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PROGRAMA UFPE/DEQ-PRH-ANP/MCT Engenharia do Processamento Químico do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Título da Especialização com Ênfase no Setor Petróleo e Gás: Engenharia de Refino do Petróleo e Processos Petroquímicos Estudo da Reação de Despolimerização do Poli(Tereftalato de Etileno) - PET Renatha Aline Souza Pinto de Moura TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Orientadora Yêda Medeiros Bastos de Almeida Abril, 2012

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PROGRAMA UFPE/DEQ-PRH-ANP/MCT

Engenharia do Processamento Químico do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

Título da Especialização com Ênfase no Setor Petróleo e Gás:

Engenharia de Refino do Petróleo e Processos Petroquímicos

Estudo da Reação de Despolimerização do Poli(Tereftalato de Etileno) - PET

Renatha Aline Souza Pinto de Moura

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Orientadora

Yêda Medeiros Bastos de Almeida

Abril, 2012

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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Tecnologia e Geociências Departamento de Engenharia Química

Estudo da Reação de Despolimerização do Poli(Tereftalato de Etileno) – PET

Aluna: Renatha Aline Souza Pinto de Moura Orientadora: Yêda Medeiros Bastos de Almeida

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Estudo da Reação de Despolimerização do Poli(Tereftalato de Etileno) - PET

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia Química do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Química.

Recife/2012

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À Deus, em primeiro lugar.À minha família,

que esteve sempre olhando por mim e me

erguendo nos momentos mais difíceis para que

eu seguisse sempre adiante, e a todos os meus

amigos.

'Quando alguém encontra seu caminho precisa

ter coragem suficiente para dar passos

errados. As decepções, as derrotas, o

desânimo são ferramentas que Deus utiliza

para mostrar a estrada.'

Paulo Coelho

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por ter me dado muita força e luz nos momentos mais

difíceis, me concedendo a força de vontade, a inteligência e a saúde necessárias

para a conclusão deste trabalho de conclusão de curso.

Aos meus pais, Adalberto Pereira e Tania Maria, por terem acreditado e

investido em mim desde o princípio, me servindo de base para tudo sempre, que

não mediram esforços para que eu fosse feliz, tendo paciência com meus

estresses do cotidiano e por todo amor me dado.

Aos meus irmãos, Roberto Fagundes, Thiago Vitor e Andreza Regina, e em

especial, aos meus lindos sobrinhos Caio Vinícius e Noah Fagundes por serem a

razão da minha alegria de viver.

A Dioval Spencer, por em todos os momentos não ter poupado

companheirismo, compreensão, paciência e atenção, suportando os meus

estresses durante a elaboração deste trabalho e até este momento da graduação

e, principalmente, pelo amor incondicional que sempre dedicou a mim.

À minha madrinha/prima, Amanda de Moura, não apenas pelo apoio e

incentivo aos meus estudos, mas principalmente, pelo amor e atenção que sempre

me deu.

À minha orientadora, Prof. Dra. Yêda Medeiros Bastos de Almeida, um

agradecimento mais que especial, pelo apoio, confiança e incentivo.

À Prof. Dra. Glória Maria Vinhas, por toda disponibilidade, ajuda, e incentivo

ao trabalho, esclarecendo minhas dúvidas, ao Prof. Dr. Maurício Santos e à Prof.

Dra. Andrelina Pinheiro que também contribuíram bastante.

Às minhas amigas Marcela Aragão, Helloise Gabrielle e Olga Pinheiro,

companheiras em diversas empreitadas, pelos bons momentos que tivemos até

agora (os quais guardarei sempre) e os que ainda estão por vir. Ainda àqueles que

formam o grupo PRH-28 e que me ajudaram de alguma forma.

Aos amigos do laboratório Magno, Flávia e Cristiane por toda ajuda e

colaboração ao longo da pesquisa.

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À Celmy Barbosa e Paulo Estevão por toda dedicação ao PRH-28 e

empenho.

A Frompet pelo fornecimento das amostras de PET.

À Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP

e à Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP – por meio do Programa de

Recursos Humanos da ANP para o Setor de Petróleo e Gás – PRH-ANP/MCT, em

particular ao PRH 28, do Departamento de Engenharia Química, Centro de

Tecnologia e Geociências da UFPE, pelo apoio financeiro.

À UFPE, pela estrutura fornecida e ao LMPC, pela eminente participação no

desenvolvimento do trabalho.

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RESUMO

O crescimento da população e o estímulo ao consumo de produtos

industrializados descartáveis têm aumentado a quantidade e a diversidade dos

resíduos urbanos, dentre os quais o poli(tereftalato de etileno) – PET se

destaca com percentuais cada vez maiores na composição do lixo, com

presença crescente no meio ambiente. Processos de reciclagem desta resina

plástica têm sido estudados no sentido de viabilizar uma forma de reduzir o

montante deste resíduo nos lixos urbanos. A reciclagem deste material é uma

atividade ainda recente no Brasil, tendo sido iniciada, em escala industrial, há

pouco mais de dez anos. Em 2010, foram utilizadas, no país, 469 mil toneladas

de PET na fabricação de diversos produtos, mas somente 55,8% desse total

foram efetivamente reciclados. O presente trabalho teve como objetivo elevar o

nível de reciclagem, avaliando a despolimerização do PET pós-consumo

reciclado por meio da hidrólise básica em diferentes condições reacionais,

diminuindo, assim, seu descarte em aterros sanitários. Produtos com alto valor

agregado e diferentes aplicações podem ser obtidos a partir da reciclagem

química do PET. Neste estudo foram investigados o efeito da concentração da

solução de hidróxido de sódio e do tempo de reação sobre o rendimento da

reação de despolimerização do PET, na forma de pellets e flakes. As reações

de hidrólise foram realizadas controlando-se as condições de temperatura,

pressão e velocidade de agitação, objetivando a obtenção do ácido tereftálico

(PTA). Com base nos resultados obtidos, concluiu-se que a área superficial é

um fator determinante do rendimento do monômero PTA, visto que se trata de

uma reação heterogênea, ocorrendo na interface polímero/solvente. Em

condições ótimas de reação, com solução aquosa de NaOH 10M por um

tempo de reação de 5 horas, obteve-se o melhor rendimento. A obtenção do

ácido tereftálico foi comprovada por meio da espectroscopia vibracional de

absorção no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) e Ressonância

Magnética Nuclear de Hidrogênio (1H RMN) comparando-se, em seguida, suas

propriedades com as do PTA comercial.

Palavras-chave: Despolimerização, PET, reciclagem, hidrólise alcalina.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução do consumo de PET para produção de embalagens

(ABIPET, 2010) ................................................................................................ 14

Figura 2 – Esquema geral da reação de polimerização do etileno para produção

do polietileno (adaptado de ZANIN; MANCINI, 2009) ...................................... 18

Figura 3 – Esquema geral da polimerização do ácido adípico e do hexametileno

diamina para produção da poliamida 6,6 (adaptado de ZANIN; MANCINI, 2009)

......................................................................................................................... 18

Figura 4 – Esquema geral da polimerização do ácido tereftálico e do

etilenoglicol para produção do Poli(tereftalato de etileno) – PET ..................... 19

Figura 5 – Estrutura química do PET (CAETANO, 2010) ................................. 19

Figura 6 – Fluxograma genérico da reciclagem química (PIVA; WIEBECK,

2004) ................................................................................................................ 21

Figura 7 – Fluxograma esquemático de reciclagem mecânica de plásticos

(PIVA; WIEBECK, 2004) .................................................................................. 25

Figura 8 – Simbologia para identificação de embalagens poliméricas (COLTRO

et al, 2008). ...................................................................................................... 26

Figura 9 – Esquema ilustrativo da reciclagem energética (PIVA; WIEBECK,

2004) ................................................................................................................ 28

Figura 10 – Amostras de PET reciclado na forma de flakes (A) e pellets (B) ... 38

Figura 11 – Equipamento utilizado para execução da reação de

despolimerização do PET ................................................................................ 40

Figura 12 – Mecanismo de formação do PTA pela hidrólise básica (adaptado de

SANTOS, 2009) ............................................................................................... 42

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Figura 13 – Superfície de resposta para o rendimento (%) do PET pellets em

função da concentração de NaOH (mol/L) e tempo (h) .................................... 45

Figura 14 – Superfície de resposta para o rendimento (%) do PET flakes em

função da concentração de NaOH (mol/L) e tempo (h) .................................... 45

Figura 15 – Espectro no Infravermelho do PTA obtido da reação 3 (a partir PET

na forma pellets) ............................................................................................... 47

Figura 16 – Espectro no Infravermelho do PTA obtido da reação 3 (a partir de

PET na forma flakes) ........................................................................................ 48

Figura 17 – Espectro no Infravermelho do PTA padrão (DI SOUZA et al, 2008)

......................................................................................................................... 48

