PRODUÇÃO POLÍNICA E CARACTERÍSTICAS...

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PRODUÇÃO POLÍNICA E CARACTERÍSTICAS ECOLÓGICAS DE ESPÉCIES DO MUNICÍPIO DE ITACURUBI, RS. André Fernandes RAMOS¹, Soraia Girardi BAUERMANN² 1 Bolsista CNPq - Laboratório de Palinologia da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA,Canoas, RS, Brasil, [email protected]; 2 Laboratório de Palinologia da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, Canoas, RS, Brasil, [email protected]; Introdução Resultados Conclusão Materiais e Métodos Foram realizadas coletas de 10 anteras em preantese correspondente a 39 espécies de angiospermas exsicatadas e depositadas no Herbário da Universidade Luterana do Brasil (HERULBRA). O material coletado foi submetido ao tratamento proposto por Carvalho (1989) e as contagens foram realizadas com câmara de Neubauer. As síndromes de polinização, os hábitos das plantas e os tamanhos dos grãos de pólen foram estabelecidas por revisão bibliográfica (Pinheiro, 2008; Cappellari, 2009). As contagens dos grãos de pólen entre as síndromes de polinização foram submetidas ao teste não paramétrico de Mann-Whitney e entre o tamanho do grão de pólen e o hábito foram submetidas ao teste de Kruskal-Walllis. Observou-se grande disparidade nos resultados obtidos para produção de grãos de pólen produzidos por antera (g/a), desde 250 g/a em plantas anemófilas até 88.3000 g/a em plantas melitófilas. Solanaceae e Bignoniaceae apresentaram as espécies de maior produção polínica por antera, enquanto Plantaginaceae e Polygonaceae menor produção. Através do teste Mann- Whitney verificou-se que não há diferença significativa para a produção polínica entre as diferentes síndromes de polinização encontradas na amostra (Tabela 1). O teste Kruskal-Wallis mostrou que não há diferença significativa entre os tamanhos dos grãos de pólen (Tabela 2) e entre os hábitos (Tabela 3). Há uma grande variação nas quantidades de pólen que as espécies de plantas produzem. No Bioma Pampa as formações campestres são constituídas por muitas ervas que são anemófilas. Os maiores valores de produção polínica foram verificados nas plantas de hábito arbóreo/arbustivo e de polinização entomófila. Sendo assim, observamos uma correlação positiva entre o hábito e o polinizador. Entre os tamanhos dos grãos de pólen constatou-se maior produção polínica nos grãos de pólen de tamanho médio. Barth, O. M.; Melhem, T. S., 1988. Glossário Ilustrado de Palinologia. Campinas: UNICAMP, 75 pg. Bawa, K.S.,1990. Plant-pollinator interactions in tropical rain forests. Annual Review of Ecology and Systematics, V 21: 399-422. Cara, P.A.A., 2006. Efeito de borda sobre a fenologia, as síndromes de polinização e a dispersão de sementes de uma comunidade arbórea na Floresta Atlântica ao norte do Rio São Francisco.Tese de doutorado- PPGBV, UFPE, 249 pg. Carvalho, T.C.P., 1989. Comportamento de algumas cultivares de Ameixeira Japonesa (Prunus salicina) quanto à polinização no Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado, UFPel, 73 pg. Cappellari, S.C. et. al., 2009. Mecardonia tenella (Plantaginaceae) Attracts Oil-, Perfume-, and Pollen-Gathering Bees in Southern Brazil. Biotropica, V 41: 721-729. Evaldt, A.C.P., 2006. Diversidade morfopolínica da família Asteraceae Martinov no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Canoas, ULBRA, Trabalho de Conclusão de Curso, 78 pg. Hasenack, H. et. al., 2010. Mapa de sistemas ecológicos da ecorregião das savanas uruguaias em escala 1:500.000 ou superior e relatório técnico descrevendo insumos utilizados e metodologia de elaboração do mapa de sistemas ecológicos. UFRGS, Centro de Ecologia, The Nature Conservancy. Machado, I.C.; Lopes,A.V., 2003. Recursos florais e sistemas de polinização e sexuais em Caatinga. Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária, UFPE, 515-563. Pinheiro, M. et. al., 2008. Floral resources used by insects in a grassland community in Southern Brazil. Revista Brasil. Bot., V.31: 469-489. Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq projeto 553025/2011-2 processo 371310/2012-1 e a Profª Msc. Simone Echeveste do Laboratório de Estatística da ULBRA. Figura 1: Mapa da área estudada (adaptado de Evaldt. 2006 ). a, b, c- Vegetação da área de estudado; d - Aspilia sp. Thouars.; e - Asclepias sp. L.; f - Glandularia aristigera (S. Moore) Tronc. Referências Bibliográficas BRASIL 70° 60° 50° 40° 40º 50º 60º 70º 10º 20º 30º 10º 20º 30º 5 0 Km 0 0 a b c e f d Tabela 1: Síntese dos resultados obtidos para produção polínica entre as síndromes de polinização. Tabela 2: Síntese dos resultados obtidos para produção polínica entre os grãos de pólen pequeno (10 a 25 µm) médio (25 a 50 µm) e grande (50 a 100 µm). Tabela 3: Síntese dos resultados obtidos para produção polínica entre os hábitos das plantas. Média Produção Mínimo Máximo Polinizador Nº espécies de Pólen (g/a) (g/a) (g/a) Abelha 25 Borboleta 16 Mariposa 5 Mosca 14 Vespa 10 Vento 7 81915 20250 19050 21929 14875 10429 500 1000 3000 500 1000 250 883000 100000 45750 100000 66750 43750 Média Produção Mínimo Máximo Hábito Nº espécies de Pólen (g/a) (g/a) (g/a) Herbáceo 29 Arbusto 5 Arbóreo 5 22821 194150 121762 250 1000 7250 217000 883000 522810 31250 73662 21828 250 500 3000 100000 883000 45750 Média Produção Mínimo Máximo Tamanho Nº espécies de Pólen (g/a) (g/a) (g/a) Pequeno 10 Médio 25 Grande 4 A quantificação da produção polínica quando associada às síndromes de polinização auxiliam na compreensão das dinâmicas vegetacionais, bem como nas A entomofilia, ou síndrome de polinização realizada pelos insetos, predomina em diferentes ecossistemas (florestas tropicais, cerrado, caatinga), com destaque para a melitofilia ou polinização por abelhas. O município de Itacurubi localiza-se na porção noroeste do Rio Grande do Sul, Brasil, está inserido na fitofisionomia campos de barba-de-bode, apresentando, predominantemente, vegetação do tipo campestre. O estudo objetivou quantificar a produção polínica de algumas espécies de angiospermas correlacionando características ecológicas particulares das espécies como síndromes de polinização, tamanho do grão de pólen e hábito da planta. interações planta-polinizador, demonstrando a eficiência destas especializações na manutenção dos ecossistemas, visto que as angiospermas necessitam de vetores de pólen para sua reprodução.

