Preto no Branco

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E scolaSecundariajoaodeDeus Março 2012 ~ ´ 0,50 euros Número 62 Parlamento dos jovens pág. 8 Visita de estudo pág. 6 Olimpíadas da química pág. 15 Gravidez na adolescência pág. 16 Vidas pág. 20 Cinema pág. 17 Voluntariado ambiental pág.12 Eco-escolas pág. 13 Crónicas Kony pág.5 Produtos embalados pág. 10 Dor pág. 21 O encarceramento das palavras pág. 22 Diário pág. 24 O livro pág. 24 Fotografias de Johnny Drumms

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PReto no Branco

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Escola Secundaria joao de Deus Março 2012

0,50 eurosNúmero 62

Parlamento dos jovens pág. 8

Visita de estudo pág. 6

Olimpíadas da química pág. 15

Gravidez na adolescência pág. 16

Vidas pág. 20

Cinema pág. 17

Voluntariado ambiental pág.12

Eco-escolas pág. 13

CrónicasKony pág.5

Produtos embalados pág. 10

Dor pág. 21

O encarceramento das palavras pág. 22

Diário pág. 24

O livro pág. 24

Fotografias de Johnny Drumms

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Escola

Chá de letras

Exposição comemorativa do centenário do nascimento de Alves Redol

Está patente na Biblioteca Escolar da Escola Secundária de Faro, de 13 de março a 13 de abril, uma exposição itin-erante sobre Alves Redol, proveniente do Museu do Ne-orrealismo, no âmbito das comemorações do centenário do nascimento do autor. A exposição conta com 17 telas que acompanham o percurso pessoal e literário de Alves Redol, figura cimeira do neorrealismo português.Esta mostra permite uma leitura mais complexa e apro-fundada sobre o trajeto de um escritor essencial para en-tender os valores e as ideias que marcaram o Portugal de meados do século XX.As atividades a realizar no âmbito deste evento englobam:• a visita livre à exposição; • visita orientada, através de preenchimento de um guião; • vários títulos do autor disponíveis para compra, com 40% de desconto (cortesia Leya).

O Clube de Leitura da Escola teve a sua primeira re-união durante a Semana da Leitura, no dia 7 de

Março às 14.30 horas na Biblioteca da Escola. “Chá de letras”, o clube de leitura como objectivo único de in-centivar o prazer pela leitura!O projecto está aberto a toda comunidade escolar: alu-nos, professores, funcionários e pais e encarregados de educação.O que fazemos no clube? Reunimo-nos uma vez por mês para falar sobre o que foi lido ou colocar questões sobre o que foi lido! Todos! Trocamos ideias! Sem con-strangimentos! Cada um a oferecer (se o entender) a sua interpretação, o seu entendimento, a sua experiência. Cada um a apresentar (se o entender) a sugestão de um título para a sessão seguinte.O livro escolhido foi “Clarabóia” de José Saramago e a próxima reunião é no dia 11 de Abril às 14.30 horas.Lançamos o convite para participar no clube de leitura da Escola.Lançamos o estímulo de vir beber um café connosco. Lançamos a proposta de criar um ambiente de cumpli-cidade para que os nossos jovens sintam prazer pela lei-tura!Trocar ideias! Sem constrangimentos! Cada um a ofer-ecer (se o entender) a sua interpretação, o seu entendi-mento, a sua experiência. Cada um a apresentar (se o entender) a sugestão de um título para a sessão seguinte.Apareça!

Exposição comemorativa do centenário do nascimento de Alves Redol

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Escola

Páginas de Cidadania Livros para férias“O teu rosto será o último” de

João Ricardo Pedro

“O gato de Uppsala” de Cris-

tina Carvalho

“Escarpas” de Gastão Cruz

“Como se desenha uma Casa”

de Manuel António Pina

Projeto “Páginas de Cidadania na BE da ESJD”

O objetivo do projeto visa desenvolver as competências argumentativas (al-icerçado na leitura e na expressão oral/escrita), na defesa de ideias, respeit-ando os valores da cidadania e da participação activa na sociedade, incenti-vando o interesse dos jovens do Ensino Secundário. As turmas envolvidas são as turmas 10ºF e 10º ano C orientadas pelas pro-fessoras Maria Vilhena e Laurinda Silva

Descrição e cronograma das acções: Descrição: 1 – Primeira fase: sensibilização das turmas para o projeto e respetiva par-ticipação nos temas abordados.2 – Numa segunda fase: debate inter turmas e elaboração de um manifesto cívico que consistirá na apresentação de um projecto de recomendação de medidas e respetivos argumentos que as fundamentem.

As Linhas orientadoras são:

• Definição de cidadania (direitos e deveres); • Conhecimento e discussão do Regu-lamento Interno da ESJD relativo aos direitos e deveres dos discentes; • Contextualização histórica e fi-losófica (a partir do século XIX) do conceito de cidadania, assim como dos diferentes movimentos sociais e políticos; • Argumentação/Debate e defesa de ideias e respectiva promoção de uma cidadania ativa e empenhada na so-ciedade actual.

“O caderno de Maya” de Isa-

bel Allende

“Constantino guardador de

vacas e de sonhos” de Alves

Redol

“Perfume” de Patrick Suskind

“O Violino de Auschwitz “ de

Maria Àngels Anglada

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Escola

Cristina Carvalho

A escritora Cristina Carvalho veio à nossa Escola no dia 8 de

Março, pelas 12.00 horas, sala 202, a fim de participar nas comemora-ções do dia do Patrono.A Escritora falou do livro “O gato de Uppsala”, da sua actividade como es-critora e foi respondendo às questões colocadas pelos alunos.Agradecemos a colaboração da Drª Fernanda Morais para a organização deste evento.A Escritora Cristina Carvalho nasceu em Lisboa, a 10 de novembro de 1949. Durante a sua atividade pro-fissional, contactou com milhares de pessoas e visitou inúmeros países, sendo a Escandinávia e o Oeste por-tuguês as regiões que mais ama e que mais influência exercem sobre a sua personalidade enquanto transitório ser humano do sexo feminino, habi-tante do planeta Terra e, por acaso, escritora. Publicou até à data nove livros: Até

Escritora vem à escola

já não é adeus (Signo), Momentos misericordiosos, Ana de Londres, Estranhos casos de amor (Relógio D’Água), A casa das auroras (Pla-neta Manuscrito), Tarde fantástica (7 Dias 6 Noites), O gato de Uppsala (Plano Nacional de Leitura), Noc-turno – O romance de Chopin (Plano Nacional de Leitura) e Lusco-fusco (Sextante).

Escritor vem à escola

José GonçalvesJosé Sequeira Gonçalves, perante

uma plateia atenta, apresentou o seu livro “Cruz de Portugal” no dia 8 de Fevereiro, pelas 10.15h, na sala 202. José Gonçalves é natural de S. Bartolomeu de Messines, historiador e mestre em história contemporânea de Portugal.“Cruz de Portugal” é um romance histórico, retratando a vida de uma família de Silves nos primeiros anos do século XX.O romance inicia-se pouco depois de 1910 e da Implementação da Repub-lica.Silves, Algarve, um menino, filho único, vive com os pais numa casa de média classe. O seu pai, dono de uma quinta e de uma mercearia, tem rendimentos suficientes para que a família viva com algum conforto.Pouco depois dá-se a implementação da república e o pai torna-se repub-licano fanático, aderindo ao partido e acabando mesmo por conseguir um lugar como membro da comissão concelhia do partido republicano.Tempos difíceis e confusos em que o povo se encontrava dividido entre os apoiantes da monarquia e os da re-publica, havendo mesmo confrontos em todo o território.

