Projeto de Graduação apresentado ao Curso de...
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I
RETROFIT DE EDIFICAÇÕES:
DIFICULDADES E TENDÊNCIAS
RETROFIT DE EDIFICAÇÕES:
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários para à obtenção do título de Engenheiro.
Orientador: Jorge dos Santos, D.Sc
Miguel Zamora Induta
Rio de Janeiro
Agosto 2017
II
DIFICULDADES E TENDÊNCIAS
Miguel Zamora Induta
Examinado por:
______________________________________
Jorge dos Santos (orientador)
______________________________________
Ana Catarina Jorge Evangelista
_____________________________________
Wilson Wanderley da Silva
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO
GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL
RIO DE JANEIRO – RJ, BRASIL
AGOSTO DE 2017
III
Induta, Miguel Zamora
Retrofit de edificações: dificuldades e tendências/ Miguel Zamora Induta.
Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2017
XIII,87 p.: il.; 29,7 cm
Orientador: Jorge dos Santos
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de
Engenharia Civil, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 84 –87
1. Introdução 2. Contextualização: Retrofit 3. Aspectos Técnicos e
Metodológicos de Retrofit4. Legislação e Normas Técnicas Aplicadas a
Retrofit 5. Retrofit e Sustentabilidade 6. Peculiaridades Construtivas e
Dificuldades de Retrofit 7. Retrofit: Tendência 8. Estudo de Caso 9. Síntese
das peculiaridades e dificuldades executivas encontradas nas obras.
I. Dificuldades Executivas II. Tendência III. Obras de Retrofit
V
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, Quinta Tamba, que sempre acompanhou esse longo percurso. A distância e o
tempo não a impediu de dar suas contribuições valiosas. Minha imensa gratidão por tudo.
À minha filha Rebeca Induta, que sempre foi e será a minha fonte de inspiração.
Meu “obrigado” especial à Caroline Cardoso, pelo carinho, amor, paciência e compreensão.
À minha família, que sempre acreditaram em mim.
Aos meus irmãos José, Albertina, Mário e Nelito pelo carinho, força e incentivo.
Ao professor Marcelo, e toda a equipe do LACES.
Ao professor Jorge, por aceitar me orientar neste trabalho, pelo tempo e dedicação
ofertados.
Aos meus amigos, irmão, companheiro de todas as horas, António, Matheus e Ubirajara.
Aos professores Ângela Rocha, Vera Nunes, Paulo Renato, Milton, Santiago, pelas
orientações acadêmicas.
Aos amigos Oumar, Cristiano, Diodotcy, Márcio, Rafael, Clézio, Fabiana, Luciana,Cidy,
Arthur, Luiz Paulo, Luiz Henrique, Eduardo, Breno, Teodosio, Fernando pelos conselhos e
troca de conhecimento.
Aos amigos dessa faculdade, que tiveram participação de uma forma direta ou indireta na
minha formação.
Aos Engenheiros e os Arquitetos que disponibilizaram seus tempos, a fim de me passaram
todas as informações necessárias para o estudo em tese.
À Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, por ter me dado “um enorme lição de
vida”.
E por fim, a mim mesmo pela força, garra, coragem e o equilíbrio que nunca me faltou.
VI
Orientador: Jorge dos Santos
Curso: Engenharia Civil
Resumo:
No contexto atual, percebe-se que a construção no Brasil vem aderindo cada vez mais à
prática do processo de retrofit, disseminada na Europa e nos Estados Unidos, que visa a
preservação do patrimônio histórico e a readaptação de edificações a um novo uso, com
objetivo de adequar e melhorar as edificações, através do uso de novas tecnologias
existente no mercado. Essa prática além de reaproveitar as edificações existentes, traz
novos ares e a vivacidade no entorno, gerando menos resíduo em comparação a uma nova
obra convencional e ao mesmo tempo reduz o consumo de novos recursos naturais e a
geração de resíduo em decorrência de demolição. Na atual conjuntura em que os recursos
estão cada vez mais escassos, fica exposta a tendência da prática de retrofit no setor da
construção civil, não só em termos de viabilidade, ganho de tempo de construção, da
sintonia com a paisagem, mas, sim, pela segurança no local. No entanto, a sua execução
ainda traz consigo uma série de dificuldades em decorrência das peculiaridades executivas
deste tipo de obra, que precisa ser identificadas e minimizadas, para obtenção de maior
eficácia desse tipo de obra.
Palavra-chave: dificuldades executivas,tendências,obras de retrofit
Resumo do projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ
como parte dos requisitos necessário para obtenção do grau de Engenheiro
Civil.
Miguel Zamora Induta
Agosto de 2017
RETROFIT DE EDIFICAÇÕES:
DIFICULDADES E TENDÊNCIAS
VII
Advisor: Jorge dos Santos
Department: Civil Engineering
Abstract
Nowadays, construction in Brazil has been increasingly fulfillment the practice of retrofit,
disseminated in Europe and United States, and which aim to preservation of historical
heritage of buildings to a new use, with the objective of adapt and improve buildings through
the use of new technologies in the market. This practice, in addition to reusing the existing
buildings, brings new airs and liveliness in the surroundings, generating less waste
compared to a new conventional work and at the same time reduces the consumption of new
natural resources and the generation of waste due to demolition. At the current conjuncture,
where resources are increasingly scarce, it is seen the trend of retrofit practice in the
construction sector, not only in terms of viability, reduction of construction time, harmony with
the landscape, but also by security. However, its execution still brings a series of constructive
difficulties due to the peculiarities of this type of build, which needs to be identified and
minimized, in order to obtain greater effectiveness.
Key words: constructive difficulties, trends, retrofit build
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as apartial
fulfillment of the requeriments for the degree of Engineer.
RETROFITBUILD:
DIFFICULTY AND TRENDS
Miguel Zamora Induta
August 2017
August 2017
August 2017
August 2017
VIII
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................1
1.1 Apresentação e importância do tema .......................................................................1
1.2 Objetivo do trabalho .................................................................................................1
1.3 Justificativa da escolha do tema ...............................................................................2
1.4 Metodologia .............................................................................................................2
1.5 Estrutura do trabalho ................................................................................................2
2 CONTEXTUALIZAÇÃO: RETROFIT ...............................................................................4
2.1 Obras em que retrofit foi aplicado .............................................................................5
2.2 Conceitos de Retrofit ................................................................................................6
2.3 Objetivo de retrofit ....................................................................................................7
2.4 Aspecto histórico ......................................................................................................8
2.4.1 Como surgiu o retrofit ........................................................................................8
2.4.2 A evolução de retrofit no Brasil e no mundo ......................................................9
2.5 Retrofit e reabilitação de áreas ............................................................................... 10
2.5.1 Estatística de retrofit no Brasil e no mundo ..................................................... 13
3 ASPETOS TÉCNICOS E METODOLÓGICOS DE RETROFIT ...................................... 16
3.1 Estudo de viabilidade de retrofit ............................................................................. 17
3.1.1 As dificuldades pertinentes ............................................................................. 20
3.2 Estudos e diagnósticos para definição do retrofit ................................................... 20
3.3 Grau de intervenção em um retrofit ........................................................................ 23
3.4 Aspectos relativos a orçamentos e viabilidade financeira ....................................... 24
3.5 Aspectos relativos a projetos e compatibilização de projetos ................................. 25
3.6 Materiais e produtos aplicados ............................................................................... 26
3.7 Etapas executivas .................................................................................................. 30
3.8 Processos construtivos mais utilizados e suas características ............................... 32
3.8.1 Fachadas Ventiladas ....................................................................................... 33
3.8.2 Shaft ............................................................................................................... 33
3.8.3 Gesso Acartonato ou Draywall ........................................................................ 34
3.8.4 Piso Elevado ................................................................................................... 35
3.8.5 Cabeamento Estruturado ................................................................................ 35
3.8.6 Forro ............................................................................................................... 36
3.8.7 Sistema PEX ................................................................................................... 37
3.9 Aspectos relativos a controle de qualidade em retrofit ............................................ 37
3.10 Performance de retrofit ........................................................................................... 39
3.10.1 Não conformidade em retrofit .......................................................................... 40
4 LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS APLICADAS A RETROFIT .............................. 43
IX
4.1 Legislação federal aplicada a retrofit ...................................................................... 43
4.2 Legislação estadual e municipal aplicada a retrofit ................................................. 45
4.3 As normas técnicas de ABNT aplicadas a retrofit. .................................................. 46
5 RETROFIT E SUSTENTABILIDADE ............................................................................. 49
5.1 Sustentabilidade: Conceituação ............................................................................. 49
5.2 Sustentabilidade na construção civil ....................................................................... 50
5.3 Retrofit como fator de sustentabilidade .................................................................. 51
5.3.1 Sustentabilidade social .................................................................................... 53
5.3.2 Sustentabilidade financeira ............................................................................. 54
5.3.3 Sustentabilidade ambiental ............................................................................. 54
5.4 Retrofit e as suas contribuições para sustentabilidade ........................................... 54
6 PECULIARIDADES CONSTRUTIVAS E DIFICULDADES DE RETROFIT .................... 56
6.1 Dificuldades de estudo de viabilidade do retrofit ..................................................... 56
6.2 Dificuldades executivas de retrofit .......................................................................... 57
6.3 Aprovação de projeto legal ..................................................................................... 58
6.4 Aprovação de projeto executivo ............................................................................. 59
6.5 Aprovação de projeto construtivo ........................................................................... 59
7 RETROFIT: TENDÊNCIAS ........................................................................................... 61
7.1 Inovação tecnológica aplicada a retrofit.................................................................. 62
7.2 Novas técnicas construtivas ................................................................................... 64
7.2.1 Steel Frame .................................................................................................... 66
7.3 Novos materiais ..................................................................................................... 67
7.4 Novas pesquisas .................................................................................................... 69
7.4.1 Seleção Prévia ................................................................................................ 70
7.4.2 Análise Prévia ................................................................................................. 70
7.4.3 Visita Técnica .................................................................................................. 70
7.4.4 Estudo de Retrofit ........................................................................................... 70
7.5 Resultados ............................................................................................................. 70
8 ESTUDO DE CASO ...................................................................................................... 73
8.1 Edifício CINE IMPERIAL- RS Porto Alegreconhecido como ................................... 73
8.1 Edifício LUCIO COSTA, Rio de Janeiro - RJ ......................................................... 76
8.2 Obra de RETROFIT de fachada do edifício da CAIXA CULTURA, situado no ........ 79
8.3 SÍNTESE DAS PECULIARIDADES E DIFICULDADES EXECUTIVAS
ENCONTRADAS NAS OBRAS. ........................................................................................ 80
9 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 82
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 84
X
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Hotel Tulipo durante o abandono e após retrofit. ...................................................6
Figura 2 – Distribuição dos imóveis do Rio de Janeiro, segundo sua idade. ......................... 13
Figura 3 – Mostra o comparativo entre novas edificações e edificações que sofrerem
Manutenção/ Reabilitação nos países Europeus. ................................................................. 14
Figura 4 -- Mostra média europeia de aplicação de retrofit ................................................... 15
Figura 5-- Frequências relativas (%) das respostas de acordo com o grau de relevâncias dos
itens em processo de retrofit ................................................................................................ 18
Figura 6-- Mostra o avanço no processo construtivo de retrofit em relação a chance de
reduzir o custo de falhas. ..................................................................................................... 19
Figura 7 – Figura ilustrativa de fluxograma de um pré-diagnóstico (BARRIENTOS ET
QUALHARINE, 2004) ........................................................................................................... 21
Figura 8 – Fluxograma de um diagnóstico (BARRIENTOS ET QUALHARINE, 2004) .......... 22
Figura 9-- Mostra grau de intervenção em obras de retrofit. ................................................. 24
Figura 10-- Mostra sequência da montagem de parede drywall ........................................... 34
Figura 11 – Mostra detalhes do piso elevado e a sua base de sustentação ......................... 35
Figura 12 – Mostra detalhes do sistema de cabeamento estruturado ................................... 36
Figura 13 – Mostra detalhes de forro para o ambiente interno.............................................. 37
Figura 14 -- Fase evolutiva da qualidade ao longo do tempo (VALE, 2006) ......................... 38
Figura 16 – Mostra em porcentagem as causas de patologias ............................................. 42
Figura 17 -- Raios sobre as edificações ............................................................................... 44
Figura 18 -- Mostra os afastamentos laterais e altura de um modelo de edificação .............. 46
Figura 19 – Desenho ilustrativo relacionando parâmetro para se alcançar o desenvolvimento
sustentável (BARBOSA, 2008) ............................................................................................. 50
Figura 20 -- Mostra detalhe da fachada do Edifício Gustavo Capanema .............................. 63
Figura 21 -- Mostra em perfil detalhe da fachada ventilada .................................................. 64
Figura 22 -- Frequências relativas (%) das respostas de acordo com grau de relevância dos
itens em “Soluções técnicas para execução do serviço” ....................................................... 65
Figura 23 -- Steel Frame ou sistema- LSF ............................................................................ 66
Figura 24 -- Mostra a composição de parede LSF ................................................................ 67
Figura 25 -- Frequências relativas (%) das respostas de acordo com grau de relevâncias dos
itens em “Desenvolvimento do produto para execução do serviço”. ..................................... 68
Figura 26 -- Mostra uma das fachadas de chapas perfuradas metálica do Hospital A. C.
Camargo, São Paulo ............................................................................................................ 69
Figura 27--,Simulação do efeito das opções de retrofit sobre o consumo de eletricidade
mensal (MWh) ...................................................................................................................... 71
Figura 28 -- Simulação de consumos elétrica mensal do efeito de retrofit de iluminação. .... 72
Figura 29 -- simulação de consumos elétrica mensal do efeito de retrofit de iluminação. ..... 72
Figura 30 – Mostra em planta a parte em negrito o edifício CINE IMPERIAL, ...................... 74
Figura 31– Planta de corte que mostra a ligação dos três edifícios a principal, o central e a
nova nos fundos. .................................................................................................................. 75
Figura 32 – Maquete de como seria o edifício propriedade da previdência do sul depois da
retrofit. .................................................................................................................................. 76
Figura 33 - Mostra a planta de subsolo do edifício Lucio Costa ............................................ 78
XI
Figura 34 – Mostra planta do 7º pavimento em que algumas partes da estrutura começam
trabalhar em balanço. ........................................................................................................... 78
Figura 35 – Mostra plante do 14º pavimentos em que quase cinquenta por centos (50%) da
estrutura começa trabalhar em balanço. .............................................................................. 79
XII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1-- Materiais usado na composição das divisórias (paredes) .................................... 28
Tabela 2-- Materiais usados na parte estrutural das edificações. ......................................... 29
Tabela 3 -- Materiais para cobertura das edificações ........................................................... 30
Tabela 4 -- Mostra semelhança e diferença entre obra tradicional e retrofit.......................... 31
Tabela 5 -- Mostra indicadores da sustentabilidade .............................................................. 53
Tabela 6 – Mostra temático relativo ao grau de motivação e satisfação dos profissionais que
atuam no processo de retrofit. .............................................................................................. 62
Tabela 7-- Mostra as correlações dos problemas encontrados nas obras X,Y e Z ............... 80
XIII
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AGC Automatic Gain Control
ALERJ Assembleia Legislativa de Estado do Rio de Janeiro
CBCS Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CPD Centro de Procedimentos de Dados
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EIFS Exterior Insulation Finishing System
ETICS Externas Thermal Insula íon Composite Sustems
FIESC Federação das Industrias de Santa Catarina
GEE Gases dos Efeitos Estufas
GRC Glassfibre Reinforced Concret
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
INEA Instituto Estadual do Ambiente
LSF Lightwegts Steel Framing
OSB Oriented Stands Board
PBQP-H Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
SATE Sistema de Aislamiento Termico Exterior
SECOVI Sindicato das Empresas de Compra, Vendas de Imóveis
SVVIE Sistemas de Vedação Verticais Internas e Externas
TELESC Telecomunicação de Santa Catarina
TRRF Tempos Requeridos de Resistência ao Fogo
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação e importância do tema
No cenário atual da construção civil, tem-se falado muito sobre Retrotif de edificações por
conta das mudanças que vem acontecendo no contexto político, econômico, social e
tecnológico no mundo. O fato, impõem às empresas/organizações a necessidade de se ter
uma equipe multidisciplinar e altamente qualificada, e a grande necessidade de se adotar
novas estratégias, como forma eficiente de monitoramento constantemente de modo a
enfrentar os desafios que os permitam sobreviver e ser mais competitivo no mercado
globalizado.
Os desafios que as empresas/organizações necessitam vencer para sua sobrevivência no
mercado globalizado, os obrigam a ser inovadoras, abordar de forma diferenciada e
sistêmica os seus objetivos segundo Prahalad e Hamel (1995).
De forma geral, as edificações ao longo do tempo tornam-se obsoletas, seja pela por
materiais e tecnologias inadequadas às necessidades atuais ou simplesmente pela perda de
funcionalidade decorrente das mudanças urbanas locais.
A expansão urbana das grandes cidades brasileiras faz com haja necessidade de
desenvolvimento de metodologias e procedimentos técnicos, com objetivo de promover a
reabilitação dos edifícios. No Rio de Janeiro, por exemplo, a grande maioria dos edifícios
construídos há mais de 20 anos, encontram-se no estado de degradação pela mudança do
perfil dos seus usuários (BARRIENTOS ET QUALHARINI, 2004).
Sendo assim, as edificações que não apresentam segurança em termos de uso e das suas
características originais, propiciam grande demanda de requalificações construtivas. Dessa
forma as dificuldades e tendências metodológicas na execução de retrofits em antigas
edificações assume particular importânciauma vez que as empresas, precisarão se adaptar
a esse novo mercado de atuação.
1.2 Objetivo do trabalho
Este trabalho tem como objetivo estudar as tendências em obras de retrofite as suas
dificuldades para viabilizar a adoção de retrofitem antigas edificações que perderam a sua
funcionalidade.
2
Objetiva ainda disponibilizar bibliografia atualizada sobre o tema e realizar estudo de caso
que permita avaliar na prática os aspectos estudados na literatura pesquisada.
