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GUSTAVO RODRIGUEZ THAMIRES TELES

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PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO

PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

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LIDIANE MACHADOTAINÁ PELLEGRINOJOSIMAR ALMEIDA

PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO

PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

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GUSTAVO RODRIGUEZTHAMIRES TELES

LIDIANE MACHADOTAINÁ PELLEGRINOJOSIMAR ALMEIDA

PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA

OFFSHORE PIRANEMA

PRIMEIRA EDIÇÃO

REDE SIRIUS

RIO DE JANEIRO

2014

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4PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

REITORRICARDO VIEIRALVES DE CASTRO

VICE-REITORPAULO ROBERTO VOLPATO DIAS

SUB-REITORA DE GRADUAÇÃO – SR1LENÁ MEDEIROS DE MENEZES

SUB-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA – SR2MONICA DA COSTA PEREIRA LAVALLE HEILBRON

SUB-REITORA DE EXTENSÃO E CULTURA – SR3REGINA LÚCIA MONTEIRO HENRIQUES

DIRETORA DA REDE SIRIUS DE BIBLIOTECAS DA UERJROSANGELA AGUIAR SALLES

FINANCIAMENTOFAPERJ

NORMAS E APOIO TÉCNICOELIR FERRARI (REDE SIRIUS)

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃOTAINÁ PELLEGRINO MARTINS (UERJ)

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CATALOGAÇÃO NA FONTEUERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC-A

Produção mais limpa: estudo de caso Plataforma Offshore Piranema / Gustavo Rodriguez Araújo; Thamires Henrique Teles da Silva; Lidiane Silva Machado; Josimar Ribeiro de Almeida - 1. ed. - Rio de Janeiro: Rede Sirius; OUERJ, 2014.61 p. : il.

ISBN 978-85-88769-72-4 (E-Book)

1. Resíduos Industriais. 2. Gestão Ambiental. 3. Indústria Petrolífera. I. Título.

CDU 504.06

P964

Observatório Urbano Estado do Rio de JaneiroRua São Francisco Xavier, 524, 3° andar, Bloco E, Sala 3.034

Maracanã - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - BrasilTelefone: (21) 2334-1034

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6PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

CONSELHO EDITORIAL DA BIBLIOTECA OUERJJOSIMAR RIBEIRO DE ALMEIDA (UERJ)

RACHID SAAB (UERJ)FERNANDO RODRIGUES ALTINO (UERJ)

JÚLIO NICHIOKA (UERJ)OSCÁR ROCHA BARBOSA (UERJ)

THEREZA CAMELLO (UERJ)

CONSELHO EXECUTIVOCARLOS EDUARDO SILVA (ESS)

JACKELINE BAHE (ETFCS)PIERRE MORLIN (PETROBRAS)

MANOEL RODRIGUES (UNICAMP)NILO KOSCHEK (INPA)

RICARDO FONTENELE (AMX)GUSTAVO AVEIRO LINS (CEDERJ)

CONSELHO CONSULTIVOAFONSO AQUINO (USP)

ANA SILVIA SANTOS (UFJF)CARLA MADUREIRA (UFRJ)

CÉSAR HONORATO (UFF)CLÁUDIO IVANOFF (UERJ)ELCIO CASIMIRO (UFES)

FLÁVIA SCHENATTO (CNEN)GUIDO FEROLLA (FGV)

EDUARDO FELGA (UFPR)LAÍS ALENCAR DE AGUIAR (CNEN)LUIZ GONZAGA COSTA (UFRUPA)

MESSIAS SILVA (USP)NEDDA MIZUGUCHI (UFRURJ)

NIVAR GOBBI (UNESP)PAULO SÉRGIO SOARES (CETEM)

PAULI GARCIA ALMADA (UFF)RICARDO FERMAM (INMETRO)ROBERTO CARVALHO (UNESP)ROBERTO DE XEREZ (UFRURJ)

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APRESENTAÇÃO

A Biblioteca do Observatório Urbano Estado do Rio de Janeiro (OUERJ) é composta por diversos volumes em diferentes áreas temáticas. Representa o trabalho de Pes-quisa, Magistério, Consultoria, Extensão e Auditoria de inúmeros profissionais de diversas instituições nacionais e extra-nacionais. O objetivo da biblioteca do OUERJ é ser útil como instrumentação e base epistemológica dos Gra-duandos, Pós-graduandos e profissionais das áreas perti-nentes aos temas publicados.Por ser um material didático publico poderá ter uso públi-co especialmente para treinamento, formação acadêmica e extensionista de alunos e profissionais. Evidentemente que cada caso da biblioteca do OUERJ deve ser encarado den-tro de um contexto a que foi inicialmente proposto. Espe-cialmente devem-se levar em conta as limitações vigentes do estado d’arte, das circunstancias e da finalidade inicial a que foi proposta. As derivações e extrapolações podem ser adotadas desde que não se deixe de vislumbrar sempre, estes limites de escopo inicial que norteou estes trabalhos. Nós do OUERJ agradecemos especialmente aos au-tores, a todos os profissionais que compõem os Conselhos Editoriais, Executivos e Consultivos do OUERJ. Agradeci-mento especial à Rede Sirius e à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UERJ que possibilita esta publicação.

Diretoria do OUERJ

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8PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

SUMÁRIO

1. PRODUÇÃO MAIS LIMPA 91.1. PMAISL X TÉCNICAS DE FIM DE TUBO 181.2. OBJETIVOS DA PMAISL 191.3. VANTAGENS E BENEFÍCIOS DA PMAISL 202. METODOLOGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA

25

2.1. PROGRAMA PMAISL - UNEP 262.2. PROGRAMA PMAISL - CEBDS 272.3. PROGRAMA DE PMAISL – CNTL 282.4. COMPARAÇÃO ENTRE OS PROGRAMAS DE PMAISL 353. ESTUDOS DE CASO DE REDUÇÃO NA GERAÇÃO DE RESÍDUOS NO MEIO INDUSTRIAL

36

3.1. REDUÇÃO NO CONSUMO DE TINTA PELA ALTERAÇÃO DA PRESSÃO DO AR DA PISTOLA

37

3.2. REDUÇÃO DO CONSUMO DE GÁS NA SOLDA NA INDÚSTRIA METAL-MECÂNICA

37

3.3. APLICAÇÃO DE PMAISL NA EMPRESACHINESA DE INDÚSTRIA QUÍMICA YANPING CHEMICAL COMPANY LIMITED

38

3.4. APLICAÇÃO DE PMAISL EM EMPRESA DE REVESTIMENTOS CERÂMICO DA FILIPINAS PUYAT VINYL PRODUCTS INC.

39

4. ESTUDO DE CASO: PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

40

4.1. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO PROCESSO E SELEÇÃO DO FOCO DA AVALIAÇÃO

