Projecto de Investigação III - pnfchi.com · Os níveis de dispneia e frequência respiratória...
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Escola Superior de Saúde
Instituto Politécnico de Setúbal
Licenciatura Bi- Etápica em Fisioterapia
Ano lectivo 2007 – 2008
Disciplina de Projecto de Investigação III
“Efeito de um programa de PNF-Chi® no desempenho cardiopulmonar
e qualidade de vida num grupo de idosos não institucionalizados”
Alunos:
Ana Ferrão
Eva Albuquerque
Jonas Gomes
Orientador do Projecto:
Lina Robalo
Outubro, 2008
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
2
Agradecimentos
De modo a não corrermos o risco de sermos reducionistas e pouco abrangentes,
queremos agradecer a todos aqueles que de forma directa ou indirecta
contribuíram para que a realização deste trabalho fosse possível.
Ao Dr. Paisana Lopes que acreditou neste projecto desde o inicio e pela sua
disponibilidade inigualável.
À Dra. Lina que mesmo a um oceano de distância, manteve o seu sentido pratico
na orientação deste trabalho.
Ao João Maia por ter tido a coragem de ser o pioneiro no desbravar deste oceano
desconhecido.
Às nossas famílias que incansavelmente nos suportaram o mau feitio, as pressas,
a ansiedade, a fala de tempo e que proporcionaram pelo seu fiel apoio, amor e
mimos a concretização deste projecto.
E um especial agradecimento àquele que nunca simplificou, que nos obrigou a
pensar, reflectir e integrar, que nos alimentou o corpo e a mente. Tendo-nos
permitido superar a nos próprios, indo muito além dos objectivos desta
licenciatura. Obrigada Paulo Araújo.
Finalmente agradecemos uns aos outros pelos bons e maus momentos, que na
sua soma permitiram um contributo para a descoberta de nos próprios.
A todos eles obrigada e bem-haja.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
3
Resumo
Contexto: Pelo aumento da população idosa observa-se um interesse crescente
no potencial de promoção da saúde que tem a actividade física nesta faixa etária.
O PNF-Chi® é uma abordagem de mobilização activa global, que respeita os
padrões neurofisiológicos do movimento corporal, coordenando-os com a
biomecânica e tempos respiratórios.
Objectivo: Descrever o efeito ao nível do desempenho cardiopulmonar e auto-
percepção de qualidade de vida de uma população com mais de 65 anos.
Metodologia: Quantitativa do tipo descritivo. Compararam-se os resultados
obtidos antes e após um programa de 24 sessões de PNF-Chi® na Prova de
Marcha dos 6 minutos e no Questionário de Qualidade de Vida Da pessoa idosa
Rural.
Resultados: A pressão arterial sistólica quer em repouso quer após as provas de
marcha, sofreu diferenças estatisticamente significativas tendo-se observado um
decréscimo em média de 139,24 bpm para 130,90 e 144,76 para 140,86
respectivamente. Observaram-se também variações significativas na frequência
cardíaca, tendo os valores aumentado no período de repouso de 74,71 para 74,76
bpm, e diminuído no período após a prova de 81,90 para 80,43 bpm. A distância
percorrida, aumentou em média 42,14m. Os níveis de dispneia e frequência
respiratória não sofreram variações significativas estatisticamente. O Questionário
de Qualidade de Vida da Pessoa Idosa Rural obteve variações significativas,
observando-se um decréscimo significativo no score total do questionário bem
como na dimensão financeira e ambiental do mesmo.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
4
Lista de Abreviaturas
AVC Acidente Vascular Cerebral;
Bpm Batimento por Minuto;
Cpm Ciclo por Minuto;
ECG Electrocardiograma
ESS-IPS Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de
Setúbal;
IMC Índice de Massa Corporal
OMS Organização Mundial de Saúde;
PNF Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva;
PNF- Chi Padrões Neuromusculares de Facilitação;
SPSS Statistical Package for the Social Sciences;
TCC: Tai-Chi-Chuan;
6MWT Six Minutes Walking Test;
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
5
Índice
pgs.
Índice geral 5
Índice Tabelas 8
Índice Imagens 10
Índice Quadros 11
1. Introdução 12
2. Revisão da Literatura 16
2.1. O Envelhecimento da População 16
2.2. Processo Fisiológico do Envelhecimento 17
2.3. População Sénior e Actividade Física 18
2.4. Exercício de Baixo Impacto 19
2.5. O Tai-Chi-Chuan 21
2.6. A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva 24
2.7. O PNF-Chi® 26
2.8. Desempenho Cardiopulmonar 32
2.9. Qualidade de Vida 34
3. Metodologia 37
3.1. Objectivo 37
3.2. Tipo de Estudo e Desenho Metodológico 39
3.3. População e Amostra 39
3.4. Instrumentos 43
3.4.1. Questionário de caracterização da Amostra 43
3.4.2. Mini Mental State Examination 44
3.4.3. Prova de Marcha dos 6 Minutos 45
3.4.4. Questionário Qualidade de Vida Pessoa Idosa Rural 51
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
6
3.5. Questões Éticas 54
3.6. Procedimentos 57
3.7. Cronograma de Implementação do Estudo 58
3.8. Fontes de Erro e sua Minimização 63
3.9. Treino de Competências 64
3.10. Descrição dos Métodos de Analise de Dados 66
4. Apresentação dos Resultados 68
4.1. Caracterização da Amostra 69
4.2. Resultados Segundo os Objectivos do Estudo 77
4.2.1. Desempenho cardiopulmonar 77
4.2.2. Qualidade de Vida 82
5. Discussão dos Resultados 86
5.1 Desempenho Cardiopulmonar 88
5.2 Qualidade de Vida 91
6. Conclusão 93
Bibliografia 97
Anexos
Anexo I: Mini Mental State Examination; 109
Anexo II: Prova de Marcha dos 6 Minutos; 110
Anexo III: Escala de Borg Modificada; 111
Anexo IV: Questionário de Qualidade de Vida Pessoa Idosa Rural; 112
Apêndices
Apêndice I: Programa de exercícios PNF-Chi®; 113
Apêndice II: Questionário de Caracterização da Amostra; 133
Apêndice III: Folha de Registo Prova de Marcha dos 6 Minutos; 135
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
7
Apêndice IV: Declaração de Consentimento Informado; 139
Apêndice V: Carta Coordenadora Centro Social e Paroquial de São
Mateus
141
Apêndice VI: Graus de importância QVPIR 143
Apêndice VII: Graus de Satisfação QVPIR 145
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
8
Índice de Tabelas
pgs.
Tabela 1. Caracterização da amostra por género, idade, peso, altura e
habilitações académicas;
69
Tabela 2. Caracterização da amostra por utilização de auxiliar de marcha; 70
Tabela 3. Estratificação da utilização de auxiliar de marcha por motivo da
sua utilização;
71
Tabela 4. Caracterização da amostra por realização de exercício físico
regular;
71
Tabela 5. Estratificação da realização de exercício físico por tipo de
exercício físico;
72
Tabela 6. Estratificação da realização de fisioterapia por tempo e disfunção; 72
Tabela 7. Estratificação da presença de episodio cardiovascular (<3 meses)
por tipo;
73
Tabela 8. Caracterização da amostra por terapêutica farmacológica; 74
Tabela 9. Caracterização da Amostra por score obtido no Mini Mental State
Examination;
74
Table 10. Correlação Score Mini Mental State, Idade e Habilitações
Académicas;
75
Tabela 11. Caracterização da amostra por frequência de avaliação final; 75
Tabela 12. Caracterização da amostra por número de sessões
frequentadas (máximo, mínimo, média);
76
Tabela 13. Caracterização da amostra por aulas frequentadas
(percentagens cumulativas);
76
Tabela 14. Teste de Normalidade (Kolmogorov Smirnov) variáveis prova de
marcha dos seis minutos;
78
Tabela 15. Teste não paramétrico (Wilcoxon) de diferença entre avaliação 1
& 2: pressão diastólica inicial e final, dispneia inicial e final e distancia
percorrida;
79
Tabela 16. Teste paramétrico (T de Student) de diferença entre avaliação 80
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
9
1&2: pressão sistólica inicial e final, frequência cardíaca e respiratória inicial
e final;
Tabela 18. Caracterização da amostra por pressão sistólica e diastólica,
frequência cardíaca, frequência respiratória, dispneia e distancia percorrida;
81
Tabela 19. Teste Normalidade (Kolmogorov Smirnov) variáveis questionário
de qualidade de vida da pessoa idosa rural.
83
Tabela 20. Teste paramétrico (T de Student) de diferença entre avaliação
1&2: score total, “saúde geral e funcionalidade”, “bem-estar emocional e
espiritual”, “vida social e familiar”;
83
Tabela 21. Teste não paramétrico (Wilcoxon) de diferença entre avaliação
1&2: score “situação financeira e ambiente”;
84
Tabela 22. Caracterização da amostra por scores QVPIR: total, “bem-estar
emocional e espiritual”, “vida social e familiar” e “situação financeira e
ambiente”;
85
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
10
Índice Imagens
pgs.
Esquema 1. Desenho Metodológico; 39
Esquema 2. Avaliação Prova de Marcha dos 6 minutos 65
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
11
Índice Quadros
pgs.
Quadro 1. Operacionalização das Variáveis em Estudo; 38
Quadro 2. Cronograma da Implementação do Estudo; 60
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
12
1. Introdução
O presente projecto de investigação foi desenvolvido no âmbito do 2° ciclo da
licenciatura bietápica em fisioterapia da Escola Superior de Saúde do Instituto
Politécnico de Setúbal, a decorrer na Escola Superior de Enfermagem de Angra
do Heroísmo.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002), estima-se que a
população idosa duplicará nos próximos 50 anos, o que fará com que os
problemas de saúde inerentes a esta população assumam dimensões
consideráveis. Assim sendo observa-se um interesse crescente no potencial de
promoção da saúde que tem a actividade física nos idosos (Munro et al, 1997).
Estudos associam o exercício físico regular com importantes benefícios para a
saúde, particularmente a redução do risco de: doenças coronárias; acidentes
vasculares cerebrais; diabetes; fracturas do colo do fémur e doenças mentais
(Fentem PH, 1998 Elward K, Larson EB, 1992).
Tendo em conta que estas condições de saúde apresentam um aumento da
incidência com o envelhecimento, torna-se premente aprofundar o conhecimento
científico quanto às necessidades específicas de um programa de exercícios na
população idosa enquanto estratégia promotora da saúde e preventiva da doença.
São inúmeras as referências bibliográficas que sugerem que a participação em
programas de exercício físico regular traz benefícios físicos e psicológicos à
população idosa (Bouchard, Shephard, & Stephens, 1994; Elward & Larson, 1992;
Mazzeo et al., 1998; McAuley, 1994; McAuley & Katula, 1998; McAuley& Rudolph,
1995; Moore & Brodsgaard, 1999; O’Connor, Aenchbacher, & Dishman, 1993;
Singh, Clements, & Fiatarone, 1997).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
13
O conhecimento sobre os benefícios da actividade física em idosos é baseado
essencialmente em estudos sobre intervenções com programas de exercício
tradicionais como actividades aeróbias (andar, correr, etc.). A popularidade
crescente de modalidades de exercício alternativas e complementares, como o
Tai-Chi-Chuan levanta questões sobre a sua eficácia, se, e o quanto, são
benéficos para os idosos (Frye et al, 2007). Neste contexto, consideramos que se
torna pertinente avaliar a influência de um programa de exercício de baixo
impacto, como o PNF-Chi®.
O exercício de baixo impacto vai muito para além da diminuição da velocidade e
força de impacto do pé ao solo, como descrevem alguns autores, ou que
mantenham a frequência cardíaca dentro de determinados parâmetros. Na nossa
opinião, este conceito deve considerar as várias dimensões que englobam o
indivíduo, muito para além das metabólicas e biomecânicas.
O PNF-Chi® é uma nova abordagem ao movimento, criada e desenvolvida pelos
fisioterapeutas Eva Albuquerque e Paulo Araújo. O nome da modalidade traduz a
essência dos seus princípios de treino: cruzando as diagonais de movimento
utilizadas no Proprioceptive Neuromuscular Facilitation (PNF) com os movimentos
lentos e coordenados do Tai-Chi-Chuan (TCC).
O presente estudo tem como objectivo geral descrever o efeito ao nível da
performance cardiopulmonar e auto-percepção da qualidade de vida da
população com mais de 65 anos que frequenta o centro social e paroquial da
freguesia de S. Mateus.
Por se tratar de uma modalidade recém-criada, o PNF-Chi® não possui trabalhos
de âmbito científico sobre os seus possíveis efeitos. Este estudo efectuado no
âmbito da licenciatura em fisioterapia foi então considerado como a oportunidade
para o desenvolvimento de investigação sobre esta temática, tendo por base os
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
14
benefícios percepcionados e relatados por praticantes de PNF-Chi® em classes já
existentes.
O estudo poderá ser então relevante na medida em que poderá permitir aos seus
investigadores e instrutores da modalidade, averiguar a efectividade mensurável
da sua intervenção, tentando desenvolver a fundamentação científica do PNF-
Chi®.
Poderá ser um estudo significativo para a fisioterapia pois pretende, como já
mencionado, fundamentar uma nova abordagem ao movimento com o qual o
profissional se poderá identificar, respeitando os princípios do movimento humano
abordados na sua formação base.
Relativamente aos benefícios na perspectiva do utente, esta investigação no
âmbito das estratégias de promoção de saúde, representa um contributo
significativo na medida em que promove uma alternativa para a manutenção de
um estilo de vida saudável, permitindo uma tomada de decisão consciente.
É possível encontrar literatura sobre os benefícios do TCC nas mais variadas
dimensões do bem-estar, bem como do PNF. A fundamentação teórica do
presente estudo e sua metodologia terá por base o cruzamento de informação
sobre os benefícios do movimento lento e exercício de baixo impacto com os
fundamentos do movimento em padrão do PNF.
Este é um estudo descritivo, que ao pretender averiguar a influência do PNF-Chi®
decorreu no seguinte desenho metodológico: Avaliação inicial, seguida da
execução das sessões e finalmente da avaliação final.
Após a definição da amostra, incluindo os critérios de inclusão e exclusão, foi
realizada a avaliação inicial dos sujeitos nos parâmetros: performance cardio-
respiratória e qualidade de vida. Seguidamente foi iniciado o período de execução
das sessões, tendo sido este seguido de novo período de avaliação.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
15
Recorreu-se ao Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para análise
estatística dos dados recolhidos pelos instrumentos: Prova de Marcha dos Seis
Minutos e Questionário de Qualidade de Vida da Pessoa Idosa Rural.
Observou-se variações significativas ao nível da distância percorrida, tendo este
aumentado de uma média de 308,43m para 350,57m, o que equivale a uma
variação de 42,14m. A pressão arterial sistólica quer em repouso quer após as
provas de marcha, sofreu diferenças significativas estatisticamente tendo-se
observado um decréscimo em média de 139,24 bpm para 130,90 e 144,76 para
140,86 respectivamente. Observaram-se também variações significativas na
frequência cardíaca, tendo os valores aumentado no período de repouso de 74,71
para 74,76 bpm, e diminuído no período após a prova de 81,90 para 80,43. Os
níveis de dispneia e frequência respiratória não sofreram variações
estatisticamente significativas.
O Questionário de Qualidade de Vida da Pessoa Idosa Rural obteve variações
estatisticamente significativas entre os dois momentos de avaliação, observando-
se um decréscimo significativo no score total do questionário bem como na
dimensão financeira e ambiental do mesmo.
Sendo este um estudo do âmbito descritivo não se pretende fundamentar as
melhorias observadas, no entanto assume-se que estas variações poderão estar
associadas às alterações fisiológicas resultantes da prática de exercício físico que
poderão condicionar adaptações dos sistemas musculo-esquelético ou cardíaco,
ou mesmo a própria auto-percepção da qualidade de vida do indivíduo permitindo
uma melhor sensação de auto-eficiência e satisfação.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
16
2. Revisão da Literatura
2.1. O Envelhecimento da População
A maioria dos países desenvolvidos indica os 65 anos como a idade de transição
para a faixa etária da terceira idade (Diczfalusy, 1996).
Observa-se actualmente um aumento do número de idosos relativamente aos
jovens, o INE prevê que o número de idosos ultrapasse os jovens entre 2010 e
2015 (Imaginário, C. 2002).
A tendência de envelhecimento da população contribui para o número crescente
de iniciativas como o desenvolvimento de um programa de saúde e
envelhecimento activo para a Terceira Idade que a OMS lançou em 2002, que
destaca a importância da actividade física como forma de prevenir a doença e
manter o bem-estar da população em idades avançadas (OMS, 2002).
Investigadores desenvolveram o conceito de “compressão da morbilidade” que
preconiza um aumento do tempo de vida sem manifestações de doença,
alcançado por medidas de promoção de saúde (Katz, 1983; Fries, 2003).
O aumento do número de indivíduos idosos tem provocado mudanças
significativas nas populações com implicações importantes sobre o ponto de vista
de cuidados médicos e de saúde, assim como de índole social, política e
económica, uma vez que este grupo etário apresenta problemas próprios no que
diz respeito a mortalidade, funcionalidade e necessidades de cuidados médico-
sociais (Botelho, 2000).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
17
2.2. O Processo Fisiológico de Envelhecimento:
O processo de envelhecimento fisiológico, deriva de factores genéticos e factores
extrínsecos a que o individuo tenha sido exposto (Botelho, 2000).
Segundo autores evolucionistas, à medida que aumenta a longevidade, os
mecanismos de manutenção metabólica estão sujeitos a entrar em falência,
verificando-se a deterioração da estrutura e da função de vários órgãos e tecidos,
a diminuição da capacidade do organismo responder ao stress imposto pelo
ambiente e uma maior vulnerabilidade para o aparecimento de doenças
relacionadas com o envelhecimento (Lithgow & Kirkwood, 1996; Chakravarti,
2007).
