PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

78
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE MESTRADO PROFISSIONAL EM GENÉTICA APLICADA À MEDICINA - ONCOGENÉTICA PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SANTA MARIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE MESTRADO PEOFISSIONAL JOÃO PAULO FRANCO DOS SANTOS Porto Alegre, Brasil 2016

Transcript of PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

Page 1: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE MEDICINA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE

MESTRADO PROFISSIONAL EM GENÉTICA APLICADA À MEDICINA - ONCOGENÉTICA

PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO

GENÉTICA EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE

SANTA MARIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE MESTRADO PEOFISSIONAL

JOÃO PAULO FRANCO DOS SANTOS

Porto Alegre, Brasil 2016

Page 2: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE MEDICINA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE

MESTRADO PROFISSIONAL EM GENÉTICA APLICADA À MEDICINA - ONCOGENÉTICA

PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO

GENÉTICA EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE

SANTA MARIA

Orientador: Profª. Drª Patrícia Ashton-Prolla

JOÃO PAULO FRANCO DOS SANTOS

A apresentação deste trabalho de conclusão é exigência do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para obtenção do título de Mestre.

Porto Alegre, Brasil 2016

Page 3: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

FICHA CATALOGRAFICA

Page 4: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE MEDICINA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE

MESTRADO PROFISSIONAL EM GENÉTICA APLICADA À MEDICINA -

ONCOGENÉTICA

ESTA DISSERTAÇÃO FOI DEFENDIDA PUBLICAMENTE EM:

09 / 03 / 16

E FOI AVALIADA PELA BANCA EXAMINADORA COMPOSTA POR:

Drª Cristina Brinckmann Oliveira Netto

Serviço de Genética Médica

Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Drª Fernanda Sales Luiz Vianna

Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Drª Têmis Maria Félix

Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Page 5: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Professora. Drª. Patrícia Ashton-Prolla, primeiramente pela

oportunidade de ter realizado o PICCAP em oncogenética, o qual foi fundamental para meu

crescimento pessoal e profissional. Agradeço também por ter me aceitado como orientando

neste programa de pós-graduação, pelo enorme profissionalismo, pelos ensinamentos éticos,

científicos e também pelas sugestões, críticas construtivas e pela paciência durante todo o

PICCAP e o mestrado. Por fim agradeço pela sabedoria, conselhos e sobretudo pela amizade

que o convívio destes anos proporcionaram.

À Drª Cristina Netto pelos ensinamentos na área de oncogenética, pela paciência, pelo

profissionalismo e pela amizade.

À minha esposa, Marília, por ter me ajudado com a sua experiência na área da

pesquisa, pelo incentivo para realizar a pós-graduação, pelas sugestões, pela parceria e

dedicação.

À Mariana Santos, secretária do serviço de genética médica do HCPA, pela eficiência

e dedicação.

À Ketlin, secretária do Serviço de Hemato-oncologia do HUSM, por organizar as

entrevistas com os participantes do estudo.

À Universidade Federal do Rio Grande do Sul e à coordenação do mestrado

profissional em Genética Aplicada à Medicina na pessoa da Drª Têmis Felix.

À Universidade Federal de Santa Maria e ao Hospital Universitário de Santa Maria por

permitir a materialização deste projeto e a todos os pacientes que participaram deste estudo.

Page 6: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

“Science is the search for truth, the effort to understand the world;

it involves the rejection of bias, of dogma, of revelation,

but not the rejection of morality.”

Linus Pauling

Page 7: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

RESUMO

Objetivo: Até 10% dos casos de câncer de mama estão associados com uma síndrome

genética de predisposição ao câncer. A identificação de possíveis portadores dessas síndromes

e o consequente encaminhamento para aconselhamento genético permitem a adoção de

estratégias direcionadas de prevenção e rastreamento capazes de diminuir morbidade e

mortalidade. O objetivo do presente estudo foi avaliar a proporção de pacientes com câncer de

mama atendidos no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) que necessitariam ser

encaminhados para avaliação genética. Métodos: Pacientes com câncer de mama que

iniciaram tratamento oncológico no HUSM durante o ano de 2014 foram considerados

elegíveis. Uma entrevista foi conduzida com cada paciente para coleta de dados e exame

físico dirigido. O questionário FSH-7 (Family Story Screening 7) e os critérios do NCCN

(National Comprehensive Cancer Network) foram utilizados para identificar os pacientes que

deveriam ser encaminhados para avaliação genética. Estes pacientes foram então avaliados

quanto à indicação de teste genético - de acordo com as recomendações do NCCN para teste

genético – e à probabilidade de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 através de modelos de

predição de risco (BOADICEA, Penn II, sistema de escore de Manchester e tabelas da

Myriad). Resultados: Dentre os 114 participantes do estudo, 65 (57%) preenchiam critérios

de encaminhamento para avaliação genética de acordo com as diretrizes do NCCN. O

questionário FHS-7 apresentou uma sensibilidade de 90% para identificar estes pacientes,

com uma especificidade de 85%. A presença de história pessoal ou familiar de câncer de

mama antes dos 50 anos foi o critério mais comum para indicar avaliação genética. Em

relação aos testes genéticos, 52 pacientes (45%) deveriam ser testados para mutações nos

genes BRCA1 e BRCA2 e 4 pacientes (3,5%) possuíam indicação de teste para mutações em

TP53, de acordo com as recomendações do NCCN. Utilizando os modelos de predição de

risco, 10,2% a 57,1% dos pacientes apresentavam uma probabilidade ≥ 10% de mutações em

BRCA1 ou BRCA2. Conclusão: Este estudo revelou que a maioria dos pacientes com câncer

de mama atendidos no HUSM possui indicação de encaminhamento para avaliação genética.

A utilização de um questionário simples e rápido poderia identificar 90% destes pacientes.

Palavras-chave: Câncer de Mama. Aconselhamento genético. Síndromes de câncer

hereditário. Síndrome hereditária de câncer de Mama e ovário. Síndrome de Li-Fraumeni.

Page 8: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

ABSTRACT

Objective: Up to 10% of breast cancers are associated with a hereditary cancer syndrome.

The identification of possible carriers of these syndromes and the subsequent referral for

genetic counselling allow the adoption of tailored screening and prevention strategies capable

of reducing morbidity and mortality. The aim of this study is to assess the proportion of

patients with breast cancer treated at the University Hospital of Santa Maria (HUSM) that

would need to be referred for genetic evaluation. Methods: Breast cancer patients who began

cancer treatment at HUSM during the year 2014 were eligible. An interview was conducted

with each patient for data collection and targeted physical examination. The FSH-7 (Family

Story Screening 7) questionnaire and the NCCN (National Comprehensive Cancer Network)

criteria were used to identify patients who should be referred for genetic evaluation. Then

these patients were assessed for genetic testing criteria - according to the NCCN

recommendations for genetic testing - and the likelihood of BRCA1 and BRCA2 mutations

through risk prediction models (BOADICEA, Penn II, Manchester score system and Myriad

tables). Results: Among the 114 study participants, 65 (57%) meet referral criteria for genetic

evaluation according to the NCCN guidelines. The FHS-7 questionnaire showed a sensitivity

of 90% to identify such patients with a specificity of 85%. The presence of personal or family

history of breast cancer before age 50 was the most common criteria to indicate genetic

evaluation. With respect to genetic testing, 52 patients (45%) should be tested for BRCA1 and

BRCA2 mutations and 4 patients (3.5%) had test indication for TP53 mutations in accordance

with the recommendations of the NCCN. Using risk prediction models, 10.2% to 57.1% of

patients had a BRCA1 or BRCA2 mutations probability ≥ 10%. Conclusion: This study

showed that most of the patients with breast cancer treated at HUSM have referral indication

for genetic evaluation. The use of a fast and simple questionnaire could identify 90% of these

patients.

Keywords: Breast cancer. Genetic counselling. Hereditary cancer syndromes. Hereditary

breast and ovarian cancer syndrome. Li-Fraumeni Syndrome.

Page 9: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados demográficos e antropométricos ..................................................... 45

Tabela 2 - Dados hormonais e reprodutivos ............................................................... 46

Tabela 3 - Características histológicas dos tumores ................................................... 47

Tabela 4 - Habilidade dos questionários FSH7 e mod-FSH7 para identificar

pacientes com indicação de avaliação genética de acordo com as

diretrizes do NCCN ................................................................................... 47

Page 10: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACOG - American College of Obstetricians and Gynecologists

ACMGG - American College of Medical Genetics and Genomics

APAC - Autorização de Procedimento de Alta Complexidade

ASCO – American Society of Clinical Oncology

CDC - Centers for Disease Control and Prevention

CGDH – Câncer gástrico difuso hereditário

FHS-7 – Family Story Screening 7

HBCC – Hereditary breast and colon cancer

HBOC – Hereditary breast and ovary cancer

HCPA – Hospital de Clínicas de Porto Alegre

HUSM – Hospital Universistário de Santa Maria

IARC - International Agency for Research on Cancer

INCA – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva

MLPA - multiplex ligation-dependent probe amplification

NCCN – National Comprehensive Cancer Network

NICE - National Institute for Health and Care Excellence

NSGC - National Society of Genetic Counselors

PSF – Programa de Saúde da Família

SC – Síndrome de Cowden

SGO - Society of Ginecologic Oncologists

SLF – Síndrome de Li-Fraumeni

SPJ – Síndrome de Peutz-Jeghers

SUS – Sistema Único de Saúde

USPSTF - United States Preventive Services Task Force

Page 11: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

LISTA DE SÍMBOLOS

≥ maior ou igual que

≤ menor ou igual que

> maior que

< menor que

Page 12: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 12

2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................... 15

2.1 PRICIPAIS SÍNDROMES DE PREDISPOSIÇÃO AO CÂNCER DE MAMA........ 15

2.1.1 Síndrome hereditária de câncer de mama e ovário......................................................................... 15

2.1.2 Síndrome de Li-Fraumeni.................................................................................................................. 17

2.1.3 Síndrome de Cowden e outras síndromes......................................................................................... 18

2.2 ACONSELHAMENTO GENÉTICO EM CÂNCER.................................................. 20

2.2.1 Critérios de encaminhamento para avaliação genética/aconselhamento genético....................... 22

2.2.2 Critérios de indicação de teste genético e modelos usados para estimar probabilidade de

mutação............................................................................................. ............................................................ 25

2.3 PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS DE ACONSELHAMENTO GENÉTICO............ 27

2.4 CÂNCER DE MAMA HEREDITÁRIO NO BRASIL............................................... 32

3 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................... 37

4 OBJETIVOS.................................................................................................................. 38

5 METODOLOGIA......................................................................................................... 39

5.1 DESENHO DO ESTUDO E POPULAÇÃO............................................................... 39

5.2 COLETA DE DADOS E VARIÁVEIS........................................................................ 39

5.3 ANÁLISE DOS DADOS............................................................................................. 41

5.4 CONSIDEREÇÕES ÉTICAS...................................................................................... 42

6 RESULTADOS.............................................................................................................. 43

7 DISCUSSÃO................................................................................................................. 48

8 CONCLUSÃO............................................................................................................... 54

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 55

REFERENCIAS BILIOGRÁFICAS............................................................................. 56

Apêndice A - Termo de consentimento livre e esclarecido................................................ 70

Apêndice B - Formulário para coleta de dados.................................................................. 73

Apêndice C - Critérios do NCCN para avaliação genética................................................ 75

Apêndice D - Questionário FHS-7.................................................................................... 76

Apêndice E - Critérios do NCCN para teste genético (genes BRCA 1 e BRCA2) em

pacientes com diagnóstico de câncer de mama.................................................................

77

Page 13: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

12

1 INTRODUÇÃO

O câncer de mama é segunda neoplasia maligna mais incidente em mulheres no Brasil

e no mundo ficando atrás somente do câncer de pele (FORMAN et al, 2014; INCA, 2014). No

Rio Grande do Sul, a incidência estimada de câncer de mama para o ano de 2014 foi de 87,72

casos/100.000 mulheres, a segunda maior do Brasil (INCA, 2014). Em Porto Alegre, foram

91,79 casos novos/100.000 mulheres em 2011, configurando a maior incidência dentre 17

capitais brasileiras avaliadas (INCA, 2010).

Entre 5 a 10% dos casos de câncer de mama são considerados hereditários (COUCH;

NATHANSON; OFFIT, 2014; FOULKES, 2008). O termo “câncer hereditário” refere-se ao

câncer que desenvolve principalmente devido a uma mutação germinativa (herdada) em um

gene de predisposição ao câncer, apresenta um padrão de herança mendeliano e tende a

ocorrer em uma idade mais precoce (RILEY et al., 2012; STUCKEY; ONSTAD, 2015).

Adicionalmente, 15 a 20% dos casos de câncer de mama são ditos “familiares”. Esta

classificação familiar é grosseiramente definida por um paciente índex (probando) com

carcinoma mamário na presença de um ou mais parentes de primeiro e/ou segundo com

câncer de mama. Neste subgrupo, apesar de um número maior de casos de câncer de mama do

que seria estatisticamente esperado, não se observa um padrão de herança mendeliana para

câncer de mama ou outros tumores (LYNCH et al., 2003; STUCKEY; ONSTAD, 2015). Os

casos restantes de câncer de mama são considerados esporádicos, implicando em uma

ausência de história familiar de câncer de mama em parentes de primeiro e segundo grau.

Contudo, esta definição de câncer de mama esporádico pode ser elusiva, particularmente

quando a história de tumores extra-mama é ignorada, mutações de baixa penetrância estão

envolvidas ou a história familiar é pouco informativa, como no caso de famílias pequenas

(LYNCH et al., 2003).

Page 14: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

13

As síndromes de câncer hereditário apresentam como características fundamentais:

risco elevado de desenvolver câncer ao longo da vida, diagnóstico de câncer em idade jovem,

desenvolvimento frequente de mais de um tumor primário em um mesmo paciente, maior

incidência de tumores bilaterais ou multicêntricos e presença de história familiar de câncer

(BENNETT, 2010; WEITZEL et al., 2011). Dentre as mais de 45 síndromes de câncer

hereditário descritas, a Síndrome de Li-Fraumeni (SLF), Síndrome hereditária de câncer de

mama ovário (HBOC), Síndrome de Peutz-Jeghers (SPJ), Síndrome de câncer de mama

associado a mutações no gene PALB2, Síndrome de Cowden (SC) e Síndrome de câncer

gástrico difuso hereditário (CGDH) são as principais síndromes associadas com um risco

elevado para câncer de mama (ANTONIOU et al., 2014; LINDOR et al., 2008). O risco vital

de câncer de mama para mulheres nestas síndromes é de 40 a 80% (PAGON et al., 2015).

A identificação dos indivíduos e famílias em risco de câncer hereditário possibilita o

encaminhamento adequado para consulta de aconselhamento genético onde é feita a coleta da

história familiar detalhada e a avaliação quanto à necessidade de realização ou não de testes

genéticos, assim como a interpretação destes resultados e orientações para que os indivíduos

em risco possam realizar escolhas esclarecidas acerca de cirurgias redutoras de risco,

quimioprevenção e medidas para rastreamento adaptadas ao risco (WEITZEL et al., 2011). A

avaliação quanto à necessidade de aconselhamento genético é um importante aspecto do

cuidado de indivíduos com câncer sendo considerada parte integrante da boa prática

oncológica (HAMPEL et al., 2015; LU et al., 2014). Apesar disso, a coleta da história familiar

– principal elemento na avaliação de câncer hereditário – nem sempre é realizada ou então é

registrada de forma incompleta. Além disso, indivíduos que preenchem critérios de

encaminhamento para aconselhamento genético frequentemente não são referenciados

(MEYER et al., 2010; TENG; SPIGELMAN, 2014; WOOD et al., 2014).

Page 15: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

14

No Brasil, a proporção de indivíduos com câncer com critérios para aconselhamento

genético, assim como a exata contribuição de mutações herdadas na incidência de câncer de

mama não é conhecida. Diversas barreiras para identificação e aconselhamento de indivíduos

em risco têm sido identificadas no Brasil e incluem: falta de serviços de aconselhamento

genético bem estabelecidos, pequeno número de profissionais capacitados para realizar

aconselhamento genético, indisponibilidade dos testes genéticos para pacientes do Sistema

Único de Saúde (SUS) devido ao alto custo e complexidade, treinamento insuficiente de

profissionais de saúde para identificar os pacientes em risco e desconhecimento destes

profissionais sobre a relevância da identificação de casos com câncer de mama hereditário

(ASHTON-PROLLA et al., 2009; HOROVITZ et al., 2013; PALMERO et al., 2007).

O Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) é um centro de referência para

atendimento oncológico de pacientes do SUS provenientes da região central do estado do Rio

Grande do Sul, atendendo em média 120 casos novos de câncer de mama a cada ano.

Contudo, a identificação de pacientes em risco de câncer hereditário e o encaminhamento para

consulta de aconselhamento genético não são realizados de rotina; ao mesmo tempo,

inexistem dados sobre a epidemiologia do câncer de mama hereditário no HUSM. Esse

conhecimento é fundamental para auxiliar na estruturação de um serviço de aconselhamento

genético em câncer, melhorando a qualidade do atendimento dos pacientes oncológicos

atendidos na instituição.