1.3 Justificativa da escolha do tema
Nota-se que, devido escassez de espaços para novas construções nas grandes cidades e
nos centros comerciais, com grande demanda da mesma, colocou-se a indústria da
construção civil num desafio de como intervir nas edificações mudando o seu uso e sua
característica original ou não, sendo ela residencial para comercial e vice-versa de modo a
atender tais demandas impostas pelas mudanças políticas e econômicas.
1.4 Metodologia
Como forma de procurar mais argumentos necessários para sustentar o objetivo proposto
neste trabalho, foi feita uma pesquisa bibliográficas: teses, dissertações, monografias,
artigos técnicos, livros e sites específicosligados a retrofit de edificações.
Posteriormente foi feita um estudo de caso envolvendo pesquisas de campo em obras de
retrofit para atingir os objetivos propostos.
1.5 Estrutura do trabalho
Este trabalho é composto por nove capítulos estruturados da seguinte forma:
- O capítulo I tem por finalidade apresentar importância do tema, seguida do objetivo
do presente trabalho, justificar a escolha do tema, metodologia adotada para o
desenvolvimento do trabalho e a sua estrutura.
- O capítulo II mostra uma visão mais ampla sobre o tema estudado. Ao longo do
assunto em questão foi apresentado uma contextualização doretrofit, obras em que foi
aplicado o retrofit, conceitos de retrofit, quais os objetivos doretrofit numa edificação,
aspetos históricos, como surgiu a retrofit, a evolução de retrofit no Brasil e no mundo.
- O capítulo III apresentaum panorama sobre os aspectos técnicos e metodológicos
de retrofit, aborda o estudo de viabilidade, as dificuldades pertinentes, para definir melhor
oretrofit, grau de intervenção, aspectos relativos a orçamentos e viabilidade financeira,
projeto e a compatibilização do projeto, matérias e produtos aplicados, etapas de executivo,
processos construtivos mais utilizados e suas características, aspectos relativos a controle
da qualidade em retrofit, performance deretrofit e não conformidade do mesmo.
3
- O capítulo IV aborda questões da legislação e normas técnicas aplicadas a retrofit,
especificamente da legislação federal, estadual/municipal e as normas técnicas da ABNT
para o processo de retrofit.
- O capítulo V aborda a conceituação deretrofit e sustentabilidade, e discute o papel
doretrofit como fator de sustentabilidade. Salienta-se que, além de discutir os temas sobre
sustentabilidade social, financeira e ambiental, também foi discutido com maior atenção
retrofite e as suas contribuições para sustentabilidade.
- O capítulo VI fala sobre as peculiaridades construtivas e as dificuldades para
executar obras de retrofit em edificações, considerando as diversas etapas inerentes desde
o estudo de viabilidade até a entrega da obra.
- O capítulo VII tem como objetivo mostrar as tendências de retrofit, suas inovações
tecnológicas aplicadas, novas técnicas construtivas, novos matérias empregados nos
processos de retrofit, especificando também novos projetos e algumas especificações, além
de novas pesquisas sobre o tema escolhido.
- O capítulo VIII mostra estudo de caso feito considerando três empreendimentos
(CINE IMPERIAL, CAIXA CULTURA E LUCIO COSTA), características do empreendimento,
as práticas utilizadas, e os resultados encontrados e considerações finais dos estudos de
caso.
- O capítulo IX trata dasíntese das peculiaridades e dificuldades executivas
identificada nas obras durante o estudo de caso.
- O capítulo X trata das considerações finais, das pesquisas feitas, o atendimento ao
objetivo, além de apresentar sugestões e recomendações para trabalhos futuros sobre
retrofit de edificações. E por fim, as referências bibliográficas.
4
2 CONTEXTUALIZAÇÃO: RETROFIT
O termoretrofit, “retro” que significa deslocar-se para trás em latim, e “fit” do inglês,
adaptação ou ajuste, surgiu no final dos anos 90 nos Estados Unidos e na Europa. A
princípio, a utilização do termo se deu na indústria aeronáutica quando na época era
necessário á atualização de aeronaves, aos novos e modernos equipamentos disponíveis
no mercado, e depois de muito tempo, começou a ser empregado também na indústria da
construção civil, com o objetivo de modernizar e atualizar as edificações antigos, visando
torná-los ao encontro do mundo contemporâneo, prolongando sua vida útil, seu conforto e
funcionalidade, através da implementação de avanços tecnológicos e da utilização de
materiais da ultima geração (ROCHA ET QUALHARINI, 2001).
Segundo Vale (2006), o termo retrofit arquitetônico é uma referência quando se trata da
intervenção urbana, tanto nacional quanto internacional, especialmente quando se aborda a
questão de revitalização de áreas e atualização de construção civil.
Para Silva (2013), a palavra retrofit arquitetônico foi adaptada ao qualificar a modernização
de edificações deterioradas e sua reinserção às dinâmicas urbanas na Europa e nos
Estados Unidos a partir da década de 1990.
Segundo Moraes et Quelhas (2012), como tem sido referência na indústria de construção
civil quando se fala de retrofit, esse termo é uma oportunidade de negócio, uma solução
para revitalização de áreas urbanas e modernização das edificações, com suas
infraestruturas obsoletas e equipamentos ultrapassados.
Para Tomko (2016), retrofit é um termo inglês que significa “reforma”, no sentido de
customizar, adaptar e melhorar os equipamentos, conforto e possibilidades de uso de uma
casa ou edificações antigos, ou seja, colocar o antigo em boa forma. Esse termo vem sendo
usado no sentido de renovação e atualização, mantendo suas características. Na
construção a arte de “retrofitar” é a busca do renascimento, para preservação da memória e
da história.
5
2.1 Obras em que retrofit foi aplicado
Quando se fala deretrofitpode-se imaginar qualquer construção seja ele, uma arena
esportiva, edificações, ponte, praça etc. Nas edificações, o retrofit é feito de maneira a
atender às necessidades das edificações no seu todo, começando pela infraestrutura,
instalação elétrica, instalação hidrossanitárias e também no reforço de estruturas até
soluções com ar-condicionado, calefação, proteção contra o incêndio e demais itens que
compõem essa cadeia construtiva. Dessa forma, é possível atualizar a edificação usando as
tecnologias avançadas e materiais modernos, equiparando-o com imóveis novos (FORK,
2016).
Segundo Moraes et Quelhas (2012), retrofit não se limita apenas as edificações antigas,
mas, quando há interesse do empreendedor pela substituição pelos sistemas prediais
ineficientes ou inadequados, pela mudança de uso do imóvel ou, quando as edificações se
encontram abandonadas e inacabadas.
A escolha do Brasil para sediar Copa do Mundo de 2014, levou o retrofitpara dentro dos
estádios. A readequaçãode estádios de futebol como o Maracanã, Beira-Rio, Mineirão,
Castelão e Arena da Baixada, para cumprir com a exigência da FIFA, é um verdadeiro
exemplo que o retrofit se adéqua cabe em qualquer obra. (RIBEIRO, 2011).
O antigo hotel (Beira-Rio), hoje, denominado Golden Tulipo, é uma verdadeira obra de
retrofit. Famoso em Belo Horizonte por ter o primeiro heliponto da cidade. Foi abandonado
nos anos 80 na fase final de construção por falta de recurso, e assim, ficou por mais de duas
décadas estagnado. Um novo projeto arquitetônico para conclusão da obra, que manteve
sua vocação hoteleira e promoveu mudanças para atender às exigências atuais de infra-
estrutura predial, sustentabilidade e normas de segurança foi feita com base doretrofit. Dos
principais pontos que levaram à decisão pelo retrofit é a localização privilegiada, e um
aumento significativo de potencial construtivo superior, caso a obra começasse do zero.
(Farkasvölgyi, 2016).
Conforme ilustrado na figura 1, resultado do processo de retrofit. Percebe-se que a diferença
é bem notável. “Parece que a edificação passou por uma cirurgia plástica” e essa diferencia
se reflete não apenas na própria estrutura, mas, sim, no entorno e na própria região.
6
Figura 1 – Hotel Tulipo durante o abandono e após retrofit.
Fonte: (http://grandearquitetura.com.br/hotel-golden-tulip-belo-horizonte)
2.2 Conceitos de Retrofit
Para Moraeset Quelhas (2012), afirma que na construção civil existe uma aproximação dos
conceitos deretrofit. Por exemplo, reforma, reconstrução, reabilitação e restauração. Porém,
cada modalidade contém sua especificidade. Há uma certa similaridade em alguns
conceitos em termos de processos e projetos, entretanto, o que lhes difere é a execução
dos mesmos.
No caso de retrofit das edificações, ideia central de executar um retrofitem edificações, diz
respeito ao processo de atualização e modernização das edificações, torná-los
contemporâneos, agregando seus valores, prolongando sua vida útil, melhorando seu
conforto, sua funcionalidade com mais nova tecnologia nele incorporado e da utilização de
materiais de ultimas geração, (QUALHARINI, 2001).
Segundo Cianciardi e Bruna (2004), a familiarização desse conceito retrofit quitetônico
segue a busca pela sincronicidade do edifício antigo aos novos materiais e tecnologias,
evitando que se torne obsoleto e permitindo que acompanhe o desenvolvimento dos
grandes centros urbanos.
Antes de retrofit Depois de retrofit
7
Para Silva (2013), o conceito retrofit quitetônico está associada à modernização de
equipamentos e sistemas obsoletos da construção antiga, para que possam ser
reaproveitados em processo produtivo. E ao mesmo tempo, esse conceito é central no
debate sobre o impacto da construção civil no meio ambiente, uma vez que toda obra dentro
da indústria da construção civil gera um impacto ambiental.
Segundo Vale (2006), o conceito do retrofit arquitetônico vai por além da simples
restauração de edifícios antigos de valor arquitetônico e tombado pelo patrimônio histórico.
Como se podem observar, em alguns casos, edificações com pouco mais de 15 anos,
podem acontecer que haja necessidade de algum sistema, ou no seu todo, necessita de
alteração ou readaptação.
2.3 Objetivo de retrofit
Segundo Tamko (2016), quando se vê as edificações antigas das grandes cidades no
estado de abandono, a principal motivação é dar uma cara nova a essas antigas
edificações, com objetivo de aumentar sua vida útil, usando tecnologias avançadas em
sistemas prediais e materiais modernos, compatibilizando-os com as restrições urbanas e
ocupacionais atuais. Outro aspecto importante a destacar na questão do retrofit é a
preservação do patrimônio histórico, sobretudo o arquitetônico.
Segundo Barrientoset Qualharini (2004), como as edificações envelhecem com o passar do
tempo, isso leve a degradação de seu entorno, tendo em visto conta a escassez de espaços
para novas construções e consequentemente a demanda da mesma. Em todo caso há o
objetivo central na melhoria da qualidade de vida, fica exposta a necessidade de reabilitação
do ambiente urbano. Mas, para regenerar uma edificação ou uma microregião, é necessário
um processo de avaliação de certa complexidade chamado diagnóstico para um retrofit.
O termo retrofit, é utilizado no sector da construção civil como sendo atualização
tecnológica. Com objetivo de valorizar edificações antigas prolongando sua vida útil,
melhorando seu conforto e funcionalidade, através da incorporação de avanços tecnológicos
e da utilização de materiais de últimas gerações (VALE, 2006).
Segundo, CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), na indústria de
construção civil, retrofit é a intervenção realizada em uma edificação com objetivo de
incorporar melhorias e alterar seu estado de utilidade. Esta prática de recuperação de um
patrimônio que esteja subutilizado ou totalmente inutilizado, não encerra na escala do
edifício, mas sim, estende ao entorno urbano.
8
Segundo Vale (2006), o termo retrofit de caráter técnico é utilizado na indústria da
construção civil, como sendo atualização tecnológica. Com objetivo de valorizar edificações
antigas prolongando sua vida útil, seu conforto e funcionalidade, através de implementação
de avanços tecnológicos e da utilização de materiais de última geração, os conceitos do
retrofit vem sendo amplamente difundidos no mercado nacional.
2.4 Aspecto histórico
Tem-se falado cada vez mais sobre o termo retrofit não só na indústria de construção civil,
mas, sim, no atual contexto político, econômico e no mundo acadêmico. Conforme firmado
pelo CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), na discussão sobre a
preservação da memória e do patrimônio histórico-arquitetônico, associada a
indisponibilidade de espaço para novos empreendimentos em cidades já consolidadas, no
final da década de 1990, surgiu o retrofit. Tanto na Europa quanto nos Estados Unidos sua
expansão foi impelida pela necessidade de sítios úteis em um ambiente legalmente protetivo
ao acervo construído.
2.4.1 Como surgiu o retrofit
O termo retrofit surgiu no final dos anos 90 na Europa e nos Estados Unidos. A origem da
palavra retrofit provem do prefixo “retro” do latim, que significa descolar-se para trás, e do
sufixo “fit”, que significa adaptação, ajuste. A princípio, o termo começou a ser utilizado na
indústria aeronáutica, quando se referia à atualização de aeronaves, adaptando-os aos
novos e modernos equipamentos disponíveis no mercado. Com o passar do tempo, o
conceito e o termo retrofit começou a ser empregados não só na construção civil, mas, sim,
em outras indústrias (VALE, 2006).
O conceito de retrofit (“retro”, do latim, significa movimentar-se para trás e “fit” da origem
inglês, significa adaptação, ajuste) surgiu ao final da década de 90 nos Estados Unidos e na
Europa. A princípio, o termo foi utilizado na indústria aeronáutica e referia-se à atualização
de aeronaves, aos novos e modernos equipamentos disponíveis no mercado e, ao longo do
tempo, começou a ser empregado, também na construção civil. A ideia em questão diz
respeito ao processo de modernização e atualização de edificações, visando torná-las
contemporâneas, valorizando os edifícios antigos, prolongando seu conforto e
funcionalidade, Segundo (BARRIENTOS ET QUALHARINI, 2004).
9
Segundo CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), Retrofit é uma palavra
criada a partir da junção do termo “retro”, do latim, que significa movimentar-se para trás e
do “fit” do inglês que significa ajustar-se, que resulta no conceito, em português
“reconversão”.
2.4.2 A evolução de retrofit no Brasil e no mundo
Disseminado nos países da Europa e nos Estados Unidos, o chamado retrofit está se
tornando cada vez mais uma tendência também no Brasil. Com ele, as antigas edificações
danificadas pelo tempo ou por má falta de uma conservação eficaz, ganhando uma cara
nova, aumentando sua vida útil e valorizam a edificação e a região na qual está inserido
(GUERRA, 2016).
Nesse sentido segundo Fork (2016), o retrofit já é uma tendência no Brasil, principalmente
nos grandes centros urbanos e nas principais capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e
Belo Horizonte. Na região Sul, o retrofit de edificações já é uma realidade em cidades como
Curitiba e Porto Alegre.
Conforme afirmado por Moraes et. al (2016), o retrofit é relativamente novo no Brasil,
principalmente quando se faz a comparação como mercado internacional em países como
os Estados Unidos ou com o continente Europeu, de modo geral, com destaque para o
contexto Inglês. É possível afirmar que essa prática de intervenção ainda é difusa, inclusive
para aqueles que projetam e executam obras de retrofit.
Para CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), no Brasil a prática de retrofit é
pouco disseminada pois, existe séries de obstáculo a ser vencido dentre os quais foi
destacado: o retorno financeiro em comparação com empreendimentos novos, a ausência
de legislação específica, pois as atuais legislações não fazem distinção entre reforma e
retrofit, inviabilizando, em muitos casos, o aproveitamento existente, a escassez de recursos
tecnológicos disponíveis, sendo que,em sua maioria, são inadequadas às obras em
edificações existente e mais voltadas para edificações novas, a falta de familiaridade com
essas práticas por parte de projetistas e indústria.
Segundo Moraeset Quelhas (2012), a prática de processo deretrofitnos países em que a
legislação não permite que o rico acervo arquitetônico fosse substituído, como por exemplo,
nos Estados Unidos e nos países da Europa, ocasionando o surgimento desta solução
possibilitando um novo campo de atuação a todos os profissionais envolvidos. Porém, o
10
patrimônio histórico, o partido arquitetônico, e estrutural e preservado, permitindo a
utilização adequada da edificação. Já bastante rotineira nesses países, esta modalidade
construtiva de reforma e reabilitação chegam a 50% das obras em países como a Itália e a
França, este Índice aumenta para 60%. Estes países têm aumentado muito essa prática de
reabilitação em edificações residenciais, comerciais e industriais, objetivando valorizar
velhas edificações, aumentando, assim, a sua vida útil, através da incorporação de avanços
tecnológicos, além de ser uma prática mais econômica e eficiente do que a demolição.
Para SECOVI-SP (2016), a demanda para o retrofit no Brasil, aumentou nos últimos anos
não apenas por causa da preocupação crescente com patrimônio histórico, mas, sim, por
ser uma opção de conservação e melhoria do patrimônio em áreas de potencialidade
construtiva esgotada, como as regiões centrais de algumas metrópoles. Por outro lado, além
de ter custos mais atraentes em relação à construção, na maioria dos casos, o retrofit
também apresenta vantagens em relação à reforma ou restauração, porém, combina
características destes dois últimos, trazendo avanços tecnológicos sem desfigurar os
projetos arquitetônicos originais.
2.5 Retrofit e reabilitação de áreas
Tem-se escutado invariavelmente na indústria da construção civil os termos retrofit e
reabilitação. Com a tradução liberal de colocar o velho em nova forma, tanto oretrofit quanto
a reabilitação promove a possibilidade de a edificação servir aos usuários de uma maneira
diferente da que foi projetado inicialmente.
O retrofit é muito mais do que uma simples reforma, reabilitação ou restauração. É uma
reciclagem de um imóvel que por algum motivo está ultrapassado deixando-o pronto para a
vida contemporânea (GUERRA, 2016)
Segundo Qualharini (2000), definiuretrofit como processo de interferir em uma benfeitoria,
que foi mal executada ou de uma forma inadequada às necessidades atuais. Porém, o
processo deretrofit constitui-se num conjunto de ações realizadas para o beneficiamento de
um bem, ou seja, qualquer tipo de reforma, renovação completa de uma edificação, uma
intervenção a um patrimônio, preservando assim, seus valores estéticos e históricos
originais, além de trabalhar com o conceito de sustentabilidade, objetivando a melhoria do
desempenho com qualidade a um custo operacional viável da benfeitoria no espaço urbano.
