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Projeto de Intervenção Residência Olivo Gomes Hotel-Escola Estela Maris Carneiro Alves

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Projeto de IntervençãoResidência Olivo GomesHotel-EscolaEstela Maris Carneiro Alves

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Projeto de Intervenção Residência Olivo GomesHotel-Escola

Estela Maris Carneiro AlvesTrabalho Final de Graduação Orientação Milton Braga

Faculdade de Arquitetura e UrbanismoUniversidade de São Paulo

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agradeço

aos meus pais e aos irmãos pelo apoio,

ao meu orientador e aos meus professores da fauusp pelos ensinamentos e paciência,

ao pessoal que me ajudou nessa pesquisa, Sonia e Robson do dph de São José dos Campos e os funcio-

nários do Senac,

e a todos meus queridos amigos que fizeram parte dessa deliciosa etapa da minha vida, Eduardo Viana,

Mariana Hiroki, Sofia Bender, Eduardo Junqueira, Sofia Frois, Lívia Zaffalon, Paula Mendonça, Alexandre

Nakano, Viviane Guimarães, Karina Mendonça, Fernanda Fugimoto, Mariana Martins, Max Heringer, Gio-

vana Aiello, Emilia Luithardt, Liliane Nambu, Larissa Galastri, Márcia Trento, Lais Matiussi, Marcela Domin-

guez, Denis Ferri, Mariana Seiko, Renata Guedes, Marcela Johansson, Talita Barão, entre muitos outros.

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SUMÁRIO

Sumário Resumo

1. Contexto 2.1 Cidade 2.2 Tecelagem Parahyba 2.3 Parque da Cidade Roberto Burle Marx

2. Proposta para o Parque 2.1 Introdução 2.2 Estrutura viária

2.3 Usos e atividades

3. Residência Olivo Gomes 3.1 Histórico 3.2 Rino Levi 3.3 Roberto Burle Marx 3.4 Partido 3.5 Paisagismo 3.6 Patologias 3.7 Alterações 3.8 Projeto Petrobrás

4. Projeto de Intervenção 4.1 Estudos 4.2 Hotel-Escola 4.3 Projetos de Referência 4.4 Partido 4.5 Projeto Bibliografia Referência de imagens

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RESUMO

Este trabalho consiste na elaboração

de um projeto de intervenção para a residência

Olivo Gomes (1949-1951 | Rino Levi, Burle Marx

e Francisco Rebolo | São José dos Campos, São

Paulo, Brasil) a fim de valorizar e requalificar

esse patrimônio arquitetônico, paisagístico e

artístico modernos.

O novo uso atribuído a residência é um

Hotel-Escola do tipo Senac, empresa semi-pri-

vada de atuação social. A escolha e o funcio-

namento desse programa será aprofundado

ao longo do trabalho, mais precisamente no

capítulo 4.

Além disso, inicialmente, de forma a

reforçar esse novo programa e melhor inseri-lo

na cidade, durante o tfg I (capítulo 2) foi pro-

posta uma revitalização do parque da cidade

Roberto Burle Marx, antiga áreas da Tecelagem

Parahyba e da Fazenda Sant’Ana do Rio Abai-

xo, onde a residência está implantada. Tendo

como partido a conexão das edificações e usos,

de modo a requalificar o parque e promover o

Hotel-Escola, o núcleo do complexo.

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1. CONTEXTO

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1.1 CIDADE

De maneira a contextualizar esse tra-

balho, apresenta-se a cidade de São José dos

Campos onde está implantada a residência.

Localizada no Vale do Paraíba, originou-

-se a partir de aldeamentos jesuísticos e foi

fundada com a expulsão dos mesmos pela

Corte em 1767. Então, a fim de aumentar a ar-

recadação provincial a aldeia teve sua categoria

elevada para Vila de nome São José do Paraíba.

A partir daqui, a história econômica e social da

cidade pode ser organizada em 4 ciclos.

Os dois primeiros ciclos, situados no

século XIX, correspondem às agriculturas de

algodão e café, que caminharam conjuntamen-

te e igualmente não prosperaram.

A cidade era destaque na produção de

algodão e abastecia indústrias inglesas de teci-

do. O café que a cidade produziu desde 1830,

só teve destaque nacional em 1854 e sempre

esteve à margem do período áureo do café no

país. Importante ressaltar que em 1877 foi inau-

gurada a Estrada de Ferro Central do Brasil.

O terceiro ciclo corresponde a fase

Sanatorial, onde a cidade foi classificada como

Estância Hidromineral, em 1935, devido as con-

dições supostamente favoráveis na busca do

tratamento de tuberculose - altitude por volta

de 600 metros e clima temperado seco.

A última fase é a industrial, que inicou

por volta de 1920, com pequenas indústrias,

olarias e tecelagens. Porém essa economia

somente se estabeleceu com a implantação

da rodovia Presidente Dutra, em 1950, que liga

São Paulo com o Rio de Janeiro. E posteriomen-

te, com a oferta pela prefeitura da cidade de

incentivos fiscais para indústrias. Consolidan-

do-se assim, a rodovia como um eixo definidor

da expansão urbana e a expressividade da

economia industrial da cidade no Estado.

A integração indústria e ciência, pos-

sibilitou a implantação de centros de ensino e

pesquisa, o que marca o caráter do desenvolvi-

mento da cidade e a constitui como um impor-

tante tecnopolo de material bélico, metalúrgico

e sede do maior complexo aeroespacial da

América Latina.

Dados:

Área: 1.099,77 km2

População: 636.876 hab. - SP:7° (IBGE, 2011)

Densidade: 579,1 hab./km2

IDH: 0,849 - SP:11° (PNUD, 2000)

PIB: R$ 22.018.043 - BR:19° (IBGE, 2009)

PIB per capita: R$ 35.751,06 (IBGE, 2009)

1

2

3

4

5

1. rodovia Presidente Dutra2. rodovia Carvalho Pinto3. distrito São Francisco Xavier4. distrito Eugênio de Melo5. rio Paraíba do Sul

01 Mapa esquemático do município de São José dos Campos. O distrito de São Francisco Xavier configura-se como uma reserva ambiental e Eugênio de Melo como pólo industrial. Observa-se a expansão da mancha urbana ao longo da Via Dutra (cinza).

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Tanto a residência Olivo Gomes como

o atual parque da Cidade Roberto Burle Marx

tem sua origem ligada a história da Tecelagem

Parahyba, que será apresentada a seguir.

A tecelagem Parahyba foi fundada em

1925 por um grupo de investidores portugue-

ses e fluminenses para a produção inicialmente

de brim para vestuário. Contava com uma gran-

de vantagem, sua localização junto a estação

de trem da Central do Brasil em São José dos

Campos, o que facilitava e diminuía os custos

de transporte de matérias-primas e produtos

acabados.

Caracterizou-se como um grande mar-

co na industrialização e urbanização da cidade,

inserindo-se intensamente na vida social, eco-

nômica e cultural do município.

Com a crise de 1929, a indústria entrou

em concordata e seus credores, sem intenção

de ficar a frente dos negócios, tranferiram a

gerência para Olivo Gomes. Um empresário

e corretor de algodão, nascido em Niterói em

1882, já conhecido por motivo de falência nos

negócios, porém também reconhecido por

quitar suas dívidas. Olivo Gomes, com seu cará-

ter promissor, ousado, porém consciente, logo

assumiu a presidência da tecelagem, em 1933,

dando início a expansão da produção para

escala internacional.

A expansão teve início, por volta dos

anos 30, no investimento no setor agropecuá-

rio, passou-se a produzir também, leite, arroz,

café, aveia, lã natural, gado de corte, entre

outros. Constitui-se uma nova pessoa jurídica:

a Fazenda Sant’Ana do Rio Abaixo S/A, um con-

junto de fazendas da família próxima à tecela-

gem. Novas edificações foram construídas para

suporte desse novo investimento - galpão de

beneficiamento de arroz e café, estábulos e até

mesmo um laboratório pioneiro de insemina-

02 Operários da Tecelagem Parahyba em em meados da década de 20.

03 Logo da Tecelagem Parahyba. A tecelagem contou com uma grande campanha publicitária na época de seu auge produtivo.

1.2 TECELAGEM PARAHYBA

ção artificial. Consolidando-se uma empresa de

economia mista, de caráter agroindustrial com

base no aperfeiçoamento científico da produ-

ção agropecuária.

Paralelamente ao processo de expan-

são da empresa, desenvolveu-se um arrojado

programa social que oferecia aos funcionários

e à sua família moradia, educação, saúde, servi-

ços, atividades de lazer e religiosa. Esse sistema

foi fruto do início de movimentos operários na

década de 30, em conjunto com a inadaptação

do trabalhador rural ao novo processo de tra-

balho, agora industrial.

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Interessante ressaltar que tal procedi-

mento mais notavelmente implantado no exte-

rior, foi introduzido logo em uma das primeiras

grandes indústrias de São José dos Campos. É

considerável sua aplicação devido à comple-

xibilidade de seu programa e diversidade de

atividades. Inclusive, poucas empresas no Brasil

adotavam esse programa. Assim, no final da

década de 40, a produção anual foi máxima,

com a marca de 4 milhões de cobertores.

Em meados da década de 50, avolu-

mam-se os projetos e estudos para as novas

edificações do complexo programa social da

empresa. Nos anos 40, iniciou a participação

de arquitetos modernos, no projeto da residên-

cia para o diretor e da escola para os filhos dos

funcionários , que tiveram como arquitetos,

Carlos Millan, Carvalho Franco e Sidney Fonse-

ca.

Nesse sentido, as novas edificações

rompem com a influência da arquitetura indus-

trial européia, caracterizada por fechamentos

de alvenaria sem revestimento e iluminação

zenital por sheds, solução da própria sede da

tecelagem. Assim, os ideais do signo do novo e

da formalidade presentes nas obras modernas

influenciam no comportamento dos funcioná-

rios, melhorando a relação empresa-emprega-

do.

A participação do arquiteto Rino Levi

aconteceu por meio de indicação de Carlos

Millan para o projeto da residência de Olivo

Gomes. Com a construção da residência, Rino

Levi projetou sucessivos equipamentos e

edificações de desenvolvimento social para a

família Gomes e para o complexo da tecelagem

que foram parcialmente executados. A empre-

sa alcançou prestígio e renome internacional

por volta da década de 70, com o a produção

no auge. Enfatiza-se assim, a relevância que a

empresa teve no desenvolvimento da cidade,

tanto econômico e urbano, como social e cultu-

ral.

A fábrica começou a entrar em proces-

so de falência por volta da década de 80, devi-

do a diversos fatores, entre eles as sucessivas

crises econômicas no país e a não renovação

de seu maquinário fabril. Em 1983, pediu-se

concordata e em pouco tempo a dívida aumen-

tou, agravado com a morte dos filhos de Olivo

Gomes, Severo e Clemente Gomes, até então

dirigentes da empresa. Assim, a tecelagem

faliu, em outubro do mesmo ano.

Para quitar as dívidas a família Gomes

teve parte de sua propriedade - os edifícios da

fábrica - entregues ao Governo do Estado de

São Paulo.

Em 1994, a associação dos funcionários

assinou um acordo com o Estado adquirindo

o direito de ocupar parte destas edificações.

Assim, agora a Coopertêxtil, com a ajuda do

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-

co e Social, retoma a produção e compra parte

dos equipamentos da antiga tecelagem.

A família mantinha negociações com

o Governo Federal para que algumas áreas

fossem repassadas ao INSS em troca das dívi-

das com a instituição. A prefeitura da cidade,

interessada na área, negociou com o INSS e

com a família uma desapropriação amigável,

com o objetivo de preservar o patrimônio

arquitetônico, ambiental e paisagístico, tranfor-

mando a área, em 1996, em um parque público,

o parque da Cidade Roberto Burle Marx.

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1.3 PARQUE DA CIDADE ROBERTO BURLE MARX

A partir dessa apresentação histórica

da tecelagem Parahyba e da cidade em que

a residência se insere e participa, fez-se um

levantamento e um diagnótico do parque da

Cidade Roberto Burle Marx atualmente, de

forma a contribuir para a efetivação da propos-

ta de revitalização para o parque, realizada no

capítulo 2 deste trabalho.

Tombado como patrimônio histórico

pelo Conselho Municipal de Preservação do

Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (COM-

PHAC) de São José dos Campos desde 1996, o

Parque da Cidade localiza-se na região Norte da

cidade. Desde então, aumentou-se sua infra-es-

trutura de forma a atender as necessidades de

seus usuários e a adaptar seu uso para parque.

Hoje, o parque possui pistas e trilhas para cami-

nhada e recentemente foram implantados uma

ciclovia, equipamentos para ginástica e play-

ground. Recebe eventos da cidade oferecidos

pela Prefeitura, como shows, espetáculos de

teatros, dança, entre outros, dado que também

estão instalados nas proximidades a Fundação

Cultural Cassiano Ricardo e um pequeno mu-

seu, o Museu do Folclore, recebendo por volta

de 2.000 usuários por dia e eventualmente em

grandes eventos e shows, 40.000 pessoas.

A área relativa ao parque atual abrange

o perímetro da lei 6.493 de 05 de janeiro de

2004, alterada pela lei 7.338 de 27 de julho de

2007 que estabelece como Zona de Preserva-

ção (ZP) a área do complexo formado pela an-

tiga tecelagem Parahyba e a Fazenda Sant’Ana

do Rio Abaixo, totalizando 1,77 km2.

Em 2009, a Secretaria de Planejamento

Urbano realizou um Plano de Manejo e Ocupa-

ção para o parque de maneira a diagnosticar e

propor um planejamento para área.

A partir dessa referência, este traba-

lho conduz uma apresentação e análise desse

Plano, enfatizando que o parque atualmente

conta com várias problemáticas que não aju-

dam na preservação e conservação desse patri-

mônio, além de nenhuma grande e importante

iniciativa ter sido implantada após o Plano.

LEVANTAMENTO

A partir do diagnósticos apresentados

pelo Plano Diretor de São José dos Campos

de 2006 (ver mapa 2) observa-se o potencial

da região de crescimento e desenvolvimento.

Atualmente já se encontram diversos empreen-

dimentos residenciais junto as avenidas Olivo

Gomes e Rui Barbosa, enfatizando-se, assim, o

04 Mapa esquemático da localização do parque a Norte da cidade (verde). O crescimento da cidade para Norte sofre um afunilamento gerado a partir de duas área de preservação, o Banhado a esquerda e o próprio parque a direita.

05 Zona de proteção delimitada pelo decreto de 1996.

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aumento da verticalização e urbanização das

glebas e uma crescente valorização da área

envoltória. A região também está se definin-

do como centro da malha urbana e como o

entroncamento de estrutura viária central. A

avenida Sebastião Gualberto passa a ser o eixo

de encontro dos principais sistemas de locomo-

ção, ganhando importância urbanística.

Quanto aos aspectos físicos, o solo

do parque divide-se em dois: parte é planície

aluviornar com textura argilosa ou arenosa

e presença de solos orgânicos de formação

hidromórfica com ocorrência significativa de

turfa; e outra parte é caracterizada como terra-

ços sedimentares. A cobertura vegetal se rege-

nerou intensamente após o fim das atividades

agroindustriais. Observam-se problemas de

drenagem interligados com a manutenção dos

2 lagos artificiais, pois originalmente existiam 4

lagos artificiais que funcionavam num sistema

equilibrado de abastecimento e irrigação. Com

a desativação desses lagos, a água emcami-

nhou-se esponteneamente formando uma área

alagada ao longo da via de acesso a estação de

tratamento de esgoto da Sabesp.

Quanto à propriedade, a maioria

pertence a Prefeitura Municipal, a partir dos

decretos já mencionados, porém algumas áreas

pertencem ao Estado de São Paulo, outras à

Rede Ferroviária Federal S.A., à Jaime Chede

Filho, à família Gomes e outras se constituem

como remanescentes da Mantiqueira (ver mapa

3).

PAISAGISMO

O parque conta com várias áreas pai-

sagisticamente projetadas, além dos jardins da

residência Olivo Gomes, existem os jardins da

estação ferroviária e da antiga Usina de Leite e

grandes gramados. Aponta-se também, a pre-

sença de dois importantes eixos paisagísticos,

alamedas arborizadas; um, por palmeiras impe-

riais, e outro por figueiras. Importante apontar

também os lagos na formação da paisagem e

as visuais que se formam, em alguns pontos do

parque, para a Serra da Mantiqueira.

Uma problemática com relação ao

paisagismo é que a maioria das árvores estão

com quase 50 anos, várias delas estão morren-

do e sua reposição é de longo prazo, porém sua

importância é extrema para a consolidação do

partido do parque e da residência Olivo Gomes.