43

4.2. QUANTIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS E OPORTUNIDADES

44

4.3. AVALIAÇÃO TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL E SELEÇÃO DE OPORTUNIDADES VIÁVEIS

44

5. DIAGNÓSTICO 455.1. SENSIBILIZAÇÃO E FORMAÇÃO DO ECOTIME

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5.2. QUANTIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS E OPORTUNIDADES

47

5.3. AVALIAÇÃO TÉCNICA E AMBIENTAL E SELEÇÃO DE OPORTUNIDADES VIÁVEIS

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REFERÊNCIAS 52

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CAPÍTULO 1

PRODUÇÃO MAIS LIMPA

CAPÍTULO 1

PRODUÇÃO MAIS LIMPA

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A dificuldade em compatibilizar o crescimento eco-nômico-social com a proteção ao meio ambiente vem des-pertando a atenção dos Brasileiros e se tornando motivo de preocupação internacional. A degradação da qualida-de ambiental provocada pelo desenvolvimento econômico descontrolado resulta em um maior consumo de matérias--primas, as quais são extraídas do próprio planeta, favore-cendo, assim, a escassez destes recursos. Este contexto deu ensejo ao termo “desenvolvimento sustentável”, cujo con-ceito prevê que os recursos naturais renováveis sejam uti-lizados de forma tal que não limitem sua disponibilidade para as futuras gerações. Portanto, o referido termo surgiu quando se percebeu que a degradação ambiental está in-timamente relacionada com a queda na qualidade de vida.A indústria de petróleo é considerada uma das principais vi-lãs do aquecimento global e da devastação ambiental que se abateu sobre o planeta no último século, ocorre, entretanto, que existe uma grande dependência devido ao seu extraordi-nário e ímpar potencial energético e industrial. Como se sabe, o petróleo é, nos dias atuais, indispensável na sociedade de consumo, uma vez que há uma grande quantidade de produ-tos industrializados que contêm essa matéria-prima ou, ain-da, que são produzidos diretamente por ela e seus derivados. Devido ao seu alto consumo, é cada vez mais intensa a preocupação da sociedade e dos órgãos ambientais com os im-pactos que a indústria do petróleo causa no meio ambiente e, consequentemente, na qualidade de vida dos seres humanos.Dessa forma, as empresas petrolíferas estão buscando executar

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todo o processo, desde a extração até sua distribuição, de uma maneira mais sustentável, gerando, assim, menos impactos ao meio ambiente como também um menor custo de operação. Durante muitos anos, os resíduos industriais eram tratados somente ao fim do processo (as chamadas “Tec-nologias de Fim de Tubo”), até que algumas empresas co-meçaram a perceber que o custo para tratar seus resíduos aumentava na mesma proporção do crescimento da produ-ção. A partir de tal constatação, surgiram as implantações de programas de “Prevenção à Poluição” (P2), onde se pode destacar a “Produção mais Limpa” (PmaisL), a qual apre-senta oportunidades de tornar os processos produtivos das empresas mais eficientes e menos prejudiciais ao meio am-biente, além de propiciar a redução nos custos de produção. A avaliação dos processos e instalações industriais, utilizando os critérios da PmaisL, pode identificar per-das e ineficiências a serem corrigidas na fonte, de forma a evitar que se transformem em impactos ambientais. Isto significa corrigir o próprio processo de produção (POR-TER E VAN DER LINDE 1995; KIPERSTOCK 1999).No Brasil, o segmento de Exploração e Produção de pe-tróleo e Gás é representado pela Petróleo Brasileiro S.A – Petrobras, que possui unidades de operação por todo país. No estado de Sergipe sua unidade é a UO-SEAL, Unidade de Operação Sergipe Alagoas, a qual vem en-frentando novos desafios desde a descoberta de petróleo em terras sergipanas, no ano 1959, a Petrobras tem con-tribuído fortemente com a economia dos dois Estados.

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No ano de 2002 foi descoberto na costa sergipana, o Campo Marítimo denominado Piranema, o qual entrou em produção em 2007, inaugurando a produção de petróleo em águas profundas no nordeste brasileiro. Nele foi instalada a primeira plataforma cilíndrica do mundo, a qual recebeu o mesmo nome do campo, com características semelhantes às de Floating Production Storage and Offloading - FPSO (em-barcação que produz, processa, armazena e exporta o óleo). Esta unidade faz lembrar um navio, só que com geometria de cascalho cilíndrico, não-navegável que tem capacidade de produzir 30 mil barris/dia de óleo e 3,6 milhões m³/dia de gás.Por se tratar de uma atividade industrial em águas profun-das, distante da costa, os custos envolvidos com o manejo dos resíduos sólidos até seu desembarque através de rebo-cadores são altíssimos, além de constituírem risco poten-cial à saúde pública e ao meio ambiente, quer pelo volume de resíduos gerados, quer pela toxidade dos mesmos e pela própria especificidade da atividade que ocorre em alto-mar, onde qualquer falta de controle poderia provocar impactos catastróficos ao meio ambiente. Dentro deste contexto, téc-nicas da metodologia de PmaisL se apresenta como uma ferramenta interessante a ser implementada em processos produtivos da Plataforma Piranema, visando a raciona-lização do consumo de insumos e da geração de resíduos. O presente trabalho abordará, inicialmente, os objeti-vos gerais e específicos. Após, será apresentada uma am-pla revisão literária, abordando temas relevantes acerca do assunto tratado. Em seguida, constará a metodologia e

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posteriormente, serão abordados os resultados e discussões que contemplarão os fluxogramas do processo produtivo in-dicando os insumos e resíduos gerados e trazendo um cená-rio de oportunidades de melhorias dos processos utilizados, bem como a medida proposta. Por fim, serão apresentadas as conclusões finais e as referências bibliográficas empregadas. As tecnologias limpas ou mesmo as técnicas volta-das para Produção mais Limpa tiveram impulso a partir do conceito de desenvolvimento sustentável, após a re-alização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – United Nations Con-ference on Environmentand Development – UNCED, (CONFERÊNCIA RIO 92). A agenda 21, documento lan-çado nesta conferência, introduziu os métodos de PmaisL e em 1994, a UNIDO – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial – e a UNEP – Pro-grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente – cria-ram um programa voltado para a preservação ambiental.Este prevê a instalação de vários Centros de Produção mais Limpa em países em desenvolvimento, formando uma rede de informação de PmaisL. Para implementar o programa e promover sua aplicação nas empresas e paí-ses em desenvolvimento, existem cerca de 31 Programas Nacionais (NCPPs) e Centros Nacionais (NCPCs) de Pro-dução Mais Limpa. Os Centros são assessorados, do pon-to de vista técnico, pelas instituições contraparte: uni-versidades, centros de pesquisa, fundações tecnológicas

