PRODUÇÃO IN VITRO DE EMBRIÕES BOVINOS Suel...Aos meus irmãos, Renata e Mário, que sempre...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ TCCG – GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA PRODUÇÃO IN VITRO DE EMBRIÕES BOVINOS Markis Suel Moraes Borges Orientador: Prof. M.Sc. Marco Antônio de Oliveira Viu JATAÍ 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS JATAÍ

TCCG – GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

PRODUÇÃO IN VITRO DE EMBRIÕES BOVINOS

Markis Suel Moraes Borges Orientador: Prof. M.Sc. Marco Antônio de Oliveira Viu

JATAÍ 2008

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MARKIS SUEL MORAES BORGES

PRODUÇÃO IN VITRO DE EMBRIÕES BOVINOS

Trabalho de Conclusão de Curso de

Graduação apresentado para a obtenção

do título de Médico Veterinário junto à

Universidade Federal de Goiás, Campus

Jataí.

Área de Concentração:

Reprodução Animal

JATAÍ 2008

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MARKIS SUEL MORAES BORGES

Trabalho de conclusão de Curso de graduação defendido e aprovado em 16 de dezembro de 2008, pela seguinte Banca Examinadora:

Prof. M.Sc. Marco Antônio de Oliveira Viu Presidente da banca

Prof. M.Sc. Henrique Trevizoli Ferraz Membro da banca

M.Sc. Dyomar Toledo Lopes Membro da banca

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS pelo Dom da Vida e a Sabedoria que

me destes, e pelas forças para enfrentar as dificuldades de cada dia.

Aos meus pais Marzy Borges e Ilceni Moraes, por quem sou

eternamente grato por tudo que fizeram e que fariam se fosse preciso.

Simplesmente não existem palavras para expor tal sentimento.

Aos meus irmãos, Renata e Mário, que sempre estiveram presentes em

todos os momentos e, de uma maneira ou de outra, me apoiaram em todas as

minhas escolhas.

Aos meus familiares que estiveram presentes em bons momentos pelos

quais passei, principalmente minhas avós Adelina (Mocica) e Maria. A todos os

meus tios e primos, Carlos (Tucano), Rodrigo, Fernando, Kleber, Nelimar, Nélio

(Milico), Cesa (in memmorian), minha prima Stephania, Luana, minha querida

sobrinha (Giovanna). Ao meu cunhado Roberto e àqueles que não citei aqui, pois

foram eles que me influenciaram diretamente na escolha da minha profissão.

Aos meus amigos da República Pinga Porca (Peroba, Irapuã, Biba,

Trocin, Tropeço) e da República Overgole (Espiga-Companheiro), Apolo (Zezin),

Taberai, Vespa, Sapin, Digão, Coro e o Porquim, onde passei a maior parte das

minhas folgas, tomando tereré e jogando conversa fora, mas sem beber é claro.

Aos professores que tiveram uma enorme paciência para nos lhe

ensinar durante a minha formação.

Aos meus amigos de sala de aula, com os quais tenho certeza que

posso contar com eles sempre que necessário.

Aos pesquisadores da Embrapa – Cenargen, pelos conhecimentos

passados e, principalmente, ao pesquisador Dr. Roberto Sartori, por me

supervisionar no estágio curricular.

Aos funcionários da fazenda Sucupira, Dona Lia Nita, Teco, Milton,

Expedito, Tim, Zidane, Japão, Weber, Pele, Rambinho, Zezão e Chicão, Urias e

Dona Zerfa, pessoas de coração enorme, pelos momentos de alegria e

aprendizado que tive.

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Aos mestrados e estagiários da fazenda que me agüentaram no

alojamento com minhas brincadeiras e também por compartilhar seus

conhecimentos.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................... 1

2 DESCRIÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO...................................... 3

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS................................................. 5

3. 1 Aspiração folicular intravaginal...................................................... 5

3. 2 Obtenção de ovários de abatedouros............................................ 6

3. 3 Maturação in vitro (MIV)................................................................. 7

3. 4 Fecundação in vitro (FIV).............................................................. 8

3. 5 Cultivo in vitro de embriões........................................................... 10

4 REVISÃ0 DE LITERATURA.......................................................... 11

4.1 Produção in vitro de embriões bovinos.......................................... 11

4. 1. 1 Etapas da produção in vitro de embriões...................................... 12

4. 1. 2 Obtenção de oócitos imaturos para PIV........................................ 12

4. 1. 3 Maturação in vitro de oócitos......................................................... 15

4. 1. 4 Fecundação in vitro....................................................................... 21

4. 1. 4. 1 Gradiente de percoll...................................................................... 23

4. 1. 5 Cultivo in vitro de embriões........................................................... 24

5 DISCUSSÃO.................................................................................. 28

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... 32

REFERÊNCIAS............................................................................. 33

ANEXOS........................................................................................ 40

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Vista aérea do prédio da administração e da PIV - Fazenda

Sucupira............................................................................................

4

Figura 2 Aspiração do líquido folicular de ovário bovino oriundo de

abatedouro......................................................................................

6

Figura 3 Tubo cônico contendo líquido folicular aspirado............................. 6

Figura 4 Placa de petri com gotas de meio MIV cobertas com óleo mineral 7

Figura 5 Estufas de Maturação de oócitos e Cultivo embrionário................. 8

Figura 6 Fecundação in vitro de oócitos bovinos.......................................... 9

Figura 7 Embriões bovinos produzidos a partir de oócitos maturados,

fecundados e cultivados in vitro........................................................

10

Figura 8 Oócitos de bovinos imaturos, logo após a aspiração dos folículos

ovarianos, apresentando células do cumulus compactas.................

14

Figura 9 Estrutura de um folículo ovariano na espécie bovina...................... 15

Figura 10 Ovócitos de bovinos maturos, após 22 horas de maturação in

vitro, apresentando expansão das células do cumulus..................

17

Figura 11 Distribuição dos segmentos do sêmen nas diferentes camadas

de Percoll® após centrifugação........................................................

23

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BBGA Banco Brasileiro de Germoplasma Animal

BSA Albumina sérica bovina

CAP Meio de capacitação

CENARGEN Centro Nacional de Recursos Genéticos

CES Campo Experimental Sucupira

CT Centro de treinamento

CCO Complexo cumulus oophurus

FEC Meio de fecundação

FISH Hibridação in situ por fluorescência

FSH Hormônio folículo estimulante

G Gauge

IA Inseminação artificial

IETS Sociedade Internacional de transferência de embriões

LAV Meio de lavagem

LH Hormônio Luteinizante

MIV Maturação in vitro

OPU Ovum Pick-up

PBS Solução fosfato salina tamponada

PHE Penicilina, hipotaurina e epinefrina

PIV Produção in vitro de Embriões

SOF Fluido sintético de oviduto

SFB Soro fetal bovino

TCM 199 Meio base para cultivo de tecido

VIP Peptídeo intestinal vasoativo

ZP Zona pelúcida

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ANEXOS

Anexo 1 Meio para maturação de oócitos......................................................... 41

Anexo 2 Gradientes de Percoll.......................................................................... 43

Anexo 3 Meios de capacitação e fecundação................................................... 44

Anexo 4 Meios de Cultivo.................................................................................. 46

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1 INTRODUÇÃO

A IA em bovinos foi o primeiro passo para acelerar a transferência de

características desejáveis, permitindo a disseminação de genes de machos

considerados superiores e a melhoria do nível zootécnico dos rebanhos. Um touro

em regime de coleta pode produzir milhares de bezerros durante sua vida

produtiva, enquanto, no mesmo período, uma fêmea não é capaz de produzir

mais do que de oito a dez bezerros. Assim sendo, o possível ganho genético

obtido pela linhagem materna era extremamente limitado. Com o desenvolvimento

de técnicas de reprodução assistida em animais ocorreu um grande avanço na

otimização e multiplicação de fêmeas de interesse não só para a produção

animal, mas também para a conservação e regeneração de espécies animais em

perigo de extinção (DODE & RUMPF, 2002).

A TE proporciona um melhor aproveitamento de matrizes de elevado

mérito genético, podendo aumentar, em média, dez vezes o número de crias por

ano. Com o advento da PIV, esse potencial de multiplicação se torna ainda maior.

A aspiração de oócitos imaturos diretamente dos folículos ovarianos, associada à

maturação, fecundação, e cultivo in vitro destes embriões, permite que sejam

produzidas, em média, 36 crias por ano oriundas de uma única fêmea. Além

disso, somente com o estabelecimento da PIV é que técnicas como a clonagem

por transferência nuclear, a injeção intracitoplasmática de espermatozóides e a

transgenia podem ser aprimoradas e utilizadas (RUMPF et al., 2000).

Embriões produzidos in vitro são aqueles produzidos pela manipulação

de gametas fora do organismo materno. Essa técnica, inicialmente, se resumia à

FIV. Entretanto, após o nascimento do primeiro bezerro, em 1981, foram obtidos

avanços consideráveis (BRACKETT et al., 1982). Atualmente, essa tecnologia se

refere à combinação de vários processos interdependentes, que vão desde a

obtenção dos oócitos imaturos à transferência dos embriões para as fêmeas

receptoras, que levarão a gestação a termo. Essa biotécnica surge como uma

nova opção para a multiplicação animal, não só pelo seu potencial, mas também

porque abre a possibilidade de utilizar em animais jovens, gestantes ou lactantes

e com problemas de infertilidade adquiridos. Sendo que a utilização de bezerras

como doadoras de oócitos em programas de TE oferece um potencial

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considerável para acelerar o ganho genético pela de redução do intervalo entre

gerações (TANEJA et al., 2000).

Hoje a PIV pode ser considerada uma técnica estabilizada. Estima-se

que mais de 200.000 bezerros tenham nascido a partir dessa técnica, quando

associada à aspiração folicular. Números como 50 bezerros a partir de uma única

doadora são obtidos, relativamente, sem extremas dificuldades (RUMPF, 2007).

Em muitos países a PIV somente é utilizada como última opção para a

obtenção de embriões, quando a recuperação pela lavagem uterina é inviável. No

Brasil, no entanto, a PIV é muitas vezes a primeira opção para a multiplicação de

animais de interesse zootécnico e/ou comercial, e isto certamente tem relação

com predomínio da raça Nelore no plantel nacional (SENEDA et al., 2006), uma

vez que esses animais geralmente possuem maior número de folículos recrutados

por onda. Diante disso é possível observar a importância da técnica na

reprodução do rebanho nacional, principalmente no gado de elite.

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2 DESCRIÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO

O Estágio Supervisionado Obrigatório do Curso de Medicina

Veterinária da Universidade Federal de Goiás – UFG – foi realizado na EMBRAPA

– CENARGEN (Centro Nacional de Recursos Genéticos), no período de 03 de

junho a 15 de agosto de 2008, perfazendo um total de 480 horas. No decorrer

desse tempo foi possível acompanhar alguns experimentos e inteirar-se da rotina

do CES.

