Pressão Alta Nunca Mais - By Paulohz

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PRESSÃO ALTA

NUNCA MAIS!

CURITIBA PRIMEIRA EDIÇÃO 2.000

COPYRIGHT 1999 - Ronaldo Diana Duarte

Todos os direitos reaservados ao autor.

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É proibida a reprodução parcial ou total dos textos

Certificado de Registro de Direitos Autorais número 179.667 livro 304 Folha 319 da FNL Título original: Tenho Pressão Alta...E Agora?

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO

DUARTE, Ronaldo (1944) Pressão Alta...Nunca Mais! Curitiba, 1999 72 p. Inclui bibliografia

1.Pressao alta 2.Hipertensão 3.Saúde 4.Doenças CDD.

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PRESSÃO ALTA...NUNCA MAIS!

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o que seria da humanidade sem os curiosos? (de um filósofo anônimo do século XV)

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Paraminha esposa Edena

e meus filhos Bianca e Matzzze

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S U M Á R I O

INTRODUÇÃO........................................................................ 09

AFINAL, QUE PRESSÃO É ESSA?........................................................................ 12

A PRESSÃO ALTA É MUITO FREQUENTE?QUAL O SEU MECANISMO?........................................................................ 18

AFINAL, POR QUE TEMOS QUE FICAR COMPRESSÃO ALTA?........................................................................ 20

CONSEQUÊNCIAS........................................................................ 45

BREVES PALAVRAS SOBRE TRATAMENTO........................................................................ 50

PALAVRAS FINAIS........................................................................ 55

BIBLIOGRAFIA........................................................................ 57

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TRECHO DO JURAMENTODE

HIPOCRATES #

...”Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me sejadado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honradopara sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir,o contrário aconteça.”

# Hipocrates: famoso médico grego que viveu de 460 a 377 a.C.É chamado de “o pai da medicina” e é de sua autoria o

juramento que todos os médicos fazem durante acolação de grau.

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INTRODUÇÃO

Existem algumas situações ou momentos da nossa vidaque jamais esquecemos, pelo fato de serem muito marcantes.Eu atendi por vários anos em clínicas de Pronto Atendimento,mais conhecidas como Pronto-Socorros, e uma situação muitofrequente, que jamais esqueço, é a daquele paciente que chegaqueixando dores no peito. Logo no início do exame clínico, umadas primeiras providências é tomar-lhe a pressão arterial. Àsvezes exatamente quando estamos tomando a pressão, o pacientecomeça a sentir dificuldade respiratória, sensação de agonia etermina por morrer ali mesmo, nos nossos braços, vítima de uminfarto agudo do miocárdio.

É um erro julgar que o médico não sente uma grandefrustração numa situação assim. O pesar de não ter podidosalvar alguém tão próximo, apesar de desconhecido, gera umprofundo sentimento de tristeza, de incapacidade, e nos fazpensar: como pode acontecer? Por que isso teve que aconteceraqui, agora?

Ao colhermos a história clínica daquele pacientepercebemos que ele foi mais uma vítima da pressão alta ouhipertensão, como a doença é mais conhecida entre os médicos.Costumo pensar então nos meus pacientes, no momento emque, pela primeira vez, no consultório (e não no Pronto-Socorro), descubro que ele está com a sua pressão alterada, epacientemente lhe dou toda a orientação que ele precisa ouvirnaquele momento, exatamente para que não ocorra com ele amesma situação descrita acima, ou outras situações igualmentemuito desagradáveis das quais falarei em outros capítulos.

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Aqueles momentos são decisivos para o futuro daquelepaciente! Quanto mais cedo ele aceitar e praticar aquelasrecomendações, mais estará prongando sua vida e dizendo nãopara uma vida limitada ou parcialmente prejudicada. O própriomédico muitas vezes se sente limitado, pelo tempo restrito daconsulta, para poder passar para seu paciente todo o volume deinformações que ele gostaria de passar sobre essa doença e,portanto, explica apenas o mínimo.

A humanidade está cada vez mais apressada, mas serápreciso um pouco de serenidade, para que aqueles mágicosmomentos da consulta médica possam se tornar completamenteúteis. A idéia de poder escrever para esses pacientes passou,então, a ser extremamente atrativa. A principal razão que meanimou a escrever este livro é o fato de saber que a pressão altaé uma doença muito comum no nosso meio e de, além disso, eunão conhecer nenhuma literatura adequada e atualizada queexplique, para o leigo, tudo aquilo que ele gostaria de saber,mas seu médico de confiança nunca teve tempo para lhe explicar,tão detalhamente como ele quer.

Finalmente, decidi escrever depois que proferi uma sériede palestras sobre pressão alta para vários grupos de hipertensos,a convite de algumas autoridades públicas, que foramsurpreendentemente bem recebidas. Acredito, que se o pacienteentender melhor sua doença, ele passará a cooperar melhor noseu tratamento.

A aderência do paciente às recomendações médicas ou aotratamento são importantíssimas para o êxito no combate àdoença e, no caso da pressão alta, é o que faz a diferença entreo sucesso e o fracasso. Se eu conseguir passar para o leitortudo aquilo que os médicos desejam explicar para o seus

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pacientes, mas não têm tempo de fazê-lo numa consulta sobr epressão alta, terei atingido meu objetivo. Se conseguircom este pequeno livro fazer com que o leitor hipertensoesclareça suas dúvidas, e se torne mais apto para sobreviver,com mais saúde e por mais tempo, ficarei contente com oresultado.

Antes de iniciar, quero fazer uma ressalva: o assuntotratado aqui é a pressão alta de causa desconhecida. No meiomédico essa doença é chamada de hipertensão primária. Estenome serve para distinguí-la da hipertensão secundária ou decausa conhecida.

A pressão alta de causa desconhecida é a que atinge cercade 95 por cento dos pacientes que sofrem desta doença, éportanto, sem sombra de dúvida, a mais importante do pontode vista da Saúde Pública. Este tipo de hipertensão também éconhecida como hipertensão essencial (no meio médico). Apenaspara esclarecer e sem entrar em detalhes, os outro cinco porcento de causas conhecidas ocorrem principalmente por contade fatores renais, glandulares, ou são originárias do usoinadequado de certos medicamentos, e merecem um estudo àparte.

Nos próximos capítulos passarei a comentar os últimos emais consistentes conhecimentos sobre essa doença, da formamais simples possível, procurando tirar todas as dúvidas esuposições errôneas do meu prezado leitor e, sempre quepossível, evitando os termos técnicos e confusos usados apenaspelos médicos. Boa sorte!

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AFINAL, QUE PRESSÃO É ESSA?

Para entendermos o que é pressão alta, primeiramente temosque entender, que dentro do nosso corpo existe uma pressãointerna, provocada pela nossa circulação sanguínea.

Cada vez que o coração pulsa, ele expulsa para determinadosvasos sanguíneos, chamados “artérias”, uma quantidade de san-gue, que exerce uma pressão nas paredes arteriais. Só para facilitarnossa imaginação, digamos que o coração seja uma bomba d’água,e que esta bomba esteja acoplada a um duto flexível como, porexemplo, aquelas mangueiras que os bombeiros usam para apagaro fogo. Pois bem, é fácil perceber que, quando o bombeiro acionaa bomba, uma grande quantidade de água penetra, com umaespantosa velocidade, através da mangueira. Essa porção d’água,que entra forçadamente naquela mangueira, exerce uma pressão,de dentro para fora, nas paredes da mangueira. A pressão é quefaz com que a água se desloque, com velocidade, para o bico damangueira, onde aparece aquele jato, que todos conhecemos.

No caso do coração, quando ele se contrai, o sangue penetranas artérias, forçando e dilatando levemente as paredes arteriais.Devido à sua elasticidade, as paredes arteriais exercem pressãosobre o sangue, forçando-o a viajar para mais adiante, e, dessaforma, permite que o sangue circule por todo o nosso organismo,e retorne ao coração, para um novo ciclo. O coração porém nãoexerce uma pressão contínua, assim como faz a bomba dobombeiro. Para exercer a pressão sanguínea, o músculo cardíacose contrai, expulsa uma porção de sangue e logo em seguidainterrompe a sua contratura, para receber uma nova quantidadede sangue.

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Quando está recebendo essa nova quantidade de sangue,o músculo cardíaco não se contrai, ao contrário, se dilata, parapoder comportar uma nova porção de sangue que deverá ser,mais uma vez, ejetada.

Nessa segunda fase, quando o músculo cardíaco está sedilatando, deixa momentaneamente de exercer pressão sanguíneadentro das artérias e, por isso, a pressão arterial cai um pouco,para logo em seguida se elevar novamente, numa novacontração cardíaca. Tudo isso é perfeitamente normal, e ocorreno nosso corpo, mais ou menos 70 vezes por minuto. Por isso,dizemos que a pressão arterial é pulsátil, ou seja, tem um valormínimo e um valor máximo.

