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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Stricto Sensu em Gerontologia Trabalho de Conclusão de Curso OFICINAS DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA EM IDOSOS ANALFABETOS COM TRANSTORNO COGNITIVO LEVE. Brasília - DF 2010 Autora: Izabel Borges dos Santos Orientadora: Dra. Lucy Gomes Vianna

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Gerontologia

Trabalho de Conclusão de Curso

OFICINAS DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA EM IDOSOS

ANALFABETOS COM TRANSTORNO COGNITIVO LEVE.

Brasília - DF

2010

Autora: Izabel Borges dos Santos

Orientadora: Dra. Lucy Gomes Vianna

IZABEL BORGES DOS SANTOS

OFICINAS DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA EM IDOSOS ANALFABETOS COM

TRANSTORNO COGNITIVO LEVE.

Dissertação submetida ao Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da

Universidade Católica de Brasília, como

requisito parcial para obtenção do Título de

Mestre em Gerontologia.

Orientadora: Dra. Lucy Gomes Vianna.

Brasília

2010

Ficha elaborada pela Biblioteca da Universidade Católica de Brasília - UCB

S237o Santos, Izabel Borges

Oficinas de estimulação cognitiva em idosos analfabetos com Transtorno

Cognitivo Leve / Izabel Borges Santos. – 2010.

148 f. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília,

2010. Orientação: Lucy Gomes Vianna

1. Idosos – Analfabetismo. 2. Cognição. 3. Memória. I. Vianna, Lucy

Gomes, orient. II.Título.

CDU 613.98

Dissertação de autoria de Izabel Borges dos Santos, intitulada “Oficinas de estimulação

cognitiva em idosos analfabetos com Transtorno Cognitivo Leve”, apresentada como

requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Gerontologia da Universidade Católica

de Brasília, em 24 de Junho de 2010, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo

assinada:

____________________________________________________

Profª Dra. Lucy Gomes Vianna

Orientador

Universidade Católica de Brasília - UCB

____________________________________________________

Prof º Dr. Vicente de Paula Faleiros

Universidade Católica de Brasília - UCB

____________________________________________________

Prof º Dra. Claudia Cristina Fukuda

Universidade Católica de Brasília - UCB

____________________________________________________

Prof º Dra. Carmen Jansen Cardenas

Suplente

Universidade Católica de Brasília - UCB

Brasília

2010

Dedicatória

A minha querida mãe Olga, hoje com 84 anos

e com tanta lucidez resgata da memória fatos e

vivência dos seus onze filhos e nos faz viver

momentos do nosso inconsciente que então

não sabíamos existir.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus... que está sempre ao meu lado dando-me força e iluminando-me. Agradecer

neste momento é entender a dádiva de Deus. É uma forma de consolidar a importância das

relações construídas ao longo de uma história de vida, onde muitas pessoas me foram

presenteadas, fazendo parte de uma construção. São seres preciosos que na minha vivência e

memória permanecerão.

A todo o corpo docente do programa de Pós Graduação em Gerontologia da Universidade

Católica de Brasília, que compartilhou o seu saber. A meus colegas de mestrado, pelos

momentos inesquecíveis que dividimos angústias, alegrias e crescimento.

A todos idosos desta pesquisa, participantes dos grupos que se comprometeram com a

construção de um trabalho, que sempre estiveram disponíveis e mais que isto, felizes por

estarem colaborando.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal que me proporcionou a liberação parcial de minha

carga horária de trabalho, dando-me oportunidade de crescer como profissional e ser um

agente na transformação junto aos outros profissionais e na atuação politizada e direcionada

em prol da população idosa.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao meu esposo, Laudival Mizael e aos filhos Fernando e Vinícius, que como fonte de vida

estão sempre ao meu lado, mostrando a cada instante, que o amor não se acaba com o passar

dos anos ou da distância... gloriosamente se multiplica.

A meus queridos pais, Adelaudio (†) e Olga, por serem exemplos de força, dignidade e

honestidade e o forte elo intergeracional.

A querida orientadora Prof. Dra. Lucy Gomes, que com muito carisma, respeito e firmeza

soube direcionar e estimular o prosseguimento de cada fase da dissertação.

Por fim, as minhas amigas Neuza Matos, Maria Sueli e Márcia Araújo. “Quem tem um amigo

tem um tesouro” (Saint Exupery). De fato, minha vida é privilegiada com tesouros diferentes

e especialmente preciosos. Neuza, que me incentivou e de maneira incondicional me ajudou

em todas as etapas desta caminhada e através das nossas vivências fez brilhar o meu olhar na

velhice. Sueli, fiel, companheira, um exemplo de perseverança. Márcia, sempre humana e

sensível ao próximo.

“ Que rosto lindo eu vi hoje, rugoso,

Tão fascinante qual o duma criança!

Continha o mesmo brilho radioso

(...) É como se o amanhã unisse o dia d' ontem

É como se o amanhã fosse a nossa essência!

(...) Pois, uma ruga é prêmio incontestável.”

Eugênio de S. Vicente

RESUMO

SANTOS, Izabel Borges. Oficinas de estimulação cognitiva em idosos analfabetos com

Transtorno Cognitivo Leve. 2010. 148 p. Dissertação de Mestrado em Gerontologia pela

Universidade Católica de Brasília, Brasília - Distrito Federal, 2010.

Introdução: As oficinas de Estimulação Cognitiva para idosos analfabetos com Transtorno

Cognitivo Leve é tema pouco explorado no Brasil. Objetivos: Analisar o desempenho

cognitivo de indivíduos idosos analfabetos com diagnóstico de Transtorno Cognitivo Leve

(TCL) antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de Estimulação

Cognitiva, adaptadas para uso em indivíduos analfabetos; determinar o perfil sócio-

econômico-demógraficos desses idosos; verificar a percepção dos idosos sobre sua memória e

identificar os benefícios e contribuições das Oficinas na percepção dos idosos. Material e

Método: Trata-se de pesquisa social quantiqualitativa, utilizando o método de pesquisa-ação

A amostra foi composta por 63 idosos (≥ 60anos) analfabetos com TCL, sendo 22 no Grupo

Experimental (GE), que participaram das 10 Oficinas de Estimulação Cognitiva; Grupo

Controle 1 (GC1), com 21 idosos, que tiveram 10 palestras sobre a saúde; e Grupo Controle

2 (GC2), com 20 idosos, nos quais não foi aplicada intervenção alguma. Foram feitos os

seguintes testes: Miniexame do Estado Mental (MEEM), Memória de Lista de Palavras

(MLP), Fluência Verbal (FV) e Teste Computadorizado de Atenção Visual (TCA). A análise

dos dados foi do programa SPSS, Skewness, teste qui quadrado e método de Bardin.

Resultados: Os idosos estudados tinham idade média de 72,8 ± 7,16 anos, sendo 92% do

sexo feminino, do lar, viúvos ou casados, sem aposentadoria própria e com renda média de

um salário mínimo. 82% dos idosos relataram piora da memória ao longo do último ano,

havendo uma mudança significativa de sua percepção de forma positiva após participação nas

dez oficinas e palestras (GE e GC1, respectivamente). Nos três grupos, os comentários dos

idosos sobre sua memória no pré-teste foram feitos de forma simples e pessimista. No pós-

teste, os participantes dos GC1 e GC2 mantiveram os mesmos esquecimentos, enquanto os do

GE se destacaram nas categorias: melhora na cognição, socialização/integração, mudança nas

atividades de vida diária e satisfação com as oficinas. Os idosos do GE obtiveram maior

escore no MEEM, significativamente maior que os do GC2. Os idosos do GE obtiveram

significativamente maiores escores no item atenção e cálculo do MEEM, no teste de MLP e

no teste FV. No TCA, não surgiu diferença significativa entre os três grupos. Conclusão: As

Oficinas oferecidas tiveram destaque na melhoria da cognição, da percepção positiva da

memória e da funcionalidade do idoso em tarefas simples; geraram aprendizagem,

socialização e integração, assim como diversão e satisfação. Intervir com oficinas ou palestras

educativas em saúde obteve-se o mesmo efeito no MEEM. As oficinas foram eficazes na

melhora da memória verbal de longo prazo e fluência verbal. Há necessidade de pesquisas a

fim de mensurar o tempo de permanência dos benefícios encontrados.

Palavras chaves: Idoso analfabeto. Transtorno cognitivo Leve. Estimulação cognitiva.

ABSTRACT

SANTOS, Izabel Borges. Cognitive stimulation Workshops for elderly illiterate people

with Mild Cognitive Impairment. 2010. 148 p. Dissertation in Gerontology from the Catholic

University of Brasilia, Brasilia - Distrito Federal, 2010.

Introduction: The cognitive performance of elderly illiterate people with Mild Cognitive Impairment and

stimulation Workshops is a subject little explored in Brazil. The objectives of this study were: To analyze the

cognitive performance of elderly illiterate people with Mild Cognitive Impairment (MCI) before and after

Workshops of adapted Cognitive Stimulation Games, determine the socio-economic-demographic profile, verify

the perception of the elderly about their own memory and identify the benefits and contributions of the

workshops on the perception of the elderly. Material and Methodology: quantitative and qualitative social

research, using the action research methodology. The sample consisted of an Experimental Group (EG) n = 22

with 10 workshops, a Control Group 1 (CG1), n = 21 with lectures and a Control Group 2 (CG2), n = 20 without

intervention. Tests: Mini-Mental State Examination (MMSE), Word List Memory task (WLM), Verbal Fluency

(VF) and Computerized Visual Attention Test (CVAT). The analysis through SPSS, Skewness, chi square and

method of Bardin Results: The 63 elderly were mostly young old (average age 72.8 ± 7,16 years old), female

92%, housewife, widowed or married, without their own retirement and with an average income of a minimum

wage. The 82% elderly reported worsening of memory over a year and their perception changed positively after

participating in the ten workshops and lectures (EG and CG1). Before the test, the elderly comments about their

memory were simple and pessimistic. After the test, CG1 and CG2 maintained the same forgetfulness but EG

stood out from the others in the following categories: improvement in cognition, socialization/integration,

changes in the daily life activities and satisfaction with the workshops. The EG had a higher score on the

MMSE, but was only significantly better than CG2. EG excelled in the item Attention and Calculation, from the

MMSE, in the WLM and in the VF. In the CVAT there was no significant difference. Conclusion: These

workshops were important in improving cognition, positive perception of the memory and the

elderly skills in simple tasks; they generated learning, socialization and integration, fun and

satisfaction. The same effect on the MMSE was obtained with the intervention of workshops and educational

lectures on health. The workshops were effective in improving long-term verbal memory and verbal fluency. The

mnemonic difficulty persists in the EG and there is the necessity of carrying out further research in order to

measure how long these benefits will continue.

Keyword: Elderly Illiterate. Mild cognitive impairment. Cognitive stimulation.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, estudados nos

três grupos, de acordo com a faixa etária..............................................................

60

Tabela 2 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, nos

três grupos, de acordo com o estado civil..............................................................

62

Tabela 3 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos estudados com TCL na UMT-DF, de

acordo com a renda econômica.............................................................................

63

Tabela 4 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de

acordo com aposentadoria, pensão e BPC.............................................................

64

Tabela 5 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de

acordo com a profissão/ocupação..........................................................................

66

Tabela 6 - Relação intergrupos nas respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?”

nos pré e pós-testes, em 63 idosos analfabetos com TCL, UMT-DF....................

75

Tabela 7 - Relação intergrupos nas respostas à pergunta “Você acredita que sua memória

é pior do que a dos outros?” nos pré e pós- testes, em 63 idosos analfabetos

com TCL, UMT-DF..............................................................................................

76

Tabela 8 - Análise dos itens do MEEM, pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos com

TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.....................................................................

89

Tabela 9 - Análise das etapas do Teste de Memória de Lista de Palavras, nos pré e pós-

testes, nos 63 Idosos analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF........

92

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, de acordo

com a moradia e o arranjo familiar................................................................... 67

Gráfico 2 - Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?”, no pré e pós oficinas

de 22 idosos analfabetos com TCL do GE, UMT-DF...................................... 69

Gráfico 3 - Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos

outros?” no pré e pós oficinas de 22 idosos analfabetos com TCL do GE,

UMT-DF........................................................................................................... 70

Gráfico 4 - Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” no pré e pós palestras

de 21 idosos analfabetos com TCL do GC1, UMT-DF.................................... 71

Gráfico 5 - Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos

outros?” no pré e pós palestras de 21 idosos analfabetos com TCL do GC1,

UMT-DF........................................................................................................... 72

Gráfico 6 - Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” no período

correspondente aos pré e pós-testes, em 20 idosos analfabetos com TCL do

GC2, UMT-DF.................................................................................................. 73

Gráfico 7 - Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos

outros?” no período correspondente aos pré e pós-testes, em 20 idosos

analfabetos com TCL do GC2, UMT-DF......................................................... 74

Gráfico 8 - Escore geral do MEEM, pré e pós testes, nos GE, GC 1 e GC2, nos 63

idosos analfabetos com TCL, UMT-DF.......................................................... 88

Gráfico 9 - Escore geral da Memória de Lista de Palavras, nos pré e pós-testes, nos 63

idosos analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.......................... 91

Gráfico 10 - Escore geral da Fluência Verbal, nos pré e pós-testes, em 63 idosos

analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF................................... 94

Gráfico 11 - Variabilidade do tempo de reação visual (milissegundos), nos pré e pós-

testes, nos 63 idosos analfabetos com TCL nos GE, GC1 e GC2, UMT-DF... 96

Gráfico 12 - Percentual de acertivas emitidas nos pré e pós-testes, nos 63 idosos

analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF..................................... 96

Gráfico 13 - Percentual de Falsos Alarmes emitidas nos pré e pós-testes, nos 63 idosos

analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF..................................... 97

Gráfico 14 - Tempo médio de reação aos estímulos visuais pré e pós-testes, nos 63 idosos

analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF..................................... 98

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo

Experimental....................................................................................................... 77

Quadro 2 - Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Controle 1.. 77

Quadro 3 - Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Controle 2..

77

Quadro 4 - Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GE sobre

seu estado mnemônico após as Oficinas de Estimulação Cognitiva, UMT-DF. 78

Quadro 5 - Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GC1

sobre seu estado mnemônico após as palestras, UMT-DF.................................. 81

Quadro 6 - Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GC2

sobre seu estado mnemônico após o período correspondente ao das Oficinas

de Estimulação Cognitiva e palestras, UMT-DF................................................ 82

LISTA DE SIGLAS

AVDIs - Atividades Instrumentais de Vida Diária

AVDs - Atividades de vida diária

BCSB - Brief Cognitive Screening Battery

DA - Doença de Alzheimer

DCC - Declínio da Capacidade Cognitiva

EDG - Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage

FV - Teste de Fluência Verbal

GC1 - Grupo Controle 1

GC2 - Grupo Controle 2

GE - Grupo Experimental

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INAF - Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional

IQCODE - Informant Questionnaire of Cognitive Decline in the Elderly

MEEM - Miniexame do Estado Mental

NEUROPSI - Bateria Neuropsicológica Abreviada

QPAF - Questionário Pfeffer de Avaliação Funcional

TCA - Teste Computadorizado da Atenção Visual

TCL - Transtorno Cognitivo Leve

TCM - Teste Computadorizado da Memória

TEVA - Testes de Variáveis de Atenção Visual

TRD - Teste do Desenho do Relógio

UMT-DF - Unidade Mista de Taguatinga - Distrito Federal

UNESCO - United Nations Educational Scientific and Culture Organization

UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 15

1.1 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 17

1.2 OBJETIVOS......................................................................................................... 20

1.2.1 Objetivo geral....................................................................................................... 20

1.2.2 Objetivos específicos............................................................................................ 20

1.3 HIPÓTESE............................................................................................................ 21

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 22

2.1 ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RELACIONADAS

À COGNIÇÃO...................................................................................................... 22

2.2 ANALFABETISMO NA VELHICE: UMA REALIDADE NO BRASIL........... 27

2.3 TRANSTORNO COGNITIVO LEVE.................................................................. 30

2.4 FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA NO IDOSO............................................. 32

2.5 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA E SUA REPERCUSSÃO NA VELHICE......... 37

2.6 TESTES DE AVALIAÇÃO COGNITIVA........................................................... 40

2.6.1 Miniexame do Estado Mental (MEEM)............................................................. 42

2.6.2 Teste de Memória de Lista de Palavras............................................................. 43

2.6.3 Teste de Memória de Figuras .......................................................... 43

2.6.4 Teste de Fluência Verbal..................................................................................... 44

2.6.5 Teste do Desenho do Relógio (TRD)................................................................... 45

2.6.6 Escala de Katz: Atividades de Vida Diária (AVDs).......................................... 45

2.6.7 Atividades Instrumentis de Vida Diária (AIVDs)............................................. 46

2.6.8 Teste Computadorizado da Memória (TCM) e Teste Computadorizado da

Atenção Visual (TCA).......................................................................................... 46

2.6.9 Questionário PFEFFER de Avaliação Funcional (QPAF)............................... 47

2.6.10 Informant Questionnaire of Cognitive Decline in the Elderly (IQCODE)..... 48

3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 49

3.1 TIPO DE PESQUISA............................................................................................ 49

3.2 CUIDADOS ÉTICOS........................................................................................... 50

3.3 PARTICIPANTES ................................................................................................ 50

3.4 LOCAL DAS OFICINAS, PALESTRAS E DOS TESTES................................. 52

3.5 OFICINAS............................................................................................................. 52

3.6 PALESTRAS......................................................................................................... 56

3.7 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.................................................... 56

3.8 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................... 58

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS

RESULTADOS.................................................................................................... 59

4.1

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS SÓCIO-ECONÔMICO-

DEMOGRÁFICOS................................................................................................ 59

4.1.1 Histórico da Unidade Mista de Taguatinga – Distrito Federal........................ 59

4.1.2 Caracterização da amostra.................................................................................. 59

4.1.3 Faixa etária........................................................................................................... 60

4.1.4 Faixa sexo.............................................................................................................. 61

4.1.5 Estado civil............................................................................................................ 61

4.1.6 Renda econômica.................................................................................................. 62

4.1.7 Aposentadorias, pensões e benefício da prestação continuada........................ 63

4.1.8 Profissão/ocupação............................................................................................... 64

4.1.9 Moradia e arranjo familiar................................................................................. 66

4.2 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO QUANTO A PERCEPÇÃO DA

MEMÓRIA............................................................................................................ 68

4.2.1 Grupo Experimental............................................................................................ 68

4.2.2 Grupo Controle 1................................................................................................. 71

4.2.3 Grupo Controle 2............................................................................... 73

4.2.4 Análise geral da percepção da memória atual e em relação à memória dos

outros.................................................................................................................... 75

4.3 COMENTÁRIO DOS IDOSOS SOBRE SEU ESTADO MNEMÔNICO PRÉ

E PÓS OFICINAS................................................................................................. 77

4.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS TESTES APLICADOS........................... 88

4.4.1 Miniexame do Estado Mental (MEEM)............................................................ 88

4.4.2 Memória de Lista de Palavras............................................................................ 90

4.4.3 Fluência Verbal.................................................................................................... 93

4.4.4 Teste Computadorizado de Atenção Visual...................................................... 95

5 CONCLUSÕES................................................................................................... 100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................. 103

APÊNDICE.......................................................................................................... 118

APÊNDICE A - Cronograma de Atividades das Oficinas de Estimulação

Cognitiva através de Jogos e Brincadeiras Adaptadas para Idosos Analfabetos... 118

APÊNDICE B - Cronograma das Palestras de Educação em Saúde para Idosos

Analfabetos - Grupo Controle 1............................................................................. 119

APÊNDICE C - Estratégias de Estimulação Cognitiva para Idosos Analfabetos-

Tarefa de Casa - Grupo Experimental.................................................................. 120

APÊNDICE D - Comentários dos Idosos sobre Estado Mnemônico - Grupo

Experimental, Controle 1 e 2................................................................................. 121

APÊNDICE E - Oficinas de Jogos e Brincadeiras Adaptadas para Idosos

Analfabetos............................................................................................................ 130

ANEXOS............................................................................................................... 144

ANEXO I - Aprovação do Comitê de Ética da FEPECS....................................... 144

ANEXO II - Cronograma de Atividades da Pesquisa............................................ 145

ANEXO III - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................................. 146

ANEXO IV - Roteiro de Entrevista....................................................................... 148

15

1 INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento é fase marcada por mudanças profundas que podem

culminar em doenças e incapacidades de naturezas diversas. Sabe-se hoje que certos déficits

de memória fazem parte do envelhecimento saudável (YASSUDA et al., 2006).

Na velhice, frequentemente ocorrem alterações em diferentes áreas da cognição,

envolvendo atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e

linguagem. Indivíduos com idade igual ou acima de 60 anos geralmente se queixam de

dificuldades com a memória e outras habilidades cognitivas, especialmente quando comparam

seu desempenho atual com o apresentado no passado. Além das dificuldades em armazenar

informações e resgatá-las, referem ainda prejuízo ocupacional e social. Diante dessas

alterações decorrentes da idade, ocorre autoabandono, perda da autoestima, isolamento da

sociedade e mesmo do ambiente familiar (SOUZA; CHAVES, 2005; AVILA; BOTTINO,

2006).

Há interesse crescente em manter e até aumentar a capacidade cerebral dos idosos,

proporcionando estratégias concretas para mantê-los aptos e flexíveis (LAWRENCE, 2000).

Independente da relevante preocupação com o possível progresso do declínio cognitivo

fisiológico para a demência, as queixas subjetivas que os idosos apresentam a respeito de seu

desempenho mnemônico são reais e devem ser acolhidas.

Atualmente, o idoso tem dificuldade para se adaptar às exigências do mundo moderno.

Isso se deve, em parte, à deficiência educacional dessa geração, que viveu uma época na qual

freqüentar a escola era privilégio de poucos. Por esse motivo, ocorre alto índice de

analfabetismo nesse grupo etário, atingindo 5,1 milhões no Brasil. Existe ainda o

analfabetismo funcional, que abarca os indivíduos com menos de 4 anos de estudo. Segundo

IBGE (2000), 59,4% dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil são analfabetos

funcionais (IBGE, 2000).

Para responder aos objetivos desta pesquisa, na presente dissertação foi realizada

revisão bibliográfica dos seguintes temas: primeiro foi abordado o envelhecimento e as

alterações fisiológicas relacionadas à cognição nessa etapa da vida, ressaltando-se a

repercussão do declínio cognitivo sobre a capacidade funcional global do idoso. A seguir

evidenciaram-se as definições de analfabetismo atualmente vigentes no Brasil, revisando-se

situação e progressão da alfabetização dos idosos. Após, apresentaram-se os aspectos

conceituais do Transtorno Cognitivo Leve (TCL) e as dificuldades de sua caracterização e

diagnóstico, bem como sua diferenciação com o declínio da cognição natural do

16

envelhecimento. Posteriormente, distinguiram-se os modelos de memória, bem como o

funcionamento e a combinação de subsistemas relatados por diversos autores. Na sequência,

destacou-se a estimulação cognitiva como estratégia de ativação das funções cognitivas e

prevenção de declínios cognitivos, bem como a melhora na qualidade de vida. Por último,

abordou-se os instrumentos de avaliação cognitiva/funcional que colaboram na avaliação

ampla do idoso, usados em ambientes especializados e de atenção à saúde do idoso, tanto em

pesquisas nacionais quanto internacionais.

Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar o desempenho cognitivo de idosos

analfabetos com TCL antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de

Estimulação Cognitiva Adaptadas, por meio de instrumentos de avaliação cognitiva. Outro

aspecto importante evidenciado foi a autopercepção dos idosos sobre sua memória, bem como

a percepção das contribuições das oficinas. O estudo foi realizado na Unidade Mista de

Taguatinga (UMT-DF), da Secretaria do Estado de Saúde do Distrito Federal, que dispõe de

serviço de referência para o atendimento de atenção à saúde do idoso e conta com equipe

multidisciplinar.

17

1.1 JUSTIFICATIVA

Nas últimas décadas, observou-se nítido envelhecimento demográfico e, como

consequência dessa transição, envelhecimento da população mundial (SIQUEIRA, 2002).

Esse fenômeno já é observado há algum tempo nos países desenvolvidos, mas ocorre agora de

modo acelerado nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. É caracterizado,

principalmente, pelos declínios das taxas de fecundidade e de mortalidade nas idades

avançadas tendo, como consequência direta, mudança na estrutura etária da população

(PEREIRA, 1995; HIGGS, 1997; CARVALHO; GARCIA, 2003).

Diversos estudos epidemiológicos fazem projeções que apontam para o aumento

crescente e contínuo do número de idosos no Brasil. Atualmente são 15 milhões de indivíduos

com 60 anos ou mais (8,6% da população) sendo que, em 2025 serão aproximadamente 34

milhões nessa faixa etária (dos quais 10,6% corresponderão a idosos com 80 anos e mais), o

que colocará o Brasil na sexta posição com maior número de idosos no mundo (IBGE, 2000;

SCHOUERI, 2000; SOUZA; CHAVES, 2005). Essa alteração demográfica deve-se também

às atuais conquistas médico-tecnológicas que têm possibilitado a prevenção e cura de doenças

que antes eram consideradas fatais (SOUZA; CHAVES, 2005).

Além do aumento no número de idosos, também há aumento da expectativa de vida,

que atualmente é de 68,6 anos, sendo 2,5 anos a mais do que no início da década de 90.

Estima-se que em 2020, a expectativa de vida no Brasil será de 70,3 anos (IBGE, 2000).

No Brasil, as mulheres vivem, em média, oito anos a mais do que os homens. As

diferenças de expectativa de vida entre os gêneros levaram, como consequência, ao fato de

que em 1991, as mulheres correspondiam a 54% da população de idosos, enquanto em 2000

passaram a 55,1%. Portanto, em 2000, para cada 100 mulheres idosas havia 81,6 homens

idosos (IBGE, 2000).

Envelhecer é, portanto, processo natural que caracteriza etapa da vida do homem,

ocorrendo com mudanças físicas, psicológicas e sociais que acometem de forma particular

cada indivíduo com sobrevida prolongada. É a fase na qual, ponderando sobre a própria

existência, o indivíduo idoso conclui que alcançou objetivos, mas que também sofreu perdas,

entre as quais a saúde, que se destaca como um dos aspectos mais afetados (MENDES et al.,

2005).

Como resultado desse processo, observa-se que ao longo do avanço cronológico, o

corpo humano está submetido a situações de sobrecarga funcional prolongada, podendo não

18

reagir de modo adaptativo, levando ao desenvolvimento de processos patológicos agudos e

predominantemente crônicos. As alterações fisiológicas que provêm do envelhecimento

orgânico predispõem ao surgimento de doenças crônico-degenerativas, as quais podem

comprometer a capacidade funcional. Além disso, perdas neuronais podem iniciar processos

demenciais que dificultam o autocuidado e geram perda da autonomia e da independência

(SCHOUERI, 2000).

Os idosos apresentam mais problemas de saúde do que a população geral. Mais da

metade dos idosos apresenta algum problema de saúde (53,3%), sendo 23,1% deles

portadores de doenças crônicas (IBGE, 2000). Com o envelhecimento, são observadas

alterações orgânicas e funcionais, decorrentes de mudanças nos mecanismos de homeostase

que são controlados pelos sistemas imunológico, endócrino e nervoso, podendo levar a

déficits leves em pessoas que envelhecem normalmente. Há indivíduos que experienciam

menor declínio cognitivo que outros, sendo que essas diferenças individuais aumentam com o

avançar da idade. Mudanças radicais na habilidade mental da pessoa idosa podem indicar

comprometimento importante de sua saúde (KAWAS, 2003).

A função cognitiva é marcada por diferenças individuais consideráveis, podendo a

perda da eficiência cognitiva ser frequentemente compensada. Uma das manifestações mais

frequentes desse declínio são as alterações relacionadas com a memória (FERRARI, 1997).

A literatura sugere que no envelhecimento saudável existe a possibilidade de compensação,

pelo menos parcial, dos déficits cognitivos (BACKMAN, 1989; BALTES; BALTES, 1990;

DUNLOSKY; HERTZOG, 1998). Segundo Yassuda (2006), pesquisas sobre intervenções

cognitivas apontam para os treinos da cognição e da memória, que podem aumentar as

habilidades cognitivas de idosos normais. Assim, o idoso saudável é capaz de aproximar seu

desempenho atual do seu desempenho máximo possível, por apresentar plasticidade cognitiva.

Com o aumento da idade, existe tendência de ocorrerem declínios cognitivos e

funcionais, condicionando diminuição da interação social e nas atividades físicas e de lazer,

com conseqüente decréscimo na qualidade de vida e na expectativa de vida ativa dos idosos.

Por isso, a implementação de programas de treino cognitivo é relevante tanto para a melhora

e/ou manutenção das funções cognitivas quanto para manter boa qualidade de vida nos idosos

(GALLO; SCHOEN; JONES, 2000).

Frente a isso, postula-se a aplicação do exercício de memória através de sua

estimulação/motivação, como método terapêutico na recuperação e/ou manutenção da função

neural associada à cognição (SOUZA; CHAVES, 2005). Acevedo (2007) reforça que os

19

treinos têm como objetivo maximizar as funções cognitivas e prevenir futuros declínios

cognitivos. Intervenções cognitivas podem contribuir para a funcionalidade cognitiva do

idoso, melhorando a qualidade de vida e o bem-estar psicológico (IRIGARAY, 2009).

Justifica-se, portanto, realização de oficinas de Estimulação Cognitiva através de jogos

e brincadeiras adaptados para idosos analfabetos com diagnóstico de Transtorno Cognitivo

Leve, verificando-se o seu desempenho cognitivo antes e após a realização dessas oficinas.

Esta pesquisa foi realizada mediante atuação prática e multiprofissional em unidade de

referência de atendimento à saúde do idoso, vislumbrando contribuir e disponibilizar

assistência diferenciada na área da cognição, bem como melhoria na qualidade de vida dos

idosos, de suas famílias e da sociedade.

Há necessidade de estudos específicos que beneficiem a população idosa analfabeta,

tendo em vista as peculiaridades dessa parcela da população, muitas vezes esquecida dentro

do contexto geral. Portanto, o presente estudo contribuirá com informações para a

compreensão dessa problemática e a tomada de novas direções referentes ao atendimento

desse segmento social e usuário da UMT-DF. Trata-se de tema importante, que merece

aprofundamento principalmente por parte dos profissionais da área de saúde que trabalham

diretamente com essa clientela.

20

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Analisar o desempenho cognitivo de indivíduos idosos analfabetos com diagnóstico de

TCL antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de Estimulação Cognitiva,

adaptadas para uso em indivíduos analfabetos.

1.2.2 Objetivos específicos

1. Determinar o perfil sócio-econômico-demográfico dos idosos analfabetos estudados.

2. Verificar a autopercepção dos idosos analfabetos sobre sua memória antes e após as

intervenções aplicadas.

3. Identificar a contribuição das Oficinas de Estimulação Cognitiva na percepção dos

idosos analfabetos.

4. Verificar o impacto das oficinas na estimulação cognitiva de idosos analfabetos

através dos testes de avaliação cognitiva.

21

1.3 HIPÓTESE

As estratégias da Estimulação Cognitiva, através de jogos e brincadeiras adaptados

para indivíduos idosos analfabetos, trabalham atenção, percepção, raciocínio, juízo,

imaginação, pensamento, linguagem e memória, levando a melhoria da cognição, detectável

nos testes de avaliação cognitiva e na auto-percepção desses idosos analfabetos.

22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RELACIONADAS À

COGNIÇÃO

Reconhecendo-se a relevância da temática idoso, nos dias atuais parte-se para o

resgate histórico das discussões acerca do envelhecimento, bem como das alterações

fisiológicas, dando-se ênfase às alterações cognitivas.

O envelhecimento e a busca da longevidade são preocupações que se destacaram em

toda a história da humanidade. Na última década esse tema mereceu maior ênfase, seja por

aumento da população de idosos seja pela redução gradativa da capacidade funcional desse

grupo etário, o que traz para a sociedade a questão da inserção social desse segmento

(PEIXOTO, 1998; PAPALÉO NETTO, 2007).

As concepções sobre velhice vêm sendo construídas ao longo do desenvolvimento da

humanidade. Uma das primeiras representações gráficas do envelhecer, segundo Leme (2001,

p. 9), veio do Egito: “o hieróglifo que significa velho ou envelhecer, dos anos 2800-2700 a.C.,

que representa uma imagem humana deitada, com ideograma representativo de fraqueza

muscular e de perda óssea”.

Para os gregos antigos, conforme Araújo e Carvalho (2005), a vida humana se

relaciona com o binômio matéria e energia. Cada pessoa possuía uma quantidade limitada de

matéria e calor, para ser usada durante toda a vida. Com o passar dos anos, a matéria e o calor

iam se dissipando. A velhice, portanto, era vista como a dissipação do calor até a total

diminuição da reserva calorífica, ocorrendo então a morte.

Durante a idade média e até o século XVIII, os idosos eram pouco numerosos. A vida

era muito árdua e aqueles que sobreviviam tinham que contar com a solidariedade da família

ou com a caridade pública de senhores feudais e da igreja (ALBUQUERQUE, 2005). Nesse

sentido, Mascaro (2004) comenta que a vida dos idosos continuou difícil no início do

capitalismo e no século XIX durante a Revolução Industrial. O destino dos mesmos era

depositado nas mãos das famílias que podiam tratá-los com benevolência, como também

esquecê-los, abandonando-os em hospitais e asilos.

