PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

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DANIEL PETRIN BERTINI PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina. Orientadora: Profª. Drª. Ercília Hitomi Hirota Londrina 2010

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O objetivo deste trabalho é discutir a inserção do Projeto de Revestimento Externo em edifícios de multiplos pavimentos, suas condicionantes, finalidades, dificuldades e etapas de elaboração de forma a proporcionar melhorias no desempenho dos revestimentos externos e seus processos construtivos, bem como a redução dos desperdícios e custos. Para isso, o estudo foi direcionado a uma discussão acerca do controle da qualidade na Construção Civil, relacionados ao controle dos processos e de projeto, além de um estudo sobre a nova norma de desempenho – NBR 15.575. O método utilizado para alcançar o objetivo foi o levantamento, por meio de entrevistas com coordenadores de obra de quatro importantes construtoras e incorporadoras da cidade de Londrina. Por fim, o estudo demonstrou que mesmo as construtoras não utilizando o projeto de revestimento externo, é possível alcançar os resultados esperados para os tipos de revestimentos utilizados pelas mesmas, isto devido a experiencia dos colaboradores e das empresas. Porém mesmo assim ficando o consenso de que para novos revestimentos e tecnologias, a utilização do projeto de revestimento é necessária.

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DANIEL PETRIN BERTINI

PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina. Orientadora: Profª. Drª. Ercília Hitomi Hirota

Londrina 2010

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DANIEL PETRIN BERTINI

PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________ Profª. Drª. Ercília Hitomi Hirota

Universidade Estadual de Londrina

____________________________________ Prof. Dra. Fernanda Aranha Saffaro Universidade Estadual de Londrina

____________________________________ Prof. Gerson Guariente Jr.

Universidade Estadual de Londrina

Londrina,____de___________de _____.

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Dedico este referente trabalho de

conclusão de curso aos meus pais

José Carlos e Rossana, ao meu

irmão Douglas e minha irmã

Laíse que sempre me apoiaram em

meus estudos e em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por primeiramente me permitir estar

aqui concluindo meu curso, por ter me direcionado ao curso de Engenharia Civil, e

principalmente pela sabedoria e paciência concebida à mim, um dos principais

motivos dessa conclusão de curso.

Agradeço a minha família pelo apoio e motivação em todos os

momentos de dificuldade.

Agradeço a minha orientadora pela paciência e principalmente pelo

direcionamento dado não só para este estudo como também para a vida

profissional.

A todos os professores que fizeram parte da minha formação

acadêmica.

E para todos aqueles que não foram citados, mas que fizeram parte

do meu trajéto estudantil, deixo aqui o meu muito obrigado.

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BERTINI, Daniel Petrin. Projeto de revestimento externo em edifícios de múltiplos pavimentos. 2010. 57p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenhara Civil) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010.

RESUMO

O objetivo deste trabalho é discutir a inserção do Projeto de Revestimento Externo em edifícios de multiplos pavimentos, suas condicionantes, finalidades, dificuldades e etapas de elaboração de forma a proporcionar melhorias no desempenho dos revestimentos externos e seus processos construtivos, bem como a redução dos desperdícios e custos. Para isso, o estudo foi direcionado a uma discussão acerca do controle da qualidade na Construção Civil, relacionados ao controle dos processos e de projeto, além de um estudo sobre a nova norma de desempenho – NBR 15.575. O método utilizado para alcançar o objetivo foi o levantamento, por meio de entrevistas com coordenadores de obra de quatro importantes construtoras e incorporadoras da cidade de Londrina. Por fim, o estudo demonstrou que mesmo as construtoras não utilizando o projeto de revestimento externo, é possível alcançar os resultados esperados para os tipos de revestimentos utilizados pelas mesmas, isto devido a experiencia dos colaboradores e das empresas. Porém mesmo assim ficando o consenso de que para novos revestimentos e tecnologias, a utilização do projeto de revestimento é necessária.

Palavras-chave: Revestimento externo. Projeto. Qualidade. Fachada.

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BERTINI, Daniel Petrin. Outer coating project in multiple floors buildings. 2010. 57p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenhara Civil) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010.

RESUMO

The objective of this paper is to discuss the inclusion of the outer coating project on multiple floors of buildings, their constraints, purpose, difficulties and stages of development in order to provide improvements in the performance of external coatings and their building processes, as well as reducing waste and costs. For this, the study was directed toward a discussion of quality control in civil construction, relating to the control process and project, and a study about the new performance standard - NBR 15575. The method used to achieve the objective was to survey, through interviews with coordinators of the work of four important builders and developers of the city of Londrina. Finally, the study demonstrated that even the builders did not use the project of the outer coating, it is possible to achieve the expected results for the types of coatings used by them, this is due to experience of employees and businesses. But even then getting to a consensus that new coatings and technologies, the use of coating design is required.

Key words: Outer coating. Project. Quality. Facade.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 – Fases do processo de projeto e atividades de compatibilização e

análise crítica de projetos ......................................................................................... 24

Figura 2.2 – O Processo construtivo ....................................................................... 25

Figura 3.1 – Desenvolvimento do projeto dos revestimentos de argamassa de

fachadas ................................................................................................................... 32

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Componentes da qualidade do projeto ............................................... 22

Tabela 2.2 – Diferenças entre Controle de Produção (CP) e Controle de Recepção

(CR) .......................................................................................................................... 27

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR - Norma Brasileira

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12

1.1 QUESTÕES DE PESQUISA .......................................................................................... 16

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 16

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 16

2 CONTROLE DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................... 18

2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 18

2.2 PROCESSO DE PROJETO ALIADO A QUALIDADE DA CONSTRUÇÃO ...................... 20

2.2.1 Diretrizes Para Melhoria Da Qualidade Do Processo de Projeto ................................. 21

2.2.2 Tipos de Controle e Garantia da Qualidade de Projetos ............................................. 23

2.2.2.1 Controle de produção ............................................................................................... 25

2.2.2.1 Controle de recebimento .......................................................................................... 27

3 PROJETO DE FACHADAS .............................................................................................. 29

3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 29

3.2 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE REVESTIMENTO DE FACHADA .................. 30

3.3 CONDICIONANTES PARA O PROJETO ....................................................................... 33

3.4 CONTEÚDO DO PROJETO ........................................................................................... 35

4 NOVA NORMA DE DESEMPENHO ................................................................................. 38

4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 38

4.2 REQUISITOS DE DESEMPENHOS ............................................................................... 39

4.2.1 Segurança no Uso e Operação ................................................................................... 39

4.2.2 Estanqueidade ............................................................................................................ 40

4.2.3 Desempenho Térmico ................................................................................................. 40

4.2.4 Desempenho Acúsico ................................................................................................. 42

4.2.5 Durabilidade e Manutenabilidade ................................................................................ 42

5 MÉTODO .......................................................................................................................... 43

6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................... 44

6.1 EMPRESA A...... ............................................................................................................ 44

6.2 EMPRESA B...... ............................................................................................................ 45

6.3 EMPRESA C...... ............................................................................................................ 46

6.4 EMPRESA D...... ............................................................................................................ 48

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7 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 50

7.1 PROBLEMAS E/OU PATOLOGIAS EM FACHADAS...................................................... 50

7.2 FATORES PARA DEFINIÇÃO DOS REVESTIMENTOS...... ......................................... 50

7.3 MÃO-DE-OBRA E TREINAMENTO DAS EQUIPES...... ................................................ 51

7.4 PLANO DE EXECUÇÃO...... .......................................................................................... 51

7.5 A INSERÇÃO DO PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO...... .............................. 52

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 53

ANEXO ................................................................................................................................ 55

ANEXO A – Roteiro de entrevistas ...................................................................................... 56

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1. INTRODUÇÃO

A palavra “Fachada” vem do latim Face, e no contexto da construção

civil, especificamente na arquitetura, a fachada e o seu revestimento criam uma

atmosfera correspondente ao seu estilo: é o principal componente do visual do

edifício. No entanto, além da estética, a principal função da fachada é proteger a

edificação das intempéries, contribuindo significativamente para que a edificação

atenda aos desempenhos térmicos e acústicos, resistência ao fogo, choques e

atritos, resistência à penetração de água e durabilidade (GRIPP, 2008). Sendo

assim, como as fachadas encontram-se em condições desfavoráveis, sempre em

exposição, necessitam de maiores cuidados. Geralmente os critérios observados na

seleção e especificação dos revestimentos estão relacionados aos aspectos

estéticos e econômicos, ou então considerando a qualidade do material da camada

mais externa, juntamente com as facilidades de composição arquitetônica, custo e

disponibilidade de materiais e mão-de-obra no mercado. Muito raramente a escolha

é feita por critérios técnicos confiáveis e planejados (GRIPP, 2008).

