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PROBLEMAS DA ÁGUA NO CONTEXTO GLOBAL:REFLEXÕES A PARTIR DE UMA COMUNIDADE
AMAZÔNICA E DA LÓGICA INSTITUCIONALGEOGRAFICAMENTE LOCALIZADA
Klondy Lúcia de Oliveira Agra
Universidade Federal do Paraná - UFPR
Salete Kozel
Universidade Federal do Paraná - UFPR
INTRODUÇÃO
Neste estudo, caminhamos pela abordagem da Geografia Cultural, com o
objetivo principal de discutir caminhos para a gestão da água a partir de percepções e
representações de uma comunidade ribeirinha amazônica para que se repense a gestão das
águas a partir da lógica de comunidades geograficamente localizadas.
No caminhar da pesquisa, compreende-se comunidade como Weber (1987) a
define, ou seja, denomina-se comunidade a um grupo cuja relação social baseia-se em um
sentido de solidariedade: o resultado de ligações emocionais ou tradicionais dos
participantes (WEBER, 1987, p. 77).
A lógica de comunidade buscada neste estudo é compreendida como a
identidade manifestada pelos colaboradores de uma mesma comunidade, observada como
uma forma de vínculo com outros membros locais, através do comprometimento com este
grupo, manifestado pela defesa de valores e ideologias enraizadas na cultura local
(THORNTON, OCASIO E LONSBURY, 2012).
Os estudos sobre sentidos, percepções e representações sociais sobre o
elemento água nas comunidades amazônicas é uma estratégia a ser utilizada para
desvendar a essência dos atores investigados. Uma essência construída culturalmente, com
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valores próprios e suas lógicas condutoras à alteração da morfologia da paisagem natural
(SAUER, 1998).
A paisagem geográfica é a categoria presente neste estudo como imagem
impregnada de sentidos e valores, passível de observação, descrita e representada pela
linguagem através das palavras e desenhos. Para a Geografia, a paisagem é exatamente a
imagem expressa e captada destes elementos. Uma imagem que permite realizar a
interação entre o olhar e a interpretação do observador, buscando entender, criticar e
recriar aquilo que se vê. A paisagem é um conjunto, uma convergência, um momento vivido.
Uma ligação interna, uma impressão, que une todos os elementos (DARDEL, 2011, P. 30).
Para a análise da paisagem cultural, segue-se Claval e sua afirmativa de que a
paisagem, por si, é uma categoria analítica cuja perspectiva é integrar os saberes da
natureza aos saberes do homem. Como a paisagem é a base dos saberes, estes se
expressam na cultura através dos valores, crenças, símbolos, desejos. A teoria de Paul Claval
foi fundamental para a escolha da abordagem da Geografia Cultural na elaboração deste
estudo. Procurou-se através dessa abordagem integrar a experiência socioambiental dos
homens e o sentido dado às suas vidas (CLAVAL, 2010; 2009; 2007; 2004; 2001). Ou seja,
procurou-se compreender na paisagem a afinidade, a reciprocidade, o sentido do
relacionamento entre o homem e essa paisagem (ANDREOTTI, 2013).
As paisagens neste estudo, portanto, são tomadas a partir das vidas cotidianas e
estão cheias de sentidos culturais e significados. Com os dados proporcionados pela
pesquisa de campo e a ciência geográfica procura-se decodificar essas paisagens. Isso
porque a geografia está em toda parte, reproduzida diariamente por cada um dos
integrantes dessa paisagem cultural. A recuperação desses sentidos e significados em
paisagens comuns diz muito sobre os sujeitos culturais e pode proporcionar uma geografia
efetivamente humana e relevante, que pode contribuir para o próprio núcleo de uma
educação humanista: melhor conhecimento e compreensão de nós mesmos, dos outros e
do mundo que compartilhamos (COSGROVE, 1999).
