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ENTREVISTA/JAY LEE Agregação de valor muda produtos que já existem FORNECEDORES Qualificação faz empresa baiana crescer 700% Prêmio às melhores práticas de estágio Alto nível e projetos ambientais marcaram a premiação do IEL em 2010 Jacson Guimarães (supervisor) e o estagiário Vilson Locatelli (à direita), em frente à caldeira da Rigesa: projeto aumentou a eficiência e o respeito ambiental Ano 19/nº 212/Dezembro 2010/ Janeiro e Fevereiro de 2011

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ENTREVISTA/JAY LEE

Agregação de valor muda produtos que já existemFORNECEDORES

Qualificação faz empresa baiana crescer 700%

Prêmio às melhorespráticas de estágioAlto nível e projetos ambientais marcaram apremiação do IEL em 2010

Jacson Guimarães (supervisor) e o estagiárioVilson Locatelli (à direita),em frente à caldeira daRigesa: projeto aumentou a eficiência e o respeitoambiental

Ano 19/nº 212/Dezembro 2010/Janeiro e Fevereiro de 2011

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O estágio em sua dimensão máxima

ais que um ritual que se repete todo ano, o anúncio dosresultados do Prêmio IEL de Estágio em 2010 é conquistade um modelo de excelência, no qual empresas, institui -ções de ensino e estudantes concretizam uma passagem

essencial para a formação de futuros profissionais e o desenvolvi-mento empresarial.

Em 2010, o IEL promoveu a integração de mais de 150 mil es-tagiários de 10.660 instituições de ensino em 33.214 empresas con-veniadas em todo o Brasil. Os números comprovam o sucesso doPrograma IEL de Estágio e reforçam a atuação do Instituto na pro-moção das melhores práticas, que contribuem para a qualificaçãoprofissional rumo à competitividade e sustentabilidade da Indústria.

Para o IEL, com a prática de estágio saem ganhando os estagiá -rios, ao colocarem em prática conhecimentos antes só teóricos, fir-mando experiência e validando suas escolhas, numa fase funda- mental de suas vidas; as instituições de ensino, ao consolidarem suaimportância como difusoras do conhecimento e testar a aplicaçãoprática dos conteúdos acadêmicos; e, especialmente, as empresaspor absorverem energia e ideias novas, tendo a oportunidade de are-jar seus métodos e processos.

Dessa forma, o Prêmio IEL de Estágio é o momento-símbolo dacon vergência de interesses, pois estimula e divulga o estágio respon-sável, como ato educativo, valorizando o talento e a dedicação dosjovens que se tornarão profissionais diferenciados nas empresas,despertados para a inovação e liderança, características reconheci-das e estimuladas pelo Prêmio.

A premiação, realizada anualmente desde 2004 por diversos Nú-cleos Regionais do IEL e nacionalmente a partir de 2007, coroa e re-alimenta um processo de melhoria contínua, fortalecendo o Pro- grama. Por estas e outras razões, o IEL se orgulha por atuar pró-ati-vamente na formação de profissionais mais competentes e, sobre-tudo, de cidadãos críticos e criativos preparados não só para con -viver com as rápidas mudanças do mundo dos negócios, mas prin-cipalmente para empreendê-las. IEL

Editorial

ENTREVISTA/JAY LEE

Agregação de valor muda produtos que já existemFORNECEDORES

Qualificação faz empresa baiana crescer 700%

Prêmio às melhorespráticas de estágioAlto nível e projetos ambientais marcaram apremiação do IEL em 2010

Jacson Guimarães (supervisor) e o estagiárioVilson Locatelli (à direita),em frente à caldeira daRigesa: projeto aumentou a eficiência e o respeitoambiental

Ano 19/nº 212/Dezembro 2010/Janeiro e Fevereiro de 2011

Publicação trimestral, coordenada pela Unidade de Comunicação Social do Sistema Indústria (Unicom) l Instituto Euvaldo Lodi (IEL) l Presidente doConselho Superior: Robson Braga de Andrade l Diretor-geral: Paulo Afonso Ferreira l Superintendente: Carlos Cavalcante l Conselho Editorial: AlineGomes Duarte, Ana Paula de Almeida, Julio Miranda, Maria José Kaiser, Patrícia Barbosa, Thiago Endres e Verene Wolke l Colaboradores: Camilla Stivel-berg, Fábia Galvão, Maria Rina Vieira, Patrícia de Paula, Romulo Geraldino, Simone Mateos, Sócrates Arantes e Walter Mota l Projeto gráfico: Santos &Piñol l Produção e edição: CDN Comunicação Corporativa l Capa: Foto de Eduardo Mota l SBN, Quadra 1, Bloco B, lote 24, Edifício ConfederaçãoNacional do Comércio, 9º andar l CEP 70041-902 l Telefone: 61 3317-9080 l Fax: 61 3317-9360 l www.iel.org.br

Instituto Euvaldo LodiAno 19 / nº 212Dezembro 2010/Janeiro e Fevereiro de 2011

Carlos CavalcanteSuperintendente do IEL

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Carlos Cavalcante

Notas

EntrevistaJay Lee fala sobreprodutos inteligentes

CapaOs resultados doPrêmio IEL Estágio 2010

FornecedoresPQF faz empresa baiana crescer 700%

Geração YInquieta e apressada,mas cheia de talentos

Outras Mídias

EcoeficiênciaRespeito ao ambiente também pode dar lucro

EngenhariasA polêmica reduçãodas denominações

CursosStanford virá aBento Gonçalves

LivroOs dois novos volumes da Coletânea BITEC

ArtigoHora de mostrar arte napolítica e na economia

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Notas

SISTEMA ONLINE IMPRIME CERTIFICADO

Acaba de ser implantado noIEL/PB o Sistema Integrado de Ges -tão de Recursos de Aprendizagem(Sigra), que possibilita a realizaçãode inscrições e pagamentos onlinede cursos e eventos. Além disso,permite que os próprios alunos eparticipantes imprimam o seu cer-tificado, entre outras funções dis -poníveis para agilizar e facilitar agestão dos produtos educacionais.É uma ferramenta gerencial dasações educativas e dispo nibiliza re-latórios e indicadores.

A superintendente regional Kê -nia Quirino diz que a adoção do Si -gra amplia o atendimento ao em- presário paraibano. "Para fazer fren - te às exigências do mercado de tra-balho, que geram novas necessi-dades e requisitos de capacitaçãodo empreendedor, o IEL/PB está in-vestindo na modernização das suasferramentas de gestão. Nossa metaé priorizar e ampliar a atuaçãodessa instituição na formação deprofissionais com perfil de líderesinovadores, oferecendo cursos on-line e presenciais, essenciais para osucesso empresarial", disse.

O sistema será usado ainda nagestão administrativa e financeirados eventos da instituição. Tam-bém subsidiará o portal do IEL Na-cional que disponibiliza todos osprodutos (cursos e eventos) que oIEL regional oferta, auxi liando nadisseminação dos trabalhos. IEL

TALENTUM AVALIAPROFISSIONAIS

O IEL/PR firmou parceria com aempresa de consultoria argentinaProjectoneto para a utilização doTalentum, um software específicopara identificar e avaliar o potencialde profissionais e de equipes nasorganizações, revelando informa -ções estratégicas para potencia -lizar, desenvolver e reter o capitalhumano.

A regional paranaense dispôs oTalentum em seu portifolio deserviços. A ferramenta pode ser uti-lizada nos processos de recruta-mento e seleção, planejamento decarreira, coaching e mentoring(treinamento e desenvolvimento)de talentos para as indústrias.

O processo inclui questionáriose análises de cada profissional. Se-gundo Lucimara do Nascimento,coordenadora do IEL Talentos e Es-tágio do Paraná, o Talentum tra-balha para motivar os profissionais,

http://fiepb.com.br/iel/http://www.iel.org.br/

www.fiepb.com.br/iel/

O IEL/MA acaba de certi-ficar a Conteúdo Serviços eComércio pelo Programa deCertificação de Empresas (Pro-cem). A empresa executa, comalta qualidade, serviços demão de obra especializada nasáreas admi nistrativa, conser-vação e lim peza, portaria e ad-ministração de condo mínios.Desde 2003, 105 empreendi-mentos foram certificados noMaranhão.

O Procem foi desenvolvidojun to com empreendedoresma ra nhen ses para aumentar acon fiança dos usuários depro dutos e serviços das em-

presas locais e reduzir custos.“O programa mostra as em-presas locais que podem aten-der as demandas de mercadocom ser viços de alta qualida -de e com bons preços”, resu -me o diretor-executivo do Pro- cem, Denis Sodré.

Os requisitos para obter ocertificado do Procem são qua -lidade e produtividade, re gu -larização contábil, tributária etrabalhista, segurança do tra-balho, saúde, meio ambientee responsabilidade social. IEL

CONTEÚDO GANHA CERTIFICAÇÃO

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considerando seus valores, estilode pensamento e história laboral,seguindo conceitos de vários íco -nes da Psicologia, como Spranger,Jung e Schein.

“A análise não é feita apenaspelo software; passa também poruma avaliação humana. Identifi-cam-se a escala de valores pes-soais, as âncoras de carreira e aevolução ao longo das etapas davida, permitindo trabalhar poten-cial e motivação no mesmo instru-mento”, explica a coordenadora.

Os diagnósticos são feitos viaInternet e geram resultados indivi -duais. Os relatórios de avaliaçãosão disponibilizados nas versõesem português, espanhol, francês einglês. A ferramenta já é utilizadacom sucesso por empresas interna-cionais como Adidas, 3M, Ford,Verizon Business, Cargill, Xerox,entre outras. IEL

ESTÁGIO EMASCENSÃO

Aumentou a procura por está-gios na Paraíba desde a vigência daLei do Estágio (nº 11.788). Em2008, ano em que a lei entrou emvigor (em setembro), o IEL/PB en-caminhou ao mercado de trabalho8.687 estagiários. Em 2009, o nú -mero saltou para 12.702. SegundoRenata Pimentel, do Núcleo de Es-tágio da regional paraibana, em2010 o total de encaminha mentoschegou a 10.284 até outu bro epode superar a barreira dos 13 milaté o fim do ano.

Na Paraíba, em média 300 es-tagiários são admitidos a cada mêspelas empresas. A maior parte dasvagas ofertadas pelos empreende-dores são das áreas de Adminis-tração, Contabilidade, Economia,Tecnologia da Informação e Comu-nicação Social.

As mudanças na legislação, nasquais o IEL Nacional teve partici-pação ativa, prevêem uma série debenefícios aos estagiários – comodireito a férias e inexigibilidade deexperiência prévia, entre outras – eé uma das melhores formas de in-gressar no mercado de trabalho.Os empregadores têm a vantagemde orientar seus estagiários con-forme a cultura das empresas, coma opção de admiti-los, depois deformados, no quadro de funcio -nários. Em agosto, o IEL lançou suacartilha sobre a Lei do Estágio,visando esclarecer as dúvidas maisfrequentes (ver matéria sobre osresultados do Prêmio IEL Estágio2010 na página 10). IEL

www.iel-es.org.brwww.prodfor.com.br www.cesan.com.br

www.ielpr.org.br/www.projectoneto.com/ www.fiepb.com.br/iel/

Mais de 40 fornecedoresda Companhia Espírito San-tense de Saneamento (Cesan)estão sendo estimulados a in-gressar no Programa Integra -do de Desenvolvimento e Qua- lificação de Fornecedores (Prod-for), do qual a compa nhia éuma das 12 mantenedoras noEstado. O IEL/ES apoia as açõesde qualificação do Prodfor,que tem mais de 450 empre-sas certificadas.

Em encontro realizado emVitória, em novembro, a Cesanapresentou seu PlanejamentoEstratégico 2011-2014, o Prodfore o Portal de Compras. O presi-dente da Cesan, Paulo Ruy Car-nelli (foto), disse que a Ce sanfaz parte do programa por queacredita na prestação de ser -

viços públicos de qualidade.No Portal de Compras da

Cesan há informações impor-tantes para quem quer se tor-nar fornecedor, como, por exem -plo, a parte dedicada às licita -ções. Atualmente, a maioria dasaquisições da companhia é feitaem pregão ele trônico.

Um dos coordenadores doIEL/ES no apoio ao Prodfor, Cas-siano Orsi Hemely, apresentouo programa de qualificação, cri-ado em 1996, e citou uma pes -quisa que comprova as vanta-gens da participação no pro-grama, como o aumen to na pro-dutividade e nos lucros. IEL

ESTÍMULO AOS FORNECEDORES

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uem conhece Jay Lee vê logoque se trata de um homemconectado no futuro, mas bemplugado ao presente. Tudo em

que ele pensa tem uma base atual, mas de-verá agregar serviços hoje inexistentes, queprecisam ser identificados nas demandas dosusuários. Um capacete, por exemplo, pode ter ou -tras funções, além de proteger a cabeça.

Cidadão norte-americano com ascendência asiática, Leeé professor catedrático em Advanced Manufacturing (produçãoavançada em tecnologia), diretor-fundador da National Science Foun-dation e diretor do Centro de Pesquisa Industrial/Universidade emSistemas de Manutenção Inteligente da Universidade de Cincinnati(Ohio, Estados Unidos), apoiado por mais de 45 empresas globais.Ele tem mais de 20 anos de experiência em pesquisa e desenvolvi-mento industrial, como pesquisador na área de fabricação de sis-temas inteligentes de automação.