Porém, outros critérios deveriam ser levados em consideração no

processo de especificação, tais como: qualificação de mão-de-obra local,

características do meio ambiente, utilização de recursos da região, produtividade e

principalmente a proteção da vedação vertical externa, sendo que a correta

especificação provavelmente levará a um aumento da vida útil dos revestimentos,

proporcionando menores incidências de patologias (GRIPP, 2008).

Outro fator importante para se atentar com os revestimentos da

fachada é a nova norma de desempenho (NBR 15.575), pois a partir dela os

consumidores de imóveis têm uma ferramenta legal para exigir das construtoras que

atendam obrigatoriamente aos requisitos mínimos de desempenho ao longo da vida

útil. Estes desempenhos envolvem estanqueidade, desempenho térmico, acústico, e

lumínico, durabilidade e manutenabilidade.

Na composição do orçamento de um edifício de múltiplos

pavimentos, os componentes da fachada podem ser decompostos em chapisco,

emboço, tratamento, pastilha, peitoril e pintura. Mascaró (2006, pg.41) avaliou a

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participação percentual de serviços nos custos de construção de edifícios

residenciais de 7 a 9 pavimentos, sobre pilotis e sem sub-solo, e identificou que os

revestimentos argamassados externos correspondem a 6,36% do custo total.

Além disso, estudos mostram que a exposição da fachada às

intempéries ocasiona uma série de patologias, as quais têm como consequência

altos custos de manutenção (GRIPP, 2008).

Souza (2001), apud Silva (2003, p. 1), salienta que a produtividade

da mão-de-obra, na execução de revestimento de fachada, pode variar

significativamente de uma obra para outra, com valores entre 1,23 a 5,13 Hh/m2, o

que representa uma diferença de 317% entre o maior e o menor valor.

No que concerne ao consumo de materiais, Souza et al. (1999),

apud Silva (2003, p. 1), apresenta valores de consumo de cimento no revestimento

de argamassa de fachada, que variam de 3,4 a 13,9 kg/m2, o que significa uma

diferença de 309%.

Segundo a bibliografia discutida por Isatto et al (2000), dentre as

principais causas das perdas pelo excesso do revestimento encontram-se: excesso

de manuseio da argamassa, argamassa derramada no chão nas frentes de trabalho,

enchimento devido à necessidade de alinhar alvenarias e vigas, falta de prumo das

alvenarias, esquadro, deformações da estrutura, queda de argamassa no piso do

andaime e no momento do sarrafeamento.

Embora a literatura apresente avanços tecnológicos para a

resolução de falhas na execução de fachadas, existem ainda poucos estudos que

abordem o problema de forma mais sistêmica, envolvendo os aspectos gerenciais,

apontados por Isatto et al (2000), como causas freqüentes de ineficiências

observadas na construção civil.

Ao longo dos anos, a indústria da construção civil tem passado por

varias mudanças. As transformações recentes no panorama político, econômico,

social e cultural proporcionaram uma maior competitividade entre as empresas,

principalmente no setor da Construção Civil. Cardoso (1999), apud Maciel; Melhado

(1997, p. 1), afirma que as transformações ocorridas no mercado levaram a uma

reavaliação da postura empresarial das construtoras. Fatores como a exigência dos

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clientes e necessidade de melhoria das condições de trabalho integram esta nova

fase da Construção.

Estudos realizados no Brasil mostram que, embora tenha havido

avanços na qualidade e produtividade da Indústria da Construção Civil, ainda se

observa, nas empresas construtoras, muitas ineficiências e não-conformidades,

normalmente originadas em falhas no gerenciamento (ISATTO et al – 2000). Souza

(1996), apud Maciel; Melhado (1997, p. 1), afirma que as empresas precisaram

buscar novas técnicas de gerenciamento, processos construtivos e conhecimentos

tecnológicos e assim integrá-los à atividade de projeto, de forma a desenvolver

soluções racionalizadas para a orientação da etapa de execução do edifício. Nesse

contexto, o projeto passou a ser uma importante ferramenta para obtenção desses

resultados.

A valorização da atividade de projeto é uma forma das construtoras

buscarem soluções para as não conformidades e perdas existentes em todo o

processo de produção do edifício. Segundo Leusin (1993), os serviços incompletos e

que nem sempre são apresentados da melhor forma possível são originados,

principalmente, pela pouca importância dada à etapa de projeto, o que torna rotineiro

as constantes alterações de projetos durante as execuções.

O mesmo autor afirma que a adoção de uma metodologia de projeto,

integrada desde a concepção inicial e também todas as áreas técnicas, pode reduzir

os desperdícios da construção de forma significativa.

É importante ressaltar que a qualidade no desenvolvimento do

projeto é fundamental para a qualidade do produto. Picchi (1995), apud Maciel;

Melhado (1997, p. 1) relata varias formas de desperdícios originados na etapa de

projeto, que são derivados principalmente “da falta de compatibilização dos projetos,

detalhes incorretos ou inexistentes, falta de projeto, da falta de atualização de

projeto, da falta de otimização e racionalização das soluções propostas e das

soluções improvisadas conduzidas por pessoas não capacitadas e não embasadas

tecnologicamente”.

Novaes (1997) observa que o aumento da participação das

empresas no mercado faz com que a qualidade dos produtos finais e a eficiência

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dos processos executivos tenham maiores participações nas estratégias

empresariais. No entanto, estes só poderão ser alcançados a partir de uma visão

ampla, além dos canteiros de obra, envolvendo a concepção de projeto aliada ao

aumento da produtividade e redução de desperdícios.

Segundo Novaes (2001) o projeto assume duas posições:

tecnológica, quanto às soluções prescritas nos detalhamentos dos diversos projetos,

e gerencial, composto por diversas fases, no qual intervém um conjunto de

participantes com diferentes responsabilidades, além de decisões técnicas,

econômicas e cumprimento de prazos.

Portanto, é evidente que, para um avanço das empresas, a

elaboração correta e bem disposta dos projetos é essencial.

Além dos diversos projetos necessários à produção de uma

edificação, que contribuem para a definição do produto, como por exemplo, projeto

de estruturas, de fundação, arquitetônico e de instalações, algumas empresas tem

utilizado também projetos de componentes da edificação, como o projeto de

fachada. Este tem a finalidade de atingir níveis de racionalização elevados, com

melhores resultados para os desempenhos dos revestimentos.

Assim como os outros projetos do produto, o projeto de fachadas

deve ser desenvolvido de forma integrada com os outros projetos, fazendo uso de

informações, não só do produto, mas também do processo de produção.

No entanto, a eficácia da utilização de um projeto de fachada está

totalmente ligada à capacidade gerencial da empresa (MACIEL, 1997). Desta forma,

se a empresa não desenvolve planejamento e controle da produção, não se apóia

em um programa de treinamento da mão-de-obra, e não dispõe de padronização de

processos, os resultados almejados pelo projeto de fachada dificilmente serão

alcançados.

É nesse contexto que se justifica o desenvolvimento deste trabalho

de conclusão de curso. O foco deste trabalho é a análise da inserção de um projeto

de fachadas em edifícios de múltiplos pavimentos, no conjunto de documentos

técnicos para a execução de empreendimentos imobiliários, de forma a garantir um

melhor desempenho, diminuir os custos, evitar a ocorrência de falhas no produto e

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nos processos construtivos, e racionalizar as atividades de execução, salientando

suas finalidades, características, condicionantes, entre outros fatores.

1.1. QUESTÃO DE PESQUISA

Qual a percepção de gerentes de obra e coordenadores de

produção, de empresas da cidade de Londrina, sobre a necessidade do Projeto de

Fachada?

1.2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é discutir a inserção do Projeto de Fachada

como documento técnico necessário à racionalização e melhoria da qualidade de

edificações e analisar a percepção de gerentes de obra e coordenadores de

produção, de empresas da cidade de Londrina, sobre a necessidade do mesmo.

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em sete capítulos, sendo que no

primeiro faz-se uma introdução ao trabalho, demonstrando o contexto do estudo,

problema de pesquisa e seu objetivo.

No segundo capitulo será apresentada uma discussão acerca do

controle da qualidade na Construção Civil, onde diversos autores relacionam o

controle dos processos e de projeto como a referência para obtenção da qualidade

do produto final.

