Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

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Edna Scremin-DiasCristiane Kalife

Zildamara dos Reis Holsback MenegucciPaulo Robson de Souza

Manual

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Reitor: Manoel Catarino Paes - Peró

Vice-Reitor: Amaury de Souza

Obra aprovada peloCONSELHO EDITORIAL DA UFMSResolução 16/06

CONSELHO EDITORIALCélia Maria da Silva de Oliveira (Presidente)Antônio Lino Rodrigues de SáCícero Antonio de Oliveira TredeziniÉlcia Esnarriaga de ArrudaGiancarlo LastoriaJackeline Maria Zani Pinto da Silva OliveiraJéferson Meneguin OrtegaJorge Eremites de OliveiraJosé Francisco (Zito) FerrariJosé Luiz FornasieriJussara Peixoto EnnesLucia Regina Vianna OliveiraMaria Adélia MenegazzoMarize Terezinha L. P. PeresMônica Carvalho Magalhães KassarSilvana de AbreuTito Carlos Machado de Oliveira

UNIVERSIDADE FEDERALDE MATO GROSSO DO SUL

Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)(Coordenadoria de Biblioteca Central – UFMS, Campo Grande, MS, Brasil)

Produção de mudas de espécies florestais nativas : manual / Edna Scremin-Dias ... [et al.]. -- Campo Grande, MS : Ed. UFMS, 2006.59 p. : il. ; 27 cm. – (Rede de sementes do Pantanal ; 2)

ISBN 85-7613-087-4

1. Árvores – Mudas. 2. Viveiros florestais. I. Scremin-Dias, Edna. II. Série.

P964

CDD (22) – 634.9562

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Edna Scremin-DiasCristiane Kalife

Zildamara dos Reis Holsback MenegucciPaulo Robson de Souza

Campo Grande - MS

2006

Manual

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Projeto: Rede de Sementes do PantanalInstituição Executora: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul(Convênio 042/2001 – MMA/FNMA)

CoordenaçãoEdna Scremin Dias

Laboratório de Botânica - Departamento de BiologiaCentro de Ciências Biológicas e da SaúdeUniversidade Federal de Mato Grosso do SulCaixa Postal 54979070-900 - Campo Grande - MS

Secretaria ExecutivaCristiane KalifeAna Lúcia Barros

Técnico em InformáticaFabio Luiz Modesto

Responsáveis pelo Banco de DadosAlex Wukio WassanoAna Lúcia BarrosCristiano Costa Argemon VieiraHercules da Costa SandinRavi Vilela RauberPaulo Robson de Souza (produção do acervo de fotografias)

Revisão Técnica do ManualAna Lúcia BarrosArnildo Pott (listas de espécies)Cristiane KalifeEdna Scremin-DiasNelson Akira Matsuura (normas para a produção de mudas florestais)Paulo Robson de SouzaZildamara dos Reis Holsback Menegucci

IlustraçõesVander Fabrício Melquíades de Jesus

Consultoria ad hocAlexandra Penedo de PinhoAngela Lúcia Bagnatori Sartori

Fotos da CapaPaulo Robson de Souza

(foto maior: dossel de piuval, Tabebuia sp., Base de Estudos doPantanal – UFMS; foto menor: plântula de olho-de-cabra, Ormosia fastigiata)

CapaLennon Godoi

Editoração EletrônicaMarcelo Brown

UNIVERSIDADE FEDERALDE MATO GROSSO DO SULPortão 14 - Estádio Morenão - Campus da UFMSFone: (67) 3345-7200 - Campo Grande - MSe-mail: [email protected]

ISBN: 85-7613-087-4Depósito Legal na Biblioteca NacionalImpresso no Brasil

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................................7

2 NORMAS PARA PRODUÇÃO DE MUDAS FLORESTAIS ..........................................................................................................9

3 MANEJO DE VIVEIROS ..........................................................................................................................................11

3.1. Definição do local de instalação do viveiro.......................................................................................11

3.2. Dinâmica operacional do viveiro......................................................................................................12

4 PROCESSOS GERMINATIVOS ...................................................................................................................................15

4.1. A semente.........................................................................................................................................15

4.2. Germinação da semente...................................................................................................................16

4.3. Fatores que influenciam na germinação...........................................................................................16

4.4. Tipos de dormência...........................................................................................................................16

4.4.1. Dormência do tegumento (casca) da semente.........................................................................................16

4.4.2. Dormência morfológica............................................................................................................................17

4.4.3. Dormência interna....................................................................................................................................17

4.5. Métodos de superação da dormência..............................................................................................17

4.5.1. Escarificação mecânica............................................................................................................................17

4.5.2. Método químico......................................................................................................................................18

4.5.3. Choque térmico.......................................................................................................................................18

4.6. Teste de Germinação........................................................................................................................19

4.7. Regras para análise de sementes (RAS).........................................................................................19

4.8. Preparo de substrato........................................................................................................................20

4.8.1. Procedimentos.......................................................................................................................21

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4.8.2. Características do substrato..................................................................................................21

4.8.3. Tipos de substratos que podem ser utilizados em viveiros....................................................22

4.8.4. Preparo do húmus.................................................................................................................23

4.8.5. Estocagem dos componentes do substrato...........................................................................24

4.9. Semeadura........................................................................................................................................24

4.9.1. Preparo da sementeira..........................................................................................................24

4.9.2. Processo de desinfecção dos canteiros................................................................................24

4.9.3. Processo de semeadura........................................................................................................25

4.9.4. Semeadura indireta................................................................................................................25

4.9.5. Sistemas de semeadura indireta............................................................................................26

4.9.6. Semeadura direta..................................................................................................................26

4.9.7. Manutenção dos canteiros....................................................................................................29

4.9.8. Irrigação das sementeiras ou dos tubetes.............................................................................29

4.9.9. Controle dos lotes e das espécies plantadas.........................................................................29

4.9.10. Repicagem das mudas obtidas nas sementeiras.................................................................30

4.9.11. Desbaste..............................................................................................................................30

4.10. Espécies-alvo do Pantanal..............................................................................................................32

5 IRRIGAÇÃO DA PRODUÇÃO ....................................................................................................................................37

5.1. Processo de irrigação respeitando os estágios de desenvolvimento das plântulas..........................37

5.2. Necessidades distintas das espécies................................................................................................38

5.3. Qualidade do recurso hídrico............................................................................................................38

6 ADUBAÇÃO DAS PLÂNTULAS .................................................................................................................................41

6.1. Variações das necessidades nutricionais entre espécies de diferentes classes sucessionais..........42

6.2. Associação simbiótica entre mudas e microrganismos....................................................................44

7 PREPARO DAS MUDAS PARA A EXPEDIÇÃO ..................................................................................................................47

7.1. Procedimentos para a preparação do lote de expedição.................................................................48

8 CUIDADOS NO PLANTIO DAS MUDAS .........................................................................................................................51

8.1. Defeitos das mudas..........................................................................................................................51

8.2. Qualidade das mudas........................................................................................................................51

8.3. Uso do gel absorvente......................................................................................................................52

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................55

10 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................57

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1. INTRODUÇÃO

Desde o descobrimento do Brasil, os recursos na-turais constituem a principal riqueza nacional, tendosido explorados e, infelizmente, negligenciados ao lon-go dos últimos séculos. Atualmente, as plantaçõesflorestais (exóticas ou nativas) ocupam apenas 0,6%do território brasileiro, atendendo cerca de 30% dademanda nacional de madeira (Gonçalves & Stape,2002).

Em decorrência disto há uma grande pressão so-bre os remanescentes florestais do país, restando,na maioria das regiões brasileiras, somente fragmen-tos florestais, muitos deles em alto grau deantropização. Ressalta-se que nosso patrimônio flo-restal requer enorme responsabilidade quanto aomanejo e preservação, de maneira a atender às de-mandas sociais e ambientais (Gonçalves & Benedetti,2000). Neste sentido, deve-se dar atenção especialà geração de conhecimento técnico e aplicação edifusão de tecnologias.

O processo produtivo de sementes e mudas dasessências florestais nativas deve ser embasado emparâmetros técnicos consistentes e bem elaborados.As mudas destinadas à comercialização devem pos-suir excelente qualidade, resultando em produtos va-lorizados no mercado, sem problemas fitossanitáriose que se estabeleçam eficientemente após o plantio.

Neste sentido, o Ministério do Meio Ambientelançou edital, por meio do Fundo Nacional do MeioAmbiente (FNMA), objetivando estruturar redes desementes em todos os biomas brasileiros para me-lhorar a qualidade e aumentar a quantidade de se-mentes e mudas das essências florestais nativas pro-duzidas e comercializadas no Brasil. O estabeleci-mento da Rede Brasileira de Sementes contribuirápara o fortalecimento do setor produtivo de semen-tes e mudas, além de estimular o consumo de produ-tos com qualidade, tendo como conseqüência a con-servação de ambientes naturais em todos biomasbrasileiros.

O setor produtivo de essências florestais nativasdo Brasil apresenta atraso tecnológico de mais de 30anos. As pesquisas em tecnologias para produçãode espécies exóticas possuem destaque no Brasil e,infelizmente, os produtos florestais nativos somentedespertaram interesse na última década.

Atualmente, o destino da produção atende princi-palmente aos processos de restauração ambiental.Contudo, a geração de tecnologias para o plantioconsorciado de espécies, para fins madeireiros oupara sistemas agroflorestais, ainda é incipiente. Emdecorrência do grande número de espécies de inte-resse florestal no Brasil e do atraso tecnológico no

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setor, os parâmetros técnicos ideais para a produçãoe comercialização das sementes e mudas florestaisbrasileiras são desconhecidos para a grande maioriadas espécies.

O destino da produção de sementes e mudasdeve ser definido no início do processo produtivo,pois há uma diferença básica nas característicasdas mudas destinadas ao processo de restauraçãoambiental daquelas cujo destino é o setor produtivode madeira ou subproduto madeireiro. A diferençaestá principalmente na origem do material a serpropagado, ou seja, as características das matrizesprodutoras das sementes ou propágulos (por exem-plo, estacas).

Apesar da importância dos processos relativosa marcação de matrizes, colheita e armazenamento

de sementes, estes já foram apresentados no pri-meiro volume desta série Rede de Sementes do Pan-tanal (Scremin-Dias et al., 2006), não cabendo aquiretomá-los.

Este manual destina-se a orientar o setor produti-vo de mudas, e sua elaboração foi baseada no IIICurso de Capacitação dos Parceiros da Redede Sementes do Pantanal. O roteiro para elabora-ção deste material seguiu o apresentado pelo Pro-fessor José Leonardo de Moraes Gonçalves(ESALQ/USP) durante o Curso de Manejo de Vi-veiros, sendo acrescido das orientações contidas noManual de Produção de Mudas de EssênciasFlorestais Nativas, elaborado pela Diretoria deMeio Ambiente da CESP/SP e demais fontes biblio-gráficas referentes ao assunto.

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2. NORMAS PARA PRODUÇÃO DE MUDAS FLORESTAIS

Todo o setor produtivo de sementes e mudas noBrasil foi regulamentado pelo Decreto n° 5.153, de 23de julho de 2004, que aprovou o Regulamento da Leinº 10.711, de 5 de agosto de 2003. Esta Lei e o referi-do Decreto dispõem sobre o Sistema Nacional deSementes e Mudas – SNSM, onde é firmado que to-das as ações decorrentes das atividades previstas noRegulamento deverão ser exercidas pelo Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA,dentro da competência prevista no art. 5º da Lei.

Além da Lei e do Decreto, devem ser considera-das (i) a Instrução Normativa MAPA n° 24, de 16de dezembro de 2005, que aprova as Normas para aProdução, Comercialização e Utilização de Mudas,(ii) a Instrução Normativa MAPA n° 9, de 02 dejunho de 2005, que aprova as Normas para a Produ-ção, Comercialização e Utilização de Sementes e daqual alguns anexos são também utilizados pelos pro-dutores de mudas e, ainda, (iii) a Instrução de Servi-ço CSM n° 1/2005, que trata das taxas decorrentesda inscrição no Registro Nacional de Sementes eMudas - RENASEM.

No caso específico de produção de mudas deespécies florestais nativas, deve-se observar, ainda,o capítulo XII do Decreto 5.153/2004, em seus arti-gos 143 a 175. Para elaboração das normas comple-

mentares a estes artigos o MAPA instituiu uma co-missão.

Os textos da citada legislação se encontram dis-poníveis na página eletrônica do Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA.

O endereço: www.agricultura.gov.br

> na página inicial selecionar: legislação >

> selecione “sislegis” >

> na caixa de diálogo aberta, no campo “busca li-vre” digitar “sementes e mudas” >

> será mostrado um menu com os atos relativos asementes e mudas, em ordem inversa por datade publicação.

Neste manual serão sinalizadas as condiçõesmínimas que todos os viveiros devem atender parafuncionar de maneira legal perante o MAPA eprofissionalizar sua produção. As orientações aquicontidas servirão como elemento norteador para osprodutores de mudas estabelecerem sua produçãoda melhor maneira possível, visando produzir mudasde qualidade e atender a demanda do mercado den-tro da legislação vigente.

Toda pessoa física ou jurídica que exerça ativida-de de produção, beneficiamento, reembalagem,

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armazenamento, análise, comércio, importação ouexportação de semente ou muda, é obrigada a seinscrever no Registro Nacional de Sementes e Mu-das - RENASEM.

Para inscrição no RENASEM o produtor ou co-merciante de mudas deve dirigir-se à unidade doMAPA no Estado onde tenha sede e apresentar re-querimento em modelo próprio, conforme sub-item5.1 das Normas para Produção, Comercialização eUtilização de Mudas, oficializadas pela InstruçãoNormativa MAPA 24/2005.

Na página eletrônica www.agricultura.gov.brencontram-se a relação das unidades do MAPA nosEstados e os respectivos endereços.

Na forma em que estão organizados, o Regula-mento e as Normas Complementares sobre mudas esementes objetivam disponibilizar materiais de repro-dução e multiplicação vegetal para o sistema produ-tivo de sementes e mudas, com garantias de identi-dade e qualidade, respeitadas as particularidades decada espécie. Para tanto a produção de sementes emudas deverá obedecer às normas e aos padrões deidentidade e de qualidade, estabelecidos pelo Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pu-blicados no Diário Oficial da União.

As atividades de produção de sementes e mudasdeverão ser realizadas sob a supervisão e o acom-panhamento do responsável técnico, em todas asfases, inclusive nas auditorias.

O responsável técnico pela produção de se-mentes ou mudas é o Engenheiro Agrônomo ou En-genheiro Florestal, registrado no Conselho Regio-nal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia –CREA, a quem compete a responsabilidade técni-ca pela produção, beneficiamento, reembalagem ouanálise de sementes ou mudas em todas as suasfases, na sua respectiva área de habilitação profis-sional.

Estas informações objetivam chamar atenção dosprodutores para iniciarem a organização do sistemade sua produção, adequando-se à legislação vigente.É claro, para os técnicos do MAPA, que a normali-zação1 deste processo será gradual, e o objetivo destemanual é orientar e contribuir para a implantação dosetor de produção de sementes e mudas com quali-dade, no âmbito da Rede de Sementes do Pantanalhttp://sementesdopantanal.dbi.ufms.br (Estadosde Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Com rela-ção ao cadastramento dos viveiros, o produtor deveinscrever o viveiro de mudas, anualmente, até 15 diasapós a emergência das plântulas, no caso de mudasprovenientes de sementes, ou até 31 de março nosdemais casos, apresentando ao órgão de fiscaliza-ção da produção na Unidade da Federação – MAPA,no caso dos estados de MS2 e MT3 – requerimentoem formulário próprio, conforme sub-item 7.5 dasNormas para Produção, Comercialização e Utiliza-ção de Mudas, oficializadas pela Instrução NormativaMAPA 24/2005.

