Produção do Texto em Língua...

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2009 Produção do Texto em Bianca Garcia John Milton Língua Inglesa

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2009

Produção do Texto em

Bianca GarciaJohn Milton

Língua Inglesa

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

G198p

Garcia, Bianca Rigamonti Valeiro Produção do texto em língua inglesa / Bianca Rigamonti Valeiro Garcia,

John Milton – Curitiba, PR: IESDE, 2009. 284 p.

ISBN 978-85-387-0272-6

1. Língua inglesa - Composição e exercícios - Estudo e ensino (Universi-tário). 2. Língua inglesa - Estudo e ensino (Universitário). I. Milton, John, 1956-. II. Inteligência Educacional e Sistemas de Ensino. III. Título.

09-2076. CDD: 428.24CDU: 811.111.2(43)

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Graduada no curso de Letras pela Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Possui mais de 10 anos de experiência no ensino de língua estrangeira atuando com alunos nos mais variados níveis de fluência e faixas etárias. Obteve formação complementar universitária específica no ensino de inglês para crianças, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e atualmente desenvolve pesquisa de mestrado na área de estudos linguísticos e literários em inglês da USP.

Bianca Rigamonti Valeiro Garcia

Orientador de Doutorado. Doutorado em Literaturas Inglesa e Norte-Americana, pela Universidade de São Paulo. Livre Docência pela Universidade de São Paulo. Atuação em Literaturas Estrangeiras Modernas. Professor associado da Universi-dade de São Paulo.

John Milton

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Sumário

Modos de organização do discurso em língua inglesa: enunciação, descrição, narração e argumentação ....... 11

Modo de Organização Discursivo X Gênero Textual..................................................... 11

Modo de Organização Enunciativo .................................................................................... 14

Modo de Organização Descritivo ........................................................................................ 17

Modo de Organização Narrativo.......................................................................................... 20

Modo de Organização Argumentativo .............................................................................. 21

Descrevendo seu país e sua cidade: elementos da descrição espacial e temporal; elementos linguísticos característicos desse tipo de texto ..................................... 31

Modo de Organização Discursivo Descritivo – a descrição do espaço .................. 31

Outras formas de referência descritiva .............................................................................. 43

Writing strategy: planning your writing – mindmaps ................................................. 46

Descrevendo a si mesmo: elementos da descrição pessoal e física; elementos linguísticos característicos desse tipo de texto ..................................... 55

Modo de Organização Discursivo Descritivo – a descrição de pessoas ................ 55

Características linguísticas da descrição de pessoas .................................................... 62

Writing strategy: outlining ..................................................................................................... 68

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Descrevendo pessoas famosas: a linguagem jornalística e a descrição das celebrities .....75

Modo de Organização Discursivo Descritivo – descrição de pessoas famosas: a linguagem jornalística ............................................ 75

Useful language ......................................................................................................................... 84

Writing strategy: writing a memorial ................................................................................. 86

Narrando um fato pessoal: modo de organização discursivo narrativo, suas características e expressões genéricas desse tipo de texto .............................................. 95

Modo de Organização Discursivo Narrativo: narrando sobre si ............................... 95

Narrativas de fatos pessoais ................................................................................................101

Useful language .......................................................................................................................104

Writing strategy – writing from a model (cover letter and blog) ...........................108

Narrando um acontecimento do mundo atual: organização discursiva narrativa e a descrição de fatos recentes .......................121

Organização Discursiva Narrativa – narrando um acontecimento .......................121

Formal news announcement ..............................................................................................126

Useful language .......................................................................................................................130

Writing strategy: mapping and clustering .....................................................................131

Modo de Organização Discursivo ....................................139

Modo de Organização Discursivo Narrativo: relatando o enredo de um filme ou livro ........................................................................139

Useful language .......................................................................................................................143

Writing strategy: planning your writing – a movie review .......................................148

Redação de textos argumentativos: Modo de Organização Discursivo Argumentativo ...... 155

Modo de Organização Discursivo Argumentativo – características .....................155

Useful language .......................................................................................................................160

Tipos de argumentos .............................................................................................................162

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Argumentando sobre questões sociais atuais .............171

Modo de Organização Discursivo Argumentativo – argumentando sobre atualidades .....................................................................................171

Citação de fontes .....................................................................................................................179

Useful language .......................................................................................................................183

Argumentando sobre o meio ambiente ........................191

Modo de Organização Discursivo Argumentativo – argumentando sobre questões ambientais ..................................................................191

Organizando o texto ..............................................................................................................192

Writing strategy: paragraph structure .............................................................................202

Defendendo um ponto de vista sobre um tópico determinado ................................209

Modo de Organização Discursivo Argumentativo – defendendo um ponto de vista .........................................................................................209

Useful language .......................................................................................................................217

Writing strategy: brainstorming ........................................................................................222

Argumentando sobre uma questão polêmica atual .............................................229