Já o século XX, no entanto, foi marcado por grandes avanços na ciência do

envelhecimento. Em parte devido ao crescente aumento do número de idosos, mas

23

principalmente aos conhecimentos adquiridos por meio de estudos que se desenvolveram

desde os pioneiros Metchnikoff e Nascher, em 1903 e em 1909, respectivamente,

estabeleceram-se os fundamentos da gerontologia, estudo da velhice, e da geriatria (FREITAS

et al., 2002). Segundo essa mesma autora, até o aparecimento do trabalho de Warren, na

década de 30, a Gerontologia estava restrita aos aspectos biológicos do envelhecimento e da

velhice, sendo mérito dessa pesquisadora delinear os primórdios da avaliação

multidimensional e a importância da interdisciplinaridade.

Nas últimas décadas, de acordo com Camarano (2002), o crescimento da população

idosa foi consequente a dois processos: alta fecundidade no passado, observada nas décadas

de 50 e 60 e redução da mortalidade na população idosa.

O envelhecimento para Spirduso (2005) é concebido como uma experiência

individual, tanto no aspecto de subjetividade como na perspectiva dos sistemas fisiológicos,

com índices de envelhecimento e compensação diferentes. Este processo é marcado por

conjunto de traços morfológicos, orgânicos e funcionais, agravados pelas doenças que

acometem os idosos. A diferenciação entre o fisiológico e o patológico é difícil, pois esses

fenômenos guardam estreita relação (CARVALHO FILHO, 1997; JACOB FILHO; SOUZA,

2000).

Segundo Vieira e Glashan (1996), as modificações que ocorrem nos diversos sistemas

levam à redução da reserva funcional, que compromete a homeostasia e, consequentemente, a

capacidade de adaptação às modificações do meio. Esses autores ressaltam, ainda, a

necessidade de se conhecerem as principais alterações observadas no idoso, a fim de fazermos

a distinção dos efeitos da senescência ou alterações da senilidade.

Canineu (1997) declarou ser o sistema nervoso o centro regulador e ferramenta

indispensável para a manutenção da homeostase com o envelhecimento. Há alterações

anatômicas e químicas no encéfalo e medula, como diminuição do volume celular. Essa perda

é maior no córtex e menor no tronco cerebral, em que se localizam os centros reguladores da

homeostase.

A deficiência do sistema nervoso é demonstrada por meio da falta de tolerância às

modificações de temperatura, com produção de hipotermia ou hipertermia, além da

diminuição da sensibilidade de receptores responsáveis pelo controle da pressão arterial,

receptores cutâneos e quimiorreceptores. Essa diminuição da condução dos estímulos é, em

parte, ocasionada por menor liberação dos neurotransmissores (OLIVEIRA; FURTADO,

1999).

24

É preciso considerar a diminuição da reserva funcional dos indivíduos idosos, que

somada aos anos de exposição a inúmeros fatores de risco, os tornam mais vulneráveis a

doenças. Eles são geralmente portadores de múltiplas enfermidades crônicas e incapacitantes

e, por isso, consumidores de grande parte dos recursos orçamentários destinados à saúde

(LOPES, 2002; PAPALÉO, 2002; KAWAS, 2003).

Assim, a capacidade funcional surge como novo paradigma relevante para o idoso. A

saúde, dentro dessa nova perspectiva, passa a ser resultado da interação das dimensões física,

mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência

econômica, podendo, qualquer dessas funções, afetarem a capacidade funcional do idoso

(RAMOS, 2002; BRASIL, 2007).

Pesquisas atuais têm enfocado a memória, a atenção e os sistemas perceptivos, na

tentativa de compreender os diferentes transtornos observados na clínica geriátrica. Os

avanços neuroanatômicos e as medidas neuropsicológicas têm relacionado os sistemas

neuronais e as funções cognitivo-comportamentais. A plasticidade cognitiva e neuronal estão

presentes no curso de vida do adulto, havendo sua redução associada à idade (ABREU;

TAMAI, 2006).

Segundo Baltes e Baltes (1990), o envelhecimento deve ser interpretado, de forma

global, como associação entre ganhos e perdas, seguindo critério de otimização seletiva com

compensação, mostrando a existência de plasticidade na velhice. Em conformidade com este

referencial, Stern (2002) defende a idéia de que o indivíduo tem potencial cognitivo

modificável, referindo-se à reserva cognitiva ou à habilidade do indivíduo para aperfeiçoar ou

maximizar o seu desempenho através da ativação de mecanismos compensatórios.

O cérebro pode sofrer mudanças em sua organização apresentada como

neuroplasticidade, principalmente na localização de informações específicas, em decorrência

de vários fatores, dentre eles, a aprendizagem. A neurogênese refere-se à formação de novos

neurônios, o que parece ocorrer durante toda a vida. Não são todas as áreas do cérebro que são

beneficiadas com o nascimento de novas células, mas o hipocampo tem essa capacidade, que

é a região fundamental para a memória. A neuroplasticidade e a neurogênese contribuem para

que o organismo se adapte às mudanças. Dessa forma, a aprendizagem em qualquer momento

da vida contribui para essas duas funções (GUIMARÃES, 2007).

A percepção, como conhecimento de uma informação do ambiente ou meio, é a base

da cognição. Seu processamento é rápido e se dá pelos sentidos (visão, audição, tato, olfato e

propriocepção). As experiências individuais passadas têm grande influência sobre a

percepção. A cognição é a capacidade de adquirir e de usar informação com a finalidade de

25

adaptar-se às demandas do meio ambiente. As funções cognitivas podem ser distintamente

divididas em: atenção, orientação, memória, organização visuomotora, raciocínio, funções

executivas, planejamento e solução de problemas. A capacidade de adquirir uma informação

envolve habilidades para processar essa informação ou a capacidade para entender, organizar

e integrar as informações novas com experiências anteriores (LEZAK, 1995; VIEIRA, 2002;

ABREU; TAMAI, 2006).

Abreu e Tamai (2006) enfatizam ainda que a disfunção cognitiva (funcionamento

anormal ou prejudicado) pode afetar a capacidade funcional em todas as esferas da vida, seja

social, interpessoal, lazer, trabalho e atividades da vida diária. Neri (2006) reforça que o

declínio cognitivo é associado ao desconforto pessoal, perda da autonomia e aumento dos

custos sociais, apontando para a manutenção da cognição como indicador de qualidade de

vida na velhice e da longevidade.

Lopes e Bottino (2002) e Ventura e Bottino (2002) afirmam que o envelhecimento

acarreta declínio cognitivo normal que se pode apresentar desde a meia-idade, mas que é

comum depois dos 70 anos. O déficit ou diminuição de habilidades cognitivas em indivíduos

idosos, de acordo com La Rue (1992), exibe grande variabilidade individual no ritmo e

dimensão do seu declínio, especialmente em função de fatores não intrinsecamente

dependentes da idade cronológica.

É igualmente consensual a noção de que o envelhecimento cognitivo normal é

influenciado por processos de natureza genético-biológica e sócio-cultural. O primeiro

determina declínio funcional sensorial e diminuição na velocidade de processamento da

informação, ambos associados a alterações neurológicas típicas do envelhecimento. O

segundo determina desenvolvimento e manutenção das capacidades dependentes da

experiência, podendo ter ação compensatória em relação às perdas do envelhecimento

biológico (BALTES, 1993 apud NERI, 2006). Dessa forma, o processo de envelhecimento

compreende modificações e perdas evolutivas, sendo essas transformações pautadas

geneticamente para cada espécie. Seu ritmo, duração e efeitos comportam diferenças

individuais e grupais, relacionando-se com os eventos de natureza genético-biológico, sócio-

histórico e psicológico (NERI, 2001; SILVA, 2005).

Horn e Cattell (1966, apud NERI, 2006) propuseram o modelo bifatorial de

inteligência fluida e inteligência cristalizada, que fundamenta o raciocínio da maior parte das

pesquisas sobre o desenvolvimento intelectual ao longo da vida. A inteligência fluida reflete

as capacidades mentais primárias: raciocínio, memória, orientação espacial e velocidade

perceptual. Essas capacidades declinam com a idade, em função das mudanças neurológicas e

26

sensoriais típicas do envelhecimento, as quais afetam a velocidade do processamento da

informação. A inteligência cristalizada relaciona-se com experiências, dependendo da

influência da cultura e não diminui com a idade, a menos que ocorra declínio substancial nas

capacidades fluidas. Sua interação com capacidades e processos básicos aperfeiçoa

capacidades mentais, tais como, compreensão verbal, fluência verbal e raciocínio geral.

Nos últimos 50 anos, o estudo do envelhecimento cognitivo humano progrediu

expressivamente, sabendo-se hoje que certos déficits de memória fazem parte do

envelhecimento saudável (YASSUDA et al., 2006). Entretanto, a literatura sugere que no

envelhecimento saudável a capacidade de reserva cognitiva pode ser mobilizada e até mesmo

melhorada por meio do treinamento (BACKMAN, 1989; BALTES, 1990; DUNSLOSKY;

HERTZOG, 1998).

O envelhecimento normal, e inclusive o cognitivo, é um processo de mudanças que

comportam diferenças individuais, gerando uma etapa vital e pautada no reconhecimento de

que o transcurso do tempo produz efeitos no indivíduo, que entra numa fase diferente das

vividas anteriormente, possuindo, ainda, uma realidade própria e diferenciada, mas não menos

importante.

27

2.2 ANALFABETISMO NA VELHICE: UMA REALIDADE NO BRASIL

O analfabetismo no Brasil é realidade que acompanha o envelhecimento populacional.

O crescente número de idosos, especialmente de mulheres em contexto domiciliar, vem

seguido de aumento do nível de escolaridade em diversos Estados do Brasil. O homem idoso

continua sendo mais alfabetizado que a mulher idosa. O conceito de analfabetismo torna-se

relevante à medida que o analfabetismo funcional está presente entre os idosos com algum

nível de escolaridade (IBGE, 2000).

A população de idosos representa contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60

anos ou mais de idade (8,6% da população brasileira), sendo que as mulheres constituem a

maioria. Cerca de 8,9 milhões (62,4%) dos idosos são responsáveis por domicílios e têm, em

média, 69 anos de idade, tendo estes em média 3,4 anos de estudo (IBGE, 2000).

Segundo dados do IBGE (1995; 1996), comentados por Garrido e Menezes (2002),

45,6% das mulheres idosas eram viúvas, enquanto 79,1% dos homens idosos eram casados.

Nesses anos, 37% dos idosos se declararam analfabetos, havendo entre esses um excesso de

mulheres e de moradores em áreas rurais. Em 1999, cerca de 65% dos idosos eram os

responsáveis pela família e mais de 1/3 ainda se encontrava no mercado de trabalho, e quase

12% viviam sozinhos, havendo proporção maior de mulheres que homens nessa situação.

Camarano (2004) confirma que foram observados avanços nos níveis educacionais da

população brasileira entre 1940 e 2000, aumentando a proporção de pessoas alfabetizadas,

bem como o número médio de anos de estudo. A proporção de idosos alfabetizados teve

aumento significativo entre as mulheres. Quanto aos homens, o aumento foi de 59% e, entre

as mulheres, de 146%. Em 1940, 74,2% da população idosa feminina eram analfabetas e, em

2000, essa fração caiu para aproximadamente 1/3. Apesar de os ganhos no período terem sido

mais significativos entre as mulheres, são os homens idosos que se encontram em melhores

condições de alfabetização, sendo essa proporção de 68,9%, enquanto entre as mulheres é de

63,45%.

Diante desse quadro, ainda reportando a Camarano (2004), há referência que com

relação ao gênero, os homens continuam sendo, proporcionalmente, mais alfabetizados do que

as mulheres, já que até os anos 60 tinham mais acesso à escola do que as mulheres. No caso

dos idosos responsáveis pelo domicílio, os índices também melhoraram no período de 1991 a

28

2000, com aumentos significativos tanto na proporção de alfabetizados como no nível de

escolaridade.

Na última década houve aumento significativo no percentual de idosos alfabetizados

no país. Em 1991, 55,8% dos idosos declararam saber ler e escrever pelo menos um bilhete

simples, enquanto em 2000 esse percentual passou para 64,8%, o que representa um

crescimento de 16,1% no período. Os dados fazem parte do Perfil dos Idosos Responsáveis

pelos Domicílios no Brasil, do IBGE (2000), mostrando que, apesar dos avanços, ainda

existem 5,1 milhões de idosos analfabetos no Brasil.

Os anos de escolaridade estão diretamente relacionados ao conceito de analfabetismo.

Existem basicamente três definições de analfabetismo em uso no Brasil, comentados por

Amorim (2007): o da UNESCO, do IBGE e do INAF. Segundo definição da United Nations

Educational Scientific and Cultura Organization (UNESCO), é analfabeta a pessoa incapaz

de ler e escrever e analfabeta funcional aquela que é incapaz de utilizar suas habilidades de

leitura e de escrita nas necessidades práticas diárias de seu contexto social. Para o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são analfabetas funcionais as pessoas com

menos de quatro anos de educação formal. Com base em seu levantamento, e considerando

que quatro anos de escolaridade não assegura o alfabetismo funcional, o Indicador Nacional

de Alfabetismo Funcional (INAF) classificou os sujeitos em quatro níveis quanto ao grau de

alfabetização: analfabeto, aquele que não consegue realizar tarefas simples que envolvem

decodificação de palavras e frases; alfabetizado nível rudimentar, o que consegue ler títulos

ou frases, localizando uma informação bem explícita; alfabetizado nível básico, o que

consegue ler um texto curto, localizando uma informação explícita ou que exija uma pequena

inferência; e o alfabetizado nível pleno, aquele que consegue ler textos mais longos, localizar

e relacionar mais de uma informação, comparar vários textos e identificar fontes.

Percebe-se que as definições de analfabetismo atualmente vigentes atendem a

propósitos essencialmente sócio-econômicos, não levando em conta a grande heterogeneidade

de perfis de desempenho cognitivo evidenciada por estudos com populações analfabetas

(AMORIM, 2007).

Quanto ao número de anos de estudo dos idosos responsáveis pelo domicílio, o Censo

do IBGE (2000) revelou ainda média muito baixa, apenas de 3,4 anos (3,5 anos para os

homens e 3,1 anos para as mulheres). Comparando-se com o ano de 1991, houve aumento

nessa média em ambos os gêneros, mas o crescimento relativo nas mulheres foi maior do que

nos homens, sendo de 29,2% e de 25,0%, respectivamente. Niterói, no Rio de Janeiro, e

Águas de São Pedro, em São Paulo, têm a maior média de anos de estudo em idosos no país,

29

sendo de 8,2 e 7,3 anos, respectivamente, enquanto Novo Santo Antônio e Barra D´Alcântara,

ambos no Piauí, têm a menor média, com 0,2 anos.

Entre os estados brasileiros, a média de anos de estudos dos idosos responsáveis por

domicílios é bastante diferenciada: varia de 6,0 anos no Distrito Federal a 1,5 anos no

Maranhão. Já em algumas capitais, essa média é muito superior. Em Florianópolis, por

exemplo, os idosos responsáveis pelos domicílios têm, em média, 7,2 anos de estudo,

enquanto em Rio Branco essa média é de 2,7. Dado curioso é que nas Unidades da Federação

do Nordeste e do Norte, nas quais a população rural tem maior expressão, a média de anos de

estudo nas capitais é bastante superior. No estado do Maranhão, a escolaridade média dos

idosos é bastante inferior à média encontrada na capital São Luís, sendo de 1,5 e 4,7 anos,

respectivamente (IBGE, 2000).

Segundo o IBGE (2000), quanto ao analfabetismo funcional, 59,4% dos idosos

responsáveis pelo domicílio tinham, no máximo, 3 anos de estudo, resultado este influenciado

pela alta proporção de responsáveis com 75 anos ou mais de idade, sendo analfabetos ou

analfabetos funcionais. Destes, 67,4% foram considerados analfabetos funcionais, sendo que

53,3% dos idosos no grupo de 60 a 64 anos tinham até 3 anos de estudos, Ainda assim, houve

significativa melhora no período intercensitário, provavelmente resultado dos programas

federais de alfabetização de adultos implementados nas últimas duas décadas.

Entre os estados brasileiros, o Maranhão lidera com a maior proporção de analfabetos

funcionais (82,7%), enquanto o Rio de Janeiro tem a menor proporção (38,1%). Nos

municípios próximos das capitais verifica-se a mesma tendência das Unidades da Federação,

ou seja, nas áreas geográficas mais desenvolvidas os níveis educacionais dos idosos são

melhores. Apesar dos avanços, a proporção de idosos com escolaridade mais alta ainda é

pequena. Em 1991, 2,4% dos idosos tinham de 5 a 7 anos de estudo, enquanto em 2000, essa

proporção passou para 4,2%. Para aqueles que concluíram pelo menos o ensino médio, a

proporção passou de 7,5% para 10,5%, com aumento de 40% (IBGE, 2000).

A situação de analfabetismo pode, por si só, ser considerada fator limitante para a

sobrevivência e para a qualidade de vida. As diferenças no nível de alfabetização entre os

gêneros refletem a organização social do começo do século, que bloqueou o acesso à escola

aos mais pobres e às mulheres. O amplo acesso aos meios de alfabetização, além da questão

de cidadania, poderia propiciar maior receptividade, por parte desses idosos, aos programas de

educação em saúde e, também, proteção contra as disfunções cognitivas que os afetam com

frequência (VERAS, 1994; TELAROLLI, 1996; FELICIANO et al., 2004).

30

2.3 TRANSTORNO COGNITIVO LEVE

O envelhecimento da população é fenômeno mundial que tem efeito direto nos

sistemas de saúde pública. Uma das principais consequências do crescimento deste segmento

é o aumento da prevalência das demências, especialmente da Doença de Alzheimer

(HAMDAN; BUENO, 2005).

Canineu e Bastos (2002) referem que privilegiar o envelhecimento bem-sucedido

requer também avaliar e antecipar os fatores de risco para o declínio cognitivo, bem como

diagnosticar precocemente desvios que possam resultar em patologias na velhice. Inteligência

produtiva, hábitos bem organizados de trabalho e modo de vida sadio minimizam as

deficiências progressivas do envelhecimento.

É comum o aparecimento de queixas relacionadas às alterações da memória, podendo

ser causadas por múltiplas situações como: estresse, ansiedade, depressão ou até demências.

Geralmente, pessoas acima de 60 anos têm dificuldades com a memória e outras habilidades

cognitivas (VENTURA; BOTTINO, 2002).

Ávila e Bottino (2006) afirmam que, com o envelhecimento frequentemente ocorrem

alterações em diferentes áreas da cognição, dependentes dos processos fisiológicos que se

alteram com a idade. O declínio cognitivo tem início e progressão variáveis, relacionando-se

aos fatores educacionais, de saúde, bem como ao nível intelectual global e a capacidades

mentais específicas do indivíduo.

Nos aspectos conceituais e na tentativa de apresentar atualização sobre o Declínio da

Capacidade Cognitiva (DCC), Charchat-Fichman (2005) apontou para o fato de que, ao longo

das últimas décadas têm sido formuladas diferentes definições para caracterizar o DCC

durante o envelhecimento. As primeiras definições propostas objetivavam caracterizar o DCC

dentro dos limites de processo fisiológico desta fase. Posteriormente, surgiram outros

sistemas de classificação diagnóstica, como o Transtorno Cognitivo Leve (TCL) para

identificar indivíduos com maior risco de desenvolver formas específicas de demência.

A importância do conceito subjacente ao termo TCL pôde ser avaliada por meio de

estudos nos quais foi observada incidência aumentada de demência após o diagnóstico de

TCL (RUBIN et al., 1989; FLICKER et al., 1991; MASUR et al., 1994).

O TCL é definido como o estado transitório entre o envelhecimento normal e a

demência, refletindo situação clínica na qual a pessoa apresenta queixas de memória e

evidências de alterações cognitivas que resultam em dificuldade para recordar nomes, número

31

de telefones e objetos guardados, porém não satisfazendo os critérios para possível ou

provável Doença de Alzheimer (ZAINAGHI, 2006).

Segundo Gomes e Koszuoski (2005), para ser caracterizado como TCL o indivíduo

deve preencher os seguintes critérios: ter queixa de memória confirmada por informante ou

familiar, ter funções cognitivas gerais preservadas e manter as atividades de vida diária. O

diagnóstico de TCL é tarefa complexa e ainda não bem sistematizada na população de idosos.

Os quadros leves são frequentes, passando muitas vezes despercebidos, havendo necessidade

de distinguir entre manifestações iniciais da doença e modificações associadas com o

processo normal do envelhecimento (ENGELHARDT et al., 1998).

Para Petersen et al. (2001), uma das dificuldades no diagnóstico de TCL reside na

constatação de que nem todas as pessoas identificadas irão desenvolver demência. Alguns

desses indivíduos irão ter deterioração cognitiva progressiva, até a provável ou possível

Doença de Alzheimer, enquanto outros permanecerão estáveis.

As alterações cognitivas podem comprometer o bem-estar bio-psico-social do

indivíduo idoso, impedindo a continuidade de sua vida social de forma participativa, assim

como as interações com os familiares em particular e com a sociedade em geral. A

Associação Americana de Psicologia e a Academia Americana de Neurologia recomendaram

que pessoas com TCL devem ser identificadas e monitoradas quanto à progressão para

desenvolver Doença de Alzheimer (HAMDAN; BUENO, 2005).

Os indivíduos identificados com TCL poderão ser beneficiados por tratamentos em

estágio anterior à manifestação plena da demência. Para isso, se faz necessário a escolha de

instrumentos de sensibilidade comprovada, auxiliados por longos períodos de observação

clínica, uma vez que os padrões de declínio cognitivo podem variar entre os indivíduos e,

também, por relatos do próprio paciente e de informantes (PETERSEN et al., 2001).

32

2.4 FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA NO IDOSO

A memória desperta o interesse e a imaginação do homem desde a antiguidade.

Contudo, os primeiros estudos científicos sobre o tema foram realizados há pouco mais de um

século (DALMAZ; ALEXANDRE NETTO, 2004). Filósofos têm especulado sobre a

memória por mais de 2000 anos, desde que Sócrates propôs que os seres humanos tinham

conhecimento inato sobre o mundo (ÁVILA, 2003).

Hoje, com os avanços das ciências biomédicas, se adquire razoável conhecimento

acerca dos mecanismos da formação da memória (SOUZA, 1996). Essa incrível habilidade do

homem em adquirir, reter e usar informações ou conhecimentos sobre si e o mundo, faz com

que a memória seja uma das mais importantes funções cognitivas (TOMAZ, 1993).

Segundo Ferrari (1997) e Yassuda e Canineu (2005), o envelhecimento traz mudanças

cognitivas, sendo mais frequentes dificuldades com o aprendizado e a memória. Nesse

período da vida, há um declínio maior para novos aprendizados e resolução de problemas.

Também com o avançar da idade, há diminuição da habilidade de memorização, recordação,

de adquirir e reter novos conhecimentos e informações.

A memória é a base para o desenvolvimento da linguagem, do reconhecimento das

pessoas e dos objetos vistos todos os dias, para que o homem saiba quem é e tenha

consciência da continuidade da própria vida. Sem a memória, a cada dia, ou mesmo a cada

momento, estaríamos começando uma nova etapa, sem podermos nos valer do que

aprendemos anteriormente (YASSUDA, 2002).

Salthouse (1991) e Xavier (1993) concordam que a memória não corresponde a um

único sistema, mas é composta por sistemas em interação, formados por três etapas (ou fases)

do processamento da informação, diferenciando-se entre si somente em sua nomenclatura.

São elas: codificação (ou registro da informação), retenção (ou armazenagem) e recuperação

(ou resgate). Elas estão presentes em todos os sistemas de memória, estreitamente ligadas e

com influências mútuas. Com a idade avançada, o processo de codificação das informações

torna-se mais lento e dispendioso.

Codificação trata-se da condução de informação ao cérebro, ou seja, de colocá-la na

memória. Esta etapa depende da percepção dos cinco sentidos (audição, tato, paladar, olfato e

visão) e da atenção, que por sua vez é considerada mecanismo de filtragem limitador da

quantidade de dados adquiridos ou armazenados na memória. Cabe ressaltar que os fatores

33

como fadiga, ansiedade e preocupação podem interferir neste processo (ATKINSON et al.,

1995; LASCA 2003).

Armazenagem consiste na conservação do conhecimento, mantendo a informação na

memória. Esta etapa é reforçada pela repetição ou pela associação.

Resgate refere-se ao acesso à informação armazenada, tendo função de relembrar os

dados arquivados e podendo sofrer interferência de ações ocorridas entre o momento da

entrada de informação e o da recordação, que por sua vez, poderá ser influenciada por fatores

internos como humor, motivação, necessidade e interesse, bem como externos, como local,

ambiente e pessoas presentes (COLOM, R; FLORES MENDOZA, 2001).

No século XX surgiram modelos teóricos importantes sobre a memória. Entretanto, o

mais influente é o estilo do processamento por níveis, proposto por Atkinson-Shiffrin (1968),

no qual o modelo estrutural sugere a existência de três sistemas de armazenamento de

informações: Memória Sensorial, Memória de Curto Prazo e Memória de Longo Prazo.

Sternberg (2000) relata que estes modelos são hipotéticos e não estruturas fisiológicas

reais, servindo somente como modelo mental para compreender o funcionamento da

memória. Diversos autores, dentre eles Ferrari (1997) e Bueno e Oliveira (2004), adotaram a

estrutura de processamento em série, no qual a diferença entre os tipos encontra-se nas regiões

encefálicas, no tempo de armazenamento e duração de cada processo após a aquisição da

informação. Portanto, a memória não envolve sistema único, mas combinação complexa de

subsistemas.

Memória Sensorial é o primeiro sistema responsável pelo processo inicial da

informação advinda dos sentidos e sua codificação, retendo temporariamente as informações.

Memória de Curto Prazo é o segundo processo, denominada também de memória para fatos

recentes, recebendo as informações já codificadas pelo mecanismo anterior e permanecendo

por alguns segundos ou minutos para que estas sejam utilizadas, descartadas ou mesmo

organizadas. E por último, Memória de Longo Prazo possui tempo e capacidade de

armazenamento ilimitada, consistindo em trazer informações retrógradas e pessoais (LÉGER

et al., 1989; STOPPE JUNIOR, A; LOUZÃ NETO, 1999).

Memória Sensorial corresponde ao registro inicial que fazemos da enorme quantidade

de informações capitadas por nossos sentidos. Esse registro pode ser visual, auditivo, tátil,

olfativo, gustativo e proprioceptivo. Como sua duração de armazenamento é curta, em torno

de um a cinco segundos, a informação precisa receber atenção ou interpretação a ser

transferida do armazenamento sensorial para a Memória de Curto Prazo sob a forma de

imagens, palavras ou números, ou será esquecida (BADDELEY, 1992; PINTO, 2003).

34

Memória de Curto Prazo tem capacidade limitada, sendo que seu tamanho é

determinado pela quantidade de itens que ela armazena durante o período de quinze segundos

a seis horas. É descrita como o centro da consciência humana, pois abriga os pensamentos e

as informações, que depois poderão ser ou não ser armazenados numa memória mais estável

ou permanente (Memória de Longo Prazo). O esquecimento recorrente dos fatos, nesse

período, explica-se devido à duração de tempo ser curta ou então, a atenção ter sido pouca,

visto esta ser primordial para maior retenção desses conhecimentos (STUART-HAMILTON,

2002; IZQUIERDO; BEVILAQUA; CAMMAROTA, 2006).

Segundo Neri (2001), a Memória de Curto Prazo é ainda subdividida em Memória

Primária e Memória Operacional, sendo em ambas as informações armazenadas por

aproximadamente vinte segundos. A diferença entre elas está na maneira como o material é

processado. A Memória Primária tem capacidade de manutenção de poucos itens e contém as

informações recebidas que serão usadas imediatamente, como, por exemplo, reter um número

de telefone que será usado a seguir. Essa memória tem capacidade limitada, mas pode ser

alargada no tempo e durar alguns minutos, sendo que essa extensão recebe o nome de

Memória Operacional (DER LINDER et al., 1998; DAMASCENO, 1999).

Memória Operacional trata-se do arquivamento temporário da informação para o

desempenho de diversidade de tarefas cognitivas essenciais, como aprendizagem, raciocínio e

compreensão. Dessa forma, um objeto ou uma informação pode ser representada pela

Memória Primária e posteriormente sustentada pela Memória Operacional (BADDELEY,

2000). Porém, Engle et al. (1999) reforçaram que, como sua duração é curta, será descartada

ou transformada em Memória de Longo Prazo, caso haja cargas afetivas ou múltiplas

repetições e associações que ajudem a fixar. Memória Operacional é afetada pelo

envelhecimento natural, sendo que a velocidade de processamento diminui com a idade (DER

LINDER et al., 1994; HERTZOG et al., 2003).

Memória de Longo Prazo é a capacidade que se tem de manter informações graváveis

por longos períodos de tempo. Essa memória tem como função três categorias de

informações: armazenamento, recuperação e esquecimento, que necessitam da seletividade e

priorização dos dados, ou seja, do mecanismo da atenção. Esse tipo de memória tem se

mostrado bastante estável e menos atingida na velhice (HELENE; XAVIER, 2003).

O armazenamento da Memória de Longo Prazo afeta o indivíduo em suas percepções

perante o mundo e o influencia na tomada de decisões. A recuperação, como readquirir

informação depois de décadas, assim como os limites da sua capacidade são desconhecidos. O

esquecimento é, portanto, um processo fisiológico importante que ocorre continuamente,

35

filtrando aspectos irrelevantes ou estocando-os de modo que fiquem acessíveis em sua forma

original (HAMDAN, 2003).

Estudos de dissociação envolvendo pacientes neurológicos levaram Squire e Zola -

Morgan (1991) e Squire (1992) a proporem distinção de sistemas de memória, segundo o

conteúdo a ser processado, diferenciando em Memória Implícita (não – declarativa) e

Memória Explícita (declarativa), ambas consideradas como subdivisões da Memória de

Longa Duração. Memória Implícita é revelada quando a experiência prévia facilita o

desempenho numa tarefa que não requer a evocação consciente ou intencional daquela

experiência. Esse tipo de conhecimento inclui habilidades perceptuais motoras, cognitivas e

hábitos (como andar de bicicleta, nadar e digitar) (SCHACTER, 1987).

Memória Explícita refere-se às informações que podem ser trazidas a consciência por

meio de recordações verbais ou imagens visuais. Ocorre quando a evocação é reconhecida e o

indivíduo tem acesso consciente ao conteúdo da informação, como a memória para fatos,

imagens, a lembrança de experiência passada ou a recordação do próprio nome (SCHACTER,

1987).

De acordo com Douglas e Spencer (2006), emoção, humor e motivação podem

influenciar o quê e o quanto é lembrado. Cabe ressaltar que a Memória Explícita é mais

sensível aos efeitos do envelhecimento do que a memorização realizada inconscientemente,

ou seja, memória implícita (YASSUDA, 2005).

Acredita-se que há dois subsistemas na Memória Explícita: Memória Episódica

(memória autobiográfica) e a Memória Semântica. Memória Episódica é composta de

lembranças que o sujeito possui acerca de si próprio e de sua vida, sendo responsável pelo

armazenamento e recuperação de informações pessoais, a exemplo: recordações de

experiências íntimas e eventos associados há um tempo e/ou lugar em particular, como

lembranças da própria formatura, de um filme ou de um rosto (EICH et al., 1994;

GAZZANIGA et al., 2002).

Memória Semântica é uma das modalidades mnésicas que aparentam ser mais

resistentes aos efeitos do envelhecimento biológico. Ela registra informações verbais, como

nomes de pessoas ou lugares, descrições de acontecimentos, conhecimentos gerais e de

linguagem como vocabulários, significados e normas semânticas e sintáticas ou de idiomas

(GREEN, 2000; BRUCKI, 2004).

O cérebro é estrutura em permanente construção, assim como as memórias do

indivíduo, compreendida como conjunto de habilidades que possuem funcionamento

36

cooperativo de diferentes modos do sistema nervoso central, porém sendo independentes,

proporcionando sensação de memória única (XAVIER, 1996; NERI; YASSUDA, 2004).

De modo geral, as pesquisas demonstram que o envelhecimento da memória

compreende declínio e estabilidade. Alguns subsistemas, como Memória Semântica e

Memória Implícita, apresentam-se estáveis até idades mais avançadas, enquanto outros, como

a Memória Operacional e a Memória Episódica, são afetados mais precocemente e

intensamente pelo envelhecimento cerebral. Alguns indivíduos apresentam declínio cognitivo

expressivo, enquanto outros podem apresentar declínios insignificantes (CARVALHO, 2006).

37

2.5 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA E SUA REPERCUSSÃO NA VELHICE

É notório que durante o processo de envelhecimento normal, algumas capacidades

cognitivas diminuem naturalmente com a idade. O termo cognição apresenta diferentes

variações conforme caracterização de diversos autores. Abreu e Tamai (2006) referem a

cognição como capacidade de adquirir e de usar informações com a finalidade de adaptar-se

às demandas do meio ambiente. As funções cognitivas podem ser distintamente divididas em:

atenção, orientação, memória, organização visuo-motora, raciocínio, funções executivas,

planejamento e solução de problemas. A capacidade de adquirir uma informação envolve

habilidades para processar essa informação ou a capacidade para entender, organizar e

integrar as informações novas com experiências anteriores.

Bem elucidada por Yassuda (2006), a funcionalidade cognitiva de idosos está

relacionada à sua saúde e à sua qualidade de vida, bem como, é fator primordial no

envelhecimento ativo e longevidade. O bom funcionamento cognitivo é importante para

autonomia e para capacidade de autocuidado dos idosos, influenciando as decisões a respeito

da possibilidade do idoso continuar a viver com segurança e independência (OMS, 2005).

A cognição é, portanto, mais do que simplesmente aquisição de conhecimentos e,

consequentemente, melhor adaptação ao meio; é, também, mecanismo de conversão do que é

captado para o nosso modo de ser interno. É o processo pelo qual o ser humano interage com

os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder sua identidade (LEZAK, 1995).

