Proibido amar demais

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PROIBIDO AMAR DEMAIS

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Confronto através dos personagens o ódio, o amor e a paixão. Têm personagens que acreditam amar até esse amor ser colocado em xeque.

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São Paulo 2011

Proibido AmAr demAis

Edson Cláudio Thomaz Caetano de Aquino

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Copyright © 2011 by Editora Baraúna SE Ltda

CapaJovenal Alves Pereira

Email: [email protected]

Revisão Josias Aparecido de Andrade

Pedro Chimachi

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________A669p Aquino, Edson Cláudio Thomaz Caetano de Proibido amar demais / Edson Cláudio Thomaz Caetano de Aquino. - São Paulo : Baraúna, 2011. ISBN 978-85-7923-262-6 1. Ficção brasileira. I. Título.

11-1129. CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3

28.02.11 28.02.11 024801 ________________________________________________________________

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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Sumário

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 . Assim nasceu o obsessor . . . . . . . . . . . . . .112 . Crônica do abandono social . . . . . . . . . . . .393 . Comendo sapos e trouxa . . . . . . . . . . . . . .434 . Engolindo o choro . . . . . . . . . . . . . . . . . . .875 . Cinderela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .956 . A musa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1217 . Disputa para conquistá-la . . . . . . . . . . . . .1498 . Bagaço humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2119 . Com a alma cheia de esparadrapos . . . . . .23710 . Bárbara versus o obsessor . . . . . . . . . . .25111 . Que tio, hein?! . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25712 . Desvendando Pedro . . . . . . . . . . . . . . .26513 . Vingança contra o tio obsessor . . . . . . . .28314 . Bárbara versus obsessor 2 . . . . . . . . . . .31315 . Meu amor e a humanidade . . . . . . . . . .33316 . Maria do Socorro . . . . . . . . . . . . . . . . . .353

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Prefácio

Raquel, garota adolescente de família pobre, muito bo-nita, acabara de perder seu pai, vítima de um acidente em uma construção civil na qual era trabalhador braçal. Magoada com a situação de pobreza em que sempre viveu e com a forma que perdera seu pai, é seduzida por um rapaz muito bonito e apa-rentando ser muito bem de vida em virtude do carro que possui.

A contragosto do irmão mais velho, Felipe, Raquel mente que está saindo com as amigas, como desculpa para se encontrar com o namorado. Na verdade ela transa constantemente dentro do carro com o rapaz, ocasião em que perde a virgindade. Ela jogava umas indiretas para a família, e principalmente para o irmão, dizendo que muito em breve todos teriam uma bela e grande surpresa que os tiraria daquela situação; e pedia que con-fiassem nela. O irmão, apesar de meio desconfiado, sentindo algo estranho no ar, não sabia o que fazer. No fundo, às vezes até lhe passava pela cabeça a ideia de que se fosse algo que ele estava imaginando ela poderia tirá-los daquela situação; por ser tão bonita até poderia acontecer realmente, mas temia alguma coisa que não conseguia identificar ao certo o que era.

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Receava que pelo fato de ser bonita, mas pobre, e ainda por estar abalada pela perda do pai pudesse estar se jogando nos braços de alguém que poderia estar se aproveitando de sua fragilidade. Aproveitadores sempre aparecem nestas opor-tunidades. Raquel acabou ficando grávida, e o rapaz, como era de se esperar, insiste para que ela aborte. Quando ela lhe diz que antes ele concordava que se ela engravidasse ele assumiria, o rapaz retruca dizendo que todo homem é assim quando se trata de sexo. O instinto animal sobrepõe a razão. “Burra e coi-tada da mulher que acredita e espera algo após um momento desses”, disse zombando e com muito ódio ao mesmo tempo. Ele ainda a ameaçou dizendo que mesmo que desaparecesse faria qualquer coisa para que ela perdesse o filho; disse que ela engravidou de propósito pensando que pelo fato de ele ser rico pudesse resolver os problemas financeiros dela e de sua família. Ela tinha anotado a chapa do carro dele e achava que já era grande coisa. Não sabia mais nada sobre ele: sua origem, seus familiares, endereço, nada. Simplesmente era alguém que surgiu como que do nada e num momento de solidão numa praça quando ela estava chorando e refletindo sobre sua vida. Ele parecia já saber de sua pobreza e depressão profunda pela perda do pai antes mesmo de ela se abrir sobre isso, como se já a conhecesse, tivesse convivido com ela e soubesse de todo o seu passado. Ele a influenciou como se fosse um adivinho, um psicoterapeuta ou um psicanalista, e assim a conquistou. Deu-lhe um ultimato quanto a um prazo para a realização do aborto, deixou-lhe o dinheiro e a indicação de várias clínicas clandestinas e outras formas para fazê-lo e desapareceu sem dar notícias. Raquel entra em desespero, pois sua religião jamais permitiria fazer um aborto. Na sua cabeça isso era impossível