Modo de Organização Discursivo Argumentativo – argumentando sobre questões polêmicas ....................................................................229

Polêmica: tipos de argumento ...........................................................................................234

Useful language .......................................................................................................................240

Writing strategy: writing an essay .....................................................................................243

Gabarito .....................................................................................255

Referências ................................................................................271

Anotações .................................................................................283

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Apresentação

O objetivo do livro Produção do Texto em Língua Inglesa é, de maneira geral, am-pliar a competência dos alunos na produção de diversos tipos de texto. Para tal, nos utilizamos de uma abordagem que compreende o texto como uma produ-ção social, que realiza algo em seu contexto e que é moldada pelas condições de sua produção. Um conceito norteador de nosso percurso é o de Modo de Orga-nização Discursivo (CHARAUDEAU, 2008) que nos permite discutir as operações que realizamos ao produzirmos um texto descritivo, narrativo ou argumentativo, assim como o que alguns dos gêneros textuais que exponenciam esses modos realizam socialmente, e de que maneira o fazem.Nesse percurso, você terá a oportunidade de entrar em contato com textos au-tênticos de cada um dos gêneros textuais selecionados, analisará suas caracte-rísticas, terá contato com expressões úteis para sua produção e disporá de algu-mas estratégias de escrita que irão auxiliá-lo a organizar sua escrita e planejar seu texto. Também listamos ao longo do livro algumas study hints, que são ideias para ajudá-lo a obter o máximo de seus momentos de estudo.O livro está dividido em 12 capítulos, o capítulo 1, que trata de uma introdução geral dos conceitos que trabalharemos ao longo do curso. Os capítulos 2, 3 e 4 tratam do modo de organização discursivo descritivo, e da produção de descri-ções do lugar onde vive, de si próprio e de pessoas famosas. Nos capítulos 5, 6 e 7 teremos como foco o modo de organização descritivo narrativo, e produziremos narrações de um fato pessoal, de um acontecimento do mundo atual e do enredo de um filme ou livro. Finalmente, nos capítulos 8, 9, 10, 11 e 12 trataremos do modo de organização discursivo argumentativo e produziremos argumentações sobre o meio ambiente, argumentações sobre um ponto de vista determinado e argumentações sobre temas polêmicos.Em cada um dos capítulos, procuramos levantar questões pertinentes à produ-ção de cada um dos gêneros textuais discutidos, assim como trazer ao seu alcan-ce textos relevantes e interessantes que têm como objetivo colaborar em sua formação crítica como leitor(a) e produtor(a) de textos.Esperamos que você amplie seus conhecimentos e habilidades com o curso.Boa sorte em sua jornada!Forte abraço,

Bianca Garcia

John Milton

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Modo de Organização Discursivo X Gênero Textual

Em nossa vida diária, nos deparamos com grande variedade de textos escritos, textos esses que realizam diversas funções: alguns são anúncios, outros são placas informativas, outros rótulos de produtos, outros letrei-ros, outros e-mails, outros mensagens instantâneas, enfim, há uma vasta gama de textos que fazem parte de nossa vida.

De que maneira os estudos sobre a linguagem podem se debruçar sobre toda essa diversidade textual? Exatamente dando conta de todas as coisas que os textos fazem, ou seja, de sua função social. Como seres em constante movimento e interação, utilizamo-nos da linguagem a fim de realizarmos tarefas, exprimirmos nossos sentimentos, transmitirmos men-sagens e tantas outras coisas, mas sempre pressupomos um outro, o leitor, o receptor de nossas mensagens.

Quando pensamos na linguagem como diálogo com o outro, estamos considerando seu aspecto dialógico, seu aspecto interacional. Como a in-teração não se restringe à produção e recepção de frases soltas, como a linguagem depende muito do contexto em que é produzida, como pensá--la para além do modelo que a considera como uma estrutura fechada em si mesma? É a partir desses questionamentos que os estudos linguísticos voltam-se para outra direção e começam a levar em conta outros fatores em seus estudos, tais como o contexto e a função da produção linguística (além, é claro, das características formais das mesmas). Daí a necessidade da concepção de discurso que permeia nossas observações sobre a lin-guagem, já que esse conceito pressupõe que a língua não se trata de um ente isolado e acabado da realidade, mas de uma construção social que constitui nossos valores sociais, ao mesmo tempo em que carrega em si traços dos mesmos. Segundo Bakhtin, “a palavra funciona como elemento

Modos de organização do discurso em língua inglesa: enunciação, descrição, narração e argumentação

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essencial que acompanha toda criação ideológica, seja ela qual for.” (BAKHTIN; VOLOCHINOV, 1930, p. 37)

Assim sendo, optamos por basear nossas reflexões no conceito de Modo de Organização Discursiva, baseado na teoria do linguista francês Patrick Charaudeau, na interpretação do brasileiro Wander Emediato. Segundo ele: “(Modos de Organização do Discurso) não devem ser vistos como tipos de texto, mas como tipos de operações que estruturam o discurso, contribuindo para sua organização.” (EMEDIATO, 2007, p. 135)

Já os gêneros do discurso referem-se a “tipos relativamente estáveis de enun-ciados” (BAKHTIN, 1952 , p. 279. Grifo do autor), pertencentes à sua esfera de uti-lização da língua. A concepção de gênero textual é ampla, pois engloba também a dimensão social da utilização de linguagem e sua função social, ou seja, que tipo de relações sociais são mobilizadas ou pressupostas na produção desses enunciados e o que de fato realizam ao serem utilizados.

