Produção Agroecológica de Suínos

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II Conferência Internacional Virtual sobre Qualidade de Carne Suína 05 de novembro à 06 de dezembro de 2001 — Via Internet PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA DE SUÍNOS – UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL PARA A PEQUENA PROPRIEDADE NO BRASIL L. C. Pinheiro Machado Filho M. C. A. C. da Silveira M. J. Hötzel L. C. Pinheiro Machado LETA - Laboratório de Etologia Aplicada ([email protected]) Departamento de Zootecnia e Des. Rural - CCA/UFSC Rod. Admar Gonzaga, 1346. Itacorubi. Florianópolis, SC. 88.034-001. BRASIL Fone: (+55-48) 331-5349 / 331-5356 Fax: (+55-48) 331-5350 / 331-5400 Resumo A sustentabilidade é uma condição da agroecologia e implica, necessaria- mente, a associação e a sucessão animal e vegetal. Uma condição para a sustentabilidade é minimizar ou mesmo eliminar o uso de insumos provenientes de processos de síntese química. No caso dos suínos, isso é viável através da adoção de sistemas de produção que possam maximizar o uso da pastagem da alimentação dos suínos, que permitam a reciclagem de nutrientes diretamente no solo e em níveis que não impliquem poluição. Embora tenhamos o entendimento de que os princípios gerais de sustentabilidade a serem observados sejam universais, a solução não é sair de um pacote para outro. Para cada situação deverá se buscar uma alternativa viável, dependendo da realidade social, econômica, ecológica e cultural. Nos climas tropicais e sub-tropicais, como é o caso brasileiro, a criação de suínos ao ar livre é uma opção apropriada para as fases de reprodução e lactação, enquanto que para as fases de crescimento e terminação, a criação sobre cama pode ser adequada. Se os dejetos orgânicos da criação de suínos forem manejados de forma a fertilizar o solo, os problemas da poluição são superados. Isto leva também à reciclagem de nutrientes e promove um melhor balanço energético do sistema. Considerando que a produção agroecológica é superior à produção convencional em termos ambientais, energéticos, e de bem-estar animal, leva a uma menor dependência de insumos externos e menor impacto social e cultural, este é um tipo de produção que deve interessar a toda a sociedade. Palavras-chaves: agroecologia, suinocultura, bem-estar, agricultura sustentá- vel, produção orgânica, agricultura familiar. 1 Introdução Por várias décadas a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico na agricultura animal tem tido como critérios centrais a produção e a produtividade animal. Em conseqüência, pouca ou nenhuma atenção foi dada ao impacto das então novas tecnologias e sistemas criatórios no ambiente, na saúde do produtor, na qualidade do alimento produzido, nas comunidades rurais e no bem-estar dos animais (Fraser 1

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PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA DE SUÍNOS – UMAALTERNATIVA SUSTENTÁVEL PARA A PEQUENA

PROPRIEDADE NO BRASIL

L. C. Pinheiro Machado Filho M. C. A. C. da Silveira M. J. HötzelL. C. Pinheiro Machado

LETA - Laboratório de Etologia Aplicada ([email protected] )Departamento de Zootecnia e Des. Rural - CCA/UFSC

Rod. Admar Gonzaga, 1346. Itacorubi. Florianópolis, SC. 88.034-001. BRASILFone: (+55-48) 331-5349 / 331-5356 Fax: (+55-48) 331-5350 / 331-5400

Resumo

A sustentabilidade é uma condição da agroecologia e implica, necessaria-mente, a associação e a sucessão animal e vegetal. Uma condição para asustentabilidade é minimizar ou mesmo eliminar o uso de insumos provenientesde processos de síntese química. No caso dos suínos, isso é viável através daadoção de sistemas de produção que possam maximizar o uso da pastagem daalimentação dos suínos, que permitam a reciclagem de nutrientes diretamenteno solo e em níveis que não impliquem poluição. Embora tenhamos oentendimento de que os princípios gerais de sustentabilidade a serem observadossejam universais, a solução não é sair de um pacote para outro. Para cadasituação deverá se buscar uma alternativa viável, dependendo da realidade social,econômica, ecológica e cultural. Nos climas tropicais e sub-tropicais, como é ocaso brasileiro, a criação de suínos ao ar livre é uma opção apropriada paraas fases de reprodução e lactação, enquanto que para as fases de crescimentoe terminação, a criação sobre cama pode ser adequada. Se os dejetosorgânicos da criação de suínos forem manejados de forma a fertilizar o solo,os problemas da poluição são superados. Isto leva também à reciclagem denutrientes e promove um melhor balanço energético do sistema. Considerandoque a produção agroecológica é superior à produção convencional em termosambientais, energéticos, e de bem-estar animal, leva a uma menor dependênciade insumos externos e menor impacto social e cultural, este é um tipo de produçãoque deve interessar a toda a sociedade.