Algumas correntes defendem que o envelhecimento resulta de lesões que se
acumulam no tempo provocando deterioração (Holliday, 1997). Outros descrevem
a existência de uma programação genética do envelhecimento, pela interferência
que os genes assumem sobre o metabolismo celular (Jazwinski, 2000). Aceita-se
que estas duas vertentes sejam complementares (Hayflick, 2007).
Estudos demonstram que muitas das alterações que ocorrem, bem como a
maneira como ocorrem nos indivíduos idosos são motivadas por factores como a
exposição solar, hábitos etílicos, obesidade, actividade física insuficiente e hábitos
alimentares incorrectos, entre outros (WHO, 2002). O desenvolvimento
socioeconómico e cultural da sociedade em que o idoso esta inserido também
terá um papel fundamental no processo de envelhecimento e mesmo nos padrões
de morbilidade e da mortalidade dos indivíduos (Fiatarone et. al., 1994).
São várias as mudanças fisiológicas, consideradas características do
envelhecimento, exemplos disso são: redução da densidade óssea; redução da
massa magra; aumento do perímetro dos membros inferiores proporcional à
redução do seu comprimento; redução da força muscular (cerca de 20 %); a
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
18
redução da flexibilidade pelo aumento de fibroproteínas e colagéneo; a redução
da coordenação motora; tempo de reacção e agilidade, bem como da capacidade
aeróbia; a redução da quantidade de sangue a irrigar o cérebro e do número de
neurónios; a redução de cerca de 25 a 45% a nível do córtex cerebral (Marques et
al, 1993).
2.3. População Sénior e Actividade Física
No combate ao processo fisiológico de envelhecimento e suas consequências
físicas, mentais e sociais surge o conceito de “Envelhecimento activo” que é
definido pela WHO como “processo de optimização das oportunidades para o
bem-estar físico, social e mental através do trajecto da vida, no sentido de
prolonga-la” (Rydwik et. al., 2004).
O conceito de envelhecimento activo está obrigatoriamente associado a um
envelhecimento bem sucedido, à prevenção de doenças, quedas e à manutenção
da funcionalidade e consequente independência do idoso, estando a prática de
exercício físico integrada neste conceito de promoção da saúde.
McDermott & Mernitz (2006) apresentam as particularidades da prática do
exercício no idoso, referindo que a actividade aeróbia, o treino de força, e
exercícios de flexibilidade, promovem o aumento do nível de actividade diária,
contribuindo para a redução da dependência de terapêutica farmacológica, menos
dos custos com a saúde e melhoria da qualidade de vida desta população.
Deve-se de ter em atenção pré-requisitos na execução do exercício físico pelos
idosos tendo sempre em conta os parâmetros de intensidade, frequência, tipo de
exercício, tempo e progressão, não esquecendo as contra-indicações ao exercício
(Heath & Stuart 2002).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
19
Gill et. al. (2002) avaliaram o declínio da capacidade funcional em idosos
integrados num programa de exercício no domicilio com a duração de 6 meses,
com o objectivo de melhorar o equilíbrio, força e capacidade de realizar
transferências. Concluíram que um programa ao domicílio direccionado à
incapacidade na função pode reduzir a progressão do declínio funcional em
idosos não institucionalizados.
Luukinen et. al. (2006) analisaram a efectividade de um programa de exercício ao
domicílio com a duração de 10 meses com o objectivo de reduzir a incapacidade
numa população idosa de 486 indivíduos com idade superior a 85 anos.
Observaram um abrandamento da redução da capacidade funcional, e uma
melhoria do equilíbrio, no entanto não obtiveram resultados significativos em
utentes com disfunções severas.
O exercício de baixo impacto surge então como alternativa para a prática de
actividade física para esta faixa etária, pelo facto de possuir características
específicas de intensidade e velocidade que permitem ao utente idoso executar
com maior facilidade e consequente motivação. Está provado que estas
modalidades são benéficas a vários níveis, nomeadamente: condição física geral,
relaxamento muscular, aumento da densidade óssea, melhoria do equilíbrio,
flexibilidade e coordenação (Ilich & Brownbill, 2008). Outros autores referem ainda
o aumento da massa muscular, força, capacidade cardiovascular e pressão
sanguínea (Heath, & Stuart 2002).
2.4. O Exercício de Baixo Impacto
A definição de exercício de baixo impacto, não é consensual. Para a maioria dos
poucos autores que o tentam descrever, trata-se apenas de exercício em que o
impacto dos membros inferiores ao solo é feito de um modo mais lento e portanto
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
20
menos agressivo (Rousanoglou & Boudolos 2006). Mais recentemente, este tipo
de exercício aparece muito associado à ideia de diminuição gradual de
funcionalidade, associada a condições crónicas de todo o sistema músculo-
esquelético e não só do membro inferior. Baseia-se no princípio de que o
exercício é importante, mesmo para pessoas com dor (Damush et al., 2001).
Na actualidade de uma maneira ainda insípida os exercícios de baixo impacto
começam a insinuar-se no conceito de exercício para toda a vida contrapondo-se
ao conceito vigente de actividade física no pain, no gain (sem dor não há ganho),
tendo como princípio o destacar-se da actividade próxima do alto rendimento,
num conceito intimamente ligado à actividade para todos em todas as idades,
orientada para cada pessoa segundo as sua capacidades. Desenvolve-se assim
um conceito equilibrado de exercício físico orientado para cada um, segundo as
suas capacidades e necessidades, sem prejuízo para as dimensões física e
mental do praticante.
Ainda que de um modo tímido, começam a surgir cada vez mais expressões
como “non agressive techniques”, “less is better” e ”less is more” referidas por
alguns autores que reflectem já preocupação sobre esta temática.
O descanso, a recuperação e a variação natural dos ritmos do corpo são mais
importantes na condição física do que se considerava anteriormente, foram
conclusões anunciadas na “Exercise Physiology Conference”, num estudo
conjunto das Universidades de Harvard e Columbia (Goldberg, 2001, citado por
Jackson, 2001). O estudo com o título: Implementation of a novel cyclic exercise
protocol: short term impact on healthy adult women, analisou os benefícios de um
esquema cíclico de exercício em 11 mulheres com idades compreendidas entre
os 32 e 58 anos. O programa teve a duração de 8 semanas sendo constituído por
um programa de exercícios (bicicleta, trampolim, marcha) que não seriam
executados numa duração superior a um minuto após o qual o individuo
repousava até recuperar completamente os parâmetros cardiovasculares. Num
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
21
total cada indivíduo, ao fim das 8 semanas do programa não havia realizado mais
do que duas horas de exercício físico. No final do período de estudo as
participantes demonstraram uma melhoria significativa no seu desempenho
cardiovascular, e bem-estar geral. Apresentavam ainda um sistema imunitário
fortalecido e uma redução da tensão arterial (Goldberg, 2001, citado por Jackson,
2001).
2.5. O Tai Chi Chuan:
Os parâmetros de baixo impacto vigentes neste estudo não estiveram associados
aos períodos de repouso entre cada sequência de exercícios, mas sim à
velocidade e intensidade das mesmas. Pela reduzida bibliografia disponível
relativamente ao PNF-Chi®, será em seguida analisada investigação sobre um
conceito semelhante de movimento o Tai Chi Chuan, sendo discutidas as
diferenças e semelhanças relativamente ao PNF-Chi®.
O conceito de Tai Chi Chuan (TCC) tem dois significados: Tai-Chi significa “final
supremo” e Chuan significa “o punho”. Esta técnica foi desenvolvida na China à
mais de 300 anos, constituindo originalmente uma forma de arte marcial que tinha
por objectivo combater os invasores estrangeiros (Wolf & Coogler 1997).
Recentemente o TCC tem ganho maior destaque como exercício na promoção da
saúde em idosos (Hong & Robinson 2000).
A prática do TCC assenta em três princípios fundamentais:
Corpo em alongamento e relaxamento;
Mente alerta e calma;
Coordenação sequencial dos segmentos em movimento;
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
22
Trata-se de uma técnica desenvolvida com o objectivo de produzir movimentos
equilibrados, de forma lenta, relaxada e de meditação. O movimento entre
segmentos é produzido pela rotação do tronco, a transferência de peso,
coordenação dos membros inferiores e sua gradual mudança de posição (Wolf &
Coogler 1997).
A introdução à técnica dá-se pela focalização da atenção mental no abdómen, e
respirações lentas e prolongadas. A posição neutra cervical é conseguida através
da visualização de uma linha que suspende o segmento e do apoio total dos pés.
O movimento da pélvis permite, conjugado com os ciclos respiratórios, melhorar a
postura, relaxando os músculos e destrancando as articulações (Adler & Roberts,
2006).
Thomas et al. (2005) avaliou o impacto de um programa de 12 meses de TCC em
factores de risco cardiovascular, numa população idosa, comparando a
modalidade com treino de resistência. Concluiu que o TCC não possuía
diferenças significativas relativamente ao treino de resistência, tendo sido
observado no grupo que realizou o treino de resistência uma maior alteração nos
parâmetros de sensibilidade à insulina.
Taylor- Piliae et al. (2005) analisou as alterações psicossociais num grupo de 39
indivíduos através de um programa de 12 semanas de 3 sessões semanais de
TCC. Observou diferenças estatisticamente significativas em todos os parâmetros
de estado psicossociológico avaliados, como a melhoria do estado de humor e
redução dos níveis de stress.
Barrow et al. (2007) avaliou os efeitos de um programa de 16 semanas com duas
sessões semanais de TCC num grupo de 52 indivíduos com falência cardíaca
crónica, comparando a distância percorrida numa prova de marcha, os índices de
qualidade de vida e a sintomatologia cardíaca, com um grupo de utentes nas
mesmas condições sem exercícios de reabilitação. Não se observou agravamento
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
23
da condição cardiovascular durante o programa, não tendo sido observadas
diferenças na distância percorrida avaliada pela prova de marcha, no entanto
obtiveram melhorias significativas na sintomatologia cardíaca e nos índices de
qualidade de vida.
Uma revisão sistemática de 7 estudos experimentais, sobre populações com
idade superior a 50 anos de Verhagen et al. (2004), analisou a eficácia do TCC no
equilíbrio e quedas, e função cardio-respiratória. Concluiu existir grande
variabilidade na estrutura dos programas, nomeadamente na frequência e
duração dos mesmos. A maioria dos estudos menciona benefícios do TCC, no
entanto existe evidência limitada da eficácia da modalidade na redução de quedas
e da tensão arterial nos idosos.
Um estudo experimental de Thornton et al. (2004) observou melhorias
significativas nos parâmetros de equilíbrio e pressão arterial, em mulheres
sedentárias com idades compreendidas entre 33 e 55 anos, comparativamente
com um grupo de controlo que não realizou actividade física. O grupo
experimental realizou um programa de 12 semanas com 3 sessões semanais de
TCC.
Hong et al. (2000) comparou um grupo de 28 idosos praticantes à 10 anos ou
mais de TCC, com outro grupo de 30 indivíduos da mesma faixa etária
sedentários. O grupo praticante obteve níveis significativamente melhores de
frequência cardíaca, de equilíbrio e flexibilidade. Concluiu que a pratica regular
prolongada de TCC é favorável à promoção das variáveis em estudo.
Wang et al. (2001) utilizou uma metodologia de estudo idêntica à de Hong et al.
(2000), tendo comparado um grupo de 10 indivíduos praticantes de TCC à 7 anos
ou mais, com um grupo de sedentários. Observou que os praticantes possuíam
uma melhor função micro circulatória cutânea.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
24
Outros autores averiguaram através de investigação científica os benefícios do
TCC em várias áreas da saúde: ansiedade, depressão e alterações de humor
(Brown et al., 1995; Chen & Sun, 1997; Sandlund & Norlander, 2000) e padrões
de sono (Li, Harmer, Fisher, & McAuley, 2004). São referidos efeitos positivos no
bem estar psicológico, resultando em melhoria da auto-estima (Kutner, Barnhart,
Wolf, McNeely, & Xu, 1997; Li, Harmer, Chaumeton, Duncan, & Duncan, 2002) e
no equilíbrio e prevenção das quedas (Hain, Fuller, Weil, & Kotsias,1999; Li et al.,
2004; Thornton, Sykes, & Tang, 2004; Wolf et al., 1996; Wu, 2002).
2.6. A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva
A abordagem de baixo impacto em análise no presente estudo, o PNF-Chi®,
integra os princípios do movimento em diagonal da facilitação neuromuscular
proprioceptiva. Por este motivo procedeu-se à revisão dos princípios gerais deste
conceito de reabilitação.
A técnica de “facilitação neuromuscular proprioceptiva” indica pelo seu nome, um
reconhecimento da dependência da condição física, de processos e estruturas
neuromusculares, que envolvem receptores motores e sensitivos para a
integração funcional do movimento.
Este conceito foi inicialmente descrito nas décadas de 40 e 50 por Herman
Kabat, Margaret Knott e Dorothy Voss, como modalidade de tratamento para
utentes com défices motores por alteração nervosa central, vitimas de acidente
vascular cerebral. Foi desenvolvido para facilitar flexibilidade, fortalecimento e
coordenação, no entanto o PNF encontrou posteriormente seguidores nas áreas
mais ligadas ao fitness.
O PNF, segundo Adler et al (1999) adequa a estimulação proprioceptiva de modo
a fortalecer (facilitação) ou relaxar (inibição) grupos musculares. Os modelos dos
padrões de movimento empregues têm uma componente espiral, sentido
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
25
diagonal, ocorrem de forma sequenciada e síncrona, num movimento contínuo e o
desempenho destes está em linha com o arranjo topográfico dos músculos
utilizados no movimento.
Os padrões de facilitação empregues são compostos por:
componentes principais que ocorrem ao nível proximal nos complexos
articulares do ombro ou articulação coxo-femural:
1. flexão /extensão;
2. abdução /adução ;
3. rotação interna /externa;
componentes acessórias a nível distal:
1. flexão /extensão do cotovelo ou joelho;
2. supinação /pronação da articulação rádio-cubital superior e inferior;
3. desvio radial /cubital do complexo articular do punho;
4. flexão /extensão do punho e dedos da mão e pés;
5. inversão /eversão da médio-társica;
6. flexão dorsal /plantar da tíbio-társica.
O movimento funcional normal é composto por padrões de movimento em
diagonal dos membros e dos músculos sinérgicos do tronco (Kabat, 1960 cit. por
Adler et al, 1999).
Estes padrões combinam movimentos nos três planos (sagital, frontal e
horizontal), potencializando a actividade e exigindo menor gasto energético,
resultando assim numa maior eficácia do movimento. Os movimentos em diagonal
podem ser utilizados para a melhoria do desempenho físico, como alternativa aos
programas convencionais de treino hipertrófico, executados num único plano ou
sentido. Ao respeitar-se a estrutura neurofisiológica do movimento poderia
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
26
esperar-se um fortalecimento mais global comparativamente aos resultados do
treino hipertrófico (Ferber et al, 2002; Kofotolis & Kellis, 2006).
O PNF é mais do que uma técnica de intervenção, assume características de
filosofia de tratamento, tendo por base o conceito do ser humano como um todo e
não só como um segmento corporal.
De seguida estão listados os princípios do PNF (Almeida, 2003) assumidos pelo
PNF-Chi®:
Utilização de padrões de movimento em diagonal e espiral
Movimento cruzado com a linha média;
Recrutamento de todos os componentes do movimento: principais e
acessórios;
Recrutamento dos grupos musculares relacionados, segundo o principio do
reenforço;
Movimento não doloroso, mas em esforço;
Uso de articulações e acções musculares múltiplas;
Recrutamento de agonistas e antagonistas num movimento em co-
contracção muscular;
Contracções repetidas para facilitar a aprendizagem motora e adaptação;
Ênfase na coordenação motora-visual;
Progressão de actividades simples para complexas.
2.7. O PNF-Chi®
O PNF-Chi® é um conceito desenvolvido pelos fisioterapeutas Eva Albuquerque e
Paulo Araújo, que funde os princípios dos movimentos em diagonal do PNF
(Proprioceptive Neuromuscular Facilitation) com o movimento lento, gracioso e
ritmado do Tai-Chi-Chuan (TCC) (Simão & Silveira, 2005).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
27
Pela observação e análise da execução de sequências de TCC, verificou-se a
existência de paralelismos entre estas e os padrões em diagonal do movimento
humano descritos no PNF (Simão & Silveira, 2005).
A filosofia milenar do TCC, impede a alteração e adaptação dos seus movimentos
e sequências. O PNF-Chi® surge como alternativa, fugindo à rigidez do TCC:
permitindo a integração dos padrões de movimento normais do ser humano nos
princípios da técnica oriental, retirando desta componentes agressivos para as
articulações, não invalidando assim benefícios referenciados pela prática do TCC.
A integração dos princípios do TCC como modalidade de baixo impacto e a sua
associação aos padrões de movimento normal esteve na base da construção do
conceito do PNF-Chi®.
Esta técnica de mobilização activa global, respeita os padrões neurofisiológicos
do movimento corporal, coordenando-os com a biomecânica e tempos
respiratórios. Surge então como opção para a prática de exercício de baixo
impacto, adaptada aos conceitos de actividade física ocidentais. O PNF-Chi® é
tendencialmente suportado por princípios e conceitos baseados no raciocínio
científico e não na filosofia oriental do TCC, que tem como base dogmas
baseados em crenças, contextualizados culturalmente com a sua génese.
No modelo em que está a ser estudado é realizado em grupo, mas pode também
ser utilizado individualmente adereçando os movimentos seleccionados às
necessidades específicas da pessoa, direccionado para a optimização de uma
boa condição física ou para a resolução de disfunções e posterior integração dos
padrões ideais para a evicção de recidivas.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
28
Princípios do PNF-Chi®
Co-contracção:
A co-contracção é definida como a activação simultânea de músculos
agonistas e antagonistas circundantes a uma articulação. Segundo Gribble et. al.