Como espaço amazônico no contexto deste estudo, escolhemos a comunidade
de São Sebastião, na margem esquerda do Rio Madeira, em frente ao centro da cidade de
Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. Um Estado que, por sua diversidade, seus
problemas socioculturais e seu rápido crescimento demográfico é um retrato síntese da
região amazônica. A preferência por essa comunidade deu-se por apresentar paisagens
culturais que, embora existam em constante fluxo de troca de saberes com o urbano,
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insistem e permanecem na experiência de vida com sentidos e significados construídos,
especializados ou reavaliados à margem dos rios.
A escolha da investigação junto a uma comunidade ribeirinha amazônica deu-se,
primeiramente, porque a Amazônia agasalha a maior e mais extensa bacia continental
hidrográfica de drenagem superficial do planeta, ocupando uma área total de 7.008.370
km2, desde as nascentes, nos Andes Peruanos, até sua foz no oceano Atlântico (PNRH,
2010). Outro motivo relevante para a escolha deste espaço está no fato de que neste lugar
se observa de modo apurado mudanças ocorridas pelo desmatamento acelerado e
contaminação de águas (LIANA, 2010; REBOUÇAS ET. AL., 2006).
No entanto, o principal motivo da escolha de uma comunidade ribeirinha
amazônica na elaboração desta pesquisa está no fato de que a região amazônica tem
sofrido uma ocupação desordenada, com construções de hidrelétricas e projetos de
exploração e aproveitamento que mexem diretamente com essas comunidades ribeirinhas
e geram problemas de toda ordem. Populações inteiras sofrem e enfrentam problemas
antes alheios as suas culturas e que agora contribuem para a desarticulação e à
fragmentação de seus espaços (SOUSA, KOZEL E SILVA, 2009).
Ademais, a água é, comprovadamente, um componente vital e seu uso e
conservação é causa de preocupação. Vários estudos têm sido realizados para tentar
compreender e solucionar problemas já existentes e previstos. Muitas pesquisas preveem
que em breve a água será a principal causa de conflitos mundiais. Várias tensões já são
reconhecidas em algumas áreas do planeta (OLIVEIRA, 1996; COIMBRA ET AL., 1999;
REBOUÇAS, 2002; QUEIROZ, 2002). No Brasil, um país privilegiado com a água doce, se
discute o tema em congressos, simpósios e encontros, mas não se conhece claramente a
percepção e representações sociais das populações ribeirinhas amazônicas sobre essas
problemáticas.
Acreditamos que com estudos da Geografia Cultural, dos fenômenos da
construção do sentido e significados, ( CLAVAL, 2007/2009 ; DARDEL, 2011; FREGE, 1978),
juntamente com os estudos da Percepção e Representações Sociais (TUAN, 1980/1982/1983;
MOSCOVICI, 2011) da problemática da água, aliadas aos estudos das Lógicas Institucionais
(THORNTON, OCASIO E LOUNSBURY, 2012; THORNTON E OCASIO, 1999; THORNTON, 2004;
COSTA, 2012)) produzirão resultados que permitirão novos projetos e pesquisas que
apontem soluções plausíveis à tomada de decisões para a formulação de gestões mais
responsáveis com novos projetos visando à educação ambiental, a preservação e o
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desenvolvimento sustentável tendo como objeto a água.
A fim de alcançar o objetivo proposto neste estudo, caminha-se através de
estudos da Geografia Cultural e para a obtenção de dados, observação e análise das
percepções que conduzam às representações da comunidade pesquisada, utilizamos da
pesquisa qualitativa participativa, com a observação participante, entrevistas e da
metodologia Kozel (2007), com a aplicação de mapas mentais aos atores da comunidade
investigada e suas devidas interpretações.
A PERCEPÇÃO E O FENÔMENO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Neste estudo que busca discutir caminhos para a gestão da água a partir de
percepções e representações de uma comunidade ribeirinha amazônica, compreende-se
essa percepção de acordo com a compreensão de Tuan: a resposta dos sentidos aos
estímulos externos, como a atividade proposital, na qual certos fenômenos são claramente
registrados, enquanto outros retrocedem para a sombra ou são bloqueados. Muito do que
percebemos tem valor para nós, para a sobrevivência biológica, e para propiciar algumas
satisfações que estão enraizadas na cultura (TUAN, 1980, p.05).
