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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO MESTRADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CONVÊNIO UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA ALEXANDRE RITA DA CONCEIÇÃO APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS – GED NO ÂMBITO DA EMB RAPA MEIO AMBIENTE Niterói Rio de Janeiro 2007

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

MESTRADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CONVÊNIO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL

INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

ALEXANDRE RITA DA CONCEIÇÃO

APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS –

GED NO ÂMBITO DA EMBRAPA MEIO AMBIENTE

Niterói

Rio de Janeiro

2007

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ALEXANDRE RITA DA CONCEIÇÃO

APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS –

GED NO ÂMBITO DA EMBRAPA MEIO AMBIENTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação Strictu Sensu em Ciência da

Informação da Universidade Federal Fluminense,

como requisito parcial para obtenção do Grau de

Mestre em Ciência da Informação.

Linha de Pesquisa: Representação, Gestão e

Tecnologia da Informação.

Orientadora: Professora Dra. Maria Odila K.

Fonseca

Niterói

2007

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ALEXANDRE RITA DA CONCEIÇÃO

APLICABILIDADE DO GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS –

GED NO ÂMBITO DA EMBRAPA MEIO AMBIENTE

Dissertação defendida junto ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência da Informação da

Universidade Federal Fluminense em convênio

com o Instituto Brasileiro de Informação em

Ciência e Tecnologia e aprovada pela banca

examinadora composta por:

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________________________________Professora Orientadora Dra. Maria Odila K. Fonseca

Universidade Federal Fluminense - UFF

__________________________________________________________________ Professor Drº. Carlos Henrique Marcondes

Universidade Federal Fluminense - UFF

__________________________________________________________________Professor Drº. Marcos Luiz Cavalcanti de Miranda

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO

Niterói 2007

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025 CONCEIÇÃO, Alexandre Rita da. C744a Aplicabilidade do gerenciamento eletrônico de documentos no âmbito da Embrapa Meio Ambiente / Alexandre Rita da Conceição; orientação Profº. Dra. Maria odila K. Fonseca. Rio de Janeiro, 2007. 137 f. Dissertação de mestrado em Ciência da Informação – Universidade Federal Fluminense / Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia Inclui bibliografias

1. Tecnologia da informação. 2. Gerenciamento ele trônico de documentos. 3. Gestão arquivística de documentos eletrônicos. I. Título.

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Os homens consideram o que conhecem, mas não se dá conta de que o conhecimento se desenvolve quando se estuda o que ainda não se conhece. Zuangzi (369 – 286 A C.)

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Dedico este trabalho

À Fernanda Danielle, minha esposa, que aceitou pacientemente minhas ausências em função da dedicação a este trabalho e para quem uma dissertação é uma homenagem modesta para reconhecer a grandeza das suas virtudes de esposa, mãe e companheira dos momentos mais difíceis. Á minhas filhas Thamara, Thamires e ao meu filho Matheus que juntos com minha esposa me completam e souberam suportar com paciência a minha ausência em momentos importantes de suas vidas. Aos meus pais Manoel Orlando e Maria Ignêz, que com amor e simplicidade, me criaram e educaram para caminhar pela vida com dignidade. Obrigado por estarem sempre presentes. Às minhas irmãs, Flávia e Alessandra, companheiras de toda vida e fonte inesgotáveis de alegria. Á minha sogra, Nilce pela dedicação e assistência prestada a minha família, sempre, nos momentos de necessidade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, fonte de toda a vida e guia do melhor caminho. Aos meus familiares, pelo incentivo e pela compreensão da minha ausência para realização deste trabalho; À minha orientadora, professora Maria Odila K. Fonseca, pela valiosa orientação, apoio e incentivo, os quais foram indispensáveis para a realização deste trabalho. A todos os meus amigos da turma de mestrado, em particular a Rafael Nharreluga

pela força e atenção em todas as horas.

A meus colegas de trabalho da Embrapa Meio Ambiente, em especial a Silvana Cristina, com quem pude contar em todos os momentos. A Nilce Chaves Gattaz, pela correção ortográfica do texto da dissertação. A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.

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RESUMO

O gerenciamento do acervo de documentos técnicos do Setor de Produção

Gráfica a partir do caso de um dos centros de pesquisa (Embrapa Meio Ambiente)

da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa. O gerenciamento de

documentos eletrônicos através da aplicação de tecnologia de GED. A evolução

da tecnologia da Informação e a adoção de novos procedimentos para o

gerenciamento da informação por intermédio da abordagem arquivística. As

diferentes ferramentas de GED disponíveis para um gerenciamento eficaz de

documentos eletrônicos com características arquivísticas.

Palavras-chave: Gerenciamento Eletrônico de Documentos; Gestão Arquivística

de Documentos Eletrônicos; Gestão da Informação; Tecnologia da Informação.

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ABSTRACTS

The management of the technical collection in the press sector from a case study

in Embrapa Environment – a research unit of the Brazilian Agricultural Research

Enterprise - Embrapa. The management of electronical documents through the

application of the EDM. The evolution of information technology and the adoption

of new procedures for the management of the information through an archivist

approach. The availability of different tools of EDM for an efficient management of

electronical documents with archivistic characteristics.

Key-words: Electronic Document Management; Archivistic Electronic Document

Management; Information Management; Information Technology.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ambiente tecnológico típico de uma solução de GED ........................ 39

Figura 2 - Arquitetura de um sistema ERM ............................................................. 56

Figura 3 - Suportes Magnéticos Obsoletos ............................................................. 74

Figura 4 - Ambiente OAIS .......................................................................................... 77

Figura 5 - Diagrama de um ambiente de migração ............................................... 83

Figura 6 - Diagrama de um ambiente de uma emulação ...................................... 85

Figura 7 - Custo comparativo do armazenamento de documentos..................... 87

Figura 8 - Organograma da unidade de Pesquisa da Embrapa Meio

Ambiente ....................................................................................................................... 93

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Número e participantes conforme a área que pertencem ................ 106

Gráfico 2 - Locais de armazenagem dos documentos eletrônicos ..................... 109

Gráfico 3 – Condições e critérios para arquivamento de documentos ............... 110

Gráfico 4 – Facilidades para identificação e recuperação de

documentos eletrônicos ............................................................................................. 111

Gráfico 5 – Tipo de controle de sistema de informação ....................................... 112

Gráfico 6 – Existência de recursos humanos na Embrapa Meio

Ambiente para gerência dos documentos eletrônicos .......................................... 114

Gráfico 7 – Existe um local de guarda apropriado paras os

documentos .................................................................................................................. 114

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Comparação entre atividades de recuperação de

documentos .................................................................................................................. 43

Quadro 2 – Classificação CENADEM das tecnologias de GED ......................... 50

Quadro 3 – Aplicação da tecnologia GED conforme processo de

negócio ......................................................................................................................... 60

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 16

2. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO.................................................................................. 23

2.1 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO (TI) ...................................................................................................... 25

2.2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO............................... 28

2.3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E O GERENCIAMENTO DA

INFORMAÇÃO.............................................................................................................. 32

3. GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS – GED .............................. 37

3.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................ 37

3.2 TECNOLOGIAS ENVOLVIDAS NO GED ........................................................ 47

3.2.1 Document Imaging - DI ...................................................................... 51

3.2.2 Document Management - DM ........................................................... 52

3.2.3 Workflow – Fluxo de Trabalho ......................................................... 53

3.2.4 COLD – Computer Output Laser Disc / Enterprise

Report Management - ERM ......................................................................... 54

3.2.5 Form Processing – (Processamento de Formulários)

............................................................................................................................. 56

3.2.6 Records and Information Management - RIM .............................. 57

3.3 APLICABILIDADE GED ....................................................................................... 57

4. PRINCÍPIOS ARQUIVÍSTICOS PARA A GESTÃO DA INFORMAÇÃO ................. 62

4.1 PRINCÍPIOS ARQUIVÍSTICOS ......................................................................... 62

4.1.1 A Legislação Arquivística no Brasil ............................................... 64

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4.2 O DOCUMENTO ELETRÔNICO E A PRESERVAÇÃO DE

DOCUMENTOS DIGITAIS ........................................................................................ 66

4.3 ALGUMAS ESTRATÉGIAS PARA A PRESERVAÇÃO DIGITAL ................ 73

4.3.1 Metadados ............................................................................................. 75

4.3.1.1 O Modelo de Referência OAIS ............................................ 76

4.3.1.2 OCLC/RLG Working group on Preservation

Metadata ............................................................................................... 78

4.3.1.3 CEDARS (CURL Exemplars in Digital Archives) .............. 79

4.3.2 Migração ................................................................................................ 82

4.3.3 Emulação ............................................................................................... 84

4.3.4 Conservação da Tecnologia ............................................................. 86

4.3.5 CD-ROM/CD-R/CD-RW/DVD .............................................................. 86

5. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA -

EMBRAPA ............................................................................................................................... 91

5.1 EMBRAPA MEIO AMB IENTE ............................................................................ 93

5.2 SETOR DE PRODUÇÃO GRÁFICA ................................................................. 96

5.3 O GERENCIAMENTO DE DOCUMENTOS NO SETOR DE

PRODUÇÃO GRÁFICA ............................................................................................. 97

5.3.1 Documentos Administrativos .......................................................... 98

5.3.2 Documentos Técnicos ....................................................................... 98

5.3.3 Documentos Bibliográficos .............................................................. 99

5.3.4 Documentos Não-Convencionais ou Especiais ......................... 99

6. METODOLOGIA ................................................................................................................. 101

6.1 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO DA PESQUISA ............................................ 104

6.2 ELABORAÇÃO DA ENTREVISTA .................................................................... 105

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7. ANÁLISE, DISCUSSÃO E RESULTADOS ................................................................... 108

7.1 Conceituação dos Documentos Eletrônicos .................................................... 108

7.2 Condições para garantir a acessibilidade dos documentos

eletrônicos .................................................................................................................... 111

7.3 Recursos humanos qualificados e mecanismos de guarda de

documentos adequados.............................................................................................. 113

7.4 Procedimentos da Gestão Arquivística de Documentos Digitais ................. 115

7.5 Considerações sobre os Dados Levantados ................................................... 116

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 118

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 126

APÊNDICES ....................................................................................................................... 138

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1. Introdução

As mudanças provenientes dos trabalhos realizados através das inovações

tecnológicas, desde os anos 80, por meio do desenvolvimento da informática, têm

transformado significativamente as formas de trabalho e o funcionamento das

instituições através da utilização cada vez mais freqüente do uso do computador

para criação de documentos, bem como diversificados suportes de

armazenamentos. Entre os fatores que têm impulsionado essas mudanças, está a

flexibilidade de uso e a velocidade de transmissão de informações possibilitadas

pelo uso intensificado da info rmática. Os impactos que estas mudanças

proporcionam são observados na estrutura das organizações, no tratamento do

acervo (publicações eletrônicas), no acesso à informação (texto, produtos

multimídia), nas questões mais específicas do acervo (armazenamento e

recuperação), implicando na adoção e reformulação de políticas e diretrizes sobre

o fluxo da informação eletrônica.

Produz-se cada vez mais informação no formato eletrônico, cujo

gerenciamento eficaz só pode ser feito, em alguns casos, no mesmo ambiente

informático onde foi produzido. Conforme cresce o volume dessas informações

eletrônicas, o tempo e o esforço despendidos para gerenciá-los aumenta na

mesma proporção. Os documentos eletrônicos1 e seus formatos 2 destacam-se

como sendo um dos meios onde se encontram grandes partes das informações

necessárias para garantir a gestão eficaz dos processos de negócios

organizacionais. Uma das tecnologias que permite alcançar este patamar é

1 De acordo com Porto (1999), podemos dizer que, documento eletrônico pode ser toda informação fornecida e acessível por meio eletrônico, que pode estar disponível em programas de computador, arquivos de texto, páginas da rede Internet, programas para redes de comunicação, pode ser um gráfico, uma figura estática ou em movimento, sons ou uma combinação deles, estar armazenado sob diferentes modalidades de apresentação e em diferentes suportes. 2 Os formatos mais comuns de documento eletrônico são: base de dados, monografias, publicações seriadas, arquivos variados (imagem, som, texto), mensagens eletrônicas pessoais ou enviada para lista de discussão, documentos da World Wide Web (WWW), arquivos para File Transfer Protocol (FTP), disco Zip, disquete, CD-ROM, CDs, fita magnética entre outros.

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conhecida no Brasil como GED – Gerenciamento Eletrônico de Documentos. Mas,

para as instituições fazerem uso desta tecnologia, não basta saber que ela existe,

é necessária a certeza de que a sua utilização trará benefícios reais.

Os principais benefícios no emprego do GED e de suas ferramentas

dependem da sua área de utilização, porém, de forma genérica, consideram-se os

seguintes benefícios como potenciais a todas:

1. Melhoria na qualidade dos processos de negócios;

2. Maior eficiência nos processos de busca e recuperação da informação;

3. Acesso aos documentos em tempo real, independente da localização física

dos usuários;

4. Eliminação dos custos de instalações físicas para armazenamento de

cópias impressas.

A Embrapa Meio Ambiente, empresa responsável por viabilizar soluções

para o desenvolvimento sustentável do espaço rural e do agronegócio brasileiro,

iniciou no ano de 2002 uma reestruturação para organizar a produção e o

gerenciamento de todos os documentos técnicos (livros, folhetos, folderes,

cartazes, trabalhos científicos apresentados em eventos, publicações científicas,

CD-Rom, entre outros), produzidos pelo Setor de Produção Gráfica nos mais

diversos formatos (eletrônico/papel) e meios de disseminação dessas

informações. No caso específico do acervo deste setor, a documentação técnica

tende a evoluir para um modelo de gerência automatizada, essencial para a

instituição, para garantir o cumprimento da missão institucional da empresa.

A necessidade de se adotar uma nova forma de gerenciamento desses

documentos, com a utilização de recursos tecnológicos atualizados devem-se

principalmente, à constatação da ausência de uma gestão adequada – dificuldade

de recuperação de documentos, duplicidade de documentos, armazenamento por

tempo demasiado, perda, indexação errada, arquivamento incorreto – e à

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necessidade de adaptação à prática tecnológica, tendo em vista que a geração e

tramitação dos documentos técnicos, tanto internamente na Embrapa quanto nas

empresas contratadas para a arte final dos trabalhos produzidos, dá-se a partir de

mídias eletrônicas;

Estes procedimentos equivocados são responsáveis por um grande número

de problemas como: extravio de arquivos importantes, dificuldade de localização

dos arquivos, falta de conservação e preservação dos documentos eletrônicos,

entre outros. Todos estes problemas combinados geravam uma enorme

dificuldade para que a qualidade e a produtividade pretendidas, não fossem

alcançadas.

Diante destes fatos, percebemos que o Setor de Produção Gráfica da

Embrapa Meio Ambiente necessita de uma nova forma de gestão da informação

para os documentos técnicos (eletrônicos e papéis), onde, os quais são gerados e

não recebem nenhum tipo de tratamento adequado que garanta a sua

conservação e preservação.

A partir destas constatações pressupõe-se que:

• As tecnologias de GED e suas ferramentas correlatas tragam consigo

algumas mudanças importantes no que diz respeito à forma de gerenciar

(criar, armazenar, distribuir e recuperar) documentos, assim como, gerar

um fluxo de trabalho baseando-se em documentos eletrônicos, e

possibilitando um gerenciamento automatizado dos processos e trâmites

dos documentos dentro da instituição, os objetivos de um bom programa de

gerência de documentos englobam o atendimento às necessidades

operacionais e funcionais da empresa, e o uso desta tecnologia pode

aperfeiçoar a utilização deles na organização.

• O gerenciamento adequado das informações contidas nos documentos

técnicos (eletrônicos e papéis) do setor de produção gráfica pode facilitar e

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tornar mais eficiente a disseminação do foco de atuação da Embrapa Meio

Ambiente.

Face ao exposto, foram formuladas as seguintes questões para a pesquisa.

• Como a ferramenta GED poderá contribuir para um modelo de

gerenciamento eletrônico de documentos do setor de produção gráfica da

Embrapa Meio Ambiente?

• Que contribuição a Preservação Digital de Documentos Eletrônicos pode

oferecer para o efetivo gerenciamento dos documentos eletrônicos do setor

de produção gráfica da Embrapa Meio Ambiente?

Assim, decidiu-se desenvolver um trabalho de investigação objetivando:

• Mostrar a importância do gerenciamento adequado dos documentos

eletrônicos no setor de produção gráfica.

• Propor diretrizes para aplicação das ferramentas de Gerenciamento

Eletrônico de Documentos;

Estes objetivos propostos poderiam levar a aplicação dos procedimentos

metodológicos que garantam a melhoria do gerenciamento dos documentos

eletrônicos por meio da aplicabilidade GED no Setor de Produção Gráfica,

melhorando assim, o gerenciamento da informação no âmbito da Embrapa Meio

Ambiente.

Como toda e qualquer implementação de novas tecnologias, o GED, traz à

tona a necessidade de mudança, as quais, cada vez mais, instituições a enfrentam

em um ambiente dinâmico. Essas mudanças são consideradas desafios aos quais

a organização deve responder.

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Diante desta condição oferecida pela tecnologia da informação, a adoção

de novos procedimentos para o gerenciamento da documentação técnica, dará

oportunidade ao Setor de Produção Gráfica de atuar como um elemento de

mudança organizacional. A idéia é fazer o uso de uma ferramenta de

gerenciamento eficaz para a utilização da tecnologia da informação de forma

produtiva, servindo de referência para os responsáveis pela gestão da informação

do Setor de Produção Gráfica da Embrapa Meio Ambiente.

Justifica-se, portanto, este trabalho, considerando-se que à medida que se

busca retirar a gestão de documentos de um contexto desorganizado e trazê-la

para um contexto organizado e específico, identificando-a, conceituando-a e

validando-a no setor de produção gráfica, pode-se melhorar a sua visibilidade e

importância no âmbito da empresa, e, em decorrência, possa a vir dispor de

recursos tecnológicos direcionados especificamente para o seu gerenciamento

eficaz.

Este trabalho foi desenvolvido para contribuir com a resolução e/ou

amenização dos problemas enfrentados no dia-a-dia no setor de produção gráfica,

buscando a criação de uma nova metodologia de trabalho a partir da aplicação

das novas tecnologias de gerência da informação.

A inserção desta dissertação no âmbito da Ciência da Informação fica clara

quando operamos diferentes conceitos sobre “Tecnologias da Informação”,

“Gerenciamento Eletrônico de Documentos - GED” e “Gestão Arquivística de

Documentos Eletrônicos”, porém, visando evitar confusões terminológicas entre

campos científicos distintos, traçamos alguns limites para análise dos mesmos.

Espera-se, também, a possibilidade de que os resultados que serão aqui

apresentados, uma vez aplicado no âmbito da organização, possam ter utilidade

significativa, não apenas para o Setor de Produção Gráfica, mas para a empresa

em geral.

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E assim assinala-se que na condição de funcionário do setor de produção

Gráfica da Embrapa Meio Ambiente, o autor acredita que esta pesquisa, no limite

em que explora o grau entre o gerenciamento de documentos, a tecnologia da

informação e a informação eletrônica, possam ressaltar-se de significado tanto

para a Embrapa Meio Ambiente como para outras unidades da Embrapa no Brasil.

Esta dissertação está organizada em oito seções. Após esta primeira seção

de introdução, a seção 2 apresenta a construção da base conceitual sobre

tecnologias da informação, que envolveu a revisão bibliográfica, descreveu os

conceitos de sua evolução, tendo como referencial a informática. Enfatizou-se a

importância da tecnologia da informação na organização e seus principais

impactos sobre ela e o gerenciamento organizacional. Considerou-se dentro desta

abordagem os aspectos do gerenciamento da informação e da tecnologia da

informação como ferramenta gerencial.

Na seção 3 são apresentadas as características das tecnologias GED e de

suas ferramentas correlatas e as oportunidades para o gerenciamento de

documentos.

A seção 4 segue com a abordagem da gestão arquivística de documentos

eletrônicos dentro da amplitude da conservação e preservação de documentos

eletrônicos.

Na seção 5 é apresentada a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

– Embrapa e o seu Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento e Avaliação

de Impacto Ambiental (Embrapa Meio Ambiente) caracterizada como o campo

empírico da pesquisa por meio do seu Setor de Produção Gráfica responsável em

desenvolver as principais fontes de comunicação para a transferência das

tecnologias e de conhecimentos da empresa.

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Na seção 6 apresenta-se a metodologia utilizada na pesquisa de campo, na

qual incluiu-se a elaboração de um roteiro para entrevista estruturada, delimitação

do universo da pesquisa e aplicação da entrevista.

A seção 7 apresenta os resultados obtidos durante a pesquisa e identifica-

se a importância de uma gestão favorável ao gerenciamento dos documentos

(analógicos e eletrônicos) do Setor de Produção Gráfica.

Na seção 8 são apresentadas as conclusões do trabalho, tecendo as

considerações finais sobre os objetivos inicialmente propostos e sobre a questão

de pesquisa, além de recomendações para trabalhos futuros.

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2. Tecnologia da Informação (TI)

As chamadas tecnologias da informação, também agregadas sob o nome

de informática, se inseriram na vida das pessoas com uma velocidade muito

grande.

Alguns autores consideram a informática uma técnica, um produto da união

de ações e procedimentos que com o uso de diversos instrumentos, sendo o

computador o mais utilizado, tem o objetivo de auxiliar o homem no exercício de

várias tarefas diárias. Por outro lado, existem opiniões favoráveis à informática de

ser encarada como uma ciência, tendo um objetivo e métodos específicos para

atingir.

A ciência da Computação preocupa-se com o processamento dos dados, abrangendo a arquitetura das máquinas e as respectivas engenharias de software, isto é, sua programação; a Ciência da Informação volta-se ao trato da informação, notadamente no tocante a seu armazenamento e a sua veiculação; a Teoria dos Sistemas sugere a solução de problemas a partir da conjugação dos elementos capazes de leva r a objetivos pretendidos; a Cibernética preocupa-se com a busca da eficácia, através de ações ordenadas sob convenientes mecanismos de automação. (VELLOSO, 2003)

Os primeiros computadores surgiram em 1945, sendo que o primeiro

computador de uso geral, o ENIAC, foi apresentado ao público em 1946 (LÉVY,

1999). Durante muito tempo, computadores foram equipamentos enormes e caros,

aos quais apenas uns grupos restritos de profissionais tinha acesso, cenário que

mudou completamente a partir da década de 70.

