Primeira Aula de Grego

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1 IGREJA PRESBITERIANA FUNDAMENTALISTA DO BRASIL SEMINÁRIO PRESBITERIANO FUNDAMENTALISTA DO BRASIL DEPARTAMENTO DE TEOLOGIA EXEGÉTICA DO NOVO TESTAMENTO DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À LINGUA GREGA I CARGA HORÁRIA: 60h - CRÉDITOS: 4. Prof. João Ricardo Ferreira de França. Contatos:8684-6461/3475-7544 [email protected] Tema da Aula: A Importância da Língua Koinê. Introdução: O estudo de uma língua requer que o estudante tenha uma noção básica a respeito da origem e desenvolvimento da mesma que se pretende aprender; no caso, das linguas bíblicas requer-se a mesma atenção. Mas, antes de tudo precisamos entender que a língua bíblica não é sagrada em sua natureza; ela tem uma sintaxe, morfologia e estrutura gramatical. Devemos estar atentos ao que disse Bruggen: É necessário um estudo de hebraico, aramaico e grego. Estas são línguas bíblicas incomuns. Não existe língua bíblica. Existe texto bíblico. Alguns pesquisadores de literatura e de teologia acham que é possível escrever-se uma espécie de gramática textual. Isso é infudado. (BRUGGEN, 1998, p.20). Não existe nada de sagrado (do ponto de vista essencial da língua) no hebraico ou no grego. O que deve haver de nossa parte é uma consideração particular para com esses idiomas porque aprouve a Deus revelar sua Palavra por meio dessas línguas. Nisso há uma necessidade de aprofundamento. Devemos entender que não estamos lidando com uma língua de anjos, mas com um idioma de homens que verbalizaram a Palavra de Deus para nós. Não podemos esquecer disso. I - A Origem da Língua Grega: Ir em busca da pérola de grande valor é algo custoso para o estudante das línguas bíblicas, especialmente do estudante do idioma dos registros neotestamentários. E a razão está no fato de haver pouco material (em nossa língua) sobre este assunto. Todavia, nós estamos aqui para tentar compreender um pouco essa língua - O grego.

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Um breve aoresentação da lígua grega para os estudantes de teologia. Do cruso no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil em Recife.

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IGREJA PRESBITERIANA FUNDAMENTALISTA DO BRASIL

SEMINÁRIO PRESBITERIANO FUNDAMENTALISTA DO BRASIL

DEPARTAMENTO DE TEOLOGIA EXEGÉTICA DO NOVO TESTAMENTO

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À LINGUA GREGA I

CARGA HORÁRIA: 60h - CRÉDITOS: 4.

Prof. João Ricardo Ferreira de França.

Contatos:8684-6461/3475-7544

[email protected]

Tema da Aula: A Importância da Língua Koinê.

Introdução: O estudo de uma língua requer que o estudante tenha uma noção básica a respeito da origem e desenvolvimento da mesma que se pretende aprender; no caso, das linguas bíblicas requer-se a mesma atenção.

Mas, antes de tudo precisamos entender que a língua bíblica não é sagrada em sua natureza; ela tem uma sintaxe, morfologia e estrutura gramatical. Devemos estar atentos ao que disse Bruggen:

É necessário um estudo de hebraico, aramaico e grego. Estas são línguas bíblicas incomuns. Não existe língua bíblica. Existe texto bíblico. Alguns pesquisadores de literatura e de teologia acham que é possível escrever-se uma espécie de gramática textual. Isso é infudado. (BRUGGEN, 1998, p.20).

Não existe nada de sagrado (do ponto de vista essencial da língua) no hebraico ou no grego. O que deve haver de nossa parte é uma consideração particular para com esses idiomas porque aprouve a Deus revelar sua Palavra por meio dessas línguas. Nisso há uma necessidade de aprofundamento.

Devemos entender que não estamos lidando com uma língua de anjos, mas com um idioma de homens que verbalizaram a Palavra de Deus para nós. Não podemos esquecer disso.