(2003) esta permite que o sistema nervoso adapte as propriedades mecânicas do
membro às exigências das mudanças de actividade, tanto na estática como em
movimento. Isto sugere que embora implique muito gasto calórico a co-
contracção, pode ser uma estratégia usada pelo sistema motor para facilitar a
precisão de movimento poli articular. Os mesmos autores observaram ainda uma
tendência para a diminuição dos níveis de co-contração ao longo do tempo,
suportando a ideia que a co-contração e a rigidez do membro associada,
diminuem com a prática.
No PNF-Chi®, a co-contração é utilizada ao longo de toda a amplitude de
movimento, tornando-se este auto-resistido, permitindo ao praticante graduar o
seu nível de recrutamento muscular e exigência, tentando trabalhar toda a
musculatura de modo global.
Simetria/equilíbrio:
Na elaboração de uma sequência de PNF-Chi® existe a preocupação de distribuir
os exercícios e suas repetições, para que no final todos os segmentos envolvidos
tenham efectuado os mesmos movimentos, o mesmo número de vezes, pois o
que se pretende é a simetria de movimentos.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
29
Contínuo do movimento:
Ao executar a sequência com movimento precisos e definidos, cada exercício
deve ser realizado num contínuo fluir entre repetições e sem interrupção marcada
no início e fim. Para além disso também é promovida uma associação e
coordenação destes movimentos com a respiração.
Integração do movimento:
No desenrolar da progressão da sequência realizam-se três repetições de cada
movimento. A escolha deste número surgiu fazendo uma analogia com o modelo
de Fitts e Posner (1967, cit. por Shumway-Cook & Woollacott, 2001) que sugere a
existência de três estádios principais envolvidos na aprendizagem. São eles o
estádio Cognitivo, Associativo e Autónomo. Aplicado no contexto da execução de
cada exercício pressupõe-se que na 1ª repetição o sujeito toma conhecimento do
movimento, na segunda experiencia-o e na terceira efectua o movimento de modo
mais autónomo. Pretende-se uma aquisição efectiva das actividades motoras
sugeridas a longo prazo na prática do PNF-Chi®, pressupondo que alterações a
curto prazo numa actividade motora não são consideradas aprendizagem
(Shumway-Cook & Woollacott, 2001).
Progressão acumulativa da dificuldade:
Pretende-se que o praticante faça uma assimilação gradual do movimento. Para
isso o PNF-Chi® age segundo uma progressão do movimento mais simples para
um mais complexo, englobando um maior número de articulações e grupos
musculares, exigindo progressivamente mais dos sistemas responsáveis pelo
controlo motor.
Existe uma posição ou postura base que pretende dar ao praticante uma correcta
postura de execução dos movimentos, bem como um maior sentido cinestésico
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
30
corporal. Na postura base, os pés estão afastados à largura dos ombros, podendo
ser afastados ligeiramente mais quando se pretende realizar a transferência de
peso sobre um dos membros inferiores.
Os joelhos deverão estar sempre ligeiramente flectidos e nunca em extensão
completa, permitindo assim a activação dos músculos antigravítivos dos membros
inferiores e uma correcta postura da pélvis mesmo em indivíduos com
encurtamento dos isquio-tibiais.
A bacia deverá estar em posição neutra, algures entre a báscula anterior e
posterior, procurando um alinhamento óptimo entre as espinhas ilíacas antero-
superiores e a sínfise púbica, conseguindo assim uma base nivelada para
promover um correcto alinhamento dos corpos vertebrais. Deve manter-se o
posicionamento da bacia alinhando a posição da coluna tentando aumentar o
espaço intervertebral, não exagerando ou eliminando as curvaturas fisiológicas.
Ombros afastados da cabeça e um do outro, realizando um movimento das
omoplatas no plano frontal de orientação descendente e de afastamento da linha
média. Activação dos músculos estabilizadores da cervical superior, pedindo um
movimento de flexão da mesma.
O grau de dificuldade exigido em cada sequência vai aumentando
progressivamente e pode ocorrer por segmentos (tronco, membros superiores e
inferiores) ou pela associação dos vários graus de dificuldade crescente que se
poderá atingir em cada um.
A progressão ao nível dos membros inferiores durante a execução dos exercícios
respeita a premissa definida de dificuldade crescente que irá ser comum aos
outros segmentos corporais. Inicia com apoio bipodal com o peso distribuído
equitativamente nos dois membros, seguido de transferências de peso,
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
31
posteriormente associadas a mudanças de direcção, tendo como último grau de
dificuldade a execução do exercício em apoio unipodal.
Ao nível dos membros superiores o grau de dificuldade crescente inicia-se com
diagonais unilaterais, seguidas de bilaterais simétricas, passando de seguida a
bilaterais assimétricas, progredindo então para diagonais bilaterais recíprocas.
No tronco, a progressão ocorre partindo de uma posição estática, descrita
anteriormente como postura base, sendo introduzidos componentes de rotação,
flexão e extensão do tronco, podendo surgir isoladamente ou combinados entre
si.
Controlo respiratório:
Durante a execução dos movimentos, realizados de forma lenta e controlada, é
pedido que se prolonguem os tempos respiratórios, fazendo-os durar ao longo de
toda a amplitude trabalhada.
Na maioria das modalidades de exercício a expiração vem associada ao momento
de força máxima e a inspiração a menor contracção muscular. No PNF-Chi® é
estimulada a co-contracção durante todo o movimento, logo a adequação dos
ciclos respiratórios surge também associada aos movimentos da grelha torácica e
músculos acessórios da ventilação. Na sequência utilizada neste estudo a
inspiração está associada a movimentos de abdução dos membros superiores e a
expiração à adução.
O programa de exercícios (Apêndice I) utilizado no presente estudo, foi
desenvolvido tendo em conta uma progressão dos exercícios, de modo a que o
grau de dificuldade aumentasse de forma suave e gradual. Chen et al (2006)
consideraram um programa de 3 sessões semanais como a frequência ideal para
o objectivo da melhoria da qualidade de vida dos participantes. Por limitações a
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
32
nível de recursos humanos e temporais optou-se pela realização de duas sessões
semanais.
Os exercícios foram seleccionados de modo a serem constituídos por uma ou
mais progressões, dando-se estas no sentido da maior dificuldade de execução, o
que significa em termos de membros superiores, uma progressão de um
movimento unilateral para um bilateral e, posteriormente de um bilateral simétrico
para um assimétrico. Em termos de membros inferiores, a progressão dá-se de
apoio bipodal para apoio unipodal com transferência de peso lateral parcial,
depois total, ficando o participante em apoio unipodal e por fim as transferências
de carga envolvendo alteração da posição corporal.
2.8. Desempenho cardiopulmonar
Pretende-se avaliar a influência de um programa de exercícios de PNF-Chi® no
desempenho cardiopulmonar numa população idosa. Nesta faixa etária observa-
se um decréscimo das funções cardíaca e pulmonar subjacente ao processo de
envelhecimento.
O consumo máximo de oxigénio (V O2max), um indicador da função
cardiovascular máxima, apresenta um défice entre 5 a 15% por década, após os
25 anos de idade, em atletas. A frequência cardíaca máxima diminui 6 a 10 cpm
por década, sendo esta diminuição responsável pelos decréscimos na capacidade
cardíaca máxima associada à idade (Ehsani et al, 1981).
Comparando com adultos jovens, o idoso, em situação de exercício máximo,
apresenta: aumento do volume sistólico, diminuição do volume de sangue
ejectado, diminuição da contracção do ventrículo esquerdo e aumento da pressão
arterial.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
33
É agora aceite que, tal como no caso de adultos jovens, os idosos beneficiam de
um aumento de 10 a 30 % no VO2max e diminuição da pressão arterial, com o
treino de exercício de resistência.
Não é possível citar todos os benefícios do exercício, no entanto admite-se que
este tenha influência em 5 áreas principais: função cardiovascular, força,
equilíbrio e flexibilidade, função psicossocial e melhoria da qualidade de vida.
As patologias cardiovasculares apresentam grande incidência na população
idosa. Outras patologias como a obesidade e a diabetes podem também exercer
influência sobre sistema cardiopulmonar. O exercício pode ser demasiado
exigente do ponto de vista cardíaco e por este motivo dever-se-á respeitar as
suas contra-indicações. As principais contra-indicações absolutas à prática do
exercício são: alterações do ECG, enfarte do miocárdio, angina instável, arritmias
incontroladas e patologia obstrutiva cardíaca aguda. As contra-indicações
relativas incluem pressão arterial elevada, cardiomiopatias, patologia valvular e
patologia metabólica não controlada. Por este motivo o idoso deverá realizar uma
avaliação médica prévia à iniciação de uma modalidade de exercício (Barata,
1997).
As guidelines do American College of Sports Medicine (ACSM, 2000),
recomendam exercício de intensidade leve a moderada para optimizar a saúde do
idoso, o que a longo prazo se poderá traduzir na redução das alterações
resultantes do envelhecimento e consequente melhoria da qualidade de vida.
Vincent et. al. (2002) avaliaram o efectividade de dois programas de exercício
físico (baixa e elevada intensidade) com uma duração de 24 semanas à razão de
três sessões semanais, relativamente a um grupo de controlo, numa população
com idade superior a 60 anos. Observaram melhorias significativas na capacidade
aeróbica e percepção de esforço em ambos os grupos experimentais.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
34
Earnest et. al.(2008) analisaram qual a dose de exercício necessária para a
melhoria da variabilidade da frequência cardíaca em mulheres com idades
compreendias entre os 45 e 75 anos. Concluíram através de um programa de
treino com a duração de 6 meses que o treino de exercício de intensidade
moderada é suficiente para obter melhorias na variância de frequência cardíaca
em mulheres pós-menopausa sedentárias.
2.9. A Qualidade de Vida:
O desempenho cardiopulmonar está associado à capacidade e funcionalidade
física, sendo estas, dimensões da qualidade de vida do idoso. Pela revisão da
literatura observou-se que a prática de exercício físico exerce influência positiva
nas várias dimensões da qualidade de vida. O presente estudo irá então analisar
o efeito de um programa de PNF-Chi® na qualidade de vida da população em
estudo.
Qualidade de vida pode ser definida como uma condição dependente de vários
factores. Um estudo sobre a população idosa estabeleceu onze factores com
influência na qualidade de vida do idoso: o estado de saúde, a função física, a
energia e a vitalidade, a função cognitiva e emocional, a satisfação com a vida e o
sentimento de bem-estar, a função sexual, a função social, a recreação e o nível
económico (Faria & Marinho, 2004).
O envelhecimento está associado ao défice das funções físicas e psicológicas do
idoso. Por este motivo, para esta faixa etária, a qualidade de vida está também
associada à adaptação às diversas transformações ocorridas a nível psicossocial,
nomeadamente à redução e perda de papéis na sociedade. A actividade física
assume importância no controlo da incapacidade funcional, facilitando assim o
processo de adaptação na medida em que promove o alargamento das relações
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
35
sociais, a realização de novas amizades e a aquisição de novos papéis no
momento da reforma (Faria & Marinho, 2004).
As modalidades em grupo são portanto uma mais-valia na satisfação do utente
com a actividade física e na sua adesão aos programas de exercício (Forkan et al,
2006).
A prática regular de actividade física é referida como um importante factor na
prevenção de défices mentais e físicos no idoso (Fox, 2007). A realização de
exercício está também associada à prevenção de doenças do foro neurológico
como a depressão (Strawbridge, 2002) e a demência (Lautenschlager et al, 2004).
É consensual que existe relação positiva entre a realização de exercício e a auto-
percepção de qualidade de vida do idoso (Fox et al, 2007; Colcombe & Kramer,
2003).
Fox (2007), desenvolveu um estudo intitulado “Better ageing” para avaliação do
bem-estar em idosos praticantes de exercício, observou resultados positivos,
embora não significativos estatisticamente, nos indicadores de auto-percepção de
saúde.
Colcombe & Kramer (2003), conduziram uma meta-análise de 18 estudos
baseados em programas de exercício aeróbico com o objectivo de avaliar a sua
efectividade na melhoria da função cognitiva em idosos. Observaram melhorias
significativas em várias áreas da capacidade cognitiva principalmente no
planeamento das actividades, indicando que a plasticidade cognitiva se mantém
em idades avançadas.
Lee & Russel (2003) observaram a relação da actividade física com a saúde
mental e qualidade de vida de indivíduos com idade superior a 70 anos, num
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
36
estudo longitudinal com a duração de 3 anos, tendo fundamentado a necessidade
da promoção de actividade física apropriada nesta faixa etária.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
37
Metodologia
3.1. Objectivo do Estudo
O presente estudo tem como objectivo geral descrever as alterações ao nível do
desempenho cardiopulmonar e auto-percepção de qualidade de vida da
população com mais de 60 anos que frequenta o centro social e paroquial da
freguesia de S. Mateus. Tendo em conta os objectivos da investigação, optou-se
por uma metodologia quantitativa do tipo descritivo, pretendendo-se descrever os
efeitos de uma intervenção específica, o PNF-Chi®, a nível das variáveis
performance cardiopulmonar e qualidade de vida em idosos.
Os objectivos específicos do estudo são os seguintes:
1- Descrever os efeitos a nível da frequência cardíaca, frequência respiratória e
grau de dispneia ao fim de 6 minutos de marcha numa velocidade máxima
conseguida pelos indivíduos, comparando os valores atingidos antes e depois do
programa de 12 semanas de exercício.
2- Descrever a auto-percepção de satisfação e grau de importância dado a
parâmetros da qualidade de vida, indicados pela literatura: saúde e
funcionalidade, bem-estar emocional e espiritual, vida social e familiar, situação
financeira e ambiente, comparando o score obtido no questionário aplicado antes
e depois do programa de 12 semanas de exercício.
As variáveis em estudo são portanto a performance cardiopulmonar e qualidade
de vida, o quadro seguinte (Quadro 1) representa a sua operacionalização e
instrumento de monitorização.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
38
Variável Conceito Dimensões Instrumento de
Medida
Performance
Cardiopulmonar
Resposta global
dos sistemas
pulmonar e
cardiovascular
durante o
exercício a um
nível
submáximo.
Frequência
Cardíaca Palpação do pulso
Tensão Arterial Esfigmomanómetro.
Frequência
Respiratória
Observação da
mobilidade torácica
Grau de Dispneia Escala de Borg
Modificada
Qualidade de
Vida
O quanto a
pessoa está
satisfeita com os
aspectos da vida
que são
importantes para
si.
Saúde Geral e
Funcionalidade
Questionário de
Qualidade de Vida
da Pessoa Idosa
Rural
Bem-estar
emocional e
espiritual
Vida social e
Familiar
Situação Financeira
e o Ambiente
Quadro 1. Operacionalização das variáveis em estudo e instrumento de
monitorização.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
39
3.2. Tipo de Estudo e Desenho Metodológico
O estudo foi desenvolvido segundo o desenho metodológico O1 X O2 (esquema
1). O1 representa um momento de avaliação inicial, no qual foram aplicados os
instrumentos de medida seleccionados: Mini Mental State (MMS), Questionário de
Caracterização da Amostra, Six Minutes Walking Test (6MWT) e Questionário de
Qualidade de Vida da Pessoa Idosa Rural (QVPIR). O momento de avaliação foi
seguido de X, que representam as 12 semanas do programa de exercícios de
PNF-Chi®, as sessões foram realizadas 2 vezes por semanas com uma duração
de 1 hora. O2 representa a avaliação final em que foram novamente aplicados os
instrumentos de medida propostos.
3.3. População e Amostra
A população alvo do presente estudo é o grupo de 63 individuos da freguesia de
São Mateus, com idade superior a 60 anos, a frequentar o centro de convívio
social e paroquial da sua freguesia, onde realizam actividades de convívio nas
tardes de terça e quinta-feira.
Tendo em conta que um terço da população idosa inscrita no centro é flutuante,
não se obteve participação deste grupo. Dos frequentadores assíduos, 37
indivíduos da população alvo aceitaram participar no presente estudo, dos quais
O1 O2
X
Esquema 1. Desenho metodológico
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
40
30 preenchem os critérios de selecção definidos, deste modo a dimensão da
amostra é de 21 indivíduos. Nove indivíduos desistiram do programa e não
compareceram à avaliação final, representando uma taxa de 30% de morte
amostral.
A selecção da amostra não decorreu através de um processo de aleatorização,
esta foi constituída por idosos com os quais se desenvolveu contacto privilegiado
e uma maior acessibilidade, constituindo esta amostra uma amostra de
conveniência.
Foram definidos os seguintes critérios de selecção da amostra em estudo:
Critérios de Inclusão:
Indivíduos com 60 anos ou mais anos de idade;
Indivíduos que realizem marcha independente de terceiros ou auxiliares;
Indivíduos não institucionalizados;
Critérios de Exclusão:
Sujeitos que pratiquem alguma forma de exercício físico orientado;
Sujeitos que apresentem condições clínicas instáveis (enfarte do miocárdio
ou Acidente Vascular Cerebral) com menos de seis meses de evolução, ou
outra contra-indicação médica para prática de actividade física;
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
41
Sujeitos que refiram dor de intensidade moderada a elevada à pratica de
actividade física, de intensidade baixa a moderada (marcha, subir/descer
escadas);
Alterações cognitivas que possam comprometer a compreensão e
execução de comandos verbais.
Pretendeu-se comparar as medidas das variáveis em estudo: desempenho
cardiopulmonar e qualidade de vida, antes e depois da implementação do
programa de 12 sessões de PNF-Chi®.
Critérios de Caracterização da Amostra
A maioria dos países desenvolvidos indica os 65 anos como a idade de transição
para a faixa etária da terceira idade (Diczfalusy, 1996). Por se tratar de um estudo
que se debruça sobre a população idosa, a amostra seleccionada para o presente
estudo, compreenderia indivíduos com idade superior a 65 anos, tal como foi
adoptado por Hong et al (2000) num estudo sobre os efeitos do TCC em idosos
ou num estudo realizado por Faria & Marinho (2004) sobre a actividade física na
terceira idade. No entanto, após aplicação do questionário de caracterização da
amostra aos idosos do centro social e paroquial, foi possível observar que a
maioria dos idosos do centro com idade superior a 65 anos não reuniam
condições físicas ou cognitivas para a realização das sessões de PNF-Chi®. Por
este motivo adoptou-se a idade mínima de acesso da amostra de 60 anos.