1 Seguimos a orientação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que usa o termo “normalização” (em vez doneologismo “normatização”) para designar processos de estabelecimento de normas.

2 Endereço da Superintendência Federal de Agricultura no Mato Grosso do Sul: Rua Dom Aquino, 2.696, centro, Campo Grande,MS – CEP 79 002-970. Fone (67) 3325 8866.

3 Endereço da Superintendência Federal de Agricultura no Mato Grosso: Alameda Aníbal Molina, s/n, bairro Ponte Nova,VárzeaGrande, MT – CEP 78 115-901. Fones (65) 3685 5678 e (65) 3685 7589.

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3. MANEJO DE VIVEIROS

Na atividade de produção de mudas a estrutura eorganização dos viveiros são extremamente impor-tantes para obtenção de mudas de qualidade, produ-zindo plantas de espécies adequadas e em quantida-de necessária à demanda, respeitando-se a época eo destino do plantio. Para isso é extremamente im-portante planejar corretamente as instalações do vi-veiro, ter conhecimento suficiente das técnicas paraoperacionalizá-lo e administrá-lo, além de obter ex-celente qualidade em sua produção e com menorcusto possível.

A obtenção do sucesso na implementação depovoamentos florestais para recuperação de áreasdegradadas, bem como para arborização de ruas,depende principalmente da qualidade das mudas uti-lizadas no plantio. Para tanto, são relacionadas nestemanual as técnicas ideais para o manejo de viveiros,desde os processos germinativos para a obtençãodas plântulas até a liberação dos lotes de mudas parao plantio.

É fácil visualizar toda a dinâmica operacional deum viveiro (Fig. 1), cujas etapas são: a obtenção desementes; o beneficiamento; o armazenamento; aquebra da dormência (caso necessário); o preparodas sementeiras; o processo de semeadura; o esta-belecimento das mudas em canteiros e o manejo das

mudas até o processo de expedição. Ressalta-se aquia importância da área como remanescente florestalutilizado para seleção e marcação das árvores ma-trizes, já que a falta de critérios na etapa inicial –obtenção de sementes – pode comprometer todasas etapas seguintes, relativas à produção de mudas,bem como prejudicar, em longo prazo, o consumidorfinal.

Em todas essas etapas o controle fitossanitáriodeve ser rigoroso; as atividades de manejo no vivei-ro devem ser cuidadosas; a atenção dispensada atodo o processo de produção deve ser efetiva. Qual-quer problema apresentado durante o processo pro-dutivo deve ser imediatamente solucionado para nãocomprometer a produção, a qualidade das mudas e,conseqüentemente, os rendimentos obtidos pelacomercialização do produto.

3.1. DEFINIÇÃO DO LOCALDE INSTALAÇÃO DO VIVEIRO

O importante ao se planejar a instalação de umviveiro é observar os aspectos econômicos, climá-ticos, topográficos e logísticos do local escolhido.Para um produtor de sementes e mudas se estabe-lecer de maneira satisfatória no mercado, é de pri-

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mordial importância o conhecimento da demanda eda oferta de mudas da região, bem como localizaro centro consumidor das espécies produzidas noviveiro. Com essas informações podem-se otimizaros gastos com transporte da produção, minimizandoas distâncias entre o centro produtor e consumidordo produto.

A facilidade de obtenção de mão-de-obra na re-gião de produção também deve ser considerada, poisisto determina o sucesso do empreendimento e ocusto com pessoal. Outro fator importante a se con-siderar é a declividade do terreno, que de preferên-cia deve ser plano, para facilitar a implementaçãodas técnicas. Além disso, a disponibilidade de ilumi-nação em grande parte do dia, o correto dimensio-namento dos diferentes espaços do viveiro e a previ-são de espaço para ampliação da produção, são im-portantes aspectos a serem considerados antes daimplantação do viveiro, vislumbrando-se investimen-tos futuros. Na prática, do espaço disponível paraimplantação de um viveiro, somente 70% é de fatoutilizado para a produção, sendo o restante, 30%,ocupado por corredores de circulação.

Outro fator extremamente importante na escolhada área para instalação é o suprimento de água dequalidade para a produção. Alguns aspectos relacio-nados à qualidade da água de abastecimento devem

ser considerados, para não comprometer a produ-ção (ver Tabela 5, item 5 – Irrigação da produção).

3.2. DINÂMICA OPERACIONALDO VIVEIRO

O dimensionamento do viveiro deve obedecer àorganização espacial que contemple todas as etapasde produção de maneira a otimizar este sistema. Noentanto, o produtor deve sempre ter em mente queas informações obtidas em pesquisas devem ser in-corporadas, paulatinamente, tendo como estratégiao aperfeiçoamento contínuo da produção. Esta éuma importante ferramenta a ser exercitada em nomedo pacto pela qualidade total da sua produção.

Considera-se que o viveiro deve apresentar cin-co divisões bastante distintas, cujas funções devemestar bem claras durante o processo de manejo:

Área de preparação básica – composta por umconjunto de depósitos e equipamentos, que apóiamas atividades básicas de preparação da linha de pro-dução. No depósito ficam os materiais e equipamen-tos, as sementes colhidas e devidamente armazena-das e a área de manuseio e beneficiamento de frutose sementes. Próximo a este local devem serestabelecidas as sementeiras, além dos canteiros derepicagem, preparo de substrato e envasamento.

Figura 1 - Dinâmica operacional do viveiro, indicando todas as etapas de produção, até o momento da expedição das mudas.(Fonte: Sanesul, 1996)

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Grupo 1 (G1) – neste grupo ficam canteirosdestinados aos tubetes que foram semeados dire-tamente e/ou repicados. Este grupo caracteriza-se por ser uma área coberta com sombrite (nívelde sombreamento 50%), responsável pela prote-ção contra possíveis danos às plântulas, provoca-dos pelos raios solares. Nesta área deve-se terum sistema de irrigação não-setorial (micro-aspersores de 360o de raio de lançamento). Asplântulas devem permanecer por um período de20 a 40 dias pós-germinadas ou pós-repicadas e,posteriormente, serem encaminhadas ao Grupo 2(G2).

Grupo 2 (G2) – Neste grupo estão incluídoscanteiros destinados à etapa de desenvolvimentodas mudas (condução). As práticas incluem as adu-bações e grande parte das atividades de manejocomo raleamento, controles fitossanitários e irriga-ções periódicas, entre outras. A permanência dasmudas neste grupo varia de 60 a 120 dias, em mé-dia; após este período irão para o Grupo 3 (G3).

Grupo 3 (G3) – Neste grupo estão as mudasque entrarão na fase de rustificação, que é o proces-so de aclimatação. Na aclimatação, visando simularas possíveis situações adversas encontradas no cam-po, deve-se reduzir o número de irrigações e aduba-ções. Esta fase permite a seleção de mudas paraexpedição, permanecendo nesse grupo por um perí-odo médio de 30 dias, dependendo da demanda eprogramação dos clientes.

Área administrativa – nesta área providenci-am-se os materiais e insumos da linha de produção,além do acompanhamento de recursos humanos,controle geral e fluxo de documentação.

Esta rotina operacional é a adotada no Viveiro deMudas da CESP, com pequenas distinções entre asquatro unidades que a empresa possui, visando aten-der às especificidades locais. No entanto, este siste-ma organizacional pode servir como base para todoprodutor, uma vez que a referida empresa conseguiuotimizar suas atividades por meio da estruturaorganizacional apresentada na página anterior.

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4. PROCESSOS GERMINATIVOS

4.1. A SEMENTE

A semente é um óvulo que após ser fecundado edesenvolvido, constitui a unidade de dispersão de doisgrandes grupos vegetais: as gimnospermas e asangiospermas. O primeiro grupo, cujos exemplos maismarcantes são os pinheiros, produz sementes nuas(sem fruto) e o segundo grupo, predominante na flo-

ra brasileira, tem suas sementes protegidas pelos fru-tos.

A semente possui um envoltório externo (cascaou tegumento), o hilo (cicatriz deixada pelo tecidoque unia o óvulo à parede do ovário – Figura 2);internamente, um embrião e o endosperma (tecidopara nutrição do embrião).

Figura 2 - Esquema representando as partes de uma semente de feijão (em cima, à esquerda) e semente alada (direita, embaixo)e as fases do desenvolvimento da plântula (à direita).

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4.2. GERMINAÇÃO DA SEMENTE

A germinação ocorre quando o embrião, contidodentro de uma semente, começa a se desenvolver,rompendo a casca da mesma, dando origem a umaplântula. Para que isso ocorra são necessárias algu-mas condições, como por exemplo, temperatura, luz,oxigênio e umidade ideais.

Durante a sua formação a semente perde umida-de, o que evita a germinação dentro do fruto ou juntoao corpo da planta-mãe, bem como sua deterioraçãopelo ataque de microrganismos. Essa redução noteor de umidade faz com que o embrião tenha seumetabolismo reduzido, aguardando condições favo-ráveis para que ele se desenvolva e origine uma novaplanta.

4.3. FATORES QUE INFLUENCIAMNA GERMINAÇÃO

Os eventos importantes da germinação iniciam-secom a embebição de água, processo físico que ocor-re mesmo em sementes mortas. A ativação enzimáticaacontece logo em seguida, em parte devido à reativaçãode enzimas estocadas, formadas durante o processo dedesenvolvimento do embrião, e em parte devido à sín-tese de novas enzimas, assim que a germinação se ini-cia. A primeira evidência da germinação é a emer-gência da radícula (Fig. 2). Quando a plântula iniciaa absorção de água e a fotossíntese, tornando-se inde-pendente dos tecidos de reserva, considera-se que oprocesso de germinação está terminado.

Quando a semente tem a capacidade de germi-nar imediatamente assim que lhe forneçam os níveisadequados de umidade, temperatura, oxigênio, diz-se que está quiescente; já uma semente viável, tendotodas as condições ambientais ideais para germinare não o faz, é chamada semente dormente.

A dormência é uma estratégia reprodutiva impor-tante e está associada às plantas que se regeneramnaturalmente, a partir do banco de sementes do solo,ou àquelas que precisam conservar seu potencial degerminação, até que condições favoráveis ocorram.É, portanto, um mecanismo natural que impede agerminação (Figlioli & Pinã-Rodrigues, 1995).

Para desencadear o processo germinativo de al-gumas sementes pode ser necessário promover a que-bra de dormência, que consiste em propiciar a ob-tenção de umidade que elas perderam. A perda deumidade da semente pode ocorrer durante sua for-mação, durante o procedimento de sua retirada dosfrutos e na secagem visando o armazenamento (Car-neiro, 1995), ou ainda pelo processo natural de impe-dimento da hidratação, em decorrência detegumentos impermeáveis.

É interessante notar que muitas das espécies quecrescem em áreas de grande variação estacional –de temperatura ou de estresse hídrico – requeremum período de “latência” antes de sua germinação.Algumas sementes não germinam na natureza en-quanto sua casca não for retirada, permitindo a en-trada de água ou oxigênio no interior da mesma(CESP, 2000). Outras só germinarão na natureza sepassarem pelo interior do trato digestivo de um ani-mal, causando assim o desgaste da casca pela açãodo suco gástrico.

Como saber se uma espécie possui sementes dor-mentes? É importante ter sempre à mão uma biblio-grafia especializada para buscar essa e outras infor-mações sobre as espécies com as quais queremostrabalhar. No entanto, se o viveirista não dispõe des-se material de consulta, ele deve mergulhar as se-mentes em água à temperatura ambiente e deixá-lasali por 24 h. Se após esse período as sementes nãoincharem, indicando que absorveram água, é prová-vel que esta espécie apresente dormência física.

Além dessa impermeabilidade da casca à água,existem outras formas de dormência em sementes,como: presença de inibidores da germinação, embriãoimaturo e a combinação dos fatores mencionados.

4.4. TIPOS DE DORMÊNCIA

4.4.1. Dormência do tegumento (casca)da semente

Dormência física – Tegumento (casca) imper-meável à água, mas com embrião quiescente,característica de grande número de espécies das se-

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guintes famílias: Leguminosae, Malvaceae,Cannaceae, Chenopodiaceae, Convolvulaceae eSolanaceae. A secagem em altas temperaturas geral-mente aumenta a dureza do tegumento. Na naturezaa quebra de dormência pode ocorrer por vários agen-tes ambientais, incluindo abrasão mecânica, alternânciade temperatura, ataque por microorganismos, fogo epassagem pelo trato digestivo de aves e mamíferos.No caso das espécies que necessitam destes proces-sos para germinar ou para quebrar a dormência dasemente, pode-se usar ácidos que vão corroer a testada semente, fazer escarificação com lixas de paredeou mesmo causar pequenas injúrias no tegumento dasemente com auxílio de facas e objetos pontiagudos.

Dormência mecânica – A dureza dos tegu-mentos impede a expansão do embrião, como ocor-re no pêssego, cujo o caroço dificulta a absorção deágua. Esse tipo de dormência pode ser superado damesma maneira citada no item anterior.

Dormência química – Alguns inibidores quími-cos se acumulam no fruto e no tegumento das se-mentes. Algumas espécies apresentam mucilagemcontendo inibidores sob o fino tegumento. Depen-dendo da natureza do inibidor a lavagem com deter-gente diluído ou água corrente pode ajudar a superara dormência da semente.

4.4.2. Dormência morfológica

Embrião rudimentar ou embrião não desen-volvido – Em algumas espécies o embrião pode es-tar ausente, ou parcialmente formado quando o frutoestá maduro. O uso de temperaturas abaixo de 15ºC,temperaturas alternadas e nitrato de potássio ougiberelina favorecem a germinação. As sementes depalmeiras tropicais requerem, naturalmente, o arma-zenamento por vários anos, mas esse tempo podeser reduzido para três meses a 38-40º C.

4.4.3. Dormência interna

Dormência fisiológica: Presente na maioria dasherbáceas de zona temperada, desaparece duranteo beneficiamento e armazenamento em condições

de baixa umidade. Se as sementes são sensíveis aaltas temperaturas para germinar fala-se determodormência; se as sementes necessitam deluz para germinar chama-se de fotodormência.

Dormência interna intermediária – dormên-cia exercida pelos tecidos da semente, o embrião ger-mina normalmente.

Embrião dormente – Para haver a germina-ção, é requerido um período de estratificação,quando as sementes hidratadas são pré-condicio-nadas entre 3 e 10º C. O embrião não germina nor-malmente, podendo ocorrer anões fisiológicos (ca-racterística que não é genética); ocorre geralmen-te em árvores e arbustos de clima temperado.

4.5. MÉTODOS DE SUPERAÇÃODE DORMÊNCIA

Existem vários métodos de superação ou quebrade dormência, cujo objetivo é acelerar o processo,aumentar e uniformizar a germinação. Dentre osmétodos mais utilizados para quebra de dormência eindicados neste manual estão:

• escarificação mecânica;

• método químico (tratamento por ácidos);

• choque térmico.

