PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM -...

63
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II Título do Projeto : FORMULAÇÃO DE MODELO TERMODINÂMICO PARA PREVISÃO DE LIBERAÇÃO E ABSORÇÃO DE GÁS EM MEIOS LÍQUIDOS Autor : VÍTOR JOSÉ JERÔNIMO DE MORAES Orientador : FELIPE BASTOS DE FREITAS RACHID Data: 26 de JULHO de 2016

Transcript of PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM -...

Page 1: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

TCE - Escola de Engenharia

TEM - Departamento de Engenharia Mecânica

PROJETO DE GRADUAÇÃO II

Título do Projeto :

FORMULAÇÃO DE MODELO TERMODINÂMICO PARA

PREVISÃO DE LIBERAÇÃO E ABSORÇÃO DE GÁS EM

MEIOS LÍQUIDOS

Autor :

VÍTOR JOSÉ JERÔNIMO DE MORAES

Orientador :

FELIPE BASTOS DE FREITAS RACHID

Data: 26 de JULHO de 2016

Page 2: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

VÍTOR JOSÉ JERÔNIMO DE MORAES

FORMULAÇÃO DE MODELO TERMODINÂMICO PARA

PREVISÃO DE LIBERAÇÃO E ABSORÇÃO DE GÁS EM

MEIOS LÍQUIDOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Mecânica da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção

do grau de Engenheiro Mecânico.

Orientador:

Prof. FELIPE BASTOS DE FREITAS RACHID

Niterói

2016

Page 3: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

Page 4: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

TCE - Escola de Engenharia

TEM - Departamento de Engenharia Mecânica

PROJETO DE GRADUAÇÃO II

AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

Título do Trabalho:

FORMULAÇÃO DE MODELO TERMODINÂMICO PARA PREVISÃO DE

LIBERAÇÃO E ABSORÇÃO DE GÁS EM MEIOS LÍQUIDOS.

Parecer do Professor Orientador da Disciplina:

- Grau Final recebido pelos Relatórios de Acompanhamento:

- Grau atribuído ao aluno nos Seminários de Progresso:

Parecer do Professor Orientador:

Nome e assinatura do Prof. Orientador:

Prof.: FELIPE BASTOS DE FREITAS RACHID Assinatura:

Parecer Conclusivo da Banca Examinadora do Trabalho:

Projeto Aprovado sem restrições

Projeto Aprovado com restrições

Prazo concedido para cumprimento das exigências: / /

Discriminação das exigências e/ou observações adicionais:

Page 5: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

TCE - Escola de Engenharia

TEM - Departamento de Engenharia Mecânica

PROJETO DE GRADUAÇÃO II

AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

(continuação)

Aluno : Vítor José Jerônimo de Moraes Grau :

Composição da Banca Examinadora :

Prof.: Felipe Bastos de Freitas Rachid Assinatura :

Prof.: Maria Laura Martins Costa Assinatura :

Prof.: Daniel Rodriguez Alvarez Assinatura :

Data de Defesa do Trabalho : / / 2016

Departamento de Engenharia Mecânica, / / 2016

Page 6: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho em especial ao meu pai Naldeir José e à minha mãe Rosana, que

sempre me apoiaram para conseguir meus sonhos, e aos meus finados avós que certamente

estariam muito felizes com esta conquista.

Dedico também a toda a minha família e amigos, que sempre esteve presente na minha

vida e incentivaram meus estudos.

Page 7: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família e amigos pelo suporte e compreensão nos períodos difíceis

desta caminhada.

Agradeço aos professores que tive durante a idade escolar, que contribuíram para que

eu pudesse ingressar numa universidade com a Universidade Federal Fluminense e ajudaram

na minha formação como pessoa e estudante, e aos professores da UFF que me deram

conhecimento técnico para me tornar um Engenheiro. Agradeço também à Equipe Tuffão Baja

SAE que me proporcionou uma experiência sem igual nos meus dois anos de participação.

Agradecimentos especialmente ao professor Felipe Bastos de Freitas Rachid por me

orientar nos projetos de Iniciação Cientifica e no Projeto Final de Graduação.

Page 8: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

RESUMO

Este trabalho desenvolve um modelo mecânico, com forte respaldo termodinâmico para

descrever a liberação e absorção de gás em meio líquido quando submetidos a variações de

pressão e deformações volumétricas. As hipóteses simplificadoras do modelo são:

transformação isotérmica, mistura homogênea formada por líquido e gás inerte que coexistem

em um mesmo ponto material e instante de tempo, condição de escoamento homogêneo sem

deslizamento, e ausência de tensões superficiais na troca de fase. Os parâmetros do modelo são

definidos para uma mistura de ar e óleo polimérico. Por fim o modelo é validado através da

comparação com resultados experimentais.

Palavras-Chave: Cavitação gasosa; termodinâmica; processos irreversíveis.

Page 9: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

ABSTRACT

The presented work presents a mechanic model, with strong thermodynamic basis for

describing gas release and absorption in liquids media when the gas liquid mixture is submitted

to changes of pressure and volume. The mixture is supposed to be comprised by a liquid with

an inert gas dissolved in it, along with free gas dispersed throughout. The simplification

assumptions are isothermal transformation, homogeneous mixture with no slip condition, and

no surface stress between phases. The model parameters are determined with experimental data

and then the model is validated through comparison with experimental results.

Key-Words: gaseous cavitation; thermodynamics; irreversible process.

Page 10: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 3.1 – Vista simplificada do mecanismo de teste. ..................................................................................... 36 Figura 3.2 – Resultados para o teste de compressão e descompressão: a) pressão na câmara; b) pressão na

câmara vs. deslocamento do pistão. ..................................................................................................................... 36 Figura 3.3 – Evolução dinâmica da fração mássica e da fração volumétrica de gás livre durante a simulação.

............................................................................................................................................................................... 38 Figura 3.4 – Densidade de massa do experimento, do modelo dinâmico e do estático. ..................................... 39 Figura 3.5 – Comparação do módulo de bulk do fluido do experimento, do modelo dinâmico. ....................... 40 Figura 4.1 – Ajuste das funções de transferência de massa para Γ e Rs............................................................ 48 Figura 4.2 – Resultados de simulação para fgl obtidos pelos diferentes modelos. .............................................. 51 Figura 4.3 – Resultado de simulação para α obtidos pelos diferentes modelos. ................................................ 51 Figura 4.4 – Resultados de simulação para ρ obtidos pelos diferentes modelos e o resultado experimental. ... 52 Figura 4.5 – Diferentes curvas das equações de estado para densidade de massa de gás usadas nos dois

modelos. ................................................................................................................................................................ 53 Figura 4.6 – Diferentes curvas das equações de estado para densidade de massa do óleo usadas nos dois

modelos. ................................................................................................................................................................ 53 Figura 4.7 – Resultado de simulação para α obtidos pelos diferentes modelos utilizando as equações (2.40)

como equações de estado. ..................................................................................................................................... 54 Figura 4.8 – Resultados de simulação para ρ obtidos pelos diferentes modelos utilizando as equações (2.40)

como equações de estado e o resultado experimental. ......................................................................................... 54 Figura 4.9 – Resultados de simulação de compressão para α obtidos para o estado de equilíbrio (eq. 4.17),

para Γ da eq.4.13 e para o Γ modificado da eq. 4.34 e para a pressão adimensionalizada e com escala

modificada. ........................................................................................................................................................... 57 Figura 4.10 – Resultados de simulação de descompressão para α obtidos para o estado de equilíbrio (eq.

4.17), para Γ da eq.4.13 e para o Γ modificado da eq. 4.34 e para a pressão adimensionalizada e com escala

modificada. ........................................................................................................................................................... 58

Page 11: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Parâmetros de teste _____________________________________________________________ 37 Tabela 3.2: Parâmetros da simulação ________________________________________________________ 38 Tabela 4.1: Resultados do problema de minimização ____________________________________________ 48 Tabela 4.2: Constantes materiais ____________________________________________________________ 49

Page 12: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

LISTA DE ABREVIATURAS. SIGLAS E SÍMBOLOS

ag – Velocidade de propagação de onda do gás

al – Velocidade de propagação de onda do líquido

Ap – Área do pistão do experimento

Bc – Lei de estado que relaciona a variação da energia livre de Helmholtz da mistura com a

concentração de gás dissolvido

𝐵𝑐̇ – Lei de estado que relaciona a variação do pseudopotencial de dissipação com taxa de

variação da concentração de gás dissolvido

Bα – Lei de estado que relaciona a variação da energia livre de Helmholtz da mistura com a

fração volumétrica de gás livre

𝐵�̇� – Lei de estado que relaciona a variação do pseudopotencial de dissipação com a taxa de

variação da fração volumétrica de gás livre

BΓ – Lei de estado que relaciona a variação do pseudopotencial de dissipação com a taxa de

transferência de gás

Bρg – Lei de estado que relaciona a variação da energia livre de Helmholtz da mistura com a

densidade de massa do gás

Bρl – Lei de estado que relaciona a variação da energia livre de Helmholtz da mistura com a

densidade de massa do líquido

c – Concentração de gás dissolvido

c0 – Concentração inicial de gás livre para

ce – Concentração de gás dissolvido no equilíbrio

ce0 – Concentração de gás dissolvido para situações de equilíbrio e pressão atmosférica

Cg – Calor especifico a volume constante do gás

Cl – Calor especifico a volume constante do líquido

D – Parcela simétrica do gradiente de velocidade

d – Taxa de dissipação por unidade de volume de fluido

E – Módulo da mistura

Page 13: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

E0 – Módulo de bulk do líquido

fa – Função para a liberação de gás para o modelo dinâmico

fgl – Fração mássica de gás livre

fglH – Fração mássica de gás livre prevista para o equilíbrio

fgt – Fração mássica total de gás na mistura

fr – Função para a liberação de gás para o modelo dinâmico

ga – Função para a absorção de gás para o modelo termodinâmico

gg – Energia livre de Gibbs do gás

gl – Energia livre de Gibbs do líquido

gr – Função para a liberação de gás para o modelo termodinâmico

I – Matriz identidade 3x3

K21 – Constante material associada ao aumento da fração mássica de gás livre

K22 – Constante material associada à diminuição da fração mássica de gás livre

KH – Constante de proporcionalidade da Lei de Henry para concentração de gás dissolvido

la – Erro entre as funções de absorção dos dois modelos

lr – Erro entre as funções de liberação dos dois modelos

m0 – Massa da mistura no experimento

na – Constante material associada a absorção de gás

nr – Constante material associada a liberação de gás

p – Pressão instantânea

p0 – Pressão atmosférica

pe – Pressão de equilíbrio

pg – Pressão parcial do gás

pl – Pressão parcial do líquido

pv – Pressão de vapor do líquido

q – Fluxo de calor

r – Geração de calor

Rs – Taxa de variação da fração mássica de gás livre

S – Constante de proporcionalidade da Lei de Henry para volumes

s – Entropia por unidade de volume da mistura

S – Tensor das tensões devido ao escoamento

u – Vetor dos coeficientes para liberação de gás do modelo termodinâmico

u1 – Primeiro coeficiente para liberação de gás do modelo termodinâmico

u2 – Segundo coeficiente para liberação de gás do modelo termodinâmico

Page 14: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

v – Vetor velocidade

V – Volume ocupado pela mistura

V0 – Volume inicial da câmara do experimento

Ve – Volume de gás dissolvido no equilíbrio

Vg – Volume ocupado pelo gás

VH – Volume da mistura previsto para o equilíbrio

Vl – Volume de líquido

w – Vetor dos coeficientes para absorção de gás do modelo termodinâmico

w1 – Primeiro coeficiente para absorção de gás do modelo termodinâmico

w2 – Segundo coeficiente para absorção de gás do modelo termodinâmico

x – Posição instantânea do pistão

x0 – Posição inicial do pistão

α – Fração volumétrica de gás livre

α0 – Fração volumétrica inicial de gás livre

αH – Fração volumétrica de gás livre previsto para o equilíbrio

βa – Função material da fração volumétrica de gás livre associada a absorção de gás