Além disso, o antigo viveiro de plantas, onde

fazia a reposição das mesmas, está desativado a

06 Eixo das palmeiras imperiais, gramado e ao fundo o galpão “Gaivota“, original galpão de máquinas projetado por Rino Levi.

07 Eixo de entrada do parque, o eixo das figueiras.

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vários anos, sendo necessária a implantação de

um novo e extenso viveiro de plantas.

DIAGNÓSTICO

Além disso, apontam-se outras proble-

máticas encontradas no parque:

- infra-estrutura de atendimento ao usuário

insuficiente e mal localizada, como o número e

a localização dos sanitários públicos, das áreas

de alimentação e de atendimento à criança e

ao idoso;

- grandes áreas construídas, sem ocupação.

Edificações que tinham a função auxiliar na

atividade agroindustrial, hoje apresentam-se

sem uso;

- presença de obstáculos visuais, como cercas,

muros, linhas de posteação, portões e etc, ad-

vindos também dos diferentes usos e ativida-

des que se davam naquela área;

- a circulação de veículos e os acessos dos mes-

mos não são claramente delineados;

- a circulação de pedestres e bicicletas é igual-

mente mal delineada;

- presença de vandalismo nas edificações;

- dificuldade de manutenção do parque e suas

edificações;

- o parque não se insere na cidade, encontra-

se incrustado, com somente um acesso, sendo

fechado em quase todo o seu perímetro.

RIO PARAIBA DO SUL

O rio Paraiba do Sul, que forma o Vale

do Paraiba e corta a região Norte de São José

dos Campos, tangencia uma parte do parque,

assim, acha-se necessário apresentar esse re-

curso de forma a inseri-lo e valoriza-lo no proje-

to de revitalização realizado posteriormente no

capítulo 2.

Formado pela confluência dos rios

Paraitinga e Paraibuna, nasce no estado de São

08 Eixo de entrada do parque. A ciclovia foi recentemente implantada junto aos únicos postos de alimentação, pequenos trailers.

09 Portão de ligação entre o parque e o centro cultural. Evidencia-se a não interligação entre os dois usos.

Paulo, passa pelo sul de Minas Gerais e tem

a foz no norte Fluminense. O rio em toda sua

extensão, exceto em raras excessões, diagnosti-

cam-se problemas ligados à falta de tratamento

de esgoto (cerca de 70%), à erosão e assorea-

mento dos corpos d’água, enchentes, pouca

cobertura nativa, entre outros.

Em São José dos Campos observa-

-se uma ocupação da área da várzea, além

de a partir de 2009 algumas denúncias foram

realizadas relatando o despejo de esgoto sem

tratamento direto em córregos da cidade que

afluem no rio Paraiba do Sul e o abandono de

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estações de tratamento da Sabesp. O resultado

foi a realização de várias ações a favor da me-

lhoria do tratamento de esgoto na cidade.

Nas proximidades da região deste tra-

balho encontra-se a estação de esgoto Lavapés

que segundo a revista técnica “Controle e Ins-

trumentação“, é um projeto de referência sendo

responsável pelo tratamento de 45% do esgoto

produzido na cidade.

GESTÃO

O parque atualmente é gerido por

diversos órgãos, pela Secretaria de Planejamen-

to Urbano, pela Secretaria de Serviços Munici-

pais, pela Fazenda do Estado e pela Fundação

Cultural Cassiano Ricardo. Essa divisão das

responsabilidades dificulta o gerenciamento

da área, além da ausência de legislação e plano

mais abrangentes dificultar as providências e

intervenções necessárias.

A seguir serão apresentados mapas

com:

- edificações existentes - mapa 1- junta-

mente com um levantamento dos usos atuais e

originais das principais edificações do comple-

xo;

- plano diretor - mapa 2;

10 Rio Paraiba do Sul nas proximidades da região deste tra-balho.

11 Ruínas da antiga ordenha, localizado paralelo ao novo esta-cionamento do teatro municipal em construção.

- situação fundiária - mapa 3.

De maneira a complementar o mapa

1 que apresenta as principais edificações do

complexo, apresenta-se as pequenas edifica-

ções que antes serviam de apoio as atividades

agroindustriais e hoje encontram-se subutiliza-

das, abandonadas ou em ruínas:

- antiga estrebaria, atualmente abando-

nado.

- antigas ordenha mecânica e galpão

de teares manuais, atualmente servem como

apoio ao parque;

- antigas pocilga, casa da farinha, olaria,

departamento de inseminação artificial, atual-

mente encontram-se todos em ruínas.

Essas edificações não serão detalhada-

mente estudadas, dado pela dificuldades de

encontrar informações .

Também encontramos algumas pe-

quenas edificações contemporâneas junto ao

campo de futebol, localizado na entrada do

parque, há um bar e um vestiário.

av. eng. Sebastião Gualberto

rio Paraíba do Sul

av. Olivo G

omes

rod. Monteiro Lobato SP-050

SABESPESGOTO

CENTROCENTRO

NORTEMG

córrego Lavapés

MAPA 1 | EDIFICAÇÕES EXISTENTES

0 50 100 200

LEGENDA EQUIPAMENTOSedi�cações

controle de carrosestacionamento

águacobertura vegetalLEGENDA VIÁRIO

arruamento existenteviário parque

trilha / estrada de terralinha férrea

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av. eng. Sebastião Gualberto

rio Paraíba do Sul

av. Olivo G

omes

rod. Monteiro Lobato SP-050

SABESPESGOTO

CENTROCENTRO

NORTEMG

córrego Lavapés

MAPA 1 | EDIFICAÇÕES EXISTENTES

0 50 100 200

LEGENDA EQUIPAMENTOSedi�cações

controle de carrosestacionamento

águacobertura vegetalLEGENDA VIÁRIO

arruamento existenteviário parque

trilha / estrada de terralinha férrea

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atual: Clube Privado ADC Parahyba

original: Clube Funcionário ADC Parahyba

1954

Rino Levi Arquitetos Associados S. A.

Projeto parcialmente executado a partir

da proposta da criação de áreas de lazer para

os funcionárioas da tecelagem Parahyba.

A característica mais marcante é a arquiban-

cada com bancos de concreto assentados so-

bre os degraus, possibilitando a passagem sem

incomodar quem está sentado.

atual: abandonado

original: Usina de Leite Parahyba

1963/1965

Reno Levi Arquitetos Associados S.A.

Detalhes construtivos como a elevação

do solo à altura dos caminhôes, escondendo as

tubulações, marquises suspensas, jardins inter-

nos, platibandas, finos pilares, tranferem leveza

e a intenção de humanizar o espaço fabril.

Recebendo especial atenção aos acabamentos

com a utilização de tijolos e placas cerâmicas,

além do paisagismo e um painel de Burle Marx.

atual: EMPG prof. Vera Lúcia C. Barreto e

EMEI prof. Idelina M. T. de Carvalho

original: Grupo escolar da Tecelagem

1951 e 1984, respectivamente

O projeto do EMPG de C. Millan, Car-

valho Franco e Sidney Fonseca, insere-se

na proposta social da tecelagem, já o EMEI (au-

tor desconhecido) é posterior. O EMPG foi elo-

giado por antigos estudantes e professores por

ser um espaço aberto e ótima relação com o

entorno. Sendo, posteriormente adotado como

modelo padrão para outras escolas estaduais.

01 02 03

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atual: Centro de Formação Educacional e

Teatro Municipal

original: Depósito de Produtos Acabados

1970/1973

Rino Levi Arquitetos Associados S.A.

Sofreu diversas adaptações, primeira-

mente para o uso como loja de carros e atual-

mente para o centro educacional que em breve

será entregue. Porém o teatro teve a obra para-

lisada devido inversão da execução do projeto

de estrutura.

atual: Galpão “Gaivota“

original: Galpão de máquinas e equipamentos

1950/1953

Rino Levi Arquitetos Associados S.A.

Cobertura de estrutura treliçada, na for-

ma de abóbadas duplas com perfil parabóico

que se apoiam em robustos pilares de concre-

to, revestida com telhas de alumínio. Hoje rece-

be, eventualmente, eventos do parque. Possui

também um painel do Burle Marx, na parede

de divisa do depósito com o posto de gasolina.

atual: diversos usos

original: Sede Tecelagem Parahyba

1925 (1ª etapa)

Vicente de Finis & Cia (1ª etapa)

Dentre os usos atuais tem-se: Coo-

pertextil, Fundação Cultural Cassiano Ricardo,

ERPLAN, Delegacia Regional de Cultura, IBGE,

Secretaria de Esporte e Lazer e Polícia Florestal,

além de áreas sem uso. Construído em diversas

épocas, em regra a alvenaria é de tijolo aparen-

tes, a cobertura tipo shed e estrutura mista de

madeira, concreto e elementos metálicos.

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Page 20: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

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atual : Museu do Folclore e Anexo

original: Casa dos hóspedes e da gerência

data desconhecida

autor desconhecido

Residência de tijolo aparente, esqua-

drias de madeira, alpendres, ladrilho hidráulico,

jardineiras, telhado de estrutura de madeira e

telhas cerâmicas. O edifício da casa da gerência

sofreu várias intervenções internas para abri-

gar o museu, enquanto que a residência dos

hóspedes abriga a administração do museu.

atual: Estação RFFSA desativada

original: Estação Ferroviária Central do Brasil

1876/77

autor desconhecido

Resultado de uma mudança no traçado

da ferrovia, desviando do centro histórico de

São José dos Campos de forma de a diminuir

a declividade dos trilhos, o que possibilitou o

desenvolvimento dessa região e da tecelagem

Parahyba.

atual: Sem uso

original: Piscina e Vestiário

data desconhecida

autor desconhecido

Piscina e vestiário de uso da família Go-

mes, hoje a piscina de concreto com azulejos

brancos de 15x15 cm encontra-se desativada e

o vestiário funciona como sanitário de apoio ao

parque.

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atual: Secretaria do Meio Ambiente

original: Galpão de benefic. de arroz e café

+ -1930

autor desconhecido

Edificação construída dentro do projeto

agroindustrial de Olivo Gomes, com a função

de beneficiar arroz e café. Recentemente pas-

sou por projeto de intervenção para abrigar

primeiramente a Fundhas e posteriormente a

Secretaria do Meio Ambiente.

atual: Sem uso

original: Casa da Ilha

+ -1930

autor desconhecido

A casa teve vários moradores, primeira-

mente foram operários, depois a nora de Olivo

Gomes, Maria Lúcia Gomes e o administrador

de fazenda chamado Araken. A casa segue

alguns detalhes da residência Olivo Gomes,

como os caixilhos metálicos, os blocos de

vidro, etc. Hoje está sem uso, porém tem um

projeto de centro de educação ambiental.

10 11

Page 22: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

av. eng. Sebastião Gualberto

rio Paraíba do Sul

av. Olivo G

omes

rod. Monteiro Lobato SP-050

córrego Lavapés

MAPA 2 | PLANO DIRETOR

ZR1ZUC3

ZUC5

ZUC4

ZUC1

ZPA1

ZI

ZEPH

LEGENDAzona de proteção ambiental 1

zona especial de patrimônio históricozona industrial

zona residencial 1zona de urbanização controlada 1zona de urbanização controlada 3zona de urbanização controlada 4zona de urbanização controlada 5

Page 23: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

av. eng. Sebastião Gualberto

rio Paraíba do Sul

av. Olivo G

omes

rod. Monteiro Lobato SP-050

córrego Lavapés

MAPA 3 | SITUAÇÃO FUNDIÁRIA

0 50 100 200

LEGENDA PROPRIEDADESMunicício

EstadoJaime Chede Filho

Rede Ferroviária Federal S.A.LEGENDA LIMITAÇÕES DECRETOS

decreto 1ª desapropriação 1996decreto 2ª desapropriação 2006

Page 24: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 25: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

2. PROPOSTA PARA O PARQUE

Page 26: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

CULTURA

PISCINA

CONVENÇ.

CEFETEATRO

HOTEL

ALIMENTAÇÃO

ARBORISMO

av. eng. Sebastião Gualberto

rio Paraiba do Sul

av. Olivo G

omes

av. Rui Barbosa

ORLA

AEROMODELISMO

FUTUROAEROCLUBE

CLUBEESPORTE

COMÉRCIO

ESCOLA

INDÚSTRIA

PONTE

ZOO

córrego Lavapés

LEGENDA VIÁRIOanel viário do parqueacesso livreacesso restrito ciclovia-trilhanovas ruastrilhaslimite do parquelinha férrea

LEGENDA EQUIPAMENTOSedi�caçõescontrole de carrosponto de ônibusapoio parqueestacionamento postos aluguel de bikeságua

MAPA 4 | PROPOSTA

0 50 100 200

Page 27: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

27

CULTURA

PISCINA

CONVENÇ.

CEFETEATRO

HOTEL

ALIMENTAÇÃO

ARBORISMO

av. eng. Sebastião Gualberto

rio Paraiba do Sul

av. Olivo G

omes

av. Rui Barbosa

ORLA

AEROMODELISMO

FUTUROAEROCLUBE

CLUBEESPORTE

COMÉRCIO

ESCOLA

INDÚSTRIA

PONTE

ZOO

córrego Lavapés

LEGENDA VIÁRIOanel viário do parqueacesso livreacesso restrito ciclovia-trilhanovas ruastrilhaslimite do parquelinha férrea

LEGENDA EQUIPAMENTOSedi�caçõescontrole de carrosponto de ônibusapoio parqueestacionamento postos aluguel de bikeságua

MAPA 4 | PROPOSTA

0 50 100 200

Antes de aprofundar na proposta e pro-

jeto para a residência Olivo Gomes, achou-se

conveniente tratar o parque a fim de fortalecer

o projeto e sua proposta, além de tratar o pro-

jeto em diversas escalas, no sentido de pensar

seu contexto e inserção urbana.

A partir de uma análise do Plano de

Manejo e Ocupação de 2009, aderiram-se algu-

mas proposições, enquanto outras, não, devido

principalmente a grande mudança no progra-

ma para a residência Olivo Gomes, assunto que

será aprofundado posteriormente.

As premissas para esse projeto segui-

ram um caminho a fim de preservar e unificar o

complexo da antiga Tecelagem Parahyba e da

Fazenda Sant’Ana do Rio Abaixo, incentivando

o lazer, a cultura e a educação e potencializan-

do o parque como pólo turístico.

REFERÊNCIAS

Como referência de grandes parques

urbanos dotados de diversos equipamentos

culturais e educacionais, tem-se o Parque do

Ibirapuera, em São Paulo e o “Parc de la Villette”,

em Paris.

O conjunto do Parque do Ibirapuera

(1,58km2) recebeu o projeto de Oscar Niemeyer

em comemoração do quarto centenário da

cidade de São Paulo. Foram implantados edifí-

cios de linguagem modernistas e atividades da

Prefeitura da cidade e culturais, além de uma

marquise que interligada os mesmos e cria uma

vivência diferenciada.

Já o “Parc de la Villette” (0,55km2) pas-

sou por um concurso que visava a renovação

e requalificação do parque, então, teve seus

edifícios restaurados e novos foram edificados

por vários arquitetos. O desenho e conceito do

parque foram projetado por Bernard Tschumi.

O parque possui dois eixos de caminhos ele-

vados e consequentemente cobertos na parte

inferior. Mas o partido do parque está na im-

plantação de um grid, chamados “folies“ (lou-

curas, tolices, em francês) que são elementos

artísticos, simbólicos e esculturais que marcam

a paisagem e a organização do parque, sendo

objetos desprovido de utilidade prática dentro

de um discurso de desconstrução.

Configurando-se assim, dois parques

completamente distintos, possibilitando uma

leitura do primeiro como um parque do século

XX e o segundo do século XXI.

2.1 INTRODUÇÃO

12 Esquema do desenho do “Parc de la Villette“ por Bernard Tschumi. 1982-1998 . Obervação a variedade das edificações, os dois eixos de passeios elevados e o grid de elementos paisagísti-cos e esculturais, formando percursos inusitados e de surpresa.

13 Vista aérea do parque Ibirapuera, por Oscar Niemeyer. 1954. Observa-se o desenho orgânico da marquise interligando as edificações, o lago artificial e a cobertura vegetal. Além da cidade adensada e valorizada junto ao parque.

Page 28: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

28

DELIMITAÇÃO

A partir dos dois decretos de lei já

mencionados delimitou-se a área do parque,

porém para consolidação e integração do

complexo, propõe-se a aquisição (0,38 km2) e

a venda (0,09 km2) de certas áreas, que podem

ser melhores identificadas pelo na figura 18.

Amplia-se assim, a área do parque de 1,77 km2

para 2,06 km2, formando assim, uma área mais

consolidada. O mapa 4 apresenta a proposta

do parque, juntamente com o texto a seguir.

14 Parc de la Villette, Paris. Detalhe do passeio elevado e das “folies“, elementos vermelhos.

15 Parque do Ibirapuera, São Paulo. Detalhe da marquise com seu desenho sinuoso e o projeto paisagístico do Roberto Burle Marx.