Figura 18 – Espectro 1H-RMN do monômero em DMSO-d6 obtido da reação 3

(a partir PET na forma pellets) ......................................................................... 49

Figura 19 – Espectro 1H-RMN do monômero em DMSO-d6 obtido na reação 3

(a partir de PET na forma flakes) ..................................................................... 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Índice de reciclagem de PET no ano de 2010 (CEMPRE, 2011) 32

Tabela 2 – Matriz das reações para o planejamento de experimentos 39

Tabela 3 – Rendimento percentual (η%) obtido em cada experimento variando-

se o tempo de reação e a concentração de hidróxido de sódio 43

Tabela 4 – Efeito individual das variáveis analisadas para rendimento de PTA

(%), a partir de PET flakes, no planejamento fatorial 22 46

Tabela 5 – Efeito individual das variáveis analisadas para rendimento de PTA

(%), a partir de PET pellets, no planejamento fatorial 22 46

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LISTA DE ABREVIATURAS

DMSO-d6 – Dimetilssufóxido deuterado

EG – Etilenoglicol

FROMPET – Empresa especializada no reaproveitamento de material PET

FTIR – Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de

Fourier

IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change

LAC/UFPE – Laboratório de Combustíveis da Universidade Federal de

Pernambuco

PET - Poli(tereftalato de etileno)

PTA - Ácido tereftálico

PU - Poliuretano

RSU - Resíduos Sólidos Urbanos

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SUMÁRIO

EPÍGRAFE

AGRADECIMENTOS

RESUMO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13

2. OBJETIVOS .............................................................................................. 16

2.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................. 16

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................... 16

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 17

3.1. INTRODUÇÃO AOS POLÍMEROS ..................................................... 17

3.2. POLI(TEREFTALATO DE ETILENO) – PET ....................................... 19

3.3. PROCESSOS DE RECICLAGEM DE POLÍMEROS ........................... 20

3.3.1. Reciclagem química ..................................................................... 20

3.3.2. Reciclagem mecânica ................................................................... 24

3.3.3. Reciclagem energética ................................................................. 27

3.4. RECICLAGEM DO PET ...................................................................... 30

3.4.1. Benefícios da reciclagem do PET ................................................. 30

3.4.2. Reciclagem do PET no Brasil ....................................................... 31

3.5. DEGRADAÇÃO DO POLÍMERO PET................................................. 34

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3.5.1. Despolimerização ......................................................................... 35

4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 38

4.1. MATERIAIS ......................................................................................... 38

4.2. MÉTODOS .......................................................................................... 38

4.2.1. Preparação das amostras de PET ................................................ 38

4.2.2. Planejamento experimental .......................................................... 39

4.2.3. Reações de despolimerização ...................................................... 39

4.2.4. Caracterização dos materiais ....................................................... 41

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 42

5.1. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO (FTIR) .......................... 46

5.2. ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE

HIDROGÊNIO (1H RMN).............................................................................. 49

6. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ......................................................... 51

6.1. CONCLUSÕES ................................................................................... 51

6.2. PERSPECTIVAS ................................................................................. 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 53

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1. INTRODUÇÃO

É notório que, quanto mais desenvolvido é o país, maior é a

quantidade de lixo produzido pela sua população, uma vez que se aumenta

o consumo de produtos industrializados, acarretando no aumento do volume

de lixo descartado. Com isso, ocorre um grande aumento no montante de

resíduos produzidos e consequentemente, diminui-se o tempo de vida dos

aterros sanitários. O Brasil, segundo a associação de recicladores de

embalagem PET – Abrepet (2011), apresenta sérios problemas, de um modo

geral, no que tange à destinação dos restos domiciliares, visto que os

aterros e lixões estão saturados. Há ainda dificuldades para encontrar novos

locais de destinação para o lixo urbano.

Há mais de 20 anos que grandes desafios vêm sendo enfrentados por

muitos países no sentido de controlar e organizar a geração e a disposição

dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Anualmente, milhões de toneladas

desses resíduos são gerados pela população e pelas indústrias. Para se ter

uma idéia, no ano de 2009, o Brasil gerou mais de 57 milhões de toneladas

desses resíduos, o que representa um crescimento de 7,7% em relação ao

volume do ano anterior. Só as capitais e as cidades com mais de 500 mil

habitantes foram responsáveis por quase 23 milhões de toneladas de RSU

no referido ano (ABRELPE, 2010).

Como consequência desta conjuntura, há necessidade de constante

ampliação das atividades ligadas à gestão destes resíduos, e medidas que

possam atenuar a concentração de lixo, tais como a redução, a reutilização

e a reciclagem. Entre os produtos que a sociedade descarta, as embalagens

são as mais criticadas e o uso de embalagens plásticas é preocupante, face

às implicações ambientais inerentes ao seu descarte não racional após o

uso.

Esses materiais ditos “plásticos” correspondem a produtos obtidos a

partir de resinas sintéticas, sendo estes, produzidos empregando-se matéria-

prima de origem não-renovável, o petróleo. De acordo com Piva e Wiebeck

(2004), apesar da grande e crescente produção de plásticos, a sua

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fabricação não requer quantidade tão significante do petróleo produzido

comercialmente no mundo, correspondendo a aproximadamente 5%.

Dentro do grande universo dos plásticos e de embalagens plásticas

disponíveis atualmente, destaca-se o poli(tereftalato de etileno) (PET), que,

com o aumento do consumo de bebidas gaseificadas no mercado, é cada

vez maior o descarte de embalagens deste polímero (Figura 1). Por ter um

grande volume em relação ao seu peso, esses materiais ocupam extenso

espaço em aterros.

As embalagens caracterizam-se por apresentar vida útil curta, ou seja,

o tempo entre a obtenção do artefato, colocação no mercado, utilização e

sua deposição no lixo é de apenas alguns dias. Conforme Santos (2008), o

plástico tornou possível o fenômeno de crescimento de produtos

descartáveis. Por isso, o processo de reciclagem se torna uma alternativa

muito importante no que tange as questões econômicas e ambientais. Outra

alternativa a ser considerada é a reciclagem química que pode ser bastante

interessante do ponto de vista industrial.

Figura 1 – Evolução do consumo de PET para produção de embalagens

(ABIPET, 2010)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Co

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Ano

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A maioria dos resíduos plásticos ocupa um volume considerável

dentro do fluxo de RSU, além de serem bastante resistentes à

biodegradação. De acordo com Ehrig (1992) apud Santos (2008), a prática

da destinação dos resíduos em aterros tendem a se tornar cada vez mais

restrita. Isto se deve, principalmente, ao maior rigor com as regulamentações

ambientais, no que se refere à contaminação do solo e da água. Diante

dessa realidade, a partir da década de 90, a indústria de materiais e

embalagens plásticas passou a ser contestada por ambientalistas e

profissionais da área de resíduos urbanos, e vêm sendo estudadas

alternativas para minimizar ou solucionar os problemas decorrentes da

utilização de materiais plásticos.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo geral o estudo da reação de

despolimerização do poli(tereftalato de etileno), de origem pós-consumo,

para obtenção do monômero ácido tereftálico, tendo como referência o PTA

de origem petroquímica.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Obter o PTA, avaliando o rendimento da reação de hidrólise do PET

frente a diferentes parâmetros, como: concentração de NaOH e

tempo de reação;

Caracterizar o produto obtido pelas técnicas de espectroscopia

vibracional de absorção no infravermelho por transformada de

Fourier (FTIR) e Espectroscopia Ressonância Magnética Nuclear de

Hidrogênio (1H RMN);

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. INTRODUÇÃO AOS POLÍMEROS

Os polímeros são caracterizados por serem moléculas de cadeia

longa, constituída pela sequência de pequenas unidades químicas

(relativamente simples). Estas unidades são denominadas monômeros e são

formadas por ligações covalentes (quimicamente fortes) de átomos de

carbono e hidrogênio, e em muitos casos, de oxigênio, nitrogênio, cloro.

Podem existir ainda ligações secundárias (quimicamente fracas), ou ainda

ligações primárias, que fazem a união de macromoléculas (ZANIN;

MANCINI, 2009).

Os polímeros podem ser classificados de acordo com o seu

comportamento frente à temperatura em termoplásticos e termofixos. Os

termoplásticos amolecem quando são aquecidos e endurecem quando

resfriados, sendo estes processos totalmente reversíveis e que podem ser

repetidos. A degradação pode ser irreversível somente quando a

temperatura de um termoplástico fundido é aumentada excessivamente.

Estes polímeros são caracterizados por apresentarem cadeias lineares,

podendo possuir algumas estruturas ramificadas com cadeias flexíveis

(CALLISTER, 2008).

Os polímeros termofixos ou termorígidos têm cadeia em rede,

constituída de ligações cruzadas covalentes entre as cadeias moleculares

adjacentes. Devido a este fato, estes polímeros se tornam permanentemente

duros durante a sua formação e não amolecem com aquecimento posterior.

