PROGRAMAÇÃO E CADERNO DE RESUMOS · programaÇÃo e caderno de resumos i congresso internacional...

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I CONGRESSO INTERNACIONAL DE LITERATURA E CULTURA DA PUC GOIÁS PROGRAMAÇÃO E CADERNO DE RESUMOS I CONGRESSO INTERNACIONAL DE LITERATURA E CULTURA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM STRICTO SENSU LETRAS DA PUC GOIÁS I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DO IMAGINÁRIO, DA MEMÓRIA E DA CRÍTICA CONTEMPORÂNEA NAS LITERATURAS BRASILEIRA E DE LÍNGUA PORTUGUESA GOIÂNIA, 17 A 19 DE NOVEMBRO DE 2014

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I CONGRESSO INTERNACIONAL DE LITERATURA E CULTURA DA PUC GOIÁS

PROGRAMAÇÃO E CADERNO DE RESUMOS

I CONGRESSO INTERNACIONAL DE

LITERATURA E CULTURA DO PROGRAMA DE

PÓS-GRADUAÇÃO EM STRICTO SENSU LETRAS

DA PUC GOIÁS

I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DO IMAGINÁRIO, DA MEMÓRIA

E DA CRÍTICA CONTEMPORÂNEA NAS LITERATURAS

BRASILEIRA E DE LÍNGUA PORTUGUESA

GOIÂNIA, 17 A 19 DE NOVEMBRO DE 2014

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SUMÁRIO

1. Apresentação..........................................................................................3

2. Comissões..............................................................................................4

3. Programação..........................................................................................8

4. Resumos dos simpósios........................................................................13

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Realização:

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da PUC Goiás

Apoio:

PUC Goiás

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás – FAPEG

I Congresso Internacional de Literatura e Cultura da PUC Goiás – 17 a 19 de

novembro de 2014

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I CONGRESSO INTERNACIONAL DE LITERATURA E CULTURA DA PUC GOIÁS

1. APRESENTAÇÃO

O Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade

Católica de Goiás (PUC Goiás) tem a satisfação de apresentar aos participantes

este Caderno de Resumos do I Congresso Internacional de Cultura e Literatura

da PUC Goiás, que ocorre de 17 a 19 de novembro de 2014, no Campus VI da

PUC Goiás, em Goiânia.

I Congresso Internacional de Literatura e Cultura e o I Seminário

Internacional do Imaginário, da Memória e da Crítica Contemporânea nas

Literaturas Brasileira e de Língua Portuguesa têm como propósito discutir temas

relacionados à Literatura, à Cultura e às demais áreas afins, a partir de um

trabalho embasado na promoção e difusão do saber, oportunizando uma reflexão

crítica interdisciplinar e multicultural.

O evento visa, ainda, divulgar o Programa de Pós-Graduação em Letras -

MLET, a partir da promoção do evento que tem por meta desenvolver um trabalho

integralizador com outras instituições de ensino em nível nacional e internacional.

Serão discutidas questões teórico-práticas que enfocarão temas relacionados às

seguintes áreas do conhecimento: Literatura, Cultura, Línguas, Artes, Filosofia,

História, Ciências Sociais, Ciências da Religião, Antropologia, Psicologia,

Psicanálise e demais afins. Para tanto, o evento contará com conferência,

minicursos, mesas-redondas e comunicações orais.

O empenho, a dedicação e o compromisso dos professores e pós-

graduandos foram fundamentais para viabilizar a organização do I Congresso

Internacional de Cultura e Literatura. Também foi de suma importância o apoio

integral e incondicional da PUC Goiás, através da Pró-Reitoria de Pós-Graduação

e Pesquisa e da Diretoria da Escola de Formação de Professores e Humanidades

da PUC Goiás.

Sejam todos(as) bem-vindos(as)!

Comissão Organizadora

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2. COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenadora Geral do Evento Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Gonçalves Lima/ PUC Goiás

Presidente Prof. Dr. Iêdo de Oliveira Paes UFRPE/ (PUC Goiás- Bolsista PNPD-CAPES)

Vice – Presidente

Prof.ª Dr.ª Tonia Leigh Wind/ PUC Goiás

Membros

Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Rodrigues/PUC Goiás

Prof. Dr. Divino José Pinto/PUC Goiás

Prof. Dr. Éris Antônio Oliveira/PUC Goiás

Prof. Dr. Aguinaldo José Gonçalves/PUC Goiás

Prof.ª Dr.ª Lacy Guaraciaba Machado/PUC Goiás

Prof.ª. Dr.ª Maria Teresinha Martins Nascimento/PUC Goiás

Prof. Dr. Rogério Pereira Borges/PUC Goiás

Prof. Dr. José Ternes/PUC Goiás

Prof.ª Dr.ª Irene Dias de Oliveira/PUC Goiás

Prof.ª Dr.ª Maria do Espírito Santo Rosa Cavalcante/PUC Goiás

Prof.ª M. ª Daura Maria Guimarães Aguiar/PUC Goiás

Prof. M.e Norival Bottos Júnior/PUC Goiás

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COMISSÃO CIENTÍFICA

Alexandre Ferrari Soares (UNIOESTE) Ana Patrícia Frederico Silveira (IF Sertão/PE)

André Pedro da Silva (UFRPE) Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE)

Arnaldo Saraiva (Universidade do Porto – Portugal) Betina Ribeiro Rodrigues da Cunha (UFU) Berta Lucía Estrada (Escritora – Colômbia- França)

Carmen Luna Sellés (Universidade de Vigo – UV – Espanha) Carmen Santander (Universidad Nacional de Misiones – Argentina)

Catherine Dumas ( Sorbone III – Paris) Clarice Lottermann (Unioeste) Claudia Macias – (Universidade de Seul – Coréia do Sul)

Débora Cristina Santos e Silva (UEG ) Edival Lourenço (Presidente da União Brasileira de Escritores seção Goiás) Eduardo Barbuio (UFRPE)

Eneida Leal Cunha (PUC Rio) Francisca Zuleide Duarte de Souza (UEPB)

Getúlio Targino Lima (Presidente da Academia Goiana de Letras) – (AGL) Gilberto Mendonça Teles (PUC Rio/ PUC Goiás) Giselle Olivia Mantovani dal Corno (UCS)

Gloria Kirinus (Escritora – Peru/Brasil) Iara Christina Silva Barroca (UFV)

Ilca Vieira de Oliveira (Montes Claros) Irina Ráfols (Escritora – Paraguai/Uruguai) Isabel Ponce de Leão (Universidade Fernando Pessoa – PT)

Jane Tutikian (UFRGS) José Alcides Ribeiro (USP) José Fernandes ( UFG)

José Nicolau Gregorin Filho (USP) Lilibeth Zambrano (Universidad de Los Andes – UA – Merida – Venezuela)

Lourdes Kaminski Alves (Unioeste) Luiz Gonzaga Machezan (Unesp) María del Carmen Tacconi ( Academia Argentina de Letras – CONICET –)

Universidad Nacional de Tucumán – (Argentina) Maria Heloisa Helena ( Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás – AFLAG) Maria Gabriela Fernandes da Costa (UFAL)

Maria Rosa Lojo (Argentina) Maria Zaíra Turchi (UFG/FAPEG)

Narlan Matos Teixeira Montgomery (College – Maryland – EUA) Paulo Bungart Neto (UFGD) Paulo Petronílio Correia (UnB)

Paulo Sérgio Nolasco dos Santos (UFGD)

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Regina Coeli Machado e Silva (UNIOESTE) Rita Felix Fortes (UNIOESTE)

Rui Vitorino (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) Sávio Roberto Fonsêca de Freitas (UFRPE)

Sérgio Vicente Mota (UNESP) Susana Ramos Ventura ( UNIFESP ) Susy Delgado (Escritora – Universidade Nacional de Assunção – UnA –

Paraguai) Vânia Chaves (Universidade de Lisboa) Ximena Antonia Díaz Merino (UNIOESTE)

Zilá Bernd (UFRGS – Unilassale)

Comissão Discente de Apoio do Mestrado em Letras e do Curso de Letras da PUC Goiás

Carila Aparecida de Oliveira – Monitor/PUC Goiás (Aluna do MLET/ Bolsista

CAPES/PROSUP) Gabriela Bento Coelho – Monitor/PUC Goiás (Aluna do MLET/ Bolsista CAPES/PROSUP)

Regina Maria Gonçalves Neiva – Monitor/PUC Goiás (Aluna do MLET/ Bolsista Taxista)

Paulo Morais de Oliveira – Monitor/PUC Goiás (Aluno do MLET/ Bolsista FAPEG) Rosângela Gomes Borela – Monitor/PUC Goiás (Aluna do MLET/ Bolsista

Taxista) Maria Geralda de Santos Sousa – Monitor/PUC Goiás (Aluna do MLET/

Bolsista FAPEG) Marcelo Shutz Selhorst – Monitor/PUC Goiás (Aluno do MLET/ Bolsista FAPEG)

Thais Luna Rodrigues Torres – Monitor/PUC Goiás (Aluna do MLET/ Bolsista FAPEG) Janice Aparecida de A. Fernandes – Monitor/PUC Goiás (Aluna do MLET/

Bolsista CAPES/PROSUP) Tiago Santos – Monitor/PUC Goiás (Aluno da Graduação)

Marcos Vieira da Silva – Monitor/PUC Goiás (Aluno do MLET/ Bolsista FAPEG) Rogério Cavalcanti de Morais – Monitor/PUC Goiás (Aluno do MLET/ Bolsista FAPEG)

Edna Rodrigues Araújo – Monitor/PUC Goiás (Aluna do MLET/ Bolsista FAPEG) Getinária Oliveira Milhomem – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação)

Susylaine Pereira Barbosa – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação) Gleyce Mayane Ferreira Sousa – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação)

Wanderson Ferreira Resende – Monitor/PUC Goiás (Aluno da Graduação) Daianne de Paula – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação) Hednellen Pettine – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação)

Patrick Martins Queiroz – Monitor/PUC Goiás (Aluno da Graduação)

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Francinete Lemes de Assunção Rodrigues – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação)

Wanessa Queiroz Ramos Silva – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação) Letícia Streglio Figueiredo – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação)

Márcio Egídio de Lellis Queiroz – Monitor/PUC Goiás (Aluno da Graduação) Mércia Mendes Torres Morais – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação) Gilda Machado – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação)

Geraldo Rocha Neto – Monitor/PUC Goiás (Aluno da Graduação) Fabrícia Alves de Andrade – Monitor/PUC Goiás (Aluna da Graduação)

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O EVENTO CONTA COM A SEGUINTE PROGRAMAÇÃO: 17/11/2014: segunda-feira

Tarde e Noite – LOCAL: AUDITÓRIO (ÁREA VI)

17h – Credenciamento e entrega do material do evento

18h – Sessão de abertura: Professor Wolmir Therezio Amado, Reitor da PUC Goiás; Prof.ª Dr.ª Maria José de Sena, Reitora da UFRPE; Prof.ª Dr.ª Milca Severino Pereira, Pró-Reitora da PROPE da PUC Goiás;

Prof. Dr. Darlan Tavares Feitosa, Coordenador de Pós-Graduação Stricto Sensu – CPGSS; Prof.ª Dr.ª Clélia Brandão Alvarenga Craveiro, Diretora da Escola de Formação de Professores e Humanidades; Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Gonçalves

Lima, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras (MLET) da PUC Goiás; Coordenadora do Curso de Letras – Prof.ª Dr.ª Lacy

Guaraciaba Machado, Coordenadora do Curso de Letras da PUC Goiás.

19h às 20h30min – Conferências

Conferência 1: Os mundos traduzidos e a tradução dos mundos na literatura pós-colonial de língua portuguesa – Prof.ª Dr.ª Rebeca Hernández (Professora

de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e Tradução Literária de Português para Espanhol na Área de Filologia Portuguesa da Universidad de Salamanca (Espanha)

Conferência 2: Clarice Lispector: literatura, biografia, fotobiografia – Prof.ª

Dr.ª Nádia Batella Gotlib/USP

20h30min às 21h – Autógrafos com a escritora Nádia Batella Gotlib

18/11/2014: terça-feira Manhã:

8h às 9h30min – OFICINAS (ÁREA VI)

Oficina 1 – Local: Sala de Aula 303 (Área VI) Bachelard e as imagens fertilizantes em Vidas Secas e outras vidas Prof.ª Dr.ª Glória Kirinus (Escritora – Peru/Brasil)

Oficina 2 – Local: Sala de Aula 310 (Área VI)

Literatura, Artes e Mídias Prof.ª Dr.ª Débora Cristina Santos Silva (MIELT – UEG)

Oficina 3 – Local: Sala de Aula 309 (Área VI)

Contos de fadas clássicos (Perrault e Grimm) e sua contraface não estudada, a das mulheres que coletam e recontam contos populares

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Prof.ª Dr.ª Susana Ramos Ventura / Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP.

Oficina 4 – Local: Sala de Aula 311 (Área VI)

A terceira margem da cultura: literatura e sertão Prof. Dr. Paulo Petronílio (UnB)

Oficina 5 – Local: Sala de Aula 312 (Área VI)

Áfricas, modos de usar: tópicos para ler a África em linguagens e lugares diversos Prof.ª Dr.ª Eneida Leal Cunha (PUC-Rio)

Intervalo 9h30min às 10h (Lanche)

10h às 12h – SIMPÓSIOS (ÁREA VI)

1. Literatura, Imaginário e Performance Local: Salas de Aula 208 e 209(Área VI) Coordenadores: Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Gonçalves Lima/PUC Goiás, José

Nicolau Gregorin Filho (USP), Prof. Dr. Paulo Petronílio Correia/UnB e Prof. Dr. José Fernandes/UFG

2. Pós-Colonialismo, Insólito e Memória nas Literaturas Brasileira e

Africana de Língua Portuguesa Local: Salas de Aula 303 e 309 (Área VI) Coordenadores: Prof. Dr. Iêdo de Oliveira Paes/UFRPE/PUC Goiás (Bolsista PNPD-CAPES), Prof. Dr. Sávio Roberto Fonsêca de Freitas/UFRPE/UFPB

(Bolsista PNPD-CAPES), Prof.ª Dr.ª Maria Gabriela Fernandes da Costa/UFAL, Prof.ª Dr.ª Lacy Guaraciaba Machado/PUC Goiás, Prof.ª Dr.ª Vanessa Neves Riambau Pinheiro/UFPB

3. Artes, Literatura e Críticas Contemporâneas Local: Salas de Aula 304,

306 e 307 (Área VI) Coordenadores: Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Rodrigues/PUC Goiás, Prof. Dr.

Éris Antônio/PUC Goiás e Prof. Dr. Acir Dias/UNIOESTE

4. Literatura, Pintura e Cinema Local: Salas de Aula 308 e 310 (Área VI) Coordenadores: Prof. Dr. Aguinaldo Gonçalves (PUC Goiás/UNESP) e Prof.ª Dr.ª Maria Teresinha M. do Nascimento/PUC Goiás

5. Literatura, Sistemas Interartísticos e Tradução Local: Sala de Aula 311

(Área VI) Coordenadores: Prof. Dr. Divino José Pinto/PUC Goiás, Prof.ª Dr.ª Tonia Leigh

Wind/PUC Goiás e UGA/EUA e Prof. Dr. Wolney Unes/UFG

6. Literatura, Jornalismo, Língua e Discurso Local: Sala de Aula 312 (Área VI)

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Coordenadores: Prof. M.e Eduardo Barbuio/UFRPE, Prof.ª M.ª Rosane Isaac/PUC Goiás, Prof.ª M.ª Maria Cristina Reinato/PUC Goiás, Prof.ª M.ª

Divina Pinto Paiva/PUC Goiás e Prof. Dr. Rogério Pereira Borges/PUC Goiás

Intervalo 12h às 13h30min (Almoço)

Tarde: 14h às 15h30min – Mesa-redonda 1 – Da Escritura na Escrita Local:

Auditório (Área VI) Prof. Dr. Divino José Pinto (PUC Goiás), Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Rodrigues (PUC Goiás), Prof. Dr. Acir Dias (UNIOESTE – PR)

16h às 16h30min – Apresentação Cultural (Grupo Noah)

17h às 17h30min (Lanche) – Oficina Gastronômica: Sabores, Aromas e

Dendê Local: Sala de Aula 406 (Área VI) Coordenadores: Prof.ª Esp. Cristiane Souza Gomes da Fonseca/Gastronomia –

PUC Goiás e Prof. Esp. Willian Bernardes Carvalho/Gastronomia – PUC Goiás

Noite:

18h às 19h30min – Mesa-Redonda 2 – Relações Intersemióticas entre Sistemas de Códigos Simples e Sistemas de Códigos Complexos Local:

Auditório (Área VI) Prof. Dr. Aguinaldo José Gonçalves (PUC Goiás/UNESP), Prof. Dr. Wolney Unes/UFG

20h às 20h30min- Sorteio de livros, lançamentos e autógrafos Local: Auditório

(Área VI)

19/11/2014: quarta-feira Manhã:

8h às 9h30min – OFICINAS (ÁREA VI)

Oficina 6 – Local: Sala de Aula 311 (Área VI) Estudos da memória na literatura afro-feminina e questões de gênero e etnicidade

Prof.ª Dr.ª Tonia L. Wind (PUC Goiás/UGA – EUA)

Oficina 7 – Local: Sala de Aula 303 (Área VI) Tema – O conto de autoria feminina: projeções e proposições nos textos

produzidos por mulheres Prof.ª Dr.ª Iara Christina Silva Barroca (UFV)

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Oficina 8 – Local: Sala de Aula 309 (Área VI) Telúrico e Regionalismo

Prof. Dr. José Fernandes (UFG)

Oficina 9 – Local: Sala de Aula 312 (Área VI) Os mitos da Vanguarda no Brasil

Prof. Dr. Gilberto Mendonça Teles (PUC-RJ)

Intervalo 9h30min às 10h (Lanche)

10h às 12h – SIMPÓSIOS (ÁREA VI)

1. Literatura, Imaginário e Performance Local: Salas de Aula 208 e 209 (Área VI) Coordenadores: Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Gonçalves Lima/PUC Goiás, José

Nicolau Gregorin Filho (USP), Prof. Dr. Paulo Petronílio Correia/UnB e Prof. Dr. José Fernandes/UFG

2. Pós-Colonialismo, Insólito e Memória nas Literaturas Brasileira e

Africana de Língua Portuguesa Local: Salas de Aula 303 e 309 (Área VI) Coordenadores: Prof. Dr. Iêdo de Oliveira Paes/UFRPE/PUC Goiás (Bolsista PNPD-CAPES), Prof. Dr. Sávio Roberto Fonsêca de Freitas/UFRPE/UFPB

(Bolsista PNPD-CAPES), Prof.ª Dr.ª Maria Gabriela Fernandes da Costa/UFAL, Prof.ª Dr.ª Lacy Guaraciaba Machado/PUC Goiás, Prof.ª Dr.ª Vanessa Neves

Riambau Pinheiro/UFPB

3. Artes, Literatura e Críticas Contemporâneas Local: Salas de Aula 304, 306 e 307 (Área VI) Coordenadores: Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Rodrigues/PUC Goiás, Prof. Dr.

Éris Antônio/PUC Goiás , Prof. M.e Eduardo Barbuio ( UFRPE) e Prof.ª M.ª Divina Paiva PUC Goiás

4. Literatura, Pintura e Cinema Local: Salas de Aula 308 e 310 (Área VI)

Coordenadores: Prof. Dr. Aguinaldo Gonçalves/PUC Goiás e Prof.ª Dr.ª Maria Teresinha M. do Nascimento/PUC Goiás

5. Literatura, Sistemas Interartísticos e Tradução Local: Sala de Aula 311 (Área VI

Coordenadores: Prof. Dr. Divino José Pinto/PUC Goiás, Prof.ª Dr.ª Tonia Leigh Wind/PUC Goiás e UGA/EUA e Prof. Dr. Wolney Unes/UFG

6. Literatura, Jornalismo, Língua e Discurso Local: Sala de Aula 312 (Área

VI) Coordenadores: Prof.ª M.ª Rosane Isaac/PUC Goiás, Prof.ª M.ª Maria Cristina Reinato/PUC Goiás, e Prof. Dr. Rogério Pereira Borges/PUC Goiás

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Intervalo 12h às 13h30min (Almoço)

Tarde: 14h às 15h30min

Mesa-Redonda 3 – A Imagética e a Espiritualidade na Literatura Afrofeminina: uma Incursão pela Voz Memorialística Local: Auditório (Área

VI) Prof.ª Dr.ª Tonia Leigh Wind (PUC Goiás/UGA – EUA), Prof.ª Dr.ª Irene Dias de Oliveira (PUC Goiás), Prof.ª M.ª Janira Sodré (Coordenadora – PROAFRO) e

Prof.ª Dr.ª Lacy Guaraciaba Machado/PUC Goiás

16h às 16h30min – Apresentação Cultural (ProAfro ou Grupo musical / farsa da Boa Preguiça)

17h às 17h30min (Lanche) – Oficina Gastronômica: Sabores, Aromas e

Dendê (Local: Sala de Aula 406 – Área VI) Coordenadores: Prof.ª Esp. Cristiane Souza Gomes da Fonseca/Gastronomia – PUC Goiás e Prof. Esp. Willian Bernardes Carvalho/Gastronomia – PUC Goiás

Noite:

18h às 19h30min Mesa-Redonda 4 – Memória e Imaginário Local: Auditório (Área VI)

Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC Goiás), Prof. Dr. Éris Antônio Oliveira (PUC Goiás), Prof.ª Dr.ª Maria Zaíra Turchi (Presidente da FAPEG) e Prof. Dr. José Fernandes (UFG)

20h às 20h20min – Encerramento do evento Local: Auditório (Área VI)

Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC Goiás) – Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras e Prof.ª Dr.ª Lacy

Guaraciaba Machado/PUC Goiás – Diretora do Departamento de Letras.

20h20min às 21h30min – Apresentação da Companhia de Dança NOAH da PUC Goiás com o espetáculo “POR GOIÁS”. Local: Auditório (Área VI)

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RESUMOS

18/11 (terça-feira) – 10h às 12h

Simpósio 1 - Literatura, Imaginário e Performance

Coordenação: Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC Goiás), Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho (USP)

Sala 208

1.ARTES DE DIZER A PEDRA ARREPENDIDA: TRADIÇÃO ORAL EM NATIVIDADE (TO)

AUTOR(ES): Elizeth da Costa Alves (IFG)

O presente trabalho tem como objetivo evidenciar, através da análise de quarto “versões” orais

e uma escrita, de Maximiano da Matta Teixeira, coletadas do conto “A pedra arrependida”,

aspectos substanciais presentes nas narrativas orais contadas em Natividade - TO, que as

diferenciam do texto escrito, numa tentativa de mostrar a importância de se preservá-las. Os

aspectos avaliados evidenciam os modos de pensamento presentes nas narrativas orais, por

exemplo, se são mais agregativas que subordinativas, mais ou menos redundante etc.

Descrevemos, ainda, os procedimentos dos contadores de histórias em relação à construção das

narrativas oral e escrita, tendo como pano de fundo uma concepção teórico-literária baseada em

Walter Ong (1986, 1998), Paul Zumthor (1993), Luis da Camara Cascudo (1967, 1984), André

Jolles (1930), Walter Benjamin (1994), Ecléa Bosi (1994), entre outros. Antes disso,

apresentamos pontos de vista sobre a cultura popular no mundo e no Brasil, apontando as

primeiras trilhas percorridas para a construção de uma identidade nacional e a questão do

nacional e do popular, com destaque para os estudos que investigam a tradição e a cultura oral

e escrita. O ponto de análise foi uma investigação em Natividade, cidade da região sudeste do

Estado do Tocantins, com vistas a uma crítica das produções culturais de nosso povo. Para tal

abordagem, utilizamos fontes como Alfredo Bosi (1975, 1987, 1992), Peter Burke (1989),

Marilena Chauí (1986, 2000), Néstor Garcia Caclini (2003), Roger Chartier (1995) e Mikhail

Bakhtin (1997, 2002).

Palavras-chave: Maximiano da Matta Teixeira. “A pedra arrependida”. Natividade – TO.

Narrativas oral e escrita. Conto popular.

2.O MITO DE SÍSIFO E A POESIA DE DRUMMOND DE MÃOS DADAS

AUTOR(ES): Sara de Castro Cândido (PUC Goiás)

A pesquisa ora apresentada focalizou-se em reflexões e análises sobre a lírica de Carlos

Drummond de Andrade, em Sentimento do Mundo, obra publicada em 1940, com o objetivo de

desenvolver estudos do ser, transfigurado em imagens na poesia. A principal metodologia

utilizada foi a pesquisa bibliográfica, aplicando teorias sobre o texto poético, conceitos e análises

a partir da crítica fenomenológica, envolvendo o pensamento de Martin Heidegger acerca do ser

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e do tempo. Isso porque a fenomenologia auxilia no resgate da experiência existencial, busca a

apreensão da realidade em toda a sua complexa pluralidade, além de se preocupar com o rigor

na análise crítica. Teóricos como José Fernandes, Albert Camus, Gilbert Durand, e Afonso

Romano Sant’Anna foram abordados na composição do estudo, dividido em três partes: uma

primeira que contempla as observações acerca do ser da poesia; um segundo momento em que

se podem vislumbrar as imagens em Sentimento do Mundo; e por fim, a verificação do mito de

Sísifo na poesia drummondiana enquanto expressão do homem moderno, concedendo-nos a

oportunidade de entrar em contato com a rica e absurda filosofia camusiana e, em sua

companhia, ler a também rica e absurda poesia drummondiana. Elegemos “Poema da

necessidade”, “Os ombros suportam o mundo” e “Mãos dadas” para a realização dessa

complexa, mas arrebatadora tarefa. Como contribuição objetiva, pode-se dizer que na obra de

1940 é possível constatar a manifestação do estar no mundo, do ser lançado na existência, e o

salto ontológico em que a linguagem, enquanto morada do ser, permite realizar.

Palavras-chave: Lírica. Carlos Drummond de Andrade. Mito de Sísifo. Imaginário.

3.A POESIA NA VISÃO DE GILBERTO MENDONÇA TELES.

AUTOR(ES): Lucilene Maciel de Oliveira Vidal (PUC Goiás)

A pesquisa realizada buscou compreender a visão que o poeta goiano Gilberto Mendonça Teles

mostra em suas entrevistas sobre a concepção de poesia / poema que, para ele, é um tipo especial

de linguagem que não quer comunicar o comunicável, e, para isso, analisamos alguns conceitos

existentes e levamos para a visão de GMT. Os suportes teóricos – críticos foram aplicados nas

análises das entrevistas do poeta. Verificamos as imagens poéticas direcionadas que trazem

conceito de poesia, os símbolos que representam a concepção do autor sobre a linguagem poética

e o que exprime a poesia na visão do poeta. Para realizarmos esse estudo, a metodologia utilizada

foi a pesquisa bibliográfica nos corpus: A plumagem dos nomes (2007), Hora aberta (2002) e

Entrevista sobre poesia (2009). Partindo dos conceitos de poesia, analisamos algumas das

entrevistas cedidas pelo poeta, material pertinente para esta pesquisa que busca a concepção de

poesia / poema, porque, como afirma Gilberto Mendonça Teles, a poesia ao mesmo tempo em

que é vida, dá vida, mata; e ela liberta o eu poético do poeta e de quem lê suas poesias. Em um

segundo momento, trabalhamos, sem fugir do foco principal, o Lírico Telúrico e, no terceiro, o

Imaginário.

Palavras–chave: Visão. Gilberto Mendonça Teles. Poema. Poesia. Entrevista.

4.DRUMMOND: O POETA QUE ESPIA EXPIANDO

AUTOR(ES): Eurípedes Leôncio Carneiro (PUC Goiás)

O texto poético de Carlos Drummond de Andrade é revelador do tema espia-expiando,

demonstração da verdade poética por si mesma, num prisma dialético-esteticista, com um

método e reflexões dedutivas ao consubstanciar os procedimentos metafísicos, filosóficos,

poéticos, nos quais o próprio autor é tema e objeto, e a sua obra, uma verdadeira antropologia

drummondiana. O objetivo principal, neste trabalho é a tentativa de demonstrar que o eu lírico

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do poeta encontra-se em estado de expiação, sofrimento, por ter espiado, olhado o mundo

exterior, vivendo um estado de desassossego, no tempo e no espaço, o que possibilitará como

alívio desse estado de desencanto, o retorno - memorialismo poético – ao ponto de partida,

Itabira que desde o primeiro poema, publicado em 1930, no livro Alguma Poesia, é retomada na

lembrança como fonte de amabilidade preservada metaforicamente, comportando assim, como

o filho pródigo da poesia brasileira. O contato com o texto poético drummondiano surpreende e

prende quem o busca, não somente pelo prazer estético, mas pela aguda reflexão que toma o

leitor e o faz partícipe desse drama existencial a se libertar na poesia, alimentar-se da

transcendência, das metáforas. O objeto é a palavra corporificada no poema, como verbo

salvador. Toma-se, como suporte para esta pesquisa, as reflexões de pensadores e críticos

literários como Michel Foucault, Octavio Paz, Gaston Bachelard, Gilberto Mendonça Teles,

Affonso Romano de Sant’Anna, entre outros, a fim de enfocar o embate da alma prisioneira,

impotente diante da realidade que a ameaça, mas que se revela no poema, transformando-o em

arma libertária, solidária, possibilitando o recolher-se para as fontes da emoção, que é maior que

o estágio de sofrimento, para a magia, encantamento da arte e da linguagem que salva como

água purificadora vinda do eu lírico, da transcendência metafórica para outra realidade povoada

pelo reino das palavras que passa a ser o carisma do poeta.

Palavras-chave: Poesia. Drummond. Palavra. Espia-expiando. Tempo. Espaço. Retorno.

5.O IMAGINÁRIO EM CINDERELA, BRANCA DE NEVE E A BELA E A FERA

AUTOR(ES): Mônica Faria Rosa Del Grosso (PUC Goiás)

Este trabalho faz um estudo do imaginário nos contos infantis, em particular nos contos:

“Cinderela”, “Branca de Neve e os sete anões” e “A Bela e a Fera”. A fundamentação tem como

base a teoria do imaginário. Primeiramente, a tese aborda a origem dos contos e sua importância

no meio social para todo ser humano. Em seguida, apresenta a teoria do imaginário, da imagem

e da imaginação, e suas devidas evoluções ao longo da história. Baseado nessas teorias, os contos

serão analisados e o imaginário será mostrado através do método comparativo. Num segundo

momento, o estudo direciona-se para o símbolo da palavra ou imagem como aspectos do

inconsciente de uma forma ampla. No terceiro momento do trabalho, os contos são analisados

também, através do método comparativo em relação às metáforas. Mostra que as metáforas são

recursos retóricos para fortificar o sentido de uma imagem, gerada por uma palavra. As imagens

de forma metafórica traduzem diversos significados.

Palavras-chave: Imaginário. Imagens. Metáfora. Contos infantis.

6. O IMAGINÁRIO ROSIANO EM PRIMEIRAS ESTÓRIAS

AUTOR(ES): Betina Ribeiro Rodrigues da Cunha (UFU)

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Este trabalho conduz a uma visada não só literária, mas também cultural, em que os olhares se

voltam para o conto “O homem que bebia cerveja”, da obra Primeiras estórias, de Guimarães

Rosa, buscando compreender as possíveis leituras interpretadas pelos mitos do mundo moderno,

e o valor de uma produção literária distanciada pelo espaço de uma realidade temporal ancorada

nessa perspectiva e cosmologia míticas, entretanto, muito próxima do ponto de vista de

interações e diálogos. Guimarães Rosa permite inferir que a literatura deva apreender as

inúmeras possibilidades do real, substituindo a cosmovisão anterior, tradicionalmente coerente

e organizada em um locus mítico, povoado de reatualizações modernas, por um outro olhar que

antecipa e oferece um universo significativo, transcultural.

Palavras-chave: Imaginário. Guimarães Rosa. Cosmologia mística.

7.0 POESIA E IMAGINÁRIO EM DORA FERREIRA DA SILVA

AUTOR(ES): Enivalda Nunes Freitas e Souza (UFU)

Com as fantasias que cria e cultiva por meio da arte, do sonho e da religião, o homem vai

encontrando equilíbrio para seu singular existir. Desta forma, Dora Ferreira da Silva, poeta

paulista que faleceu em 2006, com 87 anos, afirma que o mito nos coloca em contato com nós

mesmos e com a natureza, porque ele age como a raiz de uma árvore: vai lá no fundo

(inconsciente) buscar o sustento, o alimento, e lá no fundo está nosso ser criança, nossa vida

primitiva que permaneceu intocada. É assim, nutrindo-se de forças arquetípicas que sua poesia

vai-se construindo em imagens, símbolos e mitos que dão conta de um imaginário rico em

extensões ao homem contemporâneo. Além de poeta e ensaísta, Dora foi uma célebre tradutora,

sobretudo das obras de Carl Gustav Jung e Rainer Maria Rilke, além de poetas místicos, sobre

os quais escreveu ensaios. Com leituras de Mircea Eliade, a poeta reconhece definitivamente a

linha de sua poesia, que se assenta nas fontes primordiais da relação do homem com o cosmos

e consigo mesmo. Para esta comunicação, terei como aporte teórico a crítica do imaginário,

sistematizada por Gilbert Durand, a partir dos estudos de Carl Gustav Jung, Mircea Eliade e

Gaston Bachelard, sobretudo em seus alicerces da mitocrítica. Uma vez mapeado os caminhos

do imaginário, as várias formas de compreender a imagem, o símbolo e o mito, elejo poemas da

obra Cartografia do imaginário (2003) para tratar exclusivamente da relação da poesia com a

poesia mística, considerando que ambas se apresentam como forma de o homem se relacionar

ao Mistério, portanto, a poesia é produtora de sentidos que restabelecem o equilíbrio no

imaginário humano, há muito fendido entre pares antitéticos como consciente e inconsciente,

sagrado e profano, céu e terra, palavra e coisa. Nesse aspecto, assim como a poesia mística

promove a ligação do homem com Deus, a linguagem poética recupera a essência do mundo:

“Não quero falar do dia nem da noite / nem de estrelas. É a palavra meu açoite / minha dor

minha alegria.”

