Produtividade da Mão-de-Obra na Execução de Alvenaria

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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP Departamento de Engenharia de Construção Civil ISSN 0103-9830 BT/PCC/269 Luís Otávio Cocito de Araújo Ubiraci Espinelli Lemes de Souza São Paulo – 2001 PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA NA EXECUÇÃO DE ALVENARIA: DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE FATORES INFLUENCIADORES

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Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP

Departamento de Engenharia de Construção Civil

ISSN 0103-9830

BT/PCC/269

Luís Otávio Cocito de AraújoUbiraci Espinelli Lemes de Souza

São Paulo – 2001

PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRANA EXECUÇÃO DE ALVENARIA:DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO

DE FATORES INFLUENCIADORES

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Escola Politécnica da Universidade de São PauloDepartamento de Engenharia de Construção CivilBoletim Técnico - Série BT/PCC

Diretor: Prof. Dr. Antônio Marcos de Aguirra MassolaVice-Diretor: Prof. Dr. Vahan Agopyan

Chefe do Departamento: Prof. Dr. Alex Kenya AbikoSuplente do Chefe do Departamento: Prof. Dr. João da Rocha Lima Junior

Conselho EditorialProf. Dr. Alex AbikoProf. Dr. Francisco CardosoProf. Dr. João da Rocha Lima Jr.Prof. Dr. Orestes Marraccini GonçalvesProf. Dr. Antônio Domingues de FigueiredoProf. Dr. Cheng Liang Yee

Coordenador TécnicoProf. Dr. Alex Abiko

O Boletim Técnico é uma publicação da Escola Politécnica da USP/Departamento de Engenharia deConstrução Civil, fruto de pesquisas realizadas por docentes e pesquisadores desta Universidade.

Este texto faz parte da dissertação de mestrado de título” Método para a previsão e controle daprodutividade da mão-de-obra na execução de fôrmas, armação, concretagem e alvenaria”, que seencontra à disposição com os autores ou na biblioteca da Engenharia Civil.

FICHA CATALOGRÁFICA

Araújo, Luís Otávio Cocito deProdutividade da mão-de-obra na execução de alvenaria :

detecção e quantificação de fatores influenciadores / L.O.C. deAraújo, U.E.L. de Souza. – São Paulo : EPUSP, 2001.

24 p. – (Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, De-partamento de Engenharia de Construção Civil, BT/PCC/269)

1. Mão-de-obra - Produtividade 2. Alvenaria 3. Edifícios –Construção I. Souza, Ubiraci Espinelli Lemes de II. Universida-de de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Enge-

nharia de Construção Civil III. Título IV. SérieISSN 0103-9830 CDU 331.024.1624.01269

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PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA NA EXECUÇÃO DEALVENARIA: DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE FATORES

INFLUENCIADORES

Luís Otávio Cocito de Araújo

Ubiraci Espinelli Lemes de Souza

RESUMO

Este trabalho estuda a produtividade da mão-de-obra na produção de alvenaria com base no Modelo dos Fatores. Nove edifícios de construção civil foram avaliados,durante 462 dias úteis, buscando-se quantificar o consumo de mão-de-obra e otrabalho por ela realizado, bem como identificar fatores de conteúdo e contexto que poderiam ser os responsáveis por variações na produtividade, quando feita uma

comparação entre obras.A análise dos dados permitiu detectar e quantificar quais são estes fatores e qual asua importância. Este conhecimento pode ser uma ferramenta útil na fase de planejamento do serviço como também no controle da produtividade da mão-de-obradurante a execução do mesmo.

PALAVRAS CHAVES:

Produtividade da Mão-de-obra , Alvenaria, Construção de edifícios

K EY WORDS:

Labor productivity, Mansory, Building construction

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1.  INTRODUÇÃO

As forças motrizes da nova ordem econômica estão impactando a forma com que asempresas organizam suas atividades, informações e recursos. O processo deglobalização das economias, a busca por alianças estratégicas e a intensificação derelações internacionais evidenciam oportunidades e dificuldades ao mesmo tempoque indicam a necessidade de mudanças.

 No cenário nacional, alguns condicionantes amplamente conhecidos e comentados[FARAH, (1996), SOUZA, R., (1997), CARRARO (1999), PALIARI (1999),ANDRADE (1999)] têm induzido a Indústria em geral e o Setor da Construção Civil brasileiro, em particular, a enxergar necessidade de mudanças e a buscar novas perspectivas para se manterem competitivos.

A eficiência nos processos produtivos surge, então, como um objetivo a ser alcançado pelas empresas construtoras a fim de garantir a sua lucratividade e, por conseguinte, assegurar sua permanência no mercado.

Determinar a eficiência na transformação dos recursos físicos presentes na obra, bem

como detectar e quantificar a influência de fatores que possam ser relacionados a perdas dessa eficiência, caracteriza-se como um potente instrumento para se balizar a busca da melhoria do processo de produção de obras.

Trabalhos sérios têm procurado quantificar a ineficiência do setor [SOUZA et al.(1998), AGOPYAN (1998), PALIARI (1999), ANDRADE (1999)]. Tem se deixadode lado o romantismo, a subavaliação, ou mesmo avaliações superficiais, e investidoem trabalhos criteriosos, pormenorizados, que o setor até então não possuía,extremamente relevantes ao garantir subsídios necessários às intervenções.

1.1 Justificativa do Trabalho

“Em qualquer país, o caminho mais sustentável para a melhoria do padrão de vida éo aumento da produtividade. Os ganhos de produtividade englobam tanto processosmais eficientes como inovações em processos e serviços. O uso adequado de recursos permite que a economia forneça bens e serviços a custos menores para o mercadointerno e possa competir em mercados internacionais.” (MCKINSEY, 1998)

BARROS (1996), postula que a introdução de inovações no ambiente produtivodemanda a adoção de procedimentos gerenciais que permitam antecipar, desde asetapas iniciais do empreendimento, quais necessidades, em termos de recursosfísicos, humanos, organizacionais e de procedimentos, a empresa precisa satisfazer  para atingir os resultados previstos.

A simples adoção, portanto, de inovações tecnológicas, sem que se pensesistemicamente na gestão das mesmas, pode não garantir incrementos na produtividade.

Segundo ANDRADE (1999), ao optar por uma política de busca de melhorias, asempresas deparam-se com a falta de conhecimento da eficiência dos seus processosconstrutivos, proveniente da falta de controle. A conscientização quanto ao realdesempenho da empresa é de suma importância para a análise e posterior intervenção, visando a corrigir falhas detectadas. Tais falhas encontram-serelacionadas, entre outros, ao desperdício de mão-de-obra e de materiais nas váriasetapas de seu fluxo dentro do canteiro.

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Para que se tenha uma gestão eficiente é necessário que se conheça, “a priori”, osníveis de desempenho possíveis de serem alcançados na utilização dos recursosfísicos no canteiro de obras. Com o conhecimento desses níveis, os gerentes de obratêm noção exata de eventuais problemas e sentido apurado para tomarem as medidascorretivas necessárias, podendo justificar e viabilizar a adoção de novas posturas.

Dentro desse espírito, o presente trabalho atenta para a questão da produtividade da

mão-de-obra, entendida como primordial para o sucesso das empresas de construçãocivil. Ela representa um item extremamente importante na composição dos custos dasobras de construção. Mais que isso, pode ser considerada como o recurso de maisdifícil gestão no canteiro de obras (SOUZA, 1996). O conhecimento da produtividade da mão-de-obra, bem como o entendimento das razões que a fazem ser melhor ou pior, constituem ferramentas importantes para apoiar as decisões dosengenheiros de construção civil.

Estudar a produtividade da mão-de-obra, segundo o método proposto neste trabalho,é, portanto, o caminho a ser seguido para que se consigam informações confiáveisquanto à transformação dos recursos físicos dentro das obras de construção civil.

