Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi...

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUÍMICA Programa de Pós-Graduação em Química ADALBERTO MANOEL DA SILVA Metabolismo secundário e ligninas de espécies de Piper São Paulo 2008

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE QUÍMICA

Programa de Pós-Graduação em Química

ADALBERTO MANOEL DA SILVA

Metabolismo secundário e ligninas

de espécies de Piper

São Paulo

2008

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ADALBERTO MANOEL DA SILVA

Metabolismo secundário e ligninas

de espécies de Piper

Tese apresentada ao Instituto de Química da

Universidade de São Paulo para obtenção do

Título de Doutor em Química Orgânica

Orientador: Prof. Dr. Massuo Jorge Kato

São Paulo

2008

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Adalberto Manoel da Silva

Metabolismo secundário e ligninas de espécies de Piper

Tese apresentada ao Instituto de Química da

Universidade de São Paulo para obtenção do

Título de Doutor em Química Orgânica.

Aprovado em: ____________

Banca Examinadora

Prof. Dr. _______________________________________________________

Instituição: _______________________________________________________

Assinatura: _______________________________________________________

Prof. Dr. _______________________________________________________

Instituição: _______________________________________________________

Assinatura: _______________________________________________________

Prof. Dr. _______________________________________________________

Instituição: _______________________________________________________

Assinatura: _______________________________________________________

Prof. Dr. _______________________________________________________

Instituição: _______________________________________________________

Assinatura: _______________________________________________________

Prof. Dr. _______________________________________________________

Instituição: _______________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Massuo Jorge Kato, pela oportunidade de fazer parte do seu

grupo de pesquisa.

À minha família pelo amor, confiança e pelo incentivo.

À Vânia por ter estado ao meu lado grande parte desta vida.

Aos meus colegas do Laboratório de Química de Produtos Naturais Clécio,

Joca, Homero, Juliana, Lucas, Felipe, Anderson, Camila, Karina, Lydia, Giovana,

Renata, Marisi, Edgard, Joyce, Mariko, João, Roberto, Hiléia, Ari, Cristina pelo

agradável convívio e amizade durante esses anos.

Aos colegas do Instituto de Química, Marcus Túlius, Ingrit, Sabrina, Denise,

Marcus Enoque.

Aos amigos, Claudinei, Alberto, Denise, Max, Francisco, Artermir, Graciela,

Acácio, Marcelo, João, Clayton, Edson, Aline, Ednardo, Jorge e Júlio pelo apoio e

incentivo.

Aos meus amigos de São Miguel que me incentivaram.

Aos meus colegas de trabalho e diretores da empresa Atina S/A, Cristina e

Eduardo pelo incentivo.

Aos funcionários da seção de Pós-graduação Cibele, Milton, Emiliano e

Marcelo por toda informação e paciência.

Aos funcionários da Central Analítica do IQ pelas análises realizadas.

À CNPQ e CAPES pelas bolsas de estudos concedidas.

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SUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................................... I

ABSTRACT ................................................................................................................. III

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... III

LISTA DE TABELAS .................................................................................................VIII

LISTA DE ABREVIATURAS.........................................................................................X

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1. A FAMÍLIA PIPERACEAE E O GÊNERO PIPER............................................................4

1.2. A ESPÉCIE PIPER RICHARDIAEFOLIUM KUNTH ......................................................10

1.3. LIGNINAS ..........................................................................................................12

2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 19

3. PARTE EXPERIMENTAL....................................................................................... 20

3.1. Materiais e equipamentos ...........................................................................20

3.2. ESTUDO QUÍMICO DAS FOLHAS E FRUTOS DE PIPER RICHARDIAEFOLIUM .................22

3.2.1. Coleta do material vegetal........................................................................22

3.2.2. Obtenção dos extratos .............................................................................22

3.2.3. Eliminação da clorofila .............................................................................22

3.2.4. Fracionamento cromatográfico das folhas de Piper richardiaefolium .......23

3.2.5. Fracionamento cromatográfico dos frutos de Piper richardiaefolium .......27

3.2.6. Análise via CLAE......................................................................................29

3.2.7. Dados espectrométricos e propriedades físicas dos compostos

identificados em Piper richardiaefolium (Piperaceae) ........................................30

3.3. ANÁLISE DO ÓLEO VOLÁTIL DAS FOLHAS DE PIPER RICHARDIAEFOLIUM ...................36

3.3.1. Extração do óleo volátil ............................................................................36

3.3.2. Análise do óleo volátil...............................................................................36

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3.4. ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS (PCA) DE ALGUMAS ESPÉCIES DE

PIPERACEAE.............................................................................................................37

3.5. ESTUDO DE LIGNINA DE PIPER ............................................................................42

3.5.1. Coleta do material vegetal...........................Erro! Indicador não definido.

3.5.2. Processamento do material vegetal .........................................................43

3.5.3. Extração e isolamento de ligninas dos caules de Piper ...........................44

3.5.4. Extração de ligninas insolúveis de Klason ...............................................44

3.5.5. Extração de ligninas solúveis de Björkman ..............................................46

3.5.6. Acetilação de ligninas...............................................................................48

3.5.7. Oxidação por nitrobenzeno ......................................................................48

3.5.8. Análise elementar.....................................................................................49

3.5.9. Determinação do conteúdo de metoxilas .................................................49

3.5.10. Determinação da fórmula mínima ..........................................................50

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 52

4.1. ESTUDO QUÍMICO DE PIPER RICHARDIAEFOLIUM ...................................................52

4.1.1. Estudo químico das folhas e dos frutos de Piper richardiaefolium ...........52

4.1.1.1. Lignanas furofurânicas ......................................................................54

4.1.1.2. Lignanas dibenzilbutirolactônicas ......................................................62

4.1.1.3. Lignanas dibenzilbutirolactólicas .......................................................73

4.1.1.4. Cinamatos de bornila.........................................................................80

4.1.1.5. Amidas...............................................................................................90

4.2. Óleos voláteis das folhas de Piper richardiaefolium ....................................97

4.3. ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS (PCA) DE ALGUMAS ESPÉCIES DE

PIPERACEAE...........................................................................................................100

4.4. ESTUDO DE LIGNINAS.......................................................................................103

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4.4.1. Determinação quantitativa......................................................................103

4.4.1.1. Determinação quantitativa de lignina de Klason..............................103

4.4.1.2. Determinação quantitativa de lignina de Björkman..........................104

4.2.1.3. Determinação quantitativa de lignina por oxidação por nitrobenzeno

.....................................................................................................................106

4.2.1.4. Análise elementar, determinação do conteúdo de metoxilas e

determinação da fórmula mínima. ................................................................108

4.4.2. Determinação qualitativa........................................................................109

4.2.2.1. Análise de lignina isolada pelo método de Bjorkman por

espectroscopia na região do infravermelho ..................................................110

4.2.2.2. Análise de lignina isolada pelo método de Bjorkman e acetilada, por

espectroscopia na região do infravermelho ..................................................112

4.2.2.3. Análise das ligninas acetiladas PREA, PSOA, PADA, PRIA e PCEA

por RMN de 1H. ............................................................................................120

4.2.2.4. Análise de madeira moída e de lignina por RMN de 13C no estado

sólido (CP-MAS) e de lignina acetilada por RMN de 13C em solução, de P.

regnellii. ........................................................................................................126

4.5. ANÁLISE BIOSSINTÉTICA ...................................................................................131

4.5.1. Biossíntese de lignanas .........................................................................131

4.5.2. Biossíntese de ligninas...........................................................................134

4.5.3. Biossíntese de lignanas x ligninas..........................................................137

5. CONCLUSÃO....................................................................................................... 139

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 141

7. CURRÍCULUM VITAE .......................................................................................... 151

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RESUMO

Silva, A.M. Metabolismo secundário e ligninas de espécies de Piper. 2008. 152p. Tese - Programa de Pós-Graduação em Química Orgânica. Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.

O estudo químico das folhas e dos frutos de P. richardiaefolium resultou no

isolamento de oito lignanas, sendo duas lignanas furofurânicas (sesamina e

kobusina), quatro lignanas dibenzilbutirolactônicas (hinokinina, kusunokinina,

arctigenina e haplomirfolina), duas lignanas dibenzilbutirolactólicas (cubebina e 3’,4’-

dimetoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina), dois cinamatos de bornila (ferulato de

bornila e cumarato de bornila) e na identificação de duas amidas (piplartina e

diidropiplartina). Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo

volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram identificadas através de

métodos espectroscópicos (RMN de 1H e de 13C e espectrometria de massas). O

estudo de análise de componentes principais (PCA) das espécies Piper (P.

truncatum - k 616, P. richardiaefolium - k 290, P. richardiaefolium - k 350, P.

richardiaefolium - k 593, P. truncatum - k 597, P. pseudopotifolium - k 598, P.

richardiaefolium - k 854, P. richardiaefolium - k 610, P. truncatum - k 112, P.

pseudopotifolium - k 211 e P. cernuum - k 137) permitiu agrupar as espécies em dois

grandes grupos e quatro subgrupos em relação à similaridade entre elas.

Ligninas do caule de seis espécies de Piper foram extraídas utilizando o

método de degradação de Klason e método de Bjorkman, e analisadas por métodos

espectroscópicos (IV, RMN de 1H e de 13C). O método de degradação por oxidação

por nitrobenzeno foi o escolhido para determinar a relação entre os monolignóis

siringila e guaiacila.

Os principais metabólitos das espécies estudadas foram comparados com os

tipos de ligninas das mesmas espécies e os resultados sugeriram uma

independência entre as vias biossintéticas de ligninas e lignanas.

Palavras-chave: Piperaceae, lignanas, Piper, ligninas, Piper richardiaefolium, metabólitos secundários, siringila, guaiacila.

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ABSTRACT

Silva, A. M. Secondary metabolites and lignins from Piper species. 2008. 152p. PhD Thesis - Graduate Program in Chemistry. Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.

The chemical study of leaves and the fruits of P. richardiaefolium resulted in

the isolation of eight lignans, being two furofurânics lignans (sesamin and kobusin),

four dibenzylbutirolactonics lignans (hinokinin, kusunokinin, arctigenin and

haplomirfolin), two dibenzylbutirolactolics lignans (cubebin and 3',4'-dimethoxy-3,4-

desmethylenedioxicubebin), two cinnamates (bornyl ferulate and bornyl cumarate)

and in the identification of two amides (piplartine and dihydropiplartine). Of leaves of

P. richardiaefolium was extracted and analyzed the volatile oil. The structures of

isolated substances had been identified using the spectroscopic methods (1H and 13C

NMR) and mass spectrometry. The study of principal components analysis (PCA) of

the species Piper (P. truncatum - k 616, P. richardiaefolium - k 290, P.

richardiaefolium - k 350, P. richardiaefolium - k 593, P. truncatum - k 597, P.

pseudopotifolium - k 598, P. richardiaefolium - k 854, P. richardiaefolium - k 610, P.

truncatum - k 112, P. pseudopotifolium - k 211 and P. cernuum - k 137) allowed the

separation in two groups and four sub-groups.

Lignins of stem of six species of Piper had been extracted using the method

of degradation of Klason and method of Bjorkman, and analyzed for spectroscopic

methods (IR, 1H and 13C NMR). The degradation method by nitrobenzene oxidation

was chosen to determine the relationship between monolignols syringil and guaiacyl

moieties.

The major metabolities of the Piper species were compared to the lignins

types of the same species and the results suggested independence between the

biosynthetic pathways of lignins and lignans.

Keywords: Piperaceae, lignans, Piper, lignins, Piper richardiaefolium, secondary metabolities, siringil, guaiacil.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 Diagrama de Dahlgren. 3

Figura 1.2 Piper richadiaefolium Kunth. 10

Figura 1.3 Origem das unidades monoméricas formadoras de ligninas. 13

Figura 1.4 Formação da lignina a partir de precursores monoméricos. 14

Figura 1.5 Principais tipos de ligações entre as unidades monoméricas

guaiacílicas formadoras de lignina. 15

Figura 1.6 Representação parcial de uma lignina de madeira macia (“softwood”). 16

Figura 3.1 Fluxograma do fracionamento cromatográfico do extrato das

folhas de P. richadiaefolium. 23

Figura 3.2 Fluxograma do fracionamento cromatográfico da fração B obtida

após tratamento com celite do extrato das folhas de P.

richadiaefolium. 24

Figura 3.3 Fluxograma do fracionamento cromatográfico do grupo 2. 25

Figura 3.4 Fluxograma do fracionamento cromatográfico do grupo 4. 26

Figura 3.5 Fluxograma do fracionamento cromatográfico dos grupos 5 e 6. 26

Figura 3.6 Fluxograma do fracionamento cromatográfico dos frutos de P.

richadiaefolium. 27

Figura 3.7 Fluxograma do fracionamento cromatográfico do grupo A. 28

Figura 3.8 Fluxograma do fracionamento cromatográfico do grupo B. 28

Figura 3.9 Cromatograma, obtido por CG, da série homóloga de alcanos

hidrocarbonetos. 36

Figura 3.10 Espectro de RMN de 1H de Piper richardiaefolium (k-290). 40

Figura 3.11 Exemplo de redução dos dados de um espectro de RMN de 1H

em regiões espectrais de mesmo tamanho (ppm) e os valores

respectivos das integrais de cada região. 40

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Figura 3.12 Espectro de RMN de 1H de P. truncatum (k 616) (A), P.

pseudopothifolium (k 598) (B), P. pseudopothifolium (k 211) (C),

P. truncatum (k 112) (D), P. truncatum (k 597) (E), P. cernuum

(k 137) (F). 41

Figura 3.13 Espécies escolhidas para o estudo. 42

Figura 3.14 Fluxograma do estudo das ligninas de espécies de Piperaceae. 43

Figura 3.15 Procedimento de extração das ligninas de Klason 45

Figura 3.16 Procedimento de extração das ligninas de Bjorkman. 47

Figura 4.1 Cromatograma obtido por CLAE das folhas de Piper

richardiaefolium. 52

Figura 4.2 Cromatograma obtido por CLAE das frutos de Piper

richardiaefolium. 53

Figura 4.3 Cromatograma obtidos por CLAE das lignanas furofurânicas

sesamina (1) e kobusina (2). 57

Figura 4.4 Espectro de RMN de 1H da sesamina (1) 200 MHz, CDCl3. 60

Figura 4.5 Espectro de RMN de 13C da sesamina (1) 50 MHz, CDCl3.. 60

Figura 4.6 Espectro de RMN de 1H da kobusina (2) 200 MHz, CDCl3.. 61

Figura 4.7 Espectro de RMN de 13C da kobusina (2) 50 MHz, CDCl3.. 61

Figura 4.8 Cromatogramas, obtidos por CLAE, dos compostos hinokinina

(3), kusunokinina (4), arctigenina (5) e haplomirfolina (8). 65

Figura 4.9 Espectro de RMN de 1H da hinokinina (3) 200 MHz, CDCl3. 68

Figura 4.10 Espectro de RMN de 13C da hinokinina (3) 50 MHz, CDCl3. 68

Figura 4.11 Espectro de RMN de 1H da kusunokinina (4) 200 MHz, CDCl3. 69

Figura 4.12 Espectro de RMN de 13C da kusunokinina (4) 50 MHz, CDCl3.. 69

Figura 4.13 Espectro de RMN de 1H da arctigenina (5) 200 MHz, CDCl3. 70

Figura 4.14 Espectro de RMN de 13C da arctigenina (5) 50 MHz, CDCl3. 70

Figura 4.15 Espectro de RMN de 13C da haplomirfolina (8) 200 MHz, CDCl3 71

Figura 4.16 Espectro de RMN de 13C da haplomirfolina (8) 50 MHz, CDCl3. 71

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Figura 4.17 Espectro de massas (EI) da haplomirfolina (8). 72

Figura 4.18 Interpretação do espectro de massas da haplomirfolina (8). 72

Figura 4.19 Cromatogramas, obtidos por CLAE, dos compostos cubebina

(6) e 3’,4’-dimetoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina. 75

Figura 4.20 Espectro de RMN de 1 H da cubebina (6) 200 MHz, CDCl3. 78

Figura 4.21 Espectro de RMN de 13C da cubebina (6) 50 MHz, CDCl3.. 78

Figura 4.22 Espectro de RMN de 1H da 3’,4’-dimetoxi-3,4-

desmetilenodioxicubebina (7) 200 MHz, CDCl3. 79

Figura 4.23 Espectro de RMN de 13C da 3’,4’-dimetoxi-3,4-

desmetilenodioxicubebina (7) 50 MHz, CDCl3. 79

Figura 4.24 Cromatogramas, obtidos por CLAE, do ferulato de bornila (9) e

cumarato de bornila (10). 83

Figura 4.25 Espectro de RMN de 1H do ferulato de bornila (9) 200 MHz,

CDCl3. 86

Figura 4.26 Espectro de RMN de 13C do ferulato de bornila (9) 50 MHz,

CDCl3. 86

Figura 4.27 Espectro de RMN de 1H do cumarato de bornila (10) 200 MHz,

CDCl3. 87

Figura 4.28 Espectro de RMN de 13 C do cumarato de bornila (10) 50 MHz,

CDCl3. 87

Figura 4.29 Espectro de massas do ferulato de bornila (9). 88

Figura 4.30 Espectro de massas (EI) do cumarato de bornila (10). 88

Figura 4.31 Interpretação dos espectros de massas do ferulato de bornila

(9) e do cumarato de bornila (10). 89

Figura 4.32 Cromatogramas obtidos por CLAE da piplartina (11) e

diidropiplartina (12). 92

Figura 4.33 Espectro de RMN de 1H da piplartina (11) e diidropiplartina (12)

200 MHz, CDCl3. 94

Figura 4.34 Espectro de RMN de 13C da piplartina (11) e diidropiplartina (12)

50 MHz, CDCl3.. 94

Figura 4.35 Espectro de massas (EI) da piplartina (11). 95

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Figura 4.36 Espectro de massas (EI) da diidropiplartina (12). 95

Figura 4.37 Interpretação do espectro de massas da piplartina (11). 96

Figura 4.38 Cromatograma do óleo das folhas de Piper richadiaefolium A e

ampliação B. 98

Figura 4.39 Diagrama de similaridade (dendrograma) da análise de “cluster”

para as 20 amostras de extratos de espécies de Piper. 101

Figura 4.40 Distribuição dos deslocamentos químicos das amostras. 101

Figura 4.41 Diagrama de similaridade (dendrograma) da análise de “cluster”

para as onze amostras. 102

Figura 4.42 Gráfico de “scores” da amostras de Piper. 102

Figura 4.43 Foto do pó do caule de uma das espécies de piper livre de

extrativos e da lignina isolada pelo método de Bjorkman. 105

Figura 4.44 Espectros no IV (KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada

pelo método de Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P.

regnellii. 114

Figura 4.45 Espectros no IV (KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada

pelo método de Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P.

solmsianum. 115

Figura 4.46 Espectros no IV (KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada

pelo método de Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P.

aduncum. 116

Figura 4.47 Espectros no IV (KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada

pelo método de Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P.

richardiaefoluim. 117

Figura 4.48 Espectros no IV (KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada

pelo método de Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P.

cernuum. 118

Figura 4.49 Espectros no IV (KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada

pelo método de Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P.

mallacophylum. 119

Figura 4.50 Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PRE, em DMSO. 122

Figura 4.51 Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PREA, em CDCl3. 123

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Figura 4.52 Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PSOA, em CDCl3. 123

Figura 4.53 Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PRIA, em CDCl3 124

Figura 4.54 Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PCEA, em CDCl3. 124

Figura 4.55 Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PADA, em CDCl3. 125

Figura 4.56 Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PMAA, em CDCl3. 125

Figura 4.57 Espectro de RMN de 13C no estado sólido da maderia moída de

P. regnellii (75MHz). 130

Figura 4.58 Espectro de RMN de 13C no estado sólido da lignina de P.

regnellii (75MHz). 130

Figura 4.59 Espectro de RMN de 13C em solução da lignina acetilada de P.

regnellii (PREA), CDCl3 (50 MHz). 130

Figura 4.60 Rota biossintética das lignanas isoladas das folhas e frutos de

P. richadiaefolium. 133

Figura 4.61 Ressonância dos monolignóis iniciada por peroxidases e

lacases 134

Figura 4.62 Rota biossintética dos monolignóis precursores da lignina. 136

Figura 4.63 Relação biossintética dos monolignóis precursores de

metabólitos secundários e de lignina. 138

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 Substâncias isoladas em algumas espécies de Piparaceae. 5

Tabela 3.1 Espécies de Piper analisadas. 39

Tabela 4.1 Identificação das substâncias obtidas por CLAE das folhas e

dos frutos de P. richadiaefolium. 53

Tabela 4.2 Deslocamentos químicos observados nos espectros de

RMN de 1H das lignanas sesamina (1) e kobusina (2)

isoladas de P. richadiaefolium (CDCl3, δ, 200 MHz, J em

Hertz). 58

Tabela 4.3 Deslocamentos químicos observados nos espectros de

RMN de 13C das lignanas sesamina (1) e kobusina (2)

isoladas de P. richadiaefolium (CDCl3, δ, 50 MHz). 59

Tabela 4.4 Deslocamentos químicos observados nos espectros de

RMN de 1H das lignanas hinokinina (3), kusunokinina (4),

arctigenina (5) e haplomirfolina (8) isoladas de P.

richadiaefolium (CDCl3, δ, 200 MHz, J em Hertz). 66

Tabela 4.5 Deslocamentos químicos observados nos espectros de

RMN de 13C das lignanas hinokinina (3), kusunokinina (4),

arctigenina (5) e haplomirfolina (8) isoladas de P.

richadiaefolium (CDCl3, δ, 50 MHZ). 67

Tabela 4.6 Deslocamentos químicos observados nos espectros de

RMN de 1H das lignanas cubebina (6), 3’,4’-dimetoxi-3,4-

desmetilenodioxicubebina (7) isoladas de P. richadiaefolium

(CDCl3, δ, 200 MHz, J em Hertz). 76

Tabela 4.7 Deslocamentos químicos observados nos espectros de

RMN de 13C das lignanas cubebina (6), 3’,4’-dimetoxi-3,4-

desmetilenodioxicubebina (7) isoladas de P. richadiaefolium

(CDCl3, δ, 50 MHz). 77

Tabela 4.8 Deslocamentos químicos observados nos espectros de

RMN de 1H do ferulato de bornila (9) e do cumarato de

bornila (10) isolados de P. richadiaefolium (CDCl3, δ, 200

MHz, J em Hertz) 84

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ix

Tabela 4.9 Deslocamentos químicos observados nos espectros de

RMN de 13C do ferulato de bornila (9) e do cumarato de

bornila (10) isolados de P. richardiaefolium (CDCl3, δ, 50

MHz). 85

Tabela 4.10 Deslocamentos químicos observados no espectro de RMN

de 1H da mistura das amidas piplartina (11) e diidropiplartina

(12) de P. richadiaefolium (CDCl3, δ, 200 MHz, J em Hertz). 92

Tabela 4.11 Deslocamentos químicos de RMN de 13C da mistura das

amidas piplartina (11) e diidropiplartina (12) de P.

richardiaefolium (CDCl3, δ, 50 MHz). 93

Tabela 4.12 Substâncias identificadas no óleo volátil de P.

richadiaefolium. 99

Tabela 4.13 Massa e rendimento do resíduo obtido do caule das

espécies estudadas utilizando o método de Klason. 104

Tabela 4.14 Massa e rendimento do resíduo obtido do caule das

espécies estudadas utilizando o método de Bjorkman. 105

Tabela 4.15 Relação entre os monômeros siringil (S) e guaiacil (G) por

oxidação por nitrobenzeno. 107

Tabela 4.16 Dados analíticos e fórmula mínima por unidade C9 para as

ligninas em espécies de Piper. 109

Tabela 4.17 Atribuições dos sinais nos espectros no IV das ligninas

originais PRE, PSO, PAD, PRI, PCE e PMA. 111

Tabela 4.18 Atribuições dos sinais dos espectros no IV das ligninas

acetiladas PREA, PSOA, PADA, PRIA, PCEA e PMAA. 113

Tabela 4.19 Atribuições dos sinais de RMN de 1H das ligninas acetiladas

PREA, PSOA, PADA, PRIA, PCEA e PMAA. 122

Tabela 4.20 Atribuições dos sinais de RMN de 13C das ligninas originais

(PRE) no estado sólido (CP-MAS) e das ligninas acetiladas

em solução (PREA). 129

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x

LISTA DE ABREVIATURAS

IV Infravemermelho

CG Cromatografia gasosa

CG/EM Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa

CLAE Cromatografia líquida de alta eficiência

RMN Ressonância magnética nuclear

RMN 1H Ressonância magnética nuclear de hidrogênio

RMN 13C Ressonância magnética nuclear de carbono

CEAE Cromatografia por exclusão de alta eficiência

PCA Analise de componentes principais

CCDP Cromatografia em camada delgada preparativa

CCDC Cromatografia em camada delgada comparativa

DMSO Dimetilsulfoxido

PREA Piper regnellii acetilada

PRE Piper regnellii

PSO Piper solmsianum

PSOA Piper solmsianum acetilada

PAD Piper aducum

PADA Piper aducum acetilada

PRI Piper richardiaefolium

PRIA Piper richardiaefolium acetilada

PCE Piper cernuum

PCEA Piper cernuum acetilada

PMA Piper malacophyllum

PMAA Piper malacophyllum acetilada

CP-MAS Cross-polarization/magic angle spinning

PAL Phenylalanine-ammonia-lyase

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1

1. Introdução

Uma das características dos seres vivos é a presença de atividade

metabólica. O metabolismo nada mais é do que o conjunto de reações químicas que

ocorrem no interior das células. No caso das células vegetais, o metabolismo tem

sido dividido em primário e secundário.