Vocêdeve estar bem lembrado da última vez que tomou apressão. Quando perguntou o resultado, o médico disse doisnúmeros. Talvez ele tenha dito assim: “sua pressão está 14 por9”, ou então: “sua pressão está 12 por 8”. Percebeu que eledisse dois números: o primeiro, e maior, é a pressão chamadasistólica, que ocorre quando o coração está na sua fase decontratura.

O segundo número, o menor, é chamado de pressãodiastólica e representa aquela fase, na qual o coração não estácontraído e portanto, a pressão arterial é ligeiramente inferior.Uma pressão 12 por 8 significa que: a pressão medida na suaartéria braquial (um ramo arterial que parte da artéria aorta - amais grossa artéria do corpo - e vai em direção ao braço), é de120 milímetros de mercúrio durante a contração cardíaca, ousístole, e de 80 milímetros de mercúrio durante o relaxamentodo músculo cardíaco, ou diástole.

Como o leitor pode perceber, a unidade de medida da

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pressão arterial é o “mm de mercúrio”, uma conhecida unidadede pressão. Muitas vezes (o que a rigor não seria correto) éfeita uma simplificação com eliminação do último zero, o quefaz o 120 passar para o 12 e o 80 para o 8. Estes conceitos sãoimportantes porque será a partir deles que você poderáentender, o que é pressão normal.

Hoje em dia, é muito comum as pessoas tomarem as suaspressões arteriais, com quem não tem um estudo completo sobreo assunto e isso, às vezes, pode ser fonte de alguns transtornos.Para que você possa fazer uma boa medida da pressão arterial,existem alguns quesitos importantes, que você não pode deixarde lado:

a) quem toma a pressão deve ter uma boa experiêncianesse procedimento, caso contrário, pode se enganar facilmente.

b) o aparelho usado para a medida da pressão deve estarem boas condições, e muito bem calibrado, para que não ocorramfalsas medidas.

c) se a medição constatar pressão alta pela primeiravez, é necessária uma segunda confirmação que, dentro de

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determinadas circunstâncias, deverá ser feita dias depois.

d) a pessoa cuja pressão está sendo medida, deve estarbem descansada, de preferência muito bem acomodada, erelaxada física e mentalmente. Se estiver cansado, descanse antesde fazer a medida.

e) se alguém tomar sua pressão e disser que ela estáalta, antes de ficar preocupado, vá ao seu médico de confiançae confirme o resultado com ele.

Agora que você sabe que a pressão arterial é pulsátil, queexiste uma pressão máxima e uma mínima, preste bem atençãonisso: para saber se o seu paciente está com pressão normal oualterada, o médico se basea, na maioria das vezes, na pressãodiastólica, e não na pressão sistólica. Em outras palavras: dosdois números que medem a pressão arterial no homem, namaioria das vezes, o menor deles , é um padrão mais confiávelpara se determinar se aquele indivíduo tem pressão normal,aumentada ou diminuída. O limite entre a pressão normal e aalta, no homem adulto,está em torno de 95mm de mercúriopara a pressão diastólica e 160 para pressão sistólica.

As razões para isso fogem do âmbito deste livro mas éimportante que você saiba, que só um médico poderá dizer, comcerteza, se sua pressão está normal, baixa oualta. Apenas paramatar a curiosidade do meu caro leitor: se a pressão medida forigual ou maior que 95, será considerada pressão alta. Quanto àpressão sistólica, só será alta se for maior que 160 mm de Hg.

Estes limites não são rígidos. Os médicos podem iniciarum programa medicamentoso antes do paciente atingir estascifras, já que, um início mais precoce da medicaçao podesignificar uma maior longevidade para paciente. Da mesma

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forma, o médico poderá não receitar nada, se apenas a pressãosistólica estiver alta, já que isto dependerá de outros parâmetros.

Antes de passar adiante, quero dar ao meu leitor algumasnoções, sobre como sua pressão é medida pelo médico. Parafazer essa medida, o médico envolve o braço direito do pacientecom um manguito e o insufla de ar com uma bomba tipo “pera”,até que a pressão do manguito, sobre o braço, aperte a artériabraquial, o suficiente, para que “feche” totalmente esta artéria enenhum sangue passe para o antebraço, naquele momento. Omédico abre então uma vávula, que faz o ar do manguito escaparsuavemente, aliviando a pressão sobre a artéria enquanto ouve,através do estetoscópio, o momento em que se inicia a passagemsanguínea na artéria braquial. Nesse momento, ele faz a leituradapressão sistólica e, logo em seguida, da pressão diastólica.

É bom lembrarmos, que só existe circulação sanguínea, seexiste pressão arterial. O sangue leva oxigênio e nutrientes àsnossas células e, sem a circulação sanguínea, não pode havervida humana. Percebe-se portanto, com bastante clareza, que apressão arterial é imprescindível para a nossa saúde, e que eladeve estar dentro de certos limites de normalidade, ou seja, nãodeve ser alta demais, mas também não deve ser muito baixa.

Os limites de normalidade da pressão arterial variam coma idade, o peso, o sexo, com o estilo de vida, com característicasfamiliares e genéticas e hábitos alimentares. Muitas vezes, serápreciso mais de uma medição da pressão arterial, para que seconfirme o diagnóstico de hipertensão, especialmente quandose está na fase inicial da doença. Eis porque seu médico, àsvezes, pede para que você “volte mais uma vez outro dia paramedir a pressão novamente”.

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Estas, são as razões para que você confie apenas no seumédico, para saber se sua pressão está, ou não está, adequadapara você. Já vi, mais de uma vez, pessoas enganarem-se a simesmas, culpando a pressão por conta de outros problemas,que não tinham nadahaver com ela. Também o contrário ocorrefrequentemente: hipertensos que desdenham a importância damedição da sua pressão e nem se julgam, verdadeiramente,doentes!

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A PRESSÃO ALTA É MUITOFREQUENTE? QUAL O SEU

MECANISMO?

Realmente, essa é uma doença muito frequente no mundomoderno. Estima-se, que cerca de 30 por cento ou mais dapopulação adulta, que vive no mundo moderno, é hipertensa.As causas da pressão alta têm sido cientificamente investigadas,há um bom tempo e, acredita-se hoje, que esta é uma doençaque pode ter várias causas diferentes, ou seja, diferentessituações provocando a mesma doença. De qualquer maneira,uma coisa é preciso ficar bem clara:

não é uma doença cardíaca, ou melhor, o coração não é oórgão causador da doença hipertensiva. Ocorre, que adoença hipertensiva pode afetar e adoecer o coração,

especialmente se o paciente não se cuidar, e permanecer coma pressão alta e sem tratamento, por muito tempo

Para que possamos entender melhor o mecanismo quemantém a pressão arterial nos seus limítes normais, dentro docorpo humano, preciso passar ao meu leitor algumasinteressantes noções de circulaçãosanguínea. Vamos lá!

As contrações cardíacas expulsam para a artéria aorta (queé a artéria de mais grosso calibre do corpo), porções de sangue,que irão alimentar, com nutrientes e oxigênio, as células detodo o nosso corpo. Para isso, a artéria aorta se subdivide emvárias outras artérias de menor calibre, que novamente sofremoutras subdivisões, até que recebem o nome de arteríolas (porquesão muito finas). As arteríolas são o segmento final das artérias,porque não existem artérias mais finas que elas. Depois de

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percorrer as arteríolas, o sangue passa para os vasos capilares,assim chamados porque sua dimensão é tão fina como a de umcabelo.

Vasos capilares não são artérias nem arteríolas e sim,simplesmente, capilares. Têm uma estrutura e funções diferentesdas arteríolas. Nos capilares, o sangue deixa oxigênio e nutrientespara os mais variados tecidos do corpo, oxigenando, nutrindo etornando possível a vida daquele tecido. Após passar por estesminúsculos vasos, o sangue pobre em oxigênio adentra-se nasveias, já no caminho de volta ao coração. O sangue venoso(aquele que passa nas veias) chega ao lado direito do coração,de onde parte para precorrer um novo caminho, desta vez emdireção aos pulmões. Aí, recebe oxigênio e novamente retornapara o lado esquerdo do coração, de onde é novamente ejetadopara a artéria aorta, reiniciando todo o ciclo.

Pois bem, se o leitor imaginar o coração como uma bomba,e as artérias como uma tubulação flexível, as arteríolas são as“torneiras” dessa tubulação. As arteríolas têm a capacidade deaumentarem ou diminuirem o fluxo de sangue que passa dentrodelas, através de minúsculos músculos que “abrem” ou“fecham” as suas aberturas. Dessa forma, quando as arteríolasse contraem, mais sangue fica retido entre as artérias e o coração,o que aumenta ligeiramente a pressão arterial. Quando asarteríolas deixam passar mais sangue para os capilares, menorquantidade de sangue permanece nas artérias, o que diminueum pouco a pressão arteriaml.