βa’ – Constante material associada à fração volumétrica de gás livre para a absorção de gás

βr – Função material da fração volumétrica de gás livre associada a liberação de gás

βr’ – Constante material associada à fração volumétrica de gás livre para a liberação de gás

Γ – Taxa de transferência de massa de gás

θ – Temperatura absoluta da mistura

λ – Expoente politrópico para o ar (capitulo 3)

λ – Viscosidade de bulk da mistura (capitulo 2)

μ – Viscosidade dinâmica da mistura

ρ – Densidade de massa da mistura

ρg – Densidade de massa do gasosa

ρg0 – Densidade de massa inicial do gás

ρH – Densidade de massa da mistura prevista para o equilíbrio

ρl – Densidade de massa do líquida

ρl0 – Densidade de massa inicial do líquido

𝜌𝑙0 – Densidade de massa do líquido a pressão nula

τ – Tempo característico do processo de variação da fração mássica de gás livre

Φ – Pseudopotencial de dissipação

Ψ – Energia livre de Helmholtz

Page 15: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

Ψc – Energia livre de Helmholtz do gás dissolvido

Ψg – Energia livre de Helmholtz do gás livre

Ψl – Energia livre de Helmholtz do líquido

Page 16: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 16 1.1 SITUAÇÃO DO PROBLEMA 16

1.2 OBJETO 17

1.3 OBJETIVO 18

1.4 METODOLOGIA E ESTRUTURA 18

2 BASE TEORICA 20 2.1 LEI DE HENRY PARA ESTADOS DE EQUILÍBRIO 20

2.2 EQUAÇÕES DE BALANÇO 21

2.3 TEORIA CONSTITUTIVA 23

2.3.1 ENERGIA LIVRE DE HELMHOLTZ E LEIS DE ESTADO 23 2.3.2 PSEUDOPOTENCIAL DE DISSIPAÇÃO E LEIS DE ESTADO COMPLEMENTARES 25 2.3.3 EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS 27

3 DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES COM BASE EM RESULTADO

EXPERIMENTAL 32 3.1 MODELO PROPOSTO PARA CAVITAÇÃO GASOSA 32

3.2 EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS DO MODELO 34

3.2.1 DENSIDADE 34 3.2.2 MÓDULO DE BULK 34 3.3 EXPERIMENTO E VALIDAÇÃO 35

4 COMPARAÇÃO DOS MODELOS 42 4.1 COMPARAÇÃO DOS MODELOS 42

4.2 DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES 43

4.2.1 FORMULAÇÃO DOS PARÂMETROS Β 43 4.2.1.1 Formulação geral de αH 45 4.2.2 DETERMINAÇÃO DAS CONSTANTES MATERIAIS 46 4.3 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE SIMULAÇÃO 49

4.3.1 MODIFICAÇÃO NO SISTEMA DE EQUAÇÕES DO MODELO TERMODINÂMICO 49 4.3.2 RESULTADOS DE SIMULAÇÃO 50 4.3.3 MÉTODOS NUMÉRICOS UTILIZADOS 55 4.3.4 APRIMORAMENTO DO MODELO TERMODINÂMICO 55

5 CONCLUSÕES 59

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 61

Page 17: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

16

1 INTRODUÇÃO

1.1 SITUAÇÃO DO PROBLEMA

Líquidos podem absorver gás em contato com suas superfícies livres através de um

processo difusivo. A quantidade de gás que um líquido pode absorver depende das

características do gás, do líquido, da temperatura e da pressão sobre o líquido. Por exemplo, um

recipiente cheio de líquido, aberto, em contato com o ar e em repouso tem uma certa quantidade

de gás dissolvido. Caso a pressão sobre o líquido aumente ou a temperatura do líquido diminua,

mais gás será absorvido pelo líquido, caso a pressão diminua ou a temperatura aumente, gás

será liberado pelo líquido. Este processo é conhecido como cavitação gasosa, onde o gás é

liberado da solução em forma de bolhas que migram para a superfície livre do líquido ou são

transportadas pelo fluxo de fluido como gás livre. Gás também pode ser absorvido das bolhas

para o líquido ou das superfícies livres para o líquido.

Cavitação gasosa acontece em escoamentos internos e externos, em regime permanente

e transiente. Segundo Rachid (2013), “a curvatura do contorno de superfícies sólidas em contato

com os líquidos, vórtices, turbulência e ondas de expansão transitórias são alguns exemplos

típicos de fontes responsáveis pelo desencadeamento do fenômeno de liberação de gás”.

Devido a maior compressibilidade do gás em relação a do líquido, a presença de gás

livre no líquido, mesmo que em pequenas quantidades, é responsável pela redução das

velocidades de frente de onda e pela atenuação dos picos de pressão quando fenômenos de

propagação de onda estão envolvidos. Kim (2012), Zhou et al. (2013) e Gholizadeh (2014)

mostram que a presença de gás livre na mistura influencia drasticamente o módulo de bulk da

mistura para situações de baixa pressão. Rachid (2013) mostra como que a presença de gás livre

influencia a velocidade de propagação de onda da mistura. De acordo com Rachid (2013)

“dependendo da quantidade de gás livre e dos níveis de pressão, a velocidade de onda pode

atingir valores comparáveis com a velocidade de escoamento do fluido, dando origem à

ocorrência de ondas de choque”.

Zhou et al. (2013) explica que “as propriedades de fluidos, em particular densidade,

viscosidade e módulo de bulk do fluido, são parâmetros cruciais no estudo do comportamento

de sistemas hidráulicos e na operação detalhada de seus componentes”. Um exemplo desta

influência é mostrado por Lema, 2015, que estuda os efeitos da presença de gás em líquidos no

golpe de aríete gerado pela abertura abrupta de válvula de controle de sistemas de injeção de

combustível em satélites.

Page 18: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

17

Os modelos que são geralmente empregados para fenômenos transientes em fluidos ou

não consideram os fenômenos de absorção de gás ou usam a extensão da lei de Henry, para

estados de equilíbrio termodinâmico, em situação de não equilíbrio termodinâmico. Estas

abordagens não descrevem corretamente a dissipação de energia no processo, gerando

resultados ruins na previsão do comportamento do fluido, como mostrado por Kim (2012),

Zhou et al. (2013) e Gholizadeh (2014). Sendo assim, este trabalho tem como objetivo a

elaboração de um modelo com forte respaldo termodinâmico para a previsão dos fenômenos de

liberação e absorção de gases em meio líquidos, que seja capaz de retratar corretamente as

mudanças causadas pela presença de gás livre no líquido.

1.2 OBJETO

O objeto de estudo deste trabalho é a cavitação gasosa, onde fenômenos de absorção e

liberação de gás em líquidos acontecem, sendo que existem dois tipos de cavitação, a cavitação

gasosa e a cavitação vaporosa. De acordo com Rachid (2014):

Cavitação é a formação de fase gasosa em líquidos devido a variação de pressão. Existem dois tipos

de cavitação, a cavitação vaporosa e a cavitação gasosa. As duas ocorrem aproximadamente a

temperatura constante. A cavitação vaporosa consiste na formação de vapor e a cavitação gasosa a

liberação de gás dissolvido na fase líquida. Enquanto a cavitação vaporosa ocorre quando a pressão

cai abaixo da pressão de vapor do líquido, a cavitação gasosa ocorre quando a pressão cai abaixo da

pressão de saturação de gás no líquido.

Como este trabalho visa a elaboração de um modelo para os fenômenos envolvidos na

cavitação gasosa a cavitação vaporosa não será considerada. Existem diversos modelos

propostos para o estudo de fenômenos de cavitação, sendo que eles podem basicamente ser

classificados entre dois tipos de abordagem, a abordagem para escoamento bifásico e a

abordagem para escoamento homogêneo. Zhou et al. (2013) explica a diferença entre essas duas

abordagens como:

A abordagem de escoamento bifásico é comumente usada em CFD e permite análises detalhadas do

campo do escoamento dentro de alguns componentes hidráulicos. Nos métodos de escoamento

bifásico, a fase gasosa e a fase líquida são governadas por equações de conservação de massa e

momento de forma separadas, com uma notável troca de massa e energia na interface entre fases.

Na abordagem monofásica, o pressuposto de mistura homogênea de fluido simplifica o modelo. De

fato, modelos contínuos são geralmente aceitáveis para abordagens de parâmetros concentrados, que

são comumente usados para estudos de características gerais de maquinas e componentes

hidráulicos.

Page 19: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

18

Por motivos de simplificação, a hipótese de escoamento homogêneo será assumida neste

trabalho. Sendo que a hipótese de escoamento homogêneo são é hipótese consistente quando a

fração mássica de gás dissolvido é pequena. Esta hipótese não é válida para escoamentos onde

a fase gasosa é predominante. Com isso, o modelo proposto fica definido como a cavitação

gasosa em escoamentos considerados como homogêneos, onde o fluido é considerado como

uma mistura contínua formada por um líquido e por um gás inerte que coexistem em um mesmo

ponto material e instante de tempo, sendo que o gás pode ser encontrado em duas formas: gás

livre presente na fase gasosa, e gás dissolvido presente na fase líquida. Além disso, é assumido

hipótese de escoamento isotérmico e sem resistência superficial para a troca de gás entre as

fases (tensão superficial). Deste modo, o problema considera três equações de balaço de massa,

uma para cada constituinte, apenas uma equação de balanço de momento e uma segunda lei da

termodinâmica para a mistura como um todo. As três equações para o balaço de massa são

dadas pela conservação de massa de líquido, e pelas equações de balanço de massa de gás nas

duas fases.