Para Vieira (2002), cognição é o termo empregado para descrever toda a esfera do

funcionamento mental. Esse domínio implica habilidades de sentir, pensar, perceber, lembrar,

raciocinar, formar estruturas complexas de pensamento e capacidade de produzir respostas às

solicitações e estímulos externos.

Santiago (2007) destacou que há forte influência da escolaridade (analfabetismo) no

desempenho cognitivo. A educação pode contribuir na aquisição da reserva cognitiva,

havendo sugestão de que exposição à estimulação cognitiva mais intensa e complexa pode

estar associada com maiores conexões sináptica (ABISQUETA-GOMES, 1999).

Segundo Dunlosky (1998), há declínio nas funções cognitivas, como memória,

atenção e funções executivas, mesmo em idosos não acometidos por doenças. Entretanto, para

a Organização Mundial de Saúde (2005), muitas vezes o declínio cognitivo é ocasionado por

desuso, doenças, fatores comportamentais, psicológicos e sociais, mais do que por

envelhecimento em si, podendo essas perdas ser compensadas por ganhos em sabedoria, em

38

conhecimento e em experiência. Estudos mostram que, no envelhecimento saudável, existe a

possibilidade de compensação de declínios cognitivos (BALTES; BALTES, 1990;

DUNLOSKY; HERTZOG, 1998).

Yassuda et al. (2006) mencionaram que os programas de treino cognitivo diferem em

relação à duração, às estratégias e à metodologia empregada, encontrando-se na literatura

grande diversidade em relação aos seus efeitos, à sua generalização para as tarefas não

treinadas e à manutenção dos resultados a longo prazo. Em conformidade com estes dados,

Carvalho (2006) referiu que o treino da memória no envelhecimento saudável e suas

implicações para o bem-estar do idoso constituem tema praticamente inexplorado dentro da

perspectiva científica no Brasil. Como sugere a literatura, o treino de memória pode promover

mudanças no funcionamento cognitivo em idosos e colaborar para manter sua funcionalidade

e independência (SOUZA e CHAVES, 2005; ALMEIDA, 2007).

As intervenções cognitivas são compostas por diferentes tipos de programas de treino,

que apresentam efeitos variáveis e amplos no funcionamento cognitivo de idosos, mesmo em

idades avançadas (NERI, 2006).

Acevedo (2007) reforçou que esses treinos têm como objetivo maximizar as funções

cognitivas e prevenir futuros declínios cognitivos. O engajamento em atividades de

estimulação cognitiva e em estilo de vida ativa socialmente tem efeito positivo na cognição e

na possibilidade de prevenir declínios cognitivos e demência na velhice.

As oficinas de estimulação da cognição para idosos são importantes. Segundo

Zimerman (2000), estimular consiste em instigar, ativar, animar e encorajar. Estimulação é

um dos melhores meios para minimizar os efeitos negativos do envelhecimento, levando os

indivíduos idosos a viver com melhor qualidade de vida. Os jogos e as brincadeiras permitem

criar meios de manter a mente, as emoções, a comunicação e os relacionamentos em

atividade.

Yassuda et al. (2006), com o objetivo de verificar os efeitos de programa de treino de

memória episódica em 69 idosos saudáveis após quatro sessões, encontraram efeitos modestos

desse treino. No pós-teste, os idosos do grupo experimental apresentaram melhor desempenho

na recordação de texto e maior uso de estratégias de memória.

Souza e Chaves (2005), analisando o efeito da estimulação da memória sobre o

desempenho no Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em 46 idosos saudáveis brasileiros,

em treino de memória de oito sessões, observaram que a maioria dos participantes apresentou

aumento significativo nos escores do MEEM após os treinos. Outros estudos também

realizados no Brasil por Lasca (2003) e Carvalho (2006), encontraram melhora no

39

desempenho dos idosos em tarefas de memória. Carvalho (2006) mostrou que o treino

promoveu melhora na memória episódica e maior uso da estratégia treinada, indicando que

idosos não acometidos por doenças podem-se beneficiar desse tipo de intervenção. O estudo

de Lasca (2003) objetivava avaliar os efeitos de um programa de treino de memória que

consistia em instruções sobre como categorizar duas listas de supermercado. Os participantes

foram avaliados no pré e pós-teste, sendo esse realizado sete dias após o pré-teste.

Evidenciaram que o treino promoveu modesta melhoria nas habilidades de memória, embora

sem diferença estatisticamente significativa.

Irigaray (2009), objetivando verificar os efeitos de programa de treino de atenção,

memória e funções executivas na qualidade de vida e no bem-estar psicológico de idosos,

encontrou diferenças significativas entre os grupos no pré e pós-teste, em relação ao

funcionamento cognitivo, à qualidade de vida e ao bem-estar psicológico. O grupo

experimental recebeu doze sessões de treino, envolvendo informações sobre atenção,

memória, funções executivas, envelhecimento, instrução e prática de exercícios. Após o

treino, os idosos apresentaram melhor desempenho cognitivo, melhor percepção da qualidade

de vida e maiores índices de bem-estar psicológico. O autor concluiu que intervenções

cognitivas podem contribuir para a melhora da qualidade de vida e do bem-estar psicológico

de idosos.

O estímulo para um bom funcionamento mental, físico e social configura-se como

princípio para a promoção da saúde de idosos. As oficinas para treinamento de memória são

estratégias importantes, uma vez que queixas de memória são frequentes neste grupo etário.

Atividades mentais funcionam como fator de proteção no declínio cognitivo e algumas

estratégias de memorização têm-se mostrado eficazes para melhorar a memória (ALMEIDA,

2007).

Frente a isso, postula-se a aplicação do exercício da memória através de sua

estimulação/motivação, como método terapêutico na recuperação e/ou manutenção da função

neural associada à cognição (SOUZA; CHAVES, 2005).

Segundo Freire (2000), a velhice não implica necessariamente em doença e em

afastamento, possuindo o idoso potencial para mudanças e reservas inexploradas. Quanto

mais os idosos forem atuantes e estiverem integrados em seu meio social, menos ônus trarão à

família e aos serviços de saúde. De maneira geral, os idosos têm importantes reservas para seu

desenvolvimento, que podem ser ativadas por aprendizagem, exercícios ou treinamento. Em

boas condições médicas e ambientais, muitos idosos continuam a ter potencial para

desempenho em altos níveis e para adquirir conhecimentos teóricos e práticos.

40

2.6 TESTES DE AVALIAÇÃO COGNITIVA

Ao longo da vida mudanças ocorrem no cérebro, exercendo papel importante na

cognição do idoso, frequentemente alterando sua funcionalidade. A avaliação

neuropsicológica tem fornecido uma expressiva contribuição, sendo utilizada como auxílio na

identificação de padrões de envelhecimento cognitivo normal e patológico (YASSUDA,

2006; SANTIAGO, 2007).

Segundo Brasil (2007), o grupo dos mais idosos, muito idosos ou idosos em velhice

avançada (idade igual ou superior a 80 anos) vem aumentando de forma acelerada,

constituindo o seguimento populacional que mais cresce nos últimos tempos. É neste contexto

que a denominada avaliação funcional torna-se essencial para estabelecimento de diagnóstico,

prognóstico e julgamento clínico adequados sobre os tratamentos e cuidados necessários as

pessoas idosas.

Avaliação funcional busca verificar em que nível as doenças e agravos impedem o

desempenho das atividades de vida diária (AVDs) das pessoas idosas, permitindo o

desenvolvimento de planejamento assistencial adequado. Portanto, capacidade funcional,

independência e autonomia da pessoa idosa surgem como novo paradigma de saúde, proposto

pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2007).

De acordo com Lourenço e Veras (2006), as avaliações geriátricas associadas às

informações obtidas na história clínica e no exame físico tradicionais juntamente com aquelas

produzidas por conjunto de instrumentos específicos, permitem detectar incapacidades,

planejar cuidados prolongados, avaliar gravidade da doença e progresso do paciente. Entre os

instrumentos de avaliação destacam-se aqueles que ajuízam o idoso do ponto de vista

cognitivo, sendo usados tanto em ambientes especializados quanto em outros ambientes de

atenção à saúde do idoso.

A maioria dos instrumentos de avaliação cognitiva disponíveis atualmente foi

desenvolvida e validada em populações com nível escolar médio e alto. Sua utilização em

sujeitos analfabetos ou de baixa escolaridade chamou atenção para a necessidade de se fazer

ajustes que permitissem interpretação correta dos seus resultados. No entanto, o processo de

adaptação desses testes para estas populações pode interferir com sua confiabilidade e

validade (NITRINI et al., 2005a; AMORIM, 2007). Apesar desse fato ser conhecido e aceito,

não se dispõe atualmente de testes desenvolvidos especificamente para analfabetos.

41

A partir desse quadro, Santiago (2007) estudou em idosos saudáveis, a contribuição

das variáveis de idade, escolaridade e gênero no desempenho cognitivo por meio do MEEM

(FOLSTEIN et al., 1975) e da Bateria Neuropsicológica Abreviada (NEUROPSI). Este último

instrumento foi traduzido e adaptado no Brasil por Abrisqueta-Gomes (1999), permitindo

fazer diagnóstico inicial ou preditivo das alterações cognitivas em populações com diferentes

graus de escolaridade, incluindo analfabetos. O autor observou que não foram encontradas

diferenças significativas nos resultados de ambos os testes, no que se refere à variável idade,

mas houve diminuição da pontuação com o aumento da idade (idosos 80 anos ou mais). A

variável escolaridade apresentou diferenças significativas, sendo que o grupo de analfabetos

apresentou pontuação baixa comparando-se com os demais grupos.

Amorim (2007) relatou que estudos utilizando neuroimagem estrutural e funcional

sugerem que a alfabetização modifica a arquitetura cerebral da cognição e, que indivíduos

alfabetizados ativam número maior de áreas corticais do que os analfabetos durante a

realização de algumas tarefas padronizadas. Dentro desse contexto, esse autor sugeriu que o

desenvolvimento e a validação de bateria de testes neuropsicológicos para avaliação cognitiva

nessa população podem contribuir para melhor compreensão da arquitetura cerebral da

cognição, uma vez que as funções cognitivas podem ser avaliadas sem a necessidade de se

recorrer às habilidades associadas ao uso da linguagem escrita e à educação formal.

Nos serviços de atenção à saúde da pessoa idosa, segundo Brasil (2007), vários são os

instrumentos existentes que colaboram com a avaliação ampla do idoso. Dentre os

instrumentos de avaliação funcional usualmente utilizados destaca-se a Escala de Katz

(KATZ et al., 1963), planejada para medir a habilidade da pessoa em desempenhar suas

Atividades de Vida Diárias (AVDs) de forma independente. Outro instrumento utilizado é a

escala de Lawton e Brody (1969), que avalia as Atividades Instrumentais de Vida Diária

(AVDIs), considerada mais complexa e relacionada à capacidade de vida comunitária.

Quanto à avaliação cognitiva, Brasil (2007), sugeriu na primeira avaliação a realização

de teste rápido que consiste em solicitar à pessoa idosa que repita o nome de três objetos e,

após três minutos, os repita novamente, observando-se, assim, a necessidade de apreciação

mais profunda. Então é utilizado o MEEM. Como complementação, pode-se utilizar o Teste

do Desenho do Relógio (PAGANINI-HILL et al., 2001), o Teste de Fluência Verbal por

Categoria Semântica de Isaacs e Kennie (1973) e o Questionário Pfeffer de Avaliação

Funcional (QPAF) (PFEFFER et al, 1982).

Serão abordados a seguir os instrumentos de avaliação cognitiva usados

frequentemente em pesquisas na área da cognição, bem como na prática de Unidades Básicas

42

de Saúde e especialidades a nível nacional, desenvolvidos por equipes multiprofissionais de

saúde que atendem à população idosa.

2.6.1 Miniexame do Estado Mental

O MEEM (FOLSTEIN et al,1975) é um dos instrumentos mais empregado e estudado

em todo mundo na avaliação do estado cognitivo. É usado isoladamente ou incorporado a

instrumentos mais amplos, permitindo rastrear a presença ou não de comprometimento

cognitivo, avaliando a função cognitiva e rastreando quadros demenciais (ALMEIDA, 1998;

LAKS, 2003). Como instrumento clínico, pode ser utilizado na detecção de perdas cognitivas,

no seguimento evolutivo de doenças e no monitoramento de resposta ao tratamento

ministrado. Já como instrumento de pesquisa, tem sido largamente empregado em estudos

epidemiológicos populacionais, fazendo parte integrante de várias baterias neuropsicológicas

(BRUCKI et al., 2003).

No Brasil, devido às heterogeneidades educacionais e culturais da população, este

instrumento faz parte das condutas para diagnóstico da Doença de Alzheimer, publicada em

consenso elaborado por Nitrini et al. (2005a). Foi validado no Brasil por Bertolucci et al.

(1994), os quais observaram que o escore total do MEEM dependia do nível educacional.

Propuseram, assim, a utilização de pontos de corte de acordo com a escolaridade para o

diagnóstico genérico de declínio cognitivo. Os pontos de corte sugeridos foram: 13 para

analfabetos, 18 para escolaridade menor que oito anos e 26 para escolaridade de oito anos ou

mais.

O MEEM é composto pelos seguintes subitens: orientação, memória imediata, atenção

e cálculo, evocação e linguagem. É composto de 30 questões categóricas Escores muito

baixos no MEEM associados aos outros testes de função cognitiva sugerem encaminhamento

para avaliação neuropsicológica específica (BRUCKI, 2003; BRASIL, 2007).

43

2.6.2 Teste de Memória de Lista de Palavras

Criado por Atkinson e Shiffrin (1971) e nesse teste a memória verbal de longo prazo é

testada com listas de palavras apresentadas uma a uma, para repetição imediata e evolução

tardia. São apresentadas, separadamente, dez palavras não relacionadas, para serem lidas em

voz alta pelo examinando (ou examinador, caso a leitura esteja prejudicada), ao ritmo de uma

palavra a cada dois segundos. Ao término da leitura é solicitado ao indivíduo que evoque o

maior número possível de palavras, no tempo máximo de noventa segundos. O comando é

repetido por mais duas vezes, com as palavras em ordem diferente. A pontuação é obtida com

a soma das palavras evocadas nas três tentativas, com escore máximo de trinta pontos

(VIEIRA; KOENIG, 2002). Em pessoas normais, é esperada uma melhora nas tentativas

sucessivas. É importante sempre apresentar um fator de distração (material não verbal) e, para

seleção das palavras, devem ser evitadas associações semânticas ou fonêmicas (MACHADO,

2006).

2.6.3 Teste de Memória de Figuras

A memória verbal pode também ser testada alternativamente por meio de Testes de

Memória de Figuras, nos quais estas devem ser reconhecidas entre série de outras figuras

distratoras. Um dos testes mais conhecidos nessa categoria é o de Memória de Figuras de

Escala de Memória de Wechsler que segundo Machado (2006) no Brasil foi proposta a versão

da Brief Cognitive Screenig Battery (BCSB), que apresenta dez figuras para avaliação da

percepção visual, da nomeação, das memórias incidental, imediata e tardia, além de posterior

reconhecimento dessas figuras junto a outras dez.

As dez figuras são apresentadas para que seja feita a identificação e nomeação. Logo

após, para testar a memória incidental é feita a pergunta: que figuras eu acabei de lhe mostrar?

A seguir, para testar a memória imediata são mostradas novamente (máximo de 30 segundos),

solicitando que procure memorizar as figuras. A pergunta é feita novamente. Para testar a

memória de longo prazo (recordação tardia) são mostradas pela terceira vez as figuras,

solicitando-se sua memorização e informando que será feita pergunta posteriormente. Na

etapa do reconhecimento é dito: aqui estão as dez figuras que eu lhe mostrei hoje e outras

44

novas; quero que você me diga quais você já tinha visto há alguns minutos. O escore máximo

desse teste é de 10 pontos. A memória de figuras do BCSB é mais adequada para avaliação da

memória de longo prazo em sujeitos de baixa escolaridade do que a lista de palavras

(NITRINI et al., 2004; MACHADO, 2006).

2.6.4 Teste de Fluência Verbal

Este teste foi validado por Isaacs e Kennie (1973). Segundo Nitrini (2005a), dentre os

testes de avaliação do funcionamento executivo, os mais investigados em nosso meio foram

os testes do desenho do relógio (TDR) e o de fluência verbal (FV). O teste de FV tem como

vantagem a sua brevidade e a disponibilidade de notas de corte definidas em função da

escolaridade.

O teste de FV mais empregado em estudos brasileiros é o de categoria semântica

(animais/minuto). Correlaciona-se com nomeação, solução de problemas, sequenciamento,

vários aspectos da memória operacional, da capacidade de organização e da autoregulação

(MACHADO, 2006; OLANDI, 2007). Avalia a capacidade de busca e recuperação de dados

estabelecidos na memória de longo prazo, ou seja, na memória explícita. Esse instrumento

pode ser utilizado nas categorias frutas, animais ou lista de supermercado. Solicita-se à pessoa

que diga o maior número possível de itens da categoria durante espaço definido de tempo,

geralmente, de sessenta segundos. Um minuto é contado e o escore corresponde ao número de

respostas corretas obtidas nesse período, não sendo pontuadas palavras repetidas,

redundâncias e flexões de gênero (BRUCKI et al., 1997). De acordo com Bertolucci (1998) e

Nitrini et al. (2005a), para esta categoria semântica, idosos normais com escolaridade de oito

anos ou mais são capazes de evocar pelo menos treze animais, enquanto idosos normais com

menos de oito anos de escolaridade e analfabetos evocam pelo menos nove animais.

É importante verificar como a pessoa idosa utilizou o tempo disponível para a

execução da tarefa. Pacientes com demência, além de produzirem escores baixos, tendem a

interromper a geração de palavras após 20 segundos, enquanto pacientes deprimidos podem

apresentar escores baixos, mas tendem a gerar palavras durante todo o minuto (BRASIL,

2007).

Brucki et al. (1997) em estudo avaliando 336 indivíduos sem demência e 65 com

comprometimento cognitivo, determinaram níveis de corte de 9 para indivíduos analfabetos e

45

com até 8 anos de escolaridade e escore de 13 para indivíduos com alta escolaridade Não

observaram diferenças de desempenho em função da idade, mas sim da escolaridade. O teste

de FV também foi utilizado em outros estudos, que também demonstraram o valor do mesmo

no diagnóstico de demência (CHARCHAT-FICHMAN, 2003; ABRISQUETA-GOMES;

CANALI; VIEIRA, 2004).

2.6.5 Teste do Desenho do Relógio (TRD)

Reflete o funcionamento frontal e temporo-parietal, avaliando as habilidades

visuoespaciais e construcionais, devido a um estímulo, no caso um comando verbal. É teste de

fácil aplicação, válido no rastreamente de pessoas com lesões cerebais. Independe da

linguagem verbal e, por esta razão, é considerada uma prova não-verbal. A grande limitação

do TDR diz respeito à forte influência da baixa escolaridade sobre seu desempenho (NITRINI

et al., 1994; 2004; OKAMOTO, 2001)

No teste, solicita-se ao indivíduo que faça o desenho espontâneo de um mostrador de

relógio com todos os números e com os ponteiros mostrando horário previamente

estabelecido. A tarefa tende a ser mais complexa e abstrata, visto sua natureza integradora

com funções auditivas, motoras e utilização de memória (BRUCKI et al., 2003; BRASIL,

2007; OLIANI et al., 2007).

2.6.6 Escala de Katz: Atividades de Vida Diária (AVDs)

Proposta por Katz et al. (1963), é instrumento que objetiva avaliar as pessoas idosas no

desempenho das AVDs. Por meio da utilização de formulário padrão, avalia seis funções:

higiene corporal e banho, vestir as roupas, ir ao banheiro, locomoção e transferência,

continência e alimentação, classificando as pessoas idosas como independentes e

dependentes. Para Brasil (2007), seu resultado é fornecido por letras que representam o

número de atividades que o indivíduo é capaz de realizar sozinho, sendo: letra A para

nenhuma perda, B para uma perda, até G que indica perda nas seis AVDs, que indica

dependência total do cuidador.

46

Segundo Katz et al. (1963), há uma regressão ordenada como parte do processo

fisiológico do envelhecimento, no qual as perdas funcionais ocorrem das funções mais

complexas para as mais básicas, sendo estas retidas por mais tempo. Essa escala mostra-se útil

para evidenciar a dinâmica da instalação da incapacidade no processo do envelhecimento,

bem como estabelecer diagnósticos, avaliar demandas assistenciais e determinar efetividade

de tratamentos (BRASIL, 2007).

2.6.7 Atividades Instrumentais de Vida Diária (AVDIs)

Proposta por Lawton e Brody (1969) para avaliar as AIVD, é considerada mais

complexa, sendo a independência para o desempenho diretamente relacionada com a

capacidade de vida comunitária independente. As capacidades são designadas como: utilizar

meios de transporte, manejar medicamentos, realizar compras, realizar tarefas leves e pesadas,

utilizar o telefone, preparar refeições e cuidar das próprias finanças. As pessoas idosas são

classificadas como independentes ou dependentes no desempenho de cada uma dessas

funções (BRASIL, 2007).

2.6.8 Teste Computadorizado da Memória e Teste Computadorizado da Atenção Visual

O Teste Computadorizado da Memória (TCM) avalia a memória e o Teste

Computadorizado da Atenção Visual (TCA) avalia objetivamente a atenção a estímulos

visuais. O TCM avalia a memória recente a estímulos verbais e visuo-espaciais, a memória

remota e a orientação temporal e espacial. O TCA avalia a atenção visual central, a

impulsividade motora, o tempo de reação visual e a variabilidade do tempo de reação visual

(SCHMIDT; MANHÃES, 2001).

Segundo Cabral et al. (2005), a prevalência das queixas cognitivas e a consequente

necessidade de avaliação da população que envelhece, reforçam a necessidade da utilização

de um novo arsenal objetivo de avaliação neuropsicológica computadorizado de simples

aplicação e normatizado para os padrões sociais e culturais do nosso meio. Tais instrumentos

auxiliam o diagnóstico de disfunções cognitivas que, precocemente observadas, poderão

47

trazer intervenções terapêuticas que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. O TCA, por

ser independente da escolaridade e por avaliar módulos cognitivos dos quais nem o paciente

nem o médico têm consciência objetiva, mas que ativam as mesmas regiões cerebrais

precocemente afetadas pelo TCL e fase pré-clínica da Doença de Alzheimer pode-se tornar

um instrumento de utilização objetiva para identificação do TCL no futuro.

Testes de Variáveis de Atenção Visual (TEVA), que utiliza programa

computadorizado, permite registro do tempo de reação, alvos corretamente detectados e a

proporção de falsos alarmes que podem avaliar atenção a estímulos visuais (CÓDOVA;

BRAVIN.; BARROS, 2005) . Nesse teste, o examinado deve manter na memória as imagens

alvo/não-alvo e responder o mais rápido possível sempre que o estímulo alvo for apresentado.

Este teste não depende de bases da linguagem ou da habilidade do examinado para orientar-se

espacialmente e o mesmo deve ser instruído a inibir respostas para não-alvos. Segundo estes

autores, o programa TEVA é instrumento que permite explorar, rápida e facilmente, diferentes

combinações de variáveis e parâmetros ao longo das seções experimentais.

2.6.9 Questionário PFEFFER de Avaliação Funcional

O questionário de Atividades Funcionais (QPAF) foi publicado por Pfeffer et al.

(1982), sendo composta de 11 questões aplicadas ao acompanhante ou ao cuidador da pessoa

idosa, discorrendo sobre a capacidade deste em desempenhar determinadas funções. O seu

objetivo é verificar a severidade de declínio cognitivo, por meio da avaliação da

funcionalidade e conseqüentemente da assistência requerida. Ainda considerando o viés

produzido pela baixa escolaridade nos resultados do MEEM, parece ser adequada a

associação com o QPAF para se obter a confirmação do declínio cognitivo acompanhado de

limitações funcionais, sugerindo a presença de demência ou de outros transtornos associados.

As respostas seguem o seguinte padrão: sim é capaz (0); nunca o fez, mas poderia fazer agora

(0); com alguma dificuldade, mas faz (1); nunca fez e teria dificuldade agora (1); necessita de

ajuda (2); não é capaz (3). A pontuação máxima é de 33 pontos, sendo que a pontuação de

seis ou menos sugere maior dependência. Quanto mais elevado o escore, maior a

dependência. A combinação do MEEM com o QPAF proporciona maior especificidade para

medida de declinio cognitivo grave (BRASIL, 2007).

48

2.6.10 Informant Questionnaire of Cognitive Decline in the Elderly

Apresentado por Jorm et al. (1989), o Informant Questionnaire of Cognitive Decline in

the Elderly (IQCODE) é instrumento que avalia o declínio cognitivo através de entrevista

com um cuidador ou alguma pessoa próxima ao paciente. Esta entrevista compreende 26

questões, nas quais o informante avalia o desempenho atual do paciente em diferentes

situações da vida diária comparado ao desempenho observado há 10 anos. O informante deve

quantificar o desempenho como: muito melhor, melhor, sem mudanças significativas, pior ou

muito pior. Os escores variam de 26 a 130 pontos, e o questionário demora cerca de 10

minutos para ser aplicado. Mostra-se eficaz quando aplicado em conjunto com teste cognitivo,

como o MEEM. O IQCODE é uma das escalas de avaliação funcional mais usada, mostrando

bons resultados na detecção de casos de demência, inclusive nos casos leves

(BUSTAMANTE, 2003).

49

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 TIPO DE PESQUISA

Trata-se de pesquisa social quantiqualitativa, direcionada de acordo com o método

pesquisa ação (BARBIER, 1985; GOLDENBERG, 1997; HAGUETTTE, 2000;

THIOLLENT, 2000).

A pesquisa social permite interação entre pesquisador e pesquisados, que não se limita

às entrevistas e conversas informais, mas aponta para a compreensão da fala dos sujeitos em

sua ação (DESLANDES, 1994). A evidência qualitativa é usada para captar dados

psicológicos que são reprimidos ou não facilmente articulados como atitudes, motivos ou

pressupostos, mas precisa da participação do pesquisador na realidade dos sujeitos. O foco da

pesquisa está na dinâmica de transformação de uma situação atual numa outra situação

desejada (HAGUETTE, 2000).

A abordagem quantitativa tem como campo de práticas e objetivos a compreensão dos

dados, dos indicadores e das tendências observadas na realidade, classificando e

transformando-os em variáveis interpretativas (DESLANDES, 1994).

Segundo Goldenberg (1997), a integração da pesquisa quantitativa e qualitativa

permite ao pesquisador um cruzamento de suas conclusões de modo a ter maior confiança que

seus dados não são produto de um procedimento específico ou de alguma situação particular.

A pesquisa-ação inclui a observação participante, que é a infiltração do pesquisador no

ambiente ou meio a ser investigado, podendo ele ser influenciado pelo contexto vivenciado,

resumindo-se como relação direta do pesquisador com os pesquisados (DESLANDES et al.,

1994). É uma atividade de compreensão e de explicação da práxis (ação e reflexão) dos

grupos sociais por eles próprios, com ou sem especialistas em ciências humanas e sociais,

com a finalidade de melhorar essa práxis (BARBIER, 1985). É voltada para a descrição de

situações concretas e para a intervenção ou a ação orientada em função da resolução de

problemas efetivamente detectados na coletividade considerada, não deixando de ser forma de

experimentação em situação real, na qual os pesquisadores intervêm conscientemente

(THIOLLENT, 2000). Os participantes desempenham papel ativo, modificando o meio,

comentando, dando sugestões e decidindo, permitindo que a questão central da pesquisa seja a

dinâmica de transformação de uma situação atual numa outra situação desejada.

50

Esse método de pesquisa tem dois objetivos: o prático, que é contribuir para o melhor

equacionamento possível do problema; e o de conhecimento teórico, que é obter informações

que seriam de difícil acesso por meio de outros procedimentos (THIOLLENT, 2000).

3.2 CUIDADOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa seguiu as orientações do Comitê em Ética da Fundação de

Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS), sendo aprovado mediante parecer n°

080/09 em 11 de Maio de 2009 (Anexo I). Teve como base a resolução do Conselho Nacional

de Saúde (CNS) nº 196/96, que fornece as diretrizes da pesquisa envolvendo seres humanos

no Brasil. Esta pesquisa seguiu o Cronograma de Atividades da Pesquisa mostrado no Anexo

II.

Antes da coleta dos dados, foi solicitada assinatura do Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (Anexo III), em duas vias, uma destinada aos idosos participantes e a outra

retida para o projeto. Durante a realização das oficinas foi esclarecido que o idoso usufruía da

liberdade de recusar-se a participar ou retirar seu Termo de Consentimento, em qualquer fase

da pesquisa, sem penalização alguma ou prejuízo à sua pessoa. Foi informado, ainda, que

durante toda a pesquisa seus nomes seriam mantidos em sigilo. Houve uma triagem para

confirmar se os idosos selecionados preenchiam os pré-requisitos da pesquisa.

Ao final da pesquisa, os resultados serão apresentados oralmente para os idosos

participantes das oficinas e para toda equipe de profissionais de saúde da UMT-DF, a fim de

contribuir para a continuidade, reflexão ou mudanças no atendimento referente ao idoso, e em

especial à estimulação cognitiva.

3.3 PARTICIPANTES

Participaram da pesquisa o total de 63 idosos, sendo 22 idosos do Grupo Experimental

(GE), 21 idosos do Grupo Controle 1 (GC1) e 20 idosos do Grupo Controle 2 (GC2).

51

Inicialmente, os pacientes foram consultados por médico Clínico Geral ou Geriatra da

UMT-DF, que detectaram aqueles com diagnóstico de TCL, seguindo os critérios de Petersen

et al. (2001):

1- queixa da memória por parte do indivíduo e preferencialmente confirmada por um

informante;

2- comprometimento objetivo da memória diagnosticado através de testes;

3- funções cognitivas gerais normais;

4- atividades funcionais (sócio-ocupacionais) intactas;

5- ausência de demência.

Conforme rotina da UMT, os nomes dos idosos são inseridos em uma lista de acordo

com a ordem de encaminhamento dos médicos. Baseado na ordem dessa lista, ou seja, do

atendimento no serviço, foram formados três grupos: os primeiros 25 idosos fizeram parte do

GE, os próximos 25 idosos compuseram o GC 1 e, na seqüência, os próximos 25 idosos

formaram o GC 2, tendo como total 75 idosos.

Chamou-se de GE aquele formado por 25 idosos que compareceram às Oficinas de

Jogos e Brincadeiras de Estimulação da Cognitiva Adaptada para idosos analfabetos, sendo

realizado entrevista (Anexo IV) e os testes pré e pós-oficinas. Chamou-se de GC 1, o

constituído de 25 idosos para os quais foram oferecidas dez palestras referentes a temas gerais

sobre o cuidado com a saúde na velhice, sendo também aplicado entrevista e testes pré e pós

palestras. Chamou-se GC 2, o constituído por 25 idosos que não receberam tipo algum de

estimulação, sendo também aplicado entrevista e os pré e pós-testes. Nos dois Grupos

Controles foram realizados testes pré e pós, sendo mantido o mesmo período de tempo na

realização dos testes (2 meses e meio), idêntico ao GE.

Na formação dos três grupos seguiram-se como critérios de inclusão:

sujeitos com idade igual ou superior a 60 anos;

analfabetos;

diagnóstico de TCL;

acompanhados por médico Clínico Geral ou Geriatra da UMT-DF;

concordar e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os critérios de exclusão dos sujeitos foram:

diagnóstico de demência (possível/provável doença de Alzheimer, Parkinson e

outras demências);

acompanhamento psiquiátrico;

52

uso de medicação controlada que traga prejuízo à cognição e interfira nas

respostas dos instrumentos de coleta de dados;

indivíduos que não tiverem assiduidade igual ou superior a 70% nas oficinas;

portador de depressão e/ou usar medicações antidepressivas.

Para cumprimento deste último requisito do critério de exclusão foi aplicada a Escala

de Depressão Geriátrica de Yesavage e Brink (1983).

Na primeira oficina, todos os participantes foram orientados para que informassem à

pesquisadora, caso iniciassem qualquer nova medicação, a fim de excluir possível

interferência desta no processo cognitivo durante realização das oficinas.

3.4 LOCAL DAS OFICINAS, PALESTRAS E TESTES

No GE, as Oficinas de Estimulação Cognitiva Adaptadas para idosos analfabetos

foram realizadas em sala ampla (40 m2), bem iluminada e arejada na UMT-DF. No GC 1,

para realização das palestras, foi utilizado o auditório da UMT-DF. Os testes de avaliação

cognitiva, pré e pós, e as entrevistas nos três grupos foram feitos em sala de consultório da

UMT-DF, sendo aplicados pela pesquisadora.

3.5 OFICINAS

A oficina é a forma prática de se fazer algo, é a prática da vivência, da dinâmica de

grupo ou técnica de grupo (MIRANDA, 1996; 2000; MILITÃO, 2000). De acordo com Matos

(2006), toda atividade que se envolve com um grupo (reuniões, workshops, grupos de

trabalho, entre outros), objetivando integrar, desinibir, “quebrar o gelo”, divertir, aprender,

promover conhecimento, incitar à aprendizagem, competir e aquecer, pode ser denominada

dinâmica de grupo, vivências e técnicas de grupo.

As Oficinas de Estimulação Cognitiva através de jogos e brincadeiras adaptados para

idosos fazem parte do Programa de Terapias Alternativas da UMT-DF e são realizadas desde

2006. Há quatro anos essas Oficinas são desenvolvidas com método específico voltado para

idosos com TCL sendo, no estudo atual, adaptadas para realização com idosos analfabetos.