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internacionais. No Brasil é o Centro Nacio-nal de Tecnologias Limpas SENAI (CNTL). A partir desse novo paradigma, a poluição ambiental passa a ser sinônimo de desperdício nas empresas respon-sáveis, e seus processos passam por mudanças que buscam diminuir o consumo de água, energia e matérias-primas.UNEP (1996) define PmaisL como: “A contínua aplicação de uma estratégia ambiental preven-tiva integrada aos processos e produtos para reduzir riscos aos seres humanos e ao meio ambiente. Para os processos de produção, a Produção Mais Limpa inclui a conservação de matéria-prima e energia, eliminação de matérias-primas tóxicas, e redução na quantidade e toxicidade de todas as emissões e resíduos antes deles deixarem o processo. Para os produtos, a estratégia foca na redução de impactos ao longo de todo ciclo de vida do produto, da extração da ma-téria-prima à última disposição do produto.” (UNEP, 1996). Outro conceito de PmaisL, segundo Fernandes et al (2001) é:“A aplicação contínua de uma estratégia econômica, am-biental e tecnológica integrada aos processos e produ-tos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-pri-mas, água e energia, através da não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo pro-dutivo. Produção Mais Limpa também pode ser chama-da de Prevenção da Poluição, já que as técnicas utilizadas são basicamente as mesmas”. (FERNANDES et. al., 2001)

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De acordo com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas – CNTL:“A Produção mais Limpa é a aplicação de uma estratégia técnica, econômica e ambiental integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de maté-rias-primas, água e energia, através da não geração, mini-mização ou reciclagem dos resíduos e emissões geradas, com benefícios ambientais, de saúde ocupacional e econô-mica.” (CNTL-SENAI, 2003, p. 10) Segundo Kind (2005) apud Henriques & Quelhas (2007), tecnologia de Produção Mais Limpa é um exemplo de como os recursos naturais podem ser utilizados em prol do desenvolvimento sustentável. Diminuir os desperdícios implica em maior eficiência no processo industrial e meno-res investimentos para soluções de problemas ambientais.Produção Mais Limpa é vista entre os especialistas como uma forma moderna de tratar as questões de meio am-biente nos processos industriais. Dentro desta metodolo-gia pergunta-se “onde estão sendo gerados os resíduos?” e não mais somente “o que fazer com os resíduos gerados?”. Dessa forma, evita-se o desperdício, tornando o processo mais eficiente. Segundo Furtado (2001), a Produção mais Limpa ba-seia-se em quatro princípios básicos que buscam norte-ar os rumos para uma produção considerada “limpa”, são eles:

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16PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

• Princípio da precaução: tem como objetivo evitar do-enças irreversíveis para os trabalhadores e danos irre-paráveis para o planeta. A abordagem precatória não ignora a ciência, mas estabelece que o processo, produto ou material seja usado, desde que haja indícios que não cause danos ao homem ou ao ambiente. O princípio da precaução, também, estabelece que outros elementos da decisão pública devem opinar e não apenas os cientistas, pelo fato da produção industrial ter impacto social;

• Princípio da prevenção: consiste em substituir o contro-le de poluição pela prevenção da geração de resíduos na fonte, evitando a geração de emissões perigosas para o ambiente e o homem, ao invés de remediar os efeitos de tais emissões;

• Princípio do controle democrático: pressupõe o acesso a informação sobre questões que dizem respeito à se-gurança e uso de processos e produtos, para todas as partes interessadas, inclusive as emissões e registros de poluentes, planos de redução de uso de produtos tóxicos e dados sobre componentes perigosos de produtos;

• Princípio da integração: visão holística do sistema de produção de bens e serviços, com o uso de ferramentas como a Avaliação do Ciclo-de-Vida do produto (ACV).

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Valle (1995) afirma que, com a adoção de tecnologias limpas, os processos produtivos utilizados na empresa de-vem passar por uma reavaliação e podem sofrer modifica-ções que resultem em:

1. Eliminação do uso de matérias-primas e de insumos que contenham substâncias perigosas;

2. Otimização das reações químicas, tendo como resultado a minimização do uso de matérias-primas e redução, no possível, da geração de resíduos;

3. Segregação, na origem, dos resíduos perigosos e não pe-rigosos;

4. Eliminação de vazamentos e perdas no processo;5. Promoção e estimulo ao reaproveitamento e a recicla-

gem interna;6. Integração do processo produtivo em um ciclo que tam-

bém inclua as alternativas para a destruição dos resíduos e a maximização futura do reaproveitamento dos produ-tos.

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PMAISL X TÉCNICAS DE FIM DE TUBO

A diferença básica entre PmaisL e técnicas de fim de tubo é que o primeiro enfoca sempre no lado preventivo, ou seja, minimizar e/ou reutilizar insumos usados no pro-cesso, já o segundo enfoca na resolução de problemas já gerados no final do processo.

TÉCNICAS DE FIM DE TUBO

PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Pretende reação Pretende ação

Os resíduos, os efluentes e as emis-sões são controlados através de

equipamentos de tratamento

Prevenção da geração de resíduos, efluentes e emissões na fonte

Proteção ambiental é um assunto para especialistas competentes

Proteção ambiental é tarefa para todos

A proteção ambiental atua depois do desenvolvimento dos processos

e produtos

A proteção ambiental atua como uma parte integrante do design do produto e da engenharia de

processo

Os problemas ambientais são re-solvidos a partir de um ponto de

vista tecnológico.

Os problemas ambientais são re-solvidos em todos os níveis e em

todos os campos

Não tem a preocupação com o uso eficiente de matérias-primas, água

e energia.

Uso eficiente de matérias-primas, água e energia

Leva a custos adicionais Ajuda a reduzir custos

Quadro 1.