16 Parque Vicentina Aranha. São José dos Campos. 0,08 km2. Antigo Complexo Sanatorial projetado por Ramos de Azevedo em 1924. O parque foi inaugurado em 2007, porém as edificações continuam abandonadas e sem uso.

17 Parque Santos Dumont. São José dos Campos. 0,04 km2. Lo-calizado no centro da cidade, recentemente recebeu pista pavi-mentada e equipamento de ginástica. O parque possui atrativos desde um jardim japones a modelos de avião e foguetes.

Page 29: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

29

A fim de corrigir o fechamento do

parque frente a cidade, propõe-se um anel

viário (linha preta) que contorna todo o parque.

Assim, o parque é “abraçado“ pela cidade, am-

pliando os acessos tanto de pedestres como de

carros. Além de criar passeios paralelo à orla do

rio Paraiba do Sul, aproximando a população

desse recurso natural, tanto de suas problemá-

ticas como de suas qualidades paisagísticas.

Além disso, esse anel interliga-se ao sistema

viário da cidade, propondo aumentar a integra-

ção da malha urbana, diminuir os obstáculos

visuais e a afunilamento viário (ver figura 19).

O desenho desse anel viário se definiu

a partir das vias existentes e na busca de um

percurso interessante paralelo ao rio e com

curvas de raio de 100 metros, aproximadamen-

te. Além disso, a Norte desenhou-se um novo

arruamento (linhas em rosa) de ampliação do

bairro residencial existente a fim de criar uma

urbanização controlada e que valorize esse

percurso.

Deteve-se especial atenção para a im-

plantação de atividades às margens do rio Para-

íba que tem largura em média de 90 metros,

manteve-se então uma faixa de 100 metros de

Área de Proteção Permanente. Foram propostas

uma ciclovia e parte do anel viário do parque

se inserem na região, porém ainda está dentro

da margem máxima de intervenção de 5% em

área de APP.

Quanto à organização viária interna do

parque, propõem-se dois tipos de acesso, um

viário livre (linha vermelha) para os usuários do

parque, dos centros de convenções, comercial

e de serviços, esportivo e do teatro, junto ao

grande estacionamento já executado; e um

viário restrito (linha laranja) com um controle

do acesso de carros dos hóspedes, estudantes,

carga e descargas e para a manutenção e segu-

rança do parque.

Foi desenhado um sistema do conjunto

ciclovia-trilha de piso cimentado, conformando

grandes circuitos e interligando os diversos

equipamentos e edificações do complexo.

Além disso, criam-se possíveis percursos de

transporte por via de bicicletas para os usos

urbanos ao redor, incentivando esse uso como

um todo. Foi programado também a implan-

tação de sistema de aluguel de bicicletas e

patins, já que nenhum parque em São José dos

Campos propõe essa atividade.

Finalmente, num patamar abaixo na

hierarquia viária tem-se as trilhas (linha mar-

2.2 ESTRUTURA VIÁRIA

18 Mapa esquemático dos limites do parque proposto (linha vermelha pontilhada) e das as áreas a serem vendidas (em verde) e compradas (em vermelho). Formando assim, uma maior unida-de para o parque, além de um maior percurso paralelo ao rio.

19 Mapa esquemático do sistema das principais vias da cidade e a proposta da nova via que contorna o parque e amplia a inte-gração da malha urbana (linha vermelha), além de proporcionar um passeio paralelo ao rio e dasafogar o afunilamento da região.

banhado

parque

Page 30: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

30

rom), tanto para caminhada como para cooper,

com percursos variados, sinuosos, inseridos na

vegetação existente, contornando os lagos ou

margeando o rio. A intenção é incentivar as ati-

vidades físicas a partir do espírtito de aventura,

exploração, já que os percursos são inusita-

dos e diversificados, possibilitando surpresas.

Porém é importante ressaltar, de antemão, a

consideração de um bom projeto de sinaliza-

ção e comunicação visual dentro do complexo

de forma a informar e localizar as atividades e

os percursos.

Inicialmente, propõe-se transpor a

ferrovia e ligar o parque à importante avenida

engenheiro Sebastião Gualberto através de

uma ponte/passarela. Mas a proposta tem um

desafio maior, a implantação de um circuito

de VLT (veículo leve sobre trilhos) eliminando

assim uma transposição complicada e grandes

obstáculos murais e complementando o siste-

ma viário da cidade, e também insere-se mais

o parque e suas edificações na cidade. Para

isso seria necessária toda uma análise e estu-

do urbanísticos no sentido de projetar tanto

o trajeto do VLT como o desvio do transporte

de cargas, que atualmente ocorre na ferrovia

existente, porém não intensamente.

Quanto aos estacionamentos foram

incorporados à proposta os existentes e foi de-

senhado mais um pequeno bolsão à esquerda

do anel viário do parque, servindo os visitantes

do pequeno zoológico proposto. Foi pensando

também na implantação de mais linhas e pon-

tos de ônibus, de forma a incentivar o transpor-

te público e a inserir mais a população nesse

novo equipamento. Seria necessário criar novas

linhas que ligassem o parque ao aeroporto e a

estação rodoviária.

20 Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Paris, França. A proposta de longo prazo é a implantação de um VLT onde hoje se encontra a linha férrea, diminuindo a barreira física e visual entre o parque e a cidade, na avenida engenheiro Sebastião Gualberto.

Page 31: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

31

Quanto aos novos usos das edificações,

alguns foram aderidos do Plano de Manejo e

Ocupação de 2009 e outros não. Outros tive-

ram algumas alterações, de forma a se adequar

a principal mudança, o programa da residência

Olivo Gomes, de Centro de Representação,

Recepção e Eventos para um Hotel-Escola, de

forma a aumentar as atrações e as atividades,

tanto para os hóspedes, como para usuários do

parque.

Assim, agora se darão as apresentações

de seus novos usos ou alterações com relação a

proposta do Plano de 2009. A ideia é que vários

arquitetos tratariam de cada área que necessi-

tar de restauração, adequação ou ampliação a

fim de dinamizar o complexo.

- CENTRO ESPORTIVO: antes uma associação

desportiva para funcionário e hoje um clube

privado, mantém-se o uso, assim como pro-

põe o Plano, já que parte das dependências

são tombadas, logo, é conveniente mantê-las.

Porém propõe-se uma ampliação e abertura

desse centro para os outros equipamentos do

parque, de maneira a aumentar o número de

associados e juntamente a manutenção desse

patrimônio. Além disso propõe-se implantar

quadras para as mais diversas práticas esporti-

vas de uso livre e público, distribuídos ao longo

do parque, aproveitando alguns campos de

futebol que já existem.

- CENTRO COMERCIAL E DE SERVIÇOS: antes

Usina de Leite e hoje abandonado, seguiu-se a

proposta do Plano de criar um centro comercial

e de serviços. Localizado num ponto estratégi-

co e de fácil acesso, potencializando o progra-

ma escolhido, além de incentivar seu restauro e

preservação.

- ÁREA ESCOLAR: mantém-se o programa,

porém propõe-se a abertura da escola para o

complexo dos parque, de forma a possibilitar

a exploração do parque por parte dos alunos,

como o pequeno zoológico, o teatro, o centro

cultural, etc.

- CENTRO DE FORMAÇÃO EDUCACIONAL E

TEATRO MUNICIPAL: antes depósito de produ-

tos acabados e hoje se encontra em constru-

ção seu novo programa. Assim como o Plano

propõe essa edificação será destinada para

atividades de recreação, lazer, cultura, educa-

ção e formação.

- CENTRO DE CONVENÇÕES: antes galpão

de máquinas e hoje centro de exposições que

recebe eventos ocasionalmente, programa

2.3 USOS E ATIVIDADES

mantido pelo Plano. Porém, propõe ampliar

seu uso, sem se desfazer do atual, de maneira a

incluir convenções relacionadas com as ativida-

des do hotel.

- CENTRO CULTURAL: antes áreas fabris da te-

celagem Parahyba e hoje recebe diversos usos

como a Fundação Cultural Cassiano Ricardo e

administrações do Município e do Estado. A

proposta é de se configurar um grande centro

cultural aberto para o parque, ampliando sua

configuração e concentrando os usos adminis-

trativos ligados aos diferentes órgãos, de forma

a eliminar as áreas sem usos.

- PISCINA PÚBLICA: hoje sem uso propõe-se

reativar a piscina para o uso público e projetar

o controle da piscina e a conexão com o centro

cultural incorporando a proposta as edificações

do museu do Folclore, seu anexo e os antigos

vestiários. Essa proposta não foi existe no Plano

de 2009.

- ALIMENTAÇÃO: antes galpão de beneficia-

mento de arroz e café, hoje Secretaria do Meio

Ambiente, propõe-se mudar completamente o

uso atual como o proposto pelo Plano, de ser

um Centro de Estudos Ambientais. Devido a

nova proposta para o parque, ao aumento de

usuários, funcionários e visitantes, fica neces-

Page 32: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

32

sário aumentar a área para alimentação, então,

pensou-se em criar um grande complexo de

alimentação, além do restaurante do Hotel-Es-

cola. Com isso, aumenta-se também a possi-

bilidades de exercício práticos para os alunos

do Hotel- Escola, programa que será melhor

apresentado posteriormente.

- ZONA INDUSTRIAL: atualmente a cooperativa

advinda da Tecelagem Parahyba, a Coopertêx-

til, mantém as atividades na região, em parte

do patrimônio industrial localizado na área.

Propõe-se manter esse uso somente nas área

industriais existente, sem expansão e até quan-

do a indústria ainda produzir, ações também

propostas no plano de manejo.

- APOIO: a nova proposta para o parque

necessita de diversas áreas de apoio, então foi

definido, resumidamente:

- a antiga estrebaria como viveiro de

plantas, como o Plano propõe, como forma de

manter os jardins, podendo servir também para

pesquisas e atrações educativas;

- a antiga casa da ilha e o galpão de

teares como apoio do complexo do parque efe-

tivamente, com sanitários públicos, emergên-

cia, serviços, manutenção, administração, etc.

Uso que atualmente encontra-se na residência

Olivo Gomes. Prevê-se também a necessidade

da construção da mesma ideia de apoio junto a

passeio da “orla“, formando assim um conjunto

de equipamento de infra-estrutura básica para

o complexo.

- ATIVIDADES COMPLEMENTARES: de forma a

ampliar as atrações do parque tanto para a

cidade como para seus futuros hóspedes,

pensou-se em implantar um pequeno zooló-

gico, assim como propõe o Plano, abrigando

exposições, viveiros, aquário, serpentária,

borboletário, serviços de triagem e tratamento

veterinário, áreas de apoio e administração,

afirmando a atração já consolidada no parque

atualmente, com as capivaras como principal

atrativo, porém propõe-se ampliar e consolidar

esse programa.

Outra atividade proposta é o arborismo

(não proposta pelo Plano), de maneira a dina-

mizar a exploração da cobertura vegetal. Além

disso, aponta-se a reimplantação do terceiro

lago, também sugerido no Plano de forma a

equilibrar o sistema de drenagem, diminuindo

a área alagada que seria inútil para o programa

do parque. Além de seu caráter de melhorar a

drenagem, o abastecimento e irrigação e sua

qualificação paisagística, acrescentam-se ativi-

22 Preparação de aeromodelo para festival de aeromodelismo em Fortaleza, Brasil. A proposta tem objetivo de promover o esporte e reunir os praticantes, além de curiosos e usuários do parque.

21 Funcionários do Parque da Cidade de São José dos Campos flagam capivara e seus 4 filhotes (dezembro de 2011), enfatiza-se assim as condições adequadas de alimentação e reprodução de diversos animais no local.

Page 33: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

33

dades como pedalinhos, pequenos passeios de

barcos, remo, incentivando atividades aquáti-

cas.

O Plano de 2009 propõe uma interes-

sante atividade, um aeroclube e o clube de voo

a vela, área a Leste, onde antigamente encon-

trava-se um hangar (projeto de Rino Levi, hoje

demolido) e uma pista de pouso que compu-

nham o complexo da tecelagem. Acrescenta-se

que existe um projeto de um novo aeroporto

para São José dos Campos, desenvolvido por

Ozílio Carlos da Silva (ex-presidente da Embraer

e atual diretor do DTAA - Desenvolvimento de

Tecnologia de Automação Aeronáutica), em

parceria com a Secretaria de Desenvolvimento

Econômico, prevê não somente a revitalização

da antiga pista da Tecelagem Parahyba, mas

a integração desta com o atual parque, resul-

tando num excepcional complexo empresarial,

cultural e de lazer (ver figura 23).

Aproveitando dessa estrutura e das

características do local, pensou em incorporar

a ideia. Porém, no Plano a área de aeromo-

delismo se apresenta num “dente“ do limite

do parque, isolado (área que foi proposta ser

vendida). Então, propõe-se vender esse terreno

e implantar esse programa onde, tanto o Plano

Diretor como o Plano de Manejo e Ocupação

configuram como área residencial, já que não

apresenta cobertura vegetal. Porém essa área

é importante na consolidação do complexo

como uma unidade e do passeio na orla do rio.

Recentemente, foi implantada uma

academia ao ar livre para terceira idade e um

playground para crianças, junto do antigo

galpão de teares manuais, propõe-se manter

essa atividade naquele local. Essa iniciativa foi

implantada em várias áreas verdes e parques

do Estado.

Quanto ás ruínas existentes propõe-

24 Academia ao ar livre e playground recentemente implanta-dos no Parque da Cidade. Uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo.

23 Projeto do Centro Aeronáutico de São José dos Campos. Não for encontrada a legenda, mas o número 1 corresponde ao parque atual e o número 5 a proposto de pista de pouso.

-se aproveitar suas qualidades paisagísticas,

proporcionando percursos inusitados.

Finalmente, quanto às edificações junto

ao campo de futebol pensou-se em refazer os

equipamentos de apoio de forma de dialogar

mais com o complexo. Como uma medida

geral, é importante ressaltar que todos os

novos usos e adaptações devem dialogar entre

si, conectar-se, de forma a criar um grande

complexo e eliminar as barreiras visuais, muros,

cercas, portões, porém é necessário também

pensar no controle e na segurança dos espaços.

Page 34: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 35: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

3. RESIDÊNCIA OLIVO GOMES

Page 36: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

36

3.1 HISTÓRICO

A partir de agora, o enfoque passa a

ser a própria residência Olivo Gomes. Iniciando

um apresentação do histórico da residência

assim como o partido e a representabilidade da

residência na obra de Rino Levi e na história da

arquitetura moderna brasileira.

A residência foi o primeiro projeto da

equipe de Rino Levi concebido para a família

Gomes, como já foi observado anteriormente,

que o arquiteto realizou diversos projetos para

a famílias alguns executados e outros não.

O projeto da residência inicia-se em

1949 e a finalização de sua execução ocorre em

1951. A parceria com o paisagista Burle Marx foi

realizada desde a idealização do projeto e do

partido, porém o desenho do projeto paisagís-

tico saiu somente em 1966. Além dessa parce-

ria, tem-se a participação dos artistas Francisco

Rebolo e de Elisabeth Nobeling. O primeiro

realizou um trabalho sobre o cromatismo

das paredes de forma a qualificar os espaços,

destacando-se planos. Elisabeth desenhou os

tapetes de maneira a diminuir a reverberação

sonora dos amplos ambientes com forros de

madeira, principalmente na sala de estar.

A implantação da casa devia considerar

a preservação das áreas domésticas em relação

a rotina fabril, providenciando um afastamento

entre os setores, além de acessos independen-

tes.

Na casa viveu Olivo Gomes e sua nume-

rosa família, com os filhos Clemente e Severo.

Após a morte de Olivo a casa passa a ser usada

como casa de final de semana, férias e feriados.

Anos antes da falência da tecelagem, até 1995,

a casa foi usada pela família do segundo casa-

mento de Clemente. Depois a residência ficou

vazia durante o meio tempo da falência e do

decreto para a realização do parque.

A partir da delimitação da zona de

25 Sala de Estar. Década de 50. 26 Antiga sala de jogos/festas. Hoje com o programa “Leitura no Bosque“. Observa-se o descaso e a mal organização do espaço que esconde o painel do Burle Marx, impossibilitando sua leitura.

preservação e da abertura do parque em 1996,

a casa ficou sem uso. Em 1999, acrescentou-se

na residência um programa para manutenção

dos jardins, transformando a antiga área de

serviços em sanitários públicos, vestiários para

funcionários e administração.

Atualmente a residência está fecha-

da ao público, recebendo esporadicamente

eventos organizados pela Secretaria do Verde

e do Meio Ambiente da cidade, que também

é responsável pela manutenção do jardim.

Recentemente foi implantado o programa de

longa duração: “Leitura no Bosque“, onde o anti-

Page 37: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

37

go salão de jogos e festa da residência, no pa-

vimento inferior, abre aos domingos e feriado

possibilitando o aluguel de livros.

Em 2004, a residência é tombada pelo

município, pelo COMPHAC (Conselho Municipal

de Preservação do Patrimônio Histórico, Artísti-

co e Cultural). Os processos do CONDEPHAAT e

do IPHAN ainda estão em andamento.

A residência foi escolhida pela Seleção

Pública 2005/2006 do Programa Petrobrás

Cultural na área “Apoio à Elaboração de Pre-

servação de Bens Culturais”. Assim, o escritório

Companhia do Restauro realizou um projeto

executivo de restauro financiado pela Petrobrás

em 2007, com o uso de centro cultural, aberto

para palestras, exposições e apresentações de

música e teatro, entre outras atividades artísti-

cas.

Em 2009, a Fundação Cultural Cassiano

Ricardo obteve aval do Ministério da Cultura

para captar recursos para o restauro do imóvel

por meio da Lei Rouanet (Lei Federal de Incen-

tivo à Cultura - Lei nº 8.313 de 23 de dezembro

de 1991). Desde essa aprovação, a instituição

buscou apoio junto à iniciativa privada para as

obras de restauro, estimadas em R$ 1,5 milhão,

mas ainda não obteve sucesso. Importante res-

saltar que a grande diferença em se patrocinar

projetos na área de patrimônio é a possibilida-

de de enquadrá-los no chamado “Artigo 18” da

Lei Rouanet, o que significa 100% de renúncia

fiscal para a empresa patrocinadora, ou seja,

não precisa entrar com nenhum aporte do

próprio bolso. Basta optar pela destinação de

até 4% do imposto de renda devido – conforme

prevê a lei – para aplicação no projeto.

Por tratar-se de um grande restauro, portanto

com um valor alto, o projeto pode contar com

mais de um patrocinador, mas todos receberão

100% de dedução.

Apesar de tudo, em 2011, a Fundação

Cassiano Ricardo não conseguiu captar re-

cursos financeiros junto da iniciativa privada

dentro do prazo de 24 meses concedido pelo

Ministério da Cultura. Ficando assim, a expecta-

tiva da abertura de um novo processo de cap-

tação junto ao Ministério.

Page 38: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

38

3.2 RINO LEVI

Apresenta-se então um análise sobre o

trabalho do arquiteto Rino Levi e a sua contri-

buição para a arquitetura brasileira, de forma

a inserir o projeto da residência dentro de um

contexto, a produção do arquiteto, e assim,

melhor entender sua importância.

A obra do arquiteto Rino Levi foi exten-

sa e de grande contribuição para os ambientes

cultural e tecnológico brasileiro. Trabalhou na

consolidação da arquitetura moderna brasilei-

ra, juntamente com a construção de um novo

estatuto para a profissão de arquiteto.

Rino Levi nasceu em São Paulo em

1901 de pais italianos e teve sua formação

acadêmica em Milão (1921-1923) e em Roma

(1924), na Ìtália.

Os primeiros anos de atuação profissio-

nal no Brasil foram tímidos projetos de residên-

cias, com poucos ornamentos, sem uma lingua-

gem de arquitetura moderna. Sua afirmação

profissional vem com o tempo, ampliando sua

atividade com uma série de projetos de edifí-

cios de apartamentos. Em 1936, fez seu primei-

ro projeto de cinema, o cine Ufa-Palácio, que o

introduz ao crescente prestígio na área de acús-

tica. Logo seu escritório ganha estabilidade e

associa-se com outros profissionais ligados a

assuntos científicos, técnicos e artísticos.

Além disso, em 1948, marca o início

de sua presença pública com a participação

na criação do Museu de Arte Moderna de São

Paulo, onde em 1949 assumiu a diretoria.

A atuação no IAB - Instituto de Arqui-

tetos do Brasil - se deu a partir das dificuldades

do exercício profissional no início da carreira

decorrentes do estatuto atribuído à arquitetura

pela sociedade brasileira. Assim, Rino Levi pro-

curou ultrapassar os limites da ação individual,

de forma a discutir na impressa assuntos de

interesse público relacionados a arquitetura e

ao urbanismo, sempre pautado na necessidade

de reflexão sobre a função social do arquiteto.

Apesar de Rino Levi ter tido uma forte

atuação no mercado imobiliário, não se tornou

alheio às responsabilidades frente à sociedade.

Seu maior destaque está na defesa de políticas

de saúde pública, através de conhecimentos

adquiridos no desenvolvimento de projetos

hospitalares, introduzindo e propondo inova-

ções e garantindo reconhecimento público.

Realizado este primeiro panorama

sobre a atividade e atuação do arquiteto Rino

Levi, passa-se a aprofundar em questôes de

projeto, da composição arquitetônica da obra

27 Edifício Columbus - 1930/34 - Demolido. Primeira grande obra construída por Rino Levi. Os ambiente internos se organi-zam junto ao conjunto sala de estar/balcão, de forma a propor-ciar uma vista ininterrupta da paisagem urbana.

28 Cine Ufa-Palácio - 1936. Primeiro da série de cinemas. Sua forma é resultante da aplicação de modernos cálculos de acús-tica. Além disso, as linhas de iluminação indireta encaminham o olhar para a tela.

Page 39: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

39

do arquiteto, de como ele respondia, represen-

tava sua intenções de projeto. Seguiu-se então

a linha de pensamento e a organização do livro

“Rino Levi - Arquitetura e Cidade“, de Anelli.

ARQUITETURA DA CIDADE VERTICALIZADA

O crescimento e a construção da cidade

de São Paulo sempre estiveram ligado a neces-

sidade de planejamento urbano para Rino Levi.

Contribuindo assim, com sua atuação no IAB e

definindo projetos em função do papel que vi-

riam a desempenhar na construção do espaço

urbano.

Os edifícios de apartamentos e escritó-

rios realizados por Rino Levi não podem ser en-

tendidos de forma isolada, pois eles constroem

uma nova volumetria urbana, aproximando-se

de edifícios vizinhos ou isolando-se; e edifícios

laminares mais voltados a preceitos moder-

nos. Eles não se configuram como um objeto

maciço na paisagem, a serem vistos à distância,

mas foram projetados de forma a explorar os

espaços internos conferindo uma observação

privilegiada da cidade. Assim, tanto a organi-

zação da estrutura interna, como o aumento

progressivo de transparência das fachadas,

obedeceram a essa intenção de projeto.

MEDITERRANEIDADE NOS TRÓPICOS

Neste capítulo o autor destaca a utiliza-

ção de pátios internos descobertos em projetos

do Rino Levi, relacionando-os com os tradicio-

nais pátios mediterrâneos. Rino Levi transfor-

mou-os em jardins tropicais, amadurecendo

a arquitetura moderna no Brasil, de forma a

interpretar a composição clássica e aplicá-la,

contextualizando-a.

Nesse sentido, pode-se levantar o

tema das casas urbanas introvertivas, exem-

plos como a sua própria residência (1944) e os

projetos para Milton Guper (1951), Paulo Hess

29 Instituto Sedes Sapientiae - 1940/1942. Atual PUC-SP. Estru-turação dos volumes a partir de um espaço aberto, ladeado por marquises de circulação e associação dos edifícios, um releitura dos tradicionais pátios italianos.

30 Residência Castor Delgado Perez - 1958/59. Projeto da série de casas introspectivas. O espaço único central, coberto, onde es-tão as salas de estar e jantar, prolonga-se através de dois espaços laterais abertos, ajardinados e pergolados.

(1953) e Castor Delgado Perez (1958). Essas

casas se caracterizam por serem planas e sem

panorama. Introduz-se então, a natureza no

dia-a-dia através de jardins internos e introver-

tidos. Opondo a esse conceito, a casa Gomes

em Ubatuba abre-se para a paisagem, assim

como a própria residência Olivo Gomes, que

aproveitam da declividade do terreno e maxi-

mizam as visuais.

O projeto para um conjunto residencial,

escola e igreja da Tecelagem Parahyba em São

José dos Campos, infelizmente, não construí-

do, desenvolve as características espaciais das

Page 40: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

40

casas intimistas, acentuadas a relação exterior

e interior, evocando assim, uma cidade des-

contínua e contrariando o ideário moderno de

cidade transparente e contínua.

SÍNTESE DAS ARTES

Nesse capítulo Anelli aborda o fato de

Rino Levi considerar arquitetura uma síntese

das artes, sendo a arquitetura a “arte-mãe“ que

articula diferentes manifestações artísticas.

Observa-se uma evolução no posicionamento

de Rino Levi frente a esse conceito. Inicial-

mente, pode-se identificar em seus projetos

elementos decorativos articulando o espaço

interno através de diversas peças de mobiliário,

obras de arte, baixos-relevos, esculturas e tape-

tes. Num segundo momento, a partir dos anos

40, observa-se a incorporação de painéis que

desempenhavam um papel orgânico na obra

arquitetônica.

O painel como síntese das artes na

arquitetura tem um resultado primoroso, já que

cumpre uma função arquitetônica, no sentido

da construção da forma e também, atualiza

uma técnica tradicional local, conferindo uma

especificidade brasileira a arquitetura interna-

cional.

31 Conjunto Residencial Tecelagem Parahyba - 1953. Não construído. Segundo Anelli, esse projeto foi a principal tentativa de generalização urbanística da experiência das residências introspectivas.

32 Teatro Cultura Artística - 1942/43. As paredes, pisos e tetos em curvatura parabolóide visam a melhor difusão do som. A parede dos fundos recebe um painel de Di Cavalcante, levando para a paisagem urbana o tema das musas da arte.

A obra de Roberto Burle Marx também

é concebida como uma obra de arte plástica

que cumpre uma função arquitetônica, como

por exemplo o jardim no teto do volume infe-

rior do Ministério de Educação e Saúde, no Rio

de Janeiro, onde explora-se a “quinta fachada“

corbusiana. Logo, Rino Levi e Burle Marx se

associam para a realização de diversos projetos.

Nesse sentido, a experiência brasileira

teve grande ressonância internacional em 1952,

quando algumas teses de Lúcio Costa foram

acolhidas pelo manifesto Canteiro de Síntese das

Artes Maiores assinado por Le Corbusier e vários

outros participantes da Conferência Internacio-

nal dos Artistas. Lúcio Costa insistia que “não

se trata de estabelecer contatos utilitários entra

vários pintores e vários arquitetos“, defende uma

colaboração que possa “fazer surgir de uma obra

construída ‘presenças’ provocadoras de emoção,

fatores essenciais do fenômeno poético” e finaliza

dizendo que aquilo é que deverá “sobreviver no

tempo, quando funcionalmente já não for mais

útil“ (Santos, 1987).

O Canteiro de Síntese das Artes propõe

uma colaboração entre artistas e arquitetos

dentro das condições arquitetônicas. Con-

trariamente a esta afirmação, Walter Gropius

Page 41: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

41

defende a necessidade de um trabalho simul-

tâneo entre os dois profissionais, combatendo

a incorporação a posteriori da obra de arte

no projeto e a subordinação dos artistas aos

arquitetos. Rino Levi tenta combinar os dois

posicionamentos e revê a utilização do termo

“arte-mãe“. No texto Síntese das Artes, Rino Levi

defende que a pintura e a escultura perdem

sua “vida independente” e transformam-se em

“matéria arquitetônica“ ao tranformar-se em

afresco ou baixo-relevo. Cabe então ao arqui-

teto, garantir harmonia entre “função, técnica e

plástica”.

33 Proposta para Brasília - 1950. Projeto ousado com gigantes-cas lâminas quase transparentes, contrapondo verticalidade com a horizontalidade do cerrado, um espetáculo poético para seus habitantes, seu maior espectador, segundo Anelli.

34 Centro Cívico de Santo André - 1965/1968. Último projeto realizado por Rino Levi. Previa a construção do Paço e da Câmara Municipal e um Centro Cultural. O declive do terreno foi trabalha-do de forma a constituir 3 praças inter-ligadas.

Segundo Anelli, a residência Olivo

Gomes, objeto de enfoque desse trabalho, é o

melhor exemplo de síntese das artes. Concede-

-se então, nesse trabalho, um capítulo inteiro

para estudo e análise da residência, dado que

já foi introduzido toda uma análise em cima da

obra de Rino Levi.

COMPOSIÇÃO ACADÊMICA E FUNCIONALISMO

Neste capítulo, Anelli aponta que Rino

Levi incorpora conhecimentos científicos no

projeto de elementos e volumes, afastando sua

forma de determinação dos estilos históricos e

sua disposição foge das regras acadêmicas dos

eixos de simetria. Rompendo assim, com o his-

toricismo e desenvolvendo um novo conjunto

de procedimentos.

Destaca-se a aplicação desse conceito

no volume funcional dos cinemas a partir de

sofisticados cálculos de acústica e nos comple-

xos projetos hospitalares. Duas áreas em que

Rino Levi teve grande reconhecimento por suas

primorosas inovações.

A CIDADE MODERNA

Esse capítulo enfatiza na atuação de

Rino Lino no campo urbano, destacando os

projetos para Brasília (1950), para a Cidade

Universítária da Universidade de São Paulo

(1953-1962) e também o Centro Cívico de San-

to André (1965).

Rino Levi sempre esteve envolvidos no

debate de temas urbanísticos, escreveu alguns

textos entre as décadas de 30 e 50, demostran-

do a transição paulatina de um início proposi-

tivo para a perplexidade frente a tal desejada

metropolização de São Paulo, afirmando que os

problemas estão inter-relacionados.

Page 42: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

42

35 Desenho do projeto para o Banco Safra.

36 Calçadão de Copacabana, Rio de Janeiro. Burle Marx desenvolve na paisagem seu repertório gráfico e artístico.

3.3 ROBERTO BURLE MARX

Também com grande importância no

projeto da residência Olivo Gomes, o paisagista

e artista Roberto Burle Marx terá sua obra e

produção analisada neste trabalho, de maneira

a inserir no contexto da arquitetura e paisagis-

mo modernos.

O livro de Flávio Motta, Roberto Burle

Marx e a nova visão de paisagem, mostra o

importante trabalho de Burle Marx na Arte

Moderna, como um trabalho de humanização.

Aponta a sua obra como uma emancipação,

pois desde os primórdios, de sua Colonização,

o Brasil esteve alheio a sua paisagem e condi-

ções ecológicas, sendo o território brutalmente

devastado e urbanizado. Baseado numa fertili-

dade de “incultura“, como o próprio Burle Marx

afirma, no sentido de ignorar o local e de possi-

bilitar o aniquilamento de espécies.

Burle Marx faz uma grande contribui-

ção científica para a botânica no Brasil, pes-

quisando vegetais raros e conduzindo para o

popular, oral e cotidiano. Cuidava de um gran-

de viveiro em sua casa na Bica, onde mantinha

exemplares de várias espécies.

Ainda quando moço, Burle Marx

surpreende-se com a coleção de plantas bra-

sileiras no jardim botânico de Dahlem, na Ale-

manha. De volta para o Brasil, em 1929, Burle

Marx surge com novos propósitos para realçar

as plantas locais, no projeto de Alfred Agache

para a praça Paris. Época em que muitos proje-

tos de arborização na América seguiam o pa-

drão europeu, com árvores européias.

Em 1943, colaborou com o botânico

Henrique Laymeyer de Mello Barreto, no exten-

so Parque Araxá, onde observou e estudou, in

loco, o comportamento das espécies. Porém o

projeto sofreu dificuldades para o término da

obra por parte do governo estadual, situação

que Burle Marx defrontará diversas vezes em

sua carreira, tanto para os poderes públicos

como para os privados.

Porém o objetivo ecológico e o projeto

de vida de Burle Marx começam a se delinear

a partir do projeto para a Praça Santa Rosa

(Pampulha, Minas Gerais) pois, segundo Motta,

o projeto tem uma inteligência frente a História

brasileira e aos resíduos coloniais, dependên-

cias que bloqueavam artistas e cientistas. Cons-

titui-se como uma lição sobre as relações entre

a experiência científica e as aspirações artísticas

e além do sentido plástico, da organização do

espaço, da composição, o jardim foi pensado

em sua função educativa, demonstrando as

Page 43: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

43

influências físicas e químicas sobre os vegetais.

Burle Marx em seus jardins procura

preservar os valores locais, empenhando-se

também ao artístico, estudando arranjos flo-

rais como um artista, observando as nuances

de cor solar sobre o colorido da vegetação, no

plano das folhas, nas transparências das flores,

nos volumes dos frutos, das massas florais e das

montanhas. E viver no Rio de Janeiro foi funda-

mental para Burle Marx, pois trabalha-se com

a relação cidade-paisagem. A cidade com suas

praças, praias, baías, montanhas, e até mesmo

as favelas mostram sua robustez e sensualida-

de, onde tudo se interpenetra.

No Aterro do Flamengo, Burle Marx

retomou as ondulações da própria geografia,

em marrotes e nos caminhos, canteiros, praças

e massas florais. Um projeto para a população e

não isolacionista como a especulação imobili-

ária. Destaca-se o jardim para o Museu de Arte

Moderna que colaborou com Affonso Reidy,

evidenciando o projeto modernista, como que

sublinhando a paisagem e o edifício, projeto

germe do rigor geométrico, usando retângulos,

círculos, quadrados.

Como já foi dito, o edifício para o Mi-

nistério da Educação e Saúde foi um grande

marco para a arquitetura moderna brasileira,

e a participação de Burle Marx também. O jar-

dim, as esculturas e pinturas evidenciam-se não

como elementos decorativos, mas com valores

artísticos autônomos, uma composição que

trabalha em conjunto com a arquitetura.

Nesse mesmo sentido, o paisagismo no

Centro Cívico de Santo André, em colaboração

com o arquiteto Rino Levi, também mostra a

presença e autonomia da obra de arte no con-

junto da obra moderna.

O desenho para a calçada de Copaca-

bana trabalha como um acréscimo na noção

38 Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Projeto ar-quitetônico de Affonso Reidy e paisagismo de Burle Marx que destaca, sublinha a obra moderna.

37 Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Paisagismo com formas geométricas e de maior apelo social.

de cidade, onde a arte amplia a participação

social. Enfatiza-se, então, o fato de Burle Marx

desenvolver à paisagem a experiência de pin-

tor. O artista publicou diversos desenhos, que

enriqueciam seu repertório gráfico, sendo o

núcleo, o tema, a pesquisa dos desenhos, a

vegetação, a indagação perante as formas da

vegetação, com um outro pressuposto: definir

os procedimentos construtivos correlatos ao

ambiente urbano e à flora tropical (MOTTA,

1983).

O paisagismo de Burle Marx é envol-

vente, inesperado, misterioso e intimidador,

Page 44: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

44

39 Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro. Paisa-gismo de Burle Marx na cobertura explora o conceito da quinta fachada corbuseana, além de colocar o paisagismo como um valor artístico autônomo na obra.

40 Centro Cívico de Santo André

relacionando-se com os jardins inglês, român-

tico (século XVIII) e chinês (século XVII) e con-

trariando totalmente os jardins retilíneo e re-

nascentista. Porém o que jardim de Burle Marx

tem de inesperado, não está relacionado ao

acaso, mas às situações propícias a percepção

sucessiva e simultânea, da flor, do detalhes, do

mosaico, da quebra, da monotonia do plano,

das grandes massas, valorizando o todo e reavi-

vando a individualidade.

Com o tempo e experiência, Burle Marx

adentra uma crescente síntese de uma dinâ-

mica ilimitada. Em seus últimos trabalhos, em

1970, Burle Marx destaca os males da devas-

tação como um atentado à sociedade. Apóia

uma política de preservação, onde o trabalho,

o fazer humano, a arte e a ciência atuam juntos

para a realização de uma paisagem com função

social quanto a compreensão dos valores da

natureza.

Page 45: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

45

A partir da análise da produção de Rino

Levi e Burle Marx, pode-se analisar a residência

como uma manifestação de identidade cultu-

ral, arquitetônica e artística em contraposição

aos valores internacionais, um desdobramento

do movimento moderno no Brasil, através da

busca da coesão projetual para a integração

paisagística-arquitetônica com o objetivo de

atingir a arte global. Enfatiza-se a ideia das

artes incorporarem a arquitetura, trabalharem

juntas, arquitetura, pintura, escultura, paisa-

gismo, estrutura e etc. Como se pode ver em

diversos trabalhos, no Ministério de Educação

e Saúde, no Centro Cívico de Santo André, Mu-

seu de Arte Moderna no Rio de Janeiro e vários

outros.

Segundo Anelli, esse projeto representa

o melhor exemplo do conceito de síntese das

artes, de maneira de que nada é supérfluo, des-

de o paisagismo, os painéis de azulejo e mosai-

co, até o cromatismo das paredes, o mobiliário

e a iluminação. Onde todos esses elementos se

articulam e desempenham uma função para a

consolidação do partido do projeto, formando

uma harmonia entre função, técnica e plástica.

A residência foi pensada com grande rigor téc-

nico, consolidando ideais de conforto térmico,

acústico, ergonomia e praticidade de manuten-

ção.

O local da implantação da residência,

uma pequena elevação que apontava para uma

imensa planura, descortina um excepcional

panorama. A casa foi concebida como posto

de observação da paisagem, ficando como que

“debruçada” no desnível, lançada em direção

ao horizonte, conceito ponto de partida para o

desenvolvimento das soluções arquitetônica e

paisagística. Reforçando essa proposta foram

projetados limites laterais, com fortes linhas de

força: muros de arrimo, espelho d’água e vivei-

3.4 PARTIDO

41 Festa na residência. Década de 80. Observa-se o painel de Burle Marx ao fundo.

42 Escada do terraço de forma helicoidal e degraus atirantados. Apresentação não como um elemento surpérfluo, mas de igual importância que a viga, o pilar na consolidação arquitetônica.

ro de pássaros (ver figura 45).

Grande parte dos espaços sociais e ínti-

mos orientam-se para Norte, que oferece vistas

privilegiadas, mediante emprego profuso e

estratégico de grandes aberturas e transparên-

cias, que segundo Dourado, não apenas aban-

donam o conceito de janela tradicional como

proporcionam a cisão entre interior e exterior

na definição de ambientes residenciais, evo-

cando o estar fora, a vivência exterior e contra-

riando o habitar recluso e intimista. Observa-se

que essa composição diverge totalmente das

casas urbanas introspectivas com seus jardins

Page 46: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

46

internos, como foi analisado posteriormente no

capítulo sobre a obra e produção de Rino Levi.

Sendo assim, uma obra diferencial na trajetó-

ria projetual do arquiteto, pois a casa isolada

no campo não sofria as limitações de obras

urbanas. Nesse aspecto, Bruand diz que Rino

Levi existe uma profunda unidade na obra do

arquiteto, não diferenciando arquitetura para

prédios e fábricas de residências particulares.

Uma abordagem interessante, apre-

sentada pelo Departamento de Patrimônio

Histórico da cidade de São José dos Campos,

quando apresentou o Projeto de Recuperação

da Residência Olivo Gomes em 2000, foi o fato

da residência ter sido concebida para receber

festas para familiares e funcionários também, a

fim de fortalecer a relação empresa-emprega-

do. A família tinha características acolhedoras

e festivas, realizavam festas o ano inteiro, re-

veillon, natal, carnaval, festas juninas, etc. Nesse

sentido, a concepção espacial da residência

separada a área social da área privada, onde

um grande corredor liga a área social, a sala de

estar com os nichos de quartos que abrigavam

diversos parentescos da família Gomes.

“Então tinha o quarto da minha avó, das

minhas tias, depois a outra tia com as filhas, a

43 Sala de estar. Década de 50.

44 Dormitório. Década de 50.

outra família, enfim, os quartos eram módulos

para as famílias...” (Editorial. Valeparaibano. São

José dos Campos, 13 de Março de 1976).

Para melhor explicar o partido da casa,

nada melhor do que os próprios desenhos de

Rino Levi. Assim, a seguir serão apresentados:

- desenhos de Rino Levi de apresenta-

ção do partido da residência;

- desenhos de Rino Levi de detalhes de

diversos elementos da residência;

Completa-se a apresentação da resi-

dência com as plantas e cortes realizados a par-

tir dos levantamentos métricos para o projeto

de restauro de 2004; levantamento fotográfico;

alterações; patologias.

Page 47: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

47

45 Desenhos partido da residência. Rino Levi .1950. Observa-se o desenho dos muros de arrimo, do viveiro (7), do espelho d’água (6) de forma delimitar, fortalecer o panorama, os limites. Além disso, analisa-se uma setorização interna da residência, separando os dormitórios (5), da área social (4), de serviços (5) e dos funcionários (1). Vê-se que não havia sido projetado a parte superior do paisagismo, onde localiza-se o anfiteatro e a piscina infantil.

46 Sala de estar. Observa-se a abertura da sala para o panorama, além da parede preta ao lado enfatizar e valorizar a vista.

47 Vista do dormitório. O complexo sistema da caixilharia proporciona o enquadramento da paisagem e a consolidação do partido de valorizar o panorama e inter-relacionar interior e exterior.

Page 48: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

48

48 Desenhos de detalhes para a residência. Rino Levi. 1950. (1) Detalhe da pia da cozinha com 2 bloco de vidros na altura da pia de forma a ilu-minar o plano de trabalho, armários e aberturas basculantes. (2) Detalhe da calha central do telhado-borboleta. (3) Detalhe do forro de madeira. (4) Detalhe do sistema de contra-pesos da caixilharia dos dormitórios, neste detalhe também pode-se observar as camadas do tellhado: telhas de fibrocimento, caibros e ripas de madeira, circulação de ar e laje de bloco ocos de concreto e o grande beiral.

49 Detalhe do telhado com telha de fibrocimento e a criação de uma camada de ar que possibilita a movimentação do ar e o aumento do conforto térmico interno, propocionado também pela forma borboleta do telhado.

50 Detalhe complexo sistema de contra-pesos da caixilharia dos dormitórios, todo projetado pela equipe de Rino Levi. Possibili-tando a variação de 2 painéis de vidro e 2 painéis do conjunto veneziana-tela para mosquitos.

Page 49: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

20 5

RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | atual | cortes

corte aa corte bb

Page 50: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

1

2 3

563,00

1 | salão festas/jogos2 | bar3 | depósito

RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | atual | pav. inferior

A

BB

A

Page 51: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

20 5

RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | atual | pav. superior

1

3

2

4

566666666

8 9 10

5 5 11

12

5

7

566,50

564,75

estar | 1terraço | 2

jantar | 3hall de entrada | 4

escritório | 5dormitório | 6

cozinha | 7almoço funcionários | 8

área de serviço | 9garagem | 10fraldário | 11vestiário | 12

A

BB

A

Page 52: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

52

3.5 PAISAGISMO

Dentre as parcerias de Burle Marx o

projeto da residência Olivo Gomes foi uma

oportunidade excepcional. Burle Marx pode

criar intensamente com Rino Levi e Roberto

Cerqueira César, que raramente ocorria, no sen-

tido de oferecer entornos altamente qualificados

para a arquitetura, numa perspectiva bem distin-

ta da jardinagem como acessório ou do anódino

embelezamento (Dourado, 2009).

O paisagismo da residência teve dois

momentos. O primeiro foi juntamente com a

elaboração do projeto da casa, no início da dé-

cada de 50. Esse primeiro desenho dialoga com

o partido da residência, no sentido de estar

“debruçado“ no relevo valorizando a paisagem

e vistas, potencializado por linhas de forças,

os muros de arrumo, o viveiro e o formato do

espelho d’água. Burle Marx utilizou 51 espécies

vegetais, com o predomínio de herbácias e

arbustivas. Projetou também três painéis cerâ-

micos.

Posteriormente, em 1965, foi realizado

um segundo projeto de paisagismo, também

por Burle Marx, que antecipa algumas pro-

postas adequadas às grandes praças de uso

público. Amplia-se e complementa-se o pri-

meiro projeto com a elaboração de bosques e

um parque privativo, com piscina infantil e um

anfiteatro. Nessa fase especificaram-se 69 tipos

de plantas, dentre elas prevalecem espécies

arbóreas.

Foram projetados marrotes pirâmi-

dais revestido de grama que contrastam com

a planura da região. Os lagos e os espelhos

d’água trazem um pouco do céu para dentro

do arvoredo. Os bambuzais entre as árvores de

grande porte trazem luminosidades variadas

e acolhedoras. Assim, segundo Motta, essa luz

traz mistério a paisagem, abrangendo formas

sutis de percepção, imprecisões e expectati-

vas. Foi proposta também a implantação de

guapuruvus no área de frente à fachada prin-

cipal da residência que, segundo o pessoal do

Departamento de Patrimônio Histórico de São

José dos Campos, contrapõe a horizontalidade

da residência e sua copa alta não interfere no

panorama e produz um certo assombramento

na residência.

Anos depois, Burle Marx explica o su-

cesso da parceria com Rino Levi, reconhecendo

que Rino atribuía à vegetação uma papel proe-

minente na maioria das residências que plane-

java,

‘‘[...] resultando daí a criação de espaços

51 Detalhe do espelho d’água.

52 Detalhe do guapuruvus na fachada Norte da residência.

Page 53: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

53

que pudessem abrigar este mundo vegetal que

tanto amava. Procurava assim, recuperar uma

forma de vida mais humana que as moradias

vinham paulatinamente perdendo.

Nos trabalhos em que contribuí para a

solução de problemas de integração entre ar-

quitetura e paisagismo, predominou o desejo de

encontrar um resultado que não servisse apenas

para valorizar uma parte, mas si a unidade do

todo. Lembro-me do problema surgido com o

painel de azulejos para a residência da família

Gomes em São José dos Campos. Tinha papel

importante na arquitetura e Rino Levi alertou-me

para o fato de que a cor dos azulejos forçosamen-

te ligava-se à cor das folhas e das plantas escolhi-

das. A dominante azul do painel unia-se aos ocres

da arquitetura. Foram então utilizadas plantas

com folhas de cor violeta e flores amarelas e

vermelhas.” (Roberto Burle Marx, “Depoimento

sobre Rino Levi”, emb Rino Levi. (Milão: Edizione

di Comunità, 1972), p. 10.)

Haruyoshi Ono, discípulo e companhei-

ro e também sócio de Burle Marx, passou a ser

titular do escritório após a morte do paisagista,

em 1994. Assim, Ono deu continuidade aos

projetos do escritório, principalmente projetos

de recuperação e restauração de projetos do

próprio escritório, entrando também o projeto

de paisagismo da residência de Olivo Gomes.

Importante ressaltar que atualmente o

entorno da residência vem sofrendo diversos

tipos de alterações, interferências, como a im-

plantação de cercados, lixeiras, canteiros, vasos,

sem nenhuma atenção mais profunda. Existe

também a problemática do paisagismo ser um

patrimônio vivo, sendo assim necessária uma

manutenção e reposição adequada.

53 Foto da segunda parte do projeto de paisagismo, realizado posteriormente, em 1966. Observam-se os marrotes, bambuzal e interferências contemporâneas.

54 Foto geral do primeiro projeto de paisagismo.

Page 54: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

54

LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO: AMBIENTES

54 Corredor de acesso aos nichos de dormitórios à direita e rampa de acesso a sala de jogos/festas à esquerda. Observa-se a largura extensa do corredor e a preocupação com a acessibilida-de através da rampa.

55 Sanitários dos dormitórios. Presença de pastilhas, forro rebaixado com iluminação zenital por meio de blocos de vidro, ventilação através de pequenos basculantes.

57 Terraço com piso cerâmico e pequenos jardins incorporados.

56 Cozinha. Destaque para o revestimento de azulejo no teto, o fechamento de blocos de vidros na altura da mesa de trabalho e da pia para iluminação natural e basculantes superiores, outro componente que ajuda no efeito chaminé.

58 Setor de serviços. Entrada para sanitários públicos.

59 Setor de serviços. Pequeno escritório de administração do parque e da manutenção.

Page 55: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

55

PAINEL MOSAICO VERMELHO

O conjunto de painéis de mosaico situ-

ados nas duas faces da parede da sala de jogos/

festas no pavimento inferior, configuram-se

como centro irradiador das linhas dominantes

do jardim que saem da residência em direção

a paisagem, como os muros de arrimo, a dese-

nho do espelho d’água e do viveiro de pássa-

ros, delineando-se como um ponto fundamen-

tal para o projeto.

O painel externo com suas tonalidades

vermelhas, vibra e destaca-se da casa, expan-

dindo o painel para além dela.

PAINEL MOSAICO AZUL

O painel interno solto entre planos

de vidros e os vazios dos pilares, transforma

esse plano pictórico em imaterialidade. O azul

dominante sugere uma sutil transparência com

a paisagem externa. Assim, diferentemente do

painel vermelho, esse interioriza, formando

uma tensão instável do plano entre expansão e

interiorização. Nesse sentido, esses painéis não

se caracterizam como matéria arquitetônica,

mas condensa o significado da resindência.

PAINEL AZULEJO AZUL

Seguindo um papel hierarquicamente

menor, este painel, localizado na parede parale-

la ao eixo do corredor dos dormitórios, mostra-

se logo na entrada dos hóspedes da família, já

que desenha-se ao lado do hall de entrada. Ele

traz aspectos de privacidade, tranquilidade,

transperência, através das várias tonalidades

de azul que conversa com o roxo da folhagem,

justamente por fazer parte do setor íntimo da

residência.

