Projet Tcc Micael Dambros Rev05 Corrigido
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CONCEPÇÃO DE PROJETOS DE EDIFÍCIOS INDUSTRIAIS EM AÇO
ORIENTANDO: MICAEL FRANCO DAMBRÓS
ORIENTADOR: PROF. JOÃO KAMINSKI JUNIOR
Santa Maria, Abril de 2012.
1. INTRODUÇÃO
Neste trabalho será abordado um tipo de construção importante no
desenvolvimento da economia e da sociedade: os edifícios industriais.
A indústria promoveu um conjunto de transformações tecnológicas, sociais e
econômicas conhecido como Revolução Industrial, iniciado na segunda metade do
século XVIII e que foi um marco para a sociedade que vivemos.
Desde então as construções industriais foram evoluindo na aplicação de
diferentes materiais e conceitos de projeto.
Na primeira parte deste trabalho será realizada uma revisão bibliográfica
sobre as construções industriais, levando em conta o histórico deste tipo de
construção, a evolução na concepção dos projetos e as diferentes especialidades
envolvidas na elaboração do layout1 de um edifício industrial.
Geralmente em uma obra industrial os prazos de execução são pequenos.
Então a construção industrializada (com estruturas de aço e/ou de concreto
pré-moldado) oferece a racionalização do processo construtivo exigida por uma obra
deste tipo.
Segundo BELLEI (1998), no Brasil, o setor industrial é o maior consumidor de
estruturas metálicas, absorvendo a maior parte da produção. Isso se deve ao fato de
o Brasil ser um país em crescimento, e edifícios residenciais em aço são pouco
utilizados no país.
Ainda, na primeira parte deste trabalho, será apresentada uma revisão
bibliográfica sobre a utilização de estruturas metálicas nas construções industriais,
além das vantagens na utilização do aço, suas propriedades e os principais produtos
siderúrgicos utilizados em estruturas.
A seguir, uma revisão sobre os tipos de edifícios industriais e as partes
constituintes de um edifício padrão será apresentada. Por fim, serão revisados
princípios básicos do comportamento estrutural de pórticos.
Na segunda parte deste trabalho será analisado o projeto de um edifício
industrial real, concebido em estrutura metálica.
1 O Layout (ou Projeto de Instalações) é o resultado do projeto de arranjo dos elementos físicos de uma atividade industrial, e pode ser representado por uma planta contendo o arranjo das instalações, como equipamentos, materiais, pessoas, requisitos de edificações, utilidades e circulações (CAMAROTTO, 1998). O Layout de um edifício industrial será base de dados para os projetos de construção civil deste edifício.
1
2. JUSTIFICATIVA
Optou-se em desenvolver este trabalho na área de construções industriais
devido à experiência profissional de três anos2 do orientando atuando em obras de
implantação e ampliações de fábricas da AmBev.
O orientando busca com este trabalho agregar conhecimentos teóricos com a
experiência prática na execução de um edifício industrial.
3. OBJETIVOS
3.1- Objetivo geral
O objetivo principal deste trabalho é realizar um estudo sobre o projeto de
edifícios industriais, com a exposição de um caso real.
3.2- Objetivos específicos
- Realizar um estudo sobre o histórico das construções industriais;
- Realizar um estudo sobre a concepção de projeto de edifícios industriais;
- Realizar um estudo sobre a utilização do aço em estruturas de pavilhões
industriais, e os sistemas estruturais mais utilizados;
- Apresentar um caso real de um edifício industrial, expondo as soluções
adotadas.
2 Três anos, incluindo o período de estágio obrigatório supervisionado.2
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1- Histórico
Até o século 17, a produção de objetos era basicamente artesanal, com o
objetivo de atender as necessidades da própria família e de poucos clientes
localizados nas proximidades. Os trabalhadores utilizavam a energia eólica e da
roda d’água para produção de mercadorias. A produção era realizada nas próprias
residências dos artesãos: edificações de madeira, sem divisão entre as áreas de
produção e a habitação (CAMAROTTO, 1998).
Com a mercantilização impulsionada pelas navegações do século 17, houve
um aumento no volume de produção de mercadorias. Com isto, aumentou o uso de
mão de obra operária, e as edificações dos artesãos já apresentavam nítida divisão
entre a habitação e a fábrica, com áreas destinadas a depósito de materiais e
ferramentas. Neste período, alguns setores, como o da mineração, já utilizavam
edifícios específicos para a produção de bens, que eram desvinculados das casas
dos trabalhadores.
Na primeira metade do século 18, na Inglaterra, surgiram as primeiras
edificações de uso exclusivo para a fabricação de bens. Os avanços tecnológicos da
época (como novas técnicas de fiação para a indústria têxtil) tinham a necessidade
de força motriz constante, o que deslocou as fábricas para a proximidade dos leitos
dos rios. Nesta época, os edifícios industriais eram estruturados com madeira,
tinham paredes de alvenaria e com grande extensão de aberturas de janelas.
A partir da metade do século 18, ocorreu uma grande mudança na sociedade,
iniciando na Inglaterra, que já era a primeira economia industrializada. Estas
mudanças resultaram na Revolução Industrial.
Neste período, o grande marco para a indústria foi a utilização da máquina a
vapor, que não mais limitava a localização das fábricas nas proximidades dos leitos
dos rios. As fábricas estavam com aumento significativo na produção de
mercadorias, e contavam com diversos trabalhadores executando tarefas
semelhantes e especializadas.
Assim, na Inglaterra surgiam os primeiros distritos industriais, e
posteriormente as cidades industriais. Neste quadro, destaca-se a cidade de
3
Manchester, que no final do século 18 contava com 50 novas fiações de algodão
(CAMAROTTO, 1998). Nesta época, os edifícios industriais já se consolidavam
exclusivamente para abrigar a produção de bens.
Para atender as inovações de logística da época, os antigos depósitos,
localizados nas proximidades dos cursos d’água, também tiveram que ser
reconstruídos, sendo deslocados para o longo das ferrovias. Estes edifícios eram
extensos, de estruturas pesadas em madeira e ferro, capazes de suportar grandes
cargas, com paredes em tijolos e pedra e grandes aberturas laterais para o
recebimento das mercadorias, permitindo movimentos com guinchos.
Em 1830 começou a vigorar uma legislação trabalhista, na qual as fábricas
deveriam considerar características como a jornada de trabalho, salário mínimo,
higiene e conforto ambiental. Então, a concepção do edifício industrial agora levava
em conta a relação entre questões sociais e as funcionais da fábrica.
Com as inovações tecnológicas de produção, foram desenvolvidas técnicas
construtivas de estruturas de edificações em ferro fundido. Com isto, novas técnicas
de produção e máquinas maiores foram inseridas nas fábricas, o que fez com que os
edifícios industriais crescessem em forma e dimensões. Neste cenário, as indústrias
destinadas a confecções e tecelagem eram abrigadas em edifícios de vários
pavimentos, enquanto que as indústrias mais pesadas, de fabricação e reparo de
máquinas, eram melhores acomodadas em edifícios planos, em função das
movimentações de cargas, dos sistemas de elevação, e das cargas estáticas e
dinâmicas das máquinas.
Com estas novas características, talvez tenha se criado o primeiro emblema
do edifício industrial moderno (CAMAROTTO apud: PEVSNER, 1980).
No inicio do século 20, as edificações industriais urbanas seguiam a
tendência do uso do aço, de concreto armado e grandes áreas envidraçadas. Neste
período, o surgimento do automóvel teve enorme importância no desenvolvimento
do setor industrial americano e europeu. As plantas das indústrias automobilísticas
revolucionaram a construção das fábricas americanas. Henry Ford estabeleceu a
construção de fábricas térreas e de grande extensão, o que seria tomado como
modelo para os projetos de fábricas da época.
Então, a partir dos anos 30, a tendência nas construções industriais era a
construção de grandes unidades, com o uso de grandes coberturas e galpões
4
unidos de forma que possibilitassem fácil modificação do arranjo interno da
produção. Assim, todos os processos de produção eram instalados em um sistema
estrutural único, com o menor número possível de colunas e grandes espaços livres,
o que permitia bastante flexibilidade na realocação das máquinas, e reserva de
espaços para futuras expansões (CAMAROTTO, 1998). Este tipo de construção
produz uma economia nas fundações das máquinas e da edificação, e facilita as
linhas de produção da fábrica.