Para a compreensão da Representação neste estudo, utiliza-se a teoria de
Moscovici (1961/1976) e seus estudos na Psicologia. De acordo com esse autor a
representação que temos de algo, não está diretamente relacionada à nossa maneira de
pensar e, contrariamente, por que nossa maneira de pensar e o que pensamos depende de
tais representações. Todos os sistemas de classificação, todas as imagens e todas as
descrições que circulam dentro de uma sociedade, mesmo as descrições científicas,
implicam um elo de prévios sistemas e imagens, uma estratificação na memória coletiva e
uma reprodução na linguagem que, invariavelmente, reflete um conhecimento anterior e
que quebra as amarras da informação presente.
As representações são entidades sociais, com vida própria. Têm autonomia e
exercem pressões. Apresentam-se como realidades inquestionáveis que nós temos de
confrontá-las (MOSCOVICI, 2011, p. 40). Representações sociais influenciam o comportamento
do indivíduo participante de uma coletividade (Ibidem, p. 40). Contudo, pessoas e grupos, longe
de serem receptores passivos, pensam por si mesmos, produzem e comunicam incessantemente
suas próprias e específicas representações e soluções às questões que eles mesmos colocam
(Ibidem, p. 45). Essas representações possuem duas funções:1ª Elas convencionam os
objetos, pessoas ou acontecimentos que encontram; dão-lhes forma definitiva, as localizam
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em uma determinada categoria; e gradualmente as colocam como um modelo de
determinado tipo, distinto e partilhado por um grupo de pessoas.2ª São prescritivas, isto é,
elas se impõem sobre nós com uma força irresistível. Essa força é uma combinação de uma
estrutura que está presente antes mesmo que nos comecemos a pensar e de uma tradição
que decreta o que deve ser pensado (MOSCOVICI, 2011). Compreende-se, também, que
realidade é, para a pessoa, em grande parte, determinada por aquilo que é aceito na
sociedade como realidade.
Com essa compreensão, vê-se que cada experiência é somada a uma realidade
predeterminada por convenções, que claramente define suas fronteiras, distingue
mensagens significantes de mensagens não significantes e que liga cada parte a um todo e
coloca cada pessoa ou objeto em uma categoria distinta e que nenhuma mente está livre
dos efeitos de condicionamentos anteriores que lhe são impostos por suas representações,
linguagem ou cultura. Isto é, pensa-se através de uma linguagem, organizam-se os
pensamentos de acordo com um sistema que está condicionado, tanto por representações,
como pela cultura e por isso só se vê o que as convenções subjacentes permitem ver e se
permanece inconsciente dessas convenções.
As representações, que são compartilhadas por tantos, penetram e influenciam
a mente de cada um, elas não são pensadas por eles, ou melhor, são repensadas, recitadas
e reapresentadas.
SÃO SEBASTIÃO – UMA COMUNIDADE AMAZÔNICA
A Comunidade São Sebastião, a mais antiga das comunidades do entorno da
cidade de Porto Velho, localizada na margem esquerda do Rio Madeira, foi formada
inicialmente por uma só família, os Rabelo que, nos inícios dos anos 1950, receberam
autorização do bispo prelado de Porto Velho, Dom João Batista Costa, para ocupar o espaço
onde se construiu a Igreja de São Sebastião e suas vizinhanças. A organização da paisagem
nesse lugar possibilitou à pesquisa a observação de que a organização ocorre de acordo
com o uso que se faz da terra. Percebemos nessas paisagens uma composição de
tonalidades que se altera no dia, na noite, no amanhecer e no anoitecer. Enquanto a manhã
oferece o nascer do sol sobre o Rio Madeira aos sujeitos do lugar, no entardecer, o próprio
lugar transforma-se na mais bela paisagem porto-velhense com o pôr do sol sobre ela.
Pequenas áreas do verde-escuro das paisagens naturais misturam-se as árvores
frutíferas, flores e pimenteiras. Mas essas cores mudam com a chegada das águas, as
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inundações e os desbarrancamentos, antes em períodos bem marcados, hoje com a
chegada das Hidrelétricas, sem tempo ou hora e outros tons surgem para compor o
mosaico sobre essas paisagens.