Conforme firmado pela Norma de Desempenho (NBR 15.565), retrofit é a remodelação ou
atualização da edificação ou de sistemas, através da incorporação de novas tecnologias e
11
conceitos, normalmente visando à valorização do imóvel, mudança de uso, aumento da vida
útil e eficiência operacional e energética.
Existe certa convergência de conceituação dos termos ligado a retrofit. Pois, a compreensão
desses conceitos é de suma importância para que o processo e aplicabilidade de retrofit
sejam claro de uma melhor familiarização com o público.
Segundo Vale (2006), definiu alguns termos que muitas das vezes são utilizadas de formas
equivocadas, e não o questionamento de seus conceitos. Assim, ficam as definições:
1. Diagnóstico: Descrição do problema patológico incluindo sintomas, causas,
mecanismo e caracterização de gravidade do problema;
2. Conservação: De caráter sistêmico, corresponde a um conjunto de ações
destinado ao prolongamento do desempenho da edificação, auxiliando assim,
o processo de controlo da construção.
3. Manutenção: Conjunto de ações com objetivo de reduzir a velocidade de
deterioração das matérias e de partes das edificações. Esta pode ser
subdividida em: manutenção preventiva (ideal) e na manutenção corretiva;
4. Profilaxia: Forma de organização, através da listagem de todos os materiais
e procedimentos necessários, visando a correção de anomalias existente;
5. Reforma: Intervenção que consiste na restituição do imóvel à sua condição
original;
6. Reparos: Intervenções pontuais em patologias localizadas;
7. Reconstrução: Renovação total ou parcial das edificações desativadas ou
destinada à reabilitação.
8. Recuperação: Compreende a correção das patologias de modo a reconduzir
a edificação a seu estado de equilíbrio;
9. Reabilitação: Ações com objetivo de recuperar e beneficiar edificações, por
meio de mecanismo de atualização tecnológica;
10. Restauração: Corresponde a um conjunto de ações desenvolvidas de modo
a recuperar a imagem, a concepção original ou o momento áureo da história
12
da edificação em questão. A expressão tem sua utilização no que se refere a
intervenções em obras de arte;
11. Terapia: Procedimento que visa às edificações para recuperação e
eliminação dos problemas patológicos das edificações.
Segundo Croitor (2009), a reabilitação não se limite apenas a edificações antigas, mas,
sempre que haja interesse do empreendedor pela substituição de sistemas prediais
ineficientes e/ou inadequada, consequência de erro do projeto ou falha na execução, pela
mudança de uso de imóvel ou, também, quando as edificações se encontraminacabadas e
abandonadas. Isso mostra a possibilidade de aplicação de empreendimentos dessa
natureza, que se traduz em oportunidade de negócios para as empresas e profissionais da
indústria da construção civil.
Nesse sentido, segundo autor, existe vários fatores que justificam o uso do processo
doretrofit dentre eles destacam-se:
A) Aproveitamento da infraestrutura existente no entorno e da sua localização;
B) Impacto nas paisagens urbanas;
C) Déficits habitacional e as sustentabilidade ambiental;
D) Mais economia e eficiente do que a demolição seguida de uma reconstrução.
Segundo Qualharini (2002), reabilitação é reforma administrada de uma construção visando
a sua adaptação às novas necessidades do usuário ou a melhoria das atividades
desempenhadas por ela com objetivo de prolongar a vida útil da edificação, proporcionar a
modernização de suas funcionalidades e promover a possibilidade de redução do custo de
utilização, através da implementação das tecnologias disponíveis.
Para Croitor et Melhado (2009), a reabilitação é o processo pelo qual o imóvel ou o bem
urbanístico pode ser recuperada de maneira a contribuir não só para os moradores e
proprietário do imóvel, mas, sim, em uma escala mais ampla, como um processo a interferir
em toda uma área urbana.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, conforme firmado por Appleton (2003), a ideia central
de reabilitação está voltada a desempenho da edificação. Segundo o autor, a reabilitação
deve se propor a melhorar o desempenho local ou geral da edificação, sendo, portanto,
conjunto de ações destinadas a aumentar níveis de qualidade do edifício, de maneira a
atingir a conformidade com níveis funcionais de exigência mais severosdo que para os quais
a edificação foi concebido.
13
2.5.1 Estatística de retrofit no Brasil e no mundo
No Brasil a prática do processo de retrofit vem crescendo cada vez mais, devido a
quantidade de obras feitas nos últimos anos em diferentes estados Brasileiros. Mas,
infelizmente, em termos quantitativos, ou seja, em termos de números não existe dados que
possam medir estatisticamente obras de retrofit no Brasil por falta de legislação específica
voltada a esse processo.
A cidade de Rio de janeiro, por exemplo, vem apresentando ao longo do ano uma grande
quantidade de edificações, residenciais e não residenciais, com idade aproximada de 5º
anos de construção ou prestes a completá-la, sem função de seu processo de urbanização
e evolução da cidade (DUCAP, 1999).
Segundo dados fornecido pelo Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro em 1999,
mostra um mercado propulsor para os inventários em reabilitação de requalificação das
edificações existente (VALE, 2006). Conforme mostra a figura 2, baseada em pesquisa
realizada peloanuário estatístico da cidade nos anos de 1998 e 1999.
Figura 2 – Distribuição dos imóveis do Rio de Janeiro, segundo sua idade.
14
Nas principais cidades do mundo, enquanto incorporadores brigam por cada metro
quadrado de terreno, edificações de ótima localização estão ficando cada vez mais vazios.
São construções que demonstram os sinais de tempo, com infra-estrutura obsoleta e
equipamentos ultrapassados, por isso, as mesmas se tornam difíceis de administrar e
comercialmente inviáveis.
Segundo Barrientos (2004), mostra que uma avaliação do mercado mundial revela que a
reabilitação do patrimônio urbano tem sido superior ao volume de novas construções, dentro
da totalidade dos serviços prestados pela indústria da construção civil.
Isso pode ser comprovado ao analisar o gráfico, da figura 3 que demonstra a porcentagem
do mercado da construção destinado à manutenção e à construção de novos
empreendimentos nos países da União Europeia.
Figura 3– Mostra o comparativo entre novas edificações e edificações que sofrerem Manutenção/ Reabilitação nos países Europeus.
Fonte: Vale (2006)
Segundo Gomes (2015), as grandes cidades dos Estados Unidos e Europa possuem
grandes projetos de retrofit. Atualmente, a arquitetura dessas edificações comporta soluções
de caráter sustentável. Como por exemplo, as cidades como Oslo, Beirute Aires, Vancouver,
Estocolmo e Paris, que passaram por processo de revitalização de áreas degradadas, o que
demandou uma série de obras de recuperação de infra-estrutura e das edificações em torno.
Conforme ilustrada na figura 4, a incidência da aplicação de retrofit em diversos países.
16
3 ASPETOS TÉCNICOS E METODOLÓGICOS DE RETROFIT
Quando se trata do processo de retrofit, existem inúmeros aspectos que deve ser levado em
conta, mas, sem sombra de dúvidas, a idade da edificação deve ser um dos pontos
principais a serem considerados pelos profissionais envolvidos na modernização da
edificação.
Segundo Vale (2006), para que se tenha êxito nos aspectos técnicos dos processos de
retrofit, deve ter sempre em mente o grau de intervenção que vai a ser utilizada, os
profissionais envolvidos, os custos e as normas necessárias, os materiais e sua
degradação, as patologias que podem ocorrer, além da mudança do perfil de seus usuários.
Muitos acreditam que aplicação das técnicas do retrofit em uma edificação implica em
reforma generalizada do partido arquitetônico, que na verdade não é bem assim.
Para o autor, a este partido arquitetônico podemos citar como soluções: pisos,
revestimentos, iluminação, elevadores, fachadas, ar condicionado central, sistemas
hidráulicas, segurança, automação predial, pavimentação, entre muitos outros tópicos.
Segundo Moraes et Quelhas (2011), apresentaram no seu trabalho, a metodologia do
processo de retrofit envolve sete etapas conforme ilustrado a seguir.
1. Análise mercadológica e financeira, incluindo valores, estudo vocacional e viabilidade
comercial;
2. Definição do conceito do projeto, o que envolve análise das possibilidades de
expansão de área;
3. Legislação – plano jurídico;
4. Critério de reaproveitamento de materiais e sistemas;
5. Diagnóstico – etapa que considera elementos como a história da edificação; estudo
da arquitetura e eficiência da laje; análise das condições de sistemas e
equipamentos;
6. Proposta de implementação, incluindo vários cenários, entre eles, da arquitetura,
elétrica, dados, voz, elevador e fachada. (O cronograma de implementação e análise
financeira correm paralelos a todas estas análises); a comercialização.
17
3.1 Estudo de viabilidade de retrofit
A viabilidade de retrofit depende de cada caso. É necessário primeiramente definir qual seria
o uso da edificação após o processo de retrofit, que pode ser residencial, comercial ou
industrial, se é um patrimônio tombado, pois cada caso existe certas restrições que levará a
uma análise para definir se é ou não viável.
Grande maioria dos casos quando se tratam das edificações comerciais ou residenciais,
acaba sendo viável dependendo do seu estágio de conservação. De uma forma geral, em
função das condições estruturais, os bons empreendimentos para retrofit são aqueles com
até 50 anos de construção. Destes, se aproveitariam, basicamente, a fundação, a alvenaria
e a estrutura. Pois, as instalações prediais, elevadores e caixilharia sempre teriam de ser
refeitos completamente para que haja um bom resultado do produto final, levando em conta
que as edificações antigas têm maiores aberturas, maiores vãos, com pé direito maior,
ocasionando aumento da área construída. E quando se trata de patrimônio tombado, o que
está em jogo não é questões financeiras, no entanto, é importante manter às características
originais da edificação.
Conforme ilustrado na figura 5, resultado da pesquisa aos profissionais que atuam no
processo de retrofit sobre “Concepção do empreendimento” apontaram a análise do custo
global como um item imprescindível na concepção do empreendimento. Este resultado tem
grande importância, pois a implantação de um retrofit envolve gastos. Assim, é importante
verificar a viabilidade econômica da proposta.
Além disso, verifica-se também uma preocupação com o levantamento do conjunto de
informações jurídicas, principalmente, quando a implantação não for feita dentro de trâmites
legais adequados, podem correr problemas com proprietários, clientes e órgãos públicos,
aumentando custos e expirando prazos.
18
Figura 5-- Frequências relativas (%) das respostas de acordo com o grau de relevâncias dos itens em processo de retrofit
Fonte: (MACAFERRI, MORAES, QUELHAS, 2012)
Segundo Lomardo et Peixoto (1999), durante período de 1996 a 1998 foi realizado um
projeto de retrofit de edificações comerciais administrativos em 6 cidades brasileiras, com
objetivo de torná-los modelos de eficiência energética dentro do atual estado da arte. O
trabalho consta de uma seleção técnica e financeira de duas edificações mais viáveis,
dentre os maiores consumidores de energia elétrica do setor comercial e público de cada
uma das cidades para uma auditoria energética aprofundada.
Foram executadas simulações anuais de base horária e as tecnologias mais eficientes estão
sendo testadas para implementação. Foi planejado o monitoramento das edificações para o
período posterior a execução dos retrofit. Os dados levantados alimentaram o modelo base
de simulação que foi calibrado frente aos dados de conta de energia elétrica de 1 ano real. A
calibração desenvolveu-se a partir de um caso base calibrado, para qual foram realizadas
19
simulações de possíveis alterações na arquitetura e em equipamentos da edificação para
obtenção das contas de energia caso essas medidas se efetivassem.
O exame da viabilidade financeira foi interativo com as simulações, uma vez que muitas das
alterações propostas para um uso final indiretamente afetavam outros usos finais da
energia. Por exemplo, as alterações de fachada alteram o uso da luz natural e a carga
térmica a ser removido, um novo projeto de iluminação reduz simultaneamente o consumo
em iluminação e em condicionamento de ar. Conforme ilustrado na figura6 a importância do
estudo de viabilidade na concepção de um empreendimento. Percebe-se que, quanto menor
eficiência (%) de estudo de viabilidade maior será o prejuízo. Ou seja, mais tempo de
construção e maior gasto durante a construção.
Figura 6-- Mostra o avanço no processo construtivo de retrofit em relação a chance de reduzir o custo de falhas.
Fonte: (VALE, 2006)
20
3.1.1 As dificuldades pertinentes
Percebe-se que as dificuldades de estudo de viabilidade de retrofit são muito específica pois
depende meramente do tipo de empreendimento, idade e a sua localização. No caso das
edificações com mais de 30 anos, a falta de informação, das plantas arquitetônicas em mã
estado de conservação ou na ausência do mesmo, dos profissionais menos capacitados.
São elementos que interferem de forma negativa, ou seja, que dificulta o estudo de
viabilidade de retrofit, o que não acontece no caso das edificações com menos de 10 anos,
mas que ainda têm certas dificuldades.
Segundo Moraes (2011), é de grande importância que se realize um levantamento de dados
para obter qualquer informação relacionada ao histórico da edificação em questão:
levantamento métrico da edificação (traduzida em plantas originais, cortes e fachadas),
levantamento cadastrais das instalações existentes (elétrica, hidráulica e sanitária). No caso
das edificações históricas, a necessidade de levantamento dos elementos artísticos móveis
e integrados pertencentes àquela edificação, pois estes fazem parte de seu acervo e de sua
história. Porém, em determinados momentos do empreendimento, limitações e restrições
são impostas por diversos razões, conforme os itens a seguir:
A) Em função das limitações físicas da antiga estrutura;
B) Restrições encontradas pelos profissionais em trabalhar sobre um projeto de outro
autor;
C) Por achar que somente os empreendimentos “novos” e convencionais têm sucesso;
D) Impactos causado no projeto com a distribuição de cargas da estrutura devido às
novas divisões internas;
E) Devido a diferença de legislação vigente no momento da elaboração do antigo
projeto com legislação atual;
F) Quando o grau de incerteza está relacionado à qualidade do conhecimento de
reabilitação não pode ser a mesma associada a empreendimentos novos;
G) Falta de padronização das medidas da edificação existente podendo interferir na
execução dos serviços e, por consequência, na produtividade da obra.
3.2 Estudos e diagnósticos para definição do retrofit
Para definição do processo de retrofit nas edificações, é necessário o conhecimento teórico
e prático para que se tenha êxito na busca de melhor solução da intervenção numa
21
edificação. Porém, sãonecessários profissionais altamente qualificados com prática de
execução pois, na ausência desses profissionais pode vir a ter problemas que não foram
previstos no projeto ocasionando alterações, e atraso na execução do referido projeto.
Conforme firmado pelo Barrientos et Qualharini (2003), para que se tenha uma ideia inicial
da qualidade em geral, de custo reduzido e do estado de conservação da edificação, é
necessário um “Pré-Diagnóstico” que engloba inspeção global e alguns levantamentos
dimensionais superficiais que fornecem informações mínimas necessárias para elaboração
de um anteprojeto.
Conforme ilustrado na figura 7, é preciso um pré-diagnóstico para avaliar e definir quais das
práticas a ser usada em uma edificação, que visa uma atualização, recuperação, uma
reforma ou apenas uma demolição que tem acontecido cada vez menos nas indústrias da
construção civil.
Figura 7 – Figura ilustrativa de fluxograma de um pré-diagnóstico (BARRIENTOS ET QUALHARINE, 2004)
Para Roders (2006), o projetista deve se colocar diante da edificação a ser readequada
como “um médico que examina seu paciente”. Sem uma análise detalhada do paciente, não
será possível realizar um diagnóstico ou, sequer, definir um tratamento adequado para
aquela situação. Ainda segundo autora, questiona-se: “como uma intervenção pode ser
projetada e planejada sem um exame profundo e detalhado do paciente ? ˮ referindo-se à
analogia do projetista como médico e a edificação, a ser readequada, como paciente.
Segundo Barrientoset Qualharini (2004),Como o envelhecimento das edificações leva a
degradaçãodas mesmase de seu entorno, é muito importante para sua atualizaçãoconhecer
o estágio da sua degradação, saber se a edificação é capaz de suportar acréscimos de
22
cargas geradas por mudanças no layout, por incorporação de automatismo e por correção
do desgaste do uso e do tempo, são fundamentais para elaboração de propostas de
atualização exequíveis.
A figura 8 mostra detalhes de estudo de diagnóstico e as estapas posteriores.
Figura 8– Fluxograma de um diagnóstico (BARRIENTOS ET QUALHARINE, 2004)
Segundo Freitas e Souza (2003), por melhor que seja a qualidade dos trabalhos realizadas
nas etapas de diagnóstico, sempre é possível encontrar problemas na etapa de execução
das obras em função das interferências não previstas anteriormente. Porém, acredita-se que
quanto menos eficiente é a etapa de diagnóstico, maior é probabilidade da existência de
problemas na etapa de execução.
23
3.3 Grau de intervenção em um retrofit
A intervenção de retrofit em uma determinada região como centro histórico é muito positiva,
pois a arquitetura faz parte da paisagem criando o “cenário” do cotidiano das pessoas. “A
partir do momento em que elementos deste cenário que nos rodeia recebem um tratamento
de revitalização, toda a região passa a ter um aspecto de mais cuidada”. Além disso, os
frequentadores desse local passam a valorizar e cuidar mais dos espaços, tornando o
ambiente mais vivo.
Segundo Barrientos (2004), citou como exemplo, de que é muito mais fácil fazer um retrofit
em uma edificação com mais de 30 anos, do que mais recentes. Isto porque os padrões de
arquitetônica naquela época utilizavam-se pés direito mais altos e vãos mais largos, que
facilitam a utilização de recursos como pisos elevados, rodapés técnicos e forros.
Atualmente, os novos padrões arquitetônicos, onde o espaço é excessivamente reduzido,
dificultam e muito qualquer tipo de previsão para uma intervenção futura. Portanto, as
intervenções a serem empreendidas em um imóvel dependem de suas características e de
seu estado.
