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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Negócios Curso de Comunicação Social Publicidade e Propaganda Trabalho de Conclusão de Curso POR TRÁS DA FANTASIA MULTIFACES DO CARNAVAL PAULISTANO Autora: Brenda Oliveira de Sousa Orientadora: Prof.ª Dra. Sheila da Costa Oliveira Brasília - DF 2015

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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Negócios

Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda

Trabalho de Conclusão de Curso

POR TRÁS DA FANTASIA – MULTIFACES DO CARNAVAL

PAULISTANO

Autora: Brenda Oliveira de Sousa

Orientadora: Prof.ª Dra. Sheila da Costa Oliveira

Brasília - DF

2015

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BRENDA OLIVEIRA DE SOUSA

POR TRÁS DA FANTASIA – MULTIFACES DO CARNAVAL PAULISTANO

Memorial apresentado ao curso de graduação em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Publicidade e Propaganda.

Orientadora: Prof.ª Dra. Sheila da Costa Oliveira

Brasília 2015

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Memorial de autoria de Brenda Oliveira de Sousa, intitulado “POR TRÁS DA

FANTASIA – MULTIFACES DO CARNAVAL PAULISTANO”, apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social –

Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, em Junho de 2015,

defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:

___________________________________________

Prof.ª Dra. Sheila da Costa Oliveira

Orientadora

Com. Social – Publicidade e Propaganda/UCB

___________________________________________

Profa. Dra. Rafiza Varão

___________________________________________

Profa. MSc. Raquel Cantarelli

Brasília 2015

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AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus pela oportunidade de ter chegado até aqui. Aos meus pais, por sempre me apoiarem em tudo. Ao meu amado Júlio Poloni, por ter me incentivado e me dado ideias de como fazer este trabalho ficar mais interessante. Agradeço também à minha querida orientadora Sheila, profissional que me instruiu e me deu suporte durante todo o processo de construção do meu projeto. Por fim, agradeço aos integrantes da escola de samba Mocidade Alegre - em especial o carnavalesco da escola, Sidnei França - que se dispuseram a me auxiliar em tudo o que precisei.

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RESUMO

Referência: SOUSA, Brenda Oliveira de. Por Trás da Fantasia – Multifaces do Carnaval Paulistano. Quantidade de Folhas: 35. Trabalho de conclusão de curso: Escola de Negócios – Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2015.

O carnaval não acontece somente em fevereiro: ele vive durante todo o ano e envolve milhares de vidas cotidianamente. Este projeto busca revelar, numa publicação digital, o trabalho, a complexidade e a beleza que há nos bastidores de uma escola de samba, um dos maiores símbolos da identidade cultural brasileira - e um dos principais produtos da cultura popular. Sob a perspectiva de um estudo de caso na escola de samba paulistana Mocidade Alegre e por meio de pesquisas bibliográficas, foi possível revelar um pouco mais do mundo pulsante que existe além dos desfiles. O carnaval envolve aspectos econômicos, comerciais e sociais, e conta com uma surpreendente estrutura para que cada enredo saia do papel. Este trabalho também intenta revelar o processo de criação, montagem e execução de um desfile. A leitura viabiliza o conhecimento de detalhes acerca do “mundo do samba”, e suas complexas, intensas e apaixonantes faces.

Palavras-chave: Cultura. Carnaval. Escola de samba.

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ABSTRACT

The carnival do not take place only in February: it lives year-round. This project reveals the work, the complexity and the beauty that is behind the scenes of a samba school, which is one of the greatest symbols of Brazilian cultural identity - and one of the main products of popular culture. From the perspective of a case study in São Paulo samba school Mocidade Alegre and through literature searches, it was possible to reveal a pulsating world that exists beyond the parades. Carnival involves economic, commercial and social aspects, and has an amazing structure so that each plot quit the paper. This paper also attempts to reveal the process of creating, installing and running a show. Reading enables the detail knowledge about "samba world," and his complex, intense and passionate faces.

Keywords: Culture. Carnival. Samba school.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7

1. CULTURA .............................................................................................................. 9

1.1 Cultura Popular, Cultura Erudita e Cultura de Massa .................................... 10

1.2 Cultura Brasileira .............................................................................................. 11

2. SAMBA ................................................................................................................. 12

3. CARNAVAL .......................................................................................................... 13

4. ESCOLA DE SAMBA ........................................................................................... 15

5. LIVRO ................................................................................................................... 16

5.1 Estrutura do livro ............................................................................................. 17

6. ORÇAMENTO ....................................................................................................... 20

7. DESCRIÇÃO DO PROJETO GRÁFICO ............................................................... 20

7.1 Formato, margens, alinhamento, espaçamento e fontes ............................... 20

7.2 Cores .................................................................................................................. 21

7.3 Descrição do livro em geral .............................................................................. 24

8. DIÁRIO DE BORDO ............................................................................................. 28

9. CRONOGRAMA ................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33

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INTRODUÇÃO

O trabalho aborda o carnaval paulistano sob diversos aspectos de sua

manifestação, aduzindo os bastidores da folia, as estruturas por de trás da festa e as

influências culturais e sociais deste que é um produto tão característico da cultura

nacional. Para tanto, foram feitas pesquisas bibliográficas sobre o tema e um

aprofundado estudo de caso na escola de samba paulistana Mocidade Alegre nos

meses de janeiro e fevereiro de 2015 (período que antecede os desfiles de

carnaval).

A pesquisa objetivou revelar características do carnaval de São Paulo não tão

conhecidas do público - sobretudo do público brasiliense, bem como aduzir os

bastidores de uma escola de samba, compreender a relação e a influência de uma

escola de samba na sociedade, entender a rotina de uma escola de samba, como é

montado um desfile, e revelar a motivação dos sambistas. O tema é intrínseco a um

assunto de grande relevância dentro do curso de comunicação social: cultura, pois o

carnaval é um produto de grande destaque dentro da cultura popular brasileira.

Os desfiles das escolas de samba são as manifestações mais reconhecidas

dessa festa. Esses desfiles baseiam-se no elemento mor do curso: comunicação.