O objetivo de estudo deste trabalho é a elaboração e a validação de uma equação para a

taxa de troca de massa de gás entre a fase líquida e a fase gasosa, que retrate a irreversibilidade

e a dissipação de energia do processo, baseada na termodinâmica dos processos irreversíveis.

1.3 OBJETIVO

Para elaborar as equações para taxa de transferência de massa de gás dentro do contexto

da termodinâmica dos processos irreversíveis, dois potenciais termodinâmicos serão usados: a

energia livre de Helmholtz e um pseudopotencial de dissipação. Essa abordagem permite além

de propor equações constitutivas para o problema, estimar a quantidade de energia dissipada

nos processos.

A validação do modelo proposto será feita através da comparação com resultados

experimentais presentes na literatura. Os resultados experimentais foram obtidos através de

ensaios de compressão e descompressão de óleos hidráulicos com presença de gás.

1.4 METODOLOGIA E ESTRUTURA

Primeiramente foram elaboradas as equações constitutivas do problema, baseado no

trabalho de Rachid (2013), obtendo-se um sistema de equações diferenciais com cinco

equações, que incluem as equações para o balaço de massa de líquido, de gás livre e de gás

Page 20: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

19

dissolvido, além do balanço de quantidade de movimento e a segunda lei da termodinâmica

para a mistura. A partir das equações de balanço de massa se definiu um parâmetro Γ, que é a

taxa de transferência de massa.

O sistema de equações proposto permite solucionar para parâmetros concentrados além

de problemas uni, bi e tridimensionais envolvendo escoamentos internos e externos. Contudo,

como o foco deste trabalho é a elaboração de um modelo para a taxa de transferência de massa

de gás entre as fases, uma abordagem para parâmetros concentrados será utilizada. Sendo assim,

o sistema de equações é simplificado deforma que a equação de balanço de quantidade de

movimento não será utilizada. Sendo assim, o sistema resultante permite a princípio resolver

problemas adimensionais, onde são conhecidas as condições iniciais do problema e a taxa de

variação de volume pelo volume da mistura. Sendo que as condições iniciais são a fração

volumétrica de gás livre, a concentração de gás dissolvido e a pressão do sistema no início da

simulação. Com um pouco de manipulações matemáticas foi mostrado que o mesmo sistema

pode ser resolvido para um pulso de pressão conhecido.

Conhecendo-se o sistema de equações a ser resolvido, partiu-se para a determinação da

taxa de transferência de massa de gás utilizando os dois potenciais termodinâmicos: a energia

livre de Helmholtz e um pseudopotencial de dissipação. Os resultados obtidos por essa dedução

formam uma equação para a etapa de liberação de gás e outra para etapa de absorção de gás em

que a taxa de transferência de massa é proporcional a diferença entre a energia livre de gás

dissolvido no líquido e a energia livre de Gibbs de gás livre. Essas equações têm dois

coeficientes cada uma. Estes coeficientes foram determinados utilizando resultados obtidos

com base em dados experimentas, apresentados por Zhou et al. (2013).

Os coeficientes foram ajustados através da resolução de um problema de minimização

descrito por Rachid (2013). Após a determinação dos coeficientes, uma análise funcional do

resultado foi feita e melhorias foram propostas ao modelo.

Page 21: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

20

2 BASE TEORICA

2.1 LEI DE HENRY PARA ESTADOS DE EQUILÍBRIO

Segundo SCHWEITZER (1950):

O caso de equilíbrio obedece a conhecida lei de Henry (Lei de Henry e Dalton) que diz que se

nenhuma mudança ocorrer na estrutura molecular durante os processos de solubilização ou

evolução, então o volume de gás dissolvido no líquido é diretamente proporcional a pressão absoluta.

le

e Vp

pSV

0

(2.1)

onde Ve é o volume de gás dissolvido, pe é a pressão de equilíbrio, p0 é uma pressão de referência

tida como a pressão atmosférica, Vl é o volume de líquido e S é uma constate de

proporcionalidade que varia com a temperatura. Esta formula pode ser reescrita da seguinte

forma:

eHe cKp (2.2)

onde ce é a concentração de gás dissolvido no líquido para o equilíbrio, KH é uma nova constate

de proporcionalidade que também é função da temperatura e pe é a pressão para o estado de

equilíbrio. A concentração de gás dissolvido é definida como a massa de gás dissolvido dividida

pelo volume da fase líquida. Esta formulação mostra que para casos isotérmicos e em equilíbrio,

a quantidade de gás dissolvido é função apenas da pressão. Contudo, quando mudanças são

aplicadas ao fluido, o sistema não entra em equilíbrio instantaneamente, e a lei de Henry não

pode ser usada.

Page 22: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

21

2.2 EQUAÇÕES DE BALANÇO

Assumindo a hipótese de mistura homogênea formada por dois componentes e duas

fases, onde o gás livre está disperso em forma de pequenas bolhas em suspensão no líquido ou

dissolvido neste e sua fração volumétrica é consideravelmente menor do que a fração

volumétrica da fase líquida. O sistema de equações mostrado abaixo em suas formas locais é

válido. O sistema consiste nas equações de balanço de massa, balanço da quantidade de

movimento, balanço de energia e a segunda lei da termodinâmica aplicadas à mistura como um

todo, respectivamente.

,0 v (2.3)

,gSv p (2.4)

,rpee qDSvv (2.5)

,rss

qq

v

(2.6)

onde ρ é a massa especifica, v o vetor velocidade, g a gravidade local, p a pressão do fluido, S

é o tensor das tensões devido ao escoamento, D é a parcela simétrica do gradiente de velocidade,

e é a energia interna por unidade de volume, q o fluxo de calor, r a geração de calor, s a entropia

por unidade de volume, e θ a temperatura absoluta da mistura.

Definindo a energia livre de Helmholtz Ψ como:

,: se (2.7)

Substituindo a equação (2.5) na equação (2.6), a Segunda Lei da Termodinâmica pode

ser escrita como a desigualdade de Clausis-Duhen:

,0:

qDSv spd

(2.8)

A desigualdade de Clausis-Duhen é a taxa de dissipação de energia por unidade de

volume de fluido, d, e distingue processos possíveis onde d é igual ou maior que zero e

processos impossíveis, onde d é menor que zero. Além disso, quando d for igual à zero, o

Page 23: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

22

processo é tido como reversível e quando d for maior que zero, o processo é tido como

irreversível.

Levando em conta a liberação e absorção de gás, a concentração de gás dissolvido na

mistura c e a fração volumétrica de gás livre α são considerados como varáveis internas. A

fração volumétrica de gás livre α, é definida como o volume de gás livre dividido pelo volume

da mistura.

Desconsiderando a presença de vapor na fase gasosa, e considerando a mistura como

um pseudofluido que compartilha as médias das propriedades termodinâmicas das duas fases,

com α como fator de peso, onde os constituintes coexistem em todos os pontos materiais e

instantes de tempo, a densidade de massa total da mistura é definida como:

,1: gl c (2.9)

onde ρl e ρg são respectivamente as densidades de massa de líquido e de gás livre, sendo ambos

assumidos como fluidos compressíveis.

Na definição acima, admite-se implicitamente que o gás dissolvido e o líquido ocupam

o mesmo volume na fase líquida. Por outro lado, como o gás livre é o único constituinte da fase

gasosa, o volume ocupado por ele na mistura é complementar ao da fase líquida.

Como o pseudofluido é uma mistura de gás livre, líquido e gás dissolvido e como o gás

é transferido entra as fases, as equações (2.3) a (2.8) não são suficientes para descrever o

comportamento da mistura sendo necessário introduzir uma equação de balaço de massa para

cada constituinte de forma que a equação (2.9) seja verdadeira. Sendo assim, o seguinte sistema

de equações descreve o problema de forma satisfatória.

,011 vlll (2.10)

,11 vccc (2.11)

, vggg (2.12)

,11 gSv glgl cpc (2.13)

,0: DSv pd (2.14)

Page 24: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

23

onde a equação (2.10) é a conservação de massa do líquido, a equação (2.11) é a equação de

balanço de massa do gás dissolvido, a equação (2.12) é a equação de balanço de massa de gás

livre e Γ é a taxa de transferência de massa de gás por unidade de volume de fluido.

Na formulação mostrada acima, sempre que Γ > 0, gás dissolvido no líquido evolui (é

liberado), Γ < 0 o gás livre é absorvido e se Γ = 0 não haverá troca de massa. Para completar a

descrição do problema, relações constitutivas têm que ser propostas para descrever a taxa de

transferência de massa. Elas englobam expressões para p, S e Γ e devem sempre respeitar a

Segunda Lei da Termodinâmica.

2.3 TEORIA CONSTITUTIVA

A partir da abordagem utilizada por Rachid (2005), (2013) e (2014), as relações

constitutivas usadas para descrever o comportamento do pseudofluido são derivadas no

contexto da termodinâmica dos processos irreversíveis. As variáveis de estado usadas nesta

abordagem serão a densidade de massa do líquido ρl e do gás ρg, a concentração de gás

dissolvido c, a fração volumétrica de gás livre α e a temperatura absoluta do fluido θ. Devido à

física do problema, uma restrição é imposta à fração volumétrica de gás livre onde 0 ≤ α ≤ 1.

Além das variáveis de estado, dois potenciais termodinâmicos são usados, a energia livre de

Helmholtz e um pseudopotencial de dissipação para o pseudofluido, como mostrado nas seções

abaixo.

2.3.1 Energia Livre de Helmholtz e leis de estado

A energia livre por unidade de volume do fluido Ψ é tida como uma função das variáveis

de estado ρl, ρg, c, α e θ. Como o fluido é tido como uma mistura de dois constituintes, seu

comportamento é assumido como uma combinação das propriedades termomecânicas do

líquido e do gás tendo α como um fator de peso. Sendo assim, a definição para a energia livre

da mistura é:

,,,1,,,,: gggclllgl cc (2.15)

onde os termos Ψl e Ψg representam a energia livre por unidade de massa do líquido e do gás

respectivamente. Elas supostamente representam o comportamento termomecânico do líquido

Page 25: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

24

e do gás como se eles fossem componentes únicos. O termo Ψc é a energia livre por unidade de

massa de gás dissolvido que é incorporada na energia livre da mistura para levar em conta a

liberação e absorção de gás. Por simplificação, Ψc é assumido como sendo apenas função da

temperatura θ.

As leis de estado para o pseudofluido que relacionam as componentes irreversíveis das

forças termodinâmicas com as variáveis de estado são obtidas a partir do potencial de energias

livres e definidas como:

,11: l

l

ll

l

gp

B l

(2.16)

,: g

g

g

g

g

g gp

B

(2.17)

,1: c

c

cB

(2.18)

,: cllgg cB

(2.19)

em que:

,:e:22

g

g

gg

l

lll pp

(2.20)

e gl e gg são as energias livres de Gibbs para o liquido e o gás respectivamente.