I - A Origem da Língua Grega:

Ir em busca da pérola de grande valor é algo custoso para o estudante das línguas bíblicas, especialmente do estudante do idioma dos registros neotestamentários. E a razão está no fato de haver pouco material (em nossa língua) sobre este assunto. Todavia, nós estamos aqui para tentar compreender um pouco essa língua - O grego.

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Qual é a relação que tem a Língua Grega com o nosso idioma? Notamos que há em nossa língua uma certa dependência do grego. Por exemplo, a palavra ‘estomago’ esta é uma palavra tipicamente grega; e significa ‘boca’ no grego! Sugestivo, não? Ora, o que é um estomago? É uma boca que mastiga o alimento.

O grego é visto como uma língua mãe de onde derivou-se mais de dez idiomas. Alguém já disse:

A Língua-mãe de todas línguas do mundo aparentemente deu origem a dez outras línguas(cada uma delas não constituia grandes famílias linguisticas isoladas, mas sim línguas aparentadas). Uma dessas dez filhas foi o ‘Proto-Indo- Europeu’ de onde se originou o grego, o latim, as línguas neolatinas, linguas germânica etc. (WALLACE,2009, p.14)

II - Os Estágios da Língua Grega ( Sob o aspcto Diacrônico)1

Dentro do estudo da língua grega deve se ter em mente que houve cinco estágios

significativos para o desenvolvimento da da mesma. A “história da língua grega tem seu

ponto de partida em cerca de 1500 antes de Cristo.” (REGA,1986, p.1). Isso nos leva

para uma breve introdução ao desenvolvimento deste idioma:

2.1 - O Período Pré-Homérico.(das origens até 100 a.C)

No incio do 3º milênio a.C., houve grandes invasões na região da Grécia, muitos

desses invasosres foram depois indicados como indo-europeus. Hendriksen informa

que:

No ano de 278 a. C. Um grande número de gauleses e celtas, a quem anteriormente haviam invadido e assolado a Grecia, Macedonia e Trácia, cruzaram até a Asia Menor. Sua chegada não era —pelo menos não do todo — uma invasão injusta, já que chegaram devido a iniciativa que lhes extendera Nicomedes rei da Bitínia. De modo que alíe estavam eles com suas esposas e filhos, ocupando o próprio coração da Ásia Menor, em uma larga faixa que se extendia até o norte desde o centro (HENDRIKSEN,2005, p.12-13)

Mas, também é sabido que neste período houve grendes acidentes geográficos na

penísula Ática e adjacências, isolando esses povos e isso favoreceu o “desenvolvimento

de vários dialetos. À medida que se estabeleciam, esses grupos desligavam-se uns dos

outros, desenvolvendo um dialeto diferente da língua de seu grupo

original.”(WALLACE, 2009, p.14) 1 Aspecto diacrônico refere-se ao estudo da língua grega durante os tempos. A palavra é por dois

vocábulos gregos uma preposição e um substantivo: dia (dia) preposição = através de; cro,noj (chrónos)

substantivo = tempo.

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2.2 - O Período Clássico (1000 a.C - 330 a.C).

Devido ao desenvolvimento geográfico e político da Grécia, o surgimento das

cidades-estados independentes, fizeram com que os gregos ficassem fragmentados, e

assim, deste modo, surgiu vários dialetos. Todavia, quatro desses dialetos se destacaram

e predominaram neste período.

Os principais dialetos deste período foram o Eólico (cujo material que existe é

somente poético, p.e. Safo); Dórico (também é um material poético, tendo como

representantes de seu uso os poetas Pindaro e Teócrito); Jônico este dialeto é

encontrado em obras como as de Homero, Hesiodo, Heródoto e Hipócrates; e, por

último, temos o dialeto Ático.

O Grego Clássico é identificado com esse dialeto o Ático. Por causa, da precisão,

da beleza com que este idioma carregava; obras relevantes para o pensamento humano

foram produzidas neste período e escritas com este dialeto.2

2.3 - O Período do Grego koinê (330 a.C - 330 d.C).