Palavras-chaves: agroecologia, suinocultura, bem-estar, agricultura sustentá-vel, produção orgânica, agricultura familiar.

1 Introdução

Por várias décadas a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico na agriculturaanimal tem tido como critérios centrais a produção e a produtividade animal. Emconseqüência, pouca ou nenhuma atenção foi dada ao impacto das então novastecnologias e sistemas criatórios no ambiente, na saúde do produtor, na qualidadedo alimento produzido, nas comunidades rurais e no bem-estar dos animais (Fraser

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et al., 2001). A avaliação de um sistema de produção apenas por um critériode produtividade ou mesmo lucratividade, pode levar a equívocos. Um sistemade produção, além de eficiente, deve ser ambientalmente benéfico, eticamentedefensável, socialmente aceitável, e relevante para os objetivos, necessidades erecursos das comunidades para os quais foi desenhado para servir (Tribe, 1985).

Um sistema de produção também precisa ser energeticamente sustentável. Umavez que os sistemas agrícolas são abertos, a quantidade de energia (de origem fóssil)que entra no sistema deve ser, preferencialmente, igual ou menor a que sai. Namaior parte dos casos, isto só é possível com a maximização da captação da energiasolar através da integração de diferentes culturas, da rotação do uso do solo e doreaproveitamento de resíduos. A base de qualquer sistema de produção agrícola é osolo. Mesmo num confinamento intensivo é a produção de alimentos para os animais,oriundas de culturas, o fator decisivo e em geral mais oneroso do processo produtivo.A adição de excremento animal é a única prática agrícola capaz de melhorar e mantera fertilidade de solos de lavoura (Tilman, 1998).

2 O sistema de produção dominante: uma apreciaçãocrítica

Nos últimos 50 anos, os progressos na saúde, nutrição e genética animal,resultaram num formidável e inquestionável aumento da produtividade e produçãoanimal. Nesse processo os animais foram confinados em espaços cada vez menores,as dietas ficaram mais especializadas, e houve grande consumo de energia fóssilno processo produtivo, seja pelos tipos de instalações adotadas, seja pelo custoenergético de produção da alimentação animal. Paralelamente, o acúmulo de dejetosse tornou um grave problema ambiental. Progressos e resultados análogos tambémse verificaram na produção vegetal. Paradoxalmente, o aumento de produtividade nãotem se refletido em benefício, nem para o consumidor, nem para o produtor. Nos EUA,por exemplo, o preço da carne para os consumidores aumentou 45% de 1982 a 1999.No mesmo período, o preço pago aos produtores se manteve estável (Fraser et al.2001). A mesma tendência se verifica no Brasil, sendo o preço do leite e da carnesuína bons exemplos recentes.

O aumento da produtividade foi acompanhado por um discurso em prol do"combate à fome no mundo". De fato, nos últimos 30 anos a produção total dealimentos do mundo aumentou 134% (cereais) e 227% (carnes). Já a populaçãomundial aumentou 94% no mesmo período (Tabela 1). Apesar disso, a fome continuaem números nunca vistos, a ponto do mundo já somar 1

4 de sua população na misériaabsoluta, vivendo com menos de US$ 1,00 por dia. Boa parte dessas populaçõessão pequenos produtores ou ex-pequenos agricultores, expulsos de suas terras peloprocesso de concentração da produção (e da propriedade) na agricultura que ocorreuao nível mundial.

Ao que tudo indica, o sistema de produção implantado desde a década de 60- monocultura animal ou vegetal, especialização da propriedade, capital intensivoe alto uso de insumos industriais - está relacionado com o processo de mudançade perfil das realidades agrárias dos diversos países. Em 1996, 39% da produçãomundial de carne suína advinha de confinamentos intensivos (Sere and Steinfeld,

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apud Fraser et al., 2001). Atualmente, este percentual deve ser ainda maior pois,se nos países industrializados a quase totalidade dos suínos são criados em sistemasde confinamento intensivo, nos países da periferia, o percentual do rebanho criado emconfinamentos intensivos tem crescido continuamente.

