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PREVENO E CONTROLE DE PERDAS

Curso Tcnico SENAI - PR, 2004

0603AA0105703

Elaborao Tcnica Reviso Tcnica

Paulo Roberto Peruci Jorge Marcos da Silva

Equipe de editorao

Coordenao Diagramao Ilustrao Capa

Luiz Henrique Bucco Dalva Cristina da Silva Dalva Cristina da Silva Ricardo Mueller de Oliveira

Ficha Catalogrfica SENAI - DR/PR

S474p

SENAI. PR Preveno e Controle de Perdas / SENAI. PR. -- Curitiba, 2004. 137 p.

1. Preveno de acidentes de trabalho. 2. Anlise de risco de condies ambientais. CDU: 614.8

Direitos reservados ao SENAI Servio Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional do Paran Avenida Cndido de Abreu, 200 - Centro Cvico Telefone: (41) 350-7000 Telefax: (41) 350-7101 E-mail: [email protected] CEP 80530-902 Curitiba - PR

SUMRIO

CAPTULO 1 INTRODUO ......................................................................................................................... 7 HISTRICO ............................................................................................................................. 9 A ENGENHARIA DE SEGURANA TRADICIONAL ................................................................ 19 ESTUDOS REALIZADOS ...................................................................................................... 25 CONSIDERAES GERAIS ................................................................................................. 35 CAPTULO 2 A EVOLUO DO PREVENCIONISMO ................................................................................ 39 DEFINIES BSICAS ......................................................................................................... 43 CONTROLE DE DANOS ....................................................................................................... 47 CONTROLE TOTAL DE PERDAS ......................................................................................... 53 CAPTULO 3 A EMPRESA COMO UM SISTEMA ......................................................................................... 59 GERENCIAMENTO DE RISCOS ........................................................................................... 63 FASES DO PROCESSO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS ........................................... 69 CAPTULO 4 INTRODUO ....................................................................................................................... 77 TCNICAS DE IDENTIFICAO DE PERIGOS ................................................................... 79 TCNICAS DE ANLISE DE RISCOS ................................................................................... 83 TCNICAS DE AVALIAO DE RISCOS .............................................................................. 93 CAPTULO 5 INTRODUO ..................................................................................................................... 111 CARACTERSTICAS DE UM BOM MTODO DE MEDIO .............................................. 113 CLASSIFICAO DAS MEDIES .................................................................................... 115 CAPTULO 6 LGEBRA BOLEANA ........................................................................................................... 121 CONFIABILIDADE ................................................................................................................ 123 CAPTULO 7 PROGRAMA TRADICIONAL DE SEGURANA ................................................................... 133 PROGRAMA DE CONTROLE DE PERDAS ....................................................................... 135

CAPTULO CAPTULOEVOLUO HISTRICA DA ENGENHARIA DE SEGURANA DO TRABALHO

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INTRODUO

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Historicamente, el hombre ha tenido que convivir con el riesgo ... En el desarrollo humano, su prorpia evolucin y el entorno natural y tecnolgico plantean un universo de riesgos, que desde un nivel elemental cuando el hombre aparece sobre la Tierra, llega a alcanzar una extrema complejidad en el momento presente, caracterizado por la concurrencia de mltiples y sofisticados sistemas, interrelacionados a nivel local y global. Francisco Martnez Garcia (1994b)

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Conforme afirmam ANSELL e WHARTON (1992), o risco uma caracterstica inevitvel da existncia humana. Nem o homem, nem as organizaes e sociedade aos quais pertence podem sobreviver por um longo perodo sem a existncia de tarefas perigosas. Desde as pocas mais remotas, grande parte das atividades s quais o homem tem se dedicado, apresentam uma srie de riscos em potencial, freqentemente concretizados em leses que afetam sua integridade fsica ou sua sade. Assim, o homem primitivo teve sua integridade fsica e capacidade produtiva diminudas pelos acidentes prprios da caa, da pesca e da guerra, que eram consideradas as atividades mais importantes de sua poca. Depois, quando o homem das cavernas se transformou em arteso, descobrindo o minrio e os metais pde facilitar seu trabalho pela fabricao das primeiras ferramentas, conhecendo tambm, as primeiras doenas do trabalho, provocadas pelos prprios materiais que utilizava. Aps a revoluo industrial, as relaes entre o homem e seu trabalho sofreram drsticas mudanas. O homem deixou o risco de ser apanhado pelas garras dos animais, para7SENAI-PR

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submeter-se ao risco de ser apanhado pelas garras das mquinas. Junto com a evoluo industrial proporcionada pelas novas e complexas mquinas, surgiram os riscos e os acidentes da populao trabalhadora. Face s exigncias de melhores condies de trabalho e maior proteo ao trabalhador, so dados os primeiros passos em direo proteo da sade e vida dos operrios. A Engenharia de Segurana toma forma e com os estudos de Ramazzini - o Pai da Medicina do Trabalho -, passando por Heinrich, Fletcher, Bird, Hammer e outros evolui e muda conceitos, ampliando sua abordagem desde as filosofias tradicionais at nossos dias. O processo tradicional de segurana baseado em trabalhos estatsticos, que servem para determinar como o trabalho afeta o elemento humano, atravs de um enfoque altamente filosfico, mas sem tomar atitudes concretas frente ao alto ndice de acidentes, d lugar novos conceitos, e os acidentes deixam de se tornar eventos incontrolveis, aleatrios e de causas inevitveis para tornarem-se eventos indesejveis e de causas conhecidas e evitveis. Sem desmerecer as filosofias tradicionais, pois elas so um instrumento valioso e o passo inicial para buscar eficazmente no apenas a correo mas a preveno dos acidentes, torna-se imperativo para o desenvolvimento e crescimento social e econmico de uma nao, que tanto os rgos governamentais quanto a iniciativa privada vejam no homem sua riqueza maior e compreendam que investir em segurana um timo negcio.

