PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ADAPTAÇÕES QUE...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ADAPTAÇÕES QUE VISEM ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO PRÉDIO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CAMILLA ESPÍRITO SANTO ALMEIDA MATHEUS NEIVA DIAS 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ADAPTAÇÕES QUE VISEM ACESSIBILIDADE PARA

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO PRÉDIO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CAMILLA ESPÍRITO SANTO ALMEIDA

MATHEUS NEIVA DIAS

2019

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PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ADAPTAÇÕES QUE VISEM ACESSIBILIDADE PARA

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO PRÉDIO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CAMILLA ESPÍRITO SANTO ALMEIDA

MATHEUS NEIVA DIAS

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador (a): Prof.ª Sandra Oda

RIO DE JANEIRO

Agosto de 2019

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PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ADAPTAÇÕES QUE VISEM ACESSIBILIDADE PARA

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO PRÉDIO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Camilla Espírito Santo Almeida

Matheus Neiva Dias

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA

CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO

PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

CIVIL.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. ª Sandra Oda

________________________________________________

Profa.Vivian Karla Castelo Branco Louback Machado Balthar

FAU/UFRJ

________________________________________________

Eng. Mieka Arao

PUC Rio

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

AGOSTO de 2019

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Almeida, Camilla Espírito Santo / Dias, Matheus Neiva

Projeto de implantação de adaptações que visem acessibilidade

para pessoas com deficiência no prédio do Centro de

Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro/

Camilla Espírito Santo Almeida e Matheus Neiva Dias – Rio

de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2019.

xiii, 65 p.:il.; 29,7 cm.

Orientador: Sandra Oda

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 59-62

1. Introdução 2. Evolução dos direitos de pessoas com deficiência

3. Tecnologias Assistivas 4. Especificações Normativas 5.

Estudo de Caso 6. Considerações Finais

I. Oda, Sandra II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Título

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“Para as pessoas sem deficiência a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com

deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis”

Mary Pat Radabaugh

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos à professora Sandra Oda por toda a orientação, dedicação e paciência. Por

todo apoio e amizade, pela compreensão e por ser diferente e fazer a diferença neste ambiente

difícil da graduação.

Agradecemos aos nossos amigos da faculdade, Anderson, Luis, Luiza, Kaoru e Vitor,

pelo companheirismo, pelos momentos de risos e descontração. Por nos trazer identificação e

bem estar.

Agradecemos a Decania da UFRJ pela criação da comissão de apoio ao estudante com

deficiência por nos servir de inspiração.

Agradecemos ao Vinicius por tão prontamente nos conceder uma entrevista, nos

esclarecendo a importância deste trabalho e nos possibilitando ampliar nossa visão de mundo em

relação às pessoas com deficiência. Suas palavras foram fundamentais para nós.

Camilla Almeida agradece:

Gostaria de agradecer aos meus pais, Carmem Lúcia e Cosme Luiz, que sempre me

apoiaram em todas as minhas decisões, e garantiram, mesmo dentro das suas limitações, que eu

tivesse condições de ir em busca dos meus sonhos.

Às minhas amigas, Anna Beatriz e Rowena, por todos os momentos vividos no ensino

médio, e por continuarem me apoiando durante o meu percurso na graduação, e principalmente

deste último período dando ótimos conselhos ou simplesmente escutando os meus problemas.

E principalmente, ao Matheus, pela grande amizade de 10 anos, e por ter aceitado

enfrentar junto comigo esse último desafio. Sem a sua parceria este trabalho seria impossível de

ser realizado.

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Matheus Neiva agradece:

Agradeço à minha família que durante esses anos me apoiaram e viveram junto comigo

todos os momentos difíceis, que estiveram do meu lado e que me forneceram as condições

necessárias para que eu pudesse cumprir esta importante etapa.

Agradeço ao meu namorado Fábio, pois sem o seu suporte, sua imensa capacidade de

acolhimento, presença e amor, talvez eu não fosse capaz de finalizar este trabalho tão bem

comigo mesmo.

Agradeço à Camilla por aceitar compartilhar comigo esta missão, apesar de todas as

surpresas e percalços do caminho. Pela amizade, suporte e paciência. Por me entender e por

confiar em mim.

Aos meus professores do ensino fundamental e médio, especialmente à Cristiane Alves,

Márcio Freitas, Helane Costa e Shirley Bastos. Seus ensinamentos foram além da sala de aula,

me formaram como ser humano. Obrigado.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ADAPTAÇÕES QUE VISEM ACESSIBILIDADE PARA

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO PRÉDIO DO CENTRO DE TECNOLOGIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Camilla Espírito Santo Almeida

Matheus Neiva Dias

Agosto de 2019

Orientador (a): Sandra Oda

O Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é a sede da Escola

Politécnica e da Escola de Química, reunindo cursos de graduação e programas de pós-

graduação. Em 2017 foram implementadas ações afirmativas ao sistema de seleção de alunos

para ingresso nos cursos de graduação da universidade que reservam vagas destinadas ao acesso

de pessoas com deficiência, tornando ainda mais urgente a demanda por acessibilidade no CT.

Este trabalho teve por objetivo a elaboração de projetos de adequação que promovam a

acessibilidade básica para pessoas com deficiência visual, sendo eles, o projeto de implantação

de sinalização tátil no piso (piso tátil) e de sinalização tátil vertical (placas em Braille). Para

identificar as principais dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência visual no ambiente

acadêmico da UFRJ foi realizada entrevista com estudante portador de deficiência visual. E para

a confecção do projeto foram aplicadas as normas NBR-9050 e NBR-16537, que estabelecem

diretrizes para projetos de acessibilidade.

Palavras-chave: Acessibilidade, Tecnologia Assistiva, Deficiência Visual, Piso Tátil

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

PROJECT FOR IMPLEMENTING ADAPTATIONS TO THE TECHNOLOGY CENTER OF

RIO DE JANEIRO FEDERAL UNIVERSITY'S BUILDING FOR ACCESSIBILITY OF

STUDENTS WITH VISUAL IMPAIRMENT

Camilla Espírito Santo Almeida

Matheus Neiva Dias

August 2019

Adviser: Sandra Oda

The Rio de Janeiro Federal University's (UFRJ) Technology Center is home to the Politechnical

and Chemical Schools, including undergraduate and graduate programs. In 2017 affirmative

actions for deficient students were implemented on the selection process for Undergraduate

Courses, saving a number of vacancies for them, what made it urgent that the Technology Center

was made accessible for them. This piece contributes to the elaboration of projects that adapt the

Technology Center for these students with visual impairment and promote the basic accessibility

they need, namely the project for tactile signaling on the floor (tactile floor) and vertical tactile

signaling (Braille signs). To identify the main challenges faced by people with visual impairment

in UFRJ's academy environment, an interview with a student with visual impairment was

conducted. And in the making of this project, brazilian norms NBR-9050 and NBR-16537 -

which establish guidelines for accessibility projects in the country - were applied.

Keywords: Accessibility, Assistive Technology, Visual Impairment, Tactile Floor

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fachada do Centro de Tecnologia 7

Figura 2: Centro de Tecnologia (Google Earth, 2018) 8

Figura 3: Sinalização tátil direcional 12

Figura 4: Sinalização tátil de alerta 12

Figura 5: "Cela" Braille 14

Figura 6: Alfabeto Braille. (GIL, 2000) 15

Figura 7: Dimensões referenciais para pessoas em pé - dimensões em metro (ABNT, 2015) 17

Figura 8: Corrimão em escada e rampa - dimensões em metro (ABNT 2015) 18

Figura 9: Corrimão intermediário - dimensões em metro (ABNT 2015) 19

Figura 10: Corrimão intermediário interrompido no patamar - dimensões em metro (ABNT 2015) 19

Figura 11: Arranjo geométrico dos pontos em Braille - dimensões em milímetro (ABNT, 2015) 21

Figura 12: Formato do relevo do ponto em Braille (ABNT, 2015) 21

Figura 13: Sinalização de portas – dimensões em metros (ABNT, 2015) 22

Figura 14: Sinalização de corrimão – vista superior – dimensões em milímetros (ABNT, 2015) 22

Figura 15: Sinalização de pavimento – vista lateral – dimensões em metros (ABNT, 2015) 23

Figura 16: Contraste de luminância (ABNT, 2016) 24

Figura 17: Sinalização tátil direcional e relevos táteis de alerta instalados no piso – dimensões em

milímetros (ABNT, 2015) 25

Figura 18: Sinalização tátil de alerta e relevos táteis de alerta instalados no piso – dimensões em

milímetros (ABNT, 2015) 25

Figura 19: Distância mínima entre a sinalização tátil direcional e obstáculos – dimensões em metros

(ABNT, 2016) 26

Figura 20: Elevadores (ABNT, 2016) 27

Figura 21: Balcões de atendimento e guichês de bilheteria (ABNT, 2016) 28

Figura 22: Sinalização tátil direcional (ABNT, 2016) 28

Figura 23: Sinalização tátil direcional com faixa lateral de piso liso complementar (ABNT, 2016) 29

Figura 24: Mudança de direção – 150° ≤ X ≤ 180° (ABNT, 2016) 30

Figura 25: Degrau isolado (ABNT, 2016) 31

Figura 26: Escada fixa (ABNT, 2016) 32

Figura 27: Rampa fixa – dimensões em metros (ABNT, 2016) 33

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Figura 28: Patamar de escada ou rampa com interrupção no corrimão (ABNT, 2016) 33

Figura 29: Patamar de escada ou rampa com comprimento superior a 2,10 m (ABNT, 2016) 34

Figura 30: Patamar de escada ou rampa com circulação adjacente (ABNT, 2016) 34

Figura 31: Elevadores – dimensões em metros (ABNT, 2016) 35

Figura 32: Sinalização de alerta em balcões de atendimento e guichês de bilheteria (ABNT, 2016) 36

