Produção Individual Antropoceno e EA
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Produção Individual – Fundamentos da Educação Ambiental para a Sustentabilidade
Nome: Tatiana Alvarez Vian
Tendo o indivíduo como ser histórico, deve-se considerar a organização coletiva como alicerce, visto
que são diversas as atividades que se estabelecem para a sobrevivência. Nos estudos do biólogo Jared
Diamond (2013), o ambiente é a fonte que propicia a evolução, tanto dos meios de produção e consequente
consumo e distribuição, quanto da própria espécie em suas múltiplas interações.
Os registros históricos, entre os séculos XV e XIX, são unânimes quando se estabelecem que, a partir
das navegações e trânsito para outros continentes, deu-se o início do Mercantilismo. A troca de materiais e
ferramentas aprimorou as condições de trabalho e os meios para a Revolução Industrial, com o consequente
aumento da escala de produção e intensificação da exploração de mão de obra, além da massificação do
consumo dos recursos naturais. Saltando um pouco no tempo, deriva para a explosão de tecnologia e
inovação do século XX, a globalização e a expansão da comunicação. Forma-se o cenário que deu condições
para o fortalecimento de um sistema baseado no acúmulo de capital e ênfase econômica.
Desta forma, paralelo ao intenso formato de produzir e consumir, considerações sobre a finitude dos
bens comuns, sua valoração e a quem realmente servem vem ganhando força e visibilidade nos últimos dez
anos, sendo declarada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a partir de 2005, a década da Educação
para o Desenvolvimento Sustentável. Diante do cenário que aponta para uma situação de degradação do
meio ambiente por parte da espécie humana, a exploração desenfreada de todos os recursos finitos da terra
vem mostrando que é preciso agir de forma consciente e trabalhar na direção de uma mudança de hábitos.
Hábitos estes que impactam nas condições de existência do próprio indivíduo e da qualidade de vida das
atuais e futuras gerações.
Com vistas para os pontos apresentados, surge um universo de conceitos, que incluem a questão
ecológica nos processos social e econômico; enriquecido e ampliado com a compreensão dos aspectos éticos,
culturais, legais e outros que convergem para o fortalecimento da Educação Ambiental (EA), que, conforme
Lima (2009, p. 147) “no Brasil se constituiu como um campo de conhecimento e de atividade pedagógica e
política a partir das décadas de 70 [...] já nasceu como um campo plural e diferenciado que reunia
contribuições de diversas disciplinas científicas, matrizes filosóficas, posições político-pedagógicas, atores e
movimentos sociais”.
Das diferentes formas possíveis de conceituar e compreender a EA, destacam-se as características
fundamentais de inter, multi e transdisciplinariedade – sendo também entendida como disciplina em casos
que se precise explicar uma especificidade (por exemplo, a biologia, a ecologia, etc.). A grade curricular
tradicional trata de forma mecânica e individual as diversas disciplinas escolares, tendo como consequência a
formação facetada do todo e, considerando a necessidade de uma reforma no sistema de ensino,
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[...] tem-se implícita a busca de um conhecimento complexo, não fragmentário, porém
incremental. O conhecimento pertinente reconhece que, em meio à complexidade do real, não
é possível nunca a compreensão total. É por isso, também, que a busca do conhecimento
torna-se um esforço infinito, mas que pode se tornar um círculo virtuoso”. (MORIN, 2001
apud SECAD, 2007, p. 37).
O que traz vistas à complexidade diante do papel fundamental que a Educação Ambiental desempenha e a
responsabilidade das suas partes envolvidas.
Sobre os desafios das ações em EA, Jacobi (2014, p. 60) aponta que “as possibilidades inerentes à
resiliência, mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas requerem, primeiramente, o reconhecimento
de toda a sociedade, tanto para o que diz respeito a ações pertinentes em nível individual quanto da
comunidade, regional, nacional ou internacional”, o que evidencia a postura coletiva que se deve adotar nesta
jornada para a sustentabilidade – conceito este que não mais deve ser interpretado como ‘desenvolvimento’
sustentável, pois este último considera apenas o tripé sócio-econômico-ambiental, mantendo os parâmetros
tradicionais e mercadológicos, enraizados no capitalismo; via de regra, fala-se em desenvolvimento para as
camadas privilegiadas – e pela busca por trabalho em padrões de produção e consumo socialmente
equilibrados. Para se atingir este objetivo, deve-se unir as forças de cunho político, de movimentos culturais,
de instituições interessadas e engajadas, de forma que defendam as causas naturais como premissa para o
equilíbrio, considerando a territorialidade e suas particularidades, e consigam enfim reconhecer tais desafios
trazidos pelos diferentes impactos que assolam o planeta, como o desmatamento de grandes áreas de
florestas, a perda acelerada de biodiversidade, as alterações no clima, o ciclo do carbono (efeito estufa), e a
consequente desigualdade de acesso dos reconhecidos ‘bens livres’ pelas ciências econômicas, todos
resultado da intervenção antrópica.