O CES localiza-se entre o Riacho Fundo I e o Recanto das Emas,

dentro do Distrito Federal. A fazenda possui uma área de aproximadamente 1.180

hectares e é constituída de dois laboratórios (Laboratório do Macho e da Fêmea)

onde são desenvolvidos experimentos na área de biotecnologia ligados à

reprodução animal, tais como: produção in vitro de embriões, coleta e

congelamento de sêmen, transferência de embriões, dentre outros.

Em parceria nos estudos, a Embrapa – Cenargen, situada no final da

W3 norte (Plano Piloto – DF), desenvolve outras áreas de pesquisa relacionadas

também à biotecnologia animal, como por exemplo: clonagem animal, biologia

molecular, etc.

O BBGA é uma linha de pesquisa que tem como principal objetivo

preservar raças brasileiras de animais que estão ameaçadas de extinção. Na

espécie bovina encontram-se nessa situação as raças Junqueira, Crioula

Lageana, Curraleira e Pantaneira. Já as raças Piau-Açu, Casco-de-Mula, Tatuí,

Rabo-de-Peixe, Monteiro e Caruncho são exemplares da espécie suína. Os

caprinos das raças Canindé, Mochotó, Repartida, Cabra Azul e Nambi completam

a lista de animais que compõe o BBGA. A biotecnologia neste caso é usada como

uma ferramenta de preservação, ao contrário das outras linhas de pesquisas que,

visam principalmente, o melhoramento genético animal.

O meu estágio curricular obrigatório era supervisionado pelo Dr.

Roberto Sartori Filho pesquisador da EMBRAPA, na área de biotecnologia animal.

Os pesquisadores da Embrapa utilizam as dependências da Fazenda

Sucupira para ministrar aulas práticas, realizar cursos e para desenvolver projetos

de pesquisa através de seus orientados de mestrado e doutorado.

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FIGURA 1 – Vista aérea do prédio da administração e da PIV - Fazenda

Sucupira/EMBRAPA - CENARGEN

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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O CES possui uma rotina semanal (geralmente de segunda à sexta-

feira), com carga horária de oito horas por dia. Durante o estágio foram

desenvolvidas diversas atividades no Laboratório do Macho, conhecido também

como CT, e no Laboratório da Fêmea, além do acompanhamento do manejo da

fazenda. Dentre as atividades desenvolvidas no laboratório do macho foram

acompanhadas coleta e congelamento de sêmen bovino, coleta de sêmen em

ovinos,exame/avaliação andrológico em bovinos e ovinos e coleta de embriões.

No laboratório da fêmea pôde-se acompanhar coleta de embriões em bovinos,

inovulação de embriões em vacas, busca e classificação de embriões bovinos,

diagnóstico de gestação por palpação retal e ultra-sonografia, treinamento em

vacas e éguas, coleta de ovários em abatedouros, produção in vitro de embriões,

protocolos de superovulação, sincronização do ciclo estral e avaliação da

dinâmica folicular em vacas e éguas, lavagem e esterilização de materiais.

Dentre as atividades acompanhadas destacaram-se a produção PIV e

TE em bovinos. Durante o estágio foram utilizados oócitos provenientes de

abatedouros, além de algumas vacas pertencentes ao BBGA adaptadas às

condições ambientais e de manejo.

3. 1 Aspiração folicular intravaginal

Antes do início do procedimento de punção, as vacas recebiam três mL

de lidocaína a 2% (Anestésico Pearson®), via epidural, no espaço sacrococcígeo.

O aparelho de aspiração folicular consistiu de um ultra-som portátil (SSD-500,

Aloka Co., Tókio) com uma probe setorial convexa de 5,0 MHz, acoplada em um

suporte vaginal, equipado com uma guia de aspiração. Os complexos cumulus

oophurus (CCO) eram aspirados de todos os folículos visualizados, com auxílio

de uma agulha de aspiração (18 gauge) conectada à uma bomba de vácuo de

fluxo contínuo (3v 001 - WTA®) acoplada a um tubo cônico de 50 mL estéril,

ligado no sistema de vácuo com pressão regulada em < 40 mmHg. A linha de

aspiração era constantemente lavada com o meio de lavagem (LAV) composto de

100 µL de heparina – (Liquemine®), 500 µL de soro fetal bovino (SFB - Nutricell®)

e q.s.p. 50 mL de solução fosfatada tamponada - PBS (Nutricell®) durante toda a

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aspiração. O conteúdo dos tubos plásticos de 50 mL era passado em filtro

específico (MILLIPORE®). Os CCO`s eram rastreados com auxílio de um

estereomicroscópio e transferidos para uma placa com a solução LAV. Apenas os

CCOs de qualidade I e II foram selecionados seguindo a metodologia proposta

por (GONÇALVES et al., 2002), que utiliza uma escala de I a IV, considerando as

características do cumulus e do citoplasma do oócito.

3. 2 Obtenção de ovários de abatedouros

Os ovários provenientes de abatedouros foram transportados em

soluções de PBS aquecidos a 30-35oC e imediatamente enviados ao Laboratório

de Reprodução Animal do CES, em tempo não superior a duas horas após o

abate. No laboratório, os ovários eram mantidos em banho-maria a 35oC. Os

folículos eram então aspirados com uma agulha acoplada em uma seringa de 20

mL (Figura 2), colocados posteriormente em tubos cônicos de 15 mL (Figura 3).

FIGURA 2 - Aspiração do líquido folicular de ovário bovino oriundo de abatedouro

FIGURA 3 - Tubo cônico contendo líquido folicular aspirado

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3. 3 Maturação in vitro (MIV)

Os meios utilizados no Laboratório de Reprodução Animal no CES, da

maturação ao cultivo, eram fornecidos pela Nutricell® - Nutrientes Celulares Ltda,

e também formulados pelo próprio Laboratório de Reprodução Animal do

CENARGEN.

O meio de maturação (MIV) utilizado era o meio de cultura de tecidos

TCM 199 (Anexo 1), com sais de Earle suplementado com 10% de SFB, LH, FSH,

L-Glutamina, penicilina e estreptomicina. Os oócitos eram selecionados e

separados em grupos de, no máximo, 35 oócitos por gota, lavados duas vezes no

meio MIV e em seguida colocados para maturarem em outras placas de petri,

sendo posteriormente transferidos para gotas de 150 µL do mesmo meio, coberto

com óleo mineral (AMRESCO®) (Figura 4) previamente estabilizado por duas

horas em incubadora a 39oC e 5% de CO2. (Figura 5).

A maturação se realizava dentro de estufa incubadora com atmosfera

de 5% de CO2 em ar, com uma temperatura de 39oC, durante 24 horas. Após

esse período os oócitos que maturaram eram identificados visualmente pela

expansão das células do cumulus.

FIGURA 4 - Placa de petri com gotas de meio MIV cobertas com óleo mineral Fonte:

SPEGIORIN (2006)

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FIGURA 5 - Estufas de maturação de oócitos e Cultivo embrionário

3. 4 Fecundação in vitro (FIV)

O laboratório de reprodução animal do CES preconizava o método de

gradiente de percoll para FIV descrito abaixo com seu respectivo protocolo.

Adicionavam-se 300 µL de meio Sp-TALP 10x definido como Percoll

90% (Anexo 2) em ependorfe de 5,0 mL. A seguir o gradiente de percoll é obtido

pela colocação de 1,0 mL de Percoll 90% na parte inferior de um tubo de

centrífuga de 15 mL, logo acima colocava-se o mesmo volume de SP-TALP 1x,

obtendo o Percoll a 45%. O sêmen era depositado sobre o percoll 45%. O

gradiente constituiu de 1,0 mL de percoll 90% sob um mL de percoll 45% (ambos

diluídos em meio de capacitação).

O sêmen era descongelado em banho-maria a 37oC por 30 segundos.

Logo após uma alíquota do sêmen era retirada para avaliação de motilidade

progressiva (quantificada em porcentagem) e vigor (escala de 0 a 5) sendo, após

isso, cuidadosamente depositado no gradiente previamente estabilizado por duas

horas à 39oC e 5% de CO2. O gradiente era então centrifugado a 700 Gauge (G)

por 20 minutos a de 30oC. O “pellet” resultante foi retirado e lavado no meio de

capacitação (CAP). Para essa finalidade o meio mais utilizado é o Fert-TALP

contendo heparina (Anexo 3), sendo novamente centrifugado por mais cinco

minutos a 700G. O sobrenadante era retirado e o novo “pellet” era ressuspendido

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com meio de fecundação previamente estabilizado. Uma amostra do meio

contendo o sêmen era separada para nova avaliação de motilidade progressiva e

vigor. A concentração espermática era feita com o auxílio de uma câmara de

Newbauer (BOECO®), onde 5,0 µL do meio de fecundação contendo sêmen eram

diluídos em 95 µL de água destilada, formando uma diluição de 1:20.

O FEC era preparado no mesmo dia da FIV, sendo acrescidos de 40

µL de PHE (Penicilamina, Hipotaurina e Epinefrina) e 20 µL heparina para cada

900 µL de meio FEC.

O número de ovócitos por gota de FEC permanecia o mesmo do meio

MIV. Para a fertilização in vitro o sêmen era diluído, com o meio FIV, até alcançar

a concentração de um milhão de espermatozóide vivos/mL. Os oócitos maturados

eram lavados duas vezes no meio de fecundação com auxílio de uma micropipeta

de 20 µL, antes de serem transferidos para a placa de fecundação previamente

estabilizada por duas horas (Figura 6). O volume da gota era de 150 µL sob óleo

mineral. A FIV ocorria dentro da estufa incubadora de 5% de CO2 em ar

atmosférico a 39oC por 24 horas, sendo considerado o dia da fecundação como o

dia zero (D-0).

FIGURA 6 - Fecundação in vitro de oócitos bovinos(adaptado de: DODE & RUMPF,

2002)

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3. 5 Cultivo in vitro de embriões

Para o cultivo in vitro o meio utilizado foi o SOF, suplementado com

aminoácidos essenciais (glicina, alanina e prolina) e não essenciais (glutamina),

tri-citrato de sódio, myoinositol e 10% de soro fetal bovino (SFB).

Após o período de fecundação, os prováveis zigotos eram lavados três

vezes com meio SOF (Anexo 4) e em seguida eram transferidos para a placa de

cultivo previamente estabilizada por duas horas a 39oC e 5% CO2.

A clivagem iniciava-se com uma série de divisões mitóticas, por meio

das quais o zigoto, que possui uma célula com grande volume, se dividia em

numerosas células nucleadas de menor tamanho, chamadas blastômeros, até a

formação do blastocisto. Os prováveis zigotos permaneciam em cultivo por sete

dias.

A avaliação da clivagem era realizada 48 horas após a inseminação.