Dentre outras conseqüências, a implantação do modelo produtivista na agricultura,nos sistemas econômicos de livre mercado, veio acompanhada de uma fortemonopolização da atividade agrícola, concentração da produção e da propriedade. Eisto ocorreu, primeiro nos países centrais, depois, nos periféricos. Nos EUA, em 1945haviam 5,9 milhões de fazendas (NRC, 1989). Este número reduziu-se para 2 milhõesna década de 90 (USDA, 2001). No Brasil, em 1970 eram 49.190.089 de propriedadesrurais, e em 1996 restaram 4.859.865 propriedades (IBGE, 1997). Quer dizer, em 26anos restaram apenas 9,8% das propriedades no campo! A consequência foi que, seem 1960 havia 55 % da população vivendo no campo, em 1996, este percentual caiupara 21% (IBGE, 1997).

A mesma tendência verifica-se na suinocultura industrial, nos países centrais enos periféricos, tomando novamente como exemplos os EUA e o Brasil (Figura 1).Em 1980 havia aproximadamente 650 mil granjas de suínos nos EUA. No ano 2000,o número de granjas era menor que 90 mil (USDA, 2001). Nos EUA tem havidouma forte tendência da produção de suínos deixar de ser em pequenas unidadesfamiliares, a campo, para transformar-se em sistemas confinados de grande escala(Fraser et al., 2001). De fato, atualmente 50,5% do rebanho suíno norte-americanoestá concentrado em 2,4% das granjas (USDA, 2001). No Brasil, tomando o estado deSanta Catarina como exemplo, em 1985 cerca de 57% do rebanho suíno catarinenseera industrial (confinado). Em 1996 esse percentual cresceu para 75% (IBGE, 1997).Já o número de suinocultores industriais em SC, que em 1985 era de 54.176, noano 2000 ficou reduzido a 17.500 produtores (IBGE, 2001), evidenciando um claroprocesso de concentração fundiária e da produção.

O confinamento intensivo em geral, e o de suínos em particular, tem tambémsido criticado por suas conseqüências no ambiente e na saúde humana. Nos EUA,estima-se que até 70% de todos os nutrientes que atingem as águas de superfície,principalmente nitrogênio e fósforo, são originários ou de fertilizantes agrícolas ou dedejetos de confinamentos de animais (NRC, 1989). Também as águas subterrâneas,nos EUA, tem sido poluídas por fertilizantes, pesticidas e acúmulo de dejetos deconfinamentos.

Em Santa Catarina, a poluição de águas no Oeste - inclusive de poços artesianos- tem sido em parte atribuída à suinocultura intensiva. Levantamentos realizados emzonas rurais das regiões produtoras de suínos de Santa Catarina, revelam que 85 %das fontes de água estão contaminadas por coliformes fecais, oriundos do lançamentodireto do esterco de suínos em cursos ou mananciais d’água (Lohmann, 1999). Esteproblema é especialmente grave em períodos de chuva e com o esterco líquido, cujaquantidade produzida por animais de 15 kg a 100 kg é de 4,9% a 8,5% de seu pesovivo/dia (Silva & Magalhães, 2001). Quando os dejetos encontram mananciais oucursos de água, geram sérios desequilíbrios ecológicos: redução do teor de oxigêniodissolvido na água, disseminação de agentes patogênicos e contaminação (da água)por amônio, nitratos e outros elementos (Menegat, 1999).

A alta concentração de suínos em alguns municípios catarinenses colocam osdejetos de suínos, ao lado da extração do carvão e dos agrotóxicos da rizicultura,

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entre as maiores ameaças de contaminação do Aquífero Guarani, a maior fonte deágua subterrânea da América do Sul (Campos, 2000; Poços, 2000).

No Oeste de Santa Catarina, estima-se uma produção anual de nitrogênio de40.953 t, oriunda dos dejetos dos 3,4 milhões de suínos que lá vivem (Seganfredo,2000). Tomando-se como referência os 170 kg de N/ha/ano recomendados pelaUnião Européia (EC Regulation, 1999), seriam necessários 240.900 ha de terraagrícola integrada com a suinocultura para que não houvesse poluição. Embora estapossibilidade exista, pois o Oeste tem 957 mil há de terras agriculturáveis (IBGE,2001), no atual sistema de produção a distribuição dos dejetos na lavoura se tornadifícil. O resultado tem sido concentração e acúmulo de dejetos, provocando poluição.Para agravar o problema, o manejo inadequado pode resultar na emissão de óxidonitroso, que é um dos gases responsáveis pelos danos do efeito estufa. Embora estegás tenha concentração bem menor que o CO2 na atmosfera, parece ter um potencialde efeito estufa 270 vezes superior ao CO2 (Li, 1995 apud Amado & Spagnollo, 2001).

