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Distribuição geográfica de alguns produtos florestais não-madeireiros (Pfnm) na Amazônia Brasileira Na década de 1970 o governo brasileiro realizou na Amazônia o maior e mais extenso levantamento do meio físico e biológico já realizado no mundo, o Projeto RADAM, que tinha por objetivo atualizar e sistematizar dados sobre a Amazônia Brasileira com a finalidade de orientar sua ocupação e exploração. A partir de 2004 estes dados reorganizados pelo IBGE, foram disponibilizados na forma de arquivos georeferenciados pelo SIPAM, com o levantamento florestal em 2.719 pontos de coletas distribuídos em toda a Amazônia Brasileira acompanhados de uma descrição do local. Este trabalho tem como objetivo apresentar alguns resultados preliminares obtidos na análise dos dados referentes a algumas espécies com fins não-madeireiros identificadas nos levantamentos do Projeto RADAM. Os dados foram disponibilizados pelo projeto “Valorização dos Produtos Florestais Não Madeireiros” desenvolvido no INPA sobre coordenação de Sylvain JM Desmouliere, onde estes foram armazenados em um banco de dados relacional (PostgreSQL) que permitiram a realização de consultas espaciais e elaboração de mapas que descrevem as localizações e números de espécies por amostra na área em estudo, para cada PFNM. Identificaram-se áreas potenciais para exploração e/ou conservação de ambientes com presença de PFNM, de relevantes interesses econômico e ecológico para a região. Elaborou-se mapas pontuais a partir dos Plots utilizados nos levantamentos evidenciando o número de espécies com CAP (Circunferência a altura do peito) superior ou igual a 100 cm por amostras de um hectare. Pode-se citar como resultado da consulta espacial, áreas de concentração de PFNM como: Andiroba (Carapa guianensis) nos afluentes da margem direita do rio Solimões e Amazonas, Castanha (Bertholletia excelsa) ao longo dos rios Solimões e Madeira, Copaíba (Copaifera spp.) na bacia do rio Madeira, Seringueira (Hevea brasiliensis) na parte sul e nordeste da Amazônia. Assim o conjunto de informações reunidas neste banco de dados permite uma grande possibilidade de estudos na escala da Amazônia Brasileira, porém mostra-se ineficiente quando se trata de análises em escalas locais. Portanto, estes dados de levantamento de vegetação podem subsidiar pesquisadores e planejadores de políticas públicas que visem a sustentabilidade social e ecológica na região amazônica. Caracterização da experiência de manejo agroflorecológico utilizada na Comunidade de Coroca Assentamento Agroextrativista Gleba Lago Grande município de Santarém – Pará A Amazônia desponta como a nova fronteira agrícola, e com isso acelera um processo de ameaça para os recursos florestais com o avanço do plantio de grãos, principalmente o milho, arroz e soja. Assim, neste cenário, o manejo de recursos florestais surge como uma alternativa

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Distribuição geográfica de alguns produtos florestais não-madeireiros (Pfnm) na Amazônia Brasileira Na década de 1970 o governo brasileiro realizou na Amazônia o maior e mais extenso levantamento do meio físico e biológico já realizado no mundo, o Projeto RADAM, que tinha por objetivo atualizar e sistematizar dados sobre a Amazônia Brasileira com a finalidade de orientar sua ocupação e exploração. A partir de 2004 estes dados reorganizados pelo IBGE, foram disponibilizados na forma de arquivos georeferenciados pelo SIPAM, com o levantamento florestal em 2.719 pontos de coletas distribuídos em toda a Amazônia Brasileira acompanhados de uma descrição do local. Este trabalho tem como objetivo apresentar alguns resultados preliminares obtidos na análise dos dados referentes a algumas espécies com fins não-madeireiros identificadas nos levantamentos do Projeto RADAM. Os dados foram disponibilizados pelo projeto “Valorização dos Produtos Florestais Não Madeireiros” desenvolvido no INPA sobre coordenação de Sylvain JM Desmouliere, onde estes foram armazenados em um banco de dados relacional (PostgreSQL) que permitiram a realização de consultas espaciais e elaboração de mapas que descrevem as localizações e números de espécies por amostra na área em estudo, para cada PFNM. Identificaram-se áreas potenciais para exploração e/ou conservação de ambientes com presença de PFNM, de relevantes interesses econômico e ecológico para a região. Elaborou-se mapas pontuais a partir dos Plots utilizados nos levantamentos evidenciando o número de espécies com CAP (Circunferência a altura do peito) superior ou igual a 100 cm por amostras de um hectare. Pode-se citar como resultado da consulta espacial, áreas de concentração de PFNM como: Andiroba (Carapa guianensis) nos afluentes da margem direita do rio Solimões e Amazonas, Castanha (Bertholletia excelsa) ao longo dos rios Solimões e Madeira, Copaíba (Copaifera spp.) na bacia do rio Madeira, Seringueira (Hevea brasiliensis) na parte sul e nordeste da Amazônia. Assim o conjunto de informações reunidas neste banco de dados permite uma grande possibilidade de estudos na escala da Amazônia Brasileira, porém mostra-se ineficiente quando se trata de análises em escalas locais. Portanto, estes dados de levantamento de vegetação podem subsidiar pesquisadores e planejadores de políticas públicas que visem a sustentabilidade social e ecológica na região amazônica.