Nesse período, encontra-se embriões com duas, quatro e oito células. As

estruturas eram movimentadas com micropipeta fina. Para melhor visualização

retiravam-se as estruturas não clivadas da gota. Os aglomerados de células do

cumulus aderidos à placa eram removidos utilizando o “vortex”. Entre o dia 7 (D-7)

e dia 10 (D-10) para acompanhar o número de mórulas, blastocistos, blastocistos

expandidos e blastocisto eclodido (Figura 7). O índice de blastocisto expandido e

eclodido era indicativo fundamental para determinar a eficácia do sistema de

maturação do oócito, fecundação e desenvolvimento embrionário.

FIGURA 7 - Embriões bovinos produzidos a partir de ovócitos maturados, fecundados e

cultivados in vitro (adaptado de: DODE & MATTOS, 2002)

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4 REVISÃO DE LITERATURA

4. 1 Produção in vitro de embriões bovinos

O interesse crescente da PIV ocorre, devido a possibilidade de

aumentar rapidamente a produção de uma fêmea, visto que os números de

produtos obtidos supera o de TE. O aprimoramento das condições de cultivo in

vitro bem como das técnicas de recuperação de oócitos in vivo tornaram-se

viáveis à aplicação da PIV em escala comercial desde a década de 90 (RUMPF et

al., 2000).

Atualmente muitos países utilizam a técnica comercialmente. No

entanto é no Brasil que se verifica um número surpreendente de embriões

gerados a partir deste método. Dentre os principais aspectos relacionados a esta

expressiva disseminação da técnica no país, pode-se apontar o domínio da PIV

por laboratórios privados e a crescente valorização da raça Nelore (SENEDA &

BLASCHI, 2004).

A PIV tem sido utilizada, alternativamente, para acelerar a produção de

animais geneticamente superiores, uma vez que permite diminuir o intervalo entre

gerações e impedir, através da aspiração folicular guiada por ultra-som (AFGUS),

o descarte precoce de fêmeas geneticamente privilegiadas que não respondem à

superovulação ou que sejam portadoras de infertilidade adquirida (GONÇALVES

et al, 2002).

No entanto, apesar de muitas pesquisas e estudos, os resultados da

técnica ainda não são muito variáveis de um laboratório para outro, até mesmo

dentro de um mesmo laboratório (GARCIA et al., 2004). A relativa baixa eficiência

da técnica e também a menor qualidade dos embriões produzidos in vitro.

Quando comparados com os produzidos in vivo, são outros fatores limitantes

desta, uma vez que aproximadamente 30% dos oócitos colocados para maturar

se desenvolvem até o estádio de blastocisto (MINGOTI, 2005) e, geralmente,

menos de 50% dos embriões transferidos geram prenhez, isto quando não foram

anteriormente criopreservados, pois nestes casos os resultados são bem

inferiores (DODE et al., 2000).

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Diante destes aspectos, para obtenção de melhores resultados, muitos

estudos avaliando individualmente cada uma das etapas envolvidas no processo

de PIV tem sido realizados a fim de ajustar, da melhor maneira possível, todas as

suas variáveis envolvidas (MINGOTI, 2005).

Apesar dos avanços obtidos, a PIV ainda apresenta algumas limitações

tais como: os baixos índices de blastocisto, dificuldade na criopreservação dos

embriões, menor viabilidade dos oócitos obtidos de bezerras em relação aos de

vacas e novilhas, e o custo do embrião que é mais alto do que um embrião de TE.

Além disso, bezerros com maior peso ao nascer, período de gestação mais longo,

aumento na incidência de abortos, aumento da mortalidade perinatal e aumento

de anormalidades congênitas tem sido associados a prenhezes produzidas por

transferência de embriões produzidos in vitro (RUMPF, 2007).

4. 1. 1 Etapas da produção in vitro de embriões

A primeira etapa da produção in vitro (PIV) de embriões bovinos

consiste na obtenção dos oócitos, seja a partir de ovários de animais vivos

(através da aspiração folicular transvaginal) ou através de ovários de animais

abatidos ou ovariectomizados. Em seguida a técnica é desenvolvida em três

etapas, todas interligadas e realizadas em laboratório: a maturação in vitro, a

fertilização in vitro e o cultivo de zigotos in vitro. Esta última etapa é estendida até

os estádios de mórula e blastocisto (geralmente alcançado no sétimo dia pós-

FIV), quando então os embriões disponíveis poderão ser transferidos ou

criopreservados para estoque (DODE & RUMPF, 2002). A seguir será discutido

todo o processo de produção in vitro de embriões bovinos.

4. 1. 2 Obtenção de oócitos imaturos para PIV

A produção in vitro de embriões bovinos obteve avanços consideráveis

nos últimos anos e está sendo rapidamente incorporada aos meios de produção,

juntamente com a aspiração folicular transvaginal guiada por ultra-sonografia

Ovum pick up (OPU), favorecendo os programas de melhoramento genético

(ALVES et al., 2001). No entanto, a taxa de desenvolvimento embrionário

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permanece baixa, em média 20% a 30% dos oócitos maturados chegam até o

estádio de blastocisto (DAYAN et al., 2000).

Devido à dinâmica folicular em novilhas e vacas zebuínas e européias

ser caracterizada pela presença de duas ou três ondas desenvolvimento folicular

(GINTHER et al., 1989; FIGUEIREDO et al., 1997; CASTILHO et al., 2000), é

possível realizar a recuperação de oócitos por via transvaginal durante todo o

ciclo estral, mesmo repetidamente (KRUIP et al., 1994).

Na OPU a obtenção de oócitos é feita pela punção folicular com uma

agulha acoplada a uma sonda transvaginal, de forma que os folículos a serem

puncionados são visualizados na tela do ultra-som. Um sistema de bomba à

vácuo conectado à agulha permite a recuperação dos oócitos e do líquido folicular

para dentro de um tubo coletor. Os oócitos são transportados até o laboratório,

onde se inicia o processo de produção in vitro de embriões. A média de oócitos

viáveis obtidos por coleta in vivo é em torno de oito, entretanto essa média

depende da estratégia adotada. Assim, é possível puncionar os folículos de uma

doadora duas vezes por semana, uma vez por semana ou uma vez a cada duas

semanas, sendo que, nas duas últimas alternativas, é possível dobrar os

resultados mediante a estimulação hormonal (GOODHAND et al., 1999).

Independente da estratégia, o resultado final esperado é de, pelo menos, uma

gestação por semana por doadora (BOUSQUET et al., 2000).

Ovários de abatedouro são a principal fonte de oócitos para serem

utilizados na pesquisa, e são geralmente provenientes de animais sem valor

econômico. A aspiração de oócitos a partir desses ovários, da mesma forma que

no método in vivo, é realizada com uma agulha acoplada a uma bomba a vácuo,

com a qual se aspiram todos os folículos presentes na superfície dos ovários com

diâmetro variando entre 2,0 a 6,0 mm. A média de oócitos recuperados por ovário

está entre seis e dez, sendo que a quantidade e a qualidade dos oócitos obtidos é

influenciada pela época do ano, estado fisiológico do animal e tamanho do folículo

aspirado (DODE & RODOVALHO, 2001). Convém ressaltar, entretanto, que

quando se trabalha com ovários isolados de vacas de elevado mérito genético,

além da punção dos folículos visíveis, pode ser feita a dissecação desses ovários,

maximizando o seu aproveitamento (GONÇALVES et al., 2002).

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Os ovários que são obtidos de animais de abatedouro normalmente

são transportados até o laboratório dentro de caixas de isopor ou em garrafas

térmicas contendo solução salina a 0,9% de NaCl aquecida a 30-35oC

(GONÇALVES et al., 2002).

Assim como a temperatura de transporte, o tempo decorrido entre a

obtenção dos ovários e o início da colheita também é muito importante. Segundo

GONÇALVES et al. (2002), o tempo entre a obtenção dos ovários e o início da

colheita de até três horas parece não afetar a viabilidade dos oócitos.

A OPU, em geral, não promove danos ao sistema reprodutor feminino,

embora em alguns casos já tenha sido relatada a predominância de tecido

conjuntivo no parênquima ovariano de vacas doadoras que estavam sendo

submetidas a sessões de aspiração quinzenais (RODRIGUES & GARCIA, 2002).

Após a recuperação dos oócitos, com o auxílio de um

estereomicroscópio, faz-se a seleção, levando em consideração o número de

camadas de células do cumulus (Figura 8) e o aspecto do citoplasma do oócito

(GONÇALVES et al., 2002).

FIGURA 8 – Oócitos de bovinos imaturos, logo após a aspiração dos folículos ovarianos,

apresentando células do cumulus compactas (DODE, 2002)

Segundo GONÇALVES et al. (2002), a classificação dos oócitos pode

ser realizada com a escala de um a quatro, sendo, Qualidade 1: Cumulus

compacto, presente, contendo mais de três camadas de células, ooplasma com

granulações finas e homogêneas, preenchendo o interior da zona pelúcida e de

coloração marrom. Qualidade 2: Cumulus compacto, parcialmente presente em

volta do oócito ou rodeando completamente o oócito, com menos de três

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camadas celulares, ooplasma com granulações distribuídas heterogeneamente,

podendo estar mais concentradas no centro e mais claras na periferia ou

condensadas em um só local aparentando uma mancha escura. O ooplasma

preenche o espaço do interior da zona pelúcida. Qualidade 3: Cumulus presente,

mas expandido, ooplasma contraído com espaço entre a membrana celular e a

zona pelúcida, preenchendo irregularmente o espaço perivitelínico, degenerando,

vacuolizando ou fragmentando. Qualidade 4: oócito desnudo (sem cumulus).

4. 1. 3 Maturação in vitro de oócitos

Os oócitos, assim que retirados dos folículos ovarianos, não se

encontram ainda aptos para sofrerem fecundação normal e desenvolvimento

embrionário inicial, sendo necessário passarem por uma série de modificações

estruturais e bioquímicas no núcleo (maturação nuclear) e citoplasma (maturação

citoplástica) para adquirirem tais capacidades, que em seu conjunto são

denominadas de maturação oocitária (GONÇALVES et al., 2002).

Os oócitos encontram-se no interior de folículos ovarianos conforme a

(Figura 9) e são formados em ovários de fêmeas mamíferas durante a vida fetal.

A população destes folículos ovarianos é muito vasta em todos os mamíferos e foi

estimada em 130.000 para bovinos de raça européia e 70.500 para zebuínos.

FIGURA 9 - Estrutura de um folículo ovariano na espécie bovina

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Durante a ovogênese os oócitos de mamíferos permanecem retidos no

estádio de diplóteno da prófase da primeira divisão meiótica, desde a vida fetal

até pouco antes da ovulação. A retomada da meiose pode ser mediada por um

estímulo hormonal in vivo que tem início após o pico pré-ovulatório de LH durante

o estro. Porém, a simples retirada do oócito do contato com as células foliculares

já é suficiente para que haja um reinício do processo de maturação nuclear.