Entende-se por metabolismo primário o conjunto de processos metabólicos

que desempenham uma função essencial no vegetal, tais como a fotossíntese, a

respiração e transporte de solutos e possuem uma distribuição universal nas

plantas. Esse é o caso dos aminoácidos, dos lipídeos, carboidratos e da clorofila. Os

metabólitos primários são aqueles formadores de matéria prima e de energia para

metabólitos secundários (Luckner, 1990, Mann, 1994, Gottlieb, 1972). Em

contrapartida, o metabolismo secundário origina compostos que não possuem uma

distribuição universal, pois não seriam necessários para todas as plantas. No

entanto, este metabolismo desempenha um papel importante na interação das

plantas com o meio ambiente.

Os metabólitos secundários são produzidos a partir de poucos intermediários-

chave provenientes do metabolismo primário, destacando-se o acetato, piruvato,

alguns açúcares (p. ex. eritrose e fosfato de metileritriol), aminoácidos, entre outros.

Os metabólitos secundários assim originados têm sido prioritariamente classificados

de acordo com as vias biossintéticas, mas podem ser agrupados em policetídeos,

alcalóides, compostos fenólicos e isoprenóides.

Entre os mais importantes metabólitos secundários vegetal citam-se

tradicionalmente os alcalóides, os terpenóides e talvez ainda os flavonóides. Ficou

claro apenas em época recente que os lignóides também ocupam um lugar de

destaque, pois são de utilidade não só para as plantas que os produzem como para

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2

o homem que os extrai ou sintetiza. Com respeito às plantas terrestres, fitoquímica

comparada evidencia que lignóides podem servir como marcadores do processo

evolutivo, tornando-se razoável supor que desempenham um papel em adaptação

ecológica. Não surpreende assim a descoberta hoje bem documentada, que

lignanas são acumuladas em madeira como resposta a ferimento mecânico ou a

invasão fúngica ou bacteriana. Há, outrossim, evidência concreta que inoculação por

microorganismos produz um aumento da atividade de peroxidase e de

polifenoloxidase de folhas. Este fato foi evidenciado para o caso da ferrugem do

café. Pode se esperar em conseqüência, um incremento da biossíntese de lignanas

e de ligninas, o que, se comprovado, consubstanciaria a hipótese de que também

estas últimas integram o sistema de defesa vegetal contra seus predadores

(Gottlieb, 1988).

As lignanas, como as ligninas, têm sua biossíntese estribada em álcoois

cinamílicos. Como visto, lignanas acompanham ligninas em todas as plantas

vasculares, Pteridophyta, Gymnospermae e Angiospermae. Este fato fica patente

mesmo examinando apenas a distribuição daquela minúscula fração de moléculas

lignânicas que possue atividade biológica comprovada e encontra-se amplamente

documentado. Já neolignanas são de ocorrência muito mais restrita. A maior parte

das neolignanas de atividade biológica comprovada se encontra nos táxons

aparentados Magnoliiflorae e Piperales da divisão Angiospermae, sensu Dahlgren

(Figura 1.1) (Gottlieb, 1988, Dahlgren, 1985).

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Figura 1.1. Diagrama de Dahlgren (Dahlgren, 1985).

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1.1. A família Piperaceae e o gênero Piper

A família botânica Piperaceae é tida como uma das mais primitivas dentre as

Angiospermae, segundo Taylor e Hickey (1992) que a consideram como um “fóssil

vegetal”. É composta por aproximadamente 14 gêneros e cerca de 2000 espécies

(Mabberley, 1997), sendo registradas em regiões subtropicais e tropicais incluindo a

região Amazônica, encontrando-se plantas de porte arbustivo, herbáceo ou arbóreo

com mais de três metros de altura (Figueiredo e Sazima, 2000; Albiero et al., 2005).

Desta família, os gêneros Piper e Peperomia são os mais diversos com

aproximadamente 1500 e 2000 espécies para Piper (Quijano-Abril et al., 2006) e

Peperomia (Wanke et al., 2007). Espécies desses gêneros são as mais estudadas

quimicamente.

Algumas espécies de Piper são usadas na medicina tradicional no tratamento

de doenças, enquanto as espécies do gênero Peperomia são usadas principalmente

como ornamentais (Santos et al., 2001).

A família Piperaceae apresenta metabólitos secundários que se caracterizam

por serem oriundos de biossíntese mista (chiquimato/acetato), resultando na produção

de amidas ou de compostos aromáticos essencialmente fenilpropanoídicos do tipo

lignanas, neolignanas, terpenos e flavonóides (Gottlieb et al., 1995a, Parmar et al.,

1997, Moreira et al., 1998).

Muitos desses metabólitos secundários apresentam atividades biológicas, a

citar a guineensina, um alcalóide/amida isolado de plantas do gênero Piper, exibiu

atividade larvicida em Culex pipiens pallens, A. aegypti e A. togoi. Estudos da relação

estrutura-atividade indicam que o grupo N-isobutilamina é fundamental para a

atividade larvicida, enquanto que o grupo metilenedioxifenila parece não ser essencial

para a toxicidade (Park et al., 2002).

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5

A tabela 1.1 mostra algumas substâncias isoladas de espécies de

Piperaceae.

Tabela 1.1. Substâncias isoladas em algumas espécies de Piperaceae.

Substância Espécie Atividade

biológica

Referência

Bibliográfica

O

O

N

O

piperina

P. tuberculatum

P. nigrum

antifúngica;

usada no tratamento

do vitiligo

(Lin et al., 1999);

(Navickiene et al.,

2000)

O

OMe

MeO

MeO

OMe

OMe

OMe

grandisina

P. solmsianum

Tóxica para

Tripanossoma cruzi

(Martins et al., 2003)

OAc

MeO

MeO

MeOH

puberelina A

P. puberulum

inibição plaquetária

(Zhang et al., 1995)

4-hidroxi-3-(3’-metil-2’-

butenil) benzoato de metila

P. guanacastensis

inseticida contra

Aedes atropalpus

Pereda-Miranda et

al., 1997

O

OH

OH

MeO

O

sakuranetina

P. crassinervium

P. lhotzkyanum

antifúngica

(Danelutte et al.,

2003);

(Moreira et al., 2000)

CO2CH3

OH

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6

ácido ursólico

P. betle

inibe a agregação

plaquetária

(Saeed et al., 1993)

O

O

O

O

OMe

metisticina

P. methysticum

efeito antagônico

sobre a estricnina

(Kretzschmar

et al., 1970)

2’,6’-diidroxi-4’-metoxi-diidrochalcona,

P. elongatum

contra Leishmania

braziliensis

(Hermoso et al.,

2003)

O

OH

MeO

O

R1

R2

a. 7,4’-dimetoxi-5,3’-diidroxiflavona b. tectocrisina

P. auritum

P. falconeri

____

(Ampofo

et al., 1987);

(Parmar

et al., 1993)

H3CO

OH O

OH

OH

O

OH

a. R1 = OH R2 = OCH3 b. R1 = H R2 = H

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O gênero Piper começou a ser estudado em 1819 quando foi isolado a

piperina, um princípio pungente de Piper nigrum (Lee et al., 1984), uma trepadeira

originária da Ásia tropical. As espécies do gênero Piper, amplamente distribuídas nas

regiões tropicais e sub-tropicais do mundo, são usadas medicinalmente para fins

diversos. As espécies do gênero Piper apresentam uma alta importância comercial e

econômica por serem pimentas usadas, mundialmente, como temperos picantes.

(Parmar et al., 1997).

O interesse pela química desse gênero evoluiu bastante ao longo dos anos

devido ao grande número de espécies estudadas e compostos isolados com

importante valor farmacológico. Algumas espécies deste gênero têm sido bem

investigadas do ponto de vista fitoquímico e farmacológico. Tais espécies são fontes

de óleos essenciais bioativos e de grande interesse para as indústrias farmacêuticas

(Silva e Machado, 1999).

A P. chaba apresentam em suas raízes e frutos numerosas aplicações na

medicina. Em particular elas são úteis no tratamento da asma, bronquite, febre, dor

abdominal, como estimulante e nas afecções hemorroidais. P. brachystachyum

apresenta propriedades inseticidas, já P. futokadsura é uma planta medicinal que

cresce em províncias de Taiwan. O caule de P. futokadsura, conhecido como

haifengteng, é amplamente usado na medicina natural da China indicado para o

tratamento da asma e artrites. O extrato benzênico de suas folhas apresentou

atividade tóxica contra a larva de Spodoptera litura F. (Parmar et al., 1997).

Em estudos fitoquímicos realizados com o gênero Piper, verificou-se a

presença de várias classes de metabólitos secundários. Os compostos isolados de

diferentes espécies pertencem às diversas classes de compostos:

alcalóides/amidas, propenilfenóis, lignanas, neolignanas, terpenos, esteróides,

cavapironas, piperolidas, chalconas e dihidrochalconas, flavonas, flavanonas,

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8

cromenos, derivados de ácidos benzóicos (Jensen et al., 1993; Parmar et al., 1997;

Lago et al., 2004; Kato e Furlan, 2007). Representantes dessas classes

apresentaram atividades farmacológicas comprovadas como: antimicrobiana,

moluscicida, fungicida, inseticida, antiinflamatória, larvicida, antioxidante (Isao, 1984;

Baldoqui et al., 1999; Silva et al., 2002; Miranda et al., 2003; Lago et al., 2004).

Dentre estes, os alcalóides/amidas apresentam vários compostos

farmacologicamente ativos.

Pipericida, isolada de P. nigrum, apresentou atividade inseticida contra

Callosobruchus chinensis. (2E,8E)-N-9-(3,4-metilenedioxifenil)nonadienoilpiperidina,

também isolada de P. nigrum, causou dilatação do coração de coelhos (Parmar et

al., 1997).

A amida N-[7-(3’,4’-metilenodioxifenil)-2(Z),4(Z)-heptadienoil]pirrolidina,

isolada da P. hispidum apresentou atividade antifúngica contra Cladosporium

sphaerospermum (Alécio et al., 1998).

A piplartina, também alcalóide/amida isolada de espécies do gênero Piper,

apresentou potente atividade citotóxica in vitro em células tumorais carcinoma

nasofaringe, leucemia linfocítica, carcinoma de pulmão e carcinoma de colo (Duh et

al., 1990; Duh e Wu, 1990). Recentemente, a piplartina tem sido estudada quanto a

sua atividade antifúngica em Cladosporium sphaerospermum e Cladosporium

cladosporioides (Navickiene et al., 2000; Silva et al., 2002) e quanto ao efeito

antidepressivo e ansiolítico em ratos (Felipe et al., 2007).

Da P. aduncum, utlizada popularmente como repelente de insetos,

analgésicos para dores estomacais e também em banhos aromáticos (Asprey e

Thorton, 1954) foi isolado a aduncamida, outro alcalóide/amida, que apresentou

atividade bacteriana para Bacillus subtilis e Micrococcus luteus. Este também

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apresentou atividade citotóxica para células de carcinoma nasofaríngeo (Orjala et al.,

1993; Parmar et al., 1997).

Entre as lignanas, a (-)-hinokinina, uma lignana dibenzilbutirolactônica, exibiu

uma significante atividade tripanomicida in vitro e in vivo. Esta lignana apresentou

também atividade antioxidante (Medola et al., 2007). Uma atividade bacteriostática e

fungicida pôde ser observada também pela (-)-hinokinina, (-)-cubebina e derivados

semi-sintéticos (Silva et al., 2007).

O

O N

O

a

H4

O

O N

O

a 4

pipericida (2E,8E)-N-9-(3,4-

metilenedioxifenil)nonadienoilpiperidina

N

O

O

O N-[7-(3’,4’-metilenodioxifenil)-2(Z),4(Z)-heptadienoil]pirrolidina

OMe

MeO

MeON

O O

OH

OMe

N

O OH

OMe piplartina aduncamida

O

O

O

O

O

H

H

O

O

O

O

O

O

H

H

OH

(-)-hinokinina (-)-cubebina

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1.2. A espécie Piper richardiaefolium Kunth

A espécie Piper richardiaefolium Kunth pertence ao gênero Piper da família

Piperaceae e trata-se de um arbusto entre 1 a 3 m de altura (Figura 1.2). Ocorre em

matas de luz difusa, semi-paludosas, podendo também ocorrer em capoeiras ou matas

de encostas e restingas. Suas folhas são alongadas e assimétricas, contendo de 5 a

10 cm de largura por 15 a 25 cm de comprimento.

Esta espécie foi identificada pela Dra. Elsie Franklin Guimarães (Instituto de

Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro).

Não existe na literatura o relato de um estudo fitoquímico dos extratos desta

espécie.

27

Figura 1.2. Piper richardiaefolium Kunth.

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11

O quadro abaixo mostra a classificação botânica da espécie Piper

richardiaefolium Kunth, de acordo com o Sistema de Angiospermas de Cronquist

(1981).

Quadro 1: Classificação botânica de espécie Piper richardiaefolium Kunth.

Reino Plantae

Divisão Angiospermae A. (Magnoliophyta)

Classe Dicotyledoneae DC (Magnoliopsida)

Subclasse Magnoliidae

Ordem Piperales

Família Piperaceae Agardth.

Gênero Piper

Espécie Piper richardiaefolium Kunth

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1.3. Ligninas

A palavra lignina vem do latim lignum, que significa madeira. Foi introduzida

por Shultz, em 1857, para designar o material que constitui-se no segundo mais

abundante do reino vegetal. As ligninas só não estão presentes em vegetais

primitivos como fungos, algas e liquens (Piló-Veloso et al., 1993).

Em estudos realizados há aproximadamente 150 anos, foi possível verificar o

interesse científico e econômico sobre a lignina, concluindo-se que a lignina é uma

substância amorfa, de natureza aromática e muito complexa, e faz parte da parede

celular e da lamela média dos vegetais (Saliba et al., 2001; Grisebach, 1981).

Este complexo polimérico de fenilpropanóide localiza-se na parede celular de

tecidos de suporte e condutores tais como elementos vasculares e fibras de floemas,

conferindo a hidrofobicidade e resistência mecânica além de barreira contra

infecções de patógenos (Vance et al.,1980; Lewis e Yamamoto, 1990). Os

tratamentos químicos necessários para remover a lignina durante o processo de

polpação do papel são severos e dispendiosos consumindo grande quantidade de

energia, sendo também ambientalmente hostil (Boudet e Grima-Pettenati, 1996;

Whetten e Sederoff, 1991).

A lignina é biosintetizada pela polimerização enzimática dos álcoois 4-

hidroxicinamílico, 4-hidroxi-3-metoxicinamílico e 4-hidroxi-3,5-dimetoxicinamílico

sendo estes precursores das unidades fenilpropanóides p-hidroxifenila (H), guaiacila

(G) e siringila (S), respectivamente, ligadas por ligações C–C e ligações éteres

(Figura 1.3) (Ralph et al., 1998; Baucher et al., 2003).

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13

CH2OH

OH

Álcool p-coumarílico

Transporte

OH

Polimerização

Resíduop-hidroxifenila

(H)

CH2OH

OH

OCH3

Álcool coniferílico

Transporte

OHOCH3

Polimerização

Resíduoguaiacila

(G)

OHOCH3H3CO

Resíduosiringila

(S)

Polímero de lignina

CH2OH

OH

OCH3H3CO

Álcool sinapílico

Transporte

Polimerização

Monolignóis

Figura 1.3. Origem das unidades monoméricas formadoras de ligninas.

O processo de lignificação inicia-se no citoplasma da célula vegetal, onde a

unidade monomérica liga-se a uma enzima glicosil-transferase e atravessa a

membrana plasmática sendo liberada pela enzima β-glicosidase. Desta forma, esta

unidade monomérica se liga a outra unidade num acoplamento oxidativo sob a ação

de uma enzima peroxidase (Figura 1.4) (Abreu et al.,1999, Yamauchi et al., 2003).

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Figura 1.4. Formação da lignina a partir de precursores monoméricos.

Os acoplamentos oxidativos ocorrentes entre os monômeros vão dar origem

às mais variadas formas de esqueletos básicos, como: 8-O-4’, 5-5’, 5-O-4’, 8-8’, 8-1’,

8-5’, 3-O-4’, 7-1’, 1-5’ e 2-O-3’ (Figura 1.5) (Higuchi, 1990; Campbell e Sederoff,

1996; Ralph et al., 1998; Boerjan et al., 2003).

As variações na estrutura da lignina e na composição monomérica,

dependente da espécie da planta, origem citológica, condições do crescimento, e

estágio do desenvolvimento, foram reconhecidas e descritas como a

heterogeneidade da lignina (Fengel e Wegener, 1984; Aloni et al., 1990; Campbell e

Sederoff, 1996).

R2

OH

OH

R1

R2 O G l

O H

R1 R2

O Gl

OH

R1

R2

O H

OH

R1

Lignina

MEMBRA NA

PLA SMÁTICA

PA RE DECELULA RCITOPLA SMA

Vacúolos

glicosil- transferase β-glicosidade

peroxidades

R1, R2 = OMe Gl = glicose

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15

OMe

OMe

OH

OH

OH

OH

O

OH

OH

OOMe

OMe

OOMe

OMeOH

OHO

OMe

OMe

OH

OH

OH

MeOOH

OOMe

OMeMeO

OH

OH

8-8'

8-O-4'

5-5' 5-O-4'

8-5' (7-O-4' ) 8-1'

Figura 1.5. Principais tipos de ligações entre as unidades monoméricas guaiacílicas

formadoras de lignina (Boerjan et al., 2003).

A mais complexa lignina é do tipo HGS e são tipicamente de gramíneas,

enquanto ligninas do tipo GS são encontradas em angiospermas ou madeira dura

(“hardwood”) e ligninas do tipo G são características de gimnospermas ou madeira

mole (“softwood”) (Figura 1.6) (Baucher et al., 2003; Dixon et al., 2001).

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16

Figura 1.6. Representação parcial de uma lignina de madeira macia (“softwood”)

(Brunow, 1993).

A redução da quantidade ou a mudança da qualidade da lignina em árvores

poderá trazer benefícios econômicos e ambientais. Também, o decréscimo da

lignina em forrageiras facilitará a digestibilidade para ruminantes (Akin e Chesson,

1989).

A baixa digestibilidade da lignina está associada à elevada concentração da

mesma à medida que a planta amadurece; isto tem levado a presumir que a lignina é

o principal fator causador do baixo valor nutritivo das plantas forrageiras maduras

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(Jung e Fahey Jr., 1983; Albrecht et al., 1987; Jung et al., 1999). Algumas das

razões para explicar a natureza da lignina são: sua estrutura compacta e

insolubilidade na água; o arcabouço rígido devido às várias ligações covalentes

entre os átomos de carbono e as ligações do tipo éter; diferentemente de outros

polímeros naturais, a lignina possui diversas formas de conexões intermonoméricas

(Boerjan et al., 2003; Higuchi, 1990; Monties,1989).

Gordon (1975) citou que a lignina de leguminosas aparentemente possui a

estrutura mais condensada, sendo portanto, potencialmente menos reativa que a

ligninas de gramíneas. Fukushima et al. (1991) sugeriram que a inibição da digestão

da celulose de alfafa poderia ser resultante da ligação química entre a lignina e os

polissacarídeos estruturais ou da encrustação física.

Há um grande interesse na modificação genética da biossíntese de lignina

através da biologia molecular para muitas finalidades, incluindo a melhoria da

degradabilidade da parede celular (Inoue et al., 1998; Pinçon et al., 2001)

A degradação da lignina é frequentemente parcial para a lignina condensada

pelas inter-unidades C-C que são especialmente recalcitrantes, e a alteração

química dos produtos derivados de lignina ocorrem em considerável extensão,

produzindo, por exemplo, produtos de condensação, oxidação, adição e substiuição.

No entanto, a combinação de métodos tem sido usada para obter informações reais

na estrutura da lignina. Diferentes métodos histoquímicos, químicos e

espectroscópicos têm sido desenvolvidos para investigar o conteúdo e a composição

da lignina (Monties,1989) .

O estudo das ligninas em espécies vegetais compreende, principalmente,

métodos de degradação dos polímeros em suas unidades monoméricas e diméricas,

seguidos por análise qualitativa e quantitativa do produto degradado.

Os métodos de degradação consistem no rompimento de ligações lábeis C-C

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18

e C-O que unem as unidades mono e/ou diméricas e podem ser tanto químicos

quanto biológicos. Os métodos de degradação química compreendem a degradação

de Björkman (Björkman, 1956) seguida de acetilação e redução dos produtos

formados, a acidólise (Sarkanen e Ludwig, 1971), que sendo substituído cada vez

mais freqüentemente tioacidólise (Lapierre et al., 1986) e oxidações com

nitrobenzeno alcalino (Billa et al., 1996), com óxido cúprico alcalino ou

permanganato (Chen, 1988), além de técnicas mais recentes como a degradação

por radiação ou pirólise seguida de análise por CG/EM (Zunic et al., 1992). Os

métodos biológicos utilizam fungos e microrganismos para a degradação das

ligninas, como pode ser constatado nos trabalhos de Gillardi et al (1995) e Kawai et

al (1995).

A análise de ligninas é feita por métodos como espectroscopia na região do

IV, CG/EM, CLAE, RMN em solução ou em estado sólido além de novas técnicas

que estão sendo aperfeiçoadas para esta modalidade como cromatografia por

exclusão de alta eficiência (CEAE) (Thring et al., 1990) e eletroforese capilar (EC)

(Masselter et al., 1995).

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19

2. Objetivos

Estudos químicos realizados em muitas espécies de Piper, incluindo P.

richardiaefolium que foi um dos focos deste trabalho, mostraram que elas acumulam

lignanas com diferentes padrões de substituições em seus anéis aromáticos

(Benevides et al., 1999; Martins et al., 2000). Estes compostos, assim como as

ligninas, são derivados de fenilpropanóides e são sintetizados pela planta pela via do

ácido chiquímico (Sarkanen e Ludwig, 1971).

O estudo das ligninas das espécies P. regnellii, P. solmsianum, P. aducum, P.

malacophyllum, P. cernuum e P. richardiaefolium teve como objetivos a comparação

entre os resíduos obtidos das ligninas com as estruturas das lignanas acumuladas e

estabelecer uma conexão entre ambos produtos originados da via fenilpropanoídica.

Espera-se assim obter dados que contribuam para o posicionamento taxonômico e

evolutivo das espécies de Piper.

Dentre muitas variedades de espécies de plantas existentes no reino vegetal

várias espécies possuem morfologias semelhantes e diferindo apenas em poucos

aspectos. Pôde-se observar, ao longo do trabalho, que a espécie P. richardiaefolium,

juntamente com P. truncatum, P. cernuum e P. pseudopothifolium cultivadas na casa

de vegetação Laboratório de Química de Produtos Naturais do IQ-USP, se

enquadram no caso supracitado, onde se observou entre elas uma variação no

tamanho das folhas, porte da planta e até mesmo a presença de pêlos em algumas

enquanto em outras essa característica era ausente.

Desta forma, objetivou-se verificar, como essas espécies se posicionavam

entre si, no que diz respeito aos constituintes químicos de cada espécie. Para este

estudo, realizou-se a análise de componentes principais (PCA) através dos

espectros de RMN de 1H.

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20

3. Parte Experimental

3.1. Materiais e equipamentos

Os solventes utilizados nas extrações e nas eluições das colunas

cromatográficas foram devidamente tratados e destilados segundo os procedimentos

usuais (Perrim e Armarego, 1998). Para as análises cromatográficas em CLAE foram

utilizados solventes de grau cromatográfico (Tedia S/A).

Para as colunas cromatográficas abertas foram utilizadas sílica gel do tipo 60,

partículas 63-200 µm.

As placas de CCDP foram confeccionadas utilizando-se sílica 60G e/ou

60GF254 (5-40 µm). Estas placas foram preparadas aplicando-se uma suspensão de

sílica gel em água destilada sobre placas de vidro, utilizando-se um espalhador

“Quickfit”, regulado para produzir camadas de 1,00 mm de espessura. Para CCDC,

foram utilizadas placas comerciais de sílica gel 60 F254 para cromatografia de

camada fina, sobre suporte de alumínio.

As placas de CCDC foram reveladas com aspersão de solução a 2% de

sulfato cérico em ácido sulfúrico (2 mol.L-1) sobre as mesmas, após terem sido

observadas sob luz ultravioleta (254 e 365 nm) e, em placas preparativas, através de

visualização no ultravioleta (254 e 365 nm).

As análises em CLAE foram obtidas em sistemas da Shimadzu que consistiu

de duas bombas analíticas modelo LC-10AD, conectadas a um detector de

ultravioleta modelo SPD-10A, controlados por um módulo de comunicação CBM-10A

e tratados pelo programa de computador LC-10, utilizando coluna analítica de fase

reversa C18 (Phenomenex®, 250 x 4,6 mm, 5 µm) para análise das substâncias

isoladas de P. richardiaefolium e uma coluna Supelcosil LC-18 (250 x 4,6 mm, 5 µm)

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Supelco, para a determinação dos produtos de oxidação por nitrobenzeno das

ligninas de Piper.

Os espectros de RMN de 1H (200 MHz) e RMN de 13C (50 MHz e 75 MHz)

foram obtidos em espectrômetro Bruker AC 200 e Varian 300. As amostras foram

dissolvidas em CDCl3 deuterado e DMSO deuterado.

Os espectros de IV foram registrados em aparelho FT-IR 1750, Nicolte Perkin-

Elmer.