Caracterização da experiência de manejo agroflorecológico utilizada na Comunidade de Coroca Assentamento Agroextrativista Gleba Lago Grande município de Santarém – Pará A Amazônia desponta como a nova fronteira agrícola, e com isso acelera um processo de ameaça para os recursos florestais com o avanço do plantio de grãos, principalmente o milho, arroz e soja. Assim, neste cenário, o manejo de recursos florestais surge como uma alternativa viável para a sustentabilidade comunitária, pois, se bem implementado, poderá gerar recursos aumentando a renda familiar dos pequenos agricultores sem comprometer os ecossistemas .Este trabalho tem como foco principal demonstrar que o manejo agroflorestal utilizado como forma de sustentabilidade na Comunidade de Coroca, à margem esquerda do Rio Arapiuns, próximo a Santarém-Pará, no Assentamento Agroextrativista Gleba Lago Grande, é uma maneira de maximizar a produção e aumentar a renda dos comunitários através de implantações de técnicas agroecológicas. Neste sentido, para construir esta proposta, que se caracteriza por ser uma abordagem exploratória, foram desenvolvidos trabalhos de pesquisa através da análise qualitativa baseada em revisão bibliográfica e conhecimento empírico de modo a demonstrar a viabilidade ecológica, econômica e social do processo. Assim, foi possível verificar que a comunidade de Coroca, ao trabalhar o manejo comunitário com a preocupação de preservação e conservação dos recursos naturais, criou uma relação interativa com o meio natural onde está inserida, pois a recuperação de áreas degradadas, o aumento de fontes protéicas com a criação de peixes, quelônios e a meliponicultura, além da fábrica do artesanato, são atividades sustentáveis que constituem uma relação de profunda interdependência com a natureza.

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Conhecimento etnobotânico em um levantamento florístico rápido no setor leste da Reserva Extrativista do Baixo Juruá A conciliação da pesquisa científica e o conhecimento tradicional permitem que a valorização da biodiversidade e a partilha dos benefícios nela existentes, resulte em um caminho para a geração de renda, melhoria da qualidade de vida das populações extrativistas e a conservação dos ecossistemas naturais. Para alcançar este propósito, o objetivo deste trabalho foi gerar um inventário florístico rápido de espécies madeireiras e não madeireiras, com o envolvimento do conhecimento cientifico e o conhecimento tradicional da comunidade local da Reserva Extrativista (RESEX) do Baixo Juruá, para a melhoria no processo de uso, manejo e conservação da mesma pelos moradores locais. O sitio de estudo está localizado nas proximidades do rio Copacá (03º21’02’’ S, 65º45’54’’ W), compreendendo o limite leste da RESEX. As áreas escolhidas foram uma floresta de terra firme e uma formação florestal alagável com características peculiares de igapó. As parcelas amostradas somaram uma área equivalente a 6500 m2, sendo 5000 m2 na vegetação de terra firme e 1500 m2 na vegetação do igapó. Para a área de terra firme foram registrados 177 indivíduos, pertencentes a 63 espécies distribuídas em 25 famílias botânicas, que apresentaram diâmetro médio de 23 cm. Na área de igapó foram 104 indivíduos distribuídos em 23 espécies pertencentes a 15 famílias, com diâmetro médio de aproximadamente 21 cm. Entre as espécies conhecidas popularmente pelos moradores estão acapu-de-juriti, abacatirana, canela-de-galo, mela-bico, mututi, muruxi e pará-pará na terra firme; iqui, jacarandá e pau-pedra no igapó. Algumas outras árvores das espécies de interesse puderam ser avistadas nas proximidades locais ao levantamento como angelim, anani, castanha sapucaia, cumaru, cupiúba, guariúba, itaúba, jacareúba, várias espécies de louro, muiracatiara, pau rainha, piquiarana, pupunharana, sucupira e violeta. Todas as espécies vegetais listadas foram identificadas em campo pelos moradores das comunidades que compõem a RESEX. A pesquisa científica aliada aos conhecimentos e saberes populares permite o desenvolvimento de técnicas de cultivo e manejo, para garantir a sustentabilidade econômica e ecológica do uso da vegetação pelas populações tradicionais. Concluímos que estabelecer instrumentos eficientes no controle da exploração, de quaisquer produtos florestais, sejam eles madeireiros ou não madeireiros, juntamente com acompanhamento técnico especializado possibilitará perspectivas de melhorias na renda das famílias dentro das Reservas Extrativistas.