O limite inferior de idades, superior a 60 anos foi também adoptado por outros
estudos sobre o TCC (Xu et al, 2004; Levandoski & Leyshon, 1990; Verhagen, et
al., 2004; Taylor-Piliae et al, 2006) e sobre a influência do exercício em idosos
(Barret & Smerdely, 2002; Strawbridge et al., 2002; McAuley et al., 2000; van der
Bij, et al, 2002).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
42
Ao reduzir-se o estrato etário, poderá ser possível identificar eventuais fontes de
viés para a nossa investigação pois os dados serão recolhidos de indivíduos com
idade superior a 60 anos. No entanto os restantes critérios de inclusão permitem a
manutenção da homogeneidade da população relativamente ao seu status físico e
psíquico e respectiva capacidade funcional para o exercício.
O PNF-Chi® é uma modalidade que se realiza na posição bípede e exige a
coordenação de movimentos entre membros superiores e inferiores, bem como a
transferência de peso simétrica entre os membros inferiores e mudanças de
direcção. A não utilização de auxiliares de marcha foi definida como critério de
inclusão, permitindo a todos os incluídos realizar as classes com liberdade de
movimento e sem risco físico para os mesmos.
A exclusão de indivíduos institucionalizados, tem por base o pressuposto que os
idosos nesta condição apresentam maior dependência física e mobilidade
condicionada, o que representa um factor limitativo à prática de PNF-Chi®.
Os utentes que praticam alguma forma de exercício físico orientado já estão
sujeitos a estímulos sobre o seu sistema cardiovascular e qualidade de vida. O
facto de não incluirmos indivíduos nestas condições pretende isolar o PNF-Chi®
como possível fonte de influência nas variáveis em análise.
A não inclusão na amostra de sujeitos que apresentem condições clínicas
instáveis (enfarte do miocárdio ou Acidente Vascular Cerebral) com menos de
seis meses de evolução, ou outra contra-indicação médica para prática de
actividade física, prende-se apenas com questões de segurança e ética. Durante
a execução das classes não será possível dar um apoio personalizado contínuo
aos sujeitos, tal como seria necessário em utentes com necessidades físicas
especiais. Por este motivo estes utentes não puderam integrar as sessões.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
43
Sujeitos que refiram dor de intensidade moderada a elevada à prática de
actividade física, de intensidade baixa a moderada (marcha, subir/descer
escadas), não serão incluídos no estudo pois esta imporia um limite à execução
correcta dos exercícios bem como poderia representar uma agressão à
integridade física dos indivíduos.
Os critérios de selecção da amostra descritos serão assegurados pela passagem
de um questionário a todos os utentes do centro (Apêndice II). Os entrevistadores
serão os fisioterapeutas investigadores. Os idosos que reúnam os critérios pré-
definidos irão incluir a amostra deste estudo.
Alterações cognitivas que possam comprometer a compreensão e execução de
comandos verbais, são também critérios de exclusão do presente estudo. Este
critério será assegurado pela escala de avaliação MMSE. São considerados com
defeito cognitivo indivíduos analfabetos com score < ou = a 15 pontos, indivíduos
com 1 a 11 anos de escolaridade com score < ou = a 22 e sujeitos com
escolaridade superior a 11 anos com score < ou = 27. Sujeitos nestas condições
não serão incluídos no presente estudo.
3.4. Instrumentos
Para o presente estudo, recorreu-se aos seguintes instrumentos: questionário de
caracterização da amostra (Apêndice II), Mini Mental State Examination (Anexo I),
Prova de Marcha dos 6 minutos (Anexo II), Escala de Borg Modificada (Anexo III),
medição de pulso radial, frequência respiratória, tensão arterial e Questionário da
Qualidade de Vida da Pessoa Idosa Rural (Anexo IV).
3.4.1. Questionário para caracterização da amostra (Apêndice II)
Foi construído um questionário, que foi posteriormente passado a toda a
população idosa a frequentar o Centro social e paroquial de S. Mateus, com o
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
44
objectivo de identificar os indivíduos que preenchem os critérios de selecção
definidos para o presente estudo e que poderiam integrar as sessões de PNF-
Chi®. O questionário pretende ainda recolher dados demográficos da população
em estudo para caracterizar a amostra.
3.4.2. Mini Mental State Examination (AnexoII):
A MMSE foi desenvolvida por Folstein et al (1975) e é um dos instrumentos mais
utilizado e estudado a nível mundial. Este instrumento permite a avaliação da
capacidade cognitiva do indivíduo bem como a identificação de possíveis défices
cognitivos e sua progressão ao longo de uma intervenção (Almeida, 1998).
Este instrumento foi seleccionado para averiguar a capacidade cognitiva dos
indivíduos da população em estudo. Este foi passado, identificando assim os
indivíduos sem defeito cognitivo, segundo os parâmetros do instrumento, sendo
este um critério de inclusão do presente estudo.
Trata-se de um instrumento de fácil e rápida aplicação e tem como objectivo
avaliar os aspectos cognitivos das funções mentais de adultos, divididas em duas
secções. A primeira secção é composta por respostas verbais, que avaliam as
dimensões: orientação, memória e atenção. A segunda secção avalia a
capacidade de nomear e responder a comandos verbais e escritos.
Através deste instrumento é obtida uma medida quantitativa, sendo o score total
30 pontos. Pressupõe-se que um score inferior a 23 implica que o indivíduo tem
um défice cognitivo (Dziedzic, 1998). Um factor importante a ter em consideração
é o facto de que na validação desta escala para a população portuguesa foram
introduzidas alterações, para adaptação à especificidades da população. Um dos
aspectos considerados foi a taxa de analfabetismo da população portuguesa,
sendo considerados por isso três scores possíveis a partir dos quais o indivíduo é
considerado sem défice cognitivo, de acordo com o seu nível de escolaridade:
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
45
Analfabetos, score maior que 15, do 1° ao 11° ano de escolaridade, score maior
que 23, mais do que 11 anos de escolaridade, score maior que 27 pontos.
Em rastreios de demências e defeito cognitivo ligeiro o MMSE é o teste mais
usado, isoladamente (Meyer et al, 2002) ou mais frequentemente em associação
com testes de memória, linguagem e outras funções (Bischkopf, 2002, Petersen
et al., 1995, Petersen et al., Petersen et al., 2002; Meyer et al., 2002; Larrieu et
al., 2002; Hänninen, 2002; Ritchie, 2001; Morris, 2001; Tabert et al, 2002). Num
estudo de adaptação efectuado na população portuguesa este instrumento
apresentou uma sensibilidade máxima de 77,4% e uma especificidade também
máxima de 96,8% para a detecção de demência, variando estes valores em
função do grau de escolaridade (LECEEM, 1998; Guerreiro, 1998).
No presente estudo a utilização do MMSE teve como objectivo determinar quais
os participantes que possuem um grau cognitivo que permita a compreensão de
comandos verbais e a sua reprodução motora, bem como a retenção progressiva
dos princípios do PNF-Chi® ao longo das sessões de exercício.
3.4.3. Prova de Marcha de Seis Minutos (Anexo II)
A prova de marcha dos seis minutos avalia a distância que um utente consegue
percorrer em marcha acelerada, numa superfície dura e plana, durante um
período de seis minutos (ATS, 2002).
Pretende avaliar a resposta global dos vários sistemas e estruturas envolvidos
durante o exercício: sistema pulmonar, cardiovascular, circulação sistémica,
unidades neuro-motoras e metabolismo celular. Não provê informação específica
do funcionamento de cada sistema envolvido no exercício, apenas avalia a
capacidade funcional para o exercício a um nível submáximo. Este facto reflecte
com maior exactidão a capacidade funcional para a actividade física porque a
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
46
maioria as actividades diárias são executadas a um nível submáximo (ATS,
2002).
A maioria das aplicações do teste destinam-se à avaliação da efectividade de
uma intervenção. Sendo a sua principal indicação a avaliação da resposta a
terapia farmacológica em utentes com patologia cardíaca ou pulmonar severa,
pode ainda ser utilizado na medição da capacidade funcional dos utentes,
podendo os seus dados serem ainda utilizados como dados preditivos do estado
de morbilidade/mortalidade dos utentes (ATS, 2002). Enright, et. al. (2003)
concluíram que o teste da marcha dos seis minutos é facilmente realizável de
forma segura por idosos não institucionalizados. Concluíram que o teste pode ser
utilizado clinicamente na avaliação do impacto de várias patologias, do foro
cardiovascular, pulmonar, artrite, diabetes, disfunção cognitiva e depressão, na
tolerância ao exercício em idosos.
Segundo as indicações da American Thoracic Society (2002), são necessários
mais estudos para determinar a utilidade da prova de marcha dos seis minutos
em várias situações clínicas. O teste é considerado um complemento na
avaliação respiratória, no entanto é mais significativo na avaliação da capacidade
funcional dos utentes do que o peak oxygen uptake.
A angina de peito instável e o enfarte do miocárdio, durante o ultimo mês anterior
ao teste, são consideradas contra-indicações absolutas à realização da prova. As
contra-indicações relativas incluem uma frequência cardíaca em repouso superior
a 120cpm, pressão sistólica superior a 180 mm/Hg e diastólica superior a 100
mm/Hg. Utentes com algum destes sinais devem de ser encaminhados para o seu
médico, para que este indique referências específicas para a avaliação
cardiovascular do utente. Angina de peito estável não é considerada uma contra-
indicação absoluta para a realização do teste mas o utente deverá tomar a sua
medicação anti-angina antes de realizar a prova (ATS, 2002).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
47
O teste deverá ser imediatamente interrompido em caso de dor no peito, dispneia
severa, cãibras nos membros inferiores, perda de força, sudação excessiva,
fácies pálida e/ou cianótica. Se o teste for parado por alguma destas razões, o
utente deve sentar-se ou deitar-se em decúbito dorsal, e os seguintes parâmetros
devem ser avaliados: pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória
e saturação de oxigénio (ATS, 2002).
O teste deve de ser realizado num espaço interior, com solo duro e direito de 30
m de comprimento. Cada 3m devem ser marcados no solo, e o ponto de mudança
de direcção deve estar identificado com um pino. Um corredor de dimensões
menores poderá ser utilizado tendo em conta que os utentes irão realizar mais
voltas. Alguns estudos utilizaram corredores de 20 ou 50 m de comprimento.
Estudos recentes mostraram não existir diferenças significativas na distância
percorrida em corredores entre 15 a 50 metros (Weiss et al., 2000 cit. por ATS,
2002). Por limitações de espaço físico, optou-se pela realização da prova num
percurso com 15 metros de comprimento.
Os utentes deverão realizar a prova com roupa e calçado confortável, utilizar os
auxiliares de marcha que utilizam normalmente para a sua deambulação, manter
o seu regime farmacológico habitual e podem tomar uma refeição ligeira antes do
teste. Não deverão realizar exercício físico vigoroso até duas horas antes do início
do teste, nem fazer breves exercícios de aquecimento antes do mesmo (ATS,
2002).
A repetição do teste deve ser realizada sempre à mesma hora ou altura do dia,
reduzindo assim factores de variabilidade entre avaliações. Os utentes deverão
sentar-se 10 minutos antes do inicio da prova, nos quais o examinador deverá
verificar a existência de contra-indicações à realização da prova, se o utente
utiliza roupa e calçado adequado e por fim proceder à avaliação da frequência
cardíaca, respiratória, e tensão arterial.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
48
Frequência cardíaca refere-se à medição do número de batimentos cardíacos por
minuto, que no presente estudo será avaliada através de monitores electrónicos
portáteis, bem como a avaliação da tensão arterial. Considera-se o intervalo entre
60 e 100 bpm, a frequência cardíaca normal em adultos (Abreu, 2006). Recorreu-
se à utilização de monitores electrónicos portáteis para maior rapidez do
processo.
Pressão arterial refere-se à força que o sangue exerce contra a parede do vaso
sanguíneo arterial. Devido às fases de contracção e relaxamento do ventrículo
esquerdo, observa-se uma pressão arterial máxima e outra mínima. Existem
vários factores que podem influenciar a tensão arterial, os quais não podem ser
controlados pelos investigadores, tais como o volume de sangue arterial, a
elasticidade das artérias, o output cardíaco e as emoções. Por outro lado, de
modo a garantir reprodutibilidade dos resultados existem factores que podem ser
controlados tais como a prática de exercício, a posição do membro durante a
medição, o fumo de tabaco e a ingestão de bebidas alcoólicas. Por este motivo as
medições irão ser sempre realizadas pelo mesmo examinador, com o mesmo
aparelho electrónico portátil, no mesmo membro superior, o esquerdo, e na
mesma posição, com o antebraço suportado na horizontal, ao nível do coração.
Foi dada indicação aos indivíduos que não fumassem, bebessem, ou tomassem
qualquer outra substância estimulante antes da execução da avaliação. Estes
foram ainda sujeitos a um repouso de 10 minutos imediatamente antes da prova,
tentando assim diminuir possíveis efeitos sobre os sistemas responsáveis pelo
exercício.
Em adultos considera-se a pressão arterial máxima normal num intervalo entre 95
e 140 mm/Hg, assumindo que esta poderá estar ligeiramente elevada na
população idosa. Os valores para a tensão arterial diastólica podem variar entre
60 e 90 mm/Hg e podem estar ligeiramente diminuídos em idosos (Abreu, 2006)
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
49
A Frequência respiratória refere-se ao número de ciclos respiratórios por minuto.
Um ciclo respiratório compreende uma inspiração e expiração subsequente. A
frequência respiratória depende dos mecanismos de controlo químico e neural, a
nível central e periférico, estando intimamente ligada às componentes
cardiovascular e metabólica (Abreu, 2006).
As variações de frequência respiratória estão dependentes de factores
patológicos: disfunção pulmonar, cardíaca, neurológica, neuromuscular, musculo-
esquelética, visceral, metabólica e química. Outros factores não patológicos
podem influenciar a frequência respiratória como as emoções, o posicionamento,
a prática de exercício e a idade. Para o adulto o intervalo entre 12 e 18 cpm, é
considerado normal (Abreu, 2007).
Quando o utente se levantar deve-se averiguar o seu grau de fadiga ou dispneia
através da escala de Borg Modificada (Anexo III).
A escala de Borg é considerada o instrumento mais utilizado na avaliação da
percepção subjectiva de esforço (Kavanagh et al, 2002). Neste âmbito considera-
se mais adequada a avaliação da dispneia através da escala de Borg do que pelo
índice de Mahler, porque a primeira reflecte a avaliação que é feita no momento,
enquanto que o segundo reporta a dispneia de forma mais indirecta, conforme a
memória do utente (Rodrigues, 2004).
No presente estudo, recorreu-se à versão modificada da escala de Borg ou CR 10
(Category-Ratio 10 scale), construída por Gunnar Borg em 1981, com o objectivo
de avaliar, principalmente, o esforço e a dor. Este instrumento consiste em
valores de 0 a 10 (0; 0,5; 1, 2;… 10), com expressões verbais associadas a cada
valor. Estes valores estão colocados de forma a obter-se uma relação linear
quantitativa com os dados fornecidos (Kendrick et al, 2000). A classificação da
dispneia através deste instrumento é considerada uma medida fidedigna e válida
do grau de esforço do utente (NZGG, 2002).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
50
Antes de iniciar a marcha o utente deve receber as seguintes instruções: “O
senhor(a) vai realizar uma prova de marcha, onde vai percorrer uma determinada
distância durante seis minutos. Deverá adoptar o passo mais rápido que pense
ser capaz de manter durante toda a prova, sem desconforto excessivo. Pode
parar as vezes que julgar necessárias.”
O examinador deve posicionar-se na linha de partida, ao lado do utente, onde
deve permanecer durante toda a avaliação. O cronómetro deve começar a contar
quando o utente iniciar a marcha. Durante a prova serão dados incentivos,
utilizando frases padronizadas – “Vamos dê o seu melhor” – após os 2 minutos
iniciais e de 30/30 segundos, num total de oito incentivos.
No final da prova repetem-se as avaliações realizadas antes da prova dos seis
minutos de marcha, regista-se a distância total percorrida e o número de
paragens, caso tenham sido efectuadas. Foi utilizado a seguinte folha de registo,
durante a execução das provas no presente estudo (Apêndice III).
Existem inúmeras fontes de variabilidade possíveis na prova de marcha dos seis
minutos, nomeadamente o peso, altura, idade, sexo, nível cognitivo do utente,
disfunção pulmonar, cardiovascular, musculo-esquelética e motivação. Os
factores de variabilidade com origem na própria aplicação da prova, podem ser
reduzidos pelo cumprimento das já referidas normas de aplicação.
Guyatt et all, (1991 cit. por ATS, 2002) referem que a prova de marcha dos 6
minutos possui uma boa reprodutibilidade inter-observação, quando a prova é
efectuada pelo mesmo examinador. Melhoras significativas, nos resultados
obtidos pela aplicação da prova foram observadas em grupos, ao contrário das
observações individuais. Por este motivo optou-se pela execução das provas em
grupos de 3 indivíduos, os quais seriam sempre avaliados pelo mesmo
examinador, antes e depois da execução da prova, bem como no final das 12
semanas do programa de exercícios de PNF-Chi®.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
51
Não existem valores de referência para os resultados obtidos na prova, no
entanto um estudo de Miyamoto (2000, cit por ATS, 2002) refere que a distância
média percorrida por homens saudáveis é de 580m e 500m por mulheres
saudáveis.