Este é o maravilhoso mecanismo através do qual a pressãoé mantida dentro dos limites normais. Só para esclarecer melhor:suponha que as arteríolas sejam o bico da mangueira de umbombeiro. Se o soldado do fogo abre o bico para sair maior

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quantidade de água, a pressão dentro da mangueira diminue. Seele aperta o bico para sair menos água, aumenta a pressãodentro da mangueira. Perceberam como funciona? Tenho certezaque sim!

AFINAL , POR QUE TEMOS QUE FICAR COM A PRESSÃO ALTA?

Passemos agora a estudar aquilo que a pesquisa científicatem demonstrado como fatores associados à hipertensão, oumelhor, situações que favorecem o aparecimento da doença. Ébom lembrar antes, que podem existir outras causas para apressão alta, mas vou citar apenas as mais comuns, isto é, aquelasque, comprovadamente, favorecem o aparecimento de mais de90 por cento dos casos desta doença.

a) O Sal de Cozinha

O sal de cozinha é um fator exaustivamente estudado nasua relação com a pressão alta. O mundo ocidental usa e abusadeste sal, como tempero e para reduzir a tendência à putrefação,principalmente dos alimentos de origem animal. De tal formanos acostumamos com o seu sabor, que fazemos uso dele, desdeque desmamamos, até a morte. Existem povos, contudo, quenão usam este tempero, por exemplo, os selvagens que vivemnas floresta tropicais, longe do contato com o mundo civilizado.

Foi feito um estudo comparativo das pressões arteriaisdestes povos, com os povos que habitualmente fazem o usodiário do sal de cozinha e encontrou-se alguns dados muitointeressantes.Para se entender melhor este estudo, é preciso

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se conhecer, antes, como a pressão arterial evolui, com a idadedo homem que consome habitualmente o sal de cozinha. Quandosomos jovens, temos menores chances de termos problemas depressão alta, que quando somos mais velhos, em outras palavras:à medida que aumenta a idade do indivíduo, aumenta o seu riscode sofrer de hipertensão. Pois bem, suponhamos que vamosfazer um estudo das medidas das pressões arteriais de umapopulação civilizada.

Então vamos tomar várias medidas de várias pessoas comas mais diferentes idades. Se dividirmos esta população estudadaem faixas de idade, digamos de 10 em 10 anos, verificamos queas faixas mais jovens da população têm uma percentagem menorde hipertensão que as faixas mais velhas. Desse estudo poderesultar alguma coisa mais ou menos assim: faixa etária de 10a 20 anos: 0% de hipertensos, de 20 a 30 anos: 2% dehipertensos, de 30 a 40 anos: 7% dehipertensos, 40 a 50:25% de hipertensos, 50 a 60: 37% de hipertensos, 60 a 70: 60%de hipertensos.

Este resultado mostra claramente que quanto mais velha éa pessoa, maior o seu risco de desenvolver essa doença. Este éum resultado que se poderia esperar, numa pesquisa feita parauma população que faz uso habitual do sal na sua alimentaçãodiária. Agora, digamos que essa mesma pesquisa fosse feita numapopulação indígena, não comedora de sal.

Vamos imaginar uma tribo de índios perdida no interior dafloresta amazônica, que vive da caça, da pesca e outros alimentos,como milho, mandioca e frutas silvestres, com pouco ou nenhumcontato com o mundo civilizado. Estes selvagens não têm comoconsumir o sal, porque não têm como ir até o mar para buscá-lo.Também não precisam dele para conservar alimentos, porque podem

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ter alimentos frescos o ano todo. Pois bem, se fizermos a mesmapesquisa anterior nesta população indígena, teremos um resultadobem diferente. Encontraremos, nesse caso, um risco menor depressão alta , à medida que a idade aumenta. Assim, as populaçõesmais velhas terão menos pressão alta que as mais novas. Mais queisso, à medida que eles se aproximam da velhice, sua pressão arterialcai mais ainda. Como podem perceber, este é um resultado bastanteintrigante.

A razão desta queda de pressão, que atinge os idosos destaspopulações, é a redução da força das contrações cardíacas,segundo os estudiosos. A força dos batimentos cardíacos diminuiporque, devido a velhice, o músculo cardíaco está enfraquecido.Este é um resultado muito interessante e que demonstra umparalelo entre a ingestão de sal e o aumento gradual da pressão

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com a idade. Mas como é que o salvai provocar esse aumentoda pressão? Qual é o mecanismo de ação do sal na pressão? Deuma maneira muito simples, o que se sabe, é que o sal provocauma retenção de água, dentro do nosso corpo.

Quanto mais sal comemos, mais líquido fica retido dentrodo nosso organismo. Não sei se o leitor se lembra, mas nossocorpo é constituido de cerca de 70% de água. No sangue, apercentagem de água é muito maior. Então, quanto mais sal,mais aumenta o volume sanguíneo, porque aumenta a quantidadede agua no sangue. O aumento da pressão arterial decorre desteaumento do volume sanguíneo. Quando temos excesso de sal nocorpo, nosso organismo tenta se livrar deste excesso através daurina, fezes e suores. Se nós insistimos em nos alimentarmos,continuadamente, com excesso de sal, nossa capacidade deeliminação do sal pode ficar prejudicada. Nesse caso, há um“trabalho excessivo” dos rins para se ver livre deste excesso desal. Essa sobrecarga renal prejudica o próprio rim, através dosanos. A consequência disto é que não conseguimos ficar comuma quantidade ideal de sal, dentro de nós. Isso acaba gerandopressão alta.

Depois do exposto acima, o leitor pode ficar tentado a pensarque o sal decozinha é um veneno, e que deveria ser abolido danossa mesa. Na verdade, apenas o excesso de sal é prejudicial.Por outro lado temos que pensar que existem pessoas que sofremde pressão baixa! É frequente percebermos pressão baixa, porexemplo, nas adolescentes que menstruam e estão em fase decrescimento.

Para essas pessoas, o sal é um santo remédio porque vairegular sua pressão. Prestem bem atenção nisso: o sal está indicadopara quem tem pressão baixa! Apenas para as pessoas que têm

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tendência para a doença hipertensiva ou já francamentehipertensas, tenho que concordar que o sal pode realmente serum grande problema para elas. Na maior parte das vezes, essaspessoas pertencem ao mundo dos adultos. Especial atenção devemter as pessoas que não estão em tratamento médico e têm o mauhábito de gostar do paladar excessivamente salgado. Apenas parailustrar essa questão: uma das principais classes de medicamentospara hipertensão, tem exatamente a propriedade de estimular osrins a excretarem maior quantidade de sal através da urina,fazendo com isso que a pressão do indivíduo caia.

Quando a pessoa tem uma hipertensão apenas leve, umadieta restritiva de sa l pode ser suficiente para que asuapressão reencontre os seus limites saudáveis. Para ahipertenção moderada ou grave, esta dieta não é suficiente e opaciente terá, necessariamente, que fazer uso de medicações anti-hipertensivas. Deixe sempre que seu médico de confiança decida,se sua pressão pode ser controlada apenas com dieta ou não.

Mas lembre-se: se você tem problemas porque sua pressãoé muito baixa, talvez tenha que aumentar a quantidade de salque você, habitualmente, ingere a cada 24 horas.

b) Excesso de Peso

A doença hipertensiva é muito mais encontradiça, napopulação com excesso de peso, que na população dosindivíduos com peso normal ou baixo. Quem tem baixo peso,ou seja, os indivíduos magros, têm mais ten-dência à pressãobaixa. Quem tem excesso de peso tem tendência à pressão alta.Os trabalhos científicos que tentam explicar esta situação levama crer que o motivo está novamente nas arteríolas, já citadasanteriormente. Vou tentar passar para o leitor, numa linguagem

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simples, aquilo que as pesquisas atuais revelam.

Por muitos anos procurou-sedescobrir porque os obesostinham essa tendência, até que se criou o conceito de resistênciavascular periférica, hoje o mais aceito. Imaginemos todo osistema circulatório de um indivíduo com peso normal. Ele éconstituido do coração, dos grandes vasos, dos vasos de médiocalibre, dos vasos de pequeno calibre, de muito pequeno calibree dos capilares. Agora imaginemos, apenas o sistema arterial,ou seja, os vasos que partem da parte esquerda do coração elevam sangue enriquecido em oxigênio para os capilares

Pois bem, o sistema arterial também sofre esta diminuiçãogradativa de calibre até que, na última fase, lá estão nossasarteríolas controlando nossa pressão arterial, ao aumentaremou diminuirem a quantidade de sangue que passa através delas.Quando o sangue atravessa uma arteríola, ele sofre uma pequenaresistência à sua passagem, graças ao pequeno calibre dasarteríolas. Se não fosse essa resistência à passagem do sangue,não seria possível manter uma pressão arterial saudável nasartérias.

Essa resistência à passagem do sangue nas arteríolas é aresponsável pela manutenção da nossa pressão arterial e échamada de resitência vascular periférica. O termo “periférica”refere-se ao fato dessa resistência estar situada naperiferiado sistema arterial e nâo o seu início (é exatamente onde seencontram as arteríolas: na periferia). Voltemos ao sistemaarterial do nosso gordinho.

