Press Review page - ClipQuick€¦ · Snatch-Porcos E Diamantes, Balas e Bolinhos 3 traz Fernando...
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CHEGÁMOS
AO PORTOnuma fantástica tarde de S. João.
Com uma luz que nos seduz
e embriaga sem quasepercebermos porquê, a Foz
HIHI preparava-se para receber
a calorosa noite de santos populares da
Cidade Invicta. Tentados a ficar sentados
a apreciar as margens do rio com algorefrescante na mão, entrámos em sentido.
Tínhamos uma missão em mãos:
descobrir tudo, ou quase tudo, sobre
o grande final da única trilogia inscrita na
história do cinema português. Rumámosàs instalações da Lightbox, a produtorade Tone e Culatra, que produziu a sagae que é também responsável por trabalhos
na área da publicidade/institucional.
Quando chegámos, Luís Ismael, o Tone
que todos conhecem e que é também
o realizador dos três filmes,
aguardava-nos, desta vez sem chegarde nenhum pais oriental e combastante cabelo.
Seguiu-se uma das conversas mais
divertidas que já tivemos o privilégio de
ter, espírito esse que Luís Ismael tentouincutir desde o início no grande sucesso
do Balas e Bolinhos. O segredo? "Sempreachei que as pessoas puxam muito
<e "OJeUNuno Duarte) é o 'Q
low-budget do James Bond."
A sua luta neste filme será
arranjar engenhosmirabolantes que ajudem nas
aventuras da quadrilhamaravilha.
<- Na sua estreia em
cinema, Fernando Menezes,
fez jus ao seu estatuto de
comediante que já nos
habituou à forma excêntrica
e divertida como encarnadiversas personagens.
a moral delas para cima dos outros. Têm
sempre uma opinião sobre todo o mundo
e dos outros. E eu pensei: 'Estou-me
literalmente a borrifar para o que as
pessoas vão pensar. Para mim, existem
pessoas que vivem assim. São criminosos
de sarjeta, são pessoas que sobrevivem no
dia a dia, e para quem um cigarro tem
muito valor e uma cerveja tem um valor
do caraças. Foi essa a realidade que eu
queria fazer. Primeiro, porque era fazível
com pouco dinheiro, e depois porqueapetecia-me fazer comédias. Acho quetodos nós estamos fartos de ver uma
guitarra portuguesa a chorar. . .'" E paraque tal acontecesse, o realizador de
Valongo não sentia necessidade de ter
atores conhecidos. "Não necessitava de
ter o Vítor Norte ou o Nicolau Breyner.
Agrada-me muito pegar em pessoas quenão têm experiência nenhuma e tentar
moldá-las, porque valorizam muito mais
as oportunidades que têm. São pessoas
que estiveram a ensaiar quase umasemana ou duas, chegam ao ser, sabem
o texto, querem fazer e observam tudo
aquilo que nós lhes dizemos. E isso
é muito bom. Existem muitos talentos em
Portugal, só que, infelizmente, vivem no
local errado, porque, como sabem, está
tudo centralizado em Lisboa." Dadaa ausência de cinema comercial no norte,Ismael quis fazer uma experiência:"Vamos ver se conseguimos fazer umfilme com quatro personagenscompletamente surrealistas.
E lentamente, foi o bate boca, o passaa palavra, e as pessoas a verem os filmes.
Umas divertiram-se e outrasficaram escandalizadas."
Com uma linguagem imprópria paraconsumo dos mais suscetíveis, o Balas
e Bolinhos 1 fez grande sucesso na Internet
e de repente uma experiência de quatro
amigos tinha-se tornado um fenómeno.
"Fui atrás daquilo que eu achava quedevia ser e depois, evidentemente, uma
pessoa aprende. As primeiras criticas são
sempre difíceis de ouvir, mas depois uma
pessoa começa a ganhar 'casca de laranja',até porque muitas pessoas falam
e escrevem coisas, sem se dar ao trabalho
de, por exemplo, pegar num telefone e falar
connosco e dizer: 'Então Luís, olha, tusabes contar até dez? Sabes as vogais?'
Mas voltemos ao início. Até ao
capítulo final, foi percorrido um grandecaminho que durou mais de dez anos,e muita coisa evoluiu para agora terminarnuma grande produção com cerca de
duas horas e direito a verdadeiro CGI."Quando estava a escrever o argumento,
pensei: 'Já vimos como é que estas
personagens eram no 1 e como eram as
suas vidas miseráveis. No 2, percebemoso que os motiva a lançarem-se à aventura.
No 3 o que é que era engraçado ver estas
personagens a fazer? Onde é que elas
nunca encaixariam? Rapidamente me
surgiu a ideia de pegar nelas e metê-las
numa trama internacional de venda de
armas, ou seja, e se nós fizéssemos umJames Bond à Tuga, 'tás a perceber?'".Sim estamos a perceber.