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À conversa com

KONYpor Andry Talzin

Joseph Kony é o actual líder da LRA (Lord’s Resistance Army).

Segundo estatísticas, 66.000 crianças foram convertidas em soldados e cer-ca de 2.000.000 pessoas foram deslo-cados dentro do país. Tendo dito que recebe ordens de anjos, mensageiros de Deus, Kony procura transformar Uganda num estado teocrático.Iniciando o seu movimento em 1986, Joseph Kony tem gerado imenso so-frimento entre o povo de Uganda. A sua ação baseia-se em raptar crian-ças e, mais tarde, obrigá-las a matar os pais e vizinhos, para que estas não tenham sítio para onde voltar.Hoje, a sua ação tornou-se popular através de um vídeo que foi lançado em redes sociais, como o Youtube, e comentado no Twitter e Facebook. Apesar de o conhecimento se ter alas-trado imenso num curtíssimo espaço de tempo, especialistas perguntam-se se as pessoas terão ficado com a ideia correta ao ver o vídeo. Apesar

de ser chocante, o vídeo que se tor-nou famoso em poucas semanas pode ter dado ideias erradas, pois quando se fala em 66.000 crianças, trata-se de um número de crianças raptadas desde o início, há cerca de 20 anos atrás. Na reali-dade, agora Kony tem pouco menos de algumas cen-tenas a apoiá-lo e não tem estado em Uganda há seis anos. A isto tudo, jun-tam-se notícias como a descobe-rta de petróleo em Uganda há mais de um ano atrás ou o internamento psiquiátrico do realizador do docu-mentário, Jason Russell, em San Di-ego, no dia 16 de Março de 2012, ou até mesmo a polémica da altura em que o vídeo foi mostrado a uma

João Luis Gonçalves, Procurador da República do Tribunal Admin-

istrativo e Fiscal de Loulé, apresen-tou o seu livro “Caminho da Vigia” no dia 18 de Janeiro, pelas 10.30h, na sala 202. O Escritor falou da sua experiência profissional em Timor e dos diversos livros que já editou. A palestra contou com a participação do SR. Urbano, ex-combatente na guerra colonial que contou a sua história na guerra do ultramar. O Major Henrique de Oliveira esclareceu a plateia sobre assuntos relacionados com O núcleo da Liga dos Combatentes.

João Luis Gonçalves

população em Uganda, em que esta reagiu atirando pedras no final da apresentação. Com isto, percebemos que as coisas não são sempre pretas ou brancas, há muitas tonalidades de cinzento no meio…

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Escola

Visita de estudo do 11ºA e I

Nos passados dias 1 e 2 de março, as turmas 11ºA e I

participaram numa interessante visita de estudo. Começámos por embarcar numa aventura aos bastidores do Oceanário, onde verificámos como é feita a alimentação dos peixes e manutenção do aquário. Vale mesmo a pena, ainda mais se pensarmos que o preço da vis-ita guiada é de apenas 5 € por aluno e no final desta temos a possibilidade de fazer uma visita completa e tranquila ao Ocean-ário!Se seguida, fomos para a Re-galeira, para a mágica, mística e maravilhosa Quinta da Rega-leira. Quem ainda não a visitou, não pode dizer que viveu! Todo o seu simbolismo, os jardins, o pa-lácio, o poço iniciático, as gru-tas, a passagem sobre as águas levam-nos para um outro mundo. A sua visita é, nos dias que cor-rem, uma experiência fundamen-tal.Depois de uma passagem rápida pelo Fórum Almada para jantar fomos dormir à Pousada da Ju-

ventude de Almada e quanto a isso… não haverá direito a por-menores…No segundo dia da visita, par-ticipámos no Percurso Queiro-siano nas ruas de Sintra, pisámos as mesmas pedras que Carlos da Maia, Cruges e Alencar pisaram, quando visitaram a vila. O ro-teiro terminou em Seteais que, se nos posicionarmos num deter-minado local, nos proporciona

uma das mais belas paisagens do mundo!! Descubram-na!!Finalmente, como princesas e príncipes que somos, não poderíamos terminar a visita sem passar pelo Palácio da Pena. En-cantador, fantástico, lindo, mara-vilhoso, enfim, um sonho!!Fazendo um balanço da visita, podemos concluir que o seu úni-co problema foi não ter sido mais longa!

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Escola

O Café-concerto solidário já é uma tradição da Escola Secundária

João de Deus. A geração 2012 dos alunos de EMRC não podia ficar-lhe indiferente. A agenda deste ano apon-ta para o dia 18 de Maio, um final de tarde de sexta-feira que se prolonga pela noite. Desta vez os fundos reverterão para o Refúgio Aboim Ascensão, uma insti-tuição que em muito tem contribuído para o amparo e a protecção de cri-anças necessitadas na nossa realidade

Café-concerto 2012por Beatriz Torres e Sarah Virgi

local.Ora, o programa propõe um jantar aberto a todos – incluindo alunos, professores, funcionários, famili-ares, amigos – e, de seguida, o café-concerto, acompanhado por Diogo Simão e Piçarra (ex-elementos da banda Fora da Bóia), Henrique Campbell, Sarah Virgi e outras sur-presas. Diverte-te apoiando esta causa. Já sabes, um pequeno gesto pode mar-car a diferença.

O artista, Afonso Dias veio mais uma vez à Escola encantar e

cantar os poetas e recitar poesia.Com o propósito de prosseguir com o trabalho desenvolvido nos últimos anos e no sentido de cativar a comu-nidade escolar para a descoberta da Poesia como essência do belo, de conquistar adesões para o estudo da língua, de desenvolver o gosto pela leitura sublinhando o carácter lúdi-co e estético da literatura, de usar a música como elemento valorizador da beleza das palavras e de educar para a Cidadania pelo estímulo da sensibilidade e valores do human-ismo, a Direcção Regional de Edu-cação do Algarve e a Bons Ofícios – Associação Cultural estabeleceram um protocolo que permite continuar a desenvolver o projecto “A Poesia está na Escola… e em toda a parte”.Este projecto foi utilizado pela escola

A poesia está na Escola e… em toda a parte” Recital de poesia

no âmbito da integração da biblioteca escolar ao serviço do currículo. O re-cital teve a duração de 60 minutos e as turmas convidadas a assistir à ses-são foram o 10ºC e 10ºH.

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Escola

A Sessão Distrital do Programa “Parlamento dos Jovens – En-

sino Secundário” realizou-se no dia 6 de Março, no Auditório da Direcção Regional do Algarve do IPJ, em Faro. Os deputados presentes represent-antes da nossa escola foram: Gonçalo Santos, Sofia Marcelino, Laura Bár-bara, Carolina José, Carolina Santos e Francisco Figueira como suplente.A Sessão começou pouco depois das 10h, com a chamada dos deputados das sete escolas do Algarve; de segui-da, iniciou-se a cerimónia de abertura da Sessão, com a intervenção dos convidados. O que achámos mais in-teressante nesta introdução foi a opin-ião de uma das convidadas sobre o que é mais importante num deputado, afirmando que devemos ser humildes, aceitar os pontos de vista diferentes dos nossos e reconhecer aquilo que será melhor, não para si, mas para a maioria das pessoas, mesmo que isso signifique não levar adiante as suas ideias iniciais.Durante a manhã, depois de se apre-sentarem e debaterem todas as pro-postas, votámos no Plano de Reco-mendação, ou seja, no conjunto das propostas de uma das escolas que serviria de base para o conjunto final que seria levado à Sessão Nacional, podendo estas propostas ser substi-tuídas ou alteradas. A nossa escola foi a mais votada para o Plano de Reco-mendação, com um total de 28 votos em 35.Depois do almoço, começámos a verificar que, afinal, os objectivos dos deputados de cada escola não corre-spondiam com as anteriores palavras da convidada, pois o que cada um pretendia era a apro-vação das suas próprias propostas, independente-

