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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PROFESSOR - UM AGENTE POLÍTICO PARA O NOVO MILÊNIO Por: Maria das Dores Santos Orientador Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PROFESSOR - UM AGENTE POLÍTICO

PARA O NOVO MILÊNIO

Por: Maria das Dores Santos

Orientador

Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

Rio de janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PROFESSOR - UM AGENTE POLÍTICO

PARA O NOVO MILÊNIO

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como condição prévia para a

conclusão do curso de pós graduação “Lato

Sensu” em Docência do Ensino Superior.

Por: Maria das Dores Santos

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Agradecemos a todos que de forma direta ou indireta contribuíram

para a realização e o alcance dos objetivos traçados neste trabalho.

Em especial aos professores que me acompanharam nesta

trajetória, ao meu companheiro ANTENOR CARVALHAES (Economista -

UFRJ) e, principalmente, ao Professor Luiz Cláudio Lopes Alves ,

presença amiga, Profissional competente, orientador que me apoiou

diante das dificuldades encontradas nesta pesquisa monográfica.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................... 5

CAPÍTULO 1 – IDEOLOGIA EDUCACIONAL .......................................... 9

CAPÍTULO 2 – CRISE NA EDUCAÇAO: POR QUÊ? .............................. 15

CAPÍTULO 3 – CURRÍCULO ULTRAPASSADO, ENSINO CHATO ....... 18

CAPÍTULO 4 – VALORIZAÇAO DO PROFISSIONAL ESPECIALISTA EM EDUCAÇAO ................................... 23

CAPÍTULO 5 – EDUCAÇAO A DISTÂNCIA ............................................. 31

CAPÍTULO 6 – A ORGANIZAÇAO DO ENSINO SUPERIOR .................. 35 CONCLUSÃO ............................................................................................. 41 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 44 ANEXOS ..................................................................................................... 46

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1- INTRODUÇÃO

Ao término do curso de Pós-Graduação em Docência do Ensino

Superior, elaboramos este trabalho monográfico onde a escolha do tema foi

calcada em estudos no corrente curso. Nosso trabalho nasceu da experiência

junto a professores em atividades didáticas, prática que nos trouxe uma

inquietação dentro deste complexo sistema, tais como: qual o papel do

educador? Será que a idéia da interação professor-aluno basta para reafirmar

a neutralidade da prática do docente?

Pretendemos neste trabalho fazer uma pequena análise da atual

situação da educação no ensino superior vigente no país e possuímos como

objetivo identificar, na prática pedagógica, a ação política do professor.

O professor é um agente político porque interfere na realidade

cotidiana, mesmo quando age de modo desarticulado dentro do contexto social.

Mas como este ser político exerce sua práxis? É certo que a ausência de uma

consciência política leva a uma prática desvinculada da realidade atual. Trata-

se de uma reflexão acerca do desempenho político do professor.

O professor atua como agente político quando busca retirar os

antolhos de seus alunos e transforma-os em pensadores críticos através da

reflexão e do senso crítico. Este deve ser o perfil a ser buscado no educador do

novo século.

Desde os primórdios da cultura grega, o professor se encontra em uma

posição de importância vital para o amadurecimento da sociedade e a difusão

da cultura. As escolas de Sócrates, Platão e Aristóteles demonstram a

habilidade que tinham os pensadores para discutir os elementos mais

fundamentais da natureza humana. Não perdiam tempo com conteúdos

engessados. Discutiam o que era essencial. Sabiam o que era essencial porque

viviam da reflexão, e a aula era resultado de um profundo processo de

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preparação. Assim foi a escola de Abelardo (filósofo e teólogo francês do século

XII), com os alunos quase extasiados pelo carisma do professor pela forma

envolvente e sedutora como eram tratados os temas. Sócrates andava com

seus alunos e ironizava a sociedade da época com o objetivo de fazê-los

pensar, de provocar-lhes a reflexão e o senso crítico, ou seja, agia como um

agente político da educação.

Sócrates e Cristo foram educadores e agentes políticos, formaram

pessoas melhores. Não há como negar que os numerosos profetas ou simples

contadores de histórias conseguiram tocar e educar muito mais do que qualquer

professor que sabia de cor todo o plano curricular e tudo o que o aluno deve

decorar para ser promovido. Ninguém foi obrigado a seguir a Cristo, não havia

lista de presença nem chamada, e mesmo assim a multidão se encantava com

seus ensinamentos - ele tinha o que dizer e acreditava no que dizia, por isso foi

tão marcante. O professor precisa acreditar no que diz, ter convicção em seus

ensinamentos para que os alunos também acreditem e se sintam envolvidos.

Precisa de preparo para ir no rumo certo e alcançar os objetivos que almeja.

No decorrer desta monografia, muitas dificuldades cruzaram nossos

caminhos, dentre eles destacamos a falta de dados suficientes, o desinteresse

de algumas pessoas com as quais mantivemos contato e a falta de tempo

necessária à coleta de dados.

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho constou de

pesquisa e análise crítica de documentos e bibliografias do tema em questão,

além de pesquisa de campo - o que veio constatar a veracidade das

informações aqui contidas e de nossas conclusões. E, finalmente, seguindo a

proposta e o objetivo de uma pesquisa monográfica, o tema despertou o nosso

interesse de, em um futuro próximo, realizarmos um trabalho mais abrangente

sobre o assunto.

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Ao longo deste trabalho pretendemos demonstrar a importância de

profissionais de educação que estejam comprometidos com o ato de formar

indivíduos com capacidade de discernimento, ou seja, pensadores. Também

pretendemos demonstrar que a figura do professor é um importante vetor de

formação de caráter digno de nossa futura elite. É, da mesma forma,

imprescindível que os sistemas educacionais sejam executados em função do

bem estar do educando, tendo em vista sanar os sérios problemas sociais do

nosso país, bem como o agravamento das tensões sociais e violência que nos

cercam nos dias atuais.

Nosso interesse pelo assunto iniciou-se ao longo dos períodos letivos,

mais precisamente durante a leitura da bibliografia recomendada pela

professora Mary Sue – Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire.

Esse trabalho monográfico pretende abordar a importância do

profissional de educação na formação da elite brasileira, ou seja, no cidadão

que galgou os degraus do sistema, para assim, mostrarmos que a educação

tem um papel ativo e participante no contexto da formação do espaço global,

tanto nacional como mundial.

Tendo por base livros como, professor reflexivo em uma escola

reflexiva, de Izabel Alarcão e pedagogia da autonomia, de Paulo freire, entre

outros, notamos que o aparecimento de um sistema educacional excludente e

que afunila, periferisa, e que joga as margens da sociedade muitos de nossos

brasileiros tem suas bases ainda no período colonial e na escola classista

direcionadas as classes burguesas. Dentro do contexto da época, abolir a

escravidão sem que houvesse sido planejada uma forma de prestar assistência

prévia a estes indivíduos existentes na classe escravista, era condenar o nosso

país a um atraso educacional que perdura até os dias atuais.

A metodologia utilizada na pesquisa foi basicamente análise crítica de

textos, documentos e bibliografias do tema em questão.

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O presente trabalho representa o ensejo de uma reflexão a ser

realizada pelos educadores. Representa o momento de parar para analisar os

fundamentos que caracterizam sua prática pedagógica e a definição do seu

papel enquanto educador diante de uma sociedade em constante

transformação. Portanto, os primeiros questionamentos que se apresentam

para qualquer pessoa que deseja ser um educador é: "a quem queremos servir

com o nosso trabalho? Que tipo de cidadão queremos formar? Qual o perfil do

educador ideal?” Há, assim, uma longa tradição em torno desses tipos de

questionamentos e das respostas dadas, começando com grandes pensadores

da Antiguidade, como Platão, passando por Pestalozzi, e chegando a Paulo

Freire.

Acreditamos que o educador tem um papel fundamental e que o

mesmo deve estar preparado emocionalmente para tal função,com cursos e

momentos de reflexão que enfatizem o equilíbrio, o auto-conhecimento e o

crescimento pessoal, ampliando a percepção das próprias emoções,

favorecendo envolvimentos mais empáticos e sadios, o que só trará benefícios

para a educação.

“Somente os instruídos são livres”. (Epictetus)

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Capítulo I

IDEOLOGIA EDUCACIONAL

Através da educação possivelmente resolveríamos problemas em benefício do homem.

O ato de educar requer comprometimento e que o docente busque

aprimorar-se, e não se estagnar no tempo. E que, também, ele seja capaz de

elaborar um planejamento que venha atender aos anseios do grupo, ou seja,

um planejamento com as devidas flexibilidades, pois o professor deve estar

atento às facetas ideológicas das classes dominantes que introduz sutilmente a

neutralidade da educação, em outras palavras, levam os alunos a praticar

política de forma distorcida, educam-lhes para serem “apolíticos”, mas vale

lembrar que o cidadão que nos diz ser apolítico está meramente fazendo a

política da conservação, da permanência das classes dominantes no poder. No

entanto, a presença do educador em sala de aula por si só já é um ato político e

cabe a este se utilizar desses momentos para a formação intelectual de seu

aluno, tendo sempre em vista que um médico quando erra compromete a vida

de um só ser humano, enquanto um professor que trabalha em três ou mais

escolas, ao falhar comprometerá a mente (a vida) de centenas ou até milhares

de alunos ao longo de sua vida profissional. Porém, um bom educador que

trabalha com perseverança no compromisso de educar e possui em si a certeza

da construção de bases sólidas, levará o alunado a tornarem-se seres plenos e

construtores de seu próprio intelecto, não se subordinando as ideologias das

classes dominantes, ou seja, o professor que atua como agente político

conseguirá alforriar intelectualmente seu alunado.

O ato grandioso de aprender deve servir ao educador como

reorganização de suas relações com o contexto que o cerca e a realidade

vivenciada por seus alunos, pois é sabido que o ser humano possui habilidades

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de se organizar em meio ao caos, logo, a consciência da incerteza leva o

educador a nunca assumir uma postura de perfeito, de inatingível, mas sim de

orientador e até de receptor por parte dos integrantes do grupo.