O conhecimento sobre inseto em uma escola pública de Manaus, Amazonas, Brasil Contemplar é interagir, ao contemplar, o observador recebe estímulos (visuais, sonoros, etc.) que resultam ou não em mudanças comportamentais. É importante considerar as necessidades locais e regionais, onde o público escolar possa dispor de informações atualizadas, como também sugerir e desenvolver novas ações, adequando-se à nova tendência de pensar, que provoquem mudanças. A aprendizagem tem que ser de maneira dinâmica, tanto por parte dos educadores, quanto pelos educandos em ambientes naturais e também pela velocidade e harmonia com que a informação é repassada. Este trabalho objetivou desenvolver um questionário, com questões abertas sobre Artrópodes, enfatizando a Classe Insecta e incentivar os estudantes a participarem de uma pesquisa cientifica, fornecendo subsídios para que possam pensar, descobrir fazendo, criando e experimentando. Utilizamos o conhecimento popular de estudantes do Ensino Fundamental, 6ª série. Observamos que a comunidade estudantil está longe da realidade cientifica. A maioria achou que “inseto” é apenas um animal pequeno, não sabem a importância dos mesmos na natureza, quando perguntado sobre o que acham do conhecimento científico, estes não deram importância. Portanto, devemos desencadear o senso crítico, prático, dinâmico e também a iniciação do conhecimento científico aliada ao senso comum, fazendo com que observem o seu cotidiano social, desenvolvendo novos hábitos e atitudes.

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Caracterização da cintura pélvica de representantes da família Trichomycteridae: como a morfologia contribui para o entendimento da biodiversidade Os tricomicterídeos são peixes amplamente distribuídos na região Neotropical, indo desde a Patagônia ao sul, até o Panamá e Costa Rica ao norte. Entretanto a maior diversidade de táxons supra-específicos de tricomicterídeos encontra-se na bacia amazônica. Seus hábitos alimentares são muito variáveis, ocorrendo espécies que se alimentam de muco, escamas, pequenos invertebrados aquáticos e até de sangue, como os famosos candirus (Vandellia spp.). Este trabalho buscou caracterizar morfologicamente a cintura pélvica de representantes da família Trichomicteryidae, composta de oito subfamílias. Foram utilizados para o estudo representantes de gêneros de cinco subfamílias e do gênero incertae sedis Ituglanis. Para fins comparativos foram usados representantes das famílias Cetopsidae e Diplomystidae. Foram feitos desenhos em câmara clara da estrutura de representantes de Cetopsidae, Diplomystidae, da família Trichomycteridae e uma matriz de caracteres para melhor caracterizar a cintura. A família Trichomycteridae apresenta a cintura pélvica muito variável. No geral a cintura pélvica em Trichomycteridae não apresenta conexão com o esqueleto axial, apresenta dois ramos anteriores, um ramo posterior pode existir ou não, quando existe pode ser longo e pungente ou reduzido e com a borda arredondada. A nadadeira pélvica apresenta cinco raios pélvicos (lepdotríquia), exceto nos táxons basais Trichogenes longipinnis e Copionodon pecten que possuem sete raios, e a esquírola pélvica (de localização adjacente ao primeiro raio pélvico, ausente em Copionodon pecten e em Stauroglanis gouldingi). Trichomycteridae apresentam cartilagem no sítio de conexão dos raios pélvicos e na região de ligação dos basipterígios, exceto em Ituglanis sp. e em Stauroglanis gouldingi. A presença da esquírola pélvica pode ser considerada um estado primitivo para Trichomycteriidae, já que está presente em Diplomystidae e em Cetopsidae, duas das famílias mais basais de Siluriformes. A redução no número de raios pélvicos, no entanto, é uma sinapomorfia para a família, uma vez que no grupo externo é de seis raios. Uma melhor caracterização da cintura pélvica é importante para a realização de futuras análises filogenéticas. As variações morfológicas encontradas representam adaptações aos hábitos de vida extremamente diversificados encontrados nos membros da família. Elas permitem o reconhecimento de linhagens e diversificações específicas, já que são a expressão fenotípica da carga genética, contribuindo para um melhor entendimento da diversidade de peixes neotropicais.