mente da sua utilidade ou praticabi-lidade. Assim sendo, as outras esco-las optaram por derrubar as nossas propostas, presentes no Plano de Re-comendação, apesar de muitos dep-utados nos terem admitido, pessoal-mente, que estas eram as mais viáveis e as melhor pensadas. No final, uma das nossas propostas foi mantida, outra completamente alterada e a últi-ma (considerada por nós a melhor) eliminada por votação.No final da Sessão, foram eleitas as escolas cujos deputados iriam rep-resentar o Algarve à Sessão Nacio-nal. Na nossa opinião, uma das es-colas vencedoras, a Escola Básica e Secundária de Albufeira, mereceu avançar, pois defendeu com con-vicção as suas ideias. Contudo, a vitória da segunda escola pareceu ter resultado de votos estratégicos, uma vez que esta mal se pronunciou du-rante toda a reunião e a sua prestação foi notoriamente fraca. Era evidente, portanto, que alguns deputados vota-ram na sua escola e numa menos forte para aumentar as suas probabilidades de “vencer”.Concluindo, pensamos que a presta-ção dos deputados da nossa escola foi bastante boa e que apresentámos bons

por Carolina Santos e Sofia Marcelino

Uma experiência gratificantes e alguma desilusão

Sessão distrital do Programa Parlamento dos Jovens

argumentos para defender as nos-sas propostas. No geral, esta foi uma experiência gratificante, que nos deu pequenas mas importantes noções so-bre o que é a política, embora tenha sido um pouco uma desilusão o modo como decorreu esta Sessão Distrital.

3ª Fase - NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA:

Sessão Nacional do Parlamento dos Jovens onde se reúnem os deputa-dos que representam os eleitos em cada distrito ou Região Autónoma, onde se aprova, após debate em Comissões e Plenário, a Reco-mendação final sobre o tema.

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Escola

Nós propomos

Como vai sendo hábito de há três anos a esta parte os alunos de geografia do 11º ano efectu-

am trabalhos sobre os problemas que detectaram na nossa cidade e fazem propostas de melhoria. Este ano, há uma variante deveras interessante, os tra-balhos das turmas 11º B e C estão integrados num projecto com outras dez escolas próximas de Lis-boa, sendo a nossa a única do Sul do País:- O Projeto “Nós Propomos!” é promovido, patro-cinado e coordenado pelo Núcleo de Estudos Ter-ritoriais (NEST) e pelo Núcleo de História e Ensino da Geografia e da Cartografia (HEGEC) do Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lis-boa (IGOT-UL). Mas que grande nome! Participam, ainda:- a empresa ESRI Portugal, responsável pela carto-grafia digital dos fenómenos que estamos a estudar, através do sistema de informação Geográfica (SIG). Com o Projeto Nós Propomos, pretende-se:. Familiarizar os alunos com as alterações que es-tão a ser efectuadas ao Plano Diretor Municipal de Faro, . Promover a colaboração com a autarquia, . Contribuir para a elaboração de propostas de inter-venção a considerar contemplar no PDM, . Estimular a cooperação entre universidade, em-presas escolas e autarquias.Neste sentido vieram já à nossa escola no passado dia 28 de Fevereiro, duas técnicas da CM Faro, dar formação aos alunos das turmas referidas sobre O QUE ESTÁ A SER FEITO PAR A REVISÃO DO PDM DE FARO. No dia 1 de Março estiveram cá os promotores do Projeto que para além de assinarem um protocolo conjunto com todas as entidades participantes (ver foto), assistiram à apresentação por alunos de pro-postas de intervenção em bairros locais, que foram elogiados por visarem um desenvolvimento local sustentável e serem reveladores do empenhamento desses alunos numa cidadania territorial mais ativa.A 4 deJunho os melhores trabalhos irão ser apresen-tados às restantes escolas no IGOT-UL.

“IDENTIFICAR PARA INTERVIR E VIVER MELHOR” - PROJETO DE INTERVENÇÃO TERRITORIAL “NÓS

PROPOMOS”

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Crónica

Produtos embalados de Laura Mariana

Mas esta geração ainda se en-gasgava com os produtos

embalados que os media lhe enfia-vam pela goela a baixo. Esta era a geração que sabia muito bem o que queria e não engolia uma regra, uma ideologia, nem uma lei só porque era ela o era assim, lei. E não, não eram as dificuldades económicas ou os conflitos de gerações que os faziam parar. As dificuldades faziam-nos dar voltas, encontrar novas saídas, usar a criatividade e desenrascarem-se num mundo cão onde os problemas acon-teciam e chegavam ao pêlo de todos. Mas foi graças ao descontentamento, à raiva e força de vontade estimula-da pelas dificuldades que um regime político caiu e um novo Portugal se ergueu. Graças aos ideais e ao poder crítico.Mas não se pense que isto foi algo local. Por todo o mundo nasciam músicas enraivecidas, estilos duvi-dosos, jovens rebeldes, correntes, cristas, Punks e Anarquistas. Tinta correu, pais endoideceram e filhos revoltaram-se pelos seus ideais, por aquilo em que acreditavam. Podiam estar errados, podiam agir de forma incorreta, mas tinham o méri-to de quem questiona e se recusa a engolir tudo o que lhe põem na fr-ente. Tinham uma opinião e lutavam por ela. Espírito crítico e raça. Tudo aquilo que a geração atual não tem.

“E na TV, produtos embalados

Entram em nós, bem camuflados

Como é que eu fico, eu fico engasgado”

N’América – Xutos e pontapés

Podemos verifi-car isto ao ligar a televisão, ouvir rádio ou ao entrar numa rede social, mas sabem? Re-cuso-me a depos-itar nos media a responsabilidade total por este fra-casso.Sim, eles influen-ciam os jovens e induzem-nos ao consumo louco e desmedido, mas sem o falhanço dos pais na educação das crianças nada disto seria pos-sível.Eles mendigam a felicidade dos fil-hos, eles protegem-nos da luz, eles protegem-nos do vento, do frio, as pessoas más, dos dias quentes e das manhãs frias. Dos trabalhos de casa e dos professores maus. Dão-lhes mundos e fundos de mão beijada. Fazem deles bolas de sabão ocas que voam ao sabor do vento até encon-trarem o primeiro obstáculo e se des-fazerem em lágrimas. Afinal quem tem o problema? É o pai ou o filho? Os pais dão as fer-ramentas mas se as usam na vez dos filhos tornam-nos incapacitados, de-pendentes, mentes ocas. Passados alguns anos temos uma cambada de seres moldados da mes-

ma maneira, com os mesmos gostos, com os mesmos problemas, com as mesmas ideias e com o mesmo con-formismo. Engolem os produtos em-balados e nem se apercebem que os estão a engolir quanto mais engasga-rem-se! Nem vêem que algo está mal quanto mais a fazer algo para mudar isso!São lagostas que atravessam o oceano agarradas às caudas umas das outras. Diz-me a pouca experiência que ten-ho que o progresso advém da neces-sidade e da revolta. Então qual é o progresso que esta geração nos vai proporcionar se ela nem sabe do que precisa? Nem o que quer, nem o que é isso de querer alguma coisa…? E aqueles que sabem não conhecem a famosa palavra: luta.Mas existem lobos no rebanho e talvez, só talvez, ainda haja esper-ança.