Neles, cada escola narra (comunica) uma história (enredo) a partir de três módulos

artísticos: visual, música e dança; utilizando fantasias, alegorias, ritmo e movimentos

para transmitir mensagens diversas. Analisar esse fenômeno é uma forma de buscar

compreender um processo criativo de comunicação social. Além disso, a divulgação

desse material compreende uma rotina eminentemente publicitária, no sentido de

tornar públicos aspectos ocultos de um processo cultural característico de nossa

nação – o maior espetáculo da Terra – muito embora, canonicamente, um livro não

esteja catalogado como um produto genuinamente publicitário. Encarar esse desafio

foi uma das metas deste trabalho, tentando conjugar um olhar diferenciado sobre um

objeto com uma necessidade de relação com os contextos profissionais adequados.

Neste memorial constam conceitos fundamentais para a compreensão do

trabalho. Por meio de pesquisa bibliográfica, essencial a qualquer atividade

acadêmico-científica, foram estabelecidas definições de termos como cultura, cultura

popular, erudita e de massa, cultura brasileira, samba, carnaval e escola de samba.

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Como produto final do trabalho, foi elaborado um livro (no formato eletrônico:

e-book), não comercial, que visa identificar e ilustrar os diversos processos do

carnaval, trazendo ao foco da análise tudo o que há por trás de cada fantasia que

brilha anualmente na avenida. A escolha do livro se deu pelo fato de ser um

tradicional e clássico meio de comunicação, e pelo fato de "(...) ser um veículo para

o armazenamento e a divulgação de um conjunto específico de dados, informações

e conhecimentos, sua mais importante função" (PAULINO, 2009, p. 1 e 2). A palavra

“divulgar”, de acordo com o dicionário online “Dicio” (www.dicio.com.br), significa

"tornar público, fazer conhecido de todos ou do maior número; apregoar; propagar;

difundir". Este livro nada mais é, portanto, do que uma forma de propaganda do

carnaval paulistano e da escola de samba Mocidade Alegre. Como o termo

“propaganda” deriva de “propagar” (do latim “propagare”), ou seja, divulgar/difundir

dados, fatos, crenças ou ideologias, o livro converge com essa proposta.

O formato e-book colabora para a divulgação da obra, já que a internet tem

hoje amplo alcance e é utilizada comumente pelos integrantes da Mocidade Alegre,

bem como por grande parte da população brasileira. Ela foi publicada no “Issuu”

(www.issuu.com/brendasousa6), uma plataforma online que agrega publicações do

tipo. O link do e-book deste TCC será compartilhado pelos sites especializados

“SRZD” (www.sidneyrezende.com/editoria/carnavalsp) e “Amantes do Carnaval de

São Paulo” (www.amantesdocarnavalsp.com.br), portais de grande repercussão no

segmento do carnaval. A obra será divulgada, também, nos grupos do Facebook

“Amantes do Carnaval de São Paulo” (com cerca de 25.000 pessoas inscritas) e

“Comunicação UCB”, além do blog brasiliense “Brasil em Panorama”

(www.brasilempanorama.blogspot.com.br).

O objetivo da divulgação é atingir não somente um público que já tem contato

com o carnaval, mas também pessoas que não têm amplo conhecimento acerca da

área, para que este trabalho sirva de fonte para pesquisas acadêmicas, culturais e

pessoais, e também para que um maior público possa ter a oportunidade de

conhecer a beleza e a emoção das outras faces do carnaval paulistano, já que a

grande maioria das pessoas aprecia apenas a face transmitida pela televisão.

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1. CULTURA

O conceito de cultura é bastante diversificado, e por esse motivo nem todas

as definições são aceitas por todos. Vem do latim colere, que significa cultivar. Está

associada, em seu significado original, às atividades agrícolas. Nesse sentido, a

cultura pode ser entendida como algo a ser cultivado pela sociedade e, além disso, é

algo que está sempre em movimento. Os responsáveis por expandir o uso e o

significado dessa palavra foram os pensadores romanos, os primeiros a dar outros

sentidos para o termo “cultura” (SANTOS, 2006, p. 27).

De acordo com a concepção de cultura dos Estudos Culturais, entendida

como o modo total de vida, a cultura pode ser compreendida de diversas formas.

Remete às tradições de um povo, suas crenças e religiões, comidas típicas,

vestimentas, arte em geral, características de um povo que são passadas de

geração em geração, servindo também como fator de diferenciação entre o homem

e o animal.

Os precursores dos Estudos Culturais estudaram e pesquisaram a respeito da

cultura de forma geral e sem prejulgamento; tudo relacionado a cultura tinha sua

importância e nenhuma forma de cultura era superior a outra.

No momento em que os Estudos Culturais prestam atenção a formas de expressão culturais não-tradicionais se descentra a legitimidade cultural. Em consequência, a cultura popular alcança legitimidade, transformando-se num lugar de atividade crítica e de intervenção. Dessa forma, a pertinência de analisar práticas que tinham sido vistas fora da esfera da cultura inspirou a geração que desenvolveu os Estudos Culturais, principalmente, a partir dos anos 60. Logo, os Estudos Culturais construíram uma tendência importante da crítica cultural e questiona o estabelecimento de hierarquias entre formas práticas culturais, estabelecidas a partir de oposições como

cultura alta/baixa, superior/inferior, entre outras binariedades. 1

Segundo Santos (2006, p. 23), existem duas concepções básicas de cultura.

“A primeira concepção de cultura remete a todos os aspectos de uma realidade

social; a segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às ideias e

crenças de um povo”. Ainda de acordo com o autor, é relacionando essas duas

concepções que se origina a maneira de se entender cultura:

(...) a cultura é a dimensão da sociedade que inclui todo o conhecimento num sentido ampliado e todas as maneiras como esse conhecimento é

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expresso. É uma dimensão dinâmica, criadora, ela mesma em processo, uma dimensão fundamental das sociedades contemporâneas. (SANTOS, 2006, p. 50)

Complementando,

Cultura é uma dimensão do processo social, da vida de uma sociedade. Não diz respeito apenas a um conjunto de práticas e concepções, como por exemplo se poderia dizer da arte. Não é apenas uma parte da vida social como por exemplo se poderia falar da religião. Não se pode dizer que cultura seja algo independente da vida social, algo que nada tenha a ver com a realidade onde existe. Entendida dessa forma, cultura diz respeito a todos os aspectos da vida social, e não se pode dizer que ela exista em alguns contextos e não em outros. (SANTOS, 2006, p. 44)

