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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA PRODUÇÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO COM RESÍDUOS AGRICOLAS DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA Nara Otília Assis de Barros Altamira-Pará 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

PRODUÇÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO COM RESÍDUOS

AGRICOLAS DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES NO

MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA

Nara Otília Assis de Barros

Altamira-Pará 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DAE ALTAMIRA

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

PRODUÇÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO COM RESÍDUOS

AGRÍCOLAS DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES NO

MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA

Acadêmica: Nara Otília Assis de Barros.

Orientadora: Prof. Msc. Maristela Marques

da silva.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

requisito parcial para a obtenção de grau de

Agronomia, Universidade Federal do Pará, Campus

de Altamira.

Altamira-Pa

2009

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DEDICATÓRIA

As dificuldades não foram poucas...

Os desafios foram muitos...

Os obstáculos, muitas vezes, pareciam intransponíveis.

Muitas vezes me senti só, e, assim, o estive...

O desânimo quis contagiar, porém, a garra e a tenacidade foram mais fortes, sobrepondo esse

sentimento, fazendo-me seguir a caminhada, apesar da sinuosidade do caminho.

Agora, ao olhar para trás, a sensação do dever cumprido se faz presente e posso constatar que

as noites de sono perdidas, as visitas realizadas, o cansaço dos estágios, os longos tempos de

leitura, digitação, discussão, a ansiedade em querer fazer, e a angústia de muitas vezes não o

conseguir por problemas estruturais; não foram em vão.

Aqui estou, como sobrevivente de uma longa batalha, porém, muito mais forte e hábil.

Por estas razões, dedico este trabalho a todas as pessoas que me ajudaram a transpor todos os

obstáculos que apareceram no decorrer deste curso, e dizer que esta dedicatória é uma forma

de devolver a dedicação e carinho que tiveram por mim.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pelos bons e maus momentos. Aos bons porque me

proporcionaram felicidade e aos maus porque me proporcionaram reflexão e

amadurecimento, mas todos estes momentos foram encarados como lição de vida;

Agradeço com muito carinho, aos meus pais que sempre confiaram no meu potencial e

sempre me apoiaram em toda minha vida, juntamente com minhas irmãs;

A Samuel de Melo Florencio, com muito amor, agradeço sua participação em todas as

etapas deste trabalho;

A todos os professores do curso, que sem dúvida alguma contribuíram para o meu

crescimento profissional, e em especial à Professora Maristela Marques da Silva pela

compreensão e paciência como minha orientadora;

Ao professor Rainério Meirelles e Fernando Kidelmar pelos ensinamentos e auxílio na

análise estatística do meu trabalho;

A todos os acadêmicos da turma de agronomia 2004, que juntos vivenciamos

momentos muito especiais em nossas vidas;

Aos meus amigos que contribuíram para a realização deste trabalho, em especial,

Francisco Aldenir, Bruno Américo, Leandro Borges, Olivan Saraiva, Hildete

Fernanda, Eliene Espírito Santo, Fabrícia Costa, Izabel Florêncio e seu esposo

Clebersson que ajudaram no processo de formação das pilhas, creio que foi a parte

mais difícil e trabalhosa deste trabalho;

Aos meus colegas de trabalho, os monitores da Casa Familiar Rural de Altamira, pela

compreensão e por ter me ajudado a conciliar as atividades da CFR com as atividades

do Trabalho de Conclusão de Curso.

Em suma, agradeço a todos que contribuíram direta e indiretamente para a realização

deste trabalho.

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PRODUÇÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO COM RESÍDUOS AGRICOLAS DE

ESTABELECIMENTOS FAMILIARES NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA

RESUMO:

A agroecologia na região da Transamazônica está se difundindo através de experiências que já

vem sendo desenvolvidas por agricultores e órgãos competentes. Tendo em vista as práticas

agroecológicas, neste trabalho será discutida a produção de compostos orgânicos. Foram

testadas quatro combinações de resíduos agrícolas comuns das lavouras da região, para se

avaliar: o tempo de estabilização das pilhas, a variação da temperatura, umidade, pH, relação

C/N, análise de parâmetros químicos e a aplicação de um acelerador de compostagem, os

Microrganismos Eficientes (E.M.). Para obtenção dos dados, a metodologia aplicada foi o

delineamento experimental de blocos casualizados com quatro tratamentos e quatro repetições

e adição do E.M. em dois tratamentos. Com os resultados deste trabalho, comprovou-se que a

compostagem é uma técnica simples e mais acessível aos agricultores, devido aos materiais

estarem disponíveis nos estabelecimentos e que a adição do (E.M.) foi de grande importância

no tempo de bioestabilização dos tratamentos. Mediante aos dados apresentados, dispõe-se de

embasamentos técnicos e teóricos para indicar esta técnica como alternativa para os

agricultores de nossa região, contribuindo desta forma, para a discussão da agroecologia que

está se consolidando na Região.

Palavras-chave: Compostagem, Transamazônica, Microrganismos Eficientes, Agroecologia.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO: ................................................................................................................. 10

2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................1 1

2.1. Como surgiu a Agroecologia ........................................................................................... . 11

2.2. O Agroecossistema como instrumento da Agroecologia ................................................ ..12

2.3. As práticas Agroecológicas ............................................................................................. ..12

2.4. Emprego e benefício da compostagem na agricultura ..................................................... ..16

2.5. A legislação dos fertilizantes orgânicos ............................................................................ 18

2.6. A Transamazônica e inovações agroecológicas: Algumas experiências ........................... 19

3. MATERIAL E MÉTODOS: ............................................................................................ ..21

3.1. A seleção do material de composição das pilhas ............................................................. ..21

3.2. O Delineamento experimental ......................................................................................... ..21

3.3. O Acelerador de compostagem........................................................................................ ..23

3.4. Composição das pilhas (tratamentos) .............................................................................. ..26

3.5. Monitoramento da temperatura ......................................................................................... 29

3.6. Irrigação ........................................................................................................................... ..31

3.7. Análise dos parâmetros químicos dos tratamentos .......................................................... ..32

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO: ...................................................................................... 34

4.1. Controle da temperatura .................................................................................................. ..34

4.2. Análise estatística .............................................................................................................. 39

4.3. Análise dos parâmetros químicos dos tratamentos .......................................................... ..41

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS: ......................................................................................... ..44

6. BIBLIOGRAFIA: ............................................................................................................... 46

7. ANEXOS ............................................................................................................................. 50

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Pilhas montadas sob lona transparente. .................................................................... 22

Figura 2: Arroz cozido para capturar os fungos benéficos para a decomposição. ................... 24

Figura 3: Fungos considerados maléficos para a compostagem............................................... 24

Figura 4: Rapadura derretida em água ...................................................................................... 25

Figura 5: Calda de rapadura adicionada em 15 litros de água .................................................. 26

Figura 6: Relação entre tempo, temperatura e índice de pH na compostagem ........................ 30

Figura 7: “Bolo” de composto formado quando a umidade está ideal ..................................... 32

Figura 8: Amostras de cada repetição do tratamento 4.............................................................32

Figura 9: Amostras homogeneizadas ........................................................................................ 32

Figura 10: Pesando as amostras ................................................................................................ 33

Figura 11: Amostras embaladas e identificadas com etiquetas ................................................ 33

Figura 12: Monitoramento de Temperatura – Tratamento 1 .................................................... 35

Figura 13: Monitoramento de Temperatura – Tratamento 2 .................................................... 36

Figura 14: Monitoramento de Temperatura – Tratamento 3 .................................................... 37

Figura 15: Monitoramento de Temperatura – Tratamento 4 .................................................... 38

Figura 16: Composto bioestabilizado ....................................................................................... 41

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vii LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Relação C/N dos materiais utilizados nos tratamentos e teor de Nitrogênio (%). .... 26

Tabela 2: Valores de carbono e Nitrogênio para 1kg de cada material .................................... 28

Tabela 3: Incremento de dias de compostagem ........................................................................ 39

Tabela 4: Análise de Variância – Contraste Ortogonal ............................................................ 39

Tabela 5: Parâmetros químicos avaliados ................................................................................ 41

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Faixas de Temperaturas .......................................................................................... 34

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LISTA DE SIGLAS

EM – Effective microrganism

SAF´s – Sistemas Agroflorestais

SEMA – Secretaria Especial do Meio Ambiente

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

FVPP – Fundação Viver Produzir e Preservar

Proambiente – Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural

Promanejo – Projeto de Apoio ao Manejo Florestal Sustentável na Amazônia

PDS – Projeto de Desenvolvimento Sustentável

PAE – Projeto Agroextrativista

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

CEPLAC – Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

SAGRI – Secretaria de Estado de Agricultura

CFR – Casa Familiar Rural

LAET – Laboratório Agroecológico da Transamazônica

UFPA – Universidade Federal do Pará

NEAF - Núcleo de Estudos Integrados na Agricultura Familiar

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1. INTRODUÇÃO:

Desde muito tempo, a humanidade vem buscando estilos de agricultura menos

agressivas ao meio ambiente, e em diversos países surgiram às agriculturas alternativas com

denominações de orgânica, biológica, natural, ecológica, biodinâmica, permacultura, entre

outras. Mas estas não conseguiram dar respostas para os problemas socioambientais

decorrentes do modelo convencional. Frente a essas questões, surge a Agroecologia que

possibilita aliar as práticas agronômicas com um enfoque ambiental e social.

A aplicação da ciência Agroecológica no contexto atual vem se fortalecendo,

principalmente quando se relaciona com problemáticas herdadas com a implantação das

técnicas baseadas na chamada Agricultura Moderna. Apesar da Agroecologia ser uma ciência

em ascensão, muitos ainda desconhecem o seu verdadeiro sentido, e muitos conceitos vêm

sendo adotados para tentar definir a Agroecologia e certamente, os relatos de experiências no

âmbito Agroecológico ajudam nesta discussão.