4.5.1. Escarificação mecânica

Este método é utilizado para amolecer ou romperparte do tegumento da semente. Pode ser feito pormeio da raspagem manual, utilizando lixas de váriastexturas, ou com auxílio de um escarificador especi-alizado. Também as sementes podem ser colocadasem máquinas semelhantes a betoneiras com areiagrossa ou cascalho, que auxiliam na eliminação departe do tegumento e facilita a entrada de água paradesencadear o processo de germinação. Algunsexemplos de espécies do Cerrado que necessitamser escarificadas mecanicamente são: capitão-do-mato (Terminalia argentea Mart.), faveiro-do-cer-rado (Dimorphandra mollis Benth.) e jatobá(Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne).

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As sementes escarificadas muitas vezes são sus-ceptíveis ao ataque de organismos patogênicos, per-manecendo viáveis por um curto período após o tra-tamento. Sendo assim, a escarificação deve ser fei-ta no momento que se pretende obter a germinaçãodo lote de sementes.

A escarificação pode ser feita também por meiode substâncias químicas, conforme procedimentodescrito a seguir, que auxiliam na ruptura ou elimina-ção parcial do tegumento.

4.5.2. Método químico

Tratamento por ácidos

Um dos métodos comuns para se obter a quebrade dormência é o tratamento de imersão em ácidosulfúrico. Este tratamento resulta no aumento do ín-dice de germinação de 10% para mais de 90%. Al-gumas sementes como tamboril (Enterolobiumcontortisiliquum (Vell.) Morong), sucupira-preta(Bowdichia virgilioides Kunth), barbatimão(Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville),mutamba (Guazuma ulmifolia Lam.), araticum(Annona sp) e cumbaru (Dipteryx alata Vogel) têmseu potencial germinativo aumentado grandementecom o auxílio de ácido.

Cada espécie necessita de um tempo diferentede embebição no ácido; depois de transcorrido essetempo as sementes e o ácido devem ser despejadoslentamente em água. É importante que não sedespeje a água sobre o ácido, pois isso pode cau-sar grave acidente! O ácido com as sementes é quedevem ser despejados lenta e cuidadosamente so-bre a água, evitando-se os perigosos respingos evapores tóxicos.Várias lavagens em água devem serfeitas para retirar totalmente o ácido e os fragmen-tos de casca que podem se desprender.

No processo de tratamento químico por ácidodeve-se: (i) misturar todas as sementes formandoum único lote; (ii) testar o tempo ideal de imersãodas sementes em ácido, utilizando algumas amostraspequenas – quando as sementes estiverem com otempo de tratamento ideal, elas ficam escuras; (iii)

após definir o tempo ideal para a espécie, cobrir to-das as sementes do lote com ácido e deixá-las pelotempo necessário; (iv) após o término do tempo, la-var as sementes com água corrente por cinco a dezminutos para eliminar todo o ácido; e (v) secar total-mente as sementes antes de utilizá-las.

Tratamento por outras substâncias

Alguns sais e produtos como tiuréia, hidróxido desódio, peróxido de hidrogênio, álcool etílico (álcoolcomercial comum) e solventes como éter e aceto-na, também são úteis no tratamento químico pré-germinativo.

Após o tratamento químico das sementes, elaspodem ser preservadas de uma semana a um mês,antes da semeadura, sem grande deterioração.

4.5.3. Choque térmico

Embebição em água quente

Este tratamento é recomendado para as espéci-es cujas sementes possuem o tegumento duro, taiscomo canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.)Taub.) e unha-de-vaca (Bauhinia longifolia(Bong.) Steud.). Neste método, a água é aquecidaaté cerca de 90°C, e nela são mergulhadas as se-mentes, que deverão permanecer imersas por umtempo ideal, que varia, dependendo da espécie. Parasaber o período necessário de permanência das se-mentes neste tratamento, recomenda-se testar umapequena amostra em tempos variáveis, aferindo astaxas de germinação. Depois de permanecerem otempo necessário ao tratamento, as sementes es-tão prontas para semeadura.

Embebição em água fria

Este método consiste em colocar o lote de se-mentes em água à temperatura ambiente, manten-do-as por cerca de 24 horas. O tempo de embebiçãovaria conforme a permeabilidade da casca (tegu-

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mento) e, em geral, descartam-se as sementes queflutuam, pois provavelmente estas não estão viáveis.As espécies cujas sementes devem ser embebidasem água são: corticeira-da-serra (Erythrina falcataBenth.), jenipapo (Genipa americana L.), palmito(Euterpe edulis Mart.) e pau-jacaré (Piptadeniagonoacantha (Mart.) J.F. Macbr.), entre outras.Após a embebição as sementes, se necessário, po-dem ser estocadas a baixa temperatura (± 5°C), poralgum tempo.

4.6. TESTE DE GERMINAÇÃO

Esse teste visa avaliar o poder germinativo dassementes após a sua colheita, após os tratamentospré-germinativos e após os períodos variáveis dearmazenamento. Quando o coletor de sementes vaicomercializá-las é importante que ofereça ao com-prador a informação da porcentagem de germina-ção daquela amostra. Nos viveiros, esse teste tam-bém é importante já que, conhecendo o poder degerminação daquele lote de sementes, economiza-se substrato no momento da semeadura. Por exem-plo, se o teste acusar que o lote apresenta 50% degerminação colocam-se de duas a três sementes emcada recipiente; depois que germinarem, as plântulaspodem ser repicadas para outros recipientes.

Como fazer o teste de germinação?

É necessário que esse teste seja feito em labora-tório com alguns equipamentos e utensílios básicostais como: germinador e destilador, placas de Petri(ou caixas de Gerbox), pinças de vários tamanhos epapel de filtro. É indispensável o uso de literaturaespecializada para a adoção de metodologias apro-priadas para cada espécie, permitindo-se avaliar asseguintes variáveis: germinação na presença ou naausência de luz, temperatura ideal para germinaçãoe número aproximado de dias para o início da germi-nação.

De maneira geral, o procedimento comum parasementes de todas as espécies, após tratamento dequebra de dormência ou não, é o descrito a seguir.As placas de Petri ou caixas de Gerbox devem ser

forradas com o papel de filtro umedecido em águadestilada. As sementes são colocadas dentro das pla-cas com espaço suficiente entre si para que haja aemissão da radícula (raiz primária).

Esse conjunto pode ser tratado com fungicida ouas sementes podem ser previamente lavadas comhipoclorito de sódio 1% (uma parte de hipoclorito para99 partes de água) para evitar a contaminação dassementes, o que afetaria a taxa de germinação dolote. As placas são colocadas no germinador à tem-peratura mais adequada para a espécie mas, se essevalor não for conhecido, o teste deve ser feito comtemperatura de 25° a 30°C. Algumas espécies tam-bém exigem luminosidade, enquanto outras exigemescuridão para germinar. Essa informação tambémdeve ser buscada em bibliografia especializada. Acada 24 horas as placas devem ser retiradas dogerminador e as sementes que germinaram devemser contadas e retiradas com pinça esterilizada dasplacas de Petri, e descartadas.

4.7. REGRAS PARA ANÁLISEDE SEMENTES (RAS)

A avaliação da qualidade de um lote requer usode metodologias padronizadas, de modo que os tes-tes possam ser reproduzidos em qualquer laborató-rio com o mesmo material. As Regras de Análise deSementes (Ministério da Agricultura, 1992) estabe-lecem especificações padronizadas a serem utiliza-das, desde o tamanho da amostra até instruções pararealização das análises das qualidades de sementes.

Embora as RAS prescrevam o uso de 400 se-mentes para se realizar teste de germinação, issonem sempre é possível para as espécies florestais,por dois motivos: pelo tamanho e pela baixa produ-ção das sementes, o que requer a diminuição do nú-mero de sementes por repetição. Neste casos, ostécnicos de setores florestais adotam o uso de cemsementes (quatro repetições de 25 sementes, ou cin-co repetições de 20 sementes).

O teste pode ser feito em caixas Gerbox ou pla-cas de Petri e a semeadura deve ser feita entre ousobre substrato. Para minimizar a contaminação de

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fungos ou bactérias, recomenda-se o uso de ver-miculita ou areia e que o espaçamento entre as se-mentes seja de duas a cinco vezes o seu tamanho.

A duração dos testes varia muito entre as espéci-es, podendo ser de dez dias para ingás e angicos, 20dias para ipês e 60 dias para algumas palmeiras. Ascontagens são feitas em intervalos de três a quatrodias para espécies que germinam rapidamente e setedias para sementes que demoram mais para germinar.

Medidas de Germinação

Existem várias formas de se medir a germina-ção, entre elas a “germinabilidade”, que é a porcen-tagem de sementes germinadas em relação ao nú-mero de sementes dispostas a germinar, sob deter-minadas condições ambientais:

%G = ( SG ) . 100TS

onde: %G= percentual de germinaçãoSG = número total de sementes germinadasTS = número total de sementes

A germinabilidade informa o percentual desementes germinadas, entretanto não reflete o tem-po que foi necessário para que as sementes atingis-sem tal porcentagem de germinação. Podem existirdois lotes de sementes que apresentem o mesmoporcentual de germinação; no entanto, podem apre-sentar velocidades de germinação diferentes. Exis-tem medidas que quantificam a germinação, infor-mando quanto tempo foi necessário para o lote desementes germinar. A equação apresentada abaixopode ser utilizada para calcular o tempo médio:

T = (N . t )/ N

Onde: T = Tempo médio necessário para determina-do número de sementes germinarN = número de sementes germinadas no in-tervalo de tempot = intervalo de tempo necessário para germi-nação do lote. Geralmente dado em horas.

A semente que demora muito para germinar podeser atacada por fungos durante o processo de

embebição e não germinar. Portanto o lote que apre-sentar maior velocidade durante o processo de ger-minação irá sofrer menos influência de patógenos.

Determinação de umidade

O teste de umidade visa determinar o conteúdode água presente na semente, com o objetivo de es-tabelecer os parâmetros adequados para a manu-tenção da qualidade fisiológica das sementes parafins de armazenamento e principalmente paracomercialização.

No Brasil o método mais usado é o método deestufa a 105ºC por 24 horas; no entanto, pode-seusar 17 horas a 103ºC, ou estufa em 70ºC até o pesodas sementes estabilizar. Os testes são realizados deacordo com as RAS, que nem sempre são adequa-das para determinadas espécies, dadas as grandesvariações morfológicas e fisiológicas das sementesou unidades de dispersão.

Para determinar o percentual de umidade, deve-se pesar as sementes para obter o peso inicial (Pi),após deve-se mantê-las em estufa de acordo com ométodo escolhido. Após o tempo de secagem deve-se pesar novamente as sementes, obtendo então opeso da matéria seca da semente (PS).

%U = Pi – PS . 100Pi

Onde: %U = umidade em percentualPi = Peso inicialPS = Peso após secagem em estufa

4.8. PREPARO DO SUBSTRATO

Para o sucesso na semeadura, há a necessida-de do controle de todas as etapas que envolvem aprodução e o preparo do substrato, a qualidade, acalibração, a combinação dos componentes utiliza-dos, além dos atributos físicos desejáveis aosubstrato produzido. Além disso, a escolha dos re-cipientes utilizados, bem como o preparo da semen-teira e a forma de semeadura, se direta ou indireta,devem ser definidos no início do processo. Neste

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item serão abordadas todas as etapas que envol-vem este processo, bem como o método adotadopelos viveiros da CESP (disponibilizados em manu-al digital, em 2000), quanto à forma de preparo dosubstrato.

4.8.1. Procedimentos

• Colocar os componentes do substrato, previa-mente selecionados, próximos à unidade de pre-paração da mistura. Estes componentes deve-rão estar devidamente peneirados (caso de ter-ra e areia) e beneficiados (caso de casca dearroz e húmus);

• Pesar e medir os componentes antes de seremmisturados para homogeneização. Para misturaro substrato podem-se usar enxadas (método ma-nual) ou misturador automático (adaptado do sis-tema de tratamento de sementes usado na agri-cultura ou, opcionalmente, uma betoneira adap-tada (Fig. 3);

• Homogeneizar muito bem os componentes damistura e, posteriormente, umedecê-la, sendo quenão deverá ficar encharcada, nem tampouco,muito seca. Uma forma prática de verificar se oteor de umidade está adequado é o teste das go-tas: apertando-se um pouco do substrato com amão, deverão se formar pequenas gotas entre osdedos, o que indica uma condição ideal de umida-de. No caso de não surgirem gotas, o substratoestá muito seco e, se escorrerem sobre a mão,indica o excesso de água.

4.8.2. Características do substrato

O substrato ou o meio de semeadura e cresci-mento pode ser de qualquer material, ou mistura demateriais, que reúnam várias características dese-jáveis e necessárias para o desenvolvimento efici-ente das mudas. Entre estas estão: a retenção equi-librada de água, como boa drenagem, boa aeraçãoe leveza. Além disso, o substrato deve ter um nívelbaixo a médio de fertilidade, apresentar homo-geneidade, capacidade de absorção de água e nu-trientes, facilidade de manuseio, ser de fácil aquisi-ção e não deve conter patógenos e substâncias tó-xicas às plântulas. Estas características permitirãoo bom desenvolvimento radicular e boa agregaçãodo conjunto raiz-substrato. A escolha e o preparodo substrato são decisões importantes e difíceis detomar, principalmente por não haver um substratoque seja ótimo e adequado às necessidades de to-das as espécies.

Um bom substrato deve ter boa capacidade dearejamento para o crescimento e desenvolvimentodo sistema radicular das plantas, sendo que a texturada mistura deve facilitar a livre passagem de água,de modo a permitir a entrada de oxigênio pela super-fície da raiz e a saída de água e gás carbônico.

O substrato deve ter o pH (medida do nível deacidez e alcalinidade) na faixa de 6,0 a 6,5. Somentesubstratos na faixa ideal de pH irão proporcionar aabsorção de todos os nutrientes que a planta neces-sita para o seu crescimento.

Várias doenças de solo podem atacar mudas pro-duzidas em viveiro e causar sérios prejuízos. Sendoassim, medidas preventivas devem ser tomadas paraque as doenças não ocorram ou proliferem nos vi-veiros. Normalmente, solos contêm fungos causa-dores de doenças, razão pela qual devem ser evita-dos na preparação de substratos.

No mercado, existem disponíveis substratos es-pecíficos para cada cultura. No entanto, a opção poradquirir um substrato pronto ou formular o seu pró-prio substrato, envolve uma série de fatores, entreos quais destaca-se o custo.

Figura 3 - Aspecto geral de uma betoneira manual, utilizadapara misturar os componentes do substrato.

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O produtor pode optar pelo preparo do própriosubstrato, utilizando materiais disponíveis e de baixocusto. Quanto às opções para produção do substrato,têm-se aqueles à base de casca de árvores, bagaçode cana, casca de arroz, serragem, areia e compos-tagem, entre outros. Praticamente a todos estes subs-tratos incorpora-se certa porção de vermiculita, pro-porcionando leveza, capacidade de absorção da água,estabilidade e agregação das partículas.

No processo de produção do substrato, os princi-pais fatores que devem ser observados quando daescolha dos materiais utilizados como substrato, são:(i) disponibilidade do material em qualquer época doano; (ii) o custo para sua obtenção; (iii) experiêncialocal na sua utilização, principalmente quanto à suaadequação para as mudas que serão produzidas; (iv)características físicas e químicas; e (v) ausência depatógenos e de substâncias tóxicas às plantas.