Vamos comparar o seu sistema, com o sistema arterial deuma pessoa de peso normal. É claro que, quem tem mais peso,tem uma quantidade muito maior de arteríolas, que aquele que

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tem menos peso. Mais peso significa maior quantidade detecidos, como mais músculos, mais pele, mais gordura, víscerasmaiores e consequentemente, maior quantidade de arteríolas.Aí está a razão: se existe um número maior de arteríolas e se aresistência vascular das arteríolas é a responsável pela pressãoarterial então existirá maior pressão naquele que tem umaquantidade maior de arteríolas. Quem tem mais peso tem maisarteríolas e, portanto, maior resistência à passagem de sangue,consequentemente maior pressão arterial.

Em outra palavras: o obeso tem uma tendência maior deter pressão alta porque tem uma quantidade maior de arteríolasque, afinal, são as responsáveis pela manutenção da resitênciaque cria e mantém a pressão arterial. Espero que o caro leitortenha compreendido essa sequência lógica e, se for gordo ehipertenso, sinta-se motivado para emagrecer. Na páginaseguinte, apresento uma tabela de altura versus peso para que oleitor saiba se está dentro da sua variação ideal de peso. Dezpor cento além do peso desta tabela não significa necessariamenteque a pessoa tenha excesso de peso, porque depende de algunsoutros fatores como a “constituição leve ou pesada”.

O mais interessante de tudo isso, é que se o hipertensoobeso perder peso e entrar dentro da faixa da normalidade, existeuma chance muito grande de sua pressão baixar. Ela pode baixara um ponto, que ele não precise mais fazer uso de medicaçãopara reduzir a pressão. Isso é muito bom, porque a maioria doshipertensos não gosta de se sentir obrigado a tomar umamedicação que, geralmente, é prescrita em “uso contínuo”.

Para aqueles que querem emagrecer, aconselho a leiturado livro “Por Que Não Consigo Emagrecer?”. Neste livro, contominha experiência ajudando milhares de pessoas a conseguirem

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seu peso ideal. As recomen-dações gerais são essas: evite fazerdietas muito complicadas, coma quatro a cinco vezes por dia,não fique cinco horas sem comer e jamais encha muito oestômago.

Tabela De Peso Adequado à Altura

ALTURA (m) PESO (kg) homens mulheres

1,50 45 a 56

1,52 46 a 58

1,55 48 a 60

1,58 50 a 62

1,60 51 a 64 52 a 66

1,63 53 a 66 54 a 68

1,65 55 a 68 56 a 701,68 57 a 71 58 a 73

1,70 59 a 72 6 0 a 74

1,73 61 a 74 62 a 76

1,75 62 a 77 63 a 79

1,78 63 a 79 64 a 81

1,80 65 a 81 66 a 83

1,83 67 a 83 68 a 85

1,85 69 a 87

1,88 71 a 90

1,90 72 a 92

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c) Menopausa

Diferentemente do homem, a mulher que menstrua temuma proteção hormonal que evita mensalmente a pressão alta.Todo mês ocorrem alterações hormonais no seu corpo, queterminam com alguma perda de sangue o que, de alguma forma,mantém a pressão arterial num nível mais baixo que a do homem.Quando cessam as menstruações, termina aquela série dealterações hormonais que a mulher tem todo mês e ela perde aproteção que a natureza lhe deu por tanto tempo.

Vamos imaginar uma mulher com pressão normaldurante toda a sua vida fértil, que vai desde as primeirasmenstruações, por volta dos doze anos, até os cinquenta anosmais ou menos. Quantas vezes essa mulher terá ido ao médicoe tomado sua pressão? Pois bem, todas as vezes que ela foi aomédico, sua pressão estava muito boa. Ela sempre se sentiuprivilegiada porque nunca teve problemas com a pressão, comoas outras pessoas que ela conhecia tinham. Na verdade ela tinhaum certo orgulho disso e pensava que essa situação jamais iramudar.

De repente, ela entra na menopausa, vai a um médico tomara pressão, e o doutor diz que ela está com pressão alta. Aprimeira reação sua é a de não acreditar no médico,principalmente se é a primeira vez que ela o consulta.Desconfiada, ela vai naquele outro médico que ela já conhecehá muito tempo e sempre confiou. Ansiosa para que seumédico de confiança diga, mais uma vez, que “ela tem umapressão muito boa”, fica chocada quando ele confirma oresultado daquele desconhecido, e começa a fazer as primeirasrecomendações para a redução da pressão. Naquele momento,ela nem consegue ouvir muito bem as recomendações, porque

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está indignada, sem entender como é que que isto foi acontecercom ela naquele dia, àquela hora. Essa situação é vivida pormuitas mulheres, e a explicação fisiológica é esta: ela perdeu aproteção que o ciclo menstrual lhe dava! A lição que fica é aseguinte: se você, mulher, entrou na menopausa, vá de três emtrês meses ao seu médico de confiança para tomar e anotar suapressão. Não esqueça de fazer isso, principalmente nos primeirosanos após a cessação da menstruação. Tenha certeza que estásendo bem orientada e conduzida pelo seu médico. Siga suasrecomendações para evitar de se tornar mais uma hipertensa.

Devemos nos lembrar que a hipertensão é uma doençasilenciosa, ou seja, o paciente vai tendo um aumento gradual dapressão, até que ela chega num nível alto e perigoso. Às vezesnum nível irreversível, sem que ele perceba. Isso é diferente deum resfriado, por exemplo, porque a pessoa sabe, desde o seuinício, por uma série de sintomas, que está doente, mas dentrode algumas semanas estará bem. Temos aqui uma importantediferença da evolução da doença, no homem e na mulher. Nohomem, a pressão aumenta vagarosamente com a idade, e nãohá este degrau súbito da menopausa.

O homem pode ter problemas de pressão a qualquer idadeda vida adulta, principalmente durante a maturidade e a velhice.Na mulher, a pressão alta é significativamente mais encontradiçana pós-menopausa. Isso não significa, eviden-temente, quenenhuma mulher tem pressão alta antes da menopausa, umavez que existem outros fatores que podem provocar pressãoalta como, por exemplo, o excesso de peso (engordar demais nagravidez por exemplo) e fatores genéticos.

Talvez a principal recomendação geral que eu daria àsmulheres que estão próximas da menopausa, para evitarem a

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hipertensão, é a seguinte: não engordem! Se estiverem gordas,emagreçam! Não é justo que voces passem por este importanteperíodo completamente desavisadas...

d) Stress

Aqui está um importante fator na gênese da hipertensão.Cuidadosos estudos comprovam, que pessoas que vivemsituações estressantes no seu dia-a-dia são importantescandidatos à pressão alta. Existem algumas profissões que sãoparticularmente capazes de provocarem stress no nosso corpocomo, por exemplo, motorista profissional, médico ou policial.

Para entendermos melhor como isso acontece, voltemosàs nossas arteríolas, responsáveis pelo controle da pressão nasnossas artérias. Quando estamos tensos, digamos, por exemplo,quando estamos atrasados e engarrafados no trânsito ou, então,quando estamos vivendo uma situaçao conflitiva no lar, ou notrabalho, nossos nervos preparam nosso corpo para situaçõesde perigo. Nesse caso, nosso cérebro envia mensagens de perigoiminente para todo o nosso corpo, que se prepara para enfrentarsituações de grande dificuldade, como lutar, correr ou se ferir.

Uma das formas como nosso corpo se prepara paraenfrentar melhor essas situações, é aumentando a pressãoarterial.Com a pressão aumentada, alguns tecidos podemreceber mais oxigênio, e nossosmúsculos ficam capazes deagir mais vigorosa e rapidamente, respondendo prontamenteà nossa vontade. É fácil perceber que, esta, pode ser uma reaçãosaudável, sem a qual não teríamos sobrevivido na escalaevolutiva. Normalmente, quando cessa o estímulo que provocaessas mudanças no nosso corpo, no exemplo acima, quandochegamos ao nosso destino e não estamos mais naquele terrível

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trânsito que nos atrasa ou quando resolvemos nossos conflitosno lar e no trabalho de uma forma satisfatória para nós, entãonosso corpo passa a se comportar sem aquela necessidadeimperiosa de se preparar para a luta ou para a fuga.

Nesse caso, dentro de alguns minutos, voltamos à nossapressão arterial condizente com nosso estado relaxado, que émenor que a anterior. Se essa situação for vivida com muitafrequência, temos nossa pressão alterada, para mais, um grandenúmero de horas do dia, e o relaxamento da nossa pressãofica menor, nas 24 horas do dia. Ocorre, que se a nossa pressãoé mantida acima da pressão “de relaxamento”, por tempoprolongado, através de meses, ou anos, nosso corpo vaiadquirindo uma dificuldade, cada vez maior, de retornar àpressão de relaxamento, com a mesma facilidade. Pode acabarpor reconhecer apressão mais alta, realizada durante o stress,como a pressão ótima para aquele corpo.