53

As atividades foram oferecidas ao grupo uma vez por semana, com duração de duas

horas cada oficina, em calendário pré-estabelecido através de Cronograma de Atividades das

Oficinas de Estimulação Cognitiva através de Jogos e Brincadeiras Adaptadas para Idosos

Analfabetos (Apêndice A).

As oficinas foram compostas por dez encontros de estimulação cognitiva através de

jogos e brincadeiras adaptados para idosos analfabetos, estrategicamente divididos em dois

módulos (I e II): Oficinas de Estimulação da Memória de Longo Prazo e Oficinas de

Estimulação da Memória de Curto Prazo. Essa divisão justifica-se devido à maior facilidade

que os idosos têm de recordar acontecimentos distantes (Memória de Longo Prazo) em

relação aos recentes (Memória de Curto Prazo), sendo ainda forma de estimular o

aprendizado, deixando o idoso mais confiante e motivado para prosseguir até o término das

oficinas. No segundo momento, feita a estimulação da Memória de Curto Prazo, pois o idoso

tem dificuldade de guardar informações ou fatos recentes, apresentando maior grau de

complexidade para o mesmo. A Memória de Curto Prazo é o armazenamento temporário de

acontecimentos e itens percebidos no passado imediato (STUART-HAMILTON, 2002).

A finalidade dessa divisão também foi permitir aos idosos ter acesso a número

considerável de atividades e a diferentes tipos de jogos e brincadeiras. A primeira oficina foi

composta por jogos de apresentação e integração, com a intenção de integrar a pesquisadora

ao grupo. Na última oficina utilizaram-se jogos de finalização, que fornecem oportunidade

para avaliação do conjunto de oficinas. A descrição das Oficinas de Jogos e Brincadeira

Adaptadas para Idosos Analfabetos está no Apêndice E.

As alterações fisiológicas do envelhecimento podem influenciar a realização de

determinadas atividades, pois as mudanças físicas no idoso podem exigir adaptação de

posições e mudanças nos tipos de atividade (de individual para coletiva) e no tamanho dos

objetos utilizados, assim como a retirada de determinadas atividades por risco de perda do

equilíbrio e conseqüentes quedas. No estudo atual, essas alterações foram consideradas na

hora de adaptar os jogos e as brincadeiras para os idosos.

A falta de escolaridade foi considerada em todas as oficinas, sendo evitados e/ou

adaptados os jogos e as brincadeiras que dependem diretamente de leitura, interpretação do

texto e realização de cálculos. Porém, não foi menosprezado o fato dos indivíduos idosos

analfabetos poderem contar histórias através de jogos interativos de leitura e histórias

contadas, que dependem da experiência de vida de cada idoso e não do seu nível de

escolaridade.

54

Na execução das oficinas houve participação de profissionais da saúde (enfermeira,

assistente social e técnico de enfermagem), todos lotados na UMT-DF. Estes profissionais

fizeram o papel de facilitadores das oficinas. Houve também a participação de um profissional

que realizou as gravações, fotografias e filmagens.

A pesquisadora participou de forma ativa na escolha e adaptação dos jogos e

brincadeiras para idosos analfabetos e vivenciou todas as oficinas, exercendo observação

participativa no cenário, fazendo a reflexão sobre as atividades realizadas e seus significados

após cada oficina.

Os idosos participaram de forma efetiva durante todas as oficinas. No início de cada

uma, foi recordado o tema dos encontros anteriores, através de cartazes ilustrativos e

perguntas direcionadas de forma geral e livre aos mesmos, podendo se expressar e se

ajudarem mutuamente no resgate das lembranças. Realizada também apresentação teórica

durante dez minutos, sobre o tema relacionado à oficina do dia.

Ao final de cada encontro foi proposta uma Estratégia de Estimulação Cognitiva para

Idosos Analfabetos - Tarefa de Casa, em forma de exercício, para ser executada no domicílio

diariamente, a fim de proporcionar contínua estimulação cognitiva durante aquela semana

(Apêndice C).

Cada oficina foi composta por quatro tipos de jogos e/ou brincadeiras específicas

voltadas ao tema da oficina. Entretanto, o último jogo e/ou brincadeira de cada encontro foi

utilizado como plano de contingência, caso houvesse tempo livre, desmotivação ou qualquer

outra intercorrência que ocasionasse a necessidade de substituição ou acréscimo de atividade.

Seguem-se os títulos e objetivos de cada uma das Oficinas, que estão detalhadas no

Anexo E

1ª Oficina.

Apresentação e Integração

Objetiva promover socialização e ambientação do grupo.

2ª Oficina.

Memorização por Associação

Tem como finalidade associar a sonorização aos seus respectivos objetos, seres.

3ª Oficina.

Memorização por Repetição e Aprendizagem

Aplica a visualização de desenhos através do método de repetição, a fim de ajudar maior

memorização.

55

4ª Oficina.

Recuperação e Lembrança por Associação (Evocação da Memória):

Utiliza brincadeiras cantadas, pretendendo estimular a integração através das músicas e a

recordação de fatos e acontecimentos do passado, relacionando cantigas a movimentos.

5ª Oficina.

Percepção, Sensibilidade e Atenção.

Exercita a estimulação da cognição através dos órgãos do sentido, da visão e do tato.

6ª Oficina.

Jogos Interativos de Leitura.

Brinca com a leitura do facilitador e realiza gestos corporais para exercitar o potencial criativo

e a agilidade de raciocínio.

7ª Oficina.

Criatividade e Raciocínio.

Utiliza histórias contadas, para incentivar a construção de histórias para memorização de

figuras. Resgata o potencial da memória coletiva montando histórias, exercitando a

criatividade e raciocínio, e também objetivando a aquisição de autonomia nas atividades de

vida diária.

8ª e 9ª Oficinas.

Jogos e Brincadeiras Sensoriais

Estimula a memória sensorial através dos cinco sentidos e da cooperação mútua.

10ª Oficina.

Jogos e Brincadeiras de Finalização e Confraternização.

Apresenta aprendizagens diversas aos membros do grupo, tanto no sentido da cognição como

da percepção do outro, proporcionando espírito de coletividade.

Para promover a adesão e a presença nas Oficinas, foram feitos pela pesquisadora

contatos telefônicos com os idosos do GE um dia antes de cada Oficina, para lembrá-los e

motivá-los a participar. Após a finalização de cada encontro, foi oferecido lanche organizado

pelos facilitadores e também trazido de forma espontânea pelos idosos.

56

3.6 PALESTRAS

Para o GC1 foram promovidas dez palestras de Educação em Saúde para Idosos

Analfabetos, efetuadas por equipe multiprofissional, incluindo enfermeira, assistente social,

nutricionista e fisioterapeuta da UMT-DF. O cronograma das palestras está no Apêndice B.

As dez palestras foram:

1ª Palestra: Nutrição e envelhecimento. Constipação e hidratação - Nutricionista

2ª Palestra: Vacinação no idoso: verdades e mitos – Enfermeira

3ª Palestra: Cuidados na hipertensão arterial e diabetes - Enfermeira

4ª Palestra: Estatuto do idoso: direitos e deveres - Assistente Social

5ª Palestra: Alteração do comportamento no idoso - Enfermeira

6ª Palestra: Alterações do sono no idoso - Enfermeira

7ª Palestra: Prevenção de quedas nos idosos: a casa segura - Fisioterapeuta

8ª Palestra: Uso de medicamentos nos idosos: orientação do seu uso e receitas nos

idosos - Enfermeira

9ª Palestra: Cuidados com a pele e higiene oral - Enfermeira

10ª Palestra: Longevidade e confraternização - Enfermeira

Para promover adesão e presença nas atividades do GC1 foram feitos contatos

telefônicos, pela pesquisadora, da mesma maneira como com o GE, um dia antes de cada

palestra. Após a finalização de cada encontro, também era oferecido um lanche organizado

pelos facilitadores e trazido de forma espontânea pelos idosos, conforme feito no GE.

3.7 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Inicialmente aplicou-se o roteiro de Entrevista Semiestruturada (Anexo IV) com

levantamento de informações gerais, com dados sócio-econômico-demográficos. Além desses

dados, foram acrescentadas três perguntas objetivas sobre a memória do idoso: Como estava

sua memória há 1ano em relação à sua memória atual? Como está sua memória hoje?

Comente (parte subjetiva). Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros? A

terceira pergunta foi retirada da Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage e Brink (1983).

57

As duas últimas perguntas foram aplicadas em dois momentos, pré e pós-oficinas, excluindo-

se a primeira pergunta do momento pós-oficinas e pós-palestras.

Os dados sócio-econômico-demográficos coletados com esse instrumento foram:

identificação (nome, endereço, gênero, estado civil, profissão/ocupação, aposentadoria,

pensão, renda, grau de instrução, data de nascimento, se reside só ou acompanhado (reside

com quem? reside com quantas pessoas?). Os idosos também foram questionados sobre:

medicações usadas e de uso controlado; acompanhamento psiquiátrico e diagnóstico de

possível/provável Alzheimer, Parkinson ou outras demências.

Os instrumentos de Avaliação Cognitiva e de Memória, realizados imediatamente

antes da primeira e após a última oficina de Estimulação Cognitiva no GE e nos dois GC

foram: Miniexame do Estado Mental (FOLSTEIN; FOLSTEIN e MCHUGH, 1975), Teste de

Memória de Lista de Palavras (ATKINSON; SHIFFRIN, 1971), Teste de Fluência Verbal

(ISAACS; KENNIE, 1973) e o Teste Computadorizado de Atenção Visual (SCHMIDT;

MANHÃES, 2001) através do programa de Testes de Variáveis de Atenção Visual

(CÓRDOVA; BRAVIN; BARROS, 2005).

O Miniexame do Estado Mental (Folstein, Folstein e Mchugh, 1975) foi utilizado na

pesquisa atual por ser instrumento empregado para rastrear a presença ou não de

comprometimento cognitivo, avaliando orientação, memória imediata, atenção e cálculo,

evocação, linguagem e capacidade construtiva visual. Foi validado no Brasil por Bertolucci et

al (1994) e utilizado mundialmente em pesquisas e em serviços de saúde, o que reflete sua

significância.

O Teste de Memória de Lista de Palavras (ATKINSON; SHIFFRIN, 1971) foi

selecionado por ser instrumento que avalia a Memória Verbal de Longo Prazo. Houve a

necessidade de adaptar este teste, utilizando-se figuras que representavam as palavras, devido

ao fato dos participantes serem analfabetos. Isto também foi feito por Nitrini et al. (1994),

quando testaram a memória verbal tardia, sendo as palavras apresentadas como figuras para

permitir o exame de indivíduos analfabetos e para avaliar a percepção visual.

O Teste de Fluência Verbal (ISAACS; KENNIE, 1973) foi utilizado para avaliação da

capacidade de busca e recuperação de dados estabelecidos na Memória de Longo Prazo, do

processamento das funções executivas, através da capacidade de organizar o pensamento e

estratégias utilizadas para a busca de palavras. No estudo atual, foi escolhida a categoria

animal/minuto devido à facilidade e familiaridade que os idosos possuem com nomes dos

bichos e por ter sido recomendado pelo Departamento Científico da Academia Brasileira de

58

Neurologia (NITRINI et al., 2005). Foi estabelecido como ponto de corte o número 9, visto

serem todos idosos analfabetos (BRUCKI et al., 1997).

O Teste Computadorizado da Atenção Visual (SCHMIDT; MANHÃES, 2001) foi

escolhido por avaliar objetivamente a atenção a estímulos visuais e não depender do cuidador,

da percepção do paciente e do médico, assim como não sofrer influência da escolaridade

(CABRAL et al., 2005; ZERBINI et al., 2009).

3.8 ANÁLISE DOS DADOS

Na análise dos dados, foi feita comparação das percepções dos idosos sobre sua

memória. Compondo o roteiro de entrevista, as perguntas objetivas e a parte subjetiva foram

efetuadas no pré e pós para os três grupos. Realizou-se o confrontamento do desempenho

cognitivo pré e pós, através dos testes do MEEM, Memória de Lista de Palavras, Fluência

Verbal e Teste Computadorizado de Atenção Visual.

Para realizar as análises, os dados foram importados para planilha do programa

estatístico Statistical Package for Social Science para Windows (SPSS 10.0).

Inicialmente, foram realizadas as análises descritivas para caracterização da amostra e

a avaliação da normalidade através da Skewness. Os dados foram representados por média,

desvio padrão e frequência absoluta e relativa.

O teste qui quadrado (x²) foi utilizado para determinar a percepção dos idosos sobre

sua própria memória antes e após a realização das oficinas. O nível de significância adotado

foi de p ≤ 0,05.

Para analisar o desempenho cognitivo dos idosos analfabetos com diagnóstico de

Transtorno Cognitivo Leve antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de

Estimulação Cognitiva Adaptadas utilizou-se a Split-plot ANOVA (3x2) e o teste post hoc

Bonferroni. Para tanto, adotou-se como variáveis independentes os grupos (GE, GC1 e GC2)

e os momentos (pré e pós avaliação), e como variáveis dependentes o MEEM, Memória de

Lista de Palavras, Fluência Verbal, e Teste Computadorizado de Atenção Visual.

No que se refere à análise dos dados dos comentários sobre a percepção da memória

atual dos idosos, obtidos por meio de entrevistas, no item comente sobre sua memória

utilizou-se a análise de conteúdo temática de Bardin (2009), cujo objetivo é compreender o

sentido das comunicações e suas significações explícitas e/ou ocultas e que visam também

descrever o conteúdo de um texto a fim de se inferir as mensagens coletadas.

59

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS SÓCIO-ECONÔMICO-

DEMOGRÁFICOS

4.1.1 Histórico da Unidade Mista de Taguatinga - Distrito Federal

Na década de 80, os postos de atendimento do Instituto Nacional de Assistência

Médica da Previdência social (INAMPS), sofreram reformulações na suas políticas de

atendimento transferindo para as Secretarias de Estado de Saúde o gerenciamento dos

mesmos.

No Distrito Federal, pode-se afirmar que o processo aconteceu em várias etapas. Os

postos de atendimento locais adaptaram-se aos programas e serviços da Secretaria de Saúde

do Distrito Federal. O antigo Pronto Atendimento Médico (PAM) - Taguatinga, situada na

Região Administrativa n° III, foi denominado de Policlínica - Taguatinga. Em sua trajetória,

presta serviços de grande relevância à comunidade desta cidade, bem como a população das

cidades adjacentes de Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas, Brazlândia e cidades do

Entorno.

Atualmente, a Unidade Mista de Taguatinga (UMT), ainda conhecida na comunidade

como Policlínica, faz parte da rede de prestação de serviços público de saúde, e busca

consolidar a efetivação do Sistema Único de Saúde (SUS), com prestação de serviços de

atenção secundária. Seguindo a política local de saúde, a UMT, desenvolve diversos

programas, dentre eles, o Programa de Atenção a Saúde do Idoso, sendo referência de

atendimento em Geriatria e Gerontologia.

4.1.2 Caracterização da amostra

A pesquisa foi realizada na UMT-DF, no período de Agosto a Dezembro de 2009.

Inicialmente a amostra foi composta por 75 idosos analfabetos, sendo excluídos 12 idosos,

60

totalizando no final 63 idosos. No GE, 1 idoso foi ao óbito e 2 não compareceram com a

frequência exigida de 70%; no GC1, 4 idosos foram excluídos por frequência inferior à

exigida nas palestras; e no GC2, 5 idosos foram excluídos por não realizarem os pós-testes.

Na primeira parte das entrevistas constam identificação e dados sócio-econômico-

demográficos da amostra estudada (Anexo IV). Esta, composta por 63 idosos analfabetos,

teve 58 (92%) do sexo feminino, com idade média de 72,86 ± 7,16 anos, subdivididos em três

grupos: a) GE, composto por 22 idosos, 86% do sexo feminino e idade média de 72,77 ± 6,72

anos; b) GC1, com 21 idosos, 95% do sexo feminino e idade média de 73,57 ± 7,77 anos; e c)

GC2, com 20 idosos, 95% do sexo feminino e idade média de 72,20 ± 7,28 anos.

4.1.3 Faixa etária

Quanto à faixa etária, não houve diferença significante entre os três grupos

[X2(4)=1,063; p=0,9], sendo amostra homogênea. A maioria (78%) encontra-se abaixo de 80

anos, ou seja, são idosos jovens. Os idosos velhos constituíram 22% da amostra. Negreiros

(2003, p.18) e Camarano (2004, p.28) citam que é comum dividir esse segmento populacional

em dois subgrupos etários: os idosos jovens de 60 a 79 anos e os idosos velhos de 80 anos ou

mais. No estudo atual, trata-se, portanto, de grupo constituído na sua maioria de idosos jovens

(Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, estudados nos três

grupos, de acordo com a faixa etária.

Idade por

década

GE

Nº (%)

GC1

Nº (%)

GC2

Nº (%)

Total idoso (%)

60 – 69 anos 8 (36,4) 6 (28,6) 8 (40) 22 (34,9)

70 – 79 anos 10 (45,5) 9 (42,9) 8 (40) 27 (42,9)

80 – 89 anos 4 (18,2) 6 ( 28,6) 4 (20) 14 (22,2)

Nº total 22 (100) 21 (100) 20 (100) 63 (100)

61

4.1.4 Sexo

No presente estudo, a feminização foi predominante, com o total de 92% da amostra

do sexo feminino. Nas outras atividades de grupo desenvolvidas na UMT-DF (automassagem,

dança sênior, oficinas de atividades manuais, grupos de educação em saúde e grupos de

terapia comunitária), observou-se também maior participação de mulheres idosas. Os idosos

que participam das Oficinas de Estimulação Cognitiva, como a da pesquisa atual, são

majoritariamente mulheres.

Berquó (1999) e Guarrido e Menezes (2002) corroboram esses dados, justificando-os

por haver maior exposição masculina a fatores de risco como, alcoolismo, tabagismo,

acidentes automobilísticos e violência, além da maior atenção que as mulheres dedicam à sua

saúde, levando à sua maior longevidade.

Para Camarano (2004, pg.43), muitas das causas de óbito na velhice estão relacionadas

diretamente com a circulação dos idosos por espaços públicos, tornando-os mais suscetíveis e

vulneráveis a acidentes e expondo-os aos riscos da violência urbana. Para esta autora, o

envelhecimento é também uma questão de gênero e, considerando a população idosa como

um todo, observa-se que 55% dela são formados por mulheres. Quando dividida em

subgrupos de idade, a diferença entre essas proporções aumenta principalmente entre os mais

idosos.

4.1.5 Estado civil

Quanto à situação conjugal dos indivíduos idosos não houve diferença significante

entre os três grupos [X2(4)=8,81; p=0,07]. Foi preponderante a presença de viúvos com 49,2%

(31 idosos), sendo apenas um deles do sexo masculino. Os casados perfizeram 38,1% (24

idosos) e outros (solteiros e divorciados) com 12,7% (8 idosos). Segundo Camarano (2002;

2003), este fato deve-se a dois fatores: maior longevidade das mulheres e recasamento dos

homens, justificado pelo fato das mulheres se dedicarem mais à família e não se preocuparem

em constituir novo casamento, ao contrário dos homens que tendem a formar novos

relacionamentos (Tabela 2).

62

Tabela 2. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, nos três

grupos, de acordo com o estado civil.

Estado civil GE

Nº (%)

GC1

Nº (%)

GC2

Nº (%)

Amostra total

Nº (%)

Casado 11 (50) 4 (19) 9 (45) 24 (38,1)

Viúvo 8 (36,4) 12 (57,1) 11 (55) 31 (49,2)

Outros 3 (13,6) 5 (23,8) - 8(12,7)

Total 22 (100) 21 (100) 20 (100) 63 (100)

4.1.6 Renda econômica

Na pesquisa atual, a renda econômica foi semelhante nos três grupos, ou seja, não

houve diferença significante [X2(4)=2,67; p=0,61]. As rendas que se destacaram entre os

idosos foram de um salário mínimo, evidenciada em 74,6% deles (47 idosos) e de 15,9% (10

idosos), naqueles que não tinham renda alguma. A renda média foi de 0,97, isto é, menos de

um salário mínimo (Tabela 3). Tal achado deve-se ao fato do serviço de referência em saúde

do idoso da UMT-DF oferecer atendimento público pelo Sistema Único de Saúde (SUS),

abrangendo população de poder aquisitivo variado, predominando aquela com baixa renda.

A importância de se analisar o rendimento dos idosos está no fato do mesmo contribuir

com uma parcela importante de sua renda na renda das famílias onde o idoso está inserido, o

que tem um peso importante (CAMARANO, 2004, p.65).

Segundo Camarano (2004, p.69), os idosos são responsáveis por uma contribuição

importante na renda de suas famílias, contribuição que tem crescido ao longo do tempo. Em

1980, a contribuição do rendimento do idoso na renda de sua família foi de 46,6%, passando

para 58,5% em 2000. Essa contribuição foi diferenciada segundo a posição do idoso na

família, se chefe ou não.

O nível de renda deve ser considerado um fator de associação com a cognição, uma

vez que quanto menor nível de renda, menor tempo de escolaridade, o que pode ter uma

implicação diretamente proporcional na capacidade cognitiva, constatado por Lourenço e

Veras (2006), que observaram que dos 303 idosos com mais de 65 anos submetidos ao

MEEM, 26,9% tinham renda menor que um salário mínimo, sendo 37,2% classificados com

demência e 30,4% com transtorno cognitivo.

63

Tabela 3. Distribuição dos 63 idosos analfabetos estudados com TCL na UMT-DF, de acordo

com a renda econômica.

Renda econômica GE

Nº (%)

GC1

Nº (%)

GC2

Nº (%)

Amostra total

Nº (%)

Sem renda 3 (13,6) 2 (9,5) 5 (25) 10 (15,9)

Até 1 salário mínimo 17 (77,3) 16 (76,2) 11 (70) 47 (74,6)

De 2 a 3 salários mínimos 2 (9,1) 3 (14,3) 1 (5) 6 (9,5)

Total 22 (100) 21 (100) 20 (100) 63 (100)

Média de renda 0,95 ± 0,49 1,14 ± 0,79 0,80 ± 0,52 0,97 ± 0,62

4.1.7 Aposentadorias, pensões e benefícios da prestação continuada

No estudo atual, com relação as aposentadorias e pensões, não houve diferença

significante entre os três grupos estudados [X²(6)=5,06; p=0,54], sendo grupos homogêneos.

A aposentadoria foi citada por 36,5% (23) dos idosos, sendo que os que não eram aposentados

corresponderam a 15,9% (10 idosos). Ao somar o número de idosos que recebiam pensão dos

cônjuges falecidos com o dos idosos que recebiam benefício da prestação continuada (BPC)

totalizou-se 47,8% (30 idosos), valor que superou as aposentadorias por tempo de

serviço/idade. No caso das mulheres, a aposentadoria não seria dela própria, mas um

benefício indireto do marido, o que significa que a mesma não estava inserida no mercado de

trabalho, não tendo renda própria (Tabela 4). As aposentadorias e pensões desempenham

papel importante na renda dos idosos e, em especial, da mulher idosa (CAMARANO, 2004,

p.71).

O BPC é um direito garantido pela Constituição Federal de 1988 e consiste no

pagamento de 01 (um) salário mínimo mensal a pessoas com 65 anos de idade ou mais e a

pessoas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o trabalho. Em ambos

os casos, a renda per capita familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo. O BPC também

encontra amparo legal na Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, que instituiu o Estatuto do

Idoso.

O grupo populacional idoso é considerado grupo vulnerável, alvo, portanto, de

políticas públicas específicas. Do ponto de vista do Estado, três políticas específicas são

64

requeridas para lidar com essa questão: política de renda (previdência social ou assistência

social), cuidado de longa permanência e política de saúde (CAMARANO, 2004, p.139).

Novas leis e diversas medidas práticas foram empreendidas pelo Estado visando

proteger a população idosa contra a discriminação, a violência e as dificuldades econômicas.

A Política Nacional do Idoso, de 1994, e o Estatuto do Idoso, de 2003, são alguns exemplos

dessas medidas legais (CAMARANO, 2004, p. 224).

Tabela 4. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de acordo

com aposentadoria, pensão e BPC.

Aposentadoria, Pensão, BPC GE

Nº (%)

GC1

Nº (%)

GC2

Nº (%)

Amostra total

Nº (%)

Aposentado 10 (45,5) 7 (33,3) 6 (30) 23 (36,5)

Não aposentado 3 (13,6) 2 (9,5) 5 (25) 10 (15,9)

Pensão do cônjuge 3 (13,6) 7 (33,3) 6 (30) 16 (25,4)

BPC 6 (27,3) 5 (23,8) 3 (15) 14 (22,2)

Total 22 (100) 21 (100) 20 (100) 63 (100)

4.1.8 Profissão / ocupação

Quanto a profissão/ocupação não houve diferença significante entre os três grupos

[X2(2)=0,95; p=0,64]. Dos 63 idosos participantes, os dados referem-se ao exercício anterior à

aposentadoria, e que atualmente estão ativos dentro da família, sendo em sua maioria

trabalhadores do lar, totalizando 82,5% (52 idosos) e 17,5 (11 idosos) como outras

(autônomo, comerciário, diarista, lavrador e serviços gerais). As mulheres predominaram na

amostra estudada e, em sua história sócio-econômico-cultural, no passado era vista como

dona de casa e cuidadora do lar, renunciando ou mesmo nem cogitando ter sua participação

no mercado de trabalho. Na diferenciação de gênero, o homem era visto como patrono da

família e provedor do sustento e a mulher como cuidadora da família e das atividades

domésticas, desempenhando ocupação de trabalhadora do lar sem remuneração. As mulheres

da pesquisa atual fazem parte desse grupo que, em sua maioria, vivenciaram tais condições:

não trabalharam fora, não têm aposentadoria própria e recebem pensões do marido ou BPC

(Tabela 5).

65

Contrariando o achado da pesquisa atual, a participação do idoso no mercado de

trabalho brasileiro vem aumentando mesmo após a aposentadoria. A contribuição da renda do

trabalho pode significar rendimentos mais elevados, além de autonomia física e maior

integração social (PACHECO; SANTOS, 2004). O indivíduo idoso, segundo Camarano

(2004, p.11), participa do mercado de trabalho até em idades avançadas mesmo em condição

de aposentado.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2005), nos países desenvolvidos os

trabalhadores com 60 anos ou mais de idade continuam a participar da força de trabalho,

sendo bastante ativos no setor de trabalho informal, embora isto não seja reconhecido nas

estatísticas de mercado de trabalho. A contribuição não remunerada das pessoas idosas em

casa (cuidar dos netos ou de pessoas doentes) permite que os jovens das famílias tenham

atividades remuneradas. Também, em todos os países, as atividades voluntárias dos idosos

dão importante contribuição social e econômica para a sociedade. Portanto, o idoso ocupa,

cada vez mais, papel de destaque na sociedade brasileira.

A inatividade potencial atribuída aos indivíduos idosos é observada

predominantemente entre as mulheres, como na amostra pesquisada, tornando-as mais

vulneráveis por apresentarem menor autonomia e proporção mais elevada sem rendimentos

próprios. Camarano (2004, p. 54) acredita que parte dessa dependência, no caso da falta de

renda, esteja mais associada ao baixo status social no passado do que à própria idade.

Para estas mulheres, é mais fácil associar o envelhecimento com a inatividade, mas

não necessariamente com a dependência econômica. Isso se deve também ao efeito de coorte

à menor participação na atividade econômica das mulheres idosas no passado. Nestas, o

casamento foi condição importante para seu bem-estar econômico em sua última fase da vida

(CAMARANO, 2004, p.72).

Tabela 5. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de acordo

com a profissão/ocupação.

Profissão/Ocupação GE

Nº (%)

GC1

Nº (%)

GC2

N (%)

Amostra total

Nº (%)

Do lar 19 (86,4) 16 (76,2) 17 (85) 52 (82,5)

Outras 3 (13,6) 5 (23,8) 3 (15) 11 (17,5)

Total 22 (100) 21 (100) 20 (100) 63 (100 )

66

4.1.9 Moradia e arranjo familiar

Quanto à moradia e ao arranjo familiar, não houve diferença significativa entre os três

grupos [X2(2)=0,88; p=0,64]. O Gráfico 1 mostra que no GE, 9% moravam sozinhos e 91%

acompanhados e a média de pessoas na casa foi 2,15 ± 1,09. No GC1, 19% moravam

sozinhos e 81% acompanhados e a média de pessoas na casa foi de 2,65 ± 1,77. No GC2 esses

dados foram 15% e 85% respectivamente e a média de pessoas foi de 2,18 ± 1,78.

Dentre os acompanhantes, havia variada composição familiar. Moravam com os

idosos: cônjuges, filhos, netos, sobrinhos, irmãos, e/ou noras. Os idosos, em relação ao seu

estado civil, eram em sua maioria viúvos ou casados, o que explica esses arranjos familiares.

Associa-se também a esse fato, a dependência econômica dos familiares em relação ao idoso,

que embora receba uma renda mínima, essa contribui para o sustento da família como um

todo.

As viúvas optam por morarem com outros parentes, deixam de viver só e em contra

partida contribuem com sua renda dentro do novo arranjo familiar. A mulher idosa, sendo

mais dependente que o homem, provavelmente, venha mais frequentemente a morar em casa

de outros parentes, mas no Brasil 13% dos idosos vivem sozinhos (CAMARANO, 2004, p.

54). Este é dado que contrasta com os observados nos países do hemisfério norte, nos quais

parcela significativa dessa população vive sozinha (VERAS, 1994; TOBIANSKY et al.,

1995).

A família é vista como a fonte de apoio informal mais direta para a população idosa.

Em muitos países, aparece como a única alternativa de apoio. Isso tem-se verificado tanto

pela coresidência como pela transferência de bens e recursos financeiros. Os membros da

família se ajudam na busca do alcance do bem-estar coletivo, constituindo um espaço de

conflito cooperativo, onde se cruzam as diferenças por gênero e intergeracionais. Daí surge

gama variada de arranjos familiares e a coresidência de pais idosos e filhos que aparece como

estratégia familiar utilizada para beneficiar tanto as gerações mais novas quanto as mais

velhas (CAMARANO, 2004, p.137).

67

Gráfico1. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, de acordo com a

moradia e o arranjo familiar.

9%

91%

19%

81%

15%

85%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Experimental Controle 1 Controle 2

Sozinha Acompanhada

68

4.2 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO QUANTO À PERCEPÇÃO DA MEMÓRIA

A segunda parte da entrevista retrata a percepção do idoso sobre sua memória através

de três perguntas. A primeira pergunta foi efetuada apenas no pré-teste e as duas outras no pré

e pós-testes (Anexo IV).

No pré-teste, a primeira pergunta foi: Como estava sua memória há 1 ano em relação à

sua memória atual? No GE, 82% relataram que a memória estava melhor que a atual, 9% pior

e 9% inalterada; no GC1, 81% relataram que a memória estava melhor que a atual, 9,5% pior

e 9,5% inalterada; e no GC2, 85% relataram que a memória estava melhor que a atual, 5%

pior e 10% inalterada.

A maioria dos idosos (82%) teve a percepção de que sua memória estava melhor há

um ano em relação à atual, ou seja, houve piora da memória perceptível pelos idosos ao longo

de um ano. Esse dado faz repensar a necessidade de aplicação dos testes cognitivos

anualmente. O tempo de um ano é suficiente para que ocorram alterações cognitivas

importantes para essa fase da vida, perceptíveis pelo idoso e provavelmente já sensíveis aos

testes. A avaliação anual favoreceria a identificação precoce de grupo de risco mais elevado

para o desenvolvimento da demência e mesmo a identificação de fases iniciais da demência.

Segundo Ventura e Bottino (2002), idosos acima de 60 anos têm dificuldades com a

memória e outras habilidades cognitivas, sendo comum o aparecimento de queixas

relacionadas às alterações da memória, podendo também ser causadas por vários fatores, tais

como: estresse, ansiedade, depressão ou até demências.

As duas perguntas seguintes (Como está sua memória hoje? Comente. Você acredita

que sua memória é pior do que a dos outros?) foram feitas no pré e pós-teste nos três grupos

de idosos. Os dados encontrados em cada grupo, comparando-se as respostas do pré e do pós-

teste e a relação intergrupo estão apresentados a seguir.

4.2.1 Grupo Experimental

Ao comparar a percepção da memória atual no pré e pós-oficinas, encontrou-se

diferença significativa [x²(6)=14,14; p=0,03], observando-se que a maioria (63%) relatou que

no pré-teste sua memória era regular, passando no pós-teste a ser percebida como boa (68%).

69

Verificou-se que 73% dos idosos tiveram uma percepção positiva da sua memória (bom e

excelente) após a realização das oficinas de estimulação cognitiva e 41% dos idosos mudaram

de opinião, saindo de ruim ou regular para bom (Gráfico 2).

Gráfico 2. Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?”, no pré e pós-oficinas de 22

idosos analfabetos com TCL do GE, UMT-DF.

5%0

63%

27% 27%

68%

5% 5%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Ruim Regular Bom Excelente

Pré Pós

Um dos critérios de diagnóstico de TCL sugerido por Petersen et al. (2001) é a queixa

de memória informada pelo paciente ou preferencialmente confirmada por um informante.

Sendo o idoso a pessoa que fornece essa informação para seu familiar, e/ou para o médico, ele

pode modificar a informação e possivelmente alterar seu „ diagnóstico. Na pesquisa atual,

portanto, os idosos modificaram sua resposta quanto à percepção de sua memória atual,

deixando de ter uma percepção negativa da memória, modificando da resposta inicial ruim ou

regular para a resposta final referida como boa.