Neste trabalho almeja-se contribuir na discussão das práticas agroecológicas

direcionada para região, onde existem muitos agricultores familiares dependentes de insumos

químicos. Por esta razão, estudos mais consistentes sobre as práticas agroecológicas,

baseando-as em estudos científicos, podem ser um incentivo a mais na construção e utilização

destas práticas na Transamazônica.

O objetivo principal deste trabalho é contribuir para a discussão das práticas

agroecológicas em nossa região, com enfoque na produção de composto orgânico, pois esta é

uma prática cada vez mais utilizada pelos agricultores familiares de Altamira, e dos

municípios circunvizinhos.

A pesquisa consistiu em selecionar alguns resíduos agrícolas das lavouras locais e

submetê-los ao processo de compostagem a fim de avaliar a oscilação de temperatura,

umidade final, pH e relação C/N das pilhas. Além disto, foi testado um acelerador que é a

combinação de um conjunto de microrganismos que ajudam na decomposição de materiais

orgânicos, o Effective Microrganism (E.M.).

Com os resultados, pretendeu-se apresentar dados minuciosos sobre a compostagem

dos produtos agrícolas selecionados, visto que esta técnica não é detalhada na maioria das

literaturas que abordam acerca deste assunto na região, além do que, estes dados serão

importantes para acrescentar argumentos no debate da agroecologia que se firma atualmente

em nossa realidade.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Como surgiu a Agroecologia

Nos séculos XVIII e XIX, a agricultura passou por transformações que se firmou na

agricultura moderna, que depende de insumos químicos para maximizar a produção. Por esta

razão, alguns povos começaram a produzir em maior escala e a escassez de alimentos teve fim

por um longo período. Este processo possibilitou uma série de mudanças tecnológicas, sociais

e econômicas. Com a euforia das grandes safras, nos anos 70, a Revolução Verde se difundiu

por vários países, e logo surgiram preocupações relacionadas à problemas sócio-econômicos e

ambientais, como a destruição de florestas, a erosão e a contaminação dos recursos naturais

(EHLERS, 1996).

Essas novas descobertas tecnológicas da agricultura moderna, como discutidas em

Lima (2007), propunham apenas a reprodução ampliada do capital, criando uma falsa

impressão do progresso social mundial à maioria. Esse mau desenvolvimento, calcado na

economia de crescimento, gerou (e continua gerando) uma série de distorções, como

problemas socioambientais, não promovendo o verdadeiro desenvolvimento social que fora

prometido.

Mesmo com todos estes problemas, por algum tempo a agricultura moderna passou a

dominar o cenário agrícola mundial. Mas, com o passar dos anos, estas problemáticas foram

se agravando, e respostas para sanar questões socioambientais foram procuradas e alternativas

menos agressivas vão sendo priorizadas, e cada vez mais a agricultura baseada em insumos

químicos vai sendo substituída, e novas tecnologias foram surgindo (SANTOS &

NASCIMENTO, 2009).

Muitos testes e experiências inovadoras vêm apresentando resultados positivos e já

podem ser indicados como caminhos para se chegar a um novo modelo de produção agrícola,

significando que o mundo agrícola passa por uma fase de mudança de conceito (CAPORAL

& COSTABEBER, 2006).

A agroecologia surgiu como um enfoque científico para atender a busca de novos

conhecimentos capaz de dar suporte a uma transição a estilos de agriculturas sustentáveis e,

portanto, contribuir para o estabelecimento de processos de desenvolvimento rural

sustentável. Partindo dos princípios ensinados pela agroecologia, passaria a ser estabelecido

um novo caminho para a construção de agriculturas de base ecológicas ou sustentáveis

(CAPORAL & COSTABEBER, 2004).

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2.2. O Agroecossistema como instrumento da Agroecologia

A atividade da agricultura quase sempre significa empobrecer os sistemas ecológicos

naturais, do ponto de vista da biodiversidade, isto é, da quantidade de formas de vida que ali

estão presentes. Quanto maior o número de espécies seja de animais ou vegetais, maior será a

biodiversidade. Esses sistemas naturais, quando manejados pelo ser humano, com o objetivo

de produzir alimentos ou matérias-primas são chamados de agroecossistemas (PAULUS,

2000).

Segundo Gliessman (2001), o agroecossistema é um local de produção agrícola, no

qual podem ser analisados o sistema de produção de alimentos como um complexo sistema de

insumos e de interações das partes que o compõe. O autor destaca que para criar

agroecossistemas sustentáveis é necessário buscar essas interações que existem nos

ecossistemas naturais. Essa discussão é fortalecida por Altieri (2001), que considera os

agroecossistemas como sistemas agrícolas complexos, e que se deve buscar as interações

ecológicas que existem nos ecossistemas naturais a partir dos sinergismos entre os

componentes biológicos que existem nos agroecossistemas.

Tendo como base as interações naturais dos ecossistemas, em Gliessman, (2001), o

sistema de produção deve ser analisado como um todo, ou seja, como no meio natural. Desta

forma, examinando os aspectos estruturais dos agroecossistemas como ecossistemas, poderá

amenizar decorrentes problemas no desequilíbrio dos agroecossistemas.

Então, tendo como base os agroecossistemas pensados como ecossistemas, se este

processo de conversão não for bem planejado, as conseqüências serão vários problemas

ambientais, sendo estes entendidos como ameaça, pois nossa existência e sobrevivência

dependem do desenvolvimento dos agroecossistemas (BIANCHI et. al., 2006).

Em suma, os estudos dos agroecossistemas tradicionais contribuem para o

desenvolvimento de práticas de manejo ecologicamente consistentes, que busquem utilizar

nos agroecossistemas as interações ecológicas que existiam nos ecossistemas naturais

(GLIESSAMAN, 2001).

.

2.3. As práticas Agroecológicas

Nos últimos anos, verificou-se no Brasil um crescimento expressivo da Agroecologia e

de práticas agrícolas ditas agroecológicas (SCHLINDWEIN et. al, 2006).

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Em poucas palavras, as práticas agroecológicas acabam sendo técnicas alternativas às

técnicas que empregam a utilização de insumos químicos. As práticas agroecológicas visam

imitar ao máximo as dinâmicas estabelecidas pelos ecossistemas naturais, a fim de manter os

agroecossistemas equilibrados, desta forma, manter um ambiente saudável, como observado

na natureza.

A natureza é o modelo mais evoluído que se conhece. As plantas e os animais que

ocorrem naturalmente em uma região têm a seu favor milhões de anos de adaptação. Ao longo

da história, os agricultores também foram evoluindo e se adaptando, aprendendo com as

lições da natureza (PAULUS et. al., 2000).

Infelizmente, isso está bastante esquecido, com a introdução da agricultura

convencional. Mas o fato é que, quanto mais o nosso jeito de produzir imitar o que acontece

no ecossistema que predomina no lugar ou na região, maior será a biodiversidade e maiores as

chances de produzir sem a necessidade de usar agrotóxicos e com o mínimo de insumos que

vêm de fora da propriedade (PAULUS et. al., 2000).

Para melhor compreensão das práticas agroecológicas, a seguir serão exemplificadas

algumas delas, com conceitos e exemplos.

a) Os sistemas Agroflorestais:

Os sistemas agroflorestais (SAF´s), como técnica alternativa de uso da terra, tenta

proporcionar um rendimento sustentável ao longo do tempo, introduzindo espécies anuais nos

primeiros anos, seguidas de frutíferas semi-perenes e perenes e por fim as madeireiras, as

quais podem ainda, ser consorciadas com animais em uma mesma área (FERREIRA, 2005).

Os sistemas agroflorestais são grandes alternativas para a preservação ambiental, serve

como base para a produção ecológica de alimentos de origem animal e vegetal.

b) Defensivos Naturais

Na Agroecologia busca-se o equilíbrio ecológico e prevenção de problemas que

afetam a saúde das plantas. Com a utilização de algumas técnicas simples é possível reduzir a

presença de pragas e doenças (CECOR, 2008).

Mesmo com um bom manejo, pode-se ter ataque de pragas e doenças nas plantações e,

muitos produtores utilizam agrotóxicos para combater tais ataques. Os agrotóxicos são

considerados perigosos para o ser humano e também para a natureza, além de precisarem de

certo investimento de capital.

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Existem os chamados defensivos naturais que também combatem as pragas e doenças.

É importante lembrar que até os defensivos naturais devem ser aplicados sempre na

quantidade e freqüência certa e somente quando necessário, e também lembrar que mesmo

sendo natural, tem princípio ativo e deve ter um intervalo de pelo menos dois dias para

realizar as colheitas (CECOR, 2008).

Os defensivos naturais têm um custo reduzido, podem ser feitos a partir de plantas e

substâncias disponíveis na propriedade e são de simples aplicação e manejo (KÜSTER et. al.,

2008).

c) Controle Biológico

O controle biológico é a forma de controle que utiliza os predadores naturais contra as

pragas das lavouras, ou mesmo os seres que promovem ao agroecossistema algum benefício.

Como exemplos de controle biológico, têm a centopéia que controla pragas do solo; pássaros

que controlam os pernilongos, as lesmas, lagartas e pulgões; as joaninhas que controlam os

pulgões e cochonilhas; a abelha que promove a biodiversidade (polinização), entre outros,

Küster et.al., (2008).

d) Plantas companheiras e Antagônicas

O cultivo em consórcio é uma prática conservacionista e essencial para manter a

biodiversidade do solo e o equilíbrio no ambiente. O seu emprego, muitas vezes aumenta a

produção das culturas e diminui a susceptibilidade às adversidades climáticas, além de

propiciar melhor aproveitamento da área total da propriedade. Espécies que se beneficiam são

chamadas "plantas companheiras", podendo os benefícios ser mútuos ou somente de uma

delas (NUNES & CARVALHO, 2002). Exemplos de companheirismo são o milho e feijão;

abóbora e chicória; alface e abobrinha.