É sabido que a Terra possui seus ciclos naturais de transformação, mas o que muitos cientistas
discutem nos últimos anos é o que o geoquímico Paul Crutzen batizou de Antropoceno: “o entendimento de
que o planeta está entrando em uma nova época geológica, [...] em que ações humanas se constituem como a
força dominante de mudanças da biosfera, indica os impactos antropogênicos nos ecossistemas como
resultado do processo de busca de recursos materiais e melhores condições de vida para crescentes
populações” (JACOBI, 2014, p. 59). Sendo assim, a espécie humana tem impactado como nunca nos ciclos
naturais de controle e equilíbrio terreno, ao mesmo tempo em que possui conhecimento e tecnologia
suficientes para escolher intervir, o que pode ser interpretado justamente como uma oportunidade de
reorganização das relações sociais, ambientais e econômicas, agregadas a todas as outras linhas que
correlacionam com o desafio em se conviver de forma justa e garantir a continuidade.
Fica evidente, com a apresentação da era do Antropoceno, “a perturbação globalizada dos ciclos
naturais globais [...] como um efeito colateral não intencional [...] que parece cada vez mais fora de controle”
(CUNHA, 2015, p. 85). É então, através das premissas e ações da Educação Ambiental, que introduzimos as
problemáticas dos impactos nos ecossistemas e as possibilidades de caminhos para a reversão.
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A fim de apontar como responsável o sistema capitalista onde, segundo Cunha (2015, p. 89) “os
processos de produção não são projetados de acordo com os desejos e necessidades dos produtores,
considerações ecológicas ou sociais”, o que mostra como este sistema de produção interferiu e continua
interferindo nas relações de valor de uso e de troca do homem em seu modo de vida; assim, para Beck
(2007):
Viver numa sociedade de risco significa que a controlabilidade dos efeitos colaterais
e dos perigos produzidos pelas decisões tornou-se problemática, e os saberes podem
servir para transformar os riscos imprevisíveis em riscos calculáveis, e a
indeterminabilidade do risco presente se torna, pela primeira vez, fundamental.
(BECK 2010, apud JACOBI, 2014, p. 63).
São saberes que precisam urgentemente emergir na totalidade das esferas educacionais, desde o
ensino primário até a formação superior, de forma contínua e permanente, visto que, muito já se possui de
práticas e esforços nesta direção. O reconhecimento da situação-problema, o desenvolvimento de
competências e as mudanças comportamentais, ao passo que são as premissas da Educação Ambiental,
permitem uma mudança do percurso para o futuro; devendo ser tratados localmente, considerando a
interação global e a amplitude da problemática, para assim assimilar a magnitude do Antropoceno, encará-lo
como algo a ser modificado, e intervir pela sobrevivência com decência e gratidão, reconhecendo a
humanidade como elemento responsável que, coabitando o planeta, depende dele para o sustento da própria
vida.
Referências Bibliográficas
DIAMOND, Jared M. Armas, germes e aço: os destinos das sociedades humanas. Tradução de Nota
Assessoria, Silvia de Souza Costa. 15ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2013.
SECAD 1, Cadernos. Educação Ambiental: aprendizes de sustentabilidade. Brasília: Ministério da
Educação, 2007.
LIMA, Gustavo F. da Costa. Educação ambiental crítica: do socioambientalismo às sociedades
sustentáveis. São Paulo, 2009.
ASSIS, Ana Elisa S. Queiroz. Conceito de educação ambiental: uma construção histórica internacional e
nacional. São Paulo, Senac São Paulo, 2015.
JACOBI, Pedro Roberto. Mudanças climáticas e ensino superior: a combinação entre pesquisa e educação.
Curitiba, 2014.
CUNHA, Daniel. O Antropoceno como fetichismo. 2015.
SACHS, I. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.
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OLIVEIRA, José A. de; SIMÃO, Valdecir A.; SILVA, Amarildo J. da. Sociologia ambiental. Disponível
em <http://www.ead.fea.usp.br/Semead/8semead/resultado/trabalhosPDF/420.pdf> acesso em 17/10/2015,
2015.
BARONI, Margaret. Ambiguidades e deficiências do conceito de desenvolvimento sustentável.
Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rae/v32n2/a03v32n2.pdf> acesso em 17/10/2015, 2015.