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HISTRICO

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As atividades laborativas nasceram com o homem e sempre houveram condies e atos inseguros. O problema dos acidentes e doenas profissionais acompanha o desenvolvimento das atividades do homem atravs dos sculos. Partindo da atividade predatria, evoluiu para a agricultura e o pastoreio, alcanou a fase do artesanato e atingiu a era industrial, sempre acompanhado de novos e diferentes riscos que afetavam e ainda afetam sua vida e sade. Na poca atual, o trabalho humano vem se desenvolvendo sob condies em que os riscos so em quantidade e qualidade mais numerosos e mais graves do que aqueles que h mais de cem anos eram ameaa ao homem na sua busca diria de prover a prpria subsistncia. O homem pr-histrico procurava proteo contra animais ferozes adestrando-se na caa e vivendo em cavernas. Inicialmente, a maneira com a qual subsistia e enfrentava os perigos era devida sua astcia, inteligncia superior e uso de suas mos. Com a descoberta do fogo e das armas e a prpria organizao tribal com maior planejamento e ao grupal, o homem evoluiu cientificamente e obteve maior proteo, porm, novos riscos foram introduzidos. A inveno do machado de pedra, um avano para assegurar alimentao para si e sua famlia, incorria em graves acidentes devido prticas inseguras em seu manejo. Portanto, tanto o homem pr-histrico quanto o da Idade da Pedra j estavam constantemente expostos a perigos na vida diria, em sua luta pela existncia. Correr riscos pois, uma histria antiga. Antes da Revoluo Industrial, com o artfice individual e ainda quando a fora usada era em geral a humana ou a trao animal, os acidentes mais graves eram devidos que9SENAI-PR

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das, queimaduras, afogamentos, leses devidas a animais domsticos. Com a aplicao da energia hidrulica manufatura, seguida da aplicao da mquina a vapor e eletricidade, ocorreu uma evoluo grandiosa na inveno de novas e melhores mquinas que acompanhassem a industrializao, incorporando novos riscos e tornando os acidentes de trabalho maiores e mais numerosos. Mesmo assim, pouco se falava em sade ocupacional. O desenvolvimento tecnolgico e o domnio sobre foras cada vez mais amplas, deram nascimento a uma extensa gama de situaes perigosas em que a mquina, as engrenagens, os gases, os produtos qumicos, a poeira, etc., vem envolvendo o homem de tal forma que obrigam-no a agir com cautela enquanto trabalha, uma vez que est suscetvel, a qualquer momento, de sofrer uma leso irreparvel ou at mesmo a morte. Juntamente com a evoluo industrial, as pessoas e empresas passaram a ter uma preocupao maior com o elevado ndice de acidentes que se proliferava. Nos tempos modernos, uma das grandes preocupaes nos pases industrializados com respeito sade e proteo do trabalhador no desempenho de suas atividades. Esforos vem sendo direcionados para este campo, visando uma reduo do nmero de acidentes e efetiva proteo do acidentado e dependentes. No sem motivos que as naes vem se empenhando em usar meios e processos adequados para proteo do homem no trabalho, procurando evitar os acidentes que o ferem, destroem equipamentos e ainda prejudicam o andamento do processo produtivo. Embora como citado, o trabalho, os riscos inerentes a ele e os acidentes tenham surgido na Terra junto com o primeiro homem, as relaes entre as atividades laborativas e a doena permaneceram praticamente ignoradas at cerca de 250 anos atrs. Foi no sculo XVI que algumas poucas observaes comearam a surgir, evidenciando a possibilidade de que o trabalho pudesse ser causador de doenas.

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De acordo com SOTO (1978), as primeiras referncias escritas, relacionadas ao ambiente de trabalho e dos riscos inerentes a eles, datam de 2360 a.c., encontradas num papiro egpcio, o Papiro Seller II, que diz: Eu jamais vi ferreiros em embaixadas e fundidores em misses. O que vejo sempre o operrio em seu trabalho; ele se consome nas goelas de seus fornos. O pedreiro, exposto a todos os ventos, enquanto a doena o espreita, constri sem agasalho; seus dois braos se gastam no trabalho; seus alimentos vivem misturados com os detritos; ele se come a si mesmo, porque s tem como po os seus dedos. O barbeiro cansa os seus braos para encher o ventre. O tecelo vive encolhido - joelho ao estmago - ele no respira. As lavadeiras sobre as bordas do rio, so vizinhas do crocodilo. O tintureiro fede a morrinha de peixe, seus olhos so abatidos de fadiga, suas mos no param e suas vestes vivem em desalinho. Em 460 a.c. Hipcrates, considerado o Pai da Medicina, tambm fala dos acidentes e doenas de trabalho. No incio da era crist, Plnio novamente retoma o problema. Mas foi George Bauer quem fez um estudo concreto sobre as doenas que afetam os trabalhadores. Como refere Hunter apud NOGUEIRA (1981), em 1556 George Bauer, conhecido por seu nome latino Georgius Agrcola publicava o livro De Re Metallica, onde foram estudados os problemas relacionados extrao de minerais argentferos e aurferos e fundio de prata e ouro. Ele discute os acidentes do trabalho e as doenas mais comuns entre os mineiros, em destaque a asma dos mineiros, que segundo Agrcola era provocada por poeiras corrosivas, cuja descrio dos sintomas e rpida evoluo da doena demonstraram tratar-se de silicose, mas cuja origem no ficou claramente descrita por Agrcola. Onze anos aps a publicao deste livro aparece a primeira monografia sobre as relaes entre trabalho e doena, de autoria de Aureolus Theophrastus Bembastus von Hohenheim - o famoso Paracelso -, entitulada Dos ofcios e doenas da montanha, onde foram realizadas numerosas observaes relacionando mtodos de trabalho e substncias manuseadas, com doenas. Fala, na sua obra, da silicose e das intoxicaes pelo chumbo e mercrio sofri-