Características desejáveis(CESP, 2000)

• Porosidade: é determinada pelo grau de agrega-ção e estruturação das partículas que compõem osubstrato. O substrato deve ter bom equilíbrio en-tre macroporos (preenchidos por ar) e microporos(preenchidos por água) que determinam apermeabilidade, ou seja, a capacidade de drena-gem da mistura;

• Retenção de umidade: com grande influênciasobre a irrigação, também é definida pelo teor equalidade da matéria orgânica, sendo desejável queo substrato possa reter entre 20 a 22ml de água,por litro de substrato.

• Granulometria: quanto ao tamanho das partícu-las, é recomendável que os componentes apresen-tem mesma densidade e a amplitude de tamanhonão seja muito alta entre partículas grandes e pe-quenas (evitar a segregação, ou seja, separaçãodas partículas);

• Características químicas do substrato:

pH em H2O = 6,0 a 6,5

Fósforo = 300 a 600 g/cm3

Potássio (níveis de K/T x 100) = 5 a 8%.Cálcio + Magnésio (níveis de Ca+Mg/T x 100) =85 a 95%.

4.8.3. Tipos de substratos quepodem ser utilizados em viveiros

Composição do substrato

Pode ser utilizado substrato à base de húmus deminhoca, aditivado com os componentes nas propor-ções abaixo relacionados. A descrição da preparaçãodestes componentes será feita no próximo item e con-siste nos procedimentos adotados pelos viveiros daCESP, publicados em seu manual.

• Proporção

Casca de arroz carbonizada 30 %Húmus de minhoca 60 %Terra 03 %Areia 07 %

Após o preparo dos componentes do substratonas proporções descritas acima, adicionar os fertili-zantes conforme se segue:

• Adubação de substrato:

Calcário 250g/m3

Superfosfato simples 1,5 kg/m3

Sulfato de amônia 300 g/m3

Cloreto de potássio 120 g/m3

Micronutrientes (FTE BR 9 ou FTE BR 12)150 g/m3

Observações:

1) existem inúmeros compostos e substratos ofere-cidos no mercado, porém, ainda não há consensoentre os viveiristas sobre a melhor formulação, fi-cando a escolha a critério de cada equipe;

2) A critério do viveirista podem ser adotados osprocedimentos de desinfecção do substrato, uti-lizando-se substâncias fumegantes ou equipa-mentos apropriados que realizem a esteriliza-ção. Porém, devem ser observadas as restri-ções apresentadas no item 4.9.1, “Preparo desementeiras”.

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4.8.4. Preparo do húmus (CESP, 2000)

O húmus é um adubo orgânico produzido porminhocas, caracterizando-se como um materialleve, solto, com cheiro de terra fresca e aspectode pó-de-café, de coloração escura e fina granu-lação, sendo que a uniformidade granulométrica,capacidade de agregação (importante fator na for-mação do torrão), isenção de contaminantes eoutras impurezas, são características que justifi-cam a opção do seu uso para a composição dosubstrato a ser empregado no viveiro florestal.Para a obtenção do produto com estas caracterís-ticas é preciso critérios para a aquisição do ester-co, tais como:

a) Cuidado com a procedência do esterco, dandopreferência para esterco de gado confinado ousemi-confinado, o que confere maiores garantias,quanto a isenção de sementes de plantas invaso-ras;

b) O local de depósito destinado à finalização do pro-cesso de fermentação do esterco (curtimento) deveser cimentado e coberto.

Características desejáveis do esterco nomomento de colocá-lo nos canteiros

a) O esterco deve estar curtido, ou seja, apresentartemperatura estável, não superior à média do am-biente. O controle da temperatura pode ser reali-zado, observando a colocação de uma barra deferro (∅ 3/4) no interior do monte, sendo que épresumido um período de alta atividade em decor-rência do processo de fermentação, quando nãose consegue segurar a barra devido ao intensocalor (aproximadamente 70°C). Após este perío-do, a temperatura tende a se estabilizar, quandoatinge cerca de 20°C (dependendo da temperatu-ra externa).

b) Apresentar-se sem excesso de urina, sendo que,para tanto, é necessário realizar lavagens periódi-cas no monte depositado, antes da colocação noscanteiros de processamento.

c) Deixar descansar por um dia para sair o excessode água.

d) Feitos estes procedimentos, são colocados cincoquilos de minhocas/m3 de canteiro.

Manejo dos canteiros para produçãode húmus

O manejo objetiva, basicamente, proceder ao con-trole da temperatura e umidade, de forma a possibi-litar condições ideais de alimentação e reproduçãodas minhocas.

a) A temperatura nos canteiros deve ser acompa-nhada com termômetro colocado em cada um de-les, sendo que a temperatura ideal deverá estarentre 16° e 22°C.

b) Para possibilitar a transformação do esterco emhúmus de forma uniforme e ordenada (de cimapara baixo) é necessário efetuar uma coberturasobre o canteiro (sombrite, telhas, palha, etc.), paraque as minhocas não fiquem expostas aos raiosultravioletas do sol e abandonem o local (devido àfotofobia), sem processar devidamente o esterco.

c) É recomendável que a água utilizada no controleda temperatura e umidade não contenha cloro.

d) Antes da irrigação dos canteiros, realiza-se o tes-te descrito no item 4.8.1, que consiste em apertaruma pequena quantidade de húmus. Caso surjamgotas entre os dedos é sinal de que há umidadesatisfatória.

e) Ao aproximar-se o dia da retirada do húmus (dezdias antes), no caso de excesso de água, é precisofazer o revolvimento no canteiro, com ferramentado tipo rastelo, para soltar e enxugar o húmus. Emrazão deste procedimento as minhocas tendem ase alojar no fundo dos canteiros, o que facilita otrabalho de peneiramento e separação delas.

Obs.: No caso de excesso de chuvas, deverá serprovidenciada a colocação de “iscas”, que são sa-cos de estopa e/ou náilon com esterco, dispostos noscorredores entre os canteiros, para captura de mi-nhocas que fogem dos canteiros encharcados. Ossacos deverão ser trocados a cada dois dias.

f) Seguidas as recomendações, é esperado que oprocessamento do esterco demore entre 50 e

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60 dias, para a transformação completa emhúmus.

g) Quando houver programação de retirada de húmus,preparar antecipadamente outros canteiros dispo-níveis para efetuar o transporte das minhocas parao próximo lote de húmus a ser processado.

4.8.5. Estocagem doscomponentes do substrato

a) O húmus processado deverá ser depositado emlocal coberto e livre da exposição direta ao sol echuvas;

b) Caso haja disponibilidade de tempo, poderá serfeita a irrigação do húmus, a fim de estimular agerminação de sementes de plantas invasoras;

c) Para melhor controle e facilidade de trabalho daequipe que irá realizar o envasamento de tubetes,o húmus deve ser ensacado em medidas-padrão,ou seja, conforme as proporções já indicadas an-teriormente (item 4.8.3 – Proporção);

d) O controle de produção deverá ser feito por meiode plaquetas plásticas colocadas em cada cantei-ro, apresentando a data de colocação do esterco.A produção é controlada pelo número de sacosproduzidos.

Obs.: Todas as ferramentas devem estar sem cortee sem ponta, sendo necessário arredondar, ou“bolear” os instrumentos, para não ferirem as mi-nhocas.

4.9. SEMEADURA

4.9.1. Preparo das sementeiras

As sementeiras são canteiros especiais, destina-dos a acomodar elevada densidade de plântulas pormetro quadrado, onde serão semeadas espécies cujassementes apresentam problemas na germinação,quando colocadas diretamente no substrato dostubetes (CESP, 2000). O preparo das sementeirasconsiste na mistura de componentes do substrato,sua posterior desinfecção e a distribuição do mesmo

diretamente nas sementeiras (semeadura indireta).O preparo adequado das sementeiras é o passo ini-cial para o êxito do viveiro. A superfície de cada se-menteira deve ser sempre levemente abaulada, paranão haver problemas de empoçamento.

No preparo das sementeiras deve-se (i) proce-der à remoção total do substrato a ser substituído;(ii) verificar as condições do sistema de drenagemde água, procedendo às devidas correções para oscasos de sinais de poças (encharcamentos); (iii) mis-turar os seguintes componentes, considerando asdosagens apresentadas (CESP, 2000):

• 80% de areia média;

• 20% de húmus de minhoca (podem ser utiliza-das outras fontes de matéria orgânica, como estercobovino curtido).

Para colocar o substrato preparado nos canteirosdas sementeiras, deve-se observar que a mistura nãopode atingir o limite das paredes laterais. Recomen-da-se deixar cerca de um centímetro de altura, paraque possam ser acomodadas as sementes e, maistarde, ser feita a cobertura de areia. Posteriormenteé necessário acertar o nivelamento da areia, usandouma régua gabarito, de dimensão igual à largura docanteiro (Fig. 4).

4.9.2. Processo de desinfecçãodos canteiros

Para a desinfecção do substrato, após colocá-lona sementeira, deve-se irrigá-lo periodicamente, para

Figura 4 - Nivelamento da areia, durante o preparo dasementeira.

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que ocorra a germinação das sementes das espéciesindesejadas. Após o aparecimento dessas plantas nasementeira, estas deverão ser eliminadas, seja ma-nualmente (em poucos canteiros), ou ainda com ouso de herbicidas pós-emergentes, em caso de gran-des áreas de sementeiras (CESP, 2000).

Este método de desinfecção é recomendado quan-do há tempo disponível no planejamento de produ-ção, uma vez que requer cerca de 20 a 30 dias paraser executado. Caso não se tenha tempo suficientepara este procedimento, sendo necessário aceleraro processo, podem-se usar substâncias fumegantesindicadas para desinfecção de solos, sendo que estaopção apresenta vantagens quanto ao espectro deação e tratamento, agindo também sobre bactérias,fungos, nematóides e larvas (CESP, 2000).

No entanto, Carneiro (1995) cita como efeitosnegativos deste processo, o acúmulo do produto, ainjúria às mudas das espécies nativas, provocadaspelo produto, além da injúria aos microrganismosbenéficos, tais como micorrizas. Atualmente, já es-tão disponíveis no mercado fumegantes seletivos quenão comprometem as micorrizas (segundo especifi-cações do fabricante).

4 9.3. Processo de semeadura

Este processo consiste na distribuição das se-mentes sobre o substrato, enterrando-as ou deposi-tando-as na superfície do solo, dependendo das exi-gências de cada espécie quanto a presença ou au-sência de luz para germinação (sementesfotoblásticas), oferecendo as melhores condiçõespossíveis para a obtenção de uma boa taxa de ger-minação. A semeadura pode ser feita diretamenteno recipiente, em geral tubete (semeadura direta,ver adiante) ou em canteiros e sementeiras (seme-adura indireta).

Para as espécies nativas, o mais recomendado éa semeadura em canteiros ou sementeiras. Esta téc-nica é mais apropriada quando se trabalha com mui-tas espécies e, por conseqüência, vários tamanhosde sementes, sem ter conhecimento do podergerminativo das mesmas. Evita-se com isto o uso

desnecessário de embalagens onde não houver ger-minação.

4.9.4. Semeadura indireta

Neste tipo de semeadura as sementes são colo-cadas diretamente nos canteiros de pré-germina-ção (sementeiras), que já foram previamente pre-parados (Fig. 5). A organização deste procedimentovisa iniciar os processos de germinação de formarápida, obtendo-se uniformidade nas taxas de ger-minação.

Na programação desta atividade devem-se con-siderar as espécies que apresentem problemas degerminação, quando semeadas diretamente nostubetes. Entre os problemas apresentados, destacam-se: (i) sementes com baixo poder germinativo quan-do semeadas em substrato não arenoso; (ii) espéci-es que possuem germinação irregular (tempo), oumesmo (iii) sementes cujos procedimentos recomen-dados para tratamentos de quebra de dormência sãodesconhecidos. Devem ser semeadas diretamenteem sementeiras (iv) algumas espécies que possuemsementes grandes em relação ao diâmetro de aber-tura do tubete, (v) sementes que apresentem boa ger-minação, porém, que é desencadeada após 20 diasda semeadura, além de (vi) sementes com poder

Figura 5 - Processo de semeadura indireta.

Page 27: Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

26

germinativo desconhecido em razão do tempo dearmazenamento.

A semeadura indireta, apesar de constituir-se emuma das únicas atividades ainda executadas de for-ma “artesanal”, tem como propósito possibilitar oaumento da diversidade de espécies trabalhadas, umavez que é, ainda, o único meio de produção de algu-mas delas, devido não se ter definidos os parâmetrostécnicos destas sementes. Além disso, evita-se odesperdício de materiais e mão-de-obra, pois ofere-ce melhores condições de manejo do lote de mudasno viveiro, ou seja, garante a homogeneidade doplantel, facilitando operações subseqüentes como:adubações, seleções, raleamentos, etc.

4.9.5. Sistemas de semeadura indireta

As sementes podem ser agrupadas em três ti-pos de sistemas de semeadura nos canteiros, de-pendendo de suas características reprodutivas econsiderando a grande heterogeneidade de espéci-es. Abaixo são descritos os três procedimentos maisusuais, respeitando as características estruturais dassementes.

a) Para as sementes grandes e duras, após seremcolocadas sobre o substrato da sementeira, de-vem ser fixadas por meio de leves batidas com arégua de madeira (gabarito – este procedimentoevita que ocorram sobreposições de sementes).Após serem fixadas, as sementes devem ser co-bertas por fina camada de areia média (1mm a5mm) peneirada. Na Tabela 1, são apresentadosalguns exemplos de espécies a serem trabalhadasneste sistema. Para sementes de guapuruvu ejatobá, recomenda-se colocar individualmente asemente nos tubetes, respeitando-se a posição dohilo, que deve ser enterrado para baixo obedecen-do ao sentido que irá desenvolver o sistemaradicular (radícula) da plântula (Fig. 2).

b) Para sementes pequenas (minúsculas), neste casoé necessário que sejam bem espalhadas (a lanço)sobre o canteiro, para que não fiquem muitoadensadas, prejudicando sua germinação e a reti-rada das plântulas para repicagem. Não devem

receber mais do que 2mm de cobertura de areiamédia peneirada. Na Tabela 2 são exemplificadasespécies cuja semeadura deve obedecer a estemétodo.

c) Para as sementes aladas ou plumosas, a semea-dura deve ser feita em período de menor intensi-dade dos ventos. Deve-se proceder à irrigação dasuperfície do canteiro, antes da semeadura a lan-ço, para facilitar a fixação da semente na superfí-cie do substrato. A cobertura não deve ultrapas-sar 2mm de areia média peneirada. Na Tabela 3são exemplificadas espécies cuja semeadura deveobedecer a este método.

4.9.6. Semeadura direta

Neste procedimento, as sementes são depositadasdiretamente nos recipientes plásticos (tubetes). Ini-cia-se este processo com a preparação e enchimentodos recipientes, feito manualmente e diretamente naembalagem plástica, com auxílio de pás ou, em casode grande produção, com auxílio de máquina que au-xilia a compactação do substrato no tubete.

Para pequenos produtores que irão semear assementes em sacos plásticos, recomenda-se dobraras bordas do saco plástico (± 3 cm), para facilitar oenchimento e o transporte, diminuindo a probabilida-de dos sacos plásticos rasgarem, e portanto aumen-tando a sua vida útil.

A correta compactação do substrato no recipien-te é fundamental para evitar a presença de amplosespaços com ar no substrato. O excesso depermeabilidade ou compactação exagerada prejudi-cam o desenvolvimento radicular.