Figura 01. Mapa de localização da Comunidade Pesquisada
Com paisagens naturais compostas de lago, Igarapés, nascentes e espaços
humanizados, a Comunidade de São Sebastião, hoje com cerca de 270 famílias, forneceu à
pesquisa sentidos culturais próprios e significantes. Com paisagens culturais ricas em
sentidos, percepções e representações. A pesquisa nessa comunidade nos propiciou o
envolvimento cultural, com o reencontro de origens, com o compartilhamento de nossas
vidas com a vida de outras pessoas, ouvimos muito do outro muito e criamos relações de
afeto e amizade através da audição de narrativas e histórias de vida. Um caminhar que fez
desses colaboradores coconstrutores desta pesquisa ao possibilitarem os resultados das
análises e as respostas as indagações iniciais e deste modo o desvendar dos seus sentidos
culturalmente construídos, suas percepções e suas representações sociais sobre a água e
toda a problemática que a envolve.
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Ademais, com a pesquisa em campo nessa comunidade, desvendamos o ser
humano amazônico dessas paisagens pela palavra e pelo cenário natural do lugar visto e
sentido por ele próprio. De outro modo, a busca pelo sentido, percepção e representação
social dessa comunidade sobre a água através das entrevistas e de mapas mentais consistiu,
em todo o decorrer deste estudo, em uma representação vista e sentida pelo sujeito do
lugar, aqui entendido no sentido coletivo, dinâmico, de construção de sua história. A palavra,
portanto, deu voz à simbologia da água mantida no subjetivo das pessoas. Uma dimensão
na qual a água pode ser observada enquanto representação no trato dos objetos
geográficos.
O ser humano amazônico buscado para a observação neste estudo é aquele
que, embora esteja a poucos minutos do centro de uma cidade, optou por viver às margens
de rios. Fazendo parte de uma paisagem observada e admirada por muitos, mas
transformada e vivida por esse homem/mulher. Um ser que dá uma caracterização
diferente ao seu mundo, uma concepção de natureza que integra o urbano e o rural em seu
modo de vida com dois elementos essenciais a sua paisagem: as águas e as matas.
Importante ressaltar que ao procurar pelo sentido do ser humano amazônico na
Comunidade de São Sebastião, compreendemos que esse humano não é somente o nato do
lugar, mas também, aquele ser que vive e sonha na paisagem natural, modificando-a e
construindo a paisagem cultural observada, um ser que se apropriou do espaço como o seu
lugar.
A partir da relação com os elementos água e mata, observamos que esse ser
humano pesquisado estabeleceu suas estratégias de sobrevivência, construiu sentidos
culturalmente e valores, que conduziram aos seus significados culturais. Oferecendo, dessa
maneira, a este estudo, diferentes percepções e representações, comprovando a
diversidade cultural em comunidades tão próximas.
A observação da paisagem nessa comunidade forneceu à pesquisa a certeza de
que a forma de ser das pessoas de uma determinada cultura apresenta características
comuns, que as tornam semelhantes entre si e ao mesmo tempo diferentes de pessoas de
outras culturas. Comunidades próximas do centro urbano que, por seu modo específico de
vida, assim como as demais comunidades beradeiras localizadas ao longo do rio Madeira,
são formadas por descendentes de nordestinos, com costumes e valores próprios.
Sentidos construídos em culturas nordestinas diversas, trazidos à região com o
deslocamento de seus antepassados à Amazônia para o trabalho nos seringais que,
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repassados aos seus descendentes, foram especializados na cultura amazônica. O acesso a
essa comunidade, por enquanto, é feito de barco ou de balsa. Com pequena estrada que dá
acesso às comunidades para quem faz a travessia de balsa, com carros ou motos, nesses
espaços, não existem ruas. O rio, o silêncio, a natureza exuberante fazem parte dessa
paisagem onde a cortesia dos moradores integra seus atrativos.
