

port

No Freeport é possível encontrar grandes marcas com grandes preços todos os dias do ano.

Resultados e Novos PlayersO Freeport encontra-se neste momento a desenvolver projectos em di-versos países europeus. Em Portugal tem apresentado indicadores muito positivos e a existência de lojas de luxo confirma a confiança dos investi-dores e das marcas no projecto.

No último ano fiscal, que encerrou em Junho de 2009, o Freeport de Alcochete registou um aumento homólogo de 5% no número de visi-tantes, para cerca de quatro milhões, e de 7% no volume de vendas. Foi o melhor desempenho desde a sua abertura. O objectivo da actual adminis-tração é duplicar o número de visitantes nos próximos anos.

Dezembro de 2009 ficou marcado por um crescimento de 43% do volume de negócios, face ao mês de Novembro, permitindo fazer uma análise muito positiva da época natalícia.

Também em Dezembro, o Freeport acolheu três lojas novas do maior grupo retalhista português – a Sonae – que resultou numa ocupação de 90% de área bruta alocável. A entrada de novos players (Continente Out-let, SportZone Outlet e Modalfa Factory), reforçou o mix de oferta, propor-cionando a afluência de novos visitantes e novas alternativas de compras. Em fase de conclusão está, também, uma zona mix use, composta por escritórios, que futuramente aumentará a oferta na área dos serviços.

ÁREA BRUTA ARRENDÁVEL: 75.000m2 INAUGURAÇÃO: 9 de Setembro de 2004 PROPRIEDADE: recentemente adquirido pelo Grupo CarlyleESPAÇOS: o Freeport Alcochete oferece uma gama variada de lojas e lazer• UCI Cinemas• Restaurantes• Bar• Centro de Exposições• Mais de 140 LojasHorário de Funcionamento:• De Domingo a Quinta-Feira Lojas - Das 10h às 22h | Restauração - Das 12h às 23h• Sextas-Feiras, Sábados, Véspera de FeriadoLojas - Das 10h às 23h | Restauração - Das 12h às 24hDia 25 de Dezembro: o Centro está encerrado.Dia 1 de Janeiro: o Centro, com excepção dos Cinemas, está encerrado.

Conceito Outlet

Como centro Outlet, o Freeport é um espaço onde pode encontrar grandes marcas com grandes descontos todos os dias do ano. Os produtos Outlet são produtos que per-correram as várias fases de venda em loja full-price e que encontram no Freeport a última etapa de saída para o mer-cado, sendo vendidos a preço muito mais reduzido do que seriam numa loja de preço normal.O mercado de retalho de Outlet tem assistido a um cresci-mento excepcional na Europa e é considerado, por marcas e consumidores, como uma ligação essencial ao retail mix.

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Marketing saúde

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“SAÚDE DA NOVA GERAÇÃO”

HPP SAÚDE LANÇA PROJECTO DE SOLIDARIEDADE

Saúde da Nova Geração” é o nome do novo projecto de solida-riedade do grupo HPP Saúde, ao qual se associaram 13 jovens talentos nacionais, de áreas tão distintas como a música, o tea-tro, o desporto e a culinária, conhecidos do grande público. Ma-

falda Arnauth, Miguel Arrobas, Tiago Bettencourt, Luísa Tender, Cláudia Borges, José Avillez, Ana Guiomar, Cláudia Semedo, Pedro Cabral, Diogo Gama, Sara Prata, Sofia Escobar e Carla Chambel são os jovens talentos que vão dar corpo a 13 projectos de responsabilidade social da HPP Saúde, que, aliando serviços de qualidade a uma visão inovadora das unidades hospitalares, pretende sensibilizar as novas gerações para a importância da “Educação para a Saúde”.

Os “Embaixadores da Saúde da Nova Geração” vão alertar as gerações mais novas para questões relacionadas com a saúde, nomeadamente no

que diz respeito à prevenção e promoção de hábitos de vida saudáveis, e em parceria com o grupo HPP Saúde irão apoiar diferentes causas e pro-jectos de solidariedade na área da saúde.