Outro possível problema do uso de dejetos como fertilizante é a possívelpresença na ração e depois nas fezes, de produtos químicos tais como antibióticos,conservantes, aditivos, vermífugos e outros produtos químicos nocivos à micro e mesovida do solo. Estas substâncias podem retardar a mineralização da matéria orgânicapor meses (HERD, 1996).

Em termos de saúde humana e animal, o uso continuado de antibióticos na raçãoanimal também pode levar ao desenvolvimento de cepas de patógenos resistentes(NRC, 1989). Nos EUA, em 1994, 59% dos suínos comercializados receberamantibiótico na ração com finalidade de incrementar o crescimento (Fraser et al., 2001).

As mudanças relativamente recentes que têm sido implementadas no sistemade criação não têm considerado as necessidades comportamentais dos animais, oque pode estar influenciando negativamente o bem estar de milhares de suínos. Adomesticação não alterou o repertório comportamental das espécies animais (Price,1999), entre os quais se inclui a forte motivação da porca doméstica de construir umninho durante a fase de pré parto (Gustafsson et al., 1999). Hoje existem suficientesestudos mostrando as conseqüências negativas da impossibilidade de construir umninho no comportamento e fisiologia das porcas e na sobrevivência dos leitões (Jarviset al., 1997; Herskin et al., 1998; Thodberg et al., 1999; Jarvis et al., 2001b; Hotzel etal., 2001b), que não devem ser ignorados. Enquanto o comportamento de ninho ocorreem porcas instaladas ao ar livre (Gilbert et al., 2000; Hotzel et al., 2001b), ele é inibidoem porcas em celas parideiras com piso de concreto (Burne et al., 2000a), mesmoque estas apresentem uma tentativa inicial de manifestá-lo (Jarvis et al., 2001b).

Leitões na fase de amamentação também apresentam grandes diferençascomportamentais entre os sistemas de criação ao ar livre ou em confinamento, emborasem diferença na evolução do peso vivo (Figura 2). No confinamento há uma maiorincidência de comportamentos anômalos e interações agonísticas. Já os leitõescriados ao ar livre passam mais tempo comendo e se locomovendo (Cox & Cooper,2001; Horrel & Ortega, 2001; Hotzel et al., 2001a; Hotzel et al., 2001b). Os leitõesconfinados passam mais tempo em contato com a porca do que leitões criados aoar livre. Isso não implicou em maior ganho de peso (Cox & Cooper, 2001; Hotzel etal., 2001b), mas o intenso contato com os leitões que é forçado pelo confinamento éaversivo para a porca (Pajor et al., 2000) e pode causar estresse (Fraser et al., 1995)e sofrimento (Arey, 1997).

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Na avaliação de um sistema de produção, o bem-estar animal é parte fundamental.Não apenas pelo compromisso ético implícito que a humanidade tem para com osanimais que domesticou e colocou completamente sob seu controle, mas também emfunção da opinião da sociedade sobre a qualidade de vida dos animais. Se o objetivoprimeiro da criação animal é produzir alimento de qualidade para as pessoas, entãoa opinião destas pessoas deve ter grande importância. Isto deve ser verdade para obem-estar animal (Fraser et al., 2001), mas também deve valer para o sistema criatóriocomo um todo.

3 A criação agroecológica como alternativa

3.1 Definição

A criação agroecológica de suínos tem sido apontada como uma alternativa paraa agricultura familiar. Denominamos de criação, e não produção agroecológica, peloentendimento de que toda proposta de produção de alimentos de origem animal deveter o animal como sujeito do processo, e não como objeto / resultado. O objeto /resultado é a carne, leite, ovos, lã. O animal, enquanto animal sentiente (Hurnik, 2000)deve ser considerado o sujeito do processo, deve ser criado, não "produzido". Estaaparente divergência semântica embute uma concepção de zootecnia diferenciada,onde a finalidade da produção é o ser humano, notadamente o(a) agricultor(a), eo centro da produção é o animal enquanto ser dotado de vontade, sentimento einteligência (Fraser, 1980). Assim, ao nos referirmos a "produção agroecológica",estaremos nos referindo ao produto final, no caso a carne suína e seus derivados.Ao nos referirmos a "criação agroecológica" estaremos nos referindo ao processocriatório.