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PRODUÇÃO POLÍNICA E CARACTERÍSTICAS ECOLÓGICAS DE ESPÉCIES DO MUNICÍPIO

DE ITACURUBI, RS.André Fernandes RAMOS¹, Soraia Girardi BAUERMANN²

1 Bolsista CNPq - Laboratório de Palinologia da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA,Canoas, RS, Brasil, [email protected];2 Laboratório de Palinologia da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, Canoas, RS, Brasil, [email protected];

Introdução

Resultados

Conclusão

Materiais e Métodos

Foram realizadas coletas de 10 anteras em preantese correspondente a 39 espécies de angiospermas exsicatadas e depositadas no Herbário da Universidade Luterana do Brasil (HERULBRA). O material coletado foi submetido ao tratamento proposto por Carvalho (1989) e as contagens foram realizadas com câmara de Neubauer. As síndromes de polinização, os hábitos das plantas e os tamanhos dos grãos de pólen foram estabelecidas por revisão bibliográfica (Pinheiro, 2008; Cappellari, 2009). As contagens dos grãos de pólen entre as síndromes de polinização foram submetidas ao teste não paramétrico de Mann-Whitney e entre o tamanho do grão de pólen e o hábito foram submetidas ao teste de Kruskal-Walllis.

Observou-se grande disparidade nos resultados obtidos para produção de grãos de pólen produzidos por antera (g/a), desde 250 g/a em plantas anemófilas até 88.3000 g/a em plantas melitófilas. Solanaceae e Bignoniaceae apresentaram as espécies de maior produção polínica por antera, enquanto Plantaginaceae e Polygonaceae menor produção. Através do teste Mann-Whitney verificou-se que não há diferença significativa para a produção polínica entre as diferentes síndromes de polinização encontradas na amostra (Tabela 1). O teste Kruskal-Wallis mostrou que não há diferença significativa entre os tamanhos dos grãos de pólen (Tabela 2) e entre os hábitos (Tabela 3).

Há uma grande variação nas quantidades de pólen que as espécies de plantas produzem. No Bioma Pampa as formações campestres são constituídas por muitas ervas que são anemófilas. Os maiores valores de produção polínica foram verificados nas plantas de hábito arbóreo/arbustivo e de polinização entomófila. Sendo assim, observamos uma correlação positiva entre o hábito e o polinizador. Entre os tamanhos dos grãos de pólen constatou-se maior produção polínica nos grãos de pólen de tamanho médio.