“Num momento de particular dinamismo do mercado de prestação de cuidados da saúde em Portugal, o Grupo HPP aposta num projecto inovador com o objectivo de desmistificar o cariz emocional de uma ins-tituição com as características de um hospital. Assim, no âmbito da estra-tégia de responsabilidade social do grupo, nasceu a ideia de associar um conjunto de jovens oriundos de várias áreas que partilham em comum o talento e a vontade de contribuir para a construção de uma sociedade mais saudável e participativa. A ideia surgiu da necessidade de criar um projec-to e iniciativas que se identificassem com o novo claim criado pela HPP Saúde, Health of the Generation”, explica Guilherme Victorino, director

Algumas figuras públicas da nova geração são os embaixadores do “Saúde da Nova Geração”. O projecto tem como objectivo alertar as gerações mais no-vas para a saúde, prevenção e estilos de vida saudáveis.

Ana Guiomar, Cláudia Borges, Miguel Arrobas

e Cláudia Semedo são alguns dos jovens

talentos que vão dar corpo a 13 projectos de responsabilidade social

da HPP Saúde

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NOVO HOSPITAL DE CASCAIS ACABA DE INAUGURAR

Fundada em 1998, a HPP Saúde proporciona uma oferta de serviços global baseada numa rede que cobre todo o território nacional,

contando com mais de dois mil profissionais de saúde. Em Portugal, a HPP Saúde detém cinco hospitais — Hospital da Boavista, Hospital da Misericórdia de Sangalhos, Hospital dos Lusíadas, Hospital de Santa Maria de Faro e Hospital São Gonçalo de Lagos — e o Hospital de Cascais, em regime de Parceria Público-Privada (PPP) desde Janeiro de 2009.

No passado dia 23 de Fevereiro

inaugurou o novo Hospital de Cas-cais, o primeiro hospital do Serviço Nacional de Saúde a ser concessio-nado e construído em regime de

PPP.A área de influên-

cia do novo Hospital irá abranger, na área materno-infantil, para atendimento a mulheres grávidas, bebés e crianças, não

só o Concelho de Cascais, mas as seguintes freguesias do concelho de Sintra: Algueirão-Mem Martins, Pêro Pinheiro, Colares, S. João das Lampas, Santa Maria, S. Martinho, S. Pedro de Penaferrim e Terrugem.

Os meios disponibilizados pelo novo Hospital passam por 83 000 m2, 277 camas, 33 gabinetes de con-sulta, 6 salas de bloco operatório, 10 salas de partos, unidade de cuida-dos intensivos e hospital de dia.

de Marketing e Comunicação. “Pretendemos lançar um forte alerta a toda

a sociedade de prevenção em saúde, em espe-cial ao público jovem, urbano, informado, com capacidade de influência e de liderança pelo exemplo junto de públicos específicos”.

Cada embaixador vai desenvolver o seu pró-prio projecto de solidariedade em parceria com a rede HPP, apoiando diferentes associações e instituições com carências na área da saúde. Por exemplo, Mafalda Arnauth, fadista, apoia a causa “Música no Coração”, uma iniciativa que visa alertar e sensibilizar a comunidade fadis-ta para a prevenção do risco cardiovascular. Já Cláudia Borges defende “Um Dia Sem Medo”. A apresentadora do programa “Fama Show”, emitido pela SIC, quer ajudar os mais peque-nos a ultrapassar o receio do contacto com os médicos e o medo de ir ao hospital.

No conjunto, todos os embaixadores vão mostrar que é possível, dando um pouco de si, contribuir para a construção de uma saúde da nova geração.

O site www.saudedanovageracao.com é o pólo agregador de todo este projecto e o local onde poderá acompanhar a par e passo o desen-volvimento dos projectos de cada embaixador.

O site está ainda direccionado para as redes sociais: Facebook, Twitter e YouTube.

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» Lazer cá dentro

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Descanso num cenário único

MONTEBELO AGUIEIRA LAKE RESORT & SPA

Com todos os serviços e facilidades de um hotel premium, o Montebelo Aguieira Lake Resort & Spa apresenta um novo conceito de turismo, lazer e habitação em pleno leito do Mondego.