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de ser feito assim como na dele era impossível essa criança ser concebida. Ele ainda insistiu que não era por falta de dinheiro para assumir a criança e não entrou em mais detalhes. Ela ten-tou localizá-lo pela chapa do carro e obter informações a seu respeito, mas era uma placa fria. Cai em profunda depressão. Colocando-se no lugar do pai por ser o filho mais velho, seu irmão Felipe faz de tudo para esconder o ressentimento, mas não consegue. Seu olhar de repreensão denota a decepção por ter sido desrespeitado.

Ela, com dezesseis anos, junta o pouco de dinheiro de seu último trabalho temporário, beija a mãe, os irmãos mais novos e principalmente Gina, a irmã caçula com dez anos, dando-lhe um único conselho: que ficasse bem atenta às pes-soas que dela se aproximassem e jamais se entregasse a alguém sem sentimento e confiança mútua. Visivelmente abalada diz que vai comprar algumas roupinhas para o bebê. A mãe, aflita com o estado da filha, diz que o rapaz poderia voltar, pois ela é muito linda. Ninguém faria isso com uma moça tão linda e ainda por cima que era virgem. Também poderia arranjar outro, pois continuaria bonita durante e após a gravidez, ou então arrumaria outro emprego depois. Não queria deixá-la sair sozinha, mas ela disse que precisava, pois sozinha refletia melhor sobre o que faria e sobre o futuro. Disse que sozinha conseguiria se acalmar mais rápido.

Ao irmão Felipe, que havia saído e não presenciou a cena, ela escreveu uma carta. Começa ali a sua longa e dura jornada e já, durante a espera do trem, sua depressão foi aumentando pela mágoa com o abandono do rapaz e a tristeza pelo olhar discriminatório do irmão, perseguindo-a por todos os lados por achar que o decepcionou e o desrespeitou. Na carta ela fri-

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sou novamente para a irmã Gina não se esquecer da promessa de que não cometeria fornicação e se casaria virgem. Também deixou escrito que o rapaz levaria nem que fosse somente uma rosa para ela em seu túmulo e ela o estaria esperando para receber a rosa e a ele. As lembranças dos últimos acontecimen-tos a atormentavam, não conseguia reagir ou livrar-se deste pensamento. O rapaz... O abandono.... O irmão... O olhar de repreensão... A rosa no túmulo... As esperanças perdidas.... O filho... A barriga... A vida...

O trem se aproxima e ela imagina o rapaz levando uma rosa em seu túmulo.

O arrependimento dele... A falta de perspectiva...E se ele estivesse arrependido... Arrependido... Arrependido...Ela se suicida jogando-se na frente do trem... Suicídio!!!

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1 . Assim nasceu o obsessor

Um casal de namorados. Ele, uma pessoa equilibrada, mas um pouco intolerante e explosivo, às vezes. Ela, um amor doentio, obcecada por ele e neurótica. Ele a adorava, mas não suportava aquela obsessão. Irritava seus nervos deixando-os à flor da pele. Todos os dias a mesma coisa:

— Vou me matar. Essa depressão ainda vai me levar a um suicídio. Penso que você um dia me deixará, e essa ideia é insu-portável para minha cabeça. Dizem que todos os homens são safados e traem as mulheres depois de casados — era Renée, sempre com a mesma história.