Formigas associadas a ingá (Inga edulis Mart) e lacre (Vismia japurensis) em jazidas de exploração de gás e petróleo da base petrolífera de Urucu, Coari, Am Gusmão, G. A. Na tentativa de recuperar áreas degradadas em Urucu, plantas nativas estão sendo produzidas em viveiros e posteriormente plantadas e monitoradas sobre vários aspectos, incluindo aí a dinâmica de insetos. As formigas são freqüentemente utilizadas para estudos sobre diversidade e comunidade, por ter a vantagem de serem organismos dominantes nos ecossistemas, dada a sua dominância tanto em riqueza de espécies quanto em número de indivíduos, além de relativa facilidade de coletas e baixa mobilidade das populações. Para amostragem e captura dos insetos foram utilizadas armadilhas suspensas tipo caça-moscas, copos descartáveis (30 ml) e puçás para busca visual-manual. Utilizaram-se como atrativos iscas vegetal (doce) e de carne. A isca doce, composta de água e açucarada era colocada em copos descartáveis os quais eram enterrados próximos à base das plantas de ingá e lacre. A isca de carne, (presunto), foi utilizada como atrativo para os insetos carnívoros edáficos, esta isca era colocada próxima das árvores, sobre uma superfície de plástico transparente. O tempo de exposição foi de aproximadamente 40 minutos. As jazidas selecionadas foram de acordo a presença das plantas, ingá (Inga edulis Mart) e lacre (Vismia japurensis), sendo estas RUC 1, JAZ 79, JAZ 18, JAZ 28, JAZ 75, JAZ 20, JAZ 47, JAZ 48 e JAZ 23. Após as coletas, os insetos foram acondicionados e transportados para o laboratório de entomologia agrícola do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) onde foram devidamente triados e identificados. A diversidade de insetos encontrados nas jazidas, durante o período amostral, é representada

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pelos gêneros Brachymyrmex, Camponotus, Cardiocondyla, Cephalotes, Crematogaster, Cyphomyrmex, Ectatomma, Iridomyermex, Neivamyrmex, Odontomachus, Pachycondyla, Pheidole, Pseudomyrmes, Solenopsis, Zacryptocerus e Oxyeporus. Constatou-se uma predominância de insetos em Ingá, possivelmente isso seja explicado pela presença da seiva adocicada que atrai insetos como as formigas.

