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“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de

que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

(Apóstolo Paulo)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em primeiro lugar, pois Ele é o motivo da minha

existência, e porque d’Ele e por Ele e para Ele são todas as coisas.

Agradeço a minha família que muito me ajudou nos momentos difíceis e

sempre me incentivou. Agradeço aos amados irmãos da Igreja Batista em

Praça da Fé e da Igreja Batista Central em Barra do Itabapoana. E por fim

aos amigos que muitas vezes são mais chegados que irmãos.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus em primeiro lugar, e à meus pais Pr. Carlos

Alberto Ferreira Cindra e Elizete da Silva Cindra.

RESUMO

Este estudo pretende contribuir para a conscientização sobre a importância da interpretação bíblica na história da igreja e sua relevância para a prática eclesiástica nos dias de hoje. Responder à pergunta – como a interpretação bíblica interfere na vida da igreja? – e demonstrar que desde seu nascimento, a igreja de Cristo sofre com deturpações, equívocos, e erros de interpretação que levaram muitos à idolatria, heresia, ou até mesmo à apostasia, a abandonarem a fé. E hoje não é diferente, pois pastores, líderes, aqueles que exercem influencia e são formadores de opinião, têm uma grande responsabilidade em guiar o povo no caminho correto. Pois a história mostra como guerras, seitas, mortes e várias atitudes inconsequentes já foram feitas em nome de Deus e com o “apoio” de sua Palavra. Cabe a cada um que manuseie a Bíblia, entender como um livro tão antigo, que ainda é influente a ponto de mudar e guiar a vida das pessoas, amado e odiado por muitos, pode ajudar ou atrapalhar a vida da igreja. Portanto uma igreja saudável faz como os Bereanos em Atos 17.10 e 11, não desprezam as profecias, mas examinam tudo e guardam o que é bom (1 Ts 5.20 e 21). Para tanto é preciso criar o hábito de uma leitura saudável, buscando entender o texto

e seu contexto. Pois a grande maioria dos erros de interpretação, encontrados durante a pesquisa, mostra que os mesmos surgem porque a pessoa que o aplica ignora totalmente o abismo cultural que há entre o tempo em que a Bíblia foi escrita para o tempo em que vivemos. Mas demonstra-se que o melhor caminho para aplicarmos a palavra como deve ser aplicada é o preparo do líder e não a denuncia de erros. Portanto foram apresentados fundamentos teóricos para conscientizar a igreja sobre a importância de uma boa e saudável interpretação das Sagradas Escrituras, a Palavra de Deus. E apresentar também uma visão histórica, apontando erros e quesitos para uma interpretação bíblica coerente. O procedimento metodológico se apoiará na pesquisa bibliográfica acerca do tema delimitado e na interpretação crítica das teorias apresentadas pelos diversos autores.

PALAVRAS-CHAVE: Interpretação Bíblica; Bíblia; Igreja.

ABSTRACT

This study aims to contribute to the awareness of the importance of biblical interpretation in church history and its relevance to the ecclesiastical practice today. Answer the question - how biblical interpretation interfere in church life? - And demonstrate that from birth, the Church of Christ suffers with misrepresentations, misunderstandings,

and misinterpretations that led many to idolatry, heresy, apostasy or even to abandon the faith. And today is no different, as pastors, leaders, those who exercise influence and are opinion leaders have a great responsibility in guiding the people on the right path. For history shows how wars, sects, and several deaths have been inconsequential actions done in the name of God and the "support" of his Word. Each one who handles the Bible, understand how a book so old, that is still influential enough to change and guide people's lives, loved and hated by many, can help or hinder the church life. So does a healthy church as the Bereans in Acts 17:10 and 11, do not despise prophecies, but examine everything and keep what is good (1 Thessalonians 5:20, 21). For that you must create the healthy habit of reading, trying to understand the text and its context. For the vast majority of interpretation errors were found during the research shows that they arise because the person who applies it totally ignores the cultural chasm that exists between the time the Bible was written to the time in which we live. But it is shown that the best way to apply the word as it should be applied is the preparation of the leader and not a denunciation of errors. So were presented theoretical foundations for the church to raise awareness about the importance of a good and healthy interpretation of the Sacred Scriptures, the Word of God. And also present a historical view, pointing out errors and inquiries for a coherent biblical interpretation. The methodological procedure will rely on literature search on the topic delimited and critical interpretation of the theories presented by various authors.