Vejamos alguns exemplos de gêneros textuais:

Once upon a time down on an old farm, lived a duck family, and Mother Duck had been sitting on a clutch of new eggs. One nice morning, the eggs hatched and out popped six chirpy ducklings. But one egg was bigger than the rest, and it didn’t hatch. Mother Duck couldn’t recall laying that seventh egg. How did it get there? Tock! Tock! The little prisoner was pecking inside his shell.

“Did I count the eggs wrongly?” Mother Duck wondered. But before she had time to think about it, the last egg finally hatched. A strange looking duckling with gray feathers that should have been yellow gazed at a worried mother. The ducklings grew quickly, but Mother Duck had a secret worry. (ANDERSEN, 2008)

Fairy tales

As Chen Fuxing tells it, the Golden Venture’s odyssey to America was a trial of desperation and fear. The lack of food, water, light and space broke the 300 travelers down and a kind of Darwinian order took shape. The weaker ones, who typically got the last scraps of a daily meal of rice and water, would argue and beg for more, with disputes erupting into brawls among the passengers. People fell sick, but without any medicine others would feel helpless and leave them alone.

Mr. Chen’s voyage to America began nearly two years ago. He set out from a rural village in southeastern China, where busy meant a 10hour day on the family’s rice farm. He trekked through the mountains of Myanmar and Thailand, slept in an airless cabin the size of a small bathroom with three other people on one ship, and eventually became a virtual prisoner on the Golden Venture, which the authorities say was used to transport Chinese immigrants who paid as much as $35,000 each for the voyage to America. Unwelcome Darkness. (SCHEMO, 2008)

Newspaper articles

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Modos de organização do discurso em língua inglesa: enunciação, descrição, narração e argumentação

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Em qual modo de organização textual (enunciativo, descritivo, narrativo ou argumentativo) você classificaria os textos?

A fim de responder essa pergunta, que tal observarmos o que os textos rea-lizam? Bem, podemos notar que ambos contam uma história, relatam uma se-quência de fatos, localizando os eventos no tempo e/ou no espaço. Levando em conta o que já conhecemos a respeito de tipos textuais, já podemos vê-los como textos narrativos e, por aproximação, relativos ao modo de organização narrativo.

Mas se ambos são expoentes do mesmo modo de organização discursiva, por que pertenceriam a gêneros textuais diferentes? Para responder a essa pergunta, podemos observar a esfera de utilização da língua a que se referem. Basicamente, essas esferas se referem à questão contextual da utilização da língua, e de que maneira esse contexto reflete as características formais do texto. Vejamos: em que contextos temos acesso aos diferentes textos? Qual tipo de registro linguís-tico (linguagem formal ou informal) é utilizado nos textos? A qual(is) público(s) se dirigem os textos?

Por nossas respostas a essas perguntas, podemos observar que os textos realizam funções sociais bastante diferentes, e por isso são compreendidos como representantes de gêneros diversos.

Agora que compreendemos os conceitos de modo de organização discursivo e gênero textual, prossigamos para a compreensão das características gerais de cada um desses modos.

Modo de Organização EnunciativoO modo de organização discursivo enunciativo é o que diz respeito à enun-

ciação, ou seja, à posição que o locutor assumirá com relação ao seu interlocutor. A instância da enunciação não se refere ao sistema linguístico com suas regras estáveis, mas à flexibilidade oferecida pela utilização da linguagem com relação ao contexto, ou seja, de que forma o enunciador se posiciona com relação ao seu contexto e também com relação ao seu interlocutor.

Formas enunciativasAssim sendo, dependendo do posicionamento do enunciador, podemos de-

preender sua aproximação ou distanciamento com relação ao interlocutor, da

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Produção do Texto em Língua Inglesa

mesma maneira que o posicionamento da câmera em um filme pode nos dar diferentes impressões com relação à cena – aproximando-se para aumentar o efeito de intimidade, de subjetividade, e afastando-se para criar um efeito de ob-jetividade, de amplitude do ponto de vista. As formas enunciativas são respecti-vamente a primeira, segunda e terceira pessoas, das quais trataremos a seguir.