Composição e variação sazonal da assembléia de peixes em biótopo de herbáceas aquáticas do baixo rio Trombetas, estado do Pará, Brasil Entre os diversos ambientes disponíveis para os peixes nas planícies de inundação da bacia Amazônica os bancos de herbáceas aquáticas estão entre os mais importantes. Neste biótopo encontra-se uma rica ictiofauna, constituída por juvenis e espécies de pequeno porte que o utilizam como abrigo e fonte de recursos alimentares. Entretanto, em função de variações temporais na estrutura e dinâmica dos bancos de macrófitas, resultantes do pulso de inundação e fenologia das plantas, espera-se que essas assembléias de peixes também apresentem variações temporais em sua composição e abundância das espécies. Neste sentido, o presente estudo objetivou caracterizar a composição e verificar se existem variações sazonais da assembléia de peixes encontrada em bancos de herbáceas aquáticas no rio Trombetas, ao longo de um ciclo hidrológico. As coletas foram realizadas bimestralmente entre março de 2005 e fevereiro de 2006. Foram amostradas moitas constituídas principalmente por capim-membeca (Paspalum sp.), distribuídos ao longo de 70 km de canal do rio Trombetas na região de Porto Trombetas, município de Oriximiná, Pará. Foram obtidas 56 amostras em quatro épocas diferentes (cheia, vazante, seca e enchente), sendo que 16 amostras foram selecionadas randomicamente para este trabalho. As coletas foram feitas utilizando redinha de cerco com 10 x 3 m e malha de 5 mm, cada amostra foi constituída por três lances. Os peixes capturados foram fixados em campo com formalina 10% posteriormente, lavados em água corrente e conservados em álcool 70%. Cada espécie teve seu número de exemplares determinado por amostra e época. Devido a uma grande parte das espécies possuírem até 10 indivíduos (67,6%), e terem até duas ocorrências (65,7%), as análises estatísticas foram feitas somente com as espécies que tivessem número de indivíduos maior ou igual a 10 e ocorrência em três ou mais amostras. A similaridade entre os conjuntos de espécies nos períodos sazonais foi verificada por meio de análise de ordenação de Escalonamento Multdimensional (MDS) das amostras, tanto pelos dados de abundância (dissimilaridade Bray-Curtis) quanto presença/ausência (similaridade Jaccard) das espécies. Para determinação da relação entre época e composição de espécies foi realizada uma MANOVA. Foram capturados 3041 peixes distribuídos em nove ordens, 23 famílias e 102 e espécies. Characiformes, Perciformes e Gymnotiformes foram as ordens mais abundantes e Characidae e Cichlidae as famílias predominantes com 43 e 17 espécies respectivamente, estas se mantiveram como as principais famílias em todos os períodos sazonais compreendendo sempre mais de 40% das espécies. A análise de ordenação MDS capturou a maior parte da variância dos dados nos dois primeiros eixos, tanto para os dados de abundância (r2= 0,609) quanto de presença/ausência (r2= 0,665). A MANOVA indicou que a sazonalidade influenciou a ordenação das amostras tanto em relação à abundância (Pillai Trace= 1,168, F= 5,611, df= 6,24, p= 0,001) quanto a presença/ausência das espécies (Pillai Trace= 1,362, F= 8,546, df= 6,24, p< 0,001). Na análise MDS baseada na abundância, a vazante foi o principal período a se diferenciar dos demais, neste encontra-se a maior riqueza (64 espécies) e abundância (2294 peixes), isto provavelmente está relacionado à contração do ambiente aquático e à redução na disponibilidade de habitats. Em relação à presença/ausência, cada período tendeu a formar grupos separados, sendo vazante e seca os mais próximos, e a cheia o com menor tendência ao agrupamento, o que pode ser explicado pela maior movimentação dos peixes e maior disponibilidade de habitats no período de cheia. Assim, é possível concluir que há uma assembléia de peixes característica dos bancos de capim no rio Trombetas constituída principalmente por Characidae e Cichlidae e que sua estrutura em composição e abundância das espécies varia em função da sazonalidade.

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Catalogação das palmeiras (Arecaceae) do Zôo do Centro de Instrução de Guerra na Selva - CIGS - Centro de Pesquisa da Fauna e Flora da Amazônia - CPPFAM - Manaus - Amazonas - Brasil As palmeiras são uma das maiores famílias de plantas no mundo, e pela forma e aspecto, a mais característica da flora tropical. Por possuírem uma variedade de formas, as palmeiras podem ocupar os mais diferentes ambientes e graças a está característica, ficou fácil para o homem cultivá-las e incrementá-las em sua alimentação. Juntamente com as Poaceae e as Leguminosas, as palmeiras constituem economicamente o grupo mais importante de plantas úteis. Consideradas como um dos principais recursos vegetais, as palmeiras, oferecem vários benefícios para os povos amazônicos. Nas comunidades nativas e assentamentos humanos rurais, os moradores obtêm diversos produtos advindos das palmeiras: as folhas são utilizadas para a confecção da cobertura de suas residências, as fibras são utilizadas para a fabricação de artesanatos e utilitários domésticos e os frutos servem para a alimentação. Além destas utilidades tradicionais, as palmeiras são figuras importantes para a composição da paisagem dos bosques, praças, Parques e Zoológicos. As palmeiras têm um papel fundamental na composição de parques, jardins e zoológicos podendo ser cultivadas ou parte da floresta natural que remanesce em áreas nativas. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo realizar a catalogação da flora de Arecaceae do Zoológico do CIGS.O Zoológico está localizado na porção Oeste da cidade de Manaus e possui uma área de 36.000 m2. (3,6 há), situado em um ambiente de floresta primaria em transição. O Presente trabalho foi desenvolvido durante os messes de Junho a Julho de 2007. A identificação das espécies foi realizada de acordo com a classificação adotada por Uhl & Dransfied (1987) e com a utilização de Guia de Campo. Ainda foram registrados os nomes vermiculares. A Família Arecaceae está representada no Zoológico por 11 gêneros e 14 espécies. Quando comparada com a flora de palmeiras do Parque Municipal do Mindu (Amazonas) e com a flora de palmeiras da reserva florestal Adolfo Ducke (Amazonas) observa-se que o zoológico apresenta diversidade genérica idêntica a do Parque Municipal do Mindu e menor do que a reserva florestal Adolfo Ducke, já a diversidade especifica o Zoológico apresenta diversidade menor do que a do Parque do Mindu e a reserva florestal Adolfo Ducke, quando comparada o tamanho da área estudada. O Zoológico possui quatro espécies introduzidas (Euterpe oleracea, Elaeis oleifera, Cocos nucifera, Aiphanes aculeata) e quatro são de mata secundaria ou floresta secundária (Astrocaryum aculeatum, Attalea maripa, Oenocarpus bacaba, Syagrus inajai). Podemos notar o quanto é importante termos o conhecimento da flora original, devido às alterações que a mesma sofre em decorrência da ocupação humana. De acordo com Orellana, para se empreender trabalhos de conservação da natureza, primeiro é necessário se conhecer a resposta que se opõem entre ambientes degradados e conservados. No presente trabalho tem-se uma breve visão neste sentido ao comparar o zoológico (ambiente altamente antropizado) com a reserva florestal Adolfo Ducke (um ambiente preservado).