Com a condução da pesquisa, verificamos que esse humano amazônico
encontrado nessa comunidade portovelhense difere das comunidades ribeirinhas descritas
e recitadas por outros autores, seja pela proximidade com o centro urbano, pelo acesso
ininterrupto de informações, encontrou-se nessas paisagens seres diferenciados que, além
de viver às margens de um rio, mantém uma organização social particularizada, com sua
sobrevivência econômica baseada em atividades diversas, mas também, com a manutenção
da pesca e da pequena produção agrícola. Sociedades organizadas que deixam claro que
não basta somente morar às margens de um rio ou igarapé para ser considerado ribeirinho.
Isto seria uma classificação simplória diante da diversidade da forma de viver da população
amazônica. Há nessas paisagens um viver que integra o homem e as águas e não se
enquadra enquanto conceituação do urbano nem do rural.
A GESTÃO DAS ÁGUAS E AS LÓGICAS INSTITUCIONAIS
Em todo o caminhar na obtenção e análise dos dados recolhidos à análise,
tivemos a consciência de que os informantes da Comunidade de São Sebastião, embora
sejam amazônidas, não trazem em si características de todas as comunidades amazônicas,
portanto, caminhamos com a certeza de que a paisagem cultural encontrada nessa
comunidade responde a sentidos, percepções e representações sociais particulares
pertencentes a essa comunidade específica, isto é, são apenas pequeninas e importantes
peças na imensa e diversa paisagem cultural amazônica.
O interesse inicial a este estudo surgiu com a observação da realidade da água
brasileira em regiões diversas (urbanas ou não) e a constatação da rápida degradação de
redes superficiais no mundo vivido da própria pesquisadora, a cidade de Porto Velho, na
Amazônia brasileira. Esse interesse inicial veio acompanhado de leituras de outros estudos
que demonstram que a gestão das águas esteve, durante décadas, centralizada na figura do
Estado, mas que hoje se propõe à adesão do que se denomina nova governança. Proposta
que procura fortalecer a participação de atores sociais não governamentais a gestão desse
importante recurso natural (RHODES, 2007). O pressuposto por trás dessa nova proposta é
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o de que governos não são capazes de prover direção efetiva por si mesmos e necessitam
ser suplementados ou suplantados por [outros] atores sociais (PETERS, 2011, p.78).
Por isso, neste estudo, acreditamos que para que haja essa maior participação
de atores da sociedade civil nos sistemas de gestão das águas na Amazônia é necessário
que se conheçam os sentidos desses humanos que conduzem as lógicas de suas
comunidades. Portanto, se crê que ao conhecer percepções e representações sociais de
comunidades amazônicas a partir do sentido do ser humano amazônico em diferentes
contextos, se propiciará também o conhecimento da lógica dessas comunidades. A lógica de
comunidade, no que diz respeito à gestão da água no cenário mundial, vem ganhando força
nas últimas décadas como resposta às contradições da esfera econômica e política, em
especial àquelas que surgiram como reflexo da ação das organizações produtivas (COSTA,
2012).
Estudos da abordagem de lógica institucional, por sua vez, consideram que a
lógica de comunidade é responsável pela valorização dos laços fortes e duradouros entre os
membros de pequenos grupos (ALMANDOZ, 2011). De acordo com estes estudos, a imersão
nas comunidades tem uma influência relativamente durável no comportamento
organizacional, por meio de um número de mecanismos que são responsáveis pela
mediação e manutenção desse relacionamento. Neste sentido, a questão da proximidade
geográfica e das redes sociais locais que se desenvolvem a partir de um contexto
comunitário influenciam diversas práticas dos membros desta região (COSTA, 2012). A
influência da comunidade também se dá para outros fatores importantes para o contexto
organizacional, tais como a estrutura do corpo de direção (KONO; PALMER; FRIEDLAND;
ZAFONTE, 1998; MARQUIS, 2007), as práticas de governança corporativa (DAVIS; GREVE,
1997) e as implicações motivacionais que se contrapõem ao interesse exclusivamente de
mercado, como por exemplo, no caso de gestores de instituições financeiras (ALMANDOZ,
2011).