Consultor de revistas internacionais específicas, Lee é autor eco-autor de mais de 150 publicações técnicas. Tem dois livros edita-dos e contribuiu para inúmeros autores, escrevendo alguns capítulosde seus livros. Possui cinco patentes e duas marcas registradas nosEstados Unidos. É convidado, a cada ano, para cerca de 130palestras, discursos e conferências internacionais.

Com esse currículo, o pesquisador atua comoconsultor para várias organizações, como o Insti-tuto Industrial de Pesquisas em Tecnologia, de Tai-wan, o Centro de Produtividade do Japão (CPC) ea Academia de Máquinas, Ciências e Tecnologia,da China. Lee também é membro consultivo devárias instituições acadêmicas, incluindo aUniversidade Johns Hopkins e a Universidadede Cambridge, no Reino Unido. Nesta entre-vista, Lee detalha o conceito de Domi-nant Design (desenho dominante) eexplica como o Brasil poderá se tornaruma economia inovadora.

QAo gosto doconsumidor

Entrevista Jay Lee

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Qual é o conceito básico do Dominant De-sign?

Jay Lee: Dominant Design trabalha com princí-pios de design de produto a partir de uma série dealternativas concorrentes e incompatíveis. Quandosurge um design dominante, a inovação passa a serdirecionada para a melhoria do processo pelo qualele surgiu – ou pela busca de uma nova descoberta.Já Dominant Innovation (inovação dominante) pre-ocupa-se com a inovação nas lacunas em que a sa -tis fação dos consumidores não foi atendida. Seufoco é em serviços integrados e na criação de valorpara o produto em mercados onde apenas o designde produto não é apreciado.

Recentemente, no Brasil, o sr. deu exem -plos de produtos inteligentes: o forno que co -zinha sozinho o cardápio que se desejar;cápsulas de realidade virtual disponíveis emshoppings e capacetes com conexão wireless.São itens que parecem utópicos hoje. O quesão afinal produtos inteligentes? Por favor, exemplifique melhoresse conceito.

Lee: Atualmente essesprodutos são mercadoriasdisponíveis para nosso usodiário e não há qualquer“serviço” associado às suasaplicações. Se dividirmos ca -da item entre produto-usu -ário-aplicação poderemosencontrar várias ne cessi -dades ainda não satisfeitas.Por exemplo, o forno podeestar conectado ao serviçode “cozinha sob demanda” ebaixar da Internet a receitados pratos mais populares

por meio de uma rede social de livro de receitas,algo como um Facebook conectando-se aos seusamigos.

Segundo o sr. disse, qualquer pessoa temo potencial de gerar ideias inovadoras, bas-tando, para isso, se desprender de conceitospré-estabelecidos pela sociedade de consumo.Então, numa leitura mais ampla, Dominant De-sign é um upgrade do tema inovação?

Lee: Sim. Inovar tem a ver com a curiosidadeque nutrimos sobre as coisas. Se tivermos boas fer-ramentas que auxiliem o pensamento – as ferramen-tas de Dominant Innovation, como, por exemplo,matrizes inovadoras e ferramentas de mapeamentode espaço etc. – qualquer um poderá traçar os cami -nhos usados para chegar à descoberta de muitascoisas ainda não visíveis nos produtos que usamosatualmente.

A história mostra que uma série de produ-tos inteligentes para as suas épocas não

caíram no gosto populare desapareceram. Comoas empresas podem evi-tar que isso ocorra hoje?O Dominant Design temuma so lução para isso?

Lee: Se você concebeprodutos inteligentes combase apenas nas suas ex-pectativas terá dificuldadepara vendê-los. Se você con-cebe produtos inteli genteslevando em conta o pontode vista de quem vai con-sumi-lo, será mais fácil devender. Se você puder even-tualmente integrar outros

Qualquer um poderá traçar os caminhos usados

para chegar à descoberta de muitas

coisas ainda não visíveis nos produtos

que usamos atualmente

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serviços ao produto, ele certamente terá fácilaceitação no mercado. Trata-se de desenhar um pro-duto sob a pers pectiva do consumidor.

Que mudanças precisam ocorrer nas empre-sas para o surgimento de produtos inteligentes?

Lee: Não se trata de produtos inteligentes. Trata-se de observações inteligentes sobre as necessi-dades não atendidas dos consumido res. Uma vezque você possa identificar as lacunas existentes emum determinado produto que já existe, você poderáadicionar novas funções de “serviços inteligentes” aeles, trazendo à tona “soluções inteligentes”.

Como as universidades podem ajudar nesseprocesso de inovação?

Lee: A universidade pode suportar erros na buscapor descobertas e inovações. Às vezes, é importanteque a universidade tenha foco na velocidade das des -cobertas em vez de criar ideias ou tecnologias jáprontas. A indústria pode dar continuidade, uma vez

que os riscos passam a ser baixos. Uma forma de re-duzir os riscos é agregar valor.

Uma frase sua – “Inovação não é uma opçãopara as indústrias de hoje” – mostra que ou asempresas inovam ou se extinguem. Como oDominant Design pode ajudar as empresasbrasileiras?

Lee: O mundo é plano. Cidadãos de muitaseconomias emergentes ambicionam competir namelhoria dos seus padrões de vida. As empresas dehoje precisam estar cientes sobre a necessidade deagregar valor aos produtos para seus clientes. Ino-var não é apenas criar novos produtos. É importantetambém agregar valor aos produtos que já existem.

O sr. fala muito em economia inovadora, ameta dos países emergentes. Quais os melho -res exemplos de economias inovadoras, hoje,no mundo?

Lee: Não há um exemplo ideal, tendo em vista

Inovar não é apenas criar novos produtos. É importante também agregar valor aos produtos que já existem

Entrevista Jay Lee

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que cada país é diferente do outro. Precisamosaprender com todos os países que têm apresentadoboas inovações como forma de alavancar nossas ex-periências. O Japão e a Alemanha têm feito umótimo trabalho. Na área de inovação de serviços, osEstados Unidos são um bom exemplo.

O que essas economias inovadoras podemensinar a países em desenvolvimento como oBrasil?

Lee: O caminho para o desenvolvimento começacom uma economia mediana, seguindo-se para umaeconomia boa e daí para uma melhor, atingindo, fi-nalmente, a condição de uma economia competitiva.O raciocínio é basicamente o mesmo para as econo-mias em desenvolvimento. Um país inteli gente deveprimeiramente planejar uma plataforma social sobrea qual possa ocorrer o desenvolvimento econômicoe industrial. Por exemplo: fornecer Internet bandalarga de alta velocidade para todas as residênciaspoderá acelerar o desenvolvimento da interação

entre a comunidade e as empresas. O gover no tam-bém pode criar um marco regulatório sustentável afim de encorajar a indústria e as empresas a desen-volverem produtos ecológicos, por exemplo.

O sr. disse que o Brasil passa por tran-sição importante e vai dar um grande salto,junto com Rússia, Índia e China, os outrospaíses do grupo BRIC. Qual desses tem aeconomia mais inovadora? Ou o Brasil é aindaapenas um seguidor?

Lee: A China é uma grande inovadora. As pes-soas lá estão aprendendo coisas novas todos osdias. O Brasil precisa desenvolver uma parceria ro-busta com a China para criar uma corrente colabo-rativa forte e gerar um crescimento benéfico paraambas as partes.

Qual é o maior entrave ao desenvolvimentoda economia inovadora no Brasil?

Lee: Eu acho que as políticas governamentaisnão são claras neste aspecto. Poderia ser mais efi-ciente se o governo apresentasse uma boa políticade inovação. Por exemplo: o governo poderia dar in-centivos fiscais para investimentos em P&D (pes -quisa e desenvolvimento) ou para o desen vol vi-mento de produtos e serviços com valor agregado.

Em geral, qual deve ser o papel dos governosem relação à inovação? Condutor ou indutor?

Lee: O governo pode encorajar a inovação. Suaspolíticas são importantes tendo em vista que elasconduzem o desenvolvimento da indústria e dasempresas.

Onde o empresário brasileiro deve buscarideias para inovar?

Lee: O foco deve estar em seus clientes. É pre-ciso compreender o que é importante para os con-sumidores. Com isso, eles perceberão o diferencialdesses atributos em seus produtos e serviços dentrodo ecossistema inovativo. IEL

www.uc.edu www.dominantinnovation.comwww.imscenter.net www.ielrs.org.brwww.fiergs.org.br

BRASIL PRECISA DEECONOMIA INOVADORA

Jay Lee esteve em outubro no Brasil eproferiu, no dia 7, palestra para empre -sários brasileiros no Seminário Interna-cional Dominant Design para o Desen vol-vimento de Produtos e Serviços Inovadores(foto), promovido pelo IEL/RS e pela Fede -ra ção das Indústrias do Estado do RioGrande do Sul. Ele defendeu a tese de queo País precisa de uma economia motivadapara a inovação.

O evento teve o objetivo de capacitar asempresas para formular os gaps (vácuos)en tre produtos existentes e as necessida -des dos consumidores, usando ferramen-tas e metodologias inovadoras. Outrosfatores a serem perseguidos são a geraçãode fluxo de caixa e o valor agregado du-rante o ciclo de vida do produto, além deincluir necessidades não atendidas em pro-dutos vencedores e novos conceitos emserviços inteligentes.

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m modelar programa de estágio e a criaçãode estimulantes desafios de trabalho paraseus estagiários levaram a unidade daRigesa – fábrica de papéis e papelões – em

Três Barras (SC) a conquistar o primeiro lugar na ca -tegoria Média Empresa do Prêmio IEL Estágio 2010(veja quadro com as empresas vencedoras em todasas categorias, à página 15). O projeto escolhido –liga do à redução da poluição e à reutilização de com-ponentes químicos – foi desenvolvido pelo estagiárioVilson Locatelli Junior, que cursa Engenharia Químicana Universidade Federal do Paraná.

O programa de estágio da Rigesa existe de formaestruturada há três anos e pode ser considerado com-pleto: uma bolsa de até R$ 950, alimentação, planode saúde, hospedagem em quartos indivi duais numbom hotel e acesso livre ao clube da empresa. Tudoisso para atrair candidatos competentes do oitavo enono semestres de Engenharia, Biologia e Adminis-tração. A duração é de seis meses. “Preci sa mos pre -pa rar futuros gestores. E como a fábrica fica noin te rior do estado (a 190 km de Joinville), é necessá -rio garantir benefícios atrativos e essenciais aos es-tudantes universitários, como hospedagem ealimentação”, explica Geraldo Melo, gerente de Rela -ções Humanas da Rigesa.

Caldeira ecológicaAtualmente, a companhia emprega 17 esta gi á -

rios. “Os estudantes saem daqui com um nível de ma-turidade muito superior ao de entrada. Por teremcontato com chefes, operadores e técnicos, a posturaprofissional de cada um muda muito”, avalia Melo. Ofuturo do estagiário Locatelli parece assegurado nafábrica: “Ele está na nossa mira. Ao se formar, se hou-ver uma posição para elei, será contratado de ime -diato”, afirma o gerente.

Estudante do oitavo semestre de EngenhariaQuímica, Locatelli foi atraído pelo programa de está-gio da Rigesa e fez uma imersão na fábrica. A uni -

Capa

Prêmio IEL reconhecemelhores práticas de estágio

dade industrial já cumpria a Lei Conama (382/2006),que determina as cotas de emissão de poluentes,mas o estagiário percebeu que podia ser maior a re-dução das emissões. Propôs ao seu supervisor que olavador de gás fosse otimizado para, além dediminuir a emissão de gases maléficos para o meioambiente, recuperar e reciclar alguns compostosquímicos empregados no processo de produção depapel, como sulfeto de sódio.

Um dispositivo das caldeiras da fábrica foi modifi-cado, assim como alguns processos operacionais, semcusto para a empresa. Para ele, a experiência na Rigesatrouxe realidade aos seus estudos: “Na universidade,tudo é pensado em situa ções ideais, mas na empresa

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Locatelli (centro): primeiro lugar à Rigesa (Média Empresa)

FOTOS: JOSÉ PAULO LACERDA

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Projetos inscritos pelas empresas têm alto nível, priorizando inovação e meio ambiente

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aprendemos a lidar com o real. Existe uma questão demercado muito forte e se aprende a trabalhar emequipe dentro de uma hie rarquia, o que complementamuito a realidade ac adêmica”.

Economia de 20%Um curso moderno gera soluções inovadoras.

Prova disso é o projeto de aproveitamento aplicadoà Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios (Ci-copal/Micos) pela estagiária Thays de Lima Dias, es-tudante do oitavo semestre de Engenharia de Ali men-tos. Ela observou que a linha de produção de batatafrita gerava um resíduo – a polpa de batata – vendidoa baixo custo, até então, para uma indústria de cola.