3.4.2 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO: PAINÉIS

Page 56: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

56

3.4.3 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO: ANEXOS

VIVEIRO DE PÁSSAROS

Importante elemento na configuração

dos limites do panorama, atualmente encontra-

-se desativado e com vegetação de crescimen-

to desordenado.

ANFITEATRO

Desenhado e executado posteriormen-

te à residência, o anfiteatro tinha o objetivo de

apoiar as festas e eventos realizados pela famí-

lia. Hoje, recebe eventalmente eventos, saraus

e peças teatrais da Fundação Cultural Cassiano

Ricardo.

PISCINA INFANTIL

Também desenhado e executado

posteriormente a residência como pode-se

observar posteriormente neste trabalho, a pis-

cina infantil servia as crianças da família. Hoje

encontra-se desativada.

Page 57: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

57

3.6 PATOLOGIAS

A residência encontra-se em bom esta-

do de conservação, porém sua falta de manu-

tenção só aumenta a dificuldades de uma pos-

terior restauração e reabilitação da residência.

Dentre as principais patologias estão:

Paredes: - sujidade generalizada; - pichações; - manchas de umidade; - partes faltantes (rev. em argamassa); - desprendimento da camada pictórica.Caixilho: - sujidade generalizada; - oxidações; - manchas no acabamento; - peças quebradas.Piso: - sujidade generalizada; - trincas e fissuras; - manchas; - desprendimento de peças; - peças faltantes; - perda de rejunte.Forro / telhado: - sujidade generalizada; - ressacamento da madeira; - telhas com trincas e fissuras.Mobiliário: - sujidade generalizada; - partes faltantes; - ausência de arandelas / luminárias; - manchas de parafina e tintas.

60 Pichações nos dormitórios.

61 Vazamento de água do banheiros.

62 Vazamento de água.

63 Acabamento pictórico desprendendo.

Page 58: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

58

3.7 ALTERAÇÕES

A residência em si não foi descaracteri-

zada, não houve grandes mudanças ou altera-

ções.

No entanto é importante mostrar as

alterações realizadas no eixo da área de servi-

ços, originalmente com quartos para funcioná-

rios, sendo que na década de 60, esses quartos

foram ampliados e finalmente, na década

de 90 esse uso foi totalmente transformado,

constituindo-se num apoio ao novo parque,

com sanitários públicos, fraldário, vestiário para

funcionários, administração e manutenção do

parque.

Os desenhos ao lado ilustram as modi-

ficações realizadas.

DÉCADA DE 50

DÉCADA DE 60

DÉCADA DE 90

ÁREA DE SERVIÇO DO PROJETO ORIGINAL DE RINO LEVI

ÁREA DE SERVIÇO COM ADAPTAÇÃO DOS BANHEIROS

AMPLIAÇÃO DA ÁREA DE SERVIÇO

ALTERAÇÕES ARQUITETÔNICAS OCORRIDAS NA ÁREA DE SERVIÇOS

DÉCADA DE 50

DÉCADA DE 60

DÉCADA DE 90

ÁREA DE SERVIÇO DO PROJETO ORIGINAL DE RINO LEVI

ÁREA DE SERVIÇO COM ADAPTAÇÃO DOS BANHEIROS

AMPLIAÇÃO DA ÁREA DE SERVIÇO

ALTERAÇÕES ARQUITETÔNICAS OCORRIDAS NA ÁREA DE SERVIÇOS

DÉCADA DE 50

DÉCADA DE 60

DÉCADA DE 90

ÁREA DE SERVIÇO DO PROJETO ORIGINAL DE RINO LEVI

ÁREA DE SERVIÇO COM ADAPTAÇÃO DOS BANHEIROS

AMPLIAÇÃO DA ÁREA DE SERVIÇO

ALTERAÇÕES ARQUITETÔNICAS OCORRIDAS NA ÁREA DE SERVIÇOS

década de 50 - área de serviço - projeto original

década de 60 - ampliação área de serviço

década de 90 - adaptação dos banheiros

Page 59: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

59

3.8 PROJETO PETROBRÁS

Com o patrocínio da Petrobrás, em

2007, foi finalizado um projeto executivo de

restauro da residência Olivo Gomes (escritório:

Cia do Restauro), com o programa de Centro

de Representação, Recepção e Eventos, onde

basicamente receberia eventos culturais e seria

a área de recepção da cidade, seu salão nobre.

As atividades seriam múltiplas: exposições,

atividades de educação patrimonial, consertos

musicais, local para a realização de encontros

literários e artísticos sob a forma de simpósios

e seminários e atividades museológicas, além

de atividades como locação para particulares e

visitas guiadas como fonte de renda.

Analisa-se esse programa de forma

a orientar a nova escolha, dado que nada foi

executado por motivos de verba segundo a

prefeitura, conclui-se que é um proposta fraca e

dependente. Além de estar totalmente isolado

frente a todos os usos e edificações do parque,

sendo que no próprio complexo do parque já

existem um centro cultural e um a construção

de um grande teatro (onde a prefeitura deve

estar investindo muito).

Enfim, a problemática política e econo-

mica é de essencial relevância no contexto de

uma intervenção na residência.

64 Projeto de restauro para a residência Olivo Gomes realizado em 2007. (1) Exposição e recepção - 85 lugares. (2) Biblioteca virtual. (3) Salas de múltiplo uso - 49 lugares. (4) Exposição permanente. (5) Administração. (6) Depósito. (7) Copa. (8) Sala de equipamentos eletrônicos. (9) Reserva técnica. (10) Exposição temporária. A principal crítica que pode-se fazer nesse projeto é a abertura das salas de múltiplo uso através da remoção do armário, pois elimina-se assim, a ideia de panorama e enquadramento da paisagem formada pelas esquadrias (ver fotos 44 e 47).

1

10

1

2 3 3 4 4 4

Pavimento inferior

Pavimento superior

5

67

89

Page 60: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 61: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

4. PROJETO DE INTERVENÇÃO

Page 62: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

62

4.1 ESTUDOS

65 Edifício Pirelli, Milão. Observam-se os danos causados às fachadas do edifício pelo impacto do monomotor em 2002.

66 Edifício Pirelli, Milão. Foto de 2004, depois da conclusão dos trabalhos de restauro das fachadas.

Após a realização de todos esses levan-

tamentos, o foco agora é uma nova proposta

para a residência, um novo programa que

valorize-a e preserve-a. Então, foi realizado uma

análise criteriosa sobre o complexo tema do

restauro e da intervenção na arquitetura mo-

derna e contemporânea, de forma a analisar as

problemáticas e interpretá-las para o contexto

da residência Olivo Gomes.

Segundo Simona Salvo, trata-se de um

tema emergente, onde as coordenadas das

intervenções ainda seguem, maciçamente, sua

propensão inicial de refazer antes de conservar,

ligado a ambições e interesses que dificultam

sua correta recepção cultural, por dois motivos:

- peso do seu valor de uso para finalida-

des práticas e econômicas;

- aglutinação de valores simbólicos,

relacionados à atualidade, destroem seus con-

teúdos históricos e testemunhais.

Sendo assim, observa-se uma regressão

a ideia de salvar a imagem e não a consistência

material de um testemunho, afastando assim,

o tema do campo da restauração, tratando-

-o como um caso autônomo e separado dos

preceitos da disciplina do restauro. Portanto,

organismos internacionais de tutela - como o

ICOMOS (Internacional Council on Monuments

and Sites) e o DOCOMOMO (Documentation

and Conservation of Buildings, Neighbourhood

and Sites of the Modern Movement) - conver-

gem suas intenções para a afirmação de posi-

ções retrospectivas e repristinatórias, firmando

um princípio do restauro da arquitetura moder-

na autônomo em relação ao tradicional.

Diferentemente da linha de inter-

venção repristinatória, tem-se o excepcional

exemplo do arranha-céu da Pirelli em Milão.

Apresentando-se como uma intervenção con-

servativa, demonstrou na prática que o restau-

ro da arquitetura moderna pode ser enfrentado

com instrumentos oferecidos pelo campo

disciplinar da restauração, através de um rigor

teórico, metodológico e científico.

A intervenção referiu-se a recuperação

dos perfis de alumínio anodizado e o revesti-

mento de pastilhas cerâmicas que compõem a

fachadas do edifício. Descartou-se a hipótese

de substituir os perfis originais - em boas con-

dições - e optou-se percorrer o caminho da

intervenção conservativa de forma a preservar

valor documental, tecnológico, construtivo e

material desse componente. Tratou-se, portan-

Page 63: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

63

67 Villa Savoye (Le Corbusier, 1929-1931). Executado postu-mamente em 1997, não atua como uma obra arquitetônica mas como um objeto abstrato, como um manisfesto da arquitetura purista. Exemplo de repristinação programada.

68 Atomium (Bruxelas. A. Waterkeyn. 1958). A substituição inte-gral das placas de aço inoxidável para alumínio trouxe o brilho de 40 anos atrás, privando o edifício de uma profundidade histórica. Exemplo de uma ampla casuística de intervenções “corretivas“.

to, de uma intervenção inovadora do ponto de

vista metodológico.

Com a colisão do monomotor em 2002,

o edifício ganha um papel histórico e simbóli-

co, aproximando-se da memória e identidade

dos cidadãos, além do problema de ultrapassar

de uma simples solução de reparo e manuten-

ção. Assim, realizou-se uma grande inovação,

um restauro experimental através de uma gran-

de pesquisa (levantamento métrico do painel

tipo, análise de arquivos, fontes bibliográficas e

gráficas e entrevistas) e procedimento de recu-

peração e reanodização dos existentes. A ex-

periência teve grande êxito técnico e estético,

transmitindo valores de autenticidade e ama-

durecimento, pautado também na realização

de um processo crítico e de um reconhecimen-

to progressivo da obra.

Contudo, aponta-se como principal

problema o reconhecimento histórico-crítico

do valor de obras recentes, dado que a ausên-

cia de um distanciamento cronológico dificulta

uma historiografia consolidada. Assim, essa

vertente retrospectiva pode ser interpretada

como uma projeção da civilização contemporâ-

nea de apropriar-se de seus símbolos, negando

a incidência daquele breve, mas denso, lapso

de tempo transcorrido entre a criação da obra

moderna e sua recepção na presente (Salvo,

2008).

Por fim, a restauração de obras contem-

porâneas é um grande desafio ligado a cultura

da memória, implicando o reconhecimento em

tempo real do próprio presente, de seus valores

e de sua capacidade testemunhal.

Buscando interpretar e inserir essas

questões no contexto da residência Olivo

Gomes, tem-se que a residência é de grande

representividade no campo da arquitetura mo-

derna no Brasil, sendo assim, foi objeto de aná-

lise histórico-crítico de diversos pesquisadores

e seu reconhecimento acadêmico é evidente.

Porém pode-se observar que sua pre-

servação hoje em dia está intrinsecamente liga-

do a aspectos financeiros e de reconhecimento

da população, já que a Prefeitura de São José

dos Campos, com o projeto executivo de res-

tauro em mãos desde 2007, não executou ne-

nhuma ação prática, nem tem-se previsão. Isso

certamente é resultado do fato da residência

não ser uma prioridade na política da prefeitura

vigente.

A partir dessa análise e pensando na

proposta de novo programa para a residência,

Page 64: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

64

71 Casa Modernista na Vila Mariana.

70 Casa das Rosas na Avenida Paulista. 72 Fundação Maria Luisa e Oscar Americano no bairro do Mo-rumbi. Detalhe para a implantação de toldos temporários.

69 Vila Marea em Noormakku (A. Aalto, 1939); salão com lareira. Este caso mostra a importância de uma manutenção programada e distribuída no tempo, tanto da proprietária, como da posterior fundação, como forma conservar e manter um patrimônio.

estudaram-se os diversas residências tomba-

das como patrimônio arquitetônico no Brasil.

Foram escolhidos três exemplos de programas

corriqueiros de reabilitação de residências.

A Casa das Rosas desenvolve uma ati-

vidade de centro cultural, oferecendo cursos,

eventos, exposições relacionada a literatura.

Nesse caso além de tratar do aspecto progra-

mativo, é importante ressaltar a implantação de

um edifício envidraçado bem próximo da casa,

numa tentativa de diálogo fracassado.

A Casa Modernista tem atualmente o

uso como meramente expositivo, no sentido

de uma residência intocável, como uma peça

de museu inserido num parque. E finalmente a

Fundação Maria Luisa e Oscar Americano que

insere-se, também, num parque, tem como

programa, a pedido de seus antigos morado-

res, uma fundação cultural, com um acervo

bem eclético (obras de arte e objetos históricos

da Colônia e do Império do Brasil) e perma-

nente. A fundação recebe excursões escolares

periodicamente, porém vive-se de atividades

como concertos, convenções e casamentos,

recebendo eventualmente toldos temporários

para execução dos mesmos.

Page 65: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

65

4.2 HOTEL-ESCOLA

A partir de todas as análises e inter-

pretações realizadas até agora, iniciou-se a

proposta de não seguir um programa cultural

de dependência exclusiva de recursos públicos,

pois como os próprios exemplos citados não

são muito bem consolidados, independentes e

representativos.

A escolha do programa para a residên-

cia se centrou no grande potencial da área na

consolidação de um grande complexo cultural,

educacional e turístico. Assim, na intenção de

criar uma nova dinâmica para o complexo,

previu-se a necessidade de um hotel, mas não

uma grande empresa multinacional privada. A

ideia é atrair uma empresa semi-privada que

interessada em investir na residência, doada

pela prefeitura, daria em troca uma participa-

ção social. Sendo assim, um Hotel-Escola, ou

seja, um hotel que além de hospedar, propor-

ciona cursos profissionallizantes gratuitos na

área de hotelaria, gastronomia e turismo para

a população carente (iniciativas parecidas no

Brasil foram desenvolvidas pelo órgão Senac).

O interessante deste programa é o fato dos

alunos poderem exercer a prática no próprio

hotel, através de estágios e aulas práticas. Essa

escolha além de estar pautado na consolidação

de um complexo coerente, também está rela-

cionado a questões econômicas de investimen-

to, sendo assim mais afirmado a consolidação e

manutenção do projeto e do edifício.

A cidade de São José dos Campos

possui diversos fatores turisticamente interes-

santes, como o próprio Banhado, uma grande

reserva ambiental e interessante formação ge-

ográfica no meio da cidade, o complexo do CTA

(Centro Tecnológico Aeroespacial) todo pro-

jetado por Oscar Niemeyer, o centro histórico,

centros comerciais, a reserva ambiental de São

Francisco Xavier, entre outros. A cidade conta

com um aeroporto que vem aumentando seu

número de voos e tem localização estratégia,

entre São Paulo e Rio de Janeiro.

A escolha do programa também se deu

de forma a manter similaridades com o progra-

ma original, uma grande residência (por volta

de 1500 m2 de área construída) com 8 quartos

que recebia muitos convidados e familiares.

Outro fator a favor é a realização da

Copa do Mundo de Futebol no Brasil em 2014,

sendo que o setor hoteleiro expande-se e

vários hotéis e centros de treinamentos se

candidatam para receber alguma seleção du-

rante a Copa e esse hotel entraria na disputa,

facilitando assim recursos. Mas não vou centrar

as justificativas para a escolha do programa de

hotel-escola nesse evento e suas possibilida-

des, porém é um fator fortalecedor.

Assim, a questão que fica é de quem

se hospedaria no hotel, a resposta e simples

e fundamentada no projeto para o parque

posteriormente realizado nesse trabalho. Todo

o complexo recebe diversas atividades e atra-

ções, então o hotel hospedaria tanto usuários

dos centros cultural, comercial, de convenções,

do teatro - a cidade tem eventos nacionais anu-

ais de teatro e dança - como hóspedes de lazer.

Como esse programa relaciona-se com

o programa de escola Senac, analisa-se que a

cidade já possui um Senac, porém como a ci-

dade é de médio/alto porte e a criação de mais

uma escola profissionalizante não estará fora

da necessidade da cidade.

A experiência do Grande Hotel Senac

de Campos do Jordão teve um caminho pareci-

do com o proposto neste trabalho. Resumida-

mente, este Hotel-Escola era um Hotel Cassino

projetado em 1945 por Oswaldo Bratke que

ficou durante as décadas de 70 e 80 abando-

nado. Sua revitalização se deu através de um

acordo entre o Senac e o Governo que sedeu

Page 66: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

66

73 Foto esquemática localizando os hotéis na cidade de São José dos Campos (elementos amarelos), destaca-se o CTA em ver-melho, o aeroporto, a rodovia Presidente Dutra, o Senac existente (elemento azul) e o parque (mancha amarela).

Page 67: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

67

o terreno em troca de um programa social, os

cursos profissionalizante gratuitos. Assim, em

meados da década de 90 tanto a escola como o

hotel foram inaugurados, recebendo anexos e

adaptações. Esse caso é interessante pois viabi-

liza recursos privados para consolidar a revitali-

zação de áreas de grande potencial.