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das pelos mineiros e fundidores de metais. Apesar da importncia destes estudos, os mesmos permaneceram ignorados por mais de um sculo, no sendo feito nada a respeito da proteo e sade do trabalhador. Foi apenas em 1700, com a publicao da obra De Morbis Artificum Diatriba do mdico italiano Bernardino Ramazzini que o assunto de doenas do trabalho comeou a ter maior repercusso. Ramazzini, considerado o Pai da Medicina do Trabalho, descreveu uma srie de doenas relacionadas a cerca de 50 profisses, deixando uma pergunta no ar Qual sua ocupao?, qual no seja alertar para a desinformao quanto ao risco das inmeras doenas que qualquer trabalhador poderia estar sendo alvo. Mesmo sendo um marco para a Engenharia de Segurana, o trabalho de Ramazzini foi praticamente ignorado por quase um sculo, pois na poca ainda predominavam as corporaes de ofcio com nmero pequeno de trabalhadores, com sistema de trabalho peculiar e, por este motivo, com pequena incidncia de doenas profissionais. Com o aparecimento da primeira mquina de fiar, a Revoluo Industrial Inglesa entre 1760 e 1830 veio a mudar profundamente toda a histria da humanidade. O advento das mquinas, que fiavam em ritmo muitssimo superior ao do mais hbil artfice, a improvisao das fbricas e a mo-de-obra destreinada, constituda principalmente de mulheres e crianas, resultou em problemas ocupacionais extremamente srios. Os acidentes de trabalho passaram a ser numerosos, quer pela falta de proteo das mquinas, pela falta de treinamento para sua operao, pela inexistncia da jornada de trabalho, pelo rudo das mquinas monstruosas ou pelas ms condies do ambiente de trabalho. A medida que novas fbricas se abriam e novas atividades industriais eram iniciadas, maior o nmero de doenas e acidentes, tanto de ordem ocupacional como no-ocupacional. Diante do quadro apresentado e da presso da opinio12SENAI-PR

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pblica, criou-se no Parlamento Britnico, sob a direo de sir Robert Peel, uma comisso de inqurito, conseguindo em 1802 a aprovao da primeira lei de proteo aos trabalhadores, a Lei de Sade e Moral dos Aprendizes, estabelecendo a jornada diria de doze horas de trabalho, que proibia trabalho noturno, obrigava os empregadores a lavar as paredes das fbricas duas vezes por ano e tornava obrigatria a ventilao destas. Esta lei foi seguida de diversas outras complementares, mas mesmo assim, parcela mnima do problema foi resolvida, pois as leis, devido forte oposio dos empregadores, geralmente tornavam-se pouco eficientes. Em 1830, o proprietrio de uma fbrica inglesa, descontente com as condies de trabalho de seus pequenos trabalhadores, procurou o mdico ingls Robert Baker- que viria a ser nomeado pelo parlamento britnico como Inspetor Mdico de Fbrica-, para auxili-lo quanto a melhor forma de proteger a sade de seus operrios. Baker, conhecedor da obra de Ramazzini e h bastante tempo estudando o problema de sade dos trabalhadores aconselhou-o a contratar um mdico para visitar diariamente o local e estudar a influncia do trabalho sobre a sade dos pequenos operrios, que deveriam ser afastados de suas atividades quando notado que estas estivessem prejudicando a sade dos mesmos. Era o surgimento do primeiro servio mdico industrial em todo o mundo. O fato acima veio a culminar em 1831 com um relatrio da comisso parlamentar de inqurito, sob a chefia de Michael Saddler, que finalizava com os seguintes dizeres: Diante desta comisso desfilou longa procisso de trabalhadores - homens e mulheres, meninos e meninas. Abobalhados, doentes, deformados, degradados na sua qualidade humana, cada um deles era clara evidncia de uma vida arruinada, um quadro vivo da crueldade do homem para com o homem, uma impiedosa condenao daqueles legisladores, que quando em suas mos detinham poder imenso, abandonaram os fracos capacidade dos fortes. Em 1833, com o impacto deste relatrio sobre a opinio pblica, foi baixado o Factory Act, 1833, a Lei das Fbricas, a primeira legislao realmente eficiente no campo da proteo ao trabalhador, o que junto com a pres13SENAI-PR