Segundo Piva e Wiebeck (2004), os termofixos ou termorrígidos não

apresentam a capacidade de serem reprocessados, uma vez que já

passaram por conformação e não admitem serem fundidos.

Desta forma, os termofixos têm aplicação em setores como o da

eletrônica, computação, e em inúmeras peças utilizadas na mecânica em

geral e especificamente na indústria automobilística, porém não oferecem

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condições para reciclagem. Representam 20% do total de plásticos

produzidos no Brasil, e os mais conhecidos são a resina fenol-formaldeído

(baquelite) e a resina epóxi (PIVA; WIEBECK, 2004).

As reações de polimerização podem ser divididas em dois tipos

básicos, tendo por diferenciação, entre outras, a geração ou não de

subprodutos. A polimerização de adição (ou em cadeia) consiste na

interligação dos monômeros em uma cadeia, sem que haja geração de

subprodutos. Na Figura 2, tem-se o exemplo da polimerização em cadeia do

polietileno, a partir do monômero etileno.

Figura 2 – Esquema geral da reação de polimerização do etileno para

produção do polietileno (adaptado de ZANIN; MANCINI, 2009)

Na polimerização por condensação, os monômeros se combinam com

geração de subprodutos, e ao longo da cadeia, a molécula resultante se

repete. Como exemplo, tem-se a polimerização da poliamida (nylon 6,6),

representada na Figura 3.

Figura 3 – Esquema geral da polimerização do ácido adípico e do

hexametileno diamina para produção da poliamida 6,6 (adaptado de

ZANIN; MANCINI, 2009)

Na Figura 4, a polimerização do PET, material do presente estudo, é

representada pela equação química reversível na qual se tem a

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condensação de uma molécula de ácido tereftálico (PTA) com uma molécula

de etilenoglicol (EG). De acordo com Piva e Wiebeck (2004), a obtenção do

PET também é possível substituindo-se o PTA pelo tereftalato de dimetila

(DMT).

Figura 4 – Esquema geral da polimerização do ácido tereftálico e do

etilenoglicol para produção do Poli(tereftalato de etileno) – PET

3.2. POLI(TEREFTALATO DE ETILENO) – PET

O Poli(Tereftalato de Etileno) é um polímero termoplástico, da família

dos poliésteres. A caracterização como termoplástico confere a este material

a possibilidade de reprocessamento por diversas vezes, pois quando

submetido ao aquecimento, o PET amolece e se funde, podendo ser

novamente moldado sem perda de propriedades. Além disso, possui

resistência mecânica e química, sendo desta forma, o plástico mais aplicado

na fabricação de garrafas, embalagens para bebidas carbonatadas, águas,

sucos, entre outros (ABIPET, 2010).

Figura 5 – Estrutura química do PET (CAETANO, 2010)

Ainda segundo a ABIPET (2010), as embalagens PET têm

representado uma alternativa mais moderna, sintonizada com os anseios do

consumidor e com seus aspectos de proteção ao meio ambiente. Dentre as

suas principais características, as quais são a razão da sua grande

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utilização, destacam-se: transparência e brilho; leveza e resistência;

inquebrável e seguro; barreira a gases em bebidas carbonatadas; inerte;

acondiciona maiores volumes; sistema de fechamento que assegura total

higiene e preservação do produto, evitando desperdícios; 100% reciclável.

De acordo com Callister (2008), a primeira amostra da resina deste

polímero foi desenvolvida pelos ingleses Whinfield e Dickson, em 1941. Nos

anos seguintes, pesquisas desenvolvidas levaram à produção em larga

escala do poliéster, ligadas às aplicações têxteis. Desta forma, o poliéster foi

se tornando um excelente substituto para o algodão, sendo uma alternativa

viável para as fibras até então usadas.

O surgimento das primeiras embalagens de PET data do início da

década de 70 (ABIPET, 2010). No Brasil, o PET foi empregado

primeiramente na indústria têxtil em 1988, para somente a partir de 1993 ter

participação no mercado de embalagens (PIVA; WIEBECK, 2004).

Em razão da enorme difusão de utilização do PET, estudos têm sido

realizados buscando a reciclagem deste polímero. Vários métodos vêm

sendo desenvolvidos, como: a metanólise, em metanol; a glicólise, em

solução de etileno glicol; e a hidrólise, em meio alcalino. Polímeros de

condensação contendo éter, éster ou ligações de amida ácida são facilmente

decompostos em seus monômeros pela hidrólise em água supercrítica

(GOTO et al, 2006).

3.3. PROCESSOS DE RECICLAGEM DE POLÍMEROS

3.3.1. Reciclagem química

A reciclagem química reprocessa plásticos transformando-os em

petroquímicos básicos, que são monômeros ou misturas de hidrocarbonetos.

Estes servem como matéria-prima, em refinarias ou centrais petroquímicas,

para a obtenção de produtos nobres de elevada qualidade.

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Assim, este processo tem como objetivo a recuperação dos

componentes químicos individuais para serem reutilizados como produtos

químicos ou para a produção de novos plásticos com a mesma qualidade de

um polímero original. Além disso, essa reciclagem permite tratar misturas de

plásticos, reduzindo custos de pré-tratamento, custos de coleta e seleção

(PLASTIVIDA, 2009).

Na Figura 6, tem-se um fluxograma básico de reciclagem química o

qual consiste na hidrogenação, gaseificação e pirólise (decomposição por

aquecimento) do resíduo plástico. A partir do aquecimento e hidrogenação

dos resíduos plásticos, obtêm-se hidrocarbonetos, além de resíduos de

destinação opcional a quem recicla. Com o processo de gaseificação, gases

e óleos são obtidos, separados e enviados a refinarias para que sejam

reaproveitados como matéria-prima ou utilizados como combustíveis (PIVA;

WIEBECK, 2004).

Figura 6 – Fluxograma genérico da reciclagem química (PIVA; WIEBECK,

2004)

Os novos processos de reciclagem química desenvolvidos permitem a

reciclagem de misturas de plásticos diferentes, com certos limites para grau

de contaminantes presentes, como tintas, papéis, etc.

Dentre os processos que envolvem a reciclagem química, tem-se a

termólise e a solvólise. Na termólise, a estrutura química do polímero é

quebrada basicamente por meio do calor, e os seus processos são os

seguintes:

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Pirólise: É a quebra das moléculas pela ação do calor na ausência de

ar ou deficiência de oxigênio. Neste processo, ocorre, principalmente,

a despolimerização e a formação de pequena quantidade de

compostos aromáticos e gases leves, os quais podem ser

processados em refinarias.

Trata-se de uma reação endotérmica cujo calor pode ser fornecido

diretamente, pelo oxigênio-ar, ou indiretamente por troca de calor

(PLASTIVIDA, 2009).

Segundo Zanin e Mancini (2009), este tipo de processo não é

adequado para despolimerização do PET, pois sua hidrólise nas

temperaturas dos fornos à vácuo gera rapidamente o ácido tereftálico

(PTA), um pó, que por sua vez tende a aumentar a quantidade de

sólidos gerados e/ou a sublimar sendo arrastado com os gases

aproveitáveis;

Gaseificação: É normalmente feita com o líquido da pirólise, composto

basicamente de hidrocarbonetos de tamanhos diversos, sob

aquecimento a temperaturas da ordem de 900°C com ar ou oxigênio

controlado, gerando o gás de síntese (monóxido de carbono e

hidrogênio). Este é normalmente utilizado em processos químicos e

com valor agregado maior que o produto da pirólise (ZANIN;

MANCINI, 2009);

Hidrogenação: Mediante o tratamento com hidrogênio e calor, o

resíduo plástico liquefeito é quebrado, gerando produtos capazes de

serem processados em refinarias, e que produzirão outros produtos

igualmente líquidos, como a gasolina e o óleo diesel.

Zanin e Mancini (2009) destacam a importância do ajuste das

condições de reação (tempo, temperatura, reagentes, etc) para direcionar a

formação dos produtos desejados, pois, durante a termólise de plásticos,

uma série de reações ocorre produzindo diversos produtos que se

diferenciarão de acordo com os plásticos que alimentam o sistema.

Já nos processos de solvólise, a base para despolimerização é o

emprego de solventes. Em muitos casos o calor é também utilizado, mas

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em níveis bem inferiores à termólise, atingindo uma temperatura levemente

acima da temperatura de fusão (Tf) do polímero que se deseja

despolimerizar.

De acordo com Zanin e Mancini (2009), a solvólise apresenta

viabilidade quando aplicada a polímeros que foram polimerizados passando

por várias etapas ou por reação de condensação, como é o caso do PET.

Tais polímeros são sensíveis à clivagem da cadeia principal a partir do uso

de determinados solventes. Os subprodutos dos processos de polimerização

são normalmente usados para que a reação ocorra no sentido inverso,

tendendo para os monômeros.

Dentre os processos de reciclagem química por solvólise, existem:

Quimólise: Consiste na quebra parcial ou total dos plásticos em

monômeros na presença de glicol/metanol e água, sendo estas

reações chamadas de glicólise e metanólise (alcoólise),

respectivamente.

A aminólise é a reação entre uma amina e um polímero, obtendo-se

como produto aminas, polióis e oligômeros.

A glicólise é a conversão dos reagentes, do próprio produto e glicóis,

a compostos hidroxilados. Algumas aminas aromáticas podem ser

produzidas, dependendo da natureza química do resíduo polimérico,

podendo ser convertidas, ainda, a aminas hidroxiladas.

Segundo Piva e Wiebeck (2004), a quimólise refere-se a uma

despolimerização aplicável a polímeros produzidos por condensação,

como poliésteres (PET) e poliamida (náilon), como também, polímeros

produzidos por adição, como o poliuretano (PU);

Hidrólise: Conduz à recuperação dos monômeros de partida através

de uma reação com excesso de água à alta temperatura, podendo ter

a presença de um catalisador. Desta forma, por meio de vapor

d’água e alta temperatura, ocorre a quebra das ligações de polímeros

com grupos funcionais éster, possibilitando a recuperação dos

segmentos de polímero na forma dos próprios reagentes da reação

de polimerização (álcool ou ácido) (PIVA; WIEBECK, 2004).

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Mediante processos de purificação, os monômeros provenientes da

reciclagem química podem tonar-se semelhantes àqueles produzidos pela

indústria petroquímica. Daí tem-se a importância da utilização destes

reagentes em novos processos de polimerização para obtenção de

polímeros semelhantes aos que seriam obtidos a partir do petróleo (ZANIN;

MANCINI, 2009).

3.3.2. Reciclagem mecânica

A reciclagem mecânica é realizada pela conversão dos descartes

plásticos, pós-industriais ou pós-consumo, em grânulos que podem ser

reutilizados na produção de outros produtos, como embalagens não-

alimentícias, sacos de lixo, solados, pisos, mangueiras, componentes de

automóveis, dentre outros.

Essa reciclagem possibilita a obtenção de produtos compostos por um

único tipo de plástico, ou produtos a partir de misturas de diferentes plásticos

em determinadas proporções. Este produto acabado deve apresentar

propriedades mais próximas possíveis do polímero virgem, para que assim,

possam ser empregados na confecção de materiais com aplicações mais

nobres. No Brasil, estima-se que 15% dos resíduos plásticos pós-consumo

sejam reciclados mecanicamente (PLASTIVIDA, 2009).

O processo da reciclagem mecânica obedece, basicamente, as

seguintes etapas: sistema de coleta dos descartes (coleta seletiva, coleta

municipal, catadores); separação e triagem dos diferentes tipos de plásticos;

limpeza para retirada de sujeiras e restos de conteúdos; revalorização

(produção do plástico granulado). Na Figura 7, tem-se um fluxograma das

principais etapas para produção de plástico reciclado (após separação por

tipo de resina).

A principal diferença entre o processo de reciclagem para resíduos

pós-consumo e resíduos industriais é que, neste último as etapas de

lavagem e secagem não são realizadas, sendo mais empregado a moagem

e a extrusão. O uso de resíduos industriais tem vantagem quanto a

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composição polimérica geralmente definida, sem variações, com baixa

contaminação por corpos estranhos (PIVA; WIEBECK, 2004).

Figura 7 – Fluxograma esquemático de reciclagem mecânica de plásticos

(PIVA; WIEBECK, 2004)

Os processos mecânicos envolvidos são:

Triagem: Os diferentes tipos de plásticos são separados em uma

esteira, de acordo com a identificação da simbologia contida no

produto, segundo a norma ABNT NBR 13230 (Figura 8), ou de acordo

com o aspecto visual. Podem ser aplicados testes simples baseados

em suas características físicas e de degradação térmica como: o de

odor dos vapores de queima, aparência da chama, temperatura de

fusão e solubilidade. Também ocorre a separação de rótulos de

diversos materiais, tampas de garrafas, objetos metálicos, etc.

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Figura 8 – Simbologia para identificação de embalagens

poliméricas (COLTRO et al, 2008).

O tipo de separação (manual ou automática) empregado dependerá

da forma de coleta, das necessidades do mercado e do custo da mão-

de-obra. No Brasil, a separação é feita principalmente de forma

manual, visto que a maioria das empresas de reciclagem é de

pequeno porte e a mão de obra é barata. Nestes casos, a eficiência

desta etapa depende diretamente das pessoas que executam a

tarefa.

Outro fator que determina a qualidade do material é a origem do

resíduo a ser separado, pois aquele proveniente de coleta seletiva é

mais limpo em relação àquele oriundo dos lixões e aterros sanitários;

Moagem: Os diferentes tipos de plásticos separados são moídos em

moinhos de facas rotativas e fragmentados em pequenas partes.

Estes fragmentos são peneirados, na forma aproximada de pellets

(grãos plásticos), antes de sofrerem reprocessamento;

Lavagem: Os fragmentos formandos passam por uma lavagem com

água ou solução de detergente aquecido para retirada de substâncias

contaminantes. Esta água de lavagem recebe tratamento específico

para que seja reutilizada ou emitida como efluente;

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Aglutinação: Após a lavagem e secagem, o material é compactado de

forma a reduzir o volume a ser enviado para a extrusora. Devido ao

atrito dos fragmentos contra a parede do equipamento rotativo, ocorre

elevação da temperatura e posterior formação de uma massa plástica.

É também no aglutinador que ocorre a incorporação de aditivos

(pigmentos, lubrificantes, antioxidantes, plastificantes). A quantidade e

o tipo de antioxidantes e plastificantes adicionados nos polímeros pós-

consumo, normalmente, são os mesmos utilizados para os polímeros

virgens;

Extrusão: A massa plástica é fundida na extrusora, tornando-se um

material homogêneo. No cabeçote da extrusora, tem-se a saída do

filete contínuo que, com o posterior contato com água, é resfriado. Por

fim, o filete é picotado no granulador e transformado em pellets.

Na etapa de extrusão, o processo pode ser realizado em conjunto

com outros processos como a injeção ou a termoformagem. Estes por

sua vez, não são utilizados isoladamente, pois os produtos obtidos

não apresentam uma homogeneidade desejável. O polímero pós-

consumo, normalmente, exibe uma variedade de cores sendo

necessário fazer a homogeneização prévia (por extrusão) para que

então seja processado por injeção ou termoformagem. Por isso, a

etapa de extrusão é largamente aplicada na reciclagem de polímeros

(SPINACÉ; DE PAOLI, 2004).

É possível se encontrar variações nestas etapas de reciclagem. Isto

se deve à procedência e o tipo de polímero empregado, além das diferenças

de investimentos e equipamentos que são utilizados nas plantas de

processamento (SPINACÉ; DE PAOLI, 2004).

3.3.3. Reciclagem energética

A reciclagem energética é, atualmente, uma realidade e uma

importante alternativa no gerenciamento do lixo urbano. O aproveitamento

do conteúdo energético do resíduo polimérico é feito, por meio da

incineração, quando o reuso deste não apresenta viabilidade (PLASTIVIDA,

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2009). Segundo Piva e Wiebeck (2004), trata-se do emprego de tecnologias

para transformação do alto poder calorífico contido nos plásticos, gerando

energia, resíduos sólidos e gasosos, conforme é esquematizado na Figura 9.

Figura 9 – Esquema ilustrativo da reciclagem energética (PIVA; WIEBECK,

2004)

A combustão é realizada com excesso de oxigênio, de forma que o

equilíbrio da reação seja deslocado para o sentido dos produtos desejados

(dióxido de carbono, vapor d’água e energia). A energia gerada é

armazenada, distribuída e vendida, além de, normalmente, ser usada como

alimentação do próprio sistema (ZANIN; MANCINI, 2009). Já os resíduos

gasosos, segundo Piva e Wiebeck (2004), passam por tratamento para

redução da toxidade destas emissões, e os subprodutos sólidos da queima,

recebem destinação diferenciada de acordo com o país que utiliza este

processo.

Esta forma de reciclagem é amplamente utilizada no exterior,

principalmente, para uso como combustível, onde de acordo com a

Plastivida (2009), a capacidade energética contida em 1kg de plásticos é

equivalente à contida em 1 kg de combustível mineral.

Além de criar novas matrizes energéticas, os países que adotam a

reciclagem energética conseguem reduzir substancialmente o volume de

seus resíduos sólidos, o que representa um benefício substancial para

cidades com saturação espacial na destinação do lixo urbano.

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Diante do exposto, o investimento em tecnologias para reciclagem

energética do lixo urbano proporciona diversas vantagens e benefícios

como: soluciona o problema dos lixões e aterros sanitários que já não são

capazes de atender às necessidades dos centros urbanos; é a solução para

a destinação final de lixo urbano não reciclável recomendado pelo

Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) /ONU; reduz a emissão

de gases dos aterros sanitários; ajuda a preservar os leitos dos rios;

possibilita a recuperação energética dos materiais plásticos; tecnologia que

pode ser implantada próxima aos centros urbanos, reduzindo os custos de

coleta e transporte do lixo para os distantes aterros sanitários; a área

necessária para a implantação de uma usina de Reciclagem Energética é

muito inferior à exigida pelos aterros sanitários (PLASTIVIDA, 2009).

Ainda assim, a opção pela reciclagem energética tem suas

desvantagens. Além do alto custo e dificuldades tecnológicas do processo,

há problemas com a matéria-prima, que preferencialmente, deve obedecer

algumas exigências: ser processada em grandes quantidades, de forma que

se evite o desligamento de incineradores e necessidade de ligá-lo

posteriormente (de alto custo); estar separada (às vezes até por tipo de

plástico, caso seja necessário e/ou viável), moída, limpa e seca (ZANIN;

MANCINI, 2009).

Países como EUA, Japão, China, Coreia do Sul, Malásia, Itália,

França, Suíça, entre outros, possuem usinas de Reciclagem Energética.

Nestas usinas, todo tipo de plástico é empregado como combustível.

Somente no Japão existe uma totalidade de 249 usinas. Na Suíça, 27. No

Brasil, ainda não há usinas energéticas para plástico. Porém, estudos sobre

a viabilidade econômica, tecnológica e regulatória foram iniciados,

objetivando a instalação de usinas no país, principalmente nos municípios

que já não têm espaço para a destinação adequada do seu lixo

(PLASTIVIDA, 2009).

Diante deste contexto, a reciclagem apresenta-se não só como uma

ferramenta para a economia de recursos naturais não-renováveis (no caso, o

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petróleo), mas também como forma de redução do montante de resíduos

plásticos destinados em forma de lixo (ZANIN; MANCINI, 2009).

3.4. RECICLAGEM DO PET

3.4.1. Benefícios da reciclagem do PET

A reciclagem do PET colabora para a preservação ambiental,

alcançando plenamente os três pilares do desenvolvimento sustentável, o

qual promove benefícios sociais, econômicos e ambientais.

A reciclagem das embalagens de PET pós-consumo criou, em menos

de 20 anos, todo um setor industrial baseado em regras determinadas pelo

próprio mercado, as quais seguiam o modelo de oferta e procura. Desta

forma, ao criar e desenvolver diversas aplicações para a matéria-prima

resultante do processo de reciclagem de garrafas pós-consumo, a indústria

do PET determinou uma forte demanda pela sucata (ABIPET, 2010).

A indústria têxtil consiste na maior usuária do material no Brasil e em

qualquer lugar do mundo onde a atividade de reciclagem do PET é

desenvolvida. Porém, apenas no Brasil, a diversidade de usos permite que o

valor pago pela sucata seja bastante atrativo durante todo o ano. Isto

representa um benefício para a sociedade em geral, pois a comercialização

do material mantém em atividade muitas empresas do ramo, bem como

inúmeras cooperativas e seus catadores (ABIPET, 2010).

Ainda segundo a ABIPET (2010), a indústria recicladora do PET no

Brasil é economicamente viável, sustentável e funcional. Para corroborar, o

setor de reciclagem responde com cerca de um terço do faturamento de toda

a indústria brasileira do PET. Além disso, contribui com a geração de

empregos, renda e todos os demais benefícios de uma indústria

consolidada. Novos investimentos vêm sendo implementados nestas

indústrias, resultado de um crescimento anual constante (em média superior

a 11% desde 2000). Esta evolução tem sido impulsionada, também, pela

criação de novos usos para o PET reciclado.

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A produção e uso das garrafas já trazem diversos benefícios

ambientais. Sua reciclagem potencializa esses benefícios, pois a matéria-

prima reciclada substitui material virgem em muitos outros produtos, nos

segmentos mais diferentes, como construção civil, tintas, indústria

automotiva e de transportes, pisos, etc.

Não bastasse o reaproveitamento de centenas de milhares de

toneladas de embalagens que seriam indevidamente destinadas, a

reciclagem de PET economiza recursos naturais, água e energia. E para que

tudo isso ocorra, cada membro da sociedade pode colaborar diretamente,

bastando apenas que os resíduos plásticos sejam destinados

adequadamente à locais que realizem atividade de reciclagem (ABIPET,

2010).

Como informa Zaparolli (2008), a reciclagem da embalagem de PET,

segundo uma avaliação de ciclo de vida realizada pelo Centro de Tecnologia

de Embalagem (CETEA), em comparação com a garrafa de material virgem,

implica na economia de 97% de energia e 86% de água, redução de 53%

nos resíduos industriais e diminuição de 98% nas emissões de gás

carbônico. Além disso, elimina a emissão de gases poluentes: 96% óxido de

nitrogênio e 92% de monóxido de carbono.

Esses princípios e estratégias de sustentabilidade, supracitados,

atrelados aos aspectos ambientais, sociais, econômicos, e ainda políticos,

podem ser guiados à elaboração de diagnósticos, a partir dos quais se

proponha políticas públicas de desenvolvimento de uma determinada

localidade (município, região ou país) (ZANIN; MANCINI, 2009).

3.4.2. Reciclagem do PET no Brasil

Dados do CEMPRE – Compromisso Empresarial para a Reciclagem

(2011) apontaram que, em 2010, o Brasil consumiu 505.000 toneladas de

resina PET para fabricação de embalagens. Em 2007, esse número foi de

432.000 toneladas (ZAPAROLLI, 2008), sendo 53,2% destinados à

reciclagem. Este cenário colocou o Brasil como o segundo maior reciclador

mundial, já a partir de 2007, ficando atrás apenas do Japão, que reciclou

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mais de 60% do PET que consumia, e bem à frente dos Estados Unidos e

dos países da União Européia.

Dentre os diversos setores aos quais se destina o PET reciclado,

atualmente, a indústria têxtil é a principal usuária, utilizando-o para a

produção de fios e fibras de poliéster que são destinados à fabricação de

produtos como: fios de costura, forrações, tapetes e carpetes, mantas de

TNT (Tecido não tecido) entre outras. Outra utilização muito freqüente é na

fabricação de cordas e cerdas de vassouras e escovas. Outra parte é

destinada à produção de filmes e chapas para boxes de banheiro, termo-

formadores, formadores a vácuo, placas de trânsito e sinalização em geral

(CEMPRE, 2011).

Ainda no Brasil, os principais meios pelos quais são recuperadas as

embalagens PET para reciclagem são por meio de catadores e cooperativas.

Existe também o descarte por fábricas e a coleta seletiva operada por

municípios. E, o percentual de embalagens pós-consumo efetivamente

recicladas em 2010, foi de 56%, totalizando 282 mil toneladas (CEMPRE,

2011). Na Tabela 1, pode-se observar o percentual de produtos PET que

foram destinados à reciclagem no Brasil comparado a outros países.

Tabela 1- Índice de reciclagem de PET no

ano de 2010 (CEMPRE, 2011)

País % de Reciclagem

Japão 72,1

Brasil 56,0

Europa 55,0

Austrália 42,3

Argentina 34,0

EUA 29,1

O CEMPRE (2011) mostra, ainda, o quanto tem aumentado este

índice nas últimas décadas. De 1994 a 2002, o percentual de reciclagem das

embalagens PET pós-consumo no Brasil subiu de 19% para 35% do total

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comercializado. De 2003 a 2006 subiu de 43% para 51% e desde então a

alta anual tem variado de 1,5% à 2%.

Para estudiosos, segundo informa Zaparolli (2008), o crescente

volume de PET reciclado a cada ano é resultado de dois fatores: o aumento

da demanda em mercados já tradicionais, acompanhando o próprio impulso

da economia brasileira, que está aquecida; e o incremento de novas

aplicações ao longo dos últimos anos, como o de placas de sinalização

viária, substituindo o aço, na composição de chapas para box de banheiros e

em tubos, substituindo outros plásticos, como o PVC.

Ainda de acordo com Zaparolli (2008), diversas indústrias

incorporaram a resina PET reciclada ao seu processo, de forma a contribuir

com o meio ambiente. A indústria pioneira no uso desta resina no setor foi a

Basf, que adota a tecnologia desde 2002, e até 2007, 300 milhões de

garrafas PET foram retiradas pela empresa do meio ambiente com esta

finalidade. Nela, as garrafas são previamente processadas por uma

recicladora e, além da melhoria no desempenho do produto final, tem como

vantagem uma redução de custo e do consumo de matérias-primas não-

renováveis e a diminuição em 40% da quantidade de água de reação gerada

na produção de resinas. A empresa Coral também usa a resina PET

reciclada na composição de seus produtos, e entre 2003 e 2007, aproveitou

em seu processo 56 milhões de garrafas.

Um segmento em que a demanda por resina PET reciclada tem

crescido significativamente é o de tintas e vernizes. A resina PET é utilizada

na fabricação de resinas alquídicas, que substituem uma parte do anidrido

ftálico, um derivado de petróleo. A aplicação da resina proporciona uma

maior resistência da película dos esmaltes e vernizes, sendo esta inovação

empregada pela Tintas Iquine (Zaparolli, 2008).

O mais recente potencial de consumo da resina PET reciclada tem

sido para a produção de embalagens que entram em contato com alimentos

e bebidas. Esta aplicação foi autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de

Vigilância Sanitária) a partir de 2007, atendendo a um regulamento do

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Mercosul (ANVISA, 2008). Desde então, empresas recicladoras tem

buscado a homologação técnica de seus processos para obter autorização

do órgão regulador de comercializar a resina reciclada grau alimentício.

3.5. DEGRADAÇÃO DO POLÍMERO PET

Polímeros como o PET que apresenta heteroátomos na cadeia

principal são susceptíveis à degradação. A solvólise tem sido o principal

meio de reciclagem de polímeros em cuja cadeia principal existe

heteroátomos. Aqueles polímeros que satisfazem esta condição (como é o

caso do PET) são mais suscetíveis à degradação por substâncias químicas

como: água, alcoóis, aminas e amônia. A solvólise pode ser classificada em

processos de: hidrólise, alcoólise, aminólise e amonólise. Por meio deles e

sob condições adequadas de calor e pressão, e de forma relativamente

controlada, a despolimerização é alcançada obtendo-se compostos de

massa molar mais baixa. É importante que o agente da solvólise seja

escolhido de maneira a regenerar o monômero ou oligômero, o que irá

depender da natureza do polímero base e do agente utilizado (ZECK, 2004).

O processo de reciclagem química do PET é um dos mais

conhecidos. As espécies obtidas da sua decomposição podem ser

reaproveitadas para a polimerização (ou re-polimerização) do próprio PET

(PIVA; WIEBECK, 2004). Estas reações podem ter como agente catalisador

substâncias ácidas, básicas ou neutras (DI SOUZA et al, 2008). Piva e

Wiebeck (2004) ressaltam que o emprego de um catalisador ácido pode

promover a hidrólise em temperatura entre 60 e 100°C, dentro de 10 a 30

minutos.

De acordo com Piva e Wiebeck (2004), entre os processos de

reciclagem química do resíduo industrial de PET, o processo mais comum

utiliza solução aquosa de hidróxido de sódio como catalisador, e

etilenoglicol. Em temperaturas entre 90 e 150°C e à pressão atmosférica, o

polímero é decomposto a um sal dissódico que é transformado em ácido

tereftálico.

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3.5.1. Despolimerização

Mancini e Zanin (2002) estudaram a despolimerização do PET em

diferentes meios, sendo em água pura e em soluções aquosas: 7,5M de

ácido acético, ácido sulfúrico, acetato de sódio e hidróxido de sódio. As

reações para obtenção do ácido tereftálico foram realizadas a 100°C e

pressão atmosférica. Foram ainda quantificadas diferenças relativas à

influência do tamanho de partícula na velocidade da reação.

Como resultado, eles observaram que a água pura e soluções de

ácido acético e acetato de sódio praticamente não degradaram o PET em

cinco dias de reação, enquanto a solução de ácido sulfúrico permitiu 80% de

despolimerização no período. A reação com solução de hidróxido de sódio

foi considerada a melhor, pois apresentou os melhores rendimentos e os

menores tempos de reação, despolimerizando 95% do PET de granulometria

maior (entre 2mm e 1,199mm) em 7 horas e 98% do PET de granulometria

menor (inferior a 1,19mm) em 5 horas.

Da hidrólise do PET com ácido acético, ácido sulfúrico, acetato de

sódio e hidróxido de sódio e água pura, o ácido tereftálico (PTA) é obtido

como produto que fica na fase sólida, e o etilenoglicol na fase líquida. Dessa

forma, a extensão da reação é medida quantificando-se o percentual de PTA

formado na reação.

No caso específico da reação com hidróxido de sódio, ocorre a

formação de um composto intermediário além do glicol, que é o sal de sódio

do PTA (tereftalato dissódico), solúvel em água. Então, o PTA é obtido na

forma de um precipitado a partir da acidificação com ácido sulfúrico da

solução.

Di Souza et al (2008) avaliaram o efeito de tensoativos e da

concentração da solução sobre o rendimento da despolimerização,

quantitativamente, via gravimetria e análise térmica. Para tanto, a

despolimerização do PET pós-consumo para obtenção do ácido tereftálico

foi realizada em solução aquosa 7,5 mol.L-1 de hidróxido de sódio nas

condições de 100 °C e a 1 atm. Os resultados mostraram que o excesso de

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solução alcalina aumenta a velocidade de reação, duplicando o rendimento

em reações com partículas de tamanhos maiores. E ainda, os tensoativos

testados (DDS e Tween) são eficientes na catálise das reações equimolares

com partículas grosseiras, porém não afetam as reações com solução

alcalina em excesso.

Foram realizados estudos em que a reação de despolimerização

ocorria com soluções de NaOH em etilenoglicol 1,1 mol.L-1. A cinética da

reação foi desenvolvida abaixo da temperatura de fusão do PET, o que se

trata de um processo heterogêneo ocorrendo na superfície do PET e que

depende da velocidade de agitação em que é realizada a reação (SOARES

et al, 2002). Os autores também mostraram que a velocidade é maior em

amostras de polímero saturadas com água, ou seja, a água age como

catalisador da reação.

Ainda por meio da hidrólise, Curti e Filho (2006) avaliaram a

reciclagem química do PET pós-consumo utilizando solução de hidróxido de

sódio em etilenoglicol. Eles puderam verificar a influência da velocidade de

agitação do meio reacional sobre o rendimento da reação e a cinética de

despolimerização. Foi deduzida uma equação cinética a qual foi compatível

com os resultados experimentais, e estes apontaram que o meio alcalino

usado foi bastante eficiente, pois em apenas 6 min, a 1360 rpm e a 170 °C,

foi possível obter 100% de tereftalato de dissódico, precursor do ácido

tereftálico.

A reciclagem química do PET também tem sido estudada visando à

obtenção de polímeros que apresentassem propriedades mecânicas e

biodegradabilidade satisfatória. Baldissera et al (2005) estudaram a

reciclagem química do PET pós-consumo, por meio da obtenção de

copolímeros alifático-aromáticos resultantes da reação deste com o

poli(adipato de etileno) (PEA) em diferentes proporções. Por meio de

avaliações das propriedades estruturais, térmicas e mecânicas dos

copolímeros em função do aumento do teor de PEA, os pesquisadores

puderam concluir que os polímeros com maior teor de PET são mais

resistentes à tração e possuem maior estabilidade térmica.

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37

Rozendo (2011) investigou a degradação de flocos de PET pós-

consumo, obtidos de embalagens de bebidas carbonatadas, por reação

aminolítica. Como agentes de aminólise, ele utilizou etanolamina (H2NEtOH)

e hexametilenodiamina (HMDA), objetivando, desta forma, produzir

moléculas funcionais com potencial aplicação como monômeros para

policondensação. As reações foram realizadas sob pressão normal, na

ausência e presença do catalisador, acetato de zinco, e excesso dos

agentes de aminólise. Na aminólise com etanolamina, as reações foram

consideradas rápidas, mesmo na ausência de catalisador, produzindo 100%

de conversão entre 10 e 30 minutos.

Com a utilização de catalisador adequado, a reação passa a ter uma

velocidade maior através da diminuição da energia de ativação da reação.

Aden et al (1987) apud Zeck (2004) relataram que os catalisadores mais

usados na despolimerização de PET são os acetatos de zinco (1 h – 90%

conversão), de manganês (2 h – 90% conversão), de cobalto (3 h – 80%

conversão) e de chumbo (3,5 h – 75% conversão). Os produtos obtidos têm

viabilidade para que sejam empregados na síntese do próprio PET, além de

outros compostos como poliuretanos e poliésteres insaturados.

Assis e Felisberti (2006) estudaram a glicólise do PET proveniente de

garrafas recicladas utilizando diferentes glicóis (dietileno glicol, dipropileno

glicol e glicerina) para comparação de suas propriedades, e obtendo-se

polióis como produto. Também foi realizada a glicólise do PET com óleo de

mamona e um oligoéster, alterando-se a ordem de adição dos reagentes

para comparação de rotas e produtos. Com a análise dos experimentos, eles

verificaram que o tipo do glicol utilizado tem influência sob o tempo de

glicólise e as propriedades do poliol obtido.