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Crónica

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Escola

Festival de Gelados

No próximo dia 21 de Abril (Sábado), pelas 16 horas, realizar-se-á, na can-tina da Escola Secundária Tomás Ca-breira, em Faro, o LET’S ICE!, um festival de gelados. Esta é uma iniciativa de angariação de fundos para o GenFest 2012 – um evento que vai reunir em Budapeste milhares de jovens de todo o mundo, no âmbito do Movimento dos Fo-colares, um conjunto de pessoas for-mado com o objectivo de contribuir

por Beatriz Torres e Sarah Virgi

LET’S ICE!

«A 20 de Novembro de 2006, numa pequena cidade alemã, um jovem, Sebastian Bosse, de 18 anos entra ar-mado na escola e mata colegas e pro-fessores, disparando de seguida sobre si próprio. Lars Norén escreve, a partir desse facto real, uma peça violenta, inqui-etante, questiona-nos sobre qual é a nossa quota-parte de responsabilidade no acto tresloucado desse jovem, víti-ma de bullying, humilhado por pro-fessores e pela sociedade. A peça de Lars Norén põe o dedo na ferida de forma cruel e desconcertante.»O Teatro dos Aloés vão fazer uma apresentação especial aberta a alunos e professores da Escola, no dia 25 de Maio, às 15 horas com o preço espe-cial de 2,5 euros. Se pretendes ir con-tacta a prof. Ana Lúcia ou informa-te na Biblioteca da Escola.

«A 20 de Novembro»de Lars Norénno Teatro Lethes a 25 de Maio

Ficha Artística:Tradução: José PeixotoEncenação: Jorge SilvaInterpretação: João de BritoCenografia e Figurinos: Teresa Varela Desenho de Luz: Carlos GonçalvesDesign Gráfico: Rui PereiraFotografia: José Goulão

Produção Executiva: Gislaine Tad-waldProdução: Teatro dos AloésDuração: 70mLocal: Teatro LethesDia: 25 de Maio de 2012Hora: 15 horasRazões: Muitas, além do bullying.

para a realização da unidade e da fraternidade universal.Nesta tarde, terás a oportuni-dade de experimentar gelados caseiros, granizados, crepes e outras pequenas delícias, acom-panhadas por momentos de ani-mação e divertimento. Ajuda-nos a concretizar este sonho pela Unidade e traz a tua família e amigos. Contamos contigo!

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Escola

Mais uma vez, este ano lec-tivo, a Escola Secundária

João de Deus, desenvolveu o pro-jeto “Voluntariado Ambiental para a Qualidade da Água”. Assim, no dia 25 de Janeiro deste ano, nós, as alunas Ana Leonor Fiel, Elisa Encarnação, Cristiana Bento e Joana Teixeira, da turma do 11º C do Curso Científico-Humanístico, juntamente com a Professora Ana-bella Vaz, docente da disciplina de Geografia A, deslocámo-nos à Fonte Felipe, no Concelho de Loulé, que é a Ribeira adotada pela escola, para procedermos à col-heita, análise laboratorial e iden-tificação dos macroinvertebrados bentónicos vivos. É através dos organismos encontrados e da sua quantidade que se avalia a quali-dade da água. Um dos principais objetivos deste

Sabias que a nossa escola está inscrita como parceira

e voluntária do instituto público Administração de Região Hi-drográfica do Algarve, I.P. (ARH – Algarve) e que já há 2 anos con-secutivos que temos projectos na Ria Formosa?

De acordo com a Diretiva Quadro da Água, a ARH promove, em conjunto com algumas escolas da região do Algarve, uma rede de monitorização da qualidade da água, ou seja, qualificar as águas das ribeiras, rias algarvias e da Ria Formosa também.

O 11º B, na disciplina de Geo-grafia A, deslocou-se à Ria e fez

QUALIDADE DA ÁGUA DA RIBEIRA DA

FONTE FILIPE AVALIADA PELA ESCOLA

projecto, é determinar o estado ecológico dos ecossistemas desta ribeira, a partir da comparação da qualidade ecológica da água em relação ao ano anterior, uma vez que o mesmo projecto já tinha sido concretizado em 2011 e 2010, com a participação de outros alunos da Escola.Ao desenvolver esta iniciativa, a docente da disciplina pretende estimular e sensibilizar a comu-nidade escolar, neste caso através de quem participou no projecto, para a importância do voluntari-ado ambiental na conservação e sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos, criando condições para que adopte a Rede de Voluntari-ado como sua, e possa contribuir para gestão participada da água na Região Hidrográfica do Algarve.

Por Joana Teixeira 11ºC

VOLUNTARIADO AMBIENTAL PARA A QUALIDADE DA ÁGUA

Texto por Mariana Dias, Sofia Coutinho e Vanessa Santana.

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Escola

de Miguel Santos, Pedro Dias e Pedro Carrasqueira

Eco-Escolas

Sobre questões energéticas…a sustentabilidade energética da

nossa escolaNo âmbito do projeto Eco-esco-las, no qual estamos a participar e preocupados com as questões en-ergéticas relativas à escola, entrev-istámos o Engenheiro João Gon-çalves. Certos de que este tema interessa a toda a comunidade escolar, elaborámos este resumo contendo as ideias fundamentais transmitidas nessa entrevista. Questionado acerca da in-stalação de painéis fotovoltaicos que, pensávamos nós estaria pre-vista, foi-nos dito que a escola possui apenas a pré-instalação destinada a este equipamento, por falta de verbas. Os painéis poderão eventualmente vir a ser instalados numa segunda fase da obra. Acerca dos coletores solares (utilização de energia solar para aquecimento da água) obtivemos as seguintes afir-mações: a escola possui 16 cole-tores com 2 baterias de 8 painéis ligados em paralelo, cada painel possui 2m2, o que dá um total de 32m2. Estes painéis alimentam 2 depósitos de 2000 litros cada. Quando não há energia solar su-ficiente, a caldeira (que funciona

a gás) preenche a falta de ener-gia dos painéis. Estão previstos 100 banhos por dia e para tal os depósitos têm uma autonomia de 5 dias. A fim da escola se tornar to-talmente independente do gás (en-ergia não-renovável), os painéis e os depósitos deveriam ser maiores (os depósitos deveriam apresen-tar uma autonomia de 5000 litros cada), porém o investimento seria muito avultado e não compensaria. Por último, inquirimos sobre os fu-turos gastos energéticos advindos do ar condicionado. Foi-nos dito que a instalação elétrica dos mes-mos só estará operacional quando a reconstrução de todo o edifício es-tiver concluída…mas alimentados de forma convencional. Sublinhá-mos que a energia produzida pelos painéis fotovoltaicos poderia ser uma alternativa não poluente para o ambiente, a regulação da temper-atura dentro do edifício. Foi-nos dito que, no actual contexto não é possível, por questões económi-cas ou seja a nossa escola, mesmo depois de requalificada e em pleno século XXI continuará a recorrer, quase exclusivamente, a formas de energia convencionais!!!

VOLUNTARIADO AMBIENTAL PARA A QUALIDADE DA ÁGUA

uma recolha para avaliação em laboratório dos macroinvertebra-dos bentónicos vivos, existentes na Ria Formosa, sabendo assim, através da diversidade de espécies e sua quantidade, se nos podemos banhar à vontade!

Com esta pesquisa concluímos que a qualidade da água é excelente e assim devemos, todos juntos, continuar a contribuir voluntari-amente para que assim permaneça.