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so da opinio pblica, levou os industriais britnicos a seguirem o conselho de Baker. Neste mesmo ano, a Alemanha aprovava a Lei Operria. Criam-se assim os primeiros esforos do mundo industrial de reconhecimento necessidade de proteo dos operrios, fruto das reivindicaes dos operrios. Em 1842, na Esccia, com James Smith como diretorgerente de uma indstria txtil, houve a contratao de um mdico cujas incumbncias iam desde o exame admissional e peridico at a orientao e preveno das doenas tanto ocupacionais como no ocupacionais. Passaram ento a existir as funes especficas do mdico na fbrica. A partir da, com o grande desenvolvimento industrial da Gr-Bretanha, uma srie de medidas legislativas passaram a ser estabelecidas em prol da sade e segurana do trabalhador. Desde a expanso da Revoluo Industrial em diversos pases do resto da Europa, houve o aparecimento progressivo dos servios mdicos na empresa industrial, sendo que em alguns pases, sua existncia passou de voluntria, como na Gr-Bretanha, a obrigatria. Nos Estados Unidos, os servios mdicos e os problemas de sade de seus trabalhadores no tiveram ateno especial, apesar do acentuado processo de industrializao a partir da metade do sculo passado. Os primeiros servios mdicos de empresa industrial comearam a surgir no incio do presente sculo, a partir do aparecimento da legislao sobre indenizaes em casos de acidentes de trabalho. O objetivo bsico dos empregadores era ento reduzir o custo das indenizaes, sendo que nos ltimos trinta-quarenta anos houve tal ampliao no programa, que os servios mdicos passaram a existir no somente nas indstrias cujo risco ocupacional fosse grande, mas tambm naquelas cujo risco era mnimo. Excelentes resultados foram obtidos neste pas, levando os servios mdicos industriais a serem voluntariamente instalados nas fbricas, sendo que em 1954 deu-se origem aos princpios bsicos que devem guiar o funcionamento desses, estabelecidos pelo Council of Industrial Health da American Medical Association e revistos em 1960 pelo14SENAI-PR

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Council on Occupational Health da mesma associao. A conscientizao e os movimentos mundiais com relao sade do trabalhador no poderia deixar de interessar Organizao Internacional do Trabalho (OIT) e Organizao Mundial da Sade (OMS). Desta forma, em 1950, a Comisso conjunta OIT-OMS sobre Sade Ocupacional, estabeleceu de forma ampla os objetivos da Sade Ocupacional. O tema, desde esta poca, foi assunto de inmeros encontros da Conferncia Internacional do Trabalho a qual, em junho de 1953, adotou princpios, elaborando a Recomendao 97 sobre a Proteo Sade dos Trabalhadores em Locais de Trabalho e estabeleceu, em junho de 1959, a Recomendao 112 com o nome Recomendao para os Servios de Sade Ocupacional, 1959. A OIT define o servio de sade ocupacional como um servio mdico instalado em um estabelecimento de trabalho, ou em suas proximidades, com os objetivos de: - proteger os trabalhadores contra qualquer risco sua sade, que possa decorrer do seu trabalho ou das condies em que este realizado; - contribuir para o ajustamento fsico e mental do trabalhador, obtido especialmente pela adaptao do trabalho aos trabalhadores, e pela colocao destes em atividades profissionais para as quais tenham aptides; - contribuir para o estabelecimento e a manuteno do mais alto grau possvel de bem-estar fsico e mental dos trabalhadores. O Brasil, como o restante da Amrica Latina, teve sua Revoluo Industrial ocorrendo bem mais tarde do que nos pases europeus e norte-americanos, por volta de 1930, e embora tivssemos em menor escala a experincia de outros pases, passamos pelas mesmas fases, sendo que em 1970, se falava ser o Brasil o campeo de acidentes do trabalho.

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Os servios mdicos em empresas brasileiras so razoavelmente recentes, e foram criados por iniciativa dos empregadores, consistindo inicialmente em assistncia mdica gratuita para seus operrios, geralmente vindos do campo. Estes servios tinham carter eminentemente curativo e assistencial e no preventivo como recomendado pela OIT. Os movimentos nascidos com o fim de que o governo brasileiro seguisse a recomendao 112 no surtiram resultado, e somente em junho de 1972 o Governo Federal baixando a Portaria no3.237 e integrando o Plano de Valorizao do Trabalhador, tornou obrigatria a existncia dos servios mdicos, de higiene e segurana em todas as empresas com mais de 100 trabalhadores. Segundo MACHER (1981), no h dvidas de que as doenas oferecem um srio obstculo ao desenvolvimento scio-econmico de um pas, pois um trabalhador debilitado tem em grande parte sua capacidade de produo restringida, como pode ser verificado mais claramente nos pases latinoamericanos, cujo desenvolvimento ainda no proporcionou uma viso realmente clara da necessidade de se investir no bem-estar fsico e mental de nossos trabalhadores. Conforme evoca o crculo vicioso da pobreza de Winslow, a pobreza leva a doena e esta por sua vez a produzir mais e mais pobreza, podemos nos reportar ao fato de que muitos trabalhadores que vivendo em condies inadequadas de habitao, saneamento, alimentao deficiente, baixa renda, com pouca ou nenhuma instruo em termos de higiene e grande exposio s doenas contagiosas, levam a uma situao de perdas para o pas, tanto no aspecto econmico-financeiro quanto no humano-social. Os acidentes e doenas ocupacionais reduzem grandemente a capacidade da parcela mais significante de uma nao, a populao economicamente ativa, pela gerao de incapacidade ou morte dos trabalhadores. Os pases da Amrica Latina sofrem pelos elevados ndices de incapacidade produzidos por acidentes e doenas profissionais, que se colocados em termos monetrios, as cifras resultantes causariam realmente impacto. Talvez seja este16SENAI-PR