KEYWORDS: Biblical Interpretation, Bible, Church.

SUMÁRIO

INTRODUÇÂO ...................................................................................................................... 10

1. O QUE É INTERPRETAÇÃO BÍBLICA? ...................................................................... 12

1.1. FERRAMENTAS PARA A INTERPRETAÇÃO.............................................................. 14

1.2. MÉTODOS: A EXEGESE .................................................................................................... 17

1.3. MÉTODOS: A HERMENÊUTICA ...................................................................................... 20

2. A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA E SEUS OBJETIVOS ............................................... 21

2.1. O OBJETIVO ESPECÍFICO ................................................................................................ 23

2.2. O OBJETIVO GERAL ............................................................................................................ 26

3. O LEIGO E A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA ................................................................. 29

3.1. AS DIFICULDADES DIANTE DAS DIVERSIDADES DOUTRINÁRIAS ................ 31

3.2. O PERIGO DA INTERPRETAÇÃO COM BASE NO “ACHISMO” .......................... 33

4. ALGUMAS INTERPRETAÇÕES BÍBLICAS QUE MARCARAM A

HISTÓRIA DA IGREJA ........................................................................................................ 36

4.1. JESUS ........................................................................................................................................ 37

4.2. PEDRO ...................................................................................................................................... 38

4.3. FILIPE ........................................................................................................................................ 39

4.4. PAULO ....................................................................................................................................... 40

4.5. OS APOLOGISTAS ............................................................................................................... 41

4.6. O CONCÍLIO DE NICÉIA ..................................................................................................... 43

4.7. AGOSTINHO DE HIPONA .................................................................................................. 44

4.8. OS REFORMADORES ......................................................................................................... 45

CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 50

ANEXOS ................................................................................................................................. 52

INTRODUÇÃO

O presente estudo visa abordar a importância da interpretação

bíblica na vida da Igreja. Para tanto, a questão central deste trabalho é

responder à pergunta: como a interpretação bíblica interfere na vida da

igreja?

O tema sugerido é de fundamental relevância, pois, desde seu

nascimento, a igreja de Cristo sofre com deturpações, equívocos e erros

de interpretação, que levaram muitos à idolatria, à heresia ou, até mesmo,

à apostasia, a abandonarem a fé. E hoje não é diferente, pois pastores,

líderes, aqueles que exercem influência e são formadores de opinião, têm

uma grande responsabilidade em guiar o povo no caminho correto. A

história mostra como guerras, seitas, mortes e várias atitudes

inconsequentes já foram feitas em nome de Deus e com o “apoio” de sua

Palavra.

Cabe a nós entender como um livro tão antigo, que ainda é

influente ao ponto de mudar e guiar a vida das pessoas, amado e odiado

por muitos, pode ajudar ou atrapalhar a vida da igreja. Portanto, uma

igreja saudável faz como os bereanos em Atos 17.10 e 11, não

desprezam as profecias, mas examinam tudo e guardam o que é bom (1

Ts 5.20 e 21).

Sugere-se que, inicialmente, se crie o hábito de uma leitura

saudável, buscando entender o texto e seu contexto. Pois, a grande

maioria dos erros de interpretação, encontrados durante a pesquisa,

mostra que eles surgem porque a pessoa que o aplica ignora totalmente o

abismo cultural que há entre o tempo em que a Bíblia foi escrita e a

contemporaneidade. Mas, demonstra-se que o melhor caminho para

aplicar a Palavra como deve ser aplicada é o preparo do líder e não a

denúncia de erros.