1.1 Cultura Popular, Cultura Erudita e Cultura de Massa

Segundo Souza (2010, p. 9) a cultura pode ser compreendida em três níveis:

popular, erudita e de massa. A cultura popular difere da cultura erudita e da cultura

de massa por sua ligação mais íntima às tradições de um determinado grupo. Ela é

feita pelo povo e para o povo, não pode ser imposta por uma elite nem por uma

indústria cultural. “Quando se fala em cultura popular acentua-se a necessidade de

pôr a cultura a serviço do povo” (GULLAR, 1965, p. 01). Não está ligada ao

conhecimento científico, e sim ao senso comum. Ao contrário da cultura popular, a

cultura erudita está adstrita à elite social e é considerada superior, econômica e

politicamente. É o “(...) domínio do máximo possível de conhecimentos, a posse de

um saber abundante e diferenciado, sobre um tema específico ou sobre muitos, sem

aparência de limites” (VANNUCCHI,1987, p.24). Está ligada ao pensamento

científico, às pesquisas universitárias e aos livros. É transmitida mais comumente

pelas escolas e universidades. Já a cultura de massa é aquela produzida pela

indústria cultural e consumida pela maioria da população, e é bastante disseminada

pelos meios de comunicação com o intuito de comercialização. Como afirma

Vannucchi (1987, p. 84) a indústria cultural está focada em “(...) produzir os bens

culturais em série, padronizados, postos no mercado, para o consumo do maior

número de pessoas, dentro e fora das fronteiras nacionais”.

Enfim, definir conceitos sobre cultura tem sido um trabalho árduo para

inúmeros teóricos, mas é possível concluir, ainda que parcialmente, que

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Diante do percurso traçado sobre a cultura, nos defrontamos com diversas possibilidades de conceitos onde, cada um se apóia em determinados pressupostos. Pesquisar sobre cultura é como tentar segurar o ar que inspiramos. E a dificuldade aumenta cada vez que chegamos mais próximos do(s) seu(s) conceito(s) e de suas múltiplas variações entre popular, erudito, massivo, folk, etc. (SOUZA, 2010, p. 11)

1.2 Cultura Brasileira

A constituição de elementos que nos identificam como brasileiros é bastante

recente. Pelo fato de o Brasil ter uma grande extensão territorial, no período colonial

as diferenças regionais eram muito fortes e visíveis, tornando as identidades

regionalizadas e particulares. Houve, depois do processo de ruptura com Portugal,

vários grupos em estados brasileiros que almejaram se separar do Brasil, e uma das

contribuições para isso foi essa ausência de identidade como um todo.

Dessa forma, a identidade brasileira precisou ser construída ao longo dos

mais de quinhentos anos de existência desta nação. Símbolos precisaram ser

criados para que os brasileiros pudessem reconhecê-los como ícones de identidade

nacional. Como exemplo disso temos o próprio carnaval, que, de festa marginal,

passou também a ser patrocinado e reconhecido pelo governo, além de produzido

pelos movimentos e agremiações populares.

O Brasil possui característica peculiar em relação à sua cultura. A grande

extensão territorial e a forte presença de imigrantes fazem do Brasil um país

miscigenado e diversificado em suas manifestações culturais. Por isso, “Estudar

cultura brasileira é debruçar-se sobre determinada cultura nacional, distinta de

outras, mesmo que limítrofes ou afins” (VANNUCCHI,1987, p. 27).

A cultura brasileira é intensamente diversificada e possui uma outra

particularidade, que é, segundo Vannucchi (1987, p. 80),

(...) o fenômeno da apropriação de manifestações particulares de certos grupos seus pelo resto da sociedade, sendo até transfiguradas em símbolos nacionais. É o caso da feijoada: de aproveitamento pelos escravos das sobras da mesa dos senhores, foi guindada à categoria de prato nacional. De símbolo de negritude e de tensão social, passou a ser depurada e manipulada como símbolo da nação toda. É o caso também da “caipirinha” – presença indispensável à beira das piscinas e nas mais refinadas praias do país –, como também da quadrilha – cada vez menos praticada na roça e sempre mais programada nos clubes e festas citadinos. O mesmo se diga

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do samba, de início criado e consumido pelo povo do morro (e até reprimido pela polícia), para depois ser glorificado como expressão musical tipicamente brasileira e até produto nacional de exportação.

Por conta desse fenômeno, a cultura popular brasileira se reinventa

aceleradamente, se apropriando de inúmeras culturas regionais e atribuindo novos

significados aos símbolos.

2. SAMBA

O nome “samba” não provém de um único termo específico que seja aceito

entre os estudiosos do tema. Existem alguns conceitos indicados como termos

referenciais para o samba, que pode ter advindo de semba (dança da umbigada),

zambo (festejo africano), sem + ba (troca bilateral, dar e receber), dentre outros

termos e conceitos menos prováveis.

No entanto, é consensual que o samba tem sua origem em diversos ritmos

africanos que utilizavam a percussão como principal fonte sonora. Chegou ao Brasil,

provavelmente, junto com a cultura africana que aqui desembarcou devido ao

regime de escravidão que predominava na época. Foi abrasileirado, misturado com

outras influências musicais regionais e se tornou o estilo musical mais popular do

País. Hoje, é reconhecido internacionalmente como uma marca cultural intimamente

ligada ao Brasil.

Não pode ser considerado falho ou parcial reconhecer no conceito de samba um gênero musical brasileiro, de amplo apelo popular. Até mesmo por suas ações de ascendência cultural e sonora – com o choro, o jongo, a modinha, o batuque e etc. – e sua descendência tão fértil – indo do samba de breque ao samba-roque, o samba é inicialmente um sistema de signos sonoros, marcados pelo compasso dois por quatro, com a tônica no segundo tempo. Nesse sentido, sua primeira definição aparece tecnicamente vinculada às classificações de um estilo rítmico-musical. (OLIVEIRA, 2007, p.33).

Originalmente, o samba é uma tradução da identidade da cultura negra.