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Inserido na paisagem da Barragem da Aguieira, entre Viseu e Coimbra, o Montebelo Aguieira Lake Resort & Spa é o lugar ideal para passar um fim-de-semana ou desfrutar de férias em família, com amigos ou, simplesmente, para momentos de relaxamento. Com uma albufeira de 2.000 hectares – um deslumbrante espelho de água em pleno leito do Mondego- – o aldeamento turístico apresenta um novo conceito de

turismo, lazer e habitação. Desenvolvendo-se numa área de 35 hectares, engloba 152 tipologias que variam entre modernos apartamentos e es-

paçosas villas. Para quem pretenda adquirir uma casa, este aldeamento disponibiliza também uma oferta residencial, com uma arquitectura con-cebida para viver em harmonia com a natureza.

No restaurante Montebelo Aguieira, os hóspedes podem deliciar-se com a gastronomia e vinhos da região. Numa esplanada panorâmica é possível optar por uma refeição ligeira ou mais sofisticada. O menu é ba-seado em ingredientes tradicionais que remetem para o imaginário da cozinha caseira. A riqueza vitivinícola do Dão permite também degustar vinhos de elevada qualidade.

A floresta natural que circunda o aldeamento conta com dezenas de milhares de árvores de várias espécies, tornando-o ideal para um passeio a pé, de bicicleta ou a

cavalo, para um piquenique e para curiosos de fotografia e de botânica

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»

UMA MARINA FLUVIAL À DISPOSIÇÃO DOS VISITANTES

Com uma localização geográfica privile-giada e um enquadramento paisagístico inspirador, a marina do Montebelo Aguieira Lake Resort & Spa proporciona condições para inúmeros momentos de descontracção. Das práticas desportivas mais exigentes a agradáveis passeios turísticos, passando pelas mais diversas actividades recreativas, os visitantes mais radicais encontram aqui um amplo espaço para desfrutar do seu tempo livre. Os 400 postos de amarração fazem desta marina fluvial um destino irrecusável para os amantes da navegação a motor, à vela e a remos, podendo estes contar com es-truturas de qualidade e um atendimento especializado.

Lazer cá dentro

Para o visitante mais arrojado, o Montebelo Aguieira Lake Resort & Spa disponibiliza uma marina com 400 postos de amarração

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O Montebelo Aguieira Lake Resort & Spa oferece condições ideais para a realização de qualquer evento, particular ou corporativo, disponi-bilizando igualmente os serviços de apoio necessários à sua organização, incluindo secretariado, transporte, equipamento informático e de teleco-municações, catering, programa de animação e programa social. Assim é também um local adequado para reuniões familiares como casamentos e aniversários, num salão com capacidade para mais de 400 pessoas.

Para o visitante que procura uns dias de descanso, o aldeamento dispõe do Montebelo Aguieira Spa, um local de profunda serenidade, com tratamentos de rosto e corpo e terapias orientais destinados à re-generação de corpo e mente. É ainda possível definir um programa completo personalizado, direccionado para as necessidades individu-ais, sejam elas reduzir o stress, adelgaçar ou recuperar a sua energia.

Na área privativa do aldeamento, a floresta natural circundante con-ta com dezenas de milhares de árvores de várias espécies que conferem um enquadramento perfeito ao Montebelo Aguieira Lake Resort & Spa, tornando-o ideal para um passeio a pé, de bicicleta ou a cavalo, para piqueniques e para os curiosos da fotografia e da botânica.

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» Lazer destino

92 » PRÉMIO » Março 2010

A CIDADE QUE NUNCA

DORME

NOVA IORQUE

“Start spreading the news, I am leaving today…” traz-nos inevitavelmente à memória a emblemática canção sobre a cidade que nunca dorme. E como

poderá alguém querer dormir numa cidade como Nova Iorque? A cidade fala por si e as respostas sucedem-se em catadupa.

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» Lazer destino

O leque de ofertas é variado e quem visita a cidade rapidamente se funde no seu espírito, mescla-se nas suas culturas, respira a sua alma cosmopolita e encanta-se com a diversidade artística que Nova Iorque tem para oferecer.