— Já falei para você. Eu te amo — dizia Vitor. — Quan-tas vezes eu terei de repetir? Jamais vou te deixar. Não tem motivo. Você é linda. É a primeira e única mulher da minha vida. Você sabe que nunca existiu outra mulher em minha vida. Estamos namorando há quase dois anos e noivos para casar — dizia Vitor, que já havia até decorado essas palavras de tanto repeti-las. Aí ela se acalmava momentaneamente. No dia seguinte a mesma coisa até que ele, após mais de um ano com isso na cabeça, deu um ultimato a ela:

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— Se você falar mais uma vez nisso, vou embora para sempre. Se você ficar essa próxima semana apenas sem falar nisso, marco o casamento para a semana que vem. Procure um psiquiatra, psicólo-go ou psicanalista, sei lá. Posso confiar?

Ela ficou o dia seguinte inteirinho como se estivesse que-rendo dizer algo, ansiosa, mas não falou no assunto. No dia seguinte a mesma coisa, porém no terceiro dia, voltou com aquela neurose. Ele ficou enfurecido.

— Se quiser se matar, que se mate! Eu estou indo em-bora para sempre de sua vida. Arrume outro que suporte isso. Não aguento mais!

Foi embora batendo a porta da sala e muito revoltado. Antes de sair, berrou:

— O casamento já estava marcado, eu ia mandar impri-mir os convites amanhã. Você é uma destruidora de sonhos, de prazer. Na próxima semana, ia pagar a última prestação de nossa casa! Já está toda mobiliada, íamos viajar para a lua-de--mel! Só ia ficar com a prestação do carro! Não tem mais jeito. Não dá mais, pelo amor de Deus, como você é neurótica!

Ela gritou:— Por que a semana que vem ainda? E se você quiser dar

um golpe e está se preparando para desaparecer? Se me ama de verdade, solte um cheque, entendeu? Por que na semana que vem, ou amanhã e não hoje? Se não for hoje, me mato! Ele sumiu, e agora com mais ódio ainda, depois da exigência e da desconfiança:

— Não acredito, não acredito. Essa mulher ia ser a mãe dos meus filhos. Ainda antes de entrar no carro gritou mais alto ainda:

— Se antes de casar você é assim, depois de casada então, minha vida seria um inferno. Deus me livre casar com você!

E ainda a ouviu gritar:

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— Isso é tudo história. Você já estava a fim de sumir mesmo e aproveitou o pretexto, essa oportunidade.

Ele bateu a porta do carro com toda a força e ódio e saiu cantando pneus. Ainda no carro pensou:

“Essa mulher é doida e vai me deixar louco. Meu Deus, o que fiz para merecer isso? Gosto tanto dela... Dois anos per-didos! Maníaca depressiva.”

Depois de umas duas horas, Vitor se acalmou e tentou ligar para ela, que não atendia. Ligava no celular, mas só dava caixa postal. Agora mais calmo, ele estava pensando em ar-rumar um psicanalista e assim ajudá-la, pois a amava. Era a mulher da vida dele:

“Acho que tomou daqueles calmantes que a fazem relaxar e dormir como pedra. Deve ser isso. Amanhã passo lá para levá-la, nem que seja arrastada pelos cabelos, para um especia-lista, mas vou ajudá-la”, pensou.

No dia seguinte, bem cedo, Vitor passou na casa dela, mas ela não atendia. Apertava e apertava a campainha e nada. Chamava pelo interfone. Buzinava do carro. Já havia ligado antes para o telefone fixo e para o celular e nada:

“Será que ainda está dormindo como pedra ou será que saiu?”, pensou. Aí lembrou que haviam combinado de escon-der uma chave nos fundos, embaixo de um vaso perto da porta da cozinha, caso esquecessem a chave algum dia.