Aí está a causa da pressão alta das pessoas que vivemsituações estressantes de forma costumaz. Parece que seu corporeconhece a pressão alta como aquela ideal para si,“esquecendo-se” de retornar a um nível menor, durante osmomentos de relaxamento. Não é de se admirar, que técnicasde relaxamento bem administradas, estão indicadas para pessoasque vivem sob stress e que elas realmente podem melhorar apressão destas pessoas!

Vivemos num mundo em constante mudança e é naturalsentirmos medo, raiva e outros sentimentos negativos, sendoimpossível nos livrarmos totalmente destes sentimentos. O erradoé gostarmos destes sentimentos, a ponto de os procurarmos,como se eles fossem boas coisas e fossem nos enriquecer ou,ainda, fossemos ganhar alguma coisa com eles. Não devemos

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complicar mais ainda nossa vida, porque ela já é complicada osuficiente. Existem pessoas que procuram “encrencas” porqueparecem gostar delas. Essas pessoas são mais propícias adesenvolverem hipertensão. Também não devemos ter umaatitude excessivamente passiva àquilo que ocorre à nossa volta,uma vez que isso poderáprejudicar nossa vida e até aumentarnossa pressão futuramente.

O segredo é manter o equilíbrio e evitar o stressdesnecessário, enfrentando com coragem as situações querealmente se justificam. Tenho certeza que o caro leitor terádiscernimento para separar o stress útil do inútil e evitar ainutilidade, em benefício da sua saúde.

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e) Cigarro e Álcool

Hoje em dia, qualquer pessoa sabe que o tabaco é umgrande inimigo da saúde. São frequentes as campanhas anti-tabagistas e, acredito eu, só não são mais intensas devido aovalor econômico que a venda de cigarros representa, não sópara a indústria tabagista mas também para o governo

Altíssimos impostos estão embutidos na comercializaçãodo tabaco. Para entender melhor, como o cigarro atua no nossocorpo, vamos voltar mais uma vez à circulação saguínea.

Conforme vimos anteriormente, após a contração cardíaca,o sangue enriquecido de oxigênio é lançado, do lado esquerdodo coração, para as artérias de grosso calibre, e destas para asartérias de menor calibre, para as arteriolas, e dai para osfiníssimos vasos capilares. Nos capilares ocorrem importantesreações químicas responsáveis pela oxigenação e nutrição dosnossos tecidos. O sangue, que carreava o oxigênio dos pulmõesaté os capilares, neste ponto, deixa escapar este valioso gás parafora da circulação, enriquecendo nossos tecidos de oxigênio.Além disso capta o C02, que é um subproduto da respiração

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celular, e precisa ser eliminado. Seria impossível manter nossostecidos vivos sem essa troca. O sangue inicia, então, seu percursode volta, até o lado direito do coração. Os vasos que retornamao coração, a partir dos capilares, são chamados de veias dagrande circulação.

Essas veias levam sangue pobre em oxigênio e rico emC02 até o lado direito do coração. O termo “grande circulação”serve para diferenciar da “pequena circulação”, que serámostrada logo adiante. É na pequena circulação que o cigarrofaz, principalmente, seu “estrago”. As veias da grande circulaçãonão pulsam como as artérias e têm uma disposição maissuperficial no nosso corpo, o que nos permite visualizá-las: sãoaqueles vasos azuis que podem ser facilmente vistos nos nossosbraços e pernas. A pressão interna destas veias é bemmenor que a pressão das artérias.

As veias simplesmente direcionam o fluxo sanguíneo parao lado direto do coração. O coração então se contrai e expulsauma porção do sangue contida no seu lado direito diretamentepara os pulmões. Ali, haverá nova troca de gases, desta vez,fazendo o sangue abandonar o C02 para fora da circulaçãosanguínea (através da respiração pulmonar)e recebendo novaquantidade de oxigênio. Os vasos que partem do coração direito

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para os pulmões, são chamados de artérias da pequenacirculação. Estas artérias terminam nos vasos capilares queirrigam todo o tecido pulmonar. Depois de passar pelos pulmõese receber mais oxigênio, o sangue retorna ao lado esquerdo docoração.

Daí, o sangue será impulsionado novamente para as artériasda grande circulação para, mais uma vez, levar oxigênio aosmais distantes tecidos do nosso corpo. Era precisocompreender toda essa dinâmica circulatória para sabermos,com precisão, onde é que o tabaco atua, prejudicando nossasaúde. A fumaça do cigarro penetra nos pulmões e atinge oscapilares pulmonares (que fazem parte da pequena circulação).As substâncias contidas na fumaça do cigarro penetram nacirculação sanguínea, exatamente através destes capilares, e osangue carreia estas substâncias para todo os nossos tecidos.

Todo o nosso corpo fica impregnado, de todas aquelassubstâncias, como nicotina, alcatrão e outras. A enganosasensação de bem estar, que o fumante tem, é provocada quandoestas substâncias, levadas pelo sangue, chegam a determinadospontos do nosso cérebro. Ali, aquelas toxinas enganam a“cabeça” do fumante, lhe dando a falsa informação de que, apesarda sua ansiedade, “está tudo muito bem e muito tranquilo”. Aochegar ao coração, aquelas substâncias contidas no sangueprovenientes da fumaça do cigarro, aumentam os batimentoscardíacos o que, geralmente, não chega a elevar,significativamente, a pressão arterial. As toxinas do cigarroprovocam uma diminuição da oxigenação do músculo cardíaco,o que é muito perigoso para o cardíaco ou para quem temarteriosclerose. O maior dano, entretanto, provocado pelocigarro está exatamente nos pulmões. O uso diário e prolongado

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deste vilão, provoca uma doença conhecida como enfizemapulmonar, que danifica as mais íntimas e nobres estruturaspulmonares. As funções responsáveis pela sustentação dos vasoscapilares no tecido pulmonar e pela boa permeabilidade, aooxigênio e do C02, ficam muito prejudicadas.

Na verdade, a fumaça irrita estas estruturas pulmonaresque, para se defenderem, provocam uma reação inflamatória,afim de expulsarem o alcatrão e outras substâncias. Essas toxinas“sujam”aquelas delicadas estruturas, e dificultam a passagemdo C02, para fora da circulação sanguínea, e a entrada deoxigênio para dentro do sangue, afim de enriquecê-lo. A tossecrônica do fumante, nada mais é, que uma tentativa dos pulmões,de se verem livres desse lixo químico. Com o tempo, entretando,as delicadas estruturas pulmonares vão ficando cada vez maisirritadas e danificadas, ficam mais espessadas, e diminuem suaelasticidade. A elasticidade pulmonar é muito importante parauma boa respiração.

A cada inspiração, os pulmões aumentam ligeiramente detamanho, para poderem conter uma determinada quantidade dear e, a cada expiração, eles diminuem de tamanho, para poderemexpulsar para fora o ar respirado. A reação inflamatória crônica,que o tabagismo causa no tecido pulmonar, termina porprovocar um aumento da resistência á passagem sanguínea.

A pequena circulação, aquela que vai do lado direito docoração até o seu lado esquerdo, passando pelos pulmões, ficamuito prejudicada pela ação continuamente irritante do tabaconos tecidos pulmonares. Isso exige do coração uma contração,muito mais forte, para vencer a resistência pulmonar.

Ocorre então uma pressão alta na pequena circulação, que

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não pode ser medida da mesma maneira que medimos comumentenossa pressão arterial, ou seja, através do manguito no braçodireito, já que a pequena circulação não passa pelo braço... Oque podemos perceber, entretando, é que o fumante costumaztem dificuldade respiratória e pouca capacidade para qualquertipo de exercício. Com o tempo e a persistência no fumo, ahipertensão da pequena circulação, também conhecida comohipertensão pulmonar, exige do coração uma musculatura maisgrossa e mais rígida, principalmente na parte direita do coração,que é aquela responsável pela expulsão do sangue para ospulmões.

Esse imprevisto aumento da musculatura cardíaca tornaeste órgão sensível a várias doenças típicas do coração como,por exemplo, o infarto do miocárdio e as dores no peitoprovocadas pela falta de oxigenação adequada ao tecidocardíaco, mais conhcidas como “angina”. Como vimos, osmalefícios do fumo se fazem sentir, principalmente nospulmões, circulação pulmonar e coração.

Ocorre, que também a grande circulação é prejudicadapelo hábito do cigarro. Um dos principais efeitos do fumo nagrande circulação é o envelhecimento precoce das artérias,doença conhecida como arteriosclerose ou “endurecimento dasartérias”. Essa doença diminue a capacidade delas de se dilataremadequadamente, quando recebem uma porção de sangue,provinda de uma contração cardíaca. Essa perda da elasticidadearterial provoca um aumento da pressão sistólica do coração,fazendo com que a “máxima se distancie da mínima”. Uma pessoaque sofre de arteriosclerose pode ter, por exemplo, uma pressãode 90 por 170 ou 9 por 17. Como vemos, a pressão máximaestá bem distanciada da mínima. Isso ocorre, exatamente, pela

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perda da capacidade elástica das artérias.