Todavia, o caráter integrador do próprio samba e do povo brasileiro (amplamente

miscigenado) o tornou popular. Essa popularização partiu, principalmente, do

subúrbio do Rio de Janeiro, onde o samba se fortaleceu e ganhou notoriedade como

gênero musical, deixando de ser um ritmo local e segmentado para ser difundido em

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todo território nacional. O sucesso da música “Pelo Telefone” – considerada a

primeira gravação de um samba no Brasil – foi fundamental para esse processo de

democratização do gênero.

Após a ampla difusão e a consequente popularização do samba, diversos

formas derivadas do gênero começaram a surgir. A bossa nova é o principal

exemplo de subgênero do samba que ganhou notoriedade e grande repercussão

pública. Mais recentemente, outro subgênero que teve (e ainda tem) enorme difusão

nos meios de comunicação de massa é o pagode. Todavia, este trabalho de

conclusão de curso tratará mais intimamente o subgênero samba-enredo, forma

derivada do samba feita especificamente para desfiles de escolas de samba. E essa

escolha se deve principalmente ao fato de que o samba-enredo e os desfiles na

avenida ajudaram a constituir internacionalmente o samba e o carnaval como

elementos importantes da identidade brasileira.

Pode-se reproduzir laudas e laudas para diferenciar a cultura do samba da cultura carnavalesca. O fato, porém, é que a constituição da identidade nacional tornou o samba (...) uma arte predominantemente carnavalesca. (OLIVEIRA, 2007, p.162)

3. CARNAVAL

Infelizmente, a bibliografia a respeito do conceito e da história do carnaval

ainda não é tão vasta quanto se desejaria. Mas podemos observar que sua história

permeia a antiguidade, sendo derivada de diversas festas pagãs de regiões

babilônicas, mesopotâmicas, gregas e romanas. O ponto em comum desses festejos

era a inversão de papéis sociais e a supervalorização dos prazeres da carne. A

Igreja Católica decidiu apropriar tais festejos no século VIII e realocá-los no período

que antecedia a recém instituída quaresma, para que as pessoas pudessem

extravasar seus instintos mais primitivos antes do período de grande dedicação à

religião.

A Igreja, a princípio, colocou-se contra a manifestação, porém ao constatar a ineficiência das proibições dos festejos, ditos pagãos, arraigados no inconsciente coletivo dos povos, tratou de adaptar as festas consideradas

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profanas ao calendário eclesiástico, mas não totalmente desligadas da religião. (SOUZA e TSUTSUI, 2002, p. 5)

Após isso, o carnaval se popularizou pela Europa:

Durante o Renascimento, nas cidades italianas, surgia a commedia dell'arte, teatros improvisados cuja popularidade ocorreu até o século XVIII. Em Florença, canções foram criadas para acompanhar os desfiles, que contavam ainda com carros decorados, os trionfi. Em Roma e Veneza, os participantes usavam a bauta, uma capa com capuz negro que encobria

ombros e cabeça, além de chapéus de três pontas e uma máscara branca. 2

O carnaval aportou no Brasil no período colonial, sendo trazido pelos

europeus e praticado também pelos escravos, embora em circunstâncias bem

diferenciadas. No final do século XIX surgiram os primeiros ranchos e cordões,

grupos carnavalescos que saíam às ruas desfilando improvisadamente com

instrumentos de percussão e apitos. Já no início do Século XX os bailes nos salões

também ganharam força e ajudaram a encorpar a cultura carnavalesca no Brasil.

Foi no Brasil que o carnaval ganhou tamanhas proporções, onde o país

passou a ser reconhecido pela magnitude e beleza dessa festa. Normalmente o

carnaval tem a duração de três dias – acabando na quarta-feira de cinzas –, e em

algumas cidades brasileiras, como em Salvador, a festa dura uma semana inteira.

Hoje o carnaval é comemorado de diversas maneiras pelo Brasil a fora, e cada

região possui sua peculiaridade, adaptando assim o seu estilo regional, seu folclore

e suas crenças à festa (SOUZA e TSUTSUI, 2002, p. 5). Em São Paulo e Rio de

Janeiro, por exemplo, os desfiles de escola de samba ganham destaque. Já em

Salvador temos os diversos shows em trios elétricos; em Recife o frevo faz a alegria

popular nas ruas, bem como seus bonecos gigantes; e em Brasília, assim como em

diversas cidades brasileiras (inclusive as citadas acima) temos os blocos de rua com

suas marchinhas. Em muitas cidades pelo país afora também temos os desfiles de

escolas de samba, mas de uma forma menos expressiva que em São Paulo e que

no Rio de Janeiro. Enfim,

(...) o Carnaval, nas suas múltiplas formas de expressão, permanece, apesar das mudanças recentes, como a maior festa da cultura popular brasileira, um dos ícones nacionais que, ao lado do futebol, aparece como um dos itens mais marcantes de brasilidade. (BLASS, 2007, p.19).

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4. ESCOLA DE SAMBA

Os ranchos e cordões foram os elementos embrionários da criação das

escolas de samba. Os ranchos eram agremiações que desfilavam embaladas ao

som dos marcha-ranchos, que eram tocados com instrumentos de sopro e de corda.

Já os cordões eram grupos formados por foliões que andavam e dançavam em fila,

geralmente usando máscaras e fantasias. Embora guardem semelhanças e

mantenham alguns elementos desses grupos, as escolas de samba se

diferenciaram principalmente pela maior organização de suas folias. Com elas foi

possível a criação de um concurso oficial padronizado, fortalecendo a existência de

um enredo como fio condutor dos desfiles e de um samba que o narre, o que não

era unanimidade entre os blocos, ranchos e cordões.

Segundo os principais estudiosos do tema no Brasil, as escolas de samba

surgiram no fim de 1920. Algumas das primeiras escolas no país foram a Deixa

Falar, a Estação Primeira (originária da Mangueira) e a Vai Como Pode (originária

da Portela).

Em São Paulo, as precursoras Nenê de Vila Matilde, Unidos do Peruche e

Lavapés surgiram apenas na década de 50, inspiradas nas escolas de samba

cariocas. Embora as escolas tenham se inspirado na folia do Rio de Janeiro, a

cultura carnavalesca também já estava presente em São Paulo. Na década de 1910

já existia o Grupo Carnavalesco Barra Funda, bloco que originou a escola de samba

Camisa Verde e Branco. Na década de 1930 já havia surgido também o Cordão

Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae, grupo que originou a Escola de Samba Vai-Vai.