O terceiro capitulo trata-se especificadamente do Projeto de

Revestimento Externo, que é o ponto principal deste estudo. São abordados neste

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17

capítulo aspectos como sua finalidade, dificuldades de implementação,

condicionantes para o desenvolvimento do mesmo e as etapas de elaboração de um

Projeto de Revestimento Externo.

No quarto e ultimo capítulo da fundamentação teórica é discutida a

introdução da nova NBR 15-575 para apoiar a avaliação e atendimento aos

requisitos de desempenho da edificação. Discute-se a aplicação desta nova norma

para o desenvolvimento dos projetos e analisa-se como ela repercutirá na

construção civil.

O método de pesquisa é descrito no quinto capítulo, o qual é

seguido pelo capitulo de apresentação dos dados coletados. O capítulo 7 apresenta

as conclusões obtidas com a pesquisa.

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2. CONTROLE DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1. INTRODUÇÃO

Há muitos anos foi desenvolvido e implantado na indústria os

Programas da Qualidade. No entanto, na indústria da construção civil, observou-se

uma série de barreiras e dificuldades para a disseminação da cultura da qualidade

(MESEGUER, 1991).. Uma das justificativas apresentadas pelas empresas e

profissionais do setor era de que a construção civil possui características

significativamente diferentes das outras indústrias, e que a partir disto não poderiam

ser aplicados os mesmos métodos e ferramentas (MESEGUER, 1991). Isso significa

que a indústria da construção civil “requer uma adaptação especifica de tais teorias,

devido a complexidade do processo, no qual intervêm muitos fatores” (MESEGUER,

p.12 1991). O mesmo autor afirma que a implantação deste sistema de controle de

qualidade em outros países “tem mostrado boa eficiência, melhorando em muito a

durabilidade, desempenho e até mesmo reduzindo o custo do produto final, dando

necessária satisfação ao usuário”.

Nas etapas de desenvolvimento dos projetos e idealização dos

produtos finais predominava a preocupação quanto à quantidade. Atualmente a

situação é diferente, caracterizada pelo aumento da concorrência entra as

empresas, a preocupação com a qualidade tem recebido mais atenção nas

indústrias (MESEGUER, 1991).

Segundo Meseguer (1991), a construção civil possui algumas

peculiaridades, como por exemplo:

a) Caráter nômade, dificultando aquisição de matérias-primas e

procedimentos padronizados;

b) Impossibilidade de execução de uma produção em cadeia,

permitindo somente uma produção centralizada, onde os

operários são moveis e trabalham em torno de um produto fixo,

dificultando a organização e o controle dos trabalhos;

Page 19: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

19

c) Menor precisão utilizada na construção para orçamentos,

prazos, resistências mecânicas, ente outros, comparado as

outras indústrias, e o fato do sistema ser mais flexível na

construção civil, e confiável nesta flexibilidade; entre outros.

Alem disso, na Construção Civil, há participação de muitos agentes,

diferentemente das outras indústrias, nas quais participam em sua maioria somente

os fabricantes, fornecedores e clientes. Segue abaixo uma lista dos principais

intervenientes no processo construtivo, segundo Meseguer (1991):

a) Projetista: realiza o projeto e participa no planejamento;

b) Fabricante: fabrica os materiais, componentes e os

equipamentos;

c) Construtor: contrata e executa as obras;

d) Empreiteiro: por encargo do construtor, executa parte da obra ou

obra completa;

e) Proprietário: é o dono da construção e é quem responde pela

sua manutenção;

f) Usuário: é quem desfruta da construção e responde por sua

manutenção;

g) Laboratórios: realizam ensaios nos materiais e equipamentos, e

analisam os resultados obtidos;

h) Norma: é a base técnica de referência para definir e comprovar a

qualidade;

i) Ensino e Formação: suporte profissional com finalidade de

obtenção da qualidade final; outros.

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20

2.2. PROCESSO DE PROJETO ALIADO A QUALIDADE DA CONSTRUÇÃO

Como citado acima, a atividade da construção civil envolve muitos

agentes, que se influenciam nos momentos de decisões. Por outro lado, os

processos construtivos desenvolvem-se de acordo com etapas, os quais apresentam

resultados específicos, compondo-se por fases ou rotinas próprias.

Hammarlund & Josephson (1991), apud Novaes (1997, pg. 3)

afirmam que as maiores possibilidades de interferência, seja em relação aos custos

da produção ou definição das características finais dos produtos, ocorrem durante as

etapas de planejamento e projeto.

Segundo pesquisas realizadas em alguns países da Europa sobre a

origem das falhas em serviços de edifícios, Meseguer (1991, p.27) obteve os

seguintes resultados: 40% a 45% das falhas são originadas nas etapas de projeto,

25% a 30% originam-se na execução, 15% a 20% nos materiais e 10% devido ao

uso. Esses dados salientam a necessidade de se dedicar uma maior atenção à

qualidade dos projetos, quando se tem o objetivo de aumentar a eficiência dos

processos de produção de edificações.

Na prática de elaboração dos projetos, observa-se que as principais

falhas são de coordenação e comunicação entre os seus autores (NOVAES, 1997).

No seu desenvolvimento não são consideradas as particularidades das edificações,

deixando a desejar quanto à melhoria da eficiência nas atividades.

Novaes (1997) afirma que em decorrência de omissões,

incompatibilizações, concepções e detalhamentos incompletos, são tomadas

decisões indevidas durante a obra, causando prejuízo a qualidade do projeto e

eficiência do processo.

Ciria (1988), apud Maciel; Melhado (1997) aponta algumas

consequências dos erros causados na etapa de projeto, elaboração e especificação

inadequada e imprecisa:

a) Interpretação incorreta das necessidades dos clientes;

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21

b) Utilização incorreta ou desatualizada dos projetos;

c) Interpretações incoerentes das normas de projeto;

d) Falta de comunicação entre os diversos profissionais de projeto.

2.2.1. Diretrizes Para Melhoria Da Qualidade Do Processo de Projeto

Silva (1995), apud Novaes (1997) relata que procedimentos como a

metodologia de levantamento das necessidades dos clientes internos e externos,

assim como procedimentos gerenciais adotados durante a elaboração do projeto

(controle de arquivos, copias, atualizações, etc.), devem constituir o sistema de

gestão de qualidade dos projetos.

Em relação ao processo de elaboração do projeto, a mesma autora

destaca a necessidade de:

a) Estabelecimento do fluxo de atividades;

b) Estabelecimento do fluxo geral do processo do projeto, com a

definição dos momentos de decisão;

c) Devido aos vários agentes intervenientes, elaborar

procedimentos gerenciais;

d) Procedimento de controle dos projetos;

e) Controle de recebimento dos projetos; outros.

Silva (1995), apud Novaes (1997), considerada ainda alguns

aspectos quanto à qualidade da apresentação dos projetos:

a) Padronização de apresentação gráfica;

b) Padronização de integração de recursos computacionais;

c) Padronização de apresentação do estudo preliminar de cada

projeto;

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d) Padronização de apresentação de detalhes construtivos;

e) Padronização de especificações técnicas;

f) Padronização de apresentações de memoriais técnicos e

memoriais de vendas.

Picchi (1993, p.304) demonstra na tabela 2.1 os componentes da

qualidade do projeto que devem ser levados em conta para melhoria da qualidade

do processo de projeto.

TABELA 2.1 – Componentes da qualidade do projeto

Componentes da qualidade do projeto

Sub-componentes Principais aspectos relacionados

Qualidade do programa

pesquisas de mercado

necessidades dos clientes

antecipação de tendencias

Qualidade da solução

atendimento ao programa

atendimento a exigencias psico-sociais

funcionalidade

estética

proteção

status

atendimento a exigências de desempenho

segurança

habitabilidade

desempenho no tempo

economia na utilização

atendimento a exigências de otmização da execução

racionalidade

padronização

construtibilidade

integração de projetos

custo da obra

Qualidade da apresentação

clareza de informações

detalhamento suficiente

informações completas

facilidade de consulta

Qualidade do processo de elaboração de projetos

prazo

custo de elaboração de projetos

comunicação e envolvimento dos profissionais

Fonte: Picchi (1993, p.304)

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Para considerar o projeto completo é necessária a interligação entre

as exigências e fatores multidisciplinares e de profissionais com formações técnicas

e vasta experiência, com visão diferenciada no desenvolvimento do processo. A

partir desta idéia devem ser observadas algumas diretrizes durante o processo de

projeto.