A prova de marcha dos 6 minutos é um instrumento importante na avaliação da
capacidade funcional em utentes com disfunção ligeira a moderada. Estando a
fidedignidade dos valores obtidos dependente da preparação do examinador,
devendo por isso ser respeitadas as guidelines de aplicação.
3.4.3. Questionário Qualidade de Vida Pessoa Idosa Rural (Anexo IV)
Segundo Bowling (1995, cit. por Mozley, 2004), a qualidade de vida define-se
como o grau de satisfação do indivíduo nas dimensões social, psico-social e física
das quais possui uma percepção subjectiva de importância. Inclui assim as coisas
que os indivíduos consideram importantes nas suas vidas, boas e más. As coisas
mais mencionadas em resposta a um questionário aberto desenvolvido por este
investigador, foram respectivamente relação com familiares e amigos, saúde
pessoal e de terceiros, finanças e meios de vida.
A percepção de qualidade de vida é de natureza complexa e por este motivo os
questionários devem ser sensíveis a diferentes valores, de diferentes grupos
sociais e à variabilidade de prioridades de acordo com a faixa etária (Mozley,
2004).
O questionário de qualidade de vida da pessoa idosa rural é um instrumento que
avalia aspectos da vida que o indivíduo considera importantes e o seu grau de
satisfação com as mesmas, num total de 23 itens distribuídos por quatro
dimensões: “saúde em geral e funcionalidade”, “bem-estar emocional e espiritual”,
“vida social e familiar”, e “situação financeira e ambiente”.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
52
É pedido ao indivíduo que classifique cada item, quanto à importância que este
tem para a sua vida, e também quanto à satisfação que sente quanto a esse
aspecto no momento da realização do questionário. A resposta é dada numa
classificação de 1 a 5 com expressões verbais associadas a cada valor, numa
progressão de nada importante/ muito insatisfeito a muito importante/ muito
satisfeito.
A adaptação do questionário de Qualidade de Vida da Pessoa Idosa Rural para a
população portuguesa foi baseada em fontes bibliográficas e no contributo de
profissionais de saúde especializados nos cuidados de idosos (da Silva, 2001).
O conceito de qualidade de vida presente no instrumento é o de satisfação de
necessidades nas várias dimensões da vida e na variabilidade do grau de
importância atribuído individualmente a cada uma dessas dimensões (Raphael et
al. Cit. por da Silva, 2001)
A fase inicial de desenvolvimento do instrumento teve por base quatro outros
estudos sobre qualidade de vida (da Silva, 2001):
1. Ferrans et al. (1990, cit.por da Silva, 2001) identifica quatro domínios da
qualidade de vida: saúde e funcionalidade, socioeconómico, psicológico e
espiritual, e família.
2. Raphael et al (1997, cit. por da Silva, 2001) que sugere que qualidade de
vida se relaciona com o grau com que o individuo desfruta as
possibilidades significativas da sua vida.
3. Farquhar (1995, cit. por da Silva, 2001) que concluiu que as relações
familiares, os contactos sociais e actividades são tão valorizados como a
saúde, a funcionalidade ou outros domínios na vida do idoso.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
53
4. Bowling (1995, cit. por da Silva, 2001) sugere que os indivíduos idosos
consideram como mais importante na sua vida a relação com a sua família,
a sua saúde, a saúde de alguém próximo, as finanças e o modo de vida.
Estes estudos enfatizaram a natureza multidimensional da qualidade de vida e,
introduzem a auto percepção do indivíduo das suas necessidades em áreas
específicas.
Baseada nestes estudos, a autora da validação do QVPIR para a população
portuguesa construiu uma listagem de itens identificados como relevantes na vida
do idoso. Esta lista foi examinada por um grupo de especialistas em cuidados de
idosos, a trabalhar em áreas rurais, que permitiu a identificação de 24 itens
considerados de maior importância para os utentes idosos. Os itens foram então
distribuídos pelas quatro dimensões que constituem o instrumento.
A viabilidade do instrumento foi testada quer por profissionais de saúde quer por
utentes.
Um grupo de especialistas foi consultado via correio electrónico, devido à
dispersão geográfica dos mesmos, colocando-lhes questões relacionadas com a
validade do instrumento. Os especialistas consultados concordaram que o
instrumento media o conceito a que se propôs, e consideraram a proporção de
itens em cada dimensão adequada (da Silva, 2001). Um dos especialistas sugeriu
que o conceito de satisfação poderia suscitar diferentes interpretações, pelo que
terá sido acrescentada a definição de satisfação e importância na introdução do
instrumento. Por sugestão dos inquiridos foram realizadas adaptações ao nível da
linguagem de alguns itens do instrumento.
O instrumento foi considerado de preenchimento fácil e rápido, possuindo um
aspecto agradável e linguagem acessível tendo sido confirmado a sua utilização
por parte dos profissionais inquiridos (da Silva, 2001).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
54
Após a inquirição dos especialistas, procedeu-se à consulta de um grupo de 20
idosos sobre a sua opinião em relação ao instrumento. Todos os inquiridos
concordaram que o instrumento media o conceito de qualidade de vida proposto.
Foram propostas algumas alterações ao nível de conceitos nomeadamente na
introdução de exemplos, que foram adicionados ao instrumento.
A validade interna e a validade inter-observador foi avaliada, tendo sido obtidos
resultados semelhantes à construção de outros dois instrumentos de avaliação de
qualidade de vida. Os dados estatísticos obtidos foram considerados significativos
e foi concluído que o QVPIR possui consistência interna de um nível moderado a
bom (da Silva, 2001).
No processo de construção do instrumento foram observados valores bons de
viabilidade inter-observador, o que poderá estar associado ao facto de que o
preenchimento do instrumento para fins de análise de viabilidade inter-observador
ter decorrido por terceira pessoa e pelas instruções específicas de selecção de
apenas uma opção da escala de Lickert em cada item.
Os resultados do estudo de construção do instrumento revelaram níveis
satisfatórios de validade do instrumento, bem como identificaram um bom grau de
fiabilidade do instrumento (da Silva, 2001).
Hughes (1990, cit. por Mozley, 2004) considera problemática a definição da
validade de instrumentos de avaliação da qualidade de vida pois não existem
valores e conceitos de referência para a mesma. Não é possível comparar e
julgar, crítica e sistematicamente a percepção subjectiva de qualidade de vida.
3.5. Questões Éticas
Para assegurar a ética dos procedimentos foi realizada uma acção de
sensibilização aos participantes do estudo, que explanou os objectivos e a
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
55
metodologia do projecto, tendo no entanto cuidado de não induzir os utentes, para
que os resultados esperados não fossem enviesados, tendo apenas como
objectivo a adesão dos mesmos ao programa.
Foi entregue a cada participante uma declaração de consentimento informado
segundo as recomendações de Helsínquia (Apêndice IV), ficando explícita a
possibilidade de abandonar o estudo a qualquer altura sem qualquer tipo de
consequência. Também a confidencialidade da identidade e dados pessoais e
clínicos dos sujeitos foi garantida.
A declaração de consentimento informado utiliza uma linguagem clara e
acessível, não recorrendo a terminologia técnica de difícil compreensão para a
pessoa que assina o Termo de Consentimento. A finalidade primordial deste
processo foi obter a manifestação livre e adequadamente informada do indivíduo
que está a ser convidado a participar no projecto de investigação, não tendo sido
visto como uma mera formalidade legal ou burocrática a ser cumprida. A estrutura
do texto foi compreensível para o nível de escolaridade do ensino básico, ou seja,
aproximadamente 9 anos de escolaridade. O cuidado mais importante ao redigir a
declaração é evitar frases e parágrafos muito longos (Francisconi, 2003).
Deverão ser dadas garantias de confidencialidade e privacidade aos dados
recolhidos. No entanto, esta garantia não é sinónimo de anonimato. O pleno
anonimato só ocorre quando nem a equipa de investigadores tem acesso à
identificação dos participantes (Francisconi, 2003). O investigador comprometeu-
se formalmente, com a preservação do anonimato dos participantes do estudo
aquando da sua divulgação dos resultados do projecto.
O Termo de Consentimento Informado dos participantes analfabetos foi lido na
presença de duas testemunhas imparciais, sem envolvimento directo com a
investigação. Estas pessoas assinaram o documento de forma a certificar que
todas as informações foram dadas ao indivíduo, ou ao seu representante legal, e
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
56
que as perguntas suscitadas pelo mesmo foram amplamente esclarecidas pelo
investigador.
Foi assegurado que o indivíduo que se dispôs voluntariamente teria o direito de
não participar ou de abandonar o estudo, a qualquer momento, sem que isto
representasse qualquer tipo de prejuízo para o seu atendimento dentro da
instituição onde o projecto foi desenvolvido. Não existiu qualquer tipo de coação
no processo de recrutamento de voluntários.
Consideramos que os riscos relativamente às questões de segurança e saúde
dos participantes se encontram minimizados por o PNF-Chi® se tratar de uma
actividade física de baixo impacto músculo-esquelético e cardio-respiratório.
Queremos com isto dizer que se trata de uma actividade que em termos de
exigência física poderá ser comparável com actividades realizadas no quotidiano
como por exemplo marcha.
Por outro lado as classes foram realizadas com utentes de idade avançada sem
patologia cardíaca grave, o que foi um factor de minimização de risco de alteração
cardiovascular durante a actividade física. Ficaram também excluídos do estudo,
utentes com alteração cognitiva ou física grave que os impedissem de realizar a
actividade em segurança.
Foi questionado pela instituição a possibilidade de continuidade do projecto, não
privando assim os idosos de classes de movimento, orientadas por
fisioterapeutas, após conclusão do estudo. Por este motivo irão ser estabelecidos
protocolos para dar continuidade ao programa com actividades direccionados
para a população idosa do centro.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
57
3.6. Procedimentos
Para a realização do projecto foi necessária a obtenção de autorização por parte
da Dra. Andrea Homem, coordenadora do Centro Social e Paroquial de S. Mateus
da Calheta, para a utilização das instalações do centro para a realização das
aulas e avaliações dos idosos em estudo (Apêndice V).
O estudo teve início com o preenchimento do consentimento informado pelos
utentes do centro social e paroquial.
A estratégia de amostragem passou pelo convite a todos os idosos, a frequentar o
convívio, para participarem no presente estudo. Em seguida procedeu-se à leitura
do documento de consentimento informado (Apêndice IV) e à sua assinatura. Aos
idosos que consentiram a participação no estudo foi passado o questionário de
caracterização da amostra e o MMSE, para identificar quais destes reuniam os
critérios de selecção definidos, encontrando-se assim a amostra do presente
estudo definida. Em seguida foram aplicados os instrumentos de avaliação das
variáveis em estudo: 6MWT e QVPIR.
A primeira fase da avaliação dos idosos corresponde à realização dos inquéritos
de caracterização da amostra, o preenchimento do MMSE e o QVPIR.
O questionário de caracterização da amostra permitiu a recolha de dados
demográficos bem como a exclusão dos indivíduos que não reuniam os critérios
de inclusão na amostra. Apenas os indivíduos que responderam às condições,
realizaram a prova de marcha dos seis minutos, foram considerados participantes
no estudo.
Estas avaliações ocorreram antes e após o programa de 12 semanas de PNF-
Chi®. As avaliações foram realizadas à mesma hora do dia, das 14 às 17 horas, e
no mesmo espaço, nas instalações do centro, de maneira a evitar possíveis
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
58
factores de enviesamento dos resultados. Foram solicitados aos participantes a
utilização de roupas leves e confortáveis para que não sejam um factor limitativo
na execução da prova de marcha dos seis minutos.
Na fase seguinte à avaliação inicial decorreu o programa de PNF-Chi®. O período
de 12 semanas foi seleccionado tendo por base outros estudos, nos quais foram
aplicados programas de exercício para a melhoria da capacidade funcional de
idosos, com a mesma duração (Gillies, 1999).
Os movimentos foram executados de forma lenta (seis segundos por movimento
em cada sentido) e repetidos três vezes, segundo os princípios da modalidade. O
tempo de repouso estipulado foi de 10 segundos entre cada exercício, em que o
praticante relaxou da postura necessária para os exercícios, fazendo leves
movimentos rotacionais das articulações proximais (cintura escapular, cervical e
coxo-femural).
As aulas decorreram nas instalações do centro Social e Paroquial de S. Mateus
da Calheta, às segundas e quintas-feiras às 14h, pois foi a hora considerada mais
conveniente pelos participantes e responsáveis pelas instalações.
3.7. Cronograma de Implementação do Estudo:
Toda a investigação é precedida de um período de revisão bibliográfica a partir do
qual se definem os objectivos da investigação a as estratégias metodológicas a
utilizar.
No presente estudo este período foi seguido de um outro no qual se realizou o
treino de competências de aplicação dos instrumentos de medida, e da execução
das sessões de PNF-Chi®.
A implementação do estudo, propriamente dita, esteve dividida em 6 momentos:
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
59
1. (31/01/2008): primeiro contacto com os idosos e instalações do centro
social e paroquial de S. Mateus;
2. (12/02/2008): acção de sensibilização “A Saúde pode-se escolher”,
pretendeu sensibilizar os idosos para a prática do exercício físico,
seguindo-se da demonstração de uma classe de PNF-Chi®.
3. (14/02 a 01/03/2008): avaliação da amostra;
4. (03/03/2008 a 22/05/2008): execução das classes de PNF-Chi®;
5. (17/05/2008): reavaliação da amostra;
6. (09/2008): análise e tratamento de dados;
O quadro 2 pretende fazer uma representação esquemática do cronograma da
realização do presente estudo no âmbito das disciplinas Projecto de Investigação
II e III, no 2° ciclo da licenciatura em fisioterapia da ESS-IPS.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
60
ACTIVIDADES Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro
Pesquisa
bibliográfica
Revisão da
literatura
Elaboração do
projecto
Entrega do
projecto
21/03
Estudo Piloto
Aplicação do
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
61
programa
Análise e
tratamento de
dados
Revisão da
literatura
Resultados
Discussão
dos
resultados
Melhorar a
introdução e
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
62
Conclusões
Entrega do
projecto de
InvestigaçãoIII
24/10
Apresentação
dos Relatórios
13/11 a
15/11
Quadro 2: cronograma de implementação do estudo
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
63
3.8. Fontes de Erro e Sua Minimização
No presente estudo procedeu-se à identificação prévia de possíveis fontes de erro
para que se pudessem tomar medidas para a sua minimização.
Podem ser consideradas como limitações do desenho metodológico o facto de
não contemplar múltiplas observações prévias e posteriores, bem como
intermédias à intervenção. As várias observações assumiriam uma função de
controlo, limitando os factores de viés e permitindo um maior conhecimento da
evolução das variáveis em observação, no entanto devido a limitações ao nível
dos recursos humanos e temporais, decidiu-se realizar apenas uma avaliação
inicial e final.
Foram definidos critérios de selecção da amostra, reduzindo assim as possíveis
fontes de viés de selecção da mesma. O facto de se recorrer a uma amostra de
conveniência, não probabilística, portanto não sujeita a aleatorização vai de
encontro aos objectivos ao estudo.
Não foi realizado um estudo piloto, no entanto procedeu-se ao treino de
competências com o objectivo de aumentar as competências na aplicação dos
instrumentos de medida. Para isso aplicou-se o instrumento numa população
igualmente idosa, tendo sido assim possível averiguar estratégias de abordagem
aos idosos e sistematizar a sua avaliação, reduzindo assim as possíveis fontes de
viés de medição. A selecção de instrumentos validados e estandardizados
contribui também para o controle de possíveis fontes de viés de medida.
Procedeu-se à selecção de apenas um orientador para as classes assegurando
assim a mesma metodologia de ensino durante todo o programa de exercícios. O
controlo de possíveis fontes de viés de intervenção foi assegurado também pela
descrição prévia e detalhada da sequência de exercícios.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
64
A desistência dos elementos da amostra em estudo foi combatida por uma sessão
de esclarecimento e sensibilização da amostra, tentando assim estimular a
adesão ao programa de exercícios. A selecção de horário conveniente para a
população bem como apoio ao nível de transporte dos idosos, são acções que
visam a redução do número de faltas nas sessões.
Por questões éticas não foi possível impedir os utentes de realizarem alterações
na sua terapia farmacológica, ou outros factores que possam melhorar a sua
performance cardio-respiratória ou qualidade de vida. Foi pedido aos participantes
que informassem os investigadores caso ocorressem alterações no seu
quotidiano durante o período de estudo, para que estas pudessem ser
contempladas na avaliação dos resultados finais. Nesse sentido foi solicitada a
colaboração da enfermeira do centro de convívio, para que fosse mais uma fonte
de informação relativamente a dados que os indivíduos pudessem omitir.
3.9. Treino de Competências
Não foi realizado um estudo piloto, no entanto procedeu-se ao treino de
competências com o objectivo de aumentar as aptidões na aplicação dos
instrumentos de medida. Para isso procedeu-se à aplicação do “Questionário de
Qualidade de vida na pessoa idosa rural” numa população com as mesmas
características, tendo sido assim possível averiguar estratégias de abordagem
aos idosos e sistematizar a sua avaliação, reduzindo assim as possíveis fontes de
viés de medição.
Do treino realizado resultaram alterações na aplicação dos testes, no sentido de
uma melhor percepção deste por parte da amostra. Foram utilizados cartões num
gradiente crescente de concentração de uma cor neutra (azul), associada às
várias respostas possíveis (apêndice VI e VII). Não se utilizaram cores diferentes
de modo a não influenciar a opção a seleccionar
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
65
A.F.
A.I.
Quanto ao 6MWT foi realizado treino de competências no sentido de uniformizar e
sistematizar os procedimentos da prova no sentido de ajustar timings e comando.
Segundo o protocolo de execução da prova, o idoso permanecia sentado em
repouso 10 minutos antes da realização da prova. Em seguida foram avaliados os
parâmetros pela seguinte sequência: 1° dispneia, seguido de frequência cardíaca,
pressão arterial e frequência respiratória, em simultâneo. Sendo a frequência
cardíaca e pressão arterial avaliadas pelo aparelho electrónico, tenso sido
realizadas três medições, registando-se o valor médio entre as três.