Os concursos dos desfiles de escolas de samba paulistanas surgiram

oficialmente no ano de 1968. 3 De lá para cá, a Vai-Vai se tornou a maior campeã da

folia na cidade, com 15 títulos. Em seguida, vem a Nenê de Vila Matilde, com 11

(contando os títulos do período anterior à oficialização do concurso) e Mocidade

Alegre, base de pesquisa deste trabalho, com 10 premiações.

A chama da tradição dos desfiles de escolas de samba mantém-se acesa.

Com o passar do tempo, têm ganhado cada vez mais repercussão midiática,

importância social, novos elementos artísticos e recursos financeiros que

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possibilitam um espetáculo, a cada ano, mais qualificado. Em seus desfiles, as

escolas de samba narram

“[...] um enredo por meio de um conjunto de códigos verbais – letra do samba – e códigos não verbais – música e instrumentos musicais; movimentos do corpo na dança ou “ginga”; nas cores das fantasias; nas formas, tamanho das esculturas e adereços; na iluminação dos carros alegóricos; no uso de tecnologia automatizada e tudo o que a imaginação do carnavalesco pedir.” (BLASS, 2007, p. 49 e 50)

5. LIVRO

Segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a

Ciência e a Cultura), “Um livro é uma publicação não-periódica, impressa, de pelo

menos 49 páginas, excluindo-se as páginas de capa, publicada no país e

disponibilizado ao público”. 4 Se a publicação tiver menos de 49 páginas, ela é

considerada um folheto. Também pode ser descrito como livro “uma reunião de

folhas dobradas, reunidas em cadernos colados e costurados uns aos outros, em

branco, manuscritas ou impressas.” (QUEIROZ, 2008, p.15 apud RIBEIRO, p. 2).

Etimologicamente, o termo “livro” vem do latim liber, que estaria relacionado com a

cortiça da árvore, uma membrana situada debaixo da casca da árvore, utilizada

primitivamente para fazer papel. 5

Inúmeras formas como base para a escrita já foram utilizadas antes do

surgimento do livro como conhecemos hoje. A primeira forma utilizada pelos antigos

foram as tabuletas de argila e de pedra. Os sumérios utilizavam os tijolos de barro.

Os romanos, tábuas de madeira. Os indianos, folhas de palmeiras. Mas os egípcios

foram os primeiros a utilizar o papiro, em latim papiryus – que deu origem à palavra

papel.

Durante esses processos de desenvolvimento de suportes para a escrita,

surge o pergaminho de peles de carneiro. Até então tudo era feito artesanalmente,

não existia nenhum processo de reprodução “em massa” (PAULINO, 2009, p. 2); o

que surgiria apenas no Século XV:

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A partir da segunda metade do século XV surge o livro impresso. Os livros que foram lançados até 1500 e no período anterior a este ano são chamados de incunábulos, do latim incunabulum, berço. O mais conhecido, e um dos primeiros é a Bíblia de Gutenberg, a B42, livro que inaugura, oficialmente, a fundação da imprensa no Ocidente. (PAULINO, 2009, p. 2)

A imprensa de Gutemberg revolucionou a sociedade e a história do livro em

si, e entre transformações e conflitos, os benefícios do livro impresso acompanham

a sociedade até hoje. Facilita o acesso a todo tipo de informação e continua

evoluindo em suas formas, como é o caso dos livros eletrônicos, criados no final do

século XX - também conhecidos como livros digitais ou e-books. Os livros

eletrônicos em nada divergem dos livros impressos tradicionais – a não ser pelo seu

formato, que por ser digital, não possibilita o contato físico com a obra como o

formato tradicional; e precisa de um suporte eletrônico para ser visto, como

computador, tablets e celulares.

5.1 Estrutura do livro

Título: Por trás da fantasia - Multifaces do carnaval paulistano

Capítulo 1 - O que é o Carnaval?

Foco no aspecto cultural. Expõe o conceito de carnaval, por meio de citações de

pesquisadores, obras de sambistas históricos e depoimentos de quem, de alguma

forma, o vivencia.

Capítulo 2 - Qual é a motivação do sambista?

Foco no sentimento dos sambistas a respeito do carnaval. Foram entrevistados:

1) A presidente da Mocidade Alegre;

2) O carnavalesco da Mocidade Alegre

3) O intérprete da Mocidade Alegre;

4) A Porta-Bandeira da Mocidade Alegre;

5) O presidente do Departamento Jovem da Mocidade Alegre;

6) Um dos compositores da Mocidade Alegre.

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Capítulo 3 - Além da fantasia

Foco no aspecto social, econômico e comercial: as atividades pouco conhecidas de

uma escola de samba.

1) O funcionamento/estrutura da escola de samba Mocidade Alegre:

- Como funciona no dia a dia;

- Atividades realizadas (ações sociais);

- O trabalho em uma escola de samba;

- Estrutura hierárquica e administrativa;

- Receitas e despesas de uma escola de samba.

2) O carnaval e a economia:

- Os trabalhos indiretos gerados pelo carnaval;

- Potencial comercial e de turismo.

3) Valores:

- União entre pessoas de diferentes escolas;

- Respeito;

- Harmonia;

- Família.

Capítulo 4 - Os bastidores da montagem de um desfile de escola de samba

Foco no aspecto artístico.

1) Concepção do enredo pelo artista;

2) Pesquisas sobre o tema do enredo;

3) Os projetos do enredo (desenhos das fantasias e alegorias);

4) Apresentação do enredo à comunidade;

5) Escolha do samba-enredo;

6) Preparação das fantasias;

7) Preparação das alegorias;

8) Deslocamento das alegorias do barracão para a avenida;

9) Retoques finais (acabamento das alegorias na avenida);

10) Ensaios (de quadra, de rua, específicos e técnicos);

11) O dia:

- Chegada à quadra;

- Pegando as fantasias;

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- Últimos adereços (perucas, maquiagem, etc);

- Deslocamento da comunidade da quadra para a avenida;

- Chegada à concentração;

- Concentração (organização da escola, colocação dos destaques, afinação dos

instrumentos, oração final, grito de guerra);

12) Fotos do desfile de 2015 da Mocidade Alegre.

