PRIMING DE PALAVRAS COM MORFEMAS SUPLETIVOS Autoras: Heloísa Macedo Coelho – CNPq/PIBIC Marcele...

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PRIMING DE PALAVRAS COM MORFEMAS SUPLETIVOS Autoras: Heloísa Macedo Coelho – CNPq/PIBIC Marcele Aparecida dos Santos Barbosa Orientadores: Miriam Lemle – Dept de Lingüística Aniela Improta França – Dept de Lingüística Antonio Fernando Catelli Infantosi - COPPE Jornada de Iniciação Científica 2005 Departamento de Lingüística – UFRJ Laboratório Clipsen www.letras.ufrj.br/clipsen

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PRIMING DE PALAVRASCOM MORFEMAS SUPLETIVOS

Autoras: Heloísa Macedo Coelho – CNPq/PIBIC Marcele Aparecida dos Santos Barbosa Orientadores: Miriam Lemle – Dept de Lingüística Aniela Improta França – Dept de Lingüística Antonio Fernando Catelli Infantosi - COPPE

Jornada de Iniciação Científica 2005

Departamento de Lingüística – UFRJLaboratório Clipsen www.letras.ufrj.br/clipsen

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Objetivo:• O objetivo da pesquisa é comparar o processamento de dois tipos de verbos: verbos cujas formas se distribuem em conjuntos totalmente distintos fonologicamente, chamados de formas supletivas – sou, fui, era; e verbos cuja raiz pode ser reconhecida por um mínimo que seja de traços fonológicos em todas as formas de sua conjugação – trazer, trago, trouxe.

• Neste segundo conjunto foram incluídas formas do verbo ser que compartilham traços fonológicos: sou, somos; fui, foi; era, éramos.

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Tecnologias:• A comparação entre estes dois grandes conjuntos foi feita a partir de duas tecnologias experimentais: uma comportamental, que mede o tempo de resposta; e outra, neurofisiológica, que mede a reação eletrocortical.

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• A metodologia utilizada tanto no teste comportamental como no neurofisiológico foi a de priming, com a apresentação de duas palavras que compartilham alguma propriedade morfológica ou fonológica. Optamos por usar primes encobertos, que ficam na tela por 38 ms, um tempo inferior ao que possibilitaria a percepção consciente da palavra.

• Teste de priming: assume-se que uma palavra-alvo (target) pode ser acessada mais rapidamente se precedida por outra (prime) com a qual compartilhe unidades da morfologia, segmentos fonológicos ou propriedades semânticas.

Metodologia:

• A estimulação é feita com vários pares prime-alvo, misturados aleatoriamente a um igual número de pares não prime-alvo e a pares prime-não palavra.

• A tarefa do voluntário é dizer se o alvo é ou não uma palavra.

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Séries de estímulos:Série 1 – 40 pares de formas verbais sem relação alguma: VEREI-somos

Série 2 – 40 pares de formas supletivas: SOU-era

Série 3 – 40 pares de formas de verbos irregulares que compartilham traços fonológicos: TRAGO-trouxe, SOU-somos

Série 4 – 40 pares de formas de verbos no paradigma regular da conjugação: PARTI-partiu

Série 5 – 160 pares de uma forma verbal com uma não palavra: COLEI-frutor

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COMPARAÇÃO 1: tempo de resposta (teste comportamental) COMPARAÇÃO 1: tempo de resposta (teste comportamental) Série 1 (VEREI-somos) e e Série 2 (SOU-era)(SOU-era)

• Sabemos que verei não prima somos (Grupo controle - Série 1). O resultado que obtivemos, igualando os tempos da Série 1 com os da 2, nos leva a interpretar que sou também não prima era. Ou seja, através deste parâmetro de tempo de resposta, o fator semelhança morfológica não parece atuar.

Resultados:

Série 1 Série 2

200

400

600

800

1000

1200

Tem

po(m

s)

BoxPlot dos Grupos Analisados

p = 0,09p = 0,09

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COMPARAÇÃO 1: ERPs Série 1 (VEREI- somos) e Série 2 (SOU-era)Teste neurolingüístico

• 100-136 ms: sobreposição;

• 200-500 ms: intervalo estatisticamente

significativo onde há amplitude maior

da Série 2 em relação à Série 1 em 10

das 22 derivações. Amplitude dos ERPs

tem sido relacionada a maior esforço

cognitivo no empreendimento de

tarefas

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• Notem que há uma diferença entre os resultados comportamentais e os neurofisiológicos. Quanto ao tempo de reação, as duas séries se mostraram indistintas. Mas quanto aos Potenciais Bioelétricos Relacionados a Eventos Lingüísticos (ERPs), observa-se uma facilitação discreta para os pares de formas supletivas. Isto é, a técnica de extração de ERPs capturou um efeito de amplitude maior para alvos antecedidos por primes relacionados morfologicamente (sou - era), mesmo sendo supletivos.