CARRARO (1998) aponta que, dentre os benefícios possíveis de serem alcançadoscom o estudo da produtividade da mão-de-obra, merecem destaque:

S   previsão do consumo da mão-de-obra;

S   previsão de duração dos serviços;

S  avaliação e comparação de resultados;

S  desenvolvimento / aperfeiçoamento de métodos construtivos.

Dentre os aspectos supracitados, pode-se detectar a importância de fazer a previsãoda produtividade e de, posteriormente, avaliar o seu alcance ou não na prática. Oentendimento das razões que fazem a produtividade variar leva à possibilidade de

estimá-la, a partir de alguns parâmetros pré-definidos; se alcançado tal intento, osetor, até então desprovido de dados confiáveis, poderá determinar, com relativa precisão, índices esperados de desempenho e, a partir daí, passar a controlar a produtividade.

 Neste trabalho, elegeu-se o serviço de alvenaria como objeto de estudo. As vedaçõesverticais representam algo entre 3,5% a 8% do custo total da construção de edifícioshabitacionais e comerciais, chegando-se a 11% para edifícios populares (REVISTACONSTRUÇÃO, 1999). Para este serviço, os custos com a mão-de-obra representamalgo em torno de 50% dos custos totais. Portanto, a importância financeira, somada àimportância técnica de tal serviço, justifica o interesse em se estudar a produtividade

da mão-de-obra que o executa.Este trabalho pretende contribuir para que tal situação seja alcançada.

1.2 Contexto da pesquisa

O setor da construção civil permaneceu, por muito tempo, inibido para aconscientização e motivação da produtividade. Soma-se a isso a reduzida existênciade indicadores que permitissem medir a situação setorial em termos de produtividade, ficando, assim, dificultosa a avaliação de desempenho.

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A eficiência na gestão dos recursos físicos apresenta-se, neste final de século, comoumas das necessidades básicas do setor da construção civil brasileira.

Dentro desse contexto, um grupo de pesquisadores do Departamento de Engenhariade Construção Civil, sob coordenação do Prof. Doutor Ubiraci Espinelli Lemes deSouza, vem trabalhando na elaboração de métodos que permitam a mensuração e posterior análise da produtividade da mão-de-obra em alguns serviços de construção.

Recentemente, finalizou-se um projeto intitulado "Estudo da Produtividade daMão-de-obra para a Construção de Edifícios quanto aos Serviços de: Alvenaria,Fôrmas, Armação e Concretagem", o qual teve apoio do Sindicato das Empresasde Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciaisde São Paulo (SECOVI-SP) e envolveu um grupo de oito construtoras do estado deSão Paulo, contabilizando-se 14 canteiros de obras estudadas durante um período deaproximadamente 1 ano, somando-se aproximadamente 3000 dias úteis de coleta dedados em campo.

Essa pesquisa proporcionou excelente oportunidade para o desenvolvimento,aplicação e avaliação de propostas quanto à sistematização do estudo da

 produtividade da mão-de-obra.

1.3 Objetivo

Este trabalho tem como objetivo o conhecimento da produtividade da mão-de-obrano serviço de alvenaria, bem como o entendimento das razões que a fazem ser melhor ou pior, dando-se uma atenção especial à análise dos dados, levantados a partir da aplicação de um método padronizado de coleta de dados.

2. APRESENTAÇÃO DO MODELO ESCOLHIDO PARA O ESTUDO DA

PRODUTIVIDADESerá feito, a seguir, uma breve apresentação do modelo escolhido para o estudo da produtividade da mão-de-obra, seguido de uma explicação de como tratou-se dosfatores que, acreditou-se, afetam a produtividade.

2.1 Descrição do modelo

Para os propósitos deste trabalho, que procura refletir a necessidade do setor quanto àapropriação da produtividade nas obras de construção civil, adotou-se o Modelo dosFatores pelo fato de possuir as características descritas a seguir:

Barato: o sistema de mensuração é de fácil implementação e apresenta baixos custosde implantação;

Simples: os dados requeridos são poucos e apresentam facilidade na coleta emcampo;

Rápido: a retroalimentação é rápida, de forma que as ações corretivas podem ser tomadas mesmo durante atividades de curta duração;

Comparativo: informações e dados coletados, analisados e estudados possibilitam acomparação entre diferentes empreendimentos.

Apurado: os resultados refletem o que está ocorrendo.

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THOMAS; YIAKOUMIS (1987) propuseram um modelo de medição e análise da produtividade da mão-de-obra voltado exclusivamente para a Indústria daConstrução Civil, denominado “Modelo dos Fatores”. Seu nome advém do fato de omesmo estar baseado no estudo dos fatores que afetam a produtividade da mão-de-obra.

O Modelo dos Fatores se diferencia de outros modelos em vários aspectos, dentre os

quais cita-se o foco na produtividade no nível da equipe de trabalhadores,considerando o efeito da curva de aprendizagem e incluindo vários outros fatores que podem ser mensurados.

Sua filosofia, portanto, considera que a simples apropriação de índices de produtividade não será tão importante, ou útil, caso não esteja associada aoentendimento da mesma. Desse modo, conhecer os fatores que fazem a produtividadede uma obra ser melhor ou pior que outra é tão ou mais relevante que simplesmentecalcular índices de produtividade (CARRARO, 1998).

THOMAS; YIAKOUMIS (1987) dizem que a teoria que fundamenta o Modelo dosFatores assume que o trabalho de uma equipe é afetado por certa quantidade de

fatores que podem alterar o seu desempenho aleatória ou sistematicamente. O efeitocumulativo dos distúrbios causados por esses fatores gera uma curva de real produtividade, cuja forma pode ser muito irregular, tornando sua interpretação difícil.Entretanto, se os efeitos desses fatores puderem ser matematicamente extraídos dacurva real, obter-se-á uma curva que representará a produtividade de referência parao serviço em questão. Essa curva conterá o desempenho básico do serviço realizadodentro de certas condições de referência, somado a uma componente resultante daseventuais melhorias oriundas das operações repetitivas. A Figura 2.1 ilustra a idéiacontida no Modelo dos Fatores.

Onde:

A, B, C , D = fatores distintos com relação à condição de referência

Figura 2.1 – Modelo dos Fatores para produtividade na construção (THOMAS;YIAKOMIS, 1987).

curva de referência

curva real

   H   h  c

  u  m  u   l  a   t   i  v  o  s  p  o  r  u  n   i   d  a   d  e   d  e  s  e  r  v

   i  ç  o

Unidades cumulativas produzidas

A

BC

D

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Explicando-se a Figura 2.1, tem-se:

S  curva real: representa um resultado hipotético de uma medição efetuado emcampo;

S  curvas A, B, C e D: representam curvas de produtividade de um determinado

serviço, obtidas a partir da sucessiva subtração, com relação à produtividade real, dosefeitos induzidos pelas condições A, B, C e D, distintas da situação de referência.

S  curva de referência: mostra a produtividade obtenível caso não houvesseinfluência de fatores que diferem da condição de referência.

Há que se ressaltar que podem existir fatores influenciadores que incidam positivamente ou negativamente sobre a produtividade, possibilitando a existência decurvas de produtividade reais situadas abaixo da curva de referência.

2.2 Operacionalização

2.2.1 Importância da Padronização na Mensuração da ProdutividadeSegundo SOUZA (1996), apesar de, na maioria das vezes, as definições sobre comomedir a produtividade representarem uma razão entre entradas e saídas do processoque se deseja avaliar, pode haver variações quanto a sua abrangência, ao que se medecomo entradas e saídas e à constituição da razão entre entradas e saídas, entre outros.

SOUZA (2000) coloca que, quando se discute a produtividade, tanto em debatesentre profissionais de campo ou especialistas, quanto em artigos técnicos sobre oassunto, paira sempre uma grande dúvida sobre como foram calculados osindicadores que estão sendo utilizados. Segundo o mesmo autor, para que isto possaacontecer sobre base sólida, há que se ter uma definição clara de como se padronizar 

a mensuração da produtividade da mão-de-obra.