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38

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. MATERIAIS

Para atingir os objetivos propostos no projeto, foram realizados

ensaios com amostras de PET recicladas de origem pós-consumo. Garrafas

PET foram selecionadas, moídas, lavadas e secas dentro das unidades

industriais da recicladora Frompet, obtendo-se dois formatos cristalizados:

flakes e pellets (Figura 10).

Figura 10 – Amostras de PET reciclado na forma de flakes (A) e pellets (B)

4.2. MÉTODOS

4.2.1. Preparação das amostras de PET

Quando do recebimento deste material no laboratório, foi realizada

ainda uma etapa complementar de lavagem e limpeza, com o objetivo de

reduzir ao máximo as possíveis contaminações remanescentes nos flakes e

pellets. Foi feita a lavagem com detergente comercial para a remoção das

impurezas presentes, principalmente restos de adesivo utilizado na fixação

dos rótulos das garrafas.

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39

Posteriormente, os fragmentos de PET foram enxaguados com água

destilada à frio, assegurando a eliminação de contaminações advindas do

processo, e em seguida secados em estufa à 50ºC por 15 minutos.

4.2.2. Planejamento experimental

Para avaliar a(s) melhor(es) condições para o processo de

despolimerização do PET pellets e e PET flakes, foi realizado um estudo

aplicando a técnica de planejamento experimental DCCR. Os fatores

selecionados a partir das informações obtidas na literatura (DI SOUZA et al,

2008; CURTI et al, 2006; MANCINI et al, 2008) foram tempo de reação (5-7

horas) e concentração de hidróxido de sódio (5-10 mol/L) (Tabela 2).

As reações de 1 a 5 foram realizadas com amostras tipo pellets, e as

seguintes, de 6 a 10, com amostras tipo flakes, para assim avaliar a

influência da área superficial.

Tabela 2 – Matriz das reações para o planejamento de experimentos

Para a geração da superfície de resposta e da análise dos dados foi

utilizado o programa Statistica versão 7.0.

4.2.3. Reações de despolimerização

Foi pesado aproximadamente 1g de PET em uma balança analítica

para ser inserido no balão de reação. Em seguida, adicionou-se 50 mL da

solução de hidróxido de sódio.

O balão foi posto em contato com um recipiente, contendo óleo de

silicone, e aquecido sob uma placa aquecedora, de forma que a mistura

atingisse a temperatura de, aproximadamente, 105°C, controle realizado no

Ensaios Tempo (h) Conc. NaOH (mol/L)

1

2

3

4

5

-1 (5)

+1 (7)

-1 (5)

+1 (7)

0 (6)

-1 (5)

-1 (5)

+1 (10)

+1 (10)

0 (7,5)

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40

termômetro acoplado ao balão. Assim, a mistura heterogênea foi mantida em

ebulição e sob agitação magnética por tempos variáveis para cada reação

estudada. Após o período reacional, sempre foi observada a formação de

duas fases distintas, sendo uma líquida e incolor (tereftalato dissódico) e

outra sólida, constituída pelo PET não hidrolisado. Observava-se, ainda,

uma diminuição no volume da mistura reacional devido à constante

evaporação e a precipitação do produto branco junto ao PET que não reagia.

Vale salientar que, na maioria dos experimentos realizados sob

diferentes condições reacionais, observou-se a presença de uma massa

residual de fragmentos poliméricos não reagidos ao final do tempo reacional.

Atingido o período de reação, a mistura foi resfriada em banho de

gelo, e em seguida, adicionou-se o ácido sulfúrico a 10% v/v para neutralizar

todo o NaOH presente, e para converter o sal tereftalato dissódico em ácido

livre, correspondendo ao ácido tereftálico (insolúvel). Então, realizou-se uma

filtração a vácuo, e posterior lavagem do PTA precipitado com água em

abundância, separando-o do etileno glicol e demais substâncias resultantes

do processo reacional. A massa de PTA resultante foi submetida à secagem

em dessecador por cerca de 24 horas.

Figura 11 – Equipamento utilizado para execução da reação de

despolimerização do PET

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41

4.2.4. Caracterização dos materiais

A caracterização do monômero obtido foi realizada empregando-se as

seguintes técnicas espectrométricas: espectroscopia no infravermelho

(FTIR) e espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio

(1H RMN).

A metodologia empregada na realização de cada técnica é descrita a

seguir.

4.2.4.1. Espectroscopia no Infravermelho (FTIR)

Esta técnica foi utilizada para identificar os grupos funcionais

presentes na estrutura do monômero obtido. Para tanto, utilizou-se o

Espectrômetro Spectrum 400 FT-IR/ FT-NIR – Perkin Elmer – no laboratório

de combustíveis do Departamento de Engenharia Química da Universidade

Federal de Pernambuco – UFPE.

. Os espectros foram obtidos com resolução de 4cm-1, empregando-se

o total de 8 scans e número de onda de 4000 a 0cm-1.

4.2.4.2. Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de

Hidrogênio (1H RMN)

A técnica de ressonância magnética nuclear de 1H, por ser uma

técnica mais sensível que a espectroscopia de infravermelho foi utilizada

para avaliar a estrutura e pureza do monômero obtido em diferentes

condições. Os ensaios foram realizados no departamento de química

fundamental da UFPE.

O espectro de 1H RMN de cada amostra foi obtido com freqüência de

300 MHz, utilizando dimetilssulfóxido deuterado (DMSO-d6) como solvente.

Os deslocamentos químicos foram avaliados qualitativamente e os dados

tratados utilizando o programa de computador MestRec®.

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42

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Usando amostras de PET reciclado foi realizada a hidrólise básica

(hidrólise catalítica do PET em meio alcalino) deste poliéster para obter

ácido tereftálico.

Qualquer éster pode ser sujeito à hidrólise ácida ou básica no meio

aquoso para liberar os seus componentes, isto é, o ácido e o álcool. No caso

do PET, os produtos de hidrólise é o ácido 1,4- benzenodicarboxílico, mais

conhecido como ácido tereftálico, e o 1,2- etanodiol (etilenoglicol), sendo o

primeiro um composto altamente insolúvel em meio aquoso. Este fato

permite a separação fácil dos dois componentes, pois o etilenoglicol é

perfeitamente solúvel em água.

A hidrólise ocorre na interface (reação heterogênea), ou seja, entre a

superfície do polímero e o solvente. E, para garantir o tempo razoável do

processo é preciso que os fragmentos tenham seu tamanho reduzido ao

máximo. Caso contrário a hidrólise tende a ser muito lenta.

O mecanismo do processo é iniciado pelo ataque nucleofílico do íon -

OH ao grupo da carbonila (Figura 12), obtendo-se o sal tereftalato dissódico,

solúvel em água, e etilenoglicol. A partir da adição de solução aquosa de

ácido sulfúrico este sal é convertido a PTA.

Figura 12 – Mecanismo de formação do PTA pela hidrólise básica

(adaptado de SANTOS, 2009)

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No meio básico propiciado, o PTA advindo de reciclagem química foi

obtido a partir da acidificação da solução contendo o tereftalato dissódico.

Esta acidificação foi realizada com ácido sulfúrico até se atingir uma solução

com pH próximo a 0, sendo formado o sulfato de sódio (solúvel em água) e o

ácido tereftálico, precipitado. Este foi separado por filtração, submetido à

lavagem com água em abundância e posterior secagem em dessecador.

A degradação deste poliéster ocorre por saponificação das ligações

éster resultando em perda de massa a partir do momento que um sal do

ácido tereftálico (o tereftalato dissódico, solúvel em água) é formado. Esta

reação é basicamente um fenômeno de superfície e não possui preferência

quanto às partes cristalinas ou amorfas do polímero.

Para avaliar a influência do tempo e da concentração de NaOH no

processo de despolimerização utilizou-se a técnica de planejamento

experimental para cada tipo de PET (pellets e flakes). Os resultados estão

apresentados nas Tabelas 3 a 5 e Figuras 13 e 14. Como se pode observar,

para a faixa estudada do tempo (5-7 horas) e concentração de NaOH (5-10

mol/L), a melhor condição corresponde ao ensaio 3, obtendo um rendimento

de 39,1% PET pellets e 97% PET flakes, com um coeficiente de correlação

de 0,87.

Tabela 3 – Rendimento percentual (η%) obtido em cada experimento

variando-se o tempo de reação e a concentração de hidróxido de sódio

O rendimento (%) de PTA foi calculado empregando a gravimetria a

partir da estequiometria da reação de despolimerização, de acordo com a

Equação 1, a seguir:

Ensaios Tempo (h) Conc. NaOH (mol/L)

Resposta (η%)

PET - Pellets PET - Flakes

1

2

3

4

5

-1 (5)

+1 (7)

-1 (5)

+1 (7)

0 (6)

-1 (5)

-1 (5)

+1 (10)

+1 (10)

0 (7,5)

22,6

27,7

39,1

25,19

32,9

38,66

80,39

97,84

53,61

85,4

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44

onde é a massa de PTA obtida experimentalmente; e

é a massa de PTA segundo a estequiometria da reação,

calculada ainda de acordo com a Equação 2:

onde: é a massa molecular do PTA, em g/mol; é massa

molecular do PET, em g/mol; é a massa inicial de PET introduzida

na reação de despolimerização , em gramas.