Portanto, quando os oócitos são aspirados dos folículos ovarianos (normalmente

entre 2,0 e 6,0 mm de diâmetro) para serem utilizados na PIV, eles ainda são

imaturos e necessitam sofrer o processo de MIV. Essa é realizada cultivando os

oócitos, logo após a aspiração do folículo, em meio de maturação, com

temperatura e atmosfera apropriada, por um período de 22 a 24 horas (DODE &

RUMPF, 2002).

A maturação envolve mudanças nucleares e citoplasmáticas que

devem ocorrer simultaneamente e que conferem aos oócitos a capacidade de

serem fecundados, descondensarem a cabeça do espermatozóide, formar os pró-

núcleos e terem desenvolvimento embrionário normal (DODE et al., 2000).

Os eventos nucleares envolvem reorganização da rede de

microtúbulos, rompimento do envoltório nuclear, condensação dos cromossomos

e progressão para metáfase I, anáfase I, telófase I, expulsão do primeiro

corpúsculo polar e retenção no estádio de metáfase II (CHA & CHIAN, 1998).

No que se refere ao citoplasma, ocorre reprogramação na síntese

protéica, mudança na atividade da proteína quinase ativada por mitógenos

(MAPK) e do fator promotor da maturação (MPF), bem como no desenvolvimento

dos mecanismos de liberação de Ca++, e aquisição da capacidade de

descondensar a cabeça do espermatozóide (SALAMONE et al., 2001). Ainda

durante esse período, ocorrem mudanças na organização citoplasmática, tais

como um contínuo desenvolvimento dos estoques de lipídios, redução do

aparelho de Golgi, aparecimento de vários ribossomos adjacentes aos

cromossomos, rearranjo das mitocôndrias e alinhamento dos grânulos corticais

próximos à membrana plasmática (DIELEMAN et al., 2002). O aumento no

estoque de lipídios pode estar associado à formação de um pool de energia

essencial para o oócito suportar o desenvolvimento após a fecundação.

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Outro evento que ocorre na maturação é a expansão das células do

cumulus que circundam os oócitos. Essas são células da granulosa

especializadas, que estão metabolicamente associadas entre si e com o oócito.

Projeções celulares das células do cumulus atravessam a zona pelúcida e

formam pequenas junções com o oócito (gap). Essas junções são a única entrada

de substâncias ou estímulos no plasma. No oócito imaturo (Figura 8) elas estão

muito compactadas e, durante a maturação, iniciam a secreção de ácido

hialurônico, que se deposita entre elas separando-as e causando a expansão

dessas células (Figura 10).

Figura 10 – Ovócitos de bovinos maturos, após 22 horas de maturação in vitro,

apresentando expansão das células do cumulus (adaptado de: DODE et al., 2002)

A ligação metabólica vai diminuindo gradativamente à medida que a

expansão aumenta (WARSSAMAN & ALBERTINI, 1994), sugerindo que a

presença dessas células seriam essenciais no período inicial da maturação

(DODE et al., 2000).

A maturação representa o estádio final da preparação do oócito para a

fecundação, portanto as mudanças estruturais e bioquímicas que ocorrem durante

esse período são necessárias para que esse processo seja completo. Entretanto,

para que isso ocorra, o oócito precisa ter competência meiótica, que é adquirida

progressivamente durante a fase final do crescimento oocitário. Essa competência

se refere à capacidade do oócito de completar a divisão meiótica, descondensar a

cabeça do espermatozóide, formar os pró-núcleos e suportar o desenvolvimento

embrionário subsequente (WARSSAMAN & ALBERTINI, 1994). Oócitos

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competentes necessitam ter estocado fatores importantes, na forma de proteínas

ou mRNA estável, que deverão ser utilizados durante a maturação, fecundação e

início do desenvolvimento embrionário (CHA & CHIAN, 1998).

Tendo em vista que os oócitos maturados in vitro, quando comparados

aos in vivo, apresentam menores taxas de blastocisto após a fecundação e o

cultivo in vitro (TAKAGI et al., 2001), pode-se supor que a maturação ainda

continua sendo um problema na PIV. Sendo que, vários fatores podem afetar o

sucesso da maturação oocitária, entre eles podemos citar a morfologia do

complexo cumulus oócitos (CCOs), as condições de maturação e a competência

do oócito (GONÇALVES et al., 2002).

A morfologia dos CCOs tem sido correlacionada com as taxas de

blastocistos, a redistribuição das mitocôndrias e o conteúdo de ATP dos oócitos,

os quais diferem entre os considerados morfologicamente bons e ruins. Nos

oócitos imaturos morfologicamente superiores, as mitocôndrias aparecem

distribuídas de forma uniforme na periferia do citoplasma. Após a maturação,

aparecem como grupos maiores localizados não só na periferia, mas também na

porção mais central do citoplasma, o que não ocorre nos oócitos considerados

inferiores (STOJKOVIC et al., 2001). Da mesma forma, o conteúdo de ATP em

oócitos imaturos é maior nos morfologicamente superiores, havendo uma

correlação positiva entre a concentração de ATP do oócito e o número total de

células dos embriões produzidos. Esses fatores, entre outros, podem ser

responsáveis pela diferença na capacidade de desenvolvimento desses oócitos

(DODE & ADONA, 2001).

Além das características morfológicas, as condições de cultivo afetam

drasticamente a maturação. A presença de hormônios, substâncias antioxidantes,

fatores de crescimento, temperatura e atmosfera gasosa, são alguns fatores que

têm sido relatados como responsáveis por muitos dos problemas que ocorrem

durante a maturação (CHA & CHIAN, 1998).

Em bovinos, o crescimento do oócito está completo quando os folículos

atingem em torno de 2,0 mm de diâmetro e, nesse estádio, alguns oócitos já

estão competentes para se desenvolver in vitro. No entanto, no processo de MIV,

os oócitos possuem apenas 24 horas para finalizar todo seu processo de

maturação e são provenientes de folículos de 2,0 a 6,0 mm. Se compararmos

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com a situação in vivo, folículos desse diâmetro levariam alguns dias até

chegarem ao estádio pré-ovulatório. Portanto, esse período que corresponde ao

de dominância folicular, é eliminado no cultivo in vitro. É possível que os vários

processos, pelos quais os oócitos passam durante esse período, possam afetar a

competência dos oócitos utilizados para PIV, já que nesses, o período final da

foliculogênese não ocorre (DODE & ADONA, 2001; DIELEMAN et al., 2002).

Visando superar essa situação várias tentativas têm sido feitas, utilizando agentes

fisiológicos e farmacológicos para reter os oócitos imaturos em meiose (DODE et

al., 1999; ADONA et al., 2000). Essa retenção do núcleo, por um determinado

período antes da retomada da meiose daria aos oócitos uma maior oportunidade

para que as mudanças citoplasmáticas necessárias à maturação pudessem

ocorrer. Entretanto, até o momento, nenhuma melhora na produção de embriões

tem sido obtida quando os oócitos são retidos até 24 horas após a aspiração

(DODE & ADONA, 2001).

Mesmo após a rigorosa seleção de oócitos e o uso de condições de

cultivo adequadas, a taxa de produção de embriões viáveis ainda é o dobro em

oócitos maturados in vivo quando comparados com os maturados in vitro (VAN de

LEEMPUT et al., 1999). Portanto, o folículo de origem parece ser vital para

conferir aos oócitos o ambiente necessário para atingir a completa competência

para o desenvolvimento. Essa hipótese foi confirmada por BLONDIN et al. (2002),

que utilizaram diferentes protocolos hormonais antes da OPU e obtiveram oócitos

mais competentes, aumentando o número de embriões produzidos na PIV.

Uma grande variedade de meios tem sido utilizada para maturação in

vitro de oócitos, todavia a maioria das equipes utilizam como meio base o TCM

199 com sais de EARLE. Esse meio é modificado conforme a rotina de cada

laboratório. Geralmente é adicionada L-glutamina, bicarbonato de sódio, HEPES,

piruvato de sódio e hormônios. Em relação aos hormônios, é usual a utilização do

LH ou do FSH ou ainda a combinação dessas gonadotrofinas. Há controvérsias

quanto à real necessidade desses hormônios e quanto às concentrações a serem

utilizadas, porém a maioria dos resultados demonstram que a adição de

gonadotrofinas ao meio de maturação de oócitos aumenta a capacidade de

fecundação e melhora o posterior desenvolvimento embrionário (GONÇALVES et

al., 2002). O fluido sintético de oviduto (SOF) também pode ser utilizado na

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maturação in vitro (MIV), porém seu uso é mais preconizado para cultivo

embrionário.

Modificações desse meio dependem dos protocolos de cada

laboratório, que pode ser uma suplementação com fonte energética (glicose e

piruvato), fonte protéica, soro fetal bovino (SFB) (DODE & RODOVALHO, 2002).

O processo de maturação in vitro de oócitos bovinos pode ser feito com TCM 199

ou com meio Ham's F10. Entretanto, esses meios sem suplementação não

suportam altos níveis de maturação oocitária, necessitando de uma

suplementação com soro. O uso do soro nos meios de maturação aumenta a

concentração protéica e de fatores de crescimento, que previnem o

endurecimento da zona pelúcida, aumentando assim a capacidade de fecundação

dos oócitos, tendo sido utilizado na proporção de 10% a 20% do volume total do

meio (GONÇALVES et al., 2002).

As células do cumulus possuem um papel essencial nas primeiras

horas de maturação (MERTON et al., 2003) e protegem o oócito de estresse

oxidativo durante este processo (YUAN et al., 2003). As células do cumulus estão

intimamente ligadas ao oócito. Durante a fase de maturação, são secretados

hormônios endógenos e fatores promotores produzidos pelo oócito que estimulam

a síntese de ácido hialurônico pelas células do cumulus, induzindo a sua

expansão (GONÇALVES et al., 2002).

Alguns fatores de crescimento foram relatados como responsáveis no

incremento da produção de embriões bovinos, tais como o peptídeo intestinal

vasoativo (VIP), devido ao retardamento da maturação citoplasmática sem alterar

a maturação nuclear (BEKER et al., 2000); fator de crescimento de epiderme

(EGF), dentre outros (VAN de LEEMPUT et al., 1999).

Para se obter sucesso na maturação de oócitos é necessário também

que o meio esteja com o pH, a osmolaridade e a composição iônica adequada; a

temperatura da estufa de maturação devem estar ideal (38,5 a 39oC); e a tensão

de CO2 e O2, importantes para que a maturação ocorra com sucesso

(GONÇALVES et al., 2002).