Page 16: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

15

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 PRICIPAIS SÍNDROMES DE PREDISPOSIÇÃO AO CANCER DE MAMA

Entre as principais síndromes associadas com um risco aumentado de desenvolver

câncer de mama estão a Síndrome hereditária de câncer de mama e ovário (HBOC), Síndrome

de Li-Fraumeni (SLF), Síndrome de Cowden (SC), Síndrome de Peutz-Jeghers (SPJ),

Síndrome de câncer gástrico difuso hereditário (CGDH) e Síndrome de câncer de mama

associado a mutações no gene PALB2.

2.1.1 Síndrome hereditária de câncer de mama e ovário

A síndrome hereditária de câncer de mama e ovário (HBOC) é causada por mutações

germinativas patogênicas nos genes BRCA1 ou BRCA2 e responde por aproximadamente a

metade de todos os casos de câncer de mama hereditário com herança autossômica dominante

(OLOPADE et al., 2008). A prevalência de mutações patogênicas em BRCA1 e BRCA2 é

estimada em 1 em 300 e 1 em 800 respectivamente (NCCN, 2015), contudo em algumas

populações como os judeus Ashkenazi, a prevalência se aproxima de 1 em 40 indivíduos

(FOULKES, 2008; KING et al., 2003; METCALFE et al., 2010). A síndrome HBOC se

caracteriza principalmente por um risco aumentado de câncer de mama, ovário, próstata e

pâncreas (PETRUCELLI; DALY; FELDMAN, 2013). O risco de câncer ao longo da vida em

portadores de mutações em BRCA1 ou BRCA2 é calculado em 40% a 80% para câncer de

mama feminino, 11% a 40% para câncer de ovário, 1% a 10% para câncer de mama

masculino, 1% a 7% para câncer de pâncreas e até 39% para câncer de próstata (ANTONIOU

et al., 2003; CHEN et al., 2006; CHEN; PARMIGIANI, 2007; EVANS; SUSNERWALA et

Page 17: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

16

al., 2010; RISCH et al., 2006; TAI et al., 2007). Adicionalmente, existe um risco aumentado

de câncer primário de peritônio (FINCH et al., 2006), tuba uterina (MEDEIROS et al., 2006)

e câncer de mama contralateral (MALONE et al., 2010; METCALFE et al., 2011; VAN DER

KOLK et al., 2010).

Estima-se que mais de 90% dos casos de câncer de mama e ovário em uma mesma

família ocorram devido a mutações em BRCA1 ou BRCA2 (FORD et al., 1998). Dessa forma,

a síndrome HBOC deve sempre ser considerada em uma mulher com câncer de mama e

ovário ou em um indivíduo com história familiar de câncer de mama e ovário (NCCN, 2015).

A suspeição de HBOC também de ser alta frente a um diagnóstico de câncer de mama “triplo

negativo” - definido pela ausência de expressão de receptores de estrogênio e progesterona e

pela falta de hiperexpressão de receptores HER2 (NCCN, 2015; PETRUCELLI; DALY;

FELDMAN, 2013). Entre pacientes com câncer de mama triplo negativo, a prevalência de

mutações deletérias em BRCA1 em estudo com mulheres não selecionadas pela história

familiar foi de 16%, porém, considerando-se apenas as mulheres com diagnóstico em idade

inferior a 40 anos, a prevalência encontrada foi de 38% (FOSTIRA et al., 2012). Outros

estudos avaliaram a frequência de mutações em BRCA2 em mulheres com câncer de mama

triplo negativo e encontram prevalências entre 3,9% e 16,7% (GONZALEZ-ANGULO et al.,

2011; MEYER et al., 2012).

O câncer de mama em homens se associa mais comumente com mutações em BRCA2

(PETRUCELLI; DALY; FELDMAN, 2013). A prevalência de mutações nesse gene varia de 4

a 14% em homens com câncer de mama não selecionados pela história familiar de câncer

(BASHAM et al., 2002; COUCH et al., 1996; FRIEDMAN et al., 1997). Entre homens

portadores de mutação em BRCA2, o risco de desenvolver câncer de mama ao longo da vida é

de 6,3% a 8,9%, correspondendo a um risco quase 100 vezes maior ao observado na

Page 18: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

17

população masculina em geral (EASTON et al., 1997; EVANS; SUSNERWALA et al., 2010;

TAI et al., 2007).

2.1.2 Síndrome de Li-Fraumeni

A Síndrome de Li-Fraumeni (SLF) é uma síndrome rara de predisposição ao câncer

causada por mutações germinativas no gene TP53 e com padrão de herança autossômico

dominante (MALKIN, 2011). A síndrome caracteriza-se por um risco elevado de desenvolver

um amplo espectro de neoplasias malignas, as quais tendem a ocorrem em uma idade

incomumente jovem (HISADA et al., 1998; SCHNEIDER, 2013). As principais neoplasias

presentes na síndrome incluem sarcomas de partes moles, osteosarcomas, carcinoma

adrenocortical, tumores cerebrais, câncer de cólon, leucemias e câncer de mama pré-

menopausa (BIRCH et al., 1994; KRUTILKOVA et al., 2005; LI et al., 1988; WONG et al.,

2006). O risco de câncer ao longo da vida para portadores de mutações no gene TP53 se

aproxima de 90%, sendo o câncer de mama a neoplasia mais comumente diagnosticada na

síndrome (GONZALEZ et al., 2009), apresentando uma penetrância de 49% aos 60 anos

(MASCIARI et al., 2012). Estima-se que aproximadamente 1% dos casos de câncer de mama

diagnosticados antes dos 40 anos e até 5% dos casos abaixo dos 30 anos estejam associados

com a SLF (EVANS; MORAN et al., 2010; SIDRANSKY et al., 1992). Em portadoras de

mutação em TP53, a média de idade ao diagnóstico de câncer de mama é de 34,6 anos

(OLIVIER et al., 2003), sendo que 32% são diagnosticadas antes dos 30 anos (BIRCH et al.,

1994). Outra característica observada do câncer de mama na SLF é associação com a

hiperexpressão de HER2. Em estudos recentes, 67% a 83% dos casos de câncer de mama em

portadores de mutação em TP53 apresentam hiperexpressão de HER2 (MELHEM-

BERTRANDT et al., 2012; WILSON et al., 2010), valor quatro vezes superior ao observado

Page 19: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

18

entre pacientes-controle com câncer de mama sem mutação em TP53 (OWENS; HORTEN;

DA SILVA, 2004).

Vários critérios têm sido utilizados para ajudar a identificar indivíduos com SLF. O

critério clássico inclui: um probando com diagnóstico de sarcoma em idade inferior a 45 anos,

com um familiar de primeiro grau diagnosticado com câncer antes dos 45 anos e um familiar

de primeiro ou segundo grau com o diagnóstico de câncer com idade inferior a 45 anos ou

com sarcoma independentemente da idade (LI et al., 1988). Embora apresente especificidade

e valor preditivo altos, a sensibilidade desse critério é de apenas 40%. Os critérios de

Chompret ampliam o espectro de neoplasias consideradas, além de incluir indivíduos com

múltiplos tumores ou com tumores altamente associados com SLF (carcinoma adrenocortical

e carcinoma de plexo coróide), independente da historia familiar (CHOMPRET et al., 2001;

TINAT et al., 2009). Quando utilizados conjuntamente, os critérios clássico e de Chompret

apresentam sensibilidade de 95% e especificidade de 52% (GONZALEZ et al., 2009). Outros

critérios como os descritos por Birch et al. (1994) e Eelles et al, (1995) possuem definições

menos estritas e foram desenvolvidos para facilitar a identificação dos casos de SLF. O

preenchimento isolado desses critérios, sem apresentar a definição clássica de SLF, tem sido

denominado Síndrome de Li-Fraumeni like (SLF-L) (BIRCH et al., 1994; EELES, 1995;

VARLEY et al., 1999).

2.1.3 Síndrome de Cowden e outras síndromes

A Síndrome de Cowden (SC) é causada por mutações germinativas no gene PTEN e

apresenta uma prevalência de aproximadamente 1 para 200.000 sendo considerada uma causa

infrequente de câncer de mama hereditário (FITZGERALD, M. G. et al., 1998; NELEN et al.,

1999). Indivíduos afetados desenvolvem múltiplos hamartomas em uma variedade de tecidos,

Page 20: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

19

assim como algumas lesões mucocutâneas patognomônicas, além de apresentarem

predisposição para uma série de neoplasias incluindo tumores cerebrais, câncer de mama,

endométrio, tireóide e rim (STARINK et al., 1986; TAN et al., 2012). O carcinoma mamário é

a neoplasia maligna mais comum na SC (FITZGERALD, M. G. et al., 1998) apresentando

uma penetrância estimada de 25% a 50%, com tendência a ocorrer em idade jovem

(PILARSKI et al., 2013; STARINK et al., 1986; TAN et al., 2012). Todavia, estudos mais

recentes tem relatado uma penetrância ainda maior, variando de 77% a 85% (BUBIEN et al.,

2013; RIEGERT-JOHNSON et al., 2010; TAN et al., 2012).

O diagnóstico presuntivo da SC é baseado em achados clínicos, contudo o diagnóstico

definitivo só pode ser estabelecido quando uma mutação patogênica é identificada no gene

PTEN (ENG, 2014). Os critérios para diagnóstico clínico da síndrome de Cowden foram

revisados por Pilarski et al. (2013) e incluem critérios maiores (ex: macrocefalia, câncer de

mama, carcinoma folicular de tireoide, hamartomas gastrointestinais) e critérios menores (ex:

autismo, retardo mental, carcinoma de células renais).

A Síndrome de Peutz-Jeghers é uma condição rara, com uma prevalência estimada de

1 para 8000 a 1 para 200.000 nascimentos (LINDOR et al., 2008). A síndrome é causada por

mutações no gene STK11 e possui padrão de herança autossômico dominante (LINDOR et al.,

2008). Caracteriza-se por máculas mucocutâneas pigmentadas, pólipos hamartomatosos no

trato grastointestinal e predisposição a neoplasias intestinais, câncer de mama e câncer de

ovário não-epitelial (LINDOR et al., 2008; VAN LIER et al., 2010; MCGARRITY et al.,

2013). O risco de câncer de mama ao longo da vida é de aproximadamente 55%, com uma

idade média ao diagnóstico de 37 anos (BEGGS et al., 2010; GIARDIELLO et al., 2000).

A síndrome do câncer gástrico difuso hereditário (CGDH) está associada a mutações

germinativas no gene da E-cadherina (CDH1) e possui padrão de herança autossômico

dominante (FITZGERALD et al., 2010). A síndrome caracteriza-se por um risco elevado para

Page 21: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

20

câncer de estômago do tipo difuso (também conhecido como “de células em anel de sinete”),

além de uma incidência maior de carcinoma lobular de mama (VAN DER POST et al., 2015).

Uma mulher portadora de mutação em CDH1 tem um risco estimado de desenvolver câncer

de mama de 42-60% até a idade de 80 anos (FITZGERALD et al., 2010; VAN DER POST et

al., 2015).

Outras condições genéticas associadas com aumento do risco de câncer de mama

incluem mutações nos genes CHEK2, PALB2 e ATM. Mutações em CHEK2 são encontradas

em até 5% dos pacientes com história sugestiva de câncer de mama hereditário e sem mutação

em BRCA1 ou BRCA2 (WALSH et al., 2006). O risco de desenvolver câncer de mama entre

portadores de mutações em CHEK2 é considerado moderado, variando de 20 a 44%,

dependendo da história familiar (CYBULSKI et al., 2011). Mutações monoalélicas em PALB2

têm sido encontradas em 2,4% a 3,4% das famílias com história significativa de câncer de

mama (ANTONIOU et al., 2014; CASADEI et al., 2011). A presença de uma mutação em

PALB2 confere um risco de desenvolver câncer de mama até os 70 anos que varia de 30% a

58%, dependendo da história familiar (ANTONIOU et al., 2014). Mutações no gene ATM

também podem aumentar o risco de câncer de mama. A frequência dessas mutações em

heterozigose na população em geral é relativamente comum, com uma prevalência estimada

de 0,2 a 1% (EASTON, 1994). Mulheres com mutações monoalélicas no gene ATM

apresentam um risco moderado de câncer de mama, o qual é estimado em duas a quatro vezes

o risco populacional (THOMPSON et al., 2005; GATTI, 2010).

2.2 ACONSELHAMENTO GENÉTICO EM CANCER

O aconselhamento genético em câncer surge como uma prática clínica especializada

que envolve conhecimentos de genética, oncologia e habilidade para aconselhamento de

Page 22: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

21

pacientes e famílias exigindo do profissional de saúde mais tempo do que a maioria dos

outros serviços clínicos (WEITZEL et al., 2011).

O aconselhamento genético em câncer pode ser definido como o processo de

identificar e aconselhar indivíduos com risco aumentado de desenvolver câncer, distinguindo

aqueles com alto risco (síndrome de câncer hereditário altamente penetrante), com risco

moderadamente elevado (etiologia multifatorial ou alelo de baixa penetrância) e com risco

dentro da média populacional (TREPANIER et al., 2004). Através da combinação da análise

do heredograma, testes genéticos, modelos de risco, exames bioquímicos e de imagem e,

algumas vezes, considerações sobre alterações no exame físico, potenciais síndromes de

câncer hereditário são identificadas e o risco de câncer é quantificado para pacientes e

familiares. A informação é então usada para desenvolver um plano de manejo para

rastreamento de câncer, prevenção e redução de risco, assim como a notificação de membros

da família em risco (BERLINER et al., 2013; PAGON, 2005; TREPANIER et al., 2004).

Também é parte fundamental do aconselhamento genético o esclarecimento a respeito das

vantagens e desvantagens de um teste genético e as potenciais implicações do resultado para o

paciente e a família, permitindo uma decisão esclarecida quanto à realização ou não de um

determinado teste (BERLINER et al., 2013; PAGON, 2005; STOPFER, 2000). Outro aspecto

importante do aconselhamento genético é a educação acerca das síndromes de câncer

hereditário e o auxílio para enfrentar as respostas psicológicas que podem ocorrer em famílias

com risco aumentado para câncer (RILEY et al., 2012; TREPANIER et al., 2004).

Sobre o aconselhamento genético em câncer, Matloff e Bonadies (2011, p 1612-1613)

consideram:

O aconselhamento genético em câncer difere do aconselhamento genético

"tradicional" de várias maneiras. Pacientes que procuram aconselhamento genético

em câncer raramente estão preocupados com decisões reprodutivas, que são muitas

vezes o foco principal no aconselhamento genético “tradicional”; em vez disso,

estão buscando informações sobre as chances – suas e de parentes – de desenvolver

câncer. Além disso, os riscos calculados não são absolutos, mas se alteram ao longo

do tempo, à medida que as histórias familiar e pessoal se modificam e o paciente

envelhece. As opções de redução de risco disponíveis frequentemente são radicais

Page 23: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

22

(por exemplo, a quimioprevenção ou cirurgia profilática) e não são apropriadas para

todos pacientes e para todas as idades. O acompanhamento e o manejo devem ser

ajustados para a idade do paciente, desejo reprodutivo, status menopausal, categoria

de risco, acesso a programas de rastreamento e preferências pessoais, as quais

provavelmente modificarão ao longo da vida do paciente.¹

2.2.1 Critérios de encaminhamento para avaliação genética/aconselhamento genético

O encaminhamento para consulta de aconselhamento genético é apropriado para

pacientes cuja história pessoal/familiar sugere um risco aumentado para desenvolvimento de

câncer (RILEY et al., 2012). Várias diretrizes foram desenvolvidas para auxiliar os

profissionais de saúde a identificar estes pacientes. Algumas delas são dirigidas para

indivíduos atendidos dentro da atenção primária, enquanto outras visam pacientes já

diagnosticados com câncer.

O The National Comprehensive Cancer Network (NCCN) publica semestralmente

diretrizes com critérios de encaminhamento para avaliação genética e teste genético dentro do

cenário de cuidados oncológicos (NCCN, 2015). Esses critérios são bastante abrangentes e

contemplam as síndromes HBOC, SLF, SC e a CGDH (APÊNDICE C).

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) possui diretrizes de

manejo clinico para gineco-obstetras em relação à Síndrome HBOC. Essas diretrizes

estabelecem que a avaliação do risco de câncer deve fazer parte da rotina de obstetras e

ginecologistas, sendo o encaminhamento para aconselhamento genético recomendado para as

mulheres com um rico maior do que 20 a 25% de serem portadoras da Síndrome HBOC.

Neste grupo de risco estão: mulheres com câncer de mama e ovário, mulheres com câncer de

mama e um familiar próximo com câncer de ovário ou câncer de mama pré-menopausa,

mulheres de ancestralidade judaica Ashkenazi com câncer de ovário ou câncer de mama em

idade ≤ 40 anos, mulheres com câncer de mama com idade ≤ 50 anos e com familiar próximo

com câncer de mama masculino ou câncer de ovário. Todavia, essas diretrizes ponderam que

¹ Tradução do autor deste estudo

Page 24: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

23

mulheres com risco maior do que 5% a 10% também poderiam se beneficiar de

aconselhamento genético (ACOG, 2009).

