Processo de transesterificação na produção de Biodiesel
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Processo de transesterificação na produção de Biodiesel
Ana Carina Cruz de Mello
Carina Pereira Silva
Felipe Rivera Miguel
Josi Claire Lourenço Porto
Rodrigo Lannes Poubel
Introdução
A produção de biomassa, fonte de energia limpa e renovável, derivada
de materiais orgânicos, para a obtenção de biocombustíveis; principalmente
biodiesel, apresenta um potencial promissor no mundo devido a previsões de
que os recursos energéticos atuais, de fontes não renováveis podem chegar ao
fim.
O biodiesel é um combustível biodegradável derivado da biomassa, que
pode ser obtido por diferentes processos tais como o craqueamento,
esterificação ou transesterificação. Pode ser produzido a partir de gorduras
animais ou de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil
que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu,
amendoim, pinhão manso e soja.
Como combustível, o biodiesel possui algumas características que
representam vantagem sobre os combustíveis derivados do petróleo. Dentre
elas, o fato de ser livre de enxofre e compostos aromáticos e de emitir menos
gases poluentes e materiais particulados tóxicos.
A maior parte do biodiesel produzido no mundo deriva do óleo de soja.
Fatores como a geografia, o clima e economia determinam o óleo vegetal de
maior interesse para uso potencial dos biocombustíveis.
Também é importante ressaltar que a participação do biodiesel na matriz
energética nacional brasileira é capaz de impulsionar o agronegócio da cana,
gerando benefícios à economia brasileira. A produção de etanol é expressiva
em, praticamente, todas as regiões do país, e o biodiesel contribuirá para o
aumento da competitividade do setor, utilizando a rede de distribuição já
existente e as tecnologias desenvolvidas para a cadeia produtiva da cana.
É necessária uma padronização do controle de qualidade para o
biodiesel. No Brasil, as especificações foram editadas pela Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Objetivo
O objetivo deste trabalho é explicar o processo de transesterificação na
produção de biodiesel, em escala de laboratório, e explicar a importância desse
tipo de biocombustível na matriz energética mundial e, principalmente,
brasileira.
Fundamentos Teóricos
Transesterificação consiste em uma reação química entre um éster e um
álcool da qual resulta um novo éster e um álcool.
Figura 1 – Reação genérica de transesterificação
Consiste em reagir um lipídio conhecido como triacilglicerídeo ou
triglicerídeo com um mono-álcool de cadeia curta (metílico ou etílico), na
presença de um catalisador, resultando em uma mistura de ésteres alquílicos
de ácidos graxos (denominado de biodiesel) e glicerol. São necessários na
reação, três moles do álcool para cada mol de triacilglicerídeos, além de ser
utilizado excesso de álcool, de modo a aumentar o rendimento em ésteres, e
favorecer o deslocamento químico dos reagentes para os produtos, permitindo
ainda, a separação do glicerol formado.
Nesta reação é promovida a quebra da molécula do triacilglicerídeo, por
uma seqüência de três reações reversíveis e consecutivas, em que os
monoglicerídeos e os diglicerídeos são os intermediários. Inicialmente, a
molécula de triacilglicerídeo é convertida em diglicerídeo, depois em
monoglicerídeo e, finalmente, em glicerol, produzindo um mol de éster a cada
etapa reacional e liberando a glicerina como co-produto, que possui um de alto
valor agregado, com importante aplicação comercial, por exemplo: nas
indústrias químicas, farmacêuticas e de cosméticos.
Além da glicerina, a cadeia produtiva do biodiesel gera uma série de
outros co-produtos (torta, farelo, etc) que podem agregar valor e se constituir
em outras fontes de renda importantes para os produtores.
O mecanismo reacional em etapas está apresentado na figura a seguir:
Figura 2 – Etapas da transesterificação (Fonte: Candeia, 2008.)
O álcool é considerado o agente de transesterificação e este pode conter
até oito átomos de carbono em sua cadeia. Entretanto, devido às propriedades
conferidas ao produto, os alcoóis metílico (metanol) e etílico (etanol) figuram
entre os principais agentes de transesterificação e são os mais freqüentemente
empregados no processo.
A reação de transesterificação pode ser influenciada por alguns fatores
como: a pureza dos reagentes, tipo do álcool, tipo e a quantidade de
catalisador, razão molar óleo: álcool, agitação da mistura e temperatura.
Materiais e Métodos
A transesterificação é o processo mais utilizado, atualmente, para a
produção de biodiesel.
Neste trabalho será explicado um processo de produção do biodiesel,
em escala de laboratório, a partir do óleo vegetal de soja refinado.
O álcool utilizado é o etílico 99,8 ºGL e o catalisador o hidróxido de
potássio (KOH). Além do álcool, a escolha do catalisador é um fator chave para
obtenção de um bom rendimento da reação química.
A transesterificação de óleos vegetais pode ser conduzida por uma
variedade de rotas tecnológicas em que diferentes catalisadores podem ser
empregados, como bases inorgânicas, ácidos minerais, resinas de troca iônica,
superácidos, superbases e enzimas lipolíticas (lipases).