Palavras-chave: Dora Ferreira da Silva. Poesia; Sagrado. Imaginário. Poesia mística.

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Simpósio 1 - Literatura, Imaginário e Performance

Coordenação: Prof. Dr. Paulo Petronílio Correia (UnB/UFG), Prof. Dr. José Fernandes (UFG)

Sala 209

1.IMAGENS REVERSÍVEIS DO REGIONAL E DO UNIVESAL NA METALITERATURA DOS

CONTOS DE JORGE LUIS BORGES E LUÍS JARDIM

AUTOR(ES): Nilson Pereira de Carvalho (UFRPE)

A literatura diz a humanidade e o mundo em que vive, enquanto busca modos e imagens de

dizer-se. Michel Foucault (In: MACHADO, 2001) sugere a necessidade de os estudos literários

incorporarem a metaliteratura, a fim de se dialogar com conceitos-chave da tradição teórica, na

perspectiva de superar um “oco” deflagrado e denunciado na materialidade do texto literário.

Assim, considerando a metaliteratura como aspecto constitutivo da arte literária, este trabalho

procura arregimentar elementos justificativos na teoria e na crítica, de forma não filiada, acerca

de aspectos que prescrevem a permeabilidade da autorrefenciação ao longo da formação dos

estudos literários, com ênfase no imaginário contístico. Para tanto, a incursão em textos

canônicos, tanto quanto outros polêmicos, perfaz uma seleção não linear como pressuposição

teórica, a fim de tratar das ocorrências de metaliteratura em sua pretensão universal, nos contos

“O Livro de Areia” e “O Espelho e a Máscara”, do argentino Jorge Luís Borges, comparadas ao

acento regionalista dos contos “Maria Perigosa” e “O Poeta”, do pernambucano Luís Jardim.

Além disso, pretende-se demonstrar, na leitura dessas obras, o efeito da reversibilidade entre o

universal e o regional provocado pela essência metaliterária, bem como na constituição da

imagética narrativa. Aspectos da fenomenologia da percepção, em referência a Meleau-Ponty,

juntamente com os esquemas e regimes propostos por Gilbert Durand subsidiam os temas das

imagens selecionadas.

Palavras-chave: Metaliteratura; Imaginário; Jorge Luís Borges; Luís Jardim.

2.A LITERATURA NO CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS LINGUAGES: INTERFACES ENTRE

A TEORIA E PRÁTICA EM MEIO DIGITAL

AUTOR(ES): Nara Rúbia Gomes Duarte Xavier (MIETL/UEG)

Com a emergência da cibercultura, a literatura passou a contar com recursos

cineverbivocovisuais e ganhou novos meios e suportes, como o cartaz, o panfleto, as paredes,

os muros e a tela do computador. Palavras, cores, sons, formas, movimentos e texturas

participam do processo de criação e recriação da palavra, o que colabora com o aumento do

número de páginas na internet, contendo a chamada ciberliteratura, especialmente a ciberpoesia.

Ademais, fez-se presente a ruptura na obrigatoriedade do verso linear e convencional, fazendo

com que as possibilidades de manifestação literária se multiplicassem, impondo uma releitura

de conceitos e uma compreensão mais clara das condições de produção e recepção da literatura

na atualidade. Dessa forma, por meio de consultas telemáticas e acervo produzido por autores

como Rui Torres, busca-se compreender os processos de criação e recepção do texto eletrônico,

tendo em vista a qualificação do leitor para a fruição das poéticas possíveis em meio digital, no

intuito de aprofundar o conhecimento sobre poesia experimental e literatura digital, produzidas

em hipermídia, a partir de exercícios de releitura no processo de escrileitura como estratégia de

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escrita e aprendizagem criativas e coletivas, as quais transcendem os limites da palavra escrita

e colaboram com a transposição do texto do papel para o ciberespaço.

Palavras-chave: Cibercultura. Ciberliteratura. Escrileitura. Rui Torres.

3.A TERCEIRA MARGEM DA PERFORMANCE: DA NARRATIVA AO RITUAL.

AUTOR(ES): Wellington Rodrigues Barros (UFG)

Na evolução da humanidade, o conhecimento oral obteve extrema importância em determinado

período da história. Trata-se de aprender com o passado para melhorar o futuro. A interferência

lá depende da atuação de ensino-aprendizagem proporcionada hoje. As experiências,

ensinamentos e tradições eram passadas via oralidade. É notável nas culturas Orientais,

Indígenas e Africanas com seus Mestres, Pajés e Griots, respectivamente. É comum ao avançar

do tempo os termos, as definições e os conceitos sofrerem modificações, adaptações e até mesmo

inversões de sentidos. Isto, porque as palavras são limitadas e são polissêmicas. Transformam-

se segundo a época. Como proceder, quando as palavras são insuficientes para conceitualizar

termos tão complexos e abrangentes como Cultura, Performances Culturais, Imaginário ou

mesmo Literatura? Mais importante que o ponto de chegada (resposta) é o caminho a ser

percorrido, uma vez que, definir é delimitar, fechar fronteiras. Na questão das Performances

Culturais, é o que enriquece este campo de conhecimento científico e artístico, ou seja, ao invés

de fechar em um determinado formato, deixa-o aberto para as reflexões e contribuições de

“diferentes abordagens ou pontos de vistas, a diversidade expressiva humana, numa visão

transcultural, transversal e transdisciplinar”. Assim, progride o pensamento, no incomodo, na

incerteza, na busca... O presente texto visa como objetivo: proporcionar uma reflexão

interdisciplinar a respeito da relação entre narrativa, ritual e performance, tendo como pano de

fundo o conto “A terceira margem do rio” de João Guimarães Rosa. Para isso, teremos três

questões norteadoras: Quais são os elementos fundamentais para escolha de uma boa narrativa?

Em que medida o performer/contador de histórias pode dar vida a um objeto (texto literário)?

Como o produto/relação performer e narrativa pode contribuir de forma significativa na vida

cotidiana das pessoas? Em suma, superar a ingenuidade ou um nível de consciência aquém das

possibilidades humanas é um projeto para uma vida de sucesso e é indiscutível que o campo

artístico/literário pode contribuir significantemente para este processo evolutivo.

Palavras-chave: Performances culturais. Oralidade. Narrativa. Ritual e performer.

4.O INSTINTO TEATRAL HUMANO DE NICOLAS NICOLAIEVICH EVREINOV

AUTOR(ES): Robson Correa de Camargo (UFG)

Nicolas Evreinov (1879-1953) não tem nenhum livro publicado em português. Entretanto, seu

trabalho inclui mais de uma dezena de publicações teóricas e peças teatrais. Dramaturgo e diretor

teatral tem estado em voga ultimamente por suas contribuições sobre a teatralidade e sua

reflexão sobre ação. Seus livros estão esgotados e são de difícil acesso. Sendo assim, esta

apresentação se propõe a trazer com mais detalhes alguns trechos com suas afirmações para que

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sua voz seja ouvida após mais de cem anos de seus escritos sobre teatralidade. Foi em 1908 que

apareceu seu livro Apologia da Teatralidade. Neste sentido, esta apresentação se concentrará

mais em sua elaboração sobre a questão da teatralidade que em sua extensa contribuição ao

teatro. Como afirma Evreinov “O teatro não é necessariamente a expressão de um sentimento

estético consciente, senão a revelação do instinto de transfiguração que vai evoluindo do animal

— mais ainda do vegetal — até o homem. Considera que o teatro não se encontra apenas no

palco, mas esta em nós mesmos e em tudo que nos rodeia (EVREINOV, 1956 pg 7. Introdução

à versão francesa, sem autoria)”.

Palavras-chave: Evreinov. Teatralidade. Performances Culturais.

5. A VOZ NA PEÇA RADIOFÔNICA DE ARTAUD E SUA LINGUAGEM SUBVERSIVA

MARGINAL

AUTOR(ES): Danielli Rodrigues (UEL)

A palavra tem um valor semântico inquestionável; porém, é na voz que há a exploração dos sons

produzindo os sentidos. Sabe-se que no fim do século XIX e início do século XX houve uma

decadência na representação somente do texto escrito, e a preocupação se torna alcançar o

envolvimento público através das sonoridades; surgem diversos trabalhos como de Stanislavski,

Brecht, Artaud e Grotowski. Para este estudo, tem-se a peça radiofônica A procura da

fecalidade, de Artaud, cuja proposta é de reconstrução do homem e do corpo, buscando o

trabalho com a voz e, consequentemente, com a palavra a partir de uma linguagem subversiva

marginal da experiência-limite e literária do escritor.

Palavras-chave: Artaud. Linguagem subversiva marginal. Voz.

6. MORTE E TRANSFIGURAÇÃO E TRANSFIGURAÇÃO NA POESIA DE AFONSO FELIX

DE SOUSA

AUTOR(ES): José Carlos Barbosa Soares (Faculdade Alfredo Nasser)

Este trabalho é um estudo do tema “Morte e Transfiguração” como elemento constitutivo da

poesia e da evolução poética de Afonso Felix de Sousa. Tomando como ponto inicial da análise

a história das relações do homem com a ideia (física, teológica e filosófica) da morte, e

necessários conceitos básicos de história, teoria e crítica literá-rias(???) a dissertação buscou

mostrar como o poeta goiano tratou o tema da morte ao longo de sua produção poética: em

primeiro lugar, como temática recorrente na vida de um homem ligado ao mundo físico e secular

(como fim da vida somente); em segundo lugar, como aceitação de sua inevitabilidade (como

uma reflexão sobre o significado da existência humana), isto é, como passagem do mundo físico

e secular para o mundo espiritual, como uma necessária renovação cíclica da vida; em terceiro

lugar, como um renascimento, como o caminho para o abandono do mundo físico e secular e a

consequente transcendência para o mundo espiritual (como a busca pela redenção). A

dissertação buscou mostrar, também, como suporte parcial para sua análise da poesia de Afonso

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Felix de Sousa, como alguns aspectos relevantes da vida pessoal do poeta influíram na

construção de sua trajetória poética rumo à transcendência.

Palavras-chave: Afonso Felix de Sousa. Poesia. Morte. Transfiguração. Transcendência.

7. A POÉTICA E A ORALIDADE NAS TOADAS DE BUMBA MEU BOI DO MARANHÃO

AUTOR(ES): Janick de Lisieux Diniz Serejo (PUC-SP)

Segundo a versão de Bueno (1999, p. 31) a lenda do boizinho de são João é recriada nos bumbas

meus bois maranhenses passada através da tradição oral. É comum durante as apresentações das

brincadeiras as exaltações a Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal. Ao ouvirmos as

toadas de bumba meu boi, notamos a presença dos elementos míticos e místicos presentes no

imaginário dos autores. O auto do folguedo representa um ciclo contínuo: a morte e a

ressurreição do boi, personagem em torno do qual gira o enredo do auto. Nesta comunicação,

trataremos da temática “A poética e a oralidade nas toadas de bumba meu boi do Maranhão”,

com o objetivo de analisar as toadas de bumba meu boi do Maranhão, enquanto elemento poético

e sua oralidade. Como metodologia, selecionamos 02 toadas para analisarmos a oralidade e a

poética contida nas mesmas. Frisamos que a escolha deu-se devido a representatividade destes

grupos diante do publico maranhense, devidamente comprovado pelo grande número de

seguidores durante seus ensaios e apresentações. Em um primeiro momento, houve a

catalogação bibliográfica para favorecer um melhor entendimento e compreensão da pesquisa.

Com base na concepção do estudioso Paul Zumthor de que a poesia oral abrange as mais

variadas manifestações artísticas que têm a voz como matéria-prima, é que pautamos esse

trabalho e pudemos demonstrar que a fé e a devoção ao que é considerado sagrado oferecem aos

compositores, que na maioria são os cantadores ou Amos do bumba meu boi, elementos para as

mais belas poesias e que o eu poético desses cantadores vive a magia das toadas e, estes, mesmo

afastados dos vernáculos acadêmicos, são verdadeiros mestres da literatura oral.

Palavras-chave: Bumba meu boi. Toada. Oralidade.

Simpósio 2 - Pós-Colonialismo, Insólito e Memória nas Literaturas Brasileira e Africana de Língua Portuguesa

Coordenação: Prof. Dr. Iêdo de Oliveira Paes (UFRPE/PUC Goiás -Bolsista PNPD-CAPES), Prof. Dr. Sávio Roberto Fonsêca de Freitas (UFRPE/UFPB - Bolsista PNPD-CAPES), Prof.ª Dr.ª Vanessa Neves Riambau Pinheiro (UFPB).

Sala 303

1. A RELAÇÃO ENTRE MAIS VELHO E MAIS NOVO NOS CONTOS NAS ÁGUAS DO

TEMPO, DE MIA COUTO, E PAI ZÉ CANOA MIÚDO NO MAR, DE BOAVENTURA

CARDOSO

AUTOR(ES): Daniela de Oliveira Lima (UNESP – Assis)

As literaturas dos países africanos de língua portuguesa mantêm uma forte relação com o

passado, principalmente através da oralidade com marcada presença entre os povos. Escolhemos

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dois autores de diferentes países para verificar como em ambos estabelece-se o ensinamento de

geração para geração. No conto do angolano Boaventura Cardoso, “Pai Zé Canoa Miúdo no

Mar”, notamos como o mar está presente na vida das pessoas. O avô pescador ensina o neto os

caminhos do mar. O avô é detentor da tradição que, mesmo após a sua morte, permanecerá

através da memória da criança. O moçambicano Mia Couto, em seu conto “Nas águas do

tempo”, também traz as questões da temática da água na vida das personagens, um avô e seu

neto, e é este que após anos reconta ao seu filho o que viveu com seu avô. Por meio desses

breves contos, serão levantadas algumas questões que aproximam os textos, como avô/neto e a

água e a memória dos netos nas construções das histórias narradas.

Palavras-chave: literatura angolana; literatura moçambicana; água; avô/neto, memória.

2.A COR, O GÊNERO E O SILÊNCIO: MEMÓRIA E SUBALTERNIDADE NO ROMANCE

PONCIÁ VICÊNCIO, DE CONCEIÇÃO EVARISTO

AUTOR(ES): Jessica Sabrina de Oliveira Menezes (IFPE)

O presente trabalho pretende abordar a condição subalterna do negro no primeiro romance da

escritora mineira Conceição Evaristo, Ponciá Vicêncio (2003); condição esta verticalizada ainda

mais quando entrecruzada com a desigualdade de gênero sofrida pela personagem cujo nome

(por meio do qual não se reconhece) dá título à obra. Mulher, negra, pobre, descendente de

negros escravizados... Esse é o retrato da personagem cujos conflitos (identitários, perpassados

pela memória e reafirmados pelo silenciamento) dão-se a ver através das linhas da trama

romanesca. A fim de realizar a leitura que propomos, utilizamos como norteamento teórico os

pensamentos de Sodré (2000), Spivak (2010) e Quijano (2000), entre outros; mas é o discurso

ficcional de Evaristo que nos servirá de norte principal.

Palavras-chave: Etnia. Gênero. Subalternidade. Memória. Silêncio.

3.O COMPADRE DE OGUM: A PRESENÇA DO INSÓLITO NA OBRA JORGE AMADO I

(CENAS DA ESCOLHA DO PADRINHO DE FELÍCIO)

AUTOR(ES): Benedito José de Araújo Veiga (UEFS)

Jorge Amado é um dos escritores brasileiros pioneiros em colocar no centro de suas obras o

universo dos excluídos socialmente; baseado nessa premissa e refletindo sobre os cultos afro-

baianos, desprezados e rejeitados pelos setores de mando no contexto comunitário, escreve O

compadre de ogum, novela publicada em 1964, passada na Cidade da Bahia, no universo

miscigenado, com o predomínio do negro e de suas tradições: o candomblé destaca-se como

uma religião de prestígio, histórica e estrategicamente colocando-se, às vezes, como ritos

sincretizados ─ as crenças nos orixás camufladas com o catolicismo ─, livrando, assim, das

perseguições dos poderes públicos; o batizado de Felício, filho de Massu e Benedita, enquadra-

se nos parâmetros dessa sobrevivência: Massu é um negro, desocupado e vivendo de biscates;

Benedita é também sem ocupação fixa e vivendo da prostituição. Do encontro dos dois "pastores

da noite", nasce o interesse de relacionamento; Benedita deixa de frequentar os locais

costumeiros, o biscateiro continua com seus costumes, o que permite a procura da amásia,

tempos depois, doente e esquelética, para entregar seu filho para que o biscateiro crie, como pai

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que era. A criança causa espanto em todos por sua cor esbranquiçada e os olhos azulados,

segundo a mãe, "puxado ao seu avô materno, homenzarrão loiro e estrangeiro", mas tudo clareia:

"é impossível separar e catalogar todos os sangues de uma criança nascida na Bahia"; o

importante é criar o menino e batizá-lo, como determina avó Veveca, antes de completar um

ano em estado de pagão. Começam logo a surgir empecilhos embaraçosos: quem será o

padrinho? a qual dos amigos deve escolher? Até que Ogum aparece a Massu e determina: o

problema do batismo, eu soluciono; nada mais resta ao grupo de amigos do que procurar mãe

Doninha. Em toda a leitura do texto, a presença do insólito faz-se presente e oportuna.

Palavras-chave: Jorge Amado. O compadre de ogum. Hibridismo cultural. Orixás.

4.A MULHER NEGRA EM “A ESCRAVA ISAURA”, DE BERNARDO GUIMARÃES E “O

CORTIÇO” DE ALUÍSIO AZEVEDO

AUTOR(ES): Werianny Santiago (PUC Goiás)

Este trabalho apresenta uma discussão da imagem da mulher negra presente nas obras literárias

brasileiras. Para objetos de análise foram selecionadas as obras A Escrava Isaura - escrita por

Bernardo Guimarães e O Cortiço que é um romance de autoria do escritor brasileiro Aluísio

Azevedo. O preconceito racial, tema pelo qual a abordagem dos escritos tende a considerar,

demonstrará qual a importância de se pensar a igualdade enquanto sujeitos que prezem pela

garantia dos direitos da cidadania, em uma sociedade marcada pela predominância de

pensamento instituído, que inferioriza o papel da mulher negra, durante o processo histórico

brasileiro e nega a sua verdadeira identidade de luta e conquista. A imagem que se construiu

acerca do negro é resultante das necessidades de cada configuração histórica e para identificar

a construção desse estereótipo, faz-se necessário pontuar as formações discursivas que

circundaram cada época. A literatura é escrita a partir de uma visão de mundo, de sociedade, de

um determinado período histórico, em espaço e condição histórica. Com estes elementos, a obra

literária pode ser percebida como expressão da visão de um sujeito histórico, o escritor, mas

também como visão parcial de um coletivo histórico no qual uma determinada representação é

configurada. A dissertação terá como objetivo geral analisar a criação da imagem da Mulher

Negra na literatura brasileira, a partir das obras: O cortiço e A Escrava Isaura. Especificamente,

pesquisar as concepções teóricas do imaginário e a construção da imagem da mulher na

Literatura Brasileira; analisar em tais obras a construção da imagem da mulher negra

representada pelas personagens; identificar nas obras a caracterização das personagens

femininas negras; demonstrar pela linguagem carregada de significados se existem marcas de

opressão e exclusão sofridas pela população afrodescendente e se as obras em estudo

manifestam formas de protesto e denúncia através de suas personagens femininas negras. Tendo

como hipótese que, através da análise das personagens presentes nas obras em estudo, será

possível comprovar que o imaginário da mulher negra é construído por questões culturais,

sociais, que criam a imagem dessa mulher por inserção de um grupo marcado pelo preconceito

racial e pela opressão.

Palavras-chave: Raça. Cultura. Negra. Preconceito e Literatura.

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5. A ESCRITA DE SI ÀS MARGENS DA ESCRITA DO OUTRO: MARIA LYSIA CORRÊA DE

ARAÚJO

AUTOR(ES): Kelen Benfenatti Paiva (IF Sudeste MG)

É evidente o crescente interesse pelo que Foucault chamou de “escrita de si”, seja pelo fascínio

que a vida de outrem desperta, o interesse cada vez mais recorrente pelo privado, seja pela

possibilidade do encontro, do autoconhecer por meio do outro. Fato é que quando o foco se volta

para a cena da escrita e para seu autor, muitas surpresas nos aguardam nos bastidores da vida

cultural e literária. Nesse sentido, vale destacar a importância dos arquivos pessoais de escritores

como reconhecidas fontes de pesquisa tanto sobre o biográfico quanto sobre o processo de

criação literária. É seguindo os rastros deixados nos arquivos que a presente comunicação

inscreve-se com o objetivo de pensar a escrita de si, a partir do arquivo de Maria Lysia Corrêa

de Araújo, escritora e atriz mineira. No seu caso, “a escrita de si” se dá às margens da escrita do

outro, nas anotações que fazia enquanto leitora nos livros que lia, nos papéis que guardava, nos

desenhos traçados em traços finos. Documentos de arquivo que nos permitem também traçar,

ainda que em tênues linhas, o perfil dessa escritora, bem como refletir sobre sua maneira tão

pouco convencional de escrever seu “diário”, ora espelhando, ora suplementando a escrita do

outro.

Palavras-chave: Arquivo. Escrita de si. Maria Lysia Corrêa de Araújo.

6. SILÊNCIO, LEMBRANÇAS E VIVÊNCIAS: UMA LEITURA DE “SÔBOLOS RIOS QUE

VÃO” DE ANTÓNIO LOBO ANTUNES

AUTOR(ES): Francisca Marciely Alves Dantas (UFPI)

Debruçar-se sobre as “páginas espelhos” da ficção de António Lobo Antunes leva-nos a penetrar

profundamente em sua escrita labiríntica, abrindo espaço para discussões em torno de sua

articulação textual e fragmentária, sua composição romanesca ousada e intrigante, alusão a um

caráter autobiográfico e a abordagem de temas que permeiam o ser humano em sua constante

luta em torno de si mesmo e de suas agruras existenciais. Desse modo, a obra Sôbolos rios que

vão, publicada em 2010, caracteriza-se por ser uma narrativa fluida, em que passado e presente

fundem-se perfazendo um mosaico representativo do viver humano, em que a transitoriedade

firma-se como aspecto principal, condensando histórias que exteriorizam o subjetivismo

ontológico dos personagens. A obra em questão revela um personagem que se encontra

internado em um hospital em Lisboa, após passar por uma cirurgia para a retirada de um tumor

no cancro. No silêncio do hospital, António revisita seu passado na tentativa de reconstruir o

seu presente, evocando sua infância com o intuito de acalentar o seu eu. Assim, “o tempo interior

que é medido através da sucessão de estados da consciência tem um valor diferente enquanto é

vivido e enquanto é rememorado” (MENDILOW, 1972, p. 133). Para tanto, com o intuito de

trazer à tona o subjetivismo dos personagens frente ao tempo que passa inevitavelmente e

provoca percepções nos mesmos, teremos como apoio teórico as obras dos autores:

MENDILOW (1972), MEYERHOFF (1914), AUERBACH (2001), ROSENFELD (1996),

dentre outras.

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I CONGRESSO INTERNACIONAL DE LITERATURA E CULTURA DA PUC GOIÁS

Palavras-chave: Tempo. António Lobo Antunes. Romance.

Simpósio 2 - Pós-Colonialismo, Insólito e Memória nas Literaturas Brasileira e Africana de Língua Portuguesa

Coordenação: Prof.ª Dr.ª Lacy Guaraciaba Machado (PUC Goiás), Prof.ª Dr.ª Maria Gabriela Fernandes da Costa (UFAL).

Sala 309

1. A ESCRITA DE UMA HISTÓRIA: O DIFÍCIL OFÍCIO O ESCRITOR ARGENTINO

RODOLFO WALSH

AUTOR(ES): Isadora Xavier (UFRJ – Assis)

Este trabalho tem por objetivo expor um panorama da vida e obra do escritor argentino Rodolfo

Walsh. Pensando sua literatura com enfoque na construção narrativa de sua obra mais conhecida,

Operación Masacre, a pesquisa irá mostrar os passos da história argentina nos anos 60 e 70,

revelando que, em seu modo de escrever, política, história e literatura fazem parte de um mesmo

objetivo: denunciar a violência e as injustiças cometidas durante a ditadura militar argentina. A

investigação será o ponto-chave para a construção de sua literatura, sustentando seu material

narrativo. Ao fazer uma mescla entre ficção e história, literatura e política, Rodolfo Walsh relata

uma das maiores tragédias da história de seu país e desvela, por meio da escrita, que o

compromisso com a literatura vai muito além de sua tarefa de escritor: ainda que lhe tenha

custado a própria vida, conseguiu transformar um crime de alguns minutos em uma parte da

história que atravessou os tempos e, atualmente, sobrevive na memória coletiva da Argentina.

Palavras-chave: Rodolfo Walsh. Literatura. História. Política. Operación Masacre.

2.IDENTIDADE E MEMÓRIA NA TRILOGIA CARMOBERNARDEANA: JURUBATUBA,

NUNILA E MEMÓRIAS DO VENTO

AUTOR(ES): Adriana Cortês Costa (PUC Goiás)

Este estudo tem como objeto as obras Jurubatuba, Nunila e Memórias do vento, de Carmo

Bernardes. O que nos interessa é a identidade do sujeito narrador e suas memórias em

movimento. Partimos do pressuposto de que o sujeito, narrador personagem, em cada uma das

três obras estabelece pistas a partir das quais forma um elo entre as suas experiências narradas.

Demonstramos que o sujeito passa pelo processo de formação de sua identidade, sendo moldado

pelo espaço que ocupa em cada narrativa e pelas relações sociais às quais se submete. Diante de

abordagens filosóficas e sociológicas, adotamos como referência o estudo do sujeito em relação

aos seus valores (pessoais, sentimentais, éticos e relacionais), com foco no personagem narrador

em suas relações intersubjetivas (relações do sujeito com a história representada). É

nosso objetivo, prioritário, compreender a realização do sujeito narrador-personagem, no

discurso narrativo em estudo, observando-o na sua condição de um indivíduo que se constrói,

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movendo suas próprias memórias, numa situação fictícia. Nesse sentido, é percebido

como criatura heterogênea que se realiza mediante interação com outros personagens, num certo

espaço e tempo definidos.

Palavras-chave: Identidade. Memória. Narrador. Sujeito.

3.MEMÓRIAS, MEDO E SILÊNCIO NA FICÇÃO DE BORIS SCHNAIDERMAN

AUTOR(ES): Ivone Gomes de Assis (UFUB)

Este artigo aborda as poéticas da memória, do medo e do silêncio, apresentadas na obra Guerra

em surdina, de Boris Schnaiderman. Trata de experimentos relatados, em meio a outros, pela

personagem João Afonso, durante seu período de combate, na Segunda Guerra Mundial, na

Itália. A narrativa apresenta as memórias do protagonista, um sobrevivente que assombra ante a

solidão humana. Mesmo se tratando de um debate comum entre vários intelectuais, faz-se

necessário um zelo moral e ético para minar nesse campo de sombras da guerra, considerada

uma das maiores catástrofes da humanidade. A obra Guerra em surdina é composta de uma

mistura de gêneros, memórias, narrativas e anotações de diário... remetendo ao estilo literário

híbrido, em que o narrador vai descrevendo um passado e o protagonista vai registrando seu

presente. O homem, em estado de fragilidade, submete-se a muitos conceitos, que podem lhe

servir de remédio. A memória historia os fatos, ainda que pitorescos. E o diário serve como um

veio de libertação momentânea, do diarista. João Afonso, ao detalhar locais e fatos, em uma

escrita quase poética, evidencia que sua maior preocupação está em denunciar a (in)significação

da guerra, o abandono, as individualidades, as nódoas humanas, os porquês... Dentre os

apontamentos dele, estão o estupro, a perda dos valores humanos, o silêncio, a miséria. Ainda,

ele discorre sobre a inversão de valores na Guerra, em que tirar uma vida pode ser ato heroico,

e chorar vira símbolo de fracasso. Assim, a besta fera que há no homem vai mostrando suas

garras; e a lei vai convertendo homens em armas de destruição.

Palavras-chave: Memórias. Medo e silêncio. Segunda Guerra Mundial. Boris Schnaiderman.

4. JOSÉ J. VEIGA E MIA COUTO: NARRATIVAS DE FRONTEIRAS

AUTOR(ES): Lucas Rodrigues Coelho (PUC Goiás)

Este estudo tem como objeto principal explorar a linguagem em suas nuances fantásticas e seus

desdobramentos, partindo da narrativa Os pecados da tribo, de José J. Veiga, em confronto com

outras narrativas, especialmente alguns contos do escritor moçambicano Mia Couto, “Um rio

chamado tempo, uma casa chamada terra”, como textos emblemáticos da Literatura de Língua

Portuguesa. Ambos apresentam personagens que incorporam as pessoas mais simples, extraídas

do cotidiano interiorano nas bases do imaginário uma tradição do passado e outra que se forma

na emergência dos dias atuais, envolvidas em um jogo no qual elas representam e se deixam

representar. Esta linguagem intrigante, gerando expectativas que remetem sempre a uma nova

expectativa, especialmente nas narrativas que destacamos para análise neste trabalho, Os

pecados da tribo, como objeto gerador das discussões dos três capítulos, em confronto com

narrativas curtas escolhidas, principalmente de Mia Couto, cujas linguagens apontam para além

de seus tempos, suscitando polêmicas, e até mesmo entre os leitores menos avisados. Por esses

e outros motivos, propomos estudar esses dois autores, centrando nosso interesse nos aspectos

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ressaltados acima que, cada vez mais, se consolidam na atualidade. Para este estudo, no intuito

de oferecer uma abordagem crítica acerca das narrativas em pauta, faz-se necessário debruçar

sobre o assunto e, para tanto, buscamos com destaque Tzvetan Todorov entre outros. Suas

reflexões sobre os limites do real e do imaginário muito auxiliarão na compreensão do processo

de transfiguração. Penetrar em seus discursos, a partir dos pressupostos da Literatura

Comparada, como forma de apreender nuances importantes do trabalho e problematizar

literariamente o real e o virtual, envolvendo linguagem e personagem são objetivos a serem

alcançados. Este trabalho será composto de três capítulos, assim distribuídos: Capítulo I –

“Limites do fantástico e do imaginário”, apresentando uma discussão acerca do fantástico e suas

derivações nos autores e obras; Segundo capítulo – “A transfiguração pela linguagem

miscigenada”, abordando o material linguístico. Terceiro capítulo – “Fronteiras e (des)limites

da temporalidade e da espacialidade”, versando sobre como ocorre a diluição da noção de tempo

e espaço nos textos de José J. Veiga e Mia Couto.

Palavras-chave: Fantástico. Real, Personagens.

5. MEMÓRIA E CONSTRUÇÃO CULTURAL: UMA ANÁLISE DO ROMANCE “NA RIBEIRA

DE DEUS”, DE HENRIQUE TEIXEIRA DE SOUSA

AUTOR(ES): Bruna Carolina de Almeida Pinto (UNESP – Assis)

O romance Na Ribeira de Deus, de Henrique Teixeira de Sousa, foi publicado em 1992 e encerra

o ciclo romanesco sobre a ilha do Fogo de Cabo Verde, composto também por Ilhéu de contenda

(1978) e Xaguate (1987). O seu enredo está voltado para a época colonial e tematiza as formas

de organização socioeconômica e cultural proposta pelo empreendimento colonial português em

espaço islenho. O foco da intriga reside mais particularmente no embate entre descendentes de

colonizadores portugueses, continuadores de tradições culturais e religiosas europeias, e os

mestiços que, mesmo sendo o fruto direto das relações entre europeus e africanos, são impedidos

de participar das principais atividades cívicas da ilha, assim como os negros que constituem a

parcela ainda mais excluída dos festejos tradicionais. Dessa forma, o romance formaliza modos

de superação dessas fronteiras através da negociação da memória mítica que subsidia uma nova

construção cultural híbrida por meio de algumas situações específicas da convivência social em

questão, nas quais se sobressaem as estratégias discursivas dos grupos excluídos, construindo

um jogo entre pertencimento e exclusão a partir do texto literário.

Palavras-chave: Memória. Construção cultural. Na Ribeira de Deus. Henrique Teixeira de

Sousa.