Os espectros de massas foram registrados em espectrômetro de massas de

baixa resolução Hewlett-Packard, Finnigan operando em modo de ionização por

impacto de elétrons (70 eV) e Platform operando no modo electrospray (4 kV).

Para análise do óleo volátil de folhas de P. richardiaefolium foi utilizado um

cromatógrafo Focus GC da marca THERMO, uma columa (OV-5, 300 x 0.20 mm),

um detector por ionização em chama, tendo o Hélio como gás carreador e a

programação da temperatura de 60 a 240 ºC, com um aquecimento de 3 ºC/minuto.

Temperatura do detector de 280 ºC e do injetor de 260 ºC.

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22

3.2. Estudo químico das folhas e frutos de Piper richardiaefolium

3.2.1. Coleta do material vegetal

O material vegetal (caule, folhas e frutos) da espécie P. richardiaefolium (K-

350) foi coletado na reserva do Núcleo de Picinguaba, no município de Ubatuba-SP.

A classificação taxonômica da espécie P. richardiaefolium foi feita pela Dra.

Elsie Franklin Guimarães (Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de

Janeiro).

3.2.2. Obtenção dos extratos

As folhas e frutos foram secos ao ar livre e depois em estufa a temperatura de

50 ºC. As folhas secas foram moídas em moinho de facas sendo obtidos 68,0 g e

46,0 g de material seco das folhas e frutos, respectivamente. Este material foi

extraído três vezes, por 24 horas, com diclorometano:metanol (2:1). Após a

extração, os solventes foram concentrados à pressão reduzida, em evaporador

rotatório, sendo obtidos 8,0 g de extrato bruto das folhas e 6,0 g de extrato bruto dos

frutos.

3.2.3. Eliminação da clorofila

Cerca de 8,0 g de extrato em diclorometano:metanol (2:1) das folhas de P.

richardiaefolium foi dissolvido em metanol e em seguida foi adicionado 20% de água

destilada, provocando a precipitação da clorofila. Este material foi submetido a uma

coluna filtrante de celite compactada a vácuo (Barata,1978). Foram acrescidas três

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soluções contendo 85%, 100% de MeOH e Acetona sucessivamente, obtendo assim

quatro frações de 400 mL. As frações obtidas foram concentradas em evaporador

rotatório para eliminar o máximo dos solventes orgânicos e, em seguida, submetidas

a partições sucessivas com diclorometano. As frações orgânicas obtidas neste

processo foram secas com sulfato de sódio anidro e em seguida os solventes foram

evaporados à pressão reduzida em evaporador rotatório (Figura 3.1).

Figura 3.1. Fluxograma do fracionamento cromatográfico do extrato das folhas de P.

richardiaefolium.

3.2.4. Fracionamento cromatográfico das folhas de Piper richardiaefolium

De modo geral, o método utilizado para a separação de substâncias de baixa

e média polaridade foi a cromatográfica de adsorção em sílica gel e cromatografia

em camada delgada preparativa (CCDP). As separações foram monitoradas por

CCDC. O fracionamento cromatográfico foi realizado por uma coluna cromatográfica

utlizando-se hexano/EtOAc da fração B, obtida após tratamento do extrato com

celite.

As frações A, C e D foram desprezadas por apresentarem um perfil em CCDC

e espectro de RMN de 1H compatível com a presença de substâncias alifáticas.

Celite

MeOH : H2O

Extrato bruto das

folhas 8 g

80% MeOH

58 mg (A)

100% MeOH

440 mg (C)

85% MeOH

2.5 g (B)

Acetona

117 mg (D)

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A fração B inicialmente foi submetida a uma separação cromatográfica em

coluna empacotada com sílica gel 60 (63-200 µm) a vácuo eluída com mistura de

solventes em gradiente de polaridade (hexano/EtOAc)(Figura 3.2).

Figura 3.2. Fluxograma do fracionamento cromatográfico da fração B obtida após

tratamento com celite do extrato das folhas de P. richardiaefolium.

As subfrações resultantes da coluna foram agrupadas (figura 3.2) e o grupo 2

foi submetido a uma nova separação cromatográfica utilizando-se o mesmo método

usado na fração B, resultando em 19 frações. Algumas frações foram submetidas à

cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP) resultando no isolamento de

1 (sesamina), 2 (kobusina), 3 (hinokinina), 4 (kusunokinina) e 5 (cubebina) (Figura

3.3).

Coluna

Hexano/EtOAc

Fração B

2.5 g

Grupo 1

7,5 mg

1-6

Grupo 2

474 mg

7-8

Grupo 3

580 mg

9

Grupo 4

553 mg

10-11

Grupo 5

36 mg

12

Grupo 6

22 mg

13-17 18-22

Grupo 7

9 mg

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Figura 3.3. Fluxograma do fracionamento cromatográfico do grupo 2.

Do grupo 3 foi feita uma recristalização obtendo 180 mg do composto 5

(cubebina).

O grupo 4 foi submetido a uma nova separação cromatográfica utilizando o

mesmo método usado na fração B, que resultou em 32 frações. Algumas frações

foram submetidas à cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP) ou

recristalização resultando no isolamento dos compostos 4 (kusunokinina), 5

(cubebina) e 6 (3’,4’,dimetoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina) (Figura 3.4).

CCDP

CHCl3/Acetona (95:5) CCDP

CHCl3/Acetona (97:3)

CCDP Hexano:

EtOAc (4:1)

Coluna

Hexano/ EtOAc

Grupo 2

474 mg

3 (37 mg)

3 (23mg)

1 (4 mg)

1-4

73 mg

5

47 mg

6 – 7

107 mg

8

9 mg

9 – 12

184 mg

13 – 19

45 mg

4 (11mg)

5 (85 mg)

2 (7 mg)

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Figura 3.4. Fluxograma do fracionamento cromatográfico do grupo 4.

Dos grupos 5 e 6 foram feitas placas preparativas utilizando um sistema

hexano/acetato (4:1) que originaram as lignanas 6 (3’,4’,dimetoxi-3,4-

desmetilenodioxicubebina) e 7 (arctigenina) (Figura 3.5).

Figura 3.5. Fluxograma do fracionamento cromatográfico dos grupos 5 e 6.

Coluna

Hexano/EtOAc

Recrist.

Hexano

Recrist.

Hexano

CCDP

CHCl3: acetona

(95:5)

Grupo 4

553 mg

1-7

30 mg

14-24

20 mg

25-27

20 mg

5 7 mg

8-10

70 mg

11-13

30 mg

5 9,3 mg

4 12 mg

28-30

207mg

6 69 mg

31

40 mg

6 46 mg

32

34 mg

CCDP

CHCl3: acetona

(95:5)

Grupo 5 e 6

58 mg

7 18 mg

6 6 mg

CCDP

CHCl3: acetona

(9:1)

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3.2.5. Fracionamento cromatográfico dos frutos de Piper richardiaefolium

O extrato bruto dos frutos inicialmente foi submetido a uma separação

cromatográfica em coluna empacotada com sílica gel 60 (63-200 µm) a vácuo eluída

com mistura de solventes em gradiente de polaridade (hexano/EtOAc) (Figura 3.6).

Figura 3.6. Fluxograma do fracionamento cromatográfico dos frutos de P. richardiaefolium.

As subfrações resultantes da coluna foram agrupadas (figura 9) e o grupo A

foi submetido a uma nova separação cromatográfica utilizando-se uma eluição

isocrática com clorofórmio/acetona (95/5) como fase móvel sendo obtidas 11

frações. Através da cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP) isolou-se

os compostos 3 (hinokinina), 5 (cubebina), 8 (ferulato de bornila) e 9 (cumarato de

bornila) (Figura 3.7).

Coluna

Hexano/EtOAc

Extrato bruto

0,8 g

A

280 mg

1-7

B

72 mg

8-12

C

7 mg

13

D

6,2 mg

14

E

70 mg

15-17 18-20

F

62 mg

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Figura 3.7. Fluxograma do fracionamento cromatográfico do grupo A.

O grupo B foi submetido a uma separação cromatográfica utilizando-se a

cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP) que levou ao isolamento dos

compostos 5 (cubebina) e 10 (haplomirfolina) e uma mistura de 3 (hinokinna) e 4

(kusunokinina) (Figura 3.8).

Figura 3.8. Fluxograma do fracionamento cromatográfico do grupo B.

Coluna

CHCl3/acetona 5%

Grupo A

280 mg

1-4

7,6 mg

CCDP

Hexano: EtOAc

(4:1)

3 29 mg

8 20 mg

5

66,8 mg

6

125,7 mg

10

4,6 mg

11

7,9 mg

7-9

62,5 mg

CCDP

CHCl3/acetona

5%

9 27 mg

8 16 mg

5 26 mg

CCDP

Hexano: EtOAc

(4:1)

CCDP

CHCl3/acetona 5%

Grupo B

72,4 mg

5 24 mg

3 e 4 7 mg

10 4 mg

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Os grupos E e F foram também submetidos a uma separação cromatográfica

utilizando a cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP) utilizando um

sistema hexano/acetato (4:1), eluída por seis vezes, levando à mistura dos

compostos 11 (piplartina) e 12 (diidropiplartina) com uma massa de 73 mg.

3.2.6. Análise via CLAE

A análise por CLAE foi obtida utilizando-se uma coluna analítica de fase

reversa C18 (Phenomenex®, 250 x 4,6 mm, 5 µm). A fase móvel utilizada foi ACN e

água Milli-Q com um fluxo de 1 mL.min-1. Foi utilizado um gradiente, no qual, de 0 a

8 min, a concentração de ACN foi mantida a 40%, de 8 a 40 min, a porcentagem de

ACN passa de 40 a 100% e mantida nesta concentração até 45 min, em 45 min volta

à condição inicial, sendo mantida até 55 min. A detecção foi por ultravioleta no

comprimento de onda de 270 nm.

As amostras foram dissolvidas em MeOH e filtradas com filtros para seringa

de teflon (3 mm, 20 µm).

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3.2.7. Dados espectrométricos e propriedades físicas dos compostos

identificados em Piper richardiaefolium (Piperaceae)

(+)-sesamina

O

O

O

O

O

O

HH

(7S,8R,7’S,8’R)-3,4,3’,4’-dimetilenodioxi-8.8’,7.O.9’,9.O.7’-lignana

Característica: Óleo viscoso, tR (CLAE): 21,35 min.

[α]25D = + 38,6º ( c. 0,2 g/100ml – CHCl3)

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.2, pág. 58; Figura 4.4, pág. 60

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.3, pág. 59; Figura 4.5, pág. 60

(+)-kobusina

O

OO

O

HH

OMe

OMe

(7S,8R,7’S,8’R)-3,4 -metilenodioxi-3’,4’-dimetóxi-8.8’,7.O.9’,9.O.7’-lignana

Característica: Óleo viscoso, tR (CLAE): 16,72 min.

[α]25D = + 112,6º ( c. 0,4 g/100ml – CHCl3)

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.2, pág. 58; Figura 4.6, pág. 61

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.3, pág. 59; Figura 4.7, pág. 61

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(-)-hinokinina

O

O

O

O

O

H

H

O

(8R,8’R)-3,4, 3’,4’ -dimetilenodióxi-9-oxo-8.8’,9.O.9’-lignana

Característica: Óleo viscoso tR (CLAE): 27,83 min.

[α]25D = - 42,5º ( c. 0,8 g/100ml – CHCl3)

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.4, pág. 66; Figura 4.9, pág. 68

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.5, pág. 67; Figura 4.10, pág. 68

(-)-kusunokinina

O

O

O

H

H

OMe

OMe

O

(8R,8’R)- 3,4 -metilenodióxi-3’,4’-dimetóxi-9-oxo-8.8’,9.O.9’-lignana

Característica: Óleo viscoso, tR (CLAE): 24,99 min.

[α]25D = - 38,6º ( c. 0,6 g/100ml – CHCl3)

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.4, pág. 66; Figura 4.11, pág. 69

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.5, pág. 67; Figura 4.12, pág. 69

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(+)-arctigenina

O

H

H

OMe

OMe

MeO

OH

O

(8R,8’R)- 3-metóxi-4-hidróxi-3’,4’-dimetóxi-9-oxo-8.8’,9.O.9’-lignana

Característica: Óleo viscoso, tR (CLAE): 17,89 min.

[α]25D = + 108º ( c. 1,2 g/100ml – CHCl3)

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.4, pág. 66; Figura 4.13, pág. 70

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.5, pág. 67; Figura 4.14, pág. 70

(+)-haplomirfolina

O

O

O

H

H

MeO

OH

O

(8R,8’R)- 3,4-metilenodioxi-3’-metoxi-4’-hidroxi-9-oxo-8.8’,9.O.9’-lignana

Característica: Óleo viscoso, tR (CLAE): 21,54 min.

[α]25D = +80º ( c. 0,6 g/100ml – CHCl3)

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.4, pág. 66; Figura 4.15, pág. 71

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.5, pág. 67; Figura 4.16, pág. 71

EM, m/z (int. rel.): 356 (M+ C20H20O6,16), 164 (6), 137 (39), 135 (100), 94 (8), 77 (28),

51 (13). Figuras 4.17 e 4.18, pág. 72

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33

cubebina

O

O

O

O

O

H

H

OH

(8R,8’R)- 9-hidroxi-3,4,3’,4’-dimetilenodioxi-8.8’,9.O.9’-lignana

Característica: sólido branco, tR (CLAE): 24,00 min.

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.6, pág. 76; Figura 4.20, pág. 78

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.7, pág.77 ; Figura 4.21, pág. 78

3’,4’-dimetoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina

O

O

O

H

H

OMe

OMe

OH

(8R,8’R)- 9-hidróxi-3,4 -metilenodioxi-3’,4’-dimetóxi-8.8’,9.O.9’-lignana

Característica: sólido branco, tR (CLAE): 20,15 min.

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.6, pág. 76; Figura 4.22, pág. 79

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.7, pág. 77; Figura 4.23, pág. 79

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34

ferulato de bornila

O

O

OH

OMe

(E)-(1R,2R,4S)-1,7,7-trimetilbiciclo[2.2.1]heptan-2-il)-3-(4-hidroxi-3-metoxifenil)acrilato

Característica: óleo incolor, tR (CLAE): 35,82 min.

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.8, pág. 84; Figura 4.25, pág. 86

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.9, pág. 85; Figura 4.26, pág. 86

EM, m/z (int. rel.): 330 (M+ C20H26O4, 3),177 (100), 145 (16), 134 (5), 117 (6), 89 (7),

69(9), 55 (9), 41 (17). Figuras 4.29, pág. 88; 4.31, pág. 89.

cumarato de bornila

O

O

OH

(E)-(1R,2R,4S)-1,7,7-trimetilbiciclo[2.2.1]heptan-2-il)-3-(4-hidroxifenil)acrilato

Característica: óleo incolor, tR (CLAE): 35,18 min.

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.8, pág. 84; Figura 4.27, pág. 87

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.9, pág. 85; Figura 4.28, pág. 87

EM, m/z (int. rel.): 300 (M+ C19H23O3, 3), 147 (100), 119 (8), 91 (12), 65 (6), 41 (13)

Figuras 4.30, pág. 88; 4.31, pág. 89.

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35

piplartina

OMe

MeO

MeON

O O

N-(3’,4’,5’-trimetoxicinamoil)-∆3-piperidin-2-ona

Característica: sólido branco, tR (CLAE): 20,43 min.

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.10, pág. 92; Figura 4.33, pág. 94

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.11, pág. 93; Figura 4.34, pág. 94

EM, m/z (int. rel.): 317 (M+ C17H19O5), 274(22), 190 (26), 205 (17) e 221 (100)

Figuras 4.35, pág. 95; 4.37, pág. 96.

diidropiplartina

OMe

MeO

MeON

O O

N-(3’,4’,5’-trimetoxidiidrocinamoil)-∆3-piperidin-2-ona

Característica: sólido branco, tR (CLAE): 19,32 min.

RMN de 1H (200 MHz, CDCl3): Tabela 4.10, pág. 92; Figura 4.33, pág. 94

RMN de 13C (50 MHz, CDCl3): Tabela 4.11, pág. 93; Figura 4.34, pág. 94

EM, m/z (int. rel.): 319 (M+ C17H21O5), 222 (97), 194 (53), 207 (23), 151 (21), 98 (31),

136 (21) e 170 (100). Figuras 4.36, pág. 95; 4.37, pág. 96.

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36

3.3. Análise do óleo volátil das folhas de Piper richardiaefolium

3.3.1. Extração do óleo volátil

Cerca de 100g das folhas da planta foram submetidas à hidrodestilação por 2

horas em um aparelho de Clevenger. O óleo obtido foi recolhido, pesado e uma

alíquota foi dissolvida em hexano para análise em CG e CG-EM.

3.3.2. Análise do óleo volátil

Para a identificação dos constituintes químicos utilizou-se o cálculo do índice

de retenção de Kovats (IK), que utiliza uma série homóloga de alcanos de

concentração conhecida, cujos tempos de retenção na análise cromatográfica a gás

são comparados aos dos componentes do óleo. A série de hidrocarbonetos (C8-C23)

foi analisada nas mesmas condições que o óleo volátil (Figura 3.9).

Minutes

0 10 20 30 40 50 60

mA

U

500

1000

1500

mA

U

500

1000

1500

8,10

7,54

7,43

6,37

5,55

5,43

5,20

10,7

7

5,81

4,87 5,46

5,26 6,

35

5,37

5,57

4,93

Focus GC-FIDpadroes c8 c23Apadroesc8c23 29 10A.dat

Area Percent

Figura 3.9. Cromatograma, obtido por CG, da série homóloga de alcanos.

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37

3.4. Análise de componentes principais (PCA) de algumas espécies de

piperaceae

Para este trabalho foram escolhidos 11 espécies de Piperaceae, incluindo P.

richardiaefolium, P. truncatum, P. cernuum, P. pseudopothifolium (Tabela 3.1). De

cada espécie foi colhida uma amostra e feita uma extração a frio, por 24 horas,

utilizando-se metanol como solvente. O extrato foi concentrado em evaporador

rotatório para eliminação do solvente. Retirou-se cerca de 20 mg de cada extrato

que foi dissolvido em clorofórmio deuterado (CDCl3). Foram obtidos os espectros de

RMN de 1H de cada amostra (figura 3.12), como mostra o exemplo da figura 3.10 e

através de seus respectivos FIDs foi feito a análise de componentes principais.

Cada espectro de RMN de 1H foi reduzido a 221 regiões de mesma faixa, de

0,04 ppm cada, usando-se o programa Mestre-C (versão 4.9.9.6 Mestrelab

Research, Santiago de Compostela, Espanha). As integrais foram obtidas para cada

uma das 221 regiões como representado na figura 3.11. As regiões contendo o (0 a

0,4 ppm), o material alifático (1,16 a 1,52 ppm), e os resíduos de clorofórmio (7,0 a

7,4 ppm) foram excluídas de cada espectro. Os espectros foram exportados em

arquivo no formato ASCII. A série de dados foi submetida a análises de “cluster”

utilizando o software Statistica versão 7.0 (Statsoft., Inc) e, posteriormente, a análise

de componentes principais, utilizando o software The Unscrambler versão 9.5

(CAMO Process AS, Noruega).

A base da análise de “clusters” é o cálculo das distâncias entre objetos em um

espaço multidimensional usando uma equação como a expressa na equação 1

(distância Euclidiana) (Linvingstone, 1995).

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38

( )

−= ∑

= Nk

kjkiij ddd,1

2

,, Equação 1

Estas distâncias são usadas para produzir um diagrama conhecido como

dendrograma, o qual permite identificar os grupos de objetos similares. Existem

diferentes abordagens para medir as distâncias entre os grupos, neste estudo

utilizamos distância Euclidiana e acoplamento médio (“average linkage”).

A análise de componentes principais (PCA) (Wold et al., 1987) é uma

ferramenta satisfatória para uma análise de dados com muitas variáveis. É utilizado

em diversos campos da ciência. O PCA tem duas características principais

(Linvingstone, 1999).

O primeiro componente principal explica o máximo de variância na série de

dados, e os componentes subseqüentes descrevem o máximo da parte restante da

variância não explicada. Todos os componentes são ortogonais entre si.

O PCA é muito empregado nas análises de “fingerprints” de metabólitos

(Bailey et al., 2003; Defenez e Colquhoun, 2003; Lindon et al., 2001). Podendo

sumarizar a informação contida em grandes quantidades de dados espectrais,

transformando como mencionado anteriormente às variáveis originais em uma série

muito menor de variáveis (componentes). Estas novas variáveis são as combinações

das variáveis originais, explicando a maior variância possível e removendo as

redundâncias existentes.

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39

Tabela 3.1. Espécies de Piper analisadas.

Número de coleta Data de Coleta Espécies de Piper Procedência

Kato 112 16/12/2000 P. truncatum Pousada do Riacho Grande, Iporanga

(SP)

Kato 137 21/02/2001 P. cernuum Núcleo Picinguaba, Ubatuba (SP)

Kato 211 10/02/2002 P. pseudopothifolium Parque Nacional do Itatiaia, Itatiaia (RJ)

Kato 290 01/09/2002 P. richardiaefolium Trilha do Corcovado, Ubatuba (SP)

Kato 350 08/02/2003 P. richardiaefolium Camburí, Ubatuba, (SP)

Kato 593 10/06/2005 P. richardiaefoliun São Lourenço, Santa Teresa (ES)

Kato 597 10/06/2005 P. truncatum Projeto Muriqui, Sta. M. do Jequitibá

(ES)

Kato 598 10/06/2005 P. pseudopothifolium Projeto Muriqui, Sta. M. do Jequitibá

(ES)

Kato 610 11/06/2005 P. richardiaefolium Reserva A. Ruschi, divisa com Goipaba-

açú (ES)

Kato 616 11/06/2005 P. truncatum Reserva A. Ruschi, Santa Tereza (ES)

Kato 854 08/02/2007 P. richardiaefolium Parque Previdência, São Paulo (SP)

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40

Figura 3.10. Espectro de RMN de 1H de Piper richardiaefolium (k-290).

Figura 3.11. Exemplo de redução dos dados de um espectro de RMN de 1H em regiões

espectrais de mesmo tamanho (ppm) e os valores respectivos das integrais de

cada região.

(ppm)

0.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.5

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(ppm)

0.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.5 Figura 3.12. Espectro de RMN de 1H de P. truncatum (k 616) (A), P. pseudopothifolium (k

598) (B), P. pseudopothifolium (k 211) (C), P. truncatum (k 112) (D), P.

truncatum (k 597) (E), P. cernuum (k 137) (F), P. richardiaefolium (k 350) (G), P. richardiaefolium (k 290) (H), P. richardiaefolium (k 854) (I), P.

richardiaefolium (k 610) (J), P. richardiaefolium (k 593) (K).

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

K

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42

3.5. Estudo de lignina de Piper

3.5.1. Coleta do material vegetal

O material vegetal (caule das espécies vegetais Piper solmsianum e Piper

regnellii, Piper aduncum, Piper malacophyllum e Piper cernuum) foi coletado na área

de cultivo situada entre os blocos 11 e 12 do Instituto de Química da Universidade

de São Paulo, no mês de setembro de 2002 (figura 3.13) e o material vegetal (caule,

folhas e frutos) da espécie P. richardiaefolium (K 350) foi coletado na reserva do

Núcleo de Picinguaba no município de Ubatuba-SP.

Figura 3.22. Fotos das espécies escolhidas para o estudo

Figura 3.13. Espécies escolhidas para o estudo de lignina.

OO

MeO

OMe

Piper aduncum

dilapiol

OH

O

OMe

MeO

ác. 3,4-dimetoxidiidroxinâmico

Piper cernuum

OO

MeO

MeO

Piper malacophyllum

piperolídeos (E/Z)

O

OHH

H

O

O

OO

cubebina

Piper richardiaefolium

O

OH conocarpano

Piper regnellii

OOMe

OMe

OMe

MeO

MeO

MeO

grandisina

Piper solmsianum

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3.5.2. Processamento do material vegetal

O caule foi seco ao ar livre por 60 dias, em estufa a temperatura de 60ºC por

3 dias e triturado em moinho de facas (Esquema 1).

Figura 3.14. Fluxograma do estudo das ligninas de espécies de Piperaceae.

IV Extração de Björkman Extração de

Klason

Acetilação

RMN1H

IV

RMN 13C e Análise quantitativa

Pó IV

Oxidação por nitrobenzeno

CLAE

RMN13C

RMN13C

Coleta, secagem e moagem

Caule da Planta

RMN1H

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3.5.3. Extração e isolamento de ligninas dos caules de Piper

Os materiais secos e triturados foram submetidos à extração com acetona em

extrator de soxlet por 6 horas e posterior extração com água também em extrator de

soxlet. O resíduo sólido resultante foi extraído com solução aquosa de NaOH 1% e,

em seguida, seco em estufa a 40o C por 2 dias até peso constante.

3.5.4. Extração de ligninas insolúveis de Klason

Os caules triturados das duas espécies foram submetidos ao procedimento de

extração de ligninas insolúveis de Klason (Klason, 1923).

A metodologia de obtenção deste tipo de ligninas (Figura 3.15) consistiu na

adição de 100 mL de etanol 95% a 2,1 g de cada amostra e agitação da mistura por

um período de 4 horas. Em seguida, o material foi filtrado e ao retido adicionou-se

100 mL de etanol/tolueno 2:1. A mistura foi agitada por 3 horas. A solução foi filtrada

e o retido foi submetido à extração com água quente por 3 horas e posterior refluxo

com H2S04 72% por 4 horas.

A mistura reacional foi filtrada e o resíduo sólido amorfo de coloração marrom

foi submetido à secagem em estufa a 105o C por 24 horas. Este resíduo

corresponde às ligninas insolúveis de Klason.