Mamede, estagiário da Tupy, simulou linha de produção

Sob a orientação do seu supervisor e de um professorda faculdade, Thays participou de um estudo quecomprovou que o resíduo poderia ser consumido porhumanos e propôs que a farinha dos snacks de trigofabricados pela empresa fosse substituída pela polpade batata.

A fábrica fez o estudo de viabilidade econômica ecomprovou que a aplicação do projeto da estagiáriaprovocaria uma redução de 20% no preço final dosnack. Por conta disso, foram investidos R$ 150 milna mudança, que ainda está em fase de implemen-tação, e em janeiro próximo os salgadinhos modifica-dos chegarão ao mercado. O reconhecimento aopro je to e ao programa de estágio da Cicopal/Micosveio na segunda colocação da categoria Média Em-presa.

O Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento(Lactec), centro de pesquisa paranaense que verificaa qualidade de produtos tecnológicos, teve sua pro-dutividade aumentada por um projeto do estagiárioDeivid Wagner Borba, estudante de EngenhariaElétrica da Universidade Federal do Paraná (UFPR).Sob a orientação do funcionário Carlos Ribas, o es-tagiário otimizou um sistema de testes de compo-nentes elétricos, que agora pode checar quatroprodutos de uma vez e não apenas um só, comoantes, sem perda de credibilidade no resultado final.“Ganhamos velocidade no processo de verificação deprodutos e com isso conseguimos atender mais em-presas em tempo reduzido”, comemora o orientador.O projeto foi o terceiro colocado do Prêmio IEL de Es-tágio na categoria Média Empresa.

Simulação produtivaDepois de verificar problemas e oportunidades de

mudanças na fábrica em que trabalha, Diego Alex -san der Mamede teve uma ideia. “Antes de fazer umaalteração, poderíamos simular o impacto que ela terianum determinado processo ou máquina”, explica oestudante do segundo ano de Engenharia Eletrônicado Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Comapenas 23 anos, ele sugeriu que a Tupy S.A., indústriacatarinense de fundição, adquirisse um software quereproduz as condições do chão de fábrica e mostra oque pode acontecer quando alguma mudança é in-troduzida nesse ambiente. A empresa apostou naideia do estagiário, viabilizou testes virtuais e apre-sentou resultados significativos. Por isso, a Tupy con-quistou o primeiro lugar na categoria GrandeEmpresa do Prêmio IEL de Estágio 2010.

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Reciclagem de resíduos sólidos foi alavancada pelalei federal e aumentarárenda da Lacerta em 25%

Capa

O gerente de Recursos Humanos da Tupy, JoãoPaulo Schmalz, disse que o experimento de DiegoMamede mostra a importância de trazer estudantesqualificados para atuar na fábrica em caráter experi-mental. “Nosso programa de estágio envolve 60 es-tudantes por ano e é uma grande porta de entrada”,diz o gestor. A seleção dos candidatos é criteriosa e,uma vez aprovados, cada estagiário ganha um“padrinho” para acompanhar suas tarefas. “Essenamoro de um ano tem dado em casamento em maisde 80% dos casos”, brinca João Schmalz.

Carlos Eduardo Turino, supervisor do estágio deMamede e engenheiro de processos, começou na em-presa como estagiário e atualmente lidera a área deEngenharia de Manufatura. Turino defende o investi-mento da Tupy no potencial dos jovens estudantes:“A tendência é que o programa de estágio seja am-pliado e melhorado continuamente. E quanto ao es-tagiário, Diego é extremamente inovador, proativo eentrosado com a equipe”.

ProdutividadeMamede afirma que a sua ideia “foi montar a

fábrica no computador para testar processos no am-biente virtual antes de aplicar no mundo real. Dessaforma, os recursos da empresa não são comprometi-dos”. No Plant Simulation, software da Siemens, épossível montar toda a linha de fabricação de umapeça, adicionar os tempos de operação das máquinase as funções que os operadores realizam. Em seismeses de aplicações e testes do software, a Tupyobteve ganhos de produtividade entre 15 e 40% emdeterminadas linhas de produção.

Água poupadaAté o ano passado, a estudante de Psicologia (oi -

ta vo semestre) Milene de Almeida Ribeiro não sabiaqual especialidade deveria seguir depois de formada.Mas isso mudou quando ela tornou-se estagiária daBrose do Brasil, multinacional alemã líder na pro-dução de sistemas de acionamento de vidros para aindústria de automóveis do Paraná. A experiência nosetor de recursos humanos da empresa despertou ointeresse de Milene pela Psicologia Organizacional,que estuda os fenômenos psicológicos associados àgestão de pessoas. O projeto e o programa de está-gio da Brose foram agraciados com o segundo lugarna categoria Grande Empresa.

A terceira colocação dessa categoria – UberlândiaRefrescos Ltda., franquia da Coca-Cola, no TriânguloMineiro – foi o reconhecimento de uma iniciativa eco-logicamente sustentável. Durante o seu estágio nafábrica, a estudante de Engenharia Ambiental PatríciaMarina Cortes Rosa desenvolveu um projeto de reuti-lização da água da chuva. Impróprio para o consumohumano, o líquido poderia ser utilizado em algumasatividades da fábrica, como irrigação de plantas e no

Tércio (esquerda), da Lacerta, e seu orientador Tinoco

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ativamento de máquinas, segundo observou Patrícia.O reaproveitamento resultou numa economia mensalde sete mil metros cúbicos de água. Adão Silva Filho,supervisor do estágio de Patrícia, destaca a relevânciaestratégica do projeto para o negócio: “Ele tem via-bilidade econômica e vai ser incorporado definitiva-mente ao dia a dia da empresa”.

Receita maiorVencedora pela segunda vez consecutiva da cate -

goria Micro e Pequena Empresa, a Lacerta Consultoriatambém apostou num projeto ambiental tocado peloestagiário Tércio da Silva Melo, estudante de CiênciasBiológicas. Em fevereiro de 2010, Melo propôs o de-senvolvimento de um programa de gestão de resí-duos, aplicado à empresa e ao mercado, criando umanova frente de negócios para a empresa, especiali -zada em projetos e assessoria ambiental.

A ideia de Melo era mapear o volume de resíduosproduzidos e propor sugestões de uso, doação ouvenda ao contratante do serviço, que analisaria a via -bilidade comercial do material. A logística de trans-porte, descarte ou aquisição e a separação de tudoque é coletado também seriam responsabilidade daLacerta, que enxergou na proposta do estagiário umanova oportunidade de negócio e testou in loco a novi-dade já no mês de abril. A adoção do programa foifundamental para pleitear uma certificação socioam-biental, que deve ser liberada em 2011.

Seis meses depois, foi promulgada a Política Na-cional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), que es-tabelece diretrizes relativas à gestão integrada e aogerenciamento de resíduos. O projeto ampliou a pos-sibilidade de comercializar a ideia de Melo no médioprazo, já que entra em vigor em janeiro próximo. Aexpectativa é o que o faturamento aumente em 25%.O estudante define sua experiência como um estágioempresarial: “Em outros estágios, exercitei mais a

parte científica e aca dê mi ca, mas na Lacerta experi-mentei a relação direta com mercado. E adorei”.

Henrique Browne Ribeiro, diretor de Projetos daLacerta, enxerga o programa de estágio como umaponte entre a empresa e a universidade. “É um inter-locutor de conhecimento. Atualmente, temos 11 esta -giários e uma política de absorção desses estu dantesao concluírem o curso”, afirma o empresário.

InovaçõesO segundo e o terceiro lugares do Prêmio IEL de

Estágio na categoria Micro e Pequena Empresa foramconferidos a empresas que promoveram melhoriasincrementais em atividades que já estavam sendo exe-cutadas, graças ao aproveitamento de ideias de seusestagiários.

O segundo lugar foi atribuído à XSEED, empresade desenvolvimento de softwares e tecnologia da in-formação, que selecionou em seu programa de está-

OS NÚMEROS DO ESTÁGIO NO BRASIL

n O Programa de Estágio do IEL começou

em 1969, há 41 anos.

n O IEL integrou em 2010 150 milestagiários em 34 mil empresas.

Esse número deve chegar 160 milaté o fim do ano, recorde histórico.

n São parceiros do programa 11 milinstituições de ensino , entre escolas, universidades, escolas técnicas e agrotécnicas, faculdades, SESI e SENAI.

n O IEL tem 100 escritórios de

atendimento em todo o País.

n Atualmente, existe 1 milhãode estagiários no Brasil.

n 650 mil ocupam vagas destinadas

ao ensino superior

n 350 mil são de cursos técnicos

ou do ensino médio e EJA.

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Laís, da comunicação da Sanesul: menção honrosa

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Três menções honrosasforam concedidas este anoem virtude da excelência dos programas de estágio

Capa

gio o estudante de Engenharia de Teleinformática Edu -ardo Aragão Matos Donato, em julho de 2009.

O Grupo Chronus, especializado em sistemas deinformação, foi surpreendido pelo estudante de Ciên-cias da Computação Leon Moreti de Souza. Estagiáriodo programa Geração Chronus, que tem o objetivode formar empreendedores dentro das melhorespráticas de gestão, ele aprendeu rápido as técnicasde planejamento. Quando assumiu o papel de web-designer do Grupo sobressaiu mais ainda. “Foi pelacapacidade dele em aprender, estudar e correr atrásdas coisas”, elogia o diretor-executivo do GrupoChronus, Augusto Barbosa. O desempenho de altaperformance e a inovação que o estagiário agregouao negócio renderam à empresa o terceiro lugar nacategoria Micro e Pequena Empresa.

SustentabilidadeNovidade em 2010, a categoria especial Sistema

Indústria pre miou um estagiário envolvido em umprojeto do Serviço Social da Indústria (SESI) ou doServiço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI),como forma de reconhecer o trabalho dos estudantesque atuam no âmbito do Sistema Indústria. O pri mei -

ro vencedor da nova categoria foi o estudante de Mu-sicoterapia Thiago Pauluk, integrante do projeto dedesenvolvimento sustentável da comunidade JardinsSantos Andrades, em Curitiba, sob a orientação doSESI-PR.

Nível elevadoO gerente de Estágio e Desenvolvimento de

Novos Talentos do IEL, Ricardo Romeiro, disse que “apremiação em 2010 foi marcada pelo aumento donível dos projetos inscritos. Aliás, foi tão alto que pre-cisamos conceder três menções honrosas”.

Uma delas foi a Empresa de Saneamento de MatoGrosso do Sul S.A. (Sanesul/MS). A estudante de jor-nalismo Laís Luri Inagaki otimizou processos do setorde comunicação da empresa, como a coleta de notí-cias publicadas no Mato Grosso do Sul (clipping).

Outra característica, segundo Romeiro, foi o vo lu -me de projetos ligados à questão ambiental. Quatrodos dez vencedores têm essa temática. Além disso,50% dos programas de estágio premiados não são dascapitais estaduais. “Isso é reflexo do possível deslo -camen to da indústria para o interior e da dissemi-nação de procedimentos corretos mesmo em em pre- sas fora dos grandes centros”, explica. IEL

www.iel.org.brwww.rigesa.com.brwww.lactec.org.br www.tupy.com.brwww.novobr.com/uberlandia_refrescos-1672.htmlwww.mabel.com.brwww.sanesul/ms.gov.brwww.lacertaambiental.com.brwww.chronus.com.brwww.sebrae/uf/alagoaswww.sesipr.org.br

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ANÚNCIO DE BOAS PRÁTICAS

O anúncio dos empreendimentos vence-dores do Prêmio IEL Estágio 2010 e os respec-tivos projetos selecionados foi feito na noite de25 de novembro, na sede da CNI, em Brasília,na presença de representantes de grandes, mé-dias e pequenas empresas de todo o Brasil. Emsua quarta edição nacional, o evento é realizadoanualmente desde 2007 e premia as melhorespráticas de estágio de nível técnico e superior

no País, num processo que incentiva a respon-sabilidade social, divulga a inovação e reconhe -ce talentos.

Representantes do Ministério do Trabalho eEmprego, do Ministério da Educação, da Agên-cia Brasileira de Desenvolvimento Industrial, doConselho Federal de Administração, da Fun-dação Universia e do Conselho Nacional de De-senvolvimento Científico e Tecnológico inte gra-ram o júri da premiação, que avaliou projetosde estágio inscritos por empresas que cumprema Lei do Estágio (11.788/2008). Veja a relaçãodos vencedores:

GRANDE EMPRESA

Classificação UF Empresa Representante Estagiário Instituição de Ensino

1º lugar SC Tupy S.A. João Paulo Diego Alexsander ITA - Instituto Tecnológico Schmalz Mamede de Aeronáutica

2º lugar PR Brose do Brasil Ltda. Karen Wasman Milene de Universidade Tuiuti Almeida Ribeiro do Paraná

3º lugar MG Uberlândia Refrescos Ltda. Wanderléia Silva Patrícia Marina Universidade de Uberaba Cortes Rosa (Campus Uberlândia)

GO Cipa Industrial Produtos Elizabeth Danilo Cantieri Pontifícia Universidade Alimentares Ltda. (Mabel) Junqueira de Mello Católica de Goiás

MS Empresa de Saneamento Manoel Gomes Laís Luri Inagaki Universidade Federal de de Mato Grosso do Sul S.A. Mato Grosso do Sul (UFMS) (Sanesul)

MÉDIA EMPRESA

1º lugar SC Rigesa Celulose, Papel Haroldo Vilson Locatelli Universidade Federal e Embalagens Ltda. Süssenbach Junior do Paraná

2º lugar GO Cicopal - Indústria e Aldo Pondaco Thays de Lima Universidade Federal Comércio de Produtos Junior Dias de Goiás Alimentícios (Micos)

3º lugar PR Lactec Instituto de Tecnologia Newton Pohl Devid Wagner Universidade Federal para o Desenvolvimento Ribas Borba do Paraná

MICRO E PEQUENA EMPRESA

1º lugar BA Lacerta Consultoria, Henrique Tércio da Silva Universidade Católica Projetos e Assessoria Browne-Ribeiro Melo de SalvadorAmbiental Ltda.