Existem plantas não recomendadas para consórcio (plantas antagônicas), onde as

culturas causam prejuízos mútuos ou onde uma é beneficiada causando o declínio da outra

(NUNES & CARVALHO, 2002). Exemplo de antagonismos são alface e salsa; batata e

abóbora; batata e tomate.

e) Adubação verde

Adubos verdes são plantas utilizadas para melhoria das condições físicas, químicas e

biológicas do solo. Há espécies como leguminosas que se associam às bactérias fixadoras de

nitrogênio do ar, transferindo-o para as plantas (ESPÍNDOLA & FELDEN, 2004).

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A adubação verde é uma prática agrícola que consiste no plantio de espécies vegetais

em rotação ou em consórcio com culturas de interesse econômico (ESPÍNDOLA et. al.,

2005).

O plantio de leguminosas é uma estratégia antiga e eficiente para aumentar a

fertilidade do solo. As leguminosas diminuem a compactação e melhoram a estrutura do solo,

reduzem o crescimento de mato e aumentam os nutrientes. O ideal é que elas sejam

consorciadas com outras espécies para otimizar os resultados (KÜSTER et. al., 2008).

Para exemplificar as plantas leguminosas que podem ser utilizadas como adubação

verde temos a Crotalária (Crotalaria juncea), Feijão de porco (Canavalia ensiforme), Guandu

caqui (Cajanus cajan), Guandu anão (Cajanus cajan L. Mill sp), Labe-labe (Dolichos lab

lab), Mucuna preta (Styzolobium aterrimum), entre outras.

f) Prevenção e manejo de pragas

Além da existência de produtos naturais que têm a finalidade de combater pragas, na

agroecologia também existem os produtos que previnem ou ajudam a planta a aumentar sua

resistência ao ataque de pragas e doenças, sendo estes os compostos orgânicos,

biofertilizantes ou as caldas. Um detalhe importante é que os produtos para fortificar as

plantas também podem ser preparados com matérias disponíveis nas propriedades se tornando

de baixo custo.

O biofertilizante é o preparo da mistura de estercos com folhas de plantas medicinais e

outros elementos com ações nutritivas, como as cinzas, pós de rocha, urina de vaca ou até

micronutrientes deixam as plantas mais saudáveis e tolerantes contra pragas (KÜSTER et. al.,

2008).

As caldas agem beneficamente sobre o metabolismo das plantas, ajudando a aumentar

sua tolerância às pragas. As mais usadas são a bordalesa, viçosa e sulfocálcica, que são

indicadas para doenças como rubelose, gomose, ferrugem, podridão; patógenos como fungos,

e pragas (vaquinhas, cigarrinhas e tripes) (KÜSTER et. al., 2008).

Os métodos da Agroecologia mostraram o potencial de suas estratégias para

desenvolver uma agricultura sustentável e altamente produtiva, baseada na capacidade

fotossintetizadora dos recursos vegetais, na conservação dos solos, no manejo de processos

ecológicos, nos cultivos múltiplos e em sua associação com espécies silvestres, no

"metabolismo" entre processo de produção primária, transformação tecnológica e reciclagem

ecológica de resíduos industriais (LEFF, 2002).

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2.4. Emprego e benefício da compostagem na agricultura

Em Kiehl (1985), diz que até 1842, os adubos utilizados eram apenas os de origem

orgânica e segundo a teoria humista, as plantas se alimentavam desta matéria orgânica. Após

um experimento, Liebig, descobriu que as plantas não se alimentam da matéria orgânica e sim

dos compostos minerais existentes em suas partes, daí surgiu à teoria mineralista.

Após esta descoberta, em Kiehl (1985) diz que teve o inicio à fabricação de adubos

sintéticos. E com eles, o surgimento de alguns problemas para o ambiente e também para o

desenvolvimento vegetativo das plantas gerado pelos teores químicos destes insumos

agrícolas. Alguns adubos minerais solúveis, especialmente os nitrogenados, como também

agrotóxicos orgânicos sintéticos, podem interferir na fisiologia do vegetal, reduzindo a

proteossíntese1 (ALVES et. al., 2001).

Com a inibição da proteossíntese, predomina a proteólise, que é a formação de

aminoácidos livres a partir da decomposição das proteínas. Esses aminoácidos livres são os

atrativos para as pragas e desencadeia um fenômeno conhecido pela teoria da trofobiose.

(DAROLT, 2001).

Todo e qualquer ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado à disposição dele,

sendo este um dos princípios da teoria da Trofobiose. A suscetibilidade da planta ao ataque

de pragas e doenças é uma questão de nutrição ou de intoxicação. Ou seja, uma planta bem

alimentada e saudável, apresenta uma composição equilibrada, formando uma estrutura

compacta que dificilmente será atacada por pragas e doenças (DAROLT, 2001).

Cabe aos agricultores e pesquisadores buscar técnicas geradoras de insumos internos

(aproveitamento da biomassa criada, dentro e fora da área rural) para elevar a produtividade

sustentável do solo, assim como desenvolver o sistema de produção agrícola com técnicas

pouco agressivas ao meio ambiente. (DULLEY & MAYASAKA, 1994).

Uma dessas técnicas consideradas menos agressivas é a produção de adubos

orgânicos, que é uma forma de satisfazer as necessidades nutricionais das plantas e evitar tais

danos causados pela aplicação de insumos sintéticos. A adubação orgânica na forma de

compostagem de resíduos orgânicos é uma alternativa crescente nos tempos atuais.

A compostagem é o processo de decomposição aeróbica, onde a ação e a interação dos

microrganismos estão sujeitas às condições favoráveis, tais como temperatura, umidade,

1 Proteossíntese: é a formação de proteínas a partir de aminoácidos, acabam predominando no tecido vegetal os

aminoácidos e açúcares solúveis ((DAROLT, 2001).

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aeração, pH, tipo de compostos orgânicos existentes, concentração e tipos de nutrientes

disponíveis, e que esses fatores ocorrem simultaneamente, a eficiência da compostagem

baseia-se na interdependência e no inter-relacionamento desses fatores (PEIXOTO, 2005).

Os resíduos orgânicos têm em sua composição o elemento fundamental que é o C

(carbono), organizado em estruturas simples ou complexas. O processo de compostagem

garante a reorganização biológica das frações de carbono dos materiais orgânicos. Os

materiais orgânicos variam sua composição (fração de carbono), apresentando assim uma

ordem crescente de resistência à decomposição por seus diversos componentes: Açúcares,

amidos e proteínas simples; proteínas brutas; hemicelulose; celulose; lignina e outras partes

de gorduras e ceras. Essas frações orgânicas apresentam teores distintos de C e de N. Quanto

mais complexas forem as estruturas moleculares mais energéticas e mais difíceis de decompor

(PEIXOTO, 2005).

Segundo Diniz Filho et. al. (2007), de acordo com o objetivo de utilização do

composto, será observado a relação Carbono/Nitrogênio da matéria prima escolhida e, de

acordo com a fermentação controlar a umidade, aeração, temperatura e demais fatores.

A maior eficiência do composto orgânico é obtida quando ele é utilizado

imediatamente após o término do processo de compostagem. Entretanto, se isso não for

possível, o composto deve ser armazenado em local protegido do sol e da chuva, de

preferência mantendo-o coberto com lona de polietileno ou mesmo com sacos velhos

(OLIVEIRA et. al., 2008).

O composto orgânico melhora o rendimento das culturas pelo fornecimento de

nutrientes às plantas, promovendo a melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do

solo. Além disso, o agricultor pode utilizar materiais disponíveis na propriedade, conseguindo

uma redução significativa dos custos devido à independência de fertilizantes químicos

(NEVES, 2007).

Diferentemente dos adubos externos dos estabelecimentos se cria como se fosse uma

“falsa ilusão” para a planta que não estava prevista para acontecer naquele contexto, pois o

adubo de fora do sistema acelera os processos sucessionais, com isto, o sistema tende a

regredir quando a energia deste adubo for gasta, como diz em Götsch (1997).

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2.5. A legislação dos fertilizantes orgânicos

É importante a compreensão da legislação sobre os fertilizantes orgânicos porque nem

todo tipo de resíduo (agrícola, urbana e industrial) pode ser considerado adubo orgânico, este

tipo de cuidado é necessário, afinal o solo é utilizado como instrumento do desenvolvimento

das lavouras e deve ser merecedor de muita atenção, pois qualquer ato prejudicial ao meio

ambiente estará passível a punições.

Em ABREU JUNIOR, 2005 pode-se observar como ocorre a vigência da questão do

controle de poluentes no Brasil:

“A preocupação com o controle de poluentes teve início em fins da década de 1960.

No Brasil, o marco divisório da transição no modo de tratar a questão da poluição

ambiental é a participação do país na I Conferência Internacional do Meio

Ambiente, realizada em Estocolmo em 1972, e a conseqüente criação da Secretaria

Especial do Meio Ambiente - SEMA, do Ministério do Interior, pelo Decreto 73030

de 30/10/73. A Lei do Meio Ambiente e sua regulamentação representam importante

mudança na mentalidade governamental vigente, que privilegiava sempre o

desenvolvimento econômico em detrimento dos fatores sociais. Não obstante, até

1981, sob o conceito de que toda a atividade produtiva causa impacto ao ambiente, a

legislação tolerava atividades produtivas poluentes dentro de certos limites (ABREU

JUNIOR, 2005)”.

A partir da criação da Lei nº 6.894/1980 que é conhecida como Política Nacional do

Meio Ambiente foi possível regulamentar que não há mais emissão de poluição tolerada, ou

seja, mesmo que os resíduos poluentes estejam dentro dos padrões estabelecidos causarão

danos ambientais e deve estes ser sujeitos à fiscalização incumbindo esta competência ao

MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), dispondo sobre a inspeção e

fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes e

biofertilizantes destinados à agricultura (BERTOLDO, 2009).

Segundo Abreu Junior et. al. (2005), o Brasil ainda não dispõe de uma política

nacional de resíduos, mas existem Legislações Federais que tratam de inspeção e fiscalização

da produção e do comércio de fertilizantes.