Uma das grandes diferenças entre o ambiente in vivo e o in vitro é a

tensão de oxigênio, visto que a tensão de oxigênio no oviduto e no útero é menor

do que a utilizada nos sistemas de cultivo embrionário in vitro (VAN SOOM et al.,

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2002). Tem sido demonstrado que a diminuição na tensão de oxigênio de 20%

para 5% aumenta a taxa de desenvolvimento embrionário in vitro em várias

espécies (TAKASHI et al., 2001). A mistura gasosa mais utilizada em meios

definidos sem soro e sem células é 5% de CO2, 5% de O2 e 90% de N2

(GONÇALVES et al., 2002).

4. 1. 4 Fecundação in vitro

Para a FIV espermatozóides e oócitos maturos são co-incubados em

um meio específico, por um período de cerca de 18 horas, sendo possível co-

incubar por períodos menores sem afetar as taxas de produção de embriões

(DODE & RODOVALHO, 2002).

Para que a FIV ocorra com sucesso é necessário que os oócitos

tenham sofrido uma maturação completa e que os espermatozóides tenham sido

adequadamente preparados (DODE & RODOVALHO, 2000).

As técnicas mais utilizadas para separação de espermatozóides vivos

dos demais componentes do sêmen e dos crioprotetores são o swing-up, o

gradiente percoll e o lavado espermático. A técnica ideal para separação

espermática deve ser rápida, simples, de baixo custo, capaz de recuperar a

maioria dos espermatozóides móveis, não resultar em alterações espermáticas,

remover espermatozóides mortos e outras células, incluindo microorganismos,

remover substâncias tóxicas e bioativas, permitir o processamento de grandes

volumes de sêmen, além de permitir o controle da concentração e volume final da

suspensão (GONÇALVES et al., 2002).

Além do método utilizado para preparação do sêmen e do tempo de co-

incubação, outros fatores podem afetar a taxa de fecundação tais como, a dose

inseminante, a interação touro-vaca e a diferença entre touros na capacidade de

fecundar e produzir embriões. A variação individual de touros é um dos principais

fatores que interferem na FIV e na produção de embriões. Portanto, é necessário

testar os touros antes de seu uso na FIV de oócitos de diferentes doadoras

(WATANABE et al., 1999).

O processo de fecundação do oócito envolve uma cascata bioquímica

complexa, que começa no aumento da motilidade do espermatozóide, que deve

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sofrer capacitação, reconhecer receptores na zona pelúcida do oócito, sofrer

reação acrossômica, ligar-se na membrana plasmática do oócito e, finalmente,

incorporar-se ao citoplasma (DODE & RODOVALHO, 2002).

A capacitação espermática esta relacionada com uma remoção gradual

e alteração de glicoproteínas periféricas, redução nos níveis de colesterol e

mudanças na distribuição e composição de certos fosfolipídeos de membrana.

Essas alterações culminam em uma exposição de fatores responsáveis pela

interação do espermatozóide com receptores do oócito. O espermatozóide

capacitado e com o acrossoma intacto consegue atravessar pelas células do

cumulus oophorus, porém não passa pela zona pelúcida do oócito. Por esse

motivo, GORDON (1994) relatou que a reação acrossômica é imprescindível para

a passagem do gameta masculino pela zona pelúcida. Consequentemente uma

cascata de eventos culmina o aumento intracelular de cálcio. Esse aumento é

responsável por ativar substâncias fusogênicas, além de agir em fosfolipídeos de

membrana, localizado na cabeça do espermatozóide. Após a fusão e a

incorporação do gameta masculino no oócito, grânulos corticais são liberados

dentro do espaço perivitelínico. Essa desgranulação resulta em uma extensa

reorganização da zona pelúcida e/ou superfície vitelínica, conhecida como reação

cortical. A reação cortical provoca um endurecimento da zona pelúcida através de

liberação de enzimas, que também são responsáveis pela inativação de

receptores espermáticos (ZP3), evitando assim a polispermia (DODE, 2002;

HAFEZ & HAFEZ, 2004).

Algumas glicosaminoglicanas presentes no trato genital feminino são

responsáveis pela indução e a capacitação espermática in vivo. Nos processos in

vitro, a heparina tem exercido o mesmo papel em bovinos. Antes de co-cultivar

oócitos e espermatozóides em meio de fertilização, o sêmen do touro deve ser

preparado por técnicas que permitem a separação dos espermatozóides vivos

dos demais componentes do sêmen e seus crioprotetores (GONÇALVES et al.,

2002).

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4. 1. 4. 1 Gradiente de percoll

A seleção espermática pelo percoll, o sêmen é centrifugado através da

passagem por diferentes gradientes para permitir a separação dos

espermatozóides vivos dos mortos e demais constituintes do sêmen. A

composição do percoll baseia-se em partículas de sílica coloidal cobertos por

polivinilpirrolidona, preparado em diferentes concentrações para formar um

gradiente necessário de separação espermática (GONÇALVES et al., 2002).

Após a maturação dos oócitos e separação dos espermatozóides

viáveis (Figura 11), é necessário propiciar um ambiente adequado para que

ocorra a capacitação e fecundação. Com esse intuito diversos componentes são

adicionados ao meio de fecundação, como a heparina e PHE (penicilamina,

hipotaurina e epinefrina), pois ajudam na capacitação, incrementam a atividade

espermática e aumentam os índices de fecundação. Outro fator que interfere na

taxa de fecundação é o tempo de co-cultivo que varia de 18 a 22 horas

(GONÇALVES et al., 2002)

FIGURA 11 – Distribuição dos segmentos do sêmen nas diferentes camadas de Percoll® após centrifugação (adaptado de: GONÇALVES et al., 2008)

O espermatozóide, ao penetrar a membrana do ovócito, estimula o

mesmo a completar a meiose, expelindo o segundo corpúsculo polar para dentro

do espaço perivitelínico. Os cromossomos maternos (haplóides) são englobados

por um pró-núcleo. O envelope nuclear do espermatozóide desintegra-se após a

fusão com a membrana plasmática do ovócito, descondensado assim a sua

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cromatina. Ocorre a formação de um novo envelope nuclear dentro do citoplasma

do ovócito, formando o pró-núcleo masculino (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Ao final

da junção dos pró-núcleos masculinos e femininos, fenômeno intitulado de

singamia, o zigoto é formado com um novo arranjo citoplasmático e inicia-se uma

série de divisões mitóticas, até a formação do blastocisto (GONÇALVES et al.,

2002).

4. 1. 5 Cultivo in vitro de embriões

O cultivo embrionário, realizado logo após o período de FIV é

fundamental para o sucesso na produção in vitro (PIV) de embriões bovinos. O

sistema empregado nessa etapa deve proporcionar condições adequadas para as

primeiras clivagens, ativação do genoma embrionário e consequente

desenvolvimento até o estádio de blastocisto nos programas comerciais ou de

pesquisa, visando a transferência para as receptoras. Atualmente, diversos

sistemas vêm sendo empregados com sucesso, todos eles tentando mimetizar ao

máximo as condições uterinas. No entanto, a tuba uterina e o útero apresentam

várias alterações no decorrer do desenvolvimento embrionário, o que os torna um

sistema muito complexo e de difícil reprodução in vitro (DODE et al., 1999).

Após a fecundação in vitro, os embriões são transferidos para o cultivo

embrionário onde permanecem por um período de sete dias, até atingirem o

estágio de blastocisto, quando, então, podem ser transferidos para o útero de

fêmeas receptoras que levarão a gestação a termo (DODE & RUMPF, 2002).

O cultivo in vitro de embriões requer um sistema que suporte um alto

desenvolvimento embrionário. O co-cultivo com células somáticas era essencial

para se obter taxas aceitáveis de desenvolvimento embrionário. Entretanto, com o

desenvolvimento do meio SOF, que foi criado baseado na constituição do fluído

do oviduto de bovinos, foi eliminada a necessidade de co-cultivo, visto que, nesse

meio, os zigotos se desenvolvem com boas taxas sem a presença de células

somáticas (WATSON, 2000). Esse meio, contudo, requer uma atmosfera de 5%

de O2, a qual difere da utilizada para a MIV e FIV. Estudos têm demonstrado,

entretanto, que o meio SOF pode ser utilizado com alta tensão de oxigênio, desde

que as células do cumulus remanescentes no zigoto após a FIV sejam mantidas

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DODE & MATTOS (2002). Esses resultados sugerem que as células do cumulus

facilitariam o crescimento embrionário por retirarem substâncias tóxicas,

diminuindo o estresse oxidativo. Condições de cultivo in vitro normalmente

aumentam a produção de radicais livres, pois os embriões estão mais expostos à

luz e a altas concentrações de O2, afetando a taxa de desenvolvimento

embrionário. Comparando os embriões produzidos in vitro e os produzidos in vivo,

foi observado que eles diferem em várias características, tais como, aspectos

morfológicos, aspectos metabólicos, alterações cromossômicas, número de

células e expressão de mRNA específicos (VANSOOM et al., 1996; VIUFF et al.,

1999, 2000). Estas diferenças possivelmente determinam o começo de uma série

de problemas que levam a uma redução na eficiência da técnica (FARIN et al.,

2001). Os embriões PIV apresentam maior vacuolização, menores número de

células, menor densidade de mitocôndrias, maior densidade de lipídios

(CROSIER et al., 2001) e junções incompletas entre as células do botão

embrionário e do trofoblasto (FARIN et al., 2001). A maior densidade de lipídios

observada nesses embriões sugere que eles retiram mais lipídios do meio de

cultivo ou que seu metabolismo estaria alterado. Em estudo utilizando a técnica

de hibridação in situ por fluorescência (FISH) para avaliar poliploidias, foi

observado que 72% dos embriões produzidos in vitro eram mixoplóides e que,

apesar da mixopolidia ocorrer também em embriões in vivo, nos in vitro ocorre

com maior frequência e em estágios mais precoces do desenvolvimento (VIUFF

et al., 1999). Além disso, a poliploida somente foi observada nos in vitro e não nos

in vivo (VIUFF et al., 2000, 2001).

Muitos desses problemas são devidos ao processo de maturação, mas

que se manifestam no desenvolvimento embrionário, visto que o número de

células e as alterações cromossômicas, por exemplo, são diferentes quando os

embriões PIV são produzidos a partir de ovócitos maturados in vivo e in vitro

(VANSOOM et al., 1996; VIUFF et al., 2000; VIFF et al., 2001).

Na PIV cerca de 30% a 50% dos ovócitos inseminados chegam ao

estágio de blastocisto e os índices de gestação estão em torno de 35 % (DAYAN

et al., 2000). As maiores perdas no desenvolvimento embrionário ocorrem nos

estádios de oito para 16 células (ativação do genoma do embrião) e pós-

transferência, em torno dos dias 14 e 15 da gestação. Quando embriões PIV ou in

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vivo foram transferidos no sétimo dia pós-inseminação e recuperados no dia 17

da gestação, foi observado que a degeneração e a perda embrionária foram

maiores nos embriões PIV (FARIN et al., 2001). Esse período coincide com o

reconhecimento materno da prenhez, o qual depende de um sinal enviado pelo

embrião, a produção de interferon tau (INFτ) ao organismo materno. De fato tem

sido demonstrado que embriões PIV secretam quantidades menores de INFτ do

que os in vivo, sendo que quanto pior a qualidade morfológica do embrião menor

a secreção (STOJKOVIC et al., 1999).