Creio que já vimos tudo que interessa ao leitor sobre osmalefícios do fumo para a nossa circulação sanguínea. Poderíamosnos deter no relacionamento do cigarro com o cancer pulmonar,ou com o desempenho sexual, mas não é este o objetivo do nossolivro. Tenho certeza que, nesta altura, muitos dos leitores quefumam já estão com uma enorme vontade de parar de fumar.

Compreendo como que é difícil perder este vício. Eumesmo já fui viciado em cigarros, há muitos anos atrás, mashoje não fumo mais. Não me atrevo a colocar um cigarro naboca, nem por bricadeira, porque isso pode desencadeartodo um enorme apetite para voltar a fumar, coisa que tenhoenorme aversão atualmente. Querem saber como conseguiparar? Pois bem, só consegui porque fui muito persistente.Sempre que eu tentava parar, acabava voltando semanas depois.Tentei mais ou menos umas 15 vezes. Na décima quinta vez, euconsegui de maneira definitiva. Não se aflija se não conseguenas primeiras vezes, mas se tentar muitas vezes acabaráconseguindo. Parabéns antecipadamente!

Peço desculpas ao leitor se fui muito minucioso nesteassunto, mas creio que só assim é que se pode ter uma realvisão da verdadeira dimensão dos efeitos danosos deste terrívelvício.

Passemos agora a estudar os efeitos do álcool na nossapressão arterial.Eis aqui um assunto controverso e que aindamerece estudos mais aprofundados!

Temos aqui, uma situação ambivalente, porque enquantoo excesso de álcool é prejudicial à nossa saúde, o álcoolconsumido com a devida moderação, talvez, possa ser benéfico

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para a nossa pressão arterial. Quando a nossa circulaçãosanguínea recebe o álcool provindo do nosso estômago, apóstermos ingerido um copo de vinho, ou uma dose de bebidadestilada, os diminutos músculos responsáveis pela contraçãoarterial relaxam-se provocando uma pequena dilatação arterial.

Essa ação é chamada de vasodilatadora porque “dilata osvasos”. Essa dilatação arterial faz com que maior quantidade desangue possa se comportar dentro dos nossos vasos e,consequentemente, diminue nossa pressão arterial. Esta é,portanto, uma ação benéfica para quem tem problemas dehipertensão. É uma boa notícia para quem gosta de degustar umbom vinho. Talvez seja esta a razão, pela qual, os grandesconhecedores da indústria vinícula juram que o vinho aumentaa longevidade. Talvez eles tenham razão, porque pressão normalna terceira idade significa mais anos de vida saudável e, portanto,maior longevidade.

Aqui cabe uma ressalva: volto a insistir que não estoufalando em alcoolismo, e nem em excessos alcoólicos, tão aogosto de determinadas pessoas. Estou me referindo, tãoexclusivamente, ao beber moderadamente! Mas...o que é bebermoderadamente? Tenho certeza que cada leitor terá uma contae uma medida para esta moderação. Pessoalmente tenho minhaprópria opinião, e gostaria de deixar algumas importantesrecomendações, que poderão servir de guia para meus carosleitores.

a) Observe seu peso: quanto menos pesado você for, tantomenos resistente à bebida alcoólica.

b) Nunca beba com o estômago vazio, porque sentirá maisdrásticamente os maus efeitos do álcool.

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c) Para um homem de 75kg e sem outros problemas desaúde, aconselho até uma a duas taças de vinho tinto seco, oudemi-sec, por dia, ou uma dose de bebida destilada, à sua escolha.

d) Evite tomar cerveja porque, geralmente, a quantidadede líquido ingerida é bem maior que no caso do vinho, ou dabebida destilada e, se a pessoa tiver o hábito de comer algumacoisa salgada, enquanto bebe, essa mistura simplesmenteaumentará a pressão ao invés de diminuí-la.

e) Evite bebidas doces como vinho suave, cipirinha oulicores, porque o açucar associado ao álcool aumenta a rapidezda absorção do álcool pelo tubo digestivo, e isso aumenta osefeitos deletérios das bebidas alcoólicas.

f) se você é do sexo feminino lembre-se: este sexo é menosresitente à bebida que o sexo masculino. Experimente tomar ametade da dose recomendada acima.

g) jamais pense que aumentando o consumo de álcool,você está protegendo sua saúde porque o tiro sairá pela culatra.Se você não consegue controlar a quantidade, quando está bebendo,então não beba nada! As pessoas que não conseguem se controlar,e bebem demasiadamente, desenvolvem pressão alta!

f) Vida Sedentária

Existem estudos que correlacionam o aumento da pressãocom o sedentarismo, embora o exato mecanismo que aumenta apressão, neste caso, ainda não esteja completamente elucidado. Ofato, é que o exercício queima calorias mantendo o peso mais baixoe, como sabemos, indivíduos menos pesados têm menor chance dedesenvolverem hipertensão. Então a explicação poderia começarpor aí, mas este é apenas um lado da moeda.

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Por outro lado, parece que o exercício pode, por símesmo, manter a pressão num nível mais baixo, pelo simples fatoda pessoa ter o hábito de fazer exercícios leves e diários. Atenção:para quem tem pressão alta, são expressamente contra indicadosos exercícios voltados para o desenvolvimento de músculos, comolevantamento de peso, bicicleta, step e outros.

Estes exercícios, ao contrário dos exercícios voltados apenaspara queimar calorias, aumentam a pressão! Portanto, bastantecuidado com academias que usam aparelhos. Essas academias nãosão indicadas para quem tem pressão alta. São tambémcompletamente contra-indicadas aquelas drogas que facilitam odesenvolvimento de musculatura, tão em moda em alguns setoressociais hoje em dia. Isso seria um veneno fatal para quem sofre depressão alta!

São também formalmente contra-indicados, exercíciosmuito extenuantes ou violentos. Os exercícios recomendadossão: andar apressadamente, nadar recreativa-mente (nãocompetitivamente), dançar, esteira elétrica, jogar voleyball outênis. Jamais comece um exercício sem consultar o médico antes.Ele lhe dirá com precisão se você pode fazer exercícios, qualserá o exercício recomendado e qual a intensidade que você

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pode fazer. Se você costuma sentir falta de ar ou dor no peito,visite o cardiologista primeiro.

Nunca queira “tirar o atraso” dos anos que você ficousem exercícios. Comece com poucos minutos diários e váaumentando vagarosamente, agindo com equilíbrio, edescansando, sempre que se sentir cansado. Evidentemente, vocêvai demorar algumas semanas ou meses para atingir sua formaideal.

Quero lembrar ainda ao meu prezado leitor, que orelacionamento sexual saudável, também é um bom exercício egeralmente não oferece risco para o hipertenso, desde que elenão tenha outros problemas importantes de saúde e que sejafeito dentro dos limites naturais de cada paciente. Sobre esteassunto voltarei a comentar, quando falar brevemente emtratamento da hipertensão. O que eu quero deixar, nestemomento, para o leitor sedentário, é que estes pequenosexercícios físicos diários, que eu proponho, irão melhorar,

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com certeza, seu desempenho sexual saudável. Outra vantagemimportante que estes exercícios leves e diários trazem, é ocombate à depressão.

Existem alguns estudos que mostram um aumento daincidência da depressão em pacientes hipertensos. Pois bem, adepressão tem uma menor incidência nos atletas ou nas pessoasque têm o hábito de fazer exercícios saudáveis. Acredito queesta é uma importante razão para que as pessoas sedentáriasiniciem um programa regular de exercícios.

g) “Pílula Anticoncepcional”

Sobre a pílula, o mais importante é que a mulher saiba,que se ela tem pressão alta, então deve evitá-la. Como tudo emmedicina, devemos sempre pesar os “prós” e os “contras”, antesde decidirmos por determinada conduta. Se minha querida leitorafor sadia e jovem e não quer se engravidar, então não vejo malno uso da “pílula”, desde que ela visite antes o seu médicoginecologista.

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Mas se ela tem pressão alta e é fertil, então deveria procuraroutro método contraceptivo. Essas situações, talvez, não estejamsendo levadas em consideração de uma forma tão séria comodeveriam ser. Não tenho ouvido mais aquelas saudáveisrecomendações, para que a mulher que toma a “pílula” descansetrês meses por ano...

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CONSEQUÊNCIAS...