A semeadura direta deve ser efetuada emsubstrato irrigado previamente, sendo feita a perfu-ração ou coveamento do substrato no recipiente. Aperfuração do substrato deve ser feita com uma li-geira pressão, utilizando para isto ferramentas ade-quadas ao tamanho da semente. Isto permite a cen-tralização da semente e a sua correta cobertura, evi-tando o deslizamento para as laterais. Normalmentedevem ser semeadas duas sementes por recipiente

Page 28: Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

27

Tabela 1 – Exemplos de espécies arbóreas cujas sementes são grandes e duras, adequadas para o procedimento de semeadura indireta.

Machaerium aculeatum Raddi

Cordia alliodora (Ruiz & Pav.) Oken

Cupania racemosa (Vell.) Radlk.

Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.

Trema micrantha (L.) Blume

Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez

Cabralea canjerana (Vell.) Mart.

Rapanea ferruginea (Ruiz et Pav.) Mez.

Peschiera sp

Schizolobium parahyba (Vell.) S.F. Blake

Hymenaea courbaril L.

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman

Sapium glandulatum (Vell.) Pax

Guazuma ulmifolia Lam.

Ormosia fastigiata (Vell.) Harms

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong

Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg.

bico-de-pato

lourinho, falso-louro,louro-alho, louro-amarelo

caguantã

canafístula

candiúva

canela preta

canjerana

capororoca

gancheira

guapuruvu

jatobá

jatobá-do-cerrado

jerivá

leiteira

mutambo

olho-de-cabra

tamboril

tapiera

CL FSI ESVERD/PARDACENTO SET/OUT 5.200

CL FC AVERMELHADO JAN/MAR 5.400

CL FSD MARROM-CLARO OUT/NOV S/ REGISTRO

CL FSI MARROM-ESCURO MAI/JUN 6.500

CR FC AVERMELHADO JAN/MAI 180.000

CR FC PRETO NOV/DEZ 3.500

CR FSD AVERMELHADO AGO/NOV 1.500

CR FC PRETO NOV/DEZ 32.000

CR FC PARDACENTO ABR/MAI S/ REGIST.

CR FSD BEGE JUL/AGO S/ REGIST.

CL FSI MARROM JUL/OUT 300

CL FSI MARROM JUL/OUT 300

CL FC AMARELO SET/JAN 630

CR FC VERDE-CLARO JAN/FEV S/ REGIST.

CL FSD MARROM-ESCURO AGO/OUT 155.000

CL FSD MARROM-ESCURO AGO/SET 980

CR FSI PRETO MAI/OUT 4.200

CR FC MARROM-CLARO JAN/FEV 45.000

COPA

COPA

VIBRAÇÃO DOSRAMOS

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

VIBRAÇÃO DOSRAMOS

COPA

COPA

SOLO

COPA

COPA

COPA

VIBRAÇÃO DOSRAMOS

COPA

Fonte: CESP (2000)Legenda: FC – Fruto carnoso; FSI – Fruto seco indeiscente; FSD – Fruto seco deiscente; CR – Crescimento rápido; CL – Crescimento lento.

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR FRUTOS

TIPO COR (MATURAÇÃO)

CLASSIFiCAÇÃOSILVICULTURAL

ÉPOCACOLETA

MÉTODOCOLETA

SEMENTESKG

Page 29: Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

28 Tabela 2 – Exemplos de espécies arbóreas cujas sementes são muito pequenas e devem ser espalhadas sobre o substrato.

Carpotrache brasiliensis (Raddi) Endl

Mabea brasiliensis Müll.Arg.

Cecropia pachystachya Trécul

Ficus guaranitica Chodat

Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin

Tibouchina pulchra (Cham.) Cogn.

Didymopanax morototoni (Aubl.) Decne. & Planch.

Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.

canudeiro

canudo-de-pito

embaúba

figueira branca

jacatirão

manacá-da-serra

mandiocão

quaresma

CL FSD MARROM NOV/DEZ S/ REGIST.

CL FSI MARROM-ESCURO JUL/AGO 8.000

CL FC MARROM-ESCURO NOV/MAR 1.800.000

CL FC AVERMELHADO DEZ/JAN 3.000.000

CR FSD PRETO ABR/MAI S/ REGIST.

CR FC MARROM OUT/NOV 62.000

CL FSD ROXO ESCURO OUT/DEZ 54.000

CL FSD MARROM-CLARO ABR/MAI 3.800.000

COPA

COPA

COPA

VIBRAÇÃO DOSRAMOS

COPA

COPA

COPA

COPA

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR FRUTOS

TIPO COR (MATURAÇÃO)

CLASSIFiCAÇÃOSILVICULTURAL

ÉPOCACOLETA

MÉTODOCOLETA

SEMENTESKG

Fonte: CESP (2000)Legenda: FC – Fruto carnoso; FSI – Fruto seco indeiscente; FSD – Fruto seco deiscente; CR – Crescimento rápido; CL – Crescimento lento.

Tabela 3 – Exemplos de espécies com sementes aladas que devem ser semeadas sobre substrato irrigado.

Luehea divaricata Mart

Luehea candicans Mart

Aspidosperma olivaceum Müll.Arg.

Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.

Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sandwith

Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Toledo

Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo

Tabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb.

Jacaranda cuspidifolia Mart.

Cordia trichotoma (Vell.) Arrab ex Steud

açoita-cavalo

açoita-cavalo-grande

guatambu

ipê-amarelo-grande

ipê-branco

ipê-rosa

ipê-roxo

ipê-roxo-comum

caroba

louro-preto

CL FSD PARDACENTO JUN/AGO 160.000

CL FSD MARROM AGO/SET 185.000

CL FC MAROM-CLARO SET/OUT 3.200

CL FSD MARROM-CLARO JUL/AGO 70.000

CL FSD MARROM-CLARO AGO/OUT 66.000

CR FSD MARROM-CLARO JUL/AGO 16.500

CL FSD MARROM-CLARO AGO/SET 33.000

CL FSD MARROM-CLARO AGO/SET 13.500

CL FC MARROM-CLARO JUN/JUL 103.000

CR FSI MARROM-ESCURO JUL/SET 4.000

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR FRUTOS

TIPO COR (MATURAÇÃO)

CLASSIFiCAÇÃOSILVICULTURAL

ÉPOCACOLETA

MÉTODOCOLETA

SEMENTESKG

Fonte: CESP (2000)Legenda: FC – Fruto carnoso; FSI – Fruto seco indeiscente; FSD – Fruto seco deiscente; CR – Crescimento rápido; CL – Crescimento lento.

Page 30: Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

29

e, caso as duas germinem, uma será repicada para aembalagem que não houve germinação.

O sucesso da boa germinação depende de ar,calor e umidade, além da qualidade das sementessemeadas e das características da espécie, se dor-mentes ou não. A semeadura profunda pode acarre-tar maior tempo de germinação, gasto de energia,apodrecimento e ataque de fungos. Por outro lado, asemeadura rasa torna a germinação mais fácil, en-tretanto as sementes são mais atacadas por pássa-ros e roedores, e ficando com pouca umidade, sãolevadas facilmente pela água e pelo vento.

A melhor época para proceder a semeadura é aprimavera, no entanto em regiões em que o invernonão é muito rigoroso, a semeadura pode ser realiza-da no final do verão, com espécies resistentes a bai-xas temperaturas. A Tabela 4 (item 4.10) mostra asprincipais espécies-alvo listadas durante encontro daRede de Sementes do Pantanal, com informaçõesdisponíveis na literatura quanto aos parâmetros téc-nicos das sementes.

4.9.7. Manutenção dos canteiros

Os canteiros semeados devem ser protegidoscom cobertura do tipo sombrite 50% (Fig. 6) ou ou-tro material leve, não tóxico e higroscópico (que per-mite a passagem de água).

Este cuidado protege contra o ataque de insetos,além de conservar a umidade necessária, proporcio-nando emergência mais homogênea das plântulas.Também protege as sementes de chuvas, otimizandoa distribuição da água, protegendo também das osci-lações de temperatura na superfície do canteiro apóssemeadura (Carneiro, 1995). Portanto, o uso da co-bertura apresenta importante influência no índice desobrevivência das plântulas recém-germinadas.

O acompanhamento da atividade e o desenvol-vimento do processo de germinação deve ter espe-cial atenção do viveirista e/ou técnico responsável,pois ao primeiro indício de ataque de fungos, deve-rá ser providenciado o controle imediato destepatógeno conforme recomendação de profissionalhabilitado.

4.9.8. Irrigação das sementeirasou dos tubetes

A primeira irrigação deve se feita logo após acobertura com areia. Para tanto, podem-se usarmangueiras plásticas e/ou regadores, ou ainda umsistema de microaspersores (Fig. 6). Para qualquertécnica utilizada, deve-se ter o cuidado de regular otamanho das gotas no lançamento, de forma a evitarque ocorra a lavagem da cobertura de areia, ou oaprofundamento irregular de sementes pequenas, oque implicaria em dificuldades de germinação.

A irrigação de rotina deverá ser feita em trêsperíodos (dependendo das condições climáticas),sendo a primeira às 8 horas, a segunda às 11 horas ea terceira às 16 horas. Por tratar-se de processodelicado, a irrigação deverá ter acompanhamentoespecífico, cabendo ao viveirista avaliar a hora certade executá-la.

4.9.9. Controle dos lotes e dasespécies plantadas

Todos os registros que foram lançados na fichade campo, durante o processo de coleta de semen-tes, deverão ser lançados no lote semeado. Este de-verá possuir planilha própria e ser identificado em

Figura 6 - Detalhe do processo de irrigação e da proteção dassementeiras por sombrite.

Page 31: Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

30

plaqueta plástica, que deverá ser colocada no cantoesquerdo de cada área ocupada pelas sementes nasementeira, contendo as seguintes informações:

• Nome vulgar;

• Número do lote de coleta;

• Uso – Indicação de local adequado para plantioda muda (reflorestamento, recuperação de áreasdegradadas, arborização urbana, arredores de nas-centes, outros);

• Data da semeadura.

4.9.10. Repicagem das mudas obtidasnas sementeiras

O processo de transplante das mudas das semen-teiras para as embalagens (tubetes ou sacos plásti-cos) denomina-se repicagem. Esta atividade tem opropósito de tornar o lote homogêneo e é comple-mentar à semeadura indireta.

A época recomendada para a repicagem deveser aquela de estagnação do crescimento vegetativo.No entanto, isto difere de espécie para espécie edepende da época da semeadura, da rapidez docrescimento e das condições meteorológicas. Emgeral, quando as plântulas possuem dois pares defolhas (mínimo) e até cinco centímetros de sistemaradicular, devem ser retiradas dos canteiros, ondese acham aglomeradas, e colocadas nos recipien-tes que irão se desenvolver (Fig. 7). Devem-se ob-servar as características de cada espécie para rea-lizar este processo, pois nem sempre a velocidade

de crescimento radicular é a mesma, bem como nemsempre se pode aguardar a emissão do segundo parde folhas.

O melhor momento para proceder a repicagemsão dias nublados, úmidos e com pouco vento. Mes-mo em locais onde há sombreamento direto, como éo caso das estufas (sementeiras cobertas) projetadaspara o viveiro, o ideal é proceder a repicagem nestascondições, independente da época.

Deve-se avaliar atentamente o lote de plântulasa serem transplantadas, pois se considera válido oinício da repicagem quando o lote apresenta mais de50% de plântulas no ponto de transplante. Assim,considerando-se os descartes na seleção, é previstoque um mesmo lote seja trabalhado em duas oportu-nidades.

Nunca deixar que as raízes sequem, por ficaremexpostas ao sol ou ao vento por muito tempo, duran-te a repicagem. Caso isto ocorra a possibilidade desobrevivência é menor ou mesmo poderá ocorrerretardo no crescimento da muda.

Os procedimentos para a repicagem deve ocor-rer logo após o preparo e enchimento dos recipien-tes com substrato, e consiste em (i) irrigar previa-mente as sementeiras; (ii) retirar as mudas da se-menteiras, quando estas atingirem cerca de cincocm de altura, acondicionando-as em recipiente comágua (Fig.7); (iii) selecionar as mudas, evitando asmal formadas e defeituosas; (iv) aparar, com te-soura, as raízes quebradas ou aquelas pivotantesmuito grandes, que possam dificultar o transplante;(v) colocar a muda no centro do recipiente, que deveser previamente perfurado, evitando o dobramentodas raízes, ou que elas fiquem emaranhadas ou tor-cidas, pois as raízes devem ficar retas e no sentidovertical, otimizando o desenvolvimento da plântula.Por último, (vi) enterrar a muda até o colo (regiãode transição entre a raiz e o caule), cobrindo-a como substrato (Fig. 8)

4.9.11. Desbaste

Quando há excesso de plântulas germinadas nostubetes, onde foram executadas as atividades de se-Figura 7 - Repicagem das plântulas nas sementeiras.

Page 32: Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

31

meadura direta, deve-se fazer o desbaste. Esta pro-cesso consiste na primeira seleção das mudas pro-duzidas, cuja finalidade é promover a homogeneizaçãodo lote de plântulas. Quanto mais homogêneo o lote,melhores as condições de desenvolvimento para amuda a ser produzida.

O processo de desbaste deve ocorrer quando asplântulas apresentarem altura variando entre três acinco centímetros. Elas atingem este tamanho por voltado 15º ao 30º dia da semeadura (dependendo da espé-cie, ou ainda, da qualidade do lote de sementes).

O momento ideal para fazer o desbaste é quandoa plântula apresentar dois ou três pares de folhas.Na seleção da plântula a ser mantida para a forma-ção da muda devem ser consideradas aquelas quese apresentarem mais resistentes e sadias (aspectosvisuais), dando preferência às que estiverem no cen-tro do tubete.

Para o procedimento do desbaste são utilizadastesouras sem ponta (do tipo escolar), sendo que aeliminação das plântulas não selecionadas deverá serfeita na altura da região do colo (Fig. 9).

Figura 8 - Plantio da muda em tubete.

Figura 9 - Detalhe do desbaste das plântulas nos tubetes.

Page 33: Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

32

Tabela 4 – Lista das espécies-alvo do Pantanal, acompanhada da classe ecológica que pertence (classificação silvicultural), características dos frutos, época de colheita,número de sementes por quilograma e método de coleta das sementes.

Acosmium subelegans (Mohl.) Yakol.

Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd.

Alibertia sessilis (Vell.) K. Schum.

Anacardium humile St. Hil.

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan

Annona cornifolia A St. Hil.

Aspidosperma australe Müll. Arg.

Aspidosperma cylindrocarponMüll. Arg.

Aspidosperma quebracho-blanco Schl.

Apidosperma tomentosum Mart.

Astronium fraxinifolium Schott

Bowdichia virgilioides Kunth

Buchenavia tomentosa Eichl.

Calophyllum brasiliense Camb.

Caryocar brasiliense Cambess.

Casearia decandra Jacq.

Casearia sylvestris Sw.

Cassia grandis L.f.

Cedrela fissilis Vell.

Cereus peruvianus (L.) J.S. Muell.Copaifera langsdorffii Desf.