Todas as alturas do ano são aconselháveis para visitar Nova Iorque, com o clima bem defini-

do entre as estações do ano, atingindo no Inverno temperaturas negativas e subindo em flecha para temperaturas bastante elevadas no Verão.

O cinema e a música estão repletos de alusões à cidade tornando-a num lugar mítico e familiar mesmo para quem nunca a visitou. Come-çando pelo símbolo dos Estados Unidos, a Estátua da Liberdade, oferecida pela cidade francesa num gesto de amizade para com o país, situa-se na entrada do Porto de Nova Iorque e é um ponto de referência e de visita totalmente obrigatório nesta cidade. A sua imagem aparece nas telas de cinema mais vezes do que as que se podem contar. Segue-se The Empire

Os infindáveis aranha-céus são uma constante por toda a cidade

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Uma mescla de sensações sente-se em cada visita a Nova Iorque.

State Building, um arranha-céus de 102 andares, ao estilo Art Déco, con-siderada uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Do horizonte da cidade faz também parte o Chrysler Building, um dos maiores edifícios do mundo, com 319 metros de metal e tijolos, concebido para sediar a empresa automobilística norte-americana Chrysler.

Numa vertente mais cultural, Nova Iorque está repleta de museus para visitar, o Metropolitan Museum of Art e o Museum of Modern Art são um bom exemplo. O primeiro é um dos mais importantes museus do mundo, abrigando uma colecção notável de pintura europeia e de obras de arte antiga e o segundo, mais conhecido como MoMA, é um dos mais famosos museus de arte moderna. A rica e variada colecção do MoMA constitui uma das maiores vistas panorâmicas sobre a arte moderna.

“These vagabond shoes, they are longing to stray, right through the very heart of it…” ouve-se na canção e sente-se em cada passo a caminho de Times Square, a famosa confluência de grandes avenidas da cidade de Nova Iorque, localizada na junção da Broadway com a Sétima Ave-nida, região central de Manhattan. É aqui que se situa a bolsa de valores NASDAQ, os estúdios de televisão da ABC, da MTV e da Virgin Records. O local possui uma das maiores concentrações da indústria do entreteni-mento no mundo, além de grandes lojas de marcas internacionais sendo os seus neons de publicidades uma atracção peculiar durante a noite. Um pouco mais ao lado fica a inesquecível 5.ª Avenida reconhecida pelo ca-risma e mediatismo que lhe estão associados. Muitos locais notáveis e edifícios famosos estão situados ao longo desta avenida, desde Midtown até Upper East Side. Lá encontra-se o Empire State Building, de que já se falou anteriormente, a Biblioteca Pública de Nova Iorque, o Rockefeller Center, um complexo comercial muito visitado durante a época natalícia devido à pista de gelo que dispõe e à “monumental” árvore de Natal, a Catedral de St.Patrick, o Museu Solomon R.Guggenheim, entre outros.

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Lazer hotel

Um exemplo de luxo nova iorquino

HOTEL FOUR SEASONS NEW YORK

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A poucos passos da 5ª Avenida, entre Park e Madison Avenue, situa-se o Four Seasons New York Hotel, um dos hotéis mais aprazíveis da cidade. O Four Seasons Hotel tem as suas portas abertas desde 1993, tendo sofrido obras de melhoramento e re-abrindo novamente em Setembro de 2008. O ho-tel oferece 368 quartos, incluindo 63 suites, tendo

uma boa parte dos quartos terraços com vista directa para o Central Park ou para a linha do horizonte da cidade. A decoração é suave e contempo-rânea, pontuada a cada canto com peças de luxo importadas. Para que os dias em Nova Iorque sejam perfeitos, o Four Seasons dispõe de várias formas para satisfazer os seus hóspedes, como por exemplo o seu Spa, uma experiência onde se pode esquecer os dias atribulados com um me-recido tratamento de relaxamento, reavivando o espírito e estimulando as sensações.