A tentativa de estabelecer níveis de intervenção é um tanto quanto superficial, já que,
maioria das vezes, é muito difícil prever antecipadamente o grau de intervenção que será
adotado ao longo do decorrer dos trabalhos. Segundo Vale (2006), apresentou no seu
trabalho uma classificação de acordo com os trabalhos a serem desenvolvidos, e que é
adotado pela maioria dos pesquisadores do assunto,conforme as definições a seguir:
A) Retrofit Rápido: engloba serviço de recuperação de instalação e revestimentos
internos;
B) Retrofit Médio: Além dos serviços de intervenção rápida, nesta categoria também
entram as intervenções em fachadas e mudanças nos sistemas de instalações da
edificação;
C) Retrofit Profundo: Nesta categoria, além das atividades anteriores, estão as
intervenções em que há mudanças de layout que engloba, desde a
compartimentação até a própria estrutura dos telhados;
D) Retrofit Excepcional: Esse tipo de intervenção ocorre, principalmente, em
edificações históricas ou localizadas em áreas protegidas.
Ainda segundo Vale (2006), no seu trabalho quantificou em porcentagem a ocorrência de
cada uma dessas categorias citado, conforme ilustrado na figura 9 abaixo. Pode-se verificar
ainda na figura8de uma forma quantitativa, os graus de intervenção nas edificações antigas
onde retrofit médio aparece com maior percentual 40% e retrofit excepcional com menor
24
percentual 5%, o que se espera com a tendência dessa prática, que aumenta cada vez mais
retrofit excepcional, pois, mostra a competência e o conhecimento dos profissionais
envolvido na prática do processo de retrofit.
Figura 9-- Mostra grau de intervenção em obras de retrofit.
Fonte: Vale 2006
3.4 Aspectos relativos a orçamentos e viabilidade financeira
Com a ampliação da preocupação com a defesa de áreas tombadas, aliada ao crescimento
das grandes cidades, cria-se uma grande procura de retrofit de edificações, que é uma
opção a ser considerada em duas situações, sejam elas:
A) Quando a recuperação reduz custo em comparação com uma construção nova;
B) E, no caso de uma edificação histórica, quando esta solução cria condições para
novas funções e/ou facilitando seu uso.
Desta forma, percebe-se que o retrofit pode e deve buscar, com eficiência, adotar a
edificação de atualidade tecnológica que possa traduzir-se em viabilidade financeira para o
investidor. Segundo Vale (2006), a obtenção de valores tangível e intangível para a
edificação, estimula cada vez mais a adoção de retrofit que requer uma especificidade na
análise da viabilidade financeira, posto que análise por parâmetros convencionais possa
conduzir ao equívoco na conclusão. Uma vez que poderá ser negligenciada por seguintes
motivos:
25
A) Valores Tangíveis:
a) Valorização objetiva da edificação;
b) Aproveitamento do potencial construtivo;
c) Melhoria de eficiência energética.
B) Valores Intangíveis:
a) Preservação da memória;
b) Melhoria do padrão de segurança;
c) Melhoria do padrão de conforto.
No entanto, percebe-se que o retrofit deve buscar a eficiência, pois é mais difícil do que
iniciar uma obra. Entretanto, a redução do prazo e adequação geográfica do imóvel
certamente estimula investimento do setor privado. Ainda segundo Vale (2016), pode-se
concluir que o mercado de retrofit oferece oportunidade de negócio muito variado, se
consideramos os aspectos residenciais, comerciais e institucionais. Porém, a sua viabilidade
ainda gera muita polêmica. Assim, cabem as instituições acadêmicas e segmentos
profissionais do setor, criar condições e meios para a discussão dos assuntos relacionados
ao retrofit arquitetônico e urbano, a fim de formar uma consciência crítica e um melhor
entendimento dos aspectos técnicos, legais e financeiros do assunto.
3.5 Aspectos relativos a projetos e compatibilização de projetos
Em uma obra de retrofit de edificações verificam-se várias frentes de trabalhos acontecendo
ao mesmo tempo, fica clara a necessidade de comunicação entre os projetos a serem
executados, de modo a evitar futuras alterações em busca de melhores resultados. O que
se verifica atualmente é que o projeto vem sofrendo uma evolução conceitual significativa,
que não só amplia seu escopo como reposiciona seu papel no contexto do processo
construtivo das edificações.
O desenvolvimento do projeto arquitetônico é tarefa complexa, incluindo atividades tais
como: imaginar (conceber), representar e testar. Estas três etapas são, muitas vezes,
absorvidas umas pelas outras, não havendo uma ordenação clara e definida. A imaginação
aqui está no sentido de ir além das informações disponíveis, enxergando além, muitas
vezes, do próprio cliente. Dependendo do estágio de desenvolvimento do projeto e até das
informações disponíveis, pode-se optar pelo desenho, maquete ou apenas um “croqui”, no
início do trabalho. Após a representação de sua ideia, o profissional passa a uma nova
26
etapa, à análise crítica do produto. Nesse momento, é fundamental o feedback do processo,
onde são ajustados os requisitos do cliente ao projeto pré-concebido segundo (VALE, 2006).
Ainda segundo Vale (2016), o processo de projeto constitui uma das interfaces mais
complexas e um dos principais desafios para a modernização da indústria da construção. Os
empreendimentos apresentam requisitos técnicos e gerenciais cada vez mais rígidos.
Portanto, o gerenciamento do processo de projeto caracteriza-se pela distribuição de
responsabilidades, pela formação de um sistema de análise e transferência de informações,
pelo conhecimento de todas as interfaces do processo e busca de melhorias deste
processo.
Segundo Salgado (2000), o que realmente se faz necessário é uma abordagem mais ampla
e profunda discutindo-se questões ligadas à gestão, comunicações e prazos adequados
para definição dos objetivos e da transmissão das informações pertinentes ao
empreendimento, objetivando um real planejamento do mesmo com etapas claras e
definidas podendo o projeto cumprir então o seu papel fundamental.
Desde o início da década de 90, algumas construtoras, movidas por uma melhor colocação
e afirmação no mercado vêm buscando melhorias, tanto financeiras quanto técnicas e mais
recentemente em relação ao consumidor final do seu produto (cliente), começando a se
movimentar no sentido de alcançar novas metas definidas (VALE 2006). Ainda segundo o
autor, verifica-se uma tendência a compactar os problemas julgando apenas algumas
questões isoladas tais como: a falta de coordenação e compatibilização entre projetos; e a
inadequação aos processos tecnológicos e construtivos.
3.6 Materiais e produtos aplicados
Na indústria de construção civil grande parte dos materiais ou produtos correntes, têm baixo
potencial de reciclagem, no entanto, há produtos que podem ser reciclados ou/e reutilizáveis
várias vezes no seu ciclo de vida.
Os materiais recicláveis apresentam vantagens pelo fato de esgotada sua vida útil poderem
vir a gerar novos produtos, onde se incluem nestes quase todos os materiais metálicos. Um
produto que pode ser reciclado gerando menos custos, tem vantagem em relação a um
produto que é inicialmente “verde”, mas que não pode ser reciclado. Os produtos recicláveis
são vantajosos no que diz respeito aos custos de obra, bem como irão gerar menores
impactos ambientais negativos, tais como a emissão de Gases dos Efeitos Estufas (GEE`s)
ou gastos de energia durante o seu processo de fabricação.
27
Segundo Costa (2010), a escolha dos produtos a ser usado na reabilitação das edificações
e que pode ser adaptado ao processo de retrofit, deve ser levado em conta sempre à
questão da sustentabilidade. Não deve ser efetuado dispensando uma abordagem global de
todos os impactos ambientais causados pelo material. Com isto, a base para a escolha de
produtos num dado projeto nunca é a mesma, pois o que é sustentável para uns pode não
ser sustentável para outros. Parte do projetista, ter a consciência da escolha consoante o
local e tipo de obra.
O fato de não ser possível saber de antimão que um dado produto tem mais familiaridade
com o ambiente do que outro, ou seja, se o primeiro utiliza produtos locais, e utilizar vários
resíduos industriais, no entanto, pode produzir uma elevada quantidade de CO2. Já o
segundo, apresenta, por exemplo, a vantagem de poder ser reciclado indefinidamente,
contudo a sua produção envolve elevado consumo energético e é susceptível a degradação
por corrosão.
Ainda segundo Costa (2010), para melhor compreensão dos produtos a ser usada nestes
processos, é necessário primeiramente analisar a edificação em diversos elementos mais
comuns, ou seja, fundações, estrutura, divisórias, sistemas de instalações, cobertura e
equipamentos, para que possam ser definidos os tipos de materiais. Conforme ilustrado na
tabele 1 de materiais e produtos utilizados na construção das paredes, impermeabilização, a
sua composição e a percentagem reciclada.
29
Conforme ilustrado na tabela 2 de materiais e produtos utilizados na parte estrutural das
edificações como viga, pilar, escada, laje, suas composições e a percentagem reciclada.
Tabela2-- Materiais usados na parte estrutural das edificações.
Fonte: (COSTA, 2010)
30
Conforme ilustrado na tabela 3 materiais e produtos utilizados para cobertura das
edificações, usada para isolamento e as suas composições.
Tabela3 -- Materiais para cobertura das edificações
Fonte: (COSTA, 2010)
3.7 Etapas executivas
Em uma obra convencional as sequencias das atividades a serem executadas, são pré-
definidas em função do cronograma da obra, facilitando assim, em termos da organização e
planejamento. Ao passo que, em uma obra de retrofit, o número de imprevistos tende a ser
maior devido interligação dos sistemas já construído, fica claro à impossibilidade para definir
as sequencias das atividades. Por isso, haja necessidade de ter a mão de obra mais
qualificada e necessita de maior supervisão, já que a estrutura existente não permite a
instalação de um canteiro de obra espaçoso, gerando menor produtividade e quantidades de
homens trabalhando.
Na Tabela 4 é possível ver o comparativo entre o retrofit e a obra convencional mostrando
essas dificuldades encontradas numa obra de retrofit.
31
Tabela4 --Mostra semelhança e diferença entre obra tradicional e retrofit
Fonte: Revista Téchne, Ed.37, Julho 2011
Segundo Nakamura (2011), na reportagem “Retrofit de edifício” a obra de retrofit é composto
por seguintes etapas: demolição, reforço estrutural, fechamento, acabamento, instalações
prediais, ar condicionado e fachada. A demolição geralmente começa de forma controlada
de partes da construção existente. Um tipo de demolição mais comum é a de paredes para
obtenção de maior área útil, empregando serviços desde marteletes rompedores até
equipamentos mecanizados, como tesouras hidráulicas rotativas. O reforço estrutural é
necessário principalmente quando há aumentos da capacidade de suporte da estrutura
devido à mudança de layout. O serviço pode ser realizado por meio de várias técnicas,
como a adição de chapas de aço e de fibras de carbonos, ou encamisamento de concreto.
32
Não se verifique a diferença técnica no fechamento realizado em retrofit e em construções
novas. Na atualização de prédios antigos, contudo, uma prática comum é o uso de drywall
para os fechamentos internos, por serem mais leves as chapas de gesso acartonado
causam menos impacto na estrutura existente.
No acabamento, o retrofit pode servir também para tornar a edificação mais sustentável ao
empregar, por exemplo, materiais recicláveis e que exigem menos manutenção. Tem se
verificado muitas das vezes as deficiências nas redes de elétrica, telefonia e dados que
levam à realização de retrofit. A atualização dessas instalações vai desde a substituição de
todo o cabeamento, à instalação de novas caixas de distribuição capazes de suportar a
maior quantidade de cabos dos dias atuais.
O retrofit oferece uma ótima oportunidade para se avaliar as instalações de água e esgoto.
Os equipamentos de ar condicionados mais eficientes contribuem para reduzir o consumo
da energia, além disso, dependendo do sistema escolhido, a atualização do ar condicionado
pode contribuir para liberar área útil.
A revitalização de fachadas pode incluir a substituição de pastilhas, a troca de esquadrias, o
mapeamento de falhas, o tratamento de fissuras, a colocação de pingadeiras, entre outros
serviços. Costuma empregar equipamentos de movimentação de carga, que aumentam a
produtividade.
3.8 Processos construtivos mais utilizados e suas características
Na busca das edificações que atendam as novas exigências do mercado, em um ambiente
de inovações tecnológicas cada vez mais velozes, faz com que os recursos construtivos nos
procedimentos do retrofit sejam cada vez mais estudados e analisados. Desta forma, certos
processos construtivos com uma determinada característica tem-se mostrado cada vez mais
presente no setor da construção civil.
De acordo com Vale (2006), apresentou no seu trabalho algunsdos processos construtivos
mais usuais no mercado: fachada ventilada, Shaft, Drywall ou Gesso acartonado, Piso
elevado, Cabeamento estruturado, Forro e Sistema pex.
33
3.8.1 Fachadas Ventiladas
Esta técnica surgiu na Europa na década de 80, com objetivo de atender ao mercado de
retrofit, como solução aos problemas de fachadas das antigas edificações. O sistema
caracteriza-se por um espaço interstical entre a camada de revestimento e a parede que é
permanentemente ventilado no sentido vertical por convecção. Assim, a constante
circulação de ar reduz a possibilidade de formação de pontos de umidade na estrutura, além
de proporcionar melhor isotermia da edificação em diferentes épocas do ano.
Desta forma, a câmara, entre a estrutura e o paramento externo, varia geralmente de 5 a 15
cm. Existem aberturas tanto no topo quanto na base da fachada. Há a transferência de calor
por convecção, desenvolvendo-se um fluxo contínuo de substituição do ar quente para ar
frio, aspirados pelas aberturas inferiores.
Esse sistema exige o perfeito nivelamento das paredes de vedação. Diferenças de prumo
superiores a cinco centímetros inviabilizam o processo, não só pela descontinuidade de
nivelamento das placas que gera uma estética indesejável, pois comprometem a
estanqueidade e a circulação do ar.
3.8.2 Shaft
Nos processos de retrofit das edificações, o shaft tem sido empregado como uma grande
solução, uma vez que, na maioria dos casos, as tubulações existentes são de pequeno
diâmetro e não comportam as novas necessidades seja com relação à parte elétrica e/ou
hidráulica.
Portanto, as novas tubulações requeridas, muitas vezes não encontram espaço físico par se
instalar dentro da edificação, sem contar com “quebradeira” necessária. Logo, adota-se
como solução o shaft, seja ele em fachadas ou nas laterais de edificação, necessitando de
tratamento arquitetônico que o suavize sua aplicação para que não seja perceptível a
adaptação necessária.
34
3.8.3 Gesso Acartonato ou Draywall
O draywall é um sistema construtivo a seco de alta tecnologia que utiliza chapas de gesso
acartonado fixadas sobre estruturas metálicas, que compõem as paredes internas das
edificações.
O sistema é bem simples, composto por três camadas: cartão-gesso-cartão. As placas de
gesso apresentam espessura bruta de 7,50 a 15,0 mm, com o revestimento em ambos os
lados por múltiplas camadas de papel e as espessuras resultantes são de 10 a 18mn.
Segundo Ciocchi (2003), as placas possuem bordas rebaixadas para execução das juntas,
que se diferem pelo tipo de utilização a qual se destinam: as normas são para parede sem
exigência específica, as resistentes às umidades possuem as bordas tratadas com produtos
hidrofugantes, como o silicone e as resistentes ao fogo possuem aditivos para retardar a
liberação de água da chapa, evitando o colapso da peça.
Assim, o sistema é constituído basicamente de uma estrutura mais leve em perfis de aço
galvanizado formada por guias e montantes, sobre os quais são fixadas placas de gessos
acartonado, em uma ou mais camadas, gerando uma superfície apta a receber
acabamentos finais, como: pintura, papel de parede, cerâmica, etc. Como mostra a figura
10.
Figura 10-- Mostra sequência da montagem de parede drywall
Fonte: (www.forrosystem.com.br)
35
3.8.4 Piso Elevado
Os pisos elevados são desenvolvidos para a interligação dos equipamentos e dar vazão ao
ar condicionado insuflado pelo piso em centro de procedimentos de dados (CPDs). Com o
tempo sua utilização ficará cada vez mais comum por possibilitar a implantação de
instalações não previstas no projeto original e hoje é peça imprescindível no setor
corporativo, tanto para agilizar as mudanças de layout quanto para permitir a flexibilidade no
acesso ao cabeamento, entre outras soluções de caráter arquitetônico e funcional.
Trata-se, portanto, de uma solução muito importante no caso de retrofit de edificações, uma
vez que possibilita a passagem de tubulações atendendo a nova proposta arquitetônica, que
não existiam no projeto original, de maneira fácil e rápida, permitindo também uma
manutenção constante conforme ilustrado na figura 11.
Figura 11 – Mostra detalhes do piso elevado e a sua base de sustentação
Fonte:(WWW.newpisoelevados.com.br)
3.8.5 Cabeamento Estruturado
O cabeamento estruturado, também conhecido como pré-cablagem ou cable systems é
utilizado para interligar sinais elétricos de baixa intensidade, tais como: transmissão de voz
(telefonia), imagens (vídeo conferência), dados (comunicações entre computadores) e
gestão de empreendimentos (sistema de automação da edificação).
Trata-se de um sistema de arquitetura aberta, composta por conjuntos de conectores e
cabos, reunidos de forma modular e baseado na padronização das interfaces e meios de
transmissão, de modo a tornar o cabeamento independente da aplicação e do layout. No
entanto, estes não devem ser avaliados somente pelos investimentos iniciais, mas, também
36
por outros fatores importante duram a vida útil da infra-estrutura de cabeamento e da
manutenção do sistema na edificação. No entanto, a figura 12 traz com mais detalhes a
separação dos cabos por camadas, e as suas identificações facilitando os serviços de
manutenção.
Figura 12 – Mostra detalhes do sistema de cabeamento estruturado
Fonte: (WWW.cetel.com.br)
3.8.6 Forro
A escolha do forro mais adequado é uma atividade que envolve uma comparação das
exigências do projeto com as propriedades dosmateriais disponíveis no mercado. Para os
forros instalados em ambiente externo é importante observar também a agressividade do
meio e ação de intempéries. Geralmente para seguimento residencial são utilizados
fechamentos em placas de gesso 60x60 cm, ou ainda mais recentemente tem se usado às
placas de gesso acartonado.
