PROGRAMAÇÃO DE DIAGRAMAS LADDER EM MICROCONTROLADORES PARA O CONTROLE DE PROCESSOS INDUSTRIAIS
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Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Campus Medianeira
VIII ENDITEC - Encontro Nacional de Difusão
Tecnológica
PROGRAMAÇÃO DE DIAGRAMAS LADDER EM MICROCONTROLADORES
PARA O CONTROLE DE PROCESSOS INDUSTRIAIS
DARIVA, D. M. 1; MOLGARO, R. M.
2; SENA, H. J. S.
3;
RODRIGUES, A. P. 4; QUIRINO, R. B.
5
RESUMO: A disponibilidade de ferramentas com correspondência de representações traz
grandes benefícios no desenvolvimento de projetos de controle e automação industrial. O
objetivo principal desse trabalho é avaliar a utilização de uma ferramenta computacional à
simulação e implementação de controle de processos industriais através da automação de um
processo particular de transporte, manipulação e manufatura de peças. A lógica de controle foi
elaborada em Grafcet, devido à facilidade de construção e interpretação que apresenta, e
posteriormente convertida em Ladder, por ser uma linguagem altamente disseminada no
ambiente industrial. Inicialmente, fez-se a compilação da lógica Ladder para a linguagem do
microcontrolador, através da ferramenta LDmicro, e posteriormente, através de um circuito
eletrônico virtual no software Proteus, a lógica da dinâmica do processo foi simulada. Os
resultados obtidos apontam que a dinâmica simulada, baseada na programação, representa
fielmente o comportamento do sistema, constituindo uma ferramenta alternativa à
implementação convencional de diagramas Ladder em CLP’s (Controladores Lógicos
Programáveis). Fica evidenciada o grande potencial das formas de programação
complementares ao desenvolvimento de projetos de controle e automação, principalmente no
meio acadêmico, em que a visão abrangente de meios de desenvolvimento de controladores é
extremamente construtiva.
PALAVRAS-CHAVE: Automação e Controle. Microcontroladores. Simuladores. Diagrama
Ladder. Programação. Grafcet.
1. INTRODUÇÃO
Quando se fala no controle de processos industriais, os primeiros fatores que vêm à
mente são a eficiência e a facilidade de utilização e manutenção. Na grande maioria das
aplicações, utilizam-se CLP's, sendo sua programação feita geralmente na forma de diagramas
Ladder, por ser uma linguagem altamente disseminada no ambiente industrial.
1, 2, 3, 4
Acadêmicos do Curso de Automação e Controle da Faculdade Assis Gurgacz; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected]. 5 Docente dos Cursos de Engenharia de Automação e Controle da FAG e Engenharia de Produção da UTFPR.
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Os microcontroladores ainda são pouco utilizados na indústria. Embora sejam
dispositivos flexíveis, em parte, sua utilização é minimizada pelo desconhecimento das
linguagens de programação, tais como 'C' e assembly, necessários à sua programação.
Entretanto, ferramentas como o LDmicro, possibilitam compatibilizar a programação em
Ladder para microcontroladores.
A realização de testes e simulações no desenvolvimento e implantação de lógicas de
controle de processos é tarefa dispendiosa no ambiente industrial, devido principalmente à
dificuldade que se tem em interferir nos processos.
O objetivo do trabalho é avaliar a utilização dos microcontroladores na automação de
processos industriais, através da aplicação de ferramentas de simulação computacional no
desenvolvimento e aplicação de lógicas de controle baseadas em Ladder.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.2 GRAFCET
O Grafcet ou SFC (Sequential Functional Charts), é uma representação gráfica da
parte de comando de um sistema automatizado, e é utilizado para desenvolver acionamentos
seqüenciais ou que dependam do tempo (Silveira, 2004).
Essa linguagem é composta por partes classificadas como: etapas, transições, arcos,
receptividade, ações e regras de evolução, representadas na Figura 1.
Figura 1: Elementos do Grafcet
Fonte: http://pessoal.utfpr.edu.br/trojan/arquivos/GRAFCET.pdf
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- Etapas: representam um estado no qual o comportamento do circuito de comando não se
altera frente as suas entradas e saídas. O conjunto de etapas ativas num determinado instante
determina a situação em que se encontra o Grafcet, sendo identificadas por números;
- Transições: controlam a evolução do Grafcet, ou seja, a desativação e a ativação das etapas.
Uma transição pode encontrar-se válida ou não, sendo que é válida quando todas as etapas
precedentes e ligadas a ela estiverem ativas;
- Arcos: representa a ligação entre as etapas e as transições. O sentido convencionado de fluxo
é de cima para baixo, quando não for o caso, deve-se indicá-lo;
- Ações: representam os efeitos que devem ser obtidos sobre o mecanismo controlado em uma
determinada situação;
- Receptividade: função lógica combinacional associada a cada transição. Quando verdadeira,
uma receptividade ocasiona a ocorrência de uma transição válida.