A agricultura agroecológica pode também ser denominada como "orgânica","biológica" ou "ecológica". Os sistemas de produção assim denominados sãobaseados em padrões específicos de produção "que objetivam a obtenção deagroecossistemas otimizados, os quais sejam social, ecológica e economicamentesustentáveis" (FAO, 1999). [ ("are based on specific standards of productionwhich aim at achieving optimal agroecosystems which are socially, ecologically andeconomically sustainable" (FAO, 1999).] Portanto, a sustentabilidade é uma condiçãoda agroecologia.

3.2 Sustentabilidade

A sustentabilidade implica, necessariamente, a associação e a sucessão animale vegetal. A etapa vegetal deve ser realizada sob novos conceitos de rotação eassociação de culturas, plantio direto, redução progressiva até a ausência do uso deprodutos de síntese química, respeito à cultura campesina e proteção ambiental. Umacondição para a sustentabilidade é minimizar ou mesmo eliminar o uso de insumosprovenientes de processos de síntese química. É a presença dos animais no sistemaque viabiliza a dispensa de insumos de síntese química, pois estes são capazes demagnificar o uso da E solar através do uso do pasto como alimento básico (no casodos herbívoros) ou parcial (no caso dos omnívoros) (Pinheiro Machado, 1997).

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No caso dos suínos, isso é viável através da adoção de sistemas de produção quepossam maximizar o uso da pastagem da alimentação dos suínos, que permitam areciclagem de nutrientes diretamente no solo e em níveis que não impliquem poluição.Mas para isso, é preciso utilizar uma adequada densidade animal por área.

3.3 Alternativa criatória

Dentro de uma concepção agroecológica, há muitas alternativas possíveis.Embora tenhamos o entendimento de que os princípios gerais de sustentabilidadea serem observados sejam universais, a solução não é sair de um pacote para outro.Para cada situação deverá se buscar uma alternativa viável, dependendo da realidadesocial, econômica, ecológica, cultural. Qualquer sistema agroecológico deve, nomáximo, contemplar os aspectos básicos na busca da produção de um alimento limpoe de maneira sustentável. E para que a produção seja considerada "agroecológica", étambém preciso que cumpra com a legislação e as normas vigentes. Essa legislaçãoe normas, entretanto, não são imutáveis, e uma das tarefas da pesquisa e dospesquisadores da área é municiar os legisladores com informações livres de outrosinteresses, para que elaborem tal legislação.

A produção agroecológica no Brasil está regulamentada pela Instrução Normativa007 de 17/05/99, que dispõe sobre normas para a produção de produtos orgânicosvegetais e animais. A legislação da União Européia sobre produtos orgânicos é,atualmente, talvez a mais completa no mundo, e pode e deve sempre ser utilizadacomo referência (Council Regulation EC No1804/1999), especialmente nos casos emque a legislação brasileira é omissa.

A produção orgânica de suínos deve estar necessariamente integrada numapropriedade toda orgânica (Edwards, 1999). Alternativamente, pode haver umaintegração entre uma propriedade orgânica de suínos e outra(s) orgânica(s) deprodução de grãos. Tanto as normas da UE quanto as normas brasileiras permitemtal integração.

3.4 Alojamento e dejetos

Na concepção orgânica de produção, desde que o clima assim o permita, osanimais devem ficar ao ar livre todo o tempo (EC Regulation, 1999). Nos climastropicais e sub-tropicais, como é o caso brasileiro, pensamos que a criação desuínos ao ar livre é uma opção apropriada para a produção agroecológica. A grandepreocupação, nesse caso, é com o excesso de radiação solar, que pode resultar emgraves ferimentos na pele dos animais. Para superar esse problema, as principaissoluções seriam: sombra em todos os piquetes (o que inclusive poderia possibilitarassociações com cultivos arbóreos), acesso a chafurdar-se, e evitar a pele branca naseleção de animais para o ar livre. Não necessariamente temos que criar o mesmotipo genético desenvolvido para as condições de confinamento do Hemisfério Norte.

Nem sempre é possível ter-se todas as categorias animais no sistema ao ar livre.Uma alternativa que nos parece adequada é que os animais reprodutores (machose fêmeas) fiquem ao ar livre, bem como as respectivas leitegadas até, pelo menos,os 70 dias. Daí em diante, os animais que serão destinados ao abate poderiam sercriados estabulados.