Nos processos de retrofit de edificações o forro desempenha importante papel, auxiliando o
acabamento das instalações. Nas edificações com pé direito razoável, e que ainda não
disponham dessa tecnologia pode ser adotado para resolver o problema das novas
tubulações que não podem ficar expostas. Já nas edificações que já possuem o sistema,
muitas das vezes a troca por outro tipo de forro mais adequado á utilização já se configura
37
em um processo de retrofit. A figura 13 ilustra um rebaixamento de teto constituindo uma
solução para melhorar o acabamento em obras de retrofit.
Figura 13 – Mostra detalhes de forro para o ambiente interno
Fonte: (Nilton,2017)
3.8.7 Sistema PEX
O conceito do Sistema PEX é o mesmo de uma instalação elétrica convencional, ou seja, na
elétrica temos o fio dentro do conduíte e na hidráulica temos o tubo PEX dentro do tudo
guia. O funcionamento do sistema é bem simples, uma vez que, o tubo reticulado é
colocado dentro de um conduíte ou bainha de PVC corrugado. Segundo Barrientos (2004),
os tubos são ligados a uma prumada por meio de uma válvula esférica, dotada de um
adaptador que se encaixa em um distribuidor de latão denominado Mainfold que funciona
como ponto central da distribuição dos ramais.
3.9 Aspectos relativos a controle de qualidade em retrofit
Pode-se verificar que os conceitos gerais de qualidade, desenvolvidas em setores industriais
com realidades diferentes da construção civil, têm se demonstrado a convergência universal
podendo ser adotados as particularidades de retrofit de edificações e em qualquer
outrosetor. A questão da qualidade na construção civil, independentemente de ser um
retrofit ou não, vem recebendo uma atenção crescente nos últimos anos, ganhando cada
vez mais o espaço em eventos técnicos com várias publicações do setor.
38
Conforme ilustrado na figura 14 a evolução da qualidade ao longo do tempo, sendo foco da
maioria dos setores que busca através das exigências dos clientes a melhoria contínua de
modo a atendê-las.
Figura 14 -- Fase evolutiva da qualidade ao longo do tempo (VALE, 2006)
A qualidade na construção civil é cumprimento satisfatório do conjunto de requisitos do bem
construído, necessários à satisfação dos usuários, os caminhos para minimizar os custos da
construção civil esta na organização do trabalho, nas mudanças tecnológicos e
principalmente da execução das edificações segundo (SALGADO 2000).
Segundo Vale (2006), o tema qualidade na construção assume cada vez mais importância
nos meios acadêmicos e profissionais, devido ao elevado nível de prejuízo que se
manifestam nas edificações.Grande número de instituições técnicas nacionais e
internacionais vêm concentrando seus esforços no que diz respeito à qualidade na
construção civil. Assuntos estes que envolvem questões relacionadas com a normatização
técnica, avaliação de desempenho, sistemas de aprovação técnica, processos de
certificação e gestão da qualidade.
Os problemas da qualidade na construção brasileiranão podem ser atribuídos a falta de
conhecimentos técnicos. Pois, segundo Thomaz (2011), a análisedeumgrande número de
documentos revela que os trabalhos nacionais apresentam, em geral, nível equivalente aos
melhores trabalhos internacionais. Para incentivar a prática de qualidade na construção civil,
o Ministério das Cidades do governo Federal criou o PBQP-H (Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade do Habitat), que tem como meta elevar os patamares da
qualidade da construção civil, por meio da criação e implementação de mecanismo de
modernização tecnológica e gerencial, incluindo conceitos e metas de sustentabilidade,
contribuindo para ampliar o acesso à moradia digna para a população de menor renda. A
39
busca por esse objetivo envolve um conjunto de ações, entre as quais se destacam:
avaliação da conformidade de empresas de serviços e obras, melhoria da qualidade de
materiais, formação e requalificação de mão de obra, normalização técnica, capacitação de
laboratórios, avaliação de tecnologias inovadoras, informação ao consumidor e promoção da
comunicação entre os setores envolvidos. Dessa forma, espera-se o aumento da
competitividade no setor, a melhoria da qualidade de produtos e serviços, a redução de
custos e a otimização de uso dos recursos públicos. Objetivo, a longo prazo, é criar um
ambiente de isonomia competitiva, que propicie soluções sustentáveis, mais baratas e de
melhor qualidade para a redução do déficit habitacional no país, atendendo em especial, a
produção habitacional de interesse social (VALE, 2006).
Ainda segundo Vale (2006), a crise ocorrida nos anos 90, a falência do Estado como
propulsionador de obras, além da exigência dos clientes, através de uma nova visão do
mercado, promoveu o aumento da competitividade no setor, que vislumbrou na certificação
ISO/ NBR 9001 da empresa, um argumento importante para concorrer no mercado. A norma
NBR ISSO 9001 é um padrão que estabele a filosofia que deve ser seguida para obter
qualidade, seguindo critérios aceitos internacionalmente. Pode ser adquirida tanto por uma
pequena indústria como por um complexo industrial, desde que a organização consiga
produzir com qualidade. O balanço ou o resultado anual do faturamento não é a
preocupação da ISO 9001, mas, sim, a qualidade de bens e serviços.
3.10 Performance de retrofit
Percebe-se desde sua nascença nos anos 90, o retrofit vem trazendo performance na
indústria da construção civil, tendo como destaques, as fachadas com diversos tipos de
materiais, pisos elevados, tipologias arquitetônicas e eficiência energético o assunto que
tem trazido importante resultado no quesito redução de custo de energia elétrica nas
edificações, seja ela, residencial, seja ela, comercial ou industrial.
O conceito de eficiência energética está relacionado com o uso racional de energia, ou seja,
obter um serviço com mínimo de consumo de energia possível sem prejudicar sua
qualidade. Uma edificação é mais energeticamente eficiente que outra quando proporciona
o mesmo desempenho ambiental com menor consumo de energia. Desta forma, o consumo
energético em uma edificação pode ser medido através dos equipamentos e sistemas que a
utilizam diretamente: sistemas de iluminação artificial, sistemas de climatização
(resfriamento e aquecimento), equipamentos de escritórios, eletrodomésticos, elevadores e
bombas. No entanto, há variáveis que interferem nestes sistemas como as características
40
da envoltória da edificação e os hábitos de uso de seus ocupantes, já que o consumo vai
depender das exigências de conforto requeridas pelos usuários. Por exemplo, uma
edificação pode se tornar mais eficiente energeticamente com a incorporação de estratégias
bioclimáticas que visam buscar ótimo desempenho térmico para o atendimento das
exigências de conforto dos seus usuários. Em edificações novas, a adequação da
arquitetura da edificação ao clima local e a adoção de estratégias visando eficiência
energética podem ser testadas e comparadas livremente ainda da fase de projeto
(MENDONÇA, 2014)
Segundo Chidiac et al. (2011), afirma que, no caso das edificações antigas, a redução no
consumo de energia pode ser atingida com a implementação de medidas energéticas de
retrofit,que podem incluir desde alterações físicas de uma edificação até rotinas
operacionais,incluindo controles avançados e iluminação eficiente. Estima-se que a taxa de
renovação das edificações nos países membros da Comunidade Europeia seja em média de
1% do estoque a ano e variando entre 0,5% e 2% ao ano, dependendo do país.
3.10.1 Não conformidade em retrofit
Para um determinado processo de retrofit de edificações, o que se verifica é a quantidade
de projetos a ser executado com as alterações feitas durante a execução, o que fica claro
que não há conformidade entre o projeto original e o novo projeto devido à mudança de
layout, e o nível das dificuldades da execução, segundo relatos dos engenheiros e os
profissionais que atua nessa área.
Segundo Lopes (2012), um dos erros mais comuns em projetos de retrofit de hotéis é
desconsiderar o desempenho acústico das portas de entrada dos apartamentos na hora de
especificá-las. O conjunto porta e parede de entrada deve ser uma barreira capaz de
minimizar o barulho entre o ambiente individual (apartamento) e coletivo (corredor), uma das
queixas mais frequentes dos hospedes. No Brasil, a maioria das portas de entrada
existentes não pode ser considerada acústica, pois tem redução sonora inferior a 20dB Rw,
índice muito aquém dos níveis de conforto dos hotéis instalados nos Estados Unidos e em
países europeus. Sendo assim, os projetistas de retrofit de hotéis têm de levar em conta
essa necessidades se quiseram modernizar e tornar os hotéis atrativos para um público
cada vez mais exigente.
Para Miranda et, al (2015), mostraram no seu trabalho que a avaliação do estado da
estrutura depende prioritariamente do serviço de um engenheiro especializado, enquanto
que o levantamento das modificações relacionadas com a modernização dos equipamentos
41
torna essencial a colaboração entre profissionais de diversas áreas, com definições claras
das novas solicitações. Nesta etapa, é necessário realizar a compatibilização dos projetos,
levando em consideração o posicionamento dos elementos estruturais e identificando
principalmente as regiões de solicitações superiores ao estabelecido.
Ainda segundo Miranda (2015), as principais atividades do retrofit de edificação que interfere
na estrutura ocasionando a não conformidade são:
A. Instalação do novo equipamento de ar condicionado no pavimento da cobertura,
sobrecarregando-o;
B. Remodelação de escada para atender solicitação do corpo de bombeiro;
C. Demolição de reservatório;
D. Aberturas e furos na lajes para novos shafs;
E. Aberturas e furos nas vigas para novos sistemas e;
F. Adequação da estrutura para atender aos “Tempos requeridos de resistência ao
fogo (TRRF)”.
De acordo com Pereira (2017), apresentou no seu trabalho não conformidade associado ás
reformas em edificações decorrentes de: vedações, pinturas, instalações hidráulicas,
instalações elétricas, estruturas e impermeabilização.
Ainda Segundo Pereira (2017), as patologias ocorridas em obras de reforma, bem como os
métodos para sua correção são semelhantes em obras novas, porém suas causas podem
ser diferentes. A falta de informação prévia sobre a edificação a ser executada a reforma e a
falta de projetos podem ser fontes de muitas das falhas ocorridas em obras de reforma.
Muitas vezes, por conta de uma obra de reforma, uma falha pré-existente da edificação
pode ser evidenciada devido às intervenções necessárias. Além disso, as execuções de
uma obra sem acompanhamento dos profissionais habilitados podem gerar diversos
problemas ao cliente, acentuando a possibilidade de ocorrência de patologias.
Conforme ilustrado na figura 16 percebe-se que maior causa das patologias nas edificações
é ocasionada por falhas nos projetos, que pode ser por falta de informação ou por erro de
premissa.
42
Figura 15 – Mostra em porcentagem as causas de patologias
Fonte: (PEREIRA, COUTO, 2007)
Segundo Couto (2007), citou no seu trabalho alguns exemplos de problemas ocorridos
durante a etapa de elaboração do projeto, ocasionando conflito entre os projetos. Tais
problemas estão listados abaixo:
a) Má definição das ações atuantes ou da combinação mais desfavorável para a
estrutura;
b) Deficiência na avaliação da resistência do solo, levando recalques inesperados;
c) Adoção de peças com cobrimento e fator água/cimento incompatíveis;
d) Especificações inadequadas dos materiais;
e) Dimensionamento que permite grandes deformações na estrutura, podendo causar
fissuras;
f) Utilização de juntas estruturais sujeitas á inflação de água e próximas a elementos
estruturais;
g) Falta de compatibilização entre os projetos;
h) Detalhes construtivos não executáveis.
43
4 LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS APLICADAS A RETROFIT
4.1 Legislação federal aplicada a retrofit
No âmbito da legislação federal são estabelecidas leis de abrangência geral as edificações e
não propriamente dito ao retrofit. Naturalmente que as obras de retrofit devem atender a
essa legislação por se tratarem também de edificações. Neste item são abordadas algumas
leis federais consideradas relevantes a título de exemplificação. As leis federais
normalmente são editadas para atender demandas gerais do país, como por exemplo, no
caso da LEI Nº 11.337, DE 26 DE JULHO DE 2006.
A primavera e o verão, as estações mais quentes do ano, são também um período de alerta
para a população brasileira. Isso porque 90% dos 50 milhões de raios que caem no Brasil
são registrados neste período. O país é líder mundial na incidência deste fenômeno. Para se
ter uma ideia, a descarga gerada por um relâmpago tem intensidade mil vezes maior que a
corrente elétrica que passa por um fio de chuveiro elétrico. As temperaturas de um raio
podem chegar a 30 mil Celsius, cinco vezes mais elevada que a da superfície do Sol
(JUNIOR, 2016).
Segundo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), no período entre 2000 e 2014
foram registrado cerca de 1.790 casos. A cada 50 casos de raio no mundo, uma acontece
no Brasil. Com elevado índice de incidência deste fenômeno, foi promulgada a LEI Nº
11.337, DE 26 DE JULHO DE 2006. “Determina a obrigatoriedade de as edificações
possuírem sistema de aterramento e instalações elétricas compatíveis com a utilização de
condutor-terra de proteção, bem como torna obrigatória a existência de condutor-terra de
proteção nos aparelhos elétricos que especifica”. Conforme ilustrado na figura 17, como as
edificações ficam expostas aos raios, o que deixa claro a importância da proteção das
edificações usando condutor-terra.
44
Figura 16 -- Raios sobre as edificações
Fonte: (Instalação de para-raios e laudos de SPDA, 2017)
Outro exemplo de lei federal diz respeito ao âmbito do meio ambiente. Percebe-se que
qualquer atividade da indústria da construção civil, por menor que seja, gera um impacto
ambiental. Dependendo da sua escala, no caso das edificações, haja necessidade de
Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que analisa as prováveis consequências que uma obra
ou empreendimento pode gerar ao meio ambiente e o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA), que traduz os termos para esclarecimento, analisando o impacto ambiental. Com o
estudo pode-se propor condições para implementação da obra de maneira que o impacto
ambiental seja reduzido, e o relatório é responsável pelos levantamentos e conclusão para
que os órgãos públicos licenciador façam uma análise para aceitar o licenciamento do
projeto. Sendo assim, fica claro a importância de licencia ambiental emitido pelos órgãos
competentes, seja no âmbito federal (IBAMA) Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, ou no
âmbito estadual (INEA) Instituto Estadual do Ambiente. Noâmbito da proteção ambiental a
Resolução CONAMA 001, de 23.01,1986. Que fala da Legislação Ambiental/ EIA – RIMA
estabelece que todos os empreendimentos com potencial impactante procedessem, dentre
outras obrigações, a concessão de três tipos de licenças ambientais que são:
a) Licença Prévia;
b) Licença de Instalação;
c) Licença de operação.
Atendendo os três requisitos o empreendimento ficará livre das suas atividades dentro dos
parâmetros legais. De acordo com a lei do crime ambiental (Lei Nº 9.605/98), “Dispõe sobre
as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividade lesiva ao meio
45
ambiente, e dá outras providências. Dentre esse crimes ambientais faz-se destaque, crimes
contra o ornamento urbano e o patrimônio cultural”.
4.2 Legislação estadual e municipal aplicada a retrofit
O que se verifica na prática, é que as legislações variam de estado por estado, assim como
entre os municípios. Para a implementação de um mesmo projeto em diferentes estados,
será imposta restrições diferentes em função de Código de obra local. De acordo com
projeto lei COMPLEMENTAR Nº 31/2013, do código de obras e edificações da cidade do
Rio de Janeiro Secão I, Art. 2º,§ 1º As normas presentes nesta lei complementar buscam
garantir a qualidade da paisagem da cidade, o mais valioso bem da Cidade, conforme
dispõem o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de
Janeiro, a qualidade arquitetônica das edificações e sua fruição 2º Para os projetos de
empreendimentos habitacionais de interesse social vinculados à política habitacional
Municipal, estadual federal prevalecerão os parâmetros definidos pela legislação específica.
Ainda de acordo com lei Nº 31/2013, das condições de construção das edificações, Seção
II, afastamentos, Art. 15 Os afastamentos laterais e de fundos das edificações, quando
utilizados para ventilar ou iluminar compartimentos serão equivalentes, no mínimo, a 1/5 da
altura da edificação, não podendo ser inferior a 2,50 m (dois metros e cinquenta
centímetros), e serão constantes em toda a altura e perímetro e contínuos ao longo de toda
a divisa.
Parágrafo Único – A altura da edificação será considerada como a medida entre o nível do
1º compartimento iluminado ou ventilado e o nível superior do ultimo pavimento, não sendo
considerado o eventual pavimento de cobertura quando recuado no mínimo 1,5 m da linha
da fachada e o Pavimento de Uso Comum.Conforme ilustrada na figura 18, a representação
gráfica de altura e os afastamentos laterais segundo a norma regulamentadora.
46
Figura 17 -- Mostra os afastamentos laterais e altura de um modelo de edificação
Fonte: ( PROJETO LEI Nº 31/2013)
Naturalmente quando se trata de retrofit, via de regra a edificação já está construída e assim
a legislação estadual e municipal deve ser considerada de forma que as mesmas sejam
atendidas no caso de alteração de dimensões tanto horizontais quanto verticais.
4.3 As normas técnicas de ABNT aplicadas a retrofit.
As normas dos processos construtivos aplicados as edificações, não diferem se é retrofit,
reabilitação, reforma, ou manutenção. Ou seja, não existe norma específica para retrofit
mas, sim, para construções convencionais e reformas / manutenção. Assim sendo, para a
execução de um retrofit todas as normas técnicas aplicadas as edificações sejam estas
comerciais, industriais ou residenciais devem ser consideradas e respeitadas. Por exemplo,
a norma do desempenho ABNT NBR 15.575 estabeleceram critérios gerais da segurança
estrutural para as edificações convencionais, dizendo. Atender, durante a vida útil de
projeto, sob diversas condições de exposição (ação de peso próprio, sobrecargas de
utilização, atuação do vento e outros), aos seguintes requisitos gerais:
a) Não ruir ou perder a estabilidade de qualquer de suas partes;
b) Prover segurança aos usuários sob ação de impacto, choques, vibrações e
outras solicitações decorrentes da utilização normal da edificação,
previsíveis na época do projeto;
47
c) Não provocar sensações de insegurança aos usuários pelas deformações
de quaisquer elementos da edificação permitindo-se tal requisito atendido
caso as deformações se mantenham dentro dos limites estabelecidos nesta
norma;
d) Não repercutir em estados inaceitáveis de fissura de vedação e
acabamentos;
e) Não prejudicar a manobra normal de partes imóveis, como portas e janelas,
nem prejudicar o funcionamento normal das instalações em face das
deformações dos elementos estruturais.
