Produção Individual Antropoceno e EA

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Produção Individual Fundamentos da Educação Ambiental para a Sustentabilidade Nome: Tatiana Alvarez Vian As problemáticas ambientais são reconhecidas e estudadas há muitos anos (talvez antes mesmo que possamos imaginar), mas vem ganhando força e visibilidade nos últimos dez anos, sendo declarada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, entre os anos de 2005 e 2015. Diante do cenário que aponta para uma situação de degradação do meio ambiente por parte da espécie humana, a exploração desenfreada de todos os recursos finitos da terra vem mostrando que precisamos agir de forma consciente e trabalhar na direção de uma mudança de hábitos. Hábitos estes que impactam nas condições de existência do próprio humano e da qualidade de vida das atuais e futuras gerações. Com vistas para as questões apresentadas, surge o universo da Educação Ambiental (EA), conforme Lima (2009) “no Brasil se constitui como um campo de conhecimento e de atividade pedagógica e política a partir das décadas de 70 [...] já nasceu como um campo plural e diferenciado que reunia contribuições de diversas disciplinas científicas, matrizes filosóficas, posições político-pedagógicas, atores e movimentos sociais”. Das diferentes formas que se podem descrever a EA, todas convergem a um ponto, a sua característica transdisciplinar. A grade curricular tradicional trata de forma mecânica e individual as diversas disciplinas, tendo como consequência a formação facetada do todo, “neste saber, tem-se implícita a busca de um conhecimento complexo, não fragmentário, porém incremental. O conhecimento pertinente reconhece que, em meio à complexidade do real, não é possível nunca a compreensão total. É por isso, também, que a busca do conhecimento torna-se um esforço infinito, mas que pode se tornar um círculo virtuoso” ( SECAD, 2007 apud MORIN, 2001), o que traz a tona à complexidade diante do papel fundamental que a Educação Ambiental desempenha e a responsabilidade das suas partes envolvidas. Sobre os desafios das ações em EA, Jacobi (2014) aponta “as possibilidades inerentes à resiliência, mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas requerem, primeiramente, o reconhecimento de toda a sociedade, tanto para o que diz respeito a ações pertinentes em nível individual quanto da comunidade, regional, nacional ou internacional”, o que evidencia o papel social nesta jornada para a sustentabilidade - conceito este que não mais pode se apoiar apenas no tripé sócio-econômico-ambiental -, mas unir as forças políticas, de movimentos culturais e instituições de forma que defendam as causas naturais como premissa para o equilíbrio, e consigam enfim reconhecer os impactos que causamos no planeta, como perda de biodiversidade, as mudanças climáticas acima citadas pelo autor, o ciclo do carbono e consequente desigualdade de acesso dos reconhecidos como “bens livres” pelo sistema econômico.

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Versão reduzida - primeiro texto sobre Antropoceno e EA

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Page 1: Produção Individual Antropoceno e EA

Produção Individual – Fundamentos da Educação Ambiental para a Sustentabilidade

Nome: Tatiana Alvarez Vian

As problemáticas ambientais são reconhecidas e estudadas há muitos anos (talvez antes mesmo que

possamos imaginar), mas vem ganhando força e visibilidade nos últimos dez anos, sendo declarada pela

Assembleia Geral das Nações Unidas, a década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, entre os

anos de 2005 e 2015. Diante do cenário que aponta para uma situação de degradação do meio ambiente por

parte da espécie humana, a exploração desenfreada de todos os recursos finitos da terra vem mostrando que

precisamos agir de forma consciente e trabalhar na direção de uma mudança de hábitos. Hábitos estes que

impactam nas condições de existência do próprio humano e da qualidade de vida das atuais e futuras

gerações.

Com vistas para as questões apresentadas, surge o universo da Educação Ambiental (EA), conforme

Lima (2009) “no Brasil se constitui como um campo de conhecimento e de atividade pedagógica e política a

partir das décadas de 70 [...] já nasceu como um campo plural e diferenciado que reunia contribuições de

diversas disciplinas científicas, matrizes filosóficas, posições político-pedagógicas, atores e movimentos

sociais”.