Existem vários parâmetros que devem ser identificados para que seja provada a

qualidade do fertilizante, e muitas leis foram criadas para a fiscalização destes, porém neste

trabalho somente será citada a lei que aprova a definição de fertilizante orgânico composto.

Através do Decreto nº 4.954/2004 que aprova o regulamento da Lei nº 6.894/1980, art.

2o - Fertilizante orgânico composto: produto obtido por processo físico, químico, físico-

químico ou bioquímico, natural ou controlado, a partir de matéria-prima de origem industrial,

urbana ou rural, animal ou vegetal, isoladas ou misturadas, podendo ser enriquecido de

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nutrientes minerais, princípio ativo ou agente capaz de melhorar suas características físicas,

químicas ou biológicas (BERTOLDO, 2009).

2.6. A Transamazônica e inovações agroecológicas: Algumas experiências

O sistema de produção da Região Transamazônica é caracterizado pela agricultura

itinerante, que consiste na prática de corte e queima da vegetação, seguido do plantio da

cultura agrícola. Essa prática ao longo dos anos acarreta desequilíbrios ao meio ambiente

como degradação do solo e poluição do ar. Diante destas questões a Agroecologia pode ser

considerada uma alternativa para conter essas problemáticas (AGUIAR et. al, 2006).

Entretanto, essa discussão em nossa região é muito recente e pouco divulgada. Porém,

em uma pesquisa realizada por Aguiar et. al. (2006) foram identificadas várias instituições

que abordam essa temática em de suas ações:

“Das instituições pesquisadas apenas uma não está desenvolvendo projetos voltados

a agroecologia ou sustentabilidade. A FVPP tem desenvolvido o projeto Roça Sem

Queimar e também o Proambiente que dá ajuda de custo aos agricultores que

realizam práticas de sistema agroflorestal ou Roça Sem Queimar, e o Promanejo que

vem apoiando o manejo florestal comunitário nos assentamentos, principalmente nos

PDS – Projeto de Desenvolvimento Sustentável. O projeto PDS e o PAE – Projeto

Agroextrativista vem sendo desenvolvido pelo INCRA e demais entidades

ambientais, visando promover o uso sustentável dos recursos naturais. Algumas

instituições estão desenvolvendo atividades voltadas para o manejo sustentado da

floresta, através da implantação de SAF’s – Sistema Agroflorestal, como a

CEPLAC, a EMBRAPA e a SAGRI.”

A Roça sem queimar se difundiu na região através de Francisco de Assis Monteiro,

membro da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores de Medicilândia – Pará, que depois de

participar de alguns fóruns de Agroecologia em outras regiões, começou a discutir os

princípios agroecológicos nos sistemas de produção da Região (SILVA et. al., 2003).

Apoiada pela Fundação Viver Produzir e Preservar, esta experiência se difundiu por

oito municípios da Transamazônica: Altamira, Brasil Novo, Medilcilândia, Uruará, Placas,

Rurópolis, Anapu, Pacajá e em três municípios às margens do Rio Xingu: Senador José

Porfírio, Porto de Moz e Vitória do Xingu (SILVA et. al., 2003).

Outros agentes de difusão da Agroecologia na Região são as Casas Familiar Rural

(CFR´s) e o Laboratório Agroecológico da Transamazônica (LAET).

As CFR´s, de origem francesa, formam jovens agricultores e apóiam as comunidades

de agricultores, oferecendo o acompanhamento do projeto técnico de cada jovem em

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formação. As associações de famílias de agricultores dedicam-se à consolidação local dos

agricultores e a enfrentar os desafios dessa empreitada (SABLAYROLLES, 2005).

O LAET é uma equipe interinstitucional, constituída, desde sua fundação, por

professores do Centro Agropecuário da Universidade Federal do Pará (NEAF-UFPA), por

pesquisadores da EMBRAPA -CPATU e por profissionais participantes do acordo de

cooperação entre Brasil e França. O LAET desenvolve uma função de mediação entre

pesquisa, formação superior e desenvolvimento (SABLAYROLLES, 2005).

Apesar dessas iniciativas a discussão a respeito da Agroecologia necessita ser

fortalecida, pois muitos agricultores ainda não têm acesso a essas informações.

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3. MATERIAL E MÉTODOS:

3.1. A seleção do material de composição das pilhas

Para compor as pilhas, os materiais foram selecionados de acordo com o seu teor de

carbono e nitrogênio. Como fontes de carbono foram os seguintes resíduos vegetais: a casca

do arroz (Oryza sativa), pois o arroz é uma das culturas anuais de maior importância nos

plantios de lavouras de subsistência, e a casca do cacau (Theobroma cacao), pois muitas

famílias da região cultivam essa cultura.

Os materiais ricos em nitrogênio foram a folha da mandioca (Manihot esculenta),

muito utilizada para a fabricação de farinha e alimentação de animais, e folha da bananeira

(Musa sp.), geralmente disponível nas lavouras cacaueiras, pois é muito utilizada no

sombreamento desta cultura.

Estes materiais foram selecionados como fonte de nitrogênio e carbono, pois são

culturas de importância econômica para a região e são materiais vegetais que apresentam um

alto teor de nutrientes e que muitas vezes simplesmente são descartados.

3.2. O Delineamento experimental

O experimento foi realizado em um terreno localizado na zona urbana do município de

Altamira, porém, os materiais foram coletados em três estabelecimentos familiares, um

localizado no Km 12 - Transassurini, onde foram coletadas as fontes de nitrogênio, sendo

estas as folhas da bananeira e mandioca, no Km 6 – Transassurini onde foi coletado parte do

esterco bovino, e no Km 13 do Ramal São Francisco foram coletados outra parte de esterco

bovino e a casca de cacau, a casca de arroz foi coletada na beneficiadora de arroz Piauí,

localizada na zona urbana do município de Altamira.

O delineamento foi inteiramente casualizado com quatro repetições, e com quatro

combinações diferentes, dimensionadas em 1,5m de comprimento X 1,0m de largura X 0,6m

de altura. As pilhas foram montadas sob lona transparente. Mesmo sabendo que este fato iria

interferir nas condições naturais, julgou-se necessário, pois o experimento foi implantado em

plena estação chuvosa, o que poderia ocasionar a lixiviação dos materiais, ou mesmo dos

elementos químicos presentes no composto. Na figura 1, visualiza-se a área onde foi montado

e conduzido o delineamento experimental.

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Figura 1: Pilhas montadas sob lona transparente.

As pilhas foram montadas diretamente ao chão para que a microfauna e macrofauna

do solo tivessem livre acesso aos compostos e, contribuíssem desta forma, no processo de

decomposição.

Os tratamentos testados foram:

Tratamento 1: Palha de Arroz + folha de mandioca + esterco bovino

Tratamento 2: Casca do fruto de cacau + folha de bananeira + esterco bovino

Tratamento 3: Palha de Arroz + folha de mandioca + esterco bovino + acelerador (EM)

Tratamento 4: Casca do fruto de cacau + folha de bananeira + esterco bovino + acelerador

(EM)

Os dados coletados acerca do monitoramento da temperatura das pilhas foram

avaliados na análise estatística que se aplica na experimentação agrícola. Storck, et. al. (2000)

citado por (MARTINS; STORK, 2008), conceitua a experimentação agrícola como sendo o

método estatístico que analisa e interpreta os resultados dos experimentos.

Esses dados foram transformados em médias para as comparações com análises

estatísticas com o auxilio do programa SAS, 1998. Os dados obtidos foram submetidos a

análise das comparações das médias com contrastes ortogonais a 1% de significância.

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3.3. O Acelerador de compostagem

Os "Effective Microorganisms" (E.M.) é constituído por grupos de microrganismos

encontrados na natureza, benéficos ao homem e reproduzidos em meio de cultura

fermentante. O conceito do (E.M.) foi desenvolvido pelo Professor Teruo Higa, Universidade

de Ryukyus, Okinawa, Japão (GUIM et. al, 2006).

Segundo Melo (2006), a inoculação de microrganismos nos compostos como o (EM)

(microrganismos eficientes), podem melhorar o processo de compostagem aeróbico e trazer

resultados benéficos.

Os Effective Microorganisms foi adicionado nos tratamentos 3 e 4 para observar se

sua adição com a função de acelerador de compostagem2, poderia ajudar no processo de

decomposição natural dos resíduos testados, e desta forma, ter um composto maduro em

tempo menor que o estimado. Para a captura e cultivo dos microrganismos foi utilizada uma

receita caseira e de fácil confecção.

O (EM) foi coletado em área de mata secundária bem estruturada. Foi utilizado 1 kg

de arroz cozido sem sal, sem óleo, sem tempero, apenas água isenta de qualquer substância

química ou exterminadora de microrganismos, como cloro, água sanitária e outros.

O arroz cozido foi enterrado em um pequeno buraco suficiente para que o recipiente

fosse posicionado ligeiramente próximo à superfície. O arroz cozido ficou no local por volta

de quatro dias.

Para selecionar o local onde o arroz cozido iria ser enterrado, foi indispensável

localizar a área onde se encontravam os fungos espalhados pelo chão. Estes fungos tinham um

aspecto emaranhado e de coloração branca. Foi notado que acompanhado deles, havia a

matéria orgânica ligeiramente homogênea e em estágio avançado de decomposição, esta

característica foi importante na sua identificação.

Depois de encontrados estes fungos, o recipiente contendo o material de captura foi

enterrado ali próximo. A trilha de acesso ao lugar de captura foi demarcada com sacolas

plásticas, amarradas nos troncos das árvores para facilitar o encontro do local onde o

recipiente foi enterrado (Figura 2).

2 Acelerador de compostagem: Proporciona a produção de colônias de microrganismo que quando colocados no

composto, podendo reduzir a um terço o tempo de preparo do composto.

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oto

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ara

Bar

ros

Figura 2: Arroz cozido para capturar os fungos benéficos para a decomposição.