Passemos agora à segunda parte deste livro, aquela querevela as consequências da pressão alta, não tratada. Todas asconsequências vistas aqui podem ser evitadas com um tratamentoadequado, realizado com o devido acompanhamento médico.

a) Consequencias no Coração

O coração do hipertenso é um dos principais órgãosagredidos pela pressão alta. O músculo cardíaco tem que vencera resistência arterial, para que o sangue continue circulandonormalmente, apesar da pressão elevada. Isto significa que eleterá que exercer mais força, para vencer aquela pressão que secontrapõe à força cardíaca. Quando a pressão aumenta,automaticamente o próprio coração imprime mais força às suascontrações. Caso contrário não pode fazer com que o sanguecontinue circulando, o que é vital para continuidade da vida.Isso significa um esforço extra para o músculo cardíaco.

Se a pressão alta é mantida por muito tempo, o constanteexcesso desse esforço extra provoca um “engrossamento”da musculatura cardíaca. Nós, médicos, chamamos isso dehipertrofia cardíaca. O músculo cardíaco altera-sesemelhantemente ao músculo dos braços de alguém que praticaalterofilismo.

Você, meu caro leitor, já viu aquelas pessoas quemodelam o seu corpo, graças a extenuantes exercícios delevantamento de peso. Aqueles músculos estão hipertrofiados.Da mesma forma, o coração pode ficar hipertrofiado. Os

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músculos do alterofilista são belos e despertam suspiros e olharesfemininos. Infelizmente, o mesmo não ocorre com o músculocardíaco hipertrofiado: trata-se de um músculo doente e quejamais pode repousar. Um coração assim fica aumentado detamanho, exige um consumo maior de oxigênio, pode provocardores no peito e é mais sujeito ao infarto.

Decididamente, de forma nenhuma, um doente cardíacoterá a força e o fôlego que um atleta tem. Quem tem hipertrofiacardíaca, terá sua espectativa de vida diminuida. Se a pessoativer taxas altas de colesterol, essa espectativa, então, cairá maisainda. Impõe-se uma redução da pressão arterial, para que ocoração pare de crescer e diminua o seu trabalho, a cadacontração, melhorando as condições de saúde daquele paciente.

Muitas vezes, a simples redução da pressão pode fazercom que o paciente se sinta melhor, o suficiente para que eleentre num moderado programa de exercícios, queimecalorias, reduza seu peso e possa depender menos dosmedicamentos. Se o paciente não se tratar, a tendência será parao desenvolvimento de outras doenças mais graves do coração

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ou para a falência cardíaca, o que é uma situação muito maisgrave.

b) Consequencias no Cérebro

O cérebro é o tecido mais nobre do corpo humano.Qualquer dano neste tecido, por pequeno que seja, pode trazergraves consequências para a pessoa. A pressão alta, não tratada,provoca dois tipos diferentes de dano cerebral. O primeiro ocorredevido ao fato de que a pressão alta envelhece precocemente asartérias cerebrais, responsáveis pelo importante fornecimentode sangue oxigenado àquele tecido. Sem esse sangue oxigenado,o tecido cerebral morre rapidamente.

O impacto da hipertensão constante nos vasos cerebrais,provoca o surgimento de placas de ateroma, que são parecidascom “calosidades” que ocorrem no interior das artérias. Essasplacas dificultam o fluxo sanguíneo no interior dos vasos porquediminue a espessura útil das artérias, e então, menor quantidadede sangue passará pelas artérias cerebrais, a cada batimentocardíaco. Com essa oferta inferior de sangue oxigenado, océrebro começa a sentir mais cedo aquelas dificuldades que sóseriam percebidas bem mais tarde, na velhice. Porexemplo, dificuldade de concentração, diminuição da memória,piora da capacidade de raciocínio, dores de cabeça, etc. Issosignifica um envelhecimento precoce do cérebro.

Por outro lado, devido ao aumento súbito da pressãoarterial, uma das artérias cerebrais pode se romper e derramaralgum sangue dentro do tecido cerebral. Este quadro trágico éconhecido pelos médicos com “acidente vascular cerebral” etem o nome popular de “derrame cerebral”. O sangue derramadono tecido cerebral provoca danos imediatos. O tecido cerebral

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acometido morre e a pessoa tem algum tipo importante deprejuizo como, por exemplo, “entorta” a boca, passa a nãopronunciar com clareza as palavras, pode também perder amobilidade de um lado do corpo apenas parcialmente da pernaou de um braço, etc. Esse acidente vascular pode ter outrasconsequências como, por exemplo, fazer com que o pacienteentre num quadro depressivo ou aumentar progressivamente odano cerebral, até provocar a morte, em alguns meses, ou ainda,em determinados casos, direcionar-se para uma cura lenta eprogressiva, deixando na maioria das vezes algum tipo de danopermanente. O leitor está percebendo bem a gravidade desteproblema.

Isso faz com que a vítima seja impedida de continuar seutrabalho e de se relacionar normalmente no seu meio social,deixando uma importante lesão emocional na sua família emuitas vezes exigindo um tratamento especial pela sua família.Vejam bem que tudo isso pode ser evitado com um corretotratamento ou acompanhamento médico!

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c) Danos Renais

Quando o hipertenso consegue escapar de um infarto oude um “derrame ce- rebral” os próximos órgãos-alvos serão osrins.

O impacto constante da alta pressão arterial nos vasos queirrigam de sangue os rins, provoca uma doença renal chamadanefroesclerose (nefro significa rim e esclerose, endurecimento).Como o próprio nome parece indicar, trata-se de umendurecimento de algumas delicadas e importantes estruturasrenais. Os rins são responsáveis por algumas importantes e vitaisfunções no nosso sangue. Além de “limpá-lo”, mantêm o sanguedentro dos padrões aceitáveis e benéficos para a saúde detodo o corpo. Essa doença faz com que os rins diminuam ouparem de filtrar o sangue, a mais importante função dos rins.Ocorre então uma falência renal com graves transtornos para opaciente. Nesse caso o paciente terá que se submeter àhemodiálise e será escravo dela até a morte, caso desejepermanecer vivo. O transplante renal não estáindicado para o hipertenso não tratado.

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BREVES PALAVRAS SOBRETRATAMENTO...

Vou falar agora, muito breve-mente, do tratamento dohipertenso, apenas aquilo que interessa ao leitor, já que estenão é um livro para profissionais da saúde e sim para o doente.

Além das medidas gerais como perda de peso para o obeso,aconselhamento sobre exercícios leves, redução do sal e outrasmedidas oportunas, também se torna necessária solicitação deexames comple-mentares, para uma avaliação mais completado paciente. Existem hoje várias diferentes classes demedicações capazes de reduzir e manter a pressão arterial dentrode níveis aceitáveis. O médico saberá escolher aquela classe quemelhor se adaptará para aquele paciente. Ocorre muitas vezesque, quando o pacinte inicia um tratamento medicamentoso parahipertensão, ele passa a sentir alguns pequenos e inesperadostranstornos. De todos esses incômodos, o mais temido peloshomens é a diminição da potência. Isso pode ser desatroso paraa adesão do hipertenso ao tratamento, exatamente no seu início.

Duas observações são muito oportunas nesse momento:quanto mais moderna a droga, geralmente menos problemasela traz para a potência e, muitas vezes, o tempo está a favor dopaciente, fazendo com que ele sinta cada vez menos os seusdesagradáveis efeitos. Tudo em medicina é uma questão de sepesar os “prós e os contras”, quando se trata de remédios e, nocaso da pressão alta, quando seu médico chegar à conclusãoque você terá que tomá-los, acredite nisso porque se assim nãofosse, o seu médico seria o primeiro a dizer um retumbante “não”para estas drogas. Se o seu médico prescreveu drogas é porque

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ele está convencido de que, sem elas, será impossível conter oaumento da pressão. Alguns doentes fazem o seguinte raciocínio:“talvez eu possa ficar ainda um bom tempo sem remédios” ouainda: “acho que vou esperar a doença piorar um pouco paracomeçar com esses malditos remédios”.

Acontece, que quanto mais tempo a pessoa permanecercom a pressão alta, sem tratamento, mais ela estará arriscandosua vida, mas não é só isso: estudos revelam que a pressão altaaltera os próprios mecanismos naturais que nosso corpo possuipara controlar a nossa pressão. Por isso às vezes pode ser muitodifícil diminuir a pressão de quem é hipertenso por muito tempo.Existe um tipo de hipertensão que só pode ser controlada commuita dificuldade e às custas de medicação muito mais potentee portanto com mais efeitos colaterais e maior risco de vidapara aquele paciente. Quanto mais cedo o paciente começa um

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tratamento, tanto menor o seu risco de ter uma pressãoincontrolável no futuro. Felizmente para alguns sortudos, osimples fato de obedecer ao seu médico cumprindo as medidasde suporte não medicamentosas traçadas para ele, pode sersuficiente para que sua pressão se mantenha num nível que nãoprecise de remédios ou ainda o suficiente para que a medicaçãopossa ser reduzida ou até mesmo retirada.