Comparações técnicas de fim de tubo x PmaisL

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OBJETIVOS DA PMAISL

De maneira geral, os objetivos da adoção da Produ-ção mais Limpa visam aumentar a vantagem econômica e competitiva da empresa; racionalizar o uso de insumos; reduzir os desperdícios; minimizar a geração de resídu-os, diminuindo os impactos ambientais; aumentar a com-petitividade, atualizando a empresa de acordo com as exi-gências do mercado; adequar os processos e produtos em conformidade com a legislação ambiental; melhoria na efi-ciência do processo e na qualidade do produto, assim con-tribuindo para a inovação industrial e a competitividade; documentar e manter os resultados obtidos; promover e manter a boa imagem da empresa, divulgando a eco efici-ência da produção e a qualidade dos produtos oferecidos.

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20PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

VANTAGENS E BENEFÍCIOS DA PMAISL

De acordo com o SENAI (2003), o programa de Pro-dução mais Limpa traz para as empresas vantagens am-bientais, com a eliminação de resíduos, no controle da poluição, no uso racional de energia, na melhoria da saú-de e segurança do trabalho, com produtos e embala-gens ambientalmente adequadas, e vantagens econômi-cas, com a redução permanente de custos totais através do uso eficiente de matérias-primas, água e energia. Para a CNTL, o programa de PmaisL traz para as empre-sas benefícios ambientais e econômicos, os quais resultam na eficiência global do processo produtivo através da eliminação dos desperdícios; minimização ou eliminação de matérias--primas e outros insumos impactantes para o meio ambien-te; redução dos resíduos e emissões; redução dos custos de gerenciamento dos resíduos; minimização dos passivos am-bientais; incremento na saúde e segurança no trabalho. Além disso, também contribui para melhor imagem da empresa; au-mento da produtividade; conscientização ambiental dos fun-cionários; redução de gastos com multas e outras penalidades. Segundo Almeida e Giannetti (2006), a eco eficiên-cia “é uma filosofia pró-ativa, reconhecida pelos setores industriais e que pode trazer vantagens competitivas”.

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A UNEP (2008) mostra diversos obstáculos para a implementação de PmaisL tais como os fatores cultu-rais e regionais; a ausência de capacitação devido à re-sistência à mudanças; a falta de inclusão da PmaisL nos cursos de graduação; a dificuldade de estabele-cer parcerias de empresas privadas em redes de PmaisL. Segundo Moura (2005), além de suas vantagens, vale ressaltar que existem algumas barreiras para a prática da Produção Mais Limpa. Os maiores obstáculos ocor-rem em função da resistência à mudança; da concep-ção errônea (falta de informação sobre a técnica e a im-portância dada ao ambiente natural); a não existência de políticas nacionais que deem suporte às atividades de produção mais limpa; barreiras econômicas (alocação in-correta dos custos ambientais e investimentos) e barrei-ras técnicas (novas tecnologias) (MOURA ET AL, 2005). Rossi e Barata (2009) citam várias barrei-ras ou dificuldades para a implementação da PmaisL:“Barreiras relacionadas com política: carência de regulação ambiental, falta de incentivo econômico e inadequada au-to-regulação industrial. Barreiras relacionadas com merca-do: falta de demanda por eco eficiência, pequena pressão e conscientização pública. Barreiras financeiras e econômi-cas: elevado custo de capital inicial, dificuldade de acesso a financiamento, fraco desempenho financeiro, ausência de avaliações em P+L e oferta de financiamento. Barreiras de informação e técnicas: limitada capacitação e especializa-ção, acesso a apoio técnico externo, informações em P+L,

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22PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

infraestrutura adicional e treinamento técnico no local de trabalho. Barreiras gerenciais e organizacionais: prioridade no aumento de produção, preocupação com competitivida-de, resistência de gestores, falta consciência sobre benefícios e capacidade gerencial inadequada”.(Rossi e Barata 2009) De acordo com estudos, o seguinte quadro foi ela-borado citando as principais barreiras à implementa-ção da PmaisL de acordo com algumas classificações.

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CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO DAS BARREIRAS

ECONÔMICA

• Indisponibilidade de fundos e custos elevados desses;• Falta de política com relação aos preços dos recursos naturais;• Não-incorporação dos custos am-bientais nas análises de investimento;• Planejamento inadequado dos investimentos;• Falta de incentivos fiscais relati-vos ao desempenho ambiental.

SISTÊMICA

• Carência ou falha na documenta-ção ambiental;• Sistema de gerenciamento inade-quado ou ineficiente;• Falta de treinamento dos funcio-nários.

ORGANIZACIONAL

• Falta de envolvimento dos fun-cionários;• Excessiva ênfase na quantidade de produção em detrimento da minimi-zação dos problemas ambientais;• Concentração das tomadas de decisão nas mãos de alta direção;• Alta rotatividade dos técnicos;• Ausência de motivação dos fun-cionários

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24PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

TÉCNICA

• Falta de recursos necessários à coleta de dados;• Recursos humanos limitados ou indisponíveis;• Limitação ao acesso de informa-ções técnicas• Limitação de tecnologia• Défict tecnológico• Limitação das próprias condições de manutenção.

COMPORTAMENTAL

• Falta de cultura em “melhores práticas operacionais”;• Resistência a mudanças;• Falta de liderança;• Supervisão deficiente;• Trabalhos realizados com o pro-pósito de manutenção do emprego;• Medo de errar..

GOVERNAMENTAL

• Política inadequada de estabeleci-mento de preço da água;• Concentração de esforços no Controle “Fim-de-tubo”;• Mudanças repentinas nas políti-cas industriais;• Falta de estímulo para atuar na minimização da poluição.

OUTRAS

• Falta de apoio institucional;• Falta de pressão da sociedade para a prevenção da poluição;• Limitação de espaço nas empre-sas para a implementação de medidas de minimização de resíduos;• Presença de variações sazonais.

Quadro 2.Barreiras que podem dificultar a

implementação do Programa PmaisL.Fonte: UNEP (2002)

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CAPÍTULO 2

METODOLOGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO

DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA

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26PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

PROGRAMA PMAISL - UNEP

As metodologias, propostas pelo UNEP (1996), CNTL (2003) e Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvol-vimento Sustentável, CEBDS (2004), instituições governa-mentais e não governamentais estabeleceram um modelo conceitual a ser realizado para avaliar um sistema de pro-dução, com vistas à minimização de resíduos, e são apresen-tadas abaixo. A metodologia abordada pela UNEP (1996) é dada por três fases principais:• Pré-avaliação;• Balanço material;• Síntese.