2.2.2 Indicador Adotado para Mensuração da Produtividade

 No caso particular da Indústria da Construção Civil e, para este trabalho, a produtividade é medida por um índice parcial, denominado Razão Unitária deProdução (RUP), em que a razão entre entradas e saídas é expressa como homens-hora despendidos por quantidade de serviço realizado. Pode-se ter diferentes tipos deRUP em função do período de tempo ao qual se relacionam as medidas de entrada esaída (Figura 2.2). A RUP pode ser medida com base diária (calculada a partir dosvalores de homens-hora e quantidade de serviço relativos ao dia de trabalho emanálise), ou cumulativa (calculada a partir dos valores de homens-hora e quantidadede serviço relativos ao período que vai do primeiro dia em que se estudou a produtividade até o dia em questão). É possível, também, que se estude a produtividade através de RUPs cujos períodos analisados sejam intermediários aos jácitados. Poder-se-ia ter, portanto, RUPs cíclicas, em que se analisa o ciclo deexecução de um determinado serviço, como, por exemplo, a execução de alvenrariade um certo pavimento-tipo.

Enquanto a RUP diária mostra o efeito sobre a produtividade dos fatores presentesno dia de trabalho, a RUP cumulativa serve para se detectar tendências de mais

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longo prazo, de desempenho do serviço, sendo útil para se fazer previsões quanto aoandamento da obra em questão.

Um outro tipo de RUP, bastante importante, é a RUP potencial, calculada a partir damediana das RUPs diárias cujos valores estejam abaixo do valor da RUP cumulativaao final do período de estudo. Essa RUP mostra um valor de produtividade potencialmente obtenível para um dado serviço.

Tempo   I  n   d   i  c  a   d  o  r   d  e   P  r  o   d  u   t   i  v   i   d  a   d  e

Ciclo 1 Ciclo 2 Ciclo 3

RUP Potencial

RUP Diária

RUP Cíclica

RUP Cumulativa

Figura 2.2 – Diferentes tipos de RUP

2.2.3 Coleta de Dados: Entradas

 Forma de coleta : as medições das entradas, ou seja, a coleta dos homens-horadespendidos diariamente numa determinada tarefa, pode-se dar de diferentes formas:a partir de cartão de ponto, através de observações contínuas ou por meio deinformações conseguidas através de conversas com o encarregado do serviço.Para os fins desse trabalho consideram-se as informações do encarregadosuficientemente precisas para a coleta de informações sobre os homens-horautilizados no serviço sob sua gestão.

Tipos de homens-hora apropriados: obtêm-se o número de homens-hora relativos a

um determinado dia de trabalho, somando-se as horas trabalhadas por cada membroda equipe. Apropriam-se as horas trabalháveis pelos operários, isto é, o tempo emque o operário esteve na obra disponível para o trabalho. Atenta-se para o fato de quehoras disponíveis não são necessariamente horas pagas, bem como horas-prêmio nãosão contadas. Com relação às equipes, deve-se distinguir dois grupos: 1) equipe deprodução direta e 2) equipe de produção indireta ou equipe de apoio. Enquanto a primeira inclui os funcionários diretamente envolvidos na produção do serviço ouque dão apoio nas suas proximidades, a segunda contempla os operários envolvidosem tarefas auxiliares à produção mais distantes do local propriamente dito onde oserviço final se materializa.

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Exemplificando. a Figura 2.3 ilustra um caso genérico, relativo à produção dealvenaria de vedação, onde se tem, em dois diferentes andares de um edifício, dois pedreiros e um servente atuando “diretamente” no assentamento da alvenaria,“apoiados” por uma equipe locada no andar térreo, que produz argamassacentralizadamente (dois ajudantes) e envia blocos do estoque para os andares emexecução (1 ajudante). Há de se indicar a presença de dois outros ajudantes da

construtora, com funções gerais de apoio, e que, particularmente quanto ao serviçode alvenaria, responsabilizam-se pelo descarregamento e transporte, até o estoque daobra, de blocos e de sacos de cimento e cal quando do seu recebimento.

Contabiliza-se ainda, em separado, o serviço do encarregado que não executaserviço. A soma de todos os esforços (diretos, indiretos e de encarregado) gera oesforço global de execução da alvenaria.

AAAA A

A

AP P

P P

E

Figura 2.3 - Exemplo de apropriação de homens-hora

2.2.4 Coleta de dados: Saídas

São duas as informações que devem ser obtidas quanto à coleta de dados sobre assaídas: 1) a quantidade executada de serviço; 2) características do serviço.

S  Quantidade de serviço executado: quanto à medição das saídas, pensando-se na padronização e precisão da RUP, distinguem-se partes completas de um mesmoserviço passíveis de esforços distintos para serem executadas. Assim é que, para ouso do serviço de alvenaria, estudam-se as tarefas de marcação, elevação e marcação.Em função dos esforços relativos entre tarefas, podem-se definir fatores de conversãoque servem para transformar as quantidades de uma certa tarefa em uma quantidade

equivalente do serviço.S  Caracterização do serviço: o levantamento de informações que caracterizem osserviços darão origem a um banco de dados que subsidiará a eleição de fatores potenciais influenciadores da produtividade.

Em situações usuais, existem dois grandes grupos de fatores majoritários que afetama produtividade da mão-de-obra. O primeiro deles diz respeito ao trabalho que precisa ser feito e abrange os componentes físicos do trabalho, especificaçõesexigidas e detalhes de projeto entre outros. Segundo classificação de THOMAS;SMITH (1990), são os fatores relacionados ao conteúdo do trabalho. O outro grupo

Equipe de Apoio

Equipe Direta

Onde: P = pedreiro; A = ajudante; E =encarre ado.

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de fatores está relacionado ao ambiente de trabalho e como ele é organizado egerenciado; aspectos gerenciais, incluindo também condições atmosféricas,disponibilidade de materiais e equipamentos, seqüência de trabalho etc, caracterizamos chamados fatores de contexto do trabalho, segundo a classificação adotada pelosautores supracitados.

Um modelo conceitual dos fatores que afetam a produtividade da mão-de-obra é

mostrado na Figura 2.4. Num exemplo citado por THOMAS (1994), os fatoresligados ao conteúdo e contexto do trabalho são análogos a catalisadores, na forma derecursos e condições necessárias para converter eficientemente entradas (homens-hora) em saídas (quantidades de serviço).

SAÍDAS

CONTEÚDO DE

TRABALHO

ENTRADAS

CONTEXTO DE

TRABALHO

Figura 2.4 – Modelo conceitual dos fatores que afetam a produtividade da mão-de-obra. Fonte: United Nations Report, “Effect”, 1965 apud THOMAS (1994)

Quando se estuda a transformação de entradas em saídas, a detecção de quais fatores

têm influência significativa sobre a eficiência deste processo e a posterior análisedestes fatores, apresentam-se como ponto de extrema importância no estudo.

Estes fatores “potenciais” influenciadores da produtividade, como já foi comentado, podem ser relacionados tanto ao conteúdo quanto ao contexto do trabalho emexecução. Na fase de identificação, procurou-se dividir tais fatores em cincocategorias distintas, apresentadas a seguir.

Características do produto. A análise do projeto do produto é o primeiro passo noentendimento do serviço. A não uniformidade dos projetos, característica marcantena construção civil, gera produtos únicos. Dessa forma, o levantamento da produtividade da mão-de-obra, da forma pretendida neste trabalho, requer que tais

características, inerentes a cada projeto, sejam conhecidas e levadas em consideraçãoquando feitas as análises dos dados relativos a cada projeto.

Algumas características relacionadas às alvenarias, como por exemplo, a localizaçãoe caracterização geométrica das paredes, configuram fatores que, acreditava-se, poderiam ser possíveis influenciadores da produtividade da mão-de-obra.

Materiais e Componentes. É bastante variada a gama de materiais e componentesutilizados na realização dos serviços de alvenaria. A possibilidade de combinaçõesde materiais aumenta o grau de diversificação na maneira de se executar um mesmo

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serviço e revela a preocupação em atingir maior grau de racionalização, reduzir custos etc.

