Primeiros alunos Erasmus recordam experiência para a...cêuticas pela UC, desde Julho de 2016, a...

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01-06-2017 Patrícia Isabel Silva João Paulo Barbosa de Melo era um «jovem assistente» a começar a dar aulas na Facul- dade de Economia da Univer- sidade de Coimbra, quando surgiu o programa Erasmus. Na altura, com 26 anos, não teve dúvidas de que uma ex- periência internacional seria determinante para o doutora- mento e acabou por integrar o grupo de 36 estudantes da UC que participou no primeiro programa de mobilidade. Siena foi a escolha e ainda hoje esta cidade encanta o an- tigo presidente da Câmara Mu- nicipal de Coimbra. Aliás, refe- riu, «Itália é o meu segundo país. Tenho uma ligação afec- tiva muito forte», por isso, não é de estranhar que seja um dos seus destinos de eleição quan - do viaja. «O Erasmus era um bocadi- nho diferente do que é hoje. Eu fui para frequentar um pro- grama de doutoramento con- junto», realça. «Foi uma fonte de crescimento muito grande», continua Barbosa de Melo, acrescentando que ainda hoje mantém «ligações» criadas na- quela época, no seis meses que lá passou. Quando chegou a Siena, ia «completamente sozinho». Por opção, foi viver numa residên- cia com estudantes de vários países, que, desde o início, es- tipularam que a comunicação entre todos se faria em italiano. «O que é certo é que ainda hoje falo razoavelmente bem ita- liano», adianta. Dos quatro filhos de João Paulo Barbosa de Melo, dois realizaram o programa Eras- mus e a filha mais velha, à se- melhança do pai, também es- colheu Siena. Tal como Barbosa de Melo, António Campar de Almeida, docente do Departamento de Geografia da Universidade de Coimbra, estava no início do doutoramento quando surgiu a oportunidade de participar num programa de mobilidade. O litoral era a sua área de es- tudo e que melhor destino do que a Holanda? Utrech foi a sua cidade durante quase três meses. «Eles são especialistas por razões óbvias», salienta, re- cordando o quanto «foi funda- mental» e «enriquecedora» es- ta experiência internacional. «Fui sozinho e esse primeiro dia custou. Cheguei a um do- Primeiros alunos Erasmus recordam experiência para a Programa Erasmus foi criado há 30 anos e a Universidade de Coimbra é uma das pioneiras. Na estreia, os estudantes que beneficiaram do programa de mobilidade De 36 a 800 estudantes No primeiro ano de mobili- dade, a Universidade de Coim- bra enviou 36 estudantes para diversas universidades euro- peias e, actualmente, são já cerca de 800 os alunos que saem de Coimbra, anualmente, para viver uma experiência Erasmus, salienta Filomena Marques de Carvalho, chefe da Divisão de Relações Interna- cionais. A responsável que acompa- nha o programa desde o início, destaca o crescimento gradual e lembra que a UC foi das pri- meiras a entrar na rede da mo- bilidade. | De Erasmus a Erasmus + O que começou, formalmente a 17 de Junho 1987, como um programa de mobilidade estu- dantil, cresceu ao longo do tempo, e envolveu cerca de cinco milhões de participantes directos e influenciando indi- retamente a vida de inúmeras outras pessoas. Durante primeiro ano (1987/1988), o programa con- tou com a participação de 11 países (Bélgica, Dinamarca,Ale- manha, Grécia, França, Irlanda, Itália, Países Baixos, Portugal, Espanha e Reino Unido) e per- mitiu a 3244 estudantes realizar uma parte dos seus estudos no estrangeiro. Em 2014, a União Europeia, decidiu reunir vários progra- mas num só: o Erasmus +. Reconhecido como o mais bem sucedido programa da União Europeia, o Erasmus + envolveu quase dois milhões de pessoas, entre 2014 e 2016. | Comemorar e reflectir a Europa O ano de 2017 está a ser de co- memoração para o programa Erasmus +, mas espera-se tam- bém que esta seja uma opor- tunidade para reflectir o futuro da Europa. Por toda a Europa, estão pre- vistos eventos a contar a his- tória dos 30 anos do programa Erasmus+ e dos programas que o antecederam. A nível local, nacional e eu- ropeu, há cerimónias de come- moração, conferências, deba- tes, diálogos, exposições, fóruns e outros eventos. | Parede Erasmus ilustra momentos dos estudantes que vivem a experiência de estudar no estrangeiro Barbosa de Melo no jantar de despedida em Siena COIMBRA 30 ANOS DE ERASMUS

Transcript of Primeiros alunos Erasmus recordam experiência para a...cêuticas pela UC, desde Julho de 2016, a...