É neste hotel que está situado o restaurante L’ Atelier de Joel Robu-chon, onde o lendário chef Robuchon pratica a sua magia na confecção de pratos de “cortar a respiração”. Elegante e sofisticado, o interior deste restaurante está repleto de ricos detalhes em madeira clara, preto e verme-lho lacado. A cozinha é aberta proporcionando aos hóspedes uma visão sobre a mesma. No interior da cozinha o chef Robuchon foca-se na elevada qualidade dos ingredientes, preparando-os com muita precisão e criativi-dade, no seu descontraído estilo francês que demonstra, no entanto, uma enorme afeição pela comida asiática. L’Atelier oferece a quem o visita uma atmosfera dinâmica e intimista em simultâneo. De entre os seus maravi-lhosos pratos destacam-se as especialidades pommes purée truffée e a caille

farcie de foie gras et caramélisée, tendo sido criados novos pratos para o Four Seasons New York com especialidades que se prendem com as estações. Um saboroso menu nocturno é oferecido aqueles que, por algum moti-vo, não possam escolher da carta, sendo apresentadas pequenas porções cuidadosamente escolhidas, permitindo aos hóspedes criar a sua própria experiência Robuchon.

Quatro grandes acácias compõem o ambiente do qual faz parte The Garden. Localizado no lobby elevado do hotel, é o sítio indicado para o pequeno-almoço, o almoço ou o brunch aos fins-de-semana, sempre en-volto por um murmurinho vibrante que caracteriza este local. É também neste hotel que se situa um dos destinos mais desejáveis para quem quer descontrair depois do trabalho, O Bar, que recebe os seus clientes com luzes suaves e um vasto menu de Martinis. Mas as surpresas não ficam por aqui. No hotel também é possível desfrutar de um saboroso caviar no Calvisius Caviar Lounge ou optar por desfrutar de uma refeição mais intimista na privacidade dos quartos.

Saindo do hotel e já inspirados pela maravilhosa vista que dele se con-segue, estamos no Central Park considerado um oásis dentro da grande floresta de arranha-céus existente na cidade. É visitado anualmente por aproximadamente 25 milhões de pessoas, sendo o parque mais conhecido do mundo. No Central Park o melhor é mesmo parar um bocadinho e descansar num banco ou aproveitar para passear de charrete. As emoções continuam e há ainda uma infinidade de coisas para ver, uma cidade toda para descobrir. A música não pára, continua a sussurrar no ouvido e no coração de quem sente esta cidade, desdobrando-se invariavelmente no mesmo verso: “ I want to be a part of it… New York, New York…”.

O Four Seasons New York foi alvo de uma remodelação, reabrindo as suas portas em Setembro de 2008

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20 » PRÉMIO » Outubro 2009

Lazer automóveis

ASTON MARTIN RAPIDEA mítica marca britânica apresenta o Rapide como o mais ele-gante carro de sport de quatro portas do mundo e dotou-o de todos os argumentos para enfrentar uma forte concorrência. Apesar das quatro portas, o Rapide é esteticamente um Aston Martin e respeita rigorosamente o DNA dos modelos super-desportivos da marca. Tem como base a mesma plataforma que equipa outros modelos da Aston Martin, como o DB9, o Vantage ou o fabuloso DBS. A caixa automática de 6 velocidades Touchtronic pode também ser operada manualmente através das patilhas no volante.

Motor: V12 6.0 litrosPotência máxima: 470 Cv/6000 rpmBinário máximo: 600 Nm/5000 rpmAceleração: 0-100 Km/h em 5,3 segundosVelocidade máxima: 303 Km/h

Se pensa que tem de encostar o seu Lamborghini ou o seu Ferrari na box, só porque a família aumentou, está enganado. Uma nova vaga de modelos combina atributos dos tradicionais Gran Turismos com os das berlinas mais luxuosas, resolvendo os problemas. Quatro lugares a bordo. Quanto a preços? O que é que isso interessa para o caso.