Figura 33: Mudança de direção – 90° ≤ X ≤ 150° (ABNT, 2016) 37

Figura 34: Encontro de três faixas direcionais ortogonais (ABNT, 2016) 37

Figura 35: Encontro de faixa direcional angular com faixa ortogonal (ABNT, 2016) 38

Figura 36: Encontro de três faixas direcionais angulares (ABNT, 2016) 38

Figura 37: Encontro de quatro faixas direcionais ortogonais (ABNT, 2016) 39

Figura 38: Encontro de quatro faixas direcionais angulares (ABNT, 2016) 39

Figura 39: Assentamento de piso tátil integrado ao piso acabado (ABNT, 2016) 40

Figura 40: Assentamento de piso tátil sobreposto ao piso acabado (ABNT, 2016) 40

Figura 41: Piso tátil rebaixado sob porta (ABNT, 2016) 41

Figura 42: Concentração de portas com piso simplificado 43

Figura 43: Parede dupla 44

Figura 44: Dimensão adotada para pisos táteis de alerta em portas 45

Figura 45: Obstáculos 47

Figura 46: Portas com raio de abertura sobre área de implantação de piso tátil 48

Figura 47: Porta com piso tátil sob raio de abertura 48

Figura 48: Piso com alto-relevo 49

Figura 49: Escada do bloco A sem corrimão intermediário 50

Figura 50: Escada com corrimão fora dos padrões NBR-9050 e sem corrimão em ambos os lados 50

Figura 51: Piso danificado 51

Figura 52: Pisos táteis (fonte: https://www.extra.com.br) 53

Figura 53: Cola de Contato Extra (fonte: https://www.casasbahia.com.br) 54

Figura 54: Vedador de Bordas (fonte: https://www.leroymerlin.com.br) 54

Figura 55: Placas táteis em Braille e relevo (fonte: https://totalacessibilidade.com.br) 55

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição percentual da população por tipo de deficiência (dados do IBGE, 2010) 6

Tabela 2: Degrau isolado – dimensões em metros (ABNT, 2016) 31

Tabela 3: Escada fixa – dimensões em metros (ABNT, 2016) 32

Tabela 4: Quantidade total de piso tátil 52

Tabela 5: Quantidade de placas em Braille por tipo 52

Tabela 6: Planilha orçamentária 56

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 CONTEXTO E MOTIVAÇÃO Erro! Indicador não definido.

1.2 OBJETIVO 1

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO 2

2 EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 3

2.1 DEFICIÊNCIA E DIREITOS HUMANOS 3

2.2 CONTEXTO HISTÓRICO INTERNACIONAL 4

2.3 SITUAÇÃO BRASILEIRA 5

2.4 REPENSANDO A UNIVERSIDADE 7

3 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 10

3.1 CONCEITO 10

3.2 PISO TÁTIL 11

3.3 SINALIZAÇÃO EM BRAILLE E/OU ALTO-RELEVO 13

4 ESPECIFICAÇÕES NORMATIVAS 17

4.1 PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS 17

4.1.1 Dimensões referenciais 17

4.2 RAMPAS E ESCADAS 17

4.3 INFORMAÇÃO E SINALIZAÇÃO 20

4.3.1 Sinalização em forma de texto e símbolos 20

4.3.2 Sinalização de portas 21

4.3.3 Sinalização de pavimentos 22

4.3.4 Sinalização tátil e visual no piso 23

4.4 UTILIZAÇÃO DE SINALIZAÇÃO DIRECIONAL 26

4.4.1 Distância dos objetos 26

4.4.2 Escadas e rampas 26

4.4.3 Elevadores 27

4.4.4 Balcões de atendimento e guichês de bilheteria 27

4.4.5 Requisitos específicos 28

4.4.6 Mudanças de direção 29

4.5 UTILIZAÇÃO DE SINALIZAÇÃO ALERTA 30

4.5.1 Degraus, escadas e rampas 30

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4.5.2 Patamares 33

4.5.3 Elevadores 35

4.5.4 Balcões de atendimento e guichês de bilheteria 35

4.5.5 Mudanças de direção 36

4.6 ASSENTAMENTO DE SINALIZAÇÃO TÁTIL NO PISO 40

5 ESTUDO DE CASO 42

5.1 PLANTA BAIXA 43

5.2 DIMENSÕES ADOTADAS 44

5.2.1 Piso tátil 44

5.2.2 Portas 44

5.2.3 Degraus, escadas e rampas 45

5.3 DIFICULDADE TÉCNICAS OU INCONFORMIDADES 46

5.3.1 Obstáculos 46

5.3.2 Raio de abertura de portas 47

5.3.3 Pisos com alto-relevo 48

5.3.4 Escadas sem corrimão 49

5.3.5 Necessidades de reparos 51

5.4 ORÇAMENTO 51

5.4.1 Quantitativo de materiais 51

5.4.2 Características dos materiais 53

5.4.3 Estimativa de custo 55

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 57

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 59

ANEXO I: ENTREVISTA 63

ANEXO II: PROJETO 65

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1 INTRODUÇÃO

Ainda hoje no Brasil as pessoas com deficiência encontram barreiras que dificultam o

acesso igualitário à direitos por este grupo minoritário. Um dos aspectos que pode ser observado

nesse contexto é o precário acesso de pessoas com deficiência ao ambiente acadêmico e ao

mercado de trabalho.

A fim de ampliar o acesso deste grupo ao ambiente acadêmico e assim diminuir a

desigualdade de oportunidade de direitos foi promulgada a Lei n° 13.409 que trata sobre a

reserva de vagas em universidades federais para pessoas com deficiência. Com a mudança no

sistema de ação afirmativa surge a previsão de um aumento significativo do número de pessoas

com deficiência frequentando o ambiente acadêmico, tornando ainda mais urgente a demanda

por acessibilidade das instituições de ensino superior brasileiras. Considerando que a UFRJ não

tem suas instalações com a devida acessibilidade foi criada pela decania a Comissão para as

Ações de Acessibilidade do CT Inclusiva e Acessível, formada por professores e alunos do

Centro de Tecnologia com o objetivo de adequar esses ambientes.

Segundo dados do IBGE (2010) a deficiência com maior número de ocorrências no Brasil

é a visual, e, por este motivo, este trabalho visa encontrar modos de minorar as barreiras

encontradas pelas pessoas com deficiência visual no acesso à universidade. Para isso será feito o

projeto de implantação de tecnologias assistivas no prédio do Centro de Tecnologia de acordo

com as normas NBR-9050 e NBR-16537 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

que estabelecem diretrizes para projetos de acessibilidade. Também será realizado um breve

levantamento das principais dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência visual no

ambiente acadêmico da UFRJ através de entrevista com estudante portador de deficiência visual.

1.1 OBJETIVO

O presente trabalho teve como objetivo principal desenvolver um projeto de sinalização

tátil visual no piso (piso tátil) e sinalização tátil visual vertical, entre outras adequações, para o

Centro de Tecnologia (CT) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para elaborar o projeto foi realizada uma análise das atuais condições do CT no que se

refere à acessibilidade de pessoas com deficiência visual, visando identificar os principais

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problemas que precisam ser corrigidos e as necessidades de adaptação ou modernização a fim de

tornar acessível sua estrutura.

Espera-se que este projeto possa ser implementado no prédio do CT, e que sirva de

exemplo para a realização de projetos como o abordado neste trabalho para os outros prédios da

cidade universitária, de modo que se garanta a acessibilidade de todos que venham a usufruir da

estrutura da universidade.

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está dividido em 6 capítulos estando eles estruturados da seguinte maneira:

No capítulo 1 são descritos o contexto e a motivação do trabalho, bem como seus

objetivos. É explicado brevemente a estrutura do trabalho.

O capítulo 2 traz uma abordagem histórica sobre o direitos das pessoas com deficiência

visual, fazendo primeiramente uma reflexão sobre o princípio da igualdade de direitos, seguida

de uma contextualização histórica internacional, uma breve análise do cenário brasileiro atual e

por fim tratando das necessidades de adaptação das universidades como parte dessa evolução por

direitos das pessoas com deficiência.

O capítulo 3 aborda os conceitos de Tecnologia Assistiva e Desenho Universal e

esclarece as principais características das tecnologias assistivas abordadas neste estudo, sendo

elas: a sinalização tátil no piso e a sinalização tátil vertical em braille.

O capítulo 4 traz uma revisão bibliográfica das normas NBR-9050 e NBR-16537 que

tratam respectivamente sobre acessibilidade a edificações e diretrizes para projetos de

sinalização tátil no piso.

O capítulo 5 reúne as informações referentes ao projeto de instalação de sinalização tátil

no piso, com as dimensões adotadas no projeto e as dificuldades técnicas encontradas na

realização do mesmo

O capítulo 6 apresenta as principais considerações sobre o trabalho e sugestões de

trabalhos futuros.

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2 EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

2.1 DEFICIÊNCIA E DIREITOS HUMANOS

A sociedade brasileira busca avanços relativos à igualdade entre seus cidadãos, contudo

uma parcela da população, a de pessoas com deficiência, ainda não tem suas necessidades

atendidas de forma eficaz, encontrando limites para o exercício de uma vida digna através das

dificuldades encontradas na realização de atos da vida civil, em especial no acesso ao ambiente

acadêmico e na precária inserção no mercado de trabalho, o que por sua vez perpetua as

desigualdades de direitos ora referidas.