No caso das paredes externas, os principais objetivos são as mesmas para todos os
processos construtivos, a diferença está na forma como se encontram soluções e técnicas
para conseguir cumpri-los. Segundo a norma ABNT NBR 15.575 paste 4, trata exatamente
dos Sistemas de Vedação Verticais Internas e Externas (SVVIE), regulamentando
exatamente as funções deles:
A) Térmica – consiste em estabelecer uma barreira entre os ambientes externa e
interna, de modo que o ambiente interno possa ser mantido dentro de determinado
padrão de conforto. Tal barreira tem várias exigências: esta estável e durável, atuar
como proteção contra o vento, chuva, radiação solar, calor, ruído, fogo, insectos,
animais até humanos.
B) Acústica – consiste em manter uma proteção contra o nível de som vindo do
exterior.
C) Resistência ao fogo – para se verificar a segurança estrutural dos elementos de
aço de uma edificação, em situação de incêndio, é necessário conhecer a exigência
de resistência do fogo para cada tipo de elemento, conforme a legislação nacional
atual.
D) Sustentabilidade – as características que mais contribuem para que a solução
construtiva da parede com estrutura metálica dele seja mais sustentável são: a
baixa massa, utilização de materiais recicláveis ou eco eficiente, a baixa espessura
e excelente desempenho térmico.
48
E) Segurança estrutural – elementos com função de vedação, não estruturais, devem
ter capacidade de transmitir à estrutura seu peso próprio e os esforços externos que
sobre eles diretamente venham atuar, decorrentes de sua utilização.
F) Durabilidade – manter a capacidade funcional e as características estéticas, ambas
compatíveis com o envelhecimento natural dos materiais durante a vida útil da
edificação.
49
5 RETROFIT E SUSTENTABILIDADE
5.1 Sustentabilidade: Conceituação
O Conceitosustentabilidade pode ser definido de várias formas dependendo do contexto a
que se refere. Mas, maioria das pessoas entendem que implica em produzir bens com
menos carga ambiental, de forma a preservar a natureza ou o ambiente de degradações
futuras. A definição da Conferência do Rio de 1992 inclui outras dimensões ao conceito,
além da puramente ambiental: a dimensão social, que implica em distribuição mais
equitativa do desenvolvimento interno do país e entre países que a dimensão democrática
que procuram aumentar a participação nas decisões públicas. Essa conferência tinha como
objetivo decidir que medidas os países do mundo deveriam tomar para conseguir diminuir a
degradação ambiental e preservar o meio ambiente. Havia também a intenção de introduzir
a ideia do desenvolvimento sustentável, um modelo de crescimento econômico menos
consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. Apesar de existir alguns relatos do
século 19 sobre os fenômenos da poluição, direta ou indiretamente, provocados pela
produção industrial, a preocupação com a poluição e a degradação ambiental originadas
pelas atividades econômicas é relativamente recente. Porém, os custos econômicos e
ambientais desse crescimento industrial irrefreável surgiram quando o meio ambiente não
conseguiu mais absorver a poluição gerada e os gastos para corrigir os danos provocados
tornaram-se inevitáveis, pois a saúde humana, as propriedades ou os ecossistemas
estavam ameaçados. (JOHN, 2001).
Segundo Moraes et Quelhas (2011), o processo de retrofit deve propiciar mais conforto e
qualidade de vida para os seus usuários, incorporando conceitos atendendo a todo e
qualquer usuário em qualquer fase da sua vida, de forma eficaz. Se bem cuidados e
interligados entre entidades do setor da construção civil, públicos ou privados podem trazer
benefícios ao espaço arquitetônico construído, em prol do desenvolvimento, não só
econômico e social, mas principalmente ao ambiental.
Segundo Barbosa (2008), o relatório de Brundtlan que gerou uma polêmica por não
apresentar quais são as necessidades do presente, nem quais serão as do futuro,
despertando a atenção do mundo sobre a necessidade de se encontrar novos mecanismos
para desenvolvimento econômico, sem a redução dos recursos naturais e sem danos ao
meio ambiente. Porém, definiu três princípios a serem cumprido: desenvolvimento
econômico, proteção ambiental e equidade social como ilustrado nafigura18.
50
Conforme ilustrado na figura 19, verifica-se a convergência do triangulo entre os pontosde
preservação e conservação ambiental, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social
e desenvolvimento sustentável.
Figura 18 – Desenho ilustrativo relacionando parâmetro para se alcançar o desenvolvimento sustentável (BARBOSA, 2008)
5.2 Sustentabilidade na construção civil
As questões da sustentabilidade vêm requerendo a atenção mundial e na esfera dos
negócios, coloca-se a necessidade de atuação empresarial estar voltada a contribuir para a
sustentabilidade global. Assim, a empresa deve assegurar uma vantagem competitiva pelo
equilíbrio entre as dimensões sociais, econômica e ambiental. As atividades da construção
civil têm forte impacto na sustentabilidade global, quer seja pelo uso de solo, quer seja pelo
consumo de materiais não-renováveis, impactos na flora e fauna nativa, emissão de
resíduos, ou pelo acúmulo de resíduos nos depósitos municipais.
Segundo John et. al (2001), a industria de construção civil é o setor que mais consome
material em todas as sociedades. – Kasai (1998) estima que a construção civil consome
aproximadamente 50% da matéria prima bruta no Japão. – Matos & Wagner (1999) estima
que nos EUA a construção civil é responsável pelo consumo de 75% do consumo total de
matérias. A transformação destas matérias brutas em bens e muitas vezes a necessidade
de transportar os materiais por longas distâncias exige uma quantidade adicional de
recursos, ocasionando cargas ambientais significativas. Recursos adicionais de
51
manutenção, desmobilização e demolição são consumidas após a etapa de construção do
ambiente construído.
Em função disso, o setor é também responsável pelo consumo de parte significativa de
energia, água e pela geração de poluentes. Exemplificando, somente a decomposição do
cal durante a produção de clinquer de cimento Portland é responsável aproximadamente 3%
do CO2. Ainda que na indústria da construção civil, a demolição e a construção são também
a maior fonte de resíduos. Estima-se que os resíduos da construção e demolição variam
mundialmente de 163 a 3658 kg por capita, com valores aproximando de 400 kg por capita,
que são valores característicos de resíduos domésticos sólido. É necessário adicionar a este
total todos os resíduos gerados durante a produção de materiais de construção segundo
(John, 2001).
5.3 Retrofit como fator de sustentabilidade
A construção sustentável baseia-se no conceito de desenvolvimento sustentável, pois esta
relacionada com a diminuição dos impactos ambientais, reaproveitando, por exemplo, os
recursos naturais, racionalizando o uso da energia e utilizando tecnologias que permitam
economizar. Na busca pela atualização das edificações e reabilitação, através das técnicas
e dos processos de retrofit, devem ser realizadas de modo a encontrar uma sinergia com os
valores sustentáveis existentes na sociedade atual. Com isso, os parâmetros de
sustentabilidade alinhados com os processos de retrofit, devem contribuir para minimizar o
impacto ambiental do meioonde esta inserida.
Segundo Rosso (1980), o homem constrói para criar espaços onde determinadas
necessidades possam ser satisfeitas, certas funções cumpridas, e determinadas atividades
domésticas, sociais e econômicas realizadas, ao abrigo das ações do ambiente.
O grande estigma do tempo presente é a falta de cuidado. Descuidou-se de tudo, do plante,
das cidades, dos bairros, do habitat humano, enfim, perdeu-se os valores do reto agir. Logo,
a preocupação com a sustentabilidade nos procedimentos referentes ao retrofit vem em
contraponto ao descuidado instituído pelo paradigma mecanicista imposto pela revolução
industrial, onde se baseou o desenvolvimento civilizatório no antropocentrismo centralizador,
que acabou por comprometer a própria vida sobre o planeta (BOFF2001)
Segundo Costa (2010), ao avaliar os produtos de construção, não se pode pensar somente
nos recursos utilizados durante a produção e utilização, devendo considerar também o
52
consumo da energia de fontes não renováveis durante o seu transporte, armazenamento,
montagem e construção. Torna-se então necessário a procura por que sejam desenvolvidos
considerando sua energia incorporada, que devem apresentar as seguintes características:
A) Menor emissões de CO2 na sua fabricação;
B) A não utilização de matérias tóxicas;
C) Minimizar a utilização de combustíveis fósseis;
D) Com base de materiais reciclados e que garantem reciclagem futura;
E) Redução de material na sua produção;
F) Aumento do ciclo de vida;
G) Escolha por materiais biodegradáveis.
Segundo Guimarães (2014), desde a crise do petróleo no início da década de 70, a temática
em torno de recursos naturais, energia e ambiente tem sido constantemente discutido. Em
contraposição as inúmeras riquezas e abundância a todos os níveis, com índices de poder
de compra elevados, sempre existiu a miséria, sociedade a uma grande deterioração do
ambiente e índices máximos de poluição. Diante deste problema, surgiu o conceito de
desenvolvimento sustentável, que concilia três dimensões: dimensão econômica, dimensão
ambiental e social.
Ainda segundo Guimarães (2014), a avaliação da sustentabilidade nas edificações abrange
uma verificação do seu desempenho considerando um conjunto de critérios, que surgiu com
a necessidade de determinar o índice de sustentabilidade das edificações. Para reconhecer
o esforço dos projetistas foi necessário classificar o nível de desempenho através de
sistemas de certificação da sustentabilidade ou outras ferramentas desenvolvidas pelas
agências governamentais.
Com o desenvolvimento destes sistemas de certificação, pretende-se que a avaliação
garanta a sustentabilidade das edificações durante todo seu ciclo de vida, envolvendo os
diferentes elementos que a constituem. Para isso, é necessário definir os parâmetros
representativos que permitam avaliar o comportamento de uma solução em face de um ou
mais objetivos de desenvolvimento sustentável.
53
Conforme ilustrado na tabela 5 os indicadores a serem utilizados na avaliação de
sustentabilidade das edificações.
Tabela5 -- Mostra indicadores da sustentabilidade
Fonte: (GUIMARÃES, 2014)
As edificações que apresentam bom desempenho ambiental e, no entanto, não
cumpram as exigências funcionais, não podem ser consideradas como edificações
sustentáveis. Outro caso é a edificação que possua bom desempenho ambiental e que
cumpra com as exigências funcionais, porém, às vezes, seu custo de atualização seja
elevado. Sendo assim, estas edificações também não podem ser consideradas
sustentáveis. Assim um retrofit deve cumprir as exigências funcionais, proporcionado um
impacto ambiental positivo e ao mesmo tempo o seu custo não deve ser inviável, para que o
investidor obtenha retorno durante o ciclo de vida da edificação.
5.3.1 Sustentabilidade social
O emprego de material reciclado em programas de habitação popular, por exemplo, traz
bons resultados. Os custos de produção da infra-estrutura podem ser reduzidos. Porém,
como o princípio econômico que viabiliza a produção de componentes originários do entulho
é o emprego de maquinaria e não o emprego de mão de obra intensiva, nem sempre se
pode afirma que a sua reciclagem seja geradora de empregos segundo Corrêa (2009).
54
5.3.2 Sustentabilidade financeira
Segundo Corrêa (2009), experiências indicaram que é vantajoso economicamente substituir
a deposição irregular do entulho pela sua reciclagem. O custo para a administração
municipal é aproximadamente US$ 10 por metro cúbico de entulho clandestinamente
depositado, incluindo a correção da deposição e o controle de doenças. Estima-se que o
custo de reciclagem, por exemplo, fique perto de 25% desses custos, ou seja,
aproximadamente US$ 2,50/m3.
A produção de agregados com base no entulho pode gerar economias de mais de 80% em
relação aos preços dos agregados convencional. A partir deste material é possível fabricar
componentes com uma economia de até 70% em relação a similares com matéria-prima não
reciclada. Na grande maioria dos casos, a reciclagem do entulho possibilita o barateamento
das atividades de construção.
5.3.3 Sustentabilidade ambiental
Os principais resultados produzidos pela reciclagem do entulho são os benefícios
ambientais. A equação de qualidade de vida e da utilização não predatória dos recursos
naturais é mais importante que a equação econômica. Os benefícios são conseguidos não
só por se diminuir a deposição em locais impróprias como também por minimizar a
necessidade de extração de matéria-prima em jazidas, o que nem sempre é
adequadamente fiscalizado. Reduz-se, ainda, a necessidade de destinação de áreas
públicas para a deposição dos resíduos segundo Corrêa (2009).
5.4 Retrofit e as suas contribuições para sustentabilidade
A baixa qualidade de vida urbana, sua destruição e descaracterização do patrimônio
edificado e urbanístico das cidades, aliado a falta de sustentabilidade ecológica nos
processos decorrentes das ações urbanas implementadas, concorrem para uma crescente
agressão ambiental na relação entre os espaços construídos e naturais existentes. Portanto,
a recuperação, manutenção e restauração da edificação, tecnicamente chamado de retrofit,
objetiva possibilitar a readequação e a reinserção destes à estrutura da cidade.
55
Segundo Vale (2006), todos esses fatores se faz necessário à conscientização dos usuários
e dos gestores da construção civil, que desenvolvem ou venham a desenvolver esta
modalidade de reabilitação. Pois, a prática dos processos de rerofit, apresenta por si só,
parâmetro de sustentabilidade ecológica que se revela como uma veemente ferramenta de
sustentabilidade que deve ser apreciada e implementada principalmente nos grandes
centros urbanos.
Segundo Araújo (2004), uma edificação que sofre sua alteração por meio de um retrofitde
servir de modelo e assim utilizar materiais ambientalmente corretos atendendo, na medida
do possível, as recomendações que são:
A. Ser renovável ou não esgotar os recursos naturais;
B. Não agredir meio ambiente e contribuir para a sua melhoria, retirando dele resíduos
que comprometem o uso do solo, lençol freático, atmosfera, vida útil de aterros
sanitários e condições de saúde das comunidades;
C. Ser benéfico à saúde dos seres vivos e do ecossistema;
D. Não contaminar o ar, água, terra no processo produtivo e pós-uso;
E. Não gerar resíduos na produção ou uso;
F. Ser de matéria-prima natural, reciclada ou reciclável;
G. Ser fabricado industrialmente, devendo atender a demandas crescentes;
H. Conter insumos que contribuam para um elevado desempenho ambiental do produto;
I. Não consumir grandes quantidades de energia para sua extração, produção e/ou
funcionamento ou utilizar de energia renovável;
J. Conter especificações técnicas constando diferencial ambiental e desempenho
ambiental;
K. – conter menor quantidade possível de embalagens, de preferência recicladas e
biodegradáveis. Em último caso;
L. Recicláveis;
M. Ter custo competitivo, sendo uma alternativa aos similares convencionais de
mercado;
N. Atingir a população dos grandes centros urbanos, sem necessidade de ser usado
apenas em áreas rurais ou com área verde disponível;
O. Contribuir para a consolidação do eco negócio e do mercado verde;
P. Contribuir para o desenvolvimento de um modelo socioeconômico sustentável;
Q. Contribuir para a educação ambiental dos usuários e vizinhos;
R. Sempre que possível, os eco materiais devem permitir flexibilidade e adaptabilidade
arquitectônica da edificação para futuras reformas, ampliação e alteração de layout,
facilitando mudanças com o mínimo custo de materiais e energias.
56
6 PECULIARIDADES CONSTRUTIVAS E DIFICULDADES DE RETROFIT
O retrofit é um projeto mais difícil de ser feito, o detalhamento é maior. Essa dificuldade
aumenta na medida em que a edificação que será submetida ao retrofitfor um prédio
tombado pelo patrimônio histórico. Neste caso, precisa ser mantida a identidade da área e
da cidade. É um desafio para os arquitetos. Para projetar a adaptação tecnológica da
estrutura e das instalações é preciso analisar caso a caso, levando em conta o novo uso da
edificação. “Fazer retrofit é mais difícil do que criar um projeto novo, porque demande
adaptações estruturais, além da criação para instalações das novas tecnologias. E são
muitas as restrições. Há situações em que o tombamento contempla somente a fachada,
dando maior liberdade para intervenção nas áreas internas. Em outras, a readaptação
precisa ser feita mantendo todas as características originais da edificação, o que restringe o
projeto e a obra”.Há, ainda, outras particularidades. Por causa de todas as interferências
existentes, o retrofit exige um estudo mais rigoroso em relação à entrega de materiais e à
retirada de entulho.
6.1 Dificuldades de estudo de viabilidade do retrofit
De acordo com item 3.1.1, as dificuldades dependem meramente do tipo de
empreendimento, idade e sua localização. É de fundamental importância que se realize um
levantamento de dados para obter qualquer tipo de informação relacionada ao histórico da
edificação em questão: plantas arquitetônicas, levantamentos métrico da edificação
(traduzidas em plantas originais, cortes e fachadas), levantamento cadastrais das
instalações existentes (elétricas, hidráulicas e sanitária). Tendo todas essas informações,
mesmo assim, as dificuldades são impostas em função das limitações físicas da antiga
estrutura, pelos profissionais em trabalhar sobre um projeto de outro autor, etc.
A burocracia para viabilizar retrofit nas edificações antigas é incomparável. Desde
documentação, apresentação na prefeitura do projeto e as suas aprovações podem levar
alguns meses, levando até um ano de duração. No ponto de vista empresarial isso é
inadmissível. Segundo Camargo (2013), o empecilho é a aquisição de financiamento para
execução de retrofit. Os bancos e o programa “Minha casa, Minha vida” não possuem
nenhum produto em que esse tipo de obra se enquadre. Ele defende que este tipo de
57
construção tenha uma legislação municipal específica e que sejam concedidos incentivos
fiscais, como IPTU progressivo, que já acontece em Nova York.
De acordo com Marques (2014), especialista em gerenciamento de projetos arquitetônicos,
há necessidade que um estudo para avaliar a viabilidade do retrofit seja feita antes da
decisão final, já que a preocupação principal do método é manter as características originais
da edificação e o processo pode sair mais caro que uma reforma convencional e até mesmo
que a construção de um novo empreendimento. Apesar de um retrofit não gerar a mesma
margem de lucro que projetos de construções novas, ele ainda é uma escolha mais segura
no atual cenário econômico. Ele é geralmente menos arriscado por envolver menos
despesas com materiais, uma vez que a estrutura já está disponível em condições normais
(GROSSO, 2015)
6.2 Dificuldades executivas de retrofit
Conforme visto no item 4.2 que as legislações e normas voltadas às edificações variamentre
os estados, isso cria a autonomia de cada prefeitura de acordo com o código de obra local.
