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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Negócios
Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda
Trabalho de Conclusão de Curso
POR TRÁS DA FANTASIA – MULTIFACES DO CARNAVAL
PAULISTANO
Autora: Brenda Oliveira de Sousa
Orientadora: Prof.ª Dra. Sheila da Costa Oliveira
Brasília - DF
2015
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BRENDA OLIVEIRA DE SOUSA
POR TRÁS DA FANTASIA – MULTIFACES DO CARNAVAL PAULISTANO
Memorial apresentado ao curso de graduação em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Publicidade e Propaganda.
Orientadora: Prof.ª Dra. Sheila da Costa Oliveira
Brasília 2015
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Memorial de autoria de Brenda Oliveira de Sousa, intitulado “POR TRÁS DA
FANTASIA – MULTIFACES DO CARNAVAL PAULISTANO”, apresentado como
requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social –
Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, em Junho de 2015,
defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:
___________________________________________
Prof.ª Dra. Sheila da Costa Oliveira
Orientadora
Com. Social – Publicidade e Propaganda/UCB
___________________________________________
Profa. Dra. Rafiza Varão
___________________________________________
Profa. MSc. Raquel Cantarelli
Brasília 2015
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AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus pela oportunidade de ter chegado até aqui. Aos meus pais, por sempre me apoiarem em tudo. Ao meu amado Júlio Poloni, por ter me incentivado e me dado ideias de como fazer este trabalho ficar mais interessante. Agradeço também à minha querida orientadora Sheila, profissional que me instruiu e me deu suporte durante todo o processo de construção do meu projeto. Por fim, agradeço aos integrantes da escola de samba Mocidade Alegre - em especial o carnavalesco da escola, Sidnei França - que se dispuseram a me auxiliar em tudo o que precisei.
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RESUMO
Referência: SOUSA, Brenda Oliveira de. Por Trás da Fantasia – Multifaces do Carnaval Paulistano. Quantidade de Folhas: 35. Trabalho de conclusão de curso: Escola de Negócios – Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2015.
O carnaval não acontece somente em fevereiro: ele vive durante todo o ano e envolve milhares de vidas cotidianamente. Este projeto busca revelar, numa publicação digital, o trabalho, a complexidade e a beleza que há nos bastidores de uma escola de samba, um dos maiores símbolos da identidade cultural brasileira - e um dos principais produtos da cultura popular. Sob a perspectiva de um estudo de caso na escola de samba paulistana Mocidade Alegre e por meio de pesquisas bibliográficas, foi possível revelar um pouco mais do mundo pulsante que existe além dos desfiles. O carnaval envolve aspectos econômicos, comerciais e sociais, e conta com uma surpreendente estrutura para que cada enredo saia do papel. Este trabalho também intenta revelar o processo de criação, montagem e execução de um desfile. A leitura viabiliza o conhecimento de detalhes acerca do “mundo do samba”, e suas complexas, intensas e apaixonantes faces.
Palavras-chave: Cultura. Carnaval. Escola de samba.
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ABSTRACT
The carnival do not take place only in February: it lives year-round. This project reveals the work, the complexity and the beauty that is behind the scenes of a samba school, which is one of the greatest symbols of Brazilian cultural identity - and one of the main products of popular culture. From the perspective of a case study in São Paulo samba school Mocidade Alegre and through literature searches, it was possible to reveal a pulsating world that exists beyond the parades. Carnival involves economic, commercial and social aspects, and has an amazing structure so that each plot quit the paper. This paper also attempts to reveal the process of creating, installing and running a show. Reading enables the detail knowledge about "samba world," and his complex, intense and passionate faces.
Keywords: Culture. Carnival. Samba school.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7
1. CULTURA .............................................................................................................. 9
1.1 Cultura Popular, Cultura Erudita e Cultura de Massa .................................... 10
1.2 Cultura Brasileira .............................................................................................. 11
2. SAMBA ................................................................................................................. 12
3. CARNAVAL .......................................................................................................... 13
4. ESCOLA DE SAMBA ........................................................................................... 15
5. LIVRO ................................................................................................................... 16
5.1 Estrutura do livro ............................................................................................. 17
6. ORÇAMENTO ....................................................................................................... 20
7. DESCRIÇÃO DO PROJETO GRÁFICO ............................................................... 20
7.1 Formato, margens, alinhamento, espaçamento e fontes ............................... 20
7.2 Cores .................................................................................................................. 21
7.3 Descrição do livro em geral .............................................................................. 24
8. DIÁRIO DE BORDO ............................................................................................. 28
9. CRONOGRAMA ................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33
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INTRODUÇÃO
O trabalho aborda o carnaval paulistano sob diversos aspectos de sua
manifestação, aduzindo os bastidores da folia, as estruturas por de trás da festa e as
influências culturais e sociais deste que é um produto tão característico da cultura
nacional. Para tanto, foram feitas pesquisas bibliográficas sobre o tema e um
aprofundado estudo de caso na escola de samba paulistana Mocidade Alegre nos
meses de janeiro e fevereiro de 2015 (período que antecede os desfiles de
carnaval).
A pesquisa objetivou revelar características do carnaval de São Paulo não tão
conhecidas do público - sobretudo do público brasiliense, bem como aduzir os
bastidores de uma escola de samba, compreender a relação e a influência de uma
escola de samba na sociedade, entender a rotina de uma escola de samba, como é
montado um desfile, e revelar a motivação dos sambistas. O tema é intrínseco a um
assunto de grande relevância dentro do curso de comunicação social: cultura, pois o
carnaval é um produto de grande destaque dentro da cultura popular brasileira.
Os desfiles das escolas de samba são as manifestações mais reconhecidas
dessa festa. Esses desfiles baseiam-se no elemento mor do curso: comunicação.
Neles, cada escola narra (comunica) uma história (enredo) a partir de três módulos
artísticos: visual, música e dança; utilizando fantasias, alegorias, ritmo e movimentos
para transmitir mensagens diversas. Analisar esse fenômeno é uma forma de buscar
compreender um processo criativo de comunicação social. Além disso, a divulgação
desse material compreende uma rotina eminentemente publicitária, no sentido de
tornar públicos aspectos ocultos de um processo cultural característico de nossa
nação – o maior espetáculo da Terra – muito embora, canonicamente, um livro não
esteja catalogado como um produto genuinamente publicitário. Encarar esse desafio
foi uma das metas deste trabalho, tentando conjugar um olhar diferenciado sobre um
objeto com uma necessidade de relação com os contextos profissionais adequados.