2º lugar CE XSEDD Software e Ronaldo Brandão Eduardo Aragão UFC - Universidade Consultoria Ltda. Matos Donato Federal do Ceará

3º lugar ES Chronus Tecnologia Augusto H. Leon Moreti FAESA - Faculdadese Automação Ltda. Brunow Barbosa de Souza Integradas Espírito-Santense

Menção AL SEBRAE - AL Marcos Antônio da Juliana Setton Cesmac - Centro de Estudos Honrosa Rocha Vieira Mascarenhas Superiores de Maceió

SISTEMA INDÚSTRIA

1º lugar PR SESI/DR-PR José Antonio Fares Thiago Pauluk Faculdade de Artes do ParanáFonte: organização do Prêmio IEL Estágio

MençãoHonrosa

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Crescimento empresarialturbinado pelo PQFFornecedores

história recente da empresa baiana ZLS –Serviços Técnicos Especializados Ltda.,de Camaçari, é um dos melhores exem -plos de como o Programa de Desenvolvi-

mento e Qualificação de Fornecedores (PQF), de sen-volvido pelo IEL, pode ajudar no crescimento de pe-quenas e médias empresas de qualquer setor.

A ZLS conquistou a 74ª posição no ranking darevista Exame PME – 200 Pequenas e Médias Empre-sas que Mais Crescem, de agosto passado. Em 2007seu faturamento foi de R$ 4,1 milhões e em 2009,de R$ 8,4 milhões, um pulo de 104,8%. Esse índiceé elaborado com base nas informações das empre-sas em seus balanços anuais, registrados nas juntascomerciais de suas cidades.

Os números do crescimento da ZLS, consi de -rando um período maior, são outros. A empresa saiude um faturamento de R$ 300 mil em 2003 paraR$ 23 milhões entre janeiro e setembro deste ano,que deve encerrar totalizando R$ 40 milhões comos contratos em fase final de negociação. É umíndice gigantesco: 13.333%, que dificilmente se re -petirá, uma vez que o ponto inicial era muito baixoe o empreendimento agora atingiu sua maturidade.Desde a adesão ao PQF, em 2004, até o previsto pa -ra dezembro deste ano, o percentual é mais mo -desto, mas ainda muito significativo: 700% (vejatabela à página 17).

Salto no PQFNo mesmo período, a companhia passou de 40

para 500 funcionários, elevando também seu nívelmédio de qualificação. Além disso, a ZLS abriu umasucursal no Recife, de olho nos negócios que a Re-finaria Abreu e Lima, em implantação pela Petrobrasem Pernambuco, já está proporcionando.

Seus dirigentes afirmam que isso só tornou-sepossível após os saltos de qualidade que a empresadeu graças ao PQF, aproveitando também as opor-tunidades surgidas com os grandes projetos em

curso na Bahia e nos estados vizinhos. A empresa é familiar – ZLS são as iniciais de Zan-

dra Lima Santorio, mulher do fundador Carlos San-torio, principal executivo – e se dedica a fabricar,montar e fazer a manutenção de tubulações, tan-ques e estruturas metálicas industriais para grandesclientes que atuam no Polo Petroquímico de Ca-maçari. Atende empresas do porte da Gerdau, Als -

Funcionários da ZLS montam grandes estruturas metálicas

FOTOS: MARCELA BENEVIDES

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tom, Acrinor, Brasilgás, Basf, Continental, DetonQuímica, Novogás, Oxiteno, OAS, Petrobras, JaakkoPoyry Infra, Ultratec, Universal Compression e Can-deias Energia, entre outras.

“As oportunidades aumentaram nos setorespetrolífero e petroquímico, mas, se não tivéssemostido avanços com o PQF, teríamos sido engolidospelo mercado e desaparecido, porque as grandes

empresas exigem controle de qualidade, certifi-cações e muitas outras coisas das quais nem tínha -mos ideia”, conta Vanessa Santorio, diretora admi- nistrativo-financeira da ZLS.

Choque positivoObrigada a crescer pelo enorme aumento da de-

manda, a empresa integrou o grupo que, em 2004,começou a discutir a necessidade de um programapara desenvolver os fornecedores do estado. Mesmoassim, quando o PQF começou a funcionar, em 2005,a direção da companhia se surpreendeu com os re-sultados da avaliação inicial. Numa escala de 1 a 10,a ZLS ficou com apenas 1,93 na análise global de as-pectos como qualidade, saúde e segurança no tra-balho, qualificação técnica da mão-de-obra, relaçãocom o meio ambiente, responsabilidade social, trata-mento dado a reclamações do cliente e a consta ta -ções de não conformidade.

“A avaliação do PQF chamou a gente para a reali -dade e foi um choque, pois jamais imaginamos teruma nota tão baixa”, lembra Vanessa. “Os consul-tores disseram: ‘Vocês estão péssimos, mas po -demos ajudá-los a melhorar’”. A situação era frutode uma empresa que nasceu e cresceu ancoradaapenas na garra e no espírito empreendedor de seufundador, sem nenhuma ferramenta para a gestãoou planejamento estratégico do negócio.

Ex-motorista de ônibus, técnico de tubulação, su-pervisor de montagem, entre outras funções, Santo-rio cresceu profissionalmente a partir da implantaçãodo Pólo Petroquímico de Camaçari, nos anos 70. Emquatro meses quadruplicou seu salário, saindo daMontreal Engenharia para a Petrobras e daí para a Ul-tratec. Ali permaneceu 16 anos, acumulando longaexperiência em várias áreas relacionadas à fabri-cação e montagem de estruturas industriais. Em1989, pediu demissão e fundou a ZLS.

A empresa cresceu vagarosamente até que a ex-pansão do pólo exigiu o crescimento exponencial do

O faturamento da ZLScresceu 700% desde queaderiu, em 2004, ao programa de qualificação

Santorio orienta sua equipe; abaixo, reunião de trabalho

O ANTES E O DEPOIS

(*) Previsão da própria ZLS para o fechamento do ano, em dezembro

(**) Levantamento publicado em agosto na revista Exame PME – 200 Pequenas e Médias Empresas que Mais Crescem.

A ZLS ficou em 74º lugar.

Período Início Fim Percentual2003 a 2010 300 mil 40 milhões (*) 13.333%2004 a 2010 5 milhões 40 milhões (*) 700%2007 a 2009 4,1 milhões 8,4 milhões 104,8% (**)

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Fornecedores

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mais clientes”, conta Vanessa. Com isso, o portifoliode clientes da ZLS passou a incluir empresas comoa Gerdau – âncora do PQF –, Basf, Alston, Petrobrase Brasilgas, para citar alguns exemplos.

Com o Selo Diamante, obtido em 2008, ficouainda mais fácil conquistar novos clientes e a ZLSpassou a investir pesado em Pernambuco, onde ins -talou uma filial para fornecer tanques para os con-

Os encontros do PQF geraram negócios entre as empresas que estavam se capacitando

negócio, em 2004, quando o faturamento chegou aR$ 5 milhões. Foi quando a ZLS verificou algumasfalhas no seu processo produtivo e percebeu que,sem corrigi-las, não haveria crescimento sustentável.

“Quando minha filha Vanessa começou a implan-tar o sistema de gestão da qualidade, passamos aenxergar as coisas numa perspectiva mais ampla.Percebemos a necessidade de investir muito em ca-pacitação de pessoal e equipamentos modernos e oPQF nos ajudou a descobrir como fazer isso da me -lhor maneira”, relata Carlos Santorio.

Dez clientesCom as transformações, a empresa passou de

um cliente (a Oxiteno) para dez e, desde 2008, suanota na avaliação do PQF é 10 em todos os quesitos,o que lhe rendeu o Selo Diamante na certificaçãodada pelo programa. Até dezembro, a ZLS deveobter a ISO 9001 (qualidade) e, até meados do anoque vem, a ISO 18000 (relacionada a saúde e segu-rança no trabalho) e a ISO 14000 (meio ambiente).

O apoio do PQF traduziu-se em consultorias queavaliaram cada área e ajudaram na implementaçãodos sistemas de gestão da qualidade, gestão ambi-ental, de saúde e segurança no trabalho e, inclusive,no planejamento e execução de ações de respon -sabilidade social. Além disso, o programa promoveações de aproximação entre fornecedores e grandesclientes, por meio de encontros e seminários, nosquais os compradores apresentam suas demandas,exigências técnicas e os fornecedores mostram seuspotenciais e o que têm para oferecer.

“À medida que fomos nos qualificando, con-seguimos contratos maiores, o que deu mais visibi -lidade ao negócio e nos ajudou a conquistar mais e

MUITO ALÉM DO FATURAMENTO

Vanessa Santorio foi quem definiu a partici-pação da ZLS no PQF e liderou a implantaçãodos modernos sistemas de gestão na empresa.Formada em relações públicas, com especializa-ção em gestão, trabalhou na AmBev, no grupoTNL e na Contax antes de se integrar ao negó-cio familiar. Orgulhosa das transformações queempreendeu, ela destaca que as mudançasforam mais profundas do que o simples au-mento do faturamento.

Quais aspectos da ZLS foram impacta-dos pelo PQF?

Vanessa: Absolutamente todos, desdenossa visão do mercado, a gestão de cada umadas áreas, ao nível tecnológico da empresa atéa qualificação de nossa mão de obra. Tomamosconsciência das falhas e instituímos um sistemapara diagnosticá-las continuamente, bem comoas possibilidades de melhorias. Isso mudou nãosó nosso faturamento e a relação com osclientes, como a relação com os funcionários eo entorno da empresa.

O que mudou na relação com os fun-cionários?

Vanessa: Passamos a investir pesado na ca-pacitação do nosso pessoal, com um sólido pro-grama de estágio, treinamento e recrutamentode profissionais mais qualificados. Chegamos acontratar 98% de nossos estagiários e reduzi-mos muito a rotatividade dos funcionários.Além disso, o programa de saúde e segurançaaumentou o índice de satisfação dos fun-cionários e diminuiu as faltas ao trabalho.

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sórcios que estão construindo a nova refinariadaquele estado.

Segundo Vanessa, os encontros do PQF geraramtambém novos negócios entre as empresas que es-tavam se capacitando. “Trocamos vários dos nossosfornecedores por empresas do PQF, o que melhorou aqualidade dos serviços contratados e a relação custo-benefício, além de reduzir os prazos de entrega”.

Liderado pelo IEL/BA e pela Federação das Indús-trias do Estado da Bahia (Fieb), com a colaboraçãodo Sebrae, o PQF da Bahia já capacitou 146 compa -nhias desde 2005, tendo hoje como empresas ânco-ras 11 grandes compradores do Estado. IEL

E na gestão da empresa?Vanessa:A auditoria inicial mostrou uma

enorme quantidade de problemas. Todos os as-pectos melhoraram: desde a documentação legaldo negócio até o tempo gasto em cada operação,passando pela redução do desperdício e aumentode produtividade. Os ganhos são tão grandes queapós os dois anos do PQF decidimos manter doisconsultores permanentes na empresa: um paranos ajudar a obter as certificações ISO e outro sópara consultoria estratégica, análise do negócio edas perspectivas.

O que avançou no relacionamento comos clientes?

Vanessa: Estreitamos muito o relacionamentocom os clientes e, com isso, nos adequamos commais rapidez às suas necessidades. Corrigimospequenos problemas cotidianos de inconformi-dade com as especificações e nos preparamosmelhor para grandes desafios. Por exemplo, paraatender às demandas da refinaria de Pernambuco

em termos de prazos, custos e qualidade, esta-mos investindo este ano R$ 2 milhões em novastecnologias e equipamentos de ponta, porquesem eles seria impossível atender os prazos e exi -gências de qualidade desse novo cliente. Meuirmão, Thiago Santorio, foi a Amsterdã comprarequipamentos com tecnologia de ponta na nossaárea. Mas, além da qualidade, eficiência e cumpri-mento de prazos na entrega dos produtos e ser -viços, esses grandes clientes nos cobram res- ponsabilidades ambiental e social, e boas práticasem saúde e segurança no trabalho.

Quais foram as mudanças na área ambi-ental?

Vanessa: Reduzimos muito o desperdício nafábrica. Criamos redutores de vazão em todas astorneiras de água, instalamos calhas para coletade água da chuva, que hoje abastece os ban-heiros, e trocamos alguns insumos mais baratospor outros, que compensam o custo maior pelaredução de desperdício e do retrabalho. Com isso,economizamos matéria-prima, energia, horas detrabalho e diminuímos os resíduos.