Crenças coletivas na APA Margem Esquerda do Rio Negro: exploração e descrição Foram explorados significados do meio ambiente natural amazônico por ribeirinhos da Área de Proteção Ambiental (APA) Margem Esquerda do Rio Negro, Setor Tarumã Mirim, zona rural de Manaus (AM), e descritos níveis de aceitação e negação do pensamento mítico das populações. A justificativa foi pautada pela possibilidade de fomento a políticas públicas socioeconômicas após descrição do ethos da região. O objetivo foi investigar o que as sociedades residentes em APAs do entorno de Manaus pensam acerca da natureza que as envolve e os graus positivos e negativos de vinculação do pensamento mítico às crenças e atitudes na região. Utilizando pressupostos teóricos e metodológicos da psicossociologia, com ênfase na sistemática da psico-sócio-história enquanto base para estudo de percepções, a pesquisa foi dividida em duas partes, viabilizadas respectivamente por meio de: a) observações naturalistas descritivas e entrevistas dirigidas semi-estruturadas; e b) questionário objetivo de múltipla escolha. Os locais de levantamento do estudo foram as comunidades Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora do Livramento, ambas integrante da APA, onde atividades de

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extração florestal madeireira e não-madeireira são as principais fontes de renda dos trabalhadores. Em um primeiro momento, com 30 (2N=15) participantes, foi realizada a exploração dos significados do meio ambiente natural para essas populações (Moscovici, 1961), com investigação de representações sociais, fundamentada tanto na categorização de discursos via análise de conteúdo (Bardin, 1977), por proximidade léxico-semântica e freqüência incidente de repetições, quanto por meio do contexto psico-sócio-histórico observado. Os resultados do primeiro estudo apontaram quatro categorias referentes aos significados do meio ambiente natural, sugeridas a partir de respostas à pergunta “O que você entende por meio ambiente?”. Foram elas: conscientização (37,31%), lazer/ócio (23,19%), trabalho (21,51%), e identificação com a terra (17,92%). Em seguida, com 120 (4N=30) participantes foi investigado o percentual de incidência das categorias emergidas na análise de conteúdo e contexto, levando em conta a relação dessas com as intenções de aceitação e negação do pensamento mítico da região. Esta ação foi realizada com aporte de questionário, visando mensuração fatorial das categorias por repetição. Nesses resultados, foi identificado que, quanto aos homens com, no máximo, quatro anos de residência na zona rural ribeirinha de Manaus (H0-4), 49,16% deles demonstraram aceitar e 50,83% enfatizaram sua negação quanto ao discurso mitológico amazônico; das mulheres com, no máximo, quatro anos de residência (M0-4), 54,16% delas aceitaram e 45,83% negaram o discurso; dos homens com nove ou mais anos de residência (H9+), 67,50% deles aceitaram e 32,50% negaram; das mulheres com nove ou mais anos de residência (M9+), 72,50% delas aceitaram e 27,50% negaram. Nesse contexto, foi concluído que a aceitação psicossocial do discurso mitológico para os rurais ribeirinhos da Amazônia tende a aumentar conforme o tempo de convivência (variável sócio-demográfica) dos povos da região.