Baseado nesta possibilidade de mudança na percepção da memória pelo próprio idoso

é questionável o diagnóstico de TCL nesses idosos, levando-se em conta a dificuldade de

diferenciação de TCL e declínio natural do envelhecimento. Questiona-se se o idoso, ao

participar das oficinas, percebeu que tinha apenas uma dificuldade natural do envelhecimento

(autopercepção), devido ao seu estilo de vida, inatividade física e mental, bem como à falta de

estimulação cognitiva e de memória. Portanto, a partir do momento no qual o idoso obteve

informações sobre o funcionamento de sua memória e as formas de estimulá-la, foi

estabelecido a mudança na sua percepção.

70

Estima-se que 30% dos idosos com mais de 65 anos têm algum prejuízo cognitivo,

sem o diagnóstico de demência (HOWIESON et al., 1997). Estes autores reforçam que as

queixas de memória são muito frequentes entre os idosos e que os médicos, no entanto,

deparam-se com dificuldades diagnósticas na distinção entre as queixas normais do

envelhecimento e os estágios iniciais de demência. Enfatizam que, à medida que a população

geral envelhece, cresce a necessidade do desenvolvimento de instrumentos sensíveis para

avaliação do declínio cognitivo. Embora pacientes portadores TCL apresentem maior chance

de desenvolver a demência de Alzheimer (DA), distinção entre TCL e envelhecimento normal

permanece questão controversa em Neuropsiquiatria.

Segundo Petersen et al. (2001), o TCL do tipo amnésico refere-se à zona de transição

entre o envelhecimento normal e os estágios muito iniciais da DA, sendo a taxa de conversão

para DA de aproximadamente 10% a 15% ao ano, representando subgrupo com risco elevado

de desenvolver a doença.

Ao comparar a percepção da memória dos participantes do GE em relação a segunda

pergunta, “Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros?”, no pré e pós-ficinas,

a análise demonstrou diferença significativa [x²(1)=6,45; p=0,01], observando-se que no pré-

teste 41% dos idosos relataram que sua memória era pior do que a dos outros e no pós-teste

somente 23% deles fizeram esse mesmo relato (Gráfico 3).

Gráfico 3. Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros?”

no pré e pós-oficinas de 22 idosos analfabetos com TCL do GE, UMT-DF.

41%

23%

59%

77%

0%

20%

40%

60%

80%

Sim Não

Pré Pós

Quando essa pergunta foi repetida no pós-oficinas, houve uma mudança de opinião,

sendo a resposta substituída com percepção positiva própria em relação à memória dos outros.

71

As oficinas, portanto, contribuíram para reduzir a percepção negativa do idoso sobre sua

própria memória em relação à memória dos outros. Essa mudança de pensamento pode ter

sido influenciada tanto pela participação e convivência em grupo, quanto pela aquisição de

aprendizado sobre sua própria memória durante a abordagem teórica e atividades práticas nas

oficinas.

A convivência com outros idosos na mesma situação (analfabetos e com TCL) pode

tê-los feito perceber que são capazes de aprender e exercitar a memória e, consequentemente,

modificar a visão de que sua memória não é pior do que a de outras pessoas.

Paiva (2000, p.53) comenta que os jogos permitem a troca de papéis, o aprendizado de

se colocar no lugar do outro, e de ver a mesma situação sob novos ângulos. No caso dos

idosos, estas são atividades importantes, visto ser grupo que assume papéis específicos, que

continua em fase de aprendizado e que pode experimentar novas situações e novos conceitos.

4.2.2 Grupo Controle 1

Ao comparar a percepção da memória atual pré e pós palestras, demonstrou-se

diferença significativa [x²(6)=16,21; p=0,01], observando-se que no pré-teste 5% dos idosos

relataram que sua memória era ruim e no pós-teste passou a ser percebida como regular

(Gráfico 4).

Gráfico 4. Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” no pré e pós- palestras de 21

idosos analfabetos com TCL do GC1, UMT-DF.

5%0

71% 76%

19% 19%

5% 5%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Ruim Regular Bom Excelente

Pré Pós

72

Ao comparar a percepção da memória em relação aos outros, no pré e pós palestras,

surgiu diferença significativa [x²(1)=13,67; p=0,01], observando-se que no pré-teste 43% dos

idosos relataram que sua memória era pior do que a dos outros, enquanto no pós-teste esta

resposta foi dada por 38% deles (Gráfico 5).

Gráfico 5. Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros?”

no pré e pós-palestras de 21 idosos analfabetos com TCL do GC1, UMT-DF.

43%38%

57% 62%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sim não

Pré Pós

Esta diferença significativa na percepção da memória atual, de ruim para regular, e a

redução da percepção negativa do idoso sobre sua própria memória em relação à memória dos

outros não era esperada pela pesquisadora, visto que as palestras não tinham relação com a

estimulação cognitiva ou de memória, abordando temas sobre a saúde e a velhice. No entanto,

esse resultado evidencia o provável benefício da socialização e integração entre pessoas

idosas na visão positiva com relação à sua própria memória.

Ressalta-se a importância dos grupos controles em pesquisas dessa natureza, pois viés

é gerado ao se trabalhar com pessoas em grupos, visto ser inevitável o benefício da

socialização e integração. Segundo Pereira (1995), o viés de confundimento corresponde ao

erro sistemático que ocorre quando os resultados de uma associação entre dois fatores podem

ser imputados, totais ou parcialmente a um terceiro fator não levado em consideração.

73

4.2.3 Grupo Controle 2

Ao comparar a percepção da memória atual no mesmo período de tempo quando

aplicados os pré e pós-testes no GE e no GC1, demonstrou-se diferença significativa no GC2

[x²(6)=36,94; p=0,01], observando-se que no pré-teste 45% dos idosos relataram que sua

memória era regular, diminuindo para 40% este grau de percepção no pós-teste, enquanto a

percepção da memória como ruim aumentou de 20% para 25% nos pré e pós-teste,

respectivamente, evidenciando uma piora na percepção (Gráfico 6).

Gráfico 6. Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” no período correspondente

aos pré e pós-testes, em 20 idosos analfabetos com TCL do GC2, UMT-DF.

20% 25%

45%40%

35% 35%

0% 0%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Ruim Regular Bom Excelente

Pré Pós

Ao comparar a percepção da memória em relação aos outros pré e pós-testes

demonstrou-se diferença significativa [x²(1)=12,92; p=0,01], observando-se que no pré-teste

50% dos idosos relataram que sua memória era pior do que a dos outros, tendo este grau de

percepção se reduzido para 45% no pós-teste (Gráfico 7).

Observou-se que o GC2 teve o maior percentual de ruim em relação aos demais

grupos, ou seja, visão pessimista. Esse fato pode ser justificado por esses idosos não terem

sido chamados para compor o grupo experimental desde o início, embora tenham sido

informados que posteriormente fariam parte das oficinas, sendo os próximos a participarem

da prática. Exaltar o “ruim” por alguns gerou viés na pesquisa. A alternativa para que não

ocorresse tal viés seria a omissão da informação quanto a posição dos idosos nos grupos.

74

Gráfico 7. Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos

outros?” no período correspondente aos pré e pós-testes, em 20 idosos analfabetos com TCL

do GC2, UMT-DF.

50%45%

50% 55%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sim não

Pré Pós

O GC2 não sofreu tipo algum de intervenção, apresentando mudança significativa na

percepção de sua memória atual, que passou de regular para ruim, ou seja, o tempo de espera

pode ter exercido influência negativa nesta percepção (Gráfico 6). No entanto, quando

perguntado se sua memória era pior do que a dos outros, houve também mudança

significativa na resposta, mas desta vez com uma percepção positiva de sua memória em

relação a dos outros (Gráfico 7).

A literatura mostra que a percepção subjetiva não corresponde necessariamente ao

comprometimento objetivo da função e, isoladamente, não consegue predizer o

desenvolvimento de demência. Os estudos que sustentam esta posição mostram que a queixa

subjetiva reflete o estado afetivo dos indivíduos e não necessariamente o declínio cognitivo

(SCHMAND, et al., 1996; JORM, et al.,1997)

O idoso ao melhorar seu estado afetivo pode, portanto, modificar a informação sobre a

percepção de sua memória, o que foi constatado nesta pesquisa, no qual o idoso melhorou a

percepção de sua memória em relação à memória dos outros em curto espaço de tempo.

Mediante este contexto, as informações de queixas subjetivas no atendimento dos

idosos nas Unidades de Saúde, e dos dados referidos pelos idosos da pesquisa atual,

evidenciam a importância da realização de investigação cuidadosa, bem como a utilização de

testes neuropsicológicos que auxiliem na determinação de evidências de declínios cognitivos

fisiológicos relacionados ao envelhecimento, assim como, nos diagnósticos das demências, as

quais devem ser detectadas e tratadas precocemente.

75

4.2.4 Análise geral da percepção da memória atual e em relação à memória dos outros

Nos três grupos pesquisados houve mudança de resposta quanto à memória atual ser

ruim, regular e bom, exceto quanto a ser excelente. Todos os resultados foram significativos

no próprio grupo. Ao se comparar intergrupos quanto ao estado da memória atual, a

percepção dos idosos mudou de forma positiva após sua participação nas oficinas e palestras

(GE e GC1), o que não ocorreu com o GC2 (sem intervenção) no qual predominou a

percepção negativa dessa memória (Tabela 6).

O GE teve 41% de aumento na resposta bom do pós-teste, o que consequentemente

reduziu a frequência de resposta de ruim e regular. O GC1 teve 5% de aumento na emissão de

resposta regular, diminuindo a frequência de resposta ruim. O GC2 aumentou a resposta ruim,

diminuindo a frequência de resposta regular, ou seja, houve aumento da percepção negativa

da memória atual nesse grupo.

Tabela 6. Relação intergrupos nas respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” nos

pré e pós-testes, em 63 idosos analfabetos com TCL, UMT-DF.

Grupos Relação Pré-teste Pós-teste Mudança de resposta

GE Bom 27% 68% 41% Percepção positiva

GC1 Regular 71% 76% 5% Percepção positiva

GC2 Ruim 20% 25% 5% Percepção negativa

Na Tabela 7 todos os resultados foram e positivos no próprio grupo. Na comparação

intergrupos, houve mudança de resposta no GE em relação aos GC1 e GC2, aumentando em

18% a resposta de que a memória não era pior do que a dos outros. O GC2 também teve

percepção positiva de sua memória em relação à dos outros, o que não era esperado visto não

ter sido executada nenhuma intervenção.

76

Tabela 7. Relação intergrupos nas respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior

do que a dos outros?” nos pré e pós- testes, em 63 idosos analfabetos com TCL, UMT-DF.

Grupos Relação Pré-teste Pós-teste Mudança de resposta

GE Sim 41% 23% 18% Percepção positiva

GC1 Sim 43% 38% 5% Percepção positiva

GC2 Sim 50% 45% 5% Percepção positiva

Na comparação intergrupos, os GE e GC1 tiveram mudança de resposta de forma

positiva relacionada à memória atual e à memória pior do que a dos outros. No entanto, no

GE, com a intervenção das oficinas houve mudança significativa nas respostas em relação aos

demais grupos.

A socialização e integração entre os idosos foram importantes e podem ter

influenciado ambos os grupos nessa resposta positiva da percepção da memória. Esse suposto

viés (socialização/integração) foi retirado quando se trabalhou os GC1 e GC2, mostrando que

houve efetiva intervenção das Oficinas de Estimulação Cognitiva no GE, demonstrado com o

aumento de 41% dos idosos que mudaram positivamente sua opinião de percepção da

memória atual de ruim e regular para boa e aumento em 18% na resposta de que a memória

não era pior do que a dos outros.

77

4.3 COMENTÁRIOS DOS IDOSOS SOBRE SEU ESTADO MNEMÔNICO PRÉ E PÓS

OFICINAS.

Na realização dos pré e pós-testes, foi solicitado a cada um dos idosos que respondesse

como está sua memória hoje e fizessem um breve comentário sobre sua memória.

Analisando-se os comentários dos idosos sobre seu estado mnemônico no pós-teste,

agruparam-se os relatos em categorias, subcategorias, expressões definidoras e verbalizações,

utilizando exemplos. Tal proposição destinou-se à compreensão das comunicações,

significações das falas e entendimento das vivências dos idosos desta pesquisa (Apêndice D).

Seguem-se os quadros-resumo (1, 2, 3) dos agrupamentos e os quadros (4, 5, 6)

detalhados, referentes a cada um dos grupos (GE, GC1 e GC2), com a categorização dos

comentários dos idosos conforme o método utilizado (BARDIN, 2009).

Quadro 1. Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Experimental.

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

1) Melhora na cognição

Memória

Atenção

Pensamento e raciocínio

2) Socialização e integração Convivência grupo

Redução da solidão

Comunicação

3) Mudança nas atividades de vida diária e

instrumental

Atividades domésticas

Atividade de vida social

4) Satisfação com as oficinas Melhora do Humor

Contentamento

Quadro 2. Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Controle 1.

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

1) Relatos dos mesmos esquecimentos Dificuldade de lembrar

Esquecimentos das atividades da vida diária

2) Socialização e integração Conhecer novas pessoas

Participar de atividades na comunidade

3) Satisfação com as palestras Cuidar melhor da saúde.

Quadro 3. Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Controle 2.

CATEGORIA SUBCATEGORIAS

1) Relatos dos mesmos esquecimentos Desorientação no tempo e no espaço

Esquecimentos das atividades da vida diária

78

Quadro 4. Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GE sobre seu

estado mnemônico após as Oficinas de Estimulação Cognitiva, UMT-DF.

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Expressões definidoras Verbalizações (Exemplos)

1) Melhora na

Cognição

1) Memória

Melhorar um pouco o

esquecimento;

Orientação no tempo e

espaço;

Lembrar o que quer

fazer ou pegar;

Facilidade de lembrar e

memorizar.

NPS - Melhorei um pouco a memória, pelo

menos as panelas não estão queimando

mais. Aprendi algumas coisas que não

sabia, como, memorizar certas coisas que

quero. Eu ainda não lembro tudo na hora,

mas aos poucos vou lembrando...

2) Atenção

Segurança no que faz;

Mais atenção nos

afazeres diários.

ARS - Melhorei no esquecimento e presto

mais atenção nas coisas que vou fazer.

Senti uma melhora boa. Antes ia pegar

uma coisa na geladeira e não sabia o que

era. Agora já vou pegar e sei o que quero.

Comprar as coisas no mercado ia duas a

três vezes, mas hoje lembro tudo que quero

comprar. Acho que melhorei a parte do

esquecimento e estou com mais atenção

nos afazeres...

3) Pensamento e

Raciocínio

Pensar antes de fazer;

Refletir antes de

executar uma atividade.

ARSS - Melhorei um pouco da memória.

Agora coloco as coisas no lugar e sei onde

coloquei. Sempre que vou falar eu consigo

lembrar o que quero falar. Estou

raciocinando e pensando mais...

CLR - Estou sentindo a memória bem

melhor. Estou lembrando com mais

facilidade. Acho que melhorei, pois estou

esquecendo menos o que ia pegar. Se eu

esqueço um objeto num lugar, eu paro ali

um pouquinho, fecho os olhos e fico

pensando o que ia pegar.

79

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Expressões definidoras Verbalizações (Exemplos)

2) Socialização

e Integração

1) Convivência

em grupo

Conhecimento de novas

pessoas;

Perspectiva de mudanças

no futuro;

Diversão e alegria de ter

participado;

Interação social.

ASM -...Estou pensando em estudar, fazer

alfabetização. As oficinas foram muito

boas. Conheci pessoas boas, vocês me

ajudaram muito. Se fosse para fazer de

novo, faria. Diverti e me soltei mais em

falar e participar das atividades.

2) Redução da

solidão

Ficar só em casa;

Estar junto e ter ajuda e

carinho dos

profissionais;

Fazer amigos;

Estar no meio de outras

pessoas;

Saudades.

JAO -...Senti muito bem no grupo. Gostei

de conviver com pessoas diferentes e das

brincadeiras. Foi muito divertido e

animado. Diferente de tudo que tinha

participado. Gostei demais do grupo, do

jeito de vocês e o carinho com a gente.

CLR -...Senti muito bem em participar das

oficinas. Arrumei amigos e fiquei mais

alegre na vida. Eu vivia muito fechada,

sozinha. Eu me soltei mais. Gostei de estar

com vocês e com os amigos. Agente se

distrai tanto que esquece os problemas.

3) Comunicação

Ficar mais a vontade,

mais solta para falar e

expressar;

Lembrar o que quer

falar;

Desinibição;

Menos tímida.

MJA -... Sou muito tímida, não sou de

conversar muito. Agora participo em grupo

e não tenho receio de falar e perguntar.

PCM -... Soltei mais para falar. Antes

ficava sempre calada achando que eu ia

falar e os outros iriam rir de mim. Agora

tenho mais confiança em mim para

conversar.

ESC - ...Estou mais comunicativo com as

pessoas porque era muito tímido em

conversar. Fiquei mais a vontade em falar

e expressar.

80

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Expressões definidoras Verbalizações (Exemplos)

3) Mudança nas

Atividades de

Vida Diária e

Instrumental

1) Atividades

domésticas

Colocar algo no lugar

ou pegar;

Não deixar queimar

panelas e derramar leite;

Não deixar torneira e

fogo ligados;

Tomar remédios;

Guardar dinheiro.

MJA - Melhorou. Meu cérebro estava

muito ruim. Acho que melhorou a minha

memória. Antes as panelas queimavam

que era uma beleza. Agora quando coloco

no fogo, eu lembro...

ESC - Estou lembrando mais das coisas.

Agora estou mais atento em tomar os

remédios. Antes era minha mulher que me

lembrava. Melhorei em lembrar o lugar

onde coloquei as coisas...

2) Atividades de

vida social

Compras no

supermercado;

Pagar contas;

Sair de casa sozinha.

MSM - ...Hoje vou ao banco e resolvo as

contas sozinha. Faço tudo direitinho.

Organizo minhas contas. Antes não fazia

isto. Perdia o dinheiro ou colocava num

lugar e não sabia onde. Eu me perdia, não

podia andar sozinha. Agora já ando só.

Ajudou-me muito, foi uma benção, uma

transformação na minha vida...

4) Satisfação

com as Oficinas

1) Melhora do

Humor

Feliz;

Alegria;

Animada;

Sentir-se bem.

GMM-...Achei muito bom participar. Ave

Maria! Eu adorei. Coisa melhor do

mundo, eu só acho ruim porque acabou,

mas se fosse para eu vir todo dia eu viria.

Antes não saía de casa. Hoje saio e vejo

coisas diferentes. Conheci muitas pessoas.

PFC- ..Foi ótimo participar, senti muito

bem no grupo. Estou mais feliz, pois

conheci pessoas novas, fiz amizades e

estou mais calma. Antes ficava só em

casa.

2) Contentamento

Esquecer os problemas;

Distração;

Participação;

Diversão;

Gostar muito.

LBS - ...Gostei muito de ter participado

das oficinas. Foi muito saudável. Aprendi

várias coisas e estou mais animada.

MLP -...Os ensinamentos das oficinas

valeram. Gostei muito e me diverti muito.

Foi muito alegre e bom estar com outras

pessoas conversando e brincando.

Conheci pessoas diferentes e fiz

amizades. Foi ótimo.

81

Quadro 5. Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GC1 sobre seu

estado mnemônico após as palestras, UMT-DF.

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Expressões definidoras Verbalizações (Exemplos)

1) Relatos dos

mesmos

Esquecimentos

1) Dificuldade de

lembrar

Memória quase do

mesmo jeito;

Memória igual.

Pouca melhora da

memória.

JUO - A minha memória está quase do

mesmo jeito. Continuo esquecendo muito.

GS - Minha memória continua igual.

VTC - Após as palestras achei que minha

memória melhorou um pouquinho.

2) Esquecimentos

das atividades da

vida diária

Esquecimento dos

objetos (onde guardou

ou o que pegar);

Afazeres de casa.

Esquecer de tomar

remédio.

APG - Estou muito esquecida. Tenho

dificuldade de lembrar onde coloco as coisas

e o que vou fazer. Esqueço quase tudo.

AAL - Minha memória continua igual.

Penso que guardei algo num lugar e está em

outro lugar. Acho que fiz uma coisa e

quando vou verificar ainda não fiz...

DLS - Minha memória está variada. Às

vezes não me lembro do que quero lembrar.

Fico com dúvida se já tomei o remédio ou

não...

2) Socialização

e Integração

1) Conhecer

novas pessoas

Entrosamento.

MMA -...Gostei muito das palestras.

Ensinou sobre saúde e aprendi a tomar meus

remédios. Agente fica mais entrosada e a

vontade com outras pessoas. Fiquei mais

animada.

2) Participar de

atividades na

comunidade

Incentivo.

TNS - ...Melhorei meu animo e estou com

mais vontade de participar das atividades.

Fiquei mais incentivada.

GTM - ...Fiquei mais animada na vida.

Estou sabendo enfrentar melhor os

problemas. Fiquei mais interessada de estar

participando das atividades na comunidade.

3) Satisfação

com as

Palestras

1) Cuidar melhor

da saúde

Aprender a cuidar da

saúde;

Ensinamento sobre a

saúde;

Alerta para saúde.

RSP - ...Foi bom participar das palestras e

algum ensinamento serviu para mim. Fiquei

mais alerta com a saúde.

FBCN - ...As palestras me ensinaram a

cuidar melhor da saúde. Conheci outras

pessoas e fiquei mais incentivada a

participar e cuidar de minha saúde.

82

Quadro 6. Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GC2 sobre seu

estado mnemônico após o período correspondente ao das Oficinas de Estimulação Cognitiva e

palestras, UMT-DF.

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Expressões definidoras Verbalizações (Exemplos)

1) Relatos dos

mesmos

Esquecimentos

1) Desorientação

no tempo e no

espaço

Se perder;

Não reconhecer lugares.

MGM - Estou bastante esquecida, que até

me prejudica. Quando estou de ônibus

desconheço o lugar onde descer, tenho que

pedir ajuda. Continuo esquecendo muito.

Minha memória está fraca.

JML - Boa. Às vezes coloco as coisas no

lugar e tenho que pensar muito para saber

onde. Se for num lugar sozinha fico variada

e me perco. Esqueço nome de pessoas e de

dar recados.

FMO - A minha memória continua do

mesmo jeito. Estou muito esquecida. Agora

já me perdi na rua.

2) Esquecimentos

das atividades da

vida diária

Esquecer o que foi

pegar e onde colocou

objetos;

Esquecer nomes e

recados;

Deixar fogo e lâmpadas

ligadas;

Esquecer de tomar os

remédios.

EAC - ...Às vezes passo da hora de

alimentar. Vou guardar os objetos e esqueço

onde colocar. As pessoas falam um assunto

e em pouco tempo não me lembro o que foi

falado.

CM - Tem dia que minha memória está pior.

As lembranças fogem muito da minha idéia.

Esqueço de tomar meus remédios ou não sei

se já tomei. Às vezes vou fazer alguma coisa

e não consigo lembrar o que...

IAA - Esqueço de tudo. Estou na cozinha

fazendo o almoço e vou até a geladeira e não

sei o que vou pegar. Fico tempo para

lembrar.

FAS -...Se retirar um objeto do lugar, não

sei onde coloquei. Esqueço o que vou pegar;

a torneira e fogo ligados.

83

Os comentários dos idosos pré-oficinas, dos três grupos, foram realizados de forma

simplista, usando poucas expressões e apresentado uma visão prévia de maneira pessimista

em relação à percepção de sua memória.

No GC1, ficou evidente no pós-teste a manutenção dos mesmos esquecimentos,

principalmente quanto à dificuldade de lembrar e os esquecimentos nas AVDs. Exalta-se aqui

a abordagem de satisfação com as palestras, por meio da subcategoria cuidar melhor da saúde

e a ênfase dada à socialização, através do conhecimento de novas pessoas e à motivação de

participar de atividades na comunidade.

No GC2, no pós-teste não foi evidenciado melhora na área da cognição, sendo

destacado os mesmos esquecimentos, mencionados pelos idosos através da desorientação no

tempo e no espaço e esquecimentos nas AVDs. Restringiu-se aos mesmos vocabulários, de

forma resumida e com poucas palavras.

No GE pós-teste, porém, após as Oficinas de Estimulação Cognitiva, os idosos

transformaram suas suposições iniciais em prática vivenciada, baseada no que sentiram,

resignificando sua percepção mnemônica de forma positiva, mais expressiva e detalhada, com

mais palavras, acrescentando adjetivos, relembrando e utilizando-se de exemplos da vida

prática, apontando as melhoras e analisando de forma clara a percepção sobre sua memória.

De acordo com a hipótese da pesquisa atual, as estratégias de Estimulação Cognitiva

através de jogos e brincadeiras adaptados para idosos analfabetos, trabalham atenção,

percepção, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento, linguagem e memória, possibilitando

melhoria cognitiva em idosos analfabetos com TCL. Esta hipótese concretizou-se ocorrendo

melhoria na cognição no GE. As Oficinas ajudaram os idosos participantes, mas

provavelmente não resolveram definitivamente os distúrbios mnemônicos, visto haver

necessidade de processo longo e continuado de estimulação em vários aspectos da cognição

para que se mantenha os benefícios deste tipo de treinamento (YASSUDA, et al., 2006;

BALL, et al. 2002).

O GE sobressaiu-se em relação aos GC1 e GC2, com referência de percepções

positivas da memória em vários aspectos. Na análise deste grupo, observou-se após leitura e

releitura, o agrupamento de idéias e relatos em quatro categorias, havendo melhora na

cognição, socialização/integração, mudança nas AVDs/instrumental e satisfação com as

Oficinas.

84

Nas habilidades cognitivas, como memória, atenção, pensamento e raciocínio, o idoso

no GC conseguiu perceber que obteve mudanças positivas, reforçando a melhora destes

aspectos, evidenciada nas expressões de facilidade para lembrar, memorizar, segurança nos

afazeres e atividades. Constatou-se também, através dos repetidos relatos dos idosos

referentes ao pensamento e raciocínio, a melhora percebida no dia-a-dia referente ao pensar e

ao refletir antes de executar determinada tarefa ou AVDs.

No entanto, apesar destes idosos no GE referirem melhora na cognição, quanto às

subcategorias memória, atenção, pensamento e raciocínio, a dificuldade mnemônica ainda

persistiu, através dos relatos de que a memória melhorou um pouco, ou seja, as dificuldades

ainda persistiram. Destaca-se aqui lacuna deixada na pesquisa atual quanto à necessidade de

mensurar o tempo no qual perduram os benefícios adquiridos com as Oficinas de Estimulação

Cognitiva para idosos analfabetos. Sugere-se que sejam refeitos os testes a longo prazo, como

seis meses e um ano após o término da Oficinas.

A falta de memória não é uma característica só da velhice. A memória não envelhece,

segundo Lima (2000) e Leme (2001), o que ocorre frequentemente é que ela passa a ser

menos exigida, piorando pela falta do uso. Para mantê-la, deve-se exercitá-la, assim como é

importante fazer exercícios físicos e manter-se ativo, ocupado. Deve-se exercitar a memória,

as relações, as trocas de afeto, passear, ir a festas, enfim, movimentar e mobilizar o corpo, os

olhos, a boca, a mente e a afetividade, atividades estas que foram proporcionadas no GE.

Outro destaque nos comentários dos idosos foi quanto aos benefícios da socialização e

integração com outras pessoas, tendo a oportunidade de sair de casa e participar em atividades

de grupo. Os idosos tiveram abertura, não só de ouvir, mas principalmente de se comunicar,

falar e expressar o que sentem, de se mostrarem desinibidos e mais à vontade dentro do grupo

e no convívio social. Demonstraram expressivamente a redução da solidão e a importância em

suas vidas de fazerem novas amizades. Essas afirmações fundamentam o exposto do

historiador Vygotsky, citado por Dytz e Cristo (1995) que afirmaram ser a atividade lúdica

uma forma de se livrar de pressões da realidade, como a vida só em casa. Cabral (1992, p.14)

concorda e afirma que o lúdico não é simplesmente um divertimento, sendo o jogo um

encaminhamento para o trabalho físico e para a educação dos sentimentos.

Como afirma Zimerman (2000, p.138), toda pessoa, independente de idade e de

condição social, tem uma necessidade vital de ser reconhecida como sendo alguém que é

aceito, respeitado, valorizado e querido pelas pessoas com as quais convive. Essa necessidade

de reconhecimento é mais notória ainda em pessoas idosas devido ao fato de elas estarem,

85

muitas vezes, com sua auto-estima fragilizada. Ao longo dos anos, devido às perdas que

acontecem e causam sofrimento, as pessoas se fecham e precisam reconfigurar o estilo de vida

social, o que nem sempre é fácil.

A ênfase na socialização e na integração geraram relatos expressivos, uma vez que os

idosos identificaram nesses encontros um ambiente favorável ao convívio social, interação e

lazer, com perspectiva de mudanças no futuro, criando incentivo e motivação para vivência

mais feliz e participativa. Assim, o ganho pessoal e social da participação nas Oficinas foi

percebido de forma clara e importante.

Na pesquisa atual, durante as Oficinas evidenciou-se a satisfação com a qual os idosos

falam de fatos acontecidos no passado, principalmente, relembra canções, músicas, jogos e

brincadeiras da infância. Zimerman (2000, p.142) cita que foi no passado, afinal, que eles

estruturaram sua personalidade e marcaram sua vida. Nessa época a vida era mais intensa,

tudo lhes era permitido, sendo fase de conquistas, de construção de relacionamentos.

Entretanto, deve-se também trabalhar com o presente. Junto com o passado, o presente poderá

fazer com que esses idosos analfabetos sintam-se mais ajustados e com mais condições de

encontrar satisfação.

De Gáspari e Schwartz (2005), em pesquisa realizada com 19 idosos, relataram que os

mesmos, ao serem indagados sobre a importância de participar de um Programa de Ação

Educativa voltado para idosos, responderam afirmativamente. Das alegações afirmativas

figuram, entre outros, registros como o de que nele aprenderam várias coisas, sentiram-se

importantes, valorizados, incentivados e animados. Além disso, afirmaram que nele puderam

fazer novas amizades e conhecer mais pessoas. Além de se divertirem, de se distraírem e de se

sentirem bem, acreditam ser este um jeito novo de aprender a viver e que, mesmo depois de

velhos sempre estão abertos a aprender alguma coisa. Tais afirmações corroboram Giubilei

(1993), que afirmou ter o indivíduo idoso a possibilidade de educar-se de forma continuada.

No GE, os relatos mostraram que os idosos puderam vivenciar, na prática de seu

ambiente cotidiano, mudanças nas atitudes durante as AVDs e AIVDs. Essas mudanças foram

geradas, provavelmente, pelo apropriamento de conhecimentos teóricos e práticos sobre o

funcionamento de sua cognição, especialmente memória e atenção. Esses conhecimentos

podem provocar mudança na prática diária, tais como, não deixar as panelas queimar, não

esquecer fogo e lâmpadas ligadas, saber o que quer fazer ou pegar, pagar as contas e fazer

compras no supermercado, entre outras.

O enunciado acima, em estudo realizado nos Estados Unidos, Ball et al., (2002)

avaliaram efetividade e durabilidade de três intervenções cognitivas distintas (treino de

86

memória, treino de argumentação e treino de velocidade de processamento) sobre o

desempenho cognitivo e AIVDs de idosos saudáveis. Participaram desse estudo 2832 idosos,

com idade entre 65 e 94 anos. Cada grupo de intervenção recebeu dez sessões de treino,

realizadas em pequenos grupos, com duração de 60 a 75 minutos cada, em período de cinco a

seis semanas. Os resultados confirmaram a efetividade e a durabilidade das intervenções

cognitivas no aumento das habilidades cognitivas e no desempenho das AIVDs. Os efeitos do

treino foram equivalentes à quantidade de declínio esperado em idosos sem demência no

intervalo de 7 a 14 anos. Estes autores concluíram que intervenções cognitivas ajudam idosos

saudáveis a melhorar o desempenho em habilidades cognitivas específicas nas quais foram

treinados. Além disso, sugeriram que essas intervenções têm o potencial de reverter declínios

cognitivos relacionados à idade. Esses achados evidenciaram que o treino de argumentação

mostrou-se associado ao menor declínio funcional de idosos nas AIVDs. Os grupos

experimentais (treino de memória, treino de argumentação e treino de velocidade de

processamento), comparados ao grupo controle, apresentaram aumento nas habilidades

cognitivas, que permaneceu por cinco anos após a intervenção.

Na pesquisa atual, os idosos estudados foram unânimes no relato de satisfação com as

Oficinas de Estimulação Cognitiva Todos eles expressaram frases de contentamento,

evidenciando melhora no estado de humor e emitiram expressões sentimentais, declaradas

como felicidade, alegria, bem estar e animação. Outro aspecto percebido pelos idosos foi o

despertar da diversão como parte integrante desta fase de suas vidas. Era esperado que

houvesse benefícios gerados pelas Oficinas, visto terem sido utilizados jogos e brincadeiras

que geram, além da aprendizagem e da socialização, satisfação mostrada durante as Oficinas

através de gargalhadas, risos e sorrisos que eram constantes durante a execução das mesmas.

De Gáspari e Schwartz (2005) e Schwartz (2003; 2004) dão suporte aos achados da

presente dissertação no que diz respeito à oportunidade de ressignificação do ser idoso. Esses

autores comentam que Programas de Convivência para idosos investem na possibilidade de

que o idoso possa ressignificar emocionalmente seu lazer nesta etapa da vida, podendo

reverter atitudes cristalizadas, valores, comportamentos e/ou condutas que exterioriza. O

parâmetro apenas de suas opções e preferências pessoais se modifica e deixa fluir a

espontaneidade, a alegria, o prazer de viver.