A Society of Ginecologic Oncologists (SGO), nos Estados Unidos da América (EUA),

atualizou recentemente suas recomendações sobre avaliação de risco para síndromes

hereditárias de câncer relacionadas com câncer ginecológico. Os critérios adotados permitem

a identificação de mulheres em risco para Síndrome HBOC com ou sem história pessoal de

câncer. Entre esses critérios estão a história pessoal ou familiar de câncer de mama e ovário, a

história familiar de câncer de próstata e câncer de pâncreas, além de condições como a

presença de câncer de mama com histologia triplo negativo e a presença de dois ou mais

tumores primários de mama em um paciente (LANCASTER et al., 2015).

As diretrizes do National Institute for Health and Care Excellence (NICE), no Reino

Unido, se aplicam a indivíduos com história pessoal e/ou familiar de câncer de mama, ovário

ou tumores relacionados. Para o nível de atenção primário, os critérios de investigação e

encaminhamento incluem fundamentalmente a história familiar de tumores relacionados à

Síndrome HBOC (ex: câncer de mama em idade ≤ 40 anos, câncer de mama bilateral, câncer

de mama masculino, ancestralidade judaica e câncer de ovário) e alguns critérios mais

específicos para identificação da Síndrome de Li-Fraumeni (ex: história familiar de sarcoma

antes dos 45 anos, gliomas e carcinoma adrenocortical). Os indivíduos identificados no nível

primário devem ser referenciados para o nível de atenção secundário onde critérios adicionais

são utilizados para selecionar aqueles que merecem avaliação com serviço especializado de

genética; entre esses critérios adicionais, o NICE recomenda o emprego de ferramentas para

cálculo da probabilidade de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 tais como o sistema de

escore de Manchester e o BOADICEA. Adicionalmente, as diretrizes estabelecem

orientações quanto à indicação de teste genético e manejo de indivíduos portadores de

mutações nos genes BRCA e TP53; contudo, a despeito da extensão e complexidade das

Page 25: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

24

diretrizes, não existem critérios específicos para identificação e encaminhamento para

aconselhamento genético de indivíduos com historia pessoal de câncer (NICE, 2013).

A United States Preventive Services Task Force (USPSTF) disponibiliza

recomendações para avaliação de risco e aconselhamento genético em tumores relacionados

com a Síndrome HBOC (MOYER et al, 2014). Estas recomendações são destinadas aos

profissionais de saúde da atenção primária e se aplicam a mulheres assintomáticas, sem

história pessoal de câncer. De acordo com USPSTF, os profissionais da atenção primária

devem rastrear as mulheres com história familiar de câncer de mama, ovário, tuba uterina ou

peritônio através de uma das diversas ferramentas desenhadas para identificar famílias com

risco aumentado para mutações em BRCA1 e BRCA2 (MOYER et al 2014). Dentre as

ferramentas disponíveis, o USPSTF destaca o questionário FHS-7 (ASHTON-PROLLA et al.,

2009) e o “Referral Screening Tool” (BELLCROSS et al., 2009) devido à simplicidade e a

rapidez para administrá-los. Mulheres com rastreamento positivo devem ser encaminhadas

para aconselhamento genético e, se indicado, teste genético (MOYER et al,, 2014).

O American College of Medical Genetics and Genomics (ACMGG) e a National

Society of Genetic Counselors (NSGC) publicaram recentemente uma diretriz conjunta com

critérios de encaminhamento para avaliação de câncer hereditário. Esses critérios são

apresentados em dois formatos: (1) tabelas com listas de tumores junto dos quais estão

descritas condições que, se preenchidas pelo paciente ou por um familiar de 1º grau, indicam

encaminhamento para avaliação genética; (2) uma lista alfabética com as síndromes,

incluindo uma breve síntese de cada uma delas e o racional dos critérios de encaminhamento

selecionados. Em relação ao câncer de mama hereditário, estão incluídos critérios para

identificação de HBOC, SC, SLF e CGDH (HAMPEL et al., 2015).

Page 26: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

25

2.2.2 Critérios de indicação de teste genético e modelos usados para estimar

probabilidade de mutação

De uma maneira geral, um teste genético está bem indicado quando há uma história

pessoal ou familiar sugestiva de câncer hereditário, o teste pode ser adequadamente

interpretado e o resultado auxiliará no diagnóstico ou no manejo de um paciente ou membro

da família (ROBSON et al., 2010).

Em função da crescente complexidade dos testes genéticos e porque o significado de

um resultado positivo nem sempre é claro e resultados negativos podem ser falsamente

tranquilizadores, é recomendável que todos os pacientes realizem inicialmente

aconselhamento genético para determinar se há indicação de teste genético e quais são as

opções mais adequadas (BELLCROSS; PAGE; MEANEY-DELMAN, 2012).

Várias ferramentas estão disponíveis para estimar a probabilidade de mutação em um

determinado gene associado a câncer hereditário. Modelos como BRCAPRO, BOADICEA,

Penn II, tabelas do laboratório Myriad e o sistema de escore de Manchester podem ser

utilizados quando existe a suspeita de mutação em BRCA1 ou BRCA2. Também estão

disponíveis modelos de probabilidade para mutações nos genes PTEN (TAN et al., 2011) e

TP53 (GONZALEZ et al., 2009). O uso de modelos probabilísticos pode ajudar a discriminar

quais indivíduos apresentam um risco maior de serem portadores de mutação em genes de

predisposição ao câncer (ASCO, 2003; DE LA HOYA et al., 2003; EUHUS et al., 2002).

Contudo, não existe um valor numérico gerado por estes modelos que possa ser usado para

determinar a indicação de um teste genético (ASCO, 2003). Além disso, existe uma arte na

avaliação de risco em câncer e a decisão de solicitar um teste genético deve ser baseada no

julgamento clínico de um profissional de saúde com experiência em câncer hereditário, não

em modelos probabilísticos isolados (ASCO, 2003; PETRUCELLI; DALY; FELDMAN,

Page 27: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

26

2013; WEITZEL et al., 2011). Muitos desses modelos podem subestimar a probabilidade de

mutações em certas situações como estrutura familiar limitada – definida pela presença de

menos do que dois familiares de primeiro ou segundo grau do sexo feminino que tenham

alcançado a idade de 45 anos - ou quando existem características tumorais específicas

(WEITZEL et al., 2007). Dessa forma, a probabilidade calculada por um modelo deve ser

interpretada no contexto global da história pessoal e familiar do paciente (WEITZEL et al.,

2011).

O National Comprehensive Cancer Network (NCCN) apresenta recomendações

específicas para avaliação e manejo do câncer hereditário/familial de mama e ovário (NCCN,

2015). As companhias de seguro de saúde nos EUA frequentemente utilizam estas

recomendações para decidir quanto à cobertura e reembolso de exames genéticos (WANG et

al., 2011). A versão mais atual das diretrizes do NCCN recomenda a realização de teste

genético para investigação de mutações em BRCA1 e BRCA2 para indivíduos que possuem

pelo menos um dos diversos critérios relacionados com a síndrome HBOC (APÊNDICE E).

Em relação à Síndrome de Li-Fraumeni, o NCCN recomenda o teste genético em quatro

situações: (1) indivíduos provenientes de famílias com mutação conhecida em TP53; (2)

preenchimento de critérios para síndrome de Li-Fraumeni clássica; (3) preenchimento dos

critérios de Chompret; (4) câncer de mama em idade ≤ 35 anos. Adicionalmente, o NCCN

propõem critérios para realização de teste genético em indivíduos em risco para síndrome de

Cowden (NCCN, 2015).

Por fim, o NICE recomenda a realização de teste genético em indivíduos com um

probabilidade de mutação em BRCA1 ou BRCA2 igual ou superior a 10% (NICE, 2013). De

acordo com o NICE, os modelos probabilísticos considerados aceitáveis para este cálculo

incluem o BOADICEA e o sistema de escore de Manchester (NICE, 2013).

Page 28: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

27

2.3 PREVALÀNCIA DE CRITÉRIOS DE ACONSELHAMENTO GENÉTICO

Poucos dados existem sobre a prevalência de indivíduos elegíveis para

aconselhamento genético entre pacientes com câncer de mama não selecionados pela história

familiar ou idade ao diagnóstico de câncer. Além disso, a heterogeneidade de critérios

empregados e a variedade de populações estudadas dificultam a interpretação dos resultados.

Shannon et al. (2002) avaliaram prospectivamente 50 mulheres recém-diagnosticadas

com câncer de mama (invasivo ou in situ) atendidas de forma consecutiva em um centro

clínico multidisciplinar no Hospital Geral de Massachusetts. Um pedigree detalhado, com três

gerações foi coletado de cada paciente por um profissional especializado em aconselhamento

genético. Foram usados três modelos – BRCAPRO, Myriad II e U-Penn - para calcular a

probabilidade de mutação germinativa em BRCA1 ou BRCA2. Seis dentre as 50 mulheres

(12%) eram de ancestralidade judaica Ashkenazi. Onze das 50 pacientes (22%) apresentavam

probabilidade de mutação nos genes BRCA ≥ 10% em pelo menos um dos três modelos

empregados e, consequentemente, uma consulta de aconselhamento genético que incluísse a

discussão sobre teste genético deveria ser oferecida para este grupo de pacientes. Duas

pacientes adicionais, embora não incluídas no limiar ≥ 10%, também seriam elegíveis para

teste genético, uma delas com diagnóstico de câncer e mama aos 25 anos e outra com

diagnóstico aos 33 anos e história familiar limitada (SHANNON et al., 2002).

Komata et al. (2009) avaliaram a prevalência de história familiar sugestiva de

síndrome HBOC entre mulheres com história pessoal de câncer de mama ou ovário atendidas

em seis hospitais de Niigata, Japão. A história familiar (parentes de primeiro e segundo grau)

foi coletada através de um questionário auto-aplicável. Foram obtidos dados de 1463

mulheres: 626 com câncer de mama prévio, 289 com câncer de ovário e 548 mulheres sem

história pessoal de câncer (grupo controle). Entre as mulheres com câncer de mama, 391

Page 29: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

28

(62%) apresentam idade inferior a 50 anos; 78 (12,5%) possuíam parentes de primeiro grau

com câncer de mama ou ovário e 161 (25.7%) apresentavam parentes de segundo grau com

câncer de mama ou ovário. A prevalência de mulheres com risco de mutação nos genes BRCA

≥ 10%, de acordo com as tabelas da Myriad vigentes na época, foi de 7,0% (44/626) para

mulheres com história pessoal de câncer de mama e 8,7% (25/289) para mulheres com câncer

de ovário (KOMATA et al.; 2009).

Febbraro et al. (2015) avaliaram a aderência às recomendações do NCCN quanto ao

encaminhamento para avaliação genética em uma população de mulheres com câncer de

ovário, tuba uterina, peritônio, endométrio ou mama (carcinoma invasivo ou in situ) atendidas

no Women and Infants Hospital, na Universidade de Brown. A partir de um banco de dados de

registro tumoral, 3032 mulheres com carcinoma mamário foram identificadas; 901 (29.7%)

preenchiam o critério do NCCN “câncer de mama ≤ 50 anos” e, portanto, apresentavam

indicação de encaminhamento para avaliação genética. Destas, 107 (34,1%) foram

referendadas para avaliação genética, das quais 83 (77.6%) compareceram para consulta e 79

(95.2%) realizaram teste genético. Foram detectadas mutações em 12 (16%) pacientes com

câncer de mama, sendo 11 mutações em BRCA1 ou BRCA2 e uma mutação em TP53.

(FEBBRARO et al., 2015)

Dominguez et al. (2005) revisaram a história familiar de câncer de todas as mulheres

com diagnóstico prévio de câncer de ovário ou mama que compareciam para realizar

mamografia no Avon Comprehensive Breast Evaluation Center no Hospital Geral de

Massachusetts, durante um período consecutivo de 37 semanas. Os dados foram coletados

prospectivamente através de um questionário auto-aplicável que incluía informações a

respeito da história pessoal de câncer, história familiar de câncer de mama ou ovário, idade ao

diagnóstico do câncer e ancestralidade judaica Ashkenazi. No total, foram identificadas 1619

mulheres com câncer de mama prévio, destas 671 (41,4%) com idade ao diagnóstico ≤ 50

Page 30: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

29

anos, 82 (5,1%) com câncer de mama bilateral e 8 (0,5%) com câncer de mama e ovário.

Através das tabelas da Myriad, os autores encontram 311 (19,2%) mulheres com

probabilidade de mutação em BRCA 1 ou BRCA2 ≥ 10%. Quando consideradas somente as

mulheres de ancestralidade judaica Ashkenazi (n=118), 42,4% apresentam um probabilidade

de mutação ≥ 10% nesses genes (DOMINGUEZ et al., 2005).

Wood et al. (2014) avaliaram a qualidade da coleta da historia familiar de câncer e as

práticas de aconselhamento genético e teste genético entre 212 oncologistas nos Estados

Unidos da América. No total, 10,466 prontuários de pacientes com câncer de mama ou cólon

foram revisados quanto ao preenchimento de critérios para encaminhamento para

aconselhamento genético. Para este estudo, foi utilizada um lista resumida de critérios

elaborada a partir dos consensos da ASCO, NCCN e USPSTF. Entre os pacientes com câncer

de mama (n = 6.569), 23,7% (n= 1556) preenchiam pelo menos um critério para

aconselhamento genético. Destes, 52,2% foram referenciados para avaliação (WOOD et al.,

2014).

Koumpis et al. (2011) avaliaram a prevalência de 6 mutações comuns e duas grandes

deleções em BRCA1 e BRCA2 em mulheres com câncer de mama, não selecionadas pela

história familiar e atendidas em um Hospital público de Atenas. As pacientes foram

identificadas através de registros dos serviços de patologia e cirurgia, sendo excluídas as

pacientes com diagnostico acima dos 80 anos (n=50). Todas as 127 mulheres com câncer de

mama que participaram do estudo foram entrevistadas pessoalmente para coleta da historia

familiar de câncer, sobretudo câncer de mama e ovário. No total, 21 (16%) foram

diagnosticadas com idade < 40 anos e em 62 (49%) o diagnóstico ocorreu antes dos 50 anos;

17 (13%) apresentavam historia familiar de câncer de mama ou ovário e 13 (10%) possuíam

um familiar de primeiro grau com diagnóstico de câncer de mama ou ovário. A prevalência

Page 31: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

30

das mutações estudadas foi 4.7% para a população do estudo e 9,5% para as o subgrupo de

mulheres com câncer de mama antes dos 40 anos (KOUMPIS et al., 2011).

La verde et al. (2015) desenvolveram um projeto com objetivo de racionalizar o acesso

a serviços de aconselhamento genético em câncer. Oncologistas de dois hospitais públicos de

Milão foram treinados para identificar pacientes com câncer de mama com história pessoal ou

familiar sugestiva de câncer de mama hereditário. Os critérios de encaminhamento adotados

no estudo sobrepunham em parte os critérios de teste genético para mutações em BRCA1 e

BRCA2 propostos pelo NCCN, porém com limiares de idade ainda mais restritos. Entre julho

de 2010 e fevereiro de 2012, 478 pacientes consecutivos com câncer de mama compareceram

para primeira consulta com oncologista em um dos hospitais participantes. Destes pacientes,

419 (87.7%) participaram do projeto e foram entrevistados por um oncologista treinado,

enquanto 55 pacientes (12.3%) foram excluídos pelas seguintes razões: recusa em assentir

com o termo de consentimento, dificuldade de acesso, buscavam apenas uma segunda opinião

ou doença metastática ao diagnóstico. No total, 61 dos 419 pacientes (14,5%) foram

considerados elegíveis para aconselhamento genético e encaminhados para avaliação com

geneticista, de acordo com os critérios empregados pelo estudo. Dentre os pacientes

referenciados, 52 compareceram à consulta e todos apresentavam indicação de pesquisa de

mutações em BRCA1 e BRCA2 de acordo com a avaliação do geneticista, sendo identificadas

sete (14.9%) mutações patogênicas entre os 47 pacientes que realizaram o teste. Os autores

concluíram que o rastreamento inicial realizado por oncologistas com treinamento em câncer

hereditário resultaria em uma significativa redução da demanda de atendimentos na unidade

de genética do Instituto Nacional do câncer de Milão e, dessa forma, permitiria uma

otimização de tempo e recursos (LA VERDE et al., 2015).

Belcross et al. (2013) avaliaram a prevalência de indivíduos que preenchiam critérios

de encaminhamento para aconselhamento genético, de acordo com as recomendações da

Page 32: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

31

USPSTF. Os autores utilizaram dados de um estudo prévio conduzido pelo Centers for

Disease Control and Prevention (CDC) no Henry Ford Health System em Detroit do qual

participaram mulheres com idade ≥ 30 anos e sem história prévia de ooforectomia bilateral ou

câncer de ovário. Desta população, 3.307 mulheres foram selecionadas randomicamente para

participar do estudo, das quais 2.524 forneceram consentimento e foram entrevistadas. As

informações coletadas incluíam historia familiar de câncer, idade do diagnóstico,

bilateralidade, ancestralidade judaica e encaminhamento prévio pelo profissional da saúde

para aconselhamento genético ou teste genético. Do total de participantes, 437 apresentavam

história pessoal de câncer de mama. Este subgrupo foi considerado sob a perspectiva de uma

hipotética irmã não afetada uma vez que os critérios da USPSTF são dirigidos à atenção

primária e aplicáveis a indivíduos sem historia pessoal de câncer. Nestas condições, 112

mulheres (25,6%) com câncer de mama prévio preenchiam pelo menos um critério de

encaminhamento para aconselhamento genético, porém apenas 41 (36,6%) delas foram

referenciadas. Por outro lado, 79,9% das 325 mulheres com câncer de mama sem critérios

para aconselhamento foram encaminhadas para avaliação genética (BELLCROSS et al.,

2013).