Capítulo 5 - Os segmentos de uma escola de samba

Foco nos segmentos da escola na avenida.

1) Comissão de frente;

2) Mestre-sala e porta-bandeira;

3) Ala musical;

4) Bateria;

5) Alegoria;

6) Carnavalesco;

7) Alas convencionais;

8) Ala coreografada;

9) Ala das crianças;

10) Ala das baianas;

11) Velha-guarda.

Capítulo 6 - O carnaval de São Paulo em 2015

Foco nas escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo.

1) Vai-Vai

2) Mocidade Alegre

3) Rosas de Ouro

4) Águia de Ouro

5) Dragões da Real

6) Acadêmicos do Tucuruvi

7) Nenê de Via Matilde

8) Império de Casa Verde

9) Gaviões da Fiel

10) Vila Maria

11) X9 Paulistana

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12) Acadêmicos do Tatuapé

13) Mancha Verde

14) Tom Maior

6. ORÇAMENTO

- Passagem aérea à São Paulo/SP, ida e volta: R$ 293,00

- Obs.: não houve despesa com alimentação e hospedagem, pois fiquei hospedada

na casa de familiares.

7. DESCRIÇÃO DO PROJETO GRÁFICO

O produto escolhido para a realização deste trabalho é o livro. Trata-se de um

tradicional meio de comunicação. Entretanto, o intuito é fugir do convencional, e,

para isso, decidiu-se pela publicação digital. A escolha pelo livro também traz à luz

um mito existente no ramo da comunicação: publicitário não sabe escrever, apenas

os jornalistas o sabem. Essa publicação servirá, também, para desmistificar tal

senso comum.

O livro valoriza as imagens e os textos foram escritos com leveza, explicando

de maneira simples e objetiva cada assunto abordado. Textos e imagens têm

proporção equilibrada no livro como um todo. O InDesign CC, da Adobe, foi o

programa utilizado para diagramar o trabalho. O programa é o mais adequado por

ser prático e específico para diagramação.

7.1 Formato, margens, alinhamento, espaçamento e fontes

O tamanho e o formato fugiram um pouco do padrão, 24x24, um formato mais

quadrado. As margens foram fixadas em 1cm. O texto foi justificado, distribuído

uniformemente entre as margens. O espaçamento entre as linhas ficou definido de

1,15cm, pois essa disposição facilita a leitura em tela. O tamanho das fontes para os

títulos é de 20pt, para o texto, de 16,5pt, e para as legendas de foto, 12pt. A fonte

“OctemberScript” foi escolhida para os títulos, subtítulos e os nomes dos autores dos

21

depoimentos. É uma fonte “rabiscada” e remete aos esboços feitos pelos

desenhistas do carnaval. Já a fonte “Kozuca Gothic Pro” foi a fonte utilizada para os

textos em geral e para as legendas de foto, por possibilitar uma boa leitura e

também para sair do padrão “Times New Roman” e “Arial”, comumente utilizados em

livros e trabalhos acadêmicos.

Amostragem de fontes:

7.2 Cores

Foram escolhidas diversas cores para compor do livro, entre elas:

Fonte Amostragem

OctemberScript

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz

123456789

Kozuca Gothic Pro

22

Amostragem das cores utilizadas no livro.

Cada um dos seis capítulos - assim como a apresentação, o prefácio e as

referências bibliográficas - têm a presença de uma cor específica. A numeração das

páginas e os títulos também são destacadas com a cor padrão de cada capítulo.

Modelo de cor na numeração da página e nos títulos.

23

As cores foram escolhidas através de seus significados, que foram

associados ao conteúdo de cada parte do livro.

Tabela de cores e seus significados. 6

Para a apresentação do livro foi usada a cor verde, pois o conteúdo está

associado ao crescimento pessoal que tive com o desenvolvimento do trabalho. No

prefácio foi utilizada a cor azul, visto que o autor do prefácio é carnavalesco e tem

na imaginação sua principal ferramenta de trabalho. O capítulo um fala do

significado do carnaval e por isso a cor escolhida foi a verde limão, mais puxada

para o amarelo, que é ligada não só ao otimismo, mas também à alegria. O capítulo

dois fala da motivação dos sambistas, e a cor vermelha casa perfeitamente com seu

conteúdo: paixão, coragem, motivação, força... No capítulo três a cor violeta foi

usada para transmitir respeito e consciência, já que esse capítulo explica a estrutura

organizacional da escola e os impactos socioeconômicos da mesma na comunidade

na qual está inserida. A cor azul foi utilizada novamente - mas num tom mais claro –

no capítulo quatro, que mostra os bastidores da montagem de um desfile, ou seja: a

imaginação é fundamental para a concepção de enredos, sambas-enredos,

figurinos, alegorias, dança, pois todos esses processos trabalham demandam

criatividade. Já no capítulo cinco, que aduz os segmentos de uma escola de samba,

24

foi escolhida a cor rosa, que é sinônimo de amor, felicidade, ternura e sedução:

elementos presentes em todas as pessoas que fazem parte de uma escola de

samba, e que transmitem todos eles ao desfilarem na avenida. O último capítulo,

que registra o carnaval paulistano de 2015, está na cor laranja, porque entusiasmo,

exuberância, graça, interação, alegria e fascinação tem tudo a ver com os desfiles

retratados no capítulo. Para finalizar, as referências bibliográficas ficaram na cor

marrom, pois está ligada à confiabilidade e solidez.

O preto será a cor padrão na maior parte do texto. O branco será utilizado na

escrita quando houver necessidade de colocar legenda sobre uma foto escura, ou

para destacar um texto num fundo colorido ou muito escuro.

A opção por colorir o texto em diferentes momentos tem relação direta com o

objeto do livro: o carnaval.

7.3 Descrição do livro em geral

A escolha da foto para a capa do livro se deu pelo fato de exibir um rosto

maquiado, representando uma das faces do carnaval, que é a face vista na avenida.

É uma foto de uma das componentes do desfile da Mocidade Alegre em 2015. A cor

rosa atrás do título, juntamente com a cor verde-limão amarelada atrás do nome da

autora (em transparência, para continuar evidenciando a foto) transmitem alegria,

otimismo e felicidade, e contrastam com a cor da foto, que é em tons pastel.

25

Capa do livro.