As exigências técnicas e de normatização, estabelecidas por cada prefeitura, evoluíram ao
longo do tempo. Nos anos 90, as edificações construídas no centro de São Paulo e do Rio
de Janeiro, por exemplo, não eram projetadas rampas de elevadores largos, que possa
atender a demanda futura da sociedade por acessibilidade, muito menos ter sistemas de
reaproveitamento de água de chuva. Hoje em dia, qualquer edificação deve cumprir com
uma série de normas com objetivo de organizar e regularizar o crescimento urbano, o uso e
ocupação do solo, garantir que tais ocupações não prejudiquem o meio ambiente, a
segurança, a acessibilidade das vias, nem interferir no bem estar da população.
Os métodos de diagnóstico das condições físicas das edificações a passar por processo de
retrofit como visto no item 3.2, ainda são precários. É inexistente metodologia de projeto
voltado nesse tipo de empreendimento. Na maior parte das intervenções realizadas, as
tecnologias construtivas utilizadas são as mesmas adotadas em obras novas, o que é
inadequado, resultando em longos períodos de intervenção, importantes alterações de
projetos e em grandes alterações no custo inicial, de acordo com a reportagem “Reabilitação
de edifícios: a importância dos sistemas prediais”.
Segundo Camargo (2013), construtor que atua na recuperação e na transformação das
edificações comerciais e residenciais na capital mineira, além de dificuldades técnicas como
estruturais com pilares e vigas muito grandes, que podem ser empecilhos para
58
remodelagem do espaço, a falta de memória de calculo e projetos detalhados da edificação,
que provocam dificuldades de execução de layout adequado, existem ainda dificuldades
logísticas, como retirada de entulho. Segundo autor, cumprir a norma de desempenho, NBR
15575, principalmente na questão acústica, é uma dificuldade enfrentada em obras de
retrofit já que são poucos os fabricantes que produzem esquadrias fora do padrão das
construções atuais.
Segundo Croitor (2009), cita que dificuldades podem ser encontradas no planejamento do
canteiro de obras. As edificações antigas não apresentam áreas livres suficientes para a
implantação do canteiro, o que dificulta o acesso ao interior da edificação, o abastecimento,
o armazenamento de materiais, podendo gerar trabalho e perda excessiva de material. Se
as edificações estiveram instaladas em área central da grande cidade, outro fator que
influencia o planejamento do canteiro é a restrição de tráfego de caminhões,
comprometendo a entrega de materiais e equipamentos.
O projeto Reabilita (2007), destacou que os projetistas têm dificuldade em atender questões
de segurança contra o incêndio e acessibilidade. Eles encontram dificuldade em adaptar as
condições das edificações às demandas de reserva de água para incêndio; devido ao tipo
de fundações e às limitações estruturais; às exigências de acessibilidade; às áreas comuns
de edificação.
6.3 Aprovação de projeto legal
Para aprovação de projeto legal de uma obra de retrofit, visto que não existe a legislação
específica para esse tipo de projeto, uma das dificuldades é fazero estudo de massa de uma
estrutura já existente, que possa atender a necessidade do cliente e atender as restrições
impostas pela prefeitura local. Porém, a sua aprovação é a mesma que um novo
empreendimento convencional.
Segundo a NBR 13531 – Elaboração de Projetos de Edificação – Atividades técnicas,
publicada pela ABNT em 1995, esta etapa é destinada à apresentação das informações
técnicas necessárias à análise e aprovação, pelas autoridades competentes, da concepção
da edificação e de seus elementos e instalações, com base nas exigências legais e à
obtenção do alvará ou das licenças e demais documentos indispensáveis para as atividades
59
de construção. Os projetos cumprem a obrigação legal de aprovação do projeto na
prefeitura local, será formatado segundo legislação vigente e/ou exigida por cada órgão
fiscalizador. Ele deve ser composto por uma documentação técnica com o mínimo de
informação necessárias para aprovação do projeto (MELO, 2010).
6.4 Aprovação de projeto executivo
De acordo com a NBR 13531 – Elaboração de Projetos de Edificação – Atividades técnicas,
publicada pela ANBT em 1995, esse projeto é destinado à concepção e à apresentação final
das informações técnicas da edificação e de seus elementos, instalações e componentes,
completas, definitivas, necessárias e suficientes à licitação ou contração e à execução dos
serviços de obra correspondentes.
Percebe-se que a medida que o tempo passa, as legislações, as normas, vem sofrendo as
alterações com objetivo de atender às necessidades presente. Tendo em vista essa
alterações, vinculado a retrofit das edificações, para as necessidades atuais, existem
inúmeras dificuldades para aprovação de um projeto executivo devido às restrições
impostas pala estrutura já existente, por contas das limitações do espaço e a necessidade
do cliente. Por exemplo, de acordo com a necessidade do cliente, é preciso aumentar altura
máxima da edificação, fazer mais aberturas para entrada da luz solar, alterar as posições
das vigas, fazer novos shsft para novas instalações, ter área molhada mínima, para atender
todos esses itens que apontam às dificuldades. Para o Melo (2010), os projetos executivos é
o “manual de instrução da obra”. Ele deve conter todas as informações necessárias, com
máximos de detalhes possíveis para que a sua execução na obra tenha êxito.
6.5 Aprovação de projeto construtivo
Percebe-se que esta etapa é a mera sequência do item 6.2 e do item 6.3 que é a etapada
construção propriamente dita. Ou seja, ele acontece quando tudo o que foi planejado na
fase de planejamento é posto em prática, voltada às práticas de retrofit, tais como as que
visam redução de desperdício de materiais e economia de energia. Porém, a sua execução
traz grande diculdade em prática. A grande verdade é que os projetos nem sempre são
compatíveis, sem contar com erros de premissas, falhas da execução. Segundo Alucci
(2010), a construção de uma edificação no terreno necessariamente atende a requisitos
legais, que em geral são estabelecidos por código de obra e leis de zoneamento. Tais
60
instrumentos não contemplam aspectos relativos ao desempenho térmico, acústico,
luminoso, ou mesmo energético da edificação.
61
7 RETROFIT: TENDÊNCIAS
O que se percebe hoje em dia em grandes cidades, tais como Rio de Janeiro, São Paulo,
Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador... São as novas caras e os novos ares que essas
cidades estão tendo. É como se as edificações fossem submetidas a uma cirurgia plástica
radical, dependendo claramente de nível de atuação do retrofit implementado. Desta forma,
percebe-se hoje uma tendência pela busca de moderna face do antigo, onde, edificações
tradicionais das cidades mencionadas escapam da decadência, adotando fachadas
arrojadas, aparato tecnológico e novas utilizações para seus espaços.
Neste contexto, segundo Vale (2006), as máquinas demolidoras dão lugar a guindaste que
içam placas de alumínio e vidros temperados. As antigas instalações são substituídas por
tecnologia de ponta, com o que de melhor o mercado pode oferecer. Em vez da distribuição,
o renascimento. Esta técnica vem recuperando as edificações antigas que estavam
condenadas a uma triste decadência. Em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, o
retrofit, mostra-se como uma nova tendência arquitetônica, muito próspera ao setor da
construção civil.
Ainda segundo Vale (2006), citou no seu trabalho o histórico Amarelinho, prédio da
Cinelândia erguido nos anos 30, no centro da cidade do Rio de Janeiro, tornou-se hoje um
centro empresarial. Depois de passar dez anos desocupado, a construção de linhas
clássicas foi reformada e se transformou numa edificação inteligente, com rede interna de
computadores e outros luxos tecnológicos. Ganhou reparos também em seu exterior, mas
sem prejuízo do estilo arquitetônico, característico da edificação.
A revista eletrônica Sistemas & Gestão (2012), apresentou os resultados de uma pesquisa
de opinião realizada por Moraes (2011), acerca de projetos de retrofit. Através de um
questionário, abordando um conjunto de temáticas relativas ao processo de um retrofit, foi
possível avaliar ograu de satisfação e motivação de profissionais envolvidos nesse
processo. Assim, buscou-se identificar as melhores práticas e tecnologias aplicadas na
implantação de um retrofit articulando questões de pesquisa, hipóteses e objetivos.
Conforme apresentado na tabela6, um conjunto de temática relativo ao processo de um
retrofit para avaliar grau de motivação e satisfação dos profissionais que atua nesse
processo.
62
Tabela 6 – Mostratemático relativo ao grau de motivação e satisfação dos profissionais que atuam no processo de retrofit.
Fonte: (MORAES, 2011)
7.1 Inovação tecnológica aplicada a retrofit
Na busca pelo modernismo, cada vez mais os projetos arquitetônicos têm trazido para
sociedade novas aparências (estética) construtivas, envolvendo tecnologias de ponta. Como
se não bastasse os projetos ousados, ainda chama atenção, os materiais empregados na
execução desses projetos.
63
No que se refere à retrofit de edificações, a maior parte das inovações tecnológicas é
voltada para o processo produtivo das diversos materiais empregado em “retrofit de
fachada” tais como: painel de alumínio ACM, Steel Frame, painel pré-moldado, fachada de
vidro, fachada ventilada, etc.
A tecnologia do GRC “Glassfibre Reinforced Concret” o que significa (Concreto Reforçado
com Fibra de Vidro), é caracterizada como um sistema que possibilita ganhos de
desempenho na composição das fachadas, melhorias nos processos de fabricação e no
construtividade, além de possibilitar a redução no consumo energético das edificações por
meio de painéis que incorpora camadas com elevado isolamento térmico e acústico.
Segundo Gomes (2015), parece um contrassenso encher uma edificação de vidro e
combater o calor com ar condicionado, quando a arquitetura brasileira tradicional já fazia
isso com sombreamento da fachada. Mas nos dias de hoje, o clima não pode ser
apresentado como um obstáculo, pois os novos vidros de alta performance deixam passar
luz e não calor, gerando uma consequente economia de energia.
Figura 19 -- Mostradetalhe da fachada do Edifício Gustavo Capanema
Fonte: (Edifício Gustavo Capanema)
Portanto, cada vez mais fachadas de vidro mudam a paisagem de região onde se
encontram escritórios de alto padrão. De olho nesse mercado, duas indústrias de vidro
plano, matéria-prima para o Vidor das fachadas e gigantes do mercado internacional vão
montar operações no Brasil, uma delas é a líder mundial AGC (Controle de Ganho
Automático).
Como se trata de uma construção não destrutiva, limpa e rápida, a fachada ventilada vem
sendo largamente usada em obras de retrofit. No entanto, o retrofit não é o grande mercado
64
potencial para esse tipo de fachada, mas, sim, os grandes edifícios comerciais, sedes
corporativas e institucionais, shoppings centers, hospitais e faculdades que usam
intensivamente a energia elétrica e que têm orçamento mais adequado para fazer face aos
custos do sistema.
Segundo Mazzarotto (2011), uma evolução tecnológica das fachadas ventiladas são as
fachadas duplas, que são utilizadas com “o intuito de minimizar os ganhos solares
incidentes sobre as fachadas largamente envidraçadas sem o uso de proteções solares
externas”. Este sistema apresenta pelo menos duas membranas de revestimento entre o
espaço interno da edificação e o ambiente externo, formando um canal para movimentação
do ar.
Como o Brasil não dispõe ainda de normas para a instalação e funcionamento de fachadas
ventiladas, algumas empresas utilizam normas estabelecidas para esquadrias e recorrem a
conceituadas instituições para avaliar e eficiência de seus produtos. É exatamente por isso
que a fachada ventilada ainda é pouco utilizada no país.
Figura 20 -- Mostra em perfil detalhe da fachada ventilada
Fonte: (Sousa Tavares, 2012)
7.2 Novas técnicas construtivas
Observa-se que as técnicas aplicadas no processo de retrofit por ser prática nova, não
diferem muito das práticas cotidianas da indústria de construção civil. O que se verifica, são
os cuidados a serem tomados uma vez que esta envolve materiais versáteis, menos
espesso, visando a ser mais leve e mais eficiente.
65
Para o Macaferri (2011), as diferenças entre um retrofit e uma obra convencional estão
muito mais ligadas à forma de se trabalhar. “A maneira de executar uma alvenaria não muda
se a obra é nova ou se é um retrofit. O que difere são as condições de trabalho, que no
retrofit muita das vezes ocorre em espaços limitados e com edificação em funcionamento”.
A figura 22 mostra resultado da pesquisa sobre “soluções técnicas para execução do
serviço” nessa temática os profissionais destacaram que a escolha da seleção de empresas
prestadoras de serviços, não apenas pelo menor preço, mas, sim, pela sua qualificação é
imprescindível para o sucesso de retrofit.
Figura 21 -- Frequências relativas (%) das respostas de acordo com grau de relevância dos itens em “Soluções técnicas para execução do serviço”
Fonte: (MACAFERRI, MORAES, QUELHAS , 2011)
66
7.2.1 Steel Frame
Steel Frame ou Sistema LSF (lightwegts Steel Framing) é uma designação utilizada
internacionalmente para descrever um sistema construtivo que adota o aço galvanizado a
frio, como elemento principal da estrutura, projetado para suportar as cargas da edificação e
trabalhar em conjunto com outros elementos, de forma a garantir os requisitos de
funcionamento da edificação segundo (GOMES, 2015).
Seguindo a mesma linha de raciocínio do Gomes (2015), a aplicação desse sistema permite
a redução de susto, através da otimização do tempo de fabricação emontagem da estrutura
“Steel Frame”, pois permite a execução de diversas etapas concomitantemente; por
exemplo, enquanto as fundações e estrutura da edificação estão sendo executados, os
painéis de fechamentos das fachadas podem ser confeccionados em fábrica. Isso traduz em
rapidez na construção, redução de mão de obra e equipamento pesado, melhorando as
condições de higiene e segurança na obra, não só, também reduzindo os resíduos.
Conforme ilustrado na figura 23, o sistema construtivo STEEL FRAME ou simplesmente
sistema LSF, de uma edificação em Florianópolis.
Figura 22 -- Steel Frame ou sistema- LSF
Fonta: (GOMES, 2015)
67
Segundo Gomes (2015), para as fachadas, a parede externa com Light Steel Framing é
usualmente constituída por ETICS (Externas Thermal Insula íon Composite Sustems),
elementos usado na Europa que protege a edificação contra agentes naturais, garantindo
um agradável aspecto estético. É também conhecido na Espanha como SATE (Sistema de
Aislamiento Termico Exterior) e EIFS (Exterior Insulation Finishing System) nos Estados
Unidos, além de placa OSB (Oriented Stands Board), perfil de aço, lã de rocha, placa de
OSB e placa de gesso. Um conjunto de materiais que chega a pesar 7,5 vezes menos que
uma parede de alvenaria.
Conforme ilustrado na figura 24, esquema de parede externa em perfil do sistema LSF
envolvendo todos os materiais constituintes, com seus respectivos dimensões.
Figura 23 -- Mostra a composição de parede LSF
Fonte: (GOMES, 2015)
7.3 Novos materiais
Conforme ilustrado na Figura 25, resultado da pesquisa sobre “Desenvolvimentos do
produto para execução do serviço” os resultados apontaram uma grande preocupação com
a verificação com o tipo de fundação e a solidez da estrutura, uma vez quea realização de
um retrofit pode envolver novos carregamentos.
68
Figura 24 -- Frequências relativas (%) das respostas de acordo com grau de relevâncias dos itens em “Desenvolvimento do produto para execução do serviço”.
Fonte: (MACAFERRI, MORAES,QUELHAS, 2012)
No Hospital A. C Camargo em São Paulo, uma das fachadas é tombada. Nesse caso,foi
necessário um elemento de contraposição entre as edificações, porém inserido de forma
harmônica com a fachada da história vizinha. Foi utilizado “chapas perfuradas metálicas”
sobre fachadas de todo conjunto lateral, e também nas coberturas dos blocos, solução que
proporciona total transparência para quem está dentro do prédio, mas nenhuma para quem
está por fora, conforme a figura em baixo.
69
Conforme ilustrado na figura 26,são duas fachadas diferentes, mas que traz uma
familiarização da visual com a implementação das chapas perfuradas metálica, colocada na
parte esquerda.
Figura 25 -- Mostra uma das fachadas de chapas perfuradas metálica do Hospital A. C. Camargo, São Paulo
Fonte: (Hospital A. C Camargo)
7.4 Novas pesquisas
Conforme visto anteriormente a tendência de retrofit no Brasil, traz a motivação para novos
campos de pesquisas voltada a viabilidade financeira da prática de retrofit. No item 3.1 foi
abordado eficiência energética nas edificações comerciais de 6 cidades brasileiras que
serão detalhadas posteriormente:
Segundo Lomardo et Peixoto (1999), os projetos das edificações no Brasil não são
orientados para melhoria de eficiência energética, devido à falta de normas e à falta de
profissionais habilitados para trabalhar neste campo interdisciplinar. Para o estudo, as
informações recolhidas em campo são inicialmente reduzidas e crescem de profundidade a
que o número de edificações se torna mais restrito. Objetivo desta estratégia é não perder a
noção do conjunto, gerando indicadores para subsidiar outras iniciativas como
estabelecimento de metas regionais de intensidade de consumo/potência por área e o
correlacionamento desse índices ás referencias climáticas locais (graus-dia de desconforto
para calor) assim, as etapas foram denominadas: Seleção prévia, Análise prévia, Visita
Técnica ao Edificação, Negociação com os Proprietários, Estudo de retrofit, Análise
Financeira e Acompanhamentos dos Resultados, que são mostrados nos itens 7.5.1
70
7.4.1 Seleção Prévia
Na seleção prévia foram selecionados os 15 maiores consumidores comerciais de cada
cidade, classificados como edifício de escritórios e que possuem medição horosazonal e ar
condicionado em todos os ambientes de trabalho.
7.4.2 Análise Prévia
Na análise prévia foram selecionados 10 dos 15 amostras iniciais que são: os maiores
consumidores de energia elétricapor área, as maiores demandas de potência elétrica por
área e são mais representativos para um projeto de demonstração.