Conforme Lévy (1999), “o surgimento do microprocessador, em 1971,

provocou uma verdadeira revolução no campo profissional, social e pessoal. Hoje,

o computador está nas casas das pessoas, e um modelo que cabe na palma da

mão tem mais capacidade de processar e armazenar informações que qualquer

computador de grande porte (mainframe) existente à época de surgimento do

micro-processador”.

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A informática é um produto da união máquina -homem no tratamento das

informações, onde a máquina é o objeto que põe em práti ca toda a ilimitada

capacidade do homem em descobrir novas formas de crescer social, cultural e

economicamente. Desta forma, a informática pode ser encarada como a ciência

do tratamento de conjunto de dados, que utiliza um conjunto de técnicas e

equipamentos que possibilitam a sua transformação em informações

(processamento) e conseqüentemente seu armazenamento e transmissão.

Segundo Nascimento (1990):

A informática é uma porta aberta. Ultrapasse-a e veja-se diante de infinitas possibilidades, o sem-fim das descobertas, onde um ser humano pode perceber do quanto é capaz quando tem nas mãos uma ferramenta criada exatamente para concretizar suas idéias.

A utilização dos computadores também foi simplificada, com o

desenvolvimento de programas (software ) de controle (sistemas operacionais,

como, por exemplo, o Windows), de aplicação (editores de texto, planilhas

eletrônicas etc.), além de novas interfaces com o usuário, como monitores,

teclados, impressoras etc., e o uso de ícones, em vez de comandos complicados,

permitindo seu uso por qualquer pessoa, sem a necessidade de ser um

profissional especializado da área de informática (LÉVY, 1996).

LÉVY (1998, p.11), ao referir-se à modernização através do uso da

informática, assim se pronuncia:

Mais precisamente, o ideal mobilizador da informática não é mais a inteligência artificial (tornar uma máquina tão inteligente, mais inteligente até, quanto um homem), mas sim a inteligência coletiva, isto é, a valorização, a utilização otimizada e a colocação em sinergia das competências, imaginações e energias intelectuais, independentemente de sua diversidade qualitativa e de sua localização.

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2.1 Evolução do conceito de Tecnologia da Informação (TI)

Nas últimas décadas, parece indiscutível que a Tecnologia da Informação

(TI) tem uma importância cada vez maior em todos os âmbitos da atividade

cotidiana dos seres humanos. Os avanços da tecnologia vêm provocando

mudanças em todos os segmentos da sociedade, e os artefatos tecnológicos

estão desempenhando importante papel nas transformações sociais e nas práticas

cotidianas. Tal constatação não é difícil perceber, basta olhar as coisas que estão

a nossa volta. Tudo que materialmente nos circula diz respeito à tecnologia.

(...) revolução tecnológica está acontecendo e modificando nossas vidas à revelia de nossa vontade ou participação. E a negação de participar dessa revolução significará ser arrastado por seus resultados. Assim, participar não significa querer barrar ou aderir a esse processo, que é irreversível, mas entender o que está acontecendo e propor alternativas que conduzam à participação efetiva da sociedade como um todo para que se consiga interferir diretamente nos possíveis rumos futuros dessa revolução. (FERRACIOLI, 1993, p. 94 apud CARVALHO, 2001)

Desde o surgimento dos computadores em meados da década de 40, as

tecnologias de informação se tornaram uma realidade presente na vida de todos

nós. Desde as grandes empresas multinacionais às pequenas organizações,

passando pelas instituições públicas até nossas residências. Termos como

Informática, Computador, Internet, Intranet, entre outros, invadiram o nosso

vocabulário e, acima de tudo, as nossas tarefas diárias, transformando-se em

instrumentos fundamentais de trabalho.

Segundo CRUZ (2001), “a TI não era assim denominada no início de sua

utilização nas organizações. Quando esta tecnologia passou a ser utilizada tinha

nomes como computador, sistemas de tratamento de informação, máquinas de

processamento de dados e até mesmo cérebro eletrônico”.

No decorrer dos tempos, verificou-se uma evolução de tais sistemas que

passaram a agregar várias especialidades no uso do computador. Assim, esta

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tecnologia que já foi chamada de telemática, informática entre outras designações,

é hoje conhecida como tecnologia da informação.

Nos últimos cinqüenta anos, uma disciplina se desenvolveu com extraordinária rapidez: a informática. A partir dela, e com a união das telecomunicações, apareceram novas tecnologias e novos modos de transmitir, receber e conservar a informação. Surgiram novos vocábulos, como “telemática”, “teledocumentação”, “teleinformática” ou “novas tecnologias da informação. Esse mundo em transformação influiu notavelmente na cultura. (RECORDER, 1995)

No entanto, é esta multiplicidade de conceitos, técnicas, equipamentos e

programas que contribuem para formar o conceito de TI.

O conceito de TI surge enquanto conjunto de conhecimentos,

referenciados, seja em equipamentos e programas, seja na sua criação e

utilização em nível organizacional e pessoal. Das diversas ferramentas, métodos e

técnicas que coexistem na instituição através do domínio das tecnologias da

informação, a informática destaca-se na medida em que é o elemento em relação

ao qual existe uma maior relação com os componentes humanos das

organizações.

(...) os recursos informáticos – máquinas, programas e seus operadores humanos – conformam um conjunto de relações entre objetos, indivíduos e grupos sociais de grande evidência em nosso tempo. Estes recursos estão presentes, em escalas diversas, entre todos os segmentos da tessitura social e são acreditados pela grande maioria como essenciais as suas vidas. (LOPES, 2004)

A expressão tecnologias da informação é entendida como o “conjunto de

técnicas utilizadas na recuperação, no armazenamento, na organização, no

tratamento, na produção e na disseminação da informação” (MARQUES NETO,

2002, p.51). É necessário chamar a atenção, entretanto, de que não é possível a

um sistema armazenar e processar informação, mas apenas sua representação

em forma de dados, pois a informação envolve um significado pessoal (SETZER,

1999). Assim, expressões mais adequadas seriam tecnologias de dados ou

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27

tecnologias da representação e comunicação da informação, mas a expressão

“tecnologias da informação” já se tornou de uso corrente na sociedade.

A Tecnologia da Informação pode ser definida como um conjunto de todas

as atividades e soluções providas por recursos de computação. Na verdade, as

aplicações para TI são tantas e estão ligadas às mais diversas áreas, entre elas, a

Ciência da Informação que é facilmente identificada através do conceito de

Saracevic onde “Ciência da Informação é um campo que engloba a pesquisa

científica e a prática profissional, tendo como característica a interdisciplinaridade,

a ligação com a Tecnologia da Informação e uma forte dimensão social e

humana”. (SARACEVIC, 1996 apud RONDINELLI, 2004).

Na TI existem várias definições e nenhuma consegue determiná-la por

completo. A seguir, são apresentados alguns conceitos relacionados a TI,

segundo revisão bibliográfica:

Tecnologia é comumente conceituada como o conjunto de conhecimentos, especial e principalmente científicos, que se aplicam a um determinado ramo de atividade; pode também ser considerada como uma ciência que trata da técnica. (FERREIRA, 1986) Tecnologia é um pacote de informações organizadas, de diferentes tipos (científicas, empíricas...), provenientes de várias fontes (descobertas científicas, patentes, livros, manuais, desenhos...), obtidas por diferentes métodos (pesquisa, desenvolvimento, cópia, espionagem...), utilizada na produção de bens e serviços. (FLEURY, 1993) É um conjunto de métodos e ferramentas, mecanizadas ou não, que se propõe a garantir a qualidade das informações dentro da empresa. (FOINA, 2001, p. 21) Conjunto de conhecimentos, pesquisas, equipamentos técnicos, recursos e procedimentos relativos à aplicação da informática em todos os setores da vida social, economia, administração, entretenimento, educação e telecomunicações. (RABACA; BARBOSA, 2001, p. 709) Um conjunto de conhecimentos práticos ou científicos aplicados à obtenção, distribuição e comercialização de bens e serviços. Esses produtos não só satisfazem desejos e necessidades, como também substituem, aliviam ou simplificam o esforço físico e mental das pessoas. (LAUDON apud OLIVEIRA, J. 1999, p. 1)

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Recursos tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação. Esse conceito enquadra-se na visão de gestão da tecnologia da informação e do conhecimento. (REZENDE; ABREU 2001, p. 76) A tecnologia é um meio para um fim, isto é, uma ferramenta que auxilia os especialistas – em especial, da informação – a atingir seus propósitos e objetivos. (MARCHIORI, 2002) Tecnologia da informação pode ser entendida como os meios utilizados pelas empresas produtivas para alavancar e potencializar o processo de criação e desenvolvimento de capacitação tecnológica. (VALLE, 1996)

Ainda segundo Brito (1996) “tecnologia da informação é o complexo

tecnológico que envolve computadores, software, redes de comunicação, rede

digital de serviços, tecnologias de telecomunicações, protocolos de transmissão

de dados, entre outros”.

O computador não é único representante da TI, onde também encontramos

o papel, arquivos, fichários, fax, telefone, livro, jornal, correio, televisão, telex,

copiadoras, projetores (de slides, de transparências, de filmes e multimídia), mas

pode ser considerado, hoje, o principal deles. Isso talvez se deva à sua

possibilidade de utilização na solução de diversos tipos de problemas relacionados

à informação e de expandir a capacidade humana de armazenar dados

(MARQUES NETO, 2002).

2.2 Tecnologia da Informação e a Organização

A tecnologia de informação evoluiu e continua a evoluir de forma tão rápida

que é difícil medir seus impactos quando se está inserido nesta transformação. A

tecnologia mensurou a informação e a comunicação em “bits” e ao mesmo tempo

no agente modificador da disseminação dos meios de comunicação. Atualmente, a

tecnologia via satélite, celular e sem fio possibilitam comunicações totalmente

portáteis e alcançam virtualmente qualquer ponto do planeta.

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Um dos grandes vetores das transformações no cenário competitivo é a contínua evolução da tecnologia que, em virtude de sua grande disseminação, afetou de modo significativo todas as atividades humanas e fez crescer o grau de incerteza e imprevisibilidade do futuro. Dentre as novas tecnologias, destaca-se a Tecnologia da Informação (TI), que passou a ser um importante componente competitivo para as organizações. (ALBANO, 2001)

Hoje a utilização de tecnologias passa a ser vital para uma sociedade

marcada pela necessidade de aquisição de informações de forma rápida e

precisa. Não há como lutar contra essa transformação histórica, contra o processo

que foi ativado e não tem volta.

Desde que a tecnologia foi introduzida no meio social, sistematicamente em

meados da década de 50, a forma pela quais as organizações administram e

gerenciam seus processos e resultados, mudaram radicalmente. Na década de

90, a utilização da TI torna-se um fator essencial para as organizações, uma vez

que a informação passa a ser tratada como um ativo importante e sua

disseminação e disponibilização tornam-se um diferencial fundamental nos

mercados competitivos. Por intermédio das chamadas redes de computadores, as

empresas começam a compartilhar trabalhos, projetos, idéias e opiniões presentes

em diversos meios e lugares. Assim, o problema das fronteiras geográficas não

constitui barreiras para a comunicação entre organizações. Portanto,

transformações no processo de produção, disseminação, armazenamento e

transmissão da informação sempre aconteceram em toda a trajetória do homem.

Barreto (1998, p. 123) confirma isso quando descreve a mudança estrutural

da comunicação humana.

Podemos, ainda, exemplificar as modificações estruturais na publicidade do conhecimento e suas conseqüências através dos estágios por que passou a constituição da comunicação na esfera pública: a comunicação oral das culturas tribais, a comunicação escrita da cultura tipográfica e a comunicação cibernética das culturas eletrônicas.

Não só mais mudanças estão acontecendo, e mais rápido, mas também as

percepções das mudanças se tornam mais intensas pela simultaneidade entre

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30

acontecimento e notícia propiciada pela Tecnologia da Informação. A velocidade

com que a tecnologia está presente no mundo chega a ser surpreendente. O

computador portátil, cada vez mais leve e com maior capacidade de processar e

armazenar dados mudou muito a forma de coletar, transmitir e disseminar a

informação. Desta maneira, a tecnologia domina grande parte do sistema de

produção e organização mundial, impondo-se na sociedade de forma que todos

devem se adaptar a essa nova realidade. A dinâmica do cenário econômico cada

vez mais globalizado, a competitividade e a concorrência do mercado

impulsionaram as empresas a valorizarem os ativos da informação e do

conhecimento, mantendo-se atualizadas tecnologicamente e utilizando as

ferramentas da TI.

Por muito tempo, a tecnologia da informação foi considerada um mero item

de suporte à instituição, um "centro de custo" que a princípio não gerava qualquer

retorno para as suas atividades. Mas as aplicações da TI foram crescendo dentro

das organizações - se antes a tecnologia era usada apenas para automatizar

tarefas e eliminar o trabalho humano, aos poucos ela começou a enriquecer todos

os processos organizacionais, auxiliando na otimização das atividades, eliminando

barreiras de comunicação, e assim por diante. E, nesse novo cenário, a TI

começou a assumir um papel muito mais importante nas organizações, que se

reflete em todos os seus níveis, influenciando diretamente suas atividades,

produtividade e a qualidade dos seus produtos ou serviços.

Em seu início, a TI era tida como um mecanismo que tornava possível

automatizar determinadas tarefas em grandes empresas e nos meios

governamentais. Com o avanço tecnológico, as "máquinas gigantes" começaram a

perder espaço para equipamentos cada vez menores e mais poderosos. A

evolução das telecomunicações permitiu que, aos poucos, os computadores

passassem a se comunicar. Como conseqüência, tais máquinas deixaram de

simplesmente automatizar tarefas e passaram a lidar com informação.

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31

Sabe-se que a evolução tecnológica é como uma bola de neve, isto é,

cresce a cada dia, e a ausência desse conhecimento faz-nos distanciar

gradativamente do mundo real. As instituições, por sua vez, também têm que se

adaptar. Com o domínio da tecnologia houve a revolução para a tecnologia da

informação que Castells (2001, p. 67) definiu como “novo paradigma tecnológico”.

Na década de 90, ocorreu o início e as prioridades das instituições se voltaram

para os processos de informatização, ou seja, as Tecnologias da Informação.

A Era da Tecnologia da Informação transformou os recursos tecnológicos

no centro das atenções por parte das organizações, sejam elas privadas ou

públicas, mas é importante deixar claro que tecnologia pela tecnologia, por mais

avançada que seja, não é nada sem a sua devida aplicação.

Administrar eficazmente os recursos de TI, adaptando custo baixo com

benefícios "eficazes" passou a ser o grande desafio das organizações,

principalmente públicas que constantemente necessitam promover reformas

administrativas com o objetivo de otimizar serviços para atender com eficiência as

necessidades da comunidade.

As organizações precisam investir em novas tecnologias de gestão e

produção, particularmente nas tecnologias derivadas do uso da informática, para

responder à necessidade de velocidade na assimilação dos processos

tecnológicos e da correspondente agilidade decisória.

Diante deste novo contexto, as necessidades que se impõem para as

organizações, deverão ser criteriosamente analisadas. Estes requerimentos

incluem mudanças técnicas, institucionais e organizacionais.

Por sua vez, a própria TI auxilia neste processo de mudança, pois à medida

que as mesmas forem ocorrendo por meio do uso da tecnologia, a organização vai

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32

se ajustando, facilitando a comunicação e o acesso a informações de uma forma

mais direta e transparente.

Neste novo cenário, a capacidade de uma organização rapidamente gerar,

introduzir, adaptar, disseminar e comercializar novas tecnologias ou processos

tecnológicos se tornou fundamental.

A TI pode ser decisiva para o sucesso de uma organização, contribuindo

para que ela seja ágil, flexível e robusta. A fim de garantir esse resultado, é

necessário traduzir a visão da organização e sua estratégia em objetivos menores,

para então identificar as iniciativas de TI que melhor podem contribuir para

alcançá-los. As organizações que conseguirem criar essa vinculação entre

estratégia e TI, focalizando seus investimentos em tecnologia nas áreas mais

importantes para o sucesso da estratégia escolhida, estarão no caminho certo

para obter um excelente desempenho, meta principal de qualquer instituição.

2.3 Tecnologia da Informação e o Gerenciamento da Informação

Em tempos de grandes revoluções tecnológicas, instituições do mundo

inteiro estão sendo desafiadas por profundas mudanças sociais, econômicas e

políticas. Transformações recentes requerem novos modelos de gerenciamento da

informação, assim como novos instrumentos, procedimentos e formas de ação, a

fim de permitir que os profissionais da informação tratem das mudanças de uma

organização globalizada. Por um lado é, necessário encontrar respostas e

soluções rápidas para problemas cujas causas antes ficavam fora do campo de

influência do gerenciamento da informação. Por outro lado, é essencial explorar e

disponibilizar as oportunidades relacionadas a tais transformações, em favor tanto

do gerenciamento quanto da própria organização.

Estamos vivendo um momento de transição de profundas mudanças e transformações, na qual se opera a mais radical das revoluções já

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33

experimentada. O ambiente e as formas de gestão das organizações vêm sendo completamente modificados em decorrência da transformação dos valores e das mudanças tecnológicas e demográficas ocorridas nos últimos anos. (ARAÚJO, 2006)

Desde o aparecimento dos computadores, o uso da tecnologia da

informação ficou muito claro. Computadores digitais de alta velocidade permitiram

a otimização das empresas fornecendo informações precisa, em tempo hábil e no

local adequado. Mas a realização deste objetivo provou ser muito mais difícil do

que se esperava.

Uma coisa é certa, não podemos ignorar as novas tecnologias. [...] existe mal uso de tecnologia e existe perigos, mas, como pessoas que trabalham com informação, as novas tecnologias não podem ser evitadas. (KRAHN, 2002)

Informação e conhecimento são elementos-chave da nova gestão

organizacional, e cabe aos gerentes e dirigentes das organizações a busca por

formas mais eficazes de obtê -los e disponibilizá -los. Daí decorre a ânsia vivida nos

últimos anos pela absorção de novas técnicas e o conseqüente aumento na

aquisição de novas tecnologias pelas organizações (PEREIRA, 2002, p. 158).

É necessário lembrar, entretanto, que, como muitos outros instrumentos

desenvolvidos pelo homem, as tecnologias da informação e comunicação

contribuem para a superação de dificuldades encontradas ao lidar com o mundo,

no caso com o crescimento desenfreado da produção de informação (MARQUES

NETO, 2002).

Sob o enfoque da tecnologia, a gestão da informação é vista, ainda que dentro de um contexto organizacional, como um recurso a ser otimizado via diferente arquiteturas de hardware, software e de redes de telecomunicações. (MARCHIORI, 2002)

Pode-se considerar a gestão como um conjunto de processos que

englobam atividades de planejamento, organização, direção, distribuição e

controle de recursos de qualquer natureza, visando à racionalização e à

efetividade de determinado sistema, produto ou serviço (MARCHIORI, 2002). Sob

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esta perspectiva, a gestão da informação deve incluir, em dimensões estratégicas

e operacionais, mecanismos para obter e utilizar recursos humanos, tecnológicos,

financeiros, materiais e físicos para o gerenciamento da própria informação, que

então deve ser disponibilizada como insumo útil e estratégico para indivíduos,

grupos e organizações (PONJUÁN DANTE 1998 apud MARCHIORI, 2002).

A gestão da informação engloba a sinergia entre a tecnologia da

informação, comunicação e os recursos/conteúdos informativos, visando o

desenvolvimento de estratégias e a estruturação de atividades organizacionais.

Portanto, a gestão da informação implica mapear as informações necessárias,

fazer sua coleta, avaliar sua qualidade, proceder ao seu armazenamento e à sua

distribuição e acompanhar os resultados de seu uso (MARCHIORI, 2002).

O termo “Gerenciamento da Informação” é geralmente usado como

sinônimo de “Gerenciamento de Recursos Informacionais” por muitos autores (por

exemplo, CRONIN & LITLE apud CHIAVEGATTO, 2000).

A Gerência de Recursos Informacionais – GRI fornece auxilio informacional

aos mais variados processos gerenciais da organização, principalmente aqueles

relacionados ao uso eficaz da informação. Os procedimentos de GRI englobam os

processos de: caracterização das necessidades e exigências de informações,

coleta, armazenamento, recebimento, distribuição e uso das informações.

A amplitude do conceito de GRI pode melhor ser entendida se forem

abordados dentro das duas óticas de definição dos conceitos de gerenciamento da

informação (BERGERON, 1996 apud CHIAVEGATTO, 2000), onde, na primeira se

focaliza o ponto de vista da tecnologia da informação e na segunda, a perspectiva

integrativa.

Na perspectiva da tecnologia da informação (TI), a autora define GRI como tendo um guia para melhor gerenciar os sistemas de informação baseados em computador, enfatizando o aspecto técnico do gerenciamento da informação em cinco principais componentes: 1)

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gerenciamento de recursos (dados, informação, hardwares, software e pessoal); 2) gerenciamento da tecnologia sob direção de um executivo controlador da informação [...]; 3) gerenciamento funcional (i.e., aplicações de gerenciamento técnico dos recursos de sistema de informação); 4) gerenciamento estratégico de recursos; 5) gerenciamento distribuído (i.e.; distribuição de responsabilidades para o desenvolvimento, operação, gerência de sistemas de informação). (CHIAVEGATTO, 2000) Do ponto de vista da perspectiva integrativa, o GRI pode ser visto como uma abordagem de gerenciamento e função que procura integrar e harmonizar as fontes de informação corporativas, [...] Na perspectiva integrativa, o GRI também serve como elo entre os recursos informacionais da organização e o planejamento estratégico no uso para o desenvolvimento estratégico. (CHIAVEGATTO, 2000)

O GRI fornece informações cruciais para a tomada de decisão das quais as

organizações necessitam. Assim, quanto maior for à sintonia entre a informação

fornecida e as necessidades informativas das instituições, melhores decisões

poderão ser tomadas.

A informação no mundo atual funciona como insumo para o crescimento

das organizações e é um importante fator no desenvolvimento científico e

tecnológico, dada a sua importância como um recurso de imenso valor agregado

que servirá como estrutura básica para a sobrevivência institucional. A informação

é também o eixo fundamental para diversas atividades e, portanto, é de elevada

importância nos nossos dias.

As informações obtêm valor testemunhal ao serem agregadas e organizadas especialmente, na entrada e no processamento dos dados [...] são, ao mesmo tempo, nós das redes que entrelaçam os mais diversos fluxos de informação. (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 1999, p.80)

A tecnologia da informação, como ferramenta gerencial, será utilizada para

análise de dados, transformando-os em informações realmente úteis aos negócios

das empresas. À medida que as empresas converterem dados em informações,

modificarão necessariamente seus processos de decisão, a sua estrutura

administrativa e a sua maneira de trabalhar, na qual decisões financeiras

oportunistas transformar-se-ão em diretrizes e pressupostos estratégicos.