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PROGRAMA PMAISL - CEBDS

Por outro lado, a metodologia do CEBDS (2004) apre-senta os fundamentos utilizados pela UNEP e CNTL, porém em um nível de detalhamento maior, o que facilita a aplicação por empresas de pequeno e médio porte. São eles:• TAREFA 01: Comprometimento da direção da empresa • TAREFA 02: Sensibilização dos funcionários• TAREFA 03: Formação do ECOTIME• TAREFA 04: Apresentação da metodologia• TAREFA 05: Pré-avaliação• TAREFA 06: Elaboração dos fluxogramas• TAREFA 07: Tabelas quantitativas• TAREFA 08: Definição de indicadores• TAREFA 09: Avaliação dos dados coletados• TAREFA 10: Barreiras• TAREFA 11: Seleção do foco de avaliação e priorização• TAREFA 12: Balanços de massa e energia• TAREFA 13: Avaliação das causas de geração dos resí-duos• TAREFA 14: Geração das opções de PML• TAREFA 15: Avaliação técnica, ambiental e econômica• TAREFA 16: Seleção da opção• TAREFA 17: Implementação• TAREFA 18: Plano de monitoramento e continuidade

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28PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

PROGRAMA DE PMAISL – CNTL

No Brasil, o Centro Nacional de Tecnologias Limpas SENAI (CNTL) está localizado desde 1995 na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIER-GS), junto ao Departamento Regional do Rio Grande do Sul do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SE-NAI-RS). Segundo o CNTL (2003), a metodologia de PmaisL pode ser aplicada da seguinte forma:• ETAPA 1: Planejamento e Organização;• ETAPA 2: Pré-avaliação e Diagnóstico (massa e ener-gia);• ETAPA 3: Avaliação de PmaisL;• ETAPA 4: Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental;• ETAPA 5: Implementação de Opções e Plano de Conti-nuidade.

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Segundo o guia de PmaisL do CNTL (2003), o pro-grama deverá seguir os seguintes passos:

1. ETAPA 1 O primeiro passo da metodologia de implementa-ção de um Programa de Produção mais Limpa contempla as seguintes etapas:• Obtenção do comprometimento gerencial é fundamental

sensibilizar a gerência para garantir o sucesso do Pro-grama. A obtenção de resultados consistentes depende decisivamente do comprometimento da empresa com o Programa;

• Identificação de barreiras à implementação e busca de soluções para que o Programa tenha um bom andamen-to é essencial que sejam identificadas as barreiras que serão encontradas durante o desenvolvimento do Pro-grama e buscar soluções adequadas para superá-las;

• Estabelecimento da amplitude do Programa de Produ-ção mais Limpa na empresa - é necessário definir em conjunto com a empresa a abrangência do Programa: in-cluirá toda a empresa, iniciará em um setor crítico, etc.;

• Formação do ecotime - grupo de trabalho formado por profissionais da empresa.

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2. ETAPA 2 Esta etapa contempla o estudo do fluxograma do pro-cesso produtivo, realização do diagnóstico ambiental e de processo e a seleção do foco de avaliação, descritos a se-guir:

I. Estudo do fluxograma do processo A análise detalhada do fluxograma permite a visuali-zação e a definição do fluxo qualitativo de matéria-prima, água e energia no processo produtivo, visualização da ge-ração de resíduos durante o processo, agindo desta forma como uma ferramenta para obtenção de dados necessários para a formação de uma estratégia de minimização da ge-ração de resíduos, efluentes e emissões.Após o levantamento do fluxograma do processo produti-vo da empresa, será necessário levantar os dados quantita-tivos de produção e ambientes existentes, utilizando fontes disponíveis como, por exemplo, estimativas do setor de compras, etc. Nesta etapa se procede à quantificação de en-tradas (matérias-primas, água, energia e outros insumos) e saídas (resíduos sólidos, efluentes, emissões, subprodutos e produtos), verifica-se a situação ambiental da empresa e levantam-se os dados referentes à estocagem, armazena-mento e acondicionamento.

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II. Seleção do foco de avaliação De posse das informações do diagnóstico ambiental e da planilha dos principais aspectos ambientais é seleciona-do entre todas as atividades e operações da empresa o foco de trabalho. Estas informações são analisadas considerando os regula-mentos legais, a quantidade de resíduos gerados, a toxicida-de dos resíduos, e os custos envolvidos.

3. ETAPA 3 Nesta etapa são elaborados o balanço material e esta-belecidos indicadores, são identificadas as causas da gera-ção de resíduos e identificadas as opções de PmaisL. Cada fase desta etapa é detalhada a seguir.Análise quantitativa de entradas e saídas e estabelecimen-to de indicadores (Figura 6).Esta fase inicia com o levantamento dos dados quantita-tivos mais detalhados nas etapas do processo priorizadas durante a atividade de seleção do foco da avaliação. Os itens avaliados são os mesmos da atividade de realização do diagnóstico ambiental e de processo, o que possibilita a comparação qualitativa entre os dados existentes antes da implementação do Programa de PmaisL e aqueles levanta-dos pelo programa:• Análises quantitativas de entradas e saídas;• Quantificação de entradas (matérias-primas, água, ener-gia e outros insumos);

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• Quantificação de saídas (resíduos, efluentes, emissões, subprodutos e produtos);• Dados da situação ambiental da empresa;• Dados referentes à estocagem, armazenamento e acondi-cionamento de entradas e saídas.

A identificação dos indicadores é fundamental para ava-liar a eficiência da metodologia empregada e acompanhar o desenvolvimento das medidas de PmaisL implantadas. Serão analisados os indicadores atuais da empresa e os indicadores estabelecidos durante a etapa de quantificação. Dessa forma, será possível comparar os mesmos com os indicadores deter-minados após a etapa de implementação das opções de PmaisL. Com os dados levantados no balanço ma terial (quanti-ficação) são avaliadas, pelo Ecotime as causas de geração dos resíduos na empresa. A principal meta é buscar medidas a fim de evitar a gera-ção de resíduos na fonte, podendo haver modificações tanto no processo quanto no próprio produto. Sob o ponto de vista de resíduos, efluentes e emissões e, levando-se em conside-ração os níveis e as estratégias de aplicação, a abordagem de PmaisL pode se dar através da minimização ou da reutilização.mudando significativamente o processo existente;• Experiências de outras companhias com a opção que está sendo estudada;• Todos os funcionários e departamentos atingidos pela im-plementação das opções;• Necessidades de mudanças de pessoas, operações adicio

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nais e pessoais de manutenção, além do treinamento adi-cional dos técnicos e de outros trabalhadores envolvidos.• Na avaliação ambiental é importante considerar:

A produção mais limpa é caracterizada por ações que privilegiem o Nível 1 como prioritárias, seguidas do Nível 2 e Nível 3, nesta ordem.