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45

Figura 3.15. Procedimento de extração das ligninas de Klason.

Caule triturado

Etanol 95% (4h)

Filtração

Filtrado

Resíduo

Resíduo Filtrado

Etanol/Tolueno 2:1 (4h) Filtração

Água quente (3h). Ácido sulfúrico a 72%em refluxo (4h). Filtração.

Resíduo Filtrado

Ligninas insolúveis de Klason

Secagem a 105o C (24h)

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3.5.5. Extração de ligninas solúveis de Björkman

Cerca de 250 g do material desprovido de materiais solúveis em acetona e

em NaOH a 1%, foi triturado em um moinho de bolas por um período de 150 horas,

como recomenda o processo original (Björkman, 1956). Após a moagem 100 g de

madeira moída foi transferida para um recipiente contendo aproximadamente 800

mL de dioxano/H2O (95:5) e mantida sob agitação ininterrupta durante 96 horas. Em

seguida, a solução foi filtrada e concentrada sob vácuo até eliminação do solvente.

O resíduo foi dissolvido em 100 mL de ácido acético 90% à temperatura ambiente e

depois precipitado em éter etílico. O precipitado foi filtrado e lavado com éter etílico

e, em seguida, com éter de petróleo e seco sob vácuo. (Figura 3.16).

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47

Figura 3.16. Procedimento de extração das ligninas de Bjorkman.

1. Ácido acético 90% 2. Precipitação com éter etilico 3. Filtração 4. Lavagem com éter etílico 5. Lavagem com eter de petróleo

Caule moído

Dioxano/água 95:5

Filtração

Torta Solução de lignina e dioxano/água

Lignina I

Destilação a vácuo

Lignina de Bjorkman

Secagem a vácuo

Caule triturado a 100 mesh sem extrativos

Moagem em moinho

de bolas

Filtrado Resíduo

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3.5.6. Acetilação de ligninas

Cerca de 50 mg das ligninas foram submetidas à acetilação com anidrido

acético em piridina (1:1), durante 48 horas sob refluxo. O material acetilado foi obtido

por precipitação em éter etílico e filtrado. O material precipitado foi lavado com éter

etílico e finalmente com éter de petróleo e seco sob vácuo. O produto acetilado foi

seco em um dessecador sob vácuo.

3.5.7. Oxidação por nitrobenzeno

Pesou-se 200 mg da amostra moída e livre de extrativos. Colocou-se a

amostra em reator de aço inoxidável e 7 mL de NaOH 2 mol.L-1 e 0,5 mL de

nitrobenzeno. Levou-se ao banho de óleo (glicerina) por 2,5 horas a 170°C, com

amostra em duplicata. Em seguida, a amostra oxidada foi transferida para um funil

de separação e extraída com clorofórmio (6 x 30 mL). Após a primeira extração

adicionou-se 2,5 mL de HCl (4mol.L-1). As fases orgânicas foram combinadas e

evaporadas. Em seguida, a amostra foi transferida a um balão volumétrico de 50 mL

e o volume foi completado com solução de acetonitrila/água (1:1 v/v). Filtrou-se em

membrana de celulose regenerada de 0,45 µm e a solução resultante foi analisada

por CLAE utilizando-se fase móvel composta de acetonitrila/água (1:6 v/v), ajustando

o pH para 2,6 com tampão de ácido trifluoracético (TFA), detecção: UV, 280 nm,

T=40°C e fluxo: 1,0 mL/minuto. Padrões de vanilina e siringaldeído (Aldrich, WI,

USA) foram usados para a quantificação dos derivados das unidades guaiacila e

siringila, respectivamente. Curvas de calibração usando os padrões de vanilina e

siringila foram obtidas nas concentrações de 0,375; 0,75; 1,125 e 1,5 mmolL-1 para

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49

vanilina, e 0,825; 1,65; 2,475 e 3,33 mmolL-1 para siringaldeido. As soluções foram

preparadas em mistura de acetonitrila/água (1:1), em pH 2,6.

3.5.8. Análise elementar

A análise elementar, com o objetivo de conhecer a composição de carbono,

hidrogênio e oxigênio das ligninas, foi realizada na Central Analítica do IQ-USP. Para

tal experimento foi utilizada a lignina original P. aduncum, P. regnellii, P.

solmsianum, P. richardiaefolium, P. cernuum e P. malacophyllum extraídas pelo

método de Björkman.

3.5.9. Determinação do conteúdo de metoxilas

As ligninas são formadas a partir de três precursores básicos, que são os

álcoois p-cumarílico, coniferílico e sinapílico.

OH

OH

OH

OMe

OH

OH

OMeMeO

OH

álcool p-cumarílico álcool coniferílico álcool sinapílico

(1) (2) (3)

As razões molares entre esses três compostos constituintes dependem do

tipo de vegetal. O composto 1 não possui metoxila, o 2 e o 3 possuem,

respectivamente, um e dois grupos metoxilas por mol. O grupo metoxílico é

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50

considerado um grupo funcional característico de ligninas e seus derivados, sendo

de grande importância a determinação do seu conteúdo na análise da

macromolécula (Sarkanen e Fengel,1984; Fengel e Wegener, 1984; Moraes, 1992).

A presença marcante dos grupos metoxílicos na maioria das unidades de

fenilpropanoides da lignina leva a que sejam expressos como parte integrante da

fórmula mínima de ligninas, a qual é baseada na unidade fenilpropanoide. A

porcentagem de metoxilas em madeiras moles varia de 12 a 16% e nas madeiras

duras de 18 a 22 %. Segundo Saliba et al., (2000), a porcentagem de metoxila para

a lignina da palha de milho é 6,67 e 1,79% para a da palha de soja.

Zeisel (1985) revisado por Pilo-Veloso et al., (1993) desenvolveu um dos

primeiros métodos para a determinação de grupos metoxílicos. Por outro lado,

Viebock e colaboradores desenvolveram uma técnica para a determinação de

metoxilas, a qual pode ser utilizada para amostras com enxofre.

Segundo Nascimento (1989), os sinais devidos a grupos metoxila são

claramente observados na região do espectro RMN de 1H compreendida entre δ =

3,5-4,0. Através da curva de integração desses sinais as metoxilas podem ser

avaliadas semiquantitativamente. A presença de grupos metoxila em ligninas pode

também ser avaliada por RMN de 13C. Esses grupos apresentam sinais de

ressonância do 13C situados na região compreendida entre δ = 55 a 57.

3.5.10. Determinação da fórmula mínima

Freudemberg e Neish (1968) desenvolveram uma série de cálculos que

permitem o estudo de fórmulas mínimas de ligninas. Os grupos metoxila são

expressos como uma unidade separada dos demais átomos de C, H e O da

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molécula. Por esta razão, subtraem-se o conteúdo de C, H e O correspondente a

metoxila do total encontrado para esses átomos.

Denominam-se Cp, Hp, e Op as porcentagens individuais dos elementos

contidos na metoxila. O conteúdo total desses elementos na macromolécula é

expresso por %C, %H e %O, as porcentagens resultantes são dadas pelas relações:

%C’ = %C – Cp

%H’ = %C – Hp

%O = %O – Op

Se essas relações são expressas em números relativos, resultantes da

divisão pelas respectivas massas (M), tem-se a fórmula mínima representada por:

Cx Hy Oz (OCH3)d

Onde : X = %C/MC, Y = %H/MH, Z = %O/MO e d = % OCH3/MOCH3

Se a fórmula mínima para a lignina for considerada como função de sua

unidade básica C6 C3 ou C9, pode ser escrita:

(Cx Hy Oz (OCH3)d)n onde X. n = 9 que, reescrita em termos de unidade C9,

resulta em C9 Hy 9/x O 9/x (OCH3)d 9/x

Substituindo x, y, z, e d na equação acima, têm-se:

Hidrogênio:

276,60 (%H) - 27,00 (%OCH3)

2,584 (%C) - % OCH3

H =

Oxigênio:

2,584 (%C) - % OCH3

17,46 (%O) - 9 (%OCH3)O =

Metoxila: OCH3 = 9 (OCH3)

2,584 (%C) - % OCH3

A partir das porcentagens de C, H e O determinadas pela análise elementar, é

possível determinar a fórmula mínima para a lignina, baseada em unidades C9.

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52

4. Resultados e discussão

4.1. Estudo químico de Piper richardiaefolium

O estudo químico da espécie P. richardiaefolium foi feito inicialmente

analisando-se os espectros de RMN de 1H e os cromatogramas obtidos por CLAE da

raiz, caule, folha e fruto. Os dois últimos foram escolhidos para este estudo devido à

predominância de substâncias de média polaridade.

4.1.1. Estudo químico das folhas e dos frutos de Piper richardiaefolium

O estudo químico das folhas de P. richardiaefolium resultou no isolamento de

sete lignanas, sendo duas lignanas furofurânicas, três lignanas

dibenzilbutirolactônicas e duas lignanas dibenzilbutirolactólicas (Figura 4.1 e Tabela

4.1).

Figura 4.1. Cromatograma obtido por CLAE das folhas de Piper richardiaefolium.

M in u te s 0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5

1

4

3

2

7

5

6

k 3 5 0 fo lh a s

D e te c to r A -2 3 2 n m

P k #

k 3 5 0 fo lh a s

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53

O estudo químico dos frutos de Piper richardiaefolium resultou na

identificação de oito compostos. Dentre eles a hinokinina, kusunokinina e a

cubebina, isoladas das folhas da mesma planta. Foram isolados e identificados

ainda outros cinco compostos, uma lignana dibenzilbutirolactônica, dois cinamatos

de bornila e duas amidas. (Figura 4.2 e Tabela 4.1).

Figura 4.2. Cromatograma obtido por CLAE dos frutos de Piper richardiaefolium.

Minutes

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Minutes

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Minutes

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Minutes

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

14,5

85

D e t e c t o r A - 2 2 6 n m

3 5 0 f r u t b r u t

R e t e n t i o n T i m e

3 5 0 f r u t b r u t

Minutes 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

8

8

10

9

12

8

11

3 5 0 f r u t b r u t

D e t e c t o r A - 2 2 6 n m

3 5 0 f r u t b r u t

3 4

6

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54

Tabela 4.1. Identificação das substâncias obtidas por CLAE das folhas e dos frutos de P.

richardiaefolium.

Número Nome da substância Tempo de retenção (min)

1 sesamina 21.35

2 kobusina 16,72

3 hinokinina 27,83

4 kusunokinina 24,99

5 arctigenina 17,89

6 cubebina 24,00

7 3’,4’-dimetoxi-3,4-desmetilenocubebina 20,15

8 haplomirfolina 21,54

9 ferulato de bornila 35,82

10 cumarato de bornila 35,18

11 piplartina 20,43

12 diidropiplartina 19,32

4.1.1.1. Lignanas furofurânicas

Foram isoladas duas lignanas furofurânicas: 1 (sesamina) e 2 (kobusina).

Estas foram analisadas por CLAE (Figura 4.3) e suas estruturas determinadas por

RMN de 1H (Tabela 4.2, Figuras 4.4 e 4.6) e por RMN de 13C (Tabela 4.3, Figuras

4.5 e 4.7).

O

O

O

O

O

O

HH

O

OO

O

HH

OMe

OMe

sesamina (1) kobusina (2)

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55

No espectro de RMN de 1H da lignana 1 foram observados sinais de

hidrogênios que revelaram a presença de dois anéis aromáticos na faixa de δ 6,84–

6,78 (m, 6H), apresentando também um sinal em δ 4,71 (d, 4,0 Hz, 2H) que se refere

aos hidrogênios carbinólicos equivalentes H-7 e H-7’, sugerindo uma posição dos

anéis aromáticos na posição pseudo-equatorial da estrutura furofurânica. O sinal em

δ 3,05 (m, 2H) refere-se aos hidrogênios H-8 e H-8’ alifáticos, os sinais em δ 4,23

(dd, 7,0 e 9,2 Hz, 2H) são dos hidrogênios H-9eq e H-9’eq e os sinais em δ 3,87 (dd,

3,1 e 9,2 Hz, 2H) são dos hidrogênios H-9ax e H-9’ax. Enquanto o sinal em δ 5,95 (s,

4H) é referente aos hidrogênios do grupo metilenodioxifenílico ligado ao anel

aromático.

No espectro de RMN de 13C da lignana 1 foram observados 10 sinais, o que

sugere uma molécula simétrica. O sinal em δ 135,12, referente aos carbonos C-1 e

C-1’ dos anéis aromáticos, sugere a presença do grupo arila na posição equatorial

na estrutura furofurânica (Agrawal e Thakur, 1985) em conformidade com a análise

do espectro de RMN de 1H. Este grupo arila mostra ser um grupo piperonila, o que é

comprovado pelo sinal em δ 101,06 referente aos carbonos metilenodioxifenílicos

ligados aos sistemas aromáticos.

Os deslocamentos químicos para os carbonos C-7,7’, C-8,8’ e C-9,9’ são

também dependentes da estereoquímica da molécula. A análise dos sinais de

carbonos alifáticos mostra a proteção estérica exercida pelo anel em pseudo-axial

para os carbonos C-7’, C-8’ e C-9’. Podendo ser visto também um efeito de proteção

nos carbonos C-9 e C-9’ que pode ser compreendido pelo efeito γ provocado pelo

carbono C-1 do grupo aromático na posição pseudo-axial.

No espectro de RMN de 1H da lignana 2 foram observados sinais de

hidrogênios que revelaram a presença de dois anéis aromáticos que absorvem na

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56

faixa de δ 6,90–6,76, apresentando também um sinal em δ 4,73 que se refere aos

hidrogênios carbinólicos equivalentes H-7 e H-7’. O sinal em δ 3,08 refere-se aos

Hidrogênios H-8 e H-8’ alifáticos, os sinais em δ 4,23 são dos hidrogênios H-9eq e H-

9’eq e os sinais dos hidrogênios H-9ax e H-9’ax estão sobrepostos pelos sinais das

metoxilas na região de δ 3,87–3,89. Enquanto o sinal em 5,95 é referente aos grupos

metilenodióxido ligado ao anel aromático.

No espectro de RMN de 13C da lignana 2 foram observados 12 sinais na

região de carbonos aromáticos, sugerindo uma molécula assimétrica. O sinal em δ

133,60 referentes ao carbono C-1, sugere a presença de um grupo piperonila ligado

ao sistema furofurânico e o sinal em δ 135,16 referente ao carbono C-1’, indica a

presença de um grupo veratrila ligado ao sistema furofurânico. Sendo estes grupos

ligados em equatorial na estrutura furofurânica (Agrawal e Thakur, 1985). A

presença destes grupos arilas pode ser comprovada pelos sinais em δ 101,06 e

55,95 referentes aos carbonos do metilenodióxido do grupo piperonila e das

metoxilas, respectivamente, dos grupos ligados ao sistema furofurânico.

Os deslocamentos químicos para os carbonos C-7,7’, C-8,8’ e C-9,9’ da

estrutura furofurânica em que os grupos arilas estão orientados equatorialmente

aparecem nas faixas de δ 85,3-85,9, 53,7-54,4 e 71,3-72,0, respectivamente

(Agrawal e Thakur, 1985).

A lignana 1, identificada como sendo sesamina, foi isolada das folhas de P.

richardiaefolum. Esta lignana, isolada anteriormente de espécies de Myristicaceae

(Vidigal, 1993), da familia Cupressaceae cuja espécie é Chamaecyparis obtusa

(Takaku et al., 2001), também foi encontrada na família Asteraceae e espécie

Artemisia absinthium (Greger e Hofer,1980).

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57

A lignana 2, identificado como sendo a kobusina, foi isolada das folhas de P.

richardiaefolium. Esta lignana foi isolada anteriormente de Hyptis fasciculata, uma

espécie pertencente à família Lamiacae (Falcão, 2003).

A figura 4.3 mostra os cromatogramas, analisadas em CLAE, das lignanas

furofurânicas isoladas das folhas de Piper richardiaefolium.

Figura 4.3. Cromatograma obtidos por CLAE das lignanas furofurânicas sesamina (1) e kobusina (2).

M i n u t e s

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

21.3

54

D e t e c t o r A - 2 8 0 n mFF1S e s a m i n a

R e t e n t i o n T i m e O

O

O

O

O

O

HH

1

M i n u t e s

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

D e t e c t o r A - 2 8 0 n mF F 2 k o b u s i n a

R e t e n t i o n T i m e

16.7

28

2 O

OO

O

HH

OMe

OMe

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58

Tabela 4.2. Deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN de 1H das lignanas

sesamina (1) e kobusina (2) isoladas de P. richardiaefolium (CDCl3, δ, 200

MHz, J em Hertz).

Hidrogênios 1

sesamina

2

kobusina

Ar-H 6,84 – 6,78 (m, 6H) 6,90 – 6,76 (m, 6H)

H7

H7’

4,71 (d, 3.96 Hz, 2H)

4,73 (sl, 2H)

H8

H8’

3,05 (m, 2H)

3,08 (m, 2H)

H9 eq.

H9’ eq

.

H9 ax.

H9’ ax.

4,23 (dd, 8.78 e 2.20, 2H)

3,87 (dd, 8.78 e 3.06, 2H)

4,23 (m, 2H)

3,83 (envelope com as metoxilas)

-OMe - 3,89 (s, 3H)

3,87 (s, 3H)

-O2CH2 5,95 (s, 4H) 5,95 (s, 2H)

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59

Tabela 4.3. Deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN de 13C das

lignanas sesamina (1) e kobusina (2) isoladas de P. richardiaefolium (CDCl3, δ,

50 MHz).

Carbonos 1

sesamina

2

kobusina

1 135,12 135,16

1’ 135,12 133,60

2 106,50 106,50

2’ 106,50 109,34

3 148,01 147,99

3’ 148,01 148,29

4 147,14 147,12

4’ 147,14 148,71

5 108,19 108,19

5’ 108,19 111,17

6 119,34 119,35

6’ 119,34 118,28

7 85,81 85,85

7’ 85,81 85,77

8 54,36 54,36

8’ 54,36 54,18

9 71,73 71,77

9’ 71,73 71,70

OMe - 55,95

O2CH2 101,06 101,06

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60

14

8.0

13

8

14

7.1

44

9

13

5.1

29

0

11

9.3

42

7

10

8.1

95

6

10

6.5

07

1

10

1.0

64

7

85

.81

93

71

.73

79

54

.36

15

(ppm)

60708090100110120130140150

Figura 4.4. Espectro de RMN de 1H da sesamina (1) 200 MHz, CDCl3.

Figura 4.5. Espectro de RMN de 13C da sesamina (1) 50 MHz, CDCl3.

6.0

00

0

3.9

47

3

1.8

32

6

1.6

38

0

1.9

23

6

1.9

24

7

6.8

45

3

6.7

88

3

5.9

50

1

4.7

23

7

4.7

03

9

4.2

73

9

4.2

38

8

4.2

27

8

4.1

94

9

3.8

96

5

3.8

81

2

3.8

52

6

3.8

35

1

3.0

54

0

(ppm)

3.03.54.04.55.05.56.06.57.0

O

O

O

O

O

O

HH

12

3

45

6

7

8

9 1'2'

3'

4'5'

6'

7'

8'

9'

8 e 8’

7 e 7’ 9 ax 9’ax 9 eq

9’eq

O2CH2 H-Ar

8 e 8’

9 e 9’ 7 e 7’ 2 e 2’ 5 e 5’

6 e 6’

1 e 1’

4 e 4’

3 e 3’

O2CH2

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61

O

OO

O

HH

OMe

OMe

12

3

45

6

7

8

9 1'2'

3'

4'5'

6'

7'

8'

9'

O

OO

O

HH

OMe

OMe

12

3

45

6

7

8

9 1'2'

3'

4'5'

6'

7'

8'

9'

O

OO

O

HH

OMe

OMe

12

3

45

6

7

8

9 1'2'

3'

4'5'

6'

7'

8'

9'

O

OO

O

HH

OMe

OMe

12

3

45

6

7

8

9 1'2'

3'

4'5'

6'

7'

8'

9'

6.0

000

1.5

909

1.0

346

1.5

939

7.1

521

1.0

932

0.4

925

0.9

405

7.2

601

6.9

025

6.8

542

6.8

257

6.7

928

6.7

533

6.7

357

6.6

962

6.6

019

6.5

295

6.4

615

5.9

502

5.9

327

4.7

304

4.2

455

4.2

345

4.2

126

3.8

966

3.8

747

3.8

374

3.0

826

2.9

422

2.9

181

2.8

873

2.8

588

2.5

363

2.4

990

2.4

507

(ppm)

2.53.03.54.04.55.05.56.06.57.0

Figura 4.7. Espectro de RMN de 13C da kobusina (2) 50 MHz, CDCl3.

Figura 4.6. Espectro de RMN de 1H da kobusina (2) 200 MHz, CDCl3.

14

9.2

92

4

14

8.7

18

6

14

7.9

97

4

14

7.1

28

5

13

5.1

61

8

13

3.6

04

5

11

9.3

59

1

11

8.2

77

2

11

1.1

79

1

10

9.3

43

1

10

8.1

95

6

10

6.5

07

1

10

1.0

64

7

85

.85

21

85

.77

02

77

.21

31

71

.77

07

71

.70

51

55

.95

16

54

.36

15

54

.18

12

(ppm)

5060708090100110120130140150

8 e 8’ 9 ax 9’ ax

9 eq 9’ eq

7 e 7’

O2CH2 H-Ar

OMe

8 e 8’

OMe 9 e 9’ 7 e 7’

O2CH2 5’

5

2 6

6’

1’

1 3

4

4’

3’

2’

O

OO

O

HH

OMe

OMe

12

3

45

6

7

8

9 1'2'

3'

4'5'

6'

7'

8'

9'

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62

4.1.1.2. Lignanas dibenzilbutirolactônicas

Foram isolados de P. richardiaefolium, quatro compostos pertencentes à

classe de lignanas dibenzilbutirolactônicas: a hinokinina (3), kusunokinina (4) e

arctigenina (5), isoladas das folhas e a haplomirfolina (8) isolada dos frutos. Essa

classe de compostos tem ampla ocorrência em plantas e possui reconhecidas

atividades biológicas.

Os compostos isolados foram analisados por CLAE (Figura 4.8) e suas

estruturas determinadas por RMN de 1H (Tabela 4.4, Figuras 4.9, 4.11, 4.13 e 4.15)

e por RMN de 13C (Tabela 4.5, Figuras 4.10, 4.12, 4.14 e 4.16).

O

O

O

O

O

H

H

O

O

O

O

H

H

OMe

OMe

O

hinokinina (3) kusunokinina (4)

O

H

H

OMe

OMe

MeO

OH

O

O

H

H

O

O

O

OHOMe

arctigenina (5) haplomirfolina (8)

Nos espectros de RMN de 1H de 3, 4, 5 e 8 foram observados sinais de

hidrogênios que revelaram a presença de dois anéis aromáticos que apresentaram

deslocamento químico na faixa de δ 6,75–6,44 (m, 6H), δ 6,79–6,48 (m, 6H), δ 6,45–

6,84 (m, 6H) e 6,84–6,46 (m, 6H), para os compostos 3, 4, 5 e 8 respectivamente,

que representa a características de dois anéis benzênicos para cada composto. Os

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63

singletos em δ 5,93 (2H) são característicos do grupo metilenodioxifenílicos ligado

aos anéis benzênicos dos compostos 3, 4 e 8 enquanto os sinais em δ 3,86 (s, 3H) e

δ 3,83 (s, 3H) indicam a presença de duas metoxilas no composto 4 e os sinais em δ

3,85 (s, 6H) e δ 3,81 (s, 6H) a presença de três metoxilas no composto 5. Os sinais

em δ 5,52 (s, 1H) e δ 3,85 (s, 3H) são referentes aos hidrogênios de OH e metoxílico

ligados ao anel aromático do composto 8. Pôde ser constatado ainda: sinais em 3,86

(dd, 9,2 e 6,1 Hz, 1H) e 4,13 (dd, 9,2 e 6,1 Hz, 1H), que são característicos dos

hidrogênios alifáticos 9’ do composto 3; os sinais em δ 3,70–3,92 (m, 1H) e δ 4,14

(m, 1H) referem-se aos hidrogênios alifáticos 9’ do composto 4 e sinais em δ 3,92–

3,82 (m, 1H) e δ 4,13 (dd, 9,2 e 6,6 Hz, 1H) referentes hidrogênios alifáticos 9’ do

composto 5. Tais hidrogênios foram apresentados como multipletos por estarem

cobertos pelos sinais dos hidrogênios metoxílicos, não sendo possível discernir a

multiplicidade dos mesmos, e dois duplos dubletes em δ 3,86 (dd, 8,8 e 6,1 Hz, 1H)

e em δ 4,27 (dd, 8,8 e 6,1 Hz, 1H) refere-se aos hidrogênios H-9’ do composto 8. Os

hidrogênios H-7’, H-8 e H-8’ são identificados pelo multipleto na região de δ 2,65–

2,43 (m, 4H) para o composto 3, na região de δ 2,64–2,47 (m, 4H) para o composto

4 e na região de δ 2,57–2,49 (m, 4H) para o composto 5. Os dois hidrogênios H-7

são identificados pelos sinais em δ 2,82 (dd, 14,5 e 4,8 Hz, 1H) e δ 2,97 (dd, 14,5 e

4,8 Hz, 1H), para o composto 3, em δ 2,84 (dd, 14,5 e 5,7 Hz, 1H) e δ 2,97 (dd, 14,5

e 3,9 Hz, 1H), para o composto 4 e sinais em δ 2,91 (m, 2H), para o composto 5.