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alto custo em acidentes do trabalho um dos fatores que impede muitas empresas, principalmente latino-americanas, de competir no mercado aberto. E ainda, muitos empresrios, ou por ignorncia ou por expectativa desmedida de lucros imediatos, no percebem que a proteo do trabalhador em suas funes e na comunidade um bom negcio. Na Latino Amrica utiliza-se como recurso para sair da etapa de subdesenvolvimento um acelerado processo de industrializao a curto prazo, trazendo inegveis benefcios econmicos, mas que por outro lado colocam o homem sob condies arriscadas, tanto em seu meio de trabalho quanto na comunidade. MACHER (1981), enfatiza que antieconmico buscar o desenvolvimento industrial de um pas sem resolver as conseqncias tcnicas, sanitrias e sociais que este processo traz consigo, pois no balano final verificar-se-ia que somente os custos de enfermidades e acidentes j seria superior aos novos bens produzidos. Conforme sugere MARTHA (1981), no pode-se esquecer que por trs de qualquer mquina, equipamento ou material est o homem, a maior riqueza da nao, e se no bastasse isso para avaliarmos a importncia da Segurana e Medicina do Trabalho, pode-se pensar que, enquanto uma indstria automobilstica tem capacidade de produzir mais de 1.000 automveis por dia com a ajuda humana, necessita-se de no mnimo 20 anos para formar um homem. Torna-se imperativo que as prprias empresas com o passar do tempo passem a compreender a necessidade de prevenir acidentes e doenas ocupacionais, dado os danos e custos que produzem. Ao se estabelecer a obrigatoriedade das empresas de dispor de servios especializados em segurana, higiene e medicina do trabalho, tm-se o propsito de evitar que acidentes e doenas ocupacionais ocorram e, em conseqncia, reduzir-se ao mnimo os danos que ocasionam.

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A ENGENHARIA DE SEGURANA TRADICONAL

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Segundo DE CICCO e FANTAZZINI (1993), o sistema convencional de anlise tem um carter puramente estatstico e est baseado em fatos ocorridos (acidentes), sendo os ndices da retirados de discutvel representatividade para o estabelecimento de aes de controle que reflitam coerentemente a potencialidade dos riscos presentes em cada ambiente de trabalho. Sob o mesmo aspecto, de acordo com IIDA (1991), no sistema tradicional os acidentes so analisados pela freqncia de ocorrncia e um relatrio com descrio sumria dos mesmos. Os relatrios geralmente apresentam poucas informaes quanto s condies de trabalho no local do acidente, no fornecendo subsdios suficientes para que essas condies sejam aperfeioadas. De acordo com KLETZ (1984?), o mtodo tradicional de identificao de perigos, utilizado desde os princpios da tecnologia industrial at nossos dias , era o de se implantar uma fbrica e esperar para ver o que ocorria, ou seja, deixar que os acidentes ocorressem para s ento tomar alguma atitude a respeito. Este tipo de mtodo at poderia ser admissvel antigamente, quando as dimenses do risco eram limitadas, mas de maneira alguma so concebveis hoje em dia, em que a evoluo tal, que em funo de maquinrios, equipamentos e do prprio desenvolvimento do homem, acidentes podem acarretar consequncias de elevada gravidade. No modelo tradicional os programas de segurana so bastante limitados, baseando-se em alguns princpios j ultrapassados para o presente como: preveno de leses pessoais; atividade reservada para rgos e pessoal especializado; aes reativas e no preventivas, baseadas em fatos j acontecidos - os acidentes, e; aceitao do acidente como fato inesperado e de causas fortuitas e ou incontrolveis.19SENAI-PR

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Vejamos porque estes princpios ou filosofias bsicas da engenharia de segurana tradicional so consideradas limitadas dentro da realidade atual: a) Segurana vista como sinnimo de preveno de leses pessoais: Inicialmente a segurana nasceu e prosperou como atividade para fazer frente aos excessos praticados pelas empresas contra a fora de trabalho. A preocupao em termos de segurana era totalmente voltada para morte ou leses incapacitantes permanentes dos trabalhadores. A partir de acordos e algumas leis especficas foram criados alguns planos de assistncia, beneficiando o empregado e sua famlia. Com o passar do tempo e com os avanos das lutas sociais, alm dos planos de assistncia, os trabalhadores passaram a ser cobertos por seguros e outros dispositivos que os protegia no apenas contra as leses incapacitantes permanentes mas tambm pela perda momentnea da capacidade de trabalho. Mais tarde, tiveram ateno especial outras formas de leses pessoais, inclusive as que no afastavam o indivduo do trabalho. O fato das empresas adotarem planos para reduzir as leses dos trabalhadores no aconteceu de forma voluntria, mas devido presso dos altos gastos financeiros oriundos das indenizaes e seguros, s reivindicaes sociais e discriminao caso no acompanhassem os novos rumos da segurana. Desta forma, apesar dos avanos, os acidentes que no envolvessem pessoas no tinham valor nenhum, embora muitos destes acidentes possussem as mesmas causas ou causas semelhantes aos acidentes com pessoas. O motivo deste desinteresse, talvez fosse devido ao simples desconhecimento do alto ndice de ocorrncia dos acidentes, bem como dos custos que acarretavam. Apesar da evoluo em que chegamos atualmente, em termos de engenharia e segurana do trabalho, esta filosofia20SENAI-PR