2.2.2. Tipos de Controle e Garantia da Qualidade de Projetos

Segundo Meseguer (1991), no âmbito do processo de projetos de

edifícios, o controle dos projetos, durante o processo de elaboração, deve ser feito

inicialmente pelo próprio profissional, considerando as peculiaridades da própria

disciplina de seu projeto e os dados contidos nas informações transmitidas pelos

demais participantes de processo de projeto. Este controle deve ser exercido

também no âmbito da coordenação de projetos, para o cumprimento de suas

atribuições.

Picchi (1993), citado em Novaes (2001) considera importante alguns

instrumentos da garantia e controle da qualidade de projetos de edifício:

a) Qualificação de profissionais de projeto e de novos projetos;

b) Coordenação e analise critica de projetos;

c) Elaboração de projetos para produção;

d) Controle da qualidade de projetos;

e) Controle de modificações durante a produção;

f) Elaboração de projetos com emprego de recursos

computacionais;

g) Parâmetros de projeto relacionados com o tempo.

O mesmo autor (PICCHI, 2003) destaca, dentre os instrumentos

utilizados na coordenação de projetos de edifícios, o planejamento de projetos,

Page 24: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

24

controle de interfaces, compatibilização de projetos, controle de dados de entrada,

controle de revisões e controle de pendências.

A Figura 2.1 apresenta um fluxograma das etapas do processo de

produção de edificações habitacionais, proposto por Novaes (2001, p. 3) focado em

atividades do processo de projeto, enfatizando a sistematização de informações e

indicadores, que viabilizam a elaboração de projetos do produto e da produção,

contribuindo para o controle e garantia da qualidade de projetos.

Figura 2.1 – Fases do processo de projeto e atividades de compatibilização e análise crítica de projetos - Fonte: Novaes (2001, p. 3).

É possível organizar o controle da qualidade de todo o processo

através de um mecanismo duplo, articulado entre si e constituído por dois tipos: o

controle de produção e o controle de recepção.

Page 25: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

25

Como indicado na Figura 2.2, dentre os processos, o controle de

produção (CP) é aplicado tangencialmente à linha de execução da atividade: trata-se

de um controle interno. Já o controle de recebimento (CR) é exercido nos vértices,

ou seja, na mudança de uma atividade para outra. É nesta posição que ocorre a

transferência de responsabilidades, tratando-se de um controle externo.

O controle geral fica por conta da Administração, localizada no

centro do processo construtivo.

Figura 2.2 – O Processo construtivo - Fonte: Meseguer (1991, p. 17).

2.2.2.1. Controle de produção

Segundo Meseguer (1991, p.18) “o controle de produção consiste

em dois tipos de controle: um autocontrole exercido pelas pessoas ao longo da sua

Page 26: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

26

atividade produtiva e um controle interno independente, exercido, dentro da empresa

produtora, por pessoas da própria empresa que, não participando do processo de

produção, se dedicam exclusivamente à atividade de controlar”.

Não é simples determinar a qual dos dois controles deve-se dar mais

ênfase. No Japão, predomina o autocontrole, segundo uma filosofia conhecida de

que “mais que controlar a qualidade, o que deve ser feito é produzi-la” (MESEGUER

1991, p 18).

Para exigir que um operador aplique o autocontrole é necessário que

ocorram três condições previamente:

a) Saber o que tem que fazer;

b) Saber o que está fazendo;

c) Atuar em sentido correto quando não ocorrer as situações a e b,

simultaneamente.

Segundo Meseguer (1991), pode-se afirmar que se as três

condições acima forem cumpridas e mesmo assim ocorrerem defeitos, estes serão

considerados “defeitos controláveis pelo operador” sendo de responsabilidade

exclusiva a ele. Por outro lado, se uma das condições não for cumprida e ocorrer

defeitos, estes serão denominados “defeitos da empresa”, sendo de

responsabilidade da empresa.

Meseguer (1991) relata que apenas 20% dos defeitos são

decorrentes de falhas do operador, ou seja, 80% correspondem as falhas da

empresa.

No entanto, independente de qual método for utilizado, o importante

é que nenhum produto deve passar ao destino do cliente sem ter sido controlado.

Page 27: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

27

2.2.2.2. Controle de recebimento

O controle de recebimento é uma forma de controle totalmente

independente do controle de produção, pois ele é efetuado em cada etapa do

processo construtivo, por aquele que recebe o produto da etapa anterior

(MESEGUER, 1991).

É importante ressaltar que no controle de produção o objetivo é

manter o processo sob controle, interessando as variáveis cuja medição seja

cômoda, ágil e de baixo custo (MESEGUER, 1991). Já no controle de recebimento a

ênfase é dada ao produto acabado, com prioridade à qualidade, independentemente

do prazo de resposta.

Outra diferença entre o CP (controle de produção) e o CR (controle

de recebimento) é que no CP, o produtor procura atender ao receptor com a

qualidade que foi estabelecida, mediante custos mínimos de produção. Em

contrapartida o receptor busca, através do CR, a comprovação de que a qualidade

estabelecida é a mesma da recebida, com a menor margem possível (MESEGUER,

1991). Portanto, se os objetivos são diferentes, é evidente que os meios utilizados

para tal controle também são. No controle de produção, utilizam-se basicamente

gráficos e registros, o controle de recebimento baseia-se em planos de amostragens

e critérios de aceitação/rejeição.

A Tabela 2.2 apresenta as diferenças entre o controle de produção e

de recepção, descrito por Meseguer (1991).

TABELA 2.2 – Diferenças entre Controle de Produção (CP) e Controle de Recepção (CR)

Controle de Produção (CP) Controle de Recebimento (CR)

QUEM o faz O produtor O receptor

O QUE se procura Oferecer a qualidade combinada ao menor custo

Comprovar a qualidade combinada com o menor risco de erro possível

ATUA sobre O processo O produto

VARIÁVEIS do controle As mais cômodas (correlações) As mais representativas

TÉCNICAS empregadas - gráficos de controle - tabelas de amostragem

- registros contínuos - critérios de A/R

Fonte: Meseguer (1991, p. 22).

Page 28: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

28

Apesar do CP e do CR serem independentes, os dois não podem

trabalhar separados: eles se complementam.

Page 29: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

29

3. PROJETO DE FACHADAS

3.1. INTRODUÇÃO

Na análise dos problemas que afetam a qualidade na execução de

revestimento de fachadas, Ceotto et al. (2005) identifica alguns relacionados à falta

de informações e de preparação das empresas:

a) Deficiências técnicas importantes sobre o comportamento dos

revestimentos;

b) Insensibilidade com a necessidade do desenvolvimento do

projeto;

c) Insensibilidade com a necessidade de se utilizar projetos

específicos neste serviço;

d) A fachada é considerada somente um produto decorativo, e não

de engenharia;

e) Planejamento e controle da qualidade incompatível com a

complexidade do problema;

f) Pouca preocupação com a capacitação das equipes de obra no

assunto de revestimentos;

g) Argamassas preparadas na própria obra com poucos critérios

técnicos, definidos pelos operários.

Ceotto et al. (2005) cita também as deficiências por parte dos

projetistas, consultores e pesquisadores:

a) Deficiência de pesquisa, poucas verbas para financiamento

sobre esse tema, o qual é considerado pelas agências

financiadoras como “pouco moderno”;

Page 30: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

30

b) Pesquisa concentrada no comportamento das argamassas, e

não do revestimento;

c) Laboratórios pouco equipados;

d) Pouco consenso do que deve ser um “projeto de revestimento”;

e) Inexistência de consenso nas soluções básicas e nos detalhes

mais elementares.

O mesmo autor aponta que a finalidade do projeto de revestimento

externo ou de fachada consiste na determinação dos materiais, geometrias, juntas,

reforços, pré-moldados, acabamentos, procedimento de execução e controle, bem

como diretrizes para manutenção, específicos para uma determinada obra, de forma

a se obter um desempenho satisfatório do revestimento ao longo do tempo.

Segundo Sabbatini (1990, p. 22) “o projeto de revestimentos

correspondente à definição clara e precisa de todos os aspectos relativos aos

materiais e técnicas e detalhes construtivos a serem empregados e aos padrões e

técnicas de controle de qualidade a serem observados. Obtém-se, assim, um projeto

construtivo adequado, que permita a execução de planejamento, programação e

controle detalhados e coerentes e uma gerência eficiente e eficaz do que se vai

executar”.