No art. 2º da Lei n°. 13.146 é referido pessoa com deficiência com a seguinte definição:

“[...] aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,

intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode

obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de

condições com as demais pessoas.” (BRASIL, 2015)

A igualdade é tratada no art. 5º da Constituição Federal, que traz o seguinte enunciado:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-

se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade" (BRASIL,

1988)

De forma a elucidar o texto constitucional sobre o princípio da igualdade Nery Junior diz:

“O princípio da igualdade pressupõe que as pessoas colocadas em situações

diferentes sejam tratadas de forma desigual: Dar tratamento isonômico às partes

significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata

medida de suas desigualdades" (NERY JUNIOR, 1999, p.42 apud Machado e

Barelli, 2017)

Desta forma o artigo 5º da Constituição Federal dispõe que não deve haver discriminação

entre os indivíduos da sociedade através de suas diferenças, mas que para o alcance da igualdade

de direitos, suas desigualdades devem ser consideradas, a fim de equalizar o acesso a tais

direitos. Sendo assim, os impedimentos enfrentados por pessoas com deficiência no acesso à

saúde, educação, trabalho e lazer devem ser atenuados por medidas públicas que garantam a

acessibilidade e dignidade a todos, com ou sem deficiência.

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Segundo a NBR 9050, o termo acessibilidade pode ser entendido como possibilidade de

utilização de espaços, transportes e serviços, edificações e instalações abertas ao público com

segurança e autonomia de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida (ABNT, 2015).

2.2 CONTEXTO HISTÓRICO INTERNACIONAL

Analisando o contexto histórico internacional da construção de mecanismos legais que

promovam a igualdade e os direitos humanos para os indivíduos em geral é possível perceber a

demora no reconhecimento de pessoas com deficiência como um grupo minoritário que possui

desigualdades que propiciam fatores que impedem o correto acesso a seus direitos humanos. A

Organização das Nações Unidas (ONU) negligenciou esses aspectos na Carta Internacional de

Direitos Humanos (1948), tendo em vista que nos três instrumentos que compõem a Carta (a

Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e

Políticos (1966) e o Pacto Internacional sobre Desenvolvimento Econômico, Social e Cultural

(1966)) não se menciona a deficiência como um fator de vulnerabilidade de indivíduos e de

fomento a violação de direitos humanos, mesmo sendo este um dos maiores grupos minoritário

do mundo (DEGENER & QUINN. 2019).

No período pós Primeira Guerra Mundial, alguns países da Europa começaram a ter nas

suas legislações leis que visam algum tipo de auxílio à veteranos de guerra com alguma

deficiência em decorrência de combate. Somente nos anos 60 que essas leis foram sendo

ampliadas para parcelas gerais da população, independentemente da origem da deficiência.

Todas essas leis visavam ainda um modelo médico, no qual o foco está em reduzir a deficiência

do indivíduo e/ou em medidas compensatórias que tinham como resultado a segregação e

inferiorização da pessoa com deficiência (DEGENER & QUINN, 2019).

Já na década de 70, influenciada pela emergente demanda de se especificar os direitos de

pessoas com deficiência, são promulgados pela ONU em Assembléia Geral a Declaração sobre

os Direitos das Pessoas Mentalmente Retardadas (1971) e a Declaração sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência (1975), que colocam de vez as pessoas com deficiência na pauta dos

direitos humanos (DEGENER & QUINN, 2019).

Em 1982 a Assembléia Geral das Nações Unidas promulgou o Programa Mundial de

Ação para Pessoas com Deficiência, que tem o intuito de ser um instrumento de orientação

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referente a pessoas com deficiência para a próxima década (1982-1993). O programa era

dividido em três partes, sendo as duas primeiras, prevenção e reabilitação, ainda muito alinhadas

com o que vinha sendo feito até então, com um foco mais médico. Já a terceira parte do

programa trouxe uma mudança de paradigma, pois falava sobre Equalização de Oportunidades e

se definia como um processo em que o foco deixa de ser somente o indivíduo, mas também a

estrutura geral da sociedade, com adequações no ambiente físico e cultural e nas áreas de

habitação, transporte, serviço social, saúde, educação e trabalho com igual oportunidade de

acesso à vida cultural e social e à prática de esporte e atividades recreativas (DEGENER &

QUINN, 2019).

Essa nova visão dos direitos de pessoas com deficiência focado na igualdade de

oportunidades é acentuada com a criação das Normas Para Equiparação de Oportunidades Para

Pessoas com Deficiência da ONU em dezembro de 1993. Essas normas eram não-vinculantes e

definiram que as necessidades de cada indivíduo devem ser as bases para o planejamento das

sociedades e que o princípio da igualdade de direitos implica que essas necessidades são de igual

importância independentemente das desigualdades individuais. Por este motivo devem ser

empregados recursos que garantam a igualdade de oportunidades e façam com que pessoas com

deficiência recebam o apoio que necessitam dentro das estruturas comuns de educação, saúde,

emprego e serviços sociais, com maior integração e menor segregação (OMS, 2011).

Com esse paradigma de que a pessoa com deficiência não é meramente um indivíduo

sujeito a medidas beneficiárias de caridade, mas encarando a deficiência como um fator de

exclusão e de gatilho para violação de direitos humanos, é adotado em 2006 pela ONU a

resolução que estabelece a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o qual o

Brasil assina o Decreto nº 6.949 vinculante em 2009, em que é previsto a existência de um

comitê da ONU para monitorar a forma que os países vinculados à convenção estão dando

seguimento às questões estabelecidas na convenção, analisando-os e emitindo recomendações

concretas sobre como as violações devem ser combatidas e os direitos garantidos (ONU, 2016).

2.3 SITUAÇÃO BRASILEIRA

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) obtidos no censo

demográfico de 2010, 45,6 milhões de pessoas declararam ter pelo menos uma das deficiências

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investigadas no levantamento, correspondendo a 23,9% do total da população brasileira.

Conforme pode ser visto na Tabela 1, entre as deficiências investigadas no censo, a que

apresentou o número mais expressivo de ocorrências foi a de pessoas com algum tipo de

deficiência visual, correspondendo a 18,8% da população, sendo que entre eles 506.377 pessoas

se declararam ser incapazes de enxergar (cegas) e 6.056.533 declararam possuir grande e

permanente dificuldade de enxergar (IBGE, 2010).

Tabela 1: Distribuição percentual da população por tipo de deficiência (dados do IBGE, 2010)

Tipo de deficiência

% da

população

Visual Auditiva Motora Mental ou

intelectual

Pelo menos uma

dessas def.

Nenhuma dessas

deficiências

18,8% 5,1% 7,0% 1,4% 23,9% 76,1%

Na mesma oportunidade o IBGE verificou que o nível de instrução (escolaridade) de

pessoas sem nenhuma deficiência é significativamente maior do que de pessoas com alguma

deficiência, considerando que 61,1% da população com 15 anos ou mais de idade com

deficiência não tinha instrução alguma ou possuía o fundamental incompleto enquanto que esse

percentual era de 38,2% para as pessoas na mesma faixa etária sem nenhuma deficiência. Essa

diferença também existe no ensino superior, no qual 6,7% da população de 15 anos ou mais com

deficiência completou o ensino superior enquanto que esse percentual é de 10,4% para a

população sem deficiência na mesma faixa etária (IBGE, 2010).

O censo ainda indica que em relação à inserção de pessoas com deficiência no mercado

de trabalho também existe uma redução em comparação com pessoas sem nenhuma deficiência,

sendo que entre as deficiências investigadas no levantamento a deficiência visual é a que se

mostrou com menor influência nas taxas de atividades no mercado de trabalho, em comparação

com outras deficiências como mental/intelectual e motora que apresentaram ser mais limitantes a

inserção no mercado de trabalho com reduções mais significativas (IBGE, 2010).

Tendo em vista o baixo acesso de pessoas com deficiência ao ensino superior, o

Congresso Nacional com o intuito de exercer a igualdade material prevista na Constituição e

garantir os termos previstos na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,

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promulgou a Lei n°13.409 em dezembro de 2016 que altera a Lei n° 12.711/2012 sobre a reserva

de vagas (cotas) nos cursos de nível superior nas instituições federais de ensino, passando a

garantir a inclusão de pessoas com deficiência, objetivando assim a igualdade de acesso ao

ensino superior por esse grupo minoritário. (BRASIL, 2016).

Com o mesmo intuito foi criada em julho de 2015 a Lei nº 13.146 - Lei Brasileira de

Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Nesta lei ficou

estabelecido no Art. 57º que “As edificações públicas e privadas de uso coletivo já existentes

devem garantir acessibilidade à pessoa com deficiência em todas as suas dependências e

serviços, tendo como referência as normas de acessibilidade vigentes.” (BRASIL, 2015).

2.4 REPENSANDO A UNIVERSIDADE

O Centro de Tecnologia (Figura 1) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi

construído em 1970 e é a sede de duas Unidades, Escola Politécnica e Escola de Química, e de

três órgãos, Coppe, IMA e Nides (CT, 2018). A Figura 2 apresenta uma vista superior do prédio

que possui aproximadamente 230.000 (duzentos e trinta mil) metros quadrados de área

construída. Este dado foi retirado da planta baixa do CT fornecida pela Diretoria Adjunta de

Ensino e Cultura (DAEC) da Escola Politécnica em 2018.

Figura 1: Fachada do Centro de Tecnologia

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Figura 2: Centro de Tecnologia (Google Earth, 2018)

Considerando que o Centro de Tecnologia é um conjunto de edificações construídas na

década de 1970, época em que não havia maiores preocupações com a temática da acessibilidade

por não haver uma consciência coletiva a respeito da capacidade e potencial das pessoas com

deficiência visual e tampouco haviam métodos educacionais que garantissem a permanência

destas pessoas no ambiente acadêmico, a sua estrutura é, em si, incompatível com as demandas

de pessoas com deficiência visual e desde a sua construção não se houve nenhum projeto de

adaptação do prédio como um todo para atender essas demandas.

Em setembro de 2011 foi determinado que o ingresso aos cursos de graduação da UFRJ

seria realizado somente pelo Sistema de Seleção Unificado (SiSU) que utiliza como critério de

avaliação a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sendo 50% das vagas de cada

curso oferecidas para modalidade Ação Afirmativa e 50% para modalidade Ampla Concorrência

(UFRJ,2018).