A derivada material da energia livre por unidade de volume do fluido Ψ, pode ser

computada partir da definição de Ψ apresentada na equação (2.15) como:

,

c

cg

g

l

l

(2.21)

Então, aplicando as equações (2.16) a (2.19) na equação (2.21) e a equação (2.21) na

equação (2.14) e, tem-se que a desigualdade de Clausis-Duhen pode ser escrita como:

Page 26: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

25

0: BcBBBpd c

gl

glDSv (2.22)

Para se obter um conjunto completo de equações para o problema proposto, leis

complementares, onde a versão local da Segunda Lei da Termodinâmica apresentada pela

equação (2.14) ou equação (2.22) será sempre válida, serão derivadas a partir do

pseudopotencial de dissipação para o pseudofluido da mistura na seção abaixo.

2.3.2 Pseudopotencial de dissipação e leis de estado complementares

Para introduzir o comportamento irreversível do pseudofluido e assegurar que a segunda

lei da termodinâmica será sempre obedecida, é assumido que existe um pseudopotencial de

dissipação Φ, que é uma função objetiva, convexa e diferenciável de D, �̇�, �̇� e 𝐵Γ. Além disso,

é assumido que o pseudopotencial tem as seguintes propriedades para qualquer D, �̇�, �̇� e 𝐵Γ, 𝛼,

c e 𝜃:

0,,;0,0,0,e0,,;,,, ccBc 0D (2.23)

Então define-se as seguintes leis de estado que fornecem as informações adicionais

associadas ao comportamento do pseudopotencial de dissipação:

,:D

S

(2.24)

,:c

Bc

(2.25)

,:

B (2.26)

,:

B (2.27)

Analisando a equação (2.14), tem-se que os dois primeiros termos são devido a

mudanças internas na mistura e o ultimo termo é devido à efeitos viscosos do pseudofluido.

Enquanto isso, as leis de estado fornecidas pelas equações (2.25) a (2.27) representam a

Page 27: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

26

variação do pseudopotencial de dissipação em função das variáveis internas do pseudofluido e

a equação (2.24) representa a variação do pseudopotencial devido à efeitos viscosos.

Aplicando as equações (2.24) a (2.27) à equação (2.14) obrem-se uma outra forma para

a desigualdade de Clausis-Duhen:

BBcBd c DS: (2.28)

Usando a convexidade de Φ, Rachid (2013) mostra que para qualquer situação a

desigualdade de Clausis-Duhen pode ser escrita da forma abaixo:

,,;,,,: cBcBBcBd c DDS (2.29)

Como resultado, as equações (2.22) e (2.29) podem ser igualadas:

BBcBBcBBBp cc

gl

gl DSDSv

(2.30)

Como as equações de balanço dadas pelas equações (2.10) a (2.12) definem um

subespaço linear formado por v, �̇�𝑙, �̇�𝑔, �̇� e �̇�, as seguintes relações podem ser encontradas

levando em conta que os termos multiplicados por v, �̇�𝑙, �̇�𝑔, �̇� e �̇� de um lada da equação são

iguais aos de outro lado:

,0 Bp g

,0 lB

,0 BBg

,0 BBB g

,0 cc BB

(2.31)

Aplicando-se as equações (2.16) a (2.19) ao conjunto das equações (2.31), as seguintes

relações podem ser encontradas.

Page 28: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

27

,1 c

gl cBppp

(2.32)

,

1

c

lg

cBppB

(2.33)

,

1

c

g

BgcB

(2.34)

As relações não triviais estabelecidas pelas equações (2.32), (2.33) e (2.34) só foram

possíveis graça a abordagem que utiliza as leis de estado e os dois potenciais termodinâmicos

utilizados nas subseções 2.3.1 e 2.3.2.

Se o termo 𝐵𝑐̇, que é a força termodinâmica associada à taxa de variação da

concentração de gás dissolvido sem contar com a massa transferida, for igualado à zero, as

equações acima mostram que a pressão da mistura é a média da pressão de seus constituintes,

que a força termodinâmica associada à taxa de aumento da fração volumétrica de gás livre, B

, é dada pela diferença de pressão do gás e do líquido e que as forças termodinâmicas associadas

a taxa de transferência de massa de gás entre as fases, B , é dada pela diferença da energia

livre de Helmholts do gás dissolvido e da energia livre de Gibbs do gás livre.

2.3.3 Equações constitutivas

As restrições impostas à energia livre e ao pseudopotencial de dissipação feitas nas

subseções 2.3.1 e 2.3.2 garantem que a segunda lei da termodinâmica seja respeitada, sendo

esta a condição é necessária para que a o modelo desenvolvido tenha coerência termodinâmica.

Contudo ela não é suficiente para garantir fidelidade aos fenômenos de cavitação gasosa. Para

finalizar esse procedimento, é necessário conhecimento sobre a física do problema adquirido

com observações experimentais.

Definido os potenciais termodinâmicos Ψ𝑙, Ψ𝑔, Ψ𝑐 e Φ, e usando as equações (2.16) a

(2.19), (2.24) a (2.27) e (2.32) a (2.34), um conjunto completo de equações constitutivas pode

ser formado.

Levando em conta o comportamento reversível do líquido e do gás livre como

constituintes independentes e assumindo que o líquido e o gás livre são substâncias simples e

compressíveis, Rachid (2013) define Ψ𝑙 e Ψ𝑔 como:

Page 29: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

28

,loglog:,0

2

l

l

llllll aC

(2.35)

,loglog:,2

gggggg aC (2.36)

onde Cl e Cg são os calores específicos a volume constante do líquido e do gás livre,

respectivamente, e são assumidos constantes. Os parâmetros materiais 𝜌𝑙0, 𝑎𝑙

2 e 𝑎𝑔2 são

dependentes somente da temperatura, sendo os dois últimos, o quadrado da velocidade de

propagação de onda no líquido e no gás respectivamente.

Assumindo que ambos os fluidos têm comportamento de fluido Newtoniano, uma

escolha simples e apropriada para Φ é:

,22

tr2

:,,;,,,222 ar n

a

an

r

r Bn

Bn

cBc

DDDD

(2.37)

onde 𝛽𝑘 = 𝛽𝑘(𝛼, 𝜃) e 𝑛𝑘 = 𝑛𝑘(𝜃), com 𝑘 ∈ {𝑎, 𝑟}, são constantes materiais positivas, com

𝑛𝑘 > 1/2. (𝑘 = 𝑟) está associada à liberação de gás e (𝑘 = 𝑎) à absorção de gás. 𝜆 = 𝜆(𝛼) e

𝜇 = 𝜇(𝛼) são respectivamente as viscosidades de bulk e dinâmica da mistura e são dadas pela

média das propriedades do líquido e do gás livre, com 𝛼 como o fator de peso, sendo que 𝜇 ≥ 0

e 𝜆 + (2/3)𝜇 ≥ 0. Os termos B e B representam o maior valor entre zero e B ou

B respectivamente. Sendo assim, a equação proposta para Φ sempre satisfaz a equação

(2.23) e a segunda lei da termodinâmica proposta pela equação (2.14).

Os dois primeiros termos da equação (2.37) são expressões clássicas para o

comportamento de fluidos newtonianos e são assumidas como a média das propriedades do

líquido e do gás livre, sendo que o gás dissolvido não muda as propriedades do líquido. Os dois

últimos termos da equação (2.37) estão associados à irreversibilidade dos fenômenos de

liberação e absorção de gás que acontecem internamente na mistura. Assumindo que Φ não

depende de �̇�, �̇� e utilizando as equações (2.25) e (2.26), 𝐵𝑐̇ e 𝐵�̇� são igualados a zero.

Aplicando 𝐵𝑐̇ e 𝐵�̇� iguais à zero à equação (2.33) tem-se que a pressão parcial do gás

livre é igual a pressão do líquido, pl = pg. Sendo que aplicando pl = pg à equação (2.32) tem-se

que a pressão do líquido e a pressão parcial do gás são a pressão do sistema:

Page 30: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

29

,gl ppp (2.38)

Sendo assim, aplicando a equação (2.37) na equação (2.24), S é definido como:

,2tr DIDS (2.39)

Além disso, aplicando-se a equação (2.34) na equação (2.37) e aplicando a equação

(2.36) à equação (2.27), tem-se que a taxa de transferência de massa por unidade de volume da

mistura Γ é dada por:

,1212

ar n

cga

n

gcr gg (2.40)

Aplicando-se as equações (2.35) e (2.36) para Ψ𝑙 e Ψ𝑔 nas definições de pl e pg

apresentada nas equações (2.20) tem-se que as equações de estado para as densidades de massa

do líquido e do gás livre são dadas por:

,e2

0

2

g

gl

l

la

p

a

p (2.41)

o resultado obtido para Γ na equação (2.40) pode ter valor positivo, nulo e negativo. O resultado

obtido permite englobar em uma mesma abordagem tempos característicos diferentes para as

etapas de liberação e absorção de gás, sendo que “é conhecido que os tempos característicos de

absorção são consideravelmente maiores do que os tempos de liberação” (Zhou et al. (2013)).

A equação (2.40) diz que sempre que a energia livre do gás dissolvido for maior que a

energia livre de Gibbs do gás livre, gás será liberado e sempre que a energia livre de Gibbs de

gás livre for maior que a energia livre de gás dissolvido, gás será absorvido. Quando as duas

energias livres são iguais, não haverá troca de gás entre as duas fases, o que significa que a

mistura está em equilíbrio termodinâmico e que a pressão do fluido é igual a pressão de

equilíbrio pe. Quando esse resultado, a pressão do fluido ser igual a pressão de equilíbrio, é

aplicado a equação (2.40), tem-se que Ψ𝑐 = g𝑔. Sendo assim, levando em conta a formulação

Page 31: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

30

para a energia livre de Gibbs do gás livre apresentada na equação (2.17), Ψ𝑐 é definido como

sendo igual a energia livre de Gibbs do gás livre na pressão de equilíbrio:

,loglog2

2

2

g

g

eggc a

a

paC (2.42)

Aplicando a equação (2.42) na equação (2.40), tem-se que a taxa de transferência de

massa por volume de mistura entre as fases é dada por:

12

122

12

122 loglog

aa

rr

n

e

n

ga

n

en

grp

pa

p

pa (2.43)

A pressão de equilíbrio pe é dada pela lei de Henry para estados de equilíbrio. Como

explicado na seção 2.1, a lei de Henry diz que quando o sistema está em equilíbrio, a pressão

de equilíbrio é proporcional quantidade de gás dissolvido no líquido, onde a constante de

proporcionalidade é função da temperatura absoluta da mistura.