Após o período de quatro dias enterrado no solo de mata estruturada, o arroz cozido

foi desenterrado e espalhado em superfície protegida com lona preta e observado a ação de

fungos que ali agiram. Foi observada a presença de fungos benéficos (brancos) e maléficos

(outras colorações como: azul, laranja, preto e outras tonalidades de cores escuras). Foram

separados os fungos de tonalidades escuras, tidos como maléficos e estes foram descartados, e

foram utilizados apenas os benéficos de cor branca.

Figura 3: Fungos considerados maléficos para a compostagem

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Após a separação dos fungos benéficos de cor branca foi feito o meio de cultura3 em

que estes foram adicionados para se multiplicar. Para a confecção do meio de cultura foram

triturados 2 kg de rapadura e levado ao fogo em um pouco de água suficiente para promover o

seu derretimento. Quando a rapadura já estava diluída e homogeneizada em água, foi diluída

em 15 litros de água livre de qualquer tipo de adição de substâncias que poderia promover o

extermínio dos microrganismos.

Figura 4: Rapadura derretida em água

Para que o meio de cultura fosse mais eficiente em promover a reprodução dos

microrganismos, este foi otimizado com a adição de 80 ml de leite fermentado (tipo yacult)

facilmente encontrados em supermercados.

Os tratamentos 3 e 4 foram regados com o EM de 5 em 5 dias. Recebendo 5 litros do

acelerador por aplicação. Nos dias em que estes tratamentos recebiam a adição do E.M. o

cuidado com a umidade era redobrado, para não causar o encharcamento das pilhas.

Para manter uma boa irrigação, o tratamento 3 que continha casca de arroz como

fonte de carbono, além dos 5 litros de E.M, recebia mais 5 a 15 litros de água para ficar na

umidade ideal, já que foi observado que os tratamento com fonte de carbono a casca de arroz,

necessitariam de 10 a 20 litros de água por irrigação. A pilha do tratamento 4, que continha

casca de cacau como fonte de carbono, nos dias de aplicação do E.M. geralmente não recebia

3 Meio de cultura: destinam-se ao cultivo artificial de microrganismos. Estes meios favorecem os princípios

nutritivos indispensáveis ao seu crescimento – Fonte: wikipédia, 2009.

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outra irrigação, pois os 5 litros de E.M. já estabelecia a umidade ideal, porém raramente

recebia a aplicação de mais 5 litros de água dependendo das condições de umidade das

pilhas.

Figura 5: Calda de rapadura adicionada em 15 litros de água

3.4. Composição das pilhas (tratamentos)

Os tratamentos foram arranjados conforme a relação C: N de 30:1, segundo Kiehl,

(1985), a relação C/N dá informações sobre o tempo de compostagem, acima de 30/1

determinará um maior prazo de decomposição. Os dados da relação C/N e teor de umidade

dos materiais utilizados no experimento foram obtidos através da Tabela a seguir:

Tabela 1. Relação C/N dos materiais utilizados nos tratamentos e teor de Nitrogênio (%).

MATERIAIS C/N

N (%)

Arroz (cascas)

63/1 0,78

Banana (folhas)

19/1 2,58

Cacau (Casca do Fruto) 38/1

1,28

Esterco de gado

18/1 0,9 – 1

Mandioca (folhas)

12/1 4,35

Fonte: Adaptado de Kiehl (1985)

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A metodologia para calcular a proporção de carbono e nitrogênio das pilhas baseou-se

em SANTOS et. al. (2003). Sendo assim, a utilização desta metodologia objetivou adequar as

quantidades de cada material para que o processo de decomposição fosse satisfatório,

mediante o bom desenvolvimento dos microrganimos que é ideal na relação C/N de 30/1. O

objetivo dos cálculos é fazer o balanço dos materiais para atingir aproximadamente o valor de

30/1 de relação entre carbono e nitrogênio (C/N).

O revolvimento das pilhas foi de quatro em quatro dias nos primeiros 30 dias, e de 15

em 15 dias até a estabilização da temperatura dos compostos (SANTOS et. al., 2003). Para

calcular a proporção dos materiais das pilhas foi utilizado o seguinte procedimento:

Primeiramente identificou-se a relação C/N das fontes de Carbono (palha de arroz,

casca de cacau) e também das fontes de nitrogênio (folha de bananeira, folha de mandioca)

nos dados dispostos na tabela 1, e utilizando-se os cálculos de porcentagem foram calculadas

as quantidades. A incógnita (?), representará o valor a ser procurado nos cálculos da

proporção.

N =

C

%N (?)C

Utilizando-se os dados para casca de cacau e folha de bananeira, tem-se:

A relação C/N da casca de cacau é de 38/1, então para 1 nitrogênio tem-se 38 carbonos

1,28 % de nitrogênio ou mesmo 1,28 kg, com o cálculo seguinte foi verificada a porcentagem

de carbono.

1N =

38C

1,28%N (?)C

Realizando os cálculos desta proporção foi encontrado o valor para (?) = 49, isto

significa que para a relação carbono/nitrogênio de casca de cacau que é de 38/1, tem-se

1,28 kg de nitrogênio e 49 kg para carbono. Como esta proporção está sendo considerada em

porcentagem, Os valores encontrados correspondem a 100%, conseqüentemente, 100 kg de

casca de cacau. Então para se encontrar o valor expresso em 1 Kg divide-se a porcentagem de

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cada material por 100. Assim, para 100 kg de casca de cacau tem-se 49 kg de carbono e 1,28

kg de nitrogênio, e para 1 kg tem-se 0,49 kg de carbono e 0,0128 kg de nitrogênio.

O próximo passo foi encontrar as quantidades de nitrogênio e carbono na folha de

bananeira em 1kg.

A folha de bananeira possui uma relação C/N de 19/1, isso significa que para 19 partes

de carbonos existe 1 nitrogênio.

1N =

19C

2,58%N (?)C

Calculando-se esta proporção, tem-se que para cada 100 kg de folha de bananeira tem-

se 49 kg de carbono e 2,58 kg de nitrogênio. Dividindo-se esses dados por 100 foi encontrado

os valores em 1 kg de folha de bananeira, que foram de 0, 49 kg de carbono e 0,0258 kg de

nitrogênio.

Tendo-se os valores de carbono e nitrogênio, o passo seguinte foi o de somar as

quantidades de carbono e nitrogênio de cada um dos materiais com suas quantidades.

É importante destacar que nos cálculos apresentados, ainda não foi encontrada a

quantidade de folha de bananeira para 1 kg de casca de cacau, por isso, com o intuito de

melhor ilustrar, os valores de folha de bananeira serão acompanhados da variável (?), pois é

justamente o resultado da quantidade esperada nesta etapa.

Tabela 2: Valores de carbono e Nitrogênio para 1kg de cada material

Material Carbono Nitrogênio

Casca de cacau (1 kg) 0,49 0,0128

Folha de bananeira (? Kg) (?) 0,49 (?) 0,0258

A tabela 2 mostra os valores de carbono e nitrogênio disponíveis em 1 kg tanto de

casca de cacau como da folha de bananeira. Porém, ainda não estão arranjados conforme a

relação C/N de 30/1.

Para isso, realizou-se as somatórias de carbono e nitrogênio. Obtendo-se as seguintes

fórmulas: soma das fontes de carbono (0,49 (casca de cacau) + 0,49 (folha de bananeira)) e

somas das fontes de nitrogênio (0,0128 (casca de cacau) + 0, 0258 (folha de bananeira)). Após

realizada a somatória, esses dados foram multiplicados pela relação desejada.

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C =

30

0,49 + ? 0,49 =

30 1 (0,49 + ? 0,49) = 30 (0,0128 + ? 0,0258)

N 1 0,0128 + ? 0,0258 1

Concluiu-se através dos cálculos que para 1 kg de casca de cacau necessita-se de

0,373 kg de folha de banana, sendo esta a relação aproximada de 30/1 desta combinação.

Os mesmos cálculos foram realizados para a obtenção da relação 30/1 da casca de

arroz e folha de mandioca, onde encontrou-se que para 1 kg de casca de arroz necessita-se de

0,333 kg de folha de mandioca.

Em anexo, segue os cálculos completos.

3.5. Monitoramento da temperatura

A temperatura foi monitorada com termômetro de faixa de temperatura que vai até

110º C positivo. O objetivo desta etapa foi observar quais as faixas de temperaturas que os

tratamentos atingiram. A temperatura foi o indicador do grupo de microrganismos que

atuaram, assim como, indicou o esfriamento das pilhas.

Segundo Kiehl (1985), havendo a presença de microrganismos, e outros fatores

como oxigênio, umidade, granulometria favorável e material com relação C/N em torno de

30/1, o desenvolvimento do calor será inevitável, e diz que a temperatura considerada ótima

durante a compostagem está entre 40 e 60º C. Quando a temperatura ficar semelhante ou

menor que à temperatura ambiente o composto estará completamente mineralizado. Seguindo

o pressuposto observa-se na Figura 6, as fases que os compostos orgânicos passam até que

atinjam a maturação. Estas fases da temperatura basearão a análise da curva gerada através do

monitoramento das temperaturas dos tratamentos avaliados neste trabalho.

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Figura 6: Relação entre tempo, temperatura e índice de pH na compostagem

Fonte: Kiehl, 1985

Para que o composto atinja a fase de maturação, este passa por três fases distintas.

Estas fases são importantes para a eliminação de microrganismos maléficos.

Em Kiehl (1985), a primeira fase é chamada de mesófila, nesta fase a temperatura

vai de 40 a 45ºC, sendo considerado o início da compostagem. A segunda fase é a termófila

que alcança uma temperatura de 70º C ou mais, alcança o cume do processo. A terceira fase é

denominada de fase criófila, onde ocorre o esfriamento gradativo do composto até que este

estabilize, chegando à maturação.

Quando as temperaturas ainda estão nas fases termófilas e mesófilas, o pH

encontra-se abaixo de 6, o que significa que o composto ainda encontra-se em fase de

fermentação. Quando este se estabiliza, o pH pode ficar superior a 7,6 o que significa que o

composto já está curado4, como diz Kiehl (1985).