Dos resultados verificados, nota-se ainda que as reações de

despolimerização do PET – flakes, partículas de maior área superficial,

apresentam um rendimento superior àquelas realizadas com PET na forma

de pellets, o que era esperado, dado a maior área superficial da primeira.

Resultados confirmando que a reação é superficial foram obtidos também

por outros autores (CURTI et al, 2006; DI SOUZA et al, 2008).

Com o planejamento experimental (Tabelas 4 e 5), verificou-se que na

faixa estudada não foi observada uma influência significativa do tempo e da

concentração de NaOH, no rendimento (% de conversão em PTA), com

95% de significância, R2 = 0,8931(PET pellets) e R2 = 0,9164(PET flakes).

Com o objetivo de obter uma melhor avaliação do processo de

despolimerização, foram construídas superfícies de respostas para o PET

pellets e PET flakes, Figuras 13 e 14, respectivamente.

Na Figura 13, pode-se observar que existe uma tendência para

maximizar o processo de despolimerização do PET pellets ao utilizar

concentrações de NaOH superior a 10 mol/L combinado com baixos tempos

de reação.

No caso do PET flakes (Figura 14), a análise da superfície de

resposta indica que situações adversas, altas concentrações de NaOH

combinado a altos tempos de reação e baixas concentrações de NaOH

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combinada com baixos tempos de reação favoreceriam um aumento no

rendimento. Estes resultados indicam a necessidade da realização de

estudos mais sistemáticos para verificar a melhor faixa de valores para

concentração de NaOH e tempo de reação que favoreça positivamente o

processo de despolimerização com altos rendimentos.

Um estudo realizado por Mancini e Zanin (2002), quando utilizaram

PET de diferentes granulometria em solução 7,5 mol/L de NaOH, os

resultados foram os seguintes: 95% para o PET de granulometria maior

(entre 2mm e 1,199mm) com 7 horas, e 98% para o PET de granulometria

menor (inferior a 1,19mm) com 5 horas de reação. Neste trabalho, os valores

ficaram entre 39% para PET pellets e 97% para o PET flakes, com 5 horas

de reação e concentração de NaOH de 10 mol/L.

Figura 13 – Superfície de resposta para o rendimento (%) do PET pellets

em função da concentração de NaOH (mol/L) e tempo (h)

Figura 14 – Superfície de resposta para o rendimento (%) do PET flakes

em função da concentração de NaOH (mol/L) e tempo (h)

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46

Tabela 4 – Efeito individual das variáveis analisadas para rendimento de

PTA (%), a partir de PET flakes, no planejamento fatorial 22

Fator Efeito Erro Padrão t p (valor) LC –95% LC +95%

Média 71,18 7,11 10,011 0,063 -19,161 161,521

Tempo (h) -1,25 15,898 -0,079 0,950 -203,259 200,759

Conc. NaOH (mol/L) 16,20 15,898 1,019 0,494 -185,809 218,209

Tempo x conc. NaOH -42,98 15,898 -2,703 0,225 -244,989 159,029

* significância a 95% do intervalo de confiança; R2=

0,8931(89,31%); LC – Limite de Confiança; t – Student; p – Pareto

Tabela 5 – Efeito individual das variáveis analisadas para rendimento de

PTA (%), a partir de PET pellets, no planejamento fatorial 22

Fator Efeito Erro Padrão t p (valor) LC –95% LC +95%

Média 29,498* 1,701* 17,34* 0,036 7,884* 51,111*

Tempo (h) -4,405 3,804 -1,158 0,453 -52,733 43,924

Conc. NaOH (mol/L) 6,995 3,804 1,1839 0,317 -41,333 55,324

Tempo x conc. NaOH -9,505 3,804 -2,498 0,242 -57,834 38,824

* significância a 95% do intervalo de confiança; R2=

0,9164(91,64%); LC – Limite de Confiança; t – Student; p – Pareto

5.1. ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO (FTIR)

A identificação dos grupos funcionais do PTA recuperado foi feita por

espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier, sendo as

atribuições das bandas comparadas com os valores das frequências

características para os grupos existentes na molécula, conforme a literatura

(DI SOUZA et al, 2008).

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Todos os espectros (Figuras 13 a 15) se assemelham quanto a

presença de uma larga banda entre 3400 e 2200cm-1, atribuída à hidroxila (–

OH) ligada à carbonila, assim como o próprio pico da carbonila na posição

1680cm-1. Estes resultados podem ser conferidos em trabalhos anteriores,

sendo semelhantes aos obtidos por Mancini e Zanin (2002) para reações

semelhantes.

Dentro da região 900 a 675cm-1 observa-se, ainda, a presença de

bandas importantes que fornecem mais informações sobre a estrutura de

compostos aromáticos. Estas bandas intensas resultam da deformação

angular fora do plano das ligações C–H do anel aromático.

Figura 15 – Espectro no Infravermelho do PTA obtido da reação 3 (a partir

PET na forma pellets)

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Figura 16 – Espectro no Infravermelho do PTA obtido da reação 3 (a partir

de PET na forma flakes)

Figura 17 – Espectro no Infravermelho do PTA padrão (DI SOUZA et al,

2008)

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49

5.2. ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

NUCLEAR DE HIDROGÊNIO (1H RMN)

A Ressonância Magnética Nuclear como todas as formas de

espectroscopia, trata-se da interação da radiação eletromagnética com a

matéria, sendo esta técnica uma importante ferramenta na determinação

estrutural de polímeros.

Através do uso desta técnica foi possível confirmar a presença do

composto PTA. Os espectros de RMN estão apresentados nas Figuras 16 e

17, correspondendo ao produto da reação 3 tendo como PET na forma de

pellets e na forma de flakes, respectivamente. Os dois espectros confirmam

a presença dos grupos hidroxila de ácido carboxílico e de anéis aromáticos

para-substituídos. Os deslocamentos químicos (, em ppm) para ambos são

dados: 13,3 (s, 2H, OH) e 8,04 (s, 4H, H-Ar).

Figura 18 – Espectro 1H-RMN do monômero em DMSO-d6 obtido da reação 3 (a partir PET na forma pellets)

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Figura 19 – Espectro 1H-RMN do monômero em DMSO-d6 obtido na reação

3 (a partir de PET na forma flakes)

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51

6. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

6.1. CONCLUSÕES

Os materiais plásticos possuem papel importante na transformação do

estilo de vida das pessoas e é cada vez mais utilizado na produção e

consumo da população mundial. E o crescente aumento destes resíduos nos

últimos anos nas grandes metrópoles tem incentivado as pesquisas com o

intuito de diminuir os resíduos no meio ambiente.

A obtenção do ácido tereftálico a partir de resíduos de poli(tereftalato

de etileno) constitui uma abordagem de reciclagem promissora no âmbito da

pesquisa. De modo geral, há varias tecnologias de reciclagem destes

resíduos plásticos.

A reação de despolimerização avaliada é um fenômeno superficial,

devido à diferença de rendimento de PTA obtido quando se usou partículas

de PET com diferentes áreas superficiais, sendo o pellet o formato mais

grosseiro e de maior área superficial.

A partir das análises de RMN e FT-IR foi possível confirmar que o

produto de despolimerização desejado foi obtido e apresentando um bom

rendimento e grau de pureza. Obteve-se aproximadamente 98% de ácido

tereftálico, nas melhores condições dentro da faixa trabalhada: hidrólise em

solução de NaOH a 10 mol/L, por um tempo de 5 horas de reação.

Com este trabalho, pode-se concluir que a reciclagem terciária do

PET pós-consumo é tecnicamente viável, pois contribui na retirada de

resíduos plásticos dos aterros sanitários e reduz a poluição nos centros

urbanos. Além disso, trás como uma alternativa à redução da necessidade

sobre derivados de petróleo, pois o PTA recuperado pode ser matéria prima

para outros fins. Porém, deve-se salientar que para a fabricação de garrafas

que terão contato direto com alimentos, ainda deve se realizar estudos

complementares que garantam a pureza do material.

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6.2. PERSPECTIVAS

Como sugestões para trabalhos futuros, relacionados à continuação

desta pesquisa, podem-se citar:

Avaliar a influência de outros parâmetros como velocidade de

agitação, temperatura de reação, granulometria das amostras de PET

no rendimento da reação;

Avaliar a possibilidade de se trabalhar a despolimerização do PET em

condições de temperatura e/ou pressão supercrítica;

Utilizar agentes tensoativos na reação de despolimerização do PET.

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