E na área de responsabilidade social, oque o PQF trouxe de novo?

Vanessa: O PQF nos ajudou a formatar e im-plementar um programa de responsabilidade so-cial empresarial que se relaciona também com aquestão ambiental. É o projeto Vamos Reciclar. Es-colhemos duas creches públicas instaladas nonosso entorno, fizemos várias visitas para ensinaràs crianças o que era e o que não era reciclável,fornecemos recipientes para que coletassemsepa radamente papel e plástico. Uma vez por mêsrecolhemos e vendemos tudo. Repassamos à ins -tituição o valor da venda e doamos a mesmaquan tia, desembolsada pela ZLS.

www.zls.com.brwww.fieb.org.br/iel

Vanessa percebeu as falhas da empresa após avaliação

MARCELA BENEVIDES

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Os desafios da Geração Gestão de Pessoas

alentosos, criativos, ambiciosos, ligadosem tecnologia, mas pouco afeitos às for-malidades estruturais das empresas, osnovos profissionais disponíveis no mer-

cado constituíram nos últimos anos verdadeiros de-safios aos gestores de pessoas das empresasbrasileiras: como atrair, desenvolver e reter os talen-tos da Geração Y (veja box à página 22). E não há es-capatória, pois em 2025 eles deverão representar73% da força de trabalho no Brasil, segundo estima-tiva da consultoria internacional Booz & Company.

O problema é potencializado pela forte escassezde mão de obra qualificada, com tendência deagravamento nos próximos anos. Para entender me -lhor a questão, encontrar soluções e promover o in-tercâmbio entre profissionais de RH, o IEL/SP estápromovendo o ciclo de debates Diálogos para o Fu-turo. Cada evento é ancorado sempre na experiênciade duas grandes empresas. A iniciativa deve sereplicar pelo restante do País a partir do ano que vem.

O primeiro encontro reuniu mais de 300 pessoasno 36° Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas(Conarh), em agosto, tendo como âncoras líderes daIBM e da agência de publicidade DM9DDB. Os doisencontros subsequentes contaram com a partici-

pação de gestores da AmBev, Grupo Folha, Itaú-Uni-banco e McDonald’s, sempre com a mediação do jor-nalista Gilberto Dimenstein e do gerente de Estágiodo IEL Nacional, Ricardo Romeiro.

Todos os gestoresA tônica dos eventos resulta da avaliação que o

desenvolvimento de RH é tão estratégico para a com-petitividade da empresa que é pre-ciso capacitar e envolver todos osgestores no processo e não ape-nas os de RH. O diretor de Rela -ções Sócio-ambientais da AmBev,Sandro de Oliveira Bassili, reco -menda que as empresas priorizema meritocracia – a promoção pelocritério do mérito, por meio de umsistema transparente de avaliaçãode resultados e competências – eque ofereçam programas para odesenvolvimento dos funcio ná -rios.

“Cada gerente também deveser um gestor de RH, capaz deidentificar e desenvolver entre

Até 2025, esse tipode profissional deverepresentar 73% daforça de trabalho

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seus subordinados os talentos específicos daqueles20% que serão as lideranças responsáveis pelossaltos qualitativos da empresa no mercado, e dorestante da equipe, que responderá pelo bom anda-mento das tarefas cotidianas”, diz Bassili.

A gerente de RH do Grupo Folha, Salete Beltrão,reforça essa ideia e destaca a importância de capaci-tar esses gestores para a tarefa. Cita ferramentas queajudam no processo de Coaching, Mentoring eCounceling: treinamento para os principiantes, de-senvolvimento daqueles com alguma experiência eaconselhamento para os profissionais de níveis maisavançados. E dá como exemplo o Programa de De-senvolvimento de Gestores e Líderes (PDGL) que aFolha de S. Paulo está implantando com o objetivo deaprimorar as habilidades dos chefes das áreas nãojornalísticas (parque gráfico, transportes, circulação,comercial e tecnologia, entre outros).

“Trata-se de capacitá-los para fazer avaliações pe -riódicas não só dos resultados, mas das competên-cias de cada funcionário, seus potenciais e gaps. Apartir disso, traçamos um plano de atividades para odesenvolvimento individual, que pode englobar tantoconhecimentos como habilidades e atitudes, con-forme o caso”, explica, lembrando que, como Busi-ness Partner de RH da American Power Conversion,elaborou esses planos personalizados para funcio -nários da empresa de toda a América Latina.

Segundo Sandra Betti, da MBA Empresarial – con-sultoria especializada no desenvolvimento e gestãode recursos humanos –, esse tipo de política é essen-cial para desenvolver e reter talentos: “A Geração Ytem muita sede de aprender, quer desafios, autono-

mia, mas também mentores que ensinem e ajudem acrescer. Isso não é fácil de encontrar, porque as gera -ções anteriores (veja infográfico na páginas 22 e 23)têm currículo mais de self-made men e geralmentelidam mal com o que classificam de excesso de pre-tensão desses jovens”.

O problema, segundo ela, é que, quando insatis-feitos, os jovens dessa geração tendem a simples-mente ir embora, nem que seja para o desemprego.“Nos últimos dias, conversei com dois deles, um de28 anos e outra de 24, que, depois de passarem porrígidos processos seletivos, pediram demissão degrandes empresas e estão há meses desempregadosporque não gostaram do ambiente. Questionadorese politicamente corretos, esses jovens valorizammuito as relações pessoais e querem sentir que suaempresa faz coisas boas”, afirma a consultora.

Discussões transparentesPara lidar com esse espírito questionador, Bassili

destaca, sobretudo, a importância de promover dis-cussões abertas para a avaliação de pessoas, envol-vendo todos os níveis de funcionários, de forma a seconstruir na companhia uma cultura na qual toda ahierarquia seja capaz de assimilar críticas tanto deseus pares e superiores como de seus subalternos.

“Na AmBev, o merecimento ou não de promoçãonunca é decidido por uma pessoa só, mas por um co-letivo, após discussões muito transparentes”, ga ran -te. Segundo ele, as pessoas não são avaliadas apenaspelo cumprimento das metas, mas, sobretudo, porsua aderência à cultura da empresa: “A Ambev émuito agressiva e competitiva na atuação no mer-cado, mas internamente estimula a colaboração”,frisa. Mesmo a remuneração por atingir metas de-pende 50% do desempenho pessoal e 50% do desem-penho de sua área: “O líder valorizado e promovidoé aquele que bate as metas, mas junto com seu timee de forma ética”.

Segundo ele, a AmBev é uma empresa muito in-formal, que não tem plano de carreira, mas estimulaa autonomia, tem programas de capacitação e fazcom que todos os níveis se envolvam no desenvolvi-mento do pessoal. A transparência desse processo,segundo ele, estimula a meritocracia, tão valorizadapela geração Y.

Tanto Bassili como Salete destacam a importânciade promover a rotação de funções dentro da empre -sa: “A Geração Y é inquieta e quer crescer rápido, épreciso oferecer-lhes permanentemente novos de-

Bassili, Salete, Dimenstein e Romeiro: debate sobre a gestão de profissionais cada vez mais valorizados

EMI SHIMADA

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Eles querem saber o quanto vão poder se realizar pessoalmente e suas chances de ascensão

Interação l Dezembro 2010/Janeiro e Fevereiro de 201122

Gestão de Pessoas

safios e também mostrar que não basta uma boa for-mação acadêmica, que para ser um bom gestor éessencial ter experiência prática em algumas funçõessubalternas que se vai chefiar depois”, disse Salete.

No primeiro evento Diálogos para o Futuro, a líderde recrutamento da IBM para a América Latina, LuanaMatos, contou como a empresa dobrou o número defuncionários no Brasil, apostando na diversidade cul-tural, em incentivos à carreira e em um esquema detrabalho liberal, ancorado em desafios constantes eambiente acolhedor.

“Quase metade dos nossos colaboradores temmenos de 30 anos; essa geração não fica muitotempo numa empresa que tenha regras rígidas ouque não ofereça desafios”, explicou Luana, lem-brando que uma das estratégias da empresa é ofere-cer aos seus profissionais a oportunidade de atuarem projetos mundiais.

Busca da felicidadeA gerente de RH da DM9DDB, Maria Eduarda Lo-

manto, disse que a empresa procura atuar sob oguarda-chuva da “busca da felicidade", procurandoincentivar projetos e atividades sociais que desper -

JOVENS Y NAS CLASSES C E D

Está enganado quem pensa que gerir talen-tos da Geração Y é um desafio apenas quandose trata de jovens oriundos das melhores uni-versidades do País e do exterior. É o que explicao diretor de Comunicação e Relações Institu-cionais do McDonald’s na América Latina, LúcioPedro Mocsanyi. Só no Brasil, são 48 mil fun-cionários (38 mil próprios e 10 mil franqueados),sendo 40 mil jovens em seu primeiro emprego,a maior parte proveniente das classes C e D.

O desafio nesse caso é driblar a excessivainformalidade dessas pessoas e seu desinter-esse por questões relacionadas ao trabalho.Entre as táticas para lidar com essas dificuldadesestão treinamento, o rodízio de funções para de-tectar as melhores habilidades de cada um eoportunidades de promoção a cada oito ou 12meses, além de inúmeras campanhas e concur-sos culturais focados nos interesses jovens.“Eles têm pressa e múltiplos interesses; entãooferecemos a chance de promoções, oportu-nidades de mostrarem o que fazem fora do tra-balho, de modo a serem reconhecidos epremiados por isso”, conta Mocsanyi.

Segundo Mocsanyi, a empresa procura falara linguagem desses jovens desde a seleção, cujainscrição é feita pela Internet e a confirmação daentrevista, por meio de um torpedo. Todo oprocesso de seleção hoje leva dois ou três dias.“Essa geração tem pressa e pouco apego àmarca; se demorar, os melhores candidatospodem ir para outro lugar”. Um bom ambientede trabalho é decisivo para reter os melhores.

DE GERAÇÃO EM GERAÇÃOn Tradicionais (até 1945) – foram os filhos da

Grande Depressão, que passaramtambém por uma guerra mundial.

Essa geração teve de reconstruir omundo e tinha como característicasmarcantes o gosto por hierarquiasrígidas, a fidelidade às empresas e acapacidade de sacrifício pessoal paraalcançar seus objetivos.

n Baby-boomers (1946 a 1964) – fruto do ambientepacifista do pós-guerra, lutaram pela pazmundial, mas não conheceram o mundodestruído. Tinham, por isso, elevada dose

de otimismo e investiram em valorespessoais e na educação da prole. Suaschefias inspiravam relações de amor e ódio.

Preferiam agir em consenso, porque erampráticos e focados nos resultados.

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www.sp.iel.org.brwww.ibm.com.brwww.dimenstein.com.brwww.dm9ddb.com.br www.ambev.com.br/pt-br

www.folha.com.br www.itauri.com.brwww.mbaempresarial.com.brwww.mcdonalds.com.br

n Geração Y (a partir de 1978) – Eles cresceram com asatuais tecnologias de comunicação e não concebem o

mundo sem elas. Adoram trabalhar em rede edão às chefias o mesmo tratamento semcerimônia dado aos coleguinhas. Não têm

tendência a sentimentos de fidelidade àempresa na qual trabalham. Possuemelevada autoestima e não gostam de

atividades provisórias, aquelas para “cumprirtabela”: querem ir direto ao ponto.

tem o interesse pessoal de seus funcionários. Umamplo esquema de atividades incentiva o profissionala conviver com seus pares.

“O ritmo de uma agência é muito intenso e, porisso, as pessoas precisam se sentir bem lá dentro”,diz, citando a ginástica, o atletismo, a yoga e o happyhour como momentos diários importantes.

Psicóloga com 30 anos de experiência na gestãode pessoas no Banco Itaú, Valéria Riccomini tambémconsidera trabalhoso reter talentos de uma gera çãoque tem altas expectativas de desenvolvimento pro -fissional rápido e em relação à qualidade de vida.

“Antes bastava acenar com possibilidades de umaexperiência internacional para atrair e reter os jovensmais promissores. Hoje, eles querem saber tambémo quanto vão poder se realizar pessoalmente no tra-balho, as chances de ascensão para funções ondeaprendam mais e que nível de qualidade de vida po -derão ter com aquele emprego”, explica.

As qualidades que o banco procura selecionar edesenvolver em seus trainees são empreendedo ris -

n Geração X (1965 a 1977) – Filhos da bonança, foramos pioneiros na busca da qualidade de vida, flexibilidade

laboral e liberdade nas relações interpessoais.O advento das tecnologias decomunicação trouxe aoportunidade de equilibrar

dedicação ao trabalho com vidapessoal. Tornaram-se céticos após as crises

de sua época, causadas principalmentepelo elevado desemprego.

mo, visão crítica, inovação e, principalmente, rela -ções interpessoais, o maior problema da Geração Y.