Copernicia alba Morong

Cordia alliodora (R. et P.) Cham.

quina-genciana,amendoim-falso,chapadinha,sucupira-branca.

bocaiúva, macaúba,coco-baboso.

marmelada

caju-do-cerrado

angico-vermelho, angico-branco, cambui-angico

ata-de-cobra

guatambu,guatambu-amarelo

peroba-rosa, peroba-poca,peroba-iquira.

quebracho-branco

peroba-do-campo

gonçalo-alves, aroeira docampo, aroeira vermelha

sucupira-preta, sucupira-do-cerrado, sucupira-açú

tarumarana

guanandi, jacareuba (am),olandim

pequi, piqui, amendoa-de-espinho, suari

pururuca

chá-de-frade, guaçatunga,cafezeiro-do-mato

canafístula, geneúna,cassia-grande

cedro, cedro-rosa, cedro-batata, cedro-amarelo

urumbeba

copaíba

carandá

lourinho, falso-louro

CL FSI MARROM-ESCURO MAR/ABRIL 69.000

CL FC VERDE SET/JAN 30

CR FC PRETO NOV/DEZ 25.000

CR FC PRETO OUT/DEZ -

CR _ _ ABR/JUN. _

FC VERDE DEZ/JUN -

_ FSD VERDE JUL/AGO -

_ _ _ SET/OUT _

- - MARROM-CLARO SET/NOV -

- - - MAI/JUN -

CR - - OUT/NOV 35500

CR - MARROM-CLARO OUT/DEZ 36700

CR - - AGO/SET -

- - - - 650

CL FC VERDE JAN/FEV 145

- - - NOV/JAN -

CR - VERDE OUT/NOV 84000

CR FSD VERDE AGO/SET 1890

CR FSD VERDE JUN/AGO 21000

- FC - - -

CM FSD MARROM-CLARO AGO/SET 1.720

CL FC VERDE - -

- - - SET/OUT -

COPA

COPA

COPA

COPA

_

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

SOLO

SOLO

-

-

COPA

-

COPA

SOLO

COPA

-

COPA

COPA

-

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR FRUTOS

TIPO COR (MATURAÇÃO)

CLASSIFiCAÇÃOSILVICULTURAL

ÉPOCACOLETA

MÉTODOCOLETA

SEMENTESKG

Page 34: Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

33

Cordia glabrata (Mart.) A.DC.

Couepia grandiflora (Mart. et Zucc.) Bth. ex Hook.

Croton floribundus Spreng.

Curatella americana L.

Dimorphandra mollis Beth.

Diospyros obovata Jacq.

Dipteryx alata Vog.

Diptychandra aurantiaca (Mart.) Tul.

Enterolobium contortisiliquum(Vell.) Morong

Eriotheca gracilipes (Schum.) Robyns

Erythrina fusca Lourt.

Eugenia aurata Berg

Eugenia pyriformis Cambess.

Ficus calyptroceras (Miq.) Miq.

Ficus insipida Willd.

Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms

Genipa americana L.

Guibourtia hymenifolia (Moric.) J.Leonard

Hancornia speciosa Gom.

Hymenaea courbaril L.

Hymenaea stigonocarpa (Mart.) Hayne

Inga uruguensis Hook. & Arn.

Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc.

Jacaranda cuspidifolia Mart. ex A. DC

louro-preto, louro-de-mato-grosso, louro-branco

genciana, saquiana,angelim-branco,

fruta-de-ema

capinxingui, tapixingui,velame, capixingui

lixeira, cajueiro-bravo,caimbé, combarba,

pentieira, sobro

faveira, fava-de-anta,farinha, barbatimão-falso

olho-de-boi

cumbaru, baru, barujo,coco-feijão; pau-cumaru

balsemim, carvão-vermelho

tamboril

paina, imbiruçu, embira

abobreira, carne-de-vaca

cabeludinho

eucalipto-do-campo, uvaia,uvalha-do-campo

figueira, gameleira

figueira, mata-paufigueira-do-brejo

pau-alho, ibirarema,guararema

genipapo, genipá, genipaba

jatobá-mirim

mangaba

jatobá-mirim

jatobá-do-cerrado

ingá, anga, ingá-do-brejo

gordiana

caroba

CM - MARROM-CLARO SET/OUT 3800

CL - AMARELO JAN/FEV 110

CR - MARROM JAN/FEV 24900

CL - VERDE OUT/NOV 57800

- - - AGO/SET -

- FC - NOV/JAN -

CM - MARROM-CLARO SET/OUT 30

CM - MARROM JUL/SET 1700

CR FSI PRETO SET/OUT 4.200

CR MARROM SET/OUT 19000

- - - DEZ/JAN -

- - - JUL/NOV -

CL - AMARELO OUT/JAN 1170

- - AGO/DEZ -

CR - VERDE JAN/FEV 28.000.000

CR FSI MARROM SET/OUT 15200

CM FSD MARROM NOV/DEZ 14280

CL FSC MARROM JUL/SET 1.400

CL - MARROM-CLARO NOV/JAN 9500

CL FSI MARROM JUL/OUT 300

CL FSI MARROM JUL/OUT 300

CR - MARROM-CLARO DEZ/FEV 760

- - MARROM ABR/JUL -

CL FC MARROM-CLARO JUN/JUL 103.000

COPA

SOLO

COPA

COPA

-

-

SOLO

COPA

VIBRAÇÃO DOSRAMOS

COPA

-

-

SOLO

-

SOLO

SOLO

SOLO

COPA/SOLO

SOLA

COPA

COPA

SOLO

COPA

COPA

Tabela 4 – Lista das espécies-alvo do Pantanal, acompanhada da classe ecológica que pertence (classificação silvicultural), características dos frutos, época de colheita,número de sementes por quilograma e método de coleta das sementes (continuação).

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR FRUTOS

TIPO COR (MATURAÇÃO)

CLASSIFiCAÇÃOSILVICULTURAL

ÉPOCACOLETA

MÉTODOCOLETA

SEMENTESKG

Page 35: Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

34

Tabela 4 – Lista das espécies-alvo do Pantanal, acompanhada da classe ecológica que pertence (classificação silvicultural), características dos frutos, época de colheita,número de sementes por quilograma e método de coleta das sementes (continuação).

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR FRUTOS

TIPO COR (MATURAÇÃO)

CLASSIFiCAÇÃOSILVICULTURAL

ÉPOCACOLETA

MÉTODOCOLETA

SEMENTESKG

Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC.

Luehea candicans Mart.

Luehea divaricata Mart.

Mabea brasiliensis Müll. Arg.

Machaerium aculeatum Raddi

Maclura tinctoria (L.) D. Don. ex Stender

Mauritia vinifera Mart.

Mouriri elliptica Mart.

Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin

Myracrodruon urundeuva Allemão

Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez

Orbignya oleifera Burret

Ormosia fastigiata (Vell.) Harms

Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.

Pereskia sacharosa Gris.

Pithecolobium scalare Griseb.

Plathymenia reticulata Benth.

Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk.

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand

Pseudobombax longiflorum (Martius & Zuccarini)...A. Robyns

Pterogyne nitens Tul.

Qualea grandiflora Mart.

Qualea parviflora Mart.

Rhamnidium elaeocarpum Reissek

Rheedia brasiliensis (Mart.) Planch. & Triana

Rollinia emarginata Schltdl.

Salvertia convallariodora A. St.-Hil.

Sapindus saponaria L.

Sapium glandulatum (Vell.) Pax

Sapium sp.

Schinopsis balansae Engl.

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman

falso-ingá

açoita-cavalo-grande

açoita-cavalo

canudo-de-pito

bico-de-pato

Amora do mato

buriti

coroa-de-frade

jacatirão

aroeira

canela-preta

aguaçu, babaçu

olho-de-cabra

canafístula

gancheira

barreiro

vinhático

fruta-de-veado

almecega

imbiruçu

bálsamo-do-pantanal,amendoim-do-campo

pau-terra

pau-terrinha

cabriteiro

bacupari

arixicum-do-mato

saboneteira

leiteira

leiteiro

quebracho-vermelho

jerivá

CR - MARROM-CLARO JUL/AGO 2600

CL FSD MARROM AGO/SET 185.000

CL FSD PARDACENTO JUN/AGO 160.000

CL FSI MARROM-ESCURO JUL/AGO 8.000

CL FSI ESVERD/PARDACENTO SET/OUT 5.200

CM FC AMARELO-ESVERDEADO SET/DEZ 384.000

- FC - AGO/SET -

- FSD - DEZ/JAN -

CR FSD PRETO ABR/MAI -

CR - AMARELO SET/OUT 65000

CR FC PRETO NOV/DEZ 3.500

- FC - - -

CL FSD MARROM-ESCURO MAI/OUT 980

CL FSI MARROM-ESCURO MAI/JUN 6.500

CR FC PARDACENTO ABR/MAI -

- - JUL/SET

CL - MARROM AGO/SET 33200

CM - VERDE JAN/FEV 660

CM - AMARELO NOV/DEZ 11000

- - - JUL/AGO -

CR - PALEÁCEA MAI/JUN 5700

CL - AGO/SET 5200

CL - MARROM SET/OUT 30000

CR - ROXO DEZ/MAR 18500

CL - - SET/JUN -

- - - - -

CL - VERDE AGO/SET 7500

CM FC MARROM SET/OUT 1.870

CR FC VERDE-CLARO JAN/FEV -

CM - VERDE JAN/MAR 18200

CR - MARROM MAR/MAI 3000

CL FC AMARELO SET/JAN 630

SOLO

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA/SOLO

-

-

COPA

SOLO

COPA

-

COPA

COPA

COPA

COPA

SOLO

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

SOLO

-

-

COPA

COPA

COPA

COPA

SOLO

SOLO

Page 36: Producao Mudas e Sementes Pantanal 2

35

Stryphnodendron obovatum Benth.

Sweetia fruticosa Spreng.

Tabebuia alba (Cham.) Sandwith

Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore

Tabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb.

Tabebuia chrysotricha (Mart. ex A. DC.) Standl.

Tabebuia dura (Bureau ex K. Schum.) Sprague & Sandwith

Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo

Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl.

Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.

Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith

Tabebuia serratifolia (Vahl) G. Nicholson

Tabebuia vellosoi Toledo

Terminalia argentea Mart.

Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.

Tibouchina pulchra (Cham.) Cogn.

Trema micrantha (L.) Blume

Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke

Vitex cymosa Bertero ex Spreng.

Vochysia cinnamomea Pohl

Vochysia divergens Pohl

Xylopia aromatica (Lam.) Mart.

Zanthoxylum chiloperone Mart. ex Engl.

Zanthoxylum hasslerianum (Chodat) Pirani

barbatimão

chifre-de-veado

ipê-amarelo-da-serra

para-tudo, ipê-amarelo,carabeira

ipê-roxo-comum

ipê-amarelo-cascudo

ipê-branco-do-brejo

ipê-roxo

ipê-rosa

ipê-amarelo-grande

ipê-branco

ipê-amarelo

ipê-carcudo, cavatã,ipê-amarelo

capitão, capitão-do-cerrado

quaresma

manacá-da-serra

candiúva

angelim

tarumã

quina-doce

cambará

pindaíba, pimenta-de-macaco

cera-cozida

mamica-de-porca

- - - OUT/MAR -

CL - AMARELO OUT/DEZ 5100

CR - MARROM OUT/DEZ 85400

CL - VERDE-ESCURO SET/OUT 6700

CL FSD MARROM CLARO AGO/SET 13.500

CM - MARROM-CLARO SET/OUT 86000

CL - MARROM SET/NOV 42000

CL FSD MARROM-CLARO AGO/SET 33.000

CR FSD MARROM-CLARO JUL/AGO 16.500

CL FSD MARROM-CLARO JUL/AGO 70.000

CL FSD MARROM-CLARO AGO/OUT 66.000

CM - MARROM-CLARO OUT/DEZ 25000

CL - MARROM-ESCURO OUT/NOV 15200

CM - AMARELO JUL/SET 2800

CL FSD MARROM-CLARO ABR/MAI 3.800.000

CR FC MARROM OUT/NOV 62.000

CR FC AVERMELHADO JAN/MAI 180.000

CL - MARROM-CLARO DEZ/JAN 700

CM - ROXO NOV/JAN 1850

CL - VERDE AGO/SET 3500

CR - VERDE DEZ/JAN 19500

CL - VERDE ABR/JUL 11500

- - - - -

CR - MARROM-ESCURO - 18600

-

SOLO

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

COPA

SOLO

COPA

COPA

COPA

SOLO

SOLO

COPA

COPA

COPA

-

COPA

Tabela 4 – Lista das espécies-alvo do Pantanal, acompanhada da classe ecológica que pertence (classificação silvicultural), características dos frutos, época de colheita,número de sementes por quilograma e método de coleta das sementes (conclusão).

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR FRUTOS

TIPO COR (MATURAÇÃO)

CLASSIFiCAÇÃOSILVICULTURAL

ÉPOCACOLETA

MÉTODOCOLETA

SEMENTESKG

Baseado em Lorenzi (2000 e 2002) Lorenzi et al. (2004) e Pott & Pott (1994)

Legenda: FC – Fruto carnoso; FSI – Fruto seco indeiscente; FSD – Fruto seco deiscente; CR – Crescimento rápido; CL – Crescimento lento; CM – Crescimento moderado.

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36

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37

O processo de irrigação acompanha toda a linhade produção, desde as atividades desenvolvidas comsementes (em sementeiras ou tubetes), até o pontode expedição das mudas. Esta atividade é essenciala toda dinâmica do viveiro, pois estabelece impor-tantes e decisivas correlações que determinam osprincipais critérios para se avaliar as condições dedesenvolvimento a que devem ser submetidas asmudas. Como cada região geográfica possui carac-terísticas específicas e a própria necessidade hídricade cada espécie pode variar, esses fatores dificul-tam o estabelecimento de um procedimento padrãoquanto às necessidades e periodicidade de irrigação.

Os diversos setores (fases) de produção no vi-veiro também exigem condições distintas de irriga-ção, e fica a critério de cada produtor estabelecer osfatores que determinam a irrigação em seu viveiro,conforme sua conveniência.

As variáveis durante o período de produção sãosobrepostas, o que exige interpretação individualiza-da do conjunto espécie x condições climáticas xsistema de irrigação x manejo. Portanto, o produ-tor deve observar continuamente o sistema de pro-dução implantado em seu viveiro e contemplar ainteração pesquisa/processo como parte integranteda atividade, elaborando o planejamento anual e ten-

5. IRRIGAÇÃO DA PRODUÇÃO

do como meta o aperfeiçoamento contínuo de suaprodução.

5.1. PROCESSO DE IRRIGAÇÃORESPEITANDO OS ESTÁGIOS DE

DESENVOLVIMENT O DAS PLÂNTULAS

Os diferentes estágios de desenvolvimento dasplântulas exigem condições de manejo distintos (verdetalhes no item 3.2) quando considerados os gru-pos (G1, G2 e G3), como descrito abaixo:

• G1 e berçário: por não ocorrer interferência dosistema radicular e da arquitetura das mudas,pode-se aplicar duas lâminas d’água diferencia-das, somente em razão da maior ou menor exi-gência hídrica de cada espécie;

• G2 e G3: para o manejo destes dois grupos, de-vem-se analisar vários fatores que podem indicarformas distintas de manejo. Os estágios de de-senvolvimento, ou seja, os arranjos espaciais en-tre mudas da mesma espécie (lotes diferentes)em início de desenvolvimento, e aqueles que irãocompor o gupo G3, devem ser tratados de manei-ra distinta. Os lotes adubados que requerem rega,diferem dos não adubados; os lotes não raleadostêm maior necessidade de irrigação do que os lo-

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tes raleados; ou seja, todas estas questões de-vem ser levadas em conta no processo de mane-jo destes grupos. Sendo assim, torna-se impres-cindível ter um sistema de irrigação setorial, quepermita uma ampla flexibilização dos tempos derega e o tipo de lâminas d’água aplicadas em di-ferentes parcelas, capazes de acomodar essasdiversas variáveis, ou parte delas, da melhor for-ma possível.