Palmero et al. (2009) estudaram a prevalência de fenótipos de câncer de mama

hereditário em mulheres sem história pessoal de câncer atendidas dentro do programa saúde

da família (PSF) em sete áreas carentes de Porto Alegre (RS). Um instrumento com sete

questões (FHS-7) sobre a história familiar de câncer de mama e outros tumores foi aplicado

em 9218 mulheres pertencentes a esta coorte. No total, 13,9% (1286) responderam

positivamente a pelo menos uma das questões do questionário e foram convidadas a participar

do estudo. Destas, 902 mulheres de 829 famílias compareceram para consulta de

aconselhamento genético, 214 (23,7%) apresentavam pedigrees sugestivos de uma síndrome

de predisposição para câncer de mama. A análise dos heredogramas revelou que 122 (66,7%)

Page 33: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

32

famílias preenchiam critérios para Síndrome de Li-Fraumeni-like, sendo que 13 satisfaziam os

critérios de Birch e 119, os critérios de Eeles. A presença de heredograma sugestivo de

Síndrome HBOC foi observada em 65 (35,5%) famílias. Neste subgrupo, a probabilidade

média de mutações em BRCA1 ou BRCA2, de acordo com modelo Penn II, foi de 21,9% ±

13,9%. Os autores concluíram que 6,2% das mulheres preenchiam critérios para pelo menos

uma das síndromes mais comuns de câncer de mama hereditário: HBOC, Li-Fraumeni e

Câncer de mama e cólon hereditário (HBCC) (PALMERO et al., 2009), em consonância com

resultados encontrados em estudos de base populacional realizados em outros países

(MCCLAIN et al., 2008; ORLANDO et al., 2014).

2.4 CANCER DE MAMA HEREDITÁRIO NO BRASIL

No Brasil ainda são insuficientes as ações governamentais que objetivem a

identificação, orientação e acompanhamento de indivíduos e famílias de alto risco para câncer

hereditário (BRASIL, 2009; PALMERO et al.; 2007). Além disso, os serviços de genética

médica da rede pública estão concentrados em poucos hospitais de ensino das grandes cidades

e os testes genéticos per se não são cobertos pelo SUS (PALMERO et al., 2009).

Dados específicos sobre a estatística do câncer de mama hereditário no Brasil não

estão disponíveis, contudo o Ministério da Saúde estima em 2400 a 4800 o número de casos

novos de câncer de mama diretamente relacionados com síndromes de câncer hereditário

(HOROVITZ et al., 2013).

Em relação à prevalência de mutações em BRCA1 e BRCA2 no Brasil, os dados ainda são

limitados (SILVA et al., 2014). Dependendo dos critérios de seleção utilizados e da

metodologia empregada, as frequências relatadas nos estudos variam de 2,3 a 22%

(CARRARO et al., 2013; DUFLOTH et al., 2005; ESTEVES et al., 2009; EWALD et al.,

Page 34: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

33

2011; GOMES et al., 2007; LOURENÇO et al., 2004; SILVA et al., 2014). Lourenço et al.

(2004), através do sequenciamento completo de BRCA1, encontram uma prevalência de 15%

de mutações germinativas neste gene entre 47 mulheres com diagnóstico prévio de câncer de

mama ou ovário e com alto risco para Síndrome HBOC (LOURENÇO et al., 2004). Dufloth

et al. (2005), em estudo realizado em Campinas, detectaram 13% de mutações em BRCA1 e

BRCA2 entre 31 mulheres com historia familiar de câncer de mama e ovário. Neste estudo,

foram analisados apenas os exons 2, 3, 5, 11 e 20 do gene BRCA1 e os exons 10 e 11 do gene

BRCA2 (DUFLOTH et al., 2005). Gomes et al. (2007) investigaram a presença de mutações

em BRCA1 e BRCA2 em 402 mulheres no Rio de Janeiro com diagnóstico prévio de câncer de

mama e não selecionadas pela história familiar. Todas pacientes eram avaliadas quanto a

presença de quatro alterações comuns (BRCA1 185delAG, 5382insC, éxon-13 6-kb

duplicação; BRCA2 6174delT) e através do teste da proteína truncada (TPT) para o éxon 11

do BRCA1 e exons 10 e 11 do BRCA2, sendo o sequenciamento completo dos genes BRCA1 e

BRCA2 reservado para pacientes com os testes anteriores negativos e historia familiar

fortemente sugestiva de HBOC (GOMES et al., 2007). A prevalência de mutações em BRCA1

e BRCA2 nesse estudo foi de 2,3% para toda amostra, 5,7% para pacientes com câncer de

mama antes dos 40 anos e 6,8% para pacientes com historia de câncer em familiar de 1º grau

(GOMES et al., 2007). Esteves et al. (2009) investigaram a prevalência de mutações em

BRCA1 e BRCA2 em 612 casos-índice de famílias de médio e alto risco para Síndrome

HBOC, provenientes das cinco regiões do Brasil. O teste da proteína truncada foi utilizado

para rastrear o éxon 11 do BRCA1 e os exons 10 e 11 do BRCA2 sendo os resultados

confirmados pelo sequenciamento do DNA. Com estes critérios, os autores encontraram uma

prevalência de mutações em BRCA1 e BRCA2 de 3,1% (ESTEVES et al., 2009). Ewald et al.

(2011) avaliaram a presença das mutações c.5266dup (5382insC) e c.68_69del (185delAG)

em BRCA1 e c.5946del (6174delT) em BRCA2 entre 137 pacientes de origem étnica não-

Page 35: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

34

Ashkenazi com história pessoal ou familiar significativa de câncer de mama e/ou ovário,

atendidas nos serviços de aconselhamento genético do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

(HCPA) e do INCA. A mutação c.5266dup (5382insC) em BRCA1 foi a única detectada,

apresentando uma prevalência global de 5%, porém, quando considerados apenas os pacientes

com câncer de mama bilateral, a prevalência foi de 11,7% (EWALD et al., 2011). Carraro et

al. (2013), no intuito de avaliar o perfil do câncer de mama precoce no Brasil, realizaram o

sequenciamento completo dos genes TP53, BRCA1 e BRCA2, além da investigação da

mutação c.1100delC no gene CHEK2 em uma população de 54 pacientes com câncer de

mama em idade inferior a 35 anos recrutados em três centros: Hospital A. C. Camargo

(HACC), Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) e Hospital do Câncer de Barretos

(HCB). A prevalência de mutações patogênicas encontradas foi de 20,5% para BRCA1 ou

BRCA2 e de 1,8% para TP53 (CARRARO et al., 2013). A presença de mutações em BRCA1

ou BRCA2 se associou de forma significativa com ausência de expressão de receptores

hormonais no tecido tumoral e com história familiar positiva para câncer de mama e ovário

(CARRARO et al., 2013). A conclusão dos autores salienta a obrigatoriedade de realizar

rastreamento para mutações em BRCA1 e BRCA2 em pacientes com câncer de mama precoce

no Brasil, especialmente na presença de história familiar positiva e/ou tumores de mama sem

expressão de receptores hormonais (CARRARO et al., 2013). Silva et al. (2014) investigaram

120 pacientes com câncer de mama com critérios clínicos para síndrome HBOC no centro de

câncer A. C. Camargo, São Paulo. Os genes BRCA1 e BRCA2 foram analisados por

sequenciamento completo e multiplex ligation-dependent probe amplification (MLPA),

enquanto os genes TP53 e CHEK2 foram avaliados apenas quanto a presença das mutações

p.R337H e c.1100delC, respectivamente (SILVA et al., 2014). A prevalência de mutações

patogênicas foi de 26%; destes, 87% (27 casos) apresentavam mutação em BRCA1 ou

Page 36: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

35

BRCA2, 10% (3 casos) eram portadores da mutação pR337H em TP53 e 3% (1 caso)

apresentava a mutação 1100delC em CHEK2 (SILVA et al., 2014).

Mutações germinativas em TP53 são relativamente raras, ocorrendo em cerca de

1:5000 indivíduos, com exceção das regiões sul e sudeste do Brasil onde um mutação

germinativa específica - R337H (c.1010 G_A) - ocorre numa taxa de 1:300; uma prevalência

maior que qualquer outra mutação conhecida entre todos os genes de predisposição ao câncer

já documentados (CUSTODIO et al., 2013; MALKIN et al., 2014). A análise do padrão de

tumores nas famílias com mutação pR337H revela todos os achados comuns às SLF e SLF-L,

porém com uma penetrância reduzida para câncer aos 30 anos e um risco inferior de

desenvolver câncer ao logo da vida (GARRITANO et al., 2010). O efeito fundador da

mutação pR337H na população do sul do Brasil foi inicialmente proposto por Pinto et al.

(2004), sendo posteriormente corroborado pelas análise de Garritano et al. (2010). Desde

então, a penetrância desta mutação e sua contribuição na gênese de diversos tumores do

espectro da SLF tem sido estudada. Giacomazzi et al. (2014), ao avaliar a presença de

mutação pR337H em 815 mulheres diagnosticadas com câncer de mama provenientes

principalmente dos estados do RS e SP e não selecionadas pela história familiar, encontraram

uma prevalência de 8,6% entre as mulheres com diagnóstico em idade inferior a 55 anos e

12,1% entre aquelas diagnosticadas abaixo dos 45 anos. Por outro lado, Gomes et al. (2012)

encontraram uma prevalência da mutação pR337H de 2,3% entre 87 mulheres com

diagnóstico de câncer de mama antes dos 40 anos no estado do Rio de Janeiro. Achatz et al.

(2007) investigaram a presença de mutações germinativas no gene TP53 em 45 famílias com

história de câncer sugestiva de SLF ou SLF-L tendo encontrado mutações em 13 pacientes,

incluindo seis mutações pR337H. O tumor mais comum nestas famílias foi o câncer de mama,

presente em 30% dos casos (ACHATZ et al., 2007). Assumpção et al. (2008) investigaram

123 mulheres com câncer de mama em Campinas sendo 45 delas com história familiar de

Page 37: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

36

câncer de mama e 78 casos esporádicos. Três pacientes apresentavam a mutação pR337H

(prevalência de 2,4%), todas com câncer diagnosticado na pré-menopausa (ASSUMPCAO et

al., 2008). Cury, Ferraz e Silva (2014), em estudo realizado no serviço de aconselhamento

genético em câncer do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, encontram uma prevalência de

7,1% para a mutação pR337H entre 28 mulheres com câncer de mama que preenchiam

critérios para síndrome HBOC e, no entanto, não apresentavam mutações patogênicas nos

genes BRCA1 ou BRCA2.

Page 38: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

37

3 JUSTIFICATIVA

A identificação de pacientes com câncer de mama em risco de câncer hereditário é

fundamental uma vez que esses indivíduos e seus familiares podem se beneficiar de medidas

de rastreamento intensivo, quimioprevenção e cirurgias profiláticas. Este conjunto de

procedimentos possibilita o diagnóstico precoce do câncer e pode reduzir o risco de

desenvolvimento de tumores modificando a história natural da doença.

A realização deste projeto de pesquisa se justifica pela necessidade de conhecer o

perfil dos pacientes diagnosticados com câncer de mama no HUSM possibilitando acessar as

indicações de avaliação genética. Estes dados são fundamentais, pois permitirão: (I) o

conhecimento do volume de pacientes que necessitariam de avaliação genética e,

eventualmente, de testes genéticos; (II) a conscientização da comunidade médica local acerca

da proporção de pacientes com risco de apresentar uma síndrome de câncer hereditário e que

não estão sendo investigados; (III) a sugestão, a partir dos critérios de avaliação genética mais

prevalentes, de um questionário fácil e rápido de ser aplicado por oncologistas e mastologistas

em todos pacientes com câncer de mama, no intuito de identificar aqueles em risco de câncer

hereditário.

Page 39: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

38

4 OBJETIVOS

Objetivo geral

Avaliar a necessidade de avaliação genética entre pacientes com câncer de mama

tratados no Hospital Universitário de Santa Maria.

Objetivos específicos

1) Determinar a proporção de pacientes com câncer de mama que preenchem critérios

para avaliação genética.

2) Avaliar a habilidade de um questionário simples em identificar os pacientes com câncer

de mama que necessitariam avaliação genética.

3) Determinar entre os pacientes com critérios para avaliação genética quais apresentam

indicação de realizar teste genético.

4) Determinar, entre os pacientes com indicação de teste para pesquisa de mutações em

BRCA1 e BRCA2, a probabilidade de mutações nestes genes.

Page 40: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

39

5 METODOLOGIA

5.1 DESENHO DO ESTUDO E POPULAÇÃO

Foi conduzido um estudo descritivo e transversal em pacientes com diagnóstico

recente de câncer de mama atendidos junto ao serviço de oncologia do HUSM. A seleção de

pacientes para o estudo foi realizada a partir dos dados de Autorização de Procedimento de

Alta Complexidade (APAC) para tratamento hormonal ou quimioterápico do carcinoma

mamário no HUSM em 2014. Os pacientes eram considerados elegíveis caso preenchessem

todos os seguintes critérios de inclusão: diagnóstico de câncer de mama invasor documentado;

inicio de tratamento oncológico no HUSM durante o ano de 2014; Idade ≥ 18 anos; ser

alfabetizado e concordar a participar do estudo através da assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido (TCLE). Foram excluídos do estudo pacientes com quadro

demencial ou outra condição neurológica que impossibilitasse a coleta da história familiar de

câncer. Também foram considerados inelegíveis pacientes com diagnóstico exclusivo de

carcinoma de mama in situ, sem história pessoal atual ou prévia de carcinoma mamário

invasivo.

5.2 COLETA DE DADOS E VARIÁVEIS

Entre os meses de abril e outubro de 2015, os pacientes potencialmente elegíveis

foram convidados a participar do estudo. A participação na pesquisa consistia na realização

de uma consulta médica para realização de exame físico dirigido e entrevista, sendo as

informações registradas em um formulário de coleta de dados desenvolvido pelos autores

(APÊNDICE B). As consultas foram realizadas em consultório médico junto ao serviço de

Page 41: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

40

quimioterapia do HUSM. O mesmo pesquisar (JPFS) entrevistou e examinou todos os

participantes do estudo.

Preferencialmente, os pacientes eram convidados a participar do estudo na ocasião da

consulta com o oncologista assistente. Todavia, os pacientes sem consultas agendadas no

período de coleta de dados poderiam ser contatados por telefone para marcação de entrevista.

Nestes casos, duas tentativas de contado em dias diferentes eram feitas, sendo deixado recado

em secretária eletrônica caso o paciente não atendesse a chamada telefônica. Os pacientes que

faltassem à consulta de avaliação poderiam remarcá-la até outubro de 2015.

A coleta de dados durante a consulta era realizada da seguinte forma: (1)

primeiramente o questionário FHS-7 era aplicado; (2) realizava-se a coletada de dados

demográficos, hormonais e reprodutivos e o exame físico dirigido; (3) a história familiar de

câncer – incluindo três gerações - era verificada e o heredograma registrado para posterior

análise.

Para avaliar a indicação de encaminhamento para avaliação genética foram utilizados

os critérios descritos nas diretrizes do NCCN (2015) para pacientes com história pessoal de

câncer de mama (APENDICE C) e o questionário FHS-7 (ASHTON-PROLLA et al., 2009).

Este questionário baseia-se em achados associados com aumento da probabilidade de

mutações em BRCA, porém também inclui uma questão sobre história familiar de câncer de

cólon (ASHTON-PROLLA et al., 2009). Para responder o questionário deve-se considerar a

história materna e paterna de câncer em familiares de primeiro, segundo e terceiro grau. O

questionário FHS-7 foi escolhido devido à facilidade de aplicação e por ter sido validado em

população brasileira previamente (ASHTON-PROLLA et al., 2009). Porém, como ele foi

originalmente desenhado para identificação de câncer de mama familiar dentro do contexto da

atenção primária, adaptações foram necessárias para utilizá-lo em nosso estudo (APENDICE

Page 42: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

41

D). De forma semelhante, outros autores adaptaram critérios para permitir o emprego na

atenção secundária. (BELLCROSS et al., 2013; MCCLAIN et al., 2008)

Os pacientes que apresentassem pelo menos um dos critérios de avaliação genética

contemplados nas diretrizes do NCCN (APENDICE C) eram analisados quanto à indicação de

realizar teste genético para pesquisa de mutações em BRCA1 e BRCA2 (APÊNDICE E), TP53

e PTEN, conforme as recomendações para teste genético presentes nesta mesma diretriz

(NCCN, 2015). Os pacientes com indicação de teste para BRCA 1 e BRCA2 tiveram a

probabilidade de mutações nestes genes estimada através de quatro modelos: BOADICEA

(LANCASTER et al., 2015), Penn 2 (UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA, 2015), sistema

de escore de Manchester (EVANS et al., 2004) e tabelas da Myriad (MYRIAD GENETIC

LABORATORIES, 2010)

5.3 ANÁLISE DOS DADOS

A análise descritiva dos dados demográficos, antropométricos, reprodutivos/hormonais

e histológicos, assim como o cálculo da prevalência dos critérios de avaliação genética foram

realizados utilizando-se o software SPSS 17.0. Macrocefalia e microcefalia foram definidas

como uma circunferência cefálica ≥ ao percentil 97 e ≤ ao percentil 3, respectivamente, de

acordo com valores de referência ajustados para a altura, conforme proposto por Bushby et al.