Foram montadas duas estações (A.I., A.F.), destinadas à avaliação
imediatamente antes e após o período de marcha respectivamente, colocadas
junto ao percurso da prova (Esquema I) As provas foram executadas por 5
fisioterapeutas. Quatro dos fisioterapeutas realizaram as avaliações dos idosos
(tensão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e dispneia) e o quinto
deu as instruções prévias à marcha e contou o número de voltas. Cada
examinador permaneceu com o mesmo idoso e com o mesmo
esfigmomanómetro, durante todo o processo de avaliação.
A selecção de instrumentos validados e estandardizados contribui também para o
controle de possíveis fontes de viés de medida.
Esquema II. Esquema de realização da prova de marcha dos 6 minutos
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
66
3.10. Descrição dos métodos de análise dos dados
A estatística é um instrumento matemático necessário para recolher, organizar,
apresentar, analisar e interpretar dados. O SPSS é um dos programas de análise
estatística mais usado nas ciências sociais. O tratamento dos dados recolhidos
neste projecto foi realizado através da versão 17.0 deste programa.
A estatística descritiva utiliza-se para descrever os dados através de indicadores
como frequências, média, moda e desvio padrão. Através desta irá ser possível
analisar os dados recolhidos pelos instrumentos de medida, numa perspectiva
global, no todo da amostra.
A estatística correlacional permite observar a existência de uma associação entre
variáveis. A intensidade da relação entre duas variáveis, é indicado pelo
coeficiente de correlação e varia entre -1 e 1. Uma correlação será significativa se
p/sig for inferior ou igual a 0,05 (p < ou = a 0,05). A associação será negativa se
os aumentos numa variável estão associados a diminuições da outra. A
associação será positiva se os aumentos de uma variável estão associados ao
aumento da outra.
No presente estudo isto permitiu, cruzar características demográficas da amostra,
tentando observar uma associação entre estas.
Após esta primeira fase averiguou-se a normalidade dos dados recolhidos com os
instrumentos de medida (FC, FR, TA, dispneia, distância e scores QVPIR) através
do teste de Kolmogorov-Smirnov, tendo-se definido um nível de significância
superior a 0,05.
No presente estudo serão comparados os dados recolhidos na mesma população
em dois momentos diferentes. Por este motivo as variáveis com distribuição
normal dos dados serão comparadas através do teste T de Student. O teste
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
67
Wilcoxon foi utilizado na comparação dos dados sem normalidade. Os resultados
foram analisados face a um nível de significância de 0,05.
4. Apresentação dos Resultados
O presente capítulo irá apresentar os resultados obtidos pelo tratamento estatístico
dos dados recolhidos através dos instrumentos de medida utilizados: Questionário
de Caracterização da Amostra, Mini Mental State, Questionário de Qualidade de
Vida Pessoa Idosa Rural e Prova de Marcha dos 6 Minutos. Os resultados serão
primeiramente descritos e ilustrados sob a forma de tabelas, procedendo-se
posteriormente à sua discussão.
Os dados apresentados foram recolhidos entre 14 de Fevereiro e 21 de Junho de
2008. Dos 63 indivíduos da população em estudo, 44 aceitaram participar no estudo
e responderam ao questionário de caracterização e ao Mini Mental State. Deste
modo identificou-se e excluiu-se os portadores de défice cognitivo e restrições de
mobilidade significativas, tendo assim sido constituída uma amostra de 30 indivíduos
(n=30).
A amostra foi sujeita à realização de duas provas de marcha, uma antes (A1) e outra
após (A2) as sessões de PNF-Chi®, das quais se obtém os valores de tensão
arterial sistólica (S) e diastólica (D), frequência cardíaca (FC), frequência respiratória
(FR), dispneia (Disp) e distância percorrida (Dist) para os momento inicial (i) e final
da prova (f). Foi ainda realizado o questionário de Qualidade de Vida da Pessoa
Idosa Rural (QVPIR), tendo sido igualmente obtido um score anterior (QVPIR1) e
posterior (QVPIR2) à realização das sessões de PNF-Chi®.
Serão apresentados inicialmente os dados de caracterização da amostra em estudo
e seguidamente os resultados do estudo tendo por base os outcomes avaliados,
definidos nos objectivos específicos do estudo.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
69
4.1. Caracterização da Amostra
A amostra é composta por 30 participantes (n=30), todos do sexo feminino (Tabela
1), que frequentam o convívio do Centro Social e Paroquial do São Mateus da
Calheta e que aceitaram participar no estudo correspondendo aos critérios de
inclusão propostos.
Podemos constatar pela Tabela 1, que o valor médio de idade dos indivíduos é
71,77 anos variando entre 65 e 82 anos. A variável peso oscila entre 50 e 98 kg,
tendo os indivíduos da amostra uma média de peso de 74,53 Kg. Quanto à altura,
esta varia entre 1,45m e 1,73m, sendo o valor médio de 1,56m. A amostra possui um
valor médio de Índice Massa Corporal de 30,4. Classificando os indivíduos quanto ao
seu IMC podemos ainda observar que 16,7% (n=5) dos indivíduos apresenta um
peso óptimo, 33,3% (n=10) encontra-se num nível de sobrecarga ponderal, 36,7%
(n=11) encontra-se num nível de obesidade ligeira e 13,3 (n=4) possui um nível de
obesidade moderada.
Quanto às habilitações académicas observa-se que 20% dos indivíduos (n=6) são
analfabetos, 26,7% (n=8) frequentaram o primeiro ciclo de escolaridade, 40% (n=12)
concluíram o 4º ano de escolaridade, 3,3% (n=1) concluiu o 9º ano de escolaridade,
6,7% (n=2) concluiu o 12º ano ou curso técnico equivalente e 3,3 (n=1) concluiu o
ensino superior (Tabela 1).
Variável FA (n) FR
(%) Mínimo
Máxim
o
Média
(X)
Desvio
Padrão (σ)
Género Feminino 30 100,0
…… Masculino 0 0
Idade
……
65 82 71,77 5,624
Peso 50 98 74,53 11,881
Altura 145 173 156,37 6,201
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
70
IMC 21,36 37,33 30,4059 4,04071
Peso Óptimo 5 16,7
…… Sobrecarga Ponderal 10 33,3
Obesidade Ligeira 11 36,7
Obesidade Moderada 4 13,3
Hab
ilita
çõ
es a
ca
dé
mic
as
Analfabeto 6 20
……
1ºciclo
Incompleto 8 26,7
1ºciclo
Completo 12 40
3° ciclo 1 3,3
Secundário 2 6,2
Licenciatura 1 3,3
Tabela 1. Caracterização da amostra por género, idade, peso, IMC, altura e
habilitações académicas.
Na amostra, 86,7% (n = 25) dos indivíduos nunca utilizou auxiliares de marcha,
tendo apenas 16,6% (n = 5) já utilizado (Tabela 2). Destes apenas um indivíduo
(3,3%) utiliza o auxiliar actualmente, os restantes 4 (13,3 % da amostra) utilizou há
mais de 12 meses (Tabela 2).
Há quanto tempo
utiliza auxiliares
de marcha?
FA
(n)
FR
(%)
Nunca 25 83,3
Actualmente 1 3,3
+ 12 meses 4 13,3
Total 30 100,0
Tabela 2. Caracterização da amostra por utilização de auxiliar de marcha.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
71
Cruzando as variáveis “há quanto tempo utilizou auxiliar” com “motivo da sua
utilização”, observa-se que a razão pela qual o indivíduo utiliza auxiliar actualmente
deve-se à presença de artrose ao nível do MI, dos restantes indivíduos, que
utilizaram auxiliar à mais de 12 meses, 1 fê-lo também pela presença de artrose e os
restantes 3 por fractura ao nível do MI (Tabela 3).
Porque utilizou auxiliar de marcha?
Não Utilizou Fractura Artrose Total
Há quanto tempo
utilizou auxiliar de
marcha?
Nunca 25 0 0 25
Actualmente 0 0 1 1
+ 12 meses 0 3 1 4
Total 25 3 2 30
Tabela 3. Estratificação da utilização de auxiliar de marcha por motivo da sua
utilização.
Verificou-se que apenas 16,7% da amostra (n = 5) realizava exercício físico
regularmente (Tabela 4). Destes 5 indivíduos, 2 frequentavam sessões de aeróbica e
3 faziam percursos de marcha pelo menos duas vezes por semana (Tabela5).
FA
(n)
FR
(%)
não 25 83,3
sim 5 16,7
Total 30 100,0
Tabela 4. Caracterização da amostra por realização de exercício físico regular.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
72
FA
(n)
FR
(%)
0 25 83,3
aerobica 2 6,7
marcha 3 10,0
Total 30 100,0
Tabela 5. Estratificação da realização de exercício físico por tipo de exercício
físico.
Da amostra avaliada, 40% (n = 12) já realizaram fisioterapia, 1 indivíduo realizou à
menos de 1 mês por luxação do ombro, 1 indivíduo realizou num período entre 1 a 6
meses anterior à avaliação por raquialgia, no período entre 6 a 12 meses anteriores
às sessões 2 indivíduos haviam realizado fisioterapia um por luxação do MS e outro
por artrose. Num período superior a 1 ano anterior às sessões de PNF-Chi® 8
haviam realizado fisioterapia 2 por episódios de raquialgia, 5 por fractura e 1 por
artrose do MI (Tabela 6).
Tabela 6. Estratificação da realização de fisioterapia por tempo e disfunção.
Observou-se que 26,7 % (n=8) da amostra havia sofrido um episódio médico ou
sintomatologia do foro cardiovascular nos 3 meses que antecederam a avaliação.
Disfunção
Raquialgia Fractura
Luxação
MS Artrose 0
Tota
l
Te
mp
o
Nunca 0 0 0 0 18 18
<1mês 0 0 1 0 0 1
1-6 meses 1 0 0 0 0 1
6-12 meses 0 0 1 1 0 2
>12 meses 2 5 0 1 0 8
Total 3 5 2 2 18 30
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
73
Dois indivíduos sofreram um acidente vascular cerebral, dois sofreram enfarte agudo
do miocárdio, três apresentam angina de peito estável e um possui estenose valvular
aórtica (Tabela 7). Estes indivíduos realizaram a prova de marcha e as sessões de
PNF-Chi® com consentimento do seu médico de família.
0 AVC
Enfarte
miocárdio
Angina
de peito
Estenose
valvular Total
Episódio
cardiovascular
(< 3 meses)
não 22 0 0 0 0 22
sim 0 2 2 3 1 8
Total 22 2 2 3 1 30
Tabela 7. Estratificação da presença de episodio cardiovascular (<3 meses) por
tipo.
Em relação à medicação, observou-se que 25,8% (n=8) recorrem a
ansiolíticos, 12,9% (n=4) a anti-depressores, 22,5% (n=7) utiliza anti-inflamatórios,
3,3 % (n=1) utiliza diuréticos, 12,9% (n=4) recorre à utilização de analgésicos, 25,8%
(n=8) utiliza anti-agregantes plaquetários, 61,2 % (n=19) utiliza anti-hipertensores,
12,9 % (n=4) utiliza anti-diabéticos orais, 6,4 % (n=2) recorre a medicamentos que
actuam no osso e metabolismo do cálcio, 22,5% (n=7) utiliza anti-dislipidémicos,
9,6% (n=3) recorre a anti-arritmicos, 9,6% (n=3) utiliza vasodilatadores, 3,2% (n=1)
toma medicação anti-tiroideia, 6,4% (n=2) recorre a complementos alimentares, e
6,4% (n=2) recorre a anti-histamínicos (Tabela 8).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
74
Tabela 8. Caracterização da amostra por terapêutica farmacológica.
Da avaliação feita à capacidade cognitiva da amostra através da aplicação do Mini
Mental State obtiveram-se scores entre 15 e 30, sendo o valor médio 25,80.
Tabela 9. Caracterização da Amostra por score obtido no Mini Mental State
Examination.
Definindo o Score da Escala Minimental State como variável Dependente podemos
desenhar uma regressão linear em relação às variáveis habilitações académicas e
idade, pois existe uma associação significativa entre estas (p=0,0 e p=0,37) (Tabela
10).
Ans.
Anti
depr.
anti-
inf.
Diur. Analg.
Anti-
agreg.
Plaq.
Anti-
hiper.
Anti
diab.
Osso/
Calcio
Anti-
disl.
Anti-
ar.
Anti-
tir.
Com
plem.
Anti-
hist.
Vasd.
FA
(n) 8 4 7 1 4 8 19 4 2 7 3 1 2 2 3
FR
(%) 25,8 12,9 22,5 3,3 12,9 25,8 61,2 12,9 6,4 22,5 9,6 3,2 6,4 6,4 9,6
Score Mini Mental State
Média 25,80
Desvio Padrão 4,342
Valor Mínimo 15
Valor Máximo 30
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
75
Table 10. Correlação Score Mini Mental State, Idade e Habilitações
Académicas.
Podemos então calcular o score da Mini Mental State através da seguinte fórmula:
SMMS= -26,917 + 2,106*HA + 0,304 * IDD
Dos 30 indivíduos em estudo apenas 21 realizou a avaliação final após as sessões
de PNF-Chi® o que significa que o estudo sofreu 30% morte amostral (tabela 11).
Tabela 11.Caracterização da amostra por frequência de avaliação final.
Os resultados em relação aos objectivos específicos definidos serão apresentados
apenas em relação aos dados recolhidos dos 21 indivíduos que realizaram avaliação
inicial e final. Os dados relativos aos 9 indivíduos que não realizaram a prova final
não foram contemplados nos resultados do estudo, excepto na medida em que
Beta Significância
Constante (Score Mini
Mental State) -26,917 ,088
Habilitações Académicas 2,106 ,000
Idade ,304 ,037
FA
(n)
FR
(%)
sim 21 70,0
não 9 30,0
Total 30 100,0
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
76
diminuiu a amostra e o significado dos resultados relativamente à população em
estudo.
O número de sessões que os participantes frequentaram variou entre 7 e 24, tendo
os indivíduos frequentado em média de 22 sessões (Tabela 12).
Aulas Frequentadas
Média 22,10
Desvio Padrão 4,170
Frequência mínima 7
Frequência máxima 24
Tabela 12. Caracterização da amostra por número de sessões frequentadas
(máximo, mínimo, média).
Observou-se que 90,5% dos indivíduos compareceu a mais do que 83,3% (n=20)
sessões de PNF-Chi® (Tabela 13).
N° aulas frequentadas
FA
(n)
FR
(%)
Percentagens
Cumulativas
7 1 4,8 4,8
14 1 4,8 9,5
20 1 4,8 14,3
21 1 4,8 19,0
22 2 9,5 28,6
23 2 9,5 38,1
24 13 61,9 100,0
Total 21 100,0
Tabela 13. Caracterização da amostra por aulas frequentadas (percentagens
cumulativas).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
77
4.2. Resultados Segundo os Objectivos do Estudo
De seguidas serão apresentados os resultados segundo os objectivos específicos do
estudo e que relembramos serem:
1- Descrever a frequência cardíaca, frequência respiratória e grau de dispneia ao fim
de 6 minutos de marcha numa velocidade máxima conseguida pelos indivíduos,
comparando os valores atingidos antes e depois do programa de 12 semanas de
exercício.
2- Descrever a auto-percepção de satisfação e grau de importância dado a
parâmetros da qualidade de vida, indicados pela literatura: saúde e funcionalidade,
bem-estar emocional e espiritual, vida social e familiar, situação financeira e
ambiente, comparando o score obtido no questionário aplicado antes e depois do
programa de 12 semanas de exercício.
4.2.2 Desempenho Cardiopulmonar
Procedeu-se ao teste de normalidade dos dados recolhidos nas provas de marcha
realizada de modo a averiguar qual o tipo de teste comparativo a realizar
(paramétrico ou não paramétrico).
Não se observou normalidade nas variáveis avaliação 1 diastólica inicial (sig =
0,032), avaliação 2 diastólica final (sig =0,32), avaliação 1 e 2 dispneia inicial (sig=
0,006 e 0,019), avaliação 1 dispneia final (sig = 0,006), e avaliação 1 distância
percorrida (sig = 0,006) (Tabela 14).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
78
Kolmogorov-Smirnov(a)
Sig.
Avaliação 1 sistólica inicial ,169
Avaliação 1 diastólica inicial ,032
Avaliação 1 sistólica final ,164
Avaliação 1 diastólica final ,200(*)
Avaliação 2 sistólica inicial ,200(*)
Avaliação 2 diastólica inicial ,165
Avaliação 2 sistólica final ,200(*)
Avaliação 2 diastólica final ,032
Avaliação 1 frequência cardíaca inicial ,200(*)
Avaliação 1 frequência cardíaca final ,145
Avaliação 2 frequência cardíaca inicial ,200(*)
Avaliação 2 frequência cardíaca final ,200(*)
Avaliação 1 frequência respiratória inicial ,071
Avaliação 1 frequência respiratória final ,108
Avaliação 2 frequência respiratória inicial ,200(*)
Avaliação 2 frequência respiratória final ,060
Avaliação 1 dispneia inicial ,006
Avaliação 1 dispneia final ,006
Avaliação 2 dispneia inicial ,019
Avaliação 2 dispneia final ,200(*)
Avaliação 1 distância percorrida ,006
Avaliação 2 distância percorrida ,200(*)
* This is a lower bound of the true significance.
a Lilliefors Significance Correction
Tabela 14. Teste de Normalidade (Kolmogorov Smirnov) das variáveis da prova
de marcha dos seis minutos.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
79
Procedeu-se à comparação das variáveis sem normalidade através de testes não
paramétricos, nomeadamente o teste de Wilcoxon (Tabela 15).
Existe uma diferença significativa (p<0,05) entre as variáveis distância percorrida 1
e 2 (p=0,003) (Tabela 15).