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Uma opção que tem sido muito recomendada, especialmente para as fases decrescimento e terminação, é a criação sobre cama (Bartels, 2001; Hill, 2000; Oliveira,2000; Oliveira e Diesel, 2000). Alguns autores (Bartels, 2001; Oliveira e Diesel,2000) tem recomendado esta opção como "agroecológica". Sem dúvida, e sobvários pontos-de-vista (custos, ambiental, bem-estar e saúde animal), o sistemade confinamento sobre cama é superior ao confinamento em piso de concreto ouripado. Entretanto, para que este sistema se enquadre como "agroecológico", outrosquesitos - além da cama - precisam ser atendidos. Embora a legislação brasileiraseja omissa com relação ao espaço por animal nas instalações, se é para contemplaro bem-estar animal, definido na Instrução Normativa 007/99 como "permanecer o(animal) livre de dor, de sofrimento, angústia e viver em um ambiente em que possaexpressar proximidade com o comportamento de seu habitat original: movimentação,territorialidade, vadiagem, descanso e ritual reprodutivo", então deveríamos tomarcomo base, ao menos, o que está estabelecido na legislação da UE. Segundo a EC1804/1999, os suínos devem ter acesso a uma área para exercício, e a área mínimapor animal estabulado (Tabela 2) deve variar de 1,4 m2 (50 kg) a 2,3 m2 (110kg). Ossuínos não devem permanecer mais do que 20% de sua vida útil no confinamentoconvencional.

Para evitar a contaminação ambiental, a taxa de ocupação de animais na criaçãoorgânica de suínos (segundo UE) tem como referência o total de dejetos/ha aplicadosna granja. Seja no sistema ao ar livre, seja com animais estabulados, o total dedejetos aplicados na granja não pode exceder os 170kg/ha. Isto representa, paraas diferentes categorias animais, a seguinte lotação máxima de indivíduos/ha: leitões,74; porcas 6,5; terminação, 14; outros suínos, 14 (EC, 1999). Para esta lotação deveser considerada toda a área da granja dedicada ou integrada na atividade suinícola(piquetes, lavouras, pastagens).

Os dejetos orgânicos da criação de suínos devem ser manejados de forma afertilizar o solo. Quando o esterco de suínos é lançado direto ao solo, o resultadopode ser muito positivo. Após três anos de aplicação de doses de 0, 20 e 40 ton/ha deesterco líquido sobre o campo nativo verificou-se, nos 20 cm superficiais, que os níveisde coliformes fecais e Streptococcus fecais tiveram uma redução de, respectivamente,99,99% e 83% com relação aos níveis no esterco. Estas reduções foram as médiaspara as doses de 20 e 40 ton/ha (Lohmann et al., 1999).

A deposição de excremento animal nos solos promove a biocenose, aumentandosua atividade biológica (Franz, ref. Incompleta). A conseqüência é o aumentoda diversidade de organismos dos solos. A biodiversidade dos solos é condiçãofundamental para o aumento da produtividade e para a estabilidade dos ecossistemasterrestres (Copley, 2000). Os dejetos de suínos, de problema passam a solução nacriação agroecológica, e não apenas se superam os problemas da poluição comotambém se obtém a reciclagem de nutrientes através da fertilização orgânica.

A fertilização das lavouras que produzem o alimento dos animais com seuspróprios dejetos, dispensando o uso de adubos químicos, promove um melhor balançoenergético do sistema. A monocultura, animal ou vegetal, é incompatível com asustentabilidade de qualquer sistema agrícola. A sustentabilidade energética é obtidaatravés da maximização do insumo E solar no sistema. No caso da suinocultura, issosó é conseguido através da sucessão animal / vegetal, em conjunto com a rotação

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de culturas. Se chega mais facilmente a este objetivo quanto maior for o número deetapas realizadas intensivamente a campo e em sucessão com culturas vegetais.

3.5 Alimentação

Para que se obtenha a mencionada maximização do insumo E solar no sistema, épreciso que se utilize ao máximo a pastagem, inclusive para alimentação dos animais.Como animal omnívoro, o suíno tem um ceco relativamente bem desenvolvido (8% dovolume do trato digestivo), como também o colo (30% do volume do trato digestivo)(Ruckebusch et al., 1991) onde pode ocorrer a digestão da celulose. A ingestãode fibra estimula os movimentos peristálticos e protege as paredes intestinais contrairritações que podem resultar em tumores.

É oportuno lembrar que o suíno é um animal omnívoro, e que portanto suaalimentação natural é composta por uma grande diversidade de alimentos - pasto,ramos, raízes, insetos, minhocas, pequenos animais, grãos, e muitos outros. E estatem sido a dieta natural dos suínos por milhões de anos, e para a qual o sistemadigestivo desta espécie está adaptado.

