Processo Curricular

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PROCESSO CURRICULAR No processo curricular a performatividade e a formação docente estão em torno da idéia de reformismo e de excelência de professores e da escola, considerando questões de autoria e autonomia docente. O ciclo de políticas elaborado por Stephen Ball e Richard Bowe favorece a articulação entre tempos/momentos de produção e implementação de políticas, resultando a produção curricular num processo dinâmico. Considerando a reinterpretação, colocamos em questão aspectos de certa racionalidade técnica mediando o processo de formação docente no cotidiano, como aprendizado de aplicação científica inteligente, correlacionando positivamente causa e efeito, meios e fins, sendo as condições de ensino imediatamente atreladas ao rendimento dos alunos. Ainda que exista essa influência tecnicista aproximada dos processos performáticos, observamos que a autoria docente acontece principalmente, quando associada ao processo de produção curricular, na participação da negociação de sentidos. Os processos de autoria, autoridade e autorização nesse fazer curricular cotidiano que constitui a identidade docente consideram conflitos e contradições entre sujeitos no interior da escola. Entender o processo de produção curricular como zona de conflito e luta por hegemonia e por controle do processo educativo, impulsionado por elementos diversos, envolve entender os diferentes sujeitos como ativos nessa disputa. A hegemonia não é estável, necessita de um processo de legitimação para se consolidar e se manter, o que envolve dinamismo e âmbitos de decisões e realizações como consta: a) O currículo prescritivo: È ditado pelos órgãos políticos-administrativos, e tem um papel de prescrição ou orientação relativamente ao conteúdo do currículo. Funciona como referência básica relativamente à elaboração de materiais curriculares e controle de sistemas. O currículo tem sido tratado, inspirado no paradigma técnico-linear de Ralph Tyler (1974), como uma questão de decisões sobre objetivos a serem atingidos, “grades curriculares” que definem as disciplinas, tópicos de conteúdo, carga horária, métodos e técnicas de ensino e avaliação de objetivos preestabelecidos (SAUL, 1998 apoud PADILHA, 2004, p. 133, grifo do autor).

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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO - 26/10/2009FACULDADE ALFA - PEDAGOGIA - 2009

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PROCESSO CURRICULAR

No processo curricular a performatividade e a formação docente estão em torno da idéia de reformismo e de excelência de professores e da escola, considerando questões de autoria e autonomia docente.

O ciclo de políticas elaborado por Stephen Ball e Richard Bowe favorece a articulação entre tempos/momentos de produção e implementação de políticas, resultando a produção curricular num processo dinâmico.

Considerando a reinterpretação, colocamos em questão aspectos de certa racionalidade técnica mediando o processo de formação docente no cotidiano, como aprendizado de aplicação científica inteligente, correlacionando positivamente causa e efeito, meios e fins, sendo as condições de ensino imediatamente atreladas ao rendimento dos alunos.

Ainda que exista essa influência tecnicista aproximada dos processos performáticos, observamos que a autoria docente acontece principalmente, quando associada ao processo de produção curricular, na participação da negociação de sentidos.

Os processos de autoria, autoridade e autorização nesse fazer curricular cotidiano que constitui a identidade docente consideram conflitos e contradições entre sujeitos no interior da escola.

Entender o processo de produção curricular como zona de conflito e luta por hegemonia e por controle do processo educativo, impulsionado por elementos diversos, envolve entender os diferentes sujeitos como ativos nessa disputa.

A hegemonia não é estável, necessita de um processo de legitimação para se consolidar e se manter, o que envolve dinamismo e âmbitos de decisões e realizações como consta:

a) O currículo prescritivo:È ditado pelos órgãos políticos-administrativos, e tem um papel de prescrição ou orientação relativamente ao conteúdo do currículo. Funciona como referência básica relativamente à elaboração de materiais curriculares e controle de sistemas.O currículo tem sido tratado, inspirado no paradigma técnico-linear de Ralph Tyler (1974), como uma questão de decisões sobre objetivos a serem atingidos, “grades curriculares” que definem as disciplinas, tópicos de conteúdo, carga horária, métodos e técnicas de ensino e avaliação de objetivos preestabelecidos (SAUL, 1998 apoud PADILHA, 2004, p. 133, grifo do autor).Diante desse entendimento, a construção e a reformulação dos currículos acaba por se reduzir a um conjunto de decisões normativas que são produzidas nos gabinetes das secretárias federais, estaduais e municipais de educação, pois o currículo é a especificação precisa de objetivos, procedimentos e métodos para a obtenção de resultados que possam ser precisamente mensurados (SILVA, 2004, p. 12).

b) O currículo planejadoÉ o currículo que resulta da interpretação do professor, seja a partir do currículo prescrito ou dos materiais curriculares. O professor é um tradutor que intervém na configuração do significado das propostas curriculares, nomeadamente, quando realiza o trabalho de planificação.Ou seja, o currículo abrange formas e significados, dentro das práticas educativas entre professores e os alunos na concretização de referências fundamentais na ação curricular. Isso contribui para que o professor consiga planejar as aulas: um meio para aquisição do conhecimento dentro do ambiente escolar.Pensar nesse conjunto é saber o que falar, como falar e como avaliar o conhecimento adquirido pelo aluno.Para que isso aconteça é preciso que o professor organize as suas aulas por meio das suas concepções, do que ensinar e para que ensinar.A idéia de aulas torna a disciplina acessível à construção de idéias para se pensar em como conduzi-las e estruturá-las permitindo a “apreensão” do conhecimento, criando métodos de aprendizagem, fazendo o aluno perceber e transpor aquele conhecimento aprendido em seu cotidiano.