O princípio da flexibilidade é utilizado até hoje nas construções industriais. Os
edifícios são de estrutura padronizada e disposta de forma que futuras ampliações
sejam de fácil execução. No inicio da década de 60, os projetos das fábricas foram
caracterizados por unidades menores e edificações separadas. Os blocos de
escritórios (administração) eram conectados ao edifício principal por passarelas e
mezaninos. Com a mecanização da movimentação de materiais a produtividade da
mão de obra aumentou, e as edificações eram separadas pelas diferentes fases do
processo produtivo. Neste sentido, a construção da planta de uma fábrica passou a
seguir o processo de produção. Este é o modelo de construção de fábricas que é
utilizado até hoje, se adequando ao tipo de processo de produção em cada caso.
4.2- Aço estrutural
As principais vantagens na utilização do aço em estruturas de edifícios são as
seguintes: alta resistência nos diversos estados de tensão (tração, compressão,
flexão, etc.) com área reduzida de seção, o que garante uma estrutura mais leve do
que a de concreto armado; os elementos estruturais oferecem grande margem de
segurança no trabalho, por ser um material homogêneo e de propriedades bem
definidas; as peças são produzidas em oficinas, e contribuem para uma construção
racionalizada, onde a montagem e a manutenção das estruturas no local são
simplificadas, o que é capaz de diminuir o prazo da construção (BELLEI, 1998).
O aço é uma liga composta por uma grande parte de ferro (em torno de 98%)
e pequenas quantidades de carbono e elementos adicionais como silício, manganês,
enxofre, fósforo, entre outros. A composição química determina muita das
características dos aços, importantes para aplicações estruturais.
Para compreender o comportamento das estruturas de aço é essencial que o
calculista entenda as propriedades do aço. Através de testes de tração simples são
5
traçados os diagramas tensão-deformação, que representam uma informação
valiosa e necessária para entender como será o comportamento do aço em uma
determinada situação. A Figura 1 mostra o diagrama tensão-deformação típico de
um teste de tração simples.
Figura 1 - Diagrama típico de tensão-deformação para aços estruturais, obtido através de um teste de tração simples (Fonte: ANDRADE, 1994).
Do diagrama tensão-deformação (Figura 1) obtemos os seguintes dados do
aço analisado:
Limite de Proporcionalidade (fp): é a tensão máxima do trecho
elástico (trecho onde tensões e deformações são proporcionais);
Limite de Escoamento (fy): é a mais significativa propriedade que
diferencia os aços estruturais para as quais se aplicam as normas. É a
tensão correspondente ao patamar de escoamento (trecho onde a
deformação aumenta e a tensão permanece constante);
Limite de Resistência a Tração (fu): é a tensão máxima do diagrama,
também conhecida como tensão última ou de ruptura;
Módulo de Elasticidade Longitudinal (E): é a tangente do ângulo α
do trecho elástico da curva tensão-deformação. Toma-se o valor de E
como 2.100 tf/cm² para as estruturas de aço (BELLEI, 1998).
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Algumas propriedades dos aços são praticamente constantes na faixa normal
de temperatura atmosférica. São as constantes físicas dos aços:
Massa específica ------------------------------------------------------- ρ = 7,85 t/m³
Módulo de Elasticidade ----------------------------------------- E = 210.000 Mpa
Módulo Transversal de Elasticidade -------------------------- G = 78.850 Mpa
Coeficiente de Poisson no regime elástico ------------------------------ v = 0,3
Coeficiente de Poisson no regime plástico ----------------------------- vp = 0,5
Coeficiente de dilatação térmica -------------------------------- α = 12 x 10-6/°C
As principais propriedades dos aços são: elasticidade, ductilidade, fragilidade,
resiliência, tenacidade, dureza e fadiga.
Elasticidade é a capacidade que têm os metais de voltar a sua forma original
após sucessivos ciclos de carregamentos e descarregamentos (carga e descarga).
Ductilidade é a capacidade do material de se deformar sob a ação das
cargas. O aço se deixar deformar sem sofrer fraturas na fase inelástica, isto é, além
do seu limite elástico (limite de elasticidade). Os aços dúcteis, quando sujeitos a
tensões locais elevadas sofrem deformações plásticas capazes de redistribuir as
tensões; este comportamento permite, por exemplo, considerar distribuição uniforme
da carga entre rebites, no caso de uma ligação rebitada. Também, a ductilidade é
importante, pois conduz a mecanismos de ruptura acompanhados de grandes
deformações que fornecem avisos da atuação de cargas elevadas.
Fragilidade é o oposto da ductilidade. Materiais frágeis se rompem
bruscamente, sem aviso prévio. Os aços podem se tornar frágeis pela ação de
diversos agentes: baixas temperaturas ambientais, efeitos térmicos locais causados,
por exemplo, por solda elétrica, etc.
Resiliência é a capacidade de absorver energia mecânica em regime
elástico.
Tenacidade é a capacidade de absorver energia mecânica com deformações
elásticas e plásticas. No ensaio de tração simples, a tenacidade é medida pela área
total do diagrama tensão-deformação.
Dureza é a resistência do aço ao risco ou abrasão. Pode-se medir a dureza
de um aço pela resistência que a superfície do material oferece à penetração de
uma peça de maior dureza. A dureza pode ser definida como uma combinação de
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resistência e ductilidade, de forma que o ensaio da dureza é um meio expedito de
verificar a resistência do aço.
Quanto à classificação dos aços, basicamente, podem ser enumerados dois
tipos: o aço carbono e o aço de baixa liga.
O aço carbono é o mais utilizado em estruturas metálicas, e varia de acordo
com o teor de carbono adicionado na composição do material. Para estruturas, a
orientação é que esta taxa varie de 0,15% a 0,45%. Este é o limite que permite uma
boa soldabilidade para o aço (BELLEI, 1998). Os principais aços carbono utilizados
são os especificados como: ASTM A36 e A570; ABNT NBR 7007, 6648, 6649, 6650;
DIN St37 (norma alemã). O mais usual (especificação ASTM A36) possui um teor de
carbono entre 0,25% e 0,29%.
O aço de baixa liga é o aço carbono com adições de elementos de liga, que
melhoram algumas das propriedades mecânicas do material. São elementos de liga:
cromo colúmbio, cobre, manganês, molibdênio, nióbio, níquel, fósforo, silício,
vanádio, zircônio (PFEIL; PFEIL, 1995). O teor de carbono para aços de baixa liga é
da ordem de 0,20%, o que garante uma boa soldabilidade do material. Os principais
aços de baixa liga utilizados são os especificados como: ASTM A572 e A441; ABNT
NBR 7007, 5000, 5004; DIN St52 (BELLEI, 1998). A Companhia Siderúrgica
Nacional produz o aço A242 (Niocor), que é um aço de baixa liga com resistência a
corrosão atmosférica (também chamados de aços patináveis).
Ainda, os aços carbono e de baixa liga podem ter sua resistência aumentada
através do tratamento térmico. Estes aços com tratamento térmico são utilizados na
fabricação de conectores, parafusos de alta tensão e barras para protensão. Neste
tipo, podemos citar os aços da especificação ASTM A325 e A490 (PFEIL; PFEIL,
1995).
4.3- Produtos siderúrgicos para uso em estruturas de aço
Os principais materiais usados como elementos ou componentes estruturais
são: chapas finas a frio, chapas zincadas, chapas finas a quente, chapas grossas,
fios, cordoalhas e cabos, perfis laminados estruturais, tubos estruturais com e sem
costura, barras redondas e barras chatas, perfis soldados e perfis estruturais em
chapas dobradas (BELLEI, 1998). Então podemos enumerar os principais produtos
de aço estrutural produzidos pelas siderúrgicas brasileiras:
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a) Chapas: são produtos laminados, nos quais uma dimensão (a espessura)
é muito menor que as outras duas (largura e comprimento);
b) Barras: são produtos laminados nos quais duas dimensões (da seção
transversal) são pequenas em relação à terceira (comprimento);
c) Perfis laminados: os laminadores produzem perfis de grande resistência
estrutural, nas formas de H, I, U e L (cantoneiras). São utilizados na
fabricação de estruturas metálicas e, secundariamente, como caixilhos e
grades;
d) Perfis de chapas dobradas (perfis formados a frio): são produzidos por
máquinas chamadas viradeiras, que permitem dobrar chapas a frio. São
aplicados na execução de estruturas leves e, também, para terças e vigas
de tapamento de qualquer estrutura;
e) Perfis soldados: são compostos a partir de três chapas, e devido à grande
variabilidade de combinações de espessuras com alturas e larguras, são
largamente empregados em estruturas metálicas. Assim, o projetista possui
opções variadas e grande liberdade para o projeto. Para facilitar os
projetistas e calculistas, a ABNT NBR 5884/80 padronizou três séries de
perfis soldados: CS (para colunas), VS (para vigas) e CVS (para colunas e
vigas);
f) Fios (ou arames): são obtidos por trefilação, podendo ser de aço doce ou
de aço duro (empregados em molas e cabos de protensão de estruturas);
g) Cordoalhas: são formadas por três ou sete fios arrumados em forma de
hélice;
h) Cabos de aço: são formados por fios trefilados finos, agrupados em
arranjos helicoidais variáveis.