7.4.3 Visita Técnica
Na visita técnica foram realizados contatos com a equipe de manutenção de cada
edificação, o que forneceu dados objetivos sobre as instalações prediais. A confirmação
com gerência executiva de compromisso com o PROCEL para executar projeto de retrofit a
ser desenvolvido na etapa de Estudo de Retrofit foi critério decisivo para seleção de duas
edificações entre os 10 selecionados nesta etapa.
7.4.4 Estudo de Retrofit
Em relação ao retrofit estudado em duas edificações para cada cidade. Novamente foram
realizados levantamentos de campos referente a saber: arquitetura das edificações, a todos
os equipamentos utilizados na edificação e dados necessários à simulação. Os padrões de
consumo, os levantamentos acerca de carga dos dados climáticos de horários, medições e
curvas de carga para os equipamentos de diferentes usos finais.
7.5 Resultados
De acordo com as pesquisas feitas no item 7.5, os resultados do retrofit propostos para 3
(três) edificações estudados Eletrosul, TELESC e FIESC são apresentados a seguir.
Segundo Lomardo et Peixoto (1999), o retrofit do sistema de iluminação causou uma
redução de 20% no consumo de energia elétrica anual. No sistema de ar condicionado, os
dois chillers centrífugos velhos foram mudados por um chillers novo de 410 TR e eficiência
de conversão mais alta (049 kW/TR). O chillers alternativo foi revisado e a ele se agregou
um tanque de armazenamento térmico da água. A redução total de consumo coma de
71
eletricidade com retrofit (iluminação + ar condicionado) foi de 25%. O payback calculado dos
investimentos de retrofit na iluminação e no sistema de ar condicionado é de 4,3 anos. O
payback pode parecer muito alto, mas como o sistema de ar condicionado já tem 20 anos e
as suas condições de operação são precárias, os investimentos para sua renovação já
eram previstos (tal fato não foi considerado na avaliação financeira do projeto).
Conforme ilustrado na figura 27foi estudadoas duas situações, retrofit de iluminação, termo
acumulado mais nova centrífuga no edifício Eletrosul. Percebe-se que o retrofit de
iluminação aparece na frente com valor máximo de aproximadamente 40 MWh.
Figura 26--,Simulação do efeito das opções de retrofit sobre o consumo de eletricidade mensal (MWh)
Fonte: (LAMARDO ET PEIXOTO, 1999)
Nas figuras 25 e 26 foram estudado apenas retrofit de iluminação de duas edificação
TELESC e FIESC, foram alcançadas a redução de consumo de 28% e 35%
respectivamente, mas muito mais se espera do retrofit de ar condicionado, pois no caso da
TELESC muitos sistemas independentes foram somados a edificação, devido á falta de
capacidade do sistema central.
72
A figura 28, apresenta uma simulação do efeito das opções de retrofit do edifício da
TELESC sobre o consumo de eletricidade mensal. Percebe-se que o máximo alcançado é
de aproximadamente 28 MWh.
Figura 27 -- Simulação de consumos elétrica mensal do efeito de retrofit de iluminação.
Fonte: (LOMARDO ET PEIXOTO, 1999)
A figura 29 mostra simulação do efeito das opções de retrofit do edifício da FIESC sobre o
consumo de eletricidade mensal. Percebe-se que o mínimo alcançado é de
aproximadamente 28 MWh do mês de Junho ao mês de Setembro.
Figura 28 -- simulação de consumos elétrica mensal do efeito de retrofit de iluminação.
Fonte: (LOMARDO ET PEIXOTO, 1999)
73
8 ESTUDO DE CASO
Para o estudo de caso foram escolhidos três amostras (empreendimentos), com diferentes
características em dois estados Brasileiros ambos com as localizações nos centros das
cidades. Rio de Janeiro – RJ, Porto Alegre- Rio Grande do Sul – RS, de modo a aprofundar
mais a prática do processo de retrofit, dificuldades e suas tendências. Sendo que alguns
empreendimentos já passaram pelo processo de retrofit e outros estão em execução. Em
cada um desses empreendimentos/obras foi estabelecido pelo autor deste trabalho contato
com os engenheiros e arquitetos da obra para uma entrevista visando obter informações e
acesso aos projetos, maquetes e modelos dos materiais a serem empregados durante
processo de retrofit.
8.1 Edifício CINE IMPERIAL- RS Porto Alegreconhecido como PROPRIEDADE DA
PREVIDÊNCIA DO SUL.
Um dos primeiros arranha-céus de Porto Alegre, construído entre 1931 a 1933
localizado na Rua dos Andrades nº 1073 com 11 andares, abrigou as salas dos cinemas
Imperial e Guarani. Após o término da reforma, foi adaptada a construção de um novo
elemento nos fundos, o local deve contar com um teatro com capacidade para 670 pessoas,
museus, exposição, ensaios de danças e salas multimídia que ocuparão os três primeiros
pavimentos, os restantes serão usados pelos departamentos de SMC (Secretaria Municipal
da Cultura).
Ao chegar na obra em andamento o autor foi recebido pela arquiteta responsável da
obra onde ela, simplesmente, permitiu a visita sem nenhuma informação e uso de câmera
fotográfica, pois segundo ela, como se trata de um convênio entre a caixa econômica e a
prefeitura de Porto Alegre, não é permitido quaisquer tipos de informações e uso de
câmeras fotográficas a não ser com a autorização da caixa econômica federal de Porto
Alegre. O autor foi orientado a procurar o setor de engenharia e arquitetura da Caixa
Econômica Federal. Da entrevista realizada junto a engenheiros e arquitetos da Caixa
Econômica Federal foram obtidas as seguintes informações:
74
Durante a entrevista foi questionado sobre as práticas construtivas utilizadas
segundo a engenheira, que são as práticas comuns usadas nas construções, no caso da
obra, a maioria dos andares são paredes de alvenaria convencional, alguns andares de
cima foram usados parede drywall e pisos elevados.
Por se tratar de um edifício no centro de Porto Alegre, em frente à praça de
alfândega, onde só existe acesso dos pedestres, pois nos laterais do prédio têm outros
edifícios colados, para recebimento dos materiais como não há possibilidade de fechar a rua
por algumas horas ou reduzi-la. Foi possível firmar um acordo com o proprietário de um
estacionamento rotativo na rua de trás com acesso a parte dos fundos da obra, que
posteriormente servirá como estacionamento no Cine Imperial, ou seja, oportunidade de
negócio. A figura 30 mostra em planta a parte em negrito o edifício Cine Imperial, e nos
fundos a parte circular, que é a rampa de acesso para os demais pavimentos do
estacionamento.
Figura 29 – Mostra em planta a parte em negrito o edifício CINE IMPERIAL,
Fonte: Caixa Econômica.
75
Dos materiais usados, segundo engenheiro, são todos disponíveis no mercado: tijolo
convencional, drywall, gesso acartonado e porcelanato. A empresa contratado para a
execução da obra tem mostrado uma boa eficiência, não só em termos de serviço, mas,
também em termos de projetos, pois existe muita flexibilidade de ajuste de projetos em
ambas as partes.
No que se refere prática de retrofit, são os sistemas de instalações elétricas,
hidráulicas e ar condicionado. Todos esses sistemas mencionados foram substituídos por
mais novos componentes disponíveishoje no mercado para adaptação de um novo uso. Já a
parte central que liga o edifício principal a novo edifício nos fundos, teve sua estrutura de
telhado mudado que antes de madeira para estrutura metálica mas,o modelo do telhado
francesa foi mantida.
Figura 30– Planta de corte que mostra a ligação dos três edifícios a principal, o central e a nova nos fundos.
Fonte: Caixa econômica
A mudança de layout em alguns pavimentos não chegou a interferir na parte
estrutural do edifício, pois os estudos feitos antes previam os acréscimos nos novos
materiais, muito embora, sejam mais leves. O uso desses materiais mais levetraz o
resultado não só da facilidade de execução assim como ganho de tempo e menos entulho
gerado na obra.
76
Maior dificuldade encontrada na obra até o momento foi a execução dafundaçãopara
a construção do edifício dos fundos que liga a edifício central, pois descobriu que tinha
rocha que precisava ser demolida para assentamento da base das fundações, por conta
disto, foi feito todo um estudo de modo a não comprometer as fundações vizinhas, onde foi
preciso a construção de uma parede de contençãopara depois iniciar a demolição e
aberturas nas vigas para instalações de novos componentes de ar condicionado.
Figura 31 – Maquete de como seria o edifício propriedade da previdência do sul depois da retrofit.
Fonte: Caixa Econômica.
8.1 Edifício LUCIO COSTA, Rio de Janeiro - RJ
O edifício com 31 andares construído na década de 60 no centro de Rio de Janeiro,
o “BANERJÃO”, como ficou conhecido está passando por processo de modernização por
conta de um novo uso, onde passará a funcionar como centro administrativo da ALERJ
(Assembleia Legislativa de Estado do Rio de Janeiro).
Segundo o Arquiteto, Retrofit é uma glamorização da Reforma! No edifício
funcionavamvárias secretarias do governo do estado e banco do estado, denominado
BANERJ (Banco de Estado do Rio de Janeiro), ou seja, tinham vários tipos de uso, e assim
funcionou por muito tempo até que o governo do estado decidiu que a ocupação do prédio
77
vai passar a ser do poder legislativo. Por conta dessa mudança de uso, ocasionou a
modernização do prédio, que vai passar a ser nova sede da ALERJ. Segundo o arquiteto,
houve mudança total no Layout como mostra a planta arquitetônica em anexo, por conta de
novos usos.
A mudança de Layout não chega interferir na parte estrutural do prédio, pois serão usado
materiais leves como paredes de drywall, gesso acartonado, forros, pisos elevado, etc.., que
tem como objetivo aliviar a estrutura no seu todo. Em alguns casos foram usados paredes
de alvenaria convencional para proteção contra umidade, sala de casa de máquinas e em
algumas áreas de sanitários. A modernização do edifício está acontecendo mais na parte
interna, começando pelas paredes, instalações elétricas, sistemas de ar-condicionado e
novos sistemas de elevadores. Na parte de instalações ficou fácil a execução pois, apesar
que a construção é da década de 50 tinham a visão de modernismo, deixando abertura nas
vigas paredes para passagens de fiações e tubulações, diminuindo a necessidades de
intervir nas vigas. O que foi detectado da parte estrutural são algumas ferragens expostas
na fachadaque nunca comprometeu o funcionamento do edifício antes do início da obra.
As práticas de execução usadas são as mesmas que já faziam parte das construções
atuais, como gesso acartonado, forro, drywall, pisos elevados, porcelanato, granito, etc... A
empresa chegou a cogitar a possibilidade de usar novos materiais virox da patente
portuguesa porém, pelo custo da importação não seria viável economicamente. Umas das
dificuldades que a equipe de projetos enfrenta no momento é de encontrar às plantas
originais, que a grande maioria é feito à mão que alguns não se encontram em estado de
conservação de boa qualidade.
78
Figura 32- Mostra a planta de subsolo do edifício Lucio Costa
Fonte: Edifício Lucio Costa
Figura 33–Mostra planta do 7º pavimento em que algumas partes da estrutura começam trabalhar em balanço.
Fonte: Edifício Lucio Costa.
79
Figura 34 – Mostra plante do 14º pavimentos em que quase cinquenta por centos (50%) da estrutura começa trabalhar em balanço.
Fonte: Edifício Lucio Costa.
8.2 Obra de RETROFIT de fachada do edifício da CAIXA CULTURA, situado no
endereço Almirante Barroso 25, esquina com Rio Branco- RJ
Na obra o autor pode presenciar as atividades que estão acontecendo nesta primeira fase,
que é a demolição da fachada antiga e posteriormente a segunda fase que é a montagem
da fachada ventilada.
Depois da visita foi feita uma uma entrevista com o engenheiro para melhor aprofundar o
desenrolar da obra de retrofit de fachada. Como no momento está sendo feito a demolição
da fachada antiga, segundo o engenheiro, o prédio está coberto de duas telas de proteção
contra poeira. Foi montado os andaimes de proteção e amortecimento de queda, para as
pessoas que estão passando debaixo do prédio, possam passar com segurança e para
evitar os possíveis barulhos dos pedaços de concretos que podem cair no momento da
retirada dos materiais da fachada no caso ACM. Quando começou a demolição da parte
superior da edificação, o terraço foi usado para estoque das matérias ACM retiradas da
fachada, e por motivo da segurança isolaram totalmente às áreas de circulação, criaram vias
de circulação dos operários, utilizando setas no piso indicando assim o sentido da
circulação.
80
A equipe da demolição além de serem especializados, a cada dia passa por um treinamento
de 15 minutos antes do início da demolição, com a câmera fotográfica para registrar os
pontos críticos no momento da demolição, que posteriormente é discutido com o engenheiro
de modo a encontra a melhor solução.
A prática adotada para demolição da fachada é feita através de uma caixa acoplada
nos pilares fixadas com parabolt, e dentro dessa caixa fica o operário com martelete para
extração do material ACM. Essa caixa tem a função não só de garantir mais segurança ao
operário assim como, de diminuir risco de queda de pedaços de ACM e concretos.
Quando foi questionado sobre a mudança de Layout, segundo o engenheiro é
completamente diferente se olhasse pelas plantas das fachadas e as fotos da antiga
fachada e como estas serão depois da retrofit, uma coisa não tem nada a ver com a outra. E
essa mudança de Layout não teve a interferência na parte estrutural do prédio, pois são
materiais mais leves.
Segundo o engenheiro, as dificuldades atuais são em termos logísticos, pois dependendo da
quantidade dos matérias retirados, os espaços disponíveis não suportam tais volumes de
materiais, ocasionando um pouco de risco de acidentes.
8.3 SÍNTESE DAS PECULIARIDADES E DIFICULDADES EXECUTIVAS
ENCONTRADAS NAS OBRAS.
Através dos estudos de caso foi possível uma matriz correlacionando os problemas
encontrados nas obras Cine Imperial, Lucio Costa e Caixa Culta.
Tabela 7 - Mostra as correlações dos problemas encontrados nas três obras visitadas
Etapas
construtivas de
retrofit
Referências
Bibliográficas
Edifício Cine
Imperial
Edifício Lucio
Costa
Edifício Caixa
Cultura
Fundação Reforços nas
fundações
devidos novos
carregamentos
Problema
relacionado a
assentamento
do refor na
fundação
Fundações
em ótimas
condições
Fundações
em ótimas
condições
Logística Problemas de
logísticas
Problemas de
logísticas
Problemas de
logísticas
Problemas de
logísticas
Segurança
contra
Reservatório
não atende
Reservatório a
favor a
Reservatório a
favor a
Reservatório a
favor a
81
incêndio devido a
fundação
segurança segurança segurança
Estrutura Pilares e vigas
muitos
grandes, que
podem ser
empecilhos
Estruturas em
ótimas
condições
Problema
relacionado ao
cobrimento
Estruturas em
ótimas
condições
Vedações Problemas
acústicas
A obra ainda
não passou
nessa fase
A obra ainda
não passou por
essa fase
A obra ainda
não passou
por essa fase
Acabamentos A obra ainda
não passou por
essa fase
A obra ainda
não passou por
essa fase
A obra ainda
não passou
por essa fase
Instalações Problemas
relacionado as
aberturas na
vigas e
mudanças de
pilares
Problema
relacionado as
aberturas nas
vigas para
passagem dos
novos
componentes de
ar condicionado
Problema
relacionado as
aberturas nas
vigas para
passagem dos
novos
componentes de
ar condicionado
Com os resultados das correlações, concluiu-se que para atender às necessidades das
novas instalações dos sistemas de ar condicionado nas edificações antigas, os problemas
são praticamente as mesmas, pois, as construções antigas não previamtais demanda.
82
9 CONCLUSÕES
Através das pesquisas bibliográficas, artigos, sites de empresas engajadas no processo de
retrofit de edificações e alguns profissionais que atuam nessa área, concluiu-se que existe
divergência da nomenclatura de retrofit voltada a edificação. Os mais comuns são: “retrofit
de edificações” e “reciclagem de uso das edificações”
Na atual conjuntura em que se fala da sustentabilidade, pode-se entender o retrofit como um
instrumento a ser incorporado às políticas públicas para se promover o desenvolvimento
urbano sustentável das grandescidades contemporâneas.
Pela análise teórica do retrofit de edificações, constatou-se a necessidade de ter uma
legislação específica para esse tipo de obra, uma vez que nas grandes cidades esse é o
futuro do mercado da construção, onde já não existe mais espaços disponíveis para novas
construções ou estes são muito caros e as edificações estão ficando obsoletas e
subutilizadas devido à ação do tempo.
Através dos estudos de caso foi possível entender que, mesmo com um projeto bem
elaborado e estudos adequados, ainda assim, existemmuitas dificuldades a serem vencidas
no momento da execução. Dependendo da obra, uma das soluções é alteração do projeto.
Porém, é possível adequar uma edificação antiga com investimento em técnicas e materiais
versáteis e sustentáveis para a sua nova vida, sendo ela próximo ao antigo uso ou não.
83
Ainda, através dos estudos de caso, percebe-se que existe certa convergência das
dificuldades em termos logísticos, independentemente da cidade, pois grande maioria das
obras de retrofit acontece em grandes centros comerciais, onde existe fluxo das pessoas
tempo todo ao longo do dia.
No que se refere a execução do processo de retrofit de edificação, existe uma necessidade
de ter em canteiro de obra além do engenheiro e o arquiteto, assim como, o representante
do fornecedor dos materiais a serem empregados, e principalmente o projetista
dependendo de grau de intervenção.
Sobre a tendência da prática do processo de retrofit, percebe-se que têm muito a ver com
questão política e econômica. Uma vez sanada, abre a possibilidade de mais investimento
no setor da construção civil.
Como recomendação para trabalhos futuros, fica uma ação de pesquisa sobre as
peculiaridades da prática do processo de retrofit voltada às edificações comerciais, sobre
dados estáticos do retrofit de edificações, que possa contribuir no desenvolvimento de uma
legislação específica para retrofit, e por fim, os materiais mais aplicados e técnicas
compatíveis com o conceito do retrofit.
84
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