Os alunos ingressantes com direito a utilizar da modalidade Ação Afirmativa são aqueles

que cursaram todo o Ensino Médio em escolas dos sistemas públicos de ensino, sendo

englobados nesta modalidade aqueles com renda familiar bruta per capita igual ou inferior a 1,5

do salário mínimo nacional em vigência, aqueles com renda familiar bruta per capita superior a

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1,5 do salário mínimo nacional em vigência e aqueles que se declaram pretos, pardos e indígenas

(UFRJ, 2018).

Entretanto, apenas em 2017, seguindo o que foi proposto pela Lei n°13.409 de 2016 visto

no Item 2.3 deste trabalho, a universidade adicionou uma nova categoria na modalidade Ação

Afirmativa para pessoas com deficiência. (UFRJ, 2017).

Visando adequar todo Centro de Tecnologia a esta nova demanda, foi criado pela Decania

do Centro de Tecnologia em conjunto com a Diretoria Adjunta de Ensino e Cultura (DAEC) da

Escola Politécnica a “Comissão para as Ações de Acessibilidade do CT Inclusiva e Acessível”

que tem como objetivo auxiliar estes novos alunos desde a integração com o meio acadêmico até

a adequação da estrutura física do prédio com a implantação de adaptações que visem

acessibilidade. Os projetos das adaptações visando acessibilidade do prédio do Centro de

Tecnologia estão sendo elaborado por uma equipe de alunos do curso de Engenharia Civil com a

orientação da professora Sandra Oda.

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10

3 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS

3.1 CONCEITO

Ao longo da história, a humanidade desenvolveu diversos utensílios ou ferramentas que

ampliaram e auxiliaram a capacidade humana. Abrangendo desde talheres que auxiliam a

refeição à bengalas que auxiliam no equilíbrio e locomoção dos indivíduos, a tecnologia se faz

presente no cotidiano. De acordo com Galvão Filho: "As tecnologias estão presentes em cada

uma das pegadas que o ser humano deixou sobre a terra, ao longo de toda a sua história."

(GALVÃO FILHO, 2009).

Tendo em vista as barreiras encontradas por pessoas com deficiências que podem limitar

suas capacidades, o uso de tecnologias que os auxiliem é fundamental, como diz Mary Pat

Radabaugh: "Para as pessoas sem deficiência a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as

pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis” (RADABAUGH, 1988, apud

NCD, 1993).

Em 1988 foi oficializado na legislação estadunidense o termo Assistive Technology, ou

traduzido para o português, Tecnologia Assistiva. O termo surgiu como elemento jurídico na

legislação norte americana. A oficialização do termo decorre da necessidade de regulamentação

legal das tecnologias assistivas, de modo a garantir a população de pessoas com deficiência um

suporte legal de acesso aos recursos que propiciem maior autonomia, produtividade e inclusão

destes na sociedade (BERSCH & TONOLLI, 2006).

No Brasil o termo Tecnologia Assistiva é exposto na Lei n° 13.146, que define:

"Tecnologia Assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos,

recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover

a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com

deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia,

independência, qualidade de vida e inclusão social" (BRASIL, 2015)

Segundo Bersch (2017) as Tecnologias Assistivas devem ser entendidas como

ferramentas de auxílio que ampliem uma habilidade funcional deficitária ou que possibilitem a

realização de uma tarefa que encontra barreiras devida a condição da deficiência ou por

envelhecimento. E através da ampliação de suas capacidades de comunicação, mobilidade e

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habilidades específicas é possível proporcionar maior autonomia e qualidade de vida para as

pessoas com deficiência, sendo este o principal objetivo da Tecnologia Assistiva.

Também na Lei n° 13.146 é definido o termo Desenho Universal:

"Desenho Universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a

serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto

específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva" (BRASIL, 2015)

Para Galvão Filho (2009) o conceito de Desenho Universal é um tema correlato as

discussões sobre Tecnologia Assistiva, pois emite a ideia de que todos os ambientes e recursos

da sociedade sejam concebidos visando a utilização de todas as pessoas, extrapolando assim a

ideia de projetos específicos ou adaptações com uso de espaços segregados que atendam uma

determinada limitação. Neste contexto não haveriam, por exemplo, banheiros adaptados para

deficientes, mas todos os banheiros seriam acessíveis a todos. Sobre isso Galvão Filho (2009)

disserta o seguinte: "Portanto, com a aplicação do conceito de Desenho Universal, se faz a

transição de uma realidade de segregação, de tutela, de paternalismo, para uma realidade de

cidadania, de equiparação de oportunidades e de sociedade inclusiva".

Este trabalho visa a implementação de algumas Tecnologias Assistivas no Centro

Tecnológico da UFRJ, sendo as principais delas a colocação de piso tátil e sinalização em braille.

Essas Tecnologias Assistivas serão brevemente expostas neste capítulo.

3.2 PISO TÁTIL

O Piso Tátil surgiu no Japão na década de 1960 inventado por Seiichi Miyake e

originalmente se chamava Bloco Tenji, que é o nome dado a um sistema braille japonês. Miyake

inventou os blocos em alto-relevo para ajudar um amigo que perdia a visão em 1965 e sua

primeira instalação ocorreu em Okayama em 1967, próximo a uma escola para deficientes

visuais (MEJÍA, 2019). O seu uso começou a se espalhar pelo Japão e nos anos 1970 foi

instalado em todas as plataformas de trem da Japan Railway e nos anos seguintes a tecnologia foi

incorporada por outros países do mundo (RYAN, 2019).

No Brasil o piso tátil existe a algum tempo. A NBR-9050 apresenta esta tecnologia desde

2004, mas somente em 2016 com a NBR-16537 os projetos para utilização de sinalização tátil

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em piso tiveram uma norma específica com as diretrizes para elaboração e instalação destes

projetos.

A NBR-16537 apresenta duas tipologias básicas de pisos táteis que são denominadas de

piso tátil direcional e piso tátil de alerta. O piso tátil direcional tem a função de ser uma guia ou

trilha preferencial de percurso e tem um layout formado por relevos lineares e paralelos que

direcionam o piso conforme a Figura 3.

Figura 3: Sinalização tátil direcional

O piso tátil de alerta tem a função de alertar a pessoa de um potencial risco ou obstáculos

e tem o seu layout formado por relevos tronco-cônicos conforme a Figura 4.

Figura 4: Sinalização tátil de alerta

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Estes pisos são encontrados no mercado com diversas opções de material, sendo os de

pvc, porcelanato, borracha, inox e concreto os mais comumente utilizados. Além da

variabilidade de material, podemos encontrar modelos de diversos tamanhos e cores.

3.3 SINALIZAÇÃO EM BRAILLE E/OU ALTO-RELEVO

Por muitos anos em diferentes lugares do mundo, diversas pessoas desenvolveram

mecanismos para permitir a leitura tátil para pessoas com deficiência visual. O primeiro a criar

um método foi o professor árabe Zayn-Din Al Amidi no século XIV, para conseguir identificar

livros (OLIVEIRA, 2019).

Em 1811, o capitão da artilharia francesa Charles Barbier de La Serre criou a invenção

denominada sonografia ou código militar, que tinha o objetivo de ser utilizada para a

comunicação entre oficiais durante a noite nas expedições de guerra. A sonografia utiliza de

linhas e pontos salientes formando 12 sinais que representavam sílabas da língua francesa. Em

1821, Barbier disponibilizou seu advento aos alunos do Institution National Pour Les Jeunes

Aveugles (Instituto Real dos Jovens Cegos). O Instituto Real dos Jovens Cegos foi a primeira

escola para pessoas com deficiência visual no mundo, fundada pelo francês Valentin Haüy em

1784 na cidade de Paris. Haüy ensinava aos seus alunos apenas a leitura por meio de

representações dos caracteres comuns com linhas em alto-relevo (LEMOS & CERQUEIRA,

1996).

Um dos alunos deste instituto era Louis Braille, que em 1825 usou como base o advento

de Barbier para criar o Sistema Braille que possibilita a leitura e escrita por pessoas com

deficiência visual. Em 1837, Braille concluiu a proposta para a estrutura básica do sistema com

aplicação, também, na matemática e em notações musicais, utilizada mundialmente até os

tempos atuais (LEMOS & CERQUEIRA, 1996).

No Brasil, José Álvares de Azevedo foi quem trouxe o Sistema Braille para o país em

1850 ao retornar de seus estudos na França. Entretanto, o sistema foi adotado apenas em 1854

quando teve a instalação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, hoje conhecido como

Instituto Benjamin Constant, sendo a primeira instituição na América Latina a utilizar

exclusivamente este sistema (CERQUEIRA, et al., 2009). Ao longo dos anos, no Brasil o

sistema sofreu adaptações em decorrência de reformas ortográficas e adoções de novas

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simbologias nos campos da matemática e da informática, como por exemplo, o uso da tabela

Taylor no lugar da simbologia francesa (LEMOS, 1996).

O Sistema Braille utiliza “celas”, conforme a Figura 5, em que cada uma é formada por

um conjunto de seis pontos dispostos em duas colunas com três pontos em cada uma, que

fornecem 63 diferentes combinações. Essas combinações representam as letras do alfabeto

(Figura 6), os sinais de pontuação, os símbolos de matemática, física e química e a notação

musical. (GIL, 2000).

Figura 5: "Cela" Braille

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Figura 6: Alfabeto Braille. (GIL, 2000)

Em fevereiro de 1999, a Comissão Brasileira do Braille (CBB) foi instituída pela Portaria

Ministerial nº 319, sendo constituída por especialistas do Sistema Braille. A CBB, em 2002,

elaborou as Normas Técnicas para a Produção de Textos em Braille de acordo com o inciso II do

artigo 3º da Portaria Ministerial nº 319. (BRASIL, 2018)

“Art. 3º - Compete à Comissão Brasileira do Braille: [...] II - Propor normas e

regulamentações concernentes ao uso, ensino e produção do Sistema Braille no

Brasil, visando a unificação das aplicações do Sistema Braille, especialmente

nas línguas portuguesa e espanhola.” (BRASIL, 1999)

O documento Normas Técnicas para a Produção de Textos em Braille determina, no

apêndice D – Medidas da Cela Braille da sua 3º edição, as dimensões padrões da cela Braille que

é um retângulo vertical de 4,7 mm de base por 7,4 mm de altura (MEC, 2018).