As dimensões das peças são limitadas transversalmente pela capacidade dos
laminadores, e no comprimento pela capacidade dos veículos de transporte. Então
as estruturas de aço são formadas por associação de peças ligadas entre si.
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Existem, basicamente, dois tipos de ligações entre peças metálicas: por meio
de conectores ou por solda. Os conectores (rebites, parafusos) são colocados em
furos que atravessam as peças a ligar. A ligação por solda consiste em fundir as
partes em contato de modo a provocar coalescência das mesmas (PFEIL; PFEIL,
1995).
4.4- Edifícios Industriais
Edifícios industriais são construções geralmente de um pavimento,
constituídos de colunas regularmente espaçadas com cobertura na parte superior e,
às vezes, também nas laterais, se estendendo por grandes áreas. (INSTITUDO
BRASILEIRO DE SIDERURGIA, 2004).
Modernamente, um edifício industrial pode ser construído com uma série de
materiais, a saber: aço, madeira, concreto, alumínio; cada um isoladamente ou em
conjunto com outros. (BELLEI, 1998).
Na elaboração de projetos de obras civis para edifícios industriais são
considerados os diversos fatores que se relacionam entre si, garantindo que o
edifício atenda aos requisitos estruturais, econômicos, e do processo industrial a que
o edifício é destinado.
Para que a concepção da planta de uma fábrica seja satisfatória, diversas
especialidades são envolvidas na elaboração do Layout de uma fábrica
(CAMAROTTO, 1998). A Tabela 1 apresenta os principais conhecimentos e áreas
de atuação aplicados na definição do Layout de uma fábrica.
Caso o projetista não possua uma definição do arranjo interno do processo
industrial do edifício, ele deve contar com o princípio da flexibilidade, dispondo o
mínimo de apoios internos, e assim facilitando a execução de possíveis ajustes no
arranjo do edifício, além de facilitar futuras ampliações da construção.
A finalidade básica da construção é prover acomodação na qual o processo
industrial seja executado sem a interferência de seus elementos. A construção deve
ser considerada como uma estrutura completa, onde cada elemento desempenha
sua função, mas não pode ser considerada isoladamente. Assim, por exemplo, o
fechamento lateral protege a estrutura e o interior do edifício das intempéries, e o
fazendo, pelo esquema estrutural adotado, causa imposição de cargas sobre a
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estrutura e, ao mesmo tempo, promove a rigidez dos membros estruturais (BELLEI,
1998).
Então a estrutura deve suportar a cobertura do edifício, o fechamento lateral,
os serviços executados no seu interior, os equipamentos, etc. e também ser capaz
de transmitir as cargas às fundações.
Para obter uma estrutura econômica, o projetista deve adotar estruturas que
reduzem ao máximo os comprimentos da trajetória das cargas até as fundações.
Tabela 1 - Principais áreas de atuação envolvidas no Projeto de Instalações de uma fábrica.
Itens do Projeto de Instalações
Áreas e sub-áreas de conhecimento envolvidas
EquipamentosEngenharia de Processos, Organização do Trabalho, Ergonomia, Engenharia Mecânica, Engenharia de Segurança
Operação (Transformação - Montagem)
Engenharia de Processos, Engenharia de Materiais, Engenharia Mecânica, Logística, Ergonomia, Engenharia de Segurança, Planejamento e Controle da Produção
MateriaisEngenharia de Materiais, Logística, Engenharia de Segurança, Ergonomia
Mão de obra direta e indireta
Organização do Trabalho, Engenharia Econômica, Planejamento e Controle da Produção, Administração, Ergonomia
ManutençãoEngenharia de Manutenção, Engenharia Mecânica, Planejamento e Controle da Produção
Segurança e saúdeEngenharia de Segurança, Engenharia de Produção, Saúde Ocupacional, Administração
Almoxarifado/estoque Logística, Planejamento e Controle da Produção
Serviços auxiliares de fábrica
Engenharia de Processos, Engenharia Mecânica, Planejamento e Controle da Produção
EdificaçãoArquitetura, Engenharia Civil, Engenharia de Segurança, Ergonomia, Engenharia Econômica, Planejamento e Controle da Produção
Sistema de movimentaçãoPlanejamento e Controle da Produção, Logística, Ergonomia, Engenharia de Segurança
UtilidadesEngenharia de Processos, Engenharia Mecânica, Engenharia de Materiais
FluxoPlanejamento e Controle da Produção, Logística, Engenharia Econômica, Engenharia de Segurança, Organização do Trabalho
EspaçoErgonomia, Engenharia de Segurança, Engenharia de Processos, Planejamento e Controle da Produção
Serviços de pessoal (refeitório, sanitários, vestiários, lazer, etc.)
Organização do Trabalho, Engenharia de Segurança, Arquitetura, Administração
Fonte: CAMAROTTO, 1998, p. 19
11
Os contraventamentos podem transferir as forças horizontais para as
fundações. A utilização de componentes horizontais para a substituição de suportes
verticais, como no caso de vigas centrais, permitindo maior espaçamento entre as
colunas, é uma alternativa que aumenta o custo da estrutura.
As fundações devem garantir que toda a estrutura do edifício não sofra
recalques ou rotações na combinação de carga mais crítica. O tipo e condições do
solo também são fatores importantes na definição do tipo mais conveniente de
fundações para o edifício.
4.5- Tipos de Edifícios Industriais
Os edifícios industriais podem ser em estruturas de vãos simples (isolados)
ou múltiplos, quando grandes áreas cobertas são necessárias. Dependendo do
layout, colunas internas podem não ser convenientes, e, então são estudados
sistemas de cobertura para grandes áreas com um mínimo de colunas internas
(BELLEI, 1998).
Caso haja imposições rígidas, pode-se construir qualquer tipo de estrutura.
Mas arranjos ou situações mais sofisticadas representam sempre maior custo para a
estrutura. Então qualquer custo inicial extra do projeto do edifício que simplifique o
processo industrial é sempre justificado. Conforme BELLEI (1998), a seguir são
destacados alguns tipos de edifícios industriais, classificados em dois grupos:
edifícios com vão simples, e edifícios com vãos múltiplos.
4.5.1- Edifícios de vãos simples
4.5.1.1 Edifícios com coluna simples e tesoura
É o sistema mais barato para a construção de galpões industriais, com a
estrutura principal composta basicamente por colunas e tesouras em aço para a
cobertura. A estrutura para o fechamento lateral pode ser presa nas colunas.
Caso seja necessária facilidade na movimentação de materiais e/ou outros
componentes para o processo industrial a que o edifício se destina, o sistema de
edifício com coluna simples e tesoura admite a instalação de uma ponte rolante leve,
suportada por vigas de rolamento apoiadas em consoles das colunas.
12
Para a introdução uma ponte rolante em um edifício deve-se atentar para que
o mesmo esteja devidamente contraventado, mantendo a rigidez do prédio com a
vibração causada pelo trabalho da ponte rolante.
Neste caso, a capacidade máxima recomendada para suporte da ponte
rolante é de 15 tf, ou com reação máxima de 25 t. Para valores acima desta
capacidade, deve-se prever uma coluna exclusiva para dar suporte à viga de
rolamento.
4.5.1.2 Edifícios com coluna simples e treliça
Para vencer grandes vãos, este sistema é uma boa solução, utilizando
menores inclinações da cobertura e vigas treliçadas, em vez de tesouras.
As vigas treliçadas e outros elementos da cobertura podem ser constituídos
por perfis metálicos estruturais ocos, fabricados por chapas dobradas a frio,
tornando a estrutura mais leve.