Enunciação em primeira, segunda e terceira pessoas

Ao lermos um texto, construímos uma representação do produtor do texto, do enunciador. Essa imagem depende bastante da maneira como ele se posicio-na com relação ao leitor, ao texto e ao contexto. Em alguns momentos, temos a percepção de que o enunciador se expressa de maneira subjetiva, dando-nos certa impressão de proximidade:

Sunday, April 27, 2008

Hiatus

Well, it's been a while.

I don't think that anyone who once read, reads anymore. Maybe this is good. Maybe it gives me freedom. L just looked over my shoulder, so it's not a total secret... But she's usually good to keep the secrets. Plus, she never read this anyway. She figured if I had something to tell her, I would.

(JEN, 2008)

IESD

E Br

asil

S. A

.

Temos aqui o emprego da enunciação em primeira pessoa, por meio da qual o enunciador aproxima-se do contexto e do interlocutor. Temos a impressão de um relato íntimo, que expressa de forma explícita os sentimentos e pensamen-tos do enunciador. Nesse relato, o foco está no eu do enunciador.

Um traço linguístico marcante desse tipo de produção é a utilização da pri-meira pessoa I (eu).

Outros tipos de texto têm seu foco no interlocutor, no leitor, no receptor do texto:

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Modos de organização do discurso em língua inglesa: enunciação, descrição, narração e argumentação

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Div

ulga

ção

Den

ver W

ater

.

Temos aqui a enunciação em segunda pessoa, a qual estabelece um aparen-te diálogo com o interlocutor. Esse tipo de enunciação é geralmente utilizado quando o foco do enunciador é dialogar com o interlocutor, a fim de mobilizá-lo de alguma maneira. Traços linguísticos desse tipo de produção são:

utilização de imperativos ( � e.g. use);

referência direta ou indireta ao leitor; �

simulação de uma interlocução (diálogo). �

Em outros contextos, um posicionamento mais amplo é requerido do enunciador:

The bell rang furiously and, when Miss Parker went to the tube, a furious voice called out in a piercing North of Ireland accent:

“Send Farrington here!” (JOYCE, 1914, p. 95)

Nesse caso, o texto apresenta um ponto de vista onisciente do narrador, que nos apresenta um efeito de distanciamento do lugar de enunciação (veja que o narrador descreve a cena em detalhes, como se observasse e analisasse a cena: furious voice, piercing North of Ireland accent). Aparentemente há uma maior ob-jetividade na exposição dos fatos, por meio da eliminação dos traços que loca-

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lizam o enunciador da cena da enunciação. Essa forma enunciativa é tradicio-nalmente associada a situações mais formais de enunciação, nas quais o foco se encontra sobre o assunto a respeito do qual o texto fala, tais como textos acadê-micos, textos técnicos e textos informativos. Essa forma enunciativa transfere a impressão de maior amplitude de observação e objetividade.

Em resumo, temos que:

Forma enunciativa Foco Exemplos de gêneros textuais

1.ª pessoaNo enunciador (“quem fala”).

Efeito de subjetividade.Autobiografias, cartas pessoais, bi-lhetes, blogs.

2.ª pessoaNo interlocutor (“quem escuta”).

Efeito de interlocução.Anúncios publicitários, manuais de instruções, convocações.

3.ª pessoaNo tema da enunciação.

Efeito de objetividade e/ou dis-tanciamento.

Textos acadêmicos, textos jornalísti-cos, textos técnicos.

Discurso Relatado (Reported Speech)Fazemos uso do Reported Speech quando vamos relatar com nossas palavras o

que outra pessoa disse. Nesse contexto, é comum reportarmos também o modo como o falante produziu o enunciado em questão, relatando o que o falante fez com seu enunciado:

Welcome to

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The governor’s lawyer denied the charges, and Mr. Blagojevich returned to work to address the state’s $ 2 bilion budget gap, a spokeswoman said.

Prosecutors have made a point of saying that Mr. Obama was not implicated in the investigation. Indeed, Mr. Blagojevich is quoted angrily cursing Mr. Obama and his staff in the criminal complaint, saying “they’re not willing to give me anything except appre-ciation,” according to prosecutors.

(HEALY, 2008)

IESD

E Br

asil

S. A

.

No texto acima, podemos observar exemplos de duas modalidades: quoted speech (discurso citado) e reported speech (discurso indireto). Na primeira, temos uma reprodução do enunciado produzido pelo falante, geralmente entre aspas: “they’re not willing to give me anything except appreciation.”

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Modos de organização do discurso em língua inglesa: enunciação, descrição, narração e argumentação

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Já na segunda, há uma adaptação da situação de enunciação, por meio de sua interpretação e relato.

The governor’s lawyer � denied the charges […]

Prosecutors � have made a point saying that Mr. Obama was not implicated in the investigation.