6. METAMORFOSES EM CONTOS DE MURILO RUBIÃO: UMA METÁFORA DO

ANIQUILAMENTO DA CONDIÇÃO HUMANA

AUTOR(ES): Romana Tatiane Soares Santos (UNIMONTES)

Dentre as características percebidas na obra do escritor mineiro Murilo Rubião (1916-1991),

destaca-se o recurso da metamorfose, na qual as personagens transformam-se durante o enredo

da narrativa. Esse recurso sempre foi uma figura marcante no processo literário, presente na

mitologia grega, na literatura clássica, na literatura do Maravilhoso, no Romantismo e no

Naturalismo e até mesmo no folclore brasileiro. Porém, a forma apresentada nos contos de

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Murilo Rubião acontece em espaços urbanos modernos e formas diferentes. Nesse contexto, o

objetivo do trabalho foi analisar as metamorfoses presentes nos contos “Alfredo” e “Teleco, o

Coelhinho” desse escritor mineiro. Em ambos os contos, o recurso da metamorfose utilizado

pelos personagens conduziu-os à perda da identidade, pois, em “Teleco, o Coelhinho”, o

protagonista se metamorfoseia com o objetivo de se transformar naquilo que o faria ser mais

aceito na sociedade em que vive; e já no conto “Alfredo”, o protagonista tem a finalidade de se

transformar para isolar-se do meio em que está inserido. Nas duas narrativas, as metamorfoses

metaforizam a degradação do homem, que procura uma maneira de fugir de sua própria condição

humana. A metamorfose presente nos contos analisados evidencia o assujeitamento do ser

humano às diferentes formas e identidades – de acordo com as exigências e demandas do seu

contexto – como forma de sobrevivência em um mundo administrado.

Palavras-chave: Metamorfose. Assujeitamento. Murilo Rubião.

7. SOUSÂNDRADE AMERÍNDIO: UMA LEITURA DESCOLONIZADORA DO GUESA

AUTOR(ES): Ruth Aparecida Viana da Silva (IFRO/UNIR)

Busca-se vislumbrar os ecos ameríndios na produção sousandradina, no intuito de perscrutar as

fontes utilizadas pelo poeta e a sua contribuição para o universo da matriz dos cantos ameríndios

em solo amazônico. Para compor O Guesa, Sousândrade escolheu um mito derivado dos

muíscas, uma das culturas ameríndias da Colômbia, e elegeu, assim, o viés da tessitura que deu

corpo ao seu discurso poético. Segundo Risério (1993), qualquer conversa sobre poéticas

indígenas da Amazônia tem que passar por Sousândrade. Na voz do Guesa, o convite: “Vinde

ver a transição dolente/ Do passado ao porvir, neste presente! Vinde ver do Amazonas o

tesoiro...” (Canto II, p. 77). E, para ver os “ecos do passado/Ao longe esvaeceram. Do

presente/Encantando o viver” (Canto VIII, p. 248), tem-se o registro de um canto ameríndio de

resistência em uma sociedade que legitimava a dizimação com uma retórica indianista de uma

nação unida e integrada de índios. Seguindo a trilha da pesquisa teórico-crítico-analítico,

priorizar-se-á a pesquisa bibliográfica no intuito de explicar o problema a partir de referências

publicadas e analisar as contribuições sobre a temática abordada. No referencial teórico-crítico,

a abordagem proposta por Candido (2010); Treece (2008), Ricupero (2004), irmãos Campos

(1982); Lobo (1986); Cuccagna (2004), Hobsbawn (1997), Memmi (1989), Said (2009), Risério

(1993), dentre outros. Nesse sentido, o artigo busca soprar as cinzas da memória e manter as

brasas acesas, catando os cacos dos sonhos para engrandecer a vida e não sufocar o mito e a

poesia (Adaptação de fragmentos de Elias José – Ao pé das fogueiras acesas (2008) e Boff –

Brasas sobre cinzas (1999). Assim, dos precedentes do fenômeno indianista no Brasil aos ecos

ameríndios que repercutem na sincronicidade histórico-literária da produção sousandradina. E,

como resultado, espera-se apontar as contribuições deste poeta para as reflexões interculturais

na Amazônia pelo viés da leitura descolonizadora da produção literária e dos ecos ameríndios

sousandradino.

Palavras-chave: Ameríndio. Transcriação. Transculturação. Resistência.

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Simpósio 3 - Artes, Literatura e Críticas Contemporâneas

Coordenação: Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Rodrigues (PUC Goiás)

Sala 304

1. O PIANO E AS PALAVRAS: RELAÇÕES MÚSICO-LITERÁRIAS, NAS OBRAS DE

TEOLINDA GERSÃO.

AUTOR(ES): Cristianne Silva Araújo Dias (UFPI)

A presente pesquisa tem por objetivo investigar a construção das identidades feminina e nacional

a partir das referências musicais que aparecem, respectivamente, nas obras Os teclados e A

árvore das palavras, de Teolinda Gersão. De forma mais específica, a pesquisa parte em busca

da identificação da música como viés condutor da narrativa, seja por meio da identificação de

metáforas musicais ou de elementos como as onomatopeias, assonâncias, aliterações e

metáforas. Tenciona, ainda, verificar a presença da “música de palavras” e da “música verbal”,

na linguagem musical que exalta a natureza, como o resgate dos cantos e das danças, além de

destacar compositores como Mozart e Beethoven. Como base teórica, referenciamos conceitos

músico-literários como os propostos por Solange Ribeiro de Oliveira, além dos conceitos de

identidade, elaborados por Stuart Hall, e dos recursos estéticos da música na literatura, de Luiz

Piva. A pesquisa consta de aspectos bibliográficos qualitativos com ênfase nos elementos

musicais encontrados nas duas narrativas. Ao final deste estudo foi possível verificar a relação

intrínseca entre a música e a construção das identidades feminina e nacional, através do contato

da musicalidade na obra Os teclados e da presença de metáforas musicais, as quais valorizam a

beleza da natureza e dos costumes, de forma a resgatar os símbolos nacionais na obra A árvore

das palavras.

Palavras-chave: Teolinda Gersão. A árvore das palavras. Os teclados.

2. O EFEITO ESTÉTICO DA DISSONÂNCIA EM BAUDELAIRE E FERNANDO PESSOA

AUTOR(ES): Gabriela Bento Coelho (PUC Goiás)

No presente estudo será tratada a relação da teoria do efeito estético da leitura, tendo como

objeto de estudo o poema “O guardador de rebanhos”, de Fernando Pessoa, e “Os sete velhos”,

de Charles Baudelaire. Sobre a teoria do efeito, Maria Angélica Freire de Carvalho comenta no

artigo “O Texto e o seu Potencial Comunicativo”: “(…) uma interação entre texto e leitor (…)

significa dizer que o texto indica os sentidos que se podem produzir e, do mesmo modo, estimula

atos de apreensão que originam a sua compreensão” ( 1999.p.1). A teoria do efeito foi pensada

por Wolfgang Iser, que questiona o ato individual da leitura e “analisa os efeitos da obra literária

provocados no leitor, por meio da leitura”. Nesse sentido, o efeito estético seria a percepção do

leitor durante o ato de ler, a sua reação ao interagir com a obra de arte, podendo sentir

estranhamento ou identificação. A dissonância entre os poetas estudados é analisada sob o

aspecto de como ambos percebem e se apropriam da realidade circundante de forma a reconstruí-

la poeticamente. Em Baudelaire, o leitor experimenta o choque de sentimentos, perante uma

poesia alógica e anímica, numa proposta alucinógena, desumanizada e entorpecida em que o

poeta é um flanêur que como um fantasma, inclui-se na multidão fantasmagórica. Já em

Fernando Pessoa, o leitor penetra no mundo da objetividade em que não há buscas existenciais

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e, sim, um ser explicado pela natureza concreta e anti-metafísica, carregado de espírito panteísta

e fenomenológico que esconde um teor provocador e crítico na percepção da realidade.

Palavras-chave: Poesia. Dissonância. Efeito. Recepção e leitor.

3. DESPERSONALIZAÇÃO E INTERTEXTUALIDADE NA POESIA ERÓTICA DE YÊDA

SCHMALTZ

AUTOR(ES): Paulo Antônio Vieira Júnior (UFG).

A poetisa goiana Yêda Schmaltz (1941-2003) pautou sua escrita literária, sobretudo, na

reinvenção de personagens mitológicas e na atualização de tópicas do erotismo constante na

literatura de todas as épocas. Em suas obras capitais, A alquimia dos nós (1979), Baco e Anas

brasileiras (1985) e A ti, Áthis (1988), objeto de nossas investigações, as máscaras poéticas

foram construídas através de uma espécie de “bricolagem”, uma vez que, embora cada obra

supramencionada, assuma uma persona lírica, um disfarce, encontrando na mitologia clássica

fonte rica para imagens de despersonalização (Penélope, Bacante, Apolo), a voz lírica constante

em cada uma delas incorre na representação de múltiplos eus, isto é, embora Penélope seja

reconhecida como a voz lírica predominante em A alquimia dos nós, a fala da heroína confunde-

se em diversos momentos com a de Sulamita, dos Cânticos bíblicos. Teóricos da lírica moderna

perceberam que o cabotinismo é um modo de dar voz ao eu empírico, porque a verdade sobre si

aflora através dos múltiplos eus. Falando através do outro, o autor consegue expressar-se

plenamente, sobretudo ao tratar de temas tabus. Assim, os moldes insinceros, as máscaras,

tornam-se parte de uma sinceridade total, o que conduziu a autora, ora em estudo, a encontrar

sua voz lírica mais singular. A presente comunicação pretende discutir alguns modos de

construção do eu artificial na escrita yediana, centrando nossas análises sobre textos em verso

motivados pelo diálogo intertextual.

Palavras-chave: Yêda Schmaltz. Cabotinismo. Mitologia. Erotismo.

4. COMUNICAÇÃO O SER DA MULHER IDOSA NA LITERATURA: ENTRE O SAGRADO E

O PROFANO.

AUTOR(ES): Rinaldo Pereira de Souza, Seduc-MT

A presente comunicação tem por propósito tratar da configuração do ser da mulher idosa na

literatura, considerando as simbolizações sagradas e profanas a ela atribuída nas estéticas

clássica e moderna. Principalmente, a partir da propositura de Walter Benjamin, ao salientar que

na obra clássica havia o valor de culto, enquanto na obra moderna há o valor de exposição,

identifica-se a personagem idosa na literatura. No conto de fadas, a velha é representada como

a força negativa, sendo a bruxa ou a feiticeira; nas histórias infanto-juvenis lobatianas, Dona

Benta e Tia Nastácia, como contadoras de histórias e educadoras assumem função sagrada.

Assim, divergem das idosas modernas em crise existencial, em busca de autoafirmação,

distanciam do ideal clássico, sendo um vir-a-ser. Compõe o corpus deste trabalho textos da

literatura clássica, os contos de fadas, Branca de Neve e João e Maria; as histórias infanto-

juvenis de Monteiro Lobato, Histórias de Tia Nastácia e Serões de Dona Benta; e os contos

modernos de Clarice Lispector, “A partida do trem”, e o conto de Lygia Fagundes Teles, “Senhor

diretor”. O estudo fundamenta-se nas teorias sobre o poder simbólico, o sagrado e o profano, o

Belo e o Feio, arte como representação, narrador e perda da aura.

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Palavras-chave: Personagem feminina. Estética. Gênero. Poder Simbólico. Crítica Literária.

5. A METAPOESIA DESVAIRADA DE MÁRIO DE ANDRADE: ARTE, ARTISTA E LEITOR

NA MODERNIDADE.

AUTOR(ES): Vitor Vitoy (PUC Goiás)

O presente trabalho propõe um estudo Hermenêutico e Fenomenológico da obra Pauliceia

desvairada, de Mário de Andrade, publicada pela primeira vez em 1922, tratando de temas que

relacionam a poesia, o fazer artístico, a Metalinguagem e a perda da aura, um traço marcante

nas criações modernistas. A obra em questão apresenta uma relação íntima entre arte-artista-

leitor em sua comparação metalinguística. Esta apresentação é, portanto, uma forma de apontar

a genialidade do criador, ao iniciar sua obra com o “Prefácio Interessantíssimo”, uma dedicatória

dissimulada do eu - poético para o autor. A desordem da linguagem do caos, entre o passado, o

futuro e as formas poéticas da modernidade, a verdadeira arte do contraponto. O desvairismo é

justamente a nova arte moderna cheia de conflitos. Nesta linha de raciocínio, utilizamos obras

importantes como A estrutura da lírica moderna, de Hugo Friedrich, As Vanguardas Europeias,

de Gilberto Mendonça Teles, A metalinguagem, de Samira Chalhub, A perda da aura, com

Walter Benjamin e a Estética da recepção e Teoria do efeito, de Wolfgang Iser e Hans Robert

Jauss. Ressaltamos que a proposta feita pelo eu - poético em sua obra é o sentir, para depois

pensar.

Palavras-chave: Paulicéia desvairada. Arte. Aura. Modernismo. Ruptura.

6. AS FORMAS DA (I)MEMORIALIDADE – PERFORMATIVIDADE E IMAGENS DO

SENSORIALISMO SURREAL

AUTOR(ES): Gleide de Paula Santos (PUC Goiás)

O presente estudo pretende formular os processos e as possibilidades da compreensão interior

da realidade - uma realidade inexprimível dada pela (i)memorialidade de uma escrita diluída em

imagens, desencadeada por processos da consciência literária, marcada pelo sensorialismo

(surreal), construída pelo fluxo de linguagem e pela livre associação mental em Baú de ossos,

de Pedro Nava; o processo de compreensão da obra realiza-se no ato de seu funcionamento ao

nível da própria linguagem, semelhante à ação da mente que não é expressa de modo linear,

desencadeando processos da consciência velados pelo sensorialismo surreal. O que se aplica,

também, aos romances de fluxo da consciência.

Palavras-chave: Verdade inexprimível. (I)memorialidade. Sensorialismo.

Simpósio 3 - Artes, Literatura e Críticas Contemporâneas

Coordenação: Prof. Dr. Éris Antônio (PUC Goiás) Sala 306 1. A CONDIÇÃO TEMPORAL EM AVALOVARA DE OSMAN LINS.

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AUTOR(ES): Rafael Souza Bonifácio (PUC Goiás)

Este estudo procura analisar a condição temporal expressa na obra Avalovara, de Osman Lins.

A partir da leitura de (NUNES, 1995) destacamos a condição de que o tempo é plural, e que a

pluralidade culturalmente situada reflete no tempo literário. O tempo literário configura-se como

categoria narrativa. Partindo dele, podemos analisar a relação existente entre o tempo em que se

organizam os episódios e o modo como os eventos ficcionais são apresentados ao leitor na

história, ou seja, qual o reflexo do tempo da narrativa no tempo da enunciação. A fundição de

um tempo mítico, essencialmente atemporal com o tempo histórico cria um tempo interno

próprio da narrativa. A tensão existente é formalizada principalmente na estrutura do romance,

tipicamente moderna. Destacamos, a partir da junção da espiral e do quadrado, ao menos três

representações de vida que se vinculam em espaços distintos. Anneliese Roos, Cecília e uma

personagem anônima são pedaços de uma viagem pelos meandros da existência humana

desbravada por Abel. A primeira tem sua origem nas cidades, a outra hospeda homens em seu

corpo e a última, sem nome, é carne e verbo. Todo esse conjunto é desbravado pelo leitor na sua

capacidade de imersão na obra. Portanto, as múltiplas temporalidades são próprias da matéria

narrativa da obra, categorizando os encontros - do criador com a criatura, do artista com o

homem, da personagem com o homem, do homem com o homem.

Palavras Chave: Narratividade. Temporalidade. Existencialismo. Avalovara. Osman Lins.

2. CONSIDERAÇÕES ACERCA DA LÍRICA E ESTUDO DE POEMAS ESCOLHIDOS

AUTOR(ES): Kelianni de Oliveira Camargo Lima (PUC Goiás)

A poesia, antes de mais nada, é um jogo com as palavras e com acumulação de significados, é

descobrir o valor afetivo e expressivo das rimas e ritmos, procurando sempre por novas

associações para, finalmente, surpreender com novos usos. É uma possibilidade de se conhecer

outras faces das coisas, a face que está projetada para além da aparência, da superfície, que

permita a transcendência, o livre sonhar e o jogo. É libertar- se da rotina da palavra posta em

seus limites de significado. O presente trabalho propõe tratar de algumas questões que

fundamentam o gênero lírico como tal, considerando principalmente os pressupostos sobre este

tema na contemporaneidade. Ocupar-nos-emos de uma análise teórica dos conceitos da lírica e

da poesia como exercício de linguagem e ritmo. Consideraremos sobre poesia- linguagem e

palavra poética, poesia- imagem e poesia como criação. Será valorizada a relação complexa do

leitor com a poesia, considerando as formas de recepção que elevam esse leitor, muitas vezes, à

condição de co-criador, o que põe em questão a busca de revelação do signo poético pelo

mergulho do leitor na intencionalidade do poeta, na sua visão de mundo e, principalmente, na

sua maneira de operar com as palavras. O leitor será levado a um novo mundo por meio da lírica

Drummondiana numa linguagem plurissignificante e desrealizadora.

Palavras-chave: Poesia. Leitor. Lírica Brasileira Moderna.

3. A PLURIFACIALIZAÇÃO SEMÂNTICA EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS

AUTOR(ES): João Edesio de Oliveira Junior (PUC Goiás).

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Diversas manifestações artísticas podem tornar o homem um ser angustiado, na medida em que

carrega consigo o não alcançado, o incontemplável, a desterritorialização e a desrrealização,

pois esses fatores aludem, de algum modo, à face desconhecida do ser, ao labirinto que o envolve

e que o remete ao desafio do entendimento e da não finalidade da arte. Nesta perspectiva, João

Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas, convida-nos a entrar no labirinto misterioso da

leitura, para que possamos sondar neste texto as sendas do desconhecido. Acresce-se que o

objetivo aqui é refletir sobre a plurifacialiação semântica, observando como essa característica

do texto contemporâneo manifesta-se nesta obra. Por mais que tenhamos habilidades de

lidarmos com um texto excelso, ele sempre nos vence, rendemo-nos ao seu poder e à sua força,

ou como dizia Drummond, sobre a magia da força criativa: “Vocês são muitas, e eu, pouco”.

Roland Barthes, em sua obra O grau Zero da Escritura, afirma que; “...a linguagem nunca é

inocente: as palavras têm uma memória segunda que se prolonga misteriosamente em meio às

significações ousadas” (BARTHES; 1980, 26).

Por suas variadas possibilidades significativas e inúmeras inovações semânticas em Grande

Sertão: Veredas as palavras não se desgastam com o tempo, mas se ressignificam a cada nova

leitura. O leitor torna-se sujeito da significação, ao estabelecer novas elaborações semânticas,

instauradoras de muitas veredas de sentido, de um sentido que nunca se conclui, pois o sertão,

aqui, é múltiplo e aberto, ensejador dos mais díspares significados metafísicos que acabam

angustiando o ser em face dos desafios advindos do mundo em geral e de seu próprio mundo.

Palavras-chave: Plurissignificação semântica. Desrrealização. Ressignificação.

4. A SÉTIMA ARTE COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM LITERÁRIA

AUTOR(ES): Emer Merari Rodrigues (PUC Goiás)

A pesquisa toma a obra de William Roberto Cereja sobre os questionamentos quanto ao Ensino

de Literatura no Ensino Médio Brasileiro, seus dados de relevância, seus porquês, como chegar

à eficácia e propõe uma outra via de apresentação dos clássicos da Literatura com um novo

termo embasado na soma dessas duas artes, classificado por esse trabalho como Cinema de

Livros e/ou Biblioteca de Filmes. A realização da nova pesquisa faz-se através de uma seleção

de obras cinematográficas que conseguem inferir literalidade com o máximo de riqueza

linguística aos aprendizes, visando a conectividade, integração e interação entre o Cinema e a

Literatura. O objetivo secundário do projeto supracitado é fornecer aos docentes da área um

material didático gradativo que busque a transdiciplinaridade e que os ajude no ensino

pedagógico a amenizar os bloqueios que impedem a aprendizagem literária. A obra de Cereja:

Ensino de Literatura (São Paulo: Saraiva, 2005. p. 10) trata de forma coesa e sensata das raízes

que assombram a leitura; por vezes, também, lemos obras que não nos foram apresentadas dentro

da época ideal, o que torna necessária a releitura, pois segundo Hans Robert Jauss, “não se lê o

mesmo livro da mesma maneira em épocas distintas”. Nessa maturação, propõe-se outra leitura

estimulativa que vise um pré-caminhar, um aproximar até a obra. A proposta também se vale de

uma pesquisa de campo com dados regionais, nacionais e internacionais a respeito da qualidade

da leitura dos jovens inseridos no Ensino Médio.

Palavras-chave: Cinema. Literatura. Ensino. Conectividade.

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5. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O CONTO “UM DOMINGO”, DE PAULO MENDES

CAMPOS, E A PINTURA IMPRESSIONISTA

AUTOR(ES): Ana Paula Ribeiro de Carvalho (PUC Goiás)

O presente trabalho tem o objetivo de fazer uma análise comparativa entre o conto “Um

Domingo”, de Paulo Mendes Campos, e a pintura impressionista, baseando-se na ciência dos

signos, a Semiótica. No conto “Um Domingo”, a cena única dá-se na Lagoa Rodrigo de Freitas,

onde se percebe a descrição de elementos naturais o tempo todo, captados no instante em que o

observador os contempla. O lugar escolhido para o desenrolar do discurso consiste em uma

paisagem natural, e não artificial, que levaria à representação de um objeto real, como na arte

anterior, mimética. Assim, o tempo em que ocorre o discurso, no conto, é o agora, caracterizado

pela captação instantânea, como na pintura impressionista, na qual se capta o momento. Na arte

impressionista, não há mais a tentativa de representar o objeto tal qual ele é, mas a necessidade

de o artista (des)construir sua obra, a partir de um momento único, em um ambiente natural. No

conto “Um Domingo”, o espectador visualiza a cena na Lagoa Rodrigo de Freitas, e o discurso

vai sendo também (des)construído à medida que as impressões momentâneas do espectador

revelam-se. O ponto de vista do artista, na pintura impressionista, no instante em que aprecia

determinado objeto ou acontecimento, vai gerar novos significados em outro momento de

observação, a partir dessa iconização. Desta forma, a comparação entre o conto “Um Domingo”

e a pintura impressionista sugere pontos convergentes, por meio da Semiótica, capazes de

identificar uma analogia entre ambas as artes: a pintura e a literatura.

Palavras-chave: Impressionista. Espectador. Acontecimento.

6. O PROCESSO DE PERCEPÇÃO FENOMENOLÓGICA, SEGUNDO DERRIDA

AUTOR(ES): Éris Antônio Oliveira (PUC Goiás)

Este trabalho tem por objetivo apresentar uma síntese comentada sobre o processo

fenomenológico de Derrida, contido na obra A escritura e a diferença, bem como suas

aplicações ao estudo da literatura e da pintura. Esse estudioso não reflete especificamente sobre

a literatura e a pintura, mas sua obra sugere uma abertura para a reflexão crítica. Suas

postulações permitem-nos uma avaliação interdisciplinar da teoria da literatura. Na verdade, tal

qual a fenomenologia de Derrida, a literatura e a pintura têm um caráter fundador, na medida

em que suas expressividades indicam, explicitam ou dramatizam um modo de pensar, de

conceber o mundo. Na criação artística, a linguagem (a imagem) e o sentido formam uma

expressão total, fator que pressupõe, pela interferência, originária, do signo, uma remissão ao

significado, o que conduz a uma inescrutável questão hermenêutica, na medida em que o

significante e o significado, na arte, se abrem ao infinito, pois participam de um jogo que se

estabelece entre aquilo que se esconde e aquilo que é declarado, pois como sabemos, a arte é

algo que se oculta, que não se expõe de forma evidente perante o olhar. A apreensão do processo

imaginário criador exige que perscrutemos o invisível interior das coisas transfiguradas pela

elaboração artística. É preciso que nos apartemos do mundo para nos aproximarmos da origem

cega da obra. Nesse caso, instaura-se uma experiência única na qual ‘separação e exílio’ aludem

a um caminho de ruptura no interior do mundo, pressupondo “A saída para fora do mundo, em

direção a um lugar que nem é um não-lugar nem um outro mundo, nem uma utopia nem um

álibi, mas a criação de um universo que se acrescenta ao universo” (DERRIDA, 2011, p. 9). A

imaginação, para esse estudioso, é um fator infinitamente rico e que mantém, em sua

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interioridade, algo inexponível, que só se mostra nas obras criativas. Ela é uma faculdade

produtiva do conhecimento que tem o intrínseco “poder para criar uma segunda natureza com a

matéria retirada da natureza real” (DERRIDA, 2011, p. 8).

Palavras-chave: Percepção. Literatura. Pintura. Fenomenologia. Derrida.

Simpósio 3 - Artes, Literatura e Críticas Contemporâneas

Coordenação: Prof. Dr. Acir Dias (UNIOESTE) Sala 307 1. A VOLTA DE NELO AO JUNCO EM CANÇÕES NORDESTINAS: DIÁSPORA

SERTANEJA EM “ESSA TERRA” DE ANTÔNIO TORRES

AUTOR(ES): Thaís Rios de Aguair (UNIMONTES)

Este ensaio tem por objetivo investigar e analisar as marcas da diáspora presentes no texto de

Essa terra, do escritor baiano Antônio Torres e em quatro canções populares nordestinas que

tratam o descolamento de seu povo; “Disparada” do músico Geraldo Vandré; “De volta pro meu

aconchego” de Dominguinhos; “Asa branca” e “A volta da Asa branca” do rei do baião, Luiz

Gonzaga. Entende-se por diáspora o afastamento, dispersão e mudança voluntária ou

involuntária de determinados povos ao seu local de origem. Apreendendo a obra literária de

Torres e as músicas populares nordestinas citadas acima, têm-se como dispositivos da pesquisa

textos que descrevem a bravura e as dores do homem sertanejo que de sua terra parte em busca

de oportunidades; de uma vida melhor. A literatura de Torres, comumente, comporta dimensões

geográficas, físicas e humanas do sertão e, em Essa terra, o texto transborda a realidade do povo

sertanejo. Assim, as canções escolhidas complementam e suportam a construção da imagem

desse povo que vai embora, mas jamais abandona sua terra. A metodologia adotada para a

produção deste ensaio será descritiva de cunho bibliográfico utilizando a obra Essa terra, de

Torres, as canções supracitadas e os teóricos que delineiam o estudo da diáspora. Portanto, a

compreensão destes temas é substancial para pensar em uma literatura fecunda que reporta e

denuncia os extremos da vida e condição do homem do sertão.

Palavras-Chave: Literatura. Diáspora. Canções. Povo.

2. A LITERATURA CONTEMPORÂNEA CENTRO-AMERICANA: UM ESTUDO SOBRE AS

NARRATIVAS DO GUATEMALTECO RODRIGO REY ROSA

AUTOR(ES): Rodrigo de Freitas Faqueri (UNIP/Fatec)

Contrária aos critérios de estudo estabelecidos por outras ciências, a Literatura é o processo

imaginário que tece e rege as regras de análise. Desse modo, ao entretecerem-se e

entrecruzarem-se, as palavras adquirem novos sentidos e formas, metamorfoseando-se com a

tessitura do texto na diversidade do mundo, dos povos, das culturas. Voltando-se o olhar para a

literatura hispano-americana a partir da segunda metade do século XX, percebem-se novos

caminhos traçados pelos diversos autores presentes neste referido século. A produção literária

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abre-se em muitos caminhos distintos, nos quais vemos a poesia do chileno Pablo Neruda, que

é, às vezes, passional, às vezes, política; os ensaios de Octavio Paz; a prosa intelectual de Borges

e seus infinitos labirintos; os contos geniais de Cortázar, que usa de forma magistral o absurdo

em muitas de suas narrativas; e o realismo mágico de Gabriel García Márquez e a representação

simbólica da América Latina por meio da criação, desenvolvimento e total decadência de

Macondo. Essa geração do boom marca um novo acontecimento cultural na América Latina,

visto que escritores de estilos e projetos tão diferentes e até antagônicos passam a se reconhecer.

Neste ponto, a literatura parece ter um caráter de apelo universal ao mesmo tempo em que possui

uma “unidade” cultural como cenário de produção literária. A narrativa produzida pelos autores

contemporâneos faz-se valer da necessidade de reconstruir e evidenciar o cenário de tal nação

assim como a de organizar a condição humana devastada e perseguida pelas sombras de um

passado tenebroso. Dentre os autores contemporâneos da América Central, tem-se o nome do

guatemalteco Rodrigo Rey Rosa, escritor escolhido para esta pesquisa. Sendo assim, este

trabalho objetiva trazer à tona as novas tendências na literatura contemporânea a partir de um

estudo sobre as narrativas deste escritor guatemalteco. Suas obras foram escolhidas como corpus

porque trazem em sua composição os elementos buscados como as novas estratégias narrativas

na literatura da América Central, a estética da violência, a transitoriedade da narrativa entre o

real e o imaginário e uma possível reinvenção dos contos policiais.

Palavras-chave: Rey Rosa. Literatura guatemalteca. Contemporaneidade. Nova estética.

Violência.

3. AS ESCOLHAS DO POETA-CRÍTICO: UMA LEITURA SOBRE CABRAL E LEMINSKI

AUTOR(ES): Ana Érica Reis da Silva Kühn (UFG)

João Cabral de Melo Neto e Paulo Leminski fazem parte da categoria de escritores-críticos.

Cada um, a seu modo, desenvolveu a crítica como um exercício de lucidez associada à obra

poética. Ainda que Cabral tenha escrito textos críticos, nele, a atividade crítica está, sobretudo,

amalgamada à poesia, o poema surge como um exercício de crítica da própria linguagem e do

fazer poético. Já Leminski publicou textos críticos em forma de ensaios que estão, atualmente,

reunidos no volume único Ensaios e anseios crípticos, além de poemas nos quais dialoga com

uma seleção de poetas e artistas. Levando em conta a relação do escritor-crítico com uma

tradição, propomos analisar a escolha dos poetas-críticos João Cabral de Melo Neto e Paulo

Leminski, situados, respectivamente, na modernidade e contemporaneidade da poesia brasileira.

Interessa-nos, sobremaneira, a forma como apreendem uma tradição eleita por eles a partir de

um julgamento individual que avista os aspectos positivos do trabalho de outro artista. Para

tanto, adotaremos como corpus de análise os poemas “O sim contra o sim”, de João Cabral, e

“Um dia”, de Leminski. Nesses poemas, podemos observar claramente quais são as admirações

intelectuais desses poetas. Assim, ao revelar seus pares, elegem uma tradição com a qual

dialogam para encontrar referências que possam orientar seus processos de criação. No caso de

Cabral e Leminski, nem sempre essa escolha condiz apenas com a poesia, mas com artistas de

áreas diversas, o que implica uma seleção que ultrapassa o âmbito poético e até estritamente

artístico. Desse modo, pretendemos compreender como essa escolha influencia no delineamento

da poética desses escritores-críticos. Para a realização desse estudo, baseamo-nos nas teorias de

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T. S. Eliot, Leyla Perrone-Moisés, Maria Esther Maciel, dentre outros teóricos que abordam

questões condizentes à categoria do escritor-crítico.

Palavras-chave: Escolha. Tradição. Poetas-críticos.

.

4.PARAÍSOS EFÊMEROS: O ESPAÇO DO JARDIM NA POESIA DE DORA FERREIRA DA

SILVA E DE SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

AUTOR(ES): Alexandre Bonafim Felizardo (UEG – Campus Morrinhos)

Dora Ferreira da Silva e Sophia de Mello Breyner Andresen, em muitos de seus poemas,

modelaram sua escrita pelo espaço do jardim. Ambas dedicaram parte considerável de suas

obras a esse paraíso natural. Nesse recanto aprazível, acontecimentos cruciais ganham relevo.

Os encontros e desencontros, o arrebatamento do amor e a sua ansiedade, a solidão e a

melancolia, o êxtase e a felicidade são expressos, física e poeticamente, nesses lugares florais.

Também a natureza é ressaltada numa profusão de flores e vegetais, pelos quais o cosmos é

celebrado como região onde o sagrado revela-se. Em muitos poemas de Dora e Sophia, as flores

e os elementos minerais são humanizados, ganhando expressividade lírica, em que traços da

subjetividade do eu poético são transpostos para o reino dos objetos. Há, assim, uma total entrega

da pessoa lírica ao mundo. O cosmos torna-se lugar reconfortante, espaço onde a cisão entre

sujeito e objeto dilui-se. Esse amálgama entre subjetividade e cosmos é acentuado pela inocência

da infância. No jardim, a criança descobre segredos, recantos, lugares escondidos onde ela pode

sonhar, brincar, entregar-se à grande aventura da curiosidade. Desse passeio pelo jardim, a

menina encontra seu mundo, seu reino e, assim, pode fundir suas emoções às flores, às árvores,

com inocência primeva. O arquétipo da infância surge como regaste do homem adâmico, do

homem não corrompido pelo universo prático, pelas obrigações do cotidiano. Pela teoria dos

devaneios poéticos de Bachelard, intentamos empreender um mergulho nessa espacialidade

lírica, vislumbrando sentidos simbólicos iluminadores da obra das duas poetas de língua

portuguesa.