Barth, O. M.; Melhem, T. S., 1988. Glossário Ilustrado de Palinologia. Campinas: UNICAMP, 75 pg. Bawa, K.S.,1990. Plant-pollinator interactions in tropical rain forests. Annual Review of Ecology and Systematics, V 21: 399-422.

Cara, P. A. A., 2006. Efeito de borda sobre a fenologia, as síndromes de polinização e a dispersão de sementes de uma comunidade arbórea na Floresta Atlântica ao norte do Rio São Francisco. Tese de doutorado- PPGBV, UFPE, 249 pg. Carvalho, T.C.P., 1989. Comportamento de algumas cultivares de Ameixeira Japonesa (Prunus salicina) quanto à polinização no Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado, UFPel, 73 pg.Cappellari, S.C. et. al., 2009. Mecardonia tenella (Plantaginaceae) Attracts Oil-, Perfume-, and Pollen-Gathering Bees in Southern Brazil. Biotropica, V 41: 721-729.Evaldt, A.C.P., 2006. Diversidade morfopolínica da família Asteraceae Martinov no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Canoas, ULBRA, Trabalho de Conclusão de Curso, 78 pg.Hasenack, H. et. al., 2010. Mapa de sistemas ecológicos da ecorregião das savanas uruguaias em escala 1:500.000 ou superior e relatório técnico descrevendo insumos utilizados e metodologia de elaboração do mapa de sistemas ecológicos. UFRGS, Centro de Ecologia, The Nature Conservancy. Machado, I.C.; Lopes, A.V., 2003. Recursos florais e sistemas de polinização e sexuais em Caatinga. Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária, UFPE, 515-563.Pinheiro, M. et. al., 2008. Floral resources used by insects in a grassland community in Southern Brazil. Revista Brasil. Bot., V.31: 469-489.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq projeto 553025/2011-2 processo 371310/2012-1 e a Profª Msc. Simone Echeveste do Laboratório de Estatística da ULBRA.

Figura 1: Mapa da área estudada (adaptado de Evaldt. 2006 ). a, b, c- Vegetação da área de estudado; d - Aspilia sp. Thouars.; e - Asclepias sp. L.; f - Glandularia aristigera (S. Moore) Tronc.

Referências Bibliográficas

BRASIL

70° 60° 50° 40°

40º50º60º70º

10º

20º

30º

10º

20º

30º

5 0 Km00

a

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dTabela 1: Síntese dos resultados obtidos para produção polínica entre as síndromes depolinização.

Tabela 2: Síntese dos resultados obtidos para produção polínica entre os grãos de pólen pequeno (10 a 25 µm) médio (25 a 50 µm) e grande (50 a 100 µm).

Tabela 3: Síntese dos resultados obtidos para produção polínica entre os hábitos dasplantas.

Média Produção Mínimo MáximoPolinizador Nº espécies de Pólen (g/a) (g/a) (g/a)

Abelha 25Borboleta 16

Mariposa 5Mosca 14Vespa 10

Vento 7

8191520250

1905021929

1487510429

5001000

3000500

1000250

883000100000

45750100000

6675043750

Média Produção Mínimo MáximoHábito Nº espécies de Pólen (g/a) (g/a) (g/a)

Herbáceo 29Arbusto 5

Arbóreo 5

22821194150

121762

2501000

7250

217000883000

522810

3125073662

21828

250500

3000

100000883000

45750

Média Produção Mínimo MáximoTamanho Nº espécies de Pólen (g/a) (g/a) (g/a)

Pequeno 10Médio 25

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A quantificação da produção polínica quando associada às síndromes de polinização auxiliam na compreensão das dinâmicas vegetacionais, bem como nas

A entomofilia, ou síndrome de polinização realizada pelos insetos, predomina em diferentes ecossistemas (florestas tropicais, cerrado, caatinga), com destaque para a melitofilia ou polinização por abelhas. O município de Itacurubi localiza-se na porção noroeste do Rio Grande do Sul, Brasil, está inserido na fitofisionomia campos de barba-de-bode, apresentando, predominantemente, vegetação do tipo campestre. O estudo objetivou quantificar a produção polínica de algumas espécies de angiospermas correlacionando características ecológicas particulares das espécies como síndromes de polinização, tamanho do grão de pólen e hábito da planta.

interações planta-polinizador, demonstrando a eficiência destas especializações na manutenção dos ecossistemas, visto que as angiospermas necessitam de vetores de pólen para sua reprodução.