  • 01-06-2017

    Patrícia Isabel Silva

    João Paulo Barbosa de Meloera um «jovem assistente» acomeçar a dar aulas na Facul-dade de Economia da Univer-sidade de Coimbra, quandosurgiu o programa Erasmus.Na altura, com 26 anos, nãoteve dúvidas de que uma ex-periência internacional seriadeterminante para o doutora-mento e acabou por integrar ogrupo de 36 estudantes da UCque participou no primeiroprograma de mobilidade.

    Siena foi a escolha e aindahoje esta cidade encanta o an-tigo presidente da Câmara Mu-nicipal de Coimbra. Aliás, refe-riu, «Itália é o meu segundopaís. Tenho uma ligação afec-tiva muito forte», por isso, nãoé de estranhar que seja um dos

    seus destinos de eleição quan -do viaja.

    «O Erasmus era um bocadi-nho diferente do que é hoje. Eufui para frequentar um pro-grama de doutoramento con-junto», realça. «Foi uma fontede crescimento muito grande»,continua Barbosa de Melo,acrescentando que ainda hojemantém «ligações» criadas na-quela época, no seis meses quelá passou.

    Quando chegou a Siena, ia«completamente sozinho». Poropção, foi viver numa residên-cia com estudantes de váriospaíses, que, desde o início, es-tipularam que a comunicaçãoentre todos se faria em italiano.«O que é certo é que ainda hojefalo razoavelmente bem ita-liano», adianta.

    Dos quatro filhos de João

    Paulo Barbosa de Melo, doisrealizaram o programa Eras-mus e a filha mais velha, à se-melhança do pai, também es-colheu Siena.

    Tal como Barbosa de Melo,António Campar de Almeida,docente do Departamento deGeografia da Universidade deCoimbra, estava no início dodoutoramento quando surgiua oportunidade de participarnum programa de mobilidade.O litoral era a sua área de es-tudo e que melhor destino doque a Holanda? Utrech foi asua cidade durante quase trêsmeses. «Eles são especialistaspor razões óbvias», salienta, re-cordando o quanto «foi funda-mental» e «enriquecedora» es -ta experiência internacional.

    «Fui sozinho e esse primeirodia custou. Cheguei a um do-

    Primeiros alunos Erasmusrecordam experiência para a Programa Erasmus foi criado há 30 anos e a Universidade de Coimbra é uma das pioneiras. Na estreia, os estudantes que beneficiaram do programa de mobilidade

    De 36 a 800estudantesNo primeiro ano de mobili-dade, a Universidade de Coim-bra enviou 36 estudantes paradiversas universidades euro-peias e, actualmente, são jácerca de 800 os alunos quesaem de Coimbra, anualmente,para viver uma experiênciaErasmus, salienta FilomenaMarques de Carvalho, chefe daDivisão de Relações Interna-cionais.

    A responsável que acompa-nha o programa desde o início,destaca o crescimento graduale lembra que a UC foi das pri-meiras a entrar na rede da mo-bilidade. |

    De Erasmusa Erasmus +O que começou, formalmentea 17 de Junho 1987, como umprograma de mobilidade estu-dantil, cresceu ao longo dotempo, e envolveu cerca decinco milhões de participantesdirectos e influenciando indi-retamente a vida de inúmerasoutras pessoas.

    Durante primeiro ano(1987/1988), o programa con-tou com a participação de 11países (Bélgica, Dinamarca, Ale-manha, Grécia, França, Irlanda,Itália, Países Baixos, Portugal,Espanha e Reino Unido) e per-mitiu a 3244 estudantes realizaruma parte dos seus estudos noestrangeiro.

    Em 2014, a União Europeia,decidiu reunir vários progra-mas num só: o Erasmus +.

    Reconhecido como o maisbem sucedido programa daUnião Europeia, o Erasmus +envolveu quase dois milhõesde pessoas, entre 2014 e 2016.|

    Comemorar e reflectir a EuropaO ano de 2017 está a ser de co-memoração para o programaErasmus +, mas espera-se tam-bém que esta seja uma opor-tunidade para reflectir o futuroda Europa.