Das diferentes formas que se podem descrever a EA, todas convergem a um ponto, a sua

característica transdisciplinar. A grade curricular tradicional trata de forma mecânica e individual as diversas

disciplinas, tendo como consequência a formação facetada do todo, “neste saber, tem-se implícita a busca de

um conhecimento complexo, não fragmentário, porém incremental. O conhecimento pertinente reconhece

que, em meio à complexidade do real, não é possível nunca a compreensão total. É por isso, também, que a

busca do conhecimento torna-se um esforço infinito, mas que pode se tornar um círculo virtuoso” (SECAD,

2007 apud MORIN, 2001), o que traz a tona à complexidade diante do papel fundamental que a Educação

Ambiental desempenha e a responsabilidade das suas partes envolvidas.

Sobre os desafios das ações em EA, Jacobi (2014) aponta “as possibilidades inerentes à resiliência,

mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas requerem, primeiramente, o reconhecimento de toda a

sociedade, tanto para o que diz respeito a ações pertinentes em nível individual quanto da comunidade,

regional, nacional ou internacional”, o que evidencia o papel social nesta jornada para a sustentabilidade -

conceito este que não mais pode se apoiar apenas no tripé sócio-econômico-ambiental -, mas unir as forças

políticas, de movimentos culturais e instituições de forma que defendam as causas naturais como premissa

para o equilíbrio, e consigam enfim reconhecer os impactos que causamos no planeta, como perda de

biodiversidade, as mudanças climáticas acima citadas pelo autor, o ciclo do carbono e consequente

desigualdade de acesso dos reconhecidos como “bens livres” pelo sistema econômico.

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É sabido que a terra possui seus ciclos naturais de transformação, mas o que muitos cientistas

discutem nos últimos anos é o que o geoquímico Paul Crutzen batizou de Antropoceno, “o entendimento de

que o planeta está entrando em uma nova época geológica [...] em que ações humanas se constituem como a

força dominante de mudanças da biosfera” (JACOBI, 2014 apud CRUTZEN, 2002) “indica os impactos

antropogênicos nos ecossistemas como resultado do processo de busca de recursos materiais e melhores

condições de vida para crescentes populações” (JACOBI, 2014), sendo assim, a espécie humana tem

impactado como nunca nos ciclos naturais de controle e equilíbrio terreno, ao mesmo tempo em que possui

conhecimento e tecnologia suficientes para escolher intervir, o que pode ser interpretado justamente como

uma oportunidade de reorganização das relações sociais, ambientais e econômicas, agregadas a todas as

outras linhas que correlacionam com o desafio em se conviver de forma socialmente justa.

Ficam evidentes com a apresentação da era do Antropoceno “a perturbação globalizada dos ciclos

naturais globais [...] como um efeito colateral não intencional [...] que parece cada vez mais fora de controle”

(CUNHA, 2015). É então através das premissas e ações da Educação Ambiental que introduzimos as

problemáticas dos impactos nos ecossistemas e as possibilidades de caminhos para a reversão.

A fim de apontar como responsável o sistema capitalista onde, segundo Cunha (2015) “os processos

de produção não são projetados de acordo com os desejos e necessidades dos produtores, considerações

ecológicas ou sociais”, o que mostra como este sistema de produção interferiu e continua interferindo nas

relações de valor de uso e de troca do homem em seu modo de vida. “Viver numa sociedade de risco

significa que a controlabilidade dos efeitos colaterais e dos perigos produzidos pelas decisões tornou-se

problemática, e os saberes podem servir para transformar os riscos imprevisíveis em riscos calculáveis”

(JACOBI 2014, apud BECK, 2010), saberes que precisam urgentemente emergir na totalidade das esferas

educacionais, desde o ensino primário até formação superior, visto que muito já se possui de práticas e

esforços nesta direção. É o reconhecimento da situação, desenvolvimento de competências e mudanças

comportamentais que irão impulsionar cada vez mais a Educação Ambiental em conjunto com a comunidade

em encarar o Antropoceno como algo a ser modificado pela razão de sobrevivência com decência.

Referências

Educação Ambiental: aprendizes de sustentabilidade. Cadernos SECAD 1/Ministério da Educação. Brasília,

2007.

Educação ambiental crítica: do socioambientalismo às sociedades sustentáveis. LIMA, Gustavo F. da Costa.

São Paulo, 2009.

Conceito de educação ambiental: uma construção histórica internacional e nacional. ASSIS, Ana Elisa S.

Queiroz. Senac São Paulo.

Page 3: Produção Individual Antropoceno e EA

Mudanças climáticas e ensino superior: a combinação entre pesquisa e educação. JACOBI, Pedro Roberto.

Curitiba, 2014.

O Antropoceno como fetichismo. CUNHA, Daniel. 2015.