Reconhecemos, no entanto que, embora os estudos sobre gestão das águas
estejam sendo desenvolvidos em diferentes disciplinas acadêmicas, entre outras, a própria
Geografia, ainda há muita divergência entre a teoria e a prática, principalmente no que diz
respeito a participação de comunidades. Neste estudo compreendemos que a gestão das
águas se refere a questões de coordenação social e de padronização de regras que
orientem as ações nessa determinada área. Mais especificamente, ações que envolvam
diferentes teorias e práticas nos diversos projetos e ao mesmo tempo deem conta de gestar
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os dilemas gerados por estas.
MAPAS MENTAIS E SUAS COMPREENSÕES
Com a intenção de conhecer sentidos e percepções da importância da água que
conduzam a representações dos integrantes da Comunidade São Sebastião, levamos em
conta o seu sistema ecológico e social, dentro dos quais esses seres humanos estão
inseridos e que deverão ser compreendidos de formas distintas. Entendemos, pois, que os
espaços sociais ou mundos vivenciais criados ou experienciados particularmente por esses
atores sociais são caracterizados por uma série de relações sociais e simbólicas específicas e
são essas relações que definem suas estruturas e que poderão ser reconhecidas dentro de
limites espaciais e temporais delimitados.
Desse modo, a fim de encontrar respostas a cerca de questões inerentes à
pesquisa, se observa, também, que a Geografia e as imagens sempre estiveram ligadas.
Num primeiro momento, com o sentido de transmitir informações sobre os espaços,
posteriormente como forma de comunicação/representação do espaço físico, mensurável
ou do espaço vivido subjetivo, passando a ser denominados mapas quando os registros são
impressos num suporte de plano dimensional (KOZEL, 2007, p.116).
Sobre esse tema, Carl Sauer observou que os mapas representam um recurso
essencial para a geografia, tanto que esse autor expressava a opinião de que sem os mapas,
estaríamos de mãos vazias, fosse à sala de conferências, ao estudarmos, ou no trabalho de
campo. Os mapas são vistos como uma expressão da geografia porque segundo o autor, os
mapas têm a capacidade de acabar com nossas inibições, estimular nossas glândulas, mexer
com nossa imaginação, soltar nossas línguas (SAUER, 2000, p.139).
Mapear é tomar a medida do mundo, em um sentido mais amplo, figurando a
medida tomada em tal maneira que possa ser comunicada entre pessoas, lugares ou
tempos. Essa medição não é restrita ao matemático, pode ser espiritual, política ou moral. O
mundo figurado através do mapeamento pode ser material ou imaterial, existente ou
desejado, inteiro ou em partes, experimentado, lembrado ou projetado em várias maneiras
(COSGROVE, 1999, 01). O registro do mapeamento não é confinado ao que é para arquivar,
mas também inclui o que é lembrado, imaginado, contemplado. O mapa permanece um
modo poderoso de visualizar e representar os aspectos espaciais de como culturas se
formam, interagem e mudam (COSGROVE e DELLADORA, 2005, p.28).
De acordo com Kozel (2007, p. 115) na interpretação e compreensão dos mapas
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mentais, deve-se levar em conta que essas construções sígnicas estão inseridas em
contextos sociais, espaciais e históricos coletivos referenciando particularidades e
singularidades. Portanto, para essa interpretação/decodificação, essa autora propõe em sua
metodologia, o estudo através do Dialogismo proposto por Bakhtin (1986) que permite
analisar os signos, representados nos mapas mentais, como enunciados. Ainda, segundo
Kozel (2007, p. 115), o Dialogismo se constitui assim, no cerne do método Bakhtiano e
complementa:
[...] não concebendo como em outras teorias linguísticas, o estudo da língua
dissociada do homem como ser social, e tampouco que esta interação seja
apenas proveniente de expressões exteriores, mas a interação ou o encontro
dialógico entre o interno e o externo, reafirmando a importância do ser humano
como elemento social, ponto central de sua teoria e consequentemente de sua
visão de mundo.