    Por toda a Europa, estão pre-vistos eventos a contar a his-tória dos 30 anos do programaErasmus+ e dos programas queo antecederam.

    A nível local, nacional e eu-ropeu, há cerimónias de come-moração, conferências, deba-tes, diálogos, exposições, fórunse outros eventos.|

    Parede Erasmus ilustra momentos dos estudantes que vivem a experiência de estudar no estrangeiro

    Barbosa de Melo no jantar de despedida em Siena

    COIMBRA 30 ANOS DE ERASMUS

  • MOBILIDADE«Coimbra sem-pre foi a minha primeira opção.Vi fotos da cidade na internete gostei muito». Natural de Va-lência, Espanha, InmaculadaSanchez, de 22 anos, está naFaculdade de Direito da UC,desde Setembro, e as expec-tativas com que chegou forammais do que superadas.

    «A verdade é que a cidadetem um encanto especial. Por-tugal, em geral, tem esse en-canto», sublinha.

    Lara Lenz, da Alemanha,também está em Coimbra des-de Setembro, sendo a institui-ção de acolhimento a Facul-dade de Psicologia e Ciênciasda Educação.

    «Escolhi Coimbra como des-tino porque queria experi-mentar a vida de estudanteem Portugal e Coimbra, comas suas tradições, pareceu-me o local perfeito», explica,com a certeza de que, «defacto, não podia ter escolhidomelhor». Aliás, a Serenata foimesmo um dos momentosmais especiais para Lara Lenz,que não duvida da falta quevai sentir de tudo o que estáviver este ano lectivo, graçasa um programa que lhe dánovas oportunidades, querpessoais, quer para o futuroprofissional.

    Se o curso a surpreendeu,as amizades que foi cons-truindo ao longo destes mesessão «incríveis». «Desde o iníciodo meu Erasmus, em Coim-bra, sinto-me em casa», revela,destacando a importância daErasmus Student Network ofCoimbra no processo de in-tegração.

    Em português, a jovem ale-mã, que até faz parte do CoroMisto da UC, parte com acerteza: «Vou ter muitas sau-dades».

    Se há estudantes estrangeirosa chegar, os de cá procuramnovas experiências além-fron-teiras. É o caso de Ana RitaFernandes, de 24 anos e resi-dente em Montemor-o-Velho.

    Mestre em Ciências Farma-cêuticas pela UC, desde Julhode 2016, a jovem realizou doisprogramas de mobilidade noâmbito do programa Erasmus+ (dirigido a estudantes ou re-cém-graduados para a reali-zação de estágios num paísestrangeiro): teve uma primeiraexperiência de dois meses naFaculdade de Farmácia da Uni-

    versidade de Estrasburgo, atra-vés do Student Exchange Pro-gramme, e, depois, passouquatro meses na ACM Pharma,uma indústria farmacêuticano centro de França.

    «Os “meus Erasmus” abri-ram-me muitas portas no mer-cado de trabalho francófono»,adianta Ana Rita Fernandes,que, neste momento, aguardarespostas da entidade empre-gadora.

    «Como muitos jovens da mi-nha idade, eu adoro viajar. Porisso, quando me apercebi daoportunidade de aliar esta ac-tividade com o meu curso,soube que a queria aproveitar»,conta. Por isso, «depois do SEP,tomei conhecimento que po-deria continuar esta aventuraaté um ano após terminar ocurso, através do Erasmus +».

    A «imensa aprendizagem»que os estágios lhe propor-cionaram foi determinante,

    mas, a nível pessoal, destaca a«paciência e amizade» daquelescom quem se cruzou.

    Oslo, na Noruega, foi o des-tino de Matilde Figueiredo, es-tudante de Biologia.

    Saiu de Portugal para umpaís «completamente diferen-te», a começar pelo clima,passando pela alimentação eacabando no estilo de vida.«Era tudo completamente forada minha zona de conforto»,conta, confessando que «osprimeiros dias foram com-plicados».

    A partilhar casa com umacolega venezuelana, Matilde,de 20 anos, foi-se adaptandoe não hesita em também afir-mar que as amizades são domais precioso que conquistouem Oslo. P.I.S. |

    mingo, mas no dia seguinte, às9h00, lá estava na universi-dade e tinham tudo organi-zado. Não falhou nada», contao professor, que faz questãoem recomendar aos alunos aparticipação em programas demobilidade.