5.2. NECESSIDADE HÍDRICA DASVARIADAS ESPÉCIES

Este é o fator determinante para o estabeleci-mento do mosaico de produção, devido cada espéciepossuir necessidades distintas quanto ao tempo, fre-qüência e quantidade de água. O modelo de mosaicoadotado deve ser montado, tomando como base asrespostas decifradas por meio da análise das seguin-tes características, conforme estabelecido no manu-al da CESP (2000):

• Velocidade de crescimento: espécies de rápi-do crescimento necessitam mudanças deposicionamento freqüentes, o que resulta em novoarranjo no mosaico.

• Desenvolvimento do sistema radicular e colo:casos como Erythrina, Chorisia e Cedrella, sãoexemplos de alta capacidade de ocupação de sig-nificativa porção do volume reservado aosubstrato, ou seja, menor capacidade de reten-ção de umidade, maior necessidade de irrigação.

• Necessidade da espécie: este critério é o maisutilizado na arrumação do viveiro, uma vez queatende a uma suposta necessidade “natural” decada espécie; porém, a divisão entre as que re-querem mais ou menos água deve ser testada noviveiro, pois as informações de campo servemtão somente como balizadoras para uma análisemais detalhada.

• Ar quitetura da muda: em razão da alta diversi-dade de espécies, são inúmeras as diferenças en-contradas na inserção foliar. Algumas espécies

são extremamente eficientes na coleta das gotasde água (ex: Psidium); por outro lado, existemaquelas que têm na estrutura foliar verdadeiros“escudos”, que interferem no sistema de irriga-ção (ex: Croton).

A setorização do sistema de irrigação dos cantei-ros, adotado nos viveiros da CESP, é dividido emparcelas (geralmente de 12m x 6m, dependendo doformato da área disponível) e proporciona orecobrimento individualizado. A implantação do sis-tema de mosaico para irrigação representa um im-portante aliado do viveirista na condução e manejodas mudas, pois otimiza a utilização da água e o me-lhor crescimento das mudas. Se uma parte do lotede plantas receber água e adubação diferenciada nãoterá crescimento homogêneo, gerando plantas maio-res e menores num mesmo lote.

No entanto, o sistema deve permitir o seu aper-feiçoamento contínuo, podendo utilizar a avaliaçãodos fornecedores, que podem oferecer ampla asses-soria para casos de novos lançamentos de produtos,etc. O aprimoramento das técnicas operacionais,somado aos conhecimentos adquiridos sobre o ma-nejo de cada espécie, é necessário, adequando o sis-tema às novas técnicas e rotinas, otimizando a pro-dução.

5.3. QUALIDADE DO RECURSOHÍDRICO

Antes da definição do sistema de irrigação a seradotado, a análise criteriosa dos recursos hídricosque atenderão a irrigação deve ser realizada. Entreos aspectos analisados, a incidência de materialparticulado, a presença de substâncias químicas quepodem provocar danos às mudas, a condições de pHe condutividade elétrica devem ser consideradoscomo fatores importantes no processo de irrigação.

Na Tabela 5 indicam-se as características dese-jáveis da água quanto à salinidade e à toxidez dealguns íons, bem como o grau de restrição de uso,fatores importantes a serem considerados no pro-cesso de produção de mudas.

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39

Unidade Grau de restrição para o uso de águaVariável

1. Salinidade

CE1

STS2

2. Toxidez de Íons(afeta espécies sensíveis)

Sódio

Cloreto

Boro

Nitrogênio

Bicarbonato

dS/m < 0,7 0,7 - 2,0 2,5 - 3,0 > 3,0

mS/m < 450 450 - 1.200 1.201 - 2.000 > 2.000

mg/L < 70 70 - 140 141 - 200 > 200

mg/L < 100 100 - 250 250 - 350 > 350

mg/L < 0,7 0,7 - 2,0 2,0 - 3,0 > 3,0

mg/L < 5,0 5,0 -18 18 - 30 > 30

mg/L < 90 90 - 270 271 - 520 > 520

Nenhum Baixo Moderado Alto

Tabela 5 – Características desejáveis da água disponível no viveiro para irrigação da produção.

Fonte: Dr. José Leonardo de Moraes Gonçalves, ESALQ/USP1 Condutividade Elétrica da Água: medida de salinidade medida em deciSiemens por metro (dS/m) ou miliSiemens por centímetro (mS/m) a 25ºC

2 Sais Totais em Solução: STS (mg/L) = 640 x CE

pH: faixa normal 6,5 a 8,4

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O bom desenvolvimento das mudas ocorre quan-do o solo é fértil e tem uma boa quantidade de nitro-gênio, fósforo e potássio. Além destes elementos,que são os macronutrientes, existem outros elemen-tos que são necessários para a saúde e vigor dasmudas, entre eles: Manganês, Enxofre, Ferro, Co-bre, Zinco, Sódio, Cloro e Boro.

Nos adubos comerciais observam-se três núme-ros que indicam a proporção de Nitrogênio, (N), Fós-foro (P) e Potássio (K) existentes na sua composi-ção. Exemplo: adubo 4:14:8 indica que a mistura con-tém quatro partes de N, 14 de P e 8 de K. É impor-tante lembrar que a adubação excessiva também éprejudicial, trazendo sérias conseqüências às mudas.

A adubação com compostos comerciais é impor-tante; no entanto, a matéria orgânica existente nosolo apresenta inúmeros benefícios para as mudas.Entre os benefícios apresentados estão a melhoriada estrutura do solo e a diminuição da lixiviação dosnutrientes. A matéria orgânica também aumenta acapacidade de retenção e absorção d’água e favo-rece o crescimento de organismos benéficos.

Podem-se encontrar várias fontes de matéria or-gânica, como os fertilizantes orgânicos comerciais,esterco (de galinha e de carneiro são melhores) e

6. ADUBAÇÃO DAS PLÂNTULAS

húmus. Entretanto, deve-se tomar cuidado com o usode esterco, pois pode haver o risco de contaminaçãopor agentes patogênicos, ou ainda, quando este nãoestiver bem curtido, de queimar as raízes. Neste as-pecto, utilizar um substrato especialmente produzidopara sua produção é mais seguro e eficaz (ver item4.8.2, "Características do Substrato").

Em decorrência das características físicas dosubstrato (drenagem e lixiviação), é necessário fa-zer as adubações complementares de cobertura. Aoferta de nutrientes em períodos estabelecidos visadar continuidade ao ritmo de crescimento das plântulase garantir as condições gerais das mudas. Os nutri-entes empregados destinam-se a absorção pelo sis-tema radicular, ou seja, não ocorre a absorção dosnutrientes pela folha. Neste aspecto deve-se empre-gar um método que garanta que os nutrientes pos-sam atingir o substrato.

Alguns métodos podem ser empregados para aadubação das mudas, que pode ser feita (i) manual-mente com regador, seguindo as recomendaçõestécnicas, indicadas nos manuais de fertilizantes quí-micos, que devem ser pesados nas formulações equantidades estabelecidas. Para este processo deve-se misturar o adubo com água em baldes de 20 litrosaté a diluição máxima, filtrando a solução posterior-

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mente e despejando-a em um recipiente maior (50litros), para facilitar a retirada da solução com o re-gador. Um regador de cinco litros tem capacidadepara adubação de dez bandejas. Deve-se ter especi-al atenção àquelas bandejas ainda não raleadas (quenão foi feito desbaste), com ocupação de 100%, deforma a garantir a distribuição homogênea da for-mulação entre todas as mudas a serem banhadas.Também se pode realizar a adubação (ii) manual-mente com haste de pulverização, cuja aplicaçãoé feita utilizando máquina de alta compressão, do tipo“WAAP”. Nesta é acoplada uma haste ou barra uti-lizada na pulverização de culturas agrícolas, com trêsbicos aplicadores com jato em leque (Fig. 10). Oprocedimento quanto ao preparo da formulação é omesmo do anterior. O rendimento nesse sistema éde 32 bandejas para dez litros de formulação. O tempodesta operação deve ser o suficiente para o totalrecobrimento das mudas, para que a formulação es-corra pelos caules e atinja o substrato.

A demanda por adubação por grupo de produção(G1, G2 e G3), está relacionada na Tabela 6, cujadefinição foi estabelecida nos viveiros da CESP, re-comendado para sua produção de espécies flores-tais nativas.

6.1. VARIAÇÕES DAS NECESSIDADESNUTRICIONAIS ENTRE ESPÉCIES

DE DIFERENTES CLASSESSUCESSIONAIS

Existe uma demanda variável das condiçõesabióticas (principalmente luz, nutrientes e umi-dade) durante as diferentes fases de crescimen-to das mudas de estágios sucessionais distintos(classes ecológicas). As espécies pioneiras (ouseja, as que primeiro colonizam os espaços vazi-os de um ambiente) possuem crescimento muitomais rápido que as sucessoras iniciais, tardias ouespécies-clímax (Tabela 7). Conseqüentemente,as espécies pioneiras têm maior demanda pornutrientes: possuindo crescimento rápido, neces-sitam de adubação freqüente, resultando embiomassa bem maior que as demais espécies noestágio de muda. Este fato pode ser demonstra-do pela formação de maior superfície radicular(Fig. 11), justificada pela necessidade de suprir ademanda por água e nutrientes. Como conseqü-ência, as pioneiras possuem maior probabilidadede enovelamento das raízes, sendo sensíveis àcompactação, apresentando maior quantidade deraízes finas, que são mais ramificadas e mais ama-reladas (Tabela 7). É freqüente a ocorrência deproblemas de enovelamento no saquinho plásticoe, mais raramente, em tubetes.

É fácil notar, nos viveiros e no campo, que asespécies pioneiras respondem melhor e mais rapida-mente ao processo de adubação, seguido das suces-soras iniciais, tardias, e clímax. Sendo assim, a ne-cessidade por adubação em viveiro é muito menornas sucessoras tardias e nas clímax, quando compa-radas com as pioneiras (Tabela 8).

Em geral para as espécies clímax (ou seja, pre-sentes no final de sucessão ecológica), os nutrientescontidos no substrato já são suficientes. As espéciessucessoras secundárias têm crescimento mais lentoe mesmo com tempo similar de desenvolvimento emviveiro, têm menor densidade de raízes. Espéciesclímax, como exemplo o jatobá, que possui sementesgrandes com muita reserva, têm um arranque inicialde crescimento e, posteriormente, crescem lentamen-Figura 10 - Adubação da produção, utilizando haste para

pulverização do produto.

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43

ADUBAÇÃO I 5g uréia/lH2O ADUBAÇÃO II 5g uréia + 5g KCl/lH2O

G1 – 1 a 2 adubações 25 a 30 dias PR/PG 35 a 45 dias PR/PG

G2 – 4 a 6 adubações 50 a 60 dias PR/PG; 80 a 90 dias PR/PG 65 a 75 dias PR/PG;95 a 105 dias PR/PG

G3 – 2 adubações 110 a 120 dias PR/PG e, Pré expedição Entrada no G3

Tabela 6 – Indicação de formulação para adubação das mudas, em diferentes estágios de maturação. G1 - berçário egrupo após repicagem em sombrite; G2 – rustificação; G3 – grupo de mudas preparados para expedição.

Fonte: CESP (2000)Legenda: KCl - Cloreto de Potássio;

PR - Pós-repicagem (semeadura indireta)

PG - Pós-germinação (semeadura direta)

Crescimento

Demanda por nutrientes

Concentração denutrientes nas folhas

Resposta à adubação

Raízes de sustentação

Características dasraízes finas

Pioneira

muito rápido

muito alta

muito alta

muito alta

pivotantes, muitoprofundas erobustas

muito longas, muitofinas e muitoramificadas

Secundária inicial

rápido

alta

alta

alta

pivotantes,profundas erobustas

longas, finas eramificadas

Secundária tardia

lento

média

média

média e baixa

sem raízespivotantes, apenasraízes ramificadas

curtas,medianamenteespessas e poucoramificadas

Clímax

lento ou muito lento

baixa ou muito baixa

baixa

baixa ou muito baixa eàs vezes ausente

sem raízes pivotantes,apenas raízesramificadas

curtas, espessas epouco ramificadas

ATRIBUTOS CLASSE ECOLÓGICA

Tabela 7 – Atributos apresentados por mudas de essências florestais nativas, considerando as classes ecológicas aque pertencem.

Fonte: José Leonardo de M. Gonçalves - ESALQ/USP

Croton urucurana (sangra-d'água) pioneira 21 3 26 9

Croton floribundus (capinxingui) pioneira 20 4 20 10

Trema micrantha (candiúva) pioneira 11 4 13 20

MÉDIA _ 17 4 19 13

Peltophorum dubium (canafístula) sucessão inicial e tardia 9 3 8 7

Lonchocarpus sp. sucessão tardia 21 4 11 10

Gallesia gorazema (pau-d'alho) sucessão tardia 10 4 28 12

MÉDIA _ 13 3 16 10

Patagonula americana (guajuvira) sucessão tardia/ clímax 9 2 14 8

Myroxylon peruiferum (bálsamo) sucessão tardia/ clímax 9 5 14 10

Hymenaea spp. clímax 11 4 8 2

MÉDIA _ 10 4 12 7

Espécie Classe ecológica Concentração de nutrientes

Nitrogênio (N) Fósforo (P) Potássio (K) Cálcio (Ca)

___________ g Kg-1____________

Tabela 8 – Relação de espécies por classe ecológica, considerando a demanda por nutrientes.

Fonte: Gonçalves et al. (1992)

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44

te no viveiro e apresentam sistema radicular poucoextenso (Fig. 11).

6.2 . ASSOCIAÇÃO SIMBIÓTICAENTRE MUDAS E MICRORGANISMOS

As micorrizas são associações benéficas entreraízes de plantas e fungos filamentosos. Os fungosalojam-se nos tecidos internos das raízes das plantase transferem para estas macro e micronutrientesimportantes que retiram do solo. Eles conseguemacessar fontes de nutrientes que não estão disponí-veis para as plantas, ou elementos com baixa mobili-dade no solo como, por exemplo, o fósforo. Asmicorrizas aumentam significativamente a superfí-cie de absorção radicular, pois as microscópicas es-truturas filamentosas do fungo (hifas), na prática,funcionam como extensões das raízes colonizadas,explorando um maior volume de solo. Em troca, aplanta fornece aos fungos açúcares produzidos nafotossíntese.

Esse processo de absorção e transferência demacronutrientes, principalmente Nitrogênio e Fósfo-ro, e micronutrientes como Zinco, é lento. É interes-sante notar que a maioria das espécies pioneiras nãopossui micorrizas, pois estas apresentam crescimen-

to rápido e precisam de nutrientes disponibilizadosrapidamente. Neste caso as pioneiras devem encon-trar esses elementos disponíveis no solo ou naserapilheira. Em espécies do final da sucessão eco-lógica – sucessoras secundárias e clímax –, asmicorrizas são mais freqüentemente encontradas.Estas plantas apresentam crescimento mais lento etêm raízes mais grossas. Destas raízes partem asminúsculas hifas do fungo que se alastram pelo solo,absorvendo nutrientes. As plantas que possuemmicorrizas são menos suscetíveis ao ataque de fun-gos patogênicos.

O viveirista pode fazer a inoculação de micorrizasnas sementes que vai semear visando um melhordesenvolvimento da muda; no entanto, se o substratoutilizado no viveiro for de boa qualidade e houver autilização de fertilizantes minerais nas mudas, o de-senvolvimento das micorrizas inoculadas será peque-no. Assim, a inoculação de micorrizas em tubetes noviveiro não é garantia de resultados extraordinaria-mente melhores do que aqueles obtidos através dautilização de um bom substrato e bons fertilizantes.