(BORGES, 1995)

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Dentro dessa lógica instrumental, a TI, ao disponibilizar mais informação sobre o ambiente, tem o poder de melhorar a qualidade da decisão gerencial aplicada no processo de mudança organizacional e, conseqüentemente, de acelerá-la. (PITASSI, 2002)

A TI evoluiu de uma orientação tradicional de suporte administrativo para

um papel estratégico dentro da organização. A visão da TI como uma ferramenta

de gerência competitiva tem sido discutida e enfatizada, pois não só sustenta as

operações organizacionais, como também permite que se viabilizem novas

estratégias da aplicação da informação no ambiente institucional.

O uso eficaz da TI e a integração entre sua estratégia e a estratégia de

gerência dos recursos informacionais vão além da idéia de uma ferramenta de

produtividade. Hoje, o caminho para este sucesso não está mais relacionado

somente com o hardware e o software utilizados, ou ainda com metodologias de

desenvolvimento, mas com o alinhamento da TI com a estratégia e as

características da organização e de sua estrutura organizacional. Apesar de

diferentes instituições apresentarem estruturas, culturas e necessidades de

informação extremamente variadas, não existem fórmulas prontas de como

administrar os recursos de tecnologias da informação de uma forma estratégica e

lucrativa. Cabe a instituição encontrar uma abordagem adequada às suas

necessidades específicas em gestão da informação e dos recursos de tecnologia

da informação.

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3. Gerenciamento Eletrônico de Documentos – GED

Para uma melhor compreensão do assunto e o entendimento da relevância

do tema é necessário o conhecimento de alguns conceitos elementares. Nesta

seção são apresentados os conceitos básicos para a compreensão do

Gerenciamento Eletrônico de Documento e das suas principais tecnologias

correlatas disponíveis nas soluções de GED.

3.1 – Conceitos Fundamentais

As inovações tecnológicas ocorridas no campo da Ciência da Computação

têm causado um impacto direto sobre a forma de pensamento da sociedade.

Ferramentas de software e equipamentos de hardware têm conseguido contrariar

muitos princípios que eram considerados absolutos até a introdução da

informática. O impacto causado pela Tecnologia da Informação - TI, trouxe

contribuições para praticamente todas as áreas do conhecimento humano, a ponto

de que muitas conquistas jamais teriam sido alcançadas sem a utilização deste

tipo de tecnologia.

Primeiramente, faz-se necessário considerar que o Gerenciamento

Eletrônico de Documentos surgiu como uma das divisões da Tecnologia da

Informação, e que basicamente, visa proceder ao gerenciamento de documentos,

ou como terminologicamente é mais conhecido e adotado pela Arquivística, de

Gestão de Documentos. A característica nova é que o GED procede a Gestão de

Documentos de forma eletrônica, e deve-se ressaltar que não somente a gestão

de documentos eletrônicos – que são os originalmente produzidos em meio

eletrônico – mas sim, que as iniciativas em relação à gestão de documentos são

procedidas com o uso da tecnologia, de forma eletrônica, constituindo-se assim no

GED.

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O GED, na sua concepção original, era o instrumento necessário à recuperação daquele material digitalizado, constituindo -se no substituto mais próximo das leitoras/copiadoras de microfilme, sendo utilizado como solução total para o gerenciamento de documentos. Em outras palavras, a digitalização garantiria o acesso rápido e a preservação dos documentos. (SANTOS, 2005)

Para se compreender o que realmente significa Gerenciamento Eletrônico

de Documentos é fundamental entender o problema que se está tentando

solucionar, isto é, o problema do papel nas instituições. Este problema não é

manifesto somente no problema físico de manuseio de grandes quantidades

(arquivos correntes, temporários e inativos), mas no relacionamento entre o

grande volume de papel e o ciclo de vida de um documento, que, freqüentemente,

é determinado pelas necessidades do negócio.

Com a crescente relevância dos sistemas de informações e de multimídia o

mercado tem solicitado aplicações que tratem imagens, vídeos, áudio, entre

outros, entretanto, a complexidade de sistemas multimídias faz com que seja

muito difícil sua utilização em sistemas comerciais tradicionais (ENCINAS,

DELLEPIANE, 1999). Deste modo, montar uma estrutura e adquirir tecnologias

para solucionar problemas com grandes volumes documentais é uma tarefa

arriscada que requer grande capacidade gerencial em projetos, paciência e

habilidade de comunicação.

Atualmente, mais e mais instituições têm reconhecido à importância de um

efetivo gerenciamento de suas coleções documentais (ROWLEY, 1999). Muitas

organizações acham que um sistema de GED é, simplesmente, a união de um

scanner e um computador equipado com um banco de dados com informações

sobre os documentos armazenados, enquanto outras estão completamente

preocupadas se o sistema GED irá auxiliar na automação dos processos de suas

atividades e respondendo perguntas do tipo: quem pode ver o que, como deve ser

estruturados o fluxo de trabalho e quem irá fazer o quê.

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39

A característica do GED varia muito conforme a solução adotada, mas

basicamente é composto por:

• unidades de entrada: scanner, câmeras ou computador para o caso de

documento de origem digital;

• unidades de processamento: computador servidor de rede;

• uma rede de computadores: computadores de cada usuário do sistema;

• unidades de saída: vídeo, impressora ou plotter.

Figura 1 - Ambiente tecnológico típico de uma solução de GED Fonte: Baldam, Valle e Cavalcanti (2002)

Tipicamente as tecnologias de GED tratam com imagens de documentos do

tipo texto, os scanners são utilizados para a digitalização e os arquivos são

processados em uma unidade servidora. A partir desta unidade se realiza a

distribuição, impressão de cópias e armazenamento. A consulta aos documentos é

realizada a partir dos computadores compartilhados em rede, sendo que nesses

também é feita a criação de documentos de origem digital.

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40

Documentos são criados, revisados e, conseqüentemente, numerosas

versões e/ou cópias do mesmo documento são produzidas. Deste modo, para

uma instituição, a capacidade de gerenciar seus ativos documentais é muito

importante, uma vez que ela deve garantir que quando um determinado

documento está ativo, todos estejam trabalhando com a versão e/ou cópia correta

do documento. Por outro lado, dada a intima relação entre os documentos e os

processos materiais, de informação, torna-se imperativo a compreensão do

impacto da aquisição de tecnologias de GED no fluxo de trabalho.

As tecnologias GED, tomadas no seu conjunto, englobam não só o

processamento como a criação, armazenamento, descarte e recuperação dos

documentos, tornando-as desse modo, mais complexas e difíceis de implantação.

Os arquivos podem ser mantidos em meios analógicos como microfilmes ou fichas

ou podem ser guardados em suporte digital para facilitar sua recuperação rápida

através de um sistema GED.

Observada estas particularidades do sistema de GED, é necessário deixar

claro que, para as tecnologias de gerenciamento de documentos eletrônicos

atingirem seus objetivos é necessário que sejam atribuídos em suas funções

atributos da gestão arquivística de documentos.

Os GEDs, mais modernamente, vêm buscando incorporar os conceitos arquivísticos, evoluindo de um mero software de digitalização e acesso para torna-se um instrumento de apoio dentro de um sistema de gerenciamento de documentação, seja ele elet rônico ou não. (KOCK, 1998 apud SANTOS, 2005)

KOCH (1998, p.24), estabelece “dois macrogrupos de tecnologias de GED

para o ciclo de vida das informações: gerenciamento de documentos (document

management) e o gerenciamento de imagens (document imaging)”. De acordo

com KOCH (1998) o “gerenciamento eletrônico de documentos procura tratar, dar

acesso à informação e armazenar, independentemente do seu suporte físico”,

porém ao estabelecer os macrogrupos, não foram considerados os princípios

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41

arquivísticos de proveniência, territorialidade e a teoria das três idades; mas o

suporte documental, ou seja, o texto e a imagem. Ainda segundo KOCH (1998),

“GED é a somatória de todas as tecnologias e produtos, isoladamente ou em

conjunto, que visam a gerenciar informações de forma eletrônica, podendo se

apresentar na forma de voz, texto ou imagem”.

Do ponto de vista da Ciência da Informação, o CENADEM (2005a)

apresentou algumas vantagens para aceitação de sistemas GED no Brasil,

levando em consideração os princípios arquivísticos:

• Velocidade e precisão na recuperação de documentos. O GED proporciona

respostas precisas e instantâneas;

• Grande redução de espaço físico;

• Disponibilidade de documentos sem limites físicos;

• Melhor atendimento à comunidade;

• Impossibilidade de falsificação de documentos;

• Ilimitadas possibilidades para a indexação de documentos;

• Eliminação de fraudes.

O poder judiciário brasileiro tem dado fortes passos diante da validade

jurídica de todos documentos eletrônicos, incluindo as cópias digitalizadas, desde

que assinadas digitalmente, por meio de certificados baseados em criptografia

assimétrica, que constitui a forma de garantir a autenticidade e integridade de

documentos, com um grau de segurança semelhante e até superior aos

documentos escritos em papel.

Por meio de diversas citações legais ao reconhecimento em juízo dos

documentos eletrônicos, a legislação brasileira dispõe de um regulamento

específico que decreta as exigências tecnológicas para a equivalência e para

todos os fins legais, entre os documentos escritos em papel e os documentos

eletrônicos, a Medida Provisória nº 2.200-2, de 2001, que possui força de lei:

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Art. 10. Consideram-se documentos públicos ou particulares, para todos os fins legais, os documentos eletrônicos de que trata esta Medida Provisória. § 1º As declarações constantes dos documentos em forma eletrônica produzidos com a utilização de processo de certificação disponibilizado pela ICP-Brasil presumem-se verdadeiros em relação aos signatários, na forma do art. 131 da Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – Código Civil. § 2º O disposto nesta Medida Provisória não obsta a utilização de outro meio de comprovação da autoria e integridade de documentos em forma eletrônica, inclusive os que utilizem certificados não emitidos pela ICPBrasil, desde que admitido pelas partes como válido ou aceito pela pessoa a quem for oposto o documento.

Apesar das fraudes e falsificações existirem desde a produção dos

primeiros documentos (manuscritos), a Diplomática é a disciplina que dispõe de

métodos para provar a autenticidade e a fidedignidade dos documentos suspeitos

de não serem autênticos.

Diplomática é um corpo de conceitos e métodos, originalmente desenvolvido nos séculos XVII e XVIII, “com o objetivo de provar a fidedignidade e a autenticidade dos documentos”. Ao longo do tempo ela “evoluiu para um sistema sofisticado de idéias sobre a natureza dos documentos, sua origem e composição, suas relações com as ações e pessoas a eles conectados e com o seu contexto organizacional, social e legal”. (DURANTI e MAC NEIL 1996 apud RONDINELLI, 2004)

A NBR ISO 9001/2000 juntamente com a Lei nº. 8.1593 dão as bases para

se dar início a uma implantação de um gerenciamento de documentos em uma

empresa pública ou privada, pois indicam o ciclo vital dos documentos onde ela

estabelece que: os documentos após o seu uso administrativo podem ser

eliminados ou transferidos para arquivamento, a temporalidade de guarda e

destinação fim que seria a sua eliminação ou guarda permanente.

Diante de conceitos, normas e práticas de gerenciamento de arquivos

estabelecidos pela Lei nº. 8.159 e NBR ISO 9001/2000, surge um fator primordial

3 Legislação Arquivística que “dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas”.

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43

para que a gestão documental tenha verdadeiramente êxito em sua implantação,

onde tem que se levar em conta o corpo profissional da instituição. Sendo que o

conjunto de pessoas que estão diretamente envolvidas com o uso diário da

documentação, desde a sua produção até a sua eliminação ou guarda

permanente, tenha plena consciência de suas responsabilidades fazendo assim

com que suas atitudes espelhem uma gestão documental eficaz.

O uso dos conceitos e práticas arquivísticas pelas empresas dá garantias

de que a informação que ali está sendo produzida e utilizada seja bem gerenciada,

além de outros benefícios como: racionalizar os espaços de guarda de

documento, ter eficiência e rapidez nas suas atividades diárias e atender de forma

mais rápida a sua comunidade.

No entanto, o uso de uma aplicação de GED pode proporcionar incontáveis

recursos que promovem qualidade ao tratamento da informação documentada. As

tecnologias de GED proporcionam facilidades e controles que seriam muito

trabalhosos sem o uso de uma ferramenta semelhante. O Quadro 1 apresenta

dados comparativos entre a manipulação de documentos em papel e o uso de

documentos eletrônicos controlados por um sistema de GED.

Atividade Papel GED Capturar um documento São armazenados em

armários e pastas

Documentos são digitalizados para gerar imagens

Uso de mais de uma forma de armazenar documentos ou

arquivos setoriais

Cópias são feitas e armazenadas em diversos

arquivos

Busca por índice de diferentes maneiras para localizar o

mesmo documento. Sem limite físico.

Recuperação Exemplo de fácil consulta: ir

até a sala do arquivo, encontrar o documento

removê-lo, ir até a copiadora, fazer a cópia, retornar o

original ao local de origem.

Ir ao computador, pesquisar pelo índice desejado, visualizar ou imprimir.

Tempo de recuperação

Desde vários minutos até semanas

Segundos

Quadro 1 – Comparação entre atividades de recuperação de documentos

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44

Atividades de criação, indexação, armazenamento, consulta e controle de

retenção, são realizadas instantaneamente sem a necessidade de acesso físico

aos originais. O fato de um documento eletrônico não existir fisicamente facilita o

fluxo de informação, evita redundância de informações enquanto promove

segurança já que o usuário sempre consulta uma cópia do arquivo original. Uma

cópia pode ser disponibilizada a qualquer momento sem que isto afete em nada o

documento original. O controle de acesso aos conteúdos pode ser facilmente

aplicado a sistemas de GED por políticas de controle de acesso. O usuário só

consultará aquilo que deve. Também é possível evitar o uso não-intencional de

documentos obsoletos, já que estes documentos podem ser controlados e

mantidos fora do alcance do usuário. Cópias de segurança podem ser facilmente

armazenadas em ambientes físicos distintos, reduzindo custos e aumentando a

segurança para a informação.

Para arquivos de origem digital, as vantagens são ainda maiores através da

velocidade de criação e a padronização, onde documentos podem ser criados

através de modelos específicos e campos podem ter preenchimento automático,

eliminando consultas a cadastros e garantindo padronização aos documentos.

Arquivos podem ser criados a partir de outros já existentes. Índices de consulta

podem ser gerados automaticamente facilitando consultas posteriores.

O mercado oferece uma infinidade de ferramentas com os mais variados

recursos para o tratamento de documentos. Entretanto, é importante que o

responsável pela escolha de um sistema de GED tenha conhecimento dos

negócios da empresa, pois assim reconhecerá os problemas enfrentados e poderá

dimensionar adequadamente quais os recursos que um sistema de GED deve ter

para satisfazer as suas necessidades.

Segundo Davenport e Prusak (1998), “geralmente as empresas investem

pesadamente em soluções antes de saber quais são seus problemas. O que as

conduz freqüentemente ao fracasso”.

Page 45: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

45

A aplicabilidade de um sistema de gerenciamento eletrônico de documentos

representa muitos efeitos sobre a organização, que serão sentidos pelos usuários

internos e até pelas empresas com que exista algum relacionamento.

Por se tratar de um sistema de gestão da informação, em que todos os

dados relevantes ao funcionamento da empresa são manipulados, deve ser

cuidadosamente trabalhado. O apoio da alta direção é essencial e o fornecimento

de recursos necessários deve estar garantido.

O termo gestão está relacionado à administração, ao ato de gerenciar. Isso

significa que é preciso ir além do ato de registro da informação em um suporte, é

preciso também que se tenha um planejamento de tal forma, que, mesmo com

uma quantidade exacerbada de documentos gerados diante das ferramentas

tecnológicas disponíveis nos dias atuais, seja possível localizar e utilizar a

informação no tempo exato e necessário para uma tomada de decisão

(CALDERON, 2004).

Segundo Calderon (2004), “a gestão de documentos pode representar o

desenvolvimento de diversas tarefas”, dentre elas:

• Informatização de processos de tramitação documental; Incorporação de

fundos e manutenção da informação atualizada;

• Preparação de informações mediante a solicitação para o estudo de

qualquer tema ou qualquer projeto.

Com o advento da informática (computadores), um conjunto de novas

tecnologias tem sido desenvolvido na tentativa de transladar a gestão documental

para o mundo digital.

Page 46: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

46

Para o (CENADEM, 2005a), “a sigla GED representa um conjunto de

tecnologias correlatas que visam o gerenciamento da massa de documentos

analógicos e digitais de uma organização”, desta forma:

Ter um sistema de GED, Gerenciamento Eletrônico de Documentos, em sua empresa não significa somente guardar arquivos eletrônicos. Ter um sistema GED significa ter nas mãos a capacidade de gerenciar todo o capital intelectual da empresa.

Sejam empresas públicas ou privadas, organizações governamentais ou

não, elas possuem os mesmos tipos de problemas quando se tratam de

documentos, problemas esses agrupados sob a rubrica Gestão de Documentos.

Entretanto, o termo documento e/ou documentação é definido por diversos autores

como:

Briet (1960, p. 11), define o documento como "todo índice concreto ou simbólico, conservado ou registrado a fim de representar, reconstituir ou provar um fenômeno físico ou int electual”. Robredo (1978), descreve o processo da documentação, ou ciclo documentário completo, como um sistema ao qual chega uma série de elementos para serem tratados e convertidos num produto mais fácil de difundir ou de ser assimilado pelo usuário. Smit (1986, p.12) diz que entre a enxurrada de publicações e as pessoas que precisam das informações contidas nestas publicações, a necessidade fez surgir uma espécie de filtro, um filtro que seleciona e organiza informações, chamando a atenção para as principais. Este filtro é a documentação. A documentação é definida pela Federação Internacional de Documentação (FID), como o processo de "reunir, classificar e difundir documentos em todos os campos da atividade humana". Essa definição clássica, elaborada durante a X Conferência Internacional de Bibliografia, data de 1931. (ROBREDO, 1978, p.1)

A explosão e o caos documentário, tão bem configurado por Bradford, enfocavam e enfocam informação como sinônimo de documento, na clássica definição de Briet: “Toda base de conhecimento, fixada materialmente, suscetível de estudo, prova ou confronto“. Em uma abordagem abrangente, Briet uniu, com esse enfoque, entidades ainda então separadas em virtude do suporte físico: o arquivo, a biblioteca e o museu. Uniu-as pelo conceito de documento. (BRAGA, 1995)

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47

Indiferente a definição, o certo é que com o uso crescente dos

computadores pessoais, a palavra documento tem sido comumente aplicada para

referenciar dados, de algum modo, organizados e armazenados em um

computador. Assim, a seguinte classificação é pertinente:

• Documentos eletrônicos – unidade de registro de informações, acessível

por meio de um equipamento eletrônico. Câmara Técnica de Documentos

Eletrônicos do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ, 2004 apud

SANTOS, 2005);

• Imagem de documentos – são os papéis ou filmes (o microfilme é o mais

comum) que foram convertidos em documentos estáticos. Para nossa

definição, documentos estáticos são aqueles que não podem ser facilmente

alterados pelos processadores/editores mais comuns, embora,

tecnicamente, seja possível;

• Relatórios – são os tipos de documentos impressos contendo itens que

serão impressos no papel, mas ao invés disso são impressos em meio

digital e não podem ser alterados, tornando-se, deste modo, documentos

estáticos conforme definição do item anterior;

• Web sites – são também referenciados como documentos porque utilizam a

metáfora diretório/pasta/página.

3.2 - Tecnologias envolvidas no GED

Recuperando a visão histórica, a tecnologia que antecedeu aos sistemas

GED foi à microfilmagem, tecnologia essa que continua sendo ainda hoje muito

utilizada por diversas instituições.

A primeira tecnologia de GED, conhecida por Document Imaging (DI),

enfatizava basicamente, a digitalização de documentos de origem papel, gerando-

se imagens digitais dos documentos. Essa mesma tecnologia também possibilitou

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48

a digitalização de documentos em suporte microfilme, justamente para converter

os documentos gerenciados pela tecnologia anterior.

A necessidade de re-processamento de um documento já digitalizado quer

por um processador de textos ou por um sistema de processamento de dados, fez

com que a tecnologia que converte uma imagem digital de um caractere em um

dado passível de ser tratado por processadores ou editores ganhasse forma. A

essa tecnologia deu-se o nome de Optical Character Recognition (OCR) quando

os caracteres a serem reconhecidos são padronizados, e de Intelligent Character

Recognition (ICR) quando é preciso reconhecer textos manuscritos.

O amadurecimento das tecnologias de reconhecimento de caracteres

viabilizou as aplicações de processamento de campos manuscritos ou impressos

em formulários. Essa tecnologia ganhou o nome de Forms Processing (FP). Em

vez da utilização de pessoas (digitadores) para transcrever os dados dos

documentos em suporte papel para os campos de entrada dos sistemas de

informação, a tecnologia FP possibilitou a leitura de partes pré-determinadas

(máscaras) realizando, deste modo, a transferência do dado diretamente para os

sistemas de informação, sem a intervenção humana.

Com os documentos convertidos para imagens, e passíveis de serem re-

processados, era necessária uma tecnologia que substituísse o processo humano

de trâmite de documentos em papel. Surgiu então a tecnologia de gestão de fluxos

de trabalho, conhecida como Workflow (WFL), inicialmente tratando somente de

documentos textuais e depois também de imagens de documentos.

Num ambiente de escritório, isso significa a geração de documentos em

processadores de texto, planilhas eletrônicas e todas as demais ferramentas

dessa natureza. Por esse motivo, a quantidade de documentos digitais gerada

cresce vertiginosamente, exigindo ferramentas para controle de localização,

atualização, versões e mesmo de temporalidade de guarda dos documentos.

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49

Para atender a essa necessidade surgiram às ferramentas para

Gerenciamento de documentos, Document Management (DM).

A tecnologia de DM esteve inicialmente mais envolvida no gerenciamento

de documentos de engenharia e normas técnicas, sendo, inclusive, uma das

exigências da ISO 9000. Essa tecnologia permite que sejam rastreadas as

alterações dos documentos.

Hoje, a grande quantidade de arquivos nos diretórios dos servidores e

computadores pessoais, a necessidade do compartilhamento de documentos

(tanto nas redes internas como na Internet) e o controle das atualizações em

ambiente distribuído, justificam a implantação de sistemas de DM.

O DM implementa, no mundo digital, muito das funcionalidades já

existentes nas aplicações de Records Management no mundo do papel.

A tecnologia Computer Output to Laser Disk (COLD) foi inicialmente

introduzida no mercado para substituir a tecnologia Computer Output to Microfilm

(COM), devido à redução de custos quando se armazenam as informações em

discos ópticos comparados ao microfilme.

Essa tecnologia permite o armazenamento e gerenciamento de relatórios

de forma digital. Devido à abrangência dessa tecnologia, em vez de COLD ela

passou a ser chamada de Enterprise Report Management (ERM).

Para o CENADEM, 2004b, as tecnologias relacionadas no quadro a seguir

são partes integrantes do GED.

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TECNOLOGIA DESCRIÇÃO

Document Imaging

Utiliza programas de gerenciamento para arquivar e recuperar documentos digitalizados. Emprega equipamentos específicos para captação, armazenamento, distribuição e impressão.

Document Management

Permite o controle do acesso aos documentos. Seu foco é o controle de versões, datas das alterações feitas pelos usuários e respectivo histórico da vida do documento. As aplicações desta tecnologia estão relacionadas à área de normas técnicas, manuais e desenhos de engenharia, bem como controle da documentação produzida nas áreas administrativas e operacionais das organizações.

Workflow

Permite gerenciar de forma pró-ativa qualquer processo de negócio. Garante o acompanhamento constante de todas as atividades e um aumento da produtividade, eficácia e segurança. Também atua como tecnologia integradora entre diversos sistemas e tecnologias como: Enterprise Resourse Planning (ERP), Suply Chain Management (SCM), Customer Relationship Management (CRM) e outras.

Enterprise Report Management

(Computer Output To laser Disk) Possibilita que os relatórios sejam gerados e gerenciados em suporte digital.

Records Management

Gerencia o ciclo de vida do documento independente do suporte em que ele se encontra. Abrange portanto, a criação, o armazenamento, manutenção, apresentação e o descarte dos documentos.

Forms Processing

Engloba as tecnologias Optical Character Recognition (OCR) e Intelligent Character Recognition (ICR) permitindo o reconhecimento das informações em formulários e relacioná-las com campos de um banco de dados. Esta tecnologia que automatiza o processo de digitação é utilizada por bancos e seguradoras.

Content Management

Conjunto de tecnologias para a criação, captação, ajustes, distribuição e gerenciamento dos conteúdos dos documentos que apóiam os processos de negócios da instituição.

Quadro 2 – Classificação CENADEM das tecnologias de GED

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51

3.2.1 Document Imaging – DI

A Tecnologia Imagem ou Document Imaging torna possível à captura

eletrônica, o armazenamento e a recuperação da informação que foi previamente

convertida a partir de papel ou outro tipo de mídia, para a forma digital.

O gerenciamento de imagens de documentos é utilizado, geralmente, em

soluções que visam o controle de documentos prontos que não serão mais

alterados. Resolve a questão da disponibilização de documentos para consulta.

Quando introduzido em um sistema de imagem, o objeto se torna uma

imagem, que é então compactada e armazenada permanentemente no sistema,

através de discos ópticos ou magnéticos. As imagens obtidas são armazenadas

como documentos no sistema e podem ser recuperadas, exibidas, impressas,

sofrer anotações, redirecionadas, enviadas via fax ou simplesmente re-

armazenadas.

Document Imaging são produtos que armazenam imagens de documentos em estruturas pré-definidas de índices. KOCH (1998).

Boa parte dos produtos reproduz estruturas do tipo

pasta/subpasta/documento. Outros indexam documentos diretamente. O foco dos

produtos de Imagem é o gerenciamento de documentos estáticos, pois ninguém

processa e arquiva documentos que não estejam concluídos.

KOCH (1998) faz ainda uma comparação deste tipo de solução com os

tradicionais arquivos de aço, “dizendo que esta tecnologia é, por exemplo, uma

mera substituição de mídias com alguma sofisticação adicional como múltiplos

índices”.

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O DI é indicado para corporações de qualquer porte, que pretendem

disponibilizar o fluxo de informações de uma maneira mais rápida, utilizando um

sistema lógico e inteligente.

A tendência é que sejam gerados, cada vez mais, documentos eletrônicos,

por serem potencialmente mais informativos. Pode-se ainda incorporar a eles

elementos que facilitem a comunicação, resposta e facilidade de uso: fotos,

desenhos, planilhas, imagens de vídeo, som etc. Entretanto, este processo não

dispensa por completo o armazenamento de documentos analógicos. Alguns

documentos em mídia digital ainda não possuem valor legal e outros só tem valor

com assinaturas, vistos ou autenticação originais. Há ainda um aspecto de ordem

cultural: o hábito de utilização do documento analógico.

3.2.2 Document Management – DM

Baseado em KOCH (1998), “Document Management são sistemas voltados

para o gerenciamento do ciclo de criação/revisão dos documentos, onde dados do

tipo número da versão/revisão, data de criação, autor, data de expiração, etc. são

os mais relevantes”. KOCH (1998) afirma ainda que, “sua definição preferida para

gerenciamento de documentos é a de “um grande diretório do DOS que aponta

todas as propriedades do documento ”.

Todos os documentos criados eletronicamente precisam ser gerenciados,

principalmente aqueles com grande quantidade de revisão. O DM controla o

acesso aos documentos, ensejando maior segurança e atribuindo localizadores

lógicos, como a indexação.

A tecnologia DM permite administrar as versões dos documentos, embora

envolva recursos de criação, fluxo da documentação, controle de disponibilização

e armazenamento, datas das alterações feitas pelos respectivos usuários e o

histórico da vida do documento.

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53

Ao contrário do DI, o tipo de informação no DM é mais dinâmico, pois está

em constante processo de alteração. Os produtos de Gerenciamento de

Documentos não gerenciam obrigatoriamente imagens, já que estas são somente

um tipo de documento. Gerenciam arquivos oriundos de editores de texto,

planilhas e outras formas de documentos. Muitas são as áreas onde esta

tecnologia pode ser aplicada. Desde a preservação de acervos de documentos,

passando pelo gerenciamento de documentos para efeito de certificação ISO

9000, até o processamento de imagens gráficas.

As grandes aplicações são na área de normas técnicas, manuais,

procedimentos e nas aplicações em que o controle de revisões é crítico. Muito

utilizado, também, para compor soluções dedicadas para a automação de

escritórios.

3.2.3 Workflow – (Fluxo de Trabalho)

Workflow pode ser definido como um conjunto de tarefas para o controle do

fluxo de processos de forma ordenada na organização. Corresponde às

ferramentas que gerenciam o fluxo dos documentos, disponibilizando critérios para

o controle desse fluxo, ou seja, oferecendo recursos de inclusão, aprovação ou

rejeição de informações no documento.

O workflow refere-se ao modo como os documentos são processados. Um sistema de GED integra e define automaticamente o fluxo de documentos em formato eletrônico de estação de trabalho para estação de trabalho, ao longo de uma organização. Os documentos e arquivos não são simplesmente armazenados e recuperados, mas sim utilizados na condução de transações de negócios. O trabalho é processado mais rapidamente numa LAN, em que todos compartilham de documentos e arquivos. (AVEDON, 1999)

O workflow orienta o fluxo de documentos e de tarefas para a melhoria

geral da qualidade e produtividade em todos os níveis de uma organização,

permitindo que várias pessoas trabalhem com um mesmo documento ou arquivo,

simultaneamente.

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54

Com o software de workflow, os usuários podem elaborar programas

(scripts) que detalham para onde cada documento deve seguir numa organização,

mapeiam e controlam todos os documentos que entram no sistema. Os scripts

podem especificar em quais estações de trabalho a imagem de um documento

deve aparecer e que outras imagens devem estar junto com ela na tela, em todas

as categorias de documentos.

O software de workflow controla eletronicamente as imagens de

documentos e automatiza várias outras tarefas de gerenciamento, como

avaliações de produtividade, geração de relatórios, ajustes de cargas de trabalho

e cronogramas de funcionários. Se a imagem do documento não tiver progressos

numa estação dentro de seu período atribuído, ela será encaminhada

automaticamente à atenção de um supervisor. Com isso, eliminam-se gargalos, e

o script também pode alertar o supervisor de que um usuário em particular pode

estar precisando de ajuda. Essas informações contribuem para a criação de

gráficos de workflow.

Portanto, o workflow acelera e simplifica todo o processamento de imagens

de documentos, gerando aumentos de produtividade. Segundo Avedon (1999),

após a implantação da tecnologia, o próximo passo é mudar os procedimentos

que já estão enraizados há décadas para que os funcionários comecem a se

adaptar ao sistema.

3.2.4 – COLD - Computer Output Laser Disc / Enterprise Report

Management - ERM

O Gerenciamento de Relatórios ERM também é tratado como sinônimo de

Computer Output to Laser Disc (COLD), que é o armazenamento de relatórios em

discos óticos. O COLD, por sua vez, é o sucessor do Computer Output to Microfilm

(COM), que é a transformação de relatórios digitais em microfilme, tendo sido por

muitos anos a tecnologia mais utilizada.

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Os sistemas COLD se concentram na disponibilização on-line de relatórios

e outros fluxos de dados originados a partir de aplicações oriundas de sistemas de

processamento de dados baseadas em “mainframes”. São usados para capturar

dados formatados provenientes de transações em sistemas corporativos, tais

como boletos bancários, extratos de conta corrente, faturas e registros de

transações. Estas informações que teriam sido armazenadas em papel ou

microfilme são armazenadas sob a forma de dados em mídia ótica, por meio da

tecnologia COLD, para posterior consulta off-line ou on-line através da rede.

Estes dados formatados tipicamente consistem de cadastros de clientes,

relatórios diários, semanais e mensais, tais como balanços, recursos humanos,

histórico de transações efetuadas ou documentos específicos de clientes como

faturamentos e notas fiscais. Os dados são formatados como formulários em um

formulário personalizado e armazenado em um sistema de Imagem.

Através da captura de relatórios que pela forma tradicional teriam sido

armazenados off-line e armazenando-os on-line, a tecnologia COLD permite que o

usuário possa eletronicamente pesquisar, visualizar, imprimir e processar a

informação contida em qualquer relatório.

A tecnologia COLD é largamente utilizada em instituições financeiras, tais

como bancos e seguradoras, empresas de telecomunicações, serviços, entre

outros. É uma importante ferramenta nas centrais de atendimentos a clientes.

Pode-se estabelecer através da hierarquização, quem deverá ter acesso a quais

documentos em que momento, de acordo com as especificidades de cada

organização. Os relatórios podem ser acessados simultaneamente por vários

usuários, uma vez que não há edição dos dados, apenas visualização.

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Figura 2 – Arquitetura de um sistema ERM.

Fonte: CENCI (2002)

Esta tecnologia trata do armazenamento de grandes quantidades de dados em um gerenciador de rápido acesso. Nele enquadram-se ferramentas que possibilitam a digitalização de documentos ou transferência direta das informações contidas nos documentos para um banco de dados. Sua função consiste em armazenar máscaras específicas dentro de um gerenciador de arquivos enquanto os dados são armazenados em um banco de dados relacional. Um visualizador fica responsável por montar os dados solicitados dentro desta máscara e apresentá-los ao usuário.

3.2.5 Form Processing – (Processamento de Formulários)

Esta tecnologia trata da captura de dados de formulários impressos. É

empregado juntamente com recursos de Optical Character Recognition (OCR) ou

o Inteligent Character Recognition (ICR). Consiste em ferramentas que oferecem

recursos para reconhecimento de caracteres em regiões determinadas de um

formulário, transpondo para um banco de dados ou identificando alguma marca

em um formulário, direcionando-o para uma operação específica no sistema.

Esses caracteres podem estar impressos ou manuscritos, dependendo do tipo de

documento processado.

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3.2.6 Records and Information Management – RIM (Gerenciamento de

Registros)

O RIM ou simplesmente RM (Records Management) compreende o

gerenciamento do ciclo de vida de todos os registros em todos os tipos de mídias,

desde a criação até a destruição ou arquivo permanente. São sistemas formais de

gerenciamento de registros que incluem políticas e procedimentos para criação,

distribuição, retenção, arquivo e pesquisa de documentos.

Gerenciamento de registros, ou gestão documental, equivale ao

gerenciamento de registros de todos os tipos de mídia. O gerenciamento da

criação, armazenamento, processamento, manutenção, disponibilização e até o

descarte dos documentos são controlados pela categorização de documentos e

tabelas de temporalidade. Com esta tecnologia tem-se o equivalente ao controle

de protocolos, em que um sistema de RIM armazenaria dados de controle da

situação de documentos.

O uso de um recurso de RIM permite o fácil controle de requisitos como o

tipo de mídia, critérios de temporalidade e o atendimento da legislação. É muito

utilizado para o acompanhamento do trâmite de documentos e garantia de

atendimento de políticas de temporalidade.

3.3 Aplicabilidade GED

Estabelecer uma aplicabilidade para o sistema de GED não é tarefa fácil

devido a inúmeras abordagens envolvidas. Existe uma grande diversidade de

ferramentas correlatas, cada voltada para o atendimento de determinado

problema. Também existem questões próprias de cada instituição que devem ser

consideradas. São questões que fazem com que a condução do processo de

implantação seja adequada a cada realidade e siga um planejamento próprio para

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cada organização. Portanto, para cada empresa deve existir uma abordagem

específica que melhor atenderá ao pretendido.

Permeando todas estas tecnologias correlatas apresentadas até agora,

pode-se perceber que a viabilidade do emprego destas tecnologias vai estar

condicionada à identificação das oportunidades de aplicação das ferramentas

GED no processo de informação, estudar como essas atividades fluem e como

podem ser usadas para atingir as metas institucionais da organização. Entretanto

está diretamente relacionada aos investimentos de antemão na análise dos fundos

documentais e das relações entre si, de maneira que se possa tomar

conhecimento das características próprias de cada um, e a partir daí, estabelecer

qual o suporte tecnológico mais adequado para atendimento às necessidades de

gerenciamento dos documentos (analógicos e eletrônicos) e as condições de

aplicabilidade do projeto.

Como podemos perceber, para se implantar o GED é necessário que se faça um diagnóstico da instituição que receberá o sistema, pois existe incontáveis tipos de ferramentas e soluções no mercado. Este diagnóstico visa definir critérios para escolha de uma ferramenta/solução de gerenciamento eletrônico de documentos em uma empresa ou instituição (CABRINO, 2001, p.10, apud CAMPANERI, 2003).

O gerenciamento eletrônico de documentos, que devido ao seu universo de

tecnologia que envolve equipamentos e programas, está criando uma base para

novos tipos de produtos, serviços e relações entre dados (documentos) e sistemas

de informação nas organizações. Toda aplicabilidade dos sistemas GED gera um

benefício para a gestão da informação e não para a tecnologia propriamente dita.

O sucesso da aplicação de um sistema GED está na adoção de uma metodologia

adequada abrangendo etapas específicas para a solução de determinados

“problemas” de gerência da documentação.

Sprague (1995) “enfatiza que os benefícios propiciados pelo gerenciamento

eletrônico de documentos envolvem tanto a tecnologia como a capacidade de

utilizá-la. Torna-se necessário, portanto, que se inicie o processo de construir a

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infra-estrutura adequada ao gerenciamento de documentos de forma que se possa

tirar proveito dessa tecnologia para melhorar o desempenho da organização”.

Para que esta infra-estrutura possa ser construída, deve-se considerar que

a organização estabeleça os processos de negócios4 onde serão aplicados os

sistemas utilizando as tecnologias de gerenciamento eletrônico de documentos e a

relação entre eles.

As categorias dos sistemas de gerenciamento eletrônico de documentos

que agregam valores aos processos de negócios, são descritas no quadro a

seguir:

4 Processos de Negócios é um fenômeno que ocorre dentro das empresas. Compreendem um conjunto de atividades realizadas na empresa, associadas às informações que manipula, utilizando os recursos e a organização da empresa. Forma uma unidade coesa e deve ser focalizado em um tipo de negócio, que normalmente está direcionado a um determinado mercado/cliente, com fornecedores bem definidos. Como recursos pode-se entender técnicas, métodos, ferramentas, sistemas de informação, recursos financeiros e todo o conhecimento envolvido na sua utilização. (ROZENFELD, 1996)

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Processos de Negócios

Aplicação da Tecnologia GED

Processos de publicação Para as organizações cuja atividade fim é a produção de documentos ou para as organizações que produzem documentos como suporte a um produto, a tecnologia de gerenciamento eletrônico de documentos permite uma reestruturação no processo de publicação e distribuição de grande quantidade de documentos no suporte papel. Os documentos podem ser criados e arquivados eletronicamente, distribuídos através de rede de comunicação e impressos apenas quando venham a serem utilizados. Os principais benefícios resultam da redução na obsolescência de documentos impressos, eliminação do custo de instalações físicas para armazenamento de cópias impressas e redução ou até mesmo eliminação dos custos de distribuição.

Processos organizacionais

Documento é o veículo através do qual é realizada a maioria dos processos de negócio. Os documentos são também o principal meio através do qual as informações fluem em uma organização, onde os fluxos de trabalhos ainda estão fortemente baseados na circulação física do papel. A utilização da tecnologia de gerenciamento eletrônica de documentos e a utilização da tecnologia de workflow propiciam valor significativo na redução de espaço físico para armazenamento de documentos, na rápida distribuição de documentos independente da localização física dos usuários e no acompanhamento e monitoramento no fluxo de informações e documentos em todo o processo envolvido. O direcionamento das organizações na utilização das tecnologias de gerenciamento eletrônico de documentos e workflow estão relacionado a dois fatores: a melhoria na qualidade dos processos de negócios e a reengenharia destes processos, ambos fortemente dependente de documentos.

Criação e manutenção de documentos

Um outro nicho da utilização da tecnologia de gerenciamento eletrônico de documentos envolve a criação e manutenção de documentos que contem políticas, procedimentos, descrição de produtos e outros. Esta utilização implica na manutenção da versão mais recente de documentos que são acessados freqüentemente por uma grande variedade de usuários. Os benefícios do gerenciamento eletrônico de documentos nesta categoria são: acesso mais rápido aos documentos, maior eficiência nos processos de busca e recuperação da informação, acesso simultâneo de várias pessoas à versão mais atualizada do documento e redução dos custos de impressão e distribuição de documentos.

Manutenção de relatórios corporativos

As organizações precisam manter documentos oficiais e registros referentes as suas obrigações principalmente para atendimento a exigências legais. Os principais benefícios da tecnologia nesta área são: a redução de perda de documentos importantes, recuperação mais rápida e precisa de informações, melhor acesso e compartilhamento dos documentos entre usuários localizados em diversas regiões geográficas, um melhor controle de versão e a melhor gerência do período de retenção dos mesmos, conforme regras de temporalidade.

Quadro 3 – Aplicação da tecnologia GED conforme processo de negócio Fonte: SPRAGUE (1995)

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O uso das aplicações de GED pode proporcionar incontáveis recursos que

promovem qualidade ao tratamento da informação documentada e/ou registrada.

As tecnologias de GED proporcionam facilidades e controles que seriam muito

trabalhosos sem o uso de uma ferramenta semelhante. Contribuem para

estabelecer um ambiente comum a determinadas tarefas, pois, os usuários

acessam uma base de dados única, evitando redundância de informação e

garantindo que esta esteja sempre disponível e acessível onde necessária.

A aplicabilidade de uma solução de GED envolve questões culturais

particulares para cada empresa e a forma de condução dos processos de

negócios, também, devem ser consideradas para se justificar tal aplicação. Estes

fatores interferem com o peso que cada um dos itens anteriormente apresentados

terá. Por se tratar de sistema de informação, o GED orienta e condiciona as

atividades numa organização e deverá atender a problemas próprios de cada

uma. Empresas vivem realidades diferentes e a cada caso deve ser verificada a

forma de seguir um planejamento justificado através da previsão dos benefícios

proporcionados pelo uso de GED. Como pré-requisito à aplicabilidade do sistema

de GED deve ser elaborado um diagnóstico da situação da organização antes do

início de qualquer atividade. Este diagnóstico permitirá a identificação dos

diferentes processos do negócio e da dinâmica destes processos.

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4. Gestão Arquivística e a Gestão da Informação

As questões tratadas nesta seção poderiam inserir-se, dadas a sua

complexidade e pertinência, numa pesquisa exclusiva. Mas, tendo em vista que

alguns dos documentos envolvidos neste estudo têm características de

documentos arquivísticos, serão considerados, nesta pesquisa, alguns aspectos

referentes aos princípios arquivísticos, à gestão arquivística dos documentos

eletrônicos e as formas de preservação dos documentos digitais no âmbito das

alternativas que buscam garantir a preservação e o acesso à informação digital.

4.1 Princípios Arquivísticos

Desde o surgimento da informática, o desenvolvimento da tecnologia tem

transformado significativamente os modos de trabalhos e o funcionamento das

organizações através do uso mais freqüente do computador para a criação de

documentos bem como de novos suportes de armazenamento. Dessa forma

instituições passaram a dispor de vários tipos de suportes documentais, que de

uma forma geral, dividem-se em documentos eletrônicos e analógicos. Nesses

ambientes híbridos, inúmeros são os problemas que as organizações enfrentam

para recuperar e armazenar as informações.

Os documentos eletrônicos, por exemplo, geralmente são armazenados em

microcomputadores que são acessados por vários usuários. A localização do

arquivo ocorre de forma convencional, onde são estipulados os locais

(pastas/diretórios) em que os mesmos estão armazenados. Este método demanda

tempo na busca do documento, às vezes indeterminado, proporcional à estrutura

disponível e à capacidade de assimilação do conhecimento por parte dos

usuários. Gerenciar o conteúdo informacional produzido e recebido pelas

organizações na execução de suas atividades torna-se um desafio, uma vez que

as instituições não estão preparadas para administrar toda a sua massa

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informacional. Diante desta constatação, infere-se que o uso inadequado de

tecnologias da informação muda o suporte do problema, mas não o elimina.

No entanto, o conhecimento da legislação vigente para tratamento de

arquivos públicos poderia resultar numa amenização dos problemas decorrentes

da falta da necessidade de se analisar o conteúdo informacional dos documentos

antes de serem armazenados ou descartados, por exemplo.

A Arquivologia construiu alguns princípios, como o princípio da

territorialidade, o princípio da proveniência e da abordagem das três idades, para

tratamento dos documentos, de modo a contribuir para o acesso à informação

arquivística de forma rápida e precisa.

Conforme Rosseau e Coutre (1998, p. 86):

O princípio da territorialidade reside no fato de que “para que os arquivos permaneçam vivos e sejam utilizados e melhor entendido, eles devem o mais possível, ser conservados no meio donde emanam ou que influenciaram a sua produção”. Esse princípio aplica-se em três níveis: nacional, regional e institucional.

Ainda, conforme Rosseau e Coutre (1998, p. 82), o princípio da

proveniência é:

Princípio fundamental segundo o qual arquivos de uma mesma proveniência, não devem ser misturados com os de outra proveniência devem ser conservados de acordo com a sua ordem primitiva, caso exista.

Em síntese, o princípio da proveniência garante a preservação da ordem

administrativa na organização dos documentos, apresentando como vantagens a

integridade administrativa dos arquivos de uma unidade e o pleno valor de

testemunho dos documentos de um fundo arquivístico, além de favorecer a

recuperação da informação. Estabelece-se que os documentos de arquivo devem

ser agrupados de acordo com sua origem (entidade geradora).

Page 64: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

64

Segundo a abordagem das três idades, “toda a organização, no

desempenho de suas atividades, cria inúmeros documentos de tipos e conteúdos

variados” (PROENÇA, 2006). Esta abordagem reflete o ciclo de vida dos

documentos dentro das organizações, e tem como base os valores que os

arquivos têm ou podem ter, quais sejam seu valor administrativo e seu valor de

testemunho.

Dentre as mais variadas ferramentas de gestão da informação que surgem

a partir dos princípios arquivísticos, destaca-se a tabela de temporalidade

documental, o instrumento de descrição documental, o código de classificação de

documentos, inventários, entre outros, que irão nortear todo o tratamento técnico

dos documentos, de modo a facilitar a recuperação da informação. Cabe acentuar

que as ferramentas citadas têm os seus usos independentemente do suporte da

informação.

4.1.1 A Legislação Arquivística no Brasil

No Brasil, a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991 “Dispõe sobre a política

nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências”, a

saber:

Art. 17 - A administração da documentação pública ou de caráter público compete às instituições arquivísticas federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais. § 1° - São arquivos Federais o Arquivo Nacional do Poder Executivo, e os arquivos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. São considerados, também, do Poder Executivo os arquivos do Ministério da Marinha, do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério do Exército e do Ministério da Aeronáutica.

Ainda a Lei nº 8.159/1991, após declarar em seu art. 1º, o dever do poder

público quanto à gestão documental e a proteção especial à documentação de

arquivos, definem: (SANTOS, 2005, p. 79)

Art. 2º - Consideram-se arquivos, para os fins desta Lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de

Page 65: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

65

caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício das atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos. (grifo nosso) (SANTOS, 2005, p. 79)

Diante do exposto, órgãos da administração pública precisam ter uma

política de tratamento da informação em consonância com o exposto na lei,

favorecendo a troca de informações, bem como o intercâmbio e a

interoperabilidade de dados de documentos eletrônicos.

Para estabelecer a política nacional de tratamento de informações

arquivísticas, a Lei 8.159, por meio do Art. 26 cria o Conselho Nacional de

Arquivos – CONARQ, que dispõe:

Fica criado o Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ, órgão vinculado ao Arquivo Nacional, que definirá a política nacional de arquivos, como órgão central de um Sistema Nacional de Arquivos - SINAR.

O CONARQ é um órgão colegiado, vinculado ao Arquivo Nacional da Casa

Civil da Presidência da República, que tem como missão definir a política nacional

de arquivos públicos e privados, como órgão central de um Sistema Nacional de

Arquivos; exercer orientação normativa visando à gestão documental e a proteção

especial aos documentos de arquivo. Por ser um órgão colegiado vinculado ao

Arquivo Nacional, têm na sua estrutura câmaras técnicas e setoriais para

desenvolverem e apresentarem resoluções ao plenário do conselho. Dentre essas

câmaras, há a Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos - CTDE que tem por

objetivo sugerir normas, procedimentos técnicos e instrumentos legais, para a

gestão arquivística e a preservação dos documentos digitais das instituições

públicas e privadas. A Câmara é composta por representantes de vários setores

do governo e da sociedade civil e tem formação multidisciplinar, com profissionais

das áreas de Arquivologia, Ciência da Informação, Ciência da Computação, Direito

e Administração, pois os documentos digitais suscitam problemas extremamente

complexos, que envolvem várias áreas do conhecimento.

Page 66: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

66

O CONARQ, por meio da Resolução nº 20, de 16 de julho de 2004, que

“Dispõe sobre a inserção dos documentos digitais em programas de gestão

arquivística de documentos dos órgãos e entidades integrantes do Sistema

Nacional de Arquivos”, em seu Art. 3º determina:

A gestão arquivística de documentos digitais deverá prever a implantação de um sistema eletrônico de gestão arquivística de documentos, que adotará requisitos funcionais, requisitos não funcionais e metadados estabelecidos pelo Conselho Nacional de Arquivos, que visam garantir a integridade e a acessibilidade de longo prazo dos documentos arquivísticos.

O CONARQ é, assim, o órgão normalizador das questões arquivísticas

brasileiras. Suas resoluções deveriam ser utilizadas pelos arquivos públicos

brasileiros, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, com as adaptações e

regulamentações necessárias à esfera administrativa de competência, abarcando

os documentos produzidos pelos três poderes (SANTOS, 2005, p. 99).

Nesse contexto, uma organização ao decidir desenvolver ou adotar um

sistema de gestão eletrônica de documentos, deve levar em consideração os

princípios arquivísticos de gestão de documentos, a legislação brasileira sobre

arquivos, as resoluções do órgão responsável pela política de tratamento da

informação pública, qual seja o CONARQ, bem como adotar o suporte tecnológico

adequado às suas necessidades e condições financeiras.

4.2 O Documento Eletrônico e a Preservação de Documentos Digitais

Rondinelli cita em seu artigo o conceito segundo o CIA (2002, p. 475),

documento é a informação registrada, independente da forma ou do suporte,

produzida ou recebida no decorrer da atividade de uma instituição ou pessoa e

que possui conteúdo, contexto e estrutura suficientes para servir de testemunho

dessa atividade (INNARELLI, 2006).

Page 67: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

67

Inúmeras vezes o termo documento eletrônico é citado nesta pesquisa. O

termo “eletrônico" é um adjetivo que qualifica algo "relativo à eletrônica".

"Eletrônica", por sua vez, diz respeito à "parte da física dedicada ao estudo do

comportamento de circuitos elétricos que contenham válvulas, semicondutores,

transdutores, etc., ou à fabricação de tais circuitos" (FERREIRA, 1988). Os

"documentos eletrônicos" são produzidos, manuseados e transmitidos com o

auxílio de máquinas eletrônicas, porém, em si mesmos, tais documentos não são

"eletrônicos", pois não são circuitos elétricos e nem possuem válvulas,

semicondutores ou qualquer outro dispositivo eletrônico. Neste contexto a

comunidade científica entende que: "o documento eletrônico necessita de um

instrumento de criação, conservação, cancelamento e transmissão, constituído por

aparelhos eletrônicos”. Eletrônico, então, é o computador que cria e manipula tal

espécie de documento.

Os "documentos eletrônicos" nada mais são do que informações

registradas, manipuladas e armazenadas com o uso do computador sendo,

portanto, compostos unicamente por bits. “O fato de o bit vir a ser sinônimo de

dígito binário” (MONTEIRO, 1996), permite afirmar que o documento eletrônico

encontra-se sob uma forma digitalizada. O termo "digitalização" se refere ao

processo de conversão que é feito para se representar alguma coisa em uma

versão digital, por exemplo, utilizando-se unicamente de bits podemos representar

um documento ou uma imagem (forma digital). Conseqüentemente, seria mais

apropriado e específico denominar o "documento eletrônico" de "documento

digital”, porém, ambos abrangem um mesmo sentido, visto que são produzidos

através do uso do computador. Mas a fim de seguir o uso mais aceito, neste

trabalho será usado o termo "documento eletrônico”.

“A Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do Conselho Nacional de

Arquivos (CONARQ, 2004), em seu Glossário de Documentos Arquivísticos

Digitais, define separadamente documentos eletrônicos e documentos digitais,

respectivamente, a “unidade de registro de informações, acessível por meio de um

Page 68: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

68

equipamento eletrônico” e “unidade de registro de informações, codificada por

meio de dígitos binários”. A utilização do termo “binário” estabelece a relação dos

documentos digitais com o computador” (SANTOS, 2005, p. 31).

O documento eletrônico ou documento digital – de acordo com Porto (1999

apud ALVES, 2004), pode ser toda informação fornecida e acessível por meio

eletrônico, que pode estar disponível em programas de computador, arquivos de

texto, páginas de Internet, programas para redes de comunicação, pode ser um

gráfico, uma figura estática ou em movimento, sons ou uma combinação deles,

estar armazenado sob diferentes modalidades de apresentação e em diferentes

suportes (ALVES, 2004, p. 20).

O Dicionário de Terminologia Arquivística define documentação eletrônica

como “documentação cujo conteúdo, registrado em suportes especiais, é

acessível apenas por computador” (CAMARGO e BELLOTTO, 1996 apud

SANTOS, 2005, p. 30).

Segundo Sant´Anna (2001) “documento digital ou eletrônico é todo registro

gerado ou recebido por uma entidade pública ou privada, no desempenho de suas

atividades, armazenado e disponibilizado ou não, através de algum sistema de

computação”.

De acordo com Costa (2005) “documento eletrônico é, em termos singelos,

aquele gerado por meio eletrônico, e que por esse mesmo meio pode ser

arquivado, recuperado ou transmitido. Ele vem substituir o papel nas construções

realizadas por via eletrônica”.

O documento eletrônico apresenta características específicas que não

estão presentes no documento tradicional em papel. No documento em papel tem-

se acesso direto ao conteúdo sem auxílio de equipamentos. Os eletrônicos, por

Page 69: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

69

sua vez, estão armazenados na forma de um conjunto de bits em algum meio

magnético ou ótico.

É cada vez mais freqüente o uso da informação por meio eletrônico em

nossa sociedade, através da popularização dos microcomputadores e as

facilidades de geração e aquisição de material digital por intermédio dos sistemas

de computação.

A natureza dos documentos eletrônicos está permitindo ampla produção e

disseminação de informação no mundo atual. Essa revolução digital está forçando

as instituições a repensarem seus métodos de trabalhos, desenvolverem novas

políticas, técnicas, além de investimento em infra-estrutura em tecnologia da

informação. Porém à medida que essas novas informações são geradas, elas

automaticamente estão correndo o risco de desaparecimento. Novos softwares,

formatos, hardware aparecem a cada dia pondo em xeque a criação, o uso e a

preservação desses registros.

As ameaças que os documentos em suporte não eletrônico sofrem, atuam também sobre os documentos digitais. Tal como o papel se desintegra com o passar dos anos, a informação gravada na superfíc ie metálica magnetizada dos dispositivos de armazenamento mais largamente utilizados, pode também tornar -se irrecuperável. A temperatura, umidade e nível de poluição do ar nos ambientes dos tradicionais arquivos devem ser controlados, assim como nos ambientes de armazenamento das mídias digitais. Todos os tipos de suporte estão sujeitos a fungos, traças, ratos e outras ameaças biológicas. Estão também sujeitos a danos provocados pelo uso indevido e, igualmente, pelo uso regular. As catástrofes naturais como inundações, terremotos, incêndios, etc. ameaçam qualquer tipo de acervo. (SANT´ANNA, 2001) Portanto, as ameaças comuns a todos os tipos de documentos, independentemente do seu suporte físico, requerem as mesmas estratégias de preservação. Já as ameaças inerentes somente aos documentos digitais requerem o uso de estratégias diferenciadas e, na maioria das vezes, de forma associada. (SANT´ANNA, 2001)

O uso de documentos em formatos eletrônicos contribui para facilidades e

diferentes possibilidades de armazenamento de grandes volumes de informações

e redução de áreas de arquivamento; facilidade de acesso e consulta aos

Page 70: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

70

documentos em qualquer momento ou lugar; acesso simultâneo por diversas

pessoas ao mesmo documento e rapidez para atualização dos dados; redução no

tempo de recuperação da informação e a possibilidade de manter cópias de

seguranças.

Estamos acostumados a documentar reuniões, seminários, congressos,

cerimônias, entre outros, com fitas de vídeo, áudio, celulares, máquinas digitais ou

fotografias. No entanto, a cada dia esses registros se desgastam e, em alguns

anos, não haverá máquinas e ou tecnologias capazes de lerem vídeos ou fitas de

gravação. E isto, infelizmente, já está ocorrendo.

A preservação digital tem sido, nos últimos anos, uma preocupação

crescente na sociedade da informação, revelando-se um campo privilegiado para

a cooperação entre diferentes áreas interdisciplinares e instituições.

A discussão sobre o papel da preservação de documentos, as razões de sua existência e a sua abrangência em relação a todo universo de documentos apóia-se na teoria arquivística, que tem sido impelida a buscar adequação à nova realidade dos documentos digitais. A compreensão dos limites e significados de documento digital, de seus valores, das responsabilidades inerentes aos documentos públicos e da conseqüente necessidade de preservação pode contribuir para a ampliação da percepção das dimensões do problema (SANT´ANNA, 2001)

A preocupação pela preservação dos documentos digitais também é

relatada por Rondinelli (2002), a qual considera que “os documentos eletrônicos

exigem mais, uma vez que são constantemente ameaçados pela fragilidade do

suporte e pela obsolescência tecnológica”. Em seu artigo, também leva em

consideração que no meio digital o suporte e o conteúdo são perfeitamente

separáveis, esta separação permite a migração contínua de mídia, a qual

acontece forçosamente devido a fragilidade da mídia e à obsolescência

tecnológica. Porém esta migração aumenta a possibilidade de adulteração e a

garantia da fidedignidade e autenticidade torna-se mais complicada (INNARELLI,

2006).

Page 71: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

71

O suporte de armazenamento é caracterizado por Rondinelli (2002, p. 56)

como:

O “carregador” físico do documento e, como tal, imprescindível, uma vez que o documento não existe até que seja afixado num suporte. No caso dos documentos convencionais, o suporte papel e o conteúdo que carrega são inseparáveis. Já em relação ao documento eletrônico, o suporte (magnético ou ótico) é a parte física separada do conteúdo. Trata-se de uma característica diferenciada que, ao contrário dos documentos convencionais, não tem no suporte um elemento significativo, mas um meio carregador físico. Assim, a cada reprodução de um documento eletrônico e que o único elemento que muda é o suporte esse documento continua a ser idêntico ao que foi reproduzido.

Miranda (2003, p. 2006) afirma que “o importante é constatar que há uma

inter-relação entre os elementos da seqüência: tipo – conteúdo – formato –

suporte, e que a alteração de um deles pressupõe alguma modificação nos

demais”.

Pode-se definir preservação digital de forma muito prática como

planejamento, alocação de recursos e aplicação de métodos e tecnologias para

assegurar que a informação digital de valor contínuo permaneça acessível e

utilizável (HEDSTRON, 1996).

A preservação digital é um assunto complexo e recente e não se atém

somente ao estudo das mídias, técnica de “backup”, técnicas de migração,

técnicas de autenticação, entre outros. Este assunto deve ser estudado de forma

interdisciplinar e institucionalmente, cabendo aos profissionais da informação a

garantia da preservação e manutenção do documento digital de forma íntegra e

autêntica.

A aplicação de estratégias de preservação para documentos digitais é uma

prioridade, pois sem elas não existiria nenhuma garantia de acesso, confiabilidade

e integridade dos documentos a longo prazo (ARELLANO, 2004).

Page 72: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

72

Seja qual for à estratégia escolhida, o principal objetivo da preservação de

longo prazo é assegurar a longevidade, integridade, autenticidade e fidedignidade

dos documentos eletrônicos.

A integridade consiste em preservar a informação contra modificação sem a

permissão do autor. A modificação inclui ações como, alteração de conteúdo,

escrita, remoção e criação de informações. Integridade significa garantir que a

informação permaneça íntegra, ou seja, que aos dados originais nada foi

acrescentado, retirado ou modificado.

Conforme Dias (2003, p. 24):

A análise do substrato físico permite no caso do papel, identificar através da existência ou não de rasuras, qualquer tentativa de fraude. A integridade é atendida de forma simples e eficaz através deste mecanismo, apresentando ainda uma propriedade interessante, a capacidade de manutenção da integridade de partes do documento quando separadas do documento original. Teríamos uma integridade parcial, garantindo a integridade da parte, mas não do documento como um todo.

A verificação da integridade de um documento diz respeito à avaliação que

se faz sobre ter sido modificado ou não, em alguma ocasião após sua concepção.

A verificação dos documentos eletrônicos é determinada pela assinatura digital.

Nesse sentido, tudo que o autor desejou representar deve estar de acordo com o

que foi expresso no documento, sendo, pois, fiel ao fato documentado.

A autenticidade de um documento garante a verificação de sua

procedência, isso significa que se pode assegurar que a autoria de determinado

documento pertence ao autor. Em se tratando de documento eletrônico, MacNeil

(2000, p. 102 apud RONDINELLI, 2004, p. 67) considera que autenticidade é “a

capacidade de se provar que um documento arquivístico é o que diz ser”. A

autenticidade de um documento está diretamente ligada ao modo, à forma e ao

status de transmissão desse documento, bem como às condições de sua

preservação e custódia. Isso quer dizer que o conceito de autenticidade refere -se

Page 73: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

73

à adoção de métodos que garantam que o documento não foi adulterado após a

sua criação e que, portanto, continua sendo tão fidedigno quanto era no momento

em que foi criado (RONDINELLI, 2004, p. 67).

A autenticação em um sistema deve garantir ao receptor que a mensagem

é procedente da origem informada em seu conteúdo. A verificação da

autenticidade é a proteção de um serviço ou informação contra um intruso, que

atuar no lugar do usuário legítimo.

Segundo MacNeil (2000, p. 100 apud RONDINELLI, 2004, p. 64), do ponto

de vista diplomático, fidedignidade é “a capacidade de um documento arquivístico

sustentar os fatos que atesta”. Está relacionada ao momento da criação do

documento e, portanto, refere-se ao grau de completude de sua forma intelectual e

de controle dos seus procedimentos de criação.

A preservação e a conservação dos documentos eletrônicos são, na

verdade, o maior problema em todo o processo de gerenciamento de documentos

eletrônicos. “A dificuldade de se lidar com a unicidade e com a autenticidade dos

registros digitalizados é relativamente pequena quando se considera o desafio de

preservá-los em um contexto em que a obsolescência tecnológica é inevitável e

inescapável” (DOLLAR, 1994 apud SANTOS, 2005). Esta afirmação, usada para

situar a problemática da recuperação futura dos documentos digitalizados, serve

perfeitamente para os demais arquivos eletrônicos (SANTOS, 2005, p. 58).

4.3 – Algumas Estratégias para a Preservação Digital

Os documentos produzidos em suporte papel não ácido, com boa qualidade

de tintas vegetais e armazenados em ambiente apropriado (climatizado) podem,

provavelmente, ser preservados durante um longo período.

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74

Os documentos eletrônicos, armazenados em qualquer suporte digital ou

magnético, estarão provavelmente inacessíveis dentro de 10 anos. O suporte

físico deteriora-se, o hardware torna-se obsoleto para o mercado, o software fica

ultrapassado e desta forma, começam a haver perdas sucessivas de informação.

Torna-se, necessário, transferir regularmente os recursos digitais para novas

plataformas ou suportes.

O rápido avanço das tecnologias da informação leva ao problema da obsolescência tecnológica. Os disquetes de oito polegadas utilizados no início da penúltima década do século passado, quando as organizações brasileiras de médio porte começaram a utilizar a informática de forma mais ampla, através de sistemas de oito bits com sistema operacional CP/M, não mais podem ser lidos. Não só pela provável degradação e desmagnetização da mídia, como pela quase inexistência de computadores com dispositivos necessários para a operação. Esse é o problema da obsolescência tecnológica inerente ao hardware (SANT´ANNA, 2001).

Figura 3 – Suportes Magnéticos Obsoletos

Fonte: ROTHENBERG, Jeff. Why is it so hard to preserve digital records? 2002.

Todos os materiais se degradam – em maior ou menor escala – com o

tempo. (...) A problemática representada por esta afirmação é que, enquanto se

falam em “décadas”, “séculos”, e “milênios” para a preservação de documentos

em suportes tradicionais, para os documentos eletrônicos a unidade de medida de

tempo é bem diferente. Alguns suportes eletrônicos têm previsão de durabilidade

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75

de até duas décadas, mas os programas e equipamentos utilizados para a

recuperação e o processamento das informações armazenadas nesses suportes

têm vida útil contada em anos e, até meses (SANTOS, 2005, p. 58).

Uma aceitável política de preservação digital implica em observar e aplicar procedimentos que podem ser inclusive aceitos como estratégias de preservação. Entre eles estão os relativos à tecnologia da informação, mais especificamente no tocante a compatibilidade de hardware, software e migração dos dados (conversão para outro formato físico ou digital, emulação tecnológica e espelhamento dos dados); observação da integridade do conteúdo intelectual a ser preservado; análise dos custos envolvidos no processo; o desenvolvimento de uma criteriosa política de seleção do que será preservado e, intimamente atrelado a isto, a observação das questões concernentes ao direito autoral (BOERES, 2005, p. 11).

A partir da década de 1990, a comunidade arquivística internacional voltou-

se para a busca do conhecimento necessário ao bom gerenciamento arquivístico

dos documentos gerados pela tecnologia da informação. Nesse sentido, estudos e

projetos têm sido implementados tanto pela comunidade acadêmica como pelas

instituições arquivísticas. (RONDINELLI, 2004, p. 77)

Dentro deste contexto, inúmeros proje tos em andamento nos Estados

Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália e através de consórcios internacionais,

revelam que a necessidade da preservação e o gerenciamento de documentos

são vistos como uma questão prioritária.

4.3.1 Metadados

Para uma adequada compreensão sobre o exposto a seguir é primordial a

contextualização do conceito de “Metadado”. Metadado significa “dado sobre

dado”. Numa abordagem mais completa, entende-se como o “conjunto de dados

estruturados que identificam os dados de um determinado documento e que

podem fornecer informação sobre o modo de descrição, administração, requisitos,

utilização, funcionalidade técnica e preservação”. De uma maneira mais

Page 76: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

76

simplificada significa informação estruturada sobre dados para descrever objetos

digitais.

As estratégias operacionais de preservação digital no estabelecimento e

uso de metadados são um fator decisivo, de modo que este processo está

baseado na conservação de tecnologias (software e hardware, migração ou

emulação) como uma alternativa para garantir a autenticidade dos registros de

coleções de dados e para a interação com os recursos de busca e recuperação da

informação digital. Os metadados de preservação asseguram os dados

importantes do documento digital e indicam sua localização. Visam apoiar,

administrar e a facilitar a conservação a longo prazo da informação digital.

4.3.1.1 O Modelo de Referência OAIS

O modelo para repositórios de metadados de preservação mais usado

atualmente é o modelo de referência Open Archival Information System (OAIS),

desenvolvido pelo Consultive Committee for Space Data Systems (CCSDS)4.

OAIS é uma iniciativa ISO (International Organization for Standardization), desde

junho 2003, que define um alto nível de modelo de referência para arquivos que

precisem de uma preservação de longo prazo. (ARELLANO, 2004).

O OAIS é “uma estrutura conceitual que disciplina e orienta um sistema encarregado de preservar por um longo prazo e manter o acesso a informação digital de qualquer natureza” (Consultative Committee for Space Data System – CCDS, 2002).

Este modelo descreve o enquadramento conceitual para um repositório

digital aberto a todas as comunidades com a garantia de confiabilidade. O OAIS

opera em um ambiente constituído pela interação de produtores, utilizadores,

gestão e o repositório em si mesmo.

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77

Figura 4 - Ambiente OAIS

Fonte: SARAMAGO, [2005]

Toda a informação submetida a um OAIS por um produtor e toda a difusão

estabelecida a partir do OAIS a um utilizador ocorre numa ou5 mais sessões

discretas através de pacotes de informação. Um pacote de informação é um

envelope conceitual onde estão encapsulados informações de conteúdo (recurso

digital e metadados de representação) e metadados de preservação.

No resultado de um trabalho desenvolvido na comunidade OAIS para definir

as obrigações de um repositório OAIS, surgiu o seguinte conjunto de propostas

estratégicas:

• Negociar a informação a fornecer pelos produtores e detentores de direitos;

• Obter controle suficiente de forma a garantir a preservação a longo prazo;

• Determinar, por si próprios ou através de parcerias quais os utilizadores de

uma dada comunidade que estarão em condições de compreender a

informação disponibilizada;

• Assegurar que a informação a ser preservada seja compreensível por si só

na comunidade designada, ou seja, que a comunidade compreenderá a

informação sem a necessidade de recorrer à assistência de terceiros;

5 CONSULTATIVE COMMITTEE FOR SPACE DATA SYSTEMS (2002) – Reference Model for an Open Archive Information System (OAIS), Blue Book

Page 78: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

78

• Seguir políticas e procedimentos documentados que assegurem que a

informação seja preservada contra quaisquer contingências e assegurar a

disseminação da informação com cópias autênticas a partir do original ou

similares ao original;

• Assegurar que a informação preservada esteja disponível para a

comunidade designada;

• Trabalhar em conjunto com a comunidade do repositório para conseguir a

utilização de boas práticas na criação dos recursos digitais;

• Verificar a qualidade dos metadados: quaisquer metadados que

acompanhem o recurso quando este é submetido ao repositório devem ser

verificados e, se necessário, melhorados para suportar a manutenção de

longo prazo ao mesmo tempo em que o acesso é continuado;

• Estabelecer identificadores únicos e persistentes para os recursos.

O modelo OAIS também inclui um modelo chamado de informação onde

são descritos os requisitos de metadados de preservação de longo prazo.

Podemos considerar o OAIS um modelo de metadados de aplicação

genérica a partir do momento em que este se encontra inserido numa estrutura de

repositório digital que é independente do recurso digital e da tecnologia usada

para o processo de preservação.

O modelo de referência OAIS é, hoje, a fonte do trabalho de diversas

instituições de renome internacional na área da preservação digital, através de

projetos como o OCLC/RLG, CEDARS, entre outros.

4.3.1.2 OCLC/RLG Working Group on Preservation Metadata 6

O OCLC/RLG (Online Computer Library Center/ Research Libraries Group),

é um consórcio de mais de 160 instituições americanas, constituiu-se em Março

6 http://www.oclc.org/research/pmwg/

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79

de 2000 com o objetivo de colaborar na identificação das melhores práticas para a

preservação de recursos digitais a longo prazo e desenvolver uma estrutura de

metadados de grande aplicação. É pioneiro no desenvolvimento de soluções

cooperativas para os problemas da gestão de coleções, tais como, aquisição,

fornecimento e preservação de informação.

Da mesma maneira que muitos projetos, o OCLC/RLG pretende aplicar o

modelo de referência OAIS com objetivos reguladores na comunidade que

representa e que são:

• Fornecer às instituições que pretendam iniciar atividades de preservação

digital um padrão para os requisitos de metadados que assegure que os

recursos digitais são preservados a longo prazo;

• Facilitar o consenso numa estrutura de metadados que contribua para a

interoperabilidade entre os repositórios de recursos digitais que facilite a

correspondência entre metadados e abra caminho para compartilhamento

de recursos;

• Propor uma estrutura comum que facilitaria a inclusão de informação de

produtores e de outras entidades externas ao repositório, no início do

processo de criação dos metadados.

4.3.1.3 CEDARS (CURL Exemplars in Digital Archives)7

O projecto CEDARS desenvolve -se no Reino Unido, patrocinado pelo JISC

(Joint Information System Committee)8 através do programa “eLib – The Electronic

Libraries Programme9” sob proposta do consórcio de bibliotecas universitárias

CURL (Consortium of University Research Libraries10), que inscreveu a

7 http://www.leeds.ac.uk/cedars/ 8 http://www.jisc.ac.uk/ 9 http://www.ukoln.ac.uk/services/elib/ 10 http://www.curl.ac.uk/

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80

preservação digital como uma das suas missões. O projeto teve início em 1998

com a duração de três anos.

O projeto CEDARS manifesta como seus objetivos:

• Promover a conscientização da importância da preservação digital no

ambiente das bibliotecas de investigação e acadêmicas junto dos seus

utilizadores.

• Identificar, documentar e divulgar plataformas estratégicas de gestão de

coleções no sentido da preservação de longo prazo dos recursos digitais

nelas incluídos.

• Investigar, documentar e promover métodos apropriados à preservação de

longo prazo para diferentes tipos de recursos digitais existentes nas

coleções das bibliotecas e ao mesmo tempo desenvolver modelos

devidamente escalonáveis.

O projeto CEDARS coloca fora do seu âmbito os recursos digitais que

tenham a forma de som ou vídeo e estabelece como tipos de recursos a

preservar:

• Recursos digitais fruto de digitalização

• Conjuntos de dados

• Publicações eletrônicas

• Bases de dados em linha

• Recursos efêmeros – pré-impressões, páginas Web, entre outros.

• Recursos digitais onde o conteúdo intelectual se limita a estrutura, forma e

comportamento.

Devido à importância e urgência cada vez maior atribuídas à preservação

de documentos eletrônicos a longo prazo, estão em andamento ou finalizados,

inúmeros projetos que atendem a esta solicitação, entre eles os projetos

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acadêmicos, como o projeto em conjunto da “University of British Columbia” e da

InterPARES11 (International Research on Permanent Authentic Records in

Electronic Systems), subordinado ao título: “Preservation of the integrity of

electronic records”.

O projeto InterPARES, que publicou os seus resultados, em 2002, em um

relatório com o título “The long term preservation of authentic electronic records”

conduzido de 1999 a 2001, baseando-se suas conclusões na Diplomática

Contemporânea.

O projeto InterPARES se destina a desenvolver conhecimento teórico e

metodológico essencial para a preservação permanente de registros autênticos

gerados ou mantidos no formato eletrônico. Baseados em conhecimento adquirido

são capazes de formular políticas e estratégias e propor o estabelecimento de

padrões capazes de assegurar a preservação digital de longo prazo.

A abordagem metodológica do projeto é eminentemente teórica e parte de um conjunto de premissas gerais sobre o documento arquivístico tradicional para, então, verificar se as mesmas se mantém em instâncias particulares, isto é, em um ambiente eletrônico. A base teórica das premissas advém da investigação dos princípios e conceitos da diplomática e da arquivologia, sendo o cerne da pesquisa os conceitos de documento arquivístico, fidedignidade e autenticidade (RONDINELLI, 2004, p. 90).

No âmbito deste projeto foi estudada a criação de um posicionamento

conceitual para o estabelecimento de requisitos para preservação de recursos

digitais autênticos. Porém ainda existem muitas questões em aberto para

posteriores investigações.

A necessidade da existência de boas práticas para se atingir a preservação

e a recuperação da informação é impreterível. A inexistência de uma metodologia

consolidada, tanto em nível nacional quanto em nível internacional, para a

11 http://www.interpares.org/book/index.cfm

Page 82: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

82

preservação digital, discutem-se as diversas abordagens utilizadas para essa

finalidade.

4.3.2 Migração

Esta estratégia possibilita a disponibilidade permanente das informações

eletrônicas. Esta técnica é utilizada para evitar a obsolescência tecnológica dos

suportes digitais de armazenamento. Permite transferir a informação de uma

plataforma para outra, adaptando os recursos digitais ao ambiente de chegada

quando o software e/ou hardware se tornam obsoletos ou ainda antes disso

acontecer. Desta forma, é preciso planejar a cópia periódica dos arquivos, porém,

é impossível prever o tipo de suporte no quais as cópias será feita no futuro, tudo

que se sabe é que será necessário continuar a fazê-lo. A grande maioria desses

suportes de armazenamento tem uma durabilidade de algo em torno de cinco

anos, dentro de uma expectativa de condições favoráveis de armazenamento

(temperatura, umidade relativa, iluminação ambiente).

É necessário ter em atenção que esta operação pode conduzir a perdas de

informações ao nível do conteúdo dos arquivos digitais, das estruturas, da

aparência, entre outros. A migração de arquivos eletrônicos para versões mais

recentes pode ter como conseqüência à modificação de algumas características e

funcionalidades do layout. Em alguns casos “a transferência de formatos raros

torna-se impossível e pode haver a perda total dos recursos”.

Page 83: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

83

Figura 5 – Diagrama de um ambiente de migração

Fonte: VIANA, [2006]

A migração é vantajosa na medida em que permite o acesso rápido à

informação em qualquer altura. Os utilizadores consideram que, em geral, os

resultados finais da migração são satisfatório. Contudo, dificilmente vê-se uma

organização provendo recursos para migração periódica de seu acervo

documental digital, protegendo-o das mudanças nos métodos de gravação,

armazenamento e recuperação. No caso das organizações públicas de países “em

desenvolvimento” como o Brasil, que sobrevivem com recursos cada vez mais

escassos, pode-se esperar quadros mais alarmantes. Como uma organização

pública, que convive com uma drástica e contínua redução de seu orçamento

anual, trataria a questão? Certamente, as soluções passam, obrigatoriamente,

pela conscientização da existência, importância e abrangência do problema

(SANT´ANNA, 2001).

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84

4.3.3 Emulação

Consiste no uso de tecnologias atuais e através de suas funcionalidades se

reconstrói o ambiente tecnológico das ferramentas tecnológicas (por exemplo,

hardware) que se tornaram obsoletas.

Os defensores da emulação advogam que talvez seja a única solução

capaz de preservar um documento na sua forma original a longo prazo, dadas as

múltiplas atualizações tecnológicas a que as instituições inevitavelmente se

submetem.

Outra abordagem que vem ganhando força, mas que ainda está num nível muito teórico é a de emulação, defendida por Jeff Rothenberg como o melhor método na busca pela solução ideal de se preservar, indefinidamente, um documento digital e suas formas e funcionalidades. (ROTHENBERG, 1998 apud SANT´ANNA, 2001)

A execução deste processo envolveria as seguintes etapas:

• Desenvolvimento de técnicas para especificação de emuladores para rodar

em futuros e desconhecidos computadores e recriar o comportamento de

documentos digitais;

• Desenvolvimento de técnicas para guarda dos metadados necessários para

encontrar, acessar e recriar documentos digitais;

• Desenvolvimento de técnicas de encapsulamento de documentos, seus

metadados, software, e especificações do emulador de forma a assegurar

sua coesão e prevenir sua corrupção (ROTHENBERG, 1998 apud

SANT´ANNA, 2001).

Como pré-requisito de qualquer atividade de preservação por emulação

deve existir uma descrição da tecnologia usada durante a criação do recurso. Por

conseguinte, como boa prática, devem ser encapsulados:

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85

• O recurso digital propriamente dito acompanhado pelo software ou

softwares que o contextualizam, incluindo o sistema operacional, as

aplicações e quaisquer outras informações consideradas necessárias;

• As especificações sobre o emulador a usar no sistema futuro de forma a

fornecer informação para a recriação da plataforma original. Deve incluir

uma descrição do software, um histórico do ciclo de vida do recurso digital e

quaisquer outros elementos considerados necessários;

• A emulação pode ter lugar a dois níveis, ao nível do software e ao nível do

hardware.

Figura 6 – Diagrama de um ambiente de uma emulação

Fonte: VIANA, [2006]

A emulação despertou uma atenção especial por se tratar de uma

estratégia de preservação, que reproduz o ambiente fiel onde o documento foi

produzido e a partir do reconhecimento de que alguns objetos digitais que não

servem para migração devido à dependência de hardware software.

Page 86: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

86

4.3.4 Conservação da Tecnologia

Este processo foi um dos primeiros a ser empregado para a preservação

dos meios de acesso aos recursos originais por tanto tempo quanto necessário.

Consiste em manter disponível para uso a tecnologia que criou os documentos.

Embora este procedimento obrigue a preservação de hardware e software

para que seja necessário ter acesso aos recursos criados nesse ambiente, a

conservação da tecnologia mostrou-se dispendiosa e tecnologicamente complexa

devido a espaço, descontinuidade do fabricante, suporte técnico impraticável e a

própria operação de sistemas que vão se tornando obsoletos.

Apesar de na prática ainda ser uma opção utilizada por muitas

organizações, podemos considerá-la em declínio. Na melhor das sugestões, este

processo pode ser uma alternativa passageira, enquanto não se estabelece outra

estratégia mais versátil.

4.3.5 CD-ROM / CD-R / CD-RW / DVD

A busca por soluções de preservação digital requer o uso de estratégias

diferenciadas para os suportes de armazenamento das informações digitais, ou

seja, o uso de mídias estáveis com expectativa de vida úteis superior às das

mídias magnéticas.

Segundo MODESTO (2005),

(...) da mesma forma que o acervo de conhecimento necessita de uma política de gestão para a sua preservação quanto ao uso, os suportes físicos, especificamente os CDs e DVDs, precisam ser gerenciados visando a continuidade do seu bom funcionamento e durabilidade de sua vida útil.

Page 87: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

87

Hoje o uso das mídias de armazenamento (CD-ROM/CD-R/CD-RW/DVD) é

feito em larga escala para o armazenamento de documentos digitais, em virtude

de sua capacidade de armazenar grandes quantidades de informações. Um dos

fatores que tem promovido o grande desenvolvimento no uso das mídias é, além

da segurança, a praticidade proporcionada pelo armazenamento digital, que exige

menos espaço físico, a consulta à documentação é mais rápida e flexível, pois em

alguns casos, não é necessário o acesso ao documento físico, garantindo

segurança ao original. Cada vez mais a redução de preço das mídias de

armazenamento confere vantagens sobre o armazenamento de documentos

físicos.

Na figura 7 é demonstrado o custo comparativo do armazenamento de

documentos na forma tradicional (papel) e na forma eletrônica:

Figura 7 – Custo comparativo do armazenamento de documentos

Fonte: RIBEIRO, 2005

Basicamente, as mídias utilizadas são classificadas em dois grupos:

• Os CDs (Compact Disc) e suas variantes – CD-ROM / CD-R / CD-RW

• Os DVDs (Digital Versatile Disc) e suas variantes – DVD-R / DVD-RW

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88

CD-ROM (Compact Disk Read Only Memory): são discos ópticos gerados

através de um processo de masterização a partir de um original, em instalações

industriais sofisticadas. Tem, aproximadamente, capacidade de 700 Mb de

informações, em dados e/ou imagens em suas 43/4 polegadas de diâmetro. É um

tipo de mídia que permite somente leitura, não podendo ser alterada. São discos

lidos em drives de CD ou em equipamentos que permitem o armazenamento de

uma biblioteca destes. Esta mídia é ideal para grandes quantidades de cópias de

informações estáticas como enciclopédias, listas de componentes farmacêuticos,

catálogos, entre outros.

A principal aplicação do CD-ROM é a publicação, geralmente comercial,

tais como catálogos, softwares, listas, enciclopédias, materiais para consulta, e

outros. Depois de configurado o sistema de réplica, é necessário apenas alguns

segundo para se produzir cada CD-ROM duplicado. A criação do master original é

cara e, portanto, só compensa para mais de 50 cópias. Um CD-ROM é gravado

em apenas um lado e as informações são contidas numa única trilha que segue

em espiral do centro para sua circunferência. Através de uma técnica chamada

velocidade linear constante (CLV), a unidade de disco varia constantemente a

velocidade com que o disco gira.

CD-R (Compact Disk Recordable ou Writable): são discos ópticos com o

mesmo padrão de leitura do CD-ROM, mas com a possibilidade de gravação em

instalações de empresas ou residências, bastando ter uma unidade de gravação

para esta mídia. Esses discos podem ser lidos com os mesmos periféricos de

leitura do CD-ROM, pois têm o mesmo formato.

Esta mídia é utilizada quando o número de cópias da mesma informação é

baixa e/ou para o armazenamento de informações dinâmicas, onde o tempo

necessário para a geração de um CD-ROM as tornaria obsoletas. As informações

dos CD-R, assim como as dos CD-ROM, são contidas numa única trilha que

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89

segue em espiral do centro do disco para a margem externa. Depois de gravadas,

as informações não podem ser modificadas ou removidas.

CD-RW (Compact Disk – Rewritable) - Estes discos ópticos têm o mesmo

padrão de leitura do CD-ROM. Porém, a gravação desta mídia pode ser feita nas

instalações da sua empresa ou casa, bastando para tanto se ter uma unidade de

gravação para esta mídia. A diferença entre o CD-R e o CD-RW é que o último é

regravável, enquanto o primeiro não é.

DVD (Digital Video Disk ou Digital Versatil Disk) - São os discos ópticos

mais recentes que vêm sendo apontados como os substitutos do CD. Possuem

exatamente a mesma dimensão do CD (4¾). A família DVD possui os mesmos

membros da família CD. Ou seja, DVD-ROM (gerado em linhas industriais), DVD-

R ("recordable", gravável em casa) e DVD-RAM (DVD regravável). Ainda não

existem padrões claros para os discos DVD, havendo discussões sobre a

capacidade destes. A capacidade máxima hoje anunciada no mercado é de 4,7

GB para uma face, uma camada, 9 GB para uma face, dupla camada, 17 GB para

duas faces, duas camadas.

DVD-R (Digital Video Disk – Recordable) - somente permitem uma

gravação e podem ser lidos pela maioria de leitores de DVDs.

DVD-R DL: semelhante ao DVD-R, porém permite a gravação em dupla

camada (DL significa dual layer), aumentando a sua capacidade de

armazenamento.

DVD-RW (Digital Video Disk - Rewritable) – permite gravar e apagar

cerca de mil vezes, oferecendo um modo de montagem conhecido como VR.

Através das mídias de DVD ficou mais fácil armazenar uma quantidade

maior de informações no seu corpo (disco) do que em um CD convencional,

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90

outrora se tornando mais sensíveis a interferências, como riscos e manchas sobre

a superfície gravada.

A mídia deve ser armazenada de acordo com os padrões nacionais e com

as recomendações do fabricante, antes e depois da gravação. A taxa de erro de

dados nos discos ópticos é quase zero, isto é, é inferior a um em 10-12 bits.

Portanto, dos milhões de documentos de um único disco contendo milhões de

palavras e dezenas de milhões de caracteres e números, um caracter pode ficar

incompleto ou uma linha pode ser quebrada dentro do conteúdo de todo o disco.

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5. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA

A Embrapa foi instituída com fundamento na lei nº 5.851 de 7 de dezembro

de 1972 e implantada em 26 de abril de 1973. É uma empresa pública com

personalidade jurídica de direito privado, vinculada ao Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento. Sua missão é viabilizar soluções para o

desenvolvimento sustentável do espaço rural, com foco no agronegócio, por meio

da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias, em

benefício dos diversos segmentos da sociedade brasileira (EMBRAPA, 2004).

A Embrapa é constituída de 11 Unidades Centrais, 37 Centros de Pesquisa,

3 Centros de Serviços, estando presente em quase todos os Estados da

Federação, nas mais diferentes condições ecológicas. Coordena o Sistema

Nacional de Pesquisa Agropecuária – SNPA, constituído por instituições públicas

federais, estaduais, universidades, empresas privadas e fundações, que, de forma

cooperada, executam pesquisas nas diferentes áreas geográficas e campos do

conhecimento científico. As Unidades Centrais são, ao lado da Diretoria Executiva,

órgãos integrantes da administração superior da Empresa, às quais compete

planejar, supervisionar, coordenar e controlar as atividades relacionadas à

execução de pesquisa agropecuária e à formulação de políticas agrícolas

(EMBRAPA, 2004).

No decorrer de sua existência a empresa tem investido fortemente na

capacitação de seus recursos humanos, sendo que 45% de seus pesquisadores,

possuem mestrado e 53% possuem doutorado. Além dos pesquisadores, os

técnicos de apoio também têm recebido capacitação por meio de cursos de

mestrado e especialização.

A Embrapa é uma instituição que atua basicamente em pesquisa e

desenvolvimento de novas tecnologias em agropecuária, que possam facilitar a

vida dos produtores e dos trabalhadores agrícolas do país. Tem como foco

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92

fundamental atender às necessidades da sociedade brasileira, conquistando e

mantendo uma posição de destaque ou mesmo de vanguarda no âmbito

internacional, tem liderança mundial em tecnologia para clima tropical, crescente

agregação de competitividade ao agronegócio brasileiro, com contribuição

relevante para a sustentabilidade ambiental, a segurança alimentar e a inclusão

social (EMBRAPA, 2004).

Para cumprir sua missão de viabilizar soluções para o desenvolvimento

sustentável do espaço rural e do agronegócio brasileiros, a Embrapa prioriza

ações em consonância com cinco objetivos estratégicos, quais sejam:

1. Consolidar as bases científicas e tecnológicas, promover a inovação e os

arranjos institucionais adequados para desenvolver a competitividade e a

sustentabilidade do agronegócio, em benefício da sociedade brasileira.

2. Ampliar e fortalecer as bases científicas, promover a inovação tecnológica e

os arranjos institucionais adequados para desenvolver as capacidades

produtivas dos pequenos produtores e empreendedores, com

sustentabilidade e competitividade.

3. Fortalecer as bases científicas, promover a inovação tecnológica e os

arranjos institucionais adequados que propiciem a segurança alimentar, a

nutrição e a saúde da população.

4. Expandir e fortalecer as bases científicas e promover a inovação

tecnológica e os arranjos institucionais adequados que propiciem o uso

sustentável dos biomas.

5. Promover o avanço da fronteira do conhecimento científico e tecnológico

em temas estratégicos para a Embrapa (EMBRAPA, 2004).

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5.1 Embrapa Meio Ambiente

O Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento e Avaliação de Impacto

Ambiental (CNPMA), que tem como nome síntese Embrapa Meio Ambiente, foi

criado em 1982. Esta unidade é um dos 37 Centros de Pesquisa da Embrapa, e

está localizado no município de Jaguariúna, estado de São Paulo.

A Embrapa Meio Ambiente conta atualmente com um quadro de 172

empregados, sendo 62 pesquisadores, 88% com doutorado em temas

relacionados às Ciências Ambientais. Apresenta ainda uma infra-estrutura de

excelência para análises ambientais, com um complexo de mais de 5.000m2

ocupados por 16 laboratórios. (EMBRAPA MEIO AMBIENTE, 2006).

A estrutura da Embrapa Meio Ambiente está sob a coordenação de uma

Chefia Geral e organizada em três Chefias Adjuntas: Pesquisa e

Desenvolvimento, Comunicação e Negócios, e Administração. Conta, também,

com o auxilio de áreas e setores administrativos e de apoio técnico à pesquisa. Tal

estrutura pode ser observada pelo organograma abaixo:

Figura 8 – Organograma da unidade de Pesquisa da Embrapa Meio Ambiente

Fonte: Embrapa Meio Ambiente, 2006.

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Legenda:

CAE - Comitê Assessor Externo

CGE - Chefia Geral

CTI - Comitê Técnico Interno

CLPI - Comitê Local de Propriedade Intelectual

CLP - Comitê Local de Publicações

CPD - Chefia Adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento

CAA - Chefia Adjunta de Administração

CCN - Chefia Adjunta de Comunicação e Negócios

CIBio - Comitê Interno de Biossegurança

ACE - Área de Comunicação Empresarial

ANT - Área de Negócios para Transferência de Tecnologia

A Embrapa Meio Ambiente conquistou, ao longo do tempo, a posição de

centro de pesquisa de referência nacional e internacional em questões

relacionadas à gestão ambiental territorial, atuando junto às comunidades rurais e

aos principais componentes das cadeias produtivas.

Conforme o III Plano Diretor (2004-2007) a Embrapa Meio Ambiente tem

como missão “viabilizar soluções para o desenvolvimento sustentável do espaço

rural mediante geração, adaptação e transferência de tecnologias e

conhecimentos em manejo e gestão ambiental e contribuir para a formulação de

políticas agroambientais”.

A visão da Unidade é de ser um centro de pesquisa de referência nacional

e internacional em questões relacionadas à gestão ambiental do espaço rural,

reconhecido:

• Pela abordagem sistêmica e integradora das questões ambientais e

qualidade dos produtos agropecuários;

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95

• Pela geração de soluções adequadas de gestão ambiental ao setor

produtivo e à sociedade, respeitando a cultura local e potencialidades do

ambiente;

• Pelo compromisso com as políticas públicas que levam à inclusão social.

O foco de atuação da Embrapa Meio Ambiente é pesquisa e

desenvolvimento, transferência de tecnologia e de conhecimentos em gestão

ambiental para a sustentabilidade do espaço rural brasileiro. Visa-se contribuir

para que todos os segmentos sociais vinculados aos setores agropecuário,

agroindustrial e florestal tenham acesso às tecnologias e aos conhecimentos

gerados pela Unidade, promovendo simultaneamente a conservação dos recursos

naturais, a geração de renda e a justiça social.

Neste sentido, a transferência de tecnologias e de conhecimentos realiza-se

por meio de diversas fontes, tais como livros, folhetos, fôlderes, pôsteres, Dias-de-

Campo, entre outros, através de um efetivo sistema de comunicação e de

distribuição, e define como principais atributos para a realização da transferência:

• Mercado – atua ndo no mercado de conhecimento e de tecnologia em

gestão ambiental, promovendo a sustentabilidade e a cooperação científico-

tecnológica no espaço rural brasileiro, de maneira a contribuir para a

inclusão social, ao bem-estar da sociedade e à competitividade do

agronegócio brasileiro.

• Produtos – desenvolvendo conhecimentos e tecnologias para a gestão

ambiental capazes de viabilizar soluções para o desenvolvimento do

espaço rural brasileiro e a sua sustentabilidade.

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• Público-alvo – considera como seu público-alvo o indivíduo, grupo ou

entidade, pública ou privada, cujas atividades dependam dos seus produtos

e serviços de natureza econômica, social ou ambiental.

• Parceiros – considera como parceiro o indivíduo ou instituição, pública ou

privada, que assumir e mantiver, de forma temporária ou permanente, uma

relação de cooperação com a Unidade, compartilhando decisões,

iniciativas, riscos, custos e benefícios, para Pesquisa & Desenvolvimento e

Transferência de Tecnologia.

5.2 Setor de Produção Gráfica

O Setor de Produção Gráfica (SPG) da Embrapa Meio Ambiente tem um

papel preponderante na atividade de transferência de conhecimentos, pois é neste

setor que se elabora e desenvolve as principais fontes de informação e

comunicação para a transferência de tecnologias e de conhecimentos. Dessa

forma, é necessário que a gestão de todas as atividades desse setor esteja

encadeada na mais perfeita harmonia.

As atividades de produção gráfica correspondem à organização, editoração

e diagramação da maior parte dos materiais impressos e eletrônicos da instituição.

A principal atividade do setor é a editoração e diagramação das publicações

técnico-científicas da Embrapa (Série Documentos, Comunicado Técnico, Boletim

de Pesquisa, entre outros), de acordo com o Manual de Editoração da Embrapa.

Neste setor também são confeccionados cartazes, folders, livros, folhetos,

trabalhos apresentados em eventos, documentos eletrônicos, entre outros, que,

após realizar a diagramação, são enviados para gráficas externas.

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De modo geral, todo serviço gráfico da instituição, primeiramente é

entregue ao setor, este ao terminar o trabalho o envia a revisão lingüística e

técnica na ACE; no retorno as correções são efetuadas e por fim, o trabalho é

finalizado no formato eletrônico ou enviado a gráfica para ser impresso.

No ano de 2002 houve uma tentativa de reestruturar as atividades do Setor

de Produção Gráfica, quando novos funcionários foram lotados no setor. Esta

nova estrutura veio tentar suprir o anseio da instituição e aumentar o fluxo e a

qualidade dos serviços.

Entretanto, houve dificuldade de adaptação a esta nova realidade e, assim,

um processo tumultuado foi desencadeado, e os principais resultados foram o

extravio de arquivos importantes, perda de informação entre a saída do material

do setor e a entrada do mesmo material na gráfica. Todos estes contratempos

criam muitos prejuízos de tempo e de material para a instituição.

Percebemos, então, que grande parte destes problemas, poderia ser

resolvida por meio do gerenciamento eletrônico de documentos, utilizando

hardwares e softwares específicos para modernizar e, principalmente, qualificar o

andamento das atividades do setor.

Tendo em vista que o foco desta pesquisa é o setor de Produção Gráfica da

Embrapa Meio Ambiente, busca-se, a seguir, discorre r sobre os tipos de

documentos gerados no setor a partir do advento do documento eletrônico,

apresentando a sua forma de gestão.

5.3 O Gerenciamento de Documentos no Setor de Produção Gráfica

Os documentos gerados na produção gráfica compõem um acervo

documental com características específicas, seja em papel, formato eletrônico,

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98

imagem, entre outros. Dentre estas características, cita-se a partir da experiência

de trabalho no dia-a-dia do setor:

5.3.1 Documentos Administrativos

Podemos considerar como administrativos os documentos que após terem

sido gerados devem permanecer inalterados. Com estas características podemos

relacionar os seguintes documentos:

• Fax Recebidos e Enviados;

• Memorandos;

• Notas Fiscais de Entrada;

• Relatórios;

• Folha de ponto.

5.3.2 Documentos Técnicos

Neste tópico estão os documentos que sofrem alterações freqüentes no

decorrer do seu ciclo de vida. Dizem respeito às atividades do setor e ao produto

da empresa. Têm importância vital como registro do processo técnico e histórico

evolutivo dos produtos disseminados pela empresa.

Com estas características estão os seguintes documentos:

• Série Documentos;

• Comunicado Técnico;

• Boletim de Pesquisa;

• Cartazes;

• Folders;

• Folhetos;

• Trabalhos apresentados em eventos.

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5.3.3 Documentos Bibliográficos

Nesta categoria estão os livros, jornais, estudos técnicos, que, de modo

geral, relacionam-se ao produto da empresa.

5.3.4 Documentos Não-Convencionais ou Especiais

Trata-se de conteúdo informacional de natureza variada, em mídias

diferenciadas. São microfilmes, mapas, CD, disquetes, fitas de vídeo, fitas

cassetes, etc.

A necessidade de melhorar o gerenciamento dos documentos levou o setor

a optar por uma solução em termos de gerenciamento eletrônico que atendesse

as necessidades básicas e que oferecesse algumas vantagens em relação aos

controles que estavam sendo usados até então. O setor elegeu algumas

necessidades que pretendia obter com a adoção de um novo formato de gestão:

• Necessidade de atualização do conteúdo dos documentos cada vez que o

ambiente que ele representa muda em virtude de alguma solicitação;

• Necessidade de, no processo de criação, revisão e finalização, estarem

ligados por um fluxo de atividade que contemple a versão inicial do

documento; incorporação de gráficos, textos e imagens; revisão; versão

final; aprovação e arquivamento;

• Necessidade de pessoal qualificado para exercer as atividades e o

gerenciamento dos documentos;

• Padronização de gerenciamento (um único produto que atendesse ao setor,

principalmente no que se refere o armazenamento e recuperação dos

trabalhos realizados);

• Conservação e preservação de documentos eletrônicos.

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100

Até a reestruturação do setor de produção gráfica, em 2002, todo o ciclo de

vida da documentação eletrônica (técnica e bibliográfica) era desconhecido,

atualmente, este material é gravado e armazenado em CDs.

Com a popularização e uso massivo dos documentos eletrônicos, o

processo de editoração e diagramação de materiais técnicos e bibliográficos é

impactado pelo atual estágio das tecnologias, entretanto, passou a ser necessário

controlar toda a documentação até então existente, analógica e eletrônica,

armazenadas ou não em mídias digitais. Um dos maiores problemas passou a ser

o controle desses documentos, uma vez que não basta somente

digitalizar/armazenar em mídias digitais e arquivá -las sem um controle de gestão

adequado.

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6. Metodologia

Nesta seção apresentaremos a metodologia adotada, compreendendo a

natureza básica do estudo e a forma de pesquisa, bem como o procedimento da

pesquisa exploratória, estudo de caso, coleta, tratamento e análise dos dados.

A pesquisa foi realizada com o intuito de responder alguns pontos

propostos na questão deste trabalho. Assim sendo, uma das principais perguntas

que nortearam o trabalho investigativo foi:

• Como a ferramenta GED poderá contribuir para um modelo de

gerenciamento eletrônico de documentos do setor de produção gráfica da

Embrapa Meio Ambiente?

• Qual a contribuição que a Preservação Digital de Documentos Eletrônicos

pode oferecer para o efetivo gerenciamento dos documentos eletrônicos do

setor de produção gráfica da Embrapa Meio Ambiente?

Foram aplicados, nesta dissertação, os procedimentos metodológicos que

buscaram garantir a melhoria do gerenciamento da informação através do GED,

condizentes com a realidade das atividades técnicas do setor de produção gráfica

da Embrapa Meio Ambiente.

Todo trabalho científico lida com a produção do conhecimento e requer

explicitação de métodos e procedimentos aplicados nesta produção, no sentido de

socializar não apenas o produto, mas os processos de pesquisa.

Conforme Gil (1999), “a adoção de um ou de outro método depende de

muitos fatores: da natureza do objeto que se pretende pesquisar, dos recursos

materiais disponíveis, do nível de abrangência do estudo e, sobretudo, da

inspiração filosófica do pesquisador”.

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102

Ainda conforme Gil (2002), “as pesquisas científicas podem ser

classificadas em três grandes grupos conforme seu objetivo: pesquisa

exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa”. Este estudo tratou-se de

uma pesquisa exploratória, incluindo o estudo de caso, com o propósito de

proporcionar uma visão geral do assunto abordado, por meio de fundamentação

teórica e pesquisa no contexto da instituição que se constituiu em campo de

observação e análise. A pesquisa do tipo exploratória teve como principal

finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, para a

formulação de abordagens mais condizentes com o desenvolvimento de estudos

posteriores. Constituiu a primeira etapa do estudo, pois visou tornar familiar tanto

o assunto, quanto à instituição a ser pesquisada.

A pesquisa exploratória é destacada por Santos (2000, p. 26):

[...] explorar é tipicamente a primeira aproximação de um tema e visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno. Quase sempre busca-se essa familiaridade pela prospecção de materiais que possam informar ao pesquisador a real importância do problema, o estágio em que se encontram as informações já disponíveis a respeito do assunto, e até mesmo, revelar ao pesquisador novas fontes de informação. Por isso, a pesquisa exploratória é quase sempre feita como levantamento bibliográfico, entrevistas com profissionais que estudam ou atuam na área, visitas a web sites, etc.

O estudo de caso de acordo com Gil (2002), “consiste no estudo profundo

de um ou mais objetos de forma que seja possível a obtenção de um

conhecimento detalhado do mesmo”.

Segundo Goldenberg (1997, p. 33), esta “não é uma técnica específica,

mas uma análise holística, a mais complexa possível, que considera a unidade

social estudada como um todo”. Pode ser aplicada em estudos exploratórios ou

descritivos, pois sua finalidade é compreender melhor o surgimento de um

problema. O estudo de caso supõe que se pode adquirir conhecimento do

fenômeno estudado a partir da exploração intensa de um único caso.

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103

Em função do reduzido número de referências bibliográficas relacionadas

ao objeto deste estudo, considerou-se o método exploratório como sendo o mais

apropriado para a inves tigação e a construção do conhecimento pretendido nesta

pesquisa e o estudo de caso como estratégia de pesquisa mais adequada.

Através desta metodologia busca-se sistematizar o conhecimento sobre o

gerenciamento da informação e a aplicabilidade do gerenciamento eletrônico de

documentos.

O procedimento utilizado parar realizar a investigação exploratória foi a

revisão de literatura sobre os aspectos da tecnologia GED e de suas ferramentas

correlatas para compreensão e entendimento dos diferentes conceitos envolvidos

nessa tecnologia, pois há pouco conhecimento acumulado e sistematizado sobre a

gerência de documentos eletrônicos do ponto de vista da Ciência da Informação.

Desta forma busca-se na literatura o entendimento dos conceitos que norteiam o

desenvolvimento desse trabalho.

O estudo de caso desta pesquisa, assentado na pesquisa exploratória, tem

como instrumento a entrevista estruturada. A entrevista, enquanto instrumento de

pesquisa, permite uma relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação

permanece invariável para todos os entrevistados (GIL, 1999, p. 121) e apresenta-

se como adequado a esta pesquisa exploratória. Em função da facilidade de

atingir a população do estudo, setor de produção gráfica, no tempo disponível para

a realização da pesquisa. Assumiu-se, também, como viável a utilização da

entrevista em função da familiaridade dos participantes com o tipo de atividade

desenvolvida pelo setor.

A análise documental da pesquisa constituiu-se pela seleção e

levantamento de documentos técnicos (manuais, relatórios, planos de atividades,

dados estatísticos) e documentos corporativos (planos diretores e visitas ao site

institucional da Embrapa), que constituem o universo da pesquisa.

Page 104: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

104

A partir dos dados levantados através da revisão de literatura, foi possível

compreender o referencial teórico-conceitual das funcionalidades que as

tecnologias GED oferecem.

Os dados obtidos na pesquisa documental foram tratados de forma

qualitativa, de modo a interpretar e identificar os aspectos relativos ao

gerenciamento eletrônico de documentos.

A coleta de dados foi feita de forma presencial através de visitas à Embrapa

Meio Ambiente em intervalos variados e consistiu na aplicação de entrevistas

estruturadas com os gerentes, supervisores e especialistas ligados ao universo da

pesquisa, para coletar dados sobre as funções e atuação do setor na produção e

distribuição de produtos de informação da Embrapa Meio Ambiente.

6.1 Delimitação do Universo da Pesquisa

A pesquisa teve como universo, o setor de Produção Gráfica, subordinado a

Chefia Administrativa da Embrapa Meio Ambiente, localizada em Jaguariúna-SP.

A escolha deste setor específico para compor o âmbito da pesquisa foi

influenciada pelo aspecto dos documentos produzidos por este setor estarem

distribuídos em diferentes formatos de disseminação (livros, folhetos, folder,

cartazes, trabalhos apresentados em eventos, documentos eletrônicos,

publicações científicas, entre outros) e por se caracterizarem informações

arquivísticas, científicas e tecnológicas geradas pelo corpo técnico-científico da

Embrapa Meio Ambiente.

Page 105: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

105

6.2 Elaboração da entrevista

Para a construção da entrevista (APÊNDICE A) levou-se em consideração

os seguintes aspetos:

• Definição de documento eletrônico;

• Estagio atual dos procedimentos para a conservação e preservação dos

documentos eletrônicos;

• Aplicação dos princípios arquivísticos nos processos de tratamento dos

documentos.

A partir deste referencial foi estruturada uma entrevista com duas

finalidades:

• Identificar a situação atual existente no setor;

• Levantar subsídios para traçar elementos constitutivos de um novo modelo

de gestão de documentos.

Buscou-se a representatividade na população da área de Secretaria de

Informação Técnica, traduzida na quantidade de pessoas envolvidas diretamente

com o Setor de Produção Gráfica da Embrapa Meio Ambiente conforme gráfico 1.

Todas as 5 pessoas alinhadas com o foco do estudo foram convidadas a

participar. A entrevista foi composta de 14 perguntas e estruturada em 4 blocos,

cada um com enfoque em um conjunto de interesses relacionado ao tema da

pesquisa. Antecedendo as perguntas, encontram-se itens que visam à

caracterização dos participantes da pesquisa: entrevistado, formação, cargo na

instituição e área de atuação.

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106

Gráfico 1 – Número e participantes conforme a área que pertencem.

A formação dos blocos foi a seguinte:

Bloco 1

• Perguntas de 1 a 5 - Conceituação dos documentos eletrônicos (Questões

voltadas para o conceito, arquivamento e manutenção do documento

eletrônico).

Bloco 2

• Perguntas de 6 a 9 – Condições para garantir a acessibilidade dos

documentos eletrônicos (Visam investigar a existência na Embrapa, ou

propriamente, no setor de produção gráfica, facilidades necessárias para

possibilitar o acesso aos documentos eletrônicos originários do setor).

Bloco 3

• Perguntas de 10 a 12 – Recursos humanos qualificados e mecanismos de

guarda de documentos adequados (Pretende verificar se Embrapa Meio

Ambiente possui recursos humanos qualificados e local de guarda de

documentos apropriados).

Bloco 4

• Perguntas 13 e 14 – Procedimentos da Gestão Arquivística de documentos

Digitais (Visa investigar se Embrapa Meio Ambiente segue os

Page 107: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

107

procedimentos da Gestão Arquivística de documentos Digitais para

tratamento, conservação e preservação dos documentos eletrônicos).

Page 108: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

108

7. Análise, Discussão e Resultados.

A entrevista revelou-se um instrumento de pesquisa relevante no

levantamento estruturado de informações, de acordo com as respostas obtidas. A

análise e a discussão dos resultados obtidos em cada bloco de perguntas são

apresentadas a seguir, bem como as conclusões correspondentes a cada um

deles.

7.1 Conceituação dos Documentos Eletrônicos

O início da entrevista (pergunta 1) teve como objetivo verificar o grau de

conhecimento do público entrevistado a cerca do conceito de documentos

eletrônicos. Todos os entrevistados (100%) responderam e demonstraram um

certo grau de conhecimento sobre o conceito de documentos eletrônicos. As

repostas foram relevantes e os funcionários demonstraram estar ciente sobre o

tipo de documento que fazem parte de suas atividades diárias, dentro de suas

respectivas áreas.

A partir da definição de documentos eletrônicos (pergunta 1), buscou-se

identificar quais os tipos de documentos eletrônicos que compõe as atividades do

Setor de Produção Gráfica (pergunta 2), identificando as respostas que

acrescentaram novos documentos a “categoria de documentos eletrônicos do

Setor e Produção Gráfica” (APÊNDICE B). Todos os entrevistados (100%)

responderam, sendo que 20% dos participantes acrescentaram um novo tipo de

documento a lista (APÊNDICE B). Buscou-se com a consolidação das respostas

obtidas, um alinhamento com a categoria de documentos eletrônicos

representados no Apêndice B.

A resposta sobre as mídias em que se encontram armazenados os

documentos eletrônicos foi solicitada através da pergunta 3. Todos os

Page 109: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

109

entrevistados (100%) responderam. A figura abaixo representa as respostas

obtidas.

Gráfico 2 - Locais de armazenagem dos documentos eletrônicos.

As perguntas 4 e 5, últimas perguntas deste primeiro bloco, referem-se a

condições, critérios e prazos para acondicionamento dos documentos eletrônicos

produzidos pelo setor de produção gráfica. Oitenta por cento (80%) dos

entrevistados responderam a Pergunta 4, sendo que 20% não respondeu, a

mesma, por motivos de desconhecimento.

Page 110: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

110

Gráfico 3 – Condições e critérios para arquivamento de documentos

Concluiu-se, a partir dos resultados alcançados com o primeiro bloco de

perguntas, que apesar da Embrapa Meio Ambiente não utilizar uma definição

padrão para documentos eletrônicos, as pessoas envolvidas nas atividades do

setor de produção gráfica possuem uma visão, ainda que superficial, do conceito

de documentos eletrônicos, por se tratar de objeto de trabalho das mesmas.