Porém, analisou que a reforma e adap-

tação do uso não respeitam as características

do projeto original de Bratke. Então, o que se

aproveita aqui é a experiência dos acordos

burovráticos e não, de fato, as soluções arquite-

tônicas de ampliação e adequação.

A fim de estudar e analisar esse progra-

ma de hotel-escola foram realizadas 2 visitas

técnicas, no Grande Hotel-Escola Senac de

Campos do Jordão e no Restaurante-Escola da

Câmara de São Paulo. Foram vistoriadas as de-

pendências desses estabelecimentos e alguns

funcionários foram entrevistados.

O Restaurante-Escola da Câmara é

uma iniciativa da Câmara juntamente com a

Prefeitura de São Paulo, com a Universidade

Anhembi-Morumbi e a Fundação Jovem Profis-

sional. O restaurante funciona a partir de cursos

gratuitos que duram 6 meses. Nesse período os

alunos se revezam entre aulas teóricas e práti-

74 Perspectiva do Hotel Cassino em Campos do Jordão. Oswal-do Bratke, 1945.

75 Grande Hotel-Escola Senac Campos do Jordão. A esquerda encontra-se a escola e a direita o hotel com diversas ampliação e adequações.

cas na cozinha, no bar e no salão, no serviço de

garçom e mis en place, assim, o aluno fica com

uma formação rápida e ampla.

Desta forma, o restaurante torna-se

economicamente mais viável para o nível da

sofisticação dos pratos, já que são realizadas

por alunos que estão efetivamente aprenden-

do na prática.

Diferentemente, o Hotel-Escola em

Campos do Jordão realiza os cursos práticos

primeiramente em sala de aula, especializado

em uma área: garçom, cozinheiro, camareira

ou recepcionista. Então, existem cozinhas pe-

dagógicas e salas especiais com equipamentos

de um quarto de hotel para a aprendizagem

do trabalho de camareira, por exemplo (ver

figura 79). Desta maneira, o aluno só vai para a

cozinha ou para o hotel quando já está previa-

mente preparado, pois já teve aulas práticas em

sala de aula. Assim, tanto o hotel como o seu

restaurante tem suas tarifas mais baixas, porém

maior se comparada à estrutura do Restauran-

te-Escola da Câmara. Em Campos de Jordão,

como uma forma de ampliar e manter o projeto

do Hotel-Escola observam-se também cursos

superiores pagos de gastronomia, turismo e

hotelaria.

Page 68: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

68

76 Restaurante-Escola da Câmara de São Paulo. Salão do restau-rante.

78 Restaurante-Escola da Câmara de São Paulo. Cozinha. Alunos na seção da padaria.

79 Grande Hotel-Escola Senac Campos do Jordão. Sala de aulas práticas de camareira com equipamentos sanitários e móveis idênticos aos quartos do hotel.

79 Grande Hotel-Escola Senac Campos do Jordão. Cozinha. Alunos na área de lavagem.

Analisando as diferenças entre os dois

programas optou-se seguir, neste trabalho, a

estrutura do Restaurante-Escola da Câmara,

porém adaptado para cursos específicos e de

maior duração, ou seja, uma mescla dos dois

programas. A ideia é adaptar programa de

maneira a melhor rege-lo, dar uma boa forma-

ção para os alunos e também baratear as tarifas

mantendo um bom nível de qualidade e sofisti-

cação do hotel e do restaurante.

Além disso, o fato dos alunos pratica-

rem na cozinha real diminui o desperdício de

alimentos.

Finalmente, como uma medida de ma-

nutenção da escola propõe-se também cursos

livres pagos.

Posteriormente, nesse trabalho serão

apresentados maiores detalhes do programa

de necessidades.

Page 69: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

69

4.3 PROJETOS DE REFERÊNCIA

Foram estudados alguns projetos de

referência e o requisito para esses projetos é ser

anexo de alguma obra de patrimônio moderno

ou não, já que a ideia da mudança de uso da

residência Olivo Gomes para um Hotel-Escola

necessitará de anexos, sendo assim, o parte

prática e de projeto de edificação deste traba-

lho.

Os projetos aqui apresentados trazem

características dos três princípios do restauro:

mínima intervenção, distinguibilidade e reversi-

bilidade. Todos trazem uma linguagem neutra,

sóbria, de pouca interferência no patrimônio.

82 Corte esquemático. Rehabilitation of Ronchamp Site. França. Renzo Piano, 2006. Os anexos da igreja de Romchamp de le Corbursier consistem em alojamento para freiras e a solução dada aproveita o desnível do terreno, onde englobam-se, enterram-se as habitações nessa topografia, de forma a não interferir no panorama e na percepção da obra.

81 Hamburg-Harburg Technical University Extension. Alemanha. GMP architekten. 2012. O projeto da ampliação dessa universidade contou com a construção de 2 anexos de linguagem e forma simples, emprego de materiais contemporâneos e manutenção do gabarito, medidas que não provocam uma competição entre as edificações, se distingue o novo do velho e promove a mínima intervenção, porém atende a necessida-de ampliação da universidade.

80 Nelson-Atkins Museum or Art. Estados Unidos. Steven Holl Architects. 2007. Anexos foram projetados para a ampliação do museu, com linguagem contemporânea, simples e neutra.

Page 70: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

70

4.4 PARTIDO

Com toda essa análise e estudos, o

ponto de partida do projeto de intervenção

desse trabalho corresponde à elaboração de

2 anexos, devido à necessidade do programa.

Assim, o desafio é organizar o complexo pro-

grama de um Hotel-Escola dentro da residência

Olivo Gomes e seus anexos. Desta maneira

propõe-se organizar um anexo com atividades

propriamente da escola, com salas de aula,

administração, gerência, coordenação tanto da

escola como do hotel, e serviços, como lavan-

deria, refeitório, despensas e etc. O outro anexo

seria basicamente com os quartos do hotel e

áreas de lazer, piscina. Ficando assim, para a

residência Olivo Gomes as áreas mais nobres, a

entrada, a recepção, áreas de estar, restaurante,

bar e os quartos mais sofisticados, os próprios

da casa.

Assim, deparou-se com a problemática

do trânsito de hóspedes e funcionários entre

as edificações propostas, o funcionamento do

parque e os acessos. Consequentemente, foi

pensado a elaboração de túneis de interligação

dos edifícios que possibilita a conexão sem

interferir na paisagem. (ver organograma 83 ).

Finalmente, com essa estruturação do

programa, passou-se a pensar na implantação

desses anexos. A problemática dessa etapa se

dá devido, principalmente, do patrimônio pai-

sagístico do entorno da residência e da grande

representividade da paisagem, das visuais no

partido da residência Olivo Gomes. Assim, de

ante-mão, a primeira premissa para a implan-

tação dos anexos, exige a não interferência nas

áreas do projeto paisagístico do entorno assim

como na visuais, dos enquadramentos da pai-

sagem de dentro da paisagem (ver figura 84).

A segunda premissa para a implanta-

ção dos anexos seguem as seguintes questões

que foram fundamentais para a consolidação

da implantação (ver figura 85):

- ser uma clareira, ser desprovido de cobertura

vegetal, pois obviamente, não está-se interes-

sado em desflorestar ou gerar um grande pre-

juízo ao meio ambiente;

- estar dentro de um raio de 100 metros da resi-

dência, de forma a não gerar túneis extensos e

cansativos.

Com esses diagramas fica consolidado,

então, a implantação dos anexos à esquerda da

residência, numa região bem plana, ao lado de

um pomar existente, que pode também fazer

parte do conjunto do projeto. (ver figura 85).

residência olivo gomesrecepção/lobbyrestaurante/baralgumas suítes para hóspedes

anexo 1 - hotelsuítes para hóspedespiscina

túneis

anexo 2 - escolasalas de aula

administraçãoserviços

83 Organograma da organização do programa deste projeto de intervenção, mostrando as atividades e usos de cada edifício e sua interliga-ção por meu de túneis que não interferem na paisagem e propõe um passeio seguro e inusitados para hóspedes e funcionários.

Page 71: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

84 Diagrama da primeira premissa de implantação, mostrando as áreas de interesse a serem preservadas, em vermelho a área do primeiro projeto de paisagismo e em amarelo o segundo. Além disso, a seta representa a intenção de não interferir nas visuais.

Page 72: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

85 Diagrama da segunda premissa de implantação, eviden-ciando as clareiras em azul e o raio de 100 metros a partir dos pontos extremos da residência (em vermelho). Fechando assim, a implantação dos anexos no local evidentemente que respeita essas premissas de projeto (em verde).

Page 73: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

73

Contudo, passa-se a adentrar nas pre-

missas de projeto dos anexos propriamente

dito. Uma importante problemática a se colocar

é a questão da convivência entre o programa

do hotel e do parque, do público e do priva-

do, a privacidade dos hóspedes. Então foram

pensadas modos, dinâmicas para se separar o

público do privado.

Seguindo a linha de raciocínio desse

trabalho, as soluções pilotis e enterrado são de

certo modo radicais, interferindo muito na pai-

sagem ou no terreno. Dessa maneira, a solução

semi-enterrada surgiu da intenção diminuir a

pilotis enterrado semi-enterrado semi-enterrado e envoltória

86 Diagrama com diversas soluções de separação do público e privado, para o anexo do hotel, principalmente.

interferência, o gabarito. Porém a ideia da en-

voltória se apresenta com o intuito de diminuir

a circulação horizontal, de evitar a proximidade

e, consequentemente, o contato visual entre os

quartos do hotel e da intenção do projeto ser

sóbrio, sólido, neutro, sem portas, janelas na

fachada (ver figura 86).

A solução encontrada conversa com

os três princípios da restauração, como se

pode observar anteriormente nesse trabalho.

A distinguibilidade encontra-se no fato de se

tratar de um acabamento contemporâneo e

neutro, que se difere da linguagem e composi-

ção arquitetônica da residêncio Olivo Gomes.

A reversibilidade observa-se no fato de ser um

anexo, que não interfere na casa e encontra-se

relativamente afastada, sendo facilitado uma

intervenção futura. Já a mínima intervenção

é totalmente respeitada, já que o anexo não

interfe na residência. Ressalta-se que posterior-

mente, nesse trabalho, se focará no projeto das

intervenções dentro da própria residência, no

sub-capítulo 4.5.

Dando continuidade a linha de racio-

cício desse trabalho, definiu-se essa envoltória

como uma pele verde, um sistema de tela me-

Page 74: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

74

tálica, canteiro e trepadeira (ver imagens 88, 89

e 90). Solução que traz um acabamento sóbrio

e translúcido na paisagem e também, de certa

forma, inusitado tanto para os hóspedes, como

para os usuários do parque, além aumentar o

conforto térmico interno.

Desta forma, o anexo da escola tam-

bém segue a mesma solução com uma segun-

da pele verde envoltória, porém para dinami-

zar, propiciar encontros à solução definiu-se um

átrio central (ver figura 87).

A seguir apresenta-se o programa de

necessidades e tabela de áreas.

88 MFO park. Zurich, Suiça. Sistema de sustentação de trepa-deira por meio de cabos tensionados.

89 Detalhe do sistema de sustentação de trepadeira a partir de módulos do conjunto tela metálico e canteiro conjugado com sistema de irrigação integrado e automático.

90 Detalhe do sistema de sustentação de trepadeira rente a parede em um supermercado nos Estados Unidos.

87 Esquema dos cortes dos anexos.

anexo escola anexo hotel

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75

ESCOLA8 salas de aulasala de informáticasala de demostraçãodepósito material didáticolaboratóriobibliotecacafésanitáriosrecepçãosecretaria / diretoriacoordenaçãomúltiplo usoestar

APOIO HOTELadministração / gerênciavestiários funcionáriosdespensafrigoríficosdepósitoslavanderiacozinharefeitóriolixosalas chefes cozinha / lavanderia

CIRCULAÇÃOcirculação vertical (escada)circulação vertical (elevador)circulação horizontalpassarela

PROPOSTA (ORIGINAL)

HOTEL8 dormitóriosrecepção (hall de entrada)sala íntima (escritório)sala múltiplo-uso (sala jogos/festa)lobby (sala jantar/escritório)bar (sala estar)terraçorestaurante (garagem)café (viveiro de pássaros)

SERVIÇOSsanitários usuários (A.S.)sanitário funcionário (A.S.)sanitários inferiorescozinha - cocção e lavagem (A.S.)cozinha - bar e confeitariadespensaadega (despensa)

CIRCULAÇÃOcorredor dormitóriosrampaescadaelevadores

m2

4x14,4 / 4x23,239,225,9

111,794,2

125,056,493,065,0

total: 760,8 (73,7%)

22,43,25,1

90,623,7

3,83,8

total: 152,6 (14,8%)

60,037,2

6,02x4,0 / 2x3,8

total: 118,8 (11,5%)

TOTAL: 1032,2

m2

48x242x23,84x10,2

total: 1240,4 (59,6%)

165,3235,0

total: 400,3 (19,2%)

4x21,54x4,6 / 4x6,8

4x49,2112,5

total: 440,9 (21,2%)

TOTAL: 2081,6

m2

8x35,835,835,8

5,624,5

179,856,8

2x35,8 / 12,37,1

56,9 / 10,835,8

179,8210,9

total : 1209,9 (62,4%)

35,8 /24,523,523,8

2x4,723,1 / 11,0

68,635,291,6

4,5 / 10,02x8,7

total: 378,4 (19,5%)

4x32,44x3,8176,63x9,6

total: 350,2 (18,1%)TOTAL: 1938,5

HOTEL46 suitesvestiáriosapoio camareira

LAZERpiscinasolário

CIRCULAÇÃOcirculação vertical (escada)circulação vertical (elevador)circulação horizontalrampa

residência anexo hotel anexo escola

Page 76: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 77: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

4.5 PROJETO

Page 78: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 79: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

IMPLANTAÇÃO0 5 10 20

1

3

4

2

5

6

7

8

7

9

residência olivo gomes | 1antigo viveiro de pássaros / café | 2

anexo hotel | 3anexo escola| 4

antiga piscina infantil / espelho d’água | 5an�teatro | 6

carga / descarga | 7entrada hóspedes | 8

pomar | 9

660

Page 80: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

80

A partir disso, resolveu-se implantar no

eixo social da residência os usos mais nobres,

de estar, como o bar, restaurante, sala de múlti-

plo uso e lobby, de atividade semi-pública, no

sentido de proporcionar uma certa aproxima-

ção da população da residência, agora aberta

ao público num período de tempo durante o

dia e noite, ideia já apresentada nesse trabalho.

A sala de múltiplo, antiga sala de jogos/

festas, estabeleceu-se a partir dessa lógica de

abrir o espaço para o público, com atividades

tanto do hotel, eventos, festas, congressos,

como do parque, atividades culturais, sociais e

maneira, manteve-se o uso original dos quar-

tos, sendo eles, os mais sofisticados do hotel

proposto, por serem maiores que os quartos

do anexo (44 m² para 23 m²) e por possibilitar a

conjugação em dois quartos (para famílias ou

grupos) ou a combinação quarto e sala de es-

tar.

O conflito do acesso dos hóspedes e a

preservação das áreas envoltórias à residência

resultou num distanciamento do estaciona-

mento, sendo assim, necessário percursos a pé

dentro do parque ou a utilização dos serviços

de manobrista.

O projeto de restauro e intervenção

para a residência Olivo Gomes segue os prin-

cípios já enunciados ao longo desse trabalho.

Constrariando a maioria das restaurações e in-

tervenções de obras do patrimônio moderno e

contemporâneo, o projeto respeita os três prin-

cípios da restauração e consequentemente não

é tratada como uma prática fora da tradicional

de restauro. Este trabalho não se atem ao proje-

to de restauro da edificação, de seus elementos

e componentes, das problemáticas ligadas às

instalações elétricas, hidráulicas, porém ressalta

a grande importância de um rigor teórico, me-

todológico e científico, de maneira a afastar de

ações repristinatórias e retrospectivas.

As interferências foram as mínimas pos-

síveis para a adaptação do uso para um hotel-

-escola, distinguíveis, com uma linguagem

diferente da residência original, do projeto do

Rino Levi e reversíveis. A seguir será apresenta-

das as questões estruturadoras para o projeto

enfatizando nas três características expressas.

Procurou-se manter a dinâmica e a or-

ganização da residência, a divisão dos eixos dos

dormitórios, social e de serviços, assim como

a entrada original dos hóspedes e moradores,

junto ao painel azul (ver imagem 91). Desta

91 Diagrama de organização do programa no pavimento superior da residência. Em amarelo encontra-se a área dos dormitórios do hotel. Em vermelho tem-se as áreas sociais e semi-privadas, bar e restaurante. E finalmente em azul tem-se as áreas restritas aos funcionários com principalmente, a cozinha. As setas indicam os diversos acessos possíveis, sendo a seta azul a original entrada de hóspedes, onde manteve-se a entrada e a recepção do hotel, a seta verde é um acesso secundário para hóspedes e as vermelhas são públicas, porém controladas.