Estágio de qualidade“Ao mesmo tempo que exigem reconhecimento e

um bom ambiente de trabalho, os jovens da GeraçãoY são muito competitivos e imaturos, o que às vezescria dificuldades nas relações interpessoais”, dizValéria. Na sua opinião, a possibilidade de uma car-reira rápida é um dos principais fatores de retençãodos jovens talentos: “Mas dificilmente essa ascensãoé tão rápida como eles gostariam porque, por maispreparados que estejam intelectualmente, são inex-perientes e imaturos para administrar os conflitos dodia a dia, normais em qualquer empresa”.

Em todos os debates, as empresas destacaram aimportância de sólidos programas de estágios etrainees para a captação e desenvolvimento de talen-tos. A IBM possui um banco de talentos com mais de30 mil cadastrados e contrata cerca de 70% de seusestagiários. Já o jornal Folha de S.Paulo admite, duasvezes ao ano, recém-formados para um treinamentointensivo de dois meses em jornalismo. Já a AmBevoferece entre 40 e 50 vagas ao ano que são dis-putadas por mais de 70 mil inscritos. Bassili lembrouque ele mesmo e vários outros diretores da AmBevcomeçaram na empresa como estagiários.

“As empresas mais competitivas descobriram hátempos que um bom programa de estágios e detrainees é essencial”, afirma Ricardo Romeiro. Elelembrou que uma das linhas mais importantes deatuação da regional paulista está focada justamenteem promover o estágio de qualidade.

EMI SHIMADA

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Interação l Dezembro 2010/Janeiro e Fevereiro de 201124

Membro típico da Geração Y, Campos teve uma trajetória profissional variada

AS IDAS E VINDAS DE JOÃO

O jovem físico João Augusto Campos, de 25 anos,é um típico integrante da Geração Y. Ambição, inqui-etude e, sobretudo, sede de aprender estão no seuDNA. Convencido de seu talento para exatas, massem simpatia por nenhuma das especialidades da en-genharia, prestou vestibular para Física e se formoupela Universidade de São Paulo (USP).

“Odiou” o curso, concluído por pressão familiar, euma semana de estágio em física médica foi suficientepara que ele percebesse que não tinha estômago paraa área que, em princípio, o atraíra. Com seis mesespara decidir se prestava ou não a prova para essa es-pecialização, empregou-se numa agência de publici-dade on line.

“Fiquei só quatro meses porque vi que o topo, omáximo onde eu poderia chegar, ali era muito poucopara mim”, conta Campos. Foi na agência, entretanto,que conheceu um rapaz ainda mais ambicioso e de-terminado: “Ele lia livros sobre empresários bem suce-didos e estava sempre cheio de idéias revolucionáriaspara o funcionamento da empresa”. Foi esse colegaque o convenceu a fazer um curso sobre mercado fi-nanceiro. “Fiquei encantado com o curso e, em três se-manas, já tinha decidido que era aquilo que eu queria”.

Um amigo avisou-o de que um grupo que traba -lhava com fundos de investimentos estava procurandogente. “A entrevista para o emprego foi a experiênciamais física e emocionalmente extenuante que já tive”,conta Vasconcelos, explicando que era uma empresade cinco pessoas, provenientes de um banco de inves-timentos muito agressivo e decididas a apostar na

meritocracia. “Ofereceram um salário de R$ 1.300 por15 horas diárias, mas com a perspectiva de um bombônus no fim do ano, dependendo do desempenho.Gostei, preferi priorizar a aprendizagem que o salário”.

Campos relata que fazia cinco coisas ao mesmotempo, sempre tenso porque qualquer distração podiarepresentar um prejuízo de US$ 1 milhão. “Mas o ambi-ente de trabalho, a relação com o chefe e os colegas eraboa, e eu aprendia muito todo dia”, lembra. Ele estavacursando uma pós-graduação em mercado financeiroquando a crise se abateu sobre a empresa. A pós-gra -duação, entretanto, trouxe a oportunidade de passarseis meses estudando na França. “Nem vacilei, pedi de-missão e fui. Tentei trabalhar por lá, até passei numaseleção para um banco, mas, sem visto, não deu”.

Futuro traderDe volta ao Brasil, foi selecionado para trabalhar

num banco. Um mês depois, recebeu proposta deuma administradora de fundos que estava se forman -do. “Decidi apostar na nova empresa porque acheique ali teria mais chances de crescer e aprender naárea que me interessava”.

O futuro da carreira de Campos é ser um trader,aquele que decide sobre os investimentos. “Agora melimito a implementar as decisões dos traders, maspergunto muito para entender porque fazem isso enão aquilo, e peço indicações de leitura. Vou avaliarse fico ou não. Tenho pressa”. A qualidade de vida éprioridade, mas, por enquanto, está adiada. “Queroganhar um bom dinheiro nos próximos anos e depoisfazer um trabalho mais tranquilo”. IEL

Gestão de Pessoas

Campos quer resultados rápidos e, depois, qualidade de vida

ARQUIVO PESSOAL

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TECNOLOGIASFoi lançado edital para o Programa de Cooperação Brasil-União Europeia na área de Tecnologias da In-

formação e Comunicação. Podem propor projetos brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil, comvisto permanente, com título de doutor e currículo cadastrado na Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br/).A data limite para submissão das propostas, exclusivamente pela Internet (http://carloschagas.cnpq.br/),é 18 de janeiro de 2011.

www.mct.gov.br/index.php/content/view/325821.html

IEL

Outras Mídias

ENERGIA DO MARA geração de energia elétrica a partir da força de ondas, marés e correntes marinhas tornou-se reali-

dade no Brasil, desenvolvida pela empresa SeaHorse, que faz parte da incubadora do Instituto AlbertoLuiz Coimbra da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ). Autor do projeto, o mestre em En-genharia Oceânica Paulo Roberto da Costa diz que os diferenciais desse conversor brasileiro está na ca-pacidade de usar a forte pressão das águas marinhas e fazer a dessalinização da água do mar. O teste doprimeiro protótipo em escala real será feito ainda este ano no porto de Pecém (CE).

www.agenciasebrae.com.br/noticia.kmf?canal=218&cod=10749524

IEL

CONTROLE REALUm software que adapta os semáforos ao fluxo de veículos de forma automática e instantânea, com

base na medição do tráfego feita por sensores instalados nas vias, está disponível no Brasil. O Projeto deControle de Tráfego por Área em Tempo Real (Contreal), coordenado pelo professor Werner Kraus Junior(fone 48 3721-7685 e e-mail [email protected]), evita retenções desnecessárias e ajusta-se a situaçõesinesperadas, como acidentes de trânsito. A inovação foi desenvolvida no Departamento de Automação eSistemas da Universidade Federal de Santa Catarina. O controle em tempo real reduz entre 15% e 20% oatraso e o número de paradas dos veículos, com uso da tecnologia GPRS/GSM.

www.agecom.ufsc.br/index.php?id=7775&url=ufsc

IEL

BIOPLÁSTICOO plástico é problema para o meio ambiente e pouco do que

se usa é reciclado. Mas o plástico produzido por uma bactériapode mudar isso. Coletadas nos rios Solimões, Madeira eNegro pelo pesquisador Aldo Rodrigues Procópio, doutor emBiotecnologia, as bactérias Chromobacterium Violaceumproduzem biopolímeros com propriedades idênticas às dosplásticos atuais. A vantagem é que o bioplástico leva emmédia seis meses para se decompor, enquanto que o deorigem petroquímica demora 200 anos. A pesquisa tem oapoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), e do Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico (CNPq/MCT).

www.cnpq.br/saladeimprensa/noticias/2010/1025.htm

IEL

DIVULGAÇÃO

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Hora de investirfirme no verdeEcoeficiência

A ecoeficiência se paga e é sinônimo de menos gastos no futuro, dizemos especialistas

rodutos ecoeficientes – feitos com tecnolo-gias limpas e com respeito máximo aomeio ambiente – vendem muito mais queseus similares sem esta especificação. Os

consumidores, cada vez mais exigentes, são ávidospor itens que vão do simples papel A-4 para impres-soras de computador a sofisticados cosméticos femi -ninos. Um bom exemplo disso é o sucesso da linhade hidratantes, shampoos e sabonetes Kapeh, pro-duzida no Brasil e exportada para Holanda e Portugal,que utiliza café e outras matérias-primas ecológicasna fabricação de 30 produtos vendidos nos trêspaíses (veja box à página 29).

Ecoeficiência é muito mais do que simples res -ponsabilidade ambiental e pode ser definido comoum conjunto de maneiras de produzir bens e serviçosutilizando menos recursos naturais, gerando menosresíduos e incluindo matérias-primas ecológicas emseus produtos (veja destaque nesta página).

Para estimular as empresas brasileiras a alcan -çarem a produção ecoeficiente, o IEL/BA lançou emsetembro o Programa Indústria Ecoeficiente, projeto-piloto que nasceu a partir da metodologia do Pro-grama IEL de Qualificação e Desenvolvimento deFor necedores (PQF), que busca associar grandes em-presas compradoras a pequenos fornecedores quali-ficados. A ideia é, depois da avaliação dos primeirosresultados, expandir a experiência baiana para outrosEstados.

Boas práticasO IEL/BA propõe utilizar o conhecimento tec-

nológico das empresas-âncoras sobre esse temapara promover a implementação de boas práticas emecoeficiência nas micros, pequenas e médias empre-sas participantes, explica Tatiane Cordeiro Mascare -nhas, da Assessoria de Desenvolvimento da regionalbaiana do IEL.

A transferência de conhecimento e metodologiasecológicas entre empresas – por meio do B2B (Busi-

ness to Business) – pretende fazer com que elas re-duzam o consumo de água e de energia, combatamdesperdícios e utilizem menos matéria-prima.

O programa está em sua fase inicial, terá duraçãode três anos e envolverá recursos de US$ 2 milhões(cerca de R$ 3,4 milhões), com trabalho prioritárioem três cadeias estratégicas para a Bahia: petro-química, construção civil e indústria automobilística.

O programa tem o apoio do Banco Interamericanode Desenvolvimento (BID), da Confederação Nacionalda Indústria (CNI), do IEL Nacional, do Governo do Es-tado da Bahia (via Secretária de Indústria, Comércioe Mineração – SICM), da Petrobras e da regional ba-iana do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas (SEBRAE/BA).

O engenheiro Fernando Almeida – especialistaem sustentabilidade e ecoeficiência, e autor doslivros O bom negócio da sustentabilidade e Os de-safios da sustentabilidade, uma ruptura urgente –afirma que a implantação de práticas ecológicas nas

P

Almeida é autor de dois livros sobre sustentabilidade

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Interação l Dezembro 2010/Janeiro e Fevereiro de 2011 27

O Conselho Empresarial Mundial para o De-senvolvimento Sustentável (World BusinessCouncil for Sustainable Development – WBCSD)classifica ecoeficiência como uma série de açõesque “têm por diretriz prover produtos e serviçosa preço competitivo que satisfaçam as necessi-dades humanas e garantam a qualidade de vida,ao mesmo tempo em que, progressivamente,reduzam os impactos ambientais e a demandapor recursos naturais ao longo do seu ciclo devida, a um nível no mínimo igual à capacidadede suporte da Terra.”

ECOEFICIÊNCIA É...

empresas aumenta a competitividade, influencia nainovação e melhora a reputação da indústria.

Palestrante no lançamento do programa, Almeidaexplica que a ecoeficiência é o pilar do desenvolvi-mento sustentável. “A tendência é utilizar a mesmamatéria-prima várias vezes. Assim, podemos dizerque a ecoeficiência se paga. O investimento é sinô -nimo de menos gastos no futuro”, diz.

Almeida explica que é preciso mudar os modelosde negócios para garantir o crescimento econômicode forma sustentável. “As empresas devem ampliar

Vanessa, da Kapeh,usa café certificadopelo selo holandêsUTZ, mundialmentereconhecido

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Orsato: "A questão ambiental deve se integrar à estratégia"

Interação l Dezembro 2010/Janeiro e Fevereiro de 201128

Na Rotovic, a água usadapassa por decantação e retorna às lavanderias,para mais uma utilização

sua capacidade produtiva, sua lucratividade e suacompetitividade com significativa redução dos in-sumos e, consequentemente, dos impactos no meioambiente”, conclui.

A Rotovic é exemplo de empresa que adota a eco-eficiência em seu processo produtivo. Fundada em1968 em São Paulo e com a implantação de umaunidade em Camaçari (BA), em 2001, é uma lavande-ria que higieniza, descontamina e recupera equi pa -mentos de produção individual (EPI), uniformes, ta- petes industriais e laboratórios.

A empresa tem uma estação de tratamento de eflu-entes, onde todo o resíduo da lavagem é tratado. Aágua usada, depois de passar por um processo de de-cantação, retorna à lavanderia e a outras áreas da em-presa para novo uso. “A água reutilizada representauma economia substancial para a empresa, que poupaconstantemente a sua principal matéria-prima, a água”,explica Getúlio Lobo, responsável pelo DepartamentoComercial da unidade baiana. Os resíduos sólidos

provenientes da decantação estão em estudo, devendoser utilizados na produção de blocos de concreto.