Presume-se que a dificuldade na sua conceituação se deve ao fato de tratar-se de

um conceito novo. Quanto à mídia em que se encontram armazenados os

documentos eletrônicos, em sua totalidade, os participantes afirmam que os

documentos se encontram armazenados em CD-R e uma segunda parcela se

encontram na web (site institucional). Convém ressaltar que uma das etapas mais

importantes para os arquivos é a escolha do método de arquivamento no arranjo

da documentação. Por existirem documentos que devem ser ordenados de

maneira diferenciada (assunto, nome, número, data ou local) pode-se empregar

diferentes métodos, porém baseados em cuidadosa análise das atividades

desenvolvidas pela organização e pela observação das solicitações dos

documentos nos arquivos. Presume-se que esta ausência de critérios deve-se ao

fato dos documentos não se encontrarem conceituados, identificados e

registrados.

Page 111: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

111

7.2 Condições para garantir a acessibilidade dos documentos eletrônicos

Buscou-se saber, com a pergunta 6, se a Embrapa Meio Ambiente possui

facilidades específicas para a identificação e recuperação dos documentos

eletrônicos. A figura abaixo representa as respostas obtidas.

Gráfico 4 – Facilidades para identificação e recuperação de documentos eletrônicos.

A pergunta 7 pretendeu levantar na opinião dos participantes sobre que tipo

de gerenciamento um sistema de informações deve contemplar. Todos os

participantes responderam. Apenas dois entrevistados não tiveram uma opinião

formada sobre o assunto. A figura abaixo representa o resultado.

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112

Gráfico 5 – Tipo de controle de sistema de informação.

O objetivo da pergunta 8 foi levantar se a Embrapa Meio Ambiente dispõe

de recursos adequados e disponíveis para a manutenção e preservação adequada

dos documentos eletrônicos. Todos os entrevistados (100%) responderam que

“Não”. O que caracteriza risco permanente para o acervo de documentos

eletrônicos do Setor de Produção Gráfica.

Na última pergunta (nº 9) deste bloco, buscou-se conhecer se os

entrevistados possuem conhecimento sobre a ferramenta GED e se a mesma será

capaz de trazer benéfico para suas atividades diárias. Todos os entrevistados

(100%) responderam SIM. Considera-se que esta unanimidade de resposta

positiva deve-se ao fato da tecnologia GED possibilitar aos usuários acessar os

documentos de forma ágil e segura, preservando e organizando eletronicamente a

documentação, assegurando a informação necessária, na hora exata, para a

pessoa certa.

Concluiu-se, a partir dos resultados obtidos com este bloco de perguntas

que devem ser possibilitadas a implementação de políticas de preservação e

conservação, através de um tipo de sistema, visando a conscientização da

preservação de informações, sejam eletrônicas ou não, com o intuito de melhor

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113

preservar o suporte onde as informações estão registradas. E que o sistema GED,

é visto como uma ferramenta potencial para a identificação e recuperação dos

documentos eletrônicos, pois, contribuem para a organização da enorme massa

de documentos gerados pelos processos de trabalhos, permitindo uma

recuperação eficiente e segura controlando as versões dos documentos em uso.

Esta ferramenta tecnológica compreende todos os recursos e processos

empregados para o adequado tratamento das informações. Portanto, não se trata

apenas de um software , mas da aplicação integrada de uma metodologia para o

adequado tratamento dos documentos. Para isso devem ser implementados os

mecanismos necessários para a identificação e recuperação dos mesmos As

capacidades de acesso propiciadas por esta tecnologia podem atender as

necessidades do setor.

7.3 Recursos humanos qualificados e mecanismos de guarda de

documentos adequados

Neste terceiro bloco, buscou-se com a pergunta 10 saber se a empresa

possui recursos humanos para o gerenciamento dos documentos. Todos os

participantes responderam. O gráfico abaixo representa as respostas obtidas.

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114

Gráfico 6 – Existência de recursos humanos na Embrapa Meio Ambiente

para gerência dos documentos eletrônicos.

Através da pergunta 11 pretendeu-se levantar se a Embrapa Meio Ambiente

possui local destinado à guarda ordenada de documentos gerados pela instituição,

no decorrer de suas atividades. O gráfico abaixo representa as respostas obtidas.

Gráfico 7 – Existe um local de guarda apropriado paras os documentos.

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115

Buscou-se com a pergunta 12 saber se os documentos que nascem digitais

permanecem neste formato ou se eles são impressos. Todos os entrevistados

(100%) responderam que SIM, os documentos são impressos. Considera-se que

esta unanimidade de resposta positiva deve-se a necessidade de atender a

disponibilização das informações nos diversos formatos e suportes, e de acordo

com suas características físicas e de conteúdo. Servindo de suporte à pesquisa

técnica e administrativa, estando sempre preparados para o atendimento a

consultas internas e externas de maneira rápida e precisa.

Conforme as respostas deste bloco de perguntas, observou-se que a

empresa não possui os recursos humanos para gerência dos documentos

eletrônicos, daí, torna-se necessária à formação de uma equipe com atribuições e

responsabilidades direcionadas especificamente para essa finalidade. Verifica-se,

também, a ausência de um local adequado para guarda de documentos da

empresa. Presume-se que este acontecimento possa estar diretamente ligado ao

fato da ausência de um profissional qualificado para gerenciar os documentos

institucionais.

7.4 Procedimentos da Gestão Arquivística de documentos Digitais

Através deste último bloco, com as perguntas 13 e 14, buscou-se saber se

a Embrapa Meio Ambiente faz uso das resoluções e normas arquivísticas, ou

ainda, se recebe orientações do Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ -

para aplicação dos princípios arquivísticos de documentos eletrônicos. Todos os

entrevistados (100%) responderam que NÃO.

Conclui -se que a Embrapa Meio Ambiente deve estar alerta para os

procedimentos e estratégias de gestão arquivística de documentos quando da

criação, transmissão e preservação de documentos em formatos digitais, com o

Page 116: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

116

objetivo de garantir a produção e manutenção de documentos fidedignos,

autênticos, acessíveis, compreensíveis e preserváveis. Para isso, a empresa deve

buscar cooperação junto aos órgãos competentes.

7.5 Considerações sobre os Dados Levantados

Considera-se que o trabalho de campo foi de fundamental importância na

medida em que forneceu os elementos que justificam uma nova forma de gestão

documental para os documentos eletrônicos produzidos pelo Setor de Produção

Gráfica da Embrapa Meio Ambiente. Ressalta-se que este novo referencial se deu

através de observações a partir da entrevista realizada e de uma maneira

compartilhada com os profissionais que participaram da pesquisa.

Constata-se, a partir do levantamento de campo, que o setor de produção

gráfica deve adotar uma ação gerencial que vise uma mudança no sentido de

garantir o reconhecimento da importância dos documentos e a sua visibilidade na

Embrapa Meio Ambiente. Para isso deverá criar e manter procedimentos

permanentemente atualizados e alinhados com os órgãos responsáveis

(CONARQ) pela aplicação de políticas voltadas para a preservação do patrimônio

arquivístico digital.

O fato é que o modelo, atual, de gerenciamento da informação do Setor de

Produção Gráfica não é alimentado com informações relativas aos valores dos

documentos, nem com informações relativas ao prazo pelo qual eles devam ser

guardados, nem sobre o seu destino final (ele pode ser eliminado? ele deve ser

preservado, considerando-se o seu valor informativo ou probatório?).

Além disso, a preocupação de se buscar alternativas que proporcionam a

empresa a obter soluções que permitam maior eficiência e segurança nos

processos de acesso, manutenção e principalmente na utilização de documentos,

Page 117: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

117

fazem do GED um caminho para recompor a estrutura organizacional do Setor de

Produção Gráfica, uma vez que, este sistema seja adequado às especificidades

da legislação e das práticas arquivísticas brasileiras.

Page 118: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

118

8. Considerações Finais

Este trabalho de pesquisa buscou uma reflexão sobre uma nova forma de

gestão da informação para o setor de Produção Gráfica da Embrapa Meio

Ambiente. Para isso, procurou-se por meio da utilização da Tecnologia da

Informação, por intermédio, das ferramentas GED possibilitar a organização e o

tratamento da informação com a finalidade de preservar e melhorar as condições

de armazenamento e busca da informação. Assim, foi necessária a busca de um

referencial teórico sobre gestão da informação nas organizações, onde os

conceitos correspondentes foram analisados, buscando-se delinear como as

tecnologias da informação podem ser aplicadas de forma a propiciar que as

organizações possam dispor da informação necessária, confiável e atualizada

para a tomada de decisões relacionadas às suas atividades. Este referencial

permitiu uma melhor compreensão da gestão dos documentos eletrônicos e a

relevância da tecnologia de GED para a gestão desses documentos.

Buscando garantir a coerência do estudo realizado, foi feito o resgate dos

objetivos formulados no início do trabalho e descrito como foram alcançados no

decorrer da pesquisa:

• Melhorar o gerenciamento da informação por meio da aplicabilidade

do Gerenciamento Eletrônico de Documentos - GED no âmbito da

Embrapa Meio Ambiente.

O trabalho de campo permitiu responder a questão sobre GED e seus

benefícios. Constatou-se a existência e a importância de uma nova forma

(modelo) de gestão da informação para o Setor de Produção Gráfica. Verificou-se

que esta importância está embasada na forma de como, atualmente, o setor

exerce a sua gestão documental. A falta de um modelo adequado de

gerenciamento acarreta um desencontro de informações vitais para o bom

andamento do setor. Busca-se, portanto, melhorar, por meio de técnicas e

Page 119: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

119

processos existentes utilizando os recursos da tecnologia da informação, a

metodologia para o adequado tratamento dos documentos, organizados por meio

das ferramentas GED, sendo assim um modelo de gestão alinhado com a sua

importância para o setor.

Este tópico foi abordado a partir das reais necessidades do Setor de

Produção Gráfica e das perspectivas em vista. A introdução de um novo modelo

de gestão permitirá o desenho do gerenciamento que definirá as aplicabilidades

corretas das ferramentas GED.

As ferramentas de Gerenciamento Eletrônico de Documentos devem

considerar os pressupostos teóricos e os princípios arquivísticos, contemplando

basicamente as funções arquivísticas em toda a sua amplitude, de forma que seja

efetivada a gestão dos documentos a que se propõem.

• Aplicar os procedimentos metodológicos que garantam a melhoria do

gerenciamento da informação com a utilização do GED.

As tecnologias GED para um bom gerenciamento da informação devem ser

orientadas a atender às demandas das funções arquivísticas. Agora, o mais

relevante na adoção destas funções arquivísticas, não é só o fato de contemplá-

las no sistema, mas sim, que o desempenho destas funções seja efetivo e sempre

com a adoção da ferramenta adequada. Devem ser possibilitadas as

implementações de políticas de preservação, que sejam disseminadas no âmbito

da tecnologia aplicada, visando à conscientização da preservação de mídias,

sejam eletrônicas ou não, promovendo assim a disseminação de informações.

• Propor diretrizes para a aplicação das ferramentas de Gerenciamento

Eletrônico de Documentos.

Page 120: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

120

Diversas são as aplicabilidades de GED, porém o Setor de Produção

Gráfica possui um problema específico relacionado à gestão de documentos. É

importante que se conheça a ferramenta e verifique se esta atende ao problema

que se tenta solucionar. Deve-se verificar que dificilmente uma aplicação de GED

terá sucesso se não for conduzida seguindo um planejamento prévio, gerado a

partir do conhecimento das necessidades próprias do setor de produção gráfica.

As soluções de GED oferecem recursos de hardware ou software, mas é

necessário identificar qual é a melhor solução para cada problema. O uso de

soluções completas, com muitos recursos, pode dificultar o uso para se resolver

questões simples.

• Mostrar a importância do gerenciamento adequado dos documentos

eletrônicos no Setor de Produção Gráfica.

A gestão documental, especialmente em relação à documentação

eletrônica, é uma das grandes preocupações do setor de produção gráfica. Este

fato não facilita a execução de tarefas pertinentes à gestão documental, como o

armazenamento, a recuperação, a indexação, a preservação e conservação dos

documentos, torna-se necessário o uso de uma ferramenta que estabeleça

parâmetros para o tratamento adequado do fluxo informacional do setor. Neste

contexto o GED vem dar apoio ao gerenciamento da informação.

Por todo o exposto, o setor depara-se com problemas e dificuldades na

gestão dos documentos técnicos e no acesso às suas informações decorrentes

das deficiências das atuais formas de controle eletrônico dos documentos:

• Na ausência de um controle específico, os documentos decorrentes da

mesma função e atividade são arquivados de maneiras distintas,

dificultando o acesso e inviabilizando a prática da avaliação e da

eliminação, acumulando-se desordenadamente nos “depósitos” que,

Page 121: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

121

desprovidos de pessoal técnico qualificado, não consegue cumprir

adequadamente suas funções de arquivos;

• Existe um acentuado descompasso entre a utilização de tecnologias

modernas e a incorporação de procedimentos arquivísticos;

• Submetidas a tratamentos diferenciados, as informações contidas nos

documentos ficam dispersas e descontextualizadas, armazenadas em CD-

ROM, tornado-se de difícil acesso;

• Um dos critérios utilizados para o arquivamento dos documentos é o

backup por máquinas (computadores) dos usuários, o que provoca a

mescla de tipos documentais diferentes, tornando difícil a aplicação de

prazos de guarda, uma vez que tais documentos possuem temporalidades

diferentes, que decorrem do valor que cada um apresenta para o setor;

• A massa documental produzida é, portanto, acumulada nos chamados

“arquivos permanentes” de forma desordenada e sem tratamento;

• Existem dificuldades significativas de acesso aos documentos durante todo

o seu ciclo de vida, e de recuperação das informações que veiculam.

Especificamente, o setor pesquisado, vem passando por um momento de

transição e aprendizado organizacional e espera-se que este estudo contribua

para observações que foram essenciais na avaliação dos procedimentos atuais da

gestão da informação que regem o setor. De modo, geral esta pesquisa atenta

para a necessidade de substituição do modelo de gestão de documentos, que

controla o acervo de documentos técnicos, sem o auxilio dos procedimentos e

técnicas arquivísticas por outro que controle os documentos durante todo o seu

ciclo de vida, que incorpore seus prazos de guarda, enfim, um modelo que propõe

a padronização dos procedimentos técnicos relativos à classificação, à indexação,

ao armazenamento, e ao acesso e recuperação desses documentos por meio da

tecnologia da informação.

Pode-se por meio da aplicabilidade do GED no Setor de Produção Gráfica,

estabelecer fluxos que garantam a informação necessária no tempo e no formato

Page 122: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

122

adequados, a fim de suportar a geração de resultados para a tomada de decisão e

solução de problemas. A contribuição que uma tecnologia GED pode apresentar

para o gerenciamento da informação (gestão de documentos) depende da escolha

da ferramenta GED e de como ela será utilizada.

Assim, o grande desafio da instituição e do setor analisado passa a ser a

“gestão da informação”, que englobe o tratamento do documento desde a sua

produção até a sua destinação final, garantindo a sua integridade e acesso para

que a informação esteja disponível no momento necessário de sua respectiva

utilização, produzindo os resultados eficazes e eficientes de uma política de

gestão documental e informacional para o setor de produção gráfica da Embrapa

Meio Ambiente.

Neste sentido, as tecnologias da informação, por intermédio do GED, estão

sendo apresentadas, de forma inovadora, como ferramentas para a

implementação de política de gestão arquivística de documentos e de informações

no Setor de Produção Gráfica da Embrapa Meio Ambiente.

No entanto, tendo em vista minimizar a situação aqui detectada, sugere-se

a implantação de práticas de arquivísticas, pois se tem como meta à aplicabilidade

de um sistema de GED, de forma que seja efetivada a gestão dos documentos a

que se propõem, abarcando toda a forma do fazer arquivístico do conhecimento

humano. O que se pretende é que os sistemas de GED promovam estas funções

arquivísticas em toda a sua amplitude, de forma originária.

Considera-se que o setor de produção gráfica possui fatores potenciais que

podem ser traduzidos em oportunidades, no sentido de direcioná-las para a

adoção de um modelo de gestão específico para seus documentos técnicos. Um

desses fatores é o motivo da construção deste estudo que levou a uma re -

avaliação da situação atual da gestão documental apresentada pelo setor. Esta

pesquisa poderá atender à necessidade de revisão gerencial apoiada em

Page 123: programa de pós-graduação em ciência da informação mestrado ...

123

tecnologia adequada e padronizada para inclusão de funcionalidades que

permitam a indexação e a recuperação dos documentos técnicos.

Diante desses fatos, o setor de produção gráfica teria as seguintes vantagens:

racionalização do trabalho de arquivamento com aumento de produtividade;

recuperação rápida e precisa dos documentos eletrônicos; impedimento do

acréscimo indiscriminado do volume de documentos e recuperação ágil da

informação; otimização de seus espaços físicos de trabalho; o controle do trâmite

de processos desde sua geração até a sua destinação final; a facilidade de

transferência ou eliminação dos documentos; preservação e conservação dos

documentos, e preparo da documentação para a guarda definitiva ou para a

transferência.

Acredita-se que foi possível apresentar uma contribuição que permita

avançar no conhecimento relacionado à melhoria gerencial na Embrapa Meio

Ambiente, especificamente no Setor de Produção Gráfica, na medida em que se

apresenta a oportunidade e a viabilidade de aproveitamento da tecnologia GED

para melhoria nos processos de gestão de documentos, com foco direcionado

para o gerenciamento da informação. Espera-se com isso, que esta dissertação

sirva de referência para uma melhoria gerencial do setor de produção gráfica. O

que fora apresentado aqui, ainda pode ser pouco, mas é um começo de um

grande trabalho que deverá ser posto em prática.

Ao utilizar a gestão arquivística de documentos como plataforma, a

tecnologia GED apresentada nesta pesquisa, abre, de forma inédita, novas

perspectivas para a relação de três áreas do conhecimento, a Ciência da

Informação, a Arquivologia e Ciência da Computação.

Além de possibilitar uma gama ampla e sofisticada de serviços no futuro, a

gestão arquivística de documentos, realizada por meio de um sistema eletrônico

poderá facilitar:

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124

• A localização dos documentos nos arquivos;

• A agilidade na recuperação das informações;

• A liberação de espaço físico com a eliminação criteriosa de documentos

autorizada pelo sistema; entre outros.

Em função da vasta abrangência da tecnologia em estudo, não é propósito

da presente pesquisa identificar uma ferramenta específica de implementação

GED para aplicação no setor de produção gráfica, pois cada aplicação de GED

exigirá um estudo personalizado. Porém, deve-se limitar à observação das

técnicas e metodologias atualmente utilizadas para a gestão da informação com a

utilização de ferramentas de GED.

Por não fazer parte dos objetivos finais deste trabalho, não houve um

aprofundamento no estudo dos principais aspectos de projetos, de planejamento e

critérios de avaliação para seleção e contratação de empresas de consultoria. Não

houve, também, sugestões de soluções para GED e indicação de seus respectivos

fabricantes devido à grande quantidade de opções no mercado. Torna-se

necessário, após a elaboração do projeto de GED, tendo em mãos todas as

atribuições necessárias, analisar as opções disponíveis. Além disso, não foram

considerados alguns pontos relativos a preços de sistemas de gerenciamento

eletrônico de documentos.

Alguns aspectos, que são também convenientes, não puderam ser

abordados neste trabalho, tais como os fatores humanos e de cultura

organizacionais envolvidos na implementação de qualquer solução gerencial, seja

baseada em novas tecnologias ou não. A adoção da tecnologia de gerenciamento

eletrônico de documentos envolve varias mudanças culturais e filosóficas,

principalmente no campo de trabalho. Esses tópicos são passíveis de estudos

aprofundados, a fim de se diagnosticar os motivos que levam as pessoas a

demonstrarem resistência quando se trata de novas tecnologias. Esse campo de

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125

pesquisa é ainda hoje pouco explorado, bem como também é pouco explorado o

estudo da cultura organizacional e das dificuldades impostas por essa para a

utilização adequada dos recursos que o GED oferece.

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126

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APÊNDICE A: Entrevista da pesquisa

Entrevistado: Formação: Cargo na instituição: Área de atuação:

Entrevista - Roteiro

1) O que você entende por documento eletrônico?

2) Que “documentos” compõem a categoria de documentos eletrônicos no setor de produção gráfica?

3) Em que tipo de mídia se encontram armazenados os documentos

eletrônicos?

4) Quais as condições e critérios para arquivamento dos documentos?

5) Existem datas (prazos) limites para conservação destes documentos?

6) A Embrapa Meio Ambiente, ou, propriamente, o setor de produção gráfica dispõe de facilidades específicas para identificação e recuperação desses documentos, quando necessário?

7) Que tipo de controle um sistema de informação deve contemplar para

gerenciar (armazenar, recuperar e atualizar) os documentos eletrônicos e garantir a acessibilidade e confiabilidade dos mesmos?

8) A Embrapa Meio Ambiente dispõe de recursos adequados e disponíveis

para a manutenção e preservação de documentos eletrônicos (a longo prazo)?

9) Você sabe o que é um sistema de Gerenciamento Eletrônico de

Documentos (GED) e quais os benefícios para que ele pode gerar para a empresa?

10) Há arquivista, bibliotecário (a), historiador (a) ou especialista em gestão de

documentos na empresa?

11) Há na empresa um arquivo central?

12) Os documentos que nascem de forma digital são impressos para serem armazenados no arquivo central?

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13) A empresa solicita ou recebe orientação do Conselho nacional de Arquivos (CONARQ) sobre os procedimentos da gestão arquivística de documentos digitais?

14) A empresa ou setor utiliza-se da aplicação dos princípios arquivísticos nos

processos de tratamento dos documentos convencionais e/ou eletrônicos?

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APÊNDICE B: Categoria de documentos eletrônicos do Setor de Produção Gráfica Tipos de documentos que compõem a categoria de documentos eletrônicos do Setor de Produção Gráfica da Embrapa Meio Ambiente. Publicações Seriadas (científicas)

• Série Documentos • Boletim de Pesquisa • Comunicado Técnico

Publicações Editoriais (científicas) • Livros • Cartilhas

Folder • Folhetos

Pôster

• Cartazes

Multimídias

• CD-ROM • Páginas HTML (sites)

Documentos (eletrônicos) acrescentados categoria de documentos eletrônicos do Setor de Produção Gráfica da Embrapa Meio Ambiente segundo pesquisa de campo (entrevista).

• Manual de Editoração e Diagramação (formato eletrônico) • E-mail´s