RESIDÊNCIA OLIVO GOMES

Page 81: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

81

etc.

Aproveitou-se a grande extensão das

originais sala de estar e garagem para instalar

o bar e o restaurante, respectivamente. Para

a efetivação de interligação entre os espaços

sociais, a criação de um lobby interessante e

uma fácil visualização do elevador que dá aces-

so ao túnel e, consequentemente, aos outros

46 quartos, algumas paredes internas foram

previstas serem demolidas. Nessas paredes, ori-

ginalmente, se davam usos secundários (área

de almoço de funcionários, área de serviço

com tanques e um segundo escritório) que não

eram de grande importância na concretização

do partido da residência.

Para a concretização do restaurante,

onde originalmente funcionava a garagem, foi

projetado portas de vidro de correr para fechar

o ambiente, porém fléxiveis, possibilitando

variações de aberturas . Ressalta-se a distingui-

bilidade no acabamento e composição desse

pano de vidro frente a requintada caixilharia

projetada pelo escritório de Rino Levi. Foi tam-

bém necessário, para a efetivação de uma aber-

ta do restaurante, a remoção de alguns cantei-

ros de plantas e antena existentes no local.

Finalmente, na área que mais sofreu

alterações, onde originalmente servia como

dormitório dos funcionários e passou a com-

portar os serviços do parque, como sanitários,

fraldário, escritórios e vestiários, foi proposto

toda sua reformulação para comportar a co-

zinha (cocção, preparo e lavagem) do hotel e

também sanitários para os usuários do restau-

rante. Assim, grande parte das paredes internas

foram reelaboradas, mantendo-se a estrutura

da fachada a fim de manter a história e as eta-

pas da residência. A cozinha original do projeto

de Rino Levi ficou com o parte de bar e padaria

e manteve-se as despensas originais.

Para concluir, ressalta-se a intenção

de manter as características da residência de

modo aos hóspedes e usuários da áreas de bar

e restaurante terem a compreensão de aque-

le lugar foi moficado, adapatado e não gerar

confusão ou enganações. Desta forma, foram

mantidas diversos elementos imporatantes

do projeto, como os mobiliário sob medida e

densamente detalhado pelo escritório de Rino

Levi, mesmo que com o novo uso de um hotel-

-escola, esses elementos tornam-seinúteis e, às

vezes, com aparência de deslocado, gerando

interessantes percepção do ambiente e de sua

memória.

92 Intervenção na antiga garagem para adaptação de restaurante.

93 Visualização geral dos dois anexos e a residência Olivo Gomes.

Page 82: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

1 | múltiplo uso2 | bar3 | sanitários4 | elevador social5 | elevador serviços6 | túnel de acesso aos anexos

RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | projeto | pav. inferior

1

2 3

6

45

563,00

Page 83: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

20 5

RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | projeto | pav. superior

1

3

2

4

5555

6

7

8119 12 13 14

10

salão bar | 1recepção | 2

terraço | 3sala íntima | 4

suítes conjugadas | 5lobby / estar | 6

bar e confeitaria | 7elevador social | 8

salão restaurante | 9carga / descarga | 10

sanitários | 11preparo e cocção | 12elevador serviços | 13

lavagem | 14

566,50

564,75

Page 84: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

1 | demolição de paredes2 | construção de túnel3 | inserção de elevadores

RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | intervenções | pav. inferior

563,00

1

2

33

demolição

construção

Page 85: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

20 5

RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | intervenções | pav. superior

inserção balcão | 1porta p/ restrição de acesso | 2

inserção de portas / adaptação do armário | 3demolição de paredes internas | 4

inserção elvador | 5inserção fechamento vidro | 6

12

3

4

1

54 56 6

333

566,50

demolição

construção

Page 86: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

TÚNEL nível -3,50m

0 5 10 20

Page 87: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

87

Como já foi introduzido no capítulo so-

bre o partido, o projeto dos anexos nasceu das

preocupações com a privacidade dos hóspedes

e a interferência do volume dos edifícios na

paisagem, nas áreas de entorno da residência

Olivo Gomes. A partir desses príncipios foram

propostas as solução de edifícios semi-enter-

rados e com um fechamento de segunda pele,

optando-se por um fechamento verde, neutro

que não compete nem interfere na leitura e

compreensão da residência, tanto por soluções

escolhidas como pela implantação.

A partir de um primeiro cálculo de

áreas do programa de necessidades foi defini-

do os edifcios dos anexos com 4 pavimentos e

limites de 25 por 25 metros em planta. Outra

definição adotada para a solução dos anexos é

a ideia de inserir aberturas inusitadas na segun-

da pele verde, formando enquadramentos da

paisagem, para quem está dentro do edifício, e

composições inesperadas na fachada, para os

usuários do parque.

O anexo do hotel conta com um único

acesso, do túnel, o que força a entrada do hós-

pedes pela residência Olivo Gomes. O acesso

direto ao parque se dá apenas por uma sutil

saída de emergência na fachada no térreo.

Com uma única circulação horizontal

central tem-se acesso aos quartos modulados

em 3,6 por 7,0 metros. Os shafts, um para cada

dupla de apartamentos, também é acessível

desse corredor, o que facilita a manutenção. O

distanciamento de 4,4 metros entre os fecha-

mentos do quarto propriamente dito e a pele

verde interioriza os quartos, mantendo a priva-

cidade dos mesmos.

Quanto às áreas de lazer, optou-se por

implantar apenas uma piscina na cobertura do

anexo do hotel, de forma a criar um equipa-

mento forte e interessante para os hóspedes.

No entanto, para criar uma cobertura livre e

aberta para a paisagem, criou-se uma rampa

que contorna toda a edificação de maneira

a evitar fechamentos para o elevador e esca-

das. Assim, cria-se um grande solário aberto,

sem obstrução das visuais e uma piscina com

amplas dimensões, 7 metros de largura e 25

de comprimento. A rampa torna-se assim, um

percurso, um passeio elevado no parque e um

elemento que compõe a fachada, diferencian-

do-a do desenho do anexo da escola.

O anexo da escola, diferentemente do

hotel, possui duas circulações horizontais, in-

ANEXOS

Page 88: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

88

terligadas por passarelas e uma escada central

e iluminada por clarabóias basculantes. Essa

solução dinaliza a estruturação dos dois anexos

e promove encontro entre alunos e funcioná-

rios, por ser um edifício mais público e dinâmi-

co. Nesse átrio central também foi proposto a

implantação de uma árvore, no subsolo, como

forma de qualificar o ambiente.

No subsolo, junto ao túnel, localizam-

-se todos os equipamentos de serviço do hotel,

lavanderia, despensas, frigoríficos, vestiários

de funcionários, facilitando o acesso ao outro

anexo e a residência. As salas de aula seguem

uma modulação de 6,25 por 5,8 metros e como

a proposta é de seguir a estruturação do aluno

aprender na prática, efetivamente, na cozinha,

nos quartos, na lavanderia e etc. Assim, as salas

de aulas são mais voltados para aulas téoricas,

tanto para os cursos profissionalizantes como

para os demais cursos disponíveis, os cursos

livres.

No último pavimento foi pensado um

grande ambiente de estar com interessantes

visuais para o parque e uma grande sala de

múltiplo uso, para eventos, congressos, pales-

tras, simpósios tanto da escola como do hotel,

uma alternativa maior para a sala na residência.

94 Imagens internas do anexo da escola. Acima, detalhe do vão entre a pele ver e o edifício. Observa-se a estrutura desse fechamento, tela metálica, viga estruturais que também servem de canteiro para as trepadeiras e as escoras de sustentação. Abaixo, vista da passarela no último pavimento. Destaque para a iluminação zenital, o desenho das escadas e os tirantes que sustentam tanto a escada como a própria passarela.

Page 89: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 90: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

TIPOLOGIA SUÍTES

12

3

10

7

8

11

9

12

6

4

5

1 | portas de correr de vidro / guarda-corpo / cortina blackout2 | pilar metálico pintado preto - 15x25cm3 | piso laminado de madeira escura4 | mesa para tv, notebook e frigobar5 | fechamento de drywall com placas duplas - 10,8cm6 | guarda-roupas7 | fechamento de policarbonato translúcido 8 | ducha / banheira de �bra / box de vidro9 | porta de correr de policarbonato10 | piso cerâmico cor clara11 | pia / espelho / secador de cabelos / espelho de aumento / armários12 | maleiro13 | shaft acessível do corredor

13

3,60

4,40

2,50

7,10

0 0,5 1

Page 91: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

TIPOLOGIA SUÍTES

12

3

10

7

8

11

9

12

6

4

5

1 | portas de correr de vidro / guarda-corpo / cortina blackout2 | pilar metálico pintado preto - 15x25cm3 | piso laminado de madeira escura4 | mesa para tv, notebook e frigobar5 | fechamento de drywall com placas duplas - 10,8cm6 | guarda-roupas7 | fechamento de policarbonato translúcido 8 | ducha / banheira de �bra / box de vidro9 | porta de correr de policarbonato10 | piso cerâmico cor clara11 | pia / espelho / secador de cabelos / espelho de aumento / armários12 | maleiro13 | shaft acessível do corredor

13

3,60

4,40

2,50

7,10

0 0,5 1

elevador social | 1elevador serviços | 2

túnel | 3

-4,10

-4,10

ANEXO HOTEL nível -3,50m

0 1 2 5

-3,50

A

1

3

2

BB

A

Page 92: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

1 | elevador social2 | elevador serviços3 | saída de emergência

1

3

2

ANEXO HOTEL nível 0,00m

A

BB

A

0,00

Page 93: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

elevador social | 1elevador serviços | 2

ANEXO HOTEL nível 3,50m

0 1 2 5

3,50

A

1

2

BB

A

Page 94: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

1 | elevador social2 | elevador serviços3 | vestiários4 | acesso à piscina

1

43

2

ANEXO HOTEL nível 7,00m

A

BB

A

7,00

Page 95: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

solário | 1 piscina 7x25m | 2

acesso pav. técnico | 3

1

2

3

ANEXO HOTEL nível 12,30m

0 1 2 5

12,30

A

BB

A

Page 96: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 97: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 98: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 99: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

túnel | 1 lixo | 2

acesso pav. técnico | 3elevador | 4

vestiários | 5 despensa | 6

frigorí�cos | 7 depósito | 8

depósito limpeza | 9lavanderia | 10

rouparia | 11chefe lavanderia | 12

chefe cozinha| 13cozinha | 14

refeitório | 15

-4,10

-4,10

1

2 2

4

3

5

6

7 78

9

10

11

1213

1415

ANEXO ESCOLA nível -3,50m

0 1 2 5

-3,50A

BB

A

Page 100: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

1 | entrada / carga e descarga2 | clarabóia do túnel3 | recepção4 | elevador5 | administração6 | diretoria7 | café8 | biblioteca

13

4

5

6

7

8

2

ANEXO ESCOLA nível 0,00m

A A

BB

0,00

Page 101: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

administração hotel | 1elevador | 2depósito | 3

gerência hotel | 4coordenação escola | 5

sanitários | 6salas de aula | 7

1 4 5

6

2 3

77 7 7

ANEXO ESCOLA nível 3,50m

0 1 2 5

3,50A

BB

A

Page 102: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

1 | sala demonstração2 | elevador3 | depósito4 | laboratório5 | sala informática6 | sanitários7 | salas de aula

1 2

7 7 7

53

4

6

ANEXO ESCOLA nível 7,00m

A A

BB

7,00

Page 103: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

estar | 1elevador | 2

múltiplo uso | 3

1

2

3

ANEXO ESCOLA nível 10,50m

0 1 2 5

10,50A

BB

A

Page 104: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 105: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Page 106: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

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Page 108: projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola

108

REFERÊNCIA DE IMAGENS

capa | Departamento de Patrimônio Histórico de São José

dos Campos

1 | Desenho da autora

2 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José dos

Campos

3 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José dos

Campos

4 | Desenho da autora

5 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José dos

Campos

6 | Foto da autora

7 | Foto da autora

8 | Foto da autora

9 | Foto da autora

10 | http://pensandoadiante.blogspot.com.

br/2012_07_01_archive.html

11 | Foto da autora

12 | http://arquitetemos.blogspot.com.br/2012/03/parc-

-de-la-villette-bernard-tschumi.html

13 | http://galeriasergiocaribe.com.br/blog/?tag=museu-

-de-arte-contemporanea

14 | http://a2d-architecture.com/post/16812435168/

attention-parc-de-la-villette-paris-by-bernard

15 | http://crotchbuffet.blogspot.com.br/2011/01/oscar-

-niemeyer.html

16 | http://www.xadrezaranha.com/2012/04/algumas-

-fotos-do-parque-onde-fica-o.html

17 | http://fabionamiuti.hd1.com.br/locais.html

18 | Desenho da autora

19 | Desenho da autora

20 | http://www.treehugger.com/sustainable-product-

-design/how-a-paris-suburb-went-from-impoverished-

-city-to-green-powerhouse.html

21 | http://www.portalr3.com.br/2011/12/sao-jose-

-parque-da-cidade-e-o-lar-de-filhotes-de-capivaras/#.

UCz14aNDvEc

22 | http://www.jangadeiroonline.com.br/esportes/tag/

aeromodelismo/

23 | http://www.skyscrapercity.com/showthread.

php?t=797444&page=2

24 | Foto da autora

25 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José

dos Campos

26 | Foto da autora

27 | ANELLI, 2001

28 | ANELLI, 2001

29 | ANELLI, 2001

30 | ANELLI, 2001

31 | ANELLI, 2001

32 | http://www.culturaartistica.com/infotos.asp

33 | ANELLI, 2001

34 | ANELLI, 2001

35 | http://naterradoipe.wordpress.com/2011/08/06/

burle-marx/

36 | http://vitruvius.es/revistas/read/arquiteturis-

mo/06.065/4431

37 | http://artequehabita.blogspot.com.br/2012/07/os-

-jardins-de-burle-marx.html

38 | http://arquitracobrasil.wordpress.com/modernismo-

-brasileiro/

39 | http://lisinteriores.arteblog.com.br/r29267/Paisagis-

mo/

40 | http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/

entrevista/07.028/3299?page=3

41 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José

dos Campos

42 | ANELLI, 2001

43 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José

dos Campos

44 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José

dos Campos

45 | http://www.archdaily.com.br/31181/classicos-da-

-arquitetura-residencia-olivo-gomes-rino-levi/

46 | Foto da autora

47 | Foto da autora

48 | http://www.archdaily.com.br/31181/classicos-da-

-arquitetura-residencia-olivo-gomes-rino-levi/

49 | Foto da autora

50 | Foto da autora

51 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José

dos Campos

52 | Foto da autora

53 | http://www.archdaily.com.br/31181/classicos-da-

-arquitetura-residencia-olivo-gomes-rino-levi/

54 | Foto da autora

55 | Foto da autora

56 | Foto da autora

57 | Foto da autora

58 | Foto da autora

59 | Foto da autora

60 | Foto da autora

61 | Foto da autora

62 | Foto da autora

63 | Foto da autora

64 | Desenho da autora

65 | SALVO, 2007

66 | SALVO, 2007

67 | SALVO, 2008

68 | SALVO, 2008

69 | SALVO, 2008

70 | http://netleland.net/?tag=casa-das-rosas

71 | http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ul-

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109

t90u458131.shtml

72 | http://blog.brenosiviero.com.br/?p=1986

73 | Google Earth com alterações da autora

74 | http://www.grandehotelsenac.com.br/Conteudo.

aspx?id=98&idSecao=108

75 | http://www.grandehotelsenac.com.br/Conteudo.

aspx?id=265&idSecao=108

76 | http://www.antoniocarlosrodrigues.com.br/blog/

restaurante-escola/

77 | Foto da autora

78 | Foto da autora

79 | Foto da autora

80 | http://art-icio.ru/search.php?id=125460

81 | http://www.archdaily.com/266602/hamburg-

-harburg-technical-university-extension-gmp-archi-

tekten/50370ed128ba0d542c000035_hamburg-harburg-

-technical-university-extension-gmp-architekten_2293_

tuh_leiska_3456-11-jpg/

82 | http://www.policultures.fr/article308.html

83 | Desenho da autora

84 | Google Earth com alterações da autora

85 | Google Earth com alterações da autora

86 | Desenho da autora

87 | Desenho da autora

88 | http://www.tensile.com.au/my-project-1/

89 | http://gsky.com/green-walls/basic/

90 | http://www.greenscreen.com/home.html

91 | Desenho da autora

92 | Desenho da autora

93 | Desenho da autora

94 | Desenho da autora

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