(1992). A sensibilidade e a especificidade do questionário FHS-7 foram calculadas admitindo

as diretrizes do NCCN como padrão-ouro para identificar os pacientes com indicação de

aconselhamento. Para a determinação do intervalo de confiança, foi empregado o método de

escore de Wilson sem correção de continuidade (JULIOUS, 2005). A mesma metodologia foi

empregada para avaliar a sensibilidade e a especificidade de uma forma modificada do

questionário FHS-7 (denominada doravante “mod-FHS-7”) contendo apenas as primeiras seis

Page 43: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

42

perguntas do instrumento. Uma vez que a sétima pergunta do questionário FHS-7 destina-se à

identificação de portadores de mutações no gene CHEK2 (relacionadas à Síndrome de Câncer

de Mama e Colón Hereditário), sua exclusão poderia melhorar a especificidade do

questionário FHS-7 ao aproximá-lo das diretrizes do NCCN, as quais não foram concebidas

para identificar esses indivíduos (NCCN, 2015).

5.4 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O Estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de

Santa Maria em 11/03/2015 (CAAE: 42393215.4.0000.5346). Todos os participantes foram

esclarecidos sobre o protocolo de estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (APÊNDICE A) previamente à coleta de dados. Todos pacientes com indicação

de avaliação genética identificados na pesquisa foram encaminhados para agendar consulta no

serviço de genética médica do HCPA, sendo este agendamento realizado via secretaria

estadual de saúde através da rede básica de saúde. Para preservar a privacidade dos

participantes do estudo, somente os pesquisadores tiveram acesso às informações obtidas

através dos formulários de coleta de dados (APÊNDICE B). Com o término desta pesquisa,

estes formulários serão mantidos na sala de reuniões do serviço hemato-oncologia do Hospital

Universitário de Santa Maria, prédio 22, campus UFSM, Av. Roraima nº 1000, Santa

Maria/RS, por um período de cinco anos, sob a responsabilidade dos pesquisadores. Após este

período, os dados serão destruídos.

Page 44: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

43

6 RESULTADOS

Dos 129 pacientes com diagnóstico de câncer de mama que iniciaram tratamento no

Hospital Universitário de Santa Maria no ano de 2014, seis (4,65%) não tinham consulta

oncológica marcada no período da coleta de dados (ou não compareceram a esta consulta) e

não foi possível contato telefônico, três (2,32%) faleceram logo após o diagnóstico, três

(2,32%) se recusaram a participar do estudo ou faltaram a pelos menos duas entrevistas

agendadas, e três (2,32%) não preenchiam os critérios de inclusão devido à presença de

condições neurológicas incapacitantes (demência, retardo mental ou sequela de acidente

vascular encefálico). Assim, a amostra final foi composta por 114 pacientes (taxa de resposta

de 88,38%).

A descrição da amostra em relação aos dados demográficos e antropométricos está

detalhada na tabela 1. Fundamentalmente, a amostra foi constituída por indivíduos do sexo

feminino (98,2%), brancos (86%) e procedentes de Santa Maria (40%). A média de idade ao

diagnóstico de câncer de mama foi de 56,3 anos, sendo que 32,5% dos pacientes foram

diagnosticados em idade inferior a 50 anos. Tabagismo prévio ou atual foi declarado por

48,2% dos pacientes, enquanto 43% apresentavam sobrepeso e 24,6% eram obesos. Nenhum

indivíduo apresentava macrocefalia ou lesões de pele/mucosa características da Síndrome de

Cowden ou da Síndrome de Peutz-Jeghers. Da mesma forma, a ancestralidade judaica

Ashkenazi não foi reconhecida por nenhum paciente.

Os dados reprodutivos e hormonais estão expostos na tabela 2. Dentre as 112 mulheres

participantes do estudo, 40 (35,7%) foram diagnosticadas com câncer de mama antes da

menopausa e 11,6% eram nulíparas. Entre as mulheres que tiveram filhos, 15,1%

apresentavam uma idade superior a 30 anos ao nascimento do primeiro filho.

As características histológicas dos tumores estão descritas na tabela 3. Em relação aos

Page 45: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

44

receptores hormonais, a expressão de estrogênio estava presente em 83,3% dos tumores,

enquanto a expressão de progesterona foi observada em 66,7% dos casos. No total 25,4% dos

tumores hiperexpressavam o receptor HER2. O subtipo “luminal A” foi o mais prevalente

(37,7% dos casos) enquanto o “triplo negativo” foi o mais raro (5,3%).

A prevalência de pacientes com indicação de avaliação genética de acordo com as

diretrizes do NCCN, questionário FHS-7 e mod-FHS-7 foi de 57% (65 pacientes), 57,9% (66

pacientes) e 50,9% (58 pacientes), respectivamente. A sensibilidade e especificidade dos

questionários FHS-7 e mod-FHS-7 em relação às diretrizes do NCCN estão apresentadas na

tabela 4. Os critérios mais frequentes para indicar avaliação genética foram o diagnóstico de

câncer de mama em idade ≤ 50 anos (37 pacientes) e a presença de história familiar de câncer

de mama ≤ 50 anos (21 pacientes). Entre os indivíduos com indicação de avaliação genética

de acordo com o NCCN, 48 apresentam um desses critérios ou os dois simultaneamente,

enquanto que apenas 13 pacientes apresentavam história familiar de câncer de mama ou

ovário em parentes de 1º grau.

Entre os 65 pacientes com indicação de aconselhamento genético de acordo com as

diretrizes do NCCN, 52 (80%) apresentaram indicação de teste para mutações nos genes

BRCA1 e BRCA2, enquanto que 4 (6,1%) deveriam ser testados para mutações no gene TP53.

Considerando-se todos os participantes do estudo, a prevalência de indivíduos com indicação

de teste para BRCA e TP53 foi de 45% e 3%, respectivamente. Nenhum paciente preencheu

critérios para pesquisa de mutações no gene PTEN (Síndrome de Cowden), da mesma forma

que não houve suspeita clínica de Síndrome de Peutz-Jeghers ou de Síndrome do Câncer

gástrico difuso hereditário entre os participantes do estudo.

Dentre os 52 pacientes com indicação de teste para BRCA1 e BRCA2, 3 (5,7%)

apresentavam história familiar limitada e foram excluídos do cálculo da probabilidade de

mutações em BRCA1 e BRCA2. Entre os 49 restantes, uma probabilidade de mutação em

Page 46: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

45

BRCA1 ou BRCA2 ≥ 10% foi observada em 5 (10,2%), 28 (57,1%), 8 (16,3%) e 7 (14,3%)

pacientes de acordo, respectivamente, com os modelos BOADICEA, Penn 2, tabelas da

Myriad e sistema de escore de Manchester.

Tabela 1. Dados demográficos e antropométricos (N= 114)

* 1 drinque contém 14 gramas de álcool puro, equivalente a aproximadamente 150 ml de vinho ou

355ml de cerveja.

Variáveis n Mediana (min/máx) % Média (DP)

Sexo

Masculino 2 1,8

Feminino 112 98,2

Idade ao diagnóstico de câncer 56 (29-87) 56,3 (12)

≤ 40 anos 9 7,9

≤ 50 anos 37 32,5

Procedência

Santa Maria 46 40,4

Outros municípios 68 59,6

Cor (auto-denominada)

Branca 98 86

Preta 1 0,9

Parda 15 13,2

Tabagismo

Não 59 51,8

Sim 55 48,2

Carga tabágica (anos/maço) 10 (0,4 a 120) 16,5 (21,6)

Etilismo

> 3 drinques/semana* 4 3,5

≤ 3 drinques/ semana 32 28,1

Não etilista 78 68,4

Índice de Massa Corporal (Kg/m²)

Baixo peso (˂ 18,5) 1 0,9

Normal (≥ 18,5 a 24,9) 36 31,6

Sobrepeso (≥ 25,0 a 29,9) 49 43

Obesidade (≥ 30,0) 28 24,6

Perímetro cefálico

Normocefalia 112 98,2

Macrocefalia 0 0

Microcefalia 2 1,7

Page 47: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

46

Tabela 2. Dados hormonais e reprodutivos (N= 112)

Variáveis n Mediana (min/max) % Média (DP)

Menarca 13 (9-18) 12,8 (1,5)

Diagnóstico na pré-menopausa 40 35,7

Diagnóstico na pós-menopausa 72 64,3

Idade da menopausa 49 (28-56) 48,1 (4,9)

Sem reposição hormonal 46 64

Com reposição hormonal 26 36

Número de meses da RH 30 (1-240) 51,5 (63,8)

Mulheres com ≥ 1 filho 99 88,4

Idade ao nascimento do 1º filho 22 (13-38) 23,1 (5,3)

1ª gestação ≥ 30 anos 15 15,1

Não amamentaram 16 16,17

Amamentaram 83 83,83

Meses de aleitamento materno 12 (0,5-144) 22,9 (26,5)

Amamentaram ˂ 6 meses 36 43,37

Nulíparas 13 11,6

Page 48: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

47

Tabela 3. Características histológicas dos tumores (N=114)

Variáveis n %

Histologia

CDI 100 87,7

CLI 10 8,8

Misto (CDI + CLI) 3 2,6

Tubular 1 0,9

Grau Histológico

1 21 18,4

2 65 57

3 19 16,7

Indeterminado 9 7,9

Receptores de estrogênio

Positivo 95 83,3

Negativo 19 16,7

Receptores de progesterona

Positivo 76 66,7

Negativo 38 33,3

Hiperexpressão de HER2

Presente 29 25,4

Ausente 79 69,3

Indeterminada 6 5,3

Ki-67

< 15% 59 51,7

≥ 15% 53 46,5

Indeterminado 2 1,7

Tumor multicêntrico/bilateral

Presente 6 5,3

Ausente 108 94,7

Subtipo

Luminal A 43 37,7

Luminal B 28 24,6

Luminal B HER2 18 15,8

HER2 hiperexpresso 11 9,6

Triplo negativo 6 5,3

Indeterminado 8 7

CDI: carcinoma ductal invasor. CLI: carcinoma lobular invasor

Tabela 4. Habilidade do questionários FHS-7 e mod-FHS7 para identificar pacientes com

indicação de avaliação genética de acordo com as diretrizes do NCCN

Sensibilidade IC 95% Especificidade IC 95%

FHS-7 0,908 0,813 - 0,957 0,857 0,733 - 0,929

mod-FHS-7 0,877 0,775 - 0,936 0,979 0,893 - 0,996

Page 49: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

48

7 DISCUSSÃO

Em um grupo de pacientes com câncer de mama atendidos no HUSM, nós

identificamos uma proporção significativa de pacientes com indicação de avaliação genética.

No total, dentre os 114 pacientes participantes, 65 (57%) e 66 (57,9%) apresentavam pelo

menos um critério de encaminhamento de acordo com as diretrizes do NCCN e o instrumento

FHS-7, respectivamente. O instrumento FHS-7 apresentou uma sensibilidade de 90,8% e uma

especificidade, 85,7% para identificar pacientes com indicação de aconselhamento genético

de acordo com as diretrizes do NCCN. Quando excluída a questão número “7” do

instrumento, a sensibilidade caiu para 87,7%, porém a especificidade alcançou 97,9%.

Em nosso estudo, os critérios mais prevalentes para indicação de avaliação genética,

de acordo com as diretrizes do NCCN, foram o diagnóstico de câncer de mama em idade ≤ 50

anos (37 pacientes, 56,9%) e a presença de história familiar de câncer de mama em idade ≤ 50

anos (21 pacientes, 32.3%). Considerando-se todos os indivíduos do estudo (N=114), 32,5%

(n=37) foram diagnosticados com câncer de mama em idade ≤ 50 anos. Este dado é relevante,

pois no Brasil o rastreamento populacional do câncer de mama com mamografia não está

contemplado para mulheres nesta faixa etária devendo ser individualizado conforme o risco, o

qual depende substancialmente da história familiar – elemento frequentemente negligenciado

pelos profissionais da saúde em geral. Além disso, embora o exame clínico das mamas seja

recomendado anualmente a partir dos 40 anos de idade, pouco mais da metade das mulheres

realizam esta forma de rastreamento regularmente, conforme estudos realizados em cidades

gaúchas (DIAS-DA-COSTA et al., 2003; DIAS-DA-COSTA et al., 2007).

Observamos também em nosso estudo que, apesar da proporção elevada de pacientes

com indicação de avaliação genética, nenhum paciente ou familiar apresentou ambos os

diagnósticos de câncer de mama e ovário (sincrônicos ou metacrônicos) e a prevalência de

Page 50: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

49

familiares de 1º grau com câncer de mama ou ovário, entre aqueles com indicação de

avaliação genética, foi baixa (13 pacientes, 20%) indicando a possibilidade de contribuição de

fatores ambientais, hormonais e de estilo de vida, principalmente obesidade, tabagismo e

nuliparidade, os quais apresentaram prevalências de 43% e 24,5% e 11%, respectivamente

(tabelas 1 e 2).

De acordo com os critérios do NCCN, 52 pacientes (45%) apresentavam indicação de

teste para mutações em BRCA1 e BRCA2, quatro pacientes (3,5%) possuíam indicação de

teste para mutações em TP53 (1 preenchia os critérios de Chompret e 3 apresentavam câncer

de mama em idade ≤ 35 anos), enquanto nenhum paciente apresentava indicação para

pesquisa de mutações no gene CDH1 (Síndrome de Cowden) ou noutros genes associados

com câncer de mama, sendo esse resultado justificável pela raridade dessas síndromes e pelo

pequeno tamanho da amostra.

Entre os pacientes que, de acordo com as diretrizes do NCCN, apresentavam indicação

de pesquisa de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, a proporção de pacientes com uma

probabilidade de mutação nestes genes ≥ 10% variou amplamente de acordo com o modelo

empregado, oscilando de 10,2% (modelo BOADICEA) a 57,1 (modelo Penn II). Embora a

Sociedade americana de oncologia clínica, desde 2003, não recomende a adoção de um limiar

numérico acima do qual estaria indicado o teste genético (ASCO, 2003), alguns países

europeus utilizam o limiar de 10% para recomendar o sequenciamento dos genes BRCA1 e

BRCA2 (VAN HARSSEL et al, 2010). Em nosso estudo, caso fosse adotado esse limiar e

caso fossem utilizados os modelos BOADICEA e sistema de escore de Manchester, conforme

orientado nas diretrizes do National Institute for Health and Care Excellence (NICE, 2015),

apenas oito pacientes necessitaram ser testado para mutações em BRCA1 e BRCA2,

correspondendo a 7% do total de participantes do estudo.

A prevalência de pacientes com indicação de avaliação genética/aconselhamento

Page 51: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

50

genético entre pacientes já diagnosticados com câncer é pouco estudada e os critérios

utilizados variam amplamente. Febbraro et al. (2015) estudaram a prevalência de critérios do

NCCN para encaminhamento para avaliação genética em uma população semelhante a nossa,

contudo apenas mulheres foram incluídas na amostra, o carcinoma in situ era permitido e

somente o critério de encaminhamento do NCCN “história pessoal de câncer de mama ≤ 50

anos” foi utilizado. A prevalência de mulheres com este critério foi de 29.7%, muito próxima

à observada no nosso estudo (32,1%). Wood et al. (2014) também avaliaram uma população

semelhante a nossa e encontraram uma proporção comparável de mulheres (27,6%) com

diagnóstico de câncer de mama em idade < 50 anos. No entanto, a prevalência de pacientes

com indicação de aconselhamento genético foi de 23,7%, pois os autores utilizaram uma lista

resumida de critérios elaborada a partir dos consensos da ASCO (ROBSON et al. 2010),

NCCN (DALY et al., 2010) e USPSTF (NELSON et al, 2005). Esses critérios incluíam,

fundamentalmente, câncer de mama ≤ 45 anos, história pessoal de dois primários de mama

com o primeiro câncer diagnosticado antes dos 50 anos, história pessoal de câncer de ovário,

tuba uterina ou peritônio, história familiar de câncer de mama masculino e a presença dois ou

mais familiares com câncer de mama, ovário, tuba uterina ou peritônio. Koumpis et al. (2011),

por outro lado, encontram um proporção maior (49%) de câncer de mama em idade < 50 anos

em população de mulheres gregas não selecionadas pela história familiar de câncer. Esta

proporção foi mais próxima a encontrada em estudo realizado no Japão por Komata et al.

(2009), onde 62% das mulheres com câncer de mama foram diagnosticadas antes dos 50 anos.

Apesar desta elevada proporção de mulheres jovens, somente 7% dos casos apresentavam

risco de mutação em BRCA1 ou BRCA2 ≥ 10% de acordo com as tabelas da Myriad; valor

idêntico ao observado em nosso estudo.

