Profª . Valéria Trabalhando com texto

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Profª . Valéria Trabalhando com texto. Introdução ao trabalho com texto textum – entrelaçamento, tecido, tessitura articulam e determinam sentidos é uma voz que pronuncia sobre o mundo em que vivemos. Texto 1 A gente não sabemos escolher presidente - PowerPoint PPT Presentation

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Profª. Valéria

Trabalhando com texto

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Introdução ao trabalho com texto

• textum – entrelaçamento, tecido, tessitura• articulam e determinam sentidos• é uma voz que pronuncia sobre o mundo em que vivemos.

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Texto 1A gente não sabemos escolher presidenteA gente não sabemos tomar conta da genteA gente não sabemos nem escovar os dentesTem gringo pensando que nós é indigenteInútil... A gente somos inútil.

Ultraje a Rigor, Inútil.

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TEXTO E CONTEXTO• O sentido de uma frase deve ser observado

levando-se em conta o contexto em que ela se insere.

• O valor de uma parte do texto deve ser pensado segundo sua inserção num todo.

• Um texto sempre tem algo a dizer a alguém, ele não nasce do nada, e parte de

seu sentido decorre da relação que ele estabelece com a reali- dade em que está inserido.

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TIPOS DE TEXTO• Os textos são fruto de diferentes propósitos

e, por isso, apresentam características diversas, permitindo uma variada tipologia textual, desde a distinção entre prosa e verso, passando pela diferença entre textos meramente expositivos aos argumentativos, objetivos e subjetivos, verbais e não-verbais, chegando até a distinção entre texto artístico e texto científico.

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Narração – O mundo relatado

Texto 2 Brasileiro ganha asilo antiviolência nos EUA Nova Iorque — O comerciante brasileiro Saleh Hage, de 36 anos, ganhou asilo político nos EUA ao

desembarcar no aeroporto de Newark, dia 4, dizendo-se vítima da violência em São Paulo. Só este ano, ele testemunhou seis assaltos a comerciantes vizinhos de seu lava-carros em Artur Alvim, zona leste, e acabou ameaçado de morte pelos criminosos. Segundo Chris Shanatta, supervisor do Serviço Nacional de Imigração (INS), “ocaso é único e ele parecia sincero ao revelar seu medo de continuar no Brasil”.Ao desembarcar, Hage e o filho Rafa, de 7 anos, foram detidos por agentes do INS para interrogatório padrão. O brasileiro, que viajava com visto de turista, surpreendeu os agentes ao declarar que estava “em busca de trabalho e escola para o filho”. “Tal confissão normalmente daria justa causa para deportação imediata”, admite Shanatta, com base na nova Lei de Imigração. Essa permite ao INS deportar do aeroporto todo estrangeiro em situação irregular. “Entretanto, nos quatro dias seguintes, ele contou histórias que nos fizeram recuar da decisão de repatriá-lo”, disse.“Não tinha alternativa, pois sabia que se continuasse em São Paulo meu dia de ser morto chegaria.”Hage era dono de um lava-carros na Avenida Paraguaçu, em Artur Alvim. “Meu vizinho era o ‘Bar do César’ e em janeiro alguns bandidos entraram atirando no local”,relata. “Meses depois, assaltaram o estabelecimento outra vez, enquanto o posto de gasolina na esquina sofreu três ataques num mês.” Testemunha da polícia, ele passou a receber a visita de um membro da quadrilha que o teria ameaçado de morte. “A polícia não podia fazer nada.”Filho de imigrantes libaneses, Hage tinha uma experiência dramática na família.“Meu irmão Abdalla foi morto num assalto em 1996, em Santo Amaro, quando alguns bandidos tentavam levar sua caminhonete”. Cansado da insegurança, ele decidiu sair do país, levando consigo o filho. “Conseguimos o visto de turistas e ‘bye, bye São Paulo’.”

(OLIVEIRA, Renan Antunes de. Brasileiro ganha asilo antiviolência nosEUA.O Estado de S. Paulo,

21 ago. 2000. Caderno Cidades, p. C4.

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• O texto 2 limitou-se a reproduzir fatos primando exclusivamente pela informação.

• Uma característica desse texto foi a progressão cronológica – o relato de mudanças que foram ocorrendo com o passar do tempo.

• Reportagem ou notícia.