A determinação de pe não é trivial porque este valor varia com o valor da concentração

de gás dissolvido ce, sendo que quando o sistema não está em equilíbrio a pressão instantânea

e a concentração de gás dissolvido instantânea não são os valores o equilíbrio pe e ce. Por

exemplo, considerando uma mistura homogênea em um sistema fechado, com um volume

específico V1 e com uma determinada quantidade de gás total presente no sistema. Esse sistema

estará em equilíbrio de uma forma que ce1 e pe1 respeitem a lei de Henry. Caso esse sistema seja

expandido para um volume V2 > V1, a pressão sobre o líquido será reduzida e somente após o

período necessário para o sistema entrar em equilíbrio novamente, a concentração de gás

dissolvido e a pressão do sistema chegarão à ce2 e à pe2. Entretanto, antes do tempo necessário

para se chegar ao equilíbrio, a concentração de gás dissolvido será maior do que a prevista para

o estado de equilíbrio e a pressão será menor. Isto acontece porque a liberação de gás não é

instantânea. Por essa razão é difícil se determinar pe na equação (2.43).

A determinação de como a pressão de equilíbrio será aplicada e dos parâmetros βr(c,θ),

βa(c,θ), na(θ) e nr(θ) serão feitas nas seções seguintes utilizando o resultado apresentada no

trabalho de Zhou et al. (2013).

Após a determinação dos parâmetros especificados no parágrafo anterior, as equações

de balanço, equações (2.10) a (2.14), e as equações constitutivas, equações (2.39), (2.41) e

(2.43), serão suficientes para descrever consistentemente os fenômenos de liberação e absorção

Page 32: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

31

de gás em escoamentos considerados isotérmicos e homogêneos formados por uma mistura de

líquido e gás inerte considerados como fluidos newtonianos. A partir deste ponto, considerando

que o sistema de equações especificado neste parágrafo constituí completamente o modelo

proposto neste trabalho, o modelo que utiliza estas equações será tratado como modelo

termodinâmico, enquanto o modelo demostrado no próximo capitulo, que será utilizado para a

determinação dos coeficientes, será tratado como modelo dinâmico. Essa nomenclatura foi

escolhida porque o modelo desenvolvido neste trabalho retrata a dinâmica de escoamentos

transientes e foi deduzido com respaldo termodinâmico, enquanto o modelo descrito no

próximo capitulo retrata a dinâmica de processos transientes, mas não foi deduzido com

respaldo termodinâmico.

Page 33: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

32

3 DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES COM BASE EM RESULTADO

EXPERIMENTAL

Zhou et al. (2013), propõe um modelo para descrever os fenômenos de cavitação

vaporosa e gasosa que introduz uma formulação simplificada para parâmetros concentrados

aplicados à mistura homogênea. Esta formulação é baseada na equação de Rayleigh-Plesset

para dinâmica de bolhas. Ele também apresenta uma formulação para a previsão de densidade

de massa e módulo do bulk da mistura, levando em conta a fração mássica de gás livre na

mistura. Por último ele descreve o aparato experimental utilizado para verificar o modelo e

compara os resultados experimentais com os resultados obtidos por simulação utilizando óleo

mineral.

3.1 MODELO PROPOSTO PARA CAVITAÇÃO GASOSA

Zhou et al. (2013) propõe uma equação para a taxa de liberação de gás baseada na

equação de Rayleugh-Plesset para dinâmica de bolhas. Além disso, ele considera que a pressão

de equilíbrio pe é a pressão atmosférica p0 e que o potencial associado aos fenômenos de

liberação de gás é proporcional à diferença entre a fração mássica instantânea de gás livre, fgl,

e a fração mássica de gás livre para estados de equilíbrio prevista pela lei de Henry, fglH.

Enquanto isso, potencial associada ao fenômeno de absorção de gás é somente associada à

fração mássica de gás livre fgl. A fração mássica de gás livre é definida como a massa de gás

livre dividida pela massa da mistura. Abaixo segue a formulação proposta por Zhou et al. (2013)

para a taxa de transferência de massa de gás, este é o modelo que será tratado como modelo

dinâmico.

Page 34: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

33

022

021

ppfk

ppffk

Rdt

df

gl

glglH

s

gl

glHgl

glHgl

ff

ff

(3.1)

nesta formulação, a diferença entre fgl e fglH determina se gás será liberado ou absorvido. Se fgl

> fglH gás será absorvido, se fgl < fglH, gás será liberado e se fgl = fglH nada acontecerá. O valor

dos dois coeficientes k21 e k22, que expressam a taxa de liberação e absorção de gás, não podem

ser facilmente determinados analiticamente e têm que ser determinados empiricamente

baseando-se em observações experimentais. τ é uma constante temporal assumida como sendo

igual a um segundo. Esta formulação apresentada é solucionada quando o pulso de pressão que

atuará sobre o fluido é conhecido.

Para a determinação de fglH, ele considera que a pressão sobre a fase líquida p é a pressão

do gás livre mais a pressão de vapor do óleo mineral pv, que é tida como constante. A pressão

de vapor de um líquido é a pressão que o vapor de líquido exerce sobre o líquido em estados de

equilíbrio. Sendo assim, a pressão de gás sobre o líquido é igual a p-pv. Como consequência,

ele considera que para estados de equilíbrio, quando a pressão sobre o líquido p for igual pv,

todo o gás presente na mistura estará em forma de gás livre e fglH é igual a fração mássica total

de gás na mistura fgt. Além disso ele considera que para casos de equilíbrio, quando a pressão

sobre o líquido p for igual ou maior que a pressão atmosférica p0, não existirá gás livre e

consequentemente fglH será zero. Isso é equivalente a dizer que o óleo considerado no sistema

analisado estava em contato com o ar ambiente sob pressão atmosférica e em equilíbrio antes

de entra na câmara de teste. Este óleo foi introduzido em um sistema fechado sem a presença

de gás livre, ou seja, ele estaria em equilíbrio, completamente saturado de gás, sob pressão

atmosférica e sem presença de gás livre. A formulação proposta por Zhou et al. (2013) para fglH

segue abaixo:

0

10 v

vgt

gt

glHpp

ppf

f

f

0

0

pp

ppp

pp

v

v

(3.2)

Page 35: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

34

3.2 EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS DO MODELO

3.2.1 Densidade

Enquanto a equação (2.9) apresenta uma definição para a densidade de massa da mistura

onde a fração volumétrica de gás livre, α, é tida como fator de peso, Zhou et al. (2013) apresenta

uma relação que leva em conta as frações mássicas de gás livre e de vapor como fatores de

peso. Como neste trabalho e nos resultados de simulação apresentados por ele a presença de

vapor não é considerada, a formulação apresentada abaixo não considera a presença de vapor.

l

gl

g

gl ff

11 (3.3)

1

0

0

p

pgg (3.4)

000

Epp

ll e

(3.5)

g

glf

(3.6)

Ao contrário do que foi feito na seção 2.3.3, onde por simplificação optou-se por

linearizar as equações de estado tanto para o gás como para o líquido, Zhou et al. optou por

trabalhar com equações de estado não lineares. Na seção abaixo é apresentado a formulação de

Zhou et al. (2013) para o módulo de bulk da mistura.

3.2.2 Módulo de bulk

A partir da formula geral para o módulo de bulk, E, de um fluido:

dp

dV

V

dV

dpVE

(3.7)

Page 36: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

35

considerando que o volume do fluido é a soma dos volumes das fases líquida e gasosa:

dp

dV

dp

dV

VVE

gl

gl

(3.8)

e levando em conta que:

VVVVp

V

dp

dV

E

V

dp

dVgl

ggll

e1,,0

(3.9)

Zhou et al. propõe a seguinte formulação para o módulo de bulk da mistura:

0

1

1

Ep

E

(3.10)

3.3 EXPERIMENTO E VALIDAÇÃO

Para validar o modelo dinâmico proposto, Zhou et al. (2013) utiliza um mecanismo de

teste em que a ideia básica é mostrada na figura 3.1. O mecanismo consiste em uma câmara

selada, com um sensor de pressão, um sensor de temperatura e o fluido a ser testado. O fluido

utilizado foi o óleo Shell Tellus S ISO 32. A câmara tem seu volume variado devido a atuação

de um atuador servo hidráulico com um medidor de posição que move um pistão de 12 mm de

diâmetro.

O teste começa com o reservatório 1 cheio de óleo que ficou em repouso um logo

período de tempo para que chegasse a condição de equilíbrio com o ar atmosférico. O óleo é

bombeado para a câmara de teste e depois para o reservatório 2. Quando a câmara estiver

completamente cheia e sem a presença de volumes vazios, ela é selada.

Page 37: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

36

Figura 3.1 – Vista simplificada do mecanismo de teste.

Fonte: (Zhou et al. (2013), 4)

O experimento aconteceu de modo que a trajetória de pressão mostrada na figura 3.2 a)

fosse seguida. A figura 3.2 a) mostra um sinal de pressão triangular, simétrico, onde a pressão

mínima é de 0,3 bar e a pressão máxima é de 32 bar e tem duração de um segundo. A figura 3.2

b) mostra a curva de pressão pelo deslocamento do pistão medido no experimento. É importante

notar em uma primeira análise o fenômeno de histerese, mostrando os efeitos de histerese

discutidos nas seções anteriores deste trabalho.

Figura 3.2 – Resultados para o teste de compressão e descompressão: a) pressão na

câmara; b) pressão na câmara vs. deslocamento do pistão.

Fonte: (Zhou et al. (2013), 5)

Page 38: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

37

A partir do deslocamento do pistão, x, apresentado na figura 3.2 b) é possível determinar

o volume ocupado pela mistura V através da equação (3.11), e a partir da massa de fluido na

câmara de teste m0 é possível determinar a densidade de massa da mistura, ρ, com a equação

(3.12).

00 xxAVV p (3.11)

V

m0 (3.12)

Na equação (3.11), x0 é uma posição de referencia, V0 é o volume da câmara quando x =

x0 e Ap é a área do pistão. Os valores de V0, Ap, x0, m0, assim como os valores para densidade de

massa ρl0 e módulo de bulk E0 do óleo usado e a densidade de massa ρg0 do ar para a pressão

ambiente são encontrados na tabela 3.1.

Tabela 3.1: Parâmetros de teste

x0(mm) Ap(mm2) V0 (cm3) ρl0(kg/m3) E0(bar) ρg0(kg/m3) m0(g)

104 113,1 13,52 840 13200 1,2 11,3

Fonte: (Zhou et al. (2013), 5)

Para a validação do modelo uma simulação foi realizada utilizando o pulso de pressão

da figura 3.2 a). Para a simulação, o processo foi assumido como adiabático, sendo assim λ=1,4.

Os valores dos coeficientes k21, k22 e τ da equação (3.1) assim como a condição inicial para a

fração mássica de gás livre, fgl0, e os valores de pv, p0, fgt da equação (3.2) são encontrados na

tabela 3.2. Sendo que a fração mássica de gás total fgt é encontrada aplicando a lei de Henry

para o gás e assumindo que o líquido dentro da câmara de teste, quando sob pressão atmosférica,

estará em equilíbrio e sem presença de gás livre. Então, assumindo que o líquido está em

equilíbrio no começo da simulação, quando p=pv, e utilizando a equação (3.2), tem-se que a

condição inicial para a simulação é fgl0=fgt.