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O sistema Braille é utilizado em sinalização de portas e pavimentos que serão abordados

nos Itens 4.3.1 a 4.3.3.

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4 ESPECIFICAÇÕES NORMATIVAS

Serão apresentadas neste capítulo especificações presentes nas normas NBR-9050 e

NBR-16537 que devem ser seguidas na elaboração deste projeto, a fim que todas as Tecnologias

Assistivas encontradas como soluções para a adequação do prédio Centro de Tecnologia atendam

os conceitos de acessibilidade.

4.1 PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS

Para entender e poder aplicar estas especificações deve-se, primeiramente, conhecer os

parâmetros antropométricos de pessoas com deficiência visual.

4.1.1 Dimensões referenciais

Na Figura 7 podem ser vistas as dimensões de referência nos casos de pessoas com

deficiência visual utilizando uma bengala longa ou um cão-guia.

Figura 7: Dimensões referenciais para pessoas em pé - dimensões em metro (ABNT, 2015)

4.2 RAMPAS E ESCADAS

A NBR-9050 estabelece condições relativas a rampas que promovem maior

acessibilidade na circulação de todas as pessoas, neste estudo abordaremos aquelas que fazem

referencia a correta instalação de corrimãos, visto que em escada e rampas o corrimão serve de

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guia para pessoas com deficiência visual, suprindo a necessidade de sinalização tátil no piso

destes elementos.

Os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados de rampas e escadas a 0,92 m e

0,70 m do piso, medidos da face superior até o piso do degrau (escadas) ou do patamar (rampas),

conforme a Figura 8. Devendo ser contínuos, sem interrupção nos patamares das escadas e

rampas e devem prolongar-se paralelamente ao patamar, por pelo menos 0,30 m nas

extremidades sem que interfira com as áreas de circulação, conforme a Figura 8 (ABNT, 2015).

Figura 8: Corrimão em escada e rampa - dimensões em metro (ABNT 2015)

Nos casos onde for impraticável promover o prolongamento do corrimão no sentido do

caminhamento, este pode ser feito ao longo da área de circulação ou fixado na parede adjacente

(ABNT, 2015).

Em escadas e rampas com largura igual ou superior a 2,40 m, é necessária a instalação de

no mínimo um corrimão intermediário, garantindo faixa de circulação com largura superior a

1,20 m, conforme a Figura 9. Esses corrimãos devem ser interrompidos quando o comprimento

do patamar for superior a 1,40 m, garantindo o espaçamento mínimo de 0,80 m entre o término

de um segmento e o início do seguinte, conforme a Figura 10 (ABNT, 2015).

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Figura 9: Corrimão intermediário - dimensões em metro (ABNT 2015)

Figura 10: Corrimão intermediário interrompido no patamar - dimensões em metro (ABNT 2015)

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4.3 INFORMAÇÃO E SINALIZAÇÃO

A NBR 9050 estabelece as condições para que as informações e as sinalizações sejam

feitas de forma que transmitam uma orientação adequada aos usuários. A informação deve ser

transmitida de forma completa, precisa e clara por meios de sinalizações visuais, táteis e/ou

sonoras (ABNT, 2015).

A sinalização deve ser feita de forma legível e autoexplicativa, e se divide em três

categorias: informativa, direcional e de emergência. A sinalização deve ser disposta ao longo do

percurso do usuário em lugares perceptíveis, levando em consideração os pontos de tomada de

decisão (ABNT, 2015).

4.3.1 Sinalização em forma de texto e símbolos

As placas de sinalização podem ser compostas de caracteres táteis e símbolos de padrão

internacional em relevo, e devem seguir as especificações a seguir:

a) Altura do relevo: 0,8 mm a 1,2 mm;

b) Altura dos caracteres: 15 mm a 50 mm;

c) Distância mínima entre caracteres: 1/5 da altura da letra;

d) Distância entre linhas: 8mm;

e) Altura dos símbolos: 80 mm;

f) Distância entre símbolo e texto: 8 mm.

Em placas com informações em Braille não é dispensado o uso de sinalização visual e

tátil, sendo posicionadas abaixo destas sinalizações excetuando no caso de sentenças longas em

que o texto em Braille é disposto alinhado à esquerda do texto em relevo.

A forma e os espaçamentos entre os pontos em Braille podem ser visíveis nas Figuras 11

e 12.

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a b c d e

2,7 2,7 6,6 10,8 1,2 a 2,0

Figura 11: Arranjo geométrico dos pontos em Braille - dimensões em milímetro (ABNT, 2015)

Figura 12: Formato do relevo do ponto em Braille (ABNT, 2015)

4.3.2 Sinalização de portas

A NBR-9050 determina que a sinalização de portas deve ser feita de forma visual

juntamente com recurso tátil ou sonoro, e devem atender os seguintes critérios:

a) A sinalização deve ser colocada numa faixa de alcance visual entre 1,20 m e 1,60 m a

partir do piso, conforme a Figura 13;

b) No caso de sinalização instalada nas portas, ela deve ser centralizada e não pode

conter informações táteis. Essas informações devem vir na parede adjacente, seguindo

o critério do item anterior;

c) Em portas duplas com maçaneta no centro, a sinalização deve ser instalada ao lado da

porta da direita.

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Figura 13: Sinalização de portas – dimensões em metros (ABNT, 2015)

4.3.3 Sinalização de pavimentos

A identificação dos pavimentos deve ser feita em corrimões de escadas fixas e em rampas

com sinalização tátil (caracteres em relevo e em Braille), e devem ser instaladas conforme a

Figura 14. No caso de sinalização nas paredes, deve ser feito de forma visual e, opcionalmente,

tátil distando 1,20 m do piso, conforme a Figura 15 (ABNT,2015).

Figura 14: Sinalização de corrimão – vista superior – dimensões em milímetros (ABNT, 2015)

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Figura 15: Sinalização de pavimento – vista lateral – dimensões em metros (ABNT, 2015)

4.3.4 Sinalização tátil e visual no piso

A sinalização tátil e visual deve ser perceptível através de contraste tátil para ser

percebida por pessoas com deficiência visual que estejam utilizando bengala longa, por meio de

relevos, e de contraste visual para ser percebida pelas pessoas com baixa visão, por meio da

diferença de luminância da sinalização no piso com a superfície adjacente em condições secas e

molhadas. Para elementos de orientação, como pisos táteis, a diferença de LRV (valor da luz

refletida) deve ser igual ou superior a 30 pontos entre as duas superfícies, conforme ASRM

C609-07 (ABNT, 2015). A Figura 16 exemplifica essa diferença de luminância entre o piso tátil

e a superfície adjacente por meio de uma composição claro-escuro e uma escuro-claro.

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24

Figura 16: Contraste de luminância (ABNT, 2016)

A sinalização tátil e visual no piso pode ser direcional ou de alerta, e suas medidas

padrões estão ilustradas nas Figuras 17 e 18, respectivamente. A sinalização direcional deve ser

utilizada para criar um caminho preferencial e de guia para pessoas com deficiência visual,

enquanto a sinalização de alerta deve ser utilizada para:

a) Informar a existência de desníveis, e patamares das escadas e rampas;

b) Orientar o posicionamento adequado para o uso de equipamentos;

c) Informar as suas mudanças de direção do percurso;

d) Indicar o início e o término de degraus, escadas e rampas.

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25

Figura 17: Sinalização tátil direcional e relevos táteis de alerta instalados no piso – dimensões

em milímetros (ABNT, 2015)

Figura 18: Sinalização tátil de alerta e relevos táteis de alerta instalados no piso – dimensões em

milímetros (ABNT, 2015)

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26

4.4 UTILIZAÇÃO DE SINALIZAÇÃO DIRECIONAL

A sinalização tátil direcional no piso deve atender às especificações presentes no item

4.3.4 e deve ser instalada nas situações descritas nos itens 4.4.2 a 4.4.6.

4.4.1 Distância dos objetos

O caminho preferencial formado pela sinalização tátil direcional deve ficar afastado de no

mínimo um metro (1,00 m) das paredes, dos pilares ou de outros objetos que possam estar na

área, conforme a Figura 19. No caso de adequação de edificações existentes, pode-se admitir

distâncias menores que 1,00 m, nos casos em que os obstáculos sejam detectáveis pelas bengalas

longas (ABNT, 2016).

Figura 19: Distância mínima entre a sinalização tátil direcional e obstáculos – dimensões em

metros (ABNT, 2016)

4.4.2 Escadas e rampas

a) Deve ser instalada sinalização tátil direcional entre os lances de escadas ou rampas,

quando os patamares das mesmas forem maiores que 2,10 m ou coincidirem com

áreas de circulação;

b) Em escadas ou rampas que não possuírem corrimão central ou intermediário (escadas

e rampas que possuem largura inferior ou igual a 2,40 m), deve ser instalada

sinalização tátil formando apenas um caminho para o eixo das mesmas;

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27

c) Em escadas ou rampas que possuírem corrimão central ou intermediário, deve ser

instalada sinalização tátil formando um caminho para cada corrimão lateral,

afastando-se de 0,60 m a 0,75 m do corrimão (medida a partir do eixo da sinalização).

4.4.3 Elevadores

No caso de elevadores a sinalização tátil direcional deve ser instalada de modo que leve a

um ou mais equipamentos garantindo a continuidade nos demais pavimentos, e deve ser

posicionada no lado em que se encontra a botoeira, conforme a Figura 20.

Figura 20: Elevadores (ABNT, 2016)

4.4.4 Balcões de atendimento e guichês de bilheteria

No caso de balcões de atendimento e guichês de bilheteria a sinalização tátil direcional

deve ser assentada em apenas um dos balcões/guichês de forma a orientar o posicionamento

adequado das pessoas ao atendimento, conforme a Figura 21.

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28

Figura 21: Balcões de atendimento e guichês de bilheteria (ABNT, 2016)

4.4.5 Requisitos específicos

Nos casos em que o piso do entorno for liso, é recomendado a largura L entre 0,25 m e

0,40 m do piso tátil direcional, conforme a Figura 22.

Figura 22: Sinalização tátil direcional (ABNT, 2016)

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Caso o piso do entorno não seja liso, é recomendado que a largura L entre 0,25 m e 0,40

m seja acrescida de faixas laterais lisas, com no mínimo 0,60 m de largura cada, para permitir a

percepção do relevo tátil, conforme a Figura 23 (ABNT, 2016).

Figura 23: Sinalização tátil direcional com faixa lateral de piso liso complementar (ABNT, 2016)

4.4.6 Mudanças de direção

Nas mudanças de direção do caminho preferencial indicado pela sinalização direcional

que formem ângulos entre 150º e 180º não se faz necessário a instalação de sinalização tátil de

alerta, podendo ser executadas conforme a Figura 24. Os demais casos serão abordados no item

2.4.4.

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30

Figura 24: Mudança de direção – 150° ≤ X ≤ 180° (ABNT, 2016)

4.5 UTILIZAÇÃO DE SINALIZAÇÃO ALERTA

A sinalização tátil de alerta no piso deve atender às especificações presentes no item 4.3.4

e deve ser instalada nas situações descritas no item 4.5.1 a 4.5.5.

4.5.1 Degraus, escadas e rampas

Em degraus isolados, escadas fixas e rampas fixas com inclinação superior ou igual a 5%

(i ≥ 5%) é necessário a instalação de sinalização tátil de alerta no piso nos seus inícios e

términos.

O posicionamento da sinalização deve atender a Tabela 2 com a representação na Figura

25 para degraus isolados, a Tabela 3 com a representação na Figura 26 para escadas fixas e na

Figura 27 para rampas fixas.

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Tabela 2: Degrau isolado – dimensões em metros (ABNT, 2016)

Figura 25: Degrau isolado (ABNT, 2016)

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Tabela 3: Escada fixa – dimensões em metros (ABNT, 2016)

Figura 26: Escada fixa (ABNT, 2016)

NOTA: Pouco tráfego = circulação < 25 pessoas/metro/minuto

Tráfego intenso = circulação > 25 pessoas/metro/minuto

.

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33

Figura 27: Rampa fixa – dimensões em metros (ABNT, 2016)

4.5.2 Patamares

Não é necessária a instalação de sinalização de alerta no piso dos patamares de escadas e

rampas, uma vez que os corrimãos contínuos servem como linha-guia para orientar a circulação,

excetuando em situações que:

a) Há existência de elementos interrompendo pelo menos um dos corrimões (Figura 28);

b) O patamar tem comprimento superior a 2,10 m (Figura 29);

c) O patamar possui uma circulação adjacente (Figura 30).

Figura 28: Patamar de escada ou rampa com interrupção no corrimão (ABNT, 2016)

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Figura 29: Patamar de escada ou rampa com comprimento superior a 2,10 m (ABNT, 2016)

Figura 30: Patamar de escada ou rampa com circulação adjacente (ABNT, 2016)

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4.5.3 Elevadores

A sinalização tátil de alerta para ser instalada em elevadores deve atender a Figura 31.

Figura 31: Elevadores – dimensões em metros (ABNT, 2016)

4.5.4 Balcões de atendimento e guichês de bilheteria

No caso de balcões de atendimento e guichês de bilheteria a sinalização tátil de alerta

deve ser assentada em todos os balcões/guichês de forma a orientar o posicionamento adequado

das pessoas ao atendimento, conforme a Figura 32.

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Figura 32: Sinalização de alerta em balcões de atendimento e guichês de bilheteria (ABNT,

2016)

4.5.5 Mudanças de direção

As mudanças de direção do caminho preferencial indicado pela sinalização direcional

devem ser sinalizadas com sinalização de alerta para mudanças que formam ângulos entre 150º e

180º. Para mudanças com ângulo entre 90º e 150º deve-se instalar sinalização tátil de alerta de

modo a formar uma “área de alerta” com dimensões equivalentes ao dobro da largura da

sinalização tátil direcional, conforme a Figura 33.

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37

Figura 33: Mudança de direção – 90° ≤ X ≤ 150° (ABNT, 2016)

Para os casos de encontro de três faixas de caminhos direcionais, deve-se instalar

sinalização tátil de alerta de modo a formar uma “área de alerta” com dimensões equivalentes ao

triplo da largura da sinalização tátil direcional, conforme as Figuras 34 a 36.

Figura 34: Encontro de três faixas direcionais ortogonais (ABNT, 2016)

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38

Figura 35: Encontro de faixa direcional angular com faixa ortogonal (ABNT, 2016)

Figura 36: Encontro de três faixas direcionais angulares (ABNT, 2016)

Para os casos de encontro de quatro faixas de caminhos direcionais deve haver área com

sinalização tátil de alerta com o triplo de largura em ambos os lados, conforme as Figuras 37 e

38. A área de alerta deve ser ortogonal a pelo menos uma das faixas direcionais.

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Figura 37: Encontro de quatro faixas direcionais ortogonais (ABNT, 2016)

Figura 38: Encontro de quatro faixas direcionais angulares (ABNT, 2016)

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4.6 ASSENTAMENTO DE SINALIZAÇÃO TÁTIL NO PISO

A norma NBR 16537 recomenda que a sinalização tátil visual (piso tátil) seja assentada

no piso acabado de forma que apenas o seu relevo fique em destaque, isto é, de forma integrada

(embutida) ao piso acabado, conforme a Figura 39. Nos casos de construções já existentes, é

admitido o uso de pisos táteis sobrepostos em que a altura do relevo será a altura total do piso

sobreposto, conforme a Figura 40. Nesses casos, é necessário que o desnível entre a superfície do

piso acabado e a superfície do piso tátil seja inferior ou igual a dois milímetros (2 mm) e

chanfrado nas bordas com ângulo de 45º, e precisam ser fixados de forma que proporcionem

resistência ao arrancamento.

Figura 39: Assentamento de piso tátil integrado ao piso acabado (ABNT, 2016)

Figura 40: Assentamento de piso tátil sobreposto ao piso acabado (ABNT, 2016)

Em casos em que a sinalização tátil visual precise ser assentada diretamente sob portas ou

sob a área de abertura de portas, pode-se optar por:

a) Ajustar a altura das portas;

b) Rebaixar o piso tátil, conforme a Figura 41.

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Figura 41: Piso tátil rebaixado sob porta (ABNT, 2016)

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5 ESTUDO DE CASO

Uma das vertentes exploradas pela Comissão para as Ações de Acessibilidade do CT

Inclusiva e Acessível foi das adaptações físicas que podem ser implementadas no prédio do

Centro de Tecnologia para pessoas com mobilidade reduzida e deficientes visuais. Nesse estudo

de caso foram abordadas as adaptações referentes às pessoas com alguma deficiência visual, que

consistem principalmente na implantação de sinalização tátil visual no piso, de sinalização tátil

visual vertical (placas indicando salas de aulas, pavimentos e outras), além de outras medidas

que deverão ser adotadas, como faixas antiderrapantes em degraus e rampas, anéis de corrimão e

eventual troca de corrimões.

Este estudo compõe um projeto da Decania de implementação gradual dessas medidas

que foi dividido em três etapas. Numa primeira fase está prevista a implantação de piso tátil nos

corredores principais e de cada bloco com uso comum a todos os usuários do prédio, de placas

informativas, faixas antiderrapantes e corrimãos. Em seguida, será realizado o projeto para a

implantação de piso tátil nas áreas externas e descobertas, como calçadas, com um estudo de

possíveis melhorias que possam ser necessárias das calçadas existentes. Essa fase, também,

abordará a implantação de piso tátil nos acessos aos restaurantes e quiosques privados.

Posteriormente, será feito um projeto para a implantação de piso tátil em áreas internas, como o

restaurante universitário, as bibliotecas e os auditórios presentes no prédio do Centro de

Tecnologia.

Este estudo de caso abordará as medidas previstas para a primeira fase de implementação

com a realização das plantas e do orçamento dos materiais. Nos Itens 5.1 a 5.3 será dissertado

sobre as plantas de implantação das tecnologias assistivas, assim como as dificuldades técnicas

encontradas durante esse processo.

Para a elaboração deste trabalho foi considerada a entrevista presente no Anexo I, de

forma a complementar as recomendações das normas técnicas com as observações feitas por

alguém que vivência as dificuldades enfrentadas por uma pessoa com deficiência visual.

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43

5.1 PLANTA BAIXA

Foi fornecida pela decania da UFRJ a planta baixa do prédio do Centro Tecnológico para

a Comissão para as Ações de Acessibilidade do CT Inclusiva e Acessível, sendo esta planta

utilizada como base para este estudo.

Ao levar em consideração a entrevista realizada, presente no Anexo I, o excesso de

informação na sinalização tátil no piso pode confundir o usuário, por este motivo, o projeto de

implementação do piso tátil se deu de modo a ser o mais intuitivo e simples possível. Desta

forma, em alguns casos onde havia grande concentração de portas, foi definido no projeto que o

piso tátil direcional fosse direcionado apenas para as portas com uma maior frequência de

acessos, conforme a Figura 42 exemplifica. Desta forma, o projeto é simplificado e evita-se o

excesso de informação, que poderia confundir a pessoa com deficiência visual, conforme nos foi

relatado na entrevista realizada pelos autores do projeto, que está em anexo a este trabalho.

Figura 42: Concentração de portas com piso simplificado

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44

5.2 DIMENSÕES ADOTADAS

As especificações, referentes à instalação de sinalização tátil visual no piso do prédio,

encontradas nas normas NBR 9050 e NBR 16537, presentes no Capítulo 4 deste trabalho, foram

usadas como base para a confecção das plantas do projeto. Tendo em vista que a edificação é

uma construção existente da qual não se foi pensado no momento de sua construção com um

desenho universal, foi verificado que algumas adaptações das especificações precisaram ser

estabelecidas para o correto funcionamento das Tecnologias Assistivas.

5.2.1 Piso tátil

A dimensão adotada para os pisos táteis direcionais e de alerta foi baseada nos modelos

encontrados no mercado, sendo escolhida para este estudo pisos com dimensões de 0,25 m de

lado. Sendo assim a largura L defina no item 4.4.5 foi de 0,25 m.

5.2.2 Portas

A arquitetura das salas de aula nos blocos do CT segue um padrão de parede dupla como

ilustrado na Figura 43 retirada da planta baixa do prédio.

Figura 43: Parede dupla

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45

Devido a essa peculiaridade em sua arquitetura e a fim de evitar que o piso tátil ficasse

sob o raio de abertura dessas portas foi adotado neste projeto que o piso tátil de alerta para as

portas fique localizado a 25 cm da alvenaria, conforme a Figura 44. Bem como a largura da faixa

de piso tátil de alerta, que também foi adotada como 0,25 m.

Figura 44: Dimensão adotada para pisos táteis de alerta em portas

5.2.3 Degraus, escadas e rampas

Conforme estabelecido no item 4.5.1 deve ser adotada uma distância do piso tátil para

degraus, escadas e rampas, conforme as Figuras 25 a 27.

Foram adotadas as seguintes dimensões para todos os degraus: distância da sinalização

tátil de alerta ao espelho do degrau igual a 0,25 m e largura da sinalização tátil de alerta igual a

0,25 m

Para todas as escadas foram adotadas as seguintes dimensões: distância da sinalização

tátil de alerta ao espelho do degrau igual a largura do degrau e a largura da sinalização tátil de

alerta igual a 0,25 m

Em todas as rampas as dimensões indicadas na Figura 27 foram adotadas como sendo

0,25 m.

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46

5.3 DIFICULDADE TÉCNICAS OU INCONFORMIDADES

Durante vistoria realizada no prédio no Centro de Tecnologia da UFRJ pelos autores

deste trabalho foram encontradas algumas dificuldades técnicas para o correto funcionamento

das Tecnologias Assistivas abordadas neste estudo. Nos tópicos a seguir serão abordadas estas

dificuldades.

5.3.1 Obstáculos

De acordo com o Item 4.4.1, a distância mínima do caminho preferencial formado pelo

piso tátil direcional deve ser de 1,00 m de objetos que possam estar na área, excetuando em casos

de construções existentes uma vez que os mesmos possam ser detectados por bengalas longas.

Nas vistorias realizadas no CT foi notado que é muito comum a existência de obstáculos

nas áreas de circulação do prédio como cadeiras, refrigeradores, bebedouros, vasos de planta,

caixas entre outros objetos, conforme a Figura 45.

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Figura 45: Obstáculos

5.3.2 Raio de abertura de portas

Conforme descrito no item 4.5 nos casos em que a sinalização tátil visual precise ser

assentada sob portas ou sob a área de abertura de portas se pode optar por ajustar a altura da

porta ou rebaixar o piso tátil. Durante as vistorias foi constatada a existência de portas em que

isso ocorre, como exemplo temos a porta no corredor do 2º andar do bloco G (Figura 46) que tem

piso tátil de alerta sob seu raio de abertura, conforme a Figura 47.

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Figura 46: Portas com raio de abertura sobre área de implantação de piso tátil

Figura 47: Porta com piso tátil sob raio de abertura

5.3.3 Pisos com alto-relevo

Conforme Item 4.4.5 nos casos em que o piso acabado onde vai ser implementada a

sinalização tátil não seja liso é necessário faixas adjacentes lisas, conforme Figura 23. Durante as

vistorias realizadas no CT foi constatado que este é o caso do piso do 2º andar do bloco I,

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49

conforme a Figura 48. Nos demais locais do CT o piso acabado é liso, não sendo necessárias

grandes intervenções para a implementação do piso tátil.

Figura 48: Piso com alto-relevo

5.3.4 Escadas sem corrimão

Conforme o Item 4.2 as escadas com largura igual ou superior a 2,40 m é necessária a

instalação de um corrimão intermediário. O CT possui apenas uma escada que se enquadra neste

caso localizada no primeiro andar do bloco A que não possui corrimão intermediário, conforme a

Figura 49.

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50

Figura 49: Escada do bloco A sem corrimão intermediário

Também no Item 4.2 é definido que as escadas devem possuir corrimão em ambos os

lados, atendendo as especificações apresentadas na Figura 8. Durante vistoria foi constatada que

praticamente todas as escadas do CT não possuem corrimãos que seguem as recomendações

estabelecidas na NBR-9050, nem possuem corrimãos em ambos os lados, conforme

exemplificado na Figura 50.

Figura 50: Escada com corrimão fora dos padrões NBR-9050 e sem corrimão em ambos os lados

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51

5.3.5 Necessidades de reparos

Durante as vistorias foi possível notar a necessidade de reparos no piso acabado, como

ocorre próximo ao bloco A (Figura 51).

Figura 51: Piso danificado

5.4 ORÇAMENTO

5.4.1 Quantitativo de materiais

Na Tabela 4 encontram-se as quantidades de piso tátil obtidas na confecção do projeto.

Levando em consideração as perdas de material que podem vir a ocorrer no momento da

instalação, de efetuar os cortes necessários e do transporte do material, foi acrescida uma

porcentagem estimada de perda de 5% para o piso tátil de alerta e de 8% para o piso tátil

direcional. Esta disparidade de valores da porcentagem estimada de perda se dá por conta da

expressiva necessidade de se fazer cortes nos pisos táteis direcionais para a sua correta instalação

de forma contínua, como pode ser conferido na execução do projeto. Tal necessidade é

irrelevante para a instalação dos pisos táteis de alerta, sendo conferidos a eles somente as perdas

do transporte e do momento da instalação. Desta forma, se tem o valor de 37.919 peças

totalizando 9.480 m.

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Tabela 4: Quantidade total de piso tátil

ESPECIFICAÇÃO

DO MATERIAL

QUANT.

(UN.)

PORC. EST.

DE PERDA

(%)

QUANT.

(UN.) com %

QUANT.

(M) com

%

PISO DE ALERTA 12448 5 13070 3268

PISO DIRECIONAL 23008 8 24849 6212

TOTAL 37919 9480

Na Tabela 5 encontram-se as quantidades de placas táteis em Braille e relevo. Esses

valores foram separados por tipo de placa, que consiste em placas com símbolos (por exemplo:

banheiro masculino e banheiro feminino), placas com indicação de pavimento e placas com uma,

duas, ou até seis palavras do texto a ser emitido.

Tabela 5: Quantidade de placas em Braille por tipo

ESPECIFICAÇÃO DO

MATERIAL QUANT.

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO

- 01 PALAVRA 705

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO

- 02 PALAVRAS 38

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO

- 03 PALAVRAS 18

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO

- 04 PALAVRAS 12

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO

- 05 PALAVRAS 8

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO

- 06 PALAVRAS 1

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO/

SÍMBOLOS - 03 OU 04 PALAVRAS

COM SIMBOLOS

54

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO

- INDICAÇÃO DE PAVIMENTO 77

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5.4.2 Características dos materiais

O piso tátil de alerta e direcional (Figura 52.a e 52.b, respectivamente) escolhido foi o de

250x250x5mm, sendo a espessura total de 5 mm dividida em 3 mm de relevo e 2 mm da base da

placa (o que está de acordo com o item 4.6). A cor escolhida foi a azul, uma vez que é uma das

cores oficiais da Escola Politécnica, e apresenta um contraste visual aceitável com os pisos

existentes do prédio do CT. E, o piso é confeccionado em PVC, que é um material que permite a

instalação sobreposta ao piso acabado existente.

Figura 52: Pisos táteis (fonte: https://www.extra.com.br)

A fixação desse tipo de piso tátil é feita através de colagem com Cola de Contato Extra

(Figura 53) e aplicação de um Vedador de Bordas (Figura 54), para evitar possíveis infiltrações

que resultaram no descolamento do piso tátil posteriormente. Na pesquisa de fornecedores, foi

encontrados a Cola de Contato Extra em forma de galões de 14 kg, que rende aproximadamente

80 metros lineares de piso tátil aplicado, e o Vedador de Bordas é encontrado em forma de tubos

de 73 gr, que rende aproximadamente 10 metros lineares de piso tátil aplicado, segundo os

fornecedores.

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Figura 53: Cola de Contato Extra (fonte: https://www.casasbahia.com.br)

Figura 54: Vedador de Bordas (fonte: https://www.leroymerlin.com.br)

As placas táteis escolhidas foram as fabricadas com o material acrílico Cast/PSAI, com

cor de fundo branco e das letras preto e Braille feito em Inox. A espessura da placas é de 4 mm, e

suas outras dimensões variam de acordo com o tipo de placa, como pode ser visto da Tabela 06.

A sua fixação é feita com fita dupla face que acompanha cada placa, segundo os fornecedores

pesquisados. A Figura 55 ilustra exemplos de placas táteis em Braille e relevo.

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Figura 55: Placas táteis em Braille e relevo (fonte: https://totalacessibilidade.com.br)

5.4.3 Estimativa de custo

Foi realizada uma estimativa do custo, considerando apenas os preços dos principais

materiais utilizados no projeto estudado neste trabalho. Esta estimativa foi feita com os preços

encontrados através de uma pesquisa dos fornecedores de materiais de acessibilidade no estado

do Rio de Janeiro. Desta forma, o custo total dos materiais orçados é de R$ 241.875,63, como

pode ser visto na Tabela 6.