São, portanto, objetivos desta pesquisa, apresentar fundamentos

teóricos para conscientizar a igreja sobre a importância de uma boa e

saudável interpretação das Sagradas Escrituras, a Palavra de Deus. E

apresentar, também, uma visão histórica, apontando erros e quesitos para

uma interpretação bíblica coerente. A metodologia utilizada para alcançar

estes objetivos foi uma pesquisa bibliográfica, cujos principais autores,

utilizados em sua realização, foram Gordon D. Fee e Douglas Stuart, e

Justo L. González.

1. O QUE É INTERPRETAÇÃO BÍBLICA?

Para falar sobre este assunto, se faz necessário focar,

primeiramente, na palavra interpretação, pois a mesma se faz presente

todos os dias na vida de uma pessoa. O indivíduo se coloca na qualidade

de intérprete em tudo o que absorve, seja na forma textual, auditiva,

visual ou qualquer outra. Isso é simples de exemplificar em todas as

formas, como por exemplo: na forma textual, o indivíduo interpreta tudo o

que lê e tira a sua própria conclusão do que leu; na forma auditiva, o

indivíduo interpreta tudo o que ouve e tira sua conclusão do que ouviu; na

forma visual, o indivíduo interpreta tudo o que vê e também tira sua

conclusão do que viu.

Por exemplo, quando se está dirigindo e se observa uma placa

com um desenho de uma lombada e os seguintes símbolos “a 100 m”,

logicamente, o indivíduo interpretará que a cem metros terá uma

lombada. Como essas conclusões são pessoais, muitas vezes isso

acarretará a seguinte situação: uma única fonte feita com uma única

intenção pelo autor, mas interpretada de formas diferentes por pessoas

que tenham tido contato com essa fonte.

Para o conceito comum de interpretação, o exemplo é ideal; mas,

para exemplificar a interpretação bíblica, este modelo não se adequa,

pelo fato de que a interpretação bíblica não tem por finalidade dar ênfase

à opinião pessoal do intérprete, ou seja, do leitor da bíblia, mas, sim,

descobrir a “outra ponta deste fio”, ou seja, descobrir a intenção original

do autor em seu contexto. Logo, o ponto chave da interpretação bíblica

não é o que se entende do texto, mas sim o que ele quer dizer.

Buscar o sentido original dos textos bíblicos não é uma tarefa fácil,

levando em conta que muitas barreiras precisam ser superadas. A

começar pela língua, pois a bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e

grego, e buscar o sentido original em textos escritos em outros idiomas,

muitas vezes, requer ir à língua original de determinado texto, pois,

frequentemente, a tradução não dá segurança ao intérprete.

Outra barreira que dificulta a interpretação do sentido original do

texto é o contexto, pois, é preciso levar em conta que, além de ter sido

escrita numa cultura diferente, pelas características geográficas e

culturais, existe outra barreira que se impõe: o tempo em que os textos

foram escritos. Por isso, a tarefa da interpretação da Bíblia exige muito

bom senso e responsabilidade por parte do intérprete, pois, interpretações

equivocadas podem causar danos à igreja de Cristo. Sendo assim:

Com frequência, por exemplo, somos capazes de reconhecer as seitas porque possuem outra autoridade além da Bíblia. Mas nem todas elas a possuem; em todos os casos, porém, distorcem a verdade por meio de uma seleção de textos da própria Bíblia. Todas as heresias ou práticas imagináveis alegam ter 'apoio' em algum texto. (FEE e STUART, 2011, pp. 26-27)

Agora, faz-se necessária uma abordagem geral da Bíblia, assim

como foi feito com a palavra interpretação. E, sobre a Bíblia, a Pequena

Enciclopédia Bíblica relata:

Todos os 66 livros da Bíblia juntos contém a revelação de Deus aos homens. Foram escritos por, ao menos, 36 homens, durante um período de 1500 anos. Entre esses homens havia reis, agricultores, pastores, advogados, pescadores, um médico, um cobrador de impostos. Contudo esses livros perfazem um só livro, porque são a obra de um só Autor, sobre um só alvo e propósito divino, a redenção dos homens. O próprio livro é tão grande milagre como qualquer relato nas suas páginas. (BOYER, 1986, p.107)