Avaliação
diastólica
inicial 1&2
Avaliação
diastólica
final
avaliação
1&2
Avaliação
dispneia
inicial
avaliação
1&2
Avaliação
dispneia
final 1&2
Avaliação
distância
percorrida
1&2
Z -,539(a) -,624(a) -1,352(b) -1,362(b) -3,007(b)
Significância ,590 ,533 ,176 ,173 ,003
a Based on positive ranks.
b Based on negative ranks.
c Wilcoxon Signed Ranks Test
Tabela 15. Teste não paramétrico (Wilcoxon) de diferença entre avaliação 1 &
2: pressão diastólica inicial e final, dispneia inicial e final e distancia
percorrida.
As restantes variáveis foram comparadas através de testes paramétricos,
nomeadamente o t de student (Tabela 17). Observou-se diferenças significativas nas
variáveis pressão sistólica em repouso (sig = 0,00) e após a realização da prova de
marcha (sig = 0,004), na frequência cardíaca em repouso (sig = 0,001) e após a
prova (sig = 0,001) antes e após as sessões de PNF-Chi® (Tabela 17).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
80
Correlação Significância
Avaliação sistólica inicial 1&2 ,720 ,000
Avaliação sistólica final 1&2 ,603 ,004
Avaliação frequência cardíaca inicial 1&2 ,669 ,001
Avaliação frequência cardíaca final 1&2 ,656 ,001
Avaliação frequência respiratória inicial 1&2 -,042 ,858
Avaliação frequência respiratória final 1&2 ,367 ,102
Tabela 16. Teste paramétrico (T de Student) de diferença entre avaliação 1&2:
pressão sistólica inicial e final, frequência cardíaca e respiratória inicial e final.
A média da pressão sistólica em repouso (inicial) reduziu de 139,24mm/Hg para
130,90mm/Hg. A pressão sistólica após a realização de prova de marcha (final)
reduziu de uma média de 144,76mm/Hg para 140,86mm/Hg. A média da frequência
cardíaca em repouso aumentou de 74,71cpm para 74,76cpm. A média da frequência
cardíaca após a realização da prova de marcha diminuiu de 81,90cpm para
80,43cpm (Tabela 17).
A distância percorrida aumentou de uma média de 308,43 para 350,57m, após as
sessões de PNF-Chi® (Tabela 17). Observa-se que a distância mínima percorrida
aumentou de 120 para 180 m (Tabela 17), uma diferença de duas voltas completas.
A distância máxima percorrida também aumentou de 450 para 546 m (Tabela 17), o
que equivale a uma diferença superior a três voltas completas.
A diferença nos dados obtidos entre avaliações relativamente à pressão diastólica, a
frequência respiratória e dispneia não foi considerada significativa estatisticamente
(sig > 0,05), no entanto serão descritos em seguida.
A pressão diastólica em repouso aumentou de 75,57 mm/Hg para 75,90 mm/Hg.
Após a prova de marcha observou-se uma redução de 79 mm/HG para 78,76
mm/Hg (Tabela 17).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
81
Os dados relativamente à frequência respiratória revelaram um aumento da média
da variável em repouso de 18,67 cpm para 20,05 cpm e um aumento médio de
22,24cpm para 24, 10 após a realização da prova de marcha (tabela 17).
A dispneia em repouso sofreu um ligeiro aumento médio de 1,024 para 1,452. Os
dados recolhidos após a prova de marcha foram em média 3,19cpm e 3,152 cpm na
avaliação inicial e final respectivamente.
Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Avaliação 1 sistólica inicial 112 175 139,24 17,894
Avaliação 2 sistólica inicial 106 167 130,90 17,094
Avaliação 1 sistólica final 113 169 144,76 18,452
Avaliação 2 sistólica final 101 197 140,86 23,299
Avaliação 1 diastólica inicial 10 108 75,57 19,377
Avaliação 2 diastólica inicial 53 124 75,90 15,745
Avaliação 1 diastólica final 53 97 79,00 12,732
Avaliação 2 diastólica final 55 129 78,76 19,932
Avaliação 1 frequência cardíaca inicial 52 104 74,71 13,979
Avaliação 2 frequência cardíaca inicial 54 95 74,76 10,742
Avaliação 1 frequência cardíaca final 54 114 81,90 16,538
Avaliação 2 frequência cardíaca final 48 109 80,43 15,052
Avaliação 1 frequência respiratória inicial 14 24 18,67 2,477
Avaliação 2 frequência respiratória inicial 16 26 20,05 3,232
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
82
Avaliação 1 frequência respiratória final 16 28 22,24 3,448
Avaliação 2 frequência respiratória final 20 28 24,10 3,064
Avaliação 1 dispneia inicial ,0 5,0 1,024 1,3179
Avaliação 2 dispneia inicial ,0 5,0 1,452 1,5484
Avaliação 1 dispneia final ,0 9,0 3,190 2,4160
Avaliação 2 dispneia final ,0 9,0 3,952 2,8500
Distância percorrida 1 120 450 308,43 93,423
Distância percorrida 2 180 546 350,57 93,907
Tabela 17. Caracterização da amostra por pressão sistólica e diastólica,
frequência cardíaca, frequência respiratória, dispneia e distancia percorrida.
4.2.2 Auto-percepção de Qualidade de Vida
Pretendendo-se comparar a amostra em dois momentos diferentes, antes e depois
do programa proposto.
Não se observou a normalidade no score obtido na dimensão “Situação Financeira e
Ambiente” (Sig. = 0,000 e 0,035 respectivamente) (Tabela 19).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
83
Sig.
Score QVPIR avaliação 1 ,122
Saúde Geral e Funcionalidade1 ,200(*)
Bem-Estar Emocional e Espiritual1 ,200(*)
Vida Social e Familiar1 ,200(*)
Situação Financeira e Ambiente1 ,000
Score QVPIR avaliação 2 ,200(*)
Saúde Geral e Funcionalidade2 ,085
Bem-Estar Emocional e Espiritual2 ,200(*)
Vida Social e Familar2 ,200(*)
Situação Financeira e Ambiente2 ,035
* This is a lower bound of the true significance.
Tabela 18. Teste Normalidade (Kolmogorov Smirnov) variáveis questionário de
qualidade de vida da pessoa idosa rural.
Desse modo proceder-se-á à comparação dos restantes scores através de testes
paramétricos, neste caso o Teste T de Student (Tabela 19).
Não se observa diferenças significativas nos scores das várias dimensões ao
contrário do que acontece com o scores total do questionário (sig= 0,02) (Tabela 19).
Correlação Significância
Score QVPIR 1&2 ,636 ,002
Score Saúde Geral e Funcionalidade 1&2 ,552 ,009
Score Bem-Estar Emocional e Espiritual 1&2 ,569 ,007
Score Vida Social e Familiar 1&2 ,515 ,017
Tabela 19. Teste paramétrico (T de Student) de diferença entre avaliação 1&2:
score total, “saúde geral e funcionalidade”, “bem-estar emocional e espiritual”,
“vida social e familiar”.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
84
Procedeu-se à comparação dos resultados obtidos na dimensão Financeira e
Ambiente através de testes não paramétricos, por esta não possuir normalidade na
distribuição dos seus resultados (tabela 20). Observou-se a existência de diferenças
significativas na comparação dos dados entre as avaliações 1 e 2.
Situação Financeira e Ambiente 1&2
Z -2,896(a)
Significância. (2-tailed) ,004
(a) Based on negative ranks.
Tabela 20. Teste não paramétrico (Wilcoxon) de diferença entre avaliação 1&2:
score “situação financeira e ambiente”.
A avaliação inicial da qualidade de vida obteve scores no intervalo entre 3,40 e 7,14,
tendo como valor médio 5,56. Quanto aos valores da avaliação final variam entre
4,34 e 7,31, com uma média de 5,94. Observou-se um aumento médio de 0,38 nos
score entre avaliações, sendo o desvio em relação à média inferior nas avaliações
finais (0, 653) (Tabela 21).
A dimensão financeira e ambiental do questionário sofreu um aumento médio de
5,34920635 para 6,08730159 no seu score, para além de que se observou uma
diminuição do desvio padrão dos dados de 1,038033346 para 0,723838241 (Tabela
21).
As restantes dimensões não observaram variações significativas, tendo no entanto
sido observada um aumento no score médio em todas as variáveis (tabela 21).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
85
Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Score QVPIR avaliação 1 3,409091 7,142857 5,56133893 ,846841848
Score QVPIR avaliação 2 4,348485 7,318182 5,94112225 ,653871452
Saúde Geral e Funcionalidade 1 3,000000 7,000000 5,38412698 1,090138577
Saúde Geral e Funcionalidade 2 3,333333 6,666667 5,50476190 ,798490640
Bem-estar emocional e espiritual 1 3,333333 7,333333 5,58994709 1,043716678
Bem-estar emocional e espiritual 2 4,555556 6,833333 5,89047619 ,603327048
Vida social e familiar 1 3,809524 7,333333 5,78078231 1,012146707
Vida social e familiar 1 4,238095 7,333333 6,09476568 ,747071607
Situação Financeira e Ambiente 1 3,000000 6,916667 5,34920635 1,038033346
Situação Financeira e Ambiente 2 4,666667 7,333333 6,08730159 ,723838241
Tabela 21. Caracterização da amostra por score: “situação financeira e
ambiente”.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
86
V. Discussão dos Resultados
Neste capítulo serão abordados os resultados obtidos, tentando fazer possíveis
leituras destes, considerando a revisão de literatura sobre a população idosa e os
benefícios do exercício físico neste grupo etário.
Embora o desenho inicial remeta para um estudo do tipo descritivo, em que se
pretende apenas relatar os resultados obtidos, após o tratamento destes mostrou-se
pertinente averiguar a existência de associações entre as diferentes variáveis.
Na interpretação dos dados do presente estudo deverá ser considerado que apenas
foram realizadas duas sessões semanais, tendo em conta que a maioria dos estudos
nos quais se observou os benefícios de outras modalidades foram realizadas três
sessões semanais, durante o mesmo intervalo de tempo, ou mais.
Independentemente dos resultados obtidos, não é possível fazer comparações
directas com a literatura consultada devido às grandes disparidades nas
metodologias utilizadas ao nível da população estudada, do plano de exercícios
realizado (que na maioria dos estudos não se encontra descrito), dos instrumentos
de avaliação e da duração dos programas de exercício que variam entre a realização
de um treino semanal durante dez semanas (Schaller, 1996) até à realização de
treinos diários durante um ano consecutivo (Lan et al., 1998,1999). Por outro lado,
apesar de o TCC e o PNF-Chi® serem ambos exercícios de baixo impacto, existem
grandes diferenças nos seus princípios e por este motivo torna-se também pouco
fidedigno estabelecer paralelismos com os dados recolhidos neste projecto.
A amostra foi constituída apenas por indivíduos do sexo feminino pois não se obteve
colaboração dos indivíduos do sexo masculino da população em estudo. Estes
constituem uma minoria nesta população e factores culturais fazem com que
considerassem esta actividade pouco apropriada ao seu estatuto e papel no grupo,
integrando outras actividades nesse período. Este factor constitui uma limitação à
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
87
representatividade dos resultados obtidos para a população alvo. Seria conveniente
efectuar a replicação do estudo numa amostra com indivíduos de ambos os sexos.
O facto da amostra ter uma idade superior a 65 anos, reduz a sua representatividade
relativamente à população em estudo. No entanto, observou-se que os indivíduos
mais jovens com idades entre 60 e 65 anos possuíam menor disponibilidade para
comparecer às sessões, não tendo integrado o estudo.
Foi definido como critério de exclusão a realização de classes de exercício
orientadas, no entanto foram integrados na amostra dois indivíduos a frequentar
classes de aeróbica. Tendo em conta que desde o preenchimento do questionário
de caracterização da amostra até ao início das sessões decorreram duas semanas,
foi pedido aos indivíduos que interrompessem esta actividade temporariamente de
modo a participar no presente estudo, tentando reduzir as interferências nos
resultados obtidos.
Foi ainda incluída no estudo uma participante que utiliza auxiliar de marcha na
deambulação no meio exterior, não interferindo assim com as sessões de PNF-Chi®
e com a realização da prova de marcha dos seis minutos.
A amostra em estudo incluiu 8 indivíduos que haviam sofrido um episódio médico ou
sintomatologia do foro cardiovascular nos 3 meses que antecederam a avaliação.
Dois indivíduos sofreram um acidente vascular cerebral, dois sofreram enfarte agudo
do miocárdio, três apresentam angina de peito estável e um possui estenose valvular
aórtica. Estes indivíduos realizaram a prova de marcha e as sessões de PNF-Chi®
em consenso com a opinião do seu médico de família e cardiologista.
A inclusão de indivíduos com episódio cardiovascular recente, implica mais um factor
clínico condicionante das adaptações dos sistemas cardíaco e pulmonar. A
integração destes indivíduos no estudo permitiu uma mais fidedigna discussão dos
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
88
resultados face à bibliografia pois os estudos analisados integravam indivíduos com
patologia cardiovascular.
Quanto à adesão às classes, que foi obtida pelo registo da assiduidade dos
elementos da amostra, obteve-se uma frequência média de 22,10 sessões.
Segundo a revisão sistemática sobre a eficácia do Tai-Chi-Chuan em idosos
(Verhagen et al., 2004) taxas de adesão entre 80 a 90 % são realistas.
No presente estudo 61,9 indivíduos compareceram a 100% das sessões e 90,5%
dos indivíduos compareceu a mais do que 83,3% (n=20) sessões de PNF-Chi®, o
que consideramos positivo de acordo com a taxa entre 80 e 90% proposta por
Verhagen.
Não foram referenciadas quer pelos participantes quer pela enfermeira, a ocorrência
de alterações das rotinas dos indivíduos consideradas passíveis de exercer
influência significativa nas variáveis em estudo.
5.1. Desempenho cardiopulmonar
Os ganhos ao nível da tensão arterial assumem significado clínico devido à sua
importância em diversos outcomes de saúde na população idosa (Thorneton et al,
2004).
No presente estudo foram observadas melhorias estatisticamente significativas ao
nível da pressão sistólica quer em repouso (de 139,24mm/Hg para 130,90mm/Hg)
quer após a realização da prova de marcha (de 144,76mm/Hg para 140,86mm/Hg).
Por outro lado, as melhorias ao nível da pressão diastólica não foram consideradas
significativas, o que coincide com os dados obtidos por Thornton et al. (2004) que
observou reduzidos ganhos ao nível da tensão arterial no idoso especialmente na
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
89
pressão diastólica pois esta apresenta uma maior dependência da elasticidade da
parede arterial e que se apresenta diminuída nesta faixa etária.
Segundo o mesmo autor as diminuições referidas numa população de meia idade
(33-55 anos) para a pressão diastólica são consideravelmente maiores que as
referidas por Yang et al (1999) numa população idosa.
A diminuição da pressão arterial sistólica descrita e estatisticamente significativa
pode ser considerada com um grau de eficácia igual ou superior ao da redução da
ingestão salina, que pode resultar numa diminuição de 2 a 8 mmHg (Sacks et al,
2001, Vollmer et al 2001 e Chobanian e Hill, 2000) ou da adopção de exercício físico
aeróbio, da qual pode resultar em diminuições na ordem dos 4 a 9 mmHg (Kelley e
Kelley, 2000 e Whelton et al, 2000). Estes intervalos de valores integram as
recomendações respeitantes às alterações de hábitos de vida, com o intuito de
controlo da hipertensão arterial, precedentes ou concomitantes à prescrição de
medicação anti-hipertensora.
O relaxamento físico e mental que advém do exercício físico pode também diminuir a
tensão arterial (Lee e Russell, 2003). Tais parâmetros não foram investigados, no
entanto, considerando que um dos benefícios do PNF-Chi® seja este, podemos
teorizar que apesar das adaptações físicas e fisiológicas resultantes da prática de
exercício, este possa ser um factor a influenciar os resultados obtidos, apesar de
não podermos determinar o seu peso relativo no ganho total.
Foram observadas variações médias inferiores a um batimento por minuto (bpm) na
frequência cardíaca, no entanto observou-se uma diminuição do desvio padrão e
uma diminuição dos valores máximos de frequência cardíaca, o que indica um
estreitamento dos valores gerais em torno da média. Esta alteração foi considerada
significativa estatisticamente.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
90
Em adultos saudáveis espera-se que a prática de exercício físico conduza a uma
diminuição da frequência cardíaca em repouso e após actividade devido a
adaptações fisiológicas e capilares que conduzem à captação de oxigénio do
sangue arterial com mais eficácia (Guyton & Hall, 2006).
Quanto às variações nos outcomes de frequência Respiratória estes não foram
considerados estatisticamente relevantes. Esta constatação poder-se-á dever ao
facto de, no presente estudo terem sido realizadas apenas duas sessões semanais
de PNF-Chi®. Na revisão sistemática sobre o efeito do TCC em idosos realizada por
Verhagen et al (2004), os estudos que apresentaram benefícios cardio-respiratórios,
variaram entre quatro sessões semanais num período de 12 semanas (Young et
al,1999) e sessões diárias num período de um ano (Lan et al,1999).
Nos estudos sobre a efectividade do exercício na melhoria do desempenho
cardiopulmonar, a frequência respiratória não foi analisada, não sendo assim
possível pela literatura identificar valores para comparação com os dados recolhidos.
O parâmetro analisado por estes autores relativos à influência do exercício nos
parâmetros respiratórios foi o VO2, cujos valores por falta de meios físicos e
temporais não nos foi possível recolher.
A distância percorrida aumentou de uma média de 308,43 para 350,57m, após as
sessões de PNF-Chi®. Observa-se que a distância mínima percorrida aumentou de
120 para 180 m, o que representa uma diferença de duas voltas completas. A
distância máxima percorrida também aumentou de 450 para 546 m, o que equivale a
uma diferença superior a três voltas completas, aproximando-se assim dos 500m
referidos por Miyamoto (2000, cit por ATS, 2002) para mulheres saudáveis.