    Entre os 36 da estreia doErasmus estava também Amíl-car Falcão. «Na altura, não seolhava para o programa Eras-mus da mesma forma comose olha actualmente. Não haviainternet e a mobilidade era re-duzida. Ir para Salamanca erasuficientemente distante parajá ser uma aventura», salientao vice-reitor da UC.

    Entre as motivações, AmílcarFalcão destaca a «procura deuma experiência diferente queabrisse horizontes» e «um in-teresse pessoal muito especí-

    fico», é que, acrescenta, «na Fa-culdade de Farmácia da Uni-versidade de Salamanca haviainvestigadores internacional-mente reconhecidos na áreada Farmacocinética», um temaque pretendia aprofundar. «En-tendi que ir partilhar uns me-ses com essas pessoas seriauma boa forma de iniciação.Tanto assim foi que mais tardeacabei de me doutorar, tendocomo orientador principal,precisamente, um professor daUniversidade de Salamanca»,conta.

    Amílcar Falcão foi para Sa-lamanca com duas colegas –Marília Rocha e MargaridaCoelho -, o que, frisa, «permitiuque tudo fosse mais fácil».«Éramos um grupo unido enasceu aí uma sólida amizadepara a vida», recorda, acres-centando que o que mais omarcou nesta experiência foi«a diferença cultural entre osnossos países». «A forma comolá se trabalha era já muito àfrente e serviu como uma ex-celente escola de vida. Dizia-seque a Espanha estava sempre20 anos à nossa frente e estavamesmo», adianta, certo de queo programa Erasmus, é, para aUC, «fundamental» para a con-solidação da sua rede interna-cional. |

    vidaforam 36

    Matilde Figueiredo escolheu Oslo para programa de mobilidade

    Ana Rita Fernandes: “Os meus Erasmus abriram-memuitas portas”

    De Coimbra levam “saudades”,da Europa trazem o mundo

    Sunset assinala30 anos de Erasmus

    A Universidade de Coim-bra (UC) assinala hoje, às18h30, os 30 anos do pro-grama Erasmus, com oevento “Erasmus Turns30 Sunset”. A festa de ani-versário decorre no Largoda Porta Férrea e é abertaa toda a comunidade.Música ambiente, rifas,sabores tradicionais devários países europeussão alguns dos ingredien-tes de um evento que pre-tende celebrar «o pro-grama de maior sucessoda União Europeia».De acordo com Ana Val-do-Rio, da Divisão de Re-lações Internacionais,será também possível ou-vir alguns testemunhosde quem viveu experiên-cias de mobilidade. |

    30 ANOS DE ERASMUS COIMBRA

    Lara Lenz éalemã e estáencantadacom Coimbra

  • Dia Mundial da Criança

    1 DE JUNHO DE 2017 QUINTA-FEIRA N.º 29.569 DIÁRIO JORNAL REPUBLICANO ÓRGÃO REGIONALISTA DAS BEIRAS HÁ 87 ANOS A INFORMAR 0,80 €

    DiáriodeCoimbraFundador Adriano Lucas (1883-1950) | Director “in memoriam” Adriano Lucas (1925-2011) | Director Adriano Callé Lucas

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    INDÚSTRIA CULTURALPARA DARVIDA À BAIXADirecção da Agência para a Promoção da Baixade Coimbra tomou posse e desvendou projectoscom que quer revitalizar centro histórico Página 9

    Miranda emlfesta mostral

    potencialidadesl

    Abriu portas a 27.ª edição da ExpoMiranda. Hoje celebra-se Dia do Município Página 18

    FIGUEIREDO

    “Pedro e Inês”:filmagens começama 20 de Junho Cinema | P8

    Ginásio Solidário permite desporto a 32 jovensRemo adaptado | P17

    Homenageadas personalidades e instituições que promovem turismoLeiria | P22

    Novos estatutostrazem mais coesãoe transparênciaAAC | P3

    Programa de mobilidade estudan-til foi criado há 30 anos. Hoje háfesta na Universidade Páginas 6 e 7

    Erasmus: UC esteveentre as pioneiras

    Coimbra acolhe encontro derepresentantes de operadoresturísticos de 30 países Página 11

    Centro marca pontos no turismo