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BENTLEYCONTINENTALGTSPEED

AUDI RS6

Embora não tenha quatro portas, o Bentley GT dispõe de quatro verda-deiros lugares, podendo acomodar igual número de adultos com toda a comodi-dade e conforto, num ambiente luxuoso.O GT Speed coroa a gama GT e é o mais potente Bentley de sempre, se exceptuarmos os carros de competição. O motor W12 do grupo VW/Audi, disponibiliza mais 15% de binário e mais 9% de potência que o GT standard. A tracção integral integra-se com uma caixa de velocidades ZF automática de seis velocidades, assegurando prestações dinâmicas acima de qualquer dos concorrentes.

A versão super-desportiva e mais potente da berlina executiva A6 é, talvez, a mais convencional escolha destas páginas. Dotado de tracção integral permanente e prepa-rado na Quattro Gmbh, uma subsidiária da própria Audi, o RS6 é um colosso que resulta da incorporação de todas as tecnologias da Audi. A caixa automática de seis velocidades Tiptronic é ajustada à performance de um modelo que, a pedido do cliente, pode ter a velocidade de ponta aumenta-da em mais 30 Km/h, para 280 Km/h.

Motor: W12 6.0 litros biturboPotência máxima: 600 Cv/6000 rpmBinário máximo: 750 Nm/1750 rpmAceleração: 0-100 Km/h em 4,5 segundosVelocidade máxima: 326 Km/h

Motor: Motor: V10 5.0 litros biturboPotência máxima: 580 CvBinário máximo: 650 NmAceleração: 0-100 Km/h em 4,5 segundosVelocidade máxima: 280 Km/h

Super GTs para toda a família

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Lazer automóveisFERRARI 612 SCAGLIETTI

BMW 650i

Tecnicamente um 2+2 espaçoso. O 612 Scaglietti é um Gran Turismo de duas portas, mas que dá guarida confortável a quatro adultos. Desenhado pelo atelier de Sergio Pininfarina e baptizado em honra de Serfio Scaglietti, o estilista que assinou e deu corpo a alguns dos mais belos Ferrari dos anos 50 e 60, o 612 dispõem do primeiro bloco de 12 cilindros da marca totalmente construído em alumínio, uma estreia na marca, de travões de disco em carbono e de uma caixa tipo F1 de 6 velocidades.

O coupé da Série 6 é um espaçoso modelo que comporta quatro adultos envolvi-dos por uma orquestra de tecnologia e luxo própria da marca bávara. O topo de gama 650i dispõe do motor V8 de 4.9 litros com a potência puxada aos 367 Cv entregue nas rodas traseiras, em respeito pela tradição BMW. A caixa manual de seis velocidades pode dar lugar à transmissão automática com igual número de relações. A velocidade máxima está limitada electronicamente a 250 Km/h.

Motor: V12 5.8 litrosPotência máxima: 540 Cv/7250 rpmBinário máximo: 588 Nm/5250 rpmAceleração: 0-100 Km/h em 4,0 segundosVelocidade máxima: 315 km/H

Motor: 8 cilindros, 4.8 litrosPotência máxima: 367 Cv/6300 rpmBinário máximo: 490 Nm/3400 rpmAceleração: 0-100 Km/h em 5,5 segundosVelocidade máxima: 250 Km/h (limitada electronicamente)

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Outubro 2009 » PRÉMIO » 20

JAGUAR XFR SUPERCHARGED

MASERATI QUATTROPORTE SPORT GTS

O XF tem uma linguagem arrojada e que marca o novo estilo da marca, apresentando-se a meio caminho entre um super-desportivo e uma berlina convencionais de luxo. O carácter visual exterior vincado de um coupé conjuga-se com um amplo espaço interior para cinco adultos, num ambiente de luxo e conforto.A versão musculada XFR Supercharged, com potência elevada aos 510 Cv, distingue-se dos XF normais pelas jantes de 20 polegadas, pára-choques e entradas de ar dianteiras redesenhadas, as quatro pontei-ras de escape e o spolier traseiro. A caixa automática é de seis velocidades.