Acredita-se que a utilização de materiais e componentes distintos seja um dos fatoresque vêm influenciar a produtividade da mão-de-obra. Daí a importância de seconhecer os materiais e componentes utilizados.

Equipamentos e Ferramentas. A execução de um serviço, dentro de um mesmosistema, permite o uso de diferentes equipamentos e ferramentas, igualmenteapropriados. Seja por opção do operário, procedimentos da empresa ou imposição desuperiores, a escolha da ferramenta/equipamento deve levar a uma maior racionalização do serviço e garantir a melhora ergonômica quanto às atividades dotrabalhador.

São muitos e bem variados os equipamentos e ferramentas utilizados na produçãodas alvenarias. Nos últimos anos tem-se notado a utilização de alguns equipamentose ferramentas em substituição às tradicionais colheres de pedreiro e prumos de face, por exemplo. Muitos deles, são colocados no mercado com forte apelo quanto aosincrementos de produtividade alcançáveis com a sua utilização.

Segundo CARRARO (1998), “a utilização dos equipamentos e ferramentas “novos”vem se acentuando muito nos últimos anos. Entretanto, não se tem conhecimento de publicações que atestem, através de estudos aprofundados, os efeitos do empregodestes instrumentos na produtividade do serviço de alvenaria”.

Mão-de-obra. Igualmente importante é a formação e o dimensionamento dasequipes que irão executar um determinado serviço devem ser muito bem pensadosdentro da obra. Não há, até o momento, uma regra que defina a equipe ideal paracada serviço. Dessa forma, são várias as estruturas de equipe possíveis e admitidas, podendo ser significativa a influência destas na produtividade da mão-de-obra.

Organização da Produção. As formas de organizar a produção, dentro das obras,completam o entendimento dos serviços. Aqui se farão mais presentes fatoresrelacionados ao contexto do trabalho; espera-se que venham influenciar a produtividade sensivelmente, haja vista que incidem sobre o serviço como um todo.

“Quando se pensa na execução de uma alvenaria, geralmente este pensamento estáassociado à figura de um pedreiro assentando blocos ou tijolos. No entanto, por trásdesta figura estereotipada, estrutura-se todo um esquema de gestão e organização da produção para que tal serviço possa ser realizado.” (CARRARO, 1998)

O dimensionamento das equipes, como por exemplo o número de ajudantes paracada pedreiro e a presença ou não de encarregado, constituem fatores importantes aserem considerados neste trabalho e, acredita-se, mantenha correlações com a

variação nos níveis de produtividade da mão-de-obra.Procurou-se, assim, facilitar a detecção de fatores que fossem realmente relevantesquanto ao entendimento da produtividade da mão-de-obra. Não se buscou relacionar a variação da produtividade apenas com um grupo pré-determinado e restrito defatores, mas sim, eleger, após análise criteriosa, dentre um grande número deles,aqueles realmente capazes de explicar tais variações.

3. O SERVIÇO DE EXECUÇÃO DE ALVENARIA

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3.1 Descrição do Serviço

Pode-se definir alvenaria como “um componente complexo, utilizado na construção,e conformado em obra, constituído por tijolos ou blocos unidos entre si por juntasde argamassa, formando um conjunto rígido e coeso” (SABBATINI, 1984). Estadefinição, um tanto abrangente, carece de detalhamento para melhor classificar diferentes tipos de alvenaria.

A Tabela 3.1 traz uma classificação das alvenarias proposta pela SABBATINI et al.(1988).

Tabela 3.1 - Classificação das alvenarias (SABBATINI et al., 1988).

CLASSIFICAÇÃO TIPO

Capacidade de suporte Alvenaria resistente: alvenaria estrutural, alvenariaestrutural não protendida e alvenaria estrutural protendida

Alvenaria de vedação

Componentes da alvenaria Alvenaria de blocos de concretoAlvenaria de tijolos cerâmicos maciços

Alvenaria de blocos cerâmicos

Alvenaria de blocos sílico-calcáreos

Alvenaria de blocos de concreto celular 

alvenaria de tijolos de solo estabilizado

Componentes da ligação junta seca (sem argamassa de preenchimento entre asunidades de alvenaria)

 junta tomada (preenchida com argamassa)

Proteção aparente

revestida

“A partir da definição de alvenaria e consciência de sua abrangência, definir-se-á oserviço de alvenaria como sendo a reunião de todos os recursos e atividadesnecessários para se produzir uma alvenaria.” (CARRARO, 1998)

Através do acompanhamento da execução de alvenaria nas obras estudadas e derevisão bibliográfica, será feita uma breve descrição das etapas que constituem oserviço (para o caso de alvenaria de vedação). Tais etapas, genericamente, são:

S  Execução do chapisco sobre a estrutura de concreto que ficará em contato com aalvenaria;

S  Identificação do ponto mais alto da laje, que será tomado como nível dereferência para definir a cota da primeira fiada;

S  Definir a posição planimétrica das paredes a partir dos eixos principais,garantindo o esquadro entre as paredes e as dimensões dos ambientes;

S  Assentamento dos blocos da fiada de marcação;

S  Galgar as fiadas na face dos pilares para fixação dos ferros-cabelo;

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S  Provisão de blocos e argamassa no andar em que se está executando o serviço;

S  Assentamento das fiadas, tendo-se por procedimento geral o de assentar os blocos das extremidades para, em seguida, usando linha de náilon como referência dealinhamento e nivelamento, assentar os blocos intermediários;

S  Colocação/execução de vergas e contra-vergas quando previstas;

S  Execução da fixação (normalmente esta atividade ocorre bem depois doassentamento das fiadas).

Como se pôde observar, o serviço de alvenaria envolve uma série de procedimentosordenados. As atividades e suas respectivas seqüências de execução não sofremgrandes variações em face ao sistema adotado (seja alvenaria de vedação oualvenaria estrutural). Dessa forma, a seqüência de execução apresentada será bastanteútil para que se aborde analiticamente o serviço de alvenaria no estudo da produtividade.

3.2 Abordagem Analítica Proposta para o Estudo da Produtividade

a) Quantificação do serviço

“O serviço de alvenaria não é uma atividade totalmente contínua, repetitiva,executável em um ritmo constante de trabalho. Ele possui algumas fases distintas e bem definidas” (CARRARO, 1998).

Procurou-se dividir o serviço de execução de alvenaria em três tarefas: marcação,elevação e fixação. A quantificação do serviço executado foi feita de maneiraisolada para cada uma das tarefas. A `Figura 3.1 ilustra a divisão proposta para oserviço.

Figura 3.1 - Apresentação do serviço de alvenaria conforme divisão adotada para

análise da produtividade.b) Mão-de-obra contemplada

Os homens-hora foram levantados segundo a mesma divisão de tarefas propostas naquantificação do serviço. Quanto às equipes, essas foram divididas em duas: 1)equipe de produção direta, incluindo os funcionários diretamente envolvidos na produção da alvenaria, ou seja, pedreiros e os serventes nas suas proximidades,dando-lhes apoio direto no assentamento. Normalmente diz respeito à equipe presente nos andares em que se está executando a alvenaria; 2) equipe de apoio à produção: compõe-se dos funcionários envolvidos em tarefas auxiliares à produção,

SERVI O DE ALVENARIA

Marcação Fixação

    T  a  r  e   f  a  s Elevação

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como preparo de argamassa fora do andar em execução, transporte de blocos dotérreo ao andar em execução etc. O apontamento do encarregado, quando esse apenascoordenava a execução do serviço sem trabalhar efetivamente na produção, foi feitoseparadamente.

3.3 Fatores que podem influenciar a produtividade

Faz-se, a seguir, alguns comentários sobre os subconjuntos de fatores estudados nestetrabalho (maiores informações podem ser obtidas em ARAÚJO, 2000).

S  Características do Produto

A função desempenhada pela alvenaria, se de vedação ou resistente, a localização ecaracterização geométrica das paredes, as formas de fixação vertical da alvenaria são pontos, dentre tantos outros, que servem para caracterizar as alvenarias, evidenciandodiferenças no produto alvenaria e subentendendo que diferentes desempenhos podemser encontrados.