Além do sistema de cultivo usual, outros métodos estão sendo

propostos com vistas a aumentar as taxas de produção de blastocisto e os índices

de gestação. Entre eles pode-se citar o sistema de meio sequencial, em que é

realizado uma perfusão para introduzir mudanças na composição do meio de

cultivo. Essas mudanças são determinadas de acordo com as mudanças nos

requerimentos dos embriões em diferentes estádios de desenvolvimento

(THOMPSON, 1995). O cultivo em micro-câmara usando um sistema microfluídico

proporciona um ambiente mais próximo do sistema in vivo, do que do sistema

estático de micro-gotas. Além disso permite a utilização de meio sequencial com

mudança gradual sem movimentar os embriões (BEEBE et al., 2002).

O oviduto é o local onde ocorre a fecundação, e é também onde inicia-

se o desenvolvimento embrionário. Essa porção do trato reprodutivo tem sido

usada com sucesso na produção in vitro de embriões de várias espécies. Tanto

que, inicialmente, o cultivo de embriões totalmente in vitro só foi possível com a

utilização de um sistema de co-cultivo com células do oviduto. Posteriormente,

GORDON (1994) mostrou que era possível o uso de diversos tipos de células

somáticas, pois elas também são capazes de proporcionar um ambiente onde os

embriões possam se desenvolver até o estádio de blastocisto. As principais

células somáticas empregadas no sistema de co-cultivo de embriões, além das

células do oviduto, são: células de rim de macaco (VERO), células do cumulus

oophorus e células da granulosa (GONÇALVES et al., 2002).

Acredita-se que o mecanismo benéfico da presença das células e/ou

das proteínas do soro seria a retirada de substâncias embriotóxicas do meio de

cultivo, tais como os radicais livres, íons de amônia, dentre outros; além de terem

a capacidade de produzir fatores embriotróficos, auxiliando no desenvolvimento

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dos embriões. Outra vantagem é a proteção contra o estresse oxidativo

provocado pela condição de cultivo (FATEHI et al., 2005). Entretanto, a falta de

controle dos fatores produzidos pelas células utilizadas e os diferentes níveis de

liberação desses fatores (dependendo da fase celular), tornam o meio de cultivo

indefinido, causando, dessa maneira, uma inconstância nos resultados.

Em níveis atmosféricos o oxigênio é tóxico para a maioria dos tipos

celulares por aumentar a formação de radicais livres. Os embriões in vivo são

protegidos dos radicais livres pelo fluido do oviduto, o que não ocorre no sistema

in vitro. O estresse oxidativo proveniente de uma alta tensão de oxigênio (20%)

causa retardo no desenvolvimento dos embriões em sistemas de cultivos

convencionais, devido à produção de peróxido de hidrogênio, que lesiona o DNA

da célula, como relataram TAKAHASHI et al. (2000).

Os embriões são capazes de se desenvolver em diferentes meios de

cultivo, desde simples soluções de sais balanceadas até sistemas complexos,

envolvendo co-cultivo e soro. O TCM 199 é um meio de cultivo complexo

desenvolvido para o cultivo celular em geral, enquanto que o SOF (fluido sintético

de oviduto) é classificado como um meio simples, desenvolvido e direcionado

para a produção de embriões (GONÇALVES et al., 2002). WRENZYCKI et al.

(2001) utilizaram os dois meios para cultivo embrionário em bovinos e não

encontraram diferenças nas taxas de clivagem, produção de mórulas e

blastocistos, porém sugeriram que o uso do SOF proporciona um ambiente mais

adequado, pois existem diferenças no padrão de expressão de genes

relacionados à pré-implantação de embriões.

Os componentes que fazem parte do meio de cultivo interferem na

produção e qualidade embrionária. Substâncias como lactato e piruvato são

essenciais durante a fase de clivagem e desenvolvimento inicial do embrião. A

glicose, na presença de fosfato, atrasa ou para o desenvolvimento embrionário

inicial; porém esse carboidrato é fundamental na fase de compactação e de

blastocisto, (PEREIRA, 2005).

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5 DISCUSSÃO

O protocolo seguido pelo CES não seguia a metodologia proposta por

GONÇALVES et al. (2002), que preconizam o transporte de ovários em solução

salina a 0,9% de NaCl aquecida à 30-350C. Outros autores (BASSO et al., 2006;

CASTILHO et al., 2007) transportaram ovários com temperatura de 30oC em

solução fisiológica de NaCl a 0,9% adicionada com antibióticos à base de

penicilina e estreptomicina.

Quanto ao tempo de transporte o protocolo do CES obedecia ao que foi

preconizado por GONÇALVES et al. (2002), sendo que o tempo transcorrido entre

a coleta e a manipulação não excedia quatro horas.

No laboratório optava-se por utilizar meios com hormônios na sua

composição como o FSH e LH. Procedimento respaldado por YANG et al. (1993),

que demonstraram-se que a adição de gonadotrofinas e estradiol ao meio de

maturação melhorou tanto a capacidade fecundante como a competência de

desenvolvimento dos oócitos bovinos. Corroborando com tais achados, ALVES et

al. (2001), sugeriram que as concentrações de FSH interferiram na maturação

nuclear, mas que não exerceram influência sobre a clivagem. Porém embriões

provenientes de oócitos que no seu processo de maturação receberam qualquer

concentração de FSH desenvolveram-se normalmente até os diferentes estádios

de blastocisto. Entretanto FUKUI et al. (1989) relataram que a suplementação

hormonal não surtiu efeito positivo. DODE & MATTOS (2002), Provavelmente as

doses hormonais e as condições de cultura (tipo de soro e temperatura) sejam os

fatores que mais contribuíram para essas contradições.

Dentre os fatores que influenciam o desenvolvimento oocitário e

embrionário estão o tamanho dos folículos dos quais são recuperados os oócitos.

No CES os oócitos eram recuperados apenas de folículos menores que 4,0

milímetros, procedimento que encontra respaldo no trabalho de FUKUI &

SAKUMA (1980), no qual sugerem que oócitos recuperados de folículos de menor

diâmetro (≤ 4,0 mm) possuíam qualidade superior aos de maior diâmetro (> 4,0

mm). Em outro estudo estes mesmos autores observaram que oócitos bovinos

com células do cumulus exibindo sinais médios de atresia tiveram taxas maiores

de desenvolvimento embrionário que oócitos sem sinais de atresia e a

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competência para o desenvolvimento embrionário in vitro somente era afetada por

altos níveis de atresia (BLONDIN & SIRARD, 1995). Entretanto, CAROLAN et al.

(1996) não observaram influência do diâmetro folicular sobre a maturação do

oócito. Resultado similar foi observado por SENEDA et al. (2001) estudando

oócitos oriundos de folículos pequenos (< 4,0 mm) e grandes (> 4,0 mm)

aspirados in vivo. Segundo BASSO et al. (2006), não há efeito do diâmetro

folicular sobre a qualidade dos oócitos. Um estudo realizado por HAGEMANN

(1999) sugeriu não existir diferença significativa na taxa de blastocisto entre

oócitos obtidos de folículos 3,0 a 5,0 ou 6,0 a 8,0 mm, mas a taxa de

desenvolvimento foi significativamente maior em oócitos de folículos dominantes

(> 13,0 mm) durante a fase de crescimento. Este resultado é corroborado por

CASTILHO et al. (2007), que citaram que os oócitos obtidos de folículos maiores

resultaram em melhores taxas de clivagem. Por outro lado, segundo estes

mesmos autores, o diâmetro folicular não influenciou a taxa de blastocisto, mas

houve interação diâmetro versus fase de desenvolvimento folicular, isto é, oócitos

oriundos de folículos pequenos têm melhor competência no início da onda e

oócitos de folículos maiores melhoram seu desenvolvimento com o avanço da

onda. A fase de desenvolvimento folicular influenciou a qualidade dos oócitos e a

taxa de desenvolvimento embrionário, independente do diâmetro do folículo,

sendo o início da onda o melhor momento para a aspiração.

Durante a rotina do Laboratório de Reprodução Animal do CES sempre

eram utilizados dois diferentes meios em quaisquer etapas da produção in vitro.

Um meio era da Nutricell®, e outro meio era do Laboratório de Reprodução Animal

do (CENARGEN), com a finalidade de compararem taxas de clivagem, e também

taxas de blastocisto expandido.

Alguns estudos têm mostrado que a presença de soro no cultivo pode

ter um efeito duplo, inibindo as clivagens iniciais e, posteriormente, aumentando a

velocidade de desenvolvimento do embrião até o estágio de blastocisto (RIZOS et

al., 2002; RIZOS et al., 2003). Nestes estudos foram avaliadas a produção de

embriões na presença de soro fetal (10%) e albumina sérica bovina (BSA) em

duas concentrações (3% e 16%) e não encontraram diferença na taxa de

clivagem entre os grupos, porém em D-6 houve maior produção de blastocisto na

presença de soro, comparando com a BSA, demonstrando o efeito do soro em

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acelerar o desenvolvimento embrionário. Resultado similar também foi obtido por

WRENZYCKI et al., (2001), que utilizaram meio suplementado com soro fetal,

BSA, ou PVA e também não encontraram diferenças na taxa de clivagem, porém

a produção de mórulas e blastocisto foi significativamente maior no meio

suplementado com soro que no suplementado com BSA ou PVA. Apesar da

adição de soro parecer benéfica, alguns autores (THOMPSON, 1995; RIZOS et

al., 2003) sugeriram que a presença de soro no meio de cultivo está relacionada

com o aumento na quantidade de lipídios nos embriões PIV, o que reduz sua

criotolerância, sendo isto um sério problema no processo de congelamento.

O protocolo utilizado no laboratório do CES com a produção de

embriões em grupos de 35 estruturas em cada gota está de acordo com o

preconizado por PEREIRA et al. (2005), que sugeriram não haver diferenças

significativas entre a produção de embriões cultivados em grupo ou

individualmente, porém observaram que os embriões produzidos individualmente

tendem a ter um menor número de células, podendo ser considerado de

qualidade inferior. Entretanto, OLIVEIRA et al. (2005) retaram diferença na

produção de embriões, sendo que quando o cultivo foi feito com 30 estruturas em

100 µL de meio de cultivo o desenvolvimento dos embriões foi inferior ao

observado em cultivos com 10 estruturas.