Sendo assim, e para fazer um filme de
ação, os desafios seriam outros e de facto
as filmagens foram uma verdadeira
enxurrada de imprevistos que passaram
pelas condições atmosféricas:
"Lembro-me de estar a filmar em junho,em Aveiro, e a equipa técnica estava de
cobertores. Estava um frio incrível
e choveu várias vezes."-, à impossibilidadede filmar no porto de Leixões ou num
cemitério: "Queríamos filmar numcemitério e não conseguimos autorizações
para filmar porque pensavam que íamos
para lá desenterrar os cadáveres ou coisa
assim, e tivemos que montar umcemitério"- até ao facto de terem de rezar
para conseguirem filmar a grande
perseguição: "Fizemos uma perseguiçãode motorizadas, no princípio eram três a
perseguir o carro, depois uma avariou e
eu disse: OK, vamos fazer com duas agora ese
essa avariasse faríamos só com uma. 'tás a
perceber?'". Sim, estamos.
No meio de perseguições e algumas alusões
a Missão Impossível, percebemos que também vai
haver kung-fu. "É isso. É um filme de pipocas, de
levar os amigos e todos se divertirem e que, acima
de tudo, procura uma reconciliação do públicocom o cinema Português."
Mas outros desafios maiores se impunham."O maior desafio foi perceber que andámos em
negociações com o FICA e estivemos três meses
a preparar o dossier. Fizemos castings,
preparámos tudo, falámos com as pessoas,
entregámos o dossier e o investimento pedido era
cerca de 400 mil curos. Quinze dias depoismandaram-nos uma carta a dizer que o FICA nãotinha dinheiro. Mas não era só para nós, era paratoda a gente." E uma grande decisão chamava
pelos quatro carismáticos: Tone, Culatra, Bino
e Rato. "Ou parávamos tudo e não fazíamos
o filme nem nenhum outro Balas. Ou avançávamos
e arriscávamos. Olhando para o guião que tinha,sentia que com pouco dinheiro não conseguiafazer aquilo, percebes? Mas levado no espírito da
loucura, como foi com o segundo, disse: 'Eh, pá,
vamos ver o que é que conseguimos fazer.'E assim
foi. Próximo passo: pedir um empréstimo aobanco e a Lusomundo entraria com uma parte de
capital de risco, mas mínima. E conseguimos."Mas qual é afinal a história de Balas e Bolinhos
3, que nasceu durante um retiro que os quatroprotagonistas decidiram fazer na Galiza?
"Durante o dia dormíamos e à noite estávamos
acordados. Começámos a ter ideias, a escrever
e lembro-me de uma reunião completamenteestúpida. Estávamos os quatro numa casa muito
humilde, com uma lâmpada tão forte, queestávamos os quatro a conversar com óculos de
sol." [Risos] Quanto ao enredo, desta vez Tone
vem do Oriente, "dos lados da China", porqueo seu pai está a morrer. Possuído por um espírito
zen, Tone parece mais preocupado com as
grandes questões da vida e a querer salvar as
pessoas. "Ele acha que é um monge. E todos os
outros continuam numa vida miserável,a sobreviver, a viver o dia a dia. Mas, na realidade,tudo o que o Tone diz, como em todos os outros
filmes, não interessa. O que eles querem mesmoé dinheiro e quando surge uma oportunidade de
ganhar dinheiro, o Tone diz: 'Espera aí, eu agoracom estes poderes acho que consigo ajudar-vos
a atingir aquilo que vocês querem.' A partir daí
lançam-se numa aventura e vão encontrar várias
coisas, que não podemos desvendar aqui".Como em todos os outros filmes, as mulheres
ficam de fora, mas Ismael rapidamente nos
esclarece: "O Balas é claramente um filme de
criminosos sem escrúpulos, percebes? É um filmede muitas hormonas, percebes? [Risos]As mulheres aparecem, evidentemente, mas,
digamos que não têm destaque no filme. Mas eu
prometo que um dia destes hei de fazer um filme
com muitas mulheres. Só com mulheres."
Estamos a perceber, Tone.
Mas também percebemos que existem muitas
novas personagens (ver caixa) e que para além do
ator vietnamita que já entrou em filmes como
Snatch - Porcos E Diamantes, Balas e Bolinhos 3
traz Fernando Menezes, Jel (sim, o Jel), além de
Carlos Paulo e Octávio Matos, que não fazia
cinema desde a década de 60.
Com a garantia de que este é mesmoo ÚLTIMO, Ismael remata: "Estamos prestesa finalizar o filme. Outra vez com uma grande dorfinanceira porque tudo aquilo que nos era
possível investir no filme, foi feito. Agora vamos
esperar que o público nos recompense esta
loucura. [Risos] Gostávamos que as pessoasdessem uma oportunidade ao cinema Portuguêse que aquela malta que vai fazer pirataria dos
filmes seja meiguinha connosco."
Das imagens que vimos em exclusivo,
podemos dizer-vos que se espera uma grande
produção nunca vista neste mundo de balas
e bolinhos de bacalhau. Estão a perceber?
BALAS E BOLINHOS 3-0 ÚLTIMO CAPÍTULO
ESTREIA A 6 DE SETEMBRO