Enquanto os sinais como duplo dubleto em δ 2,53 (dd, 10,9 e 5,2 Hz, 2H) refere-se

ao hidrogênio H-7 e o sinal do multipleto em δ 2,60-2,46 (m, 4H) aos hidrogênios H-

7’, H-8 e H-8‘, completando o anel butirolactônico do composto 8.

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64

Nos espectros de RMN de 13C dos compostos 3, 4, 5 e 8 os sinais dos

carbonos C-7 e C-7’ são observados na região δ 34,5 ± 0,3 e δ 38,3 ± 0,7,

respectivamente, indicando que os substituintes benzílicos na butirolactona estão

trans entre si. No caso de manterem uma relação cis, estes sinais apresentariam

deslocados para campo mais alto em cerca de 4-5 ppm devido às interações gama

dos átomos de hidrogênios metilênicos (Agrawal e Thakur, 1985). Os sinais na

região de δ 55,80 a 5,91 e δ 100,98 a 101,02 caracterizam a presença de metoxilas

ligado ao anel aromático e anel metilenodioxifenílico, rescpetivamente, para todos

compostos. E os sinas em δ 178,34 a 178,78 é características da carbonila C-9

destes compostos. Outros sinais característicos do anel butirolactônico são em δ

46,44 a 45,59, δ 40,88 a 41,31 e δ 71,08 a 71,31 referentes aos carbonos C-8, C-8’ e

C-9’, respectivamente de todos compostos.

A lignana 3, identificado como sendo hinokinina, foi isolado das folhas de P.

richardiaefolium. Esta lignana foi isolada anteriormente de espécies de Myristicaceae

(Vidigal, 1993) e Chamaecyparis obtusa (Takaku et al., 2001). A lignana 4,

identificado como sendo kusunokinina foi isolado anteriormente de espécies de

Myristicaceae (Vidigal, 1993), Piper chaba (Connolly et al., 1995). A lignana 5,

identificado como sendo arctigenina, foi isolado anteriormente da família

Thymelacaceae cuja espécie é Wikstroemia indica (Suzuki et al., 1982). A lignana 8,

identificada como sendo lignana haplomirfolina foi isolado dos frutos de P.

richardiaefolium. Esta lignana, isolada anteriormente da família Cupressaceae,

espécie Chamaecyparis obtusa (Takaku et al, 2001) e da espécie Haplophyllum

myrtifolium uma Rutaceae (Evcim et al., 1986). Os dados de RMN de 1H e de RMN

de 13C foram conferidos com as referências citadas e Wenkert et al., 1976.

Page 82: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

65

M i n u t e s

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

27

.34

12

7.8

92

D e t e c t o r A - 3 0 4 n mD B 1D b 1

R e t e n t i o n T i m e

M i n u t e s

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

25

.08

9

D e t e c t o r A - 2 8 0 n mD B 2D b 2

R e t e n t i o n T i m e

M i n u t e s

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

18

.43

5

22

.34

6

D e t e c t o r A - 2 6 8 n mD B 3D b 3

R e t e n t i o n T i m e

M i n u t e s

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

21

.54

8

35

.19

0

D e t e c t o r A - 2 3 3 n mH A P L O

H a p l o

R e t e n t i o n T i m e

3

4

5

Figura 4.8. Cromatogramas, obtidos por CLAE, dos compostos hinokinina (3), kusunokinina (4), arctigenina (5) e haplomirfolina (8).

OO

O

OO

H

H

O

OO

O

H

H

OMe

OMe

O

O

H

H

OMe

OMe

MeO

OH

O

8

O

H

H

O

OH

MeO

OO

Page 83: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

66

Tabela 4.4. Deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN de 1H das lignanas

hinokinina (3), kusunokinina (4), arctigenina (5) e haplomirfolina (8)

isoladas de P. richardiaefolium (CDCl3, δ, 200 MHz, J em Hertz).

Hidrogênios 3

hinokinina

4

kusunokinina

5

arctigenina

8

Haplomirfolina

Ar-H 6,75-6,44 (m, 6H) 6,79-6,48 (m, 6H) 6,45–6,84 (m, 6H) 6,84–6,46 (m, 6H)

H7 2,82 (dd, 14.48 e 6.16, 1H)

2,97 (dd, 14.48 e 4.82, 1H)

2,84 (dd,14.48 e 6.16, 1H)

2,97 (dd,14.48 e 3.92, 1H)

2,91 (m, 2H)

2,53 (dd, 10.9 e 5.2, 2H)

H7’

H8

H8’

2,65–2,43 (m, 4H)

2,64–2,47 (m, 4H)

2,57–2,49 (m, 4H)

2,60–2,46 (m, 4H)

H9’ 3,86 (dd, 9.22 e 6.58, 1H)

4,13 (dd, 9.22 e 6.19, 1H)

3,70–3,92 (m, 1H)

4,14 (m, 1H)

3,92–3,82 (m, 1H)

4,13 (dd, 9.2 e 6.6, 1H)

3,86(dd, 8.78 e 6.16, 1H)

4,27(dd, 8.78 e 6.16, 1H)

-OMe - 3,86 (s, 3H)

3,83 (s, 3H)

3,85 (s, 3H)

3,81 (s, 6H)

3,85 (s, 3H)

-O2CH2 5,93 (s, 2H) 5,93 (s, 2H) - 5,94 (s, 2H)

-OH 5,52 (s,1H)

Page 84: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

67

Tabela 4.5. Deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN de 13C das

lignanas hinokinina (3), kusunokinina (4), arctigenina (5) e haplomirfolina

(8) isoladas de P. richardiaefolium (CDCl3, δ, 50 MHZ).

Carbonos 3

hinokinina

4

kusunokinina

5

arctigenina

8

haplomirfolina

1 131,60 131,39 129,48 129,75

1’ 131,35 130,45 130,42 131,38

2 108,80 109,47 111,65 110,96

2’ 109,42 111,80 111,50 108,20

3 147,89 147,91 147,80 146,55

3’ 147,89 149,14 148,98 148,88

4 146,37 146,48 144,52 144,41

4’ 146,48 147,98 146,68 147,85

5 108,32 108,17 111,17 114,48

5’ 108,26 111,42 111,40 109,48

6 122,21 122,26 122,09 121,28

6’ 121,52 120,65 120,55 122,26

7 34,83 34,78 34,49 34,76

7’ 38,36 38,26 38,16 38,33

8 46,47 46,45 46,59 46,44

8’ 41,28 41,23 40,88 41,31

9 178,34 178,45 178,78 178,55

9’ 71,08 71,21 71,31 71,24

OMe - 55,91 e 55,80 55,85 55,80

O2CH2 100,98 101,01 - 101,02

Page 85: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

68

Fig

ura 4.10. E

spectro de RM

N de 13C

da hinokinina (3) 50 MH

z, CD

Cl3 .

Fig

ura 4.9. E

spectro de RM

N de 1H

da hinokinina (3) 200 MH

z, CD

Cl3 .

6.0000

3.7509

0.9318

0.9813

2.2536

4.2286

7.2623

6.7511

6.7160

6.6787

6.6260

6.4768

6.4637

6.4439

5.9371

4.1665

4.1358

4.1204

4.0919

3.8966

3.8637

3.8505

3.8198

2.9707

2.9466

2.8852

2.8544

2.7820

2.6131

2.5802

2.5517

2.5297

2.5078

2.4727

2.4310

(p

pm

)

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

6.0000

3.7509

0.9318

0.9813

2.2536

4.2286

7.2623

6.7511

6.7160

6.6787

6.6260

6.4768

6.4637

6.4439

5.9371

4.1665

4.1358

4.1204

4.0919

3.8966

3.8637

3.8505

3.8198

2.9707

2.9466

2.8852

2.8544

2.7820

2.6131

2.5802

2.5517

2.5297

2.5078

2.4727

2.4310

(p

pm

)

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

9’

9’

7’, 8

e 8’

7

O2 C

H2

H

-Ar

OOO

OO

HH

O

12

345

6

7

89

1'2'3'

4'

5' 6'

7'

8'

9'

178.3405

147.8990

146.4892

146.3745

131.6045

131.3586

122.2114

121.5229

109.4250

108.8021

108.3267

108.2611

100.9827

77.6393

77.0000

76.3607

71.0822

46.4765

41.2800

38.3621

34.8376

(pp

m)

30

40

50

60

70

80

90

10

01

10

12

01

30

14

01

50

16

01

70

18

0

178.3405

147.8990

146.4892

146.3745

131.6045

131.3586

122.2114

121.5229

109.4250

108.8021

108.3267

108.2611

100.9827

77.6393

77.0000

76.3607

71.0822

46.4765

41.2800

38.3621

34.8376

(pp

m)

30

40

50

60

70

80

90

10

01

10

12

01

30

14

01

50

16

01

70

18

0

8

8’

7’

7

9’

9

3 e 3’

1’

4 e 4’

1

6’

6

2’

2 5 e 5’

O

2 CH

2

Page 86: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

69

Fig

ura 4.12. E

spectro de RM

N de 13C

da kusunokinina (4) 50 M

Hz, C

DC

l3 ..

Fig

ura 4.11. E

spectro de RM

N de 1H

da kusunokinina (4) 200 M

Hz, C

DC

l3 .

6.0000

1.8836

1.0666

7.3249

1.9639

4.2592

7.2623

6.7862

6.7445

6.6962

6.5975

6.5624

6.4768

5.9327

4.1884

4.1424

4.1138

3.9186

3.8549

3.8264

3.7035

3.0124

2.9927

2.9444

2.9203

2.8917

2.8632

2.8237

2.7908

2.6394

2.6087

2.5539

2.5209

2.4727

(pp

m)

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

6.0000

1.8836

1.0666

7.3249

1.9639

4.2592

7.2623

6.7862

6.7445

6.6962

6.5975

6.5624

6.4768

5.9327

4.1884

4.1424

4.1138

3.9186

3.8549

3.8264

3.7035

3.0124

2.9927

2.9444

2.9203

2.8917

2.8632

2.8237

2.7908

2.6394

2.6087

2.5539

2.5209

2.4727

(pp

m)

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

OOO

HH

OM

e

OM

e

O

12

345

6

7

89

1'2'3'

4'

5' 6'

7'

8'

9'

7’, 8

e 8’

7 9

’ 9

O2 C

H2

H

-Ar

OM

e

178.4559

149.1453

147.9815

147.9159

146.4897

131.3918

130.4574

122.2609

120.6544

111.8022

111.4252

109.4744

108.1794

101.0157

71.2133

55.9187

55.8039

46.4599

41.2306

38.2635

34.7882

(pp

m)

30

40

50

60

70

80

90

10

01

10

12

01

30

14

01

50

16

01

70

18

0

8 8’

7’

7 9’

9

4’ e 3

1’

4

1

6’

6 2’

2 O

2 CH

2

OM

e

5 5’

3

Page 87: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

70

6.0000

1.0242

10.303

1.9093

3.9954

7.2600

6.8431

6.8036

6.7663

6.7247

6.6281

6.5886

6.5798

6.5689

6.5579

6.5272

6.5184

6.4614

6.4526

4.1795

4.1466

4.1335

4.1006

3.9228

3.8877

3.8702

3.8526

3.8153

2.9421

2.9158

2.9048

2.6635

2.6327

2.6174

2.5779

2.5428

2.4989

2.4814

2.4550

(ppm

)

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

178.7831

148.9809

147.8006

146.6859

144.5221

130.4242

129.4898

122.0967

120.5557

114.0150

111.6544

111.5069

111.4085

111.1790

71.3117

55.8532

46.5913

40.8866

38.1654

34.4934

(ppm

)

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

160

170

180

Fig

ura 4.14. E

spectro de RM

N de 13C

da arctigenina (5) 50 MH

z, CD

Cl3 .

Fig

ura 4.13. E

spectro de RM

N de 1H

da arctigenina (5) 200 MH

z, CD

Cl3

O

HH

OM

e

OM

e

MeOOH

O

12

345

6

7

89

1'2'3'

4'5' 6'

7'

8'

9'

7’, 8

e 8’

7

9’

9’

H-A

r

OM

e

8

7’

8

7

9’

9

4’

1

4

1’

6

6 2

OM

e

2, 5

e 5’

3 3’

Page 88: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

71

Fig

ura 4.16. E

spectro de RM

N de 13C

da haplomirfolina (8) 50 M

Hz, C

DC

l3 .

178.5525

148.8866

147.8540

146.5592

144.4121

131.3820

129.7594

122.2692

121.2858

114.4839

110.9601

109.4850

108.2066

101.0277

77.6392

77.0000

76.3772

71.2471

55.8077

46.4490

41.3190

38.3360

34.7629

(ppm

)

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

160

170

180

8 8’

7’

7

9’

9 4’

1’

4

1

6’

6 2’

OM

e

2

3 3’

O2 C

H2

5’

5

Fig

ura 4.15. E

spectro de RM

N de 13C

da haplomirfolina (8) 200 M

Hz, C

DC

l3 .

4.3297

1.4556

0.6501

0.6861

3.0000

1.3814

3.0215

7.2722

6.8422

6.8027

6.7500

6.7083

6.6140

6.5525

6.5416

6.5021

6.4758

6.4670

5.9470

5.5257

5.3107

4.1632

4.1501

4.1193

3.9263

3.8912

3.8802

3.8539

2.9587

2.9323

2.9038

2.8731

2.6076

2.5769

2.5572

2.5308

2.5133

2.4979

2.4672

(ppm

)

2.4

2.8

3.2

3.6

4.0

4.4

4.8

5.2

5.6

6.0

6.4

6.8

7.2

7’, 8 e 8’

7 9

’ 9

OH

O2 C

H2

H-A

r

OM

e

O OHH

OH

MeO

O

O

1

234

5

6

7

89

1'

2'3'

4'

5' 6'

7'

8'

9'

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72

Figura 4.17. Espectro de massas (EI) da haplomirfolina (8).

O

O

OH

MeO

OO

O

O

CH2 O

O

+

+ +

[M] =+ m/z = 356

+

m/z = 135 m/z = 77

Figura 4.18. Interpretação do espectro de massas da haplomirfolina (8).

·

O

OH

HOH

MeO

O

O

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73

4.1.1.3. Lignanas dibenzilbutirolactólicas

As lignanas dibenzilbutirolactólicas 6 (cubebina) e 7 (3’,4’-dimetóxi-3,4-

desmetilenodioxicubebina) foram isoladas das folhas de P. richardiaefolium.

As lignanas foram analisadas por CLAE (Figura 4.19) e suas estruturas

determinadas através das análises dos dados de RMN de 1H (Tabela 4.6, Figuras

4.20 e 4.22) e de RMN de 13C (Tabela 4.7, Figuras 4.21 e 4.23).

O

O

O

O

O

H

H

OH

O

O

O

H

H

OMe

OMe

OH

cubebina (6) 3’,4’-dimetoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina (7)

No espectro de RMN de 1H foram observados sinais de hidrogênios na faixa

de δ 6,73-6,50 (m, 12H) que revelaram a presença de dois anéis aromáticos

trissubstituídos. Estes sinais juntamente com os sinais em δ 5,91 (s, 8H) sugeriram a

presença de dois grupos piperonílicos na lignana 6. O singleto em δ 5,91 (s, 4H),

observado no espectro de RMN de 1H do composto 7 foi atribuído ao grupo

metilenodioxifenílico, e os singletos em δ 3,81 (6H) e δ 3,86 (6H) aos hidrogênios

metoxílicos e, portanto, sugerindo a presença de um grupo piperonílico e um grupo

veratrílico em 7. O número de hidrogênios está duplicado pelo fato de se tratar de

dois isômeros de cada composto.

O singleto largo em δ 5,21 (2H) foi atribuído ao hidrogênio ligado ao carbono

carbinólico H-9 da estrutura 6 e o singleto largo em δ 5,24 (2H) atribuído ao

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74

hidrogênio ligado ao carbono carbinólico H-9 da estrutura 7. Observa-se um sinal na

região de δ 4,09–3,52 (m, 4H) e δ 4,13–3,54 (m, 4H) referentes aos hidrogênios H-9’

dos compostos 6 e 7, respectivamente. Além disso, foram também observados, para

cada composto, sinais relativos a oito hidrogênios benzílicos H-7 e H-7’ e quatro

hidrogênios metílicos H-8 e H-8’.

O composto 6, identificado como sendo cubebina, isolada anteriormente de

várias espécies de Piper, entre elas a P. cubeba (Bharathi e Newand, 1985) e a P.

cernuum (Danelutte et al., 2005). A lignana 7, identificada como sendo 3’,4’-dimetoxi-

3,4-desmetilenodioxicubebina, isolado anteriormente da espécie Virola michelii

Heckel (Vidigal, 1993).

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75

M in u t e s

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

19

.85

8

23

.27

6

D e t e c t o r A - 2 3 8 n mC U B E B IN AC u b e b in a

R e t e n t i o n T i m e

M in u t e s

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

19

.84

02

0.0

95

D e t e c t o r A - 23 1 n mD B LD b l

R e t e n t i o n T i m e

Figura 4.19. Cromatogramas, obtidos por CLAE, dos compostos cubebina (6) e 3’,4’-

dimetoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina (7).

6

7

OO

O

OO

H

H

OH

OO

O

H

H

OMe

OMe

OH

Page 93: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

76

Tabela 4.6. Deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN de 1H das

lignanas cubebina (6), 3’,4’-dimetoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina (7)

isoladas de P. richardiaefolium (CDCl3, δ, 200 MHz, J em Hertz).

Hidrogênios

6

cubebina

7

3’,4’-dimetoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina

Ar-H 6,73 – 6,50 (m, 12H) 6,80 – 6,52 (m, 12H)

H7

H7’

H8’

H8

2,76 – 2,39 (m, 10H)

2,13 (m, 4H)

2,80 – 2,41 (m, 10H)

2,19 – 2,12 (m, 4H)

H9 5,20 (sl, 2H) 5,22 (m, 2H)

H9’ 4,09 - 3,52 (m, 4H) 4,13 – 3,54 (m, 4H)

-OMe - 3,86 (s, 6H)

3,84 (s, 6H)

-OC2H2 5,91 (s, 8H) 5,91 (s, 4H)

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77

Tabela 4.7. Deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN de 13C das

lignanas cubebina (6), 3’,4’-dimetoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina (7)

isoladas de P. richardiaefolium (CDCl3, δ, 50 MHz).

6

cubebina

7

3’,4’-dimetoxi-3,4-

desmetilenodioxicubebina

Carbonos

A B A B

1 134,48 134,09 134,55 133,34

1’ 133,27 133,83 132,68 132,98

2 109,09 108,91 108,11 107,98

2’ 109,34 109,17 111,27 111,27

3 147,58 147,66 147,44 147,68

3’ 147,66 147,48 148,99 148,88

4 145,68 145,73 145,93 145,93

4’ 145,68 145,86 147,44 147,55

5 108,83 108,83 109,29 109,14

5’ 108,04 108,04 111,35 111,85

6 121,57 121,70 121,58 121,71

6’ 121,37 121,37 120,52 120,35

7 33,55 39,13 33,59 39,09

7’ 38,83 38,36 38,73 38,37

8 51,93 53,00 52,06 53,11

8’ 42,83 45,83 42,80 45,88

9 98,75 103,34 98,83 103,37

9’ 72,52 72,13 72,63 72,26

OMe - - 55,86

55,70

O2CH2 100,73 100,88 100,75 100,85

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78

Fig

ura 4.21. E

spectro de RM

N de 13C

da cubebina (6) 50 MH

z, CD

Cl3.

Fig

ura 4.20. E

spectro de RM

N de 1 H

da cubebina (6) 200 MH

z, CD

Cl3

6.0000

3.9915

1.0053

0.9901

0.6680

0.3907

4.5165

1.3244

6.7378

6.7049

6.6917

6.6830

6.6786

6.6742

6.6566

6.6149

6.6040

6.5645

6.5206

6.5140

6.5052

5.9129

5.2086

4.0852

4.0457

4.0282

3.9931

3.9865

3.9514

3.8197

3.7802

3.7385

3.6003

3.5630

3.5213

3.0167

2.7666

2.7534

2.7227

2.7051

2.6371

2.6284

2.6020

2.5669

2.4748

2.4375

2.4089

2.3980

2.1632

2.1303

2.1062

1.7639

(pp

m)

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

OOO

OO

HH

OH

12

345

6

7

89

1'2'3'

4'

5' 6'

7'

8'

9'

7, 7’ e 8’

8 9’

9’ 9’

9

O2 C

H2

H-A

r

147.6695

147.5875

147.4892

145.8663

145.7351

145.6860

134.4897

134.0962

133.8339

133.2766

121.7032

121.5721

121.3754

109.3431

109.1791

109.0972

108.9168

108.8349

108.0480

103.3433

103.2777

100.8844

100.8188

100.7696

100.7368

98.7533

72.5248

72.1313

53.0009

51.9354

45.8372

42.8373

39.1326

38.8375

38.3621

33.5590

(ppm

)

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

8

8’

7’

7

9’

3 e 3’

1

1’

5’ e 5’

6

2’

O2 C

H2

6 6’ e 6’

7

8’

8

9

9

4 e 4’

1 1’

2’

9’

7’

5 e 5

2

2

4 e 4’

3 e 3’

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79

Fig

ura 4.23. E

spectro de RM

N de

13C da 3’,4’-dim

etoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina (7)

50 MH

z, CD

Cl3 .

Fig

ura 4.22. E

spectro de RM

N de

1H da 3’,4’-dim

etoxi-3,4-desmetilenodioxicubebina (7)

200 MH

z, CD

Cl3 .

148.9973

148.8826

147.6859

147.5548

147.4400

145.9319

134.5552

133.3422

132.9815

132.6865

121.7196

121.5885

120.5230

120.3590

111.8512

111.3594

111.2774

109.2939

109.1463

108.1136

107.9825

103.3761

100.8516

100.7532

98.8352

72.6395

72.2625

55.8696

55.7057

53.1156

52.0665

45.8864

42.8045

39.0998

38.7391

38.3785

33.5918

(pp

m)

30

40

50

60

70

80

90

10

01

10

12

01

30

14

01

50

8

8’

7’

7

9’

3’ e 3’

1

1’

2’ e 2’

6 O

2 CH

2

6 6’ e 6’

7

8’

8

9

9 4’ e 4’

1

1’

9’

7’

5

5

2

4 e 4

3 e 3

OM

e

5’

5’

2

6.0807

2.0000

0.9878

1.1328

6.7052

0.3955

5.2443

1.4315

7.2600

6.8014

6.7619

6.7290

6.7049

6.6939

6.6654

6.6413

6.6325

6.5996

6.5908

6.5601

6.5469

6.5404

6.5272

5.9129

5.2415

5.2195

4.1335

4.0918

4.0523

4.0413

3.9996

3.9645

3.8636

3.8482

3.8197

3.7627

3.6223

3.5872

3.5455

2.8083

2.7863

2.7666

2.7161

2.6700

2.6393

2.6020

2.4792

2.4441

2.4265

2.4155

2.1939

2.1588

2.1369

2.1237

(ppm

)

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

OOO

HH

OM

e

OM

e

OH

12

345

6

7

89

1'2'3'

4'

5' 6'

7'

8'

9'

7, 7’ e 8’

8 9

’ 9

’ 9

9

H-A

r

O2 C

H2

OM

e

Page 97: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

80

4.1.1.4. Cinamatos de bornila

Foram identificados dos frutos de P. richardiaefolium dois compostos de

biossíntese intermediária. O ferulato de bornila (9) e o cumarato de bornila (10).

Os compostos foram analisados por CLAE (Figura 4.24) e suas estruturas

determinadas por RMN de 1H (Tabela 4.8, Figuras 4.25 e 4.27) e por RMN de 13C

(Tabela 4.9, Figuras 4.26 e 4.28) e espectrometria de massas (Figuras 4.29 e 4.30).

O

O

OH

OMe

O

O

OH

ferulato de bornila (9) cumarato de bornila (10)

Os espectros de RMN de 1H dos dois compostos apresentam sinais em

comuns tais como sinais em δ 0,87 para os hidrogênios H-10’ (s, 3H), δ 0,89 (s, 3H)

para os hidrogênios H-9’ e δ 0,94 (s, 3H) para os hidrogênios H-8’ de ambos os

compostos. Podem ser observados também sinais em δ 1,35 (m, 1H) e δ 2,03 (m,

1H) referentes aos hidrogênios H-6’, sinais em δ 1,31 (m, 1H) e δ 1,75 (m, 1H)

referentes aos hidrogênios H-5’, sinal em δ 1,70 (t, 4,2Hz, 1H) referente aos

hidrogênios H-4’, sinais em δ 1,05 (dd, 13,2, 3,5Hz, 1H) e δ 2,42 (m, 1H) referentes

aos hidrogênios H-3’ e também sinais em δ 5,0 (ddd, 10,1, 3,5, 2,2Hz, 1H) referentes

aos hidrogênios H-2’. Estes sinais em ambos compostos são característicos do

grupo bornila. Os sinais em δ 6,3 (d, 15,8Hz, 1H) e δ 7,6 (d, 15,8Hz, 1H) são

referentes ao H-8 e H-7, respectivamente, em ambos os compostos 9 e 10. O valor

Page 98: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

81

da constante de acoplamento (15,8Hz) dos sinais dos hidrogênios H-8 e H-7 indica

uma estereoquímica trans para ambos compostos. Os sinais em δ 6,9 (d, 8,3Hz, 1H),

δ 7,0 (dd, 8,3, 1,7Hz, 1H) e δ 7,1 (d, 1,7Hz, 1H) referem-se aos hidrogênios H-5, H-6

e H-2, respectivamente, do composto 9. Enquanto o sinal em δ 6,8 (d, 8,7Hz, 2H)

refere-se aos hidrogênios H-3 e H-5, e o sinal em δ 7,4 (d, 8,3Hz, 2H) aos

hidrogênios H-2 e H-6 do composto 10

Os espectros de RMN de 13C de ambos os compostos 9 e 10 apresentam

sinais comuns, que se referem aos sinais dos hidrogênios do grupo bornila ligados,

formando os ésteres correspondentes. Os sinais em δ 13,5; 18,8; 19,7; 27,2; 28,0;

36,8; 44,9; 47,8 e 48,9 correspondem, respectivamente, aos carbonos C-10’, C-8’, C-

9’, C-6’, C-5’, C-3’, C-4’, C-7’e C-1’ dos compostos 9 e 10. O carbono C-2’ exibe um

sinal em δ 79,8 para o composto 9 e em δ 80,1 para o composto 10. Os sinais em δ

167,6 e em δ 168,2, que são observados nos espectros dos compostos 9 e 10,

respectivamente, são característicos dos carbonos carbonílicos C-9 das estruturas

sugeridas. Os sinais que correspondem aos carbonos C-7 aparecem em δ 144,2

para o composto 9 e em δ 144,3 para o composto 10. Enquanto os sinais dos

carbonos C-8 aparecem em δ 116,1 para o composto 9 e em δ 115,8 para o

composto 10, finalizando assim a parte alifática dos compostos. Entre os sinais do

sistema aromático do composto 9, pode-se notar um sinal em δ 146,7 de baixa

intensidade para o carbono C-3, sugerindo uma substituição do hidrogênio ligado a

este carbono, o que é confirmado pela observação de sinal em δ 55,9 da metoxila

ligada ao sistema aromático. Outro sinal de baixa intensidade é observado em δ

127,0 e se refere ao carbono C-1, substituído pela cadeia alifática. Os demais sinais

do sistema aromático, do composto 9, são observados em δ 109,2; 114,6; 123,0 e

147,8 para os carbonos C-2, C-5, C-6 e C-4, respectivamente. Entre os sinais do

Page 99: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

82

sistema aromático para o composto 10, podem-se notar dois sinais de grande

intensidade localizados em δ 115,7 para os carbonos C-3 e C-5 e em δ 129,9 para

os carbonos C-2 e C-6. Os outros dois sinais de baixa intensidade são observados

em δ 126,8 para o carbono C-1 e em δ 158,1 para o carbono C-4.

O composto 9, identificado como ferulato de bornila, foi isolado anteriormente

de Conocephalum conicum, uma Marchantiales (Suire et al., 1982). O composto 10,

identificado como cumarato de bornila, foi também isolado de Conocephalum

conicum (Toyota et al., 1997).

A figura 4.24 mostra os cromatogramas, obtido por CLAE, dos compostos 9 e

10.

Page 100: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

83

M in u t e s

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

34

.53

93

5.0

07

35

.18

43

5.8

29

36

.33

2

D et ect o r A - 317 n mF E R U L A T OF eru lat o

R e te n t i o n T im e

M inutes

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

33

.88

43

4.2

74

35

.18

4

D etect o r A - 302 n mC U M A R A T OC u m arato

R e te n t io n T im e

Figura 4.24. Cromatogramas, obtidos por CLAE, do ferulato de bornila (9) e cumarato

de bornila (10).

9

10

O

O

OH

OMe

O

O

OH

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84

Tabela 4.8. Deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN de 1H do ferulato

de bornila (9) e do cumarato de bornila (10) isolados de P. richardiaefolium

(CDCl3, δ, 200 MHz, J em Hertz).

Hidrogênios

9

ferulato de bornila

10

cumarato de bornila

H2 7,10 (d, 1,7, 1H) 7,43 (d, 8,3, 2H)

H3 - 6,86 (d, 8,7, 2H)

H5 6,91(d, 8,1, 1H) 6,86 (d, 8,7, 2H)

H6 7,05 (dd, 8,1, 1,7, 1H) 7,43 (d, 8,3, 2H)

H7 7,60 (d, 15,8, 1H) 7,62 (d, 15,8, 1H)

H8 6,32(d, 15,8, 1H) 6,33 (d, 15,8, 1H)

H2’ 5,0 (ddd, 9,6, 3,0 e 1,7, 1H) 5,0 (ddd, 9,6, 3,0 e 1,7, 1H)

H3’ 2,42 (m, 1H)

1,05 (dd, 13,2, 3,5, 1H)

2,42 (m, 1H)

1,05 (dd, 13,6, 3,6, 1H)

H4’ 1,70 (t, 4,2 1H) 1,70 (t, 4,2 1H)

H5’ 1,75(m, 1H)

1,31(m, 1H)

1,75(m, 1H)

1,31(m, 1H)

H6’ 1,35 (m, 1H)

2,03 (m,1H)

1,35 (m, 1H)

2,03 (m,1H)

H8’ 0,94 (s, 3H) 0,93 (s, 3H)

H9’ 0,89 (s, 3H) 0,89 (s, 3H)

H10’ 0,88 (s, 3H) 0,87 (s, 3H)

OH 5,96 (s, 1H) -

-OMe 3,93 (s, 3H) -

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85

Tabela 4.9. Deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN de 13C do ferulato

de bornila (9) e do cumarato de bornila (10) isolados de P. richardiaefolium

(CDCl3, δ, 50 MHz).

Carbonos 9

ferulato de bornila

10

cumarato de bornila

1 127,08 126,89

2 109,27 129,95

3 146,73 115,72

4 147,82 158,16

5 114,68 115,72

6 123,02 129,95

7 144,29 144,39

8 116,13 115,89

9 167,63 168,29

1’ 48,92 48,92

2’ 79,81 80,13

3’ 36,86 36,82

4’ 44,94 44,90

5’ 27,23 27,19

6’ 28,07 28,02

7’ 47,84 47,82

8’ 18,88 18,83

9’ 19,73 19,70

10’ 13,55 13,53

OMe 55,93 -

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86

Fig

ura 4.26. E

spectro de RM

N de 13C

do ferulato de bornila (9) 50 MH

z, CD

Cl3 ..

Fig

ura 4.25. E

spectro de RM

N de 1H

do ferulato de bornila (9) 200 MH

z, CD

Cl3 .

167.6367

147.8212146.7395

144.2974

127.0879

123.0231

116.1393114.6806

109.2719

79.819177.639277.000076.3772

55.9388

48.923947.8422

44.9411

36.8609

28.075827.2399

19.733318.8810

13.5543

(pp

m)

10

20

30

40

50

60

70

80

90

10

01

10

12

01

30

14

01

50

16

01

70

10’

8’ 9’

6’ 5’

3’

4’

7’ 1’

2’

5

1

2

7 4

9

OM

e

8

6

3

1.0239

3.0332

0.9945

0.9325

0.9818

0.2535

3.0000

1.0201

1.5299

2.9012

3.0655

1.3530

9.4807

Integral

7.64197.56297.26677.11537.10667.07367.06497.05397.04516.93986.8981

6.36286.2838

5.9613

5.30085.05515.04415.03765.02665.00464.99374.98714.9783

4.14244.1073

3.93833.9098

2.49902.48152.45952.45082.43102.41132.39152.38062.36302.3411

2.07562.04922.04052.01411.81451.79471.77721.75961.72891.70701.68721.37131.35371.32961.29671.26161.22431.09921.09041.08171.03121.01370.94340.89960.8842

(ppm

)

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

2.4

2.8

3.2

3.6

4.0

4.4

4.8

5.2

5.6

6.0

6.4

6.8

7.2

7.6

O

O

OH

OM

e

1 23

4

5

67

98

1'2'

3'

4'

5' 6'7'

8'9'

10'

9’

8’

10’

5’

5’ 3’

3’

8 5

7

2’

OH

OM

e

6

2

4’

6’ 6’

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87

Fig

ura 4.27. E

spectro de RM

N de 1H

do cumarato de bornila (10) 200 M

Hz, C

DC

l3 .

Fig

ura 4.28. E

spectro de RM

N de 13 C

do cumarato de bornila (10) 50 M

Hz, C

DC

l3 .. 10’ 8’

9’

6’

5’ 3’

4’ 7’

1’

2’

8

3 e 5

1

2 e 6

7

4

9 168.2923

158.1633

144.3957

140.4949

129.9561

126.8912

115.8935115.7296

80.130577.639277.000076.3608

48.923947.8258

44.9084

36.8281

31.8455

28.026727.1908

19.700518.8319

13.5379

(ppm

)

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

160

170

1.0000

2.1315

2.3786

1.0515

1.1015

0.3252

1.5689

2.6112

3.2632

12.979

7.66387.5848

7.45547.4137

7.2645

6.89156.8476

6.37156.2903

5.04635.03755.03105.02224.99804.98714.9717

4.19284.15554.12044.0853

2.43102.4112

2.0646

1.72891.7070

1.30321.26811.2330

0.93460.89730.8798

0.69770.6779

(ppm

)

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

2.4

2.8

3.2

3.6

4.0

4.4

4.8

5.2

5.6

6.0

6.4

6.8

7.2

7.6

O

O

OH

1 2

34

5

67

98

1'2'

3'

4'

5' 6'7'

8'9'

10'

9’ 8’

10’

5’

5’ 6’

4’

3’

2’

8

7 2 e 6

3 e 5

6’

3’

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88

Figura 4.29. Espectro de massas do ferulato de bornila (9).

Figura 4.30. Espectro de massas (EI) do cumarato de bornila (10).

O

O

OH

OMe

O

O

OH

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89

Ferulato de bornila Cumarato de bornila

O

O

OH

OMe

O

OH

OMe

[M] =+ m/z =

+m/z =

330

177

+

O

O

OH

O

OH

[M] =+ m/z =

+m/z =

300

147

+

Figura 4.31. Interpretação dos espectros de massas do ferulato de bornila (9) e do cumarato

de bornila (10).

● ●

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90

4.1.1.5. Amidas

Foram identificadas, em mistura, nos frutos de P. richardiaefolium duas

amidas, a piplartina (11) e a diidropiplartina (12).

Os compostos foram analisados por CLAE (Figura 4.32) e suas estruturas

determinadas por RMN de 1H (Tabela 4.9, Figura 4.33) e por RMN de 13C (Tabela

4.10, Figura .4.34) e espectrometria de massas (Figuras 4.35, 4.36 e 4.37).

OMe

MeO

MeON

O O

OMe

MeO

MeON

O O

piplartina (11) diidropiplartina (12)

Os compostos 11 e 12 foram identificados como pertencentes à classe das

amidas piperidônicas e diferem apenas quanto à cadeia alifática (C-8 e C-9) que

pode apresentar-se saturada ou insaturada com configuração trans.

No espectro de RMN de 1H da mistura de 11 e 12 observam-se sinais

correspondentes à ligação dupla de configuração trans, indicada pelos

deslocamentos químicos em δ 7,4 (d, 15,6 Hz, 1H) e δ 7,68 (d, 15,6 Hz, 1H) da

amida 11 e sinais correspondentes à ligação simples entre os carbonos C-8 e C-9,

indicados pelos deslocamentos químicos em δ 3,24 (t, 7,7 Hz, 2H) e δ 2,94 (t 7,7 Hz,

2H), respectivamente da amida 12. O espectro de RMN de 13C da mistura de 11 e

12 mostra os sinais dos respectivos carbonos em δ 120,9 (C-8) e δ 143,6 (C-9) da

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91

amida 11 e foram observados seus respectivos sinais em δ 40,8 (C-8) e δ 31,4 (C-9)

da amida 12.

No espectro de hidrogênio da mistura das amidas 11 e 12 foram observados

duplos tripletos em torno de δ 6,05 (9,7 e 1,8Hz, H-3), um multipleto em torno de δ

6,95 (H-4), multipletos em δ 2,49 (H-5) e um tripleto em δ 4,04 (6,4Hz, H-6), que

referem-se a presença de um anel 2-piperidônico para estas estruturas.

O padrão de substituição dos anéis aromáticos para as duas amidas foi

identificado como sendo 3’,4’,5’-tetrassubstituído e simétrico. Os substituintes nas

posições 3’,4’,5’ foram determinados como sendo metoxilas com base nos singletos

observados nos espectros de RMN de 1H em torno de δ 3,83 e também nos

singletos em torno de δ 6,80 para 11 e δ 6,47 para 12, correspondentes aos

hidrogênios aromáticos H-2’ e H-6’.

Os dados de RMN de 1H e de 13C para as amidas 11 e 12 foram comparados

com os da literatura (Duh e Wang, 1990; Maxwell e Rampersad, 1991).

Os espectros de massas dos compostos 11 e 12 comprovaram as estruturas

moleculares propostas para estes compostos. Os picos em 317 e 319 foram

compatíveis com as fórmulas moleculares C17H19NO5 e C17H21NO5, respectivamente.

Os espectros de massas apresentaram ainda os íons fragmentários compatíveis

com as estruturas da piplartina 274(22), 190 (26), 205 (17) e 221 (100), e da

diidropiplartina 222 (97), 194 (53), 207 (23), 151 (21), 98 (31), 136 (21) e 170 (100).

O composto 11, identificado como piplartina foi isolado anteriormente de

Piper arborescens (Duh et al., 1990) e de Piper tuberculatum (Silva et al., 2002). O

composto 12, identificado como diidropiplartina foi isolado anteriormente de Piper

tuberculatum (Silva et al., 2002).

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92

Minutes

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

15

.39

6 19

.32

82

0.4

35

Detector A-300 nmPIPLARTINAPIPLARTINA

Retention Time

Tabela 4.10. Deslocamentos químicos observados no espectro de RMN de 1H da mistura

das amidas piplartina (11) e diidropiplartina (12) de P. richardiaefolium (CDCl3, δ,

200 MHz, J em Hertz).

Hidrogênios 11

piplartina

12

diidropiplartina

H3 6,05 (dt, 9.66 e 1.81) 6,01 (encoberto)

H4 6,95 (m, 1H) 6,95 (m,1H)

H5 2,52 (m, 2H) 2,48 (m, 2H)

H6 4,04(t, 6.4, 2H) 3,92(t encoberto)

H8 7,4 (d, 15.6, 1H) 3,24 (t 7.7, 2H)

H9 7,68 (d, 15.6, 1H) 2,94 (t 7.7, 2H)

H2’ e H6’ 6,80 (s, 2H) 6,47 (s, 2H)

H4’-OMe

H3’ e H5’ -OMe

3,85 (s, 3H)

3,87 (s, 6H)

3,79 (s, 3H)

3,83 (s, 6H)

Figura 4.32. Cromatogramas obtidos por CLAE da piplartina (11) e diidropiplartina (12).

OMe

MeO

MeON

O O

OMe

MeO

MeON

O O

12 11

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93

Tabela 4.11. Deslocamentos químicos de RMN de 13C da mistura das amidas piplartina (11)

e diidropiplartina (12) de P. richardiaefolium (CDCl3, δ, 50 MHz).

Carbonos 11

piplartina

12

diidropiplartina

2 165,78 165,78

3 125,67 125,53

4 145,52 145,24

5 24,69 24,53

6 41,56 40,92

7 168,78 175,42

8 120,99 40,82

9 143,65 31,45

10 130,54 136,87

2’ 105,33 106,46

3’ 153,22 152,97

4’ 139,82 143,38

5’ 152,96 153,22

6’ 105,28 105,33

3’-OMe 55,95 56,05

4’-OMe 60,74 60,87

5’-OMe 55,95 56,05

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94

1.8

19

3

1.1

09

5

1.8

06

3

0.3

75

9

1.0

00

0

2.2

77

2

10

.25

6

0.3

34

5

0.3

55

3

2.1

98

5

Inte

gra

l

7.7

23

1

7.6

44

1

7.4

57

6

7.3

80

8

7.2

84

3

6.9

79

3

6.9

31

0

6.8

08

2

6.4

74

7

6.0

81

9

6.0

73

2

6.0

64

4

6.0

24

9

6.0

16

1

4.0

74

4

4.0

43

6

4.0

10

7

3.8

17

7

3.2

95

5

3.2

58

2

3.2

36

2

3.2

18

7

2.9

75

1

2.9

57

6

2.9

35

6

2.8

98

3

2.5

31

9

2.5

23

2

2.5

10

0

2.4

99

0

2.4

90

3

2.4

77

1

(ppm)

2.42.83.23.64.04.44.85.25.66.06.46.87.27.6

175.4

220

168.7

840

165.7

847

153.2

299

152.9

677

145.5

266

145.2

480

143.6

581

139.8

229

136.8

727

130.5

461

125.6

783

120.9

908

106.4

692

105.3

383

105.2

891

77.6

392

77.0

000

76.3

608

60.8

722

60.7

411

56.0

536

55.9

552

41.5

648

40.9

256

40.8

273

31.4

522

24.6

995

24.5

356

(ppm)

2030405060708090100110120130140150160170180190

Figura 4.33. Espectro de RMN de 1H da piplartina (11) e diidropiplartina (12) 200 MHz, CDCl3.

Figura 4.34. Espectro de RMN de 13C da piplartina (11) e diidropiplartina (12) 50 MHz, CDCl3..

OMe

MeO

MeON

O O

3

4

5

6

78

9 2

4' 5'

6'

1'2'

3'

11

8 9 4 3

2’ e 6’

6

5

OMe

7

3 e 3

4

5 e 5

6 e 6

2

8

9

1’

2’ e 6’

3’ e 5’ 4’

4’ OMe e

4’ OMe

3’ e 5’ OMe e

3’ e 5’ OMe

OMe

MeO

MeON

O O

3

4

5

6

78

9 21'

2'3'

4' 5'

6'

12

3

5 8 9 4

2’ e 6’

6

OMe

4

7

8

9

1’

2’ e 6’ 3’ e 5’ 4’

2

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95

Figura 4.35. Espectro de massas (EI) da piplartina (11).

Figura 4.36. Espectro de massas (EI) da diidropiplartina (12).

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96

piplartina

N

O O

MeO

OMe

MeO

MeO

OMe

MeOO+

[M] =+ m/z = 317

m/z = 221

+

Figura 4.37. Interpretação dos espectros de massas da piplartina (11).

·

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97

4.2. Óleos voláteis das folhas de Piper richardiaefolium

Com a finalidade de avaliar a composição do óleo volátil, 100 g das follhas de

Piper richardiaefolium foram submetidas à hidrodestilação em aparelho tipo

Clevenger. Obteve-se 73 mg de óleo volátil, tendo 0,073 % de rendimento. O óleo foi

analisado por cormatografia a gás em coluna capilar OV-5 de 30 m, um detector por

ionização em chama e nas condições descritas no item 3.1.

Para a identificação das substâncias presentes no óleo volátil foram utilizadas

técnicas de CG-EM e índice de retenção de Kováts. A tabela 4.12 apresenta as

substâncias identificadas no óleo de P. richardiaefolium e o cromatograma do óleo

com os sinais identificados para as substâncias correspondentes estão

apresentados na figura 4.38A e ampliação na figura 4.38B.

Os óleos essenciais são produtos vegetais constituídos de terpenóides,

lignóides e outras substâncias voláteis. Independente de sua constituição química,

os óleos voláteis estão depositados em estruturas anatômicas que evoluíram de

células oleíferas, cavidades e canais secretores a pelos glandulares. Na divisão

vegetal, os óleos voláteis são considerados características primitivas que foram

substituídas por outros sistemas defensivos com a evolução. O caráter alelopático

de defesa ou atração de polinizadores dos óleos voláteis é extensamente abordado

na literatura (Gottlieb e Salatino, 1987)

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98

Minutes

2,55,0

7,510,0

12,515,0

17,520,0

22,525,0

27,530,0

32,535,0

37,540,0

42,545,0

47,550,0

52,555,0

57,5

Millivolts

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Millivolts

0 200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

10,643

14,975

18,007

26,143

26,94027,118 27,31827,70327,912

28,74829,167

29,52029,95030,092

30,38830,52330,84031,053

31,39231,52731,842

32,19232,31232,875

33,21233,51533,76733,93534,13534,352

34,65035,028 35,167 35,36735,585

35,93836,36336,560

36,88537,22537,380

37,69537,82738,165

38,55738,75538,86338,99539,29339,472

40,07040,41740,57841,070

41,39041,853

44,55545,200

46,953

48,32048,695

50,56250,72351,137

52,083

53,010

55,273

Fo

cus G

C-F

IDk 350 fo

lhas o

leok 350 o

leo.d

at

Re

ten

tion

Tim

e

M

inutes

2627

2829

3031

3233

3435

3637

3839

4041

42

Millivolts

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600

1700

1800

Millivolts

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600

1700

1800

26,14

27,1227,32

27,7027,91

29,17

29,52

29,9530,09

30,3930,52

30,84

31,3931,53

31,84

32,1932,31

32,88

33,21

33,52

33,7733,93

34,1434,35

34,65

35,0335,17

35,37

35,59

35,94

36,3636,56

36,89

37,2337,38

37,6937,83

38,17

38,5638,76

38,86

39,2939,47

40,07

40,4240,58

41,07

41,39

41,85

Fo

cus G

C-F

IDk 350 fo

lhas o

leok 350 o

leo.d

at

Re

ten

tion

Tim

e

F

igu

ra 4.38. Crom

atograma do óleo das folhas de P

iper ric

hard

iaefo

lium

A e am

pliação B.

B

A

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99

Tabela 4.12. Substâncias identificadas no óleo volátil de P. richardiaefolium.

Substâncias Nome TR Porcentagem 1 β -borboneno 27,318 2,590 2 β-cubebeno 27,703 0,943 3 β -elemeno 27,912 1,368 4 E-cariofileno 29,167 4,575 5 γ-cariofileno 29,520 1,497 6 gemacreno D 29,950 3,353 7 nerolidol 30,840 13,196 8 globulol 31,392 4,504 9 espatulenol 31,842 3,133

10 apiol 32,192 7,226 11 fitol 32,312 8,516

H

1

HH

2

H

3

4 5 6

OH

H OH H

O

O

OMe

OMe

OH

7 8 9

1011

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100

4.3. Análise de componentes principais (PCA) de algumas espécies de piperaceae.

O estudo inicial da PCA para as onze espécies foi iniciado com quatro

amostras das espécies as quais se pretendia trabalhar (P. richardiaefolium - k 350,

P. pseudopotifolium - k 211, P. cernuum - k 137 e P. truncatum - k 112) e a inserção

de dezesseis amostras de espécies ainda do gênero Piper.

Pôde-se notar no diagrama de similaridade (Figura 4.39) que as quatro

espécies supracitadas apresentaram isoladas em um grupamento com o maior grau

de simiralidade. Desta forma, iniciou-se o trabalho analisando juntamente com as

quatro anteriores, outras sete espécies cujas folhas possuíam o mesmo formato e

tamanhos diferentes.

Figura 4.39. Diagrama de similaridade (dendrograma) da análise de “cluster” para as 20 amostras de extratos de espécies de Piper.

A análise foi realizada e um gráfico dos deslocamentos químicos foi plotado

para observar a contribuição dos mesmos na análise dos componentes principais

(Figura 4.40).

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101

Figura 4.40. Distribuição dos deslocamentos químicos das amostras.

De acordo com a Análise Hierárquica de Clusters (AHC) as amostras foram

divididas em dois grupos principais e quatro subgrupos (Figura 4.41 e 4.42). O

primeiro grupo principal é formado pelas espécies P. truncatum - k 616, P.

richardiaefolium - k 290, P. richardiaefolium - k 350, P. richardiaefolium - k 593, P.

truncatum - k 597 e P. pseudopotifolium - k 598. Este grupo possui uma similaridade

entre as espécies de 34,06 %. Destacou-se neste grupo o subgrupo formado pelas

espécies P. richardiaefolium - k 290 e P. richardiaefolium - k 350, com uma

similaridade entre elas de 51,9 %. Esta similaridade pôde ser observada na figura

3.12 onde os espectros mostraram se muito parecidos, e na figura 4.41. Outro

subgrupo a se destacar foi o das espécies P. truncatum - k 597 e P.

pseudopotifolium - k 598, que mostrou uma similaridade de 48,7 % entre elas.

O segundo grupo principal é formado pelas espécies P. richardiaefolium - k

854, P. richardiaefolium - k 610, P. truncatum - k 112, P. pseudopotifolium - k 211 e

P. cernuum - k 137. Neste grupo a similaridade entre as espécies foi de 24,6 %.

Destacou-se neste grupo, o subgrupo formado pelas espécies P. pseudopotifolium -

k 211 e P. cernuum - k 137 que apresentou uma similaridade de 61,2 % e o

subgrupo formado pelas espécies P. richardiaefolium - k 854 e P. richardiaefolium - k

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102

610 que apresentou uma similaridade de 48,3 %. Este último subgrupo apresentou

com a P. truncatum - k 112 uma similaridade de 44,9%.

Desta forma, pôde-se notar que, as espécies P. richardiaefolium - k .854 e P.

richardiaefolium - k 350/290 embora possuindo a mesma classificação e tamanho e

formas muito próximas nas folhas, apresentaram pela AHC uma divergência

significativa entre elas dentro do grupo principal. Por outro lado, as espécies P.

pseudopotifolium - k 211(folhas com dimensões média de 8 x 20 cm) e P. cernuum -

k 137 (folhas com dimensões média de 20 x 50 cm) e classificações distintas,

mostraram-se mais semelhantes em relação ao segundo grupo principal e à todas as

espécies analisadas.

Figura 4.41. Diagrama de similaridade (dendrograma) da análise de “cluster” para as onze amostras.

Figura 4.42. Gráfico de “scores” da amostras de Piper.

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103

4.4. Estudo de ligninas

Para os estudos das ligninas existente em cada espécie de Piper foram

selecionados alguns métodos para a análise quantititativa e qualitativa. Os métodos

de análise quantitativa foram escolhidos o método de Klason, método de Björkman e

o método de oxidação por nitrobenzeno.

O método Klason basea-se na digestão parcial da madeira com H2SO4 a 72%,

que fornece a lignina como resíduo (Anterola e Lewis, 2002)

O método de Björkman basea-se na extração com dioxano:água (95:5). Este

método fornece a lignina de uma forma menos alterada quando comparado a outros

métodos. Desta forma ele foi escolhido também para a análise qualitativa (Björkman,

1956).

O método de oxidação por nitrobenzeno basea-se no tratamento fortemente

alcalino à temperatura elevada, fornecendo como produtos os aldeídos

correspondentes às unidades siringila e guaiacila, que podem ser quantificados

através do cálculo da proporção das unidades resultantes (Billa et al., 1996; Anterola

e Lewis, 2002).

4.4.1. Determinação quantitativa

4.4.1.1. Determinação quantitativa de lignina de Klason

Com as massas dos resíduos obtidos após a operação de extração das

ligninas insolúveis de Klason, foi possível calcular o rendimento e a quantidade de

ligninas insolúveis presentes no caule das espécies vegetais.

As massas e porcentagens dos resíduos correspondentes às ligninas

insolúveis de Klason, a partir de 2,1 g do caule, estão ilustrado na tabela 4.12.

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104

Tabela 4.13. Massa e rendimento do resíduo obtido do caule das espécies estudadas

utilizando o método de Klason.

Espécie Massa do resíduo (mg) Rendimento (%)

Piper regnellii 407 19,3

Piper solmsianum 392 18,6

Piper aduncum 517 24,6

Piper richardiaefolium 375 17,8

Piper cernuum 382 18,2

Piper malacophyllum 389 18,5

Considerando esta percentagem e o fato de que no material também existe a

ocorrência de ligninas solúveis, o resultado obtido está de acordo com o que é

relatado na literatura (Sarkanen e Herbert, 1971).

De acordo com a tabela 1, pôde-se verificar um maior rendimento para a P.

aduncum e um menor rendimento para a P. richardiaefolium.

4.4.1.2. Determinação quantitativa de lignina de Björkman

Após a extração das ligninas, segundo o método de Bjorkman, obteve-se um pó

fino amorfo conforme figura 4.43 e verificaram-se os seguintes rendimentos, a partir

de 100 g de caule triturado de cada espécie (tabela 2).

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105

Figura 4.43. Foto do pó do caule de uma das espécies de piper livre de extrativos e da

lignina isolada pelo método de Bjorkman.

Tabela 4.14. Massa e rendimento do resíduo obtido do caule das espécies estudadas

utilizando o método de Bjorkman.

Espécie Massa do resíduo (mg) Rendimento (%)

Piper regnellii 185 0,18

Piper solmsianum 115 0,11

Piper aduncum 335 0,33

Piper richardiaefolium 214 0,21

Piper cernuum 225 0,22

Piper malacophyllum 148 0,14

Uma observação a ser feita é que as espécies não são espécies arbóreas, logo,

seus caules são pouco lignificados, o que ocasiona um rendimento inferior na

extração das ligninas solúveis de madeira moída.

Pó do caule de Piper livre de extrativos

Lignina

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106

4.2.1.3. Determinação quantitativa de lignina por oxidação por nitrobenzeno

A determinação quantitativa das ligninas por oxidação por nitrobenzeno foi

realizada baseando-se no cálculo da razão entre os monômeros siringil e guaiacil

obtidos através da reação de oxidação por nitrobenzeno.

Para a análise dos produtos de oxidação foram utilizados padrões de vanilina

e siringaldeido. Estes padrões foram utilizados pelo fato de que a oxidação de

madeira tem como produtos principais a vanilina, o siringaldeido e p-

hidroxibenzaldeído (Freudemberg, 1968; Billa et al., 1996). A proporção desses

produtos de degradação irá depender da espécie em estudo e do grau de

maturação.

Através da injeção dos padrões construiu-se uma curva de calibração e fez-se

a injeção e leitura dos produtos de reação utilizando um sistema CLAE.

Uma amostra da lignina de Eucalyptus grandis foi também submetida à

reação e análise para comparação com os produtos obtidos dos caules de Piper.

As leituras e os resultados dos cálculos das razões são mostrados na tabela

4.14.

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107

Tabela 4.15. Relação entre os monômeros siringil (S) e guaiacil (G) por oxidação por

nitrobenzeno.

Amostras Relação S/G (mol/mol)

Leitura Valores Média

1,323 / 0,931 1,42 P. aduncum

1,409 / 0,99 1,42 1,42

2,07 / 0,849 2,43 E. grandis

1,99 / 0,846 2,35 2,39

0,66 / 0,836 0,79 P. regnellii

0,782 / 0,905 0,86 0,83

0,451 / 1,316 0,34 P. richardiaefolium

0,487 / 1,319 0,37 0,36

0,361 / 1,17 0,31 P. solmsianum

0,384 / 1,203 0,32 0,31

0,389 / 1,191 0,33 P. cernuum

0,375 / 1,263 0,30 0,31

0,412 / 1,299 0,31 P. malacophyllum

0,455 / 1,313 0,34 0,32

O Eucalyptus grandis é uma espécie vegetal que se encontra entre as

angiospermas e possui seu caule bastante lenhoso e lignificado. Sua lignina é

classificada como lignina de madeira dura (Chen, 1991; Piló-Veloso et al., 1993)

poussindo então uma razão entre os monômeros S e G maior que 1. Baseado nessa

informação e nos resultados obtidos da análise por CLAE através da oxidação por

nitrobenzeno pôde-se verificar que a P. aduncum possui em seu caule lignina

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108

tipicamente de madeira dura, que a P. richardiaefolium, P. solmsianum, P.

malacophyllum, P. cernuum e P. regnellii possuem caules lignina tipicamente de

madeira mole. Sendo que a P. regnelli se aproxima um pouco da lignina de madeira

dura.

4.2.1.4. Análise elementar, determinação do conteúdo de metoxilas e

determinação da fórmula mínima.

A analise elementar foi feita na central analítica do IQ-USP, com o objetivo de

conhecer a composição de carbono, hidrogênio e oxigênio das ligninas. Os

resultados são mostrados na tabela 4.16.

Na determinação do conteúdo de metoxilas pôde-se observar que as ligninas

de todas as espécies estudas apresentaram um teor de metoxilas equivalentes aos

de madeira dura (Tabela 4.15). Estes valores estão de acordo com a classificação

das espécies, onde ligninas de madeira dura contém um teor de metoxilas entre 18 e

22% . No entanto foi possível observar que as ligninas de P. regnelli e P. aduncum

apresentaram valores de teor de metoxilas bem elevado em relação às demais.

Estes resultados corroboram com os obtidos pela determinação por oxidação por

nitrobenzeno.

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109

Tabela 4.16. Dados analíticos e fórmula mínima por unidade C9 para as ligninas em

espécies de Piper.

Espécie % C % H % O % OCH3 Formula elementar/C9

P. regnellii 55,01 5,90 38,33 20,7 C9 H8,8 O3,97 (OCH3)1,53

P solmsianum 55,53 5,20 38,26 18,9 C9 H7,45 O3,99 (OCH3)1,36

P. richardiaefolium 57,41 5,67 35,92 18,7 C9 H8,20 O3,54 (OCH3)1,30

P. aduncum 51,30 5,51 43,05 23,0 C9 H8,24 O4,97 (OCH3)1,89

P. cernuum 56,54 5,39 38,04 19,3 C9 H7,65 O3,86 (OCH3)1,36

P. malacophylum 56,38 5,46 37,99 18,5 C9 H7,95 O3,90 (OCH3)1,31

4.4.2. Determinação qualitativa

As angiospermas caracterizam-se por produzirem ligninas possuindo os

grupos aromáticos guaiacila e siringila, como é mostrado abaixo, em sua estrutura

em diferentes proporções (Abreu, 1994). Para identificar esses grupos aromáticos

substituídos foram utilizadas as técnicas de IV e RMN. Para a obtenção da lignina

necessária para a determinação qualitativa foi escolhido o método de Björkman.

OMe

OR

1

2

3

4

5

6

OMe

OR

MeO3

45

6 2

1

Resíduo guaiacila Resíduo siringila

7 8 8

7

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110

4.2.2.1. Análise de lignina isolada pelo método de Bjorkman por

espectroscopia na região do infravermelho

Os espectros das ligninas das espécies P. regnellii (PR), P. solmsianum (PS),

P. aduncum (PAD), P. richardiaefolium (PRI) e P. cernuum (PCE) (Figuras 4.44,

4.45, 4.46, 4.47, 4.48 e 4.49 e Tabela 4.16) foram obtidos em pastilha de KBr.

Nos espectros no IV podem-se destacar alguns sinais para a atribuição.

Nesses espectros no IV a banda de absorção com ν em 1328 cm-1 foi atribuída à

respiração do anel siringílico com contribuição do estiramento C=O e de estruturas

condensadas. A banda de absorção com ν em 1268-1266 cm-1 foi atribuída à

respiração do anel guaiacílico com contribuição do estiramento de C=O. A banda de

absorção com ν em 1131-1124 cm-1 é atribuída à deformação de C-H típico de anel

siringílico. A banda de absorção com ν em 1033-1030 cm-1 foi atribuída à

deformação no plano de C-H do anel guaiacílico, mais deformação de C-O em álcool

primário e em éter com contribuição de estiramento de C=O não conjugado.

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111

Tabela 4.17. Atribuições dos sinais nos espectros no IV das ligninas originais PRE,

PSO, PAD, PRI, PCE e PMA.

1/λ Atribuições

PRE PSO PAD PRI PCE PMA

3435 3434 3431 3418 3434 3431 Estiramento O-H.

2938

2846

2936

2849

2936

2846

2924

2850

2940

2845

2940

Estiramento de C-H dos grupos metoxílicos.

1657

1660

1723

1722

1660

1721

1657

Estiramento de C=O em cetonas não conjugadas e em aldeídos

conjugados.

1594 1595 1595 1602 1595 1596 Vibração do esqueleto aromático com estiramento C=O.

1507 1509 1505 1510 1509 1509 Vibração do esqueleto aromático

1463 1463 1461 1460 1462 1461 Deformação assimétrica em CH3 e CH2.

1422 1422 1422 1424 1423 1423 Vibração do esqueleto aromático combinado com deformação no plano

de C-H influenciado pela substiuição do anel.

1328 1328 1328 1328 1328 1328 Respiração do anel siringílico com contribuição do estiramento de C=O

e de estruturas condensadas.

1266 1267 1268 1268 1268 1268 Respiração do anel guaiacílico com contribuição do estiramento de

C=O.

1223 1222 1227 1224 1221 1221 Estiramento de C=O, C-C com estiramento de C=O sensível a

substituição do anel aromático.

1125 1129 1124 1126 1131 1131 Deformação (no plano) de C-H (típico de anel siringílico).

1088 1087 1078 1088 1085 Deformação de C-O de álcool secundário e de éter alifático.

1030 1030 1033 1032 1031 1032 Deformação (no plano) de C-H do anel guaiacílico.

857 858 858 859 Deformação de C-H (fora do plano) dos H do C-2, C-5 e C-6 do anel

guaiacílico.

834 829 830 Deformação de C-H (fora do plano) dos H do C-2 e C-6 do anel

siringílico.

818 822 Deformação de C-H (fora do plano) nas posições 2, 5 e 6 de unidades

guaiacílicas.

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112

4.2.2.2. Análise de ligninas isolada pelo método de Bjorkman e acetilada, por

espectroscopia na região do infravermelho

A lignina acetilada foi fundamental para a realização do experimento de RMN

de 1H e a interpretação dos espectros obtidos e contribui para a interpretação do IV

da lignina original.

Os espectros das ligninas acetiladas das espécies P. regnellii (PREA), P.

solmsianum (PSOA), P. aduncum (PADA), P. richardiaefolium (PRIA) e P. cernuum

(PCEA) (Figuras 4.44, 4.45, 4.46, 4.47, 4.48 e 4.49 e Tabela 4.17) foram obtidos em

pastilha de KBr.

Os espectros das ligninas acetiladas PREA, PSOA, PADA, PRIA, PCEA e

PMAA revelaram o aparecimento adicional de um sinal largo com ν em 1744-1742

cm-1 que corresponde ao estiramento de C=O de éster e sinais com ν em 1371 cm-1

e com ν em 1228-1225 cm-1 referentes ao estiramento de C-O de éster. O sinal com

ν em 1129-1127 cm-1 foi atribuído à deformação no plano de C-H típico de anel

siringílico. O sinal com ν em 1042-1035 cm-1, foram atribuídos à deformação no

plano de C-H do anel guaiacílico.

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113

Tabela 4.18. Atribuições dos sinais dos espectros no IV das ligninas acetiladas

PREA, PSOA, PADA, PRIA, PCEA e PMAA.

1/λ Atribuições

PREA PSOA PADA PRIA PCEA PMAA

3431 3441 3444 3451 3457 3464 Estiramento O-H.

2941

2847

2940

2845

2943

2845

2940

2849

2942

2843

2942

2843 Estiramento de C-H dos grupos metoxílicos.

1740 1740 1743 1744 1742 1742 Estiramento de C=O em cetonas não conjugadas e de grupo éster e/ou de grupos carboxílicos.

1637 1636 1674 1668 1673 1671 Estiramento de C=O em cetonas não conjugadas e em aldeídos conjugados.

1595 1595 1595 1601 1594 1595 Vibração do esqueleto aromático com estiramento C=O.

1509 1509 1507 1508 1509 1509 Vibração do esqueleto aromático

1464 1464 1462 1461 1464 1463 Deformação assimétrica em CH3 e CH2.

1424 1423 1423 1424 1422 1423 Vibração do esqueleto aromático combinado com deformação no plano de C-H influenciado pela substiuição do anel.

1331 1332 1370

1332

1371

1331

1371

1331

1371

1331

Respiração do anel siringílico com contribuição do estiramento de C=O e de estruturas condensadas.

1228 1226 1225 1228 1226 1226 Estiramento de C=O, C-C com estiramento de C=O sensível a substituição do anel aromático.

1127 1129 1127 1127 1129 1129 Deformação (no plano) de C-H (típico de anel siringílico).

1035 1036 1040 1042 1035 1037 Deformação (no plano) de C-H do anel guaiacílico.

832 834 840 834 Deformação de C-H (fora do plano) dos H do C-2 e C-6 do anel siringílico.

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114

Figura 4.44. Espectros no IV ( KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada pelo método de Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P. regnellii.

B

C

A

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115

Figura 4.45. Espectros no IV ( KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada pelo método de

Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P. solmsianum.

B

C

A

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116

Figura 4.46. Espectros no IV (KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada pelo método de Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P. aduncum.

B

C

A

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117

Figura 4.47. Espectros no IV (KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada pelo método de

Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P. richardiaefolium.

B

C

A

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118

Figura 4.48. Espectros no IV (KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada pelo método de

Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P. cernuum.

B

C

A

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119

Figura 4.49. Espectros no IV (KBr) da madeira moída (A), da lignina isolada pelo método de

Bjorkman (B) e da lignina acetilada (C) da P. malacophyllum.

B

C

A

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120

4.2.2.3. Análise das ligninas acetiladas PREA, PSOA, PADA, PRIA e PCEA por

RMN de 1H.

Os espectros de RMN de 1H das ligninas apresentaram sinais compatíveis

com estruturas. As atribuições dos sinais na região entre 3 e 5 ppm, por envolver um

grande número dos sinais, não permitiram atribuição completa. Evidentemente a

estrutura de natureza cruzada, tridimensional, proporciona uma restrição relativa de

movimentos conformacionais, resultando numa sobreposição de sinais.

Adicionalmente a baixa solubilidade contribui para diminuir mais ainda a qualidade

dos espectros de RMN de 1H de ligninas. Um exemplo de análise espectroscópica

de lignina original é mostrado na figura 4.50. Este espectro não permite uma análise

da lignina. A reação de acetilação aumenta a solubilidade da lignina e o espectro

pode ser melhor interpretado.

Os espectros de RMN de 1H foram obtidos em um aparelho Bruker 200 MHz

em CDCl3 para as ligninas acetiladas (PREA, PSOA, PADA, PRIA, PCEA e PMAA)

(Figuras 4.51, 4.52, 4.53, 4.54, 4.55 e 4.56 e Tabela 4.18) e em DMSO para a lignina

original (PRE) (Figura 4.50).

As ligninas são polímeros de fenilpropanóides cujos padrões de substituição

do anel aromáticos podem varia de acordo com a espécie. Estes anéis aromáticos

poderão conter nenhuma, uma ou duas metoxilas. No entanto, basicamente esse

será o único critério de variação entre as ligninas analisadas. Desta forma, os

espectros serão discutidos em conjunto.

Devido ao fato de que a lignina é uma molécula complexa, com uma formação

polimérica cruzada seus espectros nos fornecem sinais largos dificultando uma

analise precisa dos mesmos. Mas podem-se interpretar esses sinais em pequenas

faixas do espectro. O que será feito neste estudo.

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121

Nos espectros de RMN de 1H das ligninas isoladas e acetiladas PREA,

PSOA, PADA, PRIA, PCEA e PMAA observam-se sinais na região de δ 6,90 a 6,94

referentes aos hidrogênios aromáticos característicos de unidades guaiacílicas. Os

sinais em δ 6,58-6,60 são atribuídos aos hidrogênios aromáticos tipicamente de

unidades siringílicas. Os sinais em δ 5,90-6,15 são atribuídos aos hidrogênios H-7

acetobenzílicos, onde o hidrogênio H-7 se revela para a forma treo em δ 6,01 e para

a forma eritro em δ 6,06 sempre que o oxigênio fenólico em C-4 estiver ligado a um

grupo alquila e em δ 6,06 para a forma eritro e em δ 6,11 para a forma treo sempre

que o oxigênio fenólico estiver ligado a um grupo acila. O sinal em δ 5,19 é atribuído

ao hidrogênio H-7 de uma estrutura não totalmente acetilada nesta posição. Este

sinal pode ser visto apenas na lignina da PSOA. O sinal em δ 4,55-4,62 é atribuído

ao hidrogênio H-8 da estrutura com ligação do tipo 8-8’. Os sinais na região de δ

4,15-4,45 são atribuídos aos hidrogênios H-7 e H-9 de estruturas com vários tipos de

ligações. Os hidrogênios acetílicos dos anéis aromáticos se revelam em

deslocamentos por volta de δ 2,28 e δ 2,12, enquanto os hidrogênios acetílicos

alifáticos se revelam em deslocamentos δ 2,08 e 2,0.

Observou-se que, nos espectros de PADA e de PREA o sinal em δ 6,6 está

proporcionalmente mais intenso que nos espectros de PSOA, PRIA, PCEA e PMAA,

o que nos indica que PADA e de PREA possui um padrão siringílico maior em

relação as demais espécies.

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122

Tabela 4.19. Atribuições dos sinais de RMN de 1H das ligninas acetiladas PREA,

PSOA, PADA, PRIA, PCEA e PMAA.

Deslocamento Químico (ppm) Atribuições

PREA PSOA PADA PRIA PCEA PMAA

6.94 6,92 6,91 6,92 6,91 6,90 H-2, H-5 e H-6 em unidades guaiacílicas

6,60 6,60 6,59 6,59 6,58 6,59 H-2 e H-6 em unidades siringílicas

6,01 6,00 5,99 6,00 5,99 5,97 H-7 acetobenzílicos em 8-O-4’

5,19 H-7 oxibenzílicos

4,60 4,62 4,55 4,59 4,57 H-8 em 8-O-4’

4,41 4,40 4,40 4,34 4,38 Hidrogênios alifáticos de várias estruturas

4,21 4,23 4,18 4,27 4,26 4,19 Hidrogênios alifáticos de várias estruturas

3,78 3,81 3,74 3,80 3,80 3,76 Hidrogênios metoxílicos

3,76 Hidrogênios metoxílicos

2,29 2,29 2,29 2,26 2,28 2,26 Hidrogênios acetílicos aromáticos

2,12 2,13 2,17 Hidrogênios acetílicos aromáticos e alifáticos

2,06 2,08 2,08 Hidrogênios acetílicos alifáticos

2,00 2,01 2,01 2,01 2,00 1,99 Hidrogênios acetílicos alifáticos

1,25 1,25 1,25 1,25 1,23 Graxas contaminantes

8.7

650

8.1

462

6.8

847

6.6

675

5.3

093

4.7

126

4.2

628

3.9

995

3.6

967

3.3

808

2.4

703

1.1

911

(ppm)

0.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.5

Figura 4.50. Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PRE, em DMSO.

Page 140: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

123

7.2

733

6.9

420

6.6

019

6.0

139

4.6

075

4.4

145

4.2

148

3.7

870

3.7

606

2.2

928

2.1

282

2.0

690

2.0

076

1.2

572

(ppm)

0.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.5

Figura 4.51. Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PREA, em CDCl3.

7.2

68

9

6.9

28

9

6.6

06

3

6.0

07

4

5.1

97

7

4.6

20

7

4.4

03

5

4.2

34

5

3.8

15

5

2.2

97

2

2.0

84

4

2.0

16

3

1.2

52

8

(ppm)

-0.50.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.5

Figura 4.52. Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PSOA, em CDCl3.

HAcO(HO)

OH

H

O

MeO

HAcO(HO)

MeO(H) OMe

1 6

5

4

3

2

7

8 1’

2’ 3’

4’

5’ 6’ 9

HAcO(HO)

OH

H

O

MeO

HAcO(HO)

MeO(H) OMe

1 6

5

4

3

2

7

8 1’

2’ 3’

4’

5’ 6’ 9

Page 141: Programa de Pós-Graduação em Química · Amidas ... Das folhas de P. richardiaefolium foi extraído e analisado o óleo volátil. As estruturas das substâncias isoladas foram

124

6.9

233

6.5

964

6.0

018

4.3

453

4.2

773

3.8

034

2.2

697

2.1

798

2.0

196

1.2

561

(ppm)

0.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.5

Figura 4.53. Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PRIA, em CDCl3.

1.0

00

0

0.2

40

0

0.2

17

5

1.1

92

6

2.6

15

3

2.6

27

0

7.2

64

5

6.9

11

3

6.5

84

3

5.9

96

3

5.4

50

0

4.5

94

3

4.3

83

7

4.2

63

0

3.8

00

1

2.2

84

0

2.0

03

2

1.4

15

1

1.2

39

6

(ppm)

0.00.40.81.21.62.02.42.83.23.64.04.44.85.25.66.06.46.87.27.6

Figura 4.54. Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PCEA, em CDCl3.

HAcO(HO)

OH

H

O

MeO

HAcO(HO)

MeO(H) OMe

1 6

5

4

3

2

7

8 1’

2’ 3’

4’

5’ 6’ 9

HAcO(HO)

OH

H

O

MeO

HAcO(HO)

MeO(H) OMe

1 6

5

4

3

2

7

8 1’

2’ 3’

4’

5’ 6’ 9

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125

7.3

654

7.2

689

6.9

135

6.5

931

5.9

985

4.5

527

4.4

013

4.1

863

3.7

496

2.2

950

2.1

326

2.0

844

2.0

141

1.5

007

1.4

239

1.2

528

0.9

807

0.8

776

0.8

469

0.8

206

0.0

000

(ppm)

0.00.40.81.21.62.02.42.83.23.64.04.44.85.25.66.06.46.87.27.6

Figura 4.55. Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PADA, em CDCl3.

1.0

00

0

0.3

43

8

0.2

96

4

0.0

09

7

0.0

88

3

0.0

56

2

0.0

09

2

0.2

84

1

2.8

47

5

Inte

gra

l

6.9

02

5

6.5

93

1

5.9

78

8

4.5

76

8

4.1

90

6

3.7

69

4

2.2

64

2

1.9

92

2

(ppm)

1.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.0

Figura 4.56. Espectro de RMN de 1H (200 MHz) da lignina PMAA, em CDCl3.

HAcO(HO)

OH

H

O

MeO

HAcO(HO)

MeO(H) OMe

1 6

5

4

3

2

7

8 1’

2’ 3’

4’

5’ 6’ 9

HAcO(HO)

OH

H

O

MeO

HAcO(HO)

MeO(H) OMe

1 6

5

4

3

2

7

8 1’

2’ 3’

4’

5’ 6’ 9

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126

4.2.2.4. Análise de madeira moída e de lignina por RMN de 13C no estado sólido

(CP-MAS) e de lignina acetilada por RMN de 13C em solução, de P. regnellii.

As técnicas de análise de ligninas por RMN de 13C são de grande importância

para determinação estrutural. No entanto a baixa solubilidade das ligninas dificulta

as análises das mesmas e, portanto podemos fazer as análises realizando uma

reação de acetilação, derivatizando assim a lignina, o que não interfere na análise e

interpretação do espectro, ou ainda realizando a análise da lignina original utilizando

a técnica RMN de 13C em estado sólido (Lindberg e Hortling, 1985).

A utilização da RMN de 13C em estado sólido, envolvendo técnicas de

polarização cruzada e rotação no ângulo mágico (CP/MAS, cross-polarization/magic

angle spinning), tem também propiciado estudos importantes sobre a estrutura de

ligninas. Apresenta a grande vantagem de não modificar a composição da lignina

quanto a fragmentos macromoleculares, mas não possibilita resolução espectral

comparável àquela obtida na RMN em fase líquida. Aplica-se principalmente ao

estudo dos produtos da pirólise de ligninas, a análise de protoligninas e de ligninas

insolúveis, estas últimas de particular interesse para o conhecimento aprofundado do

processo de deslignificação.