Motor: V8 5.0 litrosPotência máxima: 510 Cv/6500 rpmBinário máximo: 625 Nm/2500-5500 rpmAceleração: 0-100 Km/h em 4,9 segundosVelocidade máxima: 250 Km/h (limitada electronicamente)

Motor: V8 4.7 litrosPotência máxima: 440 Cv/7000 rpmBinário máximo: 490 Nm/4750 rpmAceleração: 0-100 Km/h em 5,1 segundosVelocidade máxima: 285 Km/h

Pioneira na categoria dos super-desportivos de quatro portas, com o Quattroporte, a Maserati não quis baixar a sua aposta face a uma concorrência crescente e tem vindo a lançar versões cada vez mais musculadas deste seu emblemático modelo.Desenhado por Pininfarina e dispondo de um motor V8 de 4.7 litros associados a uma caixa automática de seis velocidades, o Quattroporte tem agora uma versão Sport GTS que eleva a potência aos 440 Cv e que se distingue pela grelha frontal preta exclusiva e por outros pequenos apontamentos estéticos.

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20 » PRÉMIO » Outubro 2009

Lazer automóveis

MERCEDES-BENZ CLS 63 AMG

PORSCHE PANAMERA TURBO

Apesar do pioneirismo do Maserati Quattroporte, foi a Mercedes-Benz que deu peso ao seg-mento dos super-desportivos de quatro portas, ao lançar o fabuloso CLS. O topo de gama CLS 63 AMG leva aos limites a performance do modelo e distingue-se por elementos de estética, como as jantes de liga leve AMG de 19 polegadas com raios triplos. O motor V8 da AMG que equipa o CLS 63 AMG debita uma potência de 514 cv, disponibiliza um binário de 630 Nm e acelera dos 0 aos 100 km/h num tempo-canhão de 4,5 segundos, em linha com os concorrentes mais rápidos.

É nos bairros típicos de Sevilha que reside a sua alma. Nestes, percorrem-se ruelas de olhos postos nos edifí-cios e monumentos, que se dividem entre o gótico, o renascentista, o clás-sico e o barroco. Entre as ruas anti-gas, estreitas e sombrias do bairro de Santa Cruz, as capelas e basílicas do bairro de La Macarena ou a Praça de

Motor: V8 6.3 litrosPotência máxima: 514 CvBinário máximo: 630 NmAceleração: 0-100 Km/h em 4,5 segundosVelocidade máxima: 250 Km/h (limitada electronicamente)

Motor: v8 4.8 litros biturboPotência máxima: 500 Cv/6000 rpmBinário máximo: 700 Nm/2.250–4.500 rpmAceleração: 0-100 Km/h em 4,2 segundosVelocidade máxima: 303 Km/h

Apresentado em Abril do ano passado, no Salão Automóvel de Xangai, o Panamera é o primeiro verdadeiro Porsche de quatro lugares e quatro portas, uma vez que o SUV Cayenne foge um pou-co à tradição dos modelos super-desportivos da marca. No topo de gama Turbo, a tracção integral combina-se com a transmissão automática de dupla embraiagem e sete velocidades e uma suspensão pneumática regulável, que ajusta o chassis e o motor para uma condução mais desportiva ou mais suave e confortável, consoante a preferência do condutor em cada momento.

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104 » PRÉMIO » Março 2010

Lazer tecnologias

Cisco lança Telepresença no mercado residencial

A CISCO esteve presente no Consumer Electronic Show (CES) em Las Vegas, uma das mais importantes feiras de tecnologia do mundo, onde John Chambers, presidente da gigante tecnológica, apresentou as grandes apostas para 2010. Um dos momentos altos foi a apresentação da versão da famosa telepresença para o mercado residencial, uma solução que até agora se dirigia apenas ao segmento empresarial. Na ocasião, Chambers explicou também de que modo o sistema de telepresença se transformará num produto de consumo doméstico corrente. Esta nova tecnologia já está disponível nos EUA através da Verizon, um dos operadores de teleco-municações móveis do país, e deverá chegar ainda este ano à Europa. Na apresentação do produto, John Cham-bers realizou uma vídeo chamada para a sua

mulher, que estava em casa, demonstrando a eficácia da nova tecnologia para o dia-a-dia. Além do mercado doméstico, a Cisco garante que o sistema pode ser utilizado noutras áreas, como a saúde, com o sistema de telepresença ligado a equipamentos médicos, como o medidor de glicose que monitoriza os níveis de açúcar no sangue em pessoas com diabetes. Posteriormente os dados podem ser partilhados com o médico através de uma ligação de vídeo de alta definição. A Cisco acredita ainda que este sistema poderá abranger outros serviços, permitindo aos uti-lizadores ligar-se a formadores, conselheiros financeiros ou personal trainers.