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perdura at hoje em grande parte das empresas e rgos do governo, principalmente nos pases subdesenvolvidos, sendo que grande parte dos acidentes como: quebra de equipamentos, interrupo do processo produtivo e agresses ao meio ambiente, no so nem mesmo registrados e muito menos analisados ou divulgados. b) O acidente sendo mal definido: Os acidentes eram considerados fatos inesperados, de causas fortuitas e/ou desconhecidas. Esta definio errnea coloca os acidentes, em grande parte, como ocorrncias inevitveis e incontrolveis. Esta constatao leva as pessoas em geral e a organizao como um todo, a um estado de inrcia frente aos acidentes, sem que seja tomada nenhuma atitude para sua preveno. Esta inrcia poderia ser explicada por uma concluso lgica de que sendo o acidente inevitvel, nada poderia ser feito para evit-lo. No entanto, sabe-se que os acidentes com causas fortuitas ou desconhecidas devem-se geralmente a fatores incontrolveis da natureza como terremotos, maremotos, raios, etc., sendo os demais acidentes geralmente previsveis e, portanto, controlveis. Atualmente os acidentes so considerados como fatos indesejveis, podendo as causas da maior parte dos mesmos serem conhecidas e controladas. Este controle depende da eficincia das equipes e pessoas envolvidas, ficando tanto a investigao quanto a preveno aliadas aos materiais e recursos disponveis e capacidade, iniciativa e criatividade do pessoal tcnico de segurana e da alta administrao da empresa. c) Programas direcionados para fatos j acontecidos: Os programas tradicionais de segurana eram desenvolvidos para agir aps os acidentes j terem acontecido tendo, quanto muito, um carter corretivo. A postura era esperar os acidentes acontecerem para s ento agir, atacando as21SENAI-PR

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conseqncias ou evitando acidentes semelhantes. No existia de forma alguma o enfoque preventivo. A preocupao com segurana preventiva ocorreu apenas mais tarde, quando surgiram os conceitos de ato inseguro e condio insegura. Os enfoques tradicionais passaram, ento, a ser substitudos por outros mais modernos, com uma maior preocupao com os acidentes pessoais e perdas a eles associadas, bem como com as perdas relativas a outros tipos de acidentes e no apenas os que envolvessem pessoas. Hoje, existem modelos que procuram explicar o acidente, mostrando-o como sendo um evento participante de uma cadeia que possui: um antes, um durante e um depois. Conhecendo-se os estgios desta cadeia possvel identificar os pontos de ataque para mudar, controlar ou interromper a cadeia original, com o objetivo de evitar ou reduzir a probabilidade de ocorrncia de acidentes e as perdas deles originrias. d) As atividades de segurana sendo centralizadas por pessoas e rgos especializados: O fato de nos modelos tradicionais a segurana ser desenvolvida por rgos especializados acabou por deixar os executantes pouco informados e pouco capazes de agir de forma preventiva, j que a mesma vem de outros rgos, de outras pessoas. Deste modo, por no conhecer em profundidade todos os trabalhos executados numa empresa, o profissional especializado de segurana fica impossibilitado de prever e, por conseguinte, prevenir de forma completa os perigos inerentes aos trabalhos os quais no domina. Por ser tarefa de um rgo especializado, os trabalhadores e pessoas que no fazem parte da rea de segurana acabam por achar que esta tarefa no de sua responsabilidade, havendo descomprometimento por parte dos mesmos. Atualmente sabe-se que para ser completa e eficaz, a segurana deve nascer e progredir junto com a tecnologia da22SENAI-PR

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rea. Toda a organizao deve estar integrada, e todo trabalho deve ser pensado e planejado com segurana sendo, portanto, a execuo segura uma decorrncia natural. Na dcada de 60 j sabia-se que programas com a filosofia tradicional limitava as atividades de segurana, havendo estagnao de resultados e desmotivao, alm de falta de interesse, tanto por parte de empregados como das chefias e superviso. Diversos autores que buscavam em seus estudos intensificar as atividades de segurana nas empresas, e com isso obter melhores resultados nas estatsticas e nos custos, apontavam as limitaes da filosofia tradicional. No entanto, mesmo tendo conscincia das limitaes do sistema convencional de anlise de riscos, no deve-se, sobremaneira, desprez-lo ou minimizar sua importncia. Os ndices, taxas e medidas fornecidas pelo mesmo nos so importantes instrumentos para servir de base s modernas tcnicas de anlise de riscos, para efetuar inferncias, conhecer e avaliar a severidade dos riscos potenciais nos ambientes de trabalho, estabelecer prioridades e programas e, principalmente, dar o primeiro passo para controlar e, o que mais importante, detectar falhas ou imprevistos antes que ocorram os acidentes podendo, assim, preveni-los. Desta forma, no cabe desprestigiar totalmente os programas tradicionais, pois qualquer programa de segurana, pelo simples fato de existir, j um fator positivo. Os mtodos tradicionais tm, isso sim, alcance limitado frente aos problemas e exigncias, hoje caractersticas, tanto de rgos governamentais quanto da iniciativa privada. Pode-se concluir que na filosofia tradicional as causas fundamentais e bsicas dos acidentes no eram atacadas simplesmente por no serem devidamente conhecidas. As pessoas e a estrutura como um todo tinham uma posio passiva, esperando um fato por eles considerado inevitvel - o acidente, para s ento agir ou melhor, reagir formando equipes para combater emergncias sem nenhum carter preventivo. Pouca ou nenhuma ateno era dada a danos materiais e23SENAI-PR

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ambientais que pudessem ocorrer, sendo os acidentes que no envolvessem pessoas considerados como decorrncia normal da atividade. Desta forma os custos dos acidentes no eram conhecidos, j que os pessoais so de difcil quantificao e os outros eram aceitos como custos normais de produo. Como decorrncia de todo o processo tradicional, os empregados, chefias e superviso ficavam pouco engajados e pouco comprometidos com as atividades e resultados envolvendo segurana. Foi graas aos estudos de Heinrich, Bird, Fletcher e depois Hammer (abordados a seguir) que a engenharia de segurana passou a ter um outro enfoque, dando surgimento s doutrinas preventivas de segurana. Segundo esta nova viso, a atividade de segurana s eficaz quando essencialmente dirigida para o conhecimento e atuao no foco, nas causas dos acidentes, envolvendo para isso toda a estrutura organizacional, desde os nveis mais altos de chefia e superviso at o mais baixo escalo.