A mesma afirmação pode ser feita para ainoculação de bactérias Rhizobium em sementes deleguminosas. Essas bactérias, ao colonizarem os te-cidos internos das raízes, promovem a formação de

Figura 11 - Diferenças estruturais entre o sistema radical de pioneiras (A), secundárias (B) e clímax (C), em plântulas com amesma idade em viveiro e prontas para expedição.

A B C

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45

nódulos facilmente destacáveis. Estas bactérias sãoencontradas em grande número de leguminosas nanatureza, fazendo a fixação do Nitrogênio atmosfé-rico nas raízes, convertendo-o em compostosnitrogenados utilizáveis pela planta. Comocontrapartida, a planta fornece às bactérias os açú-cares provenientes da fotossíntese, umidade e abri-go.

Alguns experimentos demonstraram que semen-tes inoculadas com Rhizobium, quando colocadaspara germinar em substrato não fertilizado com ni-trogênio, produzem mudas em menor tempo e comaspecto nutricional melhor (devido ao provimentonatural de Nitrogênio assimilável pelas bactériasfixadoras desse elemento), com maior número deraízes e maior quantidade de nódulos, que aquelas

não inoculadas. Por outro lado, estudos desenvolvi-dos com outras leguminosas demonstraram que asplantas inoculadas com as bactérias Rhizobium apre-sentam menor crescimento do que aquelas que re-ceberam fertilizantes nitrogenados. Assim, a deci-são de fazer ou não a inoculação destas bactérias noviveiro deve ser tomada após a realização de testescom as espécies de leguminosas que se pretendeproduzir no viveiro.

Hoje existe no mercado esporos de Rhizobiumcomercializados pela EMBRAPA – Agrobiologia(www.cnpab.embrapa.br - fone 21 2682-1500) quepodem ser adquiridos facilmente. Caso a espécie quese pretende produzir responda eficientemente àinoculação do Rhizobium, isto pode significar eco-nomia na compra de fertilizantes nitrogenados.

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46

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47

As mudas devem ser expedidas, etiquetadas eacondicionadas em caixas adequadas ao veículo detransporte. Os critérios que devem ser observadosno processo de expedição e transporte são:

• Porte: as mudas devem apresentar um tamanhomínimo de 30 cm, medidos da região do colo atéa gema apical. Para as espécies de rápido cres-cimento o porte de 50 cm pode ser adotado comopadrão (Fig. 12);

7. PREPARO DAS MUDAS PARA EXPEDIÇÃO

• Rusticidade: as mudas devem apresentar si-nais de amadurecimento da região do colo, taiscomo aparência lenhosa, textura rígida e diâme-tro compatível com o peso da parte aérea damuda, ou seja, o colo deve ser robusto, não podeser fino, principalmente nas mudas mais altas(Fig. 13);

• Formação: as mudas não devem ter sinais deataques de pragas ou doenças, anomalias de

Figura 12 - Tamanho ideal da muda para expediçãoFigura 13 - Medição da espessura do colo durante o preparodo lote de mudas para expedição.

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48

formação (curvamento de ponteiro ou caule),sistema radicular atrofiado ou insuficiente.Para avaliar o sistema radicular da plântuladeve ser feita uma amostragem mínima, reali-zada no momento da seleção, ou pela rebrotadominante;

• Deslocamento do torrão: as mudas devem apre-sentar certa facilidade para serem retiradas dosrecipientes (tubetes).

Do ponto de vista operacional, para a expediçãode mudas devem ser adotados procedimentos quepermitam altos rendimentos e não afetem acredibilidade da rotina junto aos clientes. Os cuida-dos devem ser tomados para que o excesso de pa-drões não comprometa a dinâmica da operação deexpedição das mudas.

7.1. PROCEDIMENTOS PARA APREPARAÇÃO DO LOTE DE EXPEDIÇÃO

É necessário conferir a relação de espécies e asquantidades solicitadas pelo comprador. Além disso,as possíveis alterações e/ou substituições já deverãoser conhecidas visando atender o cliente da melhorforma possível. É importante estabelecer um prazomínimo de 24 horas, dependendo das quantidades aserem fornecidas, entre a negociação com o clientee a retirada de mudas. Esse tempo é suficiente parao acerto da listagem pretendida e a preparação dolote.

Para a retirada do lote e o transporte das mudasdevem-se fornecer orientações aos clientes, quan-to aos procedimentos ideais para a retirada, entreelas:

• A carroceria do caminhão deve ter cobertura delona ou ser do tipo baú;

• Providenciar caixas de papelão ou de plástico parao acondicionamento das mudas;

• Deve-se definir, na entrega das mudas, a necessi-dade de devolução (ou não) dos tubetes;

• Informar ao consumidor como proceder com asmudas, os cuidados, manejo, irrigação em vivei-

ros de espera, considerando um período máximoaceitável de 30 dias até o plantio;

• Deve-se informar ao consumidor o destino pre-ferencial do lote adquirido: se para recupera-ção de áreas degradadas, arborização ou pro-dução de madeira, por exemplo (o método deescolha das matrizes e de colheita das semen-tes deve ter sido de acordo com o destino pre-tendido para as mudas – ver o volume Produ-ção de Sementes de Essências FlorestaisNativas, desta série);

• Deve-se confeccionar etiquetas (no mínimo, dezetiquetas para cada mil unidades de cada espé-cie). Nas etiquetas devem constar as seguintesinformações: nome científico e vulgar, quanti-dades totais de mudas da espécie; informaçõessobre crescimento: rápido ou lento, além deinformações sobre o viveiro: nome, local, en-dereço, telefones, responsável técnico e, quandopossível, número do cadastro no RENASEM e oendereço na Internet;

• A contagem e seleção das mudas deve ser fei-ta observando-se os passos que seguem: (i) ve-rificação dos padrões de porte e rusticidade,por meio da análise visual e auxílio de gabaritode cores; (ii) avaliação do sistema radicular,sendo verificadas a consistência e a facilidadede retirada do torrão e a formação do sistemaradicular por amostragem em alguns indivídu-os do lote; (iii) em caso das mudas apresenta-rem alguns dos sinais estabelecidos nos proce-dimentos de descarte, realizá-lo imediatamen-te; (iv) colocar as etiquetas identificadoras doslotes;

• Irrigar as mudas;

• Preencher corretamente a planilha de controle deexpedição;

• Acondicionar corretamente as mudas nas caixasde expedição, de modo a não comprometer a qua-lidade e também possibilitar ganhos de rendimen-tos operacionais no plantio (Fig. 14);

• Observar os cuidados no manuseio das mu-

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das, principalmente: (i) nunca manuseá-las pe-los ramos e sim pelo tubete ou, ainda, na re-gião do colo; (ii) nunca fazer o remonte, ouseja, a sobreposição de mudas, quando colocá-

Figura 14 - Detalhe do processo de expedição das mudas, evidenciando as caixas adequadas para a expedição (A), e osextensores (B) que podem ser adaptados, dependendo das distintas alturas das mudas.

A B

las nas caixas; (iii) caixas plásticas têm capa-cidade de 180 mudas por caixa, o que otimizao transporte.

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8.1. DEFEITOS DAS MUDAS

Quando as mudas apresentam alguma deforma-ção, devem ser descartadas pois, com certeza, apre-sentarão problemas após o plantio. Vários podem seros problemas apresentados pelas plântulas, sendorelacionados abaixo alguns exemplos:

- Haste dupla ou torta – neste caso houve perdada dominância apical da muda ou crescimento ina-dequado do caule;

- Acúmulo de raízes no fundo do tubete – isto de-corre do sombreamento ou do tempo excessivosno viveiro.

8.2. QUALIDADE DAS MUDAS

Os cuidados com a qualidade da muda iniciam-se jána obtenção das sementes. Para tanto todos os proce-dimentos indicados no volume Produção de Semen-tes de Essências Florestais Nativas, desta série(Scremin-Dias et al., 2006), um produto da Rede deSementes do Pantanal, devem ser adotados para asse-gurar a qualidade genética da produção, para não ha-ver o comprometimento genético do povoamento.

No processo de plantio, alguns cuidados são pri-mordiais para o sucesso no estabelecimento das

8. CUIDADOS NO PLANTIO DAS MUDAS

mudas em campo. A muda ideal é aquela que possuia haste e a região do colo bem espessas, o que indi-ca presença de substâncias de reserva nos tecidosinternos da planta, que facilitará o início de seu esta-belecimento em campo e formação de raízes rapida-mente. Grande parte das reservas para formar raízesnovas vem de nutrientes contidos na haste.

Ao expedir a muda para o plantio, ela nãodeve estar muito estressada. A qualidade da mudadetermina o potencial de sobrevivência e cresci-mento no campo. O processo de rustificação damuda já deve ter ocorrido; o corte na adubação ediminuição da água devem ter sido feitos de manei-ra gradual.

O plantio deve ser feito de maneira cuidadosa paraque haja sucesso no crescimento e estabelecimentodas mudas, evitando o replantio, bem como a deman-da de tratos culturais extras. Ao expedir as mudaspara o campo elas devem possuir algumas caracterís-ticas desejáveis, como as descritas abaixo:

• A muda não pode apresentar sintomas de defici-ência nutricional, o que pode ser observado nacoloração e tamanho das folhas;

• Deve apresentar haste única, sendo toda ela pre-enchida por folhas, com área foliar ampla, e com

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altura ideal (20 a 35 centímetros, dependendo daespécie);

• Deve ter o sistema radicular bem formado e semenovelamento;

• Apresentar aspecto sadio, com diâmetro do coloespesso, o que indica que a muda está bem nutri-da. O diâmetro do colo ideal para espécies nati-vas é de 5 a 10 milímetros (valor para espéciesde mata atlântica) (Fig. 13);

• Ter raízes ativas (raízes brancas), que permiti-rão a interação da muda com o solo e gerar raízesfuncionais para a absorção (raízes mais escurasnão irão mais interagir com o solo e, caso a plântulasó tenha raízes escuras, provavelmente não con-seguirá se estabelecer);

• Antes do plantio, mergulhar as mudas em umabacia com solução de água e MAP (FosfatoMonoamônico) – o que só é possível quando seusa tubetes; para mudas em sacos plásticos issoé inviável. A solução utilizada para mergulhar amuda deve conter 1,5 Kg de MAP por cem litrosde água. O Nitrogênio e o Fósforo dessa soluçãovão estimular o crescimento das mudas e funcio-nar como pré-tratamento de irrigação. Este pro-cesso agiliza o estabelecimento da muda e evitaperdas.

No campo as mudas podem sofrer ataque de cu-pins; para prevenir este problema pode-se fazer otratamento anticupins em pré-plantio. A dosagemrecomendada é de 350 g de cupinicida para o trata-mento de nove mil mudas. Esse processo deve serfeito sob orientação profissional.

A indústria Eucatex montou um sistema fechadode tratamento de cupins, que atende a ISO 14.000 eFSC, que reduz a exposição dos funcionários ao pro-duto, além de permitir a recuperação do produto ex-cedente nos tubetes.

O processo desenvolvido por essa empresa au-menta a velocidade do tratamento, resultando namesma eficiência. Neste sistema a dosagem é

otimizada, podendo ser tratadas 27 mil mudas com350g de produto.

8.3. USO DE GEL ABSORVENTENO PLANTIO

O gel é um produto hidrófilo, ou seja, além deabsorver a água, retêm a umidade no sistemaradicular da muda. Trata-se de um pó comercializadoespecificamente para plantio de espécies florestais,se decompõe na natureza, além de possuir nutrien-tes que auxiliam o desenvolvimento das mudas.

Antigamente, fazia-se uma “milanesa” do gel como sistema radical da muda antes do plantio. No en-tanto, este sistema pode fazer com que a muda “sal-te” da cova. A melhor forma de utilização do gel noplantio é misturá-lo à água, utilizando um aplicadorespecífico, já disponível no mercado (Fig. 15).

Esta máquina despeja de 500 a 600 mililitros dasolução de gel com água ao lado da muda, sendoque um gatilho solta a muda e o outro solta o gel. Aágua fica gelatinosa e permanece perto do sistemaradicular da planta. Isto faz com que a água fiquepresa ao solo, perto da planta, aumentando a efici-ência na sua utilização, promovendo diminuição dairrigação, facilitando o rápido crescimento inicial daplanta.

Quando é indicado o uso do gel absorvente naágua de irrigação?

O gel é indicado para regiões muito quentes, comalta taxa de evapotranspiração potencial, que possu-em períodos de longa estiagem e também quandosão previstas mais de duas irrigações até o estabele-cimento definitivo das mudas.

O rendimento do gel durante a preparação e aaplicação é:

• 1 Kg de gel absorve 300 litros de água;• Preço: US$ 6-7/Kg• Usar 1 Kg para cada 250 litros de água• 0,5 litro por muda (2g de gel/muda)

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Figura 15 - Máquina desenvolvida para plantar mudas produzidas em tubetes (à esquerda). Neste modelo está associado ummecanismo de aplicação do gel (à direita) durante o plantio.

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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho desenvolvido no viveiro não começacom a semeadura nos canteiros ou tubetes. Ele co-meça com a colheita das sementes e termina com oestabelecimento da muda no campo. As primeirasetapas – colheita, beneficiamento e armazenamentodas sementes – já foram tratadas no primeiro manu-al desta série (Scremin-Dias et al., 2006). Todo ocuidado e atenção dispensados no trato das semen-tes devem continuar durante a produção das mudasno viveiro e sua expedição para o campo.

O sucesso na produção das mudas no viveiro deve-se em grande parte ao cuidado que se tem na escolhae preparo do substrato, à melhor forma de irrigar eadubar as plântulas e à correta manutenção das mudasaté o seu envio para o campo. Não menos importanteé o cuidado no transporte das mudas e seu plantio.

O viveirista que está começando sua atividade deveescolher, de início, poucas espécies para produzir, eque sejam pouco exigentes nos tratos culturais, alémde apresentem maior potencial de comercialização(indicadas para arborização urbana, reflorestamento,produção madeireira, etc.). Isto assegura que sua pro-dução tenha saída, dinamizando o fluxo de produçãodo viveiro, evitando prejuízos ao produtor.

Os conhecimentos básicos sobre produção dasespécies são obtidos em literatura apropriada, quedeve sempre ser consultada em caso de dúvida. Éimportante que, dentre as espécies escolhidas paraproduzir, sejam incluídas espécies pioneiras, secun-dárias e clímax (classes sucessionais – ver o volumeum desta série). Com o tempo o viveirista pode iraumentando o número de espécies e a quantidadeproduzida em cada uma das classes sucessionais. Oimportante é nunca perder de vista a produção, comqualidade, da sua muda.

Neste manual procurou-se atender às necessida-des de produção desde o pequeno viveirista, que ain-da tem dúvidas em como preparar um bom substrato,até aquele que já faz uso de novas tecnologias. Alémdisso, a orientação quanto à utilização do gel pararetenção de água no momento do plantio, é uma op-ção interessante a ser utilizada em nossa região, prin-cipalmente nos plantios para restauração ambiental,pois evita perda de mudas no campo.

Esperamos que todos os leitores deste manualsintam-se motivados a levar adiante a idéia de mon-tar um viveiro florestal, fazendo dele uma atividaderentável e ambientalmente importante.

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10. REFERÊNCIAS

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