Neste memorial constam conceitos fundamentais para a compreensão do
trabalho. Por meio de pesquisa bibliográfica, essencial a qualquer atividade
acadêmico-científica, foram estabelecidas definições de termos como cultura, cultura
popular, erudita e de massa, cultura brasileira, samba, carnaval e escola de samba.
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Como produto final do trabalho, foi elaborado um livro (no formato eletrônico:
e-book), não comercial, que visa identificar e ilustrar os diversos processos do
carnaval, trazendo ao foco da análise tudo o que há por trás de cada fantasia que
brilha anualmente na avenida. A escolha do livro se deu pelo fato de ser um
tradicional e clássico meio de comunicação, e pelo fato de "(...) ser um veículo para
o armazenamento e a divulgação de um conjunto específico de dados, informações
e conhecimentos, sua mais importante função" (PAULINO, 2009, p. 1 e 2). A palavra
“divulgar”, de acordo com o dicionário online “Dicio” (www.dicio.com.br), significa
"tornar público, fazer conhecido de todos ou do maior número; apregoar; propagar;
difundir". Este livro nada mais é, portanto, do que uma forma de propaganda do
carnaval paulistano e da escola de samba Mocidade Alegre. Como o termo
“propaganda” deriva de “propagar” (do latim “propagare”), ou seja, divulgar/difundir
dados, fatos, crenças ou ideologias, o livro converge com essa proposta.
O formato e-book colabora para a divulgação da obra, já que a internet tem
hoje amplo alcance e é utilizada comumente pelos integrantes da Mocidade Alegre,
bem como por grande parte da população brasileira. Ela foi publicada no “Issuu”
(www.issuu.com/brendasousa6), uma plataforma online que agrega publicações do
tipo. O link do e-book deste TCC será compartilhado pelos sites especializados
“SRZD” (www.sidneyrezende.com/editoria/carnavalsp) e “Amantes do Carnaval de
São Paulo” (www.amantesdocarnavalsp.com.br), portais de grande repercussão no
segmento do carnaval. A obra será divulgada, também, nos grupos do Facebook
“Amantes do Carnaval de São Paulo” (com cerca de 25.000 pessoas inscritas) e
“Comunicação UCB”, além do blog brasiliense “Brasil em Panorama”
(www.brasilempanorama.blogspot.com.br).
O objetivo da divulgação é atingir não somente um público que já tem contato
com o carnaval, mas também pessoas que não têm amplo conhecimento acerca da
área, para que este trabalho sirva de fonte para pesquisas acadêmicas, culturais e
pessoais, e também para que um maior público possa ter a oportunidade de
conhecer a beleza e a emoção das outras faces do carnaval paulistano, já que a
grande maioria das pessoas aprecia apenas a face transmitida pela televisão.
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1. CULTURA
O conceito de cultura é bastante diversificado, e por esse motivo nem todas
as definições são aceitas por todos. Vem do latim colere, que significa cultivar. Está
associada, em seu significado original, às atividades agrícolas. Nesse sentido, a
cultura pode ser entendida como algo a ser cultivado pela sociedade e, além disso, é
algo que está sempre em movimento. Os responsáveis por expandir o uso e o
significado dessa palavra foram os pensadores romanos, os primeiros a dar outros
sentidos para o termo “cultura” (SANTOS, 2006, p. 27).
De acordo com a concepção de cultura dos Estudos Culturais, entendida
como o modo total de vida, a cultura pode ser compreendida de diversas formas.
Remete às tradições de um povo, suas crenças e religiões, comidas típicas,
vestimentas, arte em geral, características de um povo que são passadas de
geração em geração, servindo também como fator de diferenciação entre o homem
e o animal.
Os precursores dos Estudos Culturais estudaram e pesquisaram a respeito da
cultura de forma geral e sem prejulgamento; tudo relacionado a cultura tinha sua
importância e nenhuma forma de cultura era superior a outra.
No momento em que os Estudos Culturais prestam atenção a formas de expressão culturais não-tradicionais se descentra a legitimidade cultural. Em consequência, a cultura popular alcança legitimidade, transformando-se num lugar de atividade crítica e de intervenção. Dessa forma, a pertinência de analisar práticas que tinham sido vistas fora da esfera da cultura inspirou a geração que desenvolveu os Estudos Culturais, principalmente, a partir dos anos 60. Logo, os Estudos Culturais construíram uma tendência importante da crítica cultural e questiona o estabelecimento de hierarquias entre formas práticas culturais, estabelecidas a partir de oposições como
cultura alta/baixa, superior/inferior, entre outras binariedades. 1
Segundo Santos (2006, p. 23), existem duas concepções básicas de cultura.
“A primeira concepção de cultura remete a todos os aspectos de uma realidade
social; a segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às ideias e
crenças de um povo”. Ainda de acordo com o autor, é relacionando essas duas
concepções que se origina a maneira de se entender cultura:
(...) a cultura é a dimensão da sociedade que inclui todo o conhecimento num sentido ampliado e todas as maneiras como esse conhecimento é
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expresso. É uma dimensão dinâmica, criadora, ela mesma em processo, uma dimensão fundamental das sociedades contemporâneas. (SANTOS, 2006, p. 50)
Complementando,
Cultura é uma dimensão do processo social, da vida de uma sociedade. Não diz respeito apenas a um conjunto de práticas e concepções, como por exemplo se poderia dizer da arte. Não é apenas uma parte da vida social como por exemplo se poderia falar da religião. Não se pode dizer que cultura seja algo independente da vida social, algo que nada tenha a ver com a realidade onde existe. Entendida dessa forma, cultura diz respeito a todos os aspectos da vida social, e não se pode dizer que ela exista em alguns contextos e não em outros. (SANTOS, 2006, p. 44)
1.1 Cultura Popular, Cultura Erudita e Cultura de Massa
Segundo Souza (2010, p. 9) a cultura pode ser compreendida em três níveis:
popular, erudita e de massa. A cultura popular difere da cultura erudita e da cultura
de massa por sua ligação mais íntima às tradições de um determinado grupo. Ela é
feita pelo povo e para o povo, não pode ser imposta por uma elite nem por uma
indústria cultural. “Quando se fala em cultura popular acentua-se a necessidade de
pôr a cultura a serviço do povo” (GULLAR, 1965, p. 01). Não está ligada ao
conhecimento científico, e sim ao senso comum. Ao contrário da cultura popular, a
cultura erudita está adstrita à elite social e é considerada superior, econômica e
politicamente. É o “(...) domínio do máximo possível de conhecimentos, a posse de
um saber abundante e diferenciado, sobre um tema específico ou sobre muitos, sem
aparência de limites” (VANNUCCHI,1987, p.24). Está ligada ao pensamento
científico, às pesquisas universitárias e aos livros. É transmitida mais comumente
pelas escolas e universidades. Já a cultura de massa é aquela produzida pela
indústria cultural e consumida pela maioria da população, e é bastante disseminada
pelos meios de comunicação com o intuito de comercialização. Como afirma
Vannucchi (1987, p. 84) a indústria cultural está focada em “(...) produzir os bens
culturais em série, padronizados, postos no mercado, para o consumo do maior
número de pessoas, dentro e fora das fronteiras nacionais”.