Saberes e práticas ambientais: um enfoque epistemológico na formação de professores Pesquisa com o objetivo de entender a concepção que os professores em formação do Curso Normal Superior do projeto PROFORMAR (programa de formação de professores) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) possuíam sobre meio ambiente, as problemáticas ambientais da atualidade e as suas práticas pedagógicas nas escolas públicas estaduais. A pesquisa se deu em duas etapas: antes e após o término do módulo de “educação ambiental”. Com o propósito de entender se os conhecimentos e as novas práticas pedagógicas que os professores adquiririam, possibilitam aos seus alunos, construir meios para superar de forma racional as problemáticas ambientais que mais lhes incomodam. A pesquisa desenvolveu-se com a participação de trezentos professores, que após serem esclarecidos da importância do estudo responderam questionários com questões abertas e fechadas. Trata-se de uma pesquisa quantiqualitativa, porquanto se tratar de um trabalho onde se utilizou questionários com questões abertas e fechadas. De acordo com Marconi e Lakatos (2003 p. 103) “em certos graus de mudança quantitativa, produz-se, subitamente, uma conversão qualitativa”. Diante disso, entende-se, que a forma como a pesquisa foi realizada, como foram construídas as questões que compõem os questionários, e a maneira como os professores em formação responderam e especificaram as suas resposta, exigiu que aqueles docentes em formação explicitassem as suas concepções e as suas visões de mundo sobre a questão ambiental. Justificando-se, deste modo, o caráter qualiquantitativa do trabalho. Como resultado, foi possível observar que antes do módulo, aqueles docentes concebiam o meio ambiente como sendo uma questão exclusivamente ecológica. Possuíam uma representação antropocêntrica. Após o módulo, cinqüenta por cento dos docentes dizem ver o meio ambiente como sendo uma questão também sócioambiental. Antes do módulo, setenta por cento disseram construir conteúdos a partir do cotidiano, de jornais e revistas. Após o módulo, esses mesmos docentes dizem ter descoberto muitas outras referências para trabalhar a questão ambiental. Na medida em que se procurou entender as representações e as práticas pedagógicas dos professores em formação, criou-se a possibilidade de construção de soluções para muitas das problemáticas ambientais, e a possibilidade de oferecer subsídios teóricos e metodológicos para outras pesquisas no campo da educação ambiental.

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Diversidade em florestas secundárias do Baixo Amazonas e implicações nas interações nitrogênio-fósforo em serrapilheiras foliares e lenhosas A expansão da agricultura familiar em ecossistemas florestais amazônicos têm promovido alterações tanto na estrutura quanto na função destes ambientes, com implicações diretas na riqueza florística, comportamento eco-fisiológico e dinâmica biogeoquímica local. Dessa forma, o monitoramento de tais modificações no tempo se reveste de interesse na identificação de pontos críticos à manutenção da sustentabilidade de agro-ecossistemas amazônicos. Com o intuito de caracterizar a riqueza florística em florestas secundárias dentro de áreas da agricultura familiar na meso-região do Baixo Amazonas, bem como observar possíveis interações entre as concentrações de nitrogênio e fósforo em serrapilheiras foliares e lenhosas oriundas da trituração destas florestas (tecnologia do corte-trituraçao e mulch) foi que desenvolvemos esta pesquisa. Foram selecionadas 4 propriedades localizadas entre 2º 29’S e 54º 49’W, onde capoeiras com 1 e 4 anos de regeneração foram inventariadas em faixas de 10m x 50m. A seguir estas faixas foram trituradas e avaliadas as concentrações de nitrogênio e fósforo em serrapilheiras foliares e lenhosas no Laboratório de Ecofisiologia Vegetal da UFPA/Santarém. Os resultados demonstraram riqueza florística em torno de 260 espécies distribuídas em 66 famílias, com média de 74 e 72 espécies para capoeiras com 1 e 4 anos de regeneração respectivamente. Algumas espécies apresentaram freqüência absoluta igual à 100% nos 4 ambientes estudados, como Dipteryx odorata, Doliocarpus brevipedicellatus, Myrcia sp., Pariana campestris, Rollinia exsucca, Smilax aequatorialis e Vismia baccifera. Contudo, os resultados da análise multivariada (Teste de Bartlett) indicaram baixos coeficientes de máxima verossimilhança entre concentrações de nitrogênio e fósforo em serrapilheiras foliares e lenhosas para ambas faixas de florestas trituradas (1 e 4 anos de regeneração) respectivamente 22,31 e 37,72. As correlações entre as concentrações de nitrogênio em serrapilheiras lenhosas e fósforo em serrapilheiras foliares variaram em função da idade da capoeira como mostraram as análises de Correlações Lineares de Pearson, sendo positivas (r=0.99) em material triturado oriundo de capoeiras mais novas e negativas em capoeiras mais velhas. Tais resultados sugerem competições mais acentuadas por fósforo foliar em capoeiras jovens.