Fotografia de Catarina Loução

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Escola

A Escola Secundária João de Deus de Faro comemorou no dia 8

de Março o dia do Patrono “João de Deus”. Neste dia, a Biblioteca da Escola promoveu um conjunto de ini-ciativas de promoção da leitura e da cultura das quais salientamos a vin-

da da escritora Cristina Carvalho, a cerimónia de entrega dos prémios dos “Jogos Florais Amílcar Quaresma”, do concurso nacional de leitura e do concurso do ditado.Durante a semana, alguns alunos ofe-receram-nos momentos musicais e de leitura de poesia no espaço da biblio-teca.A BE lançou mais uma edição do Concurso Literário Jogos Florais “Amílcar Quaresma” e este ano, o tema central foi a obra de Gastão Cruz. Os vencedores foram Sarah Virgi do 12ºC e Cristiana Bento do 11ºC.O Concurso Nacional de Leitura tem como objectivo estimular a práti-ca da leitura entre os alunos do En-sino Secundário, e pretende avaliar a leitura de obras literárias pelos estu-dantes.O Concurso Nacional de Leitura vai decorrer em três fases diferentes: a 1ª Fase realizou-se na Escola; a 2ª Fase a realizar na Biblioteca Munici-pal de Olhão no dia 18 de Abril às 14 horas, as Finais Distritais e a 3ª Fase a Final Nacional, em Lisboa em Maio.Na 1ª fase, os alunos do 10º ano da nossa Escola, leram “Constantino

Dia do Patrono o Guardador de vacas e sonhos” de Alves Redol e os alunos do 11º e 12º ano leram “A arte de morrer longe” de Mário de Carvalho e “O perfume” Patrick Süskind. Após a leitura das obras os alunos realizaram a prova referente aos livros lidos.

Os alunos apurados na 1ª fase foram:Ana Sofia Jesus – 10ºCInês Simões – 12ºHLaura Sousa – 12ºDO concurso de Ditado foi uma inicia-tiva do grupo disciplinar de Português e da Biblioteca da Escola dirigido a alunos do 10º Ano. A prova decorreu no dia 7 de Março e foram seleccio-nados as 3 melhores prestações.O concurso de ditado tem como ob-jectivo divulgar, promover e valorizar o conhecimento e uso correcto da lín-gua e cultura portuguesa e despertar nos jovens a curiosidade linguística e o gosto pela leitura. Os seleccionados foram a Diana Bar-ros do 10ºA, Andry Talyzin do 10ºJ e Henrique Coelho do 10ºG.

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Escola

DirecçãoAna Mafalda Sarmento

Propriedade: Escola Secundária João de Deus

Autor do logotipoIngo Martins

Carolina RoqueAndry TalyzinBeatriz TorresSarah VirgiCarolina SantosSofia MarcelinoLaura MarianaJoana Teixeira

Redactores

No passado dia 3 de Março os alunos Alexandre Poeira, Ana

Branca Pais e Pedro Carrasqueira da turma 11ºG, acompanhados pelo Professor Rui Poeira, participaram na Semifinal das Olimpíadas de Química+, que decorreram no In-stituto Superior Técnico em Lisboa. Estes alunos foram seleccionados em provas organizadas na nossa Es-cola pelo Grupo de Recrutamento de Física e Química. As Olimpíadas de Química têm por objectivo dinami-zar o estudo e ensino da Química, proporcionar a aproximação entre as

Olimpíadas de Quimica +, Semifinal

Escolas Básicas e Secundárias e as Universidades e Institutos Superiores e despertar o interesse da Química como ciência e cativar vocações para carreiras científico-tecnológicas en-tre os estudantes.Os alunos realizaram uma prova teórica e tiveram a oportunidade de conhecer as instalações do Campus do IST e de confraternizarem com outros alunos de diferentes escolas, assim como assistir a palestras de di-vulgação cientifica . Todos os alunos tiveram um comportamento e partici-pação excelente.

Mariana DiasSofia CoutinhoVanessa SantanaCatarina LouçãoDiogo SimãoCátia AgostinhoLeila CoelhoJoana RodriguezOlga ZazulinskaMaria Neves

Anastásiya RomanivJoana InácioInês CaryTiago IriaSantury VagrantVicente LourençoJohnny DrummsCatarina GomesMariana Ramos Maia

Futurália

No dia 16 de Março visitaram a Futurália cerca de 230 alu-

nos da nossa Escola acompanhados por 20 profesores, funcionários e psicólogos. Futurália é um evento dedicado à educação, formação e orientação educativa. O evento con-tou com a presença de diversas insti-tuições de Portugal e outros países que apresentaram suas ofertas em cursos e formação para jovens, adul-tos e profissionais. Cursos universi-tários, formação profissional, cursos no exterior, mestrados e cursos de pós graduação dividem espaço com empresas de equipamento escolar e tecnologias educativas, empresas de recrutamento, ongs e entidades fi-nanciadoras.

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Escola

Marta de 16 anos, ignorante da realidade descobriu que es-

tava grávida. ” A minha vida mudou naquele momento..”, conta que de-pois de ser posta na rua por uma dis-cussão com os pais só lhe restava o namorado qual nem quis saber, “ um adolescente como ele sempre ocupa-do não iria querer privar se de festas e deixar a sua vida livre de preocupa-ções, Ele não estava preparado, e eu também não” Esta foi alvo de muitas críticas e muitos comentários cruéis mas mesmo assim escolheu ficar com a criança. Foi acolhida pelos pais da melhor amiga, depois teve de largar os estudos e após parto começou a trabalhar “Foram tempos muito difí-ceis.., ainda custa relembrar por tudo o que passei.” Hoje tem 18 anos e esta a trabalhar num café para susten-tar o filho e estuda a noite para acabar o secundário e confessa “ Foram os anos mais complicados que passei, mas nem por um segundo arrependo me de ter ficado com esta criança” É importante apoiar as mães ado-lescentes, pois sabe-se que estas ul-trapassam dificuldades que são um factor de risco no desenvolvimento biológico, psicológico, físico e cog-nitivo dos seus filhos.Actualmente, as situações de gravi-dez na adolescência são de tal modo frequentes e preocupantes, que de-vem ser encaradas como um prob-lema de extrema importância. Cada vez há mais rapazes e raparigas que iniciam a sua vida sexual a partir dos 14 anos sem terem a consciência da própria ignorância e dos perigos e consequências que isto pode trazer e como pode mudar a sua vida.

“Tenho dezassete anos e aos dezas-seis aconteceu-me uma coisa que mudou totalmente a minha vida”, diz uma jovem mãe. As maiorias das adolescentes engrav-idam devido a falta de um projecto de vida, começo da vida sexual cedo, falta de dialogo com os pais acerca da sua sexualidade, falta de dialogo com namorado, e também falta de infor-mação sobre os métodos contracep-tivos e consequentemente escolha de métodos pouco eficazes. A gravidez nessa época de vida pode trazer mui-tos pontos negativos no futuro dos pais adolescentes, como o isolamento social que é a primeira coisa a acon-tecer assim que adolescente engrav-ida. Por muitas vezes, em principio esta gravidez é escondida, por falta de coragem para enfrentar a sociedade e por receio dos seus próprios pais. Há insegurança, medo, vergonha, solidão, desespero, desorientação. As grávidas muitas das vezes deixam os estudos por vontade própria e as vez-

Gravidez na Adolescência: uma história de vida

por Cátia Agostinho, Leila Coelho, Joana Rodriguez, Olga Zazulinska e Maria Neves

es por vergonha, também é frequente acontecer que o pai também ser um adolescente e não aceitar as respon-sabilidades e a grávida ter que enfren-tar tudo sozinha como aconteceu no caso da Marta.Marta é uma das 17.4% adolescentes em Portugal a engravidar na sua ado-lescência.