A ração balanceada tem um alto custo energético (grão) e financeiro. Como critériode sustentabilidade, devemos partir da alimentação disponível e barata. Vadell (2001)sugere a rotação de piquetes para permitir a recuperação das forrageiras, e a suautilização como alimento para suínos. Dessa forma, conseguiram substituir até 50%da ração das porcas gestantes, o que resultou numa economia de ração de 23% porciclo reprodutivo.

Diferentes espécies forrageiras podem ser utilizadas na alimentação dos suínos.Trevo branco e alfafa são espécies perenes que vegetam no inverno subtropical e quetem altos teores de proteína, podendo ser utilizada com sucesso na alimentação desuínos, substituindo até 40% da dieta concentrada (Cortamira, 1999). Outras espéciesforrageiras, como gramíneas tropicais de ciclo perene (pasto estrela, Hemarthria sp.,Axonopus sp., Brachiaria sp., e outras) podem ser utilizadas tanto como coberturavegetal, protegendo os solos, quanto como alimentação dos animais (Vincenzi, 1996).

A ração do suíno orgânico deve ter origem em lavouras orgânicas, e preferen-cialmente da própria unidade de produção, que deve ser integrada. Entretanto,tanto a legislação européia quanto a brasileira permitem o uso de até 20% da dietaprovindo de produtos não orgânicos. A utilização de alimentos oriundos de organismosgeneticamente modificados (OGM) e promotores do crescimento são proibidos, aadição de vitaminas e minerais é permitida apenas para cobrir deficiências.

3.6 Sanidade

Apesar da pressão de infecção ser menor nos sistemas de criação ao ar livre, esteainda é um sistema de confinamento e exige mudanças de manejo que contribuampara o equilíbrio patógeno - animal. A princípio, as vacinas são a melhor formade prevenção. O uso de vacinas é permitido no Brasil, mas na Europa há certasrestrições.

Medicamentos convencionais são permitidos excepcionalmente e quando a saúdeou a vida dos animais estiver em risco. Nestes casos há que se observar os períodosde carência. Os tratamentos de parasitos e doenças devem se basear em métodos

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preventivos de manejo ou que não utilizem produtos de síntese química. É, portantoaceito o uso de produtos homeopáticos, fitoterápicos e a prática da acupuntura nacriação orgânica.

3.7 Genética

A legislação brasileira proíbe o uso de animais transgênicos. É recomendadoque se utilizem raças / cruzamentos "compatíveis com a condição ambiental ecom estímulo à biodiversidade". Na Europa se aplica basicamente a mesmarecomendação, sendo que a preferência deve ser para raças e linhagens nativas oulocais.

Os sistemas de produção atuais se utilizam de animais selecionados de altaprodutividade, produzidos e comercializados por transnacionais. A seleção dessesanimais ocorreu vinculada a um sistema de produção desenvolvido para a realidadedos países centrais do Hemisfério Norte. Para satisfazer as necessidades nutricionaisdesses animais, às vezes se utilizam alimento de alta qualidade para a dieta humana,como o leite em pó. Se o leite em pó é excedente em alguns países, na realidadelatino-americana é um alimento de alta qualidade que poderia ser destinada a criançasdesnutridas (Vadell, 2001). Assim, este tipo de componente na alimentação animal éeticamente injustificável.

Houve, assim, uma inversão de prioridades. Passamos, na AL, a utilizar sistemascriatórios adaptados a uma concepção de produção e a tipos genéticos desenvolvidosem realidades completamente diversas, e não a desenvolver uma genética adaptadaàs nossas condições locais. Isso apesar de que uma combinação da genética deraças nacionais com as importadas, visando um animal de alta produtividade e bemadaptado, vem sendo proposta já há bastante tempo (Pinheiro Machado, 1967).

3.8 Criação agroecológica e nicho de mercado

O número de produtores orgânicos é crescente no mundo inteiro, em funçãoda também crescente procura por carne orgânica, consequência da preocupaçãodas populações urbanas com a segurança alimentar. Tem aumentado, também, aconsciência das sociedades com relação aos problemas ecológicos, energéticos e debem-estar animal.

Nos últimos anos tem se consolidado, em vários países, um mercado consumidordisposto a pagar mais por produtos com "qualidade ética" (Warriss, 2000). Na GrãBretanha, por exemplo, a carne suína orgânica tem o dobro do preço da convencional,e a demanda é maior que a oferta (Edwards, 1999). Também no Brasil há indicaçõesde que ao menos uma parcela do público consumidor está disposto a pagar maispela carne de "porco orgânico" (Pinheiro Machado Fo, 2000 - 1aConferência virtual,EMBRAPA 2000).