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ESTUDOS REALIZADOS

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Diversos autores se destacaram e desenvolveram importantes estudos buscando uma melhor compreenso dos problemas relativos segurana, propondo metodologias para mudana no estilo de abordagem e trabalhando na obteno de melhores resultados. atravs desta mudana de abordagem que o termo acidente passa a ter outra conotao, que de causas fortuitas, desconhecidas e incontrolveis passou a ser visto como sendo ocasionado por causas indesejveis que podem ser conhecidas previamente e, portanto, controladas. O acidente passou a ser visto de forma mais ampla, onde sem relegar os acidentes com leses pessoais, passaram a ser considerados acidentes todas aquelas situaes que de forma direta ou indireta viessem a comprometer o bom andamento do processo produtivo, quer pela perda de tempo, pela quebra de equipamento ou qualquer outro incidente envolvendo ou no o homem, provocando ou no leso, mas que tenha provocado desperdcio, ou seja perdas tanto a nvel monetrio quanto pessoal.

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ESTUDOS DE H.W. HEINRICH E R.P. BLAKE - (Idia de acidentes com danos propriedade - acidentes sem leso) Foram os primeiros a apontar que apenas a reparao de danos no era suficiente e sim a necessidade de aes to ou mais importantes, que alm de assegurar o risco de acidentes (pela abordagem tradicional acidente = leso) tendessem a preveni-los. Heinrich pertencia a uma companhia de seguros dos Estados Unidos e em 1926, a partir da anlise de acidentes do trabalho liquidados por sua companhia, iniciou uma investiga25SENAI-PR

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o nas empresas em que os acidentes haviam ocorrido, tentando obter informaes sobre os gastos adicionais que as mesmas haviam tido, alm das indenizaes pagas pelo seguro. Os dados refletiam a mdia da indstria americana, no sendo sua inteno, no entanto, generalizar esta estimativa para todos os casos de levantamento de custos de acidentes nas empresas. Desta forma, Heinrich chamou de custos diretos os gastos da companhia seguradora com a liquidao de acidentes, e de custos indiretos as perdas sofridas pelas empresas em termos de danos materiais e de interferncias na produo. Com relao a estes custos, em 1931 Heinich revelou em sua pesquisa a relao 4:1 (custos indiretos : custos diretos) entre os custos dos acidentes, ou seja, os custos indiretos eram cerca de 4 vezes maiores do que os custos diretos, para a indstria como um todo. De acordo com DE CICCO (1984) a consistncia e o significado da proporo de 4 para 1 so extremamente fracos, e o fato de no ter sido utilizado nenhum modelo padronizado para o clculo dos referidos custos torna o emprego desta proporo totalmente invivel, alm do que, a necessidade da realizao de estudos especficos e da no generalizao deriva tambm do fato de que esta relao poder variar de 2,3:1 at 100:1, no sendo objetivo do autor aplicar tal proporo em casos individuais e especficos. Em 1947, a partir dos estudos de outro norte-americano R.H.Simonds apud DE CICCO (1984), os termos custo direto e custo indireto de Heinrich foram substitudos, respectivamente, por custo segurado e custo no segurado. O mtodo proposto por Simonds, para o clculo dos custos de acidentes, enfatiza a realizao de estudos-piloto em cada empresa, dos custos associados a quatro tipos bsicos de acidentes: leses incapacitantes, casos de assistncia mdica, casos de primeiros socorros e acidentes sem leso. Foi Heinrich quem introduziu pela primeira vez a idia de acidentes sem leso, ou seja, os acidentes com danos a propri26SENAI-PR

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edade. Sob este enfoque so considerados todos aqueles acidentes que, de uma forma ou de outra, comprometem o andamento normal de uma atividade, provocando danos materiais. As propores obtidas entre os diversos tipos de acidentes: com leso incapacitante, com leses no incapacitantes e acidentes sem leso, obtidos pelos estudos de Heinrich, so os representados na figura 1.1.

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De acordo com a pirmide de Heinrich observa-se que para 1 acidente com leso incapacitante , correspondiam 29 acidentes com leses menores e outros 300 acidentes sem leso. Esta grande parcela de acidentes sem leso no vinha sendo considerada, at ento, em nenhum aspecto, nem no financeiro e nem no que tange aos riscos potenciais que implica sade e vida do trabalhador caso algum fator contribuinte (ato ou condio insegura) os transformassem em acidentes com perigo de leso. Heinrich apud HEMRITAS (1981), em sua obra Industrial Accident Prevention, aponta que os acidentes de trabalho, com ou sem leso, so devidos personalidade do trabalhador, prtica de atos inseguros e existncia de condies inseguras nos locais de trabalho. Supe-se, desta forma, que as medidas preventivas devem ater-se ao controle destes trs fatores causais. Neste ponto, pode-se ter uma idia da importncia e do no esquecimento dos mecanismos tradicionais, pois o reconhecimento e identificao das causas podem ser realizados atravs da coleta de dados durante a investigao dos acidentes. O uso dos quadros estatsticos baseados nesta coleta podem ser fundamentais para elaborao e programao da preveno de acidentes.27SENAI-PR