Enfim, definir conceitos sobre cultura tem sido um trabalho árduo para
inúmeros teóricos, mas é possível concluir, ainda que parcialmente, que
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Diante do percurso traçado sobre a cultura, nos defrontamos com diversas possibilidades de conceitos onde, cada um se apóia em determinados pressupostos. Pesquisar sobre cultura é como tentar segurar o ar que inspiramos. E a dificuldade aumenta cada vez que chegamos mais próximos do(s) seu(s) conceito(s) e de suas múltiplas variações entre popular, erudito, massivo, folk, etc. (SOUZA, 2010, p. 11)
1.2 Cultura Brasileira
A constituição de elementos que nos identificam como brasileiros é bastante
recente. Pelo fato de o Brasil ter uma grande extensão territorial, no período colonial
as diferenças regionais eram muito fortes e visíveis, tornando as identidades
regionalizadas e particulares. Houve, depois do processo de ruptura com Portugal,
vários grupos em estados brasileiros que almejaram se separar do Brasil, e uma das
contribuições para isso foi essa ausência de identidade como um todo.
Dessa forma, a identidade brasileira precisou ser construída ao longo dos
mais de quinhentos anos de existência desta nação. Símbolos precisaram ser
criados para que os brasileiros pudessem reconhecê-los como ícones de identidade
nacional. Como exemplo disso temos o próprio carnaval, que, de festa marginal,
passou também a ser patrocinado e reconhecido pelo governo, além de produzido
pelos movimentos e agremiações populares.
O Brasil possui característica peculiar em relação à sua cultura. A grande
extensão territorial e a forte presença de imigrantes fazem do Brasil um país
miscigenado e diversificado em suas manifestações culturais. Por isso, “Estudar
cultura brasileira é debruçar-se sobre determinada cultura nacional, distinta de
outras, mesmo que limítrofes ou afins” (VANNUCCHI,1987, p. 27).
A cultura brasileira é intensamente diversificada e possui uma outra
particularidade, que é, segundo Vannucchi (1987, p. 80),
(...) o fenômeno da apropriação de manifestações particulares de certos grupos seus pelo resto da sociedade, sendo até transfiguradas em símbolos nacionais. É o caso da feijoada: de aproveitamento pelos escravos das sobras da mesa dos senhores, foi guindada à categoria de prato nacional. De símbolo de negritude e de tensão social, passou a ser depurada e manipulada como símbolo da nação toda. É o caso também da “caipirinha” – presença indispensável à beira das piscinas e nas mais refinadas praias do país –, como também da quadrilha – cada vez menos praticada na roça e sempre mais programada nos clubes e festas citadinos. O mesmo se diga
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do samba, de início criado e consumido pelo povo do morro (e até reprimido pela polícia), para depois ser glorificado como expressão musical tipicamente brasileira e até produto nacional de exportação.
Por conta desse fenômeno, a cultura popular brasileira se reinventa
aceleradamente, se apropriando de inúmeras culturas regionais e atribuindo novos
significados aos símbolos.
2. SAMBA
O nome “samba” não provém de um único termo específico que seja aceito
entre os estudiosos do tema. Existem alguns conceitos indicados como termos
referenciais para o samba, que pode ter advindo de semba (dança da umbigada),
zambo (festejo africano), sem + ba (troca bilateral, dar e receber), dentre outros
termos e conceitos menos prováveis.
No entanto, é consensual que o samba tem sua origem em diversos ritmos
africanos que utilizavam a percussão como principal fonte sonora. Chegou ao Brasil,
provavelmente, junto com a cultura africana que aqui desembarcou devido ao
regime de escravidão que predominava na época. Foi abrasileirado, misturado com
outras influências musicais regionais e se tornou o estilo musical mais popular do
País. Hoje, é reconhecido internacionalmente como uma marca cultural intimamente
ligada ao Brasil.
Não pode ser considerado falho ou parcial reconhecer no conceito de samba um gênero musical brasileiro, de amplo apelo popular. Até mesmo por suas ações de ascendência cultural e sonora – com o choro, o jongo, a modinha, o batuque e etc. – e sua descendência tão fértil – indo do samba de breque ao samba-roque, o samba é inicialmente um sistema de signos sonoros, marcados pelo compasso dois por quatro, com a tônica no segundo tempo. Nesse sentido, sua primeira definição aparece tecnicamente vinculada às classificações de um estilo rítmico-musical. (OLIVEIRA, 2007, p.33).
Originalmente, o samba é uma tradução da identidade da cultura negra.
Todavia, o caráter integrador do próprio samba e do povo brasileiro (amplamente
miscigenado) o tornou popular. Essa popularização partiu, principalmente, do
subúrbio do Rio de Janeiro, onde o samba se fortaleceu e ganhou notoriedade como
gênero musical, deixando de ser um ritmo local e segmentado para ser difundido em
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todo território nacional. O sucesso da música “Pelo Telefone” – considerada a
primeira gravação de um samba no Brasil – foi fundamental para esse processo de
democratização do gênero.
Após a ampla difusão e a consequente popularização do samba, diversos
formas derivadas do gênero começaram a surgir. A bossa nova é o principal
exemplo de subgênero do samba que ganhou notoriedade e grande repercussão
pública. Mais recentemente, outro subgênero que teve (e ainda tem) enorme difusão
nos meios de comunicação de massa é o pagode. Todavia, este trabalho de
conclusão de curso tratará mais intimamente o subgênero samba-enredo, forma
derivada do samba feita especificamente para desfiles de escolas de samba. E essa
escolha se deve principalmente ao fato de que o samba-enredo e os desfiles na
avenida ajudaram a constituir internacionalmente o samba e o carnaval como
elementos importantes da identidade brasileira.