Como a obra será publicada digitalmente, o texto da contracapa (quarta

página) será colocado logo depois da capa, para que o leitor tenha acesso a uma

prévia do conteúdo. Segundo as pesquisas realizadas, foi possível constatar que

esse modelo é muito utilizado nas publicações eletrônicas. O plano de fundo

utilizado nessa página contém algumas palavras que traduzem a alma do carnaval.

O objetivo da frase “Você vai descobrir que o carnaval não é feito só para se pular”

escolhida para ser um resumo da proposta do livro é justamente instigar a leitura;

espera-se que a visão do leitor sobre o carnaval, após a leitura do livro, seja

amplificada, entendo-o como cultura, cultura popular, estilo de vida e modelo de

comunidade.

26

Contracapa, logo após a capa.

A imagem abaixo ilustra o modelo que será utilizado para representar o início

de cada capítulo (página dupla). O que muda são as cores, de acordo com o

conteúdo conseguinte:

Modelo de capítulo.

Durante todo o livro há um “elemento de entrada” padronizado em todo início

de capítulo: a primeira página sempre traz uma textura com aspectos de madeira,

que remete à expressão “nó na madeira”, muito utilizada pelo público sambista para

27

se referir à raiz e tradição das escolas, e um elemento geométrico em transparência

por cima, na cor específica de cada capítulo, como mostra a imagem a seguir:

Modelo de entrada de capítulo.

O livro contém depoimentos nos capítulos um e dois. Boxes no formato de

círculo foram utilizados, cada um com uma cor diferente, para evidenciar a

diversidade de pensamentos e significações entre os depoentes:

Modelo de boxes com depoimentos.

28

8. DIÁRIO DE BORDO

No dia 15 de janeiro de 2015, numa manhã de quinta-feira, viajei para São

Paulo. Fiquei hospedada na casa da minha sogra. Meu namorado foi meu motorista

e meu companheiro em todas as saídas para pesquisa. Ele mora em Brasília e foi

comigo, pois além de ir rever a família, ele conhece bem a cidade e me ajudaria

bastante nesse sentido.

No dia seguinte eu já estava com a mão na massa – fui ao primeiro ensaio de

rua da Mocidade Alegre, às 21h. Foi incrível. No ensaio de rua, a escola desfila

como se estivesse na avenida, mas sem os carros alegóricos, sem fantasias e sem o

carro de som; apenas ao som da bateria e das vozes entoando o samba. Ruas

foram fechadas e moradores iam às portas assistir. Muita gente também

acompanhava a escola, caminhando ao lado pelas calçadas. A Mocidade é

conhecida por trabalhar com seriedade, e um exemplo disso foi quando eu precisava

atravessar a rua, e vi um espaço grande para atravessar entre as duas últimas alas.

Saí correndo rapidamente pra não atrapalhar. Quando cheguei ao outro lado, o

coordenador de uma das alas gritou pra mim: “Que saco, heeeeim!”, com uma cara

de bravo que nem consigo descrever! Quase chorei. Foi ali, naquele ensaio de rua,

onde muitos acham que é só diversão, que me dei conta da seriedade e o

comprometimento dessa escola, que desfila na rua como se estivesse na frente de

jurados.

Minha estadia na cidade, no geral, foi muito boa. Mas como todos sabem, o

Brasil vem vivendo uma onda de violência inadmissível, e eu andava por lá com

muito, muito medo. Sempre que saía, ou eu ou o Júlio (meu namorado) deixava o

celular em casa, já que apenas um celular para nós dois era o suficiente para

qualquer emergência; e não levávamos nada de valor. Nesse mesmo dia do ensaio

de rua, ao voltar para casa, quase fomos assaltados. Estávamos num carro

emprestado, pois não havia condição de ir ao ensaio de rua à noite de transporte

público, já que o bairro da escola era afastado de metrô e de pontos de ônibus.

Chegando perto de um semáforo, vimos que um carro na nossa frente estava

prestes a ser cercado por 5 adolescentes. Ao avistá-los, o carro ultrapassou o sinal

vermelho. Os adolescentes ficaram lá nos esperando, e meu namorado fez o que?

29

Pisou o pé no acelerador e quase atropelou todo mundo, porque eles vieram pra

cima! Foi muito assustador. Naquele dia eu já queria voltar pra casa. Foi aí que

decidimos não pegar mais o carro, já que era emprestado e não teríamos condição

de ressarcir o dono, caso acontecesse alguma coisa. Também decidimos tentar

fazer tudo de dia.

Antes dos desfiles oficiais, ocorrem os ensaios técnicos no sambódromo do

Anhembi. As escolas desfilam com a presença do carro de som e com seus

componentes vestidos com fantasias simples, que simulam a aparência e o peso

das que serão usadas no grande dia, para elas já irem se adaptando. Os ensaios

ocorrem nos fins de semana de janeiro, e geralmente desfilam em torno de cinco

escolas por dia de ensaio (podendo ser mais ou menos escolas, a quantidade

realmente varia). As arquibancadas são abertas gratuitamente e muita gente

comparece para assistir, ficam tão lotadas como nos dias de desfile oficial. É nítido o

amor das pessoas pelo carnaval em São Paulo, e isso se reflete na assiduidade

delas nos ensaios técnicos, que começam por volta das 17h e terminam de

madrugada.

Quando assisti a isso pela primeira vez, me emocionei e me arrepiei. Nunca

tinha visto nada igual! Aquela multidão de gente cantando, sorrindo, dançando...

sem falar da bateria! Não se compara ouvir uma bateria ao vivo com assistir pela

televisão. Na televisão o som fica abafado, aparece mais a voz dos cantores do que

qualquer outra coisa. Ao vivo e a cores não. Aquele som da bateria pulsa lá dentro

do coração, e a emoção das pessoas que tocam e desfilam é transmitida para você

de uma forma encantadora e bela. Minha visão de carnaval mudou naquele dia,

quando fui ao primeiro ensaio técnico.