4.5.1.3 Edifícios com coluna entreliçada ou travada e tesoura
Para edifícios com necessidade de ponte rolante, a coluna que suporta as
vigas de rolamento pode ser entreliçada ou travada à coluna externa que suporta a
cobertura.
4.5.1.4 Edifícios com pórticos de alma cheia
Edifícios com pórticos de alma cheia são muito usados para edifícios
industriais, em substituição aos edifícios com coluna simples e tesoura. O
espaçamento destes pórticos influencia na economia da estrutura da cobertura e da
estrutura suporte.
Os pórticos são criteriosamente espaçados em função do vão do edifício. A
Tabela 2 apresenta uma orientação para o espaçamento dos pórticos de maneira
mais conveniente.
A estrutura mais simples para os pórticos é aquela com vigas e colunas de
mesma seção em perfis laminados, adequada para vãos pequenos e em alguns
casos de vãos de tamanho médio, sendo os últimos freqüentemente misulados nos
beirais e reforçados nas cumeeiras.
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Tabela 2 – Espaçamento de pórticos de alma cheia
Vão Espaçamento entre pórticos (m)
Pequeno: até 15 m 3 a 5
Médio:16 a 25 m 4 a 726 a 35 m 6 a 8
Longo: 36 a 45 m 8 a 10Inércia variável: 46 a 60 m 9 a 12
Fonte: BELLEI, 1998
Para os pórticos de vãos longos e médios, é comum utilizar perfis de diferentes
dimensões para as vigas e colunas. Em vãos muito grandes, a estrutura do pórtico
pode ser de inércia variável.
Geralmente, as ligações dos pórticos são parafusadas no campo, com
parafusos de alta resistência.
A altura efetiva da área do edifício pode ser aumentada com a execução de
mísulas nas extremidades das vigas, o que aumenta a resistência da viga e garante
que a seção das colunas seja no mínimo igual à seção da viga. Esta hipótese é
válida desde que os momentos máximos ocorram nas ligações viga-coluna.
Para a base dos pórticos de edifícios de vão médio ou longo, é preferencial a
execução de bases rotuladas, pois desta maneira as fundações serão mais
econômicas, comparadas com as fundações para bases engastadas.
O tipo das terças utilizadas na cobertura pode ser definido em função do
espaçamento longitudinal dos pórticos. Em edifícios de vão pequeno ou médio
podem ser utilizados perfis cantoneiras, perfil “U” laminado, ou outros perfis
dobrados a frio. Para grandes vãos, como alternativa mais econômica, pode-se
utilizar terças entreliçadas ou armadas, aumentando o espaçamento entre elas.
Quando são introduzidas vigas de rolamento nos pórticos, a deformação do
beiral, devido ao carregamento, se torna mais critica. Apesar de as vigas de
rolamento favorecerem a redução destas deformações, a relação entre esta redução
e as condições práticas a serem tomadas inviabilizam esta alternativa. Então a
rigidez para o controle da deformação horizontal deve ser obtida a partir dos
elementos que compõe o pórtico. A introdução de tirantes entre os cantos é
satisfatória para as cargas verticais que causam deslocamentos laterais, mas
ineficiente se o vento age em sentido contrário. A fixação do pórtico às bases
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também pode reduzir o deslocamento. Aumentar as dimensões ou a rigidez dos
menbros acima do mínimo necessário para a resistência é outra maneira de se
reduzir o deslocamento (BELLEI, 1998).
4.5.2- Edifícios de vãos múltiplos
Os tipos de edifícios apresentados acima podem ser aplicados aos vão
múltiplos. Às vezes, por razões do layout, é necessário eliminar algumas colunas
intermediárias e introduzir vigas centrais para contornar este problema. Esta solução
pede contraventamento de cobertura adicionais para ajudar a distribuir as cargas
horizontais do vento.
Para edifícios com pontes rolantes, a duplicação das vigas de rolamento
sobre as colunas centrais exerce alguma influencia sobre elas e sobre as proporias
vigas.
4.5.2.1 Edifícios com tesouras suportadas por treliças
Para áreas muito grandes, livres de colunas-suporte, freqüentemente é
necessária a adoção de um sistema de treliças e tesouras suportadas por treliças.
Para telhados de dupla água e menor desperdício de espaço coberto pode-se
utilizar cobertura em múltiplos de duas águas em tesoura. Desde que exista uma
pequena altura de construção na viga de apoio do eixo central, as tesouras devem
ser projetadas em balanço (figura 2). Com relação às treliças e às cargas de peso
próprio e sobrecarga, a corda superior está submetida à tração e às cargas de peso
próprio e sobrecarga, a corda superior está submetida à tração e a corda inferior
horizontal, à compressão.
Figura 2 - Cobertura em múltiplos de duas águas em tesoura (FONTE: BELLEI, 1998, p. 120).
15
Carregamentos excêntricos causam tendência de rotação, que deve ser
resistida por ancoragem adequada na coluna lateral e requer cuidado extra na
fixação da estrutura.
Desde que a altura de construção seja suficiente para acomodar uma treliça
de apoio do eixo central, pode-se adquirir maior espaço interno com a solução de
cobertura di tipo duas águas com treliça (figura 3). Este representa um telhado
estável, com boa aparência e pode ser bastante econômico.
Figura 3 - Cobertura em múltiplos de duas águas em treliça (Fonte: BELLEI, 1998, p. 120)
Para a utilização de ventilação e iluminação natural pela parte superior do
edifício, utiliza-se a cobertura tipo “Shed” (Figura 4). Para evitar a insolação direta,
os painéis verticais são orientados no sentido do quadrante Sul. Para dar maior
acesso à luz os painéis são suficientemente inclinados.
Figura 4 - Cobertura em múltiplos de duas águas do tipo "Shed" (Fonte: BELLEI, 1998, p. 120)
16
4.5.2.2 Edifícios formados por pórticos em alma cheia germinada
Para a construção de edifícios de vãos múltiplos com pórticos de alma cheia
deve-se levar em conta que são necessárias pernas internas em cada pórtico, então
não deve existir objeção de Layout para a implantação da estrutura.
Para pórticos de dois vãos completos, como o apresentado na Figura 5, uma
análise estrutural detalhada deve ser feita, pois o efeito da adição de um vão extra
significa aumento no empuxo horizontal. Para carregamentos balanceados, as
colunas do centro são livres para empuxos, e o momento no centro é todo
transmitido de viga a viga. Mas a coluna central deve ser considerada como parte
integrante da estrutura, pois existem os carregamentos excêntricos impostos e do
vento.
Caso as colunas internas de cada pórtico não sejam convenientes ao Layout,
uma solução apresentada por BELLEI (1998) é a utilização de pórticos mais
pesados com espaçamentos convenientes. Também sistemas de vigas de cumeeira
e vigas entre colunas, que suportam vigas intermediárias, pois são relativamente
fáceis de fabricar. Mas isto representa um custo total provavelmente maior que o de
pórticos simples de múltiplos vãos.
Figura 5 - Edifícios de pórticos com vigas de pórticos intermediários apoiados em vigas retas (Fonte: BELLEI, 1998, p. 121)
17
Outra solução é utilizar uma série de vigas de pórtico suportadas por colunas
externas e vigas centrais. As vigas de pórtico se deslocam sob carga, produzindo
uma força horizontal tal aplicada no beiral, que poderá ser equilibrada com a
colocação de um contraventamento horizontal, sendo este suficiente para evitar a
abertura dos vãos.
4.6- Peças que compõem um edifício industrial
A Figura 6 apresentada a seguir ilustra vários aspectos para edifícios
industriais, com a indicação dos nomes das componentes.
Figura 6 - Perspectiva didática de um galpão industrial com indicação do nome de seus principais componentes (Fonte: BELLEI, 1998 p. 125)
A estrutura pode ser dividida em estrutura principal e estrutura secundária. A
estrutura primária suporta a estrutura secundária, e pode ser composta por pórticos
de estruturas metálicas de perfis de alma cheia ou treliçados; ou por vigas de
cobertura apoiadas sobre pilares de concreto. A estrutura secundária complementa
a estrutura primária, suportando os fechamentos e utilidades (SOARES, 2008).
18
4.6.1- Vigas de cobertura
Vigas são elementos estruturais sujeitos basicamente a esforços de flexão.
Por serem elementos empregados para vencer vãos na horizontal, são muito
solicitadas em termos de esforços, uma vez que necessitam ter condições de
transferir forças, geralmente verticais, para os apoios através de um caminhamento
horizontal (DIAS, 2008).