Pode-se reproduzir laudas e laudas para diferenciar a cultura do samba da cultura carnavalesca. O fato, porém, é que a constituição da identidade nacional tornou o samba (...) uma arte predominantemente carnavalesca. (OLIVEIRA, 2007, p.162)
3. CARNAVAL
Infelizmente, a bibliografia a respeito do conceito e da história do carnaval
ainda não é tão vasta quanto se desejaria. Mas podemos observar que sua história
permeia a antiguidade, sendo derivada de diversas festas pagãs de regiões
babilônicas, mesopotâmicas, gregas e romanas. O ponto em comum desses festejos
era a inversão de papéis sociais e a supervalorização dos prazeres da carne. A
Igreja Católica decidiu apropriar tais festejos no século VIII e realocá-los no período
que antecedia a recém instituída quaresma, para que as pessoas pudessem
extravasar seus instintos mais primitivos antes do período de grande dedicação à
religião.
A Igreja, a princípio, colocou-se contra a manifestação, porém ao constatar a ineficiência das proibições dos festejos, ditos pagãos, arraigados no inconsciente coletivo dos povos, tratou de adaptar as festas consideradas
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profanas ao calendário eclesiástico, mas não totalmente desligadas da religião. (SOUZA e TSUTSUI, 2002, p. 5)
Após isso, o carnaval se popularizou pela Europa:
Durante o Renascimento, nas cidades italianas, surgia a commedia dell'arte, teatros improvisados cuja popularidade ocorreu até o século XVIII. Em Florença, canções foram criadas para acompanhar os desfiles, que contavam ainda com carros decorados, os trionfi. Em Roma e Veneza, os participantes usavam a bauta, uma capa com capuz negro que encobria
ombros e cabeça, além de chapéus de três pontas e uma máscara branca. 2
O carnaval aportou no Brasil no período colonial, sendo trazido pelos
europeus e praticado também pelos escravos, embora em circunstâncias bem
diferenciadas. No final do século XIX surgiram os primeiros ranchos e cordões,
grupos carnavalescos que saíam às ruas desfilando improvisadamente com
instrumentos de percussão e apitos. Já no início do Século XX os bailes nos salões
também ganharam força e ajudaram a encorpar a cultura carnavalesca no Brasil.
Foi no Brasil que o carnaval ganhou tamanhas proporções, onde o país
passou a ser reconhecido pela magnitude e beleza dessa festa. Normalmente o
carnaval tem a duração de três dias – acabando na quarta-feira de cinzas –, e em
algumas cidades brasileiras, como em Salvador, a festa dura uma semana inteira.
Hoje o carnaval é comemorado de diversas maneiras pelo Brasil a fora, e cada
região possui sua peculiaridade, adaptando assim o seu estilo regional, seu folclore
e suas crenças à festa (SOUZA e TSUTSUI, 2002, p. 5). Em São Paulo e Rio de
Janeiro, por exemplo, os desfiles de escola de samba ganham destaque. Já em
Salvador temos os diversos shows em trios elétricos; em Recife o frevo faz a alegria
popular nas ruas, bem como seus bonecos gigantes; e em Brasília, assim como em
diversas cidades brasileiras (inclusive as citadas acima) temos os blocos de rua com
suas marchinhas. Em muitas cidades pelo país afora também temos os desfiles de
escolas de samba, mas de uma forma menos expressiva que em São Paulo e que
no Rio de Janeiro. Enfim,
(...) o Carnaval, nas suas múltiplas formas de expressão, permanece, apesar das mudanças recentes, como a maior festa da cultura popular brasileira, um dos ícones nacionais que, ao lado do futebol, aparece como um dos itens mais marcantes de brasilidade. (BLASS, 2007, p.19).
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4. ESCOLA DE SAMBA
Os ranchos e cordões foram os elementos embrionários da criação das
escolas de samba. Os ranchos eram agremiações que desfilavam embaladas ao
som dos marcha-ranchos, que eram tocados com instrumentos de sopro e de corda.
Já os cordões eram grupos formados por foliões que andavam e dançavam em fila,
geralmente usando máscaras e fantasias. Embora guardem semelhanças e
mantenham alguns elementos desses grupos, as escolas de samba se
diferenciaram principalmente pela maior organização de suas folias. Com elas foi
possível a criação de um concurso oficial padronizado, fortalecendo a existência de
um enredo como fio condutor dos desfiles e de um samba que o narre, o que não
era unanimidade entre os blocos, ranchos e cordões.
Segundo os principais estudiosos do tema no Brasil, as escolas de samba
surgiram no fim de 1920. Algumas das primeiras escolas no país foram a Deixa
Falar, a Estação Primeira (originária da Mangueira) e a Vai Como Pode (originária
da Portela).
Em São Paulo, as precursoras Nenê de Vila Matilde, Unidos do Peruche e
Lavapés surgiram apenas na década de 50, inspiradas nas escolas de samba
cariocas. Embora as escolas tenham se inspirado na folia do Rio de Janeiro, a
cultura carnavalesca também já estava presente em São Paulo. Na década de 1910
já existia o Grupo Carnavalesco Barra Funda, bloco que originou a escola de samba
Camisa Verde e Branco. Na década de 1930 já havia surgido também o Cordão
Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae, grupo que originou a Escola de Samba Vai-Vai.
Os concursos dos desfiles de escolas de samba paulistanas surgiram
oficialmente no ano de 1968. 3 De lá para cá, a Vai-Vai se tornou a maior campeã da
folia na cidade, com 15 títulos. Em seguida, vem a Nenê de Vila Matilde, com 11
(contando os títulos do período anterior à oficialização do concurso) e Mocidade
Alegre, base de pesquisa deste trabalho, com 10 premiações.
A chama da tradição dos desfiles de escolas de samba mantém-se acesa.
Com o passar do tempo, têm ganhado cada vez mais repercussão midiática,
importância social, novos elementos artísticos e recursos financeiros que
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possibilitam um espetáculo, a cada ano, mais qualificado. Em seus desfiles, as
escolas de samba narram
“[...] um enredo por meio de um conjunto de códigos verbais – letra do samba – e códigos não verbais – música e instrumentos musicais; movimentos do corpo na dança ou “ginga”; nas cores das fantasias; nas formas, tamanho das esculturas e adereços; na iluminação dos carros alegóricos; no uso de tecnologia automatizada e tudo o que a imaginação do carnavalesco pedir.” (BLASS, 2007, p. 49 e 50)
5. LIVRO
Segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura), “Um livro é uma publicação não-periódica, impressa, de pelo
menos 49 páginas, excluindo-se as páginas de capa, publicada no país e
disponibilizado ao público”. 4 Se a publicação tiver menos de 49 páginas, ela é
considerada um folheto. Também pode ser descrito como livro “uma reunião de
folhas dobradas, reunidas em cadernos colados e costurados uns aos outros, em
branco, manuscritas ou impressas.” (QUEIROZ, 2008, p.15 apud RIBEIRO, p. 2).