Page 39: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

38

Tabela 3.2: Parâmetros da simulação

fgl0 fgt k21(bar-0,5) k22(bar-0,5) τ (s) λ p0 (bar) pv (bar)

7*10-6 7*10-6 2000 0,1 1 1,4 1,013 0,3

Fonte: (Zhou et al. (2013), 6)

Os resultados da simulação para a evolução da fração mássica de gás livre fgl e para a

fração volumétrica de gás livre α obtidos por Zhou et al. (2013) são mostrados na figura 3.3. O

resultado mostra que o ar é absorvido praticamente durante todo o período da simulação e que

na última parte do teste, há uma liberação rápida e todo o ar dissolvido volta à condição inicial.

Isso acontece porque fgl se torna menor que fglH, como consequência da redução de pressão na

câmara de teste. Este comportamento é consequência do maior tempo necessária para a

absorção de gás em relação ao tempo necessário para a sua liberação. Devido à lentidão do

processo de absorção, mesmo os picos de pressão chegando a valores de 32 bar, que é

consideravelmente maior que a pressão atmosférica, sempre há presença de gás livre na mistura.

Além disso, o resultado mostra que a massa de ar livre na mistura não segue um padrão

simétrico como o padrão do pulso de pressão, sendo observado mais gás livre durante o período

de compressão do que o observado durante o período de descompressão.

Figura 3.3 – Evolução dinâmica da fração mássica e da fração volumétrica de gás livre

durante a simulação.

Fonte: (Zhou et al. (2013), 6)

Page 40: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

39

A figura 3.4 mostra os resultados obtidos por Zhou et al. (2013) para a densidade

experimental da massa da mistura, obtido através da conversão do resultado de x da figura 3.2

b) utilizando as equações (3.11) e (3.12.), comparado com o resultado de simulação e pela

aplicação da lei de Henry. Os resultados de simulação são obtidos resolvendo-se a equação (3.1)

para o pulso de pressão da figura 3.2 (a) e aplicando-se o resultado de fgl à equação 3.3. Já os

resultados obtidos aplicando-se a lei de Henry, modelo estático, são obtidos aplicando-se o fglH

encontrado pela equação (3.2).

Figura 3.4 – Densidade de massa do experimento, do modelo dinâmico e do estático.

Fonte: (Zhou et al. (2013), 6)

É possível concluir que mesmo o resultado da simulação divergindo drasticamente do

resultado experimental nas regiões de baixa pressão, ele está muito mais próximo do resultado

experimental do que o resultado obtido através da aplicação direta de lei de Henry,

principalmente por apresentar o mesmo comportamento da histerese apresentada no

experimento. Zhou et al. (2013), apresenta como explicação para a diferença entre o resultado

experimental e o resultado da simulação a baixa precisão do sensor de pressão para situações

de baixa pressão.

Zhou et al. também compara o módulo de bulk da mistura medido experimentalmente e

o encontrado para a simulação através da equação (3.10). O resultado é apresentado na figura

3.5 onde o fenômeno de histerese é notado mais uma vez e as diferenças entre os valores

encontrados no experimento e na simulação são bem menores.

Page 41: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

40

Figura 3.5 – Comparação do módulo de bulk do fluido do experimento, do modelo

dinâmico.

Fonte: (Zhou et al. (2013), 7)

Zhou et al. (2013) propôs um modelo para a previsão da liberação e absorção de gases

em meios líquidos para parâmetros concentrados aplicando a equação de Rayleugh-Plesset para

dinâmica de bolhas à taxa variação da fração mássica de gás livre fgl. O resultado obtido é uma

equação diferencial que é resolvida para um pulso de pressão conhecido. Esta formulação

possui dois coeficientes que foram ajustados de forma que os resultados de simulação se

aproximassem dos resultados experimentais. A comparação dos resultados experimentais

mostrados por ele mostra que há uma discrepância entre os valores experimentais e simulados

para a região de baixa pressão quando se avalia a densidade de massa da mistura, e que essa

discrepância não é tão grande assim quando se avalia o módulo de bulk da mistura. Sendo

assim, o modelo apresentado por ele é validado de forma satisfatória.

O modelo termodinâmico proposto no capitulo 2 consiste em um sistema de equações

diferenciais do tipo stiff, equações rígidas. Quando a abordagem para parâmetros concentrados

é considerada, esse sistema é resolvido quando o ∇ ∙ v(𝑡) é conhecido. Sistemas de equações

do tipo stiff precisam de rotinas específicas para serem resolvidas. Além disso os parâmetros

βr(c,θ), βa(c,θ), na(θ) e nr(θ) assim como a forma de utilização da pressão de equilíbrio, pe, da

equação (2.43) têm que ser determinados.

Para a determinação desses parâmetros, o modelo termodinâmico será comparado com

o modelo dinâmico proposto por Zhou et al. (2013). Essa comparação será feita utilizando

modelo termodinâmico para parâmetros concentrados, de forma que a equação (2.13) não será

Page 42: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

41

necessária. É importante notar que as equações para a densidade de massa da mistura, ρ, para a

densidade de massa do líquido, ρl, e para a densidade de massa do gás livre, ρg, são diferentes

na abordagem feita por Zhou et al. (2013) e na abordagem do capitulo 2. Sendo assim, a

abordagem utilizada na comparação entre os dois modelos partirá da taxa de variação da fração

mássica de gás livre apresentada na equação (3.1) e da formulação de α mostrada na equação

(3.6), utilizando a definição de ρ apresentada pela equação (2.9). Uma manipulação matemática

será feita no sistema de equações do modelo termodinâmico de forma que este passará a ser

resolvido para um pulso de pressão conhecido, assim como foi feito com o modelo dinâmico.

O próximo capitulo mostra a comparação dos dois modelos e os resultados obtidos.

Page 43: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

42

4 COMPARAÇÃO DOS MODELOS

4.1 COMPARAÇÃO DOS MODELOS

Partindo da formulação para a taxa de variação de fgl apresentada na equação (3.1), e

da definição de α da equação (3.6), a seguinte igualdade pode ser encontrada:

s

gggglR

dt

d

dt

d

dt

d

dt

df

2

1 (4.1)

e aplicando a equação (2.3) à equação (4.1):

s

ggR

dt

d

v1 (4.2)

Sendo assim, aplicando a equação (4.2) à equação (2.12), pode-se assumir que a taxa de

transferência da massa de gás entre a fase líquida e gasosa Γ, definida pela equação (2.43),

dividida por ρ, é equivalente à taxa de variação da fração mássica de gás livre fgl do modelo

dinâmico.

sR

(4.3)

Page 44: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

43

4.2 DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES

Na seção 4.1 foi mostrado que as funções de transferência de massa dos modelos

termodinâmico e dinâmico são equivalentes. Sendo assim, para o os seguintes passos, será

admitido que a pressão de equilíbrio pe do modelo termodinâmico seja igual a pressão de

referência utilizada no modelo dinâmico, que é igual a pressão atmosférica, p0. Além disso, o

critério atribuído para determinar se a equação para a fase de liberação ou para a fase de

absorção de gás será usada, também terá base na comparação com estados de equilíbrio.

Sendo assim, pode-se assumir que:

glHglglglH

n

n

gr

ffppffkp

pa

rr

021

12

0122 log

(4.4)

glHglgl

n

n

ga

ffppfkp

pa

aa

022

12

0

122 log

(4.5)

4.2.1 Formulação dos parâmetros β

Como βa e βr são funções de α, é possível determiná-los de tal forma que as equações

(4.4) e (4.5) possam ser reduzidas às equações abaixo:

glHgl

n

n

gr ffppk

p

pa

rr

021

12

0122 log'

(4.6)

glHgl

n

n

ga ffppk

p

pa

aa

022

12

0

122 log'

(4.7)

onde βa’ e βr’ são coeficientes constantes.

Para as equações (4.6) e (4.7) serem verdadeiras, as seguintes relações têm que ser

verdadeiras:

Page 45: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

44

glaa

glglHrr fff ';'

(4.8)

A partir da definição de α mostrada na equação (3.6) e definido αH como a fração

volumétrica de gás livre prevista para estados de equilíbrio:

,g

HglHH f

(4.9)

Sendo assim, βr e βa podem ser determinados em termos de α e αH como:

,';' gaag

H

Hrr

(4.10)

Definindo-se a fração mássica de gás total na mistura a partir da definição de densidade

de massa apresentada da equação (2.9), tem-se que as seguintes relações são verdadeiras:

,

111

0

0000

H

gHHHgg

gt

cccf

(4.11)

onde os termos com índice “0”, são as condições iniciais do problema a ser resolvido, e os

termos com índice “H” são os termos previstos para casos de equilíbrio. Então, aplicando a

equação (4.11) na equação (2.9), ρ e a densidade de massa prevista para estados de equilíbrio,

ρH, podem ser escritas como:

,1

1

1

1l

gt

HHl

gt fe

f

(4.12)

Aplicando-se as relações encontradas na equação (4.12) à equação (4.10) e os resultados

obtidos às equações (4.4) e (4.5) obtém-se a formulação final para Γ que é apresentada abaixo:

Page 46: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

45

H

H

n

n

gga

H

H

n

n

gg

H

Hr

aa

rr

p

pa

p

pa

1

1log'

1

1log

1

1'

12

0

122

12

0122

(4.13)

Como a formulação de αH mostrada na equação (4.11) não está explicita para p e para

que αH seja aplicada à equação (4.13), é necessário que p esteja explícito, a modificação abaixo

é necessária.

4.2.1.1 Formulação geral de αH

A partir da definição de ce da equação (2.2) e definindo a pressão de gás sobre o líquido

como p-pv.

,0

00

0

v

vee

H

ve

H

ve

pp

ppcc

K

ppc

K

ppc

(4.14)

onde a concentração de gás prevista para estados de equilíbrio não pode ser menor que zero ou

maior que a massa total de gás na mistura dividida pelo volume de líquido. Ou seja:

,

1110

00

l

gt

gt

H

Hgt

HH

gt

l

gt

ef

ff

V

mf

V

mfc

(4.15)

Partindo-se da definição de fgt da equação (4.11) e da definição de ρH da equação (4.12),

a seguinte relação pode ser escrita:

,

1

1

1

l

gt

H

gHeH

gt

f

cf

(4.16)

Page 47: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

46

Explicitando αH:

,1

11

eggtlgt

ggt

Hcff

f

(4.17)

A partir das equações (4.6) e (4.7) e conhecendo os valores de k21, k22 e τ obtidos por

Zhou et al. (2013) apresentados no capítulo 3, é possível determinar os coeficientes βa’, βr’, na

e nr, através da resolução de um problema de minimização do erro entre as funções dos dois

modelos, como mostrado na seção abaixo.