A lavanderia industrial atende à Petrobras, à Forde à Oxiteno, entre outras, e também presta serviçosde recuperação de equipamentos que antes eramdescartados pela indústria, entre os quais luvas ebotas. “Temos certificação para fazer esse trabalho,fornecida pelos fabricantes desses equipamentos deproteção individual e por outras instituições. Paraatender essa certificação, não podemos alterar ascara cterísticas do produto”, explica Lobo.

Esse serviço ajuda na redução de custos para asindústrias, contribuindo para uma economia de até60% na compra desses equipamentos. A Rotovic tam-bém possui a certificação ISO 14001, que reconhecea existência na empresa de um efetivo Sistema deGestão Ambiental (SGA).

Forte tendênciaComo exigência crescente dos consumidores, a

ecoeficiência virou forte tendência do mercado, se-gundo o pesquisador e professor Renato J. Orsato, daInsead e da HEC Paris (classificadas entre as melhoresescolas de negócio do mundo), ambas na França.

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Formado em Administração de Empresas e em En-genharia Civil, com mestrado em Administração eGestão, Renato J. Orsato é autor do livro Sustainabi -lity Strategies: When does it pay to be green? (2009,Palgrave MacMillan), ainda sem título em português.A obra será publicada em língua portuguesa em2011 pela editora Quality Mark e, entre vários temas,trata da ecoeficiência. O livro recomenda que as em-presas procurem saber “quando vale a pena investirno verde”. O endereço eletrônico de Orsato é [email protected].

DECISÕES ESTRATÉGICAS

Ecoeficiência

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Interação l Dezembro 2010/Janeiro e Fevereiro de 2011 29

A agregação de valor aos produtos pelouso de matérias-primas ecológicas levou aKapeh liderar um nicho de mercado bem pe-culiar em três países. Sua inovação está nouso do café como insumo básico dos cos-méticos e a preocupação com o meio ambi-ente como prioridade.

A Kapeh utiliza café com a certificaçãointernacional UTZ, que significa “café bom"na língua maia. Esse selo holandês é umprograma mundial de certificação para apro dução e o fornecimento de café respon-sável e atesta que a produção foi feita comresponsabilidade social e ambiental. “Dife -rente de uma certificação orgânica, o UTZCertified confirma que nosso café é pro-duzido respeitando nascentes, o solo e a na-tureza, além de ter responsabilidade social”,conta a farmacêutica, bioquímica e dona daKapeh, Vanessa Vilella (foto), responsávelpelo desenvolvimento dos produtos.

O café vem da Fazenda Rancho Fundo,do marido de Vanessa. Além dos pontos devenda no Brasil, Vanessa exporta seushidratantes, shampoos e sabonetes – maisde 30 produtos – para Holanda e Portugal.A inovação e compromisso com o meio am-biente renderam a Vanessa a participação,em abril, da segunda edição do concursoEmpretec Women in Business Award 2010,promoção da Unctad (Conferência das Na -ções Unidas sobre Comércio e Desenvol vi -mento) em parceria no Brasil com o SEBRAE.Ela ficou entre as dez finalistas.

CAFÉ NO POTE DE COSMÉTICO

www.kapeh.com.br www.fieb.org.br/ielwww.rotovic.com.br www.unctad.org www.wbcsd.orgwww.renatoorsato.com www.insead.edu/home www.utzcertified.org http://empretec.sebrae.com.br www.fernandoalmeida.com.br

Orsato divide ecoeficiência em três níveis. Oprimeiro ocorre na produção, com o aperfeiçoamentodos processos produtivos. Pode-se investir emprocessos mais limpos dentro das indústrias, comoo reaproveitamento de água e a diminuição do usode energia. O segundo nível é ligado aos produtos,com o investimento em matérias-primas recicladas esubstituição de componentes, gerando artigos quecausam menor impacto ambiental.

O terceiro nível da ecoeficiência é o sistêmico, in-cluindo produção e consumo como um todo. “Para osetor automobilístico ser sustentável, por exemplo,é preciso desenvolver não apenas carros elétricos,mas produzir energia elétrica (para alimentar os car-ros) com baixa emissão de carbono, e utilizar os car-ros de forma mais eficiente”, explica.

Impactos ambientaisIsso porque o impacto ambiental não se dá ape-

nas no processo produtivo das indústrias, mas tam-bém no consumo dos produtos e serviços, esclareceOrsato: “As pessoas sempre imaginam que o maiorimpacto das indústrias ocorra nas fábricas, mas, fre-quentemente, pode estar no uso dos produtos e nosserviços associados a eles. Por exemplo, quando in-cluídos o transporte, a alimentação, a hospedagem eos serviços correlatos, o setor de turismo lidera oranking de impactos ambientais.”

Orsato destaca o aspecto estratégico da ecoefi-ciência: “O empresário precisa ver a questão ambien-tal como algo integrado a estratégia geral. Contudo,os investimentos que vão além do exigido por lei pre-cisam ser avaliados com cuidado. É preciso escolhero ecoinvestimento mais adequado para a empresaem função do tipo de mercado a ser atendido, da lo-calização e da tecnologia, entre outros fatores.”

Segundo o pesquisador, investir na certificaçãoISO 14001 pode fazer sentido para algumas empre-sas, enquanto um selo verde pode ser o melhorecoinvestimento para outras. IEL

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Falta consenso à proposta do MEC

possibilidade de redução de 258 para 30denominações ou especialidades da áreade engenharias ainda é ponto sem con-senso entre educadores e pesqui sa dores

brasileiros, que pedem mais tempo ao Minis tério daEducação (MEC) para discutir o tema. A re dução estásendo proposta pela Secretaria de Edu cação Supe-rior (SESu), no levantamento dos Refe renciais Cur-riculares Nacionais (veja box na página ao lado).Vários especialistas fazem ressalvas à ação do mi -nis tério, alegando falhas nesse levantamento.

Um dos críticos, o engenheiro e professor-doutorMário Neto Borges – presidente da Fundação de Am-paro à Pesquisa do Estado de Minas Gerais e presi-

dente do Conselho Nacional das Fundações Estadu-ais de Amparo à Pesquisa – diz que concorda com aideia desse estudo do MEC, mas acha que as de-cisões poderiam ser discutidas de forma ampla eparticipativa. “É preciso ouvir as ideias de ambos oslados, e não apenas unilateralmente como estásendo feito”, disparou Borges.

Ele acredita que pode haver equívocos na con-tagem das 258 modalidades de engenharia. “O MECdeve estar contando, por exemplo, engenharia decontrole e automação, e engenharia de automaçãoe controle como duas especialidades diferentes. Massão a mesma coisa. Os números do MEC não sãoconfiáveis”, avalia Borges, formado em Inteligência

Borges defende mais discussão sobre as denominações

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Esteves considera a redução “uma ideia simplista”

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AEngenharias

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Artificial Aplicada à Educação, pela Universidade deHuddersfield (Inglaterra). “Se quisermos olhar parao futuro, precisamos de mais cursos e cada vez maismodernos. Não se deve limitar as engenharias”,afirma.

Lista criticadaEx-reitor da UFMG e atual presidente do Parque

Tecnológico de Belo Horizonte, Ronaldo Tadeu Penareconhece que realmente há um excesso de denomi -nações de engenharia, mas defende debate maisam plo: “É preciso haver regulamentação, sim, fe -chan do os cursos que não são bons. Mas, não sedeve seguir apenas uma lista.”

Pena – engenheiro elétrico com doutorado nessaespecialidade – diz que o MEC deveria ter convoca -do uma reunião com a Associação Nacional dos Diri-gentes das Instituições Federais de Ensino Superior(Andifes) e outros grupos reconhecidos. “Esse é umassunto que ainda precisa de discussão”, reco -menda.

Para o engenheiro elétrico e mestre em Engenha -ria Nuclear na área de Concentração Energética, Otá -vio de Avelar Esteves, é necessário controle paraevi tar que algumas instituições criem cursos inade-quados, mas quer a regulação com a participaçãodas escolas de educação superior.

“A ideia não é má, mas a forma parece simplista.

Professores achamque não se deve limitar as engenharias para nãocomprometer o futuro

LISTA ATUALIZADA

O MEC pretende reduzir o número de de-nominações dos cursos superiores do País,por meio do projeto Referenciais Curricu-lares Nacionais. O diretor de Regulação e Su-pervisão da Educação Superior, Paulo Wollin-ger, disse, na última edição desta revista,haver mais de 27 mil cursos de gra duaçãocom cinco mil nomes diferentes.

O debate maior ocorre na área das en-genharias porque as novas tecnologias vãocriando a necessidade de novos objetos deestudo acadêmico e universitário. Os críti-cos temem que a lista do MEC crie mais umabarreira à dinâmica do ensino superior. Oministério garante que sua intenção é ape-nas “organizar a casa”.

Wollinger diz que o MEC quer impedir os abusos

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Não sou contra a regulação, mas acho que deveriaser um processo dinâmico, em contato com as uni-versidades, que têm autonomia constitucional paraorganizar novos cursos e, assim, atender as deman-das do mercado”, afirma Esteves, coordenador doCurso de Engenharia de Energia da Pontifícia Univer-sidade Católica de Minas Gerais.

TecnologiaEle faz uma comparação: “A medicina só tem um

objeto de estudo, o ser humano, imutável. Ela evo -luiu na forma de olhar e fazer, mas o objeto continuao mesmo. Não é o que acontece na engenharia, cujoobjeto de estudo é a tecnologia. Delimitar o campode estudo tecnológico é arriscado”, explicou.

O curso de Engenharia de Energia, criado por Es-teves, não faz parte da nova listagem do MEC. “Criei-o pensando na realidade atual do País. É totalmenteinovador, voltado para o futuro. A escola de enge -nharia mais famosa do mundo, o Massachusetts Ins -titute of Tecnology, nos Estados Unidos, tem exa ta-mente esse mesmo curso”, diz o professor, temendoque ele venha a ser fechado com a redução das de-nominações. Existem no Brasil 12 cursos similares.O da PUC mineira está em seu oitavo período e temuma média de 300 alunos. IEL

O receio dos mestres é a progressiva redução da autonomia constitucional das universidades

Engenharias

ESTÍMULO À INOVAÇÃO

O IEL/CE promoveu em novembro a pri -meira edição do Prêmio IEL de Enge nharia,nas categorias Profissionais de Empresa eProfissionais Estudantes. A pre miação ocor-reu no dia 23, juntamente com a Feira doEmpreendedorismo Técnico do Estado doCeará.

A promoção distribuiu uma bolsa de es-pecialização em Engenharia de Produção naUniversidade Federal do Ceará para oprimeiro lugar entre os Profissionais de Em-presa e uma bolsa de pesquisa Bitec para omelhor classificado entre os ProfissionaisEstudantes. “O prêmio tem o objetivo decontribuir para a divulgação de projetos einvenções inovadoras focadas na engenha -ria e que possam ter aplicação real nas em-presas cearenses”, disse a gerente executivado IEL/CE, Adriana Kellen.

O Prêmio IEL de Engenharia tem o apoioda Universidade Federal do Ceará, Universi-dade de Fortaleza, Sindicato dos Enge -nheiros do Ceará, Conselho Regional deEngenharia, Arquitetura e Agronomia doCeará, Instituto Federal de Educação, Ciên-cia e Tecnologia, e SENAI/CE.

www.pucminas.brwww.fapemig.br www.confap.org.br www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm www.bhtec.org.br www.andifes.org.br http://portal.mec.gov.br

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Interação l Dezembro 2010/Janeiro e Fevereiro de 201134

m novo curso a ser realizado noBrasil pelo IEL/NC e o IEL/RS emparceria com a Universidade deStanford – na Califórnia, Estados

Unidos, uma das mais renomadas universi-dades do mundo – é o destaque do pro-grama Educação Executiva em 2011. Ocurso de Liderança Estratégica terá trêsdias de duração, em Bento Gonçalves(RS), em abril.

A parceria com a Universidadede Stanford é consequência dosucesso de iniciativas semelhantescom escolas de negócio mundialmentereconhecidas. A superintendente doIEL/RS, Elisabeth Urban, informa que duranteos três dias – 28 a 30 de abril – do curso deLide rança Estratégica serão apresentadosconhe cimentos com alta aplicabilidadenos negócios dos participantes. “Ou -tros aspectos dessa oportunidade sãoas visões diferenciadas de professoresrenomados e a possibilidade de cons -trução de uma ampla rede de contatos”,afirma Elisabeth.

Experiência únicaO evento será realizado na mesma cidade onde

ocorreu em 2010 o curso Estratégias para Inovaçãoem Novos Mercados, em parceria com a WhartonSchool. “Bento Gonçalves é famosa pela produçãodos únicos vinhos do país com selo de Indicação deProcedência, representando o legado cultural ehistórico dos imigrantes italianos”, acrescenta.

O local será o Hotel e Spa do Vinho CaudalieVinotherapie, que oferece ambiente clássico comatendimento de alta qualidade em termos de estadiae infraestrutura para eventos. “Desta forma, o pro-grama Educação Executiva do IEL proporcionará umaexperiência única aos CEOs das empresas, preocu-

pando-se com a qualidade dos parceiros nacionais einternacionais, além de proporcionar conteúdo alta-mente relevante, professores renomados e in-fraestrutura à altura”, destaca Elisabeth.