2.2.1 Concorrência entre sequências
Uma estrutura com concorrência, vista na Figura 2, é utilizada na ocorrência de
situações em que uma determinada sequência deva ser executada em detrimento de outra(s), e
graficamente é representada por um elemento denominado divergência em OU.
Como requisito da estrutura Grafcet, entre duas etapas tem de haver uma e somente
uma transição, a concorrência requer que a etapa seja sucedida por duas ou mais transições.
O retorno da finalização de uma concorrência é também representado por um elemento
denominado convergência em OU.
2.2.2 Paralelismo das Sequências
Quando houver necessidade, pela própria dinâmica do processo, de as sequências
serem executadas simultaneamente, utiliza-se uma estrutura gráfica de divergência em E,
ilustrada na Figura 3, devendo a mesma obrigatoriamente ser antecedida por uma transição e
sucedida por sequências iniciadas por etapas.
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Figura 2: Exemplo de Estrutura com Seleção
Fonte: http://pessoal.utfpr.edu.br/trojan/arquivos/GRAFCET.pdf
O retorno da estrutura é representado por um elemento denominado de convergência
em E, que deve ser sucedida por transição e precedida por sequências finalizadas com etapas.
Figura 3: Exemplo de Estrutura com Paralelismo
Fonte:http://pessoal.utfpr.edu.br/trojan/arquivos/GRAFCET.pdf
2.3 PROGRAMAÇÃO VIA DIAGRAMA LADDER
O diagrama Ladder utiliza lógica de relés, com contatos e bobinas, sendo por isso a
linguagem de programação de CLP’s mais simples de ser assimilada por quem já tenha
conhecimento de circuitos de comando (Berlanda, 2000). É uma linguagem de programação
gráfica, em forma de diagrama, que por ser de fácil criação e interpretação e representar
ligações físicas entre componentes eletrônicos (sensores e atuadores), acaba sendo bastante
utilizada em ambiente industrial (Corteletti, 2006).
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A linguagem Ladder permite que se desenvolvam tanto lógicas combinacionais como
seqüenciais e lógicas que envolvam ambas, utilizando como operadores para estas lógicas:
entradas, saídas, estados auxiliares e registros numéricos. A Figura 4 mostra os três principais
símbolos de programação.
Figura 4: Simbologia Ladder
Fonte: Antonio, M. (2006).
2.3 SOFTWARE CONVERSOR LDMICRO
(um espaço)
O LDmicro é um software que permite a programação LADDER para
microcontroladores, viabilizando o estudo e implementação de controles de baixíssimo custo.
Gera código nativo para alguns microcontroladores das famílias Microchip PIC16 e
Atmel AVR, conforme visto na Figura 5.
Usando LDmicro, é também possível simular a lógica em tempo real no PC, bem
como associar os pinos do microcontrolador as entradas e saídas do diagrama Ladder.
Figura 5: Microcontroladores suportados pelo LDmicro
Fonte: do Autor (2011).
2.4 SOFTWARE SIMULADOR PROTEUS
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O software de desenho e de simulação PROTEUS é uma ferramenta útil para o
desenvolvimento de aplicações analógicas e digitais. Ele permite o desenho de circuitos empregando
um ambiente gráfico no qual é possível colocar os símbolos representativos dos componentes e realizar a
simulação de seu funcionamento sem o risco de ocasionar danos físicos aos circuitos, situação passível de
ocorrência em circuitos reais.
A simulação pode incluir instrumentos de medição e a inclusão de gráficos que representam os sinais
obtidos na simulação. O PROTEUS oferece a capacidade de simular adequadamente o funcionamento dos
microcontroladores mais populares. Além disso, ele simula circuitos digitais e analógicos
simultaneamente. O PROTEUS fornece ainda equipamentos, de forma virtual, comuns de
bancadas de desenvolvimento de eletrônicos, como osciloscópios, multímetros, geradores de
sinais, entre outros.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Um modelo de processo industrial que tem por finalidade o transporte, manipulação e
manufatura de peças metálicas, ilustrado na Figura 6, foi utilizado como referência para o
desenvolvimento do trabalho.
Nele estão dispostos atuadores capazes de movimentar as peças durante o ciclo do
processo. Da mesma forma estão dispostos sensores que têm por finalidade a indicação do
posicionamento de cilindros e peças a serem manipuladas.
As Tabelas 1 e 2 indicam, respectivamente, a nomenclatura utilizada para referenciar
ao microcontrolador as saídas e entradas (I/O’s) do processo.
O processo inicia-se com o acionamento da esteira (ME), movimentando a peça até
que a mesma acione o sensor de posicionamento FC1, para que, em seguida, o cilindro C1
movimente a mesma até o reservatório. Logo adiante, a peça já disposta no reservatório, é
direcionada através de um mecanismo sevo-acionado e conduzida até uma plataforma onde
uma garra manipuladora a posiciona para que uma ferramenta de corte execute o
cisalhamento. O diagrama Grafcet do processo é ilustrado na Figura 7.