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Tabela 6: Planilha orçamentária

ITEM DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS UNID.

QUANT.

PREÇO

UNIT.(R$)

VALOR

(R$)

1

INSTALAÇÃO DE SINALIZAÇÃO TÁTIL

HORIZONTAL

1.1 PISO TÁTIL DIRECIONAL E DE ALERTA -

PVC - 250X250X5 mm m 9.480 14,15 134.139,83

1.3 GALÃO COLA DE COTATO EXTRA - 14 Kg un. 118 382,60 45.337,37

1.4 TUBO VEDADOR DE BORDAS - 73 gr un. 948 29,90 28.344,74

Subtotal

item 1 207.821,93

2 INSTALAÇÃO DE SINALIZAÇÃO TÁTIL

VERTICAL

2.1

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO ACRÍLICO

PADRÃO 20X8 cm - USO SINALIZ. DE

PORTAS DIVERSAS (01 PALAVRA)

un. 705 34,90 24.604,50

2.2

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO ACRÍLICO

PADRÃO 30X9 cm - USO SINALIZ. PORTAS

DIVERSAS (02 OU 03 PALAVRAS)

un. 56 54,90 3.074,40

2.3

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO ACRÍLICO

PADRÃO 30X14 cm - USO SINALIZ. PORTAS

DIVERSAS (04 PALAVRAS)

un. 12 94,90 1.138,80

2.4

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO ACRÍLICO

PADRÃO 30X20 cm - USO SINALIZ. PORTAS

DIVERSAS (05 A 06 PALAVRAS)

un. 9 124,90 1.124,10

2.5

PLACA TÁTIL

BRAILLE/RELEVO/SÍMBOLOS ACRÍLICO

PADRÃO 20X15 cm - USO SINALIZAÇÃO DE

PORTAS DIVERSAS (03 OU 04 PALAVRAS

COM SIMBOLOS)

un. 54 54,90 2.964,60

2.6

PLACA TÁTIL BRAILLE/RELEVO ACRÍLICO

PADRÃO 7X4 cm - LADO EXTERNO

PORTAS/BATENTES ELEVADORES E

INDICAÇÃO DE PAVIMENTO PARA

ESCADAS

un. 77 14,90 1.147,30

Subtotal

item 2 34.053,70

CUSTO TOTAL 241.875,63

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na confecção deste trabalho foi possível verificar que é necessário que a Decania do

Centro de Tecnologia, juntamente com a “Comissão para as Ações de Acessibilidade do CT

Inclusiva e Acessível”, organize eventos voltados para a criação de uma conscientização coletiva

dos usuários do prédio. Esses eventos poderiam ser palestras com os professores do CT com o

intuito de informá-los de qual seria a melhor forma de trabalhar com os seus alunos portadores

de deficiência.

Esses eventos, também, podem servir para explicar para que servem as tecnologias

assistivas abordadas neste trabalho, e as boas práticas que podem ser adotadas por todos para o

melhor funcionamento das mesmas. Um exemplo destas boas práticas seria que as pessoas não

ficassem paradas em cima do caminho formado pelo piso tátil, que é um dos grandes problemas

enfrentados pelos deficientes visuais em ambientes com essa tecnologia. Este problema é

abordado pelo aluno entrevistado Vinicius Ferreira Soares na pergunta de número 04 presente no

Anexo I deste trabalho.

Uma das dificuldades técnicas que a Decania deveria se preocupar, seria na retirada dos

obstáculos encontrados nas áreas de circulação do prédio, abordado no item 5.3.1. Essa retirada

deve ser feita juntamente com os departamentos, funcionários e os donos dos quiosques

privados, para que tenham o discernimento de que não se podem deixar “largados” objetos nos

corredores e principalmente nos caminhos formados pelo piso tátil.

Além de que se faz necessário, anteriormente a instalação dos pisos táteis, a restauração

dos pisos acabados existentes que não se encontrem em perfeito estado, um exemplo disto se

encontra no item 5.3.5. Uma solução para a dificuldade técnica do raio de abertura das portas que

cruzariam com o piso tátil é a de trocar as portas existentes por portas de correr, além daquelas

soluções abordadas no item 4.6.

Foi verificado também, que há a possibilidade ser ser realizado outros trabalhos

abordando a instalação de piso tátil nas demais áreas do prédio do CT, que completam todas as

etapas do projeto da Decania. Poderia ser abordado, também, nestes trabalhos posteriores, a

confecção de um orçamento mais detalhado e completo apresentado as outras tecnologias

assistivas e os serviços de implantação das mesmas.

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Seria de extrema importância a realização de trabalhos voltados para atender as

adaptações que podem ser feitas no prédio para fornecer acessibilidade para as pessoas com

outras deficiências além da visual. Como por exemplo, abordar a construção de rampas nos

entre blocos e adaptação dos banheiros.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade

a edificações, mobiliário, espaços e equipamento urbanos. Rio de Janeiro. 2015.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16537:

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instalação. Rio de Janeiro. 2016.

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<http://www.assistiva.com.br/Introducao_Tecnologia_Assistiva.pdf>. Acesso em: 23 de agosto

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outubro de 2018.

Page 74: PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ADAPTAÇÕES QUE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10029509.pdfE para a confecção do projeto foram aplicadas as normas NBR-9050 e NBR-16537,

60

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2010 - Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. IBGE, 2012.

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MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2018. Normas Técnicas para a Produção de Textos

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62

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Disponível em: <https://www.cnet.com/news/google-doodle-pays-tribute-to-japanese-inventor-

seiichi-miyake/>. Acesso em: 23 de agosto de 2019.

UFRJ, 2017, Ação afirmativa para pessoas com deficiência chega à UFRJ. Disponível em:

<https://ufrj.br/noticia/2017/07/20/acao-afirmativa-para-pessoas-com-deficiencia-chega-ufrj>.

Acesso em: 03 de outubro de 2018.

UFRJ, 2018, Acesso à graduação. Disponível em: <https://ufrj.br/acesso-graduacao>. Acesso

em: 03 de outubro de 2018.

Page 77: PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ADAPTAÇÕES QUE ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10029509.pdfE para a confecção do projeto foram aplicadas as normas NBR-9050 e NBR-16537,

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ANEXO I: ENTREVISTA

Pergunta 01: Você poderia se apresentar? Nome, idade, etc?

"Meu nome é Vinicius Ferreira Soares, tenho 21 anos, nasci com deficiência visual

(cegueira) consequência de um glaucoma congênito, mas hoje já estou acostumado com a

deficiência, não reclamo de nada. Minha vida é bastante corrida, sempre foi. Eu estudei todo o

ensino fundamental no Instituto Benjamin Constant e depois fiz o ensino médio no colégio Pedro

II em São Cristóvão. Depois de me formar no ensino médio em entrei na faculdade Unisuam em

Bonsucesso, mas resolvi trancar o curso lá e fazer o ENEM de novo. Esse ano entrei na UFRJ no

curso de Ciências Contábeis e estou cursando o segundo período. Tem sido bastante corrido, mas

está dando pra seguir."

Pergunta 02: Quais dificuldades você encontra para frequentar a faculdade?

"A dificuldade que eu encontro aqui é a falta de acessibilidade dentro do Campus que é

muita. A adaptação é pouca. Infelizmente a acessibilidade é quase nula, então é uma luta, no

outro dia mesmo eu bati com a testa na pilastra, eu estava vindo sozinho e bati com a testa por

que a pilastra está bem no meio do caminho e aqui não tem nenhuma sinalização… mal se

encontra uma rampa, então enfim. As calçadas nas ruas são cheias de carros estacionados,

buracos, grades. Falta estrutura para receber o aluno com deficiência. E também tem a questão

do dentro da sala de aula, eu fico muito à mercê dos professores, que até tem sido solícitos

comigo, mas é complicado."

Pergunta 03: O que você sugere como boas práticas para facilitar o acesso de

pessoas com deficiência a faculdade?

"O que não tem e deveria ter.., um preparo melhor da faculdade pra receber os alunos

com qualquer deficiência, por que a acessibilidade ainda é muito precária e as pessoas não estão

preparadas também.., mais acessibilidade."

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Pergunta 04: Qual a importância do piso tátil para uma pessoa com deficiência visual?

"O piso tátil tem importância na sinalização de onde estamos indo, no nosso caminhar…

na nossa locomoção, indicando as direções que devemos seguir para chegar nos lugares com

mais autonomia, só que infelizmente às vezes ele é mal colocado.., as pessoas não tem noção de

que ele serve pra isso, pra guiar quem tem deficiência visual, então as pessoas ficam paradas em

cima do piso e não prestam atenção, não saem da frente quando estamos passando.., É claro que

a pessoa pode estar em cima do piso, o espaço é público, mas falta sensibilidade e noção de que

atrapalha a nossa circulação… E precisa ser bem localizado e abrangente, ter em muitos lugares,

ser contínuo. Às vezes nem tem, o que dificulta caminhar sozinho."

Pergunta 05: Qual a importância da sinalização braille para uma pessoa com

deficiência visual?

"A questão da sinalização braille é que deviam ter placas escritas em braille pois ajudaria

muito a nos localizarmos nas salas pra onde vamos. Deviam ter placas de alumínio com escrita

braille nas paredes"

Pergunta 06: Quais os principais erros cometidos nos projetos de instalação de piso

tátil? E o que deveria ser pensado para um bom projeto de piso tátil?

"Um bom projeto é quando tem um bom quantitativo de piso, que abrange bem todas as

áreas e não é descontínuo.., apesar de que informação em excesso também pode confundir, mas

no geral ter em todos os corredores, levando aos lugares, ajuda muito."

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ANEXO II: PROJETO