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É evidente que durante seu planejamento e execução ocorrem fatos que levarão ao improviso. Isto é natural, uma vez que há a relação entre o professor e o aluno que produz um novo significado, pois o processo de ensinar requer uma organização prévia por parte dos professores para que o currículo prescrito possa de fato se tornar presentes no cotidiano da escola e nas atividades realizadas por eles, no caso especificamente, as aulas e os debates para uma melhoria na aprendizagem do aluno. Por isso, os elementos curriculares descritos se tornam imprescindíveis para a execução de tarefas que foram não só “ditados pelas secretárias de educação ou pelos diretores”, mas criadas e discutidas por eles para que a ação-as aulas-possam ser efetivamente concluídas.As aulas devem contemplar as características dos conteúdos conforme Coll (1999), são sete: fatos, conceitos, princípios, atitudes, normas, valores e procedimentos.Por este motivo a importância dos professores planejarem as aulas, para que os conteúdos sejam contemplados com o saber e possibilitem compreender e analisar o cotidiano do aluno.

b) O currículo organizado:Podemos classificar como mediante a execução de tarefas complexas no ambiente de trabalho, exigindo para sua qualificação a aquisição de conhecimentos teóricos e práticos a serem ministrados através de processo educacional organizado em currículo próprio (plano de curso), demandando um período prolongado para a sua realização, excluem-se aquelas atividades que podem ser praticadas com breves informações e aquelas que em poucas horas já inserem o trabalhador no processo produtivo.Dentro desse contexto, as entidades que irão promover a aprendizagem realizassem a análise ocupacional do ofício ou função a ser submetida à métodos, processos didáticos, meios auxiliares, processos de avaliação, exigindo, para isso, a articulação, interagindo na obtenção de informações sobre a realidade no trabalho e na elaboração de um planejamento didático que assegure a qualificação desejada. Pode ser entendido como um plano pedagógico e sua correspondente organização institucional, que articula dinamicamente trabalho e ensino, teoria e prática, ensino e comunidade.Após um intenso e árduo trabalho coletivo, finalmente o idealizado foi registrado no papel, hoje, o currículo está organizado não por disciplinas, mas por unidades temáticas, em torno das quais “giram” os conteúdos, norteados nos eixos: ser humano, saúde e ética.

c) O currículo em ação:É quando o currículo proposto se transforma em currículo em ação.Para que o currículo esteja em sintonia, é indispensável que os educadores de uma escola se apropriem não só dos princípios legais, políticos, filosóficos e pedagógicos que fundamentam o currículo proposto pelos PCNEM, mas da própria proposta pedagógica da escola.Sendo assim, o currículo em ação é o praticado na realidade escolar, que o professor põe em prática junto dos seus alunos, no momento em que leciona suas aulas.Esse currículo proporciona aos envolvidos a oportunidade de adquirirem conhecimentos, valores, experiências que os capacitem para a vivência da democracia crítica.

d) O currículo avaliativo:As políticas públicas torna-se um objeto de investigação pertinente, tanto para os sistemas políticos e econômicos, como para os sistemas sociais e educativos. Tendo a investigação avaliativa como função de formação dos atores.Os docentes devem ser capazes de: Avaliar sumativamente a formulação de uma síntese das informações recolhidas sobre o desenvolvimento das aprendizagens e competências definidas para cada área curricular e disciplina, no quadro do projeto curricular de turma respectivo, dando uma atenção especial à evolução do conjunto dessas aprendizagens e competências. Avaliar, enquanto parte integrante do processo de ensino e de aprendizagem, permitindo verificar o cumprimento do currículo, diagnosticar insuficiências e dificuldades ao nível das aprendizagens e (re) orientar o processo educativo (...), permitindo a elaboração de planos de recuperação, de desenvolvimento e de acompanhamento a noção de coexistência de áreas fortes e fracas, nunca descurando o meio onde os sujeitos se incluem. Ser capaz de refletir acerca do modo como as atividades decorrem; Analisar os progressos registrados, partindo da recolha de informação acerca das respostas dadas pela criança durante as atividades; E por fim, fazer reuniões com os profissionais, da escola, para criar finalidades de respostas ao processo avaliativo formal ou curricular. Daniela da Silva Holtz

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