[ …]Mr. Blagojevich is quoted angrily � cursing Mr. Obama and his staff in the criminal complaint […]

Nos exemplos acima, o enunciador atribui um valor à fala relatada, interpre-tando-a. Assim, ao invés da utilização do verbo say (dizer), usaram-se expres-sões que atrelam uma interpretação ao ato de fala. É interessante observar a utilização que muitos escritores fazem desse tipo de relato, já que este, de certa maneira, pode nos dar indícios sobre a opinião que o escritor tem a respeito do que reporta.

Muitos estudantes encontram algumas dificuldades quando usam o Reported Speech, principalmente com relação às mudanças que devem ser feitas para uti-lizar esse tipo de estrutura. No quadro abaixo, trazemos algumas dicas a serem observadas:

Exemplos

Dica Direct Speech Reported SpeechObserve se os pronomes de-vem ser mudados.

“I went to the beach.” She said she had gone to the beach.

Observe se o tempo verbal deve ser mudado.

“I don’t know if it’s a good idea.”

She said she didn’t know if it was a good idea.

Observe se as referências es-paciais e temporais devem ser alteradas.

“I arrived yesterday. I’ve never been here.”

She said she had arrived the day before. She said she had never been there.

Modo de Organização DescritivoO modo de organização descritivo compreende as ações de descrição e ca-

racterização de cenas ou de objetos, que permitem ao leitor (re)construir men-talmente determinado cenário, objeto ou estado de coisas. Podemos comparar o movimento de descrição com o de produção de um espetáculo, por meio do qual são escolhidos e dispostos os elementos do cenário, figurino e arredores

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de determinada cena. A construção da atmosfera e do ambiente é produzida também por meio da descrição. Esse é o modo de organização discursivo que trata de construir cenas e caracterizações utilizando-se de palavras.

A descrição é relativa ao ato de trazer à escrita outras experiências sensoriais – a aparência de algo, sua textura, seu cheiro, seus sons, seus gostos. A forma mais explorada de descrição é a visual, que proporciona ao leitor uma “foto verbal” do objeto em questão:

There were eight Japanese gentlemen having a fish dinner at Bentley’s. They spoke to each other rarely in their incomprehensible tongue, but always with a courteous smile and often with a small bow. All but one of them wore glasses. Sometimes the pretty girl who sat in the window beyond gave them a passing glance, but her own problem seemed too serious for her to pay real attention to anyone in the world except herself and her companion.

She had thin blonde hair and her face was pretty and petite in a Regency way, oval like a miniature, though she had a harsh way of speaking – perhaps the accent of the school, Roedean or Cheltenham Ladies’ College, which she had not long ago left. She wore a man’s signet-ring on her engagement finger, and as I sat down at my table, with the Japanese gentlemen between us, she said, ‘So you see we could marry next week’. (GREENE, 1965)

No trecho anterior temos a descrição do ambiente e dos personagens do conto The Invisible Japanese Gentlemen, de Graham Greene. Observe que podemos construir uma descrição por meio da utilização de elementos que apresentam referência direta à materialidade da cena, como Bentley’s, all but one of them wore glasses, she had a blonde hair e she wore a man’s signet-ring on her engagement finger. Elementos de percepção mais subjetiva também participam dessa descrição: her own problem seemed too serious, her face was pretty and petite in a Regency way...

A utilização desses elementos depende da atmosfera, do cenário que é re-querido. Ao descrever a cena acima, você se utilizaria dos mesmos elementos que o autor utilizou?

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Modos de organização do discurso em língua inglesa: enunciação, descrição, narração e argumentação

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Elementos da descriçãoDe maneira geral, operamos descrições a fim de familiarizar o leitor com de-

terminadas características de determinado objeto ou cena. Alguns elementos comuns de descrições são: referência, caracterização, localização e dimensiona-mento. Sabemos que a posição do descritor também é determinante na narrati-va, pois nos permite entender mais a respeito de seu foco.

Descrição objetiva X descrição subjetivaDependendo do foco da narração, ou seja, da forma como ela entrega os ele-

mentos de que o leitor precisa para construir a cena descrita, podemos classificá-la como objetiva ou subjetiva.

A descrição objetiva tem o foco em características referentes à materialidade do objeto. Ex.: All but one of them wore glasses. (idem)

A descrição subjetiva tem o foco nas impressões causadas no descritor pelo objeto sendo descrito, e nem sempre é comprovável por meio da observação. Ex.: […] but her own problem seemed too serious for her to pay real attention to anyone in the world except herself and her companion.(ibid.)

É importante lembrar que um tipo de descrição não é mais verdadeiro que outro, mas que apresenta a cena com focos diferentes. A atmosfera criada pelas estratégias de descrição é certamente diferente.

Qual delas seria correspondente a uma visão mais distante, mais ampla da cena?

Qual seria correspondente a uma interpretação mais próxima?

O que lhe dá essa impressão?