O aumento na distância percorrida numa população jovem poder-se-ia atribuir a
melhoria da performance e a um aumento do débito cardíaco (Heath et al, 1981).
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
91
Numa população idosa teremos de pensar também numa provável melhoria da
mobilidade articular com correspondente melhoria da mobilidade geral e
consequente diminuição da dor resultando numa melhoria geral dos parâmetros
musculo-esqueléticos da mobilidade (Lee e Russell, 2003), o que poderá permitir
percorrer uma maior distância, para além dos ganhos obtidos ao nível
cardiopulmonar.
Não se poderá afirmar que as alterações ao nível dos dados obtidos pela prova de
marcha sejam unicamente sinais clínicos do funcionamento do sistema
cardiopulmonar, na medida em que a distância percorrida sofre influência de outros
sistemas que não foram avaliados objectivamente neste estudo.
5.2. Qualidade de Vida na Pessoa Idosa Rural
Relativamente aos resultados obtidos através do questionário QVPIR, observou-se
um aumento, significativo estatisticamente, no score total do questionário e na
dimensão financeira e ambiental.
A actividade física está associada ao bem-estar emocional em indivíduos do sexo
feminino de idade avançada, o que suporta a realização de programas de exercício
nesta faixa etária (Lee e Russell, 2003). Existe evidência dos benefícios da
actividade física na qualidade de vida do indivíduo, ao nível do alívio das dores,
manutenção da força, coordenação, equilíbrio, funcionalidade, prevenção de quedas
e fracturas e a prevenção ou melhoria de doenças cardíacas, osteoporose e
diabetes tipo II (Lee e Russell, 2003). Também segundo os mesmos autores foi
sugerida a existência de mecanismos fisiológicos pelos quais o exercício promove a
melhoria da qualidade de vida.
A actividade física melhora a saúde mental pelo aumento da agilidade física e
consequente diminuição do stress ao lidar com barreiras físicas (Salmon, 2001).
Outra explicação está associada ao aumento de temperatura e alterações nos níveis
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
92
de adrenalina e endorfina nos praticantes de actividade física e sua associação a
melhoria do bem-estar geral (Morgan, 1997, cit. por Lee & Russell, 2003).
Especialmente entre os indivíduos do sexo feminino, a saúde física determina tanto
o desempenho físico como o bem-estar emocional e consequentemente a qualidade
de vida (Lee & Russell, 2003).
Também os mesmos autores referem que em indivíduos que realizaram exercício
físico e que o cessaram por diminuição da sua capacidade física, continuam a
usufruir benefícios da prática física comparativamente com indivíduos da mesma
faixa etária que nunca fizeram exercício físico regular (Lee & Russel, 2003)
A actividade física em mulheres idosas é preditiva de ganhos ao nível da qualidade
de vida, no entanto este efeito é mediado pela manutenção no tempo de um padrão
de actividade e integridade física. Em mulheres idosas que mantiveram um
programa de exercício ao longo de três anos, obtiveram melhores valores de saúde
emocional do que as outras que não o fizeram Lee e Russel (2003). Segundo
Wolfson et al (1996, cit. por Thornton et al., 2004) os benefícios do TCC poderão
ocorrer apenas pelo prolongamento da sua prática. Propõe-se então que em estudos
futuros sobre a qualidade de vida que se comparem os scores de follow-ups de
modo a averiguar a manutenção dos resultados no tempo bem como a integração de
hábitos de actividade física saudável.
Não foi possível identificar na literatura possíveis razões ou valores comparativos
para a análise do aumento significativo observado na dimensão financeira e
ambiental no entanto podemos fazer algumas considerações tendo em conta o
contexto cultural da amostra.
Tendo em conta o período no qual a avaliação final foi realizada, durante a primeira
semana do mês de Junho, podemos especular que a percepção de melhoria da
dimensão financeira pode estar associada a factores externos, nomeadamente o
facto de estarmos perante um grupo cuja actividade familiar é maioritariamente
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
93
piscatória. Por conseguinte o rendimento familiar tende a atingir os seus valores
máximos a partir do mês de Abril, época em que as condições do mar normalmente
apresentam melhorias significativas, o que pode estar reflectido nos resultados
obtidos.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
94
6. Conclusão
O presente estudo teve como objectivo geral descrever as alterações ao nível da
performance cardiopulmonar e auto-percepção da qualidade de vida numa
população de idosos não institucionalizados, após a aplicação de um programa de
PNF-Chi® com a duração de 12 semanas.
Considerando a tendência apontada pela OMS (2002) para a duplicação da
população idosa nos próximos 50 anos, torna-se premente o desenvolvimento de
estratégias de abordagem às disfunções mais comuns nesta faixa etária, entre as
quais se encontram as doenças cardiovasculares. A hipertensão arterial é um dos
principais factores de risco associados a estas condições. O idoso apresenta ainda
risco acrescentado de quedas, osteoporose e consequentes fracturas Ferruci et al
(2000), Stalenhoef et al (2002) e Terrio & Auld (2002).
A actividade física tem sido associada a uma redução da tensão arterial em estudos
epidemiológicos e estudos de caso (Seamus et al, 2002). Assim sendo observa-se
um interesse crescente no potencial de promoção da saúde que tem a actividade
física nos idosos (Munro et al, 1997).
Esta população apresenta algumas condições específicas como as doenças cárdio-
vasculares e a osteoporose que podem ser condicionantes do exercício físico, no
entanto, o PNF-Chi®, como exercício de baixo impacto, apresenta-se como uma
possível alternativa, já testada na mesma faixa etária e com efeitos significativos na
melhoria do equilíbrio e da qualidade de vida (Maia, 2008).
Um dos desafios contínuos na promoção da saúde é encontrar veículos que
aumentem a participação e adesão ao exercício, tal como observado no programa
definido, o qual obteve reduzida adesão por parte da população em estudo, tendo-se
reunido uma amostra reduzida para o estudo. Este facto poderá estar associado a
questões sócio-culturais. No entanto a amostra apresentou uma boa adesão às
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
95
sessões o que poderá estar associado ao facto destas se terem realizado em
espaço e hora conveniente para os participantes. O factor adesão poderá também
estar associado ao reduzido grau de dificuldade do programa de exercício realizado,
o que permite uma maior motivação dos participantes.
É de referir que este estudo foi realizado numa amostra com elevados factores de
risco cardiovascular: mulheres com idade superior a 65 anos, sedentárias, com
tendência para HTA e com IMC médio (30,40 Kg/m2) classificável em obesidade
grau I ou ligeira. Paralelamente esta população também apresenta um baixo nível de
escolaridade, bem como um baixo score cognitivo, o que condiciona a compreensão
e realização dos exercícios, comprometendo os resultados obtidos.
A maioria dos estudos em que foi praticado TCC nos quais se obteve uma elevada
adesão às classes foi realizada em países asiáticos, onde os indivíduos se
identificam com este tipo de modalidade com tradições milenares enraizadas na sua
cultura. Para além disso possuem uma maior cultura de persistência e
responsabilização, em contraste com a população estudada em que os 9 indivíduos
que participaram no estudo e que não compareceram à avaliação final, fizeram-no
por esquecimento em relação à data acordada ou por desmotivação. A amostra em
estudo está inserida numa comunidade piscatória sem hábitos de exercício físico
regular, tendo sido difícil criar agentes motivadores para a participação no estudo,
por este motivo uma das limitações metodológicas observadas foi o tamanho
reduzido da amostra. Propõe-se que em estudos futuros se analisem factores de
adesão ao programa de exercício.
O número de sessões semanais realizadas foi condicionado pela disponibilidade do
fisioterapeuta orientador das sessões bem como dos indivíduos da amostra. A
impossibilidade de se realizar mais sessões semanais poderá ter sido uma limitação
metodológica encontrada, pois segundo a bibliografia consultada os benefícios
cardiopulmonares foram referidos em estudos com intervenções de 4 sessões
semanais, durante as mesmas 12 semanas que durou o nosso período de
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
96
intervenção Young et al (1999), ou em estudos com a duração de um ano e
realização de 5 sessões semanais (Lan et al,1999).
O facto de o orientador das classes ser também investigador no estudo pode
representar um factor de viés no mesmo, na medida em que este poderia realizar
adaptações do plano aos participantes no estudo. De modo a evitar esta
possibilidade procedeu-se à definição de um programa de 5 exercícios que foi
cumprido durante as 24 sessões.
Considerando a reduzida amplitude dos ganhos em saúde observados em
praticantes idosos, consideramos preponderante a avaliação dos efeitos do PNF-
Chi® numa população mais jovem a ser seguida durante um período de tempo mais
extenso.
O relaxamento físico e mental, referido por alguns indivíduos da amostra pode
também influenciar a tensão arterial, este seria uma variável a avaliar, colocando-se
hipóteses sobre a sua influência sobre os benefícios cardiopulmonares. Foram
também referidas melhorias ao nível da funcionalidade, coordenação, destreza e
capacidade cognitiva que deverão ser avaliadas em estudos futuros.
O PNF-Chi® é uma abordagem ao movimento criada e desenvolvida por
fisioterapeutas portugueses. Os resultados observados nos parâmetros em análise,
associados aos resultados de estudos anteriores no equilíbrio, faz com que o PNF-
Chi® se apresente como uma abordagem com benefícios cumulativos em áreas
chave da intervenção na população idosa, ou outras em desenvolvimento como a
prevenção/atenuação de risco de doença cardiovascular.
Embora se trate de um estudo descritivo, os resultados significativos de melhoria de
factores de desempenho cardiopulmonar não deverão ser negligenciados e
remetem-nos para a necessidade de realização de investigação com desenhos
metodológicos diferentes, nomeadamente experimentais, comparando-se com
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
97
outras modalidades de exercício, com maior duração, em populações diferentes,
com uma amostra maior, e com follow-up.
Outra perspectiva que pode ser tomada em consideração relativamente à orientação
de sessões de exercício é a do fisioterapeuta, que na grande maioria das situações
relacionadas com o seu desempenho profissional se depara com grandes níveis de
stress causados pela exigência física e intelectual inerente à sua actividade.
Uma actividade de movimento normal, que pode ser trabalhada em classe,
aumentando a rentabilidade do serviço e permitindo uma abordagem em classe, com
os benefícios do trabalho em grupo, mostra-se como elemento de enriquecimento da
nossa intervenção clínica. Numa era em que a maximização de recursos é a palavra
de ordem, actividades que permitam o exercício eficiente da nossa actividade
profissional em conjugação com benefícios para o corpo e mente dos utentes,
mostram-se como uma resposta assertiva às novas necessidades emergentes.
Em relação ao PNF-Chi®, a percepção dos fisioterapeutas que orientam este tipo de
classes de movimento é de que os benefícios para além de percebidos pelos utentes
também se manifestam neles próprios e representam uma mais-valia para o seu
bem-estar pessoal em plena actuação como profissional. Os elevados níveis de
desempenho e rentabilidade exigidos pela sociedade contemporânea, aliados à
escassez e preciosidade da dimensão tempo, levam a que o self deva usufruir de
atenção de modo a manter a rentabilidade dos serviços e produtividade.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
98
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Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
112
Anexo IV
Questionário de Qualidade de Vida da Pessoa Idosa Rural
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
114
Sequência de PNF-Chi®
Idosos do Centro Social e Paroquial de S. Mateus
Exercício 1
- 1ª diagonal unilateral de membro superior (3X);
- 1ª diagonal unilateral de membro superior + transferência de peso (3X);
- 1ª diagonal unilateral de membro superior + transferência de peso + rotação do tronco
(3X);
Notas: Expiração lenta para flexão do membro superior e inspiração lenta para extensão. A
sequência deverá ser toda realizada com um membro superior e de seguida com o membro
superior oposto.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
116
Exercício 2
- 1ª diagonal bilateral de membro superior (3X);
- 1ª diagonal bilateral de membro superior + transferência de peso(3X);
-1ª diagonal bilateral de membro superior + transferência de peso + mudança de direcção
(3X);
Notas: Expiração lenta para flexão do membro superior e inspiração lenta para extensão. A
sequência devera ser toda efectuada numa direcção, e de seguida na direcção oposta.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
119
Exercício 3
- 2ª diagonal unilateral de membro superior (3X);
- 2ª diagonal unilateral de membro superior + transferência de peso (3X);
- 2ª diagonal unilateral de membro superior + transferência de peso + mudança de direcção
(3X);
Notas: Inspiração lenta para flexão, expiração lenta para extensão. A sequência deverá ser
toda realizada com um membro superior e de seguida com o membro superior oposto.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
122
Exercício 4
- 2ª diagonal bilateral de membro superior (3X);
- 2ª diagonal bilateral de membro superior + transferência de peso(3X);
-2ª diagonal bilateral de membro superior + transferência de peso + extensão do membro
inferior (3X);
Notas: Expiração lenta para flexão do membro superior e inspiração lenta para extensão. A
sequência devera ser toda efectuada numa direcção, e de seguida na direcção oposta.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
127
Exercício 5
- Bilaterais assimétricas (1ª e 2ª diagonal bilateral) de membro superior (3X);
- Bilaterais assimétricas (1ª e 2ª diagonal bilateral) de membro superior + transferência de
peso (3X);
- Bilaterais assimétricas (1ª e 2ª diagonal bilateral) de membro superior + transferência de
peso + 1ª diagonal unilateral do membro inferior com flexão do joelho (3X);
Notas: Expiração lenta para flexão do membro superior e inspiração lenta para extensão. A
sequência devera ser toda efectuada numa direcção, e de seguida na direcção oposta.
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
133
Data __/__/___
Nome:_________________________________________N°telefone:______________
Idade:________ Peso:_______ Altura:______ Escolaridade:_______________
1 - Utiliza no seu dia-a-dia, algum auxiliar de marcha (canadiana, andarilho, etc.) ?
Sim Não Já utilizou
1.1 - Se já utilizou:
Há quanto tempo? ________________________
Por que motivo? _________________________________________________
2 - Pratica, ou praticou nas últimas três semanas, alguma actividade física orientada
com regularidade (duas ou mais vezes por semana)?
Sim Não
3 – Realiza, ou já realizou fisioterapia? Sim Não
3.1 - Se Sim:
Há quanto tempo? ________________________
Por que motivo? __________________________________________________
4 - Nos últimos seis meses sofreu alguma das condições abaixo descritas?
Acidente Vascular Cerebral
Enfarte do Miocárdio
Outra Qual?_____________________
5 – Medicação regular:
Tranquilizantes
Anti-depressivos
Anti-inflamatórios
Diuréticos
Analgésicos
Outros Quais?_______________
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
134
Apêndice III
Grelha de Registo Prova de Marcha dos 6 Minutos
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
135
Prova de Marcha dos 6 Minutos
Data: __/__/__
Nome: _________________________________________________________
Idade: ____________
Examinador: ____________________________________________
Antes Depois
Frequência cardíaca
Frequência Respiratória
Tensão Arterial
Escala de Borg
Distância Percorrida
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
137
DECLARAÇÃO DO CONSENTIMENTO INFORMADO
Considerando a "Declaração de Helsínquia" da Associação Médica Mundial (Helsínquia 1964; Tóquio 1975;
Veneza 1983; Hong Kong 1989; Somerset West 1996 e Edimburgo 2000)
Designação do Estudo:
Avaliação da influência de um programa de PNF-Chi® na performance cardiovascular, equilíbrio,
flexibilidade e no bem-estar de um grupo de idosos não institucionalizados.
Eu, abaixo-assinado, (nome completo do participante)
compreendi a
explicação que me foi fornecida acerca dos procedimentos, métodos e técnicas aplicados no
estudo em que serei incluído. Foi-me dada oportunidade de fazer as perguntas que julguei
necessárias, e de todas obtive resposta satisfatória.
Tomei conhecimento de que, de acordo com as recomendações da Declaração de
Helsínquia, a informação ou explicação que me foi prestada tal como os objectivos, os benefícios
previstos, os riscos potenciais e o eventual desconforto decorrentes da participação neste estudo.
Além disso, foi-me afirmado que tenho o direito de recusar a todo o tempo a minha participação
no estudo, sem que isso possa ter como efeito qualquer prejuízo na assistência que me é prestada.
Por isso, consinto que seja aplicado o método, o tratamento ou o inquérito proposto pelo
investigador.
Data: / /
Assinatura do participante: _______________________________________
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
138
Apêndice V
Carta Coordenadora Centro Social e Paroquial de São Mateus da Calheta
Ana Ferrão, Eva Albuquerque & Jonas Gomes
139
7 de Fevereiro de 2008
Exma. Sra. Dra. Andrea Homem,
Está a ser elaborado um estudo no âmbito do 2º ciclo da licenciatura bi-etápica em
Fisioterapia, realizado em colaboração entre a Universidade dos Açores e o Instituto Politécnico de
Setúbal, para permitir aos fisioterapeutas da região complementar a sua formação académica.
O estudo em questão pretende descrever os efeitos de um programa de PNF-Chi® (nova
abordagem ao movimento, de exercício lento, ritmado e de baixo impacto), em idosos não
institucionalizados.
Em resposta ao seu contacto prévio, propomo-nos realizar este estudo na população do
Centro Social e Paroquial de S. Mateus.
Gostaríamos de pedir a sua colaboração, no sentido de disponibilizar o salão do Centro Social
e Paroquial de S. Mateus, para a realização das sessões de PNF-Chi®. O programa decorrerá
durante 12 semanas, com aulas bissemanais, de 30 a 45 minutos cada.
Pretendemos iniciar as classes no início de Março pelo que iremos proceder às avaliações da
população até então, nas mesmas instalações. A marcação das datas destas serão a combinar com os
idosos e consigo, segundo a vossa disponibilidade.
Também aproveitamos para a convidar a participar/assistir às nossas classes sempre que a
sua disponibilidade o permitir, teríamos muito gosto em que se juntasse a nós.
Sem mais assunto de momento,
Atenciosamente
Os Investigadores:
Ana Ferrão
Eva Albuquerque
Jonas Gomes