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Cultura

Spartacus: sangue e areiapor Diogo Simão

Crítica cinematográfica

E m 1960, Stanley Kubrick deu vida ao épico “Spartacus”,

imortalizando Kirk Douglas, que fez viver a lenda à muito esquecida do revolucionário Trácio. E meio século passado, Steven S. DeKnight reinventa a história. Já não existe o mal fadado escravo com raiva dos romanos mauzões que sacodem o seu chicote impo-nentemente a uma multidão de tra-balhadores forçados; as motivações do novo Spartacus são a princípio as mais “clichés” possíveis: “Vou proteger a minha nação!”, Saltando rapidamente para um “ Vou resgatar a minha mulher!”, e algum tempo depois para o já clássico “Vou sal-var o Mundo!”… E embora na maior parte dos episódios, o protagonista faça questão de nos lembrar que o seu único objectivo é decapitar to-dos os seres vivos à sua volta (in-cluindo a si mesmo), apesar de todas as maquinações diabólicas nas quais os políticos romanos se envolvem, o tema central desta série é redenção.O Spartacus que encontramos na 1ª temporada (Andy Whitfield), é sem dúvida uma interpretação muito bem conseguida, mas apenas para o mais atento: os olhos são o espelho da alma, e são sem dúvida a maior arma de interiorização que este actor tinha. Para quem não sabe, Whitfield morreu em 2011.Mas falando da série em si: nem to-dos os actores são conhecidos, mas não por falta de talento: poderão no entanto reconhecer John Hannah de “A Múmia”, que faz um papel algo cómico inicialmente, mas o desen-

volvimento da sua personagem não poderia ser mais negro. A realização está aceitável para uma série sem grandes orçamen-tos que pretende ser espectacular: aliás, até está muito bem realizada quando observado do ponto de vista de um apreciador de BD. A herança de “300” está bem latente em cada frame das cenas de luta. Para série de televisão, o argumen-to está maravilhoso e nunca deixa de surpreender: a viagem é longa, mas os realizadores /argumentistas fizeram um bom trabalho ao nunca perderem o Norte, e continuarem a dar cartas no que diz respeito a esta intriga envolvente. Mais uma palavra de aviso a um pú-blico mais sensível: sexo explícito é recorrente, assim como mortes das mais violentas de sempre da tele-visão, em estilo slow-motion com enormes quantidades de sangue à mistura, tudo isto misturado para criar um espectáculo que irá certa-mente odiar ou amar. Não há muito espaço para meio termo no meio de tudo isto. Spartacus é uma série em continu-ação permanente: desde de 1960, mesmo antes de Cristo. Todos os episódios podem ser-nos apresenta-dos apenas como uma brincadeira, um passatempo ou uma diversão: mas apenas se escolhermos olhá-los como tal. Se começarmos a olhar mais para o que não é dito com pa-lavras mas com acções; se começar-mos a ouvir mais o rugido da multi-dão em vez das línguas de serpente dos senadores e lanistas; se começa-

rem… Se apenas lhe derem uma chance e começarem…É fácil sonhar, mas não é fácil con-cretizar. É fácil ver, mas não é fácil fazer. E ao longo de muitas horas, “os romanos” provam-nos do que eram capazes: os seus costumes, len-das, crenças… E num tempo em que tudo era pos-sível…Esperem, tudo era possível? Não me parece muito sábio contrariar o poder da sanidade humana, por isso atrevo-me a dizer que se vemos Spartacus é porque temos ainda dentro de nós essa centelha: o fogo de liberdade, a pujança de um povo em constante luta por si mesmo… A luta de uma pessoa pela salvação da sua alma…E daqueles que ama.Facto, história, lenda, sonho, filme, série, realidade.A tua realidade é exactamente como escolhes encará-la.Ele escolheu lutar: e tu?

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HoróscopoEscola – Precisas de passar me-nos tempo com o Orlando para chegares a horas.Saúde – As aler-gias de Primavera vão atacar em breve. Amor – O alinhamento dos planetas prevê surpresas agradáveis.

Escola – Dedica-te à pesca.Saúde – Sem-pre saudável, as cartas dizem que será o teu campo forte.Amor – Saiu a carta da Traição e da Morte. Ui…

Escola – O alin-hamento do Sol e da Lua pressupõe notas muito altas.Saúde – Não leves chinelos para a escola, sofrerás com uma pedrada no dia em que o fizeres.Amor – A tua paixão será correspon-dida, embora não pareça.

Escola – Júpiter não me mostra nada concreto… Será uma surpre-sa para todos.Saúde – É ne-cessária alguma precaução no que diz respeito a abelhas.Amor – Aqueles feitiços em que cortas cabelo da pessoa amada são assustadores. Espalha relva fresca na cabeça e grita o nome dela 3 vezes, dá melhor resultado.

Escola – Será um período pou-co relevante, o próximo exigirá grande esforço de compensação.Saúde – cuidado com as alergias.Amor – Irás aperceber-te do teu novo amor numa Sexta-feira, na Orlando’s Barraca.

Escola – Os planetas aconsel-ham mais estudo e assiduidade.Saúde – Conta com algumas constipações.Amor – As fol-has do meu chá dizem que os próximos meses serão decisivos.

Escola – Alguns problemas com os professores irão perturbar o teu quotidiano. Saúde – Prob-lemas de stress. Começa a prati-car yoga.Amor – O meu copo garante grandes felicidades. Há que ser paci-ente…

Escola – Acon-selho algum estudo, não te baldes.Saúde – Prob-lemas fora da escola irão trazer-te alguns ossos partidos.Amor – A Sra. da cantina vai-te aju-dar a conquistar a tua paixão.

Escola – Nem será necessário qualquer tipo de esforço, as notas vão cair do céu.Saúde – Lesões desportivas, as cartas pedem-te calma nos treinos.Amor – A semana de 2 a 9 de abril é propícia a grandes acontecimentos.

Escola – Feitiço: Pega nos livros da disciplina que vais ter teste e fixa-os durante uma hora por dia, com o mesmo ab-erto, durante uma semana antes do teste. Ficarás surpreendido.Saúde – Corres risco de levar pontos, anda com cuidado.Amor –. A Primavera traz-te grandes surpresas!

Escola – O meu lápis demonstra-se apreensivo… Alguma con-centração extra é necessária.Saúde – Aler-gias primaveris, fora isso estás seguro.Amor – Uma relação irá terminar: o alinhamento dos astros não mente.

Escola –Expli-cação torna-se imperativa, não desanimes.Saúde – Para-béns, és o signo mais saudável esta estação!Amor – Lamen-to, mas apenas no verão a sorte mudará para o teu lado.

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Horóscopode

Car

olin

a Ro

que

Horóscopo Receitas

do nosso chefe...

de Maria João Seruca

Bolinhos de cenoura

Ingredientes2 copo de Farinha 1 colher de chá de fermento4 Ovos1 copo de azeite ou óleo1 e 1/2 copo de açúcar 3 cenouras grandes ou 4 cenouras pequenasrasca de uma laranja

PreparaçãoNo copo misturador deita-se as cenouras cotadas aos pedaços, os ovos e o azeite. Mistura-se e depois adiciona-se o açucar e volta-se a misturar o prepara-do. Deita-se a massa numa tigela e junta-se a farinha com o fermento. Envolve a massa sem bater.Coloca-se a massa em formas de silicone e leva-se ao forno pré-aquecido.Para decorar pode cobrir os queques de chocolate. Basta derreter uma tabelete de chocolate e adicionar um pacote de natas. Cobrir os bloinhos com o pre-parado.