As temperaturas foram lidas e anotadas em planilha de monitoramento de

temperatura que segue em anexo. Depois de realizada todas as leituras necessárias foram

feitas as médias das temperaturas das repetições e gerados os gráficos através do programa

Microsoft Office EXCEL 2007.

4 Curado: Termologia utilizada para designar o composto frio, ou seja, que já está completamente decomposto.

------------ pH

Temperatura

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3.6. Irrigação

Um dos fatores importantes para o sucesso de uma compostagem é manter uma boa

aeração e umidade essencial para o desenvolvimento dos microrganismos e mesmo para não

causar mau cheiro.

Durante o processo de compostagem, fatores como temperatura, umidade e aeração

deverão ser controlados no momento em que se faz o reviramento da pilha (SANTOS et. al.,

2003).

Os tratamentos contendo diferentes fontes de carbono recebiam irrigações também

diferenciadas, porque os tratamentos que continham casca de arroz eram maiores a

dificuldade de manter a umidade ideal. A irrigação era feita geralmente em dias intercalados,

de 10 a 20 litros de água/rega nos tratamentos contendo palha de arroz e folha de mandioca e

de 5 a 10 litros de água/rega nos tratamentos com casca de cacau e folha da bananeira. Nos

momentos de reviramento, era observada a umidade no interior das pilhas, daí detectava-se a

necessidade ou não de irrigar um pouco mais. O instrumento utilizado para a irrigação foi

regador de capacidade de 10 litros.

A quantidade de água adicionada nas pilhas era controlada de forma que a água não

escorresse quando adicionada com a utilização do regador.

Para testar a umidade das pilhas, era coletado um pouco do composto do centro das

pilhas e, apertava-se com a palma da mão: se o composto estivesse demasiadamente molhado,

a água escorreria pelos dedos e pingava; se estivesse muito seco, ele esfarelava; mas se

estivesse na umidade ideal, não esfarelava, nem pingava, e formava um “bolo” de compostos

(SANTOS, et. al., 2003).

Mediante ao estado de umidade que fosse identificado, a pilha era molhada, quando

muito seca, ou revirada quando muito molhada (SANTOS et. al., 2003).

Para dosar a quantidade ideal de água, seguiu-se a seguinte metodologia: ao apertar

o punhado de composto com as mãos, este formava um “bolo” de composto sem pingar nem

esfarelar, como recomendado em Santos et. al., (2003).

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Figura 7: “Bolo” de composto formado quando a umidade está ideal

3.7. Análise dos parâmetros químicos dos tratamentos

Quando as pilhas atingiram a maturação, foram retiradas amostras para a análise dos

parâmetros químicos dos tratamentos. De cada tratamento foram retiradas amostras de cada

repetição. Depois as amostras foram homogeneizadas, pesadas 300 gramas da amostragem

homogeneizada, e estas foram etiquetadas em seguida para o envio ao laboratório realizador

da análise.

Figura 8: Amostras de cada repetição do tratamento 4 Figura 9: Amostras homogeneizadas

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Figura 10: Pesando as amostras

As amostras foram enviadas “in natura” para o Laboratório que realiza Análise

Agronômica, ambiental e preparo de soluções químicas, o laboratório FULLIN, localizado no

Estado do Espírito Santo. Foram enviadas quatro amostras pelo correio (SEDEX)

representando cada tratamento que foi testado neste trabalho.

Figura 11: Amostras embaladas e identificadas com etiquetas

Os parâmetros analisados pelo referido laboratório foram: Umidade a 60-65°C, pH

em CaCl2, Matéria orgânica Total e Compostável, Carbono Orgânico, N, P2O5, K2O e Relação

C/N – método oficial.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO:

4.1. Controle da temperatura

Mediante ao estudo realizado, pode-se verificar a importância da variação da

temperatura no processo de compostagem. Segundo Kiehl (1985), a temperatura, além de

indicar a estabilização dos compostos orgânicos, também indica os prováveis organismos que

estejam agindo em fases distintas no processo de compostagem.

Em Silva (1996), as temperaturas mesófilas e termófilas que representam a ação dos

microrganismos, podem apresentar-se em faixas tidas como temperaturas mínimas,

temperaturas ótimas e temperaturas máximas.

“... as faixas de temperatura que definem a predominância de determinados grupos

de organismos podem ser classificados em criófilos, mesófilos e termófilos; a

compostagem deve-se dar nas faixas mesófilas e termófilas, pois quanto maior o

calor, mais rápida se torna a decomposição; considera-se uma faixa ótima para a

compostagem a que vai de 50 a 70º C, sendo 60º C a mais indicada. Há autores que

consideram como melhor faixa a que vai de 50 a 60º C; temperaturas acima de 70º C

são consideradas desnecessárias ou mesmo desaconselháveis por longos períodos,

pois restringem o número de microrganismos que conseguem nelas viver, podem

insolubilizar as proteínas hidrossolúveis, provocar alterações químicas indesejáveis

e desprendimento de amônia, principalmente quando o material possui baixa relação

C/N (KIEHL, 1985).”

Resumidamente, podemos visualizar no Quadro 1, a classificação das faixas de

temperatura quanto a ação dos microrganismos.

Quadro 1: Faixas de Temperaturas

Bactérias Temperatura Mínima Temperatura ótima Temperatura Máxima

Mesófilas 15 a 25 25 a 40 43

Termófilas 25 a 45 50 a 55 85

Fonte: KIEHL, 1985.

O comportamento da temperatura durante todo o período de estudos apresentou

valores de temperatura com faixa de mediana a baixa. Ocorrendo a elevação da temperatura

nos 15 dias iniciais, e declínio à medida que o material inicial foi sendo decomposto. A

seguir, será descrita a oscilação de temperatura nos tratamentos testados.

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O tratamento 1, contendo casca de arroz + folha de mandioca + esterco bovino, foi o

tratamento que atingiu menor pico de temperatura quando relacionado aos demais

tratamentos. Após 24 horas da montagem das pilhas, o composto apresentou uma temperatura

de 40º C.

Figura 12: Monitoramento de Temperatura – Tratamento 1

A temperatura mais alta que este tratamento atingiu foi em torno de 42 ºC na fase

termófila, sendo compreendida esta faixa como temperatura mínima para esta fase. Esta fase

de ação dos microrganismos termófilos perdurou até aproximadamente aos doze dias de

compostagem, então houve o abaixamento da temperatura caracterizando o início da fase de

ação dos microrganismos mesófilos.

A fase mesófila perdurou-se até os 84 dias de compostagem, atingindo uma faixa de

temperatura que foi dos 35 a 38 ºC. Após esta fase, o tratamento se estabilizou na faixa de

temperatura de 30,5 ºC.

Estatisticamente foi considerado que aos 111,25 dias de compostagem, o tratamento 1

alcançou a fase de bioestabilização, já que no critério de três medições seguidas, a

temperatura estava estagnada apresentando 30,5º C e também aproximadamente igual à

temperatura ambiente, como é o critério indicado por Kiehl, (1985).

O tratamento 2 com Casca de cacau + folha de bananeira + Esterco bovino, obteve

uma faixa de temperatura que foi um pouco maior quando relacionado ao primeiro

tratamento, como podemos observar na figura 13.

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Figura 13: Monitoramento de Temperatura – Tratamento 2

Após 24 horas da montagem das pilhas, este tratamento apresentou 33 ºC de

temperatura. No quarto dia foi observado que o tratamento alcançou 47 ºC na fase termófila,

sendo considerada uma temperatura próxima da faixa ótima para a ação dos microrganismos

termófilos. A fase de ação dos microrganismos termófilos, neste tratamento foi observada até

o oitavo dia de compostagem, onde a temperatura baixou, caracterizando o início da fase

mesófila.

Na fase mesófila, o composto atingiu uma faixa de temperatura de 34 a 36 ºC. Nesta

faixa, o composto apresentou uma temperatura ótima para fase de desenvolvimento dos

microrganismos mesófilos. Após a ação destes, até os 72 dias de compostagem, o composto

bioestabilizou sua temperatura na faixa média de 29,5 ºC, sendo considerada sua

bioestabilização em torno de 96 dias.

Uma observação importante a ser feita foi que as pilhas que obtiveram o maior índice

de temperatura foram as que receberam a adição do EM como acelerador da compostagem,

sendo estes os tratamentos três e quatro.

No tratamento 3, contendo Casca de arroz + folha de mandioca + Esterco bovino +

EM, após 24 horas da montagem as pilhas atingiram a temperatura de 45 ºC, isto significa que

este composto iniciou suas atividades com presença considerável de microrganismos (Figura

14).

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Figura 14: Monitoramento de Temperatura – Tratamento 3

Na fase termófila, observou-se que este composto atingiu um pico de temperatura de

49 ºC o que pode ser considerado satisfatório. Visto que esta faixa de temperatura está muito

próxima à temperatura tida como ótima para esta fase de desenvolvimento dos

microrganismos termófilos.

A fase de desenvolvimento dos microrganismos mesófilos compreendeu-se numa

faixa de temperatura ótima que foi de 35 a 40 ºC até estabilizar na temperatura de 30,5 ºC.

Pode-se atribuir o desempenho de temperatura mediante a utilização do EM empregado como

acelerador de compostagem, os microrganismos contidos no E.M. intensificaram a atividade

microbiana das pilhas. Este tratamento alcançou a maturação em torno dos 95 dias de

compostagem.

O tratamento 4, também recebeu a adição do EM como acelerador de compostagem.

Sua composição foi de Casca de cacau + folha de bananeira + esterco bovino + EM.

Observou-se neste tratamento, o maior pico de temperatura relacionando aos demais

tratamentos.

Após 24 horas da montagem das pilhas, este tratamento apresentou uma faixa de

temperatura de 40 ºC, não muito diferente dos demais tratamentos. Entretanto, no decorrer do

processo este tratamento desenvolveu maiores temperaturas quando relacionado aos demais, o

que pode nos levar a estimar maior ação de alguns grupos de microrganismos específicos de

cada fase (Figura 15).