Bruner (1972/1976) postula o brincar como atividade que deve facilitar a

aprendizagem e/ou a prática de comportamentos específicos. Quanto ao aprendizado, vários

autores relatam que o mito de que o idoso não aprende está relacionado ao preconceito social

87

contra essa faixa etária, à baixa-estima do idoso e à falta de estimulação mental (LEME, 2001;

STUART-HAMILTON, 2002; SIQUEIRA, 2002).

Segundo Matos (2006), o elemento lúdico das Oficinas de Jogos e Brincadeiras que

lhe é inerente, redefine os níveis qualitativos existenciais. Planejar vivências lúdicas

significativas e intervir a partir do lúdico sinaliza a (re) humanização do homem e da própria

educação. Estas alterações percebidas pelos idosos representam forte indício de que tais

experiências podem ser capazes de ressignificar, não apenas as vivências no âmbito do lazer,

mas, inclusive, proporcionar um novo dimensionamento em todos os aspectos da vida em

geral.

A satisfação gerada nas Oficinas de Jogos e Brincadeiras de Estimulação Cognitiva

pode estar também relacionada com fatos do passado dos idosos, pois estas os fizeram

relembrar situações vividas. O idoso traz uma bagagem da infância, a vivência da juventude e

da fase adulta, que acrescidas de suas experiências na velhice geram uma riqueza de valores

incalculáveis.

Zimerman (2000, p.140) cita que fazer o idoso viver um pouco suas lembranças é

estimulá-lo a recordar satisfações que teve no passado. Recordar vivências passadas é

importante, pois a melhor maneira de não esquecer é lembrar, ou seja, quanto mais lembrar

mais, o idoso vai vivenciar os fatos, melhor vai elaborá-los e, em consequência, melhor vai se

sentir, mesmo que não saiba explicar o motivo. A autora op. cit. (2000, p.135) comenta que

ainda que o idoso não tenha um longo futuro pela frente, a motivação e o estímulo significam

viver bem e intensamente no presente, ter satisfação com a vida que leva agora, deixando um

modelo de idoso feliz para os que um dia também serão idosos. Um importante estímulo é o

convívio com os filhos, os netos, os amigos, os alunos e os colegas.

As pessoas idosas, segundo vários autores, têm procurado nos Grupos de Convivência

os valores coletivos e a interação social que, entre outros, lhes foram subtraídos (SANTOS

FILHO, 1999; SANTOS, 2003; VITAL, 2005). Tal constatação, como no caso da pesquisa

atual, revela que a sensibilidade de percepção e compreensão dos desejos e necessidades

produzidas por este grupo social específico, que é o idoso inserido nos meios familiar, social e

cultural, torna-se importante por meio do desenvolvimento e disponibilização na rede de

saúde de estratégias de Estimulação Cognitiva adaptadas para idosos e ainda mais, idosos

analfabetos. Portanto, urge necessidade de se discutir a Estimulação Cognitiva para idosos

como um dos espaços de vivência e qualidade de vida, objetivando ações e a construção de

uma cultura desejada voltada para esta parcela da população.

88

4.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS TESTES APLICADOS

4.4.1 Miniexame do Estado Mental

A análise dos escores obtidos no MEEM, na interação grupos e momentos,

demonstrou efeito significativo [F(2,60)=4,09; p=0,02]. A análise entre os grupos demonstrou

que no pré-teste não houve diferença significativa entre os três grupos, enquanto no pós-teste

observou-se que o GE apresentou resultados significativamente maiores que o GC2 (22,81 ±

3,20 e 20,21 ± 2,28, respectivamente), o que não ocorreu comparando-se com o GC1 (20,90 ±

3,13). Também não houve diferença significativa entre os GC1 e GC2 (Gráfico 8).

A análise intragrupo demonstrou que no GE houve melhora significativa do pré (20,68

± 2,66) para o pós-teste (22,81 ± 3,20). No GC1 também houve melhora significativa do pré

(19,43 ± 3,52) para o pós-teste (20,90 ± 3,13). Entretanto, no GC2 não surgiu diferença

significativa entre pré e o pós-teste (Gráfico 8).

Gráfico 8. Escore geral do MEEM, pré e pós-testes, nos GE, GC 1 e GC2, nos 63

idosos analfabetos com TCL, UMT-DF.

20,68

22,82

19,4320,90

19,8420,21

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

Experimental Controle 1 Controle 2Pré Pós

Médias

Resumindo-se, no pré-teste os três grupos não apresentaram diferença significativa

entre si. No pós-teste, o GE apresentou resultado significativamente maior do que o GC2, não

havendo diferença em relação ao GC1. Tanto no GE quanto no GC1 surgiu diferença

89

significativa do pós-teste em relação ao pré-teste, ou seja, houve melhora nos escores finais

do MEEM.

Não ocorreu, conforme o esperado, que o GE apresentasse diferença significativa em

relação aos outros dois grupos controles. O GE teve maior escore no MEEM do que GC1 e

GC2, entretanto sem diferença significativa do GE em relação ao GC1. Mesmo o GC1 não

tendo recebido intervenções específicas para cognição como o GE, ambos obtiveram melhora

dos escores totais do MEEM, talvez por influência da socialização e da integração, ou mesmo,

pelo fato de saírem de casa e participarem de palestras sobre orientações à saúde.

No estudo atual, portanto, intervir com Oficinas de Estimulação Cognitiva adaptadas

para idosos analfabetos com TCL ou com palestras educativas em saúde, teve o mesmo efeito

no aumento do escore final do MEEM.

Na Tabela 8 encontram-se os resultados de cada item do MEEM (orientação, memória

imediata, atenção e cálculo, evocação e linguagem), a fim de se visualizar fidedignamente o

desempenho dos idosos em cada item do instrumento, identificando-se em quais itens ocorreu

melhora do desempenho cognitivo.

Tabela 8. Análise dos itens do MEEM, pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos com TCL

dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.

Itens Experimental Controle 1 Controle 2 Valor F Valor p

Orientação Pré 8,55 ± 1,50 8,19 ± 1,91 8,30 ± 1,45

0,83 0,44 Pós 9,00 ± 1,57 8,62 ± 1,69 8,35 ± 1,42

Memória

imediata

Pré 2,95 ± 0,21 2,90 ± 0,30 3,00 ± 0,00 0,23 0,80

Pós 3,00 ± 0,00 2,95 ± 0,21 3,00 ± 0,00

Atenção e

Cálculo

Pré 0,50 ± 0,91 0,67 ± 1,11 0,30 ± 0,47 4,54 0,02

Pós 1,13 ± 1,64 0,61 ± 0,92 0,35 ± 0,49

Evocação Pré 1,64 ± 1,14 1,29 ± 0,90 1,50 ± 0,95

0,84 0,44 Pós 2,27 ± 0,77 1,86 ± 0,96 1,70 ± 0,73

Linguagem Pré 7,09 ± 0,87 6,38 ± 1,16 6,65 ± 1,09

0,84 0,44 Pós 7,36 ± 0,79 6,86 ± 0,91 6,80 ± 1,24

A análise não demonstrou efeito significativo na interação grupos e momentos nos

itens orientação, memória imediata, evocação e linguagem (p>0,05). No entanto, no item

90

atenção e cálculo, surgiu efeito significativo nessa interação. A análise intragrupo demonstrou

que no GE houve melhora significativa do pré (0,50 ± 0,91) para o pós-testes (1,13 ± 1,64,

enquanto nos GC1 e GC2 não surgiu esta mesma diferença.

Correia (2008) avaliou o nível de cognição de 80 mulheres idosas com idade entre a

7ª e 9ª décadas que referiam alterações da memória, utilizando o MEEM, em dois serviços

públicos na cidade de São Luís (MA). O autor verificou a associação do nível de cognição

com as variáveis sócio-demográficas dessa população. O MEEM foi aplicado

ambulatorialmente, sendo os pacientes classificados como com ou sem transtorno cognitivo.

Com a aplicação do MEEM, verificaram que 31,2% eram portadores de transtorno cognitivo,

sendo que 71,4% deles tinham idade entre 81 e 85 anos. O transtorno cognitivo estava

presente em 65% das pacientes com nível educacional inferior a sete anos. Em relação ao

nível de renda e cognição, observou que 30,4% das pacientes que apresentavam nível de

renda menor que um a dois salários mínimos apresentavam transtorno cognitivo. Este autor

evidenciou que os dados sócio-demográficos tiveram relação com a presença do transtorno

cognitivo ocorrendo preponderantemente nos pacientes na 8ª década.

No presente estudo, toda a amostra foi composta por idosos analfabetos com TCL,

sendo 78% deles idosos jovens, isto é, na faixa etária entre 60 e 79 anos. Isto pode ter

ocorrido pelo fato da UMT-DF ser Centro de Referência em Atenção ao Idoso e por atuação

multiprofissional eficaz, feita na Unidade de Geriatria, com diagnóstico mais precoce dos

casos com TCL. A falta de escolaridade e nível de renda foram fatores que se destacaram no

estudo atual, podendo estar diretamente relacionados com o TCL e com o desempenho no

MEEM, o que também foi demonstrado por Correia (2008). O resultado do estudo atual é

compatível com os de Petersen et al (1999) e Bertolucci (2000), que demonstraram pior

desempenho no MEEM nos pacientes com queixas cognitivas. Segundo Herrera et al. (1998),

há equivalência entre nível de renda e nível de cognição, evidenciando que quanto mais baixo

o nível sócio-econômico menores são os escores apresentados nos testes cognitivos, com

maior prevalência da síndrome demencial.

4.4.2 Memória de Lista de Palavras

Demonstrou-se efeito significativo na interação grupos e momentos [F(2,60)=6,05;

p=0,004]. A análise entre grupos não demonstrou diferença significativa entre os três grupos

no pré e no pós-testes (Gráfico 9).

91

A análise intragrupo demonstrou que no GE houve melhora significativa na memória

verbal de longo prazo do pré-teste para o pós-teste (19,55 ± 4,50 e 22,82 ± 3,43,

respectivamente). No GC 1 não surgiu diferença significativa entre o pré e o pós-teste,

enquanto no GC2 houve diferença significativa entre o pré e o pós-teste, observando-se

também melhora dos escores (20,85 ± 4,34 e 22,20 ± 2,67, respectivamente) (Gráfico 9).

Gráfico 9. Escore geral da Memória de Lista de Palavras, nos pré e pós-testes, nos 63 idosos

analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.

19,55

22,82

20,48 20,90 20,8522,20

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

Experimental Controle 1 Controle 2

Pré Pós

Médias

Resumindo, a análise do escore geral do teste de Memória de Lista de Palavras, cujo

valor máximo é de 30 pontos, não mostrou diferença significativa entre os grupos. Na análise

intragrupo, essa significância apareceu nos GE e GC2, sendo que ambos tiveram melhora no

escore do pré para o pós-teste. Este resultado é de difícil explicação, podendo o próprio

instrumento ter gerado esse viés. A reaplicação do teste no GC2 poderia ter gerado o viés da

assimilação do teste, o que faria com que obtivesse melhores resultados. Entretanto, o mesmo

não ocorreu com GC1, que seguiu os mesmos critérios, exceto quanto ao fato de seus

participantes assistirem palestras.

A Tabela 9 mostra efeito significativo na interação grupos e momentos em todas as

etapas do teste de Memória de Lista de Palavras (p≤0,05). Quanto à evocação imediata, a

análise entre grupos não demonstrou diferença significativa entre os três grupos no pré e no

pós-teste. A análise intragrupo demonstrou que no GE houve melhora significativa do pré

para o pós-teste (5,18 ± 2,08 e 6,45 ± 1,53, respectivamente). Nos GC1 e GC2 não surgiu

diferença significativa entre esses dois momentos.

92

Tabela 9. Análise das etapas do Teste de Memória de Lista de Palavras, nos pré e pós-testes,

nos 63 Idosos analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.

Etapas Experimental Controle 1 Controle 2 Valor F Valor p

Evocação

imediata

Pré 5,18 ± 2,08 5,57 ± 1,86 6,60 ± 3,05 3,30 0,04

Pós 6,45 ± 1,53 5,76 ± 1,26 6,10 ± 0,96

Evocação

posterior

Pré 6,81 ± 1,50 7,05 ± 1,83 7, 53 ± 1,54 2,97 0,05

Pós 7,64 ± 1,26 7,10 ± 1,64 7,58 ± 1,30

Reconhecimento Pré 7,55 ± 1,37 7,86 ± 1,80 8,15 ± 0,99

7,58 0,001 Pós 8,77 ± 1,19 8,05 ± 1,71 8,45 ± 1,05

Quanto à evocação posterior, a análise entre grupos não demonstrou diferença

significativa entre os três grupos no pré e no pós-teste. A análise intragrupo demonstrou que

no GE surgiu melhora significativa do pré para o pós-teste (6,81 ± 1,50 e 7,64 ± 1,26,

respectivamente). Nos GC1 e GC2 não houve diferença significativa entre os testes realizados

nesses dois momentos.

Quanto ao reconhecimento, a análise entre grupos não demonstrou diferença

significativa entre os três grupos no pré e no pós-testes. A análise intragrupo demonstrou que

no GE houve melhora significativa do pré para o pós-teste (7,55 ± 1,37 e 8,77 ± 1,19,

respectivamente). Nos GC1 e GC2 não houve diferença significativa entre os testes realizados

nesses dois momentos.

Portanto, na análise de cada etapa do teste de Memória de Lista de Palavras não surgiu

diferença significativa entre os grupos. Porém, na análise intragrupo encontrou-se diferença

significativa nas três etapas do teste. O GE apresentou melhora significativa no resultado do

pré para o pós-teste quanto a todas as etapas do teste de Memória de Lista de Palavras

(evocação imediata, evocação posterior e reconhecimento), não se encontrando diferenças

significativas nos dois grupos controles.

Dois estudos realizados na Universidade Estadual de Campinas também encontraram

melhora no desempenho de indivíduos idosos em tarefas de memória após seu treino. No

primeiro, Carvalho (2006) avaliou os efeitos do treino de memória episódica em 57 idosos

saudáveis com escolaridade entre 4 e 8 anos, sem indícios de depressão e de demência. Os

participantes foram divididos em GE (n=31) e GC (n=26). O GE recebeu cinco sessões de

treino de memória episódica, nas quais os participantes foram instruídos a categorizar listas de

supermercado e listas de figuras. Esse treino promoveu melhora no desempenho da memória

93

episódica e maior uso da estratégia treinada, indicando que os idosos não acometidos por

doenças podem-se beneficiar desse tipo de intervenção.

No segundo estudo, Lasca (2003) avaliou os efeitos de um programa de treino de

memória em 39 idosas, sem déficit cognitivo e depressão, avaliadas com o MEEM e com a

Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (1983). As mulheres idosas foram divididas em

GE e GC, sendo pareadas por idade e escolaridade. Todas as participantes foram avaliadas no

pré e pós-teste, sendo este realizado sete dias após o pré-teste. Na mesma sessão em que foi

aplicado o pré-teste, foi realizado o treino de memória, que consistia em instruções sobre

como categorizar duas listas de supermercado e as vantagens dessa técnica. Os resultados

evidenciaram que o treino promoveu modesta melhoria nas habilidades de memória, embora

sem diferença significativa. A autora concluiu que os limitados efeitos do treino podem ter

sido decorrentes do treino unifatorial, que ensinou somente uma técnica em um curto período

de tempo.

Os resultados da pesquisa atual referentes ao teste de Memória de Lista de Palavras

corroboram os destes dois estudos acima descritos. Pode-se concluir que os treinos

proporcionam melhoria no desempenho de memória e que o tempo de treinamento é fator

importante que influencia esses resultados. Evidenciou-se no estudo atual, que o GE

apresentou significativamente melhores resultados do pré para o pós-teste em todas as etapas,

não ocorrendo o mesmo nos dois GC.

4.4.3 Fluência Verbal

Demonstrou-se efeito significativo na interação grupos e momentos [F(2,60)=12,73;

p=0,001]. A análise entre grupos demonstrou que no pré-teste não surgiu diferença

significativa entre os três grupos, observando-se, entretanto, no pós-teste o GE (12,27 ± 2,83)

apresentou resultados significativamente melhores que GC1 (10,19 ±3,06) e GC2 (9,00 ±

1,97), mostrando eficácia da intervenção realizada para melhorar a fluência (Gráfico 10).

Análise intragrupo demonstrou que no GE houve melhora significativa da fluência

verbal do pré para o pós-teste ((10,31 ± 2,59 e 12,27 ± 2,83, respectivamente). No GC1 não

apareceu diferença significativa entre o pré e o pós-teste, enquanto no GC2 houve diferença

significativa entre pré e o pós-teste, observando-se redução da fluência verbal (10,31 ± 2,59 e

9,00 ± 1,97, respectivamente) (Gráfico 10).

94

Gráfico 10. Escore geral da Fluência Verbal, nos pré e pós-testes, em 63 idosos

analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.

10,31

12,27

9,2910,19

10,80

9,00

0,00

3,00

6,00

9,00

12,00

15,00

Experimental Controle 1 Controle 2

Pré Pós

Médias

Resumindo, a análise intragrupo demonstrou que o GE apresentou diferença

significativa do pré para o pós-teste, aumentando a fluência verbal. No GC1 não houve

diferença entre o pré e pós-teste, enquanto no GC2 surgiu diferença significativa entre o pré e

o pós-teste, com redução da fluência verbal, ou seja, com piora na resposta no segundo

momento de aplicação do teste.

Brucki et al. (1997) avaliaram o desempenho na fluência verbal de 336 indivíduos sem

queixas neurológicas ou psiquiátricas, através do MEEM e da Fluência Verbal na categoria

animais, verificando a influência da idade e escolaridade no seu resultado. Para comparação e

verificação dos níveis de corte, foram examinados 65 indivíduos com perda cognitiva. Na

população normal, a média obtida foi de 13,84 animais/min. Segundo a escolaridade, os

resultados foram: 11,92 em analfabetos, 12,82 naqueles com até 4 anos incompletos, 13,45

nos de 4 a 8 anos incompletos, 15,88 nos com 8 ou mais anos de escolaridade, com diferença

significante entre eles (p=0,0001). Segundo os grupos etários, as médias foram: 13,79

naqueles com idade inferior a 65 anos e 13,92 naqueles com idade igual ou superior a 65 anos

(sem diferença significativa). Os autores determinaram para esses grupos dois níveis de corte:

9 para indivíduos com até 8 anos de escolaridade e 13 para o grupo de alta escolaridade.

Concluíram que não houve diferença de desempenho relacionado à idade, enquanto

isto ocorreu em relação à escolaridade. Assim, em nosso meio devem ser utilizados níveis

diferenciados de corte no teste de fluência verbal, considerando-se os efeitos da escolaridade

sobre o desempenho do teste.

95

No presente estudo, no teste de Fluência Verbal foi utilizado como referência o ponto

de corte 9. Os escores dos três grupos no pré-teste ficaram abaixo da média de 11,92 para

indivíduos analfabetos, encontrado por Brucki et al (1997). No entanto, após as Oficinas de

Estimulação Cognitiva para idosos analfabetos, o GE obteve resultados significativamente

maiores do que o GC1 e GC2 (12,27 ± 2,83, 10,19 ±3,06 e 9,00 ± 1,97, respectivamente).

Assim, ficou evidenciado que a intervenção foi eficaz para melhorar a Fluência Verbal, assim

como a importância de ser utilizados pontos de corte diferentes para níveis variados de

escolaridade.

Corroborando estes dados, Rodrigues et al. (2008) verificando a aprendizagem verbal

em indivíduos normais submetidos ao teste de Fluência Verbal Semântica e Fonológica,

considerando idade, nível de escolaridade e gênero, concluíram que a aprendizagem verbal

ocorreu com maior frequência nos adultos do que nos idosos. Entretanto, comparando os

grupos não foram encontradas diferenças significativas em relação ao número total de

palavras geradas por minuto. No entanto, foi observado decréscimo na produção de palavras

com o aumento da idade e com a diminuição do nível de escolaridade.

Sendo a amostra da pesquisa atual constituída de idosos jovens, com média de 72,86 anos,

o GE beneficiou-se com as Oficinas de Estimulação Cognitiva, com aumento significativo na

fluência verbal.

4.4.4 Teste Computadorizado de Atenção Visual

Quanto à análise do tempo, não se demonstrou efeito significativo na interação grupos

e momentos [F(2,60)=0,67; p=0,51]. Também não houve diferença significativa entre os

momentos pré e pós-teste (p=0,36), indicando que não houve alteração significativa da

concentração do pré para o pós-teste nos três grupos (Gráfico 11).

96

Gráfico 11. Variabilidade do tempo de reação visual (milissegundos), nos pré e pós-testes, nos

63 idosos analfabetos com TCL nos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.

67,2869,74

66,9068,28 67,76 67,06

40,00

45,00

50,00

55,00

60,00

65,00

70,00

75,00

Experimental Controle 1 Controle 2

Milisssegundos

Pré Pós

Quanto à análise dos acertos, não se demonstrou efeito significativo na interação

grupos e momentos [F(2,60)=1,06; p=0,35], demonstrando que o percentual de respostas

emitidas não apresentou diferença significativa do pré para o pós-teste entre os três grupos

(Gráfico 12).

Gráfico 12. Percentual de acertivas emitidas nos pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos

com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.

94,7398,18 95,71 96,10

94,2597,55

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

Experimental Controle 1 Controle 2

%

Pré Pós

97

Quanto à análise do Falso Alarme, não foi demonstrado efeito significativo na

interação grupos e momentos [F(2,60)=1,84; p=0,17]. Também não surgiu diferença

significativa entre os momentos pré e pós-teste (p=0,06), indicando que não houve diferença

significativa no percentual de impulsividade de respostas incorretas, isto é, falsos alarmes do

pré para o pós-teste entre os três grupos (Gráfico 13).

Gráfico 13. Percentual de Falsos Alarmes emitidas nos pré e pós-testes, nos 63 idosos

analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.

0,011

0,0020,007

0,002 0,004 0,005

0,000

0,020

0,040

0,060

0,080

0,100

Experimental Controle 1 Controle 2

%

Pré Pós

Quanto ao tempo médio de reação, mostra-se no Gráfico 14 efeito significativo na

interação grupos e momentos [F(2,60)=6,45; p=0,003]. A análise entre grupos não

demonstrou diferença significativa entre os três grupos no pré e no pós-teste. A análise

intragrupo demonstrou que no GE não surgiu diferença significativa entre os dois momentos

de aplicação dos testes. No GC1 houve redução significativa do pré para o pós-teste (420,81

± 75,21 e 391,81 ± 55,79, respectivamente), mostrando melhora na velocidade de reação

motora aos estímulos visuais. Entretanto, no GC2 houve aumento significativo do pré (397,15

± 55,02) para o pós-teste (397,15 ± 55,02 e 433,80 ± 76,95, respectivamente), indicando piora

no tempo médio de reação.

98

Gráfico 14. Tempo médio de reação aos estímulos visuais pré e pós-testes, nos 63 idosos

analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF.

Concluindo, no Teste Computadorizado de Atenção Visual (TCA) não surgiu melhora

significativa quanto à variabilidade do tempo de reação visual, percentual de acertos das

respostas emitidas e do percentual de respostas incorretas (falsos alarmes) nos três grupos

estudados. No entanto, o tempo médio de reação aos estímulos visuais foi significativamente

menor no GC1 e significativamente maior no GC2, não tendo se alterado no GE, o que não

era esperado para este grupo.

Cabral et al. (2005) fizeram breve revisão de estudos brasileiros recentes sobre

sensibilidade e especificidade para o diagnóstico do TCL utilizando três instrumentos usados

na clínica neuropsiquiátrica. A amostra consistiu de 104 indivíduos com idade superior a 65

anos. O grupo portador de TCL (n=49) e os controles (n=55) foram submetidos ao MEEM e a

testes computadorizados de memória e atenção (TCM e TCA), especialmente desenvolvidos

para a população brasileira. Constataram que o MEEM e o TCM dependiam do nível

educacional da população estudada. Análises mostraram que tanto o MEEM como o TCA

apresentam limitações para diferenciar os portadores de TCL dos controles normais,

reforçando a importância do uso dos testes computadorizados para diagnóstico do TCL.

Os autores op cit. referem que, à medida que a população geral envelhece, cresce a

necessidade do desenvolvimento de instrumentos sensíveis para avaliação do declínio

cognitivo. Embora pacientes portadores de TCL apresentem maior chance de desenvolver a

99

doença de Alzheimer, a distinção entre TCL e envelhecimento normal permanece questão

controversa, podendo os testes computadorizados ser instrumentos valiosos nestes

diagnósticos.

Evidenciando o enunciado acima, Zerbini et al. (2009) desenvolveram estudo para

avaliar dois testes neuropsicológicos, comparando sua acurácia diagnóstica na identificação

de portadores de TCL. Para este fim, enfocaram o MEEM e o Teste Computadorizado de

Atenção Visual. Os indivíduos que compuseram a amostra foram selecionados em Centro de

Convivência do estado do Espírito Santo, Brasil, sendo divididos em dois grupos

homogêneos: grupo 1, composto por idosos que acusaram queixas de memória (grupo TCL);

e grupo 2, com idosos que não possuíam queixas de alterações da memória (grupo controle).

As características sócio-demográficas dos dois grupos contemplaram os parâmetros gênero,

faixa etária e escolaridade. Os dados obtidos demonstram que em ambos os instrumentos de

rastreio, TCA e MEEM, os pacientes portadores de TCL apresentaram desempenho inferior

ao grupo controle. Nenhum dos instrumentos apresentou efeito da idade, porém a escolaridade

apresentou forte influência no MEEM, fato que não ocorreu no TCA. Este estudo, portanto,

mostrou o efeito da escolaridade no desempenho do MEEM mas não do TCA, sendo este um

importante instrumento para aplicação em idosos analfabetos.

No caso do presente estudo, de forma geral não houve melhora significativa no TCA

do pré para o pós-teste, exceto quanto ao tempo médio de reação aos estímulos visuais, no

qual o GC1 foi significativamente melhor, o GC2 foi significativamente pior e o GE não

sofreu alteração. Este resultado demonstra a necessidade de outros estudos com testes

computadorizados com as variáveis de escolaridade, idade e transtornos cognitivos na

avaliação do nível de atenção dos idosos.

100

5. CONCLUSÃO

No presente estudo, verificou-se que as Oficinas de Jogos e Brincadeiras adaptados

para idosos analfabetos melhoraram a cognição, socialização/integração, mudança nas

AIVDs, sendo de fundamental importância para a funcionalidade do idoso. Estes resultados

são relevantes, pois demonstram que esse tipo de intervenções contribui para a promoção da

saúde, autonomia e melhoria da qualidade de vida dos idosos.

Na pesquisa atual, os idosos analfabetos quando questionados sobre como estava sua

memória há um (1) ano em relação à atual, 82% relataram que houve piora da mesma ao

longo do ano. Reforça-se, assim, a importância da reaplicação de testes cognitivos

anualmente, favorecendo a identificação precoce de grupos de risco elevado para

desenvolvimento de demências.

Quanto se interrogou sobre o estado da memória atual e se achavam que a memória

estava pior do que a dos outros, a percepção dos idosos mudou de forma positiva após sua

participação nas dez oficinas e palestras (GE e GC1, respectivamente), o que não ocorreu no

GC2 (sem intervenção), no qual houve aumento da percepção negativa quanto a estas

questões. No GE, as respostas mudaram significativamente de forma positiva em relação aos

dois grupos controles.

Quanto aos comentários dos idosos sobre a auto-percepção de sua memória, no pré-

teste os relatos dos participantes dos três grupos foram feitos de forma simples e pessimista.

No pós-teste, os dois GCs mantiveram os mesmos esquecimentos, sendo que no GC1 (com

palestras) foi dada ênfase à socialização e à motivação para participar de atividades na

comunidade. O GE sobressaiu-se em relação aos demais GCs, destacando-se em quatro

categorias: melhora na cognição, socialização/integração, mudança nas AIVDs e unânime

satisfação com as oficinas. Nas habilidades cognitivas, como memória, atenção, pensamento e

raciocínio, os idosos do GE perceberam que obtiveram mudanças positivas, evidenciadas nas

expressões de facilidade de lembrar e memorizar, e na segurança nos afazeres e atividades.

Assim, a socialização e a integração entre os idosos poderiam ter influenciado os

grupos na resposta positiva de percepção da memória. Esse suposto viés foi retirado quando

se analisou os 2 GCs (com palestras e sem intervenção), mostrando que houve efetiva

intervenção das Oficinas de Estimulação Cognitiva na percepção positiva da memória do GE.

Ressalta-se, portanto, a importância de GCs em estudos dessa natureza.

101

No presente estudo, verificou-se que as intervenções através de jogos e brincadeiras

adaptados para idosos analfabetos estimulam a cognição e são importantes para a

funcionalidade do idoso em tarefas simples, como lembrar-se de tomar os remédios, não

deixar panelas queimar, não esquecer fogo e lâmpadas ligadas, saber o que quer fazer ou

pegar, pagar contas e fazer compras, atitudes estas que melhoram sua prática diária,

contribuem para a independência e diminuem o risco de institucionalização. Essas mudanças

foram geradas, provavelmente, pelo apropriamento de conhecimentos teóricos e práticos

sobre o funcionamento de sua cognição, especialmente memória e atenção.

O ganho pessoal e social com as oficinas foi percebido de forma clara pelos idosos. A

ênfase na socialização e na integração gerou relatos expressivos da criação de um ambiente

favorável ao convívio social, interação e lazer, perspectivas de mudanças no futuro, incentivo

e motivação para uma vivência mais feliz e participativa. Os jogos e as brincadeiras foram

instrumentos sociais que geraram a interação entre os idosos, que por sua vez proporcionou

melhora na cognição dos mesmos.

Outro aspecto percebido pelos idosos foi o despertar do lazer como parte integrante

desta fase da vida e a satisfação com a lembrança do passado, através de canções e jogos. A

utilização de jogos e brincadeiras geraram, além da aprendizagem e socialização, satisfação,

bom humor e alegria, marcados durante as oficinas com a presença de gargalhadas, risos e

sorrisos. Destaca-se, portanto, a importância em se trabalhar memória de longo prazo nessas

Oficinas.

Quanto à análise do MEEM, o GE apresentou maiores escores no pós-teste, com

resultados significativamente maiores do que o GC2, não ocorrendo o mesmo em relação ao

GC1. No GE e no GC1 houve melhora significativa no escore final do MEEM, do pré para o

pós-teste. Na análise separada de cada item do MEEM, constatou-se que no GE houve

melhora significativa do nível de atenção e cálculo. Fazendo-se correlação com o Teste de

Atenção Visual (TCA), não houve melhora significativa da atenção em nenhum dos sub-itens

deste teste nos três grupos estudados, exceto o tempo de reação que foi significativamente

menor no GC1 e significativamente maior no GC2, não se tendo alterado no GE. No estudo

atual, portanto, intervir em idosos analfabetos com TCL com Oficinas de Estimulação

Cognitiva adaptadas para os mesmos ou com palestras educativas em saúde, teve o mesmo

efeito em relação ao aumento do escore final do MEEM.

Quanto ao escore no teste de Memória de Lista de Palavras, a análise intragrupo

mostrou diferença significativa no GE e no GC2, sendo que em ambos surgiu melhora do pré

102

para o pós-teste. O possível viés da assimilação do teste não explica o fato de GC2 ter obtido

melhores resultados, pois o mesmo não ocorreu no GC1. O GE apresentou melhora

significativa no resultado do pré para o pós-teste em todas as etapas, o que não ocorreu nos

GCs. Assim, recomenda-se o uso do teste de Memória de Figuras no estudo com idosos

analfabetos com TCL.

A análise da Fluência Verbal mostrou resultado significativamente melhor no GE do

pré para o pós-teste em relação aos GCs, mostrando a eficácia dessas Oficinas para melhoria

da fluência. No GC1 não surgiu diferença significativa, enquanto no GC2 houve diferença

significativa do pré para o pós-teste, no entanto, apresentando piora da fluência verbal.

As intervenções com treinos cognitivos para idosos saudáveis, bem como a

reabilitação cognitiva para idosos portadores de comprometimento cognitivo, compreendem

temas pouco estudados, mas que merecem aprofundamento por parte dos profissionais da área

de saúde que trabalham diretamente com essa clientela.

A funcionalidade cognitiva do idoso está relacionada à sua saúde e qualidade de vida,

sendo notória a importância e a necessidade de disponibilização e utilização de Oficinas de

Estimulação Cognitiva para idosos analfabetos na saúde pública, visto a grande quantidade de

analfabetos em nossa população. Atender esta necessidade é fato primordial, devendo

abranger idosos analfabetos ou escolarizados, saudáveis ou com transtornos cognitivos,

constituindo serviços de assistência diferenciada na área da cognição.

O presente estudo revelou resultados significativos por meio dos instrumentos de

avaliação cognitiva, indicando que as intervenções e uso de estratégias adaptadas para esta

faixa etária podem estar relacionados aos ganhos de desempenho gerados nos testes. É

relevante a utilização de testes de avaliação cognitiva e funcional nos atendimentos de atenção

à saúde aos idosos, a fim de se detectarem precocemente os declínios cognitivos e, mesmo, se

identificar demência em fase inicial.

Essa pesquisa teve o uso concomitante de testes quantitativos com métodos

qualitativos que favoreceram e mostraram resultados semelhantes com relação a melhora da

cognição de idosos analfabetos após participação de oficinas de estimulação cognitiva.

Essa pesquisa confirma a importância da estimulação cognitiva e destaca a lacuna

deixada quanto à necessidade de realização de posteriores pesquisas, a fim de mensurar o

tempo no qual perduram os benefícios adquiridos, como seis meses ou um ano, após a

realização das Oficinas de Estimulação Cognitiva para idosos analfabetos.