Quando nasceu essa língua? Esse idioma nasceu “das conquistas de Alexandre, o

Grande. Na confederação das tribos (Atenas e outras cidades gregas) sob sua direção,

houve uma miscigenação que, inevitavelmente, suavizou a aspereza de alguns dialeteos

e destruiu outros de sua importância tribal.” (WALLACE,2009, p.15)

Agora a língua passara a ser o idioma comercial em todo mundo, sendo

paulatinamente tranformado em uma única língua no mundo de então. A cultura

helenica passa a ser conhecida e influenciadora em diversas culturas.

Todas essas cidades, eram centro do helenismo. O mundo todo, dentro de poucos anos, foi helenizado. Alexandre não impôs pelas armas a cultura grega. Foi uma invasão pacífica. Os povos tinham sede de saber. Os gregos lhe traziam cultura, mas em sua língua; para saber o conteúdo daqueles manuscritos, eram obrigados a aprender a língua grega, o que fizeram espontâneamente.(TOGNINI, 1980,p.73)

2 As obras de Aristoteles, as histórias de Tucídes e Xenofonte; os discursos de Demóstenes e os tratados

filosóficos de Platão.

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2.4 - O Período Bizantino (330 d.C -1453 d.C).

Este grego é conhecido também como Grego Medieval - ou seja, o grego usado

na idade média. Dois fatores serviram apara o surgimento deste tipo de grego:

a) A ‘conversão’ de Costantino ao Cristianismo: O Grego Koinê evoluiu para o

chamado Grego Bizantino na presença do Imperador Costantino, onde o grego

bíblico passou a ter um status religiosa apenas, não era mais visto como a lingua

comum (o significado do termo koinê) do povo, mas apenas a língua religiosa

dos sacerdotes.

b) A divisão do Império Romano: Coma divisão do Império em Ocidental e

Oriental fez com que o Koinê perdesse o seu status de língua mundial.

2.5 - O Período Moderno (1453 d.C ao presente)

Os turcos invadiram Bizâncio no ano de 1453. E, desse modo, a língua grega

não ficou isolada, pois, os sacerdotes fugiram levando muitas cópias dos manuscritos de

obras helênicas, incluindo os textos sagrados do cristianismo.

No movimento ad fontes (retorno às fontes) deu grande ímpeto à Reforma

Protestante (Erasmo e Lutero) passaram a divulgar a Língua Grega. No caso de Erasmo

isso ocorreu em sua edição do Novo Testamento Grego (PAROSCHI,1993,p.108-111).

Mas a língua grega sofreu pequenas modificações ao longo dos tempos até se tornar o

que se conhece hoje. Pois, hoje se tem dois tipos de Grego.

a) Kathareousa (kaqareu,ousa = “língua literária).

Este é um emprendiemento dos gregos modernos de restaurar a língua o Grego

Ático (grego literário das grandes obras). Esta língua é uma tentativa do literário Johann

Schleyer - um sacerdote católico romanode Bandem, Alemanha. Disse (nos anos de

1879-1880) que Deus se revelou a ele para que este desse origem a uma língua

iternacional.Tal criação não tem boa aceitação entre os linguísticos modernos na Grécia,

e tem sido considerada uma língua mixada de muitos jargões e menos literária.

b) Demotikê (dhmotikh,)

Esta é a língua falada atualmente na Grécia. Ela é “descendente direta do Koinê”.

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III - O GREGO KOINÊ (Aspecto Sincrônico)3

3.1 - O que significa o termo Koinê?

No grego o termo Koinh, é um adjetivo feminino de Koino,j que significa

“comum”. Indica que a língua falada tem o senso comunal para ser compreendida por

todos, implica na universalização da comunicação. Todos entendiam o Koinê porque era

acessível a todos.