Shanonn et al. (2002) utilizaram uma população não selecionada de mulheres com

câncer de mama provenientes do Hospital Geral de Massachussets para avaliar a prevalência

Page 52: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

51

de câncer hereditário. Diferentemente do nosso estudo, um número significativo de pacientes

(12%) apresentava ancestralidade judaica Ashkenazi. Excluindo-se esses pacientes, a

prevalência de mulheres com uma probabilidade de mutação em BRCA1 ou BRCA2 ≥ 10% de

acordo com as tabelas da Myriad foi de 13,6%. Esta prevalência foi corroborada por

Dominguez et al. (2005) e representa quase o dobro da observada no nosso estudo (7%). Estes

autores estudaram pacientes com câncer de mama também pertencentes ao Hospital Geral de

Massachussets, mas selecionadas a partir do serviço de mamografia18

. Através das tabelas da

Myriad, 17,4% das mulheres com câncer de mama, excluídas àquelas com ancestralidade

judaica Ashkenazi, apresentavam uma probabilidade de mutação em BRCA1 ou BRCA2 ≥

10% (DOMINGUEZ et al., 2005).

La verde et al. (2015) encontraram um proporção significativamente menor (14,5%)

de pacientes com indicação de aconselhamento genético em uma população não selecionada

de mulheres com câncer de mama na Itália. Contudo, os autores utilizaram critérios de

encaminhamento bastante restritivos no intuito de racionalizar a utilização dos serviços de

oncogenética evitando, assim, uma demanda inapropriadamente alta por estes serviços.

Belcross et al. (2009) também identificaram uma proporção menor (26,5%) de mulheres com

indicação de aconselhamento genético. Porém, este estudo se distancia do nosso à medida que

os autores utilizaram uma adaptação dos critérios da USPSTF para identificar a necessidade

de aconselhamento. Esses critérios, embora se assemelhem aos utilizados no instrumento

FHS-7, são mais restritivos, pois exigem a presença de no mínimo dois casos de câncer de

mama ou ovário na família, com exceção do câncer de mama masculino.

Palmero et al. (2009), de forma similar ao nosso estudo, avaliaram a prevalência de

aconselhamento genético em uma população de mulheres do Rio Grande do Sul utilizando o

questionário FHS-7. Todavia, os autores avaliaram mulheres atendidas dentro da assistência

primária, sem história pessoal de câncer. A prevalência encontrada foi de 13,9% e o critério

Page 53: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

52

mais comum para justificar o encaminhamento foi a presença de familiar com câncer de

mama antes dos 50 anos (PALMERO et al., 2009).

Gomes et al. (2007) também avaliaram uma população não selecionada de mulheres

brasileiras com câncer de mama. A prevalência de mulheres com câncer de mama antes dos

40 (23%) e 50 anos (66%), assim como a prevalência de pacientes com familiares de 1º grau

com câncer de mama ou ovário foram significativamente maiores do que as observadas no

nosso estudo (8%, 32% 11%, respectivamente).

Nosso estudo tem o mérito de ser o primeiro no Brasil a avaliar de forma extensa a

prevalência de critérios de encaminhamento para avaliação genética em uma população de

pacientes em atendimento hospitalar com história pessoal de câncer de mama, não

selecionados pela história familiar ou risco de câncer hereditário. Além disso, nós utilizamos

todos os critérios propostos pelo NCCN para encaminhamento para avaliação genética. A

verificação quanto ao preenchimento desses critérios só é possível através de entrevista com o

paciente uma vez que o registro em prontuário da história familiar muitas vezes não é

realizado ou é feito de forma parcial. Outro aspecto positivo do estudo foi a utilização de duas

ferramentas para analisar a indicação de avaliação genética. Embora as diretrizes do NCCN

sejam bastante completas e contenham critérios específicos para pacientes com história prévia

de câncer, sua utilização é improvável em um consultório oncológico sobrecarregado e o uso

de uma ferramenta de rastreio, simples e rápida como o FSH-7 pode auxiliar

significativamente na identificação de pacientes de risco.

Uma possível crítica ao nosso estudo poderia ser feita em relação à precisão dos dados

sobre a história familiar de câncer. Como os pacientes eram entrevistados em uma única

consulta, na maioria das vezes não foi possível a confirmação, com exames

anatomopatológicos ou laudos médicos, dos casos de câncer na família. Apesar de alguns

autores terem demonstrado que as mulheres podem fornecer com exatidão informações a

Page 54: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

53

respeito da história de câncer de mama em parentes próximos (KERBER et al., 1997;

PARENT et al., 1997) outros encontraram uma acurácia baixa a moderada para relatos sobre a

história familiar de câncer (MAI et al., 2011). O uso dos critérios do NCCN como padrão de

comparação em nosso estudo também poderia ser objeto de censura. Alguns autores defendem

que esses critérios são demasiadamente abrangentes e sua adoção resultaria em um numero

inapropriadamente elevado de encaminhamentos com pouco benefício para os pacientes

(HAMPELL et al., 2015). No entanto, as diretrizes do NCCN possuem a vantagem de serem

atualizadas semestralmente, além de serem publicadas em um formato conhecido pela maioria

dos oncologistas, contendo as orientações de manejo de forma bastante completa, com

algoritmos e com o nível de evidência das recomendações.

Page 55: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

54

8 CONCLUSÃO

Em conclusão, nosso estudo demonstrou que uma proporção expressiva de pacientes

com câncer de mama no HUSM apresenta critérios de aconselhamento genético e teste

genético. Através de uma ferramenta simples, rápida e efetiva, a maioria dos pacientes em

risco para câncer de mama hereditário foi identificada. Para complementar esses dados é

importante a execução de uma nova etapa de investigação que contemple exames para

pesquisa de mutações nos genes BRCA1, BRCA2 e TP53 naqueles indivíduos com indicação

de teste genético identificados no estudo. Além disso, novas pesquisas são necessárias para

avaliar a reprodutibilidade dos nossos dados em outras populações e em contextos diferentes.

Page 56: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

55

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nosso trabalho demonstrou que a maioria dos pacientes com câncer de mama tratados

no HUSM apresenta indicação de aconselhamento genético e uma parcela importante deles

necessitaria de testes genéticos. Extrapolando-se estes resultados para o estado do Rio grande

dos Sul, seriam cerca de 1800 pacientes com câncer de mama/ano com indicação de avaliação

genética somente no SUS. Este número evidencia duas situações: (1) a incapacidade de o

único serviço de aconselhamento genético em câncer instalado no estado (serviço de genética

médica do HCPA) atender essa demanda, caso todos esses pacientes fossem encaminhados;

(2) a perda de oportunidade em relação ao encaminhamento para avaliação genética em

câncer, considerando-se que atualmente uma ínfima parcela destes pacientes são

encaminhados e efetivamente realizam o aconselhamento genético. Além disso, nosso estudo

também demonstrou que a identificação dos pacientes com indicação de avaliação genética

pode ser facilitada através do emprego de um questionário simples e rápido, o qual pode ser

aplicado por oncologistas, mastologistas ou outros profissionais de saúde da instituição

envolvidos no cuidado de pacientes com câncer. Por fim, o encaminhamento de indivíduos em

risco para avaliação genética deve fazer parte da rotina de cuidados dos pacientes

oncológicos. Embora o foco tradicionalmente tenha sido o tratamento do câncer, existe um

papel fundamental na prevenção do câncer através da identificação dos indivíduos com

suspeita de câncer hereditário/familiar.

Page 57: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACHATZ, M. I.; Olivier, M.; Le Calvez, F. et al. The TP53 mutation, R337H, is associated

with Li-Fraumeni and Li-Fraumeni-like syndromes in Brazilian families. Cancer Lett, v.

245(1-2), p. 96-102, Jan 8. 2007.

ACOG. Practice Bulletins. Clinical Management for Obstetrician–Gynecologists. Bulletin No.

103: Hereditary breast and ovarian cancer syndrome. Obstet Gynecol, v. 113(4), p. 957-966,

Apr. 2009.

ASCO. American Society of Clinical Oncology policy statement update: genetic testing for

cancer susceptibility. J Clin Oncol, v. 21(12), p. 2397-2406, Jun 15. 2003.

ANTONIOU, A.; Pharoah, P. D.; Narod, S. et al. Average risks of breast and ovarian cancer

associated with BRCA1 or BRCA2 mutations detected in case Series unselected for family

history: a combined analysis of 22 studies. Am J Hum Genet, v. 72(5), p. 1117-1130, May.

2003.

ANTONIOU, A. C.; Casadei, S.; Heikkinen, T. et al. Breast-cancer risk in families with

mutations in PALB2. N Engl J Med, v. 371(6), p. 497-506, Aug 7. 2014.

ASHTON-PROLLA, P.; Giacomazzi, J.; Schmidt, A. V. et al. Development and validation of

a simple questionnaire for the identification of hereditary breast cancer in primary care. BMC

Cancer, v. 9, p. 283, 2009.

ASSUMPCAO, J. G.; Seidinger, A. L.; Mastellaro, M. J. et al. Association of the germline

TP53 R337H mutation with breast cancer in southern Brazil. BMC Cancer, v. 8, p. 357,

2008.

BASHAM, V. M.; Lipscombe, J. M.; Ward, J. M. et al. BRCA1 and BRCA2 mutations in a

population-based study of male breast cancer. Breast Cancer Res, v. 4(1), p. R2, 2002.

BEGGS, A. D.; Latchford, A. R.; Vasen, H. F. et al. Peutz-Jeghers syndrome: a systematic

review and recommendations for management. Gut, v. 59(7), p. 975-986, Jul. 2010.

BELLCROSS, C. A.; Leadbetter, S.; Alford, S. H. et al. Prevalence and healthcare actions of

women in a large health system with a family history meeting the 2005 USPSTF

recommendation for BRCA genetic counseling referral. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev,

v. 22(4), p. 728-735, Apr. 2013.

Page 58: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

57

BELLCROSS, C. A.; Lemke, A. A.; Pape, L. S. et al. Evaluation of a breast/ovarian cancer

genetics referral screening tool in a mammography population. Genet Med, v. 11(11), p. 783-

789, Nov. 2009.

BELLCROSS, C. A.; Page, P. Z.; Meaney-Delman, D. Direct-to-consumer personal genome

testing and cancer risk prediction. Cancer J, v. 18(4), p. 293-302, Jul-Aug. 2012.

BENNETT, R. L. The practical guide to the genetic family history, 2nd. Hoboken, N.J. Wiley-

Blackwell. 2010. 355 p.

BERLINER, J. L.; Fay, A. M.; Cummings, S. A. et al. NSGC practice guideline: risk

assessment and genetic counseling for hereditary breast and ovarian cancer. J Genet Couns, v.

22(2), p. 155-163, Apr. 2013.

BIRCH, J. M.; Hartley, A. L.; Tricker, K. J. et al. Prevalence and diversity of constitutional

mutations in the p53 gene among 21 Li-Fraumeni families. Cancer Res, v. 54(5), p. 1298-

1304, Mar 1. 1994.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Rede nacional de câncer

familial: manual operacional, Rio de Janeiro, RJ. INCA. 2009. 229 p.

BUBIEN, V.; Bonnet, F.; Brouste, V. et al. High cumulative risks of cancer in patients with

PTEN hamartoma tumour syndrome. J Med Genet, v. 50(4), p. 255-263, Apr. 2013.

BUSHBY, K. M.; Cole, T.; Matthews, J. N. et al. Centiles for adult head circumference. Arch

Dis Child, v. 67(10), p. 1286-1287, Oct. 1992.

CARRARO, D. M.; Koike Folgueira, M. A.; Garcia Lisboa, B. C. et al. Comprehensive

analysis of BRCA1, BRCA2 and TP53 germline mutation and tumor characterization: a

portrait of early-onset breast cancer in Brazil. PLoS One, v. 8(3), p. e57581, 2013.

CASADEI, S.; Norquist, B. M.; Walsh, T. et al. Contribution of inherited mutations in the

BRCA2-interacting protein PALB2 to familial breast cancer. Cancer Res, v. 71(6), p. 2222-

2229, Mar 15. 2011.

CHEN, S.; Iversen, E. S.; Friebel, T. et al. Characterization of BRCA1 and BRCA2 mutations

in a large United States sample. J Clin Oncol, v. 24(6), p. 863-871, Feb 20. 2006.

Page 59: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

58

CHEN, S.; Parmigiani, G. Meta-analysis of BRCA1 and BRCA2 penetrance. J Clin Oncol, v.

25(11), p. 1329-1333, Apr 10. 2007.

CHOMPRET, A.; Abel, A.; Stoppa-Lyonnet, D. et al. Sensitivity and predictive value of

criteria for p53 germline mutation screening. J Med Genet, v. 38(1), p. 43-47, Jan. 2001.

COUCH, F. J.; Farid, L. M.; DeShano, M. L. et al. BRCA2 germline mutations in male breast

cancer cases and breast cancer families. Nat Genet, v. 13(1), p. 123-125, May. 1996.

COUCH, F. J.; Nathanson, K. L.; Offit, K. Two decades after BRCA: setting paradigms in

personalized cancer care and prevention. Science, v. 343(6178), p. 1466-1470, Mar 28. 2014.

CURY, N. M.; Ferraz, V. E.; Silva, W. A., Jr. TP53 p.R337H prevalence in a series of

Brazilian hereditary breast cancer families. Hered Cancer Clin Pract, v. 12(1), p. 8, 2014.

CUSTODIO, G.; Parise, G. A.; Kiesel Filho, N. et al. Impact of neonatal screening and

surveillance for the TP53 R337H mutation on early detection of childhood adrenocortical

tumors. J Clin Oncol, v. 31(20), p. 2619-2626, Jul 10. 2013.

CYBULSKI, C.; Wokolorczyk, D.; Jakubowska, A. et al. Risk of breast cancer in women with

a CHEK2 mutation with and without a family history of breast cancer. J Clin Oncol, v.

29(28), p. 3747-3752, Oct 1. 2011.

DALY, M.B.; Axilbund J. E.; Buys S. et al. Genetic/familial high-risk assessment: breast and

ovarian. J Natl Compr Canc Netw, v. 8(5), p. 562-94, May, 2010.

DE LA HOYA, M.; Diez, O.; Perez-Segura, P. et al. Pre-test prediction models of BRCA1 or

BRCA2 mutation in breast/ovarian families attending familial cancer clinics. J Med Genet, v.

40(7), p. 503-510, Jul. 2003.

DIAS-DA-COSTA J. S.; Olinto M. T. A.; Gigante D. P. et al. Cobertura do exame físico de

mama: estudo de base populacional em Pelotas, RS. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.

6, p. 39-48, 2003.

DIAS-DA-COSTA J. S.; Olinto M. T. A.; Bassani D. et al. Desigualdades na realização do

exame clínico de mama em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. Cadernos de Saúde

Pública, v. 23, p. 1603-1612, 2007.

Page 60: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

59

DOMINGUEZ, F. J.; Jones, J. L.; Zabicki, K. et al. Prevalence of hereditary breast/ovarian

carcinoma risk in patients with a personal history of breast or ovarian carcinoma in a

mammography population. Cancer, v. 104(9), p. 1849-1853, Nov 1. 2005.

DUFLOTH, R. M.; Carvalho, S.; Heinrich, J. K. et al. Analysis of BRCA1 and BRCA2

mutations in Brazilian breast cancer patients with positive family history. Sao Paulo Med J, v.

123(4), p. 192-197, Jul 7. 2005.

EASTON, D. F. Cancer risks in A-T heterozygotes. Int J Radiat Biol, v. 66(6 Suppl), p.

S177-182, Dec. 1994.

EASTON, D. F.; Steele, L.; Fields, P. et al. Cancer risks in two large breast cancer families

linked to BRCA2 on chromosome 13q12-13. Am J Hum Genet, v. 61(1), p. 120-128, Jul.

1997.

EELES, R. A. Germline mutations in the TP53 gene. Cancer Surv, v. 25, p. 101-124, 1995.

ENG, C. Will the real Cowden syndrome please stand up: revised diagnostic criteria. J Med

Genet, v. 37(11), p. 828-830, Nov. 2000.

ENG C. PTEN Hamartoma Tumor Syndrome (PHTS) 2001 Nov 29 [Updated 2014 Jan 23].

In: Pagon R. A.; Adam M. P.; Ardinger H. H. et al., (Ed.). GeneReviews® [Internet]. Seattle

(WA): University of Washington, Seattle; 1993-2015. Disponível em:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1488/. Acesso em 15 de setembro de 2015.

ESTEVES, V. F.; Thuler, L. C.; Amendola, L. C. et al. Prevalence of BRCA1 and BRCA2

gene mutations in families with medium and high risk of breast and ovarian cancer in Brazil.

Braz J Med Biol Res, v. 42(5), p. 453-457, May. 2009.

EUHUS, D. M.; Smith, K. C.; Robinson, L. et al. Pretest prediction of BRCA1 or BRCA2

mutation by risk counselors and the computer model BRCAPRO. J Natl Cancer Inst, v.

94(11), p. 844-851, Jun 5. 2002.

EVANS, D. G.; Eccles, D. M.; Rahman, N. et al. A new scoring system for the chances of

identifying a BRCA1/2 mutation outperforms existing models including BRCAPRO. J Med

Genet, v. 41(6), p. 474-480, Jun. 2004.

EVANS, D. G.; Moran, A.; Hartley, R. et al. Long-term outcomes of breast cancer in women

aged 30 years or younger, based on family history, pathology and BRCA1/BRCA2/TP53

status. Br J Cancer, v. 102(7), p. 1091-1098, Mar 30. 2010.

Page 61: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

60

EVANS, D. G.; Susnerwala, I.; Dawson, J. et al. Risk of breast cancer in male BRCA2

carriers. J Med Genet, v. 47(10), p. 710-711, Oct. 2010.