Assim sendo, na busca de conhecer a importância da água à Comunidade São
Sebastião, através das percepções representadas pelos seus habitantes, com a pesquisa
qualitativa, a observação participante e conversas informais, explicamos os objetivos do
trabalho e após duas visitas para conversas e gravações, solicitamos a elaboração dos
mapas mentais. Dois mapas mentais foram elaborados e com eles dialogamos para obter os
resultados. A pergunta pela qual buscamos respostas foi: 1. Como você vê a água em sua
vida? Ressaltando que nesse diálogo proporcionado pelo mapa mental e sua decodificação,
não se procurou por superficialidades ou resolução de problemas, seguiu-se o pensamento
de Kozel (2007, p. 131), esse diálogo se refere a uma forma de interação verbal intensa,
expressa por enunciados, que se internalizam.
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Figura 02. Mapa Mental 01
Comunidade São Sebastião – Porto Velho – RO – Colaboradora N. R. 39 anos. Ícones: linhas, figuras geométricas, letras.Elementos da paisagem natural: o rio, a água, os peixes, árvores. Elementos da paisagem construída: casa, igreja, barcos,
usina. Elemento humano está representado por suas diversas obras: usina, casas, barcos, etc.
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Figura 03. Mapa Mental 02
Comunidade São Sebastião. Mapa mental coletivo. Produção das mulheres da comunidade (entre 20 e 60 anos). Ícones:linhas, figuras geométricas. Elementos da paisagem natural: o rio, a água, os peixes, árvores. Elementos da paisagem
construída: casas, igreja, barcos. Elemento humano: o homem e suas diversas obras: usina, casas, barcos, etc.
Na análise dos mapas mentais 01 e 02, observamos que esses colaboradores
estão inseridos na cultura da comunidade pesquisada, construíram sentidos nessa
paisagem cultural e através desses sentidos percebem o valor da água em suas vidas:
presente na paisagem, na subsistência, no lazer. Uma paisagem que ele ajudou a construir,
ali constituiu família, educou os filhos, repassou sentidos e com eles valores.
Com suas experiências pessoais, eles estruturam e dão o seu tom sentimental às
paisagens e, através dos seus sentidos, percebem e vão da experiência aos propósitos
enquanto sujeito. O conhecimento de mundo que esses seres humanos amazônicos
adquiriram, com todas suas possibilidades e limitações permitem a eles fazerem o
reconhecimento de suas paisagens e, através de suas narrativas, eles expõem seus sentidos
e suas percepções.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da observação participante, acompanhadas da análise das entrevistas e
da análise dos mapas mentais, vimos que o ser humano amazônico investigado, nato ou não
no lugar, escolheu viver e integrar essa paisagem. Com sentidos, percepções e
representações sociais que lhe permitem ver o mundo de uma maneira diferenciada das
pessoas de outras comunidades.
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Na análise dos dados fornecidos por essa pesquisa observamos que os sentidos
que prevalecem nessa comunidade e conduzem as suas lógicas sobre a água são
demonstrados na tabela abaixo:
Tabela 1. Resultados parciais.
Sentidos Percepção Representação Social Lógica da Comunidade
Sobrevivência SubsistênciaLazerMedo
Percebem mudanças a partir da instalação das Usinas Hidrelétricas e temem a mudanças provocadas (velocidade da água, poluição, enchentes, morte dos peixes, etc.)
A água representa a vida,sem ela muitos dos informantes não saberiam viver.
Como a água representa sua vida, subsistência e lazer, ela deve ser respeitada e cuidada.
Como sujeitos ativos na paisagem cultural em que estão inseridos, estes
colaboradores expõem suas percepções e deixam que os seus sentidos natos (visão, tato,
audição e olfato, sejam orientados por sua cultura, a cultura ribeirinha, na vivência com o
rio, nas movimentações das águas) venham à tona. Desse modo, através dos sentidos
construídos culturalmente, esse indivíduo se representa através de seu discurso e
demonstra a singularidade da sua percepção.