Na minha terceira ida ao ensaio técnico, quase fomos assaltados de novo. O

Júlio já tinha combinado comigo que se alguém tentasse nos assaltar, era pra eu

sair correndo e deixa-lo para trás resolvendo o assunto. Dessa vez era de dia, e num

local movimentado. Estávamos indo para o metrô. E, dessa vez, também estávamos

com um objeto de valor na mochila: uma câmera de uma amigo que peguei

emprestada para fotografar para o livro. Tentei evitar ao máximo andar com ela na

rua, mas tinha que fotografar um dia, não tinha jeito. E nesse dia, andando pela

30

calçada, 4 adolescentes (pra variar), sendo um deles de cadeira de rodas, nos

cercaram numa esquina. Um deles perguntou as horas. Olhamos no relógio de

punho e falamos. Meu coração já estava saindo pela boca, pois tinha certeza de que

eles iam assaltar a gente. O da cadeira de rodas estendeu a mão pro Júlio e foi se

apresentando, pedindo pro Júlio pegar na mão dele. Foi quando de repente o Júlio

me empurrou e eu saí correndo o mais rápido que pude, e com o coração na mão,

porque quem estava com a mochila e com a câmera era ele. Parei na frente de um

posto de gasolina e quando olhei para trás, vinha o Júlio com a mochila nas costas

(graças a Deus) e com uma cara de bravo e de indignado. Ele disse que assim que

corri um deles perguntou por que corri, e se ele achava que eles iriam nos assaltar.

Na hora, parou um carro da polícia no cruzamento, e um deles disse que o Júlio

tinha tido sorte. Que se não fosse a polícia ele estava “ferrado”. O Júlio respondeu

dizendo que “quebraria os 4 no pau” se eles tentassem fazer qualquer coisa, e fim.

Foi horrível. Júlio disse que essa técnica de perguntar as horas é pra pegar gente

trouxa, que pega o “celularzão” do bolso pra falar que horas são e os bandidos

tomam o celular da mão da pessoa. Ainda bem que tínhamos relógio de punho. Dali

em diante passamos a pegar taxi pra ir do metrô pra casa, de casa para o metrô, e

não andávamos mais a pé, porque não tinha condição. E o pior é que apesar dessa

onda de violência e de assaltos, São Paulo é uma cidade com muito policiamento.

Em Brasília raramente nos deparamos com rondas policiais, ou com policiais nas

ruas. Em São Paulo, o policiamento é muito grande, mas, mesmo assim, está longe

de ser o suficiente.

Tentei entrar em contato com o carnavalesco da Mocidade em todo o período

em que estive na cidade para pegar informações para o livro, mas não consegui

resposta. Tudo relacionado a questões particulares da escola, como o

funcionamento da área administrativa, receitas e despesas, e etc, eu teria que

perguntar por e-mail. No mês que antecede o carnaval ninguém que trabalha numa

escola de samba tem tempo. Mas o que eu pude coletar e vivenciar sem precisar

recorrer a entrevistas, eu fiz. Valeu toda a experiência! Em um dos ensaios técnicos

consegui entrar em contato com a equipe responsável pelas fotos oficiais dos

desfiles. Eles liberaram a utilização de todas as fotos para o meu livro, e ainda me

pediram para conceder uma entrevista quando o livro ficasse pronto. Eles fotografam

31

para um site de notícias chamado SRZD (abreviação de Sidney Rezende, um

jornalista), que cobre o carnaval em todo o Brasil.

O carnaval é algo muito maior do que imaginamos, e envolve muito mais

gente do que pensamos. O carnaval é a vida de milhares de pessoas. Só

presenciando para conseguir entender. Não pude ir ao desfile oficial, mas, além de

ter ido aos ensaios técnicos, consegui assistir ao Desfile das Campeãs, que

acontece uma semana depois do desfile oficial, com as 5 melhores escolas do

Grupo Especial e com as 2 escolas que subiram do Acesso, que é como se fosse a

segunda divisão do carnaval. As escolas desfilam do mesmo jeito que desfilaram no

dia oficial; a diferença é que grande parte dos carros vêm sem iluminação, e durante

o desfile os componentes das escolas vão jogando parte de suas fantasias para a

galera da arquibancada. Foi uma experiência maravilhosa, e assistir cada carro

gigante daquele, passando na sua frente, com tantos detalhes, foi realmente incrível.

O carnaval é um trabalho fora do comum, e lindíssimo assistido ao vivo. Recomendo

a experiência para todos, porque até eu, que nunca tinha me importado com isso,

consegui quebrar paradigmas e passar a realmente admirar esse teatro a céu

aberto.

Voltei para Brasília no dia 21 de fevereiro, num sábado pela manhã, e

bastante satisfeita com as experiências adquiridas nesses 37 dias de viagem. A

emoção e o medo foram os sentimentos mais marcantes; dois lados de uma mesma

moeda chamada “carnaval em São Paulo”.

32

9. CRONOGRAMA

Segundo Semestre de 2014 e Primeiro Semestre de 2015

ATIVIDADES Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun.

Selecionar a

Bibliografia

Leitura

Bibliográfica

Redigir o

Projeto

Elaborar o

Proj. Gráfico

Viajem à São

Paulo

Organização

do material e

diagramação

Revisão dos

Textos

Banca 1

Banca 2

___________________

1 Disponível nas páginas 4 e 5, do artigo “Os Estudos Culturais”, de Ana Carolina Escosteguy, em

<http://www.pucrs.br/famecos/pos/cartografias/artigos/estudos_culturais_ana.pdf> Acesso:

29/04/2015.

2 De acordo com o Me. Tales Pinto. Disponível em <http://www.brasilescola.com/carnaval/historia-do-carnaval.htm> Acesso: 30/10/2014

3 Fonte: <http://emcimadahorasp.webnode.com.br/historia-do-carnaval-de-sp/> Acessado em 30/10/2014.

33

4 O original é em inglês. “A book is a non-periodical printed publication of at least 49 pages, exclusive of the cover pages, published in the country and made available to the public.” Em <http://portal.unesco.org/en/ev.php-URL_ID=13068&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html> Acessado em 16/09/2014.

5 Fonte: <http://www.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2012/10/de-onde-vem-a-palavra-livro> Acessado em 16/09/2014. 6 Fonte: <http://revista.zapimoveis.com.br/entenda-a-filosofia-do-feng-shui-e-o-significado-das-cores/> Acessado em 04/06/2015.

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<http://emcimadahorasp.webnode.com.br/historia-do-carnaval-de-sp/> Acessado em

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34

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