Para receber as cargas de cobertura (telhas, terças, chuvas, poeiras e
sobrecargas em geral) e transmiti-las às colunas, são empregadas vigas que ao
mesmo tempo servem para dar estabilidade às estruturas, que podem ser em alma
cheia ou vazada ou tesoura e treliça.
Quando o espaçamento entre colunas é muito grande (maior que 8 metros), é
comum a colocação de uma viga intermediária com a finalidade de se reduzir o vão
das terças, chamando-se de vigas secundárias da cobertura (Figura 7).
Figura 7 - Viga secundária de cobertura (Fonte: BELLEI, 1998 p. 193)
4.6.1.1 Vigas de cobertura em alma cheia
São formadas por duas mesas interligadas por uma alma e se caracterizam
pelo acentuado afastamento entre as mesas, podendo ser por perfis laminados,
soldados ou vazados, originado de ambos. Podem ser com altura constante, para
vãos de até 30 metros, ou variáveis – muito usados em grandes vãos, acima de 30
metros, para galpões sem ponte rolante.
19
Os perfis tipo I soldados, I laminados e os perfis U estruturais formados a frio
são os mais utilizados nas vigas. Pela própria forma da seção, são adequados para
resistir, por intermédio das mesas, aos esforços de compressão e de tração.
As vigas com muita massa próxima ao eixo neutro, por exemplo peças
maciças de seção quadrada ou circular, trabalham com menor eficiência na flexão,
isto é, para o mesmo peso de viga, têm menor capacidade de carga (PFEIL; PFEIL,
1995).
Como as vigas são peças submetidas a esforços de flexão, em qualquer
seção transversal aparecem tensões perpendiculares a ela, que variam de nulas –
junto à linha neutra – a máximas – nas bordas. Assim, para resistir aos esforços do
momento fletor que caminha por elas, as mesas de perfis I são sempre mais
espessas do que as almas. Por outro lado, a força cortante caminha pela alma do
perfil (DIAS, 2008).
Conforme BELLEI (1998), a altura da viga do pórtico varia dentro da seguinte
relação:
H/L (altura da viga / comprimento do vão) = 1/40 a 1/60 do vão para galpões com
ponte rolante;
H/l = 1/50 a 1/70 do vão para galpões sem ponte rolante.
Conforme DIAS (2008), os valores de referência, para efeito de pré-
dimensionamento das alturas das vigas de alma cheia (com seção I) simplesmente
apoiadas, são:
Para vigas principais, 1/14 a 1/18 do vão (para vãos de 8 a 18 metros);
Para vigas secundárias, 1/18 a 1/22 do vão (para vãos de 5 a 10 metros).
Para se ter um dimensionamento econômico, é fundamental dar-se a
necessária contenção lateral à viga, que pode ser feita com terças ou mediante a
colocação de contraventamentos no plano da cobertura. Se a viga tem pequena
altura (menor que 400 milímetros), somente o contraventamento dá a devida
contenção. Mas se tiver altura maior, usa-se o artifício de se colocar mão-francesa
em algumas terças estrategicamente escolhidas.
Pórticos com tirantes são também empregados, mas com cautela pois os
tirantes não devem ser considerados para as cargas permanentes mais vento, que
normalmente resultam em compressão no tirante. O mesmo pode acontecer com a
20
introdução de cargas horizontais de ponte rolante. Os tirantes têm a vantagem de
reduzir os deslocamentos nos pontos de ligação viga-coluna.
Quando se trabalha com vãos maiores que 20 metros, os deslocamentos nos
cantos podem ser inconvenientes durante a fase de montagem. Nesses casos,
pode-se estudar uma contraflecha no pórtico ou colocar um tirante para neutralizar
esses efeitos.
Sobre as ligações com outras peças, em vigas de cobertura em alma cheia,
temos somente duas ligações principais: ligação viga com viga (geralmente a
cumeeira) e ligação viga com coluna.
4.6.1.2 Vigas de cobertura em armação (tesouras ou treliças)
As armações são as mais antigas formas de solução para qualquer tipo de
cobertura. Atualmente, com o desenvolvimento de perfis laminados de maior altura e
de perfis soldados, as armações passaram a ser econômicas para vãos acima de
25-30 metros (BELLEI, 1998). As ligações podem ser compostas por meio de
ligações parafusadas ou soldadas. Ligações parafusadas representam um peso
maior para a estrutura, em comparação com as ligações soldadas.
A principal característica desse tipo de estrutura é que as suas barras
trabalham normalmente a tração ou compressão.
Contraflechas devem ser dadas em armações para vãos acima de 20 metros,
igual à flecha provocada pelo peso próprio.
Existe uma grande variedade de tipos de tesouras e treliças. Algumas são
apresentadas na Figura 8. A tesoura mais simples é a calculada como biapoiada
(Figura 8a). Quando se quer dar maior rigidez para as cargas laterais de vento, usa-
se colocar uma mão-francesa indo da coluna até o primeiro montante (Figura 8b)m
ou se adota uma solução como a indicada na Figura 8c, que proporciona excelente
rigidez às colunas para qualquer tipo de carregamento.
As soluções em treliças, com as cordas paralelas, também é uma ótima
opção para inclinações de 0° a 10° (Figuras 8d e 8e).
21
Figura 8 - Tipos de armação (Fonte: BELLEI, 1998, p. 196)
As treliças são constituídas por barras coplanares articuladas entre si e
submetidas a cargas nodais. Nessas vigas, as barras podem-se articular por meio
de ligação direta ou indireta. Na ligação direta as barras são diretamente fixadas
umas as outras por soldagem. As ligações indiretas utilizam um elemento chamado
de chapa de ligação ou chapa de “Gousset” (DIAS, 2002). Estas duas formas de
ligações são apresentadas na Figura 9.
Figura 9 - Vigas em forma de treliça e suas ligações (Fonte: DIAS, 2002, p. 58)
22
Os tipos de seção empregadas na formação de elementos das armações de
coberturas devem ser selecionados sob o ponto de vista técnico e econômico,
procurando-se a solução mais apropriada (BELLEI, 1998).
As barras das treliças são em geral constituídas por perfis laminados únicos
ou agrupados. As treliças mais leves são formadas por cantoneiras ou perfis, ligados
por solda ou rebite. Normalmente, empregam-se para as cordas as soluções que
tenham um eixo de simetria no plano da armação.
Caso se trabalhe com perfis em chapa dobrada, estes não devem ter
espessura menor do que 3,3 milímetros para as cordas e 2,6 milímetros para as
diagonais e montantes.
Para serem econômicas, as armações devem estar dentro de uma relação
altura/vão de 1/8 a 1/15, sendo a mais usada de 1/10. Para se obter maior economia
de material, deve-se orientar as diagonais para trabalharem à tração.
4.6.1.3 Vigas Vierendeel
As vigas Vierendeel são constituídas por barras resistentes na forma de
quadros, unidas entre si por meio de ligações rígidas, que devem resistir às forças
normais e cortantes e também aos momentos fletores. Em virtude da característica
dos seus vínculos, as vigas Vierendeel são mais deformáveis do que as vigas em
armação (DIAS, 2008).
Normalmente as vigas Vierendeel são utilizadas para soluções estruturais que
exigem grandes vãos livres. Neste caso, a altura da viga, ou a distância do banzo
superior ao banzo inferior, resulta igual à distância entre pavimentos da edificação.
No caso de edifícios industriais na forma de grandes galpões não convém a
utilização deste tipo de viga, podendo ser aplicada a edifícios sociais ou
administrativos dentro de uma planta industrial, ou para estruturas do tipo Pipe Rack
(estruturas metálicas para suporte e passagem de tubulações do processo
industrial).
4.6.2- Colunas
As colunas são os elementos estruturais cuja finalidade é levar às fundações
as cargas originárias dos outros componentes da construção. BELLEI (1998) divide
as colunas basicamente sob o ponto de vista estrutural: principais, que são aquelas
23
que recebem a maior parcela das cargas, e secundárias, que recebem a menor
parcela das cargas (geralmente são as colunas de fechamentos laterais).
Basicamente, cada coluna é composta por três partes principais: o fuste, que é o
elemento portante básico da coluna; o ponto de ligação, que serve de apoio para as
outras partes da estrutura; e a base, cuja finalidade é distribuir as cargas nas
fundações, além de fixá-las.
As colunas podem estar sujeitas a esforços de compressão; compressão com
flexão; e tração com flexão (caso de pendurais e o caso de algumas colunas,
quando solicitadas a peso próprio mais vento). Nas colunas sujeitas a cargas de
compressão, ela pode ocorrer na forma de compressão centrada, quando as cargas
estão aplicadas diretamente no centro da seção da coluna ou de forma simétrica ao
eixo do fuste; ou como compressão excêntrica, em que as cargas estão aplicadas
descentradas em relação ao eixo do fuste. Para ambos os casos também pode
ocorrer a flexão simultânea, típica em colunas de edifícios industriais (Figura 10).
Figura 10 - Colunas submetidas a compressão com flexão (Fonte: BELLEI, 1998, p. 214)
4.6.2.1 Colunas de alma cheia e altura constante
O tipo de fuste de uma coluna de alma cheia e altura constante é formado por
um ou vários perfis laminados ou soldados, ligados por solda ou parafusos. Para
haver uma boa economia é importante um bom equilíbrio de rigidez nos dois
sentidos da seção.
O perfil tubular é o mais racional sob o ponto de vista de trabalho, mas de
pouco uso em edifícios industriais, pela escassez de tubos, maior custo e dificuldade
de ligações. A seção básica para edifícios é o tipo I ou H, laminado ou soldado. O
perfil I laminado é pouco usado, devido ao seu baixo raio de giro no sentido da
menor inércia, sendo utilizado em edifícios pequenos sem ponte rolante ou em
24
colunas de fechamento lateral de pequena altura. O perfil H laminado é ideal, por
possuir os raios de giro muito próximos. Tem grande aplicação até 400 a 450
milímetros de altura. Acima destas medidas é mais econômica a utilização de perfis
soldados, compostos por três chapas.
Para a composição dos perfis soldados, a rigor pode-se utilizar qualquer
espessura de material, desde que atenda às relações largura/espessura
especificadas nas normas. Segundo BELLEI (1998), a prática nos indica o seguinte:
tf – espessura da mesa de 8 a 50 milímetros;
tw – espessura da alma de 9 a 25 milímetros.
4.6.2.2 Colunas treliçadas de altura constante
O fuste de uma coluna treliçada ou travejada é composto de um ou vários
perfis laminados, ligados por chapas ou cantoneiras nos planos das mesas.
A vantagem básica das colunas treliçadas é a possibilidade de ser obtida
resistência equivalente às de alma cheia, embora se tenha um pequeno acréscimo
de mão de obra na fabricação.
4.6.3- Terças e vigas de fechamento lateral
As terças são vigas posicionadas na cobertura, situadas entre vigas principais
ou secundarias de pórticos ou tesouras, com a finalidade de suportar as chapas da
cobertura. Normalmente estão sujeitas às solicitações de flexão dupla e
excepcionalmente a flexão simples, provocadas pelas cargas que atuam sobre as
telhas, como cargas acidentais (chuva, poeira, pessoas na cobertura) e pelas cargas
provocadas pelo vento (pressão ou sucção).
As vigas de fechamento lateral estão situadas entre pórticos ou colunas com
a finalidade de servir de apoio para as chapas de fechamento lateral. Estão sujeitas
a solicitações de flexão dupla: no sentido da maior inércia, provocada pelo peso
próprio das vigas e chapas de fechamento.
Tanto para as terças como para as vigas de fechamento normalmente são
utilizados perfis laminados, perfis de chapas dobradas e perfis compostos.
Para reduzir o vão entre estas vigas no sentido da menor inércia são
instaladas barras redondas entre os apoios de terças e vigas de fechamento. Estas
barras são chamadas de correntes e estão sujeitas unicamente a esforços de tração.
25
4.6.4- Contraventamentos
Contraventamentos são barras colocadas nas estruturas com a finalidade de
garantir a estabilidade do conjunto durante a sua vida útil e durante a fase de
montagem, e possuem grande importância para a rigidez espacial do edifício. Os
contraventamentos estão sujeitos basicamente aos esforços de tração e/ou
compressão.
Os contraventamentos podem ser horizontais ou verticais.
Os contraventamento horizontais podem se encontrar no plano das terças
(superiores) ou das cordas (inferiores) das tesouras ou vigas do pórtico. Os frontais
são situados no plano das terças e/ou no plano das cordas, e além de darem
estabilidade à estrutura, distribuem as cargas de vento. Além dos frontais, são
colocados a intervamos de 50 a 60 metros. Os contraventamentos horizontais
laterais distribuem as cargas de vento (caso existam colunas de tapamento laterais)
e impactos laterais de pontes rolantes. A instalação destes contraventamentos
laterais permite melhor distribuição das cargas horizontais e, com isso, redução dos
momentos na base das colunas e dos deslocamentos.
Os contraventamentos verticais se encontram entre pilares, garantem a
estabilidade da estrutura e são responsáveis pela condução das cargas superiores
de vento e pontes rolantes (força longitudinal) até as fundações. Normalmente estes
contraventamentos são dispostos procurando-se colocar aqueles da parte inferior
próximos ao meio do comprimento longitudinal para permitir melhor dilatação do
edifício.
4.6.5- Chapas de cobertura e tapamento (telhas)
São basicamente as chapas que envolvem e “vestem” uma estrutura,
protegendo-a tanto exterior como interiormente das intempéries. Existe uma gama
muito grande de perfis e materiais no mercado, sendo que a definição do tipo de
chapa de cobertura e tapamento será feita conforme necessidades do ambiente a
ser construído e normas/padrões aplicáveis ao cliente.
As chapas de fibrocimento foram muito utilizadas, sendo encontradas no
mercado em uma gama muito grande e tipos e alturas. O peso destas chapas é
muito grande.
26
As chapas de aço galvanizado, de conformação ondulada, cujo uso já foi
generalizado, estão sendo substituídas por telhas com outras conformações. As
chapas com corrugação trapezoidal, por possuírem maior inércia que as onduladas
e permitirem maior espaçamento entre vigas de apoio, têm praticamente o mesmo
custo, tornando mais econômico este tipo de conformação. Estas chapas podem ser
pintadas de diversas cores, conforme definições arquitetônicas do edifício. As
chapas em aço podem vencer boas distâncias entre suportes.
As chapas em alumínio são mais caras do que chapas de aço galvanizado,
mas também são utilizadas em fechamentos laterais e coberturas, podendo ser
aplicada em diversos perfis. As chapas em alumínio pesam menos do que as
chapas de aço galvanizado e, em grandes coberturas, pode representar uma
redução das cargas de peso próprio e assim também correspondente redução no
peso próprio da estrutura suporte. Mas para uma solução deste tipo deve-se analisar
as dimensões do telhado e o ângulo de inclinação, levando em conta o efeito da
carga do vento ser inverso ao peso próprio. As chapas de alumínio também podem
ser encontradas no mercado com revestimento. Deve-se evitar o contato direto das
telhas de alumínio com a estrutura metálica para não se ter problemas com a
corrosão eletroquímica, então as telhas recebem cuidados especiais para evitar este
problema. O alumínio é fácil de manusear, mas é suscetível a deformação ou
manchas.
Para melhorar o índice de iluminação interna são utilizadas telhas
translúcidas. Estas chapas também são utilizadas no revestimento. Apresentam
variação muito grande e podem ser compatíveis com os vários formatos das demais
telhas.
Para edifícios com necessidades de isolamento térmico, são utilizadas telhas
do tipo sanduiche. São basicamente formadas por duas chapas, em cujo interior se
coloca uma camada de material isolante, como o poliuretano ou a lã de rocha. Como
a resistência da telha tipo sanduíche é maior que a da telha isolada, trabalha-se com
vãos maiores, até 4,00 metros, com espessuras de chapas mais finas (BELLEI,
1998).
27
4.6.6- Ventilação
É comum que edifícios industriais abriguem fontes irradiantes de calor, como
caldeiras, equipamentos de pasteurização, etc. Neste caso, há necessidade de
ventilação natural ou forçada para regular o calor e a umidade, eliminar a poeira, os
vapores e os gases provenientes do funcionamento dos equipamentos, e também
para a renovação do ar dentro do edifício.