Caracterização do repertório local Thamnophilus punctatus em cativeiro.A maior parte dos pássaros emite pelo menos um tipo de vocalização característica, com função territorial ou de dominância. O repertório vocal dos pássaros varia em diferentes proporções entre as espécies, variando entre sexos, com a idade, a experiência prévia e a forma como os indivíduos desenvolvem suas vozes. Dentre os fatores que podem moldar evolução dos repertórios específicos, estão fatores históricos, ecológicos e historia natural da espécie. Repertórios vocais são muito úteis, portanto, em estudos comparativos, gerando “insigths” acerca de processos ecológicos, evolutivos e biogeográficos. Thamnophilus punctatus é um exemplo atual do emprego de vocalizações na taxonomia de aves amazônicas e recentemente foi desmembrado tendo como base a distribuição geográfica, uso do habitat, morfologia, plumagem, vocalizações e comportamento. Neste trabalho foi caracterizado e descrito o repertório e o desenvolvimento vocal de T. punctatus criados em cativeiro, avaliando a consistência e o contexto motivacional das emissões. Dez indivíduos da espécie focal foram capturados entre quatro e oito dias de idade, e submetidos a um experimento de exposição controlada de estímulos, ouvindo somente gravações de vozes de Thamnophilus stictocephalus uma espécie aparentada que não ocorre na região de Manaus. As vocalizações emitidas foram discriminadas em tipos vocais e avaliado o contexto comportamental em que eram emitidas, na tentativa de inferir sua função dentro do repertório comportamental. Foram ouvidos e transcritos ao total 826 minutos, referentes a 150 dias de gravações. Foi descrito quatro tipos vocais para o repertorio juvenil com base em 260 min de gravação de seis indivíduos e cinco tipos vocais consistentes com base em 566 min de gravações de um único individuo fêmea adulta sobrevivente. É possível que outros tipos vocais não tenham sido registrados, ou sequer desenvolvidos devido a falta de algum estímulo adequado, ou que algumas vozes tenham se

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deformado como resultado da experimentação, mas de forma geral, tanto o repertorio final como o repertorio juvenil aparentemente são amplamente comparáveis ao repertório natural.

O uso de plantas medicinais por dois grupos indígenas urbanos em Manaus, AM A migração de famílias indígenas para os centros urbanos tornou-se uma constante na Amazônia. Quando pessoas provenientes de comunidades indígenas adentram as cidades, trazem consigo um volume de informações que as diferenciam na origem étnica e na área geográfica da qual provem. A princípio esses grupos étnicos se dissolvem, perdendo momentaneamente um conjunto de itens, usos, e relações que possuíam. Aos poucos, suas origens e necessidades fazem com que esses se re-agrupem, desenvolvendo comunidades indígenas urbanas, aonde certos costumes voltam a ser praticados. Um desses costumes é o uso de plantas medicinais. A etnobotânica pode ser entendida como o estudo do uso das plantas no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinados ambientes, este estudo teve como objetivo registrar o conhecimento sobre as plantas de uso medicinal em duas comunidades indígenas urbanas. Foram selecionados para estudo representantes dos povos Sateré Mawé e Kokama que vivem organizados em Manaus; os dados etnobotânicos foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas. A análise de uso das plantas foi feita através do cálculo do Fator de Consenso dos Informantes proposto por Troten e Logan (1986) e da Importância da espécie de acordo com Bennet & Prance (2000). Foram citadas pelos Kokama 124 plantas sendo estas relacionadas à 53 usos medicinais classificados em 13 categorias de doenças; pelos Sateré Mawé foram citadas 56 plantas com 30 indicações de uso classificados também em 13 categorias. O FCI não indicou um rigoroso critério de escolha de plantas para tratar determinado tipo de afecção, ressaltando a diversidade de uso e conhecimento das comunidades, que muitas vezes costumam usar variadas plantas para tratar um tipo de doença. A importância biológica das plantas para os Sateré Mawé está intimamente relacionada com a cultural. São as de maior importância biológica e cultural para estes, o warana (Paullinia cupana, Hbk.) e muse terim (Capsicum frutescens, L.). Muito do conhecimento que ainda existe entre os grupos, foram passados de “boca a ouvido”, certamente não é possível estimar o quanto foi perdido. É por isso que se faz necessário dar continuidade aos registros em diferentes culturas, conhecimentos e ciências, para que algo possa ser preservado.