Receita aprovada pelo clube de leitura da Escola. Um sucesso!!

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Cultura

José Ferreira, um fotógrafo profissional farense, de 25 anos, mostrou-se interessado pelo fotojornalismo e lançou-se num

projecto audaz em Moçambique, numa das maiores lixeiras do mundo. “Trash Land” é o nome do projecto que destina-se a mostrar ao mundo uma das maiores realidades da atualidade.Também realizou um outro projecto bastante marcante e inter-essante, chamado “Olhar Nómada” feito em acampamentos de ciganos.“Body Language” inspirado em representar o corpo da mulher livre de preconceitos também foi um dos projectos bem sucedi-dos do fotógrafo. José, nascido em Lisboa em 1986, formou-se em artes visuais e começou a sentir um forte interesse e gosto pelo mundo da fotografia. Acabou por se tornar assim um fotógrafo português requisitado por vários adolescentes para realizar vários trabalhos fotográfi-cos desde 2007 até à atualidade. Desde então, José Ferreira tem vindo a mostrar o melhor do seu trabalho, nomeadamente, com a sua “musa” Manuela Luz, uma antiga aluna que estudou na nossa escola.A partir de 2008 começou a ser reconhecido pela participação em revistas e concursos, das quais foi quatro vezes, a foto do mês da revista “O Mundo da Fotografia Digital”, em Setembro de 2008, ganhou o primeiro lugar em "cores" da categoria "foto-grafia artística" concurso em Faro, Novembro de 2008, ficou em 1 º e 3 º lugares do concurso de fotografia "Algarve Gen-tes e Lugares" de Vila Real de St º António, em Junho 2009, foi vencedor do concurso de fotografia "Missão - Fotografar los casa" da revista "O Mundo da Fotografia digital" em Outubro de

2009, também recebeu o primeiro e segundo lugar do "Portugal - Gentes e Lugares" concurso de fotografia realizado pela organização "UM QUAR-TOESCURO" de Vila Real de St º. António e em Setembro de 2010, fi-cou em 1 º lugar do "B & W" categoria do concurso de fotografia de Corroios - Portugal, realizado pela Camara Municipal do Seixal.

José Ferreira – Um pequeno GRANDE fotógrafopor Anastásiya Romaniv, Joana Inácio, Inês Cary e Tiago Iria

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Crónica

A dor perpetra-nos, sentimo-nos como se nascêssemos dela. Nós

somos a dor, ela vive-nos e mata-nos. As nossas lágrimas são o seu sorriso. Vemo-la a dirigir-se a nós, como um predador sedento que anseia pelo que sabe que obterá. Cambaleamos e ela torna-se mais confiante, mais dolorosa. Por vezes não sabemos se vamos aguentar o próximo minuto. Não sabemos se haverá realmente, um próximo minuto, se há algo para além da dor. Oh, e depois ouvimos o grito, o grito que nos sufoca. O grito que significa a força da dor e que res-soa nos nossos ouvidos como se mais nada houvesse para se ouvir. Tudo o que existe só lá está para alimen-tar a dor, o mundo funciona em volta desse mesmo centro. A liberdade da dor, cada vez mais ágil, mais galante, a crescer sem estribeiras, derrubando o que a limita. O crescimento desen-freado da morte. Vem em todas as formas, a dor vem na serenidade, na paz e sobre-tudo na beleza. Quanto mais bela é a dor mais se torna insuportável. A arte da dor é um total e completo homicí-dio. A arte que não nos deixa desviar o olhar, que nos faz amá-la, amar o que nos mata… E depois, vemos que o mundo a incita, aplaude-a, ergue-se num círculo de lágrimas e aplaude-a, com toda a força. Ouvem-se gritos na plateia, pessoas que choram a beleza da dor, tão bela é que ninguém su-porta olhá-la sem emoção. As vozes tremem, os narizes fungam, a dor per-siste. Pois, ora, não é dentro deles que ela está. É dentro de mim. Por fim, há um momento, em que ela já nos destruiu, já nos derrotou. A sua melodia triste e comovente já não comove a própria tristeza. Chega

a um ponto em que esgota as lágrimas da plateia. Ninguém a incita mais. E eu já não morro por ela, porque já não existo. Talvez exista, não sei, já não a ouço de tanto que ela me cantou a sua triste cantiga, esta tornou-se nos meus pensamentos. A dor comoveu o mundo e o mundo morreu. Ouviu-se o aplauso final, estridente, que ecoou pelos cantos do que não existe, mas agora só se ouve o silêncio. A dor vive sozinha, matou todos, por dentro ou por fora. Quer saibam que estão mortos quer não, não interessa, já não têm o poder de combater, por isso vivos, já não es-tão. A dor espraiou-se pela população mundial, entrou nas mentes dos ho-mens, levou-os a ver a luz, o escuro, as cores todas que existem, levou-os a ver o mundo vivido e o mundo do ar-tificial. O natural e o que não merece respeito. Levou-os a ver os pobres e a esquecer a injustiça. Existe um momento, em que deixamos de pensar na dor e olhamos em redor, tudo se cobre de um manto negro que nos envolve as mãos. No escuro, já não temos que nos lembrar do nosso rosto. Só existe o que se vê e não se vê nada senão as mãos. Nunca tinha visto as minhas mãos, sempre tive mais para ver. Pareciam feitas de farinha, viam-se todas as pequenas rugas e todos os pequenos vincos do cansaço da pele, viam-se os poros e as veias quietas e impassíveis. Se a dor não me matasse, seria a ausência

do todo a fazê-lo. Não há tal coisa como um final, há um momento em que ouvi-mos um som. Ouvimos um som que nunca se ouviu. Um som que sempre esteve connosco, sempre se manteve constante e neste último momento, é desenfreado e leva-nos a reparar nele. Parece que nos vai implodir com a sua magnitude, o nosso corpo começa a saltar ao seu som, um som inconstante, que não obedece ao rit-mo, limita-se a soar, descoordenado e desapercebido de si mesmo.Parece que nos vai enlouquecer, o som que nunca nos deixa, só o ouvi-mos a ele, como um relógio a contar os segundos da nossa vida. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete… Entra-mos em pânico, tapamos os ouvidos e percebemos que isso não o silencia, soa dentro de nós. No momento em que voltamos a sentir a dor física, que nos abstraímos do som e nos volta-mos para o mundo racional, percebe-mos que o som é o som do nosso co-ração. Silêncio. Não se ouve nada. O corpo relaxa, as mãos deixam de se ver. A paz, por fim, o repouso da ago-nia. O repouso de mim mesma.Fiquei com a última expressão que vivi, a testa relaxada, um olhar perdi-do no silêncio tão desejado, os cantos da boca contraídos num sorriso e o suspiro de quietude que expirou pela primeira vez, a felicidade.