Outra situação bastante frequente é a daquele paciente que,de repente e sem nenhum motivo importante, pára de tomar amedicação prescrita. Certa vez fiquei sabendo de um caso queme foi relatado durante uma palestra que eu estava proferindopara hipertensos, que ilustra bem a condição acima. Uma mulherde 54 anos tomava medicação para diminuir sua pressão há cercade 3 anos. Ela estava sempre mau humorada porque tinha quefazer aquilo todos os dias e seu médico nunca a liberavadaqueles aborrecidos comprimidos. Decidida a tomar outrocaminho diferente, procurou uma “mãe-de-santo” num terreirode candomblé que imediatamente lhe disse exatamente aquiloque ela queria ouvir: “ você não precisa destes remédios” e ainda:“pode largar isso agora mesmo”. Agradecida e feliz porqueencontrou alguém que a compreendia e concordava com ela,assumindo a respon-sabilidade que ela mesma não queria assumirsozinha, a mulher fez aquilo que tão ardorosamente desejava:abandonou completa e repentinamente todos os seus remédios.Quatro meses depois ela morria num pequeno hospital de suacidade.

Quem me contou esse caso foi, nada mais nada menos,que seu próprio marido. Evidentemente não é meu desejoassustar meu querido leitor, entretanto é preciso que ele saibaque estas coisas podem acontecer...Não é apenas o chamado

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“baixo espirit ismo” que costuma fazer esse tipo derecomendação, existem muitas outra religiões que tambémprocedem assim. Também não posso culpar unicamente essa ouaquela religião por estes maus conselhos: a própria pessoa queprocura essas religiões muitas vezes procede assim com o únicointuito de encontrar alguém para dizer aquilo que ela quer ouvire dividir a responsabilidade que ela mesma não quer assumirsozinha e, portanto, é igualmente responsável, já que estáconvidando alguém que não tem nenhuma obrigação de entenderde remédios, para tomar uma decisão tão importante. Seria omesmo que procurar seu advogado para consertar seu carro...um contrasenso.

No caso da hipertensão, é preciso que o paciente entendaque as medicações são de uso contínuo e que só oacompanhamento médico responsável poderá modificar ouretirar a medicação. Caso você não tenha tempo de visitar seumédico naquele mês, continue tomando a mesma medicaçãoprescrita até o seu retorno no próximo mês. Faça o seguinte:tome sua pressão duas vezes por semana e leve ao seu médicona próxima consulta. Mesmo que ele não tenha pedido, tenhocerteza que ele gostará de ver esses resultados! Finalmente,quero acrescentar algumas noções de alternativa, apenaspara os aficcionados.

Homeopatia: não é uma boa alternativa para diminuir apressão arterial. Conheço e pratiquei a homeopatia por muitotempo e este tipo de medicina se presta apenas para doenças defundo emocional ou que, pelo menos, têm um importantecomponente emocional. Ocorre que a pressão pode estar alta,mesmo que a pessoa esteja bem emocionalmente. Hipertensão éuma doença “do corpo” e não “da mente”, por isso fuja de

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“mágicas soluções homeopáticas”. Se você estiver tomandoremédios alopáticos para diminuir sua pressão, jamais os troquepor homeopatia porque será um desastre!

Acupuntura: um bom acupuntor pode baixar a pressãoarterial do seu paciente durante uma seção de acupuntura. Amaior dificuldade é que nem sempre ele estará disponível nomomento em que você mais precisa dele. A pressão deve semanter dentro de certos limites por tempo indeterminado mas,conseguir isso com seções de acupuntura, é quase impossível.Para quem gosta desta terapia entretanto, ela não lhe faránenhum mal e pode fazer muito bem, desde que o profissionalseja competente. Esta alternativa poderá, no máximo, fazer comque você possa reduzir o número ou a dosagem de remédiosque você, obrigatoriamente, tem que usar.

Fitoterapia: as plantas medicinais são uma alternativaséria para um sem-número de doenças diferentes. Algumasplantas podem, sem dúvida, baixar a pressão arterial de formaconfiável. Uma das mais tradicionais ervas usadas chama-se“Sete Sangrias” (nome científico: Cuphea balsamona), tambémconhecida como balsamona, guanxuma vermelha, chiagari ouerva-de-sangue. Trata-se de uma planta herbácea, de 20 a 60cm de altura, de caule avermelhado que ocorre espontaneamenteem terrenos úmidos e brejosos, preferencialmente arenosos.Floresce no verão e outono. É feito um chá ou infusão de todaa planta (5g da planta para 1/4 de litro dágua).

A dose inicial recomendada é uma xícara de chá por dia.O chá deve ser usado no mesmo dia em que foi feito. A pressãodeve ser controlada e mantida dentro dos limites normais,usando-se uma dose maior, se houver necessidade. Cuidado para

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não exagerar na dose e baixar demasiadamente a pressão! Outraplanta usada, é a Melissa (Melissa officinalis), também conhecidacomo erva cidreira verdadeira ou cidrilha. É feito um chá defolhas picadas e tem também efeito calmante, sendo ideal parapessoas nervosas.

O leitor deve estar ciente que nada disso pode substituir oacompanhamento do seu médico de confiança. Às vezes, é muitomais importante a mudança do estilo de vida do doente, do quetomar qualquer remédio, especialmente, se o hipertenso tem umestilo de vida pouco recomendável, e se sua doença ainda érecente.

PALAVRAS FINAIS

Existem ainda algumas considerações que eu preciso passarao meu leitor que teve a paciência de ler este livro até o final.

Como eu escreví no início deste livro, a doença da qualestou me referindo desde o começo, é um tipo de pressão altamuito comum, cuja causa não está completamente esclarecida.Existem outros tipos de pressão alta que são bem menosfrequentes mas não menos importantes, entre esses, aquelapressão alta que surge durante a gravidez. Nesse caso tudo quea mulher tem a fazer é um bom acompanhamento no períodopré-natal.O obstetra saberá como conduzir a sua paciente, paraque ela tenha uma gravidez com pouco risco. É por esta e outrasrazões que o pré-natal é tão importante.

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Outro aspécto que não pos-so deixar de comentar, é queexistem estudos que comprovam, que as raças negra e amarelasofrem mais drasticamente as consequências da hipertensão, ouentão, são mais sujeitas às suas complicações. Estou falandodos indivíduos destas raças que usam a tradicional alimentaçãoocidental. Portanto, se você é negro, asiático ou descendente,tome cuidado em dobro! A razão disto foge ao alcance destadespretenciosa obra mas algumas pessoas acreditam que talvezseja porque a raça caucasiana tenha tomado um contato maisantigo com o sal de cozinha que aquelas duas outras raças eportanto teve mais tempo de se adaptar ao sal...

Se você tem pressão alta, saiba que deverá controlar, commaior rigor ainda, seu colesterol e sua glicose. Pressão altacom glicose ou com colesterol acima dos padrões normaisestabelecidos, aumenta enormemente o risco de aconteceralguma coisa muito ruim com você, como infarto, um “derramecerebral” e outros danos igualmente ruíns. Isso também podeocorrer se você fuma ou leva uma vida muito estressante. Nessecaso, além de tomar os medicamentos prescritos pelo médico,você terá que diminuir seu colesterol, controlar sua glicose,reduzir seu “stress” e parar de fumar. Como você pode ver, nãoé fácil... mas será possivel com a ajuda do seu médico deconfiança.

Finalmente, quero parabenizar meu leitor pela persistênciade ter lido o livro até o seu final. Agora, você entende mais depressão alta que a grande maioria dos seus amigos e vizinhos.Se você seguir minhas recomendações, terá uma vida maislonga, mais saudável e mais dígna. Boa sorte!

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BIBLIOGRAFIA

1) Harrison’s, Principles of Internal Medicine. 11 ed. NewYork.Macgraw-Hill Book Company, 1987. 2118p.

2) Pedroso, Enio R. Pietra; Manoel O. da Costa; Silva, Orlando A.da. Clínica Médica: Os Princípios da Prática Ambulatorial. SãoPaulo. Atheneu, 1993. 1516p.

3) Lipp, Marilda; Rocha, João C., Stress, Hipertensão Arterial eQualidade de Vida. Papirus,1994.130p.

4) Leonel, Carla et al. Medicina Mitos e Verdades.CIP,1996.575p.

5) Junior, Cirino Corrêa et al. Cultivo de Plantas Medicinais,Condimentares e Aromáticas. FUNEP, 1994.162p.

As ilustrações reproduzidas neste livro foram legalmenteadquiridas de MasterClips. Solicitação de novos exemplares:

(41) 347 5869 Edena.

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Ronaldo D. Duarteé médico palestrante para grupos de hipertensos

Dr. Ronaldo D. Duarte émédico generalista pelaUFMG, pa les t ran te eescritor, com dezenas decursos extra-curricularesna área de saúde pública,medicina social e outrasáreas. É autor do livro

“Por Que Não Consigo Emagrecer?”,lançado com grande sucesso pela editoraEko e à venda em todo o Brasil.Seu livro é fruto de suas disputadaspalestras para grupos de hipertensos.Se quiser se comunicar diretamente c/ele, escreva para:

[email protected]