S   Materiais e Componentes

Os materiais que compõem a alvenaria são os tijolos ou blocos, as argamassas e, emse tratando de alvenaria estrutural, o graute e a armação (no caso de alvenariaestrutural armada). Apesar de ser em pequeno número, a diversidade encontrada paracada um destes materiais é bastante significativa. Assim sendo, torna-se necessárioconhecer as variedades, usualmente empregadas na execução das alvenarias, paraque seja possível estabelecer possíveis correlações com a produtividade da mão-de-obra.

S   Equipamentos e Ferramentas

Segundo FRANCO (1994), “o correto uso de equipamentos é um dos fatoresessenciais para a racionalização dos procedimentos executivos da alvenaria. O bom

uso dos equipamentos pressupõe, por um lado, o correto planejamento de utilizaçãodos equipamentos disponíveis nos canteiros de obras, bem como o desenvolvimentode ferramentas específicas para tornar mais simples e eficientes as operações deexecução da alvenaria.”

São muitos e bem variados os equipamentos e ferramentas utilizados na produçãodas alvenarias. Nos últimos anos tem-se notado a utilização de alguns equipamentose ferramentas em substituição às tradicionais colheres de pedreiro e prumos de face, por exemplo. Muitos deles são colocados no mercado com forte apelo quanto aosincrementos de produtividade alcançáveis com a sua utilização.

Segundo CARRARO (1998), “a utilização dos equipamentos e ferramentas “novos”vem se acentuando muito nos últimos anos. Entretanto, não se tem conhecimento de publicações que atestem, através de estudos aprofundados, os efeitos do empregodestes instrumentos na produtividade do serviço de alvenaria”.

S   Mão-de-obra

O dimensionamento das equipes, como por exemplo o número de ajudantes paracada pedreiro e a presença ou não de encarregado, constituem fatores importantes aserem considerados neste trabalho e, acredita-se, manter correlações com a variaçãonos níveis de produtividade da mão-de-obra.

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S  Organização da Produção

“Quando se pensa na execução de uma alvenaria, geralmente este pensamento estáassociado à figura de um pedreiro assentando blocos ou tijolos. No entanto, por trásdesta figura estereotipada, estrutura-se todo um esquema de gestão e organização da produção para que tal serviço possa ser realizado.” (CARRARO, 1998)

4. DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS NA OBRAS ESTUDADAS

4.1 Caracterização das Obras

Foram estudadas 9 obras de construção civil, totalizando-se 462 dias úteis de coletade dados. Serão apresentadas, na Tabela 4.1, algumas características do serviço dealvenaria de cada uma delas.

Tabela 4.1 – Caracterização do serviço de alvenaria nas obras estudadas.

Obra Caracterização Ilustração

SP 08

Alvenaria de vedação em blocoscerâmicos 25x25 (espessuras: 9, 12, 14e 19 cm ; blocos elétricos cortados defábrica; blocos estocados manualmenteno pavimento térreo, sendotransportado ao andar através deelevador de obra; argamassa “batida”no pavimento (caixotes de madeira);formação básica: 2 pedreiros + 1servente; mão-de-obra subempreitada;

SP 17

Alvenaria de vedação em blocoscerâmicos 19x39 (espessuras de 9,14 e19 cm; blocos entregues à obra em paletes, estocados no pavimento térreo,sendo transportado ao andar através degrua; argamassadeira no pavimento emexecução; formação básica: 2 pedreiros+ 1 servente; mão-de-obrasubempreitada;

SP 21

Alvenaria estrutural em blocos de

concreto 14x19x39; serviçosupervisionado pelo mestre-de-obras;obra com grua exclusiva para o serviçode alvenaria; sistema especial detransporte de blocos em racks; produção mecanizada de argamassa no pavimento; formação básica da equipe:4 pedreiros e 4 ajudantes; mão-de-obra própria.

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SP 28

Alvenaria de vedação em blocoscerâmicos 19x39 (espessuras de 9,11.5, 14 e 19 cm; baixa densidade de paredes por área de pavimento; blocosentregues à obra em paletes, estocadosno pavimento térreo, sendo

transportado ao andar através deelevador de obra; argamassadeira no pavimento em execução; formação básica: 2 pedreiros + 1 servente; granderotatividade de mão-de-obra durante o período de estudo; mão-de-obrasubempreitada;

SP 34

Alvenaria de vedação em blocoscerâmicos 25x25 (espessuras: 9, 12 e15 cm); argamassadeira no andar emexecução; carrinhos especiais paratransporte de blocos; duas equipestrabalhando na alvenaria; formaçãoequipe 1: 3 pedreiros + 2 serventes;formação equipe 2: 4 pedreiros + 2serventes; mão-de-obra própria;

SP 37

Alvenaria de vedação em blocoscerâmicos 25x25x (espessuras de 7, 9,11.5, 14 e 19 cm; elevador de obraservindo a alvenaria e a estrutura; blocos entregues à obra em paletes

grandes, havendo necessidade deconfecção de paletes menores paratransporte ao andar; eletrodutossimultaneamente à elevação; formação básica: 2 pedreiro + 1 servente; mão-de-obra subempreitada;

SP 44

Alvenaria estrutural em blocos deconcreto 14x19x39; faz-se ½ pavimento de cada vez; utilização deargamassa industrializada misturada no pavimento; obra com elevador de

carga; blocos estocados em frente ao prédio; formação básica da equipe: 3 pedreiros e 4 ajudantes; mão-de-obrasubempreitada.

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SP 62

Alvenaria de vedação em blocoscerâmicos 14x19x39; obra com gruaservindo a alvenaria e a estrutura;tubulação elétrica embutida nomomento da elevação da alvenaria; blocos paletizados e estocados no

 pavimento; argamassa de cal misturadamanualmente com cimento no andar;chapisco rolado nos encontros comestrutura feita pelos próprios pedreiros,que também colocam as telas deligação; 1o momento: 1 pedreiro + 1servente (externa) e 1 pedreiro + 1servente (interna) - 2o momento: 2 pedreiros + 1 servente (externa); mão-de-obra subempreitada;

SP 73

Alvenaria de vedação em blocoscerâmicos 25x25x12; obra com gruaservindo a alvenaria e a estrutura; blocos paletizados e estocados no pavimento; argamassa de entulho ecimento feita no “moinho” comtransporte em jericas pelo elevador; 1omomento: 1 pedreiro + 1 servente(elevação) e 1 pedreiro (marcação) - 2omomento: 2 pedreiros + 1 servente(durante 7 dias); mão-de-obra própria.

5. ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE PARA O SERVIÇO DEALVENARIA DE VEDAÇÃO– TAREFA DE ELEVAÇÃO

A análise do serviço de alvenaria passou pelo entendimento, em separado, de duasdas tarefas que o compõem, isto é: marcação e elevação. A tarefa de fixação, quecomplementa o serviço de alvenaria não foi estudada, pois, como normalmenteacontece tempos depois de inicializada a elevação, inviabilizou o levantamento dedados nas obras estudadas. Neste documento serão apresentadas apenas as análises para a tarefa de elevação.

5.1 Análise da RUP potencial

As Tabela 5.1 e Tabela 5.2 trazem valores de RUP potencial referentes à execuçãoda tarefa de elevação e os fatores que, acreditou-se, apresentam relaçãoespecificamente com esta tarefa.