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Dissertação – O mundo comentado

Texto 3 O exílio está de volta

Deu em “O Estado de S. Paulo” de ontem “O comerciante brasileiro Saleh Hage ganhou asilo político nos EUA, dia 4, dizendo-se vítima da violência em São Paulo”.

Prossegue o texto: “Só este ano, ele testemunhou seis assaltos a vizinhos na zona leste e foi ameaçado pelos criminosos. Segundo o Serviço Nacional de Imigração americano, ‘ele parecia sincero ao revelar seu medo de continuar no Brasil’.”

É inacreditável, mas verdadeiro: 17 anos depois da restauração da democracia, o país volta a ter pelo menos um asilado político. E o termo, no caso, não é exagerado: o Brasil vive um estado de guerra civil não declarada, e vítimas de guerras civis são sempre asilados políticos.

É razoável imaginar que muitos outros brasileiros, se pudessem, tomariam atitude idêntica à de Saleh Hage. Eu mesmo o faria, ainda que não tenha testemunhado assaltos recentemente. Mas é cada vez mais difícil suportar

a roleta-russa diária que é viver em São Paulo, um fenômeno sobre o qual você não tem controle nenhum. Se ainda houvesse parâmetros, vá lá. Se eu soubesse que ir ao bairros x ou y, ou andar na rua depois de tal hora,

etc. me torna mais suscetível de ser vítima da violência urbana, trataria de não fazer essas coisas, mesmo à custa de aceitar uma limitação no meu direito de ir-e-vir.

É como fumar. Você sabe que aumenta as chances de contrair câncer e, portanto,deve ser evitado. Mas, no caso da violência, não há regras. A próxima bala, em qualquer esquina ou mesmo dentro de casa, pode ser

a sua ou a de um parente muito próximo. Espero que, ao tomar conhecimento do pedido de asilo de Saleh Hage, um dos responsáveis pela segurança pública

no país, o general Alberto Cardoso, reformule a sua já grave afirmação de que o país está chegando, em matéria de violência, ao ponto de não-retorno.

Já chegou, general. E o país já cansou de diagnósticos. Cadê a ação? Clóvis Rossi (Agência Folha)

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• O texto 3 não se limitou aos fatos como o texto 2.

• O autor tomou como ponto de partida o texto original do jornal O Estado de São Paulo para armar um raciocínio.

• A intenção não é a de simplesmente informar, mas valer-se da informação para um comentário.

• Linguagem jornalística: artigo.

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Descrição – O Retrato VerbalTexto 4 Ao cabo de dois dias, recebia eu uma carta para ir falar ao Doutor Manuel Feliciano Soares Albernaz, Barão de

Jacuecanga, à rua Conde de Bonfim, não me recordo bem que número. É preciso não te esqueceres de que entrementes continuei estudando o meu malaio, isto é, o tal javanês. Além do alfabeto, fiquei sabendo o nome de alguns autores, também perguntar responder "como está o senhor"? e duas ou três regras de gramática, lastrado todo esse saber com vinte palavras do léxico.Não imaginas as grandes dificuldades com que lutei para arranjar os quatrocentos réis da viagem! É mais fácil — pode ficar certo — aprender o javanês... Fui à pé. Cheguei suadíssimo; e, com maternal carinho, as anosas mangueiras, que se perfilavam em alameda diante da casa do titular, me receberam, me acolheram e me reconfortaram. Em toda minha vida, foi o único momento em que cheguei a sentir simpatia pela natureza...

Era uma casa enorme que parecia estar deserta; estava maltratada, mas não sei por que me veio pensar que nesse mau tratamento havia mais desleixo e cansaço de viver que mesmo pobreza. Devia haver anos que não era pintada. As paredes descascavam e os beirais do telhado, daquelas telhas vidradas de outros tempos, estavam desguarnecidos aqui e ali, como dentaduras decadentes ou malcuidadas.

Olhei um pouco o jardim e vi a pujança vingativa com que a tiririca e o carrapicho tinham expulsado os tinhorões e as begônias. Os crótons continuavam, porém, a viver com a sua folhagem de cores mortiças.

Bati. Custaram-me a abrir. Veio, por fim, um antigo preto africano, cujas barbas e cabelos de algodão davam à sua fisionomia uma aguda impressão de velhice, doçura e sofrimento.

Na sala, havia uma galeria de retratos: arrogantes senhores de barba em colar se perfilavam enquadrados em imensas molduras douradas, e doces perfis de senhoras, em bandós, com grandes leques, pareciam querer subir aos ares, enfunadas pelos redondos vestidos à balão; mas, daquelas velhas coisas, sobre as quais a poeira punha mais antigüidade e respeito, a que gostei mais de ver foi um belo jarrão de porcelana da China ou da Índia, como se diz. Aquela pureza da louça, a sua fragilidade, a ingenuidade do desenho e aquele fosco brilho de luar, diziam-me a mim que aquele objeto tinha sido feito por mãos de criança, a sonhar, para encanto dos olhos fatigados dos velhos desiludidos...

Lima Barreto, O homem que sabia javanês.

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• Em alguns momentos da narrativa a história - texto 4 - deixa de progredir, para que o narrador possa deter-se sobre alguns objetos: a fachada da casa, o jardim, a sala, os quadros... Não há progressão temporal, não há alteração de estado inicial.

• A descrição pode estar inserida em um texto maior de natureza narrativa ou dissertativa.

• O que distingue descrição de narração é a ausência de progressão temporal.

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PROSA E POESIATexto 5 Caçador de esmeraldas Foi em março, ao findar das chuvas, quase à entrada

Do outono, quando a terra, em sede requeimada,Bebera longamente as águas da estação,

Que, em bandeira, buscando esmeraldas e prata,À frente dos peões filhos da rude mata,Fernão Dias Pais Leme entrou pelo sertão. Olavo Bilac

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Texto 6

A natureza sempre foi a grande inspiradora da nossa poesia. Desde Bento Teixeira Pinto, no alvorecer da nacionalidade, até os árcades, no século XVII, os românticos, os parnasianos e os simbolistas, no século XIX, aos poetas contemporâneos, não é difícil perceber essa influência predominan-te. Não possuímos, como os gregos antigos, os latinos e os franceses da I- dade Média, o calor, a imaginação atrevida, a grandiloqüência e o sopro heróico imprescindível à musa épica. Preferimos à epopéia cantada a epo-péia realizada. Quem, até agora, cantou a conquista da floresta am-zônica pelo cearense, a imensidade silenciosa dos sertões, as lu-tas contra os usurpadores estrangeiros, o episódio formidável das ban-deiras? Bilac, por exemplo, no Caçador de Esmeraldas, tão formoso e comovido, deunos apenas um fragmento da aventura sem par dos bandeirantes. Seu poemeto admirável não traduz inteiramente nem as condições meso-lógicas do cenário, nem a totalidade da ação moral dos homens que em-preenderam o milagre do desbravamento do solo brasileiro.

Ronald de Carvalho, Poesia.

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• Prosa é o nome que se dá à forma de um texto escrito em parágrafos.

• "Prosa" é uma palavra de duplo sentido, pois pode designar uma forma (um texto escrito sem divisões rítmicas intencionais - alheias à sintaxe, e sem grandes preocupações com ritmo, métrica, rimas, aliterações e outros elementos sonoros), e pode designar também um tipo de conteúdo (um texto cuja função lingüística predominante não é a poética).

• Na acepção relativa à forma, "prosa" contrapõe-se a "verso"; na acepção relativa ao conteúdo, "prosa" contrapõe-se a "poesia".

• Aristóteles já observava, em sua "Poética", que nem todo texto escrito em verso é "poesia", pois na época era comum se usar os versos até em textos de natureza científica ou filosófica, que nada tinham a ver com poesia. Da mesma forma, nem tudo que é escrito em forma de prosa tem conteúdo de prosa.

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• A poesia, ou gênero lírico, ou lírica é uma linguagem humana que é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor.

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CARTAS, CRÔNICAS, TEXTOS DRAMÁTICOS• Cartas, telegramas, e-mails - variações do

gênero epistolar.• Crônicas – textos parcialmente narrativos,

parcialmente dissertativos, focalizados sobre temas presentes em nosso cotidiano ou nos noticiários jornalísticos.

• Textos dramáticos – próprios do teatro, em que a história se desenvolve por ação direta dos personagens, sem intervenção do autor, tipo de narração não ficcional, de caráter informativo, não opinativo.

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FIM