Palavras-chave: Jardim. Lirismo. Sophia de Mello Breyner Andresen. Dora Ferreira da Silva

5. POÉTICAS DIGITAIS NO ENSINO DE ARTES VISUAIS: DESAFIOS

CONTEMPORÂNEOS DA ARTE/EDUCAÇÃO

AUTOR(ES): Ana Cristina Luiza Souza (UEG)

Nesta era em que os adolescentes e jovens criam páginas na web, vídeos, imagens, animações,

é nítida a força da arte digital convertendo-se em uma linguagem híbrida, característica da

Cibercultura, cada vez mais accessível e convergente. Nesse contexto, novos desafios

contemporâneos emergem para o uso e estudo de tecnologias digitais na arte/educação. O ensino

de artes visuais na Educação Básica brasileira, por ranço de teorias-metodológicas tradicionais,

ainda reduz-se ao estudo descontextualizado do desenho, pintura e poucos outros. Propomos

discutir o lugar das poéticas digitais no ensino das artes visuais no contexto contemporâneo da

Arte/Educação, como possibilidade de inserir tecnologias contemporâneas na produção cultural

dos alunos, educando para recepção, entendimento e construção de valores das artes

tecnologizadas, formando um público consciente.

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Palavras-chave: Artes Visuais. Poéticas Digitais. Arte/Educação. Cibercultura.

Simpósio 4 – Literatura, Pintura e Cinema

Coordenação: Prof.ª Dr.ª Maria Teresinha M. do Nascimento (PUC Goiás).

Sala 310

1. DESCONSTRUINDO A TRADIÇÃO: O CARÁTER PARODÍSTICO DO FAROESTE

ITALIANO EM OPOSIÇÃO AO PARADIGMA HOLLYWOODIANO

AUTOR(ES): Rosenberg Fernando de Oliveira Frazão (IF Sertão – PE)

O cinema alternativo italiano, que tem nos Spaghettes um de seus itens mais significativos,

representa, antes de qualquer coisa, um esforço admirável de países ou diretores ousados, de

furar o bloqueio dos grandes estúdios e distribuidoras e fazer cinema a duras penas, conferindo

expressão, em moldes mais libertários e espontâneos, às culturas marginalizadas com as quais

se identifica. Tudo isso, diga-se de passagem, com marcantes índices de popularidade,

conquistada muito por conta do rebaixamento que promove sobre aqueles modelos bem

amparados e consolidados mercadologicamente, que tantas vezes parecem sufocá-lo ou,

simplesmente, ignorá-lo. Em vista disso, o objetivo dessa apresentação não é traçar a história do

Faroeste italiano nem, muito menos, compor um vasto painel acerca de seus desdobramentos,

aparatos técnicos mais profundos ou condições de sua rápida disseminação através dos anos 60

e 70, ao redor do mundo. O propósito, na verdade, é bem mais simples: enumerar e discutir

algumas marcas que tanto servem para ratificar a distinção entre o western tradicional norte-

americano e o velho “espaguete”, quanto demonstrar sua originalidade, caráter parodístico e a

dinâmica revolucionária que caracterizou muitas de suas produções, a despeito das críticas

negativas e dificuldades de produção e exibição.

Palavras-Chave: Cinema. Faroeste italiano. Paródia 2. O QUE SOU E O QUE FUI: TRANSFORMAÇÕES NOS PERSONAGENS DA NOVELA

“MEU TIO O IAUARETÊ” E DO FILME “LUCY”

AUTOR(ES): Alyere Silva Farias (UFRN)

Pensar sobre a narrativa da transformação física de personagens, para nós, é refletir sobre o

sujeito e sua subjetividade, sobre o homem mutável e mutante e sobre o seu processo de

compreensão de si e de seu estar no mundo. Neste trabalho, pretendemos refletir sobre a

transformação dos personagens principais da novela “Meu tio o Iauaretê”, de João Guimarães

Rosa, de 1961, publicado pela primeira vez na revista Senhor e, posteriormente, incluído na

coletânea póstuma Estas estórias, em 1969, e do filme “Lucy” (2004), um thriller de 91 minutos

com bastante ação e suspense dirigido por Luc Besson e produzido em conjunto com Cristophe

Lambert. Buscamos observar a mudança física e psicológica do sobrinho do Iauaretê e de Lucy,

interpretada no filme por Scarlett Johansson. A partir do “devir” na perspectiva de Deleuze e

Guatarri (1997) detemo-nos na observação de trechos/cenas em que os personagens apontam

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para possíveis compreensões de si e dos outros antes, durante e após a transformação.

Entendendo o filme e a novela como textos, em uma perspectiva semiótica (SANTAELLA,

2007), utilizamos como método a Comparação Diferencial desenvolvida por Ute Heidmann.

Desta maneira, buscaremos compreender os textos enquanto discurso (Heidmann, 2010, p. 65),

considerando a dinâmica da realização textual, bem como tratando o texto fílmico enquanto

produto artístico. Para auxiliar a nossa leitura, ainda consideramos as reflexões de Barthes

(2003) em A câmara clara, no que diz respeito à relação humana na negação da adjetivação. Os

espaços físicos em que as transformações ocorrem também são alvo de nossa investigação, e,

nesta perspectiva, o ser em transformação afirma-se a partir da ocupação deste seu novo lugar

psicológico, durante a ocupação reterritorializada de seu antigo espaço físico, de forma que não

se encaixa no comportamento humano, nem no comportamento da figura não-humana por ele

experimentada. Na novela de JGR e no filme de Luc Besson, esta busca e afirmação podem

ocorrer para além da fala do ser, ao mesmo tempo em que a linguagem passa a não ser mais o

único sentido, pois se transforma em uma ferramenta de construção desse novo sentido que

extrapola o humano na busca do ser e na afirmação de si em seu território.

Palavras-chave: Iauaretê. Lucy. Metamorfose.

3. REFLEXÕES SOBRE O TEATRO: EM FOCO A PEÇA TRAVESSEIRO

AUTOR(ES): Alcione Gomes de Almeida (PUC Goiás)

Meu interesse em desenvolver uma pesquisa na área do teatro deve-se à sua história que, desde

tempos remotos, entrelaça os caminhos do homem com a arte. A existência do ser humano tem

sido marcada pela necessidade de representar, e é, por meio desse artifício, que nos relacionamos

com o outro. Expressões de tristezas, alegrias, esperanças, angústias, são atividades constantes,

seja na vida quotidiana ou como representação teatral. Portanto, o teatro é uma expressão

artística latente em nossa cultura. Convém salientar que, na realização de cenas dramáticas

teatrais coloca-se em destaque o exercício do fazer de conta, fingir, simular a vida de outro, criar

situações fictícias e, por fim, chegar à catarse. As atitudes essencialmente dramáticas levadas a

cabo pelo homem visam o desenvolvimento de habilidades, capacidades, e torna-se meio de

prover sua existência. Ao assistir à peça Travesseiro, de Danilo Alencar, diretor do Grupo Arte

& Fatos ligado à Coordenação de Arte e Cultura da PROEX/PUC-GO, e já portando as

concepções citadas, passei a considerar a possibilidade de adotá-lo como objeto de estudo, para

o desenvolvimento de minha investigação do curso de mestrado. Travesseiro é um monólogo

em que a personagem Violeta traz à tona relevantes problemas do mundo contemporâneo, por

meio da amizade selada com o seu amigo e confidente travesseiro, seu alter-ego, que se

manifesta quando Violeta entra em seus estados de delírios. Ainda como abordagem preliminar,

estudaremos a teoria do texto teatral bem como a estrutura do teatro e da construção desta peça

teatral. Estes elementos serão trabalhados levando em conta aspectos inerentes à montagem da

peça, tais como cenário, figurino, iluminação, sonoplastia e outros símbolos que possibilitarão

uma abordagem no universo mental da personagem na tentativa de explorar o potencial emotivo,

psicológico e filosófico propiciado pelo drama mediante seus pseudos-diálogos com seu outro

eu - o travesseiro.

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Palavras-chave: Análise social e filosófica, Processo de construção, Representação, Teatro,

Texto dramático.

4. INTERCULTURALIDADE E PSICANÁLISE EM UM CRIME DELICADO, DE SÉRGIO

SANT’ANNA.

AUTOR(ES): Hellayny Silva Godoy de Souza (PUC Goiás)

Este trabalho propõe a leitura do romance Um crime delicado, 1997, de Sérgio Sant’Anna, sob

uma perspectiva intercultural. Esta nova tendência literária ultrapassa os limites da forma e da

estética tradicional, pois se adentra aos caminhos da interculturalidade, aliado ao hibridismo que

transforma, inclusive, os gêneros. Conforme se observa nos estudos sobre a narrativa de

Sant'Anna, o contato entre a literatura e as artes visuais, predominantemente as de caráter

imagético, constitui-se uma marca nos estudos sobre o autor. Essa confluência pode ser

percebida tanto na temática da obra quanto nas estratégias de escrita utilizadas para a tessitura

de sua narrativa. Em meio à possibilidades de estudo da obra desse autor, especificamente, serão

privilegiadas as marcas que apontam para congruência entre a literatura de Sérgio Sant’Anna,

as artes visuais, como teatro, fotografia, pintura e a psicanálise. Estruturada a partir da narrativa

do narrador-protagonista Antônio Martins, crítico de teatro e sua relação com Inês, modelo de

um quadro pintado por Brancatti, configura como e na tentativa do narrador-protagonista em se

defender de um suposto crime contra o pudor (estupro) que culminou da relação com a modelo

Inês. Embora se saiba que a modelo não é a obra em si, é a partir dela e da pintura de Vitório

Brancatti que a obra Um crime delicado constitui-se com uma instalação artística. Portanto, o

que se objetiva refletir neste trabalho são as implicações que emanam das relações entre

crítico/arte, crítico/obra, crítico/obra literária e não apenas a relação entre Antônio Martins e

Inês. E, através do diálogo intercultural com a pintura, o teatro, a psicanálise e a própria

literatura, demonstrar que o contexto metaliterário, ao longo de sua obra, amplia o quadro

inquiridor e outros códigos estéticos: as artes visuais (teatro, pintura ou o cinema) quando a

performance torna-se o elemento propulsor da dinâmica da escrita, da crítica e da obra como um

todo.

Palavras chave: Interculturalidade. Literatura. Psicanálise.

5. O ACRIANÇAMENTO E A DESPALAVRA EM MANOEL DE BARROS: O NOVO REINO

DA LINGUAGEM

AUTOR(ES): Janice Aparecida de Azevedo Fernandes (UEG)

Manoel de Barros, poeta pantaneiro, constrói, a partir do mote regional, um reino em que não

há um real, mas um real transfigurado sob o olhar da criança em estado de descoberta. É a

linguagem do faz de conta que deslumbra e encanta. Neste sentido, o leitor também tem de se

fazer criança para adentrar ao reino da linguagem, ao reino da despalavra. Existe na máscara

poética da criança na obra de Barros um arquétipo pueril, um eterno jovem em sua relação com

a linguagem, é o "Puer Aeternus”, termo que se traduz em “Eterno Jovem". Puer Aeternus é o

nome de um deus da antiguidade, as palavras vêm de Metarmophoses, de Ovídio, e são aplicadas

ao deus-criança nos mistérios eleusianos. Na literatura universal tem-se diversas representações

desse arquétipo, pode-se percebê-lo, por exemplo, na obra O pequeno príncipe, de Exupéry,

que, pelos desenhos que apresenta, indica, por parte de Barros e de seus desenhos, uma

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intertextualidade com tal obra. É no paraíso da infância que vive o reino da linguagem. Nesse

paraíso, tem-se uma ligação íntima com a verdadeira alma em estado infantil. E é por meio desse

arquétipo infantil que Barros conduz o leitor. O “Puer Aeternus” em Barros é uma espécie de

avatar, enquanto mensageiro e redentor. O avatar sinaliza uma transformação e condição para

adentrar à linguagem poética pretendida por Barros, é uma metamorfose, uma transfiguração,

uma representação pictórica. É preciso, ao lidar com um “puer” que esse compreenda os ganhos

e as perdas de sua forma de ser e essa consciência presentifica-se na voz poética de O Livro das

Ignorãnças: “Preciso do desperdício das palavras para conter-me”, Barros (1993, p. 41). É pelo

papel salvífico imposto ao arquétipo que a linguagem pode manter o encantamento do olhar que

a criança lança sobre o mundo, em estado de descoberta e ainda por esse olhar, salva a linguagem

das significâncias pragmáticas.

Palavras-chaves: Manoel de Barros. Criança. Linguagem. Despalavra.

Simpósio 4 – Literatura, Pintura e Cinema

Coordenação: Prof. Dr. Aguinaldo Gonçalves (PUC Goiás/UNESP).

Sala 308

1. IMAGENS E DEVANEIOS NA POESIA E NA PINTURA: HELVÉCIO GOULART E SUAS

RELAÇÕES COM O SURREALISMO

AUTOR(ES): Luane Rosa Soares (PUC Goiás)

O presente trabalho tem por objeto poemas escolhidos da Antologia Poética, de Helvécio

Goulart, escritor que compõe o repertório da poesia goiana, em comparação interartística com

trabalhos da pintura surrealista. Serão analisadas a imagem, a imaginação e os devaneios

poéticos em ambas as linguagens, tomando como fundamentação teórica principal postulados

do autor filosófico Gastón Bachelard. Este estudo compreende três capítulos. No primeiro,

buscar-se-á compreender os influxos da imaginação e sua capacidade de transfigurar as imagens

e transformá-las em signos plurisignificantes, libertando-se do mundo real. No segundo capítulo,

investigar-se-á como as imagens poéticas metaforizam-se em devaneios, ou se são os devaneios

que se fazem imagem e também os devaneios poéticos dos eus líricos goulartianos, escritos com

sentimentos, com sensações, com impressões. E a última parte da pesquisa será voltada tanto

para o poema, quanto para o texto pictórico, que ocupam lugares importantes na arte. Estabelece-

se, então, uma relação entre a existência e a não-existência, observando a forma que o processo

de transposição manifesta-se pela palavra e pela pintura, conferindo à coisa a ausência que a

iguala ao absoluto e ao Nada, simultaneamente. Será demonstrado que a poesia e a pintura

operam a partir de imagens, porém com processos e procedimentos específicos, mas que, em

muitos pontos, estas duas artes se aproximam e por isso os termos “poesia pictórica” e “pintura

poética” podem ser utilizados. A obra de Hélvecio Goulart carece de leituras mais acuradas do

ponto de vista acadêmico para que seu texto possa ser difundido entre os estudantes e a

comunidade como um todo, uma vez que chama a atenção a riqueza de imagens surrealistas, o

que convida ao estudo comparativo entre seus poemas e algumas obras consagradas da pintura

surrealista.

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Palavras-chave: Aproximações. Helvécio Goulart. Pintura. Poesia. Surrealismo.

2. AS CRIAÇÕES DESNORTEANTES DE MALLARMÉ E MONET

AUTOR(ES): Carila Aparecida de Oliveira (PUC Goiás).

Neste estudo, partimos do pressuposto de que a análise das obras de Monet e de Mallarmé

permite percebê-las deslocadas do real, uma vez que Monet usava o objeto da realidade e o

configurava a partir de sua interioridade essencial, criando a modernidade da pintura em si

mesma. Nesse sentido, demonstraremos que, no impressionismo de Monet, a captura sensível

do objeto é transferida para a tela, espaço em que se dá a mistura de cores instituindo o aspecto

volátil e misterioso em linhas rizomáticas. A nossa hipótese fundamental é a de que há, na lírica

de Mallarmé e na pintura de Monet, o desencadear de correlações discursivas e interpretações

transcendentes. Submetida a esse procedimento, a poeticidade mallarmeana desconstrói a

realidade pura e imitativa que cede lugar para a significação narrativa de natureza abstrata,

desvencilhada do referente, ou seja, dos objetos evocados. A arte de Monet, com suas criações

desfigurantes, norteia-se pelo sombrio dos quali-signos, produzindo efeitos da noturnidade que

distorce ou viola a imagem do cotidiano, mas que permite ao leitor a reelaboração do imaginário.

A fragmentação introduz a obra ao locus que tonaliza a coloração sensorial. Observando esse

procedimento, pretendemos deduzir que a arte independe de sua forma, pois se compõe, em sua

essência, da abstração com seus ícones de valores artísticos dos objetos representados por seu

signo totalizante: a obra. A incógnita da arte comporta-se como aquilo que merece

contemplação, movimentando a mente do observador que a contempla sem descobrir se há

princípios a adotar para interpretação, porque as possibilidades de leitura são infinitas. Como a

vida, as possibilidades de leitura de uma obra são efêmeras e amplas; ela parece instaurar os

reflexos daquilo que é natural para dissimular a própria crítica de sua expressão. Só há

incertezas, enigmas da neblina, do ícone ou das palavras trabalhadas.

Palavras-chave: Coloração sensorial. Mallarmé. Monet. Quali-signos. Rizoma.

3. A DESORIENTAÇÃO E A ILOGICIDADE EM CLARICE LISPECTOR E RENÉ

MAGRITTE

AUTOR(ES): Franciane de Souza Pereira (PUC Goiás)

Pretende-se, através deste trabalho, abordar as semelhanças existentes no prólogo da obra A

paixão segundo G.H., de Clarice Lispector e a pintura O terapeuta, de René Magritte,

observando a desestabilização causada por ambos e sua aparente ilogicidade que revela as

profundezas do sentimento de ser. Destina-se, ainda, a compará-las no que tange ao seu aspecto

estrutural e composicional, suas cores e sensações, seu discurso pautado na desrrealização do

todo, no esmaecimento do ser e na desconstrução de si diante do abismo abstrato da existência.

Apesar de apresentarem diferentes formas de discurso os dois objetos apresentam-se num

momento que tende a ser infinitesimal e estático, preservando sua dinâmica e movimentação. A

queda no abismo do existir permite a observação detalhada da ausência do tempo e,

concomitantemente, a subjetivação de toda carga motivacional em Clarice e Magritte. O recurso

visual da pintura garante a imersão completa na obra e a desterritorialização do homem em seu

espelhamento, enquanto a escritura apresenta o fluxo de consciência que traz ao seu leitor o

momento de desespero e incontinência do ser em si mesmo.

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Palavras-chave: Desorientação. Ilogicidade. Pintura. Literatura. Discurso.

4. DO CAOS AO COSMO: UMA REFLEXÃO INTERSUBJETIVA DO LIVRO

A PAIXÃO SEGUNDO G.H.

AUTOR(ES): Kamilla Marra de Moraes (PUC Goiás)

Este artigo evidencia questões referentes ao aspecto intersubjetivo e fantástico explorado no

romance A paixão segundo G.H., da autora Clarice Lispector, bem como buscar uma

compreensão a respeito da intencionalidade, abertura da consciência para o mundo exterior, o

eu- e o não – eu, a indissolúvel unidade do sujeito e do objeto, a nostalgia do inatingível,

universo da coisa em si, além do mundo do fenômeno presentes no livro. Tem como objetivo

principal analisar o espaço ordenado do quarto da empregada o qual reflete a ordem interior que

G.H. procurava em seu modo de ser. No ambiente quarto, abordado com ênfase pela autora,

explora-se o fluxo de consciência a fim de levar às últimas consequências a experiência da

personagem ao depara-se com o diferente e inusitado no quarto: uma simples barata, um

encontro com a vida real. A visão reflexiva da protagonista em busca de um sentimento

existencial traduz-se por meio de comentários, perguntas e interpretações sobre Deus, a beleza

a linguagem, a arte, a vida, entre outros temas. Dessa forma, há uma repetição do fantástico da

passagem de uma situação de “caos” para o “cosmos”, ou seja, um mundo de G.H. sendo

destruído e recriado sincronicamente. Consideramos que este artigo poderá colaborar com os

desdobramentos referentes a literaturas que abordam o fantástico, apresentando-o como uma

forma de pensar o espaço, tempo, personagem e mito, uma narração que cria seu próprio mundo,

no qual se absorvam os significados mais ocultos, que num romance tradicional não surtiria

tamanhos efeitos.

Palavras-chave: Mundo exterior. Romance. O fantástico.

Simpósio 5 – Literatura, Sistemas Interartísticos e Tradução

Coordenação: Prof. Dr. Divino José Pinto (PUC Goiás), Prof.ª Dr.ª Tonia Leigh Wind (PUC Goiás e UGA/EUA) e Prof. Dr. Wolney Unes/UFG.

Sala 311

1. G.H TORNANDO SE MULHER... CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DA

PERSONAGEM

AUTOR(ES): Ana Maria Dias (PUC Goiás)

O presente artigo tem como objetivo desenvolver um estudo, tomando como objeto de pesquisa

a obra A paixão segundo G.H, de Clarice Lispector. G.H tornando se mulher... construção e

desconstrução da personagem, a temática da negação do outro e a (des) construção da mulher

sob o viés da psicanálise de Jaques Lacan e a teoria do segundo sexo de Simone de Beauvoir. A

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pesquisa focará no contratempo que a mulher enfrentará por ousar se igualar ao homem, no seio

da sociedade, negando a sua feminilidade em prol de seus espaços enquanto ser, espaços estes,

antes destinados especificamente ao homem: ser grande empresária, presidente da república,

motorista de caminhão. Nesta trajetória, a personagem G. H torna-se uma empresária bem

sucedida. Contudo, vive em constante crise existencial por viver uma realidade que não é a sua,

apresentando reflexo do seu lado frágil de mulher, mãe e esposa, por meio de conflitos de

consciências. O trabalho mostrará se as mudanças radicais que vêm ocorrendo com a mulher,

simulada pela personagem G.H, têm tornado a mesma mais feliz e realizada. O artigo será

dividido em duas partes. Na primeira, serão discutidos vários quesitos, dentre os quais, aquele

em que a mulher vive se negando para viver uma situação diferente da que lhe foi destinada, sob

a visão lacaniana. Na segunda, objetiva-se analisar o processo que a mulher passa para ter vez e

voz em relação ao homem, a partir de sua construção e desconstrução em sua busca do seu outro

“eu” dentro de uma sociedade patriarcal e misoginia, sob a visão de Simone de Beauvoir.

Palavras-chave: Mulher. Voz feminina. G.H.

2. CONDIÇÃO DA MULHER ESPAÑOLA NA OBRA: “LA CASA DE BERNARDA ALBA” DE

FEDERICO GARCÍA LORCA

AUTOR(ES): Camila Rodrigues Bastos (UFG)

A mulher espanhola, no século XVII, se manteve distante das decisões políticas e sociais. No

século XVIII, Sor Juana Inês de La Cruz foi fundamental na luta a favor dos direitos da mulher,

mas não o fim dos privilégios da nobreza. A Espanha foi tardiamente alcançada pelas ideias

iluministas , XVIII e a igreja permaneceu limitando e excluindo as mulheres, sendo que uma

das poucas obras que fazem referência aos direito das mulheres foi o escrito do Padre Diogo

Antonio Feijó intitulado Teatro crítico universal (1785). A obra La casa de Bernarda Alba

(1936), de Federico García Lorca, é um drama dividido em três atos, escrito em um contexto

onde se iniciou a guerra civil espanhola devido ao poder ainda concentrado nos dogmas

católicos. Nela, são apresentadas questões como: a visão de honra familiar em uma sociedade

hierarquizada, os diversos tipos de violência presentes, tais como violência moral, simbólica e

psicológica, legitimadas pela sociedade da época. A figura de Bernarda representa as

convenções morais e sociais ligadas a uma visão tradicional e conservadora que defendia a

preservação da honra, a moral e a decência, razão pela qual a única possibilidade de uma de suas

filhas sair de casa, seria através do casamento e, para algumas, isso representava um castigo.

Questões como desigualdades sociais e diferença de classes também são expressas na obra e

estão presentes no comportamento das criadas da personagem principal, que deveriam manter-

se caladas e submissas às suas ordens. A análise será feita com bases bibliográficas de Simone

de Beauvoir (1970) e Isabel Morant (2006), autoras que discutem a condição da mulher na

América Latina e no mundo contemporâneo. Enfim, os fatos cotidianos refletem a sociedade

espanhola dominada por valores patriarcais e são pontos culminantes no livro, fazendo alusão à

situação da mulher espanhola nos séculos XIX e XX.

Palavras-chave: Honra. Violência. Sociedade. Mulher. Direito.

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3. O ÚTIL EM O INÚTIL DE CADA UM: REMINISCÊNCIAS NA PRODUÇÃO LITERÁRIA

AUTOR(ES): Paulo Morais de Oliveira (PUC Goiás)

O presente estudo tem como objetivo central refletir sobre aspectos artísticos literários da obra

O inútil de cada um. Isso se dará a partir do jogo irônico da palavra inútil que, do ponto de vista

existencial humano, na obra, representa uma consequência da fragilidade em resistir às

mudanças psíquicas e físicas impostas pelo tempo e, na arte, a isenção de utilidade para que ela

não seja subserviente a interesses. Intriga o fato de, ainda, o objeto não ter sido muito explorado

por pesquisadores, a imagem de autor estar em construção post-mortem e ser uma produção de

intenção seletivamente artística, sem que fossem preponderantes lauréis provindos de

reconhecimentos instantâneos ou retorno pecuniário, de certa forma, mostrando a consciência

de Mário Peixoto em deixar um legado que, depois de seu momento de criação, fosse valoroso

e de alto grau de significância. Visto que o autor produziu Limite no qual há procedimentos,

recursos artísticos congêneres, uma parte do estudo será dedicada à intertextualidade. Tanto no

livro quanto no filme, é possível notar técnicas como o fluxo da consciência, flashbacks, cortes

e a exploração da circunstância extrema do ente. Em ambos, a narrativa mostra-se não linear. A

fim de ser possível essa magnífica tarefa, faz-se necessário listar entre os teóricos que darão

subsídios Gilles Deleuze, Zygmunt Bauman e Robert Humphrey. Antonio Candido, em sua obra

Formação da literatura brasileira: momentos decisivos (2007), afirma que “nossa literatura é

ramo de outras e mais aproximadamente da portuguesa”; daí em função do exíguo tempo de

existência e ser ponta, apresenta-se de calibre um tanto quanto diminuto, se comparada às

antecessoras”. Acrescenta ele, ainda, que a valorização de nossa literatura seja imprescindível.

Com base no princípio da apreciação do que se julga de qualidade e nosso, é que pondero ser de

muitíssima importância dedicar um tempo bem aproveitado para releitura e análise da obra O

inútil de cada um, do já referido autor.

Palavras-chave: Inútil. Arte. Mário.

4. A SIMBOLOGIA DO ESPAÇO DO QUARTO EM GIOVANNI`S ROOM, DE JAMES

BALDWIN E DA CABANA, EM THE CITY AND THE PILLAR, DE GORE VIDAL

AUTOR(ES): Paulo Rogério Bentes Bezerra (UFG)

Este ensaio faz uma análise da simbologia do espaço do quarto do personagem Giovanni, do

romance Giovanni´s Room e da cabana abandonada, do romance The City and the Pillar, de

Gore Vidal. O objetivo deste trabalho é apontar o que esses ambientes representam na narrativa

de seus respectivos romances, o papel que eles exercem na vida dos personagens protagonistas.

Sob esta perspectiva, iremos perceber, primeiramente, que o quarto de Giovanni simboliza o

“entre lugar”, um espaço ao mesmo tempo de libertação e de repressão, da relação homoafetiva

do casal David e Giovanni. Além disso, notaremos que a descrição física do quarto reflete a

relação caótica e conflituosa do casal de amantes. Em seguida, analisaremos a simbologia da

cabana abandonada em The City and the Pillar, apontando que a mesma funciona como marco

e referência única da paixão homoafetiva do personagem narrador Jim Willard por seu colega

de escola Bob Ford. Identificaremos também que, ao contrário do quarto de Giovanni´s Room,

a cabana abandonada de The City and the Pillar é descrita de forma idealizada, romantizada, em

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meio à natureza bucólica, o que vai de encontro aos breves, mas felizes momentos vivenciados

pelos dois amigos. Por fim, mostraremos que a cabana representará a “imobilização” sentimental

de Jim, sua incapacidade de esquecer Bob e o fim de semana na cabana. Assim como na

passagem bíblica de Sodoma e Gomorra, ele olhará para trás, para o passado, o que acabará por

arruinar sua vida amorosa.

Palavras-chave: Quarto. Cabana. Simbologia. Homoafetivo. “Entre-lugar”.

5. PRESENÇA DO ETHOS E DISCURSO FEMININO EM DUAS AUTORAS GOIANAS:

MARIA APARECIDA RODRIGUES E MARIA HELENA CHEIN

AUTOR(ES): Regina Maria Gonçalves Neiva (PUC Goiás).

Este trabalho propõe uma abordagem crítica sobre ethos presentes no discurso feminino em duas

autoras goianas: Maria Aparecida Rodrigues e Maria Helena Chein. Utilizaremos a literatura

comparada e a pesquisa investigativa para mostrar a literatura produzida em Goiás. Na obra

Cinzas da Paixão e Outras Estórias, Maria Aparecida Rodrigues apresenta contos, com rara

sensibilidade, sobre os conflitos cotidianos. Na obra Joana e os três pecados, Maria Helena

Chein demonstra conhecer bem a técnica da palavra e seu uso literário. Promove narrativas em

zigue-zague, diacrônica e sincronicamente, alternadas e, em alguns momentos, poetizados em

contos bem estruturados. Para tais considerações, esta pesquisa foi planejada em três capítulos.

No capitulo I: “Dimensões do ethos feminino na literatura”, ocupar-nos-emos do ethos feminino,

como base do discurso literário ao longo do tempo. No capitulo II: “Percurso da voz feminina

na Literatura”, serviremos das vozes que empreenderam trajetórias na Literatura, motivando

outras escritoras e críticos a participarem desse discurso peculiar. No capitulo III: “Tradição e

ruptura na literatura de voz feminina”, haverá uma atenção quase exclusiva para as obras das

duas escritoras goianas em questão, fazendo uma comparação entre elas, observando as nuances

teóricas para se demonstrar como está posto em suas obras o discurso feminino que dialoga com

todas as realidades aqui aventadas. A singeleza, a ironia e a sutil liberdade artística pode-se crer

que, a ânsia de ilimitação perceptível no discurso das mesmas, seja a possível razão da explosão

na contemporaneidade, o que tem despertado interesse de muitas pessoas, tanto que o conto

“Joana e os três pecados” foi adaptado para o cinema e vai abordar o desvio comportamental da

personagem principal Joana, o que poderá servir de instrumento educativo. Em breve, o filme

estará disponível para apreciação aos que interessam por esse tipo de abordagem.

Palavras-chave: Ethos. Discurso feminino. Literatura goiana.

6. TRAINSPOTTING – TRANSPOSIÇÃO DE SEMIÓTICA – TRADUÇÃO E

DESCONSTRUÇÃO

AUTOR(ES): Rodrigo Braz Muniz (PUC Goiás)

Trainspotting é uma obra irreverente e descompromissada, de autoria de Irvine Welsh, o qual

mostra o lado B da sociedade escocesa de Edimburgo. A obra retrata a vida de cinco viciados

em Heroína. Contudo, o objetivo desse resumo é mostrar como um livro com tantas

características para não ser um best-seller, por abordar assuntos como violência, drogas, morte,

desconstrução, loucura e identidade tornou-se polêmico dentro da crítica literária mundial. A

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obra perpassa por diversas discussões, das quais uma das mais salientadas pelos personagens

seria o sentido da vida dentro de sistema dominante capitalista, o qual não lhes fornece nenhum

subsídio de sua própria identidade, começando pela situação política da Escócia, onde, na época

da publicação da obra, continuava a submeter-se às imposições do governo britânico. Esse

desconforto perpassa por toda a obra, como questionamento de identidade e de filosofia.

Todavia, apesar de todas as desrealizações, desconstruções e construções de identidade, que

Welsh nos oferece, há o problema da tradução do livro para a tela de cinema. Durante a leitura

da obra e, posteriormente, assistindo o seu filme, percebemos que, além da mudança de roteiro,

onde cenas que compõe a obra foram alteradas, também se nota a alteração da linguagem, em

seu nervo central, que é exatamente a mudança do inglês –escocês para o inglês – britânico,

fazendo com que o expectador desatento, nem perceba que o filme trata de questões relacionadas

à cultura da Escócia, e não às da Inglaterra. A contradição da busca da identidade, que é o farol

que ilumina toda a obra, cai por terra dentro da alteração de alguns discursos, os quais provocam

a perda de uma identidade.

Palavras-chave: Trainspotting. Tradução. Identidade. Desconstrução.