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Tabela 5.2 – RUPs de elevação e fatores potenciais influenciadores

RUP potencialelevação

Mediana docomprimento das

 paredes

Mediana do peso dos blocos

Densidade dealvenaria interna redesnúmerodepa

nariaáreadealve

Obra

(Hh/ml) (ml) (Kg)(m2alvenaria/m2

área pavimento)(m2)

SP 08 0,80 2,35 5,00 1,3 4,59

SP 17 0,91 2,59 8,00 0,81 5,00

SP 21 0,62 2,82 14,00 1,45 5,96

SP 28 1,18 1,53 7,00 0,51 3,73

SP 34 0,74 2,42 5,00 1,11 4,19

SP 37 0,83 2,21 6,00 0,88 3,96

SP 44 0,66 3,22 13,00 1,3 8,95

SP 62 0,90 2,00 8,00 0,84 4,57

SP 73 0,77 2,30 5,00 0,78 4,31

Tabela 5.2  – RUPs de elevação e fatores potenciais influenciadores(continuação)

Obra

RUP

potencialelevação

Tamanho da

equipe

 Número dedias para

execução de 1 pavimento

Relação

Pedreiro :Servente

Mediana da

altura das paredes

Preenchimento

das juntasverticais

(Hh/ml) (operários) (dias) (m)(1: sim

0: não)

SP 08 0,80 14 15 2,00 2,85 0

SP 17 0,91 14 29 2,50 2,39 1

SP 21 0,62 6 8 2,00 2,59 1

SP 28 1,18 8 22 2,00 3,01 0

SP 34 0,74 11 15 1,75 2,73 1

SP 37 0,83 3 9 2,00 2,30 1

SP 44 0,66 6 15 2,00 2,59 1

SP 62 0,90 3 20 2,00 2,60 1

SP 73 0,77 5 5,50 2,00 2,26 1

A análise dos dados apresentados na Tabela 5.1 e Tabela 5.2 permitiu fazer asseguintes considerações, para cada um dos fatores:

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Mediana do comprimento das paredes: apesar de, graficamente, ter-se detectadouma certa tendência, não se acreditou muito nisso, pois tal tendência foi determinada pelas duas obras de alvenaria estrutural e pela SP 28 a qual apresentou um valor deRUP potencial bastante ruim, não considerado coerente com a dificuldade do serviço.Quando excluídas das análises essas três obras, a relação não é mais observada.

Peso médio dos componentes: não foi possível afirmar cabalmente, na análise

conjunta, que o aumento do peso redundou em RUPs mais altas; dividiu-se as obras,então, em três subgrupos (vedação leve, vedação pesada e alvenaria estrutural), percebendo-se que: as RUPs referente às obras em alvenaria estrutural não foram piores por apresentarem componentes mais pesados; as vedações leves tiverammelhor produtividade que as vedações pesadas (notou-se que as vedações levescoincidiram com blocos de (25x25) cm2 de face e as vedações pesadas com blocos de(20x40) cm2 de face;

Densidade de alvenaria interna: os dados referentes à obra SP 73 e SP 37 são predominantemente de alvenaria externas, não cabendo portanto nesta análise;tirando as duas obras em alvenaria estrutural e a obra SP 28, nas 4 obras que restaram

não percebeu-se qualquer influência do fator em questão com a variação das RUPs;nas duas obras de alvenaria estrutural o aumento da densidade não mudou a RUP potencial;

Área de alvenaria por número de paredes: não se percebeu relação entre este fator e a variação da RUP potencial;

Tamanho da equipe: este fator não mostrou relevância quanto à variação da produtividade; acredita-se, porém, que equipes muito grandes devem possuir encarregado exclusivo para o serviço (situação que foi encontrado no conjunto deobras estudadas);

Número de dias para execução de um pavimento: constatou-se uma tendência de

que maiores prazos na conclusão da elevação de um pavimento levem a piores RUPs;atenta-se, porém, para o fato de que a duração elevada possa ser uma conseqüênciada má organização e não uma causa;

Relação  pedreiro : servente: a relação entre este fator e a variação da RUP potencial não pode ser estudada mais profundamente neste trabalho em função de,nos casos estudados, ter-se relações muito próximas de 2 pedreiros para 1 servente;

Mediana da altura das paredes: excluindo-se da análise as obras em alvenariaestrutural e a obra SP 28, percebeu-se uma tendência de minoração de RUP para paredes com medianas das alturas das paredes com valor intermediário. Percebe-seque, em obras com menores medianas, há a necessidade também de que se monte

andaimes para que se alcance fiadas mais altas, porém, o trabalho demandado nesserearranjo do posto de trabalho não é tão diluído quanto nas obras em que as paredessão um pouco mais altas; para paredes mais altas, um só nível de andaimes não éadequado, o que também tende a aumentar a RUP

Preenchimento das juntas verticais: constatou-se uma tendência, embora não tãosignificativa, de minoração de RUP em obras cujo número de paredes em que se preenche as juntas verticais é sensivelmente inferior àqueles das paredes em que as juntas não são preenchidas.

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Mediante as análises feitas constatou-se, portanto, que foram 5 os fatores que maissignificativamente influenciaram no estabelecimento da RUP potencial paraalvenaria de vedação das obras estudadas: o peso médio dos blocos, a densidade dealvenaria interna, a mediana da altura das paredes, o número de dias para conclusãodo pavimento e o preenchimento ou não das juntas verticais. As lições apreendidas possibilitaram o desenvolvimento de uma ferramenta que associa a variação de

desempenho da RUP potencial de elevação à presença ou não desses fatores. Talferramenta é apresentada, a seguir, no formato de tabela (Tabela 5.3).

Tabela 5.3 - Variação da RUP potencial de elevação em função da presença ou não dosfatores influenciadores

Peso médiodos blocos

Preenchimento das juntasverticais

Densidade dealvenariainterna

Mediana daaltura das paredes

Dias paraconclusão daalvenaria de1 pavimento

RUPpotencialde elevação

(Hh/m2

) ≤6 Kg ≤ 10% das paredes

/0,7 m2

/ e≤1,1 m2/

/2,5 m e≤2,9 m

≤18 dias

≤≤≤≤ 0,75 Atende Atende Atende Atende Atende

Atende Atende 1 a 3 fatores0,75 a 0,90

 Não atende Atende 2 a 3 fatores

∃∃∃∃ 0,90  Não atende Atende no máximo a 1 fator 

Em se tratando da RUP potencial para alvenaria estrutural, foram apenas duas as

obras estudadas, sendo os valores obtidos muito próximos: 0,62 e 0,66 Hh/m2. Nãofoi possível, portanto, tentar correlacionar a pequena variação no desempenho aosfatores estudados.

5.2 Análise da RUP Cumulativa – Alvenaria de vedação

A análise da RUP cumulativa de elevação pode ser útil no levantamento das causasque levaram a produtividade das obras estudadas a se distanciar daquela produtividade potencialmente obtenível, comentada anteriormente. Como já foi dito,a RUP cumulativa mostra tendências de desempenho, conjugar dias com produtividades ruins com dias com boa produtividade.

Por se estar contemplando os mesmos homens-hora (apenas a equipe direta), avariação da produtividade potencial em relação à produtividade cumulativa deelevação é explicada por questões ligadas ao gerenciamento de cada obra.

A Tabela 5.4 traz os valores de RUP cumulativa, explicitando o valor, a cada obra,da variação (∆ RUP) dessa RUP em relação à RUP potencial. Indica também o fator mais fortemente presente na obra que, acredita-se, possa explicar tal variação.

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Tabela 5.4 – Valor e explicação para a diferença entre as RUPs cumulativa e potencialnas obras estudadas

Elevação

RUP potencialRUP

cumulativa∆∆∆∆ RUP

Obra

Hh/m2 Hh/m2 Hh/m2

Causas da variação

SP 08 0,80 0,95 0,15 Paralisações do elevador 

SP 17 0,91 1,12 0,21 Rotatividade

SP 28 1,18 1,39 0,21 Dificuldade de gestão

SP 34 0,74 0,92 0,18 Falta de ferramenta

SP 37 0,83 1,11 0,28 Mudança intermediária da equipe

SP 62 0,90 1,45 0,55 Falência do subempreiteiro

SP 73 0,77 1,00 0,23 Equipe parcial em treinamento

Mínimo 0,62 0,80 0,15

Máximo 1,18 1,45 0,55

Mediana 0,80 1,10 0,22

Como pode ser visto na Tabela 5.4, as RUP cumulativas das obras são sempresuperiores às suas respectivas RUPs potenciais. Constatou-se que estes “acréscimos”,que se traduzem em piora da produtividade, frutos de anormalidades verificadasdurante a execução do serviço, são, na maioria dos casos, decorrências diretas defalhas gerenciais. Assim sendo, em função do melhor ou pior gerenciamento da obra, pode-se prever maiores ou menores valores para a variação entre a RUP cumulativa ea RUP potencial.