A ventilação natural ocorre com a renovação de ar provocada pelo vento ou
pelo movimento ascendente de ar quente, e pode ser obtida em edifícios industriais
com a execução de aberturas inferiores nas laterais do prédio (geralmente entre a
telha de tapamento e a parede de alvenaria) para a entrada de ar e aberturas na
parte superior (os lanternins) para a saída do ar quente. A ventilação natural ocorre
mesmo no caso de não haver vento, devido ao “efeito de lareira”, cuja influência é
mais acentuada que a do vento (BELLEI, 1998). O sistema de troca de ar só será
eficiente se as aberturas de entrada de ar foram iguais ou maiores do que as de
saída.
Caso o vento seja insuficiente ou inadequado para construções em locais
onde é liberada grande quantidade de calor, deve-se proceder um estudo básico por
um especialista no assunto, podendo ser necessário o uso de ventilação forçada.
4.6.7- Calhas e tubos de descida
As calhas e os tubos de descida de águas pluviais têm como finalidade o
escoamento das águas da chuva que caem sobre a cobertura.
Os principais materiais empregados na fabricação das calhas são chapas
galvanizadas, zincadas e chapa preta, dobradas em diversas formas, de acordo com
a necessidade do projeto. São também empregadas calhas em PVC, fiberglass,
fibrocimento e alumínio.
A inclinação das calhas deve ser, no mínimo, de 0,5%, podendo chegar a
0,2%, em casos excepcionais. As calhas são ligadas aos tubos de descida por meio
de peças de transição para facilitar o escoamento das águas.
Os principais materiais empregados na construção dos tubos de descida são:
tudos de PVC, de chapa zincada, de ferro fundido, de fibrocimento e de aço com
costura.
28
4.6.8- Escadas, corrimãos e passadiços
Para o acesso às partes mais altas das estruturas normalmente são
empregadas escadas. Basicamente existem dois tipos de escada: as inclinadas (ou
de lances) e as paralelas à estrutura (chamadas de escadas de marinheiro). A
utilização de escadas tipo marinheiro se dá para o acesso nos locais em que a área
não permite a instalação de escadas com lanças, como poços de visita, acessos à
pontes rolantes, torres de resfriamento, etc.
Para promover a proteção lateral de escadas e passadiços, normalmente são
usados corrimãos. A proteção padrão consiste de um corrimão superior, um
intermediário, montantes e chapas de rodapé (BELLEI, 1998). Mas o modelo de
corrimão e de guarda-corpo a ser empregado deve seguir as especificações de
normas de segurança aplicáveis.
Os passadiços podem ser usados sobre a estrutura existente como forma de
acesso a outras partes ou em estruturas independentes. Os materiais empregados
são: chapa xadrez, chapa estirada e grelha com largura mínima de 600 milímetros.
Devem ser fixados por parafusos ou, o mais comum, por solda intermitente ou
contínua.
4.7- Comportamento estrutural
Toda estrutura formada por barras vinculadas entre si é denominada pórtico
espacial. É possível, na prática, isolar subconjuntos do pórtico espacial e analisá-los
como se fossem estruturas independentes ligadas umas às outras por vínculos. As
reações de apoio de um subconjunto são a carga do outro, que serve de apoio ao
primeiro (DIAS, 2008).
As barras pertencentes às estruturas diferenciam-se quanto ao tipo de
deformação a que estão sujeitas. Entende-se por deformação a mudança de forma
de uma peça, traduzida pelo deslocamento de seus pontos em conseqüência da
aplicação de uma carga.
Os subconjuntos estruturais mais facilmente identificáveis são:
Pórtico plano: estrutura formada por barras coplanares e submetida a cargas
pertencentes a este mesmo plano. As barras pertencentes a um pórtico plano
podem apresentar deformações axiais e por flexão, porém não sofrem deformação
por torção.
29
Treliça plana: é um caso particular de pórtico plano, que é a estrutura
formada por barras coplanares articuladas entre si e submetidas a cargas nodais. As
barras pertencentes a uma treliça plana apresentam apenas deformações axiais.
Treliça espacial: é a estrutura formada por barras não-coplanares articuladas
entre si e submetida a cargas nodais. Assim como para treliças planas, as barras
pertencentes a uma treliça espacial apresentam apenas deformações axiais.
Grelha: é a estrutura formada por barras coplanares e submetida a cargas
pertencentes a planos ortogonais ao da estrutura. As barras pertencentes a uma
grelha estão sujeitas a deformações axiais, por flexão e por torção.
A rigidez dos elementos de aço à deformação axial é muito maior do que a
rigidez destes elementos à deformação por flexão. Então o deslocamento de pontos
causado por deformações axiais é menor do que o deslocamento de pontos devido a
deformações por flexão.
Os pórticos deformáveis são aqueles em que o deslocamento de um ou
mais de seus nós decorre da deformação por flexão das barras. Em pórticos com
conexões rígidas, devido a flexão, as seções transversais das barras resultam
maiores e mais pesadas do que as barras dos pórticos travados em cruz.
Os pórticos indeformáveis são aqueles em que o deslocamento de todos os
seus nós decorre da deformação axial das barras. Este deslocamento pode ser
praticamente desprezado. Somente em casos de edifícios com grande altura ou de
torres metálicas, a soma desses pequenos deslocamentos pode ser considerável e o
deslocamento total deve ser analisado (DIAS, 2008).
Os elementos estruturais, bem como todo o conjunto da construção, devem
estar em equilíbrio, isto é, a resultante de todas as forças ou cargas atuantes em um
corpo deve ser nula e o momento provocado por estas forças, em qualquer ponto do
corpo, também deve ser nulo.
As equações resultantes da imposição do equilíbrio denominam-se equações
da estática. No caso de estruturas planas, são três equações e no caso de
estruturais espaciais, são seis equações.
De acordo com o principio da terceira lei de Newton, a ação de um corpo
sobre outro provoca, no primeiro, uma reação de igual intensidade e na mesma
direção, porém de sentido contrário, denominada no caso das estruturas, reação
vincular, reação de apoio ou simplesmente reação.
30
O número de reações transmitidas por um vínculo está associado ao
impedimento de movimento provocado por este vínculo. Assim, uma articulação
móvel transmite uma reação ortogonal à sua linha de ação; uma articulação fixa
transmite uma reação ortogonal e outra paralela à sua linha de ação; por fim, um
engastamento transmite um momento, uma reação ortogonal e outra paralela à sai
linha de ação.
O equilíbrio deve-se estabelecer para todas as forças agentes no corpo em
estudo, sejam elas ativas ou reativas.
As estruturas para as quais são suficientes as equações da estática para o
calculo das reações, independente da geometria da seção transversal ou o tipo de
material das peças, denominam-se estruturas isostáticas (DIAS, 2008).
As estruturas para as quais as equações da estática são em maior número do
que as incógnitas denominam-se estruturas hipoestáticas. Nestas estruturas não é
possível a imposição do equilíbrio das forças, a não ser em casos particulares,
teóricos e inexistentes na prática. Estas estruturas não devem ser utilizadas, pois
estão sujeitas a colapso ou a impedimentos de serviço.
As estruturas para as quais as equações da estática são em menor número
do que as incógnitas denominam-se estruturas hiperestáticas. Para o cálculo das
reações destas estruturas, além das equações da estática, são necessárias outras
equações envolvendo as dimensões da seção das peças e, às vezes, o tipo de
material. Os métodos de cálculo então são mais aprimorados, atualmente
desenvolvidos com a utilização de softwares específicos. As estruturas
hiperestáticas geralmente são concebidas mais leves, porém com ligações menos
econômicas.
O equilíbrio das estruturas pode ser classificado de três formas: o equilíbrio
estável, onde após um corpo ser solicitado ele retorna para sua posição de origem;
o equilíbrio instável, em que um corpo se desloca para uma nova posição, muito
distante da original, após ser solicitado; e o equilíbrio indiferente, onde o corpo se
desloca para uma nova posição de equilíbrio, de forma proporcional à intensidade da
força aplicada.
O equilibro estável caracteriza estruturas isostáticas e hiperestáticas, e é a
condição ideal que se deve buscar para as estruturas. As estruturas hipoestáticas
apresentam um equilíbrio instável, que deve ser evitado.
31
As estruturas como um todo e os seus subsistemas devem possuir ligações
ou esquemas de travamentos adequados para garantir a não-hiposestaticidade das
barras e do conjunto. As barras precisam ter seções, vínculos e comprimentos
adequados, para evitar problemas de flambagem (DIAS, 2008).