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Anos mais tarde, R. P. Blake analisando o assunto sob o mesmo ponto de vista de Heinrich, chegou a formular com ele afirmativas e sugestes, visando a diminuio da perda por acidentes. Do ponto de vista destes autores as empresas, mais do que promover medidas de proteo social a seus empregados, deveriam efetivamente preocupar-se em evitar os acidentes, sendo eles de qualquer natureza. Esta sugesto estava calcada no pressuposto de que, segundo suas observaes, apesar das empresas direcionarem esforos na proteo social de seu empregado, as perdas materiais com acidentes continuavam a ser de grande magnitude sendo que, muitas vezes, os acidentes com danos propriedade tinham as mesmas causas ou, pelo menos, causas semelhantes aos dos acidentes pessoais.

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ESTUDOS DE FRANK E. BIRD JR. - (Controle de Danos, Preveno de Perdas, Controle de Perdas) Apesar de j haver sido alertado por Heinrich duas dcadas antes, foi somente na dcada de 50 que tomou forma nos E.U.A um movimento de grande valorizao dos programas de preveno de riscos de danos materiais. O Conselho Nacional de Segurana dos E.U.A., em 1965, concluiu que em dois anos o pas havia perdido em acidentes materiais uma parcela que se igualava ao montante de perdas em acidentes pessoais, chegando as perdas a uma cifra de US$ 7,2 e US$ 7,1 bilhes para danos materiais e pessoais respectivamente. E mais, em 1965 os acidentes com danos materiais nas empresas superavam, quase em duas vezes, as perdas com danos materiais em acidentes de trnsito no ano de 1964, ficando as perdas em um valor de US$ 1,5 bilhes para estes e de US$ 2,8 bilhes para aqueles. Nesta mesma poca estimativas semelhantes comearam a ser realizadas pelas empresas. Em 1915 a Luckens Steel, empresa siderrgica da Filadlfia, havia nomeado um Diretor de Segurana e Bem-Estar conseguindo, com isto, reduzir, at 1954, o coeficiente de fre28SENAI-PR

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qncia de 90 para 2 acidentes pessoais por milho de homens-hora trabalhados. Igual sucesso, porm, no obteve na reduo dos acidentes graves com danos propriedade sofridos pela empresa neste mesmo ano. Os controles de medio de custos e programas executados durante os 5 anos subsequentes serviram para mostrar gerncia, os grandes danos incorridos na empresa por decorrncia de acidentes materiais. Em 1956, reconhecendo a importncia do problema, os acidentes com danos propriedade eram, ento, incorporados aos programas de preveno de leses j existentes na empresa. Face aos resultados satisfatrios obtidos, o ano de 1959 foi adotado como base para o futuro, sendo o custo dos danos propriedade observado neste ano-base de US$ 325.545 por milho de horas-homem trabalhadas. Em 1965 o mesmo custo era estimado em US$ 137.832 por milho de horas-homem trabalhadas, com uma reduo, durante estes 7 anos, de US$ 187.713. Na Luckens Steel, Bird desenvolveu seus estudos e iniciou um programa de Controle de Danos, que sem descuidar dos acidentes com danos pessoais - o homem o fator preponderante em qualquer programa de engenharia de segurana -, tinha o objetivo principal de reduzir as perdas oriundas de danos materiais. A motivao inicial para seu trabalho foram os acidentes pessoais e a conscincia dos acidentes ocorridos durante este perodo com ele e seus companheiros de trabalho, j que o prprio Bird fora operrio da Luckens Steel. Estes dois fatores aliados levaram-no a se preocupar com a rea de segurana. Os quatro aspectos bsicos do programa por ele elaborado foram: informao, investigao, anlise e reviso do processo. Em 1966, baseando sua teoria de Controle de Danos em uma anlise de 90.000 acidentes ocorridos na Luckens Steel, durante um perodo de mais de 7 anos, observou que do total, 145 acidentes foram incapacitantes, 15.000 acidentes com leso e 75.000 foram acidentes com danos propriedade. Assim, Bird chegou a proporo entre acidentes pessoais e com danos propriedade mostrada na figura 2.2.29SENAI-PR

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Pela pirmide de Bird, na figura 2.2., observa-se que para cada acidente com leso incapacitante, ocorriam 100 pequenos acidentes com leses no incapacitantes e outros 500 acidentes com danos propriedade. Bird, em seu trabalho, tambm estabeleceu a proporo entre os custos indiretos (no-segurados) e os diretos (segurados), obtendo a proporo 6,1:1. O objetivo do estabelecimento de tais custos foi o de mostrar como cada empresa pode estimar os seus individuais. Cabe ressaltar que a proporo de Bird (6,1:1) no mais significativa do que a proposta, por exemplo, por Heinrich (4:1), e que cada empresa deve, na verdade, fazer inferncias sobre os resultados dos prprios dados levantados.

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Ao invs de simples slogans, como era comum na poca, o trabalho de Bird teve o mrito de apresentar dados com projees estatsticas e financeiras, alm das perdas materiais e pessoais sofridas pela empresa. Apesar disto, nos ltimos 10 anos no houve diminuio significativa na taxa de freqncia de acidentes havendo, isso sim, uma diminuio de cerca de 50% na taxa de gravidade dos mesmos. Segundo Bird apud OLIVEIRA (1991) a forma de se fazer segurana atravs do combate a qualquer tipo de acidente e que a reduo das perdas materiais liberar novos recursos para a segurana. Mais