7. O POÉTICO E A POESIA: TRAÇANDO UM PARALELO DIALÓGICO ENTRE AUTORES

GOIANOS

AUTOR(ES): Suellen Franciely Moreira (PUC Goiás)

Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa sobre intertextualidades, influências e

diálogos entre obras poéticas e críticas de Gilberto Mendonça Teles e José Fernandes, uma vez

que suas participações no universo crítico-literário representam grandes contribuições para a

literatura de Goiás, regional e brasileira, no que se refere às matérias de linguagem artística e

estudos da linguagem literária. Pretendemos com esse estudo ressaltar seus elementos

linguístico-literários, bem como o diálogo entre eles, considerando que esses dois autores gozam

de reconhecimento em grande parte do Brasil, da Europa e do mundo. Por isso mesmo,

propomos, com esta investigação, contribuir para a visibilidade e o reconhecimento de suas

obras e pensamentos em seus locais de nascimento e produção. Primeiramente, discutimos a arte

da construção poética; da metalinguagem; do saber fazer-ver e de questões da imagética. Em

seguida, tratamos de questões como poética, poesia, humor, ironia e erotismo. Posteriormente,

abordamos a práxis universal, destacando a retórica, os símbolos e a alegoria. A análise e a

fundamentação teórica partiram das perspectivas e enfoques dos próprios críticos/autores em

pauta, em consonância com os grandes pensadores da linguagem artística que contribuem

sobremaneira para os estudos linguístico-literários. Antecipamos, que não houve uma conclusão

definida, pois a arte da linguagem é matéria viva, portanto, não há axiomas, mas sim sugestões/

indagações a serem aventadas.

Palavras-chave: Diálogo. Gilberto Mendonça Teles. José Fernandes. Poesia. Crítica.

8. A RELAÇÃO LITERÁRIA DO ROMANCE A CENTOPÉIA DE NEON, DE EDIVAL

LOURENÇO, NUM CONTRASTE SINTOMÁTICO DO SEU DIÁLOGO COM OUTRAS

ARTES

AUTOR(ES): Valéria Alves Correia Tavares (PUC Goiás)

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Tendo em vista a relação que a literatura estabelece com as outras artes, pode-se ressaltar que a

exploração da interface entre tais categorias, investiga afinidades, especialmente na celebração

de atividades, de linguagens afins e em imagens que evocam seus distintos contornos

compreensíveis, suas cores e suas inúmeras sensações, que acarretam o impulso das

aproximações entre manifestações artísticas e suas múltiplas faces. Neste caso, a literatura, a

música e o cinema. Neste cenário, e desconsiderando as diferenças de enfoque e os objetivos

específicos das categorias elencadas, far-se-á um estudo desta existência, muitas vezes

impetuosa, outras vezes programática, no sentido de buscar e de estabelecer uma validação

individual, porém, próxima entre os ramos artísticos, pois a literatura, extraordinariamente, em

sua aventura no âmbito das manifestações culturais, sempre esteve vinculada a um hábil diálogo

com outras formas de representação do mundo. No presente trabalho, a escolha do romance

goiano A centopeia de neon, de Edival Lourenço, como objeto central de estudo, deu- se,

principalmente, pela utilização de procedimentos narrativos que apresentam variações de um eu

narrador que opera entre os modos homo, hetero e autodiegético, dialogando sempre com outras

formas de arte, propiciando um passeio dentro da narrativa lourenciana. Para tanto, propõe-se

uma análise desses procedimentos narrativos criadores de situações que misturam razão,

hesitação, sobrenaturalidade e aproxima a narrativa com a música e o cinema, em diálogo com

o imaginário artístico, onde a voz narradora burla e faz, assim, valer o espírito livre da arte e,

por conseguinte, da vida. A análise abordará princípios como o da transmutação, da

transfiguração e outros procedimentos narrativos, observando aproximações, semelhanças e

diferenças dentro dos gêneros em questão. Sendo assim, busca-se aqui, a percepção no romance

em tela da forma com que se organiza o seu universo ficcional, em seus investimentos na relação

com outras artes, apoiados por referências concernentes a alegorias da sociedade em que vivem

os personagens, característica principal de nosso objeto de estudo, cuja proposta construtiva,

aponta para expectativas e efeitos possíveis em sua revelação do mundo, materializada na

natureza debruçada sobre um conjunto de imagens conduzidas aos ramos artísticos abordados.

Palavras-chave: Narrativa. Música. Cinema. Aproximação. Alegoria.

Simpósio 6 – Literatura, Jornalismo, Língua e Discurso

Coordenação: Prof. M.e Eduardo Barbuio (UFRPE), Prof.ª M.ª Rosane Isaac (PUC Goiás), Prof.ª M.ª Maria Cristina Reinato (PUC Goiás), Prof.ª M.ª Divina Pinto Paiva (PUC Goiás) e Prof. Dr. Rogério Pereira Borges (PUC Goiás).

Sala 312

1. FOUCAULT, LOUCURA E LITERATURA

AUTOR(ES): Elisabeth Lemes de Sousa Martins (PUC Goiás)

Quais os acontecimentos na história da loucura que permitem aproximá-la da literatura? A obra

não tem lugar na loucura, somente a linguagem é louca, e sendo transgressiva por excelência, é

linguagem literária. São temas discutidos pelo viés de Foucault em As palavras e as Coisas,

num contraponto entre com a Era Clássica e a Modernidade. Existe, neste momento, algo no

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estatuto da linguagem que acaba por dizer que a literatura é uma experiência moderna,

caracterizada pelos limites da sexualidade, da linguagem e da loucura. Por “Prefácio à

Transgressão”, expomos que é uma experiência-limite que faz e desfaz no próprio movimento

da transgressão. Quanto a linguagem transgressiva colabora na aproximação da Loucura e

Literatura, falamos dos acontecimentos acerca da loucura em a História da loucura: na Idade

Clássica (2009) em três momentos: “Loucura e Literatura na Renascença: Obras de linguagem”,

mostrando que é o período da liberdade e de verdade que inclui os últimos séculos medievais e

a Renascença. Analisando as obras plásticas, pelo viés da consciência trágica da loucura,

fundamentada na realidade, e o louco, em seu delírio, mostra a verdade do mundo. E, pela

experiência crítica, onde a loucura não relaciona mais com o mundo, mas com a razão,

assumindo um privilégio que leva à percepção da loucura no silenciamento. “Literatura e

Loucura na Era Clássica: o silenciamento”, em três abordagens: os estudos epistemológicos,

foco em Descartes, o da Grande Internação, e da linguagem. E na Modernidade sobre

“Literatura e Loucura: o retorno da linguagem”, evidenciar que a loucura assume, precisamente,

uma linguagem que transgride suas próprias leis. A ideia é que, assim como a loucura, a

literatura na modernidade, é transgressora, ultrapassa os limites da razão, é uma linguagem louca

e transgressiva.

Palavras-chave: Foucault. Loucura. Literatura. Linguagem.

2. LETRAMENTO LITERÁRIO: DO ACESSO À FORMAÇÃO LEITORA

AUTOR(ES): Fábio José Gonçalves (Universidade Estadual de Montes Claros)

Promover a formação leitora dos adolescentes, alunos do Ensino Fundamental, partindo de sua

concepção e de seu histórico de leitor, desenvolver a sua formação leitora, tendo a biblioteca

como principal ambiente de letramento literário da escola são objetivos que nortearão esta

pesquisa. Utilizará questionários, tabulação de dados e levantamento de gráficos para

amostragem das estratégias de formação leitora dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental.

Propõe levantar dados acerca do conhecimento e apropriação da leitura, metodologias

inovadoras de leitura, hábitos de leitura consolidados, gêneros literários mais conhecidos e lidos,

acessibilidade à leitura literária e atividades desenvolvidas. Espera-se, com esta pesquisa,

identificar as estratégias que melhor se adequem ao trabalho relativo ao letramento literário

realizado em uma turma de adolescentes do ensino fundamental tendo a biblioteca escolar como

ambiente propício para a disseminação da leitura literária, o professor como mediador e a família

como suporte; espera-se, ainda, que a parceria firmada entre os atores desse contexto produza

efeitos positivos na vida dos envolvidos. Dessa maneira, este projeto de pesquisa ( que está

sendo preparado para envio ao Comitê de Ética) busca contribuir para o fortalecimento do

processo de letramento dos alunos, oferecendo-lhes elementos para a apropriação do

conhecimento literário e da sua formação leitora.

Palavras-chaves: Letramento literário. Adolescentes. Biblioteca. Professor mediador.

3. A LITERATURA NO AMBIENTE ESCOLAR: EXPLORANDO DESAFIOS

AUTOR(ES): Marcos Amanço Silva (PUC Goiás)

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Os escritos aqui desenvolvidos estão organizados dentro da linha de investigação científica

“Literatura e Crítica Literária”, indagando sobre as realidades e possibilidades do Ensino de

Literatura no contexto escolar. A intenção do estudo literário em sala de aula tem objetivo

pedagógico, propondo incentivar e estabelecer elementos reflexivos dos discentes com relação

ao seu cotidiano. A análise da Literatura sem fins pedagógicos preza a apreciação artística da

escrita, através de poesias e outros gêneros textuais. Os estudos literários, embora tenham uma

orientação específica estabelecida nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio,

inscrevem-se no campo da disciplina Língua Portuguesa. Para compreender as condições em

que são ministradas as aulas de Literatura no ambiente escolar, delimitaremos a concepção

teórica que aborda os conceitos: literatura, leitura, leitor, presentes nos documentos que orientam

o currículo do Ensino Médio, face às práticas docentes. O problema que levantamos refere-se,

ainda, às implicações que permeiam as atividades através das quais o estudo e o ensino de

literatura ocorrem, cotidianamente, e mostram-se, a partir do senso comum. As implicações que

interferem, neste caso, são reflexos de vários elementos que fazem parte do ambiente escolar.

Para evidenciarmos, de forma prática, a discussão teórica sobre o ensino de Literatura no Ensino

Médio realizamos encontros destinados à obtenção de dados e informações sobre a percepção

dos alunos e dos professores em relação aos conteúdos e práticas realizadas no Colégio Estadual

Dom Pedro I. De posse dos resultados encontrados, avaliamos o perfil do escolar e do professor

quanto ao ensino e o estudo literário, bem como as condições do trabalho docente.

Palavras-chave: Ensino de literatura. Leitura. Literatura. Leitor. Ensino.

4. LÍNGUA, CULTURA E DIVERSIDADE NO ENSINO MÉDIO

AUTOR(ES): Maria Eneida da Silva (UEG)

A discussão do tema “língua, cultura e diversidade” provém de reflexões da pesquisa de

mestrado que está em andamento “Leitura e escrita no Ensino Médio: desafios do

multiletramento”, cujos objetivos são investigar, descrever e analisar quais os desafios, as

metodologias e o papel atribuído à leitura e à escrita com vistas ao multiletramento no Ensino

Médio da rede pública estadual de educação do município de Luziânia, Goiás. As dificuldades

dos discentes em leitura e produção textual na Universidade Estadual de Goiás – Campus

Luziânia – denotam um baixo nível de letramento que vem sendo observado pela pesquisa no

Ensino Médio da cidade e que, consequentemente, limita a ação desses alunos como cidadãos

em uma sociedade repleta de diversidade cultural, linguística e social. A metodologia pautou-

se, inicialmente, em pesquisa bibliográfica sobre leitura e produção escrita de jovens do Ensino

Médio; língua e linguagem; cultura e diversidade, contando com os aportes teóricos do

letramento; multiletramento; ensino de língua com textos; leitores, hábitos culturais e o virtual;

diversidade e educação; e multilinguismo; bem como em análises documentais (CHIZZOTTI,

2005) que nortearam a escolha da escola campo, sendo esta a que está em primeiro lugar na

quantidade de alunos aprovados no Processo Seletivo para a UEG – Campus Luziânia, dentre

as 33 escolas estaduais do município. A abordagem é qualitativa com opção pelo estudo de caso

(YIN, 2010), cuja coleta de dados vem acontecendo por meio de análise documental, diagnose

social da escola, observação e gravação em áudio de aulas de Língua Portuguesa, e entrevistas

com os alunos e o professor de uma turma de 3º ano com 35 matriculados, sendo esta, o sujeito

da pesquisa.

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Palavras-chave: Ensino Médio. Multiletramento. Língua. Diversidade. Cultura.

5. A SEMIÓTICA DISCURSIVA E ALEGÓRICA EM CÂNTICO DOS CÂNTICOS

AUTOR(ES): Maria José Modesto Silva (PUC Goiás).

O motivo que nos impulsionou a apresentar essa Comunicação foi o interesse em aprofundar

nosso estudo acerca da Semiótica discursiva e da Alegoria no livro Bíblico Cântico dos

Cânticos. Cântico dos Cânticos é um livro poético e sensual, coberto de várias imagens.

Mostrar-se-á como a Sulamita consegue persuadir Salomão usando de sua retórica. Como

entender as várias nuances poéticas proferidas no livro em estudo se não as associarmos às tantas

outras passagens bíblicas do Antigo Testamento que “conversam entre si”? Como fugir de tantas

Alegorias narradas nesse livro poético? E, a Semiótica que estuda os signos, qual será a sua

contribuição na interpretação da literatura de Cântico dos Cânticos? E, a mulher que papel

exerce nesse texto poético? Quais as características do discurso da Sulamita de Cântico dos

Cânticos?

Analisar-se-á o jogo poético usado pela Sulamita em Cântico dos Cânticos, jogo esse que

acontece através do discurso da manipulação do Ser da linguagem; da poesia como denúncia,

estabelecendo a relação da forma, das cores, do homem e da natureza. Segundo Greimas, a

manipulação consiste na ação de um sujeito sobre o outro, levando-o a executar um programa

dado. Os sujeitos só agem porque são manipulados. E a manipulação é própria de qualquer

processo comunicativo. O importante é com-vencer, isto é, não só vencer o outro, mas obrigá-

lo a partilhar de nossa vitória. O Processo de Manipulação acontece quando o sujeito

manipulador articula um fazer persuasivo, que pode apoiar-se em: Modalidades do Poder e

Modalidades do Saber. A Semiótica Discursiva encontra, inicialmente, como estudioso

essencial para sua estruturação, Greimas. Segundo Fiorin (1999), o projeto greimasiano foi de

criar uma teoria gerativa, sintagmática e geral. Sintagmática porque se preocupa não apenas com

o conteúdo, mas com o texto (expressão + conteúdo); é geral porque se interessa por qualquer

tipo de texto (veiculado em qualquer materialidade); e é gerativa porque concebe o processo de

produção de sentido de um texto como um percurso gerativo que vai do mais simples e abstrato

ao mais complexo e concreto: “constitui ele um simulacro metodológico, para explicar o

processo de entendimento, em que o leitor precisa fazer abstrações, a partir da superfície do

texto, para poder entendê-lo” (FIORIN, 1999). Essa semântica a qual Greimas vai estruturar,

juntamente com outros teóricos, está postulada essencialmente no percurso gerativo de sentido,

no qual há sempre a sucessão de patamares, onde são suscetíveis de receber uma descrição

adequada, que mostra como se produz e se interpreta o sentido. Sentido que sempre se constitui

do mais simples ao mais complexo (FIORIN,1996). Mas o que é semiótica? A Semiótica (do

grego semeiotiké ou "a arte dos sinais") é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda

todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação.

Dentro da ciência dos signos (Semiologia, Semiótica), semiose foi o termo introduzido por

Charles Sanders Peirce para designar o processo de significação. É nosso propósito

caminharmos fazendo a ponte entre a Literatura, as figuras e as funções da Linguagem, a

Alegoria dos Poetas, defendida por João Adolfo Hansen, A Semiótica Discursiva, de Greimas e

a Simbologia, de Peirce. Enfim, mostraremos sentimentos como o amor, o erotismo cantado em

versos e as sinestesias entremeadas nos discursos do livro poético Cântico dos Cânticos.

Palavras-chave: Semiótica. Discurso. Literatura Sagrada.

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6. O DISCURSO DA VERDADE NO JORNALISMO E NA LITERATURA DE TRUMAN

CAPOTE

AUTOR(ES): Rogério Pereira Borges (PUC Goiás)

Em que acreditar e no que não crer em um discurso? A resposta pode ser simples: depende do

discurso e de onde ele é enunciado. O que parece ser algo pacífico pode se transformar em um

grande desafio, uma vez que as narrativas – e suas naturezas diversas – mesclam-se e até se

confundem. O presente trabalho visa debater questões que surgem nessa relação não tão

estabelecida como se mostra de início, uma vez que vários planos analíticos devem ser levados

em conta para que não haja apreensões que se baseiem apenas na aparência textual. Levando em

consideração as duas obras mais conhecidas do escritor norte-americano Truman Capote, A

Sangue Frio e Bonequinha de Luxo, é possível fazer uma discussão a respeito. O primeiro título

é considerado um clássico do chamado romance de não-ficção e uma referência inescapável na

produção do Jornalismo Literário, que promove hibridizações discursivas entre jornalismo e

literatura. O segundo é um romance de ficção, mas que traz retratos fiéis de tipos e contextos de

uma Nova York de determinada época. Para isso, faremos uso de conceitos fundamentais para

essa compreensão, sobretudo aqueles que vêm da tradição da Análise do Discurso da Escola

Francesa (AD). Outra contribuição para a discussão são as reflexões acerca das teorias em torno

do Jornalismo Literário e dos contratos de leitura que diferenciam os chamados “discursos da

verdade”, em que as funções referenciais mostram-se mais enfáticas, e os discursos da ficção,

em que o aspecto poético é mais pronunciado. Conceitos como verossimilhança e efeito do real

também serão trazidos à discussão com o objetivo de enriquecer constatações e análises

realizadas.

Palavras-chave: Ficção. Jornalismo. Análise de discurso. Narrativa. Truman Capote

7. INTERAÇÃO DOS CURSOS DE ENGENHARIA AGRONÔMICA, TECNOLOGIA EM

GESTÃO AMBIENTAL E TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES COM A LITERATURA E ÁREAS

AFINS

AUTOR(ES): Rosa Maria da Silva Gonçalves (IFRO – Campus Vilhena)

Trabalhar disciplinas da área de Letras para futuros engenheiros agrônomos, tecnólogos e

técnicos, sendo que a formação desses profissionais volta-se a especificidades nas áreas

pretendidas é um desafio enorme. Sabe-se que a leitura das obras literárias precisa ser

proporcionada, pois a literatura é comunicação. Surge a pergunta: como envolver sem massacrar

e naturalmente? Algo mais difícil ainda. Os educandos precisam saber e entender que a literatura

está correlacionada com todas as áreas do ensino. Ela é o gancho para o crescimento cultural,

pessoal, intelectual e o lado humano. A proposta ora apresentada busca oferecer aos envolvidos

essa oportunidade propulsora de grandes saberes e desenvolver habilidades e competências

relacionadas à linguagem corporal, à postura, à linguagem oral e à defesa de um ponto de vista.

A atividade é proposta no início do semestre. Nessa etapa, é feita a apresentação da obra para

instigar a leitura. Há, em seguida, a organização dos grupos e a entrega dos temas que serão

explanados e apresentados na etapa final. Aqui, os discentes expõem o trabalho explorado por

meio das pesquisas e diversas leituras a fim de mostrarem as suas opiniões. A mesa composta

por professores das áreas de letras, humanas, agrárias, arquitetura e urbanismo questionam os

envolvidos para a comprovação dos estudos relacionados à apropriação e associação da leitura

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do clássico com os cursos mencionados. As obras já trabalhadas foram: Grande Sertão: Veredas,

de Guimarães Rosa; Sagarana, de Guimarães Rosa; A bagaceira, de José Américo de Almeida;

Vidas secas, de Graciliano Ramos; O quinze, de Rachel de Queiroz; Tocaia Grande, de Jorge

Amado; Ana Terra e Um certo Capitão Rodrigo, de Érico Veríssimo; Corpo vivo, de Adonias

Filho; Corta-braço, de Ariovaldo Matos; O cortiço, de Aluísio Azevedo e Os pastores da noite,

de Jorge Amado. Nota-se, com essa proposta, que os(as) envolvidos(as) assumem atitudes

críticas pela experiência compartilhada por meio da leitura literária, bem como a expansão dos

conhecimentos e a formação para a competitividade aquém dos muros escolares e cientes de que

o clássico proporciona olhares e vozes durante e após a conclusão do curso específico.

Notadamente, entendem que ler literatura é aprender e expandir saberes.

Palavras-chave: Literatura. Cursos superiores. Cursos técnicos. Cursos tecnólogos. Desafios.

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19/11 (quarta-feira) – 10h às 12h

Simpósio 1 - Literatura, Imaginário e Performance

Coordenação: Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC Goiás), Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho (USP)

Sala 208

1. O IMAGINÁRIO EM MAYA DE URSULINO LEÃO

AUTOR(ES): Rosângela Maria Santana (PUC Goiás)

O trabalho apresenta uma análise fundamentada numa pesquisa bibliográfica sobre o imaginário

na obra literária Maya, de Ursulino Leão. O romance foi escrito em 1949 quando o escritor,

acadêmico do Curso de Direito, ainda muito jovem, evolava-se para o mundo literário. A obra

descreve como ilusórios todos os sentimentos revelados numa história interessante pelo seu

conteúdo de verdades, seu drama e sua experiência humana. Maya destaca-se pela sua estrutura

e técnica narrativa e pela caracterização das personagens, por seus valores discutidos e

questionados e pela riqueza e adequação do vocabulário. A imaginação, a fantasia, o

sentimentalismo, a exuberância de emoções e a simbologia o fazem um romance concentrado

numa visão da essência mais íntima do ser. O estudo alicerça-se, teoricamente, em Gaston

Bachelard e Gilbert Durand, ao analisar o imaginário em C.G. Jung, a respeito do simbólico; e

finalmente em G. Lukács e M. Bakhtin, acerca de uma leitura possível da teoria do romance.

Palavras-chave: Imaginário. Símbolos. Simbologia. Romance. Maya.

2. LITERATURA JUVENIL, ADOLESCÊNCIA E CULTURA: ASPECTOS DA FORMAÇÃO

DE LEITORES

AUTOR(ES): José Nicolau Gregorin Filho (USP)

O tema desta abordagem tem sido, para mim, importante objeto de reflexão há muito tempo,

gerando alguns artigos que já se encontram publicados sobre a questão. Mas, a cada nova ocasião

em que o debate ressurge, revisito não só o que já produzi, mas a minha própria juventude. Volto

às escolas onde estudei, repenso a minha formação na Faculdade de Letras. Faço essa viagem

observando lugares, pessoas e situações; primeiro na condição de aluno e, depois, pensando no

professor que fui, para outros jovens e adultos, em tempos outros. Por isso, antes de falar de

literatura e suas relações com cultura e escola, é importante que exploremos, ainda que de

maneira muito breve, o motivo maior dessas reflexões: o adolescente. Falar de adolescência,

público-alvo da modalidade de literatura em discussão, requer um cuidado maior do que

simplesmente classificar indivíduos desta ou daquela faixa etária. Quando se discute a

adolescência, e aqui o campo de observação recai sobre as culturas ocidentais, é necessário o

entendimento desse termo como concepção cultural e historicamente produzida, além de sua

estreita relação com o mercado de consumo. Para discutir a literatura produzida para crianças e

jovens, é importante citar a postura de Tzvetan Todorov, refletido que “a literatura não nasce no

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vazio, mas no centro de um conjunto de discursos vivos, compartilhando com eles numerosas

características; não é por acaso que, ao longo da história, suas fronteiras foram inconstantes”.

Palavras-chave: Cultura. Literatura Juvenil Adolescência.

3.A O IMAGINÁRIO COLETIVO E A ORALIDADE

AUTOR(ES): Maria do Socorro Jesus Oliveira (Mestra PUC Goiás)

Este estudo aborda o imaginário coletivo e a oralidade, concernentes aos “causos”, mitos e

lendas, com ênfase na influência do imaginário, na criatividade e no comportamento dos

ribeirinhos de três cidades: Araguatins, São Miguel do Tocantins e São Sebastião do Tocantins,

situadas na região do Bico do Papagaio no estado do Tocantins. Para tanto, foram usados como

fundamentação teórica, os estudos de Gilbert Durand, (2002), Gaston Bachelard, (1996, 2001)

Walter Benjamim (1994) e Câmara Cascudo, (1978). A manifestação de uma sociedade é algo

importante para compreender as estruturas materiais e ideológicas que a construiu. A produção

cultural de um povo é um reflexo de um imaginário que representa o ideal de uma realidade

histórica, valores e tradições. A maneira coletiva de contar histórias a partir de situações comuns,

valendo-se inclusive da força expressiva das palavras e de um pouco de imaginação é o que

torna possível sua identidade, exatamente por estar tão ligada à vida, ao imaginário e à

linguagem das pessoas. A presença incontestável do imaginário popular regional, neste sentido,

a Literatura oral, contribui efetivamente para edificação e entendimento da mentalidade popular

local, pois, sua força viva e sonora faz-se presente na voz anônima do povo. Ao mesmo tempo,

demonstra comportamentos, costumes, crenças, superstições, decisões e julgamentos que são

instituídos culturalmente. As estórias orais são exemplos claros da manifestação cultural de um

povo, são modos de ver aquilo que está no imaginário, e propicia uma viagem no tempo e no

espaço. Já o imaginário é o espaço onde a imagem é criada para ser projetada nos sonhos, na

fantasia, nos devaneios e nos atos criativos. Nesse sentido, as imagens do mundo são lançadas

para a natureza simbólica, espaço no qual a imagem é posta em ação. Assim, o imaginário

ultrapassa o campo exclusivo das representações sensíveis, compreende ao mesmo tempo as

imagens, inevitavelmente adaptadas, pois, não existe uma imagem idêntica ao objeto, são

elaboradas e estruturadas por meio das ideias. A rede imaginária possibilita observar a vitalidade

histórica das criações dos sujeitos, isto é, o uso social das representações e das ideias.

Palavras-chave: Imaginário. Literatura oral. Lendas. Mitos.

4. DIÁSPORA E HIBRIDISMO CULTURAL: IDENTIDADE E MEMÓRIA NO ROMANCE

DOIS IRMÃOS DE MILTON HATOUM

AUTOR(ES): Norival Bottos Junior (PUC/UFG)

Este artigo busca refletir sobre certos processos de subjetivação na construção identitária de

figuras narrativas nos romances pós-coloniais, tais como podem ser verificados no romance Dois

Irmãos, de Milton Hatoum. Através da figura do narrador Nael, verificar-se-ão duas formas de

subjetivação: o hibridismo cultural e a diáspora. Na experiência do narrador Nael é que se

pretende analisar como o sujeito pós-colonial subverte o discurso colonial em meio ao conjunto

de histórias de outros personagens cujos processos de identificação cultural estão igualmente

fraturados pela experiência diaspórica. No romance Dois Irmãos, de Milton Hatoum, o narrador

elabora através da urdidura memorialística um rigoroso ajuste de sistemas culturais criados pela

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hierarquia social e histórica dominantes. Inicialmente, articula-se a figura híbrida do narrador

como sendo um espaço de enunciação resultante de um processo de subjetivação capaz de

transgredir as práticas de dominação políticas e culturais na narrativa memorialística. Em

seguida, parte-se da noção de desterritorialização, especialmente a concepção de Gilles Deleuze

e Félix Guattari em consonância com a noção de diáspora de Homi Bhabha, que vê nesse

processo um modo de transgressão do espaço do “outro”, capaz de subverter o processo de

dominação do discurso colonizador.

Palavras-chave: Hibridismo cultural. Polifonia. Diáspora. Estudos Culturais.

5. MÁRIO QUINTANA: FEITICEIRO APRENDIZ DE MÁGICO

AUTOR(ES): Joanede Aparecida Xavier de Souza (PUC Goiás)

A pretensão deste trabalho é mostrar que Mario Quintana parte das observações cotidianas para

fazer de sua poesia um terreno fértil que traz em si a capacidade instrutiva porque possibilita ao

homem refletir sobre si mesmo, sobre seu estar no mundo e no poder que tem a Poesia de

transformar conceitos e de instigar o imaginário do leitor por meio das imagens criadas pela

alquimia que executa com as palavras. Nosso objetivo nascente é o de analisar as obras O

Aprendiz de Feiticeiro e Espelho Mágico para apresentar Mario Quintana como um feiticeiro

aprendiz de mágico capaz de transformar imagens em conceitos e o cotidiano em linguagem.

Para tanto, consideramos o estilo e a pluralidade de estilos em Quintana, fazendo uma incursão

pelo poético para comprovar que o autor não se prendeu a nenhum estilo literário, muito embora,

tenha se deixado contaminar pela beleza surreal como meio de buscar a liberdade da criação,

fugindo das limitações impostas pelas chamadas escolas literárias. Por isso, o autor caminhou

na contramão da sociedade material. Assim, seus poemas exploram sonhos, fantasias, visões e

alucinações.

Palavras-chave: Mario Quintana. Imaginário. Poesia.

6. A PERFORMATIVIDADE, VOZ E POESIA EM O RIO E CÃO SEM PLUMAS DE JÕAO

CABRAL DE MELO NETO

AUTOR(ES): Ana Maria Carrijo Barbosa (PUC Goiás)

A presente pesquisa tem como objetivo a análise da trajetória poética e a formação do eu lírico

nos poemas “O Rio” e “Cão sem plumas”, de João Cabral de Melo Neto, na dimensão da

performance, da voz, da oralidade e do ritmo. O trabalho será fundamentado de forma analítica

e serão realizadas pesquisas bibliográficas que se relacionam à teoria poética, à

performatividade, à voz, a oralidade e ao ritmo, principalmente nos teóricos Hugo Friedrich

(1978), Otávio Paz (1982), Paul Zumthor (1993; 2000). Percorrendo os 960 versos do poema

“O Rio” e os quatro blocos ou partes (Paisagem do Capibaribe I, Paisagem do Capibaribe II,

Fábula do Capibaribe e Discurso do Capibaribe) de “Cão sem plumas”, eles serão examinados

na dimensão dos sentidos, da voz e da oralidade através dos tempos até a visão da possível

transfiguração do real, características dos poemas Cabralinos. Também, a pesquisa tem como

proposta estudar a performance originária da voz e da oralidade dos textos de Cabral, de forma

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a demonstrar que as obras carregam a força do movimento corporal exterior ou interiormente

manifestados no ato da leitura, cuja voz anuncia todos os aspectos que possibilitam agregar a

corporeidade dos poemas. No primeiro capítulo da dissertação, serão tratados os aspectos

referentes à trajetória no mundo da poesia. No segundo capítulo, será analisado o poema “O Cão

Sem Plumas” cuja enunciação será feita através do seu curso poético e performático. No terceiro

capítulo, será analisado o poema “O Rio” em sua personificação. “No princípio era o verbo”. E

o verbo se fez Rio: A voz e a letra em meio ao percurso das águas.

Palavras chave: Oralidade. Performance. Voz.

7.LITERATURA, IMAGINÁRIO E PERFORMANCE

AUTOR(ES): Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC Goiás)

A proposta desse estudo é realizar reflexões e diálogos sobre a performance na Literatura, de

maneira especial, no texto poético, desde seu conceito originário fazer, concluir, formar, dar

forma, estabelecer, cumprir, executar, conseguir, também iniciar ou levar uma ação ao sucesso

movida pela ação da palavra poética que conduz o ser humano para o mundo do imaginário,

leva o homem a sentir e contemplar o mundo com intensidade, filosofar, e portanto, encaminha

o ser a uma passagem para um poético mágico, para uma alquimia verbal, para uma descoberta

da magia e do poder das palavras. A poesia efetua esse retorno sempre renovado. O poeta é

aquele que perfura os mananciais, tomando os vocábulos como palavras dizentes. Seu caminho

não vai além das palavras; ele caminha entre elas, de uma a outra, escutando-as e fazendo-as

falar. O retorno opera-se no intervalo do silêncio, que vai de palavra a palavra, quando o poeta

nomeia o discurso dizente e diz o indizível. O poeta serve-se das palavras como teclas”, desperta

nelas forças que a linguagem cotidiana ignora; Mallarmé falará do “piano de palavras”. Contra

a poesia anterior, que dispunha “seu sortimento numa ordem facilmente compreensível”. Esta

poesia é pela tensão entre a função poética e a função metalinguística (performativa) e instiga o

receptor para um instante de pasmação e, de sua literariedade, produze a elevação da língua à

sua função máxima, sua pluralidade sêmica. E, em silêncio, expressa: eu sou língua II, não sou

língua I, sou arte.

Palavras-chave: Literatura. Poesia. Performance e imaginário.

Simpósio 1 - Literatura, Imaginário e Performance

Coordenação: Prof. Dr. Paulo Petronílio Correia (UnB/UFG), Prof. Dr. José Fernandes (UFG)

Sala 209

1. REPRESENTAÇÕES DO HOMOEROTISMO MASCULINO EM “UMA LEVE SIMETRIA”,

DE RAFAEL BÁN JACOBSEN

AUTOR(ES): Edimar Pereira da Silva (UEG)

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O romance Uma leve simetria (2009), de Rafael Bán Jacobsen, apresenta-nos a representação

da homossexualidade masculina, ao discorrer sobre o centro dramático do amor entre Daniel e

Pedro, tematizando o sentido formativo da memória e de seus modos de figurar o espaço vivido,

ou seja, a ambientação da história de uma comunidade judaica real cujos membros são

seguidores. O estudo de análise literária no campo da afetividade, identificada na obra Uma leve

simetria (2009), de Rafael Bán Jacobsen, com o objetivo de investigar as contribuições da obra,

no viés da análise psicanalítica em Freud (2011), para uma reflexão que possibilite romper com

os tabus e preconceitos presentes na sociedade patriarcal, referentes a questões ligadas à

homoafetividade, assim como identificar a necessidade da utilização da arte literária e a

renovação das formas de interpretação da realidade como ferramenta de debate ético, sobretudo,

no contexto de hegemonia cultural. Trata-se de um trabalho crítico-analítico que toma como

referência os pressupostos teóricos formulados por autores como Almeida (2007); Canclini

(2005); Costa (1995); Marcuse (1968); Schopenhauer (2000); Platão (1987); Freud (2001), entre

outros de igual relevância para nossa investigação. Com relação ao estudo dos comportamentos

e, consequentemente, das relações de afetividade e representações da (homo)afetividade,

embasamos nossas reflexões em Hall (1999); Foucault (1999) e Bataille (2004), assim como em

teorias e fundamentações da psicanálise, psicologia e antropologia, a fim de acrescentar à

discussão aspectos que se manifestam no viés sociocultural. Para o desenvolvimento da

pesquisa, que terá uma abordagem a partir da análise literária e revisão teórica, ou seja, da leitura

de textos de orientação teórico-literária, torna-se necessária a utilização de um trabalho de

referencial bibliográfico, em que se preconiza a utilização de livros, artigos, periódicos, sites, a

fim de se delimitar melhor o objeto em estudo, no caso, a poética da afetividade pautada na

representação do homoerotismo masculino em Uma leve simetria (2009), de Rafael Bán

Jacobsen. É uma pesquisa de caráter qualitativo e de natureza analítico-descritiva que terá como

base um referencial bibliográfico a respeito da temática e dos objetivos propostos.

Palavras-chave: Literatura. Psicanálise. Homoerotismo.

2. A MULHER CIGANA EM: LA GITANILLA, CARMEN E ESAÚ E JACÓ

AUTOR(ES): Ianny Lima Maia (Universidade Estadual de Montes Claros –

UNIMONTES)

O objetivo deste trabalho será a análise da representação da mulher cigana nas obras La

Gitanilla, de Miguel de Cervantes; Carmen, de Prosper Mérimée, e do romance Esaú e Jacó, de

Machado de Assis. Estas mulheres ciganas simbolizam uma classe duplamente marginalizada,

sendo elas a feminina e a cigana. Estas personagens aproximam-se e distanciam-se em vários

pontos – aproximam-se na beleza, no mistério que as envolvem, na sabedoria, e por outro lado,

distanciam-se na postura feminina, na sexualidade, na honestidade, dentre outros aspectos .

Todavia, a importância atribuída a cada uma das personagens Preciosa, Carmen, Cartomante e

Bárbara tornam-nas representantes não apenas de um gênero, mas da literatura. Para cumprir os

objetivos propostos, foram usadas as teorias dos seguintes autores, sejam eles: Willi Hirdt

(1984), Luisa López Grigera (1994), Frans Moonen (2012), Dimitri Fazito (2006) e John

Gledson (1991), a fim de subsidiar a análise desta pesquisa. Embora esta ainda esteja em

andamento, pode-se perceber que estas representações que nos levam a pensar mais sobre este

povo tão temido, misterioso e marginalizado, além de terem sido escritas em períodos históricos

e literários distintos, a figura cigana vêm trazer vozes e dizeres que irão ecoar durante as obras.

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Dizeres estes que, segundo cada autor dá voz a elas, o tono de criticidade também poderá ser

analisado no discurso das personagens. Pretende-se, portanto, destacar, principalmente, as

ciganas representadas por Machado de Assis, que foi leitor de Miguel de Cervantes e de Prosper

Mérimée, e que, logo, trouxe traços e resquícios dessas leituras para sua escrita.

Palavras-chave: Mulher. Cigana. Sedução. Misticismo.

3. DIÁLOGOS EXTEMPORAIS: UMA LEITURA DE ALEXANDRE DUMAS FILHO E

MODESTO CARONE

AUTOR(ES): Rayane Arantes Santos (Universidade Estadual de Montes Claros –

UNIMONTES)

O objetivo deste trabalho será a análise da relação entre a personagem Ana Baldochi, da obra

Resumo de Ana, de Modesto Carone, com Marguerite Gautier, personagem de Alexandre Dumas

Filho, em A Dama das Camélias. Para a análise, selecionamos os seguintes elementos das duas

narrativas: a história de vida das personagens principais, a morte das duas por tuberculose e a

referência à opera La Traviatta, de Giuseppe Verdi, a fim de entender até que ponto esses

elementos podem ser articulados entre si. Para o desenvolvimento deste, foram usadas as teorias

dos autores Julia Kristeva (1980), Mikhail Bakhtin (2008), dentre outros, a fim de subsidiar a

análise desta pesquisa. Podemos, inicialmente, perceber que, embora os autores estejam em

contextos diferentes, suas obras apresentam elementos convergentes.

Palavras-chave: A Dama das Camélias. Resumo de Ana. Intertextualidade.

4. SOUSÂNDRADE AMERÍNDIO: UMA LEITURA DESCOLONIZADORA DO GUESA

AUTOR(ES): Ruth Aparecida Viana da Silva (IFRO/UNIR)

Busca-se vislumbrar os ecos ameríndios na produção sousandradina, no intuito de perscrutar as

fontes utilizadas pelo poeta e a sua contribuição para o universo da matriz dos cantos ameríndios

em solo amazônico. Para compor O Guesa, Sousândrade escolheu um mito derivado dos

muíscas, uma das culturas ameríndias da Colômbia, e elegeu, assim, o viés da tessitura que deu

corpo ao seu discurso poético. Segundo Risério (1993), qualquer conversa sobre poéticas

indígenas da Amazônia tem que passar por Sousândrade. Na voz do Guesa, o convite: “Vinde

ver a transição dolente/ Do passado ao porvir, neste presente! Vinde ver do Amazonas o

tesoiro...” (Canto II, p. 77). E, para ver os “ecos do passado/Ao longe esvaeceram. Do

presente/Encantando o viver” (Canto VIII, p. 248), tem-se o registro de um canto ameríndio de

resistência em uma sociedade que legitimava a dizimação com uma retórica indianista de uma

nação unida e integrada de índios. Seguindo a trilha da pesquisa teórico-crítico-analítico,

priorizar-se-á a pesquisa bibliográfica no intuito de explicar o problema a partir de referências

publicadas e analisar as contribuições sobre a temática abordada. No referencial teórico-crítico,

a abordagem proposta por Candido (2010); Treece (2008), Ricupero (2004), irmãos Campos

(1982); Lobo (1986); Cuccagna (2004), Hobsbawn (1997), Memmi (1989), Said (2009), Risério

(1993), dentre outros. Nesse sentido, o artigo busca soprar as cinzas da memória e manter as

brasas acesas, catando os cacos dos sonhos para engrandecer a vida e não sufocar o mito e a

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poesia (Adaptação de fragmentos de Elias José – Ao pé das fogueiras acesas (2008) e Boff –

Brasas sobre cinzas (1999). Assim, dos precedentes do fenômeno indianista no Brasil aos ecos

ameríndios que repercutem na sincronicidade histórico-literária da produção sousandradina. E,

como resultado, espera-se apontar as contribuições deste poeta para as reflexões interculturais

na Amazônia pelo viés da leitura descolonizadora da produção literária e dos ecos ameríndios

sousandradino.

Palavras-chave: Ameríndio. Transcriação. Transculturação. Resistência.

5. HAMLET, IMAGINÁRIO E PERFORMANCE

AUTOR(ES): Edlúcia Robélia Oliveira de Barros (UFG)

Este trabalho estabelece diálogos entre a tragédia Hamlet, Príncipe da Dinamarca (1600-1601),

do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616), a etimologia do termo performance

(que apresenta o sentido de completude e processo) e algumas noções de imaginário, dentre elas,

a do professor francês Gilbert Durand (1921-2012), presente em O Imaginário: Ensaio acerca

das ciências e da filosofia da imagem (1999).

Palavras-chave: Hamlet. Performance e imaginário.

6. DELEUZE: O EXU PERFORMÁTICO DA DIFERENÇA

AUTOR(ES): Paulo Petronílio Correia (Unb/UFG/EMAC)

O que se propõe é estabelecer as possíveis zonas de vizinhanças entre o pensamento nômade de

Gilles Deleuze, a performance e a diferença. Deleuze é considerado o pensador que faz monstros

nas costas da tradição, enrabando-a, pegando-a por trás. Ele é visto e lido como um pensador da

diferença na medida em que cria uma linguagem hermética, cujo móbil de sua filosofia é a

criação e a invenção de conceitos. Ele é o exu da diferença por turbilhonar os vivos, por

embaralhar os códigos e proliferar um pensamento por vir. De tradição nietzschiana, Deleuze

arrasta o pensamento para a errância e para fora da representação clássica. Desse modo, não

somente Deleuze, como Foucault e Derrida podem ser considerados pensadores da diferença

que criam um novo ethos e uma nova forma de pensar o mundo da vida. Sua relação com a

literatura é uma preocupação com o devir da vida e com o surpreendente pluralismo dos signos

emitidos pela arte. É em busca da criação e da invenção de novas possibilidades de vida que

Deleuze se coloca como pensador do puro devir. Com isso, arrasta o pensamento para fora dos

sulcos costumeiros da linguagem. Exu, como expressão fálica e caótica, é esse signo da

diferença que é nômade, errante, trapaceiro, malandro, deus-diabo, imanência pura. Fluxo e

corte permanente. É impossível separar a arte da vida. A performance é um acontecimento na

encruzilhada, no “entre”, no “meio”. É a desterritorialização absoluta. A arte e a vida são amigas

íntimas da performance. Harmonizam-se na medida em que nos dão possibilidades para inventar

novos modos de vida e, ao mesmo tempo, eternizá-la. Ser performer não é simplesmente

dominar uma arte, uma técnica, saber dançar, cantar, mas acima de tudo, saber fazer uso do

pensamento e mergulhar nas profundezas de si e do outro. O performer como pensador deve ser

capaz de fazer o novo emergir a cada instante. Isso se chama inventar. O resto é performance.

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Palavras chave: Diferença. Performance. Arte. Imanência. Deleuze.

Simpósio 2 - Pós-Colonialismo, Insólito e Memória nas Literaturas Brasileira e Africana de Língua Portuguesa

Coordenação: Prof. Dr. Iêdo de Oliveira Paes (UFRPE/PUC Goiás -Bolsista PNPD-CAPES), Prof. Dr. Sávio Roberto Fonsêca de Freitas (UFRPE/UFPB - Bolsista PNPD-CAPES), Prof.ª Dr.ª Vanessa Neves Riambau Pinheiro (UFPB).

Sala 303

1. CARTAS EM FOLHETIM: A CONFIGURAÇÃO DE HELENA (1876) DE MACHADO DE

ASSIS

AUTOR(ES): Raquel Cristina Ribeiro Pedroso (UNESP/Assis-SP – FAPESP)

Helena (1876) é uma leitura permeada de cartas, bilhetes, monólogos e o testamento – o grande

responsável pelo desenrolar da trama. Machado teceu uma narrativa voltada à configuração do

caráter da protagonista indicando possíveis sinais de que o leitor poderia surpreender-se ao

conhecer, de fato, quem seria esta “moça com predicados e atitudes próprias a atrair a atenção

de todos”. Perceber uma narrativa com a presença de cartas é também se atentar para as

possibilidades de mudanças de atitudes, do cenário, do tempo e da subjetividade dos

personagens. Helena mostra-se à medida que o leitor percebe os movimentos que a personagem

faz entre o ato de ver e de ser vista, um desejo de “parecer ser” diante dos olhos alheios. A partir

da interpretação das cartas, a ação desenrola-se, os conflitos intensificam-se e o jogo de

dissimulação fundamenta-se.

Palavras-chave: Folhetim. Helena. Romance-folhetim. Escrita machadiana.

2. NOÉMIA DE SOUSA E SÓNIA SULTUANE: VOZES QUE SE CRUZAM NA POESIA

MOÇAMBICANA

AUTOR(ES): Sávio Roberto Fonseca de Freitas (UFRPE/PNPD-CAPES/PPGL-UFPB)

O objetivo de nosso estudo é analisar dois poemas: “Negra”, inserido na coletânea de poemas

Sangue Negro (1988), da escritora moçambicana Noémia de Sousa(, poetisa da fase nacional da

poesia moçambicana, a qual é considerada por Nelson Saúte (1988, p. 11) como a mãe dos

poetas moçambicanos, a primeira mulher a escrever em Moçambique e delimitar o território da

autoria feminina no referido país, cujo campo minado pelas tantas invasões, é palco para o eco

de vozes militantes que, sob a metamorfose do verso combate, dá espaço a uma poesia feminina

solidária ao movimento da moçambicanidade e precursora de uma literatura feita por mulheres

engajadas com o propósito de dar visibilidade a um Moçambique que escreve e inscreve no

feminino; e “Africana”, publicado na coletânea de versos Imaginar o poetizado (2006), da

poetisa contemporânea Sónia Sultuane, mais uma voz feminina que vem compor o elenco de

mulheres escritoras em Moçambique. O lirismo e o feminismo dão um toque especial à produção

literária da referida poetisa que nada deixa a desejar em relação ao grupo de mulheres escritoras

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que compõem o cenário da literatura moçambicana do pós-independência. Em ambos os poemas

vamos encontrar problematizações de raça, classe e gênero que, sob o respaldo dos estudos

culturais, possibilitar-nos-á uma reflexão sobre literatura e identidade cultural na poesia

moçambicana feita por mulheres.

Palavras-chave: Noémia de Sousa. Sónia Sultuane. Poesia Moçambicana de Autoria Feminina.

Identidade Cultural. 3. VESTÍGIOS DE MEMÓRIA E RASURAS DO ESQUECIMENTO EM ANTES DE NASCER

O MUNDO, DE MIA COUTO

AUTOR(ES): Vanessa Neves Riambau Pinheiro (UFPB)

A obra Antes de nascer o mundo, do autor moçambicano Mia Couto (2008), retrata o dilema do

personagem Silvestre Vitalício que, após o suicídio de sua esposa, decide apagar o passado e

isolar-se do resto do mundo ao lado dos filhos. A memória, na obra, aparece como fio condutor

a partir do qual todos os elementos narrativos irão se interligar. Mia Couto entrelaça e coloca

em tensão duas histórias: em uma, a voz é a de um moçambicano, que luta pelo direito ao

esquecimento e pela ressignificação da própria identidade; na outra, a voz é a de uma mulher

portuguesa que busca, na África, os vestígios de seu marido, bem como de si mesma. A tensão

entre memória e esquecimento, neste caso, ganhará sentido na definição do devir dos

personagens. Dessa forma, para além da história pessoal dos personagens, o contexto histórico-

social do país impõe-se, como representação desta macro-história residual que permanece como

subjacente à história atual do país. O passado, por mais que se tente esquecê-lo, é rememorado,

pessoal e coletivamente. Para embasar este trabalho, recorreremos ao conceito de memória

coletiva de Halbwachs (2006) e de esquecimento de Ricoeur (2012), além de Anderson (2002),

Said (2003) e Hall (2006).

Palavras-chave: Mia Couto. Memória. Esquecimento.

4. HISTÓRIA E MEMÓRIA NO ROMANCE NAÇÃO CRIOULA, DE JOSÉ EDUARDO

AGUALUSA

AUTOR(ES): Rafael de Souza Alves (UNESP – ASSIS)

Escrito por José Eduardo Agualusa, Nação Crioula (1997) retoma a personagem Carlos

Fradique Mendes, criação conjunta de Eça de Queirós, Jaime Batalha Reis e Antero de Quental

e protagonista do romance A correspondência de Fradique Mendes (1900), e apresenta, através

de uma seleção de cartas por ele escritas, a história de suas viagens por África e Brasil na

segunda metade no século XIX. Em sua passagem por Luanda, em que fica hospedado na casa

do coronel Arcénio de Carpo, Fradique Mendes conhece Ana Olímpia e passa a ter contato com

o cotidiano da realidade angolana e com a questão do tráfico de escravos. Obrigados a deixar o

país, decidem fugir para o Brasil, onde continuam sua luta contra a escravidão. A relação entre

história e literatura e a questão da memória, aspectos presentes no romance, são os pontos que

este trabalho pretende analisar.

Palavras-chave: Literatura angolana. Nação Crioula. Memória. História. Fradique Mendes.

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5. ENTRE O LEMBRAR E O IDENTIFICAR-SE: INTERFACES DA MEMÓRIA EM

FRAGMENTOS DA OBRA DE LYA LUFT

AUTOR(ES): Iara Christina Silva Barroca (UFV)

Este trabalho propõe uma breve análise sobre as interfaces da memória em fragmentos da obra

de Lya Luft. Nessa perspectiva, a memória configura-se como elemento especial na constituição

das narrativas da autora, uma vez que, em seus romances, especialmente, podemos sentir os

efeitos que essas memórias corporificadas suscitam, enquanto elementos narrativos. A força da

imaginação estritamente criativa parece transcender o espírito da lembrança para se transfigurar

em seres / personagens mais vívidos, ainda que sejam reconhecidos, simplesmente, como seres

de papel. Personagens, estes, muitas vezes marcados pela diferença que se expressa a partir da

constituição de um corpo que os adorna. A memória, aqui, não se nos apresenta somente como

um elemento constitutivo de veracidade junto aos fatos: ela transcende o limite criativo do real

e do verossímil.

Palavras-chave: Lya Luft. Memória. Narrativa. Contemporaneidade.

6. DESAUTOMATIZAÇÃO, LUDICIDADE E ESTRANHAMENTO NA POÉTICA DE

MANOEL DE BARROS

AUTOR(ES): Maria Lúcia Colombo (PPGMEL – UNIR/IFRO)

O objetivo deste trabalho é refletir sobre a desautomatização, a ludicidade e o estranhamento na

poética de Manoel de Barros como vertentes para a inauguração do mundo das coisas e da

linguagem e da presença, por vezes, do insólito. Considera-se nesse estudo que Barros introduz

na construção dos seus poemas um linguajar próximo da oralidade e retira as palavras dos seus

sentidos utilitários e marginais, possibilitando uma gama de associações que desautomatizam a

língua. O processo criacional barrense acontece por meio do uso de metáforas que inauguram o

universo poético e instauram, de certa forma, uma ruptura com a tradição, introduzindo o

grotesco, no qual os seres desprezíveis e as coisas desimportantes tornam-se matéria de poesia.

Podemos afirmar que o estranhamento dá-se pelo descumprimento das regras gramaticais pela

metamorfose das palavras, no sentido de inovar quanto aos significados e na transmutação dos

seres, que causam surpresa no leitor. A importância da ludicidade destaca-se pelo fato de

permitir experimentar novas associações sem a preocupação de estar sempre acertando,

característica do período da infância, temática recorrente na obra de Barros. Esses aspectos são

analisados à luz dos autores Hugo Friedrich, Victor Chklovski e Afonso de Castro. Pretende-se,

durante a comunicação, discorrer sobre as características da obra barrense e exemplificar os

aspectos referidos por meio da análise de poemas.

Palavras-chave: Poesia. Desautomatização. Ludicidade. Estranhamento.

7.RESGATE DA MEMÓRIA CULTURAL E LITERÁRIA DE AUTORIA FEMININA EM

JORNAIS PARAIBANOS DO FIM DO SÉCULO XIX

AUTOR(ES): Ana Patrícia Frederico Silveira (IF Sertão Pernambucano)

Este estudo procura fazer o resgate da memória cultural do século XIX, tomando como base os

jornais que eram produzidos e circulavam na Paraíba, no período supracitado, em especial o

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recorte temporal de 1850 a 1889, observando como tais veículos de comunicação apresentavam

os textos literários e se estes eram escritos por mulheres. De posse dos textos de autoria

feminina, nossa intenção agora é investigar quais os temas mais comuns apresentados por elas

e se estes estabeleciam alguma relação com os fatos históricos que permearam a época e o

cenário da Paraíba. Desta maneira, a literatura será entendida aqui com uma função que

ultrapassa a arte por ela mesma, visto que a literatura terá um olhar voltado a uma representação

social, apontando a importância que houve dos jornais e periódicos daquela época para a

divulgação e popularização da literatura, contribuindo, sobremaneira, para a formação de

leitores. Para fundamentar essa pesquisa, tivemos como fontes teóricas ABREU (2003),

ARISTOTELES (1996), BARBOSA (2007), BURKE (1992), CANDIDO (1975), CERTEAU

(2006) (1996), CHARTIER (2001) (1991), LE GOFF (1994), ZILBERMAN (2003), entre

outros.

Palavras-chave: Memória. Cultura. Jornais. Século XIX. Paraíba.

8.O IMAGINÁRIO DA MORTE E DAS ÁGUAS EM LYA LUFT E LÊDA SELMA

AUTOR(ES): Iêdo de Oliveira Paes (UFRPE/ PNPD-CAPES-PUC-GO)

A literatura contemporânea de autoria feminina cada vez mais se reconfigura no cenário nacional

e coloca-nos diante de grandes escritoras que trazem à tona as dores e os lamentos da

contemporaneidade. Mergulhadas em águas revoltas, sombrias e grotescas, Lya Luft e Lêda

Selma são pródigas em nos colocar diante de cenários lúgubres, insalubres e trágicos. De um

lado, lá do Sul, precisamente de Santa Cruz do Sul, encontramos a voz luftiana que se inicia nas

teias poéticas em 1964 com o livro Canções de limiar e presenteia-nos com O tempo é um rio

que corre (2014), recém saído do forno literário; do outro extremo, das terras das igrejas, das

águas salgadas de Iemanjá e dos rios de Oxum, selamos encontro com Lêda Selma, escritora

baiana de Urandi, que adotou o cenário goiano para tecer o seu fio literário. A sua incursão pela

literatura começa no ano de 1986, com o livro de poesia intitulado Das Sendas à Travessia. A

fluidez da existência muitas vezes é traçada e confundida com seivas de mistérios, de morte e

de dor. Regalias recorrentes num fio literário cheio de surpresas em cada esquina de versos e

linhas narrativas. Tanto Lya Luft quanto Lêda Selma potencializam a Morte e as Águas em suas

tessituras. Para a nossa análise, elencamos alguns textos e fragmentos em três livros das autoras.

Na teia luftiana, devassaremos os seguintes romances: Reunião de Família, O Ponto Cego e A

Sentinela; nas veredas ledianas, debruçaremos o nosso olhar nos fios poéticos dos livros À

Deriva, De Sombras e Sobras e De Sinas e Ceias. Os suportes teóricos serão cotejados pelas

observações teóricas de Homi Bhabha, Zygmunt Bauman e Gaston Bachelard.

Palavras-chave: Autoria feminina. Contemporaneidade. Imaginário.

9.0 A INSERÇÃO DE UM NOVO OLHAR: CATOLICISMO OFICIAL ASSOCIADO AO

CATOLICISMO POPULAR - TRINDADE/GO

AUTOR(ES): Karine Monteiro da Silva (UEG - Silvânia

Este trabalho faz uma breve descrição da suposta origem do fenômeno do Divino Pai Eterno em

Trindade/ GO ainda no contexto do campesinato, identificada como Romaria de Barro Preto.

Discorre como ele se desenvolveu ao longo dos anos, e manteve-se culturalmente vivo até hoje,

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como uma manifestação popular em ascensão que toca o coração/sentimento e o imaginário de

milhares de féis ao oferecer algum significado e ao se configurar como sagrado e inquestionável.

Nesta caminhada histórica são apresentados alguns dados da última festa de 2014 como uma

manifestação atual do “tempo sagrado”. Em seqüência, relata o processo -inicialmente não

muito amistoso- de como O Catolicismo Oficial tenta cooptar o Catolicismo Popular do Divino

Pai Eterno. Indica que, com o tempo, a Igreja Católica Oficial tem se configurado no município

com outro olhar: como uma instituição necessária burocraticamente, mas ao mesmo tempo

aliada aos anseios sociais e políticos dos “leigos”. O desempenho da Igreja Católica, se legítima

ao desenvolver métodos de administração, que através do simbólico religioso estrutura uma

relação de poder e de geração de riquezas conduzidos a partir do Catolicismo Popular. Portanto,

nenhum desses dois agentes podem se classificar como passivos, e sim ativos neste contexto

religioso. A religião por sua vez, não se configura meramente como um produto cultural das

sociedades humanas e nem um fenômeno isolado, independente, uma vez que serve como meio

capaz de criticar, duvidar e até mesmo, derrubar uma ideologia existente.

Palavras-chave: Catolicismo Oficial; Catolicismo Popular; Imaginário; Significado.

Simpósio 2 - Pós-Colonialismo, Insólito e Memória nas Literaturas Brasileira e Africana de Língua Portuguesa

Coordenação: Prof.ª Dr.ª Lacy Guaraciaba Machado (PUC -Goiás), Prof.ª Dr.ª Maria Gabriela Fernandes da Costa (UFAL).

Sala 309

1. MODOS DISCURSIVOS NO ESPAÇO FICCIONAL DE MIA COUTO E JOÃO UBALDO

AUTOR(ES): Lacy Guaraciaba Machado (PUC Goiás)

Esta comunicação consiste no estudo das obras: Terra sonâmbula, de Mia Couto, e Viva o Povo

Brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro. O estudo tem como suporte teórico básico as formulações

de Erich Auerbach, Hannah Arendt e E. M. Meletínsk, complementando-se com os estudos de

Carlos Rodrigues Brandão e outros. Pretende-se abordar, comparativamente, narrativas literárias

do Brasil e de Moçambique. São observados procedimentos narrativos em que as personagens

se inscrevem, com ênfase na temática: identidade e representação. São, portanto, exploradas

imagens poéticas próprias das obras selecionadas, que manifestem de traços da nacionalidade

dos personagens representados, discursivamente em variados e complexos modos de

organização do discurso por meio do qual fica relacionada a consciência de nacionalidade dos

povos de língua portuguesa, que buscam a sua autoafirmação pelo viés literário.

Palavras-chave: Consciência nacional. Identidade. Modos de representação. Personagem.

2. MUNDO DA LUA: UMA GAVETA DE ESCRITOS ALUADOS

AUTOR(ES): Ozana Aparecida do Sacramento (IF Sudeste MG)

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O controverso escritor paulista Monteiro Lobato desempenhou papel significativo no contexto

cultural brasileiro até meados do século XX, uma vez que, além de tradutor e editor, polemista,

deu corpo à literatura infantil nacional. Mas Lobato também se dedicou à chamada ficção adulta.

É neste “compartimento” da escrita lobatiana que se insere Mundo da Lua, publicado

originariamente em 1923. Trata-se, como alguns críticos denominam-no, de um diário da

juventude. Esta obra híbrida traz uma série de pequenos acontecimentos que fazem referência à

fictícia cidade de Oblivion, onde, provavelmente, viveu o “escritor-diarista”, antes de se mudar

para Marte, ou seja, desaparecer. Neste diário, temos reflexões acerca de assuntos variados, dos

mais corriqueiros, à escrita e à arte em geral, dos sentimentos e pequenos quadros vividos. Na

“Justificação” da obra, o narrador-editor diz que se trata de “Gaveta de sapateiro d’um menino

que prometia” (LOBATO, 1923:6). Ou seja, neste diário cabe de tudo: os mais variados temas,

formatos diversos como causos, reflexões, diálogos, crítica. Neste conjunto de textos, há uma

quebra do gênero diário íntimo em aspectos recorrentes como os liames cronológicos e a

centralidade de um eu que registra suas experiências. Assim, o diário configura-se como a

simulação de um eu confessional, Hélio Bruma, o aluado “amigo” do editor, sendo escrita

ficcional. Neste trabalho, pretendemos verificar esse trânsito entre o confessional e o ficcional,

bem como este hibridismo que a obra lobatiana apresenta.

Palavras-chave: Diário. Hibridismo. Ficção. 3. O HIBRIDISMO LITERÁRIO SOBRE AS AREIAS DA BAHIA: UM OLHAR EM

CAPITÃES DA AREIA E MAR MORTO, DE JORGE AMADO

AUTOR(ES): Denise Dias (IFAM) e Maria Teresinha Martins do Nascimento (PUC-GO)

Este trabalho apresenta as concepções modernas e, ainda, os procedimentos estéticos literários

a fim de melhor compreendê-los. Além disso, estuda os processos de hibridização nos romances,

Mar morto (1936) e Capitães da areia (1937), de Jorge Amado. As relações de identidades,

representações e de produção cultural foram elucidadas numa contribuição sociológica a par de

um estudo fenomenológico, estrutural, hermenêutico, baseado principalmente na teoria de

hibridismo de Homi K. Bhabha, Mikail Mikhailovitch Bakhtin, Nestor Canclini, Stuart Hall e,

na teoria literária, de Antonio Candido, Alfredo Bosi, Irlemar Chiampi, entre outros. A

metodologia de natureza qualitativa apoiou-se no raciocínio por dedução. Os textos do autor

foram analisados como narrativa transcultural respeitando as cosmogonias das religiões,

ancorado na teoria do imaginário, justificada pelo aporte cultural e antropológico enriquecendo

a analise, o que possibilita um enfoque mais abrangente. A reflexão levou à percepção de que

os textos construíram um universo literário mesclado, híbrido, que estimulou a leitura profunda

das identidades brasileiras contemporâneas e, para interpretá-los foi necessária uma ação

intercultural, e interdisciplinar aproximando-os do reflexo da realidade social, da miscigenação,

e do hibridismo cultural. Por isso, os estudos culturais são necessários nessas obras literárias

como maneira de ampliar os horizontes das análises, já que as influências sociais e as relações

de poder são enfatizadas.

Palavras-chave: Hibridismo. Identidade. Imaginário. Jorge Amado.

4. GRANDES CASAS DE PEDRA: O CORPO, A TERRA E A MEMÓRIA NA FICÇÃO DE

CHENJERAI HOVE

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I CONGRESSO INTERNACIONAL DE LITERATURA E CULTURA DA PUC GOIÁS

AUTOR(ES): Gustavo Santana Miranda Brito (UFG)

O presente trabalho pretende analisar as relações estabelecidas entre o Corpo, a Terra e a

Memória em três romances do poeta e romancista Zimbabuense, Chenjerai Hove: Bones (1988),

Shadows (1991) e Ancestors (1996). O estudo dos romances revelou a profunda relação que os

habitantes da antiga Rodésia, hoje Zimbábue, tinham com suas terras e com seus ancestrais. O

objetivo deste trabalho é apresentar as profundas mudanças que ocorreram na cultura da etnia

Shona, depois da chegada dos colonizadores e missionários, no final do século XIX. A

perspectiva adotada por esta crítica observa em cada um dos corpos dos personagens nativos

uma intensa luta entre duas forças desequilibradas, que costumavam ser o fundamento da

realidade ancestral do Zimbábue. De um lado, tem-se a Terra considerada sagrada por seu

aspecto místico. A Terra que carrega os cordões umbilicais de todos os recém-nascidos e os

ossos de todos os que já se foram, ela é a casa dos ancestrais, chamada por eles de País. Do outro

lado, estão os ancestrais, responsáveis pelo acúmulo de conhecimento. Os ancestrais

representam a memória coletiva do povo Shona; eles conectam os indivíduos à natureza através

de sua transcendência. Com os Ancestrais, cada Shona pode conversar com a terra e ser escutado

através dos ouvidos místicos de seus pais espirituais. No entanto, quando chegam os

colonizadores, chamados de aqueles sem joelhos, por causa de suas calças, eles impuseram,

através da violência, uma cultura totalmente nova para aquele modelo ancestral de existência.

Esta dissertação avalia as consequências da imposição da cultura do colonizador, presente em

cada página de todos os romances, o que causa a perda das tradições religiosas locais,

comportamentos morais profundamente enraizados, técnicas de manejo da terra, e tantos outros

aspectos da cultura colonizada. Para o Corpo, a violência física, a imposição da língua inglesa e

a proibição dos dialetos locais. Para a Terra, novas técnicas de cultivo do solo e de manejo de

animais, direcionadas para o lucro. Para a Memória, a imposição do Cristianismo. Por causa

dessas feridas materiais e imateriais, as novas gerações são forçadas a recuperar sua memória

ancestral através de uma recriação atualizada de seu passado. Seguindo essa trilha, este estudo

também se dedica à observação da mulher negra zimbabuense, sendo discriminada sexual e

intelectualmente por um sistema patrilinear em uma sociedade que deve resolver seus próprios

problemas culturais de discriminação, assim como aqueles legados pela colonização.

Palavras-chave: Zimbábue. Corpo. Terra. Memória. Pós-colonialismo.

5. “ABDALA” E “OS MIMÍCOS”: DA CRISE IDENTIRÁRIA À CONSCIÊNCIA IDENTITÁRIA

DO COLONIZADO ATRAVÉS DA LITERATURA

AUTOR(ES): Amélia Cardoso de Almeida (PUC Goiás)

A literatura é uma expressão de linguagem que é utilizada tanto pelo sujeito colonizado quanto

pelo sujeito colonizador. Se este último a utilizou como um dos instrumentos de legitimação do

poder colonial, também os primeiros perceberam a possibilidade de retrucar este mesmo poder

através das escritas literárias que foram se desenvolvendo e tomando formas próprias, ao mesmo

tempo em que as nações colonizadas foram se tornando independentes, sendo, portanto, um dos

elementos basilares do movimento de independência. Assim, com a finalidade de evidenciarmos

essas representações identitárias e também percebermos ecos da obra martiana no discurso Pós-

colonial, analisaremos, ainda que de forma sucinta, o poema martiano de cunho patriótico

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“Abdala” (1869) e a obra do escritor pós-colonial V.S. Naipaul, de Trinidad e Tobago, intitulada

“Os mímicos” (2003).

Palavras-chave: Literatura. Colonização. Identidade.

6. A ESTÉTICA DA-(A)PRESENTAÇÃO DA MEMÓRIA EM INFÂNCIA DE GRACILIANO

RAMOS

AUTOR(ES): Linda Maria de Jesus Bertolino (UnB)

Este trabalho busca partilhar algumas reflexões a respeito da obra memorialista Infância, de

Graciliano Ramos, de forma a destacar nessa, a maneira estética como o escritor desenvolveu

nesse universo ficcional e autobiográfico os elementos: imagem, espaço e tempo na

reapresentação de sua memória na construção narrativa. Partindo dessa lógica, perseguiremos,

na escrita de Infância, os rastros dessa memória, de maneira a mostrar ao leitor o modo como a

re-(a)presentação desses elementos, no interior da narrativa, possibilitou a presentificação dos

acontecimentos recordados; permitindo a este penetrar na esfera do vivido, nessa

reapresentação. Contudo, para dar sustentação teórica aos fenômenos da reapresentação da

memória trabalhados nessa infância, recorremos aos filósofos Paul Ricoeur e Bergson, uma vez

que se entende que os estudos teóricos por eles desenvolvidos acerca da memória trazem em si

um traço particular: a importância da temporalidade e da espontaneidade da recordação das

imagens e dos acontecimentos narrados. Seguindo essa ideia, é que se empreende o termo

estético ao lado da defesa de re-(a)presentação, usada aqui, para dar conta da forma criativa e

presentificada de como o romancista narrou e realizou a composição dos elementos - imagem,

espaço e tempo - que concorreram para reapresentar essas lembranças de menino em terras

sertanejas. Lançando mão desse recurso estético, Graciliano Ramos registrou suas memórias,

tornando mais intensa, nesse fazer literário, a presença desse passado recordado; usando, como

fio de partida, a presentificação dos espaços vividos, das cores percebidas, do tempo, das

convivências sociais e dos receios espirituais. Este estudo destaca as presentificações das

imagens dos acontecimentos lembrados e documentados e a presentificação dos espaços e tempo

vivenciado no interior da narrativa; convidam o leitor a dividir na leitura do romance as emoções

e as recomposições dos quadros recordados nessas memórias.

Palavras-chave: Estética. Re-(a)presentação e memória.

7. DONA FLOR: SABOR E ARTE

AUTOR(ES): Lanuzza Gama Cruz (PUC Goiás)

Esta trabalho tem por objetivo analisar o romance, Dona Flor e seus dois maridos, escrito por

Jorge Amado e publicado em 1966. A análise tem como suporte conceitual personagem, sonho

e hibridização, conceitos articulados com a carnavalização da narrativa literária observados,

tendo como referência os estudos de Mikhail Bakhtin, Roberto DaMatta, Affonso Romano de

Sant’Anna, Georges Bataille e Luis Alberto Warat, entre outros, que contribuem para a

compreensão do “mundo às avessas”, centrado na pesquisa dos elementos carnavalizantes na

obra em questão e representado por meio das personagens: Vadinho, Dona Flor, Teodoro e Dona

Rozilda. O universo presente nessa obra em estudo revela um mundo que foge aos padrões

habituais de moralidade, impostos pelo sistema da época, a ditadura.

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Palavras-chave: Carnavalização. Hibridização. Personagem. Sonho.

Simpósio 3 - Artes, Literatura e Críticas Contemporâneas

Coordenação: Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Rodrigues (PUC Goiás).

Sala 304

1.A ANIQUILAÇÃO DA REFERÊNCIA

AUTOR(ES): Rodrigo Braz Muniz (PUC Goiás)

No que tange às novas abordagens sobre imagens, Jean Baudrillard é o seu mais agudo crítico.

A sua abordagem chega a ser cínica e irônica, quando ele traça definições a respeito da

perpetuação das imagens em relação à arte e à pós-modernidade. O objetivo desse resumo é

verificar como se dá a promoção da arte do resto, do resíduo, da ecologia, da poluição, do

feminismo, do homossexualismo dentro do pensamento baudrillardiano. Baudrillard comenta

em Simulacro e Simulações, que a mídia altera as informações e as imagens, as quais, nós, a

massa, não percebemos mais o sentido do real nessas estruturas, provocando, assim, a perda do

referencial ou, o que se possa definir como original. Todavia, apesar de se pensar que simulação

é uma ausência, Baudrillard infere que a simulação confere estruturas falseadas do real a fim de

compor uma imagem desse mesmo real, e isso aparece em todas as camadas de representação

tanto de pensamento quanto de imagem. A representação parte do princípio de uma analogia do

signo com o real, como uma falsa representação. Assim, a imagem perpassa por fases de

falsificação do signo: suposição da realidade profunda; disfarce e a transfiguração de uma

realidade profunda; disfarce da inexistência de realidade profunda e, por final, não há relação

com qualquer realidade: ela é o seu próprio simulacro puro. Assim sendo, ao adentrarmos o

universo artístico da modernidade, no qual a cópia é uma reprodução técnica, além da perda da

aura, como bem dizia Walter Benjamim, e associarmos ao pensamento de Baudrillard, no qual

a arte, na sua contemporaneidade, produz uma não-arte, a qual se torna arte, por se valer de

referenciais simulados do original, que já não são mais os referentes e, sim, a própria simulação

da pura arte. Desse modo, a promoção de pensamentos ou arte por meio de resíduos, resto,

poluição, feminismo, homossexualismo e ecologia – encontra-se dentro do processo de mercado

de pensamento e arte e o seu valor está definido por meio de padrões capitalistas da reprodução

mercantilista da arte e pensamento, que influenciam na teoria do desaparecimento da arte.

Palavras-chave: Simulacros. Arte. Pensamento. Desaparecimento. Representação. Simulação.

2. KAFKA E A LITERATURA MENOR: DESTERRITORIALIZANDO TERRITORIALIDADES

FORÇADAS

AUTOR(ES): Marcos Vieira da Silva – PUC – Goiás

Nos tempos atuais, ainda prevalece, nos estudos da linguagem, a ideia de que o homem é o

senhor de seu discurso. Nesta perspectiva, o sujeito é sempre causa de alguma coisa, isto é, causa

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de seu dizer. Isso se deu devido ao modo como o sistema de nosso pensamento foi configurado

na Idade Clássica. Segundo Michel Foucault, com o advento do projeto cartesiano o mundo

tornou-se “Máthesis”, uma lógica matemática, um modelo mecânico. Criam-se quadros

classificatórios para todas as áreas do conhecimento. A linguagem, enquanto categoria lógica,

enquanto procedimento que cria a imagem de um sujeito que é causa de alguma coisa, que

determina o que lhe é exterior, passa a ser a medida de todas as coisas. A literatura não escapa

do sistema dessa representação, e o homem torna-se vítima do próprio pensamento que calcula

e separa. No entanto, com o mundo cada vez mais complexo, com múltiplas possibilidades de

sentidos, com o novo modo de configuração da linguagem e do pensamento surge uma questão:

como transformar uma linguagem que classifica, numa experiência mais positiva e afirmativa

numa obra de arte? Este trabalho discute a constituição da literatura na obra A Metamorfose e

em O Processo, de Franz Kafka, dentro de uma conjuntura moderna, a partir dos pensamentos

de Guilles Deleuze, Félix Guattari, Michel Foucault e Friedrich Nietzsche. A análise

desenvolverá reflexões acerca dos conceitos de literatura menor enquanto campo de

experimentação estética.

Palavras-chave: Literatura Menor. Modernidade. Linguagem. Territorialidade.

3. AS MUTAÇÕES ESTÉTICAS NA MODERNIDADE E A CRÍTICA CONTEMPORÂNEA: O

ANIQUILAMENTO DA REFERÊNCIA

AUTOR(ES): Maria Aparecida Rodrigues (PUC Goiás)

O trabalho trata das teorias da obra de arte a partir das críticas contemporâneas, considerando as

mutações estéticas ocorridas, principalmente, na literatura e nas artes visuais, nos séculos XX e

XXI e a consequente ruptura com a noção de arte como mimese ou arte como representação. o

simpósio terá como foco os seguintes conceitos referentes à estética da existência e à criação

artística: a perda da aura, a arte da diferença e da repetição; a contracultura; a arte conceitual, a

desmaterialização, a desterritorialização e indeterminação da obra de arte contemporânea, os

simulacros e a simulação e a generalização da atitude estética. O simpósio objetiva destacar o

aniquilamento da referência e a ênfase à arte do resto, do resíduo, do excremento, do detrito, da

ecologia, da poluição, do feminismo, do homossexualismo, da loucura e, por fim, da arte da

superação e junção dos opostos.

Palavras-chave: Críticas contemporâneas. Estética. Teoria. Obra de arte. Literatura e artes

visuais.

4. A CRIAÇÃO LITERÁRIA MACHADIANA

AUTOR(ES): Marli Lobo Silva (PUC Goiás)

Este estudo volta-se para a discussão do processo de criação da obra machadiana, de forma a

entender a maneira como o autor apreende os elementos de estilo, humor, e pessimismo na sua

criação ficcional. Neste sentido, faz-se necessário pensar no processo dinâmico da criação que

envolve o leitor e o autor; é partindo desta perspectiva que o leitor é convidado a pensar o

universo machadiano dentro de uma produção literária construída a partir de uma escrita

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marcada pelo humor, estilo e pessimismo, elementos chave que respondem pelo dinamismo na

criação de Machado. A criação literária e o processo de recepção dessa criação são aspectos

relevantes da obra, e compreender esse processo consiste na assimilação desse universo

ficcional, uma vez que essa criação literária resulta de uma íntima relação com a

contextualização da obra e com os elementos intrínsecos a ela.

Palavras-chave: Criação literária. Machado de Assis. Leitor.

5. AS CICATRIZES ABERTAS PELOS RISCOS RODRIGUEANOS

AUTOR(ES): Daura Maria Guimarães Aguiar (PUC Goiás)

O presente trabalho propõe um estudo da obra Cicatrizes do Risco ou Crepúsculo das Luzes, de

Cida Rodrigues, publicada em 2001, tratando de temas que se relacionam à fragmentação do ser

no tempo e no espaço, suas lembranças da infância e a angustiante obsessão pela escrita. O ato

de escrever representa uma espécie de exorcismo do que vai por dentro deste ser que ora fala

por si mesma, através da primeira pessoa do verbo e, ora, é mostrada por um narrador onisciente,

capaz de descobrir os mais encobertos pensamentos desta personagem que não se mostra por

inteiro e não se deixa tocar. Este trabalho é, ainda, uma tentativa de revelar o estranhamento que

causa ao leitor que se depara com uma escrita típica da pós-modernidade, marcada pela mistura

de gêneros literários, transitando livremente entre a prosa e a poesia, sendo que esta se apresenta

das mais variadas formas, fazendo configurar o resultado da experimentação no uso da escrita

literária. O estranhamento provocado, logo de início, através dos “Instantes”, que abrem cada

parte da obra, será motivo de estudo no trabalho ora apresentado.

Palavras-chave: Cicatrizes do Risco ou Crepúsculo das Luzes. Fragmentação. Escrita.

Estranhamento. Pós-modernidade. Gêneros.

Simpósio 3 - Artes, Literatura e Críticas Contemporâneas

Coordenação: Prof. Dr. Éris Antônio (PUC Goiás). Sala 306 1. NA SUPERFÍCIE DE VIDRO: A NARRAÇÃO ESVANECENTE DE HOTEL ATLÂNTICO,

DE JOÃO GILBERTO NOLL

AUTOR(ES): Gilson Vedoin (PGLL-UFG/Fapeg), Jorge Alves Santana (PGLL-UFG –

Orientador)

Em Hotel Atlântico, romance publicado em 1989, João Gilberto Noll coloca em evidência as

agruras do indivíduo contemporâneo frente à problemática suscitada pelos acenos do

capitalismo global. Com uma linguagem hesitante e fragmentária, tão cindida quanto o próprio

narrador, Noll consegue especular a realidade do mundo da contemporaneidade, um universo

marcado pela diluição das fronteiras espaciais, pelo advento do mercado de bens consumíveis e

pelas identidades fraturadas. Um eixo comum que unifica as arquiteturas romanescas da

literatura inicial de Noll, presentes na sua trilogia - e que Hotel Atlântico é parte integrante –, é

a recorrência do tema da errância, uma espécie de “pulsão de fuga” (MAFESOLLI, 2001),

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engendrada pelos narradores como tentativa de rompimento aos enclausuramentos e

conformismos institucionais responsáveis pela alienação e pela falência dos fundamentos

humanísticos da modernidade, fundamentos esses que se tornaram mutáveis e obsoletos. A

corrosão da experiência (Erfrahung), aludida por Walter Benjamin, propiciada pelo anonimato,

e pela apatia decorrente dessas modificações, possibilita o afloramento de uma nova

subjetividade, que é a um só tempo individual e social, e está conectada a uma época que George

Balandier definiu como “tempo-necrológico” (BALANDIER, 1997), caracterizado por um

inventário de perdas e ausências.

Palavras-chave: João Gilberto Noll. Ficção Brasileira Contemporânea. Romance.

2. POESIA DIGITAL E SUAS RELAÇÕES SEMIÓTICAS: ARTES, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

AUTOR(ES): Flaviane Pires (PUC Goiás)

O presente estudo tem por objeto a poesia digital enquanto forma de linguagem contemporânea

tecno-artística-poética sendo esta composta por palavras, imagens, sons, formas gráficas,

elementos tecnológicos, podendo ser estes animados ou não, muitas vezes proporcionando ao

leitor interatividade constituindo-se em um texto eletrônico, um hipertexto e/ou uma hipermídia.

Via de regra, a poesia digital permeia o espaço figurado do computador (internet e rede),

utilizando os meios eletrônicos-digitais e somente existindo, e se expressando de forma plena,

por meio deles. Desta forma, estabelecem-se relações semióticas entre a poesia e a tecnologia

computacional – mediação, intervenção e transmutação – através de uma linguagem poética

formatada pela linguagem computacional, que concretamente e visivelmente está se

desenvolvendo nos meios digitais desde meados do século XX. Observamos haver uma

negociação entre poeta e tecnologia (computador, internet e rede) capaz de produzir a poesia

composta de diferentes conceitos e procedimentos variados que recebe denominações diversas

de acordo com o passar do tempo e a tecnologia utilizada e que, as ferramentas e recursos

tecnológicos rapidamente são substituídos por outros, tornando o anterior obsoleto. O ponto de

encaixe está centrado na utilização da Inteligência Artificial ou Cibernética nos processos de

criação e/ou apresentação, assistidos por uma máquina inteligente que assegura a utopia do

ciberespaço, despertando novos sentidos no leitor, provocando reações, no mínimo, curiosas e

preparando-os para a inevitável transformação em cyborgs ou pós-humanos. O que se evidencia,

através da modernização dos meios, é a descentralização do eu, a desterritorialização da arte, a

desumanização levando a questionamentos como “O que passa a ser um texto? Como ele é

produzido? Quem o produz? Onde é produzido? De que forma? Onde se situa? Como pode ser

lido e interpretado?” que já não fazem o menor sentido ou, já implicam outros sentidos. O

ciberespaço permitiu e produziu o sonho do virtual, do próximo, do sem fronteiras, do igualitário

e do sem identidade.

Palavras-chave: Relações semióticas. Poesia. Tecnologia. Desumanização. Ciberliteratura.

3. A ESTÉTICA CONCRETA DE GASTON BACHELARD APLICADA À LITERATURA

INFANTIL: ESPECIFICIDADES DE UMA VIVÊNCIA

AUTOR(ES): Patrícia Marinho Gramacho (PUC Goiás)

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A estética concreta de Gaston Bachelard fundamenta-se na crença em um sentimento humano

primitivo formado a partir de interesses orgânicos primordiais, chamados de “hormônios da

imaginação” – a água, o ar, a terra e o fogo, que caracterizam a imaginação material e dinâmica,

faculdade ontogênica, responsável pela gestação simultânea do homem e do mundo. Este

trabalho tem como objetivo descrever a aproximação da relação prazerosa da criança em processo

de hospitalização em uma Pediatria Oncológica, com a Literatura Infantil, ressaltando-se a

capacidade humana de transformar-se a partir do “maravilhamento” advindo desta visão

dinâmica do imaginário. Foram elaborados três capítulos sobre o tema. Os dois primeiros são de

cunho teórico, apresentando-se o conceito de imaginação material e dinâmica e sua interrelação

com autores afins. O terceiro, de caráter empírico, traz comentários sobre a utilização de quatro

livros específicos junto às crianças hospitalizadas ressaltando-se a presença dos elementos

materiais - água, ar, terra e fogo – neles contidos. Manteve-se, a fidedignidade na transcrição dos

atendimentos vividos por quatro crianças específicas, cujas representações construídas através

dos livros, relacionaram-se às interações entre o mundo estabelecido e o mundo transformado

pelas histórias; à ficção vivenciada como uma possibilidade de alívio das tensões hospitalares; à

literatura possibilitando a vivência da leveza pela expressão de sentimentos represados e à

repetição encadeada da história, como uma garantia da continuidade da vida, apesar das

frustrações sucessivas. Utilizando-se da poético-análise bachelardiana (BACHELARD,1988) e

de uma visão operante da psicanálise (KON,1996), valoriza-se a possibilidade da criação de

realidades singulares pela ficção, sendo estas marcadas pela herança cultural de cada um. Os

resultados confirmam a existência de uma visão poética da criança, capturada pela possibilidade

de fazê-las acreditar nesta irrupção do tempo, ou seja, o “maravilhamento” proporcionado pela

leitura. A partir desta dissertação construiu-se o livro: Labirintos do Imaginário, a interface

necessária de Bachelard e a tessitura literária infantil, mostrando-se o cotidiano hospitalar em

fragmentos. São labirintos de subjetividade que aos poucos vão tecendo a singularidade de cada

criança, permitindo a descoberta de novas saídas e encontros sobre si mesmas.

Palavras–chave: Imaginação. Material. Dinâmica. Literatura infantil. Onco-Pediatria.

Maravilhamento.

4. PERCURSO SIMBÓLICO DO ESPAÇO EM CONTOS DE MIA COUTO SOB A

PERSPECTIVA DE GASTON BACHELARD

AUTOR(ES): Maria Aparecida Porfírio/Colégio Militar de Brasília

Este trabalho tem por objetivo estudar a dimensão simbólica e a poetização do espaço em quatro

contos do livro, O fio das missangas, do escritor moçambicano, Mia Couto, publicado no Brasil

em 2009. Fizeram parte do nosso corpus os seguintes contos “Uma questão de honra”, e “A avó,

a cidade e o semáforo”, nos quais estão configurados os espaços em que se inserem a figura do

idoso na sociedade; depois, os contos “A saia almarrotada” e “O cesto” em que se fazem

presentes os espaços de opressão da mulher. A proposta dessa análise foi refletir obre os modos

pelos quais a imagem transforma-se “num novo ser da linguagem, tornando-se um devir de

expressão que é um devir de nosso ser”. Utilizamos como fundamentação teórica, os estudos

desenvolvidos pelo filósofo francês Gaston Bachelard em A poética do espaço que trata a

imagem poética como uma emergência da linguagem, onde a vida se mostra por uma profunda

e audaz novidade, e A Poética do Ar e dos Sonhos, que estuda a função móvel e criadora do

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fazer artístico, como função privilegiada em relação às percepções. Toma-se, aqui, o espaço

como um instrumento de análise da alma humana, onde ela adquire caráter flutuante e

imaginário, de ordem mítica e simbólica, como querem Jean Chevalier e Gheerbrant, no

Dicionário de Símbolos. Também consideramos importantes os estudos desenvolvidos sobre a

literatura e a cultura Africanas, especialmente os estudos críticos literários levados a efeito por

Maria Fernanda Afonso, Ana Mafalda Leite, Carmem Lúcia Secco, Maria Zilda Cury e pelo

próprio Mia Couto. Dessa forma, procuramos refletir sobre o modo particular que esse autor tem

de realizar sua transfiguração criadora, instaurando uma obra não só plena de encanto, mas que

nos dá uma dimensão muito profunda da alma humana.

Palavras-chave: Espaço. Simbolismo. Liricidade. Conto.

5. FERNANDO PESSOA E SEUS OUTROS: FILHOS DO DISCURSO

AUTOR(ES): Iracela Ferreira do Nascimento (PUC Goiás)

Propõe-se, neste trabalho, uma investigação cuja preocupação central é a poética de Fernando

Pessoa que, ao criar os seus outros eus, o faz dando vida e identidades próprias a cada um deles,

desdobrando-se em múltiplos poetas; unos e divisos, criando, assim, o universo ficcional de cada

uma dessas identidades, sendo cada uma delas também criadas por aquilo que proferem. Tais

poetas/personas chamam a atenção por viverem em espaços e tempos distintos, possuírem

personalidades próprias, caracterizados como tais pelo feito mágico de sua escritura.

Considerando aspectos fundamentais dessa nova lírica pela análise de poemas de Fernando

Pessoa e seus outros, destacando três de seus principais heterônimos: Alberto Caeiro, Ricardo

Reis e Álvaro de Campos, como seres de, da e na linguagem. É também concernente a esta

pesquisa verificar nos textos pessoanos e nos outros eus que, como instituição, o autor é apenas

um “joguete”, um operador da língua. Fundamentados na Estrutura da Lírica Moderna, de Hugo

Friedrich, que rompe com a lírica tradicional que não quer mais ser medida com base na

realidade, pois esta se desprendeu da ordem espacial, temporal, objetiva e anímica de ver as

coisas e o mundo. Na Lírica Moderna, o vocabulário usual aparece com significações incomuns;

para isso, as metáforas são aplicadas de modo inovador. Tal assertiva é fundamentada na obra

A Metáfora Viva, de Paul Ricoeur. Fernando Pessoa envolve essa tendência de metaforizar com

toda a naturalidade e matizes dos grandes poetas de seu tempo. As coisas apresentam-se ao ser-

aí como já dotadas de significado. Assim, para o Dasein, ser-no-mundo equivale a ter,

originalmente, intimidade com uma totalidade de significados. Tudo com o intuito de tentar

responder minimamente algumas questões inevitáveis quando se fala de Fernando Pessoas e

seus heterônimos: será a sua heteronímia é que ajudou Fernando Pessoa a tornar possíveis as

coincidências e os afastamentos simultâneos da sua vivência poética e o seu desassossego

intelectual? Ou vice-versa?

Palavras-chave: Fernando Pessoa, heterônimos, lírica, metáfora.

Simpósio 3 - Artes, Literatura e Críticas Contemporâneas

Coordenação: Prof. M.e Eduardo Barbuio (UFRPE) e Prof.ª M.ª Divina Paiva (PUC Goiás)

Sala 307

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1.OS VALORES DO ÚTIL E DO INÚTIL: A HOSTILIDADE DA PRODUÇÃO CAPITALISTA

EM RELAÇÃO À ARTE

AUTOR(ES): Edinei Oliveira Vasco (MIELT/UEG)

O presente trabalho pretende analisar a questão da hostilidade capitalista em relação à arte,

partindo dos critérios hegemônicos de produtivo e improdutivo que serão investigados levando-

se também em consideração os construtos valorativos de útil, que expressa valores axiológicos

(dominantes e particularistas); e inútil, que expressa valores axionômicos (autênticos e

universais). A utilização destes construtos valorativos se dá pelo fato de que apenas o critério

capitalista do que seja produtivo e improdutivo, na produção artística, não permite abranger,

nem compreender a totalidade concreta das relações existentes entre artista, arte e sociedade. Ou

seja, o caráter específico do trabalho artístico, quando considerado produtivo ou improdutivo,

não tem qualquer ligação com a essência do trabalho e com o produto deste, mas sim com a

questão de valores e com a utilidade prática do que fora produzido. Em outras palavras, para a

produção capitalista, o útil seria apenas aquilo que na sua concepção de arte é produtivo, ou seja:

produz lucro, gera mais-valia e, por conseguinte, perpetua os valores dominantes e serve para

regularizar as relações sociais. Em contrapartida, passa a ser improdutivo aquilo que, por possuir

um caráter contestador e de denúncia, não se submete aos ditames do capital e, por assim ser,

não produz lucro e passa a ser considerado inútil, pois está em contradição aos interesses

burgueses. Nesse sentido, e com a intenção de justificar as colocações supracitadas, este texto

utilizará como metodologia o resultado de leituras sistematizadas e reflexões cristalizadas a

partir de referenciais bibliográficos acerca do tema proposto. É um artigo que abre perspectivas

muito mais para indagações do que para afirmações e, por assim ser, espera-se que possa

levantar novas questões e, consequentemente, novas abordagens a respeito da hostilidade

capitalista em relação à arte.

Palavras-chave: Arte. Capitalismo. Hostilidade.

2. HISTÓRIA E LITERATURA: ENCONTROS E DESENCONTROS

AUTOR(ES): Daniel Alves de Sousa (UFG)

O objetivo deste trabalho é entender a relação estabelecida nas últimas décadas entre o campo

da História e da Literatura, levando em conta as indagações surgidas no interior deste último e

as possibilidades encontradas por historiadores e outros teóricos para suprir as demandas da

disciplina História. A arguição da pesquisa envolverá teóricos da Literatura e da História em

torno de temas como narrativa, ficção, linguagem, recepção do leitor, produção do texto

histórico e literário. Além das tensões entre os dois campos, busca-se entender como a Literatura

pode propor reflexões úteis para o ofício do historiador.

Palavras-chave: História. Literatura. Narrativa. Linguagem. Ficção. Escrita.

3. A CATEGORIA NARRATIVA DO TEMPO EM A FESTA, DE IVAN ÂNGELO

AUTOR(ES): Maiara Moreira Andrashko (G/UFG – PG/AVM), Profa. Dra. Renata

Rocha Ribeiro (UFG), Profa. Dra. Larissa Warzocha Fernandes Cruvinel (UFG)

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O objetivo deste trabalho, que é parte das discussões realizadas no projeto de pesquisa intitulado

“Aspectos do romance contemporâneo brasileiro”, desenvolvido na Faculdade de Letras da

Universidade Federal de Goiás, é analisar as tendências estéticas do romance brasileiro

contemporâneo, a partir de A festa (1976), de Ivan Ângelo, obra emblemática de vertentes

literárias representativas da década de 70. Para tanto, a categoria do tempo será problematizada,

visto que é essencial para se pensar a “desrealização”, segundo a terminologia de Anatol

Rosenfeld (1973), peculiar à literatura na modernidade e contemporaneidade. Além das

considerações de Rosenfeld, também serão apontadas abordagens teóricas necessárias para que

se torne possível a discussão do romance em questão, como é o caso de Benedito Nunes (2008),

dentre outros. Logo, a metodologia para realização deste trabalho é de natureza bibliográfica.

De forma específica, o romance A festa é construído por meio de blocos, constituídos por contos

separados e, ao mesmo tempo, imbricados, de modo que, fragmentariamente, é construído um

panorama da história brasileira na década de 70. Assim, a narrativa gera insegurança quanto à

representação, sobretudo pela simultaneidade dos acontecimentos relatados sob diferentes

perspectivas, pela alternância de vários tempos e gêneros, além de contar com a participação

ativa do leitor para refletir sobre as indefinições nos destinos das personagens.

Palavras-chave: Literatura brasileira. Romance contemporâneo. A festa. Ivan Ângelo.

4.A EX-CÊNTRICAS CORALINEANAS: PROSTITUTAS DOS BECOS DE GOIÁS

AUTOR(ES): Omar da Silva Lima/UnB

O tema recorrente de Cora Coralina é, por excelência, fatos da infância da poeta. Entretanto,

pode-se dizer que o texto poético e/ou em prosa coralineano é, grosso modo, um grito em defesa

dos excluídos, onde Cora acaba incluindo a si mesma devido sua opção de se ligar a um homem

casado. Dentre outros excluídos socialmente é abordada, pela poeta, a prostituta que habitava os

cômodos ou casas nos becos sujos da Villa Boa de Goyaz. O objetivo deste trabalho é analisar,

sob a ótica dos estudos feministas e de gênero, estas personagens ex-cêntricas que transitam pela

poesia e pela prosa de Cora Coralina através dos poemas “Becos de Goiás” e “Mulher da Vida”,

da obra Poemas dos becos de Goiás e estórias mais, e dos contos “Minga, Zóio de Prata” e

“Miquita”, da obra Estórias da Casa Velha da Ponte. O termo “ex-cêntrico”, utilizado no título

deste trabalho e flexionado para “ex-cêntricas”, fora tomado de empréstimo de Linda Hutcheon

(1991, p. 86). Segundo a autora, “ex-cêntricos” são todas as identidades que se opõem à ideia

de sujeito universal. No caso das prostitutas a serem estudadas, estas são humilhadas e sofrem

tanto violência física quanto psicológica por conviver com pessoas preconceituosas de uma

sociedade de base patriarcal.

Palavras-chave: Gênero. Ex-cêntricas. Prostitutas.

5.REVISITANDO O DIREITO À LITERATURA: ANTONIO CANDIDO E AS RELAÇÕES

ENTRE LITERATURA E DIREITOS HUMANOS HOJE

AUTOR(ES): Marcelo Ferraz de Paula (UFG)

O trabalho desenvolve uma leitura crítica do célebre ensaio “O direito à literatura”, de Antonio

Candido, discutindo as suas contribuições e limites para se examinar as aproximações entre os

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estudos literários e os direitos humanos no Brasil. A análise se concentra em três aspectos

principais: a consagração do ensaio no currículo dos cursos de Letras do país, marcada por

alguns abusos e simplificações que atenuam o tom empenhado do texto; a problemática em torno

da concepção universalista de literatura que ancora a referida obra de Candido, vista sobretudo

a partir das críticas feitas por Marcos Piason Natali e, por último, as condições de leitura e

intervenção do texto no atual cenário de consolidação parcial do regime democrático, porém

sem avanços significativos na democratização dos bens simbólicos defendida de modo enfático

pelo autor no ensaio em questão. No que concerne ao primeiro ponto levantado, questionamos

a frequente con-fusão entre o direito à literatura e o direito à educação, alimentada pela crença

de que a melhoria da educação resolveria, por extensão, a questão do acesso à fruição literária,

vista hoje como tarefa quase exclusiva do professor de português, e não da sociedade como um

todo, como defende o texto de Candido. Sobre as outras questões, interessa-nos compreender

em que medida a tensão entre “universalidade” e “diversidade cultural” se apresenta no ensaio

de Candido e na crítica de Natali. Enfim, questionamos como tem avançado o entendimento

sobre o direito à literatura na sociedade atual, observando que ele vem sendo marcado por

aporias, silenciamentos e desafios ainda pouco enfrentados.

Palavras-chave: Literatura. Direitos humanos.Testemunho. Antonio Candido.

Simpósio 4 – Literatura, Pintura e Cinema

Coordenação: Prof. Dr. Aguinaldo Gonçalves (PUC Goiás) e Prof.ª Dr.ª Maria Teresinha M. do Nascimento (PUC Goiás).

Sala 310

1. A METAMORFOSE ROMANESCA EM A FORÇA DO DESTINO, DE NÉLIDA PIÑON

AUTOR(ES): Carolina Machado Moreira (Faculdade Nossa Senhora Aparecida)

Esta pesquisa apresenta um estudo acerca da metamorfose romanesca em A Força do Destino

(1977), de Nélida Piñon. O objetivo é verificar e analisar as principais técnicas narrativas

empregadas nesse romance, para, em seguida, estabelecer reflexões sobre as correlações

interculturais e discorrer sobre possíveis conclusões a respeito da própria arte de narrar. A

metodologia empregada é a pesquisa teórica de natureza qualitativa. Quanto ao meio de

investigação, trata-se de uma pesquisa bibliográfica descritiva-explicativa, uma vez que a obra

em estudo é uma manifestação artística e sua análise explica como ocorre a elaboração do

romance no interior do próprio romance, típico caso de metaficção historiográfica. O método

adotado é o dedutivo, pois parte da premissa de que Nélida Piñon, ao resgatar a ópera La Forza

del Destino, de Giuseppe Verdi, reelabora-a parodicamente a partir da perspectiva da cronista

Nélida, a narradora-personagem, pois não quer A Força do Destino como simples mimesis. Ao

adentrar em sua narrativa literária, Nélida Piñon assume posições diversas, ora é autora, ora

narradora, ora personagem ou ainda atua como a cronista Nélida, mediante irrupções constantes,

questionando, notadamente, a diegese a ser contada e, de certa forma, ofuscando-a. O ato de

narrar adquire mais prestígio sobre o que é propriamente narrado. O questionamento da trama é

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ultrapassado, instaurando o processo de metaficção no romance. Assim, ele promove uma

ruptura com a narrativa tradicional brasileira e, por conseguinte, intensifica, seletivamente,

certas tendências presentes no pós-modernismo.

Palavras-chave: Ironia. Linguagem. Metaficção historiográfica. Paródia. Pós-modernismo.