A visão mais distante, mais analítica da cena é geralmente decorrente de uma descrição objetiva, na qual o foco das operações está no objeto a ser descrito. Já a descrição subjetiva nos dá a impressão de uma visão mais íntima, mais próxima, pois tem o foco nas impressões e sentimentos de quem descreve. Essas caracterís-ticas são também observáveis por meio da escolha de palavras feita pelo autor.

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Produção do Texto em Língua Inglesa

Modo de Organização NarrativoO modo de organização narrativo compreende uma sequência de eventos

dispostos em uma ordem significativa (não aleatória). As narrativas geralmente incluem uma localização espacial e temporal desses eventos.

A maneira de nos movimentarmos no eixo que contém os eventos é chama-da de cronologia da narrativa. A maneira mais simples de construir uma narra-tiva é iniciar o relato no primeiro evento da sequência e terminá-lo no último; também podemos começar a narrativa no meio da sequência (o que é chamado de início in medias res) e depois expor o começo e o final, criando com isso um efeito diferente.

Elementos da narraçãoElementos imprescindíveis da narração são personagens e enredo (ação). O

cenário também é um elemento importante, embora não essencial. A fim de ilus-trarmos o funcionamento desses elementos em uma pequena narrativa, obser-varemos uma nursery rhyme1 chamada Old Mother Hubbard:

Old Mother Hubbard Went to the cupboard To get her poor doggie a bone, When she got there The cupboard was bare So the poor little doggie had none.

Nesta rhyme, podemos identificar os seguintes elementos:

Characters2: Old Mother Hubbard, dog.

Plot3: went to the cupboard to give her dog a bone, but the cupboard was empty, so she didn’ t give it a bone.

Esse exemplo de nursery rhyme ilustra nossa capacidade de compreender uma narrativa, mesmo quando seus recursos de caracterização não são muito vastos. A partir da exploração dessa compreensão, e dos seus limites, os autores

1 Parlenda.

2 Personagens.

3 Enredo.

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conseguem criar enredos mais ou menos envolventes, focando um ou outro as-pecto da narrativa.

Modo de Organização ArgumentativoAo interagirmos em nosso ambiente cultural, nos deparamos com uma série

de visões de mundo e de opiniões de outras pessoas a respeito de eventos que acontecem no cenário mundial.

O modo de organização discursivo argumentativo se refere às operações de exposição e defesa de opiniões que encontramos em textos argumentativos. Exemplos de produções correspondentes são: editoriais de jornais e revistas, textos científicos e informativos.

Encontramos nesse modo de organização gêneros textuais que tratam da ex-plicação de uma verdade sob determinada perspectiva e que buscam defender sua legitimidade por meio de diversas estratégias argumentativas. As estraté-gias argumentativas podem ser divididas de maneira geral em demonstrativas e retóricas.

Elementos da argumentaçãoAo escrever um texto argumentativo, um autor geralmente está definindo

sua opinião a respeito de determinado estado de coisas e tentando persuadir seu leitor com relação às posições colocadas. Quando escrevemos um texto ar-gumentativo (como uma letter to the editor), estamos nos expressando a respeito de determinada posição que temos acerca do mundo.

Alguns elementos são essenciais nesse tipo de produção:

Tese: � a afirmação defendida pelo autor do texto;

Contexto: � as condições que cercam a afirmação introduzida pelo autor, e de que maneira este é constituído no texto;

Sujeito-autor: � aquele que escreve o texto e se posiciona com relação à tese;

Sujeito-leitor: � o que recebe o texto e se posiciona com relação ao autor.

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Vejamos de que forma esses elementos se manifestam no texto abaixo:

Our hearts go out to everyone affected by the terrorist attacks in Mumbai, India, that left nearly 200 people dead. At the same time, my hat goes off to the citizens of India for showing the rest of the world how people should react to a national disaster, particularly to terrorism. (POPOVICH, 2008)

Tese: � o autor admira a reação da população da Índia frente aos ataques terroristas;

Contexto: � contexto de debate acerca dos ataques terroristas ocorridos em novembro de 2008;

Sujeito-autor: � posiciona-se a favor da atitude dos cidadãos da Índia;

Sujeito-leitor: � (seu nome aqui)___________________.

Tipos de argumentaçãoA argumentação demonstrativa estrutura-se em torno de fatos supostamen-

te observáveis e relacionados a aspectos condizentes com uma ordem logica-mente compreensível, associados à objetividade. Esse tipo de argumentação é comumente encontrado em textos científicos.

A argumentação retórica relaciona-se à aliança de determinada verdade com valores e regras morais, com o objetivo de persuadir o outro. Esse tipo de argu-mentação é encontrado no trecho de Popovich, sobre os ataques terroristas na Índia. Baseia-se mais na aceitação de valores morais mútuos do que em fatos demonstráveis, e geralmente apela para o posicionamento do sujeito-leitor com relação a dilemas conhecidos.