Etimologicamente, o termo “livro” vem do latim liber, que estaria relacionado com a
cortiça da árvore, uma membrana situada debaixo da casca da árvore, utilizada
primitivamente para fazer papel. 5
Inúmeras formas como base para a escrita já foram utilizadas antes do
surgimento do livro como conhecemos hoje. A primeira forma utilizada pelos antigos
foram as tabuletas de argila e de pedra. Os sumérios utilizavam os tijolos de barro.
Os romanos, tábuas de madeira. Os indianos, folhas de palmeiras. Mas os egípcios
foram os primeiros a utilizar o papiro, em latim papiryus – que deu origem à palavra
papel.
Durante esses processos de desenvolvimento de suportes para a escrita,
surge o pergaminho de peles de carneiro. Até então tudo era feito artesanalmente,
não existia nenhum processo de reprodução “em massa” (PAULINO, 2009, p. 2); o
que surgiria apenas no Século XV:
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A partir da segunda metade do século XV surge o livro impresso. Os livros que foram lançados até 1500 e no período anterior a este ano são chamados de incunábulos, do latim incunabulum, berço. O mais conhecido, e um dos primeiros é a Bíblia de Gutenberg, a B42, livro que inaugura, oficialmente, a fundação da imprensa no Ocidente. (PAULINO, 2009, p. 2)
A imprensa de Gutemberg revolucionou a sociedade e a história do livro em
si, e entre transformações e conflitos, os benefícios do livro impresso acompanham
a sociedade até hoje. Facilita o acesso a todo tipo de informação e continua
evoluindo em suas formas, como é o caso dos livros eletrônicos, criados no final do
século XX - também conhecidos como livros digitais ou e-books. Os livros
eletrônicos em nada divergem dos livros impressos tradicionais – a não ser pelo seu
formato, que por ser digital, não possibilita o contato físico com a obra como o
formato tradicional; e precisa de um suporte eletrônico para ser visto, como
computador, tablets e celulares.
5.1 Estrutura do livro
Título: Por trás da fantasia - Multifaces do carnaval paulistano
Capítulo 1 - O que é o Carnaval?
Foco no aspecto cultural. Expõe o conceito de carnaval, por meio de citações de
pesquisadores, obras de sambistas históricos e depoimentos de quem, de alguma
forma, o vivencia.
Capítulo 2 - Qual é a motivação do sambista?
Foco no sentimento dos sambistas a respeito do carnaval. Foram entrevistados:
1) A presidente da Mocidade Alegre;
2) O carnavalesco da Mocidade Alegre
3) O intérprete da Mocidade Alegre;
4) A Porta-Bandeira da Mocidade Alegre;
5) O presidente do Departamento Jovem da Mocidade Alegre;
6) Um dos compositores da Mocidade Alegre.
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Capítulo 3 - Além da fantasia
Foco no aspecto social, econômico e comercial: as atividades pouco conhecidas de
uma escola de samba.
1) O funcionamento/estrutura da escola de samba Mocidade Alegre:
- Como funciona no dia a dia;
- Atividades realizadas (ações sociais);
- O trabalho em uma escola de samba;
- Estrutura hierárquica e administrativa;
- Receitas e despesas de uma escola de samba.
2) O carnaval e a economia:
- Os trabalhos indiretos gerados pelo carnaval;
- Potencial comercial e de turismo.
3) Valores:
- União entre pessoas de diferentes escolas;
- Respeito;
- Harmonia;
- Família.
Capítulo 4 - Os bastidores da montagem de um desfile de escola de samba
Foco no aspecto artístico.
1) Concepção do enredo pelo artista;
2) Pesquisas sobre o tema do enredo;
3) Os projetos do enredo (desenhos das fantasias e alegorias);
4) Apresentação do enredo à comunidade;
5) Escolha do samba-enredo;
6) Preparação das fantasias;
7) Preparação das alegorias;
8) Deslocamento das alegorias do barracão para a avenida;
9) Retoques finais (acabamento das alegorias na avenida);
10) Ensaios (de quadra, de rua, específicos e técnicos);
11) O dia:
- Chegada à quadra;
- Pegando as fantasias;
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- Últimos adereços (perucas, maquiagem, etc);
- Deslocamento da comunidade da quadra para a avenida;
- Chegada à concentração;
- Concentração (organização da escola, colocação dos destaques, afinação dos
instrumentos, oração final, grito de guerra);
12) Fotos do desfile de 2015 da Mocidade Alegre.
Capítulo 5 - Os segmentos de uma escola de samba
Foco nos segmentos da escola na avenida.
1) Comissão de frente;
2) Mestre-sala e porta-bandeira;
3) Ala musical;
4) Bateria;
5) Alegoria;
6) Carnavalesco;
7) Alas convencionais;
8) Ala coreografada;
9) Ala das crianças;
10) Ala das baianas;
11) Velha-guarda.
Capítulo 6 - O carnaval de São Paulo em 2015
Foco nas escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo.
1) Vai-Vai
2) Mocidade Alegre
3) Rosas de Ouro
4) Águia de Ouro
5) Dragões da Real
6) Acadêmicos do Tucuruvi
7) Nenê de Via Matilde
8) Império de Casa Verde
9) Gaviões da Fiel
10) Vila Maria
11) X9 Paulistana
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12) Acadêmicos do Tatuapé
13) Mancha Verde
14) Tom Maior
6. ORÇAMENTO
- Passagem aérea à São Paulo/SP, ida e volta: R$ 293,00
- Obs.: não houve despesa com alimentação e hospedagem, pois fiquei hospedada
na casa de familiares.
7. DESCRIÇÃO DO PROJETO GRÁFICO
O produto escolhido para a realização deste trabalho é o livro. Trata-se de um
tradicional meio de comunicação. Entretanto, o intuito é fugir do convencional, e,
para isso, decidiu-se pela publicação digital. A escolha pelo livro também traz à luz
um mito existente no ramo da comunicação: publicitário não sabe escrever, apenas
os jornalistas o sabem. Essa publicação servirá, também, para desmistificar tal
senso comum.