DORde Santury Vagrant

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Crónica

Outra vez um tema para escrever a composição e um número limite

de palavras!? Outra vez a imposição de paredes para a imaginação e liber-dade de escrita?! Qual é o mal de os professores não darem tema para a composição e deixarem o aluno es-crever sobre aquilo que quer? Porque é que existe um limite máximo de palavras para a composição?? Eu até compreendo a existência de um limite mínimo de pa-lavras, para evitar que os mais preguiço-sos façam uma coisa “às três pancadas” e a “despachar”. Mas porquê o limite máx-imo? Qual é o mal de uma pessoa escrever, escrever e escrever até esvaziar o seu tanque de imagina-ção?!As pessoas de hoje em dia admiram-se e constatam que as cri-anças não gostam de escrever, não gostam de ir às aulas de por-tuguês ou fazer testes porque têm de escrev-er; pois não me surpreende, visto que, desde pequeninos, foram obrigados a escrever sobre aquilo que outros que-rem.Onde reside a antiga alegria de es-crever? De pegar numa caneta, lápis ou pena e dançar com eles ao som de linhas estreitas e muito direitinhas, num chão branco de papel que espera impacientemente por ser pisado, por vezes com voraz fúria nos movimen-tos mais intempestivos da tinta que valsa sem parar de um lado para o outro; outras vezes, delicadamente,

quando a pena é uma bailarina prima que, com elegância e formosura, vai calcorreando aquela brancura sem fim com um sorriso nos lábios e a le-tra mais bonita que é possível encon-trar…? Como esperam os professores ser surpreendidos se os alunos que lhes passam pelas mãos, ano após ano, se limitam a fazer coisas que os seus antecessores já fizeram? Eu adoro

escrever e contudo sinto um peso no coração de cada vez que sou obrigado a entrar nesta prisão de palavras que não são nem sentidas nem o melhor que consigo fazer. Esta minha alegria e vontade de escrever é tal que daria para percorrer o infinito Universo e voltar. Ah! Quem me dera poder es-crever para os deuses! Escrever com-posições com um tal perfeccionismo e nível que entretivesse os deuses! Ah! Que maravilha caminhar pelo Olimpo e prostrar-me de joelhos com os braços erguidos para Júpiter, ofe-

O encarceramento das palavrasTexto de Vicente LourençoFotografia de Johnny Drumms

recendo-lhe um pergaminho de ouro com a mais refinada escrita criativa!Mas não! …. “Não fizeste as 250 pa-lavras requeridas, fizeste apenas 249! Não fizeste um texto argumentativo pois trocaste a ordem dos exemplos com a dos argumentos! Tens ideias interessantes, mas não fizeste o que era pedido! A minha escala só vai até ao bom – não existe espaço para o bril-hantismo ou para a anormalidade.”

Que me importam as 200 ou 300 pala-vras? Que me importam os três pará-grafos? Que me importam os exem-plos concretos? Que me importa que nãopossa fazer um parágrafo a meio de uma frase? Irra! Dêem-nos a oportunidade de ser mais! De brilhar, de surpreender…O que é feito da antiga alegria de es-crever? De pegar numa caneta, lápis ou pena e dançar com eles ao som de linhas estreitas e muito direitinhas num chão branco de papel?

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Crónica

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Escola

D. Francisco Gomes de Avelar, Bispo Governador Interino das Armas, escrevia assim sobre as obras públicas em 1809. “In-

strucções” foi impresso na cidade de Faro por José Maria Guerreiro a 10 de Abril de 1809. “D. Francisco Gomes de Avelar nasceu em 1739, e morreu em Faro, em 15 de Dezembro 1816. De condição humilde, aos 14 anos de idade foi para a companhia de um tio, Cura da Igreja patriarcal, que o mandou seguir os estudos públicos da Congregação do Oratório na Real Casa de Nª. Sª. das Necessidades. Em 1788 foi escolhido pela Rainha D. Maria I para Bispo do Algarve. Foi sagrado bispo em 1789. O hospital da Misericórdia de Faro é obra sua, assim como outros hospitais do bispado. Nas Caldas de Monchique mandou construir novas acomodações. Fundou o museu lapidar do Infante D. Hen-rique; chamou de Itália o arquitecto Fabre e outros artistas, que de-ixaram obras no Algarve: acabou o Seminário, e reformou o ensino, fazendo com que se lhe reunissem as escolas públicas de educação secundária que o Estado mantinha em Faro.

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Crónica

Dia 1Hoje, decidi ler o primeiro livro que propus para o meu PIL, é de Florbela Espanca. Prometi a mim mesma que leria o primeiro soneto inteiro,nem que me tivesse de deitar às tantas da manhã! E assim o fiz, este primeiro livro chama-se Livro de Mágoas, é constituído por 32 poemas escritos em 1919, tinha Florbela Espanca cer-ca de 25 anos, suponho eu. Bem, para uma pessoa que não está habituada a ler poesia como eu, é um bocado estranho ler logo Florbela Espanca, que desde os seus 7 anos escrevia po-emas, na minha opinião, um pouco deprimentes.

Dia 2Ultimamente não tenho tido muito tempo para a leitura do livro devido à acumulação de testes, trabalhos de casa, e também porque me tem dado imensa preguiça pegar-lhe.Dia 3Continuei a ler o livro, tive de deixar a minha melhor amiga (a preguiça) de parte e agarrar-me à tão inspirada Florbela Espanca. Estranhamente, consegui ‘’devorar’’ três dos cinco sonetos do livro, para compensar aquela semana que nem me passou pela cabeça tocar-lhe. Nestes sonetos está retratada a vida da poetisa, o seu sofrimento e angústia. O meu poema preferido é ‘’Ser Poeta’’, atualmente

convertido numa música de Luís Represas. Para mim, só os melhores poemas são convertidos em músicas que a minha geração e as gerações seguintes recordam, algumas com mais sentimento que outras. Dia 4Hoje acabei de ler o livro, e apesar de todos os altos e baixos que tive ao longo da leitura, agora, fico bas-tante contente por ter resistido, pois Florbela Espanca é uma das melhores poetisas que existiram. Tenho pena que uma mulher, embora frágil e um prodígio autêntico como Florbela, tenha partido tão cedo. Mais impor-tante é que esta grande mulher deixou

a sua marca para que, para além de mim, haja mais apaixonados pela sua poesia.

Diáriode Catarina Gomes

O livrode Mariana Ramos Maia

O meu livro não caiu do céu, pelo menos não daquele céu azul

que observamos todos os dias pela janela, que nos recorda o mar e a luz do bem ou a escuridão do mal. O meu livro caiu duma prateleira simples, de uma biblioteca antiga, vazia, ap-enas com corredores e corredores de livros. Bem, isto é, se considerarmos uma prateleira apenas uma prateleira, mas se a considerarmos algo mais, como um céu, então podemos dizer que o meu livro caiu do céu. Um céu que apenas nuns meros centímetros contém a vida de milhares de pessoas e inúmeros universos, cada um dife-rente do outro. O livro não caiu do nada, chamou-me. Estava sentada sozinha na biblioteca, apenas com mais uma senhora de idade, que já pouco ou nada ouvia, a bibliotecária. Estudava, rodeada de apontamentos espalhados pela mesa velha de madeira. Decidi ir procurar mais um livro de história sobre o iní-cio da Idade Média. Mas perdi-me, perdi-me nos inúmeros corredores e estantes. Ouvi uma voz, fina e delica-da, a pedir socorro. Segui a voz, esta veio por detrás de um livro, tirei-o da estante para espreitar para o outro lado. Tinha o livro numa mão e a cu-riosidade no outro, espreitei, mas a voz mudou de direção, agora vinha do livro que tinha na mão. Decidi abri-lo e folheá-lo. Era um livro bastante antigo, já com as folhas castanhas e as letras manchadas. Não resisti, li a primeira frase que dizia: "Domingos José Correia Botelho de Mesquita Meneses, fidalgo de linhagem e um dos mais antigos solarengos de Vila Real de Trás-os-Montes(...)".