A tensão de O2 tem grande influência na produção e na qualidade dos

embriões, principalmente devido ao estresse oxidativo. Quanto à atmosfera

forçada de cultivo, o protocolo adotado pelo CES era o do uso de tensão de 5%

O2, 5% de CO2 e 90% de N2, procedimento respaldado por GONÇALVES et al.

(2008). Entretanto, KHURANA et al. (2000) avaliando a produção de embriões

bovinos, não encontraram diferença quando esses foram cultivados sob 5% ou

20% de O2.

Tem sido sugerido que a passagem dos espermatozóides pelo

gradiente de percoll poderia retirar algumas glicoproteínas da membrana do

espermatozóide e, com isso, acelerar a capacitação. Portanto, poderia ser

esperado que o método utilizado pudesse alterar o tempo de capacitação e a vida

útil do espermatozóide, o que poderia alterar o tempo necessário para a

fecundação (GONÇALVES et al., 2002). Entretanto, estudo comparando os

diferentes métodos de preparação espermática em diferentes períodos de co-

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incubação demonstrou que a variação entre os tempos de duração da FIV foi

similar para todos os métodos utilizados. Os melhores resultados foram

observados quando a FIV foi realizada por um período de 12 horas, independente

do método utilizado. Tais informações sugerem que o protocolo adotado pelo CES

é respaldado pela comunidade científica (DODE & RODOVALHO, 2002).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os avanços obtidos nas biotécnicas reprodutivas ao longo dos anos

permitiram uma maior participação da fêmea bovina no processo de

melhoramento genético do rebanho. Isso porque o número de descendentes

deixados por uma única fêmea ao longo de sua vida reprodutiva aumentou

significativamente com a utilização das técnicas de transferência e produção in

vitro de embriões. O aperfeiçoamento dos sistemas de cultivo in vitro permitiu

também o avanço de outras biotécnicas, tais como a clonagem e a manipulação

de genes e transferência de embriões, etc.

Portanto a produção in vitro de embriões bovinos, em breve será uma

biotecnologia utilizada de forma mais ampla nos rebanhos comerciais, gerando

ganhos consideráveis aos criadores pelo aproveitamento do potencial genético de

seus animais em curto espaço de tempo, além dos avanços de grande relevância

que a aplicação dessa biotecnologia gera para a área da pesquisa.

Muitos estudos e pesquisas estão sendo destinados à PIV,

principalmente focando cada uma das três etapas laboratoriais individualmente,

na tentativa de torná-las mais eficientes e viáveis em todos seus aspectos. As

perspectivas são boas, principalmente porque outras biotecnologias estão

ascendendo e tendo a PIV como procedimento padrão.

A realização do estágio curricular nesta área proporcionou a

possibilidade de conhecer in loco os conhecimentos acadêmicos obtidos durante

o período de graduação, além de proporcionar segurança para o exercício futuro

da profissão. Foi também um período rico em experiências pessoais, permitindo

que se conhecessem novos lugares, novas pessoas e novas oportunidades.

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REFERÊNCIAS

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33 GONÇALVES, P. B. D.; VISINTIN, J. A.; OLIVEIRA, M. A. L.; MONTAGNER, M. M.; COSTA, L. F. S. Produção in vitro de embriões. In: GONSALVES, P. B. D.; FIGUEIREDO, J. R.; FREITAS, V. J. F. Biotécnicas aplicadas à reprodução animal. São Paulo: Varela, p. 195-226, 2002. 34 GONÇALVES, P. B. D.; OLIVEIRA, M. A. L.; MEZZALIRA, A.; MONTAGNER, M. M.; VISINTIN, J. A.; COSTA, L. F. S. Produção in vitro de embriões. In: GONÇALVES, P. B. D.; FIGUEIREDO, J. R.; FREITAS, V. J. F. Biotécnicas aplicada à reprodução animal. São Paulo: Roca, p. 261-291, 2008. 35 GORDON, I. Laboratory Production of Catlle Embryos, Wallingford: CAB International, p. 640, 1994. 36 GOODHAND, K. L.; WATT, R. G.; STAINES, M. E.; HUTCHINSON, J. S. M. In vivo oocyte recovery and in vitro embryo production from bovine donors spirated at different frequencies or following FSH treatment. Theriogenology, Stoneham, v. 51, n. 5, p. 951-961, 1999. 37 HAFEZ, E. S. E. e HAFEZ, B. Micromanipulação de Gametas e Embrioes: Fertilização in vitro e transferência de embriões. In: HAFEZ, B e HAFEZ, E. S. E. Reprodução Animal, sétima edição, Manole, p. 447-469, 2004. 38 HAGEMANN, L. J. Influence of the dominant follicle on oocytes from subordinate follicles. Theriogenology, Stoneham, v. 51, n. 2, p. 449-459, 1999. KHURANA, N. K.; NIEMAN, H. Effect of oocyte quality, oxygen tension, embryo density, cumulus cells and energy substrates on cleavage and morula/blastocisty formation of bovine embryos. Theriogenology, Stoneham, v. 54, n. 5, p. 741-756, 2000. 39 KRUIP, T. A.; BONI, R.; KRUIP, T. A. M.; BONI, R. ; WURTH, Y. A.; ROELOFSEN, M. W. M.; PIETERSE, M. C. Potential use of ovum pick-up for embryo production and breeding in cattle. Theriogenology, Stoneham, v. 42, n. 4, p. 675-684, 1994. 40 MERTON, S. S.; ROOS, A. P. W.; MULLAART, E.; RUIGH, L.; KAAL, L.; VOS, P. L. A.; DIELEMAN, N. S. J. Factors affecting oocyte quality and quantity in commercial aplication of embyos technologies in the cattle beeding industry. Theriogenology, Stoneham, v. 59, n. 2, p. 651-674, 2003. 41 MENDES Jr., J. O. B.; BURNS, P. D.; De La TORRES SANCHES, J. F. ; SEIDEL Jr., G. E. Effect of heparin on cleavage rates and embryo production with four bovine sperm preparation protocols. Theriogenology, Stoneham, v. 60, n. 2, p. 331-340, 2003. 42 MINGOTI, G. V. Aspectos técnicos da produção in vitro de embriões bovinos. In: I Simpósio tópicos avançados em Biotecnologias da Reprodução, 30/09 a 02/10/2005. UNESP, Campus de Jaboticabal,s/p.

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43 OLIVEIRA, A. T. D.; LOPES, R. F. F.; RODRIGUES, J. L. Gene expression and developmental competence of bovine embryos produced in vitro under varying embryo density conditions. Theriogenology, Stoneham, v. 64, n. 7, p. 1559-1572, 2005. 44 PEREIRA, D. C.; DODE, M. A. N.; RUMPF, R. Evaluation of different culture systems on the in vitro production of bovine embryos. Theriogenology, Stoneham, v. 63, n. 4, p. 1131-1141, 2005. 45 RIZOS, D.; WARD, F.; DUFFY, P.; BOLAND, M. P. Consequences of bovine oocyte maturation, fertilization or early embryo development in vitro versus in vivo: implications for blastocysts yield and blastocyst quality. Molecular Reproduction and Development, New York, v. 61, n. 2, p. 234-248, 2002. 46 RIZOS, D.; GUTIÉRREZ, A. A.; PÉREZ, G. J. Bovine embryo culture in the presence or absence of serum: implicatons for blastocyst yield and blastocyst quality. Biology of Reproduction, Champaign, v. 68, n. 1, p. 236-243, 2003. 47 RODRIGUES, C. F. M.; GARCIA, J. M. Fecundação in vitro: aplicação comercial. Arquivos da Faculdade de Veterinária UFRGS, Porto Alegre, v. 28, n. 1, p. 186-187, 2002. 48 RUMPF, R.; DODE, M. A. N.; SILVA, A. E. D. F. Avanços na biotecnologia da reprodução dos bovinos. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE MELHORAMENTO ANIMAL, 3, 2000, Belo Horizonte: Anais... Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal, 2000. p. 248-253. 49 RUMPF, R. Avanços metodológicos na produção in vitro de embriões. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 36, p. 229-233, 2007. 50 SALAMONE, D. F.; DAMIANI, P.; FISSORE, R. A.; ROBL, J. M. Biochemical and developmental evidence that ooplasmic maturation of pre pubertal bovine oocytes is compromised. Biology of Reproduction, Champaign, v. 64, n. 6, p. 1761- 1768, 2001. 51 SENEDA, M. M.; ESPER, C. R.; GARCIA, J. M.; OLIVEIRA, J. A; VANTINI, R. Relationship between follicle size and ultrasound – guided transvaginal oocyte recovery. Animal Reproduction Science, Amsterdam, v. 67, n. 1-2, p. 37-43, 2001. 52 SENEDA, M. M.; BLASCHI, W. Ovum pick up em bovinos: considerações técnicas. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE REPRODUÇÃO APLICADA, 1, 2004, Londrina. Anais... Londrina, p. 231-237, 2004. 53 SENEDA, M. M.; SANTOS, G. M. G.; SILVA, K. C. F.; SPEGIORIN, M. R.; BLASCHI, W.; PONTES, J. H. F. Situação atual da aspiração folicular e da fecundação in vitro. In: II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE REPRODUÇÃO ANIMAL APLICADA, 1, 2006, Londrina. Anais... Londrina, p. 172-180, 2006.