Através da análise dos dados apresentados na Tabela 5.4 constatou-se um ∆ RUPvariando de 0,15 a 0,55 Hh/m2. O maior valor de ∆ RUP encontrado diz respeito, particularmente, a uma obra em que a subempreiteira faliu durante a execução doserviço para o qual fora contratada; com isso, os trabalhadores tiveram dificuldadesem receber pelo serviço executado, levando a uma desmotivação generalizada e, por conseguinte, à baixa produtividade. As demais obras enfrentaram problemas outrosque também interferiram diretamente na produtividade, cada qual de uma maneira ecom intensidade que não se afastou muito da mediana dos valores encontrados; assimsendo, tal mediana da ∆ RUP (0,22 Hh/m2) ficou entendida como o valor representativo a ser acrescido à RUP potencial para determinação da RUPcumulativa de elevação quando não se tiver maiores previsões sobre futura gestão doserviço. Esse valor, no entanto, deve ser maior ou menor em função do nível de

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gerenciamento do serviço e da obra como um todo. Obras mais organizadas tendem, portanto, a terem a RUP cumulativa mais próxima da RUP potencial.

5.3 Análise da RUP Cumulativa – Alvenaria estrutural

A Tabela 5.5 traz os valores de RUP cumulativa, bem como o valor da variação (∆

RUP) dessa RUP em relação à RUP potencial. Indica também o fator maisfortemente presente a cada obra que, acredita-se, possa explicar tal variação.

Tabela 5.5 – Valores de RUP cumulativa de alvenaria estrutural

Elevação

RUPpotencial

RUPcumulativa

∆∆∆∆ RUPObra

Hh/m2 Hh/m2 Hh/m2

Causas da variação

SP 21 0,62 0,80 0,18 Execução de fiadas superiores em todas a

 paredes simultaneamente

SP 44 0,66 1,10 0,44 Freqüência de chuvas e falta de frente detrabalho

Mediana 0,64 0,95 0,31

A obra SP 21 apresentou um ∆ RUP de 0,18 Hh/m2 de alvenaria. Tal variação deveu-se ao fato de a RUP cumulativa considerar dias em que trabalhou-se na elevação defiadas mais elevadas (trabalho em cima de andaimes) e que tiveram, portanto, piores produtividades. Acredita-se que o valor de 0,80 Hh/m2 para esta obra represente maisa realidade do serviço, haja vista que pondera os dois níveis de dificuldades presentesna execução do serviço. Não ocorreram falhas gerenciais que pudessem comprometer 

a produtividade nesta obra.O ∆ RUP de 0,44 Hh/m2 constatado nessa obra justifica-se, em parte, pelos mesmosmotivos comentados para a obra anterior. Somado a isso, a produtividade dessa obrafoi afetada pelas constantes chuvas durante a elevação da alvenaria.

Tem-se, portanto, para obras de alvenaria estrutural, uma parcela inevitável de ∆

RUP referente a dias de trabalho mais dificultosos (execução de fiadas mais altas);acredita-se que tal parcela seja algo em torno de 0,15 Hh/m2. Problemas de ordemgerencial, como já fora comentado para a alvenaria de vedação, podem piorar aindamais a produtividade, elevando o valor do ∆ RUP

5.4 Análise da RUP Total – Alvenaria de vedaçãoA RUP total considerou como “entradas” não apenas e equipe de produção diretacomo também o encarregado, quando era exclusivo para o serviço de alvenaria, osoperários encarregados do transporte dos materiais (blocos e argamassa) ao pavimento em execução e da limpeza do pavimento durante a execução do serviço.

Dessa forma, a variação (∆ RUP total) sofrida pela RUP total em relação à RUPcumulativa é devida ao acréscimo de homens-hora. As variações desse acréscimo,em função do elemento de transporte utilizado bem como do “peso” do encarregado

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sobre a produtividade de alvenaria, são apresentadas na Tabela 5.6 e comentadas aseguir.

Tabela 5.6 – Valores e composição da RUP total a partir da RUP cumulativa

∆∆∆∆ RUPRUPcumula-

tivaRUP total

TotalEncarre-

gadoRemanes-

centeObra

Hh/m2 Hh/m2 Hh/m2 Hh/m2 Hh/m2

Causas do ∆∆∆∆ RUPremanescente

SP 08 0,95 1,53 0,58 0,07 0,51Transporte com elevador +

Limpeza

SP 17 1,12 1,17 0,08 0,05 0,00 Transporte com grua

SP 28 1,39 1,69 0,30 0,12 0,18 Transporte com elevador 

SP 34 0,92 1,01 0,09 0,00 0,09 Transporte com grua

SP 37 1,11 1,63 0,52 0,19 0,34 Transporte com elevador 

SP 62 1,45 1,57 0,12 0,00 0,12 Transporte com grua

SP 73 1,00 1,11 0,11 0,00 0,11 Transporte com grua

Como pode-se observar na Tabela 5.6, dividiu-se ∆ RUP total em duas parcelas: umarelativa à influência do encarregado e outra referente à influência do sistema detransporte adotado (cuja escolha implica numa maior ou menor necessidade de mão-de-obra de apoio).

A influência que o encarregado exerce sobre a RUP total é tão mais significativaquanto menor for a equipe pela qual ele é responsável. Nas obras estudadas e quetinham encarregado, o ∆ RUP relativo ao encarregado variou de 0,07 a 0,19 Hh/m2.

Em se tratando da parcela referente ao sistema de transporte, pode-se subdividir o ∆

RUP total em dois subgrupos: obras que utilizaram elevador de obra para transportedos materiais e obras que utilizaram grua. Assim sendo, tem-se, para as obras queutilizaram o elevador de obras, um ∆ RUP variando de 0,18 a 0,51 Hh/m2, passando por um valor mediano de 0,34 Hh/m2. Para as obras que adotaram a grua, o ∆ RUPvariou de 0,00 a 0,12 Hh/m2, tendo como valor mediano 0,11 Hh/m2.

5.5 Análise da RUP Total – Alvenaria estruturalAs considerações iniciais feitas para a RUP total de alvenaria de vedação são válidasaqui também. A Tabela 5.7 traz o valor do ∆ RUP total em função do sistema detransportes utilizado bem como do “peso” do encarregado sobre a produtividade daalvenaria estrutural.

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Tabela 5.7 – Valores de RUP cumulativa de alvenaria estrutural

∆∆∆∆ RUPRUPcumula-

tivaRUP total

TotalEncarre-

gadoRemanes-

centeObra

Hh/m2 Hh/m2 Hh/m2 Hh/m2 Hh/m2

Causas do ∆∆∆∆ RUPremanescente

SP 21 0,80 0,88 0,08 0,00 0,08Transporte com grua em

“Racks”

SP 44 1,10 1,67 057 0,18 0,39 Transporte com elevador 

A parcela de ∆ RUP referente ao encarregado na obra SP44 manteve-se dentro dointervalo de variação encontrado para as obras em alvenaria de vedação (0,18Hh/m2); conforme já se comentou anteriormente, a representatividade do “fator encarregado” na RUP cumulativa está diretamente ligada ao tamanho da equipe em

que está inserido.O valor de ∆ RUP relativo ao transporte também se manteve próxima aos valoresencontrados para a alvenaria de vedação ( 0,08 Hh/m2 para transporte com grua e0,39 Hh/m2 para transporte com elevador de obra), reforçando a idéia de que ainfluência exercida por estes dois fatores independe da alvenaria executada (vedaçãoou estrutural).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A detecção e quantificação daqueles fatores que influenciam a produtividade da mão-

de-obra no serviço de alvenaria constitui uma ferramenta importantíssima para o planejamento do serviço. Possibilita-se não apenas estimar a produtividade, comotambém, vir a calibrá-la em função de aspectos de conteúdo e contexto inerentes aoserviço, que aparecem de forma particular em cada obra.