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Figura 6: Representação da Planta e disposição dos Atuadores
Fonte: Adaptado de Hesse (2001).
Tabela 1: Variáveis de saída atribuídas ao processo
Saída Atributo Descrição
C1 Q0.0 Cilindro 01
C2 Q0.1 Cilindro 02
C3 Q0.5 Cilindro da garra
C4 Q0.6 Cilindro da ferramenta de corte
ME Q0.2 Motor da esteira transportadora
SR Q0.3 Servo-motor do camis
SG Q0.4 Servo-motor do braço da garra
Fonte: do Autor (2011).
Tabela 2: Variáveis de entrada atribuídas ao processo
Entrada Atributo Descrição
START I0.0
STOP I0.1
EMERGENCIA I0.2
C1R / C1A I0.3 / I0.4 Sensores de recuo e avanço de C1
C2R / C2A I0.5 / I0.6 Sensores de recuo e avanço de C2
FC1 I0.7 Sensor fim de curso posicionado na esteira
FC2 I1.0 Sensor fim de curso que detecta a peça em C2
SNT I1.1 Sensor que detecta nível alto do tanque de armazenamento
C3R / C3A I1.2 / I1.3 Sensores de recuo e avanço de C3
C4R / C4A I1.4 / I1.5 Sensores de recuo e avanço de C4
FC3 I1.6 Sensor fim de curso que detecta a peça no camis
Fonte: do Autor (2011).
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Figura 7: Diagrama em Grafcet do Processo
Fonte: do Autor (2011).
Nota-se no processo duas etapas distintas: processo de alimentação do reservatório e
processo de movimentação e cisalhamento, as quais podem ser executados simultaneamente
através de processamento paralelo na estrutura do Grafcet.
Para a implementação da lógica de controle foram utilizados os softwares LDmicro e
Proteus, juntamente com as linguagens de programação Grafcet e Ladder.
O software LDmicro foi utilizado para realizar a programação do microcontrolador
através da linguagem de programação Ladder. A lógica de controle em Ladder foi elaborada
através da conversão da linguagem Grafcet utilizada para representar graficamente a lógica de
controle da planta.
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Com a programação do microcontrolador realizada, iniciou-se a montagem do circuito
com o auxílio do software Proteus. A Figura 8 mostra o circuito que foi desenvolvido. Para
realizar os testes de funcionalidade do equipamento foi necessário compilar o arquivo gerado
pelo LDmicro para a extensão (.hex), e posteriormente importá-lo para o microcontrolador do
circuito montado no Proteus.
Figura 8: Circuito montado no software Proteus
Fonte: Do Autor (2011).
Finalmente, foi possível simular a operação do controle do processo conforme a
programação realizada no microcontrolador e efetuar as devidas modificações na lógica
dispensando, numa primeira fase, a montagem física real.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados com o desenvolvimento deste projeto mostraram-se
favoráveis à utilização desta ferramenta de projeto de controladores face a economia de tempo
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na realização de testes de funcionalidade, permitindo que o desenvolvedor possa realizar
vários testes de funcionamento sem a necessidade de levar a lógica até o campo.
5. CONCLUSÕES
Neste trabalho foi desenvolvida a transcrição da lógica de projeto do controlador da
linguagem Grafcet para a linguagem Ladder, e sua posterior compilação na linguagem micro-
controlada. Uma das barreiras da utilização do microcontrolador na indústria é o parco
conhecimento de linguagens de programação como ‘C’ e assembler, geralmente utilizadas na
programação de micro-controladores.
A utilização do software LDmicro na perspectiva apresentada neste trabalho, procura
apontar meios alternativos à utilização de micro-controladores, ao invés de CLP’s, no controle
de processos industriais.
A utilização do software Proteus para simulação de circuitos, reduz o tempo gasto
para testes da dinâmica de controle de processos antes que esta seja de fato implementada em
campo.
6. REFERÊNCIAS
ANTONIO, M. Apostila de Controladores Lógicos Programáveis. Centro Federal de
Educação Tecnológica do Espírito Santo. Serra, 2006. Disponível em:
http://www.pictronics.com.br/downloads/apostilas/Apostila-Pic-C.pdf. Acesso em: 03 jun.
2011.
BERLANDA, J. Apostila de Informática Industrial. Faculdade Assis Gurgacz. Cascavel.
Disponível em: http://www.fag.edu.br/professores/ederson/Informatica%20Industrial%20I/.
Acesso em: 25 jun. 2011.
HESSE, S. 99 Exemplos de Aplicações Pneumáticas de automação Pneumática com
manipulação. Disponível em: http://www.festo-didactic.com. Acesso em: 12 Jun. 2011.
SILVEIRA, P. R.; SANTOS, W. E. Automação e Controle Discreto. 6. ed. São Paulo: Érica,
2004. 229 p.
TROJAN, F. Apostila de Grafcet. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta
Grossa. Disponível em: http://pessoal.utfpr.edu.br/trojan/arquivos/GRAFCET.pdf. Acesso
em: 05 jun. 2011.