4.2.2 Determinação das constantes materiais

Observando as equações (4.6) e (4.7), é possível usar um processo de otimização

descrito por Rachid (2013) para determinar os pares de coeficientes (βa’, na) e (βr’, nr) do

modelo termodinâmico baseado nos coeficientes k21, k22 e τ do modelo dinâmico. Para isso,

primeiramente as seguintes funções para o modelo termodinâmico serão definidas:

00

1

2

log:; ppp

pupg

u

r

u (4.18)

0

0

1

2

log:; ppp

pwpg

w

a

w (4.19)

onde u = (u1,u2) ∈ R² e w = (w1,w2) ∈ R², em que:

,012:e0': 2

122

1

r

n

gr nuaur

(4.20)

,012:e0': 2

122

1

a

n

ga nwawa

(4.21)

Page 48: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

47

e as funções para o modelo dinâmico são definidas como:

0021: pppp

kpf r

(4.22)

00

22: ppppk

pfa

(4.23)

onde os coeficientes k21, k22 e τ estão na tabela 3.2 e gr(p;u), fr(p), ga(p;w), fa(p), u1 e w1, têm

unidade de s-1. Como para um intervalo [pmin,p0] e para um intervalo [p0,pmax] em que pmax é tida

como a pressão máxima do experimento igual a 3,2 MPa e pmin a pressão mínima do

experimento tida com 0,03Mpa, as relações abaixo são verdadeiras:

21

21

0 0

min

2

min

2 ²;;²

p

p

rLr

p

p

rLr dppggdppff u (4.24)

21

21

max

0

2

max

0

2 ²;;²

p

p

aLa

p

p

aLa dppggdppff w (4.25)

sendo assim, as seguintes funções vetoriais podem ser definidas:

,²;:

21

0

min

2

p

p

rrLrrr dppgpfgfl uu (4.26)

,²;:

21

max

0

2

p

p

aaLaaa dppgpfgfl ww (4.27)

Essas funções satisfazem a condição lr(u)<∞, la(w)< ∞, desde que u<∞ e w<∞

respectivamente. Sendo assim, para determinar os valores de u1, u2, w1 e w2, que melhor

aproximam gr à fr e ga à fa os seguintes problemas de minimização têm que ser resolvidos.

Page 49: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

48

,min2

uRu

rl

(4.28)

,min2

wRw

al

(4.29)

Este problema de minimização foi resolvido com o MATLAB definindo as funções erro

como as equações (4.26) e (4.27) e utilizando a função “fminsearch”, que procura os valores

que minimizam a função equação utilizada. O resultado para os valores de u1, u2, w1 e w2, assim

como os valores para o erro das aproximações la e lr podem ser encontrados na tabela 4.1. A

comparação gráfica dos resultados obtidos para a aproximação de gr à fr e ga à fa, podem ser

observados na figura 4.1.

Tabela 4.1: Resultados do problema de minimização

u1 [s-1] 1,6260*103

u2 [-] 0,3391

w1 [s-1] 0,1013

w2 [-] 1,3477

lr[(p/s)0,5] 7,7455*103

la[(p/s)0,5] 23,3220

Figura 4.1 – Ajuste das funções de transferência de massa para Γ e Rs.

Page 50: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

49

Sabendo-se o valor da velocidade de propagação de onda no gás ag, e os valores de u1,

u2, w1 e w2, utilizando as equações (4.20) e (4.21) pode-se determinar os valores das constantes

materiais βa’, βr’, na e nr que precisavam ser determinados. Os valores para as constantes

materiais, incluindo os valores de ag, al e ρl0 para o ar e o óleo utilizado, são apresentados na

tabela 4.2. Sabendo-se as constantes materiais, uma simulação, utilizando os mesmos pulsos de

pressão da figura 3.2 (a), será feita com o modelo termodinâmico.

Tabela 4.2: Constantes materiais

ρl0 839,94

al[m/s] 1254

ag[m/s] 350

nr [-] 0,6695

na[-] 1,1738

βr’ [(m/s)(2-4na

)/s] 15,1548

βa’[(m/s)(2-4nr)/s] 1,4081*10-8

4.3 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE SIMULAÇÃO

Para validar o valor encontrado para as constantes materiais da tabela 4.2, assim como

o desenvolvimento do modelo termodinâmico, uma simulação foi realizada utilizando o sistema

de equações compostas pelas equação (2.10), (2.11) e (2.12), utilizando a definição de Γ da

equação (2.43) através das definições de ρl e ρg da equação (2.41). A simulação foi feita para o

pulso de pressão da figura 3.2. Então, os resultados para a fração mássica e para a fração

volumétrica de gás livre foram comparados. Para que este sistema de equações fosse resolvido

para a pressão, as modificações da seção abaixo foram feitas.

4.3.1 Modificação no sistema de equações do modelo termodinâmico

Para realizar a simulação resolvendo o modelo termodinâmico para um pulso de pressão

conhecido p=p(t) e não para uma curva do divergente da velocidade previsto ∇∙v = ∇∙v(t), uma

Page 51: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

50

manipulação matemática tem que ser feita no sistema de equações compostas pelas equação

(2.10), (2.11) e (2.12), como mostrado abaixo:

A partir da equação (2.10) o ∇∙v pode ser escrito como:

,1

1

1

dt

d l

l

v (4.30)

aplicando este resultado às equações (2.11) e (2.12), o sistema que antes tinha três equações

passa a ter apenas as duas seguintes:

,1

1

dt

d l

l

g

gg

(4.31)

,1

1

dt

dccc l

l

(4.32)

Como a formulação final para Γ apresentada pela equação (4.14) está em função apenas

de α e não de α e c, a equação (4.32) pode ser desconsiderada de modo que a simulação pode

ser feita apenas solucionando a equação (4.31). Como esta equação será solucionada para α,

vale apena explicitar o termo �̇�. Utilizando a formulação apresentada pela equação (2.41) para

a ρl e ρg, a equação (4.31) pode ser escrita da forma:

,120

20

ll

ll

g ap

a

p

p

(4.33)

4.3.2 Resultados de simulação

Sendo assim, as equações (4.33) e (4.13) através das equações de estado (2.41) e das

definições de αH e ce mostradas nas equações (4.17) e (4.14), são suficientes para realizar a

simulação com o pulso de pressão da figura 3.2 (a). Os resultados desta simulação são

mostrados abaixo e comparado com o resultado obtido por Zhou et al. (2013). A figura 4.2

mostra a comparação entre os valores da fração mássica de gás livre, a figura 4.3 mostra os

valores para a fração volumétrica de gás livre e a figura 4.4 mostra os resultados para a

Page 52: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

51

densidade de massa da mistura pela pressão. Os índices atribuídos são: PF para os resultados

obtidos pelo modelo termodinâmico, proposto neste trabalho de Projeto Final de Graduação, e

JFE para os resultados obtidos pelo modelo dinâmico, publicado no Journal of Fluid

Engineering. Os resultados com o índice “H” são resultados previstos para estados de equilíbrio

utilizando a lei de Henry. O resultado para densidade de massa com o índice “EXP” é o

resultado experimental mostrado pela figura 3.4.

Figura 4.2 – Resultados de simulação para fgl obtidos pelos diferentes modelos.

Figura 4.3 – Resultado de simulação para α obtidos pelos diferentes modelos.

Page 53: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

52

Figura 4.4 – Resultados de simulação para ρ obtidos pelos diferentes modelos e o

resultado experimental.

Como pode ser observado na figura 4.2, o resultado previsto para os dois modelos é bem

semelhante, uma vez que os modelos são equivalentes e as funções de transferência de massa

foram ajustadas de forma a serem as mais próximas possível. Entretanto, os resultados para α e

ρ divergiram bastante para todas as faixas de pressão. Isso acontece porque as equações para a

densidade de massa de gás em função da pressão, ρg(p), utilizado nos resultados obtidos pelos

dois modelos são diferentes. A equação (2.41) foi utilizada para o resultado do modelo

termodinâmico, enquanto a equação (3.4) foi utilizada no resultado obtido pelo modelo

dinâmico. Na figura 4.5 é mostrado a diferença entre as duas equações de estado. Embora as

equações de estado para a densidade de massa de líquido usadas nos dois modelos também

sejam diferentes, o resultado obtido por elas é bem semelhante, como mostrado na figura 4.6,

de forma que a diferença entre as equações não causa uma divergência notável nos resultados.

Page 54: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

53

Figura 4.5 – Diferentes curvas das equações de estado para densidade de massa de gás

usadas nos dois modelos.

Figura 4.6 – Diferentes curvas das equações de estado para densidade de massa do óleo

usadas nos dois modelos.

Page 55: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

54

Sendo assim é esperado que caso as mesmas equações de estado sejam usadas nos dois

modelos, resultados mais próximos sejam obtidos tanto para α como para ρ. Nas figuras 4.7 e

4.8 são apresentados os resultados para a simulação realizadas utilizando os modelos e as

equações de estado mostradas na equação (2.41).

Figura 4.7 – Resultado de simulação para α obtidos pelos diferentes modelos utilizando

as equações (2.40) como equações de estado.

Figura 4.8 – Resultados de simulação para ρ obtidos pelos diferentes modelos utilizando

as equações (2.40) como equações de estado e o resultado experimental.

Page 56: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

55

É possível concluir que utilizando as mesmas equações de estado, o resultado das

simulações realizadas pelos dois modelos é semelhante, e que o modelo termodinâmico é

equivalente ao modelo dinâmico. Por sua vez Zhou et al. (2013) mostra que o modelo dinâmico

reproduz de forma satisfatória os resultados experimentais. Como o modelo dinâmico reproduz

de forma satisfatória o resultado experimental e o modelo termodinâmico é equivalente a ele,

então o modelo termodinâmico reproduz de forma satisfatória situações reais.

Contudo, a diferença apresentada pelos resultados de simulação obtidos pelos dois

modelos, quando duas equações de estado diferente são usadas, mostra que este é um parâmetro

fundamental para uma aplicação consistente de qualquer modelo a ser utilizado. Para melhorar

a aplicação do modelo, um estudo de como o gás livre se comporta ajudaria na escolha da

melhor equação de estado.

4.3.3 Métodos numéricos utilizados

Para obter os resultados apresentados na seção 4.3.2 as equações dos dois modelos

foram resolvidas utilizando-se o software MATLAB. O MATLAB possui alguns solvers para

a solução de sistemas de equações diferenciais onde as equações têm que ser escritas de forma

explicita. Por isso a formulação apresentada pela equação (4.33) foi necessária. Existe uma

página no site MathWorks chamada Choose an ODE Solver (Escolha um método de resolução

de EDO) onde a escolha dos solvers é orientada. Esta página recomenda que para sistemas não

rígidos a primeira tentativa de solver a ser utilizado teria que ser o “ode45” porque esse solver

tem uma maior precisão. Então esta foi a primeira tentativa, e com uma restrição de passo

máximo de 10-3*∇t, onde ∇t é definido como o tempo total de simulação, que nos casos

simulados na seção acima foi de 1s, os resultados mostrados na seção 4.3.2 foram obtidos.