3.2 - A Estrutura das Sentenças no Koinê.

a. Sentenças mais curtas e mais simples: No grego clássico as sentenças (frases,

períodos e textos) eram mais complexos e por isso, poucos tinham acesso a língua.

b. Menor uso de particulas e conjunções: No grego clássico era comum o uso de

conjunções, no Koinê fica muito reduzida.

c. A parataxe (orações coordenadas) eram amplamente usadas: No grego

clássico a presença das coordenadas era escassa, uma vez que no Grego Ático era

necessário o uso das orações subordinadas por causa das sentenças complexas.

d. O discurso direto: Em toda a estrutura da língua grega no Koinê o discurso é

direto.

IV - TIPOS DE KOINÊ.

4.1 - O Vernacular:

Aquele que estva presente na ruas, o dialeto coloquial, a língua das camadas

populares. Esse tipo de grego fora encontrado nos papiros egípicios

4.2 - O Literário: É o tipo que se usa para escrever expressões literárias e obras

significativas. Alguns escritores antigos consiguiram tal façanha: Josefo, Filo, Deodoro,

Estrabo, Epíteto.

3 Sincrônico é um termo grego que vale-se de dois vocábulos; uma preposição e um substantivo. sun (sin) = junto, ajuntar, reunir; cro,noj (chrónos) substantivo = tempo. E o significado da expressão é junto

com o tempo, analisa a palavra dada no momento temporal em que está sendo usada, tanto sixtamente

como semanticamente.

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4.3 - Coloquial:

Aquele tipo de grego conhecido e reconhecido por qualquer cidadão da Grécia e

do mundo; todos entendiam o que era falado e ensinado.

4.4 - Aticista:

Foi uma tentativa de reviver o grego Ático tentando parar ou refrear o

cresciemento do koinê comum (Ático comum), são conhecidos como os ‘puristas’ que

tendem a valorizar o atigo Ático sem desenvolver um sistema gramátical para as novas

realidades.

V - O GREGO DO NOVO TESTAMENTO.

Diante disso precisamos entender a naturaza do grego do Novo Testamento.

Duas perguntas são fundamentais para a compreensão adequada da problemática:

1) Quais eram as linguas virgentes no primeiro século a.C, na palestina?

2) Onde o grego neotestamentário se encaixa no Koinê?

São essas duas perguntas que precisamos procurar por respostas. Isso é

pertinente para o entendimento da língua como um todo..

Sabemos que durante o primeiro século havia um tríade de línguas na Palestina.

O aramaico (lingua usada entre os judeus no dia-a-dia); o hebraico (língua usada no

ritos sagrados dos judeus); e o grego (língua franca para o desenvolvimento comercial e

mundial),há um certo número de eruditos que sustentam ser o grego a principal língua

nesse período, incluindo assim, que o próprio Jesus tenha se utlizado dessa língua várias

veses. Muitas razões são apresentadas para corroborar com essa ideia (Apud,

WALLACE, 2009, p.24).

1. O grego como língua do Império

2. O caráter Línguistico e Cultural da baixa Galiléia no primeiro século

3.O fator da linguística, ou seja, a transmissão do NT. Desde os manuscritos mais antigo4.

4 A disciplina que lida com essas questões é a “Crítica texutal do Novo Testamento”.

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REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS.

BRUGGEN, Jakob Van. Para Ler a Bíblia. Tradutor: Theodoro J. Havinga. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, 191pp.

HENDRIKSEN, William. COMENTARIO AL NUEVO TESTAMENTO Exposición de Gálatas.Sevilla: Libros Desafios, 2005, 278pp.

PAROSCHI, Wilson. Crítica Textual do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1993, 248pp.

REGA, Lourenço Stelio. Nocões do Grego Bíblico. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986, 195pp.

TOGNINI, Enéas. O Período Interbíblico. São Paulo: Edições da Livraria e Papelaria Louvores do Coração, 1980, 173pp.

WALLACE, Daniel B. Gramática Grega - Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento. Tradutor: Roque Nascimento Albuquerque. São Paulo: Editora Batista Regular do Brasil,2009, 823pp.