Ao analisar a cultura desse ser humano amazônico que, a partir da chegada de
novos projetos em suas águas, teme a perda do seu lugar, de suas raízes. Pela oralidade, a
partir da análise dos dados recolhidos, notamos que esses colaboradores compuseram o
seu quadro e o forneceram à pesquisa. Nesses quadros eles demonstraram seus
sentimentos, reorganizaram fatos e resgataram lembranças inseridas em seu imaginário
coletivo, com sentidos relacionados à água e a tudo aquilo que ela representa.
A partir daí, reconhecemos a importância de estudos que investiguem de modo
mais profundo às comunidades ribeirinhas amazônicas e que a partir de seus resultados
surjam novos projetos de gestão que levem em conta o que diz a lei nº 9.433 (fala sobre o
uso múltiplo da água e estabelece a bacia hidrográfica como uma comunidade territorial de
planejamento e prevê a participação da sociedade em uma questão descentralizada e
participativa).
Observa-se nessa Lei por si mesma a previsão da lógica de comunidade, quando
essa estabelece a bacia hidrográfica e a comunidade territorial de planejamento.
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De acordo com Costa (2010), o Brasil passou a preocupar-se com a gestão de
recursos hídricos, apenas a partir de 1980.
No entanto, em entrevistas realizadas com especialistas verificou-se que há
consenso ainda quanto à baixa prioridade do governo, com relação ao Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Dados de uma consultoria
realizada no ano de 2009, revelaram que os principais problemas identificados
estavam relacionados a participação dos múltiplos atores, perda de confiança no
aparato e escopo limitado do Sistema. O processo de participação de diferentes
atores foi considerado responsável por tensões e discrepâncias de opiniões,
resultando em processos lentos de decisão e ações pouco efetivas. Assim, foi
verificado perda de confiança e legitimidade do modelo relacionada à baixa
eficiência na alocação dos recursos, gestão dos riscos, redução dos impactos,
prestação de serviços e realização de obras (COSTA, 2010).
Por isso, neste estudo é sugerido o estudo das lógicas de comunidades para o
auxílio do gerenciamento das águas a partir de comunidades geograficamente localizadas.
Pois acreditamos que será desse modo que a Geografia auxiliará no conhecimento das
lógicas de comunidade e neste cenário, poderemos falar na difusão de uma lógica de
conscientização mundial acerca do valor econômico da água e necessidade de disseminação
do conceito de gestão dos recursos hídricos, com vistas a assegurar o uso múltiplo da água
de maneira equitativa entre diferentes atores.
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PROBLEMAS DA ÁGUA NO CONTEXTO GLOBAL: REFLEXÕES A PARTIR DE UMA COMUNIDADE AMAZÔNICA E DA LÓGICA INSTITUCIONAL GEOGRAFICAMENTE LOCALIZADA
EIXO 5 – Meio ambiente, recursos e ordenamento territorial.
RESUMO
Neste estudo, discutimos caminhos para a gestão da água a partir de percepções e
representações de uma comunidade ribeirinha amazônica. O interesse a esta pesquisa vem da
observação de análises e investigações que fornecem resultados sobre o futuro incerto da água
no planeta, somada à observação da realidade brasileira (em quaisquer regiões urbanas ou não)
com a rápida e constante degradação de redes superficiais. Acreditamos que com estudos da
Geografia Cultural, dos fenômenos da construção do sentido e significados, juntamente com os
estudos da Percepção e Representações Sociais da problemática da água, aliadas aos estudos
das Lógicas Institucionais produzirão resultados que permitirão novos projetos e pesquisas que
apontem soluções plausíveis à tomada de decisões para a formulação de gestões mais
responsáveis com novos projetos visando à educação ambiental, a preservação e o
desenvolvimento sustentável tendo como objeto a água. A fim de alcançar o objetivo proposto
neste estudo, caminha-se através de estudos da Geografia Cultural e para a obtenção de dados,
observação e análise das percepções que conduzam às representações da comunidade
pesquisada, utilizou-se da pesquisa qualitativa participativa.
Palavras-chave: gestão; água; Amazônia.
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