4. ETAPA 4 Esta etapa constitui-se da avaliação técnica, econômica e ambiental e da seleção de oportunidades viáveis. A pri-meira atividade desta etapa é a avaliação técnica, ambien-tal e econômica das opções de PmaisL levantadas, sempre visando o aproveitamento eficiente das matérias-primas, água, energia e outros insumos através da não geração, minimização, reciclagem interna e externa. Na avaliação técnica é importante considerar:• Impacto da medida proposta sobre o processo, produtivi-dade, segurança, etc.;• Testes de laboratório ou ensaios quando a opção estiver mudando significativamente o processo existente;• A quantidade de resíduos, efluentes e emissões que será reduzida;• A qualidade dos resíduos, efluentes e emissões que tenham sido eliminados – verificar se estes contêm me-nos substâncias tóxicas e componentes reutilizáveis;• A redução na utilização de recursos naturais.

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Na avaliação econômica é importante considerar:• Os investimentos necessários;• Os custos operacionais e receitas do processo existente e os custos operacionais e receitas projetadas das ações a serem implantadas;• A economia da empresa com a redução/eliminação de multas. Os resultados encontrados durante as atividades de avaliação técnica, ambiental e econômica possibilitarão a seleção das medidas viáveis de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ecotime, gerando os estudos de caso.

5. ETAPA 5 A 5ª e última etapa constitui-se do plano de imple-mentação e monitoramento e plano de continuidade.

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COMPARAÇÃO ENTRE OS PROGRAMAS DE PMAISL

Abaixo segue um quadro comparativo das principais etapas entre as metodologias citadas:

CNTL UNEP CEBDS

Estudo de abrangência do Programa

Divisão dos processos em unidades de operação

Elaboração de Fluxograma de processo

Identificação das Barreiras

Construção de Diagrama de Fluxo

Tabelas Quantitativas

Fluxograma de ProcessoElaboração Balanço

de MassaIndicadores

Diagnóstico AmbientalRefinar o Balanço de

MassaAvaliação dos

Dados coletadosSeleção do foco

de avaliaçãoIdentificação de Medidas

Obvias de ReduçãoIdentificação das

Barreiras

Balanço materialCaracterizar os

problemas de resíduosSeleção do foco e

priorização

IndicadoresInvestigar possibilidade

de segregação de Resíduos

Balanço de Massa e Energia

Identificação das Causas de Geração de Resíduos

Identificar medidas de redução em Longo Prazo

Avaliação das Causas

Identificação das opções de PmaisL

Avaliação Econômica e Ambiental

Geração das opções de PmaisL

Avaliação Econômica e Ambiental

Avaliação Econômica e Ambiental

Avaliação Econômica e Ambiental

Quadro 3.Comparação das principais etapas entre as metodologias da PmaisL

Fonte: Oliveira (2006)

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CAPÍTULO 3

ESTUDOS DE CASO DE REDUÇÃO NA

GERAÇÃO DE RESÍDUOS NO MEIO INDUSTRIAL

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REDUÇÃO NO CONSUMO DE TINTA PELA ALTERAÇÃO DA PRESSÃO DO AR DA PISTOLA

Feita análise do processo, conseguiu obter uma redu-ção do consumo de tinta apenas alterando a pressão do ar da pistola de 60 lb para 40 lb. Isto ocasionou em um bene-fício econômico de R$ 44.633,26/ano além de obter benefí-cios ambientais na redução da geração de tinta (SENAI).

REDUÇÃO DO CONSUMO DE GÁS NA SOLDA NA INDÚSTRIA METAL-MECÂNICA

Em uma indústria metal-mecânica utilizava-se espátu-las para aplicação de cola, necessitando limpeza das sobras geradas. Após estudo, a empresa adquiriu pistolas para aplicação de adesivo nas peças, onde houve uma redução do consumo de matéria-prima e uma menor geração de re-síduo. O Investimento foi de R$ 1.194,00, resultando em um benefício econômico de R$ 6.562,00/ano e um benefício ambienta na redução do resíduo de adesivo em 51%, (SE-NAI).

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APLICAÇÃO DE PMAISL NA EMPRESA CHINESA DE INDÚSTRIA QUÍMICA

YANPING CHEMICAL COMPANY LIMITED

Instalação de uma turbina de vapor na caldeira exis-tente com a finalidade de gerar eletricidade a partir de va-por superaquecido. Durante a avaliação, a equipe descobriu que um equi-pamento recém-instalado obteve um rendimento da caldei-ra de 35 ton/h de vapor superaquecido de 3,82 Mpa e 450 °C, sendo que o vapor só era usado com a finalidade de aquecimento do processo. Com isso, foi identificado que a caldeira tinha um grande potencial de cogeração – proces-so de produção e utilização combinada de calor e eletrici-dade, proporcionando o aproveitamento de mais de 70% da energia térmica proveniente dos combustíveis utilizados nesse processo. Para melhoria do processo, a empresa comprou uma turbina de segunda mão de 3MW de potencia. O investi-mento foi de US$ 1,43 milhões, passando a ter uma gera-ção anual de energia de 20.196 MWh tendo uma economia anual de US$ 0,61 milhões com um payback de 2,3 anos. Além disso, calculou-se que cerca de 1.700 toneladas de carvão serão salvos por ano como também a redução de emissão de 4.260 toneladas por ano de CO2.

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APLICAÇÃO DE PMAISL EM EMPRESA DE REVESTIMENTOS CERÂMICO DA FILIPINAS

PUYAT VINYL PRODUCTS INC.

Melhoria da eficiência da torre de resfria-mento através da limpeza do fundo da tor-re e tratamento químico das águas de refrigeração. Após estudo nos processo da empresa de um dos fa-bricantes líderes de azulejos de vinil das Filipinas, obser-vou-se que a eficiência da torre de arrefecimento era cerca de 40%, abaixo da eficácia concebida de 67%. Notou-se que esta condição estava relacionada com a presença de algas nas aletas formando incrustações na torre. Recomendou-se que as aletas fossem limpas com mais frequência como o tra-tamento de água de resfriamento com produtos químicos. Isto gerou em uma melhoria de 20% no desempe-nho da torre de arrefecimento, como também a redução de consumo de água no processo, redução no consumo de energia elétrica e minimização de perda de produção e interrupção de serviços devido à corrosão. Vale des-tacar que não houve nenhum custo de investimento.