Com a produtividade estimada criteriosamente, como foi mostrado neste trabalho, passa-se ao controle da mesma, podendo-se, então, à medida em que se compare a produtividade estimada com a real, detectar com melhor precisão possíveisafastamentos e, então, adotar medidas corretivas.

6. R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOPYAN, V. et al. (a) Alternativas para a redução de desperdício de materiaisnos canteiros de obras: Introdução. Sã Paulo, PCC/EPUSP, 1998 (RelatórioFinal: volume 1. Departamento de Engenharia de Construção Civil – PCC-EPUSP)

ANDRADE, A.C. Método para quantificação das perdas de materiais em obras deconstrução de edifícios: superestrutura e alvenaria. São Paulo, 1999. xxxp.Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

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ARAÚJO, L.O.C. Método para a previsão e controle da produtividade da mão-de-obra na execução de fôrmas, armação, concretagem e alvenaria. São Paulo,2000. 385p. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de SãoPaulo.

BARROS, M.M.S.B.; MELHADO, S.B. Racionalização do projeto de edifícios

construídos pelo processo tradicional. São Paulo, EPUSP, 1993. /Seminárioapresentado no curso de Pós-Graduação. Datilografado/

CARRARO, F. Produtividade da mão-de-obra no serviço de alvenaria. São Paulo,1998. 226p. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de SãoPaulo.

FARAH, M. F. S. (1996). Processo de trabalho na construção habitacional:tradição e mudança. Annablume Editora, São Paulo, 1996.

McKINSEY GLOBAL INSTITUTE. Produtividade: a chave do desenvolvimentoacelerado no Brasil, São Paulo, McKinsey Brasil, mar. 1998. (Relatório)

PALIARI, J.C. Metodologia para a coleta e análise de informações sobre consumo eperdas de materiais e componentes nos canteiros de obras de edifícios. SãoPaulo, 1999. xxxp. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidadede São Paulo.

REVISTA CONSTRUÇÃO. São Paulo, n., 1999.

SABBATINI, F.H. O processo construtivo de edifícios de alvenaria estrutural sílico-calcária. São Paulo, 1984. 298p. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica,Universidade de São Paulo.

SOUZA, U.E.L. et al. (a) Perdas de materiais nos canteiros de obras: a quebra do mito.Qualidade na Construção, v.2, n.13, p.10-5, 1998.

SOUZA, U.E.L. de. Metodologia para o estudo da produtividade da mão-de-obrano serviço de fôrmas para estruturas de concreto armado. São Paulo, 1996.280p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

THOMAS, H.R.; KRAMER, D.F. The manual of construction procuctivitymeasurement and performance evaluation. Austin, Construction IndustryInstitute Report, 1987. 168p.

THOMAS, H.R.; SAKARCAN, A.S. Forecasting labor productibity using the factor model. Journal of Construction Engineering and Management, ASCE,v.120, n.1, p228-39, 1994.

THOMAS, H.R.; SMITH, G.R. Loss of construction labor productivity due toinefficiences and disruptions: the weight of expert. State College, ,Pennsylvania Transportation Institute Report, 1990. 181p.

THOMAS, H.R.; SMITH, G.R.; SANDERS, S.R.; MANNERING, F.L. Anexploratory study of productivity using the factor model for masonry.Pennsylvania, Pennsylvania Transportation Institute, 1990.

THOMAS, H.R.; YAKOUMIS, I. Factor model of construction productivity. Journalof Construction Engineering and Management, ASCE, v.113, n.4, p623-39,1987.

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BOLETINS TÉCNICOS PUBLICADOS

BT/PCC/250 Método para Quantificação de Perdas de Materiais nos Canteiros de Obra em Obras deConstrução de Edifícios: Superestrutura e Alvenaria. ARTEMÁRIA COÊLHO DEANDRADE, UBIRACI ESPINELLI LEMES DE SOUZA. 23p.

BT/PCC/251 Emprego de Dispositivos Automáticos em Aparelhos Sanitários para Uso Racional da Água.CYNTHIA DO CARMO ARANHA FREIRE, RACINE TADEU ARAÚJO PRADO. 14p.

BT/PCC/252 Qualidade no Projeto e na Execução de Alvenaria Estrutural e de Alvenarias de Vedação emEdifícios. ERCIO THOMAZ, , PAULO ROBERTO DO LAGO HELENE. 31 p.

BT/PCC/253 Avaliação de Áreas Urbanas através dos Usuários: O Caso do Centro de Guaratiguetá.MAURICIO MONTEIRO VIEIRA, WITOLD ZMITROWICZ. 20p.

BT/PCC/254 O Conceito de Tempo Útil das Pastas de Gesso. RUBIANE PAZ DO NASCIMENTOANTUNES, VANDERLEY MOACYR JOHN.15p.

BT/PCC/255 Impactos Ambientais Causados por Resíduos Sólidos Urbanos: O Caso de Maringá/PR.GENEROSO DE ANGELIS NETO, WITOLD ZMITROWICZ. 24p.

BT/PCC/256 Produção e Obtenção de Barras de Fios de Aço para Concreto Armado. OSWALDOCASCUDO MATOS, PAULO ROBERTO DO LAGO HELENE. 16p.

BT/PCC/257 Influência do Tipo de Cal Hidratada na Reologia de Pastas. FABÍOLA RAGO, MARIA

ALBA CINCOTTO. 25p.

BT/PCC/258 Metodologia para Análises Ergonométricas de Projetos Arquitetônicos com Base na Teoriados Sistemas Nebulosos. ANA LÚCIA NOGUEIRA DE CAMARGO HARRIS, CHENGLIANG-YEE. 33p.

BT/PCC/259 Estudo da Água do Poro de Pastas de Cimento de Escória pelo Método da Água deEquilíbrio. CLÁUDIA T. A. OLIVEIRA, VAHAN AGOPYAN. 12p.

BT/PCC/260 Concreto com Fibras de Aço. ANTÔNIO DOMINGUES DE FIGUEIREDO. 68p.

BT/PCC/261 Alocação de Espaços em Arquitetura: Uma nova metodologia utilizando lógica nebulosa ealgoritmos genéticos. MARIO MASAGÃO ANDREOLI, DANTE FRANCISCOVICTÓRIO GUELPA. 24p.

BT/PCC/262 Contribuição ao Estudo da Resistência à Corrosão de Armaduras de Aço Inoxidável.LEONEL TULA, PAULO ROBERTO DO LAGO HELENE. 20p.

BT/PCC/263 Ferramentas e Diretrizes para a Gestão da Logística no Processo de Produção de Edifícios.FRED BORGES DA SILVA, FRANCISCO FERREIRA CARDOSO. 25p.

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BT/PCC/265 Difusão de Cloretos e a Influência do Grau de Saturação do Concreto: Ensaio em laboratórioe medição de obra em uso. ANDRÉ T. C. GUIMARÃES, PAULO ROBERTO DO LAGOHELENE. 19p.

BT/PCC/266 Análise Econômica de Empreendimentos de Longo Horizonte de Maturação: Taxa deRetorno Compensada. JOÃO DA ROCHA LIMA JR. 15p.

BT/PCC/267 Arbitragem de Valor de Hotéis. JOÃO DA ROCHA LIMA JR. 55p.

BT/PCC/268 Diretrizes para Produção de Contrapisos Estanques. EDUARDO HENRIQUE PINHEIRODE GODOY, MERCIA M. S. BOTTURA DE BARROS. 36p.

BT/PCC/269 Produtividade da mão-de-obra na execução de alvenaria: detecção e quantificação de fatoresinfluenciadores. LUÍS OTÁVIO COCITO DE ARAÚJO, UBIRACI ESPINELLI LEMESDE SOUZA. 24p

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