Muitas vezes o educador necessita de improvisos, decidir certo e

rápido, mesmo que não disponha de tempo e de espaço necessário para

reflexões profundas. Este deve atestar sim, ética e compromisso com o ato de

ensinar, ressaltando que o fato de necessitar buscar conhecimentos prévios

para ministrar o conteúdo o deixaria mais acessível ao grupo trabalhado. Além

disso, ao planejar as atividades de aprendizagem, deve o educador levar em

conta as possibilidades dos alunos, de modo a ajustar-se ao seu

desenvolvimento cognitivo, sendo função da escola “prover meios para a

recuperação dos alunos de menor rendimento” (LDB).

”Fracassar só é grave quando não se consegue identificar as

causas do insucesso. Avaliar e apreciar as razões de nossa

incapacidade momentânea já é uma vitória. Organizar-se

tecnicamente para reduzir progressiva e metodicamente a

imperfeição é a melhor e a mais incontestável das funções

pedagógicas". Célestin Freinet. .

Para o educador comprometido em formar cidadãos plenos e com

aptidões reais, deverá desenvolver as capacidades cognitivas, afetiva, ética,

inserção social, estética, física, relação interpessoal, tendo para si e para o

grupo como um todo os pilares da educação uma constante na vida do

educador, que deve buscar a aprender a aprender, aprender a conviver,

aprender a conhecer, aprender a ser, pois o educador sofre influências do meio

em que vive e com elas se autoconstrói. O educando necessita ter acesso aos

conteúdos como um meio para aquisição e desenvolvimento dessas

capacidades e também capacitar-se para o processo de educação permanente,

exigido pelas constantes inovações no mundo e suas complexidades.

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Vale lembrar que educar é um ato político e cabe ao educador ajudar

o alunado a expressar-se com clareza, sendo capaz de expor o seu ponto de

vista de forma amadurecida que contribua para a tomada de decisão no seu

cotidiano.

"Pretender definir antecipadamente a sociedade que desejaríamos

para os nossos alunos é um disparate pedagógico e histórico...”

Célestin Freinet.

Assim, segundo Edgar Morin, conhecer e pensar não é chegar a uma

verdade absolutamente certa, mas dialogar com a incerteza, ou seja, ser capaz

de jamais se posicionar como onipotente e soberano, dessa forma, o educador

ao conscientizar-se de suas incertezas deve programar-se e traçar estratégias,

pois ensinar não é um jogo de azar, mas sim uma construção de

conhecimentos.

É enganoso pensar que temos uma visão clara do desafio que temos

sobre esse espaço, chamado “sala de aula”, que é um processo de ensino-

aprendizagem humano, onde o professor deve ser considerado um ser

privilegiado, pois ele é mais que um transmissor de conhecimentos, ele é o que

dará ou formará no indivíduo uma visão de mundo, com liberdades e também

limites para enfrentarem o seu cotidiano, seguro de suas convicções.

Como nos diz Paulo Freire, o profissional de educação precisa

aprender a aprender, pois aquela forma de ensinar, acreditando que o jovem

educando não possuía bagagem alguma, é velha e ultrapassada. Hoje se faz

necessário o regate das potencialidades múltiplas do ser, tendo em vista que o

saber encontra-se dinâmico e uma gama de informações o cerca, logo o

educando se encontra bombardeado por inúmeras informações e cabe ao

educador direcionar de forma clara e precisa para que o conhecimento que lhe

é proporcionado não caia na volatilidade. Este educador deve buscar ensinar o

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educando a aprender a aprender, ou seja, experimentar e ir a busca de

soluções para todo e qualquer tipo de problema, tornando-se um indivíduo

capaz de transformar idéias em ações coerentes.

Segundo Freinet, a criança como o adulto, não gosta de imposições,

mas sabe-se que é inerente ao ser humano, seja ele educador ou educando, o

desejo de buscar o novo. E na atual contextualização educacional, não pode

existir conhecimento estável e indivíduos que centralizem informações, pois

este correrá o risco de possuir uma informação ultrapassada ou até mesmo

sem valor algum - o tempo não para. O fato é que toda ação gera uma reação a

qual não podemos prever as conseqüências provocadas, logo trocar

experiências, criar ambiente propício, desenvolver competências individuais,

traçar planos e estratégias levará conseqüentemente o educador a aprender

mais rápido e a obter uma reação positiva e condizente com a escola que quer

aprender.

A instituição de ensino não cumpre seu papel a contento sem um

projeto educativo que defina, entre outras coisas, valores coletivos assumidos

por ela. Isso deverá transparecer no seu relacionamento com funcionários,

alunos, pais e comunidade onde está inserida.

Conforme esses valores vão se tornando claros, todos os funcionários,

e não apenas as equipe pedagógica, devem ser motivadas a segui-los.

Trabalhar numa instituição educacional implica estar comprometido com seu

objetivo maior: educar. E o projeto educativo é um processo contínuo que

necessita de objetivos, conteúdos, estratégias, avaliação, etc. para que surta

efeito.

O trabalho pedagógico em grupo, sistemático, cria entre a equipe

escolar um clima de co-responsabilidade, um compromisso permanente com a

qualidade do ensino. Só assim o educador terá condições de encontrar sua

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personalidade e cumprir seu papel: informar e formar dentro de um sistema a

elite educacional de um país.

O papel do educador e da instituição escolar é de auxiliar o aluno a

desenvolverem-se plenamente suas capacidades, a superando seus

limites, e convivendo socialmente para construir conhecimentos,

compreendendo o mundo com olhares críticos, ou seja, formando uma

cabeça bem feita com uma escola que quer aprender a ser uma escola

para a vida .

Maria das dores Santos – Pós-graduanda

Cabe lembrar que, de acordo com a LDB, os docentes estão incumbidos de:

• participar da elaboração da proposta pedagógica da instituição

educacional;

• elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica da

instituição educacional;

• zelar pela aprendizagem dos alunos;

• estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor

rendimento;

• ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar

integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao

desenvolvimento profissional;

• colaborar com as atividades de articulação da instituição com as famílias

e a comunidade.

É fato que o aumento dos saberes que permitem compreender o

mundo favorece o desenvolvimento da curiosidade intelectual, estimula o senso

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crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição da autonomia na

capacidade de discernir. E, ainda, rege na LDB que a “finalidade da educação

básica é desenvolver o educando, assegurando-lhe a formação comum

indispensável para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Aprender a conhecer garante o aprender a aprender e constitui o

passaporte para educação permanente, ou educação competente, na medida

em que lhe é fornecida as bases para continuar aprendendo ao longo da vida,

seja em qual lado encontrar-se o indivíduo.

o termo competência estar na ordem do dia do debate educacional no

Brasil, mas o conceito não é novo. Sempre que dizemos o que um aluno deve

aprender e o que ele deve fazer com o que aprendeu, estamos nos referindo a

uma competência. Há muito tempo, professores perseguem a constituição de

competências nos alunos porque é um objetivo do ensino propiciar mudanças

que caracterizem desenvolvimento, seja ele cognitivo, afetivo ou social.

A competência só pode ser constituída na prática. Não é só o saber,

mas o saber fazer. Aprende-se fazendo, numa situação que requeira esse fazer

determinado. Esse princípio é crucial para a educação. Se quisermos

desenvolver competências em nossos alunos, teremos de ir além do ensino

para memorização de conceitos abstratos e fora de contexto. É preciso que eles

aprendam para que serve o conhecimento, quando e como aplicá-lo. Isso é

competência.

“As raízes da educação são amargas, mas os frutos são doces” (Aristóteles)

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CAPÍTULO II

CRISE NA EDUCAÇÃO: por quê?

Manter o povo na ignorância não traz prêmios nem punição, mas sim conseqüências pois um povo culto não se revolta, reivindica.

A educação é um fenômeno que está presente em todas as

sociedades como interpretação teórica das aspirações, desejos e anseios de

um grupo humano. A educação reflete e direciona os caminhos da sociedade.

Além disso, o papel da educação amplia-se de forma considerável no cenário

de globalização das relações econômicas e culturais que estamos atualmente

vivendo. Assim sendo, é preciso dar ênfase ao papel dos professores como

agentes de mudanças e formadores de caráter das novas gerações.

Questionamos os passos da educação brasileira na sociedade atual

e o cotidiano nas salas de aula. A educação encontra-se em crise, porém, a

crise que atinge a educação não é de metodologia ou pedagogia e não se

resumiria na reformulação de objetivos, acréscimo ou atualização de conteúdo,

é sim uma crise causada por choques entre os valores reais vigentes na nossa

sociedade, tal como a valorização do homem que progride materialmente,

sendo este mais importante que o desenvolvimento dos padrões culturais e

espirituais, ou seja, o ter é o que mede a capacidade do indivíduo, enquanto o

ser não possui valor algum.

Realmente a crise educacional é antes de tudo uma crise existencial

da humanidade na concepção de mundo, de vida e de ser humano.

Ao invés de uma educação que dá liberdade, temos, na sua grande

maioria uma educação reprimida, limitada, transmitida mecanicamente, sem

observar as necessidades do aluno.

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Porém, desde os primórdios da formação social a instituição

educacional sempre buscou propagar valores que baseiam a estrutura das mais

diversas sociedades, disseminando valores morais e éticos para a estruturação

social.

No decorrer dos séculos, mas principalmente do século XX para o

XXI, os valores que serviam de alicerce para a formação dos homens de nossa

sociedade caíram por terra, ou seja, valores religiosos, morais, éticos e

humanísticos perderam-se ao longo do caminho. Tais valores passaram a

banalidade e comumente ouvimos de algum indivíduo que é fácil dar um jeitinho

ou “se dar bem” em alguma negociação. Diante dos valores perdidos, o que

impera é a indústria da mídia, formador do caráter de nossos adolescentes.

Que tipo de cidadão esperamos formar diante da crise educacional

resultante da perda de valores, ou mais, diante da miséria cultural de nossa

sociedade?

A instituição escolar recebe indivíduos das mais diversas camadas

sociais e é saber concernente que a família, como célula mater, é a principal

formadora de valores, enquanto o sistema educacional deveria vir apenas como

sistematizador de tais valores. Mas percebe-se que em muitos casos os valores

familiares chocam-se com os valores educacionais e inúmeros são os

indivíduos que ao entrar no sistema traz consigo uma enorme bagagem do seio

de sua família já com valores distorcidos, podendo acarretar seqüelas negativas

nos demais componentes do grupo.

A educação parece se encontrar em crise ou, melhor, parece estar

constantemente em crise. Problemas nesta área são muito comuns de serem

citados por professores, pais e alunos que, por outro lado, buscam encontram

os caminhos certos para alcançar os propósitos almejados.

Se, em termos gerais, existem problemas é porque cada um possui a

sua parcela de responsabilidade, neste caso, cabe à instituição escolar

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promover alternativas que possam romper as velhas barreiras do

tradicionalismo para que a qualidade educacional torne-se realidade.

O professor precisa deixar de ser o dono do saber para tornar-se um

agente mediador do processo ensino-aprendizagem, um agente político. O

educando assume o papel de participante, de ser ativo que constrói o próprio

saber a partir da sua realidade. Sendo capaz de discutir e expor suas idéias

com naturalidade e sem ter o medo de ser reprimido.

Com relação à metodologia, trata-se da busca de métodos que

assumam a tarefa de tornar o ambiente escolar um espaço de construção da

aprendizagem, de crescimento para ambas as partes – professor e aluno.

Nesse contexto, o trabalho não pode assumir um caráter

individualizado, pelo contrário, as atividades devem ir além de uma disciplina,

ser interdisciplinar. Isto significa que todas as áreas do conhecimento devem

seguir uma mesma linha norteadora de ação.

A escola deve ser destinada, pela sociedade, para introduzir suas

crianças e seus jovens no conhecimento sistematizado pela humanidade. Mas

também, ao mesmo tempo, devem ser desenvolvidas outras funções

educacionais como preparação para o exercício da cidadania, para o mundo do

trabalho e da cultura, de forma criativa, crítica, ética e pessoalmente

realizadora. A educação deve ser definida como a formação da pessoa

humana, amadurecimento do indivíduo, para consecução da sua forma

completa e perfeita.

No final de um século tão marcado, quer pela agitação e pela

violência, quer pelos progressos econômicos e científicos - estes, aliás,

desigualmente repartidos -, que no alvorecer de um novo século nos deixam

indecisos entre a angústia e a esperança. Requer que todos os responsáveis

prestem atenção às finalidades e meios de educação. Considerar as políticas

educativas um processo permanente de enriquecimento dos conhecimentos, do

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saber-fazer, mas também e talvez em primeiro lugar, como uma via privilegiada

de construção da própria pessoa e das relações entre indivíduos e grupos.

Adotar esta perspectiva é sublinhar como argumento favorável o papel

central da esperança de um mundo melhor, em que se respeitem os direitos do

homem, se pratique compreensão mútua, em que os progressos no

conhecimento sirvam de instrumentos, não de distinção, mas de promoção do

gênero humano. Como se tudo devesse, constantemente, recomeçar, renovar-

se, ser reinventado. Colocar a educação ao longo da toda vida no coração da

sociedade, para em primeiro lugar aprender a conhecer. Em seguida, aprender

a fazer e, finalmente e acima de tudo aprender a ser.

“O gênio sem educação é como prata dentro da mina”. (Abraham Lincoln)

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CAPÍTULO III

CURRÍCULO ULTRAPASSADO, ENSINO CHATO.

Apenas os fracos são na vida aquilo que se recusam ser.

Segundo o ministro da Educação Cristóvão Buarque, o ensino é

chato por estar baseado em currículos ultrapassados, o profissional de

Educação desvalorizado e a hierarquia professor/aluno não estar sendo

respeitada, dando lugar a estudantes muitas vezes mal criados e que

freqüentemente são confundidos como questionadores. Mas na realidade

poderíamos classificá-los como rebeldes sem causa. Porém, devemos

mencionar que o ensino nas escolas é chato e exaustivo devido ao número de

alunos por sala de aula, ao currículo fortemente baseado no estudo formal e

devido também à limitada proficiência da maioria dos professores, além da

forma em que é aplicada a sistemática pedagógica.

Assim, diante da desordem pedagógica em que nos encontramos

hoje, em que o alunado possui uma gama de direitos e não são cobrados seus

deveres sendo possível inclusive que este aluno recuse executar os afazeres

cotidianos da escola e mesmo assim ao final do ano letivo ser aprovado, fica

claro que a escola de hoje não possui alegria e também não representa um

desafio, pois o aluno já vai sabendo que será aprovado. Esse sistema

educacional vigente nos dias de hoje foi inspirado na chamada “Escola Nova”,

que defendia um aprendizado prazeroso e menos massacrante, no entanto,

esta Escola perdeu sua linha pedagógica e encontra-se hoje no oposto ao que

era sua proposta pregava e nos encontramos nos dias atuais num completo

caos educacional.

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Nota-se hoje um recuo no que se refere à popularidade das

chamadas Escolas Liberais e cresce a procura por colégios rigorosos. Assim

sendo, estamos correndo um sério risco de que se confunda liberdade

pedagógica com incompetência, e que o direito a essa liberdade seja

confundido com convite ao ócio. Mas vale lembrar que educação vem de casa,

cabendo aos pais o dever de educar seus filhos. Porém como isso não vem

ocorrendo, eis que o profissional de Educação encontra-se com um duplo

dever: o tradicional de formar e informar e, sendo o homem produto do meio,

deve o professor também se preocupar com seu educando fora de sua sala de

aula.

Dentro de nossa realidade social, o profissional de Educação precisa

de comprometimento político-pedagógico, ou seja, competência para perceber

as necessidades cotidianas, tendo em vista que a contribuição do docente é

fundamental para a base formadora de nossa elite pensante. Aquele que

estimula, enriquece e dá vida a uma série de processos que levam o aluno a

aprender não pode jamais ser pessimista. Neste século marcado pela

globalização da informação, o professor necessita de habilidades múltiplas e

um bom equilíbrio emocional, respeitando sempre as diferenças.

É consenso entre os pensadores da educação que a criança só

interioriza o que você ensina se estiver, de alguma forma, ligada ao conteúdo

por um desafio, uma motivação. Ou se perceber a importância e a aplicação de

tudo aquilo que você quer transmitir.

Essa contextualização é uma das bases do ensino por competências,

palavra de ordem da educação no Brasil e em vários outros países. O objetivo

dessa abordagem é ensinar aos alunos o que eles precisam aprender para ser

cidadãos que saibam analisar, decidir, planejar, expor suas idéias e ouvir as

dos outros. Enfim, para que possam ter uma participação ativa sobre a

sociedade em que vivem. Uma concepção nobre, mas que na grande maioria

das escolas ainda está por ser decifrada. Quando se trata de aplicá-la na frente

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do quadro-negro, sobram dúvidas e falta quem possa solucioná-las de modo

coerente.

acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos

currículos escolares as habilidades e competências para lidar com as novas

tecnologias. No contexto de uma sociedade do conhecimento, a educação

exige uma abordagem diferente em que o componente tecnológico não pode

ser ignorado.

As novas tecnologias e o aumento exponencial da informação levam a

uma nova organização de trabalho, em que se faz necessário: a imprescindível

especialização dos saberes; a colaboração transdisciplinar e interdisciplinar; o

fácil acesso à informação e a consideração do conhecimento como um valor

precioso, de utilidade na vida econômica.

As mudanças tecnológicas do mundo moderno exigem que todo o

profissional tenha qualificação nas atividades que desenvolve. Esta

preocupação e necessidade estendem-se também ao ambiente escolar.

Portanto o educador deve possuir uma formação profissional que lhe permita

agir no ambiente escolar como um verdadeiro agente político da aprendizagem,

sendo capaz de orientar com competência o educando na busca dos

conhecimentos que lhe são fundamentais para a sua formação pessoal e

profissional.

Diante disso, um novo paradigma está surgindo na educação e o papel

do professor, frente às novas tecnologias, será diferente. Com as novas

tecnologias pode-se desenvolver um conjunto de atividades com interesse

didático-pedagógico, como: intercâmbios de dados científicos e culturais de

diversa natureza; produção de texto em língua estrangeira; elaboração de

jornais inter-escolas, permitindo desenvolvimento de ambientes de

aprendizagem centrados na atividade dos alunos, na importância da interação

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social e no desenvolvimento de um espírito de colaboração e de autonomia nos

alunos.

Dessa forma, duas coisas precisam mudar para que os professores

direcionem corretamente suas responsabilidades para orientar os estudantes

para a sociedade do conhecimento: mudança da ênfase da teoria antiquada

baseada em currículo para o conhecimento do mundo real centrado no local de

trabalho, que inclui envolvimento com a tecnologia da informação e

desenvolvimento de pensamento crítico e de habilidades emocionais. A

segunda é a mudança na premissa de que os estudantes são recipientes

vazios, a serem preenchidos por professores conferencistas, para a

compreensão de que, para garantir o sucesso dos estudantes, eles precisam

participar ativamente da sua educação, desenvolvendo tanto as habilidades

cognitivas quanto afetivas, a maioria delas exigida pelos empregadores, tais

como habilidade de trabalho em grupo e de comunicação, capacidade de

liderança e de companheirismo e flexibilidade para obtenção de êxito em

condições de constantes mudanças. Os professores que não conseguirem se

modificar irão continuar a conceder diplomas, mas não necessariamente prover

educação necessária para tornar os seus estudantes aptos para o emprego e

bem-sucedidos.

“O propósito da educação é trocar uma cabeça vazia por uma aberta”. (Malcom Forbes)

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CAPÍTULO IV

VALORIZAÇAO DO PROFISSIONAL

ESPECIALISTA EM EDUCAÇAO

A batalha não será vencida sem requisitos básicos como, a valorização

do educador e a recuperação do status de sua função social.

Para um Profissional de educação em nível superior se faz mister

conhecer os principais fatores que influenciam na formação da chamada elite

educacional de um país, que são criticidade e capacidade de discernimento,

ressaltando as diferenças através de características próprias de cada indivíduo.

A partir de leituras e pesquisas e da vivência cotidiana, nota-se que a

formação de professores especialistas não tem sido o objetivo prioritário das

universidades brasileiras, logo, se pegarmos as universidades como sinônimo

de ensino superior, observaremos uma forte desvalorização dos cursos de

licenciatura em face aos do bacharelado. Cabe ao ensino superior tomar a

formação de especialistas em educação um dos seus objetivos prioritários, de

forma a vir superar as necessidades reais da sociedade, assumindo a função

social que lhe compete, buscando formas concretas para articular a construção

democrática do nosso país, mesmo estando com anos de déficit. Em geral as

áreas sociais e educacionais têm sido negligenciadas e a desvalorização da

classe intensifica o empobrecimento da sociedade brasileira.

Isto posto, as universidades precisam estar conscientes de que a

qualificação para seus professores e demais funcionários é a única saída para o

sucesso, e que não significa somente custo para a organização. Pois estes

profissionais precisam estar atentos as mudanças do mercado atual, para poder

transmitir os conhecimentos de forma eficaz aos acadêmicos.

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Qualquer curso de capacitação será sempre um modificador do

"status" do elemento humano, do homem organizacional, e fornecerá

conhecimentos teóricos (princípios, conceitos, etc.) ou práticos (técnicas de

execução), que atuam no comportamento dos treinados, estimulando-os e

desafiando-os.

A problemática que o Brasil vive hoje, como povo e como civilização,

tem suas origens na incapacidade de nos conduzimos como cidadãos. E na

falta de ideologia que leve o cidadão brasileiro a ter um comportamento digno e

coerente com sua situação histórica e econômica contribui para vivenciarmos a

ideologia influenciadora da nossa educação. A objetividade e neutralidade

necessária e suficiente para tornar a escola capaz de oferecer uma educação

única para todos os alunos, independente da classe social da qual provenham,

reduzindo as desigualdades sociais, devem estar voltadas para que se tenha

uma sociedade democrática na qual o acesso às oportunidades não seja função

da posse econômica ou de forças de grupos dominantes.

Essa generalização, baseada na variada literatura existente e em

levantamentos e pesquisas efetuadas nas ultimas décadas sobre o sistema

educacional brasileiro, nos mostrou que a história do Brasil Colônia não pode

ser desvinculada da história européia, pois a nossa economia atendia o

comércio europeu, via Portugal. A colonização do Brasil visava o lucro através

da exploração do pau-brasil e, em seguida, a monocultura da cana-de-açúcar.

Para que o lucro fosse obtido era necessário a concentração do poder em

poucas mãos e, a mão-de-obra a custo baixos. Sendo então o latifúndio, a

escravatura e a monocultura as principais características da economia colonial.

A educação não foi a meta para o colonizador e os ofícios como ferreiros,

tecelões, oleiros, carpinteiros e outros eram transmitidos de maneira informal.

Para as colônias, as metrópoles européias enviaram os jesuítas a fim

de desenvolveram um trabalho pedagógico e missionário, mas como a igreja

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estava submetida ao poder real, a atividade missionária na realidade visava

facilitar a dominação metropolitana.

O sistema atual de remuneração de professores opera na direção

contraria da lógica de mercado, o qual vai aos poucos se impondo como parte

da realidade. A lógica que prevalece é a seguinte: em testes que medem as

competências requeridas, verifica-se que salário inicial é baixo, atrai alunos

menos preparados para a careira, alunos menos preparados rendem

medianamente, os professores recrutados para direcionar estes grupos, são

submetidos ao dever de alcançar níveis adequados, ou seja um nível mediano

também, ou seja, salários iniciais baixos geram um mercado de professores

formados pelos alunos de pior desempenho acadêmico, logo, um mercado de

limões. (análise de texto extraído do JB - de Araújo e Oliveira – 03/06/03 p A 14 fragmento.)

Neste ínterim, formar professores especialistas em um país onde

educação não ocupa o topo das prioridades, onde a classe política não se

compromete seriamente com as questões básicas da educação de qualidade

para todos faz com que a cidadania, entre outras tarefas, esteja claramente

fadada ao fracasso.

Toda essa crise do ensino é resultado direto da desvalorização da

educação que se reflete na falta de compromisso dos órgãos competentes na

formação de especialistas em educação. Assim, reafirmamos a importância do

compromisso por parte das instituições que ministram cursos de licenciatura na

democratização da sociedade, primeiramente reconhecendo que a escola

enquanto instituição social, deve ser cumpridora da função de socializar o

saber. Mesmo reconhecendo que a escolarização no país é sofrível desde os

tempos coloniais, onde o privilégio das camadas sociais dominantes se

perpetuam, não podemos nos abater, afinal, ser professor é ser um agente

político ativo e socializador do saber.

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Se os governantes tiverem vontade de alavancar o país, deverão

reservar maiores recursos financeiros, políticos e sociais para a valorização do

profissional em educação e do saber, pois é sabido que a perda do lugar do

saber para a esperteza, cresce na mesma proporção que a distância entre

escola e a sociedade, bem como a inversão total de valores. O valor que se dá

ao indivíduo em nossa sociedade não trilha os caminhos da educação (aí

incluídos a moral e a ética), confundiu-se com a esperteza e o jeitinho que

estão intrínsecos em cada cidadão brasileiro, ao conceito do que o que importa

é levar vantagem em tudo. E é claro que anos de descaso com os princípios

educacionais nos levam a uma completa falta de educação de nosso povo. A

educação deve iniciar-se pela conscientização já no seio familiar, com a

aquisição de embasamentos morais, seguida do ensino sistemático que

abrangerá conhecimentos úteis dentro de uma sociedade sã e competitiva.

Em um sistema educacional múltiplo e contraditório como o do Brasil,

que ainda não solucionou problemas básicos, como por exemplo a qualidade e

a democratização do acesso a todos os níveis educacionais a todos os

cidadãos do país, não se deve apenas cumprir o preceito constitucional de

universalizar o ensino fundamental mediante oferta de vagas. Mas sim de

melhorar a qualidade do ensino e torná-lo fator de equalização das

oportunidades de desenvolvimento do indivíduo, além de inclusão na educação

superior, para formação da chamada elite do país, bem como condições

adequadas de trabalho para os jovens que estão aptos ao mercado de trabalho

para que possam vir a contribuir com o progresso do país. Para isso, o

desenvolvimento das competências e dos contextos formativos exige novas

atitudes, comprometidas com o bem estar da sociedade brasileira tanto do

alunado como do educador, pois diante da sociedade complexa e repleta de

canais informativos e formativos, onde o indivíduo é invadido por uma torrente

de informações e o saber tornou-se volátil, onde a mídia possui poder

esmagador e de direcionador das massas, sendo este um formador com grande

peso que em grande maioria suas mensagens com valores negativos ou dúbios

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dificulta ao cidadão comum o discernimento, não sendo estes possuidores do

hábito de questionar perante o que lhe é oferecido. Assim resta ao educador

nesta era das informações volatilizadas, ser antes de tudo um cidadão reflexivo

e que enfatize o sujeito que aprende em busca da formação de uma escola

também reflexiva, salientando que seu valor informativo detém níveis diferentes

conforme o acesso que seus alunos puderem ter a outras fontes de informação.

Se estivermos dentro deste contexto, formaremos cidadãos com capacidade de

discernir o bem e o mal, considerando que criticidade não se desenvolve

através de monólogos expositivos, mas sim com diálogos e no confronto de

idéias e práticas recíprocas ou não, com responsabilidade social.

Professora lhe acho uma excelente patriota

e uma ótima pensadora política mas apesar

disso não concordo com suas opinião.

(bilhete escrito pelo aluno Rafael da 6ª série do ensino fundamental a uma professora de Geografia).

Dentro deste contexto, a educação brasileira necessita de uma ampla

reformulação, onde a vontade política seja estimulada a priorizar a educação e

a cultura, capacitando e valorizando os professores. Para isso se faz mister que

este educador tenha o chamado perfil reflexivo abaixo descrito:

• possuir formação acadêmica na área que vai lecionar, bem como o

domínio de conhecimento sobre o ensino de sua disciplina;

• Capacidade verbalizar e clareza na comunicação;

• Capacidade de motivar os alunos;

• Respeito ao trabalho de outrem;

• Auto-avaliação;

• Perseverança;

• Imparcialidade;

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• Sensibilidade social e humildade;

• Estruturador e animador da aprendizagem;

• Aprender com as experiências;

• Estimular os alunos a reflexão;

• Aceitar as ambigüidades e a complexidade das relações em sala de aula;

• Saber dialogar;

• Respeitar opiniões.

A preocupação com o ensino é uma realidade que afeta a maioria dos

profissionais da área, sobretudo aqueles que assumiram um compromisso com

a formação de alunos que serão capazes de enfrentar as condições adversas

impostas por um mundo tão competitivo quanto este que se consolida na

atualidade. No campo do ensino identifica-se uma renovação que teve início por

volta da década de 70 do século passado. Apesar de necessária, a renovação

enfrentou grandes obstáculos nestas últimas décadas.Tais barreiras encontram-

se no campo teórico-metodológico, bem como na distância entre as

Universidades, "responsáveis pela produção do conhecimento", e os

professores do ensino fundamental e médio. Na maior parte das vezes os

professores dos referidos níveis não têm acesso ao vasto mundo das

publicações acadêmicas; não encontram aplicabilidade imediata e prática nos

trabalhos científicos ou são marginalizados em função de um palavrório

insubstancial e um academicismo distante demais da realidade brasileira em

que vive a maior parte destes professores. Ao mesmo tempo em que a

educação vive sua crise, que as diversas ciências "patinam" numa dificuldade

em relacionar teoria e prática e, preparar os alunos para ingressarem no

mercado de trabalho e na vida social, o mundo da revolução técnica-científica e

da globalização da economia avança numa velocidade astronômica,

marginalizando e excluindo aqueles que não estão aptos a acompanhá-los.

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É através da educação que devemos iniciar uma batalha no sentido de

proporcionar ao estudante um raciocínio interdependente da conexão dos

fenômenos sociais e naturais, onde há um vínculo entre eles. Conclamamos,

portanto, para um rompimento com a visão puramente descritiva e a simples

memorização de dados geográficos, ou mesmo históricos, para estabelecermos

uma visão prática e crítica do sistema em que vivemos. Só assim o aluno

poderá ter artifícios suficientes para entender seu mundo. Lógico que para o

educador, na qualidade de agente político, a autenticidade da atividade

educativa tem sido uma busca freqüente, ou seja, almeja-se que suas ações

resultem em comportamentos e idéias coerentes do ponto de vista da educação

sistemática, formando o educando e estimulando o desenvolvimento da

personalidade deste.

Temos consciência de que a superação das diferenças e expansão

das oportunidades educacionais consistem em expandir oportunidades úteis ao

futuro, assim a escola comprometida com o desenvolvimento é apenas um

reflexo do modelo desenvolvimentista que estrutura a aprendizagem. Dentro

dos aspectos mais significativos do nosso objetivo, ajudou-nos a compreender

como educadores, por força de uma contínua pressão política, foram

manipulados de forma que pudessem concretizar a sua despersonalização

como núcleo político ativo, provocador de mudanças em apenas transmissor

social da cultura que garanta a conservação social de uma geração à outra, que

seja favorável, ainda que desconexo, ao ensino para as elites. Assim, a

consciência do educador foi submetida a manipulação que

preconceituosamente fortalece a educação das elites.

É certo que um educador calcado numa didática não direcionada

favorece gradativamente à desorganização da prática educativa excluindo

completamente os objetivos de organização social estritamente vinculados à

pratica docente e, assim, fortalecendo o individualismo.

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O educador esqueceu efetivamente de todos os ideais de ordem social

e estabeleceu princípios rígidos e mecânicos à pratica, eliminando assim, os

indivíduos que não se enquadram no modelo elitista vigente. O descaso na

formação do professor, a idéia de em educação todos estão aptos a opinar, só

vem fortalecer a idéia de que sempre houve um desinteresse geral pela

educação escolar, que foi colocada em segundo plano nas questões sociais

brasileira. O docente sempre serviu aos interesses políticos, mas não participa

politicamente das decisões e do poder.

“Educação é a descoberta progressiva de nossa própria ignorância”. ( Wil Durant)

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CAPÍTULO V

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O professor é um navegador na viagem da aprendizagem em direção ao conhecimento.

A educação a distância revela-se uma tendência irresistível e

irreversível em direção as gestões pedagógicas, transformando aspectos

essenciais do fenômeno de aprendizagem, a relação entre quem aprende e o

saber existente, na maneira de elaborar e desenvolver o próprio saber,

delegando papel cada vez mais ativo a quem aprende o que o torna sujeito

ativo da aprendizagem.

A aplicação de novas tecnologias na Educação a Distância (EaD),

especialmente aquelas ligadas à Internet, vem modificando o panorama dentro

deste campo de tal modo que seguramente podemos falar de uma EaD antes e

depois da Internet. Antes da Internet tínhamos uma EaD que utilizava apenas

tecnologias de comunicação de um-para-muitos (rádio, TV) ou de um-para-um

(ensino por correspondência). Via Internet temos as três possibilidades de

comunicação reunidas numa só mídia: um-para-muitos, um-para-um e,

sobretudo, muitos-para-muitos. É esta possibilidade de interação ampla que

confere à EaD via Internet um outro status e vem levando a sociedade a olhar

para ela de uma maneira diferente daquela com que olha outras formas de

EaD.

A utilização da Internet para transmitir informação interativa, está

crescendo a um ritmo pelo menos tão grande como o da própria Rede.

O aumento exponencial do número de utilizadores, devido à diminuição

vertiginosa dos custos de ligação, e dos próprios equipamentos, torna já

possível pensar em alcançar grandes grupos de pessoas, no interior de uma

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empresa, ou simplesmente unidas por um interesse comum, para proporcionar-

lhes formação profissional, que de outro modo seria muito caro, ou mesmo

impossível, pelas deslocações e rigidez de utilização do tempo que os métodos

tradicionais impõem.

Na Universidade do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, foi

realizado um estudo comparativo entre duas aulas, com o mesmo programa,

uma clássica, presencial, e a outra virtual. Embora os meios utilizados nesta

última tenham sido rudimentares, comparados com os sistemas atuais, o estudo

revelou um aproveitamento pelos alunos da aula virtual 20 % superior ao

realizado pelos seus colegas que assistiram à aula convencional. O Professor

Jerald G. Schutte, que realizou o estudo, refere nas suas conclusões, que

estima que esta diferença se deve tanto ao contexto tecnológico como à

colaboração entre os estudantes, estimulada pela falta da possibilidade de

dirigir perguntas diretamente a um professor em aula.

A Internet tem aqui um lugar de extrema importância, visto ser ela que

possibilita, a baixos custos, implementar este novo tipo de ensino, moderno e

mais acessível a todos. A sua crescente dimensão permite que este projeto

alcance medidas promissoras de sucesso, por ser cada vez maior o seu

número de utilizadores. Permite assim projetar com alguma segurança, planos

que visem a mudança do ensino presencial para esta nova era do ensino à

distância. Dentro de pouco tempo, com o avanço vertiginoso das tecnologias e

da Internet em si, será possível aprender o que quer que seja, confortavelmente

em casa, ao ritmo de cada um.

Vale ressaltar que é de interesse da elite dominante perpetuar o

modelo vigente de educação, onde a marginalização e a exclusão são palavras

chaves no cotidiano educacional. Assim, galgar os degraus da educação

sistemática em nosso país é o ato de garimpagem da transformação consciente

da própria condição humana e social. A educação é um instrumento de

discriminação e marginalização, o que afeta um número grande de brasileiros

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ilesos ao direito de inserirem-se neste rol de garimpeiros conscientes da

educação. Neste contexto cabe a educação superior emergir como um

instrumento de correção das distorções e deficiências de nossa sociedade,

provendo a integração social a todos os indivíduos, suspendendo o fenômeno

da marginalização e exclusão, entendidas como inerentes à própria estrutura

social do país, o que só será possível à medida que contribuamos para a

constituição de uma sociedade cujos membros se respeitem mutuamente

dentro de suas individualidade. Considerando que somos frutos de uma

educação reflexiva e comprometida com o bem estar social, nossa formação é

toda ela voltada para modelos centrados nos conhecimentos de métodos,

técnicas e procedimentos de ensino. Valorizando a educação dos meios em

detrimento da educação dos fins. Nossa alienação é fruto de mutilações

sofridas nos longos anos de ditaduras militar, que nos inculcaram

conhecimentos mas não nos instrumentalizaram para a interpretação crítica da

realidade. Assim os fundamentos da educação veiculados pelos cursos de

formação de professores, ressalvando raras exceções, nos preparam para dar

continuidade à ideologia dominante.

A educação a distância converte-se em instrumento a serviço destes

propósitos. Cria um mercado sem precedentes cujas fronteiras são cada vez

mais elásticas. Diante da abertura das economias periféricas e da escalada da

desregulamentação, os limites do mercado para a educação a distância são

definidos por barreiras lingüísticas e culturais. O ensino on line amplia o alcance

e acelera extraordinariamente a reprodução do capital no campo da educação.

Porém, estamos vivendo um momento fecundo da História, de

mudança de paradigmas, inclusive na educação. Estas mudanças são mais

profundas que uma simples troca do vídeo pelo CD-ROM ou da página

impressa pela home-page. O momento atual exige clareza nesta percepção. Há

2 mil anos Jesus Cristo já dizia que "não se põe vinho novo em odres velhos

pois o vinho novo romperá os odres, entornar-se-á o vinho e os odres se

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estragarão; pelo contrário, vinho novo deve ser posto em odres novos" (Lucas

5:37). O vinho novo da Educação a Distância via Internet não pode ser posto

nos velhos odres dos modelos que estão em crise aqui e em todo o mundo; tem

que ser posto nos odres novos de um novo paradigma educacional aberto para

uma nova sociedade, uma nova economia, uma nova cultura.

Contraditoriamente, potencialidades técnicas ao invés de ampliarem o

acesso à educação pública convertem-se em dispositivos que criam novas

barreiras educacionais. Ao invés de se somarem às tentativas de superação de

carências educacionais transformam-se em fontes de investimento privado, de

restrições impostas pelo ensino pago e de aumento de disparidades sociais. No

Brasil, o ensino a distância tende, em geral, a refinar a exclusão social.

Não é a conversão de um curso que precisa ocorrer, mas antes uma mudança

de paradigma com relação à maneira com que nos vemos como educadores,

como vemos nossos alunos, e como vemos a própria educação. Não é um

currículo que estamos convertendo, mas nossa pedagogia. A pedagogia eletrônica não diz respeito a fantásticos pacotes de software ou a simples

conversão de cursos. Diz respeito ao desenvolvimento de habilidades

envolvidas com a construção de uma comunidade em meio a um grupo de

aprendizes, de modo a maximizar os benefícios e o potencial que esse meio

oferece na arena educacional.

Palloff & Pratt, Building Learning Communities in Cyberspace. S. Francisco, Jossey-Bass, 1999

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CAPÍTULO VI

A ORGANIZAÇAO DO ENSINO SUPERIOR

Se quisermos indivíduos competentes, teremos de educá-los para a vida.

As Universidades surgiram na Idade Média e são contemporâneas do

chamado Renascimento Intelectual do século XII. Eram corporações de alunos

e professores, nascidas espontaneamente da vontade dos mesmos.

Elaboraram seus próprios estatutos, escolheram seus dirigentes e suas

vestes talares. E passaram, assim, a desfrutar do respeito social.

Os cursos geralmente eram quatro: Teologia, Direito, Medicina e Artes

Liberais. E o conjunto denominava-se “Studia Generalia”, e mais tarde

universidade.

O nome adveio da popularidade nacional dos alunos e mestres, que se

reuniam na studia, pois se agregavam pela origem nacional. A língua comum

dessas corporações era o latim e seus estudos evitavam qualquer compromisso

com os temas e as preocupações do dia-a-dia.

A legislação brasileira atual que dispõe sobre organização e avaliação

de cursos e instituições de ensino superior, encontra-se no decreto nº

3860/2001. O importante neste decreto é definir padrões mínimos de qualidade

para o ensino superior, inibir a multiplicação de instituições ruins, que

comprometam a credibilidade do todo e abrir caminho para as que, de fato,

possam vir a contribuir para a expansão do sistema. No pacote de mudanças

do Decreto 3860 o MEC ganha o poder de determinar o fechamento de cursos

de qualidade duvidosa, nos quais se constatem irregularidades e deficiências,

traduzidas em repetidos conceitos baixos no Provão e na avaliação das

condições de oferta (ACO) - os dois instrumentos de que dispõe para aferir a

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qualidade das IES, controlados pelo INEP (Instituto de Estatísticas e Pesquisas

Educacionais).

As instituições classificadas como públicas são as criadas, mantidas e

administradas pelo poder público e as privadas as que são mantidas e

administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.

O Título IV da LDB, referente a organização da educação nacional, é

claro quando diz que cabe à União, aos Estados, ao DF e aos municípios

organizarem em colaboração conjunta os respectivos sistemas de ensino.

No inciso I temos que é dever da União articular os diferentes níveis e

sistemas educacionais, dentro de uma política nacional de educação.

Porém, já no inciso II libera o sistema educacional para organizar-se

dentro dos termos da lei. Dentro de nosso tema, este artigo nos dá uma idéia

clara de como é difusa e contraditória a lei educacional no país, pois, este ora

concentra, (inciso I), ora descentraliza (inciso II).

Mas dentro da visão de educadora, tenho convicção de que a

educação da forma que se encontra organizada necessita ser repensada, tanto

em valores sociais e disciplinares, como se adequar aos problemas e

necessidades do século XXI, ou seja, deixarmos de ver o currículo escolar

centrado nas disciplinas, entendidas como fragmentos que levam o aluno a uma

forma de conhecimento fechado sem amplidão. Devemos, portanto, passar a ter

na escola, seja em que nível for, uma educação geradora de culturas, não só de

aprendizagem de conteúdo e a acreditamos que para o educador a melhor

forma de adaptar-se às diversidades é estar aberta ao dialogo e buscar

qualificação, sendo essencial conhecer as teorias pedagógicas e ser capaz de

trabalhar as ambigüidades e as complexidades das relações na sala de aula,

bem como possuir um caráter reflexivo e estar aberto a trocas de experiências

com os outros membros da equipe. Hoje o nosso papel é de negociador de

diferenças. Para isso, precisamos estar preparados para mudanças constantes.

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O educador tem de decidir certo e rápido, mesmo que não disponha

de tempo e do espaço necessário para uma reflexão mais profunda. Hoje isso

acontece com freqüência ainda maior por causa da avalanche de informações

proporcionada pela tecnologia. Ela provoca mudanças no cenário político,

econômico e social, trazendo incertezas em relação ao futuro para o cotidiano

de todos.

Quando se pensa num dispositivo e num curriculum de formação

inicial, uma das questões cruciais consiste em saber se nos reportamos a

práticas pedagógicas ideais, ou práticas efetivas, que podem ser observadas,

hoje, nas salas de aula do ensino superior.

Podemos admitir que, só a formação inicial não pode transformar a

globalidade da profissão docente, eliminar as dificuldades da sala de aula e do

estabelecimento de ensino, inverter os mecanismos geradores de

desigualdades ou neutralizar as lógicas habituais de ação dos alunos, dos

colegas, dos pais e da administração. Uma vez que, o professor não pode

contar unicamente com os saberes formalizados para orientar sua ação em sala

de aula. Seu trabalho é complexo e exige alto saber acadêmico e

comprometimento com o seu trabalho. O saber se fundamenta na

racionalidade. Ele não procede de uma crença nem de uma falsa concepção,

mas da constatação e da demonstração lógica.

Segundo grupos de estudiosos brasileiros no ano passado, entre eles

o notável intelectual Hélio Jaguaribe e o ministro da educação Cristovam

Buarque, o Brasil encontra-se em inequívoca encruzilhada para definir se vale a

pena ou se dedicar a pesados investimentos na educação, em seus diversos

graus, haja vista que o desenvolvimento e a colocação do país em um patamar

de igual competitividade com a nações mais desenvolvidas só será possível à

luz da qualidade do ensino universitário e de ampla formação dos brasileiros,

preferencialmente em escola do país e não do exterior, essa qualidade ao

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ensino universitário pátrio, deve ocorrer seja na graduação, na pós “lato” ou

“stricto sensu”

Muitas mudanças ocorreram no mercado formado pelas instituições de

ensino do terceiro grau privado nos anos 70. A principal forma de ingresso na

educação do terceiro grau era através do vestibular unificado Cesgranrio, desde

então diversas mudanças ocorreram neste mercado, dentre as quais podemos

destacar o surgimento de novas formas de ingressos, fusões e ampliações de

instituições, alterações na legislação e sucessivas crises econômicas alteraram

profundamente o cenário. Observa-se que as instituições de ensino privado no

Brasil, vêm comprando grandes espaços nos jornais. A compra deste espaço

na mídia por parte dessas instituições tem como objetivo a conquista de novos

alunos num mercado que se torna cada vez mais competitivo em função de

uma série de mudanças. A implementação de um sistema de avaliação

institucional mais conhecido como provão, acabou por instituir o ranking das

melhores instituições. Dentre outras críticas, é questionada a capacidade de

avaliação de conteúdos de 4 ou 5 anos em uma única prova. O fato é que hoje

o provão tem sido um dos fatores que impulsionaram as instituições a se

preocuparem mais com os seus produtos, investindo em maior capacidade do

corpo docente, instalações e melhorias dos currículos dentre outras coisas.

Outra mudança significativa foi a possibilidade do surgimento de novos

produtos, como os cursos de curta duração, que diminuem o tempo de

investimento do estudante com redução das mensalidades e retorno mais

rápido ao mercado de trabalho. Hoje existem várias formas alternativas para o

ingresso em cursos de terceiro grau, tais como: prolongamento do prazo de

validade do concurso, realização de vários concursos ao longo do ano e

aproveitamento do resultado do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). No

entanto a oferta de vagas nas instituições públicas não acompanhou o

crescimento do mercado.

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Quantos professores no Brasil acreditam e têm efetivamente coragem

para aplicar na prática o pensamento do filósofo e escritor espanhol Ortega y

Gasset: “sempre que ensinares ensina a duvidar do que estás ensinando”. O

professor agente político das Universidades tem que se imbuir de

responsabilidade diante de um novo papel. William Ward, escritor inglês (1834 –

1867) já nos alertava há tanto tempo: “o professor medíocre diz; o bom

professor explica; o professor superior demonstra; o grande professor

inspira”. Antes de tudo é necessário ter (para depois repassar) consciência

absoluta do momento, talvez uma Era, de ambigüidade, incerteza e caos que

vivemos. Este patamar básico de volatilidade tem que servir como painel de

orientação para aquilo que vamos ensinar. Nesta mudança acelerada, a massa

de conhecimento e tecnologia dobra a cada ano. O que deve ser ensinado de

concreto, com a busca de uma efetividade de aprendizado, se em quatro anos o

mundo estará mais de 90% diferente? Ainda Confúcio nos lembra que “o sábio

cuida principalmente da raiz”. Vem à tona, de forma séria, a pergunta: “que raiz

temos que ensinar, ou seria inspirar, para seres humanos que vão viver (e

portanto aplicar o que aprenderam) em um mundo tão diferente?. Nós não

podemos em hipótese alguma perder a oportunidade histórica de transformar

vidas comuns em vidas extraordinárias.

Nosso papel é realmente inspirar, iluminar, motivar, instigar, cutucar,

e, porque não, até incomodar. É preciso mostrar, também, no viés da emoção e

do humano que é possível. É necessário divulgar que não vivemos em um

tempo difícil, mas sim em um tempo diferente. Aliás, bem diferente.

É preciso, como mestres, despertar o potencial humano dos alunos

para o mundo real, diverso, transformado. Deveríamos, assim, como grito de

alerta ter o pensamento de Dostoiewisk em um quadro pendurado na parede de

nossa sala: “Para destruir, aniquilar definitivamente um homem, infligir-lhe as

punições mais terríveis, basta apenas lhe atribuir um trabalho de caráter total e

inteiramente inútil e irracional. Por isto, nossa missão é mais ampla do que

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preparar para o mercado de emprego. Aliás nossa causa mais nobre é

desenvolver Seres Humanos integrais em condição de buscar sua felicidade e

realizar seus sonhos. Essa é a missão precípua do professor que atua como

agente político.

"os ideais educacionais não são algo de vago e flutuante, distanciados da realidade,

mas precisos e concretos, como a própria realidade.” (Lourenço Luzuriaga)

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CONCLUSÃO

A marginalidade e a criminalidade, além de todos

os demais tipos de contravenção penal, são, em

grande parte, resultado da deseducação.

À guisa de conclusão acreditamos que o ponto levantado neste

trabalho monográfico vem sendo discutido por autoridades que lutam pela

qualidade do ensino de nossas universidades, salientamos que existe uma

lacuna entre o que se teoriza e o modo de ação dos professores das

instituições educacionais de ensino superior, acreditamos que este vácuo

formou-se há muito tempo atrás, ainda na habilitação para o exercício do

magistério, quando se fala sobre o que deveria ser feito, quando se impõe

projetos e teorias aos educadores, sem que estes estejam preparados, como

por exemplo o construtivismo, que virou moda, mas que foi uma bagunça geral,

onde o professor ruim escondia-se na máscara de ser construtivista e outros

mais ao longo de minha vida profissional. Assim, jamais foi feito o que

realmente deveria ter sido feito, tanto pelo docente , bem como para o futuro da

educação no nosso país. Fazem-se necessárias condições adequadas para

que o docente seja capaz de lidar com os saberes atuais, tornando-o ponto de

partida para sua prática, bem como uma postura curricular transformadora e,

conseqüentemente ressalta a necessidade de instituições educacionais que

valorizem a docência.

A sociedade atual exige uma educação para a formação do caráter

responsável e a instituição educacional de ensino superior é um elemento

imprescindível à formação da consciência do especialista em educação, tendo

em vista que o processo educacional não é estático, mas sim dinâmico, para

tanto, é necessário que educador e educando se relacionem como pessoas,

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pois certamente, dentro do sistema didático-pedagógico todo educador e um

agente político, não partidário, mas com um forte poder de direcionar massas,

não pode ser neutro, mas sim, participativo nas relações sociais que se

estabelecem na classe. Sabemos que educar não é tarefa fácil e o ato de

educar é um instrumento de suma responsabilidade na formação da elite

educacional.

Dentro deste ínterim se faz mister que o especialista em educação

compreenda que dentro do processo de ensino aprendizagem não pode em

hipótese alguma se restringir a fornecimento de informações, mas sim, propiciar

uma base social que gere cidadãos com posições críticas coerentes, que

possibilitem a integração do mundo que o cerca. Ou seja, professores atuando

como agentes políticos ativos formando cidadãos políticos ativos para a

sociedade.

Dessa forma, o professor que atua como agente político é aquele que

busca de verdade ser um educador, que conhece o universo do educando, que

tem bom senso, que permite e proporcione o desenvolvimento da autonomia de

seus alunos. Que tenha entusiasmo, paixão: que vibre com as conquistas de

cada um de seus alunos, não descrimine ninguém, não se mostre mais próximo

de alguns, deixando outros à deriva. Que seja politicamente participativo, que

suas opiniões possam ter sentido para os alunos, sabendo sempre que ele é

um líder que tem nas mãos a responsabilidade de conduzir um processo de

crescimento humano, de formação de cidadãos, de formação de novos líderes.

Ninguém se torna um professor perfeito, aliás aquele que se acha

perfeito, e importante nada mais tem a aprender, acaba se transformado num

grande risco para a comunidade educativa. No conhecimento não existe o

ponto estático, ou se está em crescimento, ou em queda. Aquele que se

considera perfeito está em queda livre porque é incapaz de rever seus métodos,

de ouvir outras idéias, de tentar ser melhor.

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A grande responsabilidade para a construção de uma educação cidadã

está nas mãos do professor. Por mais que o diretor ou o coordenador

pedagógico tenham boas intenções, nenhum projeto será eficiente se não for

aceito, abraçado pelos professores porque é com eles que os alunos têm maior

contato.

O professor só conseguirá fazer com que o aluno aprenda se ele

próprio continuar a aprender. A aprendizagem do aluno é indiscutivelmente,

diretamente proporcional à capacidade de aprendizado dos professores. Essa

mudança de paradigma faz com que o professor não seja o repassador do

conhecimento, mas orientador, aquele que zela pelo desenvolvimento das

habilidades de seus alunos. Não se admite mais um professor mal formado ou

que para de estudar.

A formação de professores e educadores de todo o país nos anima a

dizer que existe hoje um conjunto deles com disposição ímpar para alterar sua

prática educativa e contribuir para a qualidade da educação. Acreditamos que a

formação continuada é imprescindível não apenas para que os educadores se

apropriem de conhecimentos e habilidades para o exercício profissional, mas

também como oportunidade de relações e interlocução. Este é o norte da nossa

concepção de formação.

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BIBLIOGRAFIA Psicologia da Aprendizagem, de Dinorah Martins de Souza Campos Editora Vozes – 32ª edição Ano 2002. Psicologia Educacional, de Nelson Pillet Editora Ática - 7ª edição Ano 1995. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo,de Hamilton Werneck Editora Vozes – 21ª edição Ano 2002. Pedagogia da Autonomia Saberes necessário à pratica educativa, Paulo Freire Editora Paz e Terra- 25ª edição Ano 2002. As Dez Novas Competências para Ensinar, Philipe Perrenoud, Editora Artmed – Ano 2000. A Nova LDB Ranços e Avanços, Pedro Demo Editora Papirus – 14ª edição Ano 2002 Rumo a uma Nova Didática, de Vera Maria Candau Editora Vozes -14ª edição Ano 2002. Formação de professores Pensar e Fazer, de Nilda Alves(org.) Editora Cortez – 6ª edição Ano 2001. Professores reflexivos em uma escola reflexiva, de Isabel Alarcão Editora Cortez – Coleção questões da nossa época; 104 Ano 2003. Transgreçao e Mudança na educação: Os projetos de trabalho, de Fernando Hernandez Editora Porto Alegre- Artmed, Ano 1998. Ironias da Educação mudanças e contos sobre mudança, de Pedro Demo Editora DP&A – Ano 2000

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Universidade Cândido Mendes

Docência do Ensino Superior

PROFESSOR

UM AGENTE POLÍTICO PARA O NOVO MILÊNIO

Maria das Dores Santos

Orientador: Luiz Cláudio Lopes Alves

Comissão julgadora

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ANEXOS

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Artigo De fatos e de sonhos Maria do Carmo Brant de Carvalho

Evolução histórica do ofício de professor mostra por que ainda há tantas pessoas querendo lecionar

A atividade dos profissionais de educação nas escolas públicas deve ser analisada em

seu contexto histórico. Desde as décadas de 50 e 60, quando na condição de

servidores públicos, os professores eram influenciados pelas utopias da época: a

construção de projetos coletivos e de transformação social.

O movimento social da década de 60 introduziu novos sujeitos na arena política. As

lutas étnicas, de gênero, de defesa dos direitos e do meio ambiente deslocaram para a

sociedade civil o papel de protagonistas da revolução cultural das últimas décadas. As

ONGs surgem nesse processo, apoiado mais em consensos sobre valores essenciais à

convivência e menos em projetos coletivos.

A sociedade contemporânea é marcada pelo fetiche do consumo global, que modela

indivíduos homogêneos. As revoluções tecnológicas e a emergência de uma sociedade

complexa se traduzem em interesses fragmentados, em individualismo, em

insegurança, fatores estes que parecem imobilizar o cidadão, condenando-o a viver

num eterno presente.

O Brasil é muito desigual em suas regiões e em seus tempos culturais. Cheio de

paradoxos, seus serviços públicos têm características de massa: são 280 mil

estabelecimentos de ensino básico e 2,5 milhões de professores em exercício.

Em minhas pesquisas de campo, procurei conhecer o perfil dos agentes públicos. Um

estudo de 1999 mostrou as características dos professores de ensino fundamental no

interior das regiões Norte e Nordeste. Formavam um grupo com acesso restrito ao

repertório da cultura letrada, com origem em famílias de baixa escolaridade, mas de

mobilidade ascendente, que conquistou um grau de consumo e de inclusão social mais

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alto do que o de seus pais. A participação desse grupo na esfera pública ainda era

restrita e passiva – traço que não é exclusivo ao professor e, sim, uma marca da

sociedade do consumo e da competição que hoje valoriza os projetos individuais.

É bem verdade que, no processo social brasileiro das duas últimas décadas, o professor

perdeu status e poder aquisitivo. Mas nas pequenas comunidades, ser professor ainda

é uma atividade profissional importante, pelo reconhecimento de sua autoridade.

Talvez essa legitimidade estimule sua permanência na escola, apesar dos baixos

salários.

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Entrevista Recursos humanos vão à escola

Prédios, computadores, planos educacionais – segundo holandês especialista

em gestão, nada substitui investimento em professores

Dinheiro. Em qualquer debate a respeito de questões educacionais, o fator

investimento financeiro é sempre colocado como fundamental para resolver

problemas e melhorar o ensino. Entretanto, até em países ricos, com

polpudos orçamentos educacionais nos setores públicos e privados, o

dinheiro não está trazendo a felicidade da escola. Quem afirma isso é

Boudewijn van Velzen, consultor educacional com experiência em diversos

países na Europa, Ásia, África e América Latina. Segundo o especialista

holandês, o problema não é a quantidade de recursos e sim a aplicação no

lugar certo. "Os orçamentos educacionais privilegiam em 95% a parte

técnica, compra de equipamentos e construção de prédios, e destinam

menos de 5% para a capacitação de professores, coordenadores e diretores",

critica ele, que acompanhou discretamente os projetos da gestão Paulo

Renato no MEC. A seguir, acompanhe a entrevista que o especialista deu à

Educação.

Revista Educação – Como o senhor avalia as mudanças ocorridas, na última década, no sistema educacional brasileiro?

Boudewijn van Velzen – Uma mudança para valer leva tempo. Mudança não é um

evento, mas uma jornada. Para uma reforma educacional mostrar resultados necessita

de mais de dez anos, às vezes, até 20 anos para mudanças sistemáticas. Uma década

não é nada se falarmos em mudanças nacionais. Isso é assim no Brasil e em qualquer

lugar do mundo. Outro fator, para dar certo, é que a reforma necessita acontecer por

pressões de cima para baixo, ou seja, dos governantes, e de baixo para cima, partindo

dos educadores. Isso vale para Jamaica, Alemanha, Holanda, Suíça e Brasil. Apesar de

estatísticas alarmantes em alguns aspectos, as mudanças estão acontecendo no Brasil.

Visitei recentemente a cidade de Caraguatatuba (litoral paulista) e fiquei impressionado

quanto ao que pode ser feito em educação em curto espaço de tempo.

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O que há em comum nos processos de mudança educacional na Europa, Ásia, África e América Latina?

falamos em investimentos educacionais, tudo é colocado em livros, apostilas,

computadores, construções, móveis, e só 5% restantes no treinamento de professores.

E, quando chega esse momento, os gestores ainda negociam reduzir pela metade esses

5%. É incrível, mas essa regra prevalece em todos os países.

No setor público, esse problema não está ligado ao marketing?

Um ministro pode achar que é mais importante aparecer junto a um prédio novo do

que na frente de um grupo de professores treinados. Talvez porque os professores

pareçam iguais, antes e depois dos cursos. Em prédios novos, há diferença entre o

antes e o depois.

Mas o investimento em formação não é o mais importante?

É mais fácil gerenciar investimento em equipamentos, construções. Até na hora de

fazer planejamento, podemos prever o que vai acontecer daqui há dois anos numa

construção de escola. Tem o momento dos alicerces, o levantamento das paredes,

pintura, acabamento. Quando desenvolvemos os recursos humanos de uma escola, não

podemos prever o que vai acontecer nem em quatro meses. É difícil utilizar as mesmas

estratégias de planejamento em recursos humanos.

É possível separar os recursos para investimento em pessoal dos utilizados para equipamentos?

Sim. O governo holandês está oferecendo para as escolas recursos para serem

utilizados especificamente no desenvolvimento de pessoal. É uma tendência.

Também existe o problema de descontinuidade de ações, na mudança de governantes.

Uma das coisas que podemos fazer é descentralizar. Se tivermos escolas responsáveis

e pessoas responsáveis para gerenciar seus próprios orçamentos, criaremos uma base

de continuidade em nível escolar. Os centralizadores argumentam que, se fosse assim,

cada escola faria uma coisa diferente, mas as escolas são diferentes de qualquer

maneira. Há uma certa mística na educação pública em achar que as escolas são todas

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iguais. Não são iguais e por que não utilizar todo esse conhecimento diversificado? E as

escolas ficam, algumas têm quase 100 anos – ministros, secretários, eles vêm e vão.

Como administrar processos de mudança nas escolas?

As mudanças afetam tanto indivíduos como organizações. Ambos necessitam de

atenção. As pessoas são as chaves das mudanças e precisamos encontrar formas de

tocar a alma e o coração dos indivíduos. As escolas precisam se transformar em um lar

para os estudantes e educadores. Não adianta se preocupar com falhas, perseguir

quem errou. O importante é mostrar que todos serão acolhidos.

Mas para isso não é necessário fazer treinamento?

Não é uma boa idéia treinar pessoas e sim perguntar primeiro para elas o que precisa

ser treinado. Só depois treiná-las. O compromisso com as mudanças cresce com o

saber fazer. Primeiro, tem de ter compromisso, depois a experiência.

Por que reformas na área educacional são comumente recebidas com desconfiança?

Sabemos que mudanças vão ocorrer sempre, até pela alternância do poder político. As

novas administrações introduzem novas políticas educacionais. E acontecem crises

normais, com queda de desempenho dos professores. Portanto, uma mudança requer

clareza de propósitos sobre por que, o que e como fazer mudanças. Por exemplo, a

mudança de currículo na Tanzânia foi executada com a ajuda de consultores

internacionais de alto gabarito. Ficou um trabalho maravilhoso, enviado para todas as

escolas com a mensagem de que o novo currículo deveria ser adotado em poucos

meses. Os professores nem sabiam que havia um processo de mudança curricular

acontecendo. Não conheciam o porquê do processo. Não foi discutido. Resultado: o

trabalho foi rejeitado pelos professores. É igual em todo lugar. Existem poucos recursos

e atenção disponíveis para os professores.

Como você avalia a reforma curricular proposta pela Lei de Diretrizes e Bases?

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Se o Paulo Renato (ex-ministro da Educação) tivesse pedido meu conselho, eu diria

para fazer algo diferente: desenvolver uma espécie de estrutura de currículo para

quatro ou cinco matérias centrais que pudesse cobrir 50% ou 60% do tempo disponível

de aulas e deixar os 50%, 60% restantes para a escola e a prefeitura decidirem o que

incluir. Facilitaria muito a vida de quem está acima, no governo, e de quem está na

base, na escola. Também deveria discutir as reformas mais pela base. Mudanças em

nível nacional precisam da participação de todos os agentes envolvidos. É necessário

produzir massa crítica.

Isso não é caro?

A educação é cara em todos os países. Por isso, o costume de fazer unidades grandes,

com muitos alunos, para ganhar no custo por mil. Alegam ser mais eficientes, mas em

unidades muito grandes as mudanças podem não ocorrer. Um processo de mudança

requer que a escola se torne uma organização "aprendente". Deve ser alimentada por

conhecimento e pesquisa das melhores práticas. Teoria e prática precisam estar

sempre em discussão.

Mas dinheiro não é um fator determinante para o sucesso das políticas educacionais?

O reitor de uma universidade da Jamaica, recentemente, publicou em um jornal um

artigo intitulado Dinheiro Não é o Problema. Ele dizia que devemos estar preparados

para confiar em nossos professores; capacitá-los e estar conscientes da situação de um

país em desenvolvimento. Não podemos copiar as mesmas ambições e expectativas do

povo norte-americano ou dos ingleses, por exemplo. Mas devemos estabelecer

objetivos próprios e utilizarmos os recursos humanos disponíveis para chegar lá.

Governos e educadores parecem estar em choque a maior parte do tempo. Esses interesses não podem ser conciliáveis?

O conflito existe porque algumas vezes a iniciativa das mudanças vem do governo,

outras vezes surge de necessidades das escolas. Geralmente, os políticos não são bons

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implementadores. E as pessoas na escola não têm idéia clara da responsabilidade

política dos governantes. Precisamos saber mediar interesses diferentes, pelo menos

ter um meio termo aceitável. O ideal seria que os programas e sua organização fossem

elaborados pelas pessoas diretamente afetadas.

Pais de alunos, principalmente?

Devemos engajar estudantes e seus pais em qualquer projeto. Mas existe uma

dimensão difícil: o professor não deve ensinar os pais a serem pais e os pais não

devem querer ensinar o professor a ser professor. É preciso compreender que ambos

trabalham com a mesma criança. Temos que dar espaço para essa interação. Por outro

lado, as coisas não mudarão se pais ou professores não estiverem presentes.

Sob essa perspectiva, qual é o papel do administrador escolar?

A escola é a única instituição que funciona de forma confiável para os jovens. Antes,

eles tinham a igreja e a família ocupando esse lugar, hoje, essas instituições perderam

a força. A escola tem autonomia e o professor tem a possibilidade de tomar decisões.

As mudanças podem ocorrer nesse clima. Agora, todos podem cometer erros de

percurso. Se não confiarmos nos nossos professores, por exemplo, eles não aprenderão

com seus próprios erros. Essa cultura da punição do erro que é combatida pela

moderna pedagogia deve ser uma discussão da esfera administrativa também.

A Holanda vem se destacando no cenário internacional em educação. Qual o segredo?

Uma causa importante para nosso sucesso é que desenvolvemos livros didáticos de

excelente qualidade. O outro lado dessa história é que nossos professores ficaram

completamente dependentes desses livros e, hoje, com o processo de imigração, eles

têm de ensinar em sala de aula para uma realidade de crianças holandesas,

marroquinas, gregas, com diferentes necessidades de aprendizado. O livro didático não

oferece respostas para lidar com isso. Estamos trabalhando num processo para não

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deixar o professor tão dependente do livro didático. Se quiser um conselho para a

realidade brasileira, eu diria que pulem essa história de livro didático e desenvolvam

mais o professor.

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Quem Não Come Não Aprende Na Escola

Eu tive fome e não me deste de comer

Por isso sofro a ignorância

Porque apesar da relutância

Jamais consegui aprender.

Matriculei-me aos sete anos como manda a legislação

Numa escola simples em qualquer canto da União,

Nada aprendi, livro não tinha,

Não conheço nenhuma lição

Só aquelas que estão escritas no papel de pão.

Dormia nas aulas em plena manha

Sentia fome do estomago doer

Esperava aflito a hora da merenda

Momento alegre em que ficava entregue

À melhor lição: encher o prato e comer.

Voltava à sala, nada aprendia

Nem me lembro da sinfonia

Que nas manhas se perdia

Como o cinco vezes quatro,

O sete vezes sete, o nove vezes nove...

Na hora da prova quase sempre errava

O que escrevia a professora riscava.

E, no fim do ano, triste me reprovava.

Repeti três anos e sai da escola

Lavei carro, fui engraxate,

Limpei vidros, fui mascate.

Juntei-me a “gangs”, conheci bandidos

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Fui ventanista e puxador de carro...

Cinco vezes quatro foram as paradas

Junto às casas assaltadas.

Sete vezes sete as voltas que dei no camburão

Por crimes cometidos com minha mão

Que sem saber escreve uma lição

Matava, roubava, escapando à punição.

Um processo muito grande escreveram

Contando os crimes meus e outros

Que meus amigos cometeram.

Aos vinte e cinco anos vividos

Somados dias e dias sofridos

Fui condenado a viver trancafiado

De toda a sociedade separado

Para ver se aprendia, agora, a lição.

Tarde, muito tarde, nove vezes novembro

Serão os anos da soma da condenação

Sem esperança alguma de libertação.

Assinei a sentença no final do julgamento

Pressionando o polegar com a força de da minha mão.

Nada aprendi, estava condenado

E nem percebi que tinha sido destinado

À condenação e à prisão do meu Estado

Quando antes na escola, aos quatro anos, fui abandonado.

Nada sei, nada estudei

Não tive condição de aprender

Porque não me deram pão para comer.

(Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo, de Hamilton Verneck – pág. 85)

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COMPROVANTES DE EVENTOS CULTURAIS NECESSÁRIOS A ENTREGA

DO TRABALHO MONOGRÁFICO.

1 = 19 de abril de 2003 2 = 21 de junho de 2003 3 = 27 de setembro de 2003 4 = 25 de outubro de 2003

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A arte de ser educador é saber desenvolver nos educandos a capacidade de serem independentes e cidadãos do mundo, com uma identidade social própria.

Maria das Dores Santos – Pós-graduanda

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Caro educador, saiba esperar para que ao final da tempestade venha a bonança. E, dessa forma, que sua sede de propagar o saber seja saciada quando seus discípulos se inebriarem com o néctar do conhecimento.

Maria das dores Santos – Pós-graduanda