O calendário de 2011 inclui, ainda, a 6ª ediçãodo curso Estratégias e Inovação de Negócios emparceria com a Wharton School, em junho, na sededa escola, na Filadélfia, Estados Unidos, e a 11ª edi -ção do curso Gestão Estratégica para Dirigentes Em-presariais do Insead, em Fontainebleau, França, entreo final de agosto e início de setembro.

O programa Estratégia e Inovação nos Negóciosem parceria com a Wharton School, que será reali -

Curso de Stanford noBrasil é destaque em 2011Educação Executiva

U

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Interação l Dezembro 2010/Janeiro e Fevereiro de 2011 35

Monteiro, da Wharton, diz ser essencial que participantes levem questõespráticas para a discussão

zado em 2011 de 20 a 24 de junho, na Filadélfia,segue os padrões americanos de ensino: instrumen-tal e sistemático, com aulas focadas na prática. A 6ªedição abordará as implicações da inovação noBrasil, revela o diretor do programa, Luiz Felipe Mon-teiro, responsável na escola pela parceria com IEL.

“Os empresários devem esperar aulas focadas nodesenvolvimento dos países emergentes. É essencialque os participantes venham com ideias e questõesdas suas empresas para que, juntos, possamos su-perar seus desafios, pois assim é mais fácil identi-ficar e solucionar problemas. Queremos que nossosalunos saiam do curso com aplicação direta nas suasempresas”, diz Monteiro.

Mudanças rápidasNos dias 29 de agosto a 2 de setembro será a vez

do programa Gestão Estratégica para Dirigentes Em-presariais, em parceria com o Insead, em Fontaine -bleau, França. Elaborado exclusivamente parapart i ci pantes brasileiros o foco é a internacionaliza-ção das empresas nacionais, a competitividade, oempreendedorismo e a inovação. Serão cinco dias deaulas com tradução simultânea para o português. Omaterial didático é apresentado em inglês e por-tuguês.

Lourdes Casanova, professora do Departamentode Estratégia do Insead e diretora do programa, res -ponsável na escola pela parceria com o IEL, diz que“o Brasil está em grande destaque no mundo e os em-presários precisam se preparar para assumir umpapel muito importante nas mudanças que estãoocorrendo rapidamente. É importante se atualizar esaber como pensam as empresas européias. A Europaestá mirando muito no crescimento brasileiro”. IEL

www.stanford.eduwww.wharton.upenn.eduwww.insead.edu

PARCERIA COM AS MELHORES ESCOLAS

Os programas de Educação Executiva do IELsão realizados por meio de parcerias com asmelhores escolas de negócio do mundo, se-gundo os rankings do Financial Times e daForbes, e têm a meta de atualizar altos execu-tivos, tornando-os mais competitivos nos mer-cados brasileiro e internacional.

As aulas das escolas parceiras incluemmodernos conceitos de práticas de gestão em-presarial, com aplicação imediata. O IEL identi-fica a demanda, sugere os temas para a escolaparceira e monta o programa Educação Execu-tiva, de forma diferenciada.

Os cursos têm curta duração, porém comimersão total. As aulas intensivas com estudosde casos envolvem temas como inovação,gestão estratégica, marketing e liderança. Oprograma estimula a troca de experiênciasentre os participantes. Um dos pontos funda-mentais dos cursos do IEL é a qualificaçãoprofissional dos executivos, para que suas em-presas possam crescer cada vez mais.

A gerente de Desenvolvimento Empresarialdo IEL, Tatiana Farah, explica a diferença entreos cursos de Master in Business Administration(MBA) e de Educação Executiva: “MBA é umapós-graduação diferenciada a profissionais queestão entrando no mercado de trabalho, compouca experiência. Já a Educação Executiva éorientada para a reciclagem ou discussão detemas estratégicos. As escolas de negócio tra-balham sempre com casos reais, sendo impor-tante a experiência que o executivo traz para asala de aula. Por isto, e em função das agendascada vez mais atribuladas dos participantes, oscursos de Educação Executiva tendem a setornar mais curtos e mais intensos.

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cearense Clara Mítia criou um deliciososorvete que pode ser consumido por cri-anças que têm alergia à proteína do leitede vaca, a chamada lactose. Os testes de

degustação com a criançada foram muito bem suce-didos. Sua inovação está no uso de ingredientesdiferenciados – leite de cabra, polpa de morango,açúcar e mel de abelhas – e lhe valeu um prêmio euma bolsa de mestrado numa das maiores universi-dades do Brasil, a Universidade de São Paulo (USP).

O exemplo de Clara faz parte de um dos doisnovos volumes da Coletânea BITEC, lançados no dia25 de novembro. Eles incluem sete projetos premia-dos na oitava e nona edições do Programa de Inici-ação Científica e Tecnológica para Micro e PequenasEmpresas (BITEC), desenvolvido pelo IEL, com a co-operação do SENAI, SEBRAE e do Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Os dois volumes contêm experiências bem suce-didas realizadas no Espírito Santo, Mato Grosso,Ceará, Rio Grande do Norte e Alagoas. O objetivo dacoletânea é divulgar as pesquisas de sucesso de es-tudantes contemplados pelo BITEC, cuja meta prin-cipal é transferir conhecimentos gerados nasinstituições de ensino diretamente para o setor pro-dutivo. Além disso, o programa também ajuda no fo-mento à pesquisa dentro das faculdades e univer- sidades do País.

Seiscentas bolsasAnualmente, são oferecidas cerca de 600 bolsas

de estudo. As empresas parceiras são beneficiadaspor um projeto a cada edição e oferecem uma con-trapartida mensal destinada à orientação didática epedagógica do professor orientador. Em 10 anos doPrograma BITEC, foram distribuídas 4.029 bolsas,beneficiando alunos, professores e micro e pequenasempresas.

Durante seis meses, os bolsistas realizam e de-senvolvem suas pesquisas e ao final de cada edição,

os projetos de destaque são premiados. Alunos eprofessores ganhadores das etapas regionais rece-beram como premiação R$ 1.000 e R$ 2.000 respec-tivamente. Além disso, na etapa nacional o alunorecebe uma bolsa do CNPq para realização domestrado.

Foi o que ocorreu com Clara Mítia, uma dasvencedoras da 8ª edição do BITEC, em 2008. Aos 25anos, moradora do município de Sobral (CE), elacursa mestrado na USP com a bolsa do CNPq. Seusorvete, desenvolvido em 2008, é probiótico – con-tém organismos vivos que, administrados em quan-tidades adequadas, beneficiam a saúde humana – etem crescente mercado consumidor, formado pelasdezenas de milhares de crianças brasileiras afetadaspela lactose.

Quando era estudante do curso de Tecnologia deAlimentos do Instituto Federal de Educação, Ciênciae Tecnologia do Ceará, Clara teve a orientação dapesquisadora e professora Masu Capistrano Portelae teve o apoio da sorveteria cearense Ki-Delícia.

Mais dois volumesvalorizam pesquisas Coletânea Bitec

A

Clara comanda a degustação do sorvete com a criançada

JACQUELINE DA SILVA OLIVEIRA

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cas, aproveitando a água residual do processo dedessalinização.

O solo estava muito salgado, o que dificultava oplantio. “Plantamos hortaliças que absorviam bem asalinidade do solo, como capim elefante, que servepara alimentação de caprinos e ovinos. Depoisdisso, foram plantados coentro, tomate, erva-sal egirassol, este último usado para adubar o solo pos-teriormente”, conta Souza. A irrigação foi feita deforma inteligente, com a água salgada chegando àplanta diretamente pela raiz, evitando a queimaduradas folhas.

A boa notícia é que o projeto de Souza e do pro-fessor Dias não parou ao final da sua bolsa BITEC.Com financiamento do Banco do Nordeste do Brasil,eles vão continuar as pesquisas e ampliar o projetopara a criação de peixes na água residual salini -zada. IEL

As duas ediçõescontêm seteprojetos premiados

O alimento criado por ela é funcional, pois me -lhora a função gastrointestinal, graças à adição doLactobacillus Acidophilus. O lado econômico tam-bém foi levado em conta: “Sobral está em uma regiãorica na produção desse leite”, conta a mestranda.

Após dois meses de aulas teóricas do mestradona USP, em Tecnologia de Alimentos, ela voltou a So-bral para realizar novas etapas de pesquisa na Em-brapa, instituição parceira durante todo o projeto. “Apremiação no BITEC abriu muitas portas para minhavida profissional. Gostaria de levar adiante minhaspesquisas e vincular a produção do sorvete a proje-tos sociais”, planeja Clara.

No programa BITEC, os estudantes são chamadosa solucionar problemas. Com a ajuda do orientador,os graduandos desenvolvem modelos que podematender as empresas, gerando inovações tecnológi-cas, empreendedorismo e melhoria de gestão.

Resíduo salgadoUm bom exemplo disso é o projeto de Francisco

Ismael de Souza, 23 anos, estudante do quinto se-mestre de Agronomia da Universidade Federal Ruraldo Semi-Árido, no município de Campo Grande (RN),a 265 km de distância de Natal. Ele foi um dos pre-miados na 9ª edição do concurso e seu projeto tam-bém está nos novos volumes da Coletânea BITEC.

Souza resolveu um problema sério da comu-nidade de Bom Jesus, próxima de Campo Grande.“Há mais de 20 anos foi instalado um dessalinizadorpara os moradores, que antes sofriam com a falta deágua potável. Mas o resíduo da separação da águaestava sendo descartado diretamente no solo”, ex-plica Francisco.

O problema foi primeiramente identificado portécnicos do Núcleo Sertão Verde de Apoio à Agricul-tura Familiar, que procuraram o professor Nildo daSilva Dias, orientador de Souza. Com o auxílio doPrograma BITEC, eles começaram a pesquisa para es-tudar a viabilidade da produção de hortaliças orgâni-

Hortaliças plantadas por Souza absorveram o sal da terra

DORINHA DIAS

www.iel.org.br/portal/data/pages/FF8080812AB748E8012AB93376815BED.htmwww.senai.brwww.sebrae.com.br www.cnpq.br www.usp.br www.ifce.edu.br www.ufersa.edu.br www.bnb.gov.br

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Artigo

Desafios do “novo” Brasil

A democraciabrasileira estácada vez maisforte, mas se espera tambémcompetênciapolítica e bomdesempenhoeconômico e social

JOSÉ

PAU

LO L

ACER

DA

uito mais que simplesmente indicar os detentores do poderpolítico a partir de 2011, as urnas revelaram um novo País eenormes desafios para os governantes, a sociedade e os em-presários. Todos têm expectativas em torno da realização das re-

formas estruturais, sem as quais não será possível avançar na construçãodesse Brasil remodelado pelo voto e na consolidação da nossa democracia.

Nós, empresários, por meio das entidades do Sistema Indústria, temos ocompromisso de fortalecer a economia, tornando-a mais dinâmica e ino-vadora, ao mesmo tempo em que desejamos uma sociedade mais justa. Mas,é preciso alertar: não é responsabilidade isolada da iniciativa privada,cabendo também ao Estado ações condutoras e, principalmente, indutoras.

O processo de desenvolvimento precisa ser sustentável e integrado,bene ficiando a sociedade como um todo e não só um setor específico,mesmo que este seja o industrial. A infraestrutura – estradas, ferrovias, por-tos, aeroportos etc. – é imprescindível à eficiência dos setores produtivos. Éessencial também assegurar a evolução dos serviços, incrementar aspesquisas tecnológicas, apoiar a inovação e, sobretudo, investir na moder -nização do sistema de educação.

Com isso, as atuais deficiências da infraestrutura e de outras áreas es-tratégicas do País deixarão de causar retrocesso na produtividade e competi -tividade das empresas.

O grande desafio brasileiro é acelerar o ritmo de transformações denossa economia, fundamental não apenas para satisfazer o sonho de ser po -tência econômica, mas para assegurar oportunidades de realização profis-sional para todos os cidadãos. No caso, a responsabilidade é coletiva eindividual, tanto dos que operam as ações da iniciativa privada quanto dosque exercem os poderes públicos.

Precisamos, ainda, de um choque de gestão no Brasil. Cabe aos próximosgovernantes a responsabilidade de mudar a direção dos gastos públicos eracionalizar o custo da máquina administrativa, além de buscar o aumentodo volume dos investimentos e de sua eficiência. Em respeito aos con-tribuintes é imperativo que não haja desperdícios ou desvios ocasionadospela má gestão. Muito menos pela corrupção.

O Brasil clama pelas reformas e os resultados das urnas indicam que estáno tempo de fazê-las, a começar pela política, da qual dependem todas asoutras. Elas são aguardadas desde a promulgação da Constituição Federal,em 1988. A partir da remodelação e aprimoramento da estrutura política, asreformas trabalhista, previdenciária, tributária e do Judiciário, dentre outras,ficariam maduras e poderiam ser aprovadas mais facilmente.

As eleições de 2010 mostraram que a democracia brasileira está cadavez mais forte. Todos esperam agora que se mostre competência política ese assegure bom desempenho econômico e social.

Paulo Afonso Ferreira,diretor-geral do IEL Nacional e

presidente da Federação dasIndústrias do Estado de Goiás

M

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