Maciel; Melhado (1997) e Ceotto et al. (2005), afirmam que o projeto

de revestimento externo busca atingir um nível de racionalização mais elevado,

obtendo-se melhores resultados para o desempenho do revestimento e do edifício

como um todo, alem da redução dos desperdícios e dos custos gerais de produção.

3.2. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE REVESTIMENTO DE FACHADA

Maciel; Melhado (1997) consideram que o projeto de revestimento

externo argamassado deve ser desenvolvido juntamente com os outros projetos e

fundamentado nos subsídios tecnológicos, e assim obter um conjunto de

informações referentes ao produto e à sua produção.

Page 31: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

31

Para Baía; Sabbatini (2000), apud Diogo (2007, p. 9), existem três

momentos em que se pode elaborar um projeto de revestimento externo:

a) Antes do início da obra, juntamente com a elaboração dos outros

projetos: a adoção neste momento permite a integração do

projeto com a concepção da obra;

b) No início da obra, após a conclusão dos projetos da edificação:

neste caso o projeto de revestimento de fachada complementa

os demais projetos e define o processo construtivo, limitado pelo

orçamento da obra;

c) Durante a obra, após a conclusão da estrutura e da execução da

alvenaria: com esta escolha o projeto de revestimento adapta-se

ao processo construtivo definido e pode interferir apenas no

preparo e aplicação do revestimento.

Segundo Ceotto et al. (2005) a elaboração do projeto de

revestimento deve ser iniciada logo após a entrega dos projetos preliminares da

arquitetura, estrutura e vedação. É nesta etapa que o projetista de revestimento tem

condições de interagir e compatibilizar com os demais projetistas.

O mesmo autor afirma que quando o projeto é iniciado com a obra já

em andamento, a interação do projetista de revestimento com os demais projetistas

é praticamente inexistente, fazendo com que todas as decisões tomadas nos

projetos anteriores sejam aceitas como condicionantes, aumentando então o risco

de um desempenho insatisfatório do revestimento externo argamassado.

A Figura 3.1 apresenta uma proposta para o desenvolvimento do projeto.

Page 32: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

32

Figura 3.1 – Desenvolvimento do projeto dos revestimentos de argamassa de

fachada - Fonte: Maciel; Melhado (1997, p. 23).

Observa-se na figura que as especificações preliminares do

revestimento são definidas na fase inicial, com o propósito de buscar a

compatibilização das interfaces e atender aos requisitos pré-estabelecidos. As

especificações preliminares não são permanentes, servem apenas para o inicio da

realização do Anteprojeto do Revestimento.

Ceotto et al. (2005) descreve em uma visão geral a sequência do

desenvolvimento do projeto de revestimento:

Page 33: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

33

a) Projeto inicial – Finalizado antes do inicio da execução da

alvenaria: o projetista apresenta o partido do projeto, assim

como as especificações básicas de desempenho dos materiais;

b) Verificação de parâmetros – iniciada após o inicio da alvenaria:

deverão ser testados e ensaiados os parâmetros definidos no

projeto inicial nas condições de obra, para definição dos

produtos e sistemas com as suas respectivas marcas a serem

utilizados. Deve se atentar que esta é a etapa mais demorada do

processo, demandando no mínimo 60 a 90 dias para a

conclusão;

c) Verificação de desvios geométricos da estrutura, definição da

mão-de-obra e equipamentos – executada logo após a

conclusão da estrutura; e

d) Projeto final – concluído antes do inicio dos trabalhos de

revestimento de fachada.

3.3. CONDICIONANTES PARA O PROJETO

Para a realização de um bom projeto, a qualidade e disponibilidade

dos dados para incorporar as decisões do projetista são essenciais. Ceotto et al.

(2005) afirma que para o projeto de revestimento é necessário levar em conta, entre

outros, os seguintes fatores:

a) Condições ambientais: informações de insolação, regime de

chuvas, umidade relativa do ar, temperatura, ventos

predominantes e outros. Essas variáveis são importantes para a

formulação das argamassas (retenção de água,

permeabilidade), condições e períodos de aplicação, juntas, etc.;

b) Arquitetura: projeto arquitetônico, cores, detalhes de frisos e

elementos decorativos. Estas variáveis são importantes para

Page 34: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

34

paginação da fachada, elaboração dos reforços e juntas,

definição dos pré-moldados, etc.;

c) Estrutura: geometria, rigidez e deformações previstas. Estas

variáveis são importantes para definição de juntas, detalhes

construtivos das ligações das alvenarias com pilares, vigas ou

lajes, preparação da base, definição da ponte de aderência,

entre outros. Estes detalhes condicionam a viabilidade do uso do

revestimento de argamassa;

d) Instalações: interferência nas fachadas, como rasgos e

aberturas. Estas variáveis são importantes para a definição dos

enchimentos e reforços;

e) Vedação: detalhes deste projeto, materiais utilizados e suas

interferências nos revestimentos de fachada. Variáveis

importantes para a definição de juntas e reforços no

revestimento de fachada, bem como da definição da ponte de

aderência (chapisco) e preparação da base;

f) Processos construtivos: estrutura (sistema de forma, velocidade

de desforma, resistência do concreto, tipologia protensão),

alvenaria (tipo e dimensão dos componentes de vedação),

equipamentos (“andaime fachadeiro”, balancim, elétrico ou não)

e mão-de-obra (nível de qualificação) previstos inicial e

preferencialmente serão empregados. Estas variáveis são

importantes para definições geométricas do projeto,

especificações dos materiais da fachada e definição do processo

de aplicação da argamassa; e

g) Prazos: o cronograma das atividades é importante para a

elaboração do planejamento e para a definição de toda a

logística de produção.

Page 35: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

35

3.4. CONTEÚDO DO PROJETO

O conteúdo básico necessário de um Projeto de Revestimento

Externo, segundo Ceotto et al. (2005) compreende:

A. Relação dos projetos consultados e analisados

Devem ser informados os documentos (desenhos, especificações

técnicas, memorial descritivo, especificação dos materiais) dos projetos envolvidos

na obra que interferem no revestimento externo (estrutural, arquitetônico,

instalações, caixilhos, alvenaria e outros).

B. Detalhamento construtivo

Deve conter todas as definições geométricas e posicionamento dos

seguintes detalhes construtivos:

a) frisos e juntas;

b) elementos decorativos;

c) pingadeiras;

d) soleiras;

e) guarda-corpos; e

f) peitoris.

C. Memorial de especificação dos materiais

a) Propriedades das argamassas de chapisco, emboço e de

acabamento;

b) Especificações dos materiais das juntas de movimentação; e

Page 36: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

36

c) Especificações das telas, ou outro material, indicando as

dimensões dos reforços.

D. Memorial executivo

Este é muito importante, pois é através deste que o trabalho é

padronizado nas diversas etapas, desde a escolha dos fornecedores de argamassa

até o recebimento final do revestimento aplicado:

a) instruções e dimensões mínimas para execução dos painéis

protótipos, das amostras para seleção das argamassas;

b) descrição das inspeções e ensaios laboratoriais a serem

executados nas argamassas aplicadas nos painéis protótipos e

descrição de controle durante a execução do revestimento;

c) instruções para o rastreamento dos lotes de aplicação das

argamassas nas fachadas;

d) controle no recebimento dos materiais;

e) critérios para a definição de lotes de materiais recebidos e

aplicados;

f) preparo e aplicação das argamassas;

g) definição de rotinas de inspeções dos lotes das fachadas;

h) definição de um controle de qualidade para o recebimento dos

serviços;

i) posicionamento e dimensionamento dos balancins e andaimes

fachadeiros;

j) definição das etapas de execução e seus intervalos;

k) critérios de mapeamento e taliscamento; e

l) procedimento de execução, aplicação, controle e aceitação:

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37

I. limpeza e preparo da base;

II. chapisco;

III. colocação dos reforços;

IV. argamassa de emboço;

V. frisos, juntas, calafetação e fixação de elementos

pré=moldados; e

VI. revestimento final (camada decorativa, revestimento

cerâmico, etc.).

E. Definição de rotina de manutenção e inspeção

Dados para elaboração do manual de manutenção.

Com a chegada da nova NBR-15575 que estabelece requisitos e

critérios para que os sistemas alcancem desempenhos buscando atender às

exigências dos usuários, um dos quesitos em questão é a vida útil dos materiais.

Esta deve ser definida no projeto do edifício e de suas partes. Sendo assim a

definição precisa dos revestimentos e seus processos executivos tornam-se muito

importantes para alcançar a vida útil indicada.