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Figura 15: Monitoramento de Temperatura – Tratamento 4

Na fase termófila o composto apresentou na sua faixa de temperatura com pico de

49,8 ºC, próximo à faixa ótima para esta fase que é de 50º C. A fase mesófila ocorreu em uma

faixa ótima de 33 a 39º C até o seu resfriamento.

A maturação foi identificada aos 70 dias. Pois o composto apresentou em 3 leituras

seguidas a mesma temperatura em torno de 29 ºC. Indicando que o composto havia

estabilizado. O mesmo procedimento foi utilizado para identificar a estabilização dos demais

tratamentos.

A partir do detalhamento de todos os tratamentos, pode-se considerar que na

primeira etapa do processo a temperatura média dos compostos atingiu a faixa mínima de

33 ºC na fase mesófila e máxima de 49,8 ºC na fase termófila. Isto significa que os compostos

atingiram em média a faixa próxima à temperatura ótima na fase termófila e índices ótimos na

fase mesófila.

Apesar de alguns autores considerarem estas faixas de temperatura relativamente

baixa, os compostos testados desenvolveram temperatura satisfatória. Seixal (2003), afirma

que se os compostos não atingirem as temperaturas de faixas altas o processo de

compostagem também funciona.

Além da temperatura das pilhas, também foi medida a temperatura ambiente que foi

um dos parâmetros considerado como indicativo para a cura dos tratamentos. Segundo Kiehl

(1985), o composto atinge a maturação quando a temperatura da pilha se igualar à temperatura

ambiente ou apresentar uma temperatura menor que esta. A faixa de temperatura ambiente

compreendeu-se entre 29 a 35 ºC, porém predominou a faixa de 29 a 30,5 ºC.

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4.2. Análise estatística

Os maiores valores das temperaturas foram observados nos primeiros dias de

compostagem, especificamente na fase de ação dos organismos termófilos, sendo esta

caracterizada justamente por apresentar os maiores índices de temperaturas.

Considerou-se para avaliação dos compostos a variação da temperatura dos

tratamentos, que foi monitorada durante todo o processo de compostagem, até que todas as

pilhas fossem estabilizando a temperatura. Como parâmetro para bioestabilização das pilhas,

foi observado quando as mesmas apresentavam temperaturas equivalentes por três leituras

consecutivas, como já foi citado. Na Tabela 3, estão descritas as médias de dias que cada

composto levou para bioestabilizar.

Tabela 3: Incremento de dias de compostagem

Tratamentos Dias % Incremento

Tratamento 1 111,25 -

Tratamento 2 95,50 14,15

Tratamento 3 96,50 13,25

Tratamento 4 70,00 37,07

Tendo como base a média dos dias de compostagem, verifica-se que o tratamento 1 foi

o tratamento que levou mais dias para estabilizar. Na Tabela 3, tomou-se 111,25 como

comparação, chamando-o de 100%. Então em relação aos 100%, o tratamento 2 levou

14,15% a menos em dias para bioestabilizar, o tratamento 3 foi de 13,25% a menos e o

tratamento 4 bioestabilizou em menos tempo com 37,07%.

Através da análise dos contrastes ortogonais a 1% de probabilidade observada na

tabela 4, verifica-se que houve diferença significativa entre alguns dos contrastes avaliados.

Tabela 4: Análise de Variância – Contraste Ortogonal

Contrastes testados Graus de Liberdade (GL) P > T

1. T1 Versus as medias de (T2; T3; T4) 1 0,0001**

2.T2 Versus as medias de (T1; T3; T4) 1 0,1467 ns

3.T3; T4 Versus as medias de (T1; T2) 1 0,0001**

ns- não significativo; ** altamente significativo em 1% de significância. (T1) Casca de arroz + Folha de

mandioca + Esterco Bovino; (T2) Casca de cacau + Folha de bananeira + Esterco Bovino; (T3) Casca de arroz +

Folha de mandioca + Esterco Bovino + EM; (T4) Casca de cacau + Folha de bananeira + Esterco Bovino + EM.

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As temperaturas do tratamento 3 e 4, segundo suas médias foram superiores aos

demais tratamentos, praticamente em todas as fases da compostagem. Estima-se que este

detalhe levou estes tratamentos a apresentar valor altamente significativo, isto quando

comparado às médias dos dias compostados dos demais tratamentos já que, a temperatura

possui correlação positiva com a atividade microbiana.

Sendo a atividade microbiana responsável pela decomposição dos resíduos orgânicos,

subentende-se que este fator influenciou em menos tempo de compostagem para estes

tratamentos, considerando também o fato de que receberam a adição do E.M.

O contraste ortogonal nº. 1, Y(1) T1(Casca de arroz + folha de mandioca + Esterco

bovino) Versus T2 (Casca de cacau + folha de bananeira + Esterco bovino); T3 (Casca de

arroz + folha de mandioca + Esterco bovino +EM); T4 (Casca de cacau + folha de bananeira

+ Esterco bovino + EM) comparou o tratamento 1 em relação aos demais tratamentos,

observando a média do tempo de bioestabilização de sua temperatura. O teste foi positivo,

indicando que houve diferença altamente significativa, ou seja, a sua média de tempo de

111,250 dias para bioestabilizar foi bem maior que a média dos demais.

Por meio do Contraste ortogonal nº 2, Y(2) T2 (Casca de cacau + folha de bananeira +

Esterco bovino) Versus T1 (Casca de arroz + folha de mandioca + Esterco bovino); T3 (Casca

de arroz + folha de mandioca + Esterco bovino +EM); T4 (Casca de cacau + folha de

bananeira + Esterco bovino + EM) comparou-se o tratamento 2 aos demais tratamentos, e

percebeu-se que estatisticamente o tratamento 2, com a média de bioestabilização de 96,500

dias, não diferenciou estatisticamente dos demais tratamentos.

Então sua média foi classificada como não significativa, ou seja, este material testado

neste tratamento não apresenta tempo considerável de bioestabilização de temperatura.

O Contraste ortogonal nº 3, T3 (Casca de arroz + folha de mandioca + Esterco bovino

+EM); T4 (Casca de cacau + folha de bananeira + Esterco bovino + EM) Versus T1 (Casca de

arroz + folha de mandioca + Esterco bovino); T2 (Casca de cacau + folha de bananeira +

Esterco bovino), afronta os tratamentos 3 e 4 que receberam a adição do E.M. como

acelerador da compostagem e os tratamentos 1 e 2 que não receberam a adição do E.M.

Estatisticamente foi demonstrado que os tratamentos que receberam a adição do E.M.

indicaram uma média altamente significativa quando comparados aos tratamentos que não

receberam E.M., isso significa que a adição da dosagem testada de E.M. apresentou influencia

no tempo de bioestabilização dos tratamentos 3 e 4.

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4.3. Análise dos parâmetros químicos dos tratamentos

Estabilizadas as temperaturas dos compostos orgânicos, o material apresentou

características de composto maduro, ou seja, de coloração escura (figura 16) e odor de terra

molhada.

Figura 16: Composto Bioestabilizado

Porém, na sua aparência visual e tátil foi possível observar as partículas dos restos dos

materiais, devido estes não terem passado pelo processo de trituração prévia à montagem das

pilhas. Mesmo apresentando partículas dos materiais de origem, os compostos foram

conduzidos ao laboratório realizador das amostras sem qualquer peneiramento, como foi

sugerido pelo laboratório responsável pelas análises. Mediante as análises realizadas foram

observados os seguintes parâmetros (Tabela 5):

Tabela 5: Parâmetros químicos avaliados

Parâmetro

Unidade

Identificação da Amostra

Amostra T1 Amostra T2 Amostra T3 Amostra T4

Umidade a 60-65ºC % 48,85 53,19 50,85 53,6

pH em CaCl2 - 7,3 7,5 7,0 7,5

Matéria Orgânica Total % 49,87 39,04 36,34 34,20

Carbono Orgânico % 19,50 16,50 18,00 19

Relação C/N1/

- 37 47 35 19

Nitrogênio (N)2/

g/kg 0,53 0,39 0,52 0,71

Fósforo (P2O5)3/ g/kg 0,23 0,30 0,28 0,13

Potássio (K2O)3/ g/kg 0,45 1,20 0,45 0,45

Fonte: Análise laboratorial, FULLIN, 2009.

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A discussão dos dados que seguem, será baseada segundo parâmetros de classificação

observados pelo laboratório FULLIN que segue em (ANEXO), nesses parâmetros serão

observados a indicação das concentrações classificadas como baixas, médias e altas

dependendo do teor apresentado.

Sendo assim, segundo os parâmetros de analise do Laboratório FULLIN, a umidade é

considerada baixa quando for menor que 50%, e caracterizada média quando se apresenta de

50 a 60%, sendo considerada alta quando for maior que 60%. Todos os tratamentos

apresentaram umidade desejável já que ficaram acima de 48,85% e menor que 50,85%.

Quando o composto estabiliza e está curado, a relação C/N considerada boa é de 12 a

18, ótima de 8 a 12, sendo indesejável maior que 18. Quando os compostos não estão

totalmente curados, há uma tolerância de 15 a 45 consideradas boas, e de 25 a 35

consideradas ótimas. Sendo indesejável maior que 45.

Os compostos avaliados não ficaram totalmente curados, sendo classificados nos

parâmetros dos “não curados”. Os tratamento 1, tratamento 3 e tratamento 4, apresentaram

uma classificação considerada boa, pois apresentaram relação C/N de 37, 35 e 19

respectivamente. Já o tratamento 2, apresentou uma relação C/N de 47, considerada

indesejável.

As pilhas que obtiveram melhor relação C/N final foram as que receberam a aplicação

dos microrganismos eficientes (E.M.). O tratamento 3 estabilizou a temperatura apresentando

relação C/N de 35/1, e o tratamento 4, estabilizou a temperatura apresentando relação C/N de

19/1. Além de apresentar melhor relação C/N final, o tratamento 4 foi o tratamento que

apresentou melhor performance de temperatura, estabilizando a temperatura mais rapidamente

quando comparado aos demais e consequentemente ocorreu um melhor relação C/N.