O tipo de argumentação a ser utilizado depende do contexto em que a opi-nião deve ser defendida. No discurso da mídia e da publicidade, por exemplo, temos a argumentação retórica principalmente sendo utilizada, enquanto que na redação acadêmica e em debates técnicos é mais comum encontrarmos es-tratégias demonstrativas de argumentação. Da mesma maneira que um advoga-

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do depende de sua estratégia argumentativa para defender seu cliente em um tribunal, o sucesso do autor geralmente depende da adequação de sua estraté-gia ao contexto em que este defende sua posição.

Qual dessas estratégias têm caráter mais objetivo?

Qual têm caráter mais subjetivo?

Você conseguiria listar mais algum contexto de utilização das estratégias mencionadas?

De maneira geral, a argumentação demonstrativa tende a ser vista como mais objetiva (pois ancora-se em fatos observáveis), enquanto a argumentação retó-rica como mais subjetiva (pois depende grandemente apenas da maneira pela qual a trama argumentativa é tecida, e não de sua demonstrabilidade). Como exemplos dessas formas de argumentação, podemos mencionar:

Argumentação demonstrativa: � estudos científicos, investigações, estu-dos forenses;

Argumentação retórica: � comerciais, resenhas de opinião, carta de leitor.

Texto complementar

Gêneros do discurso: problemática e definição(BAKHTIN, 2000)

Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua. Não é de surpreender que o caráter e os modos dessa utilização sejam tão variados como as pró-prias esferas da atividade humana, o que não contradiz a unidade nacional de uma língua. A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O enunciado reflete as condições

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específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu con-teúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais –, mas também, e sobretudo, por sua construção composicional. Estes três ele-mentos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem-se indissoluvelmente no todo do enunciado, e todos eles são marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer enunciado consi-derado isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados sendo isso que denominamos gêneros do discurso.

A riqueza e a variedade dos gêneros do discurso são infinitas, pois a varie-dade virtual da atividade humana é inesgotável, e cada esfera dessa ativida-de comporta um repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando--se e ampliando-se à medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa. Cumpre salientar de um modo especial a heterogeneidade dos gêneros do discurso (orais e escritos), que incluem indiferentemente: a curta réplica do diálogo cotidiano (com a diversidade que este pode apresentar conforme os temas, as situações e a composição de seus protagonistas), o relato familiar, a carta (com suas variadas formas), a ordem militar padroni-zada, em sua forma lacônica e em sua forma de ordem circunstanciada, o repertório bastante diversificado dos documentos oficiais (em sua maioria padronizados), o universo das declarações públicas (num sentido amplo, as sociais, as políticas). E é também com os gêneros do discurso que rela-cionaremos as variadas formas de exposição científica e todos os modos literários (desde o ditado até o romance volumoso). Ficaríamos tentados a pensar que a diversidade dos gêneros do discurso é tamanha que não há e não poderia haver um terreno comum para seu estudo: com efeito, como colocar no mesmo terreno de estudo fenômenos tão díspares como a ré-plica cotidiana (que pode reduzir-se a uma única palavra) e o romance (em vários tomos), a ordem padronizada que é imperativa já por sua entonação e a obra lírica profundamente individual etc.? A diversidade funcional parece tornar os traços comuns a todos os gêneros do discurso abstratos e inope-rantes. Provavelmente seja esta a explicação para que o problema geral dos gêneros do discurso nunca tenha sido colocado. Estudaram-se, mais do que tudo, os gêneros literários. Mas estes, tanto na Antiguidade como na época contemporânea, sempre foram estudados pelo ângulo artístico-literário de sua especificidade, das distinções diferenciais intergenéricas (nos limites da

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literatura), e não enquanto tipos particulares de enunciados que se diferen-ciam de outros tipos de enunciados, com os quais contudo têm em comum a natureza verbal (linguística). O problema de linguística geral colocado pelo enunciado, e também pelos diferentes tipos de enunciados, quase nunca foi levado em conta. Estudaram-se também – a começar pelos da Antiguida-de – os gêneros retóricos (e as épocas posteriores não acrescentaram nada de relevante à teoria antiga). Então dava-se pelo menos maior atenção à natureza verbal do enunciado, a seus princípios constitutivos tais como: a relação com o ouvinte e a influência deste sobre o enunciado, a conclusão verbal peculiar ao enunciado (diferente da conclusão do pensamento) etc. A especificidade dos gêneros retóricos (jurídicos, políticos) encobria porém a natureza linguística do enunciado. E, por fim, estudaram-se os gêneros do discurso cotidiano (principalmente a réplica do diálogo cotidiano), e fazia-se-o justamente do ponto de vista da linguística geral (a escola de Saussu-re e seus continuadores mais recentes – os estruturalistas, os behavioristas americanos, os discípulos de Vossler que, aliás, tinham uma base totalmente diferente). Mas, também nesse caso, o estudo não podia conduzir à definição correta da natureza linguística do enunciado, na medida em que se limitava a pôr em evidência a especificidade do discurso cotidiano oral, operando no mais das vezes com enunciados deliberadamente primitivos (os behavioris-tas americanos).