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Março 2010 » PRÉMIO » 105

FLIP VIDEOOutras das novas tecnologias apre-sentadas foram as novas versões da Flip Video, as câmaras que estão a revolucionar o mundo do vídeo. A Cisco adquiriu a Pure Digital Techno-logies, há cerca de um ano, pagando 590 milhões de dólares pelo controlo da companhia que produz as camcor-ders Flip Video.As Flip Video foram lançadas no mer-cado em Maio de 2007 e transforma-ram-se num hit tecnológico devido ao seu tamanho, pouco maior que um baralho de cartas, e ao facto de ter as ligações com outros equipamentos, incluindo os PCs, facilitadas através de uma porta USB. Consideradas como o iPod do video, as Flip Video também permitem o upload de videos na internet e tem memória para de 30 a 120 minutos de gravação.

Pouco maiores que um baralho de cartas, as Flip Video transformaram-se rapidamente num hit tecnológico

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Lazer visita guiada

106 » PRÉMIO » Março 2010

EXPOSIÇÃO PEDAGÓGICA “OSSOS QUE CONTAM HISTÓRIA”

MILLENNIUM BCP

Ossos que Contam História” é o nome de uma mostra de vestígios arqueológicos de animais vertebrados que coexis-tiram e coexistem ainda com a espécie humana, patente na Fundação Millennium bcp, desde o passado dia 19 de Fevereiro. A exposição apresenta, de forma pedagógica,

fragmentos da história do Homem e dos animais, “contada” por ossos de animais recuperados no decurso de escavações arqueológicas realizadas no espaço actualmente ocupado pelo Núcleo Arqueológico da Rua dos Correei-ros (NARC) - próximo do Arco da Rua Augusta, em Lisboa – e em diversos pontos do território português.

Procurando responder à pergunta “que osso é este e a que animal per-tenceu?”, a exposição traça as semelhanças e diferenças entre os ossos apre-sentados, permitindo compreender a relação entre as comunidades huma-nas e o mundo animal.

Tudo isto “trocado em miúdos” e apresentado aos mais novos sob a for-ma de jogos de atenção, em que cada criança/jovem assume por momentos o papel de arqueozoólogo.

Comissariada por Marta Moreno-García, Carlos Pimenta e José Paulo Ruas, com a colaboração de Sónia Gabriel, a exposição é de entrada gratuita.

Apresentada numa área contígua ao Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros, a exposição pode ser complementada por uma visita guiada ao NARC, um espaço arqueológico por excelência gerido pelo Millennium bcp, que, ocupando quase por inteiro um quarteirão pombalino da baixa de Lisboa, percorre 2.500 anos da história da cidade.

Neste âmbito, a Fundação Millennium bcp acaba de lançar uma pu-blicação sobre o NARC especialmente dirigida a jovens visitantes: “À des-coberta... Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros” da autoria de Sofia Lapa. Integrando um guia da visita (desdobrável) e um dossiê de pesquisa (livro), esta publicação juvenil lança aos mais novos o desafio da descoberta de 2500 anos de história. Desta vez, a história é “contada” pelos vestígios arqueológicos que marcaram períodos como o romano, islâmico, medieval cristão ou pombalino: restos de edifícios, milhares de fragmentos de ob-jectos soterrados, alguns objectos completos, cadáveres, cinzas humanas, restos de peixes e de frutos, entre outros.

FUNDAÇÃO MILLENNIUM BCPRua Augusta, n.º 84, em LisboaExposição “Ossos que Contam História”

Segunda a sábado, das 10h00 às 13h00 e das

14h00 às 17h00 (excepto quintas-feiras, em que

o período de exposição decorre entre as 15h00 e

as 17h00).

ENTRADA GRATUITA

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Page 108: Prémio, Edição de Março, 2010

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