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CAPÍTULO 4

ESTUDO DE CASO:PLATAFORMA

OFFSHORE PIRANEMA

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Piranema está localizada em águas profundas na bacia de Sergipe/Alagoas, a aproximadamente 28,5 Km da costa de Sergipe, em frente ao Povoado Abais, município de Estância.O FPSO (Floating Production Storage and Offloading) – Piranema é uma unidade flutuante de produção, ar-mazenagem e transferência de óleo e gás, que apresen-ta uma área cilíndrica com cerca de 2.830 m² e foi ins-talada em agosto de 2007, possuindo uma produção mensal em torno de 30.000 m³ de óleo e 3.800 m³ de gás. Para manter toda a estrutura de funcionamento dos proces-sos que envolvem produção e processamento primário de petróleo, Piranema necessita de aproximadamente 47 fun-cionários, dos quais 33 são próprios e 14 terceirizados num re-gime de funcionamento de 24h/dia, 30dia/mês e 12mês/ano. O petróleo produzido em Piranema é proveniente de 3 poços. Após a extração o óleo é processado e armazena-do. Durante o processo é realizada a separação entre a fase líquida (óleo) e a fase gasosa (Gás natural). A Fase líqui-da é caracterizada pelo baixo BSW (teor de água) e alto grau API, ou seja, possui uma baixa densidade, de base parafínica, de excelente qualidade e alto valor comercial. O gás também é processado, sendo em parte uti-lizado como combustível nos geradores e compres-sores, outra parcela é re-injetada na formação como método de recuperação secundária, aumentando as-sim a produção proveniente do reservatório de óleo.

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42PRODUÇÃO MAIS LIMPA: ESTUDO DE CASO PLATAFORMA OFFSHORE PIRANEMA

Após análise das metodologias utilizadas para a implementação da Produção mais Limpa, o presen-te trabalho baseou-se nas técnicas desenvolvida e apoia-da pela CNTL, abordando as etapas 1, 2, 3 e 4 que são fundamentais para o sucesso da prática PmaisL.A proposta de implementar o programa de PmaisL na Plataforma Piranema através da metodologia de-senvolvida pela CNTL é oferecer uma técnica confiá-vel, altamente eficiente e consagrada em todo o país. Foi formada uma equipe composta por funcionários contratados e da própria Petrobras, com conhecimentos na área petrolífera e ambiental, para implementar o pro-grama de Produção mais Limpa na Plataforma Piranema.A equipe elaborou com base no referencial teórico as apresenta-ções para sensibilizar o público alvo (empresários e gerentes), fazendo a exposição de casos bem sucedidos e ressaltando os benefícios econômicos e ambientais do programa de PmaisL. As apresentações foram realizadas no Ativo de Produ-ção da Petrobras (gerência de Águas Profundas) e na sede da empresa prestadora de serviços do ramo de hotelaria.Após as apresentações serem realizadas, os gestores tanto da Petrobras quanto da empresa contratada, in-dicaram representantes para a formação do ecotime.

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DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO PROCESSO E SE-LEÇÃO DO FOCO DA AVALIAÇÃO

A Petrobras desenvolveu uma ferramenta de contro-le do gerenciamento de resíduos, denominado Sistema de Gerenciamento de Resíduos – SIGRE, cujo objetivo é re-gistrar e armazenar as informações referentes à geração, armazenamento, tratamento e disposição final dos resídu-os, possibilitando seu controle e a sua rastreabilidade.Dentro deste contexto, foi realizado consultas no SIGRE, possibilitando a identificação qualitativa dos resíduos sóli-dos gerados na Plataforma Piranema. Foi realizado um levantamento de dados junto às ge-rências envolvidas da Petrobras e da empresa contratada, como também, entrevistas com funcionários próprios e contratados da Piranema, a fim de especificar os insumos e matérias-primas que são utilizadas nos processos produti-vos e identificar as atividades críticas.Diante das informações e dados levantados em visitas téc-nicas realizadas pelo ecotime, pode-se elaborar o fluxogra-ma geral e intermediário do processo de produção e pro-cessamento primário de petróleo. A partir da análise do fluxograma intermediário apre-sentado pelo ecotime, decidiu-se concentrar o trabalho nos processos produtivos do restaurante e hotelaria, mapeando as entradas e saídas de matérias-primas, insumos, produ-tos e resíduos gerados em cada etapa.Dessa forma, possibilitou elaborar detalhadamente os

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fluxogramas dos setores de restaurante e hotelaria da pla-taforma Piranema e identificar as atividades críticas.

QUANTIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS E OPORTUNIDADES

A partir da identificação das atividades críticas dos setores de restaurante e hotelaria, realizou-se a quantifi-cação detalhada dos insumos e dos resíduos sólidos gera-dos e foram identificadas as fontes e causas desta geração.O setor de compras da empresa contratada pelos ser-viços de restaurante e hotelaria forneceu a quantida-de de insumos e matérias-primas utilizados nestes se-tores da plataforma Piranema. Já a quantificação dos resíduos gerados foi realizada através do SIGRE.Posteriormente, foram criados indicadores de oportunidades de melhorias para consumo de insumos e geração de resíduos, a fim de que o trabalho contemplasse as propostas de PmaisL.

AVALIAÇÃO TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL E SELEÇÃO DE OPORTUNIDADES VIÁVEIS

Através do conhecimento e experiência dos profissio-nais que compõe o ecotime, foi realizada uma avaliação téc-nica e ambiental das oportunidades identificadas. Avalia-ção econômica não será objeto de estudo neste momento.

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CAPÍTULO 5

DIAGNÓSTICO

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SENSIBILIZAÇÃO E FORMAÇÃO DO ECOTIME

A proposta de implantar o Programa de PmaisL na plataforma Piranema foi aprovada pelos gestores, os quais se comprometeram, a fim de garantir o sucesso do progra-ma.O grupo de trabalho que conduziu o programa de PmaisL, denominado ecotime foi formado por:• 2 (dois) funcionários próprios da gerência de meio am-

biente da Petrobras;• 2 (dois) funcionários próprios da gerência de Águas Pro-

fundas da Petrobras;• 2 (dois) funcionários contratados da gerência de meio

ambiente da Petrobras;• 1 (um) funcionário próprio da Plataforma Piranema;• 1 (um) funcionário da Hotelaria.