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118

APÊNDICE

Apêndice A - Cronograma de atividades das oficinas de estimulação cognitiva através de

jogos e brincadeiras adaptadas para idosos analfabetos. UMT-SES-DF

Grupo Experimental

Atividades:

Encontros Observação: antes de cada Oficina destina-se 10 minutos de teoria

sobre o tema abordado na oficina.

Módulo I Oficinas de Estimulação da Memória de Longo Prazo.

1ª Oficina Apresentação e Integração - Jogos Dinâmicos.

2ª Oficina Memorização por Associação.

3ª Oficina Memorização por Repetição e Aprendizagem.

4ª Oficina Recuperação e lembrança por associação - Brincadeiras Cantadas.

Módulo II Oficinas de Estimulação da Memória de Curto Prazo.

5ª Oficina Percepção, Sensibilidade e Atenção.

6ª Oficina Agilidade de raciocínio - Jogos Interativos de Leituras.

7ª Oficina Criatividade e Raciocínio - Histórias Contadas.

8ª Oficina Estimulação da Memória Sensorial - Jogos e Brincadeiras Sensoriais -

Parte I.

9ª Oficina Estimulação da Memória Sensorial - Jogos e Brincadeiras Sensoriais -

Parte II.

10ª Oficina

Jogos e Brincadeiras de Finalização.

Confraternização.

Agendamento para aplicação dos pós-testes de avaliação cognitiva.

Agenda Aplicação dos Instrumentos de Avaliação Cognitiva.

119

Apêndice B - Cronograma das palestras de educação em saúde para idosos analfabetos.

UMT- SES - DF

Grupo Controle 1

Palestra Temas Responsável

1ª Nutrição e Envelhecimento / Constipação e Hidratação Enfermeiro

2ª Vacinação no idoso: Verdades e Mitos Enfermeiro

3ª Cuidados na Hipertensão Arterial e Diabetes Enfermeiro

4ª Estatuto do Idoso: Direitos e Deveres Assistente Social

5ª Alteração do Comportamento no idoso Enfermeiro

6ª Alteração do Sono no Idoso Enfermeiro

7ª Prevenção de Queda para Idosos: A Casa Segura Fisioterapeuta

8ª Uso de Medicamentos: Orientação do uso de medicação e

receitas dos idosos Enfermeiro

9ª Cuidados com a pele e Higiene Oral Enfermeiro

10ª Longevidade e Confraternização Enfermeiro

Local: Auditório da Unidade Mista Taguatinga-DF

Dia da Semana: Quinta feira

Horário: 9 horas

120

Apêndice C - Estratégias de estimulação cognitiva para idosos analfabetos - tarefas de

casa. UMT- SES- DF

Grupo Experimental

Tarefas

1ª Procurar o significado do nome. O familiar deverá ajudar o idoso a procurar o

significado do nome.

2ª Leitura diária. O familiar deverá ler para o idoso uma história, reportagem, trecho de

um livro, mensagem ou leituras da preferência do idoso.

3ª Adquirir (fornecido na oficina) jogo de dominó ou “resta um” e brincar com netos,

pessoas da família ou amigos.

Trabalho manual: adquirir uma tela desenhada e com linhas grossas coloridas fazer

uma pequena almofada ou adquirir uma tela de pintura e tinta guache para criar uma

pintura.

5ª Montar um quebra cabeça fornecido na oficina. Tentar montar antes de olhar na figura.

6ª Relembrar juntamente com a família e amigos os ditados populares para falar no grupo.

7ª Inventar na memória uma história com as figuras fornecidas na oficina. Após, lembrar-

se da história; falar quais são as figuras.

Fazer atividades de forma diferente com partes diferentes do corpo: acender a luz com

cotovelos; abrir maçanetas com cotovelo; abrir porta com chave e de olhos fechados;

coçar as costas com quina do portal; coçar com o pé; comer de olhos fechados e

descobrir qual o alimento; comer com a mão canhota; pentear o cabelo com mão

canhota e outros.

Trazer frutas ou alimentos solicitados, pensando em um fato engraçado usando os

órgãos dos sentidos.

Discutir com a família: Se percebeu alguma mudança; a importância de participar das

oficinas; como se sentiu no grupo.

121

Apêndice D - Comentário dos idosos sobre seu estado mnemônico pré e pós-oficinas

Grupo Experimental

Nome Comentário: como está sua memória hoje?

Pré-oficinas Pós-oficinas

ARS Esqueço o que as pessoas falam

para mim e não lembro o nome

das pessoas. Esqueço o fogo

ligado. Vou ao mercado e não sei

o que quero comprar.

Melhorei no esquecimento e presto mais atenção nas coisas que vou

fazer. Senti uma melhora boa. Antes ia pegar uma coisa na geladeira e

não sabia o que era. Agora já vou pegar e sei o que quero. Comprar as

coisas no mercado ia duas a três vezes, mas hoje lembro tudo que

quero comprar. Acho que melhorei a parte do esquecimento e estou

com mais atenção nos afazeres. Senti muita alegria nas oficinas e

como vocês são carinhosas com a gente. Eu achei muito bom e

divertido. Aprendi outras atividades e conheci pessoas e consegui

fazer amizades.

ARSS Coloco os objetos no lugar e não

sei onde. Vou falar uma coisa e

esqueço o que ia falar. O meu

pensamento se perde.

Melhorei um pouco da memória. Agora coloco as coisas no lugar e sei

onde coloquei. Sempre que vou falar eu consigo lembrar o que quero

falar. Estou raciocinando e pensando mais. Fiquei muito feliz e gostei

de participar do grupo.

ASM Esqueço de dar recados e onde

coloco as coisas e o que vou

fazer.

Acho que melhorou. Estou me lembrando sempre das coisas. Estou

com mais facilidade de lembrar o que vou fazer. Não deixo mais as

panelas queimarem e o leite derramar. Estou mais atenta no que vou

fazer. Minha memória melhorou bastante depois das oficinas. Estou

pensando em estudar, fazer alfabetização. As oficinas foram muito

boas. Conheci pessoas boas, vocês me ajudaram muito. Se fosse para

fazer de novo, faria. Diverti e me soltei mais em falar e participar das

atividades.

CLR Esqueço vários eventos: as

consultas marcadas, dar recados,

o fogo ligado; o que vou pegar,

tendo que voltar para tentar

lembrar.

Estou sentindo a memória bem melhor. Estou lembrando com mais

facilidade. Acho que melhorei, pois estou esquecendo menos o que ia

pegar. Se eu esqueço um objeto num lugar, eu paro ali um pouquinho,

fecho os olhos e fico pensando o que ia pegar. Estou mais atenta nos

afazeres. Senti muito bem em participar das oficinas. Arrumei amigos

e fiquei mais alegre na vida. Eu vivia muito fechada, sozinha. Eu me

soltei mais. Gostei de estar com vocês e com os amigos. Agente se

distrai tanto que esquece os problemas.

ESC Esqueço o que vou fazer, de

tomar os remédios e as consultar

marcadas.

Estou lembrando mais das coisas. Agora estou mais atento em tomar

os remédios. Antes era minha mulher que me lembrava. Melhorei em

lembrar o lugar onde coloquei as coisas. Estou mais comunicativo

com as pessoas porque era muito tímido em conversar. Fiquei mais a

vontade em falar e expressar.

122

GBS Esqueço o nome das pessoas,

esqueço de fechar a torneira,

lâmpada ligada. Esqueço o que ia

fazer.

Acho que estou melhor da memória. Estou mais atento para fazer as

atividades. Conheci muitas pessoas. Fico sonhando para vir para

oficinas.

GMM Sou esquecida. Esqueço muitas

coisas: dar recados, onde coloco

objetos, o que vou fazer.

Acho que Regular. Melhorei um pouco. Minha cabeça era perturbada.

Estou mais atenta e lembrando melhor das coisas. Achei muito bom

participar. Ave Maria! Eu adorei. Coisa melhor do mundo, eu só acho

ruim porque acabou, mas se fosse para eu vir todo dia eu viria. Antes

não saía de casa. Hoje saio e vejo muitas coisas diferentes. Conheci

muitas pessoas.

IFO Esqueço das datas. Quando vou

fazer as coisas esqueço o que

estava fazendo. Esqueço sempre

o que vou comprar.

Melhorei a cabeça. Tinha hora que não sabia de nada que ia fazer.

Esquecia muito das coisas. Depois que participei do grupo melhorei e

esqueço menos as coisas. Antes dava duas a três viagens no

supermercado para comprar. Hoje tenho mais facilidade de lembrar o

que quero comprar. As oficinas me ajudaram muito, alem do que

conheci novas pessoas, fiz amizades.

JAO Sou esquecida. Esqueço de tudo,

até de comer. Esqueço os óculos

em qualquer lugar e fico

procurando.

Está melhor, mas ainda sou esquecida, pois não se acaba de vez o

esquecimento. Fiquei mais ligada e atenta com as coisas, lembrando

melhor. Coloco as coisas no lugar, retorno, olho novamente e fico

com a lembrança na cabeça. Eu fiquei bem orientada no dia. Senti

muito bem no grupo. Gostei de conviver com pessoas diferentes e das

brincadeiras. Foi muito divertido e animado. Diferente de tudo que

tinha participado. Gostei demais do grupo, do jeito de vocês e o

carinho com a gente.

JCS Esqueço sempre onde coloco as

coisas e tenho dificuldade de

lembrar. As panelas queimam

demais.

Adorei participar das oficinas. Senti melhora só de estar no meio dos

outros eu senti feliz. Quando ia falar uma coisa minha cabeça trancava

e agora está bem melhor. A memória melhorou um pouco. Vou fazer

as coisas e presto atenção no que estou fazendo. Já estou aprendendo

jogar o dominó.

JPB Esqueço tudo. Esqueço até o

nome dos filhos. Esqueço onde

coloquei os objetos, lâmpada

ligada, torneira ligada e até o

chuveiro ligado.

Acho que melhorei um pouco meu esquecimento. Estou com a cabeça

mais firme. Não estou esquecendo do jeito que estava. Faço as coisas

com mais certeza. Lembro com mais facilidade. Senti muito bem no

grupo. Gostei muito do trabalho feito e do pessoal.

LBO Sempre esqueço alguma coisa

que saio para comprar. Coloco as

coisas em um lugar e não sei

onde.

A minha memória está quase do mesmo jeito. Não sei onde coloquei

as coisas, mas depois penso e lembro onde está. Mas estou mais

atento. Foi bom participar e foi a primeira vez que participei de um

grupo assim.

LBS Estou bem esquecida. Às vezes

coloco as coisas no lugar e

Minha memória está bem melhor. Estou menos esquecida. Sempre

esquecia o que ia fazer ou pegar e guardava o dinheiro num lugar e

123

esqueço onde coloquei. Guardo o

dinheiro e depois fico

procurando.

não sabia onde. Hoje isto melhorou muito. Estou mais atenta em tudo.

Gostei muito de ter participado das oficinas. Foi muito saudável.

Aprendi várias coisas e estou mais animada.

LRS Esqueço até os dias, o nome das

pessoas, o que estou fazendo e

onde coloco os objetos.

Está melhor. Achei que melhorei. Fiquei mais feliz e animada. Estou

mais atenta para fazer as coisas. Conheci muitas pessoas novas. Foi

muito bom ficar com vocês.

MJA Esqueço tudo: o que as pessoas

falam, nome e fisionomia das

pessoas. Esqueço as panelas no

fogo.

Meu cérebro estava muito ruim. Acho que melhorou a minha

memória. Antes as panelas queimavam que era uma beleza. Agora

quando coloco no fogo, eu lembro. Achei importante participar das

oficinas. O meu raciocínio estava muito ruim e melhorou bastante. As

oficinas me ajudaram muito a lembrar das coisas. Estou mais atenta

para fazer as atividades de casa. Foi bom ter participado das oficinas.

Gostei muito das brincadeiras. Fiquei mais desinibida, pois sou muito

tímida, não sou de conversar muito. Agora participo em grupo e não

tenho receio de falar e perguntar.

MLB Se colocar a panela no fogo,

queima. Coloco os objetos em

um lugar e não lembro onde. Vou

procurar e é um custo saber onde

está.

Melhorei um pouco a memória, estava muito esquecida. Estou mais

concentrada em fazer as atividades do dia-a-dia. Estou mais atenta.

Estava muito triste e depois que entrei no grupo melhorei bastante.

Aqui agente se diverte, conhece muita gente.

MLP Esqueço demais as coisas: as

panelas queimando, o que estava

fazendo, de tomar os remédios,

onde coloquei o dinheiro, onde

guardo as coisas. Estou perdendo

aos poucos a memória.

Melhorei minha memória. Estou me sentindo outra, não esqueço mais

das coisas e saio sozinha. Estou mais atenta com as coisas, presto

mais atenção. Lembro melhor o quero lembrar. Os ensinamentos das

oficinas valeram. Gostei muito e me diverti muito. Foi muito alegre e

bom estar com outras pessoas conversando e brincando.Conheci

pessoas diferentes e fiz amizades. Foi ótimo.

MSF Não sei onde guardo as coisas e

esqueço o que vou pegar.

Queimo a alimentação e deixo as

torneiras e lâmpadas ligadas.

Acho que melhorou a minha memória e estou com mais facilidade

para lembrar, pois tenho problema de esquecimento. Às vezes eu tinha

que sair do lugar e voltar duas ou três vezes para saber o que eu tinha

que buscar; agora eu me lembro das coisas e na mesma hora eu sei

onde está. Estou prestando mais atenção no que vou fazer. Nunca

mais deixei a torneia ligada. Minha cabeça mudou muito, pois sou

uma pessoa sozinha e aqui eu me achei no meio de muitos amigos,

principalmente vocês que tratam agente com amor e carinho, que

muitas vezes agente quer este carinho e não tem. E aqui eu me

encontrei.

MSM Esqueço quase praticamente de

tudo. Não sei onde coloquei o

dinheiro, fico procurando e às

vezes vou achar dias depois. Isto

A minha memória está boa. Estou feliz e contente. Hoje vou ao banco

e resolvo minhas contas sozinha. Faço tudo direitinho. Hoje organizo

minhas contas. Antes não fazia isto. Perdia o dinheiro ou colocava

num lugar e não sabia onde. Eu me perdia, não podia andar sozinha.

124

acontece com outras coisas

também. Esqueço o fogo ligado.

Agora já ando só. Ajudou-me muito, foi uma benção, uma

transformação na minha vida. Gostei de ter participado. No começo

me senti acanhada, depois fui me soltando, sentindo mais a vontade

dentro do grupo. Eu senti que estou bem melhor. Agradeço a todas

vocês. Eu peguei uma amizade melhor do mundo, estou me sentindo

uma pessoa transformada.

NPS Acho que estou muito esquecida.

Coloco água para fazer o café e

esqueço, ferve até secar. Estou

fazendo alguma coisa e esqueço o

que estava fazendo

Acho que melhorei. Eu achei muito bom para mim porque fico sempre

sozinha. Melhorei um pouco a memória, pelo menos as panelas não

estão queimando mais. Aprendi algumas coisas que não sabia, como,

memorizar certas coisas que quero. Eu ainda não lembro de tudo na

hora, mas aos poucos vou lembrando. Começo a fazer uma coisa e

agora penso no que vou fazer já pensando no que aprendi e não fico

misturando muito as coisas. Isto para mim foi muito bom, me fez

muito bem, sem falar no contato e que conheci pessoas diferentes. Foi

uma maravilha, e falando em vocês não tenho nem palavras; não

imaginava que as pessoas que cuidam são tão legais.

PCM Sempre esqueço as coisas:

esqueço de tomar a medicação, o

arroz queimando. Não posso

fazer duas atividades ao mesmo

tempo pois esqueço o que estava

fazendo.

Acho que melhorei. Achei ótimo. Muita coisa mudou na minha vida.

Parei de deixar as panelas queimar, deixei de ir ao fogão e voltar para

geladeira várias vezes para lembrar as coisas que queria pegar. Agente

fica mais esperta. Estou pensando mais para fazer as coisas. Acordava

a noite e ficava lembrando das oficinas. Soltei mais para falar. Antes

ficava sempre calada achando que eu ia falar e os outros iriam rir de

mim. Agora tenho mais confiança em mim para conversar. Achei

muito bom ter participado das oficinas e estar aqui com vocês, mas

estou até sentida em ter acabado.

PFC Às vezes estou com uma coisa na

mão e fico a procurar. Vou pegar

as coisas esqueço o que ia pegar.

Esqueço de tomar os remédios, o

dia das consultas e até o nome

das pessoas. De vez em quando

me dá um branco.

Melhorou o esquecimento. Tinha uma perturbação na cabeça. Antes

ficava pensando se já tinha tomado o remédio. Hoje eu não esqueço

de tomar. Estou com mais facilidade de lembrar e presto mais atenção

no que vou fazer. Foi ótimo participar e senti muito bem no grupo.

Estou mais feliz, pois conheci pessoas novas, fiz amizades e estou

mais calma. Antes ficava só em casa.

TGJ Esqueço as panelas no fogo

queimando, onde coloquei os

objetos e dos lugares.

Minha memória melhorou um pouquinho. Estou mais atenta em fazer

as atividades. Eu gostei muito. Foi muito bom participar das oficinas,

só que vou ficar com saudades.

125

Apêndice D - Comentário dos idosos sobre seu estado mnemônico pré e pós-palestras

Grupo Controle 1

Nome Comentário: como está sua memória hoje?

Pré-oficinas Pós-oficinas

AAL Esqueço onde coloco os objetos.

Tenho muito esquecimento e

dificuldade de lembrar. Vou

pegar uma coisa e não sei o que

é ou onde coloquei.

Minha memória continua igual. Penso que guardei algo num lugar e

está em outro lugar. Acho que fiz uma coisa e quando vou verificar

ainda não fiz. As palestras foram muito boas. Serviram para eu cuidar

mais da minha saúde.

APG Sempre esqueço muitas coisas.

Coloco os alimentos no fogo e

esqueço. Esqueço ate almoçar e

tomar banho

Estou muito esquecida. Tenho dificuldade de lembrar onde coloco as

coisas e o que vou fazer. Esqueço de quase tudo.

BRS Coloco os objetos no lugar e não

sei onde. Estou muito esquecida.

Minha memória melhorou um pouco. Melhorei o esquecimento de

onde guardo as coisas. Aprendi algo novo nas palestras e vai ser bom

para minha saúde.

DLS Coloco as coisas no lugar e não

lembro. Esqueço também de

tomar remédio.

Minha memória está variada. Às vezes não me lembro do que quero

lembrar. Fico com dúvida se já tomei o remédio ou não. Gostei das

palestras. Fiquei sabendo coisas importantes sobre a saúde dos idosos.

FBCN A minha memória é fraca para

lembrar das coisas.

Sou esquecida demais. Esqueço onde coloquei as coisas e nome de

pessoas conhecidas. As palestras me ensinaram a cuidar melhor da

saúde. Conheci outras pessoas e fiquei mais incentivada a participar e

cuidar de minha saúde.

GS Vou pegar as coisas e esqueço o

que queria. Tenho que voltar

para depois de muito custo

lembrar.

Minha memória continua do mesmo jeito.

GTM Esqueço onde coloquei as coisas

e fico procurando.

Gostei muito das palestras, pois aprendi sobre alimentação e o cuidado

com a saúde. Fiquei mais animada na vida. Estou sabendo enfrentar

melhor os problemas. Fiquei mais interessada de estar participando

das atividades na comunidade.

HP Esqueço quando vou fazer as

coisas; não sei o que ia fazer.

Esqueço a torneira e o fogão

ligados.

Acho que minha memória está igual antes, mas melhorei um pouco de

ter participado das palestras e aprendi varias coisas sobre minha saúde.

ICC Estou muito esquecida. Às vezes

esqueço até o fogão ligado.

Foi muito bom ter participado das palestras, pois ocupou espaço na

minha vida. Mexeu muito comigo, pois aprendi assuntos sobre minha

126

Esqueço também meu endereço.

Coloco as coisas em algum lugar

e não sei onde.

saúde. Foi especial.

JAB Sou muito alerto e não esqueço

das coisas

A memória melhorou na lembrança. Foi muito bom participar das

palestras, pois me alertou para cuidar melhor da saúde. Sempre vale

alguma coisa participar.

JFX Mas, esqueço de fazer as coisas

na hora certa ou de tomar meus

remédios. Esqueço onde

coloquei os objetos e deixo as

panelas queimar.

Acho que minha memória está melhor. Estou mais tranqüila. Recordo

muitas coisas que estava esquecendo, mas quando lembro já passou da

hora.

JUO Hoje não sei fazer nada que fazia

antes (corte e costura). Não é a

mesma coisa. Tenho dificuldade

de lembrar das coisas. Esqueço

onde coloco os objetos.

A minha memória está quase do mesmo jeito. Continua esquecendo

muito. As palestras deram muitas explicações de saúde e aprendi

alguma coisa. Fiquei mais animada de participar das atividades.

MJM Desde nova esqueço muito das

coisas.

Para mim, participar das palestras melhorou em tudo. Estou mais

alegre e estou cuidando melhor da saúde. Agente estando em casa só

pensa o que não presta. Nas palestras me senti muito melhor. Vocês

estão fazendo para ajudar a gente e com isto a gente esquece os

sofrimentos. Está sendo de muita valia.

MJO Estou muito esquecida. Guardo

os objetos no lugar e não sei

onde coloquei. Sempre esqueço

o que vou fazer

Naquele tempo que vinha para cá minha memória estava pior e agora

melhorou um pouco, mas ainda estou esquecida. Quando fico nervosa

esqueço mais ainda.

MMA Minha memória não está boa.

Estou conversando e esqueço o

que estava falando. Esqueço

onde coloco as coisas. Esqueço a

comida no fogo e quando vejo já

queimou.

Tenho dificuldade de lembrar das coisas e acontecimentos e sempre

me dá um branco. Gostei muito das palestras. Ensinou sobre saúde e

aprendi a tomar meus remédios. Agente fica mais entrosada e a

vontade com outras pessoas. Fiquei mais animada.

OLS Esqueço o que as pessoas falam

para mim. Sempre esqueço de

dar os recados. Coloco as coisas

no lugar e não acho

As palestras foram muito boas. Ajudou para cuidar melhor da minha

saúde. Fiquei mais alerta.

RNS Estou muito esquecida. Esqueço

onde coloco as coisas, lâmpada

ligada, ferro ligado.

Minha memória de vez em quando falha. Sou muito ruim para saber

onde coloquei as coisas. Achei boas as explicações das palestras.

Aprendi muitas coisas da saúde e a me cuidar melhor.

RSP Esqueço de tudo. Vou fazer uma

coisa e não sei o que. Esqueço a

Para mim a memória está do mesmo jeito. Estou esquecida passando

das medidas. Foi bom participar das palestras e algum ensinamento

127

torneira e o fogão ligado.

Esqueço de tomar os remédios.

serviu para mim. Fiquei mais alerta com a saúde.

TNS Minha memória está muito

prejudicada. Coloco as coisas no

lugar e não sei onde. Vou pegar

uma coisa na geladeira e não sei

o que eu queria. E Assim são as

outras coisas.

Acho que minha cabeça está mais aberta e estou lembrando um

pouquinho melhor das coisas. Melhorei meu animo e estou com mais

vontade de participar das atividades. Fiquei mais incentivada.

VTC Esqueço das minhas obrigações,

até de tomar os remédios.

Sempre esqueço onde coloco as

coisas.

Após as palestras achei que minha memória melhorou um pouquinho.

Serviu para eu ter mais cuidado com a saúde, controlar a pressão, a

alimentação. Foi ótimo. Agente fica mais alerta e agora até saio

sozinha.

MRS Acho que está boa, mas estou

muito esquecida das coisas.

Esqueço fogo ligado, torneira

ligada, lâmpada ligada. Esqueço

sempre o que vou fazer. Queimo

muito as panelas.

Acho que melhorou após as palestras. Antes só ficava em casa e vindo

para cá a gente conversa com outras pessoas. Então não precisa de

remédio! Fiquei maravilhada.

128

Apêndice D - Comentário dos idosos sobre seu estado mnemônico pré e pós-testes

Grupo Controle 2

Nome Comentário: como está sua memória hoje?

Pré-oficinas Pós-oficinas

AJC Coloco uma coisa no e não sei

onde coloquei. Esqueço a

torneira e lâmpadas ligadas e o

fogo acesso.

Deixo sempre as panelas queimar. Em poucos minutos já esqueci o

que estava fazendo. Quando lembro passou da hora.

CM Esqueço de tudo: o que vou fazer

ou comprar. Esqueço torneira e

lâmpada ligada e até fogo aceso.

Tem dia que minha memória está pior. As lembranças fogem muito da

minha idéia. Esqueço de tomar meus remédios ou não sei se já tomei.

Às vezes vou fazer alguma coisa e não consigo lembrar o que.

EAC Vou guardar os objetos e

esqueço onde colocar. As

pessoas falam um assunto e em

pouco tempo não me lembro o

que foi falado.

Acho que melhorei um pouquinho. Agora estou pensando mais para

lembrar, mas continuo esquecida. Às vezes passo da hora de alimentar.

EPC Guardo um determinado objeto e

não sei onde coloquei. Minha

comida queima sempre. Estou

muito esquecida com afazeres.

Guardo uma coisa no lugar e não sei onde. Fico doidinha até

encontrar.

FAS Se retirar um objeto do lugar,

não sei onde coloquei. Esqueço o

que vou pegar.

Muitas coisas eu esqueço, mesmo o nome de pessoas conhecidas. Para

fazer uma coisa tenho que prestar bem atenção, porque senão me perco

no que estava fazendo.

FMO

Esqueço de dar os recados, onde

coloquei os objetos.

A minha memória continua do mesmo jeito. Estou muito esquecida.

Agora já me perdi na rua.

IAA Esqueço quase tudo. Vou fazer

uma atividade e esqueço o que ia

fazer.

Esqueço de tudo. Estou na cozinha fazendo o almoço e vou até a

geladeira e não sei o que vou pegar. Fico tempo para lembrar.

JAB Cada ano que passa a memória

diminui. Esqueço onde coloquei

as coisas, os óculos, o nome das

pessoas.

Minha memória continua do mesmo jeito. Coloco uma coisa no lugar

e esqueço onde coloquei e depois de muito pensar é que consigo

lembrar. Para dar recado é difícil, pois sai de repente da idéia.

JML Estou um pouco esquecida.

Coloco as coisas no lugar e não

me lembro. Esqueço o fogo

ligado.

Às vezes coloco as coisas no lugar e tenho que pensar muito para

saber onde. Se for num lugar sozinha fico variada e me perco. Esqueço

nome de pessoas e de dar recados.

JMSO Esqueço de tudo. Coloco objetos

no lugar e não sei onde está.

Continuo esquecida do mesmo modo.

129

JRC É difícil lembrar as coisas.

Tenho que fazer na hora, senão

depois esqueço.

Esqueço quase tudo. Muitas vezes estou com uma coisa na mão e

estou procurando. Esqueço torneira e lâmpada ligadas.

LRC Esqueço das coisas que vou

fazer e onde coloquei os abjetos.

Esqueço também o nome de

pessoas conhecidas.

Minha memória continua regular. Estou esquecendo as mesmas coisas.

Vou fazer um serviço e não lembro o que é.

MBS Estou bem esquecida. Esqueço onde coloco as coisas, mas depois de esforçar consigo

lembrar.

MGD Minha memória está esquecida.

Deixo o leite derramar, as

panelas queimarem e fico tensa

para não esquecer quando tenho

um compromisso.

Melhorei um pouquinho do esquecimento. Estou prestando mais

atenção nas coisas que estou fazendo.

MGN Estou muito esquecida, que até

me prejudica. Quando estou de

ônibus desconheço o lugar onde

descer, tenho que pedir ajuda.

Continuo esquecendo muito. Minha memória está fraca. Esqueço de

desligar o fogão, as lâmpadas, onde coloquei os objetos. Sempre me

dá um branco.

MLC Estou bastante esquecida.

Quando guardo uma coisa no

lugar, custo lembrar e encontrar.

Esqueço torneira e fogo ligados.

Continua igual antes, mas já estive mais esquecida. Para descer do

ônibus não sabia onde, tendo que alguém me falar. Recado eu não dou

um sequer e nome de pessoas não lembro mesmo.

MSB Pego as coisas e não sei onde

coloquei. Queimo as panelas.

Desoriento-me dentro do ônibus.

Coloco as coisas no lugar e não acho mais. Coloco as panelas no fogo

e quando vejo já queimou. Esqueço de dar recados, as datas das

consultas e de tomar remédios.

MSM Esqueço o que vou fazer ou

pegar. Quando vou pegar um

objeto termino por pegar outro.

Tenho dificuldade de lembrar os acontecimentos que passam hoje.

Vou falar um assunto e esqueço o que queria falar e só com tempo que

vou lembrar.

MVS Esqueço de tomar remédios na

hora; às vezes não sei se tomei.

Esqueço onde coloquei as coisas.

Sempre esqueço alguma coisa. Tenho lapsos de memória. Esqueço o

que vou pegar e depois de muito pensar consigo lembrar.

RCS Esqueço de quase tudo que estou

fazendo. Esqueço sombrinha,

chaves onde vou; panelas no

fogo e; torneiras ligadas.

Tenho que colocar as coisas onde posso ver, porque senão esqueço

onde está. Esqueço de fazer as atividades de casa.

130

Apêndice E - Oficinas de jogos e brincadeiras adaptadas para idosos analfabetos.

UMT- SES-DF

Módulo I: Oficina de Estimulação da Memória de Longo Prazo.

1ª Oficina - Apresentação e Integração - Jogos Dinâmicos.

Atividade Teórica: Dicas para Melhorar a Memória: Uso e desuso dos neurônios.

Jogos e

Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões

BALÃO DOS

PARTICIPANTES -

BERKENBROCK,

2003, p. 27.

1. Balão dos Participantes.

Objetivo: apresentação do grupo e integração.

Desenvolvimento: Entregar um balão com

um bilhete (figura) dentro, encher e brincar de

mantê-lo no ar. Todos os balões com a ajuda

de todos devem ser mantidos no ar, sem cair

no chão. Após um minuto nessa brincadeira,

ao comando do facilitador, cada pessoa

escolhe um balão para segurar. Estoura o

balão pega o bilhete (figura) de dentro do

balão e tenta achar a pessoa que tem a frase

que se completa (figura idêntica). Ficar em

duplas para se conhecerem.

1) Acrescentar aos objetivos: o

equilíbrio e coordenação motora, pois

para manter um balão no ar trabalham-

se esses pontos.

2) Colocar pares de figuras idênticas

nos balões e não bilhetes escritos,

devido ao fator analfabetismo.

3) Mudança no nome: Segura o balão.

Por ser mais fácil de associar o nome a

atividade.

APRESENTAÇÃO

QUE É FOGO –

BERKENBROCK,

2003, p. 20.

2. Apresentação que é fogo.

Objetivo: Apresentação e integração.

Desenvolvimento: Sentados dois a dois terão

um tempo de 1 a 2 minutos para se

apresentarem. Após a conversa, cada pessoa

vai apresentar o seu vizinho, dizendo os dados

que conseguiu na conversa, mas fará isso

riscando um palito de fósforo antes de

começar a falar e terá o tempo que o palito

estiver aceso para falar; se o palito apagar

deve passar a vez para o próximo fazer a

apresentação do outro colega do grupo.

1) Acrescentar aos objetivos: limitar o

tempo de apresentação e treino da

atenção.

2) Deixar as cadeiras já posicionadas

dois a dois facilitando a localização.

3) Quando o palito de fósforo terminar

de queimar ou se apagar fará com que o

idoso passe a vez da apresentação. O

idoso treina a atenção para conseguir ao

mesmo tempo falar e vigiar o palito.

Deve-se optar para uso de palitos

longos evitando queimar o dedo.

4) A dupla de idosos podem se ajudar

mutuamente.

131

A TEIA DO

ENVOLVIMENTO –

MIRANDA, 2000, p.

23.

3. A teia do Envolvimento.

Objetivo: Apresentação e integração.

Desenvolvimento: Distribua os participantes

espalhados e imóveis por todo o espaço

(sentados em círculo). Apanhe o rolo de

barbante, amarre a ponta em seu dedo

indicador (enrolar na mão) e apresente-se ao

grupo. Escolha uma pessoa e, avisando-a para

segurar, arremesse cuidadosamente para ela o

rolo de barbante. Peça, agora, para que dê uma

volta com o barbante no dedo indicador

(enrolar na mão) e faça o mesmo que você, ou

seja, que se apresente (relembre brincadeiras

de infância). Até que o último jogador faça

sua apresentação. Peça para que todos

visualizem o emaranhado que o barbante

provocou e sugira que verifiquem a forma

criada. Por Fim, peça para que o último

jogador desenlace o fio de seu dedo,

arremesse o rolo ao jogador anterior a ele, isto

é, ao que tem o laço anterior ao dele, e

apresente o colega (relembre uma cantiga que

gostava e gosta). Caso não consiga relembrar

com fidelidade, é permitido qualquer tipo de

ajuda por parte dos colegas.

1) Acrescentar ao objetivo: estimulação

cognitiva. Treina a memória de longa

duração quando é pedido para relembrar

brincadeiras infância e cantiga que

gostava ou gosta.

2) Mudança do nome: para brincadeira

de tear ou brincadeira do tecelão; a teia

formada pelo barbante lembra a

profissão do tecelão e tear.

3) Colocados em cadeiras, sentados em

círculo. É fisicamente cansativo para

um grupo grande ficar esperando todos

relembrarem alguma brincadeira ou

cantiga em pé.

4) Segurar o barbante enrolando na mão

e não no dedo; fica mais firme e evita

apertar muito o dedo.

5) Fazer movimentos, dançar e cantar

com o grupo todo envolvido no

barbante favorece a motivação.