No entanto, para resolver o sistema de equações que é formado pelas equações (2.10) e

(2.12) com a definição de Γ da equação (4.13), é necessária a utilização do solver ode15s que é

usado para equações rígidas (stiff).

4.3.4 Aprimoramento do modelo termodinâmico

A taxa de transferência de massa do modelo termodinâmico, Γ, foi definido na equação

4.13 baseado no modelo dinâmico apresentado no capitulo 3. Essa definição usou de forma

rigorosa os critérios apresentados por Zhou et al. (2013). Contudo duas modificações podem

ser aplicadas a essa definição te forma a torna-la mais consistente.

Page 57: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

56

A primeira modificação é uma correção, ou uma melhoria à consideração em que o

potencial de absorção, mostrado no primeiro parágrafo da seção 3.1, passa a ser proporcional a

diferença entre a fração mássica de gás livre, fgl, e a fração mássica de gás livre para estados de

equilíbrio, fglH, assim como foi feito para a fase de liberação. Dessa forma, durante a fase de

absorção, a fração mássica de gás livre sempre tende ao valor de equilíbrio, enquanto na

definição anterior ela tendia a zero, de forma que a curva da fração mássica prevista tende a

cortar a curva da fração mássica prevista para o equilíbrio. Esse resultado é mostrado na figura

4.9 através da análise da fração volumétrica de gás livre.

A segunda modificação é em relação ao termo 1−𝛼

1−𝛼𝐻 presenta na equação (4.13), derivado

na equação (4.12), e o critério de parada baseado na comparação de 𝛼 com 𝛼𝐻1−𝛼

1−𝛼𝐻 . O termo

1−𝛼

1−𝛼𝐻 surgiu para que a formulação de Γ feita na subseção 4.2.1 ficasse rigorosamente

equivalentes ao modelo dinâmico apresentado por Zhou et al. (2013). Contudo, se este termo

for igualado à um, tanto o critério de parada como o potencial de liberação ou absorção dentro

da equação passarão a ser função da diferença entre a fração volumétrica de gás livre e da fração

volumétrica prevista para estados de equilíbrio, ao invés da diferença entre as frações mássicas.

Essas duas abordagens funcionam de forma equivalente e o resultado obtido por elas é mostrado

na figura 4.10.

Sendo assim, a formulação melhorada para Γ é:

H

n

n

ggHa

H

n

n

ggHr

aa

rr

p

pa

p

pa

12

0

122

12

0122

log'

log'

(4.34)

Page 58: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

57

Figura 4.9 – Resultados de simulação de compressão para α obtidos para o estado de

equilíbrio (eq. 4.17), para Γ da eq.4.13 e para o Γ modificado da eq. 4.34 e para a

pressão adimensionalizada e com escala modificada.

A figura 4.9 mostra o resultado de simulação em que o sistema tem como condição

inicial a pressão igual à pressão atmosférica de 1,013 bar, uma fração volumétrica de gás livre

maior que zero e está em equilíbrio. A pressão é então aumentada até 5 bar, e as curvas obtidas

para a fração volumétrica de gás livre para o estado de equilíbrio dada pela equação (4.17),

assim como os resultados de simulação para o modelo termodinâmico utilizando as equações

(4.13) e (4.34) são mostrados. Pode-se observar que a utilização da equação (4.13) leva a um

resultado em que a fração volumétrica de gás livre tende a cruzar a curva da fração volumétrica

para o equilíbrio, resultado esse que deveria ser impossível. Já o resultado obtido pela equação

(4.34) leva a uma curva que tende assintoticamente ao valor de equilíbrio. O efeito dente de

serra observado na curva que utiliza a equação (4.13) para o Γ acontece porque quando α é

menor que αH, a formulação determina que gás tem que ser liberado, e como o tempo de

liberação é muito baixo, o método numérico calcula um valor alto de gás liberado nesse passo

e depois calcula a sua absorção. Quando se modifica as tolerâncias utilizadas ou o passo

máximo, o mesmo efeito de dente de serra é observado, mas com uma amplitude menor e uma

Page 59: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

58

frequência maior. A troca de α por α-αH implementada na equação (4.34) acaba com esse

comportamento.

Figura 4.10 – Resultados de simulação de descompressão para α obtidos para o estado

de equilíbrio (eq. 4.17), para Γ da eq.4.13 e para o Γ modificado da eq. 4.34 e para a

pressão adimensionalizada e com escala modificada.

A figura 4.10 mostra o resultado de simulação em que o sistema tem como condição

inicial a pressão igual à pressão atmosférica de 1,013 bar, uma fração volumétrica de gás livre

maior do que zero e está em equilíbrio. A pressão é então reduzida até 0,3 bar, e as curvas

obtidas para a fração volumétrica de gás livre para o estado de equilíbrio dada pela equação

(4.17), assim como os resultados de simulação para o modelo termodinâmico utilizando as

equações (4.13) e (4.34) são mostrados. Pode-se observar que a utilização da equação (4.13)

leva a um resultado que a fração volumétrica de gás livre é igual a prevista para estados de

equilíbrio, resultado esse que é possível e acontece porque o tempo de liberação obtido por

Zhou et al. (2013) é muito baixo, de forma que a liberação acontece praticamente de forma

instantânea. Já o resultado usando a equação (4.34) leva a um resultado semelhante e ambos

nuca ultrapassam a valor previsto para o equilíbrio. Uma tolerância mais baixa aos erros

relativos e absolutos tiveram que ser usadas na simulação deste problema, visto que resultados

impossíveis estavam sendo obtidos com as tolerâncias padrões do método de solução ode45.

Page 60: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

59

5 CONCLUSÕES

Esse trabalho mostra que através de uma abordagem para mistura homogênea e da

utilização de dois potenciais termodinâmicos: a energia livre de Helmholtz e um

pseudopotencial de dissipação, é possível elaborar um modelo para a previsão de liberação e

absorção de gases em meios líquidos sob transformações isotérmicas para processos

irreversíveis. Para o desenvolvimento deste modelo, uma abordagem de variáveis internas foi

utilizada, considerando a fração volumétrica de gás livre e a concentração de massa de gás

dissolvido como variáveis de estado. Baseado no modelo apresentado por Zhou et al. (2013), a

diferença entre a fração volumétrica instantânea de gás livre e a fração volumétrica de gás livre

prevista pela lei de Henry para estados de equilíbrio foi utilizada como um potencial de

liberação ou absorção de gás. Esta abordagem leva a um resultado em que, caso o sistema sofra

uma variação de pressão, independentemente de como o processo ocorra, quando a pressão se

estabilizar o sistema se estabilizará com a concentração de gás dissolvido prevista para o

equilíbrio depois de um período de tempo suficientemente longo. Da mesma forma, caso uma

variação volumétrica seja imposta, independentemente de como o processo ocorra, quando o

volume se estabilizar o sistema se estabilizará com a concentração de gás dissolvido e a pressão

prevista para o equilíbrio depois de um período de tempo suficiente mente longo.

O modelo termodinâmico proposto teve suas constantes determinadas através da

comparação com um modelo dinâmico apresentado em Zhou et al. (2013), esse modelo foi

derivado a partir da uma equação para dinâmica de bolhas e não apresenta fundamentação

termodinâmica. No entanto, o autor comparou os resultados obtidos por este modelo com

resultados experimentais obtendo um resultado final suficientemente próximo e

consideravelmente melhor do que os resultados previstos para estados de equilíbrio. Sendo

assim, a utilização do modelo dinâmico para a validação e determinação das constantes do

modelo com fundamento termodinâmico proposto neste trabalho foi considerada satisfatória,

mostrando que a utilização do pseudopotencial de dissipação proposto na subseção 2.3.2 leva a

Page 61: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

60

um resultado capaz de reproduzir resultados experimentais. As simulações mostraram que a

presença de gás no líquido pode gerar fenômenos como atenuação de picos de pressão, mudança

na compressibilidade da mistura e histerese. A correta previsão desses fatores permite o projeto

de equipamentos mais confiáveis. Além disso, a derivação do modelo satisfazendo

incondicionalmente a segunda lei da termodinâmica e utilizando a desigualdade de Clausis-

Duhen permite a contabilização da energia dissipada devido a liberação e a absorção de gás, o

que é uma vantagem em relação ao modelo empírico proposto por Zhou et al. (2013), podendo

ser mais amplamente aplicada.

Page 62: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

61

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GHOLIZADEH, Hossein; BITNER, Doug; BURTON, Richard; SCHOENAU, Greg.

Modeling and Experimental Validation of the Effective Bulk Modulus of a Mixture

of Hydraulic Oil and Air. Journal of Dynamic Systems, Measurement, and Control, v. 136, n.

05103, p.1-14, set. 2014.

KIM, Sunghun; MURRENHOFF, Hubertus. Measurement of Effective Bulk Modulus for

Hydraulic Oil at Low Pressure. Journal of Fluids Engineering, v. 134, n. 021201, p. 1-10, fev.

2012.

LEMA, Marcos; PEÑA, Fernando L.; RAMBAUD, Patrick; BUCHLIN, Jean-Marie;

STEELANT, Johan. Fluid hammer with gas desorption in a liquid-filling tube: experiments

with three different liquids. Experiments in Fluids, v. 56, n. 180, p. 1-12, set. 2015.

RACHID, Felipe B. de Freitas. Continuum thermo-mechanical model for homogeneous liquid–

gas flows with internal surface tension effects. Mechanics Research Communications, v. 33, p.

337-351, ago. 2005.

RACHID, Felipe B. de Freitas; SILVA, Agnaldo Borges. Modeling of release and absorption

of gas in liquid–gas flows within a consistent thermodynamic framework. International Journal

of Engineering Science, v. 66-67, p. 21-43, mai./jun. 2013.

RACHID, Felipe B. de Freitas. Modeling gaseous and vaporous cavitation in liquid flows

within the context of the thermodynamics of irreversible processes. International Journal of

Non-Linear Mechanics, v. 65, p. 245-252, jun. 2014.

SCHWEITZER, P. H.; SZEBEHELY, V. G.. Gas Evolution in Liquids and Cavitation. Journal

of Applied Physics. v. 21, p. 1218-1224, dez. 1950.

Page 63: PROJETO DE GRADUAÇÃO II...UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO

62

www.mathworks.com. URL http://www.mathworks.com/help/matlab.

ZHOU ET AL., Junjie; VACCA, Andrea; MANHARTSGRUBER, Bernhard. A Novel

Approach for the Prediction of Dynamic Features of Air Release and Absorption in Hydraulic

Oils. Journal of Fluids Engineering, v. 135, p. 091305-1-091305-8, set. 2013