“Talvez até esteja ouvindo e fazendo pirraça, fingindo que não escuta para me chamar a atenção, para se vingar. Está com raiva. Sempre tivemos um relacionamento afetivo, nos controlamos para que não engravidasse antes do casamento e de todas as coisas estarem pagas”, refletia Vitor. “Acho que ela já está percebendo que vou levá-la na marra para um especia-

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lista e, como sempre relutou dizendo que não é doida, deve estar se escondendo como uma alcoólatra que não aceita de jeito nenhum que bebe em exagero. Que isso é para quem é doente mental, ela sempre diz! Se ela se recusar, definitivamen-te desisto. Só volto se ela me ligar provando que foi sozinha e não falar mais nisso! Mas quero ir junto numa consulta para saber a opinião do médico para saber se tem cura.”

Quando finalmente ele entrou na casa e foi para o quarto dela, quase caiu de costas ao ver o estado em que se encontrava: pálida, desfalecida. Caixas e mais caixas de psicóticos com uísque:

— Meu Deus, ela estava falando sério! Deus, não faça isso comigo! — murmurou diante do que viu.

Pegou-a no colo e correu para o hospital. A pulsação e a respiração estavam bem fracas. Estava em coma profundo. Pou-co tempo depois, o médico foi conversar com ele e perguntou por que demorou tanto para socorrê-la, e disse ainda que ela estava em estado grave e só Deus poderia ajudá-la. Vitor, que já estava chorando desde o momento em que a encontrou desfa-lecida, entrou em desespero total. O médico ainda completou:

— Tanto ela pode voltar daqui a um minuto, uma hora, como pode não voltar mais. Está na UTI. Vamos aguardar. Pode-rá até ficar com sequelas — disse em tom conclusivo.

Fizeram lavagem estomacal e ministraram medicamen-tos para anular os efeitos dos comprimidos que ela havia tomado, aplicaram-lhe injeções... Só um milagre a salvaria! Vieram especialistas dos laboratórios fabricantes dos compri-midos que ela havia ingerido e tudo foi feito: estava nas mãos de Deus. A única coisa que veio à mente daquele homem que se sentia culpado foi fazer uma promessa: caso ela sobrevives-se e ficasse sem sequelas, ele viraria padre.

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Em virtude dos psicóticos ingeridos com uísque, Renée ficou quase um mês em coma profundo. Depois de seis meses internada em recuperação saiu e se restabeleceu. Vitor, mui-to abalado e sentindo-se culpado, interpretou aquilo como um milagre. Agora tinha de ser padre. Ele tinha 22 anos e foi embora com essa missão, deixando casa, carro, tudo para Renée. Ela chorou muito, pediu perdão, disse que jamais faria de novo, que achava que tinha superado aquela obsessão. Era a última chance que ela pedia, dizendo:

— Só mais essa, por favor! Perdoe-me, por favor! Deus não vai te punir se você casar comigo, somos noivos. Ele sabe que você tem fé. Que foi uma loucura. Eu fui culpada. Estava muito estressada.

Vitor havia falado de sua promessa para ela e, na cabeça dele, ela só estava viva por causa da promessa que agora ele tinha de cumprir, e assim foi embora. Ele sempre pensava em ser padre, mas havia desistido por ter se apaixonado por ela. Ela ficou em tratamento psiquiátrico e psicológico. Como ele ia ser padre, não a afetou tanto. Se ele tivesse ido embora para ficar sozinho, sem a promessa de ser padre, ela já se desespe-rava ao imaginá-lo com outra. Agora a neurose não a afetava tanto quando ela pensava no fato de ele ficar definitivamente com ela ou cumprir a promessa de ser padre. Se não pensasse dessa forma, o ciúme louco atacava-lhe a mente. Mas no fun-do, ela ficou com a ideia de que ele iria deixar a batina e voltar para ela; que era só um teste para ver se realmente ela havia se recuperado e assim foi vivendo nessa ilusão.

Vitor agora se entregava aos estudos de teologia e psi-canálise, dedicando-se dia e noite à sua missão. Ainda estava muito triste com o que havia acontecido e porque realmente