A flambagem é um conceito teórico, mas em termos práticos, a flambagem
pode ser associada à característica que as peças esbeltas possuem de se deslocar
transversalmente à linha de ação da força aplicada quando esta supera o valor de
carga crítica. Esta situação, mesmo em barras pertencentes a conjuntos isostáticos
ou hiperestáticos, também é considerada como equilíbrio instável e deve ser evitada
no projeto.
A carga crítica que causa a flambagem depende das dimensões da seção da
barra, do tipo der vinculação e do seu comprimento livre. Quanto mais trabalhosas
forem as vinculações, mais robustas as seções e menores os comprimentos, maior
será o valor da carga crítica.
O comprimento de flambagem de uma barra é a distância entre os pontos de
momento nulo da barra comprimida e deformada lateralmente. Para uma barra
birrotulada o comprimento de flambagem é o próprio comprimento da barra (PFEIL;
PFEIL, 1995).
Então, para eliminar problemas de deslocamentos atribuídos à flambagem
deve-se aumentar a seção da barra, alterar a vinculação ou reduzir o seu
comprimento de flambagem por meio de travamentos. Este último procedimento, em
geral, é a solução mais econômica (DIAS, 2008).
O tipo de flambagem mais conhecido é o que ocorre nas barras submetidas a
uma força axial de compressão, o que ocorre comumente com pilares. Este tipo de
flambagem é denominado flambagem por flexão ou flambagem de Euler (DIAS,
2008, p. 27). Outros tipos de flambagem podem ocorrer em pilares metálicos: a
flambagem por torção que é característico de pilares com seção transversal
cruciforme, formados com chapas finas – ocorre quando as quatro chapas
flambarem por flexão simultaneamente e na mesma direção, provocando a rotação
(torção) da seção; e a flambagem por flexotorção, característica de seções esbeltas
e em forma de L ou U, que ocorrem pela ação simultânea das flambagens por torção
e por flexão.
32
A instabilidade de uma barra comprimida também pode ocorrer por
flambagem local, que acontece quando um ou mais elementos da seção, cujas
relações largura-espessura são grandes, perdem sua forma plana, apresentando
ondulações ou enrugamentos (ANDRADE, 1994).
A flambagem local é tratada teoricamente como flambagem da placa isolada,
considerando-se suas vinculações com as demais componentes do perfil. Para
impedir a flambagem local sob cargas de serviço, impõem-se limitações geométricas
às placas componentes do perfil, de tal maneira que a carga que provoca o
escoamento do material seja inferior à carga de flambagem elástica das placas
(PFEIL; PFEIL, 1995).
A flambagem lateral de vigas é outro importante tipo de flambagem,
fundamental no cálculo da resistência das vigas metálicas não continuamente
travadas (sem impedimentos para deslocamento lateral). Assim, uma viga de seção
transversal em forma de I, com uma carga transversal distribuída ou concentrada,
flete, ocasionando compressão na mesa superior e tração na mesa inferior. A mesa
superior, quando submetida à força de compressão maior do que a carga critica,
procura flambar por flexão, como se fosse um pilar, porem a mesa inferior, ligada a
ela pela alma, perturba o movimento livre da mesa superior, resultando um
movimento composto de deslocamento lateral (flexão lateral), rotação (torção) da
seção da viga e empenamento (a seção deixa de ser plana após a deformação)
(DIAS, 2008).
Assim, deve-se estudar o esquema estrutural mais adequado a cada caso:
estrutura isoestática ou hiperestática, pórtico deformável ou indeformável, ligação
rígida ou flexível, tendo em consideração a economia, a funcionalidade e os
aspectos arquitetônicos do edifício. A análise da estrutura tridimensional pode ser
feita pela observância da estabilidade dos seus vários planos, garantindo a
inexistência de hipostaticidades e de flambagens.
A estabilidade do equilíbrio de um pórtico plano pode ser garantida através do
enrijecimento de ligações e/ou acrescentando-se um ou mais elementos ao interior
do pórtico (travamentos/contraventamentos).
O aumento das ligações rígidas leva a soluções menos econômicas, pois a
alteração de vínculos significa aumentar a quantidade de material (parafusos ou
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soldas e chapas de ligação) assim como trabalhos de fabricação e montagem da
conexão.
5. METODOLOGIA
O presente trabalho realizará uma revisão bibliográfica sobre as construções
industriais, analisando o histórico e a concepção dos projetos deste tipo de
edificação, com a aplicação de estruturas metálicas.
Também serão apresentados os mais comuns tipos de edifícios industriais,
descrevendo as partes constituintes da construção.
Após, será analisado o projeto para a construção de um edifício industrial real
com sua estrutura em aço. O edifício se trata de uma construção para a ampliação
da área de produção de uma unidade fabril da AmBev, em Sete Lagoas/MG. Abaixo
as figuras 11 e 12 mostram a planta de cobertura e um corte do prédio,
respectivamente.
Figura 11 - Planta de cobertura da Ampliação do Processo AmBev Nova Minas (Fonte: Marco Projetos e Construções).
34
Figura 12 - Corte no eixo 14b da Ampliação do Processo AmBev Nova Minas (Fonte: Marco Projetos e Construções).
Serão analisadas as condições de projeto para esta construção e os modelos
construtivos adotados.
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6. CRONOGRAMA
Atividade Abril Maio Junho Julho
Semana 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2
Revisão Bibliográfica:
HistóricoX X X X X
Revisão Bibliográfica: Aço
Estrutural X X X X
Revisão Bibliográfica:
Edifícios Industriais X X X X X X
Análise do projeto da
Ampliação do Processo fabril
(caso real)
X X X X X
Organização da estrutura do
TCC X X X X X X
Redação do TCC X X X X X X X
Apresentação X
7. RECURSOS
HUMANOS: O desenvolvimento deste estudo de caso envolverá o
orientando, o orientador e a equipe da empresa responsável pelo projeto e execução
do edifício.
MATERIAIS: Livros, manuais técnicos, artigos técnicos, normas técnicas,
microcomputador, entre outros.
8. FONTES DE FINANCIAMENTO
Os recursos necessários para a execução deste trabalho serão custeados
pelo orientando.
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9. BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, PÉRICLES BARRETO DE. Curso Básico de Estruturas de Aço. Belo
Horizonte/MG: IEA Editora, 1994.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800:2008 – Projeto e
Execução de Estruturas de Aço em Edifícios (Métodos dos Estados Limites) .
Rio de Janeiro/RJ: ABNT, 2008.
BELLEI, ILDONY HÉLIO. Edifícios Industriais em Aço. 2ª edição – São Paulo/SP:
Pini, 1998.
BRASIL, Ministério da Indústria a Comércio. Secretaria de Tecnologia Industrial.
Manual Brasileiro para Cálculo de Estruturas Metálicas. V. 1. Brasilia/DF:
MIC/STI, 1986.
CAMAROTTO, JOÃO ALBERTO. Estudo das relações entre o projeto do edifício
industrial e a gestão da produção. 1v.il. Tese – Doutorado – São Paulo/SP:
FAU/USP, 1998.
DIAS, LUÍS ANDRADE DE MATTOS. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e
linguagem. 6ª edição – São Paulo/SP: Zigurate Editora, 2008.
INSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA. Galpões para usos gerais. Rio de
Janeiro/RJ: IBS/CBCA, 2004.
PFEIL, WALTER; PFEIL, MICHÈLE. Estruturas de aço. Dimensionamento
Prático. 6ª edição – Rio de Janeiro/RJ: LTC, 1995.
QUEIROZ, GILSON. Elementos das Estruturas de Aço. 1ª edição – Belo
Horizonte/MG: Gilson Queiroz, 1986.
SANTOS, ADEMIR PEREIRA DOS. Arquitetura Industrial: São José dos
Campos. São José dos Campos/SP: A.P. Santos, 2066.
SANTOS, ARTHUR FERREIRA DOS. Estruturas metálicas: projeto e detalhes
para fabricação. 3ª edição – São Paulo/SP: McGraw-Hill do Brasil, 1977.
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SOARES, TAMARA PEREIRA. Estruturas Secundárias: Comparativo entre
Terças Treliçadas (Barjoist) e Terças em Chapa Dobrada. Trabalho de conclusão
de curso, requisito parcial para graduação em Engenheira Civil pela Universidade
Federal de Santa Maria – Santa Maria/RS: UFSM, 2008.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU). Faculdade de Engenharia
Civil. Notas de aula da disciplina Sistemas Estruturais. Uberlândia/MG, 2005.
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