Plano de Contingência O NOME ESCONDIDO - MIRANDA, 2000,

p. 51.

Não utilizado.

132

2ª Oficina - Memória por Associação.

Atividade Teórica: Codificar, Armazenar e Recuperar. Pegar a informação e levá-la para a

memória. Só pode trazer da memória algo que memorizou. Associar a informação à outra que já

existe.

Jogos e

Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões

PASSEIO DA

MEMÓRIA -

ANTUNES, 2002.

1. Passeio da Memória.

Objetivo: Exercitar a memória de longa

duração.

1.1 Viveiros de Pássaros: “Fui ao viveiro de

pássaros”.

Desenvolvimento: Sentados em circulo cada

participante falará o nome de um pássaro e o

próximo falará outro e assim por diante, sem

repetir o nome dos pássaros já falados.

1.2. Zoológico: Fui ao zoológico.

Desenvolvimento: Cada participante falará o

nome de um animal que começa pela letra A,

B, C, D; que tenha: pêlo, pena, coro, pesado,

alto, que pula, que rasteja. O comando é dado

pelo facilitador.

1.3. Feira: Fui à Feira.

Desenvolvimento: Uma pessoa começa

falando que foi a feira e comprou uma fruta ou

objeto, fazendo um gesto ou movimento

representando a fruta ou objeto que comprou.

Depois passa para o seguinte, que repete o que

a primeira pessoa fez e fala também o que

comprou, criando também um gesto. Assim

vai passando por todos os participantes.

1) Acrescentar aos objetivos: atenção e

concentração. A brincadeira exige atenção

na fala do outro.

2) Passar a vez do participante caso não se

lembre naquele momento, mas voltar a

sua vez depois, para que proporcione

tempo para pensar e evocar.

3) Mudar os critérios da ordem alfabética

para características dos animais devido a

não escolaridade dos idosos.

4) Os movimentos e os locais de cada

participante, bem como as repetições

facilitam a armazenagem da informação e

a utilização para o dia-a-dia do idoso.

5) Divisão do grupo único em dois grupos

menores, facilitando a memorização com

menor número de itens.

Plano de Contingência

O ENCONTRO DOS BICHOS – BROTTO,

1997, p. 103.

Não utilizado.

133

3ª Oficina - Memória por Repetição e Aprendizagem.

Atividade Teórica: A repetição leva a memorização e aprendizagem: repetição em intervalos

menores e várias vezes. Considerar a informação importante; prestar atenção; colocar sentimento;

exercitar diariamente; falar sobre o assunto.

Jogos e

Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões

CONQUISTE SEU

LUGAR - FRITZEN,

1987, p. 33.

1. Conquiste seu lugar.

Objetivo: integração, percepção e

competição.

Desenvolvimento: O coordenador fica no

centro do círculo e diz ao grupo: “a

relatividade da História, das posições sociais,

da sorte e da fortuna, tudo exige espírito

esportivo, aceitação humilde, confiança em si.

Quando a roda do destino e suas reviravoltas

desalojem você, não perca tempo com

queixumes. Procure um novo lugar, apanhe a

primeira oportunidade e esteja pronto para

outra”. O coordenador emite uma ordem:

“troque de lugar todos que estiverem de

óculos”, as pessoas que tem relação com o

comando trocam de lugar, sendo que alguém

sobrará, pois o coordenador sentará em um

lugar. A pessoa que ficar sem cadeira ficará

no centro do círculo e dará uma ordem de

trocar de lugar, assim sucessivamente. Se

alguém trocar de lugar sem que a ordem lhe

diga respeito, sairá do grupo, e será retirada

uma cadeira. A graça consiste no tipo de

ordem, por exemplo: “troque de lugar quem

não é homem; quem não é bonito; quem não é

novo; quem tem dente furado; etc.”.

2. Conquiste seu lugar: Segue-se a técnica

anterior usando dinheiro sem valor.

1) Acrescentar ao objetivo: atenção e

cálculo e criatividade. Estimula o idoso

associar o comando às características que

tem à disposição.

2) Distribuir dinheiro de brinquedo. Cada

participante deve observar a nota que

recebeu: o seu valor, o animal ou outras

características da nota. O comando é dado

para trocar de lugar quem tem uma onça,

tartaruga, papagaio e outras características

no dinheiro, e assim segue o jogo. O idoso

que ficar sem o lugar é que dará o

comando.

3) Introduzir valores numéricos. E por fim

o comando é dado para trocar de lugar

quem tem o valor de dois, dez, vinte, ou

outros valores somados em reais. Apesar

do grupo não saber ler e escrever, muitos

conhecem o valor das notas. Relacionar o

animal da nota com seu valor; Incentivar

o idoso a fazer pequenas contas

mentalmente. Estimular o idoso que está

comandando a criar combinações

diferentes.

JOGO DA MEMÓRIA

- ZIMERMAN, 2000. p.

180.

3. Jogo da Memória.

Objetivo: Treino da memória.

Desenvolvimento: Viram-se as cartas de

figuras aos pares, misturadas, deixando as

figuras escondidas. A pessoa vira as cartas de

duas a duas e tenta achar os pares iguais. Se

1) Acrescentar ao objetivo: integração,

competição e cooperação. O jogo será

feito com todos os idosos podendo se

ajudar, mas respeitando a vez do outro.

2) Adaptação de cartazes grandes com

134

virar as cartas com figuras diferentes, vira

novamente o fundo da carta e procuram

desvirar mais duas cartas, até achar todas as

figuras iguais, tendo a participação de todos

do grupo.

desenhos diferentes e repetidos aos pares

e numerados no verso, em um total de 12

pares de cartazes, para que os idosos

visualizem melhor a figura e estimule o

uso de números.

Plano de Contingência

VIAJANDO PELO MUNDO - REVERBEL,

1987, p. 40.

Não utilizado.

4ª Oficina - Recuperação e Lembrança por Associação: Brincadeiras Cantadas.

Atividade Teórica. Recuperar a informação recriando a situação presente no momento vivido

naquele tempo. Meios de facilitar a recuperação de informações: retornar ao lugar; recriar uma

situação; agir como antes e reviver a situação; lembrar dos detalhes da situação, da música, das

pessoas, das conversas.

Jogos e

Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões

CANTIGAS DE RODA

COM GESTOS –

MILITÃO, 2001, p. 22 e

23, p. 53 e 54.

1. “Se és Feliz”.

2. “Fui a Nova York”.

Objetivo: Estimular a memória de longo

prazo e integração.

Desenvolvimento: As brincadeiras cantadas

são feitas em círculo. Depois cada membro do

grupo vai cantar uma música que usa gestos

ou não, podendo ser cantigas de roda ou

músicas religiosas. A facilitadora ensina ou

relembra duas ou mais canções com gestos.

Pode começar exemplificando: “Fui à Nova

York” e “Se és Feliz”. Conduzir o idoso por

meio da música, associar movimentos, como:

assobios, levantar os braços, bater os pés,

bater as mãos, dar uma rodadinha. Cantar e

fazer movimentos ao mesmo tempo

3) Dança Sênior: Segue-se a técnica anterior

usando uma dança sênior.

1) Acrescentar ao objetivo: Coordenação

de movimento e resgate de informação e

harmonia.

2) Motivar o grupo a brincar com a

música. Associar uma informação ou

situação secundária a outra já consolidada.

3). Dança Sênior: “Como é bom te ver e te

encontrar”. Treinar com os idosos a

dança, incentivando movimento, ritmo e

harmonia do grupo.

Plano de Contingência A ESTRELA: EQUILÍBRIO COLETIVO –

APDH, 1966, p. 99

Não utilizado.

135

Módulo II: Oficinas de Estimulação da Memória de Curto Prazo.

5ª Oficina - Percepção, Sensibilidade e Atenção.

Atividade Teórica: Estimular a atenção através de atividades como dominó, resta um, quebra-

cabeça e outros jogos. Eliminar fatores de distração.

Jogos e

Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões

DINÂMICA DA VIDA

- BARRETO, 2003, p.

105.

1. Dinâmica da Vida.

Objetivo: Estimular o autoconhecimento e o

conhecimento mútuo do grupo; melhorar o

relacionamento intergrupal; exercitar o ouvir e

o falar.

Desenvolvimento: Pedir ao grupo que façam

um círculo, sentando-se em colchonetes. Cada

um deles receberá um balão com uma frase no

seu interior. Posteriormente encherão os

balões e jogarão “Escravos de Jó”. Ao término

o idoso estourará o balão e resgatará o papel

que estava em seu interior. O participante

deverá refletir por 10 minutos, em seguida

algum integrante iniciará o relato das frases e

de sua reflexão sobre ela. Finalizando com

uma discussão sobre a experiência vivida.

1) Acrescentar ao objetivo: treino da

coordenação motora, percepção e

sensibilidade. O idoso treina esses

objetivos quando tem que combinar

movimento com ritmo da música, quanto

estoura os balões com os pés e quando faz

movimento com o balão utilizando as

mãos.

2) Proporcionar forma descontraída e

motivadora de aproximar as pessoas

através da identificação de diferenças e

semelhanças.

3) A música “Escravos de Jó” deve ter

movimentos repetidos simples, passar o

balão para o vizinho e no máximo tirar o

balão e colocar de volta, sendo necessário

um primeiro ensaio, pois este já

demonstra ao facilitador como está a

coordenação do grupo e quais

movimentos deve ensinar.

4) No lugar dos colchonetes colocar

cadeiras, dependendo do grau de

dificuldade física e motora do grupo. No

lugar de frases escritas, colocar figuras ou

imagens de revistas para o idoso

comentar.

TELEFONE SEM FIO

COM DESENHO

AMARAL, 2004. p. 48.

2. Telefone Sem Fio com desenho.

Objetivo: Percepção, sensibilização,

criatividade e cooperação.

Desenvolvimento: Em coluna o último

participante de cada fileira deverá fazer um

desenho com o seu dedo nas costas do colega

que está a sua frente. Este passará o mesmo

1) Acrescentar ao objetivo: competição

2) Formar duas ou mais fileiras com no

máximo cinco idosos, pois um número

maior aumentaram muito a quantidade de

erros no desenho final. Pode-se brincar de

competição entre as fileiras e passar mais

de um desenho de cada vez. Revezar a

136

desenho para o próximo da coluna, até chegar

ao primeiro da coluna, que deverá desenhar

em uma folha de papel e apresentá-las aos

colegas.

primeira pessoa da fila, para que outras

tenham a oportunidade de desenhar.

Todos têm a chance de treinar sua

percepção e sensibilidade ao passar para o

papel o desenho sentido nas costas, além

de não responsabilizar uma única pessoa

pelos erros que certamente irá ocorrer.

3) Dispor de fichas com os desenhos que

se pretende passar. Essas fichas devem

conter desenhos de figuras simples, como:

cruz, triângulo, quadrado, círculo e

coração para que o idoso consiga desenhar

nas costas do outro idoso a partir de uma

referência visual e para que possa passar o

desenho sem tirar muitas vezes o dedo das

costas, visto a redução da sensibilidade ao

tato que existe nesta faixa etária.

4) Mostrar o desenho ao último idoso da

fileira, para que esse passe para frente o

desenho que viu. O desenho feito no papel

será recolhido, mostrado e conferido com

o desenho inicial visto pelo último idoso

de cada fileira.

5) Uma terceira brincadeira foi

adaptada com o telefone sem fio. Divisão

dos idosos em dois grupos em forma de

círculo, de mãos dadas, e olhos fechados.

O facilitador passa um gesto através de

sua mão para o idoso da direita, e este por

sua vez transmite o que sentiu ao outro

idoso da sua direita e assim até fechar

com o facilitador. Este deve expressar o

que sentiu e comparar com o gesto inicial

emitido, mostrando para os idosos.

Plano de Contingência RODA CONCÊNTRICA DE GESTOS

FACIAIS – CARVALHO, 2002, p. 43.

Não utilizado.

137

6ª Oficina - Agilidade de Raciocínio: Jogos Interativos de Leituras.

Atividade Teórica: Recuperar a informação através do relaxamento: fechar os olhos, fazer silêncio,

respiração profunda, acalmar e depois lembrar da situação. Fazer uma coisa de cada vez e estar

centrado nos atos que realizam.

Jogos e

Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões

PASSEIO DE

CARRUAGEM -

ANTUNES, 2002. p.

143.

1. Passeio de Carruagem.

Objetivo: Brincar com a leitura e realização

de gestos.

Desenvolvimento: Pedir para o grupo que se

sente em círculo. Falar ao ouvido de cada

componente o nome de um personagem da

história e pedir para que façam um movimento

específico cada vez que ouvirem durante a

leitura o nome do seu personagem. Toda vez

que falar a palavra “carruagem” todos devem

bater palmas uma vez. Toda vez que for

falado o personagem da história (cocheiro,

passageiro magro, menininho, cavalo,

passageira, porta, banco, mola, roda), a pessoa

correspondente ao personagem deve bater

palmas três vezes. O facilitador faz a leitura

da história em voz alta e de forma pausada.

1) Acrescentar ao objetivo: memorização,

atenção, percepção, coordenação e ritmo,

pois treina no idoso essas habilidades.

2) A leitura é feita pelo facilitador, em

primeiro momento sob a forma de treino.

Após, solicitar atenção na leitura feita

para emitir as respostas seguindo os

comandos da mesma. Deixar que os

idosos sorriem de si e dos outros.

MANHÃ DE

PRIMAVERA -

ANTUNES, 2002. p.

158.

2. Manhã de primavera.

Objetivo: brincar com a leitura e realização

de gestos.

Desenvolvimento: Pedir para o grupo que se

sente em círculo. Falar ao ouvido de cada

componente o nome de um personagem da

história e pedir para que façam um movimento

específico cada vez que ouvirem durante a

leitura o nome do seu personagem. Toda vez

que falar a palavra “primavera” todos devem

elevar as mãos. Toda vez que for falado o

personagem da história: gato, cachorro, sabiá,

papagaios, águias, a pessoa correspondente ao

animal deve imitar o barulho do bicho. O

facilitador faz a leitura da história em voz alta

e de forma pausada.

Idem

ROLHA NA CARA –

MIRANDA, 1996, p.45.

3. Rolha na cara.

Objetivo: exercitar o potencial criativo e

1) Acrescentar ao objetivo: contar

histórias, competição, relembrar casos,

138

agilidade de raciocínio.

Desenvilvimento: Embaralha as fichas. Antes

de proferir cada pergunta, anuncie qual o

tempo que terão para discutir e responder em

voz alta. Alerte que este prazo varia de 5 a 20

segundo e que a equipe poderá ajudar. Cada

equipe deverá eleger um porta-voz. Cada

acerto marca no placar um ponto.

ditos populares, “o que é o que é”.

2) Divide os idosos em dois grupos,

sentados e posicionados frente a frente,

numerando-os verbalmente na mesma

quantidade cada grupo. Fazer uma

competição de perguntas e respostas sobre

os ditos populares ou questões do tipo “O

que é, o que é”. Colocar na mesa de

centro um objeto para ser pego pelo idoso

que souber a resposta. Fazer a pergunta e

chamar pelo número. Cada idoso irá

participar pelo menos uma vez. O idoso

que errar recebe no rosto uma marca de

rolha com tinta preta.

3) o grupo que tiver mais marcas no rosto

pagará uma prenda estabelecida pelo

grupo que venceu.

Plano de Contingência

CONTINUANDO A MÚSICA – WEIGEL,

1988, p. 25.

Não utilizado

7ª Oficina - Criatividade e Raciocínio: Histórias Contadas.

Atividade Teórica:Estratégias de memorização por meio de histórias para lembrar algo desejado:

usar os elementos que quer memorizar como parte da história; usar o bom humor; fatos engraçados.

Exercitar a memorização de vários objetos ou fatos importantes através da construção de histórias.

Jogos e

Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões

VAMOS VER O QUE

DÁ - la Paz Asociación

Pro Derechos Humanos

(APDH). 1995. p. 172.

1 Vamos ver o que dá.

Objetivo: integração, criatividade e leitura de

história.

Desenvolvimento: Todos deverão escrever a

primeira frase de uma história ou fato

qualquer, o coordenador que está no centro do

círculo ordena que todos dobrem a parte

escrita e passe a folha para o colega da direita.

Todos deverão escrever a segunda parte da

história, dobrando e passando para a direita ao

comando do coordenador, após passar por

quatro ou cinco pessoas, realiza-se a leitura

1) Acrescentar ao objetivo: Atenção

2) Esta brincadeira foi adaptada em três

etapas, valendo, portanto como três

brincadeiras, devido a continuidade desta

e o tempo exigido:

Primeira: Os idosos em um grande grupo

constroem uma historia inventada. Fazer a

brincadeira oralmente, como uma história

contada. O facilitador começar a

brincadeira contando o inicio de uma

história e o idoso que estiver do seu lado

continua, até que o último do circulo faça

139

dos fatos.

a finalização da história.

Segunda: Dividir o grupo em três grupos

menores com um facilitador em cada

grupo, incentivando a criação de uma

história com a introdução de figuras na

história. No meio da história mostrar

figuras de personagens, animais ou

objetos para serem encaixados na história.

Ao comando do facilitador o próximo

idoso continuará a história. A figura ajuda

o idoso a visualizar o que será acrescido

na história.

Terceira: Deixar que os idosos

posicionem as figuras em ordem

lembrando-se da história construída pelos

mesmos. Todos os idosos participam

contando a história. Para memorizar,

pode-se pedir para que cada idoso repitir a

história desde o início até o final.

Plano de Contingência PASSANDO A MÚSICA - WEIGEL, 1988,

p. 26

Não utilizado.

8ª Oficina - Estimulação da Memória Sensorial: Jogos e Brincadeiras Sensoriais - Parte I.

Atividade Teórica: Recordar nomes de objetos variados através do tato, gosto dos alimentos,

cheiros e barulho. Realizar atividades diferentes utilizando os órgãos dos sentidos.

Jogos e Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões

NO CASTELO DOS

MIL GOSTOS, TOQUES

E CHÁS – ANTUNES,

2002, p. 155 e 156.

1. Castelo dos Mil Gostos.

Objetivo: memória, integração, percepção e

estimulação dos órgãos dos sentidos.

Desenvolvimento: Este jogo exige dos

participantes não apenas identificação de

gostos, percepção pelo tato e cheiros, mas

também precisam usar a memória. Os

participantes são divididos em duas equipes e

todos os integrantes devem ter seus olhos

vendados. Iniciando o jogo, o facilitador

informa-lhes que durante cinco minutos

percorrerão um castelo devendo memorizar os

1) Acrescentar ao objetivo: não houve.

2) Sentados em círculo, o jogo não é de

cunho competitivo, mas um exercício de

memória e percepção;

3) Colocado vendas de TNT nos olhos e

passado para cada idoso objetos para

tacar em diferentes tamanhos; frutas para

comer em vários sabores; cheiros

variados e emitido barulho diferentes.

Após cada etapa desta, foi perguntado

para cada idoso o que foi experimentado

ou vivenciado: o que tocou, o que

140

gostos, tato e cheiros para depois relacioná-los

na ordem em que foram apresentados. Ganha

a equipe que fizer a relação mais correta,

valendo cinco pontos cada som identificado e

dois sua sequencia correta.

comeu, o que cheirou e ouviu.

CORRIDA DAS

AGULHAS –

ANTUNES, 2002, p. 153.

2. Corrida das agulhas.

Objetivo: integração, percepção e

competição.

Desenvolvimento: Ao sinal do coordenador, a

primeira pessoa de cada fileira procura enfiar

a linha na agulha, passando para o vizinho, a

quem cabe tirar a linha da agulha, levantando

bem alto a agulha e a linha separadamente, e

passa para o vizinho, a quem cabe enfiar a

linha novamente, e assim por diante. Será

vencedor o grupo que terminar primeiro a

tarefa de enfiar e desenfiar a linha na agulha.

1) Acrescentar ao objetivo: agilidade.

2) A brincadeira pode ser feita com a

formação de duas ou mais fileiras, com

no máximo 6 componente, pois fica fácil

para o facilitador acompanhar o jogo,

visto que cada componente tem que tirar

a linha da agulha, mostrar e depois

colocar novamente.

3) As agulhas devem ser grandes e linha

mais grossa de cor clara, em quantidade

correspondente ao número de fileira. O

déficit de acuidade visual de muitos

idosos dificulta a brincadeira, mas ao

mesmo tempo estimula a percepção pelo

tato.

DESENROLAR O

PAPEL - PONT GEIS,

2003, p. 111.

3. Desenrolar o papel.

Objetivo: cooperação e percepção.

Desenvolvimento: As pessoas devem estar

sentadas no chão ou na cadeira formando

colunas que vão competir entre si. Entrega ao

primeiro de cada coluna um rolo de papel

higiênico. Este passa por cima da cabeça, e os

demais levantam os braços. Os participantes

devem ir desenrolando o papel, até que sobre

apenas o rolinho de cartolina, que servirá

como prova. A coluna que terminar primeiro

vence.

1) Acrescentar ao objetivo: competição.

2) Formar duas ou mais fileiras, com no

máximo seis componentes. Mais de seis

componentes torna-se muito longa a

fileira e o papel higiênico desenrola

muito rápido.

Plano de Contingência ONDE ESTOU? EM QUE ÉPOCA? –

REVERBEL, 1987, p. 65 e 72.

Não utilizado.

141

9ª Oficina - Estimulação da Memória Sensorial: Jogos e Brincadeiras Sensoriais - Parte II.

Atividade Teórica: Estimular atenção e comunicação verbal e corporal.

Jogos e

Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões

OS NÁUFRAGOS –

MIRANDA, 2000, p.

31.

1. Os Náufragos

Objetivo: cooperação, percepção,

sensibilização, criatividade, resolução de

problemas.

Desenvolvimento: Agrupam-se em duplas e

sentam-se no chão de frente do outro. Narre-

lhes uma história a respeito de um naufrágio

na qual, os dois náufragos encontram uma ilha

solitária. Para sobreviverem precisarão

construir um vasilhame para recolher a água

doce da chuva, para assim garantir mais

alguns dias de sobrevivência. Um da dupla, no

entanto não tem os braços (amarrados para

trás com o barbante) e o outro é cego (venda

nos olhos). Todos usarão a comunicação

verbal e estarão falando ao mesmo tempo.

Terão o tempo de 10 a 15 minutos. Depois de

vedado os olhos e amarrado as mãos é que

será colocado os materiais para a confecção

do vasilhame.

1) Acrescentar ao objetivo: vivencia e

comunicação verbal.

2) no caso do idoso pode-se propor fazer

uma atividade de sua realidade, como

fazer um bolo, uma gelatina ou preparar

um suco. A brincadeira que trabalha com

a vivência cotidiana torna-se motivante e

prazerosa por estar dentro da realidade

vivida pelo idoso.

3) Montar cada grupo com um idoso com

venda nos olhos sentado em frente a mesa.

Três ou quatro idosos ficam do lado de

mãos amarradas. O idoso que estiver de

olhos vendados fará o bolo e os idosos de

mãos amarradas ajudam a fazer o bolo,

orientando verbalmente e sem colocar as

mãos. Pode perguntar antes de iniciar

quem não sabe fazer bolo e esse é que

ficará sentado; os que dizem que sabem,

ficam de mãos amarradas para orientar.

Conta-se a história sobre o naufrágio e ao

final diz que terão que preparar um bolo

para comerem. Ao final o bolo é colocado

para assar e todos experimentam e elegem

o bolo mais gostoso e que será o

vencedor. Todos que sabem ou não fazer

bolo poderão contribuir e se divertir. O

bolo é de verdade pode ser experimentado

no final e servido como lanche.

PAREDÃO

COOPERATIVO –

AMARAL, 2004, p. 51.

2. Paredão Cooperativo

Objetivo: cooperação, integração,

criatividade e expressão corporal.

Desenvolvimento: Formação de duas fileiras,

uma de frente para outra, deixando um

corredor. Os dois primeiros participantes

iniciam. Um dos colegas pega uma bola e

1) Acrescentar ao objetivo: confiança.

2) No caso do idoso pode usar apenas

bolas grandes e médias, ou ainda balões,

pois pode existir uma dificuldade ao

contato físico entre os idosos e bolas

muito pequenas exige uma maior

habilidade dos participantes na percepção

142

coloca contra o corpo do outro colega da

fileira oposta. Este irá rolar a bola pela parede

(formada pelos colegas) apenas com o corpo,

mas se o auxilia das mãos, não a deixando

cair.

do objeto. Pode-se também formar dois

paredões e competirem entre si, ganhando

quem conseguir primeiro levar e trazer a

bola através do paredão humano. A

competição pode estimular o grupo a

cooperar mais para chegar a determinado

objetivo.

Plano de Contingência

BATATA QUENTE DE MEMÓRIA -

PEREIRA, 2004, p. 154.

Não utilizado.

10ª Oficina - Jogos e Brincadeiras de Finalização.

Atividade Teórica: Recordar as estratégias ensinadas.

Jogos e

Brincadeiras Descrição da Atividade Adaptações e Sugestões

O JOGO DO

EMBRULHO –

FRITZEN, 1987, p. 35.

1.O Jogo do Embrulho.

Objetivo: Encerramento de alguma atividade

onde as pessoas conviveram algum tempo.

Desenvolvimento: Sentados em círculo, o

coordenador entrega o embrulho para uma

pessoa do círculo, esse embrulho passa de

uma pessoa para outro ao som de uma música,

quando a música parar, a pessoa que tiver com

o embrulho abre o primeiro papel do

embrulho e vai fazer a tarefa que está escrito,

por exemplo: imitar um animal, ou então,

responder perguntas: como foi o curso, a

oficina, qual o nome do colega do lado, etc.

.

1) Acrescentar ao objetivo: estimular a

auto-estima.

2) O coordenador oferecer o presente

(embrulho) para a pessoa que diz

considerar mais bonita do grupo, que vai

abri e lá estará escrito uma frase que deve

ser lido pelo facilitador: “Parabéns por ser

eleita a pessoa mais bonita do grupo, mais

esse presente você deve entregar para a

pessoa mais dinâmica”. A pessoa mais

bonita entrega para o idoso que a turma

considera mais dinâmica. Essa pessoa

abre um dos papéis do presente que está

escrito. “ O seu dinamismo encanta a

todos, mas esse presente você deve

entregar para a pessoa mais sábia... mais

inteligente... mais alegre.... mais

risonha.... até que no penúltimo embrulho

estará para ser entregue a pessoa mais

amiga. A pessoa mais amiga abrirá o

pacote e estará escrito: “ Parabéns você

foi considerada a pessoa mais amiga do

grupo e como boa amiga dividirá o seu

presente com todos do grupo. A

143

expectativa da abertura do presente pode

estimular a imaginação.

OBJETOS QUE

FALAM –

BERKENBROCK,

2003, p. 130

2. Objetos que falam.

Objetivo: promover avaliação de alguma

atividade onde as pessoas conviveram algum

tempo através da fala, incentivando a

criatividade e diversidade.

Desenvolvimento: A pessoa facilitadora deve

providenciar vários objetos como: chaves,

papel, moeda, outros. É importante que o

número de objetos seja superior ao número de

pessoas. Esses objetos devem ser expostos no

centro da sala de forma desorganizada. A

pessoa deve fazer sua avaliação do encontro,

curso ou treinamento (oficina)... A partir de

algum dos objetos ali presentes. Os

participantes devem primeiro apenas olhar os

objetos. Depois vão ao centro e pega um

objeto para fazer a avaliação do encontro a

partir dele. Dá-se um tempo necessário para

que todos os participantes peguem e retornem

aos seus lugares. Cada um é convidado a dizer

por que escolheu determinado objeto para

ponto de partida da avaliação.

1) Acrescentar ao objetivo:

2) Utilizar as fotografias das atividades

realizadas durante as oficinas. Pode-se

também trazer os objetos que foram

usados durante as oficinas, como: bolas,

fitas, fichas, kit de bolo, agulha com linha,

figuras e outros.

3) Exposição em painéis de todas as

oficinas e distribuição de fotos aos idosos

para que identifiquem e coloquem as

mesmas nos painéis correspondentes às

oficinas.

4) A visualização das atividades feitas por

fotografia ou a visualização de objetos

utilizados por eles mesmos facilitará

recordar e avaliar melhor as oficinas como

um todo.

5) Ao final de toda apreciação os idosos

escolhem as fotos de suas preferências e

levam de recordação.

AVALIAÇÃO E

CONFRATERNI-

ZAÇÃO DO GRUPO

3) Sentados em um grande círculo. Avaliação oral e espontânea pelos idosos

sobre sua participação no grupo, podendo

se expressar sobre a importância de

participar das oficinas; se percebeu

alguma mudança; como se sentiu no

grupo.

144

145

Anexo II - Cronograma de atividades da pesquisa

Atividades 2009 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Escolha do tema x

Coleta de dados para referencial

teórico x x x x x x x

Elaboração e apresentação do

Projeto para o Comitê de Ética da

FEPECS

x

Apresentação da pesquisa à

banca da UCB - qualificação x

Escolha dos testes e elaboração

do roteiro de entrevista x

Seleção dos jogos e brincadeiras

de estimulação cognitiva x

Primeira aplicação dos testes e

roteiro de entrevista x

Realização das 10 oficinas de

estimulação cognitiva / 10

palestras educativas

x x x

Segunda aplicação dos testes x x

Atividades 2010 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Tabulação dos dados x

Discussão dos resultados x x x

Conclusão e revisão final x

Defesa da dissertação UCB x

Apresentação escrita da Pesquisa

ao Comitê de Ética da FEPECS e

apresentação oral ao grupo

pesquisado e UMT-DF

x

146

Anexo III - Termo de consentimento livre e esclarecido

O (a) Senhor (a) está sendo convidada a participar do projeto: Oficinas de

estimulação Cognitiva em Idosos Analfabetos com Transtorno Cognitivo Leve. O

objetivo é: analisar o desempenho cognitivo de indivíduos idosos analfabetos com

diagnóstico de TCL antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de

Estimulação Cognitiva, adaptadas para uso em indivíduos analfabetos. Os objetivos

específicos são: determinar o perfil sócio-econômico-demográficos dos idosos analfabetos

estudados; verificar a autopercepção dos idosos analfabetos sobre sua memória antes e após as

intervenções aplicadas; identificar a contribuição das oficinas de estimulação cognitiva na

percepção dos idosos analfabetos.

O (a) senhor (a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da

pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá, sendo mantido o mais rigoroso

sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo (a).

A sua participação será através de um questionário de coleta de dados por meio de um

roteiro de entrevista e de quatro instrumentos de Avaliação cognitiva: Mini-Exame do Estado

Mental (MEEM), Memória de Lista de Palavras, Fluência Verbal e Teste Computadorizado

de Atenção Visual, que você deverá realizar no setor de Geriatria na data combinada. Não

existe obrigatoriamente, um tempo pré-determinado para responder o questionário, sendo

respeitado o tempo de cada um para respondê-lo. Os testes serão aplicados antes e após a

realização das dez Oficinas de Estimulação Cognitiva adaptadas para Idosos analfabetos do

Programa de Terapias Alternativas da Unidade Mista de Taguatinga (UMT) no período de

Setembro a Dezembro de 2009. A aplicação será feita pela pesquisadora Izabel Borges dos

Santos, mestranda em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília.

Informamos que o Senhor (a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe

traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem

nenhum prejuízo para o senhor (a) no seu entendimento.

Os resultados da pesquisa serão divulgados na UMT após a conclusão da pesquisa,

podendo inclusive ser publicado posteriormente. Os dados e materiais utilizados na pesquisa

ficarão sobre a guarda da pesquisadora responsável no setor de Geriatria da UMT do Centro

de Referência em Saúde do Idoso.

147

Se o Senhor (a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone para

pesquisadora Izabel Borges dos Santos na UMT telefone: (61) 3353-8366 ou para orientadora

da pesquisa Lucy Gomes no telefone: (61) 3448-7228, no horário comercial.

Este projeto foi Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SES/DF. Qualquer

dúvida com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser

obtidos através do telefone: (61) 3325-4955.

Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador

responsável e a outra com o sujeito da pesquisa.

______________________________________________

Nome / assinatura:

____________________________________________

Izabel Borges dos Santos

Pesquisadora responsável

Brasília, ___ de __________de _________

148

Anexo IV - Roteiro de entrevista

Parte A – Identificação e dados sócio-econômico-demográficos

Nome:

Endereço: Telefone:

Profissão/Ocupação:

Aposentado: ( ) Sim ( ) Não

Benefícios prestação continuada:

Pensão:

Renda:

Estado Civil:

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Grau de instrução:

Data de Nasc.:____/_____/______

Idade:

Mora: 1( )sozinha, 2( ) acompanhada: (quem?_______________), (quantos?_____)

Diagnostico Transtorno Cognitivo Leve dado por geriatria da UMT: ( ) Sim ( ) Não

Faz uso de medicação controlada: ( ) Sim ( ) Não Qual(is):____________________

Faz acompanhamento psiquiátrico? ( ) Sim ( ) Não

Diagnóstico possível/provável: ( ) Alzheimer ( ) Parkinson ( ) Outras Demências

Restrição: ( ) Sim ( ) Não

Parte B – Percepção do Idoso sobre sua Memória

Percepção há 1 ano

Como estava sua memória há 1ano em relação a sua memória atual?

1 Melhor ( ), 2 Pior ( ), 3 Igual ( )

Pré-Testes

1ª) Como está sua memória hoje? 1 Ruim ( ), 2 Regular ( ), 3 Boa ( ), 4 Excelente ( )

Comente:

2ª) Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros? 1 Sim ( ), 2 Não ( )

Pós-Testes

1ª) Como está sua memória hoje? 1 Ruim ( ), 2 Regular ( ), 3 Boa ( ), 4 Excelente ( )

Comente:

2ª) Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros? 1 Sim ( ), 2 Não ( )