2. LITERATURA & CINEMA

AUTOR(ES): Maria Teresinha Martins do Nascimento (PUC Goiás)

O objetivo deste estudo é analisar a interlocução entre literatura e cinema, considerando que o

texto literário e o fílmico em todas as épocas escrevem-se no papel memória-cerebral, onde,

intangivelmente, ocorrem livres associações e intertextualizações programadas. Esse

pergaminho cerebral, inequivocamente, cria um mundo e remete aos mundos conhecidos com

propósito fruitivo. Prazer estético e crítica são motivados pela hermenêutica quando se percebe

que uma arte se nutre da outra, formando um terceiro objeto: da obra literária ao filme e deste à

construção de uma crítica fenomenológica do cinema. Se a intertextualização literária tem o

poder de dinamizar e vincular imagens de obras diversas e de tempos diferentes, o cinema, por

sua vez, nasce das imagens visuais. Ele se esquiva gradativamente da influência da

representação teatral e debruçando-se no espelho de seu próprio retrovisor consolida sua própria

linguagem: o flashback, o close, o entrecorte, a edição paralela, a filmagem de frente, entre

outros. Linguagem que nos cerca da ilusão de uma estranha estrada fantasmagórica que nos faz

sentir como se já estivéssemos lá: no mundo de sonhos. Por isto aceitamos o convite de

Mercúrio, o mensageiro dos deuses, para entrar no filme o Mundo imaginário de Dr. Parnassus.

Ele tem o poder de mexer na mente do espectador e assim suscitar intensamente a interação com

a dor do outro, quando os olhos das personagens se encontram pelo corte, em uma linha invisível

de 180 graus. Ao ousar visualmente alcança uma produção surreal sob o poder da sugestão, das

edições inovadoras, do foco nos atores, da aceitação da sensualidade até chegar ao mais estranho

erotismo e a centralização sobre o corpo humano além de insólitos atos de encenação, chega-se

a marcações que convencem os espectadores a aceitarem o convite dirigido somente aos loucos,

aos corajosos: os que ousam viver suas vidas verdadeiras, aquelas vivida no imaginário.

Palavras-chave: Cinema. Close. Filme. Imaginário. Literatura

3. O ESTRANHAMENTO DA LINGUAGEM NA TELENOVELA SARAMANDAIA DE DIAS

GOMES

AUTOR(ES): Águida Perpétua Ribeiro/ PUC GOIÁS

Este Artigo tem por objetivo analisar a construção da narrativa desenvolvida em forma de

telenovela. Nosso objeto será Saramandaia, de Dias Gomes, exibida em 1976. É inevitável

assistir a esta telenovela sem articulá-la ao contexto no qual o discurso se realiza: em meio à

ditadura militar, ocorrendo por oposição a sua imagem pública, cultural. Saramandaia permite

uma análise sob a ótica de acontecimentos não apenas históricos, mas principalmente culturais.

Abordaremos o modo de construção da linguagem: seus símbolos, metáforas e neologismos

relevantes, com o objetivo de explorar o multiculturalismo de sua linguagem, construída em

relação a outros discursos e na adequação com o público imaginado, ou seja, na estética da

recepção com vista ao estranhamento produzido. Ele não produz somente uma encenação de

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sentidos, mas a construção de sentidos, a partir de enquadramentos da memória de um povo

brasileiro, destacando-se especialmente os nordestinos. Para isso, pretende-se buscar amparo em

teóricos como Andrea Semprimi, Lisanadro Nogueira, Samira Youssef Campedelli, Franz

Fanon, Renato Ortiz, Tomaz Tadeu da Silva e os Formalistas Russos.

Palavras-chave: Linguagem. Literatura. Multiculturalismo. Telenovela.

4. PROCEDIMENTOS DAS INSTÂNCIAS DA CRIAÇÃO LITERÁRIA:UM ESTUDO

COMPARADO DAS OBRAS ESAÚ E JACÓ, DE MACHADO DE ASSIS, E DOIS IRMÃOS,

DE MILTON HATOUM.

AUTOR(ES): Sebastiana Fernandes Barros/PUC Goiás

Esta pesquisa tem por objetivo fazer uma análise comparada entre os romances Esaú e Jacó, de

Machado de Assis, e Dois irmãos, de Milton Hatoum. Pretende-se estudar os processos

imbricados no percurso da atividade criadora diante da tessitura dessas duas produções. A partir

da leitura das obras, é possível depreender aspectos convergentes, como a subversão de algumas

convenções romanescas, e a quebra de expectativas de leituras, mas a distinção principal é o

caminho diferenciado tanto na construção dos personagens quanto no gênero narrativo que

apontam; enquanto Esaú e Jacó envereda pelo épico, Dois irmãos opta pelo trágico. Sendo

assim, o estudo parte da hipótese de que ambas apresentam tanto um movimento de adesão

quanto de repulsa aos modelos romanescos. Procuraremos ilustrar o processo de construção de

ambas assim como as semelhanças e divergências. Para tanto, exporemos as nossas

considerações em quatro capítulos. No primeiro capítulo apresentaremos um painel sintético

acerca da Literatura Comparada e da Teoria do romance, a fim de que possamos clarificar os

conceitos teóricos e as trilhas percorridas na arquitetura das obras. O segundo capítulo lidará

especificamente com o processo de construção de Esaú e Jacó e as principais fontes

inspiradoras. No terceiro, trabalharemos o procedimento de construção da obra Dois irmãos e

por último estabeleceremos um diálogo entre os dois romances , confrontaremos os aspectos

convergentes e os diferentes caminhos trilhados pelas duas obras.

Palavras-chave: Esaú e Jacó; Dois irmãos; Literatura Comparada; Intertextualidade.

5. UMA INCURSÃO PELAS VEREDAS DA LITERATURA, PINTURA E CINEMA

AUTOR(ES): Aguinaldo José Gonçalves (PUC Goiás/UNESP)

Este trabalho consiste na discussão das relações estético-semióticas entre sistemas artísticos

distintos. Dentre eles, elegemos a questão da literariedade da literatura e seus movimentos em

direção ao sistema cinematográfico da mesma forma o caráter sincrético da pintura será

trabalhado na perspectiva dos dois sistemas acima aludidos.

Palavras-chave: Semiótica. Literariedade. Cinema. Pintura.

6.ANÁLISE DO CONTO BERENICE, DE EDGAR ALAN POE, E SUA RELAÇÃO COM O

FANTÁSTICO

AUTOR(ES): Alcione Gomes de Almeida (PUC Goiás)

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O escritor norte-americano Edgar Allan Poe é um dos nomes mais representativos e influentes

da literatura moderna, suas obras, por vezes inovadoras, deixaram marcas indeléveis na literatura

mundial e lhe renderam uma identidade literária única. Poe é o responsável pelo surgimento do

conto breve enquanto gênero de ficção e influenciou diversos autores do final do século XIX e

do século XX. Entre as teses pioneiras levantadas pelo autor está a possibilidade de expressão

máxima do artista através da escritura do conto. Partindo destas ideias, temos como objetivo

apresentar uma análise acerca do conto Berenice de modo a abordar diferentes aspectos inerentes

à tessitura da obra, para assim, desenvolvermos algumas reflexões que, a nosso ver, tornam-se

possíveis graças à genialidade do autor em suscitar no leitor empírico possibilidades de reflexão

sobre a criação artística e o imaginário. O narrador em Berenice deixa entrever que as

personagens são seres fictícios, obviamente nasceram da imaginação, logo, não há como

apreendê-las em sua totalidade por meio da razão, uma vez que, qualquer compreensão nesse

sentido somente será possível através de uma aguçada percepção poética. “É mais que provável

não me entenderem. Mas temo, deveras, que me seja totalmente impossível transmitir à mente

do comum dos leitores uma ideia adequada daquela nervosa intensidade da atenção [...]”. Por

último, em consonância com o exposto, buscaremos estabelecer um paralelo entre a produção

sob estudo e alguns conceitos relativos à literatura fantástica extraídos dos teóricos Todorov

(2007) e Tezza (2004), para citar alguns.

Palavras-chave: Conto. Edgar Allan Poe. Arte. Fantástico.

7.INTERAÇÃO DE LINGUAGENS E E O LIRISMO AUTORREFERENTE NAS POÉTICAS

CONTEMPORÂNEAS.

AUTOR(ES): Mauricio Gabriel Santos (UEG)

Esta comunicação discute aspectos estético-formais da ciberliteratura e da pintura

contemporânea, no que toca ao processo de criação literária do sujeito lírico em seu diálogo

criativo com os leitores na web. O advento das novas tecnologias da informação e comunicação

trouxe transformações às vivências humanas nos mais diversos âmbitos. Processos sociais,

políticos, econômicos, artísticos e culturais alteraram-se e continuam a se modificar em ritmo

acelerado e crescente. Diante desse contexto, busca-se responder a seguinte questão: Como as

poéticas contemporâneas se constroem esteticamente interagindo linguagens e convergindo

mídias? A pesquisa tem como objetivos, investigar a cibercultura e a produção artística

contemporânea como elemento emergente de uma sociedade permeada pela comunicação em

massa, assim, relacionar as temáticas recorrentes na pintura de Alyssa Monks e a ciberliteratura,

considerando sua obra numa perspectiva crítica sociológica e ainda analisar os aspectos

temáticos e estéticos no que concerne ao lirismo autorreferente e a interação de linguagens. O

artista moderno é aquele que sabe o que há de instável no encantamento de sua obra, constituindo

por isso enigmas, passíveis de serem solucionados uma vez que não os responde sozinho. O

fruidor há de procurar as respostas através de novos enigmas não somente na personalidade do

artista, mas em um trajeto de leituras que aponta para a saturação dos usos da linguagem.

Palavras-chave: Cibercultura. Poéticas contemporâneas. Lirismo autorreferente.

8.O PROSAICO NA POESIA CONTEMPORÂNEA

AUTOR(ES): Kamilla Marra de Moraes (PUC Goiás)

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Este artigo aborda questões sobre o prosaico na poesia contemporânea que evidencia o seu

discurso poético. Para os poetas modernos, repensar o mundo é repensar a linguagem, daí a

tendência a inserir, no próprio corpo do poema, a reflexão sobre sua matéria prima. As opções

do poeta, no que concerne à organização formal do seu discurso, traduzem sua maneira de se

relacionar com o mundo. Um estilo desentranhado do diário, centrada nas miudezas do dia a dia.

A poética do vivido alimenta se de realidade quotidiana que instaura uma tensão entre o prosaico

e o poético. Aberta as mais diversas experiências ao nível quotidiano do imaginário, do sonho,

poética enfim, que interroga o próprio sentido de existir. Aproxima o discurso poético do

prosaico diluindo as fronteiras entre prosa e verso, colocando nos poemas os múltiplos

elementos da linguagem falada como discursos diretos, conversações, interjeições, chaves,

imitação da sintaxe. Relata o percurso da literatura moderna, de modo a contextualizar e avaliar

a produção poética brasileira contemporânea, com ênfase no prosaico enquanto forma de

encenação da experiência individual e coletiva e do papel nesta exercido pela prática literária.

Palavras-chave: Prosaico. Poesia. Poética Contemporânea.

Simpósio 5 – Literatura, Sistemas Interartísticos e Tradução

Coordenação: Prof. Dr. Divino José Pinto (PUC Goiás), Prof.ª Dr.ª Tonia Leigh Wind (PUC Goiás e UGA/EUA) e Prof. Dr. Wolney Unes (UFG).

Sala 311

1. POR TRÁS DESTE OLHAR: UM REFLEXO DA POÉTICA CONTEMPORÂNEA

AUTOR(ES): Marliane Dias Silva (PUC Goiás)

A contemporaneidade trouxe várias mudanças e provocou reflexões, tanto na esfera social

quanto na filosófico-cultural e artística. Conforme orienta Siqueira (1998) "sociedade

globalizada" impulsionada pela explosão de informações e intensificação das comunicações em

nível mundial, contempla; de um lado, a cultura pluralista e, de outro; a modificação do valor

econômico e o poder do Estado, que fortalecem o "consumo", priorizando a estetização da

realidade. Ou seja, a arte torna-se mercadoria exposta para a massa, a necessidade de criação

artística influenciará a cultura do consumo. Hauser (1998) advoga que a arte contemporânea

remete a uma análise da influência de um contexto sócio-histórico-cultural descontínuo e

fragmentado, posto ser fruto e reflexo da sociedade atual. Com isto, impulsionada em meio ao

rock, a tecnologia, ao minimalismo, novos horizontes tem surgido para a poesia

contemporânea. Cyntrão (2004) afirma que a poesia contemporânea é feita de textos cada vez

mais voltados para o particular; avessos, assim, às generalizações e às universalizações. Essa

nova arte (des) constrói os valores pictóricos na pintura, as imagens cuidadosa e

sistematicamente executadas na poesia, a melodia e a tonalidade na música. Subentende, com

isso, uma fuga ansiosa a tudo o que é deleitoso e agradável, a tudo o que é puramente decorativo,

cativante e tradicional. Segundo Tavares (1996) a poesia é a linguagem de conteúdo lírico ou

emotivo, escrita em verso (o que geralmente ocorre) ou em prosa, frente a isto, “Por trás deste

olhar” torna-se uma obra com o propósito de reunir o afetivo com algumas manifestações

estéticas da poesia. Serviu-se como base para construção teórica deste trabalho os autores:

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BHABHA(1998), BAUMAN (2001),BAUDELAIRE (1988),BARTHES (1984), BENJAMIN

(1989), LYOTARD ( 1998 ),LANGER (1980 ),TATIT ( 1994 ) e outros.

Palavras-chave: Poesia. Contemporânea. Arte. Estética.

2. “A CASA TORNOU-SE MINHA MENTE” O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA

REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE NO CONTO THE HOUSE OF HUNGER DE

DAMBUDZO MARECHERA

AUTOR(ES): Nayara Cristina Rodrigues de Andrade/UFG

Este artigo tem por objetivo analisar o conto The House of Hunger, de Dambudzo Marechera, a

fim de discutir como é feita a construção, criação e modo de ver da realidade neste. Traçamos

aqui alguns dos principais estudos sobre a representação da realidade para percebermos como

esse conceito nunca foi um consenso entre estudiosos e como sua concepção sofreu alterações

ao longo do tempo. Entendendo Mimesis como a tensão entre o sujeito e o contexto histórico,

este trabalho mostra como a consciência histórica do texto revela um realismo criatural discutido

por Auerbach no seu livro Mimesis: A representação da realidade na Literatura Ocidental.

Dambudzo Marechera é um dos escritores zimbabuenses mais conhecidos na literatura de língua

Inglesa produzida no Zimbábue. No conto, o ir e vir constante na narrativa entre presente e

passado abordam questões culturais, sociopolíticas e de gênero do Zimbábue durante o período

turbulento e transformador que, no século XX e início do XXI, compreendeu a colonização

inglesa, os governos de minoria branca e a guerra civil. Toda a narrativa tem muito da biográfica

do escritor, contudo o conto que se pretende analisar aqui não pode ser entendido tão

simplificadamente. A casa da fome é a grande alegoria que confirma que o texto é produto da

fome e raiva do narrador. O titulo do texto “The House of Hunger” na verdade ora é o lugar

(Zimbábue) ora é a mente do narrador-protagonista e suas fomes. Ao descrever seu lugar ele

descreve a si mesmo, os dois estão imbricados. As metáforas, tão presentes na narrativa,

expressam seu desencantamento pela vida e ilustram a fragilidade humana “Todos bostas

humanas, esse é o problema” (MARECHERA, 2009, p.84).

Palavras-chave: Mimesis. Literatura do Zimbábue. Dambudzo Marechera.

3. ASPECTOS CRIATIVOS, DISSIPANTES E INOVADORES DA LINGUAGEM EM

GUIMARÃES ROSA

AUTOR(ES): Elvira Livonete Costa (PUC Goiás)

A obra de João Guimarães Rosa foi um marco na literatura brasileira. A princípio, erroneamente

classificado como regionalista, pois os labirintos linguísticos do autor criaram um verdadeiro

enigma literário. O texto de Rosa excede os aspectos puramente sertanejos, perpassa o universal

e flui para o insólito. O sertão em sua obra se configura no próprio eu, na essência do ser de cada

personagem, o que confirma a profusão de significados que sua escrita engendra. Este trabalho

visa explorar esta linguagem sertão, por meio da análise de certos procedimentos de criação

linguística e elaboração estilística presentes em toda composição do escritor, destina-se também

investigar este espaço áspero, árido e muitas vezes oculto destas personagens através do jogo

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requintado de palavras do autor, o que faz sua obra adquirir caráter inesgotável, inusitado,

surpreendente. Busca ainda alcançar o que há de transcendente na produção de Guimarães Rosa.

Esta pesquisa encontra-se vinculada à linha de tradução e crítica literária. Os pressupostos

teóricos fundamentados em Deleuse sobre a superfície da linguagem, a fluidez e dinamicidade

dos conceitos de modernidade de Bauman, a extensão do sentido das palavras através da

metáfora em Paul Ricoeur, a busca em apreender e traduzir o mundo interior e o fluir do

pensamento das personagens do romance em Robert Humphrey e os conceitos de linguagem de

Martin Heidegger nortearam nossos estudos para alcançar os objetivos propostos e elucidar

questões levantadas. A pesquisa embasou-se nas análises de André Martinet, Coseriu, Ieda

Maria Alves e Maria Aparecida Barbosa sobre criação neológica, para abordar a questão da

linguagem como criadora e transcritora desse terreno vasto, incerto e ao mesmo tempo inóspito

que é o ser humano. A metodologia desta pesquisa ampara-se na teoria semiótica por meio das

concepções contemporâneas de tradução segundo Maurice Blanchot, dialetizando o discurso no

que ele tem de dinâmico e dialógico. Esta pesquisa teve início em fevereiro de 2014 com as

aulas das disciplinas eletivas e optativas do curso de mestrado, estudos gerais e específicos com

orientações, análise do objeto de pesquisa, produção e defesa da dissertação prevista para até

fevereiro de 2016.

Palavras-chave: Linguagem, Produção Literária, Guimarães Rosa.

4. A LITERATURA INFANTO-JUVENIL: UM MERGULHO NAS AGUAS DE CULTURA E

DE TRADUÇÃO

AUTOR(ES): Tonia Leigh Wind (PUC Goiás)

Nesse trabalho coloca-se em pauta o segmento denominado literatura infantil sob uma

perspectiva comparativa da influência deste gênero no processo de formação do indivíduo. O

escopo da nossa vista comparativa é tridimensional, sendo que visa abranger, de forma reduzida,

a literatura infanto-juvenil como produção cultural no Brasil, nos EUA e na Inglaterra.

Propomos, assim, através de uma breve apreciação cultural e histórica do gênero literatura

infanto-juvenil, utilizar interpretações várias e leituras dos dados apresentados formando um

mosaico de conhecimento, tomando como respaldo teórico as ideias de Ana Maria Machado,

Regina Zilberman e Peter Hunt, entre outros. O objetivo principal deste trabalho é analisar o

segmento denominado literatura infantil sob a perspectiva das tradições culturais decorrentes da

prática de leitura e da influência deste gênero no processo de formação do indivíduo. Considera-

se também a importância da tradução de livros estrangeiros para o mercado nacional, assim

como para os mercados dos EUA e da Inglaterra.

Palavras-chave: Formação Sociocultural. Literatura Infanto-juvenil. Tradução.

5.DIMENSÕES DO FANTÁSTICO E AVENTURAS DA TRADUÇÃO EM THE LORD OF

THE RINGS, DE J. R. R. TOLKIEN

AUTOR(ES): Carlos Alberto Nogueira Filho (PUC Goiás)

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O escritor britânico John Ronald Reuel Tolkien foi, durante 34 anos, professor na Universidade

de Oxford. Da mesma forma com que orientava suas aulas para assuntos de sua predileção, sua

produção literária é marcada por aspectos que satisfaziam seu gosto pessoal, proporcionando

emoção e prazer. Sua obra de maior sucesso The Lord of the Rings tem suscitado discussões há

mais de meio século, em grande parte, acerca de sua fundamentação linguística. O presente

trabalho pretende estudar as dimensões do fantástico e da fantasia presentes na obra citada, assim

como a atividade tradutória para o português do Brasil nas publicações das décadas de 60 e 70

pela editora Artenova e na década de 90 pela editora Martins Fontes. Engajado no processo de

tradução, o tradutor lê o texto que se propõe a traduzir, interpretando-o a partir de variados

fatores. O modo como se dá essa interpretação irá conduzir o trabalho de construção textual na

língua de chegada e terá como base a concepção de mundo do tradutor, seus valores, crenças e

experiência de vida. Utilizamos como fundamentação teórica para o estudo da fantasia, o

trabalho de Tzvetan Todorov, Brian Attebery e Richard Mathews e para os estudos da tradução

a desconstrução proposta por Jacques Derrida e o resíduo relacionado à tradução por Lawrence

Venuti.

Palavras-chave: Literatura Fantástica, Tradução, J.R.R. Tolkien.

6. UM OLHAR SOBRE A POESIA DIGITAL: PROCEDIMENTOS E PRÁTICAS

AUTOR(ES): Lucilélia Lemes de Castro Silva Nascimento (PUC Goiás)

Este estudo teve como finalidade investigar uma série de obras poéticas criadas e divulgadas

através das mídias digitais, por meio de suas práticas visuais, cinéticas e textuais. Procuramos

articular um método analítico fundamentado em leituras de poemas selecionados em vários

subgêneros contemporâneos escolhidos para se concentrarem em práticas poéticas que

levantassem questões sobre a espacialidade, a temporalidade, o cinetismo e a construção de

palavras e imagens. O nosso foco principal residiu na sistematização dos procedimentos de

manejo para acesso à ciberpoesia como forma poética que emerge e é orquestrada em mídias

digitais e as formas de engajamento que são apresentadas ao leitor. Concentramos o estudo em

três grupos de poemas: os Eventos Poéticos, Poemas Cinematográficos e os Poemas de Ruído

Visual. Neste estudo, a atenção ao material foi exercida sobre os poemas digitais analisados.

Baseamo-nos na análise de mídia de N. Katherine Hayles. Ao estudarmos os poemas digitais

selecionados, destacamos as suas propriedades espaço-temporais, as construções cinéticas de

palavra-e-imagem. Tratamos de poemas em Flash e poemas animados na poesia de ruído visual.

Ressaltamos que a poesia digital constitui-se em um campo que está se expandindo e mudando,

não seria ousadia afirmar que a exploração e a experimentação da escrita poética na era das

novas mídias apenas começaram.

Palavras-chave: Literatura digital, poesia digital, materialidade literária, espaço temporalidade,

eventos poético.

7. ANA CRISTINA CESAR E ÉRICO VERÍSSIMO TRADUTORES DO CONTO BLISS DE

KATHERINE MANSFIELD

AUTOR(ES): Deliane Leite Teixeira (PUC Goiás)

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A pesquisa na área de tradução tem como objetivo valorar o trabalho do tradutor literário e a

importância que exerce no campo específico. Aproximar as escolhas tradutórias de dois

escritores brasileiros: da poetisa e crítica literária carioca, Ana Cristina César e do romancista e

contista gaúcho, Érico Veríssimo, é dar a conhecer a tradução que ambos realizaram do conto

Bliss da autora neozelandesa Katherine Mansfield. Veríssimo realiza trabalho tradutório bem

sucedido no que tange a escolha vocabular e as equivalências semânticas e lexicais, enquanto

Cesar prima por realizar um trabalho de fôlego em 80 notas, onde esmiúça suas escolhas

tradutórias. Ambos levam em consideração os leitores brasileiros que distam cerca de 40 anos

entre a realização das duas traduções. No entanto, o trabalho tradutório de Cesar é o que mais

se aproxima dos pressupostos de tradução enquanto transcriação literária, lançados por Haroldo

de Campos. Este estudo também se apoia na teoria tradução pós-estruturalista, nomes como

Paulo Ottoni, Rosemary Arroyo e Derrida apontam caminhos de uma prática tradutória não

domesticada, em que se respeita a peculiaridade de cada sistema linguístico. Dentro deste

paradigma o exercício de tradução pode ser interpretado como acontecimento.

Palavras-chave: Tradução. Literatura. Katherine Mansfield. Pós-estruturalismo. Derrida.

8. ULYSSES E SEUS DIFERENTES PROCESSOS TRADUTÓRIOS

AUTOR(ES): Thaís Luna Rodrigues Torres (PUC Goiás)

Este estudo mostrará alguns aspectos das primeiras traduções em português da obra Ullysses

(1922) de James Joyce no Brasil. Também destacara algumas soluções encontradas pelos

tradutores em suas interpretações da obra, identificando as tendências deformadoras que operam

em cada tradução. Desse modo, pretende-se compreender e descrever o estilo de cada tradutor

e como foram expressos os conceitos temáticos do romance. A ética e a poética serão os dois

critérios analisados no estudo das traduções da obra. Sendo que a ética refere-se ao trabalho do

tradutor no texto e a sua textualidade em relação ao original, e a poética refere-se ao tipo de

diálogo e o respeito que o tradutor mantém para com o texto original. Para a análise das

traduções, foram selecionados três tradutores brasileiros. A primeira que pertence ao filólogo

Antônio Houaiss, em 1966, a segunda em 2005, por Bernadina da Silveira Pinheiro, professora

e aposentada de literatura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a última tradução

recentemente concluída por Caetano Galindo, professor de Letras da Universidade Federal do

Paraná (UFPR) e doutor em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP). A tradução de

Antônio Houaiss preza pela manutenção da estrutura de linguagem original, mais poética, porém

mais difícil. Bernadina traduziu de forma mais coloquial, mas não manteve a estrutura de texto

construída por Joyce. Galindo diz que tentou fazer da tradução um meio entre a "tendência

endurecedora" de Houaiss e a "forma democrática" de Bernardina Pinheiro: "Tentamos dar um

resposta aos jogos literários do livro, sem fugir dos trocadilhos, poeticidades e outras

problematizações".

Palavras-chave: Tradução. James Joyce. Poeticidades. Poética.

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Simpósio 6 – Literatura, Jornalismo, Língua e Discurso

Coordenação: Prof.ª M.ª Rosane Isaac (PUC Goiás), Prof.ª M.ª Maria Cristina Reinato (PUC Goiás), e Prof. Dr. Rogério Pereira Borges (PUC Goiás).

Sala 312

1. ENUNCIAÇÃO, TEXTO E DISCURSO, UMA BREVE ABORDAGEM

AUTOR(ES): Vanderley José de Oliveira (PUC Goiás)

Este estudo aborda os conceitos de texto e discurso adotados no ensino de Língua Portuguesa.

O objetivo é fomentar o uso da modalidade da língua falada e escrita pelos responsáveis pela

linguagem nas escolas e demais instituições que lidam com o texto. Pois na atualidade visualiza-

se, principalmente no interior da sala de aula, uma aula de língua materna ainda pautada na

normatização e nos ensinamentos efetuados pelos jesuítas a mais de 500 anos, quando

catequizavam os nativos. O processo de formação dos professores nas universidades tende a

incutir conceitos, não motivos, regras, não possibilidades. Assim, essa pratica acadêmica é

transmitida para os profissionais de outras áreas. No entanto, o contexto requer destes agentes,

uma postura teórica e metodológica que enfatize o texto e suas possibilidades literárias,

linguísticas, normativas e discursivas. Visto que a língua passa por modificações contínuas, não

só ao longo de sua história, mas no hoje, no agora. Por isso a necessidade de um trabalho

discursivo que apresente a linguagem como um processo de interação entre os sujeitos e sua

historicidade: religiosa, filosófica e geográfica. Cita-se que o procedimento do estudo foi

orientado pela pesquisa bibliográfica, com base nas reflexões de BENVENISTE (2006),

PÊCHEUX (1997), BARTHES (1982), BAGNO (2005), ORLANDI (1999), ANTUNES

(2007), SILVA (2004), SOARES (2006), dentre outros. Há no corpo do texto uma breve análise

do poema “As realidades” (1924) do poeta francês Louis Aragon, que permite abordar no

contexto atual, de forma exemplificativa as possibilidades de leitura de um texto literário.

Palavras-chave: Discurso. Enunciação. Formação.

2. REFLEXÕES SOBRE NARRATIVAS DE VIAGEM: A PARTE QUE CABE AO

JORNALISMO NA ESCRITA CRIATIVA

AUTOR(ES): Olívia Scarpari Bressan (PUC-RS/FAPERGS)

Muitos foram os viajantes que, depois de se aventurarem pelo mundo, decidiram abraçar uma

outra aventura, que é a de relatar o que fizeram e o que viram. Tais narrativas frequentemente

guardam estreita ligação com a realidade e, por isso, este trabalho procura sistematizar algumas

características do gênero das narrativas de viagem, propostas por alguns teóricos, quando estas

são conectadas intrinsicamente ao jornalismo, tanto em aspectos de captação da experiência

vivida quanto no que tange à sua composição e modo de escrita. Jornalismo e narrativas de

viagem, nesse sentido, parecem afiliadas à mesma matriz, parecem se esbarrar na mesma

esquina e é por isso que Lima (2011) sugere um gênero de confluência para abarcar e estudar

estes textos marcados pelo hibrismo: eles estariam assentados no chamado “jornalismo literário

de viagem”. Mas em que medida tais composições se integrariam ao âmbito das literaturas de

viagem? Para esmiuçar este conceito foi necessário empreender uma investigação de modo a

fazer um breve retrospecto sobre os relatos de viagem e sua importância ao longo da história da

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Literatura, pensar sobre o que move o ser humano a ser viajante e buscar pontos de convergência

entre a narrativa jornalística e o relato de viagem. Tal investigação visa contribuir para um

campo que tem recentemente despontado nas universidades brasileiras de Letras e Artes: a

Escrita Criativa e a Criação Literária.

Palavras-chave: Relato de Viagem; Jornalismo; Viajantes; Escrita Criativa.

3. O OCULTO DO SENTIDO PRESENTE: UMA LEITURA RADICAL DE PEIRCE

AUTOR(ES): Alessandro de Assis Pinto Aguiar (PUC Goiás)

Esse artigo surgiu de um seminário sobre a semiótica peirceana e da reflexão sobre o quadro de

Klee intitulado Rua principal e vias secundárias. Nele problematizamos princípios epistêmicos

que se tornaram comuns no método científico, questionando sua fundamentação na lógica

formal, e apontamos para a importância das noções triádicas propostas por Charles Peirce na

construção de um conhecimento efetivamente processual.

Palavras-chave: Semiótica. Conhecimento. Lógica. Signo.

4. REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DISCURSIVA QUE ENGENDRA A AUTORIA

FEMININA NAS NARRATIVAS DE MARINA COLASANTI

AUTOR(ES): Ivonete Ferreira da Costa (PUC Goiás)

Ocupamo-nos em observar os aspectos relevantes sobre o discurso, a linguagem alegórica com

que são construídas as cenas e o universo mágico intemporal, na narrativa de Maria Colasanti,

em busca do inconsciente. Para nos orientar delimitamos alguns objetivos que nortearão essa

pesquisa: a) compreender a natureza do signo e seu significado que contribui para a cena; b)

conhecer a cena e distingui-la enquanto englobante e genérica, entendendo-as como formação

discursiva da obra que, por sua vez, desenvolve e alimenta o fantástico; c) encontrar no discurso

a metaforização como produção de interdiscurso, em que se dá a relação de empatia, o entender

o outro. Abordaremos as cenas discursivas presentes na obra em que se dá a realização dos

personagens de que decorre o sentido que realizam mimeticamente, partindo do pressuposto

inicial formulado por Dominique Mangueneau. As narrativas carregam a ideia do inconsciente,

do ser, do sujeito que há no interior de cada homem e sua significação. Essa análise será

construída a partir de pesquisadores como: Dominique Mangueneau, Norton Frye, Michel

Foucault, Roland Barthes, Eni P. Orlandi, Yves Reuter, Todorov, Michel Pêcheux.

Palavras-chave: Marina Colasanti. Autoria feminina. Metaforização. Interdiscurso.

5. A CIDADE DE GOIÁS NA LITERATURA PÓS-MUDANCISTA E AS CONTRIBUIÇÕES

DE CORA CORALINA

AUTOR(ES): Ludmila Santos Andrade (UFG)

A construção de Goiânia e a consequente mudança da capital foram largamente documentadas

e representadas na literatura goiana, tanto em verso quanto em prosa. Mas essa representação

aconteceu prioritariamente do ponto de vista da nova cidade e capital do Estado, a cidade de

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Goiânia. Uma inquietação quanto à ausência de representação literária da mudança da capital,

do ponto de vista da cidade de Goiás e daqueles que ficaram, é que motivou esta pesquisa.

Pretende-se com este trabalho verificar como a literatura se encarregou de representar a cidade

de Goiás deixada para trás. Para isso foram levantados alguns como: houve escritores da cidade

de Goiás neste período? Esses escritores se interessaram em contar e cantar a antiga capital após

a mudança? Qual o espaço da antiga capital na literatura goiana pós-mudancista? Além de

responder esses questionamentos, buscou-se verificar as contribuições da expoente poeta e

prosadora goiana Cora Coralina, para a representação literária pós-mudancista. A partir disso,

foi necessário se fazer um levantamento dos escritores, poemas e narrativas do período, para

então traçar o cenário literário da cidade de Goiás. Por último optou-se por analisar as

contribuições da obra coralineana na literatura pós mudança da transferência da capital do

Estado de Goiás.

Palavras-chave: Mudança da capital. Cidade de Goiás. Goiânia. Literatura pós-mudancista.

Cora Coralina.

Realização e Apoio

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