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54 STOJKOVIC, M.; BÜTTNER, M.; ZAKHARTCHENKO, V.; RIEDL, J. Secretion of interferon-tau by bovine embryos in long-term culture: comparision of in vivo derived, in vitro produced, nuclear transfer and demi-embryos. Animal Reproduction Science, Amsterdam, v. 55, n. 3, p. 151-162, 1999. 55 STOJKOVIC, M.; MACHADO, S. A.; STOJKOVIC, P.; ZAKHARTECHENKO, V. Mitochondrial distribution and adenosine triphosphate content of bovine oocytes before and after in vitro maturation: correlation with morphological criteria and developmental capacity after in vitro fertilization and culture. Biology of Reproduction, Champaign, v. 64, n. 3, p. 904-909, 2001. 56 TAKAHASHI, M.; KEICHO, K.; TAKAHASHI, H.; OGAWA, H.; SCHULTZ, R. M.; OKANO, A. Effect of oxidative stress on development and DNA damage in vitro cultured bovine embryos by comet assay. Theriogenology, Stoneham, v. 54, n. 1, p. 137-145, 2000. 57 TAKAGI, M.; KIM, I. H.; IZADYAR, F.; HYTTEL, P.; BEVERS, M. M.; DIELEMAN, S. J.; HENDRIKSEN, P. J.; VOS, P. L. Impaired final follicular maturation in heifers after superovulation with recombinant thuman FSH. Reproduction, Cambridge, v. 121, n. 6, p. 941-951, 2001. 58 TANEJA, M.; BOLS, P.E.J.; VELDE, V. Development competence of juvenile calf oocytes in vitro and in vivo: influence of donor animal, variation and repeated gonadotropin stimulation. Biology of Reproduction, Champaign, v. 62, n. 1, p. 206-213, 2000. 59 THOMPSON, J. G. Bovine embryo culture in vitro: new developments and post transfer consequences. Arquivos da Faculdade de Veterinária da UFRGS, Porto Alegre, v. 27, n.1, p. 130- 43, 1995. 60 VAN de LEEMPUT, E. E.; VOSP, L. A. M.; ZEINSTRA, E. C.; BEVERS, M. M.; VAN der WEIDEN, G. C.; DIELEMAN, S. J. Improved of in vitro embryo development using in vivo matured oocytes from heifers treated for superovulation with a controlled pre ovulatory LH surge.Theriogenology, Stoneham, v. 52, n. 2, p. 335-349, 1999. 61 VANSOOMA., BOERJAN, M. L.; YSEBAERT, M. T.; KUIF, A. Cell allocation to the inner cell mass and the trophectoderm in bovine embryos cultured in two different media. Molecular Reproduction and Development, New York, v. 45, n.2, p. 171-182, 1996. 62 VIUFF, D.; RICKORDS, L.; OFFENBERG, H.; HYTTEL, P. A high proportions of bovine blastocyst produced in vitro are mixiploid. Biology of Reproduction, Champaign, v. 60, n. 6, p. 1273-1278, 1999. 63 VIUFF, D.; GREVE, T.; AVERY, B.; HYTTEL, P. Chromosome aberrations in vitro-produced bovine embryos at days 2-5 post-insemination. Biology of Reproduction, Champaign, v. 63, n. 4, p. 1143-1148, 2000.

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64 VIUFF, D.; HENDRIKSEN, P. J. M.; VOS, P. L. A. M. ; DIELEMANN, S. J. Chromosomal abnormalities and developmental kinetics in vivo developed cattle embryos at days 2 to 5 after ovulation. Biology of Reproduction, Champaign, v. 65, n.1, p. 204-208, 2001. 65 WASSARMAN, P. M.; ALBERTINI, D. F. The mammalian ovum. In: Knobil, E.; Neil, J. D. The physiology of Reproduction, New York: Raven, NY. 1994, p. 79-122. 66 WATANABE, Y. F.; WATANABE, M. R.; DAYAN, A.; VILA, R. A. The effect of bull on OPU-IVP in zebu cattle. Arquivos da Faculdade de Veterinária da UFRGS, Porto Alegre, v. 27, n.1, p. 297, 1999. 67 WATSON, A. J. ; DESOUSA, P. ; CAVENEY, A. ; BARCROFT, L. C.;NATALE, D.; URQUHART, J.; WESTHUSIN, M. E. Impact of bovine oocyte maturation media on oocyte transcriptional levels, blastocyst development, cell number, and apoptosis. Biology of Reproduction, Champaign, v. 62, n. 2, p. 355-364, 2000. 68 WRENZYCKI, C.; HERRMANN, D.; KESKINTEPE, L.; MARTINS, A.; SIRISATHIEN, S.; BRACKETT, B.; NIEMANN, H. Effect of culture system and protein supplementation on mRNA expression in pre-implantation bovine embryos. Human Reproduction Update, Oxford, v. 16, n. 5, p. 893-901, 2001. 69 YANG, X.; JIANG, S.; FOOTE, R. H. Bovine oocyte development following different oocyte maturation and sperm capacitation procedures. Molecular Reproduction and Development, New York, v. 34, n. 1, p. 94-100, 1993. 70 YUAN, Y. Q.; VAN SSOM, A. COOPMAN, F. O. J.; MINTIENS, K.; BOEJAN, M. L.; VAN ZEVEREN, A.; DE KRUIF, A.; PEELMAN, L. J. Influence of oxygen tension on apoptosis and hatching in bovine embryos cultured in vitro. Theriogenology, Stoneham, v. 59, n. 7, p. 1585-1596, 2003.

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Anexos

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Meios de Maturação

Anexo 1 - Meio para maturação de oócitos*

Componente Unidade Quantidade

TCM 199® base para maturação mL 2,7

Soro fetal bovino mL 0,3

LH µg 15,0

FSH µg 1,5

Piruvato de Sódio solução estoque µL 10

Gentamicina µL 15

*o soro fetal bovino (SFB) deve ser inativado a 60oC por 30 min. Gentamicina na

concentração de 10 mg/mL. Filtrar e preparar as placas de maturação.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

Anexo 1.1 - TCM 199® estoque*

Componente Unidade Quantidade

HEPES g 5,9575

TCM-199® com sais de Earle e L-glutamina q.s.p. mL 1.000

* ajustar o pH para 7,36, utilizando HCl ou NaOH 0,1 N, filtrar através de membranas de

0,22µ e armazenar em temperatura entre 2 e 6ºC.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

Anexo 1.2 - TCM 199® base para maturação*

Componente Unidade Quantidade

NaHCO3 G 0,22

TCM 199® estoque q.s.p. mL 100

*ajustar o pH em 7,67 após equilíbrio em atmosfera com 5% de CO2, filtrar e armazenar

em temperatura entre 2 e 6oC. Se o TCM-199® for adquirido líquido, verificar se já contém

NaHCO3 em sua fórmula comercializada.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

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Anexo 1.3 - Solução de estoque de Piruvato de Sódio para desenvolvimento

embrionário*

Componente Unidade Quantidade

Piruvato de Sódio g 0,0075

Água ultrapura q.s.p. µL 1.000

Filtrar e Congelar a -20ºC em alíquotas de 10 µL.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

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Gradientes de Percoll

Anexo 2 - Solução de Sperm-TALP 10x*

Componente Unidade Quantidade

Solução KCl (1M) mL 3,090

Solução NaH2PO4H2O 0,1M) mL 2,920

NaCl g 4,675

HEPES g 2,380

Água ultrapura q.s.p. mL 100,000

*ajustar o pH 7,3 e armazenar 2 e 6oC.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

Anexo 2.1 - Solução de Sperm-TALP 1x

Componente Unidade Quantidade

Solução de Sperm-TALP 10x mL 1

Água ultrapura q.s.p. mL 9

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

Anexo 2. 2 - Soluções para preparar Percoll*

Componente Unidade Quantidade

KCl g 7,45

Água ultrapura q.s.p. mL 100

*filtrar e armazenar entre 2 e 6oC. Cloreto de potássio (1M).

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

Anexo 2. 3 - Fosfato diácido de sódio monoidratado (0,1M)*

Componente Unidade Quantidade

NaH2PO4H2O g 1,38

Água ultrapura q.s.p. mL 100,000

*filtrar e armazenar entre 2 e 6oC.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

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Meios de capacitação e fecundação

Anexo 3 - Fert-TALP*

Componente mM Unidade Quantidade

NaCl 114 g 0,6660

KCl 3,2 g 0,0238

NaH2PO4 0,4 g 0,0048

Lactato de Sódio 10 µL 85,57

MgCl2.7H2O 0,5 g 0,0101

NaHCO3 25 g 0,2100

CaCl2.2H2O 2,0 g 0,0294

Piruvato de Sódio 0,2 g 0,0022

PHE estoque mL 1,0

Glicose 5 g 0,0900

Cafeína 5 g 0,0971

BSA g 0,6000

Antibiótico solução estoque µL 100,0

Água ultrapura q.s.p. mL 100,0

* armazenar em geladeira; 60% de xarope de lactato de sódio (“sodium lactate syrup”).

BSA livre de ácidos graxos (“Fatty acid free”).

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2002)

Anexo 3. 1 - PHE estoque*

Componente Unidade Quantidade

Penicilinamina g 0,0186

Hipotaurina g 0,0055

Epinefrina g 0,0009

Água ultrapura q.s.p. mL 50

*fazer alíquotas de 1 mL e congela a -20ºC.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2002)

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Anexo 3. 2 - Solução estoque de Antibiótico para os meios*

Componente Unidade Quantidade

Penicilina UI 100.000

Estreptomicina mg 50

Água ultrapura q.s.p. mL 1

*congelar a -20ºC. Utilizar 1 µL da solução estoque/mL de meio.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2002)

Anexo 3. 3 - Solução estoque de heparina para fecundação*

Componente Unidade Quantidade

Heparina g 0,0010

Fert-TALP q.s.p. mL 4

*congelar a -20oC em alíquotas de 50 µL. Fazer gotas de fecundação com 95 µL de meio

Fert-TALP + 5 µL de heparina, totalizando 100 µL cada gota.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2002)

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Meios de Cultivo

Anexo 4 - Fluido sintético de oviduto (SOF) solução final*

Componente Unidade Quantidade

SOF solução estoque mL 9,5

Solução piruvato de sódio SOF estoque µL 100,0

Soro fetal bovino (10%) mL 1,0

Gentamicina (10 mg/ml µL 50,0

*filtrar e equilibrar em estufa com 5% de CO2 por no mínimo duas horas antes do uso.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

Anexo 4. 1 - Fluido sintético de oviduto (SOF) solução estoque. SOFaaci

(synthetic oviductal fluid mod. Com aminoácidos + citratos + inositol)*

Produtos mM Unidade Quantidade

NaCl 107,63 mg 629,00

KCl 7,16 mg 53,40

NaHCO3 25,00 mg 210,00

Lactato de sódio (xarope 60%) 5,35 µL 60

MgSO4 7H2O 1,51 mg 18,20

CaCl2 2H2O 1,78 mg 26,20

KH2PO4 1,19 mg 16,20

Aminoácidos essências BME 50x µL 3.000

Aminoácidos não essenciais MEM 100x µL 1.000

Myo-inositol 2,77 mg 50,00

Sódio tricitrato 0,34 mg 10,00

L-glutamina 0,20 mg 2,92

Vermelho fenol mg 0,15

Água ultrapura q.s.p. mL 100

*filtrar e armazenar esta solução estoque entre 2 e 6ºC. Osmoralidade em 285mOsm.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

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Anexo 4.2 - Solução estoque de cloreto de cálcio diidratado (1M; para preparação

de meios)*

Componente Unidade Quantidade

MgCl2.2H2O g 1,470

Água ultrapura q.s.p. mL 10

*filtrar e armazenar 2 e 6ºC.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

Anexo 4. 3 - Solução estoque de cloreto de magnésio hexaidratado (0,1M; para

preparação de meios)*

Componente Unidade Quantidade

MgCl2.6H2O g 0,203

Água ultrapura q.s.p. mL 10

*filtrar e armazenar entre 2 e 6ºC.

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)

Anexo 4. 4 - Solução de piruvato de sódio e fluido sintético de oviduto (SOF)

estoque

Componente Unidade Quantidade

Piruvato de sódio (testado para embrião) g 0,04

Água ultrapura q.s.p. mL 5

Adaptado de: GONÇALVES et al. (2008)