EWALD, I. P.; Izetti, P.; Vargas, F. R. et al. Prevalence of the BRCA1 founder mutation

c.5266dupin Brazilian individuals at-risk for the hereditary breast and ovarian cancer

syndrome. Hered Cancer Clin Pract, v. 9, p. 12, 2011.

FEBBRARO, T.; Robison, K.; Wilbur, J. S. et al. Adherence patterns to National

Comprehensive Cancer Network (NCCN) guidelines for referral to cancer genetic

professionals. Gynecol Oncol, v. 138(1), p. 109-114, Jul. 2015.

FINCH, A.; Beiner, M.; Lubinski, J. et al. Salpingo-oophorectomy and the risk of ovarian,

fallopian tube, and peritoneal cancers in women with a BRCA1 or BRCA2 Mutation. JAMA,

v. 296(2), p. 185-192, Jul 12. 2006.

FITZGERALD, M. G.; Marsh, D. J.; Wahrer, D. et al. Germline mutations in PTEN are an

infrequent cause of genetic predisposition to breast cancer. Oncogene, v. 17(6), p. 727-731,

Aug 13. 1998.

FITZGERALD, R. C.; Hardwick, R.; Huntsman, D. et al. Hereditary diffuse gastric cancer:

updated consensus guidelines for clinical management and directions for future research. J

Med Genet, v. 47(7), p. 436-444, Jul. 2010.

FORD, D.; Easton, D. F.; Stratton, M. et al. Genetic heterogeneity and penetrance analysis of

the BRCA1 and BRCA2 genes in breast cancer families. The Breast Cancer Linkage

Consortium. Am J Hum Genet, v. 62(3), p. 676-689, Mar. 1998.

FORMAN D.; Bray F.; Brewster D. H.; Gombe Mbalawa C. et al. (Ed). Cancer Incidence in

Five Continents, Vol. X. IARC Scientific Publication No. 164. Lyon: International Agency for

Research on Cancer., 2014.

FOSTIRA, F.; Tsitlaidou, M.; Papadimitriou, C. et al. Prevalence of BRCA1 mutations among

403 women with triple-negative breast cancer: implications for genetic screening selection

criteria: a Hellenic Cooperative Oncology Group Study. Breast Cancer Res Treat, v. 134(1),

p. 353-362, Jul. 2012.

FOULKES, W. D. Inherited susceptibility to common cancers. N Engl J Med, v. 359(20), p.

2143-2153, Nov 13. 2008.

Page 62: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

61

FRIEDMAN, L. S.; Gayther, S. A.; Kurosaki, T. et al. Mutation analysis of BRCA1 and

BRCA2 in a male breast cancer population. Am J Hum Genet, v. 60(2), p. 313-319, Feb.

1997.

GARRITANO, S.; Gemignani, F.; Palmero, E. I. et al. Detailed haplotype analysis at the TP53

locus in p.R337H mutation carriers in the population of Southern Brazil: evidence for a

founder effect. Hum Mutat, v. 31(2), p. 143-150, Feb. 2010.

GATTI R. Ataxia-Telangiectasia. 1999 Mar 19 [Updated 2010 Mar 11]. In: Pagon R. A.;

Adam M. P., Ardinger H. H. et al., (Ed.). GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University

of Washington, Seattle; 1993-2015. Disponível em:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK26468/. Acesso em 15 de setembro de 2015.

GIACOMAZZI, J.; Graudenz, M. S.; Osorio, C. A. et al. Prevalence of the TP53 p.R337H

mutation in breast cancer patients in Brazil. PLoS One, v. 9(6), p. e99893, 2014.

GIARDIELLO, F. M.; Brensinger, J. D.; Tersmette, A. C. et al. Very high risk of cancer in

familial Peutz-Jeghers syndrome. Gastroenterology, v. 119(6), p. 1447-1453, Dec. 2000.

GOMES, M. C.; Costa, M. M.; Borojevic, R. et al. Prevalence of BRCA1 and BRCA2

mutations in breast cancer patients from Brazil. Breast Cancer Res Treat, v. 103(3), p. 349-

353, Jul. 2007.

GOMES, M. C.; Kotsopoulos, J.; de Almeida, G. L. et al. The R337H mutation in TP53 and

breast cancer in Brazil. Hered Cancer Clin Pract, v. 10(1), p. 3, 2012.

GONZALEZ-ANGULO, A. M.; Timms, K. M.; Liu, S. et al. Incidence and outcome of

BRCA mutations in unselected patients with triple receptor-negative breast cancer. Clin

Cancer Res, v. 17(5), p. 1082-1089, Mar 1. 2011.

GONZALEZ, K. D.; Noltner, K. A.; Buzin, C. H. et al. Beyond Li Fraumeni Syndrome:

clinical characteristics of families with p53 germline mutations. J Clin Oncol, v. 27(8), p.

1250-1256, Mar 10. 2009.

HAMPEL, H.; Bennett, R. L.; Buchanan, A. et al. A practice guideline from the American

College of Medical Genetics and Genomics and the National Society of Genetic Counselors:

referral indications for cancer predisposition assessment. Genet Med, v. 17(1), p. 70-87, Jan.

2015.

Page 63: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

62

HISADA, M.; Garber, J. E.; Fung, C. Y. et al. Multiple primary cancers in families with Li-

Fraumeni syndrome. J Natl Cancer Inst, v. 90(8), p. 606-611, Apr 15. 1998.

HOROVITZ, D. D.; de Faria Ferraz, V. E.; Dain, S. et al. Genetic services and testing in

Brazil. J Community Genet, v. 4(3), p. 355-375, Jul. 2013.

INCA. Coordenação de Prevenção e vigilância. Câncer no Brasil: dados dos registros de base

populacional, v.4. Rio de Janeiro, INCA , 2010. 488 p.

INCA. Coordenação de Prevenção e vigilância. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no

Brasil. Rio de Janeiro, INCA, 2014. 124 p.

JULIOUS, S. A. Two-sided confidence intervals for the single proportion: comparison of

seven methods by Robert G. Newcombe, Statistics in Medicine 1998; 17:857-872. Stat Med,

v. 24(21), p. 3383-3384, Nov 15. 2005.

KERBER, R. A.; Slattery, M. L. Comparison of self-reported and database-linked family

history of cancer data in a case-control study. Am J Epidemiol, v. 146(3), p. 244-8, Aug 1.

1997.

KING, M. C.; Marks, J. H.; Mandell, J. B. et al. Breast and ovarian cancer risks due to

inherited mutations in BRCA1 and BRCA2. Science, v. 302(5645), p. 643-646, Oct 24.

2003.

KOMATA, K.; Yahata, T.; Kodama, S. et al. The prevalence of hereditary breast/ovarian

cancer risk in patients with a history of breast or ovarian cancer in Japanese subjects. J Obstet

Gynaecol Res, v 35(5), p. 912-7, Oct. 2009.

KOUMPIS, C.; Dimitrakakis, C.; Antsaklis, A. et al. Prevalence of BRCA1 and BRCA2

mutations in unselected breast cancer patients from Greece. Hered Cancer Clin Pract, v. 9, p.

10, 2011.

KRUTILKOVA, V.; Trkova, M.; Fleitz, J. et al. Identification of five new families strengthens

the link between childhood choroid plexus carcinoma and germline TP53 mutations. Eur J

Cancer, v. 41(11), p. 1597-1603, Jul. 2005.

LA VERDE, N.; Corsi, F.; Moretti, A. et al. A targeted approach to genetic counseling in

breast cancer patients: the experience of an Italian local project. Tumori, v. 0(0), p. 0, Oct 7.

2015.

Page 64: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

63

LANCASTER, J. M.; Powell, C. B.; Chen, L. M. et al. Society of Gynecologic Oncology

statement on risk assessment for inherited gynecologic cancer predispositions. Gynecol

Oncol, v. 136(1), p. 3-7, Jan. 2015.

LI, F. P.; Fraumeni, J. F., Jr.; Mulvihill, J. J. et al. A cancer family syndrome in twenty-four

kindreds. Cancer Res, v. 48(18), p. 5358-5362, Sep 15. 1988.

LINDOR, N. M.; McMaster, M. L.; Lindor, C. J. et al. Concise handbook of familial cancer

susceptibility syndromes - second edition. J Natl Cancer Inst Monogr, v. (38), p. 1-93, 2008.

LOURENÇO, J. J.; Vargas, F. R.; Bines, J. et al. BRCA1 mutations in Brazilian patients.

Genetics and Molecular Biology, v. 27, p. 500-504, 2004.

LU, K. H.; Wood, M. E.; Daniels, M. et al. American Society of Clinical Oncology Expert

Statement: collection and use of a cancer family history for oncology providers. J Clin Oncol,

v. 32(8), p. 833-840, Mar 10. 2014.

LYNCH, H. T.; Snyder, C. L.; Lynch, J. F. et al. Hereditary breast-ovarian cancer at the

bedside: role of the medical oncologist. J Clin Oncol, v. 21(4), p. 740-753, Feb 15. 2003.

MAI, P. L.; Garceau, A. O.; Graubard, B.I. et al: Confirmation of family cancer history

reported in a population-based survey. J Natl Cancer Inst, v. 103(10), p. 788-97, May 18.

2011.

MALKIN, D. Li-Fraumeni Syndrome. Genes Cancer, v. 2(4), p. 475-484, Apr. 2011.

MALKIN, D.; Nichols, K. E.; Zelley, K. et al. Predisposition to pediatric and hematologic

cancers: a moving target. Am Soc Clin Oncol Educ Book, v., p. e44-55, 2014.

MALONE, K. E.; Begg, C. B.; Haile, R. W. et al. Population-based study of the risk of second

primary contralateral breast cancer associated with carrying a mutation in BRCA1 or BRCA2.

J Clin Oncol, v. 28(14), p. 2404-2410, May 10. 2010.

MATLOFF, E. T.; Bonadies, D. C. Genetic Counseling. In: DeVita, V. T.; Lawrence, T. S.;

Rosenberg, S. A. (Ed.). DeVita, Hellman, and Rosenberg's cancer: principles & practice of

oncology. Philadelphia. Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams & Wilkins, 2011. p

1612-1613.

Page 65: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

64

MASCIARI, S.; Dillon, D. A.; Rath, M. et al. Breast cancer phenotype in women with TP53

germline mutations: a Li-Fraumeni syndrome consortium effort. Breast Cancer Res Treat, v.

133(3), p. 1125-1130, Jun. 2012.

MCCLAIN, M. R.; Palomaki, G. E.; Hampel, H. et al. Screen positive rates among six family

history screening protocols for breast/ovarian cancer in four cohorts of women. Fam Cancer,

v. 7(4), p. 341-345, 2008.

MCGARRITY T. J, Amos C. I., Frazier M. L., et al. Peutz-Jeghers Syndrome. 2001 Feb 23

[Updated 2013 Jul 25]. In: Pagon R. A.; Adam M. P.; Ardinger H. H. et al., (Ed.).

GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2015.

Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1266/. Acesso em 15 de setembro de

2015.

MEDEIROS, F.; Muto, M. G.; Lee, Y. et al. The tubal fimbria is a preferred site for early

adenocarcinoma in women with familial ovarian cancer syndrome. Am J Surg Pathol, v.

30(2), p. 230-236, Feb. 2006.

MELHEM-BERTRANDT, A.; Bojadzieva, J.; Ready, K. J. et al. Early onset HER2-positive

breast cancer is associated with germline TP53 mutations. Cancer, v. 118(4), p. 908-913, Feb

15. 2012.

METCALFE, K.; Gershman, S.; Lynch, H. T. et al. Predictors of contralateral breast cancer in

BRCA1 and BRCA2 mutation carriers. Br J Cancer, v. 104(9), p. 1384-1392, Apr 26. 2011.

METCALFE, K. A.; Poll, A.; Royer, R. et al. Screening for founder mutations in BRCA1 and

BRCA2 in unselected Jewish women. J Clin Oncol, v. 28(3), p. 387-391, Jan 20. 2010.

MEYER, L. A.; Anderson, M. E.; Lacour, R. A. et al. Evaluating women with ovarian cancer

for BRCA1 and BRCA2 mutations: missed opportunities. Obstet Gynecol, v. 115(5), p. 945-

952, May. 2010.

MEYER, P.; Landgraf, K.; Hogel, B. et al. BRCA2 mutations and triple-negative breast

cancer. PLoS One, v. 7(5), p. e38361, 2012.

MOYER, V. A. et al. Risk assessment, genetic counseling, and genetic testing for BRCA-

related cancer in women: U.S. Preventive Services Task Force recommendation statement.

Ann Intern Med, v. 160(4), p. 271-281, Feb 18. 2014.

Page 66: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

65

MYRIAD GENETIC LABORATORIES. Myriad Mutation Prevalence Tables. (Last Update -

February 2010). Disponível em https://www.myriad.com/lib/brac/brca-prevalence-tables.pdf.

Acesso em novembro de 2015.

NCCN. Clinical Practice Guidelines in Oncology. Genetic/Familial High-Risk Assessment:

Breast and Ovarian. Version 2. 2015. Disponível em

http://www.nccn.org/professionals/physician_gls/pdf/genetics_screening.pdf. Acesso em 11

de setembro de 2015.

NELEN, M. R.; Kremer, H.; Konings, I. B. et al. Novel PTEN mutations in patients with

Cowden disease: absence of clear genotype-phenotype correlations. Eur J Hum Genet, v.

7(3), p. 267-273, Apr. 1999.

NELSON, H. D.; Huffman L. H.; Fu R. et al. Genetic risk assessment and BRCA mutation

testing for breast and ovarian cancer susceptibility: Systematic evidence review for the U.S.

Preventive Services Task Force. Ann Intern Med v. 143(5), p. 362-379, Sep 6. 2005.

NICE. Familial breast cancer: classification, care and managing breast cancer and related

risks in people with a family history of breast cancer. NICE Guidelines [CG164]. Published

date: June 2013. Disponível em https://www.nice.org.uk/guidance/cg164 . Acesso em outubro

de 2015.

OLIVIER, M.; Goldgar, D. E.; Sodha, N. et al. Li-Fraumeni and related syndromes:

correlation between tumor type, family structure, and TP53 genotype. Cancer Res, v. 63(20),

p. 6643-6650, Oct 15. 2003.

OLOPADE, O. I.; Grushko, T. A.; Nanda, R. et al. Advances in breast cancer: pathways to

personalized medicine. Clin Cancer Res, v. 14(24), p. 7988-7999, Dec 15. 2008.

ORLANDO, L. A.; Wu, R. R.; Beadles, C. et al. Implementing family health history risk

stratification in primary care: impact of guideline criteria on populations and resource

demand. Am J Med Genet C Semin Med Genet, v. 166C(1), p. 24-33, Mar. 2014.

OWENS, M. A.; Horten, B. C.; Da Silva, M. M. HER2 amplification ratios by fluorescence in

situ hybridization and correlation with immunohistochemistry in a cohort of 6556 breast

cancer tissues. Clin Breast Cancer, v. 5(1), p. 63-69, Apr. 2004.

PAGON, R. A. Genetic testing: when to test, when to refer. Am Fam Physician, v. 72(1), p.

33-34, Jul 1. 2005.

Page 67: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

66

PAGON, R. A.; Adam, M. P.; Ardinger, H. H. et al (Ed.). GeneReviews® [Internet]. Seattle

(WA): University of Washington, Seattle; 1993-2015. Disponível em:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1116/. Acesso em 28 de novembro de 2015.

PALMERO, E. I.; Ashton-Prolla, P.; da Rocha, J. C. et al. Clinical characterization and risk

profile of individuals seeking genetic counseling for hereditary breast cancer in Brazil. J

Genet Couns, v. 16(3), p. 363-371, Jun. 2007.

PALMERO, E. I.; Caleffi, M.; Schüler-Faccini, L. et al. Population prevalence of hereditary

breast cancer phenotypes and implementation of a genetic cancer risk assessment program in

southern Brazil. Genetics and Molecular Biology, v. 32, p. 447-455, 2009.

PARENT, M. E.; Ghadirian, P.; Lacroix, A. et al. The reliability of recollections of family

history: implications for the medical provider. J Cancer Educ, v. 12(2), p. 114-20, 1997.

PETRUCELLI N.; Daly M. B.; Feldman G. L. BRCA1 and BRCA2 Hereditary Breast and

Ovarian Cancer. 1998 Sep 4 [Updated 2013 Sep 26]. In: Pagon R.A.; Adam M. P.; Ardinger

H. H. et al., (Ed.). GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle;

1993-2015. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1247/. Acesso em 15 de

setempro de 2015.

PILARSKI, R.; Burt, R.; Kohlman, W. et al. Cowden syndrome and the PTEN hamartoma

tumor syndrome: systematic review and revised diagnostic criteria. J Natl Cancer Inst, v.

105(21), p. 1607-1616, Nov 6. 2013.

PINTO, E. M.; Billerbeck, A. E.; Villares, M. C. et al. Founder effect for the highly prevalent

R337H mutation of tumor suppressor p53 in Brazilian patients with adrenocortical tumors.

Arq Bras Endocrinol Metabol, v. 48(5), p. 647-650, Oct. 2004.

RIEGERT-JOHNSON, D. L.; Gleeson, F. C.; Roberts, M. et al. Cancer and Lhermitte-Duclos

disease are common in Cowden syndrome patients. Hered Cancer Clin Pract, v. 8(1), p. 6,

2010.