O livro valoriza as imagens e os textos foram escritos com leveza, explicando
de maneira simples e objetiva cada assunto abordado. Textos e imagens têm
proporção equilibrada no livro como um todo. O InDesign CC, da Adobe, foi o
programa utilizado para diagramar o trabalho. O programa é o mais adequado por
ser prático e específico para diagramação.
7.1 Formato, margens, alinhamento, espaçamento e fontes
O tamanho e o formato fugiram um pouco do padrão, 24x24, um formato mais
quadrado. As margens foram fixadas em 1cm. O texto foi justificado, distribuído
uniformemente entre as margens. O espaçamento entre as linhas ficou definido de
1,15cm, pois essa disposição facilita a leitura em tela. O tamanho das fontes para os
títulos é de 20pt, para o texto, de 16,5pt, e para as legendas de foto, 12pt. A fonte
“OctemberScript” foi escolhida para os títulos, subtítulos e os nomes dos autores dos
21
depoimentos. É uma fonte “rabiscada” e remete aos esboços feitos pelos
desenhistas do carnaval. Já a fonte “Kozuca Gothic Pro” foi a fonte utilizada para os
textos em geral e para as legendas de foto, por possibilitar uma boa leitura e
também para sair do padrão “Times New Roman” e “Arial”, comumente utilizados em
livros e trabalhos acadêmicos.
Amostragem de fontes:
7.2 Cores
Foram escolhidas diversas cores para compor do livro, entre elas:
Fonte Amostragem
OctemberScript
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
123456789
Kozuca Gothic Pro
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Amostragem das cores utilizadas no livro.
Cada um dos seis capítulos - assim como a apresentação, o prefácio e as
referências bibliográficas - têm a presença de uma cor específica. A numeração das
páginas e os títulos também são destacadas com a cor padrão de cada capítulo.
Modelo de cor na numeração da página e nos títulos.
23
As cores foram escolhidas através de seus significados, que foram
associados ao conteúdo de cada parte do livro.
Tabela de cores e seus significados. 6
Para a apresentação do livro foi usada a cor verde, pois o conteúdo está
associado ao crescimento pessoal que tive com o desenvolvimento do trabalho. No
prefácio foi utilizada a cor azul, visto que o autor do prefácio é carnavalesco e tem
na imaginação sua principal ferramenta de trabalho. O capítulo um fala do
significado do carnaval e por isso a cor escolhida foi a verde limão, mais puxada
para o amarelo, que é ligada não só ao otimismo, mas também à alegria. O capítulo
dois fala da motivação dos sambistas, e a cor vermelha casa perfeitamente com seu
conteúdo: paixão, coragem, motivação, força... No capítulo três a cor violeta foi
usada para transmitir respeito e consciência, já que esse capítulo explica a estrutura
organizacional da escola e os impactos socioeconômicos da mesma na comunidade
na qual está inserida. A cor azul foi utilizada novamente - mas num tom mais claro –
no capítulo quatro, que mostra os bastidores da montagem de um desfile, ou seja: a
imaginação é fundamental para a concepção de enredos, sambas-enredos,
figurinos, alegorias, dança, pois todos esses processos trabalham demandam
criatividade. Já no capítulo cinco, que aduz os segmentos de uma escola de samba,
24
foi escolhida a cor rosa, que é sinônimo de amor, felicidade, ternura e sedução:
elementos presentes em todas as pessoas que fazem parte de uma escola de
samba, e que transmitem todos eles ao desfilarem na avenida. O último capítulo,
que registra o carnaval paulistano de 2015, está na cor laranja, porque entusiasmo,
exuberância, graça, interação, alegria e fascinação tem tudo a ver com os desfiles
retratados no capítulo. Para finalizar, as referências bibliográficas ficaram na cor
marrom, pois está ligada à confiabilidade e solidez.
O preto será a cor padrão na maior parte do texto. O branco será utilizado na
escrita quando houver necessidade de colocar legenda sobre uma foto escura, ou
para destacar um texto num fundo colorido ou muito escuro.
A opção por colorir o texto em diferentes momentos tem relação direta com o
objeto do livro: o carnaval.
7.3 Descrição do livro em geral
A escolha da foto para a capa do livro se deu pelo fato de exibir um rosto
maquiado, representando uma das faces do carnaval, que é a face vista na avenida.
É uma foto de uma das componentes do desfile da Mocidade Alegre em 2015. A cor
rosa atrás do título, juntamente com a cor verde-limão amarelada atrás do nome da
autora (em transparência, para continuar evidenciando a foto) transmitem alegria,
otimismo e felicidade, e contrastam com a cor da foto, que é em tons pastel.
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Capa do livro.
Como a obra será publicada digitalmente, o texto da contracapa (quarta
página) será colocado logo depois da capa, para que o leitor tenha acesso a uma
prévia do conteúdo. Segundo as pesquisas realizadas, foi possível constatar que
esse modelo é muito utilizado nas publicações eletrônicas. O plano de fundo
utilizado nessa página contém algumas palavras que traduzem a alma do carnaval.
O objetivo da frase “Você vai descobrir que o carnaval não é feito só para se pular”
escolhida para ser um resumo da proposta do livro é justamente instigar a leitura;
espera-se que a visão do leitor sobre o carnaval, após a leitura do livro, seja
amplificada, entendo-o como cultura, cultura popular, estilo de vida e modelo de
comunidade.
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Contracapa, logo após a capa.
A imagem abaixo ilustra o modelo que será utilizado para representar o início
de cada capítulo (página dupla). O que muda são as cores, de acordo com o
conteúdo conseguinte:
Modelo de capítulo.
Durante todo o livro há um “elemento de entrada” padronizado em todo início
de capítulo: a primeira página sempre traz uma textura com aspectos de madeira,
que remete à expressão “nó na madeira”, muito utilizada pelo público sambista para
27
se referir à raiz e tradição das escolas, e um elemento geométrico em transparência
por cima, na cor específica de cada capítulo, como mostra a imagem a seguir:
Modelo de entrada de capítulo.
O livro contém depoimentos nos capítulos um e dois. Boxes no formato de
círculo foram utilizados, cada um com uma cor diferente, para evidenciar a
diversidade de pensamentos e significações entre os depoentes:
Modelo de boxes com depoimentos.