A catálise básica tem problemas operacionais quando o óleo vegetal
apresenta altos teores de ácido graxo livre, pois são formados sabões que,
além de consumirem parte do catalisador durante sua formação, acabam
gerando emulsões e dificultando a separação dos produtos (ésteres e glicerina)
no final da reação.
Inicialmente, para a formação do etóxido mistura-se KOH em etanol (2%
da massa do óleo) em balão e deixa-se sob agitação durante 10 minutos. Em
seguida o óleo de soja (proporção molar 1:6 óleo/álcool) é adicionado à
solução de etóxido de potássio, esta mistura reacional permanece sob agitação
por 3 horas.
Posteriormente, a mistura é transferida para funil de separação, onde
permanece por 2 horas. Logo após, observa-se a formação de duas fases:
mais densa contendo o biodiesel e outra composta de glicerina, sabões,
excesso de base e álcool. O biodiesel é então lavado utilizando uma solução
de H3PO4(20%) e com solução de NH4Cl (5%). Em seguida o biodiesel é filtrado
a vácuo utilizando Na2SO4 anidro.
O produto final da reação pode ser analisado qualitativamente através
da técnica de cromatografia gasosa (CG/MS). Utiliza-se hélio como gás de
arraste com fluxo na coluna de 1ml/ min -1, temperatura do injetor: 250 ºC, split
1:10; coluna capilar (30 m x 0,25 mm; 0,25 µm ) com fase estacionária VF-5 ms
(5% fenil, 95% dimetil polisiloxano). É injetada alíquota de 1,0 µL da amostra
do biodiesel que necessita ser diluída previamente na proporção de 1:10 em
diclorometano.
O teste para analisar o teor de acidez do biodiesel utiliza-se o método
potenciométrico adaptado de química nova vol: 29 n º 3 593-599, 2006. Para
determinação na amostra é ministrada solução padronizada de KOH 0,0076 N,
água destilada e álcool iso-propílico.
No índice de saponificação (I.S) é utilizada solução de KOH 0,7 mol/l em
etanol, solução fenolftaleina 1%, solução padronizada HCl 0,5 mol/l e tolueno.
Figura 3 – Esquema de produção de biodiesel resumido.
Conclusão
Após a primeira crise do petróleo, provocada por fatores políticos e
econômicos, em 1973, todos os países importadores desse produto fóssil
foram afetados, inclusive o Brasil.
Desde então, a busca por novas fontes alternativas de energia tem
motivado a classe científica a desenvolver tecnologias, as quais permitam
substituir gradualmente o combustível fóssil por fontes energéticas renováveis.
E atualmente, estas pesquisas vêm sendo aceleradas devido às mudanças
climáticas associadas à liberação de gases da queima de combustíveis fósseis,
ao alto preço internacional do petróleo e à preocupação com o
desenvolvimento sustentável.
Nesse contexto, a utilização de biodiesel como combustível tem
apresentado um potencial promissor no mundo inteiro. Vários países vêm
investindo na produção e viabilização comercial do biodiesel, através de
unidades de produção com diferentes capacidades, distribuídas
particularmente na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Dentre as
matérias-primas mais utilizadas figuram os óleos de soja e de canola.
A introdução do biodiesel na matriz energética brasileira poderá trazer
inquestionáveis benefícios no que diz respeito à inclusão social, economia de
divisas, incorporação de terras de baixa qualidade à produção agrícola,
independência estratégica, saldo favorável no balanço de carbono, entre
outros.
A soja, a mamona, o dendê e o babaçu são considerados as oleaginosas
mais promissoras para a produção de biodiesel em larga escala no Brasil. A
produção de biodiesel de soja está sendo sustentada como a mais viável em
argumentos como eficiência, infra-estrutura instalada e a escala da sojicultura.
Para a produção de biodiesel a partir das demais oleaginosas, os principais
argumentos são de cunho econômico, social e ambiental e dependem de
vontade política para investir em sua produção e elaborar políticas públicas
para consolidação do setor.
A redução da dependência externa de importação de diesel consumido no
país, aliada ao fato da redução da poluição atmosférica com adição do
biodiesel ao diesel, nos estimula a recomendar este processo para obtenção do
biodiesel.
Portanto, o Brasil possui um enorme potencial para a produção de
biomassa para a obtenção não só de biodiesel, mas de biocombustíveis, em
geral. Esse potencial pode fazer do país um dos principais fornecedores de
biocombustíveis e tecnologias limpas do mundo.
Referências Bibliográficas
http://www.biodieselbr.com/biodiesel/processo-producao/transesterificacao.htm
http://www.abq.org.br/biocom/2009/trabalhos/-12-5572.htm
BRASIL, Biomassa, Biocombustíveis e bionergia. Brasília, MME, 1982
SARKANEN K V., Progess in Biomass Convertion, Vol. 1, New York, Academic
Press, 1979
W GRIFFIN JR., RODGER, Modern Organic Chemistry – International Student
Edition, McGraw-Hill Kogakusha, Ltd.
CANDEIA, R.A. (2008). Biodiesel de Soja: Síntese, Degradação e Misturas
Binárias. Dissertação de Doutorado em Química Orgânica. Centro de Ciências
Exatas e da Natureza – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. pp.8-
25.