Essa preocupação tem sido mais presente nas camadas sociais e nas populaçõesmais abastadas. Isto fez com que, a princípio, a produção de alimento orgânico fosseconsiderada um "nicho de mercado", que poderia ser conquistado pela agriculturafamiliar. De fato, o preço dos produtos orgânicos - tanto o pago ao produtor quantoo pago pelo consumidor - tem sido tradicionalmente maior do que o dos produtosconvencionais. Em muitas situações, este fato estimulou técnicos extensionistas,

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ONGs e comunidade rurais a se iniciarem na produção agroecológica com a finalidadede remunerar melhor seus produtos. Assim, a curto prazo a criação agroecológica desuínos tem sido uma alternativa para a pequena produção, pois tem menores custosde produção, menor capital investido, e gera um produto de maior valor, mas em níveisequiparáveis de produtividade ao confinamento.

Entretanto, é evidente que se o mercado consumidor disposto a pagar mais porprodutos orgânicos se constitui em parcela restrita da população, o espaço para aprodução orgânica, dentro de uma concepção de "nicho de mercado", também érestrito. É nossa opinião que precisamos pensar soluções universais, não para nichosde mercado. Devemos buscar uma alternativa que seja sustentável para a criaçãodos quase 1 bilhão de suínos do mundo, e não apenas para uma parte deles. Acontinuar a lógica do mercado, em breve haverá uma competição cada vez maiorentre produtores "agroecológicos", os preços poderão cair e o processo histórico deconcentração fundiária continuará. Portanto, não se reverterá a tendência histórica deconcentração fundiária com a agroecologia. A adoção de tecnologias sustentáveis énecessária, mas não é suficiente. É preciso também tornar a atividade da pequenaprodução sustentável enquanto tal, revertendo a tendência histórica de concentraçãoda propriedade e da produção agrícola. De outra forma, as soluções serão semprepaliativos temporários.

Exemplo atual de como o produto agroecológico pode ficar saturado, aconteceucom os produtores de leite orgânico na Grã Bretanha. Lá, em função da diminuiçãodo preço do leite orgânico como conseqüência das importações, houve desistência degrande número de produtores de leite orgânico (FUW, 2001).

É também um equívoco pensar-se em produção agroecológica visando aexportação para os países europeus. Na União Européia, o mercado da carne deporco deverá sofrer pequenas alterações conjunturais nos próximos sete anos. Aimportação de carne suína deverá se manter relativamente pequena, e a projeçãoé de que em 5 anos chegará a 70 - 80 mil toneladas por ano, para um consumo totalanual de 17,3 milhões de toneladas de carne suína (EU, 2000).

Em síntese, a opção por alternativas agroecológicas, ou orgânicas, deve ser oresultado da preocupação com o ambiente - incluindo aí os humanos, com o impactoambiental e com o bem-estar animal.

4 Conclusão

Se é verdade que a produção agroecológica é superior à produção convencionalem termos ambientais, energético, de bem-estar animal, com menor dependência deinsumos externos e menor impacto social e cultural, então é um tipo de produção quedeve interessar a toda a sociedade. Assim sendo, deve ser tratada como regra, e nãocomo exceção ou "nicho". A produção agroecológica deve ser uma opção para TODAa agricultura, e não apenas para uma parte dos pequenos produtores. Para tanto, épreciso que seja competitiva também economicamente. E não há motivo algum paraque não seja. Ao contrário, há vários exemplos de redução de custos e / ou aumentoda lucratividade com a adoção de princípios agroecológicos. No Oeste do estado deSanta Catarina, a produção de leite a pasto sem o uso de insumos químicos tem tidoum custo de produção que é a metade do convencional (Pinheiro Machado Filho et

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al., 2001; Vincenzi et al., 2001). O custo de instalação de uma matriz no SISCAL éaproximadamente a metade do confinamento, e a lucratividade do SISCAL é tambémem geral maior do que no confinamento (Edwards, 1996). Entretanto, há aindainúmeras perguntas a serem respondidas com relação aos sistemas agroecológicosde produção. Com efeito, se há dezenas de milhares de trabalhos publicados sobre osmais variados aspectos do sistema convencional, a pesquisa agroecológica é aindaincipiente.

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Figura 1 — Número de suinocultores industriais e rebanho nos EUA e em SantaCatarina - Brasil, no período de 1980 a 2000. Fonte: USDA, 2001;Associação Catarinense de Criadores de Suínos, 2001.

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Figura 2 — Evolução do peso, comportamentos agonísticos e anômalos em leitõescriados ao livre e em confinamento antes do desmame, ao desmame eapós o desmame.

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