É, exatamente, pela complexidade em sua formação, que a Bíblia

se torna alvo de uma interpretação diferenciada do conceito comum de

interpretar. Logo, a interpretação bíblica é a busca pela intenção ou a

essência do que o autor queria expressar. Essa interpretação faz uso de

um processo conhecido como exegese, que nada mais é do que o

processo pela busca do sentido original, indo na fonte, no texto e no

contexto primário. Logo, pode-se dizer que:

Uma interpretação crítica das Escrituras é aquela que possui justificação adequada – lexical, gramatical, cultural, teológica, histórica, geográfica ou de qualquer outro tipo. Em outras palavras, exegese crítica neste sentido é aquela que dá boas razões para as escolhas que faz e as posições que adota. A exegese crítica é contrária a opiniões simplesmente pessoais, reivindicações de autoridades ilegítimas (do intérprete ou de qualquer outra pessoa), interpretações arbitrárias e pontos de vista especulativos. (CARSON, 1992, p. 14)

Henrichsen (1983, pp.8-9) em seu livro “Princípios de Interpretação

da Bíblia” destaca quatro pontos sobre a interpretação. São eles:

OBSERVAÇÃO, que responde à pergunta: 'Que vejo?' Aqui o estudante da Bíblia aborda o texto como um detetive. Nenhum pormenor é sem importância; nenhuma pedra fica sem ser virada. Cada observação é cuidadosamente arrolada para consideração e comparações posteriores.

INTERPRETAÇÃO, que responde à pergunta: ‘Que significa?’ Aqui o intérprete bombardeia o texto com perguntas como: ‘Que significavam estes pormenores para as pessoas as quais foram dados? [Por que o texto diz isso?]’ (sic) ‘Qual a principal ideia que ele está procurando comunicar?’

CORRELAÇÃO, que responde à pergunta: 'Como isto se relaciona com o restante daquilo que a Bíblia diz?' O estudante da Bíblia deve fazer mais do que examinar somente passagens individuais. Deve coordenar o seu estudo com tudo mais que a Bíblia diz sobre o assunto. A precisa compreensão da Bíblia sobre qualquer assunto leva em conta tudo que a Bíblia diz sobre aquele assunto.

APLICAÇÃO, que responde à pergunta: 'Que significa para mim?' Esta é a meta dos outros três passos. Um especialista nessa área disse-o sucintamente: 'Observação e interpretação sem aplicação é aborto'. (grifo do autor)

Para guiar o intérprete neste processo, o mesmo precisa saber que

existem algumas regras básicas que podem e devem ser usadas. “As

regras de interpretação se dividem em quatro categorias: gerais,

gramaticais, históricas e teológicas” (HENRICHSEN, 1983, p.9). Uma

abordagem mais específica sobre as regras de interpretação se fará no

próximo tópico.

1.1. FERRAMENTAS PARA A INTERPRETAÇÃO

Este ponto é extremamente importante para a interpretação

saudável na vida da igreja. Pois, para uma interpretação com qualidade

são necessárias ferramentas para tornar essa tarefa mais fácil e confiável.

É de fundamental importância começar este ponto explanando as regras

da interpretação vistas no parágrafo anterior.

Os “Princípios Gerais de Interpretação são os que tratam da

matéria global da interpretação. São universais em sua natureza, não se

limitando a considerações específicas, incluídas estas nas outras três

seções” (HENRICHSEN, 1983, p.9).

Já os “Princípios Gramaticais de Interpretação são os que tratam

do texto propriamente dito. Estabelecem as regras básicas para o

entendimento das palavras e sentenças da passagem em estudo”

(HENRICHSEN, 1983, p.9). Ainda seguindo a ordem das regras, observa-

se que:

Princípios Históricos de Interpretação são os que tratam do substrato ou contexto em que os livros da Bíblia foram escritos. As situações políticas, econômicas e culturais são importantes na consideração do aspecto histórico do seu estudo da Palavra de Deus. (HENRICHSEN, 1983, p.9)

E o último item: