Producao Textualdownload revisado...

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APRESENTAÇÂO A UNICED – Universidade Aberta da Educação é um ambiente virtual de aprendizagem que disponibiliza cursos on-line voltados para o setor público. É uma iniciativa da Open-School, e visa a desenvolver um projeto voltado para a melhoria da qualificação profissional e do desempenho das competências dos servidores públicos. Este curso é dividido em três temas: Refletindo sobre a Linguagem, Construindo o Texto e Fazendo e Aprendendo. Você pode iniciar pelo tema de seu interesse, na ordem que desejar. Não basta ser falante da Língua Portuguesa! É preciso cuidar desse nosso fantástico instrumento de comunicação. “Quem ama cuida”, não é? E por que amamos nossa língua? Porque ela viabiliza o interagir com o outro; preserva a memória histórica; perpetua a cultura; difunde os valores; recria o REAL, através da Literatura; exterioriza os sentimentos; pede e concede o perdão; permite o lamento; escancara o amor; murmura o verdadeiro elogio; grita o ódio e a calúnia; conclama todos à paz! Fazendo esse curso, você terá uma grande oportunidade de ter um conhecimento maior dos fatos lingüísticos e, portanto uma compreensão, talvez, mais racional da norma culta e de informações significativas sobre a Língua. Isso refletirá sobre sua produção de textos, facilitando a expressão escrita tão temida por uns e fluindo a expressão oral que nos torna, em geral, tão vermelhos de insegurança. Estamos contando com a sua participação neste curso! Ele foi planejado para que você conheça mais a sua Língua, descubra seus segredos e, enfim, por ela se apaixone! Não se faz nada sem paixão, não é mesmo? Sucesso! EQUIPE UNICED

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SUMÁRIO Tema 1 - Refletindo sobre a Linguagem 1.1 - Língua e Linguagem 1.1.1.- Língua, Linguagem, Fala e Discurso ..................................................... 05 1.1.2.- Linguagem Oral e Linguagem Escrita ................................................... 11 1.1.3 -Língua e Realidade ................................................................................ 16 1.2. Diversidade Lingüística 1.2.1 - Variações Lingüísticas .......................................................................... 25 1.3. A Importância da Leitura 1.3.1 - A Leitura da Palavra e Leitura do Mundo ...................................... 30 1.4. A palavra e a idéia 1.4.1 - Palavra, pensamento e ação.................................................................. 37 1.4.2 - Conhecendo as palavras........................................................................ 44 Tema 2 - Construindo o Texto 2.1 Quebrando as Barreiras

2.1.1 - Tecendo o Texto ................................................................................... 50 2.1.2 - Produzindo o Texto ............................................................................... 58 2.1.3 - Modelando o Texto ................................................................................ 66 2.1.4 - Passeando pela Gramática ................................................................... 75 2.1.5 - Descomplicando a Língua ..................................................................... 82 2.1.6 - Descobrindo os Segredos ..................................................................... 89 2.1.7 - Desvendando os Mistérios .................................................................... 96 2.1.8 - Parando para Refletir ............................................................................ 1042.1.9 - Procurando a Saída .............................................................................. 1122.1.10 Encontrando a Saída ............................................................................. 1182.1.11 Aparando as Arestas ............................................................................. 132

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Tema 3 - Fazendo e Aprendendo 3.1 – A Teoria na Prática, É Outra 3.1.1 – Interagindo com a Gramática...................................................................1373.1.2 – Nas Veredas da Gramática.....................................................................1523.1.3 – Fazendo e (Re)aprendendo ...................................................................168

Glossário ............................................................................................................185 Bibliografia..........................................................................................................195

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Assunto 1.1 - Língua e Linguagem Unidade 1.1.1 - Língua, Linguagem, Fala e Discurso TEORIA Vamos refletir sobre a Língua Portuguesa? E quando falamos em Língua Portuguesa, estamos também nos referindo à forma como ela tem sido trabalhada nas instituições de ensino. Para iniciarmos o processo de construção do conhecimento da nossa língua pátria, que tal a leitura de um poema de Carlos Drummond de Andrade sobre as aulas de Português? AULA DE PORTUGUÊS A linguagem Na ponta da língua Tão fácil de falar E de entender. A linguagem Na superfície estrelada de letras, Sabe lá o que quer dizer? Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, E vai desmatando O amazonas da minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me. Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima. O português são dois; o outro, mistério.

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REFLEXÃO Pense um pouco sobre as pessoas que utilizam, diariamente, a nossa língua. Reflita, também, sobre as várias formas de a utilizarem: na família, no trabalho, nos discursos de formatura, nos documentos oficiais, nas teses acadêmicas, nas conversas de botequim.

A variação lingüística observada é muito acentuada? Será que existem várias línguas portuguesas? TEORIA A Língua Portuguesa pode assumir diferentes formas, nas diversas situações em que é usada. A língua falada é, por exemplo, diferente da língua escrita. A língua escrita é, geralmente, mais elaborada que a língua falada. A linguagem cuidada emprega um vocabulário mais preciso, mais raro, e uma sintaxe mais elaborada que a da linguagem comum.

A linguagem oratória, por outro lado, cultiva os efeitos sintáticos, rítmicos e sonoros e utiliza imagens para enriquecer o texto. As linguagens familiar e popular recorrem às expressões pitorescas, à gíria, e muitas de suas construções são tidas como incorreções graves, nos níveis de maior formalidade.

A língua, portanto, também, varia, de acordo com as regiões e as situações onde é usada. Observe o registro abaixo, concluindo acerca das variedades da Língua Portuguesa. “Você, em Portugal, é um tratamento respeitoso, de cerimônia. Na França, é completamente diferente: você chama o motorista de vous (que corresponde ao Senhor, em português). O tu (que seria você) é dado somente para as

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pessoas com quem você tem intimidade, não tem nada a ver com classe social. Você vai engraxar o sapato, chama o engraxate de vous; vai numa loja e chama o balconista de vous; no Brasil ele é tratado de você. Lá, se você tem intimidade, trata de tu, ou você. Quando não tem intimidade, chama de senhor, de vous. No Brasil é diferente. O tratamento você (sic) é aplicado como se fosse uma forma de respeito, mas na realidade estabelece diferenças de classes sociais. A gente chama o motorista de você, mas o médico é tratado de senhor, então fica preconceituoso. E programa de televisão que entrevista um engraxate e logo depois um ministro, como o meu, não pode chamar o engraxate de senhor, porque vai ficar ridículo, porque o tratamento padrão com ele é o ”você”, e não pode tratar o ministro de senhor, logo depois. Ficaria muito ruim, seria uma diferença de classe social”. (Jô Soares, in Tramontina, 1996: 183-184 ) CURIOSIDADE Aproximadamente, a sétima parte da Terra expressa-se em português, ou seja, cerca de 10.686.145 km2 estão sob o domínio político desse idioma, assim divididos: 91.831 km2 pertencentes a Portugal, 2.078.277 km2 às ex-colônias portuguesas na África, Ásia e Oceania e 8.516.037 km2 ao Brasil. De onde vem esta língua tão difundida no mundo e apenas superada em número de falantes pelo chinês, inglês, russo, hindu, árabe e espanhol?

TEORIA O português é de origem latina e, por isso, pertence ao grupo das línguas neolatinas ou românicas do qual fazem parte, também, o espanhol, o catalão, o francês, o provençal, o italiano, o romeno, o rético, o sardo e o dalmático.

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DICAS Leia o texto Papos, de Luís Fernando Veríssimo, refletindo sobre as normas gramaticais. PAPOS - Me disseram... - Disseram-me. - Hein? - O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”. - Eu falo como quero. E te digo mais...Ou é “digo-te”? - O quê? - Digo-te que você... - O ”te” e o “você” não combinam. - Lhe digo? - Também não? O que você ia me dizer? - Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz? - Partir-te a cara.

- Pois é. Partir-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me. - É para o seu bem. - Dispenso as suas correções. Vê se esquece - me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu... - O quê? - O mato. - Que mato? - Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem? - Eu só estava querendo... - Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo é elitismo! - Se você prefere falar errado... - Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderam-me? - No caso...não sei. - Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não? - Esquece. - Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é “esquece” ou“esqueça”? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos. - Depende. - Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes -o. - Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.

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- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás.Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia. - Por quê? - Porque, com todo esse papo, esqueci-lo. (VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001).

COMENTÁRIOS Que texto legal! Você gostou da abordagem de Luís Fernando Veríssimo? Percebeu como ele brinca com a Língua Portuguesa e o nó que as regras podem dar na nossa cabeça? A Língua Portuguesa, às vezes, provoca muitas dúvidas. Por isso, muita atenção, quando escrever ou falar. TEORIA Por que encontramos, nos romances, nos textos jornalísticos, o pronome átono, iniciando orações, textos “– Me disseram ou disseram-me?” A gramática normativa, que nomeia essa ocorrência lingüística de próclise (colocação do pronome átono antes do verbo) condena o uso dos pronomes átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, lhes) antes do verbo, no início de orações. Por que isso continua ocorrendo em determinados tipos de textos? Os jornalistas e, sobretudo, os poetas têm a permissão de se afastar da norma culta, em nome da clareza, do bom entendimento e da criatividade. Precisamos ter muito cuidado. Devemos estar atentos para a norma culta, sem sacrificar, no entanto, a criatividade. A língua é o nosso principal instrumento de comunicação. Ela possibilita o intercâmbio entre os membros de uma sociedade, sofrendo, por isso, influências dessa mesma sociedade. Qual a diferença entre língua e linguagem? Língua é o conjunto das palavras e expressões usadas por um povo, por uma nação. É o conjunto de regras da sua gramática. Língua, nesse caso, é sinônimo de idioma. A língua é também, o conjunto de variedades lingüísticas que, por razões culturais, políticas, históricas, geográficas, é considerado como entidade única que delimita uma comunidade lingüística.

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Linguagem é o uso da palavra articulada (oral) ou escrita, como meio de expressão e de comunicação entre pessoas. É, enfim, todo sistema de signos que serve de meio de comunicação entre indivíduos e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a se distinguir uma linguagem visual, uma linguagem auditiva, uma linguagem tátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos.

Como entender, nesse contexto, o significado de fala e discurso? Fala e discurso são manifestações concretas da língua. São, portanto, expressões da língua.

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Assunto 1.1 - Língua e Linguagem Unidade 1.1.2 - Linguagem Oral e Linguagem Escrita

HISTÓRIA Vamos ver, agora, uma história? Abordaram uma criança de rua - um menino analfabeto - acerca da grande necessidade de se aprender a ler e escrever. Disseram-lhe, então, que tudo seria facilitado para ele - pegar um ônibus, passar troco, identificar o nome das ruas e avenidas. Ele, com a expressão de vencedor, respondeu: - Eu consigo fazer tudo isso, sem saber nenhuma letra. Os buzus, eu conheço pelas cores; troco, eu nem tenho dinheiro pra passar; as ruas, eu conheço, porque é aí que eu moro! Por que, então, é bom saber ler e escrever? O imediatismo da vida dessas crianças passa para elas uma idéia equivocada da importância do aprendizado da leitura e da escrita.

TEORIA O processo da comunicação realiza-se pela linguagem oral ou pela linguagem escrita. Apesar da língua ser a mesma, a expressão escrita é muito diferente da oral. Você acha que alguém fala como escreve? A escrita apareceu depois da língua oral. A escrita é, portanto, um sucedâneo da fala. Antigamente, só existia a língua falada, a escrita apareceu em fases mais avançadas da civilização. Apesar do prestígio da escrita, a linguagem oral serviu-lhe de base, sendo a primeira, apenas, uma tentativa imperfeita de reprodução gráfica dos sons da língua.

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Exercício de fixação Vamos fazer um exercício para melhor fixação do conteúdo? Observe que as frases que se seguem são exemplos da linguagem oral e da linguagem escrita. Apenas a significação é a mesma, a forma de expressão é diversa. Identifique as sentenças que são semelhantes, diferentes, apenas, quanto à coloquialidade e/ou formalidade. ( 1) Vou sair logo, logo. ( 2) Venha, tá tudo bem. (3 ) Ele ia ao médico, se você estivesse aqui. (4 ) Amanhã, chego às 10 horas. ( 5) O doce que mais gosto é de banana. ( ) Amanhã, chegarei às 10 horas. ( ) Ele iria ao médico, se você estivesse aqui. ( ) Sairei, imediatamente. ( ) Venha, pois tudo está bem. ( ) O doce de que mais gosto é o de banana.

Gabarito: 4, 3, 1, 2, 5. Segundo o filólogo brasileiro Mattoso Câmara, é através da posse e do uso da linguagem, é falando oralmente ao próximo ou mentalmente a nós mesmos, que conseguimos organizar o nosso pensamento, tornando–o articulado, concatenado e nítido. A linguagem aperfeiçoa a capacidade de pensar. No entanto, sabemos que a língua, sobretudo a escrita e, quando bem articulada, é um elemento de poder, legitimando-se como um diferencial relevante para todo cidadão. Escrever é uma atividade social indispensável; é um processo de descoberta. Não é uma prerrogativa apenas de literatos. Saber escrever é adquirir possibilidades mais amplas de participação social. Todos nós, conhecedores de um assunto, somos, em princípio, capazes de escrever sobre ele.

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COMENTÁRIOS Sem o domínio da língua formal, culta, é impossível alcançar determinados níveis de conhecimento. Simplificar a língua seria o mesmo que simplificar o raciocínio e não se pode cortar os neurônios pela metade. TEORIA A linguagem oral é adquirida, naturalmente, na comunidade de entorno, sem maiores sistematizações. Ela é, portanto, apreendida. A linguagem escrita demanda um aprendizado sistemático, o conhecimento das regras e padrões da norma culta, uma rigidez formal e um sentido claro, dentro dos princípios da coerência e da coesão.

Um aspecto extremamente relevante e definidor da oralidade e da escrita é a importância da presença ou não dos interlocutores no discurso. Na linguagem oral, observa-se a flutuação temática (mudança constante de tema), porque emissor e receptor estão presentes para os devidos esclarecimentos. Na escrita, exige-se uma unidade temática, tendo em vista a distância entre emissor e receptor e, portanto, a impossibilidade de esclarecer as dúvidas. A coerência, a coesão e a clareza, aí, são mais exigidas em nome de um bom texto. Outro aspecto muito importante é o significado dos gestos, da expressão fisionômica, do olhar, do riso, e até mesmo, do não-dito, na oralidade.Todos esses aspectos auxiliam na compreensão do texto oral.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Vamos, agora, descobrir, na prática, as diferenças entre a linguagem oral e a linguagem escrita! Faça a associação dos números, observando os traços que caracterizam a linguagem oral e os que caracterizam a linguagem escrita.

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(1) Linguagem escrita (2) Linguagem oral

( ) Presença do interlocutor. ( ) Unidade temática(tratar de um só tema, no decorrer da comunicação). ( ) Uso de gestos, expressão facial. ( ) Flutuação temática( ter a possibilidade de, abordando um tema, fazer

várias digressões, falar de outros assuntos, sem comprometer a compreensão da temática principal).

( ) Frases curtas. ( ) Censura lingüística rígida. ( ) Ausência do interlocutor. ( ) Despreocupação com a linguagem( espontaneidade). ( ) Uso de sinais gráficos ( pontuação, acentuação). ( ) Frases mais longas. ( ) Aprendizagem artificial. ( ) Aprendizagem natural.

Gabarito: 2,1,2,2,2,1,1,2,1,1,1,2.

COMENTÁRIOS Você se lembra quantas vezes já vacilou diante da escrita de algumas palavras, da colocação de uma vírgula, do desafio da folha em branco, ao escrever uma carta, um relatório, uma comunicação interna, uma mensagem de amor? DICAS Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade e procure vencer a barreira da escrita! O texto é a exteriorização do sentimento que inunda a alma. Os sentimentos e as idéias precedem a produção do texto oral ou escrito. Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira. ANDRADE, Carlos Drummond de.Reunião – 10 livros de poesia. 10. ed.Rio de Janeiro, José Olympio, 1980. p. 16.

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COMENTÁRIOS Mas... Pensemos um pouquinho! É a Língua Portuguesa que é difícil, inatingível? É a gramática que nos aprisiona com suas regras - redes tão emaranhadas - distanciando-nos da linguagem coloquial? É o domínio do universo das letras, conferido a poucos, que nos causa inibição? Será que é a televisão, a maldita mania de ficar preso à telinha, que dificulta a nossa expressão escrita? Por que não ler um bom livro? Por que não usar nossa fantástica imaginação, na criação dos personagens e na recriação da história, do ambiente e do tempo que os romances nos proporcionam? Como refletir, decodificar as informações, ler o mundo, se o uso da linguagem é tão sofrido e se não comandamos mais a nossa vontade?

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Assunto 1.1 - Língua e Linguagem Unidade 1.1.3 - Língua e Realidade

TEORIA A linguagem reflete a realidade ou a realidade reproduz a linguagem? Na vida social, é, quase exclusivamente, através da linguagem, que nos comunicamos uns com os outros. A linguagem permite-nos a troca de idéias, a organização do pensamento, a construção do conhecimento, a interação com o outro. Assim, cada um de nós tem de saber usar uma boa linguagem para desempenhar o seu papel de indivíduo humano e de membro de uma sociedade humana. A linguagem tem, portanto, uma função prática, na vida humana e social.

DICAS Carlos Drummond de Andrade vem ao nosso encontro, ilustrando, com uma crônica, a necessidade de conhecimento, ampliação, adequação e seleção do vocabulário para entendermos melhor o mundo, a realidade e os outros. Leia, com muita atenção.

Recalcitrante

- O senhor aí, cavalheiro, quer cutucar o braço do distinto pra ele me prestar atenção? - O cavalheiro, vê lá se ia se meter numa dessas. Ignorou, olímpico, a marcha do caso terrestre.

Embora sem surpresa, o cobrador coçou a cabeça. Sabia de experiência própria que passageiro nenhum quer entrar numa fria. Ficam de camarote, espiando o circo pegar fogo. Teve pois que sair do seu trono, pobre trono de trocador, fazendo a difícil ginástica de sempre. Bateu no ombro do rapaz: - Vamos levantar?

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- O outro mal olhou para ele, do longe de sua distância espiritual. Insistiu: - Como é, não levanta? - Estou bem aqui. - Eu sei, mas é preciso levantar. - Levantar pra quê? - Pra quê, não. Por quê. Seu calção está molhado de água do mar. - Tem certeza que é água do mar? - Tá na cara. - Como tá na cara? Analisou? Forrou-se de paciência para responder: - Olha, o senhor está de calção de banho, o senhor veio da praia, que água pode ser essa que está pingando se não for água do mar? Só se... - Se o quê? - Nada. - Vamos, diz o que pensou. - Não pensei nada. Digo que o senhor tem de levantar, porque seu calção está ensopado e vai fazendo uma lagoa aí embaixo. - E daí? - Daí, que é proibido. - Proibido suar? - Claro que não. - Pois eu estou suando, sabe? Não posso suar sentado, com esse calorão de janeiro? Tenho que suar de pé? - Nunca vi suar tanto na minha vida. Desculpe, mas a portaria não permite. - Que portaria? - Aquela pregada ali, não está vendo? “O passageiro, ainda que com roupa sobre as vestes de banho molhadas, somente poderá viajar de pé.” - Portaria nenhuma diz que o passageiro suado tem que viajar de pé. Papo findo, tá bom? - O senhor está desrespeitando a portaria e eu tenho que convidar o senhor a descer do ônibus. - Eu, descer porque estou suando? Sem essa. - O ônibus vai parar e eu chamo a polícia. - A polícia vai me prender porque estou suando? - Vai botar o senhor pra fora porque é um ... recalcitrante. O passageiro pulou, transfigurado: - O quê? Repita, se for capaz. - Re ... calcitrante. - Te quebro a cara, ouviu? Não admito que ninguém me insulte!

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- Eu? Não insultei. - Insultou, sim. Me chamou de réu. Réu não sei o quê, calcitrante, sei lá o que é isso. Retira a expressão, ou lá vai bolacha. - Mas é a portaria! A portaria é que diz que o recalcitrante... - Insultou, sim. Me chamou de réu. Réu não sei o quê, calcitrante, sei lá o que é isso. Retira a expressão, ou lá vai bolacha. - Mas é a portaria! A portaria é que diz que o recalcitrante... - Não tenho nada com a portaria. Tenho é com você, seu cretino. Retira já a expressão, ou... Retira não retira, o ônibus chegou ao meu destino, e eu paro infalivelmente no meu destino. Fiquei sem saber que conseqüências físicas e outras teve o emprego da palavra “recalcitrante”.

(Carlos Drummond de Andrade, De notícias & não-notícias faz-se a crônica. Rio de Janeiro, José Olympio, 1975.)

COMENTÁRIOS Saber usar bem a língua pátria é uma obrigação cívica, enquanto falante; um elemento legítimo de poder, enquanto cidadão; um cuidado com a competência, como profissional; um sinal de respeito ao nosso idioma; um zelo com a preservação da memória cultural e, sobretudo, um amor, sem limites, ao nosso povo e ao nosso país. Não é à toa que o poder usa a linguagem para dominar, convencer. É inquestionável a capacidade de persuasão das palavras! Por que os escritores e os intelectuais, de uma maneira geral, são mal vistos nos regimes ditatoriais? Por que Hitler queimou os livros? Por que todo país, com um índice alarmante de analfabetismo é, em geral, um país pobre, desigual, injusto e preconceituoso?

Por que o sentimento diante de um envelope lacrado, com resultados de exames laboratoriais; com um convite da Receita Federal; com uma carta do namorado; com o extrato bancário é de inquietação e de perplexidade - uma ansiedade mal disfarçada, um medo, uma dúvida?

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A palavra legitima, define, esclarece (ou não) a verdade. Portanto, alguns a temem. REFLEXÕES Reflita, agora, sobre os questionamentos abaixo. Por que todos nós subestimamos alguém que se preocupa em usar a língua culta? Por que consideramos que errar na própria língua é coisa pouco importante e, por isso mesmo, de menor relevância? Pense um pouco. O que lhe causa maior constrangimento? Revelar para os outros que tem dúvidas ou não sabe realizar uma operação matemática, que desconhece as capitais de alguns países ou ser observado por alguém por cometer um erro de Português? Claro que a última hipótese! Errar na própria língua evidencia não apenas a fragilidade do falante, mas uma desqualificação pessoal e profissional e nos mata de vergonha. Não raro, ficamos vermelhos, perguntando, baixinho, qual é o certo?

DICAS Vamos ler o que Daniela Silva, jovem repórter do jornal A Tarde, de Salvador, tem a nos dizer sobre os erros na língua-pátria.

A língua portuguesa é considerada uma das mais belas do mundo. Porém, nem sempre é respeitada como deveria. Erros de português graves são cometidos por toda parte – nos letreiros, nos anúncios... E não é um problema exclusivamente atrelado ao nível de analfabetismo do País. Falhas gravíssimas também são cometidas por profissionais de alto escalão. Acredite! Por deficiência de formação ou descuido, executivos e empresários também andam “derrapando” na hora de escrever. Com a comunicação instantânea, viabilizada pela Internet, estes erros têm adquirido ainda mais evidência, para assombro de quem se comunica obrigatoriamente pela língua escrita. Um “s”

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no lugar do “z”, um “s” em vez de um “c” pode até parecer um errinho bobo, mas não é assim. Pisar na bola com o português é sinônimo de falta de domínio lingüístico e descaso com o idioma. Mas a parte pior do problema é que pode prejudicar seriamente a imagem do profissional e da empresa. Não são só os erros de grafia que assustam. Concordar nomes e verbos de forma inadequada também incomoda e até constrange qualquer fiel ao Português que é surpreendido com uma falha do gênero. Mas, apesar de muitos acharem o nosso idioma difícil de aprender, o consultor empresarial, na área de comunicação, Carlos Pimentel, tranqüiliza a todos. Por meio de cursos e leitura, qualquer pessoa pode superar as dificuldades com o Português. O grande passo é começar. Ler os clássicos, como Machado de Assis, também ajuda muito, ressalta o consultor. “Lendo estes autores você aprende Português sem sentir. O cérebro precisa de musculação e a leitura é o exercício ideal”, completa. A maneira mais eficiente de aprimorar a escrita é praticando-a. Isso funciona, usando como estímulo as mais variadas situações, como assistir a um filme e depois colocar no papel os seus comentários sobre a película. Ler um livro e, em seguida, fazer uma resenha. “Todos têm condições de escrever bem, basta querer aprender, exercitar”, afirma Pimentel. E quem não quiser ficar fora do mercado é bom não se descuidar da língua. A exigência de dominar o idioma nativo não é só para quem está começando ou para quem está sendo avaliado em um processo de seleção. É importante, sobretudo, para quem deseja crescer na empresa, frisa Pimentel.

(Daniela Silva. A TARDE. 15/04/2001) COMENTÁRIOS Gostou? Sente-se mais comprometido (a) com o seu idioma? Veja, agora, como o desconhecimento lingüístico compromete socialmente o falante! DICAS

ELOQÜÊNCIA SINGULAR

Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou: - Senhor Presidente: não sou daqueles que... O verbo ia para o singular ou para o plural? Tudo indicava o plural. No entanto, podia perfeitamente ser o singular: - Não sou daqueles que... Tirou o lenço do bolso e enxugou o suor da testa. Vontade de aproveitar-se do gesto e pedir ajuda ao próprio Presidente da mesa: por favor, apura pra mim como é que é, me tira desta... - Quero comunicar ao nobre orador que o seu tempo se acha esgotado.

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- Apenas algumas palavras, senhor Presidente, para terminar o meu discurso: e antes de terminar, quero deixar bem claro que, a esta altura de minha existência, depois de mais de vinte anos de vida pública ... E entrava por novos desvios: - Muito embora... sabendo perfeitamente ... os imperativos de minha consciência cívica ... senhor Presidente ... e o declaro peremptoriamente ... não sou daqueles que ... - O Presidente voltou a adverti-lo de que seu tempo se esgotara. Não havia mais por onde fugir : - Senhor Presidente, meus nobres colegas! Resolveu arrematar de qualquer maneira. Encheu o peito e desfechou: - Em suma: não sou daqueles. Tenho dito. Houve um suspiro de alívio em todo o plenário, as palavras romperam. Muito bem! Muito bem! O orador foi vivamente cumprimentado.

(Fernando Sabino. A companheira de viagem. Rio de Janeiro, Sabiá, 1972.)

COMENTÁRIOS Por que o nobre deputado não conseguia terminar a frase? O que houve? Você já sentiu esse tipo de dificuldade? Que dificuldade era essa? O universo vocabular do “ilustre deputado” era diferente do da platéia? Eles usavam o mesmo código? Havia um interesse comum em que a mensagem continuasse a ser transmitida? O “ilustre” deputado conhecia, de verdade, a Língua Portuguesa? TEORIA Para realizarmos bem a nossa língua, para sermos bem entendidos, para entendermos os outros, é necessário que emissor e receptor realizem o mesmo código; que ambos estejam motivados para a comunicação; que o universo vocabular seja comum entre eles; que a mensagem seja do interesse dos dois; que haja um conhecimento mínimo da estrutura do nosso idioma e dos fatos lingüísticos. Já afirmamos anteriormente que é pela posse e uso da linguagem que conseguimos organizar o nosso pensamento e torná-lo articulado, concatenado e nítido. Assim, as crianças, a partir do momento em que, rigorosamente, adquirem o manejo da língua dos adultos e deixam para trás o balbucio e a expressão fragmentada e difusa, desenvolvem, consideravelmente, o raciocínio. Esse fato

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não só decorre do desenvolvimento do cérebro, mas, também, da circunstância de que o indivíduo dispõe, agora, da língua materna, a serviço de todo o seu trabalho de atividade mental.

O estudo sistemático dos caracteres e aplicações desse novo e preciso instrumento, aperfeiçoa, cada vez mais, a capacidade de pensar. Veja, caro treinando, que são atividades concomitantes! Assim, também, ocorre com o operário. À medida que ele domina, conhece, e está seguro das ferramentas da sua profissão, vai aperfeiçoando seu trabalho. Dentre as funções da linguagem, destacamos como uma das mais essenciais a possibilidade de expressar o pensamento, permitindo uma comunicação ampla das idéias. A linguagem tem uma função prática, imprescindível na vida humana e social; mas, como muitas outras criações do homem, pode ser transformada em arte, isto é, numa fonte de mero gozo do espírito. Passa-se, com isto, a um plano diverso daquele da vida diária. São duas coisas distintas o aspecto prático e o aspecto artístico da linguagem - a literatura. É fundamental ressalvar, porém, que o sentido artístico é espontâneo e inerente nos homens e que, para ser eficiente, a linguagem tem de satisfazê-lo e não apenas se limitar a uma formulação seca, objetiva e fria. Toda sociedade tem, portanto, um ideal, um padrão lingüístico. Como seres sociais, temos que nos pautar para que as palavras não provoquem uma repulsão, às vezes latente e mal perceptível, mas sempre suficiente para prejudicar o entendimento da mensagem.

A precisão lógica da exposição lingüística importa, antes de tudo, no problema de composição, que consiste em bem ajustar e concatenar os pensamentos. O próprio raciocínio ainda não exteriorizado depende disso para se desenvolver.

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Além de nos fazermos entender pelos outros, temos de nos entender a nós mesmos.

A correção gramatical, não é responsável, apenas, pela boa linguagem, mas concorre muito para ela, resultando numa boa forma de expressão. A obediência às regras gramaticais é muito relevante porque estas representam as conclusões de várias gerações de homens que se especializaram em estudar a língua e observar a sua ação e os efeitos no intercâmbio cultural. Além disso, acham-se apoiadas por um consenso geral e, através delas, facilita-se a projeção de nossas idéias e a aceitação do que assim dizemos. Uma atitude de independência em relação às regras gramaticais é mais cabível aos literatos, porque se espera deles uma visão pessoal da realidade e, sobretudo, da língua, já que a língua é a sua preocupação mais importante e a matéria-prima de sua arte. DICAS Vamos ler o texto A Cidadania e a Língua Brasileira, de Thereza Cristina Guerra, que nos revela a responsabilidade do cidadão com o idioma.

Qual a relação entre falar, escrever e a cidadania? Qual é a imagem que desejamos projetar ao escrevermos ou falarmos corretamente? Não é melhor sabermos o inglês ou o espanhol? Ser poliglota da própria língua parece que não interessa. Devemos cultivar nossa língua como cultivamos nossos costumes, nossos gostos e nossa cultura. Escolher palavras simples para construir textos claros e coerentes é o caminho para a cidadania. Por que escrever difícil, com vocabulário técnico, exigindo esforços demasiados para se entender uma pequena frase?

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A língua deve ser brasileira, no sentido de refletir e buscar soluções para os problemas mais urgentes do País. Língua brasileira porque se funde às raízes da nossa própria realidade. Estamos falando um dialeto cheio de expressões em inglês que só demonstra um futuro incerto pela frente. Ser cidadão em termos de linguagem é respeitá-la não só em sua gramática, mas também em seu modo brasilis. É cultivá-la, como patrimônio histórico e cultural. Utópico, talvez. Não importa. O que importa é ressaltar que ela está esquecida, maltratada, desprezada por políticos, profissionais de comunicação e pessoas públicas, de reconhecida influência nas atitudes da população, como artistas e jogadores de futebol. Repetimos o que aprendemos, no dia-a-dia, sem, ao menos, analisarmos a razão desta ou daquela expressão. Pensamos em nosso vocabulário. O que pretendemos com ele? Quem vamos atingir? Passamos arrogância, saber, conhecimento, alegria e amor por meio da fala. Passamos poder, preconceito, manipulação com a palavra. Resgatar o que é a essência brasileira deve ser a mete de todo cidadão deste País. Escrever bem é praticar a cidadania. E não é escrever difícil, cheio de frases de filósofos ou poetas. Não é complicar, usando termos da economia, informática ou administração. Ser simples é respeitar o receptor, é ir direto ao ponto, mostrar a verdade, com transparência e sem camuflagem. É ser coerente, preciso e claro. É dar ao povo as palavras que ele precisa saber para se defender, reivindicar e crescer nos aspectos éticos e morais. O que é o cidadão-do-idioma? É aquele que preserva a língua de tal forma que possa construir um país forte, sadio e próspero. Uma república das letras, cheia de seres conscientes, educados para o domínio da língua brasileira, precisa ser a meta almejada por todos que desejam cultivar, de fato, a cidadania. (Thereza Cristina Guerra. A TARDE. 30/04/2002.)

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Assunto 1.2 - Diversidade Lingüística Unidade 1.2.1 - Variações Lingüísticas

TEORIA Toda língua apresenta variações. O próprio emissor também apresenta variações, na sua maneira de usar a língua. Seu uso depende do receptor; da idade de ambos; da profissão; do nível de escolaridade; da região onde moram os falantes; do tipo de mensagem; da situação e do local em que a comunicação acontece. Muitas vezes, o momento emocional do emissor e do receptor interfere na realização da língua. Para que a comunicação ocorra, não basta que as pessoas falem a mesma língua, mas usem a linguagem adequada à situação em que se encontram.

A linguagem classifica-se em:

Popular – mais informal, espontânea, não elaborada, não cultivada, usada, geralmente, por pessoas de baixa escolaridade ou mesmo analfabetas, em situações informais, nas comunicações pragmáticas, do dia-a-dia. Aparece, mais freqüentemente, na forma oral e, raramente, na língua escrita.

Pode, inclusive, se desviar das normas de correção estabelecidas, apresentando um vocabulário restrito, com grande ocorrência de gíria, onomatopéia, clichês, e frases feitas, além de formas deturpadas (gaufo, ossílio, probrema, arioporto, inxempro etc) Não há preocupação com as regras gramaticais de flexão, concordância, regência etc.

Culta ou variante-padrão – bem mais elaborada, cuidada, de acordo

com as normas gramaticais e usada em situações de formalidade. Utilizada pelas classes intelectuais da sociedade, na forma escrita e, mais raramente, na oral. É a língua usada nos meios diplomáticos, e científicos, correspondência e nos documentos oficiais, nos discursos e sermões. O vocabulário é rico e as normas gramaticais são plenamente obedecidas.

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Familiar - utilizada por pessoas que, apesar de conhecerem a língua, utilizam-na, num nível menos formal, mais descontraído e cotidiano. É a linguagem do rádio, da televisão, dos meios de comunicação de massa, em geral, nas formas oral ou escrita. Utiliza-se, nesse nível da linguagem, o vocabulário da língua comum, sendo a obediência às normas gramaticais bastante relativa. Admite-se algumas construções típicas da linguagem oral e, até mesmo, o uso consciente de gírias.

No Brasil, por exemplo, embora haja um só idioma, as alterações apresentadas foram causadas, naturalmente, pela enorme diversidade social e cultural de suas várias regiões. Deve-se, no entanto, observar os outros fatores já referidos, como idade, profissão, escolaridade e momento emocional que interferem na realização lingüística. DICAS O escritor José Herculano de Carvalho esclarece-nos melhor sobre a diversidade lingüística, através do texto que se segue.

“A língua portuguesa, como qualquer outra língua, configura-se como um conjunto de variantes, isto é, não é um todo uniforme.

Embora se fale português em Manaus, Salvador, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, não se fala, em Recife, da mesma forma,

como se fala em Sorocaba, Piracicaba ou Santo Antônio de Jesus e Lençóis, cidades dos estados de São Paulo e da Bahia,

respectivamente”. (CARVALHO, José G. Herculano de. Teoria da Linguagem. Coimbra/ Atlântida, 1967/1973.2v ) COMENTÁRIOS A incorporação de vocábulos estrangeiros também contribui para a variação lingüística. Será que você concordará com José Castellani, autor do texto a seguir, intitulado “O massacre da Língua Portuguesa”? Ou acha que é muito radicalismo, muita xenofobia no trato com a nossa língua? Será que é dessa forma – defendendo-a contra qualquer influência dos demais idiomas – que demonstramos o nosso cuidado com a Língua Portuguesa? De que forma os estrangeirismos contribuem para a diversidade lingüística?

“A LÍNGUA É MINHA PÁTRIA.” (Caetano Veloso)

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DICAS

O MASSACRE DA LÍNGUA PORTUGUESA Um sinal de falência da educação no Brasil

O Brasil vive, hoje, o resultado de décadas de descaso em relação ao sistema educacional. Nos “bons tempos” do regime autoritário, explodiam faculdades e universidades, em locais sem meios de sustentação para um estabelecimento desse gênero, e com verbas diminutas, que não conferiam, a elas, o necessário para que se equipassem à altura dos cursos que exibiam. No caso das Faculdades de Medicina, essa histeria criadora chegou às raias do inconcebível, causando uma queda brutal no nível de ensino, com as conseqüências hoje vistas no sistema sanitário brasileiro. As Faculdades de Jornalismo, que se tornaram exigência daquele período de nossa história, para os que pretendiam se dedicar à imprensa, criaram, por omissão da Gramática no currículo – existe absurdo maior?! – como comprova o prof. Napoleão Mendes de Almeida, filólogo dos mais ilustres, o início do assassinato do idioma português, largamente demonstrado na mídia, onde, cada vez mais, os erros são freqüentes, como, só para exemplificar: confundir o “lhe” com “o/a”; usar crase onde ela não existe e deixar de usá-la onde ela deve ser aplicada; confundir o verbo “apenar”, que significa impor pena, com “penalizar”, que significa ter pena: e assim por diante, “ad nauseam”. Foram-se os tempos áureos da imprensa, quando os seus redatores e revisores sabiam ler e escrever, embora tivessem passado um belo período com censores a fungar nas suas costas, qual sombras vampirescas a cortar e a sugar o seu trabalho. Não existiam, então, barbaridades como “à sete quilômetros da capital” (crase onde não há), ou “foi a casa do ministro” (falta da crase, onde ela existe), ou “ela não lhe ama” (com uma incorreta frase oblíqua do pronome pessoal), ou, ainda, “há 15 anos atrás” (há 15 anos só pode ser atrás), ou, ainda, “elo de ligação” (elo só pode ser de ligação), ou, ainda, “a nível nacional” (quando o correto é ao, ou em nível), ou, ainda, “encarar de frente” (como a cara é na frente, só se pode encarar de frente), ou, pior do que isso, “enfrentar de frente”(só é possível enfrentar de frente; de costas é encostar), ou, ainda ..., ou, ainda ... A coisa vai ao infinito! A culpa, é claro, não é dos que cometem tais erros, mas, sim, de quem lhes deu uma formação altamente deficiente, ou ainda de quem deixou que essa formação se tornasse deficiente, na certeza de que um povo inculto tem mais tendência a suportar a canga, tem mais índole ovina e pouca vontade e check-in. Não há esboço de capa ou de anúncio; há lay-out. Não há abertura de notícia; há lead. Não há texto informativo à imprensa; há release, ou press release. Não há filme de suspense e mistério, há thriller. Não há primeiro plano; há close-up. Não há cartaz; há outdoor. Não há elenco; há cast. Não há folheto publicitário; há folder. E assim por diante, ao infinito. Palavras e expressões como free-lancer, freezer, off, play-back, niver, lobby, marketing, franshising, merchandising, pocket-book, best seller, remake, take, tape, script, spot, slogan, soft, software, slow motion, show, receiver, pick-up, zoom, light, flat,

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time, display, system, card, cartoon, air-bag e muitas outras centenas de palavras inglesas habitam nosso dia-a-dia. E o pior é que a imensa maioria delas tem correspondente em nosso idioma. Nem a nossa prosaica privada nos foi deixada; ela passou à elegante sigla W.C. (water closet). A mesma meninada que massacra o idioma português, até nos exames vestibulares, conhece e escreve direitinho essas palavras, ao mesmo tempo em que abandona os hábitos alimentares brasileiros, para se empanturrar com hambúrgueres, hot-dog, batatas fritas e catchup, essas cascatas de colesterol, que fazem a alegria e o acidente vascular do americano típico. E quando se chega ao âmbito da informática, então, a coisa torna-se assustadora. Meu computador, com processador Pentium 200 MMX, é um alegre norte-americano, que só conversa comigo se for em inglês; caso contrário, simplesmente, me ignora. Só falta me pedir ovos com bacon no breakfast. Qualquer daqueles adolescentes que sacrifica a língua portuguesa no altar da ignorância e que desconhece até a História recente do Brasil, sabe, direitinho, como se escreve e o que é personal computer, mouse, word, windows, byte, som wave, paintbrush picture, rich test, software, delete, page up, caps lock, print screen, page down, scroll lock, wordpad, windows explorer, startup, microsoft exchange, file transfer, on-line, dial-up, joystick e assim por diante, até à estratosfera. A língua portuguesa ainda é mantida, em Portugal, graças às autoridades responsáveis pela cultura e graças a uma mídia consciente de suas responsabilidades na formação do povo. Nenhum locutor português – ao contrário dos nossos – falou em princesa Daiana, mas, sim, em princesa Diana; nem em príncipe Charles, mas, sim, em príncipe Carlos. Tanto a mídia, quanto a medicina portuguesa não citam a síndrome de imuno-deficiência adquirida como AIDS (que é sigla inglesa), mas, sim, como SIDA, juntando as iniciais de cada palavra, no idioma vernáculo (esse último caso, por sinal, ocorre com todos os países latinos). Nossa cultura nacional e nossas tradições estão indo pelo ralo. Nossa identidade como nação vai sendo, lentamente, comprometida pela influência da cultura estrangeira em todos os setores de nossa vida diária, sem que vá, nessa constatação, qualquer sentido de xenofobia, mas apenas de percepção da realidade. Nosso idioma é tratado como linguagem de bárbaros e amplamente desprezados. E isso ocorrerá, com tendência ao exacerbamento, até que os nossos poderes constituídos – pois a responsabilidade não é só do Executivo – conscientizem-se de que educação é o caminho mais rápido para o desenvolvimento e é a base de todas as demais atribuições do Estado, pois não há globalização que eleve o nível de uma nação, quando a educação conta com verbas ridículas e quando a cultura da maioria do povo está num patamar tão baixo, que pode ir para o esgoto com um simples apertar de botão de descarga.

(CASTELLANI, José. O massacre da língua portuguesa. O Esquadro, p. 09, nov. 1997.)

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COMENTÁRIOS Não só os estrangeirismos interferem na Língua Portuguesa. Outros fatores, alguns já abordados, contribuem para que esse código apresente-se sob formas variadas, enriquecendo, assim, o vernáculo. Quando importamos uma ciência - a informática; uma arte; um tipo de esporte; uma inovação culinária, não chegam apenas os usos, o vocabulário correspondente vem com eles. As variações lingüísticas da Língua Portuguesa não devem ser vistas com preconceito. A língua não é uma estrutura rígida, arcaica e, sobretudo, estática. Toda língua tem que ser maleável, versátil, flexível e, portanto, dinâmica.

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Assunto 1.3 - A Importância da Leitura Unidade 1.3.1 - Leitura da Palavra e Leitura do Mundo

Vamos aprender um pouco sobre a Leitura da palavra e leitura do mundo. Veja abaixo, um texto introduzindo este assunto. Vamos lá? COMENTÁRIOS Linguagem e realidade são inseparáveis - uma legitima a outra. Leia esse texto de Paulo Freire e reflita.

A importância do ato de ler Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-lo agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um pouco da importância do ato de ler. Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.

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A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado – e até gostosamente – a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo. Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” dos diferentes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo”. A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo particular em que me ouvia – e até onde não sou traído pela memória – me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós – à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores. A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio das avencas de minha mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele mundo especial se dava a mim como o mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras leituras.

Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto – em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mas aumentava a capacidade de perceber – se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia aprendendo no meu trato com eles, nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.

(FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 12. ed. São Paulo, Cortez, 1986. p. 11-3) EXERCÍCIO SOLO Baseando-se nos trechos abaixo do texto de Paulo Freire, que você acabou de ler, posicione-se a respeito de alguns assuntos destacados. 1) “Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do

texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das

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relações entre o texto e o contexto”. Reflita e dê sua opinião acerca da relação entre linguagem, realidade e leitura.

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2) Como você entende o neologismo “palavramundo”?

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TEORIA A leitura é fundamental para descobrir novas possibilidades, novos valores, decifrar o mundo. A escrita possibilita-nos, por outro lado, experimentar as possibilidades descobertas e, assim, inventar outras tantas possibilidades, outras tantas formas de comunicação. DICAS Mais uma vez, convido você, aluno amigo, para ler um texto que nos ajudará a refletir sobre a importância da leitura para todos nós, como donos e responsáveis por esse planeta e não meros turistas do universo. APOSTANDO NA LEITURA Marisa Lajolo

Se a chamada leitura do mundo se aprende por aí, na tal escola da vida, a leitura de livros carece de aprendizado mais regular, que geralmente acontece na escola. Mas leitura, quer do mundo, quer de livros, só se aprende e se vivencia de forma plena, coletivamente, em troca contínua de experiências com os outros. É nesse intercâmbio de leituras que se refinam, reajustam e redimensionam hipóteses de significado, ampliando constantemente a nossa compreensão dos outros, do mundo e de nós mesmos.

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Da proibição de certos livros (cuja posse poderia ser punida com a fogueira) ao prestígio da Bíblia, sobre a qual juram as testemunhas em júris de filmes norte-americanos, o livro, símbolo da leitura, ocupa lugar importante em nossa sociedade.

Foi o texto escrito mais que o desenho, a oralidade ou o gesto, que o mundo ocidental elegeu como linguagem que cimenta a cidadania, a sensibilidade, o imaginário. É ao texto escrito que se confiam as produções de ponta da ciência e da filosofia; é ele que regula os direitos de um cidadão para com os outros, de todos para com o Estado e vice-versa

Pois a cidadania plena, em uma sociedade como a nossa, só é possível – se é que é possível – para leitores. Por isso, a escola é direito de todos e dever do Estado: uma escola competente, como precisam ser os leitores que ela precisa formar.

Daí talvez, o susto com que se observa qualquer declínio na prática de leitura, principalmente dos jovens, observação imediatamente transformada em diagnóstico de uma crise da leitura, geralmente encarada como anúncio do apocalipse, da derrocada da cultura e da civilização. Que os jovens não gostem de ler, que lêem mal ou lêem pouco, é um refrão antigo, que de sala de professores e congressos de educação ressoa pelo país afora. Em tempo de vestibular, o susto transporta para a imprensa e, ao começo de cada ano letivo a terapêutica parece chegar à escola, na oferta de coleções de livros infantis, juvenis e paradidáticos que apregoam vender, com a história que contam, o gosto pela leitura. Talvez, assim, pacifique corações saber que desde sempre – isto é, desde que se inventaram livros e alunos – se reclama da leitura dos jovens, do declínio do bom gosto, da bancarrota das belas letras! Basta dizer que Quintiliano, mestre-escola romano, acrescentou a seu livro “Institutione Oratoria” uma pequena antologia de textos literários, para garantir um mínimo de leitura para os estudantes de retórica. No século 1 da era cristã!

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Estamos, portanto, em boa companhia. E temos, de troco, uma boa sugestão, se cada leitor preocupado com a leitura do próximo, sobretudo leitores-professores, leitores-pais-e-mães, leitores-tios-e-tias, leitores-avôs-e-avós, montar sua própria antologia e contagiar por ela outros leitores, sobretudo leitores-alunos, leitores-filhos-e-filhas, leitores-sobrinhos-e-sobrinhas, leitores-netos-e-netas, por certo a prática de leitura na comunidade representada por tal círculo de pessoas, terá um sentido mais vivo. E a vida será melhor, iluminada pela leitura solidária de histórias, de contos, de poemas, de romances, de crônicas, e do que mais falar a nossos corações de leitores que, em tarefa de amor e paciência, apostam no aprendizado social da leitura. (Marisa Lajolo é professora de teoria literária do IEL- Instituto de Estudos da Linguagem.) (Folha de S.Paulo, 19 set. 1993.) SAIBA MAIS Você gostou do texto? Já conhecia o educador Paulo Freire? Que tal conhecer um pouco da vida e da história dele?

Paulo Freire nasceu em Recife, em 1921, e conheceu, desde cedo, a pobreza do Nordeste do Brasil. Formou-se em Direito, mas não exerceu a profissão, preferindo dedicar-se a projetos de alfabetização. Nos anos 50, quando ainda se pensava na educação de adultos como uma pura reposição dos conteúdos transmitidos às crianças e jovens, Paulo Freire propunha uma pedagogia específica, associando estudo, experiência vivida, trabalho, pedagogia e política. Criou o método, que o tornaria conhecido no mundo, fundado no princípio de que o processo educacional deve partir da realidade que cerca o educando. Não basta saber ler que “Eva viu a uva”, diz ele. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.

COMENTÁRIOS Fantástico, não? Esse brasileiro deu uma grande contribuição para a educação. Não dissociou realidade de linguagem; acreditou que a mera leitura mecânica das palavras não nos permite uma consciência crítica do mundo. TEORIA Ultimamente, questiona-se o papel da escola na formação do leitor. Segundo a pedagoga Rosa Mendonça, em artigo escrito no ano 2001, “... no bojo de uma denominada crise de leitura, afirma-se que o aluno não lê, que o professor não

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lê, que o brasileiro não lê...” Para ela, então, é preciso que se ilumine a questão por diferentes prismas, a fim de que se ultrapasse o senso comum, logrando compreender o fenômeno na sua complexidade.

Ainda segundo Rosa Mendonça, paradoxalmente à idéia de crise, o mercado editorial consolida-se e mostra um vigor incompatível com essa assertiva. As editoras ampliam seus catálogos; os eventos relativos à leitura multiplicam-se. Pergunta-se: Quem são os receptores dessas obras? Que representação de leitura perpassa, então, a questão da crise? “Se as pessoas lêem nas ruas, nas conduções, nas filas, nos elevadores, nos bancos de praça, nas escolas, livrarias, nas bibliotecas por que são, freqüentemente, taxadas de ‘não-leitores’?”, questiona a pedagoga em seu artigo.

Pensemos, então, que fatores de ordem social, política, cultural, econômica, permeiam a leitura, favorecendo ou desfavorecendo sua prática. No Brasil, por exemplo, existem políticas de promoção de leitura? A responsabilidade pela promoção da leitura não é, apenas, da escola. Há que haver uma política cultural que transforme a leitura numa prática habitual, que acompanhe o cidadão, durante sua vida, dando-lhe prazer. Que conhecimentos são necessários para que se pratique e ensine a leitura? O fundamental é torná-la uma atividade significativa. Deve-se descobrir o prazer de ler e, a partir da leitura, entender o mundo e as pessoas, recriando a realidade. Nosso olhar, cotidianamente, transita dos jornais às placas, nas ruas; das bulas aos manuais, das revistas aos livros, sem esquecer de outras formas de leitura, impostas pela pós-modernidade, com suas novas tecnologias, como televisão, vídeo e computador. Rosa Helena Mendonça conclui que quando lemos, somos motivados por diferentes propósitos, tanto no âmbito particular quanto no profissional. Recebemos influência de diferentes segmentos que vão da escola à família, passando pela mídia, pelos aparatos de divulgação editorial, e pelas políticas de promoção de leitura.

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O ambiente virtual é um espaço que privilegia o exercício da escrita e da leitura. É a partir dela que o aluno pode e deve adquirir autonomia para alçar seus próprios vôos, enquanto autor e co-autor de textos. O ambiente virtual de aprendizagem continua sendo, portanto, o espaço onde o aluno – e, de certo modo, os professores - desenvolvem ações continuadas com a linguagem verbal, tornando possível o estudo sistemático dos mecanismos que organizam as diferentes modalidades discursivas. Essa convivência permanente com os textos é fundamental para que os participantes consigam entendê-los, analisá-los, criticá-los, amá-los. Lendo-os, escrevendo-os, descobrindo, enfim, as enormes potencialidades apresentadas pelas mil faces das palavras. Trabalhando diretamente com os textos - lendo e escrevendo - é que aprendemos a detectar as articulações que os formam. No corpo a corpo com os textos, é que se identificam – e se resolvem – os problemas que a leitura e a redação nos propõem.

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Assunto 1.4 - A Palavra e a Idéia Unidade 1.4.1 - Palavra, Pensamento e Ação TEORIA A língua é uma das realidades mais fantásticas da nossa vida. Ela está presente em todas as nossas atividades; vivemos envolvidos pelas palavras. São elas que estabelecem todas as nossas relações e os nossos limites. Dizem, ou tentam dizer, quem somos, quem são os outros, onde estamos, o que vamos fazer, o que fizemos. Nossos sonhos são povoados de palavras; definimos, criticamos e julgamos as pessoas com palavras. Todas as nossas emoções e sentimentos revestem-se de palavras. O mundo inteiro é um magnífico e gigantesco bate-papo.

A negociação de paz e a declaração de guerra são feitas através de palavras. As primeiras sílabas de uma criança, seja numa violenta favela ou numa aldeia afegã, representam uma palavra. Este é o nosso diferencial. O que nos distingue do animal é a capacidade de aquisição da linguagem, a posse da palavra e a capacidade de pensar. No processo lingüístico de aquisição da linguagem, uma palavra vai se concatenando a outras, que, por sua vez, a outras vão se juntando, formando palavras, frases, orações, períodos, parágrafos, textos, construindo a língua, enfim. Somos seres pensantes, as palavras alimentam e enriquecem as idéias. Por razões históricas, a cultura do Ocidente deu à palavra um peso fundamental. À medida que as relações sociais ganharam complexidade, as palavras passaram a ser exercitadas numa dimensão não apenas oral, mas também escrita. Dessa forma, foi possível sistematizar e difundir ampla e rapidamente, através dos textos, o conhecimento acumulado pela experiência dos homens. Assim, apreender a palavra, dominá-la, encontrar a procedência e justeza de seu uso tornou-se um crescente desafio para podermos compartilhar dos saberes e das informações que nos circundam, especialmente nesses tempos em que os verbos ler e escrever passaram a ser utilizados como quase sinônimos de acesso ao trabalho e à formação da cidadania. Segundo Othon Moacir Garcia, toda palavra tem um peso; ele depende de sua expressividade, de sua capacidade de sintetizar uma informação precisa e clara. Há perda de peso, por exemplo, quando o significado é impreciso (caso

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de “muitos”, “vários” e similares) ou ambíguo (por exemplo, o verbo “poder”, que tanto indica capacidade de fazer algo como autorização para fazer). Os substantivos concretos impõem - se aos abstratos. O texto informativo – por ser mais objetivo e, portanto, mais específico é considerado mais fácil que o literário - mais subjetivo e, portanto, mais genérico. Os verbos de ação revelam maior clareza, sobretudo, se estão na ordem direta e na voz passiva.

Nos adjetivos e advérbios, deve-se preferir, de fato, os que acrescentam informação, respectivamente, a substantivos e a verbos, desprezando os que são usados apenas para “arredondar” a frase. A palavra mais curta é sempre a preferida. Por uma simples razão – é lida com mais facilidade e já deve ser conhecida pelo leitor. SAIBA MAIS Othon Moacir Garcia esclarece-nos acerca da necessidade de lidar com as palavras e as idéias. No texto que se segue, demonstra, sobretudo, como a leitura e a conseqüente aquisição de vocabulário ajuda-nos a refletir, julgar, criar e agregar conhecimentos. “Há alguns anos, o Dr. Johnson O’Connor, do Laboratório de Engenharia Humana, de Boston, e do Instituto de Tecnologia, de Hoboken, Nova Jersey, submeteu a um teste de vocabulário cem alunos de um curso de formação de dirigentes de empresas industriais (industrial executives), os executivos. Cinco anos mais tarde, verificou que os dez por cento que haviam revelado maior conhecimento ocupavam cargos de direção, ao passo que dos vinte e cinco por cento mais ‘fracos’ nenhum alcançara igual posição. Isso não prova, entretanto, que, para vencer na vida, basta ter um bom vocabulário; outras qualidades se fazem, evidentemente, necessárias. Mas parece não restar dúvida de que, dispondo de palavras suficientes e adequadas à expressão do pensamento de maneira clara, fiel e precisa, estamos em melhores condições de assimilar conceitos, de refletir, de escolher, de julgar, do que outros cujo acervo léxico seja insuficiente ou medíocre para a tarefa vital da comunicação. Pensamento e expressão são interdependentes, tanto é certo que as palavras são o revestimento das idéias e que, sem elas, é praticamente impossível pensar. Como pensar que ‘amanhã tenho uma aula às 8 horas’, se não prefiguro mentalmente essa atividade por meio dessas ou de outras palavras

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equivalentes? Não se pensa in vacuo. A própria clareza das idéias (se é que as temos sem palavras) está intimamente relacionada com a clareza e a precisão das expressões que as traduzem. As próprias impressões colhidas em contato com o mundo físico, através da experiência sensível, são tanto mais vivas quanto mais capazes de serem traduzidas em palavras – e sem impressões vivas não haverá expressão eficaz. É um círculo vicioso, sem dúvida: ‘... nossos hábitos lingüísticos afetam e são igualmente afetados pelo nosso comportamento, pelos nossos hábitos físicos e mentais normais, tais como a observação, a percepção, os sentimentos, a emoção, a imaginação.’ De forma que um vocabulário escasso e inadequado, incapaz de veicular impressões e concepções, mina o próprio desenvolvimento mental, tolhe a imaginação e o poder criador, limitando a capacidade de observar, compreender e até mesmo de sentir. “Não se diz nenhuma novidade ao afirmar que as palavras, ao mesmo tempo que veiculam o pensamento, lhe condicionam a formação. Há século e meio, Herder já proclamava que um povo não podia ter uma idéia sem que para ela possuísse uma palavra”, testemunha Paulo Rónai em artigo publicado no Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, e mais tarde transcrito na 2a edição de Enriqueça o seu vocabulário (Rio, Civilização Brasileira, 1965), de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Portanto, quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível, tanto mais claro, tanto mais profundo e acurado é o processo mental da reflexão. Reciprocamente, quanto mais escasso e impreciso, tanto mais dependentes estamos do grunhido, do grito ou do gesto, formas rudimentares de comunicação capazes de traduzir apenas expansões instintivas dos primitivos, dos infantes e... dos irracionais.”

(GARCIA, Othon Moacir, Comunicação em prosa moderna. 8. Ed. Rio de Janeiro, FGV, 1980. P. 155-6.)

COMENTÁRIOS E, então, concorda conosco? O enriquecimento do universo vocabular desenvolve a nossa atividade cerebral, permitindo-nos um maior entendimento do mundo, que, por sua vez, exige de nós, cada vez mais, uma busca constante de novos significados. DICAS Leia esse texto de Cecília Meireles e veja como ela valoriza as palavras!

“Os senhores todos conhecem a pergunta famosa universalmente repetida: ‘Que livro escolheria para levar consigo, se tivesse de partir para uma ilha deserta...?’ Vêm os que acreditam em exemplos célebres e dizem naturalmente: ‘Uma história de Napoleão’. Mas uma ilha deserta nem sempre é um exílio... Pode ser um passatempo...”.

Os que nunca tiveram tempo para fazer leituras grandes, pensam em obras de muitos volumes. É certo que numa ilha deserta é preciso encher o tempo... E lembram-se das Vidas de Plutarco, dos Ensaios de Montaigne, ou, se são mais cientistas que filósofos, da obra completa de Pasteur. Se são uma boa mescla

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de vida e sonho, pensam em toda a produção de Goethe, de Dostoievski, de Ibsen. Ou na Bíblia. Ou nas Mil e Uma Noites.

Pois eu creio que todos esses livros, embora esplêndidos, acabariam fatigando; e, se Deus me concedesse a mercê de morar numa ilha deserta (deserta, mas com relativo conforto, está claro - poltronas, chá, luz elétrica, ar condicionado) o que levava comigo era um Dicionário. Dicionário de qualquer língua, até com algumas folhas soltas; mas um Dicionário.

Não sei se muita gente haverá reparado nisso - mas o Dicionário é um dos livros mais poéticos, se não mesmo o mais poético dos livros. O Dicionário tem dentro de si o Universo completo.

Logo que uma noção humana toma forma de palavra - que é o que dá existência às noções - vai habitar o Dicionário. As noções velhas vão ficando, com seus sestros de gente antiga, suas rugas, seus vestidos fora de moda; as noções novas vão chegando, com suas petulâncias, seus arrebiques, às vezes, sua rusticidade, sua grosseria. E tudo se vai arrumando direitinho, não pela ordem de chegada, como os candidatos a lugares nos ônibus, mas pela ordem alfabética, como nas listas de pessoas importantes, quando não se quer magoar ninguém...

Dicionário é o mais democrático dos livros. Muito recomendável, portanto, na atualidade. Ali, o que governa é a disciplina das letras. Barão vem antes de conde, conde antes de duque, duque antes de rei. Sem falar que antes do rei também está o presidente.

O Dicionário responde a todas as curiosidades, e tem caminhos para todas as filosofias. Vemos as famílias de palavras, longas, acomodadas na sua semelhança - e de repente, os vizinhos tão diversos! Nem sempre elegantes, nem sempre decentes, - mas obedecendo à lei das letras, cabalística como a dos números...

O Dicionário explica a alma dos vocábulos: a sua hereditariedade e as suas mutações.

E as surpresas de palavras que nunca se tinham visto nem ouvido! Raridades, horrores, maravilhas...

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Tudo isto num dicionário barato - porque os outros têm exemplos, frases que se podem decorar, para empregar nos artigos ou nas conversas eruditas, e assombrar os ouvintes e os leitores...

A minha pena é que não ensinem as crianças a amar o Dicionário. Ele contém todos os gêneros literários, pois cada palavra tem seu halo e seu destino - umas vão para aventuras, outras para viagens, outras para novelas, outras para poesia, umas para a história, outras para o teatro.

E como o bom uso das palavras e o bom uso do pensamento são uma coisa só e a mesma coisa, conhecer o sentido de cada uma é conduzir-se entre claridades, é construir mundos tendo como laboratório o Dicionário, onde jazem, catalogados, todos os necessários elementos.

Eu levaria o Dicionário para a ilha deserta. O tempo passaria docemente, enquanto eu passeasse por entre nomes conhecidos e desconhecidos, nomes, sementes e pensamentos e sementes das flores de retórica.

Poderia louvar melhor os amigos, e melhor perdoar os inimigos, porque o mecanismo da minha linguagem estaria mais ajustado nas suas molas complicadíssimas. E sobretudo, sabendo que germes pode conter uma palavra, cultivaria o silêncio, privilégio dos deuses, e ventura suprema dos homens.”

(Cecília Meireles publicou este texto no jornal paulistano Folha da Manhã em 11 de julho de 1948.)

COMENTÁRIOS A elaboração de bons textos escritos pressupõe o domínio de um bom vocabulário. Afinal, dentre as características específicas da modalidade escrita da língua, destaca-se a necessidade de um vocabulário preciso e criterioso, capaz de suprir a ausência dos recursos mímicos e o colorido da entonação da língua falada. TEORIA Manejar um bom vocabulário não significa impressionar os outros com um punhado de palavras difíceis e desconhecidas. O que importa é conhecer e utilizar as palavras necessárias para a produção de textos claros e “enxutos”. O nível do vocabulário utilizado decorre de fatores que condicionam a elaboração do texto: o tema tratado, a finalidade a que se propõe, o receptor a que se dirige, o meio de divulgação utilizado.

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Um comunicado oficial a ser divulgado na imprensa, ou uma carta aberta de um candidato à Presidência da República à população, às vésperas da eleição, podem tratar de um mesmo tema, de um mesmo assunto, mas a seleção vocabular deve ser adequada a cada caso. Um mesmo fato gera notícias, de formatos diferentes, se transmitidas por uma revista especializada; por uma emissora de rádio; de televisão; jornais ou internet. Cada veículo imprimirá à notícia uma redação e um vocabulário diferentes. Assim, as melhores palavras não são as mais pomposas e, sim, as mais eficazes.

Todos nós devemos nos habituar a consultar os dicionários sempre que necessitarmos, sobretudo na expressão escrita. A consulta aos dicionários contribui, de forma decisiva, para a perfeita compreensão e expressão de idéias, opiniões e sentimentos. Um bom dicionário oferece-nos várias e úteis informações sobre as palavras, estimulando-nos, em geral, a consultar mais do que pretendíamos. Não se busca o sentido de uma palavra no dicionário, sem, antes, contextualizá-la. Isso decorre de que as palavras só adquirem seu significado pleno, quando em uso, ou seja, quando se relacionam com outras palavras e com o mundo. Reflita sobre a palavra esperança. Na fala de um desempregado; no diário de um náufrago; no discurso de um candidato que almeja subir, nas pesquisas eleitorais; nos versos do poeta e na novela da televisão... Em alguns desses exemplos, essa palavra - esperança - tem uma conotação de angústia, uma busca de solução, uma saída... Em outros, um sentido de desespero, um pedido de ajuda. Há, até, uma alegria antecipada e uma certeza de sucesso na fala do político, particularmente. Na poesia, pode ser entendida como o divino, o irreal, o metafísico. Na ficção, esperança pode ser absurdamente polissêmica, intencionalmente ideológica e mágica.

Podemos afirmar, portanto, que trabalhar com as palavras requer sensibilidade. As palavras oferecem-nos o bem e o mal; a alegria e a tristeza; o possível e o impossível; o certo e o errado; o sagrado e o profano; o divino e o diabólico. Cabe a cada um de nós escolher a melhor face, o melhor sentido. É impossível, portanto, descuidar das relações entre as palavras, os textos e o mundo. Qualquer deslize é fatal.

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COMENTÁRIOS Como dissociar a palavra do pensamento? Como atingir, com plenitude, a expressão escrita, se não somos suficientemente informados acerca do mundo, das coisas, dos homens? Se não temos opinião, se não nos posicionamos diante do universo?

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Assunto 1.4 - A Palavra e a Idéia Unidade 1.4.2 - Conhecendo as Palavras SAIBA MAIS Ao escrevermos um texto, o processo de escolha das palavras assemelha-se a uma luta corporal, uma disputa, onde existem vencido e vencedor. Para ajudá-lo a compreender melhor essa “luta”, escolhemos um poema de Carlos Drummond de Andrade, que a descreve com precisão. Leia-o, com atenção, associando-o com tudo o que você já estudou acerca das palavras e seus matizes. Pronto para começar? Então, vamos lá. O Lutador

Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça. Insisto, solerte. Busco persuadi-las. Ser-lhes-ei escravo de rara humildade. Guardarei sigilo de nosso comércio. Na voz nenhum travo de zanga ou desgosto.

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Sem me ouvir deslizam, perpassam levíssimas e viram-me o rosto. Lutar com palavras parece sem fruto. Não têm carne e sangue... Entretanto, luto. Palavra, palavra (digo exasperado), se me desafias, aceito o combate. Quisera possuir-te neste descampado, sem roteiro de unha ou marca de dente nessa pele clara. Preferes o amor de uma posse impura e que venha o gozo da maior tortura. Luto corpo a corpo, luto todo o tempo, sem maior proveito que o da caça ao vento. Não encontro vestes, não seguro formas, é fluido inimigo que me dobra os músculos e ri-se das normas da boa peleja. Iludo-me às vezes, pressinto que a entrega se consumará. Já vejo palavras em coro submisso, esta me ofertando seu velho calor, outra sua glória feita de mistério, outra seu desdém, outra seu ciúme, e um sapiente amor me ensina a fruir de cada palavra a essência captada, o sutil queixume. Mas ai! é o instante De entreabrir os olhos:

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entre beijo e boca, tudo se evapora. O ciclo do dia ora se conclui e o inútil duelo jamais se resolve.

O teu rosto belo, ó palavra, esplende na curva da noite que toda me envolve Tamanha paixão e nenhum pecúlio. Cerradas as portas, a luta prossegue nas ruas do sono.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Op. cit. p. 67.) COMENTÁRIOS Você acabou de ler o poema O LUTADOR, do grande poeta Carlos Drummond de Andrade. Quantas vezes já pensamos sobre isso e não soubemos expor, com propriedade, o nosso pensamento? Junte-se a nós, procurando interpretá-lo. Será que conseguiremos entender o que esse ”poeta maior” quer nos dizer ou a velha luta com as palavras vai impedir o nosso desejo? Atente para a linguagem poética do texto. Reflita... Quem é o lutador? Como são as palavras? Qual o poder que elas representam? Procure extrair dele as concepções do autor sobre o ato de escrever. Compare-o com o poema que se segue – CATAR FEIJÃO -, de João Cabral de Mello Neto. CATAR FEIJÃO

1. Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na da folha de papel; e depois joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

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2. Ora, nesse catar feijão, entra um risco: o de entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quanto ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a com o risco.

COMENTÁRIOS Que analogia maravilhosa! Catar feijão é também conhecido, sobretudo no sertão, como escolher feijão. Os grãos imprestáveis são jogados ao lixo; as palavras inapropriadas para refletirem nossos pensamentos são descartadas. Os grãos sadios transformam-se em alimento para o corpo; as palavras adequadas compõem o texto que servirá de alimento para a alma. DICAS Agora, leia esse texto e vá se apropriando da magia das palavras! Palavras, palavras, palavras... Temos muito a aprender com os índios. O amor e a ligação com a natureza, o conhecimento milenar das ervas medicinais, a integridade – quanta coisa eles têm a nos ensinar! Quando li, há algumas semanas, a entrevista com Kaká Jecupe, descobri que ainda há muito o que aprender com eles: o respeito ao poder e à força da palavra, assunto que nenhum lingüista jamais abordou.

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Você já parou para pensar no quanto o seu universo é feito de palavras? Você acorda de manhã cedo, lê as notícias no jornal e essas notícias irão influenciar no seu dia, deixando-o mais feliz ou não; você entra no carro, liga o rádio e ouve mais notícias, entremeadas com mensagens publicitárias e músicas que o encherão de alegria, saudade, tristeza.

Ao chegar ao trabalho, o que você encontra? Palavras e mais palavras! A mesa cheia de relatórios, ofícios, cartas, projetos, o computador entupido de mensagens eletrônicas... depois, começam as reuniões intermináveis, nas quais são trocadas palavras que podem decidir o futuro da empresa. Finalmente você volta para casa, encontra a esposa, os filhos, e todos trocam palavras doces e carinhosas (arrulhos)... mas, de repente, acontece o desastre. Você olha para a sua rechonchuda esposa e diz, sem pensar: “Como você engordou, bem!” Ela imediatamente reage e solta as palavras envenenadas (grunhidas). “Gordo é você, sua anta, seu desalmado, seu isso, seu aquilo, seu aquilo outro...” É a guerra! Palavras agressivas (grunhidos, berros, silvos) são trocadas de lado a lado, palavras cobertas de ódio – e, por isso, impensadas e fatais. Depois vem o silêncio, dias, semanas sem que um fale com o outro. O silêncio como forma de dizer que o amor está em crise, pois o amor é feito de palavras e raramente sobrevive ao silêncio gélido da indiferença. Percebeu como o índio está certo? A boca é um arco carregado com mil setas-palavras, e não podemos nos dar o luxo de falar sem pensar, pois a palavra impensada fere, mata. E daí? E daí que você deve pensar mil vezes antes de falar, uma vez que a palavra (mal) dita não pode ser recolhida. Não adianta falar “desculpe”, “não foi isso o que eu quis dizer”, pois já disse, já feriu, já magoou.

Todos os conflitos humanos começam com palavras (mal) ditas. As guerras acontecem quando todas as palavras já se esgotaram, quando não há mais nada a dizer. Jamais descarte um assunto dizendo “isso é uma simples questão de palavras”, pois as palavras nunca são tão simples. Jamais empenhe a sua palavra se não puder cumprir o prometido, pois a palavra é o que você tem de mais importante...

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(Carlos Pimentel é escritor, professor pós-graduado de Literatura Brasileira e Língua Portuguesa.)

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Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.1 - Tecendo o Texto TEORIA A palavra texto tem origem no latim textum. Significa “tecido, entrelaçamento”. O texto é o resultado do ato de tecer, de juntar palavras que, entrelaçadas, formam orações. Estas, por sua vez, agrupadas, compõem períodos, que se juntam, formando os parágrafos e, finalmente, concatenados, resultam em textos. A palavra é, portanto, a unidade do discurso, formando partes maiores e, finalmente, um todo inter-relacionado - uma rede de relações com coesão e coerência. Criando ou lendo um texto, tecemos, quase artesanalmente, um tecido que vai se encorpando, tomando forma, desenvolvendo-se. As partes que o formam, surgem, uma após a outra, relacionando-se com o que já foi dito ou com o que se vai dizer. DICAS Que tal ler esse texto de João Cabral de Mello Neto para, juntos, sentirmos a magia da criação de um texto? Tecendo a Manhã 1. Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos.

2. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão.

(A Educação pela Pedra)

TEORIA Como já foi dito, o parágrafo é a unidade do texto, mas não bastam os parágrafos bem estruturados, para garantir-lhe uma lógica. É necessário haver

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coesão entre os parágrafos, refletindo a linha de raciocínio esboçada, no desenvolvimento do assunto. À proporção que as idéias básicas de cada parágrafo vão se encadeando, o texto também vai se organizando, vai se construindo, permitindo o equilíbrio entre as partes. Essas condições são indispensáveis para que o assunto abordado torne-se claro e compreensível.

Ao longo de um texto coerente, ocorrem repetições, retomadas de elementos (palavras, frases e seqüências que exprimem fatos ou conceitos). Essa retomada é normalmente feita por pronomes (e pelas terminações verbais que os indicam) ou por palavras e expressões equivalentes ou sinônimas. Também podemos repetir a mesma palavra ou expressão, o que deve ser feito com cuidado, a fim de que o ritmo não seja prejudicado.

Num texto coerente, o conteúdo também deve progredir, ou seja, devemos sempre acrescentar novas informações ao que já foi dito. A progressão completa a repetição. A repetição proporciona a retomada de elementos passados; a progressão permite que o texto não se limite a repetir, indefinidamente, o que já foi colocado. Assim, equilibramos o que já foi dito com o que será dito, garantindo a continuidade do tema e a progressão do sentido. Para se obter coerência num texto, deve-se tomar cuidado com elementos que contradigam idéias que já foram colocadas. O texto não deve destruir a si mesmo, tomando como verdadeiro aquilo que já foi considerado falso, ou vice-versa. Esse tipo de contradição só é tolerada se for intencional,objetivando uma maior clareza para o leitor. No período: A liberdade pode libertar ou aprisionar, os verbos libertar e aprisionar, aparentemente contraditórios, não desfiguram o sentido do texto, porque reforçam a idéia de que ser livre socialmente e politicamente pressupõe uma liberdade do indivíduo, do ser.

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O surgimento, num mesmo período, desses dois verbos, só faz sentido, porque queremos enfatizar que, uma mesma palavra, pode conter significados diversos, porque as palavras são polissêmicas e o contraste semântico é muito enriquecedor. A aproximação de idéias e fatos contrastantes é um recurso muito freqüente no desenvolvimento da argumentação. A contradição é, portanto, uma questão de lógica / da Lógica. Para se obter coerência num texto, os fatos e conceitos devem estar relacionados. Essa relação deve ser suficiente para justificar sua inclusão num mesmo texto. Por isso, é muito importante organizar esses elementos, no momento da construção de um texto, ou mesmo antes de começar a escrever.

Palavras e expressões, como primeiro, depois, além disso, tampouco, introduzem novos fatos e conceitos, o que faz o texto avançar. Note que progressão e repetição ocorrem simultaneamente. A formatação final do texto depende, ainda, de outros fatores. Como o texto escrito é um fato comunicativo, nele interferem questões relativas ao canal de comunicação, ao perfil do receptor e às finalidades pretendidas pelo emissor. O emissor pode pretender coisas tão diversas como informar, convencer, enganar, seduzir, divertir. O receptor pode ser uma pessoa de elevado grau de escolaridade, uma criança recém-alfabetizada ou alguém que tenha concluído o primeiro grau; pode estar em casa, num campo de futebol, na praia ou no trabalho. Todos esses fatores afetam diretamente as feições do texto que se pretende bem-sucedido.

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O processo de criação de um texto, além de passar pela escolha da palavra mais forte e reveladora; pela busca do sentido mais exato e preciso, que exprima, com exatidão, o que queremos dizer; pela coerência e pela coesão; resulta, num produto que, ao estar pronto, é propriedade coletiva - pertence ao escritor que o criou; a quem lê e entende; e a quem se identifica com ele.

No processo de elaboração de um texto, sempre se consideram as características de seu receptor. Isso significa que todo emissor, ao produzir uma mensagem, faz um esforço no sentido de adaptá-la às características sociais e psicológicas de quem a vai receber. Portanto, podemos afirmar que todo texto traz, de uma forma ou de outra, manifestações de persuasão, de convencimento, através da linguagem.

Todo texto tem uma intenção.

Não só os textos publicitários e políticos tentam interferir no comportamento, na postura do outro. Na literatura; na mais inocente conversa de comadres; nas apaixonadas juras de amor; nas orações religiosas, a intenção pode ser até subliminar, mas existe, manifestando-se, de forma mais sutil, mascarando-se por meio de artifícios persuasivos de difícil percepção.

Você deve estar atento ao que lê e escreve, pois nem sempre a aparência de um texto traduz, de imediato, suas intenções. No caso da imprensa, por exemplo, encontramos textos que se adaptam aos seus leitores, mediante a utilização premeditada de determinado nível de linguagem. Assim, certos jornais e revistas imprimem a seus artigos características lingüísticas destinadas a envolver o leitor pertencente à faixa de público que se quer atingir. Outro exemplo desse trabalho de adaptação é a publicidade, sempre elaborada com base no repertório lingüístico e social do consumidor que se propõe alcançar. Nesses casos, produzem-se textos que “falam a mesma língua que o receptor”, envolvendo-o pelo reconhecimento e pela identificação.

Outro recurso muito importante da linguagem é a força da argumentação, por meio da qual o emissor procura a adesão do receptor ao seu ponto de vista. Já falamos sobre essa força, quando estudamos os textos dissertativos e vamos voltar a falar sobre ela em nossas atividades de leitura e criação. A linguagem oferece-nos a oportunidade de discutir um dos mais sérios problemas de todos aqueles que lidam com a palavra: a luta pela expressão, o

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problema que se enfrenta sempre que é necessário traduzir nossos valores mais íntimos em palavras da nossa língua. Lendo esses três textos, dois de Carlos Drummond de Andrade e um de João de Mello Neto, acho que já refletimos bastante sobre os problemas que a linguagem nos coloca.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Observe as frases que se seguem. Marque aquela(s) que lhe parece(m) bem redigida(s).

a) Num texto coerente, os fatos e conceitos devem estar relacionados. b) Há meses que não pagam aos funcionários. c) Antipatizei- me com ele desde a primeira vez que o vi. d) O colega que mais gosto é Paulo.

Gabarito: a, b. REFLEXÃO As mil faces das palavras levam-nos, no cotidiano, a grandes embaraços no processo de comunicação.Você já se sentiu aborrecido ou chateado com alguém? Quando algo ou alguém está lhe incomodando, você se sente aborrecido ou chateado? DICAS Leia esse texto, de autoria de Paulo Mendes Campos, e descubra a diferença semântica sutil entre encher e chatear. Divirta-se com as sutilezas da Língua Portuguesa!

Um amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e “encher”. Chatear é assim: você telefona para um escritório qualquer da cidade. ⎯ Alô! Quer me chamar, por favor, o Valdemar? ⎯ Aqui não tem nenhum Valdemar. Daí a alguns minutos, você liga de novo: ⎯ O Valdemar, por obséquio. ⎯ Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar. ⎯ Mas não é o número tal? ⎯ É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar. Mais cinco minutos, você liga o mesmo número: ⎯ Por favor, o Valdemar já chegou? ⎯ Vê se te manca, palhaço, já não te disse que o diabo desse Valdemar nunca trabalhou aqui? ⎯ Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí. ⎯ Não chateia.

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Daí a dez minutos, liga de novo. ⎯ Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado? O outro dessa vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis. Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação: ⎯ Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?

(Paulo Mendes Campos, in Para gostar de ler, 3. ed., São Paulo, Ática, 1979, v. 3 ⎯ crônicas, p.35.)

TEORIA Através do texto – tecido construído – também interagimos com o outro, informamos e somos informados, construímos o conhecimento. É fundamental, pois, que, ao utilizar a linguagem escrita, como forma de expressão, cada indivíduo seja capaz de dominar os mecanismos e recursos básicos da língua. É necessário, também, que tenha noção das diferentes funções sociais e diferentes características que os textos podem ter, de acordo com essas funções.

A utilização de conhecimentos sobre fatos da Língua Portuguesa e o aprimoramento da redação de textos serão as ferramentas básicas a serem utilizadas durante esse curso. Estudando a língua pátria - Língua Portuguesa –, professor e aluno cumprem responsabilidades sociais e políticas, possibilitando a ambos a apropriação legítima do código. A intimidade com a língua conduz-nos à socialização do saber sistematizado, desenvolvendo capacidades cognitivas que facilitam a conquista do direito de cidadania. A língua é legitimada como instrumento de poder e o falante dela se apropria para construir o saber, ser reconhecido como cidadão, um ser social crítico, na sociedade em que se insere.

O estudo da Língua Portuguesa não é um fim em si mesmo. Pela especificidade dos seus conteúdos e por ser o nosso instrumento de comunicação, pode ser usada como forma de apropriação de conteúdos

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outros, como facilitadora da leitura do mundo, desenvolvendo o senso crítico, através da discussão de vários temas.

Um emissor com problemas de fonação pode tornar sua mensagem ininteligível. Problemas de surdez, deficiência visual ou falta de escolaridade dos falantes podem tornar a mensagem inócua. O desconhecimento de um código, não permitindo a comunicação; uma manchete dúbia, num jornal ou numa revista, truncando a mensagem, pode ser considerada um ruído na comunicação. O conhecimento dos elementos da comunicação – emissor, receptor, mensagem, código, canal, referente - assegura a eficácia da mensagem. A comunicação pode apresentar algumas peculiaridades. Quando existe um intercâmbio de mensagens entre o emissor e o receptor, ela é bilateral: o bate-papo, o diálogo. Pode ser unilateral, quando é estabelecida de um emissor para um receptor, sem haver reciprocidade. É o caso da televisão, se não se tratar de um programa interativo. Diariamente, recebemos milhares de comunicações orais, visuais, auditivas, e-mails. O mundo que nos cerca está cheio de mensagens, de formas diversas de comunicação. A maioria dessas comunicações é recebida e, imediatamente, esquecida. Mais de cem (100) mensagens são recebidas e lembradas. Procure lembrar: quantas mensagens você recebeu hoje? E quantas mensagens, realmente, você guardou na memória? Por que será que guardamos algumas mensagens e outras não? O que é necessário para que ela seja, realmente, entendida e cumprida? Como emissor de mensagens, você deve ter sempre presente este esquema, lembrando-se de que sua comunicação será tanto mais eficaz quanto mais se observarem as regras:

A mensagem deve chamar a atenção do receptor, portanto, conheça seu receptor, para adequar a mensagem a ele.

Conheça e domine as possibilidades e regras do código por meio do qual você vai se expressar, assim será claro e compreendido por todos.

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Conheça, com razoável profundidade, aquilo sobre o que vai falar; para isso, leia, pesquise, discuta, escreva.

Mesmo obedecendo a todas as recomendações, nem toda comunicação é perfeita. A mensagem pode não ser absorvida pelo receptor por conter qualquer tipo de ruído. Ruído é toda e qualquer perturbação que afete a comunicação e pode envolver qualquer um dos seis elementos da comunicação. Um emissor com problemas de fonação pode tornar sua mensagem ininteligível. Problemas de surdez, deficiência visual ou falta de escolaridade dos falantes podem tornar a mensagem inócua. O desconhecimento de um código, não permitindo a comunicação; uma manchete dúbia, num jornal ou numa revista, truncando a mensagem, pode ser considerada um ruído na comunicação.

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Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.2 - Produzindo o Texto

COMENTÁRIOS

Você já deve estar cansado com tanto blá – blá – blá. Falamos muito sobre língua, linguagem, vocabulário, palavras... Tenho certeza de que sua expectativa maior seja aprender a escrever bem (se acha que não sabe) e criar um magnífico texto, sem, absolutamente, um erro de Português. Não tenha pressa...Quem já esperou até agora, espera mais um pouquinho. Vá se distraindo conosco e com a nossa pretensão de torná-lo, um dia, um grande escritor!

TEORIA

Escrever, na verdade, é produzir o texto, é redigir. Não são apenas os escritores que têm a prerrogativa de criar belos textos, recriando, assim, a realidade. Não cabe, apenas, aos cientistas registrar, com precisão e clareza, seus argumentos bem engendrados, comunicando-nos de seus achados e descobertas científicas. Escrever, produzir um texto, envolve uma atividade social indispensável, antecedida por uma preparação preliminar, que prevê o conhecimento significativo da língua; o domínio amplo dos elementos da comunicação; a leitura crítica e elucidativa do mundo; a definição precisa do receptor; a ampliação do universo vocabular.

A arte de escrever não se dissocia da arte de falar; completam-se. O saber falar é necessário à exposição oral, mas não se dissocia e é fundamental para o saber escrever. Este último torna-se mais fácil, na medida em que se beneficia da prática lingüística do dia-a-dia, de cujos elementos utiliza-se para a criação de seu texto.

Antes de tudo, o que há em comum, entre a exposição oral e a escrita, é a importância de haver método e clareza na distribuição das idéias na fala e no papel, respectivamente.

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No entanto, vale ressaltar que ninguém é capaz de escrever bem, se não sabe o que vai escrever, se não procura decodificar o mundo, participando do que se passa à sua volta. Lembrando, portanto, Paulo Freire, “a leitura do mundo precede a leitura mecânica das palavras” e, por conseqüência, a escrita das palavras. A convicção do que vamos dizer, a importância que há em dizê-lo, o domínio de um assunto da nossa especialidade tiram da redação o caráter negativo de um simples exercício formal.

Todos nós, quando dominamos um assunto, somos capazes de escrever sobre ele. Não há um modelo, uma técnica específica e fechada, um jeito especial de redigir, senão o caráter criativo, individual se perderia. O que existe é uma inibição inicial, “o desafio do papel em branco”, que dificulta, mas que o esforço e a prática vencem.

Às vezes, não encontramos as palavras certas para exprimir nossa mensagem e nos valemos de gestos; palavras, como coisa, barato; negócio, treco, trem; onomatopéias, como hum... hum; hém... hém e outras expressões mais. Como fazer para ampliar o nosso vocabulário? No texto da próxima página, o autor Max Genhringer fala-nos sobre a necessidade de se encontrar a palavra certa. Mas, antes vamos relaxar um pouco?

VAMOS RELAXAR Que tal relaxar, “esticar o corpo”, fazer a energia corporal circular um pouco?

OMBROS E BRAÇOS Apóie os braços sobre uma superfície resistente. Inspire e projete seu corpo à frente, expirando após flexão completa dos cotovelos. Inspire e volte à posição inicial. Repita o exercício 5 vezes. Evite flexionar os joelhos durante a realização do exercício e tenha cuidado para não enrijecer os ombros. COMENTÁRIOS Quer fazer a coisa certa? Então, vamos entender como a coisa funciona. Leia o texto e observe o que a falta de vocabulário pode causar na produção textual.

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DICAS

O QUE É COISA COM COISA Max Genhringer

Se tem uma coisa que anda incomodando a língua portuguesa é a coisa. O único consolo é que “coisa” é uma das raríssimas palavras que existem em qualquer idioma, e em todos eles tem o mesmo significado, isto é, coisa. No princípio Deus criou as coisas, ensina o Gênesis, para só depois decidir criar o Homem. Quer dizer, geneticamente falando, que tudo que não era gente era coisa. Isso durou até 1963, quando finalmente o poeta Vinícius de Moraes decidiu elevar também o ser humano à categoria de coisa: “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...” A bem da verdade, nenhum grande escritor resistiu à coisa, e o próprio Shakespeare notou que existem muito mais delas entre o céu e a Terra do que sonha a nossa vã filosofia. Mas, o que antigamente era um artifício poético e literário acabou virando arroz-de-festa. Tem até lugar onde a coisa passou a ser flexionada (“O coiso, como é mesmo o nome dele?”) ou conjugada (“Eu estava coisando quando a máquina pifou”.) Ou por preguiça ou por economia de neurônio, as pessoas passaram a abusar da coisa: por que aprender a falar empregabilidade se é bem mais fácil dizer “aquela coisa que eu não tinha e por isso perdi o emprego?” Nas empresas, a coisa já se tornou sinônimo bastardo para qualquer coisa: - Quer saber de uma coisa? Pra mim chega. - Chega do quê? - Cansei. E uma coisa eu digo: não sou só eu. - Peraí. Me explica melhor. - Explicar o quê? Vai me dizer que você é a favor desse estado de coisas? - Sei lá. Você nem me disse ainda o que está acontecendo. - Acorda, cara! A coisa ta preta nessa empresa. - Taí, eu não acho. - Como, não acha? Isso aqui é coisa de doido. - E digo mais. Pra mim, ta tudo ótimo. - Opa, até você? Eu bem que desconfiava. Aí tem coisa...

Convenhamos: a coisa já passou do ponto, e esse é o âmago da questão. Ao mesmo tempo em que estão adquirindo fluência em inglês e em outros idiomas alienígenas, muitos profissionais insistem em espezinhar o português escorreito. A proliferação indiscriminada da coisa é um bom exemplo disso. Nas empresas, a hiperespontaneidade na comunicação está roubando aos diálogos a consistência e a praticidade. Mas, a boa linguagem corporativa jamais admitirá tais atalhos verbais. Quem realmente busca a excelência em todas as suas dimensões tem por obrigação permear-se com um vocabulário eclético e dinâmico. O tempo ensinará aos desesperados que o sucesso só premia os que sabem administrá-lo multifacetadamente, e isso inclui o repúdio

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ao uso do palavreado fácil e o respeito ao vernáculo. Apenas após dominar as nuances de sua língua pátria é que alguém poderá alardear que atingiu a plenitude profissional. Porque só aí terá compreendido e absorvido os três pilares básicos em que se apóia a essência da filosofia corporativa, a saber:

TEORIA Saber escrever legitima a nossa capacidade de exprimir o pensamento e o sentimento. Firma raízes e retroalimenta a nossa própria personalidade que, a partir daí, vai se desenvolvendo. A arte de escrever tem o início de sua prática nas rodinhas de conversa do pré-escolar; nos “causos” contados, nas varandas das casas de fazenda; nos contos de fada da infância, aliado a um hábito de leitura, às vezes, pouco ou quase nada incentivado pelo ensino médio. Por isso, depende muito de nós mesmos, de uma disciplina mental adquirida pela autocrítica e pela observação cuidadosa das leituras de textos escritos.

Haverá modelos para se escrever bem? Como enfrentar a folha em branco sem tensões? Como atrair a atenção do leitor? Vamos tentar estabelecer alguns parâmetros? Vamos, sim!

Devemos contemplar apenas um assunto. O assunto do texto deve ser restrito.

A idéia central deve ser determinada e delimitada

Os parágrafos devem ser estruturados, de modo que a idéia seja

identificada rapidamente.

DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA Leia a carta abaixo e veja se está de acordo com as nossas recomendações anteriores: Salvador, 20 de fevereiro de 2006 Você está participando de uma experiência pioneira na Prefeitura Municipal de Salvador. Ao inscrever-se neste curso, passou a fazer parte de uma ampla

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rede, a comunidade de conhecimentos da SMEC da qual também participam vários segmentos da secretaria. A Universidade Corporativa da Educação- UNICED é um passo consciente para a ampliação do processo de inovação das nossas práticas institucionais e está inserida na visão pedagógica da SMEC. Você tem à sua disposição um ambiente de aprendizagem que lhe permite acessar vários cursos e atividades pedagógicas. Neste ambiente, processa-se a troca de conhecimento, não só acadêmico como profissional, que cada um de nós vem acumulando durante a vida. Continue o seu contato com a UNICED. A sua presença é muito importante. Equipe técnica da UNICED REFLEXÃO O que você achou? E quanto à linguagem? Ela está adequada? DICAS Os problemas mais comuns na correspondência são:

Preocupações básicas do redator:

• Identificar o(s) receptor(es) do texto. • Pensar claramente. • Raciocinar linearmente, sem labirintos. • Transmitir informações, de modo lógico. • Manifestar as relações entre os fatos, com evidência. • Refletir sobre o que vai escrever.

- Como vai transmitir? - Qual o nível de linguagem a ser utilizado? - Qual a função da linguagem mais adequada?

Ao escrever um texto, portanto, evite:

Repetições de idéias, palavras, verbos auxiliares.

Vamos ver alguns exemplos? Estamos dispostos a repensar sobre a nossa conversa. (errado) Estamos dispostos a repensar sobre a conversa. (certo) É nossa idéia apresentar todos os nossos produtos para os nossos clientes... (errado) É nossa idéia apresentar todos os produtos para os clientes... (certo)

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Utilização de palavras e expressões imprecisas:

a dizer – a verdade – além disso – aspecto – casualmente – certamente – coisa – conjuntura atual – definitivamente – ensejo – então – eventualmente – oportuno – oportunamente – por seu lado – na verdade.

Evite o emprego de gírias, estrangeirismos e expressões antiquadas:

• Apraz-nos... • Rogamos • Reportamo-nos • Sendo o que se nos oferece para o momento • Epígrafe • Limitados ao exposto • Por oportuno julgamos • Outrossim • Assunto em tela • Passo às suas mãos • Tem a presente a finalidade de...

O uso de termos técnicos desconhecidos do receptor transforma-se em obstáculo à comunicação. Portanto, evite-os! COMENTÁRIOS Cuidado com essas práticas, tão comuns na escrita:

TEORIA Quando escrevemos, atentamos, também, para as atitudes. Para a comunicação ser eficaz, o produtor de textos deve analisar:

Com quem vai comunicar-se? Quem é? Que tipo de pessoa é? De quanto auxílio a pessoa necessita para atender e aceitar o que lhe vai ser

dito?

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O que você quer dizer? A mensagem está clara em sua própria mente? Você ainda tem pormenores para verificar? Como você está transmitindo as informações? Sua abordagem está correta? Você está usando palavras adequadas às circunstâncias? Como você se certifica de que conseguiu convencer? Que informações você quer para a confirmação?

COMENTÁRIOS Você é prolixo? Quem não é? Parece fazer parte do falar brasileiro, que é uma conseqüência do formalismo da burocracia brasileira. DICAS

Expressões evitáveis:

• Acima citado • Acusamos o recebimento • Agradecemos antecipadamente • Anexo à presente • Anexo • Antecipadamente somos gratos • Anterior a • Aproveitamos o ensejo e anexamos • Até o presente momento • Como dissemos acima • Com referência ao • Conforme acordado • Conforme segue abaixo relacionado • Datada de • Durante o ano de... • Estamos anexando • Levamos ao seu conhecimento • No estado da Bahia • Somos de opinião que • Segue anexo nosso cheque • Um cheque no valor de... • Vimos solicitar

Evite, também, os pleonasmos:

• Fundamentos básicos • Pela presente • Reiterar outra vez • Sua carta datada de • Vimos por meio desta

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• Visa a presente rogar-lhe • Tomamos a liberdade de...

Cuidado com as afetações e colocações exageradas:

• A seu inteiro dispor • Temos a honra de • Temos a subida honra de • Temos especial prazer em • Com os protestos das mais elevadas estima e consideração

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Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.3 - Modelando o Texto

COMENTÁRIOS Aluno amigo, sei que, agora, você está mais tranqüilo, porque já percebe que começar a escrever não é tão difícil assim. Como “comer e coçar, a questão é começar!”

Ao escrevermos um texto, a depender do conteúdo a ser abordado, além dos cuidados com o uso correto da Língua Portuguesa, da capacidade de concatenar as idéias, devemos escolher a modalidade que melhor se adapte à produção textual que pretendemos: narração, descrição ou dissertação.

TEORIA MODELANDO O TEXTO A narração

O ato de narrar é próprio da natureza humana. Contar e ouvir histórias são atividades das mais antigas dos homens. Desde a idade mais remota da humanidade, dos rituais pré-históricos do Homem de Neanderthal, passando pelos contos de “As mil e uma noites”, cuja personagem principal salvou-se da morte, contando histórias, o ser humano tem, sempre, um “causo” a contar.

Assim, narrar, do latim narrare, significa encadear uma seqüência de fatos, de acontecimentos reais ou imaginários, onde há personagens em movimento; num determinado espaço; num determinado tempo que, por sua vez, pode ser, cronológico ou psicológico. Cronológico, quando o fato narrado

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obedece à realidade e, portanto, ao tempo físico, cronológico. Psicológico, quando a narração subordina-se, apenas, às lembranças, à memória dos personagens, portanto do autor. Nesse caso, o passado mistura-se com o presente e vice-versa. A narração é mais dinâmica. Pressupõe a presença de um narrador, que pode ser um personagem, ou alguém fora da história que conta, de forma onisciente e onipresente (aquele que sabe tudo e está em todos os lugares), os acontecimentos narrados. A narração tem a movimentação do cinema. DICAS Leia esse poema de Manuel Bandeira – Poema tirado de uma notícia de jornal – e veja se identifica, aí, um exemplo de narração.

COMENTÁRIOS Você deve ter observado que, apesar de ser um poema, o texto anterior relata fatos seqüenciados; o modo como se desenvolvem os fatos; os personagens que protagonizam as ações; a causa ou o motivo dos acontecimentos; a circunstância de tempo e lugar; o resultado das ações. Existe um narrador e os verbos aparecem, preferencialmente, no pretérito imperfeito do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo – tempos que, em geral, se referem a fatos passados. DICAS Observe, a seguir, esse outro trecho de uma narração de Machado de Assis.

“Quis tirar o braço; mas o dele reteve-lhe com força. Não; ir para quê? Estavam ali bem, muito bem...” - Vamos para dentro?, murmurou Sofia. Que melhor? Ou seria que ele a estivesse aborrecendo? Sofia acudiu que não, ao contrário; mas precisava ir fazer sala às visitas... Há quanto tempo estavam ali!

- Não, há dez minutos, disse o Rubião. Que são dez minutos?

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- Mas podem ter dado por nossa ausência...” (Machado de Assis)

REFLEXÕES

Percebeu o papel do narrador? Viu como ele conduz a história? E o papel dos personagens? Qual a função dos diálogos? Como organizá-los para imprimirem maior dinamismo ao texto? Reflita sobre as questões acima e partilhe suas reflexões com seus colegas. É bom trocar idéias, não acha?

TEORIA Há algumas formas de elaborar as falas dos personagens, numa narração. Podemos utilizar o discurso direto, indireto e o indireto livre. Discurso direto O discurso direto é a reprodução direta das falas dos personagens. O seu uso confere ao texto maior agilidade, oferecendo ao leitor, uma maior veracidade dos fatos, porque é colocada através do falar direto dos personagens e não do contar do autor. Caracteriza-se pelo uso do travessão ou das aspas. Exemplo: “O mendigo, sofrido, dirigiu-se a um transeunte, mostrando seu sofrimento e pedindo compaixão: - Moço, preciso de uma ajuda, estou com fome, sede, estou doente!” Discurso indireto O discurso indireto não é reprodução, mas a adaptação e a incorporação das falas dos personagens pelo narrador/autor. Há, então, uma diferença substancial. O texto perde um pouco o movimento e os fatos são mais contados do que mostrados com mais realidade. Exemplo: Ele disse ao moço que precisava de ajuda e que estava doente, com fome e sede. Discurso indireto livre O discurso indireto livre é a combinação do discurso direto com o discurso indireto.Tenta-se, assim, mostrar e contar os fatos ao mesmo tempo, mesclando a opinião do autor/narrador com a atuação dos personagens. Exemplo: Ele buscou ajuda e compaixão do moço. O que fazer, se estava doente, e não podia trabalhar para matar sua sede e sua fome?

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A descrição

A descrição apresenta-nos um retrato da realidade, fornecendo-nos imagens que caracterizam e individualizam o objeto, o personagem, a paisagem, o ambiente a ser descrito, sob determinada perspectiva, num determinado momento. A descrição é estática, um retrato verbal. São os aspectos que caracterizam a descrição.

É através da sucessão de aspectos que o autor dá nitidez à sua intenção de ressaltar as características. O produtor de textos busca atingir seu receptor, através da observação, da precisão, da percepção, dos sentidos.

A descrição apresenta características, como predomínio de verbos de ligação, emprego de adjetivos que caracterizam o que está sendo descrito, ocorrência de orações justapostas ou coordenadas. EXEMPLO O texto a seguir, de Autran Dourado, é um exemplo bem característico de descrição: “Era um cavalo grande, branco, com uma crina brilhante de vento e luz, caída sobre o pescoço firme. As patas pisavam duras e elegantes, os cascos negros... Os olhos grandes, brilhantes, belos, revelavam a raça do cavalo...” Percebeu a diferença entre narrar e descrever? TEORIA A descrição é um retrato através de palavras, uma representação verbal de algo animado ou inanimado, que pode ser uma cena, um objeto, um animal, um ambiente, uma pessoa, um sentimento, uma emoção. Observe que, para se fazer uma descrição fiel, é necessário que sejam selecionados os aspectos mais identificadores e significativos, particularizando, assim, o alvo da descrição.

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No texto de Autran Dourado - referido na página anterior e usado como exemplo de descrição -, podemos ressaltar a presença constante dos adjetivos (grande, branco, brilhante, firme, dura, elegante, negro, belo). O nome sobrepõe-se ao verbo, que aparece pouco. As formas verbais ou são verbos de ligação ou se associam a adjetivos e ficam em função deles, perdendo a força verbal: era (verbo de ligação – SER: “Era um ...); pisavam e revelavam, apesar de terem significação própria, perdem muito do seu valor significativo, realçando os adjetivos duras, elegantes, grandes, belos que os acompanham. EXEMPLO E esse outro texto? É um belo exemplo de descrição. Note a presença dos adjetivos e a pontuação que está sempre em função da necessidade de se acumular características. “Alto, esguio, de cabelo espetado, gravata borboleta, um ar empinado, grande bravura pessoal, amigo dos amigos, companheiro fiel e solícito, mas inimigo irredutível, possuído de uma verve inigualável, quando se tratava de destruir adversários – sobretudo, quando adversários de baixa estatura moral – Paulo Duarte ocupou, na história de São Paulo, um papel importante e, no jornalismo exerceu uma missão moralizadora.” (Abramo, 1993:73)

TEORIA A narração e a descrição não são tipologias textuais estanques. Elas podem coexistir, num mesmo texto, contribuindo, assim, para uma maior coerência e coesão do mesmo. Leia agora dois parágrafos de um mesmo texto. O ambiente desse fragmento de conto é um bar onde se joga sinuca.

O homem dos olhos sombreados, sujeito muito feio, que sujeito mais feio! No seu perfil de homem de pernas cruzadas, a calça ensebada, a barba raspada, o chapéu novo, pequeno, vistoso, a magreza completa. Magreza no rosto cavado, na pele amarela, nos braço tão finos. Tão finos que pareciam os meus, que eram de menino. E magreza até no contorno do joelho que meus olhos adivinhavam debaixo da calça surrada. Seus olhos iam na pressa das bolas na mesa, onde ruídos secos se batiam e cores se multiplicavam, se encontravam e se largavam, combinadamente. A cabeça do homem ia e vinha. Quando em quando, a mão viajava até o queixo parava. Então seguindo a jogada, um deboche nos beiços brancos ou uma provocação nos dedos finos, que se alongavam e subiam. (ANTÔNIO, João. Meninão do caixote. In: Pauléia (Gentes da rua). São Paulo: Ática, 1996. p. 30-1

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COMENTÁRIOS Na página anterior, os dois parágrafos, de autoria de João Antônio, fazem parte de um texto cujo gênero é narrativo. Entretanto, percebemos que, dentro de um mesmo texto, encontramos a narração e a descrição simultaneamente. Isso é um procedimento comum, ao criarmos os textos, sobretudo os textos literários. No primeiro parágrafo, que se inicia com “O homem dos olhos sombreados...” e termina com “debaixo das calças surradas”, observa-se a presença intensa de adjetivos e muito poucos verbos, sendo a maioria de ligação (pareciam, eram). O texto adquire uma cadência forte e indicadora de que é necessário a elaboração mental do retrato do personagem. Este parágrafo é, portanto, predominantemente, descritivo. No processo descritivo desse primeiro parágrafo,

temos uma percepção que se dá pelos cinco sentidos, centrando-se na visão. No segundo parágrafo desse mesmo texto, que começa com “Seus olhos iam na pressa...” e acaba com a oração “e subiam.”, observa-se a presença de verbos que indicam movimento, ação, logo há a predominância da ação.

EXERCÍCIO SOLO A título de treinamento, e para maior fixação da aprendizagem, escreva mais dois parágrafos para o texto de João Antônio, lido anteriormente. No primeiro, você deverá descrever o outro jogador da partida de sinuca; no segundo, o final da partida. Mas, cuidado! Procure ser bem parecido com o autor do texto original, seguindo o mesmo estilo, para que o leitor não perceba a mudança de autoria. Como se trata de uma questão subjetiva, que dá margem a inúmeras e diferentes respostas, inviabiliza o estabelecimento de um único gabarito. _______________________________________________________________

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TEORIA Vamos retomar o estudo teórico deste assunto?

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Dissertar é expor, interpretar, debater, defender um ponto-de-vista, atribuir um juízo de valor. Segundo outros, é avaliar ou discutir um problema. A dissertação exige um amplo conhecimento e reflexão do texto a ser desenvolvido, que deverá ser claro, objetivo, lógico e coerente. As idéias expostas devem ser comprovadas e/ou discutidas, através de fatos e/ou argumentos. A dissertação prevê, também, um planejamento do que se vai escrever, e uma grande habilidade de expressão, em se tratando de organização de idéias e utilização de recursos lingüísticos. Quando dissertamos, buscamos materiais necessários para introduzir, avaliar e pôr em discussão ou solucionar um problema. Cabe, nesse caso, não apenas uma exposição dos resultados e opiniões, mas o desenvolvimento da argumentação.

A depender do tema, a dissertação permite o exame crítico de várias soluções possíveis, que não será realizado apenas através de várias idéias justapostas, mas, pelo desenvolvimento de uma unidade. Aí, o importante é a argumentação, eivada de elementos de convencimento, que interferem no senso crítico do leitor.

O tema/problema a ser abordado deverá ser colocado, discutido e resolvido. Portanto, a dissertação desenrola-se, através de três partes:

• introdução (colocação, apresentação do problema); • análise ou desenvolvimento (discussão do problema); • conclusão (resolução, solução do problema).

Introdução, desenvolvimento e conclusão A introdução propõe o enunciado da questão a ser discutida, de forma que, desde o início, percebamos o tema da dissertação.Nesse segmento do texto, sugerimos o plano de desenvolvimento do texto, de forma clara, precisa, breve e preparatória. O desenvolvimento (a análise) deve ser ordenado, progressivo e equilibrado. As opiniões devem ser sucessivamente avaliadas, partindo do mais simples, do mais específico e conhecido, para o mais complexo e profundo. O equilíbrio da análise, do desenvolvimento não se refere apenas à proporção dos argumentos apresentados. Deve ser relativo à sua importância dentro do todo, como, por exemplo, atitude de quem discute.

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A parte mais difícil da produção textual é a elaboração da conclusão. Aí, deverá estar colocada a frase que definirá, com precisão, clareza e concisão, a opinião do autor. O fim da dissertação deverá ser uma resposta acurada, positiva ou negativa, à pergunta colocada no início ou mesmo no título do texto. O processo dissertativo deve ser longo o suficiente, para que apareçam os pontos de vista diferentes que estimulam o desenvolvimento da argumentação. EXEMPLO Leia o texto que se segue, e procure descobrir as características da dissertação às quais nos referimos. O AGIR COMUNICACIONAL Heloísa Dupas Penteado (FE/USP) Neste mundo contemporâneo, da globalização econômica, da mundialização cultural, múltiplas identidades se fazem presentes na escola, tornando inviável ignorar diferentes realidades que compõem esse espaço, representadas pelo corpo discente. Impõe-se lidar com elas, de maneira formativa, tendo em vista a construção de personalidades democráticas, condizentes com um mundo livre, plural, mais justo e em intensa comunicação intercultural. Considerar as diferenças que se projetam nos ambientes escolares de ensino e nas práticas correspondentes implica e exige dos profissionais comprometidos com a educação escolar o Agir Comunicacional, como conduta docente capaz de desencadear entre os sujeitos da educação interações produtivas/criativas/superativas às intercessões das políticas educativas de flexibilização e descentralização. No modelo da conduta docente tradicional ignoram-se as diferenças, pela imposição do modo de agir linear, no processo de ensino escolar, com predominância da atuação calcada no modelo linear de comunicação, onde o discurso oficial se impõe pelo papel do docente como emissor de mensagem e do discente como receptor. No modo de agir comunicacional, deslocamo-nos para um modo de atuação em rede. Nesse novo modelo, as etapas do processo educacional escolar são vividas, enquanto instâncias decisórias de um processo coletivo/plural. E, de tal forma, que as perguntas referentes a cada instância estão presentes em todas elas, garantindo, simultaneamente:

• unidade e flexibilidade no processo de ensino/aprendizagem; • alternância de papéis entre os sujeitos da educação escolar

(professores e alunos), nas relações com os objetos de conhecimento em foco, de tal modo que alunos e professores vivam,

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respectivamente, os papéis de receptores/emissores/ processadores/produtores de conhecimentos.

Nas características do Agir Comunicacional, fundamento da Metodologia Comunicacional de Ensino, encerra-se/esclarece-se a identidade coletiva/comunicativa do processo de ensino aprendizagem escolar, enquanto criador da cultura docente.

REFLEXÕES Reflita sobre o texto da professora Heloísa Dupas Penteado, que você acabou de ler.

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Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.4 - Passeando Pela Gramática COMENTÁRIOS Nesta unidade, passearemos pela GRAMÁTICA, revendo alguns fatos lingüísticos que estudamos desde o primeiro grau, ferramentas necessárias para a produção dos nossos textos, mas que ainda nos dão muita dor de cabeça! Para construir e produzir textos informativos, literários, publicitários e científicos deve-se estar de acordo com a norma culta. Você talvez se arrepie e ache que é muita rigidez e preconceito lingüístico. Entretanto, se me perguntasse: - O que é norma culta? E eu lhe respondesse: - *&#@mhytt; ]~´-oi8654ewsa<>///}}^~:[=-)((. Você entenderia? Com certeza, não! Por quê? Porque a língua não pode ser usada aleatoriamente, existem regras que determinam o seu funcionamento.

TEORIA PASSEANDO PELA GRAMÁTICA Por que existem sinais de pontuação? Às vezes, as dificuldades em pontuar são tantas, que decidimos, por conta própria, eliminá-los. Os sinais de pontuação são importantíssimos, porque substituem e reproduzem, na escrita, às vezes, sem muita exatidão, os inumeráveis recursos da fala como, por exemplo, a entonação, a modulação da voz, os gestos e as expressões fisionômicas. Contamos com uma série de sinais gráficos, denominados sinais de pontuação, que abordaremos, a seguir. Pontuação A vírgula, como todo sinal de pontuação, deixa-nos loucos! Um autor brasileiro já escreveu: “a vírgula não foi feita para humilhar ninguém! Mas que o emprego dela é difícil, isso é!” Ziraldo diz muito sobre a vírgula, com o texto que se segue...

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Que delícia de sinal! A história assim se passou: a gente foi ler um livro e faltava tanta vírgula e faltava tanta letra que alguém desconfiou! Só o que restou no ar foi uma interrogação: teriam as letras virado comida de um comilão? Até que não foi o fato de tanta vírgula sumida que nos fez desconfiar, pois todo mundo, no mundo come vírgula, até demais. Dá até pra acreditar Que a vírgula é, com certeza, O mais doce dos sinais. (Deve vir de sobremesa!).

O uso da vírgula Usa-se a vírgula, para:

• SEPARAR FRASES COORDENADAS ASSINDÉTICAS. Ex: Cheguei às 8 horas, na Faculdade, assisti à aula de Língua Portuguesa, fui almoçar.

• SEPARAR OS ELEMENTOS DE IGUAL FUNÇÃO SINTÁTICA Ex: Li, refleti, esperei; fiz um belo poema. O padre, o juiz, o médico, o professor são personagens constantes de história.

• SEPARAR AS ORAÇÕES ALTERNATIVAS. Ex: “Um dia chove, outro dia bate sol.” Ou aprenda, ou desista.

• SEPARAR ORAÇÕES INTERCALADAS. Ex : Alice, disse Graça, não se esqueça de sonhar.

• SEPARAR OS ADJUNTOS ADVERBIAIS Ex: Hoje, por volta das 13 horas, almoçaremos no Iguatemi. Por falta de prioridade política, a educação tem sido esquecida pelos governos.

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A vírgula também é usada, para: I - ASSINALAR A INVERSÃO, A ANTEPOSIÇÃO DOS ADJUNTOS ADVERBIAIS Ex: Na semana passada, os funcionários fizeram um churrasco em Jauá.

Todos os dias, faço uma caminhada.

II - ASSINALAR A AUSÊNCIA DE UM TERMO ANTERIORMENTE EXPLÍCITO Ex: A OPEN-SCHOOL já nos ofereceu cursos de Designer Instrucional, de Inglês e de Língua Portuguesa.

III - SEPARAR APOSTOS E VOCATIVOS Ex: Caetano Veloso, grande compositor brasileiro, assume, publicamente, posicionamentos políticos controversos através da imprensa. Juliana, você sabe se o glossário já ficou pronto? Sabe, Sônia, a coisa está ficando difícil neste planeta... Não se aflija por tão pouco, Ivana...

IV - SEPARAR ORAÇÕES ADJETIVAS EXPLICATIVAS Ex: O ensino à distância, que é uma metodologia inovadora, vai transformar a educação tradicional. Use a vírgula, para:

• SEPARAR LOCAL E DATA NOS CABEÇALHOS Ex: Salvador, 1º de janeiro de 2003.

• SEPARAR OS ELEMENTOS PARALELOS DE UM PROVÉRBIO Ex: Juventude impertinente, exigente, velhice solitária.

• SEPARAR AS PALAVRAS SIM OU NÃO, USADAS COMO

RESPOSTA NO INÍCIO DE UMA FRASE Ex: - Vocês aceitam chá de cidreira?

- Não, não queremos, Marinalva. Obrigada.

• SEPARAR ALGUMAS CONJUNÇÕES POSPOSTAS Ex: O pessoal do Núcleo de Tecnologia da Informação, contudo, prefere chá ao café.

• SEPARAR PALAVRAS E EXPRESSÕES EXPLICATIVAS OU

RETIFICATIVAS COMO: Ex: Por exemplo, ou melhor, isto é, aliás, além disso, então... Você disse tudo, ou melhor, quase tudo sobre o assunto em discussão.

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O ponto e vírgula

Usa-se o ponto e vírgula para marcar uma pausa mais longa, mais sensível do que a vírgula, porém menor que a do ponto, esclarecendo, portanto, que o período não terminou. Portanto, use o ponto e vírgula, para: - Separar as várias partes distintas de um período, que se equilibram em valor e importância. Exemplo: Depois, ele passou para a próxima unidade; fez os exercícios de revisão, preparando-se para a abordagem de um novo assunto.

- Para separar as séries ou membros de frases que já são interiormente separadas por vírgulas. Exemplo: Alguns alunos estudavam, esforçavam-se, exauriam-se; outros folgavam, descuidavam-se, não pensavam no futuro.

- Para separar os considerandos de um decreto, de uma sentença, petição, etc. Exemplo: Art.14. Os cargos públicos são providos por:

I- Nomeação; II- Promoção; III- Aproveitamento.

É utilizado para encerrar qualquer tipo de período, exceto os terminados por orações interrogativas diretas ou exclamativas. Indica, portanto, pausa longa. O ponto é também usado para indicar abreviações de palavras. Exemplo: A Sra. Renie é a nossa programadora visual.

Usa-se os dois pontos para:

• Anunciar a fala dos personagens, nas histórias de ficção. Exemplo: O professor ergueu o dedo, dizendo: - Qualquer dúvida, podem perguntar!

• Antes de uma citação. Exemplo: Como dizia o ditado: Antes só, do que

mal acompanhado.

• Antes de apostos discriminativos, principalmente nas enumerações. Exemplo: Duas coisas dignificam o homem: a honestidade e o saber.

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• Depois de um verbo dicendi (dizer, perguntar, responder, etc.), em frases de estilo direto. Exemplo: Alguém te disse: Estuda. Só assim compreenderás o mundo.

• Para indicar um esclarecimento, um resultado ou um resumo do que se

disse. Exemplo: Confio muito nas pessoas: não sei se serei feliz!

É usado após palavras ou frases que indicam perguntas, questionamentos. Nunca é colocado no fim de uma oração interrogativa indireta. Preste atenção para o seguinte:

• O ponto de interrogação é empregado no fim de uma palavra, oração ou frase, para indicar pergunta direta ou indireta livre, que se faz com entonação ascendente. Exemplo: - Como? Perguntou a professora. Aonde você vai? Como é seu nome?

• Aparece, às vezes, no fim de uma pergunta intercalada, que pode, ao

mesmo tempo, estar entre parênteses. Exemplo: A desonestidade (quem há de contestar?) é percebida nos mais “inocentes gestos humanos”.

• O ponto de interrogação pode estar combinado com o ponto de

exclamação ou as reticências.Exemplo: Você? Então, era você a pessoa que...

• Não se usa o ponto de interrogação nas perguntas indiretas. Exemplo:

Perguntei quem era você.

• Às vezes, o ponto de interrogação e o de exclamação aparecem juntos.Isso ocorre, quando há, concomitantemente, entonação interrogativa e exclamativa. Exemplo: Você viu? !

O ponto de exclamação é usado após uma palavra ou frase, indicando surpresa, espanto, alegria, entusiasmo, dor ou ordem.

Emprega-se o ponto de exclamação depois de qualquer palavra, expressão ou frase, na qual, com entonação descendente, indica-se surpresa, espanto, susto, indignação, piedade, ordem, súplica, etc. Exemplo: Deus! Que chuva!

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A exclamação substitui a vírgula, depois de um vocativo enfático. Exemplo: Brasileiros! A hora é de luta e esperança! A interrogação também é empregada , depois das interjeições e dos vocativos intensivos. Exemplo: Ah! Se o povo soubesse... O ponto de exclamação pode ser repetido, quando há uma intenção de indicar aumento de duração ou intensidade na enunciação. Exemplo: Hoje, ela já sabe!!!

Emprega-se as reticências para indicar suspensão, interrupção do pensamento ou corte da frase de um personagem pelo interlocutor, nos diálogos. A função das reticências é omitir o que não interessa, imediatamente, aos nossos propósitos. Fique atento para as seguintes características das reticências:

• Usadas, no início, para indicar supressão de palavra (s), numa frase transcrita, que pertencia a uma frase que não foi copiada desde o princípio. Por isso, começa-se com letra minúscula. Exemplo:.. se mistura, migalhas come.

• Usadas, no final, são um sinal de que o termo da citação não coincide

com o fim da frase onde ela foi tirada. Exemplo: Quem com porcos se mistura...

• Usadas no meio do período, para indicar certa hesitação ou breve

interrupção do pensamento. Exemplo: Não sei... não sei... por que sofro tanto?

Não divague com as reticências... Continue ligado... As reticências são usadas, no fim de um período gramaticalmente completo, para sugerir certo prolongamento da idéia, expressando que o sentido vai além do que ficou dito. Exemplo: Na terra, os homens sonham, os mortais vivem sonhando... As reticências também são usadas, sugerindo movimento ou continuação de um fato. Exemplo: E a vida continua... As reticências são usadas, no corpo da frase, para indicar pequenas interrupções que revelam hesitação, ou dúvida, ou fatos que se sucedem espaçadamente. Exemplo: Você vai ao cinema... vai, João? Usa-se as reticências, substituindo o ponto de interrogação, para indicar chamamento ou interpelação. Exemplo: João... gritou ele bem alto.

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Revelando que o pensamento tomou um rumo inesperado, imprevisto, descambando para a ironia. Exemplo: “Quanto moço elegante e perfumado. Que anda, imponente, de automóvel... fiado. Porque lhe faltam níqueis para o bonde.” ( Bastos Tigre )

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Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.5 - Descomplicando a Língua COMENTÁRIOS DESCOMPLICANDO A LÍNGUA Você pensa que acabou? Como prometemos, na unidade anterior, nosso caminho é longo, através dos fatos lingüísticos. Nosso objetivo é descomplicar, simplificar a norma culta. Vamos continuar buscando o ritmo dos nossos textos, através da pontuação. Não pense que alguns sinais de pontuação foram abolidos da Língua Portuguesa, como dizem os temerosos das “imposições lingüísticas”! Eles estão bem vivos e são muito importantes, imprimindo ritmo e facilitando a compreensão das nossas mensagens!

TEORIA PONTUAÇÃO II Observe alguns sinais muito usados na produção textual! Eles também estão incluídos na pontuação. Parênteses Empregam-se os parênteses, para isolar palavras, locução ou frases intercaladas, no período, com caráter explicativo, que são ditas em tom mais baixo. Às vezes, substituem a vírgula ou o travessão. Exemplo: O uso do cachimbo (diz o povo) deixa a boca torta.

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Travessão É um traço maior que o hífen. Emprega-se: Nos diálogos, indicando mudança de interlocutor ou início da fala de um personagem. Exemplo: - Você se sente feliz? Para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas. Exemplo: A esperança - um sentimento imperativo, no Brasil – estimula-nos a viver. Para isolar palavras ou orações que se quer realçar ou enfatizar. Exemplo: Todos gritavam – grunhiam – em meio ao desespero. Ligando palavras, em cadeia de um itinerário, para indicar a junção de vocábulos, sem, no entanto, formar palavras compostas. Exemplo: O ferry faz o trajeto Salvador – Bom Despacho. Vale a pena ressaltar que o travessão, às vezes, substitui os parênteses, a vírgula e os dois pontos.

Aspas Quando usar aspas?

• As aspas são empregadas antes e depois de uma citação textual (palavra, expressão, frase ou trecho).

• As aspas são usadas para evidenciar expressões ou conceitos.

Costuma-se, também, colocar entre aspas, ou mesmo grifar, palavras estrangeiras, termos de gíria. Os títulos de livros, revistas, jornais, filmes devem ser, preferencialmente, grifados.

• Quando uma expressão já está entre aspas e se deseja utilizar uma

nova expressão com aspas, dentro da primeira, pode-se usar o sinal de aspas simples ’.

Colchetes Têm a mesma finalidade que os parênteses, entretanto, seu uso restringe-se aos escritos de cunho didático, filológico, científico. Na transcrição de um texto, podem indicar inclusão de palavra(s). Exemplo: ”Cada um colhe [conforme semeia].” ( Adriano da Gama Kuri)

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Asterisco * * Asterisco significa estrelinha. Emprega-se:

Parágrafo Representa-se com o sinal §, servindo para indicar um parágrafo de um texto ou artigo de lei. TEORIA ACENTUAÇÃO Na pontuação, tentamos reproduzir, através de sinais gráficos (vírgulas, reticências e outros) as pausas da voz. Na acentuação, indicamos, mediante o uso dos sinais de acentuação (acento agudo, acento circunflexo, acento grave, trema e outros) as sílabas mais fortes; o timbre vocálico aberto ou fechado; a necessidade de se pronunciar o u; a fusão dos as, como na crase - à, orientando, assim, o leitor, na pronúncia das palavras. DICAS Se você refletiu sobre a pronúncia das vogais, observando o timbre, leia essas palavras, em voz alta, e sinta que algumas são pronunciadas com a boca mais aberta e outras com a boca um pouco mais fechada. Todas têm apenas uma sílaba!

Experimentou fazer o que eu lhe sugeri? Notou que as palavras: é, nó, dó, vá, nu, Zé, li, vê, lá, vô, além de terem apenas uma sílaba, são pronunciadas mais fortemente? Entretanto, do, de, com, sem, se, também monossílabas, têm uma pronúncia mais fechada. Assim, podemos concluir que as primeiras, terminadas em á, é, ê, ô, ó (acentuadas) e i, u (nunca com acento!) são as tônicas; as seguintes (todas sem acento) são as átonas. Observe, agora, essas outras palavras; todas têm mais de uma sílaba! São dissílabas, trissílabas e polissílabas.

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CAFÉ FELICIDADE DÁDIVA As sílabas destacadas, nessas palavras, chamam-se sílabas tônicas. Sílaba tônica, como você já viu, é a sílaba pronunciada com mais intensidade. Cada palavra, a partir das dissílabas, tem apenas uma sílaba tônica, a mais forte. As outras são chamadas sílabas átonas, as mais fracas. Classificação Posição da sílaba tônica Exemplos oxítona na última sílaba café paroxítona na penúltima sílaba felicidade proparoxítona na antepenúltima sílaba dádiva TEORIA Acentuar não é difícil! Todas as palavras proparoxítonas (as que têm a sílaba tônica, na antepenúltima sílaba) são acentuadas. No entanto, elas são minoria, na nossa língua.As paroxítonas (as que têm a sílaba tônica, na penúltima sílaba) são as mais numerosas, mas, nem todas levam acento. O mesmo ocorre com as oxítonas (as que têm a sílaba tônica, na última sílaba) que ocupam o segundo lugar, em quantidade, logo depois das paroxítonas. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Leia as palavras que se seguem, em voz alta, como se estivesse cantarolando. Procure perceber qual a sílaba que você modula mais alto e forte. Distância-computador-tela-jornal-rígido-antônimo-fogaréu-abalado Preencha o quadro abaixo, baseando-se no que abordamos anteriormente, arrastando as palavras para os espaços vazios. oxítona paroxítona proparoxítona Palavra de duas sílabas - dissílaba

Palavra de três sílabas - trissílaba

Palavra a partir de quatro sílabas - polissílaba

Um espaço não deverá ser preenchido. Por quê? Escreva aqui a sua resposta. ______________________________________________________________________

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A resposta certa é: Não existem palavras dissílabas proparoxítonas, porque as palavras dissílabas

só têm duas sílabas, não tendo, portanto, antepenúltima sílaba. O ESPAÇO

QUE DEVERÁ FICAR VAZIO É O DA PROPAROXÍTONA DISSÍLABA.

REVISÃO PANÔRAMICA Que tal entender e aprender um pouco a acentuar?

Examine os quadros e observe que eles não contêm as terminações i(s) e u(s). Portanto, palavras monossílabas tônicas e oxítonas com essas terminações não são acentuadas. Dentre as oxítonas, excetuam-se as terminadas por hiato.Exemplo: Itaú, Itajaí. Elas levam acento. Lembra do hiato? Note que o u e o i vêm junto de uma vogal e se separam, na divisão silábica. No entanto, Aracaju, caju, ali e senti não têm acento, porque o u e o i vêm junto de uma consoante e, portanto, não formam hiato, ficando juntos, na divisão silábica.

TEORIA Continue observando os quadros a seguir. Existem outros tipos de paroxítonas acentuadas, apresentando, no entanto, terminações menos comuns.

SAIBA MAIS

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Veja, na página seguinte, na letra da música “Construção”, de Chico Buarque de Hollanda, como é importante o aspecto formal da língua – a acentuação, as sílabas, a seleção vocabular. Forma não se dissocia de conteúdo. E os bons poetas sabem disso. Confira! Construção Chico Buarque de Hollanda Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho seu como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas

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Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contramão atrapalhando o sábado

COMENTÁRIOS Que linda letra, a da música “Construção”, não acha?! Como se pode ser, ao mesmo tempo, tão leve e tão incisivo, usando para isso um recurso lingüístico fantástico, que são as palavras proparoxítonas? Observe cada estrofe dessa música! O que você nota nas últimas palavras de cada verso? O que elas têm em comum? São apenas palavras fortes e crespas? Como a acentuação dessas palavras interfere na rima e no ritmo do poema? Pois é, todas são proparoxítonas: última, único, tímido, máquina, sólidas, mágico, sábado, príncipe, lágrima, público, lógico, pássaro, bêbado, próximo, música, flácida, náufrago, tráfego, única, pródigo. O acento está na antepenúltima sílaba. Será que lhe cansamos, com tanta informação? Deu para compreender melhor como se escreve? Complicou ou descomplicou? Descanse, faça um pouco de alongamento, pense numa paisagem belíssima que lhe descontraia e volte pronto, ou pronta, para o abraço... Temos muito a descobrir! Até a próxima aula!

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Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.6 - Descobrindo os Segredos COMENTÁRIOS Imagino como você ficou predisposto, ou predisposta, para estudar pontuação e acentuação! Será que, na prática, vai lembrar de tudo isso? Apesar de cansativo, é muito necessário rever essas questões mais formais da Língua Portuguesa. Vamos tentar descobrir os segredos da Língua Portuguesa. Por isso, escolhemos alguns assuntos polêmicos que, tenho certeza, você já deve ter se emaranhado, nos textos que construiu!

TEORIA Descobrindo os segredos

O uso da crase Um grande impasse na produção dos nossos textos é o uso da crase. Você sabia que a crase não é acento? O acento grave (`), aí, é um indicador de que houve uma fusão de dois fonemas iguais: a + a = à (preposição a com o artigo a). O uso da crase, portanto, subordina-se ao estilo e à regência dos nomes e verbos.

Assim, exatamente, como você formulou, baixinho, e ficou com medo de estar errado.

• Só se coloca o sinal da crase, antes de palavras femininas. • Se você substituir um vocábulo feminino por um vocábulo masculino e

aparecer a contração ao, antes do nome masculino, emprega-se a crase. Exemplo: Eu vou ao colégio. Eu vou à praia. O verbo IR exige preposição e a palavra praia admite artigo.

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• Quando podemos substituir o a de uma frase pelas preposições e/ou combinações a, com a, na, para, pela, usamos a crase. Exemplo: Eu vou à praia; vou para a praia; vou na praia; vou pela praia.

Pensa que terminamos o uso da crase? Que nada! Veja outras regras. • Não se usa a crase, antes de verbos, sendo opcional, no entanto, antes

dos pronomes possessivos sua, suas. Exemplo: Ele se recusou a entregar o livro ao colega. Entreguei o livro a sua mãe. Entreguei o livro à sua mãe.

• Podemos usar o sinal da crase, para evitar ambigüidade. Exemplo:

Bordado feito a mão (ou à máquina) - sem crase, por não haver ambigüidade. À Luísa feriu Pedro – com crase - para evitar ambigüidade.

• Os pronomes de tratamento iniciados por possessivos não admitem o

artigo antes de si; logo não podem vir precedidos de a craseado. Exemplo: Pedi a V. Exa. ; o pronome de tratamento senhora admite o uso da crase. Exemplo: Refiro-me à irmã de Arminda.

• Os substantivos próprios que indicam nome de lugar só são precedidos

de a craseado, quando exigem o uso do artigo.Curitiba é uma bela cidade. Portanto, vou a Curitiba. Roma representa, com exuberância, a cultura européia. Vou a Roma. A Bahia é um grande centro turístico. Vou à Bahia. A Itália sediará o próximo congresso.Vou à Itália.

Também usa-se a crase nas seguintes situações:

• Nas locuções adverbiais femininas, no plural, aparece o sinal de crase. Exemplo: às vezes, às escondidas, às pressas, às claras.

• Em algumas locuções adverbiais femininas, no singular, nem sempre se

coloca o sinal da crase. Exemplo: a facada, a máquina, a mão, a navalha. Caso a clareza do texto seja prejudicada, aconselhamos usar o sinal da crase, nesse caso.

• Usa-se sinal indicativo de crase, nas expressões referentes a horas.

Exemplos: à uma hora, às nove horas. • Antes dos pronomes possessivos, a crase é opcional. Exemplos: O

documento foi enviado a sua secretária. O documento foi enviado à sua secretária.

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Atenção! Não coloque crase!

o Antes de nomes masculinos: Escrevo a Pedro. o Antes de verbos: Estou a procurar meu documento!

o Antes de artigo indefinido (um): Falei a um médico sobre você!

o Antes de expressões de tratamento. Exemplos: Escrevi a Vossa Sa.

o Antes de pronomes pessoais: Dirigi-me a ela.

o Antes de pronomes indefinidos. Exemplos: (cada, qualquer, nenhum,

todo, vários). Exemplo: Solicitou o relatório a alguma empresa pública.

o Antes de pronomes demonstrativos (este, esse, isto, isso, exceto aquele e suas flexões). Exemplo: O presidente do sindicato referia-se a esse procedimento. Entretanto, usa-se: Vou àquele lugar que você me indicou. Refere-se àquela professora.

O uso da crase é obrigatório nas seguintes situações:

• Antes de nome feminino, que admite artigo e é regido pela preposição a. Exemplo: Vou à cidade.

• Antes de numeral, quando indica horas. Exemplo: Cheguei às oito da

noite.

• Antes de nomes masculinos, quando se omite a palavra moda ou maneira, usa-se a crase. Exemplo: Ele é um escritor à moda de Ferreira Gullar.

• Antes de pronomes demonstrativos (aquele, aqueles, aquela, aquelas,

aquilo), quando regidos de preposição. Exemplo: Fomos àquele barzinho e não gostamos do atendimento.

Entretanto, o uso da crase é facultativo antes de nomes próprios, de pronomes possessivos e na locução até a.

Não se usa a crase:

o Antes de nomes masculinos. Exemplo: Nessa crise, não compre a prazo. No caminho de Santiago, todos andam a pé.

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o Nas locuções adverbiais, antes de substantivos repetidos. Exemplo: cara a cara, gota a gota.

o Antes de substantivo plural. Exemplo: Reporto-me a moças

nascidas em 1976. O a, nessa oração, é apenas uma preposição. Entretanto, se a oração fosse - Reporto-me às moças nascidas em 1976 – a crase seria obrigatória, porque haveria a fusão da preposição com o artigo.

EXERCICIO DE FIXAÇAO Leia as orações que se seguem. Sublinhe a oração que você considerar que o a deve ter o sinal indicativo de crase.

1- Dê o livro aquele menino. 2- A noite, não haverá aula. 3- Nunca deu bom dia a quem morava a seu lado. 4- Nunca deu nada a ninguém. 5- Foi a farmácia e comprou os remédios. 6- Ele se refere a Curitiba, como um modelo de cidade moderna. 7- A professora saiu as pressas 8- Comprar a prazo é perigoso. 9- O curso começará as sete horas. 10- Ela se referia a duas empregadas.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO . Gabarito: 1- àquele; 2 - à noite; 3 - não tem crase; 4 - não tem crase; 5 - à farmácia; 6 - não tem crase; 7 - ás pressas; 8 - não tem crase; 9 – às; 10 - não tem crase. VAMOS RELAXAR Cansou, não? Crase, para alguns, é uma pedra no sapato! E para você? Se souber um pouquinho de regência verbal, a crase terá sido bem mais fácil! Em Língua Portuguesa, como em qualquer área do conhecimento, há uma relação, uma dependência, entre os vários assuntos - um depende do outro. Agora, descanse um pouco! COMENTARIOS E aí? Você deve ter voltado leve e solto...Vamos lá? Como vai sua ortografia? Como vão as dúvidas entre S e Z? E entre X e CH, S e SS, S? O que você sabe

sobre o uso de Ç , S e Ç, J e G? E o H?

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Não lhe prometo nada de extraordinário; mas, vamos tentar representar melhor os sons da nossa língua pelas letras, de forma mais adequada?

A tarefa não é nada fácil, nem muito lógica. Uma boa dose de leitura, a prática de escrever, a origem do nosso idioma explicam, direitinho, esse quebra-cabeça. Ou tentam explicar! TEORIA ORTOGRAFIA Você já deve ter tido problemas quanto ao uso do h. Por exemplo, a palavra desumanizada, aparece sem h e, no entanto, a palavra humanizada aparece com h. O que vamos expor servirá para resolver parte do problema. 1. O h aparece no início da palavra, mas desaparece na derivada. Exemplos:

Humanizadas, mas desumanizadas Harmonia, mas desarmonia Honesto, mas desonestos Honra, mas desonra Habitável mas inabitável Hábil, mas inábil Herdar mas deserdar

2. O h permanece nos compostos ligados por hífen: Anti – higiênico Pré – histórico Sobre – humano Super – homem Pseudo – herói Mal – humorado Como o h não tem valor fonético, quer dizer, não é pronunciado, somente a prática ou um bom dicionário lhe poderão dar certeza se a palavra tem h inicial ou não. Eis algumas palavras que, por vezes, nos trazem dificuldades:

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ATENÇÃO! Bahia - tradição Derivados e composto não grafar com h – baiano, baianismo, baião, coco da baía. ORTOGRAFIA II Agora é a vez do uso de algumas consoantes. Prepare-se, essa viagem é muito divertida e... tem volta!

Como justificar o emprego do S e do Z, nos exemplos acima? Observe os exemplos que se seguem

Lembre os adjetivos e substantivos vistos acima, cujos radicais terminam em S. Compare-os com os adjetivos abaixo, que não têm S nem Z nos seus radicais. Observe com atenção como as palavras derivadas desses adjetivos e substantivos são grafadas.

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• Escrevem-se com S (isar) os verbos que derivam de palavras cujo radical

termina em S. • Escrevem-se com Z (izar) os verbos que derivam de palavras cujo radical

não termina em Z • Terminam em eza com (z) os substantivos que derivam de adjetivos. • Terminam em esa com (s) os substantivos que não derivam de adjetivos. Está pensando que acabou? Vá até a próxima unidade, que lá tem mais... Até breve!

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Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.7 - Desvendando os Mistérios COMENTÁRIOS Leu o poema de Cecília Meireles - “Ou Isto ou Aquilo”? Com a ortografia é assim mesmo, é pegar ou largar; ou vai, entra de cabeça, ou desiste! Mas, você já veio até aqui, tenho certeza de que irá até o fim!

TEORIA Desvendando os mistérios ORTOGRAFIA III Observe a palavra contestação, grafada com Ç. Já as palavras omissão e pretensão, que possuem o mesmo som final de contestação, escrevem-se, respectivamente, com SS e S. Por que os sons idênticos são grafados com letras diferentes? Para auxiliá-los na solução dessa dificuldade, preferimos que você mesmo vá deduzindo, após observar os exemplos que seguem: SS e não C. Os verbos que têm na sua raiz o segmento CED geram substantivos grafados com ss.

Os verbos que têm na sua raiz o segmento GRED geram substantivos grafados com ss.

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Os verbos que têm na sua raiz o segmento PRIM geram substantivos grafados com ss.

Os verbos que têm na sua raiz o segmento METER geram substantivos grafados com ss.

Os verbos que têm na sua raiz o segmento TIR geram substantivos grafados com ss.

Ç e não SS Os adjetivos e substantivos terminados em TO e os verbos terminados em TER geram substantivos terminados em ÇÃO.

Os vocábulos com som sibilante após um ditongo têm esse som grafado com Ç.

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VOCÁBULOS DE ORIGEM ÁRABE: açúcar, açucena, açafrão, muçulmano, açafate, etc. VOCÁBULOS DE ORIGEM TUPI, AFRICANA OU EXÓTICA: araçá, Iguaçu, Juçara, miçanga, paçoca, Paraguaçu, moçoró, caçula, muçurana, etc. OS VOCÁBULOS DE ORIGEM ÁRABE, TUPI, AFRICANA OU EXÓTICA SÃO GRAFADOS COM Ç.

Os vocábulos terminados pelos sufixos aça, aço, iça, iço, uça, ação são grafados com ç. S e não Ç Os verbos que possuem o segmento ND no radical geram substantivos e adjetivos grafados com S.

Os vocábulos, em geral, os verbos, cujo radical tem os segmentos RG e RT geram substantivos em S.

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Os verbos que apresentam, no radical, os segmentos PEL e CORR geram substantivos e adjetivos em S .

ORTOGRAFIA IV

USO DE G E J O G só pode ser empregado, com o som de J, antes das vogais e e i . Exemplos: Gíria, gigante, gilete, giz, ginásio, girafa, vigia, algibeira, angico, argila, égide, Egito, fuligem, ferrugem, estrangeiro, evangélico, geada, gengiva, viagem, Gertrudes, gesso, gesto, selvagem, sugerir, tangente, tigela, vagem, vegetal, vertigem. Emprega-se o J antes das vogais a, o, u.

Exemplos: Encorajar, forjar, laranja, granja, sujar, lisonja, canja, rijo, sujo, varejo, jurar, justo, júbilo, jumento, julgamento, juba.

ATENÇÃO! Em muitos casos, usa-se o j, também, antes do e e do i. Vejamos, quando isso acontece: A - Em palavras derivadas de outras que já se escrevem com j:

Laranja: laranjeira, laranjinha. Encorajar: que tu encorajes, que nós encorajemos (no entanto: a coragem). Loja: lojinha, lojista. Manja: manjedoura. Viajar: que tu viajes, que eles viajem (no entanto, a viagem). São Borja: são–borjense Canja: canjica. Ultraje: eu ultrajei, que eles ultrajem, o ultraje. Rijo: rijeza. Sujo: sujeira, sujinho. Anjo: anjinho (no entanto, angélico). Cereja: cerejeira. Cerveja: cervejinha. Varejo: varejista. Laje, lájea: lajes, lajeano,lajeado.

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Trajar: que tu trajes, que eles trajem, o traje. Sarja: sarjeta.

B -Quando a origem latina da palavra assim o exigir: Jeito, majestade, hoje, sujeito, injeção, interjeição, jeitoso, ajeitar, rejeitar, jejum, jejuar, jesuíta.

C - Em palavras de origem africana, tupi-guarani e exótica: Alfanje, alforje, caçanje, jirau, jerivá, jibóia, jê, pajé, jeca.

TEORIA ORTOGRAFIA V

USO DE X E CH

• Após um ditongo, emprega-se x: caixão, peixe, deixe. • Após en inicial, usa-se x: enxada, enxaguar, enxame. As exceções

são: encher e derivados, enchova e palavras iniciadas por ch, antecedidas do prefixo en, como enchapelar, encharcar.

• Após o me inicial, grafa-se com x: mexerica, mexerico, mexicano, mexilhão, mexer.

• Palavras de origem indígena ou africana: xangô, xará, xavante, xingar, xinxim, xique-xique.

• Palavras aportuguesadas do inglês trocam o sh original por x: xampu, xerife.

• Atente para a grafia das seguintes palavras: bruxo, capixaba, caxemira, caxumba, enxerido, esdrúxulo, muxoxo, praxe, puxar, rixa, roxo, xale, xaxim, xícara.

• Observe, também, as seguintes palavras:arrocho, bochecha,broche, cachimbo, chamego, chimpanzé ( ou chipanzé ), chope, chuchu, flecha, pachorra, pechincha, piche, pichar, salsicha.

ATENÇÃO!

• Chá (do chinês – dialeto mandarino – ch ` á ): planta teácea; da infusão

das folhas dessa planta prepara-se uma bebida. • Xá (do persa xah): título nobre usado na antiga Pérsia (hoje, Irã),

equivalente ao de rei. • Cheque (do inglês check ) : documento bancário, ordem de pagamento. • Xeque: no jogo de xadrez, a jogada que coloca o rei em risco. A palavra,

como o jogo, vem da Pérsia e seria uma variante de xah . • Tacha (do francês tache): mancha, mácula, defeito; pode significar,

também, “pequeno prego”. O verbo tachar significa “ difamar”, “caluniar”, “atribuir defeitos morais a uma pessoa “.

• Taxa (do latim medieval tax): imposto, tributo. • Brocha (do francês broche): prego curto, tacha. • Broxa (do francês brosse): grande pincel usado em caiação de paredes. • Buxo (do latim buxu): pequeno arbusto. • Bucho (origem controvertida): estômago de animal.

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• Coxo (do latim coxu): capenga. • Cocho (origem controvertida): vasilha para uso do gado.

PARTICULARIDADES DA ORTOGRAFIA DE ALGUNS VERBOS

Grafam-se na terceira pessoa do singular do presente do indicativo com i (contribui, possui, conclui, estatui). Exemplos: Diante da violência que ameaça o mundo, conclui-se que o berço da civilização deve ter sido uma jaula. Ele possui muitos amigos.

No presente do indicativo e presente do subjuntivo, nas três pessoas do singular e na terceira do plural, intercala-se um i eufônico. Exemplos: O sol clareia o rosto triste da criança. Os noivos se presenteiam, numa manifestação de afeto.

Intercala-se um e eufônico, em cinco desses verbos, no presente do indicativo, e presente do subjuntivo, nas três pessoas do singular e na terceira do plural: odiar, remediar, incendiar, ansiar, e mediar. Exemplos: Ele odeia o pai. “Cada vez que morre um velho africano é uma biblioteca que se incendeia.” (Lygia Fagundes Telles)

Apesar de composto de ver, o verbo prover dele se afasta no pretérito perfeito do indicativo, no mais-que perfeito do indicativo, no imperfeito do subjuntivo e no particípio passado. “Foi provido uma cadeira jurídica da Faculdade do Recife.” (Fausto Barreto)

Não segue seu modelo- verbo querer – no presente do indicativo e no imperativo afirmativo, mais-que-perfeito do indicativo e futuro do subjuntivo e nas formas do perfeito do indicativo. Exemplos: Requeiro, hoje, minha aposentadoria. Isso requer muito cuidado.

Este verbo só é conjugado nas formas em que aparece a vogal i.

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Exemplos: Meu sócio faliu. A loja estava falida. Nós falimos. COMENTÁRIOS Depois de ler tudo isso, buscando entender os segredos da nossa Língua Portuguesa, como anda, de verdade, sua ortografia? Muitos ”erros”? Não se preocupe! Se você tem algo a dizer, se estrutura bem seu pensamento, não tem como se angustiar! O mais importante, você já tem. Assim, é mais fácil. Continue buscando desvendar os seus segredos! Você já notou que todo mundo quer escrever determinadas palavras com letras maiúsculas, ignorando que existem normas, que padronizam o seu uso? Vamos conhecê-las?

EMPREGO DE MAIÚSCULAS

Usa-se letras maiúsculas:

Início de parágrafos / Períodos (versos → não obrigatoriamente). Nomes próprios. Tratamento mais formal ou respeitoso → Santo Padre / Deus Abreviaturas e siglas. Nomes de pessoas, incluindo apelidos. Nomes sagrados, religiosos, mitológicos. Ex.: Santa Clara, Eucaristia,

Hércules. Nomes de dinastias, clãs e tribos → Xavantes. Nomes de vilas, cidades, regiões geográficas, mares. Ex.: O Negro e o

Solimões se encontram no Amazonas. Títulos de livros, jornais ou qualquer produção. Nomes de épocas históricas, datas significativas, movimentos

filosóficos, políticos. Ex.: O Brasil não teve Renascimento. Nosso estado não comemora o aniversário da Guerra dos Farrapos.

Também usa-se letras maiúsculas nas seguintes circunstâncias:

Nomes de conceitos religiosos, sociológicos, políticos. Ex.: A Igreja Católica possui muitos terrenos na Bahia. O Senado Federal. A Democracia. A Câmara.

Nomes das ciências, das artes, disciplinas e escolas (literárias, artísticas e arquitetônicas)

Nomes de altos cargos. Ex.: o Imperador, o Coronel, etc. Leis, decretos ou qualquer ato oficial. Ex.: A Lei de Defesa do

Consumidor. Festas religiosas → Natal Nomes dos pontos cardeais quando designam regiões. Ex.: O Nordeste

anda sofrendo sempre. Nome de partidos políticos, associações e similares.

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Expressões de tratamento e fórmulas respeitosas Nomes comuns quando personificados. Ex.: Porque o Amor nunca

cumpre o que promete.

EMPREGO DE MINÚSCULAS

Usa-se letras minúsculas:

Depois de ponto de interrogação e exclamação, quando tem valor de

vírgula. Ex.: Não concorda? ninguém sabe tudo. É, Maria! a vida é fogo Depois de dois pontos, se eles não estiverem imediatamente antes de

citação direta ou de nomes próprios. Ex: Convidaram várias lideranças de base para a posse do novo Presidente: sindicalistas; padres; trabalhadores rurais.

Substantivos próprios que fazem parte de substantivos comuns. Ex.: deus-dará.

Nomes de festas populares e pagãs. Ex: No último carnaval a ... Fenômenos meteorológicos regionais →Ex: a seca Nomes de povos → O brasileiro, apesar de tudo, é um povo alegre. Monossílabos átonos dentro de títulos → O tempo e o vento Nome de meses, estação do ano, dia da semana: fevereiro, março,

abril; inverno, verão; domingo, sábado. VAMOS RELAXAR

Não fique pensando que agora é só alegria e que nos abandonará nessa árdua tarefa de encontrar os segredos...

Agora, pernas para o ar, que ninguém é de ferro! Chega de normas, não acha? Vamos exercitar um pouquinho o corpo? Deixe de preguiça, vamos lá!

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Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.8 - Parando Para Refletir

COMENTÁRIOS Que viagem, essa nossa! Estamos quase no final! Final? Parece um caminho sem fim... Quanto mais estudamos, mais perplexos ficamos, diante da grandiosidade e beleza da Língua Portuguesa! O conhecimento dos elementos que permitem o milagre da comunicação, o saber escrever é muito maior do que se pensa! Suas possibilidades são infinitas, como o sentimento. Seus mistérios são insondáveis, como a alma humana! EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 1 - Observe as frases que se seguem. São enunciados bastante diferentes entre si. Diferentes não apenas pelas informações veiculadas, mas também quanto às formas empregadas. Há diferenças de sons, vocabulário, formas verbais, formas de tratamento, etc. Analise-os, escrevendo nos quadrinhos. Marque F, quando for um enunciado mais relativo à fala, e E, quando for mais relativo à escrita.

Eu conheço ele dês que a gente era colega de colégio.

Eu o conheço desde o tempo em que éramos colegas no colégio.

O sinhô vai armoçá gorinha mesmo? Não faiz mar, nóis vorta despois.

Vós podereis dizer, excelência, que estou equivocado.

Você podia dizer, cara, que eu errei.

Comprei um pacótchi de lêitchi.

Comprei um pacote de leite.

Mas tu quiria u quê?

Porém tu querias o quê?

Gabarito:F, E ,F,E,E,F,E,F,E.

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2 - Observe as seqüências de palavras abaixo e assinale a única alternativa onde estão transcritas apenas formas exclusivas da oralidade:

sinhô – senhor – você – tu – vós armoçá – aumoçá - almoçar despois – dipois eu o conheço – eu conheço ele

gabarito: x despois – dipois x

COMENTÁRIOS Os exercícios da página anterior foram apenas alguns poucos exemplos. Se saíssemos à rua com um gravador na mão, recolhendo amostras do que as pessoas realmente falam no dia-a-dia, passaríamos o resto da vida coletando material, sem jamais esgotar as variedades. Esta é uma palavra-chave para qualquer compreensão da língua, o ponto de partida de nosso estudo: a variedade, abordada por nós, na unidade dedicada às variações lingüísticas.

SAIBA MAIS Leia o texto que se segue, extraído da revista Isto É, de 20 de agosto de 1997. Procure entender a necessidade que temos de conhecer a nossa língua, e, portanto, todos esses fatos lingüísticos que tanto nos atordoam! Só assim, poderemos tecer críticas ou fazer resistência ao uso da norma culta.

“Fala-se mal o português. Ou melhor, fala-se errado. Ninguém agüenta mais ouvir erros grosseiros do tipo ‘houveram acidentes’ ou ‘é pra mim fazer’. Para os mais letrados, essas agressões ao idioma têm ferido tanto os ouvidos que se decidiu partir para um contra-ataque. Pelo menos três rádios de São Paulo e uma emissora de televisão estão veiculando pequenos ‘inserts’ de especialistas em dicas para não maltratar a língua-mãe. Longe de se parecerem com aquelas modorrentas aulas de gramática cheias de regras, que ninguém sabe para que servem, essas intervenções são, antes de mais nada, bem-humoradas. Ensinam o que se pode chamar de gramática de resultados. Ou

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seja, dicas úteis e sem complicações das expressões mais usadas no dia-a-dia.

Uma dessas ofensivas veio da rádio Eldorado AM de São Paulo. Basta sintonizar a estação, o jornalista Eduardo Martins dá suas advertências em flashes de um minuto, chamado De palavra em palavra.” “Autor do Manual de Redação do Estadão, Martins também faz aos sábados um programa de uma hora de duração que leva o mesmo nome. Com um tempo maior, aproveita para fazer entrevistas e responder dúvidas dos ouvintes. Desde que entrou no ar, em maio, ele recebe a média de 60 cartas por semana. Para Martins, essas solicitações retratam o quanto os brasileiros estão fracos no próprio idioma. ‘As escolas estão ruins e as pessoas não sabem nem consultar um dicionário’, diz. O precursor dessas aulas relâmpago é o professor de português Pasquale Cipro Neto, 42 anos, que mantém, desde março de 1992, o Nossa língua portuguesa, na rádio Cultura AM de São Paulo. Mas o sucesso aconteceu, quando o programa foi colocado na tevê, em julho de 1994 pela Rede Cultura. A aceitação foi tanta que Cipro vem sendo abordado por outras emissoras comerciais para protagonizar um programa semelhante. ‘Já recebi convite de duas grandes rádios de São Paulo’, diz. Tamanho sucesso garantiu a Cipro Neto estrelar a campanha publicitária do McDonald’s.”

“A rádio Jovem Pan também saiu em defesa do idioma e investe no Programa S.O.S. Língua Portuguesa, na voz do professor Odilon Soares Lemos, 63 anos, que veicula suas lições em flashes de um minuto. O programa de Lemos começou voltado para melhorar o desempenho de estudantes às vésperas do vestibular, mas o interesse dos ouvintes cresceu tanto que, hoje, Lemos tem também a preocupação de dar dicas para o dia-a-dia, respondendo a perguntas dos ouvintes. ‘Não é o erro de português em si que é chocante. Pior é quem o comete. É duro ver um senador da República cometendo um erro de concordância como o recorrente ‘fazem’ tantos anos. Se essas pessoas pretensamente escolarizadas erram em público, o que dirá em suas casas?’”

(Isto É – 20/08/97)

REFLEXÕES Que tal esse texto? Você acha que, como falante, cuida bem da Língua Portuguesa? Na prática, o que você faz para falar e escrever corretamente? Reflita sobre essas questões. SAIBA MAIS Professor Arnaldo Niskier, membro da Academia Brasileira de Letras – ABL é o autor dessas importantes observações, sob forma de artigo - Correto mesmo só o português -, discorrendo acerca da maneira descomprometida e pouco cuidadosa com que o falante trata a nossa língua.

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• O verbo constituir é transitivo direto. Exemplo: Esses parágrafos constituem o núcleo da obra.

• O verbo constituir-se rege a preposição em: Esses parágrafos

constituem-se no núcleo da obra. • O verbo implicar, no sentido de envolver ou ter como conseqüência, é

transitivo direto isto implica dizer que não aceita a preposição em, ou seja, isto implica aquilo e não naquilo.

Continuando a sua peregrinação pelos “atalhos da língua”, o imortal Arnaldo Niskier, com muito humor e propriedade, destaca algumas “heresias lingüísticas”. Veja na página seguinte.

“A água se solidifica a zero graus centígrados”. Garanto que não virou gelo. O numeral zero deixa a palavra seguinte no singular. Frase correta: A água se solidifica a zero grau centígrado.

“Quando as pessoas envelhecem ficam rabujentas?” Claro que não! Principalmente, grafando dessa maneira. Não seja rabugento. Escreva esta palavra sempre com g. Período correto: Quando as pessoas envelhecem ficam rabugentas?

Segue anexa a ficha do aluno ou Segue em anexo a ficha do aluno. São frases corretas. Observe: Anexo concorda em gênero e número com o termo a que se refere; já em anexo não varia.

“O amigo que mais gosto é o Pedro.” Garanto que o Pedro não acredita nesta amizade. O verbo gostar (quem gosta, gosta de) é transitivo indireto, isto é, precisa da preposição de. Observe: A presença do pronome relativo (que) atrai a preposição para antes dele. Período correto: O amigo de que mais gosto é o Pedro.

“Os Estados Unidos é respeitado por todas as nações do mundo.”

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Cuidado! Quando o sujeito de uma oração é os Estados Unidos, o verbo ficará sempre no plural, pois o nome daquele país indica pluralidade. Frase correta: Os Estados Unidos são respeitados por todas as nações do mundo.

“D. Maria destrinchou o frango assado, mas ninguém o comeu.” Certamente porque a senhora usou um verbo inadequado. Trinchar é o verbo correto, isto é, cortar em pedaços. Destrinchar ou destrinçar significam expor com minúcias, resolver, desenredar. Período correto: D. Maria trinchou o frango assado, mas ninguém o comeu.

O homem habita a Terra ou O homem habita na Terra? Tanto faz! Podemos habitar algum lugar ou em algum lugar. O importante é que o homem preserve essa Terra para que seus descendentes continuem habitando-a.

EXEMPLO

Eduardo Martins é jornalista de O Estado de São Paulo e autor do Manual de Redação e Estilo do OESP. Repare nas duas afirmações seguintes – de uma autoridade federal e de um cronista esportivo – e na locução assinalada em destaque: “As Forças Armadas estão se deslocando crescentemente para a Amazônia, porque são o elo de ligação com o Estado.” / “O meio-de-campo precisa ser o elo de ligação entre a defesa e o ataque de um time.” Você concorda com o “elo de ligação” que aparece em situações tão diferentes nas frases? Bem, não concorde. “Elo de ligação” é uma das dezenas de redundâncias (ou pleonasmos) que infestam a linguagem do dia-a-dia. Afinal, elo já significa ligação e falar em “elo de ligação” é o mesmo que dizer “ligação de ligação”. Você se lembra das idéias de Charles Darwin? Pois é, ele procurava o elo perdido entre o homem e o macaco e não o “elo de ligação” perdido entre o homem e o macaco.

TEORIA FUJA SEMPRE DO ÓBVIO

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Veja a seguir mais algumas redundâncias muito comuns e faça o possível para fugir do óbvio:

Continue fugindo do óbvio! Veja:

“Prefeitura municipal”. Existe alguma que não seja municipal?

“Conviver junto”. Pode-se conviver separadamente?

“Sua autobiografia”. Se é autobiografia, já é sua.

“Sorriso nos lábios”. Onde mais o sorriso estaria?

“Goteira no teto”. Onde mais a goteira estaria?

“Estrelas no céu”. Onde mais as estrelas estariam?

“General do Exército”. Só existem generais no Exército.

“Brigadeiro da Aeronáutica”. Só existem brigadeiros na aeronáutica.

“Almirante da Marinha”. Só existem almirantes na Marinha.

Veja mais obviedades, das quais você deve continuar fugindo!

“Manter o mesmo time”. Pode-se manter outro time?

“Labaredas de fogo”. De que mais as labaredas poderiam ser?

“Pequenos detalhes”. Existem grandes detalhes? Fale em detalhes, somente.

“Erário Público”. O erário é o tesouro público. Por isso, erário basta.

“Acabamento final”. Pode existir acabamento parcial?

“Despesas com os gastos”. Despesas e gastos são sinônimos.

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“Encarar ou enfrentar de frente”. Alguém encara ou enfrenta de costas ou

de lado, por exemplo? Fale em encarar firmemente, enfrentar com decisão, etc.

“Monopólio exclusivo”. Se é monopólio, já é total ou exclusivo.

“Ganhar grátis”. Alguém ganha pagando?

”Países do mundo”. De onde mais podem ser os países?

“Exultar de alegria”. Pode-se exultar de tristeza?

“Viúva do falecido”. Não pode haver viúva sem falecido.

“Subir para cima”. Bem, deixei propositadamente para o fim aquelas construções que nenhum de nós deve usar, em nenhuma hipótese, como “subir para cima”, “descer para baixo”, “entrar dentro ou para dentro”, “sair fora ou para fora” (não se deixe influenciar por muitos locutores esportivos, para os quais jogadores “entram dentro da área” ou “saem fora do campo”);” auto-estima”, nunca “baixa estima” porque o correto é auto e não alto! E nem é preciso fazer comentários, não é verdade, meu caro amigo leitor?

SAIBA MAIS A essa altura, você já olha para a nossa Língua Portuguesa com outros olhos, ela já invadiu sua alma. Leia o que Clarice Lispector tem a nos dizer. Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.

Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança da língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.

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Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega.

Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida. COMENTÁRIOS Gostou, hein?! Essa unidade foi “um descanso na loucura”, como disse um dos maiores escritores e recriadores da Língua Portuguesa, João Guimarães Rosa. Respire fundo e se prepare, com muita garra, para a próxima aula! Até lá!

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Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.9 - Procurando a Saída COMENTÁRIOS Como você se sente? Emaranhado, ou emaranhada, em fios que não se desatam? Enrolado no xale da doida? Percorrendo um labirinto complicado e surpreendente? Nada disso, todo esse caminhar “faz parte do processo de construção do conhecimento”, diriam os professores modernos, cheios de sabedoria e erudição. Estamos procurando o caminho e chegaremos lá! Vamos, então, nessa unidade, rever alguns fatos lingüísticos que facilitarão a nossa tarefa de produzir textos. Afinal de contas, você não quer violar as regras, atentando contra a gramática, você não é uma lesa-gramática (mais uma palavra, talvez desconhecida -ou não?-, grande contribuição para o seu vocabulário!). Que tal começar por regência? TEORIA Afinal, o que é regência? Encontramos, no Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, a seguinte definição para regência: [ Do lat. Regentia ].E. Ling. Em sentido estrito, a dependência da forma flexional do nome ou do pronome em relação à preposição que complementa. Regência, portanto, pode ser definida, como uma relação de subordinação, de dependência dos termos. Segundo Cegala (1977:312), “regência ou regime é o modo pelo qual um termo rege outro que o complementa”. A palavra que completa o sentido é denominada ou regida, ou subordinada; a palavra que é inteirada em sua significação chama-se regente ou subordinante. REGÊNCIA VERBAL Veja, na página seguinte, os verbos que têm, em geral, oferecido dificuldade quanto ao uso ou não de preposição...

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admite objeto direto, direto e indireto: Vítor advertiu seu motorista. (objeto direto) A política da empresa advertia os estagiários da necessidade de cumprimento de horário. (direto e indireto) O treinador advertiu-o de que estava fora de forma... (direto e indireto)

exige objeto indireto: Agrada-lhe uma atitude coerente.

pede objeto direto de coisa e indireto de pessoa, ou simplesmente objeto indireto: Agradeci o gesto solidário. Agradeci-lhe o gesto solidário. Agradeci-lhe.

pede objeto direto: O gerente ajudou-a, na transação bancária. Veja mais alguns verbos que provocam muitas dúvidas quanto ao uso da preposição.

é transitivo direto, quando significa sorver, cheirar (ar, pó): O operário aspirou as substâncias nocivas. É transitivo indireto quando significa desejar: O operário aspirava a um salário mais justo.

é transitivo direto na acepção de ajudar. O professor assiste o aluno. O médico assiste o doente. É transitivo indireto na acepção de ver, estar presente: A juventude assistiu ao filme Cidade de Deus. Os brasileiros assistiram aos jogos da Copa do Mundo.

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pede objeto direto no caso de significar responder a um chamado: O médico não o atendeu. É obrigatório o uso do objeto indireto, se significar prestar atenção: O diretor atendeu a nosso pedido. Atender ao pedido. Atender à convocação. No sentido de servir é transitivo direto: A assistente social atende o dependente químico. Atenção! Hoje, já é comum o uso ou não da preposição, isto é, o verbo pode ser transitivo direto ou indireto, indiferentemente. Chamar: é transitivo direto no sentido de invocar: O presidente chamou o ministro. No sentido de apelidar, admite as seguintes possibilidades: Chamaram-no Zé Moleza. Chamaram-lhe Zé Moleza. Chamaram-no de Zé Moleza. Chamaram-lhe de Zé Moleza. A preferência, no entanto, é pela transitividade direta: Chamaram-no Zé Moleza. Consistir: é transitivo indireto e pede a preposição em (e não a preposição de): As novas informações enviadas consistem em novas normas da ABNT. Implicar: pede objeto direto no sentido de envolver, pressupor, requerer : Considerar a nova norma gramatical implica revisar textos já elaborados. Informar: é transitivo direto e indireto. Se a pessoa for objeto direto, a coisa se constituirá em objeto indireto. E vice-versa: O médico informou-o de que sua saúde não estava muito boa. O médico informou-lhe que sua saúde não estava muito boa. Namorar: pede objeto direto: A professora namora o aluno surfista. Evite-se namorar com. Oferecer: é transitivo indireto: Antigamente, os filhos obedeciam aos pais. A secretária obedecia ao presidente da empresa.

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Veja mais exemplos de verbos que podem ser transitivos diretos e indiretos.

pede objeto direto de coisa e indireto de pessoa: Paguei o empréstimo que fiz.. Paguei ao colega o que lhe devia. Paguei-lhe o que devia.

(necessitar): é transitivo indireto. Se significar estabelecer com exatidão, será transitivo direto: O aprendiz precisava de tempo para assimilar as técnicas. Não sei precisar a hora do início da festa. Preferir: é transitivo direto e indireto: O diretor preferiu vendas à vista a vendas a prazo. Evita-se preferir mais do que ... ou preferir uma coisa do que outra: Fulano prefere jogar bola mais do que estudar. Fulano prefere jogar bola do que estudar.

é verbo transitivo indireto (logo, não pode ser usado em frases passivas) : O juiz procedeu à elaboração da sentença. (Não se admite: A sentença foi elaborada pelo juiz. Também é incorreto: O juiz procedeu a elaboração da sentença.)

no sentido de dar resposta é transitivo indireto: As perguntas a que ele respondia. Responder à carta... Responder ao oficio...

é transitivo direto no sentido de mirar ou de pôr visto: Construiu uma grande fortuna e visava a fama. O empresário inovador visou a fama. É transitivo indireto no sentido de ter em vista, objetivar: A política educacional visava ao sucesso dos educandos. O novo presidente visava à transformação da sociedade

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Modernamente, antes de infinitivo não se coloca a preposição a: Marcelo visa oferecer vantagens aos novos compradores. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Marque um X nos quadrados, ao lado das orações, cuja regência verbal estiver correta.

O diretor atendeu a nosso pedido. O supervisor ajudava o vendedor. A gerente pagou o empregado a diferença salarial. O deputado aspira a presidência da República. A contadora procedeu a elaboração do balanço.

GABARITO: ESTÃO CORRETOS: 1 (primeiro), 2 (segundo).

TEORIA REGÊNCIA NOMINAL Na regência nominal, o termo regente - um substantivo ou um adjetivo - é que necessita de uma complementação para que seu sentido fique claro e preciso. O termo regido em questão será sempre precedido de uma preposição. Exemplo: Estou apto a escolher meu caminho. Nessa oração, apto é o termo regente e escolher é o termo regido. Às vezes, quando você está escrevendo, vacila diante da escolha de algumas preposições, não? Não se preocupe! Estamos lhe oferecendo uma relação de substantivos e adjetivos, acompanhados de suas preposições mais usuais.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO

Marque um X nas orações cuja regência nominal esteja correta:

É um pedido a que atenderei satisfeito. É uma pessoa a quem atenderei com prazer.

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A casa que conheci é arejada e moderna. A casa que fomos é moderna e arejada. Não é essa exatamente a rua em que estive. O Bahia é o time que sempre torci.

GABARITO: ESTÃO CORRETOS: 1 (primeiro), 2 (segundo), 3 (terceiro), 5 (quinto).

COMENTÁRIOS Deu para entender ou foi puro gramatiquês? Fique aí, não corra não! Ainda tem mais... Até a próxima aula!

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Cápsula 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.10 - Encontrando a Saída COMENTÁRIOS Que responsabilidade a nossa, ao dizer que estamos encontrando a saída! Mas, temos a certeza de que depois de tanto lero-lero, de tanta conversa mole, conseguimos lhe seduzir, que é, na atualidade, uma das funções mais importantes da linguagem. Sedução, no bom sentido, é claro! Acabamos lhe convencendo de que usar bem a nossa Língua Portuguesa é um dever de cidadão. Para isso, todo brasileiro deveria ter o direito a uma educação de qualidade e criteriosa, assegurando-lhe um conhecimento pleno e claro do seu idioma - passaporte para a ascensão social, caminho certo para a igualdade, enquanto cidadão. Saber ler e escrever bem não é um detalhe, não é um acessório, é a essência, é o fundamental. Que tal navegar pelos mares da concordância, onde sempre nos afogamos? E o que é concordar? Você, com certeza, já sabe o que é concordar. É proporcionar harmonia, combinar uma coisa com outra, para que soe melhor, comunique com mais clareza, a fim de que tudo fique mais equilibrado. Para escrevermos bem, é fundamental que saibamos como fazer a concordância verbal e nominal.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Leia o texto que se segue e preste bem atenção ao uso dos verbos haver e caber.

(Ferreira Gullar)

O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão.

O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão

nas oficinas escuras – porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço

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O poema, senhores,

não fede nem cheira.

GULLAR, Ferreira. Toda poesia (1950 – 1980). 3.ed. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1983. p. 224.)

Observe os verbos caber e haver no poema de Ferreira Gullar. Faça um levantamento das ocorrências desses dois verbos, indicando os seus respectivos sujeitos. Há alguma peculiaridade quanto à concordância desses verbos? Reflita sobre isso e, em seguida, escreva suas conclusões abaixo. _______________________________________________________________

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RESPOSTA: O verbo caber, nesse texto, é um verbo transitivo circunstancial,e os sujeitos, por ordem de ocorrência são: o preço do feijão; o preço do arroz;o gás, a luz, o telefone; a sonegação do leite, da carne, do açúcar;do pão; o operário ;o homem sem estômago ;a mulher de nuvens;o funcionário público; a fruta sem preço, concorda, portanto, com seu sujeito. O verbo HAVER, NESSE POEMA, é usado como impessoal, no sentido de existir, não tendo sujeito. COMENTÁRIOS Você deve ter percebido que estamos nos referindo à concordância. Tenho certeza de que sabe do que se trata. Concordar é buscar a harmonia entre as palavras. Vamos refletir um pouco acerca da concordância verbal?

TEORIA

CONCORDÂNCIA VERBAL Este fato lingüístico da Língua Portuguesa assusta e desanima, no momento de produzirmos os textos. É um ponto crítico em qualquer modalidade de texto, pois nem sempre é fácil determinar, corretamente, em que número deve ficar o verbo. Para fazermos a concordância verbal, é necessário não apenas cumprir as normas gramaticais, mas, sobretudo, fazer valer a lógica do nosso

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pensamento e o nosso desejo. É preciso, no entanto, equilíbrio! Geralmente, o respeito às normas gramaticais confere ao texto maior clareza.

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL

Se o sujeito for um coletivo do singular, seguido de um complemento no plural, o verbo pode ir para o plural ou permanecer no singular: Exemplo: O conjunto das provas reflete a péssima qualidade de ensino verificada nas escolas públicas do país, no último ano. O conjunto de provas reflete... A série de verificações... O número de avaliações e sondagens é inferior... A multidão resistiu... A maioria das provas é impressa no computador. Há casos, porém, em que o redator percebe a fraqueza gramatical diante da idéia que quer transmitir. Por isso, em vez do singular, prefere o plural: Exemplo: A maior parte dos alunos lêem muito pouco. Um coletivo geral determina que o verbo permaneça no singular: Exemplos: O povo queria, nas eleições diretas para presidência da República, um representante legítimo das minorias. O Exército não se conforma em desempenhar o papel de Polícia nos morros do Rio de Janeiro. O que prevalece é a concordância com a expressão utilizada e não com a idéia que ela encerra. Embora povo e Exército sejam palavras que representam muitas pessoas, o verbo concorda com a palavra expressa. Por isso, série, conjunto, multidão, maioria e tantas outras pedem o verbo no singular.

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Uma expressão partitiva tanto pode levar para o plural, como admitir o uso do singular: Exemplos: A maior parte dos alunos conseguiu... Uma porção de vestibulandos inicia... Um grupo de professoras estão interessados... Há outras expressões cujo procedimento quanto ao uso de singular e plural é semelhante. São elas: uma porção de, o grosso de, o resto de.

Sou uma pessoa que não aceito opiniões. Sou uma pessoa que não aceita opiniões. O primeiro caso é mais forte e afetivo que o segundo, pois o verbo, na 3ª pessoa (aceita) da segunda frase, é quase indeterminado, sem nenhuma intensidade afetiva. A primeira oração – “...que não aceito opiniões”, com verbo na 1ª pessoa (aceito), reflete muito mais sentimento, sendo, por isso, muito mais vivo e eficaz. Se o verbo tiver como sujeito o pronome relativo que, ele concordará em número e pessoa com o antecedente desse pronome: Fui eu que fiz o curso. Foram as alunas que me deram a notícia. Se, no entanto, o relativo que vier antecedido da expressão um dos, o verbo vai para a 3ª pessoa do plural, raramente para 3ª pessoa do singular: Ele é um dos alunos que consomem droga pesada.

Segundo a norma gramatical, geralmente, a concordância é feita na 3ª pessoa do singular, quando o sujeito é o pronome relativo quem: Fui eu quem lhe falou sobre esse poeta. Contudo, é também possível admitir a concordância com o pronome pessoal: Fui eu quem lhe enviei o livro. És tu quem me falarás sobre o novo projeto.

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As alunas parece terem gostado do atual diretor. As alunas parecem ter gostado do atual diretor. É indiferente gramaticalmente, o uso do singular ou do plural. A diferença é semântica e estilística

Não se pode conceber uma escola sem liberdade. Não se podem conceber uma escola sem liberdade. No primeiro caso, chama-se a atenção para a ação: conceber, ou seja, não é possível conceber uma escola. No segundo, em virtude da concordância, a atenção concentra-se em escola Gramaticalmente, pode-se considerar conceber como sujeito e uma escola como objeto. Pode-se, também, considerar escola como sujeito e então o verbo vai para o plural. Em geral, prefere-se a concordância no plural.

Havendo dois ou mais sujeitos de pessoas gramaticais diferentes, o verbo irá para o plural, concordando com a pessoa que tem precedência na ordem gramatical. Eu e tu = nós Eu e ele = nós Eu, tu e ele = nós Tu e ele = vós Você e ela = eles O professor e tu fizestes o que havia sido combinado. Eu e tu ficamos debatendo sobre educação a distância. Tu e eu concluiremos a experiência. Eu e o caseiro consertamos o canil. Tu e o diretor já recomendáveis a nova bibliografia. Ela e a mãe preparavam a ceia de Natal.

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Portanto, o verbo vai para a 1ª pessoa do plural, se entre os sujeitos houver um da 1ª pessoa. Irá para a 2ª pessoa do plural se, não havendo sujeito da 1ª, houver um da 2ª. Somente irá para 3ª pessoa do plural se os sujeitos forem da 3ª pessoa.

O verbo irá, de preferência, para o plural, principalmente se o sujeito estiver anteposto. Se o sujeito estiver depois do verbo, é possível o uso do singular. A educação e a saúde não foram prioridades dos governos. Não foram prioridades dos governos a educação e a saúde. Não foi prioridade dos governos a educação e a saúde. No caso de sujeito de números diversos (singular e plural) precedendo o verbo, este vai para o plural. Se esses sujeitos estiverem depois dele, o verbo poderá ficar no singular, se o sujeito mais próximo estiver no singular: O professor e os alunos reconheceram-se culpados. Reconheceu-se culpado o professor e os alunos. Reconheceram-se culpados o professor e os alunos.

Se o sujeito for composto e houver palavra que o resuma, o verbo concordará com essa palavra. Gritos, palmas, ovações, quebra do protocolo, nada o levava a temer a multidão. Crianças, aposentados, vendedores, correligionários, freiras, ninguém queria arredar o pé, para ver o presidente. Discursos esmerados, elegância eclética, entusiasmo exacerbado, tudo contribuiu para uma posse inusitada.

Dois sujeitos do singular ligados por como, bem como, assim como, do mesmo modo que, tanto... como, não só... mas, também, requerem análise: se se tratar

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de adição, coloca-se o verbo no plural; se se tratar de comparação, coloca-se o verbo no singular: A mudança ministerial, da mesma forma que os primeiros contratempos do novo governo, não abalou o entusiasmo do povo. A simplicidade, assim como a garra, fizeram dele um político carismático.

Sujeito constituído por expressões que indicam quantidade aproximada determina que a concordância se faça com o complemento dessas expressões: Cerca de cem cavaleiros abriram desfile. Menos de dez pessoas participaram da sessão de fisioterapia. A expressão mais de um determina o verbo no singular: Mais de um executivo viajou ao Rio de Janeiro. Se essas expressões se repetirem, o verbo irá para o plural: Mais de um executivo e mais de um sindicalista estiveram no encontro.

Se o sujeito for constituído pelos pronomes indicados, o verbo pode permanecer na 3ª pessoa do plural ou concordar com o pronome pessoal que indica o todo: Quantos, entre os policiais, estariam dispostos a participar dos festejos? Quantos, entre vós, estaríeis dispostos... Se o pronome interrogativo estiver no singular, o verbo ficará na 2ª pessoa do singular. Nas orações interrogativas que utilizam quem ou o que, faz-se a concordância com o substantivo ou pronome que vier depois do verbo. Quem são os ministros ? Quem és tu, ó rapaz ? Quem sois vós que tanto me chateia ? Que será isso que aconteceu ? O que são lamentos, queixas ?

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Se ligados por essas conjunções, o verbo tanto pode ir para o plural como ficar no singular, conforme se queira ou não atribuir a ação a todos os sujeitos. Veja os exemplos na página seguinte... Ou o legislativo ou o judiciário terá de alterar o comportamento... Nem o legislativo nem o judiciário tiveram de alterar o comportamento. Se a ação só pode ser atribuída a um deles, o verbo ficará no singular: Ou o professor ou o aluno será responsável. As expressões um ou outro ou nem um nem outro admitem o verbo no singular. Um ou outro teria de admitir a culpa. Nem uma nem outra aceitou alegremente a imposição. Já a locução um e outro leva, com freqüência, o verbo para o plural: Um e outro político admitiam estar enganados.

A regra geral determina que o verbo vá para o plural, quando a idéia que se quer transmitir é de soma: O chefe do cerimonial com o porta-voz recorreram a argumentos convincentes para evitar graves incidentes. Se se desejar realçar um dos elementos, o verbo poderá ficar no singular: O professor, com todos os alunos do curso, resolveu fazer o jornal da instituição.

Admitem o verbo tanto no singular como no plural: Tanto o professor como o aluno participaram... O político, como qualquer cidadão, deve ser justo. Observe-se que o primeiro elemento foi destacado: o político deve ser justo; a expressão como qualquer cidadão aparece meio escondida, entre vírgulas.

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Se aparecer na frase a palavra relógio com sujeito, o verbo ficará no singular: O relógio deu 15 horas. Entretanto, os verbos soar, dar, bater e ser com o sentido de tempo são impessoais (constituem, portanto, orações de sujeito inexistente, ou zero), a concordância é feita com o número de horas expressas: Soaram 12 horas e a festa começou. Deram 10 horas no relógio da matriz. Iam dar 15 horas, quando o desfile começou. Bateram 21 horas e ainda estou na empresa. São 15 horas.

Se o sujeito do verbo ser ou parecer for constituído pelos pronomes: isto, isso, aquilo, tudo, e o predicativo estiver no plural, o verbo irá para o plural: Isso são especulações desnecessárias. Aquilo me pareciam esquisitices... Eram tudo sonhos de adolescente. Se o sujeito designar pessoa, o verbo concordará com ele: Ela era as alegrias das casas. O professor de Informática foi os provocadores do curso. Se o sujeito for constituído de um substantivo e o verbo ser vier seguido de pronome pessoal, o verbo concordará com o pronome: Os cidadãos mais tristes nessa empresa somos nós. Os maiores gestores sois vós. Os verdadeiros profissionais são eles. Nas orações interrogativas com utilização de quem, o verbo concorda com o substantivo ou pronome que lhe segue: Quem são os professores dessa Universidade? Quem és tu? Quem sois vós?

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I. Assinale as orações cuja concordância esteja dentro dos padrões da

norma culta:

1. Um e outro documento.......................ao presidente. (pertence /

pertencem)

2. O empregado com todos os clientes................da loja em chamas. (saiu /

saíram)

3. Eu sou aquele que..................o barulho da batida do automóvel. (ouvi/

ouviu)

4. Eu e tu.......ao Rio de Janeiro. (iremos/ireis)

5. Qual de vocês.....................que o Brasil crescerá e se tornará um país

em que a miséria não encontre lugar? (afirma/ afirmam)

6. Quantos de nós, depois dos últimos acontecimentos..................coragem

de expor nossos desejos? (temos/ têm)

7. Tudo ali..........harmonia e paz. (parece/ parecem)

8. Nem o diretor nem a secretária...................a carta do cliente.

(respondeu/ responderam)

9. Quem.............disposto a convidar-nos depois dos últimos

acontecimentos? (estará/ estarão)

10. Não fui eu quem..................as encomendas. (recebeu/recebi)

Gabarito: 1- pertencem; 2- saíram; 3- ouvi; 4- iremos; 5-afirma; 6- temos / têm; 7- parece; 8- responderam; 9- estará; 10- recebeu.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Marque V (verdadeiro) nos períodos cuja concordância estiver correta:

O candidato e a platéia parecia alegre com a decisão acadêmica. A gente não sabemos como aprender melhor a Língua

Portuguesa.. A maioria dos exercícios causou perplexidade nos alunos.

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A empresa decidiu que não se devem aceitarem todos os aumentos de preços propostos pelos concorrentes.

Adalberto é um dos vendedores que mais se destaca na venda do novo produto.

Gabarito: (verdadeiras) 3; 5.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Marque um X nos períodos cuja concordância estiver correta.

O candidato e a platéia parecia alegre com a decisão acadêmica. A gente não sabemos como aprender melhor a Língua

Portuguesa.. A maioria dos exercícios causou perplexidade nos alunos. A empresa decidiu que não se devem aceitarem todos os

aumentos de preços propostos pelos concorrentes. Adalberto é um dos vendedores que mais se destaca na venda do

novo produto. TEORIA CONCORDÂNCIA NOMINAL Segundo as normas gramaticais, o adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo. (Gênero refere-se a masculino ou feminino; número refere-se a singular ou plural.) Observe as seguintes frases: Não conhecia a fundo o idioma pátrio. Os alunos foram classificados por ordem alfabética. As alunas foram classificadas por critério desconhecido. Veja como fica a concordância nominal, no caso de dois adjetivos e um substantivo:

Ambas as construções estão corretas. No primeiro caso, o substantivo prazo está no singular e os adjetivos tomam seu gênero. Acrescente-se que é o adjetivo que deve concordar com o substantivo. No segundo caso, o substantivo prazos aparece flexionado; contraria aqui a hierarquia gramatical, pois o substantivo é que está subordinado ao adjetivo e não o contrário. Contraria a hierarquia, mas não fere a regra e ambas as construções são legítimas. Veja outros exemplos:

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O adjetivo ficou no singular, concordando com o substantivo mais próximo. O adjetivo está qualificando, apenas, o substantivo docilidade. Quando, no entanto, se diz:

Ambos os substantivos ficam separados e não formam um todo; há duas partes distintas e o adjetivo está qualificando ambos os substantivos. Trata-se no caso muito mais de um problema estilístico que gramatical. Vejam-se ainda:

No primeiro caso, o substantivo foi para o plural, em virtude dos vários adjetivos; no segundo, o substantivo ficou no singular, acompanhando o adjetivo mais próximo; no terceiro, o substantivo ficou no singular, adotando o número do adjetivo mais próximo; no quarto, o substantivo foi para o plural, por causa dos vários adjetivos. Não só o adjetivo, mas também o artigo e o numeral, regra geral, concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem:

OS CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA NOMINAL SÃO OS SEGUINTES:

1. Se o adjetivo se referir a um substantivo, concordará com ele em gênero e número:

Dores esquecidas. Se o adjetivo se referir a dois ou mais substantivos do mesmo gênero e do singular, concordará quanto ao gênero deles e quanto ao número irá para o singular ou plural: Amor e carinho paternos. Persistência e competência dignas de inveja. Arrojo e esforço dignos... A curto e longo prazo. O substantivo tanto pode ficar no singular como no plural.

2. Se o adjetivo (precedendo o substantivo) se referir a substantivos no singular, mas de gêneros diferentes, concordará com o mais próximo.

Será estabelecido novo procedimento e política de governo.

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Será estabelecida nova política e procedimento de governo.

3. Se o adjetivo aparecer depois do substantivo, poderá ficar no

singular ou plural ou concordar com o mais próximo: Política e procedimento de governo novos serão estabelecidos. Será estabelecida política e procedimento de governo novo.

4. Se o adjetivo se referir a substantivos do mesmo gênero, mas de números diferentes, permanecerá no gênero deles e irá para o plural:

Garotas e meninas famosas. Menina e garotas famosas.

5. Se o adjetivo se referir a vários substantivos de gênero diferente e do plural, permanecerá no plural masculino ou concordará com o mais próximo:

Executivos e funcionárias caprichosos. Executivos e funcionárias caprichosas.

6. Se o adjetivo se referir a diferentes substantivos de gênero e número diferentes, pode concordar com o mais próximo ou ir para o masculino plural:

Cartas e relatórios bem datilografados. Relatório e cartas bem datilografadas.

7. As palavras anexas e inclusas concordam com o nome a que se referem:

Segue anexo o balanço. Seguem anexos dois balanços. Segue inclusa uma cópia. Seguem inclusas duas cópias.

8. Quanto às expressões o mais possível, o melhor possível, o pior possível, quanto possível e outras semelhantes, a gramática determina que o adjetivo possível seja invariável.

Clientes o mais possível pontuais quanto ao pagamento de dívidas Clientes o mais pontuais possível quanto ao pagamento de dívidas. Clientes quanto possível pontuais quanto ao pagamento de dívidas.

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DICAS ATENÇÃO:

o Menos, alerta e pseudo são palavras invariáveis; o Quite e extra concordam com a palavra a que se refere; o Meio, como advérbio é invariável, significa um pouco, um

tanto; o Meio, como numeral adjetivo, concorda com o substantivo

e significa metade.

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Assunto 2.1 - Quebrando as Barreiras Unidade 2.1.11 - Aparando as Arestas

APARANDO AS ARESTAS Colocação Pronominal COMENTÁRIOS Colocar o pronome? Que loucura! Onde? O que fazer? Como fazer? Nas revistas, nos jornais, encontramos o pronome pessoal do caso oblíquo começando até parágrafos. A que senhor obedecer?

Você tem razão, aluno amigo! Você se lembra do texto PAPOS, de Luiz Fernando Veríssimo, lido por nós, em uma primeiras unidades do nosso curso? Ele começa o texto, perguntando: “Me disseram ou disseram-me?” Ele, enquanto escritor, tem a licença poética, a liberdade lingüística legitimada para usar a língua a serviço da sua criação! Já discutimos esse aspecto, e concluímos que a língua não pode ser uma camisa de força, comprometendo, assim, a essência da obra literária e, às vezes, até, da notícia jornalística ou mesmo do texto científico. Na oralidade, nem se fala! A preocupação com a posição do pronome, se antes ou depois do verbo, é quase zero. Como simples mortais, buscando um conhecimento lingüístico diferenciado, para melhorar o nível de compreensão dos textos que produzimos, temos que conhecer melhor as normas lingüísticas, otimizando, assim a qualidade textual. A posição do pronome átono – antes do verbo (próclise), depois do verbo (ênclise) ou entre o radical do verbo e a desinência modo-temporal do futuro do presente e do futuro do pretérito (mesóclise) - depende muito da presença ou não de algumas palavras, na frase, que confiram uma certa harmonia sonora. Não se assuste com próclise, ênclise e mesóclise; esses termos parecem verdadeiros palavrões! Vamos lá?

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TEORIA Próclise É colocar o pronome átono antes do verbo. A próclise é comum nos seguintes casos: 1. Quanto o verbo segue uma partícula negativa: não, nunca, jamais, nada,

ninguém. Exemplos:

• Não nos responsabilizaremos por sua atitude rebelde.

• Nunca se acusou um cliente por esses motivos.

• Um vendedor de nossa empresa jamais se contentará com níveis de faturamento tão baixos.

• O relatório fora bem escrito, mas nada o recomendava como modelo que

devesse ser imitado.

• Ninguém o viu chegar, mas ele já se encontra na sala de aula. 2. As orações que se iniciam por pronomes e advérbios interrogativos também

exigem antecipação do pronome ao verbo:

Por que o diretor se ausentou tão cedo? Como se justificam essas afirmações? Quem lhe disse que o gerente de vendas não se interessaria por tal fato?

3. As orações subordinadas também exigem antecipação do pronome ao verbo:

Ainda que lhe enviassem relatórios substanciais, não poderia tomar nenhuma decisão. Quando o office-boy o interrogou, ele levantou a cabeça. Aquela correspondência que te chegou às mãos...

4. Alguns advérbios exercem forças atrativas sobre o pronome: mal, ainda, já,

sempre, só, talvez, não:

Mal se despedira... Ainda se ouvira a voz dos que clamam no deserto. Já se falou aqui da inconseqüente... Só se acredita naquilo por que se interessa.

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Os relatórios talvez se abstenham de informar... Não se manifestará apoio ao desonesto, corrupto e politiqueiro idealizador de semelhante comemoração.

5. A palavra ambos, bem como alguns pronomes indefinidos (alguém, todos,

tudo, outro, qualquer), também têm força atrativa:

Ambos os candidatos me pediram voto. Alguém te dirá, algum dia, o que não queres ouvir. Todos te pedirão desculpas. Tudo se transformará em alegria. Outro ministro se ajustará ao cargo com dificuldade. Qualquer pessoa se preocupa quando está sem dinheiro.

6. Nas locuções verbais, se houver negação ou pronome relativo e interrogativo:

Não se pode deixar de realizar... Coisas que se podem deixar de realizar... Por que se deve realizar essa tarefa?

7. Se o verbo estiver no futuro do presente ou futuro do pretérito, pode se utilizar

a antecipação pronominal:

Eu me dedicarei aos estudos gramaticais quando... Eu me dedicaria aos estudos gramaticais se...

Pode-se também utilizar mesóclise, mas não é aconselhável, porque parece muito pedante (Eu dedicar-me-ei aos estudos... Eu dedicar-me-ia aos estudos...). Embora o pronome pessoal do caso reto não tenha força atrativa, é recomendável a próclise para evitar o preciosismo da mesóclise.

Ênclise É colocar o pronome átono depois do verbo. 1. Nos casos de infinitivos, pode-se colocar o pronome depois do verbo: O presidente quis enviar-lhe... Para dizer-lhe a verdade... Também se admite a construção: Para lhe dizer a verdade... 2. A ênclise é obrigatória quando nada atrai o pronome oblíquo: O delegado começou a interrogá-la...

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Admite-se que o escrivão continue a datilografá-lo. 3. O pronome tende a permanecer depois do verbo nas locuções verbais.

Portanto, não fica solto entre verbos: A copeira continuou respondendo-lhe às perguntas. Quando tu poderá dizer-nos sobre os últimos acontecimentos? Mesóclise Meso significa meio. Mesóclise é colocar o pronome átono no meio - entre o radical do verbo e sua terminação indicativa de tempo.

1) É utilizada no futuro do pretérito e no futuro do presente: Dar-te-ei o prazer de... Recomendar-nos-ia... 2) Para evitar afetação, recomenda-se buscar forma menos preciosa de construção. Coloca-se, então, um pronome pessoal e antecipa-se o pronome: Eu me darei o prazer de... Ele nos recomendaria...

Observações: Não é recomendável iniciar oração com pronome oblíquo: Me telefonaram esta manhã de Santa Catarina. Te perguntaram alguma coisa ? Se esqueceu de falar ao gerente? 3) O gerúndio determina que o pronome venha antes dele ou depois dele (mas sempre ligado por hífen a um verbo), quando em locuções verbais: A secretária ia-se esquecendo de relatar... A secretária ia esquecendo-se de relatar... A gramática tradicional recomenda que o pronome não fique solto entre os verbos: Exemplo: A secretária ia se esquecendo... 4) É comum e desejável substituir o pronome possessivo por um oblíquo: Puxei o seu braço... Puxei-lhe o braço... Pisei o seu pé... Pisei-lhe o pé...

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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Marque um X nas orações cujo pronome pessoal átono do caso oblíquo esteja usado com propriedade:

Ele me deu um grande incentivo profissional. Nos informaram acerca das novas instruções governamentais. Já nos cumprimentamos, na sala reservada às autoridades. Queimei-lhe o seu braço. O presidente ia-se esquecendo de cumprimentar o adido cultural. O professor não esqueceu-se de sua competência. Por que fala-se tão mal dele?

Gabarito: 1, 3, 4, 5. VAMOS RELAXAR Eu sei que você, apesar do cansaço, ainda gostaria de rever algumas coisinhas mais. É impossível contemplar todos os aspectos da Língua Portuguesa sobre os quais ainda há dúvidas e questionamentos. Produzir textos não se restringe, apenas, a queimar os neurônios com a abordagem de fatos lingüísticos. É muito mais do que isso! É criatividade, vocabulário amplo e adequado, conhecimento do assunto, boa estruturação do texto, dentre muitas coisas... Estamos chegando ao fim, começo a sentir saudade de você! Prepare-se, fique em forma, relaxe um pouco. Até já!

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Assunto 3.1: A teoria, na prática, é outra Unidade 3.1.1: Interagindo com a gramática COMENTÁRIOS Às vezes, estudamos, procuramos entender e memorizar as regras, acreditando que elas nos bastam para produzirmos textos bonitos e de fácil entendimento. Como se a Língua Portuguesa tivesse apenas uma versão, uma forma, para as infinitas realizações lingüísticas. Na prática, com certeza, a teoria é outra. Como já discutimos, anteriormente, a Língua tem muitas variações, a depender das características do emissor e receptor - peculiaridades dos falantes; especificidade do assunto abordado; da faixa etária; das profissões do emissor e do receptor; da classe social a que pertencem, da região geográfica onde moram e outras questões mais. Por isso, podemos afirmar que a Língua não é uma camisa de força, que se impõe ao usuário, independente da necessidade de um momento específico da comunicação verbal. Vamos, então, realizar uma revisão de algumas questões mais polêmicas, seguida de exercícios práticos que esclarecerão suas dúvidas. REVISÃO PANORÂMICA Você percebeu que o trabalho com as palavras requer sensibilidade. Vamos, agora, procurar mexer com essa sensibilidade, deixando as teorizações e buscando fazer os exercícios, como uma forma de treinamento e fixação de tudo que estudamos juntos. Procure fazer as atividades propostas com o maior empenho possível, transformando-as numa possibilidade de trocar experiências com seus colegas e de avaliar o seu novo modo de lidar com a Língua Portuguesa! EXERCÍCIO SOLO EXERCÍCIO COM PALAVRAS

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1. Concentre-se, sozinho, em silêncio, em cada uma das palavras seguintes e pense em outras palavras que, para você, têm alguma relação com elas (dedique cerca de um minuto a cada uma).

Político ⎯ violência⎯ amor ⎯ esgoto ⎯ paz ⎯ homem – oceano - Deus

Salário ⎯ pátria ⎯ povo ⎯ asfalto ⎯ rio ⎯ trabalho - dor – fome

Após refletir, utilize o espaço abaixo para escrever suas respostas.

Vamos lhe oferecer algumas opções de resposta, porque, o objetivo do exercício é o desenvolvimento da sensibilidade do aluno, ao usar as palavras, elas poderão ser associadas de diversas maneiras. Vale a pena aproveitar a oportunidade para verificar a ocorrência e, portanto, evitar, o uso de lugares comuns e chavões expressivos. Esse tipo de exercício possibilita uma maior intimidade com a língua, através de um jogo de sedução com as palavras.

1ª possibilidade: 2ª possibilidade: político - bem comumviolência - miséria amor - paz esgoto - pobreza paz - amor homem - vida oceano - amplidão deus - justiça salário - sobrevivência pátria - povo povo - pátria asfalto - cidade rio - alimento trabalho - salário dor - amor fome - pobreza

político - mentira violência - salário amor - cuidado esgoto - doença paz - serenidade homem - deus oceano - fuga deus - fé salário - emprego pátria - orgulho povo - união asfalto - tecnologiario - fartura trabalho - salário dor - fome fome - desemprego

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EXERCÍCIO SOLO VAMOS CONTINUAR EXERCITANDO AS PALAVRAS?

2. RELACIONE CADA UMA DAS PALAVRAS SEGUINTES COM OUTRAS QUE

TENHAM SONORIDADE SEMELHANTE (DEDIQUE UM MINUTO A CADA).

VERÃO ⎯ CONSTITUIÇÃO ⎯ MURRO ⎯ VERDADE ⎯ SIM ⎯ VIDA PULMÃO⎯ DENTE ⎯PENSO ⎯ TELEVISÃO ⎯ POESIA ⎯ JORNAL

APÓS TER RELACIONADO AS PALAVRAS, UTILIZE O ESPAÇO ABAIXO PARA ESCREVER SUAS RESPOSTAS.

Vamos lhe oferecer algumas opções de resposta, porque, o objetivo do exercício é o desenvolvimento da sensibilidade do aluno que,ao usar as palavras, poderá associa-las de diversas maneiras. Vale a pena aproveitar a oportunidade de brincar com as palavras. Esse tipo de exercício possibilita uma maior intimidade com a língua, através de sua sonoridade.

verão - tesão constituição - nação murro - burro verdade - realidade sim - assim vida - lida pulmão - coração dente - rente penso - tenso televisão - ilusão poesia - melodia jornal - factual

verão - emoção constituição - determinação murro - surro verdade - seriedade sim - coxim vida - sofrida pulmão - ação dente - sente penso - senso televisão - maldição poesia - sangria jornal - atual

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EXERCÍCIO SOLO 3. Relacione cada uma das palavras abaixo com outras que a elas se liguem pela

semelhança de significado.

Índio ⎯ afeto⎯ polícia ⎯ liberdade ⎯ economia Valores ⎯ projeto ⎯ descoberta ⎯ ecologia ⎯ educação

Utilize as palavras que você escolheu, através da semelhança de significado e procure utilizá-las num pequeno texto cujo tema é dado pela primeira palavra - índio - que serviu de sugestão inicial. Escreva suas respostas no espaço abaixo.

Vamos lhe oferecer algumas opções de resposta, porque, sendo o objetivo do exercício o desenvolvimento da sensibilidade do aluno, ao usar as palavras, elas poderão ser associadas de diversas maneiras. Vale a pena aproveitar a oportunidade para refletir sobre os diversos significados que as palavras podem assumir. Esse tipo de exercício também nos aproxima mais da língua, permitindo-nos uma ampliação do vocabulário.

índio - floresta afeto - carinho polícia - violência liberdade - alegria economia - limite valores - crenças projeto - futuro descoberta - novidade ecologia - natureza educação - crescimento

índio - selvagem afeto - amizade polícia - suborno liberdade - paz economia - poder valores - respeito projeto - compromisso descoberta - alegria ecologia - responsabilidade educação - aprendizagem

Era uma vez...

Uma criança sonhou que era visitada por um índio velho que lhe apresentava muitos indiozinhos, com quem deveria brincar. O ambiente onde estava exalava muita paz, liberdade e afeto.

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A criança, inicialmente, ficou assustada, não acreditava muito no que via. Não havia projetos, programas escritos, mas um compromisso mútuo de respeito ao próximo, à ecologia, aos direitos e deveres do homem. A educação era construída coletivamente, cada dia revelava uma descoberta no interior de cada um e no entorno, na sociedade. As diferenças eram respeitadas. Não havia guerra nem ódio; mentiras nem angústias. Todos pareciam felizes e plenos. Violência e polícia não havia no vocabulário daquela gente bonita que só se pintava para festejar a harmonia e a convivência solidária. A criança experimentava um momento único, já estava cansada de ouvir o lamento de seus pais. Ia convidá-los para participar daquele banquete de felicidade. Triste ilusão, foi acordado por eles! São 7 horas! Levante-se! Estamos muito atrasados! Sua aula é às 8 horas e o engarrafamento nos espera! Antes do trabalho, temos que ir ao banco negociar uma dívida! Como acreditar no sonho? Como entender a realidade? Seria apenas uma questão de terminologia, por que não trocar os nomes?O sonho passaria a designar a realidade e a realidade passaria a ser chamada de um "mau sonho"?

PROPRIEDADE / IMPROPRIEDADE VOCABULAR EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Que tal treinar um pouco de Propriedade/Impropriedade Vocabular? Vamos lá!

1. Observe as palavras destacadas nas frases abaixo. Trata-se de casos de “impropriedade vocabular”, ou seja, de palavras cujo significado não é adequado para o uso a que foram destinadas. Leia as orações, pense na possibilidade de substituí-las. Sua função é substituí-las, mesmo que mentalmente, por termos mais apropriados.

a) Os quatro rapazes sumidos em Brasília assassinaram o índio Galdino. b) Num laboratório de genética de Paris, foi achada uma célula capaz de

clonar o ser humano. c) Muitos turistas, no Nordeste, sofreram queimaduras de pele devido à

violenta luz do sol, neste verão. d) A seleção campeã de vôlei foi fazer uma excursão na Europa para que os

jogadores ganhem mais vivência. e) A senhora idosa foi presa, portando grande quantidade de maconha, no

Aeroporto de Salvador, onde traficantes fazem a comercialização de todos os tipos de drogas.

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As respostas dessa questão também não são rígidas, excludentes, definitivas. Depende muito da percepção do indivíduo.

Escreva suas respostas no espaço abaixo.

Gabarito a)desaparecidos perdidos. b)foi descoberta c)forte, intensa d)experiência e)vendem Continue lendo as orações abaixo e pensando na possibilidade de substituí-las.

f) Minha prima garantiu que irá reunir condições de passar no vestibular. g) Os parlamentares apresentaram sua intenção de apoiar o presidente. h) Os alunos das escolas estaduais terão aulas aos sábados para botar a

programação em dia, por causa da greve. i) O futuro é enigmático. j) Suas críticas são demasiadas. k) Depois de negar várias vezes, o desembargador, repentinamente

assumiu sua culpa. l) Será implantada uma refinaria em Madre de Deus. m) A Secretaria de Abastecimento divulgará a tabela de preços a ser

implantada a partir de segunda-feira, dia 06 de janeiro de 2003. n) A reunião marcada, na terça-feira, aconteceu com a presença de todos os

ministros. Utilize o espaço abaixo para escrever suas respostas.

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GABARITO: f)reunirá g)expuseram,manifestaram h)pôr, colocar i)incerto,duvidoso j)exageradas k)inesperadamente l)será instalada m)ser aplicada,ser seguida,ser adotada,ser obedecida n)foi feita,realizou-se EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Que tal continuar exercitando?

2. Nas frases abaixo, estão destacadas palavras e expressões cujo uso deve ser evitado. Trata-se de “modismos” e “frases feitas”, indicadores da pobreza vocabular de quem escreve. Procure substituí-las por palavras e expressões adequadas. Observe que, em alguns casos, pode-se simplesmente eliminar a palavra ou expressão destacada. a) A nível de revelação de novos talentos, o programa Fama, da Globo, está a

todo vapor. b) O psicólogo quis colocar uma questão. Para ele, é necessário permitir que os

jovens conquistem seu espaço. c) O tema vai ser abordado sob uma nova ótica, que permita a fuga da idéia de

um caos inevitável. d) De repente, resolveu assumir. e) Em última análise, certas expressões não dizem nada. Até porque muitas

delas são dispensáveis. f) Sabendo administrar o resultado dos jogos da última Copa do Mundo, Felipão

carimbou seu passaporte para trabalhar, como técnico, na Europa.

Agora, escreva suas respostas no espaço abaixo.

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Gabarito: a) A nível de=em termos de, no tocante,com relação a Novos talentos=bons jogadores novos A todo vapor=vai muito bem, atua com competência, b) Colocar uma questão=opinar Conquistem seu espaço=sejam reconhecidos,sejam valorizados C )sob uma nova ótica=de outra maneira,de outro ponto de vista caos inevitável=desorganização iminente, desordem insuperável d )de repente=naquele momento, naquela ocasião assumir=tomou uma decisão,tornei-me responsável pelos meus atos e em última análise=(expressão dispensável, sem muito sentido) f) administrar=controlar carimbou seu passaporte=credenciou-se g) A posição do ministro Gilberto Gil entrou em rota de colisão com as idéias das

manifestações populares identificadas nas comunidades de base. h) A inflação não voltará a atingir patamares insustentáveis. i) Os traficantes devem ser severamente penalizados pela lei. j) Os familiares inconsoláveis não deixaram de recompensar os relevantes

serviços dos policiais. l) O leque de opções para a comitiva de Caetés era limitado: agüentar as

solenidades de praxe ou enfrentar o protocolo e o mau tempo reinante. m) Agarrei-me à certeza de que, àquela hora, a esplanada dos ministérios estaria

literalmente tomada. n) Depois de um longo e tenebroso inverno, vemos ressurgir a esperança em

novos tempos, com esse novo governo.

Utilize o espaço abaixo para escrever suas respostas.

GABARITO:

g)entrou em rota de colisão=chocou-se, foi de encontro a

h)patamares insustentáveis=índices muito altos

i)severamente penalizados=punidos

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j)familiares inconsoláveis=família entristecida, família triste relevantes serviços=bons serviços; bom desempenho

k)leque de opções=as alternativas, as possibilidades solenidades de praxe=o ritual convencionado mau tempo reinante=o mau tempo

l)agarrei-me à certeza=prendi-me à idéia; sustentei a idéia literalmente tomada=cheia

m)depois de um longo e tenebroso inverno=depois de um mau bocado; depois de uma fase difícil

n) ressurgir a esperança em novos tempos=retornar o otimismo;retornar a esperança; retornar a disposição.

A indústria de informática está ensaiando seus primeiros passos em direção ao

futuro. O brilhante causídico, morto prematuramente, será objeto de perpétuas

saudades. Os valorosos soldados do fogo apesar de exaustivos esforços, não

conseguiram debelar as chamas do World Trade Center. Foi uma agradável surpresa. Terá sido mera coincidência? Foi aberto rigoroso inquérito, sobre os desaparecidos dos anos 70, que faria as

investigações necessárias. Posteriormente, seriam tomadas medidas drásticas.

Há um extenso programa a ser cumprido pelo novo governo. É necessário, portanto, conjugar esforços.

Após acalorada discussão, seguida de intensa pancadaria, o pagodeiro e o repórter foram encaminhados ao hospital com escoriações generalizadas.

O doutor Márcio Thomaz Bastos, que dispensa apresentações, discorreu longamente sobre o tema da violência, dirimindo as dúvidas que eventualmente surgiram.

Um lamentável acidente fez com que perdêssemos o bonde da história. Parece que o destino nos quer tratar com requintes de crueldade.

Escreva suas respostas no espaço abaixo:

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GABARITO:

n)ensaiando seus primeiros passos em direção ao futuro= iniciando um novo período

o)brilhante causídico=competente advogado; advogado brilhante morto prematuramente=que morreu ainda jovem será objeto de perpétuas saudades=nunca será esquecido

p)valorosos soldados do fogo=bombeiros exaustivos esforços=duro trabalho debelar as chamas= apagar o fogo

q)agradável surpresa=surpresa mera coincidência=coincidência

r)rigoroso inquérito=inquérito medidas drásticas=medidas adequadas; medidas radicais ,rígidas

s)extenso programa=longo programa conjugar esforços=trabalhar em conjunto; cooperar mutuamente

t)acalorada discussão=forte discussão intensa pancadaria=agressão escoriações generalizadas=ferimentos

u) que dispensa apresentações=( pode ser retirado do texto ou substituído por uma expressão como: intelectual competente; advogado brilhante; advogado atuante) discorreu longamente sobre o tema=falou sobre a violência dirimindo dúvidas=esclarecendo dúvidas

v)lamentável acidente=(apenas) acidente perdêssemos o bonde da história=perdêssemos a orientação; nos desencontrássemos requintes de crueldade=cruelmente

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DICAS

Saber usar bem o dicionário requer muita atenção, porque os verbetes são organizados dentro de determinados padrões, critérios e convenções.

Consultamos, no Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e veja o que e como encontramos as definições da palavra texto.

texto(ês).[Do lat. textu, ‘tecido’.] S.m. 1. Conjunto de palavras, de frases escritas: o texto de um livro, de um estatuto, de uma inscrição. 2. Obra escrita considerada na sua redação original e autêntica (por oposição a sumário, tradução, notas, comentários, etc.): o texto da Bíblia; o texto da lei. 3. Restr. Palavras bíblicas que o orador sacro cita, fazendo-as temas de sermão. 4. Página ou fragmento de obra característica de um autor: um texto de Machado de Assis. 5. Texto (1) manuscrito ou impresso (por oposição a ilustração). 6. Qualquer texto (1) destinado a ser dito ou lido em voz alta: um texto teatral; o texto de um noticiário. [Pl.: textos. Cf. texto(ê), s.m., pl. testos(ê); texto, do v. testar; e texto, s.m. e adj., pl. testos.] � Fora do texto. Diz-se de qualquer material ilustrativo impresso à parte, geralmente em papel especial e em folhas não numeradas ou com numeração própria, que se intercalam entre os cadernos de um livro. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.Novo dicionário da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Nova Fronteira, 1986. p. 1674. EXERCÍCIO SOLO Baseando-se no que você leu na página anterior, responda as questões abaixo: 01. A primeira informação, que o verbete nos fornece, surge entre parênteses. O

que indica essa informação? 02. Que tipo de informação é transmitida entre colchetes, no início do verbete?

Essa informação tem alguma utilidade para quem consulta o dicionário? 03. O que indica a abreviatura S.m.? Esse tipo de informação é útil a quem

consulta o dicionário?

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Escreva suas respostas no espaço abaixo. Respostas:

01-O timbre fechado da vogal e o som da letra x.

02-Informação etimológica, ou seja, a indicação da origem da palavra pesquisada.A informação pode ser extremamente significativa para quem consulta o dicionário. Nesse caso específico, texto, significando tecido, ajuda-nos a compreender que o texto é um emaranhado, um entrelaçado de sentidos e elementos lingüísticos.

03-Substantivo masculino.Essa informação pode ser extremamente significativa e útil para se estabelecer a concordância nominal.

Vamos continuar nosso exercício? Se precisar, releia o conteúdo da página 10. 04. Os diversos significados que a palavra texto pode adquirir vêm em seqüência,

numerados. A que critério essa numeração obedece?

05. O que indica a abreviatura Restr.? A que se pode recorrer para descobrir o valor dessa abreviatura?

06. Depois da sexta definição, encontramos novamente algumas informações

entre colchetes. Qual a finalidade dessas informações? O que indicam que se faça?

Escreva suas respostas no espaço abaixo.

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RESPOSTAS::

04-a) Do sentido mais genérico ao sentido mais específico. b)Contextualizar a palavra para definir claramente seu sentido.

05-Restrito, restritivamente.Podem-se encontrar essas abreviaturas , numa lista, nas primeiras páginas do Dicionário.

06-Essas informações fornecem-nos algumas formas da palavra que possam provocar dúvidas (flexões de número e de gênero) e indicam confrontos com parônimos ou homônimos para que se eliminem possíveis dúvidas.

Continuando nosso exercício, ainda baseado no conteúdo da página 10, responda as questões a seguir:

07. Depois das definições e das informações finais entre colchetes, o verbete acrescenta mais algum dado sobre a palavra texto? Explique.

08. Pablo Neruda, poeta chileno, escreveu uma “ode ao dicionário”, em que,

entre outras coisas, diz o seguinte: “Dicionário, não és tumba, sepulcro, féretro, túmulo, mausoléu, mas preservação, fogo escondido, plantação de rubis, perpetuidade viva da essência, celeiro do idioma”. Observando a quantidade de informações que um único verbete nos fornece, comente essa passagem de Neruda.

Escreva suas respostas no espaço abaixo.

RESPOSTAS:

.No final do verbete, são colocadas expressões idiomáticas de que a palavra faz parte.

08-Essa resposta tem que ser bem pessoal do aluno, que deve demonstrar ter percebido o imenso potencial expressivo contido no dicionário.O dicionário não é "mofo", "obsoleto". Ele é vida porque nos dá várias possibilidades de cominicação.

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COMENTÁRIOS A grande imprensa brasileira, através de três manuais de redação, recomenda um cuidado especial com o bom uso das palavras para se conseguir produzir um bom texto. Observe, atentamente, as recomendações que se seguem:

DICAS Só use palavras necessárias, precisas, específicas, concisas, simples e, se possível, curtas. Isto é, não diga nem mais nem menos do que você quer dizer. Lembre –se de que são, apenas, recomendações. Você decide! Quatro dicas:

1. Corte palavras desnecessárias para ser conciso.

2. A precisão vocabular e os termos específicos tornarão o seu texto claro

e informativo, evitando o impressionismo e a generalização.

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3. Palavras simples vão ajudá-lo a escrever com naturalidade.

4. Além de mais legíveis, palavras curtas quase sempre são mais simples.

COMENTÁRIOS Pensamos, repensamos, construímos e desconstruímos a Língua Portuguesa. Refletimos e discutimos sobre a fala, a escrita e a leitura. Ainda vamos fazer mais alguns exercícios sobre determinados fatos lingüísticos que, no passado, podem ter nos causado uma certa rejeição em usá-los. Agora, com certeza, você terá muito prazer em conhecê-los. Depois de passear pela Gramática, descobriremos que, na prática, a teoria pode não ser outra. Tente fazer os exercícios! Fique atento para as correções! Você vai, com certeza, de forma prazerosa, descobrir os segredos do nosso idioma. Ficou muito assustado com os fatos encontrados no passeio que fez nas unidades anteriores? Nem tanto, nem tão pouco... As coisas não são tão difíceis como parecem. Você vai demonstrar, com certeza, que aprendeu bastante! Estou lhe esperando, na próxima aula. Até lá!

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Assunto 3.1 : Aprender é só treinar Unidade 3.1.2: Nas veredas da gramática TEORIA Grandes dificuldades da Língua Portuguesa A Língua Portuguesa provoca muitas dúvidas. Por isso, muita atenção, quando escrever ou falar. Procuramos descobrir algumas palavras que nos trazem grandes problemas, ao produzir um texto. Muitas vezes, as pessoas ficam inseguras a respeito do uso de alguns termos, da ortografia de algumas palavras.

Para “clarear” algumas dúvidas que a nossa Língua provoca, descreveremos, a seguir, o emprego correto de algumas palavras ou expressões.

Escrevemos afim, quando queremos dizer semelhante. Exemplo: O gosto dela era afim ao da turma. Escrevemos afim (de), quando queremos indicar finalidade. Exemplos: Veio a fim de conhecer os parentes. Pensemos bastante, a fim de que respondamos certo.

A expressão ao par significa sem ágio no câmbio. Portanto, se quisermos utilizar esse tipo de expressão, significando ciente, deveremos escrever a par. Exemplos: Fiquei a par do ocorrido. Maria não está a par do assunto.

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Exemplo: Osório fica a cerca de uma hora de automóvel da capital. Acerca de significa sobre. Exemplo: Conversaram acerca de política. Há cerca de significa que faz ou existe (m) aproximadamente. Exemplo: Moro neste apartamento há cerca de oito anos. Há cerca de vinte alunos nessa turma.

Veja mais alguns exemplos de dúvidas freqüentes na Língua Portuguesa.

Ao encontro de quer dizer favorável a, para junto de. Exemplo: Vamos ao encontro dos colegas, porque concordamos com eles. De encontro a quer dizer contra. Exemplo: Um carro foi de encontro à parede.

Acidente significa fato importante, imprevisto e, em geral, desastroso. Exemplo: O acidente aéreo resultou em trezentas mortes. Incidente significa fato, em geral secundário, episódico, atrito. Exemplo: Houve um incidente desagradável na chegada do Presidente da República.

Quando nos referimos a um determinado espaço de tempo, podemos escrever há ou a, nas seguintes situações. Há é utilizado quando o espaço de tempo já tiver decorrido. Exemplo: Ela saiu há dez minutos.

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A é utilizado quando o espaço de tempo ainda não transcorreu. Exemplo: Ele viajará daqui a vinte dias.

Vamos continuar esclarecendo dúvidas?

A dúvida ocorre, porque, em ambas as palavras, há um ditongo nasal (am e ão). Usa-se ão, quando a sílaba é tônica. Isso só acontece no futuro do presente, pelo menos com os verbos regulares. Exemplo: Se houver oportunidade, eles trabalharão na fábrica. Como em toda regra, nesta também há exceções. São elas: estão, vão, hão, são, formas do Presente do Indicativo. Usa-se am, quando a sílaba é átona. Isso acontece nas seguintes situações: a) terceira pessoa do plural; b) na primeira conjugação no presente do indicativo; c) na segunda e terceira conjugações no presente do subjuntivo; d) e nas três conjugações no pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito e futuro do pretérito do indicativo). Exemplos: Eles trabalhavam; que eles vendam; que eles partam; eles trabalharam, venderam, partiram; eles trabalhavam, vendiam, partiam; eles trabalhariam, venderiam, partiriam. Está faltando a inserção do texto abaixo neste passo.

A primeira expressão está no presente do indicativo, acompanhada por um pronome átono (te). Exemplo: Recordas-te daquelas férias maravilhosas que passamos no Rio? (Tu te recordas). Aqui a sílaba tônica é cor. A segunda expressão está no Pretérito Perfeito do Indicativo, e não vem acompanhada do pronome átono. Exemplo: Tu recordaste, com muito carinho, as homenagens recebidas. Aqui a sílaba tônica é das.

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No primeiro caso, a palavra não tem hífen, porque o morfema mos indica pessoa-número e faz parte integrante da mesma. No segundo caso, a palavra tem hífen, porque a partícula nos é um pronome pessoal e não faz parte integrante da mesma.

Lembre-se: com M, não se separa; com N, separa-se.

Observação: não foi referida aqui a partícula mos quando combinação dos pronomes. Exemplos: ME + OS, como OI e OD, que, nos dias de hoje, tem uso muito pouco freqüente.

Está gostando de “clarear” suas dúvidas? Então, vamos continuar!

Empregamos deixasse, (sem as aspas, com negrito) quando queremos expressar o verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo (tempo cuja marca é esta: sse). Aqui, a sílaba tônica é xas. Exemplo: Se ele nos deixasse em paz, seria bom. Empregamos deixa-se, quando o “se” é um pronome (separado com hífen), seguindo um presente do indicativo. Aqui a sílaba tônica é dei. Exemplo: Deixa-se levar pela opinião alheia.

Emprega-se o primeiro, quando o se pode ser substituído por caso ou na hipótese em que. Exemplo: Se não chover, viajarei amanhã (= caso não chova, ou na hipótese de que não chova, viajarei amanhã). Se não se tratar dessa alternativa, a expressão sempre se escreverá com uma só palavra: senão. Exemplos: Vá de uma vez, senão você chegará tarde. (senão = caso contrário)

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Nada havia a fazer, senão conformar-se com o fato. (senão = a não ser).

Exemplos: Hoje, Pedro foi em vez de Paulo. Em vez de Márcia, Paula foi escolhida secretária.

Esta nossa Língua realmente provoca muitas dúvidas. E nós pretendemos que você esclareça a maioria delas. Vamos lá?

Exemplos: Ao invés de proteger, resolveu não assumir. Ao invés de curar, o remédio piorou a situação.

A expressão todo o significa inteiro. Exemplos: Todo o Brasil deu as mãos. Toda a Europa sofreu com a guerra. A expressão todo significa qualquer. Exemplos: Todo mundo entrou na dança. Toda primavera é florida.

Observação: No plural, porém, sempre aparece o artigo. Exemplo: Todos os indivíduos gostam de ser bem tratados.

Essas expressões concordam com o substantivo ao qual se referem. Exemplos: Remeto-lhe anexa a certidão. Remeto-lhe anexos os certificados.

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Vai incluso o documento. Os atestados estão apensos ao processo.

Continuando o nosso processo de esclarecimento de dúvidas freqüentes, “curta” essas que se seguem:

Usam-se as duas formas, dependendo do caso. Exemplos: Ela irá conosco. Ela irá convosco. Falarão conosco. Falarão convosco. Mas, por uma questão de eufonia, diz-se: É com nós mesmos que queremos falar. É com vós mesmos que queremos falar. É com nós próprios que querem falar. É com vós próprios que querem falar.

Somente a segunda construção está correta, uma vez que os dois verbos da frase têm predicação diferente (o primeiro é Transitivo Direto e o segundo Transitivo Indireto). Quem vê, vê alguma coisa. Quem gosta, gosta de alguma coisa.

A primeira opção é a correta, porque a regência do verbo propor é a seguinte: alguém propõe alguma coisa a alguém. A coisa proposta é a oração “fazer isto”, e o pronome me é o objeto indireto (= a mim).

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Ainda tem algumas dúvidas? Então, vamos esclarecê-las!

A segunda opção é a correta pelo mesmo motivo acima exposto. A expressão “o luxo” é o objeto direto e o pronome se é o objeto indireto. Ela deu a si mesma o luxo de comprar uma jóia.

Mau é um adjetivo, é antônimo de bom. Mal é um advérbio, é antônimo de bem. Exemplos: Uma redação bem escrita pode ser, apenas, o resultado de uma má organização de idéias. Permanecia mal vestido, com os cabelos desalinhados e de bem com a vida. Seu mau posicionamento revelou a sua má vontade de servir aos outros. A má organização das empresas, resulta sempre em maus negócios.

Meio é um advérbio, significa um pouco. Meia é um numeral, significa metade. Exemplos: Estava meio intrigada com aquele problema, mas ao meio dia e meia encontrei a solução. Continuará, por muito tempo, meio tonta após a cirurgia. Relendo os diários, encontrou meia página rasgada. As tomadas de decisões meio intempestivas levaram a crer que o diretor estava meio nervoso. Meio copo d’água é o bastante para saciar a sede de muitos!

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Veja mais algumas dificuldades da nossa Língua Portuguesa!

Mas é uma conjunção coordenativa adversativa e significa porém, entretanto. Mais é um advérbio de intensidade, significa muito. Exemplos: A empresa foi autuada, mas não pagou a multa. Fiquei mais aliviada ao saber que não haveria fraude no concurso. “É preciso continuar evoluindo, mas o segredo da evolução está no equilíbrio das soluções encontradas”.

Seção significa parte, setor, departamento. Sessão significa reunião, assembléia. Cessão significa o ato de ceder. Exemplos: Descobriu-se, na seção de limpeza, mais um bom produto capaz de eliminar toda a sujeira. A cessão dos bens foi feita através de um inventário. Assistimos a mais uma sessão do filme “De Volta ao Passado”. Realizaram a sessão em uma das seções do escritório. Resolveram através de sessão extraordinária mais um caso extra-rotina.

Fazer, quando indicando tempo e fenômenos naturais, só é usado na terceira pessoa do singular, mesmo acompanhado de outros verbos auxiliares. Fazer, quando significa realizar, fabricar, produzir, pode ser usado em qualquer pessoa, no singular ou no plural. Exemplos: Faz dois dias que iniciamos a construção da nova estação. Os técnicos fazem seus trabalhos rotineiros incansavelmente. Exatamente hoje, faz dez anos que nos conhecemos aqui.

Ainda há dúvidas? Então, vamos continuar esclarecendo-as!

Havia, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se, fazer, só é usado na terceira pessoa do singular. Haviam, quando sinônimo de ter, com verbo auxiliar em locuções verbais, pode ser usado no plural.

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Exemplos: Há diversas formas de reagir contra a imposição. Há muitas contradições quanto ao seu talento, no entanto ele faz sucesso. Muitos argumentos havia ainda para serem apresentados. Exceção: Os deputados haviam deixado o gabinete, após a reunião extraordinária. Os grandes empresários haviam se contagiado com a febre tifóide .

Vêm é a terceira pessoa do plural do verbo vir. Vêem é a terceira pessoa do plural do verbo ver. Exemplos: Nem todas as pessoas vêem esta medida com bons olhos. Eles sempre dizem que vêm, mas nunca aparecem na hora do jantar. Os trabalhadores vêm até aqui a pé diariamente.

Mantém é a terceira pessoa do singular do verbo manter, composto do verbo ter. Manter é a terceira pessoa do singular do verbo manter, composto do verbo ter. Exemplos: Eles se mantêm alerta sempre que necessário. Você ainda o mantém informado de tudo? Há poucos analistas no laboratório que mantêm a qualidade do serviço.

Vamos continuar “clareando” nossas dúvidas?

Demais é um advérbio de intensidade e significa excessivamente. De mais é uma locução adjetiva, formada pela preposição de e o advérbio de intensidade mais;separadamente, significa a mais e é o antônimo de a menos. Exemplos: Seu amor por ela é demais. Nas compras veio um pacote de mais. Comer demais faz mal à saúde. Descansem, pois trabalharam demais durante esta semana. O cobrador nos deu o troco de mais.

Eu/Tu - Esses pronomes pessoais do caso reto ou subjetivos exercem a função de sujeito. Me/Te – O uso desses pronomes pessoais do caso oblíquo depende da transitividade do verbo. Mim/Ti – Na língua culta, só os pronomes pessoais do caso oblíquo aparecem, regidos de preposição.

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Exemplos: Redação e Literatura são disciplinas que me agradam. Em caso de eu ser eleita, farei grandes modificações neste clube. O livro que me destes, guardei-o carinhosamente. Para mim você não precisa mentir. Trouxeram o relatório para eu analisar. Confio em ti, pois és meu grande amigo. Insisto para tu revelares o problema.

Tão pouco é formado do advérbio tão (tanto) e do advérbio pouco (= não muito). Tampouco é uma conjunção e significa também não, nem. Exemplos: Os visitantes não vieram, tampouco se apresentaram ao clube. Por que demorar tão pouco? Ele tem tão pouco tempo, que não pode sair comigo. Se o autor não determinou o título da obra, tampouco eu poderia fazê-lo. Havia tão poucos livros na biblioteca, que fiquei surpresa! As dúvidas ainda persistem? Então, vamos continuar esclarecendo-as!

Embaixo - é um advérbio e significa em plano inferior. Abaixo - é um advérbio e significa para a parte inferior, para baixo, significando reprovação. A baixo – A é preposição e baixo é advérbio, significando a pouca altura do chão. Exemplos: Encarei-o de cima a baixo, demonstrando insatisfação. A lixeira encontrava-se embaixo da carteira. Abaixo a ditadura! Queremos liberdade! Colocaram azulejos de cima a baixo. Embaixo do tapete, via-se toda a sujeira possível.

A partir de significa a começar de, é sempre escrito separadamente. Exemplos: A partir de amanhã chegarão as novas remessas deste produto. Novas medidas serão formadas, a partir de amanhã.

Usa-se é bom, quando o substantivo ao qual se refere não é precedido de artigo. Usa-se é boa, quando o substantivo ao qual se refere é precedido do artigo. Exemplos: A organização dos trabalhos é boa. A reunião é boa para tratarmos deste assunto.

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Água é bom para a saúde.

Será que você já se deparou com uma das dificuldades abaixo?

Usa-se é proibido, quando o substantivo ao qual se refere não é precedido pelo artigo. Usa-se é proibida, quando o substantivo ao qual se refere é precedido pelo artigo. Exemplos: É proibida a entrada de pessoas estranhas neste recinto. É proibido entrada de automóveis não autorizados neste local.

Bastante é um advérbio e significa muito. Bastantes é um pronome indefinido e significa vários; acompanha, portanto, os substantivos. Exemplos: Havia bastantes razões para ele não comparecer. Estes fiscais são bastante rigorosos com seus subordinados. .

Que é uma conjunção integrante ou pronome relativo. Quê é um substantivo e vem antecedido de artigo. Exemplos: Causou-nos prejuízos que não se podia calcular. Percebi que estava sendo enganada ao vê-lo com alguém que não conhecia. Ela não é muito bonita, mas tem um quê de rainha. E o esclarecimento de dúvidas continua...

Os pronomes demonstrativos variáveis (este, esse, aquele, etc.) podem ser antepostos ao substantivo, ou substituir o substantivo já mencionado. Além do uso para localização espacial e temporal, são empregados para colocar em destaque um termo, pessoas ou algo anteriormente citado. Exemplos: Este trabalho que agora analiso é de grande importância para o desenvolvimento profissional. Naquele ano de 1990, Collor de Mello assumiu a Presidência da República. Houve graves terremotos na Turquia em 1999. Nesse ano, muitos habitantes perderam suas famílias.

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Emprega-se por que (= preposição e pronome interrogativo que) em orações interrogativas diretas. Exemplo: Por que você não foi ao cinema? Emprega-se por quê (preposição e pronome interrogativo quê) ao final de uma oração interrogativa. Exemplo: Você fez aquilo, por quê? Emprega-se porque (= conjunção), significando de, por causa de, visto que. Exemplo: Canto, porque me sinto feliz. (= visto que). Emprega-se porquê (substantivo) para substituir a causa, o motivo, a razão. Exemplo: Todos choravam muito e ninguém dizia o porquê. (= a causa, o motivo) Emprega-se por que (= preposição por e pronome relativo que) em substituição a pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais. Exemplo: O caminho por que seguira era íngreme e pedregoso. (= pelo qual) Mais exemplos: Por que os hospitais em greve se recusaram a atender os pacientes? Reidrate sua pele, porque além de manter a elasticidade previne contra o câncer.

Aonde é formado pela preposição a + advérbio onde. Usa-se, quando há idéia de movimento, de aproximação. É usado em oposição a de onde, que indica afastamento. Exemplos: DE ONDE você vem? AONDE você vai?

Como ainda restam algumas dúvidas, vamos “clareá-las”!

Ringue - É estrangeirismo, do inglês ring (arena). Significa estrado, para lutas de boxe e outras. Exemplo: Popó luta boxe no ringue.

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Rinque - É estrangeirismo, do inglês rink, que significa pista de patinação. Exemplo: As ginastas faziam exercícios no rink.

Desapercebido - Significa desprevenido, desprovido, sem dinheiro. Exemplo: João não foi ao futebol, porque estava desapercebido. Despercebido - Significa não percebido, distraído. Exemplo: O soldado passou despercebido pelo ladrão.

Despensa - Significa o local onde se guardam os alimentos. Exemplo: Os gêneros alimentícios estão na despensa. Dispensa - É Presente do Indicativo do verbo dispensar e significa desobriga, prescinde de. Exemplo: A dispensa de vários empregados preocupou o sindicato.

Desmistificar - Significa desfazer engano, ilusão, mistificação. Exemplo: A ocorrência de corrupção entre os senadores desmistificou o senado. Desmitificar - Significa desfazer um mito. Exemplo: Um juiz, considerado honestíssimo, foi desmitificado, quando souberam dos desmandos que cometeu. Vamos acabar de vez com essas dúvidas que tanto nos perseguem e embaraçam!

Conserto - Significa reparos em objetos, máquinas. Exemplo: Ele fez um conserto no fogão. Concerto - Significa espetáculo, concerto musical. Exemplo: Fui ao concerto sob a regência do maestro Carlos Veiga.

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Comprimento - Significa medida. Exemplo: O comprimento de sua saia é tão curto que deixa as coxas de fora. Cumprimento - Significa saudação, elogio ou ação de cumprir. Exemplo: Recebemos um cumprimento do diretor pelos os bons serviços prestados à empresa.

Cheque - Significa documento bancário. Exemplo: Ele visou o cheque. Xeque - Significa título de sabedoria árabe ou xeque do jogo de xadrez (xeque mate). Exemplos: O argumento foi posto em xeque. O xeque entrou na sua tenda.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Preencha os espaços abaixo, clicando em uma das palavras entre parênteses que você achar mais pertinente:

a) O novo Ministro diz .............. aceita os desafios e quer que a Constituição seja cumprida. (que/ quê)

b) Esteves tentará mais uma vez cruzar o Atlântico, .....................? (porque/ por quê)

c) A razão ........................ idealizou este plano ficará clara em breve. (por que/ porque)

d) Ficaram felizes ..................... obtiveram os melhores resultados do ano. (porque/ por que) e) ....................... não resolvem a questão dos direitos do índio? (por

que/ por quê) f) A questão da Floresta Amazônica é muito importante .....................

interfere na reciclagem de oxigênio na atmosfera do planeta. (porque/ porquê)

g) Não entendo o ....................... do desmatamento na área do Parque Nacional. (porquê/ porque)

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h) A Federação Internacional Automobilística não confirmou a participação dos pilotos brasileiros .......................? (por quê/ por que)

i) Vamos continuar exercitando?

j) A casa em ..................... nasci está mal conservada. (que/ quê) k) No estado em que .......... escola se encontra, não há condições de ensino.

(esta/ aquela) l) Estivemos em Ilhéus, e as praias .......... cidade nos encantaram bastante.

(desta/ daquela) m) A partir .......... semana iniciam-se as campanhas contra a AIDS. (desta/

daquela) n) .......... setor em que trabalhas já admitiram mais quinze técnicos. (nesse/

neste) o) Solicitamos a .......... Divisão a aquisição de mais duas calculadoras

Dismark 135. (essa/ aquela) p) Apronta-te rapidamente que estás atrasado para .......... encontro. (este/

esse) q) Vivo .......... cidade, mas admiro .......... em que moras. (nesta/ nessa -

esta/ essa) r) Há um .......... de satisfação em seu olhar .......... me atrai muito. (que/

quê - quê/que) s) Estás de volta a troco de ..........? (que/ quê) t) Sinto um .......... de nostalgia ou ouvir esta música. (que/ quê) u) O marido chegou .......... cedo em casa e surpreendeu a esposa. (mais/

mas) v) Este terminal possui ............. ônibus. (mais/mas) w) .......................... sua permanência neste estabelecimento. (é

proibido/ é proibida) x) .......................... estacionar na calçada. (é proibido/ é proibida) y) Isso vem ......................... todos. Reflete o desejo da turma. (ao encontro de/ de encontro a) z) Esta medida desagradou aos funcionários, porque veio ........................ às

suas aspirações. (ao encontro de / de encontro a) aa) ............ duas semanas não encontro com você. Daqui .......... três dias

será meu aniversário. (há/ a - a / há)

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GABARITO: a)que; b)por quê; c)por que; d)porque; e)por que; f)porque; g)porquê; h)por quê; i)que; j)esta; k)daquela; l)desta; m)nesse; n)aquela; o)esse; p)nesta/essa; q)quê/que; r)quê; s)quê; t)mais; u)mais; v)é proibida; w)é proibido; x)ao encontro; y)de encontro; z) há/a COMENTÁRIO Não se canse, nem se desespere; você tem aprendido muito; mas, muito tem, ainda, a aprender... Tranqüilize-se... Até mais ver!

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Assunto : A teoria na pratica é outra Unidade : Fazendo e (re)aprendendo COMENTÁRIOS Acho que estamos satisfeitos e sabidos! Aprendemos muito, muito ainda temos a aprender, mas o que estudamos já está de bom tamanho! Você deve estar louco para comprovar seu saber, não é? Que tal botarmos o preto no branco? Vamos pôr à prova o nosso conhecimento? Prepare-se!

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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Preencha os espaços abaixo, clicando na palavra, entre parênteses, que você achar mais pertinente:

a) Eles ......................... em Salvador, na construção do metrô, em 2002. (trabalharam/trabalharão) b) Eles ......................... em Salvador, na construção do metrô, até 2004. (trabalharam/trabalharão) c) Os turistas .................... por aqui até o carnaval. (circularam/circularão). d) .......................... dos nossos carnavais? (lembrastes/ lembras-te) e) ........................ da alegria dos nossos carnavais, quando éramos crianças, não? (lembrastes/ lembras-te) f) Pensemos bastante, ............. de que respondamos certo.(afim/ a fim) g) Ela não está ................do rapaz.(afim/ a fim)

h) O empregado da empresa está ..................... de tudo. (a par/ ao par) i) ........................... vinte mil vestibulandos, concorrendo às vagas na Universidade Federal da Bahia . (há cerca de/ a cerca de) j) As tomadas de decisões .................. intempestivas, nesta empresa, levaram a crer que o diretor estava ................. nervoso. (meio/ meia - meio/ meio) k) ............... copo d’água é o bastante para saciar a sede de muitos! (meio/ meia) l) Esperamos que não ocorram ............. enchentes no Rio de Janeiro neste ano. (mas/ mais) m) A Bahia é um dos .............. importantes centros de atração turística do país. (mas/ mais) n) Ele foi a Brasília ______não conheceu o novo presidente. (mas/ mais) o) Não ficaram satisfeitos com a .................. dos bens da empresa a uma pessoa tão inescrupulosa. (sessão/ cessão/seção) p) Renovaram todo o estoque de Viagra da.......................(sessão/cessão/ seção)

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q) O Banco Central recebeu o novo presidente numa .................... realizada em 2003. (sessão/cessão/ seção)

r) Não .......... a necessidade de se contratar um ônibus. (vêm/ vêem) s) Eles .......... andando e não .......... que um carro se aproxima. (vêm/ vêem)

t)Todos os cidadãos .......... perfeitamente o que está acontecendo e são capazes de formar uma boa opinião sobre o assunto. (vêm/ vêem) u) Ficou evidente que ele .......... guardados, sigilosamente, os documentos de que necessito. (mantém/ mantêm) v) Os interessados .......... uma equipe de informantes a fim de notificar as irregularidades. (mantém/ mantêm) w) O cobrador nos deu o troco .......... (demais/ de mais) y) Nas compras veio um pacote .......... (demais/de mais) GABARITO: a)trabalharam; b)trabalharão; c)circularão; d)Lembrastes; e)Lembras-te; f)a fim; g)a fim; h)a par; i)meio; j)meio/meio; k)meio; l)mais; m)mais; n)mas; o)cessão; p)seção; q)sessão; r)vêem; s)vêm/vêem; t)vêem; u)mantém; v)mantêm; w)demais; y)de mais. Alguns verbos da Língua Portuguesa são especiais. Eles têm particularidades, que suscitam muitas dúvidas. Vamos exercitá-los?

Preencha os espaços, clicando no verbo entre parênteses que você achar mais pertinente:

1- Nós __________ (falemos – falimos). 2- Eu ___________ (requero – requeiro) sempre minhas vantagens funcionais. 3- A natureza __________ (provê - prevê ) o homem de alimentos. 4- No verão, o sol _______ (clareia – clarea) muito cedo. 5- Ele _________________ (possui- possue) uma personalidade muito forte. 6- Ele _________________ (sua – soa) bastante, no verão.

A concordância verbal também é um dos “calcanhares de Aquiles” da nossa Língua. Vamos exercitá-la um pouco?

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GABARITO DO EXERCÍCIO SOLO: 1- Falimos; 2- Requeiro; 3-Provê; 4- Clareia; 5- Possui; 6- Sua. Complete as frases seguintes com a forma apropriada do verbo entre parênteses. Para isso, clique na caixinha de surpresas e arraste a forma correta até o espaço vazio.

a) ________________ várias investidas dos traficantes, na tarde de ontem.

(acontecer)

b) _____________ –nos poucos dias de férias. (restar)

c) _____________ alguns poucos amigos fiéis no fim da festa. (ficar)

d) _______________ alguns doces. (sobrar)

e) _______________ alguns bons amigos para alegrar. (bastar)

f) Ainda _____________ bons motivos para ficarmos juntos. (dever existir)

g) Ainda ______________ surpresas nesse campeonato. (poder ocorrer)

h) É provável que ainda _______________ lembranças daquele passado. (sobreviver)

i) Deve-se preservar os poucos indivíduos que __________. (restar)

j) Você e seus amigos ____________ das reuniões da classe. (dever participar)

GABARITO DO EXERCÍCIO:

a)aconteceram; b)restam; c)Ficaram; d)sobraram; e) Bastam; f)devem existir; g)pode ocorrer; h)sobrevivam; i) restam; j)devem participar Vamos exercitar um pouco mais de verbos? Complete as frases seguintes com a forma apropriada dos verbos entre parênteses. Procure-as, no rol de palavras, arrastando – as até o espaço em branco.

a) As mensalidades dos planos de saúde ___________ muito nos últimos

dois meses. (subir)

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b) Uma pesquisa recente revelou que a maioria dos adolescentes não se ___________ contra a Aids. (prevenir) c) A maior parte dos acidentes de trânsito ___________ pela imprudência dos envolvidos. (ser provocado) d) Cerca de duzentas mil pessoas ________________ da posse do novo presidente. (participar) e) Mais de um jogador em loterias___________ mal o dinheiro ganho. (usar) f) Mais de um torcedor______________ naquela tarde de final de campeonato. (agredir-se)

GABARITO DO EXERCÍCIO: a)subiram; b)previne; c)é provocada; d)participaram; e)usaram; f)agrediram-se Está gostando de exercitar verbos? Então, vamos continuar! Explique as diferenças de significado que se podem perceber entre as frases de cada um dos pares seguintes.

a) Grande número de pessoas participou do ato público.

Grande número de pessoas participaram do ato público.

b) Alguns de nós são culpados de omissão. Alguns de nós somos culpados de omissão.

c) Mais de um atleta feriu-se durante a partida. Mais de um atleta feriram-se durante a partida.

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Reconhecemos que a concordância verbal é uma das maiores dificuldades da Língua Portuguesa. Por isso mesmo, é fundamental praticá-la, concorda? Vamos exercitar um pouco? Complete as frases seguintes com a forma apropriada dos verbos entre parênteses.

a) 40% dos participantes nunca _____________ de um concurso antes. (haver participado)

b) 1% dos entrevistados _________ seu voto. (negar-se a declarar)

c) 32% do orçamento _____________ nos nesse paraíso da corrupção. (desaparecer)

d) 1% do capital investido nesta bicicleta __________ a mim! (pertencer)

e) Fui eu que_________ esses pacotes. (trazer)

f) Fui eu quem _________ esses presentes. (comprar)

g) Somos sempre nós que __________ tarde. (chegar)

h) Foste tu que _________ suco de laranja? (pedir)

i) Não fui eu quem __________ isso. (falar)

j) Lá vai um dos que ____________ que a lei é só para os pobres. (pensar)

k) Ela é uma das candidatas que ___________a pena de morte. (repudiar)

GABARITO DO EXERCÍCIO: a)haviam participado; b)negou-se a declarar; c)desapareceram; d)pertence; e)trouxe; f)comprou; g)chegamos; h)pediste; i)falou; j)pensam; k)repudia. Você é craque em Regência Verbal? Ou às vezes se atrapalha? Que tal exercitar um pouco esse assunto? Associe os termos destacados nas frases listadas aos pronomes oblíquos átonos, entre parênteses, na coluna à esquerda.

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a) Não quero aborrecer aqueles senhores. b) Vou ajudar aquelas crianças de rua.

c) Não queremos prejudicar os participantes das provas.

d) Vou enviar estes pacotes de alimentos aos flagelados.

e) Vou enviar estes pacotes de alimentos aos flagelados.

f) Seu sonho é namorar a Júlia.

g) Vim aqui alegrar os amigos.

h) Prezo muito esse intelectual.

i) Não obedeci aos meus pais.

j) Não responderam aos que enviaram pedidos de informações.

GABARITO DO EXERCÍCIO: a)los; b)las; c)los; d)los; e)lhes; f)la; g)los; h)o; i)lhes; j)lhes Vamos continuar praticando Regência Verbal? Você encontrará três frases típicas da norma culta. Assinale-as, marcando V (verdadeiro) ou F (falso) ao lado de cada uma.

a. Não se aborreça comigo, querida: eu a amo muito. b. Desde que o vi, ando muito satisfeito.

c. Se Deus a ajudar, tudo vai dar certo.

E os exercícios continuam... Vamos lá? Assinale as frases em que o pronome pessoal esteja substituído adequadamente. Marque V (verdadeiro) ou F (falso), ao lado de cada uma.

a) Vou pagá-las.

b) Há meses não os pagam.

c) O governo está pensando em perdoá-los.

d) Gosto muito de abará, mas não vou comer-lhe.

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e) Agradeço-os a homenagem recebida.

GABARITO: a)Vou pagá-las. b)Há meses não lhes pagam. c) O governo está pensando em perdoá-los. d)...mas não vou comê-lo. e)Agradeço-lhes a homenagem recebida.

Está gostando de treinar Regência Verbal? Então, vamos fazer mais alguns exercícios!

Observe a regência verbal das frases seguintes. Modifique-as, a fim de torná-las adequadas ao padrão culto da língua portuguesa.

a) Lembro sempre de você. b) Nunca esqueci de tudo que passamos juntos.

c) Antipatizei-me com ele desde a primeira vez que o vi.

d) Prefiro mil vezes ficar aqui do que ir com você.

e) Prefiro ser o que sou do que ser o que querem que eu seja.

f) Antes prefiro química à física.

g) Preferimos dormir que trabalhar.

h) Informo-lhe de que não pode ficar aqui.

i) Informo-a que seu financiamento ainda não foi concedido.

GABARITO DO EXERCÍCIO: a)Eu me lembro; b)Nunca me esqueci de tudo...; c)Antipatizei com ele...; d)a ir com; e)a ser; f)a química à física; g)a trabalhar; h)informo-o de que; i)informo-a de que.

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SAIBA MAIS Particípios duplos Há verbos que apresentam duas ou mais formas, de igual valor e função. São chamados verbos abundantes. Exemplos: Tu constróis ou tu construis; ele constrói ou ele construi; comprazi ou comprouve, comprazestes ou comprouveste, etc.; entopes ou entupes, entope ou entupe, vamos ou imos, etc. Entretanto, é no particípio que mais encontramos formas duplas e mesmo triplas, uma regular e as outras irregulares. Veja os exemplos que se seguem: Particípio Regular Particípio Irregular Aceitar aceitado aceito Entregar entregado entregue Expressar expressado expresso Expulsar expulsado expulso Isentar isentado isento Limpar limpado limpo Matar matado morto Pegar pegado pego Salvar salvado salvo Soltar soltado solto Acender acendido aceso Benzer benzido bento Eleger elegido eleito Prender prendido preso Suspender suspendido suspenso Imprimir imprimido impresso Submergir submergido submerso Ganhar ganhado ganho Gastar gastado gasto Pagar pagado pago Regra para o emprego dos particípios duplos As formas regulares (particípio – em – do) são empregadas na voz ativa, com os auxiliares “ter” ou “haver”; as formas irregulares são usadas na voz passiva, com os auxiliares “ser”, “estar” ou “ficar”. Exemplos: O diretor havia aceitado a tarefa. A tarefa foi aceita por nós. O vigário teria benzido a vela. A vela será benta? Talvez os piratas houvessem submergido o barco. O barco já fora submerso pelos piratas, quando lá chegamos.

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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Vamos retomar nossos exercícios? Complete os espaços, escolhendo entre as expressões listadas a seguir: para a qual; a que; que; por cuja; em cuja. Clique na expressão mais correta, arrastando-a para o espaço adequado.

1) Nenhuma posse ____________fui convidada esteve tão concorrida

como essa. 2) O jogo ___________presenciamos, foi muito bom. 3) O jogo ___________assistimos, foi muito bom. 4) Aquele é o deputado _________casa estivemos ontem à noite. 5) As pessoas ____________causa me interessei, venceram a questão

judicial. GABARITO DO EXERCÍCIO: 1- para a qual; 2 - que; 3 - a que; 4 - em cuja; 5 - por cuja.

Como estão seus conhecimentos sobre ortografia? Que tal testá-los?

Coloque o h dentro do parêntese, quando necessário: ( ) úmido ( ) erbívoro ( ) orário ( ) ispânico ( ) esitar ( ) ipótese ( ) ábil ex ( ) aurir re ( ) aver ( ) óspede re ( ) abilitar

des ( ) onra co ( ) abitar ( ) ervateiro lobis ( ) omem ( ) índia ( ) arpa ( ) erva in ( ) ábil in ( ) óspito ( ) ostilizar ( ) ombro

des ( )armonia ( ) ortênsia ( ) espanhol ( ) ipismo ( ) indu ( ) aurir ( ) iato ( ) aver ( ) umedecer ( ) abilitar ( ) omicida

Gabarito do exercício anterior: úmido-herbívoro-horário-hispânico-hesitar-hipótese-hábil-exaurir-reaver-hóspede-habilitar-desonra-coabitar-ervateiro-lobisomem-índia-harpa-erva-inábil-inóspito-hostilizar-ombro-desarmonia-hortênsia-espanhol-hipismo-hindu-haurir-hiato-haver-umedecer-habilitar-homicida

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Vamos continuar treinando ortografia? Clique na letra que julgar correta para preencher os espaços abaixo: S ou Z. 1. exteriorizar (s,z) 2. encamisar 3. escandalizar 4. pisar 5. ligeireza 6. princesa 7.rudez 8. cortês 9. nobreza 10. presa 11. burguês 12. mudez 13. uniformizar GABARITO DO EXERCÍCIO ANTERIOR: EXTERIORIZAR:Os verbos que derivam de palavras cujo radical não termina em Z(exterior)são escritos com Z. ENCAMISAR- Os verbos que derivam de palavras cujo radical termina em S(camisa)são escritos com S. ESCANDALIZAR: Os verbos que derivam de palavras cujo radical não termina em Z(escândalo) são escritos com Z. PISAR: Os verbos que derivam de palavras cujo radical termina em S (piso-substantivo) são escritos com S. LIGEIREZA:Os substantivos derivados de adjetivos(ligeiro) são escritos com a terminação EZA. PRINCESA: Os substantivos que não derivam de adjetivos são escritos com ESA. RUDEZ: Os substantivos derivados de adjetivos(rude) são escritos com Z. CORTÊS: Os substantivos que não derivam de adjetivos são escritos com S. NOBREZA: Os substantivos derivados de adjetivos(nobre) são escritos com a terminação EZA. PRESA: Os substantivos que não derivam de adjetivos são escritos com S. BURGUÊS: Os substantivos que não derivam de adjetivos são escritos com S. MUDEZ: Os substantivos derivados de adjetivos(mudo) são escritos com Z. UNIFORMIZAR: Os verbos que derivam de palavras cujo radical não termina em Z(uniforme)são escritos com Z.

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DICAS O aprofundamento deste assunto e as explicações das respostas do exercício acima estão disponíveis na Midiateca, no arquivo “Ortografia1.doc”. Vá até lá e confira!

Vamos continuar exercitando a ortografia da nossa Língua? Preencha os espaços em branco com S, SS ou Ç. 1. Compreen ....ão - .......................................................... 2. repreen ............ão .......................................................... 3. exten.......ão .......................................................... 4. disten..........ão .......................................................... 5. ace .....ível .......................................................... 6. exce ........o .......................................................... 7. exce ..........ivo .......................................................... 8. cangu .........u .......................................................... 9. permi ........ão .......................................................... 10 insubmi .........ão .......................................................... 11 inver .........ão .......................................................... 12 rever .........ão .......................................................... 13 emer .......ão .......................................................... 14 impul ........o .......................................................... 15 incur ..........ão .......................................................... 16 incur ........o .......................................................... 17 agre ........ivo .......................................................... 18 opera .........ão .......................................................... 19 admi .........ão ..........................................................

20 intromi ......ão .......................................................... 21 reten .......ão .......................................................... 22 absten ........ão .......................................................... 23 deten .......ão .......................................................... 24 insubmi ........o .......................................................... 25 can .......ão .......................................................... 26 defen ........ivo .......................................................... 27 ma .......aroca .......................................................... 28 taquara .........o .......................................................... 29 transcur ........o .......................................................... 30 irrever ......ível .......................................................... 31 suce .......ão .......................................................... 32 controvér .....ia .......................................................... 33 mu .......ulmano .......................................................... 34 dobradi .........a .......................................................... 35 ascen .......ão .......................................................... 36 preten .......ioso .......................................................... 37 prome .........a .......................................................... 38 promi ........ória

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39 preten ........ão .......................................................... 40 admi .......ível .......................................................... 41 emi .....ão .......................................................... 42 trai ......ão .......................................................... 43 congrega ......ão .......................................................... 44 ingre ....o .......................................................... 45 ponta .......o .......................................................... 46 rejei ..........ão .......................................................... 47 conver ........ível ..........................................................

.......................................................... 48 assun ......ão .......................................................... 49 ascen ........ão .......................................................... 50 exten .......ão .......................................................... 51 ....... ucena .......................................................... 52 taquaru ........u .......................................................... 53 descen ........o .......................................................... 54 despreten ........ioso .......................................................... 55 promi ........or .......................................................... 56 opre .........ão ..........................................................

compreen .S...ão -os verbos que possuem o segmento ND, no radical( compreender) geram substantivos e adjetivos grafados com S. repreen .....S.......ão- os verbos que possuem o segmento ND, no radical( repreender),geram substantivos e adjetivos grafados com S. exten..S.....ão- os verbos que possuem o segmento ND, no radical( estender),geram substantivos e adjetivos grafados com S. disten.....S.....ão- os verbos que possuem o segmento ND, no radical( distender),geram substantivos e adjetivos grafados com S. ace .SS....ível-os verbos que têm, na sua raiz, o segmento CED(aceder) geram substantivos grafados com SS. exce SS........o- verbos que têm,

intromi .SS.....ão- os verbos que possuem o segmento METER, no radical(in- trometer)geram substantivos e adjetivos gra- fados com SS. absten .Ç.......ão-os verbos terminados em TER (abster) geram substantivos grafados com Ç. deten ...Ç....ão -os verbos terminados em TER (deter) geram substantivos grafados com Ç. insubmi ...SS.....o- os verbos que possuem o segmento METER, no radical(in- submeter)geram substantivos e adjetivos gra- fados com SS. can ...Ç....ão- os substantivos e adjetivos terminados em TO (canto) geram substantivos e adjetivos gra- fados com Ç.

GABARITO DO EXERCÍCIO ANTERIOR:

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na sua raiz, o segmento CED(exceder) geram substantivos grafados com SS. exce . SS.........ivo- verbos que têm, na sua raiz, o segmento CED(exceder) geram substantivos grafados com SS. cangu ....Ç.....u –vocábulos de origem exótica são grafados com Ç. permi ...SS.....ão-os verbos que têm, na sua raiz, o segmento TIR geram substantivos grafados com SS. insubmi ... SS......ão -os verbos que possuem o segmento METER, no radical(in- submeter)geram substantivos e adjetivos gra- fados com SS. inver ...S......ão –os vocábulos, em geral e os verbos cujo radical tem o segmento RG e RT geram substantivos em S. rever .... S...........ão- os vocábulos, em geral e os verbos cujo radical tem o segmento RG e RT geram substantivos em S. emer ... S...............ão- os vocábulos, em geral e os verbos cujo radical tem o segmento RG e RT geram substantivos em S. incur .... S......ão -os verbos que apresentam, no radical, os segmen- PEL e CORR( incorrer) geram substanti- vos e adjetivos em S. incur . S.......o os verbos que apresentam, no radical, os

defen ..S......ivo- os verbos que possuem o segmento ND, no radical(defender),ge- ram substantivos e adjetivos grafados com SS. ma ....Ç...aroca..... –vocábulos de origem exótica são tica são grafados com Ç. taquara .. Ç.......o–vocábulos de origem exótica são tica são grafados com Ç. transcur .. ... S.....................o-os verbos que apresentam, no radical, os segmen- PEL e CORR( transcorrer) geram substanti- vos e adjetivos em S. irrever .. ... S...................ível- os vocábulos, em geral e os verbos cujo radical tem o segmento RG e RT geram substantivos em S. suce .. SS...........ão- verbos que têm, na sua raiz, o segmento CED(suceder) ge- ram substantivos grafados com SS. controvér .. S...ia -os vocábulos, em geral e os verbos cujo radical tem o segmento RG e RT geram substantivos em S. mu . Ç......ulmano- vocábulos de origem exótica são são grafados com Ç. dobradi ... Ç......a-os vocábulos terminados pe los sufixos aça, aço, iça, iço,uça,

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segmen- PEL e CORR( incorrer) geram substanti- vos e adjetivos em S. agre . SS.....ivo-os verbos que têm, na sua raiz, o segmento GRED geram substantivos grafados com SS. ..........................................................opera .. Ç..........ão- os vocábulos terminados pe los sufixos aça, aço, iça, iço,uça, ação são grafados com ç. ..........................................................admi ... SS......ão -os verbos que têm, na sua raiz, o segmento TIR( admitir) geram substantivos grafadoscom SS. .......................................................... preten ... S...........ão- os verbos que possuem o segmento ND, no radical( pretender),geram substantivos e adjetivos grafados com S. ..........................................................admi ... SS....ível- os verbos que têm, na sua raiz, o segmento TIR( admitir) geram substantivos grafados com SS. ..........................................................emi .. SS...ão os verbos que têm, na sua raiz, o segmento TIR ( emitir)geram substantivos grafados com SS. ..........................................................trai .. Ç....ão- os vocábulos com som sibilante, após um ditongo, têm esse som grafado com Ç. ..........................................................congrega ... Ç...ão -os vocábulos terminados pe los sufixos aça, aço, iça, iço,uça, ação são grafados com ç.

ação são grafados com ç. ascen . S......ão- os verbos que possuem o segmento ND, no radical( estender),geram substantivos e adjetivos mento ND( ascender), no radical, geram substantivos e adjetivos grafados com S. .......................................................... preten . S......ioso- os verbos que possuem o segmento ND, no radical( estender),geram substantivos e o segmento ND( pretender), no radical, geram substantivos e adjetivos grafados com S. .......................................................... prome . SS........a- os verbos que possuem o segmento METER, no radical (pro- meter)geram substantivos e adjetivos grafados com SS. .......................................................... promi SS........ória -os verbos que possuem o segmento METER, no radical(pro- meter)geram substantivos e adjetivos gra- fados com SS. .......................................................... a... Ç.... ucena- vocábulos de origem exótica são grafados com Ç. .......................................................... taquaru .. Ç......u- vocábulos de origem exótica são são grafados com Ç. .......................................................... descen . S.......o- os verbos que possuem o segmento ND, no radical(

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..........................................................ingre . SS...o -os verbos que têm, na sua raiz, o segmento GRE (D )geram substantivos grafados com SS. ..........................................................ponta . Ç......o- os vocábulos terminados pe los sufixos aça, aço, iça, iço,uça, ação são grafados com ç. ..........................................................rejei ... Ç.......ão -os vocábulos com som sibilante, após um ditongo, têm esse som grafado com Ç. ..........................................................conver .. S............ível os vocábulos, em geral e os verbos cujo radical tem o segmento RG e RT geram substantivos em S. ..........................................................

descender),ge- ram substantivos e adjetivos grafados com S. .......................................................... despreten .. S......ioso- os verbos que pos- suemo segmento ND, no radical( pretender), geram substantivos e adjetivos grafados com S. .......................................................... promi . SS.......or- os verbos que possuem o segmento METER, no radical(pro- meter)geram substantivos e adjetivos gra- fados com SS. .......................................................... opre .. SS.......ão- os verbos que possuem o segmento PRIM, no radical(o- primir)geram substantivos e adjetivos gra- fados com SS.

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Prezado aluno! Prezada aluna! Parabéns! Estamos felizes! Você concluiu o curso PRODUÇÃO TEXTUAL. Esperamos que este curso tenha sido leve e prazeroso! Com certeza, deve ter desmitificado a Língua Portuguesa! Ela será, a partir de hoje, usada com mais alegria e de forma mais racional. Seus textos fluirão melhor e a folha em branco deixará de ser um desafio! Certamente, aprendemos uma nova forma de trabalhar com a nossa Língua! “Minha Língua é a minha Pátria!” (Caetano Veloso). Conte sempre conosco! Sucesso! EQUIPE UNICED

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GLOSSÁRIO

“AD NAUSEAM’’-Até as náuseas; até cansar.

A MERCÊ DE- sujeito à compaixão de.

AGREGAR- Reunir, congregar.

ALMEJADA- Desejada ardentemente, com ânsia; ansiada.

AMBÍGUO- Que se pode tomar em mais de um sentido; equívoco: explicação

ambígua.

ÂMBITO- Contorno, periferia; circunferência. Campo de ação; zona de

atividade.

APOCALIPSE-O último livro do Novo Testamento (q. v.), que contém

revelações terrificantes acerca dos destinos da humanidade. Fig. Grande

cataclismo; flagelo terrível. Fig. Linguagem muito obscura, sibilina.

APREGOAR-Anunciar com pregão; proclamar em voz alta.

ARCAICA-Relativo a épocas remotas; muito antigo. Obsoleto . E. Ling. Diz-se

de palavra ou de construção que constitui arcaísmo. E. Ling. Na periodização

das línguas, diz-se da fase mais remota; antigo. . Diz-se do português do

período que se situa entre o séc. IX e meados do séc. XVI.

ARREBIQUES-Enfeite excessivo e de mau gosto. Amaneiramento e afetação do estilo. ARREDONDAR-Tornar redondo; abolar. Dar harmonia, sonoridade, à frase ou

ao período.

ARREMATAR-Terminar, finalizar,acabar,concluir.

ARROGÂNCIA- Orgulho que se manifesta por atitudes altivas e desdenhosas;

soberba. Insolência, atrevimento.

ARROGÂNCIA-Orgulho que se manifesta por atitudes altivas e desdenhosas;

soberba.

ARTICULADO- Pronunciada, proferida.

ASSERTIVA-Proposição afirmativa; asserção.

ATURDIR-atordear,estontear, perturbar.

ÁUREOS- Da cor do ouro, ou a ele relativo.

AUTONOMIA-Faculdade de se governar por si mesmo. Direito ou faculdade

de se reger (uma nação) por leis próprias. Liberdade ou independência moral

ou intelectual. Ét. Condição pela qual o homem pretende poder escolher as

leis que regem sua conduta.

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AVENCAS- Designação comum a várias plantas criptogâmicas da família das

polipodiáceas, principalmente do gênero Adiantum, todas muito delicadas,

necessitando de ambientes bastante úmidos.

BALBUCIO- E. Ling. Psicol. No processo de aquisição (4), fase em que

surge a vocalização, mas que antecede as primeiras palavras. [Compreende

três etapas: (a) o arrulho, por volta dos dois meses de idade, quando a criança

apresenta as primeiras manifestações vocais; (b) o balbucio propriamente dito,

que dura aproximadamente dos três aos seis meses; e (c) a fase pré-

lingüística, que vai dos seis aos doze meses, etapa em que a criança ainda não

produz qualquer palavra, embora comece a fixar a fonologia da língua-alvo (q.

v.).]

BULAS- Impresso que acompanha um medicamento e contém informações

acerca de sua composição, posologia, indicações, contra-indicações, etc.

BUZU - ônibus

CABALA- Filos. Tratado filosófico-religioso hebraico, que pretende resumir

uma religião secreta que se supõe haver coexistido com a religião popular dos

hebreus. Designação comum a movimentos místicos e esotéricos europeus do

séc. XII em diante.

CABALÍSTICA- Relativo à cabala. Relativo às ciências ocultas: número

cabalístico. Fig. Secreto, misterioso, obscuro.

CAMUFLAGEM- Ato ou efeito de camuflar. Aquilo que serve para camuflar ou

disfarçar

CLICHÊ-Estereótipo . Fig. lugar-comum.

COERÊNCIA - E. Ling. Num discurso oral ou escrito, conjunto de relações que

unem os significados de sentenças. [A coerência de um discurso pode apoiar-

se em mecanismos formais, i. e., de natureza gramatical ou lexical, e no

conhecimento partilhado entre os usuários da língua.] Lóg. Ausência de

contradição, i. e., acordo do pensamento consigo mesmo (dos princípios com

as conseqüências, dos axiomas com os teoremas, etc.); compatibilidade,

consistência.

COESÃO - E. Ling. Ligação, de natureza gramatical ou lexical, entre os

elementos de uma frase ou de um texto.

COLOQUIAL- Diz-se do estilo em que se usam vocabulário e sintaxe bem

próximos da linguagem cotidiana.

COLOQUIALIDADE-Maneira ou tom coloquial

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COMPARTILHAR-Ter ou tomar parte em; participar de; partilhar, compartir.

Usar em comum. Ter ou tomar parte; participar; compartir.

CONCATENADO- encadear, ligar,relacionado.

CONCATENADO-encadeado, ligado relacionado.

CONCOMITANTES- Que se manifesta simultaneamente com outro.

CONCORRER- Juntar-se para (uma ação comum); contribuir, cooperar; Ter a

mesma pretensão de outrem; competir; Cooperar; contribuir; Existir

simultaneamente; coexistir.

CONSENSO- Conformidade, acordo ou concordância de idéias, de opiniões.

CONSTRANGIMENTO-Aperto, compressão. Situação ou estado de quem foi

constrangido, violentado. Violência, coação.Insatisfação, desagrado,

descontentamento. Acanhamento, timidez, embaraço.

CONSUMAR - Terminar, completar, acabar . Realizar, praticar. Levar ao

auge; aperfeiçoar, requintar. DECIFRAR-Ler, explicar ou interpretar (o que está escrito em cifra, ou mal

escrito). Compreender, revelar.

DECLÍNIO - Ato de declinar; declinação. Diminuição gradativa de força, de

valor, de intensidade. Deliberação, determinação, decisão, resolução.

DESAFIAR Instigar, incitar, excitar, estimular, provocar . Fazer face a; afrontar,

arrostar . DESCAMPADO- Diz-se de lugar desabrigado e desabitado. Campo extenso,

inculto, aberto e desabitado.

DESDÉM- Ato ou efeito de desdenhar; desprezo com orgulho. Altivez,

arrogância.

DETECTAR-Revelar ou perceber a existência do que está escondido.

DIAGNÓSTICO-O conjunto dos dados em que se baseia essa determinação.

DIFUNDIDA-espalhada, propagada, divulgada.

DIFUNDIR-Irradiar, emitir: A vela difundia uma luz fraca. Espalhar, disseminar,

espargir: difundir um aroma. Propagar, divulgar.

DIFUSA - Em que há difusão; disseminado, divulgado. Prolixo, redundante;

difusivo DIGITAL- Inform. Que tem intervalos discretos, i. e., em que há um número

finito de valores possíveis entre dois valores quaisquer.[Cf., nesta acepç.,

analógico.] Inform. Que é representado exclusivamente por números

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(segundo um código convencionado) e, portanto, passível de processamento

por computadores digitais: imagem digital; som digital.

DIMINUTAS - Diminuído, apequenado. Muito pouco. Muito pequeno.

Escasso, raro.

DISCURSIVA- Diz-se de operação mental que se processa por uma série de

operações intermediárias e parciais, como o raciocínio, a dedução e a

demonstração. Que costuma discursar; falador, palrador.

DISPONÍVEL-De que se pode dispor. Livre, desimpedido, desembaraçado

ELOQÜÊNCIA- Capacidade de falar e exprimir-se com facilidade. A arte de

bem falar.

EMPANTURRAR-Encher (alguém) de comida; empanzinar, empachar,

abarrotar. Encher em demasia; fartar.

ENLAÇAR- Prender nos braços; abraçar.

ENTRECORTADA - cortado ou interrompido a intervalos.

ERUDIÇÃO- Instrução vasta e variada, adquirida sobretudo pela leitura.

Qualidade de erudito.

ERUDITAS- Que tem erudição. Que revela erudição .

ESCASSO-De que há pouco; parco, raro. Falto, carente, carecente,

desprovido, privado.

ESGOTAR-Tirar até a última gota de; vazar completamente: Enxugar,

secar, exaurir: esgotar Privar de todo o conteúdo. Consumir, gastar.Aplicar com

empenho; empregar totalmente.Tratar por inteiro (um assunto).

ESPLÊNDIDO-Que tem esplendor; brilhante, luzente. Admirável, grandioso:

inteligência esplêndida. Pomposo, suntuoso. Maravilhoso, deslumbrante.

Fam. Excelente, delicioso: um vatapá esplêndido.

ESPONTÂNEO- Que se origina em sentimento ou tendência natural, em

determinação livre, sem constrangimentos; que se manifesta como que por

instinto, sem premeditação ou desvios; sincero. ESQUIPÁTICAS-extravagante, esquisito,excêntrico, singular.

ESTÁTICO- Imóvel como estátua; sem movimento; parado, hirto. Que se acha

em estado de repouso (em oposição a dinâmico); parado.

EVIDÊNCIA- Qualidade do que é evidente; certeza manifesta. Filos. Caráter

de objeto de conhecimento que não comporta nenhuma dúvida quanto à sua

verdade ou falsidade.

EXACERBAMENTO-Ato de exacerbar.

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EXASPERADO- Muito irritado; enfurecido, encolerizado.

FATIGANDO-Causar fadiga a; cansar. Enfastiar, aborrecer, enfadar,

importunar desinteressante. Causar ou produzir fadiga. FICÇÃO- Ato ou efeito de fingir; simulação, fingimento. Criação ou invenção de

coisas imaginárias; fantasia.Na literatura, o romance, a novela e o conto.

FILOLOGIA-Estudo da língua em toda a sua amplitude, e dos documentos

escritos que servem para documentá-la.

FILOLOGIA-Estudo da língua em toda a sua amplitude, e dos documentos

escritos que servem para documentá-la.

FILÓLOGO - Especialista em filologia ; que cultiva a filosofia. Aquele que

procede sempre com sabedoria e reflexão, que segue uma filosofia de vida.

Aquele que vive tranqüilo e indiferente aos preconceitos e convenções sociais.

Pop. Indivíduo esquisito, excêntrico.

FLUIDO- Que corre ou se expande à maneira de um líquido ou gás; fluente.

Suave, brando: movimentos fluidos. Fig. Espontâneo, fácil, corrente.

FORMATO- Feitio, forma.

FRAGMENTADA- Reduzida a fragmentos; partida em pedaços; dividida,

fracionada Reduzir a fragmentos; partir em pedaços; dividir, fracionar..

FRUIR- Gozar, desfrutar.

GRUNHIDO -Ação de grunhir; voz do porco ou do javali.

HALO - Auréola, glória, prestígio. HISTERIA- Psiq. Psicopatia cujos sintomas se baseiam em conversão. É

caracterizada por falta de controle sobre atos e emoções, ansiedade, sentido

mórbido de autoconsciência, exagero do efeito de impressões sensoriais, e por

simulação de diversas doenças.

IDIOMA-Língua de uma nação.

IMPERATIVO- Ordem ; Imposição autoritária; ditame; dever.

IMPRESCINDÍVEL- Não prescindível.

IMUNO-DEFICIÊNCIA- Deficiência de meios de defesa imunológica,

específicos ou inespecíficos.AIDS( em Inglês), SIDA (em Português).

INCOMPATÍVEL- Que não pode harmonizar-se; inconciliável, incombinável.

ÍNDOLE-Propensão natural; tendência característica; temperamento.

INERENTE - Que está por natureza inseparavelmente ligado a alguma coisa ou pessoa. INFANTE-Que está na infância; infantil.

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INSTINTIVAS-Relativo ao instinto; instintual. Automático, maquinal; natural:

reação instintiva.

INTERCÂMBIO-Troca, permuta. Relações de comércio ou intelectuais de

nação a nação. JAVALI- Zool. Animal mamífero (Sus scrofa), artiodáctilo, suiforme, suídeo. É

a mais conhecida e a principal das espécies de porcos selvagens; distribui-se

desde a Europa até a Ásia central, e do Báltico até o N. da África.

JAZER- Estar imóvel, sereno, quieto, tranqüilo. LÉXICO-O vocabulário de uma língua.

LOGRAR-Gozar; obter; fruir, desfrutar, desfruir. Tirar lucro de; aproveitar.

Conseguir, alcançar. Enganar com astúcia; burlar, intrujar, defraudar.

LÚCIDO- Fig. Que tem clareza e penetração de inteligência; que mostra uso

de razão; espírito lúcido.

MALEÁVEL-Flexível, dobrável; Flexível, dócil.

MANEJO- Ato de manejar; manuseio, maneio.

MANIPULAÇÃO- Ato ou modo de manipular.

MANIPULAR- Controlar; dominar.

MATIZ - Fig. Gradação sutil, quase imperceptível; nuança. MESCLAR-Misturar, confundir; unir, ligar, amalgamar.

METAFÍSICO- Relativo ou pertencente à metafísica. Transcendente.

MÍDIA- Comun. O conjunto dos meios de comunicação, e que inclui,

indistintamente, diferentes veículos, recursos e técnicas, como, p. ex., jornal,

rádio, televisão, cinema, outdoor, página impressa, propaganda, mala-direta,

balão inflável, anúncio em site da Internet, etc. Veículo de mídia.

MIDIATECA- Acervo organizado de documentos disponíveis ao público em

mídias.

NEOLOGISMO-Palavra ou expressão nova numa língua, como, p. ex.,

dolarizar, dolarização, no português. Significado novo que uma palavra ou

expressão de uma língua pode assumir.

NÍTIDO- Em que há clareza, inteligibilidade.

OBSTINAÇÃO- Pertinácia, persistência, tenacidade, perseverança. Teima,

birra: Continuou a insistir, só por obstinação.

ONOMATOPÉIA- Palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa

significada (murmúrio, sussurro, cicio, chiado, mugir, pum, reco-reco, tique-

taque).

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ORATÓRIA- arte de falar ao público.

PARADIDÁTICOS- Diz-se de livros, material escolar, etc., que, sem serem

propriamente didáticos, são utilizados para este fim.

PARADOXALMENTE-Contrariamente, contraditoriamente.

PASSATEMPO-Divertimento, diversão, entretenimento.

PATAMAR- Espaço mais ou menos largo no alto de uma escada ou entre dois

lanços de escadas; tabuleiro. Fig. O mais alto grau, ou um dos graus mais

altos.

PATRIMÔNIO- Bem, ou conjunto de bens culturais ou naturais, de valor

reconhecido para determinada localidade, região, país, ou para a humanidade,

e que, ao se tornar(em) protegido(s), como, p. ex., pelo tombamento, deve(m)

ser preservado(s) para o usufruto de todos os cidadãos.

PELEJA- Ato de pelejar. Combate, luta, batalha. Briga, contenda, desavença.

PELÍCULA- Camada muito delgada que envolve ou recobre certas

substâncias. Camada muito delgada que envolve ou recobre certas

substâncias. Pele ou membrana muito fina. Pele ou membrana muito fina.

PERCEPTIVA- Relativo à percepção. Que tem a faculdade de perceber.

PERCEPTÍVEL- Que se pode perceber.

PEREMPTORIAMENTE-Qualidade de peremptório.

PERPASSAR- Passar junto ou ao longo.

PERPASSAR -Passar junto ou ao longo. PERPLEXIDADE-Estado ou qualidade de perplexo; perplexidez, perplexão.

PERSUADIR- Convencer; induzir.

PERSUASÃO- Ato ou efeito de persuadir(se).

PETULÂNCIA-Qualidade, ato ou modos de petulante; ousadia, atrevimento.

PITORESCAS - divertidas, recreativas;imaginosas, cintilantes,vivas. PLENITUDE- Qualidade ou estado de pleno.

POLIGLOTA- Que sabe ou fala muitas línguas; multilíngüe, plurilíngüe. Que

está escrito em muitas línguas; poliglótico. POLISSÊMICAS - Referente a polissemia; que tem mais de um significado. POMPOSA- Em que há, ou que revela pompa.

POTENCIALIDADE- Qualidade de potencial.

PRAGMÁTICA-Suscetível de aplicações práticas; voltado para a ação. E. Ling. Estudo dos fatores contextuais que determinam os usos lingüísticos nas

situações de comunicação.

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PRECISÃO - Rigor sóbrio de linguagem; concisão. PREMPTÓRIO-Que perime. Terminante, decisivo: ordem peremptória

PRERROGATIVA-Concessão ou vantagem com que se distingue uma pessoa

ou uma corporação; privilégio, regalia. Faculdade ou vantagem de que

desfrutam os seres de um determinado grupo ou espécie; apanágio, privilégio.

PRESCINDIR- Separar mentalmente; não fazer caso; não levar em conta;

abstrair Pôr de lado; renunciar; abrir mão de; dispensar.

PRESCINDIR- Separar mentalmente; não fazer caso; não levar em conta;

abstrair. Separar mentalmente; não fazer caso; não levar em conta; abstrair.

PRESCINDÍVEL- De que se pode prescindir PRESERVAÇÃO- Ato ou efeito de preserva. Ação que visa garantir a

integridade e a perenidade de algo, como, p. ex., um bem cultural .

PROCEDÊNCIA-Ato ou efeito de proceder. Lugar de onde se procede.

Proveniência, origem.

PRÓCLISE - o fenômeno fonético de anteposição duma palavra átona a outra

que o não é, subordinando-se aquela ao acento desta. PROFANO- Não pertencente à religião. Contrário ao respeito devido a coisas

sagradas.

PROPÓSITOS-Algo que se pretende fazer ou conseguir; intenção, intento,

projeto.

PROSAICA- Sem grandeza ou elevação; trivial, comum, vulgar.

PROVEITO- Ganho, lucro, interesse, provento. Utilidade, vantagem, benefício.

PUNIR-Infligir pena a; dar castigo a; castigar. Aplicar correção a; reprimir.

REAJUSTAR-. Tornar a ajustar. RECALCITRANTE-Que recalcitra; obstinado, teimoso.

REDIMENSIONAR- Dimensionar outra vez.

REFINAR-Tornar mais fino; apurar. Tornar mais puro; aperfeiçoar, afinar,

aprimorar,refinar,requintar.

REIVINDICAR - Intentar demanda para reaver (propriedade que está na posse

de outrem); vindicar. Reaver, readquirir, recuperar

RELEVÂNCIA- Qualidade de relevante; grande valor, conveniência ou

interesse; importância.

REMOTAS- Que sucedeu há muito tempo; antigo, longínquo; que sucedeu há

muito tempo; antigo, longínquo.

RESENHA-Ato ou efeito de resenhar. Descrição pormenorizada.

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REVESTIR-Tornar a vestir. Dar a aparência (de alguma coisa) a; colorir.

RUSTICIDADE- Qualidade de rústico.

SAPIENTE- Conhecedor das coisas divinas e humanas. Sabedor, sábio,

erudito.

SEGMENTOS-Porção de um todo; seção. Porção bem delimitada, destacada

de um conjunto.

SESTRO-Destino, sorte, fado, sina. Vício, hábito, mania, balda, cacoete.

SEVÍCIA - Maltratos físicos. SIGILO- Segredo.

SINGULAR-Pertencente ou relativo a um; único, particular, individual. Que não

é vulgar; especial, raro, extraordinário.

SINTÁTICOS - relativo ou pertencente à sintática;que está de acordo com as

regras da sintática.

SISTEMÁTICO-Referente ou conforme a um sistema: Todo organograma deve

ser sistemático. Que segue um sistema: plano sistemático. Ordenado,

metódico. Coerente com determinada linha de pensamento e/ou de ação. Bras.

Diz-se do indivíduo que, por ser metódico ao extremo, se torna ranheta,

ranzinza.

SUBESTIMAMOS-Não dar a devida estima, apreço, valor, a; não ter em

grande conta; desdenhar.

TÁTIL - Suscetível de ser tateado; tateável. Relativo ao tato.

TERAPÊUTICA- Parte da medicina que estuda e põe em prática os meios

adequados para aliviar ou curar os doentes; terapia.

TRAVO- Sabor adstringente de comida ou de bebida; amargor. Impressão de

desagrado ou de amargor.

UTÓPICO- Relativo a utopia. Que encerra utopia; irrealizável, quimérico.

VENCEDOR- Aquele que vence ou venceu. Indivíduo vitorioso.

VENCIDO- Que sofreu derrota; derrotado.

VENTURA- Boa ou má fortuna, sorte, acaso, destino. Fortuna próspera; boa

sorte; felicidade.

VERNÁCULO-Próprio da região em que está; nacional. Fig. Diz-se da

linguagem genuína, correta, pura, isenta de estrangeirismos; castiço.

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VERSÁTIL- Inconstante, vário, volúvel. VESTES- Peça de roupa, em geral aquela que reveste exteriormente o

indivíduo e, em grau menor ou maior, o caracteriza; vestido, vestidura,

vestimenta.

VIABILIZADA- Tornada viável.

VIRTUAL-Que existe como faculdade, porém sem exercício ou efeito atual.

Inform. Que resulta de, ou constitui uma emulação, por programas de

computador, de determinado objeto físico ou equipamento, de um dispositivo

ou recurso, ou de certos efeitos ou comportamentos seus.

XENOFOBIA-Aversão a pessoas e coisas estrangeiras; xenofobismo.

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