Não há razão para minimizar a extrema heterogeneidade dos gêneros do discurso e a conseqüente dificuldade quando se trata de definir o caráter genérico do enunciado. Importa, nesse ponto, levar em consideração a dife-rença essencial existente entre o gênero de discurso primário (simples) e o gênero de discurso secundário (complexo). Os gêneros secundários do dis-curso – o romance, o teatro, o discurso científico, o discurso ideológico etc. – aparecem em circunstâncias de uma comunicação cultural, mais complexa e relativamente mais evoluída, principalmente escrita: artística, científica, so-ciopolítica. Durante o processo de sua formação, esses gêneros secundários absorvem e transmutam os gêneros primários (simples) de todas as espé-cies, que se constituíram em circunstâncias de uma comunicação verbal es-pontânea. Os gêneros primários, ao se tornarem componentes dos gêneros secundários, transformam-se dentro destes e adquirem uma característica particular: perdem sua relação imediata com a realidade existente e com a realidade dos enunciados alheios – por exemplo, inseridas no romance, a réplica do diálogo cotidiano ou a carta, conservando sua forma e seu signifi-

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cado cotidiano apenas no plano do conteúdo do romance, só se integram à realidade existente através do romance considerado como um todo, ou seja, do romance concebido como fenômeno da vida literário-artística e não da vida cotidiana. O romance em seu todo é um enunciado, da mesma forma que a réplica do diálogo cotidiano ou a carta pessoal (são fenômenos da mesma natureza); o que diferencia o romance é ser um enunciado secundá-rio (complexo).

A distinção entre gêneros primários e gêneros secundários tem grande importância teórica, sendo esta a razão pela qual a natureza do enunciado deve ser elucidada e definida por uma análise de ambos os gêneros. Só com esta condição a análise se adequaria à natureza complexa e sutil do enuncia-do e abrangeria seus aspectos essenciais. Tomar como ponto de referência apenas os gêneros primários leva irremediavelmente a trivializá-los (a trivia-lização extrema representada pela linguística behaviorista). A inter-relação entre os gêneros primários e secundários de um lado, o processo histórico de formação dos gêneros secundários do outro, eis o que esclarece a natu-reza do enunciado (e, acima de tudo, o difícil problema da correlação entre língua, ideologias e visões do mundo).

(BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: A Estética da Criação Verbal. São Pau-

lo: Martins Fontes, 2000, p. 279-282)

Dicas de estudo<www.rhymes.org.uk>. Esse site traz as origens de muitas nursery rhymes.

Muitas delas refletem eventos históricos e traços culturais dos países de origem. É uma dica interessante para quem quer conhecer um pouco mais a respeito da cultura e história inglesas (in English).

Purdue University Online Writing Lab. Disponível em: <http://owl.english.purdue.edu/owl/>, site muito interessante para alunos e professores que se inte-ressam por produção escrita; traz textos sucintos e cheios de dicas a respeito de produção de tipos específicos de texto e de regras para determinados públicos. Vale a pena olhar também a área de English as a Foreign Language, que traz expli-cações gramaticais e atividades para estudantes de inglês. (in English)

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Reported Speech em English Grammar 4 U. Disponível em: <http://www.ego4u.com/en/cram-up/grammar/reported-speech>, site com dicas de gramá-tica, com um checklist de itens a serem observados na utilização do Reported Speech (in English).

Atividades1. Leia os textos abaixo e classifique-os de acordo com seus modos de organi-

zação discursivos. Não se esqueça de listar as características que embasaram sua escolha.

a)

In treating disease, the frontiers between ‘establishment’ medicine and ‘alternative’ medicine seems to be shifting. In recent years, certain beliefs and views that seemed to be part of ‘crank’ territory have moved across the hallowed regions of accepted practice. So what’s next? Which are the ideas which […] by next year we’ll have begun to accept? (SWAN, 1979, p. 82)

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b)

Question: Why does a chicken lay eggs? / Answer: Because if she dropped them, they’d break.

Defition

back to results

parrot Show phonetics

noun [C]

a tropical bird with a curved beak, wich is often kept

as a pet and can be trained to copy the human voice

(Disponível em: <dictionary.cambridge.org>.)

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2. Associe os trechos de texto aos gêneros textuais correspondentes:

a) Once upon a time, there were three bears: papa bear, mama bear and baby bear.

b) That may be the funniest piece of news I have ever seen in my life.

c) Thousands of Iraqi citizens have demonstrated in support of a journalist arrested after thro-wing his shoes at George Bush, the former US president

d) Drink 8 up! It’s good for you.

)( Notícia

)( Cartas de leitor

)( Comercial

)( Fábula

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