RILEY, B. D.; Culver, J. O.; Skrzynia, C. et al. Essential elements of genetic cancer risk

assessment, counseling, and testing: updated recommendations of the National Society of

Genetic Counselors. J Genet Couns, v. 21(2), p. 151-161, Apr. 2012.

RISCH, H. A.; McLaughlin, J. R.; Cole, D. E. et al. Population BRCA1 and BRCA2 mutation

frequencies and cancer penetrances: a kin-cohort study in Ontario, Canada. J Natl Cancer Inst,

v. 98(23), p. 1694-1706, Dec 6. 2006.

Page 68: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

67

ROBSON, M. E.; Storm, C. D.; Weitzel, J. et al. American Society of Clinical Oncology

policy statement update: genetic and genomic testing for cancer susceptibility. J Clin Oncol,

v. 28(5), p. 893-901, Feb 10. 2010.

SCHNEIDER K.; Zelley K.; Nichols K. E. et al. Li-Fraumeni Syndrome. 1999 Jan 19

[Updated 2013 Apr 11]. In: Pagon R. A.; Adam M. P.; Ardinger H. H. et al., (Ed.).

GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2015.

Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1311/. Acesso em 15 de setembro de

2015.

SHANNON, K. M.; Lubratovich, M. L.; Finkelstein, D. M. et al. Model-based predictions of

BRCA1/2 mutation status in breast carcinoma patients treated at an academic medical center.

Cancer, v. 94(2), p. 305-313, Jan 15. 2002.

SIDRANSKY, D.; Tokino, T.; Helzlsouer, K. et al. Inherited p53 gene mutations in breast

cancer. Cancer Res, v. 52(10), p. 2984-2986, May 15. 1992.

SILVA, F. C.; Lisboa, B. C.; Figueiredo, M. C. et al. Hereditary breast and ovarian cancer:

assessment of point mutations and copy number variations in Brazilian patients. BMC Med

Genet, v. 15, p. 55, 2014.

STARINK, T. M.; van der Veen, J. P.; Arwert, F. et al. The Cowden syndrome: a clinical and

genetic study in 21 patients. Clin Genet, v. 29(3), p. 222-233, Mar. 1986.

STOPFER, J. E. Genetic counseling and clinical cancer genetics services. Semin Surg Oncol,

v. 18(4), p. 347-357, Jun. 2000.

STUCKEY, A. R.; Onstad, M. A. Hereditary breast cancer: an update on risk assessment and

genetic testing in 2015. Am J Obstet Gynecol, v. 213(2), p. 161-165, Aug. 2015.

TAI, Y. C.; Domchek, S.; Parmigiani, G. et al. Breast cancer risk among male BRCA1 and

BRCA2 mutation carriers. J Natl Cancer Inst, v. 99(23), p. 1811-1814, Dec 5. 2007.

TAN, M. H.; Mester, J.; Peterson, C. et al. A clinical scoring system for selection of patients

for PTEN mutation testing is proposed on the basis of a prospective study of 3042 probands.

Am J Hum Genet, v. 88(1), p. 42-56, Jan 7. 2011.

TAN, M. H.; Mester, J. L.; Ngeow, J. et al. Lifetime cancer risks in individuals with germline

PTEN mutations. Clin Cancer Res, v. 18(2), p. 400-407, Jan 15. 2012.

Page 69: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

68

TENG, I.; Spigelman, A. Attitudes and knowledge of medical practitioners to hereditary

cancer clinics and cancer genetic testing. Fam Cancer, v. 13(2), p. 311-324, Jun. 2014.

THOMPSON, D.; Duedal, S.; Kirner, J. et al. Cancer risks and mortality in heterozygous

ATM mutation carriers. J Natl Cancer Inst, v. 97(11), p. 813-822, Jun 1. 2005.

TINAT, J.; Bougeard, G.; Baert-Desurmont, S. et al. 2009 version of the Chompret criteria for

Li Fraumeni syndrome. J Clin Oncol, v. 27(26), p. e108-109; author reply e110, Sep 10.

2009.

TREPANIER, A.; Ahrens, M.; McKinnon, W. et al. Genetic cancer risk assessment and

counseling: recommendations of the national society of genetic counselors. J Genet Couns, v.

13(2), p. 83-114, Apr. 2004.

UNIVERSITY OF PENNSYLVANIA. The Penn II BRCA1 and BRCA2 Mutation

Risk model. Disponível em www.afcri.upenn.edu/itacc/penn2. Acesso em novembro de 2015

VAN DER KOLK, D. M.; de Bock, G. H.; Leegte, B. K. et al. Penetrance of breast cancer,

ovarian cancer and contralateral breast cancer in BRCA1 and BRCA2 families: high cancer

incidence at older age. Breast Cancer Res Treat, v. 124(3), p. 643-651, Dec. 2010.

VAN DER POST, R. S.; Vogelaar, I. P.; Carneiro, F. et al. Hereditary diffuse gastric cancer:

updated clinical guidelines with an emphasis on germline CDH1 mutation carriers. J Med

Genet, v. 52(6), p. 361-374, Jun. 2015.

VAN HARSELL, J.; van Roozendaal, C. E.; Detisch, Y. et al. Efficiency of BRCAPRO and

Myriad II mutation probability thresholds versus cancer history criteria alone for BRCA1/2

mutation detection. Fam Cancer, v. 9(2), p. 193-201, Jun. 2010.

VAN LIER, M. G.; Wagner, A.; Mathus-Vliegen, E. M. et al. High cancer risk in Peutz-

Jeghers syndrome: a systematic review and surveillance recommendations. Am J

Gastroenterol, v. 105(6), p. 1258-1264; author reply 1265, Jun. 2010.

VARLEY, J. M.; McGown, G.; Thorncroft, M. et al. Are there low-penetrance TP53 Alleles?

evidence from childhood adrenocortical tumors. Am J Hum Genet, v. 65(4), p. 995-1006,

Oct. 1999.

Page 70: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

69

WALSH, T.; Casadei, S.; Coats, K. H. et al. Spectrum of mutations in BRCA1, BRCA2,

CHEK2, and TP53 in families at high risk of breast cancer. JAMA, v. 295(12), p. 1379-1388,

Mar 22. 2006.

WANG, G.; Beattie, M. S.; Ponce, N. A. et al. Eligibility criteria in private and public

coverage policies for BRCA genetic testing and genetic counseling. Genet Med, v. 13(12), p.

1045-1050, Dec. 2011.

WEITZEL, J. N.; Blazer, K. R.; Macdonald, D. J. et al. Genetics, genomics, and cancer risk

assessment: State of the Art and Future Directions in the Era of Personalized Medicine. CA

Cancer J Clin, v., p., Aug 19. 2011.

WEITZEL, J. N.; Lagos, V. I.; Cullinane, C. A. et al. Limited family structure and BRCA gene

mutation status in single cases of breast cancer. JAMA, v. 297(23), p. 2587-2595, Jun 20.

2007.

WILSON, J. R.; Bateman, A. C.; Hanson, H. et al. A novel HER2-positive breast cancer

phenotype arising from germline TP53 mutations. J Med Genet, v. 47(11), p. 771-774, Nov.

2010.

WONG, P.; Verselis, S. J.; Garber, J. E. et al. Prevalence of early onset colorectal cancer in

397 patients with classic Li-Fraumeni syndrome. Gastroenterology, v. 130(1), p. 73-79, Jan.

2006.

WOOD, M. E.; Kadlubek, P.; Pham, T. H. et al. Quality of cancer family history and referral

for genetic counseling and testing among oncology practices: a pilot test of quality measures

as part of the American Society of Clinical Oncology Quality Oncology Practice Initiative. J

Clin Oncol, v. 32(8), p. 824-829, Mar 10. 2014.

Page 71: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

70

APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido

Projeto de Pesquisa:

Prevalência de critérios para avaliação genética em pacientes com câncer de mama

atendidos no Hospital Universitário de Santa Maria

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado(a) para participar da pesquisa porque foi diagnosticado(a)

com câncer de mama. Este projeto de pesquisa pretende estudar quais pacientes tem uma

tendência maior de apresentarem câncer hereditário.

Até 10% de todos os tumores de mama podem ser de causa hereditária. Nesses casos,

pode haver uma alteração genética herdada que aumenta o risco de certo(s) tipo(s) de câncer

ocorrer(em) ao longo da vida nos portadores da alteração genética e em alguns de seus

familiares.

Objetivos:

O objetivo dessa pesquisa é estudar a necessidade de investigação do câncer de mama

hereditário no Hospital Universitário de Santa Maria.

Procedimentos:

Haverá pelo menos uma consulta para explicação da pesquisa e dos procedimentos a

serem realizados.

Leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Preenchimento de formulário

Exame físico

Possíveis riscos e desconfortos:

Para investigação de câncer hereditário é necessário realizar perguntas sobre a história

de câncer na família, além de inquirir sobre a causa de óbitos e idade do óbito dos familiares.

A coleta destas informações pode causar desconforto na medida em que induz a relembrar

Page 72: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

71

eventos muitas vezes dolorosos e não completamente superados. As questões levantadas

também podem resultar em insegurança frente às informações que são geradas e suas

repercussões sobre a sua saúde individual e familiar. Os pesquisadores estarão disponíveis

para esclarecer todas essas situações.

Benefícios esperados:

Este estudo identificará quais pacientes apresentam maior risco de câncer hereditário.

Esses pacientes serão encaminhados para uma avaliação complementar através da rede básica

de saúde, via secretaria estadual de saúde, para serviço especializado em Porto Alegre. A

identificação dos pacientes e famílias com maior risco de câncer hereditário permite

encaminhá-los para programas mais intensivos de prevenção, podendo reduzir os riscos

associados a vários tumores. A realização do trabalho também pode melhorar conhecimento

dos mecanismos da doença e o desenvolvimento de estratégias de rastreamento mais eficazes

na população geral e em famílias de alto risco para câncer.

Atenção:

A sua participação neste estudo é voluntária;

► Algumas perguntas poderão lhe gerar certo desconforto, por isso, mesmo que você tenha

concordado em participar desta pesquisa, você poderá desistir a qualquer momento. Todas as

informações de identificação pessoal coletadas serão mantidas de forma confidencial. Se

algum resultado da pesquisa for publicado na literatura científica, será de forma anônima;

► O seu nome não será vinculado aos resultados desse estudo quando os mesmos forem

publicados, porque os dados serão avaliados e divulgados apenas de forma coletiva;

► Caso você apresente um risco maior para câncer hereditário, será feito encaminhamento

para serviço de referencia em aconselhamento genético em Porto Alegre. O Hospital

Universitário de Santa Maria não possui serviço de aconselhamento genético e não realiza

exames genéticos para investigação de câncer hereditário.

Você autoriza a publicação de resultado deste estudo, em revistas ou outros meios de

divulgação científica de forma anônima?

( ) sim ( ) não

Page 73: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

72

Sinta-se à vontade para esclarecer quaisquer dúvidas antes de decidir sobre a sua

participação no estudo.

Para demais informações, você poderá entrar em contato com o Dr. João Paulo Franco

dos Santos do Hospital Universitário de Santa Maria, pelo telefone: (55)3222-8542.

Eu, __________________________________________________ declaro ter lido e discutido

o conteúdo do presente Termo de Consentimento e concordo em participar deste estudo de

forma livre e esclarecida autorizando os seguintes procedimentos:

( ) Preenchimento de formulário e exame físico

( ) Publicação dos resultados em meios de divulgação científica.

Também declaro ter recebido cópia deste Termo.

_________________________ ____ / ____ / ____

Assinatura do participante Data

__________________________ _______________________ ____ / ____ /_____

Nome do entrevistador Assinatura do entrevistador Data

Page 74: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

73

APÊNDICE B - Formulário para coleta de dados

FORMULARIO PARA COLETA DE DADOS

IDENTIFICAÇÃO

Nome: ______________________________________________________________________

Data de Nascimento: _____________________ Prontuário: ______________

Naturalidade: ___________________________ Procedência: ________________

Cor: ________________ Judeu ashkenazi: ( ) SIM ( )NÃO ( ) NÃO SABE

Data da avaliação: ____________________

HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA

Dados gineco-obstétricos

Menarca: ___________ Pré-Menopausa: ( ) SIM ( ) NÃO Menopausa: ________

Nº de filhos: ________ Idade ao nascimento do 1ª filho: _________

Amamentação: ( ) SIM ( )NÃO ( ) N/A Nº de meses amamentação _______

Reposição Hormonal: ( ) SIM ( ) NÃO ( ) N/A Nº de meses: _______

Cirurgias prévias:

Patologias prévias: Irradiação prévia em tórax (tratamento de outras neoplasias): ( ) SIM ( ) NÃO Em qual idade? ____________

PERFIL SOCIAL

Tabagismo prévio ou atual: ( ) SIM ( ) NÃO Carga tabágica ________anos/ maço

etilismo: ( ) SIM ( ) NÃO ≥ 3 drinques/dia? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) N/A

HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL

Data do diagnóstico: ______________

Tipo Histológico: ____________________________________ Grau histológico __ ____

Receptores de estorgenio: ( ) POS ( ) NEG Receptor de progesterona: ( ) POS ( ) NEG

Ki67: _______% Hiperexpressão de HER2: ( ) POS ( ) NEG ( ) IND

Estadiamento clínico: _________________

tumor multicêntrico? ( ) SIM ( ) NÃO

tumor bilateral? ( ) SIM ( ) NÃO observações:

EXAME FÍSICO

Peso: __________(Kg) Altura : _____ ___(m) IMC: __________

Perímetro cefálico: __________cm

Lesões cutâneas sugestivas de SC ou SPJ: ( ) SIM ( ) NÃO

Lesões orais sugestivas de SC ou SPJ: ( ) SIM ( ) NÃO

PAG 1

Page 75: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

74

FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS HEREDOGRAMA

PAG 2

Page 76: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

75

APENDICE C - Critérios do NCCN para encaminhamento para avaliação genética

(NCCN, 2015)

Mutação conhecida dentro da família em gene de predisposição ao câncer

Câncer de mama em idade jovem (≤ 50 anos)

Câncer de mama triplo negativo (qualquer idade)

Câncer de mama em homens

Câncer ovário (qualquer idade)

Dois primários de mama (multicêntrico, bilateral, metacrônico)

Câncer de mama (qualquer idade) + familiar (até 3º grau) com câncer de

mama ≤ 50 anos ou câncer de ovário

Câncer de mama (qualquer idade) + 2 familiares (até 3º grau) com câncer

de mama (qualquer idade)

Câncer de mama (qualquer idade) + 2 familiares (até 3º grau) com câncer

de pâncreas

Câncer de mama (qualquer idade) + 1 familiar com câncer de mama

(qualquer idade) + Câncer de pâncreas e/ou câncer de próstata gleason ≥ 7 e/ou

tumor de SNC e/ou sarcoma e/ou carcinoma de adrenal e/ou câncer de

endométrio e/ou câncer de tireóide e/ou leucemia/linfoma e/ou câncer gástrico

difuso e/ou pólipos hamartomatosos de TGI e/ou alterações dermatológicas

(Síndrome de Cowden) ou macrocefalia

Page 77: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

76

APÊNDICE D - Questionário FHS-7

1) Algum dos seus familiares em 1º grau teve câncer de mama ou ovário?

2) Algum dos seus parentes teve câncer de mama bilateral*?

3) Algum homem na sua família teve câncer de mama*?

4) Alguma mulher na sua família teve câncer de mama e ovário*?

5) Alguma mulher na sua família teve câncer de mama antes dos 50 anos*?

6) Você tem 2 ou mais parentes com câncer de mama e/ou ovário?

7) Você tem 2 ou mais parentes com câncer de mama e/ou cólon?

► Adaptações para aplicação do questionário em pacientes com história pessoal de câncer de

mama:

* Se o próprio paciente apresenta alguma das condições descritas nas questões 2, 3, 4 ou 5,

considerar a questão correspondente positiva, automaticamente.

Page 78: PREVALÊNCIA DE CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO GENÉTICA EM ...

77

APÊNDICE E – Critérios do NCCN para teste genético (genes BRCA 1 e BRCA2) em

pacientes com diagnóstico de câncer de mama (NCCN, 2015)

Indivíduo com câncer de mama proveniente de uma família com mutação

deletéria conhecida em BRCA1 ou BRCA2

Câncer de mama masculino

Diagnóstico de câncer de ovário (sincrônico ou metacrônico)

Diagnóstico de câncer de mama ≤ 45 anos

Diagnóstico de câncer de mama ≤ 50 anos com:

diagnóstico de outro câncer primário de mama

≥ 1 familiar próximo (até 3º grau) com câncer de mama em qualquer

idade

≥ 1 familiar com câncer de pâncreas

≥ 1 familiar com câncer de próstata (escore de Gleason ≥ 7)

Diagnóstico de câncer de mama ≤ 60 anos com histologia “triplo negativo”

Diagnóstico de câncer de mama em qualquer idade com:

≥ 1 familiar com câncer de mama diagnosticado ≤ 50 anos

≥ 2 familiares com câncer de mama em qualquer idade

≥ 1 familiar com câncer de ovário

≥ 2 familiares com câncer de pâncreas e/ou câncer de próstata

(Gleason ≥ 7) em qualquer idade

familiar próximo com câncer de mama masculino

ancestralidade judaica Ashkenazi ou outra etnia associada com alta

frequência de mutações