Page 38: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

38

4. NOVA NORMA DE DESEMPENHO

4.1. INTRODUÇÃO

A partir de dezembro de 2010 todas as obras de construção de

edifícios habitacionais de até cinco pavimentos deverão atender aos padrões

estabelecidos pela ABNT NBR 15.575 – Edifícios habitacionais de até cinco

pavimentos. A norma define os requisitos e critérios de desempenho considerando

as exigências dos usuários, independentemente dos materiais e do sistema

construtivo utilizado. Assim, o empreendimento deve ser projetado buscando atender

às necessidades básicas do morador no que se refere à segurança, habitalidade e

sustentabilidade.

É importante ressaltar que a nova norma não aumenta os custos da

construção para as empresas que já cumprem as normas técnicas (NBR- 15.575/1,

2008)

Outro fator importante é que as edificações deverão ser classificadas

quanto a sua vida útil em relação a três níveis de desempenho: mínimo (M),

intermediário (I) ou superior (S).

Além disso, deverão ser descritos, através de manuais de operação,

uso e manutenção, os prazos de garantia para as partes, sistemas, elementos,

componentes e/ou instalações que compõem a edificação.

Portanto, as empresas construtoras necessitarão de muita atenção

quanto ao cumprimento detalhado dos projetos executivos, aquisição de materiais

de construção compatíveis com o comportamento e vida útil indicada, alem de

empregar técnicas e métodos construtivos de qualidade.

Quanto às exigências dos usuários, a nova norma define três itens,

sendo que se atendidos os requisitos e critérios, consideram-se satisfeitos:

Page 39: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

39

- Segurança:

- estrutural;

- fogo;

- uso e operação;

- Habitalidade:

- estanqueidade;

- desempenho térmico;

- desempenho acústico;

- desempenho lumínico; etc.

- Sustentabilidade:

- durabilidade;

- manutenabilidade;

- impacto ambiental.

Para a avaliação dos desempenhos a Norma determina que seja

“realizada uma investigação sistemática baseada em métodos consistentes, capazes

de produzir uma interpretação objetiva sobre o comportamento esperado do sistema

nas condições de uso definidas” (NBR- 15.575/1, 2008 pg.9).

A lista dos requisitos de desempenho a serem avaliados foi limitada

pela norma, pois, se derivada de todas as exigências dos usuários, poderia resultar

em uma lista muito extensa. Para este estudo, serão descritos apenas os tópicos

relacionados a fachada e revestimentos externos.

4.2. REQUISITOS DE DESEMPENHOS

4.2.1. Segurança no Uso e Operação

Page 40: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

40

Este deve ser considerado em projeto, principalmente no que diz

respeito a agentes agressivos, devendo garantir a segurança aos usuários do

edifício habitacional.

Neste item um dos critérios analisados é de que os sistemas não

devem apresentar rupturas ou quedas que possam colocar em risco a integridade

física dos ocupantes ou de quem estiver passando próximo ao imóvel.

4.2.2. Estanqueidade

A umidade acelera os mecanismos de deterioração, causando a

perda das condições de habitabilidade à edificação. Sendo assim, deve-se garantir

estanqueidade em relação às fontes de umidades externas ao sistema (infiltração da

água de chuva).

Como critério, a norma cita que deve ser atendido os requisitos

especificados nas ABNT NBR 15575-2 a ABNT NBR 15575-5.

4.2.3. Desempenho Térmico

Considerando que o desempenho térmico do edifício depende do

comportamento interativo entre fachada, cobertura e piso, este item especifica que a

edificação deverá garantir o desempenho térmico, considerando-se a região de

implantação da obra e as respectivas características bioclimáticas definidas na

ABNT NBR 15220-3.

Nesta Norma foram estabelecidos três procedimentos para avaliar a

adequação das edificações quanto ao desempenho térmico:

a) PROCEDIMENTO 1 (normativo):

Page 41: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

41

Verifica o atendimento aos requisitos e critérios para fachadas e

coberturas para os sistemas de vedação e sistemas de cobertura.

b) PROCEDIMENTO 2 (informativo):

Verifica o atendimento aos requisitos e critérios através de

simulação computacional do desempenho térmico do edifício, detalhados em dois

aspectos:

- Desempenho no verão:

As condições térmicas no interior da edificação, na sombra e para o

dia típico de verão, devem, no mínimo, ser iguais à do ambiente externo.

CRITÉRIO: O máximo valor diário da temperatura do ar interior nos

recintos de permanência prolongada deve ser menor ou igual ao valor máximo diário

da temperatura do ar no ambiente exterior, sem a presença de fontes internas de

calor.

- Desempenho no inverno:

No dia típico de inverno, o ambiente interior da edificação deve

apresentar condições térmicas melhores que do ambiente externo.

CRITÉRIO: O valor mínimo diário da temperatura do ar interior de

recintos de permanência prolongada, deve ser maior ou igual à temperatura mínima

externa acrescida de 3 ºC.

O método de avaliação para ambos deve ser de acordo com o

software Energy-Plus, seguindo com os procedimentos indicados pela ABNT NBR

15.575/1 (2008 p. 33).

Page 42: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

42

c) PROCEDIMENTO 3 (informativo):

Verifica o atendimento aos requisitos e critérios através de medições

em edificações ou protótipos construídos:

Os critérios para avaliação do desempenho térmico, via medições in

loco, estão descritos entre os itens A.6.3 e A.6.7. da ABNT NBR 15.575/1 (2008).

4.2.4. Desempenho Acústico

O edifício habitacional deve apresentar isolamento acústico das

vedações externas, a fim de garantir conforto acústico interno a seus ocupantes. Os

níveis de ruído interno devem ser inferiores aos especificados na ABNT NBR 10.151.

4.2.5. Durabilidade e Manutenabilidade

A durabilidade de um produto é reconhecida quando o mesmo deixa

de cumprir as funções que deveria. O intervalo compreendido entre o início da

utilização do produto e o momento que o mesmo deixa de atender as funções

cabíveis a ele é denominado vida útil.

A NBR 15.575 estabelece prazos mínimos de garantia para as vidas

úteis dos produtos, por parte dos incorporadores e construtores, de forma a alcançar

o desempenho esperado do produto. No caso das vedações verticais externas, a

vida útil mínima é estabelecida em 40 anos, e para ser classificada no nível máximo,

a vida útil deve ser maior do que 60 anos.

Portanto, os processos construtivos e sistemas são concebidos em

função da sua vida útil e os elementos e componentes especificados devem ter

durabilidade compatível.

Page 43: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

43

5. MÉTODO

A partir de uma revisão bibliográfica, o autor apresenta conceito,

conteúdo, condicionantes e benefícios do Projeto de Fachadas, para fundamentar a

elaboração de um roteiro de entrevistas para a coleta de dados.

Foram entrevistados coordenadores de obra de 4 construtoras da

cidade de Londrina. Estas empresas atuam no segmento de incorporação e

construção de edifícios residenciais. Para manter o sigilo das empresas, os nomes

foram renomeados como A, B, C e D.

O roteiro das entrevistas foi elaborado com dezesseis questões,

buscando detectar a prática das empresas no que se refere à execução da fachada.

A entrevista foi registrada por meio de um gravador de som, com a

intenção de facilitar a coleta e analise dos dados.

A última etapa do trabalho consistiu na análise detalhada dos dados

coletados, baseada na revisão bibliográfica.

Page 44: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

44

6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

6.1. EMPRESA A

As obras executadas pela empresa “A” são em sua maioria

executadas com revestimentos argamassados e pintados. De acordo com o

engenheiro entrevistado, “há certo tempo, cerca de dois anos, houve queda de

pastilha e de emboço de um edifício”. Os profissionais da empresa avaliaram que

tenha sido causada por variação térmica, pois o fato ocorreu na fachada oeste

(maior incidência solar) e nos últimos três pavimentos, onde a variação térmica é

maior. Após este incidente a empresa optou por não utilizar mais revestimentos

cerâmicos.

O mesmo engenheiro cita que a empresa não tem dificuldades de

execução do serviço de revestimento externo: a única dificuldade encontrada é em

relação à mão-de-obra.

Os revestimentos e detalhes das fachadas são especificados por

arquitetos terceirizados, e são definidos de acordo com o padrão da obra, viabilidade

financeira e estética da fachada. Estes revestimentos e detalhes são determinados

antes do início das obras, de forma que se encaixe no cronograma.