Tendo em vista o carbono orgânico ao final do processo, os tratamentos que

apresentaram maior valor deste parâmetro foi o tratamento 1 e 4. O carbono orgânico é o

indicativo da diversidade da composição dos materiais constituintes da pilha e que

influenciam na velocidade de degradação do material.

Em relação ao pH, todos os tratamentos compreenderam-se em uma faixa considerada

boa, pois apresentaram pH entre 7,0 a 7,5, ou seja, um pH ligeiramente neutro.

Para Matéria Orgânica Total, deve ser o mínimo de 40%. Dos compostos testados

apenas o tratamento 1 apresentou um bom desempenho com 49,87% de matéria orgânica

total. Já os demais tratamentos apresentaram índices de 34,20 a 39,04% abaixo do

aconselhável.

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Os valores de NPK em todos os tratamentos apresentaram valores relativamente

baixos. Segundo os parâmetros do laboratório que realizou a análise (FULLIN), todos os

tratamentos apresentaram baixo teor de potássio, exceto o tratamento 2, que apresentou teor

considerado médio, com 1,2g/kg.

Os valores de N e P em todos os tratamentos apresentaram valores tidos como baixos,

segundo os parâmetros do Laboratório FULLIN (em anexo).

Deon et. al ., (2007), considera que os baixos teores de N podem estar relacionados à

importância de trituração dos compostos de maior teor de lignina. Os teores de K no

composto tende a diminuir, pois é um elemento ativo na planta não fazendo parte de

compostos orgânicos, sendo prontamente liberados a partir da morte do tecido.

Nesta análise dos parâmetros químicos, não foi possível identificar qual o tratamento

que melhor apresentou as características químicas já que as melhores características esperadas

estiveram bem distribuídas entre eles.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

No processo de condução dos compostos orgânicos destacaram-se os seguintes

aspectos:

As pilhas de compostagem testadas neste trabalho apresentaram diferença de

coloração entre a fase inicial e a fase final, todas ficaram com coloração escura. Não

se detectou odor desagradável, considerando-se que, a irrigação foi bem conduzida,

pois em nenhum momento foi observado formação de chorume5 nos tratamentos.

Ao final do processo todas as pilhas apresentaram valor de pH satisfatório em uma

faixa de pH considerada como boa e muito próxima da faixa ótima.

Verificou-se que as pilhas, apesar de estabilizarem as temperaturas, não estavam

totalmente humificadas. Pois no final do processo de decomposição as pilhas

apresentaram relação C/N relativamente alta para esta fase. Entretanto, os valores da

relação C/N detectados, correspondiam à tolerância permitida segundo os parâmetros

de análise recomendados pelo Laboratório FULLIN.

As pilhas que receberam dosagem do (E.M.) foram as dos tratamentos (T3 e T4) e foi

observado que tiveram uma maior oscilação de temperatura, atingindo o tratamento 4,

a bioestabilização com um menor tempo de compostagem.

A adição do acelerador de compostagem (E.M.) foi considerada de baixo custo de

aquisição, e de fácil confecção, podendo ser indicada para ser utilizada pelos

agricultores familiares da região da Transamazônica, como incentivo à utilização da

compostagem, pois um dos impedimentos para a utilização desta prática agroecológica

é o tempo que o composto leva para completar seu processo de cura.

Na análise dos parâmetros químicos, não foi possível identificar qual foi o(s)

tratamento(s) que sobressaíram, visto que foram bem equilibradas as características

químicas dos compostos.

De um modo geral, no final do processo, concluiu-se que o melhor tratamento foi a

combinação de casca de cacau + folha de bananeira + esterco bovino + EM. Justifica-

5 Chorume: Líquido poluente, de cor escura e odor nauseante, originado de processos biológicos, químicos e

físicos da decomposição de resíduos orgânicos. Fonte: (WIKIPEDIA , 2009).

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se esta afirmação pelo fato deste tratamento mostrar melhor resultado na oscilação de

temperatura e também o que levou menos tempo para estabilização.

Os resultados indicaram que os agricultores podem utilizar resíduos disponíveis em

seu estabelecimento para produzirem adubo orgânico que poderá ser utilizado em vários tipos

de cultivos, entretanto, observa-se na região que esses resíduos ainda são muito pouco

utilizados pelas famílias em seus sistemas de produção. Espera-se com os resultados deste

trabalho, contribuir na divulgação e utilização das práticas agroecológicas, bem como

fortalecer a discussão a respeito da agroecologia em nossa região.

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6. BIBLIOGRAFIA:

ABREU JUNIOR, Cássio Hamilton et. al. Uso agrícola de resíduos orgânicos

potencialmente poluentes: Propriedades químicas do solo e produção vegetal. Ciência do

Solo, Viçosa, 2005, v. 4, p. 391-470.

ALTIERI, Miguel. Agroecologia: A dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 3ª edição.

Porto Alegre - Editora: UFRGRS, 2001. p.18.

AGUIAR, Fabrício Frota, BRITO, Maria Natália Silva; OLIVEIRA, Eliene Espírito Santo de;

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Anexos

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Anexo 1: Tabelas de Análise Estatísticas

Quadro de variância das médias dos dias de compostagem dos tratamentos

Graus de

liberdade

Soma de

quadrado

Quadrado

médio

F observado F tabelado 1%

Tratamento 6 3.542,37 590,39 0,71 0,5677 ns

Resíduo 9 91,06 10,11 115,99 0,0001 **

Total 15 3.633,43

ns - não significativo (P>0,5); ** - Altamente significativo (P<0,0001) a 1 e 5% de probabilidade do teste F

Contraste Ortogonal

Contraste Estimativa H0 P > T Erro de Estimativa

1 71,75 13,02 0,0001** 5,5

2 8,75 1,59 0,1467 ns 5,5

3 40,25 12,65 0,0001** 3,1

ns- não significativo; ** altamente significativo

51

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Anexo 2: Planilha de monitoramento das leituras das temperaturas Tratamento 1(cº) Tratamento 2(cº) Tratamento 3(cº) Tratamento 4(cº)

Dia

s

mo

nit

ora

do

s

1 R

ep

eti

ção

2 R

ep

eti

ção

3 R

ep

eti

ção

4 R

ep

eti

ção

1 R

ep

eti

ção

2 R

ep

eti

ção

3 R

ep

eti

ção

4 R

ep

eti

ção

1 R

ep

eti

ção

2 R

ep

eti

ção

3 R

ep

eti

ção

4 R

ep

eti

ção

1 R

ep

eti

ção

2 R

ep

eti

ção

3 R

ep

eti

ção

4 R

ep

eti

ção

1 41 38,5 39 42 33 34 33 33 44 46 45 45 41 40 40 39

4 43 45 39 42 47 47 46 48 49 49 49 49 49 49,5 49,5 50

8 38 38 39 37 46 45 44 46 43 45 44 45 48 47 38 39

12 39 40 37 36 35 37 39 34 43 40 40 37 40 39 39 39

16 38 36 39 36 35 35 37 35 33 31 32 32 37 36 37 39

20 33 35 34 34 34 35 37 35 38 36 38 37 37 36 37 39

24 37 39 37 36 35 36 37 36 39 39 38 40 35 36 34 32

28 33 37 34 36 33 34 34 32 34 33 34 35 36 37 37 38

32 33 35 34 34 31 33 32 33 35 36 37 33 35 34 38 34

36 32 35 37 36 35 33 34 34 31 33 32 33 38 38 37 39

40 33 34 31 35 35 36 36 34 30 33 31 30 37 35 36 37

44 31 33 33 31 36 37 36 35 33 35 34 34 31 32 30 32

48 34 34 35 37 33 31 33 32 31 33 33 32 33 34 32 33

52 35 35 37 37 33 32 31 33 29 32 31 32 31 30 31 30

56 33 32 32 31 34 34 35 33 31 33 33 32 31 30 29 30

60 34 36 37 37 35 33 34 34 33 34 35 34 28 27 27 30

64 33 34 35 34 30 30 33 31 31 31 30 30 29 28 28 29

68 31 32 33 33 29,5 30 31 30 35 35 33 33 30 29 28 29

72 33 34 35 34 29 29 30 30 36 35 35 35 30 30 29 28

76 34 36 36 34 31 29 29 29 34 31 29 30 29 29 30 30

80 30 32 32 31 28 29 29 30 32 32 30 30 30 29 28 30

84 31 33 32 32 29 28 30 29 31 33 31 29 29 29 30 28

88 31 31 30 30 30 29 29 30 29 30 30 31 28 29 29 29

92 31 30 30,5 30,5 30 29 28 29 29 31 31 31 30 29 28 29

96 30,5 30,5 31 30 28 29 30 29 29 31 30 32 29 29 28 30

100 31 29 30 30 29 30 28 29 29 30 31 30 30 30 29 29

104 30 29 31 30 29 30 30 29 31 31 30 30 29 30 29 29

108 29 29 30 29 28 29 30 29 31 31 29 29 29 30 28 30

112 29 29 29 30 29 30 29 30 30 30 31 29 30 30 29 29

52

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Anexo 3: AS ETAPAS DE ELABORAÇÃO DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS

Medidas das áreas das pilhas

Montagem da primeira camada (fonte de carbono)

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Visão frontal da área experimental

Visão lateral da área experimental

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Pilha composta de casca de arroz + folha de mandioca + esterco bovino + EM.

Pilha composta de casca de cacau + folha de bananeira + esterco bovino + EM.

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Adição da fonte de inoculo (esterco bovino)

Monitoramento da temperatura

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Fungos caracterizando a ação de alguns microrganismos

Fungos caracterizando a ação de alguns microrganismos

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Armação da cobertura de lona transparente para a proteção das pilhas contra a ação

das fortes chuvas

Coleta da fonte do inoculante (esterco bovino)

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Anexo 4: Croqui da área experimental

T: Tratamento

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Anexo 5: Resultado da Análise Química dos Tratamentos

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