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8. DIÁRIO DE BORDO
No dia 15 de janeiro de 2015, numa manhã de quinta-feira, viajei para São
Paulo. Fiquei hospedada na casa da minha sogra. Meu namorado foi meu motorista
e meu companheiro em todas as saídas para pesquisa. Ele mora em Brasília e foi
comigo, pois além de ir rever a família, ele conhece bem a cidade e me ajudaria
bastante nesse sentido.
No dia seguinte eu já estava com a mão na massa – fui ao primeiro ensaio de
rua da Mocidade Alegre, às 21h. Foi incrível. No ensaio de rua, a escola desfila
como se estivesse na avenida, mas sem os carros alegóricos, sem fantasias e sem o
carro de som; apenas ao som da bateria e das vozes entoando o samba. Ruas
foram fechadas e moradores iam às portas assistir. Muita gente também
acompanhava a escola, caminhando ao lado pelas calçadas. A Mocidade é
conhecida por trabalhar com seriedade, e um exemplo disso foi quando eu precisava
atravessar a rua, e vi um espaço grande para atravessar entre as duas últimas alas.
Saí correndo rapidamente pra não atrapalhar. Quando cheguei ao outro lado, o
coordenador de uma das alas gritou pra mim: “Que saco, heeeeim!”, com uma cara
de bravo que nem consigo descrever! Quase chorei. Foi ali, naquele ensaio de rua,
onde muitos acham que é só diversão, que me dei conta da seriedade e o
comprometimento dessa escola, que desfila na rua como se estivesse na frente de
jurados.
Minha estadia na cidade, no geral, foi muito boa. Mas como todos sabem, o
Brasil vem vivendo uma onda de violência inadmissível, e eu andava por lá com
muito, muito medo. Sempre que saía, ou eu ou o Júlio (meu namorado) deixava o
celular em casa, já que apenas um celular para nós dois era o suficiente para
qualquer emergência; e não levávamos nada de valor. Nesse mesmo dia do ensaio
de rua, ao voltar para casa, quase fomos assaltados. Estávamos num carro
emprestado, pois não havia condição de ir ao ensaio de rua à noite de transporte
público, já que o bairro da escola era afastado de metrô e de pontos de ônibus.
Chegando perto de um semáforo, vimos que um carro na nossa frente estava
prestes a ser cercado por 5 adolescentes. Ao avistá-los, o carro ultrapassou o sinal
vermelho. Os adolescentes ficaram lá nos esperando, e meu namorado fez o que?
29
Pisou o pé no acelerador e quase atropelou todo mundo, porque eles vieram pra
cima! Foi muito assustador. Naquele dia eu já queria voltar pra casa. Foi aí que
decidimos não pegar mais o carro, já que era emprestado e não teríamos condição
de ressarcir o dono, caso acontecesse alguma coisa. Também decidimos tentar
fazer tudo de dia.
Antes dos desfiles oficiais, ocorrem os ensaios técnicos no sambódromo do
Anhembi. As escolas desfilam com a presença do carro de som e com seus
componentes vestidos com fantasias simples, que simulam a aparência e o peso
das que serão usadas no grande dia, para elas já irem se adaptando. Os ensaios
ocorrem nos fins de semana de janeiro, e geralmente desfilam em torno de cinco
escolas por dia de ensaio (podendo ser mais ou menos escolas, a quantidade
realmente varia). As arquibancadas são abertas gratuitamente e muita gente
comparece para assistir, ficam tão lotadas como nos dias de desfile oficial. É nítido o
amor das pessoas pelo carnaval em São Paulo, e isso se reflete na assiduidade
delas nos ensaios técnicos, que começam por volta das 17h e terminam de
madrugada.
Quando assisti a isso pela primeira vez, me emocionei e me arrepiei. Nunca
tinha visto nada igual! Aquela multidão de gente cantando, sorrindo, dançando...
sem falar da bateria! Não se compara ouvir uma bateria ao vivo com assistir pela
televisão. Na televisão o som fica abafado, aparece mais a voz dos cantores do que
qualquer outra coisa. Ao vivo e a cores não. Aquele som da bateria pulsa lá dentro
do coração, e a emoção das pessoas que tocam e desfilam é transmitida para você
de uma forma encantadora e bela. Minha visão de carnaval mudou naquele dia,
quando fui ao primeiro ensaio técnico.
Na minha terceira ida ao ensaio técnico, quase fomos assaltados de novo. O
Júlio já tinha combinado comigo que se alguém tentasse nos assaltar, era pra eu
sair correndo e deixa-lo para trás resolvendo o assunto. Dessa vez era de dia, e num
local movimentado. Estávamos indo para o metrô. E, dessa vez, também estávamos
com um objeto de valor na mochila: uma câmera de uma amigo que peguei
emprestada para fotografar para o livro. Tentei evitar ao máximo andar com ela na
rua, mas tinha que fotografar um dia, não tinha jeito. E nesse dia, andando pela
30
calçada, 4 adolescentes (pra variar), sendo um deles de cadeira de rodas, nos
cercaram numa esquina. Um deles perguntou as horas. Olhamos no relógio de
punho e falamos. Meu coração já estava saindo pela boca, pois tinha certeza de que
eles iam assaltar a gente. O da cadeira de rodas estendeu a mão pro Júlio e foi se
apresentando, pedindo pro Júlio pegar na mão dele. Foi quando de repente o Júlio
me empurrou e eu saí correndo o mais rápido que pude, e com o coração na mão,
porque quem estava com a mochila e com a câmera era ele. Parei na frente de um
posto de gasolina e quando olhei para trás, vinha o Júlio com a mochila nas costas
(graças a Deus) e com uma cara de bravo e de indignado. Ele disse que assim que
corri um deles perguntou por que corri, e se ele achava que eles iriam nos assaltar.
Na hora, parou um carro da polícia no cruzamento, e um deles disse que o Júlio
tinha tido sorte. Que se não fosse a polícia ele estava “ferrado”. O Júlio respondeu
dizendo que “quebraria os 4 no pau” se eles tentassem fazer qualquer coisa, e fim.
Foi horrível. Júlio disse que essa técnica de perguntar as horas é pra pegar gente
trouxa, que pega o “celularzão” do bolso pra falar que horas são e os bandidos
tomam o celular da mão da pessoa. Ainda bem que tínhamos relógio de punho. Dali
em diante passamos a pegar taxi pra ir do metrô pra casa, de casa para o metrô, e
não andávamos mais a pé, porque não tinha condição. E o pior é que apesar dessa
onda de violência e de assaltos, São Paulo é uma cidade com muito policiamento.