Já em relação à execução dos revestimentos externos, 95% são

executados por empreitas, porem a definição do método de execução como a

quantidade de balancins e catracas, divisão dos panos e camadas de revestimento

argamassado são determinadas pelo engenheiro responsável pela obra e na obra.

Outro fator importante é que a empresa optou em não desenvolver

treinamento para os funcionários terceirizados, devido à experiência das

empreiteiras, as quais atuam há bastante tempo no mercado. No entanto, já ocorreu

do engenheiro coordenador das obras ir para São Paulo aprender sobre um

revestimento novo adotado pela primeira vez pela construtora. No retorno, um

pedreiro foi designado para desenvolver a técnica, e o mesmo passou a difundir o

conhecimento para os demais.

No que se refere à documentação, o único documento no qual

constam informações, registros e especificações dos materiais é o projeto

Page 45: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

45

arquitetônico. Não há memorial executivo, há somente memorial descritivo onde é

informado que o empreendimento vai ser pintado ou com a utilização de

revestimento cerâmico. O entrevistado relatou que “não entra em detalhes

executivos, pois pode ser alterado durante a execução”.

Em relação à utilização do Projeto de Fachadas, o engenheiro

afirmou que a empresa não utiliza este tipo de projeto, pois a pratica da construtora

é de revestimentos argamassados, cujos processos já são dominados. Porem

acredita que para a utilização de revestimentos diferenciados a pratica da utilização

do Projeto de Fachadas é valida.

6.2. EMPRESA B

Para o engenheiro entrevistado, as patologias em fachadas são

comuns e a empresa tenta sempre minimizar os problemas. As variações térmicas,

variações das características dos materiais e a forma de manuseá-los, têm impacto

direto na execução e qualidade do serviço. Esta tentativa de minimizar os problemas

é feita por meio de procedimentos e controles de execução.

As dificuldades encontradas começam com a mão-de-obra, no ato

de produzir o material a ser utilizado no revestimento. É necessário muito controle

em termos de traços, quantidade e qualidade dos materiais. Outro fator é o

transporte dos materiais. A pouca disponibilidade de mão-de-obra com qualidade

leva a construtora a desenvolver treinamentos, principalmente com aqueles que

estão entrando em contato com o revestimento pela primeira vez. A empresa utiliza

mão-de-obra própria em sua maioria e a prática do treinamento é preponderante,

cada vez mais aprimorado.

A definição dos revestimentos e detalhes arquitetônicos é realizada

pela incorporadora. Antes de iniciar o serviço, o revestimento é estudado e há vários

fatores que determinam sua escolha, como: viabilidade econômica, qualidade e

disponibilidade do material e o padrão que a empresa deseja atingir.

Assim que o revestimento é definido, então é direcionado para

determinando plano de execução. Para cada tipo de revestimento há um

Page 46: PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO EM EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

46

procedimento, onde variam as pontes de aderência, camadas, espessuras e

materiais.

Todos estes fatores, como definição dos revestimentos, detalhes

arquitetônicos e planos de execução, são determinados antes do inicio da obra, e

compatibilizados com o projeto estrutural, de forma a não ocorrer incoerências no

momento da execução.

A empresa possui certificado PBQP-H (Programa Brasileiro de

Qualidade e Produtividade do Habitat), por isso há procedimentos de controle de

produção, planejamentos e processos padronizados. Isto se justifica que para atingir

certo nível de certificado, os itens citados acima necessitam ser implantados pela

empresa.

Em situações da utilização de novos revestimentos, a empresa

procura por históricos confiáveis, alem da necessidade de estar enquadrado nas

normas (exigência do PBQP-H e da empresa).

Os documentos como memorial descritivo, executivo e

documentação de registros, estão determinados pelo programa de qualidade na

empresa. A empresa possui documentação de serviço e ficha de verificação de

serviço. Neste constam os processos padronizados, especificação dos materiais e

suas propriedades. Além disso, a empresa possui procedimentos para manutenção

e equipes treinadas para execução de manutenção.

Em relação ao Projeto de Fachadas, o engenheiro da empresa tem

conhecimento, no entanto nunca foi necessário à empresa. Por outro lado,

reconhece que em determinado momento, onde, devido à variação dos novos

materiais e apresentação de novas soluções que não são de domínio da empresa,

será necessário a inclusão deste tipo de projeto.

6.3. EMPRESA C

O engenheiro da construtora C afirma que os problemas em

fachadas ocorrem em decorrência da utilização de cerâmicas. As obras da empresa

são revestidas com argamassa e textura, com uso de pastilhas cerâmicas somente

em pequenas faixas de 1,5m de altura. Recentemente, em uma das obras que está

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em fase de acabamento, foram encontradas algumas pastilhas se soltando da

argamassa. Foram feitos alguns ensaios de arrancamento e constatou-se uma

espessura muito elevada de reboco externo. A solução adotada pela empresa foi a

remoção das pastilhas e utilização de um aditivo para aumentar a fixação das

pastilhas na argamassa.

Em relação às dificuldades encontradas pela empresa, segundo o

engenheiro, pode-se afirmar que depende do projeto arquitetônico, do nível de

detalhes existentes nas fachadas. Citou o exemplo de um empreendimento recém

lançado, cuja fachada compreendia em diversos detalhes como bordas nas

esquadrias, fachadas curvas, uma série de características que dificultavam a

execução do revestimento. Porem é uma estratégia adotada pela empresa para se

diferenciar no mercado.

O responsável pela definição do revestimento é uma empresa de

arquitetura terceirizada. No entanto a empresa construtora acompanha as

definições, levando em conta fatores como proteção, condições térmicas, execução

e principalmente custo e estética. Esta definição é feita antes do início da obra,

assim como os detalhes de frisos e dilatações.

As especificações do tipo de chapisco, quantidade de camadas de

revestimento argamassado, divisão dos panos e balancins, são definidos no

planejamento da obra, adaptadas às características de cada obra.

A empresa sempre utilizou mão-de-obra terceirizada para execução

dos revestimentos externos argamassados, mas o engenheiro observou que essa

mão de obra é cada vez mais escassa, devido ao crescimento do mercado. Em

função disto, a construtora treinou seus melhores aplicadores de argamassa para

fixarem uma equipe de execução de revestimento argamassado externo. Em relação

à utilização de novos revestimentos, o engenheiro afirmou que mesmo a mão-de-

obra por empreita passa por treinamentos.

Tratando-se de documentos de registro, memorial descritivo e

executivo, a empresa utiliza todos estes em obra, de forma a melhorar os

procedimentos e padronizá-los, aumentando também o controle de produção e

qualidade do serviço.

O engenheiro entrevistado sabe da existência do Projeto de

Fachadas e afirma que já houve a necessidade de utilização do mesmo para obras

de terceiros. No entanto, para as edificações de múltiplos pavimentos ainda não se

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fez necessário, pois os revestimentos são sempre os mesmos, revestimento

argamassado, seguido de texturas e possíveis faixas de pastilhas cerâmicas. Então

a empresa já possui total controle dos processos executivos. Porém, o engenheiro

afirma que, com a chegada de materiais novos, a utilização do projeto de fachadas

poderá se tornar rotineiro nas obras.

6.4. EMPRESA D

Segundo o engenheiro, as ocorrências de patologias nas fachadas

dos edifícios são baixas. No entanto, há dois anos houve a incidência de patologia

em uma fachada, e foi necessária a remoção de uma faixa de cerâmica devido ao

descolamento da mesma. A empresa fez uma analise a fim de identificar as causas,

e constatou-se que a aderência da placa na argamassa estava adequada, mas o

problema foi de qualidade na estrutura: devido à falta de qualidade geométrica das

peças estruturais, o reboco externo alcançou espessuras de seis centímetros e, por

a obra estar atrasada, não foram adotadas as técnicas adequadas para a execução

do revestimento.

Ao falar em dificuldade, a mão-de-obra é a primeira a ser citada. Em

segundo vem a questão da instalação dos equipamentos. Segundo o engenheiro, a

maioria das empresas utiliza catracas antigas, ou seja, muito pesadas, o que exige

grande esforço por parte do profissional. Por outro lado algumas construtoras estão

utilizando catracas mais novas, facilitando o trabalho e tornando-o mais veloz.

Na definição dos revestimentos externos, cujo são definidos por

arquitetos terceirizados, o que prevalece como fator decisivo é o custo e a estética.

Estes são definidos com pelo menos um ano de antecedência do inicio da obra.