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QUANTIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS E OPORTUNIDADES

De acordo com o SIGRE a plataforma gera cerca de 21.350 Kg/ano de resíduos sólidos.No processo produtivo do restaurante, constatou-se a ge-ração de aproximadamente 18.000 Kg/ano de resíduos or-gânicos provenientes da limpeza e preparo de alimentos, tais como, frutas, legumes, verduras e carne e, principal-mente, das sobras oriundas das refeições.Destaca-se que os resíduos orgânicos da Plataforma Pi-ranema, atualmente são triturados e descartados no mar. Este procedimento adotado por Piranema atende a Regra 3 do Anexo V da Convenção MARPOL de 1973/1978, a qual dispõe acerca do Alijamento de lixo fora das áreas especiais .Nos setores de restaurante e hotelaria, há uma geração de aproximadamente 1.700 Kg/ano de resíduos de papel/papelão e de 1.650 Kg/ano de plásticos não contaminados, provenientes do embarque de produtos empacotados, do processo de armazenamento de insumos, produtos quími-cos e de higiene, da limpeza em geral, além do consumo de refrigerantes e águas engarrafadas. Grande parcela do resíduo de papel/papelão é gerada em função da utilização de sabão em pó na lavanderia. Dentre as oportunidades de melhoria identificadas no setor de restaurante, destaca-se o quantitativo de resíduos sólidos gerados.

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As medidas de PmaisL propostas para a minimização da geração de resíduos sólidos priorizaram a utilização da técnica de substituição de matéria-prima, considerada de Nível 1, sendo a primeira a substituição de embalagens me-nores por maiores de produtos como molho de tomate, cre-me de leite, leite, sorvete, sucos, óleo de soja, arroz e açúcar. Outra medida proposta foi a substituição de refrigerantes de 2 litros por máquinas. E para reduzir a geração de resíduos orgânicos, foi proposta a substituição de ovos por “ovo em pó” para fabricação de bolos e pães, além de eliminar os desperdícios. A medida de PmaisL proposta para a minimização da geração de embalagens de detergente e sabão em pó, priorizou a utilização da técnica de substituição de maté-ria-prima, sendo a primeira a substituição de 0,5 litros (L) por embalagens de 5 litros (L) e a segunda a substituição de 500 gramas (g) por embalagens de 5 quilograma (Kg)

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AVALIAÇÃO TÉCNICA E AMBIENTAL E SELEÇÃO DE OPORTUNIDADES VIÁVEIS

O uso atual de detergente de 0,5L é de 123 un/mês, totalizando 61,5 L/mês. Entretanto, utilizando a técnica de substituição de matéria-prima, na aquisição de galões de 5 L serão consumidos pouco mais de 12 un/mês, geran-do uma redução de cerca de 90,25 % de resíduo plástico.O uso atual de sabão em pó de 500g é de 89 un/mês, to-talizando 44,5 Kg/mês. Porém, utilizando embala-gens de 5kgo consumo será de 9un/mês, acarretando uma redução em torno de 90% de resíduos de papelão.O consumo atual de sorvete de 2 L é de 66 un/mês, totali-zando 132 L/mês. Contudo, utilizando embalagens de 10 L serão gastos pouco mais de 13 un/mês, o que acarreta uma redução de aproximadamente 80%de resíduo plástico. O consumo atual de suco de 0,2 L é de 980 un/mês, totalizando 196 L/mês. Todavia, utilizando embala-gens de 1L serão gastos pouco mais de 196 un/mês, re-duzindo em 80% a geração de resíduos de papelão.O consumo atual de açúcar de 1 kg é de 148 un/mês, to-talizando 148 kg/mês. Contudo, utilizando embalagens de 5 kg serão gerados cerca de 30 un/mês, diminuindo em aproximadamente 80% a quantidade de resíduo plástico. O consumo atual de arroz de 1 kg é de 91 un/mês, to-talizando 91 kg/mês. Entretanto, utilizando embalagens de 5 kg serão gerados aproximadamente 18 un/mês, re-duzindo cerca de 80%a quantidade de resíduo plástico.

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O consumo atual de óleo vegetal de 0,9 L é de 97 un/mês, totalizando 87,3 L/mês. Porém, utilizando emba-lagens de 18L serão consumidos aproximadamente 5un/mês, dispondo em redução de 95% de resíduos metálicos.A substituição de refrigerantes, em lata de 350 mL e em garra-fas PET de 2 L, por uma máquina acarretará em uma redução de 100% dos resíduos sólidos gerados. Entretanto, deverá ser feito um programa de conscientização visto que a platafor-ma acolhe muitos estrangeiros, os quais, por motivo cultu-ral, preferem consumir refrigerantes em lata e garrafa PET. É notória que o custo utilizado para tratar os resíduos gerados nas empresas aumenta na mesma proporção do cres-cimento da produção. Desta forma, a avaliação dos processos produtivos e instalações industriais, utilizando os critérios da PmaisL, pode identificar oportunidades de melhorias, de forma a evitar que se transformem em impactos ambien-tais, além de propiciar a redução nos custos de operação.Os funcionários da Plataforma Piranema motiva-dos pela mentalidade ambiental provida pelo Progra-ma, puderam aprender conceitos, técnicas e princípios da PmaisL que podem ser utilizados no seu dia-a-dia. Pela avaliação técnica e ambiental, embora a análise comple-ta ainda esteja em andamento, verificou-se que, com a im-plementação do estudo proposto, seria possível minimizar a geração de resíduos sólidos provenientes do processo pro-dutivo do restaurante e hotelaria da Plataforma Piranema. Com a utilização da técnica de substituição de maté-ria-prima, medida prioritária a ser seguida, na troca de

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embalagens menores por maiores de produtos,possibilita-rá uma redução de 88,36% na geração de resíduos sólidos, tais como, papel/papelão e plástico. No tocante ao resíduo orgânico, não obstante uti-lização da mesma técnica de substituição de matéria--prima, a redução operou-se pela substituição de ovos por “ovo em pó” para a fabricação de pães e bolos.Assim, pode-se observar que, com a aplicação de técnicas de PmaisL, alcançam-se grandes resultados, que contri-buem significativamente com a saúde e o meio ambiente, além de reduzir os custos com o manejo de resíduos sólidos.Recomenda-se, que a partir deste trabalho, seja realizado um estudo de viabilidade econômica antes da implementação efeti-va das oportunidades identificadas nos setores de restaurante e hotelaria, bem como a elaboração concreta do balanço de massa. Sugere-se também, que sejam monitorados os resulta-dos obtidos após a implantação do Programa de PmaisL em Piranema, a fim de garantir a eficiência das oportuni-dades, visando a sustentabilidade dos processos produtivos e a elaboração de um plano de continuidade para aplicação da metodologia em outros setores da Plataforma Piranema.

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REFERÊNCIAS

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