A figura 4.57 apresenta os espectros em fase sólida (CP/MAS) da madeira

moída, a figura 4.58 da lignina de P. regnellii e a figura 4.59 o espectro desta lignina

acetilada em solução no clorofórmio deuterado. A figura 4.57 mostra a maior

intensidade relativa dos sinais de carbono alifáticos, entre δ 50 e 110, por causa da

maior abundância da celulose na madeira. Nesse espectro os sinais característicos

da lignina são relativamente mais fracos, podendo ser observados entre δ110 e 160,

região da ressonância dos carbonos aromáticos e em δ 55, devido aos carbonos de

metoxilas (Tabela 4.20) (Schimidt et al.,1997)

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127

Há uma correspondência geral entre os espectros de RMN do 13C da amostra

no estado sólido (figura 4.58) e em solução (figura 4.59). Entretanto, verificam-se

diferenças na feição dos sinais em cada intervalo de δ que engloba determinados

sinais. O espectro 4.58 da lignina apresenta sinais mais largos e mal resolvidos, se

comparados aos sinais mais distintos e numerosos do respectivo intervalo do

espectro 4.59 dessa mesma lignina, porém obtido em solução. Além do efeito

residual da interação dipolar magnética entre os núcleos de carbono e hidrogênio, a

largura dos sinais de ressonância de ligninas registrados no estado sólido reflete a

dispersão dos deslocamentos químicos muito próximos, causada pela variação dos

arranjos espaciais diferentes das unidades básicas arilpropanóides, que estão

“imobilizadas”. Essa imobilização relativa das diferentes configurações faz com que

haja ambientes químicos e magnéticos ligeiramente diferentes para um mesmo tipo

de carbono, o qual ocorre repetidas vezes na macromolécula, porem sem uma

regularidade estrutural. No líquido, o movimento das moléculas faz os sinais serem

relativamente mais estreito, representando a média desses arranjos espaciais e

refletindo, portanto, uma configuração média da macromolécula.

Nos espectros 4.58 e 4.59 observaram-se sinais característicos das ligninas

(Himmelsbasch et al, 1983; Martínez et al., 1999; Hatcher, 1987). No espectro em

solução foram observados sinais típicos de unidades guaiacílicas que se revelaram

por volta de δ 150 referente ao carbono C-3 de unidade eterificada, δ 147 referente

ao carbono C-4 de unidade eterificada e C-3 não eterificada, δ 135 referente ao

carbono C-1 de unidade eterificada, em δ 111,3 referente ao carbono C-2 nas

unidades eterificadas e não eterificadas. Os sinais referentes aos carbonos C-5 e C-

6 não foi possível a identificação pela baixa intensidade do sinal. No entanto,

observou-se que no espectro há evidência da existência dos mesmos. O sinal em δ

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128

80,5 se refere ao carbono C-8 de ligações do tipo 8-O-4’ na forma. O sinal em δ 69,3

refere-se ao carbono C-7’ de estruturas tipo 8-O-4’ das formas treo e eritro. O sinal

em δ 63,1 e 62,5 dos carbonos C-9 de estruturas tipo 8-O-4’ das fromas eritro e treo

das unidades guaiacílica ou siringílica.

Os sinais típicos de unidades siringílicas se revelaram em δ 152,8 referentes

aos carbonos C-3 e C-5 de unidades eterificadas e em δ 147,9 de unidades não

eterificadas. O sinal em δ 135,3 é referente ao carbono C-4 de unidade não

eterificada. O sinal de C-1 de unidades não eterificada aparece em δ 131,8. Em δ

104,1 aparece um sinal referente aos carbonos C-2 e C-6 de unindades eterificadas.

O sinal em δ 74,3 refere-se ao carbono C-7 de estruturas 7-O-4’ na forma eritro. Os

sinais referentes aos carbonos C-8 não foi observar.

No espectro no estado sólido os sinais não se revelam de forma discreta,

dificultando assim a interpretação do mesmo. No entanto, é evidente pelo formato do

espectro, embora sobrepostos, os sinais existem.

A proximidade dos tipos de lignina existente nas espécies estudadas limitou a

caracterização das mesmas usando os espectros de carbono. Isso nos levou a não

realizar a análise de todas as espécies. No entando os experimentos de RMN de 1H

e oxidaçao por nitrobenzeno nos forneceram dados suficientes para o estudo da

lignina.

As atribuições dos espectros de RMN de 13C de lignina original no estado

sólido e de lignina acetilada em solução estão mostradas e os espectros de madeira moída,

de lignina original e de lignina acetilada de nas figuras 4.57, 4.58 e 4.59, respectivamente.

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129

Tabela 4.20. Atribuições dos sinais de RMN de 13C de lignina original (PRE) no estado

sólido (CP-MAS) e (PREA).

* Se, Ge: unidades siringílicas eterificadas; Sne, Gne: unidades siringílicas não eterificadas; S, G: unidades siringílicas eterificadas ou não eterificadas

Deslocamentos químicos (δδδδ) Atribuições*

RMN de 13C sólido

RMN de 13C em solução

193,6 7-CO e 9-CHO

191,0 7-CHO

172,0 170,0 -C=O de ácidos carboxílicos alifáticos

169,6 169,6 -C=O de grupos acetílicos de xilanas

152,9 C-7 de Ar-CH=CH-CHO

152,9-152,2 153 152,8 C-3/C-5 de Se,C-3/C-5’ de 5-5’

149,5-149,2 148 150,6 C-3 de Ge

147,7-146,5 147,9 C-4 de Ge, C-3/C-5 de Sne e C-3 de Gne

145,5 C-4 de Gne

143,2 C-4 de subestruturas fenilcumarânicas

138,0 C-1 de Se

136,1 136 C-4 de Se

135,6-135,0 135,3 C-1 de Ge, C-4 de Sne

132,2 131,8 C-1 de Gne, C-1 de Sne

130,0-128,0 C-7/C-8 em Ar-CH=CHCH2OH, C-8 em Ar-CH=CH-CHO, -CH=CH de olefinas

119,3-119,0 120 119,6 C-6 Ge e Gne

118,1

115,8-1146 C-5 de Ge e Gne

112,2 111,3 C-2 de Ge e Gne

106,8-103,5 105 104,1 C-2/C-6 de Se e Sne com ou sem 7-C=O

101,9-101,6 C-1 de xilanas

87,0-86,2 C-8 de 8-O-4’ de S (forma eritro)

84,6-84,0 84 80,5 C-8 de 8-O-4’ de G (forma eritro)

73,3-72,4 73 74,3 C-7 de 7-O-4’ de S (forma eritro),

C-7 de 7-O-4’ de G (forma eritro)

71,6 69,3 C-7 de 8-O-4’ de S ou G (forma treo)

C-9 de 8-8’ de G e S

62,9-62,6 60 63,1 e 62,5 C-9 de 8-O-4’ de G ou S (formas treo e eritro)

56,0 56 55,9 -OCH3 de G e S

54,2-53,8 C-8 de 8-8’ de G e S

53,5 C-8 de 8-5’ de G e S

20,9 20 20,9 -CH3 de grupos acetílicos de xilana

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130

Figura 4.57. Espectro de RMN de 13C no estado sólido de maderia moída de P. regnellii

(75MHz).

Figura 4.58. Espectro de RMN de 13C no estado sólido de lignina de P. regnellii (75MHz).

17

0.6

20

1

16

9.6

20

1

16

0.7

02

4

15

2.8

99

3

15

0.6

53

5

14

7.9

65

0

14

7.4

73

3

13

5.3

26

1

13

1.8

18

0

11

9.6

70

8

11

8.1

62

7

11

1.3

92

4

11

0.0

97

3

10

4.1

46

7

80

.50

81

80

.01

63

77

.19

67

74

.34

43

69

.27

89

67

.93

47

63

.18

08

62

.57

42

55

.88

59

20

.87

06

20

.55

91

(ppm)

102030405060708090100110120130140150160170180190200

Figura 4.59. Espectro de RMN de 13C em solução de lignina acetilada de P. regnellii (PREA), CDCl3 (50 MHz).

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131

4.5. Análise biossintética

4.5.1. Biossíntese de lignanas

Os primeiros relatos envolvendo a biossíntese de lignanas surgiram dos

estudos de Neish (1965) que propusera baseado na inexistência de intermediários

reativos, que não haveria nenhuma enzima regioespecífica envolvida no acoplamento

8-8’ de duas unidades C6-C3, concluindo que o acoplamento não seria proveniente de

uma oxidação por meio de um intermediário quinona, como acontecia para as ligninas.

Biossinteticamente as lignanas são produtos derivados por uma ramificação

da rota do ácido chiquímico, conhecida como via fenilpropanoídica. Nesta via, o

aminoácido L-fenilalanina normalmente sofre desaminação por meio da enzima

fenilalanina-amônia-liase (PAL) levando à produção de ácidos cinâmicos, e, por

redução destes, a álcoois cinamílicos substituídos (Kato et al., 1998). O álcool

correspondente se dimeriza através do acoplamento oxidativo formando o

pinoresinol. Usando os (±)-pinoresinois marcados isotopicamente, Kato (1989),

demonstrou que o (+)-pinoresinol empregado como precursor com estágios

seqüenciais de formação do grupo metilenodioxido levou a formação de (+) piperitol

e a seguir a sesamina. A reação de metilação da posição C-4 ocorre por intermédio

de O-metil-transferases do piperitol que leva a formação do metilpiperitol (kobusina).

A introdução da ponte metilenodioxifenílica na estrutura furofurânica ocorre

durante a conversão do (+)-pinoresinol a (+)-piperitol e é catalisada por uma enzima

do citocromo P-450 O2- e NADPH-dependente contidas nos microssomos celulares

da planta

O (+)-pinoresinol formado sofre uma redução enantioespecífica dependente de

NADPH para produzir a lignana benziltetraidrofurânica (-)-secoisolariciresinol, e

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132

posteriormente, uma lignana dibenzilbutânica, o (+)-lariciresinol (Katayama, 1992a,

1992b).

O (-)-secoisolariciresinol, após esta etapa, é oxidado estereoespecificamente e

fornece o (-)-matairesinol (Umezawa et al., 1990, 1991).

Por sua vez o matairesinol leva a formação da (-)-arctigenina a partir da

metilação da posição C-4 por intermédio de O-metil-transferases (Osawa, 1993).

E mais uma vez ocorre a introdução da ponte metilenodioxifenílica na

estrutura do matairesinol catalisada por uma enzima do citocromo P-450 O2- e

NADPH-dependente, formando a hinokinina, kusunokinina e haplomirfolina.

A carbonila do matairesinol, pode também ser reduzida a álcool formando

assim a cubebina e 3’,4’-dimetoxi-3,3-desmetilenocubebina.

Em relação à estereoquímica não há exemplos de lignanas furofurânicas

opticamente puras analisadas por CLAE quiral exibindo assim, várias composições

enantioméricas, enquanto as lignanas dibenzilbutirolactônicas tem sido identificadas

em CLAE quiral, observando-as como opticamente puras (Umezawa, 2003).

Baseado nos estudos anteriores uma rota biossintética para as substâncias

isoladas é proposta na figura 4.60.

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133

O OH

NH2

OH

OMe

OH

O

O

OH

OH

OMe

OMeO

O

OR1

R3O

OR4

OR2

O

OH

OH

OH

OMe

OMe

OH

OH

OMe

MeO

OH

OH

OR4

R1O

R2O

OR3

O

OH

OH

OH

O

O

OMe

MeO

OR4

R1O

R2O

OR3

O

O

pinoresinol

sesamina

R1 = R3 = R4 = CH3 e R2 = H = arctigenina

fenilalanina

álcool coniferílico

R1 + R2 = R3 + R4 = CH2

R1 + R2 = CH2 e R3 = R4 = CH3 = Kobusina

=

lariciresinol

R1 + R2 = R3 + R4 = CH2 = cubebina

R1 + R2 = CH2 e R3 = R4 = CH3 = -3, 4-desmetilenocubebina

3´,4´-dimetoxi-R1 + R2 = R3 + R4 = CH2 = hinokinina

R1 + R2 = CH2 e R3 = H e R4 = CH3 = haplomirfolina

R1 + R2 = CH2 e R3 = R4 = CH3 = kusunokinina

matairesinol

Figura 4.60. Rota biossintética das lignanas isoladas das folhas e dos frutos de P.

richardiaefolium.

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134

4.5.2. Biossíntese de ligninas

A lignificação é um processo bioquímico que abrange a biossíntese de

monolignóis, seu transporte e a polimerização na parede celular, que em primeiro

estádio é altamente mediado por enzimas intrínsecas à formação dos precursores

nos compartimentos citoplasmáticos. O segundo estádio de formação da lignina

ocorre na parede celular e caracteriza-se pela reação de oxidação desidrogenativa

dos monolignóis disponíveis. As enzimas oxi-redutoras tais como peroxidases, e

isoenzimas correspondentes, atuam na polimerização da lignina, dentro da parede

celular, formando um complexo coordenado com peróxido de hidrogênio. A lacase

entre outras oxidases também promovem oxidação desidrogenativa dos monolignóis

na parede celular (Lewis e Sarkanen, 1998; Whetten et al., 1998; Ranocha et al.,

2000) (Figura 4.61).

Figura 4.61. Ressonância dos monolignóis iniciada por peroxidases e lacases.

R1

OH

R2

R3

R1

O

R2

R3

R1

O

R2

R3R1

O

R2

R3 ..

O

R2

R3R1.

.

..

1

3

57

8

9

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135

Sua arquitetura molecular difere segundo a origem botânica dos táxons, entre

células e ate mesmo dentro da parede celular, respondendo aos efeitos abióticos e

bióticos do ambiente (Larroque e Planchon, 1990). Normalmente as plantas detêm

mecanismos coordenados de deposição da lignina, assim sua síntese obedece aos

conceitos da topoquímica onde o tempo e local de deposição pode ser endógena e

exogenamente afetado (Donaldson, 2001).

O metabolismo dos fenilpropanóides inclui uma série complexa de caminhos

bioquímicos que proporcionam as plantas milhares de combinações. Muitos destes

são intermediários na síntese de substâncias estruturais das células, como a lignina

(Boatright et al., 2004). Estes caminhos se ramificam gerando varias substâncias

com funções essenciais no desenvolvimento da planta e interações ambientais

(Allina et aI., 1998).

E nestes caminhos há atuação de enzimas fundamentais para a biossíntese

da lignina. Durante a formação dos precursores da lignina algumas dessas enzimas

atuam sobre o núcleo aromático dos fenilpropanóides, introduzindo hidroxilas em C-

3 e C-5 e as metilando em seguida enquanto outras desempenham importante papel

na redução da cadeia lateral. A biossíntese da lignina envolve uma série de enzimas

desde a fenilalanina amonia-liase (PAL), cinamato-4-hidroxilase (C4H),

hidroxicinamoil COA ligase (4CL), 4-hidroxicinamato 3-hidroxilase (C3H), 5-adenosil-

metionina:cafeato/5-hidroxilase (OMT), ferulato-5-hidroxilase (F5H), hidroxicinamoil

COA redutase (CCR) ate a cinamil álcool desidrogenase (CAD) (Figura 4.62).

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136

L-Fenilalaninap-cumaroil-CoA cafeoil-CoA feruloil-CoA 5-hidroxiferuloil-CoA sinapoil-CoA

CH2OH

OH

CH2OH

OCH3

OH

CH2OH

OCH3

OH

H3CO

CAD CAD CAD

COOH

OCH3

OH

H3CO

COOH

OH

COOH

OH

OH

COOH

OCH3

OH

COOH

OCH3

OH

HO

COOH

NH2

PAL

C3H COMT F5H COMT

COSCoA

OH

COSCoA

OH

OH

COSCoA

OCH3

OH

COSCoA

OCH3

OH

HO

COSCoA

OCH3

OH

H3CO

CCoA3H CCoAOMT ? CCoAOMT

CHO

OH

CHO

OH

OH

CHO

OCH3

OH

CHO

OCH3

OH

HO

CHO

OCH3

OH

H3CO

COMT?

4CL 4CL 4CL 4CL 4CL

CCR CCR CCR CCR CCR

COOH

C4H

p-cumaraldeido coniferaldeido 5-hidroxiconiferaldeido sinapaldeido

Álcool p-cumárico

(H)

Álcool coniferílico

(G)

Álcool sinapílico

(S)

Ácido cinâmico Ácido 4-cumárico Ácido cafeico Ácido ferúlico Ácido 5-hidroxiferúlico Ácido sinapílico

COMT F5H

L-Fenilalaninap-cumaroil-CoA cafeoil-CoA feruloil-CoA 5-hidroxiferuloil-CoA sinapoil-CoAp-cumaroil-CoA cafeoil-CoA feruloil-CoA 5-hidroxiferuloil-CoAp-cumaroil-CoA cafeoil-CoA feruloil-CoA 5-hidroxiferuloil-CoA sinapoil-CoA

CH2OH

OH

CH2OH

OCH3

OH

CH2OH

OCH3

OH

H3CO

CAD CAD CAD

COOH

OCH3

OH

H3CO

COOH

OH

COOH

OH

OH

COOH

OCH3

OH

COOH

OCH3

OH

HO

COOH

NH2

PAL

C3H COMT F5H COMT

COSCoA

OH

COSCoA

OH

OH

COSCoA

OCH3

OH

COSCoA

OCH3

OH

HO

COSCoA

OCH3

OH

H3CO

CCoA3H CCoAOMT ? CCoAOMT

CHO

OH

CHO

OH

OH

CHO

OCH3

OH

CHO

OCH3

OH

HO

CHO

OCH3

OH

H3CO

COMT?

4CL 4CL 4CL 4CL 4CL

CCR CCR CCR CCR CCR

COOH

C4H

p-cumaraldeido coniferaldeido 5-hidroxiconiferaldeido sinapaldeido

Álcool p-cumárico

(H)

Álcool coniferílico

(G)

Álcool sinapílico

(S)

Ácido cinâmico Ácido 4-cumárico Ácido cafeico Ácido ferúlico Ácido 5-hidroxiferúlico Ácido sinapílicoÁcido cinâmico Ácido 4-cumárico Ácido cafeico Ácido ferúlico Ácido 5-hidroxiferúlico Ácido sinapílicoÁcido 4-cumárico Ácido cafeico Ácido ferúlico Ácido 5-hidroxiferúlico Ácido sinapílico

COMT F5H

Figura 4.62. Rota biossintética dos monolignóis precursores da lignina. (Dixon, et al., 2001).

Uma polimerização enzimática destas unidades de fenilpropanóides é o passo

final da biossíntese das ligninas pelas plantas, sendo que a porcentagem relativa de

cada monômero fenólico dentro da molécula é dependente da origem filogenética do

vegetal (Sarkanen e Ludwig, 1971).

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137

4.5.3. Biossíntese de lignanas x ligninas

Ao lado dos compostos derivados da via do acetato e dos flavonóides, as

lignanas são o grupo de metabólitos secundários que tem sua biossíntese bastante

estudada. Sua rota de formação está estritamente relacionada com a dos alil- e

propenilfenóis, bem como das ligninas.

As ligninas são polímeros naturais cujas unidades básicas são os mesmos

monolignóis responsáveis pela biossíntese das lignanas e propenil- e alilfenóis. São

consideradas metabólitos primários, pois são responsáveis pela sustentação e

transporte de água nas plantas. A via fenilpropanoídica pode ser considerada como um

elo entre os metabolismos primário e secundário (Sarkanen e Herbert, 1971; Whetten e

Sederoff ,1995).

O acoplamento oxidativo que leva à formação das lignanas e ligninas na

natureza ocorre de modo diferente. No caso das lignanas, existe a ação de enzimas

com alto controle régio- e estereosseletivo levando a produtos oticamente ativos,

enquanto que o acoplamento oxidativo que ocorre na biossíntese das ligninas dá

origem a produtos racêmicos. O termo “lignana” então foi criado para definir as

substâncias produzidas pela união regioespecífica de duas unidades monoméricas C6-

C3. (Gottlieb et al., 1995b)

Uma rota biossintética para alguns metabólitos secundários derivados parcial

ou completamente da via fenilpropanoídica é mostrada na figura 4.63.

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138

O

O H

NH2

O

OH

OH

MeO

O

OH

OH

MeO

O Me

RO

MeO

R

O

OR

MeO

O Me

OH

MeO

OO

OMe

MeO

OMe

MeO

MeO

OO

OH

O

OH

OH

OH

OH

MeO

MeO

OMe

OH

OH

O Me

OMe

OMe

OMeO

O Me

MeO

O

OH

MeO

OMe

OH

O

O

Ar

Ar

O

O

Ar

ArO

Ar

Ar

OH

RO

MeO

R

O

OR

OMe

MeO

MeON

O O

O

O

OH

O Me

O

O

OH

MeO

MeON

OO

O Me

OH

OH

ONH2NH2

O

OHO H

O

O

OHOH

O

OHOH

OMeOH

OH

O

O MeO

MeO

P. regnellii

P. aduncum

P. cernuum

ác. p-coum árico L-fenilalanina

ác. diiidrocinâm icoderivados

ác. ferulíco

ácido sinapílico álc. sinapílico

álc. coniferílico

elem icina

dilapiol

(+)-conocarpano

m iristicina

5-metoxi-isoeugenol

grandisina

E-isoanol

PAL

P. pseudopothifoliumP. richardiaefoliumP. truncatum

P. so lmsianumP. richardiaefolium

Ligninas

piplartina

borneol L-lisina

diidropiplartinaferulato de bornila

cum arato de bornila

sesam inakobusina

hinok ininakusunok ininaarctigeninahaplom irfolina

cubebina3',4'-dim etoxi-3,4-desm etilenocubebina

Figura 4.63. Relação biossintética dos monolignóis precursores de metabólitos secundários e de lignina.

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139

5. Conclusão

A análise do padrão de substituição dos anéis aromáticos dos principais

metabólitos secundários de Piper regnellii e Piper solmsianum, indica que o

conocarpano e a grandisina são produzidos a partir de álcoois p-cumárico

(monoxigenados) e siringílico (trioxigenados), respectivamente (Sartorelli et al.,

2001; Martins et al., 2003). No caso de Piper aduncum, o dilapiol possui o anél

aromático tetraoxigenado (Parmar et al., 1998) sugerindo que o precurso pode ser

também o álcool siringílico. Finalmente, em Piper richardiaefolium, os principais

produtos são as lignanas cubebina e outros estruturalmente relacionados que devem

ser resultantes de alcoóis coniferílico.

Assim sendo, a questão que se colocou foi relacionado a possível correlação

entre o padrão de oxigenação desses metabólitos secundários e o padrão de

oxigenação das ligninas dessas espécies.

As análises de amostras de ligninas dos caules de Piper indicaram que a

lignina de P. aduncum e de P. regnellii tem um predomínio de anéis aromáticos do

tipo siringílico enquanto que nas demais espécies foram constatadas um padrão

guaiacílico mais acentuado. Esta inferência foi baseada principalmente no método

de degradação por nitrobenzeno, onde a relação das unidades S/G para P. aduncum

mostrou ser o mais elevado, seguido de P. regnellii. Outro dado relevante para a

comparação entre as ligninas das espécies de piper foi a proporção relativa entre os

sinais por volta de δ 6,6 e 6,9 nos espectros de RMN de 1H das ligninas extraídas

pelo método de Bjorkman e analisadas em solução. Estes sinais são atribuídos,

respectivamente a hidrogênios siringílicos e guaiacílicos. Estes sinais aliados aos

sinais de hidrogênios de metoxilas permitiram calcular semiquantitativamente a

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140

fómula mínima das ligninas que, embora não precisos, mostrou pode ser usado para

auxiliar nos estudos de lignina.

Portanto, os resultados obtidos sugerem que a via biossintética envolvida na

formação de ligninas deve atuar de forma independente daquela envolvida na

formação dos metabólitos das mesmas espécies.

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7. CURRÍCULUM VITAE

7.1. Informações Pessoais

Nome: Adalberto Manoel da Silva

Local de nascimento: São Miguel do Anta/MG

Data de nascimento: 9 de junho de 1970

Nacionalidade: Brasileiro

7.2. Formação

• Departamento de Química – Universidade Federal de Viçosa

Licenciatura em Química, 1996-2000

Bacharelado em Química, 1996-2001

7.3. Ocupação

Profissão: Supervisor de Qualidade

Empresa: Atina – Indústria e Comércio de Ativos Naturais S/A.

7.4. Atividades de Monitoria

• Atividade de monitoria (PAE) da disciplina QFL 314 – Química Orgânica

Experimental VII. Curso de Farmácia da Faculdade de Ciências

Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.

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• Atividade de monitoria (PAE) da disciplina QFL 2343 – Química Orgânica

Experimental. Curso de Química do Instituto de Química da Universidade de

São Paulo.

• Atividade de monitoria (PAE) da disciplina QFL 341 – Química Orgânica I.

Curso de Farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade

de São Paulo.

• Atividade de monitoria (PAE) da disciplina QFL 341 – Química Orgânica I.

Curso de Farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade

de São Paulo.

7.5. Participações em Congressos

• XXV RESEM 2003 – Reunião Anual sobre Evolução, Sistemática e Ecologia

Micromoleculares.

Trabalho: Análise de ligninas de Piper solmsianum e Piper regnellii

• XXVI Congresso Latinoamericano de Química e 27a Reunião Anual da

Sociedade Brasileira de Química

Trabalho: Caracterização de ligninas de Piper por RMN de 13C no estado sólido (CP-

MAS)

• 28a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química

Trabalho: Lignanas de Piper richardiaefolium kunth.

Trabalho: Ecologia química entre espécies de homópteros e Piperaceae.