Para o planejamento a empresa utiliza o software Microsoft Project,

através de uma seqüência de atividades pré-planejadas pela empresa, e a execução

de revestimento externo entra em determinado momento. Em relação a definição do

plano de execução, como a seqüência do trabalho, quantidade de balancins, numero

de catracas e definição dos panos, é feita pelo engenheiro responsável pela obra,

com antecedência mínima de sessenta dias da execução do serviço, de forma a se

encaixarem ao cronograma da obra.

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Um fator muito importante é o treinamento dado pela empresa,

direcionado até para a mão-de-obra terceirizada. Segundo o engenheiro

coordenador das obras “mesmo a equipe que já trabalhou em outra obra passa

novamente pelos processos de treinamento e capacitação”.

Em relação aos documentos e memoriais, a empresa possui tudo

incluso nos procedimentos de qualidade.

O engenheiro afirmou já ter conhecimento sobre o Projeto de

Fachadas, porém não vê necessidade de uso, pelos procedimentos de execução

que a empresa tem desenvolvido e por serem fachadas “padrões”, sendo todos os

processos repetitivos. No entanto “o resultado de projeto a nível de qualidade e

custo final, sem duvida, é muito interessante quando você se depara com algo

diferente”, afirma o entrevistado.

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50

7. CONCLUSÃO

7.1. PROBLEMAS E/OU PATOLOGIAS EM FACHADAS

De acordo com os engenheiros entrevistados, a incidência destes

eventos não vem ocorrendo com muita freqüência. Em alguns casos, quando da

utilização de revestimentos cerâmicos, detectaram-se alguns descolamentos, parte

causadas pela incidência solar, parte causadas pela falta de um cuidado maior com

a espessura elevada, devido à falta de qualidade geométrica das estruturas.

Uma das soluções adotadas por uma das empresas entrevistadas foi

ao invés de utilizar fachadas contínuas com revestimentos cerâmicos, propícios a

maiores patologias, eles adotaram algumas faixas com o revestimento cerâmico.

Esta é uma maneira de proporcionar uma dilatação ao revestimento, evitando o

estufamento e o descolamento pela dilatação.

Segundo a bibliografia, uma das condicionantes para o projeto de

revestimentos externos é a questão da condição ambiental. São necessárias

informações sobre condições de insolação, regime de chuvas, umidade relativa do

ar, temperatura, ventos predominantes, entre outros, de forma que estas variáveis

tornam-se importantes para a formulação das argamassas, métodos e períodos de

aplicação e definição dos possíveis revestimentos que poderão causar qualquer

problema.

7.2. FATORES PARA DEFINIÇÃO DOS REVESTIMENTOS

Os principais critérios levados em conta para determinação dos

revestimentos cerâmicos a serem utilizados nas fachadas foram: estética e custo. É

importante ressaltar que a principal função da fachada é proteger a edificação das

intempéries, de forma que contribua significativamente para que a edificação atenda

aos desempenhos térmicos e acústicos, resistência ao fogo, choques e atritos,

resistência à penetração de água e durabilidade. Sendo assim, critérios como

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proteção, condições ambientais, e ainda disponibilidade de recursos e/ou mão-de-

obra especializada deveriam ser cruciais.

7.3. MÃO-DE-OBRA E TREINAMENTO DAS EQUIPES

A qualificação da mão-de-obra foi a maior dificuldade em relação ao

que está envolvido a execução dos revestimentos externos. A maioria das empresas

terceirizam este serviço, porém com a falta da mão-de-obra, causada pelo

aquecimento do mercado, as empresas tem direcionado treinamento para seus

melhores aplicadores de argamassa, de forma a fixarem equipes para execução dos

revestimentos externos. A boa capacitação das equipes, mesmo aquelas

executadas por empreitas, pode trazer diversos benefícios como o aumento da

produtividade e qualidade do serviço. Para isto é muito importante que os

trabalhadores tenham acesso aos memoriais executivos e descritivos, de forma a

padronizar os serviços e materiais utilizados, como traços de argamassas.

7.4. PLANO DE EXECUÇÃO

O plano de execução contempla a definição dos panos, quantidades

de balancins e catracas, tipos de chapisco e argamassa, entre outros. Nas

construtoras entrevistadas, a pratica destas definições é diversificada. Para as

empresas “B” e “C” são determinados antes do início da obra, de forma a haver

compatibilização com as características e planejamento da obra. Por outro lado, a

empresa “A”, permite que sejam definidos no decorrer da obra. Em função disto,

pode haver conflitos com outros projetos, resultando em atrasos ao cronograma e

aumento dos custos. Outro fator que ocorre é que a falta da interação com os

demais projetos, fazendo com que todas as decisões tomadas anteriormente

tornem-se condicionantes, podendo ser um risco para um desempenho insatisfatório

do revestimento externo.

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Além do plano de execução, a bibliografia sugere que os detalhes

construtivos da fachada sejam definidos antes do início da obra, permitindo a

integração do projeto com a concepção da obra.

Quando estes são definidos no início da obra, tornam-se limitados

pelo orçamento.

7.5. A INSERÇÃO DO PROJETO DE REVESTIMENTO EXTERNO

A utilização de um projeto de revestimento externo em uma obra

pode trazer diversos benefícios quanto a prazo, orçamento, produtividade e

qualidade.

A partir das entrevistas desenvolvidas com as empresas, foi

verificado que há de certa forma uma falta de especificações em relação aos

revestimentos externos, cujo deveriam ser citados previamente. Estas informações

são fornecidas pelo projeto de revestimento externo. Porém, mesmo diante da

inexistência de projeto de fachada formalizado nas empresas entrevistadas,

observou-se que as fachadas eram executadas de forma correta, devido à

experiência dos departamentos de engenharia até dos próprios colaboradores.

Portanto, a não utilização do projeto, não significa que as decisões

mais importantes para a elaboração e posterior execução tenham sido determinadas

sem embasamento tecnológico, mesmo que estas tenham sido definidas momentos

antes da execução.

Pode-se observar também que as quatro empresas entrevistadas

utilizam em suas edificações revestimentos externos argamassados, e em algumas

situações aliadas a revestimentos cerâmicos. Sendo assim, as empresas já

desenvolveram processos e métodos rotineiros, de forma a não ser necessário a

utilização de um projeto específico para a execução dos revestimentos externos.

Mas é importante ressaltar que os quatro engenheiros entrevistados

têm conhecimento de que com a chegada de novos materiais e novas tecnologias

que não são dominadas pelas empresas a utilização de um projeto de revestimento

externo deverá estar incluso na rotina das obras.

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REFERÊNCIAS

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PICCHI, F.A. Sistemas de Qualidade: uso em empresas de construção de edificios. Tese (Doutorado) - Escola Potécnica da Universidade de São Paulo, 1993. 462p.

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ANEXO

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ANEXO A

Roteiro de entrevistas

1. Tem ocorrido problemas/patologias nas fachadas? Quais? Como é resolvido?

2. Quais as dificuldades encontradas em relação à execução dos revestimentos

externos?

3. Quais fatores são levados em conta ao definir o revestimento da fachada?

4. Quem define o plano de execução? (Tipo de chapisco, camadas de

revestimento, divisão de panos, numero de catracas nos balancins)

5. Em qual etapa da obra são definidos os detalhes de fachada, como

revestimentos, frisos, processos executivos, entre outros?

6. A eficácia da utilização de um projeto está totalmente ligada à capacidade da

gerencial da empresa, ou seja, planejamento, controle de produção e

processos padronizados. A empresa aplica estes conceitos?

7. Preocupa-se com a capacitação/treinamento das equipes na área de

revestimento externo?

8. Quando a empresa adota um tipo de revestimento novo, pela primeira vez,

como é feito para instruir os operários?

9. A empresa possui algum documento onde são registrados os desenhos,

especificações, técnicas, memorial descritivo, especificação dos materiais dos

projetos envolvidos na obra que interferem no revestimento externo?

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10. A empresa possui detalhamento das definições geométricas e

posicionamento dos detalhes construtivos?

11. Possui memorial descritivo da especificação dos materiais, como as

propriedades das argamassas de chapisco, emboço e acabamento

12. Possui memorial executivo?

13. Executa controle de recebimento dos materiais?

14. Possui manual de manutenção?

15. Já tinha ouvido falar em projeto de revestimento externo? Se sim, sabe qual a

função/aplicabilidade?

16. Se já ouviu a respeito do projeto de revestimento externo, qual a sua opinião

sobre o mesmo, em relação a sua necessidade?