Em Brasília raramente nos deparamos com rondas policiais, ou com policiais nas
ruas. Em São Paulo, o policiamento é muito grande, mas, mesmo assim, está longe
de ser o suficiente.
Tentei entrar em contato com o carnavalesco da Mocidade em todo o período
em que estive na cidade para pegar informações para o livro, mas não consegui
resposta. Tudo relacionado a questões particulares da escola, como o
funcionamento da área administrativa, receitas e despesas, e etc, eu teria que
perguntar por e-mail. No mês que antecede o carnaval ninguém que trabalha numa
escola de samba tem tempo. Mas o que eu pude coletar e vivenciar sem precisar
recorrer a entrevistas, eu fiz. Valeu toda a experiência! Em um dos ensaios técnicos
consegui entrar em contato com a equipe responsável pelas fotos oficiais dos
desfiles. Eles liberaram a utilização de todas as fotos para o meu livro, e ainda me
pediram para conceder uma entrevista quando o livro ficasse pronto. Eles fotografam
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para um site de notícias chamado SRZD (abreviação de Sidney Rezende, um
jornalista), que cobre o carnaval em todo o Brasil.
O carnaval é algo muito maior do que imaginamos, e envolve muito mais
gente do que pensamos. O carnaval é a vida de milhares de pessoas. Só
presenciando para conseguir entender. Não pude ir ao desfile oficial, mas, além de
ter ido aos ensaios técnicos, consegui assistir ao Desfile das Campeãs, que
acontece uma semana depois do desfile oficial, com as 5 melhores escolas do
Grupo Especial e com as 2 escolas que subiram do Acesso, que é como se fosse a
segunda divisão do carnaval. As escolas desfilam do mesmo jeito que desfilaram no
dia oficial; a diferença é que grande parte dos carros vêm sem iluminação, e durante
o desfile os componentes das escolas vão jogando parte de suas fantasias para a
galera da arquibancada. Foi uma experiência maravilhosa, e assistir cada carro
gigante daquele, passando na sua frente, com tantos detalhes, foi realmente incrível.
O carnaval é um trabalho fora do comum, e lindíssimo assistido ao vivo. Recomendo
a experiência para todos, porque até eu, que nunca tinha me importado com isso,
consegui quebrar paradigmas e passar a realmente admirar esse teatro a céu
aberto.
Voltei para Brasília no dia 21 de fevereiro, num sábado pela manhã, e
bastante satisfeita com as experiências adquiridas nesses 37 dias de viagem. A
emoção e o medo foram os sentimentos mais marcantes; dois lados de uma mesma
moeda chamada “carnaval em São Paulo”.
32
9. CRONOGRAMA
Segundo Semestre de 2014 e Primeiro Semestre de 2015
ATIVIDADES Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun.
Selecionar a
Bibliografia
Leitura
Bibliográfica
Redigir o
Projeto
Elaborar o
Proj. Gráfico
Viajem à São
Paulo
Organização
do material e
diagramação
Revisão dos
Textos
Banca 1
Banca 2
___________________
1 Disponível nas páginas 4 e 5, do artigo “Os Estudos Culturais”, de Ana Carolina Escosteguy, em
<http://www.pucrs.br/famecos/pos/cartografias/artigos/estudos_culturais_ana.pdf> Acesso:
29/04/2015.
2 De acordo com o Me. Tales Pinto. Disponível em <http://www.brasilescola.com/carnaval/historia-do-carnaval.htm> Acesso: 30/10/2014
3 Fonte: <http://emcimadahorasp.webnode.com.br/historia-do-carnaval-de-sp/> Acessado em 30/10/2014.
33
4 O original é em inglês. “A book is a non-periodical printed publication of at least 49 pages, exclusive of the cover pages, published in the country and made available to the public.” Em <http://portal.unesco.org/en/ev.php-URL_ID=13068&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html> Acessado em 16/09/2014.
5 Fonte: <http://www.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2012/10/de-onde-vem-a-palavra-livro> Acessado em 16/09/2014. 6 Fonte: <http://revista.zapimoveis.com.br/entenda-a-filosofia-do-feng-shui-e-o-significado-das-cores/> Acessado em 04/06/2015.
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dupla face do carnaval. São Paulo: Annablume, 2007.
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dilema brasileiro. 6ª ed. São Paulo: Rocco, 1997.
FRANZIN, Adriana. De onde vem a palavra “livro”? Disponível em
<http://www.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2012/10/de-onde-vem-a-palavra-livro>,
acessado em 16/09/2014.
GRCB, Grêmio Recreativo Cultural Beneficente Escola de Samba Em Cima da Hora,
História do Carnaval de São Paulo. Disponível em
<http://emcimadahorasp.webnode.com.br/historia-do-carnaval-de-sp/> Acessado em
30/10/2014.
GULLAR, Ferreira. Cultura posta em questão. Rio de Janeiro: Editora civilização
brasileira, 1965.
LIMA, Verônica. Entenda a filosofia do Feng Shui e o significado das cores.
Disponível em <http://revista.zapimoveis.com.br/entenda-a-filosofia-do-feng-shui-e-o-
significado-das-cores/> Acessado em 04/06/2015.
34
OLIVEIRA, Christian Dennys Monteiro de. Geografia do turismo na cultura
carnavalesca: O sambódromo do Anhembi. São Paulo: Editora Paulistana, 2007.
PAULINO, Suzana Ferreira. Livro Tradicional x Livro Eletrônico: a revolução do
livro ou uma ruptura definitiva? Disponível em:
<http://www.hipertextus.net/volume3/Suzana-Ferreira-PAULINO.pdf> Acessado em
01/10/2014.
PINTO, Tales. História do carnaval e suas origens. Disponível em
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30/10/2014.
RIBEIRO, Ana Elisa. O que é e o que não é um livro: suportes, gêneros e
processos editoriais. Disponível em
<http://www.cchla.ufrn.br/visiget/pgs/pt/anais/Artigos/Ana%20Elisa%20Ribeiro%20(C
EFET-MG).pdf> Acessado em 16/09/2014.
SANTOS, José Luiz dos. O que é Cultura. 16° ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
SOUZA, Arão de Azevêdo. Debates sobre cultura, cultura popular, cultura
erudita e cultura de massa. Disponível em
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interdisciplinar do carnaval. Disponível em
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UNESCO, United Nations Educational Scientific and Cultural Organization.
Recommendation concerning the International Standardization of Statistics
relating to Book Production and Periodicals. Disponível em
<http://portal.unesco.org/en/ev.php-