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COMPARAÇÃO 2: COMPARAÇÃO 2: Tempo de respostaSérie 1 (VEREI- somos) e e Série 3 (SOU-somos, TRAGO-trouxe)(SOU-somos, TRAGO-trouxe)

• Esta comparação, baseada no tempo de resposta, nos levaria a dizer que os tempos de reação relativos à Série 1 não são diferentes daqueles da Série 3, porque não houve diferença estatisticamente significativa entre as duas séries.

Série 3 Série 4

200

400

600

800

1000

1200

Tem

po(m

s)

BoxPlot dos Grupos Analisados

Série 1Série 1 Série 3Série 3p = 0,08

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COMPARAÇÃO 2COMPARAÇÃO 2: ERPs : ERPs Série 1 (VEREI- somos) e e Série 3 (SOU-somos, TRAGO-(SOU-somos, TRAGO-trouxe)trouxe)

• 100-136 ms: sobreposição; • 360-500 ms: intervalo estatisticamente significativo onde há latência menor e amplitude maior da Série 3 em praticamente todas as derivações.• Este achado fala a favor de um efeito de priming operando no reconhecimento do alvo, graças ao fator semelhança morfológica. • Diferentemente dos resultados aferidos pelos tempos de resposta, a comparação dos ERPs resultantes destas duas séries foi estatisticamente relevante. Só o método de extração de ERPs chegou a captar o efeito da morfologia.

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COMPARAÇÃO 3: tempo de reação COMPARAÇÃO 3: tempo de reação Série 1 (VEREI- somos) e e Série 4 (PARTI-(PARTI-partiu)partiu)

• Esta comparação dos tempos de resposta comportamental nos leva a dizer que a relação de priming no par parti-partiu facilita o processamento mais do que a relação no par verei-somos.

Série 5 Série 60

500

1000

1500

Tem

po(m

s)

BoxPlot dos Grupos Analisados

Série 1Série 1 Série 4Série 4p = 0p = 0

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COMPARAÇÃO 3: ERPs COMPARAÇÃO 3: ERPs Série 1 (VEREI-somos) e e Série 4 (PARTI-partiu)(PARTI-partiu)

• A primeira seta mostra dois ERPs superpostos por volta dos 200ms.

• A segunda seta mostra dois ERPs que, em praticamente todo o conjunto de derivações deste quadro, divergem quanto à latência e amplitude. O ERP relativo a alvos de pares como parti-partiu (linha grossa) se eleva antes e bem mais do que o correspondente a alvo de pares como verei-somos. Assim, percebemos que aqui a condição de semelhança morfológica pôde ser capturada por ambos os testes.

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COMPARAÇÃO 4: COMPARAÇÃO 4: Série 3 (SOU-somos) e e Série 4 (PARTI-partiu)(PARTI-partiu)

• Existe uma diferença estatisticamente significativa entre as duas séries. Houve efeito de priming positivo facilitando o acesso de partiu quando antecedido por parti.

Série 2 Série 4

200

400

600

800

1000

1200

Tem

po(m

s)

BoxPlot dos Grupos Analisados

p = 0,02p = 0,02Série 3

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COMPARAÇÃO 4: ERPs COMPARAÇÃO 4: ERPs Série 3 (SOU-somos) e e Série 4 (PARTI-partiu)(PARTI-partiu)

• A segunda seta aponta para dois ERPs entre os quais foi encontrada diferença significativa estatisticamente.

• A maior amplitude do ERP relativo ao alvo somos do par sou-somos pode ser interpretada como maior esforço cognitivo do que o necessário para o acesso a partiu depois de parti.

• A primeira seta mostra dois ERPs superpostos por volta dos 200ms.

• A técnica de ERP comparada à de tempo de reação faz ressaltar que o menor esforço cognitivo captado pelo teste neurofisiológico corresponde a uma resposta mais rápida no teste comportamental.

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Conclusão:1. Os verbos no paradigma regular, parti partiu, demandam menos

esforço cognitivo como pudemos observar pelo resultado do teste neurolingüístico. Isto fez com que estas formas causassem tempo de reação menor, como mostrou o teste de tempo de reação.

2. Não houve diferença em nenhum dos dois métodos entre as formas em conjugações irregulares e as formas regulares de supletivos. Este resultado está dentro das expectativas da Teoria Lingüística, uma vez que os verbos irregulares têm em sua conjugação sub regularidades que são relacionadas pela fonologia, bem como as formas regulares dentro dos alomorfes supletivos.

3. Houve uma diferença entre o teste neurolingüístico e o com-portamental em relação aos pares verei-somos e sou-era. A distinção só foi captada no teste neurolingüístico. A extração de ERPs nos mostrou que sou-era são reconhecidos como parte de um mesmo paradigma e não como palavras distintas como verei-somos.

4. A extração de ERPs capta o processamento de língua com uma granularidade mais fina do que a medida de tempo de reação. Esta diferença foi especialmente vista na nossa primeira comparação.